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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS VANEILDO CABRAL CARDOSO HISTÓRIA DA ARTE NO RIO GRANDE DO NORTE LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO SOBRE O “ATELIER CENTRAL DE ARTES PLÁSTICAS” NATAL - 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

VANEILDO CABRAL CARDOSO

HISTÓRIA DA ARTE NO RIO GRANDE DO NORTE

LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO SOBRE O “ATELIER CENTRAL DE ARTES

PLÁSTICAS”

NATAL - 2015

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VANEILDO CABRAL CARDOSO

HISTÓRIA DA ARTE NO RIO GRANDE DO NORTE

LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO DO “ATELIER CENTRAL DE ARTES

PLÁSTICAS”

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenção do título

de Licenciado em Artes Visuais.

Orientadora: Prof.ª Drª. Evanir de Oliveira

Pinheiro

Orientando: Vaneildo Cabral Cardoso

NATAL 2015

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VANEILDO CABRAL CARDOSO

HISTÓRIA DA ARTE NO RIO GRANDE DO NORTE

LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO DO “ATELIER CENTRAL DE ARTES

PLÁSTICAS”

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenção do título

de Licenciado em Artes Visuais.

Aprovado em:__/__/__

BANCA EXAMINADORA:

------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente ao

meu Criador Jesus Cristo por ser o autor

da minha vida e a origem de todas as

coisas.

A minha amada mãe que sempre me

apoiou e me incentivou na arte e nos

meus estudos desde a minha infância.

Aos meus três queridos filhos por tudo o que

representam para mim.

Aos artistas e arte-educadores que se

dedicam a esse maravilhoso e autêntico

fenômeno da criatividade e expressão

humana que chamamos de Arte.

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe pelo apoio e incentivo ao longo deste curso

A minha orientadora Prof.ª Drª. Evanir de Oliveira Pinheiro por ter me ajudado a

decidir pela escolha do objeto de estudo deste trabalho, pelos constantes incentivos,

estímulos e orientações.

A todos os meus professores do Curso de Artes Visuais por terem contribuído em

novos caminhos na construção do conhecimento.

Ao Desenhista e Arte-Educador Luiz Élson Dantas pela disposição em ajudar, e

pelos constantes incentivos para que eu levasse adiante essa pesquisa.

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RESUMO

O presente trabalho de TCC, na área de História da Arte, trata do

empreendimento “Atelier Central de Artes Plásticas”, implantado na década de 80

pela Sub-coordenadoria de Atividades Culturais SAC, SEC, Governo do RN. A partir

do testemunho da experiência do autor deste trabalho como aluno por meio de

fontes primárias gráficas, literárias e jornalísticas, é feito o levantamento exploratório

sobre a instituição. Após apresentação de pano de fundo histórico dos anos 60 e 70,

nos quais é relacionado com instituições precursoras como a Escolinha de Pintura

Cândido Portinari – MEA, e GRUPEHQ, tidos como fatores inspiradores para a sua

criação, apontando-a como uma escola de arte de grande importância na História da

Arte no RN, sendo isto verificado tanto pela descrição de aspectos de infraestrutura,

administração e divulgação, mas, sobretudo, pelos muitos serviços prestados a vida

cultural de Natal na forma de uma geração de talentosos e experientes artistas por

ela gerados. Há ainda, neste estudo, exemplos do método de trabalho, empenho e

qualidade pedagógica do seu corpo docente com descrição de características dos

educadores, produção artística dos alunos, dados sobre realização de exposições,

atividades de extensão e parcerias culturais. Conclui-se expondo o processo de

descentralização das práticas artísticas, que resultou na desativação definitiva desta

Escola de Arte. Como elemento derradeiro, apresenta-se uma galeria de fotos de ex-

alunos com breves descrições dos mesmos, além de fontes consultadas,

enfatizando a relevância desse Atelier no percurso da produção e do ensino das

artes visuais no RN. Sobretudo, catalogando alguns desdobramentos por parte dos

ex-alunos, que se deram após a desativação da instituição estudada.

PALAVRAS CHAVES: História da Arte no RN, Atelier Central, Arte-educação, Artes

Plásticas, História em Quadrinhos.

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ABSTRACT

This TCC work in art history area, is the project "Atelier Center of Plastic Arts",

introduced in the 80s by Sub-coordenadoria Cultural Activities SAC, SEC,

Government RN. From the testimony of the experience of the author of this work as a

student through graphic primary sources, literary and journalistic, exploratory survey

of the institution is done. After historical background to present the 60s and 70s, in

which is related to precursor institutions such as the Little School of Cândido Portinari

painting - MEA, and GRUPEHQ, taken as inspiring factors for its creation, pointing it

as an art school of great importance in art history at the RN, and this is verified by

both the description of infrastructure aspects, management and dissemination, but

above all for the many services the cultural life of Christmas in the form of a

generation of talented and experienced artists it generated . There is still this study,

examples of the method of work, commitment and pedagogical quality of its faculty

describing characteristics of educators, artistic production of students, data on

holding exhibitions, outreach activities and cultural partnerships. We conclude

exposing the decentralization of artistic practices that resulted in the final deactivation

of this Art School. As final element, a photo gallery of alumni with brief descriptions of

the method, and sources consulted is presented, emphasizing the importance of this

workshop in the course of production and teaching of visual arts in RN. Above, listing

some developments on the part of former students, who took after deactivation of the

study institution.

KEYWORDS: Art History in RN, Central Atelier, Art education, Arts, Comic Strip.

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LISTA DE FIGURAS

(01) - Logotipo do Atelier. ____________________________________________0

(02) - Fachada do Atelier Central. Foto: GRUPEHQ, 1985. _________________ 0

(03) - Equipe de professores e alunos do Atelier, Foto: Luiz Élson. 1986._______ 0

(04) - Planta baixa do Atelier. Desenho: autor deste trabalho, 2014.___________0

(05) - Integrantes do GRUPEHQ. Foto: GRUPEHQ. 1985.___________________0

(06) - Capa da revista “Epopéia Potiguar”, Atelier/GRUPEHQ, 1985.___________0

(07) - Reunião no prédio do Instituto Histórico e Geográfico. 1988.____________ 0

(08) - Mural na fachada do Atelier. Alcides e Élson. 300 x 120 cm, 1985. _______0

(09) - Galeria de fotos de ex-alunos do Atelier Central.______________________0

(10) - Visita a exposição, professores com alunos do Atelier Central. __________ 0

(11) - Palestra na sala de cinema em 1985.______________________________ 0

(12) - Telas do pintor Jair Penny. Foto: autor. 1986.________________________0

(13) - Pintura do autor deste trabalho. Catálogo de 1987. Foto: Atelier. ________ 0

(14) - Estudos de luz e sombra no Atelier. Foto: Atelier Central,1986. __________0

(15) - Pintura à óleo de Luiz Anízio 40 cm x 50cm. 1986.____________________0

(16) - Matéria do “Jornal de Natal” sobre o “Atelier Passo a passo”. 1987._______0

(17) - Desenho de Gilvan Lira. Nanquim s/papel. 200 mm x 300 mm.1985.______0

(18) - Seminário de Histórias em Quadrinhos, SESC/Natal/RN.1987. __________0

(19) - Versão de: “Conan, o bárbaro”____________________________________0

(20) - Pré-Projeto Pedagógico do Atelier Central. 1981._____________________0

(21) - Capa do Projeto Pedagógico do Atelier Central. ______________________0

(22) –Justificativa do Projeto pedagógico do Atelier. Acervo do GRUPEHQ._____0

(23) – Objetivos do Projeto pedagógico do Atelier. Acervo do GRUPEHQ. ______0

(24) - Cartaz de divulgação do Atelier Central. 1984._______________________ 0

(25) - Cartaz de divulgação do Atelier Central. 1985. _______________________0

(26) - Capa da revista “HISTRIA DA ARTE”, Atelier Central. 1986.____________ 0

(27) - Página inicial da revista “HISTÒRIA DA ARTE”, Atelier Central, 1986._____0

(28) - Contracapa da revista “História da Arte”. Atelier Central.1985.___________0

(29) - Capa do Catálogo da exposição do Atelier Central, 1985._______________0

(30) - Parte interna do catálogo da exposição de 1985. _____________________0

(31) - Capa do Catálogo da exposição do Atelier. 1986._____________________0

(32) - Catálogo da exposição do Atelier Central. 1986.______________________0

(33) - Modelo para foto da revista “Jesuíno Brilhante”. Foto: Luiz Elson,1987.____0

(34) - Organograma do Atelier Central. Autor deste trabalho, 2014.____________0

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(35) - Exercício de cores e composição, Atelier Central.1986.________________ 0

(36) - Matéria no Jornal “Diário de Natal” Jomar Jackson. 1987.______________ 0

(37) - Prédio onde funcionou a Escolinha CRIARTE, foto-a __________________0

(38) - Prédio onde funcionou a Escolinha CRIARTE, foto-b __________________0

(39) - Câmara Cascudo, com alunos da EPCP____________________________0

(40) - Capa do catálogo de exposição de Jair Peny________________________ 0

(41) - Interior Catálogo de exposição de Jair Peny _________________________0

(42) - Catálogo da exposição do Atelier, Gilberto e Alcides,1987. _____________0

(43) - Página da revista Maturí. Foto: GRUPEHQ, 1985. ____________________0

(44) - Reunião do GRUPEHQ no Atelier_______________________________________0

(45) - Anúncio do Atelier em muro, 1985.________________________________ 0

(46) - Segurando a peteca, Alcides Sales. Foto: Lenilton Lima. 05/ 2014._______ 0

(47) - Xilogravura de Alcides “Santo Graal”, 200 mm x 300 mm 1984.__________0

(48) - Aluno Fábio Rocha em estudos de luz e sombras ____________________ 0

(49) - Montagem de modelo para pintura de natureza morta__________________0

(50) - Revista Labareda. Produção: Atelier Central/GRUPEHQ. 1985________________ 0

(51) - Revista Jesuíno Brilhante. Emanoel Amaral, Alcides Sales e Luiz Élson. ________0

(52) - Banco de dados do GRUPEHQ. Caatinga.1994. ___________________________0

(53) - Indumentárias do cangaço-chapéus e armas. Atelier/GRUPEHQ_________0

(54) - Indumentárias do cangaço. roupas, cintos e calçados. Atelier/GRUPEHQ__0

(55) - Banco de dados do GRUPEHQ. Tipos fisionômicos.1990.____________________0

(56) - Capa de catálogo de exposição na Zona Norte de Natal. ____________________ 0

(57) - Interior do catálogo de exposição na Zona Norte de Natal.____________________0

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

(01) ACAP ---------------------------------------------------Atelier Central de Artes Plásticas.

(02) APP ----------------------------Atelier Passo a Passo. (Passo da Pátria, Natal/RN).

(03) COOAPE-----------------------------------------Coordenadoria de Apoio Pedagógico.

(04) CRIARTE----------------------------(Criação Artística) Escolinha de Artes de Natal.

(05) EACP--------------------------------------------Escolinha de Pintura Cândido Portinari.

(06) EANN--------------------Escolinha de Artes Newton Navarro (Cidade da Criança).

(07) GRUPEHQ----------------------------Grupo de Pesquisa e História em Quadrinhos.

(08) MEA -------------------------------------------Movimento Escolinha de Arte (do Brasil).

(09) RN -----------------------------------------------------------------------Rio Grande do Norte

(10) SAC ----------------------------------------Subcoordenadoria de Atividades Culturais.

(11) SEC -------------------------------------Secretaria de Estado da Educação e Cultura.

(11) UFRN----------------------------------Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1. _ INTRODUÇÃO _____________________________________________13

2. _ OBJETIVOS _______________________________________________14

3. _ REFERENCIAL TEÓRICO ____________________________________15

4. _ METODOLOGIA DA PESQUISA _______________________________17

5. _ CONTEXTO HISTÓRICO DA ARTE-EDUCAÇÃO__________________20

6. _ ATELIER CENTRAL DE ARTES PLÁSTICAS _____________________31

6.1 _ SUA ORÍGEM______________________________________________31

6.2 _ 1978-1980 - MOBILIZAÇÕES DA COOAPE/SAC__________________ 37

6.3 _ 1981. INÍCIO DAS ATIVIDADES _______________________________ 39

6.4 _ GESTÃO__________________________________________________39

6.5 _ LOCALIZAÇÃO_____________________________________________40

6.6 _ QUADRO DE FUNCIONÁRIOS________________________________ 40

6.7 _ INFRAESTRUTURA_________________________________________40

6.7.1 _ INSTALAÇÕES FÍSICAS_____________________________________ 40

6.7.2 _ EQUIPAMENTOS___________________________________________41

6.7.3 _ EXPEDIENTE______________________________________________41

7. _ PROJETO PEDAGÓGICO DO ATELIER CENTRAL________________43

7.1 _ OBJETIVOS DO ATELIER____________________________________44

7.1.2 _ GERAL___________________________________________________ 44

7.1.3 _ ESPECÍFICOS_____________________________________________ 44

7.1.4 _ METAS___________________________________________________ 44

8. _ ATIVIDADES DE EXTENSÃO_________________________________ 46

9. _ CORPO DOCENTE _________________________________________48

10. _ PARCERIA ENTRE ATELIER E O GRUPEHQ ____________________50

10.1 - REVISTA EPOPEIA POTIGUAR_______________________________ 51

10.2 - REVISTA LABAREDA________________________________________53

10.3 - AGÊNCIA DE QUADRINHOS DA BÉLGICA EM NATAL_____________53

11. _ EXPOSIÇÕES______________________________________________56

11.1 _ EXPOSIÇÃO 1984__________________________________________ 56

11.2 _ EXPOSIÇÃO 1985__________________________________________ 57

11.3 _ EXPOSIÇÃO 1986 E 1987____________________________________ 58

12. _ DIVULGAÇÃO______________________________________________60

13. _ DESCENTRALIZAÇÃO ______________________________________ 61

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13.1 _ PROJETO “ATELIER NAS ESCOLAS” __________________________ 67

13.2 _ ATELIER NA ESCOLA EDGAR BARBOSA_______________________ 67

13.3 _ ATELIER NA CIDADE DA CRIANÇA____________________________ 68

13.4 _ OS DEMAIS ATELIERES NAS ESCOLAS________________________68

14. _ COMPREENDENDO MELHOR O ATELIER CENTRAL______________69

14.1 _ PORQUE O NOME ATELIER CENTRAL? _______________________ 69

15. _ O CONCEITO______________________________________________ 71

15.1. _ COMPLEXO MULTISATELITIZADO DE ARTE-EDUCAÇÃO__________71

15.2. _ A GENÉTICA DO “MEA” NO ATELIER CENTRAL__________________72

15.3 _ BENEFÍCIOS DO COMPLEXO DE ARTE-EDUCAÇÃO______________73

15.4 _ ABORDAGEM TRIANGULAR NO ATELIER_______________________73

16. _ O LEGADO________________________________________________ 78

16.1 _ UMA NOVA GERAÇÃO DE ARTISTAS__________________________ 78

17. _ CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES____________________________85

18. _ CONCLUSÕES_____________________________________________88

19. _ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________ 93

20. _ APÊNDICE____________________________________________ ____96

21. _ ANEXO __________________________________________________100

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1. INTRODUÇÃO

Enquanto cidadão norte-rio-grandense, artista plástico, discente do curso de

Licenciatura em Artes Visuais, vejo a necessidade de dar uma contribuição ao meio

acadêmico, artístico e social.

Considerando as inclinações mais fortes da minha experiência como artista,

bem como a especificidade e necessidades da minha área de graduação, decidi

optar como objeto de estudo do meu trabalho de conclusão, o “Atelier Central de

Artes Plásticas”.

Nesse sentido, por meio de uma abordagem histórica, buscando esclarecer

como esse empreendimento artístico-educacional esteve relacionado ao movimento

artístico “Escolinha de Arte do Brasil” no cenário cultural do Rio Grande do Norte a

partir de 1962 ao início da década de 1990.

Dou prosseguimento ao estudo mostrando os referenciais teóricos e

metodológicos do trabalho e os aspectos institucionais, administrativos, artísticos e

pedagógicos, seguido de uma contextualização histórica, espacial e institucional. Em

seguida apresento vários ângulos no sentido de suas parcerias e repercussões no

universo artístico norte-rio-grandense. Destaco ainda, informações sobre aspectos

de materialidade, o tipo de divulgação utilizada, os dados de suas exposições anuais

bem como exemplos da produção artística e atividades de extensão em distintos

períodos. Mais adiante, falo da importância do envolvimento com o GRUPEHQ

(Grupo de Pesquisa e História em Quadrinhos).

Na abordagem sobre o conceito administrativo e pedagógico do Atelier Central,

levo em consideração as várias fases pelas quais passou desde a fundação até o

fechamento, apresentado dentro de uma perspectiva de busca pela compreensão

das ações da Arte-Educação no passado, do aperfeiçoamento e melhorias nos

empreendimentos artístico-educacionais do presente e visando uma melhor

preparação para as tendências e desdobramentos da arte-educação futura.

Concluo mostrando o perfil do corpo docente e discente até chegar na

descentralização que determinou a desativação do Atelier Central e o legado do Atelier,

mostrando uma galeria de exemplos de ex-alunos e professores do Atelier que são

atualmente profissionais experientes e atuantes em diversos seguimentos da produção

artística e da Arte-Educação Potiguar. O estudo é acrescido ainda com um apêndice

contendo informações adicionais e anexos com galerias de imagens.

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2. OBJETIVOS 2.1 Geral

Apresentar o empreendimento artístico-educacional “Atelier Central de Artes

Plásticas” na década de 80, por meio de um registro histórico resultante da Coleta de

informações, análise e interpretação de dados referentes a essa instituição.

2.2 Específicos

Mostrar de forma exploratória, aspectos históricos da Arte-Educação no Brasil

que provocaram o surgimento da Escolinha de Arte Cândido Portinari” e as demais

escolinhas de Arte na Cidade como bases para a criação do Atelier Central.

Destacar a importante contribuição dada pelo Grupo de Pesquisas e História

em Quadrinhos “GRUPEHQ”, fundado em Natal em 1971, na criação do Atelier

Central e na parceria com o mesmo, durante todo o seu tempo de funcionamento.

Possibilitar uma reflexão preliminar sobre o interessante conceito de gestão

educacional em Arte, originalmente pensado e projetado para o Atelier Central, e o

porquê da sua não total consolidação e continuidade.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

A instituição “Atelier Central de Artes Plásticas, em Natal, foi, no meu

entendimento, uma consequência positiva dos esforços por uma renovação na arte e

consequentemente, no ensino de arte em vários países do mundo. Com isto, no

intuito de localizar a origem da arte-educação a nível internacional, faço uso da obra

“Education trought art” (Educação através da arte), do pensador inglês Herbert

Read.

Quanto à situação do cenário artístico no âmbito nacional, recorri a “História da

Arte no Brasil” (LUZ, 2010) e “Por que Arte-Educação?”, do escritor João Francisco

Duarte Júnior.

Ao abordar o pioneirismo na arte-educação no Rio Grande do Norte no

presente trabalho, obtive experiência e reconhecimento do artista plástico, professor

universitário e crítico de Arte, Vicente Vitoriano Marques Carvalho através da sua

tese de doutorado que versa sobre a pessoa e obra do artista potiguar Newton

Navarro e, que através da qual, se comprova a existência nas décadas de 60 e 70

de uma instituição de ensino de Arte denominada “Escolinha de Arte Cândido

Portinari”. Por se tratar de um empreendimento artístico de características, um tanto,

semelhantes, se tirará proveito do que este pode contribuir na motivação em se

“reeditar” uma nova escola de artes plásticas na década de oitenta em Natal.

Outro escritor e artista ao qual recorri é o expressionista Dorian Gray Caldas

(CALDAS, 1989, Natal) no caso, para compreender o cenário artístico local durante

a difusão do modernismo em terras potiguares. Obtive informações na

(ECICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL) *, para esclarecer fatos ocorridos no período dos

anos 60 aos anos 80, fase da História na qual funcionaram tanto a “Escolinha de

Arte Cândido Portinari”, o “Atelier Central de Artes Plásticas” na década de oitenta

em Natal, assim como da “Escolinha Criarte”, também nos moldes das Escolinhas de

Arte no Brasil.

Para entendermos como se deu a parceria do Atelier Central com o

GRUPEHQ, fiz uso da obra do Importante historiador norte-rio-grandense Moacir

Cirne e a tese de graduação sobre a História dos Quadrinhos no Brasil, de Sabina

Cabral Vieira Pires, (PIRES, 2008), por meio da qual, se verifica o surgimento do

GRUPEHQ, e como parte da equipe deste grupo veio a se tornar a base do corpo

docente do Atelier.

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Faço também uso de publicações de Ana Mae Barbosa que tratam da

“abordagem triangular” e do próprio livro “Abordagem Triangular, que tem como uma

das organizadoras esta importante arte-educadora. Isto, como meio de traçar um

breve paralelo, a fim de identificar até que ponto o Atelier possuía em seu modelo

pedagógico, uma triangulação entre o estudo, a pesquisa, a crítica na produção

artística, e de que modo tal experiência vivida na década de 80 pelo Atelier Central

se aproximava dessa Abordagem feita na Arte-Educação atual em nosso país.

Obviamente, como a obra “Abordagem Triangular” não existia naquela época,

buscou-se, no entanto, localizar na prática docente do Atelier, alguns vestígios

pedagógicos que possam ser relacionados a esse tipo de abordagem metodológica.

Embora o tema de estudo tenha um tratamento exploratório, a partir desse

cenário teórico, pretendo trazer registros históricos e reflexivos que atendam aos

objetivos destacados.

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4. METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente trabalho se utiliza do Método de Pesquisa cientifica no sentido

Indutivo/Dedutivo conforme colocação a seguir: “Métodos Dedutivos que se destina

a demonstrar e justificar... O método dedutivo é usado dentro de contextos de

justificação e tem por critério de verdade a coerência, a consistência, a não-

contradição.” (SOLOMON, 1979. Belo Horizonte. p. 140).

A modalidade utilizada é qualitativa e envolve os tipos de pesquisa de estudo

de caso, que se concentra no estudo de um objeto particular, o “Atelier Central de

Artes Plásticas”, levando em consideração um objeto representativo de um conjunto

de casos análogos. A coleta dos dados e sua análise foram feitas da mesma forma

como acontece em uma pesquisa de campo.

É documental e de campo no que se refere à natureza das fontes utilizadas

para abordar e tratar o objeto em questão.

Quanto aos objetivos, é exploratória no levantamento de dados e informações

e também descritiva e explicativa mediante interpretação pelo método qualitativo.

Mas isto não significa que seja restritiva, que esteja isenta de método

quantitativo, pois se trata de uma abordagem, predominantemente qualitativa e não

de uma metodologia em particular e restrita, como é dito por Antônio Joaquim

Severino (2007, p.140)

Daí ser preferível falar de abordagem quantitativa, de abordagem qualitativa, pois, com estas designações, cabe referir-se a conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas. São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que a especificidades metodológicas. (SEVERINO, 2007).

Por ser de caráter exploratória e descritiva é predominantemente histórica e faz

uso da investigação pedagógica, abrangendo a modalidade de investigação

histórica, pois se articula num processo de investigação registro–análise, em que as

interpretações dos acontecimentos do passado visam o propósito de descobrir

generalizações que possam ser úteis para a investigação do presente e a

preparação para as tendências que se evidenciam para o futuro.

