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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES IDENTIFICAÇÃO E REDUÇÃO DE PERDAS EM PROCESSO DA INDÚSTRIA CALÇADISTA SEGUNDO CONCEITOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO GABRIELA HÖRNIG Trabalho de Diplomação II Orientadora: Prof. Giovana Savitri Pasa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

IDENTIFICAÇÃO E REDUÇÃO DE PERDAS EM PROCESSO DA INDÚSTRIA

CALÇADISTA SEGUNDO CONCEITOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

GABRIELA HÖRNIG

Trabalho de Diplomação II

Orientadora: Prof. Giovana Savitri Pasa

Porto Alegre

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

IDENTIFICAÇÃO E REDUÇÃO DE PERDAS EM PROCESSO DA INDÚSTRIA

CALÇADISTA SEGUNDO CONCEITOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

GABRIELA HÖRNIG

Trabalho de Diplomação II em Engenharia

de Produção como requisito à

obtenção do título de Engenheiro de Produção

Orientadora: Prof. Giovana Savitri Pasa

Porto Alegre

2008

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RESUMO

Com o crescente aumento da concorrência, as empresas têm procurado

implementar mudanças em seus processos produtivos em busca de maior competitividade.

Neste contexto, o Sistema Toyota de Produção (STP) destaca-se na procura pela redução de

custos e pelo aumento da eficiência. Este estudo apresenta um método para a identificação e

redução das 7 classes de perdas verificadas no STP. Para tanto, inicialmente, apresenta-se

uma revisão da literatura sobre os principais elementos do Sistema Toyota de Produção

relacionados a perdas e sobre os principais elementos relacionados a melhorias de processos.

Em seguida, expõe-se uma proposta estruturada de aplicação do estudo, que contempla 16

atividades divididas em 8 etapas. Por fim, são apresentados e discutidos os resultados de uma

aplicação prática parcial do método proposto em uma indústria do setor calçadista. A

aplicação parcial do método demonstrou eficácia na identificação de perdas e na geração de

propostas de ações para a redução destas.

Palavras-chave: Sistema Toyota de Produção, 7 Perdas, Indústria Calçadista.

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ABSTRACT

With the increasing market concurrence, companies have tried to implement

changes in their production processes in search of greater competitiveness. In this context, the

Toyota Production System (TPS) stands out in the quest for cost savings and increased

efficiency. This study presents a systematic method for the identification and reduction of the

7 classes of losses in TPS. For that, initially, it presents a literature review on the main

elements of the Toyota Production System and related to losses on the main elements related

to improvements in processes. Then, exposes is a structured proposal for the application of the

study, which includes 16 activities divided into 8 stages. Finally, are presented and discussed

the results of a partial implementation of the proposed method in an industry sector's

footwear. The partial implementation of the method demonstrated effectiveness in identifying

losses and generating proposals for actions to reduce these.

Keywords: Toyota Production System, 7 losses, footwear industry.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................9

1.1 Comentários iniciais........................................................................................................91.2 Tema e objetivos...........................................................................................................111.3 Justificativa...................................................................................................................111.4 Método de pesquisa.......................................................................................................131.4.1 Método de pesquisa.....................................................................................................131.4.2 Procedimentos metodológicos.....................................................................................141.5 Delimitações..................................................................................................................151.6 Estrutura do Trabalho....................................................................................................16

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................................................17

2.1 O Sistema Toyota de Produção.....................................................................................172.1.1 Origens do Sistema Toyota de Produção.....................................................................172.1.2 Características do STP.................................................................................................182.1.3 As sete perdas segundo o STP.....................................................................................232.2 Melhorias dos processos produtivos.............................................................................272.2.1 Processo.......................................................................................................................272.2.2 Gerenciamento e melhorias de processos....................................................................292.2.3 Análise de processos....................................................................................................302.2.4 Medição e avaliação de desempenho de processos.....................................................352.3 Um método de identificação e priorização de perdas...................................................37

3 PROPOSTA ESTRUTURADA DE APLICAÇÃO........................................................................................40

3.1 Descrição do Cenário....................................................................................................403.2 Procedimentos metodológicos......................................................................................45

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...........................................................................52

4.1 Apresentação e discussão dos resultados das etapas aplicadas.....................................52

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4.1.1 Resultados da Etapa 1: Formação e esclarecimento da equipe de trabalho.................524.1.2 Resultados da Etapa 2: Determinação do processo a ser analisado.............................554.1.3 Resultados da Etapa 3: Identificação das perdas segundo as sete classes do STP......564.1.4 Resultados da Etapa 4: Quantificação e priorização as perdas....................................604.1.5 Resultados da Etapa 5: Proposição de ações para a redução das perdas.....................664.2 Discussão de outros resultados observados durante a realização do trabalho..............74

5 CONCLUSÕES...............................................................................................................................................76

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................................78

APÊNDICES...........................................................................................................................................................85

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A estrutura da produção............................................................................................21

Figura 2: Componentes do movimento dos trabalhadores........................................................23

Figura 3: Símbolos para diagrama de fluxo de processo..........................................................32

Figura 4: Simbologia dos fenômenos do processo...................................................................33

Figura 5: Estrutura do Diagrama de Causa e Efeito.................................................................35

Figura 6: Matriz de Perdas........................................................................................................38

Figura 7: Matriz de Quantificação das perdas..........................................................................39

Figura 8: Organograma da empresa com detalhamento da Área Industrial..............................41

Figura 9: Macro fluxo de produção de calçados.......................................................................44

Figura 10: Etapas e atividades do trabalho...............................................................................45

Figura 11: Modelo de Mapa de Processo..................................................................................48

Figura 12: Modelo de ficha utilizado para documentar a viabilidade das ações......................49

Figura 13: Fragmento do material utilizado na apresentação oral de esclarecimento..............53

Figura 14: Fragmento do material entregue em meio físico para a equipe...............................54

Figura 15: Matriz de Priorização de Processos.........................................................................55

Figura 16: Layout atual da área de produção da empresa com principais fluxos do processo de

fabricação..................................................................................................................................58

Figura 17: Fragmento do Mapa do Processo elaborado............................................................59

Figura 18: Fragmento da Matriz de Perdas...............................................................................60

Figura 19: Matriz de Quantificação..........................................................................................63

Figura 20: Gráfico de barras do consumo de tempo pelas perdas............................................64

Figura 21: Gráfico de barras dos custos das perdas com mão-de-obra.....................................65

Figura 22: Exemplo de aplicação do método “5 porquês”.......................................................66

Figura 23: Diagrama de Causa e Efeito para perda por fabricação de produtos defeituosos. . .67

Figura 24: Resumo sobre as 7 perdas.......................................................................................67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comparação entre valores das exportações chinesas e brasileiras de calçados para os

EUA (U$ mil).............................................................................................................................9

Tabela 2: Principais produtores, exportadores e consumidores de calçados em 2005 (pares). 10

Tabela 3: Variação anual da indústria e do setor calçadista brasileiro 1997-2006...................10

Tabela 4: Atividades e respectivas perdas priorizadas.............................................................65

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1 INTRODUÇÃO

1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS

No cenário atual, com o aumento da concorrência gerada pelas facilidades do

comércio entre países – diminuição de barreiras alfandegárias e criação de mercados de livre

comércio – as empresas têm passado por transformações em seus processos produtivos. Para

atender o mercado e manter-se competitiva, uma empresa moderna precisa ter flexibilidade na

produção e buscar continuamente o aumento da sua produtividade e eficiência. Diante disso, é

fundamental que as atividades do processo produtivo que não agregam valor ao produto sejam

sistematicamente reduzidas e as perdas eliminadas (BORNIA, 1995; CUNHA et al., 2002).

Segundo Ohno (1997) e Shingo (1996a), o objetivo mais importante do Sistema

Toyota de Produção (STP) é justamente o aumento da eficiência através da eliminação total

das perdas. Um dos princípios fundamentais do STP é entender o lucro como função dos

custos e do preço de venda determinado pelo mercado (SHINGO, 1996a). Quando o aumento

da oferta de produtos supera o crescimento da demanda, a competição entre as empresas

intensifica-se e o preço de venda dos produtos sofre redução contínua. Com preços de venda

mais baixos, para não diminuir sua margem de lucro, as empresas são forçadas a buscar a

redução de custos (BORNIA, 1995). Shingo (1996a) afirma que a redução de custos só é

possível através da eliminação de perdas – ineficiências e desperdícios.

No setor calçadista, desde a década de 90, o crescimento da concorrência tem

estimulado a busca pela redução dos custos e pelo aumento dos índices de eficiência e

produtividade (BNDES, 1998). A Tabela 1 mostra a forte concorrência enfrentada pelas

indústrias brasileiras de calçados diante do crescimento do setor calçadista chinês, a partir da

década de 90. Neste período, a China passou a dominar o mercado norte-americano de

calçados – maior importador desses produtos (PROCHNIK et al., 2005). Em 2004, os gastos

dos Estados Unidos com importações de calçados ultrapassaram os 16 bilhões de dólares

sendo que a e a China forneceu mais de 69% deste total enquanto o Brasil menos de 7%.

Tabela 1: Comparação entre valores das exportações chinesas e brasileiras de calçados para os EUA (U$ mil)PAÍS 1990 1995 2000 2004 Particip. % 2004China 1,448,095 5,723,827 9,098,588 11,185,982 69.1%Brasil 1,006,421 1,115,410 1,146,928 1,079,644 6.7%Todos $9,120,397 $11,592,583 $14,508,904 $16,185,336 100.0%

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Fonte: Adaptado de AAFA’s Priceline Imports Report apud Prochnik et al., 2005

O posicionamento do Brasil entre os produtores, consumidores e exportadores de

calçados é apresentado na Tabela 2 (ABICALÇADOS, 2007). Em 2005, o Brasil manteve-se

posicionado como terceiro maior produtor mundial de calçados e quinto maior exportador e

consumidor.

Tabela 2: Principais produtores, exportadores e consumidores de calçados em 2005 (pares)PRODUTORES EXPORTADORES CONSUMIDORES

PAÍS EM MILHÕES PAÍS EM MILHÕES PAÍS EM MILHÕESChina 9.000,0 China 6.914,0 EUA 2.241,9Índia 909,0 Hong Kong 741,0 China 2.096,5Brasil 762,0 Vietnã 472,7 Índia 852,4Indonésia 580,0 Itália 249,0 Japão 650,3Vietnã 525,0 Brasil 217,0 Brasil 555

Fonte: Adaptado de Satra, 2007 apud ABICALÇADOS, 2007

Na Tabela 3, apresenta-se uma comparação entre o crescimento da indústria

calçadista e da indústria de transformação brasileira, no período 1997-2006. Os valores

representam a variação do crescimento em relação ao ano imediatamente anterior. Pode-se

observar que, ao longo do período apresentado, o setor calçadista teve um desempenho

inferior em relação à indústria nacional de transformação.

Tabela 3: Variação anual da indústria e do setor calçadista brasileiro 1997-2006ANO 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

% Indústria de transformação

3,64 9,05 -1,68 6,06 1,36 0,53 -0,19 8,53 2,72 2,57

% Indústria calçadista

-1,74 -5,21 -1,38 0,49 -4,02 -1,49 -9,65 2,34 -3,49 -5,33

Fonte: Adaptado de IBGE apud ABICALÇADOS, 2007

Com os dados apresentados, fica claro que o setor calçadista brasileiro enfrenta

forte concorrência. Logo, as empresas precisam encontrar maneiras de aumentar sua

competitividade. A redução de perdas no processo produtivo, de forma a aumentar a

eficiência e minimizar os custos de produção é uma alternativa.

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1.2 TEMA E OBJETIVOS

O tema deste trabalho são as sete classes de perdas que ocorrem em processos

produtivos, identificadas no Sistema Toyota de Produção. O objetivo geral é propor soluções

para reduzir perdas que, quando implementadas, gerem melhorias em um processo de

produção de tênis.

Os objetivos específicos do trabalho são:

(i) identificar, na literatura, ações úteis para reduzir as 7 perdas que ocorrem em

processos produtivos segundo o Sistema Toyota de Produção;

(ii) identificar, na literatura, os principais elementos para a realização de melhorias

em processos;

(iii) adaptar da literatura um método de aprimoramento de processos baseado na

redução/eliminação de perdas;

(iv) aplicar parcialmente o método em uma empresa do setor calçadista;

(v) apresentar e discutir resultados da aplicação parcial do método.

1.3 JUSTIFICATIVA

Este trabalho se justifica sob dois aspectos. O primeiro aspecto é a importância do

setor industrial a ser estudado para o Estado do Rio Grande do Sul. O segundo aspecto é a

relevância do tema para a melhoria da eficiência na produção e da competitividade das

empresas.

Segundo a ABICALÇADOS (2007), o Rio Grande do Sul é o principal fabricante

brasileiro de calçados e abriga o maior número de empresas calçadistas do país. Em 2005, a

estatística contava 3.419 fábricas, empregando aproximadamente 127 mil trabalhadores, ou

seja, aproximadamente 38% das fábricas e mais de 42% de trabalhadores do total nacional do

setor. A região do Vale do Sinos, localizada a 50 quilômetros de Porto Alegre, é considerada

o maior cluster calçadista do mundo. No Estado gaúcho, em torno de 28% dos trabalhadores

encontram-se na indústria calçadista (ABICALÇADOS, 2007; idem, 2008).

Em relação ao volume de produção, dados de 2007 apontam que o Estado do Rio

Grande do Sul concentra cerca de 40% da produção nacional de calçados e 39% do total de

exportações. Em 2005, as exportações gaúchas chegaram a representar 69% do total

brasileiro. Os 69,8 milhões de pares exportados pelo Rio Grande do Sul em 2007 geraram

uma receita de US$ 125 bilhões (ABICALÇADOS, 2008; MDIC, 2008).

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Na história da produção industrial, a fabricação de calçados é uma atividade

tradicional e de grande valor para a economia. Além das atividades diretamente ligadas à

confecção dos calçados, a cadeia produtiva calçadista inclui empresas produtoras de insumos,

componentes, máquinas e equipamentos, distribuidores do produto final e outras de atividades

terciárias e de apoio (FENSTERSEIFER; GOMES 1995 apud CORREIA, 2002). Segundo o

Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2008), 85% das indústrias

produtoras de máquinas e equipamentos para calçados estão localizadas no Rio Grande do

Sul. Além disso, este Ministério destaca que a Região Sul emprega mais da metade da mão-

de-obra da indústria de componentes, principalmente devido à concentração de indústrias de

calçados instaladas no Vale do Sinos.

Entre os calçados, o tênis popularizou-se mundialmente quando se fala em

conforto e passou a ser usado por todas as faixas etárias em diversas atividades como escola,

trabalho e lazer. Neste nicho se destaca a procura dos clientes por qualidade. Para atender às

exigências do mercado em relação a design, conforto, matérias-primas e durabilidade foram

necessários investimentos em novas tecnologias e melhoria de processos visando a maior

qualidade e menor preço (CUNHA et al., 2002).

Na década de 90, a indústria calçadista brasileira começou a enfrentar um quadro

desfavorável, que levou ao fechamento de várias fábricas. A redução dos custos de produção

dos calçados italianos e a melhoria da qualidade de calçados chineses sem aumento

expressivo nos custos intensificaram a concorrência internacional. A variação do câmbio e a

dependência das indústrias brasileiras de calçados em relação ao mercado norte-americano

agravaram o quadro desfavorável. Esses fatores somados à baixa utilização dos recursos nas

indústrias levaram a uma redução nos tamanhos médios dos pedidos. Com isso, os custos das

perdas que antes eram diluídos na produção de enormes pedidos de um mesmo produto

passaram a ser percebidos de forma significativa (BNDES, 1998; CUNHA et al., 2002;

FRANCISCHINI; AZEVEDO, 2003; MARION FILHO; LOPES, 2006; TEIXEIRA, 2000

apud DRIEDRICH, 2002).

A partir da crise, empresas de calçados iniciaram uma busca pela melhoria da

eficiência e da produtividade nos seus processos produtivos. Em maio de 2007, foi realizado

um curso de capacitação para empresas do setor calçadista do Vale do Paranhana, no Rio

Grande do Sul, desenvolvido pelo Centro Tecnológico do Calçado do Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (CTCalçado/Senai). Esse curso teve como objetivo expor a

necessidade do setor de “Minimizar as perdas, eliminar o desperdício e os gastos

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desnecessários no processo de produção”, evidenciando a atual importância do tema

(AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS RS, 2007).

O Sistema Toyota de Produção propõem algumas ferramentas com objetivo de

gerar aumento da eficiência na produção. Segundo o STP, a produção torna-se mais eficiente

à medida que atividades desnecessárias, que não agregam valor, consideradas perdas, são

reduzidas ou eliminadas do processo. A eliminação destas atividades possibilita uma redução

no lead time e um aumento da produtividade (SHINGO, 1996a; OHNO, 1997).

Bornia (1995) e Shingo (1996a) afirmam que é indispensável que a empresa

avalie continuamente o desempenho de seus processos e promova correções e ações de

melhoria rapidamente para manter-se competitiva. Segundo SILVA et al. (2003, p.1), o

Sistema Toyota de Produção “tem correspondido com as expectativas das empresas no que

tange à necessidade de tornarem-se competitivas” e tem sido eficaz na eliminação de

desperdícios.

A minimização dos custos de produção, e, por conseqüência, a redução dos preços

dos produtos que a empresa oferece é uma forma de melhorar a competitividade. Mesmo

empresas que definem estratégia de concorrer em um aspecto diferente de preço, como

qualidade, confiabilidade ou rapidez, por exemplo, têm interesse em reduzir seus custos, pois

isso significa acréscimo nos lucros (SLACK et al., 2007). Rentes et al. (2003) afirmam que as

técnicas propostas no STP permitem alcançar essa redução nos preços e, ao mesmo tempo,

manter a qualidade dos produtos.

1.4 MÉTODO DE PESQUISA

1.4.1 Método de pesquisa

A pesquisa é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método

científico de forma a encontrar soluções para problemas. A pesquisa deve ser utilizada quando

não existem informações suficientes para a resolução de problemas ou quando as informações

estão desordenadas impedindo a adequada relação com o problema (GIL, 1999).

O método de pesquisa deste trabalho está baseado nos princípios da pesquisa

participante, pois foi realizado através de aplicação de pesquisa em ambiente empresarial,

com envolvimento cooperativo entre pesquisador e participantes da situação-problema. Neste

método, um problema da organização é pesquisado e, coletivamente, são propostas ações com

objetivo de gerar soluções (GIL, 1999). Segundo Borda (1983) apud Gil (1999) a pesquisa

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participativa é um método que leva em consideração as potencialidades de conhecer e agir e

procura incentivar o desenvolvimento autônomo. A pesquisa participante une pesquisa com

experimentação de soluções em situação real, desta forma ocorre simultaneamente produção e

uso de conhecimento.

Quanto à natureza, este trabalho se enquadra como pesquisa aplicada, pois tem

como característica fundamental o interesse na aplicação prática, buscando gerar

conhecimentos direcionados para a resolução de problemas específicos (GIL, 1999).

