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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA NA MARCHA COM DUPLA TAREFA DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON: ensaio clínico controlado randomizado. ANGÉLICA VIEIRA CAVALCANTI DE SOUSA Natal 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA NA MARCHA COM DUPLA TAREFA DE

INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON: ensaio clínico controlado randomizado.

ANGÉLICA VIEIRA CAVALCANTI DE SOUSA

Natal 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA NA MARCHA COM DUPLA TAREFA DE

INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON: ensaio clínico controlado

randomizado.

ANGÉLICA VIEIRA CAVALCANTI DE SOUSA

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - Programa

de Pós-Graduação em Fisioterapia, para a

obtenção do título de Mestre em Fisioterapia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Raquel

Rodrigues Lindquist.

Natal 2012

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia:

Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro.

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA NA MARCHA COM DUPLA TAREFA DE

INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON: ensaio clínico controlado

randomizado.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dr.ª Ana Raquel Rodrigues Lindquist - Presidente - UFRN

Profa. Dr.ª Fabrícia Azevedo da Costa Cavalcanti - Interno - UFRN

Profa. Dra. Maria Elisa Pimentel Piemonte - Externo - USP

Aprovada em 19 / 12 / 2012.

v

Dedicatória

Aos pacientes com distúrbios neurológicos, cujas lutas sempre inspirarão novas pesquisas.

vi

Agradecimentos

A Deus, pois sem Ele, eu nada seria. Mostrou-me que tudo é possível ao que crê e

que os Seus sonhos são infinitamente maiores do que aquilo que pedimos ou pensamos.

Senti Sua mão poderosa me conduzindo em todos os momentos, dos mais simples aos

mais complexos. Muitas vezes, enquanto eu ia para a Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN), o cansaço parecia ser maior do que minha vontade de

prosseguir. No entanto, eu era capaz de sentir uma força impulsionando minhas pernas

ao caminhar e tinha a certeza de que era o Senhor. Eu fechava os meus olhos e o

imaginava caminhando ao meu lado. Durante as horas a fio que passei processando

dados, foi o som de cânticos e de trechos da Palavra de Deus que me encorajou. Ao

escolher a Fisioterapia como profissão, o meu propósito principal era transmitir o grande

amor do Senhor às pessoas necessitadas, e por isso, eu peço a Ele que continue me

impulsionando nesta direção.

Ao meu amado Nelson, por me incentivar e apoiar incondicionalmente. Foram

inúmeras as noites que passamos acordados, trabalhando juntos e crescendo juntos

também. Em meio a qualquer problema, o primeiro pensamento que vinha à minha mente

era o de abraçar o meu esposo, pois esse gesto me trazia muita paz e segurança para

enxergar a vida de uma forma melhor. Ele sempre conseguia arrancar um sorriso do meu

rosto, com seu jeito espontâneo e alegre de ser, aliado à imensa vontade de me fazer

feliz. É impossível enxergar Angélica sem Nelson.

Ao meu pai, por me ensinar desde cedo que desafios existem para ser superados.

Lembro-me de como sempre lutou para dar o melhor à nossa família e para manter eu e

minha irmã nas melhores escolas. Enfrentou fases difíceis, mas não desistiu de lutar e

conseguiu grandes êxitos em sua vida profissional, nos trazendo muito orgulho. Sempre

foi amoroso e me transmitiu boa parte de sua personalidade discreta, mas ao mesmo

tempo, admirável. Eu te amo, pai!

À minha mãe, por ser tão sensível às nossas necessidades, muitas vezes abrindo

mão do seu próprio bem-estar pelo nosso. Se ela pudesse, nos pouparia de todos os

problemas que a vida oferece! É muito bom saber que posso contar com ela, não importa

a circunstância. Eu te amo, mãe!

À minha querida irmã, que durante todo o tempo buscou, do seu modo especial,

mostrar o quanto me ama. A correria da vida tem nos impedido de estar juntas com mais

frequência, mas em meio aos desafios, torcemos uma pela outra e vibramos com as

vii

vitórias conquistadas. De vez em quando, largamos tudo para dividirmos as alegrias. Eu

te amo, mana!

Ao meu cunhado, Max Bruno, por me dizer que tudo passaria quando a tristeza

embaçou minha visão.

Ao meu sobrinho Adriel Augusto, por entender as ausências da tia diante da

correria de final de graduação e mestrado.

Aos meus amigos, Kleber e Cibele, pela cumplicidade e pelo constante

compartilhar de experiências. Cantamos, tocamos, tomamos refeições, assistimos a

filmes, conversamos, rimos e choramos juntos. A bíblia relata que há amigo mais chegado

que irmão. Vocês me ensinaram exatamente o que é isso.

Aos pastores Édison Vicente e Luiz Pedro Neto, por terem me ouvido nos

momentos mais difíceis da minha vida, dando-me conselhos ricos em sabedoria e

mostrando-me ser possível vencer os obstáculos com fé e confiança em Deus.

Aos queridos amigos e ministros Edson Oliveira e Laura Paes, por me

proporcionarem inúmeros momentos de alegria e consolo através da música. Eles são

exemplos vivos de amor e dedicação à obra de Deus, aos quais admiro com todas as

minhas forças. Levarei seus ensinamentos por toda a minha vida, pois me ajudaram a

enfrentar os desafios do dia-a-dia acadêmico.

Ao neurologista Dr. Clécio Godeiro, por ser um exemplo de competência e

profissionalismo, procurando proporcionar o melhor atendimento possível aos pacientes e

não hesitando em compartilhar seus conhecimentos com os alunos. Obrigada por confiar

seus pacientes às minhas mãos para a realização desta pesquisa. Sei que o seu intuito é

buscar incessantemente alternativas que promovam melhor qualidade de vida a eles.

Aos pacientes, pois sem vocês, eu não poderia ter feito coisa alguma. Pude

presenciar a garra e a perseverança de cada um na luta contra os efeitos negativos

trazidos pela doença, o que me ensinou muitas lições. Espero retribui-los através da

produção de conhecimento que traga benefícios ao lidar diário com essa condição.

Aos meus maravilhosos companheiros de coletas, sem os quais eu não teria

conseguido chegar até aqui: Lorenna Santiago, Raphaella Oliveira, Daniel Antunes, Ana

Paula Spaniol e Éllida Rayanne. Vocês foram uns fofos e vivenciamos muitas aventuras

juntos! Foram inúmeras ligações telefônicas, passeios de carro para buscar os pacientes

e horas investidas no laboratório, lutando com as câmeras e com a plataforma! Em alguns

momentos, vocês viram meu desespero e estiveram ao meu lado. Em outros, pudemos rir

viii

juntos, até mesmo dos problemas. Obrigada por terem tornado mais leve a minha estadia

no LIAM.

À minha colega de mestrado, Camila Rocha, por todas as vezes em que

gentilmente se dispôs a me ensinar o que sabia e a solucionar minhas dúvidas, mesmo

em meio ao tempo apertado para dar conta de sua dissertação. Aprendi muito com você

sobre aliar competência à vontade de ajudar aos pacientes.

À minha orientadora, Dra. Ana Raquel Rodrigues Lindquist, por ter ajudado a tornar

possível o meu sonho de ser mestre. Obrigada pelo privilégio de administrar o laboratório

e por me confiar o seu nome. Seu jeito sereno e confiante de encarar os desafios me

guiou nesta jornada de muito crescimento e aprendizado.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFRN, que

contribuíram para a minha formação e desenvolvimento acadêmico através das lições

profissionais e de vida compartilhadas.

Às professoras Maria Elisa Pimentel Piemonte e Fabrícia Azevedo da Costa

Cavalcanti, membros da banca examinadora, pelas considerações que contribuirão para o

aprimoramento deste trabalho.

Aos funcionários do Departamento de Fisioterapia da UFRN, especialmente

Patrícia, Marcos, Lucineide, Jeisiene, Rose, Edriene e Eudione, incrivelmente dispostos a

ajudar no que fosse preciso. Marcão sempre quebrando todos os galhos possíveis e

Lucineide sempre meiga, dizendo-me para não desistir. Que Deus os abençoe!

Ao querido colega Marcel, sempre disposto a ajudar sem receber algo em troca.

Tem um jeito doce e paciente de se dirigir às pessoas, característica que associada à sua

imensa inteligência o fará ir muito longe, tenho certeza. Obrigada pelas horas dispendidas

para pensar comigo nos resultados do trabalho, inclusive sem almoçar. Isso não tem

preço.

Aos meus amigos de mestrado, especialmente àqueles que me acompanham

desde a graduação, na qual nossa turma recebeu o merecido título: “Persistência, nosso

nome; perseverança, nosso lema”. Tenho muito orgulho de ver a evolução de cada um de

vocês e é maravilhoso crescermos todos juntos! Bruna, Débora, Diana, Heloísa, Ivanízia,

e Pedro, vocês são joias especiais com as quais Deus me presenteou nos últimos 7 anos.

Onde quer que estejam, sempre estarei torcendo muito pelo sucesso e felicidade de

vocês. Parabéns a todos nós por esse momento mais que merecido!!!

A todos os que contribuíram de alguma maneira para que eu estivesse aqui, muito

obrigada!!!

ix

Sumário

Dedicatória ................................................................................................................... v

Agradecimentos ........................................................................................................... vi

Lista de Figuras ........................................................................................................... xi

Lista de Tabelas ........................................................................................................... xii

Resumo ......................................................................................................................... xiii

Abstract ......................................................................................................................... xv

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

1.1 Justificativa ......................................................................................................... 7

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 8

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 8

1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 8

1.3 Hipótese ............................................................................................................ 9

2 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 10

2.1 Desenho e Local do Estudo ............................................................................... 11

2.2 População do Estudo .......................................................................................... 11

2.3 Amostra .............................................................................................................. 11

2.4 Critérios de Elegibilidade .................................................................................... 12

2.4.1 Critérios de Inclusão .......................................................................................... 12

2.4.2 Critérios de Exclusão ......................................................................................... 13

2.5 Instrumentos de Avaliação ................................................................................. 13

2.5.1 Avaliação Cognitiva ........................................................................................... 13

2.5.2 Avaliação da Progressão da Doença ................................................................ 14

2.5.3. Avaliação do Estado Motor e Funcional ............................................................ 14

2.5.4 Registro dos Dados Antropométricos ................................................................. 14

x

2.5.5 Avaliação da Marcha ...................................................................................... 15

2.6 Instrumentos de Treinamento ............................................................................. 16

2.6.1 Esteira Elétrica ................................................................................................... 16

2.7 Procedimentos ................................................................................................... 17

2.7.1 Aspectos Éticos, Formulário de Identificação e Questionários ......................... 18

2.7.2 Avaliação Cinemática da Marcha no Solo .......................................................... 19

2.7.3 Randomização e Sigilo de Alocação .................................................................. 22

2.7.4 Intervenção ........................................................................................................ 22

2.8 Redução dos Dados ........................................................................................... 23

2.9 Análise Estatística ............................................................................................. 27

3 RESULTADOS .................................................................................................. 28

4 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 33

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 39

4 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 41

ANEXOS

Anexo 1 – Montreal Cognitive Assessment (MoCA)

Anexo 2 – Baterial de Avaliação Frontal (BAF)

Anexo 3 – Escala de Incapacidade de Hoehn e Yahr Modificada (HY)

Anexo 4 – Escala Unificada da Doença de Parkinson (UPDRS)

Anexo 5 – Parecer Consubstanciado do CEP

APÊNDICES

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Apêndice 2 – Formulário de Identificação do Paciente

Apêndice 3 – Protocolo Experimental

xi

Lista de Figuras

Figura 1: Fluxograma de seleção da amostra ................................................................. 12

Figura 2: Balança digital e fita métrica de metal auto-retrátil .......................................... 15

Figura 3: Câmera do Sistema Qualisys Oqus 300 e disposição das câmeras em torno da

área de coleta dos dados ................................................................................................ 16

