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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PERILÔNIA OLIVEIRA CAMPOS DE SOUZA INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO: A TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO EXTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, CEARÁ, PARAÍBA E PERNAMBUCO NOS ANOS RECENTES (2008-2012) NATAL/RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

PERILÔNIA OLIVEIRA CAMPOS DE SOUZA

INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO: A TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO

EXTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, CEARÁ, PARAÍBA E PERNAMBUCO

NOS ANOS RECENTES (2008-2012)

NATAL/RN

2013

PERILÔNIA OLIVEIRA CAMPOS DE SOUZA

INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO: A TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO

EXTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, CEARÁ, PARAÍBA E PERNAMBUCO

NOS ANOS RECENTES (2008-2012)

Trabalho de conclusão de curso de Graduação

apresentado ao Departamento de Economia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Econômicas

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lussieu da Silva

NATAL/RN

2013

PERILÔNIA OLIVEIRA CAMPOS DE SOUZA

INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO: A TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO

EXTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, CEARÁ, PARAÍBA E PERNAMBUCO

NOS ANOS RECENTES (2008-2012)

Trabalho de conclusão de curso de Graduação

apresentado ao Departamento de Economia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Econômicas

Aprovado em 31/12/2013

BANCA EXAMINADORA

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lussieu da Silva

Universidade Federal do Rio Grande Do Norte - UFRN

Prof. Dr. Denilson da Silva Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

NATAL/RN

2013

Dedico este trabalho a minha querida

avó, Albertina Ribeiro de Oliveira (in

memoriam), pela dedicação e amor com

que educou seus sete netos. Apesar de

nunca ter frequentado uma escola

sempre nos incentivou a estudar para que

tivéssemos um futuro melhor.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar o dom da vida, por ter me feito

acreditar que os sonhos podem ser alcançados. Que colocou no meu caminho pessoas

maravilhosas que me fizeram crer ainda mais que ELE escolhe anjos abençoados que nos

ajudam no nosso caminhar quando pensamos em desistir.

Aos meus pais, Otávio Fernandes Campos (in memoriam) e Maria Aleide de

Oliveira campos, pela educação e amor.

As minhas irmãs Priscila, Padja e Patrícia pelo carinho, amor e companheirismo

proporcionados durante todos esses anos, que sempre acreditaram em mim e contribuíram

para que eu chegasse até aqui. O meu MUITO OBRIGADA!!

Aos meus filhos, Rafael e Leonardo, que tiveram paciência em dividir minha atenção

com as horas que tive que dedicar aos meus estudos e ao meu ex-marido, Alcindo, pela sua

grande ajuda e incentivo.

Ao meu cunhado, Edilson, que sempre foi como um pai. Sempre me incentivando e

ajudando no que podia.

De forma muito especial quero agradecer à Prof. Dra. Maria Lussieu da Silva, que

apesar de nunca ter me tido como aluna me aceitou em sua pesquisa, me dando oportunidade

de conhecer um lado maravilhoso do mundo universitário que é a pesquisa científica, pelos

conhecimentos compartilhados ao longo desses anos, pelo grande exemplo de profissional.

A todos os professores do curso de Ciências Econômicas da UFRN, principalmente

aos que me inspiraram pelo amor e dedicação ao que fazem. Em especial à Profa. Dra.

Valdência Apolinário, à Profa. Dra. Maria do Socorro Gondim Teixeira, à Profa. Ma.

Rosângela dos Santos Alves Pequeno, ao Prof. Dr. Denilson da Silva Araújo, ao Prof. Dr.

Marconi Gomes Silva, ao Prof. Dr. André Luis Cabral de Lourenço, ao Prof. Dr. João Matos

Filho e ao Prof. Me. Johnatan Rafael Santana de Brito.

Aos amigos do curso, em especial às amigas Carina e Suerda que me ajudaram e me

incentivaram nos momentos mais difíceis em que pensei em desistir. Pelo encorajamento e

por terem acreditado em mim quando não tinha mais forças para prosseguir.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, o

meu OBRIGADA!!!

Os direitos humanos são violados não

só pelo terrorismo, a repressão, os

assassinatos, mas também pela

existência de condições de extrema

pobreza e estruturas econômicas injustas,

que originam as grandes desigualdades.

(Jorge Mario Bergoglio)

SOUZA, Perilônia Oliveira Campos de. INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO:

A TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO EXTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE,

CEARÁ, PARAÍBA E PERNAMBUCO NOS ANOS RECENTES (2008-2012). Natal,

RN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Departamento de Economia, 2013.

(Monografia).

RESUMO O estudo trata da internacionalização da produção dos estados do Rio Grande do Norte,

Ceará, Paraíba e Pernambuco no período de 2008 a 2012 e visa identificar possíveis

mudanças na inserção comercial a partir da análise da pauta destes estados. Especificamente

busca-se identificar os principais produtos exportados, segundo o fator agregado; assim como

os principais destinos desses produtos. Os procedimentos metodológicos perpassaram pelas

seguintes etapas: (i) revisão bibliográfica, visando construir um panorama que permita

compreender como vem ocorrendo o processo de internacionalização da produção e o tipo de

inserção que vem sendo construída ao longo dos anos; (ii) levantamento dos dados referentes

a economia dos estados selecionados, a partir das informações disponibilizadas pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, cujo intuito é caracterizar a estrutura

socioeconômica dos mesmos; (iii) levantamento dos dados referentes ao comércio exterior do

Brasil, Região Nordeste e dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e

Pernambuco, a partir das informações disponibilizadas pelo Ministério de Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior, por meio da Secretaria de Comércio Exterior –

MDIC/SECEX, com o intuito de analisar a estrutura de comércio internacional destes

estados; iv) sistematização dos dados e análise dos resultados. Avalia-se que as

características de cada estado selecionado geram uma heterogeneidade na região, com

especializações produtivas e inserções comerciais diferenciadas, uma vez que cada estado

apresenta especificidades distintas em relação aos bens produzidos, aos meios de produção

empregados ou a infraestrutura para escoamento da produção dos mesmos. Neste sentido,

observa-se que os quatro estados selecionados apresentam uma composição da pauta de

exportação bastante diferenciada, a despeito de serem constituídas, em sua maioria, por

produtos de baixo valor agregado, a exemplo das commodities agrícolas e industriais.

Ademais, os principais destinos dos produtos são os países desenvolvidos. Em suma, a

compreensão da internacionalização comercial da produção destes estados é fundamental

para a orientação para o desenho de instrumentos e/ou políticas que visem o

desenvolvimento da região. Palavras-Chaves: Inserção comercial, exportações, Região Nordeste, Rio Grande do Norte,

Ceará, Paraíba, Pernambuco.

SOUZA, Perilônia Oliveira Campos de. INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO:

A TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO EXTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE,

CEARÁ, PARAÍBA E PERNAMBUCO NOS ANOS RECENTES (2008-2012). Natal,

RN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Departamento de Economia, 2013.

(Monograph).

ABSTRACT The study deals with the internationalization of production in the states of Rio Grande do

Norte, Ceará, Paraíba and Pernambuco in the period 2008-2012 and aims to identify possible

changes in trade integration based on the analysis of the list of these states. Specifically we

seek to identify the main products exported, according to the aggregate factor; as well as the

main destinations of these products. The methodological procedures permeated by the

following steps: (i) literature review, aiming to construct an overview that allows us to

understand as the internationalization of production and the type of integration that have been

built over the years; (ii) data collection referring to economy of the states, from the

information provided by the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE, whose

aim is to characterize the socioeconomic structure thereof; (iii) data collection referring to the

foreign trade of Brazil, Northeast region and the states of Rio Grande do Norte, Ceará,

Paraíba and Pernambuco, from the information provided by the Ministry of Development,

Industry and Foreign trade, through the Bureau of Foreign trade - MDIC / SECEX , in order

to analyze the structure of international trade in these states; (iv) data systematization and

analysis of results. It is estimated that the characteristics of each selected state generate

heterogeneity in the region, with production specialization and differentiated commercial

insertions, since each state has distinct specificities in relation to goods produced, the means

of production used or infrastructure for transport of produce thereof. In this regard, it is noted

that the four selected states have a composition of highly differentiated export basket, despite

being made mostly by low value-added products, such as agricultural and industrial

commodities. Moreover, the main destinations of the products are developed countries. In

short, understanding the internationalization of commercial production of these states is

critical to the guidance for the design of instruments and/or policies aimed at developing the

region. Keywords: Trade integration, exports, Northeast, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Evolução do saldo da Balança Comercial do Brasil e da Região Nordeste –

2008 – 2012 (US$ 1.000 FOB) ................................................................................................ 36

TABELA 2 – Exportações dos estados selecionados – 2008 – 2012 (US$ 1.000 FOB) ........ 39

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Motivos ou estratégias para a realização de investimento externo .................. 31

QUADRO 2 – Principais municípios e setores exportadores em 2012 ................................... 40

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Exportações das regiões brasileiras (em %) .................................................... 35

GRÁFICO 2 – Exportações dos estados nordestinos (em %) ................................................. 38

GRÁFICO 3 – Balança Comercial do Rio Grande do Norte (US$ 1.000 FOB) ..................... 44

GRÁFICO 4 – Variação anual das exportações do Rio Grande do Norte (em %) .................. 45

GRÁFICO 5 – Balança Comercial do Ceará (US$ 1.000 FOB) .............................................. 47

GRÁFICO 6 – Variação anual das exportações do Ceará (em %) .......................................... 48

GRÁFICO 7 – Balança Comercial da Paraíba (US$ 1.000 FOB ............................................ 50

GRÁFICO 8 – Variação anula das exportações da Paraíba (em %) ........................................ 51

GRÁFICO 9 – Balança Comercial de Pernambuco (US$ 1.000 FOB) ................................... 53

GRÁFICO 10 – Variação anual das exportações de Pernambuco (em %) .............................. 54

GRÁFICO 11 – Exportações por fator agregado do Rio Grande do Norte (em %) ................ 56

GRÁFICO 12 – Principais produtos exportados pelo Rio Grande do Norte (em%) ............... 57

GRÁFICO 13 – Principais países de destino dos produtos do Rio Grande do Norte (em %) . 60

GRÁFICO 14 – Destino das exportações do Rio Grande do Norte por Blocos Econômicos

(em %) .................................................................................................................................... 61

GRÁFICO 15 – Exportações do Ceará segundo fator agregado (em %) ................................. 63

GRÁFICO 16 – Principais produtos exportados pelo Ceará (em %) ....................................... 64

GRÁFICO 17 – Principais destinos das exportações cearenses (em %) .................................. 66

GRÁFICO 18 – Destino por Blocos Econômicos das exportações do Ceará (em %) ............ 67

GRÁFICO 19 – Exportações da Paraíba por fator agregado (em %) ...................................... 69

GRÁFICO 20 – Principais produtos exportados pela Paraíba (em %) .................................... 71

GRÁFICO 21 – Países de destinos das exportações paraibanas (em %) ................................. 72

GRÁFICO 22 – Exportações paraibanas segundo os Blocos Econômicos (em %) ................ 73

GRÁFICO 23 – Exportações por fator agregado de Pernambuco (em %) .............................. 76

GRÁFICO 24 – Principais produtos exportados pelo estado de Pernambuco (em %) ............ 77

GRÁFICO 25 – Principais países demandantes das exportações pernambucanas (em %) ..... 79

GRÁFICO 26 – Destino dos produtos pernambucanos segundo os Blocos Econômicos (em %)

.................................................................................................................................................. 80

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALADI Associação Latino-Americana de Integração

ANCC Associação de Criadores de Camarão

CODERN Companhia Docas do Rio Grande do Norte

EMNs Empresas Multinacionais

ET Empresa Transnacional

FIERN Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte

FOB Free on Board

GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDE Investimento Externo Direto

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

NCM Nomenclatura Comum do Mercosul

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PIB Produto Interno Bruto

PITCE Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECEX Secretaria de Comércio Exterior

VAB Valor Adicionado Bruto

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17

1. PROCESSO DE CONCORRÊNCIA E INTERNACIONALIZAÇÃO DA

PRODUÇÃO ........................................................................................................................... 24

1.1 A firma como agente indutor da valorização do capital ................................................ 24

1.2 A diversificação como fator essencial para o crescimento da firma .............................. 27

1.3 O processo de Internacionalização da produção ............................................................. 28

1.4 Paradigma eclético de Dunning ..................................................................................... 29

2. O PROCESSO DA GLOBALIZAÇÃO: ABERTURA COMERCIAL E A

INSERÇÃO PRODUTIVA DO BRASIL E DA REGIÃO NORDESTE .......................... 33

2.1 A globalização da economia, o processo de internacionalização produtiva e a abertura

comercial brasileira .............................................................................................................. 33

2.2 Inserção comercial do Brasil e da região Nordeste ......................................................... 35

3. ESTRUTURA ECONÔMICA DOS ESTADOS SELECIONADOS: UMA

CONTRIBUIÇÃO PARA A INSERÇÃO COMERCIAL DA REGIÃO NORDESTE ... 42

3.1 Características da economia do Rio Grande do Norte ................................................... 42

3.2 A estrutura econômica do Ceará .................................................................................... 46

3.3 Características econômicas da Paraíba ......................................................................... 48

3.4 A estrutura da economia de Pernambuco........................................................................ 51

4. Estrutura e evolução do comércio exterior do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e

Pernambuco ............................................................................................................................ 55

4.1 Inserção comercial: características da pauta de exportações do Rio Grande do Norte . 55

4.1.1 Os principais destinos das exportações norte-rio-grandenses ................................. 59

4.2 O Ceará e sua inserção comercial: principais características dos produtos exportados . 62

4.2.1 Destino das exportações cearenses ......................................................................... 65

4.3 Paraíba: inserção comercial e as características de sua pauta de exportação ................. 69

4.3.1 Principais destinos das exportações paraibanas ...................................................... 72

4.4 Características da inserção comercial de Pernambuco .................................................. 75

4.4.1 Exportações pernambucanas e seus principais destinos ......................................... 78

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 83

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 88

17

INTRODUÇÃO

O processo de abertura comercial e financeira ocorrido nas últimas décadas do século

XX, associado ao novo paradigma tecno-econômico, provocou transformações no cenário

mundial, culminando com mudanças na orientação comercial das nações/regiões. O fenômeno

da globalização1 da economia conduziu a uma expansão no movimento internacional de

fatores de produção com o aumento do fluxo de transações entre os países, sejam através de

exportações, licenciamentos de ativos ou investimento externo direto (IDE).

O Brasil, que anteriormente tinha uma política de desenvolvimento fundamentada no

modelo de industrialização por substituição de importações, com ampla intervenção

governamental, diante desse processo, cede lugar à desnacionalização da propriedade, com

foco nas privatizações (Carneiro, 2002). O país passou a adotar um novo modelo de

crescimento, que tinha na concorrência o fator primordial do processo. Nesse sentido, a

abertura comercial e financeira culminou em uma maior concorrência nos mercados internos e

entre estes e os mercados externos.

Para se compreender como ocorreu a internacionalização da produção nos anos 1990

faz-se necessário perceber como vinha sendo construído o processo de inserção comercial

brasileiro nas três décadas anteriores.

De acordo com Araújo (2000), entre os anos 1960 e 1980 o objetivo do Brasil era

construir um importante parque industrial que pudesse concorrer com as principais potências

mundiais por igual e entrar para o seleto grupo dos países industrializados. As metas adotadas

eram compatíveis com os interesses do capital produtivo e financeiro que se dispuseram a

contribuir para os projetos traçados, através da instalação de filiais de grandes empresas ou de

financiamentos para a consolidação da planta produtiva brasileira. Esse período foi marcado

por intensa modernização e expansão da economia, com forte presença do Estado como

agente ativo no processo das importantes mudanças no setor produtivo. Todavia, Araújo

(2000) advertiu que tais mudanças promoveram um desenvolvimento desigual entre as

regiões, e, assim, provocaram uma enorme concentração de renda.

1 Araújo (2000) desenvolveu interessante contribuição sobre os processos de globalização e reestruturação

produtiva, destacou que são movimentos distintos que podem ocorrer simultaneamente e podem levar ao

aprofundamento de tensões econômicas e culturais.

18

De fato, nos anos 1960 e 1970, ocorreram grandes investimentos públicos e privados

que conduziram a uma desconcentração espacial da atividade econômica, o que contribuiu

para a constituição de uma base de infraestrutura integrando as regiões brasileiras, ou seja,

emergia um dos mais importantes instrumentos para a consolidação da integração produtiva.

As regiões adaptaram-se às mudanças de integração da economia nacional que eram impostas

pelos grandes oligopólios com o aval do Estado e que tinham por objetivo promover a

industrialização a partir da substituição das importações. Segundo Araújo (2000), no Nordeste

destacaram-se os investimentos que levaram a implantação do eixo químico, a diversificação

da indústria, com destaque especial para os bens intermediários e o dinamismo agrícola no

São Francisco. A partir da década de 1960, o Nordeste que se especializou na produção de

bens intermediários, apresentou a mais alta taxa média de crescimento do PIB no país, até a

década de 1980. Entre os anos de 1960 – 1970 a taxa média anual de crescimento do PIB real

foi de 3,5% e entre 1970 – 1980 foi de 6,7% (SUDENE).

A crise dos anos 1980 levou a um período de recessão mundial, provocando

instabilidade e redução dos investimentos. Nessa década o Brasil não conseguiu recuperar o

processo de expansão apresentado nas duas décadas anteriores devido a vários fatores, dentre

eles pode-se citar a deterioração dos termos de troca com o exterior. As oscilações dos

investimentos representados por curtos períodos de duração dos breves ciclos de expansão e

retração dessa década provocaram oscilações nas importações e exportações. De acordo com

Carneiro (2000), o mau desempenho dos investimentos foi decorrente da redução sistemática

dos investimentos produtivos, tanto do setor produtivo estatal quanto do setor privado, assim

como da insustentabilidade do gasto público. A significativa e acentuada redução do ritmo de

crescimento dessa década indicou o esgotamento de um padrão de crescimento pelo qual

passou o país nas décadas passadas, o qual era sustentado por um forte dinamismo assentados

em uma moderna industrialização da economia. A taxa média anual do crescimento do PIB

brasileiro entre os anos de 1970 – 1980 foi de 8,6%; a mesma apresentou redução entre os

anos de 1980 – 1990, ficando em torno de 1,6% (SUDENE).

No cenário mundial, essa crise provocou mudanças nas formas de acumulação e a

revolução científico-tecnológica surgiu como uma estratégia dos países centrais, o que

induziu a emergência de novos setores para consolidar a dinâmica econômica mundial.

Entretanto, o Brasil não conseguiu acompanhar os avanços que se efetivaram em outros países

devido a ausência de investimentos.

Na década de 1990 ocorreu a grande abertura comercial que resultou, para o mercado

19

nacional, no declínio de muitas atividades estratégicas, principalmente as indústrias que foram

atingidas pela redução brusca das barreiras alfandegárias, levando-as a não terem condições

de competir nem mesmo dentro do próprio mercado interno. Nesse período observou-se que

as empresas mais frágeis acabaram fechando. Ainda de acordo com Araújo (2000), esse fato

provocou uma reestruturação produtiva devido ao acirramento da competição no mercado

interno e também em decorrência das formas de articulação das empresas de grande porte na

busca de conquistar mais espaço no mercado interno e internacionalmente, através de IDE.

