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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º
ANO).
MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA
PATU - RN
2016
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MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA
AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º
ANO).
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Ma. Antônia Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira.
PATU - RN
2016
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AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º
ANO).
Por
MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Antônia Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Profa. Dra. Maria Cristina Leandro de Paiva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Profa. Ma. Silvia Helena de Sá Leitão Freire
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte- UERN
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AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º
ANO).
Maria Livaneide de Rezende Maia
RESUMO: Pesquisas sobre o uso do lúdico nas práticas pedagógicas cada vez mais ganham espaço no meio acadêmico. Assim sendo, torna-se uma temática amplamente discutida nos mais diversos espaços. No entanto, ainda é um desafio a utilização de atividades lúdicas que envolvam jogos, brincadeiras e brinquedos por professores de todas as etapas da educação básica. Partindo desse pressuposto, esse trabalho tem como objetivo geral apresentar a importância do uso de jogos nas práticas pedagógicas no processo de alfabetização e como objetivos específicos conhecer como essas práticas podem contribuir para o desenvolvimento de uma cultura letrada pelos alunos e apresentar experiências exitosas com uso de jogos nas estratégias de aprendizagem, tendo como base, os conhecimentos adquiridos pela autora a partir do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNAIC (2013-2014). A pesquisa caracteriza-se por ser exploratória e bibliográfica, nesse sentido, nos apoiamos em estudos de autores como Brasil (1998),Campos (2005), Carvalho (2008),Craidy e Kaercher (2001), Dalladona e Mendes (2004), Ferreiro (1996, 2003)), Kishimoto (1994, 2001), Kramer e Abramovay (1985),Perez (1992), Piaget (1989, 2001), Silveira (1998), Soares (2001, 2004), Tardif (2002), Wajskop (2012), além disso, o estudo apresenta um relato de experiência que versa sobre a socialização de práticas desenvolvidas pela autora enquanto professora alfabetizadora. Com essa investigação, percebemos que o lúdico, pode possibilitar o estreitamento entre a alfabetização e o letramento, proporcionando uma relação prazerosa entre a cultura e a aprendizagem escolar. Nesse âmbito, o brincar pode ser visto como uma atividade educativa que possibilita uma realidade experimentada, o faz de conta e a assimilação de novos conhecimentos. Com as experiências, da autora, confirmamos que o PNAIC enquanto agente promotor de estratégias alfabetizadoras, através do uso dos jogos e metodologias diferenciadas, tem contribuído de forma significativa para a prática docente, no que se refere, principalmente, as suas concepções de alfabetizar numa proposta lúdica. PALAVRAS-CHAVE: Jogo. Ludicidade. Processo de Alfabetização.
ABSTRACT:
Researches about the use of the ludic in pedagogical practices increasingly are gaining ground in academia. Therefore, it becomes a extensively discussed topic in the most diverse spaces. However, it is still a challenge to the use of ludic activities involving games and toys by teachers of all stages of basic education. . From this perspective, this work has as its general objective to introduce the to reflect on the importance of using games in pedagogical practices in literacy process and specific objectives to knouw are understand how these practices can contribute to the development of a literate culture by students to introduce in the school routine and present experiences successful with the use of games in learning
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strategies, based on the knowledge acquired by this author from the PactoNacionalpara a alfabetizaçãonaIdadeCerta PNAIC (2013-2014). The research is characterized as exploratory and bibliographical, in this sense, we rely on studies of many authors, such as: Brasil(1998), Brasil (1998), Campos (2005), Carvalho (2008), Craidy and Kaecher (2001), Dalladona and Mendes (2004), Ferreiro (1996; 2003), Kishimoto (1994; 2001) Kramer and Abramovay (1985), Perez (1992, Piaget (1989; 2001) Silveira (1998), Soares (2001; 2004), Tardif (2002), Wajskop (2012), In addition, the study presents an experience report that talks about the practices of socialization of developed by this author as a literacy teacher. Through this investigation, we realized that the ludic, can facilitate the narrowing between culture and school learning. In this context, the play can be viewed as an educational activity that provides an experienced reality, imagination and the assimilation of new knowledge. With the experiences of the author confirmed that the PNAIC while agent developer of literacy teachers strategies through the use of games and different methodologies have all contributed substantially to the practice teacher, in relation primarily their conceptions of literacy in a ludic proposal, the attractive methodologies through games, and practical and theoretical training.
WORD KEY: Play, Playfulness, literacy process.
1 INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido sobre ludicidade nos dias atuais, muito embora mesmo
sendo uma temática amplamente discutida nos mais diversos espaços, ainda torna-
se um desafio para professores de todas as etapas da educação básica que ainda
se vêem com a necessidade de realmente entender a importância e as contribuições
do brincar enquanto proposta educativa. Desta forma, a ludicidade possibilita
discussões inovadoras na construção de um aprender significativo, remodelando
práticas tradicionais e proporcionando ao professor uma ação pedagógica mais
atrativa e dinâmica, favorecendo um trabalho mais prazeroso e que contribui
diretamente na formação da criança em sala de aula.
Nesse sentido, as atividades lúdicas no contexto de sala de aula, através de
jogos, brinquedos e brincadeiras, podem representar uma ótima estratégia para o
desenvolvimento das atividades. Sabemos, pois, que além de proporcionar diversão,
as atividades lúdicas elevam a autoestima do educando, auxilia no desenvolvimento
das habilidades e competências e torna-se relevante para a aprendizagem escolar,
de modo a promover dentre outros benefícios: respeito, concentração, capacidade
para trabalhar em equipe e maturidade para expressar os diferentes pontos de vista
etc.
Desta forma, compreendemos que atividade lúdica, portanto, é
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essencial na construção do conhecimento, ampliando as possibilidades de
aprendizagem e interação social através dos brinquedos e brincadeiras que podem
dentre outros benefícios, favorecer o processo de alfabetização e letramento.
É nesta perspectiva, que se entende que as atividades lúdicas envolvendo
jogos, brinquedos e brincadeiras enquanto ferramenta pedagógica, podem ser
usados como recurso metodológico no processo de alfabetização das crianças de 1°
ao 3° ano do Ensino Fundamental. Através desses recursos, enquanto proposta
lúdica, os alunos podem se desenvolver e apropriar-se de conhecimentos que
contribuirão para sua formação enquanto sujeitos pensantes e letrados. Sobre isso,
o processo de alfabetização tem um papel uno, pois para Ferreiro (2003, p.28) “a
alfabetização tem início bem cedo e não termina nunca. Nós não somos igualmente
alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. [...] O conceito
também muda de acordo com as épocas, as culturas e a chegada da tecnologia”.