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O enfoque se faz sobre a mudança, o desenvolvimento de indivíduos, grupos,

práticas, instituições ou ideias. Remonta às fontes de informação primárias, originais

ou de primeira mão (SOLOMON, 1979. 141/143).

Neste trabalho, as investigações são feitas a partir da participação do autor

desta pesquisa como estudante durante três anos seguidos na instituição “Atelier

Central de Artes Plásticas”.

A investigação, construção de dados, análise e interpretação de dados se

deram mediante fontes documentais primárias e originais, tanto pessoais quanto

institucionais.

Emerge ainda, muitas outras fontes primárias e de natureza gráfica aqui

apresentadas na forma de:

Documentos administrativos institucionais;

Fotografias contendo cenas do Atelier Central;

Obras de Arte produzidas no Atelier;

Material gráfico de divulgação da instituição;

Revistas produzidas e publicadas;

Matérias jornalísticas em jornais de circulação em Natal e no RN

Depoimentos de autoridades, coordenadores, ex-professores e ex-

alunos.

Também foram aproveitadas fontes secundárias em publicações literárias com

o objetivo de suprir o preenchimento de algumas lacunas do pano de fundo histórico

quando as fontes primárias não se mostram totalmente suficientes em alguns

assuntos abordados. Isto se deve ao fato do Atelier não possuir, pelo que me faz

crer até o momento (novembro de 2014), um relatório completo oficial de sua

criação, funcionamento e desativação, e nem de uma obra literária mais extensa

como livro, artigo ou monografia* que trate-o com mais profundidade.

As demais fontes secundárias são provenientes de sites e blogs da rede

mundial de computadores (internet), nela foram colhidos dados e informações

complementares sobre a carreira artística de artistas plásticos que foram ex-

professores e alunos do Atelier.

Uma parte discreta dos fragmentos documentais primários usados na

constituição deste estudo já estava guardada comigo desde a época quando

estudava no Atelier. Eu sempre acreditei que algum dia seriam muito úteis.

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Todo o restante foi reunido graças a gentileza e colaboração de vários ex-

professores e ex-alunos do Atelier, que tiveram o devido cuidado de preservarem

estes materiais para que hoje fosse possível recuperar o registro histórico deste

importante empreendimento artístico, o qual será avaliado por todos que puderem

tomar conhecimento deste trabalho.

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5. CONTEXTO HISTÓRICO DA ARTE-EDUCAÇÃO

5.1. 1971 – Lei 5.692/71

A defasagem no ensino e, sobretudo, o ensino de arte no Brasil era notória.

Em função disto, em 11 de agosto do ano de 1971, o governo federal, através do

presidente Emílio Garrastazu Médici, declara seu intuito de modernizar e redefinir as

diretrizes e bases do sistema de educação no Brasil e a necessidade da atualização

e qualificação do modelo educacional evidenciado na criação da lei 5.692/71 que

determina, entre outros assuntos, a inclusão da disciplina de Educação Artística no

ensino de 1º e 2º graus.

Oficialmente parecia uma grande novidade, ou um grande avanço para a

educação e a arte-educação no Brasil, no entanto, não era bem o que acontecia

pois, já em 1943, ou seja, quase três décadas antes, o conteúdo da obra do

pensador inglês Herbert Read dava sinais claros que a Educação Artística já era

muito insuficiente, ou até mesmo inadequada para as necessidades da educação e

do ensino de arte, como podemos ver no trecho seguinte:

Deve compreender-se desde o começo que o que tenho presente não é simplesmente a ‘educação artística’ como tal, que deveria chamar-se mais apropriadamente educação visual ou plástica: ...

Já é possível compreender desde o começo que a intenção de Read não era

insistir com a difusão da Educação artística, no sentido superficial da expressão, que

no máximo, proporciona aos estudantes um contato apenas funcional das técnicas

artísticas e um entendimento teórico muito elementar e desvirtuado da importância

da arte na educação e na consolidação democrática. Na verdade, ele vislumbrava

um desenvolvimento bem mais amplo da capacidade de expressão e realização

humana por meio da arte:

... a teoria que enunciarei abarca todos os modos de expressão individual, literária e poética (verbal) não menos que musical ou auditiva, e forma um enfoque integral da realidade que deveria denominar-se educação estética, a educação desses sentidos sobre os quais se fundam a consciência e, em última instância, a inteligência e o juízo do indivíduo humano...

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Tratando-se de educação, não devemos aceitar como suficientes, meros

planos metodológicos que propõem atividades previamente definidas como

imutáveis, fechadas e estranhas à vivência social e ao perfil cultural das crianças e

jovens. Mais estranho ainda é a definição de objetivos que não tenham sido

compartilhados com os educandos e assim, muitas vezes, não levando em

consideração suas características físicas e psicológicas, além de suas inclinações

em relação as conjunturas comunitária e global.

Somente na medida que esses sentidos estabelecem uma relação harmoniosa e habitual com o mundo exterior, se constrói uma personalidade integrada. “(Educación Por El Arte. Buenos Aires, Paidós, 1977, p. 33.)”

Como vimos acima, apesar da “boa intenção” em reestruturar e “modernizar” a

arte-educação no país, a solução encontrada e implantada soou como obsoleta e

equivocada, quando se toma o trecho acima de Herbert Read. É o que veremos a

seguir, através de outro pensador, sendo que desta vez, um brasileiro, também

escritor da área de educação e arte. Ele emite a respeito da Lei 5.692/71 o seguinte

comentário:

Em 1971 promulgou-se a (tristemente) famosa Lei 5.692/71, onde, verticalmente, pretendia-se “modernizar” o nosso ensino. O seu objetivo único sempre foi – não se pode negar – a eliminação de qualquer criticidade e criatividade no seio da escola, com a concomitante produção de pessoal técnico para as grandes empresas. ...

A presença do desinteresse pela crítica e a criatividade tem se arrastado até

hoje no sistema educacional.

No meu campo de contato com as escolas na prática da Arte-Educação tenho

visto que várias escolas apenas fornecem noções vagas de História da Arte por meio

de exposições em quadros negros e aplicações de atividades semiprontas nos

sentidos técnicos e teóricos em geral. É aceito como uma experiência de ensino de

arte satisfatória para a escola, isto, pelo fato de ainda ser grande a carência de Arte-

Educadores licenciados e engajados nos objetivos atuais da Arte-Educação.

Sinto que já perdemos muito tempo sendo condicionados a trabalhar no ensino

de arte com o “freio de mão puxado”. Não devemos mais nos conformarmos apenas

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com uma aparência de educação. Se a prática de favorecer, estimular e promover

aquilo que se tem de mais intrínseco ao desenvolvimento cultural de uma sociedade,

isto é: a criatividade, a liberdade e a crítica, é intencional e sistematicamente

dificultado e reprimido, o que poderemos esperar de uma sociedade alucinada e

insensibilizada pela fome voraz do processo industrialismo/consumismo

desumanizado. Apesar da euforia do avanço econômico e tecnológico. Que alento

poderemos ter caso continue sendo debilitada da sua capacidade de prover-se de

sua antropológica relação com seus fenômenos culturais externados pelo sentir,

exprimir e criticar artísticos?

Percebe-se que até hoje, há por parte dos órgãos responsáveis pela condução

das ações para favorecer a liberdade e o enriquecimento da cultura, um

comportamento governamental que demonstra uma não generosidade diante da

admirada e comprovada consagração da classe artística e educacional brasileira em

prol da liberdade cultural e artística do nosso povo.

É importante considerar que a arte-educação não deve ser sugerida nem aceita

pela comunidade arte-educadora como um mero complemento, ou uma espécie de

elemento decorativo no sistema de ensino brasileiro. A arte-educação, por analogia,

não é simplesmente colocar azeitonas na pizza que já vem pronta, muito menos

colocar glacê, confeitos e velinhas na massa de um bolo que foi preparado por outra

pessoa, fazendo com que o “decorador” do bolo tenha no máximo, uma participação

muito superficial e insipiente do resultado final deste “produto”.

Ao contrário disto, a arte-educação, dentro desta linguagem, é a própria

fórmula da massa da pizza e também do bolo, o método de preparo de ambos e a

origem dos elementos expressivos que determinam a “forma”, o “valor nutricional”,

as impressões finais dos aspectos de ambos os alimentos.

A arte educação precisa ser entendida como uma das principais bases

articuladoras, dinamizadoras e harmonizadoras de todo o processo educacional e

inclusive da sociedade.

Porém, para ocultar um pouco o seu caráter domesticador, a lei 5.692/71 trouxe no seu bojo algumas novidades, como a instituição da educação artística. Antes dela tínhamos algumas disciplinas que possuíam o termo “arte” em seu nome. É o caso das “artes industriais”, onde se aprendia a fabricar objetos úteis, ou das “artes domésticas”, onde se aprendia a cozinhar, a bordar, etc.” ...” Mas com a Lei, a arte-educação foi “oficializada” nas escolas – ao lado da profissionalização pragmática. (DUARTE JÚNIOR, 1996).

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Nos anos 70, como o modernismo já não era uma novidade em termos de

movimento artístico e nem como entendimento de ensino de arte, pois já existia

espaço para discussão sobre pós-modernidade, e ainda: as ideias sobre a

“educação através da arte” que já estavam espalhadas pelo mundo.

Herbert Read publicou um livro que chegou a alcançar sucesso imediato,

tratava-se de: “Education Througt Art”.

Com a intenção de lançar as bases da educação através da arte, Read levou

sua mensagem para diversos países do mundo, inclusive o Brasil, com isto, em

1971, o ano da Lei 5.692/71, com essas ideias e discussões já bem disseminadas

entre artistas e educadores em nosso país, no ano de 1954, e com o suporte da

Unesco, foi fundada a Sociedade Internacional em prol da Educação Através da

Arte.

Além de tudo isso, as mobilizações de Artistas, Arte educadores e intelectuais

já tinham sido antecipadas em muito nas atitudes e ações que deveriam ser tomadas

em favor da arte-educação naquela época. É o que mostra Frederico Morais em

Panorama das Artes Plásticas. Examinemos o trecho adiante:

Antes mesmo que a INSEA fosse criada, Augusto Rodrigues e um grupo de artistas e educadores fundaram em 1948, a Escolinha de Arte no Brasil. Rapidamente, outras instituições congêneres foram criadas em Porto Alegre (1949) e Recife (1952), totalizando em 1983, 68 escolinhas de arte em todo o Brasil.* Ainda como resultado desse esforço de renovação do ensino de arte infantil, Ivan Serpa fundou o Atelier Infantil do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1952. (MORAIS, 1991).

No fragmento acima, Morais menciona na quinta linha, “68 escolinhas de arte

em todo o Brasil.” *Nos textos consultados não encontrei citação das escolinhas de

arte do Rio Grande do Norte, mas acredito que já estavam consideradas nesse

montante, apesar de não estarem citadas no texto nominalmente, à exemplo das

escolas do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul entre outras. Mas de toda

forma - incluídas agora - os nomes e informações básicas das instituições de arte-

educação que existiram neste estado no intervalo de tempo entre 1962 a 1987, e

que se alinhavam ideologicamente com o movimento Escolinha de Arte no Brasil, na

medida que as fontes disponíveis permitiram sobre cada uma delas.

*Grifos do autor deste trabalho.

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5.2. 1962 a 1987: Escolinhas de Arte no Rio Grande do Norte

Segundo o Artista Dorian Gray, em “Artes Plásticas no Rio Grande do Norte”

Até a primeira metade do século XX, o Rio Grande do Norte era um campo

inexplorado em termos de arte educação, em um dos exemplos contidos na obra ele

diz: “A produção artística do pintor Moura Rabello, principalmente no que diz respeito

a retratos de encomendas, é profícua e de reconhecido valor testemunhal”...onde os

artistas que aqui atuavam se desenvolviam através do autodidatismo ou por meio

dos contatos que conseguiam manter com artistas e escolas de outros estados, o

que lhes permitia ter acesso a livros de arte, exposições, novos conceitos e técnicas.

Em 31 de dezembro de 1948, mesmo ano da fundação da Escolinha de Arte do

Brasil, O artista Newton Navarro, um dos primeiros pintores modernistas do estado,

abriu numa sorveteria em Natal a primeira exposição de artes plásticas da capital

potiguar. Quatorze anos depois, em 1962, viria a desbravar mais um território nos

empreendimentos artísticos: Uma escola de artes plásticas na capital potiguar.

(Caldas, 1998).

5.3. 1962-1977: “Escolinha de Arte Cândido Portinari”

Fundada em 1962, em Natal, funcionou até 1977. Era uma instituição de ensino

de artes voltada para o público infantil e funcionava com o propósito de difundir o

pensamento modernista através de uma experiência pedagógica que pudesse dar

vazão aos potenciais criativos das crianças potiguares.

Ligada ao governo estadual, sendo, anos seguintes, integrada à Fundação

José Augusto. Criada no governo Aluízio Alves através de iniciativa cultural do

Artista plástico Newton Navarro. Tendo este mesmo artista como responsável e

mantenedor, e a senhora Salete Navarro, sua esposa, como gestora administrativa e

pedagógica.

Em meados de 1977, em decorrência de mudanças nos quadros

administrativos do governo estadual no âmbito da cultura, o andamento operacional

da fundação é modificado, e como acontecimento marcante deste fato, a demissão

de Salete Navarro e a consequente descaracterização ideológica da Escolinha. Esta,

ao perder suas características herdadas do MEA, perde, também, o interesse e

entusiasmo de Navarro e sua esposa.

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5.4. Escolinha de Artes da Cidade da Criança (Escolinha de Artes Newton

Navarro)

Em 1962, ano em que foi criada a Escolinha de Arte Cândido Portinari,

paralelamente, também foi inaugurado em Natal, pelo então governador Aluízio

Alves, um importante e inovador empreendimento na área de lazer e entretenimento.

Tratava-se do fascinante e divertido Parque Temático Infantil “Cidade da Criança”.

Localizado no Bairro do Tirol, mais precisamente na Avenida Rodrigues Alves,

em torno da “Lagoa Manoel Felipe”.

Esse parque temático abrigava entre seus diversos brinquedos dois

interessantes departamentos: A “Escolinha de Artes Newton Navarro”, que oferecia

oficinas e cursos em diversas linguagens artísticas como: desenho, pintura, gravura

colagens etc. e também, o fascinante “Museu Taxidérmico. Este proporcionava aos

visitantes e frequentadores, um emocionante e educativo ambiente no qual se podia

observar diversos animais empalhados da fauna potiguar, simuladamente,

ambientados em seus respectivos habitats.

A Cidade da Criança, a Escolinha Newton Navarro e o Museu Taxidérmico

(Museu de Animais Empalhados) funcionaram ininterruptamente de 1962 até os

anos iniciais da primeira década do século XXI, tendo que em seguida ser fechada

para reforma. Após 11 anos desativada, devido a entraves administrativos por parte

dos sucessivos governos estaduais, sua reforma chega a ser definitivamente

concluída em dezembro de 2014. Mesmo sem condições de oferecer algumas das

atrações e atividades costumeiras, como as Atividades da Escolinha de artes e o

antigo museu Taxidérmico, suas instalações são reinauguradas pela governadora

Rosalba Ciarline e entregue aos cidadãos norte-rio-grandenses.

Nesse ano de 2015, já no governo de Robinson Farias, a principal preocupação

dos gestores do Parque Temático “Cidade da Criança” é recompor as equipes de

profissionais em cada área recreativa e educativa que, atualmente, é uma grande

deficiência, e firmar parcerias nos campos tecnológico e cultural para que se consiga

restituir à “Cidade da Criança”, toda a exuberância que vivenciou em suas décadas

iniciais de funcionamento e ainda ganhar implementações na forma de

equipamentos de arte-tecnológica e atividades nas áreas de educação ambiental,

arte-terapia e arte-ecologia.

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5.5. Atelier Central de Artes Plásticas

Há indícios de que o Atelier Central tenha tido uma fase embrionária já no final

da década de 70, entre os anos de 1978 e 1979. Isto é colocado pela fala do

Secretário de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Norte, o Senhor

Genivan Josué Batista,* quando em 1983 escreveu texto para o catálogo da primeira

exposição individual do artista plástico Jayr Penny que, na ocasião, trabalhava como

monitor de alunos no Atelier. Leiamos:

Descobrir valores na área de artes plásticas dando-os condições de desenvolverem tecnicamente suas aptidões como forma cultural e profissional é o que se propõe a Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte, ao reativar as atividades do Atelier Central. *(Conforme fig. 38, no anexo).

Além da fala do Secretário de Educação existe um outro trecho contido no

projeto do Atelier Central no qual se pode ver correções em manuscritos indicando

este fato. Diz o seguinte:

Dos alunos que frequentaram o Atelier Central cerca de vinte e cinco dedicaram-se de alguma forma àquilo que lá aprenderam, sendo, dessa forma, um depoimento confirmador das previsões dos autores do projeto que solicitaram a reativação do Atelier na época. Uma vez que existira no final da década de 70. (Conforme fig.44 no anexo).

Então, a solicitação de que trata o trecho acima não deve se referir a

reinvindicação de atelieres nas escolas após o fechamento do Atelier em 1987, mas

sim, a sua reativação em 1981, uma vez que já existira, como é dito no fragmento

acima, no final da década de 70. Mas devido aos poucos registros encontrados

sobre as atividades durante esse período de 1978 a 1979, a não ser indícios de seus

primeiros movimentos, como está descrito no início deste tópico. Vejo o ano de 1981

como a data mais provável de fundação do Atelier Central.

O Atelier funcionou no bairro do Tirol, em Natal, até 1987. Uma instituição

também criada e mantida pelo governo do estado do Rio Grande do Norte através

da Secretaria de Educação e Cultura (SEC) e da Coordenadoria de Apoio

Pedagógico (COAPE) e administrado diretamente pela Subcoordenadoria de

Atividades Culturais (SAC).

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5.6. Escolinha CRIARTE

Criada, no final dos anos 70 e tendo funcionado até o ano de 1983, no bairro

da Cidade Alta, em Natal, no prédio onde até poucos anos atrás funcionava a Junta

do Serviço Militar.

A Criarte possuía infraestrutura bem mais modesta que o Atelier. Com uma

equipe mais sucinta, sistema pedagógico mais simplificado e oferta de vagas mais

reduzida.

Segundo os ex-professores do Atelier Luiz Élson e Alcides e o ex-aluno Luiz

Anísio, que também estudou nessa escola antes de chegar ao Atelier, a CRIARTE

Tinha como seu órgão mantenedor, a Prefeitura Municipal de Natal.

Cheguei a conhecer de perto a Escolinha Criarte, embora já em sua fase final

de funcionamento, quando saía mais cedo, à tarde, e me dirigia caminhando até a

Cidade Alta, e desse modo era possível ver alguns alunos terminando seus

trabalhos.

Tudo era muito aberto, de modo que era possível ao público ver diariamente os

novos talentos desenvolverem seus trabalhos. Essa escolinha se constituía como

um interessante atrativo para quem circulava pelo centro comercial da cidade e se

dirigia para a parada metropolitana, isto porque, os alunos da Criarte às vezes

levavam seus cavaletes e telas para a Praça André de Albuquerque para realizarem

trabalhos de pintura de campo e isso enchia os olhos de muitos que, diariamente, ali

transitavam.

Um dos Arte-Educadores responsáveis da Criarte foi o artista Plástico

Fernando Gurgel. Isto é confirmado no capítulo que trata sobre “o legado” na matéria

do Jornal de Natal, quando é dito que: “Fernando Gurgel, que também bebeu das

tintas de Jomar, iniciou Anísio no pincel, na também extinta Escolinha Criarte”

(Jornal de Natal, 1997).

Outros artistas plásticos como Madê Weiner e César Revorêdo também

exerceram atividades docentes na Escolinha.

A Criarte ficava bem no centro do Corredor histórico-cultural de Natal, de fronte

a Igreja do Rosário dos Pretos e do Palacete da Viúva Machado e próxima a parada

metropolitana. Teve suas atividades encerradas bem no início dos anos oitenta.

Antes da época da descentralização do Atelier.

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5.6. Movimentos Artísticos na década de 80 no RN

Além das instituições oficiais de Ensino de Artes mencionadas acima,

existiram ainda no RN, diversos grupos artístico-culturais bastante atuantes e

organizados em um amplo movimento artístico. Alguns deles iniciados no final dos

anos setenta e que se juntaram aos demais que permaneceram atuantes em

praticamente toda a década de oitenta e início dos anos noventa.

Os acontecimentos que serão mencionados a seguir foram colhidos através

dos depoimentos do artista plástico e arte-educador Alcides Bezerra de Sales, co-

fundador, ex-professor e coordenador do Atelier Central. Os depoimentos foram

dados na sala de reuniões do estabelecimento cultural “Casa do Cordel” localizado

no bairro da Cidade Alta em Natal e na residência do autor deste trabalho. Eis

abaixo as descrições do movimento artístico, dos diversos grupos que o constituíram

e que fornecem as áreas de atuação, os principais membros, seus bairros ou

cidades de origem, e ainda, os principais pontos de concentração de cada grupo e

dos movimentos.

5.7. Movimento Artístico “Circuito Suburbano de Arte”

Surgido em 1980, em Natal, o “Circuito Suburbano de Arte” teve o seu gene a

partir das primeiras reuniões que deram origem ao GRUPEHQ em 1970. Alguns dos

fundadores deste grupo se encontravam na casa do historiador Câmara Cascudo

levando quadrinhos, poesias pinturas e gravuras, a fim de trocarem ideias sobre

suas produções. Nesta residência, embora tenha havido conversas com o próprio

Câmara Cascudo, o principal contato se dava com o seu filho Fernando Cascudo,

que liderava um grupo denominado, “sociedade artístico-estudantil” (SAE).

Em uma dessas reuniões da SAE, o Filho de “Cascudo”, tendo ficado

impressionado com a qualidade dos trabalhos, bem como pelo teor de interesse

cultural, Historia local e problematização político-sociológica expressa nos trabalhos

dos artistas, chegou a falar entusiasmado para o grupo: “É isto que vocês devem

fazer! É este tipo de trabalho que precisa ser desenvolvido aqui em Natal”.

Anos depois, Fernando Cascudo foi fazer faculdade de direito em Recife e

passou a associação para Francisco Gomes Sales, tio de Alcides Sales.

No final dos anos 70, Alcides, junto com vários poetas e jornalistas, forma um

grupo chamado “Grupo Cabra” (referente a mestiço). Dois anos antes de assumir a

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liderança do GRUPEHQ, e um ano antes da implantação do Atelier Central,

exatamente no ano de 1980, num encontro com artistas de variadas vertentes.

Reuniram-se na “Oficina Rossini Perez” da Fundação José Augusto no Bairro do

Tirol. Tinha início então, o movimento “Circuito Suburbano de Arte”.

Com a criação do Atelier Central, em 1981, as conexões artísticas se ampliam,

funde-se com o movimento e se dinamiza, os encontros aconteciam todos os dias à

tarde na oficina Rossini Perez, durante todo tempo que durou o movimento.

