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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA FRACASSO ESCOLAR: UM FOCO NA REPETÊNCIA DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 Marly da Silva Camargo Araguaína, dezembro de 2011 1 Relatório analítico apresentado ao apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Coordenação Pedagógica, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Coordenação Pedagógica, sob a orientação da professora Martha Holanda.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

FRACASSO ESCOLAR: UM FOCO NA REPETÊNCIA DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL1

Marly da Silva Camargo

Araguaína, dezembro de 2011

1 Relatório analítico apresentado ao apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Coordenação Pedagógica, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Coordenação Pedagógica, sob a orientação da professora Martha Holanda.

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FRACASSO ESCOLAR: UM FOCO NA REPETÊNCIA DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Marly da Silva Camargo2

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa-ação relacionada uma investigação sobre as causa da repetência no sexto ano do Ensino Fundamental da escola CAIC- Jorge Humberto Camargo, no intuito de propor e realizar ações que contribuam para a elevação do índice de aprovação dos alunos. Para tanto, as abodagens seguiram as concepções teóricas de Antunes (2005); Dalsan (2007); Fazenda (2005); Hoffmann (2005); Perrenoud (2000). Diante das análises realizadas, os indicadores revelaram a ocorrência dos elevados índices de repetência e de dificuldades no domínio das habilidades básicas de Língua Portuguesa e Matemática. Assim, concluiu-se que uma parcela de alunos está inserida no contexto do fracasso escolar necessitando de esforços para sua superação.

PALAVRAS-CHAVES: Pesquisa-ação, repetência, rendimento escolar, intervenções.

1. Introdução

Considerando os altos índices de repetência e o baixo desempenho evidenciado no

SARE (Sistema do Acompanhamento do Rendimento Escolar), da escola estadual CAIC-

Jorge Humberto Camargo, criada em 15/05/1995, a qual oferece o Ensino Fundamental do 1º

ano ao 9º ano e EJA 1º e 2º seguimentos com IDEB 3,5 para 6º ao 9º ano e 1530 alunos

matriculados, fomos motivados a pesquisar as causas que levaram a esta realidade e, em

seguida propormos ações contributivas na minimização do quadro de repetência, rumo à

melhoria da aprendizagem dos alunos.

2 Graduada em Ciências com Habilitação em Matemática pela UNITINS. Professora da rede estadual do Tocantins desde 2001. Atualmente ocupando a função de coordenação pedagógica da área de exatas.

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Como objetivos específicos da pesquisa-ação realizada, planejamos investigar as

causas da repetência no sexto ano do Ensino Fundamental, no intuito de propor e realizar

ações que contribuíssem para a elevação do índice de aprovação dos alunos dos 6º anos do

Ensino Fundamental. Para tanto, também foi planejada, com os professores das diversas

disciplinas, a produção de diferentes estratégias de leitura e escrita. E, nas aulas de

matemática, buscou-se o desenvolvimento de estratégias para as atividades de raciocínio

lógico e, ainda sobre a capacidade de resolução de situações-problemas pelos alunos.

Neste sentido, a pesquisa teve como objetivo geral reduzir os altos índices de

reprovação nas turmas de 6º anos do Ensino Fundamental. Seguindo o princípio pedagógico,

esta pesquisa-ação teve como foco o PPP - Projeto Político da escola, visto que os objetivos

deste estudo vão de encontro com as metas contidas nele.

A pesquisa contou com a participação direta dos professores de Língua Portuguesa e

de Matemática na execução das ações em sala de aula, bem como para a resposta aos

questionários propostos. Outros participantes foram os familiares dos nossos alunos que

responderam ao questionário, além dos próprios alunos sujeitos dessa pesquisa, que também

responderam questionários construídos especificamente para eles. Embora reduzida, a

participação dos professores das demais disciplinas foi significativa para o alcance dos

resultados que esperávamos.