Em relação aos objetivos, esta pesquisa apresenta fase exploratória, fase principal,

e fase de avaliação. Na fase exploratória buscam-se informações relativas ao assunto, através

de levantamento bibliográfico e contato entre a pesquisadora e pessoas da empresa para a

detecção de problemas e possibilidades de ação. Na fase principal, o grupo participante

discute as informações obtidas e avalia mais detalhadamente o método de aplicação das

técnicas que serão utilizadas. Na fase de avaliação, os resultados obtidos com o método em

uso são discutidos e o conhecimento gerado nas fases anteriores é apurado e avaliado.

1.4.2 Procedimentos metodológicos

Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, utilizaram-se procedimentos

metodológicos divididos em cinco etapas, descritas em seguida.

Na primeira etapa, formou-se uma equipe de trabalho que se responsabilizou pela

implementação dos procedimentos metodológicos propostos. Antes de iniciar a execução das

atividades, esta equipe recebeu esclarecimentos teóricos da autora do estudo.

A segunda etapa consistiu na escolha de um processo para o desenvolvimento do

estudo. A equipe formada anteriormente selecionou um processo produtivo considerado

crítico para a empresa e determinou os seus limites.

A terceira etapa foi a identificação das perdas que ocorrem no processo produtivo.

Para isso, realizou-se um mapeamento e o entendimento das atividades executadas no

processo selecionado. Além disso, nesta etapa elaborou-se uma matriz para relacionar as

operações do processo com perdas verificadas.

Na quarta etapa, a equipe estabeleceu critérios para a mensuração e priorização

das perdas observadas. Então, foram realizados cálculos de quantificação e, em seguida,

elaborou-se uma matriz para representar os valores das perdas em cada atividade.

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As atividades realizadas na quinta etapa foram: (i) a avaliação das causas

geradoras das perdas, (ii) a elaboração de propostas para reduzir ou eliminar essas perdas e

(iii) a avaliação da viabilidade de implementação dessas propostas.

Além dessas cinco etapas aplicadas, foram propostas outras três etapas para

completar os procedimentos metodológicos.

A próxima etapa, a sexta, teria como objetivo a elaboração de um planejamento de

implementação das ações propostas na quinta etapa. As atividades desta etapa seriam: (i) um

planejamento prévio das ações propostas na etapa 5; (ii) a elaboração de um relatório sobre as

propostas para aprovação pela Direção da empresa, (iii) o planejamento integral das ações.

Na sétima etapa, propõem-se que as ações planejadas na sexta etapa sejam

implementadas e controladas conforme o planejado.

Por fim, na oitava etapa, propõe-se a realização de uma avaliação dos resultados

obtidos com a implementação das propostas de melhoria. Nesta etapa, a mensuração das

perdas deveria ser repetida pela equipe, conforme os indicadores utilizados antes da

implantação das mudanças, e os resultados comparados.

1.5 DELIMITAÇÕES

No presente trabalho, a revisão bibliográfica a respeito do Sistema Toyota de

Produção limita-se a uma discussão sobre conceitos úteis para a compreensão de aspectos

relacionados a perdas nos processos, portanto, não serão detalhadas todas as características

deste sistema produtivo.

Este trabalho propõe uma análise de um processo de fabricação de tênis. Segundo

diferenciação de processos e operações, sugerida por Shingo (1996a) com o Mecanismo da

Função Produção, análises específicas das operações não serão realizadas.

Neste trabalho, são propostas oito etapas de procedimentos metodológicos com

apresentação da aplicação das cinco primeiras em situação real. As três últimas etapas foram

descritas, porém não aplicadas. A aplicação prática do estudo se restringiu a um único

processo da empresa.

Apesar de recomendado por alguns autores, não foi realizada a Análise de Valor

de produtos fabricados no processo estudado, pois, tendo em vista que calçados são produtos

de ciclo de vida curto e o design é um fator essencial, a empresa já realiza a Engenharia de

Valor sistematicamente.

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Em razão da falta de dados de valores monetários, a Matriz de Quantificação

apresenta apenas os custos com mão-de-obra. Custos com outros recursos não puderam ser

quantificados.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho de diplomação está organizado em cinco capítulos. No presente

capítulo são apresentados o tema, os objetivos, as justificativas e delimitações do trabalho.

Além disso, é apresentada uma síntese do método que será utilizado na aplicação da pesquisa-

ação.

No segundo capítulo consta o referencial teórico pertinente ao entendimento do

estudo. O referencial inclui os seguintes assuntos: (i) aspectos principais sobre o Sistema

Toyota de Produção; (ii) conceitos do STP relacionados à identificação, classificação e

eliminação de perdas; (iii) melhorias de processos; (iv) ferramentas úteis para analisar

processos e identificar as causas das perdas; (v) medição e avaliação de desempenho de

processos e (vi) um método de identificação e redução de perdas já aplicado por outro autor.

O terceiro capítulo apresenta uma proposta estruturada para a aplicação prática do

estudo. Primeiramente, o cenário – empresa e processo – onde o trabalho será aplicado é

descrito. Em seguida, os procedimentos metodológicos são apresentados.

No quarto capítulo são expostos e discutidos os resultados da aplicação dos

procedimentos metodológicos. As discussões dos resultados obtidos são feitas com base no

referencial teórico.

O quinto capítulo apresenta as conclusões do trabalho desenvolvido e sugestões

para estudos futuros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, descrevem-se os principais conceitos necessários para o

entendimento do estudo. Inicialmente, apresentam-se as origens e as características principais

do Sistema Toyota e Produção, além de uma descrição dos sete tipos de perdas que este

sistema propõe. Em seguida, apresentam-se conceitos sobre melhorias de processos e

abordam-se formas de análise e medição de desempenho de processos. Por fim, apresenta-se

uma metodologia para a identificação e priorização das perdas proposta por Kayser (2001).

2.1 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

2.1.1 Origens do Sistema Toyota de Produção

Em 1973, com a primeira crise do petróleo, muitas empresas não sobreviveram e

outras, que resistiram, tiveram taxas de crescimento muito baixas ou não cresceram. Em meio

a esse cenário, a Toyota Motor Co., empresa automobilística japonesa, destacou-se por

conseguir manter sua alta performance (OHNO, 1997; SANTOS, 2003; DINIZ; TÁVORA

JR., 2004).

O melhor desempenho da Toyota estava relacionado aos novos conceitos de

produção que começaram a ser desenvolvidos no fim da Segunda Guerra Mundial para

enfrentar a crise e a concorrência com as empresas americanas e européias já estabelecidas. O

sistema de produção em massa, de Henry Ford, não funcionaria bem no Japão então a Toyota

buscava inovações organizacionais com a preocupação de produzir eficientemente uma

grande variedade de modelos para um pequeno mercado. Diante desta realidade, surge o

Sistema Toyota de Produção, hoje também chamado de Produção Enxuta, com o objetivo

principal de aumentar a eficiência da produção através da eliminação consistente e total de

desperdícios (SANTOS, 2003; FERRO, 1990; WOOD JR.,1992; OHNO, 1997; ELIAS;

MAGALHÃES, 2003).

Apesar da concepção e da implementação deste sistema de produção ter ocorrido

desde a segunda metade da década de 40 pela Toyota Motor Co., foi somente na década de 70

com a crise econômica, originada da crise do petróleo, que outras empresas japonesas

iniciaram a reproduzir o sistema. Este sistema ganhou força por sua flexibilidade, capacidade

de enfrentar as diversas exigências do mercado (OHNO, 1997).

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18

2.1.2 Características do STP

O Sistema Toyota de Produção é um sistema de produção que tem por objetivo

melhorar a competitividade da empresa através do aumento da produtividade gerado pela

eliminação total e sistemática dos desperdícios (SHINGO, 1996a).

Shingo (1996a) afirma que o STP apresenta as seguintes características principais:

(i) a minimização de custos através da eliminação total de desperdícios como princípio

fundamental para a sobrevivência da empresa; (ii) a produção contrapedido, através da

eliminação da superprodução e da redução dos tamanhos dos lotes, como a melhor forma de

atender à demanda; (iii) o método Kanban para controlar o processo e alcançar flexibilidade;

(iv) a utilização de máquinas independentes de trabalhadores para reduzir o custo de mão-de-

obra e (v) a derrubada de crenças comumente aceitas através da investigação das origens da

produção convencional.

Estas características principais do Sistema Toyota de Produção citadas por Shingo

(1996a) podem ser melhor compreendidas pela descrição dos pilares e princípios básicos do

sistema. O STP é sustentado por dois pilares fundamentais: o just-in-time e a autonomação

(OHNO, 1997; GHINATO, 1994) e baseia-se em três princípios básicos: (i) o Mecanismo da

Função Produção; (ii) o princípio do não-custo e (iii) análise das perdas nos sistemas

produtivos (DIEDRICH, 2002; FALCÃO, 2001).

2.1.2.1 Just-in-time

Just-in-time é uma expressão que significa “no momento certo”, “oportuno”. Esta

expressão tornou-se o conceito utilizado com o sentido de produzir exatamente o que é

necessário na quantidade e no momento necessário, não antes disto (SHINGO, 1996a; idem

1996b; OHNO, 1997). A regra mais importante do just-in-time é o processo subseqüente

buscar recursos no processo anterior e, assim, produzir apenas os itens que as atividades finais

necessitam. Para isso, o processo é observado do fim para o início. Este fato justifica o just-in-

time ser chamado de “sistema puxado” (SHINGO, 1996a; DIEDRICH, 2002; OHNO, 1997;

CUNHA et al., 2002; FERRO, 1990).

O conceito de just-in-time foi desenvolvido projetando-se a utilização de estoques

mínimos (sendo ideal o estoque zero), tanto de matéria-prima, como de produto intermediário

e também de bens acabados (DINIZ; TÁVORA JR., 2004). No Sistema Toyota de Produção

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19

os estoques são considerados desperdício e não um ‘mal necessário em nome da segurança’,

como admitido por muitos gerentes. Para evitar que estes estoques fossem formados, a Toyota

adotou a produção contrapedido, ou seja, a produção baseada em pedidos confirmados. Uma

produção contrapedidos exige que a empresa tenha flexibilidade; isto significa produzir maior

diversidade, em pequenos lotes e em ciclos de produção muito curtos. O just-in-time,

associado a outras medidas, como a troca rápida de ferramentas, por exemplo, possibilita essa

flexibilidade (SHINGO, 1996a; idem 1996b).

Para atingir o just-in-time e possibilitar o funcionamento de todo o Sistema

Toyota de Produção, Taiichi Onho, ex-presidente da Toyota Motor Co., desenvolveu o

kanban – um método de controle visual que facilita o fluxo de comunicação entre processos –

inspirado nos supermercados americanos, nos quais as prateleiras eram sistematicamente

reabastecidas à medida em que eram esvaziadas. O kanban une a linha de montagem às

operações de suprimento através de marcadores (cartões, símbolos, placas ou outros

dispositivos) que operam um “sistema puxado” de controle de materiais ou componentes.

Esses marcadores informam visualmente a necessidade de mais componentes no processo

subseqüente e assim habilitam o processo anterior a produzir, de forma que os componentes

estejam prontos a tempo. Através do kanban, o transporte, a produção ou o fornecimento são

autorizados. O kanban promove a identificação rápida de desperdícios e fornece informações

sobre quantidades e momentos de coleta ou transporte de peças (OHNO, 1997; SHINGO,

1996a; CUNHA et al., 2002; SCHROEDER, 1992 apud RIVERA; LÉON, 2003).

2.1.2.2 Autonomação

A autonomação não deve ser confundida com a simples automação. A automação

é unicamente a mecanização da operação enquanto a autonomação, ou automação com toque

humano, confere também uma inteligência humana à máquina. Este “toque humano” significa

que a máquina tem em si um dispositivo de parada automática que é acionado sempre que

ocorre a fabricação de um produto com defeito. Assim, depois de ligada, a máquina funciona

sozinha, isto é, sem necessidade de um operador estar controlando ou monitorando. A atenção

humana é necessária apenas para a resolução de problemas quando a máquina pára (SHINGO,

1996a; OHNO, 1997).

A idéia da autonomação surgiu quando Sakichi Toyoda, fundador da Toyota

Motor Co., inventou uma máquina de tecer auto-ativada, que parava automaticamente sempre

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que a quantidade programada de tecidos fosse alcançada ou quando os fios da malha se

rompessem (OHNO, 1997; GHINATO, 1996).

A autonomação juntamente com uma diferenciação no arranjo físico do setor

produtivo permitiu a multifuncionalidade, ou seja, um trabalhador responsável por mais de

uma máquina simultaneamente (SHINGO, 1996a; OHNO, 1997). A multifuncionalidade traz

duas vantagens: ela melhora o fluxo dos processos e eleva a produtividade do trabalhador. A

produtividade pode ser aumentada em dois aspectos com a utilização da multifuncionalidade.

O primeiro aspecto é que ela absorve diferenças nos tempos de processamento entre

processos. O segundo aspecto é que ela elimina a estocagem temporária entre processos

(SHINGO, 1996a). A autonomação também possibilitou ao Sistema Toyota de Produção

atingir redução dos custos gerados pela perda por espera do trabalhador (GHINATO, 1996).

2.1.2.3 Mecanismo da Função Produção

Para Shingo (1996a; idem, 1996b), uma questão fundamental no estudo do

Sistema Toyota de Produção é entender a produção como uma rede de processos e operações,

ou seja, entender o Mecanismo da Função Produção. Este princípio mudou a visão de que o

processo é um conjunto de operações ao diferenciar o fluxo de objetos da produção (Função

Processo) do fluxo de agentes da produção (Função Operação). Na visão tradicional a

melhoria de operações isoladas levaria à melhoria do processo como um todo. A partir do

Mecanismo da Função Produção observa-se que o processo pode ser melhorado sem decorrer

necessariamente de melhorias nas operações (FALCÃO, 2001; SHINGO, 1996a). Ghinato

(1996) afirma que o Mecanismo da Função Produção é essencial para a introdução de

melhorias em um sistema produtivo.

Shingo (1996a; idem, 1996b) diferencia processos de operações da seguinte

forma:

Processo é o fluxo de material no tempo e no espaço; diz respeito aos estágios da

matéria-prima até o produto acabado, no fluxo de um trabalhador para o outro.

Operação refere-se ao fluxo do trabalho realizado para efetivar as transformações

do material; é o estágio em que um trabalhador ou uma máquina executa um

trabalho sobre os materiais e pode lidar com diferentes produtos.

A Figura 1 apresenta a estrutura da produção em rede proposta por Shingo, com

os processos ocorrendo na direção vertical e as operações ocorrendo na direção horizontal.

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Figura 1: A estrutura da produçãoFonte: Shingo (1996a, p. 38)

O Mecanismo da Função Produção permite analisar a produção como uma

combinação de fluxos de materiais, pessoas, equipamentos e dispositivos no tempo e no

espaço (SHINGO, 1996a; DIEDRICH, 2002; FALCÃO, 2001). A geração de melhorias deve

ocorrer primeiro através da análise dos processos, até que todas as oportunidades tenham sido

esgotadas, e depois pela análise das operações. Desta forma, evita-se de gastar tempo

melhorando uma operação que pode ser parte de um processo desnecessário e que será

eliminado posteriormente (GHINATO, 1994; idem, 1996; SHINGO, 1996a; DIEDRICH,

2002).

2.1.2.4 O Princípio do não-custo

O princípio do não-custo modificou a perspectiva do lucro da empresa. Antes, a

empresa determinava o lucro pretendido que era somado aos custos para resultar no preço de

venda dos produtos. Assim, o preço de venda era imposto ao mercado. Com o aumento da

concorrência, a lógica se inverte e o Sistema Toyota de Produção propõe este novo princípio.

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O lucro passa a depender do preço de venda, que é determinado pelo mercado e não mais pela

empresa (DINIZ; TÁVORA JR., 2004; SHINGO, 1996a; idem, 1996b; SILVA, 2002).

Com isso, a equação que era:

Custo + Lucro = Preço de venda (Equação 1)

passou a ser:

Preço de venda – Custo = Lucro (Equação 2)

Desta forma, o lucro só pode ser controlado pela redução dos custos. No Sistema

Toyota de Produção a redução dos custos é alcançada pela eliminação das perdas (OHNO,

1997; SHINGO, 1996a). Quando o lucro era calculado pela primeira equação, os fabricantes

repassavam os custos das perdas aos consumidores e não se preocupavam em melhorar a

eficiência de seus processos. Na segunda equação, com a impossibilidade de definir o preço

de venda, os custos não podem ser repassados aos consumidores e isso determina uma

redução do lucro, a não ser que os custos sejam reduzidos (OHNO, 1997; DINIZ; TÁVORA

JR., 2004; DIEHL, 2005).

Segundo Ohno (1997), para reduzir custos é necessário desenvolver a habilidade

humana, melhorar a criatividade e a operosidade, ampliando sua capacidade de utilizar de

melhor forma instalações e máquinas e sua capacidade de eliminar desperdícios.

2.1.2.5 Análise das perdas no sistema produtivo

Os movimentos dos trabalhadores em um sistema produtivo podem ser

desdobrados em trabalho e perdas. O trabalho (operação) representa as atividades que levam o

processo a alcançar seu fim, podendo adicionar valor ou não adicionar valor. O trabalho que

adiciona valor, ou trabalho efetivo, é aquele que transforma a matéria-prima modificando sua

forma ou a qualidade; é algum tipo de processamento. O trabalho que não adiciona valor é

representado pelas atividades que não provém valor ao produto, porém são necessárias para

dar suporte ao trabalho efetivo; são atividades que apóiam o processamento. As perdas são

elementos da produção – materiais e produtos defeituosos, atividades não produtivas ou

excesso de pessoas, equipamentos e materiais – desnecessários, que geram custos e não

agregam valor, por isso devem ser eliminadas. O Sistema Toyota de Produção prega a

constante busca pela eliminação das perdas e minimização dos trabalhos que não agregam

valor (SHINGO, 1996a; OHNO, 1997; GHINATO, 1994; BORNIA, 1995; FALCÃO, 2001;

ANZANELLO et al., 2003).

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Os componentes do movimento dos trabalhadores são esquematizados na Figura

2.

Figura 2: Componentes do movimento dos trabalhadoresFonte: Ohno (1997, p. 74)

Ohno (1997) afirma que os seguintes pontos são importantes para a compreensão

das perdas: (i) só existe sentido em aumentar a eficiência quando se busca redução de custos

e, para isso, deve-se produzir apenas o necessário utilizando a mínima mão-de-obra; (ii) a

eficiência deve ser melhorada em cada etapa da produção e, ao mesmo tempo, para a fábrica

como um todo.

Para apoiar o processo sistemático de identificação e redução de perdas do

Sistema Toyota de Produção, Ohno e Shingo sugerem sete classes de perda: (1)

superprodução; (2) espera; (3) transporte; (4) processamento em si; (5) estoque; (6)

desperdício nos movimentos e (7) fabricação de produtos defeituosos (GHINATO, 1994;

idem, 1996; OHNO, 1997; SHINGO, 1996a). Essas classes são descritas na próxima seção.

2.1.3 As sete perdas segundo o STP

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Nesta seção, são detalhadas as sete perdas, citadas anteriormente, identificadas

pelo Sistema Toyota de Produção.

