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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO GLAUCO FERNANDES GRUPPI ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS MODELOS ESPECIALISTA E GENERALISTA Niterói 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO TECNOLÓGICO MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

GLAUCO FERNANDES GRUPPI

ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: UMA

ANÁLISE COMPARATIVA DOS MODELOS ESPECIALISTA E GENERALISTA

Niterói

2006

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GLAUCO FERNANDES GRUPPI

ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS MODELOS ESPECIALISTA E GENERALISTA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Sistemas de Gestão da Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau

de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

concentração: Qualidade Total Gestão da Manutenção.

Orientador:

Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc

NITEROI

2006

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Gruppi, Glauco Fernandes

Estrutura de manutenção na indústria automobilística: Uma

análise comparativa dos modelos especialista e generalista. / Glauco

Fernandes Gruppi Niterói: UFF, 2006.

XXXf.

Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) Universidade

Federal Fluminense, 2006.

Orientador: Profº. Gilson Alves Alves Lima

1 Manutenção

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GLAUCO FERNANDES GRUPPI

ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS MODELOS ESPECIALISTA E GENERALISTA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Sistemas de Gestão da Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau

de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

concentração: Organização e Estratégia

Aprovada em 16 de junho de 2006

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________ Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc - Orientador

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Prof. Carlos Alberto Pereira Soares, D.Sc

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Prof. José Haim Benzecry, D.Sc

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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DEDICATÓRIAS

A DEUS que, em sua infinita bondade e sabedoria, me deu saúde e forças para

ultrapassar todas a dificuldades em meu caminho.

Aos meus pais, Oscar e Vânia que sempre compreenderam os momentos de

dificuldade e me incentivaram na minha busca .

Em especial à minha noiva Annelise pela tolerância em aceitar as ausências e

compreender minhas metas a ponto de também se tornar uma mestranda .

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Professor Gilson Brito Alves Lima, D.Sc, pelo que contribui e

ainda tem a contribuir para o meu desenvolvimento intelectual e cultural.

Á DaimlerChrysler do Brasil Ltda por me propiciar a chance ímpar de

aprimoramento cultural e qualificação profissional, através desta feliz atitude proativa

de parceria com a Universidade Federal Fluminense.

Aos colegas de curso e em especial ao nosso representante de equipe Sr Luiz

Ruiz, nosso representante de classe e ao Sr Fernando Leite que contribuíram muito

no trabalho desenvolvido.

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RESUMO

A industria automobilística tem características de sistema de produção contínuo

com ênfase na utilização de equipamentos automatizados de grande precisão e

capacidade de produção, sendo um grande problema a ser solucionado, a busca

pela eficiência e produtividade aliada à motivação dos colaboradores. Este trabalho

tem por objetivo apresentar um instrumento de consulta e embasamento teórico que

permita às organizações de uma maneira geral, mais especificamente as indústrias

automobilísticas, desenvolver uma avaliação de modelos de organização,

atendimento e qualificação de seus colaboradores que desenvolvem a atividade de

manutenção. Neste sentido, através de levantamento bibliográfico e da estruturação

de um estudo de caso é discutida uma análise comparativa entre os modelos

generalista e especialista de gestão da manutenção para uma indústria

automobilística, particularmente com aplicação para a empresa objeto do estudo de

caso. Como análise crítica e conclusão são apresentados alguns fatores

identificados no processo decisório que podem auxiliar outras empresas na

avaliação das opções de organização e estrutura de manutenção mais adequada ao

contexto e momento vivido pela organização.

Palavras-chaves: manutenção, indústria automobilística, sistemas especialistas, multifuncionalidade

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ABSTRACT

The automotive industry has characteristics of production system continual with

emphasis in the automated equipment use of great precision and capacity of

production, being a great problem to be solved, the search for the efficiency and

productivity ally to the motivation of the employees. This paper has for objective to

present an instrument of consultation and theoretical basement that allows to the

organizations in a way in general but specifically the automobile industries to develop

an evaluation of the attendance models and qualification of its collaborators who

develop the activity of maintenance In this direction, through bibliographical survey

and of the case study structure it is argued a comparative analysis between the

models multifunction and specialist of maintenance for the automotive industry and

particularly with application for the company object of the case study .As critical

analysis and conclusion a matrix of strategical analysis is presented that more

evaluates the options of maintenance and organization adjusted to the context and

moment lived for the organization

Keywords: maintenance, automotive industry, specialist systems, multifunctional

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LISTAS DE FIGURAS, QUADROS E GRÁFICOS

PAG

Figura 01 FLUXOGRAMA DE DELINEAMENTO DO ESTUDO 21

Figura 02 CENÁRIO EXTERNO E DESAFIOS PARA AS ORGANIZAÇÕES 24

Figura 03 O CICLO DA MANUTENÇÃO 27

Figura 04 ATIVIDADES REGIDAS PELA POLÍTICA DE MANUTENÇÃO 31

Figura 05 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA MANUTENÇÃO 33

Quadro 01 CRESCIMENTO DAS EXPECTATIVAS X EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

35

Gráfico 01 PROGRAMAÇÃO ANUAL DE TREINAMENTO - ÁREA DE MANUTENÇÃO

39

Figura 06 TAREFAS DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA VS. CORRETIVA 42

Figura 07 MANUTENÇÃO PREDITIVA - TERMOGRAFIA 46

Figura 08 OS 8 PILARES DO TPM 49

Gráfico 02 GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES DE MANUTENÇÃO 57

Quadro 02 RESULTADOS ESTRATÉGICOS MANUTENÇÃO 64

Figura 09 MANUTENÇÃO ESTRATÉGICA - PDCA 66

Figura 10 INVESTIMENTOS E RESULTADOS DOS PROFISSIONAIS DE MANUTENÇÃO

68

Gráfico 03 CUSTO TOTAL DE MANUTENÇÃO/ FATURAMENTO BRUTO 71

Quadro 03 CUSTO DA MANUTENÇÃO PELO FATURAMENTO / SETOR DE NEGÓCIO

72

Gráfico 04 TENDÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO 75

Figura 11 MODELO SWOT ANALYSIS 85

Figura 12 DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL 86

Figura 13 DESDOBRAMENTO DE OBJETIVOS E METAS 89

Quadro 04 NÍVEL HIERÁRQUICO DAIMLERCHRYSLER 89

Figura 14 ORGANOGRAMA DA DCBR UNIDADE JUIZ DE FORA 90

Figura 15 VISÃO GERAL DO HOMEM DE MANUTENÇÃO 92

Figura 16 FORMAS DE MANUTENÇÃO 93

Figura 17 DISTRIBUIÇÃO DAS CÉLULAS DE MANUTENÇÃO 94

Figura 18 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DCBR UNIDADE JUIZ DE FORA 95

Figura 19 SISTEMA METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO 96

Figura 20 ALGORITMO PARA ANÁLISE CRITICIDADE DE EQUIPAMENTOS 98

Figura 21 TELA DO SISTEMA SISMAN, MÓDULO PLANOS DE MANUTENÇÃO 100

Figura 22 ESTRATÉGIA DE ATENDIMENTO MANUTENÇÃO NÃO PLANEJADA 102

Figura 23 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO ESPECIALISTA 104

Quadro 05 MODELO SWOT ANALYSIS ESPECIALISTA 104

Figura 24 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO GENERALISTA 108

Quadro 06 MODELO SWOT ANALYSIS GENERALISTA 108

Figura 25 Divisão dos setores de produção Montagem Bruta 113

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Figura 26 Matriz de qualificação 115

Figura 27 Distribuição dos Posto de manutenção na Montagem Bruta 117

Figura 28 Estrutura de manutenção atual DCBR 118

Quadro 08 Modelo SWOT Analysis Estrutura atual DCBR 119

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA SIGNIFICADO

ABNT Associação Brasileira De Normas Técnicas

ABRAMAN Associação Brasileira De Manutenção

Backlog Período De Tempo Necessário Para O Grupo Executar Todas As Atividades Pendentes, Supondo Que Durante Este Tempo Nenhuma Nova Tarefa Será Solicitado Ao Grupo

Benchmarking Processo De Identificação, Conhecimento E Adaptação De Práticas E Processos De Excelência Organizacional, De Qualquer Parte Do Mundo Que Ajude A Empresa A Melhorar Sua Performance.

Best Practices Registro De Melhores Práticas

BSC Balanced Score Card (Indicadores Balanceados De Desempenho)

BVQI Bureau Veritas Quality International

CD Compact Disk

Checklist Documento Utilizado Com Roteiro Passo-A-Passo Das Tarefas

CKD Completely Knocked-Down

CMMS Computerized Maintenance Management System

CQT Caminhos Da Qualidade Total

DCBR Daimler Chrysler Do Brasil Ltda.

Ed. Edição

FD Floppy Disk

GMAO Gestion De La Maintenance Assistée Par Ordinateur

GQT Gestão Pela Qualidade Total

IMS Integrated Management System

ISO International Organization For Standardization

JIPM Japan Institute Of Plant Maintenance.

Job rotation técnica de rotação de postos de trabalho com objetivo de distribuir e nivelar o conhecimento

LCC Life Cycle Cost

MAN-AGERA Sistema De Manutenção (Mainframe)

MTBF Tempo Médio Entre Falhas

MTTR Tempo Médio Para Reparo

NBR Normas Brasileiras

OCR Otimização Custo-Risco

OEE Overall Equipment Effectiveness),

OS Ordem De Serviço

Pág. Página

PCM Planejamento E Controle Da Manutenção

PM Plant Maintenance

PNQ Prêmio Nacional Da Qualidade

RCM Manutenção Centrada Na Confiabilidade

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Rev. Revisão

RH Recursos Humanos

SIG Sistema Integrado De Gestão

SISMAN Sistema De Manutenção CORPORATIVO

SMS Segurança, Meio Ambiente E SAÚDE

SOL Segurança, Ordem E Limpeza

SPJ Sistema De Produção Juiz De Fora

SWOT Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças).

TBM Time Based Maintenance

TPM Total Productive Maintenance

TQC Total Quality Control

TQM Total Quality Management

turn over indicador utilizado para medir o movimento de contratação e dispensa de pessoal

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16

1.1. SITUAÇÃO ATUAL DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO ................................. 16

1.2. OBJETIVOS ............................................................................................. 17 1.2.1. Objetivo Geral.................................................................................. 17

1.2.2. Objetivo Específico......................................................................... 17

1.3. QUESTÕES DA PESQUISA.................................................................... 18

1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA................................................................ 19

1.5. RELEVÂNCIA DO TRABALHO................................................................ 20

1.6. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................. 21 1.6.1. Delineamento do Estudo................................................................ 22

1.7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO............................................................ 23

2. REVISÃO DA LITERATURA................................................................... 24

2.1. A FUNÇÃO MANUTENÇÃO .................................................................... 24

2.2. A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO .................................................... 28 2.2.1. Histórico da Manutenção ............................................................... 28

2.3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO........................................ 30 2.3.1. A Evolução da Manutenção no Brasil........................................... 38

2.3.2. A Importância da Manutenção....................................................... 39

2.3.3. Estratégias, Metodologias e Políticas de Manutenção Usuais .. 40

2.3.3.1. Manutenção Corretiva ................................................................... 40

2.3.3.2. Manutenção Preventiva................................................................. 42

2.3.3.3. Manutenção Preditiva.................................................................... 45

2.3.3.4. TPM (Manutenção Produtiva Total) .............................................. 48

2.3.3.5. RCM (Manutenção Centrada em Confiabilidade) ......................... 52

2.3.3.6. Manutenção Pró-Ativa ................................................................... 55

2.3.3.7. Gestão de Ativos Físicos Industriais (Asset Management) .......... 56

2.4. PRINCIPAIS INDICADORES................................................................... 57 2.4.1. Tempo Total de Parada (TTP) ........................................................ 58

2.4.2. Tempo Médio Entre Falhas (MTBF).............................................. 59

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2.4.3. Tempo Médio Para Reparos (MTTR Mean Time To Repair)..... 59

2.4.4. Indisponibilidade de Equipamentos (IE) ...................................... 60

2.4.5. Top Ten dos Equipamentos (TTE)................................................. 60

2.4.6. Taxa de Ocupação (TO) .................................................................. 60

2.4.7. Balanced Score Card (BSC).......................................................... 61

2.5. A EVOLUÇÃO ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO........................ 64

2.6. GESTÃO ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO ....................................... 66 2.6.1. Paradigma Moderno da Manutenção ............................................ 71

2.6.2. Competitividade .............................................................................. 72

2.6.3. Competências Gerenciais da Nova Função Manutenção........... 73

2.6.3.1. A Competência dos Novos Profissionais de Manutenção ............ 74

2.6.4. Terceirização ................................................................................... 75

2.7. A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NO BRASIL .................................... 77

2.8. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS: ESPECIALISTA X GENERALISTA 79 2.8.1. Recrutamento .................................................................................. 81

2.8.2. Desenvolvimento ............................................................................ 82

2.8.3. Motivação......................................................................................... 83

2.9. MODELO DE ANÁLISE SWOT ANALYSIS .......................................... 85

3. ESTUDO DE CASO ................................................................................. 87

3.1. A DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL, UNIDADE JUIZ DE FORA MG 87 3.1.1. Sistema de produção Mercedes-Benz .......................................... 89

3.1.2. Sistema Integrado De Gestão (IMS) .............................................. 89

3.1.3. Organograma................................................................................... 90

3.1.4. A manutenção na DaimlerChrysler do Brasil, Juiz de Fora ....... 92

3.1.5. Processos de manutenção ............................................................ 93

3.1.6. Estrutura de manutenção............................................................... 94

3.1.7. Ferramentas / Metodologias administrativas da manutenção... 98

3.1.8. Sistema informatizado.................................................................... 99

3.1.8.1. Imobilizados................................................................................... 99

3.1.8.2. Classificação, criticidade, formas e freqüência de manutenção. .. 99

3.1.8.3. Planos de manutenção................................................................ 101

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3.1.9. Estratégia de atendimento ........................................................... 102

3.1.9.1. Hot Line ....................................................................................... 104

3.1.10. Treinamento................................................................................... 105

3.1.11. Histórico do Modelo Especialista na DaimlerChrysler ............. 105

3.1.12. Histórico do Modelo Generalista na DaimlerChrysler .............. 109

3.1.13. O Modelo Atual na DaimlerChrysler............................................ 112

3.1.13.1. Divisão de responsabilidades.................................................... 113

3.1.13.2. Matriz de qualificação................................................................ 116

3.1.13.3. Estratégia de Job-rotation ......................................................... 117

3.1.13.4. Postos Avançados de atendimento........................................... 118

3.2. ANÁLISE COMPARATIVA. .................................................................... 122

4. CONCLUSÃO ........................................................................................ 125

SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS .................................................. 128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 130

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS.................................................................... 133

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1. INTRODUÇÃO

1.1. SITUAÇÃO ATUAL DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO

O ambiente competitivo atual obrigou as organizações a realizarem mudanças

em suas formas de gerenciar e funcionar. Para ser competitivo nesse mundo

globalizado, tornou-se essencial que as organizações realizem uma mudança

profunda em seus paradigmas. As novas regras do jogo competitivo são

especialização, inovação, rapidez, serviços de alta qualidade, melhoria e aplicação

de novos conhecimentos. No cenário atual de economia globalizada, a função

manutenção desempenha papel estratégico na competitividade da sua empresa ou

do seu cliente. Praticamente todos os modelos de gestão como a ISO 9000, ISO

14001, QS 9000 e os requisitos do prêmio nacional da qualidade (PNQ), enfatizam a

função manutenção.

Com a automação industrial e as novas tecnologias, o setor de manutenção

será um setor cada vez mais de grande responsabilidade. A manutenção assume

uma função de suma importância para a garantia dos serviços essenciais ao

conforto e bem estar da humanidade, seja de equipamentos, instalações ou

processos. O conjunto de atividades desenvolvidas pela manutenção em qualquer

organização, caracteriza no presente e definirá no futuro a diferença entre o sucesso

e o fracasso de um empreendimento, uma vez que segundo Tavares (1999),

manutenção são todas as ações necessárias para que um item seja conservado ou

restaurado de modo a poder permanecer de acordo com uma condição especificada

dando um sentido de conjunto de medidas necessárias que permitem manter ou

restabelecer a um sistema o estado de funcionamento.

Por estar ligada diretamente ao processo produtivo e aos ativos de produção, a

função manutenção deve promover a continuidade operacional, a obtenção de

produtos dentro da conformidade exigida e o atendimento da quantidade a ser

produzida nos prazos determinados.

A proposta de estudo tem seu contexto pautado na definição das

características e funções necessárias que uma estrutura de manutenção deva

possuir para que possibilite a operacionalização de modelo de gestão de

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manutenção, quer especialista, quer generalista, contribuindo para que as decisões

reflitam a viabilidade do sistema em longo prazo.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

A presente pesquisa tem como objetivo geral desenvolver uma análise

comparativa para auxiliar uma organização no processo de decisão sobre qual o

modelo de manutenção implementar: de estrutura generalista ou especialista.

O autor entende que esta análise deve ser realizada de forma sistêmica para

se desdobrar em oportunidade de melhorias, contribuindo para o incremento da

eficiência e eficácia da função de manutenção.

1.2.2. Objetivo Específico

Na busca pela proposta descrita, os objetivos específicos foram formulados na

intenção de:

Identificar, por meio de uma ampla revisão bibliográfica, o que existe na

literatura científica sobre gestão da manutenção, principalmente no que

se refere ao profissional de manutenção e sua particularidades;

Definir as características e funções necessárias que a estrutura de

manutenção deve possuir para que possibilite a operacionalização do

modelo de gestão de manutenção proposto.

Como contribuição ao conhecimento, espera-se com a análise comparativa da

presente dissertação, a consolidação de aspectos e características importantes que

conduzam ao desenvolvimento de um modelo de gestão da manutenção adequado

à realidade das empresas.

Como objetivo secundário, o estudo em questão pode contribuir de forma a

prover o sistema de gestão integrado da empresa com detalhes sobre o processo da

manutenção para definir claramente as responsabilidades, tarefas e competência de

cada elemento no contexto e fluxo de informações entre clientes e fornecedores.

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Pode ainda auxiliar na conscientização da alta administração sobre a

importância que a manutenção exerce atualmente nas indústrias, e por

conseqüência, influenciar positivamente nos resultados da empresa.

1.3. QUESTÕES DA PESQUISA

Os aspectos que devem ser levados em consideração na formulação das

questões da pesquisa que permitirão o norteamento da presente dissertação são os

seguintes:

(a) estabelecer o problema da pesquisa de maneira transparente e exata;

(b) restringir a abrangência do problema da pesquisa e,

(c) considerar a problemática da pesquisa como uma interrogação a ser

investigada;

(d) ser passível de resolução.

Neste sentido a questão da pesquisa que se propõe na presente dissertação é

a seguinte: Qual o modelo de gestão da manutenção mais adequado a uma indústria

automobilística: uma estrutura de atendimento e desenvolvimento de conhecimento

generalista ou um modelo especialista onde as fronteiras de responsabilidade são

delimitadas?

Nesta etapa de entendimento do problema, será proposta a consolidação dos

dados a serem obtidos e, ainda, complementá-los levando em consideração os

seguintes aspectos:

Falta de documentações de projeto dos subsistemas;

Existem diferentes formas de trabalho entre as diversas áreas,

ocasionando necessidades de produto muito variados entre um e outro

órgão;

Falta estabelecer critérios de priorização para desenvolvimento ou

manutenção de sistemas relacionados à atividade fim da empresa.

Neste sentido, a presente dissertação buscará, através da pesquisa teórica e

das usuais técnicas e práticas da indústria automotiva, propor o entendimento

do problema da pesquisa ora formulado.

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1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Todo o conteúdo apresentado no referencial teórico levantado orientou a

construção do conhecimento e desenvolvimento da proposta focada numa análise

comparativa entre dois modelos de gestão e organização operacional da

manutenção, englobando aspectos técnicos e humanos que possam influenciar na

análise do modelo de gestão e operação mais adequado a cada empresa e suas

características.

Por conta da condução evidenciada, a expectativa é de que, com a análise do

caso proposto, aliada a sistemática de sua aplicação, sejam evidenciados aspectos

e variáveis relevantes que possam auxiliar no processo decisório de modelo mais

adequado as necessidade e realidade das organizações.

O processo de fabricação de automóveis envolve cinco segmentos principais

de manufatura: estamparia, montagem de motores, montagem bruta, pintura e

montagem final, que serão detalhadas na seqüência do estudo. Cada processo tem

suas características, equipamentos e particularidades, portanto, limitamos o estudo à

área de montagem final por ser a área onde o projeto piloto de avaliação de

estrutura foi implantado e pela disponibilidade efetiva de dados para a estruturação

do trabalho.

Neste aspecto que contribuíram para a delimitação do tema, o somatório dos

seguintes aspectos:

A falta de informação, por parte de algumas organizações, com a função

manutenção e o desconhecimento da vantagem competitiva que pode

ser obtida com o processo de melhoria contínua na função;

A inexistência de material de consulta focado no tema proposto e que

pudesse auxiliar o processo decisório. Algumas empresas tomam

decisões baseadas em fatores exclusivamente econômicos, não

considerando fatores qualitativos;

A falta de abertura de algumas empresas no sentido de estabelecer um

programa de benchmarking;

As dificuldades de ordem financeira referente a deslocamentos e

permanência em outros estados.

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1.5. RELEVÂNCIA DO TRABALHO

Em geral, segundo TAVARES (1999), são identificados e consensados, entre

as áreas de manutenção das empresas, como um todo, os seguintes problemas:

Dificuldade de manutenção dos subsistemas;

Falta de flexibilidade para determinadas atualizações nos subsistemas;

Necessidades de produtos e sistemas de informação muito variados

entre os diversos órgãos da manutenção;

Falta informatizar alguns processos em nível corporativo;

Falta dar continuidade / andamento a algumas solicitações de serviços

de automação de tarefas repetitivas;

As prioridades da área de manutenção nem sempre coincidem com as

prioridades da área de produção, que deve dar entendimento às

necessidades de toda a empresa;

Baixos índices de utilização dos subsistemas, principalmente no nível

gerencial e até mesmo nulo no nível estratégico;

Falta realimentação dos usuários;

Consultas a relatórios gerenciais, deficientes ou mesmo inexistentes;

Consultas e relatórios de apoio à tomada de decisão nos distintos níveis

organizacionais, deficientes ou até mesmo inexistentes;

Falta de integração entre outros sistemas corporativos que contém

informações necessárias à manutenção;

De maneira inferencial percebe-se a necessidade de dotar as organizações de

instrumentos que lhes permitam planejar, executar e controlar, de forma sistêmica,

as atividades de manutenção, analisando aspectos e impactos das avaliações

evidenciadas, na busca pela otimização dos processos.

O grande problema é que a maioria das empresas ainda não despertou para a

importância da manutenção e, normalmente ela é relegada a plano secundário, quer

por falhas de implantação ou pela falta de controle e indicadores apropriados.

Segundo Horner (1997): [...] a maneira mais fácil de cortar os custos de

manutenção é parar de fazer manutenção .

Neste contexto a relevância deste trabalho está caracterizada na investigação

das ações que têm sido desenvolvidas pela indústria automotiva e na análise das

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dificuldades tecnológicas de integração entre os ambientes / plataformas em uso na

empresa, de forma possibilitar a proposição de ações que garantam a necessária

importância do agir e pensar estrategicamente na atividade de manutenção que é

fundamental ao processo de integração eficaz ao processo produtivo e que pode

contribuir efetivamente para que a empresa caminhe rumo a excelência empresarial.

1.6. METODOLOGIA DA PESQUISA

A elaboração de um projeto de pesquisa e o desenvolvimento da própria

pesquisa seja ela, uma dissertação ou tese, necessitam para que seus resultados

sejam satisfatórios estarem baseados em planejamento cuidadoso, reflexões

conceituais sólidas e alicerçados em conhecimentos já existentes.

Assim sendo, do ponto de vista de seus objetivos a dissertação desenvolverá

uma pesquisa exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o

problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve o

levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências

práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a

compreensão.

Já do ponto de vista dos procedimentos técnicos a dissertação estará

estruturada numa pesquisa bibliográfica, pois será elaborada a partir de material já

publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente

com material disponibilizado na Internet.

