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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA BRUNO NUNES MELO DA SILVA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENERALIZADA EM ESCOAMENTOS EM CANAIS CONSIDERANDO EFEITOS MAGNETOHIDRODINÂMICOS NATAL - RN 02 de Maio de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

BRUNO NUNES MELO DA SILVA

APLICAÇÃO DA TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENER ALIZADA

EM ESCOAMENTOS EM CANAIS CONSIDERANDO EFEITOS

MAGNETOHIDRODINÂMICOS

NATAL - RN

02 de Maio de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

BRUNO NUNES MELO DA SILVA

APLICAÇÃO DA TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENER ALIZADA

EM ESCOAMENTOS EM CANAIS CONSIDERANDO EFEITOS

MAGNETOHIDRODINÂMICOS

Dissertação submetida à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. João Alves de lima Área de concentração: Mecânica Computacional

NATAL - RN

02 de Maio de 2014

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede. Catalogação da Publicação na Fonte.

Silva, Bruno Nunes Melo da. Aplicação da técnica da transformada integral generalizada em escoamento em canais considerando efeitos magnetohidrodinâmicos. / Bruno Nunes Melo da Silva. – Natal, RN, 2014. 142 f.; il.

Orientador: Prof. Dr. João Alves de Lima.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.

1. Magnetohidrodinâmica – Dissertação. 2. Efeito hall - Dissertação. 3. Deslizamento de íons - Dissertação.

4. Tranformada integral - Dissertação. 5. Propriedades variáveis – Dissertação. I. Lima, João Alves de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 537.84

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A minha noiva Aline Kelle, pelo tempo que deixamos de estar juntos...

Aos meus familiares e amigos, a eles todos os créditos...

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AGRADECIMENTOS

A Jesus Cristo, por me ajudar nos momentos difíceis.

Aos meus pais.

A minha família.

Ao professor João Alves de Lima, meu orientador, por acreditar em mim, seus

ensinamentos, humildade e grandiosa inteligência que me servem de exemplo.

À UFRN pela oportunidade de realização desse mestrado.

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“... a simplicidade e a humildade são grandes virtudes do ser humano.” Clovis R. Maliska.

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SUMÁRIO

RESUMO ...........................................................................................................................10

ABSTRACT .......................................................................................................................11

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................12

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................15

LISTA DE SÍMBOLOS ....................................................................................................17

LETRAS GREGAS ...........................................................................................................22

LISTA DE ANEXOS .........................................................................................................24

CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 26 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................ 29 CAPÍTULO II

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 MAGNETOHIDRODINÂMICA EM CANAIS PARALELOS ................. 31 2.2 A TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENERALIZADA ... 34 CAPÍTULO III

3 MHD: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 40 3.2 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................. 44 3.3 EQUAÇÕES DA ELETRODINÂMICA ..................................................... 47 3.3.1 CAMPO ELÉTRICO E FORÇA DE LORENTZ ............................ 47 3.3.2 LEI DE OHM E FORÇA DE LORENTZ VOLUMÉTRICA ......... 48 3.3.3 LEI DE AMPÈRE ............................................................................ 49 3.3.4 LEI DE FARADAY ........................................................................ 51 3.3.5 CONSERVAÇÃO DE CARGA-DIVERGÊNCIA .......................... 52 3.3.6 INCLUSÃO DO EFEITO HALL E DESLIZAMENTO DE ÍONS 55 3.4 EQUAÇÃO DE NAVIER-STOKES E A FORÇA DE LORENTZ ............ 57

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CAPÍTULO IV

4 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

4.1 PROBLEMA FÍSICO .................................................................................. 59 4.2 HIPÓTESES ADOTADAS ......................................................................... 60 4.3 MODELO MATEMÁTICO ....................................................................... 67 4.4 ADIMENSIONALIZAÇÃO ........................................................................ 70

CAPÍTULO V

5 METODOLOGIA E SOLUÇÃO

5.1 PROCESSO DE FILTRAGEM DOS POTENCIAIS .................................. 74 5.2 EXPRESSÃO DOS FILTROS .................................................................... 75 5.2.1 FILTRO PARA OS CAMPOS DE VELOCIDADE ....................... 75 5.2.2 FILTRO PARA OS CAMPOS DE TEMPERATURA .................... 76 5.3 TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL DO SISTEMA .................................... 78 5.3.1 PROBLEMA DE AUTOVALOR AUXILIAR ............................... 78 5.3.2 TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL DAS EQUAÇÕES ................. 81

CAPÍTULO VI

6 RESULTADOS

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................... 86 6.2 VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ......................... 87 6.2.1 ATTIA & KOTB (1996) .................................................................. 87 6.2.2 ATTIA (2006a) ................................................................................ 91 6.2.3 ATTIA (1999) .................................................................................. 96 6.2.4 ATTIA (2002) ................................................................................ 100 6.2.5 ATTIA & ABOUL-HASSAN (2003) - ATTIA (2005b) ............... 109 6.2.6 ATTIA (2005c) - ATTIA (2006b) ................................................. 116

CAPÍTULO VII

7 CONCLUSÕES ............................................................................................. 124

REFERÊNCIAS ..............................................................................................................128

ANEXOS ..........................................................................................................................132

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RESUMO

APLICAÇÃO DA TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENERALIZADA EM ESCOAMENTOS EM CANAIS CONSIDERANDO

EFEITOS MAGNETOHIDRODINÂMICOS

Propõe-se, no presente trabalho, a obtenção de soluções híbridas, através da

aplicação da Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT), para o problema do

escoamento com transferência de calor transiente, para fluidos newtonianos condutores

elétricos submetidos a campos magnéticos constantes, em um canal de placas planas e

paralelas com ou sem rotação do canal. No escoamento, o qual é mantido por um gradiente

de pressão constante ou com decaimento exponencial, as influências de efeitos Hall,

deslizamento de íons e a presença de partículas sólidas são consideradas. Considera-se

ainda que a placa superior do canal pode se movimentar longitudinalmente e que ambas as

placas podem ser porosas. O campo magnético é aplicado na direção normal ao

escoamento. Assume-se que tal campo magnético é constante e não é afetado pelo

escoamento, de maneira que apenas a interação de uma via entre o escoamento do fluido

condutor elétrico e o campo magnético é estudada. Admite-se, ainda, a variação com a

temperatura das propriedades físicas transportadas, isto é, a viscosidade e as

condutividades térmica e elétrica. Resultados híbridos são obtidos e comparados com

outros resultados numéricos para os campos de velocidade e temperatura do fluido e das

partículas sólidas em função dos parâmetros governantes, a saber, número de Reynolds,

Hartmann, parâmetros Hall, deslizamento de íons, concentração das partículas sólidas e

parâmetros termofísicos. São realizadas análises de convergência para os principais

potenciais com o objetivo de se ilustrar a consistência da técnica (GITT) e a sua utilização

com finalidades de validação (benchmark) nessa área da dinâmica dos fluidos e

transferência de calor.

Palavras-chaves: Magnetohidrodinâmica (MHD), Transformação Integral (GITT), Efeito

Hall, Deslizamento de íons, Transferência de calor, Partículas sólidas.

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ABSTRACT

APPLICATION OF THE GENERALIZED INTEGRAL TRANSFORM

TECHNIQUE TO CHANNEL FLOWS BY CONSIDERING

MAGNETOHYDRODYNAMIC EFFECTS

The present study proposes the development of hybrid solutions to the transient

Hartmann flow problem with heat transfer of an electrically conducting and newtonian

fluid subjected to a constant magnetic field. The Generalized Integral Transform

Technique is employed to analyze the influence of Hall and ion-slip effects, as well as the

presence of solid particles on flow behavior, which is maintained by a constant or

exponential-decaying gradient pressure. A transverse flow normal to the walls can also

occurs, so that plates can be both porous. Additionally, a movement of the upper plate in

the longitudinal direction can be considered. Here, it is assumed that the magnetic field is

constant, being not affected by the flow, so that only an one-way interaction between the

flow and the magnetic field is studied. Temperature-dependent transport properties, such as

viscosity, thermal and electrical conductivity, can be considered too. Hybrid results are

obtained and compared to other numerical results for the velocity and temperature fields of

flow and solid particles as function of the main dimensionless governing parameters,

namely, Reynolds number, Hartmann number, Hall, Ion-slip and concentration of solid

particles. Convergence analyses are carried out for the main potentials in order to illustrate

the consistency of the technique (GITT) and its use for purposes of benchmarking in the

area of heat and fluid flow.

Keywords: Magnetohydrodynamics (MHD), Magnetoconvection, Integral Transforms

(GITT), Hall Effect, Ion-slip Effect, Dusty Fluid

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 3

Figura 3.1 – Esquema (a) de uma bomba eletromagnética (adpatado de Shercliff, 1965) e

(b) do confinamento magnético de plasma (adaptado de Davidson, 2001).

Figura 3.2 – Esquema (a) de agitação magnética de um lingote, (b) do amortecimento

magnético de movimento durante fundição e (c) de uma válvula

eletromagnética. Adaptados de Davidson (2001).

Figura 3.3 – Instabilidade em uma célula de redução de alumínio. Adaptado de Davidson

(2001).

Figura 3.4 – Interação entre o campo magnético, e um fio circular em movimento.

Adaptado de Davidson (2001).

Figura 3.5 – Lei de Ohm em um condutor (a) estacionário e (b) em movimento. Adaptado

de Davidson (2001).

Figura 3.6 – Lei de Ampère aplicada a um fio. Adaptado de Davidson (2001).

Figura 3.7 – Lei de Faraday (a) fem gerada pelo movimento de condutor, (b) fem gerada

por um campo magnético dependente do tempo. Adaptado de Davidson

(2001).

CAPÍTULO 4

Figura 4.1 – Esquema de geometria e das características elétricas e magnéticas do canal.

Adaptado de Setayesh e Sahai (1990) e Sutton e Sherman (2006).

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CAPÍTULO 6

Figura 6.1 - Influência da sucção/ejeção nas paredes sobre a distribuição em regime

permanente de velocidade. Ha = 0, Ru = 1, G0 = - 5, a = 0, Pr = 1 e Ec = 0.

Figura 6.2 - Influência do campo magnético e da viscosidade sobre a distribuição em

regime permanente de velocidade. Ru = 1, Rv = 0, G0 = - 5, Pr = 1 e Ec = 1.

Figura 6.3 - Influência do campo magnético e da condutividade elétrica sobre a

distribuição de velocidade em regime permanente, para diferentes números de

Hartmann e

a = - 0,5.

Figura 6.4 - Influência do campo magnético e da condutividade elétrica sobre a

distribuição de velocidade em regime permanente, para diferentes números de

Hartmann e a = 0.

Figura 6.5 - Influência do campo magnético e da condutividade elétrica sobre a

distribuição de velocidade em regime permanente, para diferentes números de

Hartmann e

a = 0,5.

Figura 6.6 - Influência da viscosidade sobre a distribuição em regime permanente da

temperatura. Ha = 1, G0 = 40, Pr = 1, Ec = 0,050875.

Figura 6.7 - Evolução temporal da velocidade no centro do canal em função do parâmetro

de viscosidade. Ha = 2; G0 = 40; Pr = 1 e Ec = 0,050875.

Figura 6.8 - Evolução temporal da temperatura no centro do canal em função do

parâmetro de viscosidade. Ha = 2; G0 = 40; Pr = 1 e Ec = 0,050875.

Figura 6.9 - Efeito do parâmetro a sobre a evolução temporal da velocidade no centro do

canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e c = 0.

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Figura 6.10 - Efeito do parâmetro a sobre a evolução temporal da temperatura no centro do

canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e c = 0.

Figura 6.11 - Efeito do parâmetro c sobre a evolução temporal da velocidade no centro do

canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e a = 0.

Figura 6.12 - Efeito do parâmetro c sobre a evolução temporal da temperatura no centro do

canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e a = 0.

Figura 6.13 - Efeito do parâmetro Hall, β, sobre a evolução temporal da componente

longitudinal de velocidade no centro do canal. Ha = 6 e a = 0, b = 0.

Figura 6.14 - Efeito do parâmetro Hall, β, sobre a evolução temporal da componente

transversal de velocidade no centro do canal. Ha = 6 e a = 0, b = 0.

Figura 6.15 - Efeito do parâmetro Hall, β, sobre a evolução temporal da temperatura no

centro do canal. Ha = 6 e a = 0, b = 0.

Figura 6.16 - Perfil da componente longitudinal de velocidade em três instantes de tempo

selecionados, para Ha = 6, β = 3, βi = 3 e Rv = 2.

Figura 6.17 - Perfil da componente transversal de velocidade em três instantes de tempo

selecionados, para Ha = 6, β = 3, βi = 3 e Rv = 2.

Figura 6.18 - Perfil de temperatura em três instantes de tempo selecionados, para Ha = 6,

β = 3, βi = 3 e Rv = 2.

Figura 6.19 - Efeito dos parâmetros Hall e de deslizamento de íons sobre a componente

longitudinal de velocidade, em y = 0, para Ha = 6 e Rv = 2.

Figura 6.20 - Efeito dos parâmetros Hall e de deslizamento de íons sobre a componente

transversal de velocidade, em y = 0, para Ha = 6 e Rv = 2.

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 6 Tabela 6.1 - Convergência da velocidade na linha de centro, em regime permanente, para

diferentes valores de a, Ha e Rv e considerando Ru = 1, G0 = - 5, Pr = 1 e Ec

= 1.

Tabela 6.2 - Comparação da temperatura no centro do canal, em regime permanente, para

condutividade térmica constante (b = 0) e diferentes valores de a, c e Ha.

Tabela 6.3 - Comparação da temperatura no centro do canal, em regime permanente, para

condutividade elétrica constante (c = 0) e diferentes valores de a, b e Ha.

Tabela 6.4 - Comparação da temperatura no centro do canal, em regime permanente, para

viscosidade constante (a = 0) e diferentes valores de b, c e Ha.

Tabela 6.5 - Evolução temporal da velocidade na linha de centro, para diferentes valores

de a e Ha, considerando G0 = 40, Pr = 1 e Ec = 0,050875.

Tabela 6.6 - Evolução temporal da temperatura na linha de centro, para diferentes valores

de a e Ha, considerando G0 = 40, Pr = 1 e Ec = 0,050875.

Tabela 6.7 - Análise de convergência e comparação da velocidade do fluido na linha de

centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes valores de a

e c.

Tabela 6.8 - Análise de convergência e comparação da velocidade das partículas na linha

de centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes valores

de a e c.

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Tabela 6.9 - Análise de convergência e comparação da temperatura do fluido na linha de

centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes valores de a

e c.

Tabela 6.10 - Análise de convergência e comparação da temperatura das partículas na

linha de centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes

valores de a e c.

Tabela 6.11 - Comparação para a evolução, no centro do canal, da componente w de

velocidade e para a temperatura, em função do efeito Hall. Ha = 6 e a = 0, b

= 0.

Tabela 6.12 - Efeito do parâmetro Hall e da condutividade térmica sobre a temperatura no

centro do canal, em regime permanente, para Ha = 6 e a = 0.

Tabela 6.13 - Comparação da influência do parâmetro de viscosidade e do efeito Hall sobre

o coeficiente de atrito para regime permanente. Ha = 6 e b = 0.

Tabela 6.14 - Comparação da influência do parâmetro de viscosidade e do efeito Hall sobre

o número de Nusselt para regime permanente. Ha = 6 e b = 0.

Tabela 6.15 - Convergência e comparação para a temperatura no centro do canal, em

função do efeito Hall e do deslizamento de íons em instantes de tempo

discretos. Ha = 6, Rv = 0 e β = 1.

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LISTA DE SÍMBOLOS

A

Vetor potencial

*/a a Parâmetro de viscosidade adimensional / dimensional

*/B B

Vetor campo magnético / dimensional

0B

Vetor campo magnético externo

*/b b Parâmetro de condutividade térmica adimensional / dimensional

C Unidade de comprimento de uma dada curva fechada

*/c c Parâmetro de condutividade elétrica adimensional / dimensional

pc Calor específico a pressão constante

Psc Calor específico das partículas;

Vc Calor especifico do fluido a volume constante;

d Elemento diferencial de comprimento

S É qualquer superfície limitada por uma curva.

Sd

Elemento diferencial de área – superfície

E

Vetor campo elétrico

iE

Campo elétrico induzido

eE

Campo elétrico secundário

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0E Campo elétrico externo

sE

Campo eletrostático

zE

Parâmetro elétrico adimensional

cE Número de Eckert

F

Vetor força eletromagnético

f Força eletromagnética resultante

F Parâmetro massa das partículas

*MHD

F

Força de Lorentz dimensional

* */D Dx

F F

Força de arraste dimensional, modelada em função do movimento relativo

fluido/partícula / avaliada na componente x

0/G G Gradiente de pressão constante adimensional / dimensional

h Distância entre as placas

Ha Número Hartmann

*/J J

Vetor densidade de corrente elétrica / dimensional

eJ

Corrente de condução associada aos elétrons

*/k k Condutividade térmica do fluido adimensional / dimensional

K Constante de Stokes

ℓ Escala característica de comprimento

0L Parâmetro tempo de relaxação para temperatura

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pm Massa média das partículas

im Massa média dos íons

en Número de elétrons

mN Parâmetro de interação magnética

iN Norma da autofunção associada ao campo de velocidade e temperatura

uN Número de termos empregado nas expansões do campo de velocidade

tN Número de termos empregado nas expansões do campo de temperatura

*P , P Campo de pressão, dimensional e adimensional, respectivamente

rP Número de Prandtl

q Carga do elétron

*viscq Geração de energia por dissipação viscosa dimensional

*jouleq Geração de energia por dissipação Joule

R Parâmetro concentração de partículas

pR Raio médio das partículas

mRe Número de Reynolds magnético

Ru Número de Reynolds relacionado a placa superior

Rv Parâmetro de sucção/ejeção nas paredes porosas do canal

*t , t Tempo, dimensional e adimensional, respectivamente

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et Tempo de colisão dos elétrons

*T , T Campo de temperatura, dimensional e adimensional, respectivamente

pT * , pT Campo de temperatura das partículas sólidas, dimensional e adimensional,

respectivamente

0T Temperatura inicial

1T Temperatura da placa inferior

2T Temperatura da placa superior

FT Campo de temperatura filtrado do fluido

V Potencial eletrostático

V

Campo vetorial de velocidade do fluido

pV

Campo vetorial da velocidade das partículas sólidas

eV

Velocidade transversal de difusão dos elétrons

av Velocidade de Alfvén

* ,u u Campo de velocidade, dimensional e adimensional, respectivamente

),( tyu Componente longitudinal da velocidade do fluido

)(tuhi Campo filtrado e transformado da velocidade do fluido

hu Campo filtrado da velocidade

),( tyup Componente longitudinal da velocidade das partículas sólidas

)(tui Potencial transformado para o campo de velocidade

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)(tupi Potencial filtrado e transformado da velocidade das partículas sólidas

phu Campo filtrado da velocidade das partículas sólidas

),( tyw Componente transversal da velocidade do fluido

)(twi Potencial transformado da velocidade transversal do fluido

)(twpi Potencial transformado da velocidade transversal das partículas sólidas

),( tywi Componente transversal da velocidade do fluido

),( tywp Componente transversal da velocidade das partículas

wv Componente transversal da velocidade do fluido

*x , x Coordenada longitudinal, dimensional e adimensional, respectivamente

*y , y Coordenada transversal, dimensional e adimensional, respectivamente

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LETRAS GREGAS

*/G Gα α Constante de amortecimento do gradiente de pressão adimensional /

dimensional

*coriolisα Aceleração de Coriolis dimensional para o fluido

*_pcoriolisα Aceleração de Coriolis dimensional para as partículas

iλ Autovalor associado aos campos de velocidade e temperatura

sλ Tempo de relaxação para temperatura

sγ Tempo de relaxação para a velocidade

eβ Constante Hall para os elétrons

iβ Constante Hall para os íons

0ε Constante de permissividade no vácuo

θ Campo de temperatura filtrado do fluido

pθ Campo de temperatura filtrado das partículas sólidas

)(tiθ Campo de temperatura normalizado e transformado do fluido

)(tpiθ Campo de temperatura normalizado e transformado das partículas sólidas

0µ , 0v Viscosidade dinâmica e cinemática respectivamente

1µ Viscosidade dinâmica avaliada na placa inferior, 1T

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2µ Viscosidade dinâmica avaliada na placa superior, 2T

ρ Densidade do fluido

eρ Densidade de elétrons

pρ Massa das partículas por unidade de volume de fluido;

sρ Massa específica das partículas;

*/σ σ Condutividade elétrica do fluido adimensional / dimensional

eτ Tempo de relaxação da carga

mτ Tempo de amortecimento magnético

)(yiτ Autofunção dos campos de velocidade e temperatura

)(~ yiτ Autofunção autonormalizada dos campos de velocidade e temperatura

*0 /Ω Ω

Velocidade angular / vetorial, dimensional

ω Unidade de frequência

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A.1 - Trabalhos de Interesse sobre Magnetohidrodinâmica em Canais de Placas

Paralelas.

Anexo A.2 - Propriedades Físicas de Metais Líquidos.

Anexo A.3 - Símbolos/Variáveis, Grandezas e Unidades encontradas no eletromagnetismo.

Anexo A.4 - Equações de Maxwell e da Magnetohidrodinâmica.

Anexo A.5 - Avaliação dos Vetores Densidade de Corrente e Força de Lorentz.

Anexo A.6 - Equação de Transporte do campo Magnético.

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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

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1.1 INTRODUÇÃO

A magnetohidrodinâmica, ou simplesmente MHD, é a combinação da mecânica

dos fluidos e com a eletrodinâmica, ou seja, é um ramo da ciência que estuda o fenômeno

da interação do escoamento de fluidos condutores sob a presença de campos magnético.

MHD é a área do conhecimento que ganhou espaço na comunidade científica devido a sua

aplicabilidade em várias áreas do conhecimento. Dentre essas áreas, é possível citar a

geofísica, que estuda o núcleo do planeta, o qual se comporta como um grande sistema

magnético; a física nuclear, com a análise de gases ionizados para manter as reações de

fusão nuclear e a engenharia, com motores de propulsão magnéticos. Desde os primeiros

estudos sobre eletricidade e magnetismo, sabe-se que os campos magnéticos interagem

com muitos líquidos naturais e artificiais. Eles são utilizados em indústrias para o

aquecimento, produções de novos materiais supercondutores, bombeamento e levitação de

metais líquidos, geradores magnetohidrodinâmicos, no resfriamento de reatores nucleares,

e mais fortemente nas indústrias de alumínio (células de redução de alumínio) e

siderúrgicas (Shercliff, 1965; Davidson, 2001; Sutton, 2006).

Segundo Shercliff (1965), um condutor (fluido ou sólido) na presença de um

campo magnético variável (obtido por meio do movimento de um ímã permanente ou de

um solenoide alimentado por uma fonte de corrente externa que varia com o tempo) cria

uma densidade de corrente elétrica induzida neste condutor, o qual interage mutuamente

com o campo magnético original. Resultam desse processo, basicamente, forças

eletromagnéticas que alteram o gradiente de pressão do fluido ou o estado de movimento

do sólido, os quais são frutos do produto vetorial entre o vetor densidade de corrente

elétrica e o vetor densidade de campo magnético aplicado.

Adicionalmente, devido a deflexão das partículas portadoras de carga (elétrons)

pelo campo magnético perpendicular ao escoamento, surge uma densidade de corrente

elétrica induzida transversal ao escoamento (efeito Hall), para balancear tal efeito de

deflexão. Normalmente, a velocidade de difusão dos elétrons é maior do que a de íons e,

como uma primeira aproximação, a densidade da corrente elétrica é determinada

principalmente pela difusão dos elétrons. Por outro lado, quando a força eletromagnética é

muito grande (no caso de forte campo magnético), a velocidade de difusão dos íons não

pode ser omitida, principalmente devido a sua massa em relação aos portadores de carga

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(elétrons). Diz-se, nesse caso, de se considerar o efeito de deslizamento de íons. Em

líquidos condutores, tais efeitos podem ser desprezados.

Adicionalmente, a presença de partículas sólidas ou de poeira em um escoamento

tem significante importância na indústria de petróleo, purificação de óleo bruto, tecnologia

de polímeros, separação em centrífuga da matéria e fluido e várias outras aplicações. Em

bombas, geradores, aceleradores e medidores de fluxo, as partículas sólidas em forma de

cinzas ou fuligem são suspensas no fluido condutor, sendo resultado de processos de

corrosão.

Em outras aplicações da engenharia (processamento de alimentos, indústria de

processos químicos, processos de filtração centrifugação e máquinas rotativas), o

escoamento dos fluidos é submetido à rotação. A inserção de tal efeito requer o estudo

mais refinado de sua dinâmica (Chand, 2013).

