UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE … · 2019. 1. 31. · Monografia...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS – DCC
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
SAMARA FIDELIS CEZARIO
ANÁLISE DOS POTENCIAIS IMPACTOS NOS INDICADORES FINANCEIROS DA
GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES COM A ADOÇÃO DA IFRS 16 - LEASES
NATAL/RN
2017
SAMARA FIDELIS CEZARIO
ANÁLISE DOS POTENCIAIS IMPACTOS NOS INDICADORES FINANCEIROS DA
GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES COM A ADOÇÃO DA IFRS 16 - LEASES
Monografia apresentada ao Departamento de
Ciências Contábeis da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em Ciências
Contábeis
Orientador: Prof. Msc. Rodolfo Maia Rosado
Cascudo Rodrigues
NATAL/RN
2017
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Cezario, Samara Fidelis.
Análise dos potenciais impactos nos indicadores financeiros da Gol linhas aéreas inteligentes com a adoção da IFRS 16 - LEASES / Samara Fidelis Cezario. - Natal, 2017.
41f.: il. Orientador: Prof. Me. Rodolfo Maia Rosado Cascudo Rodrigues. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Contábeis.
1. Indicadores financeiros - Monografia. 2. Leasing - Monografia. 3. -
International Financial Reporting Standards (IFRS 16) - Monografia. I. Rodrigues, Rodolfo Maia Rosado Cascudo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 657
SAMARA FIDELIS CEZARIO
ANÁLISE DOS POTENCIAIS IMPACTOS NOS INDICADORES FINANCEIROS DA
GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES COM A ADOÇÃO DA IFRS 16 – LEASES
Monografia apresentada ao Departamento de
Ciências Contábeis da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em Ciências
Contábeis
Aprovado em: 28/11/2017
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. MSc. Rodolfo Maia Rosado Cascudo Rodrigues
Orientador
________________________________________
Prof. Dr. Clayton Levy Lima de Melo
Examinador
________________________________________
Prof. MSc. Luís Manuel Esteves da Rocha Vieira
Examinador
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, por me dá forças para seguir com meus objetivos
e não pensar sequer em desistir, mesmo diante das dificuldades ao longo desses
anos de graduação.
À minha família, em especial a meus pais, Lúcia Carlos Fideles Sezario e
Severino Cezario, por todo apoio e compreensão.
Aos docentes do curso de Ciências Contábeis pelos conhecimentos e
experiências transmitidas, sobretudo ao meu orientador, Rodolfo Maia Rosado
Cascudo Rodrigues, pela ajuda no presente trabalho e por colaborar para que esse
ciclo da minha vida acadêmica seja encerrado.
E por fim, aos amigos que a universidade me deu a oportunidade de
conhecer, que através da troca de conhecimentos e até mesmo pelas conversas e
risadas compartilhadas tornaram essa experiência melhor.
“Não é sobre chegar no topo do mundo e
saber que venceu, é sobre escalar e sentir
que o caminho te fortaleceu”.
(Ana Vilela)
RESUMO
O International Accounting Standards Board (IASB) juntamente com o Financial Accounting Standards Board (FASB) uniram-se em um projeto para propor mudanças quanto ao tratamento do leasing, cujo resultado dessa parceria foi a elaboração e emissão da IFRS 16 – Leases. Devido à iminente obrigatoriedade da referida norma, a partir de 01 de janeiro de 2019, esse trabalho objetiva analisar o potencial impacto nos índices financeiros da empresa do setor aéreo, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A., em função da nova forma de contabilização dos arrendamentos. Para tanto, foram ajustados o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício (DRE), a partir das informações constantes nas notas explicativas acerca dos leasings operacionais. Após ajustados os demonstrativos contábeis, calcularam-se os índices de liquidez, estrutura de capital e rentabilidade, antes e após os efeitos da nova norma. Os resultados demonstraram que a capitalização dos leasings operacionais provocou reflexos no balanço patrimonial e DRE, acrescendo o ativo, passivo, patrimônio líquido, bem como o lucro consolidado da Gol. Em relação aos indicadores financeiros, as maiores variações podem ser visualizadas na Imobilização do Patrimônio Líquido (241,11%), Participação de Capital de Terceiros (64,29%) e Liquidez Geral (-38,71%), mostrando uma piora desses três índices e como consequência afetando negativamente a empresa. Palavras-chave: Leasing; IFRS 16; Indicadores financeiros.
ABSTRACT
International Accounting Standards Board (IASB) and Financial Accounting Standards Board (FASB) joined in a project to propose changes in the leasing treatment, the result of this partnership was the development and issuance of IFRS 16 - Leases. Due to the imminent mandatory of this standard, which will start in January 1, 2019. This work aims to analyze the impact on the financial indices of the airline company, Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A., due to the new standard of accounting for the leases. For this purpose, the balance sheet and income statement (IS) for the year 2016 were adjusted based on the information contained in the explanatory notes on operating leases. After adjusting the financial statements, the liquidity, capital structure and profitability ratios were calculated before and after the effects of the new standard. The results showed that the capitalization of operating leases resulted in a reflection in the balance sheet and IS, adding assets, liabilities, shareholders' equity, as well as Gol's consolidated profit. Regarding financial indicators, the largest variations can be seen in Immobilization of Net Equity (241.11%), Third Party Equity Participation (64.29%) and General Liquidity (-38.71%), showing a worsening of these three indexes and as a consequence negatively affecting the company.
Keywords: Leasing; IFRS 16; Financial indicators.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Reconhecimento dos leasings, antes e após a IFRS 16 .......................... 21
Figura 2 - Reconhecimento das despesas de leasings, antes e após a IFRS 16 ..... 21
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resumo dos estudos sobre a IFRS 16, o ED/2010/9 e o ED/2013/6 ..... 28
Quadro 2 - Indicadores Financeiros ......................................................................... 31
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Balanço patrimonial, antes e após os ajustes da IFRS 16 ....................... 32
Tabela 2 - DRE, antes e após os ajustes da IFRS 16 ............................................... 32
Tabela 3 - Indicadores financeiros referentes ao ano de 2016, antes e após os
ajustes dos demonstrativos contábeis, a partir da IFRS 16 ...................................... 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AT – Ativo Total
BACEN – Banco Central do Brasil
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis
DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
ED - Exposure Draft
EUA – Estados Unidos da América
FASB - Financial Accounting Standards Board
IAS - International Accounting Standards
IASB - International Accounting Standards Board
IFRS - International Financial Reporting Standards
IPL - Imobilização do Patrimônio Líquido
LG – Liquidez Geral
MB - Margem Bruta
ML - Margem Líquida
P – Passivo
PCT - Participação de Capital de Terceiros
PL – Patrimônio Líquido
ROA - Retorno Sobre o Ativo
ROE - Retorno Sobre o Patrimônio
SEC - Securities and Exchange Commission
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................ 13
1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15
1.2.1 Geral .......................................................................................................... 15
1.2.2 Específicos ............................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18
2.1 BREVE HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE
ARRENDAMENTOS MERCANTIS ........................................................................ 18
2.2 TRATAMENTO DO LEASING: ANTES E APÓS A ADOÇÃO DA IFRS 16 ..... 20
2.2.1 Conceitos de leasing ............................................................................... 20
2.2.2 Reconhecimento inicial ........................................................................... 22
2.2.2 Mensuração subsequente ....................................................................... 23
2.3 EFEITOS DA IFRS 16 NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................... 24
2.4 ESTUDOS ANTERIORES ............................................................................... 25
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 29
3.1 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................ 29
3.2 COLETA DOS DADOS .................................................................................... 30
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS .......................................................................... 30
4 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................... 31
4.1 ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL E DRE ............................................ 31
4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES FINANCEIROS .............................................. 34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
As demonstrações contábeis de uma entidade representam sua posição
patrimonial, financeira e desempenho, com o fim de promover informação útil a
inúmeros usuários, auxiliando-os em suas avaliações e tomada de decisões (CPC
26, 2011). Assim, as demonstrações contábeis elaboradas por qualquer empresa
devem refletir a real situação em que esta se encontra. No entanto, mesmo seguindo
a norma contábil, a forma como determinado ativo, passivo, despesa ou receita são
reconhecidos podem não estar apresentando de forma fidedigna a realidade da
entidade, como é o caso do tratamento atual do arrendamento mercantil operacional
ou leasing operacional.