A professora Súsie, coordenadora de Linguagem, foi de fundamental importância na

condução dos professores de linguagem para a realização das ações. A mesma monitorou os

planejamentos e sua aplicação em sala de aula. Outras estratégias adotadas foram a pesquisa

dos dados na ficha de matriculas dos alunos e, a aplicação de uma avaliação diagnóstica para

verificar quais habilidades das disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa os alunos já se

apropriaram. Além disso, foram realizadas observação do comportamento do professor e do

aluno dentro da sala de aula durante as aulas. Em meio aos indicadores dos dados coletado os

resultados apontam para um problema complexo causado por um conjunto de fatores os quais

apresentaremos e discutiremos ao longo do presente trabalho.

2. Percursos teóricos sobre o fracasso escolar

O fracasso escolar tem sido historicamente explicado como oriundo de alunos

problemáticos, deficientes ou incompetentes, de sua condição social e do desajuste familiar a

chamada teoria da carência cultural. Segundo Dalsan (2007) que cita Patto (1999).

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Esses argumentos utilizados para justificar as causas do fracasso escolar como sendo do aluno pobre e de sua família, que passaram a partir dos anos 60 a ter acesso à escola pública, supostamente trazendo para dentro dela problemas sociais atribuídos aos seus modos de vida, estão pautados em mitos e preconceitos provenientes do senso comum e da maneira de perceber as camadas populares, e estiveram desde então a serviço de interesses escusos, visto que concebe na psicologia escolar crítica que o fracasso é um fenômeno que transcende os aspectos psicológicos individuais dos usuários da escola, e é produzido na complexidade das relações estabelecidas nesta instituição. (DALSAN, 2007, p. 14).

O mesmo autor explica ainda, que um ramo da psicologia voltado para as explicações

que centrava no aluno e ou em seus supostos distúrbios ou deficiências, foram amplamente

criticado pela própria psicologia revelando que ao invés de avançar rumo ao entendimento dos

múltiplos e complexos aspectos envolvidos do fracasso escolar, houve um deslocamento de

um dos principais problemas da educação, a construção de uma escola democrática e de

qualidade.

Cabe ao professor, com apoio e orientação da coordenação pedagógica vivenciar

situações interdisciplinares que valorizem a ação-reflexão-ação, concretizando o pensar

interdisciplinar. Pensar esse que ajuda o aluno de origem pobre, com um histórico de

violência atrelado a algum tipo de droga, a buscar no estudo um caminho para sua mudança

sócio-econômica e cultural. Para Freire, o professor deve gerar oportunidade e subsidiar o

aluno a ser um questionador, que este faça perguntas, não pelo fato de perguntar, mas, que

tenha o objetivo de obter saberes:

[...] é ligar, sempre que possível a pergunta e a resposta a ações que forem praticadas ou a ações que podem vir a ser praticadas ou refeitas... é preciso que o educando vá descobrindo a relação dinâmica, forte, viva, entre palavra e ação, entre palavra-ação-reflexão. (FREIRE, 2002, p. 49).

O autor coloca o diálogo em primeiro lugar, como elemento essencial para

conscientização, assim todos procuram pensar e agir criticamente, estabelecendo uma relação

educador-educando. Durante a rotina escolar na sala de aula, numa organização onde deve

acontecer a aprendizagem, cabe ao professor se atentar para as necessidades, as contribuições,

as trocas que ocorrem entre alunos, as colaborações para entrelaçar os saberes. É nesse

contexto que parece desorganizado, que o aluno fica atento ou distraído, diante de temas cujo

significado não consegue compreender e, ao mesmo tempo, se interessam quando encontram

sentido em determinadas situações. Na leitura o aluno encontra fatos que condizem com sua

realidade, animam-se, fatos opostos a sua realidade, distraem-se. Depende do professor,

propor leituras diversificadas oferecendo condições para compreender o que está implícito,

despertando o desejo pela leitura, a curiosidade, nascendo um leitor. Perrenoud afirma que

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basta observar o aluno para ter uma idéia de seus interesses, suas dificuldades, suas

motivações e daí, buscar a melhor estratégia para desenvolver esse aluno e afastá-lo do

fracasso escolar. De acordo com Perrenoud,

Normalmente, define-se o fracasso escolar como a simples consequência de dificuldades de aprendizagem e como a expressão de uma falta “objetiva” de conhecimentos e de competências... Nem todos os indivíduos que coexistem em uma sociedade, tanto as crianças quanto os adultos, enfrentam as situação da vida, sejam elas banais ou extraordinárias, com os mesmos meios intelectuais e culturais. (PERRENOUD, 2000, p. 18).

