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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA À DISTÂNCIA MARIA EDIVANEIDE DE MORAIS O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL LUÍS GOMES 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA À DISTÂNCIA

MARIA EDIVANEIDE DE MORAIS

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

LUÍS GOMES

2016

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MARIA EDIVANEIDE DE MORAIS

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia,

na modalidade à distância, do Centro de Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para a obtenção de título de

Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da

professora Drª. Mariângela Momo.

LUÍS GOMES-RN

2016

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O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Por

MARIA EDIVANEIDE DE MORAIS

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia,

na modalidade à distância, do Centro de Educação, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura

em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Dra. Mariângela Momo (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Dra. Kilza Fernanda Moreira De Viveiros

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Ms. Milene dos Santos Figueiredo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Maria Edivaneide de Morais

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo

A análise de uma determinada temática se faz mediante as abordagens que ela mesma apresenta e

questiona. O presente artigo tem por finalidade principal realizar um estudo a partir de aspectos

inerentes à aquisição e ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita no contexto da Educação

Infantil utilizando-se para isso da revisão bibliográfica. Nesse sentido, propõe destacar e discorrer

sobre situações significativas de ensino e aprendizagem que possibilitem e/ou favoreçam o

desenvolvimento e a ampliação das capacidades de comunicação, expressão e de acesso ao

mundo letrado, por meio da linguagem oral e escrita. Logo, percebe-se a Educação Infantil como

espaço favorável para trabalhar as habilidades relacionadas ao desenvolvimento integral da

criança, visto que o eixo linguagem oral e escrita viabiliza o ato comunicativo, a interação e a

construção de significados a partir de situações vivenciadas com o meio e com o outro, por meio

da socialização, ampliando as capacidades cognitivas e formativas da criança enquanto sujeito

que pensa e age ativamente, possibilitando, assim, sua inserção e participação nas diferentes

práticas sociais. Para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário um significativo estudo de

caráter bibliográfico que proporcionou o discorrimento sobre aspectos relevantes e norteadores

que devem ser considerados na prática pedagógica do professor no âmbito da Educação Infantil,

na perspectiva de atingir um melhor desempenho no processo de ensino e, por conseguinte, de

aprendizagem das crianças.

Palavras Chaves: Linguagem oral e escrita. Educação Infantil. Aprendizagem.

ABSTRACT

The analysis of a particular theme is made by the approaches that itself presents and it questions.

Then, this research has as purpose to accomplish a study starting from inherent aspects at the

acquisition and at the oral and written language development in the childhood education. In this

sense, it intends to highlight and to discuss on significant situations of teaching and learning that

make possible or can favor the development and the enlargement of the communication and

expression capacities and of the access to the literate world, through the oral and written

language. Therefore, it is noticed the childhood education as favorable space to work the abilities

related to the integral development of the child, once that the axis oral and written language

enable the communicative action, the interaction and the construction of meanings starting from

lived situations with the social environment and with the other, through the socialization,

enlarging the cognitive and formative capacities of the child as a subject who thinks and acts

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actively, making possible, in this way, its insert and participation in different social practices. For

the development of this work it was necessary a significant study of documental and

bibliographical nature, action that provided the discussion on relevant and guiding aspects, that

have to be considered in the pedagogic practice of the teacher in the extent of the childhood

education, in the perspective of reaching a better acting in the teaching process and,

consequently, in the children learning.

Key-words: Oral and written language. Childhood education. Learning.

1 O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO E AS MANIFESTAÇÕES DA

LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Percebe-se que desde cedo, quando ainda bebê, a criança demonstra, por meio de gestos

ou manifestações como choro ou sorriso, a necessidade de interagir com o outro. Ou seja,

demonstra necessidade de se comunicar, o que a princípio compreende-se como um

impulsionamento e/ou manifestações do desenvolvimento da linguagem. Nesse pressuposto,

passa-se a acreditar que a inserção da criança em diferentes grupos e sua manifestação por meio

de diferentes emissões de sons a aproxima da linguagem humana logo nos primeiros meses da

vida, sendo que o surgimento da linguagem oral se constitui por sucessivas aproximações com

grupos sociais, isto é, quanto maior a frequência e exposição aos grupos adultos, por exemplo,

mais motivação a criança adquire para desenvolver a linguagem.

