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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
LUIZ EDUARDO RODRIGUES JULIASSE
ESTUDO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS PROTEÍNAS MMP-9,
MMP-13 E TIMP-1 EM AMELOBLASTOMAS E TUMORES ODONTOGÊNICOS
CERATOCÍSTICOS
Natal/RN
2014
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LUIZ EDUARDO RODRIGUES JULIASSE
Orientadora: Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas
Natal/RN
2014
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Patologia Oral da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em
Patologia Oral.
ESTUDO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS PROTEÍNAS MMP-9,
MMP-13 E TIMP-1 EM AMELOBLASTOMAS E TUMORES ODONTOGÊNICOS
CERATOCÍSTICOS
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Catalogação na Fonte. UFRN/Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Prof. Alberto Moreira Campos”.
Juliasse, Luiz Eduardo Rodrigues. Estudo da expressão imuno-histoquímica das proteínas MMP-9, MMP-13 e TIMP-1
em ameloblastomas e tumores odontogênicos ceratocistos / Luiz Eduardo Rodrigues
Juliasse. – Natal, RN, 2014.
85 f. : il.
Orientador: Prof.ª. Dr.ª Roseana de Almeida Freitas.
Dissertação (Mestrado em Patologia) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.
1. Ameloblastoma – Dissertação. 2. Tumores Odontogênicos – Dissertação. 3.
Metaloproteinases da Matriz – Dissertação. 4. Inibidores teciduais de
metaloproteinases – Dissertação. I. Freitas, Roseana de Almeida. II. Título.
RN/UF/BSO Black D65
RN/UF/BSO Black D74
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“O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros,
mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros”
Santo Agostinho
É com imensa satisfação e emoção que dedico este trabalho àqueles que
são a razão de meu viver:
Aos meus pais, Alba e Wilson, maior graça dada a mim por Deus, vocês
são tudo o que um filho poderia desejar.
À minha noiva Lucélia, minha vida.
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AGRADECIMENTOS
É chegado o grande momento.
Quando se deixa guiar pela vontade do Senhor não há dúvidas de que tudo o que
acontece é o melhor e para o melhor. Então devemos agradecer por tudo.
Foram anos imaginando (e desejando), se um dia eu conseguiria ser mestre. Há quase
dez anos ingressei na Base de Pesquisa em Patologia Oral; e este desejo foi amadurecendo em
meu coração. O tempo passou e mesmo com outras atividades sentia que algo me faltava.
Voltei!
Foi muito difícil a caminhada, mas as dificuldades só fazem o gosto da vitória ser ainda
mais saboroso. Afinal, o fracasso nunca alcançará se a vontade de vencer for suficientemente
forte...
Então eu agradeço!
Agradeço primeiramente a Deus, meu Senhor, meu Tudo! Muito obrigado Pai Santo
por ter propiciado coisas em minha vida que eu nunca imaginei que teria...e tão rápido! Que
eu consiga ter fidelidade para alcançar e realizar todos os Seus preceitos em minha vida!
Aos meus pais, Alba e Wilson, maiores presentes de Deus. Vocês são a fonte que gerou
minha essência. Sou eternamente grato por tudo o que vocês fizeram por mim. Me moldaram.
Vocês são os exemplos que procuro seguir em tudo. Tudo o que eu faço é por vocês e pra vocês.
Eu me orgulho demais por ter vocês em minha vida. Amo vocês incondicionalmente!
À minha noiva Lucélia. Mozi, você foi outro presente dado por Deus pra mim. Você me
completa de um jeito surpreendente. Sinceramente, não sei como faria sem tê-la ao meu lado.
Com certeza faria muita besteira hehehe... Muito obrigado por caminhar ao meu lado! Te amo
demais! Você não tem noção...
À minha orientadora Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas. “Somos todos anjos de
uma asa só; e só podemos voar quando abraçamos uns aos outros”. Pois é professora, a
senhora foi um anjo que Deus colocou em minha vida. Geralmente a escolha dos orientadores
é feita por sorteio, mas no nosso caso não foi, foi uma escolha. Escolha de Deus, já lá desde
muito tempo, na época de iniciação científica... sou muito grato por ter me acolhido e me
ajudado a alçar voo. Nunca esquecerei daquela conversa que tivemos um dia em sua sala,
quando conversávamos sobre meu futuro... naquela conversa pude perceber que a senhora
conseguia olhar para dentro de mim e enxergar o meu ser de uma maneira incrível, que até eu
mesmo não conseguia. Naquela ocasião a senhora foi muito mais que uma orientadora, a
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senhora foi uma mãe. Eu tenho uma admiração enorme pela senhora. Muito obrigado pela
paciência, pelos ensinamentos, pela sua dedicação em educar e, sobretudo, por ser “mãe”.
Aos demais professores e exemplos de dedicação à nobre tarefa de ensinar e formar
pessoas:
À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da UFRN, Profa.
Dra. Lélia Batista de Souza, exemplo de competência e amor à profissão. Ao Prof. Dr. Leão
Pereira Pinto, exemplo de entrega e profissionalismo, sempre de bom humor e cordial; é belo
ver o amor com que o senhor carrega a base de pesquisa em Patologia Oral. O senhor foi,
através da base, o meu primeiro contato com a Patologia, quando nem tinha pago a disciplina
básica ainda. Seu fascínio pela Patologia foi (e ainda é) inspiradora. À Profa. Dra. Hébel
Cavalcanti Galvão, exemplo de alegria. Não me lembro da senhora sem um sorriso no rosto.
Sua alegria é contagiante. Muito obrigado pelas valiosas sugestões oferecidas no exame de
Qualificação deste trabalho. À Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, exemplo de
sabedoria e inteligência. Ao Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, exemplo de caráter e
simplicidade. Admiro muito o senhor. Muito obrigado pelas correções sugeridas no exame de
Qualificação deste estudo. À Profa. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira, a quem tenho
enorme admiração pela inteligência e competência. Muito obrigado professora por todas as
oportunidades dadas a mim na clínica de Estomatologia. À Profa. Dra. Ana Myriam Costa de
Medeiros e Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, as quais admiro profundamente pela
sabedoria e tranquilidade. À Profa. Dra. Patrícia Teixeira de Oliveira, pelos conhecimentos
transmitidos num dos momentos mais valiosos para mim, a clínica.
Em especial ao Prof. Dr. Manuel Antonio Gordón-Núñez. Meu amigo, tenho enorme
admiração por você. Você é um exemplo de simplicidade e amizade. Sou muito grato por estar
sempre disposto em me ajudar.
Agradeço profundamente à Maria Luiza. Malu, meus pais sempre quiseram ter uma
filha, porém eles não tiveram. Mas por bem Deus quis que eu tivesse sim uma irmã, então me
deu sua amizade. Você é a irmã que eu nunca tive. Mal consigo lembrar de algum momento em
minha vida que não tenha compartilhado com você. Muito obrigado por estar sempre ao meu
lado, em todos os momentos. Serei eternamente grato por tudo que você já fez por mim.
Aos amigos da Patologia... mais presentes de Deus em minha vida. Meus companheiros
de mestrado: Andréia, sempre carinhosa; Luciana, sempre sorrindo; Marcelo, sempre tão
educado; Thaís, sempre meiguinha; Thâmara, sem dúvida uma das pessoas mais engraçadas
que já conheci, muito obrigado por todos os risos que você arrancou de mim; Tiago, sempre
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determinado e atencioso; e Viviane, sempre simples e interessada. Vocês são todos muito
queridos por mim, de coração.
Aos doutorandos, em especial a minha maninha patológica Melka! Não tenho palavras
o suficiente para agradecer por tudo o que você fez para me ajudar. É incrível sua prontidão
em se dispor aos outros. Você é uma pessoa admirável, sempre sorridente e de alto astral. O
mundo seria muito melhor se as pessoas fossem como você.
À amiga Clarissa, que convive comigo desde tempos de iniciação científica e que me
incentivou ao ingresso no mestrado. Muito obrigado por todo o apoio, dicas, ensinamentos e
por estar sempre disposta a me ajudar. Você é uma pessoa bastante querida.
Aos demais doutorandos, Ana Luiza, Denise, Natália, Roseane, Jadson, Stefânia,
Adriana, Edilmar, Emília, Endrigo, Fernanda, Jamile, Maiara, Nazareno, Rodrigo e Vilson,
com quem tive a graça de conviver. Às quase doutoras Keila e Cynthia. E também àqueles que
já terminaram o doutorado, Fernando, Felipe, Emeline e em especial à Joabe, pela amizade,
momentos de descontração e pela valiosa ajuda na análise estatística desse trabalho. Muito
obrigado à todos por terem compartilhado estes momentos comigo. Todos vocês tornaram o
dia a dia na patologia mais agradável.
Aos funcionários, Gracinha, Hévio, Idel, Lourdinha, Ricardo, Sandrinha e Patrícia.
Muito obrigado por sempre me tratarem tão bem e estarem sempre dispostos a me ajudar.
Vocês fazem acontecer.
Aos meu irmão Leandro, um dos maiores exemplos de minha vida. Seu amor pela
profissão e amizade são admiráveis. Obrigado por tudo! À minha sogra, D. Zeni, obrigado por
me tratar como um filho. Às minha cunhadas, Odisséia e Katarina, obrigado por completarem
minha vida. Ao meu primo Rodrigo, meu brother! Que sempre me apoia em todos os momentos;
e ao grande amigo Eimar Lopes, obrigado por todo apoio e confiança em mim, você é um
exemplo de dedicação e ética que sigo em minha vida profissional.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo
apoio financeiro que possibilitou a realização dessa pesquisa.
À todos os meus mais sinceros agradecimentos!
Paz e bem!
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e
de repente você estará fazendo o impossível”
São Francisco de Assis
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RESUMO
Os ameloblastomas e tumores odontogênicos ceratocísticos (TOC) representam lesões
odontogênicas que, apesar de sua natureza benigna, se destacam por um comportamento
biológico distinto, caracterizado pelo crescimento localmente agressivo e episódios
recidivantes. A reabsorção dos ossos gnáticos provocada pelo crescimento dessas lesões
constitui um fator determinante à expansão das mesmas, sendo mediada tanto por células
osteoclásticas como pela ação enzimática de diversas metaloproteinases de matriz (MMPs). A
expressão de fatores estimuladores e inibidores da reabsorção óssea vem sendo correlacionada
com o desenvolvimento destas lesões, merecendo destaque algumas MMPs como as
colagenases e as gelatinases e os inibidores teciduais de metaloproteinases (TIMPs), dentre
outros. Baseados na premissa de que fatores estimuladores e inibidores de processos osteolíticos
podem ser determinantes para o ritmo de crescimento de lesões odontogênicas intraósseas, o
objetivo de estudo foi avaliar a imunoexpressão das proteínas MMP-9, -13 e TIMP-1 no epitélio
e mesênquima de espécimes de ameloblastomas e TOC. A análise estatística foi realizada
através dos testes de Mann-Whitney e Wilcoxon com nível de significância estabelecido em
5%. Através de uma análise quantitativa das células imunomarcadas, foi observada a expressão
imuno-histoquímica das MMP-9, -13 e TIMP-1 em 100% dos casos, tanto no epitélio quanto
no mesênquima tumoral. Mais de 76% das células epiteliais (escore 3) dos TOC e
ameloblastomas apresentaram imunomarcação para MMP-9 (p=0,382) e MMP-13 (p=0,069),
sendo estatisticamente significativa para o TIMP-1 (p=0,003) nos ameloblastomas. No
mesênquima, observou-se maior escore de imunomarcação da MMP-13 (p=0,031) nos
ameloblastomas em relação aos TOC, enquanto para a MMP-9 e TIMP-1 não se observou
diferença estatisticamente significativa (p=0,403; p=1,000). O cálculo da razão entre os escores
de expressão das proteínas revelou, de uma maneira geral, similaridade entre as lesões, sendo
observado predomínio significante de igualdade de expressão do TIMP-1 e da MMP-9 apenas
no epitélio dos ameloblastomas. A imunoexpressão marcante das MMP-9, MMP-13 e TIMP-1
no epitélio e mesênquima das lesões estudadas indica que estas proteínas participam na
remodelação da MEC necessária à progressão tumoral, no entanto, as diferenças pontuais
observadas na expressão de algumas destas proteínas, não são suficientes para sugerir
diferenças no comportamento biológico dos ameloblastomas e dos TOCs.