Elaborado tomando por base a International Accounting Standards (IAS) 17 –
Leases, o Pronunciamento Técnico CPC 06 (R1) – Operações de arrendamento
mercantil, é a norma brasileira responsável por determinar as políticas contábeis e
divulgações adequadas das atividades de arrendamentos mercantis, para
arrendatários e arrendadores (CPC 06, 2010).
De acordo com o disposto no CPC 06 (R1) (2010), o leasing é classificado em
duas modalidades: financeiro e operacional, distinguindo-se à medida em que os
riscos e benefícios atrelados à propriedade do bem arrendado são repassados para
o arrendatário ou prosseguem com o arrendador. Desse modo, no caso do
arrendamento mercantil operacional esses riscos e benefícios não são transferidos
para o arrendatário, permanecendo, então, com o arrendador, ao passo que, o
arrendamento mercantil financeiro transmite de forma substancial os riscos e
benefícios para quem está arrendando o bem.
Ainda conforme prevê o CPC 06 (R1) (2010), os arrendamentos mercantis
operacionais e financeiros são contabilizados nas demonstrações financeiras das
empresas arrendatárias de forma diferenciada. Enquanto o arrendamento financeiro
reconhece um ativo e um passivo em seu balanço patrimonial e a depreciação e os
encargos financeiros na demonstração do resultado do exercício (DRE), o
arrendamento operacional contabiliza apenas uma despesa em base linear em sua
DRE.
14
Justamente, por não reconhecer os leasings operacionais em seu balanço
patrimonial, a IAS 17 tem sido alvo de críticas por parte dos usuários das
informações contábeis, uma vez que as demonstrações financeiras das empresas
que possuem contratos de arrendamentos operacionais significativos não estão
expondo completamente a verdade (ÖZTÜRK; SERÇEMELI, 2016). Para os autores,
o fato do arrendamento operacional não estar inserido no balanço da companhia faz
com que o passivo e a rentabilidade sejam vistas com valores menores do que
deveriam estar apresentados.
Em virtude das críticas recebidas e por entender que as informações
referentes aos leasings operacionais não possuíam transparência e não atendiam as
necessidades dos usuários das demonstrações financeiras, o International
Accounting Standards Board (IASB) e o Financial Accounting Standards Board
(FASB) iniciaram um projeto em parceria, com o intuito de melhorar o relatório
financeiro relativo as operações de leasings de acordo com o International Financial
Reporting Standards (IFRS) e os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos
Estados Unidos (IASB, 2016).
Dessa forma, em janeiro de 2016 o IASB emitiu a IFRS 16, que determina as
regras para reconhecimento, mensuração e divulgação dos arrendamentos. A nova
norma extingue a classificação dos arrendamentos em financeiros e operacionais,
exigindo que estes sejam reconhecidos nas demonstrações financeiras, com
exceção de ativos de baixo valor ou de curto prazo (IASB, 2016).
Embora, a capitalização de quase todos os arredamentos vise a apresentação
de informações contábeis mais transparentes, Fitó, Moya e Orgaz (2013)
demonstraram em seu estudo uma resistência por parte das empresas em relação a
proposta do IASB, devido à complexidade e aos custos de implementação
esperados. Além disso, a relutância das empresas em não reconhecer os
arrendamentos operacionais no balanço patrimonial pode ser atribuída ao aumento
dos passivos financeiros, fato este que demonstra um alto nível de endividamento da
entidade, principalmente se a organização possuir um número significativo de
contratos de leasings operacionais.
Diante desse contexto, o presente trabalho tem a seguinte problemática:
Quais os potenciais impactos nos indicadores financeiros da empresa do setor aéreo
listada na Brasil Bolsa Balcão – B3, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A., com a
15
nova forma de contabilização do arrendamento mercantil a partir da adoção da IFRS
16?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
Analisar os potenciais impactos nos indicadores financeiros da empresa do
setor aéreo listada na Brasil Bolsa Balcão – B3, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes
S.A., com a nova forma de contabilização do arrendamento mercantil a partir da
adoção da IFRS 16.
1.2.2 Específicos
De modo a alcançar o objetivo geral delimitado para esta pesquisa são
expostos os seguintes objetivos específicos:
Ajustar os valores das contas do balanço patrimonial e DRE relativos ao
exercício de 2016.
Calcular os índices financeiros (de liquidez, estrutura de capital e
rentabilidade) da companhia aérea, antes e após os demonstrativos
ajustados.
Comparar os índices financeiros, antes e após a adoção da IFRS 16.
Verificar os possíveis impactos provocados pela IFRS 16.
1.3 JUSTIFICATIVA
A implantação da IFRS 16, que se tornará obrigatória a partir de 01 de janeiro
de 2019, propõe um modelo único de contabilização dos arrendamentos mercantis.
Em decorrência da mudança proporcionada pela nova norma contábil, os efeitos
mais significativos para as companhias que possuem arrendamentos fora do
balanço estão relacionados ao aumento dos ativos, passivos financeiros e redução
do patrimônio líquido (PL). Como consequência, os índices financeiros das
empresas serão afetados também, a exemplo da alavancagem financeira. (IASB,
2016).
16
No ano de 2005, a Securities and Exchange Commission (SEC) estimou que
1,25 trilhões de dólares concernentes aos leasings não foram divulgados no balanço
patrimonial das empresas públicas dos Estados Unidos. Já no ano de 2014, a
estimativa realizada pelo IASB mostrou que quase 3,3 trilhões de dólares dos
contratos de arrendamentos estavam excluídos das demonstrações financeiras das
companhias que aplicam as IFRS e os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos
Estados Unidos (IASB, 2016).
Otimista quanto aos benefícios gerados pela IFRS 16, o IASB espera que a
aplicação da norma proporcione melhorias significativas quanto ao nível de
comparabilidade entre as companhias, dado que essas entidades irão reconhecer
ativos e passivos para quase todos os contratos de arrendamentos e mensurá-los da
mesma maneira, resultando na apresentação de demonstrações contábeis capazes
de retratar as diferentes decisões operacionais tomadas por empresas distintas
(IASB, 2016).
A comparabilidade, juntamente com a verificabilidade, tempestividade e
compreensibilidade compõem as características qualitativas de melhoria da
informação contábil-financeira (CPC 00, 2011). Conforme o exposto no
Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1) (2011), como as decisões dos usuários são
pautadas em escolhas entre alternativas, as informações divulgadas pelas
entidades, através das demonstrações contábeis, terão uma maior utilidade se
puderem ser comparadas com informações similares de outras empresas ou pela
mesma empresa em períodos diferentes. Nesse sentido, a IFRS 16 mostra-se
relevante, visto que provavelmente aperfeiçoará a comparabilidade entre as
organizações, trazendo avanços nesse aspecto tão importante para uma informação
de qualidade.
O Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1) também destaca que para ser útil a
informação não precisa somente ser relevante, é necessário também representar de
forma fidedigna o fenômeno que se propõe a retratar (CPC 00, 2011). Todavia, as
regras vigentes que disciplinam as operações de leasings não estão representando
as transações da empresa fidedignamente ao caracterizar o arrendamento
operacional como um item off-balance (fora do balanço).
Barbosa et al. (2011) confirma, por meio dos resultados obtidos na pesquisa
intitulada “O impacto da contabilização do leasing operacional no balanço
patrimonial: o caso das Cias. aéreas brasileiras TAM e GOL”, a importância do
17
registro dos arrendamentos operacionais no balanço da arrendatária. Para os
autores esse registro tem influência significativa nos indicadores de desempenho
dessas empresas, além de proporcionar uma maior transparência para as
demonstrações contábeis e influenciar o processo de tomada de decisão dos
usuários.