A ênfase dessa vertente reflete que a maioria dos alunos e dos pais não se preocupa,

num primeiro momento, com os resultados educacionais. Para muitos a cultura escolar não

tem o espaço necessário. Por isso, o segundo momento dessa realidade apresenta-se como

uma forma de “arrependimento” por não ter aproveitado a oportunidade dado ao estudo.

Portanto, os resultados atingidos no desenvolvimento dos trabalhos dentro das modificações

da rotina escolar dos sextos anos em estudo são válidos, segundo o pensamento de Perrenoud

(2000, p. 53) ao afirmar que “Uma gestão satisfatória da progressão dos alunos passa por um

questionamento dos modos de ensino e de aprendizagem articulados á busca de um máximo

de sentido dos saberes e do trabalho escolar para o aluno”.

O autor citado nos alerta que devemos vencer uma série de preconceitos e resistências

e rejeitar a ideia de que o fracasso escolar é uma fatalidade. Ressalta ainda que precisamos

vencer o comodismo de que não podemos fazer nada enquanto os outros atores, sociedade,

família, sistema, não modificam suas ações. Assim, é possível compreender a necessidade de

buscarmos estratégias para trabalhar com os alunos que apresentam dificuldades. Também

nos leva a refletir sobre a avaliação ao considerar que esta tem que ser formativa e não

punitiva. Nisso, ao avaliar devemos ter a preocupação de permitir que os alunos identifiquem

seus erros para que os professores os corrijam, mostrando aos mesmos a forma adequada de

progredir nos estudos.

Voltando o olhar para a complexidade das turmas em estudo, a realidade da repetência

decorre, em sua maioria, de casos de alunos que sofreram algum tipo de trauma relacionado à

sua vida escolar no cenário das relações entre professores e alunos. Por isso, a equipe

pedagógica que atua com estes alunos deve realizar atitudes centradas no diálogo, as quais

perpassam ao foco de orientar, informar, questionar, aconselhar, criticar, observar, responder,

explicar, corrigir, ouvir, planejar, combinar etc. Todas essas ações podem desenvolver

diferentes reações, atitudes e comportamentos e, ainda permitir a ocorrência de uma boa

receptividade ou não pelos alunos e, dessa forma atender ou não o anseio do professor. Pensar

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se o trabalho do professor é positivo ou negativo é mais uma tarefa que equipe pedagógica

tem, pois é importante compreender se os reflexos da ação pedagógica são importantes para a

vida escolar desses alunos.

A busca de explicações para o fracasso escolar tem mobilizado diversas áreas do

conhecimento como a psicologia que tem trazido diversas versões a partir dos estudos sobre

desenvolvimento psicológico e os processos de aprendizagem do ser humano que aponta o

fracasso escolar como distúrbio de desenvolvimento cognitivo que transcendem os aspectos

psicológicos individuais e é produzido nas complexidades das relações estabelecidas na

escola. As concepções de Perrenoud (2000), de Freire (2002) e, de DALSAN (2007) serviram de

referencial teórico para esta pesquisa-ação, na medida em que permitiram ampliar a visão

sobre as causa do fracasso escolar e sua possível erradicação.

3. Relatos do processo da pesquisa-ação

A pesquisa adotou a metodologia de pesquisa-ação com análise qualitativa dos

resultados. A pesquisa-ação é um processo que segue um ciclo de aprimoramento da prática

pela oscilação entre o agir no campo da prática e investigar a respeito dela (TRIPP, 2005).

Quase todos os processos seguem o mesmo ciclo. Identifica-se o problema, planeja uma

solução e implementa monitorando, depois avalia sua eficácia. Aprende-se mais no decorrer

do processo. Sendo um processo de melhora da prática às vezes a pesquisa-ação é tida como

ateórica porque a teoria não é sua prioridade, porém é necessário recorrer à teoria para

entender os problemas que surgem buscar soluções e explicar os resultados.