Palavras-chave: Ameloblastoma. Tumores Odontogênicos. Metaloproteinases da
Matriz. Inibidores Teciduais de Metaloproteinases.
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ABSTRACT
Ameloblastomas and keratocystic odontogenic tumors (KOT) represent odontogenic
lesions that, despite their benign nature, are distinguished by a distinct biological behavior,
characterized by locally aggressive growth and recurrent episodes. The gnathic bone
resorption caused by the growth of these lesions is a key to the expansion of the same, both
being mediated by osteoclastic cells like enzymatic activity of various matrix
metalloproteinases (MMPs) factor. The expression of stimulatory factors and inhibitors of bone
resorption has been correlated with the development of these lesions, with emphasis to some
MMPs such as collagenases and gelatinases and tissue inhibitors of metalloproteinases
(TIMPs), among others. Based on the premise that stimulatory and inhibitory factors of
osteolytic processes can be decisive for the growth rate of intraosseous odontogenic lesions,
this experiment evaluated the immunoreactivity of MMP-9, -13 and TIMP-1 protein in the
epithelium and mesenchyme of ameloblastoma and the KOT specimens, by a quantitative
analysis of the immunoreactivity cells. Statistical analysis was performed using the Mann-
Whitney and Wilcoxon tests with a significance level set at 5 %. Immunohistochemical
expression of MMP-9, -13 and TIMP-1 was observed in 100% of cases both in the epithelium
and in mesenchyme. The immunoreactivity in the epithelium of KOT and ameloblastomas
revealed a predominance of score 3 for MMP-9 (p=0.382) and MMP-13 (p=0.069) and no
statistically significance for TIMP-1, the latter being significantly higher immunoreactivity in
ameloblastomas. In the mesenchyme, there was a higher score immunoreactivity of MMP-13
(p=0.031) in ameloblastomas in relation to KOT, whereas for MMP-9 and TIMP-1 no
statistically significant difference (p=0.403 was observed, p=1.000). The calculation of the
ratio of scores revealed expression of proteins in general, similarity of the lesions, a significant
predominance of equal expression of TIMP-1 and MMP-9 was observed only in the epithelium
of ameloblastoma. The marked immunostaining of MMP-9 , MMP-13 and TIMP-1 in epithelium
and mesenchyme of the lesion indicate that these proteins involved in ECM remodeling required
for tumor progression, however, specific differences in the expression of some of these proteins,
are not sufficient to suggest differences in the biological behavior of ameloblastomas and
KOTs.
Key-words: Ameloblastoma. Odontogenic Tumors. Matrix Metalloproteinases. Tissue Inhibitor
of Metalloproteinases.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Quadro 1. Especificações dos anticorpos utilizados na pesquisa. Natal-RN,
2014..................................................................................................... 46
Figura 1. Estrutura das famílias das MMPs......................................................... 34
Figura 2. Estrutura tridimensional dos TIMP-1 e -2............................................ 39
Figura 3. Distribuição dos escores de imunomarcação para MMP-9, MMP-13
e TIMP-1 no epitélio dos TOC e Ameloblastomas. Natal – RN, 2014. 52
Figura 4. Distribuição dos escores de imunomarcação para MMP-9, MMP-13
e TIMP-1 no mesênquima dos TOC e Ameloblastomas. Natal/RN-
2014..................................................................................................... 53
Figura 5. Tumor odontogênico ceratocístico – Imunoexpressão da MMP-9
localizada em epitélio e mesênquima. (STUHRP; 400X)..................... 56
Figura 6. Ameloblastoma – Imunoexpressão da MMP-9 em epitélio e
mesênquima. (STUHRP; 400X)........................................................... 56
Figura 7. Tumor odontogênico ceratocístico – Imunoexpressão da MMP-13
localizada em epitélio e mesênquima. (ADVANCE; 400X)................. 57
Figura 8. Ameloblastoma – Imunoexpressão da MMP-13 em epitélio e
mesênquima. (ADVANCE; 400X)...................................................... 57
Figura 9. Tumor odontogênico ceratocístico – Imunoexpressão da TIMP-1
localizada em epitélio e mesênquima. (ENVISION; 400X)................. 58
Figura 10. Ameloblastoma – Imunoexpressão do TIMP-1 em epitélio e
mesênquima. (ENVISION; 400X)....................................................... 58
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LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Sistema de escore para a imunoexpressão da MMP-9, MMP-13 e
TIMP-1................................................................................................. 49
Tabela 2. Grupo de tumor, tamanho da amostra, mediana, quartis, média dos
postos e significância estatística para os escores de imunoexpressão
de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no epitélio. Natal, RN – 2014.............. 53
Tabela 3. Grupo de tumor, tamanho da amostra, mediana, quartis, média dos
postos e significância estatística para os escores de imunoexpressão
de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no mesênquima dos TOC e
Ameloblastomas. Natal, RN – 2014...................................................... 54
Tabela 4. Distribuição dos casos em relação aos postos de escores de
imunomarcação para o TIMP-1 e MMP-9 no epitélio e no
mesênquima dos TOC e Ameloblastomas. Natal, RN – 2014............... 54
Tabela 5. Distribuição dos casos em relação aos postos de escores de
imunomarcação para o TIMP-1 e MMP-13 no epitélio e no
mesênquima dos TOC e Ameloblastomas. Natal, RN – 2014............... 55
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BFGF Fator de crescimento básico de fibroblastos (do inglês “Basic fibroblast
growth factor”)
CD Cisto dentígero
CR Cisto radicular
CEP Comitê de ética em pesquisa
CONEP Comissão nacional de ética em pesquisa
Da Dalton (unidade de massa atômica)
EGF Fator de crescimento epidérmico (do inglês “Epidermal growth factor”)
EGFR Receptor do fator de crescimento epidérmico (do inglês “Epidermal
growth factor receptor”)
HE Hematoxilina e eosina
Hpx Domínio hemopexina
IL-1α Interleucina-1α
IL-1β Interleucina-1β
IL-6 Interleucina-6
kDa Kilodalton (1000 x Da)
MEC Matriz extracelular
mRNA Ácido ribonucleico mensageiro (do inglês “messenger RNA”)
MMP Metaloproteinase de matriz
MMP-2 Metaloproteinase de matriz-2
MMP-8 Metaloproteinase de matriz-8
MMP-9 Metaloproteinase de matriz-9
MMP-13 Metaloproteinase de matriz-13
MT1-MMP Metaloproteinase de matriz transmembranar-1
MT3-MMP Metaloproteinase de matriz transmembranar-3
MT5-MMP Metaloproteinase de matriz transmembranar-5
OMS Organização mundial de saúde
OPG Osteoprotegerina
PDGF Fator de crescimento derivado de plaquetas (do inglês “Platelet-derived
growth factor”)
RANK Receptor ativador do fator nuclear kappa B
RANKL Ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa B
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SCNCB Síndrome do carcinoma nevóide de células basais
TGF-α Fator de crescimento transformador (do inglês “Transforming growth
factor alpha”)
TIMP Inibidor tecidual de metaloproteinase
TIMP-1 Inibidor tecidual de metaloproteinase-1
TIMP-2 Inibidor tecidual de metaloproteinase-2
TIMP-3 Inibidor tecidual de metaloproteinase-3
TIMP-4 Inibidor tecidual de metaloproteinase-4
TNF-α Fator de necrose tumoral α (do inglês “Tumor necrosis factor”)
TOA Tumor odontogênico adenomatoide
TOC Tumor odontogênico ceratocístico
TOCC Tumor odontogênico cístico calcificante
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................25
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................................28
2.1 AMELOBLASTOMA .................................................................................... ....................29
2.2 TUMOR ODONTOGÊNICO CERATOCÍSTICO .............................................................31
2.3 MMPs ................................................................................................................................. 33
2.3.1 Metaloproteinase de matriz – 9 (MMP-9) ................................................................... 36
2.3.2 Metaloproteinase de matriz – 13 (MMP-13) ............................................................... 37
2.4 TIMP ................................................................................................................................... 38
2.4.1 Inibidor tecidual de metaloproteinase – 1 (TIMP-1) .................................................. 40
3 PROPOSIÇÃO .................................................................................................................... 42
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 44
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 45
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................ 45
4.3 POPULAÇÃO .................................................................................................................... 45
4.4 AMOSTRA ......................................................................................................................... 45
4.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA....................................................................45
4.5.1 Critérios de inclusão ...................................................................................................... 45
4.5.2 Critérios de exclusão ..................................................................................................... 46
4.6 ESTUDO MORFOLÓGICO .............................................................................................. 46
4.7 MÉTODO IMUNO-HISTOQUÍMICO .............................................................................. 46
4.7.1 Coloração pelo método imuno-histoquímico ............................................................... 46
4.7.2 Análise imuno-histoquímica ......................................................................................... 48
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................. 49
5 RESULTADOS .....................................................................................................................50
5.1 RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS....................................................................51
5.1.1 Análise descritiva da expressão de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1.................................51
5.1.2 Resultados estatísticos....................................................................................................53
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 59
7 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 80
APÊNDICE B .......................................................................................................................... 81
24
APÊNDICE C ......................................................................................................................... 82
ANEXO .................................................................................................................................... 83
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1 INTRODUÇÃO
Os tumores odontogênicos constituem lesões de frequência relativamente comum nos
ossos gnáticos, com histogênese associada a remanescentes epiteliais e/ou ectomesenquimais
relacionados à odontogênese. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os tumores
odontogênicos e as lesões semelhantes a tumores como um grupo de doenças heterogêneas que
variam desde proliferação hamartomatosa benigna não neoplásica a crescimentos neoplásico
benignos e malignos. Os tumores odontogênicos são raros, alguns até mesmo extremamente
raros, fato que pode criar desafios diagnósticos e terapêuticos significativos (BARNES et al.,
2005).
Dentre os tumores odontogênicos, duas lesões que merecem destaque são os
ameloblastomas e os tumores odontogênicos ceratocísticos. O primeiro, embora seja um tumor
benigno dos maxilares, se destaca pelo comportamento localmente agressivo e de alto potencial
invasivo, o que resulta em um elevado índice de recidiva após enucleação e curetagem (QIAN;
HUANG, 2010; HENRIQUES et al., 2011); e ainda que raro, o subtipo sólido é o segundo
tumor odontogênico mais comum, sendo menos comum apenas que os odontomas (NEVILLE
et al., 2009). O segundo, antes chamado de ceratocisto odontogênico, se caracteriza pelo
comportamento diferenciado quando comparado a outros cistos odontogênicos, de tal modo
que, devido às suas peculiaridades, como a recorrência e suas características histopatológicas
(SCHUSSEL et al., 2011) foi recategorizado, em 2005, pela OMS, como um neoplasma
odontogênico benigno, sendo sugerida a denominação de tumor odontogênico ceratocístico, por
ser uma lesão de natureza localmente agressiva e com alta taxa de recorrência (LEONARDI et
al. 2010; SANTOS et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012).
A matriz extracelular é um componente essencial do microambiente estromal, que além
de servir como arcabouço para os elementos celulares, exerce profunda influência sobre o
comportamento celular, afetando o crescimento, a diferenciação, mobilidade e viabilidade. A
homeostase tecidual é garantida pelo equilíbrio entre as células e o microambiente do estroma
circundante. Tal microambiente pode ser perturbado por condições patológicas, onde a
alteração celular se estabelece junto com a superexpressão de proteases que modificam a
composição da matriz extracelular (MARASTONI et al., 2008). A invasão tumoral é um
processo onde as células neoplásicas destroem e infiltram o tecido normal adjacente à massa
tumoral principal (ZHANG et al., 2004). De acordo com Amălinei et al. (2010), esse processo
de invasão tumoral compreende “3 passos”: (1) adesão das células tumorais à MEC; (2)
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degradação proteolítica da MEC; e por fim, (3) migração das células através da área lesada. No
caso dos tumores odontogênicos, a reabsorção óssea promovida pela degradação da MEC
circundante seria a responsável pela progressão e expansão tumoral.
Nesse sentido, muitos estudos apontam que a interação entre as MMPs e TIMPs é
considerada um possível fator regulador determinante na proliferação das células tumorais,
estabilização e agressividade dos diferentes cistos e tumores odontogênicos (SIQUEIRA et al.,
2010; HENRIQUES et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012).
Diante disto, o presente estudo objetiva avaliar a expressão imuno-histoquímica das
proteínas MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 em ameloblastomas e tumores odontogênicos
ceratocísticos a fim contribuir para uma melhor compreensão da participação dessas proteínas
no comportamento biológico das lesões estudadas.