Finalmente, em algumas situações, a consideração de propriedades termofísicas

constantes não pode ser atendida. Por exemplo, reatores nucleares operam à temperaturas

elevadas e as propriedades termofísicas variam, geralmente de maneira exponencial, com a

temperatura. Assim, expressões para a massa específica, condutividade térmica e

condutividade elétrica que dependam da temperatura devem ser adotadas.

Para simular os processos físicos supracitados, uma extensa cadeia de pesquisa e

análise deve ser percorrida, destacando-se estudos e refinamentos das leis governantes, dos

modelos matemáticos associados, das não-linearidades das relações constitutivas, do

acoplamento das equações de conservação, além do desenvolvimento de novas técnicas

computacionais para os seus tratamentos analítico e numérico. Assim, uma importante

linha de pesquisa do meio cientifico é a obtenção de técnicas e procedimentos que

possibilitem uma interpretação mais eficiente da natureza física, com resultados mais

confiáveis. Mais recentemente, com a evolução dos equipamentos e ferramentas

computacionais, diversas técnicas numéricas foram e continuam sendo desenvolvidas,

permitindo, assim, a construção de algoritmos mais robustos e a obtenção de soluções mais

precisas para problemas que apresentem estruturas bastante complexas.

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O desenvolvimento de métodos numéricos, empregados na solução das equações

que governam o escoamento e a transferência de calor, tem ganhado cada vez mais espaço

na comunidade científica e tecnológica, principalmente no que diz respeito ao seu uso e

aplicação. Atualmente, os métodos conhecidos como volumes finitos e elementos finitos

formam a base das metodologias numéricas, que são empregadas nos núcleos de cálculo

dos “softwares” atuais, encontrados nos campos de dinâmica dos fluidos computacional e

de análise estrutural computacional.

Por outro lado há necessidade do desenvolvimento e aplicação de metodologias

matemáticas que mantenham um caráter analítico na obtenção da solução das equações dos

mais variados campos da ciência se mantém como meta científica. Dentre as metodologias

que satisfazem tal requerimento, pelo menos parcialmente, está o método conhecido como

Técnica da Transformada Integral Generalizada GITT (Cotta,1993; Cotta, 1998; Santos et

al., 2001). A GITT é uma técnica híbrida, numérico-analítica, que vem sendo desenvolvida

de forma paralela aos métodos puramente numéricos, e que mantêm, na sua aplicação,

todas as características de uma solução analítica, como o método de separação de

variáveis, associada, por outro lado, a robustez dos métodos puramente numéricos para

soluções de sistemas das equações diferenciais ordinárias.

Sob esse panorama, o presente trabalho está dividido em várias etapas, as quais

descrevem detalhadamente cada fase do seu desenvolvimento. O Capítulo 2 trata da

revisão bibliográfica dos principais trabalhos que servem de referência para o

desenvolvimento do presente trabalho. O Capítulo 3 apresenta a fundamentação teórica que

se faz necessária para a compreensão dos fenômenos físicos envolvidos na

magnetohidrodinâmica em canais. O Capítulo 4 apresenta a formulação matemática dos

problemas a serem analisados em uma forma única (que leva em conta todos os efeitos

físicos considerados para análise). O Capítulo 5 ilustra a metodologia de solução adotada e

suas características de implementação. O Capítulo 6 disponibiliza os resultados obtidos

com a presente metodologia e ilustra diversas comparações com outros resultados

numéricos. O Capítulo 7 apresenta as conclusões e as sugestões para trabalhos futuros. O

restante do trabalho traz as referências bibliográficas utilizadas e anexos.

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1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente trabalho é a obtenção de soluções híbridas,

numérico-analíticas, através da aplicação da Técnica da Transformada Integral

Generalizada (GITT), do problema do escoamento e da transferência de calor de fluidos

newtonianos, condutores elétricos submetidos a campos magnéticos constantes em um

canal de placas planas e paralelas, com ou sem rotação. No caso da rotação do canal, todo

o sistema roda em torno de um eixo perpendicular aos planos das placas com velocidade

angular uniforme. A avaliação da influência de Efeitos Hall, partículas sólidas,

deslizamento de íons no escoamento do fluido e a avaliação dos parâmetros termofísicos,

são considerados, de maneira a alcançar uma maior proximidade de problemas comumente

encontrados. Por outro lado, tal geometria se apresenta como uma boa simplificação para

muitos escoamentos encontrados na prática e facilita o procedimento de análise e geração

de resultados de referência (“benchmark”).

Especificamente, busca-se com o desenvolvimento do trabalho:

1. Obter os campos de velocidades e temperatura e seus parâmetros correlatos em

função de diversos fatores físicos que caracterizam o tipo de escoamento

analisado, utilizando a técnica da transformada integral generalizada (GITT);

2. Analisar as taxas de convergência dos resultados, com a finalidade de

demonstrar o comportamento numérico da técnica da transformada integral

para esse tipo de fenômeno físico;

3. Analisar a convergência e comparar os resultados obtidos, para validação do

método, com outros resultados numéricos previamente reportados na literatura;

4. Servir de referência para futuras análises híbridas que tenham por objetivo o

desenvolvimento de estudos voltados para a magnetohidrodinâmica em sua

forma mais complexa (acoplamento de duas vias, i.e., a solução acoplada das

equações de Navier-Stokes e de Maxwell).

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CAPÍTULO II

2. REVISÃO DE LITERATURA

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2.1 MAGNETOHIDRODINÂMICA EM CANAIS PARALELOS

Grandes contribuições no intuito de compreender o problema que governa o

escoamento MHD em canais foram desenvolvidas sob o ponto de vista do enriquecimento

de modelos e métodos apropriados para estudá-lo. Sabe-se, por exemplo, que no interior de

canais, dificilmente o escoamento é completamente desenvolvido sobre toda sua extensão,

além disso, para manter o escoamento, podem ser aplicados gradientes de pressão

constantes ou variáveis. Normalmente, tem-se considerado que o campo magnético atua

perpendicularmente ao escoamento e que efeitos de propriedades termofísicas variáveis,

efeito Hall, efeito de deslizamento de íons e presença de partículas sólidas ou impurezas

podem ser incluídos na análise. Uma revisão bibliográfica dos trabalhos mais

representativos que levam em conta tais efeitos é a seguir efetuada.

Attia e Kotb (1996) analisaram a magnetohidrodinâmica com transferência de

calor em regime permanente de um fluido condutor elétrico em um canal de placas

paralelas (porosas) onde a placa superior se movia à velocidade constante. Empregando o

esquema implícito de diferenças finitas de Crank-Nicolson, avaliou o efeito da

dependência da viscosidade dinâmica do fluido com a temperatura sobre o campo de

escoamento.

Dez anos depois, Attia (2006a) avaliou a dependência de todas as propriedades de

transporte (viscosidade, condutividades térmica e elétrica) sobre o escoamento em regime

permanente em um canal não poroso.

Attia (1999) estendeu o trabalho desenvolvido por Attia e Kotb (1996) para a

situação de regime transiente, desprezando, no entanto, o efeito de porosidade das placas.

A partir desse trabalho, todos os demais envolvendo fluidos newtonianos foram realizados

considerando-se que ambas as placas eram fixas.

Chamkha (2001) estudou, através do método das diferenças finitas, o problema do

escoamento laminar transiente completamente desenvolvido com transferência de calor em

um canal poroso, considerando assim possibilidade de geração ou absorção volumétrica de

calor no fluido e propriedades térmicas variáveis.

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Attia (2002) estudou o escoamento e a transferência de calor de um fluido

condutor elétrico com impurezas ou partículas sólidas, submetido a um gradiente de

pressão constante e um campo magnético uniforme externo perpendicular às placas. As

propriedades viscosidade e condutividade elétrica foram considerados dependentes da

temperatura e as equações foram resolvidas numericamente usando o método de diferenças

finitas para os campos de velocidade e temperaturas do fluido e das partículas.

Attia e Aboul-Hassan (2003) estudaram o efeito da dependência com a

temperatura da viscosidade e da condutividade térmica sobre o escoamento MHD

transiente com transferência de calor. O efeito Hall é levado em consideração sob a

hipótese de gradiente de pressão constante. As equações diferenciais acopladas da

quantidade de movimento e de energia foram obtidas usando o método de diferenças

finitas.

Attia (2003) pesquisou sobre o desenvolvimento do escoamento permanente

MHD de um fluido viscoso, incompressível, eletricamente condutor com transferência de

calor entre as placas, considerando os efeito Hall e de deslizamento de íons. Novamente, o

gradiente de pressão e o campo magnético eram constantes e resultados para os dois

campos foram obtidos com o método das diferenças finitas.

Attia e Sayed-Ahmed (2004) analisaram o escoamento e a transferência de calor

transientes de um fluido não-newtoniano (Bingham), considerando ainda injeção/sucção

uniforme através das placas. A placa inferior é estacionária e a placa superior se move com

uma velocidade constante e as duas placas são mantidas a temperaturas diferentes mas

constantes. Os efeitos do parâmetro Hall e da velocidade de injeção sobre os campos de

velocidade e temperatura do fluido foram analisados via método de diferenças finitas.

Attia (2005a), assumindo a viscosidade dependente da tempratura, estudou o

escoamento e a transferência de calor transientes de um fluido viscoso e condutor elétrico

em um canal com placas fixas, na presença de partículas de poeira e sob um gradiente de

pressão constante. Assumiram que as placas eram porosas e submetidas a injeção/sucção

uniformes, enquanto o campo magnético era constante e transversal ao escoamento.

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Attia (2005b) analisou a influência do efeito Hall sobre o escoamento e a

transferência de calor transientes, desconsiderando a porosidade das placas do canal e as

partículas de poeira no escoamento.

Finalmente, Attia (2005c) generalizou o modelo e analisou, numericamente, os

efeitos da porosidade das placas sobre o escoamento e a transferência de calor transientes,

na presença de partículas sólidas, incluindo ainda os efeito Hall e de deslizamento de íons e

um gradiente de pressão com decaimento exponencial no tempo. Não obstante, considerou

constantes as propriedades de transporte. Apesar da descrição completa da metodologia de

solução adotada, ele não informa os valores de todos os parâmetros usados em cada

análise, de maneira que seus resultados não puderam ser reproduzidos.

Posteriormente, empregando uma metodologia em que a equação da quantidade

de movimento (fluido e partículas) eram resolvidas analiticamente através da

Transformada de Laplace, enquanto que a da energia (fluido e partículas) foi resolvida

numericamente usando o método de diferenças finitas, Attia (2006b) desconsiderou a

presença de partículas sólidas no escoamento e refez as análises desenvolvidas por Attia

(2005c).

Recentemente, Chand et al. (2013) estudaram o efeito da rotação do frame de

referência sobre o escoamento MHD com efeito Hall e transferência de calor de um fluido

condutor elétrico empoeirado, viscoso, incompressível sob a influência, ainda, de um

gradiente de pressão variável. Assumem que as placas do canal são porosas, sujeitas a um

sistema de injeção e ejeção uniformes, de baixo par cima. Um campo magnético uniforme

é aplicado na direção normal ao plano das placas. As placas são mantidas à diferentes

temperaturas que variam periodicamente. Todo o sistema roda em torno do eixo

perpendicular aos planos das placas com velocidade angular uniforme. As equações são

resolvidas para se obter as distribuições de velocidade e temperatura para o fluido e as

partículas de poeira, para os diversos parâmetros governantes.

Os resultados obtidos a partir dos trabalhos anteriormente citados são, na maioria

das vezes, de caráter puramente numérico ou, quando analíticos, sujeitos a severas

hipóteses simplificadores que restringem grande parte dos fenômenos presentes em

situações mais gerais.

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Como um contraponto a essa situação, atualmente estão sendo desenvolvidos

métodos híbridos, numérico-analíticos, que se utilizam da robustez dos métodos

numéricos, na etapa final do procedimento de solução, mas conservam a natureza analítica

em etapas de manipulação analítica anteriores. Sob esse panorama, Lima et al. (2007)

obtiveram uma solução híbrida dos problemas do escoamento MHD permanente e

transiente, completamente desenvolvidos, de um fluido condutor elétrico em um canal de

placas paralelas, anteriormente estudados por Attia e Kotb (1996) e Attia (1999),

empregando a Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT)

Posteriormente, Rêgo (2010) e Lima e Rêgo (2013) empregaram a mesma técnica

para analisar o problema do desenvolvimento simultâneo do escoamento MHD com

transferência de calor em um canal de placas paralelas mantidas a temperatura constante,

iguais ou diferentes. Naquele estudo, o escoamento podia entrar no canal sob um perfil

uniforme ou parabólico de velocidade.

A Tabela A.1 do apêndice mostra um resumo geral, em ordem cronológica, dos

trabalhos de interesse que guiaram a presente revisão bibliográfica, caracterizando a ênfase

física analisada por cada um de seus autores.

2.2 A TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENERALIZADA

Nos últimos anos, devido ao avanço tecnológico, têm surgido problemas cada vez

mais complexos na área de engenharia, os quais necessitam de soluções mais acuradas e

tempos de processamento mais reduzidos, visando o maior aproveitamento dos recursos

empregados. Esses problemas, que na sua maioria não apresentam soluções analíticas,

podem ser tratados por técnicas de aproximação numéricas, graças ao desenvolvimento de

computadores de alta velocidade de processamento e de grande capacidade de

armazenamento de dados.

Por outro lado, os métodos híbridos consistem de uma combinação de técnicas

analíticas associadas a aproximações numéricas e surgiram como alternativa aos métodos

puramente numéricos para a solução de problemas complicados de engenharia, antes

tratados apenas numericamente. As origens da denominada Técnica da Transformada

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Integral Generalizada (GITT) estão associadas ao trabalho de Ozisik e Murray (1974),

sobre a solução de problemas difusivos com coeficientes variáveis nas condições de

contorno, onde vislumbrou-se a capacidade de se fornecer soluções analíticas aproximadas

a uma faixa muito maior de problemas. A GITT proporciona soluções de natureza híbridas,

numérico-analíticas, para problemas de convecção-difusão cuja transformação integral

resulte em sistemas de equações diferenciais ordinárias acopladas, ou cujos problemas

auxiliares são complexos do ponto de vista computacional.

Desde, então a GITT avançou na direção de estender as ideias do procedimento de

transformação integral para classes gerais de problemas, tanto lineares, quanto não-

lineares. Um trabalho completo e sistemático sobre GITT é apresentado em Cota (1993) e

revisões e atualizações posteriores do progresso da técnica encontram-se em Cotta (1998) e

Santos et al. (2001).

Além de ser um método computacional alternativo, a abordagem proporcionada

pela GITT é particularmente adequada para a obtenção de soluções para validação de

códigos numéricos, devido a característica de controle automático de erro, semelhante a

uma solução analítica pura. Outro aspecto destacável do método é a extensão direta a

situações multidimensionais com um aumento não muito grande no esforço computacional,

comparativamente ao caso unidimensional. A característica híbrida é a responsável por

esse comportamento, uma vez que a solução analítica é empregada em todas as variáveis

independentes, com exceção de uma, fazendo com que a tarefa numérica seja sempre

reduzida à integração de um sistema diferencial ordinário em apenas uma direção.

De maneira geral, a GITT é uma técnica que possui como característica, a garantia

de convergência das soluções, para ordem crescente de truncamento das séries-soluções.

Esta característica indica que é possível obter soluções com um número de algarismos

significativos “exatos” (convergidos) para um determinado número de termos nas

expansões. Com isso, o método da transformada integral é um método de precisão

controlada, estabelecida na ordem de truncamento das expansões, que pode ser

automaticamente determinado durante o processo de solução, assemelhando-se bastante ao

de uma solução puramente analítica.

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Segundo Cotta (1998), as aplicações do método podem ser divididas em:

• Problemas que apresentem coeficientes variáveis em suas condições de

contorno (Özisik, 1974; Cotta, 1998; Santos et al., 2001);

• Problemas que apresentem coeficientes variáveis nas equações governantes

(Özisik, 1974);

• Problemas que apresentem contornos variáveis;

• Problemas com fronteiras móveis. (Cotta, 1992);

• Problemas que envolvem dificuldades na solução do problema auxiliar (Özisik,

1974; Cotta, 1992);

• Problemas não lineares caracterizados pela presença de equações cujos termos

fonte e / ou condições de contorno dependem do potencial a ser obtido;

Na última categoria, se encontra a maioria dos problemas na engenharia,

particularmente na mecânica dos fluidos e transferência de calor, que podem ser citados:

condução de calor com condutividade térmica variável, solução das equações da camada

limite e solução das equações de Navier-Stokes (Cotta, 1992; Lima, 1995; Lima, 2000).

Para se utilização da GITT alguns passos devem ser aplicados, sequencialmente,

os quais podem ser assim resumidos:

1. Escolha de um problema auxiliar apropriado. Este tem por base um problema

de autovalor que satisfaz, simultaneamente, dois requisitos:

a) Possuir a maior quantidade de informações possíveis do problema original, a

ser resolvido nas direções coordenadas, escolhidas para a transformação;

b) Ser de solução relativamente simples, de preferência analítica.

2. Solução do problema auxiliar e obtenção das autofunções, autovalores, normas

e das propriedades de ortogonalidade.

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3. Descrição do potencial original como uma expansão das autofunções oriundas

do problema auxiliar: determinação do par de transformada/inversa.

4. Transformação integral do sistema de equações diferenciais parciais originais,

aplicando-se a fórmula da transformada em todos os termos das equações

originais, seguida da fórmula de inversão nos termos não transformáveis.

Obtém-se, assim, um sistema diferencial ordinário acoplado na variável

independente restante.

5. Truncamento do sistema diferencial ordinário infinito e solução do sistema

restante, por procedimentos numéricos bem estabelecidos disponíveis em

pacotes de sub-rotinas, para obtenção dos campos transformados com precisão

prescrita. Neste ponto, utiliza-se o controle automático de erro global para se

ajustar as ordens de truncamento do sistema transformado e oferecer

estimativas de erro relativo.

6. Obtenção do potencial original, fazendo-se uso da fórmula analítica de

inversão.

Basicamente, a aplicação da GITT em sistemas de equações diferenciais parciais,

por meio de operadores integrais apropriados, leva à eliminação de variáveis independentes

do problema, e como consequência à obtenção de um sistema infinito de equações

diferenciais ordinárias (EDOs) acopladas. Tal sistema, denominado simplesmente de

sistema transformado, deve ser truncado em uma ordem finita para que se possa resolvê-lo.

A ordem de truncamento é selecionada de acordo com a precisão prescrita desejada. Se o

sistema transformado apresentar solução analítica, esta pode ser obtida automaticamente

através de sistemas de computação simbólica, caso contrário, uma solução numérica deve

ser obtida através de algoritmos computacionais disponíveis em diversas bibliotecas de

sub-rotinas especificas.

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Do ponto de vista das aplicações práticas de engenharia, pode-se citar o sucesso

da utilização da GITT na análise de equipamentos termo hidráulicos, migração de rejeitos

radioativos em solos, aerotermodinâmica de veículos espaciais, poluição ambiental,

processo de secagem, problemas térmicos em siderurgia, enriquecimento isotópico,

combustão, resfriamento de equipamentos eletrônicos, reservatórios de petróleo, entre

outros (Pereira, 2000).

Dependendo da dificuldade do problema, alguns procedimentos preliminares

poderão ser utilizados com o objetivo de melhorar a performance e otimização da técnica.

Como exemplos: a aplicação de "filtros analíticos" para acelerar a convergência da

solução; o reordenamento de autovalores e potenciais, aplicação do balanço integral.

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CAPÍTULO III

3. MHD: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A interação do movimento de fluidos condutores elétricos com campos elétricos e

magnéticos prevê uma rica variedade de fenômenos associados com mecânica dos fluidos e

conversão elétrica de energia. Efeitos de tais interações podem ser observados em líquidos,

gases, misturas de fases e plasmas. Existem inúmeras aplicações científicas e técnicas, tais

como aquecimento e controle de fluxo de processamento de metais, geração de energia a

partir de misturas de duas fases ou permeadas com gases a temperaturas elevadas,

confinamento magnético de plasmas a alta temperatura (mesmo processo que cria campos

magnéticos em corpos planetários). Vários termos têm sido aplicados para o amplo campo

de efeitos eletromagnéticos sobre o escoamento de fluidos, tais como magneto-fluido-

dinâmica, a magneto-gás-dinâmica, a magnetohidrodinâmica, ou simplesmente "MHD".

Os fluidos em questão devem ser eletricamente condutores e não-magnéticos, os quais se

limitam a metais líquidos, gases quentes ionizados (plasmas) e eletrólitos fortes.

As leis do magnetismo e do escoamento de fluidos foram desenvolvidas por volta

do século XIX, no entanto, a magnetohidrodinâmica se tornou um assunto completamente

desenvolvido apenas no fim da década de 1930 e início da década de 1940. A razão era,

provavelmente, que não se vislumbravam as possibilidades científicas que poderiam ser

oferecidas pela magnetohidrodinâmica. Assim, enquanto poucos experimentos isolados

eram realizados por físicos, como Faraday, o assunto permaneceu inexplorado até a virada

daquele século. O panorama começou a mudar quando os astrofísicos perceberam os quão

onipresentes são campos magnéticos e plasmas por todo o universo. Isto culminou, em

1942, com a descoberta das ondas de Alfvén, um fenômeno peculiar à

magnetohidrodinâmica e importante em astrofísica (uma linha de campo magnético pode

transmitir ondas inerciais transversais). Ao mesmo tempo, geofísicos começaram a

suspeitar que o campo magnético da terra era gerado pela ação de dínamo do metal liquido

do seu núcleo, uma hipótese fomentada por Larmor em 1919 no contexto do campo

magnético do sol. Os físicos de plasmas, por outro lado, despertaram interesse em MHD na

década de 1950 com a busca pela fusão termonuclear controlada. Estavam particularmente

interessados na perda de estabilidade de plasmas confinados por campos magnéticos.

Como resultado, grandes avanços foram obtidos.

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Apesar de alguns trabalhos pioneiros terem sido realizados pelo engenheiro

Hartmann que, em 1918, inventou a bomba eletromagnética (ilustrada na Figura 3.1 a) e

também, em 1937, empreendeu uma sistemática investigação, teórica e experimental do

escoamento de mercúrio, sob um campo magnético homogêneo. (Hartmann é considerado

o pai da magnetohidrodinâmica de metal líquido, sendo o termo de “escoamento de

Hartmann” usado para descrever escoamentos em dutos na presença de um campo

magnético). O desenvolvimento da magnetohidrodinâmica na engenharia só aconteceu

efetivamente a partir da década de 1960. Esse lento progresso, se deve especialmente à

baixa condutividade elétrica dos fluidos comumente empregados na engenharia, a saber, o

mercúrio e alguns eletrólitos. O ímpeto à mudança veio, principalmente, a partir de três

inovações tecnológicas:

a) Reatores de alimentação/produção rápida, que usam sódio liquido como fluido

refrigerante e necessita ser bombeado (bomba eletromagnética – Figura 3.1 a);

b) Fusão termonuclear controlada, que requer que um plasma quente seja mantido

distante das superfícies do reator por forças eletromagnéticas (Figura 3.1 b),

c) Geração de potência magnetohidrodinâmica, na qual um gás ionizado é

propelido através de um campo magnético. Tal inovação mostrou-se posteriormente,

tecnicamente inviável.

Figura 3.1 – Esquema (a) de uma bomba eletromagnética (adpatado de Shercliff, 1965) e

(b) do confinamento magnético de plasma (adaptado de Davidson, 2001).

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Posteriormente, enquanto a pesquisa por geração de potência

magnetohidrodinâmica começava a declinar, a indústria metalúrgica começava a

demonstrar interesse por MHD. Duas décadas mais tarde, campos magnéticos eram

rotineiramente empregados para aquecer, bombear, agitar (Figura 3.2 a), amortecer o

movimento (Figura 3.2 b) e levitar (Figura 3.2 c) metais líquidos em indústrias

metalúrgicas de todo o mundo.

Figura 3.2 – Esquema (a) de agitação magnética de um lingote, (b) do amortecimento

magnético de movimento durante fundição e (c) de uma válvula eletromagnética.

Adaptados de Davidson (2001).

O ponto chave destas aplicações é que a força de Lorentz fornece um meio não

intrusivo de se controlar o escoamento de metais. Assim, com a constante pressão

comercial em se produzir materiais mais baratos, melhores e mais consistentes, a

magnetohidrodinâmica aparece com ferramenta única de exercício de maior controle na

fundição e nos processos de refinamentos de metais.

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Atualmente, a magnetohidrodinâmica tem-se mostrado importante no processo de

eletrólise, particularmente em células de eletrólise usadas para reduzir óxido de alumínio

em alumínio. Essas células consistem de camadas largas, mas rasas, de eletrólito/criolita e

alumínio líquido, com o eletrólito permanecendo no topo. Uma corrente elétrica extrema

(aproximadamente 200 kA) passa verticalmente para baixo através das duas camadas,

reduzindo continuamente o óxido de metal. Esse processo é energeticamente intensivo,

principalmente por causa da elevada resistência elétrica do eletrólito. Sabe-se que campos

magnéticos dispersos podem desestabilizar a interface entre o eletrólito e o alumínio,

através de ondas de gravidade interfaciais, as quais absorvem energia do campo magnético

convertendo-a em energia cinética (Figura 3.3). De maneira a evitar estas instabilidades, a

camada de criolita deve ser mantida em uma espessura acima de algum valor crítico, às

custas de uma severa penalidade energética (Davidson, 2001; Gerbeau et al., 2004).