O campo de pesquisa foi a escola CAIC - Jorge Humberto Camargo e tivemos como

sujeito desta pesquisa-ação os alunos do 6º ano do ensino fundamental, professores e família

desses alunos. Para o processo idealizado, desenvolveu-se em primeiro lugar a busca das

informações contidas na ficha de matrículas, dos alunos no 6º anos, onde coletamos os

seguintes dados: sexo, idade, se tem alguma deficiência, em que rede de ensino o aluno fez a

primeira fase do Ensino Fundamental, se repetente e número de vezes de repetência. Essas

informações possibilitaram traçar o perfil do alunado dos 6º anos. Paralelo a essa ação, em

conjunto os professores (Língua Portuguesa e Matemática) e coordenadores pedagógicos,

elaboraram e aplicaram uma avaliação diagnóstica da disciplina de Matemática e uma de

Língua Portuguesa. O principal objetivo era a verificação dos aspectos cognitivos dos alunos

e quais competências e habilidades relacionadas às disciplinas já se apropriaram. Além de esta

ter sido utilizada como meio para comparar a evolução do aluno durante ano letivo de 2011.

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Em entrevista concedida ao Jornal do Brasil sobre Avaliação da aprendizagem publicada no

dia 21/07/00 e disponibilizado em sua Web site3, Luckesi diz que a avaliação é diagnóstica,

pois se interessa com que estava acontecendo antes, o que está acontecendo agora e o que

acontecerá depois com o educando. Este aspecto justifica a efetividade da escolha deste

instrumento de pesquisa.

Para a apresentação de ações mais coerentes os instrumentos utilizados permitiram

uma sondagem dos professores e dos alunos no intuito de saber qual a visão dos professores

diante da sua gestão de sala de aula e do aluno diante do seu papel de estudante. A utilização

destes questionários se explica porque é na sala de aula que se desenvolve a maior parte do

processo de ensino e de aprendizagem. Habilidades e competências em gestão de sala de aula

são capazes de reduzir os problemas disciplinares, garantindo assim um melhor desempenho

dos alunos. Por outro lado, o aluno desempenha um papel fundamental na construção do seu

conhecimento, pois ele é o sujeito central do processo ensino-aprendizagem. As

coordenadoras pedagógicas acompanharam a elaboração do plano de aula dos professores,

uma vez por semana, e aplicação deste em sala de aula pelo menos uma vez por mês,

utilizando o instrumento 4: monitoramento de sala de aula, documento este já existente na

escola e elaborado pela secretaria de educação do Estado. O referido documento contempla

todos os requisitos de monitoramento almejado pela pesquisa como: objetivos da aula;

organização do contexto; conteúdos; rotinas básicas; conhecimento e entendimento do

conteúdo; planejamento; ensino; a interação dos alunos diante da aula ministrada e ainda traz

o feedback aos professores. Esse monitoramento nos deu condições de traçarmos estratégias,

de leitura e escrita, como também de desenvolvimento do raciocínio lógico e capacidade de

resolver situações-problemas dos alunos juntamente com os professores. Permitiu, ainda, a

percepção dos erros e acertos da equipe, mostrando onde deveria se intervier e re-planejar

aprimorando a prática educativa. Nesse momento os coordenadores pedagógicos

desenvolveram seu papel primordial, o de formador.

A família dos alunos também foi sondada para saber como a mesma auxilia os alunos

em seus estudos diários. Enfatizamos que o questionário foi elaborado com questões fechadas

do tipo: Qual o grau de instrução do chefe da família? Qual sobre disponibilidade de horário e

local adequado para o aluno realizar o estudo em casa? Quem auxilia nos estudos em casa?

Qual é o comprometimento da família diante da educação do filho? Todos estes

questionamentos aduzem à concepção de que a família é parte importante na permanência e

3 http://www.luckesi.com.br

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sucesso do aluno na escola, sendo assim se a família não fizesse parte deste trabalho à

pesquisa seria deficitária. A escola e a família compartilham funções sociais, políticas e

educacionais, na medida em que contribuem e influenciam a formação do cidadão (REGO,

2003) citado por Dessen e Polonia em seu trabalho, A família e a escola como contextos de

desenvolvimento humano.