É importante ressaltar que para uma representação fidedigna, a essência
sobre a forma deve prevalecer, ou seja, as transações de uma organização devem
ser contabilizadas conforme a substância e realidade econômica, e não somente
considerando a sua forma legal. Iudícibus et al. (2010) afirma que a prevalência da
essência sobre a forma constitui um conceito fundamental, tornando a contabilidade
rica e informativa para administradores, investidores, credores, empregados,
governo e a sociedade em geral.
Em casos de discrepância entre a forma jurídica e a essência econômica de
determinada operação, a contabilidade deve dar prioridade a essência sobre a forma
(IUDÍCIBUS, 2009). Portanto, nas operações de arrendamentos mercantis um dos
pontos fundamentais a serem considerados é exatamente a questão da primazia da
essência sobre a forma (SOUZA, 2013).
Sendo assim, dado a relevância da comparabilidade, representação fidedigna
e transparência para a qualidade da informação contábil-financeira, a IFRS 16
pretende sanar algumas deficiências no que se refere a esses quesitos.
No que diz respeito ao impacto para os usuários das demonstrações
contábeis, a partir da aplicação da IFRS 16, as principais mudanças percebidas
serão em relação ao maior nível de transparência e comparabilidade. Os analistas
poderão visualizar a situação da companhia, sem a necessidade de realizar, por
conta própria, ajustes nas demonstrações financeiras utilizando os dados
disponíveis nas notas explicativas. (KMPG, 2016).
No que tange aos impactos por setor empresarial, de acordo com Sãcãrin
(2017), a IFRS 16 não acarretará os mesmos efeitos em todos os setores, os mais
afetados serão aqueles que possuem bens de alto valor adquiridos por meio de
leasing operacional, como é o caso de entidades comerciais, transporte aquático e
aéreo.
Similar ao estudo de Barbosa et al. (2011), que verificaram os impactos
causados na estrutura patrimonial das companhias aéreas Tam e Gol, nos anos de
2007 a 2009, resultantes da contabilização do leasing operacional análogo ao
18
financeiro, conforme previsto na minuta da IFRS 16 (o Exposure Draft ED 2010/9),
esse trabalho tem como foco a análise dos possíveis efeitos que a IFRS 16,
provocará nos índices financeiros de liquidez, estrutura de capital e rentabilidade.
Entretanto, essa pesquisa se diferencia da primeira quanto a amostra do estudo e o
período analisado, visto que terá como enfoque apenas a Gol e terá como base
somente o ano de 2016.
Portanto, em virtude da iminente adesão da IFRS 16, em substituição a IAS
17, e pelo significativo efeito no segmento aéreo, esse trabalho se justifica no
sentido de apresentar informações acerca da nova norma e demonstrar os possíveis
impactos que ela provocará nos indicadores financeiros da companhia aérea listada
na Brasil Bolsa Balcão – B3, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 BREVE HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE
ARRENDAMENTOS MERCANTIS
Derivado do verbo em inglês to lease (alugar), o termo leasing é originário dos
Estados Unidos da América (EUA), e apesar de haver indícios de que tenha surgido
há alguns séculos (mesmo que de um modo rudimentar), sua difusão data da
década de 40, quando o país norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial
emprestava materiais bélicos aos seus aliados e ao final do combate os
equipamentos poderiam ser devolvidos ou os contratantes poderiam exercer a
opção de compra (MARTINS; SOUZA; VASCONCELOS, 2008). Ainda segundo os
autores, a expansão das atividades de leasings ocorreu durante a gestão do então
presidente Roosevelt, graças a promulgação da Lend Lease Act (Lei de Empréstimo
e Arrendamento), assinada por este em 11 de março de 1941.
Já no Brasil, a normatização do arrendamento mercantil, pode ser vista como
um evento recente, em comparação as demais formas de financiamento ou outras
operações financeiras (DI AUGUSTINI; LIMA, 2001). Desse modo, a primeira
regulamentação na legislação brasileira que tratava especificamente das atividades
de arrendamentos mercantis se deu a partir da expedição da Lei nº 6.099/74, que
tinha como objetivo estabelecer o tratamento tributário dos arrendamentos mercantis
(Lei nº 6.099/74, de 12 de setembro de 1974). Alterada posteriormente pela lei nº
19
7.132/83, o arrendamento mercantil se caracterizava como o negócio jurídico que
tinha por finalidade o arrendamento de bens, acordados entre dois sujeitos: a
arrendadora (pessoa jurídica) e a arrendatária (pessoa física ou jurídica) (Lei nº
7.132/83, de 26 de setembro de 1983). Assim sendo, o arrendamento se constitui
como uma forma de locação de bens para o uso próprio de pessoas jurídicas ou
físicas.
No ano seguinte, mais precisamente em 13 de dezembro de 1984, em virtude
da publicação da lei nº 7.132/83, o Banco Central do Brasil (BACEN) emitiu a
resolução nº 980, com o objetivo de regulamentar novas operações de
arrendamentos mercantis, trazendo mudanças quanto a estrutura das sociedades
autorizadas a prática dessas atividades e revogando as seguintes resoluções: 351
de 17/11/75, 662 de 17/12/80, 678 de 22/01/81,908de 05/04/84 e os itens V, VI, VII e
VIII da Resolução nº 869 de 20/12/83 (Resolução nº 980, de 13 de dezembro de
1984).
Assinada em 28 de agosto de 1996, a Resolução nº 2.309 trouxe uma
inovação, a classificação do leasing em duas modalidades: financeiro e operacional
(Resolução nº 2.309, de 28 de agosto de 1996). Barbosa et al. (2011) destaca a
importância dessa categorização, posto que a distinção entre arrendamento
operacional ou financeiro é o principal fator para determinar o tratamento contábil
adequado.
De acordo com Di Augustini e Lima (2001), alguns pontos ainda precisavam
ser ajustados para tornar viável as operações de leasings operacionais, portanto, em
10 de fevereiro de 1998 o BACEN divulgou a Resolução nº 2.465, alterando a
redação a respeito das características do arrendamento mercantil operacional.
Quase uma década depois, a publicação da Lei nº 11.638/07, que alterou e
revogou dispositivos da Lei nº 6.404/76 e da Lei nº 6.385/76 produziu efeitos nas
operações de arrendamentos mercantis, decorrentes da nova redação inserida no
inciso IV do artigo 179. O referido artigo evidencia que devem fazer parte do ativo
imobilizado da companhia os bens corpóreos destinados à manutenção das
atividades desta ou exercidos com esse fim, incluindo nesse rol os bens decorrentes
de transações que transfiram à empresa seus benefícios, riscos e controle (Lei nº
11.638, de 26 de setembro de 2007).
Anterior a lei mencionada, os bens arrendados, seja através de arrendamento
operacional ou financeiro, não eram reconhecidos como ativo ou passivo pelo fato
20
da empresa não possuir o título de propriedade, logo, os dois tipos de leasings eram
classificados na contabilidade da arrendatária como despesa no momento do
vencimento das respectivas prestações. Entretanto, a mudança no conceito de ativo
imobilizado possibilitou à companhia, mesmo esta não sendo detentora da
propriedade do bem, classificá-lo no ativo quando detiver os benefícios, riscos e
controle desses bens, modificando a forma como o arrendamento mercantil
financeiro era contabilizado, tendo a partir de então, que reconhecer um ativo e um
passivo (Iudícibus et. al., 2010).
Já no ano de 2008 foi aprovado e divulgado o Pronunciamento Técnico CPC
06, sido revogado mais tarde (no ano de 2010) pela norma que permanece
atualmente em vigor.
2.2 TRATAMENTO DO LEASING: ANTES E APÓS A ADOÇÃO DA IFRS 16
2.2.1 Conceitos de leasing
O leasing ou arrendamento mercantil é conceituado atualmente como o
acordo no qual o proprietário do bem, na qualidade de arrendador, transmite ao
arrendatário o direito de utilizar esse bem durante o período contratado, em troca de
pagamento ou série de pagamentos (CPC 06, 2010).