Figura 4: Esteira elétrica Gait Trainer 2 BIODEX Medical System ................................ 17

Figura 5: Fluxograma de procedimentos de avaliação e treinamento ........................... 18

Figura 6: Posicionamento das marcas anatômicas e de rastreamento .......................... 20

Figura 7: Calibração e delimitação dos eixos X (médio-lateral), Y (ântero-posterior) e Z

(próximo-distal), referentes aos planos de movimento ................................................... 21

Figura 8: Treinamento de marcha na esteira ................................................................ 23

Figura 9: Processamento dos dados no QTM .............................................................. 25

Figura 10: Processamento dos dados no Visual 3D ...................................................... 23

Figura 11: Deslocamento angular do quadril, joelho e tornozelo durante o ciclo da marcha

nos grupos controle e experimental pré e pós treinamento ........................................... 31

xii

Lista de Tabelas

Tabela 1: Caracterização da amostra de acordo com o grupo de intervenção .............. 29

Tabela 2: Variáveis espaço-temporais pré e pós treinamento nos grupos controle e

experimental .................................................................................................................. 30

Tabela 3: Variáveis angulares pré e pós treinamento nos grupos controle e experimental

.......................................................................................................................................... 32

xiii

Resumo

Introdução: A perda na automaticidade da marcha dificulta a realização de

atividades concorrentes - Dupla Tarefa (DT). Nessas situações, indivíduos com

Doença de Parkinson (DP) apresentam significativa redução na velocidade da

marcha e no comprimento do passo, assim como aumento na variabilidade entre as

passadas e na assimetria, fatores predisponentes a quedas. No entanto, estudos

recentes têm demonstrado que o treinamento envolvendo DT pode ocasionar

posteriores melhoras nas variáveis da marcha com DT em indivíduos com DP. O uso

da esteira foi adotado por este estudo, por promover maior regularidade no passo e

potencializar o treino. Objetivo: Investigar os efeitos imediatos do treino de marcha

em esteira associado a tarefas cognitivas na marcha com DT de indivíduos com DP.

Materiais e métodos: Vinte e dois voluntários foram divididos aleatoriamente em

dois grupos: Grupo Controle (n=11), que realizou treino de marcha em esteira

durante 20 minutos; e Grupo Experimental (n=11), que realizou treino de marcha em

esteira durante 20 minutos associado a tarefas cognitivas de fluência verbal,

memória e planejamento espacial. Os participantes foram avaliados na fase on do

medicamento antiparkinsoniano quanto a dados demográficos, clínicos e

antropométricos (formulário de identificação), condição cognitiva (Montreal Cognitive

Assessment - MoCA), funções executivas (Bateria de Avaliação Frontal), nível de

incapacidade física (Escala de Hoehn e Yahr Modificada), estado motor e funcional

(Escala Unificada de Avaliação para a Doença de Parkinson – UPDRS), e cinemetria

(Qualisys Motion Capture System). Resultados: Não houve diferenças entre os

grupos, mas ambos apresentaram melhoras após a intervenção. O grupo controle

obteve aumento na velocidade (p=0,008), no comprimento da passada (p=0,04), no

comprimento do passo (p=0,02) e diminuição no tempo de duplo suporte (p=0,03). O

grupo experimental apresentou aumento na velocidade (p=0,002), no comprimento

da passada (p=0,008), no comprimento do passo (p=0,02) e na cadência (p=0,01),

assim como diminuição na largura da passada (p=0,001) e no tempo total de apoio

(p=0,02). Quanto às variáveis angulares, o grupo experimental teve um aumento

significativo no ângulo do contato inicial do tornozelo (p=0,01). Conclusão: O treino

de marcha associado a atividades cognitivas não proporcionou melhoras

significativas nas variáveis da marcha com DT, mas este estudo foi o primeiro a

xiv

demonstrar que o treino de marcha como tarefa simples na esteira minimizou a

interferência negativa da DT na DP.

Palavras-chaves: Doença de Parkinson, reabilitação, cinemática, cognição,

geradores centrais de padrão.

xv

Abstract

Background: The gait automaticity loss difficults realization of concurrent activities -

Dual Task (DT). In these situations, individuals with Parkinson's disease (PD) show a

significant reduction in gait velocity and stride length, as strides variability and

asymmetry increased, factors predisposing to falls. However, recent studies have

shown that training involving DT may cause subsequent improvements in gait

variables with DT in individuals with PD. The treadmill use was adopted by this study,

by promoting greater regularity in step and enhance training. Objective:To

investigate immediate effects of gait training associated with cognitive tasks on gait in

individuals with PD. Methods: Twenty-two volunteers were randomly divided into two

groups: control group (n = 11), who performed gait training on a treadmill for 20

minutes, and the experimental group (n = 11), who performed treadmill gait training

for 20 minutes associated with cognitive tasks of verbal fluency, memory, and spatial

planning. Participants were evaluated in phase on of antiparkinsonian medication as

the demographic, clinical and anthropometric (identification form), cognitive status

(Montreal Cognitive Assessment - MoCA), executive function (Frontal Assessment

Battery), level of physical disability (Hoehn and Yahr Modified), motor and functional

status (Unified Rating Scale for Parkinson's Disease - UPDRS), and kinematics

(Qualisys Motion Capture System). Results: There were not differences between

groups, but both showed improvement after the intervention. The control group had

an increase in velocity (p = 0.008), stride length (p = 0.04), step length (p = 0.02) and

decreased double support time(p = 0.03). The experimental group showed an

increase in speed (p = 0.002), stride length (p = 0.008), step length (p = 0.02) and

cadence (p = 0.01), as well as a decrease in the width stride (p = 0.001) and total

support time (p = 0.02). As the angular variables, the experimental group had a

significant increase in the initial contact angle of ankle (p = 0.01). Conclusion: The

gait training combined with cognitive activities didn’t provide significant improvements

in gait variables with DT, but this study was the first to demonstrate that gait training

on treadmill as simple task minimized the negative interference of DT in PD.

Keywords: Parkinson’s disease, rehabilitation, kinematic, cognition, central pattern

generators.

1

1 INTRODUÇÃO

2

Com o aumento na expectativa de vida da população mundial, é crescente o

número de pessoas apresentando desordens neurológicas crônico-degenerativas.

Neste grupo, está incluída a Doença de Parkinson (DP)1, que se configura como a

afecção mais comum após o Alzheimer.2

A DP tem início aproximadamente aos 50 anos, apresentando maior

ocorrência com o avanço da idade.3 A incidência nos diversos países varia entre 1,5

e 22 pessoas a cada 100.000/ano. No Brasil, foi encontrada uma prevalência de

3,3% em indivíduos acima dos 65 anos.2 Os homens são mais acometidos em

relação às mulheres, numa razão de 1,5.4

Estudos recentes têm apontado alguns aspectos genéticos e ambientais

como possíveis fatores de risco, mas a etiologia da DP permanece desconhecida,

sendo denominada idiopática.5 A fisiopatologia da DP é desencadeada por um

desequilíbrio no funcionamento dos núcleos da base, com ocorrência dos primeiros

sinais e sintomas mediante a destruição de aproximadamente 60% dos neurônios

mielinizados dopaminérgicos.3

As manifestações clínicas incluem dificuldade para iniciar os movimentos

(acinesia), lentidão e dificuldade para a manutenção dos movimentos (bradicinesia),

redução na capacidade de alternar diferentes padrões de coordenação, rigidez,

instabilidade postural e tremor.6 Sintomas não motores englobam distúrbios

neuropsiquiátricos, alterações no sono e no funcionamento dos sistemas

autonômico, gastrointestinal e sensorial.7

Considerando que os núcleos basais desempenham uma importante função

no controle de movimentos repetitivos e aprendidos, os indivíduos com DP não

realizam adequadamente movimentos sequenciais automáticos, tais como a

marcha,8 o que consiste em um dos principais e mais incapacitantes problemas

apresentados por essa população.9

A marcha parkinsoniana é caracterizada por postura em flexão de tronco,

diminuição na velocidade, no comprimento da passada e no balanceio dos membros

superiores, aumento compensatório na cadência e na variabilidade entre as

passadas, redução na amplitude de extensão do quadril na fase de apoio médio, na

flexão de joelho durante o balanço e na flexão plantar durante a fase de

impulsão.10,11

3

O tratamento medicamentoso mais eficaz para a DP consiste na

administração de Levodopa, precursor da dopamina. Entretanto, com o passar dos

anos, podem surgir diversas complicações advindas do seu uso, tais como:

discinesias (movimentos involuntários); flutuações motoras (alternâncias entre os

tempos “on” e “off”, os quais correspondem, respectivamente, aos períodos de maior

benefício e de ausência de benefícios da medicação); e falta de controle sobre os

sintomas.12 Como é possível adquirir habilidades motoras e melhorar o desempenho

nas atividades cotidianas através da reabilitação, os indivíduos com DP devem

associar ao tratamento medicamentoso a terapia não-farmacológica.13

Durante a vida diária, é comum a necessidade de executar mais de uma

tarefa simultaneamente.14 Quando diferentes atividades que exigem atenção são

realizadas ao mesmo tempo, ocorre uma situação denominada Dupla Tarefa (DT). A

maioria das pessoas pode dirigir ouvindo rádio ou falar ao telefone enquanto anota

algo, por exemplo.15 A capacidade de realizar uma tarefa secundária é altamente

vantajosa durante a marcha, pois permite a comunicação entre pessoas, o

transporte de objetos e o monitoramento do ambiente, a fim de evitar situações que

ameacem o equilíbrio.16

Em condições normais, as regiões corticais motoras (córtex motor primário,

córtex pré-motor e área motora suplementar) são responsáveis por selecionar a

amplitude dos movimentos em uma dada sequência de ação, conforme as

exigências da tarefa e as restrições do ambiente, e após o início dos movimentos

efetuado pelo córtex motor, os núcleos da base mantêm sua execução, deixando o

córtex motor livre para outras tarefas que requeiram atenção.17 Na DP, como a

automaticidade promovida pelos núcleos basais é prejudicada, um controle

consciente constante torna-se necessário para a marcha.18 Desse modo, quando há

a realização de uma atividade concorrente a essa função, as regiões frontais ficam

dedicadas à tarefa secundária e a marcha é predominantemente controlada pelos

núcleos basais defeituosos, o que gera a interferência negativa da DT sobre a

marcha.19

Um dos modelos que podem contribuir para explicar essa interferência é o

“Modelo da Capacidade ou Compartilhamento de Recursos”, baseado no argumento

de que os recursos atentivos cerebrais são limitados. Isso significa que quando uma