Após a abertura comercial nos anos de 1990, observou-se que o crescimento regional

teve resultados diferenciados nas várias regiões do país assim como em cada estado em

particular, inclusive pelo fato das grandes empresas produtoras de bens de consumo duráveis

e de bens de capital, que comandaram o crescimento industrial brasileiro, passarem a se

concentrar nas regiões Sul e Sudeste; e, na região Nordeste permaneceram, particularmente,

as empresas pertencentes ao setor primário-exportador, onde as indústrias instaladas eram

basicamente uma extensão da indústria do Sudeste que centravam sua produção em produtos

intermediários. As políticas adotadas nesse período provocaram uma tendência a valorizar os

espaços econômicos que possuíam as empresas mais dinâmicas e que poderiam ser mais

competitivas, então as empresas que não conseguiram se reestruturar para acompanhar a nova

dinâmica comercial acabaram se fundindo a outras empresas ou fechando, como foi o caso

das indústrias têxteis e de alimentos. Portanto, o processo de integração dos mercados serviu

para favorecer as regiões brasileiras mais desenvolvidas, reforçando as estratégias de

especialização regional (Araújo, 2000).

Segundo Carneiro (2000), as mudanças no setor produtivo levaram ao

aprofundamento do processo de racionalização da atividade produtiva principalmente após as

grandes privatizações que ocorreram no período, onde algumas atividades estratégicas

passaram a ser comandadas pelo setor privado, podendo citar como exemplo o setor de

telecomunicações brasileiro. As concepções liberalizantes adotadas nessa década levaram a

redução significativa do poder da ação do Estado. Então em uma situação onde o poder

central perde espaço na promoção do avanço da atividade produtiva, os estados e municípios

passam a operar como agentes promotores do desenvolvimento local, iniciando certa disputa

entre eles para atrair novos investimentos. Essa rivalidade pode ser observada nas guerras

fiscais para atrair novas atividades. Logo, os investimentos passaram a depender das

prioridades das políticas de desenvolvimento do poder local, tornando assim fundamental a

atuação dos governos estaduais e municipais na criação de estratégias para o desenvolvimento

20

local e regional para atrair novos investidores.

Na primeira metade dos anos 2000 observou-se uma mudança no papel do Estado, o

governo central passou a adotar novas medidas para implementar uma nova política de

desenvolvimento regional, passando a ser protagonista na promoção dos investimentos na

tentativa de reduzir a inserção seletiva promovida pelas grandes empresas ocorrida nas duas

décadas anteriores. Nesse sentido, ocorreram mudanças significativas com a implantação de

políticas públicas adotadas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que tinham por base

expandir o setor produtivo brasileiro, para torná-lo competitivo no cenário mundial. Nesse

contexto, foi implantado a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE)

tendo como objetivo principal substituir importações e assegurar a autossuficiência do Brasil,

priorizando setores como software, semicondutores, fármacos e medicamentos, e bens de

capital (MDIC).

Segundo Carneiro (2010), os fatores que explicam o perfil de crescimento brasileiro

nos anos 2000 relacionam-se a aspectos fundamentais que impulsionam o dinamismo

produtivo do país. Entre 2002 e 2003 o forte dinamismo deveu-se exclusivamente ao

crescimento da demanda externa provocado pela aceleração do crescimento do comércio

internacional. Entretanto entre 2004 e 2008, a elevação do crescimento do PIB brasileiro

esteve diretamente ligada, principalmente, ao aumento da demanda doméstica. Nesse último

período, ocorreu um aumento da demanda interna e um declínio das exportações. Como

sugerido por Carneiro (2010), os investimentos eram induzidos pelo aumento do consumo

devido a grande demanda doméstica e por conta da valorização do real e não mais pelas

exportações líquidas. Deve ser registrado que a crise2 financeira global veio colocar em xeque

esse novo padrão de crescimento brasileiro.

O papel primordial da demanda doméstica diretamente ligada à melhora da

distribuição de renda e os grandes investimentos públicos em infraestrutura, entre outros

aspectos, contribuíram para que os impactos da grande crise financeira global não afetasse de

forma significativa a continuidade desse novo padrão de crescimento que estava diretamente

ligado ao aumento da demanda doméstica. Portanto, o papel dos mercados internos na

promoção do crescimento é crucial em um cenário de retração da demanda externa.

2 Conhecida também como a crise do subprime, os aspectos que levaram à crise relacionam-se aos empréstimos

de longo prazo, inclusive a clientes de alto risco. Segundo Silber (2010) a facilidade e expansão do crédito

financiou a bolha imobiliária.

21

A preocupação com o processo de internacionalização comercial em um mundo

globalizado é crescente, a inovação produtiva com produtos e empresas competitivas, em

mercados cada vez mais exigentes, tornou-se meta para que os países detenham maiores

vantagens comerciais. Entretanto, a forma como o governo articula a inserção de mecanismos

que permitam às empresas essa maior competitividade no mercado mundial pode trazer

consequências positivas ou negativas para o país como um todo, ou para algumas regiões ou

estados.

A partir do panorama exposto acima, este estudo procurou compreender as diferenças

regionais, particularmente as próprias diferenças entre os estados da região Nordeste, à luz do

comportamento de suas inserções comerciais no plano internacional, tendo em vista que há

toda uma influência desse cenário no contexto de suas economias locais.

Este estudo visa sistematizar dados referentes às possíveis mudanças ocorridas após a

grande crise financeira global, que provocou a retração econômica de grandes parceiros da

região nordeste, provocando mudanças para estados dependentes do mercado externo.

Logo, este trabalho evidencia que ocorreram mudanças na pauta de exportações

nordestina e distingue quais dos estados selecionados podem ser considerados mais atrasados

em termos de conteúdo tecnológico de suas exportações, e que, portanto, permanecem com

uma pauta de exportação baseada em produtos de baixo valor agregado. Dessa forma, os

dados analisados e sistematizados auxiliam na compreensão de como a política de incentivo e

o planejamento regional podem influenciar no crescimento tanto econômico como social da

região.

Assim, o estudo visa analisar a composição da pauta exportadora do Rio Grande do

Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco, no período de 2008 a 2012, com o intuito de

compreender as principais características da inserção comercial dos mesmos nos últimos anos.

Especificamente, buscou-se: i) levantar os dados referentes às balanças comerciais do Brasil e

da Região Nordeste para verificar a participação da internacionalização da região na pauta de

exportação brasileira; ii) sistematizar os dados referentes à internacionalização da produção

dos quatro estados selecionados, a saber, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Recife, no

período de 2008 a 2012, no que diz respeito à balança comercial no período, evolução das

exportações, exportações por fator agregado, principais produtos exportados e principais

destinos; iv) apresentar as principais mudanças ocorridas nos estados, segundo a pauta de

exportação.

22

Os procedimentos metodológicos utilizados no estudo em tela, visando atingir os

objetivos propostos perpassaram pelas seguintes etapas: (1) revisão bibliográfica, a partir de

fontes que tratam da internacionalização da produção, enquanto arcabouço teórico para a

compreensão desse fenômeno, com destaque para as contribuições de Penrose (1995) e

Dunning (1979), Gonçalves (1984), Silva (2002), Araújo (2000). Tais obras tratam, entre

outros temas, também das ideias do processo de diversificação produtiva da firma, como

forma de adentrar em novos mercados e promover o escoamento da produção, passando pelos

aspectos que levam as empresas a internacionalizar suas atividades. (2) Levantamento e

sistematização de dados obtidos de fontes oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE e o Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior –

MDIC/SECEX. Tais informações permitiram caracterizar a estrutura socioeconômica dos

estados selecionados, bem como analisou quantitativamente os dados relacionados ao

comércio exterior do Brasil e dos estados da Região Nordeste no período 2008-2012. A

sistematização dos dados acompanhou uma metodologia de análise exploratória-descritiva

com base na pesquisa quantitativa. Outrossim, considerando a contribuição do Nordeste na

balança comercial brasileira e a configuração dos nove estados nordestinos para a pauta

exportadora da região, a escolha dos estados selecionados ocorreu em razão tanto da

proximidade geográfica dos mesmos quanto pela busca de compreender suas diferenças e

semelhanças a partir de suas pautas de exportações enquanto indicador (proxy) capaz de

retratar um pouco do desequilíbrio da região, reflexos das diferentes politicas econômicas

adotadas pelos seus policy markers. (3) análise dos dados e apresentação dos resultados.

O trabalho está estruturado em cinco capítulos, além desta introdução, que apresenta a

contextualização do processo de inserção comercial nos anos recentes, a problemática que

levou à escolha do tema da pesquisa, os objetivos do trabalho, a justificativa e a metodologia

aplicada para que os objetivos fossem alcançados.

No capítulo 1 constam de arcabouços teóricos acerca do processo de

internacionalização da produção, bem como do processo de valorização do capital e da

importância da diversificação produtiva das empresas na conquista de novos mercados e os

motivos que levam as empresas na escolha de internacionalizar sua produção.

O capítulo 2 discorre sobre o processo de globalização, enfatizando aspectos sobre a

abertura comercial ocorrida nos anos 1990, bem como acerca da inserção produtiva do Brasil

e da Região Nordeste, demostrada por meio de suas balanças comerciais.

23

O capítulo 3 apresenta um panorama geral sobre a inserção comercial dos quatros

estados selecionados, suas contribuições para a balança comercial da região e para a

brasileira, os principais setores exportadores assim como os principais municípios que

participam do comércio exterior.

No capítulo 4 buscou-se analisar a estrutura e evolução do comércio exterior dos

estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco no período de 2008 a 2012,

observando a composição da pauta dos produtos exportados segundo o fator agregado, seus

principais produtos exportados e seus destinos. O capítulo 5 foi destinado as considerações

finais.

24

1. PROCESSO DE CONCORRÊNCIA E INTERNACIONALIZAÇÃO DA

PRODUÇÃO

Este capítulo visa apresentar algumas contribuições sobre o principal agente indutor

da valorização do capital e como se dá o processo de diversificação produtiva na busca do

crescimento por parte das empresas assim como as razões que as levam à escolha pela

internacionalização de sua atividade produtiva.

1.1 A firma como agente indutor da valorização do capital

Segundo Baptista (1997), a firma é uma unidade produtiva dotada de autonomia para

decidir e implementar estratégias de longo prazo de valorização de capital, ou seja, é uma

unidade de valorização de ativos, tangíveis e intangíveis e tem por objetivo extrair o máximo

de rendimento que esses ativos podem proporcionar. Em sua abordagem sobre a teoria de

corte neo-schumpeteriano enfatiza que a firma tem como competência criar e sustentar poder

de mercado ao longo do tempo e assim valorizar o capital empregado no processo produtivo.

Para tanto, precisa investir em capacitações e estratégias capazes de gerar vantagens para

torná-la mais competitiva, pois devido o processo de concorrência o lucro não é mais o

objetivo principal da firma. Entretanto, nesse processo de concorrência as firmas enfrentam

alguns fatores condicionantes que podem interferir em suas decisões, entre os quais

destacam-se: as decisões relacionadas à diversificação ou especialização da produção; a

ampliação da capacidade produtiva; a adoção de certa trajetória tecnológica e os

investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

A variável chave da teoria schumpeteriana é a inovação tecnológica, pois esta é capaz

de promover as assimetrias dentro do sistema capitalista, em razão do conhecimento e da

tecnologia, inerentes à inovação, serem de difícil transmissão e difícil imitabilidade; logo,

são capazes de proporcionar maiores rendimentos. Para tanto, as firmas precisam interpretar

os sinais do mercado para se apropriar do poder de compra dos consumidores. E para reduzir

o efeito da incerteza das trajetórias de ação de cada agente econômico as firmas tomam suas

decisões observando: os paradigmas e trajetórias tecnológicos que delimitam as formas de

concorrência; a dinâmica do setor industrial; as estruturas de mercado; os padrões de

diversificação das firmas e o conjunto de instituições que definem as possíveis restrições que

devem submeter-se as firmas (Baptista, 1997).

25

A despeito da presença de incertezas, as decisões tomadas pelas firmas são cruciais

para o seu desenvolvimento futuro. A incerteza envolve diversas dimensões e diz respeito à

tecnologia, ao conhecimento, a inovação, e, particularmente com a trajetória adotada pela

firma. Tudo isso porque o mercado é dinâmico. Os desdobramentos, advindos da trajetória,

não podem ser previstos, pois as decisões dos agentes individuais, apesar de serem

independentes, geram interação com o mercado, em um processo de interdependência mútua.

Nesse contexto, não tem como se calcular e nem prever a trajetória das decisões tomadas

pelos agentes e o esforço inovativo da firma para se apropriar do poder de compra do

consumidor assume papel relevante neste processo (Baptista, 1997).

Para tanto, os agentes procuram adequar suas metas levando em conta os ativos

(financeiros, físicos e intangíveis) que possuem, com o propósito de definir as estratégias de

longo prazo e suas rotinas. Os ativos que proporcionam maiores vantagens competitivas e

maior rendimento são os relacionados ao conhecimento e a tecnologia; portanto, àqueles que

geram maiores assimetrias e são de difícil reprodutividade, transferibilidade e imitabilidade.

Assim, as especificidades adquiridas pelas firmas são fruto de um longo processo de

aprendizagem, de conhecimentos cumulativo, tácito e específico, como afirma Baptista:

[...] a competência da firma revela-se não só pela sua eficiência produtiva estática

(traduzida em menores custos e/ou melhor qualidade e desempenho) em

produzir/comercializar bens e serviços cujas perspectivas de mercado são visíveis

(e atraentes) mas, principalmente, em incorporar rotinas de aprendizado e definir

estratégias capazes de ancorar inovações (radicais ou incrementais). (BAPTISTA,

1997, p. 1256).

Diante deste contexto, a sustentação dessas assimetrias advém das inovações

tecnológicas que conduzem às empresas a obtenção de vantagens em relação a custos,

produtividade, lucro, competitividade, qualidade, dentre outras. Portanto, é através do

aprendizado tecnológico, que se refere ao conhecimento tácito, cujas características são as de

difíceis reprodutividade, intransferibilidade e codificação, que as empresas acumulam

determinadas habilidades que contribuirão para sustentar seus diferenciais e suas vantagens

competitivas, tornando o ambiente dinâmico e competitivo, onde há uma necessidade de

permanecer com constantes inovações, sejam tecnológicas e/ou organizacionais.

A exploração de novas oportunidades por parte das firmas, com base nas capacitações

dinâmicas construídas pelas mesmas, geram heterogeneidade no mercado e são

condicionadas pelas estratégias adotadas por estas firmas em relação aos seus investimentos,

capacitações e rotinas anteriormente desenvolvidas.

26

Para Possas (2006), o processo de concorrência constante entre os agentes

econômicos é inerente ao sistema capitalista e, em razão disso, as decisões destes são

tomadas intencionalmente com vistas a adquirir vantagens que lhes permitirão permanecer

no mercado. A concorrência capitalista leva a um processo dinâmico de enfrentamento e

rivalidade entre as firmas; para tanto, buscam inovar, seja através da criação ou renovação de

produtos e/ou processos. Para a autora, o lócus da concorrência é o mercado e este não pode

ser reduzido as características de estrutura, que considera apenas o número de firmas e tipo

de produto, mas também deve ser levado em conta a partir de uma perspectiva mais ampla

onde existe um processo dinâmico, de criação e renovação constantes. Portanto, deve ser

visto como um espaço de disputa/rivalidades, de inovação, de interação dinâmica e seletiva,

onde surgem novos produtores, novas mercadorias regularmente. Todavia, a

permanência/sustentação no mercado está associada às firmas que constroem/detêm

vantagens competitivas no processo concorrencial, que são expressas na obtenção de ganhos

extraordinários, que serão eliminados ou não, dependendo da reação de seus concorrentes.

Existem elementos que influenciam o processo de concorrência na busca por espaços

que proporcione maior vantagem competitiva, a saber: fatores de ordem econômica; de

ordem sociocultural; do meio-ambiente e de natureza político-jurídico-institucional. Além

desses fatores, Possas destaca ainda que na busca por espaços globais há:

[...] quatro tipos de determinantes: os custos de transporte, a durabilidade do

produto, as economias de escala em relação ao tamanho do mercado e o grau em

que elementos locais particulares afetam a demanda e a produção. Quanto menores

forem os custos de transporte e a importância das características locais, e maiores a

durabilidade e as escalas de produção, tanto maior será a tendência à globalização.

(POSSAS, 2006, p. 32)

Segundo Possas (2002), um elemento importante no processo de concorrência é o

papel das inovações, cujo resultado é a promoção de constantes transformações. As

inovações ocorrem a partir de quaisquer mudanças ou alterações no espaço de atuação das

firmas na busca por ganhos monopólicos e podem ser de natureza tecnológica, produtiva,

organizacional, comercial, estratégica.

A concorrência tem ainda na diferenciação um fator essencial para a obtenção de

maiores lucros. Nesse sentido, diversas estratégias são adotadas que levarão a mudanças no

processo produtivo, as quais irão depender da estrutura de cada empresa, visando a

valorização do capital e a construção de sua competitividade.

De acordo com Possas (2002, p. 428):

27

[...] A concorrência e a competitividade não surgem de forma espontânea – como

supõem frequentemente os economistas com viés mais liberal –, mas dependem de

modo crucial da adequação das condições ambientais e, por extensão, de medidas

de política econômica.

1.2 A diversificação como fator essencial para o crescimento da firma

O crescimento da firma está diretamente associado às suas estratégias voltadas para a

diversificação da produção na busca de absorver novos mercados, interno ou externo.

Uma das principais contribuições sobre o processo de diversificação da produção

para o crescimento das empresas partiu de Penrose (1995). Para a autora, as empresas mais

bem sucedidas estão sempre dispostas a diversificar suas atividades e considera que uma

firma altamente especializada pode se tornar vulnerável em um ambiente com frequentes

modificações tecnológicas e constantes alterações no gosto do consumidor. Ainda de acordo

com Penrose (1995), o processo de diversificação pode ocorrer na área de especialização da

firma, no que diz respeito aos produtos produzidos por ela; em sua base tecnológica, que

envolve os insumos, máquinas e equipamentos utilizados na produção; ou ainda, em sua área

de comercialização, que se refere ao público que a firma deseja influenciar. Portanto, a

diversificação pode ocorrer interna ou externamente à firma e pode gerar uma maior

variedade de serviços produtivos, levando assim a obtenção de maiores vantagens

competitivas. Essas vantagens desempenham um papel primordial na expansão das

atividades produtivas das empresas na busca de entrar em novos mercados. Logo, o

investimento direto estrangeiro (IDE) pode ser visto como consequência do aumento das

atividades da empresa.

Britto (2002) ao analisar o processo de crescimento das firmas observou que a mesma

procura reinvestir os lucros obtidos no processo produtivo, e busca diversificar suas

atividades com o intuito de obter novas oportunidades. Entretanto, antes de se adentrar em

novos mercados, observa os condicionantes internos e externos à empresa que influenciam

no processo de diversificação. Os condicionantes internos relacionam-se ao perfil de

competências da empresa, no sentido de ter conhecimento de suas reais potencialidades para

poder renovar, integrar e difundir suas competências em novos mercados. Os condicionantes

externos referem-se aos elementos da própria estrutura de mercado quanto à perspectiva do

potencial de crescimento do(s) produto(s) original(is). O autor cita alguns fatores que podem

contribuir para o processo de diversificação da empresa, a saber: busca por novas áreas de

28

atuação, que permitirá acelerar o ritmo de crescimento; incremento da eficiência técnico-

produtiva; e, melhor aplicação da rentabilidade da empresa.