Assim, o processo de alfabetização permite a formação de um individuo capaz
de decifrar signos e interpretar o mundo através da alfabetização e letramento.
Nesta perspectiva, compreendemos que a alfabetização é um processo continuo
que se desenvolve a partir de práticas sociais, a medida em quenos deparamos à
comunicação cotidianamente, ao longo da nossa formação. Desta forma é
imprescindível um novo enfoque, sobre esse processo, a partir de uma concepção
lúdica de aprendizagem.
Pensando nisso, estudar sobre as contribuições das atividades lúdicas para o
processo de alfabetização e letramento no ensino fundamental (1º ao 3º ano), torna-
se relevante, por ser marcado por estratégias voltadas a apropriação do universo
letrado, que podem utilizar o jogo, o brinquedo e brincadeira como um recursos
pedagógicos que facilita a construção de conhecimentos.
Diante do exposto, o artigo ora apresentado, tem como objetivo geral
apresentar a importância do uso de jogos, brinquedos e brincadeiras nas práticas
pedagógicas no processo de alfabetização e como objetivos específicos conhecer
como essas práticas podem contribuir para o desenvolvimento de uma cultura
letrada pelos alunos no cotidiano escolar e apresentar atividades com uso de jogos
nas estratégias de aprendizagem, tendo como base os conhecimentos adquiridos
pela autora a partir do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNAIC
(2013- 2014)
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Desta forma, importa destacar que a discussão da temática em questão surgiu
a partir das experiências já vivenciadas ao longo da minha profissão, atuando, com
crianças no Ensino Fundamental dos anos iniciais e reflexões adquiridas ao longo do
curso de Pedagogia e nas formações do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade
Certa (PNAIC), e, ainda, pela afinidade com a temática do artigo.
Nesse sentido, traçamos o percurso metodológico que versa acerca de uma
pesquisa exploratória e bibliográfica, com intuito de “ levar o pesquisador (a) a entrar
em contato direto com obras, artigos, ou documentos que tratem o tema de estudo”
(OLIVEIRA, 2014, p. 69) . Nesse sentido, nos apoiamos em estudos e documentos
de autores como Brasil (1998), Campos (2005), Carvalho (2008), Craidy e Kaercher
(2001), Dalladona e Mendes (2004), Ferreiro (1996, 2003), Friedmann(1996),
Kishimoto (1994, 2000, 2001), Kramer e Abramovay (1985), Maluf( 2003), Perez
(1992), Piaget (1989, 2001), Silveira (1998), Soares (2001, 2004), Tardif (2002),
Wajskop (2012),além disso, o estudo apresenta um relato de experiência que
desvela sobre a socialização de atividades desenvolvidas pela autora enquanto
professora alfabetizadora, principalmente, no que tange às experiências com
atividades lúdicas para o processo de alfabetização das crianças em sala de aula.
Este trabalho será dividido em três seções, sendo que na primeira nos
debruçamos em um embasamento teórico que permitiu refletir sobre a importância
da ludicidade no processo ensino/aprendizagem da criança, o desenvolvimento
infantil e os saberes dos professores. Já na segunda seção foi feito um
intercruzamento de concepções sobre alfabetização e letramento numa perspectiva
lúdica através do uso de jogo, brinquedo e brincadeira. Na terceira, apresentamos os
relatos experienciais da autora, diante das práticas formativas no programa PNAIC,
tendo a ludicidade, principalmente através do jogo, como recurso metodológico de
ensino e aprendizagem, e por fim uma breve análise dos resultados obtidos nesta
pesquisa, posto nas considerações finais.
Compreende-se assim, que essa pesquisa, traz contribuições inúmeras para
fortalecimento das práticas pedagógicas no Ensino Fundamental, principalmente no
que se refere ao uso de atividades lúdicas no processo de alfabetização e
letramento, despertando o interesse dos leitores e educadores a pensarem em
diversas formas de alfabetizar que vai para além do uso do livro didático e atividades
tradicionais de leitura e escrita.
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Assim, pretendemos com esta pesquisa, apresentar um material de estudo
para que educadores possam discutir acerca do processo de alfabetização e da
ludicidade na prática pedagógica, na tentativa de buscar formas diversas de
alfabetizar, bem como, propor questões para reflexão sobre a práxis educativa e as
diversas maneiras de alfabetizar e entender o ser humano em suas especificidades.
2 O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA NA APRENDIZAGEM: UMA
PARCERIA NECESSÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E ESCOLAR.
O brincar com o uso dos jogos, numa abordagem sócio-histórica, passou por
diversas mudanças na perspectiva das práticas pedagógicas, principalmente, pela
valorização do brincar no trabalho pedagógico das creches e pré-escolas. Tal
concepção só pode ser compreendida se tomarmos o fato de que brincar é uma
atividade mental, física e cultural, uma forma de interpretar e sentir determinados
comportamentos humanos e sociais (WAJSKOP, 1995).
Para Kishimoto (1994, p.108), o jogo, possui uma concepção muito ampla,
pois assume uma forma conforme cada contexto. “Dessa forma, enquanto fato
social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o
aspecto que nos mostra por que o jogo aparece de modos tão diferentes,
dependendo do lugar e da época.” Desta forma, para autora (2000) a brincadeira é o
jogo infantil, não existindo diferença significativa em termos estruturais entre ambas
atividades.
Nesta perspectiva, a noção de brincar e jogar pode e precisa ser considerada
como a representação e interpretação de determinadas atividades infantis
explicitadas pela linguagem num determinado contexto social. Sobre isso,
WAJSKOP (2012) destaca que a brincadeira, como atividade especifica, é partilhada
pelas crianças, supondo um sistema de comunicação e interpretação da realidade
que vai sendo desenvolvida a medida que é vivenciada no contexto social.