A análise teórica será realizada a partir das teorias do conhecimento e do

resultado da pesquisa empírica. Outros objetivos coadjuvantes são perseguidos ao

longo da pesquisa, como constituição à proposta central. É necessário ter em vista

que o tema é amplo, restringindo-se, entretanto, à medida que se expressam os

demais objetivos que se propõe atingir.

Para discutir a relação entre a questão central proposta - Qual o modelo de

gestão da manutenção mais adequado a uma indústria automobilística, é proposto

um estudo de caso a ser desenvolvido na empresa DaimlerChrysler do Brasil,

unidade Juiz de Fora - MG.

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22

1.6.1. Delineamento do Estudo

De acordo com os aspectos metodológicos abordados, o delineamento do

estudo está definido com as etapas do fluxo de pesquisa apresentado na figura 01

abaixo.

Capítulo 2A IMPORTÂNCIA DA

FUNÇÃO MANUTENÇÃO

Capítulo 2REFERENCIAL

TEÓRICO

Capítulo 2EVOLUÇÃO

ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO

Capítulo 3ANÁLISE COMPARATIVA

DOS MODELOS

Capítulo 4PROPOSTA DE MODELO

ADAPTADO

Capítulo 1FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

METODOLÓGICA

Capítulo 1DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS E

METAS

Capítulo 2A IMPORTÂNCIA DA

FUNÇÃO MANUTENÇÃO

Capítulo 2REFERENCIAL

TEÓRICO

Capítulo 2EVOLUÇÃO

ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO

Capítulo 3ANÁLISE COMPARATIVA

DOS MODELOS

Capítulo 4PROPOSTA DE MODELO

ADAPTADO

Capítulo 1FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

METODOLÓGICA

Capítulo 1DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS E

METAS

Figura 01: Fluxograma de delineamento do estudo

Fonte: Adaptado de AZEVEDO et. COSTA, 2001

Assim, o estudo se desenvolveu conforme mostrado na figura acima, tendo

início com a definição dos objetivos e metas da pesquisa. Com essa definição, foi

estabelecida a estratégia metodológica, paralelamente à revisão de literatura e

elaboração do referencial teórico. A partir dessa base, foram estudadas, então, a

importância da função manutenção , com investigação dos fatores críticos de

sucesso além de instrumentos de avaliação do desempenho, e evolução

organizacional da manutenção para formar a base da análise comparativa entre os

modelos generalista e especialista. Com as informações decorrentes desses

estudos, foi elaborada uma proposta de modelo adaptado, com apresentação de

casos específicos de aplicação em grupos focais. Finalizando o estudo, são feitas

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análises conclusivas e propostas de estudo de novos trabalhos a partir dele e de

suas conclusões, visando o aumento da eficácia na gestão da função manutenção

na indústria automobilística ou outros segmentos que contenham características

aproximadas.

1.7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho foi dividido em quatro capítulos com objetivos de buscar em cada

uma a compreensão necessária para a análise de questões mais obscuras da

função de manutenção. Em linhas gerais, buscou-se apresentar:

No capítulo 1, os objetivos, a relevância e os pontos de corte do tema

selecionado para a gestão da função manutenção em uma indústria automobilística

que influenciaram o autor na escolha do tema. Ainda no capítulo 1, é apresentada a

proposta de metodologia de pesquisa avaliando as formas anteriormente

empregadas para a manutenção a fim de configurar o problema e a partir daí, no

capítulo seguinte, elaborar uma análise comparativa entre os modelos especialista e

generalista.

No capítulo 2, a construção do embasamento teórico, fundamentado em

publicações pertinentes ao assunto Manutenção e suas fronteiras técnicas e até

humanas, com atenção especial aos fatores de influência no desempenho da

atividade. Mostra também um breve histórico da evolução da atividade e um

posicionamento estratégico nas organizações.

No capítulo 3, é apresentado o estudo de caso apresentando inicialmente a

empresa onde o estudo foi desenvolvido, as características regionais, pessoais e

tecnológicas e as variáveis inerentes ao processo de avaliação do modelo a ser

adotado. Os pontos fortes e fracos da aplicação da metodologia também são aqui

relatados.

No capítulo 4 são apresentadas a conclusão da dissertação e uma síntese das

recomendações sobre o trabalho realizado, bem como as sugestões propostas para

trabalhos futuros.

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24

2. REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo se propõe a desenvolver a estrutura teórica, fundamentada nas

diversas publicações pertinentes ao assunto Manutenção, com especial atenção aos

preceitos referentes às estruturas de gestão e organização das equipes, objetivando

dar consistência à construção do conhecimento e embasamento para o difícil

processo de decisão do modelo a ser adotado.

2.1. A FUNÇÃO MANUTENÇÃO

A função manutenção, palavra derivada do latim manus tenere, que significa

manter o que se tem, está presente na história humana há eras, desde que

iniciamos a manusear instrumentos de produção. Na revolução industrial no final do

século XVIII, a sociedade começou a avançar, no que se refere a capacidade de

produzir bens de consumo. No século XX, foram grades os avanços no campo da

tecnologia, cada vez mais rápidos, eficientes e com grande impacto no meio

ambiente do homem.

Neste aspecto, segundo CARVALHO et. KARDEC (2002), vemos que o

trabalho da manutenção está sendo enobrecido onde, cada vez mais, o pessoal da

área precisa estar qualificado e equipado para evitar falhas e não para corrigi-las. Já

segundo VIANA (2002), a presença de equipamentos cada vez mais sofisticados e

de alta produtividade fez a exigência de disponibilidade ir às alturas, os custos de

inatividade ou de sub-atividade se tornaram altos.

A necessidade absolutamente imperiosa de se adaptar aos crescentes

requisitos do atual cenário globalizado vem obrigando as organizações e as pessoas

a desenvolverem e adquirirem novas competências e a promoverem profundas

mudanças nos processos de trabalho e nos mecanismos de gestão (NUNES e

VALLADARES, 2002 apud ARCURI FILHO, 2005). A busca por desempenhos

empresariais eficientes e eficazes, principalmente nos ambientes competitivos e

turbulentos que se verificam em toda parte, exige a formulação de estratégias

calcadas numa visão de redes organizacionais integradas, com a adequada

flexibilidade e conectividade para permitir, sempre que necessário, a rápida correção

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25

de rumos nos processos de planejamento, gerenciamento e operacionalização

técnico-administrativas (CAPRA, 2002 apud ARCURI FILHO, 2005).

Nesta linha, KARDEC et al. (2002) apud ARCURI FILHO (2005), postulam que

um dos mais relevantes objetivos estratégicos de qualquer organização que

pretenda garantir sua sobrevivência e perenidade reside na melhoria contínua de

seus processos, de modo a alcançar níveis de excelência em sua performance e

beneficiar integralmente todas as suas Partes Interessadas. Com isso, ela consegue

responder aos grandes desafios e pressões a que está constantemente sujeita,

conforme ilustrado na figura 02.

Cenário Externo e Desafios para as Organizações

Figura 02 - Cenário externo e desafios para as organizações

(Fonte: KARDEC et al., 2002 apud ARCURI FILHO, 2005)

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Segundo LIMA et al. (2004), para que tal objetivo se materialize em todos os

níveis da organização, as seguintes etapas fundamentais devem ser sempre

contempladas:

Mapeamento dos processos existentes, definição da situação atual,

identificação/análise dos problemas e oportunidades de melhoria e

priorização do ataque;

Planejamento do projeto de melhoria, incluindo a escolha da melhor

alternativa de solução dentre as identificadas com este potencial, de

modo a eliminar a causa-raiz do problema e prevenir a sua recorrência;

Implementação da melhoria, verificação dos efeitos e validação do

processo;

Formalização da solução implementada e eventual extensão a outras

áreas da organização.

Na Manutenção, esta constatação torna-se ainda mais verdadeira, em virtude

de suas características especialíssimas e do impacto de suas atividades em

praticamente todas as outras. A inovação tecnológica, presente em todos os setores

da economia, vêm inserindo meios de produção cada vez mais sofisticados, o que

se traduz em grandes perdas de faturamento e rentabilidade quando de suas

paralisações não programadas. Tal realidade exige da Manutenção uma nova

postura, multidisciplinar, sistêmica e muito mais voltada para estender ao máximo os

intervalos entre as falhas operacionais, reduzindo ao mínimo o prazo necessário

para os correspondentes reparos, do que, conforme sua definição clássica,

simplesmente recolocar os equipamentos, instalações e sistemas nas condições de

desempenho para as quais foram originalmente projetados.

É preciso, portanto, quebrar paradigmas, alargar horizontes e compreender que

o objetivo fundamental da Manutenção é a preservação da vida e da

sustentabilidade - de uma máquina, de um sistema, de uma instalação, de uma

empresa, de uma comunidade, do planeta - sendo a sociedade o seu principal

cliente e a lucratividade o seu principal produto (através do fornecimento assegurado

dos níveis ideais de confiabilidade, disponibilidade, segurança - ocupacional e

ambiental - qualidade e saúde), com o ser humano se constituindo no seu agente

mais importante.

Para consolidar este posicionamento mais adequado aos contextos vigentes,

LIMA et al. (2004) definem como essencial a condução do processo de melhoria

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contínua das organizações de manutenção de forma eficaz e eficiente, mediante a

adoção de dois caminhos básicos e, essencialmente, complementares:

projetos de mudança radical, que levem à revisão e reformulação ampla,

geral e completa dos processos existentes ou à implementação de

novos processos, usualmente executados por equipes multifuncionais

externas às operações rotineiras;

atividades de otimização paulatina e sustentada, efetuadas em

pequenos passos nos processos existentes, normalmente pelas equipes

envolvidas com o dia-a-dia operacional.

Nesta abordagem, constata-se que a Função Manutenção, apesar de já

vivenciar um progressivo processo de ocupação de espaços cada vez importantes

nas formulações dos diversos sistemas de administração, ainda padece de

direcionamentos corporativos estabelecidos um tanto a esmo, de forma bastante

desordenada e pulverizada. Assim, é fundamental passar a integrar todos estes

esforços dentro de uma modelagem holística para a gestão da Atividade, criando um

bem estruturado Ciclo da Manutenção , composto por dois conjuntos de processos

interligados: o estratégico, na parte externa do ciclo, e o operacional, na interna (ver

figura 03).

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O Ciclo da Manutenção

Figura 03 - O Ciclo da Manutenção

Fonte: Adaptado de COETZEE, 1999

2.2. A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO

2.2.1. Histórico da Manutenção

Podemos não perceber, mas a manutenção, palavra derivada do latim manus

tenere, que significa manter o que se tem, está presente na história humana há

muito tempo, desde o momento em que começamos a manusear instrumentos de

produção. Com o advento da revolução industrial no final do século XVIII, a

sociedade humana começou a se agigantar, no tocante a sua capacidade de

produzir bens de consumo. No século XX as revoluções foram várias, sendo

peculiares as ocorridas no campo da tecnologia, cada vez mais rápidas e

impactantes no modus vivendi do homem.

Observamos novidades como o telefone transcorrer meio século entre a sua

invenção e sua aplicação industrial e comercial; a televisão, 12 anos; o transistor,

Plano de

Manutenção

Planejamento Gerencial

- Política (Missão / Visão) - Procedimentos / Processos - Objetivos estratégicos - Plano de negócios

Atividades de

Manutenção

Informações

Operacionais

Histórico de

Manutenção

Gestão operacional de curto prazo

Controle / Avaliação Gerencial (medições / indicadores)

- Auditoria de Manutenção - Dados de desempenho

Gestão estratégica de longo prazo

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cinco anos e o laser, um ano e meio, mas no mesmo ritmo que aparecem e são

comercializados, os bens de produção atualmente se tornam obsoletos. Como os

bens de produção, fábricas inteiras, ou até mesmo um setor industrial completo,

pode se tornar ultrapassados em poucos anos.

A presença de equipamentos cada vez mais sofisticados e de alta

produtividade fez a exigência de disponibilidade operacional aumentarem

significativamente, os custos de inatividade ou de sub-atividade se tornaram bem

altos. Então não basta ter instrumentos de produção, é preciso saber usá-los de

forma racional e produtiva. Baseadas nesta idéia as técnicas de organização,

planejamento e controle nas empresas sofreram uma tremenda evolução.

A manutenção industrial surge efetivamente como função do organismo

produtivo no século XVI com a aparição dos primeiros teares mecânicos, época que

marca o abandono da produção artesanal e de um sistema econômico feudal, e o

início de um processo de acumulação originária de capitais e a coexistência de

formas diversas e antagônicas de produção. Neste período o fabricante do

maquinário treinava os novo operários a operar e manter o equipamento, ocupando

estes o papel de operadores e mantenedores; não havia uma equipe específica de

manutenção.

Por volta de 1900 surgem as primeiras técnicas de planejamento de serviços,

Taylor e Fayol, e em seguida o gráfico de Gantt. No entanto foi durante a Segunda

Guerra Mundial que a manutenção se firmou como necessidade absoluta, quando

houve então um fantástico desenvolvimento de técnicas de organização,

planejamento e controle para tomada de decisão. Segundo Monchy (1989),

manutenção decorre de um vocábulo militar, que nas unidades de combate

significava conservar os homens e seus materiais em um nível constante de

operação. A aparição efetiva do termo manutenção , indicando a função de manter

em bom funcionamento todo e qualquer equipamento, ferramenta ou dispositivo,

ocorre na década de 1950 nos EUA, e neste mesmo período na Europa tal termo

ocupa aos poucos os espaços nos meios produtivos, em detrimento da palavra

conservação .

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2.3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO

Conforme apontado por ARCURI FILHO (2005), as primeiras referências à

palavra manutenção datam do século XII, mostrando que a história da função

acompanha o próprio desenvolvimento tecnológico-industrial da humanidade. Assim,

a necessidade de realização sistemática de reparos surge no final do século XIX,

com a mecanização das indústrias.

Entretanto, até 1914, a Manutenção possuía uma importância secundária,

sendo executada pelo mesmo pessoal alocado na Produção. Com o advento da I

Guerra Mundial e a introdução das linhas de montagem idealizadas por Henry Ford,

as fábricas passaram a necessitar de equipes específicas que pudessem efetuar os

reparos nas máquinas operatrizes no menor prazo possível, surgindo um órgão

formalmente estabelecido, subordinado à Operação, cujo objetivo básico era

executar a Manutenção hoje conhecida como Corretiva.

Essa situação se manteve até o final da década de 30, quando, em função da II

Guerra Mundial e da necessidade de grande rapidez de produção, as

administrações industriais passaram a se preocupar não só em corrigir falhas, mas

também em evitar que elas ocorressem, com o pessoal de Manutenção passando a

desenvolver a prevenção de danos e avarias - Manutenção Preventiva - que,

juntamente com a Corretiva, completava o quadro geral da Função, formando uma

estrutura de mesmo nível hierárquico que o da Operação.

O limiar da década de 50 viu o desenvolvimento industrial se acelerar para

atender aos intensos requisitos de consumo do pós-guerra. Esta nova realidade,

aliada ao boom verificado na aviação comercial, com o advento da propulsão a jato,

e na indústria eletrônica, fez com que os gerentes de Manutenção observassem que,

em muitos casos, o tempo gasto para diagnosticar as falhas era maior que o

despendido na execução dos reparos, passando, então, a empregar pessoal

especializado para planejar e controlar a Manutenção Preventiva e analisar causas e

efeitos das avarias.

A partir de meados dos anos 60, a difusão dos computadores, o crescimento

da influência exercida pelas associações nacionais de Manutenção e a sofisticação

dos instrumentos de proteção, medição e controle, fizeram com que a Atividade

desenvolvesse critérios de previsão de falhas visando à otimização da atuação de

suas equipes, no sentido da melhoria do desempenho operacional dos ativos físicos

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sob sua responsabilidade. Tais critérios, que se consolidaram na chamada

Manutenção Preditiva, foram associados a sistemas de planejamento e controle

informatizados, reduzindo os encargos burocráticos dos executantes da Função e

acarretando o aparecimento, em seu bojo, de duas grandes áreas formais: a de

estudos de ocorrências crônicas e a de PCM - Planejamento e Controle de

Manutenção.

No início dos anos 80, com o surgimento e rápida disseminação dos

microcomputadores, os órgãos de Manutenção passaram a desenvolver seus

próprios programas de gerenciamento automatizado, eliminando os inconvenientes

da dependência de disponibilidade do mainframe corporativo para atendimento às

suas necessidades de processamento de dados e informações. Em algumas

empresas, esta atividade tornou-se tão importante que o PCM passou a se constituir

num órgão de assessoramento à própria supervisão geral de produção.

Na visão de ALMEIDA (2001) apud ARCURI (2005), os segmentos industriais,

até a década de 80, visavam um único e exclusivo objetivo, muito bem definido:

obter o máximo de rentabilidade para um determinado investimento efetuado.

Todavia, com o crescente marketshare alcançado pela indústria oriental nos

mercados ocidentais ao longo daqueles anos, acrescido do processo de

globalização, também deflagrado naquela época, os consumidores se acostumaram

a exigir um complemento importante nos produtos e serviços que desejavam

adquirir: a qualidade de tais produtos e serviços, fazendo com que as empresas

passassem a considerá-la como um fator absolutamente vital para manter sua

competitividade, particularmente no mercado internacional. Esta nova abordagem

sistematizada fundamentou-se na visão de processo, definição de responsabilidades

e aplicação de ferramentas e metodologias adequadas, surgindo daí o conceito de

agregação de valor ao produto ou serviço.

Assim, dentro destes novos cenários, a manutenção passou a ser reconhecida

por sua contribuição estratégica para os negócios, através da redução do tempo de

paralisação dos ativos, obtida pelos reparos em ritmo expedito das ocorrências com

impacto sobre o potencial produtivo (aumento da disponibilidade e produtividade), e

do cuidado com a precisão de suas intervenções, possibilitando que os produtos

finais pudessem atender a critérios e padrões pré-estabelecidos (melhoria da

confiabilidade).

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Numa ótica semelhante, pode-se apontar, a partir de LIMA (2002), as

atividades-fim (Engenharia de Manutenção e Melhorias; captação, alocação e

administração de Recursos Físicos e Humanos; Processos, Procedimentos e

Tarefas) e as atividade-meio (garantia da qualidade; planejamento e controle) que

devem ser formuladas, definidas e regidas pela correspondente Política de

manutenção estabelecida dentro dos preceitos aqui propostos, de acordo com o que

é apresentado na figura 04.

Atividades Regidas pela Política de Manutenção

Figura 04 - Atividades regidas pela política de Manutenção

Fonte: Adaptado de LIMA, 2002

Em vista do exposto, conclui-se que a política e estratégias adequadas à

obtenção do encaixe máximo da gestão da função à analogia postulada devem

sempre levar em consideração que as boas práticas a ela inerentes guardam, na

verdade, grande similaridade com as exercidas no âmbito da medicina. Assim, o

monitoramento de sistemas, equipamentos, componentes e instalações pode ser

comparado com os check-ups e exames indicados para a detecção de disfunções

humanas. Da mesma forma, a análise de tendências dos parâmetros monitorados

permite identificar sintomas de doenças , os quais, em conjunto com um criterioso

estudo do histórico pregresso (ou seja, a anamnese), levam à formulação de um

diagnóstico mais preciso (determinação da causa-raiz) e à prescrição da melhor

POLÍTICA DE MANUTENÇÃO

GARANTIA DA QUALIDADE

PLANEJAMENTO E CONTROLE

ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO E

MELHORIAS

RECURSOS FÍSICOS E HUMANOS

PROCESSOS, PROCEDIMENTOS E

TAREFAS

Atividades-meio

Atividades-fim

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terapia não sintomática aplicável em cada caso, possibilitando, por conseguinte,

intervenções mais acuradas ("onde" e "como") e oportunas ("quando").

Na mesma linha, KARDEC et al. (2002) apresentam a manutenção como uma

filha quase bastarda do "império da produção" instaurado pela revolução industrial,

destacando a importante evolução em seus métodos e práticas neste curto período

de pouco mais de 100 anos de existência formal. Neste processo, são assinalados

quatro pontos de inflexão relevantes que marcaram decisivamente a trajetória de

progressiva valorização da Função, levando-a, atualmente, a desempenhar o

estratégico papel de protagonista - que, por mérito e justiça, sempre foi seu - na

preservação da saúde e sustentabilidade empresariais. Estes marcos, frutos da

necessidade de adequação às exigências dos mercados e sociedades, são:

o nascimento da função como manutenção corretiva;

o advento da manutenção preventiva;

o surgimento da manutenção preditiva;

a disseminação da manutenção centrada em confiabilidade (RCM).

É também ressaltado que vários outros aspectos possuem relevância

considerável neste processo de melhoria contínua, sendo destacados o

desenvolvimento da mentalidade da qualidade no ambiente da Atividade, a

integração Manutenção-Operação na filosofia de TPM e o papel do treinamento,

qualificação e certificação. TAVARES apud ALMEIDA (2001) menciona ainda a

correspondente evolução tecnológica da Manutenção, balizada pela Escola Latina,

na França, em meados da década de 60, pelas Investigações Russas, no final da

mesma década, pela terotecnologia inglesa, no início dos anos 70, e pela Análise &

Diagnóstico (A&D) nos EUA, no final dos 80, conforme a figura 05 a seguir.

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Desenvolvimento Tecnológico da Manutenção

Figura 05 - Desenvolvimento tecnológico da Manutenção

(Fonte: Adaptado de TAVARES, 1996 e 1999)

A escola latina pressupõe que o aumento da produtividade das empresas deve

ser obtido através da atuação da manutenção, mediante a utilização de um sistema

informatizado e integrado para mobilizar recursos e trabalhos com equipes

multifuncionais, orientadas para um mesmo objetivo. Deste modo, a manutenção irá

coordenar grupos de trabalho em diversos níveis de supervisão, buscando alcançar

maior eficiência e disponibilidade dos equipamentos e instalações.

Nas investigações russas, foi criado o conceito do "ciclo de manutenção",

definido como o intervalo compreendido entre duas "revisões gerais", que envolvem

todos os trabalhos de ajustes e substituições que só podem ser executados neste

período. Entre duas "revisões gerais", são, então, intercaladas inspeções

sistemáticas para detecção de avarias ou verificação de parâmetros.

Terotecnologia

M a n u t e n ç ã o P r e d i t i v a

Investigações Russas

Escola Latina

M a n u t e n ç ã o P r e v e n t i v a

Manutenção por Quebra (Corretiva)

Era da Manutenção baseada no tempo

MANUTENÇÃO ESTRATÉGICA

CENTRADA NO NEGÓCIO

A & D

T P M

Disseminação da RCM

1950 1960 1970 1980 1990 2000

Era da Manutenção baseada nas condições

Terotecnologia

M a n u t e n ç ã o P r e d i t i v a

Investigações Russas

Escola Latina

M a n u t e n ç ã o P r e v e n t i v a

Manutenção por Quebra (Corretiva)

Era da Manutenção baseada no tempo

MANUTENÇÃO ESTRATÉGICA

CENTRADA NO NEGÓCIO

A & D

T P M

Disseminação da RCM

1950 1960 1970 1980 1990 2000

Era da Manutenção baseada nas condições

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Já a terotecnologia combina meios financeiros, estudos de confiabilidade,

avaliações técnico-econômicas e métodos de gestão para obter ciclos de vida dos

ativos cada vez menos dispendiosos. A Manutenção constitui-se, assim, no coração

de qualquer sistema terotecnológico.

Por sua vez, a metodologia de análise & diagnóstico consiste em formar um

grupo de trabalho multidisciplinar da própria empresa, assessorado ou não por

consultores externos, para avaliar a situação dos diversos aspectos de gestão da

Manutenção e das áreas a ela vinculadas, como Produção (níveis de exigência,

padrões de qualidade, prazos de atendimento), Materiais (níveis de estoque, pontos

de re-suprimento automático, shelf life, inspeções de recebimento), Compras

(requisições, cadastramento e qualificação de fornecedores), Contratação

(processos de terceirização, licitações, modelos de contratos), RH (programas de

treinamento e reciclagem, benefícios e incentivos, planos de cargos e salários) e

Finanças e Contabilidade (previsões orçamentárias, apontamento e controle de

custos, análises de investimentos), dentre outras.