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2 REVISÃO DA LITERATURA
A OMS define os tumores odontogênicos e as lesões semelhantes a tumores, como um
grupo de doenças heterogêneas, cujos limites compreendem desde proliferação de tecido
hamartomatoso benigno não neoplásico, até tumores malignos com potencial de metástases.
Tais tumores são derivados de elementos formadores de dente e aparelho de suporte, epiteliais,
ectomesenquimáticos e/ou mesenquimáticos. Os tumores odontogênicos são raros, alguns até
mesmo extremamente raros, fato que pode criar desafios diagnósticos e terapêuticos
significativos (BARNES et al., 2005). Dentre estes tumores, destacam-se pela frequência e pelo
comportamento biológico, dois representantes de natureza benigna, originados a partir de
epitélio odontogênico com estroma fibroso maduro, sem participação do ectomesênquima
odontogênico, que são o ameloblastoma sólido/multicístico ou convencional e o tumor
odontogênico ceratocístico (PHILIPSEN et al., 2005).
2.1 AMELOBLASTOMA
O ameloblastoma é um tumor odontogênico benigno dos maxilares, porém localmente
agressivo e de alto potencial invasivo, o que resulta em um elevado índice de recidiva após
enucleação e curetagem (variando de 20% a 90% dos casos) (MEER et al., 2003; QIAN;
HUANG, 2010; HENRIQUES et al., 2011) e representa 1% de todas as neoplasias da cavidade
oral (SADDY et al., 2005; BARNES et al., 2005). Teoricamente podem se originar de
remanescentes da lâmina dentária, do órgão do esmalte em desenvolvimento, do revestimento
epitelial de um cisto odontogênico ou das células da camada basal do epitélio de mucosa bucal
(ADEBIYI et al., 2006; NEVILLE et al., 2009).
Na classificação da OMS (2005), os ameloblastomas ocorrem em quatro situações
clínico-radiográficas distintas: (1) tipo sólido/multicístico – que representam cerca de 80% dos
casos; (2) tipo periférico/extra-ósseo – compreende de 1,3% a 10% de todos os ameloblastomas;
(3) tipo desmoplásico – variando de 1,28% a 5,19% dos casos; e (4) tipo unicístico, que
correspondem de 5% a 15% dos ameloblastomas (BARNES et al., 2005; DHANUTHAI et al.,
2012).
Segundo Neville et al. (2009), embora raro, o ameloblastoma sólido é o segundo tumor
odontogênico mais comum, sendo menos comum apenas que os odontomas. Não apresenta
predileção por sexo e é encontrado em uma ampla faixa. Da Costa et al. (2012), em um estudo
30
retrospectivo, encontraram uma incidência de 201 tumores odontogênicos, sendo o
ameloblastoma o segundo tumor de maior frequência, representando 29,8% dos tumores.
Clinicamente, os ameloblastomas do tipo sólido apresentam evolução lenta e geralmente
assintomática. Mais comumente, exibem expansão da cortical óssea, o que pode provocar
tumefação gengival, mobilidade dentária e até mesmo perda espontânea de dentes. Raramente
apresenta dor ou parestesia e, quando não tratado, pode assumir proporção grotesca. A
localização mais frequente é em mandíbula posterior.
Ao exame radiográfico observa-se uma lesão radiolúcida multilocular, com aspectos
semelhantes a “bolhas de sabão” e expansão das corticais ósseas vestibular e lingual. Por vezes
observa-se reabsorção ou deslocamento das raízes dentais ou um dente incluso envolvido
(BACHMANN; LINFESTY, 2009).
De acordo com a OMS (2005), histologicamente os ameloblastomas apresentam cinco
padrões distintos: folicular, plexiforme, acantomatoso, de células granulares e de células basais;
sendo os padrões folicular e o plexiforme os mais comuns (BARNES et al., 2005). O padrão
folicular caracteriza-se por ilhas de epitélio circundadas por células colunares ou cuboidais com
polaridade invertida em um estroma de tecido conjuntivo fibroso. As células centrais estão
arranjadas frouxamente lembrando o retículo estrelado do órgão do esmalte. O padrão
plexiforme é caracterizado pela presença de cordões de epitélio odontogênico anastomosados,
delimitados por células cuboidais, colunares, semelhantes a ameloblastos circundando células
epiteliais arranjadas frouxamente. No padrão acantomatoso observa-se extensa metaplasia
escamosa, frequentemente associada a formação de ceratina, na região central de um
ameloblastoma folicular. A presença de células cuboidais, colunares ou arredondadas, contendo
grânulos eosinofílicos com citoplasma abundante caracterizam o padrão de células granulares,
enquanto a presença de células basalóides se proliferando em ninhos ou cordões com células
periféricas cúbicas, sem a presença de retículo estrelado no centro, caracteriza o ameloblastoma
sólido com padrão de células basais (BARNES et al., 2005; BACHMANN; LINFESTY, 2009;
FULCO et al., 2010).
O tratamento para os ameloblastomas, em geral, é cirúrgico conservador, com curetagem
e enucleação, ou radical com ressecção em bloco com margem de segurança podendo ser
complementado com marsupialização, descompressão, crioterapia ou solução de Carnoy
(HERTOG et al., 2011). O prognóstico depende da localização anatômica, do grau de infiltração
e destruição local. Os ameloblastomas apresentam altas taxas de recidiva, em que 17,7% a
27,3% dos ameloblastomas sólidos/multicísticos recorrem após ressecção cirúrgica radical, e
31
20% a 90% recidivam após abordagem cirúrgica conservadora (enucleação seguida de
curetagem) (MEER et al., 2003).
2.2 TUMOR ODONTOGÊNICO CERATOCÍSTICO
Antes denominado ceratocisto odontogênico, era definido como um cisto de
desenvolvimento, sendo reclassificado em 2005, pela OMS, como um neoplasma cístico
odontogênico benigno, onde foi sugerida a denominação de tumor odontogênico ceratocístico
(TOC), por ser uma lesão de natureza localmente agressiva e com alta taxa de recorrência
(LEONARDI et al., 2010; SANTOS et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012).
Em detrimento de seu comportamento biológico distinto, muitos estudos têm se dedicado
a compreender os mecanismos envolvidos que justifiquem a progressão deste tumor e sua alta
agressividade. Desta maneira, estudos têm demonstrado, através da técnica de imuno-
histoquímica, que essa lesão diferentemente das outras lesões císticas de origem odontogênica,
apresenta maior índice de proliferação celular (KICHI et al., 2005; KOLÁŘ et al., 2006;
TSUNEKI et al., 2008), maior expressão de fatores de crescimento (LI; BROWNE;
MATTHEWS, 1997; KOLÁŘ et al., 2006; SUYAMA et al., 2008), de proteínas anti-
apoptóticas (KICHI et al., 2005; KOLÁŘ et al., 2006; VERED et al., 2009), além de proteínas
supressoras tumorais (SHEAR, 2002; KICHI et al., 2005).
Os TOCs podem aparecer como lesões solitárias ou múltiplas, sendo a multiplicidade de
lesões bem reconhecida na síndrome do carcinoma nevóide de células basais (SCNCB),
também chamada síndrome de Gorlin-Goltz (EVANS et al., 1993; KICHI et al., 2005;
LEONARDI et al., 2010). Os tumores sindrômicos tendem a ser maiores, mais agressivos e
com maior potencial recidivante (HENRIQUES et al., 2011).
A origem dos TOCs é incerta, mas acredita-se ser proveniente de remanescentes da
lâmina dental localizados dentro dos maxilares, onde esses remanescentes epiteliais
odontogênicos seriam estimulados por fatores ainda desconhecidos (SHEAR, SPEIGTH,
2007).
Alguns estudos têm sugerido a influência genética na etiologia dessa lesão. O gene
PTCH1 codifica uma proteína transmembrana controlando os destinos da célula, padronização
e crescimento de diversos tecidos. Acredita-se que mutações no gene PTCH1 são encontradas
em 85% dos TOCs relacionados à Síndrome de Gorlin-Goltz, e em apenas 30% dos TOCs
esporádicos. Este gene é o homólogo humano do gene Drosophila e tem sido confirmado como
32
o gene causador da doença na síndrome de Gorlin-Goltz (HAHN et al.,1996; JOHNSON et al.,
1996).
Segundo Domingues e Gil (2007) e Li (2011), esses achados indicam que defeitos do
PTCH1 estão envolvidos tanto na patogênese da síndrome quanto na dos casos esporádicos. Os
autores afirmam, ainda, que as alterações desses genes estão associadas aos TOCs mostrando
um aumento da atividade proliferativa da camada epitelial, demonstrando, assim, um fenótipo
de alta tendência à recorrência, o que poderia explicar a agressividade da lesão e suportar sua
característica neoplásica.
Mesmo passando a ser considerado como um tumor odontogênico pela OMS, em 2005,
alguns autores ainda o enquadram dentre as lesões císticas e relatam que os mesmos
correspondem de 3% a 11% de todos os cistos odontogênicos (VICENTE et al., 2010). Souza
et al. (2010) determinaram a distribuição de cistos odontogênicos na população brasileira
durante um período de 38 anos, de acordo com idade, gênero e sítio afetado. Dos 1019 casos
entre os anos de 1970 e 2007, 65 casos (6,4%) foram diagnosticados como ceratocisto
odontogênico, sendo a terceira lesão cística mais comum.
O pico de ocorrência dos TOCs corresponde à segunda e terceira décadas de vida, porém
podem surgir desde primeira até a nona década de vida, acometendo mais pacientes do gênero
masculino. A mandíbula é afetada em 60 a 80% dos casos, com maior tendência de envolver a
região posterior do corpo mandibular e ramo ascendente (BARNES et al., 2005; SHEAR;
SPEIGHT, 2007; NEVILLE et al., 2009).
Comumente são assintomáticos, no entanto as lesões maiores podem estar associadas a
dor, tumefação ou drenagem. Entretanto, há relatos de alguns tumores extremamente grandes e
assintomáticos (NEVILLE et al., 2009; COTTOM et al., 2012).
Radiograficamente, os TOCs podem se apresentar como radiolucência bem definida,
circular ou ovóide, pequena e uni ou multilocular (CHIRAPATHOMSAKUL;
SASTRAVAHA; JANSISYANONT, 2006; KUMAMOTO, 2006; SHEAR; SPEIGHT, 2007).
Lesões maiores, particularmente acometem a região posterior da mandíbula envolvendo o
ângulo e ramo ascendente e podem deslocar o nervo alveolar inferior (SHEAR, 2002;
MENDES; CARVALHO; VAN DER WAAL, 2010).
O quadro histopatológico do TOC revela um revestimento cístico composto por epitélio
pavimentoso estratificado paraceratinizado, com 4-8 camadas de células e de superfície
corrugada. A camada basal é composta por células cúbicas hipercromáticas dispostas em
paliçada, semelhantes a ameloblastos e com polaridade invertida com interface epitélio-
conjuntivo plana. A cápsula fibrosa é fina e friável contendo escasso infiltrado inflamatório em
33
permeio. Ilhas, cordões e cistos satélites no interior da cápsula também podem ser observadas.
Displasia epitelial ocasional pode estar presente, no entanto a transformação maligna é rara
(BARNES et al. 2005; GOMES et al., 2009; LI, 2011).
O principal tratamento de escolha é a enucleação cirúrgica. A completa remoção da
lesão é, muitas vezes, difícil devido à natureza friável e à espessura fina da cápsula (NEVILLE
et al., 2009). Pogrel (2013) propôs um esquema de tratamento que consiste em biópsia
incisional com instalação de dreno. Após o diagnóstico de TOC o dreno é mantido, com
irrigações duas vezes ao dia e controle radiográfico. Após a redução da lesão é feita a
enucleação juntamente com crioterapia e a remoção do dente adjacente, caso exista. A atual
literatura reporta uma ampla taxa de recorrência para as diferentes opções de tratamento
cirúrgico (0% a 62%), com a maioria dos casos recorrendo dentro dos primeiros cinco anos
pós-tratamento (NEVILLE et al., 2009; KINARD et al., 2013).