Perda por superprodução

A perda por superprodução ocorre quando a empresa produz em quantidade maior

que a necessária ou antecipadamente (antes do momento necessário). Desta forma, gera-se

excesso de inventário (SHINGO, 1996a). Além disto, a capacidade pode estar sendo

consumida na produção de recursos não necessários enquanto atrasos podem ser gerados na

fabricação de outros produtos que não dispõem desta capacidade. Na maioria das vezes a

superprodução é gerada para “compensar” a produção de produtos defeituosos ou para gerar

estoques que dão sensação de segurança aos gerentes (ANTUNES JÚNIOR; KLIPPEL,

2002). Segundo Ohno (1997), a perda por superprodução é a mais crítica, pois esconde outros

desperdícios.

Bornia (1995) afirma que para eliminar este tipo de perda é necessário promover

melhorias nos processos, de modo a conseguir um fluxo contínuo de materiais e redução nos

tempos de preparação de equipamentos para permitir a produção de lotes menores. De forma

semelhante, Antunes Júnior (1994) afirma que esta perda pode ser eliminada através de

melhorias no processo de estocagem – com sincronização entre processos, produção em

pequenos lotes e aprimoramento do layout – e de melhorias nas operações – pela maior

rapidez na preparação de máquinas e ajustes e redução do lead time.

Perdas por espera

A espera é a perda dos períodos de ociosidade de pessoas, materiais ou

informações. Esta perda faz com que o lead time fique mais longo e aumenta os estoques de

materiais, produtos e trabalho em andamento (NAZARENO et al., 2001; WOMACK;

JONES, 1998; SHINGO, 1996b). Perdas por espera ocorrem, por exemplo, enquanto o setup

de uma máquina está sendo realizado, quando uma máquina quebra, quando falta matéria-

prima ou quando existe falta de sincronismo na produção (ANTUNES JÚNIOR; KLIPPEL,

2002; DEON, 2001).

Do ponto de vista da operação, este tipo de perda pode ocorrer por espera dos

trabalhadores ou por espera de máquinas. Do ponto de vista do processo, a perda pode ocorrer

por espera pelo lote ou por espera pelo processo (DIEDRICH, 2002). As espera por processo

podem ser necessárias ou desnecessárias à estabilização de um processo e podem ser causadas

por capacidade excedente ou pela programação de produção (SHINGO, 1996b).

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Para minimizar as esperas nos processos, é necessário reduzir tempos de

preparação de máquinas, balancear a produção e melhorar a confiabilidade do sistema para

reduzir falhas não previstas (BORNIA, 1995).

Perdas por transporte

A perda por transporte se dá pela movimentação excessiva de pessoas, materiais

ou informações. O transporte, apesar de aumentar os custos, nunca agrega valor ao produto,

pois o material não se altera do início ao fim da atividade. Em geral, o transporte representa

45% do tempo de fabricação de um item. Por esse motivo, a eliminação desta perda pode ser

vista como uma prioridade (NAZARENO et al., 2001; WOMACK; JONES, 1998;

DIEDRICH, 2002; GHINATO, 1994; ANTUNES JÚNIOR; KLIPPEL, 2002).

A redução da perda com transporte depende da reorganização do espaço físico da

fábrica. Deve-se buscar minimizar ou eliminar necessidades de movimentação de materiais

através de modificações no layout. Quando esgotadas as possibilidades de melhoria do

processo a atenção pode voltar-se para a melhoria das operações, como aplicação de esteiras

rolantes, braços mecânicos, etc. (SHINGO, 1996a; idem 1996b; BORNIA, 1995).

Perdas no processamento em si

As perdas no processamento propriamente dito referem-se aos processos

realizados inadequadamente, pela execução de atividades desnecessárias ou pelo uso de

ferramentas, sistemas ou procedimentos errados. Mesmo que uma atividade seja realizada

eficientemente ela será uma perda se for desnecessária para dar as características básicas de

qualidade ao produto (KAISER, 2001; NAZARENO et al., 2001; WOMACK; JONES, 1998;

BORNIA, 1995).

Para localizar este tipo de perda, Shingo (1996a, p. 41) propõe que sejam feitos os

seguintes questionamentos: “Como este produto pode ser redesenhado para manter a

qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir custos?” e “ Como a fabricação deste produto pode ser

melhorada?”. De forma muito semelhante, Antunes Júnior (1994, p. 23) propõe as questões:

“Por que este tipo de produto específico deve ser produzido?” e “Por que este método deve

ser utilizado neste tipo de processamento?”. Ambos os autores afirmam que estas questões

podem ser respondidas com as lógicas da Engenharia de Valor e da Análise de Valor.

Segundo Shingo (1996a), o primeiro estágio na melhoria de processo é a

Engenharia de Valor, ou seja, a tentativa de redesenhar o produto mantendo a qualidade mas

reduzindo custos. O segundo estágio é a busca pela melhoria da fabricação do produto através

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da avaliação e seleção de tecnologias, ferramentas e procedimentos de fabricação. Bornia

(1995) também garante que os processos podem ser melhorados através da técnica de Análise

de Valor do produto e do processo.

Perda por estoque

O Sistema Toyota de Produção considera os estoques a origem de todos os

problemas (SHINGO 1996b). Ohno (1997) afirma que o estoque em excesso é o maior

desperdício de todos. Segundo ele, este desperdício determina a necessidade de muitos

recursos, como, por exemplo, um depósito, pessoas para realizar a manutenção e carrinhos de

transporte. O estoque em excesso causa falta de informações, dificulta a manutenção e o

armazenamento (SHINGO, 1996b). Além disso, o estoque gera custos financeiros para sua

manutenção, custos pela obsolescência dos produtos e custos de oportunidade de mercado

perdidas para concorrência que tiver menor lead time (BORNIA, 1995). Goldratt e Fox (1991)

afirmam que níveis mais baixos de estoques possibilitam previsões de demanda mais precisas

e lead time menores.

A perda por estoque é gerada pelo excesso de matérias-primas, materiais em

processo e produtos acabados acumulados (DIEDRICH, 2002). Os estoques intermediários

são formados: (i) por desbalanceamento de quantidades e falta de sincronização entre

processos; (ii) pela falta de confiabilidade nos processos – estoques são usados para prevenir

que quebras de máquina ou refugos atrasem os processos; (iii) para dar segurança aos gerentes

– garantir atendimento dos prazos de entrega, amortecer erros de programação, etc. – ou (iv)

por tempos de setup altos – lotes são maiores para compensar as esperas enquanto o setup é

realizado (SHINGO, 1996a). Logo, para eliminar ou reduzir estoques é necessário atacar estas

causas. Goldratt e Fox (1991) afirmam que a manufatura sincronizada é a chave para a

redução dos estoques.

Perda por desperdício de movimentos

O desperdício de movimentos está relacionado aos movimentos desnecessários

realizados pelos trabalhadores durante a execução de atividades principais em máquinas ou na

linha de montagem (SHINGO, 1996; KAYSER, 2001; GHINATO, 1994; ANTUNES

JÚNIOR, 1994). Este tipo de perda ocorre pela desorganização do ambiente de trabalho e pela

falta do conhecimento de padrões de operação. Portanto, o arranjo de peças no ambiente de

trabalho e a elaboração de procedimentos operacionais são necessários para eliminar esta

perda. Depois de esgotadas as possibilidades de reduzir os movimentos humanos, pode-se

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considerar outro modo de eliminar alguns movimentos: a mecanização. Exemplos de

movimentos que podem ser mecanizados são a fixação e a remoção de peças (NAZARENO et

al., 2001; WOMACK; JONES, 1998; SHINGO, 1996; GHINATO, 1994; BORNIA, 1995;

KAYSER, 2001). Segundo Schonberger (1983) apud Kayser (2001), movimentos podem ser

reduzidos e o trabalho tornar-se menos cansativo através da disposição e identificação exata

de peças para os montadores.

Perda pela fabricação de produtos defeituosos

Esta perda refere-se à fabricação de produtos não-conformes, isto é, produtos que

não atendem os requisitos de qualidade especificados pelo projeto e assim não satisfazem os

requisitos de uso (DIEDRICH, 2002; KAYSER, 2001). A perda por fabricação de produtos

defeituosos é mais comum e visível entre as sete classes identificadas pelo Sistema Toyota de

Produção e é a que causa maior impacto ao cliente (GHINATO, 1994; DIEDRICH, 2002).

Segundo Bornia (1995), a minimização desta perda depende da confiabilidade do

processo e da rápida detecção e solução de problemas. Shingo (1996a) afirma que esta perda

pode ser eliminada através da inspeção para prevenir defeitos. Ele observa que as inspeções

devem ser feitas de modo que, quando defeitos ocorrem, medidas sejam tomadas para impedir

a recorrência. Por outro lado, a inspeção realizada no final, que distingue produtos defeituosos

de não-defeituosos não tem efeito na redução das não-conformidades (SHINGO, 1996a).

Neste contexto, o objetivo da não produção de defeituosos pode ser alcançado através da

instalação de dispositivos Poka-Yoke, que possibilitam a inspeção 100% e proporcionam

feedback instantâneo para promover a solução de problemas (KAYSER, 2001).

Os dispositivos Poka-Yoke são mecanismos de detecção de anormalidades criados

para impedir a execução de atividades de forma irregular. Estes dispositivos são acoplados a

operações para bloquear a ocorrência de erros e apontar ao operador ou à máquina a maneira

adequada de realizar uma determinada operação (GHINATO, 1996).

2.2 MELHORIAS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS

2.2.1 Processo

Hronec (1994) afirma que processo é uma série de atividades que consomem

recursos e produzem um bem ou serviço. Harrington (1993) define processo como qualquer

atividade realizada para gerar resultados concretos, que agregue valor a uma entrada (input)

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gerando uma saída (output) para um cliente interno ou externo, através do uso de recursos da

organização. Segundo Kintschner e Breschiani Filho (2005), processos são formados por

entradas, saídas, tempo, espaço, ordenação, objetivos e valores que resultam em uma estrutura

para fornecer serviços e produtos aos clientes.

Para Shingo (1996a; idem, 1996b), conforme descrito anteriormente, processo é

uma cadeia de eventos através da qual matéria-prima é transformada em produto acabado, por

meio de um fluxo entre trabalhadores. Shingo (1996a; idem, 1996b) afirma que o processo

pode ser dividido nos seguintes elementos:

Processamento: mudança física no material.

Inspeção: comparação com padrão pré-estabelecido. Existem três formas de

inspeção. Inspeção por julgamento: distinção entre produtos defeituosos e

produtos não-defeituosos. Inspeção informativa: a informação sobre um defeito

é transmitida à operação onde podem ser executadas ações corretivas. Este tipo

é capaz de reduzir defeitos, mas não de eliminar. Inspeção na fonte: inspeção

do tipo zero defeitos; detecta a causa ao invés de detectar os resultados, assim,

é capaz de evitar a produção de defeitos.

Transporte: movimentação; mudança de posição física de materiais ou produto.

Espera: é o estado no qual não ocorre processamento, inspeção ou transporte.

A espera pode ser: espera do processo ou espera do lote. Espera do processo:

período em que um lote inteiro aguarda o lote precedente ser processado,

inspecionado ou transportado. Causada por má sincronização. Espera do lote:

período em que as peças de um lote aguardam para ser processadas ou

aguardam o restante do lote ser produzido. Esta espera também pode ocorrer

durante a inspeção ou durante o transporte.

Para estudar e melhorar um processo, Harrington (1993) afirma que inicialmente é

necessário identificar os limites do processo, ou seja, onde o processo começa e onde o

processo termina. Segundo este autor, a definição dos limites do processo permite determinar

quem está envolvido e quais atividades ocorrem no processo.

2.2.2 Gerenciamento e melhorias de processos

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Rummler e Brache (1994) definem o gerenciamento de processos como um

conjunto de técnicas utilizadas para garantir que os processos-chave de uma empresa sejam

monitorados e melhorados continuamente. O gerenciamento dos processos com o objetivo de

melhorá-los é muito importante, pois, segundo Keen (1997) apud Gonçalves (2000b), os

processos são as fontes das competências específicas da empresa que influenciam na sua

concorrência, estratégia e estrutura. Rummler e Brache (1994) afirmam que a eficiência do

processo é uma das principais variáveis na realização dos objetivos da organização.

Uma gestão que foca o processo como um fluxo horizontal de valor para os

clientes expõe os desperdícios e descasamentos entre o que a organização deseja fazer e o que

o cliente realmente quer (WOMACK, 2008).

Costa et al. (1997) afirmam que uma metodologia de gerenciamento de processos

permite avaliar as atividades do processo produtivo que influenciam no desempenho do

produto no mercado. Desta forma, a empresa, à medida que entende os desejos dos

consumidores, pode manter-se sintonizada com o mercado. Além disso, o gerenciamento de

processos conduz ao aumento da qualidade e da produtividade (COSTA et al., 1997).

No Japão, por exemplo, o gerenciamento de processos permitiu que muitas

empresas desenvolvessem processos mais rápidos e eficientes em áreas chave

(GONÇALVES, 2000a). Além disso, os resultados dessas empresas japonesas que investiram

mais em inovação de processos foram muito superiores aos resultados da empresas

americanas que investiram uma parcela maior dos seus recursos em inovações de produtos

(GONÇALVES, 2000b).

Segundo Harrington (1993), todos os processos bem gerenciados têm as seguintes

características: alguém é responsável pelo desempenho do processo; o processo tem limites,

interações internas e responsabilidades bem definidas; existem procedimentos, tarefas e

especificações de treinamento documentadas; sistemas de controle e feedback próximos ao

local de execução da atividade; controles e metas orientados para as exigências do cliente;

prazos de execução conhecidos; disposição de procedimentos para mudança formalizados e

certeza de quanto podem ser bons.

2.2.3 Análise de processos

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30

Antes de iniciar a análise de processos, é necessário selecionar quais processos

serão analisados. A seleção pode priorizar os processos críticos, isto é, os processos que

impactam sobre a competitividade o sucesso estratégico da organização (MÜLLER, 2003). A

filtragem dos processos críticos permite que todos na empresa se mantenham focalizados

naquilo que é verdadeiramente importante para sobrevivência da organização (HRONEC,

1994).

Para Costa et al. (1997), a análise do processo é o entendimento do processo

produtivo, que considera o seu consumidor em termos de custo e valor agregado. Na análise

do processo o foco deve ser a transformação da matéria-prima em produto acabado

(DIEDRICH, 2002).

Segundo Ghinato (1994), a análise do processo permite uma percepção clara da

existência de cada um dos fenômenos que compõem o processo: transporte, inspeção,

processamento e espera. Destes fenômenos apenas o processamento em si agrega valor ao

produto. “Do ponto de vista da função processo é interessante eliminar ou reduzir tudo o que

não seja essencialmente processamento” (GHINATO, 1994, p. 83).

As técnicas sugeridas pelo Sistema Toyota de Produção para analisar processos

são a Análise de Valor, o Fluxograma do Processo e o método dos Cinco Porquês (ou 5W1H)

(OHNO, 1997; DIEDRICH, 2002; SHINGO, 1996a). Além dessas técnicas, o Diagrama de

Causa e Efeito também é uma ferramenta importante para a melhoria de processos.

2.2.3.1 Análise de Valor

A Análise de Valor foi sistematizada, no final da década de 40, pelo norte-

americano Lawrence D. Miles, que na época era engenheiro do Departamento de Compras da

General Electric Co.. Miles publicou um trabalho que apresentava um exame do valor global

de um produto na busca de alternativas de menor custo, mantendo as características de

desempenho requeridas pelo usuário e identificando desperdícios, através de uma análise das

funções do produto. Os conceitos desenvolvidos por este engenheiro originaram-se na

seguinte questão: “Como fazer para encontrar materiais mais baratos que apresentem a mesma

função daqueles atualmente utilizados?” (BUZZATO, 1995; PANDOLFO et al., 2007).

A Análise de Valor caracteriza-se como sendo um exame minucioso do valor das

funções de um produto, serviço ou processo. O valor se refere ao grau de aceitação pelos

clientes. A função se refere à característica de um produto ou serviço que atinge as

necessidades e desejos do consumidor; refere-se à finalidade; é a atividade que o produto,

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31

serviço ou processo executa. As funções de um produto são diferenciadas em: função de uso

ou de estima; função básica ou secundária; função necessária ou desnecessária (CSILLAG,

1995; DIEDRICH, 2002).

A utilização da técnica de Análise do Valor permite diferenciar as atividades que

agregam valor daquelas que não agregam valor. Do ponto de vista do cliente, o produtor

existe para criar valor (WOMACK; JONES, 1996). Assim, a criação de valor é o objetivo a

ser perseguido pelas empresas por meio de estratégias e suas áreas funcionais, destacando-se a

área operacional (GARTNER; GARCIA, 2005).

A questão da Análise de Valor pode ser realizada sob dois aspectos diferentes:

pode ter foco no consumidor ou foco no produtor. Segundo Santos (1992), o foco no

consumidor é mais complexo, pois é necessário compreender conceitos sobre

macroeconomia, microeconomia, psicologia do consumidor e sociologia. Por outro lado, a

Análise de Valor com foco no produtor trabalha os conceitos de “valor” e “função”

especificamente para o empresário. O valor que o produtor atribui aos produtos que fabrica

deve partir da equação (SANTOS; 1992):

VALOR = FUNÇÃO/CUSTO (Equação3)

O Sistema Toyota de Produção busca criar valor do ponto de vista do cliente com

o menor custo possível para o produtor, pois quanto maior a percepção de valor pelo cliente e

menor o custo, maior será a lucratividade da empresa (ZAWISLAK et al., 2004).

A técnica de Análise de Valor (AV) ou Engenharia de Valor (EV) pode ser

aplicada em todas as fases do ciclo de vida de um produto, sendo que é chamada de Análise

de Valor quando é utilizada para produtos já existentes, em fase de produção e é chamada de

Engenharia do Valor quando é utilizada para projetos e produtos em fase de desenvolvimento

(LUIS; ROZENFELD, 2008).

O conteúdo básico para a aplicação da AV/EV envolve o estabelecimento das

funções, a avaliação da função por comparação e o desenvolvimento de alternativas para o

valor (LUIS; ROZENFELD, 2008). A aplicação desta técnica pode ser realizada através da

seguinte seqüência de fases do plano de trabalho: (i) Fase preparatória ou Fase de Orientação;

(ii) Fase de informação; (iii) Fase criativa; (iv) Fase de planejamento do programa; (v) Fase

de execução do programa; (vi) Fase de resumo e conclusões (BUZZATO, 1995; MILES, 1962

apud DIEDRICH, 2002; LUIS; ROZENFELD, 2008).

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32

2.2.3.2 Fluxogramas de processos

Os fluxogramas de processos são representações gráficas das atividades que

constituem um processo (HARRINGTON, 1993). São desenhos do fluxo do processo que

incluem as etapas de transformação da matéria-prima desde a armazenagem inicial até a

armazenagem final do produto acabado pronto para ser enviado ao cliente (DIEDRICH,

2002).

Os fluxogramas de processos mostram como os elementos de um processo se

relacionam (HARRINGTON, 1993). São úteis na compreensão detalhada das partes do

processo onde algum fluxo ocorre, pois registram estágios na passagem de informação,

produtos, trabalho ou consumidores. Esta ferramenta possibilita a percepção de oportunidades

de melhorias e esclarece a forma de trabalhar de uma operação (SLACK et al., 2007). Outro

benefício dos fluxogramas é que facilitam as comunicações entre áreas problemáticas, pois

esclarecem processos complexos (HARRINGTON, 1993).

