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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA COM SUPORTE PARCIAL DE PESO E DO MÉTODO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NA MARCHA HEMIPARÉTICA: estudo comparativo TATIANA SOUZA RIBEIRO Natal 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA COM SUPORTE PARCIAL DE PESO E DO MÉTODO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR

PROPRIOCEPTIVA NA MARCHA HEMIPARÉTICA: estudo comparativo

TATIANA SOUZA RIBEIRO

Natal 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA COM SUPORTE PARCIAL DE PESO E DO MÉTODO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NA

MARCHA HEMIPARÉTICA: estudo comparativo

TATIANA SOUZA RIBEIRO

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – Programa

de pós-graduação em Fisioterapia, para a

obtenção do título de Mestre em Fisioterapia.

Orientadora: Profa. Dra. Ana Raquel

Rodrigues Lindquist

Natal 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia:

Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DO TREINO EM ESTEIRA COM SUPORTE PARCIAL DE PESO E DO MÉTODO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NA

MARCHA HEMIPARÉTICA: estudo comparativo

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Ana Raquel Rodrigues Lindquist - Presidente - UFRN

Profa. Pós Dra. Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela – Externo – UFMG

Profa. Dra. Tania Fernandes Campos – Interno ao Programa - UFRN

Aprovada em 10/02/2011

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Dedicatória

A Deus, pela minha existência e por

sempre me guiar no caminho da vida.

A minha querida mãe, Maria do Socorro,

pelo amor incondicional e por tudo

o que representa para mim.

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Agradecimentos

A Deus, por me fortalecer para enfrentar as adversidades e proporcionar o término

de mais uma etapa da minha vida profissional.

Aos meus pais, Maria do Socorro Ribeiro e Teofilo Ribeiro, pela educação, carinho,

amor e cuidado. Obrigada por me acompanhar e me apoiar, sempre.

Ao meu irmão, Teofilo Sousa, às minhas avós Letice Ribeiro e Alzira Correia, e a

todos os meus familiares queridos, os quais sempre compreenderam as minhas

ausências e me deram força em todos os momentos.

Ao meu namorado, Igor Teixeira, por entender as minhas impossibilidades, os meus

momentos de estresse e tudo o mais, sendo tantas vezes generoso e divertido.

Obrigada por me proporcionar momentos maravilhosos ao seu lado.

Aos meus amigos da escola, da faculdade, do trabalho, do mestrado, enfim, a todos

os meus amigos, que sempre acreditaram em mim, deram força, trocaram plantões e

sempre me ajudaram de alguma forma, direta ou indiretamente. Agradeço

imensamente por fazerem parte da minha vida.

À Luciana Mendes, Cinthia Moreno e especialmente à amiga Luciana Protásio, pelas

inúmeras vezes que me auxiliaram, dispostamente e com boa vontade, me

orientando em muitos aspectos e sempre me encorajando a perseverar.

À amiga Ana Carolina Brasileiro, pelas experiências, sofrimentos e auxílios

compartilhados, e pelo bom humor com o qual nos empolgava a continuar, sempre

comemorando o final de cada etapa.

Às amigas Larissa Lucena e Gabriela Lopes, pela adorável convivência durante o

PROCAD e por todas as coisas que aprendemos juntas. Muito obrigada pelo apoio.

Aos professores e funcionários do Departamento de Fisioterapia da UFRN, por me

auxiliarem sempre que possível.

Aos professores José Barela e Ana Barela, da UNICSUL, pela receptividade e

acolhida em São Paulo, e especialmente pelos ensinamentos que nos foram

transmitidos com tamanha maestria.

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Às professoras Christina Danielli, Renata Kirkwood e Luci Fuscaldi, da UFMG, e aos

seus alunos Renan Alves e Lucas Rodrigues, pela simplicidade e generosidade com

as quais nos disponibilizaram informações relevantes para a finalização desta

pesquisa. Principalmente, à professora Luci, que tão simpaticamente aceitou o

convite para compor esta banca, e desde o início se mostrou solícita a me ajudar em

meio a tantas dúvidas. Muito obrigada.

À professora Tania Campos, uma das grandes responsáveis por essa conquista,

pois me acompanhou desde o início da faculdade, trazendo diversos ensinamentos

de cunho profissional, mas também de cunho pessoal. Tânia é um exemplo de

perseverança e dedicação. Muito obrigada por tudo!

À minha orientadora, Ana Raquel Lindquist, sobretudo por ter acreditado em mim

mais até do que eu mesma. Aprendi muito com ela nesses dois anos, e só tenho a

agradecer pela felicidade deste convívio. Muito obrigada pela amizade, por não ter

me deixado desanimar, e pela tranquilidade que foi primordial para que eu seguisse

em frente diante das dificuldades.

Aos grandes responsáveis pela execução deste trabalho, meus amigos:

Vescia Caldas e Diana Lídice, pela amizade e pela participação nas coletas - muitas

vezes atrapalhando o próprio trabalho -, somente pela generosidade e vontade de

ajudar. Muitíssimo obrigada.

Emília Gomes, Élida Rayanne, Heloísa Britto, Débora Carvalho e Wagner Souza, os

quais fizeram essa pesquisa funcionar. Muito obrigada pelo esforço, dedicação,

companheirismo, amizade, persistência, compreensão, enfim, obrigada por tudo.

Sintam-se tão mestres quanto eu neste momento.

Por fim, agradeço imensamente aos pacientes que participaram da pesquisa,

sobretudo por me deixar ajudá-los de alguma forma, nos lembrando que essa é a

nossa principal missão. E a todos que ajudaram de algum modo para a

concretização deste trabalho.

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Sumário

Dedicatória v

Agradecimentos vi

Lista de Figuras x

Resumo xi

Abstract xii

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Acidente Vascular Encefálico 2

1.2 Marcha normal e hemiparética 3

1.3 Reabilitação da marcha 5

1.4 Justificativa 9

1.5 Objetivos 9

1.5.1 Objetivo geral 9

1.5.2 Objetivos específicos 10

1.6 Hipóteses 10

2 MATERIAIS E MÉTODOS 11

2.1 Desenho do estudo 12

2.2 População e amostra 12

2.3 Aspectos éticos 12

2.4 Data e locais de realização do estudo 13

2.5 Instrumentos de medida para avaliação 13

2.5.1 Avaliação da capacidade de deambulação 13

2.5.2 Avaliação do status neurológico 13

2.5.3 Avaliação do tônus muscular 13

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2.5.4 Avaliação da recuperação motora 14

2.5.5 Avaliação da independência funcional 14

2.5.6 Sistema de análise do movimento (Cinemetria) 15

2.6 Procedimentos de avaliação 17

2.7 Protocolos experimentais 20

2.7.1 Grupos experimentais 22

2.8 Redução dos dados 29

2.9 Análise estatística 31

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 33

3.1 Anexação do artigo 34

4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

5 REFERÊNCIAS 59

6 ANEXOS 67

Anexo 1: Functional Ambulatory Category

Anexo 2: National Institute of Health Stroke Scale

Anexo 3: Escala de Ashworth Modificada

Anexo 4: Stroke Rehabilitation Assessment of Movement

Anexo 5: Medida de Independência Funcional

Apêndice 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Apêndice 2: Ficha de avaliação

Apêndice 3: Ficha de acompanhamento da coleta de dados – grupo FNP

Apêndice 4: Ficha de acompanhamento da coleta de dados – grupo ESPP

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Lista de Figuras

FIGURA 1 – Câmera Qualisys Oqus 300 15

FIGURA 2 – Procedimento de calibração com representação esquemática dos eixos

de coordenadas (x, y e z) 16

FIGURA 3 – Disposição dos marcadores para a coleta estática 18

FIGURA 4 – Disposição dos marcadores para a coleta dinâmica 19

FIGURA 5 – Marcha no solo durante coleta dinâmica 20

FIGURA 6 – Modelo esquemático dos grupos de treinamento 21

FIGURA 7 – Modelo esquemático do protocolo experimental 22

FIGURA 8 – Dissociação de cinturas em decúbito lateral 24

FIGURA 9 – Atividade de sentar e levantar 24

FIGURA 10 – Treino de marcha frontal 25

FIGURA 11 – Treino de marcha lateral 25

FIGURA 12 – Sistema de esteira com suporte parcial de peso - Gait Trainer System

2 27

FIGURA 13 – Treinamento na esteira com monitoração do terapeuta 28

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Resumo

Objetivo: Comparar os efeitos do treino em Esteira com Suporte Parcial de Peso

(ESPP) e do método de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) na marcha

de indivíduos com hemiparesia crônica. Desenho: Estudo quase-experimental.

Local: Pesquisa laboratorial. Participantes: Vinte e três sujeitos (13 homens e 10

mulheres), com média de idade de 56,7 ± 8,0 anos e tempo médio de lesão de 27,7

± 20,3 meses, capazes de deambular com alguma assistência pessoal ou com

dispositivos auxiliares. Intervenções: Dois grupos experimentais realizaram

treinamento de marcha baseado no método de FNP (grupo FNP, n=11), ou

utilizando o sistema de ESPP - Gait Trainer System 2, Biodex, USA - (grupo ESPP,

n=12), por três sessões semanais, durante quatro semanas. Medidas: Avaliação da

função motora - utilizando o protocolo Stroke Rehabilitation Assessment of

Movement (STREAM) e o domínio motor da Medida de independência Funcional

(MIF motora) -, além de análise cinemática da marcha com o sistema Qualisys

(Qualisys Medical AB, Gothenburg, Suécia), foram realizadas antes e após as

intervenções. Resultados: Houve aumento dos escores do STREAM (F=49,189;

P<0,001) e da MIF motora (F=7,093; P=0,016), além de melhora na razão de

simetria (F=7,729; P=0,012) em ambos os grupos. Velocidade, comprimento da

passada e tempo de duplo suporte não mostraram alterações após os treinamentos.

Diferenças entre os grupos foram observadas apenas para a máxima dorsiflexão do

tornozelo no balanço (F=6,046; P=0,024), a qual exibiu aumento no grupo FNP.

Demais variáveis angulares não sofreram alterações. Conclusão: Melhora na

função motora e na simetria da marcha foi observada em ambos os grupos, aludindo

a uma similaridade das intervenções. O custo-benefício de cada tratamento deve ser

considerado para sua escolha.

Palavras-chave: Acidente Cerebral Vascular, Hemiparesia, Reabilitação, Marcha.

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Abstract

Objective: To compare the effects of the treadmill training with partial body-weight

support (TPBWS) and Proprioceptive Neuromuscular Facilitation (PNF) method on

gait of subjects with chronic stroke. Design: Quasi-experimental study. Setting:

Laboratorial research. Participants: Twenty-three subjects (13 men and 10 women),

with a mean age of 56,7 ± 8,0 years and a mean time since the onset of the stroke of

27,7 ± 20,3 months, and able to walk with personal assistance or assistive devices.

Interventions: Two experimental groups underwent gait training based on PNF

method (PNF group, n=11) or using the TPBWS - Gait Trainer System 2, Biodex,

USA – (TPBWS group, n=12), for three weekly sessions, during four weeks.

Measures: Evaluation of motor function - using the Stroke Rehabilitation

Assessment of Movement (STREAM) and the motor subscale of the Functional

Independence Measure (motor FIM) -, and kinematic gait analyze with the Qualisys

System (Qualisys Medical AB, Gothenburg, Sweden) were carried out before and

after the interventions. Results: Increases in the STREAM scores (F=49.189,

P<0.001) and in motor FIM scores (F=7.093, P=0.016), as well as improvement in

symmetry ratio (F=7.729, P=0.012) were observed for both groups. Speed, stride

length and double-support time showed no change after training. Differences

between groups were observed only for the maximum ankle dorsiflexion over the

swing phase (F=6.046, P=0.024), which showed an increase for the PNF group.

Other angular parameters remain unchanged. Conclusion: Improvement in motor

function and in gait symmetry was observed for both groups, suggesting similarity of

interventions. The cost-effectiveness of each treatment should be considered for your

choice.

Keywords: Stroke, Hemiparesis, Rehabilitation, Gait.

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1 INTRODUÇÃO

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1.1 Acidente Vascular Encefálico