Quanto às formas de diversificação apontadas por Britto (2002), pode-se citar os

investimentos em nova capacidade e em operações de fusões/aquisições. A primeira

compreende a instalação de uma nova unidade produtiva. A segunda se refere à aquisição ou

fusão com alguma outra empresa já atuante no mercado. As estratégias de diversificação

ligadas à aquisição ou fusão estão associadas às estratégias de crescimento das empresas,

impulsionadas mais recentemente pelo processo de globalização.

A despeito do aumento da concorrência, o processo de diversificação, aponta para o

surgimento de novas oportunidades, incluindo aí os mercados internacionais, onde se

observam as maiores batalhas do processo concorrencial.

Logo, o processo de diversificação expressa uma estratégia a ser buscada pelas

empresas que se inserem no comércio internacional como forma de validar as vantagens

comparativas e/ou competitivas construídas por elas em razão de um processo de

concorrência que se mostra cada vez mais acirrado (Penrose, 1995). Essas vantagens se

consolidam com o uso de tecnologia de produção mais eficiente que contribui para redução de

custos e aumento das escalas de produção, como também em um sistema de distribuição mais

eficaz e na fabricação de produtos diferenciados e permitem às empresas adotarem uma das

formas possíveis de internacionalização da produção, a saber: a via comercial.

1.3 O processo de Internacionalização da produção

Gonçalves (1984, 2002) considera o processo de internacionalização da produção

como sendo aquele em que os residentes de determinado país obtêm acesso a bens e serviços

com origem de outro. Esse processo faz parte do fenômeno da globalização econômica e tem

como principal agente indutor a empresa transnacional (ET) e pode ocorrer através de três

formas: investimento externo direto (IED), licenciamento de ativos e exportação. O IED diz

respeito à instalação da ET no país receptor dos investimentos produtivos, já o licenciamento

de ativos corresponde a uma relação contratual autorizando outras empresas a desenvolverem

certos produtos e as exportações relacionam-se ao comércio internacional de bens e serviços

entre empresas localizadas em países distintos.

A internacionalização da produção tem como um dos principais pressupostos a

29

aquisição de vantagens específicas para tornar as empresas mais competitivas e aptas a atuar

em novos mercados, dentre elas Gonçalves (2002) destaca o uso de tecnologia de produção

mais eficiente como uma das vantagens específicas que a ET desenvolve em suas atividades

nos países em que atua.

Ainda de acordo com Gonçalves (2002), a ET é o principal lócus de acumulação e

de poder econômico, uma vez que possui o controle sobre ativos específicos como capital,

tecnologia e capacidades gerencial, organizacional e mercadológica. A escolha da firma em

exportar ou expandir suas fronteiras dependerá de alguns condicionantes, como a busca por

mercados, por recursos, por ativos estratégicos ou por eficiência. Tais motivos estão

associados às vantagens detidas pelas firmas ou ofertadas pelo país receptor e dizem respeito

a mão-de-obra, incentivos fiscais estaduais e federais, concessões financeiras e de

financiamentos diferenciados, infraestrutura e suporte logístico, conhecimento, domínio

tecnológico, dentre outros.

As empresas que desejam se inserir no mercado, devem se utilizar de mecanismos

capazes de estabelecer vantagens competitivas e alterar o ambiente a seu favor, para que

assim absorva um número maior de consumidores, reduza a concorrência e obtenha maior

fatia do mercado. Logo, as estratégias utilizadas devem garantir vantagens que permitam

permanecer em espaços cada vez mais competitivos, principalmente quando se trata de

empresas que desejam se instalar em um novo ambiente.

Para Possas (1999) as características ambientais podem influenciar para que as

empresas desejem adentrar no mercado, podendo direcioná-las para os setores que lhes

proporcione maiores vantagens competitivas. Essas características relacionam-se a:

variedade, qualidade e abundância de recursos naturais disponíveis, mão-de-obra barata e/ou

especializada, formas de financiamento, taxa de juros, taxa de câmbio, grau de concentração

do setor, elementos culturais, e podem influenciar no custo de produção. Para que se possa

adentrar em novos mercados, a firma já deve dispor de alguma vantagem competitiva, e

àquelas ligadas aos ativos intangíveis, que são de difícil reprodução e não são facilmente

comercializáveis estão entre as mais importantes.

1.4 Paradigma eclético de Dunning

Um dos arcabouços teóricos que permite explicar o processo de internacionalização

30

das empresas foi apresentado por Dunning (1979), que tenta explicar quais os principais

motivos que levam as empresas a internacionalizar suas atividades, via IDE, ou optar por

exportar ou por licenciamentos. Sua teoria, conhecida como paradigma eclético, visa explicar

o movimento das empresas transnacionais (ET) e como ocorrem as mudanças na inserção

internacional dos países na medida em que passam por diferentes estágios de

desenvolvimento.

Em sua proposta, as firmas procuravam outros lugares para se instalarem visando à

acumulação de capital e, com vistas a reduzir as imperfeições dos mercados, que influenciam

na disponibilidade de fatores de produção e nos custos das empresas com atuação mundial.

Para Dunning (1979), para que uma empresa opte por IDE e seja competitiva no mercado

internacional é necessário que disponha de certa vantagem em relação aos demais produtores

locais. Portanto, o paradigma eclético desenvolvido por Dunning (1979) visa explicar como

as EMNs decidem pela produção internacional, para tal se utilizam de três vantagens

distintas que podem torná-las mais competitivas com relação às empresas domésticas:

vantagens de propriedade (Ownership), de localização (Location) e internalização

(Internalization). De acordo com o Paradigma Eclético de Dunning há um conjunto de

vantagens que são essenciais na decisão das EMNs que deve ser analisado.

i) A vantagem de propriedade (O) está relacionada à capacidade da EMN deter um

recurso ou possuir algum ativo específico que a torne mais propensa a gerar mais

valor. A maior propensão a realizar IDE vai depender da exploração das vantagens

oriundas da posse desse ativo específico num dado país estrangeiro. Refere-se

basicamente aos ativos intangíveis, tais como marcas, patentes, processo de produção

e/ou distribuição mais eficientes etc, que contribuem para determinar onde as

empresas podem operar;

ii) A vantagem de localização (L) refere-se às vantagens existentes na localidade capazes

de atrair o IDE. Fundamentalmente estão relacionados aos fatores naturais ou criados

pelo país ou região que influenciam na decisão de atrair investimentos, como matéria-

prima e mão-de-obra barata e abundante, as políticas industriais governamentais, entre

outros;

iii) Vantagens de internalização (I) referem-se à escolha da empresa em combinar da

melhor maneira suas vantagens específicas, de propriedade e de localização, para se

firmar no mercado. Para que EMN realize IDE é necessário que tenha maior benefício

explorando seus próprios recursos internamente do que licenciar empresas externas a

31

comercializar sua produção, ou seja, procurar explorar suas vantagens competitivas em

vez de vendê-las ou cedê-las para empresas estrangeiras.

O paradigma OLI propõe que a combinação do conjunto das vantagens acima descrito

deve estar presente para que a EMN opte por realizar IDE face a outros modos de

internacionalização da produção como exportação ou licenciamento de ativos. Enfim, a

empresa opta por realizar IDE quando combina melhor as suas vantagens competitivas

específicas com as vantagens de localização de tal modo que minimize os custos de transação.

Nesse contexto, Dunning (1988) aponta quatro conjuntos de estratégias que auxiliam

na decisão de instalar unidades produtivas no exterior, como pode ser visualizadas no quadro

1 que segue.

Quadro 1: Motivos ou estratégias para a realização de investimento estrangeiro.

MOTIVOS

ESTRATÉGIAS

Busca por recursos

(resource seeking)

O investimento visa explorar vantagens locacionais de menores

custos, como recursos naturais abundantes ou mão-de-obra barata

ou um outro fator produtivo que obtenha maior vantagem.

Busca por mercados

(market seeking)

O IDE visa a entrada em um novo mercado para atender o

mercado interno do país hospedeiro e/ou para a exportação a

outros países nas proximidades da região.

Busca de eficiência

(efficiency seeking)

Visa a melhoria das estratégias da empresa, no sentido de maior

eficiência produtiva. Com essa estratégia procura-se racionalizar

os investimentos já realizados, concentrando a produção para a

exportação em alguns mercados, aproveitando as economias de

escala e de escopo, diversificando os riscos.

Busca de ativos estratégicos

(strategic asset seeking)

Os investimentos são realizados considerando estratégias de longo

prazo. O IDE objetiva a entrada em um novo mercado, a redução

de custos ou a ampliação das sinergias tecnológicas e comerciais.

Fonte: Dunning, 1988, Apud Macadar (2009).

Assim, as quatro situações acima são analisadas, face às características e variações das

vantagens de posse, de localização e de internalização das empresas que apresentam

características distintas em cada país, variam de acordo com cada indústria e com as

características de cada uma.

32

Entretanto, mesmo as empresas apresentando grandes vantagens competitivas, se

tiverem custo de produção e de transporte de bens para outro país mais oneroso, é preferível

realizar IDE. No entanto, se possuírem maior vantagem de localização provavelmente

prefiram concentrar suas atividades no país de origem e exportar seus produtos. Já as

empresas que não possuírem qualquer vantagem competitiva dificilmente procurarão

internacionalizar suas atividades e o país passará a importar bens produzidos no exterior e que

são produzidos de modo mais eficiente, passando o mercado doméstico a sofrer concorrência

internamente dos produtos produzidos no estrangeiro.

Em suma, a internacionalização da produção é fruto das estratégias das empresas para

dar continuidade a um processo de concentração e centralização do capital, que se acentua

cada vez mais após o advento da globalização dos mercados.

33

2. O PROCESSO DA GLOBALIZAÇÃO: ABERTURA COMERCIAL E A

INSERÇÃO PRODUTIVA DO BRASIL E DA REGIÃO NORDESTE

Este capítulo trata do processo da globalização como fator indutor da

internacionalização da produção e das transformações ocorridas na economia brasileira e na

região nordeste após a abertura comercial nos anos 1990, com foco sobre a inserção comercial

de quatro estados nordestinos selecionados, nos anos de 2008 a 2012, a saber: Rio Grande do

Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco.

Neste sentido, serão apresentados breve trajetória sobre o processo de globalização, e

a forma como a abertura comercial e financeira ocorrida nos anos 1990 afetou a economia

brasileira, sobre o processo de inserção comercial do Brasil e da região nordeste, em

particular; assim como a internacionalização da produção nordestina e o panorama do

comércio exterior do Brasil e da região nordeste.

2.1 A globalização da economia, o processo de internacionalização produtiva e a

abertura comercial brasileira

A globalização pode ser entendida como um processo de integração dos mercados

que provoca uma interdependência entre as nações, levando a uma expansão das relações

econômicas através da liberalização da circulação de pessoas, bens e serviços, e vem

alterando o cenário econômico em nível global. De acordo com Gonçalves (2002), no

processo de globalização ocorre simultaneamente três processos: crescimento dos fluxos

internacionais de produto e capital; maior interdependência entre empresas e economias

nacionais; e, o acirramento da concorrência internacional. Portanto, esse fenômeno leva ao

aumento da internacionalização de bens, serviços e capitais e ao crescimento do fluxo de

investimento externo.

O processo de internacionalização consiste, portanto, no aumento crescente das

operações comerciais entre empresas localizadas em diferentes países. Dentre os principais

destaques desse processo de internacionalização da produção está a intensificação dos

deslocamentos dos investimentos a procura de maiores vantagens competitivas.

As mudanças no cenário mundial, advindas do processo de globalização,

influenciaram a abertura econômica adotada no Brasil na última década do século XX,

expressa particularmente pela abertura financeira e comercial, onde tentou-se promover

34

significativos processos de integração baseados nos moldes de uma nova ordem mundial. As

nações adotaram novas políticas baseadas na integração comercial entre os países, através de

acordos bilaterais e multilaterais.

Esse processo expôs as empresas industriais brasileiras a uma concorrência

internacional intensificada. Todavia, as políticas adotadas provocaram uma tendência em

valorizar os espaços econômicos que possuíam as empresas mais dinâmicas e que poderiam

ser mais competitivas. Assim, com a abertura comercial, o crescimento do mercado mundial

e a valorização das commodities contribuíram para o aumento da demanda por exportações

dos países emergentes.

Contudo, os grandes grupos globais ao traçar suas estratégias de investimentos se

asseguram das particularidades da localidade que melhor atendam seus interesses, o que

impõe um caráter seletivo no movimento, tornando as áreas mais dinâmicas mais vantajosas

e competitivas. Portanto, com a globalização da economia, há uma tendência à exclusão de

alguns espaços pelos grandes grupos econômicos, assim como empresas que apresentam

fraco dinamismo, as quais acabam fechando por não conseguirem se adequar as novas

mudanças estruturais impostas e por não conseguirem competir com esses grupos. Este fato

reforça a ideia de que a globalização não tem uma tendência de homogeneização dos espaços

no sentido de impor certo padrão de unificação dos mercados, sem se importar com as

particularidades locais.

A partir do processo da abertura comercial dos anos 1990, as empresas brasileiras

passaram a enfrentar internamente uma forte concorrência tanto das empresas nacionais mais

competitivas como das estrangeiras, que passam a adentrar no país. Tal fato provocou uma

busca constante por inovações e qualidade do produto para se manterem no mercado. Com a

liberalização econômica, no comércio internacional há uma reorientação por parte das

empresas que também ocasiona uma maior diversificação da produção e uma busca por

inovações tecnológicas que lhes possibilitassem maiores vantagens competitivas. Segundo

Galvão e Vergonlino (2004), o acesso aos mercados internacionais veio acompanhado de

uma crescente competitividade entre os países. E, no caso das empresas, Silva (2002) afirma

que estas se utilizaram de diversas estratégias na busca de consolidar a sua competitividade, a

saber: alianças na forma de fusões, aquisições de empresas menores com grande potencial

produtivo, licenciamento, joint-ventures, atividades de P&D.

As consequências do acirramento da concorrência, particularmente para as empresas

latino-americanas na década de 1990, foram diversas e as frágeis indústrias passam a disputar

35

espaço em um cenário cada vez mais competitivo, onde muitas empresas passaram a se

utilizar do IDE como forma de ampliar suas vantagens e poder atuar em um mundo

globalizado.

2.2 Inserção comercial do Brasil e da região Nordeste

As políticas públicas adotadas nos anos 1990 favoreceram algumas regiões brasileiras,

beneficiando localidades que já tinham melhores condições de infraestrutura. Considerado

um dos fatores determinantes para atrair um maior volume de investimentos, estes

contribuíram para a diversificação da produção e para a criação de emprego e geração de

renda, particularmente nas regiões sul e sudeste.

A trajetória do comércio exterior do país ao longo das duas últimas décadas

apresentou características regionais bastante diferenciadas, como pode ser visualizado no

gráfico 1. Os dados revelam a participação de cada uma das cinco regiões nas exportações

brasileiras entre os anos de 2008 a 2012. Pela sua dimensão e pelas diferenças regionais

relacionadas à estrutura produtiva, a inserção comercial brasileira se dá de forma bastante

diferenciada, com a região Sul e Sudeste respondendo em média com 76% do saldo total

exportado durante o período.

Gráfico 1 – Exportações das regiões brasileiras (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria.

36

O Brasil é composto por cinco regiões, das quais as regiões Sul e Sudeste

compreendem as mais dinâmicas do país. Em todo o período analisado, a região Nordeste tem

uma participação pouco significativa para as exportações brasileiras, em média 8%.

De acordo com a tabela 1 verifica-se que o saldo da balança comercial brasileira

permanece superavitário, enquanto a região Nordeste apresenta déficits constantes, à exceção

do ano de 2009 quando apresentou saldo positivo.

TABELA 1 - Evolução do Saldo da Balança Comercial do Brasil e da Região Nordeste – 2008 – 2012

(US$ 1.000 FOB)

Anos

Brasil Região Nordeste

Exportação

(X)

Importação

(M)

Saldo

(X-M)

Exportação

(X)

Importação

(M)

Saldo

(X-M)

2008 197.942.443 172.984.768 24.957.675 15.451.508 15.526.386 -74.878

2009 152.994.742 127.722.343 25.272.399 11.616.308 10.795.724 820.584

2010 201.915.276 181.768.427 20.146.848 15.863.313 17.585.542 -1.722.229

2011 256.039.366 226.246.756 29.792.610 18.845.433 24.132.443 -5.287.011

2012 242.579.776 223.173.726 19.406.049 18.773.218 26.003.324 -7.230.107

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria.

O bom desempenho das exportações dos países em desenvolvimento nas duas últimas

décadas esteve vinculado ao ambiente internacional extremamente favorável, sobretudo em

razão dos prelos das commodities agrícolas e industriais no mercado internacional e que

caracterizou o comércio desses países. Tal quadro altera-se a partir de 2008 com a eclosão da

crise financeira mundial. No Brasil, os efeitos provocados pela crise foram sentidos de forma

significativa nas exportações ocasionando uma diminuição de 23% no valor total exportado

no ano imediatamente posterior; todavia, com recuperação das vendas nos dois anos

seguintes. Em 2012 as exportações apresentaram uma redução de 0,4% se comparado com

2011. No que se refere à região Nordeste, a redução de suas exportações em 2009 foi de

25%.3.

3 De acordo com Carneiro (2010), a crise financeira global provocou a redução das exportações brasileira

devido à contração da demanda de alguns países parceiros do Brasil. Contudo verifica que a economia

brasileira não foi afetada de forma tão impactante pelos efeitos da crise devido a elevada taxa de crescimento

do mercado interno que compensou em certa medida a redução da demanda global.

37

A região Nordeste herdou do processo de formação econômica do Brasil a grande

dependência da agricultura como principal atividade econômica, geradora de alimentos, de

emprego e de renda (Araújo, 2000). O principal impulso econômico da região era o setor

exportador. Ao longo de toda fase da economia agroexportadora, o crescimento do produto

regional para a maioria dos estados esteve apoiado nas exportações dos produtos primários.

Enquanto se exportava produtos primários, importavam-se produtos manufaturados.

Logo, na região Nordeste o processo de internacionalização da produção ocorreu

basicamente com o crescimento das exportações de produtos não industrializados. Entretanto,

cada estado em particular, apesar de compor um mesmo espaço geográfico, tem uma

estrutura produtiva diferenciada, baseada na dinâmica e especialização de cada um deles.

Segundo Araújo (2000), a abertura comercial contribuiu para favorecer as regiões brasileiras

mais desenvolvidas, reforçando as estratégias de especialização regional. Portanto, observa-

se que o crescimento regional teve resultados diferenciados nas várias regiões do país, assim

como em cada estado em particular. Assim, enquanto as grandes empresas produtoras de

bens de consumo duráveis e de bens de capital que comandaram o crescimento industrial

brasileiro se concentraram nas regiões Sul e Sudeste, para a região Nordeste restou um setor

primário-exportador e onde as indústrias instaladas eram basicamente uma extensão da

indústria do Sudeste que centravam sua produção em produtos intermediários. Os impactos

causados por essa heterogeneidade produtiva estão intrinsecamente ligados com a grande

diversidade dos setores produtivos locais e com a forma de inserção internacional de cada

estado.

Entretanto, as mudanças da estrutura industrial brasileira em vez de conduzir a um

maior dinamismo regional, ocasionou na Região Nordeste, uma maior ampliação da fatia dos

segmentos que direta ou indiretamente dependem da base de recursos naturais (Carneiro,

2002).

De acordo com Araujo (2000), os estados que compõem a região apresentam uma

estrutura produtiva bastante heterogênea, apresentando uma grande diferenciação produtiva.