O quadro 01, apresentado a seguir, sintetiza os elementos referentes ao

histórico do paulatino desenvolvimento e valorização da Manutenção que foram aqui

abordados. Nele, fica mais uma vez evidenciado que, ao longo das quatro gerações

formuladas por MOUBRAY (2000), o crescimento das expectativas relativas à

Função provocou uma correspondente evolução em suas técnicas, políticas e

procedimentos, favorecendo a criação de um cenário propício ao surgimento de

exigências ainda maiores, num círculo virtuoso que se desenrola dentro de

ambientes situacionais também evolutivos, conforme indicado por RIIS et al. (1997)

e ROMERO (2001).

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36

Crescimento das Expectativas X Evolução da Manutenção

EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

AMBIENTES

SITUACIONAIS

EXPECTATIVAS QUANTO AO DESEMPENHO DA

FUNÇÃO

POLÍTICAS E FILOSOFIAS

PREDOMINANTES

TÉCNICAS E

PROCEDIMENTOS

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

BÁSICAS

1ª GERAÇÃO

(até 1940-50)

Tecnologia simples Pouca redundância Grandes estoques de sobressalentes Produtos padronizados

Reparo após avaria

Estabilidade da capacidade de produção

Corretiva

Substituição de itens

Reparos de emergência Isolamento da falha

Informal

Descentralizada

2ª GERAÇÃO

(1950-1980)

Tecnologia semi-automatizada Alguma redundância

Estoques moderados Produtos especializados

Maior disponibilidade e produtividade dos ativos físicos

Maior vida útil dos equipamentos e componentes

Menores custos

Preventiva

Troca sistematizada de componentes Revisões gerais programadas Sistemas de planejamento e controle Informática main frame

Centralizada

3ª GERAÇÃO

(1980-2000)

Tecnologia automatizada

Alta redundância

Estoques Just-in-Time

Sistemas complexos

Altos investimentos de capital

Produtos personalizados

Maior disponibilidade e confiabilidade dos ativos físicos Maior vida útil dos equipos e sistemas Maior segurança operacional Melhor qualidade dos serviços e produtos Ausência de danos ao Meio Ambiente Melhor custo x benefício dos processos Maior produtividade, competitividade e lucratividade

Preditiva

TPM

MCC (RCM)

Monitoramento de condições e parâmetros operacionais de processos Inclusão da confiabilidade e manutenibilidade nos projetos Análise de riscos, modos de falhas, causas e efeitos Microinformática Versatilidade e teamwork

Híbrida

4ª GERAÇÃO

(2000-....)

Tecnologia avançada Processamento contínuo Sistemas interconectados Investimentos otimizados Produtos inteligentes

Alinhamento com os objetivos estratégicos corporativos Inserção nos sistemas integrados de gestão Respeito aos preceitos da Sustentabilidade Engª. de Manutenção e melhoria da manutenibilidade

Pró-Ativa

Asset Management (Gestão de

Ativos Físicos)

Redes neurais Sistemas especialistas Auto-teste e auto-diagnóstico Interfaces wireless e blue tooth

Multidisciplinaridade Multiespecialização

Matricial

Arranjos em Constelação ( Cluster )

Redes

Quadro 01 - Crescimento das expectativas vs. evolução da Manutenção

Fonte: Adaptado de MOUBRAY, 2000 e ROMERO, 2001

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Das informações reveladas neste quadro, pode-se ainda extrair a constatação

de que os avanços tecnológicos ocorridos ao longo dos anos forjaram requisitos e

demandas crescentes que solicitaram desempenhos cada vez mais efetivos dos

meios de produção, obrigando a que a manutenção tivesse também que se

aparelhar e se aperfeiçoar de modo contínuo. Tal evolução consolida-se hoje na

concepção da Manutenção Estratégica centrada no Negócio (TAVARES, 1999),

para o que, segundo AZEVEDO (2001), é mister que a função se integre de maneira

completa no processo produtivo, contribuindo, desta forma, para que as

organizações caminhem rumo à excelência empresarial.

Na mesma linha, FLORES (2002) afirma que:

Durante muito tempo, a Manutenção caracterizou-se por apresentar um perfil extremamente voltado apenas à preservação dos equipamentos. Mesmo que houvesse implicação negativa às grades operacionais, era comum que os ativos e instalações fossem disputados pela Função, para a realização de revisões, com a área de Operação, que queria utilizá-los. Neste contexto, perdia-se o foco de que a Manutenção se presta a disponibilizar os bens para geração de receita, de forma confiável e segura, e que o desafio é realizar reparos e revisões sem interrupção do fluxo produtivo. Assim, o conceito moderno da Função alia a necessidade de alta disponibilidade dos equipamentos com a exigência de confiabilidade para sua utilização, de forma a integrá-la aos sistemas operacionais para possibilitar o funcionamento quase ininterrupto, e ausente de não-conformidades, dos processos de produção.

Nota-se, assim, em última análise, que os grandes desafios constantemente

colocados pelos atuais segmentos produtivos da economia globalizada vêm

obrigando a Manutenção - e seus profissionais - a tomar atitudes pró-ativas mais

avançadas, perfeitamente alinhadas com as diretrizes corporativas.

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2.3.1. A Evolução da Manutenção no Brasil

No Brasil, com a abertura dos portos na década de 1990, a indústria nacional

se viu obrigada a buscar a qualidade total de seus produtos e serviços, conjugada a

um custo operacional capaz de permitir um maior poder de competição do produto

nacional com os estrangeiros que aportavam cada vez em maior número em nosso

território.

Segundo Friedman (1998 p. 65),

[...] a globalização não é um modismo, mas um sistema internacional. E tem suas regras, sua lógica interna, com pressões, incentivos, oportunidades e mudanças que afetam a vida de cada país, como o Brasil, de cada comunidade, e também a das empresas em que cada um de nós trabalha.

Sob pressões, rapidamente visualizamos soluções para as dificuldades, que

até então habitavam o campo da suposição, e daí começam a enxergar que não é

suficiente se ter máquinas, rede de distribuição e sobrenome antigo para alcançar o

sucesso.

Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção constante

progresso dos meios de comunicação, o atual estágio do capitalismo arrasta para a

torrente da civilização do consumo mesmo os países mais atrasados. Para que

estes tenham condições de sobrevivência em tal contexto, é preciso que seus meios

de produção se armem de tecnologia de ponta, excelentes recursos humanos,

programas consistentes de qualidade, produtos competitivos e também um eficaz

plano de manutenção dos instrumentos de produção.

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2.3.2. A Importância da Manutenção

O impacto do planejamento e controle da manutenção para a saúde de uma

empresa é primordial, pois seria impossível um atleta competir com chances de

vitória, se o seu organismo estivesse debilitado. A manutenção industrial cuida dos

intramuros de uma companhia e o PCM a organiza e a melhora; se este for eficiente,

a companhia terá saúde financeira para existir e colocar seus produtos no mercado,

com qualidade superior e preço competitivo.

Visualizando por este ângulo, chegaremos à conclusão de que o

aperfeiçoamento dos métodos de conservação e extração máxima da capacidade da

maquinaria se constitui em uma briosa missão que repercute em todos os aspectos

do produto final. Desta forma a manutenção não pode se limitar a apenas corrigir

problemas cotidianos, mas deve perseguir sempre a melhoria constante, tendo como

norte o aproveitamento máximo dos instrumentos de produção, aliado ao zero

defeito. Para tanto várias formas de organização e técnicas vêm sendo implantadas

no ambiente industrial. O PCM se apresenta como sendo um destes progressos, que

possibilita aos homens e mulheres da manutenção facilidades e recursos nesta

eterna busca pela perfeição.

A implantação de metodologias organizacionais se torna mais premente a uma

empresa, e as novas perspectivas advindas com a evolução dos campos da

informática e eletrônica vêm acelerando o desenvolvimento das mesmas, nos

tornando cada vez mais confiáveis e eficientes; contudo a implementação de

qualquer nova tecnologia só apresenta resultados satisfatórios, desde que se tenha

pessoas especializadas, treinadas e motivadas, para a completa utilização de todas

as facilidades e benefícios oferecidos. O gráfico 01 abaixo mostra a evolução da

qualificação do pessoal observado na última década.

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Gráfico 01: Programação anual de treinamento - área de manutenção

Fonte: Documento Nacional ABRAMAN, 2005

2.3.3. Estratégias, Metodologias e Políticas de Manutenção Usuais

2.3.3.1. Manutenção Corretiva

De acordo com a definição de BRANCO FILHO (2001) apud ARCURI (2005), a

metodologia de manutenção corretiva compreende todos os trabalhos, planejados

ou não, de execução dos reparos e/ou substituições necessárias quando da

ocorrência de falhas funcionais.

Tal definição é também endossada por MONCHY (2003), que aponta a

corretiva como:

Manutenção executada após a detecção de uma pane e destinada a restituir um bem a um estado no qual ele possa cumprir uma função requerida. Ela pode ser ´postergada´, caso não seja executada imediatamente após a detecção e planejada conforme as regras de manutenção estabelecidas, ou ´urgente´, se for executada logo após a detecção, a fim de evitar conseqüências inaceitáveis.

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Sob este enfoque, o autor traz ainda uma questão que costuma intrigar os

gestores ligados a manutenção: a correção inclui a concepção de melhoria? Ele

mesmo responde:

Para as ações paliativas, não, pois busca-se apenas reconstituir, mesmo que temporariamente, uma função paralisada. Porém, para as ações de recuperação, associadas à idéia de diagnóstico e cura, a resposta é sim, já que, ao conseguirmos identificar a causa da pane, somos capazes de evitá-la ou torná-la menos impactante, e, assim, de melhorar.

Na mesma linha, KARDEC e XAVIER (1998) caracterizam a corretiva não

planejada como aquela que é realizada de maneira aleatória, sem tempo para

preparação do serviço. Ela deve, portanto, ser reduzida ao mínimo possível, pois o

aumento de sua incidência denota um incremento nas quebras e perdas de

produção inesperadas, o que, quase sempre, implica em altos custos diretos e

indiretos e, às vezes, em conseqüências ainda mais graves para as pessoas, a

instalação e o meio ambiente. Por isso, quando uma organização de manutenção

apresenta a maior parte de sua corretiva recaindo na classe de não planejada, ela é

comandada pelos equipamentos e seu desempenho empresarial não está adequado

às atuais necessidades e exigências já comentadas.

Por outro lado, a política de corretiva planejada pode ser a mais vantajosa a

empregar em determinados equipamentos e sistemas, como no caso de lâmpadas

de iluminação de ambientes comuns, onde a substituição após a queima é muito

mais econômica do que a implantação de qualquer eventual sistema de preventiva

(não faz sentido efetuar trocas sistemáticas e periódicas de lâmpadas ainda em

funcionamento...) ou preditiva (não há monitoramento economicamente viável que

permita acompanhar a degradação de uma lâmpada). Entretanto, ambientes

especiais, como o centro cirúrgico de um hospital ou a sala limpa de uma planta de

montagem eletrônica, exigem condições planejadas de contorno, que incluem, por

exemplo, a instalação de iluminação redundante ou de emergência. Conforme

ressalta MONCHY (2003), não é à toa, também, que as montadoras de automóveis

os fornecem com a redundância de um pneu estepe - muito embora não lhes seja

possível definir o dia em que um dos quatro pneus irá furar...

Assim, segundo estes três autores, para que a estratégia de planejamento da

corretiva possa ser bem sucedida, garantindo o menor MTTR possível de ser

alcançado, é necessário ter sempre em mente que as intervenções irão se distribuir

numa faixa muito ampla, indo desde um pequeno conserto, com duração de alguns

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minutos, até restaurações importantes - e às vezes inéditas - que exigem equipes

completas atuando ao longo de vários dias. Partindo deste princípio básico, os

seguintes pré-requisitos tornam-se também fundamentais:

Efetuar análises custo x benefício preliminares para permitir a definição

dos melhores tratamentos antecipatórios;

Garantir a obtenção dos recursos materiais e humanos necessários;

Possuir oficinas e ferramentarias bem equipadas;

Dispor de grande estoque de sobressalentes e consumíveis,

principalmente para os equipamentos classificados como vitais;

Contar com pessoal treinado, habilidoso e experiente.

Mesmo optando pela manutenção corretiva para algumas partes menos críticas

do equipamento, é preciso ter os recursos necessários: peças de reposição, mão-de-

obra e ferramental para agir rapidamente, visando à redução de possíveis impactos

da falha na produção. Há casos em que é vantajoso ter componentes montados em

estoque para substituição rápida na área. O reparo do componente danificado

poderá ser feito posteriormente pela oficina de manutenção ou por uma empresa

externa.

É importante ressaltar também que, mesmo que a manutenção corretiva tenha

sido escolhida por ser mais vantajosa, não podemos simplesmente nos conformar

com a ocorrência de falhas como um evento já esperado e, portanto, natural.

Um aspecto fundamental, mesmo no caso da manutenção corretiva, é se

esforçar para identificar precisamente as causas fundamentais da falha e bloqueá-

las, evitando sua reincidência.

2.3.3.2. Manutenção Preventiva

Segundo BRANCO FILHO (2001) apud ARCURI FILHO (2005), a manutenção

preventiva engloba as atividades executadas para prevenir, detectar e/ou corrigir

defeitos, dentro de periodicidades estipuladas a partir de uma quantidade pré-

determinada de unidades de uso (tempo-calendário, horas de vôo, quilômetros

rodados etc.). Tais atividades podem ser classificadas em três grandes grupos de

tarefas, com as seguintes finalidades principais:

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Inspeções ( trabalhos de 1ª linha ):

Verificações, ajustes e regulagens com periodicidade baixa (diária,

semanal), incluindo eventuais reparos rápidos (exemplo: verificação do

nível de óleo lubrificante e reposição, caso necessário);

Preservação de especificações e detecção de irregularidades,

permitindo a programação dos reparos pertinentes.

Testes / Ensaios ( Trabalhos de 2ª linha ):

Medições de parâmetros ou grandezas pré-fixadas, realizadas segundo

uma periodicidade média (mensal, trimestral), para avaliação do estado

geral do ativo quando da troca sistemática de componentes com

desgaste ou quebra previsível (exemplo: filtros, rolamentos);

Detecção de valores diferentes dos esperados, podendo significar

indícios de problemas mais severos.

Desmontagens dos equipamentos e sistemas para inspeção dos

componentes e reparo/substituição daqueles fora de especificação,

efetuadas dentro de uma periodicidade longa (semestral, anual).

Uma classificação semelhante para as tarefas de preventiva é também

estabelecida pela ABNT apud LIMA (2002), que ainda realça sua diferenciação com

relação à Manutenção Corretiva, conforme mostrado na figura 06.

Figura 06 - Tarefas de Manutenção Preventiva vs. Corretiva

(Fonte: ABNT apud LIMA, 2002)

MMAANNUUTTEENNÇÇÃÃOO

PREVENTIVA

INSPEÇÕES

AJUSTE E CONSERVAÇÃO

ELIMINAÇÃO DE DEFEITOS

CORRETIVA

REPARO DE FALHAS

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Considerando, assim, o caráter extremamente sistemático e rotineiro que

reveste os trabalhos de Preventiva e os intervalos fixos em que eles ocorrem,

TAVARES (1996 e 1999) destaca como absolutamente primordial dispor de um

sistema computadorizado (conhecido como CMMS - Computerized Maintenance

Management System na literatura de língua inglesa, ou GMAO - Gestion de la

Maintenance Assistée par Ordinateur, na francesa) para realizar com eficiência e

eficácia a gestão do seu planejamento, programação e controle, o qual deverá

contar, minimamente, com os seguintes módulos e facilidades:

Cadastro e codificação dos equipamentos (definição do onde fazer as

intervenções);

Programa-mestre de manutenção por unidades de uso (tempo-calendário,

tempo de operação, quilômetros rodados, horas de vôo), incluindo:

Estabelecimento das periodicidades das atividades e tarefas (definição

do quando fazer);

Seleção das correspondentes instruções (ou procedimentos) de

manutenção (o que e como fazer);

Balanceamento dos recursos físicos necessários e alocação da mão-de-

obra responsável (com o que fazer).

Emissão automática e retorno ao sistema ( prestação de contas ) das ordens

de serviço (OS´s) para aquisição das informações / dados técnicos, administrativos e

financeiros referentes às intervenções, formando o chamado Histórico de

manutenção;

Extração dos relatórios gerenciais para realização da avaliação e análise crítica

do desempenho da Função, construídos com base nos diversos indicadores

(índices) relativos, principalmente, a equipamentos / materiais, pessoal e custos, e

calculados a partir dos dados anteriormente coletados;

Disponibilidade de links para intercâmbio de informações com as áreas de

materiais (almoxarifado e compras), recursos humanos, logística, qualidade,

produção (planejamento e programação), administração e finanças, dentre outras.

Na ótica de LIMA (2002), tais links favorecem a desejável integração das

diretrizes da Manutenção com as da produção, alinhando-as, ainda, aos demais

preceitos corporativos para permitir, em conseqüência, a formação de uma

organização coesa, voltada para a obtenção de resultados e a redução de perdas -

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sejam elas ligadas a recursos, prazos, desempenho, qualidade ou quaisquer outras

áreas - onde a Função estará focada na preservação dos níveis de disponibilidade,

confiabilidade e produtividade dos ativos existentes.

Conforme VIANA (2002), muitas empresas acreditam ter um esquema eficiente

de manutenção preventiva. Mas, o que temos visto no chão-de-fábrica de muitas

delas é que, quase sempre, o tempo reservado para a realização da manutenção

preventiva acaba sendo usado para trabalhar naquelas falhas que surgiram no dia-a-

dia da produção. Em geral, os itens de manutenção preventiva ficam de lado e não

são cumpridos. Sem uma boa manutenção preventiva, as falhas tendem a aumentar

e ocupar todo o tempo do pessoal de manutenção. Também pode acontecer que,

mesmo com o cumprimento sistemático da manutenção preventiva, as falhas não

diminuam. A causa deste fenômeno pode estar tanto na falta de padrões e

procedimentos de manutenção quanto no conhecimento e habilidades insuficientes

dos técnicos de manutenção e operadores da produção.

2.3.3.3. Manutenção Preditiva

Como mencionado, a manutenção preventiva é uma modalidade mais cara

olhando apenas o custo da manutenção, pois as peças e componentes dos

equipamentos são trocadas ou reformadas antes de atingirem seus limites de vida. A

manutenção preditiva permite otimizar a troca das peças ou reforma dos

componentes e estender o intervalo de manutenção, pois permite prever quando a

peça ou componente estarão próximos do seu limite de vida.

As técnicas de manutenção preditiva têm sido cada vez mais divulgadas, até

mesmo por alguns especialistas em manutenção, como algo bastante avançado e

alheio aos outros métodos de manutenção. Devido ao uso de tecnologia avançada,

a manutenção preditiva costuma ser tratada de forma diferenciada dentro das

empresas - quase como uma ciência avançada demais para ficar nas mãos de

qualquer pessoa.

Parece claro, assim, que a adoção desta estratégia de manutenção, que

envolve aspectos técnico-econômicos bem mais sutis que as duas anteriores, deve

ser precedida por estudos e análises criteriosos, onde as respostas às seguintes

questões gerenciais terão que ser obrigatoriamente levadas em consideração:

Quais são os custos atuais e reais de Manutenção?

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Qual é o índice de disponibilidade dos diversos equipamentos e

sistemas?

Quais são os ativos mais críticos para a produção, segurança (pessoas

e instalações) e meio ambiente?

Quais são as técnicas preditivas de monitoramento que possuem

viabilidade técnica e econômica para aplicação? Que aparelhagem será

necessária?

O processo será gerenciado pela própria organização interna de

Manutenção ou será inteiramente terceirizado?

Quem irá coletar os dados, analisá-los e emitir pareceres e

diagnósticos?

As equipes próprias estão adequadamente conscientizadas e

preparadas para tal implantação?

Os clientes da manutenção estão preparados?

Os outros critérios a serem também analisados dizem respeito ao custo do

próprio componente (como anteriormente mencionado, não faz sentido incluir

lâmpadas de iluminação de ambientes comuns num programa de Preditiva), às

dificuldades de realização das intervenções (equipamentos localizados em

ambientes confinados, com acesso restrito e/ou mal ventilados/iluminados, por

exemplo) e aos custos delas decorrentes, além, é claro, dos requisitos relacionados

à segurança operacional da instalação, do pessoal diretamente envolvido, das

comunidades circunvizinhas e do meio ambiente.

Ainda na linha dos aspectos fundamentais a serem considerados para o

processo de implantação de uma preditiva adequada às reais necessidades

vigentes, MIRSHAWKA (1991) destaca a problemática da seleção das máquinas que

irão compor o universo-alvo de tal programa, lembrando que nem todas apresentam

justificativas consistentes para nele serem incluídas, já que esta política,

individualmente, não se constitui numa panacéia para todos os males dos ativos

físicos.

Em muitas empresas ainda é comum designar uma equipe independente de

engenheiros ou técnica altamente especializada - com seus próprios sistemas e

métodos de controle - somente para cuidar da manutenção preditiva. Mas

precisamos entender claramente que a manutenção preditiva é um dos elementos

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da manutenção preventiva. Ao colocarmos em prática a manutenção preditiva, suas

tarefas devem fazer parte do planejamento da manutenção preventiva. Afinal de

contas, a manutenção preditiva é mais uma maneira de inspecionar os

equipamentos.

A tecnologia disponível atualmente permitiu o desenvolvimento de dezenas de

técnicas de manutenção preditiva, algumas bastante caras e sofisticadas. Mesmo

assim, as empresas também devem praticar a manutenção preditiva, que é um

método de manutenção bastante simples e eficaz e que traz bons resultados. Por

exemplo, monitorando a variação da vibração do equipamento podemos prever o

momento de trocar os rolamentos. Também é possível prever o momento de

reformar componentes mecânicos analisando o óleo lubrificante. Entretanto, ainda

há algumas limitações de tecnologia e ainda não é possível adotar a manutenção

preditiva para todo tipo de componente ou peça de um equipamento.

Manutenção Preventiva - Termografia

Figura 07: Manutenção Preditiva - Termografia

Fonte: CEMIG, 2005

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2.3.3.4. TPM (Manutenção Produtiva Total)

Alinhando-se com a definição de NAKAJIMA (1991) apresentada

anteriormente, observa-se que o TPM é um conceito gerencial que se inicia pela

liberação da criatividade normalmente inexplorada de qualquer equipe de trabalho,

que, quase sempre assoberbada com tarefas repetitivas, muito tem a contribuir para

a melhoria dos processos, caso isso lhe seja possibilitado. A política visa, assim,

promover uma cultura na qual os operadores sintam-se como proprietários das

máquinas em que atuam, aprendendo muito mais sobre elas e melhorando a

precisão do diagnóstico dos problemas, com o conseqüente aperfeiçoamento do

equipamento. Com tais posturas e ações, busca-se, então, atingir a efetividade

global máxima dos ativos (a chamada OEE - Overall Equipment Effectiveness),

aliada ao mais baixo custo possível para o seu ciclo de vida (LCC - Life Cycle Cost).

Numa visão similar, TSANG (2002) também ressalta que o TPM tem seu foco

orientado para as pessoas, constituindo-se, ainda, numa parte integrante da filosofia

de TQM - Total Quality Management (ou GQT - gestão pela qualidade total), para o

que os seguintes princípios básicos são aplicados na redefinição da organização da

Manutenção:

Introdução da chamada manutenção autônoma, em que, através do

desenvolvimento da já mencionada cultura de propriedade da máquina

(jishu hozen), os operadores assumem a responsabilidade por tarefas de

manutenção rotineiras de menor monta, como limpeza, inspeção geral,

lubrificação, ajustes, regulagens e pequenos reparos, visando a

preservação das condições ideais de funcionamento;

Incremento das habilidades dos operadores e do seu nível de

conhecimento da instalação, capacitando-os a efetuar a detecção

precoce dos sintomas de desgastes, desajustes, vazamentos ou partes

soltas e incentivando-os a apresentar sugestões para evitar a

performance da planta fora dos padrões estabelecidos como ótimos;

Utilização de equipes multifuncionais e multidisciplinares para melhorar

o desempenho geral dos ativos;

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Estabelecimento de uma programação de manutenção que favoreça a

extensão da vida útil da instalação e a maximização da sua

disponibilidade.