Como forma de expressar sentimentos e desejos, ainda nos primeiros meses de vida a

criança chora e apresenta diferentes manifestações corporais como meio de comunicação e

interação com os que a cercam. Aos poucos, essa comunicação da criança vai se transformando e

se aprimorando. Primeiramente surgem os primeiros balbucios, subsequentemente vêm os gestos

e depois a fala. Através dessas formas de comunicação, cada criança interage, interpreta e traduz

o mundo a sua maneira. Assim, com o tempo, o crescimento e o desenvolvimento das

capacidades comunicativas, vão surgindo nas crianças outras maneiras de comunicação e

expressão, onde o choro dá lugar à fala e, por conseguinte, a linguagem comunicativa aparece

também em suas relações com a linguagem escrita. Portanto, a linguagem oral deve ser

compreendida como um conhecimento que deve ser trabalhado e desenvolvido com

intencionalidade pedagógica no âmbito da Educação Infantil. Justamente por isso, neste artigo

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toma-se como objeto de estudo o desenvolvimento da linguagem oral e escrita na Educação

Infantil, realizando-se um estudo de cunho bibliográfico de alguns importantes autores, dentre os

quais: Cardoso (2012), Brandão e Rosa (2011) e Leal (2012).

Assim, busca-se instigar a temática de forma concisa, embasando-se no RCNEI (1998),

vol. 3, aporte legal que norteia e direciona os diferentes eixos correlacionados ao ensino e à

aprendizagem na Educação Infantil, dialogando especificamente com os aspectos correlatos à

Linguagem Oral e Escrita, às orientações recomendadas, no tocante a objetivos, conteúdos,

orientações didáticas, ambiente alfabetizador, organização de espaço e tempo, nas DCN/EI

(1998), as concepções sobre Linguagem Oral e Escrita e os métodos que podem ajudar o

educador a acompanhar o nível de desenvolvimento e aprendizagem das crianças no âmbito da

Educação Infantil, como também leituras de alguns autores como: Brandão e Rosa, através da

literatura ler e escrever na Educação Infantil, na qual se discutem práticas pedagógicas e

estratégias de ensino que impulsionam e favorecem o desenvolvimento da Linguagem Oral e

Escrita nessa etapa de ensino; Leal Telma (2012), com aspectos que relacionam o brincar à

aprendizagem da fala e do pensamento sobre a língua; Cardoso Bruna (2012), com a literatura

Práticas de Linguagem Oral e Escrita na Educação Infantil, a qual contribui com relevantes

considerações sob os aspectos que envolvem a aquisição e o processo de desenvolvimento dessa

linguagem, apontando e sugerindo estratégias, caminhos atividades e projetos, percebendo a

criança como ser ativo e coconstrutor de conhecimentos, os quais, para serem desenvolvidos

necessitam de situações que possibilitem e favoreçam a aprendizagem.

Imediatamente, o universo da Educação Infantil possibilita significativas experiências de

aprendizagens e, por conseguinte, constitui-se um espaço propício para o desenvolvimento e

ampliação das capacidades de comunicação, expressão e de acesso ao mundo letrado através da

Linguagem Oral e Escrita, a qual é vista como uma fase de desenvolvimento integral e, ao

mesmo tempo, gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas:

falar, escutar, ler e escrever, que a criança apresenta logo nos primeiros anos de vida,

considerando que essa aprendizagem acontece dentro de um contexto de interação e de

construção de significados e que o trabalho com o desenvolvimento da linguagem compreende

um dos eixos básicos dessa modalidade de ensino, visando a sua importância para com os

aspectos relacionados à interação e formação enquanto sujeito que pensa e age ativamente,

mediante a capacidade criar e atribuir significados a seres e objetos, além de possibilitar a

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ampliação das capacidades de inserção e participação nas diferentes práticas sociais das quais

vivenciam (BRASIL, p.117, 1998).

Assim, o ato comunicativo na Educação Infantil envolve diferentes manifestações como

à fala, os gestos, as expressões, atividades que se iniciam a partir da interação social e irão

permear as relações entre professor e alunos, alunos e alunos, alunos e funcionários da escola, um

processo que acontece de forma espontânea no dia a dia da sala de aula. Contudo, apesar de

espontânea, sabe-se da necessidade e importância do professor atentar-se para o desenvolvimento

e aprendizado da linguagem oral e escrita dos alunos, na perspectiva de desenvolver essas

competências que surgem a partir de informações provenientes dos diversos tipos de

intercâmbios sociais. Logo, quanto mais as crianças puderem inserir-se e participar de diferentes

situações de uso da linguagem, seja ela oral ou escrita, melhor descobrem e desenvolvem suas

capacidades comunicativas. De acordo com Bakttim (apud CARDOSO, 2012, p.14), no que se

refere à linguagem, não é admissível deixar de lado o caráter ideológico e vivencial. É sim,

admissível e necessário considerar o contexto em que acontece a enunciação, bem como não se

pode compreender a língua como produto a ser transmitido, tendo em vista que ela é

constantemente modificada, ela é viva.