2.3 METALOPROTEINASE DE MATRIZ (MMP)
As MMPs são classificadas como uma subfamília de proteinases da família de
metaloproteinases zinco-dependentes M10, especializadas na clivagem das proteínas
extracelulares (ANDERSEN et al., 2004; NAGASE et al., 2006; HANNAS et al., 2007;
KRANE, INADA, 2008). A família de MMPs inclui pelo menos 24 membros bem
caracterizados, que podem ser classificados em subgrupos de acordo com sua especificidade
para determinados substratos e por sua homologia de subsequências em 5 subfamílias:
colagenases (MMP-1, -8 e -13); gelatinases/colagenase IV (MMP-2 e -9); estromelisina (MMP-
3 e -10); MMPs tipo membrana (MT-MMPs, MMP-14, -15, -16 e -17) e outras MMPs (MMP-
7, -11, -12, -19, -20 e outras) (KUMAMOTO et al., 2003; ZHANG et al., 2005; GEORGES et
al., 2009).
Uma MMP típica consiste em um pro-peptídeo com cerca de 80 aminoácidos, um
domínio catalítico com cerca de 170 aminoácidos, um peptídeo ligante de variados tamanhos,
também chamado de “hinge region”, e um domínio hemopexina (Hpx), com aproximadamente
200 aminoácidos (NAGASE et al., 2006) (figura 1). Segundo Thomas, Lewis e Speight (1999)
as MMPs tipo membrana constituem moléculas transmembrana, enquanto as outras são
secretadas pelas células.
34
Figura 1. Estrutura das famílias das MMPs.
Fonte: Adaptado de Nagase, Visse e Murphy, 2006.
Legenda: sp, sinal de sequência; pro, pró-domínio; cat, domínio catalítico; FNII, fibronectina tipo II; L1, ligante
1; CysR, rico em cisteína; Ig, domínio imunoglobulina; L2, ligante 2; Mb, membrana plasmática; TM, domínio
transmembrana; GPI, ancora glicosilfosfatidilinositol.
A atividade funcional das MMPs é regulada por 4 mecanismos: (1) por controle
transcricional positivo e negativo dos genes de MMP; (2) pela ativação de estado latente; (3)
pelas diferenças entre substratos específicos; ou (4) por modulação através dos inibidores
teciduais de metaloproteinases (TIMPs) (DEW et al., 2000; HANNAS et al., 2007). A
degradação da matriz extracelular (MEC), mediada por MMPs, é uma característica importante
do desenvolvimento, morfogênese, reparo tecidual e remodelagem. É precisamente regulada
sob condições fisiológicas normais, mas quando se encontra desregulada pode causar diversas
doenças tais como artrite, nefrite, câncer, encefalomielite, úlceras crônicas, fibrose, entre outras
(NAGASE; VISSE; MURPHY, 2006).
Segundo Georges et al. (2009), as MMPs também atuam no processo de reabsorção óssea,
por participarem na remodelação da MEC, migração e invasão celular e na liberação de fatores
de crescimento modificadores. Existem fortes evidências de que as MMPs têm um importante
papel durante a osteogênese e remodelação óssea. Sua síntese pelos osteoblastos tem sido
demonstrada durante a degradação de osteóide antes da reabsorção da matriz mineralizada pelos
osteoclastos (DEW et al., 2000). Desta forma, a expressão alterada de proteínas específicas da
MEC, associada à presença exuberante de MMPs e à ausência de expressão dos TIMPs, podem
influenciar o comportamento destas lesões, contribuindo para o crescimento e alta
agressividade, no caso de alguns tumores (ROSENTHAL; MATRISIAN, 2006).
35
Além das MMPs e seus inibidores teciduais, a expressão de outros biomarcadores está
envolvida no processo de reabsorção óssea e no desenvolvimento de lesões odontogênicas,
como RANK/RANKL/OPG (KUMAMOTO; OOYA, 2004; SILVA et al., 2008), IL-1α
(KUBOTA, SHIRASUNA, 2007; SUYAMA et al., 2008) e TNF-α (KUMAMOTO, OOYA,
2006).
Acredita-se que, células tumorais no microambiente de um tecido ósseo, iniciam uma
resposta inflamatória que leva ao recrutamento de osteoclastos ativados e então, à reabsorção
óssea, criando um meio favorável ao seu próprio crescimento, contribuindo para o
desenvolvimento do tumor (STEEVE et al., 2004). Silva et al. (2008) afirmam que o
desequilíbrio na ação de fatores sinalizadores de processos de diferenciação e ativação
osteoclásticas pode contribuir para a reabsorção óssea envolvida no crescimento de
ameloblastomas, TOCs e cistos dentígeros.
Assim, a participação das MMPs na progressão tumoral tem sido amplamente estudada.
De acordo com Ribeiro et al. (2012), os tumores são tipicamente circundados por MEC. A
invasão tumoral é um processo neoplásico em que as células neoplásicas destroem e infiltram
o tecido normal ao redor da massa tumoral principal. Segundo esses autores, este processo pode
ser analisado em três estágios, que se inicia pela adesão da célula tumoral à MEC, seguida pela
degradação proteolítica da MEC, e finalmente, migração das células neoplásicas pela área
lesada, sendo essa degradação da MEC realizada pelas MMPs.
Embora alguns autores discordem de que as MMPs atuem como as principais proteínas
envolvidas no processo de degradação da MEC e consequente reabsorção óssea e progressão
tumoral (FULLER; KIRSTEN; CHAMBERS, 2007), diversos estudos apontam que as MMPs
podem modular outras funções no microambiente tumoral em adição à sua atividade
proteolítica, interagindo com a MEC liberando e ativando diferentes fatores de crescimento;
assim, as MMPs são reguladoras das funções celulares tanto em condições fisiológicas quanto
patológicas (SANTOS et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012).
Segundo Lynch e Matrisian (2002), a expressão de MMPs por células tumorais ou
estromais em resposta ao crescimento neoplásico foi inicialmente associada apenas a estágios
finais do desenvolvimento tumoral, isto é, com invasão e metástase. No entanto, diversos
estudos sugerem que as MMPs influenciam também os mecanismos de crescimento dos cistos
odontogênicos, bem como o potencial invasivo e destrutivo dos tumores odontogênicos
(LEONARDI et al., 2010; QIAN, HUANG, 2010; SIQUEIRA et al., 2010; HENRIQUES et al.,
2011; SANTOS et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012).
36
2.3.1 Metaloproteinase de matriz – 9 (MMP-9)
A MMP-9 é uma colagenase que possui 92 kDa em sua forma latente e 83 kDa em sua
forma ativa (KUBOTA et al., 2000). É também chamada de gelatinase B (ANNE et al., 2013),
sendo assim denominada em função de sua capacidade de degradar colágeno desnaturado
(gelatina) (THOMAS; LEWIS; SPEIGHT, 1999).
Segundo Pinheiro et al. (2004), a MMP-9 não apenas contribui para a degradação óssea,
mas também atua como uma reguladora no processo de reabsorção óssea inicial. É considerada
a proteinase mais importante envolvida na reabsorção óssea devido os osteoclastos expressarem
essa enzima em níveis extremamente elevados (ANNE et al., 2013).
Segundo Santos et al. (2011), o papel da MMP-9 no desenvolvimento dos TOCs, cistos
dentígeros e cistos radiculares está associado à regulação de fatores ligados à proliferação e
migração celular, apoptose e respostas imune e inflamatória.
Henriques et al. (2011) sugeriram que a interação entre a produção de MMP-9 e TIMP-
2 e a degradação dos componentes da membrana basal contribuem para os distintos
comportamentos dos ameloblastomas e TOCs quando comparados com cistos dentígeros e
radiculares.
Juntamente com a MMP-2, possui um papel importante na tumorigênese pela habilidade
de degradar colágeno tipo IV, que constitui o maior componente da membrana basal e
representa o primeiro obstáculo para invasão e metástase das células tumorais (HONG et al.,
2000; ROBINSON et al., 2003; RIBEIRO et al., 2012). Muitos cistos dentígeros têm
apresentado uma contínua positividade para colágeno tipo IV na membrana basal do epitélio,
enquanto nos TOCs e ameloblastomas uma presença mais marcante e difusa tem sido
identificada tanto nas células epiteliais quanto nas mesenquimais (ANNE et al., 2013).
O estudo de Kumamoto et al. (2003) avaliou a expressão imuno-histoquímica de
algumas MMPs, dentre elas a MMP-9, e seus inibidores teciduais (TIMPs) em casos de
ameloblastomas e germes dentários. Os resultados deste estudo apontaram que a expressão
estromal da MMP-9 nos ameloblastomas foi significantemente maior que no componente
mesenquimal dos germes dentários, sugerindo que uma produção aumentada desta MMP
poderia estar relacionada com a alteração neoplásica dos tecidos odontogênicos.
Os experimentos de Qian e Huang (2010) buscaram analisar a expressão da MMP-9 e
TIMP-1 em culturas de células de ameloblastoma quanto à reabsorção óssea. Esses autores
utilizaram sistemas de cocultura de células de ameloblastomas e células da medula óssea de
camundongos neonatais e observaram que a expressão de MMP-9 juntamente com RANKL,
37
permitiu a indução da diferenciação osteoclástica com consequente atividade de reabsorção
óssea pelas células de ameloblastomas. Porém, ao incluir o TIMP-1 ao sistema, a atividade
inibitória desta proteína sobre a MMP-9 não mostrou um efeito inibitório significativo no
processo de reabsorção óssea. Portanto, esses autores sugeriram que a MMP-9 poderia
participar na degradação da matriz óssea, entretanto não seria a principal protease envolvida.
Contudo, a expressão de MMP-9 tem sido demonstrada como um importante fator para
o estabelecimento das diferenças entre o comportamento biológico de lesões odontogênicas
mais indolentes, tais como os cistos dentígeros, cistos radiculares e tumores odontogênicos
adenomatóides (TOAs), e as mais agressivas, como os TOCs e ameloblastomas (RIBEIRO et
al, 2009; HENRIQUES et al., 2011; FINKELSTEIN et al., 2013).
Uma expressão elevada dessa protease tanto em células neoplásicas quanto estromais,
também foi encontrada por Siqueira et al. (2010), quando compararam o comportamento
biológico de ameloblastomas e tumores odontogênicos císticos calcificantes (TOCCs). Esses
autores sugerem que mecanismos independentes envolvendo a síntese dessas MMPs e a
atividade proliferativa contribuem para a invasão local dos ameloblastomas, influenciando seu
comportamento biológico agressivo.
Ribeiro et al. (2012) avaliaram a expressão das MMPs em relação à agressividade e
atividade proliferativa de TOCs e encontraram uma expressão significativamente mais
abundante de MMP-9 nesses tumores quando comparados ao TOCCs, que são caracterizados
como tumores minimamente invasivos, isto é, não agressivos.
2.3.2 Metaloproteinase de matriz – 13 (MMP-13)
A MMP-13, ou colagenase-3, foi originalmente relacionada ao câncer de mama
(FREIJE, DÍEZ-ITZA, BALBIN, 1994), sendo produzida tanto por fibroblastos e células do
epitélio escamoso maligno, como por células plasmáticas associadas à lesão óssea destrutiva
(WAHLGREN et al., 2001, 2003).
Estudos têm apontado os miofibroblastos como secretores da MMP-13 (LEDERLE et
al., 2010), e sendo responsáveis em transformá-la na sua forma ativa (NIELSEN et al., 2001;
NIELSEN et al., 2008; SHI, WANG, TARBELL, 2011). De Aquino et al. (2009) indicam que
outros tipos celulares, tais como células endoteliais, fibroblastos, osteoblastos e condrócitos
possam induzir a expressão da MMP-13.
38
Juntamente com as MMP-1 e MMP-8, constituem as principais proteinases capazes de
iniciar a degradação de vários colágenos fibrilares nativos, incluindo os colágenos I, II, III e IV
(STAMENKOVIC, 2000).
O colágeno é considerado o principal componente orgânico do tecido ósseo normal e a
proteína mais abundante da matriz extracelular intersticial. Sendo que em mamíferos, o
colágeno tipo I representa cerca de 90% do total dessas proteínas fibrosas (BRASILEIRO
FILHO, 2004; COWAN et al., 2009).
A MMP-13 exerce um papel essencial na cascata de ativação de MMPs, tanto ativando
como sendo ativada por outras MMPs (LEEMAN et al., 2002) e tem seu efeito biológico
marcadamente relacionado com a ativação de células osteoclásticas (HANNAS et al., 2007).