A partir deste ponto, os artistas integrantes não se satisfazem com a atuação

artística que tinham obtido e que se expandia num raio geográfico restrito, e por isso

decidem democratizar ao máximo o movimento e desse modo, o “Circuito

suburbano” se expande em muitos grupos das mais diversas vertentes.

Os grupos Também se estendem para outros bairros de Natal e extrapolam

seus limites ao lançarem tentáculos em outras cidades do interior do Estado. Já em

relação à divulgação da produção, alguns grupos ligados ao movimento conseguem

manter vínculos e divulgar os trabalhos em outros estados e também em vários

países.

A seguir, a relação dos diversos grupos que integraram o “Movimento

Suburbano de Arte”.

SAE: “Sociedade Artístico-Estudantil”:

Produção Artística e movimento Estudantil,

Natal/RN

Integrantes: Fernando Cascudo, Francisco Gomes Sales, Alcides

Sales entre outros.

GRUPEHQ: “Grupo de Pesquisa e História em Quadrinhos”.

Natal/RN

Integrantes fundadores: Emanuel Amaral, Anchieta Fernandes,

Dom Lucas Brasil (Walfredo Pereira Brasil), Lindberg Revorêdo,

Falves Silva, Luiz Pinheiro Filho, Reinaldo Azevedo e Ademar

Chagas.

Segunda geração: Edmar Viana, Ivan Cabral, Emanoel Amaral,

Luiz Élson, Márcio Coelho, Adrovando Claro, João Antônio, Ivo

Rocha e Gilvan Lyra.

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Terceira geração: Amadeu, Marcos Garcia, Laércio, Paulo Sérgio

de Góis (Locha), Luiz Antônio Borges (Lula Borges), Vaneildo

Cabral Cardoso (JupyArte), Gilvan, Leônidas, Fabiano Astênio,

Geanne, Júnior...

“De olho no mundo” - grupo de poetas

Natal/RN

Integrantes: Aluízio Matias, Locha, Dorian Lima, Soraya, outros.

“Oficina Viva” – Estamparia e Serigrafia

Petrópolis, Natal/RN

Capas de livros, cartazes, poesia.

Integrantes: Paraibano, Venâncio e outros.

Grupo de teatro “Renascendo Arte”

Monte Alegre/RN

Integrantes: Jair Gomes, Maria Miranda, Carneiro, Guilherme,

Miau e outros.

“A caravana” – Grupos musicais

Natal/RN

Integrantes: Nelson Coelho, Cleudo, Freire, Léo Ventura, Júnior

“Sociedade Literária de Santo Antônio do Potengi”

São Gonçalo do Amarante/RN

Integrantes: Locha, parentes e amigos

“Paráquia” – Grupo de Teatro

Natal e São Gonçalo do Amarante

“Mov. Estudantil Churchil/Atheneu”: Político-sociológico

Natal/RN. Integrantes: Sérgio Viana e outros.

“Movimento Arte-Correio” – Nacional e internacional

Natal/RN

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Exposições em Austin/USA, Tóquio/Japão, Cuba, etc.

Integrantes: J. Medeiros e outros.

“Grupo gravadores” – Gravuras e exposições

Natal/RN

Integrantes: João Natal, Carlos Sérgio, Eribaldo Furtado, Charles

Alves, Alcides e Juristor.

“Artistas independentes” – Poesia e teatro

Natal/RN

Integrantes: Pedro Pereira (poeta), João Marcelino (ator).

Grupo da Cidade da Esperança:

Natal/RN

Integrantes: Dimas Carlos, Júnior Baiano e outros.

“Nuclearte” * – Oficinas de arte e exposições

Cidade Alta, Natal/RN

Integrantes: Cristina Jácome, Fernando Gurgel, Novenil Barros

entre outros.

É evidente que o movimento “Circuito Suburbano de Arte”, como os grupos que

o constituíam não podem ser considerados como instituições de ensino de arte

segundo a natureza de instituição que está sendo abordada neste trabalho.

No entanto, pela dinâmica que estes possuíam, pela abrangência territorial que

alcançaram, e a diversificação dos suportes artísticos, estilos e intensidade dos

encontros num período de aproximadamente uma década, deve-se reconhecer que

de algum modo este movimento deu a sua contribuição e influência na formação

artística do estado, muito embora, por meio de uma metodologia bem mais liberal e

um tanto distanciada do modelo oficial de educação vigente na época.

*Grupo incluído pelo autor deste trabalho. Não foi citado por Alcides.

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6. ATELIER CENTRAL DE ARTES PLÁSTICAS

6.1 Sua origem

(Fig. 01.) Logotipo do Atelier Central

(Fig.02) Fachada do Atelier Central. Foto: GRUPEHQ, 1985.

O Atelier Central de Artes Plásticas foi implantado no ano de 1981. No

âmbito nacional, o Brasil estava sob governo do General João Batista Figueiredo, e

passou pelas gestões de quatro governadores e cinco prefeitos.

Segundo dados encontrados no site wikipedia.org, os governantes foram

os apresentados, a seguir, necessariamente nessa ordem cronológica. São eles:

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Governadores

Lavoisier Maia Sobrinho – 15 de março de 1979 – 15 de março de 1983

José Agripino Maia – 15 de março de 1983 – 15 de maio de 1986

Radir Pereira – 15 de maio de 1986 – 15 de março de 1987

Geraldo José de Melo – 15 de março de 1987 – 15 de maio de 1991

Prefeitos:

José Agripino Maia:15 de março de 1979 – 15 de março de 1982

Manoel P. dos Santos: 15 de março de 1982 –15 de março de 1983

Marcos C. Formiga: 15 de março de 1983 – 31 de dezembro de 1985

Garibaldi Alves Filho: 1º de janeiro de 1986 – 31 de dezembro de 1988

Vilma M. de Faria: 1º de janeiro de 1989 – 31 de dezembro de 1992.

Teve seu início durante o Governo Estadual de Lavoisier Maia. Administrado

diretamente pela Sub-coordenadoria de Atividades Culturais-SAC, que por sua vez,

se reportava à Coordenadoria de Apoio Pedagógico - COAPE, ligada a Secretaria de

Estado da Educação e Cultura –SEC, e esta ao Governo do Estado do Rio Grande

do Norte. A Administração Municipal de Natal estava a cargo do Eng.º. José

Agripino Maia.

Quando tratei nesta pesquisa sobre os métodos do trabalho científico citei

como uma das importantes fontes primárias o relato de minha experiência

comprovada como aluno do Atelier Central. O bendito dia que pisei pela primeira vez

nos degraus da casa de número 474, da Rua Campos Sales no Tirol, em Natal. O

Atelier Central de Artes Plásticas.

Agora começarei a relatar a partir dos primeiros momentos, dos vários anos

nos quais participei das atividades do Atelier, e faço questão de enfatizar que foram

momentos muito marcantes, felizes de toda a minha vida, pois ao contrário de

muitas crianças e jovens às quais são negadas o devido acompanhamento humano,

cultural e profissional, eu tive, junto com muitos outros colegas na adolescência, o

privilégio de usufruir de um ambiente artístico-cultural, no qual tivemos o incentivo e

acompanhamento do desenvolvimento dos nossos potenciais culturais e artísticos,

dentro da inclinação profissional que já desejávamos desde aquela época.

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(Fig.

03) Parte da equipe de professores e alunos do Atelier Central, 1986. Foto: Luiz Élson.

1986.

A instituição foi então fundada no ano de 1981, tendo inicialmente funcionado

na garagem do prédio do 1º Nure (Núcleo Regional de Ensino), no bairro da cidade

Alta, numa pequena rua que faz bifurcação com a Avenida Rio Branco, bem no início

desta, no sentido Baldo/Ribeira. Como endereço definitivo, teve o número 474 da

Rua Campos Sales no bairro do Tirol, zona leste desta capital.

Neste trabalho, temos inicialmente o Atelier Central, sendo tratado em relação

aos fatores Históricos e Culturais, em seguida, veremos os aspectos Institucionais,

artísticos e pedagógicos.

Como fatores históricos, o Atelier teve como estímulos as experiências

herdadas da “Escolinha de Arte Cândido Portinari”, instituição que lhe antecedeu nas

décadas de 60 e 70 e que possuía natureza de operação que pode ser considerada

razoavelmente semelhante por se tratar também de uma instituição de ensino de

Arte com espaço fixo, contendo equipe pedagógica e ensino convergente com as

propostas do pensamento modernista no Brasil.

A escolinha criada e implantada pelo saudoso e consagrado artista plástico

potiguar Newton Navarro, em conjunto com o interesse do então governador Aluízio

Alves, foi motivada, por um lado, principalmente pelo desejo (e necessidade política)

de Aluízio, em acompanhar, no campo das políticas culturais, o movimento

“Escolinha de Arte do Brasil” e implantar uma instituição semelhante no Rio Grande

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do Norte e, desta forma, dar um posicionamento de sua política cultural no estado,

em face da consolidação da Arte moderna, que já se apresentava desde algumas

décadas atrás como caso consumado em praticamente todo o território brasileiro.

A Escolinha de Arte do Brasil é criada em 1948, no Rio de Janeiro, por iniciativa do artista pernambucano � HYPERLINK "javascript:void(0);" �Augusto Rodrigues

(1913 - 1993), da artista gaúcha Lúcia Alencastro Valentim (1921) e da escultora norte-americana Margareth Spencer (1914). (Enciclopédia Itaú Cultural, 2011).

Por outro lado, houve o desejo de Navarro que, seguindo as suas visões de

“Flanêur”, *percebeu em tal movimento, o meio mais natural de introduzir o

modernismo na Arte-Educação do RN, a exemplo do que vinha ocorrendo em vários

estados brasileiros como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco

entre outros.

No envolvimento com a implantação da escolinha de arte pode ser visto

também como mais um meio de fazer notória sua atuação intelectual, quanto ao

modernismo, também na educação em Arte de Natal, e assim está em condições de

se fazer, ou de se manter incluso nos círculos políticos do Estado.

Segundo é mostrado por Carvalho (2002), a “Escolinha de Pintura Cândido

Portinari” foi implantada em 1962, Apesar de ter a Newton Navarro como seu criador

e mantenedor, possuía no entanto, a pessoa de Salete Navarro como sua principal

responsável pedagógica e administrativa. A escola proporcionou Arte-Educação

para crianças no conceito artístico de Franz Cizek durante muitos anos, tendo como

objetivo o desenvolvimento artístico das crianças a partir da liberdade de concepção

e expressão nos trabalhos e experiências dos educandos, saindo de conceitos

tradicionalistas e focando nos ideais do modernismo.

Em 1977, Salete Navarro foi demitida, fato que causou tristeza em Navarro. A

partir deste momento a Escolinha se dissolveu segundo os moldes do “Movimento

de Escolinhas de Arte no Brasil” e deixara uma lacuna em termos de Escola de Arte

no Rio Grande do Norte.

Entendo que a dissolvição da “Escolinha de Arte Cândido Portinari” pode ter

causado uma baixa importante no viver artístico de Natal no tocante a arte-

educação, mas não na autoestima da classe artística da cidade, pois apesar dos

grandes sacrifícios com que os artistas locais empreendem cultura, produção

artística e arte-educação, estes tinham conseguido reunir energias suficientes para

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provocar anos adiante, mais uma grande “tsunami artística” no Rio Grande do Norte,

ou seja: o Atelier Central de Artes Plásticas.

Um importante fator histórico para o surgimento do Atelier Central pode ser

visto também na existência, já no início dos anos setenta, do Grupo de Pesquisas e

História em Quadrinhos ou GRUPEHQ.

É muito difícil alguém falar do Atelier Central a partir do início dos anos 80 sem

mencionar o GRUPEHQ, ou falar deste grupo sem tocar nos principais professores e

alunos do Atelier.

Este grupo tinha sido formado em 1971. Seus fundadores foram Emanuel

Amaral, Anchieta Fernandes, Dom Lucas Brasil (Walfredo Pereira Brasil), Lindberg

Revorêdo, Falves Silva, Luiz Pinheiro Filho, Reinaldo Azevedo e Ademar Chagas.

Na década de 1970, começa a se formar um importante grupo de estudos sobre histórias em quadrinhos, que veio a se chamar Grupo de Pesquisas e Histórias em Quadrinhos, ou simplesmente, GRUPEHQ. (PIRES, 2008. Natal. p.21)

O objetivo dos desenhistas acima era desenvolver pesquisas sobre história em

quadrinhos enfocando a cultura local e as concepções e estilos da produção de

quadrinhos dos artistas potiguares.

Foi justamente do GRUPEHQ que surgiram vários dos professores, alunos e

colaboradores do Atelier Central como Alcides Sales, Luiz Élson, João Antônio e

Adrovando Claro. Em 1982, no segundo ano de funcionamento do Atelier, Alcides

Sales assume a liderança do GRUPEHQ, como veremos no trecho seguinte:

Devido a dificuldades financeiras, a Maturí deixou de ser editada por vários anos, retornando em 1982, quando Alcides Sales assume a presidência do GRUPEHQ. Neste período o GRUPEHQ era formado por diversos quadrinhistas, entre eles Edmar Viana, Ivan Cabral, Emanoel Amaral, Luiz Élson, Márcio Coelho, Adrovando Claro, João Antônio, Ivo Rocha e Gilvan Lyra. Cada desenhista seguia um estilo próprio, pesquisando e experimentando novas técnicas e aperfeiçoando seu trabalho, neste sentido, a Maturí funcionou como um grande laboratório das histórias em quadrinhos no Rio Grande do Norte. (PIRES, 2008, Natal).

O desenhista Alcides Sales, um dos fundadores e responsável pelo

desenvolvimento do projeto do Atelier Central, passa a ser uma pessoa de referência

e grande influência no Atelier e no grupo de quadrinhos ao gerar envolvimento entre

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componentes do GRUPEHQ com os membros do Atelier Central, gerando assim,

entusiasmo na condução destes em praticamente todos os anos de funcionamento

do Atelier.

6.2. 1978-1980 – Mobilizações da COOAPE/SAC (Governo do RN)

Depois de ser dissolvida a “Escolinha de Arte Cândido Portinari” em 1977,

Natal ficou carente de uma instituição de ensino de arte, estando à arte educação

limitada ao ensino de educação artística nas escolas.

A necessidade urgente por uma nova instituição formadora de artistas se fazia

gritante e, em função disto, desencadeia-se articulações tanto por parte do governo

como da classe artística. Desse conjunto de articulações foi que surgiu o Atelier

Central.

Primeiramente, para termos a primeira ideia do Atelier Central, começarei

apresentando o depoimento de Gilvan Lira, um dos primeiros alunos do Atelier no

primeiro ano de funcionamento:

“Fui um dos primeiros alunos do Atelier Central. Na época, por volta de 1979 ou

1980 eu já trabalhava com desenho e pintura e uma professora de “Educação

Artística” da escola onde eu estudava me encaminhou a Cooperativa de Apoio

Pedagógico - COOAPE, pois, pelo que me lembro, ainda não havia o Atelier Central,

então, foi na COOAPE que eu fui orientado sobre os cursos que iria participar.

Neste órgão cheguei também a realizar minha primeira exposição.

Algum tempo depois, conheci de fato o “Atelier Central” onde fui muito ajudado,

mas não passei muito tempo lá porque era um curso para formação teórica e prática

em artes, e eu queria mais tempo para a parte da produção, eu queria produzir,

sobretudo os quadrinhos.

Apesar disso continuei como frequentador esporádico do Atelier;

principalmente, para me encontrar com colegas e professores, por causa das

reuniões do GRUPEHQ que nele eram realizadas, pois era um ambiente prazeroso,

que me ajudou bastante no início da minha carreira.” (Depoimento do ex-aluno

Gilvan Lyra em junho/2014).

Segundo depoimento do desenhista e pintor Gilvan Lyra, integrante do

GRUPEHQ desde o final dos anos 70, antes da criação e implantação do Atelier

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Central, existia a Coordenadoria de Apoio Pedagógico – Cooape, que coordenava

ações para dar suporte à rede de ensino.

Estas ações se baseavam no acompanhamento do desenvolvimento dos

estudantes da rede estadual de ensino e na criação e promoção de eventos

artísticos e culturais que beneficiasse o aproveitamento pedagógico e o

desenvolvimento cultural.

Para isto, havia a Subcoordenadoria de Atividades Culturais-SAC, que

realizava cursos esporádicos, exposições e concursos para novos talentos,

incentivando modalidades artísticas tais como a pintura, o desenho, a talha e a

gravura, sendo o próprio Gilvan Lira um dos beneficiados, chegando a realizar, com

o apoio da COOAPE, por volta de 1980, sua primeira exposição individual através

deste trabalho de incentivo cultural.

Acontecia que esse trabalho, após o fechamento da “Escolinha de Arte

Cândido Portinari”, em meados da década de 70, e chegando ao início dos anos 80

com o crescimento da rede escolar, e a perda de uma referência escolar no ensino

de arte, tais ações não mais se mostravam suficientes como políticas de promoção

cultural e incentivo da educação artística.

Foi então que a partir desse momento, entre 1978 a 1980, os gestores da

educação e cultura do Estado perceberam que diante da situação em que se

encontrava a Educação Artística na rede de ensino, apenas um acompanhamento

geral, e a garantia de existência de alguns órgãos, promovendo eventos dispersos e

esporádicos, não resultariam em final satisfatório.

Tendo em vista o avanço cada vez mais efervescente da arte no Brasil e no

mundo e a necessidade de apoiar adequadamente o desenvolvimento dos

estudantes no campo da Arte, inclusive impelindo para renovação modernista e pós-

modernista, uma ação mais consistente e ampla deveria ser tomada a fim de atender

as carências do sistema de ensino.

Era preciso ajudar novos artistas a desenvolverem suas capacidades teóricas e

práticas no campo das artes e ainda proporcionar aos estudantes, em geral, uma

visão e uma experiência artística mais ampla e atualizada.

Portanto, ações para favorecer e promover a Arte-Educação através de um

suporte institucional estruturado, consistente e moderno fazia-se cada vez mais

necessárias. As ações iniciais que originaram o Atelier foram realizadas de modo um

tanto tímidas ou comedidas, mas sucedeu-se que com a dinâmica que foi ganhando

após serem iniciadas, aos poucos foi recebendo mais atenção dos gestores.

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6.3. 1981/1983 - INÍCIO DAS ATIVIDADES

Em 1981, um pequeno grupo formado por Alcides Sales, J. Medeiros,

Venâncio e Luiz Élson, sob a direção da SAC/COOAPE, na garagem do prédio do

Nure*, localizado no Bairro da Cidade Alta, em Natal, dão início às atividades

artístico-pedagógicas do Atelier Central de Artes Plásticas.

Mesmo diante das dificuldades, e funcionando num espaço inadequado, (para

uma escola de artes a nível estadual) as atividades se desenvolvem e após cerca de

dois anos de funcionamento, a recém criada Escola de Arte ganha, finalmente, para

seu adequado funcionamento, o prédio 474 da Avenida Campos Sales, no bairro do

Tirol, local que marcaria a sua história e a história da arte no Rio Grande do Norte.

Com cursos de desenho de observação, história em quadrinhos, pintura,

gravura e talha. Já no seu segundo ano de funcionamento em 1982, sofre

enfraquecimentos no volume de atividades, mas retoma logo em seguida, no ano de

1983 com os cursos regulares de desenho e pintura e prossegue com crescente

produção artística e expansão de vagas nos anos seguintes desta mesma década.

6.4. Gestão

O Atelier Central de Artes Plásticas era administrado diretamente pela Sub-

coordenadoria de Atividades Culturais-SAC, que por sua vez, se reportava à

Coordenadoria de Apoio Pedagógico-COOAPE. Ligada a Secretaria de Estado da

Educação e Cultura–SEC, e esta última, ao Governo do Estado do Rio Grande do

Norte. Quanto à parte pedagógica, eis os seus gestores:

Nia Fernandes

Francinildo

Norma

Graziela

Nevinha

Zélia Jácome

Alcides Sales

Jomar Jákson

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6.5. Localização

A escola de Arte foi estabelecida na Rua Campos Sales, número 474, no Bairro

do Tirol. Vizinho a esta funcionava o extinto Museu de Arte Didática da SAC. Área

valorizada de Natal, entre os bairros da Cidade Alta, Petrópolis e também próximo a

Praia do meio e a Praia dos Artistas no sentido leste da cidade.

Próximo também ao Atelier, estavam outras instituições culturais como a

Biblioteca e galeria de Arte Câmara Cascudo, a Fundação José Augusto, o museu

de antropologia Câmara Cascudo, o parque temático “Cidade da Criança” onde

funcionava tanto a “Escolinha de Artes Newton Navarro” como o Museu

Taxidérmico” além da Escolinha Criarte no bairro da Cidade Alta.

As proximidades geográficas destas instituições beneficiaram bastante a parte

pedagógica do Atelier pelo fato de favorecer o contato com outras instituições

culturais com um custo quase zero para os alunos, já que todos eram de escolas

públicas, na maioria, localizadas em bairros periféricos de Natal.

6.6. Quadro de funcionários

Iniciando com quatro professores e uma diretora, um servente e um vigia,

chegou a ter oito professores, duas serventes, duas merendeiras, dois vigias, uma

diretora e três coordenadoras, inscrevendo consecutivamente uma média de cem

alunos em alguns dos seus anos antes de fechar.

6.7 Infraestruturas 6.7.1 Instalações físicas

O Atelier Central tinha como instalações físicas um prédio de estilo

arquitetônico espanhol, localizado no bairro do Tirol. A casa possuía na época, cerca

de onze cômodos, contando com cozinha e banheiro, tinha um ambiente agradável

para a prática do desenho e a pintura, quase todos os cômodos possuíam janelas

amplas que além de proporcionar boa ventilação, davam acesso aos jardins e as

árvores.

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6.7.2 Equipamentos

Quanto aos equipamentos, os alunos eram bem servidos com salas equipadas

com várias pranchetas de desenho, cavaletes de pintura, mesas com réplicas de

esculturas e na sala principal, uma ampla mesa para reuniões que também era

usada também para a prática do desenho. Havia também um almoxarifado contendo

todos os materiais de consumo como tintas, papéis, pincéis, bicos de pena entre

outros. Tudo isto sempre em bom estado e suficiente para as necessidades dos

cursos.

Na secretaria, além dos móveis e materiais de expediente administrativo,

continha acervo sobre História da Arte no Brasil e do Exterior. Estes livros serviam

para ser consultados pelos alunos no local, pois o acervo era discreto, com apenas

uma unidade por título. Portanto não havia possibilidade para o sistema de

empréstimo.

6.8. Expediente

Quanto aos horários de expediente, o Atelier funcionava de segunda a sexta-

feira, nos turnos da manhã e da tarde e não havia atividades a noite. O corpo

discente era distribuído em quatro turmas: duas turmas pela manhã, na segunda e

quarta, e outra na terça e quinta. No período da tarde, mais duas turmas no mesmo

esquema, uma nas segundas e quartas e outra nas terças e quintas.

Como a maioria dos alunos eram de escolas públicas e muitas delas

localizadas na periferia de Natal, o Atelier Central dava a todos os alunos, lanche

pela manhã e a tarde como também as passagens de ônibus.

Geralmente, as Sextas e aos sábados eram ocupados com reunião de

coordenação ou com as reuniões do GRUPEHQ.