Com a inserção da criança no ambiente escolar, mais especificamente na Educação

Infantil, a criança tem a oportunidade de ampliar seu repertório de comunicação e, concomitante,

de interação com crianças de sua faixa etária. Esse processo ocorre a partir de vivências

diversificadas como na família. Mas na escola, com os coleguinhas, a criança passa a

desenvolver, a denominar a inteligência verbal a qual surge mediante a interação e diálogo com

outras pessoas. Essa inteligência é guiada pela linguagem agindo sobre a linha do pensamento e

das ideias, ampliando disposições e construindo hábitos de relacionamentos. Nessa fase, a criança

inicia o desenvolvimento de habilidades como comparar, classificar, deduzir, trabalhando o

desenvolvimento da memória e da imaginação, demonstrando situações de desejos e objetos com

características próprias servindo de recurso para o diálogo e para o pensamento no ato discursivo.

(VIGOTSKI apud FONTANA; CRUZ, 1997).

Nessa linha de abordagem (VIGOTSKI apud CARDOSO, 2012, p. 11), considera que é

na interação com o outro que acontece a comunicação. Isso ocorre porque a transmissão do

pensamento para a palavra necessariamente passa pelo significado e, assim, há algo oculto no que

se emitem vontades, necessidades, emoções; a compreensão envolve o verbal e o não verbal, que

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é perceptível somente na interação com o outro. Assim, a principal função da linguagem se

constitui no intercâmbio social, pois se acredita ser a linguagem o sistema simbólico básico dos

grupos sociais.

Nota-se que durante as diferentes fases de desenvolvimento a criança apresenta

múltiplos comportamentos em relação à linguagem. Para Piaget apud Fontana; Cruz (1997, p.

345).

A linguagem só é acessível à criança em função dos progressos de seu

pensamento. E que, portanto, é por meio da função simbólica incidente da

inteligência sensório-motora que a criança desprende-se do contexto

imediato percebido até os dois anos de idade, aproximadamente onde as

formas de agir e compreender o mundo são espontâneas.

Assim, a função simbólica, a qual depreende-se como possibilidade de representação, é

estudada por Piaget como um processo individual que permite condições para a aquisição e o

desenvolvimento da linguagem.

Dessa forma, é através do mundo imaginário que as funções simbólicas possibilitam que

a criança crie e vivencie inúmeras situações concretas por meio do pensamento. Situação que

permite acreditar que a linguagem é construída a partir do desenvolvimento da atividade mental

humana, considerada também como reflexão e compreensão de experiências, sendo a palavra um

instrumento de representação da linguagem, resultado da produção cultural, fruto da interação

com o meio e com o outro. Vygotsky apud (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 85) considera que a

palavra não é apenas expressão ou comunicação do pensamento, mas que pensamento e palavra

se articulam dinamicamente na prática social da linguagem. Nesse aspecto, observa-se que as

palavras passam por significativos processos de transformação, adequação, reelaboração

constituídas em função das vivências e dinâmicas estabelecidas na sociedade.

Ao se referir à Educação Infantil, é pertinente considerar aspectos singulares e

fundamentais intrínsecos ao ser criança, visto que o trabalho nessa etapa da educação requer do

profissional muita reflexão e dinamismo. Ao mesmo tempo exige consciência e percepção de que

são seres em desenvolvimento físico e psíquico, dotados de capacidades que precisam ser

exploradas e trabalhadas, mesmo diante das peculiaridades que cada criança apresenta. Requer

ainda compreender que o ambiente escolar é um espaço que deve proporcionar condições

favoráveis ao desenvolvimento dessas capacidades.