Os fluxogramas identificam diferentes atividades que ocorrem em um processo.

Os mais simples utilizam basicamente símbolos de ação (retângulos) e de decisão (losangos).

Outros, mais completos, utilizam símbolos que identificam diferentes tipos de atividades,

como, por exemplo, os Diagramas de Fluxo de Processo, também chamados de Mapas de

Processos (SLACK et al., 2007). Nas Figuras 3 e 4 é possível observar símbolos utilizados em

Mapas de Processo para descrever os diferentes fenômenos que ocorrem nos processos. A

Figura 3 mostra símbolos mais utilizados atualmente, propostos por Slack et al. (2007),

enquanto a Figura 4 apresenta os símbolos originalmente propostos por Shingo.

Figura 3: Símbolos para diagrama de fluxo de processoFonte: Slack et al. (2007, p. 152)

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33

Figura 4: Simbologia dos fenômenos do processoFonte: Shingo (1981) apud Ghinato (1996, p. 67)

O objetivo fundamental dos Mapas de Processos é criar uma base comum de foco

de comunicação e compreensão do processo (HRONEC, 1994). Hronec (1994) afirma que o

mapeamento de processos é a principal ferramenta para entender os processos e que auxilia a

visualização de onde e como melhorar, pois possibilita a identificação de onde e porque os

recursos são consumidos. Segundo este autor, o mapeamento de processos requer as seguintes

atividades: (i) identificar o produto/serviço e os processos relacionados; (ii) documentar o

processo por meio de entrevistas e conversações que revelem suas atividades, (iii) transferir as

informações para uma representação visual.

2.2.3.3 Cinco Porquês – 5W1H

Diante da ocorrência de um problema, o Sistema Toyota de Produção sugere a

utilização de um método que consiste em questionar cinco vezes “por que”. Isso não significa

apenas repetir a mesma pergunta, mas questionar hierarquicamente, de forma que cada

resposta gere a próxima pergunta (DIEDRICH, 2002). Ohno (1997) afirma que este método é

útil para identificar a raiz do problema e ajuda a corrigi-lo.

Segundo Shingo (1996a), as causas dos problemas são encontradas quando

perguntamos “por que” cinco vezes ou mais, respondendo as questões do método 5W1H:

“quem” (sujeito da produção), “o quê” (objetos da produção), “onde” (espaço), “quando”

(tempo), “por quê” (a causa para cada uma das perguntas acima) e “como” (métodos).

Esta sistemática pode e deve ser utilizada na análise do processo, ou seja, as

perguntas devem ser realizadas em cada etapa do processo (processamento, inspeção,

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34

transporte e espera). Apesar de o método parecer de fácil aplicação muitas vezes as perguntas

são repetidas apenas uma ou duas vezes, assim a raiz do problema não é encontrada e a

solução é apenas temporária (DIEDRICH, 2002; OHNO, 1997).

Em um exemplo da aplicação do método, Ohno (1997) sugere as seguintes

perguntas para solucionar o problema de uma máquina que parou de funcionar:

1 – Por que a máquina parou? Porque houve sobrecarga e o fusível

queimou.

2 – Por que houve uma sobrecarga? Porque o mancal não estava

suficientemente lubrificado.

3 – Por que não estava suficientemente lubrificado? Porque a bomba

de lubrificação não estava bombeando suficientemente.

4 – Por que não estava bombeando suficientemente? Por que o eixo da

bomba estava gasto e vibrando.

5 – Por que o eixo estava gasto? Porque não havia uma tela acoplada e

entrava limalha.

Neste exemplo, se o método não tivesse sido utilizado é provável que a solução

proposta tivesse sido a troca do fusível e assim o problema provavelmente reapareceria em

pouco tempo. A busca completa pela identificação das causas permite direcionar corretamente

os esforços para solucionar os problemas, caso contrário as ações podem ficar desfocadas.

Essa é a base científica da solução de problemas e eliminação de perdas do STP (ONHO,

1997; DIEDRICH, 2002).

2.2.3.4 Diagrama de Causa e Efeito

O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa

ou Diagrama de Espinha de Peixe, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa na Universidade de

Tokyo em 1943. Assim como método dos 5 porquês, o Diagrama de Causa e Efeito é um

método de identificação de causas de perdas. A diferença é que este método inclui possíveis

“respostas” as causas (SLACK et al., 2007).

O Diagrama de Causa e Efeito é uma técnica que permite identificar uma relação

significativa entre um efeito e suas possíveis causas, servindo como meio de transição entre a

descrição do problema e a formulação de soluções. Ele possibilita uma análise mais profunda

a partir de uma visão macroscópica. Além disso, um fato importante da elaboração destes

diagramas é que as variáveis do processo investigado são repensadas. (DATALYZER, 2008).

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35

O procedimento de utilização desta técnica consiste basicamente em quatro

passos: Inicialmente, escreve-se o problema na ponta direita do diagrama. Em seguida, deve-

se identificar as principais categorias para as causas possíveis do problema e escrevê-las nas

extremidades superiores e inferiores do diagrama. Então, inicia-se uma discussão em grupo e

a busca sistemática por fatos e causas possíveis para o problema. Por fim, as causas potenciais

são escritas sob as categorias principais e discutidas (SLACK et al., 2007).

Para cada problema (efeito) é possível estabelecer diferentes categorias principais

de causas, porém as mais comuns são conhecidas como 6M: Mão-de-Obra (ou pessoas),

Materiais (ou componentes), Máquinas (ou equipamentos), Métodos, Meio Ambiente e

Medição. A estrutura do Diagrama de Causa e Efeito é apresentada na Figura 5.

Figura 5: Estrutura do Diagrama de Causa e EfeitoFonte: Datalyzer (2008)

2.2.4 Medição e avaliação de desempenho de processos

Os sistemas de medição de desempenho quantificam a eficiência e a eficácia de

ações passadas – através da coleta, exame, classificação, análise, interpretação e disseminação

de dados adequados – possibilitando a tomada de decisão com base em informações (NELLY,

1998 apud PRANCIC; MARTINS, 2003). Harrington (1993) afirma que a medição do

desempenho do processo é imprescindível para controlá-lo, e se a empresa não puder

controlar o processo, não poderá gerenciá-lo e, desta forma, será impossível aperfeiçoá-lo.

Segundo Nelly (1998) apud Cardoza e Carpinetti (2005), os modelos de avaliação

de desempenho são necessários para visualizar a posição da empresa no mercado, motivar o

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36

progresso e comprometimento dos funcionários com as mudanças e auxiliar a tomada de

decisão sobre o processo de implantação e gerenciamento das mudanças.

Para Hronec (1994), a medição do desempenho do processo permite monitorar a

sua evolução, prever e evitar problemas, gerar melhorias, verificar a seleção das atividades-

chave e motivar as pessoas.

Conforme Kaydos (1998) apud Prancic e Martins (2003), a medição de

desempenho gera benefícios para gerentes e empregados. Para os gerentes, ela fornece um

feedback que facilita o controle do processo e é útil no estabelecimento de responsabilidades e

objetivos, no entendimento do processo e da sua capacidade, na alocação de recursos de

forma mais eficiente. Além disso, possibilita delegação e mudança na cultura organizacional.

Por outro lado, com a medição de desempenho, os empregados têm suas responsabilidades e

objetivos definidos com clareza e visualizam suas realizações podendo receber

reconhecimento, avaliação objetiva e maior autonomia.

No Sistema de Produção Enxuto, uma das características dos indicadores de

desempenho é que eles determinam as fontes de variação do processo e as atividades que não

agregam valor ao cliente permitindo, desta forma, a identificação e eliminação dos

desperdícios (CARDOZA; CARPINETTI, 2005).

As medidas de desempenho devem focalizar o processo e não as pessoas. Além

disso, devem ser determinadas de forma que as pessoas dentro do processo possam identificar

rapidamente se ele está sob controle ou se está melhorando. As pessoas envolvidas no

processo precisam ser capazes de controlar a medida de desempenho para que esta seja eficaz.

As medidas de custos, por exemplo, podem ser utilizadas, porém, geralmente são difíceis de

serem controladas. Os níveis de estoque também podem ser usados como medida de

desempenho, pois quando as pessoas buscam a redução de estoques os problemas de

qualidade aparecem. Tempo de setup, tempo de ciclo e número de habilidades são outros

exemplos de medidas de desempenho de processos (HRONEC, 1994).

Como não é possível monitorar todas as atividades de um processo, a empresa

deve selecionar as atividades que acredita serem as atividades-chave. A atenção deve ser

focalizada nestas atividades. O emprego de medidas de desempenho em processamento destas

atividades é útil para verificar se elas realmente são chave. Isso pode ser verificado da

seguinte forma: se estas atividades melhoram mas o output não melhora é porque na verdade

elas não são as atividades-chave (HRONEC, 1994).

Hronec (1994) afirma que as medidas de desempenho podem ser estabelecidas em

seis etapas:

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37

1) Rever as metas da organização: o desempenho deve ser avaliado de acordo

com as metas.

2) Determinar as categorias da medição: pode-se, de acordo com as metas,

focalizar uma categoria específica (tempo, custo ou qualidade).

3) Selecionar os tipos de medidas que suportam as metas: elementos como

confiabilidade, conformidade, flexibilidade, remuneração e responsividade

(habilidade e disposição para prestar o serviço imediato).

4) Determinar o que e como medir.

5) Determinar se a medida de desempenho é um atributo ou uma medida

variável. Os atributos são medidas do tipo sim ou não, conforme ou não

conforme. As medidas variáveis envolvem uma faixa de medição. Nesta

etapa deve-se determinar ainda se a medida é quantificada como contagem,

razão, porcentagem ou quantidade monetária.

6) Validar as medidas de desempenho do processo: as medidas devem ser

validadas pelos envolvidos no processo.

Cardoza e Carpinetti (2005) afirmam que a adoção de um método ou

procedimento sistemático de desenvolvimento do sistema de avaliação de desempenho pode

evitar: a geração de um número elevado de indicadores, o levantamento de informações

desnecessárias do processo produtivo, erros nas conclusões sobre o desempenho, falhas na

integração entre os indicadores.

2.3 UM MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE PERDAS

Kayser (2001) propõe cinco etapas, subdivididas em 13 atividades, para

identificação e priorização de perdas. Estas etapas estão descritas a seguir.

A primeira etapa consiste na formação e esclarecimento da equipe de trabalho. As

atividades propostas são: (i) realizar reunião com funcionários envolvidos nas etapas do

processo de produção e com a diretoria e (ii) explicar aos funcionários aspectos gerais do

Sistema Toyota de Produção, os sete tipos de perdas e a importância da visão do processo

completo.

A segunda etapa sugerida é a identificação das perdas através da realização de

duas atividades. Inicialmente, desdobra-se o processo que será analisado e gera-se uma lista

das etapas que o compõem. Em seguida, elabora-se uma matriz que relacione as etapas do

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38

processo com as sete perdas propostas pelo STP. As perdas são identificadas e anotadas na

matriz. A Figura 6 apresenta um exemplo de uma Matriz de Perdas.

MATRIZ DAS PERDAS

Per

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prod

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1. recebimento e descarregamento da peça X X2. transporte da peça para o setor de usinagem X X3. centragem da peça na máquina X X4. inspeção dimensional da área a ser recuperada X5. usinagem da área a ser recuperada X X6. remoção da peça da máquina X7. transporte para setor de metalização X X8. isolamento/proteção X X

Figura 6: Matriz de PerdasFonte: Adaptado de Kayser (2001, p. 45).

Na terceira etapa, Kayser (2001) propõe a quantificação e priorização das perdas

através de quatro atividades. A primeira atividade é a definição de critérios para quantificar as

perdas. A segunda atividade é a elaboração de uma Matriz de Quantificação que relacione as

etapas do processo com as perdas através de valores monetários. Para gerar essa matriz, o

autor propõe que seja calculado, para cada etapa versus perda, um valor monetário a partir dos

seguintes fatores: faturamento médio dos últimos 12 meses; número total de horas trabalhadas

por mês; número de horas gastas por funcionário em cada etapa, por semana; número de

funcionários envolvidos em cada etapa; estimativa do percentual de tempo perdido em cada

etapa e estimativa do percentual de retrabalho em cada etapa. A terceira atividade desta etapa

é a elaboração de um Gráfico de Pareto a fim de identificar e priorizar os tipos de perdas que

resultam em maior valor monetário (R$). A última atividade é a elaboração de um Gráfico de

Pareto que priorize as etapas do processo que apresentam maior perda monetária (R$).

Um exemplo da Matriz de Quantificação de perdas sugerida nesta etapa é

apresentado na Figura 7.

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39

MATRIZ DE QUANTIFICAÇÃO DAS PERDAS

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1. recebimento e descarregamento da peça 1 4 34,36 68,72 103,082. transporte da peça para o setor de usinagem 0,5 4 51,54 34,36 85,93. centragem da peça na máquina 5 2 42,95 97,98 140,934. inspeção dimensional da área a ser recuperada 0,5 2 21,47 21,475. usinagem da área a ser recuperada 4,5 2 19,32 19,32 38,646. remoção da peça da máquina 1,125 2 38,65 38,657. transporte para setor de metalização 1,125 4 38,65 77,31 115,968. isolamento/proteção 1,5 2 97,98 97,98

Figura 7: Matriz de Quantificação das perdasFonte: Adaptado de Kayser (2001, p. 67).

Na quarta etapa, as ações de melhorias devem ser executadas. As atividades desta

etapa são: (i) definir as ações de melhoria possíveis para as perdas priorizadas e os

responsáveis pela implementação de cada ação; (ii) realizar análise da viabilidade técnica,

financeira e o tempo para implementação das propostas de melhorias, além de elaborar o

planejamento da implementação; (iii) implementar as mudanças planejadas.

A quinta e última etapa sugerida por Kayser (2001) é a avaliação dos resultados.

A avaliação dos resultados é realizada pela execução de três atividades. Primeiramente,

elabora-se uma Matriz de Quantificação das perdas a fim de verificar os resultados obtidos

depois de terem sido implementadas as ações. Em seguida, deve-se comparar os resultados

monetários obtidos pelas matrizes de quantificação elaboradas anteriormente e após a

implementação das mudanças. Por fim, analisam-se os resultados obtidos e verifica-se a

necessidade de redirecionar alguma melhoria.

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40

3 PROPOSTA ESTRUTURADA DE APLICAÇÃO

Este capítulo tem como objetivo apresentar uma proposta estruturada de melhoria

de processo produtivo, através da redução de perdas. Inicialmente, apresenta-se uma descrição

das características e da situação atual da empresa que será estudada. Em seguida,

considerando-se os conceitos abordados no capítulo dois, bem como o método de Kayser,

propõe-se uma seqüência de procedimentos metodológicos para identificar, priorizar e gerar

soluções para a eliminação as perdas que ocorrem em um processo da empresa estudada.

3.1 DESCRIÇÃO DO CENÁRIO

O estudo foi realizado em uma empresa que atua no setor calçadista fabricando

tênis e sapatilhas. Trata-se de uma empresa familiar de médio porte, com 150 funcionários

contratados (junho/2008) que atingiu um faturamento de R$ 32.000.000,00 no ano de 2007.

Esta empresa situa-se na região do Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, onde opera desde

1990. Atualmente, a empresa está instalada em uma área de 5.000 m² e projeta a implantação

de uma filial.

A visão da empresa citada é dominar o segmento de street wear através de uma

estratégia de criação de novos modelos de calçados, fabricados com alta qualidade e vendidos

a preços equivalentes aos dos concorrentes. Neste ano, a marca da empresa está entre as três

mais vendidas deste segmento e a produção anual é de 350.000 pares. Os calçados fabricados

são destinados aos públicos masculino (tênis) e feminino (tênis e sapatilhas), com perfil de

compra em skate shops. A empresa atende os mercados interno e externo, estando

concentrados nas regiões Sul e Sudeste do Brasil os principais clientes. Os produtos para o

mercado externo são exportados para o Chile, Espanha, Portugal, República Tcheca e

Inglaterra. Para enfrentar a concorrência, esta empresa realiza investimentos significativos em

marketing. As principais concorrentes são 3 empresas gaúchas e algumas chinesas. Os

fornecedores de insumos estão situados na região do Vale do Sinos.

A empresa organiza-se através das seguintes áreas funcionais: Comercial e de

Marketing, Compras, Financeira, Industrial, Contabilidade, RH, Área de Negócios

Internacionais e Área de Desenvolvimento. O organograma hierárquico da empresa possui

quatro níveis: Operário (nível 1), Supervisor de setor (nível 2), Gerente de área (nível 3) e

Diretor (nível 4). Na Figura 8, os níveis 3 e 4 do organograma hierárquico da empresa de

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41

desenvolvimento deste estudo são apresentados integralmente e os níveis 1 e 2 são

apresentados no detalhamento da Área Industrial.

Figura 8:

Organograma da empresa com detalhamento da Área Industrial.Fonte: Adaptado da empresa em estudo

Nos setores de produção trabalham 90 funcionários. Este número é suficiente para

atender à demanda sem a necessidade de realização de horas-extras, exceto no período de

final de ano, quando a demanda aumenta e a empresa decide por limitar as vendas conforme a

sua capacidade. A escolaridade dos funcionários da Área Industrial é 1° grau completo

(Operários e Supervisores) e 3° grau incompleto (Gerente da Área). Dependendo das

operações que exercerá, quando contratado, o funcionário recebe um treinamento inicial ou

recebe suporte durante a realização das suas atividades.

A produção de calçados ainda é bastante artesanal e exige um volume maior de

mão-de-obra do que na maioria dos outros setores da indústria. Apesar disso, diversas

máquinas são utilizadas: máquinas de dublar, balancins de corte, máquinas de chanfrar,

máquinas de apontar, blaqueadeiras, ensacadeiras, máquinas de costurar overlock, máquina de

rebater, estufa a vapor e estabilizador a frio.

Anteriormente ao início da produção de cada modelo, o setor de modelagem é

responsável pela definição do design, do material e da escalação dos tamanhos que serão

fabricados. Os funcionários da modelagem elaboram artesanalmente os modelos de calçados

para servirem de referência aos trabalhadores dos demais setores.

DIRETORES

GERENTECOMERCIAL

E DE MARKETING

GERENTE INDUSTRIAL

COORDENA-DOR

CONTABILI-DADE

COORDENA-DOR RH

Modelagem Expedição EncarregadoMontagem

AcabamentoDistribuição

EncarregadoCorte

Chanfração

Encarregado Atelier

Pré –Fabricado

ModelistaCostureiraCortador

Blaqueador/ Passadeira de Cola/ Revisor/

Costureira/Colador de sola/

lixadorEncaixotadeira

RevisoraRevisoraCortador

ChanfradeiraServ.Gerias

Aux. Produção

QualidadeSAC

GERENTE DE NEGÓCIOS INTERNA-CIONAIS

GERENTE DE DESENVOLVI-

MENTO (P roduto, Design e

Comunicação)

Manutenção Mecânica

PCP e cronoanálise

CONTROLLER(Compras,

custos, orçamentos)

CONTROLLER (Financeiro, faturamento)

AlmoxarifeMotorista

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42

Os calçados fabricados na empresa estudada são formados basicamente pelas

seguintes partes: cabedal, palmilha de montagem, entressola e solado. O cabedal é a parte

superior do calçado, a parte que envolve o pé. Os cabedais dos diferentes modelos variam no

formato, nas cores e nos materiais que o constituem: couro, sintéticos, camurças, espumas,

etc. A palmilha de montagem é a parte do calçado que une o cabedal ao solado. As palmilhas

podem ser costuradas ou coladas. A entressola é colocada entre a palmilha de montagem e o

solado para garantir a dispersão de impactos e também para servir como forro. A maioria das

entressolas é fabricada em EVA. O solado é a parte do calçado que entra em contato com o

solo. Na indústria estudada, normalmente os solados são fabricados em borracha.