Figura 3.3 – Instabilidade em uma célula de redução de alumínio.

Adaptado de Davidson (2001).

Entre outras aplicações da magnetohidrodinâmica na engenharia e na metalurgia,

podem-se citar ainda a reformulação de super ligas baseadas em titânio e níquel, a remoção

eletromagnética de inclusões não-metálica de metal fundido, propelidores/lançadores

eletromagnéticos e o chamado processo de fundição a frio por indução em cadinhos

(vitrificação de lixo nuclear altamente ativo).

Verifica-se que a magnetohidrodinâmica tem encontrado um lugar permanente e

substancial na engenharia, mais especificamente na vasta área de processamento de

materiais.

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3.2 CONCEITOS BÁSICOS

A interação mútua de um campo magnético, B

, e um campo de velocidade, u

surge parcialmente como resultado das leis de Faraday e Ampère, e parcialmente por causa

da força de Lorentz experimentada por um corpo condutor de corrente elétrica. De maneira

conveniente, embora artificial, divide-se essa interação em três ações:

i) O movimento relativo de um fluido condutor e um campo magnético gera uma

força eletromotriz, fem (da ordem de u B×

), de acordo com a lei de Faraday da indução.

Em geral, correntes elétricas são geradas/induzidas, a densidade de corrente, J

, sendo da

ordem de, )(u Bσ ×

, e σ sendo a condutividade elétrica.

ii) As correntes induzidas devem também, de acordo com a lei de Ampère,

gerar/induzir um segundo campo magnético. Esse campo magnético se “soma” ao campo

magnético original e a mudança é geralmente tal que o fluido parece “arrastar” as linhas de

campo magnéticos.

iii) O campo magnético combinado interage com a densidade da corrente

induzida, J

gerando/induzindo uma força por unidade de volume, a força de Lorentz,

J B×

. Essa força age sobre o condutor e, geralmente, é dirigida de maneira a inibir o

movimento relativo entre o campo magnético e o fluido.

As duas últimas ações têm consequência similares. Em ambos os casos, o

movimento relativo entre o fluido e o campo magnético tende a ser reduzido. Fluidos

podem “arrastar” linhas de campos magnéticos (efeitos ii) e campos magnéticos podem

“segurar” fluidos condutores (efeitos iii). É este “congelamento” parcial do meio e do

campo magnético que é o ponto principal da magnetohidrodinâmica.

Esses efeitos são, talvez, mais familiares no contexto da eletrodinâmica

convencional. Considere um fio circular o qual é puxado através de um campo magnético

(Figura 3.4). Logo que o fio é deslocado para a direita, uma força eletromotriz, fem, da

ordem deu B×

é gerada, fazendo com que uma corrente elétrica circule no fio como

mostrado (efeito i).

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Figura 3.4 – Interação entre um campo magnético e um fio circular em movimento.

Adaptado de Davidson (2001).

O campo magnético associado com a corrente induzida perturba o campo

magnético original, e o resultado líquido é que as linhas de campo magnético parecem ser

“arrastadas” pelo fio (efeito ii). A corrente induzida também faz surgir a força de Lorentz

J B×

, a qual age no fio na direção oposta ao do movimento (efeito iii). Assim, é

necessário fornecer uma força para o movimento do fio.

Para um melhor entendimento do efeito (ii), inicia-se pela percepção de que o

campo magnético imposto deverá ser influenciado (a) pela velocidade típica do fluido, (b)

pela condutividade elétrica do fluido e, de maneira não tão explícita, (c) por uma escala

característica de comprimento, ℓ , do movimento. Se o fluido não é condutor ou a sua

velocidade é desprezível, não existirá campo magnético induzido significante. Por outro

lado, se σ ou u

são grandes, então o campo magnético induzido pode alterar o campo

magnético imposto (Figura 3.4). Conforme citado, a fem gerada pelo movimento relativo

entre o campo magnético imposto e o meio fluido é da ordem de u B×

, de maneira que,

pela lei de Ohm, a densidade da corrente induzida é da ordem de )(u B×

. No entanto, uma

densidade de corrente modesta espalhada sobre uma área pode produzir um campo

magnético elevado, enquanto que a mesma densidade de corrente espalhada sobre uma

área pequena induz apenas um campo magnético fraco.

Logo, é o produto uσ ℓ que determina a razão entre o campo magnético induzido

e o campo magnético aplicado. No limite em que uσ →∞ℓ (condutores ideais), os campos

magnéticos, induzido e imposto, são de mesma ordem de grandeza. Em tais circunstâncias,

o campo magnético combinado se comporta como se estivesse “preso” ao fluido. Por outro

lado, quando 0uσ →ℓ , o campo magnético imposto permanece relativamente inalterado.

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A astrofísica se situa mais próxima do primeiro caso, não apenas pela alta

condutividade dos plasmas, mas devido à grande escala de comprimento envolvida. A

MHD de metal líquido, por outro lado, se situa no segundo limite, de maneira que o campo

de velocidade não perturba significativamente o campo magnético imposto. Apesar desse

fato, o efeito (iii) ainda é forte em metais líquidos, de maneira que um campo magnético

imposto altera substancialmente o campo de velocidade (interação de uma via).

Considerando-se a permeabilidade do espaço livre, mµ , a condutividade elétrica,

, a massa específica do meio, , e uma escala de comprimento característica, ℓ pode-se

construir os três seguintes parâmetros chaves da magnetohidrodinâmica.

Rem m uµ σ= ℓ Número de Reynolds Magnético (3.1)

a

m

Bv

ρµ= Velocidade de Alfvèn (3.2)

12

m

Bστρ

=

Tempo de Amortecimento Magnético (3.3)

O número de Reynolds magnético é uma medida adimensional da condutividade

elétrica, de maneira que é Rem , e não apenas ,o fator importante em MHD. Quando Rem

é grande, as linhas de campo magnético agem como cordas elásticas “agarradas” ao meio,

implicando em duas consequências. Primeiro, o fluxo magnético através de uma curva

material fechada tende a ser conservado durante o movimento do fluido (as linhas de fluxo

tendem a acompanhar a curva, Figura 3.4). Segundo, pequenos distúrbios no meio resultam

em oscilações quasi-elásticas, o campo magnético fornecendo a força de restauração para

as oscilações. Isso resulta nas ondas de Alfvèn, de frequência /avω ≈ ℓ . Quando Rem é

pequeno u

tem pouca influência sobre B

, pois o campo induzido é desprezível

comparado ao imposto. O campo magnético se comporta de maneira dissipativa, não

elástica, amortecendo o movimento pela conversão de energia cinética em calor, via efeito

Joule. A escala de tempo relevante é agora o tempo de amortecimento, mτ , e não / aνℓ .

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3.3 EQUAÇÕES DA ELETRODINÂMICA

As leis básicas do eletromagnetismo são as leis de Lorentz, de Ohm, de Faraday e

de Ampère, e serão discutidas em maiores detalhes nesta seção.

3.3.1 CAMPO ELÉTRICO E FORÇA DE LORENTZ

Uma partícula se movendo com velocidade u

e transportando uma carga q está,

em geral, submetida a três forças eletromagnéticas:

s if qE qE qu B= + + ×

(3.4)

- O primeiro termo é a força eletrostática, ou força de Coulomb, a qual surge da

repulsão ou atração mútua de cargas elétricas (sE

, é o campo eletrostático),

- O segundo termo é a força que a carga experimenta na presença de um campo

magnético dependendo do tempo (iE

, é o campo elétrico induzido pelo campo),

- O terceiro termo é a força de Lorentz, a qual surge com o movimento da carga

em um campo magnético.

A lei de Coulomb afirma que sE

é irrotacional, e a lei de Gauss estabelece a sua

divergência (Eq.3.5.a). Assim:

( )0

eVρε

∇ ⋅ −∇ = ; 0sE∇ × =

(3.5a,b)

onde eρ é a densidade de carga total (cargas livres e de ligação) e 0ε é a permissividade

do espaço livre. Em função da Eq. (3.5b), pode-se introduzir o potencial eletrostático V ,

definido por sE V= −∇

, de maneira que, da Eq. (3.5.a), tem-se 20/eV ρ ε∇ = − . Por outro

lado, o campo elétrico induzido tem divergência nula, enquanto o seu rotacional é finito e

governado pela lei de Faraday (ver Eq. 3.6.b):

0iE∇ × =

; i

BE

t

∂∇× = −∂

(3.6a,b)

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Assim, é conveniente definir o campo elétrico total como s iE E E= +

, de tal

maneira que se pode escrever de maneira generalizada:

0

eEρε

∇ ⋅ =

; B

Et

∂∇× = −∂

(3.7a,b)

(Lei de Gauss) (Lei de Faraday)

( )f q E u B= + ×

(Força Eletrostática + Força de Lorentz) (3.8)

Se, diferentemente de u

, E

e B

, for medido um campo elétrico em um sistema

de coordenadas fixo na carga em movimento, define-se o campo elétrico relativo/efetivo:

rf qE=

; rE E u B= + ×

(3.9, 3.10)

3.3.2 LEI DE OHM E FORÇA DE LORENTZ VOLUMÉTRICA

Em MHD, o interesse é na força global agindo sobre o meio, não nas forças sobre

partículas individuais. Assim, um somatório sobre um volume unitário do condutor produz:

eq ρ∑ = ; qu J∑ =

(3.11, 3.12)

(Densidade de Carga) (Densidade de corrente)

Logo, a versão volumétrica da Eq. (3.8), isto é, da força de Lorentz é:

eF E J Bρ= + ×

(Força p/ Unidade de Volume) (3.13)

Por outro lado, as velocidades comumente encontradas em aplicações de

engenharia são muito menores do que a velocidade da luz e a densidade de carga é muito

pequena, de maneira que o primeiro termo da Eq. (3.13) pode ser desprezado. Assim, na

magnetohidrodinâmica de metais líquidos, a força de Lorentz é escrita na forma:

F J B= ×

(Força de Lorentz volumétrica - MHD) (3.14)

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Sabe-se, por outro lado, que a densidade de corrente, J

, em um condutor

estacionário é proporcional à força gerada pelas cargas livres, qE

, sendo descrita pela lei

de Ohm convencional como J Eσ=

(Figura 3.5 a).

Figura 3.5 – lei de Ohm em um condutor (a) estacionário e (b) em movimento.

Adaptado de Davidson (2001).

Se, em adição, o condutor se move com velocidade u

sob um campo magnético,

as cargas livres experimentarão uma força adicional qu B×

, e a lei de Ohm é agora escrita

de maneira generalizada como a (Figura 3.5 b):

( )rJ E E u Bσ σ= = + ×

(Lei de Ohm para MHD/Não-MHD) (3.15)

Se o condutor é um meio fluido, o campo de velocidade u

variará, em geral, com

a posição, tornando a interação entre u

e B

mais sutil e mais difícil de se mensurar.

3.3.3 LEI DE AMPÈRE

Simplificadamente, a lei de Ampère trata do campo magnético gerado por uma

distribuição de corrente (Figura 3.6). Se é uma curva fechada, composta de elementos de

linha, dℓ e é qualquer superfície limitada por essa curva, a lei de Ampère estabelece:

mc sB d J dSµ⋅ = ⋅∫ ∫ ℓ (Lei de Ampère - forma integral) (3.16)

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Figura 3.6 – Lei de Ampère aplicada a um fio. Adaptado de Davidson (2001).

Essa lei pode ser entendida como a circulação do campo magnético em torno da

curva é igual ao fluxo (densidade) de corrente através da superfície (área, ) delimitada

pela curva sobre a qual a circulação está sendo calculada. Na forma diferencial, aplicado o

teorema de Gauss, a lei de Ampère é descrita como:

mB Jµ∇ × =

(Lei de Ampère) (3.17)

Posteriormente, Maxwell verificou que a lei necessitaria levar em conta a antes

desconhecida corrente de deslocamento (a qual se fazia necessária para satisfazer o

princípio de conservação da carga, Eq. 3.30), de maneira que a lei passou a ser

denominada lei de Ampère-Maxwell. Na forma diferencial ela é escrita como:

0m

EB J

tµ ε ∂∇× = + ∂

(Lei de Ampère-Maxwell) (3.18)

Entretanto, a correção de Maxwell não é necessária em MHD de metal líquido, de

maneira que é empregada na sua forma pré-Maxwelliana, dada pela Eq. (3.17).

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3.3.4 LEI DE FARADAY

A lei de Faraday trata da força eletromotriz (fem) a qual é gerada em um condutor

como resultado de (i) um campo magnético variável (depende do tempo), ou (ii) do

movimento de condutor no interior de um campo magnético (Figura 3.7). A lei de Faraday

pode ser escrita como:

c s

dfem E d B dS

dt= ⋅ = − ⋅∫ ∫

ℓ (Lei de Faraday/Lenz) (3.19)

Figura 3.7 – Lei de Faraday (a) fem gerada pelo movimento de condutor, (b) fem gerada

por um campo magnético dependente do tempo. Adaptado de Davidson (2001).

Onde é uma curva fechada, composta de elementos de linha dℓ e é qualquer

superfície limitada por essa curva. Novamente, como na Eq. (3.10), rE

é o campo elétrico

efetivo, medido em uma referência fixa na carga/elemento dℓ em movimento.

Similarmente à lei de Ampère, a lei de Faraday pode ser entendida como a

circulação do campo elétrico em torno da curva (fem gerada) sendo igual ao decréscimo

da taxa de variação com o tempo do fluxo (densidade) magnético através da superfície

(área, ) delimitada pela curva sobre a qual a circulação está sendo calculada.

Na forma diferencial, aplicando o teorema de Gauss e supondo que a curva é

rígida e está em repouso (a carga de cada elemento dℓ ), a lei de Faraday é descrita por:

B

Et

∂∇× = −∂

(Lei de Faraday para MHD/Não-MHD) (3.20)

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A Eq. (3.20) é um caso especial da Eq. (3.19), sendo uma definição menos geral

do que a sua versão original. Na Eq. (3.19), a fem pode ser gerada pela variação do fluxo

de B

com o tempo, pelo movimento uniforme da curva em ukm campo não-homogêneo,

ou pela mudança da forma da curva. Por outro lado, a Eq. (3.20) estabelece apenas o

campo elétrico induzido por um campo magnético variante com o tempo.

3.3.5 CONSERVAÇÃO DE CARGA-DIVERGÊNCIA

Conforme já citado, o requerimento de conservação da carga requer que a taxa na

qual a carga decresce em um volume de controle deve ser igual ao fluxo de carga para fora

através de sua superfície (densidade de corrente, Eq.3.12).

eJt

ρ∂∇ ⋅ = −∂

(Eq. Conservação da Carga) (3.21)

Tomando o divergente em ambos os lados da equação anterior, e usando a lei de

Gauss, obtém-se:

( ) 0e e

e

u Bt

ρ ρ στ

∂ + + ∇⋅ × =∂

; o

e

ετσ

= (3.22 a,b)

A quantidade eτ é o tempo de relaxação da carga, e para um condutor típico é

aproximadamente 1810− s, um valor extremamente pequeno. Para apreciar a origem do seu

nome, considere a situação onde 0u = . Nesse caso a Eq. (3.22b) e sua solução são:

0e e

et

ρ ρτ

∂ + =∂

; ( ) ( )0 expe ee

ttρ ρ

τ

= −

(3.23 a,b)

Qualquer densidade de carga líquida que, no tempo 0=t , estiver no interior de

um condutor se moverá rapidamente para a superfície sob a ação de forças de repulsão

eletrostáticas. Assim, eρ é sempre zero em condutores estacionários, exceto durante algum

minúsculo período, como, por exemplo, quando uma bateria é ligada.

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Agora, considere a situação em que 0≠u

. Desde que se está interessado em

eventos que ocorrem em uma escala de tempo muito maior do que eτ , pode-se desprezar

te

∂∂ρ

em comparação com ee τρ / , de maneira que a Eq. (3.23) é escrita como:

( )Bue

×⋅∇−= 0ερ (3.24)

Logo, quando existe movimento, pode-se sustentar uma densidade de carga finita

no interior de um condutor. Entretanto, como se verá, eρ é muito pequena, incapaz de

produzir qualquer força elétrica significante, Ee

ρ , de maneira que se justifica o uso da

Eq. (3.14).

Em termos de escalas características, a equação anterior pode ser aproximada por

ℓ/~ 0uBe ερ , enquanto da lei de Ohm por σ/~ JE

, de maneira que

( )( ) JBu

JuBE ee

ℓℓ

τσερ ~//~ 0 . Por argumentos dimensionais, 1810~/ −ℓeuτ , assim, a

força de Lorentz domina completamente a Eq. (3.13), a qual passou a ser escrita como a

Eq. (3.14):

BJF

×= (Força de Lorentz Volumétrica - MHD)

Observa-se também que para 0≠u

, uma hipótese básica é desprezar te

∂∂ρ

de

maneira que a equação de conservação da carga, Eq. (3.21), passa a ser escrita como:

0=⋅∇ J

(Eq. Conservação da Carga - MHD) (3.25)

Com relação à lei de Ampère-Maxwell, explicitando a densidade de corrente J

,

aplicando o divergente sobre a equação obtida e fazendo uso da lei de Gauss, obtém-se:

( )t

Et

J e

∂∂−=⋅∇

∂∂−=⋅∇ ρε

0 (3.26)

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Esta é exatamente a equação da conservação da carga, a qual demonstra que se a

lei de Ampère for empregada sem a corrente de deslocamento (correção de Maxwell), a

conservação da carga seria violada. Entretanto, como já citado, em condutores, o termo

te

∂∂ρ

é desprezível, ou, por argumentos dimensionais, a corrente de deslocamento é muito

menor do que J

. Assim a Eq. (3.17) é suficiente para análises de MHD:

JB m

µ=×∇ (Lei de Ampère - MHD)

Em adição, essa equação é consistente com a Eq.(3.25), a equação da conservação

da carga simplificada, uma vez que, tomando-se o divergente da Eq. (3.17), obtém-se a Eq.

(3.25). Finalmente, com relação a lei de Faraday, Eq. (3.20), tomando-se o divergente em

ambos os lados, obtém-se:

( ) 0B

Et

∂∇ ⋅ ∇ × = −∇ ⋅ =∂

(3.27)

Tal resultado mostra que t

B

∂∂

(e o próprio B

) são solenoidais. Isto é:

0=⋅∇ B

(Pra MHD e Não-MHD) (3.28)

Isto permite a introdução de um outro campo, A

, denominado vetor potencial, o

qual é definido tal que:

BA

=×∇ ; 0=⋅∇ A

(3.29, 3.30)

Essa definição assegura, automaticamente, que B

é solenoidal, uma vez que

( ) 0A∇ ⋅ ∇ × =

. Agora a substituição de A

na lei de Faraday, Eq.(3.20), produz:

( ) AE A E

t t

∂ ∂∇ × = − ∇ × = −∇ ×∂ ∂

⇒ AE V

t

∂∇ × = − − ∇∂

(3.31)

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Onde é uma função escalar arbitrária (potencial eletrostático), necessária no

resultado, tendo em vista que is EEE

+= , e as restrições impostas pela Eq. (3.5b),

0=×∇ sE

, e Eq. (3.6a), 0=×∇ iE

:

VEs −∇=

; t

AEi ∂

∂−=

(3.32a,b)

3.3.6 INCLUSÃO DOS EFEITOS HALL E DESLIZAMENTO DE Í ONS

No regime entre partículas colisionais e não-colisionais, as partículas portadoras

de carga (elétrons e íons) sofrem deflexão de sua trajetória ao interagir com um campo

magnético transversal. Para balancear esse efeito de deflexão, surge uma densidade de

corrente elétrica induzida. Tal corrente induzida é a denominada corrente Hall e o

fenômeno associado de geração de uma componente transversal de velocidade é conhecido

como efeito Hall (Sutton e Sherman, 2006).

Em sólidos e líquidos condutores e em gases totalmente ionizados, a velocidade

de difusão dos elétrons é muito maior do que a de íons e, como aproximação, a densidade

da corrente elétrica induzida é determinada principalmente pela difusão dos elétrons, a qual

depende da razão entre a frequência cíclotron dos elétrons e a frequência de colisões.

De maneira geral, a intensidade do efeito Hall para elétrons (corrente de condução

associada aos elétrons) é proporcional à velocidade transversal de difusão dos elétrons:

e e eJ n eV= −

(3.33)

Onde, en é o número de elétrons, e é a carga elétrica e eV

é a velocidade

transversal de difusão dos elétrons. A corrente elétrica induzida provoca, assim, um campo

elétrico secundário, o qual é descrito por:

( )e e eE J Bβ= − ×

(3.34)

1

een e

β = (constante de Hall p/ elétrons) (3.35)

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Agora, em gases parcialmente ionizados com elevada mobilidade de íons (elevado

parâmetro Hall para elétrons), a corrente induzida por elétrons é reduzida, de maneira que a

corrente induzida por íons não pode mais ser desprezada (reduzido parâmetro Hall para

íons). Em função da complexidade do desenvolvimento matemático, apenas o resultado

final para o campo elétrico induzido por íons será apresentado. Assim, de acordo com

Sutton e Sherman (2006):

( )e ii iE B J B

B

β β= − × ×

(3.36)

2 *

ini

i e

f

m n

τβ = (constante de Hall p/íons) (3.37)

Na equação acima, im é a massa média de íons, en é o número de elétrons, *inτ é o

tempo médio de colisão de íons com partículas neutras e f representa a fração mássica de

átomos não ionizados (partículas neutras).

Logo, a descrição da corrente total de condução na sua forma mais completa (Lei

de Ohm generalizada, Eq. 3.15), a qual leva em conta o efeito Hall adicional para elétrons

e íons, é dada por:

( ) ( )e ieJ E V B J B B J B

B

β βσ β = + × − × − × ×

(3.38)

Assim, se o gás é totalmente ionizado, não haverá partículas neutras, de maneira

que 0if β= = , e assim não haverá efeito Hall devido à íons, mas apenas à elétrons. Se o

gás é parcialmente ionizado, 1f = , então o efeito Hall devido à íons pode ou não ser

desprezado, dependendo de algumas situações específicas (Sutton e Sherman, 2006).

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3.4 EQUAÇÕES DE NAVIER-STOKES E A FORÇA DE LORENTZ

Campos magnéticos, como qualquer outra força de campo/corpo, atuam em todo

ponto do escoamento, de maneira que seu efeito é diretamente incluído através de um

termo adicional de força por unidade de volume, a força de Lorentz por unidade de volume

(Eq. 3.14). Assim, levando em conta tal força de corpo, as equações de Navier-Stokes para

um fluido incompressível com propriedades físicas constantes são escritas como:

21Du Fp u

Dtν

ρ ρ= − ∇ + ∇ +

⇒ ( )21 J BDu

p uDt

νρ ρ

×= − ∇ + ∇ +

(3.39a,b)

Três grupos adimensionais aparecem quando a equação é escrita na forma

adimensional. O primeiro é o número de Reynolds, νℓu=Re , o qual, como na mecânica

dos fluidos convencional, indica a razão das forças inerciais, ( )uu ∇⋅ , pelas forças

viscosas, 2uν ∇ . O segundo grupo é denominado parâmetro de interação magnética:

2

m

BN

u u

σρ τ

∇= =ℓ ℓ (3.40)

onde mτ é o tempo de amortecimento magnético, Eq. (3.3). O parâmetro de interação

magnética é importante em situações onde a densidade de corrente J

se deve

principalmente à Bu × na lei de Ohm. Em tal situação, representa a razão das forças de

Lorentz, ( ) ρ/BJ

× , pelas forças de inércia, ( )uu ∇⋅ .

Finalmente, o terceiro parâmetro adimensional, denominado de número de

Hartmann, é um híbrido de Re e N representando (a sua potência quadrática) a razão das

forças de Lorentz, ( ) ρ/BJ

× , pelas forças viscosas, 2uν ∇ :

( )1 2

1 2ReHa N B

σρν

= = ℓ (3.41)

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CAPÍTULO IV

4. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

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4.1 PROBLEMA FÍSICO

No presente trabalho, o interesse é voltado à avaliação das características

dinâmicas do escoamento e da transferência de calor na região do plano central do canal

retangular representado na Figura 4.1.

O canal retangular é composto por duas placas verticais eletricamente condutoras

(os eletrodos), separadas uma da outra por uma distância w, e por duas placas horizontais

não condutoras, separadas por uma distância h. Uma carga resistiva, ou uma fonte de

tensão, pode ser conectada aos eletrodos para retirar, ou inserir, corrente elétrica no

escoamento, a depender se a configuração é de bomba ou gerador magnetohidrodinâmico.