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é frequentemente definido como um

dano neurológico agudo de origem vascular, que apresenta início súbito e duração

maior que 24 horas, tendo como resultado sinais e sintomas correspondentes ao

comprometimento de áreas focais (ou até globais) do cérebro.1

Nosologicamente, tem sido classificado como isquêmico ou hemorrágico. O

primeiro pode resultar de processos aterogenéticos, intensa hipotensão arterial ou

embolização de um coágulo.2 A forma hemorrágica, por sua vez, é causada pela

ruptura de um vaso em qualquer local da cavidade craniana, devido à hipertensão,

aneurismas, trauma ou malformações arteriovenosas.3 A etiologia isquêmica

corresponde à maioria dos casos de AVE,4 e, alarmantemente, entre os anos de

2000 a 2008, os maiores índices mundiais de AVE isquêmico foram reportados no

Brasil (92:100.000).5

No Brasil, bem como em todo o mundo, o AVE apresenta uma elevada

incidência anual na população. Dados de um estudo epidemiológico brasileiro

indicam uma média de 108 indivíduos acometidos (pelo primeiro AVE) a cada

100.000 habitantes.6 Devido ao processo de envelhecimento populacional no nosso

país, é esperado que haja um crescimento dessas taxas nos próximos anos.6

Em relação ao estado do Rio Grande do Norte, segundo dados de um estudo

de prevalência realizado em um hospital de Emergência da cidade de Natal-RN, foi

constatada a predominância de AVE em indivíduos idosos, com média de idade de

64 anos. A maioria dos casos registrados (74,7%) tratava-se de AVE isquêmico,

corroborando com dados brasileiros e mundiais.7

Quanto à mortalidade, as doenças cerebrovasculares representam uma das

principais causas de morte no mundo,1 respondendo como a principal causa no

Brasil.8 Este país também lidera as estatísticas de mortalidade por AVE entre os

países do continente americano, considerando ambos os sexos.9 Felizmente,

estudos têm mostrado uma tendência à redução na mortalidade por essa patologia

no Brasil.10,11

Embora ainda haja elevado número de óbitos, expressiva parcela da

população acometida sobrevive ao dano vascular, apresentando déficits

neurológicos persistentes que interferem nas atividades de vida diária, mobilidade e

comunicação.12,13 Alterações motoras e/ou sensitivas uni ou bilaterais, perda da

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coordenação, distúrbios do campo visual, déficits cognitivos, perceptivos e de

linguagem constituem os sintomas comumente visualizados nesse tipo de

população.1 Uma das atividades mais prejudicadas após um dano neurológico como

o AVE consiste justamente na marcha, fato que pode resultar em significativa

incapacidade funcional desses indivíduos.14

1.2 Marcha normal e hemiparética

A marcha normal é definida como uma série de movimentos repetitivos dos

membros, altamente controlados e coordenados, de modo a permitir o avanço

seguro do corpo de um lugar para outro com o mínimo gasto energético.15 Acredita-

se que esteja baseada na atividade de circuitos neuronais existentes na medula

espinal, os quais desencadeiam padrões auto-sustentados de comportamento

locomotor.16

O padrão locomotor humano é cíclico, chamado de ciclo da marcha, que é

determinado pelo contato do calcanhar de um pé até o próximo contato do calcanhar

do mesmo pé. O ciclo da marcha (ou passada) começa na fase de apoio

(correspondente a 60% do ciclo), com o contato inicial do calcanhar. Após esse

contato sobrevém a resposta à carga (com o tornozelo realizando flexão plantar para

assentar todo o pé no solo), seguida pelo apoio médio, no qual o peso do corpo

passa para a frente sobre o pé estável. O apoio terminal então ocorre, com o

calcanhar deixando o solo e o pé fletindo-se plantarmente no pré-balanço, levando à

sua retirada do solo. Posteriormente, inicia-se a fase de balanço (40% do ciclo),

dividida em: balanço inicial – marcado pelo controle muscular do pé que está livre do

solo; balanço médio, e, finalmente, balanço terminal, com o pé se preparando para o

contato com o solo, imediatamente antes do ciclo recomeçar com um novo contato

do calcanhar. Há ainda dois períodos de duplo suporte - cada um representando

10% do ciclo -, nos quais ambos os pés estão em contato com o solo; esses

períodos constituem o início (resposta à carga) e o fim (pré-balanço) da fase de

apoio.15

O ciclo, ou passada, pode também ser desmembrado em duas partes, ou dois

passos, determinados pelo contato do calcanhar de um pé até o contato seguinte do

calcanhar do outro pé.15

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Embora andar seja um movimento inconsciente e quase automático, ele é

altamente complexo, visto que exige a perfeita harmonia do corpo internamente,

contrapondo as forças externas que estão em constante ação sobre nossos

segmentos.17 Assim sendo, a marcha dita normal está bastante susceptível à

variabilidade, muitas vezes advinda de processos patológicos que dificultam a

mobilidade e a eficiência muscular.18

O termo “marcha hemiparética” ou “hemiplégica” tem sido usado para

descrever o estilo de andar de indivíduos que sofreram AVE, sendo caracterizado

pela movimentação lenta, laboriosa e descoordenada dos membros.14 Esses sujeitos

podem apresentar diferentes padrões de marcha de acordo com o grau de

recuperação motora, exibindo desde padrões com atividade muscular próxima ao

normal até a adoção de movimentos em massa, utilizando sinergias musculares.19

Este comportamento atípico é resultante tanto de alterações que ocorrem no

controle central da atividade muscular, quanto do desenvolvimento de estratégias

neuromusculares compensatórias.20 Várias outras desordens, tais como fraqueza

muscular nos membros inferiores, déficits sensitivos e de percepção espacial, bem

como mudanças no tônus muscular e no equilíbrio também parecem estar

relacionadas à inabilidade desses indivíduos de deambular de forma normal.21,22

Na prática, o que se observa são modificações quanto às variáveis temporais,

espaciais, cinéticas e cinemáticas da marcha desses indivíduos, comparadas a

sujeitos normais. Dados quanto à cadência (número de passos por unidade de

tempo), velocidade, comprimento da passada (distância do contato inicial de um pé

ao próximo contato inicial desse mesmo pé) e excursões articulares mostram-se

reduzidos, estando muitas vezes associados a um elevado custo energético.23,15

A marcha hemiparética é assimétrica e descontínua, pois a pequena

estabilidade do membro inferior parético leva os indivíduos a sustentarem o peso

corporal preferencialmente no membro não-parético. Desta forma, apresentam

passos relativamente curtos, para minimizar o tempo de suporte simples e retornar

às fases mais estáveis de duplo suporte.19 A fase de suporte simples é maior no

membro não-parético, e o tempo de duplo suporte ocupa grande proporção no ciclo

total.24

Em relação às variáveis angulares, diversos desvios desses parâmetros

cinemáticos têm sido reportados. Durante o apoio verifica-se uma diminuição da

flexão do quadril no contato inicial, associada a maiores amplitudes de flexão do

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joelho e flexão plantar do tornozelo.24 Excessiva flexão plantar pode promover o

apoio com a superfície por meio do antepé ou por toda a planta do pé, ao invés do

contato normal com o calcanhar. Essa alteração, como também a posição do joelho

em flexão ou em extensão excessiva durante a fase de resposta a carga, pode

reduzir a quantidade e qualidade de absorção do choque do pé contra o solo.25 Uma

inadequada propulsão dos flexores do quadril e tornozelo do membro inferior

parético durante o pré-balanço resulta em maior gasto energético, ocasionando o

aumento relativo do tempo de balanço deste membro. Além disso, promove uma

redução na flexão do joelho no momento que o pé deixa o solo, e também no pico

de flexão do joelho durante o balanço. Para compensar esses déficits há o

desenvolvimento de estratégias como a circundução do quadril, que também

contrapesa a reduzida dorsiflexão do tornozelo para a liberação total do pé durante a

fase de balanço. Todas essas modificações acrescem ainda mais o gasto de energia

durante a marcha.23

1.3 Reabilitação da marcha

A despeito das várias alterações encontradas durante a marcha hemiparética,

acredita-se que mais de 85% dos pacientes que sofreram AVE podem, em algum

momento, vir a caminhar, com ou sem assistência.26 Nesse ínterim, constitui-se

como meta essencial na reabilitação a melhora da qualidade da marcha,

particularmente através da aquisição de padrões mais funcionais e do aumento da

velocidade da caminhada.26,27

Ainda não há consenso sobre o melhor tratamento para reabilitar a marcha

após AVE. No entanto, pode-se contemplar diversas abordagens terapêuticas

empregadas com essa finalidade, sendo utilizadas desde técnicas baseadas em

modelos neurofisiológicos, princípios ortopédicos ou aprendizado motor, como

também modernos equipamentos para o treinamento ativo da deambulação, e até

mesmo uma mistura de vários componentes de abordagens distintas.12,28

No âmbito clínico da reabilitação neurológica, verifica-se ainda a utilização

maciça de abordagens neurofisiológicas, tais como Bobath, Brunnström, Rood, e, a

destacar, a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP). Esse método foi

originalmente desenvolvido para facilitar o desempenho em indivíduos com déficits

de movimento, utilizando princípios neurofisiológicos derivados dos trabalhos de

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Sherrington e Magnus, do início do século XX. A partir desses trabalhos, foi criada a

hipótese de que se pode alterar padrões motores anormais pela facilitação do

desencadeamento de padrões motores normais, feita através de técnicas

específicas de estimulação sensorial, aplicadas especialmente por vias aferentes

proprioceptivas.29

O método de FNP envolve, essencialmente, a realização de resistência

máxima ao movimento, que deve ser executado em espiral e em direção diagonal,

em linha com o arranjo topográfico dos músculos, de modo a promover uma

resposta neuromuscular dos proprioceptores e facilitar, assim, a ativação de

músculos biarticulares.30 Outro ponto fundamental consiste na exploração de

reflexos posturais, particularmente, do reflexo de estiramento, com o intuito de

facilitar o movimento em músculos fracos. Ademais, os exercícios de FNP priorizam

o emprego de contrações musculares excêntricas, buscando, com isso, estimular a

atividade muscular agonista.31

Escassas pesquisas científicas foram desenvolvidas utilizando-se o método

de FNP em indivíduos com hemiparesia após AVE, particularmente em relação à

funcionalidade e à marcha. Dois estudos compararam grupos de tratamento que

utilizaram fisioterapia convencional (exercícios tradicionais de força muscular e

amplitude de movimento, além de atividades funcionais) e abordagens

neurofisiológicas (incluindo FNP), obtendo melhoras em variáveis relacionadas à

força muscular, funcionalidade e marcha de todos os grupos, sem diferença entre

eles.32,33 Outros dois estudos experimentais que utilizaram o método FNP para a

marcha encontraram efeitos imediatos34,35 e cumulativos35 em relação a diversas

variáveis da marcha pesquisadas. Finalmente, dois estudos um pouco mais

recentes, comparando programas de cuidados intensivos de reabilitação (que

incluíam técnicas de FNP) e programas de cuidados domiciliares, obtiveram ganhos

funcionais no grupo de cuidados intensivos, comparado ao grupo de cuidados

domiciliares,36 e ganhos na velocidade da marcha em ambos os grupos.37

Duas revisões sistemáticas - uma que comparou tratamentos

neurofisiológicos a outras estratégias ou a grupos sem tratamento/placebo para a

reabilitação de indivíduos após AVE (quanto à força dos membros inferiores,

equilíbrio, velocidade da marcha e habilidade para realização de atividades da vida

diária),38 e outra que investigou os efeitos das abordagens neurofisiológicas nesses

indivíduos (quanto à melhoras funcionais)39 - não encontraram evidências suficientes

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para generalizar os resultados sobre o potencial impacto clínico dessas abordagens.

Em ambas as revisões, os tratamentos neurofisiológicos incluíam o método de FNP.

Recentemente, uma nova abordagem que vem atraindo interesse clínico para

o tratamento de desordens da marcha consiste no sistema de Esteira com Suporte

Parcial de Peso (ESPP). Compreende um moderno sistema de suspensão de uma

parcela predeterminada do peso corporal, que reduz a carga suportada durante o

treino de marcha em esteira.40-42 Esse sistema foi desenvolvido a partir de

observações feitas em experimentos animais, nos quais foram alcançados padrões

de locomoção próximos ao normal com o uso da ESPP. A fundamentação teórica

desses experimentos baseia-se na existência de circuitos neuronais específicos na

medula - chamados em conjunto de Gerador Central de Padrões (GCP) - capazes

de produzir padrões de comportamento locomotor mesmo na ausência de

informações sensoriais.16 Tais informações, todavia, possuem importantes funções

relacionadas aos padrões locomotores, como a modulação do padrão rítmico, o

controle das transições de fase e o reforço da atividade locomotora em andamento.

Desta forma, o treinamento em ESPP vem se mostrando uma estratégia eficaz em

prover adequada informação aferente ao GCP, sendo capaz de influenciar a

circuitaria espinal locomotora, e, por conseguinte, o padrão de marcha.43

O uso da ESPP possibilita que o treinamento da marcha seja iniciado em

fases mais precoces, nas quais os indivíduos ainda apresentam incapacidade de

deambular sem auxílio, facilitando, desta forma, o treino na posição bípede e o

alinhamento postural.44 Vários estudos vêm indicando benefícios em decorrência

desse treinamento, expressos, dentre outros, como melhora nos padrões de

ativação muscular,45,46 na capacidade de deambulação e velocidade,12,44,47 na

simetria45,46 e nas variáveis angulares da marcha.12

Alguns estudos já foram realizados comparando os efeitos do treinamento

com a esteira (com ou sem suporte de peso), e estratégias terapêuticas

convencionais em pacientes após AVE. Algumas pesquisas apontaram melhores

resultados na estimulação com o treino em esteira, principalmente no que concerne

à melhora na velocidade na marcha,48,49 e também em outros parâmetros

(comprimento do passo e atividade muscular do gastrocnêmio, por exemplo).50 No

entanto, em um outro estudo,51 aplicado em pacientes com elevado nível de

comprometimento na marcha, não foram encontradas diferenças significativas entre

os tratamentos (fisioterapia convencional x sistema de esteira), e segundo a revisão

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de van de Port et al. (2007),52 atividades relacionadas à marcha - como subir e

descer escadas, fazer transferências e caminhar rapidamente, por exemplo -

mostraram-se efetivas para maior competência da marcha.

Duas revisões sistemáticas que avaliaram o treino em esteira, com e sem

suporte de peso, em indivíduos com hemiparesia por AVE, concluíram que esse

tratamento não foi mais efetivo do que outras intervenções convencionais para a

marcha (como fisioterapia convencional, treino de marcha e de mobilidade).40,53 Uma

dessas revisões sugeriu ainda que pessoas que são dependentes de algum tipo de

assistência para deambular, no início do tratamento, podem beneficiar-se do treino

em esteira com suporte parcial de peso, comparado ao treino em esteira sozinho.53

Poucos estudos comparam o treino em esteira com suporte parcial de peso a

estratégias neurofisiológicas (utilizando a FNP) na recuperação da marcha

hemiparética. Em uma comparação feita entre dois grupos de intervenção - ambos

utilizando a ESPP -, com o grupo controle - que realizou treino de marcha utilizando

os princípios de FNP e Bobath -, verificou-se que os benefícios foram maiores entre

um dos grupos de intervenção, comparado ao grupo controle.54 Em um outro

estudo55 o autor inferiu que, em termos de função da marcha, abordagens

alternativas (tais como o sistema de esteira) são frequentemente mais efetivas em

pacientes pós-AVE ou com lesões na medula espinal, quando comparadas a

estratégias neurofisiológicas (Bobath, FNP ou Rood). Porém, apenas um estudo

mais específico comparou diretamente os efeitos da ESPP com o método de FNP na

marcha, observando que o treinamento com a ESPP resultou em melhora das

habilidades da marcha, além do aumento do torque muscular quando comparado ao

método de FNP em pacientes com hemiparesia crônica.56 Entretanto, a amostra do

estudo foi pequena, reduzindo o poder de generalização dos dados.

Devido ao pequeno número de estudos, por vezes inconclusivos, que buscam

o confronto entre essas abordagens para a restauração da marcha hemiparética

crônica, permanece a dúvida a respeito da indicação de uma ou outra modalidade

de tratamento para essa finalidade.