Assim, pensando nessa interpretação e construção da realidade que se torna
tão importante hoje no processo ensino/aprendizagem da criança, pensar nos
conceitos de Jogo, brincadeira e brinquedo como concepções singulares é
primordial, vistos que são conceitos que estão ganhando força no cenário
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educacional, sendo necessários serem discutidos e entendidos de forma
significativas, pois
a brincadeira refere-se à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; O jogo é compreendido como uma brincadeira que envolve regras; O brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar: atividade lúdica que abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores (FRIEDMANN, 1996, p. 12).
De acordo com o autor, a brincadeira se distingue por ser uma ação
espontânea que a criança realiza, que pode acontecer tanto de forma coletiva
quanto individual. Na brincadeira a existência das regras não limita a ação lúdica,
pois a criança pode modificá-la e adotar as suas próprias regras, tendo maior
liberdade de ação ao realizá-las. Nesta linha de pensamento, Maluf (2003) vem
complementar esta concepção do brincar ao afirmar que
brincar é: comunicação e expressão, associando pensamento e ação; um ato instintivo voluntário; uma atividade exploratória; ajuda às crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social; um meio de aprender a viver e não um mero passatempo (MALUF, 2003, p. 17).
É possível portanto considerar a ação de brincar como sendo primordial no
desenvolvimento da criança, pois ajuda a desenvolver habilidades significativas, no
que diz respeito a todos os seus aspectos do desenvolvimento, citados pela autora,
no momento de aprendizado de forma prazerosa e significativa. O jogo é, portanto,
uma atividade mais estruturada e estabelecida por um princípio de regras mais
explícitas. O jogo ainda ganha uma particularidade mais importante, na medida em
que é empregado tanto por crianças quanto por adultos, enquanto que o brinquedo
tem uma agregação mais exclusiva com o universo infantil.
Sobre isso, Kishimoto (1994, p.23) discute a definição do brinquedo ao afirmar
que é representado como um "objeto suporte da brincadeira", ou seja, é concebido
por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc, onde podem ser considerados:
estruturados e não estruturados.
Entendemos, assim, o uso do brinquedo, da brincadeira e do jogo nos
diversos momentos de construção de conhecimento nas experiências formativas que
contribuem, principalmente, para o desenvolvimento infantil em sala de aula. Sobre
isso, lembramos ainda, que estar em constante aprendizado passou a ser requisito
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básico para qualquer sujeito social ser capaz de desenvolver autonomia e
intelectualidade na sociedade.
É nesta idéia que Piaget em torno de suas obras contribuiu bastante com o
campo da psicologia do desenvolvimento e da educação, pois por meio de suas
ideias, acreditava que a construção do ser humano e da mente é um processo que
vai acontecendo ao longo da vida das crianças. Desta forma o desenvolvimento é
um processo contínuo que vai se aprimorando diariamente, tendo a educação peça
fundamental para a apropriação de novos esquemas mentais que são fundamentais
para os avanços cognitivos. Assim, ao se tratar de um desenvolvimento voltado a
educação, ressalta.
A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe (PIAGET, 1989, p.43).
Analisando a fala de Piaget (1989), verificamos a preocupação do mesmo em
compreender o ser humano no seu espaço de crescimento pessoal e aprendizagem,
como também características de formação profissional, ética e moral, com o objetivo
de contribuir para novas pesquisas para educação, principalmente no que se refere
à aprendizagem, nos propondo um novo modelo de ensino que seja interativo.
Assim, pode favorecer a utilização de jogos e brincadeiras dentro da sala de aula
proporcionando uma aprendizagem significativa no ensinar e aprender com o
contato com o objeto de ensino.
Para o autor, a utilização desses recursos podem provocar avanços cognitivos,
na aquisição de novos esquemas mentais através do processo de acomodação e
equilibração, como afirma:
Existem três fases de desenvolvimento e amadurecimento dos conhecimentos e informações na criança que são: acomodação, inquietação e equilibrarão que possibilita que o sujeito abstraiu experiências e informações do meio em que vive. Isso é justamente o que pretendemos que aconteçam as crianças ao se depararem com o lúdico, jogos, novidades. Que sejam capazes de refletir diante do que tocam, constroem e pensam e com isso aprender com espontaneidade (PIAGET, 2001, p. 19)
É notável que todo ser humano em fase de desenvolvimento adquira
conhecimentos em seu devido tempo, isto deve ser respeitado desde seus primeiros
anos de vida. Então, reconhecemos que a ludicidade no desenvolvimento infantil
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permite avanços e construções mentais necessárias a vivência humana. No que se
refere ao contexto escolar ao utilizar jogos, brincadeiras, se necessita sensibilidade,
envolvimento, e observação para uma mudança interna, e não apenas externa,
implica também, não somente numa mudança cognitiva, mas, principalmente, numa
mudança afetiva da utilização desses recursos, também, de forma sistemática e
intencional.
Desse modo, percebemos que o jogo pode se tornar ferramenta fundamental
de aprendizagem, podendo também ser explorado de forma espontânea pela
criança ajudando-a a criar hipóteses e representar a situações cotidianas. Assim,
para o desenvolvimento infantil e da aprendizagem, a ludicidade pode ser uma
aliada do adulto e do professor diante do desafio de ensinar e aprender. Sobre isso
o papel do professor segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
é:
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas (BRASIL,1998, p. 30).
No entanto, é necessário compreender a ludicidade, com o uso de jogos,
brincadeiras e brinquedos, como fator que pode contribuir para o desenvolvimento
integral da criança, porém algumas podem ser consideradas atrativas, e outras não,
pois depende de cada criança se adaptar as regras conforme suas dificuldades e
com isso aprender a superar seus próprios limites no processo de aprendizagem.
Desse modo, para entender o desenvolvimento da criança é preciso conhecer
suas necessidades e interesses para que os incentivos sejam eficazes, a fim de,
promover avanços de um estágio do desenvolvimento para outro. Nesse viés,
consideramos, pois, que as implicações da necessidade lúdica extrapolaram além
das necessidades formativas, as demarcações do brincar espontâneo. Mas, ainda é
necessário e favorável o uso de jogos, brinquedos e brincadeiras como recurso
metodológico que amplia as possíveis variáveis de aprendizagens.
A brincadeira deixa de ser “coisa de criança” e passa a se construir em “coisa séria”. Digna de estar presente entre recursos didáticos capazes de
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compor uma ação docente comprometida com os alvos do processo de ensino-aprendizagem que se pretende atingir (KISHIMOTO, 2001, p.167).