Como a metodologia deste trabalho é a pesquisa-ação e esta tem a dinâmica a ação e a

investigação, o monitoramento exige uma análise constante dos resultados e busca de

estratégias que estimule a aprendizagem e combata o fracasso escolar que tem como

conseqüência direta a reprovação.

4. Discussão e análise da pesquisa-ação

Através das informações contidas nas fichas de matrículas identificamos um número

de 244 alunos matriculados nos sextos anos, destes, 55,7% são do sexo masculino e 44,3% do

sexo feminino, e ainda 85 alunos têm idades entre 10 e 11 anos e 159 entre 12 e 35 anos.

Esses dados evidenciam que 65% dos alunos estão com distorção idade-série. Do total de

matriculados, 52% são oriundos das escolas municipais de Araguaína, 42% de escolas

estaduais do Tocantins e 6% têm origem em escolas particulares ou de outros estados da

federação. Ainda nas fichas de matrículas extraímos um número de 83 alunos repetentes, ou

seja, 34% dos alunos matriculados já eram repetentes, dos quais 43,9% eram oriundos do

município, 48,7% das escolas estaduais do Tocantins e 7,3% de escolas particulares ou de

outra unidade da federação. Dentre eles 67% repetentes pela primeira vez, 22,9% pela

segunda e 7,2% pela terceira vez. É nítido o alto índice de alunos que está repetindo, pelo

menos uma vez, o sexto ano. Juntando os dados da repetência com a idade, evidencia-se um

grande problema; a distorção série-idade que está num percentual de 65,1%. Como a escola é

inclusiva, são 18 os alunos especiais inseridos nos sextos anos e, um percentual de 7,4% dos

matriculados com diferentes limitações; visual, de dicção, auditiva e mental. Nas fichas de

matriculas encontramos também um percentual de 57% dos alunos do sexto ano que

participam de programas sociais como Bolsa Família. Essas informações nos remetem ao

entendimento de que a maioria desses alunos pertence às classes mais baixas da sociedade.

Pelas informações extraídas da ficha de matricula podemos traçar o perfil das turmas dos

sextos anos sob os seguintes aspectos: alunos de classe social muito baixa; distorção série-

idade; portadores de necessidade especial; baixo rendimento. Essa etapa da pesquisa foi

simples, pois todos os dados estavam nos processos dos alunos organizados e de fácil acesso.

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A fase seguinte foi elaborar e aplicar as avaliações diagnósticas; uma de Língua Portuguesa e

outra de Matemática.

Para avaliação diagnóstica de matemática foram usados os seguintes critérios: a

avaliação teria que ter 10 questões que contemplasse os quatros eixos norteadores de

matemática e evidenciar as habilidades adquiridas aos longos dos 5 anos de estudo. Por isso

optaram por escolher questões da Prova Brasil. A figura 1, abaixo, ilustra melhor os

resultados obtidos pelos alunos nas avaliações.

Figura 1- Tipos de habilidades, em matemática, exigidas dos alunos do 6º ano.

A prova diagnóstica da Língua Portuguesa foi elaborada pela coordenadora de

linguagem, ela também teve a preocupação de elaborar questões que pudessem evidenciar

habilidades adquiridas ao longo dos 5 anos de estudos. Os resultados obtidos podem ser

visualizados na figura 2, abaixo.

Figura 2 – Tipos de habilidades, em língua portuguesa, exigidas dos alunos do 6º ano.

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Nesta fase da pesquisa, as dificuldades encontradas foram a infrequência dos alunos.

Por esse motivo, levou-se mais tempo do que o previsto para realizar a prova diagnóstica e

ainda ficou uma porcentagem de 23,8% de alunos que não fizeram as provas. Pelos gráficos,

percebe-se que apropriação dos conhecimentos básico em Matemática é bem pior que em

Língua Portuguesa. Nossos alunos estão chegando ao sexto ano sem adquirirem as

habilidades elementares dessas disciplinas. Em Língua Portuguesa 13,9% dos alunos sabem

separar sílabas, apenas 42,2% compreendem o que lê, 28,6% têm caligrafia legível e 29,5%

produz textos coerentes. Já em Matemática 12,5% não conseguem identificar a

localização/movimentação de objeto em mapas, croquis e outras representações gráficas,