As operações do processo de fabricação do calçado propriamente dito são

realizadas internamente e também externamente por 11 empresas terceirizadas, localizadas no

Vale do Sinos. Estas operações são distribuídas em cinco setores na área industrial: (i)

almoxarifado/abastecimento, (ii) corte, (iii) costura, (iv) montagem e acabamento e (v)

expedição.

O setor de almoxarifado/abastecimento é responsável pelo recebimento,

conferência e armazenagem das matérias-primas de produção. Para a produção dos calçados,

são utilizadas mais de 1.000 matérias-primas diferentes. As principais são couros, sintéticos,

solados em borracha, espumas, EVA, camurças, adesivos e ilhoses. Este setor também é

encarregado de separar e encaminhar as matérias-primas aos demais setores, dando início ao

ciclo de produção. As matérias-primas que devem ser separadas, inclusive para as operações

terceirizadas, são listadas em relatórios que o almoxarifado/abastecimento recebe do setor de

Planejamento e Controle da Produção (PCP).

O setor corte é responsável por cortar as matérias-primas (couros, sintéticos,

camurças, espumas, EVA, etc.) de acordo com o modelo que será fabricado. Neste setor são

produzidas as diferentes peças que irão compor o calçado: palmilhas, forros, reforços,

lingüetas e partes superiores do calçado que irão formar o cabedal. Os cortes são feitos com a

utilização de 10 balancins de corte e com diversos formatos de navalhas. Os balancins de

corte são prensas hidráulicas que pressionam os moldes metálicos na superfície dos materiais

para cortá-los. O setor de corte também realiza chanfração e dublagens nos cortes. A

chanfração é a geração de ângulos nas peças, através de desgaste, para possibilitar a posterior

costura das partes. As dublagens são sobreposições de peças (reforços e forros), de forma a

proporcionar o calce confortável do calçado depois de pronto. Nesta empresa, são utilizadas

duas máquinas de chanfrar e três máquinas de dublar. O arranjo físico do setor de corte está

organizado de forma funcional, isto é, os equipamentos estão agrupados por função. Após

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cortadas, chanfradas e dubladas, as diversas partes que irão compor o cabedal devem ser

agrupadas. Esta atividade de agrupamento das peças, chamada de revisão, é considerada parte

do setor de corte. As revisoras são as funcionárias responsáveis por reunir as diferentes peças

cortadas para a produção de cada modelo, com a numeração específica e, posteriormente,

separar estes materiais por talão. O talão é um conjunto de 1 a 18 pares de calçado de um

determinado modelo, que pode ser formado por pares de diferentes numerações. Depois de

separados, os talões são enviados para o setor de costura.

O setor de costura é dividido em costura interna e costura terceirizada. A costura

interna é responsável por enviar e receber materiais para a costura terceirizada. Inicialmente a

costura interna agrupa e envia uma determinada quantidade de talões para cada empresa

terceirizada (atelier). Nas empresas terceirizadas os cortes das partes superiores do calçado

são costurados, formando os cabedais. Nestas empresas terceirizadas também são feitos os

bordados dos calçados. Alguns dias depois, a costura interna recebe e confere os cabedais

costurados nas empresas terceirizadas. A costura interna possui apenas uma máquina de

costura que é utilizada para efetuar pequenos reparos.

O setor de montagem e acabamento é responsável por unir o cabedal ao solado e

aos demais componentes. Este é o setor com maior diversidade de atividades e também com

maior variedade de máquinas. Inicialmente, componentes como ilhoses são fixados aos

cabedais. Em seguida, a palmilha de montagem é fixada ao cabedal através da aplicação de

adesivos ou de costura overlock. Após esta etapa, o calçado é enformado (é colocada uma

forma internamente). Utiliza-se, então, a máquina de rebater plantas e calcanheiras, que serve

para deixar a parte de baixo do calçado pronta para a colocação da sola. Os solados são

comprados prontos de dois fornecedores; não sofrem processamento na empresa estudada.

Posteriormente, o cabedal e a palmilha de montagem são unidos ao solado com a utilização de

adesivo. O adesivo é passado manualmente no solado e na palmilha, então, é reativado em

fonte de calor para sua junção e em seguida resfriado em estabilizador a frio. Por fim, o

solado e o cabedal são costurados utilizando-se blaqueadeiras. Ao término da montagem, são

colocados os atacadores (cadarços) e são realizadas operações de acabamento do calçado com

objetivo de deixá-lo com boa aparência. Remoção de pontas de linhas de costura e limpeza

manchas de adesivos são exemplos de atividades de acabamento.

Na empresa estudada, a montagem e o acabamento dos calçados são realizados em

duas linhas de produção, ao longo de esteiras transportadoras, que atendem todos os modelos

de produtos fabricados. Cada uma das esteiras possui capacidade de produção de 1.300 pares

por dia, porém, atualmente a produção limita-se a 650 pares por dia em cada.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

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O setor de expedição realiza a conferência da numeração e da aparência dos pares,

embala-os e identifica as embalagens com etiquetas. Além disso, este setor encaminha os

produtos à área destinada à expedição para os clientes ou à área de estoque de produtos

acabados. O setor de expedição complementa o de montagem e acabamento, localizando-se

no final das linhas de produção.

A seqüência geral de produção de calçados, que passa pelos setores de produção

descritos acima, é apresentada na Figura 9.

Separação de MP

Montagem do calçado: cabedal + palmilha de montagem +

solado

Separação dos cortes para terceirização (costura interna)

Recebimento e conferência do cabedal (costura interna)

Costura do cabedal (costura terceirizada)

Corte das MP

Atividades de expedição: conferência, encaixotamento,

etiquetagem

Início

Estoque de produto acabado ou expedição para o cliente

Acabamento do calçado

Estoque de matérias-primas

Chanfração dos cortes

Fim

Figura 9: Macro fluxo de produção de calçadosFonte: Elaborado pela autora

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

45

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos propostos neste trabalho foram adaptados da

metodologia utilizada por Kayser (2001) e das formas de análise do processo indicadas pelo

Sistema Toyota de Produção, ambos descritos no referencial teórico (Capítulo 2). A adaptação

realizada resultou em 8 etapas, desdobradas em 16 atividades, apresentadas na Figura 10, para

identificar, priorizar e reduzir perdas citadas pelo STP.

Atividade1 Formação da Equipe

2 Esclarecimento da Equipe

2 Determinação do processo a ser analisado 3 Seleção do processo de estudo (e seus limites)

4 Elaboração de mapa do processo

5 Elaboração de matriz de perdas

6 Definição de critérios de quantificação das perdas

7 Elaboração de matriz de quantificação de perdas

8 Elaboração de um gráfico de barras e listagem das perdas priorizadas

9 Análise das causas da perdas (5 porquês, Diagrama de Causa e Efeito e releitura do referencial teórico)

10 Elaboração de propostas

11 Avaliação da viabilidade de implementação das propostas

12 Planejamento prévio da implementação das propostas

13 Elaboração de relatório e encaminhamento para aprovação da Direção da empresa

14 Planejamento integral das ações

7 Realização das ações de melhoria 15 Execução e controle das ações planejadas

8 Avaliação dos resultados obtidos 16 Verificação e análise dos resultados obtidos

3

5

Planejamento das ações de melhoria

Etapa

Fomação e esclarecimento da equipe de trabalho

Quantificação e priorização das perdas

Identificação das perdas segundo o STP

Proposição de ações para a redução das perdas

6

4

1

Figura 10: Etapas e atividades do trabalhoFonte: Elaborado pela autora

Nesta seção, as 8 etapas propostas são descritas. As cinco primeiras etapas são

descritas conforme uma aplicação realizada em uma empresa calçadista. Já as três últimas

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

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etapas são apresentadas através de uma descrição de como deveriam ser realizadas dando

continuidade à aplicação na mesma empresa. Todas as reuniões e atividades práticas foram

desempenhadas na sede da empresa e tiveram suas decisões documentadas.

Etapa 1: Formação e esclarecimento da equipe de trabalho

Nesta primeira etapa, o Gerente Industrial e a Diretoria da empresa, em reunião

com a autora deste estudo, devem determinar a equipe de trabalho. Para a formação da equipe,

deve-se realizar uma avaliação do potencial de contribuição dos funcionários. Nesta

avaliação, considera-se a etapa do processo de produção em que os funcionários atuam e o

conhecimento que os mesmos têm sobre o processo ou parte deste. A equipe deve ser formada

por funcionários da empresa que trabalhem em etapas-chave dos processos de produção e

também por funcionários que tenham conhecimentos específicos que interessassem ao estudo.

Também nesta primeira etapa, o autor do estudo deve realizar um esclarecimento

sobre o trabalho aos demais participantes da equipe. Realiza-se uma reunião, conduzida pelo

pesquisador, na qual os objetivos do trabalho, explicações teóricas e o método de trabalho são

apresentados. Após as explicações, os integrantes da equipe podem fazer questionamentos

sobre a teoria e o método de trabalho. Estas atividades de esclarecimento podem ser

desenvolvidas através de exposição oral e da distribuição de material impresso aos

participantes.

A etapa 1 pode ter a duração de dois dias: um para a seleção da equipe e outro

para o esclarecimento da mesma.

Etapa 2: Determinação do processo a ser analisado

Na segunda etapa, a equipe formada se reúne para decidir qual o processo que será

analisado. As atividades desenvolvidas nesta etapa iniciam com a pesquisadora relembrando

aos demais componentes da equipe a diferença entre processos e operações, segundo o

Mecanismo da Função Produção, apresentado na reunião de esclarecimento.

Em seguida, a equipe determina os critérios de seleção do processo de acordo com

os objetivos pretendidos. Após os critérios definidos, os participantes da situação-problema,

no caso os representantes da empresa, citam os processos possíveis de serem estudados. Cada

participante da equipe pode indicar o processo que considera mais conveniente estudar,

explicitando os motivos. As sugestões são registradas e posteriormente avaliadas segundo os

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critérios definidos. Para estabelecer consenso entre os membros da equipe, pode-se utilizar

uma matriz de priorização. Por fim, a determinação do processo estudado inclui o

estabelecimento dos seus limites, isto é, dos pontos de início e fim.

Na execução desta atividade utiliza-se um computador com aplicativo de planilha

eletrônica para a elaboração da matriz de priorização. Esta etapa pode concluída em uma

reunião.

Etapa 3: Identificação das perdas segundo as sete classes do STP

Na terceira etapa, realiza-se um acompanhamento do processo selecionado para

identificar as atividades que o compõem. A pesquisadora e os supervisores dos setores da área

de produção envolvidos na equipe acompanham desde o limite inicial até o limite final

estabelecidos para o estudo do processo. Cada supervisor conduz o acompanhamento do

processo no setor que supervisiona e realiza explicações, de modo que as atividades

executadas pelos demais funcionários do setor sejam entendidas.

As atividades que compõem o processo são listadas para a posterior elaboração de

um Mapa do Processo utilizando-se o modelo apresentado na Figura 11. Deon (2001) afirma

que para que as perdas possam ser identificadas, é necessário conhecer de maneira detalhada

todos os processos e operações que fazem parte do sistema produtivo.

O modelo de Mapa de Processo é preenchido da seguinte forma: inicialmente,

listam-se as atividades do processo na coluna “Descrição da Atividade”, em seguida, faz-se

uma marcação sobre o símbolo do tipo de fenômeno (processamento, transporte, espera,

inspeção ou estoque) que cada atividade representa. O acompanhamento do processo e a

elaboração do mapa podem ser realizados em um dia.

Com o processo mapeado é possível elaborar uma Matriz de Perdas, conforme

modelo proposto por Kayser (2001). A Matriz de Perdas relaciona as atividades do processo

estudado com as 7 classes de perdas citadas pelo Sistema Toyota de produção. Toda vez que a

equipe identificar que uma perda acontece em alguma atividade do processo, essa deve ser

assinalada na matriz. A equipe de trabalho pode relacionar os elementos da Matriz de Perdas

em um dia.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

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MAPA DE PROCESSO

Processo: Data:

1 Descrição da primeira atividade2 Descrição da segunda atividade3 Descrição da terceira atividade4 Descrição da quarta atividade5 Descrição da quinta atividade6 Descrição da sexta atividade7 ...

Legenda: processamentotransporteesperainspeçãoestoque

Descrição da Atividade

Figura 11: Modelo de Mapa de ProcessoFonte: Adaptado de Slack et al., 2007

Etapa 4: Quantificação e priorização das perdas

Para verificar se as mudanças implementadas com um trabalho como esse serão

realmente significativas na promoção de melhorias, verifica-se a necessidade de fazer

medições antes e depois da implementação dessas mudanças e compará-las. Além de úteis

para a verificação dos resultados que serão obtidos ao final do trabalho, estas medições são

utilizadas também para a priorização das perdas identificadas.

Ao fim da etapa anterior, as diversas perdas do processo estudado terão sido

identificadas, porém, é provável que não seja possível agir simultaneamente sobre todas, por

isso mostra-se necessária uma priorização das perdas a serem reduzidas ou eliminadas. A

priorização das perdas pode se dar através da utilização da Matriz de Quantificação e da

elaboração de gráfico de barras.

Primeiramente, antes de elaborar a Matriz de Quantificação, a equipe de trabalho

deve definir os critérios de quantificação das perdas. Os critérios devem ser estabelecidos de

acordo com os objetivos pretendidos com o trabalho. Após a definição dos critérios, realiza-se

coleta de dados e o preenchimento da Matriz de Quantificação. Então, são elaborados dois

gráficos de barras para facilitar a visualização de quais atividades do processo são mais

críticas. Para encerrar esta etapa, listam-se claramente as perdas priorizadas.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

49

Os cálculos, a matriz e os gráficos gerados nesta etapa podem ser elaborados em

planilha eletrônica; neste caso, o recurso utilizado será um computador. O autor do estudo

poderá realizar previamente a elaboração e formatação da matriz. Esta etapa pode ser

executada em duas reuniões da equipe.

Etapa 5: Proposição de ações para redução das perdas

A etapa 5 consisti da proposição e seleção de alternativas para a redução ou

eliminação das perdas priorizadas. As propostas de soluções são geradas, pela equipe de

trabalho, através (i) de uma análise das causas das perdas, utilizando o método dos 5 porquês

e Diagramas de Causa e Efeito, e através (ii) da releitura do material preparado para o

esclarecimento da etapa 1, sobre as ações que podem reduzir cada um dos sete tipos de

perdas. As propostas devem ser discutidas e avaliadas pela equipe de trabalho, em relação aos

recursos necessários, à viabilidade técnica e à viabilidade econômica. A Figura 12 apresenta

um modelo de ficha que pode ser utilizado para documentar as decisões sobre a viabilidade de

implementar as ações propostas.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: Data:

Atividade

Perda(s) por

Proposta

Viabilidade

Motivo

Figura 12: Modelo de ficha utilizado para documentar a viabilidade das açõesFonte: Elaborado pela autora

Para a execução das atividades da quinta etapa, a equipe deverá utilizar um

computador com editor de texto para a documentação das idéias. A duração das atividades

desta etapa deve ser em torno de quatro reuniões da equipe mais o tempo de coleta de

informações realizado fora de reuniões.

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Etapa 6: Planejamento das ações de melhoria

A sexta é formada por atividades de planejamento das ações de melhoria. Nesta

etapa, deve-se, inicialmente, elaborar um planejamento prévio de implementação das

propostas, que esboce a forma de utilização dos recursos.

Posteriormente, sugere-se elaborar um relatório para a diretoria da empresa sobre

as propostas solicitando a aprovação. Este relatório deve conter as propostas de ações

consideradas viáveis pela equipe, além de um resumo do planejamento prévio feito.

Após a avaliação e aprovação das propostas pela diretoria, deve-se realizar um

planejamento completo da implementação das ações selecionadas. Devem ser determinados

quais são os recursos necessários, quem fornecerá esses recursos e de que forma, quem serão

os responsáveis e também elaborar um cronograma de execução.

O recurso necessário nesta etapa deve ser um computador com editor de texto para

a documentação das idéias e para a elaboração do relatório. O tempo para a realização das

atividades desta etapa deve ser de duas ou três reuniões da equipe e ainda o tempo de

aprovação das mudanças pela Direção da empresa.

Etapa 7: Realização das ações de melhoria

Na etapa 7 deste estudo, o planejamento das ações de melhoria, realizado na etapa

anterior, deve ser colocado em prática. Pressupõe-se que, nesta etapa, as atividades de

implementação das mudanças exigirão a participação de funcionários da produção que não

fizeram parte da equipe do estudo integral. Neste caso, será necessário um cuidado com a

vinculação e motivação destas pessoas.

A duração e os recursos necessários para esta etapa são de difícil previsão, pois

dependerão de quais ações serão aprovadas e do planejamento destas. É provável que sejam

realizadas ações em curto e também em longo prazo. A execução das ações deverá ser

controlada pela equipe de trabalho para que elas ocorressem conforme o planejado.

Etapa 8: Avaliação dos resultados obtidos

A avaliação dos resultados obtidos com as mudanças implementadas deve ser a

última etapa do método. Depois de concluídas as ações de mudança, as atividades da equipe

de trabalho para a avaliação dos resultados obtidos serão: (i) recalcular os valores de

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quantificação das perdas estimados na etapa 4; (ii) com os novos valores, elaborar outra vez a

Matriz de Quantificação; (iii) comparar os resultados das duas matrizes de quantificação das

perdas (antes e após a implementação das ações) e (iv) descrever, resumidamente, os

resultados obtidos e apresentar à Diretoria da empresa.

Por fim, deve ser realizada uma análise crítica dos resultados obtidos com a

aplicação dos procedimentos metodológicos e uma discussão sobre possíveis formas de

aprimoramento dos procedimentos.

O recurso previsto para a avaliação dos resultados é um computador com editor de

texto e aplicativo de planilha eletrônica. A duração prevista para esta etapa é de duas reuniões

da equipe.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DAS ETAPAS

APLICADAS

Nesta seção, os resultados obtidos com a aplicação dos procedimentos

metodológicos propostos na seção 3.2 são descritos e discutidos.