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1.4 Justificativa:

No atual paradigma da reabilitação neurológica, verifica-se um arsenal de

possibilidades para a reabilitação da marcha. No entanto, ainda há escassos

tratamentos com forte evidência para restaurar a marcha pós-AVE.12

Apesar de relativamente recente, o sistema de ESPP vem demonstrando, em

estudos prévios, razoável competência quanto à reabilitação da marcha. O método

de FNP, por sua vez, carece mais de trabalhos científicos que certifiquem seu uso

na restauração da marcha. Empiricamente, contudo, esse método tem obtido bons

resultados, justificando, talvez, sua permanência na prática neurológica até os dias

atuais. Outros argumentos possíveis para a manutenção de seu uso são o relativo

baixo custo e a facilidade de execução - dependente apenas do conhecimento

técnico do fisioterapeuta.

Com a finalidade de fornecer maior embasamento científico para assegurar o

uso de determinadas modalidades de tratamento é que são realizados estudos

nesse sentido. Pesquisas como a proposta atualmente também reforçam a

relevância de confrontar tratamentos tradicionais – frequentemente mais simplistas e

com boa aceitação clínica - com tratamentos mais modernos, envolvendo

equipamentos de alto custo tecnológico. Dessa forma, busca-se fornecer uma maior

gama de opções, condizentes com a diversidade dos vários centros de reabilitação.

Ademais, a quase inexistência de publicações envolvendo a comparação

entre o treino em ESPP e o método de FNP na marcha pós-AVE, também motivou a

realização do presente estudo. Do nosso conhecimento, há apenas um trabalho que

comparou diretamente os efeitos da ESPP e do método de FNP na marcha

hemiparética;56 entretanto, além de reduzido número amostral, tal estudo apresentou

metodologia diferente do proposto atualmente quanto ao desenho experimental, e,

sobretudo, à análise cinemática, a qual não considerou variáveis relacionadas ao

deslocamento angular.

1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo Geral

Analisar e comparar os efeitos do treino em ESPP e do método de FNP na

marcha de indivíduos com hemiparesia por sequela de AVE.

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1.5.2 Objetivos Específicos

Comparar as variáveis espaço-temporais da marcha, obtidas antes e após os

treinamentos aplicados, e entre os grupos de treinamento;

Comparar os deslocamentos angulares no plano sagital das articulações do

quadril, joelho e tornozelo do membro inferior parético, antes e após os

treinamentos e entre os grupos de treinamento;

Analisar os dados clínicos quanto à função motora, confrontando-os antes e

após os treinamentos e entre os grupos de treinamento.

1.6 Hipóteses

As hipóteses desse estudo foram as seguintes:

H0 – O treino em ESPP e o treino utilizando-se o método de FNP não

promovem alterações na marcha de indivíduos com hemiparesia crônica.

H1 – O treino em ESPP e o treino utilizando-se o método de FNP promovem

alterações na marcha de indivíduos com hemiparesia crônica, com o treino

em ESPP promovendo maiores alterações do que o treino utilizando o método

de FNP.

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2 MATERIAIS E MÉTODO

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12

2.1 Desenho do estudo

Trata-se de um estudo comparativo do tipo quase-experimental, no qual

houve a intervenção do pesquisador, porém sem o emprego de alocação aleatória

na formação dos grupos de comparação.57

2.2 População e amostra

A amostra foi recrutada a partir de listas de espera ou de atendimento de

centros de reabilitação de referência e de hospitais do Sistema Único de Saúde,

bem como de clínicas privadas de fisioterapia da cidade de Natal-RN, em relação à

população de indivíduos que sofreram AVE.

Para participar do estudo os indivíduos deveriam apresentar, como critérios

de inclusão: sequela de hemiparesia decorrente de AVE, sendo este unilateral e não

recorrente, isquêmico ou hemorrágico; tempo de lesão superior a seis meses;19 faixa

etária compreendida entre 40 a 70 anos; habilidade para deambular funcionalmente,

com auxílio pessoal ou técnico (escores 3, 4 ou 5 na escala FAC - Functional

Ambulatory Category – ANEXO 1);58 e capacidade de deambular 10 metros em

superfície plana sem uso de dispositivos auxiliares. Tais indivíduos não deveriam

apresentar instabilidade nas condições cardíacas, incapacidade para obedecer

comandos simples, bem como outro prejuízo ortopédico e/ou neurológico que

alterasse a marcha.

Descompensações na pressão arterial ou na freqüência cardíaca durante as

intervenções foram considerados como critérios de exclusão deste estudo.

2.3 Aspectos éticos

Foram respeitados os aspectos éticos da Resolução n° 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde. Antes do início do experimento, todos os participantes foram

devidamente esclarecidos acerca dos procedimentos da pesquisa e orientados a

assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 1). O projeto foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, obtendo o parecer de número 266/2008.

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2.4 Data e locais de realização do estudo

A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre outubro de

2009 e agosto de 2010. As avaliações foram aplicadas no Laboratório de Análise do

Movimento (LAM) do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN), e os treinamentos foram realizados nos laboratórios do

Departamento de Fisioterapia da UFRN e no Centro de Reabilitação de Adultos do

RN (CRA), em Natal-RN.

2.5 Instrumentos de medida para avaliação

2.5.1 Avaliação da capacidade de deambulação

A habilidade de realizar a marcha foi verificada pela Categoria de

Deambulação Funcional - FAC (Functional Ambulatory Category), a qual consiste em

um instrumento sensível e fidedigno na avaliação da marcha de pacientes com

hemiparesia após AVE. A FAC classifica em seis níveis a habilidade para andar, de

acordo com a quantidade de suporte físico requerido nesta tarefa. Segundo esta

escala, a pontuação pode variar de 0 (incapaz de andar ou que necessita da ajuda

de dois terapeutas) a 5 (independente na locomoção).58

2.5.2 Avaliação do status neurológico

Os participantes foram submetidos à avaliação do status neurológico por meio

do protocolo National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS), que categoriza os

indivíduos em relação à gravidade do estado neurológico. Os sujeitos são

classificados de acordo com os escores: 0 a 1 - déficit mínimo, 2 a 5 - déficit leve, 6

a 15 - déficit moderado, 16 a 20 - déficit importante e escores maiores que 20 -

déficit grave (ANEXO 2).59

2.5.3 Avaliação do tônus muscular

A avaliação subjetiva do tônus muscular foi efetivada através da Escala de

Ashworth Modificada, que gradua o tônus de acordo com a resistência percebida

durante a movimentação passiva das articulações, classificando os segmentos

acometidos de 0 (tônus muscular normal) a 5 (parte afetada rígida em flexão ou

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extensão). (ANEXO 3).60 Neste estudo, a avaliação do tônus muscular com a Escala

de Ashworth Modificada restringiu-se ao membro inferior parético, sendo testados os

seguintes grupos musculares: quadríceps, ísquiotibiais, tríceps sural e músculos

dorsiflexores do tornozelo.

2.5.4 Avaliação da recuperação motora

A recuperação motora foi avaliada através do protocolo Stroke Rehabilitation

Assessment of Movement (STREAM) - instrumento amplamente utilizado na

reabilitação de pacientes pós-AVE. Ele analisa 30 itens em três sub-escalas: 10

itens para a movimentação voluntária do membro superior, 10 para o membro

inferior e 10 para a mobilidade básica (ANEXO 4).61 Um escore para cada sub-

escala é calculado, sendo atribuída uma pontuação final máxima de 20 pontos para

os membros superiores, 20 para os membros inferiores e 30 para a mobilidade

básica. Finalmente, os escores das sub-escalas são convertidos em uma

percentagem, que corresponde à média dos escores das sub-escalas em relação ao

escore máximo total (100%). Nessa escala, maiores escores indicam melhor função.

De acordo com Ahmed et al.,62 o STREAM possui acurácia semelhante a outras

escalas (Escala de Equilíbrio de Berg, Índice de Barthel e o teste Timed “Up & Go”)

para predizer a velocidade da marcha e habilidade funcional após AVE. O STREAM

apresenta também confiabilidade e validade nesse grupo de pacientes.63

2.5.5 Avaliação da independência funcional

Para quantificar a dependência funcional em atividades da vida diária, foi

utilizada a Medida de Independência Funcional (MIF), instrumento que possui

validação brasileira em indivíduos com lesões medular e encefálica.64 A MIF avalia a

demanda de cuidados exigida para realizar atividades como autocuidados,

mobilidade, locomoção, controle esfincteriano, comunicação e cognição social

(ANEXO 5).65 Neste estudo, apenas o domínio motor foi utilizado (MIF motora),

excluindo-se, portanto, os itens de comunicação e cognição social, que

compreendem a MIF cognitiva. A MIF motora é considerada uma medida

discriminativa quanto à incapacidade física, sugerida como padrão de referência

para verificação dos efeitos da reabilitação após AVE.66 O escore da MIF motora

varia de 13 a 91 pontos. Pontuações maiores demonstram maior independência do

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15

indivíduo.64

2.5.6 Sistema de análise do movimento - Cinemetria

A análise da marcha foi obtida pelo sistema Qualisys (Qualisys Motion

Capture System - Qualisys Medical AB 411 13, Gothenburg). Esse sistema baseia-

se na reconstrução em três dimensões (3D) de marcadores posicionados em

segmentos corporais, através de câmeras que captam a luz infravermelha refletida

por esses marcadores. No estudo, foram utilizadas três câmeras (Qualisys Oqus 300

- FIGURA 1) interligadas em série, dispostas de modo que todos os marcadores

fossem detectados por, no mínimo, duas dessas câmeras. A partir da combinação

das imagens de pelo menos duas câmeras, tornou-se possível a obtenção das

coordenadas de um dado marcador e a reconstrução do movimento (cinemetria) em

três dimensões.67

FIGURA 1 – Câmera Qualisys Oqus 300

Com a finalidade de permitir o rastreamento acurado dos marcadores e a

transformação dos dados em 3D, o sistema necessita obter informações sobre o

posicionamento e orientação de cada câmera. Para tanto, foi realizado o processo

de calibração do sistema, por meio da utilização de uma estrutura metálica em forma

de “L” posicionada na plataforma onde os indivíduos deambulavam. Nesta estrutura,

encontravam-se fixados quatro marcadores passivos, que possibilitaram a definição

das coordenadas de referência global, representadas pelo eixo X (médio-lateral), o

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eixo Y (ântero-posterior) e o eixo Z (longitudinal). Sobre estes eixos, foi feita a

varredura da área de coleta com uma haste em forma de “T”, contendo dois

marcadores reflexivos fixados em suas extremidades. A haste foi movida por 20

segundos em todos os planos, de acordo com as instruções contidas no manual.67

(FIGURA 2).

FIGURA 2 - Procedimento de calibração com representação esquemática dos eixos

de coordenadas (x, y e z)

Nas coletas foram utilizados marcadores passivos esféricos com 19 e 15 mm

de diâmetro, e os parâmetros de predição de erro e residual máximo foram

estabelecidos em 15 mm e 5 mm, respectivamente. Os dados em imagem

bidimensional (2D) foram capturados em uma frequência de 120 Hz, pelo software

de aquisição Qualisys Track Manager 2.3 – QTM. Os dados gerados pelo QTM

foram posteriormente exportados para o software de processamento Visual 3D

(Visual3D Standard, 4.75.33 - C-Motion, Rockville, MD). Esse software proporciona a

construção de um modelo biomecânico que permite a análise das variáveis espaço-

temporais da marcha (velocidade, cadência, comprimento da passada, por

exemplo), bem como a avaliação da variação angular das articulações do quadril,

joelho e tornozelo.68

z

x

y

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2.6 Procedimentos de avaliação

Os indivíduos que atenderam aos critérios de inclusão foram submetidos -

após o esclarecimento e consentimento destes - a uma abordagem geral para obter

dados sobre identificação, medidas antropométricas, diagnóstico clínico, uso de

medicamentos, sinais vitais e outras informações complementares (APÊNDICE 2).

Posteriormente, as avaliações clínicas (utilizando-se os questionários já descritos)

foram aplicadas, e em seguida foi realizada a análise biomecânica da marcha por

meio da cinemetria (análise cinemática).

Para iniciar a análise cinemática, se fez necessária a preparação dos

participantes, os quais eram instruídos previamente a ir para o local das coletas

vestindo calçado usual. Os participantes então vestiam um short preto padronizado

fornecido pela pesquisadora, estando uma das laterais do short presa com uma tira

de velcro, de modo a permitir a visualização de todo o membro inferior parético.

Neste membro, foram posicionados marcadores passivos em marcas anatômicas e

de rastreamento, utilizando fita adesiva dupla face. As marcas anatômicas que

possibilitaram a formação dos segmentos coxa, perna e pé foram: trocânter maior do

fêmur, epicôndilo medial e lateral do fêmur, maléolo medial e lateral do tornozelo,

calcâneo, cabeça do 5º metatarso e do 1° metatarso. Além dessas marcas, foram

utilizadas marcas de rastreamento dos segmentos no espaço durante o movimento.

Tais marcas foram colocadas no terço médio e na face lateral da coxa e da perna,

contendo cada marca quatro marcadores, posicionados de forma não-colinear em

uma base quadrada fixada com velcro a uma faixa elástica de neoprene. Também

foram colocadas marcas de rastreamento no pé não-parético, através de

marcadores posicionados no calcâneo e cabeça do 1° metatarso.69-71 (FIGURA 3).

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(A) (B)

FIGURA 3 – Disposição dos marcadores para a coleta estática – vista frontal (A) e

vista póstero-lateral (B)

Em seguida, o sistema Qualisys foi calibrado na área da coleta (conforme

descrito anteriormente), e após este procedimento, foi capturada uma coleta

estática. Para isto, os voluntários foram instruídos a permanecerem parados, em

posição ortostática, com todos os marcadores descritos previamente (FIGURA 3). A

coleta estática tem a finalidade de fornecer dados para a criação de um modelo

biomecânico a ser aplicado para as coletas dinâmicas. A captura da coleta estática

teve duração de 10s.