Com tudo que foi falado até o momento, percebemos que o lúdico através do
brincar, faz parte das atividades essenciais da vida humana. Para Dalladona e
Mendes (2004) a ludicidade deve refletir na criança um gosto de satisfação e alegria,
pois essa atividade leva a criança a momentos de encontro consigo e com o outro,
momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de
autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro nos
momentos de vida como também do espaço e das coisas que a cercam, sem falar
que aprimora sua essência, despertando o senso critico reflexivo para
acontecimentos de seu contexto favorecendo a vida e a coletividade.
Diante disto é possível afirmar que as crianças devem ser exploradas nos
seus limites e diante das suas habilidades para diversas áreas e linguagens assim
como: a música, a pintura, e tantas outras atividades que alguns jogos e
brincadeiras proporcionam, cabendo ao professor apropriar-se e aproveitar-se
destes meios para superar suas principais limitações e desafios, onde com isso
trabalha as dificuldades dos alunos de forma gradual. Dai se percebe de forma
prioritária à necessidade do lúdico dentro das escolas, visto que para
Kishimoto(1994) o uso dessas atividades podem ser explorados de diversos modos,
como expressa:
[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e envolve uma significação. É de grande valor social, oferecendo possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo preparando para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sócias (KISHIMOTO, 1994, p.13).
Percebendo essa necessidade conferimos que a realidade das práticas
pedagógicas nos espaços escolares mudou bastante nos últimos anos, exigindo
cada vez mais que as escolas acompanhem essas mudanças. Hoje não podemos
ter em seu meio um ensino fragmentado, dissociado da realidade, mas sim um
comprometimento que prepare seus atores para enfrentarem o processo de
globalização, mas diante de tantos desafios é necessária uma sistematização e
organização de conteúdos contextualizados que possibilitem o conhecimento e visão
de mundo dos educandos para melhorar a aprendizagem, bem como garanti-la de
maneira significativa e autônoma nos educandos.
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Nessa conjuntura, os jogos educativos, por exemplo, usados pedagogicamente
ampliam a possibilidade de um bom planejamento com objetivos definidos e temas
apropriados a realidade associada à ludicidade na prática educativa, é uma
expectativa de aula produtiva, divertida, e de interação e construção onde todos os
envolvidos aprendem e ensinam.
É importante destacar que as práticas pedagógicas permitem experiências
únicas na vida da criança, seja qual for a idade. Desde muito cedo o contato com
brincadeiras, jogos e brinquedos pode ser elemento impulsor da interação da criança
com o meio em que vive. A criança, muitas vezes, parte das brincadeiras com o seu
corpo, com a manipulação de objetos, com o contato com o outro e aos poucos vai
representando sua realidade social e cultural.
[.....] A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar (CRAIDY E KAERCHER, 2001,p.103) [.....].
Com base no que foi falado até o momento sobre o desenvolvimento infantil e
a contribuição da ludicidade, para aprimoramento de práticas pedagógicas através
dos jogos, brinquedos e brincadeiras em sala de aula e a necessidade do sujeito
adquirir novos esquemas mentais para desenvolvimento em grupo e aprendizagem,
ressalta-se a necessidade do espaço educacional priorizar por atividades que
envolvam o contexto dos aprendizes e os jogos e brincadeiras sejam utilizados de
forma espontânea ou direcionada, de acordo com a aceitação das crianças e
refletindo a cultura e a sociedade em que vive.
No que diz respeito a aprendizagem, o jogo pode contribuir de forma singular,
na medida em que, estimula o crescimento e o desenvolvimento de características,
habilidades físicas, motoras e psíquicas. Para Tezani (2006) Na experiência direta
com o jogo, surge o aluno ativo e participativo em um ambiente total de ensino,
aparecem o apoio e a confiança que lhes proporcionam adquirir o domínio da
comunicação com os outros. Além disso, a autora ressalta que através do jogo o
indivíduo pode aprender naturalmente, testar hipóteses e sugestões, explorar toda a
sua espontaneidade criativa, individual, concentração, percepção, elaborar e
desenvolver estratégias. O jogar é essencial para que a criança manifeste sua
![Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/14.jpg)
17
criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral frente aos
conteúdos.
3 ALFABETIZAR LETRANDO: QUAL A IMPORTÃNCIA DO JOGO NESSE
PROCESSO?
Alfabetizar de forma lúdica é um desafio e tanto a prática docente,
principalmente nos dias atuais em que a “atratividade” é um requisito básico para um
aprender significativo por parte da criança que vê nos jogos e brincadeiras em salas
de aula uma forma atrativa e divertida de aprender e assimilar conteúdos
disciplinares. Como ressalta Dalladona e Mendes (2004) é de primordial importância
a utilização das brincadeiras e dos jogos nos processos pedagógicos. Os conteúdos
podem ser ensinados por intermédio de atividades predominantemente lúdicas.
É nesta perspectiva que a parceria Alfabetizar+Ludicidade+Letrar vem
ganhandoespaço nas práticas de professores nos últimos anos, pois nunca se viu
tamanha importância desses conceitos na proposta curricular das crianças e jovens
ao longo da sua jornada escolar.
Alfabetizar pode ser conceituado como um processo que leva a aprendizagem
inicial da leitura e escrita e que ocorre nos mais diversos meios, seja em casa, na
escola, na rua, possibilitando, além da apropriação do código de escrita o letramento
através do uso da escrita nas práticas sociais. Assim, para Ferreiro (1996, p.24) “O
desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem duvida, em um ambiente social. Mas
as praticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas
passivamente pelas crianças.” Assim sendo, uma pessoa que passou realmente por
um processo de alfabetização significativo é aquela que domina habilidades básicas
de codificação e decodificação dos códigos de escrita e faz uso das mesmas no seu
contexto social.
É possível compreender assim, que é possível
alfabetiza-se, isto é,construir seu conhecimento do sistema alfabético e
ortográfico da língua escrita, em situações de letramento, isto é, no contexto
de e por meio de interação com material escrito real, e não artificialmente
![Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/15.jpg)
18
construído, e de sua participação em práticas sociais de leitura e de
escrita;(SOARES, 2004, p. 4) .