Enquanto alguns estados tem uma estrutura produtiva bastante diversificada composta por

produtos com maior valor agregado, outros apresentam pouca capacidade de inovação

produtiva, ou seja, se especializam basicamente na produção de produtos primários. Ainda de

acordo com a autora, ao longo da história da economia nordestina, o fluxo do comércio

exterior foi dominado pelas exportações de produtos primários. Entretanto, esse quadro vem

sofrendo alterações contínuas, sinalizando para uma mudança de direção em alguns estados da

38

região. Contudo, o saldo dos produtos exportados ainda tem uma parcela significativa

constituída por produtos básicos e semimanufaturados, ou seja, commodities agrícolas e

industriais.

Segundo dados do MDIC/SECEX, percebe-se a grande divergência na contribuição

dos estados nordestinos para o saldo total exportado pela região, conforme pode ser

visualizado no gráfico 2. O grande destaque é o estado da Bahia, que contribui com mais de

55% para o saldo exportado durante o período analisado. Enquanto outros estados, que já

representavam pequena parcela do saldo exportado em 2008, reduzem suas participações no

total das exportações nordestinas em 2012, como é o caso do Ceará (0,8%) e do Rio Grande

do Norte (24,9%).

Gráfico 2 – Exportações dos estados nordestinos (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria.

Outrossim, os estados nem sempre compartilharam das mesmas medidas para

incrementar e diversificar sua produção. Nesse sentido, observa-se que muitos deles não

conseguiram acompanhar a nova dinâmica da globalização. Neste sentido, Araújo (1995),

afirma que a região Nordeste caracteriza-se por grandes diferenças intrarregionais, que

fizeram nascer polos heterogêneos em distintas regiões e consequentemente diferentes setores

produtivos, como o polo petroquímico de Camaçari – BA, o têxtil de Fortaleza – CE, o

mínero – metalúrgico do Maranhão – MA, o agroindustrial de Petrolina/Juazeiro – PE, Vale

do Assú – RN, dentre outros. Esses polos, entretanto, nasceram e se desenvolveram em meio

a velhas estruturas, resistentes a mudanças.

39

A partir da percepção dessa heterogeneidade produtiva, que caracteriza o Nordeste

brasileiro, o estudo seleciona quatro dos nove estados nordestinos para analisar a estrutura

produtiva, a saber: Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco. A escolha se deveu a

aspectos como a proximidade entre eles e por apresentarem grandes divergências produtivas.

Cada um dos estados apresenta certa especificidade produtiva que pode ser percebida

conforme os bens produzidos e exportados pelos mesmos, assim como quando se compara a

contribuição dos estados para o saldo das exportações da região.

A tabela 2 apresenta os valores exportados pelos estados selecionados, assim como a

contribuição, em termos percentuais, de cada um para as exportações da região Nordeste e

para o Brasil. Os dados revelam que dentre os estados em questão, Pernambuco é o que mais

contribui para o saldo total exportado pela região em 2012, com US$ 1.319.976 (7,0%),

seguido de perto pelo Ceará, com 1.266.967 (6,8%). Rio Grande do Norte e Paraíba aparecem

com participações bem inferiores 1,4% e 1,3% respectivamente.

TABELA 2 – Exportações dos estados selecionados – 2008 – 2012 (US$ 1.000 FOB)

ANO RN CE PB PE % NE % BR

RN CE PB PE RN CE PB PE

2008 348.091 1.276.970 227.708 937.633 2,25 8,26 1,47 6,07 0,18 0,65 0,12 0,47

2009 258.104 1.080.168 158.201 823.972 2,22 9,30 1,36 7,09 0,17 0,71 0,10 0,54

2010 284.738 1.269.498 217.833 1.112.498 1,79 8,00 1,37 7,01 0,14 0,63 0,11 0,55

2011 281.181 1.403.296 225.191 1.198.969 1,49 7,45 1,19 6,36 0,11 0,55 0,09 0,47

2012 261.224 1.266.967 243.369 1.319.976 1,39 6,75 1,30 7,03 0,11 0,52 0,10 0,54

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria.

Comparando-se o início com o final do período, os dados indicam que o Rio Grande

do Norte reduziu seu valor total exportado em 24,9% ao final do período, enquanto a Paraíba

e Pernambuco elevaram seu saldo em 6,9% e 40,8%, respectivamente; e, o Ceará pemaneceu

praticamente estável, apresentando um pequena redução de 0,8%. Contudo, apenas o estado

de Pernambuco apresentou crescimento na participação das exportações da região e do Brasil.

Em 2012, a contribuição dos quatro estados juntos para a Balança Comercial brasileira, que

era de 1,4% em 2008, cai para 1,3%.

O quadro 2 mostra os principais municípios exportadores dos quatro estados

selecionados, assim como os principais setores e suas contribuições para o saldo total

exportado de cada um deles.

40

QUADRO 2 – Principais municípios e setores exportadores em 2012

Estados Municípios Principais Produtos

(NCM4 Setores)

Exportações (2012)

Valor

(U$ 1.000 FOB)

Participação

(%)

RN

Mossoró, Baraúna,

Ipanguaçu, Macau, Jandaíra

08 - Frutas, cascas de

cítricos e de melões 126.438 48,4%

Macaíba, Arês, Baía

Formosa

17 - Açucares e

produtos de confeitaria 28.318 10,8%

Natal, Areia Branca, São

Bento do Norte, Touros

03 - Peixes e

crustáceos 19.500 7,5%

Natal 05 - Outros produtos

de origem animal 12.030 4,6%

Demais produtos 74.939 28,7%

CE

Sobral, Uruburetama,

Horizonte, Quixeramobim,

Itapaje

64 - Calçados, polainas

e artefatos semelhantes 338.649 26,7%

Fortaleza, Icapuí, Aquiraz,

Cascavel, Limoeiro do

Norte

08 - Frutas, cascas de

cítricos e de melões 256.966 20,3%

Cascavel, Maracanau,

Horizonte, Sobral,

Quixeramobim

41 - Peles e couros 205.932 16,3%

Fortaleza, Maracanau 52 - Algodão 69.824 5,5%

Demais produtos 395.596 31,2%

PB

Bayeux, Campina grande,

Santa Rita

64 - Calçados, polainas

e artefatos semelhantes 110.690 45,5%

Mamanguape, Santa Rita 17 - Açucares e

produtos de confeitaria 65.845 27,0%

Caaporã, Pedras de Fogo 22 - Bebidas, líquidos

alcóolicos 27.161 11,2%

João Pessoa, Mataraca 26 - Minérios, escórias

e cinzas 10.228 4,2%

Demais produtos 29.445 12,1%

PE

89 - Embarcações

flutuantes 404.888 30,7%

Itaenga, Goiana, Sirinhaem,

Camutanga, Igarassu

17 - Açucares e

produtos de confeitaria 340.739 25,8%

Petrolina, Belem de São

Francisco, Lagoa Grande,

Inaja, Recife

08 - Frutas, cascas de

cítricos e de melões 129.333 9,8%

Cabo de Santo agostinho,

Ipojuca, Paulista, Abreu e

Lima, Recife

39 - Plásticos e suas

obras 92.249 7,0%

Demais produtos 352.767 26,7%

Fonte: Dados disponibilizados MDIC/SECEX, sistema AliceWeb2. Elaboração própria

__________________________

4 A classificação das mercadorias está de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), conforme

grupos de produtos. Utilizado pelos seguintes países: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

41

Os estados selecionados mantêm estruturas produtivas diferenciadas, podendo ser

confirmadas pela participação dos principais setores exportadores de cada um deles, o que

expressa a heterogeneidade da inserção comercial da região.

Os principais setores exportadores dos estados apresentam estrutura produtiva e bens

comercializados bastante distintos, os quais podem sinalisar o tipo de especialização

produtiva dos estados. De acordo com a tabela 3 verifica-se que no estado do Rio Grande do

Norte há uma grande parcela de produtos intensivos em recursos naturais, onde o Setor de

Fruticultura assume um papel de destaque, representando 48,4% do total exportado em 2012.

Da mesma forma que no Rio Grande do Norte o Setor de Fruticultura colabora de

forma significativa para as exportações cearenses, que juntamente com o Setor de Calçados

são os maiores exportadores do Ceará, ao somar 47,0% do saldo total comercializado com

outros países em 2012. O Ceará é o maior exportador de frutas do país e fica em segundo

lugar no quesito calçados, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul.

Entre os estados nordestinos, a Paraíba e o Ceará respondem por quase 83,0% das

exportações ligadas ao Setor de Calçados da região. O Ceará é responsável por 62,4% e a

Paraíba por 20,4%. No que tange ao outro setor que exerce grande influência nas exportações

paraibanas, o Setor de Açucares e produtos de confeitaria, vem crescendo ao longo da série de

tempo analisada. Entretando, apresentou uma queda de 20,9% em 2012, se comparado com

2011.

Em 2012, o estado de Pernambuco exportou um item que, sozinho, representou mais

de 30,0% do valor exportado nesse mesmo ano, a saber: Plataforma de Perfuração/exploração

flutuante, que é fabricada pela empresa Estaleiro Atlântico Sul S/A, Terphane Ltda. Na região

Nordeste, Pernambuco e Alagoas respondem por praticamente 92,0% do total comercializado

do Setor de Açúcares e produtos de confeitaria em 2012.

Em suma, a contribuição das exportações nordestinas no total exportado pelo país

ainda é relativamente pequena, demonstrando a frágil estrutura produtiva voltada para o

mercado internacional, particulamrente de alguns estados, a exemplo do Rio Grande do Norte.

42

3. ESTRUTURA ECONÔMICA DOS ESTADOS SELECIONADOS: UMA

CONTRIBUIÇÃO PARA A INSERÇÃO COMERCIAL DA REGIÃO NORDESTE

O objetivo desse capítulo é apresentar características gerais de cada um dos quatro

estados selecionados bem como seu perfil exportador. Para efeito da análise será apresentado

a evolução da pauta de exportações nos últimos cinco anos, a dinâmica da participação de

cada um para o comércio exterior da região e as principais empresas exportadoras.

3.1 Características da economia do Rio Grande do Norte

O estado do Rio Grande do Norte tem uma extensão territorial de 52.811,047 Km2,

possui 167 municípios e sua capital é o município de Natal. Conforme dados do IBGE

(2010), possui uma população de 3.168.027 habitantes, sendo a décima sexta unidade da

federação em termos populacionais. Cerca de 78% dos habitantes vivem na zona urbana e

22% na rural. De acordo com dados relativos a 2010, o Produto Interno Bruto do Rio Grande

do Norte era de R$ 32.339 milhões (6% do PIB regional e 0,9% do PIB nacional) e o PIB per

capita do estado de R$ 10.207,56 (o quarto maior da região).

Dentre suas principais atividades produtivas e que contribuem como fonte de renda

para o estado destacam-se o turismo, em razão a extensa orla, com cerca de 410 Km de praia;

a extração de petróleo, uma vez que o estado é líder brasileiro da produção de petróleo em

terra; e, a extração de sal, respondendo por mais de 90% da produção do país.

De acordo com os dados do IBGE (2010), o setor primário é o que apresenta menor

participação para o PIB estadual, com 4,22% do Valor Adicionado Bruto (VAB). Tem como

grande destaque a produção da fruticultura irrigada para exportação, a pesca de atuns, lagostas

e afins e a carcinicultura, que em 2012 não teve nenhuma contribuição nas exportações.

Com 21,5% do PIB potiguar, vem o segundo setor mais importante para a economia

do estado. Este compreende as indústrias extrativas (6%), de transformação (7%), construção

civil (7,1%) e de Produção e Distribuição de Eletricidade e Gás, Água e Limpeza Urbana

(1,4%). Segundo dados da FIERN (2012), 65% do setor industrial formalmente constituído se

concentra nas cidades de Natal, Mossoró e Parnamirim. Sendo que a cidade de Natal lidera

esse grupo, detém 43% dos estabelecimentos industriais, seguido de Mossoró com 14% e

Parnamirim com 8%. A grande maioria das unidades produtivas é constituída por empresas

43

de pequeno e médio porte4, 85,6% e 11,6% respectivamente, representando 97,2% do total de

estabelecimentos. O setor que se destaca no estado é o terciário, que responde com 74,3% da

produção total do Rio Grande do Norte, destacando-se os setores de comércio e administração

pública que juntos somam 44,4% desse total.

No estado existem dois grandes centros de pesquisa, o que pode contribuir para

descentralizar a pesquisa nacional, que normalmente é comandada pelas regiões sul e sudeste

do país. Um deles é o Instituto Internacional de Neurociências de Natal, instalado na capital

do Rio Grande do Norte e inaugurado em 2006; o outro é o Instituto Internacional de Física,

um centro administrado pela UFRN, inaugurado em 2010. Ambos foram criados objetivando

contribuir com as atividades ligadas ao desenvolvimento científico e tecnológico nacional. Há

alguns outros centros tecnológicos ligados à área de ciência e tecnologia, a saber, o Instituto

do Cérebro, o Centro Tecnológico do Camarão, o Centro Tecnológico do Agronegócio, o

Centro Tecnológico Temático da Apicultura.

O Rio Grande do Norte é o sexto estado que contribui para as exportações da região

Nordeste, ficando atrás da Bahia, do Maranhão, de Pernambuco, do Ceará, de Alagoas e à

frente da Paraíba, do Piauí e de Sergipe.

O estado dispõe de dois portos para o escoamento da produção, são eles o Porto de

Natal, que se localiza na capital potiguar e o Porto-Ilha de Areia Branca, construído em alto

mar. Ambos são administrados pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN).

Em 2012, 86% das mercadorias exportadas foi por via marítima. A maioria dos produtos

exportados foi escoada pelos portos do Ceará, a saber: os Portos de Fortaleza e Pecem, com

7% e 40% respectivamente.

O transporte aéreo também é uma opção para as exportações. No estado existe apenas

um aeroporto e há outro sendo construído, com perspectiva de ser inaugurado em 2014.

Ambos localizados em cidades próximas à capital. No município de Parnamirim, onde está

instalado o Aeroporto Internacional Augusto Severo, consta escoamento de produtos por via

aérea correspondente a 8,4% do total exportado em 2012.

Durante o período analisado, as exportações sofreram constantes oscilações.

Comparando-se o ano de 2008 com 2012, houve uma redução nas vendas para outros países

4 A classificação de porte industrial que foi utilizada pela FIERN corresponde a do SEBRAE, que configura as

empresas de acordo com o número de empregados por unidade produtiva: Microempresas com até 19

empregados; Pequenas, de 20-99; Médias, 100-499; e Grandes, 500 ou mais.

44

de 24,96%. O gráfico 3, mostra a balança comercial do estado, a qual apresenta a evolução

das exportações e importações, demostrando que houve déficit no ano de 2010, significando

que o valor total importado foi superior às exportações.

Gráfico 3 – Balança comercial do Rio Grande do Norte (US$ 1.000 FOB) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Além das inovações produtivas e tecnológicas que são pouco utilizadas pelo estado, e

que agregariam valor ao produto, há outros fatores que influenciam no baixo desempenho das

exportações do Rio Grande do Norte. Um deles foi a redução significativa das exportações de

castanha de caju em 2012, que diminuiu em 26,9% se comparado com 2011, devido a grande

estiagem dos dois últimos anos que reduziu a produção. Outro foi a redução ou ausência de

itens que por alguns anos configuraram como um dos principais itens exportados, a saber:

óleo bruto de petróleo, camarão, alguns produtos têxteis como Camisetas “T-shirts” de malha

de algodão, entre outros. Portanto a redução ou retirada do produto da pauta de exportação,

dependendo do valor, provoca grande redução do saldo total exportado.

No ano de 2009 as exportações tiveram uma grande redução, de 25,9% no valor total

exportado, como mostra o gráfico 4. Nos anos seguintes, mesmo tendo apresentando uma

pequena recuperação, o Rio Grande do Norte não conseguiu chegar ao desempenho de 2008.

Sua participação nas exportações da região reduziu de 2,3% em 2008 para 1,4% em 2012.

Este fato contrasta com o desempenho alcançado pelo Brasil e pelo Nordeste que cresceram,

entre 2008 e 2012, 22,6% e 21,5% respectivamente.

45

Gráfico 4 – Variação anual das exportações do Rio Grande do Norte (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

A pauta dos produtos exportados pelo Rio Grande do Norte está concentrada em

produtos que apresentam pouco valor agregado, em sua maioria são produtos intensivos em

recursos humanos e mão-de-obra pouco qualificada. De acordo com dados do MDIC, apenas

41 dos 167 municípios do estado participam do comércio exterior. O setor de agricultura

irrigada é o que mais contribui para as exportações norte-riograndenses, tendo o melão como

a fruta de maior destaque. Os municípios que se destacam nessa atividade são: Mossoró,

Baraúnas e Ipanguaçu.

O camarão, que já configurou como um dos principais produtos na pauta de

exportação do estado, apresentou redução significativa em suas vendas para o exterior ao

longo dos anos 2000 e em 2012 não teve nenhuma participação nas exportações potiguares.

Nos anos de 2004 e 2005, assim como entre 2007 a 2009 contribuiu com o maior valor para o

saldo total exportado do crustáceo pelo país. Segundo a Associação de Criadores de Camarão

do Rio Grande do Norte, as principais causas relacionadas com a redução do volume

comercializado desse produto estão ligadas à competição com os países asiáticos, seguida da

síndrome da mancha branca, que é causada por um vírus que impede o crescimento do

crustáceo e assim não consegue atender aos padrões da demanda externa.

Segundo o MDIC/SECEX, as maiores empresas exportadoras do estado são: Usibras

Usina Brasileira de Óleos e Castanha Ltda; A. Ferreira Indústria Comércio e exportação

Ltda; Brasimport Transportes Ltda; Del Monte Fresh Produce e Brasil Ltda e Bollo Brasil

Produção e Comercialização de Frutas.

2008 2009 2010 2011 2012

46

3.2 A estrutura econômica do Ceará

O Ceará configura como o quarto estado da região nordeste em maior área territorial, com

uma extensão de 148.920,472 Km2, possui 184 municípios e tem como capital o município

de Fortaleza. De acordo com dados do IBGE (2010), é o terceiro estado mais populoso da

região, com 8.452.381 habitantes. A maior parcela da população vive na zona urbana, cerca

de 75% do total de habitantes. O Produto Interno Bruto do Ceará em 2010 era de

R$ 77.865 milhões (15% do PIB regional e 2% do PIB nacional) e o PIB per capita do estado

de R$ 9.216,96 (o quinto maior da região).

Conforme os dados do IBGE (2010), o setor primário é o que apresenta menor

participação para o PIB estadual, com 4,2% do VAB. Os produtos agrícolas com maior

destaque são: algodão, feijão, milho, cana-de-açúcar, castanha de caju, entre outros. Os

grandes investimentos com o polo de agricultura irrigada possibilitou o crescimento da

produção de frutas, como abacaxi e melão, e de flores destinadas principalmente à exportação.

Na pecuária se destaca a produção de caprinos, suínos, aves e carcinicultura. Para a

exportação, tem como grande destaque a castanha de caju, respondendo por 79,7% das

exportações nacionais. Entre 2001 a 2003 e em 2006 foi o estado brasileiro que mais

contribuiu para as exportações de camarão. Entretanto, assim como nos demais estados, esse

produto não apareceu na pauta de exportação em 2012.

O segundo setor mais importante do Ceará detém 23,7% do PIB, e compreende as

indústrias extrativas (0,4%), de transformação (11,4%), construção civil (5,7%) e de Produção

e Distribuição de Eletricidade e Gás, Água e Limpeza Urbana (6,2%). O local com maior

concentração de indústrias é a Região Metropolitana de Fortaleza. Os principais setores

industriais são os ligados à indústria calçadista, têxtil, vestuário, alimentícia, farmacêutica e

metalúrgica. O setor de calçados é um dos que mais contribui para as exportações do estado.

