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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º ANO). MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA PATU - RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º

ANO).

MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA

PATU - RN

2016

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MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA

AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º

ANO).

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Ma. Antônia Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira.

PATU - RN

2016

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AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º

ANO).

Por

MARIA LIVANEIDE DE REZENDE MAIA

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Antônia Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Profa. Dra. Maria Cristina Leandro de Paiva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Profa. Ma. Silvia Helena de Sá Leitão Freire

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte- UERN

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AS CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 3º

ANO).

Maria Livaneide de Rezende Maia

[email protected]

RESUMO: Pesquisas sobre o uso do lúdico nas práticas pedagógicas cada vez mais ganham espaço no meio acadêmico. Assim sendo, torna-se uma temática amplamente discutida nos mais diversos espaços. No entanto, ainda é um desafio a utilização de atividades lúdicas que envolvam jogos, brincadeiras e brinquedos por professores de todas as etapas da educação básica. Partindo desse pressuposto, esse trabalho tem como objetivo geral apresentar a importância do uso de jogos nas práticas pedagógicas no processo de alfabetização e como objetivos específicos conhecer como essas práticas podem contribuir para o desenvolvimento de uma cultura letrada pelos alunos e apresentar experiências exitosas com uso de jogos nas estratégias de aprendizagem, tendo como base, os conhecimentos adquiridos pela autora a partir do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNAIC (2013-2014). A pesquisa caracteriza-se por ser exploratória e bibliográfica, nesse sentido, nos apoiamos em estudos de autores como Brasil (1998),Campos (2005), Carvalho (2008),Craidy e Kaercher (2001), Dalladona e Mendes (2004), Ferreiro (1996, 2003)), Kishimoto (1994, 2001), Kramer e Abramovay (1985),Perez (1992), Piaget (1989, 2001), Silveira (1998), Soares (2001, 2004), Tardif (2002), Wajskop (2012), além disso, o estudo apresenta um relato de experiência que versa sobre a socialização de práticas desenvolvidas pela autora enquanto professora alfabetizadora. Com essa investigação, percebemos que o lúdico, pode possibilitar o estreitamento entre a alfabetização e o letramento, proporcionando uma relação prazerosa entre a cultura e a aprendizagem escolar. Nesse âmbito, o brincar pode ser visto como uma atividade educativa que possibilita uma realidade experimentada, o faz de conta e a assimilação de novos conhecimentos. Com as experiências, da autora, confirmamos que o PNAIC enquanto agente promotor de estratégias alfabetizadoras, através do uso dos jogos e metodologias diferenciadas, tem contribuído de forma significativa para a prática docente, no que se refere, principalmente, as suas concepções de alfabetizar numa proposta lúdica. PALAVRAS-CHAVE: Jogo. Ludicidade. Processo de Alfabetização.

ABSTRACT:

Researches about the use of the ludic in pedagogical practices increasingly are gaining ground in academia. Therefore, it becomes a extensively discussed topic in the most diverse spaces. However, it is still a challenge to the use of ludic activities involving games and toys by teachers of all stages of basic education. . From this perspective, this work has as its general objective to introduce the to reflect on the importance of using games in pedagogical practices in literacy process and specific objectives to knouw are understand how these practices can contribute to the development of a literate culture by students to introduce in the school routine and present experiences successful with the use of games in learning

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strategies, based on the knowledge acquired by this author from the PactoNacionalpara a alfabetizaçãonaIdadeCerta PNAIC (2013-2014). The research is characterized as exploratory and bibliographical, in this sense, we rely on studies of many authors, such as: Brasil(1998), Brasil (1998), Campos (2005), Carvalho (2008), Craidy and Kaecher (2001), Dalladona and Mendes (2004), Ferreiro (1996; 2003), Kishimoto (1994; 2001) Kramer and Abramovay (1985), Perez (1992, Piaget (1989; 2001) Silveira (1998), Soares (2001; 2004), Tardif (2002), Wajskop (2012), In addition, the study presents an experience report that talks about the practices of socialization of developed by this author as a literacy teacher. Through this investigation, we realized that the ludic, can facilitate the narrowing between culture and school learning. In this context, the play can be viewed as an educational activity that provides an experienced reality, imagination and the assimilation of new knowledge. With the experiences of the author confirmed that the PNAIC while agent developer of literacy teachers strategies through the use of games and different methodologies have all contributed substantially to the practice teacher, in relation primarily their conceptions of literacy in a ludic proposal, the attractive methodologies through games, and practical and theoretical training.

WORD KEY: Play, Playfulness, literacy process.

1 INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido sobre ludicidade nos dias atuais, muito embora mesmo

sendo uma temática amplamente discutida nos mais diversos espaços, ainda torna-

se um desafio para professores de todas as etapas da educação básica que ainda

se vêem com a necessidade de realmente entender a importância e as contribuições

do brincar enquanto proposta educativa. Desta forma, a ludicidade possibilita

discussões inovadoras na construção de um aprender significativo, remodelando

práticas tradicionais e proporcionando ao professor uma ação pedagógica mais

atrativa e dinâmica, favorecendo um trabalho mais prazeroso e que contribui

diretamente na formação da criança em sala de aula.

Nesse sentido, as atividades lúdicas no contexto de sala de aula, através de

jogos, brinquedos e brincadeiras, podem representar uma ótima estratégia para o

desenvolvimento das atividades. Sabemos, pois, que além de proporcionar diversão,

as atividades lúdicas elevam a autoestima do educando, auxilia no desenvolvimento

das habilidades e competências e torna-se relevante para a aprendizagem escolar,

de modo a promover dentre outros benefícios: respeito, concentração, capacidade

para trabalhar em equipe e maturidade para expressar os diferentes pontos de vista

etc.

Desta forma, compreendemos que atividade lúdica, portanto, é

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essencial na construção do conhecimento, ampliando as possibilidades de

aprendizagem e interação social através dos brinquedos e brincadeiras que podem

dentre outros benefícios, favorecer o processo de alfabetização e letramento.