Nesta idéia, Kramer e Abramovay (1985) discutem que a alfabetização não se
inicia no contato com o meio escolar, é um processo em construção de ensino
aprendizagem continuo, ou seja, não só acontece dentro do ambiente escolar como
também fora dele por meio de seu contato com o mundo. Nessa linha de
pensamento Perez (1992) expressa que:
A alfabetização é um processo que, ainda que se inicie formalmente na escola, começa, de fato, antes de a criança chegar à escola, através das diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca, desde o momento em que nasce e, apesar de se consolidar nas quatro primeiras séries, continua pela vida a fora. Este processo continua apesar da escola, fora da escola, paralelamente à escola. [...] Desta forma, a alfabetização não é um momento estanque que ocorre em um determinado período da vida escolar do educando, ela é um processo que acontece antes, durante e depois da vida escolar (PEREZ, 1992, p. 66).
O processo de alfabetização na perspectiva do autor é um processo pelo qual a
criança passa a descobrir o seu meio e se apropria de conhecimentos e habilidades
que as norteiam ao longo da vida, pois a leva a ler o mundo ao mesmo tempo em
que a prepara para enfrentar os impactos sociais do uso da leitura e da escrita fora
das bases escolares. Destaca-se portanto os conhecimentos prévios que devem ser
levados em consideração no processo de alfabetização e letramento onde vale
ressaltar que a perspectiva de alfabetizar flui de forma intencional dentro de sala de
aula, mas por outro lado a sociedade também oferece alfabetização de forma não
intencional a partir do momento que proporciona experiência que permitem contatos
com números, letras e principalmente interação.
É nessa ideia que um alfabetizar letrando torna-se um processo fundamental
nos primeiros anos do Ensino Fundamental, a medida em que permite uma
experiência entre Leitura/Escrita do mundo que propicia a criança fazer a leitura não
só do mundo por meio do código escrito, mas em seu aspecto primordial
compreendendo o sentido e significado das palavras no contexto em que se
inserem, promovendo um aprendizado significativo de acordo com as exigências da
atualidade.
Na perspectiva de Soares (2004), o processo de alfabetização é definido como
“a aquisição do sistema convencional de escrita”, e o termo letramento é
caracterizado como “o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso
![Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/16.jpg)
19
competente da leitura e da escrita em práticas sociais”. Para Carvalho (2008), a
maior caracterização da alfabetização é o ato de ensinar o código alfabético; já o
letrar, para a autora, é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura
e da escrita.
Percebe-se, portanto, que a conceituação dos autores sobre alfabetizar e letrar
coincidem, onde ambos atribuem a alfabetização e ao letramento definições
semelhantes, defendendo as mesmas concepções, mesmo que de forma específica.
Entretanto consideram que apesar de conceitos distintos, alfabetização e letramento
estão intimamente relacionados, neste sentido é atribuída importância significativa a
cada um destes processos, por estarem ligados de forma que só vem a acrescentar
no processo de aprendizagem dos alunos.
Por outro lado, é necessário também reconhecer que, embora distintos, alfabetização e letramento são interdependentes e indissociáveis: a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita e p o r m e i o dessas práticas, ou seja: em um contexto de letramento e por meio de atividades de letramento; este, por sua vez, só pode desenvolver-se na dependência da e p o r m e i o d a aprendizagem do sistema de escrita (SOARES, 2004, p.2).
Nesta ideia, Soares (2004) apresenta as capacidades resultantes do
letramento, sendo estas resultantes “[...] das habilidades, dos conhecimentos e das
atitudes necessários ao uso efetivo e competente da leitura e da escrita nas práticas
sociais que envolvem a língua escrita, isto é, o letramento”.
A alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas sociais
de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este,
por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da
aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da
alfabetização (...) (SOARES, 2004, p.13).
Assim, pensamos que mesmo os autores tendo conceitos específicos,
concordamos com a proposta que a alfabetização deve acompanhar o processo de
letramento e isso precisa acontecer de forma concomitante. Nesse sentido, a
articulação entre estes dois conceitos deve estar presente na proposta curricular,
principalmente, dos três primeiros anos do Ensino Fundamental, uma vez que é
nessa etapa inicial que a criança tem contato e se apropria do sistema de escrita
alfabético.
Para tanto, é fundamental que as atividades sejam encaminhadas para
estimular a apropriação do sistema alfabético simultaneamente às atividades de
![Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/17.jpg)
20
apropriação dos usos e das funções sociais da escrita, com reflexões sobre os
diversos gêneros textuais que circulam socialmente.
É nesse teor que, a escola enquanto principal agente formadora deve utilizar o
jogo como ferramenta fundamental a proposta de alfabetizar de forma lúdica,
pois,com esse trabalho,pode proporcionar o desenvolvimento das capacidades
cognitivas, motora, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e de inserção
social e a aprendizagem específica da alfabetização.
Além disso, é uma proposta que ainda facilita as várias formas, habilidades e
experiências que os alunos adquirem por meio dos jogos variados, brincadeiras, e
etc utilizados em sala de aula, dando oportunidade para vivenciarem de várias
formas a aquisição de conhecimento de forma prazerosa na escola.
A alfabetização e o lúdico, portanto, podem ser considerados propostas
inseparáveis e que se complementam. O ambiente lúdico é o mais propício para a
aprendizagem e pode produzir um verdadeiro processo de alfabetização e do
letramento. O brincar pedagogicamente deve estar incluído nas práticas docentes
em sala de aula, pois, é através dos jogos e brincadeiras que a criança tem
oportunidade de aprender conceitos, regras, normas, valores e também conteúdose
procedimentos das mais diversas formas de conhecimento, sem perder o
aprendizado, muito menos a diversão nesse processo.
[...] os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado. Um dos usos básicos e muito
importantes é a possibilidade de construir‐se a autoconfiança. Outro é o incremento da motivação [...] um método eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que está sendo aprendido. Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar habilidades, conferindo destreza e competências (SILVEIRA, 1998, p. 02).
O brincar através de jogos, nesse contexto, é uma atividade própria da criança
que pode e deve ser utilizada numa proposta de alfabetização pelo professor, pois é
um recurso relevante de aprendizado onde, com eles, as crianças estimulam o
pensamento, desenvolvem a inteligência, fazendo com que alcance níveis de
desenvolvimento que só o interesse pode provocar, conseguindo desta forma
posicionar-se diante do mundo em que vive e assim o interpretar.