Figura 4.1 - Esquema de geometria e das características elétricas e magnéticas do

canal. Adaptado de Setayesh e Sahai (1990) e Sutton e Sherman (2006).

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4.2 HIPÓTESES ADOTADAS

O termo adicional que deve ser incluído nas equações de Navier-Stokes na forma

bidimensional é a força de Lorentz, * * *MHD

F J B= ×

(o asterisco denota variável

dimensional). A descrição das componentes dessa força irá depender das hipóteses

adotadas para se definir os campos de velocidade, elétrico e magnético.

As seguintes hipóteses são adotadas para a elaboração do modelo matemático que

descreve o fenômeno a ser analisado.

a) Efeitos secundários geométricos de borda são desprezíveis (h w<< , as placas

verticais não interferem no escoamento bidimensional na porção central do canal);

b) As placas horizontais do canal podem ser simuladas como sendo porosas ou não.

Quando porosas, o fluido pode ser simultaneamente aspirado na placa de baixo e

ejetado da placa superior, ou vice-versa.

c) O escoamento é incompressível, laminar e transiente. Em função de efeitos

magnéticos secundários, uma componente transversal de velocidade pode se

desenvolver (devido aos efeitos Hall);

d) O escoamento MHD é mantido por um gradiente de pressão constante ou com

decaimento exponencial no tempo;

e) O fluido e as partículas são eletricamente condutores e não-magnéticos;

f) Campos magnéticos induzidos são desprezíveis (número de Reynolds magnético

baixo, apenas as equações do escoamento e da energia necessitam ser resolvidos);

g) O campo magnético externo é unidirecional, uniforme e constante, (0B );

h) Qualquer campo elétrico externo imposto é uniforme e constante, (0E );

i) Efeito Hall é considerado (corrente transversal adicional devido ao efeito da

curvatura de trajetórias de elétrons em um campo magnético);

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j) Deslizamento de íons é considerado (corrente transversal adicional, importante

apenas em gases parcialmente ionizados em um campo magnético elevado, em

gases completamente ionizados são nulas);

k) Partículas sólidas (esféricas) associadas a desgastes naturais ou provenientes de

processos industriais são consideradas;

l) O efeito de geração de energia por dissipação viscosa ( * * *viscq µ= Φ ) pode ser

incluído na análise;

m) O efeito de geração de energiar por efeito Joule (2* *

*

1Jouleq J

σ=

) pode ser

incluído na análise;

n) O canal pode rotacionar em torno do eixo vertical com velocidade angular

constante ( *0 jΩ = Ω

);

o) As propriedades físicas como a massa específica e os calores específicos do fluido

e das partículas são constantes, mas as propriedades de transporte podem variar

com a temperatura;

Em relação ao campo hidrodinâmico, a hipótese (b) impõe uma componente

transversal, vertical, de velocidade, 0v j

, enquanto as hipóteses (i) e (j) requerem que outra

componente transversal de velocidade, * ( , )w y t k

, seja levada em conta. Dessa maneira,

observando-se ainda a hipótese (c), o vetor velocidade do campo do escoamento deve ser

escrito como (Attia, 2002; Chand et al., 2013):

* * * * * * *0( , ) ( , )V u y t i v j w y t k= + +

(4.1)

A hipótese (d) permite que o gradiente de pressão possa ser escrito como:

* *

*

0*GtP

G ex

α−∂ =∂

(4.2)

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onde, *Gα é a constante de amortecimento do gradiente de pressão, sendo nula, quando se

assumir um valor constante para o gradiente de pressão, 0G .

Por sua vez, as partículas presentes no escoamento (hipótese k) têm o seu campo

de velocidade atrelado ao campo do fluido. Assim, ele é simplesmente escrito como:

* * * * * * *( , ) ( , )p p pV u y t i w y t k= +

(4.3)

Considera-se ainda na análise, a possibilidade de rotação do canal em torno do

eixo perpendicular aos plano das placas. Uma vez que o sistema de coordenadas adotado

para descrever o movimento do fluido é fixo no canal, estando este em rotação (o sistema

passa a ser não inercial), o efeito adicional da aceleração de Coriolis, deve ser levado em

conta na equações de Navier-Stokes. Essa aceleração é descrita, para o fluido e para as

partículas, como:

* * *2( )Coriolisa V= ×Ω

(4.4)

* * *_ 2( )Coriolis p pa V= ×Ω

(4.5)

Os campos de temperatura do fluido e das partículas são funções de y* e t* apenas:

* * * *( , )T T y t= ; * * * *( , )p pT T y t= (4.6, 4.7)

As hipótese (g) e (h) requerem que os campos magnético e elétrico sejam:

*0E E k=

; *0B B j=

(4.8, 4.9)

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Agora, uma vez que os efeitos Hall e de deslizamento de íons podem levados em

conta (e daí a componente transversal de velocidade, * * *( , )w y t k

), a lei de Ohm deverá ser

escrita na sua forma mais geral.

Assim, a densidade total de corrente é, do Capítulo 3:

( ) ( )* * * * * * * * * *

* e i

eJ E V B J B B J BB

β βσ β = + × − × − × ×

(4.10)

Substituindo-se as definições dos campos de velocidade, elétrico e magnético na

expressão da densidade total de corrente, obtém-se após alguma manipulação matemática

(ver Apêndice A):

* * * x zJ J i J k= +

(4.11)

( )

( )*

* * *0 02 2

0

11

x i

i

B EJ u w

B

σ β ββββ β

= + − +

+ + (4.11a)

( )

( )*

* * *0 02 2

0

11

z i

i

B EJ u w

B

σ ββ βββ β

= + + +

+ + (4.11b)

De maneira que a força de Lorentz, * * *MHD

F J B= ×

é, na sua forma final, escrita

como (ver Apêndice A):

_ _

* * * MHD MHD MHD zxF F i F k= +

(4.12)

( )

( )_

* 2* * *0 0

2 20

11

MHD x i

i

B EF u w

B

σ ββ βββ β

= − + + +

+ + (4.12a)

( )

( )_

* 2* * *0 0

2 20

11

MHD z i

i

B EF w u

B

σ ββ βββ β

= − + − +

+ + (4.12b)

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onde,

*0 eBβ σ β= (parâmetro Hall p/ elétrons) (4.13)

Tais equações demonstram que, para a configuração do problema estudado, o

resultado do efeito Hall (para elétrons, β ) é o desenvolvimento de uma componente de

corrente induzida na direção do escoamento principal, i, a qual, por sua vez, produz uma

componente de velocidade, w*, na direção dos eletrodos, k

(perpendicular à direção do

escoamento principal e à direção do campo magnético). O efeito de deslizamento de íons

se dá no sentido de amplificar ou reduzir a corrente e a componente de velocidade

induzidas, a depender do parâmetro Hall para deslizamento de íons, iβ .

Adicionalmente, as partículas sólidas presentes no escoamento interagem com o

fluido através de uma força de arraste, modelada em função do movimento relativo

fluido/partícula. Uma vez que são consideradas partículas esféricas e o número de

Reynolds baseado na velocidade relativa é pequeno, esse efeito de arraste é proporcional à

velocidade relativa (Saffman, 1962; White, 1991; Panton, 1996):

( )* * *D pF K N V V= −

(4.14)

( )* * *Dx pF K N u u= − ; ( )* * *

Dz pF K N w w= − (4.14a, b)

onde N é o número de partículas por unidade de volume e K é a constante de Stokes,

6 pK Rπ µ= ( µ é a viscosidade do fluido e pR é o raio médio das partículas).

Em relação à equação da energia para o escoamento, o presente trabalho considera

dissipação de energia por efeito viscoso (hipótese l) e por efeito Joule (hipótese m). Tais

efeitos são facilmente descritos a partir de suas definições:

2 2* *

* * * ** *visc

u wq

y yµ µ

∂ ∂ = Φ = + ∂ ∂

ɺ (4.15)

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( ) ( )22* * *2 *2 *2 *2

* * *

1 1 1Joule x z x zq J J J J J

σ σ σ= = + = +

ɺ (4.16)

( )

2* 2* * * 20 0

2 201

Joule

i

B Eq u w

B

σββ β

= + +

+ +

ɺ (4.17)

Deve-se observar ainda que, devido à diferença de temperatura entre as partículas

e o fluido, deve ocorrer transferência de calor entre ambos. Admite-se que o processo de

ganho de energia pelas partículas ocorre através da condução de calor entre elas e o fluido

(Attia, 2002; Chand et al., 2013):

( )* * *p pspartic p

s

cq T T

ρλ

= −ɺ (4.18)

Onde:

3Pr

2s ps

sp

c

c

γλ = ;

*1

*1

Pr pc

k

µ= (4.19a, b)

2

*1

2

9s p

s

Rργ

µ= ; 3

3

4p

spR N

ρρ

π= (4.19c, d)

Nessas equações, pρ , sρ , psc , sλ , sγ , pR , N e *pT são todas referentes às

partículas sólidas e representam, respectivamente, a massa das partículas sólidas por

unidade de volume do fluido, a massa específica, o calor específico médio à pressão

constante, o tempo de relaxação da temperatura, o tempo de relaxação da velocidade, o

raio médio das partículas, o número de partículas e a temperatura das partículas. Por sua

vez, *1µ , pc , *

1k e *T , representam a viscosidade dinâmica, o calor específico a pressão

constante, a condutividade térmica e a temperatura do fluido, respectivamente.

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Finalmente, com relação à dependência das propriedades de transporte com a

temperatura, na faixa de temperatura em que geradores magnéticos, por exemplo, operam,

a viscosidade dinâmica e as condutividades térmica e elétrica do fluido podem ser descritas

pelas seguintes relações (Heywood, 1965; Thompson e Bopp, 1970; Rosa, 1971) :

( ) ( )* *1 *

1 a T T

T eµ µ − −∗ ∗ = (4.20)

( ) ( )* * * * * *1 1 1 k T k b T T = + − ; * 0b ≥ (4.21)

( ) ( )* * * * * *1 1 1 T c T Tσ σ = + − ; * 0c ≥ (4.22)

Os coeficientes a*, b* e c* caracterizam o comportamento do tipo de fluido

analisado. Por exemplo, na expressão da viscosidade dinâmica, * 0a < define o

comportamento para gases e * 0a > define o comportamento para líquidos. As

condutividades térmica e elétricas só admitem coeficientes positivos, de maneira que elas

crescem com a temperatura.

Em todas as equações, o índice 1 refere-se ao valor da propriedade (* * *, ,kµ σ )

avaliada na temperatura da placa inferior, T1.

A partir dessas considerações das hipóteses adotadas para o problema do

escoamento MHD, a seção seguinte apresenta a formulação completa do modelo

matemático que descreve os fenômenos físicos estudados: as equações do movimento e as

equações da energia para o escoamento não-isotérmico do fluido e das partículas sólidas.

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4.3 MODELO MATEMÁTICO

Para um fluido newtoniano, as equações de Navier-Stokes descrevem

completamente a dinâmica do seu escoamento, enquanto que para as partículas, a segunda

Lei de Newton é aplicada diretamente sob um ponto de vista Lagrangeano. No presente

trabalho, considera-se que apenas o fluido é condutor elétrico, de maneira que a interação

campo magnético e escoamento deve ser considerada apenas para o fluido.

Em relação à transferência de calor, a equação da energia para o fluido deve levar

em conta a transferência transiente de energia por condução através do fluido, a dissipação

viscosa, o efeito Joule e a condução de calor entre o fluido e as partículas. Para as

partículas apenas a condução de calor transiente entre o fluido e as partículas é

considerada.

Tais equações, já inseridos os termos referentes à aceleração de Coriolis, são

escritas na forma vetorial dimensional (asterisco) como (Attia, 2002; Chand et al., 2013):

Equação do movimento:

( )*

* * * * * * **

2 ( )MHD D

DVV P V F F

Dtρ ρ µ+ × Ω = −∇ + ∇ ∇ + −

i (4.23)

Equação da energia:

*

* * * * * * **

( ) p visc Joule part

Tc V T k T q q q

tρ ∂ + ∇ = ∇ ∇ + + + ∂

ɺ ɺ ɺi i (4.24)

Equação do movimento das partículas:

*

* * **

2( )pp p D

Vm V F

t

∂+ ×Ω = ∂

(4.25)

Equação da energia das partículas:

*

**

pp ps part

Tc q

∂= −

∂ɺ (4.26)

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Nessas equações, pm é a massa média das partículas e ρ é a massa específica do

fluido. As demais variáveis já foram definidas na seção anterior.

Agora, empregando-se as definições correspondentes para cada

termo/componente, as seguintes equações para o fluido e para as partículas são obtidas:

* * * ** *

0 0* * * * *

* 2* * * *0 0

2 20

2

( ) (1 )(1 )p i

i

u u P uv w

t y x y y

B EKN u u u w

B

ρ ρ ρ µ

σ ββ βββ β

∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ − Ω = − + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

− − − + + + + +

(4.27)

* * ** *

0 0* * * *

* 2* * * *0 0

2 20

2

( ) (1 )(1 )p i

i

w w wv u

t y y y

B EKN w w w u

B

ρ ρ ρ µ

σ ββ βββ β

∂ ∂ ∂ ∂+ + Ω = ∂ ∂ ∂ ∂

− − − + − + + +

(4.28)

( )( )

2 2** * * ** *

0* * * * * *

2* 2* * 2 * *0 0

2 20

1

p

p psp

si

T T T u wc v k

t y y y y y

cB Eu w T T

B

ρ µ

ρσλββ β

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + = + + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

+ + + + −

+ +

(4.29)

( )*

* * *02 ) p

p p p

um w K N u u

t

∂− Ω = − ∂

(4.30)

( )*

* * *02 ) p

p p p

wm u K N w w

t

∂+ Ω = − ∂

(4.31)

( )*

* **

1 p

ps

TT T

t λ∂

= − −∂

(4.32)

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O sistema de equações anterior satisfaz as seguintes condições iniciais,

* *

* *

* * **1

* **

* *

* * *1

( ,0) 0

( ,0) 0

( ,0)0 :

( ,0) 00

( ,0) 0

( ,0)

p

p

p

u y

w y

T y Ttu yy h

w y

T y T

=

= == =≤ ≤ = =

(4.33-38)

e condições de contorno:

* *

* *

* * **1

* **

* *

* * *1

(0, ) 0

(0, ) 0

(0, )0 :

(0, ) 00

(0, ) 0

(0, )

p

p

p

u t

w t

T t Tyu tt

w t

T t T

=

= == => = =

(4.39-44)

* * *2

* *

* * **2

* * **2

* *

* * *2

( , )

( , ) 0

( , ) :

( , )0

( , ) 0

( , )

p

p

p

u h t u

w h t

T h t Ty hu h t ut

w h t

T h t T

=

= == => = =

(4.45-50)

Onde *1T é a temperatura dimensional na placa inferior, *

2u é a velocidade

dimensional da placa superior e *2T é a temperatura dimensional da placa superior.

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4.4 ADIMENSIONALIZAÇÃO

Com o objeto de simplificar o processo de solução das equações governantes,

além de outros anteriormente, foram empregados ainda os seguintes grupos adimensionais:

*x

xh

= ; *y

yh

= ; *

*1

u hu

ν= ;

*

*1

w hw

ν= ;

*

*1

pp

u hu

ν= ;

*

*1

pp

w hw

ν= ;

* *1

2

tt

h

ν= ; *2*1

u hRu

ν= ;

*0*1

v hRv

ν= ;

*

*1

µµµ

= ; *

*1

kk

k= ;

*

*1

σσσ

= ;

(4.51)

2

*1

K NhR

µ= ;

*21

2

pmF

K h

ν= ;

2

0 *1 s

hL

ν λ= ;

2

0 0*1

hων

= Ω ;

*1

0 *1

Ha B hσµ

= ; * *

1* *

2 1

T TT

T T

−=−

; * *

1

* *2 1

pp

T TT

T T

−=

− ;

2*

*21

hP P

ρν= ;

( )*21

2 * *2 1p

Ech c T T

ν=−

R, F , 0L , Ec, Ha , Ru e Rv denotam, respectivamente, o parâmetro de

concentração de partículas, o parâmetro massa das partículas, o parâmetro de relaxação

para a temperatura, o número de Eckert, o número de Hartmann, a velocidade da parede

superior e o parâmetro de sucção/ejeção nas paredes porosas do canal.

Empregando-se os grupos adimensionais anteriores, as equações governantes são

escritas adimensionalmente como:

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[ ] ( )[ ]

( )( ) ( )

0

2

2 2

2 G

11

p

i z

i

u u uRv w T R u u

t y y y

Ha TE u w

ω µ

σββ β

ββ β

∂ ∂ ∂ ∂+ − = + − − ∂ ∂ ∂ ∂

− + + + + +

(4.52)

[ ] ( )[ ]

( )( ) ( )

0

2

2 2

2

11

p

i z

i

w w wRv u T R w w

t y y y

Ha Tw E u

ω µ

σββ β

ββ β

∂ ∂ ∂ ∂+ + = − − ∂ ∂ ∂ ∂

− + − + + +

(4.53)

[ ] [ ]

[ ]( )

( ) ( )

2 2

22 2

2 2

1

Pr

2

3Pr1z p

i

T T T u wRv k T Ec T

t y y y y y

Ec Ha T RE u w T T

µ

σββ β

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + = + + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

+ + + + − + +

(4.54)

( ) 0

12p

p p

uu u w

t Fω

∂= − +

∂ (4.55)

( ) 0

12p

p p

ww w u

t Fω

∂= − −

∂ (4.56)

( )0p

p

TL T T

t

∂= − −

∂ (4.57)

O gradiente de pressão na forma adimensional, G, é dado por:

0GtP

G G ex

α−∂= − =∂

; 2

**1

G G

hα αν

= (4.58, 59)

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As equações são submetidas às condições de entrada e de contorno adimensionais:

( ,0) 0

( ,0) 0

( ,0) 00 : ( ,0) 00 1

( ,0) 0

( ,0) 0

p

p

p

u y

w y

T ytu yy

w y

T y

= = == =≤ ≤ =

=

(4.60-61)

(0, ) 0

(0, ) 0

(0, ) 00 : (0, ) 00

(0, ) 0

(0, ) 0

p

p

p

u t

w t

T tyu tt

w t

T t

= = == => =

=

(4.62-69)

(1, )

(1, ) 0

(1, ) 11 : (1, )0

(1, ) 0

(1, ) 1

p

p

p

u t Ru

w t

T tyu t Rut

w t

T t

= = == => =

=

(4.70-75)

Agora, a dependência funcional das propriedades com a temperatura passa a ser

descrita por:

( ) a TT eµ −= ; ( )* * *2 1a a T T= − (4.76, 77)

( ) 1 k T bT= + ; ( )* * *2 1b b T T= − (4.78, 79)

( ) 1 T cTσ = + ; ( )* * *2 1c c T T= − (4.80, 81)

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CAPÍTULO V

5. METODOLOGIA DE SOLUÇÃO

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5.1 PROCESSO DE FILTRAGEM DOS POTENCIAIS

Na modelagem do problema abordado, a condições de contorno relativas à parede

superior são não homogêneas. Para a aplicação da técnica da transformada integral na sua

forma mais otimizada, as não-homogeneidades presentes nas condições de contorno devem

ser eliminadas. Trabalhos anteriores propuseram a aplicação de um procedimento analítico

denominado de filtragem dos campos, o qual consiste na separação dos campos originais

em duas partes: um campo filtrado, que possuirá condições de contorno homogêneas e um

filtro que carrega a não homogeneidade original (Perez-Guerrero& Cotta, 1996; Lima et

al., 2007; Lima e Rêgo, 2013).

A eficiência desse procedimento é ditada pelo filtro que se apresenta como

solução analítica, a mais representativa possível, porém simples, do comportamento

característico da solução original. Uma vantagem adicional verificada nos trabalhos

anteriores citados é o enfraquecimento dos termos fontes das equações, responsáveis pelo

atraso no processo de convergência dos métodos numéricos e em particular, das expansões

empregadas na técnica transformada integral(Rêgo, 2010).

Assim, em função da presente formulação, propõe-se a seguinte separação:

( , ) ( , ) ( )h Fu y t u y t u y= + (5.1)

( , ) ( , ) ( )FT y t y t T yθ= + (5.2)

( , ) ( , ) ( )p ph Fu y t u y t u y= + (5.3)

( , ) ( , ) ( )p p FT y t y t T yθ= + (5.4)

Onde:

( , )hu y t : Campo de velocidade do problema homogêneo

( , )phu y t : Campo de velocidade das partículas sólidas do problema homogêneo

( )Fu y : Campo de velocidade do filtro para os campos de velocidade

( , )y tθ : Campo de temperatura do problema homogêneo

( )FT y : Campo de velocidade do filtro para os campos de temperatura

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75

Note-se que o filtro empregado para os campos de velocidade é o mesmo para o

fluido e para a partícula. A mesma filosofia é empregada para os campos de temperatura do

fluido e da partícula.

5.2 EXPRESSÕES DOS FILTROS

5.2.1 Filtro para os Campos de Velocidade

O filtro para os campos de velocidade (fluido e partícula) é obtido a partir da

solução do escoamento do fluido na região completamente desenvolvida, assumindo-se

que as propriedades de transporte são constantes e que não ocorre interação

fluido/partículas (arrasto). Com o objetivo de se alcançar melhores taxas de convergência

quando o efeito Hall de elétrons e partículas é considerado na análise, parte desse efeito é

levada em conta através da definição de um número de Hartamann equivalente, *Ha . O

efeito de campo elétrico foi desconsiderado, a favor da simplicidade da solução.

Assim, carregando a não-homogeneidade do modelo original, a expressão do filtro

para os campos de velocidade é a solução da seguinte EDO:

2

*202

( )( ) , 0 1F

F

d u yG Ha u y y

dy= − + < < (5.5a)

(0) 0Fu = ; (1)Fu Ru= (5.5b, c)

onde, do problema original,

( )

( )*

2 2

1

1i

i

Ha Haββ

ββ β+

=+ +

(5.6)

A solução desse problema é facilmente obtida empregando-se o Software

Mathematica (Wolfram, 2009), sendo escrita como:

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76

( ) ( )

( )

*

* * *2

*

**2

*

0 0

20

sinh1 cosh cosh 1

sinh, 0

,

(

2

)

0

F

HaHa Ha H

yG y G u

G

a RHa

Hau y Ha

R Hay y u y

− + − +

=

− + =

(5.7)

Onde G0 é o gradiente constante de pressão.

5.2.2 Filtro para os Campos de Temperatura

Novamente, por simplicidade, se considerou um filtro que corresponde à solução

da equação da energia para condução pura com propriedades termofísicas constantes.

Certamente, esta não é a melhor opção para uma situação de escoamento, no entanto, o

objetivo principal nesse momento é apenas a homogeneização do contorno. Assim,

2

2

( )0 , 0 1Fd T y

ydy

= < < (5.8a)

(0) 0FT = ; (1) 1FT = (5.8b, c)

A solução é analiticamente dada por:

( )FT y y= (5.9)

Para facilitar o processo posterior de transformação integral, o processo de

filtragem será aplicado explicitamente apenas nos termos transientes das equações e nos

termos de interação fluido e partícula. Assim, obtém-se:

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77

[ ] ( )[ ]

( )( ) ( )

0

2

2 2

G 2

11

hh ph

i z

i

u u uRv T R u u w

t y y y

Ha TE u w

µ ω

σββ β

ββ β

∂ ∂ ∂ ∂= − + − − + ∂ ∂ ∂ ∂

− + + + + +

(5.10)

[ ] ( )[ ]

( )( ) ( )

0

2

2 2

2

11

p

i z

i

w w wRv T R w w u

t y y y

Ha Tw E u

µ ω

σββ β

ββ β

∂ ∂ ∂ ∂= − + − − − ∂ ∂ ∂ ∂

− + − + + +

(5.11)

[ ] [ ]

[ ]( )

( ) ( )

2 2

22 2

2 2

1

Pr

2

3Pr1z p

i

T T u wRv k T Ec T

t y y y y y

Ec Ha T RE u w

θ µ

σθ θ

ββ β

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ = − + + + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

+ + + + − + +

(5.12)

( ) 0

12ph

h ph p

uu u w

t Fω

∂= − +

∂ (5.13)

( ) 0

12p

p p

ww w u

t Fω

∂= − −

∂ (5.14)

( )0p

pLt

θθ θ

∂= − −

∂ (5.15)

As condições iniciais e de contorno são igualmente filtradas, obtendo-se:

Condições Iniciais:

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78

( ,0) ( )

( ,0) 0

( ,0) ( )0 :

( ,0) ( )0 1

( ,0) 0

( ,0) ( )

h F

F

ph F

p

p F

u y u y

w y

y T ytu y u yy

w y

y T y

θ

θ

= − = = −= = −≤ ≤ =

= −

(5.16-21)

Condições de Contorno:

(0, ) 0

(0, ) 0

(0, ) 00 :

(0, ) 00

(0, ) 0

(0, ) 0

h

ph

p

p

u t

w t

tyu tt

w t

t

θ

θ

= = == => =

=

(5.22-27)

(1, ) 0

(1, ) 0

(1, ) 01 :

(1, ) 00

(1, ) 0

(1, ) 0

h

ph

p

p

u t

w t

tyu tt

w t

t

θ

θ

= = == => =

=

(5.28-33)

5.3 TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL DO SISTEMA

5.3.1 Problema de Autovalor Auxiliar

O primeiro passo para a aplicação da técnica da transformada integral

generalizada é a escolha dos problemas de autovalor auxiliares que servirão de base para as

expansões dos campos originais (Cotta, 1993; Lima et al., 2001).