Segregado em leasing financeiro e operacional a primeira modalidade é
análoga a uma compra financiada, já o segundo tipo pode ser equiparado a um
contrato de aluguel, no qual o arrendamento mercantil financeiro transita pelo
balanço patrimonial, diferentemente do operacional em que as parcelas são
transferidas ao resultado quando incorridas (BARBOSA et al., 2011). Para os
autores esse tratamento diferenciado é a essência da controvérsia na contabilização
do leasing.
No que concerne à definição de leasing proposta na IFRS 16, esse o
conceitua como um contrato que transfere ao arrendatário o direito de uso de um
ativo durante um período, mediante pagamento (IASB, 2016). Porém, não existe
mais a classificação de arrendamento mercantil operacional e financeiro, em vez
disso, o novo regulamento trata todos os arrendamentos como se fossem um
arrendamento financeiro, ou seja, os bens são capitalizados e passam a integrar o
ativo e o passivo da arrendatária, conforme apresenta a figura 1:
21
Figura 1 - Reconhecimento dos leasings, antes e após a IFRS 16
Fonte: IASB (2016)
Os únicos contratos de leasings que a IFRS 16 não exige que passem a
compor o balanço patrimonial de uma entidade são os inferiores a um ano e os
considerados como de baixo valor (IASB, 2016).
Como consequência da adoção de um modelo único de contabilização dos
arrendamentos, o tratamento das despesas será também alterado, uma vez que
todos os leasings passam a reconhecer despesas de depreciação e financeiras,
como ilustra a figura 2:
Figura 2- Reconhecimento das despesas de leasings, antes e após a IFRS 16
Fonte: adaptado do IASB (2016)
22
2.2.2 Reconhecimento inicial
Segundo as regras contábeis em vigência, o reconhecimento inicial de um
arrendamento dependerá se o mesmo se encaixa como financeiro ou operacional.
De acordo com o CPC 06 (R1) (2010) a classificação de um arrendamento
mercantil como financeiro ou operacional depende acima de tudo da essência da
transação, nesse caso, a forma contratual fica em segundo plano. Assim, o presente
Pronunciamento Técnico cita algumas situações que podem caracterizar um
arrendamento mercantil como financeiro, dentre as quais podem ser evidenciadas as
seguintes: Quando há transferência da propriedade do ativo para o arrendatário
findo o contrato; Quando da opção de compra do ativo arrendado, espera-se que o
preço praticado seja suficientemente mais baixo do que o valor justo; o prazo do
leasing diz respeito à maior parte da vida econômica do ativo; o valor presente dos
pagamentos mínimos atinge pelo menos substancialmente todo o valor justo do bem
alvo do arrendamento; e por fim, os ativos arrendados são de caráter especializado,
restringindo o uso somente ao arrendatário e sem grandes alterações. Quanto ao
arrendamento operacional, na seção destinada as definições, este é citado como um
arrendamento mercantil distinto de um arrendamento mercantil financeiro.
Desse modo, no caso de leasing financeiro, a arrendatária deve contabilizar
os bens arrendados no balanço patrimonial da companhia, integrando-os ao ativo e
passivo por valores iguais ao valor justo do bem arrendado ou, se menor, ao valor
presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil. Além do mais, ao
valor que será reconhecido como ativo, deverá ser acrescido quaisquer custos
diretos iniciais que o arrendatário tenha que arcar (CPC 06, 2010).
Pinheiro, Reis e Ribeiro (2014) reforçam que o arrendamento financeiro por
apresentar as características do novo conceito de ativo contidas na Lei nº 11.638/07
deve compor o ativo imobilizado da empresa arrendatária, tendo como consequência
diversos efeitos sobre os índices financeiros, sobretudo o aumento do indicador de
endividamento.
Diferente do leasing financeiro, a modalidade operacional fica de fora do
balanço, sendo apenas transferidas mensalmente para o resultado durante o prazo
contratual, as despesas referentes aos pagamentos das prestações (CPC 06, 2010).
No que diz respeito a IFRS 16, em primeiro lugar, a entidade deve analisar o
contrato e determinar se este faz referência a um arrendamento ou não, levando em
23
conta se este acordo prevê o direito de o contratante controlar o uso de um ativo
identificado durante o prazo do acordo. Em caso afirmativo, por meio da adoção de
um modelo único para a contabilização das operações de leasings, a arrendatária
deve fazer o reconhecimento no balanço da empresa de um ativo de direito de uso e
a respectiva obrigação no passivo (IASB, 2016).
Esse direito de uso do ativo deve ser mensurado com base em seu custo, do
qual fazem parte os seguintes itens: quantia do passivo relativo ao arrendamento,
pagamentos efetuados a título de adiantamento, custos iniciais sob a
responsabilidade do arrendatário, custos estimados para o desmonte e remoção do
ativo em uso e a exclusão de quaisquer incentivos de arrendamentos recebidos
(IASB, 2016).
Já o passivo de arrendamento é medido pelo valor presente dos pagamentos
que o arrendatário terá que desembolsar. Assim como disposto no CPC 06, a IFRS
16 estabelece que para calcular o valor presente dos pagamentos é empregada a
taxa de desconto implícita do arrendamento, porém caso não seja possível a
determinação dessa, é necessário o uso da taxa incremental de financiamento
(IASB, 2016).
Os pagamentos gerados pelo direito de uso de determinado ativo assumido
pelo arrendatário, são compostos da seguinte forma: pagamentos fixos, pagamentos
variáveis que dependem de um índice ou taxa, quantias que o arrendatário terá que
pagar sob garantia de valor residual, o preço pela razoável certeza do exercício da
opção de compra e os pagamentos de penalidades para rescisão contratual (IASB,
2016).
2.2.2 Mensuração subsequente
Levando em consideração as diretrizes do CPC 06 (2010) (R1), após o
reconhecimento inicial de um ativo obtido através de arrendamento, no caso do
financeiro, deve ser realizada mensalmente a apropriação dos encargos financeiros.
Logo, durante o período de duração do contrato do leasing deve ser efetuado o
reconhecimento das despesas financeiras na DRE.
O arrendatário também precisa lançar no resultado as despesas resultantes
da depreciação desses ativos arrendados. O prazo de depreciação dependerá da
razoável certeza de que o arrendatário irá optar por adquirir o ativo ao final do prazo
24
do arrendamento. Em vista disso, caso não haja essa razoável certeza da
transferência da propriedade do bem para o arrendatário, o mesmo deverá ser
depreciado totalmente durante o prazo do acordo ou da sua vida útil, dos dois o
menor. Em contrapartida, se for praticamente certo a aquisição do ativo, o
arrendatário deve depreciá-lo conforme a sua vida útil. Além das duas despesas
mencionadas, caso tenham que ser realizados desembolsos relacionados a
pagamentos contingentes, esses devem ser levados a resultado nos períodos em
que ocorreram (CPC 06, 2010).
Já em relação ao passivo do arrendamento esse deve ser reduzido
mensalmente, em razão dos pagamentos efetuados.
Conforme a IFRS 16, após a contabilização dos contratos de leasings como
um ativo de direito de uso e a correspondente obrigação no balanço patrimonial da
empresa, o arrendatário deve fazer o reconhecimento das despesas de depreciação,
por meio da aplicação da IAS 16 - Imobilizado (IASB, 2016).
A empresa arrendatária deve também realizar a amortização da dívida do
arrendamento, de modo a refletir os pagamentos efetivados e reconhecer as
despesas incorridas com juros. O arrendatário ainda necessita levar a resultado as
despesas com pagamentos variáveis que não foram acrescidos na mensuração do
passivo e qualquer perda por redução ao valor recuperável (IASB, 2016).
2.3 EFEITOS DA IFRS 16 NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Como consequência da transição para a IFRS 16, os demonstrativos
contábeis das organizações serão afetados.