O Atelier permaneceu nesse prédio desde o seu início e durante os anos que

funcionou no modelo de “centralidade”, até se despedir dele para entrar

forçadamente na sua fase de descentralização, quando foi dissolvido em salas de

aulas comuns, dispersas em algumas escolas públicas da cidade.

Na figura abaixo, contém a planta baixa do prédio e o layout, onde podemos ter

uma ideia de como era sua funcionalidade.

Este prédio, onde funcionou o atelier, era alugado pelo governo do estado e ainda

existe, sendo ocupado atualmente por um restaurante.

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.

(Fig. 04) Planta baixa do Atelier Central. Desenho: Autor do deste trabalho, produzido em

maio de 2014.

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7. PROJETO PEDAGÓGICO DO ATELIER CENTRAL

Eis a seguir a justificativa e o modelo pedagógico redigido pelos Artistas

Plásticos e Arte-Educadores Alcides Bezerra de Sales, junto com Venâncio, J.

Medeiros e Luiz Élson. Utilizado originalmente na abertura do Atelier Central em

1981, e adaptado para também ser usado na fase de implantação no modelo “Atelier

nas Escolas”:

O Rio Grande do Norte é conhecido por ser um estado de artistas autodidatas, carente de artistas conhecedores dos ensinamentos do desenho clássico e da pintura, com raríssimas exceções. Esta situação começou a ser modificada com a instalação pioneira do Atelier Central, experiência esta, interrompida pela ignorância de uns, e pela prepotência de outros. Prejudicando em parte o desenvolvimento de um movimento forte nas Artes Plásticas que vinha despontando no nosso estado, movimento este que hoje, visivelmente apresenta seus resultados ...

Este projeto pedagógico foi redigido inicialmente bem no início da década de

oitenta quando se iniciaram as atividades do Atelier e, ainda assim, vemos ser

mencionado logo nas duas primeiras linhas, a predominância de artistas autodidatas

e aponta o Atelier Central como o fator determinante para mudar tal realidade.

Em 1988 este texto foi adaptado e reaproveitado para a implantação dos

“Atelieres nas Escolas”, na ocasião, Alcides e Élson faziam menção às crises

políticas entre Equipe do Atelier Central e Equipe de professores da SAC/COOAPE.

Embora houvesse alguns arte-educadores que, por não poderem prever os

prejuízos que viriam, se posicionado junto com a SAC/COAPE em favor da

descentralização. A grande maioria dos professores e alunos do Atelier defendiam a

manutenção da centralidade. É a respeito desta questão que os autores do projeto

se referem quando dizem na quinta e quarta linha do trecho à cima ”experiência

esta, interrompida pela ignorância de uns, e pela prepotência de outros” ...

Entre elas, havia, segundo Alcides, a professora Ivonete Albano que

desenvolvia um empreendimento na área do teatro, e visava objetivos semelhantes

aos do Atelier Central. Por não conseguir atingi-los criou uma rivalidade interminável

com a equipe da escola de artes, mas apesar disso o seu empreendimento acabou

não logrando êxito e terminou fechando muito antes do Atelier.

Ivonete, após apoiar e obter êxito na eleição do Governador Geraldo Melo e

inclusive participar dos seus quadros, se torna, segundo Alcides, uma das principais

responsáveis pela descentralização do Atelier Central em 1987.

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... Devido à isto a cidade continua sem contar com uma escola de artes plásticas, só está comprovação, já justificaria este projeto, que se propõe a resgatar o método de ensino do Atelier Central. Sua dinâmica de trabalho, como também aplicar novas técnicas desenvolvidas no meio artístico de nossa cidade. Pois, apesar da boa vontade de alguns atelieres livres, e de algumas escolas, não conseguiram obter resultados semelhantes aos da experiência relatada.

Em mais de três anos seguidos no Atelier Central, presenciei praticamente

todos os objetivos e metas apresentados nesse projeto serem amplamente

alcançados.

7.1 Objetivos do Atelier Central

7.1.2 Geral

Proporcionar aos alunos da rede estadual e comunidade, conhecimento

básico do desenho e da pintura de modo a desenvolverem o gosto pela arte e

a apreciação estética da realidade que os cercam.

7.1.3 Específicos

Desenvolver o grafismo dos alunos

Desenvolver a concentração e a paciência

Proporcionar conhecimentos básicos do desenho de observação

Proporcionar conhecimentos de pintura

Incentivar a pesquisa e o interesse pela vida e obra dos grandes artistas de

nossa terra e do mundo.

Estimular o gosto pelo aprofundamento no estudo de um tema, obtido através

da disciplina e constância do aprendizado da Arte.

Proporcionar aos alunos, técnicas e conhecimentos de matérias que possam

lhes ser úteis profissionalmente.

7.1.4 Metas

Realizar aulas de desenho de observação.

Realizar aulas de técnicas de pintura.

Promover cursos de xilogravura e litogravura.

Produzir um álbum de litogravuras.

Realizar exposições nas escolas e comunidades.

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Promover palestras com artistas e sobre História da Arte.

Promover curso básico de publicidade.

Realizar viagens de estudos de paisagens

Uma das coisas que marcou a metodologia do Atelier Central foi a vontade e

preocupação em contemplar o aprendizado em artes da forma mais ampla possível.

Observa-se nos objetivos e metas a abertura e disposição para uma prática

educacional que buscava atender as aspirações dos estudantes nas mais diversas

aplicações das artes no estudo da História da Arte como meio de contribuir para a

formação cultural das comunidades, pesquisa sobre arte, convivência artística nas

escolas e nas comunidades, nas artes plásticas, escultura, na produção de

quadrinhos, nas artes gráficas e até mesmo preparando para a ilustração e o

desenho publicitário.

O método de trabalho do Atelier respeitava e valorizava o que se produzia na

visão mais tradicional bem como as novas propostas em trânsito que nos conduzia

para a consolidação da arte contemporânea, contanto que todas as iniciativas

estivessem comprometidas com o aperfeiçoamento artístico e a formação do

pensamento crítico dos estudantes.

Vale colocar que, havia sim um tipo de resistência na equipe do Atelier:

resistência ao tipo de ensino de arte baseado em meras aventuras psicológicas

vigentes na virada dos anos setenta para oitenta, às propostas baseadas em meras

experimentações de “sensibilidades artísticas” sem que estas passassem pelos

métodos sérios de embasamento técnico e teórico dos fundamentos da criação e

produção artística.

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8. ATIVIDADES DE EXTENSÃO

Além da programação normal nas salas do Atelier, muitas outras atividades

extras foram desenvolvidas ao longo dos anos. Como destaques tivemos, em 1984,

várias produções no campo dos quadrinhos e da xilogravura.

No ano de 1985, Foi feita uma viagem para João Pessoa na Paraíba, com

cerca de cinquenta pessoas do Atelier, distribuídos entre alunos e Arte-Educadores.

A viagem foi feita num ônibus cedido pela Universidade Rural do Rio Grande do

Norte (URRN) atualmente (UERN-Universidade do Estado do Rio Grande do Norte),

do Campus de Serra do Mel. A concentração aconteceu em frente ao Atelier. O

ônibus saiu de manhã cedo, por volta de 8 horas.

Assim que o ônibus chegou na cidade de João Pessoa, mais precisamente na

Praia de Tambaú, nós pegamos nossos materiais e começamos a pintar e desenhar,

ora a praia de Tambaú, ora a praia do Cabo Branco, que dava para avistar de longe.

Após a praia, atravessamos a avenida e fomos todos almoçar em um

restaurante rústico, onde estava se apresentando um grupo musical que tocava

tambores, com estilo “raízes”.

Terminado o Almoço, nos dirigimos ao “Espaço Cultural de João Pessoa”, onde

apreciamos (apreciamos mesmo) uma exposição de artistas plásticos alemães.

Eram artistas que trabalhavam concepções expressionistas figurativistas, sendo que

alguns apresentaram instalações pós-modernas bastante avançadas.

Logo em seguida a exposição visitamos o planetário do Espaço Cultural, e

depois disso entramos todos no ônibus, satisfeitos! Se aproximando das 18 horas,

retornamos para Natal.

Houve também uma atividade de campo que aconteceu na “Granja do Ferreiro

Torto” na zona rural do Município de Macaíba, cidade vizinha a Natal. Não participei

da atividade, mas alguns que estiveram presentes como Luiz Élson e Luiz Antônio,

relataram-me que foi muito proveitosa.

Em 1986, foi ministrado um curso de extensão em história em quadrinhos para

alunos do Atelier que moravam na zona norte, e estudantes dessa região. Ao final

do curso foi publicada uma revista, fruto da produção e pesquisa dos alunos do

curso. O título da revista era: “Os Bárbaros da Zona Norte”.

Ainda no ano de 1986, os alunos do Atelier foram levados para um cinema para

assistirem um filme sobre a vida e obra de um artista plástico. A sessão foi

encerrada com discussão sobre o conteúdo do filme.

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Também neste mesmo ano, devido ao grande sucesso da obra literária

“Desenhando com o lado direito do cérebro”, da escritora norte americana Betty

Edwards, o Atelier Central convidou, naquele ano, o artista plástico Flávio Freitas

(também conhecido como Flávio Lagartixa) para ministrar uma oficina aos alunos e

professores.

Pelo menos uma vez em cada mês a turma do Atelier saía das salas para

visitar a Galeria Câmara Cascudo, a fim de ver exposições de Artistas como Diniz

Grilo, Dorian Gray, Cristina Jácome, Marcelus Bob, Assis Marinho, Tomé Filgueira

entre outros.

Em busca de outros destinos para obtenção do aprendizado, visitamos várias

vezes o Museu de Antropologia Câmara Cascudo pela vontade de conhecer os

esqueletos que existiam lá, tanto de animais como de homem, e em algumas

ocasiões uma parte dos alunos iam mais além, visitavam o departamento de

medicina para observarem cadáveres, na ânsia de aprender desenho de figura

humana.

Ainda em 1987, os professores do Atelier Central, Alcides Sales e Luiz Élson,

com o apoio do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) da UFRN, ministraram, na zona

norte de Natal, um curso de pintura no campo. A turma de alunos era composta, em

parte, por alunos do Atelier e também por moradores desta região da cidade.

Ao término do curso, com ajuda de comerciantes da região foi realizada uma

exposição no Centro Comunitário do Bairro. Neste evento alguns dos alunos

conseguiram comercializar alguns dos seus trabalhos.

Um ponto a destacar foi o catálogo da exposição no qual continha textos com

as falas dos alunos participantes externando suas experiências durante o projeto.

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9. CORPO DOCENTE

É enorme a lista de todas as pessoas de talento e importância profissional que

participaram do Atelier e que deixaram contribuições valiosas durante o tempo de

seu funcionamento para a sociedade atualmente, cada uma, segundo sua área de

atuação. Portanto, é grande também o meu esforço para fazer justiça a todas elas,

até por que, muitas participaram antes da minha entrada na instituição. Apesar da

vontade de prestigiar o máximo de pessoas possível, a princípio, vou dar prioridade

aos que tiveram participação na linha de frente, ou seja, os Arte-Educadores do

Atelier, destacando os professores com os quais convivi.

Luiz Élson Dantas

Tinha predomínio no ensino de desenho, sendo a aplicação deste, geralmente

voltada para os quadrinhos. Demonstrava muito interesse em cada detalhe do

aprendizado e no acompanhamento dos alunos. Além de tudo, é bastante entusiasta

e grande incentivador dos novos desenhistas.

João Natal

Pintor, e gravurista, um artista de métodos e processos bem diversificados, um

dos professores do Atelier mais experientes em gravura. Também dava aula de

desenho e era bastante sintonizado com o mercado artístico.

Jair Penny

Pessoa bastante envolvente e expansiva. Transmitia bastante entusiasmo aos

alunos nas aulas de desenho e especialmente na pintura. Com gosto também pela

música, Jayr às vezes ministrava suas aulas de desenho enquanto ensaiava violão e

vocal, pois neste tempo, ele integrava uma banda chamada “Grupo Aquários”.

João Antônio Medeiros

Professor de desenho e pintura, também produzia Quadrinhos quando estava

no Atelier. Orientou meus primeiros passos na pintura com técnica guache

(têmpera), tem como característica uma didática bastante sensível, baseada no

diálogo aberto sobre percepções, ideias e técnicas durante o processo

ensino/aprendizagem.

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Francisco de Assis de Souza Silva

Tinha bastante respeito e admiração pela sua competência pedagógica.

Excelente Arte-Educador, de vez em quando dizia de si próprio que não era “Artista

Plástico” como todos os demais professores do Atelier, mas sim, “Professor de Arte”,

como se isso fosse pouco.

Acredito que se tratava de uma maneira sutil de demonstrar de forma discreta,

sua admiração pelo talento artístico dos seus companheiros de trabalho. Em

compensação toda a equipe de professores e alunos tinham grande respeito e

admiração por sua competência pedagógica.

Jomar Jackson (Professor/Coordenador)

Ao chegar, no Atelier em 1986, deu uma contribuição importantíssima a esta

instituição, principalmente nas aulas de pintura a óleo. Alimentava grandes

propósitos para o Atelier Central, foi ele que me transmitiu a maior parte do

conhecimento teórico e prático em pintura. Com sua larga experiência pedagógica e

teórica, conseguiu dar valiosa ajuda tanto como professor quanto como

coordenador. Atraiu a atenção da imprensa para o Atelier e batalhou bastante, junto

com os professores para tentar evitar a descentralização.

Jomar Jackson, durante todo o tempo que esteve no Atelier, se mostrou um

coordenador incansável. Sempre fazia tudo que era possível para ver o Atelier se

tornar uma grande escola de artes, pois demostrava grande habilidade em gestão de

ensino de arte, aliás, como até hoje o faz.

Alcides Bezerra de Sales

Sem sombra de dúvidas, Alcides é a principal referência do Atelier Central. Para

todos os alunos e professores. Não bastasse o seu intenso envolvimento e tantas

realizações nos Quadrinhos e nas Artes Visuais, foi ele também a pessoa que

desenvolveu em sua própria casa o projeto de criação do Atelier Central,

conduzindo-o com dedicação durante todo o tempo que lhe foi possível. Bastante

entusiasta, de personalidade bastante exótica, que respira Arte e Cultura potiguar a

todo tempo e que, também, detém vasto conhecimento de cangaço e cultura tupi-

guarani em nosso estado.

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10. PARCERIA ENTRE ATELIER CENTRAL E O GRUPEHQ

Uma das dinâmicas mais interessantes e produtivas ocorridas no Atelier

Central se deu pela parceria com o GRUPEHQ - Grupo de Pesquisas e Histórias em

Quadrinhos do Rio Grande do Norte, em atividade até os dias de hoje.

Vários dos seus professores e alunos, além de outros desenhistas que

mantinham contato com a instituição, mesmo não tendo atividades diretas,

mantinham o propósito de pesquisar e produzir Histórias em Quadrinhos com foco

temático na História e Cultura do Rio Grande do Norte e do Nordeste.

Portanto, as atividades destes professores e alunos não se limitavam apenas

às aulas regulares do atelier, mas além disso eram intensas e frequentes as

reuniões, encontros e seminários com desenhistas locais, regionais e nacionais,

muitos destes realizados nas dependências do Atelier Central. Inclusive, este é um

dos motivos da forte tradição e presença dos quadrinhos potiguares no cenário

nacional. Pode-se elencar nomes como: Ziraldo (Menino Maluquinho/ Turma do

Pererê); Edmar Viana com o seu consagrado personagem “Pivete”(in-memorian); o

chargista Cláudio Oliveira; o quadrinhista* Evaldo Oliveira (in-memorian) que

trabalhou nos personagens Recruta Zero e Fantasma e spectreman; Emanoel

Amaral; Alcides Sales; Luiz Élson; Adrovando Claro; Ivan Cabral; Gilvan Lyra;

Hamilton e tantos outros.

Estes são apenas alguns exemplos entre tantos outros das gerações 70, 80 e

90 que serão citados em outro momento neste trabalho.

Tal experiência constituía-se como uma fonte inesgotável de entusiasmo pelo

desenho, fazendo surgir a cada mês e a cada ano, novos adeptos para os

quadrinhos e para a ilustração, fato que redundou em muitos benefícios, tanto para a

projeção e respeito pelo quadrinho Potiguar por parte dos produtores do sul do país,

como para os jovens aprendizes artistas do Atelier Central, que podiam contar com a

companhia, a amizade e o incentivo de excelentes profissionais.

*Quadrinhista: expressão geralmente usado no mercado de quadrinhos para designar o desenhista e

ou roteirista de história em quadrinhos.

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(Fig. 05) Reunião do GRUPEHQ na sala principal do Atelier Central. Foto: GRUPEHQ, 1985.

Da esquerda para a direita: Adrovando Claro, Marcos Garcia, Francisco Alves Sobrinho,

Luiz Élson Dantas e Alcides Bezerra de Sales.

10.1 Revista Epopeia Potiguar

Na imagem abaixo pode-se ver a Revista “Epopeia Potiguar” de quadrinhos,

poesias e notícias, produzida em 1984 e lançada pelo Atelier Central em parceria

com o GRUPEHQ em 1985, com trabalhos de Carlos Alberto de Oliveira e Luiz

Élson Dantas, sendo Respectivamente, o primeiro, Aluno, e o segundo, professor do

Atelier Central.

No cabeçalho da revista pode-se perceber a identificação “Atelier Central” e o

logotipo “GPHQ” (GRUPEHQ em forma contracta) mostrando a ligação do Atelier

com o grupo de quadrinhos.

Apesar do estilo de desenho se assemelhar, um tanto, com os quadrinhos

norte-americanos, no entanto, podemos ver na concepção dos desenhos a intenção

dos autores em mostrar, já na capa da revista, suas preocupações político-

sociológicas locais através do cenário de uma Natal futurista, com a Via Costeira se

elevando em redor do Farol de Mãe Luíza, numa clara indicação da futura

especulação imobiliária sobre o morro. Isto não era à toa, pois Carlos Alberto, aluno

e um dos desenhistas da revista, era morador deste bairro e já demonstrava

preocupação com estas questões.

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Em primeiro plano temos o herói da história, o personagem “Asa Psique”. Um

herói psicológico que, para combater seus adversários costumava fazer longos

questionamentos e análises psiquiátricas aplicadas a si mesmo, até a hora do

confronto com os inimigos. Na frente dele, podemos ver uma sombra que mostra um

detalhe de um de seus opositores. Um ser forte com uma pequena antena na

cabeça denotando recurso de comunicação e avanço tecnológico.

(Fig. 06) Capa da revista “Epopeia Potiguar”, produzida pelo Atelier Central

e publicada pelo GRUPEHQ em 1985.

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10.2 Revista Labareda

O personagem Labareda surgiu em 1982 por sugestão do desenhista e

professor do Atelier Central Alcides Sales, que se baseou no livro de Estácio Lima:

“O estranho mundo dos cangaceiros”.

Alcides escreveu o roteiro do primeiro episódio, e depois Luiz Élson continuou

por três anos seguidos a produzir os textos e desenhos; este tinha na época 19

anos! Com a leitura de outros livros e se dedicando a pesquisa, o jovem desenhista

fez uma viagem de estudos a Bahia com o propósito de aprofundar o assunto do

cangaço.

O destino era o Museu do Cangaço da Bahia, mais precisamente o Museu

“Nina Rodrigues”. Lá desenhou objetos como: punhais, chapéus, roupas de

cangaceiros, armas de fogo, que estavam em exposição.

Este mesmo trabalho de pesquisa era uma prática constante e incansável

pelos membros do GRUPEHQ e do Atelier Central, viajando para vários municípios

do Rio Grande do Norte e demais estados do Nordeste.

Essa prática de pesquisa redundou ao longo do tempo em um vasto banco de

dados sobre as características da paisagem da caatinga nordestina, edificações,

lajedos, casas de fazendas e ricas informações e dados através dos relatos e

depoimentos de comunidades e famílias habitantes nos locais onde se sucederam

os fatos ligados ao cangaço no território nordestino.

Os episódios da revista “Labareda” foram editados na revista “Epopeia

Potiguar” e “Maturí”, de 1982 a 1985 e foram organizados em uma única revista

intitulada: “Labareda, Um cangaceiro de Lampião”, publicada pela Fundação José

Augusto no ano de 2012. (Ver também as figuras 50 a 55 nas páginas 133 a 138).

10.3 Agência de quadrinhos da Bélgica em Natal

Em 1988, houve um encontro de alunos e professores do Atelier Central e

desenhistas de quadrinhos com o representante da Agência de Quadrinhos “Commu

Internacional Comics Agency” de Antuérpia, Bélgica.

Na imagem abaixo temos em primeiro plano: Piet Du Lombardi. Da direita para

a esquerda temos os quadrinhistas Evaldo Oliveira (in memoriam); Desenhista

Vaneildo Cabral Cardoso, aluno do Atelier Central e autor deste trabalho; João

Maria; o Professor do Atelier Alcides Sales; Carlos Alberto, Aluno do Atelier; Jaélson

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Júlio; ao fundo: Marcos Garcia; Adrovando Claro e João Antônio Medeiros. Também

estavam presentes, o roteirista Enock Domingos e o também Professor Luiz Élson.

(Fig. 07). Reunião de alunos e professores do Atelier Central e desenhistas de quadrinhos com Piet Du Lombardi, o representante da Agência de Quadrinhos Belga.

A reunião aconteceu em 1988, às 16:00 horas no prédio do Instituto Histórico e

Geográfico do Rio Grande do Norte, durante a fase de transição do Atelier Central

para os Atelieres nas escolas.

Na ocasião, foram tratados assuntos relativos à metodologia de trabalho da

agência, ética nos quadrinhos (cuidados com uso indevido de menores de idade,

polêmica política e religiosa) e orientações sobre o método de colorização dos

desenhos.

Foi entregue também a cada um dos desenhistas presentes, uma cópia do

contrato para avaliação e um documento contendo lista de assinaturas.

A lista de assinaturas mencionada no parágrafo acima tratava–se de um abaixo

assinado proposto pelo representante com a intenção de reivindicar os direitos

autorais totais sobre a produção atual (1988) e também das produções de artistas

brasileiros que firmassem contratos com sua agência.

No Brasil, as grandes editoras como “Abril”, “Bloch editores”, “Editora Brasil

América (EBAL)” e “Riográfica”, publicavam predominantemente quadrinhos norte-

americanos dos stúdios “DC Comics”, “Marvel”, “Walt Disney” ou “Maurício de

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Souza”. Com raras exceções, a grande maioria dos desenhistas autorais de

quadrinhos brasileiros não eram contemplados por esse mercado.

Portanto, a aceitação desse “abaixo assinado” praticamente impossibilitava que

vários editores de quadrinhos nacionais como Franco de Rosa (Editora Maciota),

“Cedraz” (Bahia), “Centauro Sem Cabeça”, D’Arte Editora, Press Editorial, e inclusive

o próprio GRUPEHQ, continuassem trabalhando e publicando os trabalhos dos

desenhistas que eles próprios tinham incentivado, orientado e lançado no mercado.

Os desenhistas que estavam presentes tinham um forte interesse em trabalhar

com a agência, mas essa atitude causou questionamentos entre o grupo. Acredito

que isso foi motivo para que a maior parte da equipe não continuar trabalhando com

a editora Belga.