Desde a descoberta de seu envolvimento com tumores em humanos em 1994, a expressão
elevada de MMP-13 tem sido encontrada em diferentes malignidades, sendo relacionada tanto
com o comportamento do tumor quanto com o prognóstico do paciente (FREIJE et al., 1994;
JOHANSSON et al., 1997; NIELSEN et al., 2001).
Escassos trabalhos são relatados na literatura quanto a expressão da MMP-13 em lesões
odontogênicas, porém, seu papel na progressão de outros tumores tem sido bastante
demonstrado, tais como em câncer de cabeça e pescoço, de laringe, de mama, gástrico,
condrossarcoma, coloretal, carcinomas vulvares e linfomas epiteliais malignos (FREIJE et al.,
1994; JOHANSSON et al., 1997; JOHANSSON et al., 1999; PENDÁS et al., 2000; DEL
CASAR LIZCANO et al., 2003; KRECICKI et al., 2003; CULHACI et al., 2004; ROEB et al.,
2004; CORTE et al., 2005; LUUKKAA et al., 2006; KUDO et al., 2012).
Leonardi et al. (2010) sugeriram que a MMP-13 pode induzir a migração epitelial e o
potencial de crescimento dos TOCs, quando comparados a outros cistos odontogênicos, tais
como os cistos dentígeros e radiculares. Estes autores encontraram uma expressão mais
proeminente desta MMP no estroma da lesão, principalmente quando associadas à SCNCB, o
que pode justificar a maior agressividade dos ceratocistos odontogênicos sindrômicos quando
comparados aos casos esporádicos.
2.4 INIBIDOR TECIDUAL DE METALOPROTEINASE (TIMP)
Os TIMPs constituem uma família de inibidores intrínsecos de MMPs, capazes de
bloquear especificamente as formas ativas destas enzimas (WESTERMARCK, KAHARI,
1999; KUMAMOTO et al., 2003). Além da inibição de MMPs, os TIMPs também podem
induzir alterações na morfologia celular, estimular o crescimento de vários tipos de células,
39
estão envolvidos no desenvolvimento de células germinativas e têm efeito na angiogênese e na
migração e apoptose celular (WESTERMARCK, KAHARI, 1999; SIQUEIRA et al., 2010;
MATOS et al., 2012).
Os TIMPs são proteínas pequenas de aproximadamente 2500 Da, cuja estrutura se divide
em: domínio N-terminal e o subdomínio C-terminal (BORD et al., 1999; NAGASE; VISSE;
MURPHY, 2006; KRANE, INADA, 2008) (Figura 2).
Figura 2. Estrutura tridimensional dos TIMP-1.
Fonte: Nagase, Visse e Murphy, 2006.
Há, atualmente, quatro membros conhecidos dessa família: TIMP-1, -2, -3 e -4, que
exibem 30 a 40% de homologia na cadeia de aminoácidos e possuem 12 resíduos de cisteína
conservados (WESTERMARCK, KAHARI, 1999; CURRAN, MURRAY, 2000). Thomas,
Lewis e Speight (1999) relataram em sua revisão que os TIMP-1 e -2 são expressos por muitos
tipos celulares, enquanto o TIMP-3 parece estar associado a tecidos conjuntivos. A expressão
do TIMP-1 e TIMP-3 é induzida por uma ampla variedade de agentes, enquanto a expressão do
TIMP-2 é constitutiva. O padrão de expressão do TIMP-4 parece mais restrito que os outros
TIMPs. Os TIMPs podem ser encontrados na forma de proteínas secretadas ou encontrados na
superfície celular associados à proteínas constituintes da membrana celular (GEORGES et al.,
2009).
Eles podem inibir todas as formas ativas de MMPs em um fenômeno que ocorre através
da formação de complexos bimoleculares não-covalentes, compostos pela atividade inibitória
da molécula presente no domínio N-terminal dos TIMPs e pela forma ativa, e ocasionalmente,
forma latente das MMPs, geralmente em uma estequiometria de 1:1 (BORD et al., 1999;
KUMAMOTO et al., 2003; NAGASE; VISSE; MURPHY, 2006).
40
O equilíbrio entre MMPs e TIMPs determina, em última instância, a extensão da
degradação da MEC em condições fisiológicas e patológicas (BORD et al., 1999;
KUMAMOTO et al., 2003). Assim, dentre várias condições patológicas, vem surgindo estudos
sobre essa relação na biologia do câncer oral (BIRKEDAL-HANSEN et al., 2000; TAKAOKA
et al., 2006; FULLÁR et al., 2012; SUAREZ-ROA et al., 2012) e dos cistos e tumores
odontogênicos (KUMAMOTO, 2003; SILVEIRA et al., 2007; GOMES et al., 2010;
LEONARDI et al., 2010; SIQUEIRA et al., 2010; RIBEIRO et al., 2012).
Nesse sentido, muitos estudos apontam que a interação entre as MMPs e TIMPs é
considerada um possível fator regulador determinante na proliferação das células tumorais,
estabilização e agressividade dos diferentes cistos e tumores odontogênicos (SIQUEIRA et al.,
2010; HENRIQUES et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012).
2.4.1 Inibidor tecidual de metaloproteinase – 1 (TIMP-1)
O TIMP-1 é uma proteína glicosilada de 28 kDa (BORD et al., 1999). Embora os TIMPs
inibam todas as MMPs, o TIMP-1 é um pobre inibidor para MMP-19 e para MMPs ancoradas
à membrana plasmática, MT1-MMP, MT3-MMP e MT5-MMP (NAGASE; VISSE;
MURPHY, 2006).
Muitos dos fatores que estão envolvidos com a regulação e expressão do TIMP-1, também
estão implicados na regulação do crescimento celular e no funcionamento da IL-1b, IL-6, TNF-
α, EGF, BFGF, PDGF, dentre outros. De grande interesse é o fato de que muitos desses fatores
regulam a expressão de proteínas da matriz extracelular e de MMPs (THOMAS; LEWIS;
SPEIGHT, 1999).
O estudo de Bord et al. (1999) demonstrou distintos padrões de localização do TIMP-1 e
MMPs em diferentes tipos de ossos humanos in vivo. A presença de MMPs associada ao baixo
nível de TIMP-1 em osso patológico pode resultar em excessiva degradação da matriz
extracelular. Em contraste, a expressão generalizada de TIMP-1 em tecidos ósseos normais em
desenvolvimento, sugere que ele atua no controle da atividade de MMP, contribuindo para a
regulação de modelagem e remodelagem ósseas no desenvolvimento do tecido ósseo humano.
No contexto dos cistos e tumores odontogênicos, o estudo de Kumamoto et al. (2003)
mostrou uma expressão positiva de TIMP-1 em todos os casos de ameloblastomas analisados,
sendo essa expressão localizada em algumas células tumorais, bem como em componentes
estromais desses tumores. Na maioria dos ameloblastomas estudados, a expressão dos TIMPs
e das MMPs analisados foi mais proeminente no estroma circunjacente às ilhas e ninhos
41
tumorais. Esses autores sugerem, assim, que o TIMP-1 estaria atuando na regulação das MMPs
em um processo que estaria relacionado com a supressão tumoral.
Siqueira et al., (2010) avaliaram a expressão de MMPs e TIMPs na evolução do padrão
de invasão do ameloblastoma e observaram que os níveis de expressão tanto de fatores de
crescimento quanto de MMPs e TIMPs estavam significativamente aumentados quando
comparados aos dos TOCCs, concluindo que o envolvimento dessas proteínas entre si exercem
um papel importante no comportamento biológico dos ameloblastomas.
Ribeiro et al. (2012), ao analisarem as expressões de TIMP-1 e TIMP-2 em casos de TOCs
e TOCCs, encontraram diferenças de expressão entre TIMP-1 e TIMP-2 entre estas lesões,
sugerindo que diferentes lesões poderiam expressar diferentes TIMPs.
42
43
3 PROPOSIÇÃO
O presente estudo se propôs a avaliar a expressão imuno-histoquímica das proteínas
MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 em uma série de casos de ameloblastomas e TOC, visando
contribuir para um melhor entendimento da participação dessas proteínas no desenvolvimento
e comportamento das lesões estudadas.
44
45
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Este estudo constitui parte de um projeto de pesquisa cadastrado na Comissão Nacional
de Ética em Pesquisa (CONEP) e submetido à análise do seu conteúdo pelo Comitê de Ética
em Pesquisa – CEP da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo aprovado sob
parecer nº 175/2010.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O presente estudo caracterizou-se por uma pesquisa laboratorial, consistindo de uma
análise imuno-histoquímica descritiva e comparativa, da expressão da MMP-9, MMP-13 e do
TIMP-1 em espécimes de TOC e ameloblastomas.
4.3 POPULAÇÃO
A população deste estudo foi constituída por todos os casos de TOC e ameloblastomas
arquivados no Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do
Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
4.4 AMOSTRA
A amostra do estudo foi intencional e constituída por 40 espécimes de tumores
odontogênicos sendo 20 espécimes de ameloblastomas sólidos/multicísticos e 20 espécimes de
TOCs, de acordo com a última classificação da OMS (BARNES et al., 2005).
4.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA
4.5.1 Critérios de inclusão
Foram incluídos na amostra os espécimes de ameloblastomas e TOCs que exibiam
características histológicas bem definidas pertinentes a cada lesão e que exibissem epitélio e
mesênquima suficiente para o estudo imuno-histoquímico.
46
4.5.2 Critérios de exclusão
Foram excluídos do estudo os espécimes com material insuficiente para análise imuno-
histoquímica.
Sendo assim, em nosso estudo foram excluídos dois casos de TOC corados,
respectivamente, pela MMP-13 e TIMP-1.
4.6 ESTUDO MORFOLÓGICO
Para o estudo morfológico, examinou-se sob microscopia de luz as lâminas
confeccionadas e arquivadas no Laboratório de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia
Oral da UFRN, previamente submetidas a cortes histológicos de 5μm de espessura e coradas
pela técnica de rotina da hematoxilina e eosina (H.E). Aspectos referentes à presença dos
componentes epiteliais e mesenquimais foram observados para seleção e composição da
amostra.
4.7 MÉTODO IMUNO-HISTOQUÍMICO
Toda a amostra selecionada, fixada em formol a 10% e incluída em parafina, foi
submetida a cortes histológicos de 3 µm de espessura que, foram estendidos em lâminas de
vidro previamente limpas e desengorduradas, preparadas com adesivo a base de Organosilano
(3-aminopropyltrietroxisilano, Sigma Chemical CO, USA). Esses cortes histológicos foram
corados pelo método da estreptoavidina-biotina (streptavidin-biotin complex, SABC)
utilizando-se os anticorpos anti-MMP-9, anti-MMP-13 e anti-TIMP-1 (Quadro 1).
Quadro 1. Especificações dos anticorpos utilizados na pesquisa. Natal-RN, 2014.
*Novocastra Laboratories LTDA; ** NeoMarkers, Fremont, CA, USA; ***EMD Millipore Corp., Billerica, MA.
Especificidade e
Clone Fabricante Diluição Recuperação Antigênica Incubação
MMP-9 (15W2) Novocastra* 1:80 Citrato pH 6,0 Overnight
MMP-13 (3533-100) Neo Markers** 1:250 Citrato Pascal 60’
TIMP-1 (102D1) Millipore*** 1:50 EDTA pH 8,0 em Pascal 60’
47
4.7.1 Coloração pelo método imuno-histoquímico
A técnica utilizada seguiu o seguinte protocolo:
Desparafinização – realizada por meio de 2 banhos em xilol, sendo o primeiro em
temperatura de 60ºC durante 30 minutos e o segundo em temperatura ambiente durante
20 minutos;
Reidratação em banhos de etanóis com concentrações decrescentes:
Álcool etílico absoluto I (5 minutos);
Álcool etílico absoluto II (5 minutos);
Álcool etílico absoluto III (5 minutos);
Álcool etílico 95 GL (5 minutos);
Álcool etílico 80 GL (5 minutos).