É nesta perspectiva, que se entende que as atividades lúdicas envolvendo

jogos, brinquedos e brincadeiras enquanto ferramenta pedagógica, podem ser

usados como recurso metodológico no processo de alfabetização das crianças de 1°

ao 3° ano do Ensino Fundamental. Através desses recursos, enquanto proposta

lúdica, os alunos podem se desenvolver e apropriar-se de conhecimentos que

contribuirão para sua formação enquanto sujeitos pensantes e letrados. Sobre isso,

o processo de alfabetização tem um papel uno, pois para Ferreiro (2003, p.28) “a

alfabetização tem início bem cedo e não termina nunca. Nós não somos igualmente

alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. [...] O conceito

também muda de acordo com as épocas, as culturas e a chegada da tecnologia”.

Assim, o processo de alfabetização permite a formação de um individuo capaz

de decifrar signos e interpretar o mundo através da alfabetização e letramento.

Nesta perspectiva, compreendemos que a alfabetização é um processo continuo

que se desenvolve a partir de práticas sociais, a medida em quenos deparamos à

comunicação cotidianamente, ao longo da nossa formação. Desta forma é

imprescindível um novo enfoque, sobre esse processo, a partir de uma concepção

lúdica de aprendizagem.

Pensando nisso, estudar sobre as contribuições das atividades lúdicas para o

processo de alfabetização e letramento no ensino fundamental (1º ao 3º ano), torna-

se relevante, por ser marcado por estratégias voltadas a apropriação do universo

letrado, que podem utilizar o jogo, o brinquedo e brincadeira como um recursos

pedagógicos que facilita a construção de conhecimentos.

Diante do exposto, o artigo ora apresentado, tem como objetivo geral

apresentar a importância do uso de jogos, brinquedos e brincadeiras nas práticas

pedagógicas no processo de alfabetização e como objetivos específicos conhecer

como essas práticas podem contribuir para o desenvolvimento de uma cultura

letrada pelos alunos no cotidiano escolar e apresentar atividades com uso de jogos

nas estratégias de aprendizagem, tendo como base os conhecimentos adquiridos

pela autora a partir do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNAIC

(2013- 2014)

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Desta forma, importa destacar que a discussão da temática em questão surgiu

a partir das experiências já vivenciadas ao longo da minha profissão, atuando, com

crianças no Ensino Fundamental dos anos iniciais e reflexões adquiridas ao longo do

curso de Pedagogia e nas formações do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade

Certa (PNAIC), e, ainda, pela afinidade com a temática do artigo.

Nesse sentido, traçamos o percurso metodológico que versa acerca de uma

pesquisa exploratória e bibliográfica, com intuito de “ levar o pesquisador (a) a entrar

em contato direto com obras, artigos, ou documentos que tratem o tema de estudo”

(OLIVEIRA, 2014, p. 69) . Nesse sentido, nos apoiamos em estudos e documentos

de autores como Brasil (1998), Campos (2005), Carvalho (2008), Craidy e Kaercher

(2001), Dalladona e Mendes (2004), Ferreiro (1996, 2003), Friedmann(1996),

Kishimoto (1994, 2000, 2001), Kramer e Abramovay (1985), Maluf( 2003), Perez

(1992), Piaget (1989, 2001), Silveira (1998), Soares (2001, 2004), Tardif (2002),

Wajskop (2012),além disso, o estudo apresenta um relato de experiência que

desvela sobre a socialização de atividades desenvolvidas pela autora enquanto

professora alfabetizadora, principalmente, no que tange às experiências com

atividades lúdicas para o processo de alfabetização das crianças em sala de aula.

Este trabalho será dividido em três seções, sendo que na primeira nos

debruçamos em um embasamento teórico que permitiu refletir sobre a importância

da ludicidade no processo ensino/aprendizagem da criança, o desenvolvimento

infantil e os saberes dos professores. Já na segunda seção foi feito um

intercruzamento de concepções sobre alfabetização e letramento numa perspectiva

lúdica através do uso de jogo, brinquedo e brincadeira. Na terceira, apresentamos os

relatos experienciais da autora, diante das práticas formativas no programa PNAIC,

tendo a ludicidade, principalmente através do jogo, como recurso metodológico de

ensino e aprendizagem, e por fim uma breve análise dos resultados obtidos nesta

pesquisa, posto nas considerações finais.

Compreende-se assim, que essa pesquisa, traz contribuições inúmeras para

fortalecimento das práticas pedagógicas no Ensino Fundamental, principalmente no

que se refere ao uso de atividades lúdicas no processo de alfabetização e

letramento, despertando o interesse dos leitores e educadores a pensarem em

diversas formas de alfabetizar que vai para além do uso do livro didático e atividades

tradicionais de leitura e escrita.

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Assim, pretendemos com esta pesquisa, apresentar um material de estudo

para que educadores possam discutir acerca do processo de alfabetização e da

ludicidade na prática pedagógica, na tentativa de buscar formas diversas de

alfabetizar, bem como, propor questões para reflexão sobre a práxis educativa e as

diversas maneiras de alfabetizar e entender o ser humano em suas especificidades.

2 O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA NA APRENDIZAGEM: UMA

PARCERIA NECESSÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E ESCOLAR.

O brincar com o uso dos jogos, numa abordagem sócio-histórica, passou por

diversas mudanças na perspectiva das práticas pedagógicas, principalmente, pela

valorização do brincar no trabalho pedagógico das creches e pré-escolas. Tal

concepção só pode ser compreendida se tomarmos o fato de que brincar é uma

atividade mental, física e cultural, uma forma de interpretar e sentir determinados

comportamentos humanos e sociais (WAJSKOP, 1995).

Para Kishimoto (1994, p.108), o jogo, possui uma concepção muito ampla,

pois assume uma forma conforme cada contexto. “Dessa forma, enquanto fato

social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o

aspecto que nos mostra por que o jogo aparece de modos tão diferentes,

dependendo do lugar e da época.” Desta forma, para autora (2000) a brincadeira é o

jogo infantil, não existindo diferença significativa em termos estruturais entre ambas

atividades.

Nesta perspectiva, a noção de brincar e jogar pode e precisa ser considerada

como a representação e interpretação de determinadas atividades infantis

explicitadas pela linguagem num determinado contexto social. Sobre isso,

WAJSKOP (2012) destaca que a brincadeira, como atividade especifica, é partilhada

pelas crianças, supondo um sistema de comunicação e interpretação da realidade

que vai sendo desenvolvida a medida que é vivenciada no contexto social.