Segundo o MIDIC/SECEX, os calçados, polainas e artefatos semelhantes foram os principais

produtos exportados pelo estado em 2012, representando 26,7% do total, seguido pelas frutas

e Peles. O setor que se destaca no estado é o terciário que responde por 72,1% da produção

total, destacando-se os setores de comércio e administração pública, que juntos somam 54%

desse percentual. Como a maioria dos estados nordestinos, tem no turismo uma das mais

importantes fontes de renda.

O Ceará configura como o quarto estado com maior percentual para o saldo total das

exportações da região, ficando atrás da Bahia, do Maranhão e de Pernambuco.

47

No estado existem dois portos e um aeroporto por onde escoam grande parte das

exportações. Dos Portos de Fortaleza e Pecem escoaram 76,4% das exportações cearenses em

2012. Do Aeroporto de Fortaleza, saiu apenas 1,7%. Os portos do Ceará são bem dinâmicos e

recebem mercadorias de diversos estados, 37,7% do que foi exportado pelo Porto de Pecem e

48,5% do Porto de Fortaleza vieram de outras partes do país.

No período em análise, as exportações sofreram constantes reduções. O gráfico 5

exibe a balança comercial do estado, que mostrou-se deficitária durante os anos analisados,

significando que o valor de suas importações superou as exportações. Apenas em 2011 o total

das exportações foi superior ao valor de 2008.

Gráfico 5 – Balança comercial do Ceará (US$ 1.000 FOB) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

A participação das exportações cearenses na pauta nacional foi relativamente pequena

em 2012, cerca de 0,5% e para o nordeste foi de 6,8%. O período apresenta quedas nas

exportações, diferentemente dos bens importados que permanecem, durante praticamente

todos os anos analisados, em constante crescimento.

A pauta exportadora cearense se concentra em setores que são intensivos em recursos

naturais e mão-de-obra pouco qualificada e barata, a saber: Calçados e Frutas. Juntos

somaram 63,3% das exportações em 2012. Ademais, dos seus 184 municípios 62 participam

do comércio com o exterior. O setor mais dinâmico do estado é o do ramo calçadista, tendo

os municípios de Sobral, Uruburetama e Horizonte como os principais colaboradores.

No que se refere ao crescimento das exportações, o gráfico 6 apresenta a evolução

48

anual das exportações no período de 2008 a 2012.

Gráfico 6 – Variação anual das exportações do Ceará (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

O gráfico mostra que em 2009 ocorreu uma redução no total exportado de 15,4%.

Esse declínio nas exportações é apresentado pela maioria dos estados brasileiros, alguns com

reduções mais significativas, como foi o caso da Paraíba que apresentou uma redução de

quase 40,0% no total exportado. Entre os quatro estados selecionados, o Ceará apresentou a

segunda menor diminuição do saldo comercializado em 2009. Apresentou recuperação nos

dois anos seguintes, mas voltou a apresentar diminuição do valor comercializado em 2012, de

9,7% se comparado com 2011.

Em se tratando das maiores empresas exportadoras, segundo o MDIC/SECEX, as

seguintes empresas destacam-se: Grendene S.A; Cascavel Couros; Agrícola Cajazeira;

Paquetá Calçados e Vicunha Têxtil.

3.3 Características econômicas da Paraíba

A Paraíba abrange uma área de 56.469,778 Km2. Conforme dados do IBGE (2010),

tem uma população de 3.766.528 habitantes, distribuídos em 223 municípios e tem a cidade

de João Pessoa como capital. É o quinto estado mais populoso da região e tem a maior parcela

dos habitantes vivendo na área urbana, cerca de 75%, contra 25% que vive na zona rural. O

Produto Interno Bruto estadual em 2010 foi de R$ 31.947 milhões, representado 6,0% do PIB

2008 2009 2010 2011 2012

49

regional e 0,9% do PIB nacional; e, o PIB per capita de R$ 8.481,14. O PIB da Paraíba é o

sexto maior da região nordeste, ficando a frente dos estados de Alagoas, Sergipe e Piauí.

O estado tem no setor primário a menor contribuição para o PIB e responde por apenas

4,2% do VAB. Alguns produtos são muito importantes para a agricultura paraibana, como:

cana-de-açúcar, abacaxi, milho, mandioca e feijão, entre outros. Na pecuária se destaca a

criação de caprinos. É um dos maiores produtores nacional de abacaxi; no entanto, a principal

fruta mais exportada é o mamão papaia.

O setor industrial é o segundo mais importante para o estado e contribui com 22,6%

para o PIB, distribuídos da seguinte maneira: indústrias extrativas (0,5%), de transformação

(9,4%), construção civil (7,5%) e de Produção e Distribuição de Eletricidade e Gás, Água e

Limpeza Urbana (5,2%). As indústrias que se destacam são a têxtil, alimentícia, de calçados e

sucroalcooleira. O destaque para as exportações em 2012, de acordo com o MDIC/SECEX,

foi das indústrias ligadas ao setor de calçados, pois o item, calçados, polainas e artefatos

semelhantes, representou 45,5% do saldo total exportado pelo estado.

Da mesma forma que os estados anteriores, o grande destaque da geração de riqueza é

o setor terciário, que aparece contribuindo com 73,2% para a produção total. Segundo dados

do IBGE (2010), o PIB desse setor é oriundo, em sua maioria, do comércio e da administração

pública, que juntos contribuem com 59,2% para o total produzido. As belas praias e o

crescimento do ecoturismo tem contribuído para o turismo local, que é uma das principais

atividades geradoras de renda no estado.

Em 2012, a Paraíba contribuiu com 1,3% para o saldo total das exportações da região,

ocupando a sétima posição entre os estados nordestinos que mais contribuem para a

comercialização dos produtos com o exterior. Fica a frente apenas do Piauí e de Sergipe.

O estado dispõe de um porto, Porto de Cabedelo, por onde escoam parte de suas

exportações e de outros estados. Entretanto, segundo os dados do AliceWeb25, apenas 6,7%

dos bens exportados partiram do Porto de Cabedelo. A maior parte escoou pelos Portos de

Suape (43%), de Santos (26,7%) e de Recife (13%).

_______________________ 5 AliceWeb 2 é parte integrante do site do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foi

desenvolvido em 2001 e fornece mais detalhadamente as informações sobre exportações e importações

brasileiras.

50

O gráfico 7 mostra a balança comercial do estado, que mostrou-se sempre deficitária

durante os anos analisados. As exportações em 2009 tiveram uma grande redução no valor

total exportado, de 30,5%. Apenas em 2012 o total das exportações foi superior ao valor de

2008.

Gráfico 7 – Balança comercial da Paraíba (US$ 1.000 FOB) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Como a maioria dos estados nordestinos, a Paraíba contribui com uma pequena

parcela para as exportações brasileiras, em média 0,14%. Em relação aos bens importados, o

saldo manteve-se crescente até o ano de 2011, quando apresentou um crescimento bem maior

que os demais, 157,8% se comparado com 2008. Entretanto, as exportações tiveram uma

pequena redução nesse mesmo período, em torno de 1,1%.

Tem uma pauta exportadora bastante diversificada, embora concentrada em produtos

com pouco valor agregado e que requerem mão-de-obra barata. São normalmente setores

intensivos em recursos naturais. Participam do comércio exterior apenas 29 município dos

223. O setor que mais contribui para as exportações durante os anos analisados foi o ligado

ao ramo de calçados, que colaborou com 45,5% para o saldo total das exportações do estado

em 2012. As cidades que mais contribuem para essa atividade são: Campina Grande, Santa

Rita e Bayeux.

51

Gráfico 8 – Variação anual das exportações da Paraíba (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

O gráfico 8 apresenta a variação percentual das exportações da Paraíba entre os anos

2008 a 2012. Verifica-se que em 2009, o estado registrou uma queda no saldo das exportações

de 30,5%. Em média as exportações cresceram apenas 3% ao longo do período.

No que se refere as principais empresas exportadoras do estado, destacam-se as

empresas ligadas ao setor calçadista e ao sucroalcooleiro, a saber: Alpargatas S.A e Tavares

de Melo Açúcar e Álcool S/A, juntas respondem por 53% do total exportado em 2012.

3.4 A estrutura da economia de Pernambuco

Segundo IBGE (2010), a população do estado de Pernambuco é de 8.796.448

habitantes, distribuídos em 185 municípios e abrange uma área de 98.148,323 Km2. Sua

capital é o município de Recife. É o segundo estado mais populoso da região e tem a quinta

maior área territorial entre os estados nordestinos. A economia pernambucana é a segunda

mais forte da região nordeste, sua participação no PIB regional é de 18,8%, ficando atrás

apenas da Bahia que contribui com 30,6%. O PIB per capita é de 10.821,55, o terceiro da

região e o maior entre os estados selecionados.

O setor predominante na composição do PIB é o terciário, que contribui com 73,4%

para o VAB. Importantes atividades contribuem para que esse setor tenha grande destaque,

são elas: serviços médicos, de comércio, de turismo e de informática. No estado existem

2008 2009 2010 2011 2012

52

grandes pólos de desenvolvimento que desempenham importante papel na composição do

PIB. O Pólo Médico de Recife, que recebe pacientes de vários estados e até de outros países, é

considerado um centro de referência no Nordeste. O Pólo de Confecções do Agreste, com

destaque para três cidades, são elas: Santa Cruz do Capiberibe, Caruaru e Toritama. Esses

dois pólos são considerados o segundo mais importante do país em suas categorias. Além

desses dois citados acima, existe ainda o Porto Digital, que abriga importantes empresas

nacionais e multinacionais e instituições de ensino superior e de pesquisa. É um centro de

referência que atua em atividades ligadas à inovação e conhecimento. No final de 2012 foi

inaugurado o Riomar Shopping, considerado o terceiro maior shopping do Brasil e o maior

centro de compras do Norte-Nordeste.

O setor primário tem pequena participação no PIB estadual, detendo 4,5% do VAB. O

destaque do setor para as exportações são a produção da cana-de-açúcar e os produtos ligados

à agricultura irrigada, como as mangas e uvas.

O setor industrial é o segundo mais dinâmico do nordeste ficando atrás apenas da

Bahia e representa 22,1% do VAB da região. O Complexo Industriário e Portuário de Suape é

um dos grandes destaques do setor industrial pernambucano. A implantação de alguns

empreendimentos como a Refinaria Abreu e Lima e Estaleiro Atlântico Sul foram escolhidos

para fazer parte desse complexo industrial, que tem o Porto de Suape como grande centro de

escoamento e recebimento de mercadorias, além de ser considerado o porto mais moderno do

país. Existem grandes investimentos produtivos em Pernambuco que estão em fase de

construção e que provavelmente trarão maior dinamismo ao estado, entre eles estão a Fábrica

da FIAT e o Pólo Farmacoquímico, ambos localizados na cidade de Goiana.

Pernambuco configura como o terceiro estado que mais contribui para o saldo total

exportado pelo Nordeste. Em 2012, ficou apenas atrás dos estados da Bahia e do Maranhão

no que se refere ao valor total exportado pela região. Responde por 7% das exportações

nordestinas e 0,5% do Brasil.

Há dois portos e um aeroporto no estado por onde escoam grande parte das

exportações pernambucanas, são eles: Porto de Suape, Porto de Recife e Aeroporto

Internacional de Recife. Em 2012, 47% das exportações partiram desses dois portos de

Pernambuco e 2,9% do Aeroporto de Recife.

O gráfico 9 mostra a evolução da balança comercial de Pernambuco, a qual apresenta

saldos negativos no período de 2008 a 2012, mostrando que o valor importado foi superior ao

53

exportado. Outro destaque verificado foi que apenas no ano de 2009 há redução no valor

exportado, se comparado com o ano anterior. Nos anos seguintes apresentou saldos sempre

crescentes nos valores exportados.

Gráfico 9 – Balança comercial de Pernambuco (US$ 1.000 FOB) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Pernambuco é o segundo estado mais dinâmico da região ficando atrás apenas da

Bahia. Tem um setor industrial bastante diversificado, em especial a indústria de

transformação, que tem grande representatividade para a composição do PIB do estado, assim

como o setor de serviços, que é bem versátil. O seu PIB corresponde a 18,8% do Nordeste e

2,5% do Brasil.

A pauta exportadora do estado é bastante diversificada, com produtos intensivos em

recursos naturais e mão-de-obra pouco especializada, e também com bens que requerem

conhecimento e inovação e que agregam alto valor ao produto, como é o caso das Plataformas

de Perfuração/exploração Flutuantes. Possui 185 municípios, porém apenas 61 deles

contribuem para o comércio exterior do estado. O setor mais dinâmico e que mais contribuiu

para o total exportado em 2012 foi o ligado a alta tecnologia, que é o da indústria de

transformação. A Região Metropolitana de Recife concentra grande parte das principais

indústrias ligadas aos setores de alta tecnologia, que se localizam em um dos principais polos

de investimentos e desenvolvimento do país, o Complexo Industrial Portuário de Suape.

54

Gráfico 10 – Variação anual das exportações de Pernambuco (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

A variação anual no valor exportado, apresentada no gráfico 10, mostra que em 2009

as exportações tiveram um decréscimo de 12,1% se comparado com o ano de 2008.

Entretanto, nos anos seguintes apresenta variação positiva. Em 2010 é o ano que há maior

crescimento do valor exportado, de 35,0%.

As três empresas que tiveram o maior valor exportado em 2012 foram: Estaleiro

Atlântico Sul S/A, Terphane Ltda e Usina Petribu SA. O Estaleiro Atlântico Sul, que foi

responsável por 30,67% do valor exportado pelo estado em 2012, fabrica navios e plataformas

flutuantes e se localiza no Complexo Industrial e Portuário de Suape; e, as demais, em Cabo

de Santo Agostinho e Lagoa de Itaenga, respectivamente.

Diante do exposto, é possível afirmar que os estados selecionados apresentam

semelhanças em suas estruturas econômicas quanto à composição do PIB, particularmente no

se se refere a participação do setor terciário enquanto gerador de renda. Quanto às pautas de

exportações percebe-se que a estrutura produtiva aponta para um comércio exterior

diferenciado entre eles, como poderá ser confirmado adiante.

2008 2009 2010 2011 2012

55

4. Estrutura e evolução do comércio exterior do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e

Pernambuco

A estatística do comércio exterior, fundamental na determinação do desempenho do

intercâmbio comercial entre o país e as demais nações, retrata o comportamento das vendas e

compras entre os mesmos. Segundo Galvão e Vergolino (2004), a configuração do comércio

exterior pode revelar características conjunturais e estruturais relevantes sobre a economia de

determinada localidade. Ainda segundo os autores, é um instrumento que pode ser usado

para orientar e determinar políticas governamentais de planejamento econômico na definição

do desenvolvimento comercial com o exterior. As exportações constituem uma das formas de

inserção produtiva e podem ser classificadas segundo o fator agregado em produtos básicos,

semimanufaturados e manufaturados.

O objetivo deste capítulo é analisar a trajetória do comércio relacionada às

exportações dos quatro estados nordestinos selecionados. A partir dos dados coletados

procura-se analisar possíveis mudanças na estrutura produtiva, conforme configuração da

pauta de produtos exportados por fator agregado. Na sequência, dedica-se atenção especial

aos principais produtos exportados e, finalmente, os principais destinos dos bens produzidos.

4.1 Inserção comercial: características da pauta de exportações do Rio Grande do Norte

A análise da pauta de exportações do comércio exterior pode ser utilizada como uma

proxy para indicar se ocorreram possíveis mudanças na estrutura produtiva, através da

substituição ou introdução de novos bens com o crescimento de investimentos produtivos. A

configuração da pauta exportadora por fator agregado pode sinalizar se o estado concentra

suas atividades em produtos primários. Nesse sentido, para uma melhor compreensão das

exportações norte-rio-grandenses, é relevante observar os bens comercializados por valor

agregado no período de 2008 a 2012.

O gráfico 11, demonstra como estão divididos os bens exportados pelo Rio Grande do

Norte segundo a classificação por valor agregado nos últimos cinco anos, ao mesmo tempo

em que sinaliza que o estado ainda permanece com uma pauta de produtos intensivos em

recursos naturais e mão-de-obra pouco qualificada.

56

Gráfico 11 – Exportações por fator agregado* do Rio Grande do Norte (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria * Exceto as Operações Especiais

Durante todos os anos analisados o Rio Grande do Norte permaneceu com a

participação elevada de produtos básicos na composição de sua pauta de exportação,

superando, em média, 65% do saldo total exportado pelo estado. Tratam-se de produtos que

não sofrem incrementos produtivos e, portanto, possuem baixo valor agregado. Esses bens são

constituídos por frutas, pescados, sal marinho, entre outros. Ao final do período observa-se

que os bens manufaturados reduz sua participação no total exportado em torno de 5%,

enquanto que os produtos classificados como básicos aumenta em 6%, quando comparado

com 2008.

A fruticultura representa o setor que mais contribui para o saldo total exportado,

representando 48,4% em 2012. Os melões são as frutas que mais são demandadas,

configurando mais de 20% em 2012, seguido pelas castanhas de caju, com 14%.

Em 2008 os principais produtos exportados pelo estado responderam por 70,2% do

saldo total exportado. Todavia, esse percentual refere-se a apenas dez itens da pauta de

exportação do Rio Grande do Norte, são eles: Melões (18,7%); Castanha de caju (12,8%);

Camarões (7%); Outros açúcares de cana (6,7%); Consumo de bordo combustíveis e

lubrificantes para aeronave (6,2%); Álcool etílico (5,3%); Bananas (4,1%); Outras lagostas

(3,9%); Cobertores e mantas de algodão (3%) e Consumo de bordo combustíveis e

lubrificantes para embarcações (2,5%). Para o ano de 2012, apenas os dois primeiros itens da

pauta de 2008 permaneciam ainda como principais produtos exportados, sendo que os melões

57

participam com 20,7% e as castanhas de caju com 14%. Os demais itens foram: Bombons,

caramelos, confeitos e pastilhas (5,6%); Bananas (5,2%); Outros produtos de origem animal

(4,6%); Consumo de bordo-combustíveis para aeronaves (4,6%); Outras chapas, etc de outros

plásticos (4%); Mangas (3,5%); Energia elétrica (3,2%) e Melancias (3%). Juntos, estes

produtos respondem por 68,4% do total. De acordo com os dados analisados, constata-se que

as cinco frutas citadas totalizam 46,4%.

O gráfico 12 mostra o comportamento e a participação, em termos percentuais, dos

produtos que mais contribuíram para o valor exportado pelo Rio grande do Norte entre 2008 e

2012.

Gráfico 12 – Principais produtos exportados pelo Rio Grande do Norte (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

No período de 2008 a 2012, o setor de fruticultura representa o que mais contribui

para as exportações estaduais, constribuindo em média com 45,5% para o valor total

exportado, sendo que o melão e a castanha de caju permanecem em destaque em todo o

período de análise.

A importância do melão para o estado se reflete no seu valor exportado, que é

considerado o produto de maior representatividade quando se refere ao setor de fruticultura

irrigada, expressando assim a grande influência econômica dessa atividade para o estado, em

especial para as cidades de Mossoró, Baraúnas, Ipanguaçu, Assu. Do início dos anos 2000 até

2007, o estado era o maior exportador de melão do país. Contudo, durante os anos da série

58

analisada, o Rio Grande do Norte aparece em segundo lugar, perdendo apenas para o Ceará.