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79

Uma vez que as condições de contorno para os campos de velocidade e

temperatura são todas do mesmo tipo(1o tipo), e, assumindo o mesmo número de termos

para todas as expansões envolvidas nas séries, optou-se por escolher um único problema de

autovalor auxiliar para a transformação integral do sistema de equações que governa o

problema em estudo.

Uma vez que os termos de difusão das equações de governo são de segunda

ordem, a escolha mais simples e natural do problema auxiliar é o seguinte problema de

autovalor de Sturm-Liouville (Cotta, 1993; Lima et al., 2001):

2

22

( )( ) 0 , 0 1i

i i

d yy y

dy

τ λ τ+ = < < (5.34a)

(0) 0iτ = ; (1) 0iτ = (5.34b, c)

A solução (autofunção normalizada) desse problema auxiliar e os seus autovalores

são dados por:

1/2

( )( ) 2 sin( )i

i ii

yy y

N

ττ λ= =ɶ (5.35)

, 1,2,3,...i i iλ π= = (5.36)

As autofunções apresentam a seguinte propriedade de ortogonalidade:

1

0

0 , ( ) ( ) 1 , 2

i ji

i jy y dy

N i jτ τ

≠= = =∫ (5.37)

ou

1

0

0 , ( ) ( )

1 , i j

i jy y dy

i jτ τ

≠= =∫ ɶ ɶ (5.38)

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80

Agora, uma vez que é empregado um mesmo problema de autovalor para todos os

potenciais, os seguintes pares transformada, integral/inversa são escritos:

( )

( )

1

0

1

( ) ( , )

( , ) ( )

hi i h

h i hi

i

u t y u y t dy

u y t y u t

τ

τ∞

=

= =

ɶ

ɶ

(5.39a, b)

( )

( )

1

0

1

( ) ( , )

( , ) ( )

i i

i i

i

w t y w y t dy

w y t y w t

τ

τ∞

=

= =

ɶ

ɶ

(5.40a, b)

( )

( )

1

0

1

( ) ( , )

( , ) ( )

i i

i i

i

t y y t dy

y t y t

θ τ θ

θ τ θ∞

=

= =

ɶ

ɶ

(5.41a, b)

( )

( )

1

0

1

( ) ( , )

( , ) ( )

phi i ph

ph i phi

i

u t y u y t dy

u y t y u t

τ

τ∞

=

= =

ɶ

ɶ

(5.42a, b)

( )

( )

1

0

1

( ) ( , )

( , ) ( )

pi i p

p i pi

i

w t y w y t dy

w y t y w t

τ

τ∞

=

= =

ɶ

ɶ

(5.43a, b)

( )

( )

1

0

1

( ) ( , )

( , ) ( )

pi i p

p i pi

i

t y y t dy

y t y t

θ τ θ

θ τ θ∞

=

= =

ɶ

ɶ

(5.44a, b)

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81

5.3.2 Transformação Integral das Equações

O processo inicial de transformação integral do sistema de equações diferenciais

consiste na multiplicação das equações pelas autofunções, seguida de posterior integração

na direção do problema de autovalor, sobre todo o domínio. Assim, realizando esse

processo em todas as equações que modelam o fenômeno estudado, (Eqs. 5.5 a 5.10), tem-

se:

( )

[ ]

( )[ ] ( ) ( )

1 1 1

0 0 0

1 1 1

00 0 0

2 1

2 20

( ) ( )G ( )

2 ( ) ( ) ( )

( ) 11

hi i i h ph

i i i

i i z

i

uy dy y dy R y u u dy

t

u uy wdy Rv y dy y T dy

y y y

Hay T E u w dy

τ τ τ

ω τ τ τ µ

τ σ ββ βββ β

∂ = − −∂

∂ ∂ ∂+ − + ∂ ∂ ∂

− + + + + +

∫ ∫ ∫

∫ ∫ ∫

ɶ ɶ ɶ

ɶ ɶ ɶ

ɶ

(5.45)

( )

[ ]

( )[ ] ( ) ( )

1 1 1

00 0 0

1 1

0 0

2 1

2 20

( ) ( ) 2 ( )

( ) ( )

( ) 11

i i p i

i i

i i z

i

wy dy R y w w dy y u dy

t

w wRv y dy y T dy

y y y

Hay T w E u dy

τ τ ω τ

τ τ µ

τ σ ββ βββ β

∂ = − − −∂

∂ ∂ ∂− + ∂ ∂ ∂

− + − + + +

∫ ∫ ∫

∫ ∫

ɶ ɶ ɶ

ɶ ɶ

ɶ

(5.46)

( )

[ ] [ ]

( )[ ] ( )

1 1 1

0 0 0

2 21 1

0 0

2 12 2

2 20

2( ) ( ) ( )

3Pr

1 ( ) ( )Pr

( )1

i i p i

i i

i z

i

R Ty dy y dy Rv y dy

t y

T u wy k T dy Ec y T dy

y y y y

Ec Hay T E u w dy

θτ τ θ θ τ

τ τ µ

τ σββ β

∂ ∂= − −∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ + + + ∂ ∂ ∂ ∂

+ + + + +

∫ ∫ ∫

∫ ∫

ɶ ɶ ɶ

ɶ ɶ

ɶ

(5.47)

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82

( )1 1 1

00 0 0

1( ) ( ) 2 ( )ph

i i h ph i p

uy dy y u u dy y w dy

t Fτ τ ω τ

∂= − +

∂∫ ∫ ∫ɶ ɶ ɶ (5.48)

( )1 1 1

00 0 0

1( ) ( ) 2 ( )p

i i p i p

wy dy y w w dy y u dy

t Fτ τ ω τ

∂= − −

∂∫ ∫ ∫ɶ ɶ ɶ (5.49)

( )1 1

00 0

( ) ( )pi i py dy L y dy

t

θτ τ θ θ

∂= − −

∂∫ ∫ɶ ɶ (5.50)

Agora, após a aplicação da fórmula da inversa, das propriedades de

ortogonalidade das autofunções e das condições de contorno, obtém-se o seguinte sistema

de EDO acopladas para os potenciais transformados, com as respectivas condições iniciais:

0

( ) ( ) ( ) 2 hi

i hi phi i ui

du tG f R u t u t w B

dtω = − − + + (5.51)

(0) hi iu h= − (5.51b)

0

( ) ( ) ( ) 2 ( ) i

i pi hi i wi

dw tR w t w t u h B

dtω = − − − + + (5.52a)

(0) 0iw = (5.52b)

( ) 2

( ) ( ) 3Pr

ipi i i

d t Rt t B

dt θθ θ θ = − + (5.53a)

(0) i igθ = − (5.53b)

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83

0

( ) 1 ( ) ( ) 2 ( )phi

hi phi pi

du tu t u t w t

dt Fω = − + (5.54a)

(0) phi iu h= − (5.54b)

0

( ) 1 ( ) ( ) 2 ( )pi

i pi phi i

d w tw t w t u h

dt Fω = − − + (5.55a)

(0) 0piw = (5.55b)

0

( ) ( ) ( )pi

i pi

d tL t t

dt

θθ θ = − (5.56a)

(0) pi igθ = − (5.56b)

Os coeficientes que são obtidos analiticamente e, segundo as expressões dos

filtros empregados, são dados por:

1

0

2 ( ) ( 1) 1i

i ii

f y dyτλ

= = − − − ∫ ɶ (5.57)

( )

( )2

10 0

*2 20

2 ( 1) ( ) ( )

ii

i i F

i i

G G Ruh y u y dy

Ha

λτ

λ λ

− − + = = −+∫ ɶ (5.58)

1

0

2( ) ( ) ( 1)i

i i Fi

g y T y dyτλ

= = − −∫ ɶ (5.59)

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84

Por outro lado, os coeficientes transformados que levam em conta todas as não

linearidades do problema original são dados por:

( )( )

( ) ( )21

2 20

11

ui i i i i z

i

u HaB Rv E u w dy

y

στ τ µ τ ββ βββ β

∂ ′= − + + + + + ∂ + + ∫ ɶ ɶ ɶ (5.60)

( ) ( )21

2 20

(1 )(1 )wi i i i i e e z

i e e

w HaB Rv w E u dy

y

στ τ µ τ β β ββ β β

∂′= − + + + − + ∂ + + ∫ ɶ ɶ ɶ (5.61)

( )

1

0

2 2 212 2

2 20

Pr

(1 )

i i i

i zi e e

k TB Rv dy

y

u w HaEc E u w dy

y y

θ τ τ

στ µβ β β

∂ ′= − + ∂

∂ ∂ + + + + + ∂ ∂ + +

ɶ ɶ

ɶ

(5.62)

Como se apresenta, o sistema de equações diferenciais acopladas (Eqs. 5.51-5.56)

é de tamanho infinito, pois as séries não foram limitadas. Para fins de avaliação numérica,

as expansões em série devem ser truncadas, em N termos cada uma, de maneira que o

sistema, antes infinito, passe a ser composto por 6N equações diferenciais ordinárias

acopladas. O sistema transformado resultante é resolvido numericamente através da

subrotina IVPAG, do pacote de bibliotecas científicas IMSL (1991), a qual é indicada para

solução de problemas de valor inicial rígidos, sendo especificado um controle relativo de

erro mínimo de 10-8 para a solução convergida dos potenciais transformados.

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85

CAPÍTULO VI

6. RESULTADOS

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86

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A convergência dos potenciais originais está diretamente relacionada ao número

de termos associado a cada série, pois para se atingir uma determinada tolerância para

esses potenciais (nesse trabalho, 10-4), o número de termos das séries deve ser

incrementado sucessivamente.

Por sua vez, os coeficientes que aparecem no sistema transformado de equações

são não-lineares, eles necessitam ser avaliados em cada ciclo iterativo do processo de

solução do sistema de equações diferenciais ordinárias. Essa avaliação é feita através da

sub-rotina FQRUL, do IMSL (1991), a qual adota as quadraturas de Fejer para a integração

numérica. No presente trabalho, os resultados foram obtidos empregando-se 1500 pontos

de quadratura para o intervalo [0-0,5] e 1500 pontos para o intervalo [0,5-1], totalizando

NQR=3000 pontos no domínio de integração [0,1].

O código computacional foi desenvolvido em linguagem Fortran 90 e executado

em um micro-computador Dell Intel@ I7 3.6GHz. Resultados para os campos de

velocidade, temperatura e parâmetros correlatos (coeficiente de atrito, número de Nusselt,

entre outros) são graficamente ilustrados e criticamente comparados em tabelas com

resultados numéricos reportados anteriormente, para várias combinações dos 17parâmetros

adimensionais (G, Ha, Ez, Ec, Pr, β, βi, L0, F, Rv, R, αG, a, b, c, Ru, ω0). Onde não estiver

explícito, os resultados são apresentados para N = 700 termos nas expansões, pois mostrou

ser suficiente para convergência completa dos algarismos significativos.

Conforme se pode concluir da revisão bibliográfica e da modelagem matemática,

o presente trabalho apresenta uma metodologia hibrida de solução para um modelo

matemático generalizado que leva em conta as diversas contribuições de modelos

oferecidos em trabalhos anteriores sobre a magnetohidrodinâmica em canais de placas

paralelas. Assim, como forma de se mostrar o desempenho da presente técnica nas mais

diversas situações, os resultados oferecidos por cada um dos trabalhos anteriores serão

comparados e discutidos com os obtidos no presente trabalho em seções separadas. Em

adição, uma vez que cada trabalho emprega diferentes variáveis para definir seus

parâmetros adimensionais, as relações entre os parâmetros de cada trabalho e os do

presente são também mostradas.

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87

O trabalho desenvolvido por Lima et al. (2007), que já havia empregado a técnica

da transformada integral para situações que não levavam em conta efeitos Hall nem

rotação do sistema de coordenadas, marca o início da utilização dessa técnica em

problemas relacionados a magnetohidrodinâmica, de maneira que será utilizado

inicialmente no processo de comparação.

Finalmente, análises de convergência (o processo de incremento gradual da ordem

de truncamento das series/expansões, até que um determinado critério de erro numérico

nos valores dos campos analisados seja atingido para cada valor das variáveis

independentes) são mostradas em tabelas para certas situações.

6.2 VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS

6.2.1. Attia & Kotb (1996) - Escoamento MHD entre placas paralelas com

transferência de calor (MHD flow between two parallel plates with heat transfer)

Attia e Kotb (1996) estudaram o escoamento e a transferência de calor em regime

permanente no interior de um canal de paredes porosas, onde a placa superior se

movimentava com velocidade constante. Assumindo que a viscosidade dinâmica variava

com a temperatura e considerando dissipação viscosa, analisaram o efeito dos parâmetros

G (gradiente de pressão), Ha (número de Hartmann), Rv (parâmetro de sucção/ejeção) e a

(parâmetro da viscosidade, Eq. 4.75) sobre a física do escoamento.

Os parâmetros adimensionais empregados por eles são os mesmos do presente

trabalho. Em todas as simulações ilustradas, os parâmetros não necessários na análise

receberam os seguintes valores para execução do código computacional desenvolvido:

Ez = 0; β = 0; βi = 0; L0 = 2,8; F = 0,2; R = 0; αG = 0; b = 0; c = 0; ω0 = 0). Qualquer valor

para L0 e F (não nulo) podem ser usados, uma vez que R = 0 (o fluido não interage com as

partículas). Os valores adotados evitam rigidez numérica para a maioria dos casos

analisados. Os demais parâmetros (Ha, Ru, Rv, G0, a, Pr e Ec) assumem valores

específicos para cada situação estudada.

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Comparações com os

são ilustradas nas Figuras 6.1 e 6.2e na Tabela 6.1 para algumas situações. A Figura 6.1

mostra a influência da velocidade de sucção/ejeção nas paredes sobre a distribuição de

velocidades para Ru = 1,G0

vez que a viscosidade é constante, não existe acoplamento entre os potenciais, de maneira

que fez-se, simplesmente, Pr

Figura 6.1. Influência da sucção/ejeção nas paredespermanente de velocidade.

Dessa figura, nota

positivo (G0 = - 5, desfavorável) e do movimento da placa superio

direção longitudinal do canal. A intensidade da velocidade da placa superior não é

suficiente para vencer o gradiente de pressão adverso em regiões próximas à parede

inferior. Nessa região, o escoamento é reverso.

Por outro lado, o efeito da sucção de fluido (

consequência, da ejeção na placa superior) é de afastar esse escoamento reverso da região

próxima à parede inferior para região próxima à placa superior.

Comparações com os resultados de Attia e Kotb (1996) e de Lima

são ilustradas nas Figuras 6.1 e 6.2e na Tabela 6.1 para algumas situações. A Figura 6.1

mostra a influência da velocidade de sucção/ejeção nas paredes sobre a distribuição de

0 = - 5, Ha = 0, viscosidade constante (a = 0) e

vez que a viscosidade é constante, não existe acoplamento entre os potenciais, de maneira

Pr = 1 e Ec = 0.

Figura 6.1. Influência da sucção/ejeção nas paredes sobre a distribuição em regimepermanente de velocidade. Ha = 0, Ru = 1, G0 = - 5, a = 0, Pr = 1 e

Dessa figura, nota-se facilmente os efeitos contrários do gradiente de pressão

5, desfavorável) e do movimento da placa superior (Ru

direção longitudinal do canal. A intensidade da velocidade da placa superior não é

suficiente para vencer o gradiente de pressão adverso em regiões próximas à parede

inferior. Nessa região, o escoamento é reverso.

o efeito da sucção de fluido (Rv # 0) na placa inferior (e, por

consequência, da ejeção na placa superior) é de afastar esse escoamento reverso da região

próxima à parede inferior para região próxima à placa superior.

88

resultados de Attia e Kotb (1996) e de Lima et al. (2007)

são ilustradas nas Figuras 6.1 e 6.2e na Tabela 6.1 para algumas situações. A Figura 6.1

mostra a influência da velocidade de sucção/ejeção nas paredes sobre a distribuição de

= 0) e Rv variável. Uma

vez que a viscosidade é constante, não existe acoplamento entre os potenciais, de maneira

sobre a distribuição em regime = 1 e Ec = 0.

se facilmente os efeitos contrários do gradiente de pressão

Ru = 1, favorável) na

direção longitudinal do canal. A intensidade da velocidade da placa superior não é

suficiente para vencer o gradiente de pressão adverso em regiões próximas à parede

# 0) na placa inferior (e, por

consequência, da ejeção na placa superior) é de afastar esse escoamento reverso da região

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A Figura 6.2 ilustra, por sua vez, a influência do campo magnético sobre a

distribuição de velocidade para a situação de viscosidade dependente de temperatura. Os

resultados são obtidos para

viscosidade, a = 0 e 0,5, considerando

Figura 6.2. Influência do campo magnético e da viscosidade sobre a distribuição velocidade em regime permanente.

Vê-se, dessa figura, que o efeito da redução da viscosidade com a temperatura

(a > 0), para um mesmo campo magnético, é um maior escoamento reverso. Isso é

facilmente observável das curvas para (

como esperado, devido à

intensidade do campo magnético resulta em menor reversão do escoamento, tornando

mais uniforme.

Finalmente, para concluir esta seção, a Tabela 6.1 ilustra o comportamento de

convergência da velocidade na linha de centro do canal para diferentes valores do

parâmetro de viscosidade, número de Hartmann, parâmetro de sucção/ejeção, assumindo

se Ru = 1, G0 = -5, Pr = 1 e

al. (2007), ao oferecer uma análise com maior número de termos nas

confirmando as excelentes taxas

A Figura 6.2 ilustra, por sua vez, a influência do campo magnético sobre a

distribuição de velocidade para a situação de viscosidade dependente de temperatura. Os

resultados são obtidos para Ha = 0, 2 e 10, com valores cruzados do coeficiente de

= 0 e 0,5, considerando-se Ru = 1; Rv = 0; G0 = - 5, Pr = 1 e

Figura 6.2. Influência do campo magnético e da viscosidade sobre a distribuição em regime permanente. Ru = 1, Rv = 0, G0 = - 5, Pr = 1 e

igura, que o efeito da redução da viscosidade com a temperatura

> 0), para um mesmo campo magnético, é um maior escoamento reverso. Isso é

facilmente observável das curvas para (a = 0; Ha = 0) e (a = 0,5; Ha = 0).

como esperado, devido à força de Lorentz (contrária ao movimento), uma elevação na

intensidade do campo magnético resulta em menor reversão do escoamento, tornando

Finalmente, para concluir esta seção, a Tabela 6.1 ilustra o comportamento de

locidade na linha de centro do canal para diferentes valores do

parâmetro de viscosidade, número de Hartmann, parâmetro de sucção/ejeção, assumindo

5, Pr = 1 e Ec = 1. Essa tabela extende a análise desenvolvida por Lima

. (2007), ao oferecer uma análise com maior número de termos nas

s taxas de convergência.

89

A Figura 6.2 ilustra, por sua vez, a influência do campo magnético sobre a

distribuição de velocidade para a situação de viscosidade dependente de temperatura. Os

= 0, 2 e 10, com valores cruzados do coeficiente de

= 1 e Ec = 1.

Figura 6.2. Influência do campo magnético e da viscosidade sobre a distribuição da = 1 e Ec = 1.0

igura, que o efeito da redução da viscosidade com a temperatura

> 0), para um mesmo campo magnético, é um maior escoamento reverso. Isso é

= 0).Por outro lado,

força de Lorentz (contrária ao movimento), uma elevação na

intensidade do campo magnético resulta em menor reversão do escoamento, tornando-o

Finalmente, para concluir esta seção, a Tabela 6.1 ilustra o comportamento de

locidade na linha de centro do canal para diferentes valores do

parâmetro de viscosidade, número de Hartmann, parâmetro de sucção/ejeção, assumindo-

= 1. Essa tabela extende a análise desenvolvida por Lima et

. (2007), ao oferecer uma análise com maior número de termos nas expansões,

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90

Tabela 6.1 - Convergência da velocidade na linha de centro, em regime permanente, para diferentes valores de a, Ha e Rv e considerando Ru = 1,G0 = -5, Pr = 1 e Ec = 1.

u (0,5; ∞)

N

a = 0 a = 0,5

Ha = 0 Ha = 2 Ha = 10 Ha = 0 Ha = 2 Ha = 10

Rv = 0 Rv = 5 Rv = 10 Rv = 0

10 - 0,1250 - 0,3496 - 0,2430 - 0,1159 - 0,04259 - 0,4341 - 0,3071 - 0,04941

50 - 0,1250 - 0,3483 - 0,2400 - 0,1159 - 0,04259 - 0,4343 - 0,3072 - 0,04804

300* - 0,1250 - 0,3483 - 0,2400 - 0,1159 - 0,04259 - 0,4343 - 0,3072 - 0,04803

* - Número máximo de termos apresentado por Lima et al. (2007)

Os resultados obtidos no presente trabalho são os mesmos obtidos por Lima et al.

(2007). Conforme reportado por aqueles autores, o procedimento analítico de filtragem dos

potenciais mostra um excelente desempenho computacional, uma vez que recuperam

potencial original para grandes valores do tempo e Rv = 0, com poucos termos nas séries.

Note-se também que mesmo para Rv # 0, as taxas de convergência são ainda excelentes,

pois menos de 50 termos nas expansões é suficiente para a completa convergência em

quatro algarismos significativos.

Uma discussão detalhada dos resultados e das características de convergência para

as situações estudadas são encontradas nos trabalhos citados como referência.

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91

6.2.2. Attia (2006a) - Escoamento MHD permanente com propriedades

dependentes da temperatura (Steady MHD Couette flow with temperature-

dependent properties)

Attia (2006a) avaliou a dependência de todas as propriedades de transporte

(viscosidade, condutividades térmica e elétrica) sobre o escoamento em regime permanente

de um fluido condutor elétrico no interior de um canal de placas não porosas. Além do

movimento da placa superior à velocidade constante, o escoamento era mantido por um

gradiente de pressão favorável, também constante.

Para fins de comparação de resultados, as seguintes relações devem ser

observadas entre os grupos adimensionais (o índice A refere-se às variáveis adimensionais

definidas por Attia):

2Ax

x = ; ( )11

2 Ay y= + (6.1a, b)

Au Ru u= ; 2 ARu Ru= (6.1c, d)

2AP Ru P= ;

2 22 2AA

A

PPRu G Ru G

x x

∂∂ = ∴ =∂ ∂

(6.1e-g)

2 AHa Ha= ; 2AEc

EcRu

= (6.1h,i)

Em todas as simulações ilustradas, os seguintes valores para os parâmetros foram

usados: Ru = 2 (RuA = 1), G0 = 40 (G0A = 5), Pr = 1 e Ec = 0,05 (EcA = 0,2). Ha, a, b e c

recebem valores que dependem da situação analisada. Os demais parâmetros (que não são

necessários na análise) receberam os seguintes valores: Rv = 0; Ez = 0; β = 0; βi = 0;

L0 = 2,8; F = 0,2; R = 0; αG = 0; ω0 = 0). Qualquer valor não nulo para F pode ser usado,

uma vez que R = 0 (não existem partículas).

Comparações entre os resultados obtidos com o presente método de solução e

aqueles de Attia (2006a) são efetuadas nas tabelas a seguir para a temperatura no centro do

canal, considerando-se diversos valores dos coeficientes que definem a dependência das

propriedades termofísicas com a temperatura e Ha = 2 e 6.

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92

A Tabela 6.2 apresenta a comparação, considerando a viscosidade e a

condutividade elétrica variáveis, enquanto a condutividade térmica é mantida constante

(b= 0). A Tabela 6.3 mostra a comparação considerando a viscosidade e a condutividade

térmica variáveis, enquanto a condutividade elétrica é mantida constante (c = 0).

Tabela 6.2 - Comparação da temperatura no centro do canal, em regime permanente, para condutividade térmica constante (b = 0) e diferentes valores de a, c e Ha.