Imersão em solução de hidróxido de amônia a 10% por 10 minutos, com a finalidade de
remoção do pigmento formólico;
Lavagem do material em água corrente por 10 minutos e duas passagens por agua
destilada deionizada;
Recuperação antigênica de acordo com as especificações sugeridas pelo fabricante de
cada anticorpo;
Passagem em água corrente durante 10 minutos;
Imersão em água destilada por 2 vezes, com tempo de 5 minutos cada;
Duas incubações dos cortes, durante 15 minutos cada, em solução de peroxido de
hidrogênio a 10 volumes;
Lavagem em água corrente durante 10 minutos;
Duas imersões em água destilada, com tempo de 5 minutos cada;
Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCI (pH 7,4) por 5 minutos
cada;
Incubação dos cortes com os anticorpos primários diluídos em preparado com albumina
bovina (BSA) a 1% (a diluição e o tempo de incubação serão realizados de acordo com
as especificações sugeridas pelo fabricante de cada anticorpo);
Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCI (pH 7.4) por 5 minutos
cada;
Incubação como o anticorpo secundário (Biotinylated link universal – DAKO) diluído
em tampão TRIS-HCI (pH 7.4) por 5 minutos cada;
48
Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCI (pH 7.4) por 5 minutos
cada;
Incubação com o complexo estreptavidina-biotina (Dakocytomation LSAB + System-
HRP, Dakocytomation, A/S, Glostrup, Dinamarca), diluído em tampão TRIS-HCI (pH
7.4), durante 30 minutos à temperatura ambiente;
Lavagem com TRIS-HCI (pH 7.4);
Incubação em duas trocas de TRIS-HCI (pH 7.4) por 5 minutos cada;
Aplicação do agente cromógeno diaminobenzidina (DAB), durante 3 minutos, diluída
em TRIS-HCI (pH 7.4) e ativada pelo peroxido de hidrogênio a 10 volumes, em câmara
escura;
Lavagem em água corrente e água destilada durante 10 minutos cada;
Contra-coloração utilizando hematoxilina de Mayer durante 10 minutos;
Desidratação em série de etanóis com concentrações ascendentes:
Álcool etílico 80 GL (3 minutos);
Álcool etílico 95 GL (3 minutos);
Álcool etílico absoluto I (3 minutos);
Álcool etílico absoluto II (3 minutos);
Álcool etílico absoluto III (3 minutos).
Imersão em xilol I (5 minutos);
Imersão em xilol II (5 minutos);
Montagem em resina Permount para observação ao microscópio de luz.
4.7.2 Análise imuno-histoquímica
O parâmetro para análise imuno-histoquímica dos anticorpos em todos os espécimes
incluídos na amostra consistiu na positividade da marcação, sendo consideradas positivas as
células que exibiram coloração acastanhada, independentemente de sua intensidade. As células
imunorreativas foram analisadas quantitativamente por um observador previamente calibrado.
A contagem das células foi realizada sob microscopia de luz, em dez campos histológicos
representativos e consecutivos, num aumento final de 400X. Foram analisados um total de 20
campos histológicos diferentes, sendo 10 campos no componente epitelial e 10 no mesênquima.
A imagem de cada campo foi congelada através de fotografia obtida com fotomicroscópio
Olympus com câmera digital de alta resolução acoplada a um microcomputador para o qual as
imagens foram transferidas utilizando-se o sistema Olympus Master versão 1.41 EX. As células
49
imunomarcadas foram contadas com a utilização do software ImageJ (ImageJ para Windows,
versão 1.47, 64-bit Java: Wayne Rasband, National Innstitute of Health, USA) sendo calculado,
então, o número médio de células positivas e negativas por campo em cada caso. Esses números
foram utilizados para o cálculo da razão entre os diferentes fatores ativadores de osteólise ou
inibidores de osteólise, definindo, então, a expressão predominante em cada caso e em cada
grupo de tumor estudado, classificando-os em escores de acordo com o metodologia adaptada
proposta por Moraes et al. (2011) (tabela 1).
Tabela 1. Sistema de escore para a imunoexpressão das MMPs -9 e -13 e TIMP-1.
Escore Padrão de imunoexpressão Classificação
MMP-9, MMP-13 e
TIMP-1
0 <10% de células positivas 0 ou expressão ausente
1 11 – 25% de células positivas Expressão fraca
2 26 – 75% de células positivas Expressão moderada
3 >76% de células positivas Expressão forte
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Após a coleta dos dados, os mesmos foram digitados em planilha eletrônica Excel
(Microsoft Office 2013® para Windows) e, posteriormente, exportados para o programa
estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 20.0, no qual foi, à
princípio, realizada a análise descritiva dos dados e, em seguida, os testes estatísticos
pertinentes, descritos abaixo.
Para comparar os escores de imunoexpressão de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no epitélio
e mesênquima com o tipo de lesão (TOC e Ameloblastoma) foi realizado o teste não-
paramétrico de Mann-Whitney. Para análise da razão entre os escores de imunomarcação de
MMP-9 e TIMP-1, como também de MMP-13 e TIMP-1, no epitélio e mesênquima dos TOCs
e Ameloblastomas utilizou-se o Wilcoxon signed rank test.
Para todos os testes estatísticos utilizados foi estabelecido o nível de significância de
5% (p ≤ 0,05).
50
51
5 RESULTADOS
5.1 RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS
5.1.1 Análise descritiva da expressão de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1
A presente amostra foi intencional e composta por 20 casos de ameloblastomas do tipo
sólido/multicístico e 20 casos de TOC. Todos os casos estudados apresentaram
imunorreatividade para as MMP-9 e -13 e TIMP-1. A expressão dessas proteínas foi
evidenciada pela marcação citoplasmática das células epiteliais e mesenquimais (fibroblastos,
células inflamatórias e endoteliais). Verificou-se que o padrão de marcação mais evidente nos
casos de ameloblastomas se localizava na periferia das ilhas epiteliais e em células inflamatórias
e endoteliais do estroma, enquanto nos casos de TOC, observou-se maior imunoexpressão em
toda a extensão do epitélio, porém, quando não apresentou imunorreatividade, esta foi menos
evidente nas células da camada basal. No mesênquima, o padrão de marcação foi bem
distribuído entre as células (fibroblastos, inflamatórias e endoteliais).
A avaliação do percentual dos escores de células que apresentaram imunorreação aos
anticorpos anti-MMP-9 e -13 e anti-TIMP-1 no tecido epitelial mostrou uma maior expressão
da MMP-9 nos TOCs, enquanto uma maior expressão da MMP-13 foi observada nos
ameloblastomas. Em ambas as lesões o TIMP-1 se encontrou marcadamente expresso no
epitélio (Figura 3).
Especificamente para a expressão da MMP-9 no epitélio, os TOCs revelaram uma maior
frequência do escore 3 (n=18; 90%), seguido do escore 2 (n=2; 10%). Nos casos de
ameloblastomas, constatou-se também o predomínio do escore 3 (n=16; 80%), seguido do
escore 2 (n=4; 20%). Adicionalmente, a expressão da MMP-13 no epitélio nos casos de TOCs
revelou semelhanças quanto à prevalência de expressão do escore 3 (n=14; 73,68%), seguido
do escore 2 (n=5; 26,31%), fato que também foi observado nos ameloblastomas, que exibiram
na grande maioria escore 3 (n=19; 95%), seguido do escore 2 (n=1; 5%). Em relação à
imunoexpressão do TIMP-1 no epitélio das lesões, no grupo dos TOCs, a maioria dos casos foi
classificada como escore 3 (n=12; 63,16%), seguido do escore 2 (n=7; 36,84%). Os
ameloblastomas exibiram predomínio do escore 3 em todos os casos (n=20, 100%).
52
Figura 3. Distribuição dos escores de imunomarcação para MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no epitélio dos
TOC e Ameloblastomas. Natal – RN, 2014.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.
Legenda: TOC, tumor odontogênico ceratocístico; Amelo, ameloblastoma.
A análise dos escores de expressão de MMP-9, -13 e TIMP-1 no mesênquima mostrou
uma maior expressão da MMP-9 nos TOCs quando comparados aos ameloblastomas, enquanto
uma maior expressão da MMP-13 foi observada nos ameloblastomas. Com relação ao TIMP-
1, observou-se marcada expressão em ambas as lesões (Figura 4).
Em relação à expressão da MMP-9 no mesênquima observou-se uma predominância de
escore 3 (n=17; 85%), seguido do escore 2 (n=3; 15%) nos casos de TOCs. O grupo dos
ameloblastomas exibiu uma predominância também do escore 3 (n=15; 75%), seguido dos
escores 2 (n=4; 20%) e 1 (n=1; 5%). A expressão da MMP-13 no mesênquima dos TOCs
demonstrou que a maioria dos casos foi classificada como escore 3 (n=10; 52,63), seguido do
escore 2 (n=9; 47,37%). Nos casos de ameloblastomas, constatou-se predomínio do escore 3
(n=17; 85%) seguido do escore 2 (n=3; 15%). Por fim, verificou-se escore 3 para a expressão
do TIMP-1 no mesênquima de todos os casos, tanto no grupo de TOC (100%) quanto no de
ameloblastoma (95%).
10
2026,3
5
36,8
0
90
80
73,7
95
63,2
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TOC Amelo TOC Amelo TOC Amelo
MMP-9 MMP-13 TIMP-1
Escore 0 Escore 1 Escore 2 Escore 3
53
Figura 4. Distribuição dos escores de imunomarcação para MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no mesênquima
dos TOC e Ameloblastomas. Natal/RN-2014.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.
Legenda: TOC, tumor odontogênico ceratocístico; Amelo, ameloblastoma
5.1.2 Resultados estatísticos
Ao comparar as medianas dos escores dos TOC e ameloblastomas para MMP-9 e -13,
não se observou diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação à
imunoexpressão dessas proteínas no epitélio das lesões (p=0,382 e p=0,069, respectivamente).
Já em relação ao TIMP-1 observou-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos
de lesões (p=0,003), onde analisou-se uma maior participação do TIMP-1 no epitélio dos
ameloblastomas (Tabela 2).
Tabela 2. Grupo de tumor, tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos e significância estatística para os escores de imunoexpressão de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no
epitélio. Natal, RN – 2014.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.
Legenda: TOC, tumor odontogênico ceratocístico; Amelo, ameloblastoma.
(+): Teste Mann-Whitney.
* Diferença significante a 5,0%. ** Não foi possível a realização dos testes pois não houve variabilidade da amostra.
0 0 0 0 05
05
0 0 0 0
1520
47,37
15
0 0
85
75
52,63
85
100 95
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TOC Amelo TOC Amelo TOC Amelo
MMP-9 MMP-13 TIMP-1
Escore 0 Escore 1 Escore 2 Escore 3
Grupo n Mediana Q25-Q75 Média dos
postos
Soma dos
Postos U p(+)
MMP-9 TOC 20 3,00 3,00 – 3,00 21,50 430,00
180,00 0,382 Amelo 20 3,00 3,00 – 3,00 19,50 390,00
MMP-13 TOC 19 3,00 2,00 – 3,00 17,87 339,50
149,50 0,069 Amelo 20 3,00 3,00 – 3,00 22,03 440,50
TIMP-1 TOC 19 3,00 2,00 – 3,00
** Amelo 20 3,00 3,00 – 3,00
54
A análise da mediana dos escores de expressão da MMP-13 por meio do teste não-
paramétrico de Mann-Whitney, demonstrou diferença estatisticamente significativa entre os
grupos de lesões no mesênquima tumoral (p=0,031), em que a maior concentração de MMP-13
foi observada no mesênquima dos ameloblastomas. Além disso, foi observada ausência de
diferença estatisticamente significativa para os marcadores MMP-9 e TIMP-1 entre os dois
grupos de lesão (Tabela 3).
Tabela 3. Grupo de tumor, tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos e significância estatística para os escores de imunoexpressão de MMP-9, MMP-13 e TIMP-1 no
mesênquima dos TOCs e Ameloblastomas. Natal, RN – 2014.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.
Legenda: TOC, tumor odontogênico ceratocístico; Amelo, ameloblastoma.
(+): Teste Mann-Whitney.
*Diferença significante a 5,0%.
** Não foi possível a realização dos testes pois não houve variabilidade da amostra.
Ao avaliar a razão entre os escores de imunomarcação de TIMP-1 e MMP-9 no epitélio
dos TOCs, a fim de se investigar expressão predominante de alguma dessas proteínas, não se
observou diferença significante (p=0,096). Já nos ameloblastomas constatou-se diferença
estatisticamente significativa (p=0,046), onde a maioria dos casos (80%) apresentou
similaridade de escores (Tabela 4).
Quando foi considerada a razão entre os escores de expressão de TIMP-1 e MMP-9 no
mesênquima dos TOCs e dos ameloblastomas, não demonstrou-se diferença estatística
significante (p=0,083 e p=0,408, respectivamente), uma vez que em ambas as lesões a maioria
dos casos mostrou escores iguais para TIMP-1 e MMP-9 (Tabela 4).