4

pessoa executa duas tarefas simultaneamente, os recursos neurais devem ser

divididos entre elas. A interferência da DT ocorre se a capacidade de recursos

atentivos disponíveis for excedida, resultando na diminuição do desempenho de uma

ou ambas as tarefas.20

Outra possível explicação para a interferência negativa da DT sobre a marcha

parkinsoniana está nas deficiências cognitivas relacionadas a funções executivas,

principalmente atenção e memória operacional. De acordo com essa teoria, não

haveria necessariamente uma limitação dos recursos atentivos prejudicando a

realização da marcha com DT, mas o problema estaria na dificuldade cognitiva dos

indivíduos com DP em gerenciar tarefas simultâneas.21

Diante disso, as alterações encontradas na marcha parkinsoniana se

acentuam mediante situações de DT. Um estudo comparando as características da

marcha com DT entre indivíduos com DP e saudáveis encontrou maiores reduções

na velocidade e no comprimento do passo nos parkinsonianos, além de maior

aumento na variabilidade entre as passadas e na assimetria de marcha nestes

indivíduos, fatores predisponentes a quedas.22

As tarefas concorrentes à marcha variam quanto ao tipo, podendo ser

cognitivas ou motoras. Atividades cognitivas incluem rastreamento mental, tais como

tarefas atentivas ou cálculos aritméticos, fluência verbal ou conversacional e tarefas

de memória. Já as atividades motoras incluem carregar ou manipular objetos.23

O’Shea e colaboradores16 observaram que a marcha na DP é prejudicada

igualmente pela realização de tarefas secundárias cognitivas e motoras. No entanto,

outros estudos mostraram que a tarefa cognitiva apresenta maior interferência

negativa sobre a marcha quando comparada à tarefa motora.8,24

Diante da piora na qualidade de marcha em situações de DT, os indivíduos

com DP sempre foram orientados a evitar essas circunstâncias.17 No entanto, os

estudos que mostraram prejuízo da marcha parkinsoniana na DT não fizeram

qualquer tipo de intervenção, mas apenas avaliaram o desempenho dos indivíduos

durante essa atividade. Em contrapartida, recentes evidências têm demonstrado que

a realização de um treinamento de marcha associado a atividades secundárias é

capaz de melhorar as variáveis relacionadas ao desempenho de marcha com DT na

DP.25-27

5

Considerando a argumentação que defende a existência de deficiências

relacionadas à atenção e à memória operacional na DP, um treinamento

possibilitando a prática desses aspectos durante a marcha promoveria um aumento

na capacidade de gerenciar os recursos atentivos, o que minimizaria a interferência

negativa ocasionada pela DT. 21

Por outro lado, seguindo à visão trazida pelo Modelo da Capacidade ou

Compartilhamento de Recursos, para minimizar a demanda atentiva exigida pela DT

e não exceder os recursos neurais disponíveis, seria necessária a automatização de

uma das tarefas.20 Após a prática trazida por um treino de marcha como única tarefa

(tarefa simples), as pessoas com DP poderiam reduzir a demanda de atenção sobre

a marcha, o que as possibilitaria de realizar tarefas secundárias mais desafiadoras.26

Partindo desta premissa, será que apenas o treino de marcha, sem

associação a tarefas secundárias, já seria capaz de melhorar o desempenho de

marcha na DT em indivíduos com DP? Nenhum dos estudos que investigaram o

treinamento com DT apresentou resultados que comparassem os efeitos de um

treino de marcha simples aos efeitos de um treino de marcha com tarefas

secundárias sobre o desempenho de marcha com DT na DP. Outro ponto a ser

considerado é que essas pesquisas realizaram a intervenção apenas no solo. No

entanto, existem outros métodos de treinamento de marcha que poderiam ser

utilizados, dentre os quais podemos citar a esteira.

Pesquisas que verificaram os efeitos do treino no solo e do treino na esteira

sobre o desempenho de marcha como tarefa simples na DP encontraram resultados

superiores no grupo que treinou na esteira.28 O andar sobre o solo gera constantes

flutuações na regularidade do passo e na velocidade de marcha, enquanto na

esteira, o indivíduo necessita manter o comprimento e o ritmo do passo em

conformidade com a máquina, tornando o padrão de marcha mais uniforme e

regular.29

Em situações de tarefa simples, a justificativa para os benefícios trazidos pela

esteira está no fato de que esta auxilia os indivíduos a se movimentar com maior

facilidade. A ritmicidade imposta pelo equipamento fornece uma pista externa,

permitindo que a utilização do córtex pré-motor e da área motora suplementar

compense a deficiência interna na automaticidade dos movimentos apresentada

6

pelos núcleos basais.30-32 Essa não seria a justificativa para melhoras encontradas

após uma intervenção envolvendo DT na esteira, pois o córtex motor já estaria

sendo ativado pela tarefa secundária.

Uma possível explicação para benefícios decorrentes do treino com DT em

esteira estaria relacionada aos Geradores Centrais de Padrão (GCP’s). Estudo

utilizando imagens de tomografia computadorizada em indivíduos com DP mostrou

ausência de superativação cortical durante a caminhada em esteira. Considerando

que o córtex aumenta sua atividade mediante os movimentos estimulados

externamente, isso indica que a caminhada em esteira pode ter um mecanismo

dirigido internamente.33

Os Geradores Centrais de Padrão (GCP’s) são circuitos neuronais que

produzem movimentos rítmicos quando isolados do cérebro ou independentes de

informações sensoriais. Os GCP’s envolvem um meio-centro flexor e um meio-centro

extensor, os quais se inibem mutuamente. Na fase de apoio da caminhada, a carga

é determinada pelos órgãos tendinosos de Golgi, fusos musculares dos músculos

extensores e aferentes cutâneos do pé, que ativam o meio-centro extensor. Os

aferentes dos fusos musculares flexores excitam o meio-centro flexor no fim da fase

de apoio e iniciam a fase de balanço.28

O tapete da esteira força o sujeito ao passo, através da facilitação do

alongamento de flexores de quadril e flexores plantares no fim da fase de apoio.

Como ambos os membros são automaticamente puxados para trás, os aferentes

transmitem impulsos aos GCP’s, resultando em um padrão de marcha regular.28

Havendo atuação dos GCP’s em um treino com DT for realizado na esteira, o

indivíduo poderá desviar sua atenção da marcha e direcioná-la à tarefa secundária

já no próprio treinamento, potencializando-o. Por isso, a esteira foi adotada neste

trabalho como método de intervenção.

Independente de uma limitada disponibilidade de recursos atentivos ou não,

indivíduos com DP apresentam comprovados prejuízos na automaticidade dos

movimentos e também nas funções executivas, os quais interferem na qualidade de

marcha. A hipótese do presente estudo defende que o treino de marcha em esteira

com DT é capaz de promover melhoras no desempenho de marcha com DT em

indivíduos com DP, pois proporcionará maior automaticidade à marcha e também

7

possibilitará a prática das funções executivas deficientes, contemplando os dois

principais aspectos relacionados à interferência negativa da DT sobre a marcha

parkinsoniana. No entanto, também é necessário investigar se o treinamento em

esteira enquanto tarefa simples é capaz de gerar alterações na marcha com DT.

Diante do exposto, esta pesquisa se propõe a investigar os efeitos de uma

sessão de treino com DT em esteira sobre a marcha com DT no solo em indivíduos

com DP, em comparação a um grupo controle. Para isto, tarefas cognitivas foram

selecionadas como concorrentes à marcha, devido à maior interferência negativa

que exercem sobre essa atividade e considerando que um treino em esteira geraria

instabilidade no equilíbrio para a realização de uma dupla tarefa motora.

1.1 Justificativa

A reestruturação da marcha é uma meta primordial na reabilitação de

pacientes com DP, uma vez que essa função está diretamente relacionada à

realização das atividades de vida diária e ao convívio social. Sendo assim,

estratégias que aprimorem o desempenho do indivíduo nessa atividade devem ser

valorizadas.

O tratamento medicamentoso ameniza os sintomas nas fases iniciais, mas

devido ao caráter progressivo da doença, com o passar dos anos, a terapia

farmacológica reduz seus benefícios, tornando-se importante a reabilitação motora

como tratamento coadjuvante para o restabelecimento de uma marcha mais

funcional.

É fundamental que a reabilitação de marcha não seja feita de maneira

fragmentada, mas englobe o cotidiano do indivíduo. Geralmente, as atividades da

vida diária envolvem circunstâncias onde mais de uma tarefa precisa ser realizada

ao mesmo tempo. No entanto, os indivíduos com DP apresentam reduções

significativas na qualidade de marcha quando submetidos a essas situações e a

reabilitação dessa função é sempre realizada de maneira a evitar atividades

concorrentes. Em contrapartida, o treinamento pode ser uma estratégia eficaz para

adaptar o indivíduo às exigências impostas pela DT.

8

Até o presente momento, não há ensaios clínicos que avaliem os efeitos de

um treinamento em esteira sobre as variáveis angulares relacionadas à marcha com

DT em indivíduos com DP. Além disso, a falta de consenso acerca dos efeitos do

treinamento com DT sobre a marcha com DT na DP justificam a necessidade de

mais investigações sobre o tema.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Investigar os efeitos imediatos do treino em esteira associado a tarefas

cognitivas na marcha com DT de indivíduos com DP.

1.2.2 Objetivos Específicos

a. Descrever os dados demográficos e clínicos dos pacientes na fase

moderada da DP;

b. Definir a função cognitiva, motora e funcional nos diferentes grupos;

c. Identificar os efeitos imediatos do treino em esteira com DT sobre as

variáveis espaço-temporais da marcha, intra e intergrupos;

d. Verificar os efeitos imediatos do treino em esteira com DT sobre os

deslocamentos angulares das articulações do quadril, joelho e

tornozelo no plano sagital, intra e intergrupos.

9

1.3 Hipótese

O treinamento em esteira associado a atividades cognitivas promoverá

melhoras significativas nas variáveis espaço-temporais e angulares da marcha com

DT em indivíduos com DP, sendo superior ao treino de marcha simples.

10

2 MATERIAIS E MÉTODOS

11

2.1 Desenho e Local do Estudo

O estudo foi um ensaio clínico randomizado, controlado e cego, realizado no

Laboratório de Intervenção e Análise do Movimento (LIAM), localizado no

Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

entre os meses de junho a outubro de 2012.

2.2 População do Estudo

A população do estudo foi composta por voluntários de ambos os gêneros,

com faixa etária compreendida entre 40 e 75 anos, os quais foram recrutados

através de ligações telefônicas, a partir da lista de pacientes com Doença de

Parkinson atendidos nos setores de Neurologia e Fisioterapia do Hospital

Universitário Onofre Lopes, em Natal/RN.

2.3 Amostra

A amostra classificou-se como não probabilística, selecionada por

conveniência, composta por 22 indivíduos com DP, divididos aleatoriamente em

duas condições experimentais: Grupo Controle (GC=11 indivíduos), que realizou

somente o treino em esteira, e Grupo Experimental (GE=11 indivíduos), que realizou

o treino em esteira associado a tarefas cognitivas. A seleção da amostra está

disposta no fluxograma abaixo (Figura 1):

12

Figura 1: Fluxograma de seleção da amostra

2.4 Critérios de Elegibilidade

2.4.1 Critérios de Inclusão

Para serem incluídos no estudo, os indivíduos deveriam seguir aos

seguintes critérios: diagnóstico de DP idiopática, conferido por um médico

neurologista e confirmado por exames complementares; grau de progressão da

doença equivalente aos estágios 2 a 3 da Escala de Hoehn e Yahr Modificada; uso

regular de medicações antiparkinsonianas, apresentando resposta estável;

capacidade de deambular independentemente sem órteses ou outros dispositivos de

auxílio; ausência de neurocirurgias de estimulação cerebral; ausência de doenças

cardiovasculares, respiratórias e musculoesqueléticas que comprometessem o

desempenho na avaliação e treinamento, bem como ausência de outras desordens

neurológicas; ausência de distúrbios visuais ou auditivos não corrigidos; capacidade

13

de compreender instruções verbais; ser alfabetizado; assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido.

2.4.2 Critérios de Exclusão

Os indivíduos seriam excluídos caso apresentassem pressão arterial com

valores acima de 140X90 mmHg antes da intervenção (valores referentes ao

primeiro estágio de hipertensão);34 frequência cardíaca acima do valor submáximo -

calculada pela fórmula 0,75 x (220-idade) - durante a intervenção;35 presença de

mal-estar durante os exercícios, tais como náuseas ou dores agudas persistentes; e

desistência voluntária quanto à participação na pesquisa.