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Ademais, a Educação Infantil é considerada uma modalidade propícia para o

desenvolvimento integral da criança, é uma fase de construção da identidade. Mas para que isso

de fato aconteça, faz-se necessário que este espaço educativo trabalhe na ótica de oferecer

vivências integradoras que estimulem a oralidade, a curiosidade, a sensibilidade e a criatividade

das crianças. Assim, o professor deverá estar preparado como ser humano, referindo-se, nesse

caso, à sensibilidade e ao didático-metodológico, no tocante ao profissionalismo. Portanto, atento

às etapas de desenvolvimento pelas quais a criança que se encontra na Educação Infantil passa,

agindo como influente facilitador da aprendizagem, pautando-se no respeito mútuo, na confiança

e no afeto. Sobre esses aspectos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação destaca:

Art. 29 - A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem

como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos,

em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996).

Diante desse entendimento, desenvolver a linguagem oral com as crianças na Educação

Infantil é consentir a interação, a conversa, a livre expressão. Em outras palavras, desenvolver

aspectos que já fazem parte do universo da criança, que necessita de mediação e/ou

monitoramento do adulto. Logo, a conversa com as crianças deve se caracterizar em uma

atividade diária e corriqueira, onde se permita que o uso da fala aconteça de maneira espontânea,

permitindo a expressão, função social da linguagem, de sentimentos, de ideias e pensamentos,

momentos que requerem um olhar sensível por parte do educador, uma vez que são situações que

favorecem o desenvolvimento e a conquista da autonomia por parte das crianças, para agirem

mediante os diferentes momentos que lhes são apresentados e/ou vivenciados. (CARDOSO,

2012).

Nessa conjuntura, a comunicação é um ato imprescindivelmente relacionado à vida do

ser humano. Para exercer a comunicação, proclamar sentimentos, necessidades e emoções, faz-se

o uso da linguagem verbal (oral e escrita), manifestada em meio a gestos, expressões e/ou

imagens. Ao longo da vida, o sujeito participa de distintas situações de comunicação, de

intercâmbios sociais, que exigem enunciados específicos a cada momento vivenciado,

culminando em diversas formas de organização no que se refere ao que dizer ou ao que escrever.

A esse respeito, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil preconiza:

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Quanto mais as crianças puderem falar em situações diferentes, como

contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado,

explicar um fato ou pedir uma informação, mais poderão desenvolver

suas capacidades comunicativas de maneira significativa. (BRASIL,

1998, p. 121)

Entremeios a essas considerações, as crianças, ao participarem das diferentes formas de

uso e manifestações da língua e, por conseguinte da linguagem, demonstram desde cedo um

comportamento ativo na edificação do conhecimento, adquirindo as competências discursivas e

de fala manifestando-se livremente. É a partir de suas experiências e vivências sociais que elas

dimensionam e redimensionam diferentes olhares e comportamentos, representações também

percebidas no desenvolvimento da oralidade, da leitura e da escrita.

Ademais, a escrita deve permear a vida da criança, não de maneira aleatória e sem

sentido, mas sim como uma atividade que desperte gosto, interesse e curiosidade por sua

descoberta, impregnando de sentido e significado suas representações, articulando-se com as

funções simbólicas que envolvem, dentre outras, pensamento, memória, atenção e percepção, isto

é, mobilizando todo um conjunto de funções intelectuais, despertando o interesse, por parte da

criança, para expressar e/ou comunicar uma série de experiências vividas, situação que permite

depreendê-la como instrumento de inserção e participação no mundo da cultura letrada. Nessa

linha, Baptista (2010) argumenta:

Desde os primeiros contatos com a língua escrita, a criança manifesta

interesse em compreender seu funcionamento. Sabemos que a criança, ao

participar de situações nas quais a leitura e a escrita são instrumentos

fundamentais para as interações, descobre informações fundamentais

sobre a linguagem escrita. Também sabemos que uma mediação adequada

entre o sujeito e o objeto do conhecimento promove desenvolvimento

cognitivo. A atuação do professor é, pois, fundamental para assegurar

informações, incitar a curiosidade e o desejo de conhecer, levar a criança

a formular perguntas, a verbalizar e a formular suas hipóteses.

(BAPTISTA, 2010, p. 10).