A Castanha de caju teve maior destaque em 2011 e é o segundo produto mais

demandado pelo mercado externo. Em 2012, sua comercialização reduziu em 26,9% se

comparado com o ano anterior, conforme mencionado. A grande estiagem foi considerada o

principal fator que motivou a redução da produção da castanha de caju, assim como do mel,

do álcool etílico e do açúcar.

A banana é outra fruta que aparece entre os principais produtos exportados e

apresenta uma certa regularidade em seu percentual de contribuição, em torno de 5%. O ano

que apresentou o maior valor de suas vendas foi o ano de 2010, que teve um crescimento de

26,9% em relação ao ano de 2009.

O camarão que já configurou como um dos principais produtos na pauta de

exportação do estado apresentou reduções significativas em suas vendas para o exterior ao

longo dos anos 2000; e, em 2012, não teve nenhuma contribuição para as exportações. Nos

anos de 2004, 2005 e entre os anos de 2007 a 2009, as exportações norte-riograndenses de

camarões contribuia com a maior parcela das exportações brasileiras desse bem; todavia, o

valor exportado vinha sofrendo constantes reduções em todo o país. Salienta-se que uma das

principais causas apontadas para a queda da comercialização do crustáceo foi a valorização

do real, que fez com que o produto nacional perdesse competitividade. Segundo a Associação

de Criadores de Camarão do Rio Grande do Norte a principal causa desse fato, é a

competição com os países asiáticos, seguida da síndrome da mancha branca, que é causada

por um vírus que impede o crescimento do crustáceo.

Assim como o camarão, outros bens que estavam entre os dez primeiros produtos

mais exportados pelo Rio Grande do Norte em 2008, reduziram significativamente sua

participação em 2012, entre eles estão: Consumo de bordo-combustíveis para aeronaves

(44,5%) e embarcações (31%); Outros açúcares de cana (71,1%) e Outras lagostas (69,3%).

Ademais, outros itens desapareceram da pauta, como foi o caso do Álcool etílico e dos

Cobertores e mantas de algodão.

A indústria têxtil, que contribuia com produtos que tinham posição de destaque no

início da década, foi perdendo competitividade ao longo dos anos 2000, sobretudo devido a

concorrência dos produtos têxteis asiáticos. Esse fato pode ser comprovado quando se

observa que o único bem que figurava entre os mais importantes durante o período analisado,

vai perdendo espaço até desaparecer completamente da pauta a partir de 2011.

59

Os itens consumo de bordo-combustíveis e lubrificantes para aeronoves e para

embarcações sofrem constantes oscilações, porém somente o destinado à aeronaves que

permanece entre os dez primeiros itens mais exportados pelo estado, contribuindo com 4,6%

em 2012.

Em suma, nos anos analisados, os dados revelam que ocorreram algumas mudanças

na característica da pauta exportadora do Rio Grande do Norte, algumas mercadorias

desaparecem enquanto outras passam a figurar entre as mais importantes em 2012.

4.1.1 Os principais destinos das exportações norte-rio-grandenses

No período em análise, os Estados Unidos permaneceram como o principal destino

das exportações do Rio Grande do Norte, com 25,6% do valor exportado em 2012; seguido

pelos Países Baixos (Holanda) com 24,79%. Os Estados Unidos, a despeito de

permanecerem como principal demandante dos produtos potiguares, reduziram sua

participação em 28,4% em 2012, se comparado com 2008. A Holanda seguiu os mesmos

passos do mercado norte-americano, reduzindo o valor em 35,9%. O mesmo fato ocorreu

com vários países que se encontravam entre os dez principais destinos das exportações do

estado, principalmente com o mercado europeu, a exemplo da França, cuja redução foi

superior a 85,0 %.

Nesse mesmo período observa a entrada de países asiáticos que não configuravam

como principais destinos, como é o caso da China. Os países asiáticos começam a ganhar

maior destaque a partir de 2011.

O gráfico 13 mostra os dez países que mais demandaram produtos do Rio Grande

do Norte. Em 2012, os principais destinos foram: Estados Unidos (25,6%); Países Baixos

(15%); Espanha (9,6%); Reino Unido (8,7%) e Argentina (3,8%). A China, que vem se

tornando um parceiro comercial do estado, aparece em 12° lugar, com 2,32%.

60

Gráfico 13 – Principais países de destino dos produtos do Rio Grande do Norte (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

O destino dos produtos potiguares durante o período 2008 a 2012 pode ser

visualizado no gráfico 13, onde constatou-se que alguns países reduziram sua participação no

valor total exportado pelo estado, como é o caso da França e de Hong Kong. Enquanto outros

passaram a figurar entre os principais parceiros comerciais em 2012, dentre eles a Índia,

Haiti, Camarões, Turquia, Palestina, Noruega, Indonésia. A despeito do Rio Grande do

Norte conquistar novos mercados; no geral, permanece comercializando seus produtos,

sobretudo com os países desenvolvidos.

No que se refere aos blocos econômicos, destacam-se como maiores destinos em

2012: União Europeia (42,7%); Estados Unidos6 (25,8%); Ásia (5,2%); Demais blocos

(16,4%). O gráfico 14 apresenta os blocos econômicos que compram produtos do Rio Grande

do Norte.

_______________________ 5 O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, classifica os Estados Unidos

(inclusive Porto Rico) como um Bloco Econômico.

61

Gráfico 14 – Destino das exportações do RN por Blocos Econômicos (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Os dados disponibilizados pelo MDIC/SECEX podem indicar a distribuição dos

produtos segundo os países de destino. De acordo com essa informação, observa-se que as

vendas dos melões em 2008 se destinaram basicamente para os seguintes países: Países

Baixos (36,52%); Espanha (33,23%) e Reino Unido (26,74%), o que configurava a União

Europeia como Bloco Econômico mais importante no que se refere à comercialização desse

produto. Em 2012, os três países permanecem como maiores mercados: Países Baixos

(38,23%); Reino Unido (30,42%) e Espanha (27,84%), ficando a União Europeia como o

bloco que mais contribui para a totalidade das exportações, com cerca de 99,7%.

No que se refere a castanha de castanha de caju, o produto foi destinado aos Estados

Unidos (68,4%); Canadá (7,79%) e Países baixos (5,2%), contribuindo juntos com 80,4% do

valor exportado desse bem. Em relação aos Blocos, Estados Unidos (59,2%) e União Europeia

(24,2%) aparecem como principais parceiros. No final do período, permanece a configuração

dos principais destinos, com mudanças apenas em seus valores percentuais, a saber: Estados

Unidos (59,2%); Canadá (11,5%) e Países Baixos (9,7%).

As exportações de camarões se destinaram em 2008 para a União Europeia, sendo que

a França, sozinha, recebeu 81,7% de todo o estoque. O volume das vendas desse bem para o

exterior foi reduzindo no decorrer do período analisado, até que em 2012 desapareceu da

pauta de exportação do estado.

62

O item Outros açúcares de cana, beterraba tiveram diversos destinos em 2008, com

destaque para Venezuela (28,4%); Tunísia (20%); Angola (15,2%); Estados Unidos (12,2%);

Argélia (11,4%); entre outros. Em 2012 a totalidade das exportações de Outros açúcares de

Cana, beterraba esteve concentrada em dois países: Mauritânia (80,3%) e Colômbia

(19,7%).

Consumo de bordo-combustíveis e lubrificantes para aeronaves e embarcações são

classificados como provisão de navios e aeronaves e não tem especificações de países a que

se destinam. Quanto ao Álcool etílico não desnaturado, este foi exportado no ano de 2008,

em sua totalidade, para os Países Baixos. Desaparecendo no decorrer dos anos dos itens

comercializados com o exterior pelo estado.

Em 2008, cerca de 99,4% das exportações de bananas foram para Itália (32,9%);

Países Baixos (27,9%); Alemanha (21,6%); Reino Unido (11,4%) e Portugal (5,6%). Os

cinco países para onde partiram 97% das bananas potiguares em 2012 foram: Alemanha

(35,1%); Espanha (21,7%); Países Baixos (18,6%); Polônia (18,4%) e França (3,2%).

Pouco mais de 99% dos Cobertores e mantas de algodão não elétricos partiram para

os Estados Unidos em 2008. Esse produto desapareceu da pauta em 2012.

O destino das exportações, assim como a mudança da configuração dos itens

exportados, indica que o estado está diversificando os mercados para os quais destina a sua

produção. Entretanto, durante o período 2008 a 2012, os principais mercados estão

localizados na União Europeia e Estados Unidos. A Ásia aparece ao final dos anos em

análise com uma pequena participação.

4.2 O Ceará e sua inserção comercial: principais características dos produtos exportados

De acordo com os dados do IBGE, o Ceará está entre os três estados nordestinos que

mais contribuem para o PIB da região, tem uma estrutura produtiva bastante diversificada e

seu perfil exportador é composto, em sua maioria, por produtos industrializados.

O gráfico 15 sinaliza as características das exportações cearenses por fator agregado

entre os anos de 2008 a 2012. Esse gráfico indica ainda que os bens manufaturados têm

destaque durante o período em análise.

63

Gráfico 15 – Exportações do Ceará segundo fator agregado* (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria * Exceto as Operações Especiais

Durante os anos analisados, o Ceará concentrou mais de 44% de suas exportações em

produtos manufaturados, embora com constantes variações no percentual de participação. O

ano em que apresentou maior participação desse tipo de produto foi em 2008, com 51,2%,

com destaque para a presença dos calçados que apresentou a maior contribuição para esse

percentual. Os demais bens também tiveram constantes oscilações. Os classificados como

básicos tiveram seu maior destaque em 2009 (33,5%) e os semimanufaturados em 2012

(23,1%).

Conforme os dados do MDIC/SECEX, os bens que mais contribuíram para o valor

exportado pelo Ceará em 2008 respondem por 60,7% do total da pauta, sendo eles: Castanha

de caju (11,5%); Outros Calçados sol. ext. borr./plást.couro/nat. (8,8%); Calçados de borracha

(8,7%); Outros couros/peles (8%); Melões (6,7%); Outros calçados cobr. tornozelo (4,6%);

Outros couros/peles bovinos, pena (4%); Ceras vegetais (3,1%); Tecido de algodão (2,7%) e

Outras lagostas (2,6%). A concentração dos principais produtos exportados em 2012 foi um

pouco maior que em 2008, com cerca de 61,8% e constituída pelos seguintes produtos:

Castanha de caju (11,7%); Outros calçados cobr. tornozelo (10,3%); Couros/peles bobinos

preparados divid. com a flor (8,1%); Calçados de borracha (7%); Melões (6,2%); Ceras

vegetais (5,3%); Outros Calçados sol. ext. borr./plást.couro/nat. (4,6%); Sucos de outras frutas

não fermentado (3,5%); Outros couros/peles inteiros bovinos, preparadas (2,6%) e Outros

couros/peles bovinos, peles (2,5%).

64

O gráfico 16 representa a evolução dos produtos exportados ao longo da série, 2008 a

2012.

Gráfico 16 – Principais produtos exportados pelo Ceará (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Como pode ser visualizado ainda no gráfico 16, o setor calçadista desempenha

importante papel na pauta de exportações cearenses, assim como o setor de fruticultura. O

Ceará aparece como o maior exportador nacional de castanha de caju e de melão nesse

período. A castanha de caju aparece como o produto que mais contribui para a pauta durante

todos os anos analisados, representando em média 13,4% do total comercializado com o

exterior; e, o melão 6,2%. Como maior exportador nacional de castanha de caju, o Ceará

contribui com mais de 74% para o valor comercializados deste produto com outros países. O

ano em que se observa melhor desempenho, se comparado com o ano imediatamente

anterior, foi 2009, quando cresceu em torno de 27,8%. Nos anos posteriores foi decaindo o

valor comercializado, chegando ao final do período com valor 21,8% menor do que o do ano

de maior participação.

Os produtos ligados ao setor calçadista também têm presença constante entre os dez

mais comercializados e tem grande influência no comércio com o exterior no estado. Existem

três produtos que têm presença constante entre os mais exportados no período, são eles:

Outros calçados cobr. tornozelo; Calçados de borracha e Outros Calçados sol. ext.

borr./plást.couro/nat. Juntos participam, em média, com 23,2% das exportações do Ceará.

Contudo ainda existem outros tipos de calçados, que não estão entre os principais itens

65

exportados, e que também contribuem para que o setor calçadista esteja entre os mais

importantes do estado.

Assim como os calçados, há outros bens que têm destaque entre os mais exportados,

os quais são: Outros couros/peles bovinos e Ceras vegetais; e, durante o período configuram

entre os itens que mais contribuem para o valor comercializado pelo estado, participando em

média com 8,7% e 3,7% respectivamente.

Entre as mudanças ocorridas na pauta de exportaçáo do Ceará, dois produtos ligados a

setores importantes para a maioria dos estados da região nordeste reduziram

significativamente sua participação em 2012, quando comparado a 2008: um deles

pertencente ao setor têxtil, o item Tecido de algodão fio color, que reduziu sua participação

em 21,2% ; e, o outro ligado ao setor de pescados peixes/crustáceos, o item Outras lagostas,

que diminuiu em 23,2%. Esses produtos não aparecem mais entre os dez mais exportados em

2012. Todavia, outros produtos surgem na pauta de exportação cearense e que não eram

exportados em 2008, a exemplo de Couros/peles bobinos preparados com a flor e Sucos de

outras frutas não fermentado, sendo que o primeiro apareceu na pauta a partir de 2009 e

apresentou valor sempre crescente; e, em 2012 apareceu entre os três que mais contribuem

para as exportações do Ceará, com 8,1%. E o segundo, só apareceu na pauta no ano de 2012.

4.2.1 Destino das exportações cearenses

O Ceará comercializa a maior parte de seus produtos com os países desenvolvidos,

destacando-se como principal destino os Estados Unidos. A partir de 2008 verifica-se que o

valor exportado para esse país vinha apresentando crescimento anual contínuo. Entretanto,

em 2012 ocorreu uma grande diminuição do total demandado, com uma redução de 24% se

comparado com 2011.

Os cinco primeiros destinos dos produtos cearenses respondem em torno de 57,6% do

valor total exportado em 2008, sendo eles: Estados Unidos (24,5%); Argentina (9,3%); Reino

Unido (9,1%); Itália (7,9%) e Países Baixos (6,8%).

O gráfico 17 apresenta os principais destinos das exportações do Ceará de 2008 a

2012. Apresenta entre os primeiros demandantes de seus produtos países da América do

Norte, Europa, América Latina e Ásia.

66

Gráfico 17 – Principais destinos das exportações cearenses (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

De acordo com os dados disponibilizados pelo MDIC/SECEX, em 2012 os cinco

países responsáveis por mais de 50% do valor exportado foram: Estados Unidos (23,6%);

Argentina (9,2%); Países Baixos (8,3%); China (5,3%) e Reino Unido (4,5%).

Durante o período analisado ocorrem mudanças em relação aos destinos dos produtos

cearenses, uma vez que países que figuravam entre os dez primeiros compradores em 2008

reduzem o valor demandado ou deixam de ocupar os primeiros destinos em 2012. Entre eles

estão: Estados Unidos, que reduz em 4,3%; Argentina (1,9%); Reino Unido (50,5%); Itália

(54,9%); México (17,5%); Venezuela (59%) e Espanha (8,5%). Esses dois últimos, além de

reduzir suas demandas, deixam de estar entre os primeiros em 2012. Contudo, há países que

aumentam suas importações em 2012, como: Países Baixos (21%); Alemanha (44,6%) e

China (179,9%). Outros dois países aparecem em 2012 entre os dez primeiros, a exemplo da

Hungria e Hong Kong, que participam com 3,6% e 2,9% respectivamente.

O gráfico 18 mostra os maiores destinos em relação aos Blocos Econômicos. Em

2008 são: União Europeia (32,7%); Estados Unidos (24,6%); Mercosul (11,5%); Aladi

(10,4%); Ásia (7,9%); e Demais blocos (12,9%). Já em 2012 tem-se a União Europeia

(29,7%); Estados Unidos (23,7%); Ásia (12,5%); Aladi (7,6%) e Demais blocos (13,5%).

Apesar de haver oscilações da participação dos dois primeiros blocos citados, ambos

permanecem como principais destinos no período.

67

Gráfico 18 – Destino por Blocos Econômicos das exportações do Ceará (em %) – 2008 a 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

O Ceará comercializa principalmente com os países desenvolvidos, como pode ser

visualizado no gráfico 18. A União Europeia e Estados Unidos aparecem como maiores

destinos durante toda a série de tempo em destaque. Já o Mercosul vai perdendo espaço

durante o período, enquanto a Ásia começou a surgir como um parceiro importante. Nesse

contexto, os blocos econômicos que aparecem como os maiores parceiros do estado em

2012 são a União Europeia e os Estados Unidos, seguido pela Ásia.

Além dos destinos dos produtos, os dados coletados e sistematizados podem indicar a

distribuição da pauta de exportações dos produtos cearenses por países de destino.

Nesse sentido, ao se analisar os principais demandantes das mercadorias cearenses,

observa-se a diversidade de países que comercializam com o estado entre os anos de 2008 a

2012. No que tange a Castanha de caju, em 2008 ela destina-se em sua maioria para os

Estados Unidos (62,3%). O restante das vendas tem diversos destinos, dentre eles o Canadá

(6,5%); Países Baixos (4,4%); Líbano (4,3%); Itália (3,2%); entre outros. Em 2012, os

Estados Unidos (46,4%) ainda configura como maior comprador desse produto, seguido por

Países Baixos (20,7%); Canadá (7,7%); Líbano (4,8%); México (3,8%) e Reino Unido (2,9%).

Totalizando 86,4% das vendas de castanha de caju para o exterior. Enquanto os Estados

Unidos reduziu a compra de castanha de caju em 23,2%, os Países Baixos aumentaram em

378%.

68

No que se refere a Outros calçados sol. ext. borr./plást.couro/nat. tem-se que em 2008,

87,4% deste produto foram para o Reino Unido (54%) e Estados Unidos (33,4%). Em 2012,

Estados Unidos (46,8%), Hong Kong (10,1%), Reino Unido (9,5%) e Países Baixos (4,1%)

foram os principais mercados.

Em 2008, os Calçados de borracha tem como destinos os Estados Unidos (20,8%);

México (10,5%); Paraguai (8,3%); Argentina (8,1%) e Venezuela (5,4%). E, em 2012,

Paraguai (15,1%); Colômbia (8,8%); Bolívia (7,9%); Estados Unidos (5,4%) e Angola

(4,4%).

A Itália aparece como maior demandante em 2008 dos seguintes itens: Outros

couros/peles inteiro bovinos etc (51,9%) e Outros couros/peles bovinos, pena (45%). Em

2012, perde espaço para outros países: 65,1% do bem Outros couros/peles inteiro bovinos etc

foram importados pelos os Estados Unidos; e, cerca de 62,3% do item Outros couros/peles

inteiro bovinos etc passou a ser destinado para o México (25,7%); Estados unidos (19,6%) e

Itália (17%).

Os países europeus são os principais destinos dos melões cearenses. Em 2008, 95,9%

deste produto se destinou para: Países Baixos (44,9%); Reino Unido (30,7%); Espanha (11%);

Alemanha (5,4%) e Itália (3,9%). E, em 2012, 95,5% foram para: Países Baixos (44,3%);

Reino Unido (31,5%); Espanha (14,5%); Alemanha (2,7%) e Itália (2,4%).