Posteriormente, foram retiradas as marcas anatômicas do membro inferior

parético, exceto as do calcâneo, maléolo lateral e cabeça do 5° metatarso. Essas

marcas, juntamente com as duas bases quadradas da coxa e perna do membro

inferior parético, e com as marcas de rastreamento no pé não-parético

permaneceram para rastreamento dos segmentos durante as capturas dinâmicas da

marcha (FIGURA 4).

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(A) (B)

FIGURA 4 – Disposição dos marcadores para a coleta dinâmica – vista frontal (A) e

vista lateral (B)

Para as capturas dinâmicas, os indivíduos foram instruídos a caminhar em

uma passarela de 10m, sem utilizar dispositivos auxiliares, porém podendo utilizar

órteses (caso já as utilizassem previamente). Deveriam deambular com uma

velocidade assumida como mais usual e confortável para cada um. O comando para

este procedimento foi: “Ande da mesma forma que o sr./sra. anda em seu dia-a-dia”

(FIGURA 5). Cada voluntário deambulou no mínimo sete vezes por toda a extensão

da passarela, para que fossem capturados pelo menos 10 ciclos de marcha.

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FIGURA 5 – Marcha no solo durante coleta dinâmica

As avaliações clínica e cinemática foram realizadas por três avaliadores

previamente treinados para esta finalidade. A avaliação clínica foi realizada por

apenas um examinador, e a análise cinemática, por sua vez, foi executada por dois

examinadores, com experiência quanto ao manejo prático da cinemetria. É

importante ressaltar que, na análise cinemática, o mesmo examinador que

posicionava as marcas de um indivíduo na avaliação inicial repetia o feito na

reavaliação desse indivíduo.

Todos esses procedimentos constituíram a avaliação inicial, realizada sempre

no final da semana anterior ao início das intervenções.

2.7 Protocolos experimentais

Após a avaliação inicial dos indivíduos, houve a alocação destes em dois

grupos, conforme ordem de apresentação no estudo: o sujeito 1 foi alocado para o

grupo A, o sujeito 2 para o grupo B, o sujeito 3 novamente para o grupo A, e assim

sucessivamente, de acordo com estudo semelhante.36 O grupo experimental A

(n=11) foi submetido ao treinamento com o método de FNP (Grupo FNP), e o grupo

experimental B (n=12) ao treinamento em ESPP (Grupo ESPP) (FIGURA 6).

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FIGURA 6 – Modelo esquemático dos grupos de treinamento

Durante o período em que foram submetidos à intervenção, os indivíduos

eram solicitados a não participarem de outro tipo de tratamento para a marcha. O

programa de intervenção (treinamento) foi realizado no Centro de Reabilitação de

Adultos do RN (para o grupo FNP) e nos laboratórios do Departamento de

Fisioterapia da UFRN (para o grupo FNP e para o grupo ESPP), sendo realizadas

três sessões semanais, todas no período da tarde, durante quatro semanas

consecutivas. As sessões tiveram duração média de 30 minutos.

Uma vez finalizada a intervenção, os participantes eram submetidos

novamente à avaliação clínica e à análise cinemática. Tais procedimentos

constituíam a reavaliação, ocorrida sempre no início da semana posterior ao término

das intervenções, conforme protocolo experimental (FIGURA 7).

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FIGURA 7 – Modelo esquemático do protocolo experimental

Os indivíduos que faziam uso de dispositivos auxiliares para a marcha não

poderiam utilizá-los durante as sessões de treinamento; entretanto, poderiam fazer

uso de órteses, caso já as utilizassem. Todos os indivíduos foram solicitados a

utilizar calçado próprio habitual durante todo o treinamento.

2.7.1 Grupos experimentais

Grupo FNP

Os participantes do grupo FNP foram estimulados por meio de uma conduta

terapêutica que incluiu exercícios voltados a marcha (estimulação tarefa-específica),

porém acrescendo-se a filosofia de tratamento do método de FNP, utilizando seus

procedimentos básicos e padrões de facilitação. Foram enfocados os procedimentos

de contato manual, estiramento e resistência máxima durante a realização de

atividades preparatórias para a marcha e de atividades de marcha propriamente dita,

sendo as seguintes: dissociação de cinturas em decúbito lateral; sentar e levantar;

transferência de peso ântero-posterior e látero-lateral em ortostatismo, e marcha

frontal e lateral.56,72 (FIGURAS 8, 9, 10 e 11).

As sessões foram iniciadas com o movimento de dissociação de cinturas em

decúbito lateral. Para essa tarefa, foram realizadas pelo menos duas séries de 10

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repetições de cada diagonal de movimento, sendo selecionadas as diagonais de

ântero-elevação/póstero-depressão e ântero-depressão/póstero-elevação. Para a

dissociação da cintura escapular, o terapeuta posicionava as mãos no ombro do

paciente, resistindo e guiando o movimento de retração e protração escapular -

associado à elevação ou depressão da escápula -, no dimídio parético. Para a

dissociação pélvica, o terapeuta guiava e resistia ao movimento de inclinação

(elevação e depressão) anterior e posterior da pelve, com as mãos posicionadas na

crista ilíaca, também no dimídio parético.72 Tais atividades eram realizadas em

média durante cinco minutos.

Em seguida, foi desempenhada a atividade de sentar e levantar, a qual exigia

mais tempo para execução, considerando a dificuldade dos pacientes nesta tarefa

(em média, 10 minutos eram dedicados nesta atividade, resultando num mínimo de

20 repetições). O paciente, inicialmente sentado, era encorajado a levantar-se, com

o terapeuta realizando contato manual na crista ilíaca, anteriormente, guiando e

resistindo ao movimento de extensão do tronco e quadril. Na sequência, o paciente

deveria sentar-se, estando o terapeuta com as mãos posicionadas na crista ilíaca,

posteriormente, resistindo e apoiando o movimento de flexão do tronco e quadril. Já

com o paciente em ortostatismo, eram realizadas as transferências de peso ântero-

posterior e látero-lateral, nas quais o terapeuta controlava e resistia ao movimento

da pelve, durante a transferência de peso corporal de um membro inferior para o

outro. Eram feitas, no mínimo, duas séries de 10 repetições em cada direção

(anterior/posterior e lateral direita/lateral esquerda), totalizando aproximadamente

cinco minutos nessa atividade. Para a transferência ântero-posterior, o terapeuta

posicionava as mãos nas cristas ilíacas, anteriormente, e para a transferência látero-

lateral, em apenas uma crista ilíaca, lateralmente. Posicionamento semelhante era

aplicado na realização da marcha frontal e lateral.72 (FIGURAS 10 e 11). Essa

atividade era executada nas barras paralelas - para maior segurança do paciente -, e

eram realizadas pelo menos 10 repetições, sendo cada repetição equivalente a

cinco passos (frontais ou laterais), na extensão das barras paralelas. Em média,

cerca de 10 minutos eram gastos com essa tarefa.

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FIGURA 8 – Dissociação de cinturas em decúbito lateral

FIGURA 9 – Atividade de sentar e levantar

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FIGURA 10 – Treino de marcha frontal

FIGURA 11 – Treino de marcha lateral

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O reflexo de estiramento era realizado na mesma direção – e em sentido

contrário - do movimento requerido, sendo aplicado imediatamente antes da

execução deste, visando facilitar a contração de músculos adjacentes. O terapeuta

fornecia ainda encorajamento verbal e instruções quanto à postura para correta

execução dos exercícios. A conduta era distribuída num tempo médio de 30 minutos,

onde o terapeuta focalizava uma ou outra atividade, conforme necessidade do

indivíduo e sua evolução no decorrer do treinamento. A cada sessão, a resistência

ao movimento era aumentada, e uma vez que o paciente desenvolvesse maiores

níveis de força naquela atividade, o número de repetições era acrescido.

Três terapeutas treinados e capacitados para realizar tais tarefas foram os

responsáveis pela aplicação do treinamento com o grupo FNP, sendo um terapeuta

por indivíduo. Antes e ao final de cada sessão, foram monitoradas e registradas a

pressão arterial e a frequência cardíaca, utilizando-se um esfigmomanômetro digital

(Visomat Comfort III).

Grupo ESPP

Para o treinamento em ESPP (grupo ESPP), foi utilizado o sistema Gait

Trainer (Gait Trainer System 2 - Biodex Medical Systems, NY, USA), um sistema de

suspensão motorizado acoplado a uma esteira elétrica. A esteira possui área para

caminhada de 160 x 51 cm e uma barra anterior com sensores de bio-impedância

para monitoração cardíaca. Este equipamento possibilita incrementos na velocidade

da ordem de 0,04 m/s e velocidade máxima de 4,7 m/s. O sistema de suspensão

dinâmica do corpo (Unweighing System - Biodex Medical Systems, NY, USA),

composto por um colete acoplado a um mecanismo de suspensão do peso corporal,

foi utilizado juntamente com a esteira para o treinamento (FIGURA 12).

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FIGURA 12 – Sistema de esteira com suporte parcial de peso - Gait Trainer System

2

Os sujeitos foram treinados inicialmente com assistência de dois terapeutas

previamente capacitados, os quais foram responsáveis pelo monitoramento da

postura, alinhamento corporal, posição do quadril e transferência de peso, bem

como pela assistência ao controle dos membros inferiores durante as fases de apoio

e balanço, quando necessário. Auxílios como deslocamento do membro inferior

parético, controle do joelho e manutenção do quadril e tronco eretos eram

administrados de acordo com demandas individuais. Posteriormente, após algumas

sessões de adequação da marcha na esteira, os sujeitos passavam a ser

acompanhados por apenas um terapeuta (FIGURA 13).

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FIGURA 13 – Treinamento na esteira com monitoração do terapeuta

Todos os sujeitos deste grupo foram inicialmente submetidos a alguns

minutos de treinamento na esteira para se familiarizarem com o protocolo, e nas

primeiras sessões eram orientados a segurar a barra frontal da esteira para

provimento de suporte e estabilidade, passando a não utilizá-la conforme não

houvesse mais necessidade.

A frequência cardíaca (FC) foi monitorada no decorrer das sessões de

treinamento por um cardiofrequencímetro (Polar Care), além do próprio monitor de

FC disposto no Gait Trainer. A FC máxima era calculada no início de cada sessão,

de acordo com a fórmula: FC máxima = 220 – idade,73 sendo monitorada para que

não fosse ultrapassada, atingindo apenas níveis submáximos. A pressão arterial

também foi verificada e registrada antes e ao final de cada sessão, utilizando-se um

esfigmomanômetro digital (Visomat Comfort III).

A primeira sessão de treinamento de cada indivíduo era iniciada com uma

porcentagem de suporte de peso corporal de 30%, semelhante a estudos

prévios.74,75 Essa porcentagem era gradualmente reduzida conforme houvesse

aumento da tolerância ao exercício, de modo que os sujeitos conseguissem, sem

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29

auxílio do fisioterapeuta, sustentar a maior carga no membro inferior parético e

movê-lo adequadamente para a frente, durante as fases de apoio e balanço da

marcha, respectivamente. No início de cada sessão (exceto da primeira), os sujeitos

eram questionados quanto à possibilidade de redução do suporte de peso, até que

este chegasse a 0%.

A velocidade da esteira, por sua vez, era selecionada durante os cinco

minutos iniciais da primeira sessão de treinamento, onde era obtida a velocidade

média tida como “confortável” para o indivíduo (isto é, a velocidade na qual os

participantes caminhassem o mais rápido possível sem que houvesse

compensações musculares ou fadiga). A cada sessão (da 2ª em diante) a velocidade

ia sendo aumentada, segundo feedback do indivíduo.

No início de cada sessão (a partir da 2ª em diante), eram dedicados em média

três a cinco minutos para a tentativa de redução do suporte de peso e

posteriormente para a tentativa de aumento da velocidade. Caso o indivíduo não

conseguisse reduzir o suporte de peso corporal, o valor do suporte utilizado era o

mesmo com o qual o indivíduo havia finalizado a sessão anterior. Ainda assim era

realizada a tentativa de aumento da velocidade, de acordo com a habilidade dos

sujeitos; estes deveriam manter tronco e membros alinhados, e transferir

adequadamente a carga para o membro inferior parético; caso não conseguissem

fazê-lo após aumento da velocidade, reduzia-se a velocidade ao valor prévio.74

Após os ajustes do suporte de peso e da velocidade, os indivíduos iniciavam a

marcha na esteira com os valores selecionados por um tempo total de 20 minutos

(sem contabilizar eventuais pausas durante o treinamento).

Foi fornecida estimulação verbal aos sujeitos em todas as sessões, bem

como feedback sobre seu desempenho.

2.8 Redução dos dados

Os dados da cinemetria foram inicialmente processados no software Qualisys

Track Manager 2.3 - QTM. Nele, foram nomeados os marcadores e foi feita a

seleção automática das trajetórias de cada um desses marcadores. Caso houvesse

alguma obstrução ou impossibilidade de um marcador ser visto por pelo menos duas

câmeras, foi permitida interpolação de no máximo 10 quadros (frames). O processo

de interpolação utiliza um algoritmo que reconstrói a possível trajetória do marcador

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30

perdido. Foram selecionados 10 ciclos de marcha a partir das coletas dinâmicas do

software QTM para serem exportadas e processadas no software Visual 3D.

No software Visual 3D, pôde-se construir um modelo biomecânico para

análise, utilizando as coletas estáticas com seus marcadores e os dados

antropométricos (peso e altura). As marcas anatômicas localizadas no trocânter

maior, epicôndilo medial e lateral do fêmur, juntamente com a base quadrada fixada

na coxa foram utilizadas para definir o segmento “coxa”. As marcas anatômicas dos

epicôndilos medial e lateral do fêmur, dos maléolos medial e lateral do tornozelo,

somadas à base quadrada da perna definiram o segmento “perna”. Por fim, as

marcas anatômicas localizadas nos maléolos medial e lateral do tornozelo, no

calcâneo e nas cabeças do 1º e do 5° metatarso definiram o segmento “pé”. Nesse

segmento, algumas marcas anatômicas serviram para rastreamento.68

Para eliminar os ruídos provocados pela movimentação dos marcadores, foi

usado um filtro passa-baixa (low Pass Butterworth), com frequência de corte

estabelecida em 6 Hz às trajetórias dos marcadores.76

A fim de obter os deslocamentos angulares de cada articulação, foi

necessária a associação dos segmentos, considerados, nesse modelo, como corpos

rígidos, com um sistema de coordenadas que utiliza a sequência dos ângulos de

Cardan.77 Nesse estudo, a posição de referência ou ortostática foi considerada como

posição neutra. O ângulo do quadril foi obtido pela associação do segmento coxa

com o sistema de coordenadas virtuais do laboratório. O ângulo do joelho, por sua

vez, foi obtido pelos deslocamentos entre a coxa e a perna. Para obtenção da

angulação do tornozelo, primeiramente foi necessária a construção do segmento

virtual do pé, que permitiu o alinhamento deste com a perna. O ângulo desta

articulação foi obtido pela união do pé virtual com a perna.