Tabela 4. Distribuição dos casos em relação aos postos de escores de imunomarcação para o TIMP-1 e
MMP-9 no epitélio e no mesênquima dos TOCs e Ameloblastomas. Natal, RN – 2014.
Grupo n Mediana Q25-Q75 Média dos
postos
Soma dos
Postos U p(+)
MMP-9 TOC 20 3,00 3,00 – 3,00 21,58 431,50
178,50 0,403 Amelo 20 3,00 2,75 – 3,00 19,43 388,50
MMP-13 TOC 19 2,00 2,00 – 3,00 16,76 318,50
128,50 0,031* Amelo 20 3,00 3,00 – 3,00 23,08 461,50
TIMP-1 TOC 19 3,00 3,00 – 3,00
** Amelo 20 3,00 3,00 – 3,00
Tecido Lesão TIMP-1<MMP-9 TIMP-1>MMP-9 TIMP-1=MMP-9 p(+)
Epitélio TOC 7 (36,84%) 2 (10,53%) 10 (52,63%) 0,096
Amelo 0 (0,00%) 4 (20,00%) 16 (80,00%) 0,046*
Mesênquima TOC 0 (0,00%) 3 (15,79%) 16 (84,21%) 0,083
Amelo 1 (5,00%) 4 (20,00%) 15 (75,00%) 0,408
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.
Legenda: TOC, tumor odontogênico ceratocístico; Amelo, ameloblastoma.
(+): Teste Mann-Whitney.
*Diferença significante a 5,0%.
55
A avaliação da razão entre os escores de imunomarcação do TIMP-1 e da MMP-13 no
epitélio dos TOCs, assim como no epitélio dos ameloblastomas, revelou não existir diferença
estatisticamente significativa (p=0,480; p=0,317), sendo observado que 57,89% dos casos de
TOC e 95,00% dos ameloblastomas apresentaram similaridade de escores (Tabela 5).
O cálculo da razão entre os escores de imunomarcação do TIMP-1 e MMP-13 no
mesênquima dos TOC, mostrou diferença estatisticamente significativa (p=0,003), onde
52,63% dos TOC exibiram similaridade de escores. Com relação aos ameloblastomas, 80% dos
casos exibiram similaridade de escores para a expressão de TIMP-1=MMP-13, no entanto este
resultado não exibiu significância estatística (p=0,705) (Tabela 5).
Tabela 5. Distribuição dos casos em relação aos postos de escores de imunomarcação para o TIMP-1 e
MMP-13 no epitélio e no mesênquima dos TOC e Ameloblastomas. Natal, RN – 2014.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.
Legenda: TOC, tumor odontogênico ceratocístico; Amelo, ameloblastoma.
(+): Teste Wilcoxon.
*Diferença significante a 5,0%.
Tecido Lesão TIMP-1<MMP-13 TIMP-1>MMP-13 TIMP-1 = MMP-13 p(+)
Epitélio TOC 5 (26,31%) 3 (15,79%) 11 (57,89%) 0,480
Amelo 0 (0,00%) 1 (5,00%) 19 (95,00%) 0,317
Mesênquima TOC 0 (0,00%) 9 (47,37%) 10 (52,63%) 0,003*
Amelo 1 (5,00%) 3 (15,00%) 16 (80,00%) 0,705
56
57
58
59
60
6 DISCUSSÃO
O ameloblastoma e o tumor odontogênico ceratocístico (TOC) são lesões que, em
virtude de seu comportamento biológico potencialmente agressivo, alto poder de destruição
local e taxas relativamente elevadas de recidiva, representam alvos de diversos estudos em torno
das possíveis razões para esse desfecho.
Nesse contexto, muitos autores investigam, através da técnica de imuno-histoquímica,
os possíveis mecanismos que justifiquem o comportamento biológico expansivo e infiltrativo
local dessas lesões, principalmente do ameloblastoma. Estudos têm demonstrado que tais lesões
apresentam maior expressão de fatores de crescimento que outras lesões de natureza
odontogênica tais como EGF e TGF-α (SIQUEIRA et al., 2010). Kubota e Shirasuna (2007)
investigaram o papel exercido pela IL-1 em favorecer o crescimento lesional. A função da
endoglina (CD105) e o aumento da angiogênese e do fator nuclear κB também foram alvos de
estudos como possíveis razões para esse distinto comportamento (SANTOS et al., 2011), bem
como o papel do RANKL no processo de reabsorção óssea (QIAN; HUANG, 2010). Outros
estudos mostraram, ainda, que estes tumores apresentam alterações na expressão de genes
supressores de tumor (p53) e de proteínas reguladoras do ciclo celular, tais como a MDM2,
p14ARF e Ki-67 (SHEAR, 2002; MEER et al., 2003; KUMAMOTO et al., 2004, KICHI et al.,
2005). Proteínas anti-apoptóticas (bcl-2) e possíveis alterações nas moléculas de adesão (α2β1,
α3β1 e α5β1) presentes nesses tumores também foram objetos de estudos (KICHI et al., 2005;
ANDRADE et al., 2008).
Em adição, sugere-se que interações intermoleculares entre as células tumorais e a MEC
circundante contribuem para o comportamento biológico distinto dos tumores antes citados e
as demais lesões odontogênicas, influenciando seu crescimento, infiltração local e
agressividade. Estudos têm mostrado que a expressão das MMPs tem sido encontrada em níveis
elevados nos ameloblastomas e TOCs quando comparados a outras lesões também de origem
odontogênica, porém com curso clínico mais indolente (LEONARDI et al., 2010; QIAN;
HUANG, 2010; HENRIQUES et al., 2011; SANTOS et al., 2011; RIBEIRO et al., 2012; ANNE
et al., 2013). Face ao exposto, o presente estudo se propôs a analisar a imunoexpressão das
MMP-9 e -13 e seu inibidor tecidual intrínseco, o TIMP-1, em uma série de casos de
ameloblastomas e TOC a fim de contribuir para uma maior compreensão da participação dessas
proteínas no desenvolvimento e comportamento biológico dessas lesões.
A análise da imunomarcação dessas proteínas foi realizada no componente epitelial e
mesenquimal de uma série de casos de ameloblastomas sólidos e TOCs e demonstrou níveis
61
marcadamente expressos em todos os casos. A expressão da MMP-9 no componente epitelial
dos TOCs e ameloblastomas demonstrou elevados índices de imunorreatividade, com
predominância do escore 3 em 90% e 80% dos casos, respectivamente, corroborando a ideia de
que níveis elevados destas proteinases estão presentes no parênquima de lesões consideradas
agressivas. Estudos anteriores sobre a expressão da MMP-9 no epitélio de TOCs,
ameloblastomas, cistos radiculares (CR) e cistos dentígeros (CD) (QIAN; HUANG, 2010;
HENRIQUES et al., 2011; SANTOS et al., 2011; ANNE et al., 2013), tumores odontogênicos
císticos calcificantes (TOCC) (SIQUEIRA et al., 2009; RIBEIRO et al., 2012) e tumor
odontogênico adenomatóide (TOA) (RIBEIRO et al., 2009) demonstraram percentuais médios
de células imunopositivas elevados. Estes achados sugerem que o crescimento dessas lesões é
influenciado pela alta produção de MMPs.
Resultados semelhantes aos da presente pesquisa foram observados em estudos prévios.
De acordo com o estudo de Henriques et al. (2011), uma expressão mais elevada de MMP-9 foi
encontrada no epitélio dos TOCs e ameloblastomas, quando comparados à expressão em CD e
CR. Sendo esta metaloproteinase responsável pela degradação do colágeno tipo IV, o principal
componente da membrana basal, estes autores sugerem que esse fato pode contribuir para os
comportamentos biológicos distintamente mais agressivos das duas primeiras lesões quando
comparadas ao CD e CR.
Santos et al. (2011) encontraram uma maior expressão de MMP-9 nas células epiteliais
em 90% dos casos de TOCs em relação aos casos de CD e CR, demonstrando uma maior
participação desta MMP nos TOCs do que nas outras lesões odontogênicas. Este resultado é
compatível com o nosso estudo, onde níveis elevados de MMP-9 também foram encontrados
no tecido epitelial dos casos de TOCs. Concordando com nosso estudo, Ribeiro et al. (2012)
observaram uma forte expressão da MMP-9 no epitélio dos TOCs presentes em mais de 60%
das células.
A imunomarcação marcante da MMP-9 nas lesões avaliadas sugere sua participação na
degradação da MEC circundante, favorecendo o crescimento e expansão desses tumores,
refletindo no comportamento biológico distinto dessas lesões.
No tocante à expressão de MMP-13 nos tumores odontogênicos, poucos estudos são
encontrados na literatura, porém seu papel na progressão de outros tumores tem sido bastante
relatado, tais como em câncer de cabeça e pescoço, de mama, gástrico, condrossarcoma,
coloretal e carcinomas vulvares (FREIJE et al., 1994; JOHANSSON et al., 1997; JOHANSSON
et al., 1999; PENDÁS et al., 2000; DEL CASAR LIZCANO et al., 2003; KRECICKI et al.,
62
2003; CULHACI et al., 2004; ROEB et al., 2004; CORTE et al., 2005; LUUKKAA et al., 2006;
KUDO et al., 2012).
Leonardi et al. (2010) compararam a expressão da MMP-13 nos TOCs esporádicos e
naqueles associados à síndrome do carcinoma nevóide de células basais (SCNCB) e,
encontraram uma maior expressão de MMP-13 no epitélio dos casos sindrômicos quando
comparados aos esporádicos, concluindo que a elevada expressão nos casos sindrômicos
contribui para a maior agressividade destes tumores nesse caso em específico.
No entanto, os TOCs esporádicos, embora considerados menos agressivos que os
sindrômicos, exibiram marcante imunoexpressão da MMP-13. Esses resultados são condizentes
aos casos de TOCs que utilizamos em nosso estudo (também esporádicos), onde encontramos
uma expressão elevada da MMP-13 no epitélio (escore 3) na grande maioria dos casos,
sugerindo a participação desta proteína no parênquima tumoral.
Resultados semelhantes aos encontrados em nossa amostra estão descritos no trabalho
de Wahlgren et al. (2003). Estes autores também observaram níveis elevados de expressão da
MMP-13 no epitélio dos TOCs, onde 89% de seus 20 casos mostraram positividade elevada
para esta proteína, sendo observada a presença de imunorreação também na zona de membrana
basal. Adicionalmente, através da técnica de hibridização in situ, estes autores encontraram a
presença de mRNA MMP-13 em 100% dos casos nas células epiteliais, sugerindo que a
presença da MMP-13 no epitélio participa na regulação da proliferação celular focal, maturação
e migração dessas células através do tecido conjuntivo circunjacente.
No que concerne à expressão da MMP-13 em ameloblastomas, ao avaliarmos o
percentual dos escores de células imunorreativas no epitélio, encontramos sua presença em
todos os casos da amostra analisada, com 95% dos casos demonstrando uma forte
imunoexpressão (escore 3). Resultados semelhantes foram encontrados por Santos (2013), o
qual pesquisou sobre a participação desta MMP em lesões odontogênicas epiteliais e confirmou
a presença de uma forte expressão nas células de ameloblastomas sólidos.
Acreditamos que a agressividade dessas lesões não se deve apenas ao comportamento e
proliferação do componente epitelial, mas também ao tecido conjuntivo adjacente, que
contribui para o crescimento e poder infiltrativo desses tumores, embasado em pesquisas como
as de Siqueira et al. (2009) que demonstraram a positividade para MMP-9 nas células do
estroma lesional em mais de 75% dos casos de ameloblastomas e de Henriques et al. (2011)
que encontraram um alta imunorreatividade para MMP-9 no mesênquima em 70% dos casos
de ameloblastomas.
63
Sendo assim, ao analisarmos a imunoexpressão das MMPs no mesênquima lesional, no
que diz respeito à MMP-9, a maioria dos TOCs (85%) e dos ameloblastomas (75%)
demonstraram imunorreatividade para esta proteína em mais de 76% das células (escore 3).
A presença da MMP-9 no mesênquima dos TOCs também foi reportada por Santos et
al. (2011), no entanto uma expressão elevada dessa MMP foi observada em apenas 45% dos
casos, apresentando, a maioria dos casos, uma imunorreação de fraca a moderada. Esses
resultados diferem dos encontrados em nossa pesquisa, já que foi observada escore 3 de
expressão da MMP-9 em 85% dos casos. Nos estudos supracitados, os autores consideraram
imunoexpressão forte para aqueles casos que apresentaram imunomarcação em mais de 50%
das células.