Em 2008, Outros calçados cobr. Tornozelo teve suas vendsas destinadas

principalmente para Argentina (57,5%); Estados Unidos (7,5%); Venezuela (6,6%) e Paraguai

(4,4%). Já em 2012: Argentina (36,9%); Estados Unidos (12,5%); Espanha (3,5%) e Reino

Unido (3,3%) são os países que mais importam do estado esse produto.

Os maiores mercados das Ceras vegetais cearenses são os Estados Unidos, Japão e

Alemanha. Em 2008, 63,2% dessa mercadoria se deslocou para esses países, ficando assim

distribuidos: Estados Unidos (28,9%); Japão (25,1%) e Alemanha (64,9%). Em 2012, os

mesmos permanecem como primeiros parceiros do estado participando com 64,9% do total

comercializado.

Os itens Tecido de algodão e Outras lagostas que se encontravam entre os dez

produtos que mais contribuíam para as exportações cearenses em 2008 não aparecem entre os

principais em 2012. No início do período, em torno de 68% do item Tecido de algodão foram

importados pelos seguintes países: Argentina (36,4%); Venezuela (16,6%) e Países Baixos

(15,3%); e, os Estados Unidos com 82% foi o destino da maior parte das lagostas vendidas

69

pelo Ceará ao mundo.

Em 2012, esses bens reduzem suas participações e seus valores comercializados. O

primeiro passa a ter como maiores destinos os seguintes países: Argentina (46,7%); Paraguai

(9,9%) e a Colômbia (7,0%). Já a lagosta permanece sendo comercializada, principalmente,

com os Estados Unidos (84,6%).

4.3 Paraíba: inserção comercial e as características de sua pauta de exportação

Para um melhor entendimento do comércio exterior da Paraíba, faz-se necessário

uma análise da pauta de exportação referente aos principais itens comercializados pelo

estado. Para tanto, procurou-se considerar primeiramente as mercadorias segundo o fator

agregado. Em seguida, a participação dos dez principais produtos exportados pelo estado,

assim como os destinos das mercadorias paraibanas no cenário internacional entre os anos de

2008 a 2012. As informações obtidas podem sinalizar a forma como ocorreu e vem

ocorrendo a inserção comercial do estado nos anos recentes.

O gráfico 19 mostra a pauta de exportação da Paraíba segundo o fator agregado.

Essa classificação indica se os produtos dispõem de algum conteúdo tecnológico mais

elaborado ou se são comercializados sem sofrer alterações significativas.

Gráfico 19 – Exportações da Paraíba por fator agregado* (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria * Exceto as Operações Especiais

70

Os dados analisados indicam que os bens comercializados entre 2008 a 2012 pela

Paraíba eram constituídos, em sua maioria, por bens manufaturados. Em 2008, a participação

desses bens atingiu algo em torno de 90%. Contudo, ao longo dos anos, vem reduzindo seu

percentual de contribuição e perdendo espaço para os produtos semimanufaturados e básicos.

Os setores de calçados e têxteis foram os que mais influenciaram nas exportações

paraibanas em 2008. O setor calçadista só reduz seus valores exportados no ano de 2009,

permanecendo com crescimento contínuo nos anos seguintes. Já os itens ligados ao setor

têxtil decrescem seus valores exportados no decorrer do período, conforme pode ser

observado no gráfico 20, onde o produto que apresentava maior participação no valor

exportado pela Paraíba em 2008, cerca de 32,8%, chega em 2012 com um valor exportado

bastante reduzido, com apenas 0,8% das exportações paraibanas nesse último ano. O item

Roupa de toucador/cozinha de tecido atoalhado, assim como os demais produtos têxteis,

reduziram sua comercialização não somente na Paraíba como também no estado do Rio

Grande do Norte, que também tinha na indústria têxtil uma importante fonte de emprego e de

renda.

De acordo com os dados do MDIC/SECEX a participação dos dez produtos que mais

contribuíram para o saldo exportado pela Paraíba, respondem por 89,8% da pauta em 2008.

Contudo, em 2012 a participação desses mesmos produtos reduz para 46,4%, revelando que

ocorreram mudanças na pauta de exportação do estado.

Os produtos que foram comercializados em 2008 e que estão entre os dez principais

foram: Roupas de toucador/cozinha de tecido atoalhado (32,8%); Calçados de

borracha/plástico (30,6%); Tecido atoalhado de algodão (10,9%); Açúcar de cana (4,2%);

Cordeis de sisal (3,3%); Álcool etílico não desnaturado (2,1%); Calçados p/ esportes (1,7%);

Granito cortado em blocos ou placas (1,6%); Outros granitos trabalhados (1,5%) e Tecido e

feltro (1,1%).

Os itens que ainda permanecem entre os mais exportados em 2012, são os

seguintes: Calçados de borracha/plástico (41,4%) e Cordeis de sisal (1,4%). Os demais itens

que estão entre os dez mais importantes nesse ano foram: Outros açúcares de cana (13,6%);

Outros açúcares cana, beterraba (12,6%); Outros álcool etílico não desnaturado (9,8%);

Ilmenita (4,2%); Outros calçados de material têxtil (2,3%); Mamões (1,3%); Álcool etílico

não desnaturado (1,2%) e Outros tecidos atoalhados (1,1%). Juntos respondem por 88,9% do

total exportado em 2012.

71

O gráfico 20 apresenta a evolução dos itens que tiveram as maiores participações

nas exportações da Paraíba no período de 2008 e sua evolução até o ano de 2012. Observa-

se que alguns produtos deixam de ser comercializados em 2012, a exemplo do Tecido

atoalhado de algodão; Álcool etílico não desnaturado e Outros granitos trabalhados.

Gráfico 20 – Principais produtos exportados pela Paraíba (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

A partir das informações contidas no gráfico 20, percebe-se que o setor têxtil

desempenhava importante papel na pauta de exportações paraibanas, entretanto vai perdendo

espaço para outras atividades, como é o caso do setor sucroalcoleiro do estado que se destaca

ao final do período. Os itens que figuravam entre os mais importantes dessa atividade em

2012 e que são responsáveis por 37,2% do total exportado pela Paraíba nesse ano são Outros

açúcares de cana; Outros açúcares cana, beterraba; Outros álcool etílico não desnaturado e

Álcool etílico não desnaturado. Portanto, o Setor Têxtil perde espaço para setores ligados à

agricultura.

Outro setor que se destaca é o calçadista, apresentando crescimento de 41,9% no total

exportado em 2012, se comparado com 2008. Nesse mesmo período, o produto Calçados de

borracha, apesar de apresentar oscilações contínuas, cresce 44,7%.

Os demais bens comercializados entre os dez mais importantes em 2008 vão

perdendo lugar para diversos produtos e alguns não permanecem na pauta em 2012,

72

conforme indicado anteriormente. Os setores que se destacam ao final do período são o

Calçadista e o Sucroalcooleiro, contribuindo com mais de 72% para o saldo total exportado

em 2012.

4.3.1 Principais destinos das exportações paraibanas

A Paraíba comercializa seus produtos com diversos países. De todo o saldo da pauta

de exportação do estado em 2008, pouco mais de 52,0% foi comercializado com os Estados

Unidos. Portanto, somente os Estados Unidos foram responsáveis por mais da metade do

valor exportado em 2008. Todavia, no decorrer dos anos esse país reduziu consideravelmente

o valor de suas importações, em torno de 83,3% se comparado o início com o final do

período analisado. Em 2009 já apresenta significativa redução, até atingir em 2012 uma

participação de penas 9,2%.

Os principais destinos das exportações paraibanas estão indicados no gráfico 21, que

mostra os dez países que tiveram a maior participação nas exportações do estado em 2008.

Essa configuração não permanece a mesma em 2012, somente os Estados Unidos e a

Argentina permanecem como primeiros compradores. A Argentina, mesmo oscilando,

apresenta uma certa regularidade em suas compras.

Gráfico 21 – Países de destino das exportações paraibanas (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

73

Conforme os dados disponibilizados pelo MDIC/SECEX, os dez países citados no

gráfico 21 respondem por 82,4% das exportações paraibanas em 2008, distribuídas da

seguinte maneira: Estados Unidos (52,4%); Argentina (8,1%); Austrália (4,1%); Países

Baixos (4,0%); Filipinas (2,8%); Itália (2,7%); Rússia (2,5%); Espanha (2,1%); Venezuela

(1,9%) e Canadá (1,8%).

Em 2012, apenas os Estados Unidos (9,2%), a Argentina (9,1%), a Austrália (5,7%);

as Filipinas (3,9%) e a Venezuela (3,1%) permanecem entre os dez principais parceiros

comerciais da Paraíba. Outros países se fazem presentes entre os maiores demandantes dos

bens paraibanos nesse ano, são eles: França (8,9%); Angola (6,5%); Nigéria (5,2%); Rússia

(4,1%) e África do sul (3,0%). Esses dez países totalizam 58,7%, do destino dos produtos

paraibanos comercializados com o exterior.

De acordo com essa configuração percebe-se que a Paraíba, diferentemente do Rio

Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, comercializa seus produtos com países de diferentes

continentes. Ao final do período, suas exportações não se destinam, em sua maioria, para os

países desenvolvidos.

Quando se detalha o destino segundo os blocos econômicos é que se pode perceber

que os principais destinos das mercadorias paraibanas vão mudando de direção.

Gradativamente os Estados Unidos vão deixando de ser o foco das exportações paraibanas e

a Ásia aparece se destacando. Esse fato pode ser observado no gráfico 22 que sinaliza a

direção das mercadorias paraibanas de acordo com o bloco econômico a que se destinam.

Gráfico 22 – Exportações paraibanas segundo os Blocos Econômicos (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

74

Segundo os dados coletados e sistematizados do MDIC/SECEX, a maior parte das

mercadorias da Paraíba se destinava para os países desenvolvidos em 2008, pertencentes aos

seguintes blocos econômicos: Estados Unidos (52,4%) e União Europeia (13,5%).

Entretanto, enquanto o bloco econômico de maior destaque vem reduzindo sua participação,

outros blocos passam a ter maior influência e outros surgem ganhado espaço no setor

exportador do estado.

Nesse sentido, em 2012 aparecem os seguintes blocos se destacando: África

(23,1%); União Europeia (18,5%) e Ásia (12,3%) que foram responsáveis por 53,9% das

exportações nesse ano. A África que nem aparecia em 2008, surge ganhando evidência a

partir de 2011.

Assim como os destinos das exportações por países e/ou blocos econômicos

podemos verificar o direcionamento de cada produto paraibano, segundo maiores países

demandantes. Assim pode-se observar a direção dos dez principais produtos exportados pelo

estado em 2008 e verificar possíveis mudanças de direção dos mesmos em 2012.

Em 2008, o item Roupas de toucador/cozinha se destinou para apenas dois países.

Um deles foram os Estados Unidos (95,9%) que comprou a quase totalidade desse bem e o

outro país foi Argentina (4,1%). Esse bem não aparece entre os principais produtos

exportados em 2012 e os países a que se destinou foram praticamente os mesmos de 2008, a

saber: Estados Unidos (64,6%) e Argentina (33,8%), que totalizaram 98,4%.

O segundo produto, Calçados de borracha, teve parte de seu estoque (52,8%)

comercializado com: Austrália (13,5%); Estados Unidos (12,6%); Argentina (12,2%);

Filipinas (9,0%) e Itália (5,5%). Em 2012, esse bem se destinou para diversos mercados, a

saber: Austrália (13,7%); argentina (12,5%); França (12,2%); Angola (9,7%); Filipinas

(9,4%); Estados Unidos (8,7%); entre outros.

Já o item, Tecido atoalhado de algodão foi negociado apenas com os Estados

Unidos. Entretanto, em 2012 não aparece na pauta de exportação do estado.

A quase totalidade da produção de Cordeis de sisal se destinou para os Estados

Unidos, tanto em 2008 como em 2012. Sendo um total de 97,4% e 98,7% respectivamente.

Em torno de 95,6% do Açúcar de cana foi para: Rússia (57,9%); Canadá (33,8%) e

Croácia (3,9%). Em 2012, esse produto foi exportado para apenas dois países: Portugal

(52,8%) e Espanha (47,2%).

75

Os países Baixos e Trinidad e Tobago responderam por 94,2% do valor

comercializado do Álcool etílico não desnaturado. O primeiro importou 72,1% e o segundo

22,1%. Em 2012 apresentou um único país comprador, que foi Taiwan.

Em torno de 94% dos Calçados para esporte tiveram como destino os seguintes

países: Argentina (58,1%); Japão (14,6%) e Portugal (10,1%). Em 2012, Paraguai (52,8%) e

Japão (36,3%) foram os principais demandantes.

Em relação ao item Granito, dois países se destacam como maior compradores,

sendo eles: Espanha (42,0%) e Itália (41,8%). Juntos respondem por 83,8% das importações

desse produto em 2008. Quatro países demandaram esse bem em 2012, sendo eles: Itália

(72,7%); China (11,5%); Taiwan (8,4%) e República Tcheca (5,9%).

Em 2008, 88,2% do estoque da mercadoria Outros granitos foi para: Estados Unidos

(62,1%); México (19,1%) e China (7,0%). Já em 2012, os Estados Unidos aparece como

único comprador.

Por fim o bem Tecido e feltro teve compradores diversos, entre eles estão: Chile

(19,7%); Estados Unidos (18,2%); Argentina (8,6%) e Colômbia (6,5%). Os seguintes

países demandaram esse tipo de tecido em 2012: Argentina (16,3%); Chile (13,4%);

Colômbia (13,3%); Estados Unidos (11,2%); Equador (11,1%); entre outros.

A pauta exportadora da Paraíba mostra a diversidade de bens comercializados e a

mudança apresentada entre os principais produtos comercializados pode indicar uma

mudança no foco de inserção comercial do estado, que ao final do período passa a ter bens

ligados ao setor sucroalcooleiro entre os mais exportados.

4.4 Características da inserção comercial de Pernambuco

Segundo dados do IBGE, Pernambuco é o segundo estado nordestino que mais

contribui para o PIB da região, ficando atrás somente da Bahia. Apresenta grande variedade

de atividades econômicas, que contribui para que tenha um pauta exportadora bastante

diversificada, composta principalmente por bens manufaturados e semimanufaturados. Sendo

assim, verifica-se que os produtos industrializados são os que mais contribuem para que

esteja entre os estados que mais participam no saldo total exportado pela região nordeste no

período.

76

O gráfico 23 mostra as características das exportações pernambucanas segundo o

fator agregado entre os anos de 2008 a 2012. De acordo com esse gráfico, percebe-se que os

bens industrializados têm maior participação nas exportações do estado durante toda a série

de tempo estudada.

Gráfico 23 – Exportações por fator agregado* de Pernambuco (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria * Exceto Operações Especiais

Conforme indica os dados do gráfico 23, Pernambuco concentra suas exportações

baseadas em produtos que recebem algum tipo de transformação no processo produtivo e são

classificados como semimanufaturados e os manufaturados. Durante os anos analisados

percebe-se que os bens classificados como básicos vai cedendo lugar para os bens

industrializados. Esses últimos, apesar de apresentarem constantes oscilações durante o

período em análise, permanecem tendo maior contribuição nas exportações pernambucanas

nos anos em destaque. Ao final do período apresentam uma contribuição de 82,6% para o

saldo total exportado. Enquanto que a participação dos bens considerados básicos reduzem de

20,0% em 2008 para 11,7% em 2012.

Segundo os dados do MDIC/SECEX, os dez principais itens que mais contribuíram

para o valor exportado em 2008 foram responsáveis por 65,6% desse total, com destaque para

Outros açúcares de cana, beterraba (18,6%); Uvas frescas (11,1%); Açúcar de cana (10,7%);

Borracha de butadieno (5,2%); Acumuladores elet. chumbo para arranque (4,1%); Mangas

frescas ou secas (3,7%); Consumo de bordo-combustíveis para embarcações (3,7%); Outras

77

lagostas congeladas (3,2%); Outras chapas, etc tereft. (2,9%) e Outras chapas, etc (2,4%). A

participação desses mesmos bens em 2012 é bem menor, apenas 28,9%. Um dos itens

comercializado em 2008 desaparece da pauta a partir de 2011, o qual foi o o item

Acumulador eletrônico de chumbo para arranque, enquanto outros reduziram seus valores

comercializados em 2012.

Em 2012, os itens que figuravam como os mais importantes respondiam por 76,9%

da pauta, sendo eles: Plataformas de perfuração/exploração, flutuantes (30,7%); Outros

açúcares de cana (13,7%); Outros açúcares de cana, beterraba (9,5%); Uvas frescas (6,3%);

Tereftalato de polietileno em forma primária (3,4%); Consumo de bordo-combustíveis e

lubrificantes para aeronaves (3,2%); Mangas frescas ou secas (3,1%); Outros acumuladores

elet. de chumbo (2,5%); Consumo de bordo-combustíveis e lubrificantes para embarcações

(2,3%) e Rolhas, outras tampas e acessórios para embalagens (2,2%).

O gráfico 24 representa a evolução dos principais produtos exportados por

Pernambuco em 2008 e sua evolução ao longo do período, 2008 a 2012.

Gráfico 24 – Principais produtos exportados pelo estado de Pernambuco (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Dentre os estados nordestinos, Pernambuco só perde para a Bahia na diversidade de

sua estrutura produtiva. Vários produtos configuram a pauta de exportação em 2008, entres

eles destaca-se a exportação dos produtos derivados da cana-de-açúcar, destacando-se nesse

78

ano dois itens que estão entre os mais importantes: Outros açúcares de cana, beterraba e

Açúcar de cana. Em relação ao primeiro produto destacado, entre 2008 a 2012, Pernambuco

aparece como o maior exportador nordestino desse item. Destaca-se que a produção

nordestina de Açúcar de cana para exportação, só perde para o estado de Alagoas. Os dois

bens citados reduzem suas participações em 2012. Entretanto, o produto Outros açúcares de

cana, que não aparecia na pauta exportadora pernambucana, surge nesse último ano e

configurou como o segundo item com maior participação para o saldo total exportado pelo

estado.

Outro setor de grande importância para o comércio internacional é o de fruticultura,

com as uvas e mangas se destacando. Pernambuco é o maior exportador nacional de uvas

frescas e o segundo de mangas, perdendo apenas para a Bahia. Ambas as frutas configuram

entre os dez itens mais comercializados pelo estado no período, sendo que a primeira

participa em média com 8,4% e a segunda com 3,4%.

Pernambuco é o maior exportador nacional de Borracha de butadieno no período, mas

é um dos itens que mais oscila em termos de valores exportados. Assim como a Borracha de

butadiento, outro bem apresentou contantes oscilações e a partir de 2011 desapareceu da

pauta do estado, a saber: Acumulador eletrônico de chumbo para arranque.

Consumo de bordo-combustíveis e lubrificantes para embarcações reduz seu

percentual em 2012 mas continua entre os dez produtos mais significativos para as

exportações pernambucanas. Os demais itens que apareciam na pauta de 2008 entre os dez

principais reduzem suas participações ao longo da série analisada.

Algumas mudanças em relação as principais mercadorias comercializadas ocorreram

entre os anos de 2008 a 2012. Uma das principais foi a venda de um único produto que

representou 30,7% do saldo total comercializado em 2012, que foi a Plataforma de

perfuração/exploração flutuante. Os outros produtos que aparecem nesse último ano foram:

Outros açúcares de cana; Tereftalato de polietileno em forma primária; Outros acumuladores

elet. de chumbo; Consumo de bordo-combustíveis e lubrificantes para aeronaves e Rolhas,

Outras tampas e acessórios para embalagens.