Os deslocamentos angulares do quadril, joelho e tornozelo foram

representados em porcentagem no decorrer do ciclo de marcha (0% a 100%). Para

delimitar o início e do fim do ciclo foi necessária a definição de dois eventos

consecutivos de contato inicial (CI) no pé parético. Como os indivíduos

apresentaram o tipo de contato bastante heterogêneo, variando desde o contato

feito com o calcâneo ou com o antepé, o evento CI foi considerado pela observação

dos marcadores inseridos no calcâneo ou na cabeça do 5º metatarso. Foi definido

ainda o evento de retirada do pé - ou toe-off, por meio do marcador inserido na

cabeça do 5º metatarso. Os eventos foram determinados tomando como base a

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representação gráfica desses marcadores no eixo Z.78 Essas definições foram

igualmente realizadas no pé não-parético para oferecer dados quanto à análise de

variáveis relacionadas ao passo.

De um total de 10 ciclos processados, apenas os ciclos mais homogêneos

foram selecionados, variando entre cinco a 10 ciclos exportados para análise. As

variáveis espaciais e temporais da marcha investigadas foram: velocidade (m/s),

comprimento da passada (m), tempo de duplo suporte (s) e razão de simetria do

tempo de balanço. Para calcular a razão de simetria foi utilizada a seguinte

fórmula:79

Razão de simetria do tempo de balanço = tempo de balanço (MIP)*

tempo de balanço (MINP)*

*Onde MIP = membro inferior parético e MINP = membro inferior não-parético.

Razão igual a 1 indica perfeita simetria.

Em relação às variáveis angulares, foram investigados os deslocamentos

angulares (°) das articulações do quadril, joelho e tornozelo do membro inferior

parético no plano sagital, assim como as porcentagens do ciclo da marcha nas quais

eles foram encontrados.80 Para o quadril, foi analisada a máxima extensão no apoio

e a máxima flexão no balanço; para o joelho, a máxima flexão no balanço; e para o

tornozelo, a flexão plantar no pré-balanço ou push-off (PO) e a máxima dorsiflexão

no balanço.

2.9 Análise estatística

A análise dos dados foi realizada através do programa SPSS (Statistical

Package for the Social Science) para Windows (versão 17.0), atribuindo-se o nível

de significância de 5% para todas as variáveis estudadas. Primeiramente, foi feita a

análise descritiva das variáveis demográficas e clínicas (gênero, dimídio parético,

tipo do AVE, idade, tempo de lesão, escores da escalas FAC, NIHSS e Ashworth),

por meio das medidas de tendência central e dispersão.

Para análise estatística de significância, inicialmente foi verificada a

normalidade dos dados de todas as variáveis, através do teste de Kolmogorov-

Smirnov (K-S), com correção de Shapiro-Wilk. Em seguida, foi aplicado o teste

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t´Student não-pareado, para confrontar os dados demográficos e clínicos dos dois

grupos antes das intervenções, verificando a semelhança entre os grupos.

Em seguida, foi aplicada a ANOVA mista 2x2 com medidas repetidas,

utilizando os fatores tempo e grupo de intervenção, para as variáveis espaço-

temporais, angulares e clínicas (função motora), de modo a verificar a interação

entre os grupos e pré/pós-treinamento.

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33

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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34

3.1 Anexação do artigo

Os resultados e a discussão desse estudo estão dispostos no seguinte artigo:

Efeitos do treino em esteira com suporte parcial de peso e do método de Facilitação

Neuromuscular Proprioceptiva na marcha hemiparética: estudo comparativo.

Este artigo será submetido à revista científica especializada após

consideração dos membros da banca de defesa.

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Efeitos do treino em esteira com suporte parcial de peso e do método de Facilitação

Neuromuscular Proprioceptiva na marcha hemiparética: estudo comparativo

Tatiana Souza Ribeiroa, Ana Raquel Rodrigues Lindquista

a Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal-RN, Brazil.

Autor responsável para correspondência:

Ana Raquel Rodrigues Lindquist

Endereço: Av. Senador Salgado Filho, 3000. Caixa Postal 1524.

CEP: 59072-970

e-mail: [email protected]

Telefone: +55 (84) 3342-2010

Título resumido: Efeitos da esteira e FNP na marcha

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Introdução

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) compreende um dano neurológico

agudo de elevada mortalidade, correspondendo a uma das principais causas de

morte no mundo,1 e a principal causa no Brasil.2 Apesar disso, expressiva parcela da

população acometida sobrevive à injúria vascular, porém com déficits neurológicos

que interferem nas atividades de vida diária e sobretudo na marcha, implicando em

significativa incapacidade funcional.3

A “marcha hemiparética” resulta de déficits no controle da atividade muscular,

como também de estratégias neuromusculares compensatórias.4 Comparados a

indivíduos normais, observam-se alterações nos parâmetros temporais, espaciais,

cinéticos e cinemáticos da marcha, estando reduzidos os dados relacionados à

cadência, velocidade, comprimento da passada e excursões articulares. Todas

essas modificações contribuem ainda para acrescer o gasto energético durante a

marcha.5

A despeito de tais alterações, acredita-se que mais de 85% desses indivíduos

podem vir a caminhar, o que torna a melhora da qualidade da marcha meta

essencial na reabilitação.6 Entretanto, ainda não há consenso sobre o melhor

tratamento a ser usado, sendo empregados desde técnicas tradicionais até

modernos equipamentos para o treinamento da deambulação.3

Bastante utilizado clinicamente, o método de Facilitação Neuromuscular

Proprioceptiva (FNP) consiste numa abordagem baseada em modelos

neurofisiológicos. Esse método envolve a resistência máxima ao movimento, que

deve ser executado em direção diagonal, de modo a promover uma resposta

neuromuscular dos proprioceptores e facilitar a ativação de músculos biarticulares.7

Promove ainda a exploração de reflexos posturais - facilitando o movimento em

músculos fracos -, além de priorizar contrações musculares excêntricas, estimulando

a atividade agonista.8 A despeito da fundamentação teórica, há escassas evidências

científicas para o uso desse método. Duas revisões sistemáticas que verificaram os

efeitos de abordagens neurofisiológicas (incluindo a FNP) em indivíduos com

hemiparesia, não encontraram evidências suficientes para generalizar os resultados

sobre o potencial impacto clínico desses tratamentos.9,10

Uma abordagem que vem atraindo interesse consiste no sistema de Esteira

com Suporte Parcial de Peso (ESPP) - um moderno sistema de suspensão de uma

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parcela predeterminada do peso corporal, que reduz a carga suportada durante a

marcha em esteira.11 Vários estudos vêm indicando benefícios decorrentes desse

treinamento, como melhora nos padrões de ativação muscular,12,13 na capacidade de

deambulação e velocidade,3,14 simetria12,13 e nas variáveis angulares da marcha.3

Contudo, duas revisões sistemáticas que avaliaram o treino em esteira - com e sem

suporte de peso - na marcha hemiparética, concluíram que esse tratamento não

parece ser mais efetivo que outras intervenções convencionais - como fisioterapia

convencional, treino de marcha e de mobilidade.11,15

Somando-se à falta de consenso para ótima reabilitação da marcha, escassos

são os tratamentos que têm forte evidência para restaurar a deambulação após

AVE.3 Ademais, até o momento, apenas um estudo comparou diretamente os efeitos

da ESPP com o método de FNP na marcha hemiparética, observando melhora das

habilidades da marcha e aumento do torque muscular com o treino em ESPP,

comparado ao método de FNP.16 Entretanto, tal estudo teve reduzida amostra, além

de metodologia diferente do proposto atualmente, quanto ao desenho experimental e

à análise cinemática - a qual não considerou variáveis relacionadas ao

deslocamento angular.

Nesse ínterim, o objetivo deste estudo foi analisar e comparar os efeitos do

treino em ESPP e do método de FNP na marcha de indivíduos com hemiparesia

pós-AVE. A hipótese sugerida é que o treino em ESPP produza maiores alterações

no padrão de marcha do que o método de FNP, considerando a complexidade,

especificidade e intensidade da prática fornecidas pela ESPP, tornando-a uma

abordagem eficiente na recuperação locomotora.12,17

Materiais e Métodos

Participantes

Homens e mulheres, com idades entre 40 e 70 anos, com hemiparesia

crônica (há mais de seis meses)18 pós-AVE unilateral e não-recorrente, foram

recrutados por conveniência a partir de clínicas e hospitais da cidade de Natal-RN

para compor a amostra. Tais sujeitos deveriam deambular funcionalmente, com

auxílio pessoal ou técnico (escores 3 a 5 da escala FAC - Functional Ambulatory

Category),19 e ter capacidade para deambular 10 metros em superfície plana sem

uso de dispositivos auxiliares. Não deveriam apresentar condições cardíacas

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instáveis, incapacidade para obedecer comandos simples, nem outro prejuízo

ortopédico e/ou neurológico que alterasse a marcha. Descompensações na pressão

arterial ou na freqüência cardíaca durante as intervenções foram consideradas

critérios de exclusão. Todos assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido concordando com a participação na pesquisa, a qual foi aprovada pelo

comitê de ética em pesquisa local.

Instrumentos de medida para avaliação

A habilidade para deambular foi avaliada pela Categoria de Deambulação

Funcional (FAC), que classifica tal habilidade de acordo com a quantidade de

suporte físico requerido, com uma pontuação variando de 0 (incapaz de andar ou

que necessita da ajuda de dois terapeutas) a 5 (independente na locomoção).19 A

escala National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS) foi aplicada para

categorização da gravidade do estado neurológico; nessa escala, maiores escores

indicam maiores déficits.20 O tônus muscular do membro inferior parético foi avaliado

pela escala de Ashworth Modificada - que gradua o tônus de 0 (tônus muscular

normal) a 5 (parte afetada rígida em flexão ou extensão) -,21 sendo testados os

seguintes grupos musculares: quadríceps, ísquiotibiais, tríceps sural e músculos

dorsiflexores do tornozelo. O protocolo Stroke Rehabilitation Assessment of

Movement (STREAM) permitiu a avaliação da recuperação motora, através da

movimentação voluntária dos membros e mobilidade básica, totalizando um escore

de 70 pontos (escores mais altos indicam melhor função). O STREAM exibe

confiabilidade e validade em pacientes pós-AVE.22 Para quantificar a dependência

funcional em atividades da vida diária, foi utilizada a Medida de Independência

Funcional (MIF), a qual possui validação brasileira em indivíduos com lesões

medular e encefálica.23 Nesse estudo, foi utilizado apenas o domínio motor da MIF

(MIF motora), o qual exclui os itens de comunicação e cognição social.

A análise da marcha foi obtida pelo sistema Qualisys (Qualisys Motion

Capture System - Qualisys Medical AB 411 13, Gothenburg). Foram utilizadas três

câmeras (Qualisys Oqus 300), que emitem e captam luz infravermelha refletida por

marcadores passivos esféricos. Os dados foram capturados em uma frequência de

120 Hz, pelo software de aquisição Qualisys Track Manager 2.3 (QTM), e

posteriormente exportados para o software de processamento Visual 3D (Visual3D

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Standard, 4.75.33 - C-Motion, Rockville, MD), o qual proporcionou a construção do

modelo biomecânico, que permitiu a análise das variáveis espaço-temporais e

angulares da marcha.

Procedimentos

Após abordagem inicial para obtenção de medidas antropométricas,

diagnóstico clínico, uso de medicamentos, sinais vitais e informações

complementares, as avaliações clínicas e a análise cinemática da marcha foram

realizadas, sempre na semana anterior ao início das intervenções.

Para a análise cinemática, foram posicionados marcadores passivos nas

seguintes marcas anatômicas do membro inferior parético: trocânter maior do fêmur,

epicôndilo medial e lateral do fêmur, maléolo medial e lateral do tornozelo, calcâneo,

cabeças do 1º e do 5° metatarso. Além disso, foram colocadas marcas de

rastreamento dos segmentos no espaço durante o movimento, contendo cada marca

quatro marcadores posicionados de forma não-colinear em uma base quadrada,

assentada no terço médio e na face lateral da coxa e da perna. Também foram

colocadas marcas de rastreamento no pé não-parético, através de marcadores

posicionados no calcâneo e cabeça do 1° metatarso.

Após calibração do Qualisys, foi capturada uma coleta estática, de duração de

10s, com os sujeitos calçados e em posição ortostática, para criar um modelo

biomecânico a ser aplicado nas coletas dinâmicas. Posteriormente, foram retiradas

as marcas anatômicas do membro inferior parético, exceto as do calcâneo, maléolo

lateral e cabeça do 5° metatarso, que permaneceram com as marcas de

rastreamento preexistentes para as capturas dinâmicas da marcha. Nessas

capturas, os participantes foram instruídos a deambular com calçado usual em uma

passarela de 10m, com uma velocidade assumida como mais usual e confortável

para cada um.

Protocolos experimentais

Terminada a avaliação inicial, os participantes foram alocados em dois

grupos: o sujeito 1 foi alocado para o grupo FNP, o sujeito 2 para o grupo ESPP, e

assim sucessivamente, de acordo com estudo semelhante.24 O grupo FNP (n=11) foi

submetido ao treinamento com o método de FNP, e o grupo ESPP (n=12) ao

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treinamento em ESPP. A intervenção ocorreu em três sessões semanais, de 30

minutos cada, por quatro semanas consecutivas.25 Nesse período, os participantes

não deveriam realizar outra terapia para a marcha.