Fui um dos que receberam a cópia do contrato para avaliar as cláusulas, fiz

apenas uma história com roteiro de Enock Domingos intitulada “Carne Seca”, esse

trabalho foi para a Bélgica para ser examinado. Recebi orientações sobre o trabalho,

mas não prossegui com a agência, pois fui trabalhar como ilustrador numa agência

de propaganda local.

Outros desenhistas do atelier ainda conseguiram ter alguns trabalhos

publicados. Um exemplo foi Adrovando Claro, que publicou entre outros trabalhos, o

Álbum “Carnaval do Prazer” com Capa de Evaldo, em aquarela.

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11. EXPOSIÇÕES

Considerando a numeração dos três catálogos mostrados neste trabalho, é

possível perceber que houve quatro exposições anuais com um nível mais alto de

planejamento e organização.

No entanto, nos anos anteriores também foram realizadas exposições anuais,

mas é possível que por não terem possuído o mesmo nível de organização e com

uma divulgação mais discreta, não tenham sido consideradas ou informadas nos

catálogos das exposições seguintes. Porém, a primeira aconteceu em 1981 e a

última em 1987.

Até o presente momento (novembro de 2014) os registros encontrados sobre

os principais eventos nos três primeiros anos do Atelier são escassos, o que posso

dizer é que os trabalhos eram baseados em curso de desenho, curso de pintura,

produção de histórias em quadrinhos, curso de xilogravura, litogravura e talha. Isto,

devido às especialidades dos professores Alcides Sales e Luiz Élson no desenho de

observação e nos quadrinhos, e o professor João Natal como importante gravurista.

A pintura sempre esteve presente nas atividades da escola, lembro que no

início de 1985 quando ingressei, se pintava bastante com lápis de cor, aquarela e

tinta guache (têmpera), e como professor, tínhamos o artista plástico João Antônio,

sendo que a partir de 1986, com a chegada do pintor Jomar Jackson assumindo a

coordenação do Atelier e as aulas de pintura à óleo, essa última técnica foi

ganhando predominância e dando entusiasmo e bastante força nas duas últimas

exposições anuais de 1986 e 1987.

11.1. 1984 – Álbum de xilogravuras e revistas de quadrinhos

O Atelier Central começa uma fase de expansão, tem como uma das principais

realizações neste ano, a produção e publicação de um Álbum de xilogravuras dos

alunos. Mas também alcançando uma considerável produção no desenho, na pintura

e nos quadrinhos. Além da exposição anual, foram às produções das revistas

“Epopeia Potiguar” que chegou a ser lançada no ano seguinte com várias edições e

outra revista intitulada “Labareda”, bem como o “Álbum de Xilogravuras” produzido

pelos alunos do Atelier.

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11.2. Exposição – 1985

No final de 1985, no seu quinto ano de funcionamento, o ambiente no Atelier

Central era bastante intenso, muita pintura a óleo, gouache e lápis de cor. Havia

muitos alunos fazendo estudos de luz e sombra, estudos de figura humana (o hiper-

realismo o expressionismo figurativista cobrava muito isso nessa época) eram

realizados nas mais diversas técnicas e estilos. Com tantos trabalhos, realiza mais

uma exposição anual. Pelo catálogo, já é possível mostrar um parecer da própria

equipe de professores e da coordenação:

O Atelier central vem procurando desenvolver atividades com a finalidade de informar e promover práticas artístico-culturais que envolvam escola e comunidade, favorecendo o desenvolvimento artístico dos participantes e propiciando a criação de uma comunidade artística integrando-os com a comunidade que os cercam ...

Um fato que merece ser destacado já no início desse texto é o cumprimento de

um dos principais objetivos da Equipe do Atelier: A questão da conexão das práticas

artísticas com as escolas e suas comunidades.

Como esta exposição, outras foram realizadas pelo Atelier. Esta é apenas uma mostra do trabalho aqui desenvolvido. Mesmo assim foi necessário percorrer todo um caminho: paciência, concentração e reflexão, foram qualidades demostradas pelos jovens artistas que durante todo o ano aqui compareceram e se dedicaram aos estudos de desenho de observação de objetos, figuras humanas e paisagens para expressarem suas ideias em xilogravuras, entalhes, pinturas ou histórias em quadrinhos. Em cada trabalho exposto o registro da resistência a terríveis guerras culturais massificantes de imposição de valores alheios ao pensamento do nosso povo e a esperança na valorização da criatividade de cada pessoa como construtor de uma nova era. (Equipe do Atelier Central - 1985).

Ao concluir o texto, a equipe argumenta sobre: “...a resistência a terríveis

guerras culturais massificantes”...Isso mostra o empenho da equipe do Atelier em,

por um lado, proporcionar aos novos artistas, uma visão da conjuntura mundial das

artes, e por outro, preparar os educandos a construírem para si mesmos soluções e

caminhos com os quais pudessem construir seus posicionamentos estéticos,

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artísticos e políticos através da arte que produziam, e assim, se colocarem com pelo

menos, razoável autonomia nas suas realidades comunitárias, sociais e

profissionais.

11.3. Exposição de 1986

No catálogo de 1986, entre outras informações a Secretaria da Educação e

Cultura do Estado do Rio Grande do Norte que mantinha em funcionamento, desde

1981, o Atelier de Artes Plásticas (Atelier Central) com objetivo de orientar alunos da

rede estadual que tinham aptidão para essa Arte, buscando provê-los integrando-os

com o seu meio e com o mercado de trabalho.

Desde sua abertura, o Atelier manteve o curso permanente de Desenho,

realizou cursos temporários de gravura e talha para seus alunos, curso de

especialização em figura humana para seu corpo docente e em 1986 terminou um

curso regular de pintura a óleo.

Promoveu exposições dos trabalhos realizados pelos alunos. A exposição foi o

resultado dos trabalhos de desenho e pintura produzidos pelos alunos nas salas do

Atelier Central e trabalhos feitos pelos professores no curso de especialização sobre

a figura humana.

11.4. Exposição coletiva de alunos do atelier central – 1987

Matéria feita com o artista plástico e coordenador do Atelier Central Jomar

Jackson por ocasião da Exposição anual de 1987 e veiculada no “Jornal Diário de

Natal” em dezembro de 1987, leiamos:

Será aberta hoje às 10hs., a 4ª exposição anual de Desenho e Pintura, dos alunos do Atelier Central de Artes Plásticas, em solenidade na sede do atelier na Avenida Campos Sales. Participam da coletiva, os 54 alunos do atelier, e serão expostas mais de 200 obras criadas no decorrer do curso deste ano. “Os meninos estão pintando como verdadeiros Portinaris”, disse ontem, entusiasmado, o artista plástico, e professor de pintura do atelier Jomar Jackson, referindo-se aos alunos do atelier. Todos eles, alunos da rede estadual de ensino. “O que me emociona muito é a vontade de aprender e o enorme talento deles” acrescentou Jomar… (Diário de Natal, 1987).

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No Atelier, se faziam muitos exercícios e treinos sobre figura humana,

paisagens, luz e sombra, traço e cores. Experimentava-se de tudo, mas os alunos

tinham total liberdade para escolherem seus caminhos na arte, inclusive com

liberdade de conceito, estilo e técnica. (Claro).

Enfim, era formação de novos artistas mesmo, e imersa no modernismo e

aberta para o Pós-modernismo ou Arte Contemporânea, mas para efeito de estudo,

ainda era considerado importante, sobretudo para os professores locais do Atelier, o

domínio razoável de teoria de cores, traço, figura humana, domínio técnico da

pintura etc.

Faz-se necessário também ponderar que estamos tratando da década de 80,

com as correntes surrealista, hiper-realista e expressionista figurativista sendo

produzidas com todo vigor.

Havia a equipe “local” que atuava nas dependências do Atelier e outra equipe

de “supervisão pedagógica” na SAC-Subcoordenadoria de Atividades Culturais e

também de “apoio pedagógico” da COAPE- Coordenadoria de Apoio Pedagógico.

Alguns alunos tinham idade bem acima da média porque mesmo depois de

concluírem o tempo normal de curso, despertavam o interesse de aprofundarem os

conhecimentos e também para atuarem como colaboradores. Assim, recebiam a

permissão para permaneceram no Atelier até próximo da fase adulta.

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12. DIVULGAÇÃO

A divulgação dos cursos do Atelier Central era feita predominantemente por

cartazes criados e produzidos no próprio atelier, e fixados em pontos estratégicos da

cidade. Outros meios era a divulgação em escolas públicas por parte dos

professores da então disciplina de “Educação Artística”, atualmente disciplina de

Arte”, pela publicação de anúncios na revista “Maturí” e “Jesuíno Brilhante”, ambas

publicações do “GRUPEHQ” e no período de exposições anuais, era feito um

trabalho de relações públicas nos meios de comunicação como Jornal, Rádio e

televisão. ´

No ano de 1987, uma rede de televisão comercial, a recém instalada “TV Ponta

Negra” veiculou uma matéria mostrando o vernissage da exposição anual do Atelier

Central. Poderemos ver logo abaixo, peça de divulgação do Atelier Central:

(Fig. 08). Mural na fachada do Atelier. Alcides e Élson, Látex acrílica s/parede, 300 x 120

cm, 1985.

(Fig. ). Logotipo e anúncio. 150 cm x 70 cm. Alcides e Luiz Élson, 1985. Reconstituição

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13. DESCENTRALIZAÇÃO

O Atelier Central, ou simplesmente “o Atelier”, como preferencialmente era

chamado por todos os alunos, começou suas atividades em 1981 e encerrou nesta

mesma sede em 1988. Neste ano foi descentralizado, isto é, deixou de funcionar

como um centro, com todos os seus alunos e equipe de professores e

coordenadores atuando de forma concentrada em um prédio amplo num bairro

central da cidade, para funcionar como pequenos polos, cada um, em uma sala de

aula comum de algumas escolas públicas da cidade do Natal.

Tal mudança acarretou prejuízos enormes nos planos dos que viam no Atelier

a esperança de um promissor centro de ensino de Artes em Natal.

Tal situação atingiu, em cheio, o entusiasmo dos alunos e professores após

perceberem, no decorrer dos dias e meses, a perda irreparável (pelo menos até

agora sim) daquela experiência anterior de escola de arte, o ambiente agradável e

propício do prédio, as trocas de experiências de diversos grupos de novos e

veteranos artistas que visitavam frequentemente o atelier.

A nova proposta da época, de tentar implantar por meio dos “Atelieres nas

Escolas” o ensino de arte com os mesmos resultados na criatividade e na

aprendizagem artística com excelência de qualidade técnica que existia no “Atelier

Central”, esbarraram muito cedo em dificuldades e limitações como as que veremos

no trecho da matéria abaixo veiculada pelo Jornal “Diário de Natal”:

...O governador Geraldo Melo, a quem Jomar e equipe de professores do atelier procuraram para tratar da proposta da descentralização do atelier, disse que prestigiaria o evento, comparecendo à abertura. Jomar e os professores locais* do atelier são contra a proposta de descentralização e disse que Geraldo Melo demonstrou interesse de que o atelier permaneça em sua sede, atendendo alunos dos colégios estaduais e comunidade. O atelier é coordenado pela SAC-Subcoordenadoria de Atividades Culturais da Secretaria de Estado da Educação e Cultura, que defende a descentralização... (Diário de Natal, 1987).

Até aqui, é possível notar que havia um impasse no próprio governo do estado.

Pessoalmente, o governador Geraldo Melo se mostrava favorável a centralização, no

entanto, institucionalmente, sua Secretaria de Educação e seus órgãos subalternos

não compartilhavam da mesma vontade.

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Contando com seis professores, entre os quais, (Jomar) Jackson, Luiz Elson, Jair Peny e Francisco de Assis (de Souza Silva)*, [além de Alcides Sales, João Natal e João Antônio], artistas plásticos profissionais, o Atelier é hoje uma experiência consagrada. Os mestres, entretanto, enfrentaram algumas dificuldades decorrentes do posicionamento dos que defendem a descentralização. Com isso,

dos cerca de 100 alunos matriculados no início do ano, hoje, o curso conta com 55 alunos. Todos na faixa etária de 10 a 14 anos. A evasão se deu porque alguns perderam o estímulo, e outros foram para o exército, já que estava na época de prestar serviço militar, explicou Jomar, para quem, a guerra dos que querem a descentralização acabou afetando o ensino, apesar dos esforços da equipe do atelier para tentar evitar o problema... (Diário de Natal,1987).

Talvez, por quererem dar visibilidade à expansão de suas ações, através do

bom exemplo de resultados obtidos pelo Atelier, tenha se pensado em descentralizá-

lo e, simplesmente desmembrá-lo em “vários Atelieres espalhados por toda a

cidade” e assim, conseguir impressionar pela quantidade. Muito embora, como

acabou se revelando, sem o mínimo de qualidade.

...Para Jomar, o Atelier seria o primeiro passo para a criação de uma Escola de Belas Artes, em Natal, a exemplo das existentes em outras capitais do país. Mas enquanto os artistas defendem a centralização do atelier, tendo em vista o aprimoramento da qualidade do ensino, mais voltado para a livre expressão e contra a cópia, tem outra proposta, “a política educacional da SAC com relação ao Atelier Central... (Diário de Natal,1987).

No entanto, nem mesmo para isto, havia disposição por parte da equipe de

professores da SAC (Subcoordenadoria de Atividades Culturais), provenientes de

outras áreas do conhecimento, em considerar o posicionamento dos Arte-

Educadores do Atelier Central em relação a melhor solução para o destino da Escola

de Arte pela qual, há vários anos trabalhavam:

...e a favor de uma Arte voltada para a motivação artística do que para a formação”, explicou Jomar, acrescentando que “eles tomam como base para seus argumentos a Arte-Educação, onde todas as potencialidades artísticas são exploradas artificialmente sem o intuito de descobrir artistas.”

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“Os grupos que são favoráveis a esses objetivos”, continuaram Jomar, “Não desmerecendo o valor pessoal de cada um, são pessoas que tem experiência no magistério mas não são, na maioria, não são qualificados para responder pelo cargo de professores em Arte-Educação pois a maior parte são de outras áreas de ensino tais como: Geologia, Química, Letras... (Diário de Natal, 1987).

Como vimos no depoimento de Jomar Jackson, o objetivo pedagógico do

Atelier não era de dar disciplina de “Educação Artística” (atualmente “disciplina de

Artes”), tal qual era ministrada nas escolas, porque isto os alunos já tinham nas

instituições de ensino regular. Ou seja, já estava assegurada (ainda que mínima) a

experiência de “estímulo e exploração das potencialidades artísticas”. Por isso que

um dos primeiros requisitos era que eles estivessem matriculados no “1° ou 2º” Grau

(Ensino fundamental e Ensino Médio). O Atelier Também não defendia a experiência

obsoleta de Academia de Arte.

Quando Jomar diz: “seria o primeiro passo para a criação de uma Escola de

Belas Artes como acontece em outras capitais...” pode-se interpretar tranquilamente

como “Escola de Arte de grande porte e bem consolidada”, mesmo porque, o termo

“Belas Artes”, na época, ainda não era tão rejeitado como hoje, pelo contrário, ainda

soava com simpatia. Pela aproximação com este artista, acredito ter sido esse o

motivo de usar tal expressão.

A fim de tornar mais claro o parágrafo acima, e para que haja mais definição no

que falarei adiante, digo que o projeto pedagógico do Atelier Central estava

seriamente comprometido com a arte-educação e não com o sistema de academia

de arte.

No entanto, também não pretendia trabalhar no tipo de ensino que era dado

nas escolas, ou seja: O Atelier Central, como o próprio nome diz, era um centro de

ensino de arte, um espaço de produção artística destinado sim a novos talentos.

Não era um “colégio”, não era uma “Escola Estadual” onde se ministrava somente a

disciplina de “Educação Artística” ou a “Disciplina de Arte” tal qual é oferecida hoje

nas escolas, embora, (devido à época de seu funcionamento) seja possível

identificar entre algumas obras de artes e fragmentos textuais a ele pertencentes,

alguns vestígios do ensino tradicional na forma de cópia ou ideias ligadas ao

academicismo ou conceito neoclassicista.

Além de escrever sobre o empreendimento precursor “Escolinha de Pintura

Cândido Portinari”, escolinha que funcionou nas décadas de 60 e 70. Vicente

Vitoriano também conheceu e chegou a dar contribuições ao Atelier Central, entre

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elas destaco um texto que escreveu para o catálogo da exposição, no qual, avaliou o

atelier e apresentou a exposição anual de 1987.

Por considerar o texto a seguir um dos mais importantes documentos sobre o

Atelier Central exibidos neste trabalho, sobretudo, por ser uma produção literária de

uma importante autoridade em arte-educação e crítica de arte potiguar.

O professor Vicente chegou a conhecer o trabalho artístico-educacional,

inclusive tendo mantido contatos no Atelier, ainda que não tenham sido constantes,

devido aos seus muitos compromissos artísticos e educacionais.

Pelos motivos colocados acima decidi mostrar o texto do professor Vicente

Vitoriano na íntegra:

Embora muitos artistas e cientistas tenham criado obras que avançam em relação aos paradigmas estéticos e científicos do modernismo, o que tem levado filósofos e críticos de arte a teorizar sobre um Pós-Modernismo ou uma Pós-Modernidade, tais princípios enraízam-se profundamente no particular universo do ensino de arte.

O simples fazer artístico espontaneista tem sido contestado como processo eficaz de desenvolvimento de criatividade e, principalmente, como preparador de novos artistas. A fé na miraculosidade da arte por si só como remédio para os equívocos da educação racionalista, também.

A filosofia da arte-educação, que enfatiza os processos da atividade artística e auto expressão (“criação”) em detrimento da qualidade do trabalho final, também revisa seus fundamentos e o que se vê como tendência é que o ensino da arte voltar-se-á para um novo tipo de rigorosa instrumentalização técnica e metodológica relativa à produção artística, associada ponderadamente a certas conquistas do Modernismo no que se refere à liberdade de expressão individual, principalmente, propicia-se a compreender que muita criatividade sem capacidade técnica não resulta necessariamente em Arte...(CARVALHO,1987).

Percebo que Vicente Vitoriano, ao apreciar os resultados artísticos da

metodologia utilizada no Atelier Central, busca construir um entendimento

consensual entre duas frentes de pensamento nos anos oitenta: A euforia gerada

pela convicção dos comprovados e motivadores resultados da Arte-Educação, tendo

como uma das bases, a liberdade de criação, mas também sinaliza que isto não

chega a ser motivo de se desprezar, ou de se despreocupar com aspectos

metodológicos ligados a conhecimento teórico e qualidade técnica da produção

artística. Veremos isso mais detalhadamente na continuação do seu texto:

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...Nesta exposição dos alunos do Atelier Central nos deparamos com um conjunto de obras em que depreendemos uma saudável associação de métodos de ensino que acorda com o hibridismo típico do Pós-Modernismo.

A livre expressão não está desacompanhada de uma compreensão dos elementos da composição e constituição das imagens visuais bidimensionais nem o desenho e a pintura de observação não escoam para a muda aridez de um exercício de academia a moda neoclássica, mas ao contrário, demonstram o talento individual de cada expositor o que nos aponta a possibilidade de novos artistas, atestando a eficiência de um estudo de um ensino destituído de preconceitos, onde a preocupação primária é a própria Arte enquanto resultado de uma ideia bem realizada...(CARVALHO, 1987).

No trecho que lemos acima o arte-educador mostra elegância ao valorizar a

qualidade técnica dos trabalhos dos jovens artistas do Atelier, mas levando-nos ao

discernimento de que os trabalhos dos alunos do Atelier não se tratavam de prática

de academia de arte, nem tampouco uma experimentação ingênua da criatividade

desprovida de conceitos teóricos e ou de experiência técnica.

...A estes novos artistas, minha palavra de estímulo, de minha cobrança que enriqueça o panorama das Artes Plásticas no Rio Grande do Norte.

A equipe de artistas e Arte-Educadores, responsáveis didáticos pelo Atelier, minha admiração pela realização de um trabalho sensacional, ímpar na história da Arte-Educação Potiguar, e por estarem lutando pela sua continuidade... (CARVALHO, 1987).

Nas linhas acima, é possível perceber que Vicente demostrava estar ciente do

valor profissional dos educadores e também da crise política em que vivia o Atelier

Central. Sobretudo quando afirma: “e por estarem lutando pela sua continuidade.”

A experiência do Atelier Central, ao contrário de ser estancada deveria permanecer, crescer e proliferar-se. Daí é que lanço aos que são institucionalmente responsáveis pelo mesmo que se sensibilizem em relação a sua importância e a estimulem para que fiquem, junto aos alunos e professores, nos registros da História Cultural do Estado. (Vicente Vitoriano Marques Carvalho, 1987).

O professor fecha o seu texto solicitando aos detentores do poder institucional

que se “sensibilizem em relação a sua importância” e também demonstra

preocupação quanto aos registros históricos sobre o empreendimento artístico sobre

o qual escrevera.

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O catálogo que contém esta mensagem de Vicente Vitoriano é um dos

fragmentos do atelier que mantenho comigo há mais tempo e seu último parágrafo

se constituiu na fagulha de desejo que gerou em mim a vontade e decisão de

realizar este trabalho. Principalmente, pelo fato de hoje constatarmos que isto não

chegou a ser feito pelos que tinham maior poder e recursos para fazê-lo, ou como o

próprio autor do texto diz: “os que eram institucionalmente responsáveis pelo

mesmo”.

A missão clara e franca era a de se colocar como uma “Escola de Artes

Plásticas” com o objetivo de identificar por meio da observação dos professores de

Educação Artística, os jovens estudantes de escolas públicas que demostrassem

interesse por Arte, ou noção da própria vocação profissional, criatividade artística

demostrada em produção espontânea e o mínimo de habilidade técnica a nível

estudantil.

Após essa identificação os estudantes eram encaminhados para o Atelier

Central. Lá eram incentivados, introduzidos no ambiente artístico por meio de visitas

a exposições, palestras, filmes, contatos com artistas profissionais e excursões.

Assim, recebiam aprimoramento na teoria e prática segundo suas preferências de

modalidade artística como desenho, pintura, gravura, quadrinhos e escultura.

A minha inserção e vivência no Atelier Central se deu exatamente da maneira

como coloquei nos parágrafos anteriores, além de mim, vários dos alunos elencados

neste trabalho, no capítulo que trata do legado do Atelier, contam da mesma forma.

Portanto, mesmo resguardando à “Escolinha de Pintura Cândido Portinari” o

mérito pelo pioneirismo no ensino de Arte no RN, a altura de instituição de ensino

sistematizado, considero a experiência metodológica utilizada no Atelier Central

como a mais completa, abrangente e diversificada já praticada nas escolas de Arte

implantadas em Natal e no nosso estado.

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13. IMPLANTAÇÃO DOS ATELIERES NAS ESCOLAS

A experiência da descentralização, vista na época, pela maioria dos

professores do Atelier, como equivocada e não adequadamente planejada ou

discutida, se enfraquecia a cada dia e a cada mês, e todas as fontes de energia

artísticas acumuladas em quase uma década de Atelier Central, minguaram ao

ponto de os seus resultados se igualarem aos do ensino de educação artística da

época, pois chegaram, finalmente e infelizmente, a sua também completa

desativação.