TA(yA = 0; ∞)

b = 0 a = - 0,5

a = 0

a = 0,5

Presente Attia

(2006a) Presente

Attia (2006a)

Presente Attia

(2006a)

Ha = 2

c = - 0,5 0,8779 0,8794

1,0150 1,0134

1,2965 1,2165

c = 0 0,9061 0,9069

1,0320 1,0333

1,2350 1,2176

c = 0,5 0,9215 0,9217

1,0265 1,0285

1,1655 1,1637

Ha = 6

c = - 0,5 0,8802 0,8758

0,8883 0,8859

0,9022 0,8963

c = 0 0,8183 0,8155

0,7920 0,7925

0,7754 0,7752

c = 0,5 0,7769 0,7750

0,7427 0,7442

0,7218 0,7227

Tabela 6.3 - Comparação da temperatura no centro do canal, em regime permanente, para condutividade elétrica constante (c = 0) e diferentes valores de a, b e Ha.

TA(yA = 0; ∞)

c = 0 a = - 0,5

a = 0

a = 0,5

Presente Attia

(2006a) Presente

Attia (2006a)

Presente Attia

(2006a)

Ha = 2

b = - 0,5 1,0441 1,0334

1,3902 1,2951

1,2965 1,6810

b = 0 0,9061 0,9069

1,0320 1,0333

1,2350 1,2176

b = 0,5 0,8526 0,8511

0,9374 0,9377

1,0600 1,0555

Ha = 6

b = - 0,5 0,9000 0,8833

0,8458 0,8393

0,8154 0,8099

b = 0 0,8183 0,8155

0,7920 0,7925

0,7754 0,7752

b = 0,5 0,7871 0,7827

0,7691 0,7670

0,7575 0,7548

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93

Na Tabela 6.4, a viscosidade é mantida constante (a = 0), enquanto que as

condutividades térmica e elétrica variam com a temperatura.

Tabela 6.4 - Comparação da temperatura no centro do canal, em regime permanente, para viscosidade constante (a = 0) e diferentes valores de b, c e Ha.

TA(yA = 0; ∞)

a = 0 b = - 0,5

b = 0

b = 0,5

Presente Attia

(2006a) Presente

Attia (2006a)

Presente Attia

(2006a)

Ha = 2

c = - 0,5 1,3007 1,2117

1,0158 1,0134

0,9286 0,9282

c = 0 1,3904 1,2951

1,0326 1,0333

0,9381 0,9377

c = 0,5 1,3609 1,2982

1,0269 1,0285

0,9347 0,9339

Ha = 6

c = - 0,5 1,0864 1,0138

0,8883 0,8859

0,8331 0,8305

c = 0 0,8458 0,8393

0,7920 0,7925

0,7691 0,7670

c = 0,5 0,7607 0,7606

0,7427 0,7442

0,7337 0,7322

Um exame nessas tabelas revela que, embora pequenas, discrepâncias estão

presentes entre os resultados apresentados por Attia (2006a) e os resultados obtidos com o

presente método, até mesmo para as situações de propriedades de transporte constantes.

Estas discrepâncias certamente estão associadas à não convergência numérica dos

resultados de Attia (2006a).

As Figuras 6.3, 6.4 e 6.5 ilustram comparações e características dos perfis de

velocidade nas situações de condutividade elétrica dependente da temperatura, para

diferentes parâmetros de viscosidade (a = - 0,5; a = 0 e a = 0,5; respectivamente) e

números de Hartmann. A condutividade térmica é constante (b = 0).

A concordância entre os resultados numéricos e os resultados híbridos é excelente,

a não ser pelas pequenas diferenças verificadas na Figura 6.5, na situação em que a = 0,5 e

c = - 0,5, para o menor número de Hartmann. Uma vez que todos os outros casos foram

validados, essa diferença se deve a inconsistência na convergência ou no método usado

para obtenção dos resultados de Attia (2006a).

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Figura 6.3. Influência do campo magnético e da condutividade elétricasobre a distribuição

para diferentes números de Hartmann e

Figura 6.4. Influência dosobre a distribuição

para diferentes números de Hartmann e

Figura 6.3. Influência do campo magnético e da condutividade elétricasobre a distribuição de velocidade em regime permanente,

para diferentes números de Hartmann e a = - 0,5.

Figura 6.4. Influência do campo magnético e da condutividade elétricasobre a distribuição de velocidade em regime permanente,

para diferentes números de Hartmann e a = 0.

94

Figura 6.3. Influência do campo magnético e da condutividade elétrica de velocidade em regime permanente,

campo magnético e da condutividade elétrica de velocidade em regime permanente,

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Figura 6.5. Influência do campo magnético e da condutividade elétricasobre a distribuição

para diferentes números de Hartmann e

Essas figuram mostram que o aumento no parâmetro da condutividade elétrica,

leva à redução do perfil de velocidade, para todos os valores do parâmetro de viscosidade,

a, uma vez que o aumento da condutividade térmica implica diretamente no aumento da

força magnética amortecedora.

Por outro lado, o aumento do parâmetro

por sua vez, leva ao acréscimo das velocidades. Comparando

a influência do parâmetro a

enquanto que a influência do parâmetro

magnéticos maiores.

Figura 6.5. Influência do campo magnético e da condutividade elétricasobre a distribuição de velocidade em regime permanente,

para diferentes números de Hartmann e a = 0,5.

mostram que o aumento no parâmetro da condutividade elétrica,

leva à redução do perfil de velocidade, para todos os valores do parâmetro de viscosidade,

aumento da condutividade térmica implica diretamente no aumento da

força magnética amortecedora.

Por outro lado, o aumento do parâmetro a leva à redução da viscosidade, a qual,

por sua vez, leva ao acréscimo das velocidades. Comparando-se as três figuras, nota

a é mais pronunciada para campos magnéticos menos intensos,

enquanto que a influência do parâmetro c é aparentemente mais intensa para campos

95

Figura 6.5. Influência do campo magnético e da condutividade elétrica regime permanente,

mostram que o aumento no parâmetro da condutividade elétrica, c,

leva à redução do perfil de velocidade, para todos os valores do parâmetro de viscosidade,

aumento da condutividade térmica implica diretamente no aumento da

leva à redução da viscosidade, a qual,

se as três figuras, nota-se que

é mais pronunciada para campos magnéticos menos intensos,

é aparentemente mais intensa para campos

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96

6.2.3. Attia (1999) - Escoamento MHD transiente e transferência de calor entre

placas paralelas com viscosidade dependente da temperatura (Transient MHD

flow and heat transfer between two parallel plates with temperature dependent

viscosity)

Attia (1999) estendeu o trabalho anteriormente desenvolvido por Attia e Kotb

(1996) considerando o escoamento em regime transiente, mas desprezando o fluxo através

das paredes do canal e mantendo as duas placas fixas.Apesar da consideração de regime

transiente, o escoamento era ainda considerado completamente desenvolvido.

Para fins de comparação de resultados, as seguintes relações devem ser

observadas entre os grupos adimensionais (o índice A refere-se às variáveis adimensionais

definidas por Attia):

2Ax

x = ; ( )11

2 Ay y= + (6.2a, b)

2 Au u= ; 4Att = (6.2c, d)

4 AP P= ; 8 8AA

A

PPG G

x x

∂∂ = ∴ =∂ ∂

(6.2e-g)

2 AHa Ha= ; 4

AEcEc= (6.2h,i)

Em todas as simulações ilustradas, os parâmetros não necessários na análise

receberam os seguintes valores: Ru = 0; Rv = 0; Ez = 0;β = 0;βi = 0; L0 = 2,8; F = 0,2;

R = 0; αG = 0; b = 0; c = 0; ω0 = 0). Novamente, qualquer valor não nulo para F pode ser

usado, uma vez R = 0 (não existem partículas).

Os resultados de Attia (1999) são comparados com os apresentados no presente

trabalho e com os resultados de Lima et al. (2007), para situações onde o gradiente de

pressão é negativo (favorável) G0 = 40 (G0A = 5), Pr = 1, Ec = 0,050875 (EcA = 0,2035), e

Ha e a variáveis.

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A Figura 6.6 ilustra a influência da viscosidade (parâmetro

regime permanente da temperatura para

Figura 6.6. Influência da viscosidade sobre a distribuição em regimepermanente da temperatura.

Nota-se que, com relação à situação de viscosidade constante, o efeito da redução

da viscosidade com a temperatura (

em temperatura mais elevadas na seção do canal na região completamente desenvolvida.

Esse efeito certamente se deve ao aumento da dissipação viscosa causado pelos maiores

gradientes de velocidade quando a viscosidade e reduzida. O oposto é verificado quando a

viscosidade aumenta com a temperatura.

As Tabelas 6.5 e 6.6 mostram a evolução, com o tempo, da velocidade e da

temperatura no centro do canal, respectivamente, para diferent

Figuras 6.7 e 6.8, por sua vez, ilustram graficamente parte

Tanto nas tabelas quanto nas figuras os resultados são comparados ao de Attia (1999).

Observa-se que quanto maior for o número de Hartmann,

magnético sobre os perfis de velocidade e

dissipação viscosa. Os resultados obtidos por Lima

reproduzidos nas figuras e na tabela.

A Figura 6.6 ilustra a influência da viscosidade (parâmetro a

regime permanente da temperatura para Ha = 1 (HaA = 0.5).

Figura 6.6. Influência da viscosidade sobre a distribuição em regimepermanente da temperatura. Ha = 1, G0 = 40, Pr = 1, Ec = 0,050875.

que, com relação à situação de viscosidade constante, o efeito da redução

com a temperatura (a> 0) é uma maior transferência de calor, a qual resulta

em temperatura mais elevadas na seção do canal na região completamente desenvolvida.

Esse efeito certamente se deve ao aumento da dissipação viscosa causado pelos maiores

es de velocidade quando a viscosidade e reduzida. O oposto é verificado quando a

viscosidade aumenta com a temperatura.

As Tabelas 6.5 e 6.6 mostram a evolução, com o tempo, da velocidade e da

temperatura no centro do canal, respectivamente, para diferentes valores de

Figuras 6.7 e 6.8, por sua vez, ilustram graficamente parte desses resultados

Tanto nas tabelas quanto nas figuras os resultados são comparados ao de Attia (1999).

se que quanto maior for o número de Hartmann, maior é o

os perfis de velocidade e maior é a elevação de temperatura devido a

Os resultados obtidos por Lima et al. (2007) são exatamente

reproduzidos nas figuras e na tabela.

97

a) sobre o perfil em

Figura 6.6. Influência da viscosidade sobre a distribuição em regime = 0,050875.

que, com relação à situação de viscosidade constante, o efeito da redução

> 0) é uma maior transferência de calor, a qual resulta

em temperatura mais elevadas na seção do canal na região completamente desenvolvida.

Esse efeito certamente se deve ao aumento da dissipação viscosa causado pelos maiores

es de velocidade quando a viscosidade e reduzida. O oposto é verificado quando a

As Tabelas 6.5 e 6.6 mostram a evolução, com o tempo, da velocidade e da

es valores de a e Ha. As

resultados para Ha = 2.

Tanto nas tabelas quanto nas figuras os resultados são comparados ao de Attia (1999).

é o amortecimento

emperatura devido a

. (2007) são exatamente

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Tabela 6.5 - Evolução tempora e Ha, considerando G0 = 40,

t a = - 0,5

Presente Attia

(1999)

Ha = 0

0,125 1,566 1,593

0,25 1,792 1,797

0,5 1,762 1,765

0,75 1,755 1,758

1,00 1,754 1,758

∞ 1,754 -

Ha = 2

0,125 1,297 1,313

0,25 1,393 1,397

0,5 1,366 1,369

0,75 1,362 1,366

1,00 1,362 1,366

∞ 1,362 -

Figura 6.7. Evolução temporal da velocidade no centro do canal em função do parâmetro de viscosidade.

Evolução temporal da velocidade na linha de centro, para diferentes valores de = 40, Pr = 1 e Ec = 0,050875.

uA(yA = 0; t)

a = 0 a = 0,5

Attia (1999)

Presente Attia

(1999) Presente

593 1,749 1,789 1,898

797 2,281 2,294 2,769

765 2,481 2,483 3,528

758 2,498 2,498 3,832

758 2,500 2,499 3,968

- 2,500 - 4,086

313 1,435 1,461 1,549

397 1,702 1,709 2,007

369 1,758 1,760 2,255

366 1,760 1,762 2,304

366 1,760 1,762 2,325

- 1,760 - 2,318

Figura 6.7. Evolução temporal da velocidade no centro do canal em função do parâmetro de viscosidade. Ha = 2; G0 = 40; Pr = 1 e Ec = 0,050875.

98

al da velocidade na linha de centro, para diferentes valores de

= 0,5 a = 1,0

Presente Presente

2,012

3,205

4,801

6,022

7,112

2,012

1,634

2,278

2,827

3,041

3,130

3,199

Figura 6.7. Evolução temporal da velocidade no centro do canal em função do parâmetro = 0,050875.

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Tabela 6.6 - Evolução temporal da temperatura na linha de centro, para diferentes valores de a e Ha, considerando G0

t a = - 0,5

Presente Attia

(1999)

Ha = 0

0,125 0,3798 0,395

0,25 0,6566 0,665

0,5 0,7907 0,793

0,75 0,7978 0,799

1,125 0,7979 0,799

∞ 0,7979 -

Ha = 2

0,125 0,4208 0,436

0,25 0,6983 0,704

0,5 0,8098 0,809

0,75 0,8160 0,815

1,125 0,8163 0,815

∞ 0,8163 -

Figura 6.8. Evolução temporal da temperatura no centro do canal em função do parâmetro de viscosidade.

Evolução temporal da temperatura na linha de centro, para diferentes valores

0 = 40, Pr = 1 e Ec = 0,050875.

T(yA = 0; t)

a = 0 a = 0,5

Presente

Attia (1999)

Presente Attia

(1999)

0,3713 0,386 0,3646 0,379

0,6635 0,675 0,6633 0,676

0,8834 0,887 0,9880 0,993

0,9189 0,920 1,122 1,122

0,9239 0,925 1,208 1,203

0,9240 - 1,232 -

0,4236 0,439 0,4271 0,443

0,7400 0,756 0,7831 0,789

0,9171 0,914 1,062 1,053

0,9362 0,931 1,124 1,110

0,9381 0,933 1,140 1,125

0,9381 - 1,141 -

Figura 6.8. Evolução temporal da temperatura no centro do canal em função do parâmetro de viscosidade. Ha = 2; G0 = 40; Pr = 1 e Ec = 0,050875.

99

Evolução temporal da temperatura na linha de centro, para diferentes valores

a = 1,0

Presente Attia

(1999)

0,3596 0,374

0,6559 0,669

1,055 1,060

1,329 1,333

1,743 1,738

∞ -

0,4305 0,477

0,8231 0,829

1,1231 1,215

1,391 1,363

1,486 1,447

1,508 -

Figura 6.8. Evolução temporal da temperatura no centro do canal em função do parâmetro = 0,050875.

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100

6.2.4. Attia (2002) - Escoamento MHD transiente e transferência de calor entre

placas paralelas com fluido empoeirado com propriedades físicas variáveis

(Unsteady MHD flow and heat transfer of dusty fluid between parallel plates with

variable physical properties)

Uma extensão natural ao seu trabalho anterior foi efetuada por Attia (2002), que

inseriu, além da viscosidade, mais uma dependência com a temperatura de outra

propriedade termofísica (a condutividade elétrica, cuja dependência com a temperatura é

mensurada pelo parâmetro c), e considerou, pela primeira vez, que o escoamento era

permeado por partículas sólidas.

As relações entre os grupos adimensionais são as mesmas do trabalho de Attia

(1999), dada pelas Eqs. 6.2. Além delas, as seguintes relações adicionais são necessárias:

4 AR R= ; 4AF

F = ; 0 04 AL L= (6.3a-c)

Em todas as simulações ilustradas, os parâmetros não necessários na análise

receberam os seguintes valores: Ru = 0, Rv = 0, Ez = 0, β = 0, βi = 0, αG = 0, b = 0, ω0 = 0),

enquanto que os demais parâmetros G0 = 40 (G0A = 5), Pr = 1, Ec = 0,05 (EcA = 0,2), R = 2

(RA = 0,5); F = 0,2 (FA = 0,8); L0 = 2,8 (L0A = 0,7) e variando-se os parâmetros Ha, a e c.

Nas tabelas a seguir, são efetuadas análises de convergência para os campos de

velocidade e temperatura (para o fluido e para as partículas) para a situação em regime

permanente, quando Ha = 2, avaliando-se ao mesmo tempo a influência da viscosidade e

da condutividade elétrica variáveis sobre esses potenciais. Comparações entre os resultados

convergidos e os obtidos por Attia (2002) são ainda efetuadas nessas tabelas para fins de

validação da metodologia empregada e do algoritmo desenvolvido.

As Tabelas 6.7 e 6.8 mostram esse procedimento para a velocidade do fluido e das

partículas, respectivamente, no centro do canal, variando-se o parâmetro de viscosidade

(a = -0,5; 0; 0,5) e o parâmetro de condutividade elétrica (c = -0,5; 0; e 0,5). As Tabelas

6.9 e 6.10 refazem as análises de convergência e as comparações para os campos de

temperatura do fluido e das partículas, respectivamente.

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101

Tabela 6.7 - Análise de convergência e comparação da velocidade do fluido na linha de centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2e diferentes valores de a e c.

uA(yA = 0; ∞)

N

a = - 0.5 a = 0 a = 0,5

Presente

Attia (2002)

Presente Attia

(2002) Presente

Attia (2002)

c= - 0,5

10 1,4931 - 2,0338 - 3,0837 -

50 1,4928 - 2,0338 - 3,0863 -

300 1,4928 1,4954 2,0338 2,0149 3,0863 2,8576

c= 0

10 1,3639 - 1,7597 - 2,3122 -

50 1,3636 - 1,7597 - 2,3130 -

300 1,3636 1,3686 1,7597 1,7566 2,3130 2,2732

c= 0,5

10 1,2557 - 1,5560 - 1,9008 -

50 1,2556 - 1,5560 - 1,9012 -

300 1,2556 1,2619 1,5560 1,5596 1,9012 1,8975

Tabela 6.8 - Análise de convergência e comparação da velocidade das partículas na linha de centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes valores de a e c.

upA(yA = 0; ∞)

N

a = - 0.5 a = 0 a = 0,5

Presente

Attia (2002)

Presente Attia

(2002) Presente

Attia (2002)

c= - 0,5

10 1,4931 - 2,0338 - 3,0836 -

50 1,4928 - 2,0338 - 3,0862 -

300 1,4928 1,4800 2,0338 1,9717 3,0862 2,7169

c= 0

10 1,3639 - 1,7597 - 2,3122 -

50 1,3636 - 1,7597 - 2,3130 -

300 1,3636 1,3582 1,7597 1,7316 2,3130 2,2125

c= 0,5

10 1,2557 - 1,5560 - 1,9008 -

50 1,2556 - 1,5560 - 1,9012 -

300 1,2556 1,2549 1,5560 1,5447 1,9012 1,6893

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102

Tabela 6.9 - Análise de convergência e comparação da temperatura do fluido na linha de centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes valores de a e c.

T(yA = 0; ∞)

N

a = - 0.5 a = 0 a = 0,5

Presente

Attia (2002)

Presente Attia

(2002) Presente

Attia (2002)

c= - 0,5

10 0,8100 - 0,9384 - 1,2038 -

50 0,8092 - 0,9376 - 1,2033 -

300 0,8092 0,7973 0,9376 0,9129 1,2033 1,1007

c= 0

10 0,8120 - 0,9313 - 1,1287 -

50 0,8114 - 0,9306 - 1,1282 -

300 0,8114 0,7996 0,9306 0,9101 1,1282 1,0781

c= 0,5

10 0,8098 - 0,9163 - 1,0656 -

50 0,8092 - 0,9158 - 1,0651 -

300 0,8092 0,7977 0,9158 0,8982 1,0651 1,0349

Tabela 6.10 - Análise de convergência e comparação da temperatura das partículas na linha de centro do canal, em regime permanente, para Ha = 2 e diferentes valores de a e c.

Tp(yA = 0; ∞)

N

a = - 0.5 a = 0 a = 0,5

Presente

Attia (2002)

Presente Attia

(2002) Presente

Attia (2002)

c= - 0,5

10 0,8100 - 0,9384 - 1,2036 -

50 0,8092 - 0,9376 - 1,2031 -

300 0,8092 0,7108 0,9376 0,7995 1,2031 0,9295

c= 0

10 0,8120 - 0,9313 - 1,1286 -

50 0,8113 - 0,9306 - 1,1281 -

300 0,8113 0,7143 0,9306 0,8019 1,1281 0,9267

c= 0,5

10 0,8098 - 0,9163 - 1,0656 -

50 0,8092 - 0,9158 - 1,0651 -

300 0,8092 0,7142 0,9157 0,7960 1,0651 0,9035

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103

Em termos de convergência, as tabelas revelam a grande versatilidade do método

de fornecer resultados "benchmark" a custo relativamente baixo, visto que, com apenas 10

termos nas expansões, os resultados já apresentam convergência no terceiro dígito

significativo, para todos os casos estudados, independente dos parâmetros que caracterizam

o comportamento da viscosidade e da condutividade elétrica com a temperatura. Como já

foi comentado anteriormente, essas elevadas taxas de convergência se devem ao

procedimento de filtragem dos campos.

As tabelas também mostram que o parâmetro de viscosidade do fluido, a,

influencia fortemente o comportamento dos campos de velocidade e temperatura, tanto

para o fluido quanto para as partículas sólidas, diferentemente do parâmetro da

condutividade elétrica, cuja influência sobre tais campos, embora ainda relevante, é bem

menor, principalmente para os campos de temperatura.

Em relação às comparações, todas as tabelas apontam para diferenças, embora

pequenas, entre os resultados do presente trabalho e os resultados de Attia (2002). Com

relação a isso, deve-se observar os seguintes pontos: (a) os resultados produzidos no

presente trabalho são resultados convergidos para os dígitos mostrados, (b) os resultados

de Attia (2002) foram apresentados sem nenhuma comprovação da convergência numérica,

e o mais importante, (c) uma comprovação da não convergência dos resultados de Attia

(2002) está na diferença entre os seus resultados para os campos do fluido e das partículas

no regime permanente. Essas diferenças não existem nos resultados apresentados no

presente trabalho, uma vez que nesse regime, os campos para as partículas são idênticos

aos do fluido, i.e. os resultados da Tabela 6.7 devem ser iguais aos da Tabela 6.8, e os

resultados da Tabela 6.9 devem ser iguais aos da Tabela 6.10.

A Figura 6.9 ilustra graficamente a influência do parâmetro da viscosidade, a,

sobre a evolução temporal da velocidade do fluido e das partículas no centro do canal, para

Ha = 2 e c = 0, enquanto a Figura 6.10 o faz para os campos de temperatura. Para os dois

potenciais analisados, o aumento no parâmetro da viscosidade (aumento em a) leva aos

campos de velocidade e temperatura mais elevados, além de maiores tempos necessários

para se atingir o estado de regime permanente.

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Figura 6.9. Efeito do parâmetro canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas.

(a)

(b)

Figura 6.9. Efeito do parâmetro a sobre a evolução temporal da velocidade no centro do canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e c

104

sobre a evolução temporal da velocidade no centro do c = 0.

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Figura 6.10. Efeito do parâmetro canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas.

(a)

(b)

Figura 6.10. Efeito do parâmetro a sobre a evolução temporal da temperatura no centro do canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e c

105

sobre a evolução temporal da temperatura no centro do c = 0.

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106

Adicionalmente, nota-se também que, como esperado, os campos de velocidade e

temperatura do fluido levam menos tempo para alcançar o estado permanente que os

campos das partículas, uma vez que a "força motora" do escoamento das partículas é o

escoamento do fluido.

A Figura 6.11 mostra, por sua vez, a influência do parâmetro da condutividade

elétrica, c, sobre a evolução temporal da velocidade do fluido e das partículas no centro do

canal, para Ha = 2 e a = 0, enquanto a Figura 6.12 o faz para os campos de temperatura.

Conforme mostram essas figuras, o parâmetro da condutividade elétrica, c, tem

uma relação direta, multiplicadora, com o número de Hartmann. Assim, quanto maior a

condutividade elétrica (c> 0), maior será a força de Lorentz sobre o escoamento, e menor

serão seus campos de velocidade. O tempo necessário para o escoamento atingir o regime

permanente será também reduzido.

Em relação à temperatura, o efeito da variação de c sobre a evolução temporal

deste campo é claramente desprezível. Isso se deve, certamente, ao efeito cruzado entre o

campo de velocidades e o aquecimento por efeito Joule, durante a evolução do tempo. Para

instantes de tempo pequenos, um aumento no parâmetro c resulta em um aumento no

campo de temperatura (do fluido e das partículas), devido ao aumento da condutividade

elétrica e, assim, do efeito Joule enquanto as velocidades forem pequenas. Com o passar do

tempo, um aumento em c resulta em uma redução do campo de temperatura, uma vez que

agora o campo de velocidade não é pequeno, mas os efeitos Joule e de dissipação viscosa

são reduzidos.