Conforme historiam NAKAJIMA (1991) e MIRSHAWKA (1991), o TPM foi

criado no Japão, fundamentado em suas milenares tradições culturais - que também

contribuíram para o desenvolvimento, dentre outras mundialmente consagradas

metodologias gerenciais, dos 5S e da já citada GQT - tendo sua primeira aplicação

formalmente estruturada ocorrido na fabricante de autopeças Nippon Denso, o que

lhe valeu, em 1971, o prêmio de excelência em manutenção industrial (Prêmio PM)

conferido pelo JIPM - Japan Institute of Plant Maintenance. Reconhecendo o

potencial da então revolucionária estratégia, o Instituto lançou uma forte campanha

para sua divulgação e disseminação, fazendo com que o método, originalmente

voltado para o setor fabril, rapidamente se espraiasse por todos os segmentos e

atividades produtivas, tanto no Japão, como em todo o mundo, tendo ele chegado

ao Brasil em 1986.

Além dos conceitos e princípios fundamentais já abordados, os diversos

autores que tratam do tema estabelecem ainda que a casa do TPM é construída

sobre 8 pilares básicos, de acordo com a representação mostrada na figura 08.

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Os 8 Pilares TPM

Figura 08 - Os 8 pilares do TPM

Fonte: Adaptado de AZEVEDO, 2001

Assim, o primeiro pilar a ser assentado é o da educação e treinamento,

buscando elevar a qualificação, capacitação e conscientização de todo o pessoal da

planta, com ênfase para a Manutenção e a Operação, como já comentado. Em

seguida, estimula-se o Gerenciamento Antecipado, conceito cuja melhor

interpretação é, sem dúvida, aquela criada por KARDEC e NASCIF (1998), incluída

na Introdução deste estudo: usar a cabeça hoje, para amanhã não ter que intervir

com os braços e mãos.

Com o pilar da Segurança, Meio Ambiente e Saúde,

procura-se manter as áreas de trabalho limpas e saudáveis, favorecendo a idéia

central de busca das condições conhecidas como Zero Acidente e Zero de

Impacto Ambiental , enquanto que com a Qualidade procura-se atingir o Zero

Defeito . O pilar da Engenharia de Manutenção trabalha ancorado na maximização

da confiabilidade (aumento do MTBF), da manutenibilidade (diminuição do MTTR) e

da própria efetividade global dos ativos físicos, visando alcançar a chamada quebra

zero . Já as Melhorias se baseiam, principalmente, nos feedback fornecidos pelos

ELIMINAÇÃO DAS PERDAS

MELHORIAS

ENGª. DE MANUTENÇÃO

QUALIDADE

S M S

MANUTENÇÃO AUTÔNOMA

GERENCIAMENTO ANTECIPADO

EDUCAÇÃO E TREINAMENTO

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operadores e manutentores1 para aumentar a eficiência / eficácia dos processos

produtivos e reduzir custos, trabalhando, assim, de mãos dadas com a Manutenção

Autônoma, dentro das características anteriormente explicadas.

O 8º pilar - Foco na Eliminação das Perdas - sintetiza a própria essência da

filosofia do TPM, que reside, segundo RIIS et al. (1997), na verificação das perdas

de produção ocorridas nos diversos processos, para utilizá-las na identificação das

inúmeras disfunções organizacionais quase sempre ocultas pelos comportamentos

equivocados que se satisfazem em continuar repetindo aquilo que sempre deu

certo , sem se dar conta do gigantesco iceberg do desperdício

que se avoluma a

cada instante.

1 Termo que melhor identifica os profissionais que trabalham em manutenção, também utilizado

por BRANCO FILHO (2004), diferenciando-o do dicionarizado mantenedores , que possui uma

conotação mais relacionada ao sustento ou apoio financeiro.

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2.3.3.5. RCM (Manutenção Centrada em Confiabilidade)

Segundo LAFRAIA (2001), a confiabilidade pode ser definida como o nível de

confiança de que um determinado componente, equipamento ou sistema

desempenhe a função básica para a qual foi projetado e instalado, durante um

período de tempo pré-estabelecido e sob condições de operação padronizadas.

Assim, a confiabilidade de um ativo é quase que exclusivamente dependente da

qualidade do programa de Manutenção, uma vez que a confiabilidade intrínseca,

agregada a este ativo por seu fabricante, só pode ser aumentada através de mais e

melhores materiais e redimensionamentos de parâmetros, o que implica em maiores

investimentos. Da mesma forma, uma alta confiabilidade intrínseca pode ser

rapidamente perdida pela aplicação de um programa de Manutenção precário.

Com base nestas assertivas, criou-se a política de RCM, que, conforme

MOUBRAY (2000), foi desenvolvida nas décadas de 60, 70 e início de 80 pela

indústria aeronáutica norte-americana, a partir dos trabalhos pioneiros de Stanley

Nowlan e Howard Heap, motivados pela necessidade de reexame das atividades de

Manutenção provocada pelo surgimento de novas aeronaves, maiores, mais

complexas e com sistemas mais sofisticados, sem perder de vista a preservação da

segurança de vôo e a racionalização dos custos operacionais das empresas.

Diferentemente das práticas de Manutenção até então adotadas, que não

priorizavam o contexto operacional na definição do planejamento correspondente, a

aplicação da RCM proporcionou uma forma própria de avaliação, centrada numa

visão sistêmica e global de inserção dos ativos nos processos e meios de produção.

Dentro desta nova abordagem, a preservação das funções dos equipamentos, muito

mais do que eles próprios, passou, assim, a representar o foco principal e o

paradigma central (LIMA, 2002) da análise de manutenção.

Amparada pelo sucesso alcançado no setor aeronáutico, a filosofia passou a

ser empregada, em meados dos 80, pelas forças armadas norte-americanas e de

outros países, tendo, em seguida, se disseminado rapidamente pelos demais

segmentos industriais, já como uma metodologia estruturada, que busca garantir que

os equipamentos possam, efetivamente, desempenhar as funções requeridas, nos

padrões de especificação projetados, e levando em consideração a sua realidade

operacional. Nas aplicações de RCM, são, então, definidas as tarefas não só

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preventivas (sistemáticas e/ou por estado) e corretivas, mas também de detecção de

falhas2, bem como as periodicidades a elas inerentes e os recursos necessários à

sua execução, através da realização de reuniões técnicas com a participação de

representantes de todas as áreas envolvidas, visando uma reavaliação dos

procedimentos de manutenção existentes e a eventual proposição de novos. Assim,

a RCM constitui-se num método desenvolvido para refinar o planejamento de

Manutenção, integrando as suas diversas formas de atividades e racionalizando a

sua programação.

Nesta linha, a estratégia de RCM tem como principal objetivo determinar os

serviços de Manutenção mais adequados à importância da função dos ativos físicos

nos sistemas e processos produtivos, buscando maximizar a disponibilidade e

confiabilidade operacionais, dentro de uma política de custos competitivos. Para

tanto, ela procura responder a 7 questões básicas:

Quais são as funções e os respectivos padrões de performance desejados para

os ativos no atual contexto operacional?

De que formas eles podem falhar e deixar de cumprir suas funções (quais são

as falhas funcionais que podem ocorrer)?

Quais são as causas e modos de cada falha funcional?

O que acontece quando a falha ocorre (quais são os efeitos não econômicos

da falha)?

Quais são os encargos financeiros derivados da ocorrência da falha?

O que deve ser feito para prevenir ou bloquear a falha (quais são as tarefas

pró-ativas recomendadas e suas periodicidades)?

O que deve ser feito se uma tarefa de bloqueio adequada não puder ser

definida (quais são as eventuais ações compensatórias)?

Conforme MOUBRAY (2000), para uma boa implementação de qualquer

projeto RCM, alguns cuidados especiais devem ser tomados, levando em conta os

seguintes fatores críticos de sucesso:

2 Segundo MOUBRAY (2000), as tarefas de detecção de falhas ocultas preconizadas pela

RCM, caracterizam-se pela verificação periódica do funcionamento dos equipamentos que

normalmente estão desligados (redundância, stand-by, emergência, segurança), colocando-os em

operação. Em usinas nucleares, fazem parte de um programa obrigatório de inspeção dos

equipamentos de segurança, sendo conhecidas como surveillance tests.

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Definição clara e precisa dos objetivos a serem alcançados;

Conscientização e engajamento do pessoal em todos os níveis

hierárquicos (gerência / supervisão / execução);

Planejamento e organização das atividades que serão desempenhadas

pela equipe de análise;

Priorização dos ativos que serão enfocados;

Delimitação rígida dos sistemas e da profundidade das análises;

Controle da coleta e seleção dos dados a serem utilizados, assim como

da documentação técnica que será revisada e/ou gerada;

Avaliação preliminar e aquisição dos eventuais hardwares e softwares

necessários;

Especificação e aplicação do treinamento requerido.

MOUBRAY (2000) apud ARCURI FILHO (2005) relaciona como principais

benefícios da política de RCM, subentendo-se que ela tenha sido implantada de

acordo com os requisitos anteriormente indicados, o fornecimento de bases

racionais para o plano de Manutenção, com a eliminação de intervenções

desnecessárias e otimização das necessárias; a redução dos custos de

Manutenção, especialmente nas tarefas rotineiras de Preventiva baseada em tempo;

o aumento da disponibilidade da instalação, mediante a detecção e bloqueio de

falhas funcionais antes de sua ocorrência; o aprendizado de como a instalação deve

ser efetivamente operada; e a otimização do estoque, mediante a eliminação de

supérfluos e a priorização dos itens críticos para a continuidade funcional dos

processos

Como exemplo prático dos bons resultados que podem ser atingidos

com a filosofia de RCM, AZEVEDO (2001) relata que, no setor de

distribuição de energia elétrica francês, a redução média da quantidade

de horas gastas em Preventiva Clássica chegou a 35%, com 42,5% de

todas as tarefas tendo sido também reorganizadas e otimizadas. Por sua

vez, KARDEC (1998) registra números ainda mais expressivos nas

indústrias de processo norte-americanas, como uma redução dos custos

de manutenção da ordem de 27%, ganhos médios de produtividade de

21% e redução média de 74% nas quebras de equipamentos.

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Resumindo os preceitos da RCM para selecionar, sem jamais excluí-las a

priori, as práticas e procedimentos de Manutenção que, sob determinadas

condições, devem ser empregados para cumprir as diretrizes estratégicas de

integração desta política, CAREY (1994) formula diagramas de decisão detalhados,

já admitindo a instalação de redundâncias e a modificação / melhoria de projetos

como atividades inerentes à função.

2.3.3.6. Manutenção Pró-Ativa

Conforme afirma FLORES (2002), ainda que, muito mais que uma metodologia

ou política, a manutenção pró-ativa caracteriza-se por posturas, atitudes e

comportamentos ancorados no conhecido conceito de pró-atividade - ou seja, a

capacidade de agir antes, antecipando, prevenindo e evitando a ocorrência de

problemas.

Fazendo coro com o quadro evolutivo da função, até pouco tempo atrás, ao se

falar em manutenção nas indústrias, a idéia que imediatamente se configurava era a

do conserto de algum item ou reparo de alguma falha, quase sempre envolvendo

interrupção da produção. As tarefas, assim, eram realizadas de modo reativo, depois

dos problemas terem surgido, e prevenção era uma prática muito pouco adotada nos

escritórios e oficinas do setor.

Como já abordado tal situação vem sendo alterada de forma gradual e

paulatina, com a valorização da filosofia de atuação antecipada tendo se

consolidado nos segmentos produtivos de ponta. Hoje, já se consegue enxergar com

nitidez que o investimento em Manutenção sistematizada, com enfoque pró-ativo, é

muito inferior ao custo decorrente de quebras, perdas de produção, lucros cessantes

e prejuízos à imagem corporativa das empresas, sendo consensual a percepção de

que a Função é responsável não só pelos reparos, mas principalmente pela adoção

de sistemas seguros e confiáveis, conforme o também já mencionado conceito de

manutenção com foco no negócio .

Para tanto, os seguintes tópicos essenciais devem ser sempre levados em

consideração:

Dotar o planejamento, programação e execução da Manutenção de um

caráter antecipatório e preventivo de defeitos, problemas, danos e

falhas, alinhado com os ditames da pró-atividade;

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Promover a participação e aprovação da Manutenção na elaboração do

projeto original dos empreendimentos, de modo a minimizar os fatores

de custo das futuras atividades mediante a melhoria da

manutenibilidade;

Praticar de maneira formal e organizada a chamada Engenharia de

Manutenção, através da análise criteriosa e sistemática dos resultados

de inspeções, testes e intervenções, bloqueando/minimizando a

ocorrência ou reincidência de problemas potencialmente críticos.

Contribuindo com estas colocações, ZEN e KARDEC (2002) enfatizam a

necessidade de pensar e agir pró-ativamente para que a manutenção se integre aos

processos produtivos, contribuindo decisivamente para que as empresas caminhem

rumo a excelência. Esta nova postura não mais comporta improvisos e arranjos

ineficientes, com a competência, a criatividade, a flexibilidade, a cultura de mudança

e o trabalho em equipe sendo as características básicas para a garantia da

competitividade das organizações. Por isso, a gestão moderna da Manutenção

requer uma mudança profunda de mentalidade e de atitudes, devendo ela estar

sustentada por uma visão de futuro e regida por processos antecipatórios onde a

satisfação plena dos clientes seja resultante natural da qualidade intrínseca dos

seus serviços, para poder atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade

social e ambiental. O resultado traduz-se em grande economia de recursos e

redução nos custos inerentes à Função, permitindo o aumento da produtividade sem

a necessidade de realização de pesados investimentos.

2.3.3.7. Gestão de Ativos Físicos Industriais (Asset Management)

Segundo AZEVEDO (2001), a metodologia de asset management é

fundamentada na consideração da totalidade do ciclo de vida dos ativos físicos

empregados em uma determinada instalação, e não simplesmente no enfoque

individual de sua fase de utilização/produção (operação e manutenção) ou na de

especificação, projeto e aquisição, como é comum nas filosofias com perfil menos

integrador.

Dentro desta abordagem global, o ciclo de vida de um ativo constitui-se, então,

do conjunto de estágios ou fases por ele vivenciadas ao longo de toda a sua

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existência, indo desde a etapa de Especificação até o Descarte, passando pelo

Projeto; Aquisição (compra, leasing ou aluguel); Montagem (ou Instalação);

Comissionamento; Operação (Produção); Manutenção (incluindo Recuperação e

Modificação); e, finalmente, Substituição, Reciclagem ou Descarte.

Assim, a estratégia de Asset Management busca fazer com que a organização

e administração da Manutenção realmente agreguem valor para a corporação,

através da conciliação do desempenho técnico com o interesse dos acionistas. Para

tanto, ela emprega uma série de ferramentas quantitativas de análise e decisão, com

destaque para a já mencionada metodologia de otimização custo-risco (OCR) , que

permite alcançar uma combinação ideal entre os custos associados a uma

determinada atividade, a decisão de realizá-la ou não e os benefícios potenciais que

tais aspectos podem gerar, levando também em consideração os riscos de não

efetuá-la ou executá-la num momento inadequado, em função dos recursos

disponíveis. O método possibilita, assim, a tomada de decisões sustentadas pelo

conceito de impacto total mínimo sobre o negócio ,

Resumindo o exposto, AZEVEDO (2001) posiciona o Asset Management como

uma filosofia de Manutenção inovadora que associa técnicas de modelagem

econômico-financeira, de avaliação da confiabilidade e de melhoria da performance

operacional com os fatores ligados à responsabilidade pela segurança e respeito ao

meio ambiente, de modo a responder, com maior efetividade, às pressões

corporativas por melhores níveis de ROI. Nela, os ativos físicos industriais não são

mais percebidos como objetos puramente técnicos, mas sim como os principais

vetores de criação de valor de uma organização, passando, então, a merecer um

enfoque altamente estratégico que visa transformar o capital neles imobilizado em

fonte de receitas sustentáveis, sem a qual uma produção segura e lucrativa não é

possível.

2.4. PRINCIPAIS INDICADORES

Segundo TAVARES (1999), os indicadores de manutenção devem retratar

aspectos importantes no processo da produção. Para algumas empresas um

determinado indicador se aplica perfeitamente, mas para outra pode não satisfazer.

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Os indicadores servem para monitorar os processos e principalmente os que

agregam valor, pois não justifica desprender recursos para levantar e consolidar

dados sem utilidade, a não ser enfeitar os quadros de gestão a vista .

Gráfico 02: Grau de Importância dos Indicadores de Manutenção

Fonte: Adaptado de documento nacional ABRAMAN (2005)

No gráfico acima são destacados os principais indicadores utilizados para

monitorar a atividade. Destaque especial para os indicadores de custo,

disponibilidade operacional e freqüência de falha.

Particularmente, no contexto deste trabalho, alguns indicadores de gestão

foram objetos de pesquisa, dente os quais destacam-se:

2.4.1. Tempo Total de Parada (TTP)

Entende-se como indicador de tempo de parada a soma dos tempos de

reação3 e de tempo de reparo4.

3 Tempo de Reação: nesta dissertação entendido como intervalo de tempo compreendido entre

a data/hora da ocorrência e a data/hora de início do atendimento (VIANA, 2002) 4 Tempo de Reparo: nesta dissertação entendido como intervalo de tempo compreendido entre

a data/hora de início do atendimento e a data/hora do término do atendimento. (VIANA, 2002).

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59

Descrição da Fórmula Periodicidade Fonte Dados

TTP= TREA + TREP

TREA: Tempo de REAção

TREP: Tempo de REParo

Mensal Sisman

2.4.2. Tempo Médio Entre Falhas (MTBF)

Conforme VIANA (2002), este indicador evidencia o tempo médio entre falhas

observadas em um determinado intervalo de tempo. Se o valor do MTBF for

aumentando com o tempo, será um sinal positivo, pois indica que o número de

intervenções corretivas vem diminuindo, e conseqüentemente o total de horas

disponíveis para a operação, aumentando.

Descrição da Fórmula Periodicidade Fonte Dados

MTBF= (TOA X TURNOS X DIAS) / NTF

TOA: Total de Objetos em Análise

TURNOS: Volume total de horas do(s)

turno(s)

DIAS: Número de dias em análise

NTF: Número Total de Falhas do(s)

objeto(s) em análise

Mensal Sisman

2.4.3. Tempo Médio Para Reparos (MTTR Mean Time To Repair)

Ainda segundo VIANA (2002) este indicador demonstra o tempo médio para reparos

efetuados em um determinado período de tempo. Quanto menor o MTTR com o passar do

tempo, melhor o andamento da manutenção, pois os reparos corretivos demonstram ser

cada vez menos impactantes na produção.

Descrição da Fórmula Periodicidade Fonte Dados

MTTR= TTP / NTF

TTP: Tempo Total de Parada

NTF: Número Total de Falhas do(s)

objeto(s) em análise

Mensal Sisman

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2.4.4. Indisponibilidade de Equipamentos (IE)

Incapacidade de um item de estar em condições de executar uma certa função em um

dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado.

Descrição da Fórmula Periodicidade Fonte Dados

IE = 1 - (TOA X TURNOS X DIAS) TTP x 100

(TOA X TURNOS X DIAS)

TOA: Total de Objetos em Análise

TURNOS: Volume total de horas do(s) turno(s)

DIAS: Número de dias em análise

TTP: Tempo Total de Parada

Semanal Sisman

2.4.5. Top Ten dos Equipamentos (TTE)

Indica o(s) dez equipamento(s) com maior TTP (Tempo Total de Parada) num período pré-

definido

Descrição da Fórmula Periodicidade Fonte Dados

TTE= 10 maiores TTP

TTP: Tempo Total de Parada

Semanal Sisman

2.4.6. Taxa de Ocupação (TO)

Este indicador visa avaliar quanto da mão-de-obra registrada é realmente

empregada em manutenção e quanto é empregada em outras atividades que o

manutentor executa.

Descrição da Fórmula Periodicidade Fonte Dados

TO= HA / HC

HA: Hora Apontada

HC: Hora Captada

Mensal Depto de

Contabilidade e

Finanças - CCJ

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2.4.7. Balanced Score Card (BSC)

O que uma empresa define como indicador é o que ela vai obter como

resultado; as medidas nas organizações afetam de maneira muito significativa o

comportamento dos gerentes e empregados. Medidas tradicionais que têm sido

utilizadas no mundo dos negócios, como retorno sobre investimento, produtividade

por pessoa, todas elas focalizadas em controle, originadas da função financeira

tradicional e referente ao histórico empresarial, podem dar algum sinal relacionado à

performance atual e crescimento pontual da empresa, mas não explicitam esforços e

resultados orientados para essas áreas, como melhorias, inovações e investimentos

voltados à aprendizagem organizacional. Os modelos tradicionais de performance

financeira serviram bem à era industrial, mas já não são apropriados para direcionar

e avaliar habilidades e competências que as empresas da era do conhecimento

devem dominar.

Traduzindo a visão e a estratégia empresarial em um sistema que

efetivamente comunica a intenção estratégica, e direcionando o desempenho para

os objetivos estabelecidos, o modelo que aqui se apresenta parte de uma mesma

premissa: há uma necessidade premente de aplicação de medidas de desempenho

não mais baseadas no controle, como a maioria das empresas ainda usa, mas sim

focadas na visão e estratégia, como parece já ser demandado pelas empresas que

se ressentem da não capacidade de avaliar todos os seus esforços, de forma

integrada.

O BSC, Balanced Scorecard, tem se mostrado altamente eficaz como um

sistema que proporciona traduzir a visão em um conjunto claro de objetivos das

diversas unidades ou áreas de uma mesma empresa. Dessa forma, transforma a

Visão em Estratégias que se desdobram em Ações adequadas para a sua

realização, em termos de resultados.

Mais do que um sistema de medidas, o Balanced Scorecard

BSC,

desenvolvido em 1992, por Robert Kaplan e David Norton, inicialmente através de

um artigo na Harvard Business Review, é um sistema de gestão estratégica para

atingir propósitos de curto, médio e longo prazos, de forma a integrar as

perspectivas empresariais relevantes. O seu principal foco é o alinhamento da

organização, dos indivíduos e das iniciativas interdepartamentais de maneira tal que

propiciem identificar novos processos para o cumprimento da missão de dada

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organização. A depender do modelo a ser utilizado, ações desempenhadas dentro

da linha de responsabilidade social da empresa poderão também ser contempladas.

Fundamentado em quatro categorias básicas

finanças, clientes, processos

internos e aprendizagem / crescimento empresarial, o BSC pode ser entendido como

um método de administração baseado no equilíbrio organizacional, pois ele garante

que a empresa tenha níveis de comprometimento e conseqüentemente estratégias e

ações "equilibradas" em todas as áreas que afetam o seu negócio como um todo.

Além de uma poderosa ferramenta que permite a introdução de propósitos de longo

prazo no sistema gerencial do presente, através de mecanismos de direcionamento

e mensuração da performance da empresa, em vários e relevantes aspectos, o BSC

pode se desdobrar até o nível de metas por empregado, como já implementado em

algumas empresas nacionais, como, por exemplo, no Banco do Brasil. Pode ainda,

revelar-se como uma efetiva ferramenta para a gestão do conhecimento, recolhendo

e consolidando feedbacks da atuação gerencial e empresarial, mantendo sempre

atualizada a estratégia organizacional.

Na definição original do BSC foram denominadas perspectivas a essas

categorias, julgadas relevantes para a mensuração estratégica. A partir dessa

consideração Kaplan e Norton assumiram ainda que elas podem ser tantas quantas

a empresa escolher, por considerar essenciais vis-à-vis a natureza do seu negócio,

seus propósitos, seu estilo de atuação na sociedade e outras relevantes. Pela sua

flexibilidade e potencialidade, o Balanced Scorecard se ampliou e hoje inclusive é

também útil para ajudar a relatar o balanço social de uma organização.

Dessa forma, as medidas financeiras essenciais podem se destacar entre

retorno sobre investimentos, valor agregado ao patrimônio, lucratividade, e outras

que a cultura organizacional adotar como relevantes para compor a chamada

Perspectiva Finanças. Analisar o negócio pelo ponto de vista dos clientes -

Perspectiva Clientes - através de indicadores tradicionais como satisfação,

participação no mercado, tendências, retenção e aquisição de clientes, e outros

como valor agregado aos produtos /serviços, posicionamento no mercado, nível de

serviços agregados à comunidade pelos quais os clientes indiretamente contribuem,

motiva para que a organização mantenha-se o tempo todo focado na sua missão e

na certeza de que estará desdobrando sua visão em estratégias adequadas aos

seus verdadeiros propósitos.