42,6% não resolvem problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da

adição ou subtração: juntar, alteração de um estado inicial, comparação e mais de uma

transformação, 53,2% não conseguem resolver problema com números naturais, envolvendo

diferentes significados da multiplicação ou divisão e, 10,2% não conseguem ler informações e

dados apresentados em gráficos (particularmente em gráficos de colunas). Observa-se que os

conteúdos dos eixos números e operações, grandezas e medidas não são assimilados nos

devidos anos de escolarização. O construtivismo de Piaget explica esse fenômeno com a

existência de estágios de desenvolvimento cognitivos que estão diretamente relacionados à

capacidade das crianças aprenderem determinados conteúdos, dessa forma os alunos são

promovidos sem apropriarem das habilidades e competências referentes aquele ano de estudo.

Após os resultados das avaliações diagnósticas, a medida adotada foi aula de reforço

no contra turno, essa decisão foi tomada em conjunto a coordenação pedagógica e os

professores de língua portuguesa e matemática, pois as salas de aulas normais contendo de 35

a 40 anos dificultavam um atendimento mais individualizado que esses alunos necessitavam.

Assim foi formada uma parceria com os alunos estagiários de matemática da UFT –

Universidade Federal do Tocantins, para dar aulas de reforço de Matemática, tendo como foco

as operações básicas.

As fotos 3 e 4, na seção dos anexos retratam um pouco destes momentos com os

alunos. Mesmo com um trabalho de conscientização, com reuniões e conversas com os pais

dos alunos a adesão foi mínima para as aulas de reforço no 1º semestre. No início do 2º

semestre a escola disponibilizou duas professoras para as aulas de reforço uma com formação

em Pedagogia e a outra em Normal Superior e convocou os pais para assinar um termo onde

se responsabilizariam pela frequência dos alunos às aulas de reforço, mas, ainda assim a

participação dos alunos nas aulas foi mínima. Dos 56 que necessitam do reforço, em média 10

alunos por turma compareceram.

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A etapa seguinte resultou na aplicação de questionário para o aluno, para a família e

para o professor. Nessa etapa a pesquisa foi por amostragem, pois a resistência dos alunos,

família e professores foi uma das dificuldades enfrentadas e em algumas das pessoas que

responderam notamos não usarem a sinceridade nas suas respostas. Dos 244 alunos apenas

104 participaram da pesquisa cujos resultados estão na tabela 1, abaixo.

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Tabela 1- Tabela contendo perguntas aplicadas aos alunos.

A maior parte dos alunos afirmou que vai à escola em busca de conhecimento, que

tem compromisso com o estudo, que complementa os estudos em casa. Isso nos leva ao

seguinte questionamento: por que o número de repetência é tão alto? A revista Nova Escola

sua edição nº 228 (2009), traz uma reportagem cujo titulo é “A transição do 5º para o 6º ano”.

O referido estudo aponta as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos nessa fase que

são a insegurança, desorganização do material didático, dificuldades de se organizar para

estudar e realizar trabalhos, desempenho irregular em algumas disciplinas. Nesse contexto,

este estudo veio reforçar o que na prática já se observava. Visando amenizar essas

dificuldades a equipe adotou uma acolhida carinhosa esclarecendo os horários, ajudando a

eleger um representante da turma e evitando mandar muitas atividades para casa num mesmo

dia. Ressaltamos que este questionário foi respondido por 78 famílias.

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Tabela 2 – Tabela contendo perguntas aplicadas às famílias dos pais dos alunos.

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Para Dassen e Polonia (2007, p. 22) a família “é a matriz da aprendizagem humana,

com significados e práticas culturais próprias que geram modelos de relação interpessoal e de

construção individual e coletiva”. Analisando os dados obtidos, percebemos que estes

apontam para um perfil familiar onde a mãe ainda é grande responsável pela continuidade dos

estudos em casa, porém, mesmo sendo comprometida e participativa na aprendizagem do

filho ela tem limitações, pois seu nível de escolaridade não lhe permite ajudar nas tarefas

escolares. Constatamos que 88,6% dos familiares que responderam ao questionário disseram

que o acompanhamento da vida escolar de seus filhos é importante para o bom rendimento

dos mesmos, porém o número de familiares nas reuniões de pais e o número de visitas feitas

na escola por parte desses pais são inexpressíveis. Por que será que não comparecem?