As inadequações de espaços físicos, limitados e inapropriados, limitação de

recursos materiais, redução drástica do contato dos novos artistas, com os arte-

educadores, que antes era uma equipe ampla com a qual todos os alunos tinham

acesso e vice-versa, nessa proposta, estava reduzido a apenas um, ou no máximo

dois profissionais.

Nas figuras 20 a 24, nas páginas 109 a 112, pode-se ver o projeto “Atelier de

Artes nas Escolas” elaborado originalmente por Alcides Sales para o Atelier Central

e adaptado por Luiz Élson para o sistema de” Atelier nas Escolas”. No caso de Luiz

Élson, a Escola Edgar Barbosa em Lagoa Nova.

13.1 Atelier na Escola Edgar Barbosa

De todos os atelieres que funcionaram em escolas, o Atelier da Escola Edgar

Barbosa no bairro de Lagoa Nova em Natal foi o que melhores resultados obteve.

Permaneceu em atividade normal desde 1988 até os primeiros anos da década de

90.

Através do modelo pedagógico do Atelier Central, com algumas adaptações, o

professor Luiz Élson procurou levar adiante o ensino em atelier de arte na nova

realidade institucional, conseguiu sustentar por mais de três anos seguidos, mas as

inúmeras dificuldades operacionais que persistiam a cada ano o obrigaram a parar o

trabalho.

Atualmente, o professor Luiz Élson Trabalha como arte-educador na rede de

ensino, também é responsável pelas atividades culturais da “Biblioteca e Espaço

Cultural Américo de Oliveira Costa, na Zona Norte de Natal e atualmente faz parte

da diretoria do GRUPEHQ.

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13.2 Atelier na Cidade da Criança

O Atelier da Cidade da Criança, no bairro do Tirol, em Natal é outro “Atelier na

Escola” que se pode destacar. Ficou a cargo do Pintor e ex-coordenador do Atelier

Central Jomar Jackson. Apesar de não ter sido implantado numa escola, mas que

também se estabeleceu durante muitos anos, precisamente, até o momento da

desativação da Cidade da Criança por motivo de sua reforma. Após isto,

praticamente desvinculado da proposta de “Atelier na Escola”, foi transferido para o

Memorial “Câmara Cascudo”, no bairro da Cidade Alta, onde é mantido como atelier

de pintura particular pelo pintor acima citado, sendo as aulas dadas pelo artista

Ubiratan Gomes, ex-aluno do Atelier Central.

13.3 Os demais “Atelieres nas Escolas”

O que se tem de informação sobre os demais atelieres que eram em torno de

seis ao todo, foram distribuídos por regiões da cidade do Natal e que não

conseguiram lograr os resultados obtidos pelos dois empreendimentos citados no

parágrafo anterior. Aconteceu que suas atividades minguaram em média já no

primeiro ano de funcionamento e chegando assim, a encerrarem um a um, as suas

atividades devido aos seus pífios resultados.

Apesar de todos os desentendimentos e equívocos, após vários anos de

valorosas experiências, observo que o fato da implantação dos atelieres nas escolas

não deve ser considerado de todo negativo. Principalmente se tomarmos o assunto

no sentido da compreensão de como as coisas se realizaram e como poderiam ter

acontecido de um modo bem mais satisfatório.

Os Atelieres, regionais, setoriais ou Atelieres Satélites, como veremos mais

adiante, poderiam sim, ser de grande proveito inclusive, de função bastante

estratégica caso os mesmos tivessem sido utilizados dentro de um organismo de

Arte-Educação integralizado, ou em um ciclo que envolvesse o Atelier Central como

instituição mãe, os atelieres setoriais como componentes complementares do atelier

e as escolas públicas como as instituições alimentadoras e principais beneficiadas.

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14. COMPREENDENDO MELHOR O ATELIER CENTRAL

A partir do capítulo seguinte começarei a tratar das verdadeiras razões que

motivaram a definição do nome Atelier Central de Artes Plásticas e o quanto isto

insinuava no Atelier, um arrojado e inovador conceito de gestão escolar em Arte-

Educação até mesmo para os dias atuais.

Isto, após termos considerado a totalidade de sua existência, englobando as

primeiras mobilizações para tentar mudar a situação da “Educação Artística” da

época, em fins dos anos 70, período em que funcionou, de 1981 até 1987 - e o

processo de descentralização estabelecendo pequenos atelieres nas escolas de

diversas regiões de Natal. Iniciado em 1988 até os primeiros anos da década de 90,

é a ele creditado, ainda, as repercussões que causou na arte-educação e no

mercado artístico do Rio Grande do Norte.

14.1 Porque o nome “Atelier Central de Artes Plásticas”?

Ao contrário do que talvez possa parecer, a adoção do nome Atelier Central

não foi motivada meramente por uma questão de beleza sonora, ou por estar bem

localizado geograficamente numa área urbana privilegiada.

O nome refere-se a um conceito de instituição de Arte-Educação, desejado,

consciente ou inconscientemente, pelos artistas, Arte-Educadores e gestores locais

da Cooape, na transição das décadas de 70 e 80. Embora muito desejado, nunca

foi, no entanto, verbalmente externado na sua forma integral e com a devida clareza.

Apesar disso, o conceito acabou sendo deflagrado por meio da ação pragmática

ocorrida no Atelier e pelos eventos e desdobramentos que nele se desencadearam

durante sua existência.

Sendo assim, o nome “Atelier Central” significava uma intenção da classe

artística e gestores locais em gerar uma instituição de produção e ensino de arte que

aglutinasse e favorecesse o que houvesse de mais representativo em termos de

novos talentos da arte potiguar, identificado na rede de ensino público, da

experiência na produção artística local e do que houvesse de mais interessante na

teoria e prática da arte-educação do RN.

Tudo isto, funcionando dentro de um processo que fomentasse uma dinâmica

produtiva e renovadora capaz de gerar harmonia de objetivos dos diversos atores

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das artes locais como o Curso de Educação Artística da UFRN, o Atelier Central, a

rede pública de ensino e o mercado artístico local.

Isto, de maneira que, funcionando em cadeia sinérgica e harmônica pudesse

gerar uma atividade artística no estado que contivesse um acompanhamento central

eficiente e auto alimentador capaz de produzir resultados satisfatórios em diversos

sentidos, tais como: a manutenção de um organismo de formação de excelência em

artes; curso superior em artes provido de um campo fértil para aperfeiçoamento do

ensino, pesquisa e extensão; ensino e aprendizagem de artes no sistema

educacional saudável, e um mercado artístico dinâmico e efervescente tanto no

sentido da criatividade quanto na oportunidade econômica.

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15. O CONCEITO:

15.1. Complexo de arte-educação multisatelitizado de alimentação mútua

A expressão à cima não se trata de uma definição dada pela Secretaria de

Educação e Cultura nem de algum dos seus órgãos subalternos. Na verdade, nunca

foi utilizada esta definição de modo objetivo a nível de governo, a não ser pela

subjetividade coletiva dos artistas e Arte-Educadores e exteriorizada na prática do

empreendedorismo Artístico-Educacional. Portanto, trata-se da expressão

sintetizada de uma “leitura” que faço de todo o processo pelo qual passou o Atelier,

adicionada de uma “releitura” ou de um esforço de visão, de como deveria ser uma

atualização, implementação e robustecimento do mesmo, no caso de uma possível

reedição de tal empreendimento, ou algo similar e atualizado, nos dias atuais.

Essa ideia baseia-se num sistema de gestão no qual se tem primeiramente um

Centro de Arte, neste caso o Atelier Central, que visa desenvolver o trabalho de

Arte-Educação buscando o máximo de qualidade em termos de otimização

ensino/aprendizagem.

Esse Atelier Central deveria localizar-se num ponto central da cidade e,

contando com amplo espaço físico, infraestrutura e equipe de Arte-Educadores.

Contaria ainda com Atelieres Satélites complementares em diversas regiões da

cidade com os quais mantém constante interação. Estes Atelieres Satélites por sua

vez, receberiam alunos da rede pública de ensino com tendência vocacional voltada

para artes, tendo estes, previamente sido observados e encaminhados pelos Arte-

Educadores junto com a equipe pedagógica das escolas públicas onde estudam.

Estes alunos seriam encaminhados a participarem do ensino num Atelier Satélite,

que segue modelo pedagógico semelhante ao do Atelier Central, mas possuindo

adequação pedagógica e flexibilização de didáticas e atividades apropriadas às suas

regiões e comunidades.

Ao final de cada curso, com duração de um ano, parte desses alunos mediante

parecer dos Arte-Educadores, a respeito de seus aproveitamentos ou por

demonstração entusiástica de interesse deles próprios, seriam encaminhados ao

Atelier Central onde cursariam mais um ano de aprofundamento no estudo de Arte.

Os estudantes com tendência vocacional profissional para arte, identificados

pelos Arte-Educadores nas escolas e que passaram pelos Atelieres Satélites e pelo

curso de aprofundamento no Atelier Central, poderiam ser aproveitados como

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monitores nos Atelieres Satélites próximos às suas comunidades, auxiliando os Arte-

Educadores e realimentando assim o Complexo de Arte-Educação. (Conforme fig.

31).

15.2. A “genética” das Escolinhas de Arte do Brasil no Atelier Central

A escritora Ana Mae Barbosa, em seu livro “Arte-Educação: conflitos/acertos”

de 1985, mostra alguns dos princípios do conceito apresentado acima que também

são identificados na primeira Escolinha de Arte no Brasil fundada pelo grupo de

Augusto Rodrigues, sendo portanto, elementos da própria gênese deste movimento

artístico. Como veremos a seguir:

Em breve a Escolinha, além de continuar com suas classes de

arte para crianças, adolescentes e adultos, tornou-se um centro para

treinamentos de professores de arte, estimulando também a criação

de outras escolinhas em diversos estados.

Por volta de 1958, quando o governo federal permitiu a criação

de classes experimentais na escola primária e secundária, havia

quase vinte Escolinhas no país e hoje este número cresceu

consideravelmente.

Elas não podem ser consideradas filiais da Escolinha de Arte

no Brasil porque são totalmente autônomas em termos de método e

organização administrativa. São em geral dirigidas e orientadas por

pessoas que estudaram na Escolinha de Arte no Brasil, o que resulta

em algumas filiações ideológicas e algumas identificações de

objetivos. Por exemplo, a ideia de trabalhar fora do sistema

educacional público, tentando ao mesmo tempo influenciá-lo, é um

princípio comum a todas as Escolinhas. (BARBOSA, 1985, p. 15).

Ana Mae diz ainda na página 16 que quando a Lei 5692/71 foi promulgada

estabelecendo o ensino obrigatório de arte nas escolas de 1º e 2º graus, “...os novos

professores ‘compulsórios’ correram às Escolinhas em busca de orientação.”

No caso do Atelier Central, não apenas os Arte-Educadores buscavam ajuda

no Atelier, como na verdade, eles próprios já atuavam como agentes vinculadores ou

atores viabilizadores da mútua alimentação entre Atelier Central, escolas públicas e

comunidades.

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Acredito que isso ajuda a entender o porquê da relação do Atelier Central com

tantos Arte-Educadores e artistas profissionais.

Essa mútua alimentação também acontecia entre as Escolinhas de Arte e as

Universidades como é visto na página 17: “...Também no Recife a boa harmonia

entre a Escolinha de Arte e o Curso de Educação Artística da Universidade Federal

de Pernambuco, que usa a Escolinha como Base para Estágios, tem fundado um

diálogo alimentador para as duas instituições.” * (BARBOSA, 1985, p. 17).

No Rio Grande do Norte não foi muito diferente de Pernambuco, pois quase

todo o corpo docente do Atelier Central era composto por profissionais formados

pela UFRN, inclusive chegando a admitir, pelo que mostram as fontes disponíveis,

pelo menos 2 (dois) bolsistas em Arte-Educação e com o apoio do Núcleo de Arte e

Cultura (NAC) da UFRN, foi ministrado na zona norte de Natal, um curso de pintura

no campo, tendo produzido também a publicação da mini revista “História da Arte no

Rio Grande do Norte” com o apoio da UFRN.

15.3 Benefícios do Complexo de Arte-Educação:

Melhor estruturação da prática da Arte-Educação do estado no ensino

fundamental e médio;

Valorização e estímulo do potencial artístico dos estudantes

potiguares;

Geração de empregos para os Arte-Educadores e oportunidade de

estágio para os graduandos em Artes;

Criação de espaço para pesquisa em Arte, sobre Arte e extensão;

Favorecimento da Educação e da produção artística no estado.

15.4 Abordagem Triangular no Atelier: Como se processava?

Esse capítulo está colocado neste trabalho como uma proposta de localizar, na

experiência pedagógica vivenciada no Atelier Central, ainda que a nível de vestígios,

a presença de um modelo pedagógico naquele período, que hoje se possa apontar

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como indícios da “Abordagem Triangular” na escola de artes tomada como objeto

deste estudo. Isto motivado pela importância que este assunto tem nas discussões

sobre a arte-educação atual.

A princípio, não encontro, no conjunto das informações e dados utilizados

neste trabalho, provas abundantes para colocar que a “Abordagem Triangular”,

ainda que sob outro uso terminológico, tenha sido uma intenção, propósito ou atitude

metodológica deflagrada pelos professores na prática educativa do Atelier.

O que posso apresentar, e isso com convicção, através de todas as

experiências aqui relatadas até este ponto, e pelo que resta a se colocar, é o fato de

ter havido a existência de um desejo, de uma vontade por parte de toda a equipe do

Atelier Central, de se empreender um tipo de realidade pedagógica baseada numa

relação didática genuinamente orgânica, verdadeiramente dada à liberdade do

ensinar-aprender, aprender-ensinar, isto é, uma espécie de troca de mútua fruição

educativa entre educadores/educandos que expandisse ao máximo possível, as

possibilidades de aprendizagem artística por meio da intensa, constante e variada

observação, reflexão, experimentação produtiva e análise compartilhada dos

resultados obtidos.

A fim de fazer uma checagem com as experiências e opiniões de Ana Mae a

respeito dessa questão, coloco o texto abaixo que, no meu entender, possui vários

elementos que podem ser atribuídos também ao Atelier como as expressões... “a

cultura visual do povo” ..., “a arte como campo expandido” ...,” trabalhávamos de

maneira diferente” ..., “analisávamos os objetos com eles” ..., e “estimulávamos a

produzir interpretações gráficas” ...tudo isto estava também presente no dia-a-dia do

Atelier.

As atividades na escola de arte tinham como base, os conteúdos artísticos

relacionados à predominância das técnicas de desenho, pintura, escultura, talha e

bico de pena, sendo que enquanto se produzia, também se estimulava a descoberta

de novos modos de utilizar tais técnicas, como diversos artistas conseguiam obter

diferenciados efeitos com os mesmos materiais, como alocar materiais alternativos

aos industrializados para a produção dos trabalhos.

Um exemplo interessante foi que após uma dessas abordagens sobre pesquisa

de materiais, estilos de trabalho e conceitos, um aluno, após uma leitura sobre um

dos pintores da idade média, um aluno entendeu que este produzia seus próprios

pincéis feitos com madeira e pelos de animais. Foi para casa, e na aula seguinte

chegou no Atelier mostrando entusiasmado alguns pincéis que tinha feito com

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caniços de alumínio de antena de televisão e pelo de clina de cavalo e provou para

toda a turma que conseguia pintar tão bem com seus pincéis improvisados quanto

com os da marca “Tigre” que eram usados no Atelier.

Muitas outras experiências de estímulo à reflexão e a crítica eram

proporcionadas pelas constantes saídas à várias instituições e ambientes diversos,

bem como os contatos com profissionais de artes gráficas e visitas a exposições que

estimulavam novas conexões para o aprendizado.

Para que tenhamos o entendimento mais completo das expressões, vejamos o

período integralmente:

Ter Paulo Freire como Mentor e Aloísio Magalhães como inspiração me levou a trabalhar com a cultura visual do povo desde a Escolinha de Arte do Recife e com a arte como campo expandido desde os tempos da Escolinha de Arte de São Paulo. Nesta última éramos até discriminados pelo Movimento Escolinha de Arte, porque trabalhávamos de maneira diferente. Levávamos nossos alunos a lojas de design para casa e decoração, analisávamos os objetos com eles e os estimulávamos a produzir interpretações gráficas

reveladoras das qualidades visuais dos objetos ...Barbosa, (2010).

Ana Mae, Além dos benefícios com as experiências nas Escolinhas de Arte,

sobretudo a de Recife e de São Paulo, mostra no trecho acima que chegou até

mesmo a expandir esse campo surpreendendo ou contrariando até o próprio

movimento Escolinha de Arte, pois trabalhava de uma maneira diferente, isto é,

expandindo a arte-educação ao utilizar metodologicamente, novas linguagens como

a observação de design de produtos em lojas e o uso da televisão entre outros

recursos, inovando e enriquecendo os resultados da aprendizagem.

Vejo portanto que a instituição Atelier Central, no que dizia respeito ao modo

amplo de pensar a arte-educação, vinha seguindo em sua época, um caminho

razoavelmente pavimentado e promissor em termos do aprimoramento do ensino de

artes sob a proposta pautada no ensino, pesquisa e crítica de arte. Embora não

houvesse entre o corpo docente do Atelier, uma voz que fizesse sobressair, mesmo

sob termos simples, uma abordagem sistematizada envolvendo ensino, pesquisa e

crítica de arte da prática artística, ou seja, da Abordagem Triangular como “carro

chefe” do ideal metodológico da Escola de Artes do Tirol, ou ainda, não tenha sido

essa abordagem um elemento preponderante dentro da sua composição

pedagógica.

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Ainda assim, defendo que, neste trabalho, é possível, sem muitas dificuldades,

constatar que a Escola de Artes em estudo, o Atelier Central, até onde se achou

possível à sua equipe de profissionais, agiu com razoável lealdade pedagógica em

relação aos entendimentos da classe artística e também do que se tinha de melhor e

mais bem discutido no entendimento dos profissionais de arte-educação em nosso

país nos idos anos oitenta. Sobretudo, por ter em seu corpo docente, profissionais

do Grupo de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos e também a pessoa do

Coordenador Jomar Jákson, que era muito cuidadoso com os métodos de ensino e

incentivador da crítica de arte no Atelier. Muito embora, essa lealdade artística, tal

esforço e busca por este novo horizonte metodológico não tenha encontrado a

devida facilitação e corroboração no campo das políticas públicas culturais no

sentido de proporcionar o mínimo de tranquilidade em termos de administração

institucional e consequentemente em gestão pedagógica.

Devia ser muito difícil se dedicar a avanços pedagógicos numa promissora

escola de artes, em meio a um mercado artístico que crescente que insinuava

inovação e expansão, enquanto este mesmo Atelier, enfrentava sem motivos

convincentes, sucessivas ameaças de desativação.

Como fechamento desse capítulo, e como complementação da discussão da

questão da importância que há na participação de todos os atores “intimados” no

compromisso de garantir a excelência da educação através dos componentes

acadêmicos discutidos e novamente citados: ensino, pesquisa e crítica de arte como

liga pedagógica no ensino de arte, ou “Abordagem Triangular”.

Sobretudo, e desta vez, no que diz respeito à valorização do fazer artístico,

onde a presença desta abordagem tem um papel imprescindível, apresento um

pensamento de Faiga Ostrower no seu livro “Universos da Arte” onde comenta sobre

o quanto ainda é mal reconhecido o valor do fazer artístico na sociedade como uma

produtividade responsável e engajada na construção social:

Em nossa sociedade, a posição diante do fenômeno artístico é, no

mínimo, ambivalente, quando não bastante contraditória. Por um lado

reconhece-se a obra, produto do fazer artístico, como algo valioso

em termos financeiros; por outro, o fazer artístico em si é

considerado inútil, mera diversão ou lazer, terapia talvez, mas nunca

trabalho, no sentido de uma produtividade responsável e engajada e,

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menos ainda, no sentido da realização de uma necessidade social.

(Ostrower, 2004, p1.)

Já na página 38 do livro “Arte na educação escolar”, Maria Fusari,

interpretando a obra de Herbert Read diz o seguinte:

Em A Educação pela Arte, obra publicada pela primeira vez em 1943,

discute (Read) a questão do objetivo da educação, afirmando que a

base desta, assim como a da democracia, deve residir na liberdade

individual, com todas as suas diferenças, buscando uma integração

do individualismo com sua função na sociedade. Fusari, (1993).

Nesta última colocação, pudemos observar então que a qualidade da educação

não é somente uma questão de sofisticação da sistematização dos programas

educacionais ou ainda, do aumento dos componentes curriculares e seus

conteúdos. Na educação através da arte deve-se priorizar o fazer artístico do

estudante de modo a ajudá-lo a perceber como este fazer e aprender se relaciona

com sua própria vida e realidade social.

Na interpretação de Fusari, a questão reside na própria base da educação, ou

seja, no engajamento pelo favorecimento da compreensão da arte como meio de se

encontrar a liberdade individual e as suas diferenças na busca integradora do

indivíduo com a sociedade na qual se insere.

É muito difícil, se não impensável, se chegar a uma realidade nestes termos,

sem o favorecimento de uma educação, de excelência, no sentido de se gerar

oportunidades de pesquisa nas mais variadas áreas do conhecimento, sobretudo as

humanas, e não apenas tecnológica, de ampliação da autonomia cidadã por meio da

livre reflexão e da crítica e do enriquecimento intelectual e cultural humano.

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16. O LEGADO.

16.1 Atelier Passo a Passo: Uma nova geração de artistas

Alunos recém-saídos do Atelier Central montam importante espaço artístico no

Paço da Pátria em Natal. Na matéria seguinte temos a iniciativa dos artistas Luiz

Anísio, Jaélson Júlio e Fábio Eduardo unindo suas experiências na arte:

No Paço da Pátria, antigo ancoradouro da cidade velha (Cidade

Alta), entre barcos e o pôr do sol no Potengi, três jovens retratam nas

telas, o rio, a praia de Genipabu, e outras belezas naturais

encontradas nos recantos de Natal.

O pintor Jomar Jackson, mestre dos pincéis de Luiz Anísio, tem

agora um seguidor com sua paleta, e atelier bem as margens do

Potengi, auxiliado pelo seu pai, utilizando recursos próprios

conseguidos com a venda de suas obras na última exposição do

Atelier Central. Fernando Gurgel, que também bebeu das tintas de

Jomar, iniciou Anísio no pincel, na também extinta “Escolinha

Criarte.”

No atelier de Anísio, frequentam dois amigos, que também

como ele, são alunos oriundos do Atelier Central. Apesar de não

terem (a Jomar Jackson) como professor, Jaelson e Fábio tem

alguma experiência depois de estudarem no Atelier Central e

também com uma participação de aprendizado com o GRUPEHQ...

...Recentemente eles estiveram em Recife e fizeram amizade

com Daniel Santiago... (Jornal de Natal, 2º caderno – p.08 Natal.

29/11/1988).

Após montarem o Atelier Passo a Passo, os três artistas realizaram muitas

exposições em diversos estados. Um fato a ser destacado foi a participação do

grupo numa maratona de arte a nível nacional onde participaram cerca de 400

artistas de todo o país. O grupo formado pelos três ex-alunos do Atelier conseguiram

a louvável façanha de chegar ao final do concurso entre os 40 mais bem colocados.