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A perspectiva em processos internos garantirá a qualidade intrínseca aos

produtos e processos, a inovação, a criatividade gerencial, a capacidade de

produção, seu alinhamento às demandas, logística e otimização dos fluxos, assim

como a qualidade das informações, da comunicação interna e das interfaces.

Finalmente, a perspectiva em aprendizagem e crescimento, que direcionará a

atenção da empresa ao que é básico para alcançar o futuro com sucesso,

considerando as pessoas em termos de capacidades, competências, motivação,

empowerment, alinhamento, e a estrutura da organização em termos investimentos

no seu futuro. Gestão do conhecimento, mapeamento e gerenciamento de pessoas

por competência, enfim, o desenvolvimento da verdadeira "organização de

aprendizagem" dá suporte a outras perspectivas que, se desalinhadas desses

aspectos, apresentarão resultados efêmeros. Essa perspectiva garante a solidez,

valor fundamental para as empresas de futuro.

Assim, o balanced scorecard ajuda a apontar o diferencial competitivo da

empresa, possibilitando que esforços sejam dirigidos para suas áreas de maior

competência e ainda explicitando áreas com determinados graus de incompetência

(o próprio sistema de avaliação facilita para que incompetências sejam detectadas e

minimizadas), pois eleitos os objetivos estratégicos a partir de dada visão, sua

gestão é atribuída aos gerentes, que têm a responsabilidade desde a melhoria da

satisfação do cliente, independentemente em que área esteja, à melhoria nos seus

processos internos; da comunicação à manufatura ou sistema correlato, a depender

da natureza do negócio.

O foco dos sistemas hoje existentes, os tradicionais, têm sido os controles,

pois, originados da função financeira, eles especificam as ações a serem tomadas e

medem seus resultados para verificar o desempenho: esse sistema tenta controlar

comportamentos. As medidas contempladas pelo BSC, de outra forma, estão

direcionadas para a organização do futuro, colocando a visão, a estratégia e a

integração como seus focos, num sistema de contínua monitoração, em substituição

ao controle.

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2.5. A EVOLUÇÃO ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO

Uma nova postura é exigida dos envolvidos na atividade de manutenção:

pensar e agir estrategicamente . É de extrema importância que a atividade se

integre de maneira eficaz ao processo produtivo contribuindo, efetivamente, para

que a empresa caminhe rumo à excelência empresarial.

Esta nova postura é fruto dos novos desafios que se apresentam para as

empresas neste novo cenário de uma economia globalizada e altamente competitiva,

onde as mudanças se sucedem em alta velocidade e a manutenção, como uma das

atividades fundamentais do processo produtivos, precisa ser um agente proativo.

Não existem mais espaços para improvisos e arranjos: competência,

criatividade, flexibilidade, velocidade, cultura de mudança e trabalho em equipe são

as características básicas das empresas e das organizações que têm a

competitividade como razão de ser de sua sobrevivência. Para as pessoas estas

características são essenciais para garantir a empregabilidade de cada um.

A condução moderna dos negócios requer uma mudança profunda de

mentalidade e de posturas. A gerência moderna deve estar sustentada por uma

visão de futuro e regida por processos de gestão onde a satisfação plena de seus

clientes seja resultante da qualidade intrínseca dos seus produtos e serviços e a

qualidade total dos seus processos produtivos seja o balizador fundamental.

KARDEC et. ZEN (2002 p. 03),

... a manutenção existe para que não haja manutenção; estamos falando da manutenção corretiva não planejada. Isto parece paradoxal à primeira vista, mas, numa visão mais aprofundada, vemos que o trabalho da manutenção está sendo enobrecido onde, cada vez mais, o pessoal da área precisa estar qualificado e equipado para evitar falhas e não para corrigi-las

Aliado a toda esta mudança estratégica, cada vez mais tem amadurecido a

relação entre as empresas e suas contratadas da área de manutenção. Estão sendo

praticados contratos de parceria baseado em resultados, sendo que os mais

significativos são os indicadores ligados diretamente à confiabilidade e à

disponibilidade. A contratada tem uma parte do valor contratado fixo e outro variável,

atrelado ao atendimento das metas. Outros indicadores têm crescido de importância

graças ao advento da responsabilidade social. Indicadores ligados ao SMS

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Segurança, Meio ambiente e Saúde são inseridos na metodologia de análise e

remuneração variável das empresas contratadas.

Tais mudanças apresentam resultados empresariais como exemplificado no

quadro abaixo:

Resultados Estratégicos da Manutenção

A U M E N T O R E D U Ç Ã O

DISPONIBILIDADE DEMANDA DE SERVIÇOS

FATURAMENTO E LUCRO LUCROS CESSANTES

SEGURANÇA PESSOAL E DAS

INSTALAÇÕES PARADAS NÃO PROGRAMADAS

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL CUSTOS

QUADRO 02: Resultados estratégicos manutenção

Fonte: Adaptado de Kardec e Zen (2002)

Com a evolução organizacional, houve um incremento substancial da

disponibilidade operacional, diretamente ligada a fatores de lucratividade e, com

preocupação da responsabilidade social, ainda mostrou melhoria nos fatores de

segurança operacional e preservação ambiental. Detectou-se também a redução na

demanda de serviços, lucros cessantes e paradas não programadas devido ao

aumento da eficiência operacional e disponibilidade dos ativos.

Ao invés de falar em mudança cultural , que é um processo lento é preciso

que a gerência implante uma gestão de mudanças, onde a perpetuação de modelos,

paradigmas e práticas não são uma constante. No modelo atual, o inconformismo e

a crítica proativa são muito bem vindas, mas exige um preparo cada vez maior dos

gestores na administração das mudanças. Muitas vezes podem ser colocados em

situações constrangedoras perante a equipe caso sejam adotadas políticas que

desagradem aos colaboradores. Este problema tende a ser minimizado caso os

gestores tenham pleno conhecimento da causa e tomem atitudes abertas, sempre

consultando a base de colaboradores caso estes sejam afetados diretamente.

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Uma grande variedade de ferramentas de qualidade estão disponíveis para a

gestão da manutenção: CQT, TPM, GQT, terceirização, reengenharia, etc. É

importante saber que a ferramenta não é sinônima de bons resultados. Muitos

gestores têm adotado as ferramentas como objetivos centrais de manutenção e os

resultados podem ser desastrosos. Todas as ferramentas devem ser analisadas e

adaptadas à realidade da organização. O uso correto das ferramentas tem levado a

excelentes resultados operacionais.

2.6. GESTÃO ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO

A manutenção, para ser estratégica, precisa estar alinhada e direcionada para

os resultados empresariais da organização. Ela precisa deixar de ser eficiente para

se tornar eficaz, ou seja, não basta reparar o equipamento ou instalação o mais

rápido possível. É necessário manter a função do equipamento disponível para a

operação reduzindo a probabilidade de uma parada de produção ou o não

fornecimento de um serviço.

Para que a função manutenção tenha uma ação estratégica é necessário que

se tenha um processo de gestão estratégico que contemple, pelo menos, as

seguintes etapas:

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Estratégia de Manutenção - PDCA

FIGURA 09: ESTRATÉGICA de MANUTENÇÃO - PDCA

Fonte: Adaptado de Tavares (1999)

A primeira fase é a elaboração do planejamento estratégico (1

PLAN), onde é

necessário que a empresa tenha consciência de qual é a situação atual e quais são

as metas que explicitam a visão de futuro, o ideal é a adoção do processo de

benchmarking . Na falta ou na impossibilidade de adoção deste processo, pode-se

definir a situação atual e as metas conforme cenário da concorrência que se

consegue imaginar.

O processo de Benchmarking pode ser definido como um processo de

identificação, conhecimento e adaptação de práticas e processos com excelência

organizacional reconhecida, de qualquer lugar do mundo, para ajudar uma

organização a melhorar sua performance.

SORIO (2006 p. 01),

Benchmarking é um processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes. É um processo de pesquisa que permite realizar comparações de processos e práticas "companhia-a-companhia" para identificar o melhor do melhor e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva.

1-PLAN Planejamento

Estratégico

4-ACTION

Ações Corretivas

3-CHECK Indicadores e

Auditorias

2-DO Plano

de Ação

ESTRATÉGIA DE

MANUTENÇÃO

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VIANA (2002) entende, de forma mais ampla, benchmark como uma medida,

uma referência, um nível de performance, reconhecido como padrão de excelência

para um processo de negócio específico.

Juntamente com a ferramenta benchmarking, é necessário implantar, em toda

a organização, um plano de ação suportado pelas melhores práticas (best practices)

também conhecido como caminhos estratégicos. A questão fundamental não é

apenas conhecer quais são as melhores práticas, mas, sobretudo, ter capacidade de

liderar a sua implementação numa velocidade rápida.

Conforme TAVARES (1999), algumas práticas de gestão da manutenção são

enumeradas abaixo e devem servir de base para avaliação do estado atual da

corporação:

- A gestão deve ser monitorada com base nos indicadores de controle

empresariais como disponibilidade técnica, confiabilidade, custos, qualidade, e

responsabilidade social;

- Análise crítica e priorização das intervenções alinhada a gestão integrada do

orçamento (manutenção e produção) buscando o resultado do negócio;

- Contratação por resultado e parceria monitorados por indicadores alinhados

às metas e objetivos da empresa;

- Investimento em qualificação e certificação de pessoal;

- Fluxo de informações aberto entre operação e gestão;

- Integração de operação e manutenção através de ferramentas de gestão

como o TPM (total productive maintenance);

- Ênfase em técnicas de manutenção preditiva acoplada aos softwares de

diagnóstico;

- Aplicação de programa regular de auditorias internas e externas como

ferramentas de avaliação, alinhamento, divulgação e aplicação das melhores

práticas e tendências de resultados.

Conhecendo-se a política, as diretrizes, a situação atual, a situação futura

pretendida (metas) e os caminhos estratégicos ou as melhores práticas , é

fundamental estabelecer um plano de ação onde se definam as ações a serem

implementadas, o responsável e o prazo para a implementação de cada ação,

compatíveis como as metas a serem alcançadas.

A escolha das ações deve priorizar aquelas mais importantes para o alcance

das metas estabelecidas: uma boa regra é escolher aqueles 20% das ações

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analisadas que respondem por 80% dos resultados. Deve-se atentar para não fazer

a aplicação incorreta da ferramenta. Muitas vezes são qualificadas as tarefas mais

simples e que, geralmente, não são as mais importantes para o alcance das metas

estabelecidas.

Importante também ter um conjunto de indicadores que possam medir se o

resultado do plano de ação está compatível com as metas propostas e com os

prazos estabelecidos.

Todos estes resultados demonstrados pelos indicadores só serão obtidos

através das pessoas envolvidas no processo, daí ser importante também ter

indicadores que meçam o moral e a motivação do grupo de colaboradores.

Investimentos e Resultados dos Profissionais de Manutenção

Figura 10: Investimentos e Resultados dos Profissionais de Manutenção

FONTE: Adaptado de KARDEC (2002)

Na figura acima, é demonstrado que todo o investimento em qualificação e

desenvolvimento aplicado aos profissionais envolvidos com a atividade de

manutenção tem retorno em produtividade, qualidade e criatividade. Ainda segundo

KARDEC (2002, p.12) Pessoas qualificadas, certificadas e motivadas são o mais

importante fator crítico de sucesso.

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Finalizado o processo de planejamento estratégico, é necessária a elaboração

de um plano de ação (2 - DO) com definição clara do problema, ação, responsável e

prazo. Na cultura alemã, é muito difundida uma estratégia similar de controle de

tarefas denominada AKV (aktivität, Kompetenz und Verantworlich) que significa a

definição da tarefa, competência e responsabilidade.

É na fase de elaboração do plano de ações que se caminha em direção às

metas estabelecidas.

É imprescindível que os gestores assumam a liderança do processo, que a

equipe conheça todo o planejamento, inclusive as metas, o plano de ação, e

principalmente qual o papel de cada um neste jogo . A maneira mais fácil de atingir

este objetivo é estabelecer um fluxo de comunicação efetivo e bidirecional.

A fase seguinte no processo de gestão estratégica corresponde à fase de

monitoramento e avaliação do planejamento estratégico observando se o plano de

ação desenvolvido refletiu em evolução ou tendência de melhoria nos indicadores de

performance. Esta fase e corresponde à verificação do sistema com uma visão

ampla (3 - CHECK).

Durante o processo, é fundamental o monitoramento periódico dos indicadores

com o objetivo de verificar se os resultados parciais e as tendências estão de acordo

dom as metas e prazos estabelecidos.

A auditoria também tem grande importância no processo, pois permite avaliar o

cumprimento não só das metas e prazos, mas também da tendência do ponto de

vista da gestão.

A avaliação quantitativa garante a sobrevivência no curto prazo e a avaliação

da gestão garante o médio prazo.

O processo de auditoria interna ou externa deve contemplar pelo menos os

aspectos abaixo:

Ser efetuada por uma equipe multidisciplinar, com experiência

operacional da empresa a ser auditada;

Ter uma lista pré-formatada (Check-list) que contemple os principais

itens a serem auditados assim como comentários que direcionem as

entrevistas e avaliações;

Verificar a vivência do plano de ação, isto é, não deve ser uma

ferramenta preparada apenas para auditoria. O auditor deve ter a

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experiência necessária para perceber se a equipe realmente vivencia e

a utiliza no dia a dia;

Verificar a situação das não conformidades e observações das

auditorias anteriores;

Verificar os procedimentos, planos de manutenção preventiva e preditiva

quanto à sua atualização, disponibilidade aos operadores, cumprimento

de prazos, etc.

Verificar o programa SOL (Segurança, Ordem e Limpeza), os aspectos

comportamentais e atuação e comprometimento dos gestores junto à

sua equipe;

Entrevistar os componentes da organização selecionando as pessoas

por um corte vertical na estrutura visando uma amostragem

heterogenia e montar uma fotografia consistente representando a

situação encontrada;

Verificar o estado dos equipamentos, instrumentos e ferramentas quanto

à conservação, aferição e calibração.

Finalizando o ciclo PDCA e com a avaliação quantitativa mostrada pelos

indicadores e ainda pelo resultado e indicações das auditorias, pode existir a

necessidade de se tomar ações corretivas para ajustar anomalias e desvios

porventura detectados (4-ACTION).

2.6.1. Paradigma Moderno da Manutenção

A manutenção deve ser organizada de tal maneira que o equipamento ou

sistema somente pare de produzir de forma planejada. Quando isto não ocorre, está-

se diante de uma situação de manutenção não-planejada e deve ser encarada como

um fracasso da atividade de manutenção. No mercado competitivo atual, não é mais

aceitável que um equipamento ou sistema pare de funcionar de maneira não

prevista.

O gerenciamento estratégico da atividade consiste em ter a equipe alinhada

atuando para evitar que ocorram falhas e não manter a equipe motivada para façam

uma correção rápida.

Segundo KARDEC (2002) o paradigma do passado para a manutenção é que o

homem se sente bem quando executa um bom reparo, mas este paradigma não é

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mais aceito. Evoluiu no sentido que o homem agora se sente bem quando consegue

evitar todas as falhas de um equipamento.

2.6.2. Competitividade

A competitividade depende, fundamentalmente, da maior produtividade de uma

organização em relação aos seus concorrentes, sendo medida pela simples

equação:

Faturamento

Produtividade = ------------------------------

Custos

Apesar da importância da redução dos custos de manutenção, que em geral

ainda são altos principalmente no Brasil, é preciso dar prioridade ao aumento da

disponibilidade e da confiabilidade já que estes indicadores estão diretamente

ligados ao faturamento. O custo de manutenção representou 4,10% do faturamento

das empresas no ano de 2005 e vem apresentando uma tendência regular de queda

desde 1991 conforme demonstra o gráfico da ABRAMAN (2005).

Custo Total Manutenção / Faturamento Bruto

6,20

5,004,26 4,39

3,56

4,47 4,27 4,10

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005

%

TENDÊNCIA LINEAR:

GRAFICO 03: Custo Total de Manutenção/ Faturamento Bruto

FONTE: Documento Nacional ABRAMAN (2005)

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Outro dado importante na avaliação é o posicionamento estratégico mundial do

setor automotivo em relação ao percentual do custo da manutenção pelo

faturamento bruto do setor conforme demonstrado o quadro da ABRAMAN abaixo:

QUADRO 03: Custo da manutenção pelo faturamento / Setor de Negócio

FONTE: Documento Nacional ABRAMAN (2005)

2.6.3. Competências Gerenciais da Nova Função Manutenção

Na área técnica contata-se que não existem escolas que visem a formação de

Engenheiros ou Técnicos em manutenção. Infelizmente, o aprendizado da arte da

manutenção inicia-se pela improvisação do engenheiro ou técnico na sua execução

e controle, prossegue com a realização de cursos de aperfeiçoamento de curta

duração, de especialização e até mesmo de pós-graduação. Eles passam por

estágio em empresas nacionais ou multinacionais e acabam por solidificar seus

conhecimentos atuando efetivamente nas empresas, nos seminários e nas

associações setoriais e nacionais de manutenção.

Infelizmente não é uma atividade bastante atraente para os recém-formados,

visto que não receberam informações suficientes sobre a arte da manutenção nos

cursos regulares. Mas, com certeza, a função vem crescendo de importância e cada

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vez mais escolas estão se atualizando e descobrindo o grande e promissor campo

de trabalho que se abre para seus alunos.

2.6.3.1. A Competência dos Novos Profissionais de Manutenção

Deve abrir-se para o novo e aprender a deixar fluir e a liberar seu potencial

criativo. Pressupõe-se, portanto disposição para mudar, para sugerir e para

conhecer.

Ousar, na busca de respostas inovadoras é uma tarefa que cada um de dos

profissionais deve trazer na bagagem, de uma realidade que não tolerava o erro e a

fraqueza.

Compartilhar decisões, informações e riscos depende de uma nova forma de

compreender e lidar com o poder e com a competição.

Tornar-se mais assertivo, ao dizer o que pensa e o que é preciso fazer, é um

desafio que exige coragem para enfrentar pessoas de posição hierárquica mais

elevada, deve ainda saber se portar e argumentar no momento certo, utilizar o

conhecimento técnico para apresentar uma vantagem competitiva e levar algum

ganho qualitativo ou quantitativo para a organização.

Desenvolver o potencial criativo e a proatividade supõe estímulo ao

desenvolvimento da intuição e da percepção.

Ter sucesso em um mundo cada vez mais globalizado onde a certeza é que a

mudança ocorrerá, no qual até mesmo os objetivos e alvos são móveis, exige muito

mais do que conhecimentos. É importante desenvolver a flexibilidade. E o

aprendizado da flexibilidade pode esbarrar com limitações até de natureza corporal.

Pelo exposto, vemos que a necessidade de cumprimento de alto grau de

produtividade aliado ao aspecto da administração participativa colocam para essa

nova era também um novo profissional de manutenção, que deve desta forma estar

inserido neste novo contexto.

ZEN et. KARDEC (2002 p. 41),

A integração com os colegas de produção, planejamento, compras, vendas, finanças e outras áreas tornou-se muito importante para o homem de manutenção, visto permitir uma ampliação dos próprios conhecimentos dos processos industriais. Este conhecimento procura garantir uma agilização do atendimento às necessidades empresariais .

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2.6.4. Terceirização

A abordagem da gestão estratégica passa também por esta ferramenta. O nível

de contratação que já se atingiu no Brasil mostra que é necessária uma ação

estratégica para que a terceirização possa realmente contribuir para os resultados

empresariais da organização. Os gestores de várias empresas têm considerado a

terceirização da função manutenção como uma grande tendência estrutural, pois

entendem que não faz parte do core business da corporação.

Terceirização implica que a manutenção deve ser conduzida por um agente de

serviço externo.

Para compreender inteiramente esta questão, é extremamente importante estar

ciente da diferenciação entre a gerência manutenção e da a execução

manutenção . Como indicado anteriormente, a gerência da manutenção envolve

estratégias de planejamento de manutenção e a execução das estratégias.

É absolutamente crucial que a gerência e o planejamento da manutenção não

sejam terceirizadas pelas seguintes razões:

Manutenção e a produção devem ser diretamente ligadas. Esta interação

necessária é enfraquecida com a terceirização os objetivos em longo prazo do

agente prestador de serviços e do negócio são diferentes. A terceirização é feita

geralmente através de contratos de curto prazo, portanto as ações do agente do

serviço podem não ser eficiente para o negócio.

Os riscos associados com a terceirização são grandes. O agente do serviço

adquire muitos do conhecimento sobre o equipamento específico que está sendo

mantido e este conhecimento é perdido quando a organização troca o agente

prestador e serviços. Isto pode ser evitado com prorrogação de contrato e

estabelecimento de parceria duradoura, mas isto resulta na dependência total em

um agente do serviço. Caso o agente do serviço tenha problemas financeiros que

culminem em restrições técnicas e mesmo falência, ou quando decide não fornecer

mais o serviço, podem causar riscos e até afetarem não somente os resultados

operacionais, mas também a sobrevivência do negócio da empresa contratante.

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GRÁFICO 04: Tendência de Contratação de Serviços de Manutenção

Fonte: Documento Nacional ABRAMAN, 2005

Segundo dados da ABRAMAN verificados acima, desde o ano de 1995 é

evidenciada uma tendência na redução de contratação de serviços de manutenção

pelas empresas no Brasil.

A decisão pela terceirização da execução da manutenção deve ser baseada

em considerações técnicas e financeiras. Em alguns casos, a estratégia pode ser

vantajosa no aspecto financeiro para a empresa, mas existem diversas outros

aspectos que a corporação necessita estar ciente ao avaliar a opção da

terceirização:

Competência técnica: Uma proposta comercial pode mostrar uma excelente

imagem de competência técnica que na prática do dia-a-dia das empresas pode

não se realizar. A saída aqui é consultar outras empresas onde a proponente já

realiza um serviço similar e verificar o grau de satisfação com os serviços

prestados.

Risco em Longo prazo: É uma tarefa difícil e cara a monitoração da qualidade da

manutenção fornecida pelo agente de serviços. Neste caso, existe um risco que a

terceirizada não realize corretamente todas as tarefas da manutenção o que

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pode ter uma conseqüência em longo prazo no desempenho de negócio. A

estratégia aqui é elaborar um contrato corretamente e que conste os indicadores

de performance relevantes (que se relacionam ao equipamento e coletados pelo

agente de serviços), mas processados diretamente pelo contratante, o que

implica que o planejamento de manutenção seja parte efetiva da contratante. O

produto do trabalho da manutenção é a disponibilidade operacional e à medida

que ela cresce, diminui a demanda de serviços. Como a maioria dos contratos é

paga por serviço, ou até mesmo por mão de obra, é pouco provável que a

empresa terceirizada contribua para a melhoria do resultado operacional da

contratante, pois esta tendência reduziria o faturamento e lucro das empresas

prestadoras de serviço.

2.7. A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NO BRASIL

A indústria automobilística brasileira começou nas pequenas oficinas, nas

garagens, nos galpões de fundo de quintal. Quem poderá, em sã consciência, dizer

quem, quando e como foi montado o primeiro carro brasileiro, no Brasil?

Deve ter havido dezenas, centenas de casos que se perderam no anonimato

das iniciativas privadas e no pioneirismo dos montadores improvisados. São duas

versões conhecidas e não se pode precisar qual das versões precede a outra:

Por volta de 1925, uma conhecida fábrica em São Cristóvão, construiu um

carro nacional. Fizeram tudo: chassis, carroceria, caixa de mudanças, etc. Só o

motor não era nacional.

A segunda história foi contada por Sérgio Ferreira, que, quando criança,

fascinado pela vertigem da velocidade, ganhara um pequeno carro de "O Globo"

para disputar corridas na Praça Paris. Um acidente com um garoto interrompeu

essas corridas, mas Sérgio, ajudado por seu irmão e até pelo seu pai, fez a martelo

e forja, um pequeno carro de corrida a que chamaram "sucata". E "sucata", verde e

amarelo, fez sucesso pelos idos de 1937.