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Figura 6.11. Efeito do parâmetro canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas.

(a)

(b)

Figura 6.11. Efeito do parâmetro c sobre a evolução temporal da velocidade no centro do canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e a

107

a evolução temporal da velocidade no centro do a = 0.

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Figura 6.12. Efeito do parâmetro canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas.

(a)

(b)

Figura 6.12. Efeito do parâmetro c sobre a evolução temporal da temperatura no centro do canal, (a) para o fluido e (b) para as partículas. Ha = 2 e a

108

sobre a evolução temporal da temperatura no centro do a = 0.

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109

6.2.5. Attia & Aboul-Hassan (2003) - Efeito de propriedades variáveis sobre o

escoamento transiente com transferência de calor e efeito Hall (The effect of

variable properties on the unsteady Hartmann flow with heat transfer considering

the Hall effect)

Attia (2005b) - Escoamento MHD e transferência de calor em um canal

retangular com viscosidade variável (Magnetic flow and heat transfer in a

rectangular channel with variable viscosity)

No atual desenvolvimento da ciência e da tecnologia em MHD, a tendência se dá

no sentido de aplicação de campos magnéticos cada vez mais intensos. Sob estas

condições, correntes transversais (correntes Hall) se desenvolvem no escoamento,

apresentando um efeito significativo sobre a magnitude e a direção da densidade de

corrente e, consequentemente, na intensidade e direção da força magnética. Isso tem como

consequência direta o surgimento de componentes de velocidade adicionais ao

escoamento, no presente caso, uma componente transversal, w.

Assumindo que apenas a viscosidade variava com a temperatura, Attia (2005b) e,

considerando que ambas a viscosidade e a condutividade térmica do fluido eram

dependentes da temperatura, Attia e Aboul-Hassan (2003) empregaram o método das

diferenças finitas e resolveram as equações não-lineares do movimento e da energia para

analisar a influência do efeito Hall (de elétrons, β) sobre o comportamento do escoamento.

A formulação matemática apresentada pelos autores é baseada nos mesmos

parâmetros adimensionais definidos por Attia (1999), Eqs. 6.2, e em todas as simulações

ilustradas, os parâmetros que não são necessários na análise receberam os seguintes

valores: Ru = 0, Rv = 0, Ez = 0, R = 0, F = 1, L0 = 0, βi = 0, αG = 0, c = 0, ω0 = 0), enquanto

que os demais parâmetrosforam tomados como G0 = 40 (G0A = 5), Pr = 1,Ec = 0,05

(EcA = 0,2). Os efeitos da variação dos parâmetros a, b, Ha e β sobre o escoamento serão a

seguir analisados.

As Figuras 6.13, 6.14 e 6.15 mostram, respectivamente, a evolução no tempo das

componentes de velocidade axial e transversal e da temperatura, no centro do canal, em

função do parâmetro Hall, β, para Ha = 6 e propriedades físicas constantes (a = 0, b = 0).

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As Figuras 6.13 e 6.14 revelam o aumento da velocidade para parâmetros Hall

crescentes. Esse comportamento é facilmente explicado, tendo em vista que o parâmetro

Hall reduz a condutividade elétrica

força magnética retardadora sobre o escoamento. O tempo necessário para atingir o regime

permanente também cresce com a elevação do parâmetro Hall.

Figura 6.13. Efeito do parâmetro Hall, longitudinal de velocidade no centro do canal.

A Figura 6.13 mostra ainda um fenômeno de "

componente longitudinal de velocidade, para parâmetros Hall diferentes de z

intervalo de tempo, a componente de velocidade na direção do escoamento excede o valor

do regime permanente e a partir desse intervalo ela evolui para tal valor. Quanto maior o

parâmetro Hall, maior o tempo necessário para ocorrer o fenômeno.

Esse comportamento não

componentes longitudinal e transversal da velocidade, estabelecida nos termos fontes das

suas respectivas equações de quantidade de movimento. Com o passar do tempo, as duas

componentes da velocidade crescem até um instante em que a componente

componente w. O termo fonte da equação de

de crescimento de ambas as componentes.

As Figuras 6.13 e 6.14 revelam o aumento da velocidade para parâmetros Hall

crescentes. Esse comportamento é facilmente explicado, tendo em vista que o parâmetro

Hall reduz a condutividade elétrica do fluido pelo fator (1 + β)2 e, por consequência, a

força magnética retardadora sobre o escoamento. O tempo necessário para atingir o regime

permanente também cresce com a elevação do parâmetro Hall.

Figura 6.13. Efeito do parâmetro Hall, β, sobre a evolução temporal da componentelongitudinal de velocidade no centro do canal. Ha = 6 e a = 0,

A Figura 6.13 mostra ainda um fenômeno de "overshooting", principalmente, da

componente longitudinal de velocidade, para parâmetros Hall diferentes de z

intervalo de tempo, a componente de velocidade na direção do escoamento excede o valor

do regime permanente e a partir desse intervalo ela evolui para tal valor. Quanto maior o

parâmetro Hall, maior o tempo necessário para ocorrer o fenômeno.

Esse comportamento não-assintótico é explicado pela relação entre as

componentes longitudinal e transversal da velocidade, estabelecida nos termos fontes das

suas respectivas equações de quantidade de movimento. Com o passar do tempo, as duas

da velocidade crescem até um instante em que a componente

. O termo fonte da equação de w muda então de sinal, revertendo o processo

de crescimento de ambas as componentes.

110

As Figuras 6.13 e 6.14 revelam o aumento da velocidade para parâmetros Hall

crescentes. Esse comportamento é facilmente explicado, tendo em vista que o parâmetro

e, por consequência, a

força magnética retardadora sobre o escoamento. O tempo necessário para atingir o regime

volução temporal da componente = 0, b = 0.

", principalmente, da

componente longitudinal de velocidade, para parâmetros Hall diferentes de zero: em algum

intervalo de tempo, a componente de velocidade na direção do escoamento excede o valor

do regime permanente e a partir desse intervalo ela evolui para tal valor. Quanto maior o

assintótico é explicado pela relação entre as

componentes longitudinal e transversal da velocidade, estabelecida nos termos fontes das

suas respectivas equações de quantidade de movimento. Com o passar do tempo, as duas

da velocidade crescem até um instante em que a componente u excede a

muda então de sinal, revertendo o processo

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Figura 6.14. Efeito do parâmetro Hall, transversal de velocidade no centro do canal.

Figura 6.15. Efeito do parâmetro Hall, da temperatura no centro do canal.

Figura 6.14. Efeito do parâmetro Hall, β, sobre a evolução temporal da componentetransversal de velocidade no centro do canal. Ha = 6 e a = 0,

Figura 6.15. Efeito do parâmetro Hall, β, sobre a evolução temporalda temperatura no centro do canal. Ha = 6 e a = 0, b = 0.

111

o temporal da componente = 0, b = 0.

sobre a evolução temporal = 0.

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112

A Figura 6.14 demonstra, por sua vez, que embora a "força motora" da

componente w da velocidade seja o efeito Hall, para instantes de tempos pequenos, o

aumento no parâmetro Hall leva a uma redução da velocidade w. O mesmo efeito é notado

para o campo de temperatura, Figura 6.15. Novamente, um estudo do termo fonte da

equação de w explica esse fenômeno.

A Tabela 6.11 ilustra uma comparação entre os resultados do presente trabalho e

os resultados de Attia (2005b), para a variação temporal da componente transversal de

velocidade e da temperatura, ambos no centro do canal, como função do parâmetro Hall,

assumindo propriedades constantes e Ha = 6.

Tabela 6.11 - Comparação para a evolução, no centro do canal, da componente w de velocidade e para a temperatura, em função do efeito Hall. Ha = 6 e a = 0, b = 0.

tA= 0,1 tA= 0,2 tA= 1 tA = 5

Presente

Attia (2005b)

Presente Attia

(2005b) Presente

Attia (2005b)

Presente Attia

(2005b)

wA(yA = 0, tA)

β = 0,5 0,0551 0,0569 0,1290 0,1307 0,2075 0,2081 0,2075 0,2081

β = 1 0,0811 0,0840 0,2152 0,2185 0,4052 0,4062 0,4045 0,4056

β = 5 0,0414 0,0430 0,1451 0,1482 0,9155 0,9159 1,0031 1,0020

T(yA = 0, tA)

β = 0,5 0,0324 0,0334 0,1462 0,1496 0,6217 0,6240 0,7000 0,7013

β = 1 0,0306 0,0315 0,1417 0,1451 0,6297 0,6323 0,7079 0,7095

β = 5 0,0260 0,0266 0,1201 0,1230 0,6736 0,6798 0,8163 0,8218

Em geral, a concordância entre os resultados numéricos e híbridos é boa, mas

pequenas diferenças ainda são verificadas.

A Tabela 6.12 mostra a variação da temperatura no centro do canal em regime

permanente, para vários valores do parâmetro Hall, β, e do coeficiente de condutividade

térmica, b, comparando os resultados de Attia (2003) com os obtidos pelo presente

trabalho.

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113

Tabela 6.12 - Efeito do parâmetro Hall e da condutividade térmica sobre a temperatura no centro do canal, em regime permanente, para Ha = 6 e a = 0.

T(yA = 0, ∞)

β= 0 β= 0,5 β= 1 β = 10

Presente

Attia (2003)

Presente Attia

(2003) Presente

Attia (2003)

Presente Attia

(2003)

b = -0,5 0,6918 0,6930 0,6962 0,6976 0,7083 0,7102 1,0065 1,0015

b = -0,1 0,6964 0,6975 0,6995 0,7007 0,7080 0,7096 0,8932 0,9005

b = 0 0,6971 0,6982 0,7000 0,7012 0,7079 0,7095 0,8783 0,8856

b = 0,1 0,6978 0,6989 0,7005 0,7017 0,7079 0,7094 0,8658 0,8729

b = 0,5 0,6997 0,7008 0,7019 0,7030 0,7077 0,7091 0,8307 0,8373

Pequenas discrepâncias ainda se verificam entre os resultados apresentados por

Attia (2003) e os obtidos no presente trabalho. Uma vez mais, acredita-se que os resultados

apresentados por Attia (2003) não representam completamente o campo de temperatura em

regime permanente para os dígitos mostrados, isto é, eles não estão completamente

convergidos.

Fisicamente, a tabela também mostra que um aumento no parâmetro Hall eleva a

temperatura no centro do canal, para todos os valores do parâmetro da condutividade

térmica, sendo essa influência mais intensa para valores negativos desse parâmetro.

Observa-se também que, para pequenos valores do parâmetro Hall, 0 < β < 1, o aumento

no parâmetro da condutividade térmica implica na elevação do campo de temperatura,

entretanto, para valores β > 1, o aumento no parâmetro da condutividade térmica leva à

redução da temperatura no centro do canal.

Para concluir a seção, as Tabelas 6.13 e 6.14 ilustram o efeito do parâmetro Hall,

para diferentes condições de viscosidade, sobre os coeficientes de atrito e números de

Nusselt, respectivamente, nas placas inferior e superior, no regime permanente.

Novamente, os resultados foram comparados com os resultados de Attia (2005b) para a

condição em que Ha = 6 eb = 0.

Esses parâmetros são escritos, a partir de suas definições e dos grupos

adimensionais empregados no presente trabalho, como:

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114

1

0

X

y

u

=

∂=∂

; 1 14X X Aτ τ= (6.4a,b)

2

1

X

y

u

=

∂=∂

; 2 24X X Aτ τ= (6.5a,b)

1

0

Z

y

w

=

∂=∂

; 1 14Z Z Aτ τ= (6.6a,b)

2

1

Z

y

w

=

∂=∂

; 2 24Z Z Aτ τ= (6.7a.b)

1

0y

TNu

y =

∂=∂

; 1 12 ANu Nu= (6.8a,b)

2

1y

TNu

y =

∂=∂

; 2 22 ANu Nu= (6.9a,b)

Tabela 6.13 - Comparação da influência do parâmetro de viscosidade e do efeito Hall sobre o coeficiente de atrito para regime permanente. Ha = 6 e b = 0.

β= 0 β= 1 β= 5 β = 10

Presente

Attia (2005b)

Presente Attia

(2005b) Presente

Attia (2005b)

Presente Attia

(2005b)

τX1 a = - 0,5 1,6965 1,7043 1,9223 1,9230 3,5872 3,6162 4,2171 4,2539

a = 0 1,6584 1,6588 1,8566 1,8570 3,5147 3,5179 4,4321 4,4361

a = 0,5 1,6146 1,6079 1,7909 1,7829 3,2403 3,2142 4,3548 4,3377

τX2 a = - 0,5 -1,2854 -1,2674 -1,4527 -1,4354 -2,6400 -2,6323 -3,0858 -3,0823

a = 0 -1,6584 -1,6588 -1,8566 -1,8570 -3,5147 -3,5179 -4,4321 -4,4364

a = 0,5 -2,1195 -2,1479 -2,3522 -2,3798 -4,4075 -4,4170 -6,0628 -6,0892

τZ1 a = - 0,5 0,0000 0,0000 0,7391 0,7432 1,3229 1,3315 0,8807 0,8866

a = 0 0,0000 0,0000 0,7308 0,7317 1,6266 1,6271 1,2370 1,2349

a = 0,5 0,0000 0,0000 0,7013 0,6989 1,8170 1,8102 1,6770 1,6303

τZ2 a = - 0,5 0,0000 0,0000 -0,5288 -0,5297 -0,9320 -0,9351 -0,6201 -0,6224

a = 0 0,0000 0,0000 -0,7308 -0,7317 -1,6266 -1,6271 -1,2370 -1,2350

a = 0,5 0,0000 0,0000 -0,9734 -0,9740 -2,6216 -2,6197 -2,4510 -2,3877

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115

A tabela 6.13 demonstra o efeito de amplificação do fator de atrito na direção x

(τX1 e τX2) para parâmetros Hall crescentes, para todos os valores do parâmetro de

viscosidade. Por sua vez, um acréscimo no parâmetro da viscosidade implica em redução

desse fator de atrito na placa inferior e aumento na placa superior, para todos os valores de

β.

Em relação ao fator de atrito relacionado à componente transversal de velocidade

(τZ1 e τZ2), a tabela mostra que, em todos os valores do parâmetro da viscosidade, para

pequenos valores do parâmetro Hall, um aumento desse parâmetro eleva o fator de atrito

em ambas as placas. Para valores maiores do parâmetro Hall, o efeito inverso é observado.

Um acréscimo no parâmetro da viscosidade implica em aumento desse fator de

atrito na placa superior, para todos os valores do parâmetro Hall. Para a placa inferior, um

acréscimo no parâmetro viscoso leva a uma redução no fator de atrito para pequenos

valores do parâmetro Hall, mas a um aumento para valores maiores do parâmetro Hall.

Tabela 6.14 - Comparação da influência do parâmetro de viscosidade e do efeito Hall sobre o número de Nusselt para regime permanente. Ha = 6 e b = 0.

β= 0 β= 1 β= 5 β = 10

Presente

Attia (2005b)

Presente Attia

(2005b) Presente

Attia (2005b)

Presente Attia

(2005b)

Nu1 a = - 0,5 0,8443 0,8529 0,9014 0,9132 1,3724 1,4077 1,5474 1,5916

a = 0 0,8668 0,8746 0,9240 0,9343 1,5444 1,5766 1,9032 1,9451

a = 0,5 0,8839 0,8907 0,9381 0,9470 1,6567 1,6892 2,3360 2,3645

Nu2 a = - 0,5 0,1637 0,1569 0,1017 0,0922 -0,4060 -0,4345 -0,5953 -0,6309

a = 0 0,1332 0,1255 0,0760 0,0657 -0,5444 -0,5766 -0,9032 -0,9451

a = 0,5 0,1049 0,0962 0,0547 0,0435 -0,6345 -0,6731 -1,2997 -1,3358

Em relação à transferência de calor, conclui-se que o aumento do parâmetro Hall,

ou do parâmetro da viscosidade, elevam valor do número de Nusselt na placa inferior e

reduz na placa superior. Observa-se ainda uma reversão de sinal do número de Nusselt na

placa superior quando o valor do parâmetro Hall é suficientemente grande.

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116

6.2.6. Attia (2005c) - Efeito de deslizamento de íons no escoamento MHD com

partículas de poeira, transferência de calor e gradiente de pressão com decaimento

exponencial (Effect of the ion slip on the MHD flow of a dusty fluid with heat

transfer under exponential decaying pressure gradient)

Attia (2006b) - Efeito de deslizamento de íons no escoamento transiente de

Hartmann com transferência de calor sob gradiente de pressão com decaimento

exponencial (Ion slip effect on unsteady Hartmann flow with heat transfer under

exponential decaying pressure gradient)

Os primeiros trabalhos a considerar o efeito de deslizamento de íons em um

escoamento submetido a um gradiente de pressão com decaimento exponencial no tempo

foram desenvolvidos por Attia (2005c) e Attia (2006b). Diferentemente dos trabalhos

anteriores, eles assumiram que as propriedades de transporte eram constantes, mas que as

placas do canal eram porosas. A equação do movimento foi resolvida por Transformada de

Laplace e a equação da energia por diferenças finitas. O primeiro trabalho assumiu

partículas sólidas presentes no escoamento, estendendo os resultados do segundo.

A formulação matemática apresentada em ambos os trabalhos usa os mesmos

parâmetros adimensionais definidos por Attia (1999), Eqs. 6.2, e por Attia (2002), Eqs. 6.3.

Uma vez que o gradiente de pressão não é constante, a seguinte relação deve ser

observada:

4G GAα α= (6.10)

Para os escoamentos que não envolvam partículas sólidas (Attia, 2006b), os

parâmetros não necessários na análise receberam os valores: Ru = 0, Ez = 0, a = 0, b = 0,

c = 0, L0 = 0, F = 1, R = 0, αG = 4 (αGA = 1), ω0 = 0, enquanto os demais parâmetros

receberam Ha = 6 (HaA = 3), G0 = 40 (G0A = 5), Pr = 1,Ec = 0,05(EcA = 0,2). Quando

partículas sólidas estão presentes no escoamento (Attia, 2005c), os seguintes valores foram

usados L0 = 2,8; F = 0,2; R = 2. Estes valores foram obtidos do trabalho de Attia (2005a),

uma vez que Attia (2005c) não os informa no seu artigo. Os efeitos da variação dos

parâmetros β, βi e Rv sobre o escoamento serão a seguir estudados.

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As Figuras 6.16, 6.17 e 6.18 ilustram, respectivamente, os perfis das componentes

de velocidade u e w e da temperatura

figuras foram obtidas para β

Figura 6.16. Perfil da componente longitudinal de velocidade em três instantesde tempo selecionados, para

Figura 6.17. Perfil da componente transversal de velocidade em três instantesde tempo selecionados, para

As Figuras 6.16, 6.17 e 6.18 ilustram, respectivamente, os perfis das componentes

e da temperatura T para alguns instantes de tempo selecionados. Essas

β = 3, βi = 3 e Rv = 2 (RvA = 1).

da componente longitudinal de velocidade em três instantesde tempo selecionados, para Ha = 6, β = 3, βi = 3 e Rv = 2.

Figura 6.17. Perfil da componente transversal de velocidade em três instantesde tempo selecionados, para Ha = 6, β = 3, βi = 3 e Rv = 2.

117

As Figuras 6.16, 6.17 e 6.18 ilustram, respectivamente, os perfis das componentes

para alguns instantes de tempo selecionados. Essas

da componente longitudinal de velocidade em três instantes = 2.

Figura 6.17. Perfil da componente transversal de velocidade em três instantes = 2.

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Figura 6.18. Perfil de temperatura em três instantes de tempo selecionados,

Grandes diferenças entre os resultados obtidos por Attia (2006b) e os do presente

trabalho são observadas nas figuras

diferenças são verificadas para os instantes de tempo menores. Por outro lado, o perfil de

temperatura da figura 6.18

utilizados dos parâmetros adimensionais,

fortemente, o campo de temperatura. Apesar das diferenças,

problemas na convergência do

campos de velocidade, a esperada assimetria dos perfis

devida à sucção/ejeção nas paredes do canal, é reproduzida no presente trabalho.

Para se entender melhor a dinâmica do escoamento, e por, consequência, para se

buscar uma melhor base para discussão dos resultados, as Figura

influência do efeito Hall e de deslizamento de íons sobre o desenvolvimento das

componentes de velocidade, no centro do canal, fornecendo ainda uma comparação com os

resultados de Attia (2006b), para

Figura 6.18. Perfil de temperatura em três instantes de tempo selecionados,para Ha = 6, β = 3, βi = 3 e Rv = 2.

Grandes diferenças entre os resultados obtidos por Attia (2006b) e os do presente

trabalho são observadas nas figuras 6.16 e 6.17, para os perfis de velocidade. As maiores

diferenças são verificadas para os instantes de tempo menores. Por outro lado, o perfil de

6.18 não mostra tais diferenças, indicando que, para os valores

utilizados dos parâmetros adimensionais, o campo do escoamento não influencia,

fortemente, o campo de temperatura. Apesar das diferenças, devido possivelmente a

problemas na convergência do método da referência usada para comparação, para os

campos de velocidade, a esperada assimetria dos perfis dos componentes da velocidade,

devida à sucção/ejeção nas paredes do canal, é reproduzida no presente trabalho.

Para se entender melhor a dinâmica do escoamento, e por, consequência, para se

buscar uma melhor base para discussão dos resultados, as Figuras 6.19 e 6.20 ilustram a

influência do efeito Hall e de deslizamento de íons sobre o desenvolvimento das

componentes de velocidade, no centro do canal, fornecendo ainda uma comparação com os

resultados de Attia (2006b), para Ha = 6 e Rv = 0.

118

Figura 6.18. Perfil de temperatura em três instantes de tempo selecionados,

Grandes diferenças entre os resultados obtidos por Attia (2006b) e os do presente

ra os perfis de velocidade. As maiores

diferenças são verificadas para os instantes de tempo menores. Por outro lado, o perfil de

não mostra tais diferenças, indicando que, para os valores

o campo do escoamento não influencia,

devido possivelmente a

método da referência usada para comparação, para os

dos componentes da velocidade,

devida à sucção/ejeção nas paredes do canal, é reproduzida no presente trabalho.

Para se entender melhor a dinâmica do escoamento, e por, consequência, para se

s 6.19 e 6.20 ilustram a

influência do efeito Hall e de deslizamento de íons sobre o desenvolvimento das

componentes de velocidade, no centro do canal, fornecendo ainda uma comparação com os

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A influência cruzada do campo magnético e do parâmetro de deslizamento de íons

sobre tais componentes de velocidade na posição central do canal é mostrada (e

comparada) nas Figuras 6.21 e 6.22 para

Figura 6.19. Efeito dos parâmetros Halla componente longitudinal de velocidade, em

Figura 6.20. Efeito dos parâmetros Hall e de deslizamento de íons sobrea componente transversal de velocidade, em

A influência cruzada do campo magnético e do parâmetro de deslizamento de íons

sobre tais componentes de velocidade na posição central do canal é mostrada (e

comparada) nas Figuras 6.21 e 6.22 para β = 3 e Rv = 0.

Figura 6.19. Efeito dos parâmetros Hall e de deslizamento de íons sobrea componente longitudinal de velocidade, em y = 0, para Ha = 6 e

Figura 6.20. Efeito dos parâmetros Hall e de deslizamento de íons sobrea componente transversal de velocidade, em y = 0, para Ha = 6 e

119

A influência cruzada do campo magnético e do parâmetro de deslizamento de íons

sobre tais componentes de velocidade na posição central do canal é mostrada (e

e de deslizamento de íons sobre = 6 e Rv = 2.

Figura 6.20. Efeito dos parâmetros Hall e de deslizamento de íons sobre = 6 e Rv = 2.

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A Figura 6.19 mostra que o aumento no parâmetro Hall de elétrons ou de íons

acarreta na elevação das magnitudes das componentes de velocidade. Esse efeito se deve a

uma redução da condutividade elétrica efetiva, a qual é multiplicada pelo número de

Hartmann no termo fonte da força de Lorentz. Logicamente, ocorre redução da força

eletromagnética, e por consequência no amortecimento magnético do escoamento

principal.