Já o questionário dos professores, foi respondido por 14 professores cujos resultados

estão na tabela 3, abaixo.

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Tabela 3 - Tabela contendo perguntas aplicadas aos professores.

Obseva-se pelas respostas que 100% dos professores dizem ter consciência do seu

papel, que refletem sobre seu trabalho e 92,8% procuram diversificar suas metodologias.

Luckesi (2011, p. 132) diz que: “Toda ação necessita de um executor e a execução de uma

ação efetiva requer um executor plenamente consciente do que está fazendo e de onde deseja

chegar com sua ação”. O nosso executor é professor é ele quem lida diretamente com o

aluno, é ele quem orienta, intervem, precisa ser bem consciente do seu papel. Observa-se a

preocupação e o comprometimento dos professores nos momentos de planejar as aulas, na

busca de material de apoio e, em sala de aula, no esforço para manter o aluno focado no

assunto da aula.

O instrumento 4 – “monitoramento da sala de aula”, foi aplicado apenas uma vez

devido os imprevistos que foram surgindo ao longo do percurso, o feedback desse

monitoramento foi realizado com cada professor participante do monitoramento. Após o

monitoramento foi constatado deficiências na gestão de sala de aula como: liderança em sala,

gestão de tempo, definição de regras, soluções de conflitos. Diante desse problema a medida

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tomada foi um estudo sobre gestão de sala de aula e um estudo sobre avaliação. Após esses

estudos a maioria dos professores passou a gerir melhor sua sala de aula e isso refletiu nas

ocorrências de indisciplina, as quais reduziram significativamente. O gerenciamento da sala

de aula além de refletir na indisciplina ainda oportunizou o coordenador pedagógico a

oferecer conhecimentos pedagógicos capazes de melhorar o desempenho dos professores em

sala de aula. Este processo se deu por meio de reuniões, onde a coordenação pedagógica e os

professores tiveram oportunidades para relatar os principais entraves na execução de suas

atividades. Isso permitiu a realização de novos planejamentos, tendo em vista as novas

situações vivenciadas em sala, mostrando a preocupação da coordenação pedagógica e dos

professores na indicação de estratégias destinadas à superação das dificuldades de

aprendizagem dos alunos. Destaca-se aqui a importância do trabalho do coordenador

pedagógico, como facilitador e articulador junto aos docentes, em favor da aprendizagem dos

alunos, em especial aqueles que se encontram em situação de fracasso escolar.

No intuito de reforçar as estratégias de enfrentamento ao fracasso escolar,

promoveu-se a criação de Contratos Didáticos com os professores e alunos. Além disso,

promoveu-se a realização de reuniões com os pais e responsáveis a cada bimestre analisando

os gráficos de rendimento e, ainda reuniões com os alunos para analisar o rendimento

bimestre a bimestre.

O contexto dos enfrentamentos apontados e discutidos neste trabalho, a partir da

atuação da coordenação pedagógica, do trabalho dos professores e do acompanhamento

familiar, revela que para o aluno permanecer, com sucesso, na escola é indispensável que o

esforço de todos seja, de fato, efetivado.

5. Conclusão

Este relatório apresenta os resultados da pesquisa que teve como objetivo investigar as

causa da repetência no sexto ano do Ensino Fundamental e, em seguida propor e realizar

ações que contribuiriam para a elevação do índice de aprovação dos alunos do 6º ano do

Ensino Fundamental da escola CAIC - Jorge Humberto Camargo, reduzindo assim os altos

índices de reprovação nas turmas.