O grupo FNP foi estimulado por meio de procedimentos básicos e padrões de

facilitação do método de FNP. Foram enfocados o contato manual, estiramento e

resistência máxima durante atividades preparatórias para a marcha e atividades de

marcha propriamente dita.16,26 As sessões iniciavam com a atividade de dissociação

de cinturas (escapular e pélvica), em decúbito lateral; em seguida, os pacientes

realizavam o treino de sentar e levantar em uma cadeira. Em ortostatismo,

efetuavam a transferência de peso corporal, tanto no sentido ântero-posterior quanto

látero-lateral. Por fim, realizavam a marcha frontal e lateral, executada nas barras

paralelas para maior segurança. Nessa tarefa, cada cinco passos (em um mesmo

sentido) equivaliam a uma repetição (Tabela1).

Tabela 1. Descrição do programa de treinamento do grupo FNP

Atividade Duração média (mínimo de repetições)

Dissociação de cinturas 5 minutos (20 repetições)

Sentar e levantar em uma cadeira 10 minutos (20 repetições)

Transferência de peso ântero-posterior e látero-lateral 5 minutos (40 repetições)

Marcha frontal e lateral 10 minutos (10 repetições)

O reflexo de estiramento foi realizado na mesma direção do movimento

requerido, sendo aplicado imediatamente antes da execução deste, visando facilitar

a contração de músculos adjacentes. O contato manual foi localizado no ombro

(para a dissociação de cintura escapular) e no quadril (para as outras atividades);

nesses pontos, o movimento foi guiado e resistido pelo terapeuta.26

Três terapeutas treinados aplicaram a intervenção nesse grupo (um por

indivíduo), os quais forneciam encorajamento verbal e instruções quanto à postura

para correta execução dos exercícios. A cada sessão, a resistência ao movimento

era aumentada, e uma vez que o paciente desenvolvesse maiores níveis de força

naquela atividade, o número de repetições era acrescido.

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No grupo ESPP, foi utilizado o Gait Trainer (Gait Trainer System 2 - Biodex

Medical Systems, NY), um sistema composto por um colete unido a um mecanismo

de suspensão do peso corporal (Unweighing System) acoplado a uma esteira

elétrica, com área para caminhada de 160 x 51 cm e uma barra anterior com

sensores para monitoração cardíaca. Os sujeitos foram orientados a segurar a barra

anterior para estabilidade, e eram inicialmente auxiliados por dois terapeutas

(posteriormente, apenas por um), que monitoravam a postura, forneciam instruções

sobre o alinhamento corporal e assistiam ao controle dos membros inferiores

quando necessário. Auxílios como deslocamento do membro inferior parético,

controle do joelho e manutenção de quadril e tronco eretos eram administrados de

acordo com demandas individuais.

A primeira sessão foi iniciada com 30% de suporte de peso corporal.27 Esse

suporte era reduzido conforme houvesse aumento da tolerância ao exercício, de

modo que os sujeitos conseguissem, sem auxílio do fisioterapeuta, sustentar a maior

carga no membro inferior parético e movê-lo adequadamente para a frente, durante

as fases de apoio e balanço da marcha. A velocidade da esteira, por sua vez, foi

selecionada como “confortável” - máxima velocidade sem compensações

musculares ou fadiga -, sendo aumentada a cada sessão, segundo feedback do

indivíduo. Em outras palavras, os sujeitos deveriam manter tronco e membros

alinhados, e transferir apropriadamente a carga para o membro inferior parético;

caso não conseguissem fazê-lo após aumento da velocidade, reduzia-se a

velocidade ao valor prévio.27 Após ajustados o suporte e a velocidade, os indivíduos

deambulavam na esteira por 20 minutos (sem contabilizar pausas - por exceder a

frequência máxima calculada durante o exercício, ou por relatos de fadiga).

Em ambos os grupos, foram monitoradas a frequência cardíaca e pressão

arterial antes e após cada sessão, utilizando-se um esfigmomanômetro digital

(Visomat Comfort III). Os pacientes não utilizavam dispositivos auxiliares durante as

intervenções; porém, poderiam usar órteses (caso já as utilizassem previamente).

Na semana posterior às intervenções, os sujeitos eram novamente

submetidos às avaliações clínica e cinemática (reavaliação).

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Redução dos dados

Os dados captados pelo Qualisys foram processados no software QTM, no

qual foi permitida interpolação de no máximo 10 quadros (frames), caso um

marcador não fosse visto por pelo menos duas câmeras. Foram selecionados 10

ciclos de marcha a partir das coletas dinâmicas para serem exportadas e

processadas no software Visual 3D. Nesse software, foi usado um filtro (low Pass

Butterworth), com frequência de corte de 6 Hz, para eliminar os ruídos.

No Visual 3D, os deslocamentos angulares das articulações foram obtidos de

acordo com a sequência dos ângulos de Cardan, sendo adotada a posição

ortostática como posição neutra. O ângulo do quadril foi obtido pela associação do

segmento coxa com o sistema de coordenadas virtuais do laboratório. O ângulo do

joelho, pelos deslocamentos entre a coxa e a perna. E o ângulo do tornozelo, pela

união do segmento virtual do pé com a perna.

Os deslocamentos angulares do quadril, joelho e tornozelo foram

representados em porcentagem do ciclo de marcha (0% a 100%). Para delimitar o

início e do fim do ciclo foram definidos dois eventos consecutivos de contato inicial

(CI) no pé parético, pela observação dos marcadores inseridos no calcâneo ou na

cabeça do 5º metatarso. Foi definido ainda o evento de retirada do pé (toe-off), por

meio do marcador inserido na cabeça do 5º metatarso. Os eventos foram

determinados baseados na representação gráfica desses marcadores no eixo Z.28

Essas definições foram também realizadas no pé não-parético para oferecer dados

relacionados ao passo.

Apenas os ciclos mais homogêneos foram selecionados para análise,

variando entre cinco a 10 ciclos. As variáveis espaciais e temporais da marcha

pesquisadas foram: velocidade (m/s), comprimento da passada (m), tempo de duplo

suporte (s) e razão de simetria do tempo de balanço. Para calcular a razão de

simetria foi utilizada a seguinte fórmula:29

Razão de simetria do tempo de balanço = tempo de balanço (MIP) / tempo

de balanço (MINP)*

*Onde MIP = membro inferior parético e MINP = membro inferior não-parético.

Quanto às variáveis angulares, foram investigados os deslocamentos

angulares (°) do quadril, joelho e tornozelo do membro inferior parético no plano

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sagital. Para o quadril, foi analisada a máxima extensão no apoio e a máxima flexão

no balanço; para o joelho, a máxima flexão no balanço; e para o tornozelo, a flexão

plantar no pré-balanço ou push-off (PO) e a máxima dorsiflexão no balanço.

Análise estatística

Todas as análises foram realizadas pelo programa Statistical Package for the

Social Science (SPSS) para Windows, versão 17.0. A normalidade dos dados foi

verificada usando o teste de Kolmogorov-Smirnov, com correção de Shapiro-Wilk.

Em seguida, o teste t´Student não-pareado foi usado para confrontar os dados

demográficos e clínicos dos dois grupos antes das intervenções (linha de base). A

ANOVA mista com medidas repetidas (2x2) foi utilizada para verificar a interação

entre os grupos e pré/pós-intervenção.

Resultados

Características dos Participantes

Dos 25 sujeitos envolvidos neste estudo, dois descontinuaram o protocolo de

treinamento. Deste modo, 23 indivíduos (13 homens e 10 mulheres), com sequela

de hemiparesia direita (48%) e esquerda (52%), decorrentes, sobretudo, de AVE

isquêmico (87%), finalizaram o estudo.

Para que os grupos apresentassem homogeneidade na linha de base

(avaliação), foram excluídos três indivíduos a posteriori, de modo a permitir a

comparação entre os grupos. Esses indivíduos apresentavam valores médios de

velocidade e deslocamento angular bastante discrepantes da maioria dos sujeitos.

Devido a isto, a amostra final compreendeu 20 indivíduos (Figura 1). Todas as

variáveis pesquisadas mostraram-se, portanto, estatisticamente iguais entre os

grupos no início do estudo.

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Figura 1. Fluxograma do estudo.

Pacientes contactados

(n = 113)Excluídos (n = 83)

* Inelegíveis

* Óbitos

* Desinteressados

* Realizavam outros tratamentos

* Outras razões

Pacientes selecionados

(n = 30)

Grupo FNP

(n = 12)

Descontinuaram treinamento (n = 1)

* Problemas de transporte

Reavaliação

(n = 11)

Excluídos pós-estatística

(n = 2)

FNP

(n = 9)

Grupo ESPP

(n = 13)

Descontinuaram treinamento (n = 1)

* Problemas de transporte

Excluídos pós-estatística

(n = 1)

ESPP

(n = 11)

Avaliação

(n = 25)

Excluídos (n = 5)

* Não conseguiram deambular 10m sem dispositivos auxiliares

* FAC 5 sem auxílio técnico

Reavaliação

(n = 12)

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As características clínicas e demográficas dos sujeitos foram dispostas de

acordo com os grupos de intervenção, na Tabela 2.

Tabela 2. Características clínicas e demográficas dos indivíduos (n = 20) conforme os grupos

de intervenção – FNP e ESPP

Variável Grupo FNP (n = 9) Grupo ESPP (n = 11) P

Idade (anos) 58,33 ± 8,94 56,45 ± 8,31 0,63

Tempo de lesão (meses) 19,77 ± 9,76 33,36 ± 25,0 0,14

FAC 3,22 ± 0,44 3,72 ± 0,90 0,12

NIHSS 6,44 ± 7,04 4,72 ± 2,20 0,49

ASHWORTH 1,33 ± 0,50 1,36 ± 0,50 0,89

NOTA. Valores expressos como média ± desvio-padrão.

Abreviações: FAC, Functional Ambulatory Category; NIHSS, National Institute of Health Stroke Scale;

ASWHORTH, Escala de Ashworth Modificada.

Nenhum dos participantes fazia uso de órteses previamente às intervenções.

40% dos indivíduos utilizavam dispositivos auxiliares para a marcha (do tipo bengala

convencional ou muleta canadense).

Medidas de Desfecho

Em relação à função motora (recuperação motora e funcionalidade), a

ANOVA detectou aumento significativo nos escores do STREAM (F=49,189;

P<0,001) e da MIF motora (F=7,093; P=0,016) após os treinamentos,

independentemente do grupo de treinamento (STREAM: F=1,081; P=0,312; MIF

motora: F=0,071; P=0,793).

Quanto às variáveis espaço-temporais, não foi observada diferença

estatisticamente significativa nas variáveis velocidade (F=0,041; P=0,842),

comprimento do ciclo (F=0,058; P=0,812) e tempo de duplo suporte (F=0,144;

P=0,709) após os treinamentos. Apenas a razão de simetria do tempo de balanço

apresentou redução significativa após as intervenções (F=7,729; P=0,012),

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46

independentemente do grupo (F=0,018; P=0,895). Para a variável velocidade, foi

observado um poder estatístico de 0,43.

Dentre as medidas angulares, foi observada interação significativa entre os

fatores tempo e grupo para a máxima dorsiflexão do tornozelo durante o balanço

(F=6,046; P=0,024), indicando que os dois grupos tiveram diferentes

comportamentos ao longo do tempo, onde somente o grupo FNP obteve melhora

nessa variável. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada após

os treinamentos, para as outras variáveis: máxima extensão do quadril (F=0,055;

P=0,817), máxima flexão do quadril no balanço (F=1,531; P=0,232), máxima flexão

do joelho no balanço (F=1,253; P=0,278), e flexão plantar do tornozelo no pré-

balanço (push-off) (F=0,058; P=0,813) - (Tabela 3).

Tabela 3. Intervenções, diferenças nas intervenções e diferenças entre intervenções

Intervenções Diferenças nas Diferenças entre

intervenções intervenções

Pré-treinamento Pós-treinamento Pós - Pré- Pós - Pré-

treinamento treinamento

ESPP FNP ESPP FNP

Variáveis (n = 11) (n = 9) (n = 11) (n = 9) ESPP FNP ESPP - FNP

STREAM (%) a 63,8 ± 24,9 66,2 ± 17,8 70,0 ± 24,6 74,6 ± 18,2 6,2 ± 5,4* 8,3 ± 3,4* -2,1 (-6,5 a 2,3)

MIF motora 68,3 ± 7,4 68,0 ± 8,7 70,0 ± 7,2 70,1 ± 8,9 1,7 ± 3,6* 2,1 ± 2,7* -0,4 (-3,5 a 2,7)

Velocidade (m/s) 0,5 ± 0,2 0,4 ± 0,1 0,5 ± 0,2 0,4 ± 0,1 0,0 ± 0,1 0,0 ± 0,1 0,0 (-0,1 a 0,1)

Comp. passada (m) 0,8 ± 0,2 0,7 ± 0,2 0,8 ± 0,2 0,7 ± 0,1 0,0 ± 0,1 0,0 ± 0,1 0,0 (-0,1 a 0,1)

T. duplo suporte (s) 0,5 ± 0,2 0,6 ± 0,2 0,5 ± 0,2 0,6 ± 0,2 0,0 ± 0,1 0,0 ± 0,1 0,0 (-0,1 a 0,1)

Razão de simetria 1,4 ± 0,2 1,6 ± 0,3 1,3 ± 0,2 1,5 ± 0,2 -0,1 ± 0,2* -0,1 ± 0,1* 0,0 (-0,2 a 0,2)

Máx. ext. quadril (º) -3,5 ± 9,1 -5,1 ± 5,4 -5,1 ± 10,1 -4,1 ± 7,2 -1,6 ± 5,0 1,0 ± 6,9 -2,6 (-8,2 a 3,0)

Máx. flex. quadril (º) 26,1 ± 4,8 21,1 ± 6,1 26,2 ± 4,9 23,9 ± 7,2 0,1 ± 2,9 2,8 ± 6,8 -2,7 (-7,4 a 2,0)

Máx. flex. joelho (º) 49,2 ± 12,5 40,2 ± 10,7 49,0 ± 12,5 43,5 ± 10,9 -0,2 ± 5,7 3,3 ± 6,8 -3,5 (-9,4 a 2,4)

Flex. plantar PO (º) -9,0 ± 12,4 -7,1 ± 11,6 -10,7 ± 10,7 -4,9 ± 10,6 -1,7 ± 4,9 2,3 ± 4,6 -4,0 (-8,5 a 0,5)

Máx. dors. balanço (º) -3,0 ± 10,1 -2,4 ± 10,0 -4,2 ± 8,0 0,7 ± 9,1 -1,2 ± 4,0 3,1 ± 3,9* -4,3 (-8,0 a -0,6)*

NOTA. Valores são expressos como média ± desvio-padrão ou média (intervalo de confiança de

95%).