2.5 Instrumentos de Avaliação

2.5.1 Avaliação Cognitiva

Para avaliar a função cognitiva, foi aplicada a versão experimental brasileira

da escala Montreal Cognitive Assessment (MoCA), criada com o objetivo de detectar

déficits cognitivos leves, inicialmente em pessoas com Alzheimer.36 No entanto,

estudos posteriores mostraram que a escala também pode ser utilizada para

pessoas com Doença de Parkinson.37-39 Quando comparada ao Mini-exame do

Estado Mental, a MoCA apresenta maior sensibilidade para detectar alterações na

cognição. Sua pontuação varia entre 0 e 30, englobando aspectos relacionados à

função visuoespacial e executiva, nomeação, memória, atenção, linguagem,

abstração, evocação tardia, bem como orientação temporal e espacial.39

A Bateria de Avaliação Frontal foi utilizada para avaliar as funções

executivas, que são processos mentais envolvidos na realização do comportamento

direcionado a um objetivo, expresso através de uma ação mental ou motora. Essa

escala é composta por seis itens, totalizando 18 pontos, os quais englobam noções

de conceituação de objetos e similaridades entre estes, fluência lexical, capacidade

14

de programação motora, comportamento diante de instruções conflitantes, controle

inibitório de ações e comportamento de preensão.40-41

2.5.2 Avaliação da Progressão da Doença

A escala de Hoehn e Yahr modificada compreende sete estágios de

classificação, que permitem a categorização dos dimídios corporais quanto ao

equilíbrio e à independência física, podendo variar de 0 (ausência de doença) a 5

pontos (confinamento à cama ou cadeira).42 Para este estudo, foram incluídos

indivíduos na fase moderada da doença, com acometimento bilateral, equivalendo

aos escores 2 a 3 da escala.

2.5.3 Avaliação do Estado Motor e Funcional

A avaliação do nível de comprometimento motor e funcional foi obtida

através da Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS),

largamente utilizada para detectar o grau de progressão da doença e a eficácia da

terapia farmacológica.42 Essa escala é dividida em 42 itens, distribuídos em 4 partes:

atividade mental, comportamento e humor; atividades da vida diária (AVD’s);

exploração motora; e complicações da terapia medicamentosa. As informações são

obtidas através do auto-relato e da observação clínica. A pontuação para cada item

varia ente 0 e 4, sendo o valor mínimo correspondente à normalidade e o valor

máximo equivalente ao maior comprometimento. Esta pesquisa utilizou apenas os

itens 2 e 3 da escala, correspondentes às AVD’s e à exploração motora, com

pontuações totais de 52 e 56, respectivamente.43

2.5.4 Registro dos dados antropométricos

Os dados antropométricos, peso e altura, foram mensurados através de uma

balança digital e uma fita métrica de metal auto-retrátil (Figura 2).

15

Figura 2: Balança digital Beurer® (A); Fita métrica de metal auto-retrátil Vonder

® (B).

2.5.5 Avaliação da Marcha

A avaliação cinemática da marcha no solo foi realizada por meio do Qualisys

Motion Capture Systems (Qualisys Medical AB, 411 13 Gothenburg, Suécia), que

permite o registro das variáveis espaço-temporais da marcha, bem como das

variações angulares referentes às articulações do quadril, joelho e tornozelo. Esse

sistema é composto por oito câmeras que emitem luz infravermelha (Figura 3),

refletida de volta para as câmeras através de marcadores passivos esféricos

posicionados em proeminências ósseas e em segmentos padronizados para a

captura de dados nos membros inferiores. As câmeras estão conectadas a um

computador, onde são armazenadas as imagens coletadas. Os dados captados em

imagem bidimensional são processados por um software de aquisição, Qualisys

Track Manager 2.6, que reconhece o posicionamento das marcas, e a partir da

combinação das imagens de pelo menos duas câmeras interligadas em série,

possibilita a geração de coordenadas em três dimensões do movimento. Para isso,

os dados são transportados para um software visual 3D (C-Motion, Rockville, MD,

EUA), versão Basic/RT 3.99.25.8), que permite a reconstrução e análise

tridimensional dos segmentos corporais marcados, registrando assim os movimentos

executados durante a marcha.

16

Figura 3: Câmera do Sistema Qualisys Oqus 300 (A); Disposição das câmeras em torno da área de

coleta dos dados (B).

2.6 Instrumentos de Treinamento

2.6.1 Esteira Elétrica

Para o treinamento da marcha, foi utilizada uma esteira elétrica Gait Trainer

2 (Biodex Medical System, NY, EUA), contendo uma área de caminhada de 160 x 51

centímetros (cm), além de barra anterior para apoio dos membros superiores,

monitoração cardíaca através sensores de bioimpedância localizados na barra e

monitor Polar Telemetry (POLAR, EUA). Acoplado à esteira, há um sistema de

suspensão de peso Unweighing System (Biodex Medical System, NY, USA),

composto basicamente por um feixe vertical que transmite o montante de peso

suportado por meio de um colete (Figura 5). Entretanto, como os pacientes não

fizeram uso do sistema de suporte de peso neste estudo, o colete foi utilizado

apenas para proporcionar segurança durante a sessão de treinamento.

17

Figura 4: Esteira elétrica Gait Trainer 2, BIODEX Medical System.

2.7 Procedimentos

Os procedimentos do estudo foram realizados em dois dias. No primeiro dia,

foram aplicados os questionários e realizou-se a avaliação da marcha com DT no

solo. No segundo dia, os indivíduos foram submetidos ao treinamento na esteira e à

reavaliação da marcha com DT no solo (Figura 6). Houve um intervalo de um dia

entre a avaliação e o treinamento.

18

Figura 5: Fluxograma de procedimentos de avaliação e treinamento.

2.7.1 Aspectos Éticos, Formulário de Identificação e Questionários

Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa para Seres

Humanos da Universidade Federal Do Rio Grande do Norte, sob parecer nº

146.802/2012 (Anexo 5). Inicialmente, os voluntários foram informados acerca dos

19

objetivos da pesquisa e assinaram a um termo de consentimento livre e esclarecido,

de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (APÊNDICE 1).

Em seguida, foi preenchido um formulário contendo dados de identificação do

paciente e informações referentes à patologia (APÊNDICE 2). Posteriormente, os

participantes foram submetidos a protocolos que avaliaram os níveis cognitivo e

motor, os quais foram: Montreal Cognitive Assessment – MoCA (ANEXO 1), Bateria

de Avaliação Frontal - BAF(ANEXO 2), Escala de Hoehn e Yahr Modificada (ANEXO

3) e Escala Unificada da Doença de Parkinson - UPDRS (ANEXO 4). Por fim, foram

registrados os dados antropométricos, peso e altura.

2.7.2 Avaliação Cinemática da Marcha no Solo

Concluída a aplicação dos referidos testes, foi realizada a avaliação

cinemática da marcha no solo. Os marcadores utilizados para as coletas tinham 15

mm e 19 mm de diâmetro. Foram posicionados nas seguintes estruturas,

bilateralmente: crista ilíaca, trocânter maior do fêmur, epicôndilos medial e lateral do

fêmur, maléolos medial e lateral, calcâneo, cabeça do primeiro metatarso e cabeça

do quinto metatarso. Essas marcas são denominadas anatômicas, pois têm a função

de demarcar os eixos articulares, permitindo a delimitação dos diferentes

segmentos.

As marcas responsáveis por orientar a trajetória dos segmentos são

classificadas como de rastreamento, estando dispostas sobre uma base retangular

(cluster), em número de quatro. Essas marcas foram posicionadas na base do sacro,

no terço médio da coxa e no terço médio da perna (Figura 8).

Os marcadores anatômicos foram fixados através de fitas adesivas dupla-

face e reforçados com esparadrapos, enquanto os marcadores de rastreamento

foram acoplados aos segmentos corporais através de faixas elásticas e velcros. A

colocação dos marcadores foi feita pelo mesmo avaliador em todos os voluntários, a

fim de preservar a fidedignidade da marcação.

20

Figura 6: Posicionamento das marcas anatômicas e de rastreamento; vista lateral (A); vista anterior

(B); vista posterior (C).

Antes de realizar a coleta dos dados propriamente dita, é necessário que o

sistema reconheça o posicionamento das câmeras e o local onde os movimentos

serão capturados. Para isso, foi realizada a calibração do sistema. Foi posicionada

no centro da área de coleta uma estrutura metálica em forma de “L”, que continha

três marcadores reflexivos na parte correspondente ao eixo Y (ântero-posterior) e

dois marcadores reflexivos na parte equivalente ao eixo X (médio-lateral), estando o

eixo Z no sentido próximo-distal. Essa distribuição permitiu a delimitação das

coordenadas de referência do laboratório.

Em seguida, um objeto metálico em forma de “T” invertido, o qual continha

dois marcadores reflexivos nas extremidades do segmento que fica paralelo ao solo,

fez a varredura da área de coleta. Esses marcadores estavam separados por uma

distância de 750 mm e foram movimentados em todos os planos durante a

calibração, numa frequência aproximada de 120 Hz e com duração de 30 segundos,

conforme as instruções contidas no manual (Figura 4).44

21

Figura 7: Calibração e delimitação dos eixos X (médio-lateral), Y (ântero-posterior) e Z (próximo-

distal), referentes aos planos de movimento.

Após a devida colocação dos marcadores e a calibração do equipamento, foi

realizada uma coleta estática, a fim de informar ao sistema o posicionamento dos

segmentos corporais e possibilitar a posterior reconstrução do modelo biomecânico.

O indivíduo permaneceu em posição ortostática, com os braços cruzados sobre o

tórax, os pés afastados e voltado para uma das câmeras. Nessa posição, foi

efetuada uma filmagem com duração de 3 segundos.

Em seguida, as marcas anatômicas foram retiradas para a realização das

coletas dinâmicas. Permaneceram posicionados apenas os marcadores de

rastreamento referentes aos segmentos coxa e perna, assim como os marcadores

presentes na cabeça do quinto metatarso, maléolo lateral e calcâneo, os quais

corresponderam ao segmento pé.

Inicialmente, os indivíduos foram instruídos a percorrer uma distância de 8

metros, caminhando em uma velocidade máxima confortável, enquanto realizavam

uma tarefa cognitiva. Em cada volta, era sorteada uma letra do alfabeto, e o

indivíduo deveria dizer o maior número de palavras possível começando com essa

22

letra. O seguinte comando era fornecido ao voluntário, antes de cada coleta

dinâmica: “Quando eu disser ‘já’, você vai caminhar o mais rápido que conseguir,

dizendo palavras que comecem com a letra “__”. Os indivíduos também eram

orientados a, em casos de não se lembrarem de palavras, não parar durante a

trajetória, mas continuar caminhando e tentando se lembrar. Dez coletas dinâmicas

foram realizadas.

2.7.3 Randomização e Sigilo de Alocação

A randomização dos indivíduos em relação à participação nos grupos foi

feita através do site randomization.com, por uma pessoa não vinculada aos

procedimentos de treinamento (avaliador 1), que conferiu a cada grupo uma

codificação (amarelo e verde). Foram separados e numerados envelopes opacos, e

dentro de cada envelope foi inserido um papel contendo o nome “amarelo” ou

“verde”. À medida que um novo paciente chegava para o treinamento, o avaliador 2

abria um envelope e só tinha conhecimento do código referente àquele paciente. O

avaliador 3, representado pela pesquisadora responsável, fazia os procedimentos de

avaliação e reavaliação dos indivíduos. O sigilo de alocação foi mantido pelos

avaliadores 1 e 2 durante todo o decorrer da pesquisa.

2.7.4 Intervenção

No segundo dia, o GE (n=11) realizou o treino de marcha em esteira

simultaneamente a um protocolo de tarefas cognitivas, envolvendo algumas funções

atentivas e executivas, tais como fluência verbal, memória de trabalho e

planejamento espacial (APÊNDICE 3). Esse protocolo foi criado especificamente

para este estudo, com base nas atividades cognitivas realizadas em estudos

anteriores45 e em um estudo piloto realizado antes do início desta pesquisa. O

treinamento teve duração de 20 minutos. Os primeiros 3 minutos permitiram a

familiarização do indivíduo com a esteira. A partir do 4º minuto, o voluntário

caminhava durante 1 minuto enquanto realizava tarefas cognitivas, e no minuto

23

seguinte, apenas caminhava. Dessa forma, os 17 minutos restantes na esteira foram

alternados: um minuto era composto pelo treino na esteira com associação a

determinada tarefa cognitiva, e o minuto seguinte era composto apenas pelo treino

em esteira. O GC (n=11) realizou somente o treino em esteira. O treinamento teve

duração de 20 minutos para os dois grupos. A velocidade de marcha na esteira para

ambos os grupos foi aquela referida pelo paciente como a mais rápida confortável.