Nesse ínterim, a aquisição da escrita além de exigir o contato com diferentes portadores

de textos para que a criança possa construir a capacidade de ler e, por conseguinte de escrever

automaticamente, já que é rotineiro observar momentos, seja em casa ou na escola, em que

crianças ainda muito pequenas, ao terem acesso e folhearem materiais escritos, emitirem sinais,

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sons e expressões como se estivessem lendo, demonstram a capacidade de elaborar uma série de

proposições, ainda que provisórias e mesmo sem compreender o sistema de escrita em sua imensa

complexidade. Nessa prerrogativa, Baptista ressalva:

Como sujeitos que aspiram a novos conhecimentos, as crianças enfrentam

o desafio de compreender os signos, os símbolos e os complexos sistemas

de representação que circulam socialmente, dar sentido a eles e deles se

apropriar. Ao interagir com os diferentes signos e com os conhecimentos

que circulam socialmente, a criança o faz sob a mediação dos seus saberes

e das suas experiências infantis. Dessa articulação, nascem novos saberes,

conhecimentos e experiências. (BAPTISTA, 2010, p. 3).

Seguindo essa linha de raciocínio, para adquirir a leitura e a escrita, a criança necessita

desenvolver um conhecimento habitual de natureza conceitual, a capacidade de formular,

conceituar atribuir sentido a partir de ideias, o que requer a conquista de determinada

compreensão não só do que a escrita representa, mas, sobretudo, de que forma ela representa

graficamente as manifestações da linguagem. Assim salienta-se que o processo de letramento está

associado tanto à construção do discurso oral quanto do discurso escrito.

O processo de alfabetização trata de lidar com situações concretas, requerendo das

crianças a resolução de situações-problemas de natureza lógica e até mesmo conceitual, até

perceberem que a escrita alfabética em português, por exemplo, é uma forma de reproduzir as

revelações proferidas através da linguagem, motivando-as a escreverem por si mesmas. De

acordo com o RCNEI:

A observação e a análise das produções das crianças revelam que elas

tomam consciência, gradativamente, das características formais dessa

linguagem. Constata-se que, desde muito pequenas, as crianças podem

usar o lápis e o papel para imprimir marcas, imitando a escrita dos mais

velhos, assim como utilizam livros, revistas, jornais, gibis, rótulos etc.

Para ler o que está escrito. Não é raro observar-se crianças muito

pequenas, que tem contato com material escrito, folhear um livro e emitir

sons e fazerem gestos como se estivessem lendo. (BRASIL, 1998, p.

128).

Dessa forma, percebe-se a linguagem como um exercício de comunicação entre

interlocutores, a qual produz sentido e significado através da interação entre falantes e ouvintes,

ou mesmo, entre quem escreve e quem lê. Nesse sentido, a linguagem apresenta um

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posicionamento, um ponto de vista do discurso, sendo os textos orais ou escritos às formas de

manifestação linguística do enunciado entre interlocutores. Sobremaneira, ao se compreender a

linguagem como ato interativo, passa-se a entender a linguagem oral e escrita a partir das

semelhanças que se estabelece entre ambas.

O desenvolvimento de elaboração da palavra não resulta a partir de um processo

individual e restritamente intelectual, mas, sobretudo, da inserção da criança nas diferentes

práticas e instituições sociais das quais participa. O ato comunicativo se faz a partir da interação

com o outro, sendo a linguagem oral o sistema que possibilita ao homem comunicar ideias e

sentimentos através da fala; e a escrita, uma representação dessas aspirações, habilidades que se

constituem no âmbito social e, assim, a relação do homem com o mundo se estabelece através da

linguagem. Vygotsky (apud FONTANA E CRUZ, 1997) considera que:

A elaboração conceitual pela palavra, desenvolvida culturalmente pelos

indivíduos como forma de refletirem cognitivamente suas experiências,

não ocorre naturalmente na criança. Ela ocorre nas fases mais precoces da

infância, por meio do emprego da função mais simples da palavra, a

nomeação, e seu desenvolvimento depende das particularidades que cada

indivíduo tem, ou não de compartilhar e elaborar em interações os

conteúdos e as formas de organização dos conceitos. (VYGOTSKY apud

FONTANA E CRUZ, 1997, p. 95)

No contexto da Educação Infantil, o trabalho com a linguagem oral e escrita constitui-se

em um dos principais eixos dessa etapa de ensino, visto que a criança se encontra em uma

importante fase de aquisição e desenvolvimento cognitivo, na qual encontra condições favoráveis

para ampliar as capacidades cognitivas e, assim, a integração, a orientação das ações, o

desenvolvimento do pensamento, a elaboração e construção dos seus conhecimentos, os quais

surgem como resultado da importância e direcionamento atribuídos a essas aptidões.