Abreviações: Comp., Comprimento; T., Tempo; Máx., Máxima; Ext., Extensão; Flex., Flexão; PO,

Push-Off; Dors., Dorsiflexão.

a STREAM (%), Porcentagem do valor total (70 pontos) da escala STREAM.

* Significância estatística.

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As médias dos ângulos articulares do quadril, joelho e tornozelo, pré e pós-

treinamento, em cada grupo, encontram-se contempladas na figura 2.

(A)

(B)

-10-505

1015202530

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Ciclo da Marcha (%)

Grupo ESPP

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05101520253035404550

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(C)

Figura 2. Médias dos ângulos articulares do quadril (A), joelho (B) e tornozelo (C)

durante o ciclo da marcha (expresso em porcentagem - %). Valores positivos

indicam flexão do quadril, flexão do joelho e dorsiflexão do tornozelo.

Discussão

O presente estudo investigou os efeitos do treino de marcha utilizando o

método de FNP e o sistema de ESPP, obtendo ganhos na função motora e na

simetria da marcha, indicando que tais treinamentos podem ser benéficos para

pacientes crônicos pós-AVE.

Aproximadamente dois terços desses pacientes têm déficits motores

relacionados ao movimento dos membros e à mobilidade. O protocolo STREAM é

uma medida comumente usada para avaliar tais déficits após AVE,30 e no atual

estudo, indicou melhora na mobilidade básica e movimentação dos membros em

ambos os grupos, sem diferença entre eles. Outros estudos também obtiveram

ganhos na função motora, empregando o método de FNP24 e o treino em ESPP14,27

em sujeitos com hemiparesia.

Considerando que a recuperação motora se dá, preferencialmente, nos

primeiros meses pós-AVE, uma melhora após essa fase - como observada neste

estudo - sugere que estratégias compensatórias podem ter sido desenvolvidas, de

modo a superar as limitações físicas existentes. Os achados de melhora da função

motora contribuem ainda para restaurar a capacidade de deambulação, que, por sua

-10

-5

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vez, representa importante objetivo da reabilitação pós-AVE.31

A execução de tarefas funcionais depende da habilidade motora do

indivíduo;27 desse modo, sugere-se que a melhor recuperação motora verificada

neste estudo possa ter se refletido numa melhora funcional, evidenciada pelo

aumento dos escores da MIF motora. Quanto ao treino com o FNP, Ozdemir et al.,

em seu estudo,24 também observaram ganhos funcionais no grupo que recebeu

tratamento com esse método. Entretanto, Dickstein et al.,32 comparando três

abordagens de exercícios em pacientes pós-AVE (FNP, Bobath e fisioterapia

convencional), não verificaram diferença entre os grupos quanto à melhora

funcional. Em relação ao treino em ESPP, uma revisão sistemática11 indicou que

essa abordagem não parece ser diferente da fisioterapia convencional na função

motora - mensurada pelo subitem “locomoção” da MIF motora. Nessa revisão, os

autores sugerem ainda que o treino em ESPP não parece ser efetivo na melhora em

atividades da vida diária.

No estudo atual, os grupos desempenham atividades funcionais, tais como

sentar e levantar (grupo FNP) e marcha propriamente dita (grupo FNP e ESPP), em

uma estimulação tarefa-específica. De acordo com Langhammer e Stanghelle,33 um

programa de tarefas específicas é mais eficiente para a recuperação motora e para

a independência nas atividades de vida diária, visto que o melhor aprendizado motor

ocorre se a prática estiver relacionada à tarefa requerida para retenção ou

transferência. Assim sendo, o ganho funcional dos grupos também parece estar

relacionado à especificidade da tarefa.

Segundo Patterson et al.,34 função motora e velocidade têm se mostrado

correlatas; contudo, a despeito da melhora motora, não foram observadas alterações

na velocidade, como também no comprimento da passada e tempo de duplo suporte

após os treinamentos. Em um outro artigo, Patterson et al.35 sugerem que, uma vez

estabelecidas estratégias compensatórias e uma conseqüente melhora motora, a

tendência da velocidade é de manter-se estável nos estágios pós-AVE. É bem

possível, então, que indivíduos com hemiparesia crônica necessitem de uma

sobrecarga no treinamento para que sejam visualizadas alterações, especialmente

em relação à velocidade.17 Wang, em seu estudo,25 notou que indivíduos na fase

aguda do AVE conseguiram deambular com maiores velocidade e cadência após

uma única sessão de FNP, mantendo a melhora após 12 sessões dessa terapia. Os

crônicos, ao contrário, somente após 12 sessões exibiram aumento nessas

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variáveis, sugerindo, assim, uma maior responsividade de pacientes agudos do que

crônicos, particularmente ao tratamento com FNP para a marcha.

No estudo atual, a máxima velocidade da marcha não foi enfocada durante as

sessões do grupo FNP, e, no grupo ESPP, os indivíduos foram encorajados a

caminhar em uma velocidade confortável e auto-ajustada, o que pode não ter

promovido suficiente sobrecarga para melhora no treinamento. A estabilização da

velocidade, por sua vez, pode ter contribuído para manutenção do comprimento da

passada, bem como do tempo de duplo suporte.

Embora simetria da marcha e velocidade estejam frequentemente associadas,

essas medidas parecem ter diferentes comportamentos nos estágios pós-AVE,

podendo haver melhora de uma sem mudança da outra.35 No presente estudo,

houve melhora da simetria temporal da marcha em ambos os grupos; porém, sem

alterações na velocidade. Já no estudo de Coelho et al.,16 o método de FNP não

alterou a simetria do passo (razão entre o comprimento do passo parético/não-

parético) e nem a velocidade; entretanto, o treino em ESPP exibiu melhora

significativa dessas variáveis, sugerindo uma correlação positiva entre elas.

Considerando isto, pode-se (hipoteticamente) inferir que o ganho na simetria –

apesar de significativo – foi incapaz de influenciar a velocidade da marcha, no

estudo atual.

Alguns estudos,13,36,37 que utilizaram o treino em ESPP com assistência e

correção postural de sujeitos pós-AVE, obtiveram padrões mais normais de marcha

nesses indivíduos. Harris-Love et al.,36 inferiram que, no contexto das teorias de

controle e aprendizado motor, a assistência e a correção postural representam

restrições extrínsecas, que são modificadas para alterar o padrão de coordenação

entre membros. No atual estudo, foi encorajada a execução correta dos exercícios

em ambos os grupos, controlando o alinhamento postural durante as atividades e

focando a qualidade das tarefas realizadas, o que pode ter contribuído para obter

maior simetria temporal entre membros.

A simetria da marcha pode prover uma medida em paralelo dos dois membros

inferiores, fornecendo entendimento sobre o controle da deambulação. E mesmo

que a velocidade tenha maiores implicações para a funcionalidade, há muito mais

consequências potenciais associadas com a assimetria da marcha – como

mudanças no controle do equilíbrio dinâmico, risco aumentado de lesões

musculoesqueléticas cumulativas e ineficiência da marcha.35

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51

A marcha hemiparética é caracterizada por alterações angulares, tais como

redução da flexão do quadril e tornozelo no pré-balanço, diminuição do pico de

flexão do joelho no balanço e déficits no controle do tornozelo.12 Alterações nesses

parâmetros foram vistas previamente às intervenções; porém, praticamente não

houve mudanças nessas variáveis após os treinamentos aplicados.

Dos artigos que utilizaram o FNP para reabilitação da marcha hemiparética,

apenas Trueblood et al.38 pesquisaram alterações angulares, notando aumentos na

flexão do joelho no balanço e na extensão dessa articulação no apoio. No atual

estudo, no grupo FNP, não foi verificada melhora nas articulações do quadril e joelho

quanto às variáveis pesquisadas; todavia, houve aumento significativo da máxima

dorsiflexão do tornozelo no balanço. Esse achado indica maior excursão do pé para

cima durante o balanço, constituindo, portanto, relevante ganho funcional, na medida

em que evita lesões decorrentes da liberação incompleta do pé do solo durante essa

fase.27

O treino em esteira promove alinhamento vertical do tronco, que, associado

ao movimento retrógrado da esteira, facilita a extensão terminal do quadril no apoio,

e recruta os flexores do quadril para iniciar o balanço.13 Proporciona também

oportunidade de execução de padrões de marcha mais próximos do normal,

podendo resultar em melhora da cinemática do joelho e tornozelo. O suporte de

peso corporal facilita ainda uma melhor resposta à carga e distribuição do peso pelo

indivíduo.3 Apesar disso, o grupo ESPP não exibiu mudanças estatisticamente

significativas nas variáveis angulares analisadas.

Ponderando a cronicidade dos pacientes, a intensidade e a duração

insuficientes dos treinamentos parecem ter sido responsáveis pela ausência de

alterações angulares, como provavelmente ocorreu com algumas variáveis espaço-

temporais. Isso porque pacientes crônicos são menos responsivos ao tratamento

com a ESPP e com outros tipos de abordagens,39 e não existem evidências sobre a

duração ótima desse tratamento na recuperação locomotora pós-AVE,40 bem como

do método de FNP. A despeito disso, Peurala et al.41 obtiveram ganhos expressivos

em pacientes de AVE com mais de seis meses de lesão, com intensiva fisioterapia

(duas sessões diárias de tarefas específicas e repetidas, por três semanas).

Segundo esses autores, a melhora observada foi decorrente da intensidade do

tratamento, a qual foi capaz de superar a cronicidade dos indivíduos – fato

possivelmente não ocorrido no presente estudo.

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Considerando ainda que diversas variáveis da marcha, incluindo as

angulares, são velocidade-dependentes,42 a ausência de alterações na velocidade

da marcha também pode justificar o fato de não ter sido visualizada diferença

estatisticamente significativa em muitas das variáveis pesquisadas.

A hipótese de que o treino em ESPP forneceria maiores modificações no

padrão de marcha do que o treino com o método de FNP não foi suportada no atual

estudo. O treino com o FNP produziu ganhos na função motora (recuperação motora

e funcionalidade), simetria e cinemática angular do tornozelo; o treino com a ESPP,

por sua vez, resultou em ganhos na função motora e na simetria da marcha.

Portanto, resultados semelhantes foram obtidos com os treinamentos aplicados,

tendo o método de FNP promovido ainda maior dorsiflexão do tornozelo durante a

fase de balanço.

Limitações do estudo

Uma das limitações deste estudo foi a ausência de grupo controle; entretanto,

o objetivo era comparar os efeitos de dois tratamentos para a marcha, e não

demonstrar a efetividade de cada uma das intervenções. Outra limitação foi o

tamanho dos grupos, resultando em baixo poder estatístico (β = 0,43), o que

também pode ter sido responsável pela ausência de significância estatística em

algumas variáveis pesquisadas. A ausência de análise de variáveis cinemáticas do

membro inferior não-parético, bem como da verificação dos efeitos a longo prazo

dessas intervenções, também constituiu fator limitante. Sugerimos que estudos

posteriores que supram tais carências possam ser realizados para indicar com maior

segurança o(s) tratamento(s) que aprimore(m) a deambulação de indivíduos que

sofreram AVE.

Conclusões

O presente estudo comparou dois tipos de intervenções para a marcha

hemiparética – o método de FNP e o treino em ESPP. Melhora na função motora e

na simetria da marcha foi observada em ambos os grupos, aludindo a uma

similaridade dos tratamentos. Com a finalidade de melhora desses parâmetros,

sugerimos que tanto o método de FNP quando o sistema de ESPP podem ser

usados na reabilitação da marcha hemiparética, devendo ser considerado o custo-

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benefício de cada treinamento para sua escolha.

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4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

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58

Após exposição dos resultados encontrados no presente estudo, podem ser

feitas as seguintes conclusões e considerações:

Escassas variáveis espaço-temporais e angulares da marcha demonstraram

alterações significativas após os treinamentos aplicados. Entretanto, alterações na

função motora (recuperação motora e funcionalidade) e na simetria temporal da

marcha foram observadas em ambos os grupos. O treino com o método de FNP

produziu, além disso, melhora da cinemática angular do tornozelo.

Os achados desse estudo indicam, desse modo, uma similaridade dos

resultados dessas intervenções, sendo sugerido que tanto o método de FNP quanto

o treino em ESPP podem ser benéficos na reabilitação da marcha hemiparética

crônica, particularmente no que se refere à função motora e simetria da marcha.

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6 ANEXOS

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ANEXO 1 - Functional Ambulatory Category (FAC)

CATEGORIAS DE DEAMBULAÇÃO FUNCIONAL:

NÍVEL

0 Incapaz de andar ou que necessita de ajuda de 2 terapeutas

1 Necessidade de suporte contínuo de uma pessoa para

carregar o sujeito e manter seu equilíbrio ou coordenação

2 Dependência contínua ou intermitente de outra pessoa para

ajudar no equilíbrio ou coordenação

3 Necessidade apenas de supervisão verbal. Precisam de

alguém ao lado para ganhar confiança

4 Move-se de forma independente, mas necessita de ajuda para

subir degraus ou em piso irregular

5 Independente na locomoção (incluindo subir degraus)

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ANEXO 2 – National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS)

Instruções Definição de pontuação Pontos

1 a. Nível de consciência 0= alerta 1= sonolento, mas responde por estimulação 2= torporoso, requer estimulação repetida ou dolorosa para responder aos comandos 3= coma, responde somente com reflexos motores ou autonômicos, ou totalmente sem resposta, flácido e com arreflexia

b. Nível de consciência – Perguntas: Qual o mês do ano e qual a sua idade?