É nesta concepção que os jogos segundo Brasil (1998), são como uma
ferramenta para o desenvolvimento como um todo, sendo citados em cadernos
![Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/18.jpg)
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separados por matérias mediante a articulação entre o conhecimento e o imaginário,
podendo ser desenvolvido o autoconhecimento.
Por meio desses parâmetros as crianças superam a aprendizagem repetitiva e
aprendem a lidar com os símbolos e a analogia que são representados através dos
jogos simbólicos apresentados e propostos nas atividades pedagógicas.
A partir dessas habilidades, elas passam a compreender e a utilizar
convenções e regras, as quais serão empregadas no processo de ensino e
aprendizagem nos conteúdos de sala de aula, favorecendo sua aquisição de
conhecimentos.
Nesta mesma idéia, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1998) vem
complementar a importância destes na educação, ao afirmar que
os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições [...]. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou ainda no cotidiano, como simples passatempo e diversão (BRASIL, 1998, p.13).
Assim, de modo geral o jogo tem uma função importante para a prática
pedagógica em sala de aula, principalmente “no cotidiano”, ou seja, de uma prática
comum a todos os dias, favorecendo o processo de desenvolvimento, de ensino e
de aprendizagem e principalmente estimulando atividades lúdicas em todas as
práticas pedagógicas.
Entretanto, é importante que o professor alfabetizador saiba direcionar os
trabalhos com jogos a fim de que não se perca os objetivos didáticos das propostas
com jogos. Sobre isso,
[...]Pode‐se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente àqueles que
possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, porém, que o professor tenha consciência de que as crianças não estão brincando livremente nestas situações pois há objetivos didáticos em questão (BRASIL, 1998, p.29).
Assim, o professor alfabetizador deve entender que o jogo pode ser utilizado de
várias formas e através dele pode abordar qualquer conteúdo a ser estudado em
sala de aula, mas, o que realmente vai valer na hora das ações pedagógicas são os
direcionamentos adotados pelo facilitador ou professor alfabetizador.
Sobre isso, de acordo com Campos (2005), dependendo de como é conduzido,
o jogo ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento, aqueles que colaborarão
![Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/19.jpg)
22
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como observar e identificar,
comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir.
Deste modo, a importância que o jogo tem para a prática docente é
reconhecível e satisfatório. São muitas as contribuições que o jogo pode trazer para
o processo ensino/aprendizagem em todos os aspectos, sejam eles cognitivos,
sociais, morais, afetivos, e educacionais, os jogos(motores, cognitivos, intelectuais,
competitivos, cooperativos, individuais ou coletivos, de faz de conta, simbólicos,
verbais, etc) trazem inúmeros saberes ao educando e seu processo dealfabetização.
A atratividade que esses jogos desencadeiam a prática alfabetizadora, facilita
um trabalho em sala de aula mais dinâmico, criativo e divertido que mobiliza os
alunos a aprenderem de forma espontânea e de acordo com seu interesse pelo
apresentado.
4 O USO DOS JOGOS NA SALA DE AULA: RELATO DEEXPERIÊNCIA NAS
ESTRATÉGIAS EXITOSAS DE APRENDIZAGEM NO PNAIC (2013 – 2014)
Enquanto profissionais da educação e professores alfabetizadores, tentamos
alcançar os objetivos educacionais usando de várias estratégias pedagógicas, as
quais estão nas atividades desenvolvidas dentro da sala de aula no intuito de
proporcionar aprendizagem e desenvolvimento.
Nesse âmbito, nessa seção, desvelarei1 sobre práticas pedagógicas
vivenciadas enquanto professora alfabetizadora, o que me trouxe amadurecimento
intelectual e formações satisfatórias no âmbito da profissão docente. Sendo assim,
aponto as principais experiências que me fizeram pensar sobre o uso dos jogos
como meio pedagógico para aprendizagem.
Além disso, fortaleço a ideia da importância dos conhecimentos experienciais
para formação do professor, assim como aponta Tardif (2012, p.38-39)“ os próprios
professores, no exercício de suas funções e na prática de sua profissão,
desenvolvem saberes específicos, baseados em seu trabalho cotidiano e no
conhecimento de seu meio”. Sobre isso, ressalto sobre a importância do confronto
1A partir desse momento, usaremos a primeira pessoa do singular para expor os assuntos dessa
seção, haja visto, esse ser um momento que a autora se colocará enquanto sujeito, autor e ator dessa pesquisa, no intuito de revelar subjetividades inerentes aos assuntos tratados nesse relato.
![Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/20.jpg)
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desses saberes com os saberes disciplinares, curriculares e teóricos, com os quais
me deparei na formação acadêmica, enquanto aluna do curso de Pedagogia.
Ao longo de minha prática enquanto professora alfabetizadora, que se fortalece
há 18 anos, percebi a importância de uma formação e qualificação profissional a
partir da necessidade de relacionar teoria e prática, uma vez que, ambas caminham
juntas para o desencadeamento de ideias e métodos para um bom desempenho
profissional. Por este e outros motivos, escolhi cursar Pedagogia, pois compreendo
que o educar se torna cada vez mais complexo na sociedade contemporânea.
Sinto-me preparada em lidar com os desafios sociais que a escola propõe,
tenho a meu favor a experiência de anos de trabalho e a segurança de
conhecimentos específicos que as formações continuadas me oferecem, para com
isso,desenvolver um trabalho competente e exitoso em sala de aula e fora dela.
Destaco nessas formações continuadas, a formação proporcionada pelo Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa-PNAIC, nos anos de 2013 e 2014,
oferecida pelo governo federal, pelo qual tenta facilitar a prática dos professores
alfabetizadores, bem como, ajudá-los a compreender a importância dos processos
de alfabetização, em áreas de conhecimento como, língua portuguesa e educação
matemática, através de métodos diferenciados. Assim, enquanto professora do
Ensino Fundamental, de uma escola municipal do município de Patu, onde atende
um público considerável de alunos de comunidade carente de bairros próximos, tive
a oportunidade de desvelar novos conhecimentos no contexto da alfabetização e
letramento, permitido pelo programa supracitado.