Ademais, o trabalho com a oralidade, no chão da sala de aula da Educação Infantil torna-

se de fundamental importância, pois o uso da fala é essencial para momentos de interação entre

docente e discente. Nesse processo interativo ocorre o desenvolvimento da oralidade a partir das

vivências, envolvendo o uso das práticas linguísticas. Dessa forma, o professor deve adotar em

seu planejamento ações e atividades pedagógicas que valorizem o trabalho com a linguagem oral

e a reflexão sobre a língua escrita. Logo, a linguagem oral possibilita comunicar ideias,

pensamentos e finalidades das mais diversas naturezas, motivando e entusiasmando o outro a

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estabelecer relações interpessoais. Além do que, “[...] seu aprendizado acontece dentro de um

contexto. As palavras só têm sentido em enunciados e textos que significam e são significados

por situações”. (BRASIL, 1998, p. 120-121).

Outossim, desenvolver a linguagem oral na sala de aula recomenda a aplicabilidade de

atividades sistemáticas e bem direcionadas de fala, escuta e reflexão sobre a língua, percebendo-a

como fator essencial na perspectiva de tornar os alunos falantes e participativos, situação propícia

para a organização e realização de atividades e projetos que instiguem a exposição oral, as quais

devem resultar em construções de aprendizagens recíprocas e significativas. (BRASIL, 1998).

2 ASPECTOS RELEVANTES NO TOCANTE AO DESENVOLVIMENTO DA

LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A inserção do profissional no contexto da Educação Infantil é uma tarefa que exige

organização no que se refere ao espaço, ao tempo e ao ambiente, pois esse público – crianças -

requer uma dinâmica de trabalho pautada em atividades bem organizadas, as quais devem estar

articuladas a incorporar diferentes gêneros orais e escritos no dia a dia da sala de aula. Por isso, é

de fundamental importância garantir, na rotina diária, momentos em que a leitura e a escrita

possam estar presentes na Educação Infantil, como oportunidade de oferecer às crianças

diferentes situações de leitura, escrita e oralidade. Nesse universo, há diferentes atividades que

acontecem diariamente e nos mesmos horários, que podem estar sendo trabalhadas na intenção de

ampliar esse repertório de fala e escrita como: a hora da alimentação, da roda de conversa, da

higiene das historinhas, do parque, entre outras.

Enquanto participam e/ou executam essas atividades, as crianças utilizam a comunicação

de forma espontânea, visto que dialogam, interagem, prestam atenção ao que encontram a sua

volta, como objetos, palavras, situações que estimulam o pensamento e a linguagem. São,

portanto, experiências consideradas proveitosas, que podem ser observadas e exploradas pelo

professor, para trabalhar aspectos da comunicação oral ou escrita, mesmo nos momentos mais

comuns do dia a dia no ambiente escolar.

Nessa linha de raciocínio, cabe ao professor propiciar às crianças dessa etapa de ensino o

manuseio de diferentes materiais concretos, para que as mesmas sintam-se inspiradas a

compreender e descobrir o mundo da sociedade letrada, uma vez que participam de outras

ocasiões de vida no cotidiano, no contato com a família, com os coleguinhas e têm contato com

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diferentes portadores de gêneros textuais como: lista de compras, notícias de jornais, números de

telefone dentre outros, que despertam e instigam a curiosidade e o desenvolvimento da

linguagem. A esse respeito, o RCNEI ressalva:

Elas começam a aprender a partir de informações provenientes de

diversos tipos de intercâmbios sociais e a partir das próprias ações, por

exemplo, quando presenciam diferentes atos de leitura e escrita por parte

de seus familiares, como ler jornais, fazer uma lista de compras, anotar

um recado telefônico, seguir uma receita culinária, buscar informações

em um catálogo, escrever uma carta para um parente distante, ler um livro

de histórias etc. (BRASIL, 1998, p. 122).