Assim, pensando nessa interpretação e construção da realidade que se torna

tão importante hoje no processo ensino/aprendizagem da criança, pensar nos

conceitos de Jogo, brincadeira e brinquedo como concepções singulares é

primordial, vistos que são conceitos que estão ganhando força no cenário

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educacional, sendo necessários serem discutidos e entendidos de forma

significativas, pois

a brincadeira refere-se à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; O jogo é compreendido como uma brincadeira que envolve regras; O brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar: atividade lúdica que abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores (FRIEDMANN, 1996, p. 12).

De acordo com o autor, a brincadeira se distingue por ser uma ação

espontânea que a criança realiza, que pode acontecer tanto de forma coletiva

quanto individual. Na brincadeira a existência das regras não limita a ação lúdica,

pois a criança pode modificá-la e adotar as suas próprias regras, tendo maior

liberdade de ação ao realizá-las. Nesta linha de pensamento, Maluf (2003) vem

complementar esta concepção do brincar ao afirmar que

brincar é: comunicação e expressão, associando pensamento e ação; um ato instintivo voluntário; uma atividade exploratória; ajuda às crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social; um meio de aprender a viver e não um mero passatempo (MALUF, 2003, p. 17).

É possível portanto considerar a ação de brincar como sendo primordial no

desenvolvimento da criança, pois ajuda a desenvolver habilidades significativas, no

que diz respeito a todos os seus aspectos do desenvolvimento, citados pela autora,

no momento de aprendizado de forma prazerosa e significativa. O jogo é, portanto,

uma atividade mais estruturada e estabelecida por um princípio de regras mais

explícitas. O jogo ainda ganha uma particularidade mais importante, na medida em

que é empregado tanto por crianças quanto por adultos, enquanto que o brinquedo

tem uma agregação mais exclusiva com o universo infantil.

Sobre isso, Kishimoto (1994, p.23) discute a definição do brinquedo ao afirmar

que é representado como um "objeto suporte da brincadeira", ou seja, é concebido

por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc, onde podem ser considerados:

estruturados e não estruturados.

Entendemos, assim, o uso do brinquedo, da brincadeira e do jogo nos

diversos momentos de construção de conhecimento nas experiências formativas que

contribuem, principalmente, para o desenvolvimento infantil em sala de aula. Sobre

isso, lembramos ainda, que estar em constante aprendizado passou a ser requisito

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básico para qualquer sujeito social ser capaz de desenvolver autonomia e

intelectualidade na sociedade.

É nesta idéia que Piaget em torno de suas obras contribuiu bastante com o

campo da psicologia do desenvolvimento e da educação, pois por meio de suas

ideias, acreditava que a construção do ser humano e da mente é um processo que

vai acontecendo ao longo da vida das crianças. Desta forma o desenvolvimento é

um processo contínuo que vai se aprimorando diariamente, tendo a educação peça

fundamental para a apropriação de novos esquemas mentais que são fundamentais

para os avanços cognitivos. Assim, ao se tratar de um desenvolvimento voltado a

educação, ressalta.

A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe (PIAGET, 1989, p.43).

Analisando a fala de Piaget (1989), verificamos a preocupação do mesmo em

compreender o ser humano no seu espaço de crescimento pessoal e aprendizagem,

como também características de formação profissional, ética e moral, com o objetivo

de contribuir para novas pesquisas para educação, principalmente no que se refere

à aprendizagem, nos propondo um novo modelo de ensino que seja interativo.

Assim, pode favorecer a utilização de jogos e brincadeiras dentro da sala de aula

proporcionando uma aprendizagem significativa no ensinar e aprender com o

contato com o objeto de ensino.

Para o autor, a utilização desses recursos podem provocar avanços cognitivos,

na aquisição de novos esquemas mentais através do processo de acomodação e

equilibração, como afirma:

Existem três fases de desenvolvimento e amadurecimento dos conhecimentos e informações na criança que são: acomodação, inquietação e equilibrarão que possibilita que o sujeito abstraiu experiências e informações do meio em que vive. Isso é justamente o que pretendemos que aconteçam as crianças ao se depararem com o lúdico, jogos, novidades. Que sejam capazes de refletir diante do que tocam, constroem e pensam e com isso aprender com espontaneidade (PIAGET, 2001, p. 19)

É notável que todo ser humano em fase de desenvolvimento adquira

conhecimentos em seu devido tempo, isto deve ser respeitado desde seus primeiros

anos de vida. Então, reconhecemos que a ludicidade no desenvolvimento infantil

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permite avanços e construções mentais necessárias a vivência humana. No que se

refere ao contexto escolar ao utilizar jogos, brincadeiras, se necessita sensibilidade,

envolvimento, e observação para uma mudança interna, e não apenas externa,

implica também, não somente numa mudança cognitiva, mas, principalmente, numa

mudança afetiva da utilização desses recursos, também, de forma sistemática e

intencional.

Desse modo, percebemos que o jogo pode se tornar ferramenta fundamental

de aprendizagem, podendo também ser explorado de forma espontânea pela

criança ajudando-a a criar hipóteses e representar a situações cotidianas. Assim,

para o desenvolvimento infantil e da aprendizagem, a ludicidade pode ser uma

aliada do adulto e do professor diante do desafio de ensinar e aprender. Sobre isso

o papel do professor segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil

é:

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas (BRASIL,1998, p. 30).

No entanto, é necessário compreender a ludicidade, com o uso de jogos,

brincadeiras e brinquedos, como fator que pode contribuir para o desenvolvimento

integral da criança, porém algumas podem ser consideradas atrativas, e outras não,

pois depende de cada criança se adaptar as regras conforme suas dificuldades e

com isso aprender a superar seus próprios limites no processo de aprendizagem.

Desse modo, para entender o desenvolvimento da criança é preciso conhecer

suas necessidades e interesses para que os incentivos sejam eficazes, a fim de,

promover avanços de um estágio do desenvolvimento para outro. Nesse viés,

consideramos, pois, que as implicações da necessidade lúdica extrapolaram além

das necessidades formativas, as demarcações do brincar espontâneo. Mas, ainda é

necessário e favorável o uso de jogos, brinquedos e brincadeiras como recurso

metodológico que amplia as possíveis variáveis de aprendizagens.