Ao longo de 18 anos de experiência no ciclo de alfabetização do Ensino
Fundamental Menor, nessa escola, percebo que muita coisa mudou em minha forma
de trabalhar, no que diz respeito as minhas concepções sobre alfabetizar, através de
uma proposta mais lúdica e da minha prática enquanto agente promotora de um
saber atrativo e significativo para a criança.
Desse modo, apresento algumas das atividades a seguir, fizeram/fazem parte
da minha rotina de trabalho e estão sendo desenvolvidas aos poucos em minhas
atividades pedagógicas, visando sempre atingir os objetivos alcançados e
combater dificuldades de aprendizagem e desinteresse escolar. Atividades como
Leitura com interpretação de textos, Jogos de alfabetização, Contação e Recontação
de histórias infantis em sala que podem desenvolver a oralidade, Gincanas e
Competições entre eles de palavras e números, Ditados variados (cantado, mudo,
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relâmpago, mímica, Atividades de produção de pequenos textos, sobre os mais
variados tipos e gêneros textuais).
Com estas atividades, sugeridas nas formações do PNAIC, eu tento ao longo
de cada ano letivo, alcançar meus objetivos que é um alfabetizar numa perspectiva
de letramento, onde na maioria das vezes, com criatividade nas atividades e uma
prática reflexiva, tenho resultados satisfatórios que permitem avanços na
aprendizagem dos alunos. Sobremaneira, nas minhas observações percebo a
grande participação e interesse dos alunos que relatam achar a aula atrativa e
divertida.
Reitero que o que me fez refletir sobre a importância do uso da ludicidade nas
propostas pedagógicas, foi o PNAIC, pois contribuiu e vem contribuindo bastante
para o desenvolvimento amplo da criança, como também, para a relação construtiva
que se dá por meio de estratégias de aprendizagem mais atrativas, diante de
diversos desafios enfrentados pela escola. Além de que, me faz pensar enquanto
professora, com experiência mas, ainda em formação acadêmica, sobre teorias que
iluminam minha prática.
Deste modo a concepção construtivista de alfabetização, inspirada em
Ferreiro e Teberosky (1984), levou a uma mudança de foco da discussão sobre
alfabetização, antes reduzida a “como ensinar”, para uma melhor compreensão da
construção do conhecimento pelo aluno e suas implicações para a prática educativa.
A partir desta abordagem, passei a questionar sobre o “como fazer” e “para que
fazer” levando em consideração como o aluno processa o conhecimento e como o
professor pode intervir nesta ação (Pacto nacional pela alfabetização na idade certa.
ultimo ano do ciclo de alfabetização: consolidando os conhecimentos ano 3: unidade
3/ 2012, p. 9)
Com base nos conhecimentos que me foram adquiridos, constato que o
profissional docente, deve ter um olhar reflexivo mediante a sua prática, adotando a
sua rotina além da obrigatoriedade exigida nos conteúdos curriculares, uma
proposta mais dinâmica que pode ser adequada, através dos jogos, brincadeiras,
material de apoio, formação e acompanhamento, para que a partir disto, envolva
diversos contextos e culturas da vida destes alunos e não se torne uma
rotinadesgastante , atendendo as necessidades exigidas pela educação, que é o
ensino que proporciona a aprendizagem completa e significativa.
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Na oportunidade, foi possível diagnosticar as turmas que estava atuando, no
intuito de analisar a aprendizagem individual e coletiva dos alunos, como a
observação detalhada e avaliação de cada criança no Sistema de Escrita Alfabética
– SEA. Tudo isso permitiu analisar a importância de se trabalhar a ludicidade nos
processos de Aprendizagens exigidos pela Língua Portuguesa, contemplando com
isto os vários eixos e direitos de aprendizagem de cada criança para o
desenvolvimento amplo dos conhecimentos em meio as suas dificuldades, levando
sempre em consideração seus conhecimentos, previamente constituídos.
Ao falar de jogos neste relato, considero importante destacar que toda
criatividade utilizada pelo professor para tornar sua aula atrativa é fundamental para
despertar nos alunos o desejo de aprender. Sobre isso, digo que em minhas aulas
com jogos, pude oportunizar o contanto com material concreto que permitiu
resultados expressivos. Sobre os jogos construídos, destaco : blocos geométricos,
amarelinha, dado, pinos de boliche, dominó, cartela para bingo, brincadeiras, dança,
musica e movimentos, enfim a caixa matemática contendo alguns acessórios
matemáticos.
Durante as aulas, algumas atividades de leitura e jogos foram
desenvolvidas com bastante êxito e criatividade, onde aos poucos percebi avanços
significativos de aprendizagens nos meus alunos, em relação à língua portuguesa,
no que se refere, a escrita e oralidade envolvendo alunos que tinham mais
dificuldades de participação, interesse e desenvolvimento nos conteúdos expostos
nas aulas. Adotei algumas atividades de ensino que se fazem necessários para o
desempenho do aprendizado dos alunos, bem como, para com a relação
professor/aluno dentro das diferentes situações em sala de aula. Percebi, também,
ao longo das atividades que as crianças se relacionavam entre si enquanto
brincavam umas com as outras, colaborando assim com a ideia de que a
aprendizagem e o desenvolvimento são processos estritamente relacionados, sendo
que as crianças se inter-relacionam com o meio objeto e social, e internalizam o
conhecimento advindo de seu processo de construção e interação.
Sabemos que o conhecimento e aprendizagem da criança e sua linguagem,
se dá de acordo com suas condições e existência. Se os educadores e alunos
tiverem melhor condição para o trabalho no que diz respeito ao ensino da língua
materna, como formações continuadas, o processo de alfabetização será muito mais
![Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/23.jpg)
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eficaz. Diante disto, o PNAIC traz a proposta de se trabalhar de forma organizada e
planejada a linguagem, que vai muito de acordo com os PCNs(1997) ao afirmar que:
Ao longo dos oito anos do ensino fundamental, espera-se que os alunos adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado (BRASIL, 1997, p.33).