0= responde ambas as perguntas corretamente 1= responde uma pergunta corretamente 2= nenhuma resposta correta

c. Nível de consciência – Solicitar para o paciente fechar e abrir os olhos e fechar e abrir a mão não-parética

0= executa ambas as tarefas corretamente 1= executa uma tarefa corretamente 2= não executa nenhuma tarefa corretamente

2. Olhar – Solicitar movimentos dos olhos para a direita e para a esquerda

0= normal 1= paralisia parcial do olhar, paciente incapaz de mover um ou ambos os olhos completamente para ambas as direções 2= divergência, desvio conjugado dos olhos para direita ou esquerda, paralisia total do olhar

3. Visual – Solicitar a contagem dos dedos nos quadrantes superiores e inferiores (direito e esquerdo) avaliando cada olho independentemente

0= nenhuma perda visual 1= hemianopsia parcial 2= hemianopsia completa 3= hemianopsia bilateral (incluindo cegueira cortical)

4. Paralisia facial – Solicitar para o paciente mostrar os dentes ou levantar as sobrancelhas e fechar os olhos

0= movimento simétrico normal 1= pequena paralisia (apagamento do sulco nasolabial e assimetria do sorriso) 2= paralisia parcial (total ou próxima a total da face inferior) 3= paralisia completa de um ou ambos os lados (ausência de movimento na face superior e inferior)

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5 e 6. Função motora do MS e MI – Solicitar para o paciente manter o braço em flexão a 45º e a perna em flexão de 30º durante 10 segundos, na posição supina, iniciando com o membro não parético

0= nenhum déficit, mantém a posição durante 10 segundos 1= déficit, o paciente mantém a posição, mas antes dos 10 segundos o membro cai na cama 2= realiza algum esforço contra a gravidade, mas não mantém a posição 3= nenhum esforço contra a gravidade, quedas do membro 4= nenhum movimento 9= não testável

5 a. Braço esquerdo

5 a. Braço direito

6 a. Perna esquerda

6 b. Perna direita

7. Ataxia de membros – Realizar as provas índice-nariz e calcanhar-joelho

0= ausente 1= presente em um membro 2= presente em dois membros

Braço esquerdo ( ) = Não ( ) = Sim ( ) = amputação, fusão articular

Braço direito ( ) = Não ( ) = Sim ( ) = amputação, fusão articular

Perna esquerda ( ) = Não ( ) = Sim ( ) = amputação, fusão articular

Perna direita ( ) = Não ( ) = Sim ( ) = amputação, fusão articular

8. Sensibilidade – Realizar estimulação dolorosa com alfinete na região proximal dos quatro membros

0= normal, nenhuma perda sensória 1= perda parcial, de leve a moderada perda sensória; paciente se sente alfinetado, mas com menor sensação no lado parético, ou perda de dor, mas sente ser tocado 2= severa ou perda sensorial total; paciente não discrimina o toque sem o estímulo doloroso na face, braço e perna

9. Linguagem – Solicitar ao paciente para identificar um grupo de figuras e ler um conjunto de sentenças (no mínimo 3)

0= nenhuma afasia, normal 1= moderada afasia, alguma perda óbvia da fluência ou da facilidade de compreensão, sem limitação total nas idéias expressas ou na forma de expressão 2= afasia severa, toda a comunicação é por gestos, com grande dificuldade 3= mudo, afasia global, nenhuma fala compreensível

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10. Disartria – Solicitar para o paciente ler uma lista de palavras

0= normal 1= comprometimento leve a moderado, pronúncias indistintas de pelo menos algumas palavras, a leitura pode ser entendida, mas com alguma dificuldade 2= comprometimento severo, a fala do paciente está tão desarticulada que torna-se ininteligível 9= não testável (intubado ou com outra barreira física)

11. Extinção ou inatenção (prévia negligência) – Solicitar para o paciente descrever o que está acontecendo na figura apresentada numa folha de papel, do lado direito e esquerdo (compensar com a cabeça qualquer perda visual). Se não conseguir, o paciente deverá reconhecer uma estimulação tátil simultânea e bilateral, com os olhos fechados

0= nenhuma anormalidade 1= negligência parcial, paciente é capaz de reconhecer ou o estímulo cutâneo ou o visual, em ambos os lados direito e esquerdo, mas é incapaz de reconhecer os dois estímulos satisfatoriamente 2= negligência completa, paciente é incapaz de reconhecer os estímulos

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ANEXO 3 - Escala de Ashworth Modificada

GRAU 0 Nenhum aumento do tônus muscular

GRAU 1 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por uma

tensão momentânea ou por resistência mínima, no final

da amplitude de movimento articular (ADM), quando a

região é movida em flexão ou extensão

GRAU 2 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por

tensão abrupta, seguida de resistência mínima em

menos da metade da ADM restante

GRAU 3 Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a

maior parte da ADM, mas a região é movida facilmente

GRAU 4 Considerável aumento do tônus muscular, o movimento

passivo é difícil

GRAU 5 Parte afetada rígida em flexão ou extensão

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ANEXO 4 - Rehabilitation Assessment of Movement (STREAM)

Classificação da Descrição

I. Movimentos Voluntários dos Membros

0 – Incapaz de realizar o movimento testado através de qualquer amplitude

apreciável (incluindo movimentos em chicote e lentos)

1 – a. Capaz de realizar apenas parte do movimento, e com forte desvio do padrão

normal.

b. Capaz de realizar apenas parte do movimento, mas de forma semelhante ao

lado não parético

c. Capaz de realizar o movimento completo, mas com marcado desvio do padrão

normal

2 – Capaz de completar o movimento de maneira comparável ao lado não parético.

X - Atividade não testada (Especificar por que; amplitude, dor, outras razões)

II. Mobilidade Básica

0 – Incapaz de realizar a atividade testada através de qualquer amplitude (isto é,

mínima participação ativa)

1 – a. Capaz de realizar apenas parte da atividade de forma independente (requer

assistência parcial ou estabilização para completar o movimento), com ou sem

ajuda, e com marcante desvio do padrão normal.

b. Capaz de realizar apenas parte da atividade de forma independente (requer

assistência parcial ou estabilização para completar), com ou sem ajuda mas com um

padrão de movimento grosseiramente normal.

c. Capaz de completar a atividade de forma independente, com ou sem ajuda,

mas com marcante desvio do padrão normal

2 – Capaz de completar a atividade de forma independente com um padrão de

movimento grosseiramente normal, mas requer ajuda.

3 – Capaz de completar a atividade de forma independente com um padrão de

movimento grosseiramente normal, sem ajuda.

X – Atividade não testada (Especificar porque; amplitude, dor, outras razões).

III. Referência para Medida (Amplitude de Movimento Ativo)

Qualidade do Movimento Nenhum Parcial Completo

Grande Desvio 0 1a 1c

Grosseiramente normal 0 1b 2(3)

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Itens avaliados

Posição do

Teste

Subescala Movimentos Avaliados

Pontuação

Deitado S Protração da escápula

S Extensão do cotovelo

I Flexão do quadril

M Rolar

M Fazer a ponte

M De supino para sentado

Sentado S Encolher os ombros

S Tocar o topo da cabeça

S Mão no sacro

S Elevação total

S Supinação/pronação

S Fechar a mão

S Abrir a mão

S Oposição

I Flexão do quadril

I Extensão do joelho

I Flexão do joelho

I Dorsiflexão

I Flexão plantar

I Extensão do joelho e dorsiflexão

M De sentado para em pé

Em Pé I Abdução do quadril

I Flexão do joelho

I Dorsiflexão

M Mantendo-se em pé

M Passo a passo

M Três passos para trás

M Três passos com o lado parético

M Andar 10 m

M Descer 3 escadas

I: extremidade inferior S:extremidade superior M: mobilidade básica

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ANEXO 5 - Medida de Independência Funcional (MIF)

Medida de Independência Funcional

N

Í

V

E

I

S

7 – Independência completa (com segurança,

em tempo normal)

6 – Independência modificada (ajuda técnica)

Sem

Ajuda

Dependência modificada

5 – Supervisão

4 – Ajuda mínima (indivíduo ≥ 75%)

3 – Ajuda (indivíduo ≥ 50%)

2 – Ajuda máxima (indivíduo ≥ 25%)

1 – Ajuda total (indivíduo ≥ 0%)

Ajuda

Itens

Autocuidados

A- Alimentação

B- Higiene pessoal

C- Banho (banhar o corpo)

D- Vestir metade superior

E- Vestir metade inferior

F- Utilização do vaso sanitário

Controle de esfíncteres

G- Controle da diurese

H- Controle da defecação

Mobilidade

Transferências

I- Leito, cadeira, cadeira de rodas

J- Vaso sanitário

K- Banheira, chuveiro

Locomoção

L- Marcha / Cadeira de rodas

M- Escadas

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Comunicação NÃO AVALIADO

N- Compreensão

O- Expressão

Cognição Social NÃO AVALIADO

P- Interação social

Q- Resolução de problemas

R- Memória

Total

Nota: Não deixe nenhum item em branco; se não for possível de ser testado,

marque 1.

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APÊNDICE 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TÍTULO DA PESQUISA: Efeitos do Treino em Esteira com Suporte Parcial de

Peso e do Método de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva na Marcha

Hemiparética

Este termo de consentimento pode conter palavras ou expressões não

comumente utilizadas por você. Caso algum termo não esteja claro, por favor, nos

informe, de forma que possamos esclarecer melhor. Nós estamos solicitando a sua

colaboração ou de algum membro de sua família para desenvolvermos esta

pesquisa.

OBJETIVOS: O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar, voluntariamente,

de uma pesquisa que tem como objetivos verificar os efeitos de dois tipos de

treinamento para melhorar a marcha de pacientes que sofreram Acidente Vascular

Encefálico.

PROCEDIMENTOS: Através de fichas de avaliação e questionários, inicialmente

será realizada uma avaliação clínica, a qual será repetida no final do estudo. Logo

após será dado início ao treinamento da marcha, utilizando-se esteira elétrica ou

uma técnica mais clássica de fisioterapia, aplicadas no Departamento de Fisioterapia

da UFRN ou no Centro de Reabilitação de Adultos do RN, três vezes por semana

durante quatro semanas.

Todos deverão participar por livre e espontânea vontade, pois não receberão

pagamento para isto. Os procedimentos serão explicados anteriormente à realização

dos procedimentos; e qualquer indivíduo poderá, a qualquer momento, desistir de

participar da pesquisa.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

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RISCOS: Não haverá riscos, pois todos os testes são de natureza não-invasiva, ou

seja, não serão realizados procedimentos que envolvam corte, introdução de

instrumentos e coletas de sangue.

CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Os resultados da pesquisa serão

divulgados sem a identificação dos indivíduos e serão cumpridas as exigências da

Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que trata sobre a Bioética.

Eu _________________________________________________ declaro estar ciente

e informado(a) sobre os procedimentos de realização da pesquisa, conforme

explicitados acima, e aceito participar voluntariamente da mesma.

Assinatura: _______________________________________Data: ______________

Em caso de dúvidas favor entrar em contato com os pesquisadores

responsáveis ou Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte através dos endereços citados abaixo ou por telefone/e-mail.

PESQUISADORES RESPONSÁVEIS:

Profa. Dra. Ana Raquel Rodrigues Lindquist

Endereço: R. Lafayette Lamartine, 1876. Ap. 1001B, Candelária. Natal-RN

Contato: E-mail: [email protected]

Fst. Tatiana Souza Ribeiro

Endereço: Rua Santo Antônio, 661, Cidade Alta - Natal/RN

Contato: E-mail: [email protected]

Comitê de Ética em Pesquisa:

Endereço: Praça do Campus, Campus Universitário, CP 1666- Natal/RN. CEP:

59078-970- Brasil

Contato: Telefone: (84) 3215-3135; E-mail: [email protected]

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APÊNDICE 2 – Ficha de Avaliação

1. Identificação

Nome: ______________________________________________________________

Sexo: ____________________Profissão: __________________________________

Data de Nascimento: ____________Escolaridade:___________________________

Endereço:___________________________________________________________

___________________________________________________________________

Telefone(s): _________________________________________________________

2. Dados Clínicos

Diagnóstico Clínico:________________Hemisfério Cerebral Parético: ___________

Seqüela: ____________________________Tempo de Seqüela:________________

Outras Patologias: ____________________________________________________

___________________________________________________________________

Medicamento(s) utilizados:______________________________________________

___________________________________________________________________

Realiza fisioterapia atualmente: S ( ) N ( )

Uso de dispositivo auxiliar: S ( ) N ( )

Qual:_______________________________________________________________

Presença de dor no momento (que impeça ou dificulte a deambulação):

S ( ) N ( )

Data da Avaliação Inicial (I): ______________________

Data da Avaliação Final (F): ______________________

3. Medidas Antropométricas

Peso: _________________

Altura: ________________

4. Sinais Vitais

Avaliação Inicial (I): PA: _____________FC: ____________ FR: _____________

Avaliação Final (F): PA: _____________FC: _____________ FR: _____________

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APÊNDICE 3 – Ficha de acompanhamento da coleta de dados – grupo FNP

Nome: ______________________________________________________________

1º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: _________FC: _____________ FR: _____________

2º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

3º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

4º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

5º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

6º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

7º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

8º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

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9º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

10º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

11º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

12º dia: ___/___/___

Sinais Vitais iniciais: PA: __________FC: ____________ FR: _____________

Sinais Vitais finais: PA: __________FC: _____________ FR: _____________

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APÊNDICE 4 – Ficha de acompanhamento da coleta de dados – grupo ESPP

Nome: _____________________________________________________________

1º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

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Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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6º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

11º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

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Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

12º dia: ___/___/___

FC inicial: _________ FC submáxima: ____________ FC final: ________________

PA inicial: ____________ PA final: _____________

Suporte de peso inicial: ________________ Suporte de peso final: _____________

Velocidade inicial: ___________________ Velocidade final: ___________________

Observações/ pausas: _________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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CATALOGAÇÃO NA FONTE

R484e

Ribeiro, Tatiana Souza.

Efeitos do treino em esteira com suporte parcial de peso e do

método de facilitação neuromuscular proprioceptiva na marcha

hemiparética: estudo comparativo / Tatiana Souza Ribeiro. –

Natal, 2011

67p.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Raquel Rodrigues Lindquist.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Fisioterapia. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal

do Rio Grande do Norte.

1. Acidente Cerebral Vascular – Dissertação. 2. Hemiparesia -

Dissertação. 3. Reabilitação - Dissertação. 4. Marcha - Dissertação