4.1.1 Resultados da Etapa 1: Formação e esclarecimento da equipe de trabalho

Atividade 1: Formação da equipe de trabalho

A seleção da equipe de trabalho foi realizada em uma reunião da pesquisadora

com o Gerente da Área Industrial da empresa estudada. Realizou-se uma discussão sobre os

tipos de informações necessárias e o potencial de contribuição dos funcionários da empresa

para fornecer estas informações. Chegou-se à conclusão de que, além da pesquisadora, a

equipe de trabalho deveria ser composta pelos funcionários com os seguintes cargos:

Responsável pelo cálculo dos custos de produção;

Responsável pelo Planejamento e Controle da Produção (PCP);

Responsável pelo controle de estoques e almoxarifados;

Supervisor do setor de costura;

Supervisor do setor de corte;

Supervisor do setor de montagem.

Com esta equipe selecionada, todas as partes-chave do processo estavam cobertas

e as informações necessárias, não sigilosas, puderam ser obtidas. Estabeleceu-se, também, que

o Gerente da Área Industrial deveria participar de reuniões da equipe quando fosse necessária

alguma tomada de decisão.

Todas as demais atividades desenvolvidas durante a aplicação dos procedimentos

metodológicos propostos neste trabalho foram realizadas pela equipe formada nesta primeira

atividade da etapa 1. Por este fato, a formação da equipe possui grande importância. Ao longo

da realização deste trabalho, foi possível observar que a formação da equipe foi feita de forma

adequada, pois os integrantes possuíam os conhecimentos e informações necessárias, além de

mostrarem-se interessados.

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Atividade 2: Esclarecimento da equipe

Após a formação da equipe, a pesquisadora iniciou o trabalho de elaboração do

material que seria utilizado para o esclarecimento da mesma. Foi preparada uma apresentação

para exposição oral e, também, um material com texto para entrega em meio físico a todos os

integrantes da equipe. Estes materiais para o esclarecimento continham informações

resumidas daquelas apresentadas no referencial teórico deste trabalho, capítulo 2, e dos

procedimentos metodológicos, capítulo 3. Além disso, esse material continha um cronograma

de trabalho pretendido pela pesquisadora. Na Figura 13 e na Figura 14, apresentam-se

fragmentos dos materiais elaborados para a realização do esclarecimento da equipe.

Figura 13: Fragmento do material utilizado na apresentação oral de esclarecimentoFonte: Elaborado pela autora

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Figura 14: Fragmento do material entregue em meio físico para a equipeFonte: Elaborado pela autora

Depois de finalizada a elaboração dos materiais, agendou-se a primeira reunião da

equipe. Durante a reunião de esclarecimento, o conteúdo que exigiu maior destaque foi a

diferenciação entre processos e operações, segundo o Mecanismo da Função Produção. A

descrição das perdas e dos tipos de ações para eliminá-las foi mais facilmente compreendida

pela equipe. Na apresentação do conteúdo teórico foram utilizados exemplos relacionados à

fabricação de calçados.

Nesta segunda atividade da etapa 1, pode-se destacar que a entrega de material

impresso foi muito relevante para a fixação do conteúdo teórico explicado na apresentação

oral, principalmente, porque os participantes da equipe não possuíam conhecimento sobre o

assunto. Além disso, foi possível perceber que os exemplos apresentados pela pesquisadora

facilitaram significativamente o entendimento da teoria, especialmente sobre as características

dos sete tipos de perdas e sobre as maneiras de eliminar cada uma delas.

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4.1.2 Resultados da Etapa 2: Determinação do processo a ser analisado

Atividade 3: Seleção do processo de estudo

Nesta etapa, realizou-se uma reunião para a determinação do processo que seria

estudado. Inicialmente, a equipe determinou critérios para a seleção do processo. Os critérios

determinados foram: grau de abrangência e grau de complexidade do processo em relação às

operações realizadas, grau de representatividade (no faturamento) dos produtos fabricados no

processo e freqüência de realização do processo. Ficou determinado também que, caso

ocorresse empate na pontuação ponderada, a freqüência de execução do processo seria o

critério de desempate.

Após os critérios determinados, a pesquisadora solicitou que os demais

integrantes da equipe citassem os processos que consideravam interessantes de estudar. Nesta

empresa existem quatro processos principais de fabricação dos calçados que poderiam ser

estudados: (i) ensacados com transfer, (ii) ensacados sem transfer, (iii) montados sintéticos e

(iv) montados em camurça ou couro.

Com a delimitação dos processos possíveis, apesar da clara preferência dos

funcionários pela análise do processo de fabricação de montados sintéticos, elaborou-se uma

matriz de priorização (Figura 15) para confirmar a decisão. Na matriz de priorização, o peso

representou a importância de cada critério e todos os critérios eram do tipo “maior é melhor”.

Critério PesoEnsacado

com transfer

Ensacado sem

transfer

Montado sintético

Montado camurça

Complexidade 2 3 1 3 5Abrangência 4 5 3 3 5Representatividade dos produtos 2 5 1 5 3Frequência de execução 6 3 3 5 1

TOTAL 54 34 58 42

1 = O critério é fracamente atendido

5 = O critério é fortemente atendido3 = O critério é moderadamente atendido

Figura 15: Matriz de Priorização de ProcessosFonte: Elaborado pela autora

Após a realização da ponderação de atendimento dos critérios, verificou-se que o

processo que obteve maior pontuação foi o de fabricação de calçados montados sintéticos.

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56

Logo, este processo foi selecionado para as análises. Para completar a etapa de seleção do

processo de estudo, a equipe definiu os limites do processo. A etapa de separação do material

no almoxarifado para posterior envio ao setor de corte foi considerada o início do processo. O

encaixotamento dos pares de calçados e a disponibilização destes para a expedição ou para o

estoque de produtos acabados foi considerado o final do processo. Assim, estava determinado

que nem as etapas de aquisição do material e nem as etapas de expedição dos produtos para os

clientes seriam incluídas na análise.

4.1.3 Resultados da Etapa 3: Identificação das perdas segundo as sete classes do STP

Atividade 4: Elaboração do Mapa do Processo

Na etapa de identificação das perdas, a primeira atividade foi a realização de um

acompanhamento da seqüência de fabricação pela pesquisadora. Este acompanhamento foi

necessário para o entendimento do fluxo de produção e para a elaboração do Mapa do

Processo. Os principais fluxos de materiais que ocorrem na área de produção, durante a

fabricação dos calçados, são descritos em seguida e apresentados na Figura 16. Na Figura 17,

apresenta-se um fragmento do Mapa do Processo elaborado após o acompanhamento do

processo. O mapa completo pode ser visualizado no Apêndice A.

O acompanhamento do processo teve início com a emissão de uma remessa. As

remessas são os documentos que disparam a fabricação dos calçados. Todos os dias uma

remessa, com a descrição de tudo o que deve ser fabricado naquele dia, é emitida pelo setor de

Planejamento e Controle da Produção. As remessas representam os pedidos dos clientes aos

representantes comerciais da empresa, ou seja, a produção é contra-pedido.

A remessa é enviada ao setor de almoxarifado e abastecimento com a

especificação dos materiais e respectivas quantidades que devem ser separados e

encaminhados aos demais setores. No almoxarifado ficam estocadas matérias-primas nas

quantidades estabelecidas para manter um estoque regulador. O maior volume dos materiais

que são armazenados no almoxarifado (sintéticos, espumas, camurças, couros, transfers, etc.)

é encaminhado ao setor de corte. As etiquetas são enviadas para o setor de revisão

(conferência e agrupamento das peças). As linhas e fitas são encaminhadas para o setor de

costura interna que os destina à costura terceirizada. E ainda, alguns materiais são enviados

diretamente ao setor de montagem – cadarços, ilhoses, linhas e solados.

Além de encaminhar esses materiais para os outros setores da área de produção, o

almoxarifado é responsável por enviar matérias-primas para empresas terceirizadas que

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produzem os solados (pré-fabricados), que depois voltam para o almoxarifado, são agrupados

por tamanho e modelo e enviados ao setor de montagem.

Depois da separação das matérias-primas no almoxarifado, o fluxo da produção

dos calçados continua pelo setor de corte. Os materiais que irão compor o cabedal e também

as palmilhas e forros são cortados de acordo com descrições em talões. Um talão é um

documento que contém a informação da quantidade de pares que deve ser produzida de cada

numeração de um determinado modelo. A execução de cada fase do processo é controlada por

tickets que devem ser destacados dos documentos de talão. É importante esclarecer que, nas

empresas calçadistas, denomina-se talão tanto os documentos quanto o conjunto de peças

físicas agrupadas.

No setor de corte, cada funcionário que opera um balancim de corte trabalha com

um conjunto de navalhas correspondentes a um modelo de calçado. O funcionário corta todas

as partes do cabedal descritas em determinado talão e, em seguida, envia para a chanfração.

Um funcionário chanfra e então reúne as peças com as espumas para forro, do mesmo talão,

que foram cortadas por outro funcionário. Essas peças agrupadas são acondicionadas em

caixas e aguardam as outras peças do calçado (palmilhas de montagem, entressola, forros da

lingüeta e do traseiro) serem cortadas pelos operadores dos balancins ponte. Quando todas as

peças de um talão terminam de ser cortadas no balancin ponte elas são encaminhadas para a

revisão.

As funcionárias da revisão agrupam as peças do balancin ponte por modelo e

talão. Depois, conferem se todas as peças do talão foram cortadas e chanfradas corretamente.

Por fim, agrupam as peças por numeração. As peças são armazenadas em sacos plásticos e

colocadas em uma área determinada até que funcionárias do setor de costura interna coletem.

As funcionárias da costura interna coletam os sacos contendo as peças dos talões e

separam em áreas determinadas para cada atelier. Então os ateliers vêm até a empresa coletar,

sempre no mesmo dia, as peças para costurar. Em média, três dias depois os ateliers entregam

os cabedais costurados. O setor de costura interna recebe os cabedais e ordena por remessa.

Em seguida, as funcionárias deste setor revisam a qualidade da costura dos cabedais e as

quantidades por talão. Depois de revisados, os talões (físicos e documentos) são armazenados

em uma área onde os funcionários do setor de montagem devem coletá-los.

Um funcionário da montagem coleta os talões e encaminha para este setor. Os

talões aguardam a liberação das máquinas de colocar ilhoses. Então iniciam as atividades de

montagem. Primeiramente, são colocados ilhoses. Em seguida, os pares de calçados são

colocados na esteira transportadora (linha de montagem), ao longo da qual estão dispostas

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diversas máquinas nas quais trabalham os funcionários da montagem e do acabamento. No

final da esteira transportadora os funcionários do setor de expedição encaixotam os pares e

disponibilizam as caixas para expedição aos clientes.

5

8

7

2a 2b

4

9

10

3

PORTA

6

PO

RTÃ

O

este

ira 1

este

ira 2

PORTA

1

LEGENDA SETORES: 5 - montagem1 - almoxarifado 6 - casamento de materiais2a - corte, chanfração e transfers 7 - expedição2b - corte em balancins ponte 8 - estoque de produto acabado3 - revisão 9 - modelagem4 - costura - envio e recebimento de materiais 10 - manutenção

LEGENDA ETAPAS DO PROCESSO:

Distribuição das matérias-primas e materiaisPeças cortadas aguardando chanfroPeças chanfradas aguardando dublagemPeças aguardando agrupamentoPeças agrupadas sendo enviadas para costura externaCabedal costuradoMontagem do calçado

Figura 16: Layout atual da área de produção da empresa com principais fluxos do processo de fabricaçãoFonte: Elaborado pela autora

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

59

PROCESSO: FABRICAÇÃO DE CALÇADOS MONTADOS SINTÉTICOSDATA: 16.07.2008

FENÔMENOS:ProcessamentoTransporteEsperaInspeçãoEstoque

ALMOXARIFADO E DISTRIBUIÇÃO1 separar solas para envio para ateliers x2 enviar solas para ateliers x3 aguardar retorno das solas x4 receber solas e separar por modelo x5 enviar solas para atelier de pré-fabricados x6 aguardar retorno das solas x

7 conferir o que há nos estoques dos demais setores (doc. de remessa) x

8 separar materiais para o corte x9 cortar, dobrar e grampear sintéticos x10 separar pacotes de espuma necessários x

ATIVIDADE

Figura 17: Fragmento do Mapa do Processo elaboradoFonte: Elaborado pela autora

Atividade 5: Elaboração da Matriz de Perdas

Após a elaboração do Mapa do Processo, a segunda atividade da etapa de

identificação das perdas foi a elaboração de uma Matriz de Perdas. Na Figura 18, apresenta-se

um fragmento da Matriz de Perdas elaborada, a qual pode ser visualizada integralmente no

Apêndice B.

A elaboração desta matriz foi útil para identificar os pontos com necessidade de

ação e proporcionar uma noção prévia sobre os tipos de ação que poderiam ser realizadas

sobre cada atividade, pois ela relaciona diretamente as etapas do processo com as sete classes

de perdas.

A Matriz de Perdas mostrou-se uma ferramenta de fácil compreensão em relação a

sua forma de preenchimento, por outro lado, durante sua elaboração, ocorreram dúvidas e

discussões sobre a sua eficácia. Alguns participantes da equipe de trabalho consideraram que

nem todas as atividades apontadas na matriz como perdas realmente representavam perdas.

Isso porque, entre as atividades apontadas como perdas estavam algumas atividades

realizadas, propositadamente, em substituição de outras, com objetivo de reduzir custos ou

lead time da fabricação dos calçados.

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60

Por fim, concluiu-se que a Matriz de Perdas é eficaz para facilitar a identificação

das perdas, porém a utilização desta ferramenta exige uma avaliação do contexto amplo em

que essas ‘supostas perdas’ ocorrem, para comprovar que são de fato perdas.

Per

das

por s

uper

prod

ução

Per

das

por e

sper

a

Per

das

por t

rans

porte

Per

das

por p

roce

ssam

ento

em

si

Per

das

por e

stoq

ue

Per

das

no m

ovim

ento

Per

das

pela

ela

bora

ção

de

prod

utos

def

eitu

osos

ALMOXARIFADO E DISTRIBUIÇÃO1 separar solas para envio para ateliers2 enviar solas para ateliers x3 aguardar retorno das solas x4 receber solas e separar por modelo x5 enviar solas para atelier de pré-fabricados x6 aguardar retorno das solas x

7 conferir o que há nos estoques dos demais setores (doc. de remessa) x

8 separar materiais para o corte9 cortar, dobrar e grampear sintéticos

10 separar pacotes de espuma necessários11 colocar materiais em carrinho12 dar baixa dos materiais no sistema de estoques13 levar os materiais e estocar no setor de corte x14 separar etiquetas

15 receber solas e casar com palmilhas de conforto, por talões

MATRIZ DAS PERDAS

Figura 18: Fragmento da Matriz de PerdasFonte: Elaborado pela autora

4.1.4 Resultados da Etapa 4: Quantificação e priorização as perdas

Atividade 6: Definição de critérios de quantificação das perdas

A atividade 6, primeira da etapa 4, foi a definição dos critérios de quantificação

das perdas identificadas. Esta atividade é de grande importância para verificar se o método

utilizado e as propostas geradas serão eficazes.

Para definir os critérios de quantificação, a equipe precisou ter claramente

estabelecida qual a vantagem que se pretendia obter com o trabalho. A equipe determinou

duas vantagens principais: (i) a redução dos custos e (ii) a redução do lead time de fabricação

dos calçados montados sintéticos. Com essas metas de redução de custos e redução do lead

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61

time determinadas, ficou claro que, os critérios de quantificação deveriam ser ‘valor

monetário’ e ‘tempo’.

Esses dois critérios poderiam ser utilizados para mensurar as perdas em todas as

atividades. Porém, para este trabalho, a empresa estudada não permitiu a divulgação de dados

suficientes sobre valores monetários. Alguns dados sobre valores monetários fornecidos pela

empresa foram multiplicados por um fator qualquer, para possibilitar que fossem apresentados

nos resultados neste trabalho. Sugeriu-se que a empresa realizasse a mensuração real dos

custos autonomamente, sem a necessidade de divulgar os resultados. Por outro lado, a

mensuração dos tempos consumidos nas atividades e desperdiçados com as perdas pôde ser

realizada e divulgada neste estudo.

Após a definição dos critérios, levantou-se a hipótese de que o tempo não seria o

critério mais conveniente para medir todas as perdas identificadas. Por isso, realizou-se uma

avaliação crítica sobre a utilização do ‘tempo’ como critério de mensuração.

A equipe avaliou, por exemplo, que uma perda com transporte poderia ser medida

pelo tempo desperdiçado, porém a distância percorrida seria um critério mais conveniente.

Levando-se em consideração que a velocidade do transporte em uma determinada atividade

poderia não se repetir de acordo com o funcionário que estivesse realizando-a ou mesmo

quando o funcionário a realizasse mais de uma vez, isso implicaria na variação do tempo

desperdiçado, o que poderia comprometer a comparação dos resultados após as mudanças

implementadas. De outra forma, se considerarmos a velocidade constante, o tempo irá variar

de acordo com a distância. Quanto mais curta a distância, o funcionário desperdiçará menos

tempo para percorrê-la. Com isso, optou-se por utilizar a distância como critério de

quantificação para comparação. Uma comparação das distâncias percorridas antes e depois da

implementação de ações de melhoria mostraria mais precisamente se essa ação influenciou no

lead time do processo.

Após a avaliação crítica dos critérios para cada perda, chegou-se à conclusão de

que o tempo de todas as perdas deveria ser coletado para a priorização dessas. Por outro lado,

concluiu-se que algumas perdas deveriam ser mensuradas utilizando também outros critérios,

que tornariam a comparação dos resultados das mudanças mais concreta. Os critérios

estabelecidos podem ser visualizados na Matriz de Quantificação preenchida (Figura 19).

Atividade 7: Elaboração da Matriz de Quantificação das perdas

Depois de todos os critérios determinados, a equipe iniciou a construção da Matriz

de Quantificação. Para realizar a quantificação das perdas utilizando a medida ‘tempo’ foi

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62

necessário fixar uma quantidade de pares de calçados. Tendo em vista que o tempo das

atividades terceirizadas só poderia ser calculado pelo tamanho de uma remessa (lote),

determinou-se que esta quantidade fosse utilizada nas medições dos tempos das atividades.

Como as remessas têm tamanho variável, estabeleceu-se um tamanho médio.

Após esta decisão tomada, as quantificações das perdas foram iniciadas.

Levantaram-se dados sobre (i) número de funcionários envolvidos nas atividades com perdas,

(ii) tempos gastos na realização de atividades que geravam perdas, (iii) distâncias percorridas

com transportes, (iv) espaços ocupados por estoques e, no limite permitido pela empresa, (v)

dados sobre custos. As informações sobre custos apresentadas não são os dados reais,

utilizou-se um fator multiplicador.

Cada perda foi quantificada, segundo seus próprios critérios, e o valor

correspondente anotado na Matriz de Quantificação. A matriz obtida pela quantificação das

perdas é apresentada na Figura 19.