A brincadeira deixa de ser “coisa de criança” e passa a se construir em “coisa séria”. Digna de estar presente entre recursos didáticos capazes de

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compor uma ação docente comprometida com os alvos do processo de ensino-aprendizagem que se pretende atingir (KISHIMOTO, 2001, p.167).

Com tudo que foi falado até o momento, percebemos que o lúdico através do

brincar, faz parte das atividades essenciais da vida humana. Para Dalladona e

Mendes (2004) a ludicidade deve refletir na criança um gosto de satisfação e alegria,

pois essa atividade leva a criança a momentos de encontro consigo e com o outro,

momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de

autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro nos

momentos de vida como também do espaço e das coisas que a cercam, sem falar

que aprimora sua essência, despertando o senso critico reflexivo para

acontecimentos de seu contexto favorecendo a vida e a coletividade.

Diante disto é possível afirmar que as crianças devem ser exploradas nos

seus limites e diante das suas habilidades para diversas áreas e linguagens assim

como: a música, a pintura, e tantas outras atividades que alguns jogos e

brincadeiras proporcionam, cabendo ao professor apropriar-se e aproveitar-se

destes meios para superar suas principais limitações e desafios, onde com isso

trabalha as dificuldades dos alunos de forma gradual. Dai se percebe de forma

prioritária à necessidade do lúdico dentro das escolas, visto que para

Kishimoto(1994) o uso dessas atividades podem ser explorados de diversos modos,

como expressa:

[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e envolve uma significação. É de grande valor social, oferecendo possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo preparando para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sócias (KISHIMOTO, 1994, p.13).

Percebendo essa necessidade conferimos que a realidade das práticas

pedagógicas nos espaços escolares mudou bastante nos últimos anos, exigindo

cada vez mais que as escolas acompanhem essas mudanças. Hoje não podemos

ter em seu meio um ensino fragmentado, dissociado da realidade, mas sim um

comprometimento que prepare seus atores para enfrentarem o processo de

globalização, mas diante de tantos desafios é necessária uma sistematização e

organização de conteúdos contextualizados que possibilitem o conhecimento e visão

de mundo dos educandos para melhorar a aprendizagem, bem como garanti-la de

maneira significativa e autônoma nos educandos.

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Nessa conjuntura, os jogos educativos, por exemplo, usados pedagogicamente

ampliam a possibilidade de um bom planejamento com objetivos definidos e temas

apropriados a realidade associada à ludicidade na prática educativa, é uma

expectativa de aula produtiva, divertida, e de interação e construção onde todos os

envolvidos aprendem e ensinam.

É importante destacar que as práticas pedagógicas permitem experiências

únicas na vida da criança, seja qual for a idade. Desde muito cedo o contato com

brincadeiras, jogos e brinquedos pode ser elemento impulsor da interação da criança

com o meio em que vive. A criança, muitas vezes, parte das brincadeiras com o seu

corpo, com a manipulação de objetos, com o contato com o outro e aos poucos vai

representando sua realidade social e cultural.

[.....] A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar (CRAIDY E KAERCHER, 2001,p.103) [.....].

Com base no que foi falado até o momento sobre o desenvolvimento infantil e

a contribuição da ludicidade, para aprimoramento de práticas pedagógicas através

dos jogos, brinquedos e brincadeiras em sala de aula e a necessidade do sujeito

adquirir novos esquemas mentais para desenvolvimento em grupo e aprendizagem,

ressalta-se a necessidade do espaço educacional priorizar por atividades que

envolvam o contexto dos aprendizes e os jogos e brincadeiras sejam utilizados de

forma espontânea ou direcionada, de acordo com a aceitação das crianças e

refletindo a cultura e a sociedade em que vive.

No que diz respeito a aprendizagem, o jogo pode contribuir de forma singular,

na medida em que, estimula o crescimento e o desenvolvimento de características,

habilidades físicas, motoras e psíquicas. Para Tezani (2006) Na experiência direta

com o jogo, surge o aluno ativo e participativo em um ambiente total de ensino,

aparecem o apoio e a confiança que lhes proporcionam adquirir o domínio da

comunicação com os outros. Além disso, a autora ressalta que através do jogo o

indivíduo pode aprender naturalmente, testar hipóteses e sugestões, explorar toda a

sua espontaneidade criativa, individual, concentração, percepção, elaborar e

desenvolver estratégias. O jogar é essencial para que a criança manifeste sua

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criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral frente aos

conteúdos.

3 ALFABETIZAR LETRANDO: QUAL A IMPORTÃNCIA DO JOGO NESSE

PROCESSO?

Alfabetizar de forma lúdica é um desafio e tanto a prática docente,

principalmente nos dias atuais em que a “atratividade” é um requisito básico para um

aprender significativo por parte da criança que vê nos jogos e brincadeiras em salas

de aula uma forma atrativa e divertida de aprender e assimilar conteúdos

disciplinares. Como ressalta Dalladona e Mendes (2004) é de primordial importância

a utilização das brincadeiras e dos jogos nos processos pedagógicos. Os conteúdos

podem ser ensinados por intermédio de atividades predominantemente lúdicas.

É nesta perspectiva que a parceria Alfabetizar+Ludicidade+Letrar vem

ganhandoespaço nas práticas de professores nos últimos anos, pois nunca se viu

tamanha importância desses conceitos na proposta curricular das crianças e jovens

ao longo da sua jornada escolar.

Alfabetizar pode ser conceituado como um processo que leva a aprendizagem

inicial da leitura e escrita e que ocorre nos mais diversos meios, seja em casa, na

escola, na rua, possibilitando, além da apropriação do código de escrita o letramento

através do uso da escrita nas práticas sociais. Assim, para Ferreiro (1996, p.24) “O

desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem duvida, em um ambiente social. Mas

as praticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas

passivamente pelas crianças.” Assim sendo, uma pessoa que passou realmente por

um processo de alfabetização significativo é aquela que domina habilidades básicas

de codificação e decodificação dos códigos de escrita e faz uso das mesmas no seu

contexto social.

É possível compreender assim, que é possível

alfabetiza-se, isto é,construir seu conhecimento do sistema alfabético e

ortográfico da língua escrita, em situações de letramento, isto é, no contexto

de e por meio de interação com material escrito real, e não artificialmente

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construído, e de sua participação em práticas sociais de leitura e de

escrita;(SOARES, 2004, p. 4) .