Segundo o IASB (2016), no balanço patrimonial, espera-se um aumento nos
ativos e passivos, e em contrapartida a redução do patrimônio líquido. Assim, haverá
um acréscimo do ativo não circulante, enquanto isso, o passivo será ampliado tanto
no curto quanto no longo prazo. No caso do patrimônio líquido, a redução ocorrerá
tendo em vista que o valor contábil dos ativos arrendados normalmente diminuirá
mais rápido do que o valor contábil do passivo pertinente ao arrendamento.
Em relação a DRE, ao contrário dos efeitos expressivos previstos no balanço
patrimonial, o reflexo da IFRS 16 no lucro ou prejuízo não se configura como
significativo. Conforme o IASB (2016), as mudanças ocasionarão um aumento no
EBITDA e lucro operacional. Isso irá acontecer, uma vez que as despesas com os
25
juros dos arrendamentos não entram para o cálculo de ambos. Diferente, quando da
aplicação da IAS 17/CPC 06 em que despesas com os pagamentos dos leasings
operacionais estavam inclusas como parte das despesas operacionais e
colaboravam com a redução do lucro operacional e consequentemente do EBITDA.
Quanto a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), a implementação da IFRS
16, não irá impactar nos desembolsos realizados, somente afetará a estrutura dos
fluxos de caixa. Considerando a IAS 17/CPC 06 as saídas de caixas referentes aos
pagamentos dos arrendamentos fora do balanço eram evidenciados como atividades
operacionais, já com a IFRS 16 as saídas terão efeitos nos fluxos de caixas de
financiamento.
Evidencia-se, então, que dentre as demonstrações financeiras alteradas pela
IFRS 16, o efeito mais expressivo poderá ser visualizado no balanço patrimonial. .
2.4 ESTUDOS ANTERIORES
Tendo em vista que a IFRS 16 trará mudanças quanto ao tratamento das
operações de arrendamentos mercantis, foram desenvolvidos estudos envolvendo
essa temática, a fim de verificar os possíveis impactos que a nova norma causará
nas organizações, principalmente em relação aos índices financeiros. Destarte, são
apresentadas algumas pesquisas nessa área, inclusive aquelas que tratam
inicialmente das minutas da IFRS 16, o Exposure Draft ED/2010/9 e o ED/2013/6.
Branswijck, Everaert e Longueville (2011) investigaram o impacto nas
empresas situadas na Bélgica e Holanda, no ano de 2008, em decorrência da
capitalização dos arrendamentos operacionais em seus balanços patrimoniais.
Como resultado, os autores verificaram que os índices passivo/patrimônio líquido,
ROA e os índices atuais são afetados de forma significativa pelas alterações
previstas no Exposure Draft ED/2010/9, publicado no ano de 2010. Além do mais,
verificaram-se que os efeitos nos índices financeiros diferem entre os setores.
O estudo elaborado por Singh (2012) teve como objetivo averiguar o impacto
da capitalização do arrendamento operacional nas demonstrações financeiras e 11
índices financeiros em restaurantes e empresas de varejo, no período compreendido
de 2006 a 2008. O resultado da pesquisa mostrou que os dois setores analisados
terão mudanças significativas em todos os 11 índices financeiros relacionados à
26
cobertura de juros, alavancagem e rentabilidade. Entretanto, as empresas de varejo
serão mais impactadas do que os restaurantes.
Batista e Formigoni (2013), desenvolveram um estudo com o intuito de
investigar como as modificações nas regras contábeis das operações de
arrendamentos mercantis propostas no Exposure Draft ED/2010/9 impactariam as
demonstrações contábeis e os indicadores financeiros das companhias abertas
brasileiras arrendatárias de leasings operacionais. Para tanto, os autores
selecionaram uma amostra composta por 32 empresas que mantinham acordos de
arrendamentos operacionais, e por meio do cálculo e análise dos indicadores
financeiros de liquidez, endividamento e rentabilidade (antes e após a adoção da
norma), referente ao ano de 2010, chegaram à conclusão que o reconhecimento
inicial do ED/2010/9 teve um reflexo significativo tanto nas demonstrações
contábeis, quanto nos índices financeiros dessas entidades, resultando em um
aumento do endividamento e diminuição da liquidez e da rentabilidade.
O trabalho realizado por Fitó, Moya e Orgaz (2013) avaliou os potenciais
efeitos da capitalização dos arrendamentos operacionais em 52 empresas listadas
no mercado de ações da Espanha, nos anos de 2008 a 2010. Os resultados obtidos
mostraram que a inclusão do leasing operacional no balanço patrimonial das
respectivas empresas afetou os índices financeiros significativamente. Além do mais,
observou-se que os setores de energia e varejo foram os mais impactados.
Martins et al. (2014) buscaram analisar os efeitos das alterações propostas no
Exposure Draft ED/2010/09, em relação a capitalização do arrendamento
operacional, nos indicadores de estrutura de empresas do subsetor de transporte
listadas na Bovespa. De modo a atingir o objetivo da pesquisa, a metodologia
aplicada pelos autores consistiu na simulação das propostas contidas no ED/2010/9,
possibilitando realizar os ajustes nos balanços patrimoniais das empresas.
Posteriormente, foram calculados os índices de estrutura (antes e após a aplicação
do ED/2010/9) e procedeu-se o tratamento estatístico, utilizando o teste paramétrico
t de Student para amostras emparelhadas, a fim de constatar se as alterações
previstas podem provocar diferenças significativas nos indicadores testados. O
resultado do estudo demonstrou que os índices de endividamento, imobilização do
patrimônio líquido e imobilização dos recursos não correntes, sofreram efeitos
significativos. Além disso, foram evidenciados que no ano de 2011 um montante no
27
valor de 3,8 bilhões de reais, referente a contratos de arrendamentos operacionais,
não transitaram pelo balanço patrimonial das empresas analisadas.
O artigo produzido por Wong e Joshi (2015) objetivou promover informações a
respeito das novas regras contábeis concernentes ao arrendamento mercantil
contidas no Exposure Draft ED/2013/6 e apresentar os efeitos nas demonstrações
financeiras e nos índices financeiros das principais empresas da Austrália, a partir
da capitalização dos leasings operacionais. Verificou-se, portanto, que as
demonstrações financeiras terão uma mutação significativa. Logo, os números no
balanço patrimonial e demonstração do resultado sofrerão um impacto relevante, e
como consequência afetará índices de retorno e alavancagem. Os resultados
demonstraram aumento nos índices de endividamento passivo/patrimônio líquido e
passivo/ativo, já o ROA e o ROE apresentaram uma redução.
Sari, Altintas e Taz (2016) desenvolveram uma pesquisa com o intuito de
mostrar o impacto da IFRS 16 nas demonstrações e índices financeiros das
empresas de varejo listadas na Bolsa de Istambul, durante o período de 2010 a
2013. Fazendo uso do método de capitalização foi efetuada uma simulação do
resultado previsto, a partir da nova norma. Assim, os resultados apontaram que o
novo padrão de arrendamentos, estatisticamente falando, promoverá efeitos
significativos em alguns dos índices financeiros testados (passivo/ativo,
passivo/patrimônio líquido, retorno sobre ativos e retorno sobre o patrimônio líquido).
O estudo de caso desenvolvido por Öztürk e Serçemeli (2016), teve como
foco analisar os reflexos provocados pela IFRS 16 nos índices e demonstrações
financeiras de uma companhia aérea da Turquia, a Pegasus Company Airlines, no
ano de 2015. Em virtude da inserção dos arrendamentos operacionais no balanço,
segundo os resultados obtidos no estudo haverá aumentos significativos nos ativos
e passivos e isso originará um aumento do índice passivo/patrimônio líquido e
passivo/ativo e o decréscimo do ROA e ROE.