Os três artistas também tiveram a oportunidade de já no início de suas

carreiras fazerem contatos com artistas de renome no cenário nacional e até

trabalharem junto com artistas bem mais experientes, fato este que serviu, na época,

de grande valia para o aumento da experiência teórica e de conhecimento de

mercado para os três jovens artistas.

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Adrovando Claro

Adrovando Claro nasceu em Natal(RN), Brasil, na data de 23/07/1964, é

desenhista ilustrador, professor de Arte e repórter-fotográfico da Assessoria de

Imprensa da rede municipal de educação da capital potiguar.

Começou a produzir desenhos e histórias em quadrinhos para apostilas de um

curso de línguas em Parnamirim(RN), em 1983. No mesmo ano, ingressou no Atelier

do NAC (UFRN) e no Atelier Central (SEC/RN), envolvendo-se com desenho e artes

plásticas e participando do grupo de desenhistas que produziam a revista em

quadrinhos, Maturí (GRUPEHQ). Foi um dos fundadores e participantes das mostras

da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais do Rio Grande do Norte.

(http://adrovando.tripod.com/id7.html)

Carlos Alberto de Oliveira

Carlos Alberto de Oliveira teve sua primeira experiência com arte no Atelier

Central pelos anos de 1983. Lá pode estudar com professores como Jayr Penny,

Jomar Jackson, a teoria das cores e os diversos conceitos de composição de uma

imagem sobre tela.

Com o professor Alcides Sales, aprimorou o conhecimento em anatomia,

aperfeiçoou o traço preferencialmente destinado à arte final em histórias em

quadrinhos e ingressou na revista Maturí, como produtor, onde teve diversas

histórias publicadas.

Com o apoio do Atelier central, criou, produziu e editou a revista Epopeia

Potiguar, que chegou a contar quatro números e, “Zanho” - Herói negro, com dois

números publicados. Ainda nos anos 80, teve seus trabalhos divulgados em diversos

fanzines brasileiros, teve uma ilustração publicada na revista “Conan, o Bárbaro” da

Editora Abril e no jornal Barlavento (Portugal). Atualmente é membro do Grupo

Reverbo de Quadrinhos, onde arte-finaliza trabalhos para dentro e fora do Brasil.

Recentemente ilustrou os livros: “Uma feira livre”, da escritora Elizabeth Rose,

Matrix e “A Administração Transpessoal”, do escritor Júlio Francisco Dantas de

Rezende; “A Turma da Casa do Telhado Branco”, das promotoras Gilka da Mata e

Marise Duarte, além de inúmeros trabalhos para editoras americanas e diversas

colaborações para agências de publicidade de Natal. (Entrevista concedida ao autor

em abril de 2014 via Facebook.com).

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Clodoaldo Damasceno

Na infância, era morador de bairro próximo ao Atelier Central - não tenho como

precisar, mas era Petrópolis ou Mãe Luísa - condição que facilitou seu ingresso na

instituição no bairro do Tirol, demonstrava bastante talento no desenho figurativo.

Tinha preferência pela pintura com lápis de cor e gouache. Ao sair do Atelier,

começou a trabalhar como arte finalista e ilustrador em agências de propaganda

locais, passando anos seguintes, a atuar como diretor de arte, função esta que

exerce até hoje, bem como a prática da pintura.

Francisco Eduardo

Ao destacar-se na pintura à gouache, Eduardo entrou para a turma de pintura

a óleo, depois da participação no Atelier, montou um curso de pintura, tendo este

durado pouco tempo, em seguida foi atuar como representante comercial durante

alguns anos. Retornou ao trabalho com pintura dando aulas na Capitania das Artes,

de lá, entrou nos ciclos de exposições e no mercado de ambientes interiores e

mantém seu atelier na cidade da Esperança em Natal.

Fábio Rocha

Integrou em 1986 e 1987, a turma de pintura. Iniciou no mercado artístico

produzindo telas ao óleo, tempos depois, atuou como diretor de arte em várias

agências de propaganda em Natal, ora como funcionário, ora como profissional “free

lancer” (sem vínculo empregatício). Após essa fase, mudou-se para Recife,

Pernambuco para novamente trabalhar com pintura.

Fábio Eduardo

De acordo com o Blog de Fábio Eduardo, na sua adolescência, entre o

intervalo na escola Augusto Severo, o jovem artista-surfista gostava de deslizar nas

ondas da Praia dos Artistas com sua prancha parafinada. Na Rua Campos Sales,

descobriu o “Atelier Central” que viria a mudar sua vida. Fábio começou a estudar

arte e desenvolver seu talento, tendo como mestres João Natal, Jayr Penny, Alcides

Sales, Luís Élson e Jomar Jackson. ...

...A partir de 1987 participou de salões de arte e concursos como uma forma de

mostrar seu trabalho para a crítica especializada. Montou um atelier no bairro Passo

da Pátria, formando um grupo de arte chamado “Passo a passo”, onde também

participavam o artista plástico Luiz Anísio, o fotógrafo Adrovando Claro, o artista

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plástico Jaelson Júlio, o poeta João Andrade e o poeta Alexandre Tavares.

(http://fabioedusoares.blogspot.com.br/)

Fabiano Astênio Albuquerque

Desenvolveu bem a arte do desenho e a técnica do “nankin” na produção de

quadrinhos. Enquanto ainda estava no Atelier, conseguiu seu primeiro emprego

como assistente de arte em um estúdio de serigrafia. Foi também um dos

participantes do GRUPEHQ. No início dos anos 90, junto com André Santos, outro

membro do Atelier. Trabalhou com ilustração e desenho animado no Estúdio “Arte

Nobre”, que por sinal, não está mais sediado em Natal. Em seguida, entrou no ramo

da computação gráfica e consultoria em informática.

Gilvan Lira

Um dos primeiros alunos do Atelier, e também membro da segunda geração do

GRUPEHQ. Excelente desenhista e pintor, especialmente nas técnicas de aquarela,

gouache e óleo. Teve intensa produção de quadrinhos, tanto para a revista “Maturí”,

como para outras editoras do país, além de ter produzido inúmeros trabalhos de

ilustração editorial e capas de livros e cartazes para trabalhos culturais no RN. Um

exemplo é o trabalho com painéis e ilustrações para a divulgação dos Mártires de

Uruaçu e Cunhaú.

Atualmente, Lira está concluindo sua licenciatura em artes na UFRN e

prossegue com os trabalhos de ilustração, quadrinhos e pintura.

Ivo Rocha

Artista possuidor de grande habilidade com o desenho da anatomia humana

chegou a desenvolver essa condição a tal ponto de conseguir desenhar o esqueleto

humano com todos os mais de 100 ossos, em qualquer posição e de memória. O

mesmo fazia também com a malha muscular. Foi membro do GRUPEHQ e nos anos

90, entrou no ramo da estamparia e também trabalhou, junto com o autor deste

trabalho, como ilustrador na agência Garra Propaganda, de propriedade do

Jornalista Públio José. Atualmente Ivo continua produzindo ilustração em uma outra

agência publicitária de Natal.

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Jaelson Júlio – Pintura / Designer Artístico

Jaelsom Júlio Oliveira de Melo nascido em Natal-RN em 1970. Estudou no

Atelier Central entre os anos de 1984 a 1987 com Jayr Penny, destacando-se no

desenho e pintura.

Foi co-fundador do Grupo “Passo a Passo” com Luiz Anísio e Fábio Eduardo,

por onde criou a exposição anual "Papel e Tela". Expos em Recife, Paraíba, São

Paulo, e Suécia. Realizou pesquisa semiótica com o escritor Alexandre de Lia e

estudou semiótica e literatura experimental com Maria Lúcia Santaella e Filadelpho

Menesses na PUC/SP. Foi aluno dos professores e artistas plásticos Carlos Fajardo

e Carmela Gross entre outros.

Após muitos anos trabalhando e estudando no Rio de Janeiro, está atualmente

em Natal e já há vários anos, desenvolve trabalho com esculturas de isopor e fibra

de vidro para aplicações em eventos.

Jayr Penny

Nasceu em dezembro de 1965 na cidade de Natal no Estado do Rio Grande do

Norte, Brasil.

Logo muito cedo, incentivado pelos seus pais, desejou ser artista plástico para

poder mostrar aos outros a sua forma de ver as coisas e o mundo, Iniciou então a

sua carreira como Artista Plástico profissional em 1981, sua formação inclui;

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Pintura) e Escola de Artes Plásticas

Atelier Central (Desenho Artístico).

Em Natal, realizou uma vasta Obra, sendo reconhecido pela crítica

especializada como um dos Artistas mais coerentes com a sua Arte, Jayr Penny é

sócio fundador da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais do Rio Grande do

Norte e detentor da Grande Medalha de Prata da Sociedade Brasileira de Belas

Artes no Rio de Janeiro. Considera-se um “figurativista remanescente”, ao longo de

sua carreira já realizou 44 exposições individuais nomeadamente em Portugal,

Brasil, França e Estados Unidos da América. (http:www.zarpante.com/pg/biografia

dejayrpenny).

Luiz Antônio Dias Borges (Lula Borges)

Este Já estava no Atelier antes da minha chegada. Sempre despertou muito

interesse pelos quadrinhos, sabia que não era um dos mais habilidosos desenhistas

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do Atelier, e nem se incomodava muito com isso. Em compensação, sempre teve foi

muito entusiasmado e costuma vivenciar suas experiências de aprendizado com

muita alegria e dedicação.

Foi membro da terceira geração do GRUPEHQ. Ao sair da escola de artes foi

trabalhar numa gráfica e editora, com o acesso ao mundo gráfico, e a experiência

adquirida nesse trabalho, empreendeu o que sempre desejou: a publicação de suas

histórias em quadrinhos, para isso, logo fundou mais um grupo chamado

“Quadrinhos Reverbo”.

Além da publicação da revista “Bestial”, Borges passou a trabalhar também

com desenho animado na técnica tradicional, passando gradativamente a produzir

também no processo digital 3D.

Em 1999, licencia-se em artes na UFRN, e passa então a trabalhar como arte-

educador.

Luiz Anísio

A seguir: relato que Luiz Anísio me concedeu no seu atelier em abril de 2014 sobre o

empreendimento do Atelier no bairro do Passo da Pátria em Natal e sua repercussão

no nordeste e no sul do país: Em vídeo.

Marcos Garcia

Marcos é mossoroense, participou do Atelier através do seu gosto por

quadrinhos, publicou diversos trabalhos na revista “Maturí” em várias outras revistas.

Atualmente é membro do Grupo de Quadrinhos “Kaótica”.

Nilton Xavier

Na pintura, demonstrou especial gosto pela composição, também tinha como

característica o modo de aplicar a tinta na tela diretamente com as mãos, o que dava

às suas pinturas um ar de impressionismo. Nilton realizou diversas exposições e

atualmente desenvolve trabalho de gestão cultural.

Ouverland Araújo

Habilidoso tanto no desenho quanto na pintura, Ouverland participou dos

cursos de desenho e pintura à óleo nos quais aprimorou variadas técnicas. Sabe-se

que há vários anos mantém um atelier de estamparia no bairro do Alecrim.

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Paulo Sérgio de Góis (Locha)

Como participante do “Movimento Circuito Suburbano de Arte”, Locha, como é

conhecido no mercado artístico. Foi um dos fundadores da Sociedade dos poetas de

Santo Antônio do Potengi, no Município de São Gonçalo do Amarante. Poeta muito

criativo, e com personalidade entusiástica, envolveu-se também com a produção de

quadrinhos, criando e desenhando histórias e produzindo fanzines (revistas de

quadrinhos alternativos). Graduou-se em jornalismo e tem atuado como redator no

mercado publicitário, gráfico e em assessoria política, entre outras atividades.

Ubyratan Gomes

Segundo uma entrevista realizada no próprio Atelier Câmara Cascudo ao autor

deste trabalho em julho de 2012, o arte-educador Ubiratan Gomes (Bira), estudou no

Atelier Central nos anos finais de seu funcionamento e teve como professor, o artista

plástico Jomar Jackson. Trabalha atualmente no Atelier Câmara Cascudo (Atelier

Jomar Jackson) uma instituição de ensino de Arte que adota o ensino de desenho e

pintura nos moldes do academicismo. No atelier se trabalha o desenho e a pintura

naturalista de observação, dando ênfase nas formas, o figurativismo e o verossímil.

Entre os principais temas dos trabalhos estão as perspectivas de paisagens

urbanas, a natureza morta, figura humana e paisagens naturais. Não há intenção em

se transmitir conceitos de Arte Contemporânea, dando-se plena opção pela escola

acadêmica e a concepção naturalista.

O arte-educador está no atelier desde sua fundação, iniciando como aprendiz e

hoje atua como um dos responsáveis pelo Atelier. (Entrevista concedida ao autor em

abril de 2012 no Atelier Câmara Cascudo).

Vaneildo Cabral Cardoso (JupyArte) autor deste trabalho

Vaneildo Cabral Cardoso, Brasileiro, Nascido em 25/04/1971, em Natal Rio

Grande do Norte. Filho do comerciante José Cardoso Filho (in-memorian) e da

costureira Maria de Lourdes Cabral Cardoso,

Como principal objetivo, vê o pleno aproveitamento de suas experiências

pessoais, acadêmicas e profissionais em projetos que possam gerar ações nos

campos das artes plásticas e da Arte-Educação como meios de proporcionar

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crescimento de participação no mercado artístico e no desenvolvimento Artístico e

Cultural da sociedade Potiguar.

Desde a infância descobriu a vocação para as Artes Plásticas, na

adolescência, iniciou os estudos em Arte na Escola Atelier Central de Artes Plásticas

no Bairro do Tirol em Natal, foi nesta instituição que conheceu e participou do Grupo

de Pesquisas e História em Quadrinhos GRUPEHQ.

Trabalhou em várias agências de propaganda do estado, onde teve a

oportunidade de conhecer as artes gráficas e a atividade publicitária, além de ter

prestado serviços no ramo do desenho arquitetônico e da Comunicação Visual, Foi

um dos pioneiros no uso da Areografia na ilustração publicitária local, no final dos

anos 80. Foi no começo da década de 90 que experimentou intensamente o período

de transição das artes gráficas manuais, para o processo digital, tendo, em função

disso, buscado atualização através da habilitação em aplicativos gráficos de vetor

digitais e de tratamento fotográfico.

Por alimentar forte interesse pelo fenômeno Empreendedorismo, a partir de

2004 cursou Turismo até o 8º período, pela Universidade do Estado do Rio Grande

do Norte - UERN. Embora não o tenha ainda concluído, Tal experiência o fez

experimentar maior compreensão do mundo social e mercadológico.

Entre 2006 e 2007 faz parceria com a agência 3Rios comunicação, atuando

como ilustrador e auxiliando no processo de criação de campanhas publicitárias. Em

2008, afasta-se do eixo publicitário/gráfico e volta as atenções para seu “Atelier

Jupyarte, na zona norte, onde entre outras atividades, desenvolve trabalhos de

desenho, pintura de murais e oficinas de arte esporádicas para crianças e jovens da

comunidade.

No ano de 2012, entusiasmando-se com o ensino de desenho e pintura,

ingressa no Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UFRN.

Atualmente, desenvolve os trabalhos do Atelier, ao mesmo tempo em que

conclui o curso de Artes Visuais e pesquisa que trata da história da arte-educação

no estado. Desde meados de 2013, desenvolve atividades de ensino, pesquisa e

extensão pelo Programa PET-conexões do MEC/UFRN.

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17. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Acredito que deve se passar também na mente dos que chegaram a ler este

trabalho, que, talvez, tudo isto tenha soado como algo pertencente à uma época

relativamente remota e que portanto, muito difícil de se praticar, concordo que deve

nos ter chegado como uma conjuntura artística que não cabe na nova configuração

do ensino de arte atual.

Acontece que, se alguns aspectos do modelo institucional, os conteúdos e

técnicas estejam um tanto distantes do contexto de hoje, onde se tem uma

expansão bem maior dos meios de expressão artística e também dos conceitos e

métodos de ensino de arte.

As atitudes e ações dos atores culturais estudados neste trabalho devem ser

dignas de consideração.

O que foi posto no parágrafo anterior, diz respeito ao fato que, o modo como

agimos e realizamos as coisas hoje, resultará na realidade que teremos amanhã, e

tendo nós a possibilidade de conhecermos os fatos e modos de atuação das

pessoas que conseguiram obter importantes realizações nas artes e na cultura, nos

fará mais produtivos e eficientes nas investidas que forem necessárias para a

melhora da conjuntura da arte-educação vigente.

O mesmo se pode dizer sobre os entraves e empecilhos que surgiram ao logo

da história da arte-educação no Brasil, e no RN. Após estarmos de posse de novos

dados históricos, e através destes, nos inteirarmos dos inadequados, injustos, e as

vezes, até mal intencionados procedimentos tomados nas políticas públicas culturais

e na condução das gestões educacionais, é nosso dever buscarmos diligentemente,

um maior empenho no preparo artístico, educacional e político de todos os que

estão envolvidos no ambiente artístico. Pelo menos, naquilo que se crer ser possível

resolver no âmbito local.

Tudo o que foi realizado veio através de pessoas que tiveram convicção

suficiente para materializá-los e compartilhá-los com outros.

Portanto, estamos diante de duas situações: ou nos conformamos com a

esterilidade do conformismo cultural que golpeia nossas liberdades criativas, que

anulam sistematicamente nossos potenciais de realização, ou tomamos a direção da

ação criadora e realizadora daquilo que cremos ser o caminho justo e legítimo para o

nosso enriquecimento cultural e humano.

Penso que devemos continuamente lançarmos mão portanto dos nossos

mananciais de talento e criatividade, aliados ao firme propósito de nos esforçarmos a

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oferecer sem medida e sem acepção aos nossos semelhantes, todos os benefícios

de uma existência justa, alegre, gratificante e realizadora escolhendo a vida, em sua

manifestação mais plena.

Para qualquer outro profissional no mundo, é compreensível e perdoável que

ele venha a admitir abdicar dos seus objetivos mais autênticos por consequência dos

desestímulos ocasionados pela aparente impraticabilidade de suas ideias, por

decorrência das ações generalizadas de instrumentalização às quais são

indevidamente e injustamente submetidos. Enquanto que para um artista ou arte-

educador, isto deve ser considerado como um pecado imperdoável, isto, pelo

simples fato de não ser possível haver artista ou Arte-educador genuínos e

verdadeiros sem que estes não sejam movidos, tomados, governados por ideais e

objetivos que se coloquem sempre muito acima de meros benefícios temporais e

proveitos institucionais efêmeros e mesquinhos.

A arte, nasceu junto com a humanidade, e é o que se tem de mais encantador,

intrigante e misterioso de tudo o que se desdobrou no mundo profissional tanto no

aspecto técnico como teórico. Também na Arte-Educação, no meu ver, é onde se

pode encontrar aquilo de mais descontraído, autêntico e prazeroso no que diz

respeito a experiência do aprender, desde que se conceda verdadeira liberdade de

vivência e fruição entre o fenômeno Arte e todos os atores passíveis de com esta

interagir, ou sejam: os artistas, estudantes, os Arte-Educadores e espectadores,

estando estes posicionados sejam como apreciadores ou depreciadores. Tudo faz

parte do fenômeno, pois a Arte não é, no meu ver, uma ferramenta, entendo a

ferramenta como o aparato técnico teórico e material sobre o qual o homem domina

e manipula.

Já o fenômeno Arte, é algo indomável, impossível de ser verdadeiramente

manipulado. Às vezes se cria artificialmente uma pseudo-arte-manipulável para fins

instrumentais, e justamente por ser manipulável e instrumental, por si só, se

denuncia como não arte.

Acredito que a Arte, nos aspectos do sentir, fruir e fluir é algo que faz parte da

própria essência humana. Para exprimir melhor, é como se ao dizermos “Ser

Humano” fosse como estivéssemos dizendo “Ser Arte” ou “Ser Artístico”.

Ou seja, a Arte-Educação é algo sério demais, é algo essencial e estrutural

demais para ser tão desconsiderada como está acontecendo em nosso país.

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18. CONCLUSÃO

Após todas estas exposições e discussões apresentadas neste trabalho, pude

entender que mesmo que atualmente, ainda não estejamos totalmente satisfeitos ou

conformados com a realidade do cenário da Arte-Educação em nosso estado e no

país, ainda assim devemos agradecer muito às pessoas que, organizados em

grupos ou mesmo individualmente, se desdobraram e se entregaram para manter

viva, a liberdade de expressão cultural e artística do nosso povo.

Mas, principalmente, porque se colocaram, com suas vidas, seus

conhecimentos e suas convicções em ver na Arte e na verdadeira educação, aquela

que não se “implanta”, mas a que é identificada e reconhecida por cada ser humano

e desenvolvida e enriquecida por cada um destes, através das inúmeras

experimentações sentidas, desenvolvidas e externadas em sua existência, e pelas

trocas e fusões intelectuais com os demais semelhantes. Base esta que considero

firme e válida como o caminho seguro para se continuar sonhando e trabalhando

pela dignidade da vida em sociedade no mundo.

No âmbito global, me refiro aos grandes Arte-Educadores do passado que

influenciaram a Arte-Educação em nosso país como Vygotsky, Freinet, Piaget, John

dewei, Kandinski, por mostrar a necessidade do uso da sensação e da

espiritualidade na pintura, Herbert Read, pela grande contribuição em mostrar

importância da Arte como a base da educação, Betty Edwards por desmistificar a

posse da habilidade para o desenho através da compreensão cientifica. Além de

muitos outros nomes como Faiga Ostrower, Lowenfild, Carl Rogers, Guilford entre

tantos outros que se debruçaram na teoria e nas práxis da arte-educação.

Isto, não porque acredito ou defendo que todas estas pessoas citadas, de

reputações artísticas e educacionais internacionais tenham acertado em tudo o que

propuseram, ou que alguma delas em particular tenha em seu tempo, encontrado,

ou apresentado à fórmula mágica para sanar todos os problemas e desafios da Arte-

Educação, mas sim porque, juntas, cada uma com suas colaborações que serviram

de base para os que viriam adiante.

Mas o meu maior louvor eu dou para os batalhadores brasileiros no campo das

artes e na Arte-Educação como o Grupo Modernista da semana 22, mas destacando

Anita Malfatti e Ivan Cerpa pelos seus empreendimentos em Arte-Educação.

Que se faça justiça à grandiosa empreitada do artista Pernambucano Augusto

Rodrigues (1913-1993), Lúcia Alencastro Valentim (1921) e da escultora Margareth

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Spencer, que apesar de ser Norte Americana comprou a briga pela causa da arte-

educação deste país, envolvendo-se integralmente na Criação do Movimento

Escolinha de Arte no Brasil. Grupo este que inspirou a proliferação entusiástica das

Escolinhas em praticamente todo o território nacional. (Enciclopédia Itaú Cultural,

2011).

No Rio Grande do Norte, também, tivemos grandes nomes no cenário da Arte-

Educação potiguar.

Os principais, pelo que pude entender, foram o artista Newton Navarro, pela

disposição empreendedora em Arte,, bem como sua ação pioneira e perseverança

em tantos anos que conseguiu conduzir, ou pela orientação que conseguiu prestar

na condução da Escolinha de Pintura Cândido Portinari junto com sua esposa Salete

Navarro e o Artista Dorian Gray.

Aos integrantes de todas as gerações do GRUPEHQ (Grupo de Pesquisas em

História em Quadrinhos).