Nesta idéia, Kramer e Abramovay (1985) discutem que a alfabetização não se

inicia no contato com o meio escolar, é um processo em construção de ensino

aprendizagem continuo, ou seja, não só acontece dentro do ambiente escolar como

também fora dele por meio de seu contato com o mundo. Nessa linha de

pensamento Perez (1992) expressa que:

A alfabetização é um processo que, ainda que se inicie formalmente na escola, começa, de fato, antes de a criança chegar à escola, através das diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca, desde o momento em que nasce e, apesar de se consolidar nas quatro primeiras séries, continua pela vida a fora. Este processo continua apesar da escola, fora da escola, paralelamente à escola. [...] Desta forma, a alfabetização não é um momento estanque que ocorre em um determinado período da vida escolar do educando, ela é um processo que acontece antes, durante e depois da vida escolar (PEREZ, 1992, p. 66).

O processo de alfabetização na perspectiva do autor é um processo pelo qual a

criança passa a descobrir o seu meio e se apropria de conhecimentos e habilidades

que as norteiam ao longo da vida, pois a leva a ler o mundo ao mesmo tempo em

que a prepara para enfrentar os impactos sociais do uso da leitura e da escrita fora

das bases escolares. Destaca-se portanto os conhecimentos prévios que devem ser

levados em consideração no processo de alfabetização e letramento onde vale

ressaltar que a perspectiva de alfabetizar flui de forma intencional dentro de sala de

aula, mas por outro lado a sociedade também oferece alfabetização de forma não

intencional a partir do momento que proporciona experiência que permitem contatos

com números, letras e principalmente interação.

É nessa ideia que um alfabetizar letrando torna-se um processo fundamental

nos primeiros anos do Ensino Fundamental, a medida em que permite uma

experiência entre Leitura/Escrita do mundo que propicia a criança fazer a leitura não

só do mundo por meio do código escrito, mas em seu aspecto primordial

compreendendo o sentido e significado das palavras no contexto em que se

inserem, promovendo um aprendizado significativo de acordo com as exigências da

atualidade.

Na perspectiva de Soares (2004), o processo de alfabetização é definido como

“a aquisição do sistema convencional de escrita”, e o termo letramento é

caracterizado como “o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso

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competente da leitura e da escrita em práticas sociais”. Para Carvalho (2008), a

maior caracterização da alfabetização é o ato de ensinar o código alfabético; já o

letrar, para a autora, é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura

e da escrita.

Percebe-se, portanto, que a conceituação dos autores sobre alfabetizar e letrar

coincidem, onde ambos atribuem a alfabetização e ao letramento definições

semelhantes, defendendo as mesmas concepções, mesmo que de forma específica.

Entretanto consideram que apesar de conceitos distintos, alfabetização e letramento

estão intimamente relacionados, neste sentido é atribuída importância significativa a

cada um destes processos, por estarem ligados de forma que só vem a acrescentar

no processo de aprendizagem dos alunos.

Por outro lado, é necessário também reconhecer que, embora distintos, alfabetização e letramento são interdependentes e indissociáveis: a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita e p o r m e i o dessas práticas, ou seja: em um contexto de letramento e por meio de atividades de letramento; este, por sua vez, só pode desenvolver-se na dependência da e p o r m e i o d a aprendizagem do sistema de escrita (SOARES, 2004, p.2).

Nesta ideia, Soares (2004) apresenta as capacidades resultantes do

letramento, sendo estas resultantes “[...] das habilidades, dos conhecimentos e das

atitudes necessários ao uso efetivo e competente da leitura e da escrita nas práticas

sociais que envolvem a língua escrita, isto é, o letramento”.

A alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas sociais

de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este,

por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da

aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da

alfabetização (...) (SOARES, 2004, p.13).

Assim, pensamos que mesmo os autores tendo conceitos específicos,

concordamos com a proposta que a alfabetização deve acompanhar o processo de

letramento e isso precisa acontecer de forma concomitante. Nesse sentido, a

articulação entre estes dois conceitos deve estar presente na proposta curricular,

principalmente, dos três primeiros anos do Ensino Fundamental, uma vez que é

nessa etapa inicial que a criança tem contato e se apropria do sistema de escrita

alfabético.

Para tanto, é fundamental que as atividades sejam encaminhadas para

estimular a apropriação do sistema alfabético simultaneamente às atividades de

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apropriação dos usos e das funções sociais da escrita, com reflexões sobre os

diversos gêneros textuais que circulam socialmente.

É nesse teor que, a escola enquanto principal agente formadora deve utilizar o

jogo como ferramenta fundamental a proposta de alfabetizar de forma lúdica,

pois,com esse trabalho,pode proporcionar o desenvolvimento das capacidades

cognitivas, motora, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e de inserção

social e a aprendizagem específica da alfabetização.

Além disso, é uma proposta que ainda facilita as várias formas, habilidades e

experiências que os alunos adquirem por meio dos jogos variados, brincadeiras, e

etc utilizados em sala de aula, dando oportunidade para vivenciarem de várias

formas a aquisição de conhecimento de forma prazerosa na escola.

A alfabetização e o lúdico, portanto, podem ser considerados propostas

inseparáveis e que se complementam. O ambiente lúdico é o mais propício para a

aprendizagem e pode produzir um verdadeiro processo de alfabetização e do

letramento. O brincar pedagogicamente deve estar incluído nas práticas docentes

em sala de aula, pois, é através dos jogos e brincadeiras que a criança tem

oportunidade de aprender conceitos, regras, normas, valores e também conteúdose

procedimentos das mais diversas formas de conhecimento, sem perder o

aprendizado, muito menos a diversão nesse processo.

[...] os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado. Um dos usos básicos e muito

importantes é a possibilidade de construir‐se a autoconfiança. Outro é o incremento da motivação [...] um método eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que está sendo aprendido. Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar habilidades, conferindo destreza e competências (SILVEIRA, 1998, p. 02).

O brincar através de jogos, nesse contexto, é uma atividade própria da criança

que pode e deve ser utilizada numa proposta de alfabetização pelo professor, pois é

um recurso relevante de aprendizado onde, com eles, as crianças estimulam o

pensamento, desenvolvem a inteligência, fazendo com que alcance níveis de

desenvolvimento que só o interesse pode provocar, conseguindo desta forma

posicionar-se diante do mundo em que vive e assim o interpretar.