A pesquisa de Arrozio, Gonzalez e Silva (2016) analisou as operações de
arrendamentos mercantis operacionais de 17 companhias listadas na Bolsa de
Valores Brasileira BMF&Bovespa dos segmentos de atacado e varejo, na qualidade
de arrendatárias, e os efeitos da divulgação da IFRS 16 nos índices financeiros
destas. Foram utilizadas as informações constantes nos demonstrativos contábeis
do ano de 2015 para efetivar o cálculo dos indicadores de liquidez, endividamento e
alavancagem. Sendo assim, estes foram calculados de duas formas: com base nas
28
normas contábeis atuais constantes no CPC 06, ou seja, considerando os contratos
de leasings operacionais como item off balance e adotando as novas regras
divulgadas na IFRS 16, isto é, capitalizando os arrendamentos operacionais. Com o
intuito de verificar se existiriam diferenças significativas nos indicadores financeiros
das companhias analisadas, foi empregado o teste estatístico dos postos com sinais
de Wilcoxon e os resultados alcançados demonstraram um impacto significativo na
estrutura patrimonial dessas organizações. A pesquisa ainda revelou um acréscimo
no nível de endividamento, na alavancagem financeira e um decréscimo na liquidez.
O trabalho realizado por Sãcãrin (2017) teve como foco apresentar, através
da comparação da IFRS 16 e IAS 17, as principais consequências que a aplicação
do novo padrão causará nas organizações, em relação as demonstrações
financeiras e aos indicadores financeiros. O estudo mostra que os ativos e passivos
publicados nas demonstrações financeiras aumentarão, assim como os indicadores
de rentabilidade EBITDA e EBIT. Ao contrário da liquidez corrente e índice de
endividamento que serão reduzidos.
Abaixo segue o quadro 1 com o resumo dos estudos anteriores sobre a IFRS
16 e as minutas dessa norma contábil (o ED/201/9 e o ED/2013/6), contendo as
seguintes informações: Autor (es), ano de publicação, título e objetivo da pesquisa.
Quadro 1 - Resumo dos estudos sobre a IFRS 16, o ED/2010/9 e o ED/2013/6 Autor (es) / Ano de
publicação Título Objetivo
Branswijck, Everaert e Longueville (2011)
The Financial Impact of the Proposed Amendments to IAS 17: Evidence from Belgium and the Netherlands.
Averiguar o impacto das modificações propostas no Exposure Draft ED/2010/09 em organizações da Bélgica e Holanda, no período de 2008.
Singh (2012)
Proposed Lease Accounting Changes Implications for the Restaurant and Retail Industries
Investigar o impacto da capitalização do arrendamento operacional nas demonstrações contábeis e 11 indicadores financeiros de empresas de varejo e restaurantes, nos anos de 2006 a 2008.
Batista e Formigoni (2013)
Arrendamento Mercantil Operacional: As Mudanças Propostas Pelos Organismos Internacionais e Seus Efeitos nas Empresas Brasileiras
Identificar os efeitos que as mudanças propostas no ED/2010/9 causariam nos demonstrativos contábeis e indicadores financeiros das companhias brasileiras arrendatárias de leasings operacionais.
Fitó, Moya e Orgaz (2013)
Considering the effects of operating lease capitalization on key financial ratios
Apontar a relevância dos potenciais efeitos do ED/2010/9 em 52 empresas espanholas, nos anos de 2008 a 2010, bem como apresentar o setor mais afetado.
29
(conclusão) Autor (es) / Ano de
publicação Título Objetivo
Martins et al. (2014)
Reflexos da Capitalização do Leasing Operacional nos Indicadores de Estrutura de Empresas do Subsetor de Transportes Listadas na Bovespa
Analisar os reflexos que a capitalização do arrendamento mercantil operacional, segundo proposta do ED/2010/09, gerará nos indicadores de estrutura de empresas brasileiras do subsetor de transporte.
Wong e Joshi (2015)
The Impact of Lease Capitalisation on Financial Statements and Key Ratios: Evidence from Australia
Averiguar o impacto da minuta da norma contábil que trata dos arrendamentos mercantis.
Sari, Altintas e Taz (2016)
The Effect of the IFRS 16: Constructive capitalization of Operating Leases in the Turkish Retailing Sector
Ilustrar o impacto da IFRS 16 nas demonstrações e indicadores financeiros em empresas turcas, pertencentes ao setor de varejo.
Öztürk e Serçemeli (2016)
Impact of New Standard “IFRS 16 Leases” on Statement of Financial Position and Key Ratios: A Case Study on an Airline Company in Turkey
Examinar os efeitos nos demonstrativos contábeis e indicadores financeiros de uma companhia do segmento aéreo, após a transição para a IFRS 16.
Arrozio, Gonzalez e Silva (2016)
Alterações nos Indicadores Financeiros das Companhias do Setor de Atacado e Varejo Decorrentes da Nova Contabilização do Arrendamento Mercantil Operacional
Analisar os reflexos da adoção da IFRS 16 nos indicadores financeiros de 17 companhias de atacado e varejo listadas na bolsa de valores brasileira, no período de 2015.
Sãcãrin (2017)
IFRS 16 “Leases” – Consequences on the Financial Statements and Financial Indicators
Demonstrar as consequências que a adesão da IFRS 16 gerará nas demonstrações e índices financeiros das entidades, realizando um comparativo entre a nova norma e a IAS 17.
Fonte: Elaborado pela autora (2017)
3 METODOLOGIA
3.1 UNIVERSO E AMOSTRA
Conforme Vergara (1998), o conceito de população se refere ao conjunto de
elementos que tem determinadas características que serão objeto de um estudo,
enquanto isso, a população amostral ou simplesmente amostra constitui apenas
uma parte desse universo.
Desse modo, para realização dessa pesquisa, pensou-se inicialmente em
analisar, da população das empresas listadas na Brasil Bolsa Balcão – B3, a
amostra pertencente ao setor de transporte, em função da elevada quantidade de
leasings que essas entidades possuem. Esse segmento é constituído por 12
30
organizações, distribuídas da seguinte forma: 02 fazem parte do setor aéreo, 06 são
responsáveis pelo transporte ferroviário, 02 pertencem ao setor hidroviário e as 02
restantes integram o transporte rodoviário.
No entanto, foi inviável seguir a ideia inicial, posto que, após a análise das
demonstrações contábeis das mesmas, verificou-se que apenas a Gol Linhas
Aéreas Inteligentes S.A. detinha as informações necessárias para tornar possível o
presente estudo. Sendo assim, esse estudo será baseado somente nessa
companhia.
3.2 COLETA DOS DADOS
Os dados foram coletados do conjunto das demonstrações contábeis da Gol
Linhas Aéreas Inteligentes S.A., incluindo as notas explicativas, relativas ao
exercício findo em 31 de dezembro de 2015 e 2016.
Para a viabilidade dessa pesquisa era necessário, sobretudo, que a empresa
divulgasse em notas explicativas do exercício de 2015, os pagamentos mínimos
futuros de arrendamentos operacionais. Verificaram-se, portanto, as informações
publicadas pela companhia e constataram-se os dados requeridos. Observou-se
também, nas notas explicativas de 2016, se constava a informação referente a taxa
de desconto utilizada para o cálculo a valor presente dos pagamentos mínimos dos
arrendamentos e a taxa de depreciação anual aplicada ao imobilizado adquirido por
meio de leasing, deparando-se com uma taxa de 4,52% e 5,6%, respectivamente.
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS
O tratamento dos dados para o estudo em questão se deu a partir da análise
dos demonstrativos contábeis da Gol. De posse das informações necessárias, foram
realizados os ajustes nas contas patrimoniais e de resultado do ano de 2016,
adotando os seguintes procedimentos:
Aplicando-se a taxa de desconto do ano de 2016 aos pagamentos mínimos
dos arrendamentos mercantis operacionais constantes nas notas explicativas de
2015 determinou-se o valor presente dos mesmos, adicionando a quantia
encontrada ao saldo da conta “imobilizado” e acrescentando o valor total das
contraprestações na conta “empréstimos e financiamentos”, assim como o registro
31
dos encargos financeiros a apropriar, obtidos por meio da diferença entre o
montante das contraprestações e o valor integrado ao ativo imobilizado da entidade.