Os sinais vitais (frequência cardíaca e pressão arterial) foram monitorados antes,

durante e após a sessão (Figura 8).

Figura 8: Treinamento de marcha na esteira.

Imediatamente após o treino na esteira, foi feita a reavaliação da marcha no

solo, na condição de DT, através de dez capturas dinâmicas, igualmente aos

procedimentos realizados no primeiro dia.

2.8 Redução dos Dados

Após a realização das coletas com os pacientes, a primeira etapa consistiu

em processar os dados de movimento captados a partir da cinemetria, o que foi feito

inicialmente no software Qualisys Track Manager (QTM), versão 2.6 (Figura 9). Para

24

tanto, foi necessário informar ao sistema o significado de cada marcador filmado,

fornecendo as referências anatômicas que posteriormente constituiriam o modelo

biomecânico. A partir da coleta estática, foram fornecidos nomes padronizados para

cada marcador, que correspondiam às articulações e segmentos dos membros

inferiores. As marcas anatômicas fixadas bilateralmente na crista ilíaca e no

trocanter maior do fêmur delimitaram a pelve, juntamente com o cluster posicionado

na base do sacro, através do qual foram captados os deslocamentos referentes ao

segmento pelve. Cada coxa foi definida a partir das marcas anatômicas localizadas

no trocanter maior e nos epicôndilos medial e lateral do fêmur, associados ao cluster

no terço médio do segmento. A perna foi formada a partir das marcas fixadas nos

epicôndilos do fêmur e nos maléolos medial e lateral, juntamente com o cluster

presente no terço médio do segmento. O tornozelo e o pé foram demarcados a partir

dos marcadores presentes no calcâneo, maléolos medial e lateral, e cabeças do

primeiro e quinto metatarso.

25

Figura 9: Processamento dos dados no QTM; Coleta estática (A); Coleta dinâmica (B).

Após a nomeação das marcas, um único frame foi recortado e exportado

para o software Visual 3D, responsável pela reconstrução tridimensional das

imagens captadas (Figura 10).

Efetuado o processamento da coleta estática no QTM, foram selecionadas

dez coletas dinâmicas, que após terem os marcadores nomeados, foram recortadas.

Os recortes continham dois ciclos completos de marcha para cada membro inferior,

ou seja, dois contatos iniciais e duas retiradas do pé. Em seguida, as dez coletas

recortadas foram exportadas para o software Visual 3D, onde as coordenadas de

rastreamento dos segmentos foram associadas ao modelo formado a partir da coleta

estática. O sistema de coordenadas no Visual 3D utilizou a sequência dos ângulos

26

de Cardan (definido como a orientação do sistema de coordenadas de um corpo

rígido em relação a um sistema de coordenadas de referência). Neste caso, a

posição ortostástica foi adotada como referência.

Figura 10: Processamento dos dados no Visual 3D; Coleta estática (A); Coleta dinâmica(B).

Para eliminar os ruídos provenientes da movimentação dos marcadores

sobre a pele dos voluntários, foi aplicado um filtro passa baixa com frequência de

corte equivalente a 6 Hz em relação às trajetórias dos marcadores.

Após a associação das coletas dinâmicas ao modelo estático no Visual 3D,

os eventos foram marcados, ou seja, foi necessário informar ao sistema o momento

exato em que ocorreu cada contato inicial do pé e cada retirada deste. A partir

desses dados, as variáveis angulares foram analisadas. Os deslocamentos

27

angulares do quadril, joelho e tornozelo foram representados em porcentagem do

ciclo de marcha (0 a 100%).

Das dez coletas dinâmicas exportadas, apenas os cinco ciclos mais

homogêneos entre si foram selecionados para análise, o que era observado a partir

da interseção dos gráficos das curvas.

As variáveis angulares analisadas foram: máxima flexão do quadril no

balanço, máxima extensão do quadril no apoio e amplitude de movimento (ADM) do

ciclo; máxima flexão do joelho no balanço, máxima extensão do joelho no apoio,

ADM do ciclo e ângulo articular no contato inicial; máxima dorsiflexão no balanço,

máxima flexão plantar na retirada do membro, ADM do ciclo e ângulo articular no

contato inicial.

As variáveis espaço-temporais consideradas para análise foram: velocidade

(m/s), comprimento do passo (m), comprimento da passada (m), largura da passada

(m) cadência (passos/min), tempo das fases de apoio e balanço (%) e tempo de

duplo suporte (%).

2.9 Análise Estatística

A análise estatística foi realizada por meio do programa estatístico Statistical

Package for the Social Science (SPSS), versão 19.0. Antes da análise de cada

grupo, a normalidade na distribuição dos dados foi verificada por meio dos

procedimentos da estatística descritiva e do teste Kolmogorov-Smirnov (K-S).

Para expor os dados referentes ao perfil clínico, demográfico e

antropométrico, foram utilizadas medidas de tendência central e dispersão. Para os

dados que apresentaram uma distribuição normal, foi utilizado o teste t pareado a

fim de comparar as variáveis espaço-temporais e angulares intragrupos, enquanto o

teste t student para amostras independentes foi usado a fim de comparar as

variáveis entre os grupos experimental e controle. Para os dados que não

apresentaram diminuição normal, foi usado o teste de Mann-Whitney. Em todas as

situações, foi atribuído um nível de significância de 5%.

28

3 RESULTADOS

29

Um total de 26 indivíduos com DP participaram da etapa de avaliação,

seguindo aos critérios de inclusão definidos por este estudo. No entanto, foram

excluídos 4 indivíduos, dos quais 2 não quiseram realizar o treinamento e 2 foram

retirados na fase de processamento devido à movimentação excessiva das marcas

de rastreamento.

A amostra foi composta por 22 indivíduos (15 homens e 7 mulheres).

Destes, 18,18% apresentavam dominância no membro inferior esquerdo, enquanto

81,82% tinham dominância no membro inferior direito. As características clínicas,

demográficas e antropométricas dos grupos estão dispostas na Tabela 1, com as

respectivas médias, desvios-padrão e valores de p:

Tabela 1: Caracterização da amostra de acordo com o grupo de intervenção.

VARIÁVEIS GC GE p

Peso (Kg) 62,65 ± 13,47 66,61 ± 8,45 0,41

Altura (m) 1,60 ± 0,08 1,66 ± 0,09 0,17

Idade (anos) 59,00 ± 8,87 56,54 ± 6,31 0,46

Tempo de diagnóstico (anos) 6,59 ± 3,45 5,90 ± 3,12 0,63

Escolaridade (anos) 11,90 ± 4,40 11,04 ± 3,99 0,63

MoCA (a)

23,54 ± 2,84 24,81 ± 2,89 0,31

BAF (b)

14,63 ± 2,65 15,00 ± 2,19 0,73

UPDRS II (c)

16,81 ± 6,01 13,09 ± 5,08 0,13

UPDRS III (d)

16± 5,56 13 ± 4,14 0,16

HY 2,86 ± 0,23 2,55 ± 0,42 0,06

Velocidade da esteira 2,89 ± 0,55 3,18 ± 0,52 0,21

Média ± desvio padrão, *p < 0,05

GC: grupo controle, GE: grupo experimental

a) Montreal Cognitive Assessment (MoCA); b) Bateria de Avaliação Frontal (BAF); c) e d) Escala

Unificada da Doença de Parkinson (UPDRS – Seção II, Domínio de Atividades da Vida Diária; Seção

III, Domínio Motor)

As variáveis espaço-temporais não apresentaram diferenças significativas

entre os grupos após o treinamento. No entanto, a análise intragrupo mostrou que

após a intervenção, o grupo controle apresentou aumento no comprimento do passo

(p=0,02), velocidade (p=0,008) e comprimento da passada (p=0,049). Observou-se

30

também diminuição no tempo de duplo suporte (p=0,03). O grupo experimental

apresentou aumento na velocidade (p=0,002), comprimento do passo (p=0,02),

comprimento da passada (p=0,008) e cadência (p=0,01). Observou-se também

diminuição na largura da passada (p=0,001) e no tempo total de apoio (p=0,02). As

variáveis espaço-temporais estão dispostas na Tabela 2. Foram considerados os

dados referentes ao membro dominante, e não ao membro mais afetado, pois

segundo Trigueiro41, não há diferenças no padrão cinemático entre os membros

inferiores durante a marcha na DP.

Tabela 2: Variáveis espaço-temporais pré e pós-treinamento nos grupos controle e

experimental.

VARIÁVEIS GC GE

PRÉ PÓS PRÉ PÓS

Velocidade (m/s) 0,91 ± 0,31 1,00 ± 0,28 (**)

1,03 ± 0,22 1,12 ± 0,19 (**)

Comprimento da passada (m) 1,06 ± 0,23 1,12 ± 0,18 (*)

1,19 ± 0,19 1,24 ± 0,17 (**)

Largura da passada (m) 0,11 ± 0,03 0,11 ± 0,03 0,10 ± 0,03 0,09 ± 0,03 (**)

Cadência (passos/min) 201,31 ± 43,54 205,04 ± 38,46 208,00 ± 21,12 217,07 ± 22,45

Tempo total de apoio (%) 0,62 ± 0,03 0,59 ± 0,04 0,61 ± 0,02 0,60 ± 0,01 (*)

Tempo total de balanço (%) 0,37 ± 0,03 0,38 ± 0,04 0,39 ± 0,02 0,40 ± 0,01

Tempo de duplo suporte (%) 0,12 ± 0,03 0,10 ± 0,02 (*)

0,10 ± 0,02 0,10 ± 0,01

Comprimento do passo 0,54 ± 0,12 0,57 ± 0,09 (*)

0,61 ± 0,10 0,64 ± 0,08 (*)

Cadência - MD 100,86 ± 23,05 102,08 ± 20,6 101,76 ± 9,90 107,12 ± 10,9 (*)

Tempo de apoio - MD (s) 0,79 ± 0,25 0,72 ± 0,13 0,71 ± 0,08 0,67 ± 0,08 (*)

Tempo de apoio - MD (%) 0,31 ± 0,01 0,29 ± 0,02 0,30 ± 0,01 0,30 ± 0,008

Tempo de balanço - MD (s) 0,46 ± 0,10 0,45 ± 0,08 0,46 ± 0,04 0,44 ± 0,04

Tempo de balanço - MD (%) 0,18 ± 0,01 0,18 ± 0,02 0,19 ± 0,01 0,20 ± 0,01

Média ± desvio padrão, *p < 0,05, **p < 0,01

GC: grupo controle, GE: grupo experimental

MD: membro dominante.

A análise das variáveis angulares mostrou que não houve diferenças

significativas intergrupos após a intervenção. No entanto, a avaliação intragrupo

mostrou aumento significativo no ângulo do contato inicial do tornozelo (p=0,02)

31

apenas no grupo experimental. A representação dos deslocamentos angulares no

plano sagital referentes às três articulações (quadril, joelho e tornozelo) do membro

inferior dominante está exposta na Figura 11.

(A)

(B)

(C)

Figura 11: Deslocamento angular do quadril (A), joelho (B) e tornozelo (C) durante o ciclo da marcha

nos grupos controle e experimental, pré e pós treinamento. Os valores positivos indicam flexão do

quadril, joelho e dorsiflexão do tornozelo e os negativos indicam extensão do quadril, joelho e flexão

plantar do tornozelo.

32

Tabela 3: Variáveis angulares pré e pós treinamento nos grupos controle e experimental.