É nesta concepção que os jogos segundo Brasil (1998), são como uma

ferramenta para o desenvolvimento como um todo, sendo citados em cadernos

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separados por matérias mediante a articulação entre o conhecimento e o imaginário,

podendo ser desenvolvido o autoconhecimento.

Por meio desses parâmetros as crianças superam a aprendizagem repetitiva e

aprendem a lidar com os símbolos e a analogia que são representados através dos

jogos simbólicos apresentados e propostos nas atividades pedagógicas.

A partir dessas habilidades, elas passam a compreender e a utilizar

convenções e regras, as quais serão empregadas no processo de ensino e

aprendizagem nos conteúdos de sala de aula, favorecendo sua aquisição de

conhecimentos.

Nesta mesma idéia, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1998) vem

complementar a importância destes na educação, ao afirmar que

os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições [...]. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou ainda no cotidiano, como simples passatempo e diversão (BRASIL, 1998, p.13).

Assim, de modo geral o jogo tem uma função importante para a prática

pedagógica em sala de aula, principalmente “no cotidiano”, ou seja, de uma prática

comum a todos os dias, favorecendo o processo de desenvolvimento, de ensino e

de aprendizagem e principalmente estimulando atividades lúdicas em todas as

práticas pedagógicas.

Entretanto, é importante que o professor alfabetizador saiba direcionar os

trabalhos com jogos a fim de que não se perca os objetivos didáticos das propostas

com jogos. Sobre isso,

[...]Pode‐se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente àqueles que

possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, porém, que o professor tenha consciência de que as crianças não estão brincando livremente nestas situações pois há objetivos didáticos em questão (BRASIL, 1998, p.29).

Assim, o professor alfabetizador deve entender que o jogo pode ser utilizado de

várias formas e através dele pode abordar qualquer conteúdo a ser estudado em

sala de aula, mas, o que realmente vai valer na hora das ações pedagógicas são os

direcionamentos adotados pelo facilitador ou professor alfabetizador.

Sobre isso, de acordo com Campos (2005), dependendo de como é conduzido,

o jogo ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento, aqueles que colaborarão

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na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como observar e identificar,

comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir.

Deste modo, a importância que o jogo tem para a prática docente é

reconhecível e satisfatório. São muitas as contribuições que o jogo pode trazer para

o processo ensino/aprendizagem em todos os aspectos, sejam eles cognitivos,

sociais, morais, afetivos, e educacionais, os jogos(motores, cognitivos, intelectuais,

competitivos, cooperativos, individuais ou coletivos, de faz de conta, simbólicos,

verbais, etc) trazem inúmeros saberes ao educando e seu processo dealfabetização.

A atratividade que esses jogos desencadeiam a prática alfabetizadora, facilita

um trabalho em sala de aula mais dinâmico, criativo e divertido que mobiliza os

alunos a aprenderem de forma espontânea e de acordo com seu interesse pelo

apresentado.

4 O USO DOS JOGOS NA SALA DE AULA: RELATO DEEXPERIÊNCIA NAS

ESTRATÉGIAS EXITOSAS DE APRENDIZAGEM NO PNAIC (2013 – 2014)

Enquanto profissionais da educação e professores alfabetizadores, tentamos

alcançar os objetivos educacionais usando de várias estratégias pedagógicas, as

quais estão nas atividades desenvolvidas dentro da sala de aula no intuito de

proporcionar aprendizagem e desenvolvimento.

Nesse âmbito, nessa seção, desvelarei1 sobre práticas pedagógicas

vivenciadas enquanto professora alfabetizadora, o que me trouxe amadurecimento

intelectual e formações satisfatórias no âmbito da profissão docente. Sendo assim,

aponto as principais experiências que me fizeram pensar sobre o uso dos jogos

como meio pedagógico para aprendizagem.

Além disso, fortaleço a ideia da importância dos conhecimentos experienciais

para formação do professor, assim como aponta Tardif (2012, p.38-39)“ os próprios

professores, no exercício de suas funções e na prática de sua profissão,

desenvolvem saberes específicos, baseados em seu trabalho cotidiano e no

conhecimento de seu meio”. Sobre isso, ressalto sobre a importância do confronto

1A partir desse momento, usaremos a primeira pessoa do singular para expor os assuntos dessa

seção, haja visto, esse ser um momento que a autora se colocará enquanto sujeito, autor e ator dessa pesquisa, no intuito de revelar subjetividades inerentes aos assuntos tratados nesse relato.

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desses saberes com os saberes disciplinares, curriculares e teóricos, com os quais

me deparei na formação acadêmica, enquanto aluna do curso de Pedagogia.

Ao longo de minha prática enquanto professora alfabetizadora, que se fortalece

há 18 anos, percebi a importância de uma formação e qualificação profissional a

partir da necessidade de relacionar teoria e prática, uma vez que, ambas caminham

juntas para o desencadeamento de ideias e métodos para um bom desempenho

profissional. Por este e outros motivos, escolhi cursar Pedagogia, pois compreendo

que o educar se torna cada vez mais complexo na sociedade contemporânea.

Sinto-me preparada em lidar com os desafios sociais que a escola propõe,

tenho a meu favor a experiência de anos de trabalho e a segurança de

conhecimentos específicos que as formações continuadas me oferecem, para com

isso,desenvolver um trabalho competente e exitoso em sala de aula e fora dela.

Destaco nessas formações continuadas, a formação proporcionada pelo Pacto

Nacional pela Alfabetização na Idade Certa-PNAIC, nos anos de 2013 e 2014,

oferecida pelo governo federal, pelo qual tenta facilitar a prática dos professores

alfabetizadores, bem como, ajudá-los a compreender a importância dos processos

de alfabetização, em áreas de conhecimento como, língua portuguesa e educação

matemática, através de métodos diferenciados. Assim, enquanto professora do

Ensino Fundamental, de uma escola municipal do município de Patu, onde atende

um público considerável de alunos de comunidade carente de bairros próximos, tive

a oportunidade de desvelar novos conhecimentos no contexto da alfabetização e

letramento, permitido pelo programa supracitado.