A Figura 6.20, por outro lado, mostra que o aumento no parâmetro Hall de

elétrons aumenta a magnitude da componente transversal, uma vez que tal velocidade é

resultante desse efeito, mas o parâmetro de deslizamento de íons reduz essa componente de

velocidade. Esse comportamento é explicado pela redução do termo fonte "motor" e do

aumento do termo fonte "redutor" dessa componente (ver equação do momentum em

Figura 6.21. Efeito do número de Hartmann e do deslizamento de íons sobrea componente longitudinal de velocidade, em

A Figura 6.21 demonstra que o efeito

longitudinal de velocidade depende da intensidade do campo magnético. Para campos

magnéticos pequenos, a influência de

magnéticos de maior intensidade a influência é

A Figura 6.19 mostra que o aumento no parâmetro Hall de elétrons ou de íons

acarreta na elevação das magnitudes das componentes de velocidade. Esse efeito se deve a

uma redução da condutividade elétrica efetiva, a qual é multiplicada pelo número de

n no termo fonte da força de Lorentz. Logicamente, ocorre redução da força

eletromagnética, e por consequência no amortecimento magnético do escoamento

A Figura 6.20, por outro lado, mostra que o aumento no parâmetro Hall de

magnitude da componente transversal, uma vez que tal velocidade é

resultante desse efeito, mas o parâmetro de deslizamento de íons reduz essa componente de

velocidade. Esse comportamento é explicado pela redução do termo fonte "motor" e do

o fonte "redutor" dessa componente (ver equação do momentum em

Figura 6.21. Efeito do número de Hartmann e do deslizamento de íons sobrea componente longitudinal de velocidade, em y = 0, para β = 3 e

A Figura 6.21 demonstra que o efeito do parâmetro de íons sobre a componente

longitudinal de velocidade depende da intensidade do campo magnético. Para campos

magnéticos pequenos, a influência de βi sobre a velocidade é pequena, mas para campos

magnéticos de maior intensidade a influência é visível.

120

A Figura 6.19 mostra que o aumento no parâmetro Hall de elétrons ou de íons

acarreta na elevação das magnitudes das componentes de velocidade. Esse efeito se deve a

uma redução da condutividade elétrica efetiva, a qual é multiplicada pelo número de

n no termo fonte da força de Lorentz. Logicamente, ocorre redução da força

eletromagnética, e por consequência no amortecimento magnético do escoamento

A Figura 6.20, por outro lado, mostra que o aumento no parâmetro Hall de

magnitude da componente transversal, uma vez que tal velocidade é

resultante desse efeito, mas o parâmetro de deslizamento de íons reduz essa componente de

velocidade. Esse comportamento é explicado pela redução do termo fonte "motor" e do

o fonte "redutor" dessa componente (ver equação do momentum em z).

Figura 6.21. Efeito do número de Hartmann e do deslizamento de íons sobre = 3 e Rv = 0.

do parâmetro de íons sobre a componente

longitudinal de velocidade depende da intensidade do campo magnético. Para campos

sobre a velocidade é pequena, mas para campos

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Figura 6.22. Efeito do número de Hartmann e do deslizamento de íons sobre

a componente transversal de velocidade, em

A Figura 6.22 corrobora com a Figura 6.20 sobre a tendência da redução da

componente transversal de velocidade com o aumento do parâmetro de deslizamento de

íons, para qualquer valor do campo magnético.

A influência da sucção/ejeção nas paredes do canal e do parâmetro de

deslizamento de íons sobre os campos de velocidade é ilustrada nas Figuras 6.23

quais oferecem ainda uma comparação com os dados de Attia (2006b).

Claramente, percebe

escoamento principal age no sentido de reduzir ambas as componentes de velocidade. O

efeito da sucção/ejeção sobre

diferentemente da componente

Nota-se que, em todos os resultados apresentados, discrepâncias com os

resultados obtidos por Attia (2006b

comportamento global dos campos analisados ser reproduzido. Os intervalos de tempo em

que ocorrem os picos e os seus valores não são corretamente preditos. Uma análise mais

profunda de tais diferenças deve ser re

Figura 6.22. Efeito do número de Hartmann e do deslizamento de íons sobre

a componente transversal de velocidade, em y = 0, para β = 3 e

A Figura 6.22 corrobora com a Figura 6.20 sobre a tendência da redução da

de velocidade com o aumento do parâmetro de deslizamento de

íons, para qualquer valor do campo magnético.

A influência da sucção/ejeção nas paredes do canal e do parâmetro de

deslizamento de íons sobre os campos de velocidade é ilustrada nas Figuras 6.23

quais oferecem ainda uma comparação com os dados de Attia (2006b).

Claramente, percebe-se que o efeito da sucção/ejeção transversalmente ao

escoamento principal age no sentido de reduzir ambas as componentes de velocidade. O

eção sobre u é mais pronunciado quando se eleva o parâmetro de íons,

diferentemente da componente w, quando esse efeito diminui com o aumento de

se que, em todos os resultados apresentados, discrepâncias com os

resultados obtidos por Attia (2006b) estão presentes nessas figuras, apesar do

comportamento global dos campos analisados ser reproduzido. Os intervalos de tempo em

que ocorrem os picos e os seus valores não são corretamente preditos. Uma análise mais

profunda de tais diferenças deve ser realizada.

121

Figura 6.22. Efeito do número de Hartmann e do deslizamento de íons sobre

= 3 e Rv = 0.

A Figura 6.22 corrobora com a Figura 6.20 sobre a tendência da redução da

de velocidade com o aumento do parâmetro de deslizamento de

A influência da sucção/ejeção nas paredes do canal e do parâmetro de

deslizamento de íons sobre os campos de velocidade é ilustrada nas Figuras 6.23 e 6.24, as

se que o efeito da sucção/ejeção transversalmente ao

escoamento principal age no sentido de reduzir ambas as componentes de velocidade. O

é mais pronunciado quando se eleva o parâmetro de íons,

, quando esse efeito diminui com o aumento de βi.

se que, em todos os resultados apresentados, discrepâncias com os

) estão presentes nessas figuras, apesar do

comportamento global dos campos analisados ser reproduzido. Os intervalos de tempo em

que ocorrem os picos e os seus valores não são corretamente preditos. Uma análise mais

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Figura 6.23. Efeito da sucção/ejeção nas placas e do deslizamento de íons sobrea componente longitudinal de velocidade, em

Figura 6.24. Efeito da sucção/ejeção nas placas e do deslizamento de íons sobrea componente transversal de velocidade, em

Figura 6.23. Efeito da sucção/ejeção nas placas e do deslizamento de íons sobrea componente longitudinal de velocidade, em y = 0, para Ha = 6 e

Figura 6.24. Efeito da sucção/ejeção nas placas e do deslizamento de íons sobrea componente transversal de velocidade, em y = 0, para Ha = 6 e

122

Figura 6.23. Efeito da sucção/ejeção nas placas e do deslizamento de íons sobre = 6 e Rv = 2.

Figura 6.24. Efeito da sucção/ejeção nas placas e do deslizamento de íons sobre = 6 e Rv = 2.

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123

Em função das diferenças apresentadas, buscou-se mostrar que, possivelmente, os

erros estivessem associados ao procedimento de solução, ou uso de valores diferentes dos

parâmetros adimensionais empregados por Attia (2006b). Assim, na Tabelas 6.15 são

realizadas análises de convergência para a temperatura no centro do canal em diversos

instantes de tempo e diferentes parâmetros de governo (parâmetro Hall de elétrons e de

íons, instantes de tempo (tA = 0,2; 0,6; 1,0 e 2,0) e Ha = 6, Rv = 0 e β = 1).

Tabela 6.15 - Convergência e comparação para a temperatura no centro do canal, em função do efeito Hall e do deslizamento de íons em instantes de tempo discretos. Ha = 6, Rv = 0 e β = 1.

T(yA = 0; tA)

tA= 0,2 tA= 0,6 tA= 1 tA = 2

N Presente

Attia (2006b)

Presente Attia

(2006b) Presente

Attia (2006b)

Presente Attia

(2006b)

β i = 0

50 0,1376 - 0,4342 - 0,5082 - 0,5102 -

80 0,1376 - 0,4342 - 0,5082 - 0,5102 -

300 0,1376 - 0,4342 - 0,5082 - 0,5102 -

600 0,1376 0,1439 0,4342 0,4545 0,5082 0,5237 0,5102 0,5137

β i = 1

50 0,1360 - 0,4521 - 0,5337 - 0,5183 -

80 0,1360 - 0,4521 - 0,5337 - 0,5183 -

300 0,1360 - 0,4521 - 0,5337 - 0,5183 -

600 0,1360 0,1420 0,4521 0,4765 0,5337 0,5550 0,5183 0,5236

β i = 3

50 0,1306 - 0,4566 - 0,5535 0,5277

80 0,1306 - 0,4566 - 0,5535

0,5277

300 0,1306 - 0,4566 - 0,5535 0,5277

600 0,1306 0,1354 0,4566 0,4823 0,5535 0,5797 0,5277 0,5351

A tabela acima mostra que todos os resultados mostrados graficamente estão

convergidos e que a metodologia empregada requer baixos números de termos nas

expansões dos potenciais para completa convergência. Os resultados apresentados por

Attia (2006b) não podem ser tomados como "benchmark".

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124

CAPÍTULO VII

CONCLUSÕES

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125

7 CONCLUSÕES

No presente trabalho foram desenvolvidas soluções híbrida, numérico-analítica,

através da aplicação da Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT), para

diversos problemas relacionados ao escoamento e à transferência de calor de fluidos

newtonianos condutores elétricos submetidos a campos magnéticos constantes transversais.

Apesar de se adotar uma geometria simplificada (canais de placas paralelas), o objetivo

principal é concentrado na avaliação do comportamento numérico da técnica em um

problema com fenômeno inerentemente multifísico.

Vários efeitos físicos adicionais à magnetohidrodinâmica foram considerados, a

saber: movimento de uma das placas, gradiente de pressão constante ou com decaimento

exponencial, porosidade das placas, efeitos Hall, deslizamento de íons, interação

fluido/partículas, dissipação viscosa, dissipação por efeito Joule e, finalmente,

propriedades de transporte (viscosidade, condutividade térmica e condutividade elétrica)

dependentes da temperatura. Tais efeitos foram tomados com o objetivo de, primeiro, se

alcançar, possivelmente, uma maior proximidade de problemas comumente encontrados na

indústria; segundo, conhecer suas possíveis consequências na dinâmica do escoamento

MHD e finalmente, verificar o comportamento de convergência da técnica da transformada

integral generalizada nesse campo.

Resultados para os principais potenciais foram apresentados e comparados com

outros disponíveis na literatura e análises de convergência foram efetuadas para

demonstrar a eficácia e eficiência do método em resolver problemas, e oferecer resultados

"benchmark" relacionados a esse campo de pesquisa. Através da verificação dos resultados

das tabelas, claramente o procedimento de filtragem aplicado as equações originais

mostrou-se como uma ferramenta versátil no processo de aceleração de convergência,

tendo em vista que, dependendo do quanto de informação se queira transferir para o filtro,

as soluções dos campos na região completamente desenvolvida são automaticamente

recuperadas. Essa é uma característica/vantagem adicional da metodologia empregada, a

qual se mostrou muito eficaz para situações onde o problema era fortemente acoplado.

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Em relação à física dos problemas estudados, foi observado que a variação do

parâmetro de viscosidade do fluido tem um efeito aparente sobre os campos de velocidade

e temperatura tanto para o fluido quanto as partículas sólidas. Por outro lado, foi visto

também que a variação do parâmetro da condutividade elétrica do fluido mostrou ter um

efeito mais pronunciado sobre o campo de velocidade e temperatura, tanto para o fluido

quanto as partículas sólidas. Um dos resultados interessantes é que a variação da

condutividade elétrica do fluido não tem nenhum efeito significativo sobre as distribuições

de temperatura para o fluido e as partículas sólidas, próximo ao centro do canal.

Além disso, verificou-se que, diferentemente da condutividade elétrica, uma

variação do parâmetro da viscosidade e do parâmetro Hall conduz a perfis de velocidade

assimétricos em relação ao centro do canal. Esse comportamento está diretamente

relacionado ao campo de temperatura que se obtém no escoamento, o qual influencia

diretamente os coeficientes associados à intensidade do campo magnético efetivo no

interior do canal. De um modo geral, o parâmetro Hall tem um efeito marcante sobre as

componentes de velocidade “u” e “w” para todos os valores do parâmetro Hall.

Por sua vez, o efeito de deslizamento de íons sobre a componente da velocidade

“u” depende principalmente da intensidade do campo magnético. Para grandes valores de

intensidade do campo magnético, o aumento do parâmetro de deslizamento de íons

contribui para o incremento na componente “u”. Para valores menores da intensidade do

campo magnético, aumentando o parâmetro de deslizamento de íons diminui ligeiramente

a componente “u” . A influência da corrente Hall na componente “w” diminui

consideravelmente com o aumento de deslizamento de íons.

Em relação ao escoamento bifásico fluido/partículas, uma vez que a força motora

do escoamento das partículas é o escoamento principal, a sua dinâmica é fortemente

acoplada à dinâmica do escoamento através do parâmetro de força de arraste, R. Um

entendimento desse escoamento leva à uma melhor eficiência de projeto de equipamentos

que envolvam, por exemplo, cinzas ou partículas resultantes de atividades de corrosão e

desgaste em processos de combustão.

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Normalmente, nos problemas comumente relacionados na literatura, os gradientes

de pressão são considerados constantes ou, quando o fluido se encontra em

desenvolvimento, espacialmente variáveis. A consideração de gradientes de pressão com

decaimento exponencial encontra apoio na aplicação de técnicas analíticas, como a

transformada de Laplace, para solução de problemas transientes de escoamento, e foi

facilmente incluído na presente metodologia de solução.

Resultados e aplicações considerando a rotação do canal são deixados como

proposta para trabalhos futuros, apesar de que, na presente formulação matemática,

envolvendo esse fenômeno, foi completamente resolvida com a aplicação da GITT.

Finalmente, nos problemas tratados, considerou-se ainda que o campo magnético

aplicado não era perturbado pelas correntes induzidas no/pelo escoamento (baixos números

de Reynolds magnéticos), de maneira que deixa-se como proposta para trabalhos futuros, a

aplicação da técnica da transformada integral generalizada em problemas que envolvam a

solução acoplada do campo do escoamento e do campo magnético, no qual será preciso a

solução apropriada das equações simplificadas de Maxwell. Este desenvolvimento é

esperado em aplicações com campos magnéticos intensos, uma condição básica para a

inclusão do efeito Hall e deslizamento de íons aqui analisados.

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128

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132

ANEXOS

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Anexo A.1 - Trabalhos de Interesse sobre Magnetohidrodinâmica em Canais de Placas Paralelas

Autor(es) Regime Placas Placa Superior

Gradiente de

Pressão Viscosidade Condut.

Térmica Condut. Elétrica

Partíc. Sólidas

Efeito Hall

Desliz.

de Íons Rotação Método

Solução

Attia e Kotb (1996) Permanente Porosas Móvel Constante Variável Constante Constante Não Não Não Não MDF

Attia (1999) Transiente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Constante Constante Não Não Não Não MDF

Chamkha (2001) Permanente Porosas Fixa Constante Variável Constante Variável Não Não Não Não MDF

Attia (2002) Transiente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Constante Variável Sim Não Não Não MDF

Attia e Aboul-Hassan (2003)

Transiente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Variável Constante Não Sim Não Não MDF

Attia (2003) Permanente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Constante Constante Não Sim Sim Não MDF

Attia e Sayed-Ahmed (2004)

Transiente Porosas Móvel Constante Constante Constante Constante Não Sim Não Não MDF

Attia (2005a) Transiente Porosas Fixa Constante Variável Constante Constante Sim Não Não Não MDF

Attia (2005b) Transiente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Constante Constante Não Sim Não Não MDF

Attia (2005c) Transiente Porosas Fixa Decaimento Exponencial

Constante Constante Constante Sim Sim Sim Não TL & MDF

Attia (2006a) Permanente Não-

Porosas Móvel Constante Variável Variável Variável Não Não Não Não MDF

Attia (2006b) Transiente Porosas Fixa Decaimento Exponencial

Constante Constante Constante Não Sim Sim Não TL & MDF

Lima et al. (2007) Transiente Porosas Móvel Constante Variável Constante Constante Não Não Não Não GITT

Rêgo (2010)* Permanente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Variável Variável Não Não Não Não GITT

Chand et al. (2013) Transiente Porosas Fixa Oscilatório Constante Constante Constante Sim Sim Não Sim Analítico

Lima e Rêgo (2013)*

Permanente Não-

Porosas Fixa Constante Variável Variável Variável Não Não Não Não GITT

* Desenvolvimento Simultâneo

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Anexo A. 2 - Propriedades Físicas de Metais Líquidos

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Anexo A.3 - Símbolos/Variáveis, Grandezas e Unidades encontradas no eletromagnetismo.

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Anexo A.4 - Equações de Maxwell e da Magnetohidrodinâmica

Para concluir, é mostrado um resumo das equações que descrevem todos os

fenômenos da eletrodinâmica: as Equações de Maxwell e as equações adicionais da força

eletromagnética e da conservação da carga (materiais não magnéticos e dielétricos).

ρeE =⋅∇

Lei de Gauss (A4.1)

B

Et

∂∇× = −∂

Lei de Faraday diferencial (A4.2)

( )BuEqf

×+= Força Eletromagnética (A4.3)

0m

EB J

tµ ε

∂∇× = + ∂

Lei de Ampère-Maxwell (A4.4)

t

J e

∂∂−=⋅∇ ρ

Conservação da carga (A4.5)

0=⋅∇ B

Natureza solenoidal de B

(A4.6)

Por outro lado, quando são consideradas as simplificações de MHD, as equações

da eletricidade se reduzem à forma pré-maxwelliana:

B

Et

∂∇ × = −∂

Lei de Faraday diferencial (A4.7)

( )BJF

×= Força eletromagnética (A4.8)

( )BuEJ ×+= σ Lei de Ohm (A4.9)

JB m

µ=⋅∇ Lei de Ampère (A4.10)

0=⋅∇ J

Conservação da carga (A4.11)

0=⋅∇ B

Natureza solenoidal de B

(A4.12)

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Anexo A.5 - Avaliação dos Vetores Densidade de Corrente e Força de Lorentz.

1) Avaliação da força de Lorentz

( )| |

e ieJ E V B J B B J B

B

β βσ β = + × − × − × ×

, x y zJ J i J j J k= + +

(A5.1,2)

kEE

0= (A5.3)

0V ui v j wk= + +

(A5.4)

0B B j=

, 0B B=

(A5.5,6)

a) 0 0( )V B ui v j wk B j× = + + ×

(A5.7)

0 0V B B uk B wi× = −

(A5.8)

b) 0( )x y zJ B J i J j J k B j× = + + ×

(A5.9)

0 0x zV B B J k B J i× = −

(A5.10)

c) ( ) ( )0 0 0x zB J B B j B J k B J i× × = × −

(A5.11)

( ) 2 20 0x zB J B B J i B J k× × = +

(A5.12)

Assim:

20 0 0 0

0

( ) ( ) ( )e ie x z x zJ E k B uk wi B J k J i B J i J k

B

β βσ β

= + − − − − +

(A5.13)

Rearranjando,

0 0 0( ) ( )e z e i x e x e i zJ B w J J i E k B u J J kσ β β β β β β = − + − + + − −

(A5.14)

00

0

( )e z e i x e x e i z

EJ B w J J i u J J k

Bσ β β β β β β

= − + − + + − −

(A5.15)

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138

Assim:

i) 0( )x e z e i xJ B w J Jσ β β β= − + − (A5.16)

ii) 0yJ = (A5.17)

iii) 00

0z e x e i z

EJ B u J J

Bσ β β β

= + − −

(A5.18)

Resolvendo para xJ de (i):

0 0( )x e i x e zJ B J B w Jσ β β σ β+ = − + (A5.19)

Fazendo: 0 eBβ σ β= (A5.20)

Obtém-se:

0x i x zJ J B w Jββ σ β+ = − + (A5.21)

0(1 )i x zJ B w Jββ σ β+ = − + (A5.22)

[ ]0

1

1x zi

J B w Jσ βββ

= − ++

(A5.23)

Substituindo-se em (iii),

00 0

0

( )1

ez z e i z

i

EJ B u B w J J

B

βσ σ β β βββ

= + − − + − +

(A5.24)

0 0 00 0

01 1e e e

z z e i zi i

B E BJ J B J B u w

B

σ β β σ β βσ β β σββ ββ

+ + = + + + +

(A5.25)

2

00

01 1z z i zi i

EJ J J B u w

B

β βββ σββ ββ

+ + = + + + +

(A5.26)

2 2

00

0

(1 )

1 1i

zi i

EJ B u w

B

ββ β βσββ ββ

+ + = + + + + (A5.27)

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De maneira que:

0 02 2

0

(1 )(1 )z i

i

B EJ u w

B

σ ββ βββ β

= + + + + +

(A5.28)

Agora, substituindo esse resultado para xJ :

0 00 2 2

0

1(1 )

1 (1 )x ii i

B EJ B w u w

B

σ βσ ββ βββ ββ β

= − + + + + + + + (A5.29)

2

2 20 02 2

0

(1 )(1 ) ) (1 ) 1x i

i i i

B Ew wJ u

B

σ βββ β βββ β ββ ββ

− = + + + + + + + + +

(A5.30)

0 02 2

0

(1 )(1 )x i

i

B EJ u w

B

σ β ββββ β

= + − + + +

(A5.31)

Agora, uma vez que:

F J B= ×

0( )x zJ i J k B j= + ×

(A5.32)

0 0( )x z x zF J B B J k B j i F i F k= × = − ≡ +

(A5.33)

e, substituindo-se as expressões encontradas para Jx e Jz, tem-se:

0x zF B J= − (A5.34)

2

0 02 2

0

(1 )(1 )x i

i

B EF u w

B

σ ββ βββ β

= + + + + +

(A5.35)

0z xF B J= (A5.36)

2

0 02 2

0

(1 )(1 )z i

i

B EF u w

B

σ β ββββ β

= + − + + +

(A5.37)

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2) Avaliação do Efeito Joule

21

jouleq Jσ

=

ɺ (A5.38)

2 2x zJ J J= +

(A5.39)

2 2 2

x zJ J J= +

(A5.40)

( )2 21joule x zq J J

σ= +ɺ (A5.41)

Assim, substituindo-se as expressões para as densidades de corrente:

22 2

0 022 2

0

22 2

0 022 2

0

1(1 )

(1 )

(1 )(1 )

joule i

i

i

i

B Eq u w

B

B Eu w

B

σ β ββσ ββ β

σ ββ βββ β

= + − + + + +

+ + + + +

ɺ

(A5.42)

2220 0 0

22 20 0

2

2 2 2 2 20 0

0 0

2 (1 ) (1 )

(1 ) (1 ) 2(1 )

joule i

i

i i i

B E Eq u u w

B B

E Ew u u w w

B B

σ β β ββββ β

ββ ββ ββ β β

= + − + + + + +

+ + + + + + + +

ɺ

(A5.43)

22

2 2 20 022 2

0

(1 )(1 )

joule i

i

B Eq u w

B

σ ββ βββ β

= + + + +

+ +

ɺ (A5.44)

22

20 02 2

0(1 )joulei

B Eq u w

B

σββ β

= + + + +

ɺ (A5.45)

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141

Assim, resumindo-se:

* * * *0 0 02 2

0 0

(1 ) (1 )(1 ) i i

i

B E EJ u w i u w k

B B

σ β ββ ββ βββ β

∗ = + − + + + + + + +

(A5.46)

2* * * * *0 0 0

2 20 0

(1 ) (1 )(1 ) i i

i

B E EF u w i u w k

B B

σ ββ β β ββββ β

= − + + + + + + − + + +

(A5.47)

22

* *20 02 2

0(1 )joulei

B Eq u w

B

σββ β

= + + + +

ɺ (A5.48)

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Anexo A.6 - Equação de Transporte do Campo Magnético

Conforme já comentado, em situações em que o número de Reynolds magnético é

de moderado a elevado, o campo magnético é influenciado pelo campo de escoamento.

Para se obter a equação de transporte (advecção/difusão) do campo magnético, algumas

vezes denominada de equação da indução, para esta situação, basta combinar as leis de

Ohm, Faraday e Ampère:

( ) ( )σµσ mBBuBuJEt

B//

×∇−××∇=×−×−∇=⋅−∇=∂∂ (A6.1)

Notando que BB

2−∇=×∇×∇ uma vez que B

é solenoidal, a equação da

advecção/difusão do campo magnético é:

( ) BBut

Bm

2∇=××∇=∂∂ λ (A6.2)

onde ( ) 1−= σµλ mm é denominada de difusividade magnética. Observa-se o forte

acoplamento entre o campo do escoamento e o campo magnético, caracterizando a

interação de duas vias entre os dois campos. Condições de contorno e condições iniciais

devem ser especificadas para o campo magnético, de maneira a se estabelecer a solução de

cada problema (Shercliff, 1965).

Quando essa equação é escrita na forma adimensional, aparece um parâmetro

(adimensional) o qual indica a intensidade relativa entre a advecção e a difusão do campo

magnético. Por sua analogia com a equação de transporte de quantidade de movimento, tal

parâmetro recebeu o nome de Reynolds magnético, já introduzido na Eq.(3.1):

m

mm

uu

λσµ ℓℓ ==Re Número de Reynolds Magnético (A6.3)

Assim quando mRe é alto, a difusão do campo magnético é baixa, e o campo

magnético é “arrastado/advectado” pelo escoamento. Caso contrário, o campo magnético é

difundido no campo de escoamento.