VARIÁVEIS GC GE

PRÉ PÓS PRÉ PÓS

QUADRIL

Máxima flexão no balanço (°) 43,06 ± 9,95 42,62 ± 12,26 39,12 ± 10,63 37,72 ± 9,87

Máxima extensão no apoio (°) 5,93 ± 12,12 4,56 ± 13,45 -0,91 ± 8,62 -2,80 ± 8,16

ADM (°) 37,13 ± 7,37 38,06 ± 5,48 40,03 ± 6,93 40,53 ± 5,36

JOELHO

Máxima flexão no balanço (°) 68,64 ± 7,50 70,35 ± 6,59 70,32 ± 6,00 68,75 ± 4,75

Máxima extensão no apoio (°) 11,48 ± 8,22 11,67 ± 7,79 10,88 ± 6,92 8,70 ± 5,76

ADM (°) 57,16 ± 6,98 58,68 ± 8,77 59,43 ± 7,59 60,05 ± 5,82

Ângulo no contato inicial (°) 15,15 ± 6,95 14,74 ± 7,10 16,08 ± 8,73 13,46 ± 5,64

TORNOZELO

Máxima dorsiflexão no balanço (°) 9,52 ± 7,31 8,70 ± 6,76 8,28 ± 3,62 9,29 ± 2,61

Máxima flexão plantar no apoio (°) -12,58 ± 9,81 -13,83 ± 8,42 -14,55 ± 4,81 -15,90 ± 5,53

ADM (°) 22,10 ± 5,06 22,54 ± 4,46 22,84 ± 4,44 25,20 ± 5,67

Ângulo no contato inicial (°) -3,96 ± 4,74 -3,99 ± 6,56 -2,22 ± 4,31 -0,41 ± 3,56 (*)

Média ± desvio padrão, *p < 0,05

GC: grupo controle, GE: grupo experimental

ADM: amplitude de movimento

33

4 DISCUSSÃO

34

Este estudo investigou os efeitos imediatos do treino em esteira associado a

tarefas cognitivas sobre a marcha parkinsoniana em condição de DT no solo. Os

resultados não evidenciaram diferenças significativas entre os grupos experimental e

controle, no entanto, ambos apresentaram melhoras nas variáveis de marcha com

DT após o treino.

A análise das variáveis espaço-temporais mostrou aumentos no comprimento

da passada e do passo no grupo controle. Se a avaliação do desempenho de

marcha fosse feita em uma situação de tarefa simples, esses aumentos poderiam

ser explicados pela atuação da esteira como uma pista externa mediada pelos

receptores proprioceptivos.46

A hipocinesia de marcha presente na DP reflete a dificuldade em regular

internamente o comprimento da passada e ativar o sistema de controle motor.

Entretanto, estudos têm mostrado que o indivíduo com DP pode gerar um padrão de

passo normal na presença de estimulação sensorial adequada, pois apesar das

projeções pálido-corticais internas defeituosas, as circuitarias intactas do córtex pré-

motor são ativadas e controlam externamente os movimentos guiados. Desse modo,

o movimento ocorre em resposta a uma retroalimentação, e não como uma resposta

gerada internamente a partir de planejamento e ântero-alimentação do controle

motor. Sendo assim, a ritimicidade constante fornecida pela esteira funcionaria como

uma pista externa. Além disso, a informação visual, fornecida pelo fluxo óptico e pela

distância do pé à frente da esteira, também tem sido sugerida como um possível

mecanismo em que a esteira promove mudanças no passo na DP.46

No entanto, este estudo avaliou o desempenho de marcha simultaneamente a

uma atividade cognitiva, ou seja, o córtex motor já estaria sendo ativado. Mesmo

assim, o treino em esteira como tarefa simples promoveu melhoras. Isso pode ser

explicado devido à prática repetida dos movimentos, que possibilitou maior

automatização da marcha, de maneira que quando o indivíduo foi submetido à

situação de DT, o córtex motor pôde dedicar os recursos atentivos à tarefa

secundária.

A redução no comprimento do passo é considerada o fator mais marcante na

DP, sendo frequentemente acompanhada por menor velocidade de marcha e maior

duração da fase de duplo suporte. Segundo O’Shea e colaboradores16, as mudanças

35

na marcha durante a DT podem resultar de compensações adotadas pelos

indivíduos para reduzir o risco de quedas. Rápidas velocidades de caminhada

requerem maior controle do equilíbrio devido às rápidas acelerações do centro de

massa e à redução no tempo de duplo suporte. Assim, lentificando a velocidade e

reduzindo o comprimento da passada, as pessoas com DP podem tentar diminuir as

exigências de equilíbrio para a marcha. Paradoxalmente, as velocidades mais lentas

podem aumentar as demandas de equilíbrio por causa do maior tempo que deve ser

dedicado ao balanço dos braços, cabeça e tronco sobre a perna de apoio.16

No presente estudo, o grupo controle obteve aumento na velocidade e

diminuição na fase de duplo suporte, indicando aumento na capacidade de transferir

o peso adequadamente na preparação para o passo e maior segurança para a

marcha associada a atividades secundárias.48

O grupo experimental obteve aumento na velocidade, comprimento do

passo, comprimento da passada e cadência, além de diminuição na largura da

passada e no tempo total de apoio, mostrando diferenças em um maior número de

variáveis quando comparado ao grupo controle. Isso pode ter acontecido em virtude

da maior especificidade da tarefa treinada, requisito básico para que haja

reorganização cortical e posterior aprendizagem motora.45 Pesquisas mostraram, a

partir de imagens de ressonância magnética, que já ocorrem mudanças no padrão

de ativação cortical em curto prazo, com apenas uma sessão de treinamento. 46-47

Além disso, segundo Souza, a dificuldade apresentada por indivíduos com

DP durante a DT não é devida apenas à perda na automaticidade dos movimentos,

mas também às deficiências executivas relacionadas à atenção e à memória

operacional. Assim, um treino que englobe esses aspectos pode potencializar o

desempenho de marcha com DT na DP.48

A intervenção promoveu aumento na cadência associado ao aumento no

comprimento do passo, o que é um fator positivo, pois possibilita que o indivíduo

percorra um maior percurso em menor intervalo de tempo. Devido ao tamanho

reduzido da passada, os indivíduos com DP geralmente apresentam um aumento

compensatório na cadência. Segundo Morris49, a capacidade de modular essa

variável permanece intacta, não constituindo um distúrbio motor central.

36

A largura da passada reflete um distúrbio do equilíbrio durante a marcha,

sendo o aumento nessa variável uma compensação para a instabilidade médio-

lateral, além de estar relacionada a um maior risco de quedas. Portanto, a redução

na largura da passada observada no grupo experimental denota aquisição de maior

estabilidade, assim como a diminuição no tempo de apoio.

O tempo de 20 minutos de treino foi adotado por este estudo por ser

comprovado em estudos anteriores como o mínimo capaz de gerar mudanças

significativas da marcha na DP, conforme mostrado em estudos anteriores.28

Na análise das variáveis angulares, apesar de não haver diferenças

significativas entre os grupos após a intervenção, o grupo experimental apresentou

redução no ângulo de contato inicial do tornozelo. Isso significa que diminuiu a

quantidade de flexão plantar no momento do contato inicial, possibilitando uma

angulação mais próxima do normal, a qual varia entre 0 e 5 graus. A diminuição na

oscilação do calcanhar no contato inicial é característica de um contato com pé

plano no solo e talvez seja o principal causador de quedas na DP, pois o indivíduo

necessita de uma base de suporte imediata. O aumento na dorsiflexão permite um

maior controle do membro até a realização do choque de calcanhar.50

Wu e Hallet observaram a atividade cerebral de indivíduos com DP e

saudáveis realizando DT em diferentes complexidades, antes e depois da prática, a

partir de imagens de ressonância magnética. Comparados aos saudáveis, os

parkinsonianos precisavam de uma maior ativação cortical para realizar as mesmas

tarefas. No entanto, após o treinamento dos movimentos, os indivíduos com DP

tiveram uma importante redução na atividade cortical, provando que a prática

realmente os capacita a realizarem DT com mais eficiência.51

Portanto, era esperado que o grupo experimental apresentasse resultados

superiores na marcha em condição de DT, devido à especificidade da prática e ao

treinamento de atenção e memória simultaneamente ao treino motor. Entretanto,

essa hipótese não foi confirmada, pois a duração da intervenção e a intensidade de

prática não foram suficientes para os indivíduos incorporarem as tarefas mais

complexas ao padrão motor. Brauer e Morris25 realizaram uma sessão de 20 minutos

de treinamento com DT em indivíduos com DP e observaram melhora na marcha

com DT, no entanto, não havia grupo controle para fins de comparação. No presente

37

estudo, o treinamento também teve a duração de 20 minutos e as variáveis de

marcha com DT apresentaram melhoras após o treinamento, mas estas não foram

suficientes para apontar a superioridade em relação ao grupo controle.

De acordo com Floyer-Lea e Matthews, a aquisição de uma nova habilidade

motora segue distintos estágios com a prática: no primeiro, o desempenho do

indivíduo melhora rapidamente dentro de uma única sessão de treinamento. Depois,

existe um estágio de aprendizagem mais lento, em que os ganhos no desempenho

são vistos após diversas sessões de prática. O último estágio envolve um processo

independente de prática, conhecido como consolidação. Quanto maior for a

complexidade da tarefa, mais demorado é o processo.52 Os participantes deste

estudo enquadram-se no primeiro estágio, pois realizaram apenas uma sessão de

prática. Assim, obtiveram ganhos rápidos, mas que não foram suficientes para

consolidá-los em seu padrão locomotor, principalmente pela complexidade da tarefa,

o que representou a ausência de diferenças estatísticas em relação ao grupo

controle.

Considerando que apenas uma sessão de treino na esteira foi capaz de gerar

mudanças significativas na marcha com DT, esse instrumento aliado a diversas

sessões de prática pode ser eficaz para minimizar a interferência negativa da DT

sobre a marcha na DP. A velocidade constante imposta pelo equipamento permite a

repetição dos movimentos, favorecendo a aprendizagem motora.8 Portanto, este

estudo demonstrou que a esteira, mesmo sem estar associada ao treino de

atividades cognitivas, é capaz de promover melhora no desempenho de marcha com

DT no solo em parkinsonianos.

Limitações do estudo

Este estudo verificou apenas os efeitos imediatos do treino em esteira com

DT, não possibilitando tempo suficiente para a aprendizagem e transferência do

padrão para o solo. Sendo assim, sugere-se que futuros estudos realizem a

intervenção longitudinal, a fim de investigar se o treinamento em esteira associado a

atividades cognitivas é capaz de melhorar as variáveis espaço-temporais e

angulares de marcha com DT na DP. O tempo de retenção também deve ser

38

considerado e o tamanho da amostra deve ser definido a partir de um cálculo

amostral. Sugere-se também que sejam comparados o treino de marcha com DT em

diferentes ambientes, esteira e solo, a fim de investigar se o treino com DT em

esteira é superior ao treino com DT no solo. Indivíduos que estejam nos diferentes

estágios da Escala de Hoehn e Yahr devem ser englobados, pois os resultados do

presente estudo se aplicam apenas aos indivíduos na fase moderada da doença.

39

5 CONCLUSÃO

40

O treino de marcha na esteira associado a atividades cognitivas não

proporcionou melhoras significativas na marcha com DT na DP, o que não confirma

a hipótese apresentada por este estudo. No entanto, o treino de marcha na esteira

enquanto tarefa simples foi capaz de gerar melhoras em variáveis espaço-temporais

e angulares da marcha com DT na DP, o que até então não havia sido mostrado por

estudos anteriores. Esses resultados sugerem que o treino em esteira pode

melhorar o desempenho de indivíduos com DP na fase moderada durante a marcha

com DT em solo, minimizando a interferência negativa da DT.

41

6 REFERÊNCIAS

42

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18 Rochester L, Nieuwboer A, Baker K, Hetherington V, Willems AM, Kwakkel G, van

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20 Wu T, Hallett M. Neural correlates of dual task performance in patients with

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24 Galletly R, Brauer SG. Does the type of concurrent task affect preferred and cued

gait in people with Parkinson’s disease? Aust J Physiother, 2005; 51(3):175-80.