Quanto ao cálculo da depreciação acumulada empregou-se a taxa anual do
exercício de 2016 ao valor do imobilizado anteriormente apurado, reduzindo o saldo
do imobilizado e relacionando a respectiva despesa na DRE. Em seguida, realizou-
se a apropriação dos encargos financeiros, isto é, o reconhecimento de uma
despesa financeira a crédito dos encargos financeiros a apropriar.
De maneira a evidenciar os pagamentos das prestações dos arrendamentos
foram reduzidas da conta “caixa e equivalentes de caixa” e “empréstimos e
financiamentos”, o valor referente aos pagamentos mínimos de 2016.
Além disso, o montante que havia sido reconhecido anteriormente como
despesa e o desembolso relativo aos arrendamentos operacionais, contabilizados
segundo as regras previstas no CPC 06, foram estornados, reduzindo as despesas
incorridas pela empresa e ampliando a conta “caixa e equivalentes de caixa”.
Após ajustados os saldos das contas do balanço e DRE, selecionaram-se os
indicadores financeiros a serem calculados, conforme apresenta o quadro 2:
Quadro 2 - Indicadores Financeiros Indicadores Financeiros Sigla Metodologia de cálculo
Liquidez Geral LG (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante)
Participação de Capital de Terceiros Sobre os Recursos Totais
P/AT Exigível Total / Ativo Total
Participação de Capital de Terceiros PCT Exigível Total / Patrimônio Líquido Imobilização do Patrimônio Líquido IPL Ativo Imobilizado / Patrimônio Líquido Margem Bruta MB Lucro Bruto / Receitas Líquidas x 100 Margem Líquida ML Lucro Líquido / Receitas Líquidas x 100 Retorno Sobre o Ativo ROA Lucro Líquido / Ativo Total x 100
Fonte: Elaborado pela autora (2017)
4 ANÁLISE DOS DADOS
4.1 ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL E DRE
O reconhecimento de todos os arrendamentos no balanço patrimonial,
conforme determinação da IFRS 16, provocará mutações nos saldos das contas
patrimoniais e de resultado da Gol, conforme demonstra as tabelas 1 e 2:
32
Tabela 1 – Balanço patrimonial, antes e após os ajustes da IFRS 16
Contas Antes dos Ajustes da
IFRS 16
Após os Ajustes da
IFRS 16
Variação Absoluta
Variação Relativa
Ativo Total 8.404.355 14.403.389 5.999.034 71,38% Passivo Total 8.404.355 14.403.389 5.999.034 71,38% Passivo 11.761.106 17.435.615 5.674.509 48,25% Patrimônio Líquido Consolidado -3.356.751 -3.032.226 324.525 -9,67% Lucros e Prejuízos Acumulados -7.312.458 -6.987.933 324.525 -4,44%
Fonte: Elaborado pela autora (2017)
Tabela 2 – DRE, antes e após os ajustes da IFRS 16
Contas Antes dos Ajustes da
IFRS 16
Após os Ajustes da
IFRS 16
Variação Absoluta
Variação Relativa
Receita de Venda de Bens e/ou Serviços
9.867.335 9.867.335 - -
Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos
7.558.122 6.933.267 -624.855 -8,27%
Resultado Bruto 2.309.213 2.934.068 624.855 27,06% Resultado Financeiro 664.877 364.547 -300.330 -45,17% Lucro/Prejuízo Consolidado do Período
1.102.364 1.426.889 324.525 29,44%
Fonte: Elaborado pela autora (2017)
Analisando o balanço patrimonial da Gol, antes e após os reflexos da IFRS
16, evidencia-se um aumento de 71,38% no ativo total, que pode ser explicado pelo
fato de ter sido ativado os bens oriundos dos contratos de leasings operacionais no
ativo não circulante e cuja maior variação atribuída a esse grupo corresponde ao
imobilizado da empresa.
Similar ao ativo, o exigível total também teve um acréscimo, apresentando
uma variação absoluta e relativa de R$ 5.674.509,00 e 48,25%, respectivamente,
em razão do reconhecimento das obrigações referentes aos pagamentos dos
arrendamentos operacionais no subgrupo de empréstimos e financiamentos. O
aumento evidenciado no passivo da Gol corrobora o motivo das empresas serem
contrárias ao reconhecimento dos arrendamentos operacionais no balanço
patrimonial.
Quanto ao patrimônio líquido, esse também variou positivamente, uma vez
que o prejuízo acumulado da empresa teve uma redução de 4,44%, refletindo uma
variação absoluta de R$ 324.525,00 no PL.
É importante ressaltar que em razão do patrimônio líquido se encontrar
negativo, isso pode acarretar distorções nos resultados dos indicadores financeiros,
motivo pelo qual foi excluído da análise o cálculo do Retorno Sobre o Patrimônio
(ROE), entretanto, optou-se por permanecer com a análise do PCT e IPL.
33
Evidenciando a igualdade existente entre o ativo total e o passivo total da
empresa, ambos apontaram uma variação absoluta de 5.999.034,00 e uma variação
relativa de 71,38%.
Levando em consideração a importância dos leasings operacionais para as
atividades exercidas pela Gol, uma vez que, segundo consta nas notas explicativas
do ano de 2016, das 130 aeronaves que a companhia opera, 96 provém de
arrendamentos mercantis operacionais, acredita-se que a adoção da nova norma
causará impactos significativos, com o potencial acréscimo nos ativos e nos
passivos, assim como ratificado pela simulação realizada nesse trabalho.
Em relação a DRE, diferente do tratamento anterior dado ao leasing
operacional, que reconhecia no resultado apenas os pagamentos das prestações
mensais, as alterações evidenciadas nesse demonstrativo financeiro são motivadas
pela contabilização das despesas com depreciação dos ativos arrendados e as
despesas financeiras atreladas a apropriação mensal dos encargos financeiros. Isso
terá reflexos diretamente no lucro bruto e no resultado financeiro da organização.
Portanto, os custos dos bens e/ou serviços vendidos sofreram um decréscimo
de 8,27%, apesar do lançamento das despesas com depreciação passarem a
integrar essa conta. A diminuição pode ser compreendida, pois, quando dos ajustes
da DRE, os valores relativos as despesas com arrendamentos operacionais,
anteriormente reconhecidas com base no CPC 06, foram excluídas e como se
tratava de um montante maior acabou por reduzir a presente despesa, aumentando
o lucro bruto em 27,06%.
Como a IFRS 16 não apresentou reflexos nas despesas e receitas
operacionais, o lucro bruto e o lucro operacional expressaram a mesma variação
relativa, uma expansão de R$ 624.855,00. Já, o resultado financeiro variou
negativamente em 45,17%, graças a ampliação das despesas financeiras.
No que tange ao lucro consolidado do período da Gol, por mais que tenham
sido incorridas novas despesas mediante a aplicação da IFRS 16, como enfatizado
anteriormente, o fato de ter sido excluídos o valor de R$ 996.945,00 de despesas
correspondentes aos pagamentos dos leasings operacionais, o montante das
despesas deixadas de fora na DRE ajustada superou as despesas incluídas,
afetando o lucro da empresa. Assim sendo, o lucro consolidado do período expôs
uma variação relativa de 29,44%, cujo incremento corresponde a R$ 324.525,00.
34
4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES FINANCEIROS
Com o intuito de verificar os possíveis reflexos nos índices financeiros da Gol
Linhas Aéreas Inteligentes S.A. dado a nova forma de contabilização dos
arrendamentos mercantis, os índices de liquidez, estrutura de capital e rentabilidade
do ano de 2016 foram calculados, conforme mostra a tabela 3:
Tabela 3 - Indicadores financeiros referentes ao ano de 2016, antes e após os ajustes dos demonstrativos contábeis, a partir da IFRS 16
Indicadores Financeiros
Antes dos Ajustes da IFRS 16
Após os Ajustes da IFRS 16
Variação Absoluta
Variação Relativa
LG 0,31 0,19 -0,12 -38,71% P/AT 1,40 1,21 -0,19 -13,57% PCT -3,50 -5,75 -2,25 64,29% IPL -0,90 -3,07 -2,17 241,11%
MB 23,40 29,74 6,34 27,09%
ML 11,17 14,46 3,29 29,45%
ROA 13,12 9,91 -3,21 -24,47%
Fonte: Elaborado pela autora (2017)
Verificando os índices financeiros, antes e após os efeitos da IFRS 16,
observa-se que as três maiores variações registradas correspondem a Imobilização
do Patrimônio Líquido, Participação de Capital de Terceiros e Liquidez Geral, que
apresentaram uma variação relativa de 241,11%, 64,29%, e -38,71%,
respectivamente. Nota-se que os índices mais impactados são os que foram
calculados com base somente nas contas patrimoniais, e como o balanço
patrimonial foi alvo de grandes alterações, isso refletiu nos referidos indicadores
financeiros.