4.4.1 Exportações pernambucanas e seus principais destinos

A diversificação das mercadorias Pernambucanas lhe dá a oportunidade de

79

comercializar com vários países, de distintos continentes. No período de 2008 a 2012, três

países se destacam como maiores compradores dos produtos pernambucanos, a saber Estados

Unidos; Argentina e Países Baixos. Esses três países reduziram seus valores importados em

2009 e apresentaram crescimento nos anos posteriores. Entretanto, apenas os Países Baixos

tiveram um saldo maior em 2012, se comparado com 2008. Os Estados Unidos reduziram em

13,7% e a Argentina em 9,1%; enquanto que os Países Baixos aumentaram em 461,8%. Esse

bom desempenho teve como elemento importante a aquisição de um bem que, sozinho,

representou 84,3% do total comercializado com esse país, que foi a Plataforma de

perfuração/exploração flutuante.

O gráfico 25 indica os principais países de destino das exportações pernambucanas

em 2008, mostra a evolução dos valores exportados, em termos percentuais, desses países.

Gráfico 25 – Principais países demandantes das exportações pernambucanas (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Os dez principais países importadores das mercadorias pernambucanas em 2008

foram responsáveis por 61,9% do valor comercializado, sendo eles: Estados Unidos (16,3%);

Argentina (11,3%); Países Baixos (9,1%); Nigéria (5,4%); Venezuela (4,5%); Reino Unido

(3,8%); Rússia (3,7%); Uruguai (2,7%); Chile (2,7%) e Líbia (2,4%). A maioria desses países

diminuíram suas participações em 2009 e aumentaram nos anos seguintes, entretanto

somente Países Baixos, Venezuela e Rússia ultrapassam o valor que foi comercializado em

2008, no último ano do período analisado.

80

Conforme os dados obtidos no MDIC/SECEX ocorreram mudanças entre os

principais países importadores dos bens comercializados por Pernambuco. Em 2012, a

configuração dos dez países que mais compraram do estado foi a seguinte: Países Baixos

(36,3%); Estados Unidos (10,0%); Argentina (7,3%); Venezuela (5,0%); Espanha (3,5%);

Rússia (3,2%); Nigéria (2,5%); Gana (2,5%); Reino Unido (2,1%). Juntos totalizaram 72,4%

do valor exportado. Alguns países além de reduzirem seus valores importados, deixam de

aparecer entre os dez primeiros destinos dos bens do estado, como foi o caso dos seguintes

países: o Uruguai (44,7%); o Chile (10,2%) e a Líbia (44,0%).

Nesse contexto, assim como em relação aos países, percebe-se que ocorreram

mudanças de direção das mercadorias pernambucanas, quando se verifica as exportações por

blocos econômicos, como pode ser observado no gráfico 26. Esse gráfico indica a evolução

do comércio exterior de Pernambuco segundo os blocos econômicos aos quais se destinam

seus produtos.

Gráfico 26 – Destino dos produtos pernambucanos segundo os blocos econômicos (em %) – 2008 – 2012

Fonte: MDIC/SECEX; SILVA (2011/2012), SOUZA e SILVA (2012 e 2013). Elaboração própria

Os dados do MDIC/SECEX revelam que os principais destinos dos produtos de

Pernambuco segundo os blocos econômicos em 2008 foram: União Europeia (20,8%);

Estados Unidos (16,4%); África (15,2%); Mercosul (14,9%); Aladi (9,5%) e Demais blocos

(23,2%). Os três primeiros blocos respondiam por 52,4% do saldo exportado. Já em 2012,

esses mesmos blocos totalizaram 68,5% do valor comercializado e estão assim distribuídos:

União Europeia (48,2%); África (10,3%) e Estados Unidos (10,0%). Contudo, no decorrer do

81

período outros blocos passam a estar entre os três maiores destinos e desaparecem ao longo

dos anos, dentre eles pode-se citar: Aladi (16,6%) em 2009 e Mercosul (14,2%) em 2010.

Dente os três principais destinos, a União Europeia foi o único bloco econômico que

apresentou crescimento em 2012, se comparado com o valor total das exportações em 2008,

com um aumento de 225,9%. Já os Estados Unidos e África reduziram em 14,3% e 4,5%,

respectivamente sua participação neste saldo. Entretanto, somente a União Europeia e os

Estados Unidos apresentam certa regularidade e permanecerem fazendo parte da pauta de

exportação do estado durante os anos em destaque.

Os dados coletados e sistematizados do MDIC/SECEX podem indicar quais os

principais importadores de cada produto pernambucano, ou seja, pode-se verificar a

configuração da pauta exportadora segundo os países a que se destinam os produtos vendidos

por Pernambuco. Nesse contexto, percebe-se a grande diversidade de países que

transacionam com esse estado ao se confrontar os principais produtos exportados com os

destinos dos mesmos entre os anos de 2008 a 2012.

No que se refere ao item Outros açúcares de cana e beterraba, 66,4% de seu estoque

destinou-se em 2008 para: Nigéria (28,8%); Líbia (12,8%); Argélia (10,8%); Síria (7,6%) e

Venezuela (6,4%). E em 2012 teve como principais destinos: Nigéria (26,7%); Gana

(26,5%); Tunísia (13,3%); Líbia (10,1%) e Guiné (8,2%).

As duas frutas, uvas e mangas, que estão entre os itens que mais contribuem para o

saldo exportado, se destinaram para os países desenvolvidos. Em torno de 87,5% do que foi

comercializado das uvas em 2008 foi com os seguintes países: Países Baixos (40,0%); Reino

Unido (24,8%) e Estados Unidos (22,7%). Teve o mesmo destino 90,6% da produção em

2012: Países Baixos (50,4%); Reino Unido (25,1%) e Estados Unidos (15,1%). Em relação as

mangas, a maior parte de sua produção durante todo o período foi comercializada com quatro

países, a saber: Países Baixos (46,6%); Estados Unidos (23,9%); Espanha (10,2%) e Reino

Unido (7,7%), representando 88,4% do total em 2008. Esse percentual ainda foi maior em

2012, quando totalizou 93,2%, e foi distribuído da seguinte forma: Países Baixos (60,3%);

Estados Unidos (11,8%); Reino Unido (10,9%) e Espanha (10,2%).

Em 2008, 72,4% do item Açúcar de cana foi vendido para Rússia (30,7%); Estados

Unidos (13,3%); Canadá (11,0%); Portugal (9,0%) e Croácia (8,4%). O valor exportado

desse produto teve uma redução de 76,9% em 2012 e foi vendido apenas para quatro países, a

saber: Espanha (47,2%); Portugal (32,3%); Congo (17,6%) e Tanzânia (2,9%).

82

Pouco mais de 60% de Borracha de butadieno em 2008 tiveram os seguintes destinos:

Estados Unidos (32,1%) e Argentina (28,2%). E em 2012, 69,1% foi vendido para esses

mesmos lugares: Estados Unidos (38,1%) e Argentina (31,0%). A Argentina foi o principal

comprador do item Acumuladores eletrônicos de chumbo para arranque, ao adquirir 73,3%

do produto em 2008. Esse produto configura na pauta pernambucana até o ano de 2010 e tem

a Argentina como maior comprador do período. No que tange ao Consumo de bordo-

combustíveis para embarcações são vendidos para provisão de navios, praticamente a sua

totalidade, 99,1% em 2008 e 99,9% em 2012.

Em relação as lagostas, apresentaram redução de 66,2% do seu valor exportado.

Contudo, os Estados Unidos permaneceram como maior importador do produto

pernambucano. Em 2008 compraram 75,6% do item Outras lagostas. Já em 2012, adquiriram

quase a totalidade, 98,9%. Já o item Outras chapas, etc tereft. Polietileno teve 61,1% de seu

valor comercializado em 2008 com os seguintes países: Argentina (26,0%); Chile (20,0%) e

Estados Unidos (15,1%). Em 2012, 82,7% foi vendido para esses mesmos países, sendo

assim distribuídos: Argentina (64,5%); Chile (11,0%) e Estados Unidos (7,2%).

Cerca de 93,0% do valor comercializado de Outras chapas, etc de outros plásticos em

2008 foram com os Estados Unidos (65,1%); Argentina (20,1%) e Chile (7,4%). Em 2012, os

Estados Unidos permaneceram como maior comprador (60,0%), sendo acompanhado por:

Bélgica (16,5%) e Argentina (14,5%). Totalizando juntos 91,0%. Quanto ao produto

Plataformas de perfuração/exploração flutuantes, que só aparece sendo exportado em 2012,

foi vendido para os Países Baixos.

Portanto, tal como os demais estados analisados, observam-se alterações na pauta dos

produtos exportados por Pernambuco, assim como no destino dos mesmos, onde novos

mercados aparecem como principais importadores dos produtos pernambucanos.

83

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estatística do comércio exterior é uma variável fundamental na determinação do

desempenho do intercâmbio comercial entre o Brasil e as demais nações, retrata o

comportamento das vendas e compras entre os mesmos. Esse instrumento pode ser usado

para orientar e determinar políticas governamentais de planejamento econômico na definição

do desenvolvimento comercial com o exterior. No contexto de inserção produtiva, a

exportação surge como uma das principais formas de internacionalização da produção dos

estados que compõem a região Nordeste.

A análise dos dados da balança comercial do país aponta que a mesma se manteve

superavitária entre os anos de 2008 a 2012, enquanto a da região Nordeste permaneceu

deficitária durante praticamente todos os anos, com exceção de 2009. Contudo, quando se

verifica cada um dos quatro estados nordestinos selecionados neste estudo percebe-se que os

mesmos apresentam resultados diferenciados. Apenas o Rio Grande do Norte apresenta a sua

balança comercial superavitária durante os anos em destaque, com exceção de 2010. Os

demais estados tiveram saldos deficitários em todo o período. Entretanto, apesar de apresentar

superávits em sua balança comercial, o Rio Grande do Norte é o estado que apresenta a menor

presença de produtos industrializados na pauta de exportação do estado, significando que as

empresas instaladas não participam com produtos intensivos em conhecimento e tecnologia.

Por sua vez, os demais estados analisados apresentam em suas pautas de exportações um

percentual relevante de produtos industrializados, o que provavelmente os levam a importar

um maior volume de produtos para manutenção de seus equipamentos, assim como matéria-

prima específica que será usada no processo de produção ou até mesmo equipamentos mais

modernos que possam contribuir para inovações produtivas, contribuindo para o déficit de seu

comércio exterior. Portanto, deve-se considerar a dependência destes estados em relação à

determinados produtos.

Neste trabalho foram analisados a participação de cada um dos estados selecionados

para a balança comercial da região nordeste, assim como para a do Brasil, ao mesmo tempo

em que se procurou observar a ocorrência de mudanças em relação à contribuição de cada um

deles. O estudo teve como escopo identificar que tipo de inserção comercial que vem sendo

construída pelos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco, por meio

dos principais produtos exportados e quais os destinos dos mesmos.

84

Nesse sentido, a heterogeneidade produtiva da região pode ser observada quando se

refere aos saldos das balanças comerciais por estados e à composição dos principais produtos

exportados, como também os países para onde se destinam suas exportações. Sendo assim,

observa-se que os quatro estados pesquisados apresentam a composição da pauta dos

produtos exportados bastante diferenciada. Entretanto, constituída, em sua maioria, por

produtos de baixo valor agregado, na qual as commodities agrícolas e industriais fazem parte.

A análise dos dados revelou que uma dependência de recursos naturais para o

desenvolvimento da produção do Rio Grande do Norte, que firma-se como segundo maior

produtor de fruticultura irrigada do Brasil. É o segundo maior exportador de melão e castanha

de caju no período de 2008 a 2012. As frutas permanecem como principais componentes do

saldo das exportações do Rio Grande do Norte, cujo segmento de Frutas, cascas de cítricos e

de melões apresentou a maior contribuição para o valor total exportado pelo estado em todos

os anos do período analisado.

De acordo com a composição dos produtos segundo o fator agregado, nota-se que

concentra sua estrutura produtiva baseada em produtos básicos, que são os bens intensivos em

recursos naturais. No ano de 2012, os principais produtos exportados foram: Melões frescos;

Castanha de Caju; Bombons, caramelos, confeitos e pastilhas; bananas frescas ou secas;

Outros produtos de origem animal; Consumo de bordo – combustíveis e lubrificantes para

aeronaves; Outras chapas, etc. de outros plásticos; Mangas frescas ou secas; Energia elétrica;

Melancias frescas. Os maiores compradores das mercadorias norte-rio-grandenses foram os

Estados Unidos; Países Baixos (Holanda); Espanha; Reino unido e Argentina.

O Ceará, por sua vez, apresentou uma estrutura produtiva bastante diversificada, onde

o setor calçadista desempenha importante papel nas exportações do estado, seguido pelo setor

de fruticultura. O Setor de Calçados, polainas e artefatos semelhantes é o segundo mais

dinâmico do país, só perde para o Rio Grande do Sul. Já seu Setor de Frutas, cascas de

cítricos e de melões é o que mais contribui para o saldo das exportações brasileiras nesse

ramo. O estado do Ceará emerge como o maior exportador nacional de melão e de castanha de

caju. Concentra sua pauta de exportação em produtos industrializados, cuja contribuição é,

em média, de 67,7% para o saldo exportado no período de 2008 a 2012. Nesse último ano, os

dez produtos que mais contribuíram para as exportações cearenses foram os seguintes:

Castanha de caju; Outros calçados cobr. tornozelo; Couros/peles bobinos preparados divid.

com a flor; Calçados de borracha; Melões frescos; Ceras vegetais; Outros Calçados sol. ext.

85

borr./plást.couro/nat.; Sucos (sumos) de outras frutas não fermentado; Outros couros/peles

inteiros bovinos, preparadas e Outros couros/peles bovinos, peles. Dentre os destinos dos

produtos cearenses, se destacaram: Estados Unidos; Argentina; Países Baixos (Holanda);

China e Reino Unido.

No que se refere à Paraíba, ao contrário do Rio Grande do Norte, a sua inserção

comercial se baseia em produtos industrializados, os quais compõem 91,0% da pauta de

exportação em 2012. O setor ligado ao ramo de calçados é o mais dinâmico do estado, é o que

mais influencia no saldo das exportações paraibanas. Em 2012 passou a representar o segundo

maior da região, perdendo apenas para o Ceará. Três setores merecem destaque em 2012, que

juntos representaram 83,7% do saldo exportado pelo estado, sendo eles: Calçados, polainas e

artefatos semelhantes; Açúcares e produtos de confeitaria e Bebidas, líquidos alcóolicos e

vinagre. A relação dos produtos que mais contribuíram para o saldo exportado em 2012 foi:

Calçados de borracha; Outros açúcares de cana; Outros açúcares de cana, beterraba; Outros

álcool etílico não desnaturado; Ilmenita (minérios de titânio); Outros calçados de material

têxtil; Cordeis de sisal; Mamões (papaias) frescos; Álcool etílico não desnaturado e Outros

tecidos atoalhados. E os principais destinos de seus produtos foram: Estados Unidos;

Argentina; França; Angola e Austrália.

O estado de Pernambuco, assim como o Ceará, apresentou uma estrutura produtiva

bastante diversificada composta em sua maioria por produtos industrializados e que

representam, em média, 79,7% do saldo exportado pelo estado durante o período analisado.

Em relação aos produtos do setor de fruticultura, esse estado apresenta-se como maior

exportador de uvas frescas do país e o segundo de mangas frescas ou secas. Os produtos de

grande destaque nos anos analisados foram: Açúcares e produtos de confeitaria; Frutas, cascas

de cítricos e de melões; Plásticos e suas obras e Embarcações e estruturas flutuantes; todavia,

esse último só teve destaque em 2012, representando 30,7% do valor total exportado pelo

estado. Dentre as principais mercadorias exportadas em 2012 destacam-se: Plataformas de

perfuração/exploração, flutuantes; Outros açúcares de cana; Outros açúcares de cana,

beterraba; Uvas frescas; Tereftalato de polietileno em forma primária; Consumo de bordo –

combustíveis e lubrificantes para aeronaves; Mangas frescas ou secas; Outros acumuladores

elétricos de chumbo; Consumo de bordo – combustíveis e lubrificantes para embarcações e

Rolhas, outras tampas e acessórios para embalagens. Seus produtos tiveram como principais

destinos os Países Baixos (Holanda); Estados Unidos; Argentina; Venezuela e Espanha.

86

A heterogeneidade produtiva da economia nordestina tornou possível que a indústria

na região se modernizasse, como visto com o crescente aumento das exportações de bens

manufaturados; entretanto, também serviu para que, através de escolhas estratégicas as

grandes indústrias instaladas na região se tornassem cada vez mais concentradas em espaços

selecionados que lhe trouxessem maiores benefícios, como por exemplo, melhor estrutura em

relação à logística. Essa medida serviu para que se aprofundassem ainda mais as diferenças

existentes entre os estados, pois alguns ainda permanecem com sua pauta de exportações

baseada em produtos primários, como é o caso do Rio Grande do Norte. Dentre os quatro

estados analisados, é o único que concentra sua pauta de exportação em produtos básicos, ou

seja, em bens que não requerem maiores transformações na produção e que são intensivos em

recursos naturais e mão-de-obra pouco qualificada. Esses produtos contribuem, em média,

com 65,0% para o saldo exportado do estado no período de 2008 a 2012. Logo, os estados do

Ceará e de Pernambuco se destacaram em relação ao Rio Grande do Norte e Paraíba, pois

estes apresentam uma estrutura produtiva bastante diversificada e contribuíram com um

percentual bem superior, se comparado com esses dois últimos, para o saldo total exportado

pela região.

Diante do que foi exposto, confirma-se que o processo de desenvolvimento regional

que tinha por foco reduzir as desigualdades (intra e inter) regionais, levou ao crescimento e

desenvolvimento de poucos estados do nordeste e, em alguns casos, levou ao

aprofundamento das desigualdades e ao aumento da concentração de renda em muitas

localidades. Os estados que apresentaram maiores condições competitivas no que se refere à

produção e escoamento da mesma foram os mais favorecidos, onde se concentraram as

grandes indústrias produtivas. Portanto, o crescimento ocorreu de forma desigual, devido às

assimetrias existentes em cada estado, o que contribui para que essa desigualdade setorial

produtiva se tornasse ainda maior. De acordo com os dados analisados, pode-se afirmar que

os estados de Pernambuco e Ceará se sobressaíram em relação à Paraíba e Rio Grande do

Norte, quando se observa a pauta dos principais produtos exportados e à logística para

escoamento da produção.

Enfim, em um mundo globalizado em que a produção capitalista exige uma forte

concentração e centralização do capital, políticas públicas que visem a consolidação de

maiores vantagens competitivas contribuirão para uma maior especialização do setor

produtivo. Tais políticas tornam-se uma arma eficiente para o desenvolvimento da região e

dos estados. Nesse sentido, os governos estaduais e municipais devem se empenhar em

87

fortalecer as indústrias locais para que se tornem mais competitivas e sobrevivam em um

cenário de elevada concorrência, assim como procurar meios que contribuam para que se

concretizem investimentos relacionados a melhorias nas estradas, portos, aeroportos que

facilitem o escoamento da produção e qualificação da mão-de-obra. Outra forma de atrair

empresas é através de incentivos fiscais. Portanto, políticas públicas que visem a consolidação

de maiores vantagens competitivas poderão contribuir para uma maior inserção comercial.

Essas políticas (redução carga tributária, investimentos em ciência e tecnologia, infraestrutura

e logística) tornam-se uma arma eficiente para atrair investimentos produtivos.

88

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