Ao longo de 18 anos de experiência no ciclo de alfabetização do Ensino

Fundamental Menor, nessa escola, percebo que muita coisa mudou em minha forma

de trabalhar, no que diz respeito as minhas concepções sobre alfabetizar, através de

uma proposta mais lúdica e da minha prática enquanto agente promotora de um

saber atrativo e significativo para a criança.

Desse modo, apresento algumas das atividades a seguir, fizeram/fazem parte

da minha rotina de trabalho e estão sendo desenvolvidas aos poucos em minhas

atividades pedagógicas, visando sempre atingir os objetivos alcançados e

combater dificuldades de aprendizagem e desinteresse escolar. Atividades como

Leitura com interpretação de textos, Jogos de alfabetização, Contação e Recontação

de histórias infantis em sala que podem desenvolver a oralidade, Gincanas e

Competições entre eles de palavras e números, Ditados variados (cantado, mudo,

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relâmpago, mímica, Atividades de produção de pequenos textos, sobre os mais

variados tipos e gêneros textuais).

Com estas atividades, sugeridas nas formações do PNAIC, eu tento ao longo

de cada ano letivo, alcançar meus objetivos que é um alfabetizar numa perspectiva

de letramento, onde na maioria das vezes, com criatividade nas atividades e uma

prática reflexiva, tenho resultados satisfatórios que permitem avanços na

aprendizagem dos alunos. Sobremaneira, nas minhas observações percebo a

grande participação e interesse dos alunos que relatam achar a aula atrativa e

divertida.

Reitero que o que me fez refletir sobre a importância do uso da ludicidade nas

propostas pedagógicas, foi o PNAIC, pois contribuiu e vem contribuindo bastante

para o desenvolvimento amplo da criança, como também, para a relação construtiva

que se dá por meio de estratégias de aprendizagem mais atrativas, diante de

diversos desafios enfrentados pela escola. Além de que, me faz pensar enquanto

professora, com experiência mas, ainda em formação acadêmica, sobre teorias que

iluminam minha prática.

Deste modo a concepção construtivista de alfabetização, inspirada em

Ferreiro e Teberosky (1984), levou a uma mudança de foco da discussão sobre

alfabetização, antes reduzida a “como ensinar”, para uma melhor compreensão da

construção do conhecimento pelo aluno e suas implicações para a prática educativa.

A partir desta abordagem, passei a questionar sobre o “como fazer” e “para que

fazer” levando em consideração como o aluno processa o conhecimento e como o

professor pode intervir nesta ação (Pacto nacional pela alfabetização na idade certa.

ultimo ano do ciclo de alfabetização: consolidando os conhecimentos ano 3: unidade

3/ 2012, p. 9)

Com base nos conhecimentos que me foram adquiridos, constato que o

profissional docente, deve ter um olhar reflexivo mediante a sua prática, adotando a

sua rotina além da obrigatoriedade exigida nos conteúdos curriculares, uma

proposta mais dinâmica que pode ser adequada, através dos jogos, brincadeiras,

material de apoio, formação e acompanhamento, para que a partir disto, envolva

diversos contextos e culturas da vida destes alunos e não se torne uma

rotinadesgastante , atendendo as necessidades exigidas pela educação, que é o

ensino que proporciona a aprendizagem completa e significativa.

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Na oportunidade, foi possível diagnosticar as turmas que estava atuando, no

intuito de analisar a aprendizagem individual e coletiva dos alunos, como a

observação detalhada e avaliação de cada criança no Sistema de Escrita Alfabética

– SEA. Tudo isso permitiu analisar a importância de se trabalhar a ludicidade nos

processos de Aprendizagens exigidos pela Língua Portuguesa, contemplando com

isto os vários eixos e direitos de aprendizagem de cada criança para o

desenvolvimento amplo dos conhecimentos em meio as suas dificuldades, levando

sempre em consideração seus conhecimentos, previamente constituídos.

Ao falar de jogos neste relato, considero importante destacar que toda

criatividade utilizada pelo professor para tornar sua aula atrativa é fundamental para

despertar nos alunos o desejo de aprender. Sobre isso, digo que em minhas aulas

com jogos, pude oportunizar o contanto com material concreto que permitiu

resultados expressivos. Sobre os jogos construídos, destaco : blocos geométricos,

amarelinha, dado, pinos de boliche, dominó, cartela para bingo, brincadeiras, dança,

musica e movimentos, enfim a caixa matemática contendo alguns acessórios

matemáticos.

Durante as aulas, algumas atividades de leitura e jogos foram

desenvolvidas com bastante êxito e criatividade, onde aos poucos percebi avanços

significativos de aprendizagens nos meus alunos, em relação à língua portuguesa,

no que se refere, a escrita e oralidade envolvendo alunos que tinham mais

dificuldades de participação, interesse e desenvolvimento nos conteúdos expostos

nas aulas. Adotei algumas atividades de ensino que se fazem necessários para o

desempenho do aprendizado dos alunos, bem como, para com a relação

professor/aluno dentro das diferentes situações em sala de aula. Percebi, também,

ao longo das atividades que as crianças se relacionavam entre si enquanto

brincavam umas com as outras, colaborando assim com a ideia de que a

aprendizagem e o desenvolvimento são processos estritamente relacionados, sendo

que as crianças se inter-relacionam com o meio objeto e social, e internalizam o

conhecimento advindo de seu processo de construção e interação.

Sabemos que o conhecimento e aprendizagem da criança e sua linguagem,

se dá de acordo com suas condições e existência. Se os educadores e alunos

tiverem melhor condição para o trabalho no que diz respeito ao ensino da língua

materna, como formações continuadas, o processo de alfabetização será muito mais

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eficaz. Diante disto, o PNAIC traz a proposta de se trabalhar de forma organizada e

planejada a linguagem, que vai muito de acordo com os PCNs(1997) ao afirmar que:

Ao longo dos oito anos do ensino fundamental, espera-se que os alunos adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado (BRASIL, 1997, p.33).