Refletindo individualmente sobre cada índice, percebe-se que a alteração do
IPL foi motivada pelo crescimento do imobilizado da empresa, em razão do registro
a valor presente das aeronaves provenientes dos arrendamentos mercantis
operacionais.
Em relação ao PCT, esse sofreu tamanha mutação devido ao elevado
aumento do exigível total, que cresceu a partir da contabilização das dívidas
assumidas perante os arrendadores de leasings operacionais.
No que diz respeito a LG, a mesma apresentou um decréscimo, em
decorrência da diminuição do ativo circulante pelo desembolso realizado e
35
principalmente pela adição do passivo pelas dívidas reconhecidas, ocasionando um
declínio na capacidade de pagamento a longo prazo da Gol.
O índice financeiro que teve o menor impacto, considerando a variação
relativa, foi a Participação de Capital de Terceiros Sobre os Recursos Totais, com
uma redução de 13,57%. O referido indicador apresentou um resultado maior que 1,
em razão do PL da Gol está negativo, expondo que o passivo está financiando todo
o ativo e ainda o patrimônio líquido. Já a diminuição do índice foi ocasionada pelo
aumento do ativo total, e embora o passivo também tenha sido ampliado, o primeiro
exibiu uma variação absoluta de R$ 5.999.034,00, enquanto o segundo, demonstrou
uma alteração de 5.674.509,00. Observa-se também que ao contrário dos outros
índices calculados por meio da relação entre contas patrimoniais e que retrataram os
maiores efeitos (o PCT, IPL e LG), o mesmo não evidenciou uma grande
modificação pelo fato de não existir uma discrepância entre o numerador e o
denominador, antes e mesmo após os ajustes da IFRS 16.
Quanto aos indicadores de rentabilidade, Margem Bruta, Margem Líquida e
Retorno Sobre o Ativo, nota-se que foram os indicadores que apresentaram a maior
variação, em termos absolutos, exibindo um crescimento de 6,34, 3,29 e uma
redução de -3,21, respectivamente. A mudança favorável da MB pode ser explicada
em razão do aumento do lucro bruto, devido à baixa dos custos dos bens e/ou
serviços vendidos. A ML também oscilou positivamente, contudo, menos que a MB,
tendo em vista que a segunda utiliza para o cálculo o lucro bruto, enquanto a
primeira faz uso do lucro líquido, e este em comparação ao lucro bruto é menor, em
decorrência das despesas financeiras. Ainda falando sobre a MB e ML da Gol, como
estas exibiram uma melhoria, isso significa que o negócio está gerando para a
empresa uma maior rentabilidade em relação as suas receitas de vendas.
No que se refere ao ROA, ao contrário dos demais indicadores de
rentabilidade, esse teve uma redução de 24,47%, que pode ser compreendido ao
analisar o crescimento do lucro líquido e do ativo total da empresa, ou seja, das
contas envolvidas para o cálculo do referido índice. Percebe-se, portanto, que
apesar de ambos apresentarem um acréscimo, como o ativo total cresceu em uma
proporção maior em comparação ao lucro líquido, isso ocasionou a diminuição do
ROA, evidenciando-se uma baixa na rentabilidade da empresa gerada a partir de
seus ativos, isto é, os ganhos gerados através do capital investido nos ativos foram
menores.
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Corroborando os estudos de Öztürk e Serçemeli (2016); Sãcãrin (2017), esse
trabalho demonstra o aumento do ativo e passivo da empresa, em função dos
arrendamentos operacionais. Quanto aos indicadores financeiros, no caso do
decréscimo da liquidez, existe uma concordância com as pesquisas de Batista e
Formigoni (2013); Arrozio, Gonzalez e Silva (2016), no entanto, em relação aos
índices de endividamento, concorda-se em partes, posto que, enquanto nas
pesquisas dos autores mencionados os indicadores aumentaram, nessa podem ser
visualizados tanto o aumento quanto a redução. Partindo para os índices de
rentabilidade, especificamente o ROA, esse estudo reafirma Batista e Formigoni
(2013); Wong e Joshi (2015); Öztürk e Serçemeli (2016).
De um modo geral, a contabilização dos leasings operacionais no balanço
patrimonial da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. acarretou, de acordo com os
indicadores financeiros, um impacto negativo na empresa. Assim, dos sete índices
financeiros calculados, quatro apresentaram uma piora (LG, PCT, IPL e ROA) e os
outros três expuseram uma melhora (MB, ML e P/AT). Observa-se, portanto, que
tratar o arrendamento mercantil operacional como um item off-balance pode
provocar uma análise inadequada dos indicadores financeiros, sobretudo quando se
trata de um setor com uma quantidade expressiva de arrendamentos, como é o caso
do segmento aéreo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo analisar os potenciais impactos nos
indicadores financeiros de liquidez, estrutura de capital e rentabilidade da Gol Linhas
Aéreas Inteligentes S.A., com a nova forma de contabilização do arrendamento
mercantil a partir da implementação da IFRS 16.
Para tal, de início, foram ajustados os saldos das contas do balanço
patrimonial e DRE, em razão da capitalização dos arrendamentos operacionais,
resultando em um aumento do ativo e passivo total, bem como o aumento do lucro
consolidado da entidade.
Seguiu-se então para o cálculo e análise dos indicadores financeiros, cujos
resultados demonstram uma diminuição na LG, P/AT e no ROA. Em contrapartida,
evidenciou-se um crescimento na MB e ML.
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Nos casos específicos do PCT e IPL, os índices também sofreram um
aumento, contudo existe uma particularidade relacionada a esses indicadores. Pelo
fato do patrimônio líquido está negativo e em consequência disso os indicadores
exibirem resultados negativos, matematicamente falando, observa-se uma
diminuição desses. Entretanto, não seria coerente seguir com essa linha de
raciocínio, uma vez que o crescimento do capital de terceiros em relação ao PL (no
caso do PCT) e a ampliação do ativo imobilizado em comparação ao patrimônio
líquido (no caso do IPL), ocasiona o aumento dos indicadores e, por conseguinte
uma piora do endividamento. Essa situação reafirma que o PL negativo pode
distorcer os resultados e prejudicar a interpretação dos indicadores financeiros,
como mencionado anteriormente.
Assim, observa-se que os arrendamentos mercantis operacionais ao não
transitarem pelo balanço patrimonial comprometem a representação fidedigna dos
eventos ocorridos na organização, impedindo uma leitura adequada da real situação
da empresa e como consequência podem prejudicar a tomada de decisões dos
usuários das demonstrações contábeis, corroborando a justificativa do IASB para a
mudança da norma.
Como limitação para o desenvolvimento dessa pesquisa evidencia-se a
ausência de divulgação de algumas informações nas notas explicativas das
companhias no tocante aos arrendamentos, motivo pelo qual limitou o estudo a
análise apenas da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A., visto que era a única que
continha todas as informações.
Para pesquisas futuras sugere-se a análise de várias empresas, a fim de
realizar um comparativo entre elas dos efeitos provocados pela IFRS 16. Além do
mais, seria interessante o desenvolvimento de estudos quando da efetiva adoção da
nova norma, para que seja trabalhado com os valores reais presentes nas
demonstrações contábeis e não apenas com a simulação desses montantes através
da realização de ajustes.
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