Por diversas vezes em meus planejamentos tracei metas e objetivos
auxiliada pelos cadernos de formação do PNAIC, na tentativa de organizar aulas de
língua portuguesa, bem como, de alfabetização matemática, com jogos dinâmicos
da caixa matemática, com livros do acervo do Pacto e caixa de jogos de
alfabetização como recursos didáticos de uma pratica interdisciplinar. Alguns jogos
como: Alfabeto móvel, Bingo das letras e silabas inicias, Trinca mágica, Quem
escreve sou eu e outros, utilizados como recursos didáticos me permitiram facilitar a
compreensão por parte dos alunos propiciando desenvolver o processo de
alfabetização as relações entre as partes orais e escrita das palavras, onde durante
as brincadeiras, também utilizei da criatividade, a partir do momento que estimulei
meus alunos mudando estratégias e regras dos jogos, juntando aquelas que eles
mais conheciam como introduzir cantigas de roda na construção e confecção de
brinquedos, completando frases de músicas, passa ou repassa, pagando mico para
cada palavra escrita errada e tantas outras, os próprios alunos tomavam partido nas
divisões de grupos. É oportuno dizer que, eu dava um jeito de colocar alunos mais
adiantados juntos com os que tinham mais dificuldades como forma de uns
ajudarem os outros , isso funcionava muito.
Usei de estratégias de jogos dinâmicos com uso de músicas e jogos
eletrônicos na sala de informática, vendo vídeos e construindo pequenos textos
depois e tantas outras maneiras, tudo isso contribuiu exitosamente no processo de
formação dos meus alunos que vejo refletir ate hoje na minha atuação como
professora alfabetizadora. Sobre isso, o Ministério da Educação e da Cultura- MEC
nos Cadernos do PNAIC expressa:
A caixa de jogos de alfabetização distribuída pelo ministério da educação, propõe alguns jogos que possibilitam esse tipo de reflexão, tais como: bingo dos sons iniciais, caça-rimas, dados sonoro, trinca mágica. É importante ressaltar que o professor deve apresentar outras propostas de atividades
![Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · universidade federal do rio grande do norte centro de educaÇÃo curso de pedagogia as contribuiÇÕes](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051805/5ff5f73d915df062076f374e/html5/thumbnails/24.jpg)
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que potencializem a reflexão sobre os seguimentos sonoros que foram explorados durante o jogo ( BRASIL,2009, p.28).
Desta forma, todos estes jogos foram trabalhados em minha turma, alguns com
resultados positivos, outros nem tanto, mais fazendo uma breve análise de minha
prática, percebo que muita coisa mudou minha forma de pensar, trabalhar e
reavaliar meus alunos, acreditando na capacidade e potencialidade de cada
um,aprendi a planejar e principalmente que faço parte de um universo que contribui
bastante para que os alunos tenham mais oportunidades, independente da classe
social, cor ou diferença e que os desafios estão para serem superados e o mais
importante em tudo isso, éque hoje vejo o processo de alfabetização com um olhar
maduro que certamente a formação em Pedagogia e a experiência me
proporcionaram.
O programa também proporciona uma relação positiva, com trocas de
experiências coletivas, dando a oportunidade de professores e alunos, colocarem
suas teorias em prática, no campo educacional, para assim podermos refletir sobre a
mesma, pois quem vai construir a metodologia da melhor forma possível é o docente
e adquirir os saberes transmitidos por sua vez é o educando.
Portanto, muitas vezes é na prática que se encontram as melhores dicas e
saberes para o aprendizado, e ficar atento a cada detalhe, também,favoreceum
didática construtivista e cheia de bons resultados. O jogo é apenas mais uma de
tantas outras opções de alfabetizar letrando, através de uma proposta lúdica em sala
de aula.
Assim, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa-PNAIC me fez
pensar na melhor maneira de ensinar/ aprender e aprender/ensinar. Não só a mim,
mas, vem dando suporte aos profissionais da área da educação para obter sucesso
em prática. Pensando nisto, posso afirmar que durante a execução das atividades
citadas neste trabalho, em alguns momentos me deparo com teorias que reforçam
minhas concepções de educar e alfabetizar, como Vigotysky, Teberosky, Piaget e
Ferreiro que vieram a contribuir inesgotavelmente com minha prática docente, e
garantir um novo olhar sobre a prática.
Assim sendo, destaco que é possível contribuir para a ampliação dos
conhecimentos, de maneira prazerosa, através de jogos, músicas, brinquedos e
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brincadeiras, que possibilitem atratividade e dinamismo, necessários à prática
docente condicionada aos diferentes contextos educacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme estudo bibliográfico, descobrimos sobre a necessidade da
utilização de atividades lúdicas na prática pedagógica, principalmente, como recurso
necessário à prática docente e que contribui para avanços cognitivos para o
processo de apropriação da cultura letrada. Conferimos, também, que o lúdico, pode
possibilitar o estreitamento entre a alfabetização e o letramento, proporcionando
uma relação com a cultura e a aprendizagem escolar. Nesse âmbito, o brincar pode
ser visto como uma atividade educativa que possibilita uma realidade
experimentada, o faz de conta e a assimilação de novos conhecimentos. Assim, nos
coloca a pensar sobre o papel do professor e da escola ao adotar o brincar como um
caminho natural e possível para o desenvolvimento espontâneo, prazeroso e integral
da criança.
Conseguimos constatar, também, que o PNAIC enquanto agente formador,
abriu um leque de reflexões sobre a prática docente, dos professores
alfabetizadores, proporcionando um novo olhar e a inúmeras concepções sobre o
processo de alfabetização, ensino e aprendizagem. Entendemos assim, que com
programas como este a educação é embasada em fundamentos éticos, morais e de
valores que mesmo diante das dificuldades, não deixa de acreditar na mudança que
lhe é sujeita conforme o passar do tempo.
No que se refere a minha experiência, é notável que a formação, me fez
repensar práticase desenvolver atividades voltadas para os objetivos mais claros.
Certamente, a prática pedagógica ao longo dos anos e com contribuição da
formação pelo PNAIC, de alguma forma, tem refletido no aprendizado dos alunos,
como também para toda a comunidade escolar.É recorrente que novas concepções
adquiridas me fez reafirmar a escolha por uma profissão tão desafiadora, uma vez
que o objetivo deste programa consiste em levar um novo olhar sobre as práticas e
metodologias utilizadas, visando as contribuições de estratégias diferenciadas no
processo de alfabetização.
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Diante de tantos desafios, avanços e contribuições, pensamos que
proporcionar um ensino e uma aprendizagem que consiga realmente fazer sentido
para o aluno, coloca o jogo, como fundamental, dentro de uma proposta lúdica, para
formação de uma cultura letrada nos anos iniciais do Ensino Fundamental. .
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