Por diversas vezes em meus planejamentos tracei metas e objetivos

auxiliada pelos cadernos de formação do PNAIC, na tentativa de organizar aulas de

língua portuguesa, bem como, de alfabetização matemática, com jogos dinâmicos

da caixa matemática, com livros do acervo do Pacto e caixa de jogos de

alfabetização como recursos didáticos de uma pratica interdisciplinar. Alguns jogos

como: Alfabeto móvel, Bingo das letras e silabas inicias, Trinca mágica, Quem

escreve sou eu e outros, utilizados como recursos didáticos me permitiram facilitar a

compreensão por parte dos alunos propiciando desenvolver o processo de

alfabetização as relações entre as partes orais e escrita das palavras, onde durante

as brincadeiras, também utilizei da criatividade, a partir do momento que estimulei

meus alunos mudando estratégias e regras dos jogos, juntando aquelas que eles

mais conheciam como introduzir cantigas de roda na construção e confecção de

brinquedos, completando frases de músicas, passa ou repassa, pagando mico para

cada palavra escrita errada e tantas outras, os próprios alunos tomavam partido nas

divisões de grupos. É oportuno dizer que, eu dava um jeito de colocar alunos mais

adiantados juntos com os que tinham mais dificuldades como forma de uns

ajudarem os outros , isso funcionava muito.

Usei de estratégias de jogos dinâmicos com uso de músicas e jogos

eletrônicos na sala de informática, vendo vídeos e construindo pequenos textos

depois e tantas outras maneiras, tudo isso contribuiu exitosamente no processo de

formação dos meus alunos que vejo refletir ate hoje na minha atuação como

professora alfabetizadora. Sobre isso, o Ministério da Educação e da Cultura- MEC

nos Cadernos do PNAIC expressa:

A caixa de jogos de alfabetização distribuída pelo ministério da educação, propõe alguns jogos que possibilitam esse tipo de reflexão, tais como: bingo dos sons iniciais, caça-rimas, dados sonoro, trinca mágica. É importante ressaltar que o professor deve apresentar outras propostas de atividades

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que potencializem a reflexão sobre os seguimentos sonoros que foram explorados durante o jogo ( BRASIL,2009, p.28).

Desta forma, todos estes jogos foram trabalhados em minha turma, alguns com

resultados positivos, outros nem tanto, mais fazendo uma breve análise de minha

prática, percebo que muita coisa mudou minha forma de pensar, trabalhar e

reavaliar meus alunos, acreditando na capacidade e potencialidade de cada

um,aprendi a planejar e principalmente que faço parte de um universo que contribui

bastante para que os alunos tenham mais oportunidades, independente da classe

social, cor ou diferença e que os desafios estão para serem superados e o mais

importante em tudo isso, éque hoje vejo o processo de alfabetização com um olhar

maduro que certamente a formação em Pedagogia e a experiência me

proporcionaram.

O programa também proporciona uma relação positiva, com trocas de

experiências coletivas, dando a oportunidade de professores e alunos, colocarem

suas teorias em prática, no campo educacional, para assim podermos refletir sobre a

mesma, pois quem vai construir a metodologia da melhor forma possível é o docente

e adquirir os saberes transmitidos por sua vez é o educando.

Portanto, muitas vezes é na prática que se encontram as melhores dicas e

saberes para o aprendizado, e ficar atento a cada detalhe, também,favoreceum

didática construtivista e cheia de bons resultados. O jogo é apenas mais uma de

tantas outras opções de alfabetizar letrando, através de uma proposta lúdica em sala

de aula.

Assim, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa-PNAIC me fez

pensar na melhor maneira de ensinar/ aprender e aprender/ensinar. Não só a mim,

mas, vem dando suporte aos profissionais da área da educação para obter sucesso

em prática. Pensando nisto, posso afirmar que durante a execução das atividades

citadas neste trabalho, em alguns momentos me deparo com teorias que reforçam

minhas concepções de educar e alfabetizar, como Vigotysky, Teberosky, Piaget e

Ferreiro que vieram a contribuir inesgotavelmente com minha prática docente, e

garantir um novo olhar sobre a prática.

Assim sendo, destaco que é possível contribuir para a ampliação dos

conhecimentos, de maneira prazerosa, através de jogos, músicas, brinquedos e

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brincadeiras, que possibilitem atratividade e dinamismo, necessários à prática

docente condicionada aos diferentes contextos educacionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme estudo bibliográfico, descobrimos sobre a necessidade da

utilização de atividades lúdicas na prática pedagógica, principalmente, como recurso

necessário à prática docente e que contribui para avanços cognitivos para o

processo de apropriação da cultura letrada. Conferimos, também, que o lúdico, pode

possibilitar o estreitamento entre a alfabetização e o letramento, proporcionando

uma relação com a cultura e a aprendizagem escolar. Nesse âmbito, o brincar pode

ser visto como uma atividade educativa que possibilita uma realidade

experimentada, o faz de conta e a assimilação de novos conhecimentos. Assim, nos

coloca a pensar sobre o papel do professor e da escola ao adotar o brincar como um

caminho natural e possível para o desenvolvimento espontâneo, prazeroso e integral

da criança.

Conseguimos constatar, também, que o PNAIC enquanto agente formador,

abriu um leque de reflexões sobre a prática docente, dos professores

alfabetizadores, proporcionando um novo olhar e a inúmeras concepções sobre o

processo de alfabetização, ensino e aprendizagem. Entendemos assim, que com

programas como este a educação é embasada em fundamentos éticos, morais e de

valores que mesmo diante das dificuldades, não deixa de acreditar na mudança que

lhe é sujeita conforme o passar do tempo.

No que se refere a minha experiência, é notável que a formação, me fez

repensar práticase desenvolver atividades voltadas para os objetivos mais claros.

Certamente, a prática pedagógica ao longo dos anos e com contribuição da

formação pelo PNAIC, de alguma forma, tem refletido no aprendizado dos alunos,

como também para toda a comunidade escolar.É recorrente que novas concepções

adquiridas me fez reafirmar a escolha por uma profissão tão desafiadora, uma vez

que o objetivo deste programa consiste em levar um novo olhar sobre as práticas e

metodologias utilizadas, visando as contribuições de estratégias diferenciadas no

processo de alfabetização.

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Diante de tantos desafios, avanços e contribuições, pensamos que

proporcionar um ensino e uma aprendizagem que consiga realmente fazer sentido

para o aluno, coloca o jogo, como fundamental, dentro de uma proposta lúdica, para

formação de uma cultura letrada nos anos iniciais do Ensino Fundamental. .

REFERÊNCIAS

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