A iniciativa privada, mais precisamente a indústria de auto peças, deu início à

indústria automobilística do Brasil. Antes havia apenas montagens de peças e

acessórios importados. Às vésperas da 2ª Grande Guerra nossa indústria de auto

peças não passava da feitura de pneus, mangueiras, molas planas, baterias e

carrocerias rudimentares de caminhões.

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Quando começou a guerra o Brasil possuía entre carros, caminhões e utilitários

de toda espécie, cerca de 200 mil veículos. Duzentos mil veículos de todas as

marcas e de todos os países do mundo, pois naquela época a importação era

franca. Veículos que, de uma hora para outra, ficaram sem peças de reposição com

a interrupção do mercado europeu, primeiro, e com o parque industrial norte-

americano todo voltado para o esforço e a prioridade da guerra, depois.

De 1939 a 1945 pequenas oficinas que iam se transformando em fábricas

começaram a fazer coisas verdadeiramente incríveis, sem ferramentas, sem

máquinas apropriadas, sem matéria-prima adequada. Realizaram verdadeiros

milagres para manter em tráfego a frota rodoviária brasileira.

Quando o próprio combustível começou a se tornar escasso, surgiu até uma

nova indústria: a dos gasogênios. Uns monstrengos, no início; e no final, até

práticos.

Mas a verdade é que no fim da guerra, em 1945, e com todas as deficiências

do apuro técnico, o Brasil já possuía modesto parque industrial de auto-peças.

Daí por diante começa, lentamente, a volta da importação e umas poucas

máquinas e matrizes vêm melhorar o nosso incipiente parque industrial.

Mas quando a importação normalizou (1951) os responsáveis pelo destino do

país ficaram alarmados com um novo perigo: a queima de divisas na fome de

veículos que o país atravessava.

Para se ter idéia da gravidade do problema, basta dizer que somente em dois

anos, de 1951 a 1952, o Brasil importou em números redondos 200 mil veículos que,

aproximadamente, consumiram 540,9 milhões de dólares! Exatamente a mesma

quantidade de veículos que existiam antes da guerra.

Foi aí que se pensou, em termos de planejamento, em montar um parque

industrial automobilístico brasileiro.

Atualmente o mercado de automóveis no Brasil evoluiu e produziu de janeiro a

novembro de 2005, 2.247.304 veículos, gera mais de 100.000 empregos diretos no

país.

Nesta busca, o desenvolvimento e aplicação de programas maciços de

treinamento e qualificação de pessoal assume importância absolutamente vital, pois

o sucesso de qualquer Organização de Manutenção depende fundamentalmente da

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vivência, experiência e capacidade de discernimento de seus profissionais, como

verdadeiros garantidores que são da Qualidade dos serviços oferecidos. Por isso, o

ponto-chave de uma adequada Política de Manutenção deve ser a preservação do

nosso maior patrimônio - o saber acumulado do pessoal - investindo sempre na

valorização da Função e impulsionando cada vez mais os seus profissionais, de

modo a assegurar a excelência do desempenho empresarial, embasando o

Desenvolvimento Sustentável e a conseqüente garantia das adequadas condições

de vida para a população atual e as futuras gerações.

2.8. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS: ESPECIALISTA X GENERALISTA

As organizações estão enfrentando atualmente um grande desafio relativo ao

desenvolvimento e retenção dos seus profissionais especialistas. Uns números

crescentes dos empregados vêem-se agora como especialistas e querem definir no

campo profissional uma identidade diferenciada dentro da corporação ou procuram

uma nova oportunidade que valorize seu potencial. Isto está em contraste com o

profissional generalistas que se identifica com grande fidelidade à organização

empregadora. As prioridades e motivações destes dois grupos distintos diferem

claramente. As estratégias atuais adotadas pelas empresas para a retenção do

colaborador, sua motivação, desenvolvimento profissional e pessoal normalmente

não se diferenciam entre estas duas diferentes populações, apesar das diferenças

observadas.

Devem ser empregadas estratégias diferentes para atrair, desenvolver e reter

os especialistas. Como mostra a literatura, os especialistas colocam uma série de

questionamentos para as organizações, pois eles estão preocupados principalmente

em aprimorar suas habilidades e conhecimentos com o objetivo de dominar uma

arte; eles têm uma grande necessidade de crescimento profissional e utilização

destas suas habilidades; são pessoas orientadas a alcançar, aprender e crescer. Em

resposta, as organizações têm que mudar o modo no qual eles administram e

motivam estes indivíduos. Os colaboradores podem ser reconhecidos nas

organizações devido suas habilidades técnicas ao longo do tempo, mas, em algum

ponto durante suas carreiras, muitos coordenadores têm que escolher entre a

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técnica e as oportunidades da gerência. Estes profissionais notaram que aqueles

que aceitaram promoções na gerência poderiam ser mais bem remunerados do que

aqueles que mantiveram um trajeto técnico. Hoje, entretanto, o ambiente de negócio

é muito diferente. Em conseqüência desta mudança, muitos querem manter sua

perícia técnica no seu devido lugar e migraram para o conceito da carreira em Y"

que fornece incentivos aos coordenadores a continuarem praticando a engenharia e

outras ciências de base tecnológica e também desenvolvendo o lado administrativo /

gerencial.

Vários fatores como aumento do nível de escolaridade e valores sociais

variáveis levaram um número crescente de candidatos a trabalho e empregados a se

classificarem como especialistas, técnico ou profissional, em lugar de supervisores,

coordenadores ou gerentes. O termo especialista inclui alguns títulos de cargo como:

contador, analista de sistemas, processador de dados, engenheiro e advogado.

Estes especialistas estão mais interessados em desenvolver as perícias

profissionais ao invés de procurar uma carreira administrativa.

As diferenças primárias entre os especialistas e generalistas são conseqüência

de um conflito cultural, profissional e corporativo.

A disciplina do especialista gera um desenvolvimento continuo de cultura e

valores profissionais enquanto a cultura corporativa espera do profissional um

compromisso, fidelidade com a organização.

Como esperado estas percepções divergentes entre o profissional especialista

e a organização resultam no conflito de papeis tendo o profissional que escolher

entre a disciplina na qual ele foi treinado e a organização na qual ele espera ter

ascensão profissional.

Normalmente os especialistas são qualificados profundamente no tema de seu

interesse e habilidade e levam anos para aprender os aspectos técnicos da

especialidade funcional que desejam se desenvolver. Eles são treinados para

trabalhar em áreas bem definidas de conhecimento que usam terminologia própria e

objetiva.

Segundo CESARE (1993) os especialistas podem, baseados em seu

treinamento, focalizar intensamente em poucos e limitados projetos qualificado-os a

tomar decisões importantes quando detectarem evidência tangível e completa e têm

a liberdade e autonomia de expressar suas conclusões e decisões que resultam no

direcionamento de seus projetos. Ao contrário, por causa de sua perspectiva macro

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e entendendo de burocracia organizacional, os generalistas podem conduzir uma

maior quantidade de projetos simultaneamente, tomando decisões baseadas em

evidências intangíveis e limitadas, tem uma visão global das características do

trabalho com liberdade e autonomia para a tomada de decisões.

O desafio para a organização está claro, é complexo, mas as ações devem ser

imediatas, pois tem que reconhecer as diferenças entre as características de seus

colaboradores: os especialistas e generalistas.

De acordo com GRIGGS (1985) para identificar as necessidades de seus

colaboradores especialistas, a organização deve observar os seguintes aspectos:

A própria natureza do trabalho de seus especialistas;

Organização dos processos, incluindo como os trabalhos técnicos são

distribuídos e avaliados;

A trajetória e oportunidades de carreira que os especialistas aspiram;

A maneira como os especialistas são recompensados incluindo a visão

financeira, benefícios, desafios, etc.

Se a organização não trata destes assuntos, os resultados provavelmente

serão prejudicados. Um recente e amplo estudo foi o realizado pelo HAY Group5

renomado instituto de pesquisa em recursos humanos da Inglaterra, ouvindo 1,200

organizações num total de 250,000 empregados e concluíram que 55% dos

especialistas em campos diversos planejam deixar seu trabalho atual e buscar novos

desafios mais bem remunerados e onde seus trabalhos sejam reconhecidos.

2.8.1. Recrutamento

O especialista considera que "aprender é a chave" assim, a empresa deve

demonstrar que o trabalho a que ele se candidatou envolve muita dedicação, mas

em contrapartida apresenta uma grande possibilidade de aprendizado. Este desafio

lançado logo no momento da seleção pode seduzir os profissionais e direcionam o

trabalho de modo que eles trabalhem visando desenvolver as habilidades técnicas e

prestígio de profissional mais adiante.

5 HAY Group: Renomado instituto de pesquisa em recursos humanos da Inglaterra.

http://www.haygroup.com/ww/clients/cases.asp acessado em 12/03/2006

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A disponibilidade de fatores como autonomia, necessidade de variedade de

habilidades, identificação e importância das tarefas e retorno intelectual informa ao

candidato especialista explicitamente que a organização tem um ambiente de

trabalho receptivo e que lhe proverá oportunidade, liberdade e reconhecimento para

fazer contribuições inovadoras para a empresa. Claramente, a organização que

efetivamente promove o desafio de trabalho atrairá os especialistas de alta

qualidade e assim poderá satisfazer as expectativas de carreira de seus

profissionais.

Especialistas não vêem emprego como um trabalho, mas como um momento

da sua carreira profissional. Se uma organização puder apontar um caminho de

carreira onde os especialistas podem receber um salário suficiente e o devido

reconhecimento sem se mudarem para o lado da administração, seria uma tremenda

vantagem na seleção de candidatos de qualidade.

2.8.2. Desenvolvimento

Para a organização, o desenvolvimento de seus colaboradores requer

normalmente uma determinada quantia de socialização ou consciência incorporada.

O foco na habilidade de desenvolvimento ilustra a necessidade alta do

especialista em alcançar excelência dentro de seu campo que serve como reforço a

sua auto-imagem e reputação profissional. Especialistas se vêem muito como

artesãos, com uma ênfase em aprender mais e prevenindo a obsolescência de suas

habilidades.

Obsolescência de habilidades é o resultado de baixa necessidade de

especialização no cumprimento de tarefas que especifica os meios e fins de um

projeto. Em geral, especialistas preferem administração para identificar o resultado

de projeto desejado claramente. Isto representa a meta concreta que o especialista

tem que atingir. O papel de administração é avançar o crescimento e

desenvolvimento do especialista e não interferir, dando para o especialista a

autonomia de decidir como atacar um problema, encorajando a aquisição de

conhecimento e prevenindo a sub especialização e conseqüente obsolescência do

profissional.

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2.8.3. Motivação

De todos os fatores de motivação dos especialistas, o desafio do trabalho está

ao topo da lista. Isto está em grande parte devido ao fato que desafio de trabalho é

muito associado ao profissionalismo. Por causa da identificação íntima com a

disciplina, qualquer processo que facilita reconhecimento dentro de sua área

funcional servirá como um fator motivador. Então, o desafio de trabalho é uma

técnica de motivação forte, da mesma maneira que desafio de trabalho era crucial

em termos do recrutamento e desenvolvimento de especialistas, também é crucial a

motivação nisso lhes proporciona a oportunidade para usar as habilidades

existentes, aprender mais habilidades, e por conseqüência avançar na carreira. O

incentivo de aprender é o foco central que dirige o desempenho do especialista,

dinheiro e cargo, embora importante, não são suficientes.

Um ambiente de trabalho que não promove aprendizagem não motivará o

desempenho de especialistas. Na realidade, tal ambiente pode ter efeitos danosos

em produtividade. Este tipo de trabalho pode levar a realização apenas do trabalho

requerido, parecendo estar ocupado, focalizando sua atenção em interesses

externos, mostrando apatia, se ocupando em práticas pouco éticas, e se tornando

um ocioso ou buscando continuamente ofertas de trabalho fora da empresa. Estas

manifestações são inevitáveis quando o crescimento de carreira profissional de um

especialista tem a velocidade reduzida ou é inexistente. Claramente, a administração

deveria proporcionar mais desafios de trabalho como modo de brecar o desvio de

produção e facilitar aprendizagem proporcionando ao especialista assim um senso

de satisfação intrínseca.

Em geral, especialistas têm uma grande necessidade de alcançar satisfação

intrínseca. Pode ser definida satisfação intrínseca como aquele senso de realização

derivado das propriedades do próprio trabalho. O conceito de satisfação intrínseca

pode ser aumentado pelo aumento das responsabilidades profissionais de um

colaborador, não por promoção horizontal. Assim a chave para o especialista é ter

responsabilidade global durante sua tarefa dentro de um projeto e não só tarefas

isoladas e desprovidas de contexto. Em outras palavras, especialistas são

incentivados através de enriquecimento e valorização de suas tarefas e

responsabilidades.

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Outra motivação fundamental de especialistas é o reconhecimento, tanto em

termos de qualidade e quantidade que eles recebem pelo trabalho bem feito.

Reconhecimento dos semelhantes ou supervisores pode ser na forma de elogio

verbal, enquanto a organização pode proporcionar o reconhecimento por uma

gratificação financeira ou prêmio de serviço. Reconhecimento pessoal pode ser

usado para reforçar atitudes inovadoras e criar uma atmosfera encorajadora. Uma

atmosfera organizacional que proporcione e valorize a adoção de idéias pode ser

muito interessante para organização, pois a literatura está repleta de exemplos de

como a ingenuidade de algumas sugestões gerou resultados financeiros positivos

para as empresas.

Outros fatores motivacionais conhecidos dos especialistas:

Horário flexível de trabalho: eles desejam um horário de trabalho que

reflete as necessidades pessoais ao invés da rigidez de relógio de ponto

Contato de administração: especialistas apreciam o direito de

comunicação direta aos executivos de níveis mais altos.

Programa de desenvolvimento: muitas organizações têm programas de

reembolso de valor empregados na instrução de seus colaboradores e

valorizam a capacitação e educação formal.

Contribuições: os especialistas deveriam se encorajados e

recompensados por fazer contribuições ao campo profissional /

comunidade acadêmica (por exemplo, publicações). Esta recompensa

reconhece que o trabalho do especialista é importante a outros

segmentos fora da organização;

Afiliações profissionais: A organização deveria incentivar associações

especialistas, pois seguramente receberá o retorno em seu

desenvolvimento, pois o profissional trará as experiências bem-

sucedidas para o ambiente de trabalho.

As diferenças fundamentais entre os especialistas e generalistas e os possíveis

efeitos destas diferenças nos seus empregadores. Especialistas são caracterizados

por identificação profissional forte, paixão pelo trabalho e domínio de habilidade em

uma área específica. Inversamente, generalistas são identificados por lealdade ao

empregador ao invés da profissão, almejam um caminho para ascender a hierarquia

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administrativa, e têm grande conhecimento macro das área funcionais da empresa.

Dadas as orientações conflitantes entre as características destes dois profissionais,

a administração tem que reconhecer a existência destas divergências e desenvolver

estratégias para melhorar a produtividade individual e manter uma orientação global

de obter vantagem competitiva respeitando as características dos dois profissionais.

Na linha de produção das empresas, o operador multifuncional, que opera

diversos tipos de máquinas é muito bem aceito atualmente, pois permite mais

flexibilidade no processo produtivo e em algumas empresas existem até operadores

que atuam em mais de dois equipamentos ao mesmo tempo. Nesse caso uma

equipe multifuncional é muito mais produtiva.

O êxito dependerá da habilidade, da responsabilidade, do compromisso, da

capacidade de mudança, da competência e da qualificação conseguida através de

treinamentos.

Na manutenção industrial, o raciocínio acima se aplica, embora existam

especialistas que dominam algumas máquinas e sistemas, se achando os

salvadores da pátria , mais por falta de planejamento, investimento em treinamento

e acomodação no modelo de gestão.

Os constantes chamados à noite, nos finais de semana e feriados para resolver

problemas de máquina parada porque somente eles conhecem e sabem o que deve

ser feito, deixam a cada dia os Gestores mais dependentes e inseguros com a

confiabilidade do processo.

2.9. MODELO DE ANÁLISE SWOT ANALYSIS

A idéia central da análise SWOT6 é avaliar os pontos fortes, os pontos fracos,

as oportunidades e as ameaças da organização e do mercado onde ela está

atuando.

AZEVEDO (2001 p. 02),

6 A análise SWOT é uma ferramenta de gestão muito utilizada por empresas privadas como parte do planejamento estratégico dos negócios. O termo SWOT vem do inglês e representa as iniciais das palavras Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). (Azevedo, 2001).

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...esta forma de análise de negócios vem sendo utilizada com muito sucesso por empresas em todo o mundo e, sem dúvida, pode ser uma ferramenta de grande utilidade para as organizações sociais brasileiras.

Figura 11 Modelo SWOT Analysis

Fonte: Adaptado de AZEVEDO, 2001

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3. ESTUDO DE CASO

3.1. A DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL, UNIDADE JUIZ DE FORA MG

A unidade de Juiz de Fora foi inaugurada em abril de 1999 e é considerada

uma das mais moderna da América Latina, reunindo os melhores processos

produtivos existentes na Europa, Estados Unidos e Japão. Ela tem como grande

novidade o sistema de produção

SPJ, o parque de Fornecedores instalado dentro

de sua área, e o processo de pintura hidrossolúvel, o primeiro a ser empregado na

indústria automobilística no Brasil.

A fábrica está localizada em um terreno de 2,8 milhões de metros quadrados,

com 160 mil metros quadrados de área construída. Atualmente conta com cerca de

1050 colaboradores.

FIGURA 12: DaimlerChrysler do Brasil

Fonte: Intranet DCBR, 2006

Os investimentos atingiram US$ 800 milhões. Desse total, US$ 47 milhões

foram direcionados a instalação do parque de fornecedores e US$ 28 milhões

apenas para treinamento e qualificação da mão-de-obra.

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Para garantir o alto padrão de qualidade Mercedes-Benz, a fábrica selecionou

o que há de melhor no Brasil entre os fornecedores de autopeças, fez parcerias do

tipo Follow Sourcing

empresas que já trabalhavam com ela no exterior e

acompanham nesta nova empreitada

e principalmente, treinou uma importante

parte de seus colaboradores na Alemanha.

Entre outras novidades em sua construção, a planta caracteriza-se pelo fácil

acesso dos fornecedores e pela possibilidade de expansão. O rigor na qualidade

está presente em todo o processo, com os colaboradores tendo autonomia para

tomar decisões que garantam a manutenção da qualidade, adotando medidas

corretivas e preventivas com mais rapidez. Os colaboradores foram treinados e

enviados para aperfeiçoamento na Alemanha, de onde voltaram com a missão de

serem agentes para os demais colaboradores das áreas de produção. Entre todos

os colaboradores, destacamos a participação de 12% de mão-de-obra feminina e a

perfeita integração entre os mais jovens e os mais experientes.

Junto à fábrica está o parque de fornecedores, reservado às empresas não

diretamente ligadas à linha de montagem.

A fábrica é composta de cinco prédios: montagem bruta, pintura, montagem

final, ambulatório e suporte à produção. O gerenciamento visual implantado na

fábrica traz transparência nas informações. O projeto arquitetônico privilegiou a

luminosidade externa, deixando os ambientes claros e limpos, melhorando a

qualidade de vida dos colaboradores. O resultado é o alto grau de rendimento do

trabalho, o que é também garantia de qualidade.

A fábrica foi pioneira na adoção de pintura a base de água na indústria

automobilística sul-americana, que mais uma vez reafirma o respeito da

DaimlerChrysler pela preservação do meio ambiente.

O processo de pintura à base da água além de melhorar a qualidade do

produto final é altamente favorável ao meio ambiente. Após realizar estudos

profundos e de obter contínuos aperfeiçoamentos, a indústria automobilística atingiu

ótimos níveis de tecnologia aplicada à pintura.

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3.1.1. Sistema de produção Mercedes-Benz

A auditoria SPJ, realizada em todas as fábricas da DaimlerChrysler que

produzem veículos de passeio Mercedes-Benz, destacou a unidade de Juiz de Fora

por sua implementação e vivência do sistema de produção Mercedes-Benz,

denominado SPJ.

Implantado desde o início da produção, esta estratégia de manufatura garante

a eficiência e eficácia dos processos de produção, através de ferramentas que

reúnem itens como organização do trabalho e trabalho em equipe, padronização,

gerenciamento preventivo da qualidade, just-in-time e melhoria contínua, com

intensa participação dos colaboradores.

3.1.2. Sistema Integrado De Gestão (IMS)

IMS significa sistema de gestão integrado (que vem do inglês Integrated

Management System).

A UNIDADE DE Juiz de Fora, é certificada em 03 sistemas de gestão:

Qualidade ................ baseado na norma ISO/TS 16949 (versão 2002);

Meio Ambiente ......... baseado na norma ISO 14001 (versão 1996);

Segurança e Saúde ... baseado na norma OHSAS 18001 (versão 1999).

Como estratégia da matriz DaimlerChrysler (Alemanha), em 2001 foi definido

que todas as unidades de automóveis do grupo deveriam unificar seus sistemas.

Dessa forma, em Janeiro de 2003, foram iniciados os preparativos para

integração dos 03 sistemas em um único sistema de gestão, o qual foi chamado de

IMS (sigla conhecida mundialmente no grupo DaimlerChrysler).

A política, os objetivos e as metas da empresa estão descritos nas metas

empresariais, que é o documento principal da fábrica de Juiz de Fora, pois define a

visão, os objetivos estratégicos, os objetivos e metas e as crenças e valores da

organização.

Esses objetivos e metas são desdobrados nas áreas e nos níveis pertinentes

da organização, devendo ser realistas e alcançáveis, isto é, dentro do campo de

ação do colaborador, no intuito de proporcionar a cada um a possibilidade de

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contribuir para o alcance das metas empresariais e conseqüentemente para a

melhoria contínua.

Divulgar as Metas

desdobramento dos objetivos e metasMetas

empresariaisJuiz de Fora (Diretores,

gerentes e supervisores) (Administrativo

e Líderes)

Acordo de Metas(ferramentas

SPJ 1.1.1)

Acordo de Metas

Objetivos e Metasda Equipe

(Equipe)

Divulgação dos objetivos e metas para todos colaboradores

Objetivos e Metas

Visão

Valores

Divulgar as MetasDivulgar as MetasDivulgar as Metas

desdobramento dos objetivos e metasMetas

empresariaisJuiz de Fora (Diretores,

gerentes e supervisores) (Administrativo

e Líderes)

Acordo de Metas(ferramentas

SPJ 1.1.1)

Acordo de Metas

Objetivos e Metasda Equipe

(Equipe)

Divulgação dos objetivos e metas para todos colaboradores

Objetivos e Metas

Visão

Valores

FIGURA 13: Desdobramento de objetivos e Metas

Fonte: Intranet DCBR , 2006

3.1.3. Organograma

A unidade da DaimlerChrysler em Juiz de Fora segue a mesma escala de nível

hierárquico adotado pela matriz na Alemanha e em todas as outras unidades

espalhadas pelo mundo. O nível executivo é dividido em cinco níveis conforme

tabela abaixo, sendo que na unidade em questão é composta por uma vice

presidência, sete gerências e 24 supervisões

Nível Hierárquico Títulos C Presidente E1 Vice-Presidente E2 Diretor E3 Gerente E4 Supervisor

QUADRO 04: Nível Hierárquico DaimlerChrysler

Fonte: Adaptado da Intranet DCBR, 2006

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FIGURA 14: Organograma da DCBR unidade Juiz de Fora

Fonte: Intranet DCBR, 2006

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Conforme a figura acima, a manutenção está descentralizada em três

supervisões, duas delas ligadas à gerência de montagem bruta e pintura (2º e 4º

posto horizontal) e uma supervisão na gerência de montagem final (3º posto

horizontal).

3.1.4. A manutenção na DaimlerChrysler do Brasil, Juiz de Fora

A empresa conduz seus negócios com base em um sistema de gestão

integrada que segue as diretrizes da política de gestão integrada da qualidade, meio

ambiente, segurança e saúde ocupacional.

A manutenção é uma das bases de garantia de funcionamento do sistema de

produção, assegurando a conformidade dos requisitos normativos através da

conservação de seus ativos, garantindo, por conseguinte a qualidade dos processos,

respeito ao meio ambiente e sua preservação, além da segurança e saúde de seus

colaboradores e da comunidade.

A manutenção conserva seus ativos com um conjunto de ações que permitem

manter, restabelecer e melhorar meios de produção e instalações garantindo sua

disponibilidade, bem como gerenciar recursos materiais, financeiros, humanos e

administrativos.