Aos artistas e também professores do ACAP Alcides Sales, Luz Élson Dantas,

Jomar Jackson, Francisco de Assis de Souza Silva, Adrovando Claro, Jayr Penny,

João Antônio Medeiros, João Natal e tantos outros antes da minha chegada no

Atelier.

Enalteço a ação empreendedora dos artistas J. Medeiros e Venâncio, ambos

co-fundadores do empreendimento Atelier Central, objeto deste estudo e todos os

demais artistas e também educadores da Escolinha CRIARTE e demais instituições

como Fernando Gurgel, Madê Weiner e Cesar Revorêdo.

Sem esquecer os artistas e Arte-educadores Vicente Vitoriano Marques

Carvalho, Nivaldete Ferreira, Socorro Evangelista, Erasmo Andrade e os demais

veteranos do Departamento de Artes da UFRN. E finalmente, a todas as pessoas,

artistas, arte-educadores ou admiradores e apoiadores das artes que de uma forma

ou de outra, deram a sua justa e louvável contribuição na História da Arte e,

sobretudo, da Arte-Educação do Rio Grande do Norte.

Estando no momento atual, vendo a realidade do ensino de arte em nosso

estado, considero a experiência educacional e artística do Atelier Central como

excelente, proveitosa e realizadora. Mas isto, não apenas por causa da minha

relação de afeto com a instituição ou por mero saudosismo. Porém, sobretudo pelo

interessante fato de, mesmo com tantas divergências de conceitos e estilos

artísticos, ter sido possível para a classe artística dos anos oitenta e noventa,

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conseguir criar e manter uma relação de sinergia, de convergência artística e

educacional num empreendimento claramente proveitoso para a sociedade onde

viviam e ainda vivem. Sobretudo para os mais jovens e com mais necessidade.

Recorrendo agora a questão administrativa e pedagógica do Atelier, a minha

compreensão é que quanto ao universo administrativo operacional do Atelier as

coisas se deram com normalidade suficiente para que a prática artística

acontecesse. Nos anos do seu funcionamento, por incrível que pareça, não

tínhamos grandes dificuldades em relação à viabilidade de todas as suas atividades

diárias.

No entanto, o Atelier não era algo como se costuma dizer “de primeiro mundo”

ou um “mar de rosas” em termos de abundância de recursos, mas como educandos

em arte sempre fomos supridos com materiais, livros, refeição e passagens de

ônibus. Sabemos que toda gestão é passível de melhorias. Aponto, portanto, como

principal falha da gestão do Atelier Central, a falta de maturidade (ou de intenção)

para tê-lo mantido funcionando por muito mais tempo, ou seja, pecou-se no quesito

de planejamento cultural ao longo prazo, o que poderia, com toda certeza, ter-nos

trazido bens maiores e mais duradouros.

Em relação à Questão pedagógica a escola de Arte onde estudei tinha entre

seus Arte-Educadores várias correntes artísticas, e nem todos os educadores

comungavam de uma única metodologia educacional. No entanto, tratando-se da

escola Atelier Central, aos objetivos que tinham sidos definidos, havia sim uma

grande irmandade de propósito, acredito que era justamente isso que permitia ao

Atelier uma vivência e experimentação em Arte bastante interdisciplinar e trans-

disciplinar.

Uma das características mais marcantes no aprendizado em Arte no Atelier era

que, no tocante a prática artística e os experimentos que fazíamos em função desta,

não tínhamos preconceito em praticamente nada. Discutíamos estilos sim,

concepções sim, dialogávamos em relação à Arte como meio de vida, como função

para o mercado através das artes gráficas e dos quadrinhos neoclássico e

contemporâneo; a arte como engajamento social. Mas tudo isso, numa esfera de

liberdade de discussão.

Uma das maiores discussões que ocorria com frequência no Atelier era sobre o

Assunto Arte figurativa/naturalista ou Arte contemporânea. Mas isso, apesar de ser

uma resenha frequente, nunca gerou desrespeito artístico entre nenhum dos

professores ou alunos. Nós, alunos, também, tratávamos de tudo isso com nossos

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educadores quando fugia de nossa alçada. Mesmo porquê, todos eles eram, e se

reconheciam como profissionais experientes, com a devida maturidade em cada um

de seus campos de atuação, Jomar na Pintura Acadêmica, João Antônio e João

Natal na Arte Contemporânea, Jair Penny no surrealismo, Alcides e Élson no

desenho figurativo e nos quadrinhos e ainda o professor Francisco de Assis que se

definia apenas com Arte-Educador, além da professora Terezinha que cobria a parte

de História da Arte.

Quanto ao impasse sobre a questão Descentralização, compreendo hoje como

um equívoco político dos gestores da época, tanto dos gestores da cúpula do

governo do estado, como dos órgãos responsáveis pelos destinos da arte-educação

nos órgãos SEC, COOAPE e SAC.

No entanto, vislumbro que podemos, na atualidade, aproveitar como lição para

que nós artistas e arte-educadores, nos disponhamos a buscar e alcançar, além de

uma maior maturidade artística no que diz respeito às nossas convicções

conceituais, tanto nas artes como na educação, mais experiência política em relação

aos trâmites burocráticos e estratégicos relativos à Arte-Educação. Nossa vida,

nossa área de atuação profissional e social dependem muito dessa questão.

Os Atelieres nas Escolas, consequência da decisão pelo fechamento do Atelier

Central foi para mim como um exemplo do que não deve ser feito em Arte-

Educação, não por causa de uma aversão pessoal contra a criação de atelieres ou

oficinas nas escolas, pelo contrário, pois eu mesmo trabalho, atualmente, em um

Atelier de Arte que funciona numa escola em Mãe Luíza, aqui na capital potiguar e

tenho desfrutado de gratificantes resultados.

O mau exemplo é tentar ludibriar a população com medidas superficiais no

trato com a Arte-Educação e ainda esperar que os Arte-Educadores, que são os

profissionais responsáveis por boa parte da base e estrutura da Educação, aceitem

ser ludibriados por uma pseudo-educação, e ainda ter que se dispor a cometer o

sacrilégio de degenerar cultural e artisticamente nossas crianças e jovens, assim

como a sociedade em geral.

A VERDADEIRA democracia, por sua vez, também depende da liberdade

artística e da liberdade de pensamento. E para que seja suprida estas duas

necessidades, o favorecimento da educação é imprescindível. Em todos os sentidos!

Encerro, com grande alegria, falando sobre o legado que ficou de toda essa

saga vivida pelos artistas e Arte-Educadores do estado.

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Fica os bons exemplos de excelentes profissionais das artes e da Arte-

Educação, dos que viram a necessidade e o dever de fazer algo pela cultura. Mas

que também moveram suas forças, ainda que poucas, para fazer o que tinha que ser

feito no seu devido tempo.

Deixo as provas da existência de crianças e jovens que, no início de suas

vidas, procuraram crescer culturalmente, e encontraram quem pudessem ajudar em

suas necessidades humanas, intelectuais e artísticas. Atitudes tais que nós, arte-

educadores, na atualidade, de gerações mais antigas ou mais novas, precisamos

considerar seriamente em nossa missão humana no campo da Arte.

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19. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARBOSA, Ana Mãe. Arte-educação: conflitos/acertos. 2ª ed. São Paulo. Max-Limonad ltda -1985.

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Perspectiva, 2002. Debates-Educação.

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NICOLESCO, Basarab. Um novo tipo de conhecimento e transdisciplinaridade, 2000 –Unesdoc - Unesco.

OLIVEIRA, Márcia Lágua. Arte e Construção do Conhecimento na EMIA (Escola

Municipal de Iniciação Artística) Psicologia e Educação. (Coleção dirigida por Lino de

Macedo) São Paulo – Casa do Psicólogo- Faperp, 2006.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. 32ª ed. Edição comemorativa Fayga

Ostrower. -24ª ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 – 32ª Reimpressão.

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94

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21ª ed. São

Paulo: Cortez, 2000.

SOLOMON, Delcio Vieira. como fazer uma monografia: elementos de metodologia

do trabalho científico. 5 ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.

VYGOTSKY, Lev S. Imaginação e criação na infância: ensaio psicológico: livro

para professores / Lev Seminovich Vygotsky; apresentação e comentários Ana Luiza

Smolka; tradução Zoia Prestes. –São Paulo: Ática, 2009

ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte: Um paralelo entre arte e ciência (Polêmicas

do nosso tempo). 2ª ed. Campinas, SP. Ed. Autores Associados. 2001.

DIÁRIO DE NATAL, ed. Novembro de 1987.

JORNAL DE NATAL, 2º caderno, p.08, Natal, 29/12/1987.

ATELIER CENTRAL, Pré-projeto- Reativação do Atelier Central (Atelieres nas

escolas). 1988.

ATELIER CENTRAL, Projeto-Reativação do Atelier Central (Atelieres nas escolas).

1988.

ATELIER CENTRAL, Catálogo de exposição. 1985.

ATELIER CENTRAL, Catálogo de exposição. 1986

ATELIER CENTRAL, Catálogo de exposição. 1987

ATELIER CENTRAL. Revista Epopeia Potiguar. Quadrinhos, poesias e notícias.

GRUPHQ. Natal. 1982-1985.

ATELIER CENTRAL. Revista Labareda, Um cangaceiro de Lampião. 1ª ed.

GRUPEHQ. 1985.

ATELIER CENTRAL, História da Arte. Ed. Única. SEC, COOAPE, SAC. Natal. 1986.

ATELIER CENTRAL. Catálogo – Exposição individual de Jayr Penny. SEC,

COOAPE, SAC. 1983.

UFRN, Proex, Núcleo de Arte e Cultura, Fundação Ford. 1ª Exposição de pintura do

Conjunto Santa Catarina. Conselho Comunitário do Conjunto Santa Catarina,

Departamento de Cultura. Natal. 1987.

GRUPEHQ. Revista Maturí, Quadrinhos potiguares. Natal. 1985.

GRUPEHQ, Revista Jesuíno Brilhante, O cangaceiro romântico. 2ª ed. Natal. 2012.

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95

LYRA, Gilvan. Depoimento. DEART/UFRN. Concedido em junho de 2014.

ANÍSIO, Luiz. Depoimento sobre Atelier Central concedido ao autor deste trabalho.

Natal, Maio de 2014.

SALES, Alcides Bezerra de, Depoimento sobre o Atelier Central e Circuito

Suburbano de Arte. Na Casa do Cordel e na residência do Autor deste trabalho.

Natal. Dezembro de 2014.

DANTAS, Luiz Élson, Seminário: História da Arte no Rio Grande do Norte - Atelier

Central de Artes Plásticas. DEART. UFRN. Natal. Dezembro. 2014.

DANTAS, Luiz Élson, Desenho na sala de aula: Apresentando o Método Cacimba.

Natal. Ed. Do Autor, 2007.

BORGES, Luiz Antônio Dias, Seminário: História da Arte no Rio Grande do Norte -

Atelier Central de Artes Plásticas. DEART, UFRN. Dezembro. 2014.

<Pt.wikipedia.org/wiki/lista_de_governadores_do_Rio_Grande_do_Norte>

<Pt.wikipedia.org/wiki/anexo:lista_de_prefeitos_de_Natal>

<Http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/1721/livro-discute->

<http://adrovando.tripod.com/id7.html>

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20. APÊNDICE

Participantes do Atelier no ano de 1985 Adilson – André Luiz – Adrovando Claro – Alexandre – André Santos – Angélica –

Aluízio – Arnóbio – Amadeu – Cleide – Cássio – Clemilton – Clodoaldo (Damasceno)

– Clóvis – Carlos Eduardo – Carlos Alberto – Daniel – Evanuel – Edvaldo –

Elisângela – Edinalva – Everaldo – Edmundo - Franklin – Francisco Delmiro –

Francisco Lopo – Francisco Eduardo – Flávio Henrique – Flávio – Fabiano (Astênio)

– Gláucios – Gennison – Gildemarks (Rocha) – Geovano – Heraldo – Ivanildo – Ivo

Rocha) – Izac – Inaldo – Iara – Iaroni – Janeide – Jaelson Júlio – Jorge – José

Wilson – João – Jaiba – Janílson – José Clévio – Jairo – Janilson – Juscelino – Luiz

Anísio – Luiz Antônio Dias Borges – Lourival – Luzineide – Luciana – Luciene –

Maria Socorro – Marcos Antônio – Maurício – Murilo – Marcelo – Nadja Lúcia –

Nadja – Ozemar – Paulo Cesar – Paulo Sérgio – Perilônia – Robson (Rodrigues) –

Rogério – Rute – Roberto – Taizo – Uguaracy – Ubiracy – Vaneildo (Cabral Cardoso)

– Valdir - Vieira .

Corpo docente: PROFESSORES: Alcides Sales, João Natal e Francisco de Assis (de Souza Silva)

MONITORES: Luiz Élson Dantas, Jair Penny e João Antônio

COORDENAÇÃO: Graziela, Zélia Jácome e Nevinha”

Participaram dessa exposição: Desenho Socorro Alves

Éber Lima do Nascimento

Jaelson Júlio de Oliveira

Lourival Pinheiro de Oliveira

Lourival Pinheiros de Lima

Nádja Lúcia Pinheiro de Lima

Gildemarcks Rocha

Iracitan Silva Batista

Elias Evangelista da Costa

José Claudionor Bezerra de Macêdo

Manuel Lugelson Ferreira Gomes

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Valdemir Paulino da Silva

Cícero Cunha Bezerra

José Sérgio Pereira da Silva

Lavonier Fonseca Nascimento

Naéscio Costa do Nascimento

Robson Rodrigues do Nascimento

Wilson Varela de Medeiros

Alessandro de Oliveira

Marlúcia Medeiros

Gileno Amaral

Ouverland de Souza

Feranda de Lima

Marcos Antônio

José Carlos Dias

Clévio da Cruz

Cynara Barbosa

Edileide Guilherme

Paulo Ricardo

Pintura: Gildemarcks Rocha

Vaneildo Cabral Cardoso

Graça Santos

Nádja Lúcia

André dos Santos

Francisco Eduardo

Fábio Rocha

Luiz Anízio

Franklin Levy

Luiz Antônio

Fabiano Astênio

Tarcízio Farias

Eliete Ribeiro

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Coordenação em 1987: Jomar Jackson. Alunos da turma– 1987 – pintura à óleo Ouverland Araújo de Souza

Vaneildo Cabral Cardoso

Nilton Xavier

Fábio Rocha

Francisco Eduardo Silva Oliveira

André dos Santos

Luiz Anísio

Alunos da turma de Luiz Élson –1987–desenho de observação Robson da Câmara Bulhões

Rani de Oliveira Sawya

Yuno Silva

Everaldo Breves Santos Amorim

Ana Catarina

Juarez Moura da Costa

José Santiago de Farias

Magno Costa do Nascimento

Olavo Antônio

Paulo Aldiro Guevara de Lucena

alunos da turma de Jair Penny – 1987

Edson Chaves Miranda

Dênia de Fátima Cruz

Gildemarcks R. De Oliveira

Josilene Gomes de Oliveira

Arnaldo Borges dos Santos Júnior

Iracytan Silva Batista

Ouverland Araújo de Sousa

Nádja Lúcia Pinheiro de Lima

Francisca Rosana dos Santos

Luzinete L. De Araújo

Fábio Eduardo Soares dos Santos

Kátia Mirian Pereira

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Leilton S. Lima

Éber Lima do Nascimento

Luiz Antônio Dias Borges

Jaelson Júlio Oliveira de Melo

Rusinete Lima de Araújo dos Santos

Alunos da turma de Francisco de Assis de Souza Silva -1987 - Desenho

Jadir Martins de Andrade Filho

José Eduardo Rodrigues

Mercia Marceline Pires

Manoel Alves Júnior

Cícero Cunha Bezerra

Ecartes Aldo da Cruz

Manoel Lugelson Ferreira Gomes

Marcos Tandeu Ruschel

Regina da Silva

Dora Lúcia Terra da Silva

Márcio Valério da Silva Paiva

George Nascimento de Souza

Robson Rodrigues do Nascimento

Lauvonier Fonseca Nascimento

José Sérgio Pereira da Silva

Valdemir Paulino Dias da Silva

José Claudionor Bezerra de Macedo

Naécio Costa do Nascimento

Inaldo Andrade da Silva

Maurílio Soares Eugênio

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21. ANEXO

(Fig. 09) Galeria de ex-membros do Atelier Central

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ATIVIDADES EXTERNAS DO ATELIER CENTRAL

(Fig. 10) Visita a exposição. Equipe de professores com alunos do Atelier Central: entre os presentes: Graça Santos, Jayr Penny, Maria Cícera, Arandy Sales, Alcides Sales e Luiz

Élson.

(Fig. 11) Palestra sobre artes plásticas e exibição de filme e para alunos do Atelier Central. No canto direito, o autor deste trabalho. Foto: Atelier Central.1986

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PRODUÇÃO ARTÍSTICA Segue abaixo exemplos da produção artística do Atelier Central:

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(Fig. 12) Telas do pintor Jair Penny quando era monitor no Atelier. Foto: Jair Penny, 1986.

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(Fig. 13) Pintura do autor deste trabalho no catálogo da exposição do Atelier. Foto Atelier Central, 1987.

(Fig. 14) Estudos de luz e sombra por meio da técnica de pintura à óleo sobre tela na aula

de pintura. Foto: Atelier Central, 1986.

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(Fig. 15) Sem título. Pintura de Luiz Anísio. Óleo sobre tela, 40 cm x 50cm. (Inacabada) produzida no Atelier Central em 1986. (Acervo do autor).

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(Fig. 16) Ex-alunos do Atelier e fundadores do Atelier Passo a Passo. Jornal de Natal, 1987.

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(Fig. 17) Desenho de Gilvan Lira publicado na revista Maturí. Nanquim s/papel. 20 mm x 300 mm 1985.

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(Fig. 18) Seminário de Histórias em Quadrinhos no Auditório do SESC/Natal/RN.

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(Fig. 19) Versão de: “Conan, o bárbaro” (Editora Abril). Óleo sobre papel. 200 mm x 300 mm. Autor deste trabalho e Carlos Alberto, 1988.

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(Fig. 21) Pré-projeto de reativação do Atelier Central. Acervo do GRUPEHQ. Digitalização:

Luiz Élson, 2014.

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(Fig. 22) Capa do Projeto do Atelier nas Escolas. Luiz Èlsom. 1988.

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(Fig. 23). Justificativa e objetivos do Projeto pedagógico do Atelier. Acervo do GRUPEHQ.

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113

(Fig. 24). Projeto Pedagógico do Atelier Central. Objetivos Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 25) Cartaz de divulgação I do Atelier Central em 1984 contendo informações sobre

inscrições e mapa de localização.

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(Fig. 26) Cartaz de divulgação II, do Atelier Central. Equipe do Atelier, 330 mm x 440 mm,

1985.

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116

(

Fig. 27) Capa da revista de Histórias em Quadrinhos “HISTÒRIA DA ARTE” produzida e

publicada pelo Atelier Central em 1986. Acervo do GRUPEHQ.

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117

(Fig. 28). Página inicial da revista de Histórias em Quadrinhos “HISTÒRIA DA ARTE”

produzida e publicada pelo Atelier Central em 1986. Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 29). Contracapa da revista História da Arte no Rio Grande do Norte. 1985.

Acervo do GRUPEHQ.

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119

(Fig. 30) Capa do catálogo da exposição do Atelier Central em 1985. Acervo do autor deste

trabalho.

,

(Fig. 31) Conteúdo interno do catálogo da exposição do Atelier em 1985.

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(Fig. 32). Capa e contracapa do Catálogo da exposição do Atelier em 1986.

(Fig. 33). Conteúdo do Catálogo da exposição do Atelier em 1986.

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(Fig. 34). Autor deste trabalho posando para fotos publicadas na revista em quadrinhos

“Jesuíno Brilhante”. Foto: Luiz Elson,1987.

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122

(Fig. 35). Organograma do Atelier Central.

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(Fig. 36). Exercício de cores, composição e iluminação no Atelier Central em1986.

Foto: Atelier Central.

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124

(Fig. 37). Matéria no Jornal “Diário de Natal”, com depoimento de Jomar Jackson sobre o

Atelier Central, a descentralização e sua Exposição anual de 1987. Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 38). Prédio onde funcionou a Escolinha CRIARTE no final da década de 70 e início dos anos 80.

(Fig. 39). Prédio onde funcionou a Escolinha CRIARTE no final da década de 70 e início dos anos 80.

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(Fig. 40) Luiz da Câmara Cascudo, com alunos da Escolinha de Pintura Cândido Portinari. Imagem

extraída da obra: Tempo inconcluso pg. 34. (Carvalho, 2002).

.

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(Fig. 41). Catálogo de exposição de Jair Penny em 1983, artefinalizado manualmente pelo

artista Vicente Vitoriano.

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(Fig. 42). Conteúdo do Catálogo de uma das primeiras exposições de Jayr Penny. 1983.

Arte-finalizado artesanalmente e elaborado pelo artista plástico Vicente Vitoriano, o

catálogo contém informações sobre a importante relação deste pintor com o Atelier Central

no início da carreira, além de texto do artista e professor da UFRN Erasmo Andrade, que

apresenta o trabalho de Jayr. Erasmo, que na época do Atelier, já era professor da disciplina

de pintura do então, Curso de Educação Artística (Artes Visuais) da UFRN.

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(Fig. 43). Catálogo da exposição anual do Atelier em 1987, com foto da pintura do autor

deste trabalho.

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(Fig. 44). Página da Revista Maturí em 1985, com foto dos membros do Atelier/Grupehq.

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(Fig. 45). Reunião do GRUPEHQ, na entrada do Atelier. Foto: Grupehq. 1985.

(Fig. 46) Segurando a peteca, Alcides Bezerra de Sales, Artista plástico, pesquisador,

quadrinhista, gravurista, Capoeirista, Arte-Educador e ex-professor do Atelier Central. Foto:

Lenilton Lima

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(Fig. 47) Xilogravura do Desenhista e Professor Alcides Sales intitulada “Santo Graal”, 200 mm x 300 mm, produzida no ano de 1984.

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( Fig. 48) Aluno Fábio Rocha em estudos de luz e sombras,1986. Foto: Atelier

Central.

(Fig. 49). Montagem de modelo para pintura de natureza morta. À esquerda, pintura do

autor deste trabalho. 60mmx80mm 1987,

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(Fig. 50) Revista Labareda. Produção: Atelier Central/GRUPEHQ. 1985.

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(Fig. 51) Capa da Revista Jesuíno Brilhante. Emanoel Amaral, Alcides Sales e Luiz Élson.

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(Fig. 52) Banco de dados do GRUPEHQ. 1994. Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 53) Banco de dados do GRUPEHQ. 1994. Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 54) Banco de dados do GRUPEHQ. 1994. Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 55) Banco de dados do GRUPEHQ. 1994. Acervo do GRUPEHQ.

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(Fig. 56) Catálogo da exposição de alunos do Atelier Central e do Conjunto Santa Catarina.

1987. Acervo do Atelier JupyArte (Autor deste Trabalho).

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(Fig. 57) Parte interna do Catálogo da exposição de alunos do Atelier Central e do Conjunto

Santa Catarina. 1987. Acervo do Atelier JupyArte (Autor deste Trabalho).