A partir das fichas de matrículas pudemos traçar um perfil dos alunos e das turmas e

também perceber que esses alunos possuem o mesmo perfil dos alunos pesquisados pelos

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teóricos que serviram de base pra este trabalho. Pudemos perceber então, nas análises que

fizemos do campo pesquisado, que o fracasso escolar não se dá por uma ou duas causas, mas

por um conjunto de fatores que levam a reprovação no 6º anos do Ensino Fundamental e que

não podemos culpar um ou uns sujeitos. Dentre os principais problemas encontrados

destacamos a falta de apropriação dos conteúdos básicos relacionados à Matemática e à

Língua Portuguesa por parte dos alunos. Além desses entraves apontamos, ainda que a

dificuldade de adaptação na transição do 5º para 6º ano é, também, um fator implicação, mas

que pode ser considerado temporário. Nas observações realizadas pela coordenação

pedagógica, constatamos que alguns professores tiveram uma má formação, por isso o serviço

da coordenação pedagógica no direcionamento de atividades de formação continuada é

indispensável. No conjunto desses entraves há, também, a situação da condição social dos

alunos.

Em conversa com os alunos e com a coordenação pedagógica fica evidente a

importância do apoio da família para o sucesso do aluno. Constatamos que em geral os

familiares dos alunos repetentes ou de baixo rendimento são omissos, não participam da vida

escolar destes. Mas certamente, os problemas percebidos não podem perdurar, por isso foram

realizadas reuniões com as famílias, aprovação de contratos didáticos entre professores e

alunos, realização de aulas de reforço para sanar as deficiências de conteúdos, monitoramento

das aulas e intervenções através de estudo dos problemas ocorridos. Também foi realizada a

análise dos gráficos de rendimento da aprendizagem fazendo uma comparação bimestre a

bimestre com toda a equipe escolar e com os alunos.

Por fim, temos consciência da necessidade de manter a equipe motivada para buscar e

propor metodologias que visem melhorar o rendimento dos alunos pesquisados, e a

coordenação pedagógica por sua vez insistir na formação de professores pesquisados.

6. Referências

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AQUINO, Julio Groppa. Erro e Fracasso na Escola: alternativas teóricas e praticas. 5ª ed. – São Paulo: Summus, 1997.

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_______. ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. – Brasília, DF: Senado Federal, 1990.

DALLA ZEN, Maria Isabel. Histórias de Leitura na Vida e na Escola. 3ª ed. – Porto Alegre: Mediação, 2005.

DALSAN, J. O enfrentamento do fracasso escolar em uma escola pública: análise crítica na perspectiva do cotidiano escolar. 2007. 144 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: < DissertacaoJoseanaDalsan.pdf>. Acesso em 02 de out. 2011.

DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 2007, vol. 17, n.36, pp. 21-32.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Práticas Interdisciplinares na Escola. 10ª ed. – São Paulo: Cortez, 2005.

FREIRE, Paulo. Por uma Pedagogia da Pergunta. 5ª ed. – São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002.

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para Promover. 7ª ed. – São Paulo: Mediação, 2005.

PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. – Porto Alegre: Artmed, 2000.

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Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar CAIC - Jorge Humberto Camargo. Araguaína, 2010.

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Tradução de Lóllo Lourenço de Oliveira. Educação Pesquisa, São Paulo v. 31, p 443-466, set/dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31/a09v31n3.pdf >. Acesso em 18 de out. 2011.

REVISTA NOVA ESCOLA. Ed. Abril n. 228, ano XXIV, dez 2009. 60 p.

REVISTA NOVA ESCOLA. Ed. Abril, n. 229, ano XXV, jan/fev 2010. 90 p.

REVISTA NOVA ESCOLA. Ed. Abril n. 239, ano XXVI, jan/fev 2011. 50-57, 86-89 p.

TOCANTINS. Regimento Escolar Estadual. Seduc. Palmas, 2008.

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ANEXOS

Foto 1- Reunião de estudo e planejamento com professores e coordenação pedagógica.

Foto 2 Reunião com professores, coordenadores pedagógicos e direção para expor os problemas enfrentados e

buscar soluções.

Foto 3 - Aulas de reforços ministradas por estagiários do curso de Matemática da UFT.

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Foto 4 - Aulas de reforços ministradas por estagiários do curso de Matemática da UFT.

Foto 5 - Reunião com os pais, coordenação pedagógica e professores para exposição do resultado do bimestre

para os pais.

Foto 6 - Reunião da coordenação pedagógica e professores com os alunos para conscientização e exposição do

resultado do bimestre.