25 Brauer SG, Morris ME. Can people with Parkinson’s disease improve dual tasking

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moderate Parkinson’s disease: a pilot study. Clin Rehabil, 2008; 22:226-33.

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29 Herman T, Giladi N, Hausdorff JM. Treadmill training for the treatment of gait

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34 Chobanian AV, Bakris GL, Black HR et al. The Seventh Report of the Joint

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41 Beato, RG, Carvalho-Amaral, V Nitrini R, Formigoni AP, Caramelli, P. Brazilian

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42 Goulart F, Pereira FX. Uso de escalas para a avaliação da doença de Parkinson

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43 Coelho MS, Patrizzi LJ, Oliveira APR. Impacto das alterações motoras nas

atividades da vida diária na doença de Parkinson. 2006; 14(4): 178-181.

44 Qualisys Track Manager User Manual. Qualisys AB. Suécia, 2006

45 Al-Yahya E, Dawes H, Smith L, Dennis A, Howells K, Cockburn J. Cognitive motor

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46 Rochester L, Hetherington V, Jones D, Nieuwboer A, Willems AM, KwakkelG, van

Wegen E. The effects of external rhythmic cues (auditory and visual) on walking

during a finctional task in homes of people with Parkinson’s disease. Arch Phys Med

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47

47 Yang YR, Lee YY, Cheng SJ, Lin PY, Wang RY. Relationships between gait and

dynamic balance in early Parkinson’s disease. Gait Posture. 2008; 27(4): 611-5.

48 Delval A, Salleron J, Bourriez JL, Bleuse S, Moreau C, Krystkoviak P, Defebvre L,

Devos P, Duhamel A. Kinematic angular parameters in PD: Reliability of joint angle

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49 Morris ME, Iansek R, Matyas TA, Summers JJ. Ability to modulate walking

cadence remains intact in Parkinson’s disease. J Neurol Neuro Surg Psychiatry.

1994; 57(12): 1532-34.

50 Perry J. Análise de marcha: marcha normal. São Paulo: Manole, 2005.

51 Wu T, Hallett M. Neural correlates of dual task performance in patients with

Parkinson’s disease. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2008; 79:760-66.

52 Floyer-Lea A, Matthews PM. Distinguishable brain activation networks for short-

and long-term motor skill learning. J Neurophysiol. 2005; 94:512-18.

ANEXOS

ANEXO 1

ANEXO 2

BATERIA DE AVALIAÇÃO FRONTAL

1. Similaridades (conceituação)

“De que maneira eles são parecidos?”

“Uma banana e uma laranja”.

(Caso ocorra falha total: “eles não são parecidos” ou falha parcial: “ambas têm

casca”, ajude o paciente dizendo: “tanto a

banana quanto a laranja são...”; mas credite 0 para o item; não ajude o paciente nos

dois itens seguintes).

“Uma mesa e uma cadeira”.

“Uma tulipa, uma rosa e uma margarida”.

Escore (apenas respostas de categorias [frutas, móveis, flores] são consideradas

corretas).

– Três corretas: 3

– Duas corretas: 2

– Uma correta: 1

– Nenhuma correta: 0

2. Fluência lexical (flexibilidade mental)

“Diga quantas palavras você puder começando com a letra ‘S’, qualquer

palavra exceto sobrenomes ou nomes próprios”.

Se o paciente não responder durante os primeiros 5 segundos, diga: “por exemplo,

sapo”. Se o paciente fizer uma pausa de 10

segundos, estimule-o dizendo: ”qualquer palavra começando com a letra ‘S’”. O

tempo permitido é de 60 segundos.

Escore (repetições ou variações de palavras [sapato, sapateiro], sobrenomes ou

nomes próprios não são contados como respostas corretas).

– Mais do que nove palavras: 3

– Seis a nove palavras: 2

– Três a cinco palavras: 1

– Menos de três palavras: 0

3. Série motora (programação)

“Olhe cuidadosamente para o que eu estou fazendo”.

O examinador, sentado em frente ao paciente, realiza sozinho, três vezes, com sua

mão esquerda a série de Luria “punho-borda-palma”.

“Agora, com sua mão direita faça a mesma série, primeiro comigo, depois

sozinho”.

O examinador realiza a série três vezes com o paciente, então diz a ele/ela: “Agora,

faça sozinho”.

Escore

– Paciente realiza seis séries consecutivas corretas sozinho: 3

– Paciente realiza pelo menos três séries consecutivas corretas sozinho: 2

– Paciente fracassa sozinho, mas realiza três séries consecutivas corretas com o

examinador: 1

– Paciente não consegue realizar três séries consecutivas corretas mesmo com o

examinador: 0

4. Instruções conflitantes (sensibilidade a interferência)

“Bata duas vezes quando eu bater uma vez”.

Para ter certeza de que o paciente entendeu a instrução, uma série de três

tentativas é executada: 1-1-1.

“Bata uma vez quando eu bater duas vezes”.

Para ter certeza de que o paciente entendeu a instrução, uma série de três

tentativas é executada: 2-2-2.

O examinador executa a seguinte série: 1-1-2-1-2-2-2-1-1-2.

Escore

– Nenhum erro: 3

– Um ou dois erros: 2

– Mais de dois erros: 1

– Paciente bate como o examinador pelo menos quatro vezes consecutivas: 0

5. Vai-não vai (controle inibitório)

“Bata uma vez quando eu bater uma vez”

Para ter certeza de que o paciente entendeu a instrução, uma série de três

tentativas é executada: 1-1-1.

“Não bata quando eu bater duas vezes”.

Para ter certeza de que o paciente entendeu a instrução, uma série de três

tentativas é executada: 2-2-2.

O examinador executa a seguinte série: 1-1-2-1-2-2-2-1-1-2.

Escore

– Nenhum erro: 3

– Um ou dois erros: 2

– Mais de dois erros: 1

– Paciente bate como o examinador pelo menos quatro vezes consecutivas: 0

6. Comportamento de preensão (autonomia ambiental)

“Não pegue minhas mãos”

O examinador está sentado em frente ao paciente. Coloca as mãos do paciente,

com as palmas para cima, sobre os joelhos dele/dela. Sem dizer nada ou olhar para

o paciente, o examinador coloca suas mãos perto das mãos do paciente e toca as

palmas de ambas as mãos do paciente, para ver se ele/ela pega as

espontaneamente. Se o paciente pegar as mãos, o examinador tentará novamente

após pedir a ele/ela: “Agora, não pegue minhas mãos”.

Escore

– Paciente não pega as mãos do examinador: 3

– Paciente hesita e pergunta o que ele/ela deve fazer: 2

– Paciente pega as mãos sem hesitação: 1

– Paciente pega as mãos do examinador mesmo depois de ter sido avisado para

não fazer isso: 0.

ANEXO 3

ESCALA DE INCAPACIDADE DE HOEHN E YAHR MODIFICADA

ESCALA DE INCAPACIDADE DE HOEHN E YAHR MODIFICADA

ESTÁGIO Ø Nenhum sinal da doença;

ESTÁGIO 1,0 Doença unilateral;

ESTÁGIO 1,5 Envolvimento unilateral e axial;

ESTÁGIO 2,0 Doença bilateral, sem déficit de equilíbrio;

ESTÁGIO 2,5 Doença bilateral leve, com recuperação no teste do empurrão

ESTÁGIO 3,0 Doença bilateral leve a moderada, alguma instabilidade postural, capacidade para viver independente.

ESTÁGIO 4,0 Incapacidade grave, ainda capaz de caminhar ou permanecer de pé sem ajuda.

ESTÁGIO 5,0 Confinado à cama ou à cadeira de rodas, a não ser que receba ajuda.

DATA DA AVALIAÇÃO: _______/_______/

2012.

CÓDIGO:

_____________________________________

ANEXO 4

ESCALA UNIFICADA DE AVALIAÇÃO PARA A DOENÇA DE PARKINSON (UPDRS)

1. Fala 0= normal 1= comprometimento superficial. Nenhuma dificuldade em ser entendido. 2= comprometimento moderado. Solicitado a repetir frases, às vezes. 3= comprometimento grave. Solicitado frequentemente a repetir frases. 4= retraído, perda completa da motivação. 2. Salivação 0= normal 1= excesso mínimo de saliva, mas perceptível. Pode babar à noite. 2= excesso moderado de saliva. Pode apresentar alguma baba (drooling). 3= excesso acentuado de saliva. Baba frequentemente. 4= baba continuamente. Precisa de lenço constantemente. 3. Deglutição 0= normal 1= engasgos raros 2= engasgos ocasionais 3= deglute apenas alimentos moles. 4= necessita de sonda nasogástrica ou gastrostomia. 4. Escrita 0= normal 1= um pouco lenta ou pequena. 2= menor e mais lenta, mas as palavras são legíveis. 3= gravemente comprometida. Nem todas as palavras são comprometidas. 4= a maioria das palavras não são legíveis. 5. Cortar alimentos ou manipular 0= normal 1= lento e desajeitado, mas não precisa de ajuda. 2= capaz de cortar os alimentos, embora desajeitado e lento. Pode precisar de ajuda. 3= alimento cortado por outros, ainda pode alimentar-se, embora lentamente. 4= precisa ser alimentado por outros 6. Vestir 0= normal.

1= lento, mas não precisa de ajuda. 2= necessita de ajuda para abotoar e colocar os braços em mangas de camisa. 3= necessita de bastante ajuda, mas consegue fazer algumas coisas sozinho. 4= não consegue vestir-se (nenhuma peça) sem ajuda. 7. Higiene 0= normal. 1= lento, mas não precisa de ajuda. 2= precisa de ajuda no chuveiro ou banheira, ou muito lento nos cuidados de higiene. 3= necessita de assistência para se lavar, escovar os dentes, pentear-se, ir ao banheiro. 4= sonda vesical ou outra ajuda mecânica. 8. Girar no leito e colocar roupas de cama. 0= normal. 1= lento e desajeitado, mas não precisa de ajuda. 2= pode girar sozinho na cama ou colocar os lençóis, mas com grande dificuldade. 3= pode iniciar, mas não consegue rolar na cama ou colocar lençóis. 4= não consegue fazer nada. 9. Quedas (não relacionadas ao freezing) 0= nenhuma 1= quedas raras. 2= cai ocasionalmente, menos de uma vez por dia. 3= cai, em média, uma vez por dia. 4= cai mais de uma vez por dia. 10. Freezing quando anda 0= nenhum 1= raro freezing quando anda, pode ter hesitação no início da marcha. 2= freezing ocasional, enquanto anda. 3= freezing frequente, pode cair devido ao freezing. 4= quedas frequentes devido ao freezing. 11. Marcha 0= normal. 1= pequena dificuldade. Pode não balançar os braços ou tende a arrastar as pernas. 2= dificuldade moderada, mas necessita de pouca ajuda ou nenhuma. 3= dificuldade grave na marcha, necessita de assistência. 4= não consegue andar, mesmo com ajuda. 12. Tremor 0= ausente.

1= presente, mas infrequente. 2= moderado, mas incomoda o paciente. 3= grave, interfere com muitas atividades. 4= marcante, interfere na maioria das atividades. 13. Queixas sensitivas relacionadas ao parkinsonismo 0= nenhuma. 1= dormência e formigamento ocasional, alguma dor. 2= dormência, formigamento e dor frequente, mas suportável. 3= sensações dolorosas frequentes. 4= dor insuportável. III. EXAME MOTOR

14. Fala 0= normal. 1= perda discreta da expressão, volume ou dicção. 2= comprometimento moderado. Arrastado, monótono, mas compreensível. 3= comprometimento grave, difícil de ser entendido. 4= incompreensível. 15. Expressão facial 0= normal. 1= hipomimia mínima. 2= diminuição pequena, mas anormal, da expressão facial. 3= hipomimia moderada, lábios caídos/afastados por algum tempo. 4= fácies em máscara ou fixa, com pedra grave ou total da expressão facial. Lábios afastados ¼ de polegada ou mais. 16. Tremor de repouso 0= ausente. 1= presente, mas infrequente ou leve. 2= persistente, mas de pouca amplitude, ou moderado em amplitude mas presente de maneira intermitente. 3= moderado em amplitude, mas presente a maior parte do tempo. 4= com grande amplitude e presente a maior parte do tempo. 17. Tremor postural ou de ação nas mãos 0= ausente. 1= leve, presente com a ação. 2= moderado em amplitude, presente com a ação. 3= moderado em amplitude tanto na ação quanto mantendo a postura. 4= grande amplitude, interferindo com a alimentação.