A equipe julgou o uso desta ferramenta eficiente neste trabalho para mensurar as

perdas, por causa da objetividade e clareza com que os dados são evidenciados. A equipe

também considerou que a Matriz de Quantificação têm grande importância, para a avaliação

dos resultados que serão obtidos após a implementação das mudanças, pois esta ferramenta

simplifica a comparação. Além disso, o uso de uma ferramenta quantitativa, em meio a tantas

qualitativas, torna o trabalho menos subjetivo e os dados tornam o trabalho mais tangível.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

63

n° de funcionários envolvidos

R$ pagos por hora por

funcionário*

tempo por remessa (horas)

Custo mão-de-obra por

remessa

distância (metros)

espaço ocupado

(m²)

ALMOXARIFADO E DISTRIBUIÇÃO2 enviar solas para ateliers 1 5,00 1 5,003 aguardar retorno das solas 0 724 receber solas e separar por modelo 2 5,00 0,75 7,50

5 enviar solas para atelier de pré-fabricados 1 5,00 1,3 6,506 aguardar retorno das solas 0 72

7 conferir o que há nos estoques dos demais setores (doc. de remessa) 1 5,00 0,75 3,75 8,5

13 levar os materiais e estocar no setor de corte 1 5,00 0,5 2,50 8,5 2,5

16 quando solicitado, enviar materiais para montagem (ilhós, solas, atacadores) 1 5,00 1,3 6,50 18

17 quando solicitado, enviar materiais para costura (fitas e linhas) 1 5,00 0,05 0,25 3,5

SETOR DE CORTE

18 receber o talão (documento) e pegar no estoque os materiais para cortar 8 5,00 0,75 30,00 3

20 enviar peças de freqüência para costura 1 5,00 0,05 0,25 6

21 aguardar peças de freqüência voltarem do terceirizado 0 72

22 cortar peças do cabedal no balancin 8 5,00 0,5 20,00 4

23 pegar no estoque os materiais para cortar 8 5,00 0,75 30,00 327 armazenar material que sobra 8 5,00 0,4 16,00 829 levar cortes do cabedal para chanfrar 2 5,00 1,5 15,00 4

30 esperar pela máquina para iniciar o chanfro (outras referências) 0 1 2

33 aguardar liberação da máquina de dublar 0 1 1,236 levar peças para revisar 2 5,00 4 40,00 2,5

41 levar freqüência para agrupar com peças cortadas 1 5,00 0,067 0,34 3

43 colocar os talões (peças) no local destinado para setor de costura 1 5,00 0,75 3,75 1 1

SETOR DE COSTURA INTERNA 0,0044 coletar talões na área especificada 1 4,75 2 9,50 7,548 aguardar retorno do cabedal costurado 0 72

51 encaminhar nota fiscal de recebimento para financeiro 1 4,75 0,58 2,76 12

52

realizar conferência dos cabedais conforme descrição (referência, remessa, qtd de pares por n° por talão, qualidade...) e registra falhas em relatório 1 4,75 3,5 16,63 4,5

53 encaminhar relatório de falhas para PCP 1 4,75 0,17 0,81 12

54 encaminhar cabedais conferidos para área onde montagem coleta remessas 1 4,75 1,5 7,13 4,5 3

SETOR DE MONTAGEM 0,0055 Coletar remessas e levar para montagem 1 5,60 2 11,20 13,5 4

58 espera encher carrinho que abastece a esteira 0 159 abastecer esteira 1 5,60 3 16,80 1467 colar sola 4 5,60 6 134,4079 disponibilizar pra expedição 1 5,60 6 33,60 1,7

MATRIZ DE QUANTIFICAÇÃO DAS PERDAS

Figura 19: Matriz de QuantificaçãoFonte: Elaborado pela autora

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64

Atividade 8: Elaboração de gráfico de barras e listagem das perdas

priorizadas

Nesta atividade foram elaborados dois gráficos de barras. Apesar desses gráficos

não apresentarem dados novos, eles são eficientes para a priorização, pois mostram os dados

organizados de forma decrescente, simplificando a seleção das perdas mais críticas. Um

destes gráficos facilitou a visualização das perdas responsáveis pelos maiores consumos de

tempo (Figura 20) e o outro facilitou a visualização das perdas geradoras dos maiores gastos

com mão-de-obra (Figura 21).

Nos eixos horizontais dos gráficos de barras elaborados optou-se por utilizar os

números correspondentes às atividades ao invés dos nomes. Todas as atividades às quais os

números correspondem podem ser verificadas na Figura 19.

Na elaboração do gráfico de barras dos valores de tempo consumido pelas perdas

não foram incluídas as atividades terceirizadas, pois já estava claro para a equipe que essas

atividades consomem um tempo muito maior do que as demais.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

67 79 36 52 59 55 44 29 54 5 16 2 30 33 58 18 23 4 7 43 51 22 13 27 53 41 17 20

N° da atividade correspondente à perda

Tem

po g

asto

(hor

as)

Figura 20: Gráfico de barras do consumo de tempo pelas perdasFonte: Elaborado pela autora

Na elaboração do gráfico de barras dos custos das perdas com mão-de-obra foram

excluídas as atividades que não geravam estes custos: as esperas. Além disso, excluiu-se do

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65

gráfico a atividade 67, “colar sola”, pois com este dado representado no gráfico, a

visualização dos outros dados ficava prejudicada.

0,00

3,00

6,00

9,00

12,00

15,00

18,00

21,00

24,00

27,00

30,00

33,00

36,00

39,00

42,00

45,00

36 79 18 23 22 59 52 27 29 55 44 4 54 5 16 2 7 43 51 13 53 41 17 20

N° da atividade correspondente à perda

Cus

to d

e m

ão d

e ob

ra (R

$)

Figura 21: Gráfico de barras dos custos das perdas com mão-de-obraFonte: Elaborado pela autora

A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a

continuidade da aplicação dos procedimentos metodológicos. As perdas priorizadas são

apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4: Atividades e respectivas perdas priorizadas

N° Atividade Perda67 Colar sola Fabricação de defeituosos36 Levar peças para revisar Transporte79 Disponibilizar pra expedição Espera e estoque18 Receber o talão (documento) e pegar no estoque os materiais para

cortarTransporte e estoque

23 Pegar no estoque os materiais para cortar Transporte e estoque52 Realizar conferência dos cabedais conforme descrição e registrar

falhas em relatórioFabricação de defeituosos

59 Abastecer esteira Transporte55 Coletar remessas e levar para montagem Transporte44 Coletar talões na área especificada Transporte22 Cortar peças do cabedal no balancin Superprodução27 Armazenar material que sobra Estoque3 Aguardar retorno das solas de empresa terceirizada Espera6 Aguardar retorno das solas de empresa terceirizada Espera

21 Aguardar retorno de peças de freqüência Espera48 Aguardar retorno das peças do cabedal costuradas Espera

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66

Fonte: Elaborada pela autora

4.1.5 Resultados da Etapa 5: Proposição de ações para a redução das perdas

Atividade 9: Análise das causas das perdas

A primeira atividade da etapa 5 consistiu da busca pela identificação das causas

geradoras das perdas selecionadas para o estudo.

Inicialmente, utilizou-se o método dos “5 porquês” e o Diagrama de Causa e

Efeito. Exemplos da utilização do método dos “5 porquês” e do Diagrama de Causa e Efeito,

são apresentados, respectivamente, nas Figuras 22 e 23.

Em seguida, realizou-se a releitura de parte do material elaborado para o

esclarecimento da equipe na etapa 1. Esta atividade mostrou-se muito importante para a

elaboração de propostas de soluções. A equipe releu, em reunião, as ações encontradas na

literatura para a eliminação ou redução das 7 perdas segundo o STP. As informações

importantes para releitura são apresentadas na Figura 24, que resume o que é cada perda,

quais os problemas que cada perda causa e que soluções podem ser utilizadas na redução ou

eliminação das perdas.

PERDA POR ESTOQUE DE MATERIAIS NO SETOR DE CORTE 1- Por que existe estoque de materiais no setor de corte? Porque sobra material dos cortes.

2- Por que sobra material dos cortes? Porque os materiais não são separados na quantidade exata pelo setor de almoxarifado.

3- Por que os materiais não são separados na quantidade exata pelo setor de almoxarifado? Porque o procedimento aceito na empresa é a separação do material em quantidade maior que a necessária.

4- Porque a empresa aceita a separação do material do material em quantidade maior que a necessária? Porque se acredita que separando o material desta forma o processo ocorre de forma mais rápida.

5- Por que se acredita que separando o material desta forma o processo ocorre de forma mais rápida? Porque reduz o número de vezes de transporte do material do setor de almoxarifado para o setor de corte.

Figura 22: Exemplo de aplicação do método “5 porquês”Fonte: Elaborado pela autora

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

67

* Os funcionários precisam de treinamento para aplicar o

adesivo corretamente?

MÉTODO MÃO-DE-OBRA MÁTÉRIA-PRIMA

MÁQUINA MEIO-AMBIENTE MEDIDA

* o adesivo é corretamente aplicado pelos funcionários?

* o adesivo é adequado?

* Os funcionários precisam de motivação para trabalhar

conforme estão treinados?

* O adesivo pode ser substituído por outro?

* Os equipamentos utilizados na ativação do adesivo e na sua secagem estão fiuncionando corretamente?

* A temperatura e/ou a umidade do ambiente precisam ser controladas?

* O tempo de exposição à ativação do adesivo é adequado?

* O tempo de secagem é adequado?

Sola descola do cabedal

* A quantidade de adesivo utilizada é suficiente?

adequado?

Figura 23: Diagrama de Causa e Efeito para perda por fabricação de produtos defeituososFonte: Elaborado pela autora

PERDA O QUE É? PROBLEMAS SOLUÇÕESSUPERPRODUÇÃO

Produzir mais que o necessário; Produzir antes do necessário.

Gera estoque; Consome recursos e tira a capacidade de produção do que é necessário; Gera atrasos em outros produtos.

Reduzir tempos de preparação de equipamentos; Produção de lotes menores; Sincronização entre processos; Melhoria no layout; Redução do lead time.

ESPERA Espera de pessoas, materiais ou informações. Uma peça espera pelo resto do lote. Um lote espera pelo término de outro.

Aumenta o lead time; Aumenta estoques intermediários e de produto acabado.

Reduzir tempos de preparação de equipamentos; Balancear a produção; Melhorar a confiabilidade para reduzir falhas.

TRANSPORTE Movimentação excessiva de pessoas, materiais ou informações.

Aumenta os custos; Não agrega valor ao produto; Aumenta o lead time.

Minimizar necessidade de transporte: modificações no layout; Utilizar esteiras rolantes, braços mecânicos, etc.

ESTOQUES Excesso de matérias-primas, materiais e produtos acabados; Segundo o STP, os estoques são a “origem de todos os problemas”.

Gera necessidade de recursos (local para armazenar; pessoas e equipamentos para realizar a manutenção, muitos custos para a manutenção); Capital parado; Obsolescência dos produtos.

Balancear quantidades e sincronizar processos; Aumentar a confiabilidade dos processos (estoques são usados para prevenir que quebras de máquina ou refugos atrasem os processos); Ter uma boa programação de produção; Redução do tamanho dos lotes; Redução nos tempos de setup.

Figura 24: Resumo sobre as 7 perdas

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

68

PROCESSAMENTO EM SI

Atividades desnecessárias; Uso de ferramentas ou procedimentos errados.

Consome recursos; Aumenta o lead time

“Como este produto pode ser redesenhado para manter a qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir custos?” “Como a fabricação deste produto pode ser melhorada?” “Por que este método deve ser utilizado neste tipo de processamento?” avaliar e selecionar tecnologias, ferramentas e procedimentos de fabricação.

DESPERDÍCIO DE MOVIMENTOS

Movimentos desnecessários realizados pelos trabalhadores durante a execução de atividades principais.

Aumenta o lead time; Aumenta a fadiga.

Melhorar a disposição de peças e equipamentos; Organizar o ambiente de trabalho; Difundir padrões de operação; Por fim, mecanização.

FABRICAÇÃO DE DEFEITUOSOS

Fabricar produtos não-conformes; produtos que não atendem os requisitos de qualidade especificados pelo projeto.

Perda que causa maior impacto no cliente”; Consome recursos sem gerar retorno.

Confiabilidade do processo; Rápida detecção e solução de problemas; Inspeção para prevenir defeitos e impedir recorrência quando ocorrerem à dipositivos poka-yoke.

Figura 24: Resumo sobre as 7 perdas – continuaçãoFonte: Elaborado pela autora

Após a realização das investigações das causas das perdas priorizadas, verificou-

se que o aumento do lead time ou dos custos, poderia ser resumido por cinco causas

principais:

1. Terceirização de algumas etapas do processo – fabricação de solas, fabricação de

freqüências e costuras de cabedais;

2. Inadequação do layout interno da área industrial, que tornava necessário que

longas distâncias fossem percorridas;

3. Falta de aproveitamento de tecnologia disponível;

4. Programação da produção inadequada;

5. Procedimentos de operação não otimizados – realização de atividades

desnecessárias.

Atividade 10: Elaboração de propostas

A segunda atividade da etapa 5 foi a proposição de soluções para as perdas

priorizadas. Apesar de não estar previsto, durante a realização desta atividade, a equipe

discutiu também algumas soluções para perdas que não estavam entre aquelas priorizadas. A

equipe utilizou o brainstorming para a geração de idéias. Então, realizou-se uma discussão

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

69

inicial sobre as idéias geradas e passou-se para a atividade de avaliação da viabilidade das

propostas. As propostas elaboradas para a redução das perdas estão apresentadas juntamente

com a análise da viabilidade nas ‘Fichas para análise da viabilidade de ações de melhoria’.

A realização da atividade 10 esteve fortemente relacionada à atividade 9. Para que

a equipe propusesse soluções para as perdas, a análise das causas mostrou-se muito

importante.

Atividade 11: Avaliação da viabilidade da implementação das propostas

A atividade 11 consistiu na verificação dos recursos necessários e na avaliação da

viabilidade técnica e da viabilidade econômica para a implementação das ações propostas na

atividade 10. A equipe reuniu-se e verificou quais informações deveriam ser obtidas.

Determinou-se quem faria o levantamento de cada informação. Realizou-se outra reunião, na

qual as informações foram discutidas pela equipe. Com essas informações, iniciou-se o

preenchimento das fichas de viabilidade de execução das ações. Essas fichas são apresentadas

em seguida.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 01 Data: 17/09/2008

Atividades 52 – Conferir cabedais costurados recebidos de empresas terceirizadas.Perda(s) por Produção de defeituosos. Proposta Tendo em vista que a empresa já promove treinamentos para os

funcionários das empresas terceirizadas, a proposta é que no momento da realização desses treinamentos elabore-se um cabedal modelo para ficar disponível na empresa terceirizada.Disponibilizar o funcionário de manutenção da empresa para realizar avaliações e correções nas máquinas de costura das empresas terceirizadas a cada dois meses. Elaborar uma planilha simples para que o funcionário de manutenção tenha o controle sobre as datas.

Viabilidade Viabilidade imediata.Motivo A funcionária que treina se responsabilizará por deixar o modelo nas

empresas terceirizadas e comunicar que, quando os funcionários tiverem dúvidas, deverão observar o modelo. O funcionário de manutenção de equipamentos possui tempo disponível para ir até as empresas terceirizadas.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 02 Data: 17/09/2008

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

70

Atividades 67 – Colar solaPerda(s) por Fabricação de defeituososProposta Manter os pares com a cola aplicada por mais tempo em exposição às

luzes de ativação do adesivo e aumentar o tempo de secagem.Viabilidade Viável em médio prazo.Motivo A regulagem da velocidade da esteira para que os pares fiquem expostos

mais tempo aos equipamentos de ativação e secagem do adesivo é simples, porém esses equipamentos poderão tornar-se gargalos, fazendo necessária a aquisição de novos equipamentos.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 03 Data: 17/09/2008

Atividade 36 – Materiais para revisãoPerda(s) por Superprodução por antecipação, estoque intermediário e espera.Proposta Balancear a produção. Enviar as freqüências para a terceirização antes do

setor de corte iniciar a cortar as peças do cabedal.Viabilidade Viável em curto prazo.Motivo A produção das freqüências é o gargalo, pois o tempo de fabricação é

mais longo que as demais peças que são agrupadas junto, pelas funcionárias da revisão. Como já está estabelecido que a terceirização das freqüências será mantida, a proposta de ajustar a programação é adequada. O setor de PCP é capaz de enviar o pedido de terceirização das freqüências antes de emitir a remessa correspondente para a produção interna.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 04 Data: 17/09/2008

Atividades 79 – Disponibilizar para a expedição os pares de calçados prontos.Perda(s) por Estoque e espera.Proposta Encarregar o funcionário do final da esteira de montagem e acabamento

por encaminhar os pares para o setor de expedição ou, nos períodos em que o volume de produção diário aumenta, responsabilizar este funcionário por utilizar um dispositivo visual para comunicar que o funcionário do setor de expedição deve coletar os calçados prontos.

Viabilidade Viável em curto prazo.Motivo A empresa possui recursos para treinar os funcionários envolvidos e

disponibilizar um quadro de comunicação visual.

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71

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 05 Data: 19/09/2008

Atividades 58 e 59 – Aguardar encher o carrinho de transporte com materiais e transportar para abastecer outra esteira.

Perda(s) por Espera e transporteProposta Estas perdas podem ser eliminadas com alteração do layout interno do

setor de montagem. Posicionar as esteiras de montagem de forma que o fluxo fique em linha contínua. O projeto deve ser elaborado considerando as variações de produção e necessidade de flexibilidade na disposição dos equipamentos.

Viabilidade Viável em médio prazo.Motivo Esta mudança de layout é mais simples que as demais mudanças de

layout propostas, porém também exige recursos financeiros não disponíveis.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 06 Data: 19/09/2008

Atividade 55 – Montagem coleta materiais junto ao setor de costura internaPerda(s) por Transporte e estoqueProposta Alterar layout da fábrica, alocar a montagem mais próxima dos demais

setores. Viabilidade Viável em longo prazo.Motivo A distância do setor de montagem em relação aos demais setores é a

maior responsável pelas perdas com transporte. O fluxo de materiais entre a montagem e os demais setores é intenso e justifica uma alteração no layout, porém a empresa ainda não possui recursos financeiros disponíveis para a alteração. Os projetos devem ser elaborados para implementação no futuro.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 07 Data: 19/09/2008

Atividades 44 – Funcionárias da costura coletam os talões de calçados na área de revisão do corte.

Perda(s) por Transporte.Proposta Alterar layout da fábrica.Viabilidade Viável em longo prazo. Motivo A mudança de layout exigirá recurso que a empresa não dispõem

atualmente, porém a mudança deve ser feita no futuro para reduzir custos de produção e fadiga dos funcionários.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL · Web viewFonte: Elaborado pela autora A partir dos gráficos de barras, foi possível selecionar as perdas prioritárias para a continuidade

72

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 08 Data: 19/09/2008

Atividades 13, 18, 23, 27 – Funcionário do almoxarifado estoca materiais no setor de corte; funcionários do setor de corte coletam os materiais nesse estoque, utilizam e depois armazenam novamente as sobras.

Perda(s) por Transporte e estoque. Proposta Retirar o estoque do setor de corte. Os materiais que sobram devem ser

enviados de volta para o almoxarifado. Mudar layout do setor de corte. Utilizar kanbans para a distribuição dos materiais.