O sistema de manutenção da DaimlerChrysler do Brasil determina a política, o

sistema informatizado para gestão, os procedimentos, classificação e critérios de

criticidade dos ativos, freqüência e forma de monitora-los, ferramentas

administrativas, índices de controle, glossário, responsabilidades e campo de

atuação dos setores envolvidos com a atividade, além de diretrizes de

gerenciamento de fornecedores e de treinamento de colaboradores, garantindo

assim a sinergia das atividades de manutenção na corporação.

As áreas envolvidas com a atividade manutenção orientam-se nas diretrizes

retratadas no quadro visão geral do homem de manutenção , abaixo.

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Figura 15 Visão Geral do Homem de Manutenção

Fonte: Intranet DCBR, 2006

3.1.5. Processos de manutenção

As áreas envolvidas com a atividade manutenção orientam-se nos "processos

de manutenção", que têm a finalidade de padronizar a forma de realização de

atividades comuns àquelas diversas áreas da DCBR, além de servir como referência

a qualquer colaborador no que diz respeito ao "como" se pode obter ou realizar

serviços ligados à atividade.

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As formas de manutenção utilizadas são:

Figura 16: Formas de manutenção

Fonte: Intranet DCBR, 2006

A manutenção é dividida basicamente em dois grandes grupos: planejadas que

podem ser subdivididas em preventiva seja por estado ou por tempo ou especial,

que é módulo criado especialmente para gerenciamento das ordens de serviços

geradas pelos contratos de empresas de terceiros. As manutenções não planejadas

se resumem nos atendimentos a ocorrências de quebra e corretivas durante a

produção, sem programação prévia.

As freqüências da manutenção seguem a legislação vigente e critérios próprios

das unidades de negócio e áreas de manutenção, conforme a classificação de seus

ativos, recomendação dos fabricantes, necessidades momentâneas e

disponibilidade de recursos.

Cada unidade de negócio é responsável por manter registros da periodicidade

e dos critérios de reprogramação das manutenções.

3.1.6. Estrutura de manutenção

A empresa possui uma estrutura de manutenção descentralizada com equipes

próprias de manutenção em suas unidades de produção: montagem bruta, pintura e

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montagem final. Estas equipes independentes executam as diferentes formas de

manutenção adotadas pela empresa baseadas nos trabalhos de engenharia e

planejamento da manutenção que também são descentralizados e responsáveis

pelos resultados operacionais locais. Para que não se perca a visão da empresa

num aspecto global, foi criado um fórum periódico entre as áreas onde são

evidenciadas práticas e técnicas que possam ser aplicadas por outras áreas na

busca da conservação da sinergia entre as unidades e alinhamento global dos

objetivos, realizando trabalhos que visam a padronização das informações

gerenciais e o estabelecimento de estratégias corporativas. Nestes workshops são

realizados estudos de idade média do parque fabril, fixação de critérios de

planejamento e direcionamento de investimentos / despesas, possibilitando a

definição conjunta sobre as opções de como, quanto e quando reparar ou investir

em ativos. Este fórum funciona com um programa de benchmarking interno entre

as próprias áreas com registro de melhores práticas.

Figura 17: Distribuição das células de manutenção

Fonte: Adaptado da Intranet DCBR, 2006

São três grandes grupos de manutenção (montagem bruta, pintura e

montagem final), descentralizados que estão ligadas diretamente à estrutura

hierárquica das áreas de produção.

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A empresa já elaborou estudos e simulações técnicas e financeira com

intenção de avaliar a possibilidade de terceirização dos serviços de manutenção,

mas alguns fatores influenciaram para que ela mantivesse a função dentro de sua

estrutura organizacional. Foram destacados os principais motivos que levaram à

manutenção da estrutura própria:

- Distância geográfica dos grandes centros fornecedores de peças e serviços o

que acarreta tempo elevado de reação para eventuais reparos com maior nível de

complexidade;

- A remuneração paga aos profissionais segue média local, o que dificulta a

migração de mão de obra especializada e experiente dos grandes centros devido à

diferença da remuneração ofertada;

- Dificuldade de recrutamento de mão de obra especializada e centros de

qualificação na região adequados à demanda dos equipamentos instalados com alto

grau de automação;

- Tempo necessário para a formação de mão de obra especializada; Pela

análise realizada em 2000, apenas as atividades de manutenção em utilidades

foram terceirizadas, pois envolviam menos profissionais especializados e a oferta de

empresas especialistas na região foi suficiente para suprir a demanda de serviços

sem queda substancial na qualidade do atendimento;

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Estrutura de Manutenção DCBR Unidade Juiz de Fora

Diretor (Diretor (E2E2))

Gerente (Gerente (E3E3))

Engenheiro

Planejador

Líder

Manutentores

SupervisorManutenção

Engenheiro

Planejador

Líder

Manutentores

SupervisorManutenção

Líder

Manutentores

SupervisorManutenção

Engenheiro

Planejador

Gerente (Gerente (E3E3))

MONTAGEM FINALMONTAGEM FINAL MONTAGEM BRUTAMONTAGEM BRUTA PINTURAPINTURA

FIGURA 18: Estrutura de Manutenção DCBR Unidade Juiz de Fora

Fonte: Adaptado da INTRANET DCBR, 2006

Na estrutura acima, a função manutenção está ligada diretamente a cada

unidade produtiva. A área montagem bruta e pintura estão sob uma única

gerência (E3) de produção, mas cada uma das áreas tem seu próprio time de

manutenção que responde a supervisores (E4) independentes. Já a área de

montagem final tem uma situação provisória, pois o diretor de produção (E2)

assume também a gerencia de produção (E3). Na hierarquia segue um supervisor e

manutenção e planejamento (E4) que é responsável pela manutenção de

equipamentos ligados diretamente ao processo produtivo. Todos os componentes da

equipe de manutenção, sejam planejadores, líderes ou manutentores, são efetivos

próprios da empresa.

Existe ainda uma estrutura própria de manutenção e operação de utilidades,

contando com uma gerência (E3) de planejamento de fábrica e um supervisor (E4)

de planejamento de fábrica e infra-estrutura , responsável pela manutenção predial

e de utilidades. Neste caso tanto o supervisor quanto os engenheiros de

planejamento são efetivos próprios da DaimlerChrysler e são responsáveis pelo

gerenciamento do contrato da empresa terceirizada, avaliação periódica do nível de

qualidade e segurança dos serviços prestados. Todas as operações das atividades

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são executadas por uma empresa parceira terceirizada, que mantém um corpo

técnico condizente com a necessidade periódica do trabalho.

3.1.7. Ferramentas / Metodologias administrativas da manutenção

As ferramentas / metodologias administrativas adotadas na DCBR, utilizadas

pelas diversas áreas de manutenção, visando a otimização das atividades e dos

recursos financeiros e humanos são 5 S's, GQT, TPM e KAIZEN e são aplicadas

conforme quadro abaixo:

FIGURA 19 Sistema Metodologia de Manutenção

Fonte: Intranet DCBR, 2006

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3.1.8. Sistema informatizado

O sistema de gerenciamento da manutenção adotado na DCBR é o SISMAN /

Man-Agera. Tem base no mainframe corporativo, e tem um banco de dados onde

são registradas todas as informações dos trabalhos de operação geral da

manutenção, permitindo a realização de levantamentos estatísticos e planejamento

baseado em histórico, possibilitando conseqüentemente uma boa gestão da

atividade manutenção.

A versão SISMAN do Man-Agera, criada com o intuito de oferecer uma

ferramenta mais amigável de operação além de permitir visualização gráfica através

do sistema operacional Windows, pode ser acessada na rede de computadores

interna da DCBR.

3.1.8.1. Imobilizados

Todos os equipamentos e dispositivos de produção são identificados por uma

codificação individual, seqüencial e exclusiva, que visa identificar o equipamento de

produção nos sistemas de contabilidade e manutenção. Todos os custos de mão-

de-obra e material empregadas na preservação do estado funcional do

equipamento são lançadas como despesas e todo os custos relativos ao

incremento da produtividade, segurança operacional e do colaborador e adição de

funções são classificadas com investimento, e são agregadas ao valor imobilizado

do equipamento.

3.1.8.2. Classificação, criticidade, formas e freqüência de manutenção.

Os ativos encontram-se divididos em duas categorias que contemplam

máquinas, equipamentos, instalações industriais e prediais e infra-estrutura, sendo

classificados conforme os níveis de criticidade determinados nos algoritmos abaixo:

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FIGURA 20: Algoritmo para Análise criticidade de equipamentos

Fonte: Intranet DCBR, 2006

A classificação da criticidade demonstrada acima é utilizada para a seleção de

qual o modelo de manutenção mais adequado ao equipamento. Para os

equipamentos classificados com criticidade A , é exigido um plano de manutenção

planejado preventivo, utilizando-se das técnicas disponíveis e respeitando as

características de cada um dos equipamentos. Além da exigência dos planos, é

necessária a disponibilidade imediata de peças de reposição críticas, seja no interior

da empresa em seus almoxarifados de material improdutivo ou por contrato com

fornecedores e distribuidores locais que garantam a disponibilidade em curto espaço

de tempo. Ale disto, dependendo da característica do equipamento, podem existir

ações de contenção pois apresentam riscos a segurança do colaborador ou ao meio

ambiente, e são necessárias atividades constantes de qualificação e simulação de

acidentes. Um exemplo de equipamento classificado com A é o abastecimento de

combustíveis

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Para os equipamentos classificados com conceito B , são exigidos os mesmos

planos de manutenção, mas existe uma tolerância maior quanto à disponibilidade

das peças de reposição, pois normalmente são equipamentos que contam com

redundância operacional ou estratégias mais simples de recuperação da produção

ou prejuízos menores. São equipamentos com características operacionais que não

causam grandes riscos de segurança ao colaborador ou ao meio ambiente. Um

exemplo de equipamento classificado como B seria um robô de aplicação de

adesivo no pára-brisa que conta com redundância e a possibilidade de aplicação

manual sem prejuízo no tempo de ciclo.

Já para os equipamentos classificados com criticidade C , não são tomadas

ações regulamentares, pois se tratam normalmente equipamentos auxiliares, com

redundância na própria empresa, baixo risco ao cumprimento do programa produtivo

e nenhum risco à segurança dos colaboradores ao meio ambiente. Um equipamento,

por exemplo, classificado como C é um torquímetro para aperto dos parafusos das

rodas.

Uma visão ampliada pode ser vista no ANEXO 3.

3.1.8.3. Planos de manutenção

Os planos de manutenção dos ativos encontram-se no software de

manutenção SISMAN / Man-Agera, disponibilizado na rede corporativa de

computadores e são elaborados pelas diversas áreas de manutenção da DCBR,

conforme determinado nos algoritmos dos critérios de criticidade.

Os planos são identificados pelas letras "QPL" no SISMAN / Man-Agera e

seguem a seguinte padronização:

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FIGURA 21: Tela do sistema SISMAN, módulo Planos de Manutenção

Fonte: Intranet DCBR, 2006

3.1.9. Estratégia de atendimento

A estratégia de atendimento é uma ferramenta que pode melhorar

substancialmente a eficiência da manutenção padronizando as atividades e

definindo claramente tarefa, competência e responsabilidade de cada componente

do processo. Envolve uma seqüência de operações regulares descritas no fluxo a

seguir:

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FIGURA 22: Estratégia de atendimento Manutenção não planejada

Fonte: Intranet DCBR - IMS Sistema de gestão integrada, 2006

3.1.9.1. Hot Line

Ramal telefônico de acionamento da manutenção para atender às

necessidades da linha de produção. É composto por um atendente responsável pelo

registro dos chamados identificando claramente o equipamento e sua localização, a

falha apresentada. Informa ao operador o horário do registro do chamado e aciona o

manutentor responsável pelo equipamento.

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3.1.10. Treinamento

No contexto da globalização econômica, em que as empresas estão adotando

novas estratégias gerenciais e técnicas, tem sido demandado um novo perfil de

profissional, que a empresa define como ágil, eficiente, com visão de mercado e que

saiba trabalhar em grupo. O diferencial é a capacitação. Nesse sentido, a

DaimlerChrysler implantou uma tecnologia de produção específica e definiu como

critério de recrutamento que o candidato deve residir em Juiz de Fora há pelo

menos cinco anos. Isso significa que a grande maioria dos colaboradores de

produção e manutenção desconheciam a moderna tecnologia adotada nos

equipamentos e instalações.

Cabe às áreas de manutenção incentivar seus colaboradores ao treinamento e

atualização constantes, visando sua especialização e multifuncionalidade,

conscientizando-os de sua necessidade e importância para o parque fabril.

A área de treinamento da DCBR detém a responsabilidade de realizar

programas de certificação de mão de obra e treinamento motivacional destinado a

colaboradores envolvidos com a atividade Manutenção.

O programa de treinamento é realizado baseando-se numa matriz de

necessidades e programas de desenvolvimento e necessidades de job-rotation.

3.1.11. Histórico do Modelo Especialista na DaimlerChrysler

Na implantação da empresa em Juiz de Fora, foi importado um modelo de

gestão da manutenção da unidade de RASTATT, localizada na Alemanha

responsável pela produção do mesmo modelo de veículo. A intenção era implantar

um modelo já testado, de comprovada eficiência e desenvolver os colaboradores de

manutenção dentro das especialidades planejadas.

Explorando detalhadamente o modelo implantado na montagem final que tinha

uma estrutura hierárquica enxuta, contava com apenas uma supervisão (E4)

responsável por três técnicas7 : transportadores, robótica e automação. Cada uma

7 Técnica no contexto da empresa é entendida como um conjunto de equipamentos ou

sistemas com características similares ou interface operacional.

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destas técnicas tinha seus engenheiros responsáveis assim como líderes de grupo e

manutentores de formação eletro-eletrônica e mecânica.

TécnicaTransportadores

Supervisor (E4)

TécnicaRobótica

Eng.Mecânico

Eng.Eletricista

EngenheiroEletricista

TécnicaAutomação

EngenheiroComputação

Líder

10Mecânico

06Eletricista

Líder

06Eletricista

Líder

04Eletricista

FIGURA 23 Estrutura de manutenção especialista

Fonte Adaptado de Manual da manutenção DCBR, 2000

Para uma análise comparativa, traduzindo em números, a estrutura era

composta por 01 supervisor (E4), 04 engenheiros, 03 líderes, 10 mecânicos e 16

eletricistas.

Aplicando a análise SWOT para avaliação do modelo de gestão especialista

são identificadas algumas características enumeradas abaixo.

FORÇAS FRAQUEZAS

Menor dependência na prestação de

serviços especializados

Baixa resistência a mudanças

Menor flexibilidade no atendimento

Maior quantidade de colaboradores

Aumento do tempo de reação e

reparo

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Maior autonomia na criação de

soluções internas

Custo otimizado de qualificação

Manutenção do Know-how

Turn-Over alto caso não tenha

inovação e novos projetos

constantemente

Dificuldade de job-rotation

QUADRO 06 Modelo SWOT Analysis Especialista

Fonte: Adaptado de Manual da manutenção DCBR, 2000

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107

Com característica de força , que pode ser entendida também como pontos

fortes, identificamos uma menor dependência na prestação de serviços

especializados. Devido ao alto grau de especialização de seus colaboradores dentro

de cada uma das técnicas descritas, foi evidenciada uma maior autonomia na

solução de problemas e independência técnica. Outra importante característica

identificada como vantagem, é a baixa resistência à mudanças, pois o colaborador

consegue estudar, planejar e implantar soluções técnicas para as necessidades de

seus clientes fechando um importante ciclo de melhoria contínua com autonomia.

Os pontos identificados como fraquezas ou pontos fracos, estão: a menor

flexibilidade no atendimento, pois a matriz de qualificação 8do colaborador é definida

com foco nas suas responsabilidades, e a troca de colaboradores entre as técnicas

é dificultada prejudicando o job-rotation. Outro ponto destacado é a grande

quantidade de colaboradores necessária para o atendimento de uma única área de

produção. Como são três técnicas de especialidade, cada grupo tem que programar

seu absenteísmo individual, ou seja, é necessário contar individualmente com férias,

afastamentos médicos, faltas dentro de cada grupo pois um colaborador de um

grupo específico não tem conhecimento técnico suficiente para cobrir um

colaborador de outro grupo, gerando a necessidade de um grupo maior. Outro ponto

identificado como fraqueza é o aumento do tempo de reação e reparo. Este

fenômeno foi identificado pois em algumas situações, algum colaborador da

produção abria um chamado para intervenção da manutenção relatando apenas que

o equipamento apresenta um desvio de funcionamento não tendo a qualificação

para uma avaliação preliminar e devido a esta falta de informações, o chamado era

direcionado a algum manutentor que por muitas vezes se deslocava até o

equipamento, fazia uma análise preliminar dentro de seus conhecimentos e concluía,

após algumas tentativas e preciosos minutos que deveria acionar um componente

de outra técnica. Um caso prático: Um equipamento de colagem de pára brisas,

dotado de um robô não fazia sua operação em modo automático. Um componente

da equipe de robótica, especialista em robôs, foi acionado devido ao chamado

Robô não funciona relatado por um colaborador de produção. Ele se desloca até o

equipamento, faz a análise preliminar, conclui que o robô funciona perfeitamente,

8 Matriz de qualificação: A empresa utiliza um mapa detalhado de todos os treinamento

necessários ao colaborador para a execução das tarefas a qual foi designado como responsável.

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108

podendo inclusive simular e concluir a operação em modo manual, mas a causa real

do robô não executar a operação era da carroceria posicionada de maneira

incorreta, portanto um especialista da técnica de transportadores teve que ser

acionado para ajuste do posicionamento. Neste caso, o transportador foi

reposicionado em oito minutos, mas o tempo total do chamado foi fechado em 26

minutos devido ao deslocamento de um profissional não qualificado para a falha em

questão.

Como oportunidades ou aspectos positivos com potencial de crescimento da

vantagem competitiva do negócio, foi identificada uma maior autonomia na criação

de soluções internas sem necessidade de contratações externas principalmente nos

temas envolvendo tecnologia, normalmente com alto custo na prestação de serviços.

A manutenção do know-how dentro do ambiente da corporação também foi notada e

foi avaliada positivamente, pois como a empresa trazia a mais nova tecnologia

disponível no primeiro mundo, era importante no primeiro momento tentar manter

este conhecimento. Outro aspecto positivo identificado como oportunidade foi a

otimização do custo de treinamento, pois com uma matriz de responsabilidades bem

definida foi desenvolvida uma seqüência de treinamentos direcionados à atividade

do colaborador evitando assim a central de desejos onde todos os colaboradores

querem fazer os cursos mais relevantes para a sua carreira profissional mesmo que

não seja responsável direto pelo assunto.

Os pontos identificados como ameaça, ou seja, com aspectos negativos com

potencial de prejudicar a vantagem competitiva da empresa, foram o turn-over alto e

dificuldade de job-rotation. No primeiro aspecto a característica foi listada, pois

envolve um modelo de gestão especialista, e conforme o embasamento teórico

discutido no item 2.8, um grande fator motivacional para o especialista é o desafio

proposto por novos projetos. Como a característica de uma empresa montadora de

automóveis é implantar um processo de fabricação e manter este projeto por cerca

de seis anos, é pouco provável que sejam lançados desafios freqüentes a estes

profissionais, que serão responsáveis apenas por conservar a função de operação

dos meios produtivos. Uma atividade muito aquém de suas capacidades podendo

gerar desmotivação e a procura por novos desafios. Para a empresa, esta questão

pode ser encarada como uma desvantagem competitiva, pois configura a perda de

todo investimento realizado na qualificação do profissional e a necessidade de

desenvolvimento de outro colaborador somando-se nesta etapa o tempo necessário

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109

para a equiparação do conhecimento técnico. Em casos não muito raros,

principalmente em sistema automatizados, levam-se alguns anos para a qualificação

de um novo profissional de manutenção.

3.1.12. Histórico do Modelo Generalista na DaimlerChrysler

Em 2001, com o retorno dos gestores alemães ao seu país de origem e com a

promoção dos novos gestores brasileiros, a maioria oriunda das fábricas de São

Bernardo do Campo e Campinas, as duas localizadas no estado de São Paulo SP,

um novo modelo de gestão foi sendo desenvolvido, devido principalmente à curva de

produção que, apesar do fracasso nas vendas do produto, a fábrica mantinha-se

otimista quanto ao futuro e atingia sua capacidade nominal de produção: cento e

cinqüenta veículos por turno num takt time de pouco mais de três minutos.

Devido à exigência de disponibilidade operacional e produtividade da produção,

qualquer parada ou perda de produção devido a equipamentos defeituosos geravam

grandes discussões e críticas quanto à lentidão no atendimento, tempo de reação e

de deslocamento altos. Devido a estas pressões oriundas da produção, algumas

discussões internas entre as equipes de manutenção começaram a surgir e o clima

interno também piorou muito, dificultando a comunicação e criando um

desentendimento generalizado entre as equipes.

A partir deste cenário, uma nova estrutura foi proposta baseando-se no fato

que a estratégia especialista não funcionou bem para a montadora instalada em Juiz

de Fora. Os gestores participaram de um workshop promovido pela diretoria de

manutenção da fábrica de São Bernardo onde o modelo adotado era o generalista,

coletaram todas as informações e implicações do modelo proposto, e implantaram

um modelo idêntico na unidade mineira.

A estrutura de manutenção ainda focando a montagem final, foi reduzida no

nível operacional, mas estrutura hierárquica continuou enxuta, contava com o

mesmo supervisor (E4), engenheiros, sendo um eletricista e o outro mecânico, dois

líderes de grupo e manutentores de formação eletro-eletrônica e mecânica.

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110

Montagem Final

Supervisor (E4)

Eng.Mecânico

Eng.Eletricista

LíderMecânica

09Mecânico

08Eletricista

LíderElétrica

FIGURA 24 Estrutura de manutenção generalista

Fonte Adaptado de Manual da manutenção DCBR, 2002

Para uma análise comparativa, traduzindo em números, a estrutura foi

composta por 01 supervisor (E4), 02 engenheiros, 02 líderes, 09 mecânicos e 08

eletricistas.

Aplicando a análise SWOT para avaliação do modelo de gestão generalista são

identificadas algumas características enumeradas abaixo.

FORÇAS FRAQUEZAS

Maior flexibilidade de atendimento

Menor quantidade de colaboradores

Otimização dos custos de mão de

obra

Maior dependência na prestação de

serviços especializados

Resistência a mudanças

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Facilidade de job rotation

Baixo Turn-over

Estagnação dos profissionais

Maior custo de qualificação

QUADRO 07 Modelo SWOT Analysis Generalista

Fonte: Adaptado de Manual da manutenção DCBR, 2002

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111

O modelo generalista apresentou numa análise global, algumas características

classificadas como pontos fortes são as maiores flexibilidades de atendimento,

entendido aqui como uma maior oferta de profissionais aptos a realizar a

manutenção em um equipamento específico. A estrutura multifuncional ou

generalista também comprovou que com uma estrutura de pessoal mais enxuta, é

possível fazer o atendimento aos chamados de complexidade baixa e média. Devido

à menor estrutura, pode-se constatar uma redução dos custos de mão de obra

interna.

Como fraqueza, o modelo generalista apresenta uma maior dependência de

serviços de terceiros nos trabalhos de maior complexidade, pois os colaboradores

não detêm os conhecimentos necessários para grandes alterações nos

equipamentos de produção. Devido a esta carência de mão de obra especializada,

observa-se também uma relativa resistência interna dos colaboradores às mudanças

estruturais e ao job-rotation, pois envolve a questão de rompimento com a zona de

conforto.

Mesmo apresentando resistências internas, perfeitamente administráveis pela

liderança, o modelo apresentava uma oportunidade de obtenção de vantagem

competitiva facilitando o job-rotation entre os colaboradores e reduzindo o risco de

perda de algum colaborador que detenha informações cruciais ao processo de

manutenção. Com o job-rotation instituído, ficava mais confortável a situação da

corporação numa eventual ameaça de algum colaborador que desejasse um

diferencial de tratamento ou remuneração, e a empresa não ficava refém do

colaborador. Importante salientar este ponto, pois a situação pode parecer atípica,

mas ocorria com certa freqüência. Outra oportunidade do ponto de vista da

corporação, era que o modelo generalista criava uma fidelidade dos colaboradores

à empresa reduzindo o turn-over.