18. Rigidez (movimento passivo das grandes articulações, com paciente sentado e relaxado, ignorar roda denteada) 0= ausente. 1= pequena ou detectável somente quando ativado por movimentos em espelho de outros. 2= leve e moderado. 3= marcante, mas pode realizar o movimento completo da articulação. 4= grave e o movimento completo da articulação só ocorre com grande dificuldade. 19. Bater dedos continuamente – polegar no indicador em sequências rápidas com a maior amplitude possível, uma mão de cada vez. 0= normal. 1= leve lentidão e/ou redução da amplitude. 2= comprometimento moderado. Fadiga precoce e bem clara. Pode apresentar parada ocasional durante o movimento. 3= comprometimento grave. Hesitação frequente para iniciar o movimento ou paradas durante o movimento que está realizando. 4= realiza o teste com grande dificuldade, quase não conseguindo. 20. Movimentos das mãos (abrir e fechar as mãos em movimentos rápidos e sucessivos e com a maior amplitude possível, uma mão de cada vez). 0= normal. 1= leve lentidão e/ou redução da amplitude. 2= comprometimento moderado. Fadiga precoce e bem clara. Pode apresentar parada ocasional durante o movimento. 3= comprometimento grave. Hesitação frequente para iniciar o movimento ou paradas durante o movimento que está realizando. 4= realiza o teste com grande dificuldade, quase não conseguindo. 21. Movimentos rápidos alternados das mãos (pronação e supinação das mãos, horizontal ou verticalmente, com a maior amplitude possível, as duas mãos simultaneamente). 0= normal. 1= leve lentidão e/ou redução da amplitude. 2= comprometimento moderado. Fadiga precoce e bem clara. Pode apresentar parada ocasional durante o movimento. 3= comprometimento grave. Hesitação frequente para iniciar o movimento ou paradas durante o movimento que está realizando. 4= realiza o teste com grande dificuldade, quase não conseguindo. 22. Agilidade da perna (bater o calcanhar no chão em sucessões rápidas, levantando toda a perna, a amplitude do movimento deve ser de cerca de 3 polegadas/ ±7,5 cm). 0= normal. 1= leve lentidão e/ou redução da amplitude.

2= comprometimento moderado. Fadiga precoce e bem clara. Pode apresentar parada ocasional durante o movimento. 3= comprometimento grave. Hesitação frequente para iniciar o movimento ou paradas durante o movimento que está realizando. 4= realiza o teste com grande dificuldade, quase não conseguindo. 23. Levantar da cadeira (de espaldo reto, madeira ou ferro, com braços cruzados em frente ao peito). 0= normal. 1= lento ou pode precisar de mais de uma tentativa. 2= levanta-se apoiando nos braços da cadeira. 3= tende a cair para trás, pode tentar se levantar mais de uma vez, mas consegue levantar. 4= incapaz de levantar-se sem ajuda. 24. Postura 0= normal em posição ereta. 1= não bem ereto, levemente curvado para frente, pode ser normal para pessoas mais velhas. 2= moderadamente curvado para frente, definitivamente anormal, pode inclinar-se um pouco para os lados. 3= acentuadamente curvado para frente com cifose, inclinação moderada para um dos lados. 4= bem fletido com anormalidade acentuada da postura. 25. Marcha 0= normal. 1= anda lentamente, pode arrastar os pés com pequenas passadas, mas não há festinação ou propulsão. 2= anda com dificuldade, mas precisa de pouca ajuda ou nenhuma, pode apresentar alguma festinação, passos curtos, ou propulsão. 3= comprometimento grave da marcha, necessitando de ajuda. 4= não consegue andar sozinho, mesmo com ajuda. 26. Estabilidade postural (respostas ao deslocamento súbito para trás, puxando os ombros, com paciente ereto, de olhos abertos, pés separados, informado a respeito do teste). 0= normal. 1= retropulsão, mas se recupera sem ajuda. 2= ausência de respostas posturais, cairia se não fosse auxiliado pelo examinador. 3= muito instável, perde o equilíbrio espontaneamente. 4= incapaz de ficar ereto sem ajuda. 26. Bradicinesia e hipocinesia corporal (combinação de hesitação, diminuição do balançar dos braços, pobreza e pequena amplitude de movimentos em geral).

0= nenhum. 1= lentidão mínima. Podia ser normal em algumas pessoas. Possível redução na amplitude. 2= movimento definitivamente anormal. Pobreza de movimento e um certo grau de lentidão. 3= lentidão moderada. Pobreza de movimento ou com pequena amplitude. 4= lentidão acentuada. Pobreza de movimento ou com pequena amplitude.

ANEXO 5

APÊNDICES

APÊNDICE 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nós, Profª Drª Ana Raquel Rodrigues Lindquist (Orientadora) e Angélica Vieira Cavalcanti de

Sousa (Orientanda), responsáveis pela pesquisa “EFEITOS IMEDIATOS DA TAREFA DUPLA EM

ESTEIRA NA MARCHA DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON: ensaio clínico

randomizado controlado”, convidamos você a participar voluntariamente do nosso estudo. Isso

significa que você poderá desistir em qualquer momento, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo ou

penalidade.

Essa pesquisa se propõe a realizar um treino de caminhada em uma esteira elétrica rolante.

Caso você decida aceitar o convite, você será submetido aos seguintes procedimentos, que

acontecerão em dois dias:

Inicialmente, será preenchida uma ficha de avaliação contendo os seus dados pessoais e

clínicos. Após essa parte, serão utilizados três questionários que avaliarão suas condições físicas e

mentais. Caso alguma pergunta lhe cause constrangimento de qualquer natureza, você não precisará

respondê-la. Essa etapa dura cerca de 30 minutos. Em seguida, você terá a sua caminhada avaliada

através de um sistema de filmagem que funciona durante todo o momento em que você está

andando. Você caminhará algumas vezes enquanto diz palavras iniciadas com determinada letra do

alfabeto, para avaliarmos como é a sua caminhada enquanto você executa outras tarefas

simultaneamente. Essa etapa dura cerca de 1 hora.

No segundo dia, você participará do treinamento na esteira, o qual terá duração de 20

minutos. Um grupo de voluntários realizará o treinamento apenas na esteira elétrica rolante, enquanto

outro grupo realizará o treinamento na esteira simultaneamente à realização de tarefas envolvendo

linguagem, memória, atenção e cálculo.

O treinamento ocorrerá no Laboratório de Análise das Disfunções da Marcha Humana, do

Departamento de Fisioterapia, localizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Os procedimentos da pesquisa serão feitos com toda a segurança necessária para minimizar

as possibilidades de riscos. Durante a pesquisa, será realizada a verificação de sua pressão arterial

e de sua frequência cardíaca, de modo a interromper o treinamento caso estas apresentem alguma

alteração. Se sentir cansaço ou desconforto, daremos um intervalo no treino para que você possa

descansar. Além disso, durante todo o treinamento, haverá um fisioterapeuta ao seu lado, caso você

precise, e você usará um colete de segurança, evitando riscos de quedas. Ainda assim, caso

aconteça algum dano, você terá o seu tratamento e acompanhamento assegurado pela equipe de

pesquisadores. Após o treinamento, você será novamente avaliado, tendo sua caminhada filmada.

Você terá os seguintes benefícios ao participar desta pesquisa: fornecimento de dados

importantes sobre sua caminhada e função motora, pois você passará por uma minuciosa avaliação

usando sistemas modernos de captação de imagens. Além disso, esse estudo poderá trazer

respostas no que se refere ao efeito desse tipo de intervenção, podendo gerar um benefício coletivo

quanto à melhor forma de tratamento na doença de Parkinson.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum

momento. Os dados serão guardados em local seguro, sendo divulgados apenas em congressos e

publicações científicas, e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os

voluntários. Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será

ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente

decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização.

Em caso de dúvidas, favor entrar em contato com a pesquisadora responsável através do

endereço citado ou por telefone/e-mail. Angélica Vieira Cavalcanti de Sousa. Endereço: Rua

Eletricista Elias Ferreira, 2600, apartamento 901, Torre Aroeira, Natture Condomínio Clube,

Candelária, Natal/RN.

CONTATO: 9110-4847. EMAIL: angelica.fisioterapia @gmail.com

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em

Pesquisa da UFRN pelo telefone (84) 3215-3135.

Eu,_________________________________________________,

CPF_________________________, RG_____________, após leitura deste documento, declaro que

compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e

a garantia de confidencialidade e esclarecimentos sempre que desejar. Autorizo a divulgação das

informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado

possa me identificar.

Diante disso, expresso minha concordância em participar voluntariamente desse estudo.

Natal, ______ de __________________ de 2012.

___________________________________________ Assinatura do voluntário

___________________________________________

Profª Drª Ana Raquel Rodrigues Lindquist

___________________________________________ Angélica Vieira Cavalcanti de Sousa

APÊNDICE 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

DADOS PESSOAIS

Nome:

Data de nascimento:

Idade:

Sexo:

Estado civil:

Escolaridade:

Ocupação:

Endereço:

Telefone:

DADOS CLÍNICOS

Médico responsável:

Diagnóstico clínico:

Tempo de doença:

Membro inferior dominante:

Membro onde a doença teve início:

Sintoma inicial:

Uso de órteses? ) Sim ( ) Não

Doenças associadas:

( )Alteração auditiva ( ) Alteração visual ( ) Hipertensão arterial ( ) Diabetes

Melitus Outros ( )

Antecedentes familiares:

Medicações:

Dosagem-

Horário-

Duração-

Hábitos de vida:

( ) Pratica atividade física ( ) Sedentário ( )Etilista ( )Tabagista

MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

Peso:

Altura:

DADOS VITAIS ANTES E APÓS O TREINAMENTO

Pressão arterial inicial:

Frequência cardíaca inicial:

Pressão arterial final:

Frequência cardíaca final:

APÊNDICE 3

PROTOCOLO EXPERIMENTAL

ESTEIRA + TAREFAS COGNITIVAS

Observação: A instrução quanto a cada tarefa será dada 15 segundos antes do

início da próxima tarefa.

Até 3 minutos: Familiarização com a esteira.

4º minuto: dizer o maior número de palavras iniciadas com a letra F(fluência verbal

fonêmica).

5º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

6º minuto: dizer o maior número de palavras iniciadas com a letra A (fluência verbal

fonêmica).

7º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

8º minuto: dizer o maior número de palavras iniciadas com a letra S (fluência verbal

fonêmica).

9º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

10º minuto: dizer o maior número de animais possível (fluência verbal semântica).

11º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

12º minuto: repetir os dias da semana e os meses do ano em ordem inversa

(memória).

13º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

14º minuto: dizer sequência de seis cores na ordem de visualização (memória e

atenção). Repetir a sequência 3 vezes, para memorizá-la.

15º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

16º minuto: se sábado é dia “X”, que dia será quinta-feira? (cálculo e linguagem).

17º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

18º minuto: explicar com detalhes como ir do local de treinamento para a parada de

ônibus ou estacionamento (orientação e planejamento espacial).

19º minuto: somente esteira e explicação pelo terapeuta da próxima atividade.

20º minuto: recordar a sequência de cores dita anteriormente.