Viabilidade Viável em longo prazo.Motivo A mudança de layout exigirá recurso que a empresa ainda não dispõem,

mas são possíveis no futuro. Já os materiais que sobram do corte podem ser enviados de volta para o almoxarifado ao invés de serem colocados nas prateleiras de estoque, em curto prazo, logo que for incluído no sistema de controle de estoques um campo para o registro dessas quantidades devolvidas. Isso permitirá um controle maior sobre o consumo dos materiais.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 09 Data: 23/09/2008

Atividades 22 - Cortar peças do cabedal no balancin.Perda(s) por Superprodução por antecipação.Proposta Adequar a programação da produção de acordo com a capacidade das

máquinas em produzir os modelos.Viabilidade Viável em médio prazo.Motivo As máquinas de chanfro tornam-se gargalos quando a quantidade de

modelos que necessita chanfro programada em seqüência de produção é muito grande, por outro lado as máquinas de chanfro ficam ociosas quando a seqüência de produção é de muitos modelos que não utilizam chanfro.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 10 Data: 23/09/2008

Atividades 2, 3, 5 e 6 – Terceirização da fabricação de solados.Perda(s) por Espera e transporte.Proposta Produzir os solados na própria indústria.Viabilidade Não é viável.Motivo Apesar de o lead time poder ser reduzido com a fabricação interna, os

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73

custos da instalação de equipamentos, da contratação de funcionários, da manutenção e do consumo de energia elétrica para a produção interna seriam maiores que os custos da terceirização dos solados.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 11 Data: 23/09/2008

Atividades 20, 21, 48 – Terceirização da costura.Perda(s) por Espera e transporte.Proposta Realizar as atividades de costura na própria indústria.Viabilidade Não é viável.Motivo Apesar de o lead time poder ser reduzido com a fabricação interna, os

custos da instalação de equipamentos e com a contratação de funcionários para a realização das atividades de costura seriam maiores que os custos da terceirização.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 12 Data: 23/09/2008

Atividade 16 – Envio de materiais do almoxarifado para o setor de montagem.Perda(s) por Transporte.Proposta Alteração no layout da área de produção.Viabilidade Viável em longo prazo.Motivo Atualmente a empresa não possui recursos financeiros disponíveis para

uma mudança no layout (necessidade de mudança nas instalações elétricas), porém a proposta foi considerada muito importante e o planejamento deverá ser elaborado para sua realização em longo prazo.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 13 Data: 23/09/2008

Atividade 51 – Encaminhar nota fiscal de recebimento para setor financeiro.Perda(s) por Transporte.Proposta Transferir esta responsabilidade para os funcionários das empresas

terceirizadas. Viabilidade Viabilidade imediata. Motivo É necessário apenas instruir os funcionários das empresas terceirizadas.

FICHA PARA ANÁLISE DA VIABILIDADE DE AÇÕES DE MELHORIA

Ficha n°: 14 Data: 23/09/2008

Atividade 53 – Setor de costura encaminha relatório de falhas para PCP.Perda(s) por Transporte.Proposta Utilizar meio digital para o envio do relatório. Inicialmente, os relatórios

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74

podem ser enviados via e-mail e depois podem ser incluídos no sistema. Viabilidade Viabilidade imediata.Motivo O setor de costura interna já possui um computador com rede disponível.

As Fichas de análise da viabilidade das propostas mostraram que, entre as ações

sugeridas para reduzir as perdas, algumas serão viáveis em longo prazo, outras em médio

prazo, algumas em curto prazo, algumas tinham viabilidade imediata de implementação e, por

outro lado, algumas não serão viáveis.

A partir da observação das fichas apresentadas, pode-se destacar que, apesar da

viabilidade apenas em longo prazo, é fundamental elaborar um plano de alteração do layout

na empresa estudada para reduzir perdas. Tanto a distribuição dos setores dentro do prédio

(macro layout), quanto distribuição das máquinas e equipamentos (micro layout) não está

adequada. Estudos aprofundados dos fluxos de fabricação e de informações e também das

necessidades de flexibilidade da produção devem ser realizados para a elaboração de projetos

de macro e micro layout consistentes.

4.2 DISCUSSÃO DE OUTROS RESULTADOS OBSERVADOS DURANTE A

REALIZAÇÃO DO TRABALHO

Durante a implementação dos procedimentos metodológicos propostos neste

trabalho, observaram-se outros resultados não especificamente relacionados apenas a uma

etapa. Esses resultados gerais, observados na aplicação do método como um todo, são

apresentados nesta seção.

O primeiro resultado não diretamente relacionado a apenas uma etapa foi que uma

parte das atividades maior do que a prevista pôde ser realizada individualmente por

integrantes da equipe de trabalho, fora de reuniões. Além da coleta de informações ou dados

sobre viabilidade de ações de melhoria e das atividades de elaboração dos modelos de

ferramentas (Matriz de Priorização, Mapa de Processos, Matriz de Perdas, Matriz de

Quantificação, Diagrama de Causa e Efeito, gráfico de barras, etc.), o preenchimento ou

utilização de algumas destas ferramentas (Mapa de Processos, Matriz de Perdas e gráfico de

barras) puderam ser feitos individualmente. Assim, estas ferramentas eram levadas semi-

prontas para as reuniões, necessitando apenas pequenos ajustes.

O segundo resultado observado diz respeito à compreensão das ferramentas e

técnicas utilizadas. Quando os procedimentos metodológicos foram apresentados para a

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75

equipe de trabalho, os integrantes da equipe manifestaram que estes procedimentos haviam

sido bem compreendidos. Porém, ao longo da aplicação, alguns integrantes apresentaram

dificuldades na utilização de algumas ferramentas. Por exemplo, uma dificuldade foi

observada quando a pesquisadora levou o modelo da Matriz de Perdas para uma reunião da

equipe com objetivo de preenchê-la. Nesta reunião, alguns integrantes não concordavam que

as perdas verificadas realmente representavam perdas na prática, assim propuseram a não

utilização desta ferramenta. Com isso, sugere-se que, em uma futura implementação dos

procedimentos propostos neste trabalho, o responsável pelo esclarecimento da equipe

destaque a importância do emprego das ferramentas e esclareça com detalhe a forma de

utilizar cada uma delas.

O terceiro resultado geral observado foi que além das 7 perdas sugeridas no

Sistema Toyota de Produção, foi possível identificar outra perda muito significativa na

indústria estudada, a perda pelo desperdício de matérias-primas e materiais. Esta perda ocorria

por dois motivos, o primeiro era a falta de padrão de utilização dos materiais e o segundo era

a falta de controle sobre o material consumido. Muitas vezes a quantidade de material

necessária na prática é superior à quantidade calculada de consumo. No setor de corte, por

exemplo, esta perda ocorre porque não há um padrão de encaixe das navalhas pré-

estabelecido para cortar os materiais. Assim, cada cortador define o encaixe da forma que

considerar mais conveniente. Além disso, a quantidade de material calculada em estoque no

almoxarifado nem sempre é a existente na prática. Isso ocorre porque a empresa não realizou

a qualificação de todos os fornecedores e porque, algumas vezes, os funcionários do setor de

almoxarifado liberam materiais para os outros setores em quantidades diferentes das

registradas em documentos.

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76

5 CONCLUSÕES

Este trabalho foi elaborado com o objetivo geral de gerar propostas para reduzir

perdas, segundo as sete classes citadas pelo Sistema Toyota de Produção, em uma empresa de

calçados. Para alcançar o objetivo geral, inicialmente, buscou-se identificar na literatura ações

utilizadas na redução das 7 perdas. As ações identificadas como as mais importantes estão

apresentadas na Figura 24 deste trabalho, e podem ser resumidas em: (i) redução dos tempos

de preparação dos equipamentos (setups); (ii) diminuição dos tamanhos dos lotes; (iii)

sincronização ou balanceamento das atividades dos processos; (iv) melhoria no layout e (v)

melhoria na confiabilidade para reduzir falhas.

Em seguida, realizou-se uma busca na literatura sobre os principais elementos

relacionados à melhoria de processos. Os elementos identificados como os mais importantes

para gerar melhorias foram: o entendimento do que significa um processo, a determinação dos

limites de cada processo, a realização de uma análise das causas de problemas em processos e

a utilização de indicadores de desempenho para a verificação e comprovação dos resultados

das ações de melhoria. Destaca-se que a análise do processo pode ser facilitada

desmembrado-se o processo em quatro elementos: processamento, transporte, inspeção e

espera. Identificou-se, também que, na análise de processos, os fluxogramas de processos, o

Método dos 5 porquês e os Diagramas de Causa e Efeito proporcionam informações muito

importantes.

Ainda no final da revisão da literatura, selecionou-se o método de redução de

perdas em processos proposto por Kayser como ponto de partida em relação aos

procedimentos metodológicos que seriam utilizados. Então, realizou-se uma adaptação deste

método segundo a realidade da empresa e com base nas demais informações da literatura. A

adaptação feita resultou em 8 etapas, desdobradas em 16 atividades (Figura 9).

Após a conclusão da proposição de procedimentos metodológicos, iniciou-se a

implantação desses em uma empresa do setor calçadista, situada no Vale do Sinos, no Rio

Grande do Sul. Foram aplicadas as cinco primeiras etapas do método. Esta aplicação permitiu

que o objetivo geral do trabalho fosse alcançado, pois foram geradas propostas de redução de

perdas com a pretensão de melhorar um processo produtivo da empresa em estudo. Os

resultados de cada etapa aplicada foram apresentados no capítulo 4.

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77

Por fim, buscou-se discutir os resultados obtidos. Destacam-se como principais

resultados:

(i) A equipe formada possuía conhecimentos que cobriram todo o processo

selecionado.

(ii) A utilização de exemplos práticos relacionados ao segmento industrial da empresa

estudada facilitou a compreensão da teoria durante o esclarecimento da equipe.

(iii) A elaboração do Mapa de Processo foi fundamental para o entendimento do

processo.

(iv) A Matriz de Perdas foi muito importante para verificação dos pontos de ocorrência

das perdas apesar de, posteriormente, ser necessária uma avaliação do contexto em

que essas perdas ocorrem para comprovar que são realmente perdas.

(v) A Matriz de Quantificação é muito útil para a avaliação dos resultados obtidos,

pois simplifica a comparação de dados numéricos. Além disso, torna o trabalho

mais tangível.

(vi) O estudo das causas, através da utilização das ferramentas 5 porquês e Diagrama

de Causa e Efeito e principalmente pela releitura da bibliografia sobre as 7 perdas

foram simplificadores para a proposição de soluções.

(vii) As Fichas para análise da viabilidade de ações de melhoria facilitaram a

visualização e documentação dos resultados das análises das propostas.

(viii) Quando a equipe que estiver realizando um trabalho de melhoria de processo não

tiver conhecimento sobre as ferramentas ou técnicas que serão utilizadas, é

necessário destacar a importância do emprego delas e esclarecer detalhadamente a

forma de utilização.

Sugere-se que estudos futuros apresentem os resultados de uma aplicação

completa dos procedimentos metodológicos propostos neste trabalho. Além disso, seria

interessante que os procedimentos propostos fossem aplicados em uma indústria de outro

segmento.

Sugere-se também, que em trabalhos futuros de redução de perdas, seja realizada

uma análise de operações, não somente de processos, segundo conceito apresentado por

Shingo com o Mecanismo da Função Produção.

Por fim, sugere-se que sejam realizados estudos sobre perdas por má utilização de

matérias-primas em indústrias calçadistas.

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APÊNDICE A

MAPA DE PROCESSO

PROCESSO: FABRICAÇÃO DE CALÇADOS MONTADOS SINTÉTICOSDATA: 16.07.2008

FENÔMENOS:ProcessamentoTransporteEsperaInspeçãoEstoque

ALMOXARIFADO E DISTRIBUIÇÃO1 separar solas para envio para ateliers x2 enviar solas para ateliers x3 aguardar retorno das solas x4 receber solas e separar por modelo x5 enviar solas para atelier de pré-fabricados x6 aguardar retorno das solas x

7 conferir o que há nos estoques dos demais setores (doc. de remessa) x

8 separar materiais para o corte x9 cortar, dobrar e grampear sintéticos x10 separar pacotes de espuma necessários x11 colocar materiais em carrinho x

12 dar baixa dos materiais no sistema de estoques x

13 levar os materiais e estocar no setor de corte x

14 separar etiquetas x

15 receber solas e casar com palmilhas de conforto, por talões x

16 quando solicitado, enviar materiais para montagem (ilhós, solas, atacadores) x

17 quando solicitado, enviar materiais para costura (fitas e linhas) x

ATIVIDADE

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SETOR DE CORTE

18 receber o talão (documento) e pegar no estoque os materiais para cortar x

19 cortar peças para freqüência x20 enviar peças de freqüência para costura x

21 aguardar peças de frequencia voltarem do terceirizado x

22 cortar peças do cabedal no balancin x23 pegar no estoque os materiais para cortar x

24 cortar espuma da lingueta e espuma da gola cabedal x

25 cortar bidins (espelho, laterais, traseiro, peça lateral) x

26 cortar couraça da biqueira, reforços x27 armazenar material que sobra x x28 agrupar cortes do cabedal (dos balancins) x29 levar cortes do cabedal para chanfrar x

30 esperar pela máquina para iniciar o chanfro (outras referências) x x

31 chanfrar (desgastar) x

32 agrupar peças chanfradas (cabedal) com bidins e espumas x

33 aguardar liberação da máquina de dublar x x34 prensar couraças, reforços (dublar) x

35 agrupar peças dubladas copm as demais peças do cabedal x

36 levar peças para revisar x37 revisar peças do cabedal x

38 cortar entressola, palmilha, forro da lingueta e do traseiro (nos balancins ponte) x

39agrupar cortes do ponte por modelo e talão. Revisar peças conforme grades por talão (n° pares e qualidade). Agrupar por numeração.

x

40 receber freqüência e chanfrar x

41 levar freqüência para agrupar com peças cortadas x

42 revisar e agrupar aviamentos com peças dos talões (separando por talão) x x

43 colocar os talões (peças) no local destinado para setor de costura x x

SETOR DE COSTURA INTERNA44 coletar talões na área especificada x

45 separar os cortes por atelier, colocando em áreas diferentes x

46 preencher requisição de nota fiscal de saída leva para faturamento (envio de material) x

47 entregar talões (peças) para ateliers x48 aguardar retorno do cabedal costurado x

49 rececber cabedais costurados dos ateliers x

50agrupa cabedais recebidos de acordo com o número da remessa (para manter ordem da programação)

x

51 encaminhar nota fiscal de recebimento para financeiro x

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52

realizar conferência dos cabedais conforme descrição (referência, remessa, qtd de pares por n° por talão, qualidade...) e registra falhas em relatório

x

53 encaminhar relatório de falhas para PCP x

54 encaminha cabedais conferidos para área onde montagem coleta remessas x

SETOR DE MONTAGEM55 Coletar remessas e levar para montagem x x56 colocar ilhós x57 conformar traseiro x

58 espera encher carrinho que abastece a esteira x

59 abastecer esteira x60 agrupar sola x61 riscar a beira do cabedal x62 asperar a beira do cabedal x63 aplicar adedsivo base no cabedal x64 aplicar adesivo na sola x65 aplicar adesivo no cabedal x66 abastecer turboline (aquece) x67 colar sola x68 prensar sola (esfria) x69 desenformar x70 blaquear a sola x71 colocar atacador x72 colocar palmilha x73 limpar x74 revisar x75 montar caixa x76 colocar tag x77 encaixotar x78 colocar etiqueta na caixa x79 disponibilizar pra expedição x

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APÊNDICE B

MATRIZ DE PERDAS

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ALMOXARIFADO E DISTRIBUIÇÃO              1 separar solas para envio para ateliers              2 enviar solas para ateliers     x        3 aguardar retorno das solas   x          4 receber solas e separar por modelo       x      5 enviar solas para atelier de pré-fabricados     x        6 aguardar retorno das solas   x          

7 conferir o que há nos estoques dos demais setores (doc. de remessa)       x      

8 separar materiais para o corte              9 cortar, dobrar e grampear sintéticos              10 separar pacotes de espuma necessários              11 colocar materiais em carrinho              

12 dar baixa dos materiais no sistema de estoques              

13 levar os materiais e estocar no setor de corte     x        14 separar etiquetas              

15 receber solas e casar com palmilhas de conforto, por talões              

16 quando solicitado, enviar materiais para montagem (ilhós, solas, atacadores)     x        

17 quando solicitado, enviar materiais para costura (fitas e linhas)     x        

SETOR DE CORTE              

18 receber o talão (documento) e pegar no estoque os materiais para cortar     x        

19 cortar peças para freqüência              20 enviar peças de freqüência para costura     x        

21 aguardar peças de freqüência voltarem do terceirizado   x          

22 cortar peças do cabedal no balancin x            

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23 pegar no estoque os materiais para cortar     x        

24 cortar espuma da lingueta e espuma da gola cabedal              

25 cortar bidins (espelho, laterais, traseiro, peça lateral)              

26 cortar couraça da biqueira, reforços              27 armazenar material que sobra         x    28 agrupar cortes do cabedal (dos balancins)              29 levar cortes do cabedal para chanfrar     x        

30 esperar pela máquina para iniciar o chanfro (outras referências)   x          

31 chanfrar (desgastar)              

32 agrupar peças chanfradas (cabedal) com bidins e espumas              

33 aguardar liberação da máquina de dublar   x          34 prensar couraças, reforços (dublar)              

35 agrupar peças dubladas copm as demais peças do cabedal              

36 levar peças para revisar     x        37 revisar peças do cabedal              

38 cortar entressola, palmilha, forro da lingueta e do traseiro (nos balancins ponte)              

39agrupar cortes do ponte por modelo e talão. Revisar peças conforme grades por talão (n° pares e qualidade). Agrupar por numeração.              

40 receber freqüência e chanfrar              

41 levar freqüência para agrupar com peças cortadas     x        

42 revisar e agrupar aviamentos com peças dos talões (separando por talão)              

43 colocar os talões (peças) no local destinado para setor de costura         x    

SETOR DE COSTURA INTERNA              44 coletar talões na área especificada     x        

45 separar os cortes por atelier, colocando em áreas diferentes              

46 preencher requisição de nota fiscal de saída leva para faturamento (envio de material)              

47 entregar talões (peças) para ateliers              48 aguardar retorno do cabedal costurado   x          49 rececber cabedais costurados dos ateliers              

50agrupa cabedais recebidos de acordo com o número da remessa (para manter ordem da programação)              

51 encaminhar nota fiscal de recebimento para financeiro     x        

52

realizar conferência dos cabedais conforme descrição (referência, remessa, qtd de pares por n° por talão, qualidade...) e registra falhas em relatório             x

53 encaminhar relatório de falhas para PCP     x        

54 encaminhar cabedais conferidos para área onde montagem coleta remessas     x   x    

SETOR DE MONTAGEM              55 Coletar remessas e levar para montagem     x   x    56 colocar ilhós              57 conformar traseiro              

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58 espera encher carrinho que abastece a esteira   x          59 abastecer esteira     x        60 agrupar sola              61 riscar a beira do cabedal              62 asperar a beira do cabedal              63 aplicar adedsivo base no cabedal              64 aplicar adesivo na sola              65 aplicar adesivo no cabedal              66 abastecer turboline (aquece)              67 colar sola             x68 prensar sola (esfria)              69 desenformar              70 blaquear a sola              71 colocar atacador              72 colocar palmilha              73 limpar              74 revisar              75 montar caixa              76 colocar tag              77 encaixotar              78 colocar etiqueta na caixa              79 disponibilizar pra expedição   x     x