Vale destacar, ainda, que os percentuais de expressão da MMP-9 no mesênquima dos
TOCs foram bastante próximos aos constatados no epitélio. Estes achados denotam a expressão
significativa da MMP-9 no componente mesenquimal dos TOCs, confirmando o envolvimento
dessa proteína no estroma tumoral na modulação do processo de reabsorção óssea associada a
essas lesões.
No presente trabalho, a expressão da MMP-13 no mesênquima foi observada em mais
de 76% das células (escore 3), em 52,63% dos casos de TOC, tendo uma participação de maior
destaque nos ameloblastomas, já que a maioria dos casos de nossa amostra (85%) revelou
predomínio de escore 3 de expressão. Adicionalmente, quando comparamos a expressão da
MMP-13 com a da MMP-9 no mesênquima dos ameloblastomas, constatamos, igualmente, a
maior participação da MMP-13.
Em relação à expressão da MMP-13 em mesênquima dos TOCs, no estudo de Leonardi
et al. (2010) observou-se predominância da expressão dessa MMP no mesênquima dos TOCs
associados à SCNCB, enquanto nos tumores não-sindrômicos, a imunoexpressão da MMP-13
se mostrou quase ausente, diferente do que observamos no presente trabalho, em que a grande
maioria dos casos de TOCs (esporádicos) revelou expressão elevada da MMP-13 no
mesênquima. Diferenças entre as metodologias de classificação de escore de porcentagem de
imunomarcação empregadas no presente estudo com as utilizadas por estes autores, uma vez
que eles classificaram como expressão forte aqueles casos em que a imunorreação foi observada
em mais de 50% das células, podem justificar essas discrepâncias. Contudo, para estes autores,
o comportamento biológico destas lesões está relacionado não só ao tecido epitelial, mas
também ao tecido mesenquimal, afirmando que os TOCs, especialmente os sindrômicos, podem
ocorrer devido à persistência dos fatores moleculares que promovem a MMP-13, inferindo ser
64
esta proteína o principal mediador de destruição óssea nesses tumores. Wahlgren et al. (2003)
também concordam que o mesênquima da lesão pode influenciar no seu comportamento
biológico, tendo confirmada a presença significativa de expressão de MMP-13 nas células do
mesênquima adjacente (fibroblastos e células plasmáticas).
O crescimento e expansão tumoral é um processo em que as células neoplásicas
destroem e infiltram a MEC circunjacente, onde sua degradação se dá pela ação das MMPs,
que sofrem modulação pela secreção endógena de seus inibidores, os TIMPs. Segundo Qian e
Huang (2010), o processo de reabsorção óssea pode ser inibida pelo TIMP-1.
No presente trabalho, ao avaliarmos a expressão do TIMP-1, observamos uma
participação marcadamente expressa em ambas as lesões, não existindo diferenças entre a
expressão dela associada às de MMP-9 e -13. No epitélio dos TOCs observou-se escore 3 de
expressão para TIMP-1 em 63,2% dos casos, enquanto no epitélio dos ameloblastomas o escore
3 foi verificado em 100% dos casos.
Uma vez sabido que as MMPs podem ter sua ação diminuída na presença de seus
inibidores, como os TIMPs, buscamos analisar a razão entre esses marcadores, visando
identificar qual estímulo predominava, ou seja, constatar se a ação inibitória do TIMP-1
sobrepunha-se aos estímulos destrutivos das MMPs. Dessa forma, observou-se que a razão de
imunomarcação entre o TIMP-1 e a MMP-9 no epitélio, tanto dos TOCs quanto dos
ameloblastomas, revelou similaridade de expressão na maioria dos casos, isto é, em poucos
casos foi observada uma expressão superior de uma proteína em relação à outra.
Ao analisarmos o epitélio dos TOCs, expressão similar entre essas duas proteínas
(TIMP-1=MMP-9) foi observada em 52,63% dos casos, estando a expressão da MMP-9
superior ao TIMP-1 em apenas 36,8% dos casos.
Nossos resultados contrastam ao observado no estudo de Ribeiro et al. (2012) em que
foi pesquisada a expressão de MMPs e TIMPs no epitélio dos TOC e TOCC, sendo observado
que a MMP-9 se mostrou presente em mais de 60% das células epiteliais, enquanto a expressão
de TIMP-1 foi verificada em menos de 20% dessas células. Esses autores estudaram, ainda, a
expressão do TIMP-2 nessas lesões e, observaram uma participação superior desta proteína
comparado ao TIMP-1, estando o TIMP-2 presente igualmente à MMP-9. A expressão das
MMP-2, -9 e TIMP-1, -2 foi vista em menos de 40% das células de TOCC, concluindo que o
comportamento clínico dos TOC pode ser influenciado por proteínas específicas, devido à
grande participação da MMP-9 e TIMP-2 nos mecanismos moleculares e, consequentemente,
no comportamento biológico dos TOCs (RIBEIRO et al., 2012).
65
Siqueira et al. (2010), ao pesquisarem sobre o papel regulador das MMPs e TIMPs no
comportamento biológico dos ameloblastomas, observaram uma imunoexpressão de TIMP-1
em menos de 60% das células epiteliais, enquanto o TIMP-2 foi encontrado em mais de 90%
das células. Esses autores observaram que a expressão do TIMP-2 acompanhou a expressão da
MMP-9 no parênquima tumoral. Nossos resultados contrastam a estes achados, uma vez que
uma expressão similar de TIMP-1 e MMP-9 foi constatada no epitélio dos ameloblastomas
(80%).
Ao avaliarmos a expressão do TIMP-1 e MMP-9 no mesênquima tumoral das lesões
que compõem nossa amostra, similaridade de expressão foi observada na grande maioria dos
casos de TOC e ameloblastomas (TIMP-1=MMP-9 em 84,21% e 75% dos casos
respectivamente). Siqueira et al. (2010) relataram que a expressão do TIMP-1 foi observada no
mesênquima em menos de 40% dos casos de ameloblastomas, enquanto uma maior participação
do TIMP-2 foi demonstrada (>80%), sendo essa expressão similar à da MMP-9 (>80%). Estes
autores sugerem, no entanto, que o TIMP-2, associado aos fatores de crescimento EGF e TGF-
α, agem juntos na regulação da proliferação dos ameloblastomas, e assumem que um receptor
comum está envolvido nestes processos, tal como o EGFR.
De forma semelhante ao que foi observado entre as expressões do TIMP-1 e MMP-9,
constatamos, ao avaliar a razão de imunoexpressão da MMP-13 e do TIMP-1, independência
de imunoexpressão entre estas proteínas tanto no epitélio quanto no mesênquima das lesões
estudadas. A maioria dos casos apresentou similaridade entre a razão dos escores de
imunoexpressão, sugerindo forte participação destas proteínas no processo de remodelação da
MEC, reabsorção óssea e crescimento dos tumores. Esta relação nos leva a sugerir que a
expressão das MMPs ocorre por mecanismos independentes do envolvimento da produção de
TIMP-1.
Os TIMPs são originalmente caracterizados pela habilidade de inibir a atividade das
MMPs, porém evidências recentes indicam que eles possuem efeitos biológicos adicionais, tais
como regulação do crescimento celular, migração e apoptose (STETLER-STEVENSON, 2008;
SIQUEIRA et al., 2010).
No entanto, opiniões divididas em relação ao papel estabelecido das MMPs e TIMPs
enquanto principais moduladores da degradação da MEC e reabsorção óssea são encontradas
na literatura. Fuller, Kirsten e Chambers (2007) e Qian e Huang (2010) acreditam que a MMP-
9 pode não ser uma das principais proteases na atividade osteoclástica em ameloblastomas.
Qian e Huang (2010) estudaram a MMP-9 in vitro em coculturas de células de ameloblastomas
66
e osteoclastos, avaliando também a participação do RANKL e verificaram maior participação
desta última proteína, enquanto que a MMP-9 pareceu não participar da degradação da MEC
causada pelo ameloblastoma, ou pelo menos, não foi a principal protease. Além disso, o TIMP-
1 não mostrou efeito inibitório significativo na reabsorção óssea causada pelos osteoclastos.
Esse achado pode justificar, em parte, nossos resultados, que indicaram forte expressão do
TIMP-1 e das MMPs de maneira similar nos tumores estudados, mesmo sabendo-se do elevado
poder de destruição local verificado por extensas áreas de reabsorção óssea que eles apresentam
em sua evolução. Porém, é importante ressaltar que a metodologia aplicada por esses autores
foi diferente da nossa, uma vez que estudos in vitro nem sempre reproduzem as características
do microambiente tumoral no hospedeiro humano.
Nesse contexto, estudos apontam que outras células, tais como os miofibroblastos sejam
importantes na secreção da MMP-13 (LEDERLE et al., 2010) e em sua ativação (NIELSEN et
al., 2001; NIELSEN et al., 2008; SHI, WANG, TARBELL, 2011). Outras células como as
endoteliais, fibroblastos, osteoblastos e condrócitos também podem induzir a expressão da
MMP-13 (AQUINO et al., 2009). Adicionalmente, Santos (2013) confirmou a presença e
participação da produção da MMP-13 pelas células endoteliais e pelos fibroblastos no
comportamento biológico de lesões odontogênicas epiteliais, ora observadas marcadamente
expressa não só pela MMP-13, mas também pela MMP-9 e TIMP-1 nos casos estudados neste
trabalho.
Os resultados obtidos no presente estudo revelaram que as MMP-9 e -13 e os TIMPs
são proteínas que se mostram marcadamente presentes tanto no epitélio quanto no mesênquima
dos TOCs e ameloblastomas. Estes resultados, associados aos achados na literatura pertinente
em relação a outras lesões odontogênicas, suportam a ideia da importante participação dessas
proteínas nos processos de degradação da MEC, reabsorção óssea e progressão tumoral com
repercussão no comportamento biológico considerado mais agressivo e infiltrativo dessas
lesões, sobretudo dos ameloblastomas.
Diante dos achados da presente pesquisa, constatou-se a necessidade de estudos mais
aprofundados em relação à participação das MMPs, para que juntamente com este trabalho,
possamos compreender os mecanismos de degradação da MEC e sua função na expansão
tumoral, em especial a MMP-13, uma vez que escassos trabalhos são encontrados relacionando
essa MMP aos tumores odontogênicos.
67
68
7 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no presente estudo indicam que a forte imunorreatividade da
MMP-9, MMP-13 e TIMP-1, tanto no epitélio quanto no mesênquima dos ameloblastomas e
dos TOCs, reforçam a ideia do importante papel destas proteínas na remodelação da MEC
necessária à progressão tumoral, no entanto, as diferenças pontuais observadas na expressão de
algumas destas proteínas não são suficientes para sugerir diferenças no comportamento
biológico entre as lesões estudadas com base na expressão das mesmas.
69
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79
80
APÊNDICE A
Ficha para coleta quantitativa da expressão imuno-histoquímica dos anticorpos anti-MMP-9, anti-MMP-13 e anti-TIMP-1 nos casos de
ameloblastomas e tumores odontogênicos ceratocísticos para células epiteliais e da cápsula/mesênquima por campo.
N° de Células por campo c1p c1n c2p c2n c3p c3n c4p c4n c5p c5n c6p c6n c7p c7n c8p c8n c9p c9n c10p c10n Percentual
N° do Caso
80
81
APÊNDICE B
Ficha para análise da expressão imuno-histoquímica dos anticorpos anti-MMP-9, anti-MMP-13 e anti-TIMP-1 nos casos de ameloblastomas e
tumores odontogênicos ceratocísticos para células epiteliais e da cápsula/mesênquima por campo.
N° de Células por Campo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total %
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
N° do Caso Positivas
Negativas
81
82
APÊNDICE C
Ficha de avaliação da somatória de células com expressão imuno-histoquímica positiva para os
anticorpos anti-MMP-9, anti-MMP-13 e anti-TIMP-1 nos casos de ameloblastomas e tumores
odontogênicos ceratocísticos nas células epiteliais e da cápsula/mesênquima e seus respectivos
escores.
Epitélio Mesênquima
N° do Caso Positivas Escore Positivas Escore
83
84
ANEXO
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN
85
86