Como ameaças, foram identificados dois aspectos principais que necessitavam

de atenção especial por parte dos gestores: com o modelo adotado, existia uma

tendência de estagnação dos profissionais, pois a tarefa parecia rotineira, não

apresentando desafios, novidades ou qualquer outro fator que despertasse a

atenção e motivação dos colaboradores. O outro fator que merecia atenção especial,

é que o custo de qualificação dos colaboradores aumentou substancialmente, pois

como multifuncionais, eles deveriam ser qualificados e todos ou pelo menos na

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112

maioria dos equipamentos, o que gerava um extenso e caro programa de

treinamento.

3.1.13. O Modelo Atual na DaimlerChrysler

O modelo de organização atual da manutenção adotado na DaimlerChrysler,

compreende um modelo misto, que compreende características dos dois modelos

anteriormente avaliados: generalista e especialista. Os gestores do grupo de

manutenção juntamente com suas equipes de planejamento elaboraram um longo

estudo considerando os aspectos que mais influenciaram o desempenho de suas

equipes e desenvolveram um modelo próprio, considerando algumas características

que julgaram importantes:

O tamanho das equipes de manutenção quando utilizado o modelo

especialista gerava um desconforto, pois a estrutura classificava estes

colaboradores como operativos indiretos, ou seja, não agregavam valor ao produto

diretamente o que impactava negativamente a avaliação dos resultados

operacionais da empresa. Existia, portanto a necessidade de redução neste efetivo

sem o risco de prejuízo à qualidade do serviço prestado;

Ainda no modelo especialista, o tempo de reação e solução de problemas era

alto devido ao problema de comunicação entre equipes relatado anteriormente no

item 3.1.11. Os indicadores não apresentavam boa performance e foi detectada a

necessidade de melhoria na comunicação, a divisão das tarefas precisava ser

redefinida e uma avaliação setorial deveria ser implantada para a identificação dos

pontos críticos merecedores de atenção especial;

O modelo especialista apresentava ainda um inconveniente de prejudicar o job

rotation entre os colaboradores e assim colocava a empresa numa situação de refém

do colaborador especialista. Um profissional com larga experiência numa

determinada área de conhecimento detinha um conhecimento tácito em relação às

características da atividade que dificultava o nivelamento e compartilhamento em

tempo hábil com outro colaborador. Portanto foi identificada uma necessidade de

compartilhamento de informações técnicas e operacionais para resguardar a

capacidade operacional da empresa,

Do modelo generalista, foi destacada a necessidade de tratar a carência

regular de contratação de serviços especializados. A necessidade constante e os

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113

custos financeiros destas contratações estavam comprometendo a imagem do grupo

de manutenção perante a organização e até mesmo a auto-estima dos

colaboradores. Esta constatação elegeu o tema como prioritário e, portanto deveria

ser tratado com atenção para resgatar a credibilidade e motivação das equipes de

manutenção.

Com as características principais destacadas, foram divididos grupos de

planejamento, supervisores, líderes e até um representante de cada equipe de

manutenção para desenvolver um modelo adaptado de gestão da manutenção

respeitando as particularidades do grupo, qualificação, localização geográfica da

fábrica, estratégia de job-rotation e redução da necessidade de contratação de

serviços externos.

O trabalho foi desenvolvido no decorrer de aproximadamente um ano e

algumas estratégias foram sendo implantadas ao longo deste período.

Ao final do projeto, algumas estratégias adotadas mereceram destaque, pois

apresentaram grandes resultados à corporação. Serão exploradas detalhadamente a

seguir:

3.1.13.1. Divisão de responsabilidades

As áreas produtivas foram divididas em setores de atuação com uma definição

clara dos limites e interfaces de cada uma delas, sempre com foco aos

equipamentos, mas respeitando a divisão física e características especiais dos

processos produtivos.

A área demonstrada na figura abaixo compreende a área da montagem bruta,

onde são feitas a soldagem das chapas da carroceria, fechamento e união dos sub

conjuntos que formam a carroceria bruta ou monobloco do veículo.

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Figura 25 Divisão dos setores de produção Montagem Bruta

Fonte: o autor, 2006

Esta fase está no princípio do processo de fabricação do veículo e os grandes

conjuntos de equipamentos deste processo são:

- soldagem a ponto automática (robôs) e manual,

- soldagem de pinos de fixação de componentes,

- sistema CNC para controle dimensional e geometria

- sistemas transportadores;

- sistemas de colagem

- sistema de controle de qualidade medição e ultra-som;

Na área 01 mostrada na figura 25 denominada unterbau que traduzindo do

alemão para o português significa montagem inferior , são montados o assoalho e

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plataforma principal do veículo, incluindo o fechamento do compartimento do motor,

as longarinas da suspensão e caixas de roda. Para esta fase do processo, os

principais equipamentos produtivos são pinças de solda manuais, transportadores e

alguns robôs de soldagem automática.

Na área 02 o processo de soldagem continua com processos automáticos e

manuais, existem também algumas estações de aplicação de adesivo para fixação e

vedação entre chapas de aço, um extenso sistema de transporte das carrocerias e o

processo de geometria, onde duas complexas estações automatizadas de geometria

asseguram a fixação correta das laterais internas e externas mais o conjunto do teto

no assoalho recebido pronto da área anterior. Este processo é crítico devido a

grande interface entre equipamentos automatizados. Por exemplo, no processo de

geometria 02, são dois robôs trabalhando em cada lateral da carroceria, dois

grandes portais de fixação das laterais, mais um robô responsável pela instalação do

teto além do sistema de colagem e transporte da carroceria. Todo este processo foi

dimensionado para ser realizado num tempo de ciclo de 3 minutos.

Na área 03 concentram-se mais alguns processos de soldagem, pré-

montagens das portas e transportadores.

Em cada um destes setores foram destacados duas duplas de atendimento,

sendo uma para atendimento de produção em primeiro turno e tarefa principal de

realizar a manutenção não planejada (corretiva). Já a segunda dupla faz o

atendimento em segundo turno, sem produção e tem com função especial a

realização de manutenções programadas e dar prosseguimento aos trabalhos

iniciados pelo primeiro turno. Cada dupla de atendimento era composta por um

profissional de formação eletro-eletrônica e outro de formação mecânica.

Como resultado desta estratégia, foi observada que com uma definição clara

de responsabilidades e tarefas, surgiu uma sinergia entre os profissionais dos dois

turnos além de uma ajuda mútua entre os dois componentes da dupla (mecânico e

eletricista), que historicamente tinham dificuldades de integração no aspecto

profissional. Observa-se também a possibilidade de redução do tamanho do grupo, a

redução da quantidade e variedade de equipamentos dentro de cada setor o que

permite uma melhor especialização dos profissionais dentro da sua área de

atuação.

Para maiores detalhes vide ANEXO 01.

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3.1.13.2. Matriz de qualificação

Todos os ramos industriais devem ter colaboradores motivados e qualificados

para a execução de suas atividades se quiserem ser competitivas no mercado

globalizado.

No caso da atividade de manutenção, esta necessidade pode ser ainda maior,

pois está ligada diretamente à tecnologia, que está em constante atualização. O

avanço desta tecnologia cria necessidades constantes de atualização dos

profissionais e um bom planejamento de qualificação é necessário, mas é preciso

cautela e experiência profissional dos gestores para não criar um programa sem

objetivos e atender somente aos desejos dos profissionais realizando treinamento

em especialidades não aplicáveis ou de pequena importância à empresa, servindo

apenas para incremento do currículo dos colaboradores.

Com a divisão das responsabilidades e identificação dos principais processos,

foi possível definir o conjunto de treinamentos necessários aos colaboradores para

atuação em cada setor. Foi então desenvolvida uma matriz de qualificação que

definem claramente quais são os conhecimentos necessários para desenvolvimento

das atividades, eliminando a perda de tempo e recursos na qualificação de

profissionais que não atuariam diretamente no objetivo do treinamento.

Um modelo de matriz de qualificação pode ser observado abaixo na figura 26:

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Figura 26 Matriz de qualificação

Fonte: Manual de Manutenção DCBR, 2006

O modelo proposto deve ser integrado e respeitar a matriz de responsabilidade

do colaborador e as características dos equipamentos, mas o grupo gestor do

processo manutenção deve estar atento e desenvolver um programa de rotação

regular para disseminação do conhecimento e tentar evitar ou pelo menos minimizar

o impacto de um eventual desligamento do colaborador da empresa.

Para melhor visualização do quadro acima vide ANEXO 02.

3.1.13.3. Estratégia de Job-rotation

Para combater a dificuldade da empresa em reter o conhecimento tácito que

um profissional leva consigo num eventual desligamento do quadro funcional, foi

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estabelecido um job-rotation regular dos profissionais entre os setores com o

objetivo de estimular a disseminação do conhecimento. Numa análise preliminar,

uma mudança regular de setores poderia ocasionar a perda do profissional

qualificado, mas esta estratégia se mostrou positiva, pois se o novo integrante tiver

dificuldades no início de sua gestão , o profissional com maior experiência ainda

compõe o quadro funcional da empresa e pode auxiliar e suportar os novos

componentes.

O tempo para a realização do job-rotation não foi definido, sendo apenas

sugerido um prazo de dois anos, avaliados como suficientes dadas as

particularidades da atividade num ponto de vista amplo.

3.1.13.4. Postos Avançados de atendimento

O atendimento rápido é de vital importância para a redução do tempo de

intervenção e conseqüente aumento da disponibilidade de equipamentos. Uma

estratégia que se mostrou bastante eficiente foi a criação de postos avançados para

atendimento. Estes postos contêm as ferramentas essenciais ao pronto atendimento,

toda a documentação técnica pertinente aos equipamentos, os indicadores do posto

e as principais peças de reposição.

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Figura 27 Distribuição dos Posto de manutenção na Montagem Bruta

Fonte: o autor, 2006

De uma maneira global, a criação dos postos de manutenção avançados criam

uma autonomia de atuação dos grupos em seus respectivos setores e os

indicadores descentralizados permitem aos gestores avaliar o desempenho dos

grupos de uma maneira localizada eliminando a falsa sensação de que na média os

indicadores vão bem .

Os pontos destacados acima na cor cinza na figura 27 indicando P1 , P2 e

P3 são as localizações exatas dos postos avançados e manutenção na área de

montagem bruta.

Os principais aspectos observados com a criação dos postos de manutenção:

Redução do tempo de reação, MTTR e desperdícios de

deslocamento;

Aumento da disponibilidade e MTBF;

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Possibilidade de monitorar indicadores direcionados aos

equipamentos assistidos.

A estrutura organizacional do modelo adaptado adotado pela DCBR é descrito

abaixo:

Montagem Final

Supervisor (E4)

Eng.Mecânico

Eng.Eletricista

Líder1º Turno

04

Mecânico

Líder2º Turno

04

Eletricista

03

Mecânico

03

Eletricista

Montagem Final

Supervisor (E4)

Eng.Mecânico

Eng.Eletricista

Líder1º Turno

04

Mecânico

Líder2º Turno

04

Eletricista

03

Mecânico

03

Eletricista

FIGURA 28 Estrutura de manutenção atual DCBR

Fonte Adaptado de Manual da manutenção DCBR, 2002

Traduzindo em números, a estrutura atual é composta por 01 Supervisor (E4),

02 Engenheiros, 02 Líderes, 07 Mecânicos, 07 Eletricistas.

Aplicando a análise SWOT para avaliação do modelo de gestão atual são

identificadas algumas características enumeradas abaixo.

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FORÇAS FRAQUEZAS

Maior flexibilidade de atendimento

Menor dependência na prestação de

serviços especializados

Menor custo de qualificação

Resistência dos colaboradores a

mudanças

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Facilidade de job rotation

Quantidade menor de colaboradores

QUADRO 08

Modelo SWOT Analysis Estrutura atual DCBR

Fonte: Adaptado de Manual da manutenção DCBR, 2006

Numa análise ampla, o modelo atual adotado pela DCBR mostra fatores como

flexibilidade de atendimento, menor necessidade de contratação de serviços

especializados e custo otimizado de qualificação como pontos positivos do modelo

desenvolvido. Além destes, outros fatores positivos identificados como

oportunidades são a facilidade de elaboração de um programa de job-rotation e a

necessidade de um grupo menor para fazer o trabalho.

Como ponto negativo, merecedor de destaque, fica o registro de uma

resistência interna dos colaboradores ligados à manutenção em realizar a rotação de

atividades, exatamente por interferir na zona de conforto. Este fator tem que ser

administrado pelos gestores mostrando os pontos positivos do programa que são a

qualificação em outras especialidades desenvolvendo sua multifuncionalidade e o

desafio de novas tarefas, que serve também com fator motivacional e saída para a

estagnação e trabalho repetitivo.

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3.2. ANÁLISE COMPARATIVA.

Devemos reforçar que o capital humano é definido como a mão-de-obra de

uma empresa e é o recurso mais importante e básico porque desenvolve o trabalho,

com produtividade, confiabilidade e com a finalidade de satisfazer as necessidades

do negócio da empresa ou do time em que participa.

Algumas situações e condições de equipes formadas:

FUTSAL: Em 2004 um time de futsal dos EUA veio ao Rio de Janeiro

disputar umas partidas com a seleção brasileira e o curioso desse

desafio ficou por conta da seleção americana, que a cada ataque

brasileiro trocava imediatamente os quatro jogadores da equipe. A tática

empregada pelos americanos era a de ter quatro jogadores especialistas

em atacar quando estavam de posse da bola e quatro jogadores

especialistas em defender, quando perdiam a bola. O resultado foi uma

grande derrota em cada partida jogada e a conclusão é que em futsal a

melhor equipe é a multifuncional.

FUTEBOL AMERICANO: Outra alternativa é no futebol americano, onde

a cada marcação especial entra um jogador especializado para executar

a jogada, como o que apenas chuta a bola para passar no meio das

traves e fazer os pontos. Nesse caso a equipe formada por alguns

especialistas é mais adequada para poder utilizá-los nas situações

especiais, apesar de poucas vezes, mas de forma decisiva quando

participam.

VÔLEI: Nos últimos anos com a mudança de regras, vimos o surgimento

e o reconhecimento de alguns especialistas como o levantador, os

pontas e a criação do líbero que inclusive deu chance aos mais baixos

de participarem da equipe, que a cada geração fica mais alta. A

conclusão é que no Vôlei uma equipe de especialistas também é melhor,

pois existe a oportunidade de mudarem os jogadores diversas vezes, à

medida que a situação da partida exige para que façam os pontos

necessários à vitória.

FUTEBOL: Principalmente em ano de Copa do Mundo, todos são

entendidos, às vezes criticando e às vezes elogiando algum jogador

habilidoso, mas o melhor me parece que é uma equipe mista, com mais

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jogadores multifuncionais do que especialistas porque as substituições

são limitadas. A dinâmica do futebol, as improvisações e a criatividade,

quando um time possui mais jogadores multifuncionais são mais comuns

e esse é o diferencial da seleção brasileira, apesar de ainda utilizarem

os famosos cabeças de área e botinudos sem nenhuma habilidade. As

alternativas táticas são maiores com uma equipe multifuncional,

lembram da seleção holandesa em 1974 que inovou e deixou todos

impressionados com a forma que se movimentavam em campo?

Se existissem muitos especialistas a situação do futebol estaria em

piores condições porque os clubes precisariam de mais jogadores

disponíveis para montar as suas equipes e a folha de salários e os

custos aumentariam muito. Se hoje é difícil pagar em dia, com mais

profissionais no elenco, seria impossível manter as equipes em

atividade. Mas existem alguns especialistas como os goleiros, os

centroavantes trombadores, os cobradores de faltas, cobradores de

penalidades e jogadores multifuncionais que se deslocam, atuando em

várias posições, permitindo uma grande variação tática sem mudar os

participantes da equipe durante um jogo.

Na manutenção industrial, o raciocínio acima também se aplica, embora

existam especialistas que dominam algumas máquinas e sistemas, se achando os

salvadores da pátria , mais por falta de planejamento, investimento em treinamento

e acomodação no modelo de gestão.

Os constantes chamados à noite, nos finais de semana e feriados para resolver

problemas de máquina parada porque somente eles conhecem e sabem o que deve

ser feito, deixam a cada dia os gestores mais dependentes e inseguros com a

confiabilidade do processo.

Numa análise preliminar e simplória, o melhor seria uma equipe multifuncional

que pudesse atuar nos diversos tipos de equipamentos e sistemas existentes na

planta, podendo haver níveis de funções diferenciados pela formação técnica e

tempo de experiência, reduzindo a dependência do especialista, mas o especialista

conhece profundamente os detalhes do equipamento, consegue agir mais rápido e

propor soluções mais eficientes, além de fazer melhorias que aumentem não só a

produtividade, mas a qualidade e segurança dos equipamentos.

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Os dois modelos apresentam características opostas, mas importantes e

podem criar vantagens competitivas para a empresa aumentando a eficiência e

eficácia dos processos de manutenção. Na realidade de uma empresa montadora

automobilística um modelo adaptado, nem puramente especialista ou multifuncional

parece o mais adequado, devendo agrupar as principais características positivas dos

dois modelos e minimizar as franquezas e pontos negativos de cada um dos

modelos.

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4. CONCLUSÃO

No atual ambiente de competitividade exigido pelo processo em curso de

globalização da economia, a função da manutenção apresenta-se como um setor

indispensável para a sobrevivência das empresas. Para alcançar os níveis ideais de

excelência exigidos para seu desempenho e beneficiar integralmente suas partes

interessadas, um dos mais relevantes objetivos estratégicos de qualquer corporação

reside na melhoria contínua de seus processos.

Na manutenção, conforme foi abordado, esta constatação torna-se ainda mais

verdadeira, em virtude de suas características especiais e do impacto de suas

atividades em praticamente todas as demais áreas empresariais.

Neste estudo de caso, os modelo usuais de organização da manutenção, a

análise dos aspectos positivos e negativos dos modelos especialista e generalista

permitiram que fosse desenvolvido um modelo adaptado observando as

características e particularidades da atividade de manutenção local, objetivando a

implantação de um modelo com melhor aproveitamento dos recursos humanos e

com facilidade de assimilação.

Conforme o objetivo específico proposto, foi realizada uma ampla revisão

bibliográfica em busca de informações na literatura científica sobre gestão da

manutenção, enfatizando os modelos de atuação, suas implicações e o profissional

de manutenção, com a distribuição e organização de suas tarefas além das

ferramentas de medição de desempenho.

Ainda como objetivo proposto, deseja-se avaliar as características e funções

necessárias que a estrutura de manutenção deve possuir para que possibilite a

operacionalização do modelo de gestão de manutenção proposto.

Neste sentido, foi conduzido o estudo de caso direcionado a comprovar a

importância da estrutura organizacional nos resultados operacionais da função

passando por aspectos de otimização de recursos humanos, mudança cultural,

treinamento, conscientização e capacitação do efetivo humano, indicadores de

desempenho e definição de uma matriz de responsabilidade clara e vivenciada pela

equipe e pelos envolvidos no processo de manutenção.

Cabe ressaltar a importância estratégica do apoio da alta administração para a

implantação do modelo atual, pois envolve tempo e investimento em recurso

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126

materiais e humanos. Destaca-se, também, que o comprometimento e a adesão da

média gerência e chefias operacionais representam um fator ponderável para a

viabilização do programa.

A elaboração de um planejamento, a utilização de indicadores, e a

quantificação dos resultados são variáveis importantes para o sucesso da

implantação do modelo adaptado. O registro e o controle de dados, ao longo do

processo, permitem a verificação da evolução e o redirecionamento pertinente.

O investimento em capacitação e treinamento continuado é fundamental para a

utilização desta ferramenta. A metodologia adaptada exige um alto grau de empenho

e de dedicação dos envolvidos na sua concretização para romper as barreiras

normais de um processo de mudança de cultura.

De forma geral, pode-se concluir que a metodologia proposta vem alcançando

os resultados esperados. Contudo, fatores limitantes retardaram o andamento.

O apoio do grupo gestor poderia ter sido maior durante a implantação;

Devido à configuração descentralizada da manutenção, a comunicação,

padronização das ações assim como a elaboração de um cronograma

único de implantação foi bastante dificultado.

Tendo-se em vista que o processo de mudança de cultura se faz em um prazo

relativamente longo, as perspectivas são de que os progressos e benefícios da

metodologia dependem do comprometimento de todas as pessoas da organização.

A conclusão deste trabalho é que não existe um modelo que seja melhor do

que o outro. Os dois modelos apresentam características importantes ao processo

de manutenção, mas como todo remédio, desenvolvido com o objetivo de curar ou

melhorar a qualidade de vida do ser humano, existem efeitos colaterais que devem

ser considerados, eliminados ou, no mínimo, minimizados.

A proposta do modelo misto elaborado e implantado pela DaimlerChrysler em

sua unidade de Juiz de Fora, atende às suas necessidades respeitando as

características locais e foi elaborado pelo grupo de gestão e planejamento de

manutenção baseando-se na literatura e experiência profissional de seu

componentes.

Como contribuição ao conhecimento, espera-se com a análise comparativa da

presente dissertação, a consolidação de aspectos e características importantes que

conduzam ao desenvolvimento de um modelo de gestão da manutenção adequado

à realidade das empresas.

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Outro fator observado na implantação do modelo adaptado, identificado aqui

como um objetivo secundário, é que foi desenvolvida toda a documentação inerente

ao processo de manutenção de forma a fornecer ao sistema de gestão integrado da

empresa detalhes sobre o processo da manutenção definindo claramente as

responsabilidades, tarefas e competência de cada função além fluxo de informações

entre clientes e fornecedores.

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SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Pela sua concepção, o estudo realizado permite refinamentos que a tornem

mais específico, possibilitando seu uso nos mais diversos ramos de atividade.

Assim, por exemplo, fica a sugestão de serem elaborados estudos que permitam sua

aplicação no setor de mineração, siderurgia, transporte rodoviário, de prestação de

serviços, tais como, hospitais, hotéis e escolas, por se tratarem de setores

estratégicos para o país.

O aprofundamento no estudo desta metodologia de atuação e organização de

equipes de atendimento poderá possibilitar a obtenção de ganhos nos processos

produtivos e na melhoria da competitividade e da qualidade em produtos e serviços.

Levando em conta a experiência adquirida com a realização deste trabalho no

sentido de desenvolver um modelo para o gerenciamento do processo de manutenção

na indústria automobilística, e da observação e participação efetiva na implantação do

modelo na montadora de automóveis do estado de Minas Gerais, pode-se citar alguns

tópicos que seriam interessantes de se observar em trabalhos futuros, entre eles:

Nivelar previamente as informações disponíveis com todo o grupo

envolvido no tema, evitando-se assim perda de tempo e retrabalho de

processos por falta de informações;

Elaborar uma metodologia eficiente de comunicação entre os grupos,

principalmente se estão localizados fisicamente distantes como foi o

caso do estudo conduzido;

Nivelar regularmente as informações, o status dos trabalhos e as

dificuldades na condução dos projeto com o grupo gestor com objetivo

de mostrar a importância do trabalho, envolver a alta direção nas

decisões estratégicas e ganhar força política nas decisões polêmicas;

Incentivar estudos sobre uma aplicação mais intensa, em todos os níveis

da atividade produtiva, de ferramentas técnicas de qualidade, como

PDCA, Diagrama de Causa e Efeito, etc.,

A partir das observações apresentadas, pode-se apontar alguns outros temas

de estudo a serem realizados no sentido de detalhar a função e implicações da

manutenção no processo produtivo como por exemplo:

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Elaborar estudo amplo a fim de qualificar os indicadores mais adequados à

função de manutenção na indústria automobilística;

Avaliar os fatores motivacionais e aspectos mais importantes para a redução

do turn-over na manutenção;

Estes são alguns aspectos que podem contribuir no esclarecimento mais

aprofundado sobre a questão da gestão estratégica da manutenção no

desenvolvimento da indústria automobilística brasileira.

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ANEXO 01 DIVISÃO DOS GRUPOS MONTAGEM BRUTA

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ANEXO 02 MATRIZ DE QUALIFICAÇÂO GRUPO 01

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ANEXO 03 ALGORITMO PARA CLASSIFICAÇÂO DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES:

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