Seguindo essa linha de abordagem, é por meio da conversa que o adulto insere a criança

nas situações complexas e peculiares da linguagem oral. No início do desenvolvimento da

linguagem oral, a criança se prende espontâneamente à linguagem do adulto, sendo que a

comunicação baseia-se nos gêneros cotidianos e familiares, nos jogos de linguagem constituídos

por frases e ou palavras de ordem ou obediência. Aos poucos, a criança vai aprimorando o seu

vocabulário comunicativo, apresentando-se ao universo discursivo e criando condições naturais e

autênticas de interpretar o outro, e não apenas ser interpretada. Assim, percebe-se que é por meio

das vivências do cotidiano que a criança irá se instrumentalizar e apropriar-se das características

da linguagem oral, passando a utilizá-las de acordo com suas necessidades e possibilidades de

vida. Aspectos que exigem um olhar sensível por parte do educador que trabalha com crianças

que apresentam essas especificidades, desempenhando atenção e percepção para compreender o

que cada criança quer dizer, focando nas expressões, nos gestos e na fala. (BRASIL, 1998).

Nesse ínterim, o professor de Educação Infantil destaca-se quando desensenvolve com

maestria o seu papel de educador e/ou mediador dos diferentes campos e eixos de conhecimentos.

Nessa etapa de ensino, quando consegue ministar as ações que permeiam as relações diárias, com

sutileza e consciência na forma de intervir, o professor colabora para os processos de

aprendizagem e de desenvolvimento da linguagem oral e escrita, onde se utilizam os vários

sentidos como sendo: o saber ouvir, expressar-se, a percepção, o olhar, o acolhimento como

forma de interagir e se comunicar com os pequenos. Dessa forma, demonstra desenvoltura para

identificar dificuldades e/ou habilidades e concomitantemente, apresentá-las ao mundo da

linguagem e da cultura. A esse respeito o RCENEI considera:

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A ampliação da capacidade das crianças de utilizar a fala de forma cada

vez mais competente em diferentes contextos se dá na medida em que

eles vivenciam experiências diversificadas e ricas envolvendo os diversos

usos possíveis da linguagem oral. Portanto eleger a linguagem oral como

conteúdo exige o planejamento da ação pedagógica de forma a criar

situações de fala, escuta e compreensão da linguagem. (BRASIL, 1998, p.

134).

Nessa conjuntura, percebe-se que a aquisição e o desenvolvimento da linguagem oral e

escrita no âmbito da Educação Infantil estão inerentemente associados às diferentes situações de

uso dessas habilidades, das quais as crianças são convidadas e/ou orientadas a participar. Ao

referir-se à atividade de rotina na Educação Infantil, é possível encontrar diferentes situações que

permitem explorar e/ou trabalhar essas competências, como por exemplo, por meio das

brincadeiras, atividades intrinsecamente relacionadas ao ser criança, aliando o lúdico à prática

pedagógica através do brincar de faz de contas, que constitui um momento riquíssimo para a

experimentação de sons, de palavras e da demonstração de distintas situações de comunicação

vivenciadas no dia a dia. Razão que exige do professor dessa etapa de ensino espaço e ambiente

que favoreça, em sua rotina diária, esse tipo de atividade, conduzir objetos que favoreçam esse

tipo de técnica e organizar a sala na intenção de incrementar as brincadeiras com fins educativos.

O jogo de faz de conta, considerado também como simbólico, imaginativo ou sócio-

dramático, constitui na verdade, aquelas brincadeiras em que as crianças brincam de ser, onde

assumem papéis e representam através de ações e objetos personagens criados a partir da própria

imaginação, geralmente com um significado diferente daquele habitualmente atribuído. Para

(Bomtempo, 2003, apud Brandão E Rosa, 2011, p. 55), “são brincadeiras de simulação, nas quais

se sobressaem as atividades de imitação. Como exemplo, a criança assume o papel de mãe,

quando finge que uma boneca é uma criança pequena e que um objeto qualquer representa um

pente que utiliza para pentear os cabelos”. Nesse caso, a criança está vivendo personagens

criados por ela, para representar uma realidade qualquer, com significado pra ela. São recursos

que podem ser utilizados para desenvolver a oralidade e a escrita na Educação Infantil.

Nesse sentido, Leal, Albuquerque e Leite (2005) apud (BRANDÃO; ROSA, 2011, p.

58) destacam que os jogos de faz de conta “fazem com que as crianças experimentem a vida em

sociedade e exerçam papéis sociais diversos, de modo que as regras sociais são o embasamento

da brincadeira”. Com base nesse pensamento, passa-se a entender que as brincadeiras de faz de

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conta são, de fato, uma representação simbólica da vida em sociedade, representada pelas

crianças em suas intuições imaginárias, mas com fundo de retratar a realidade.

É impreterivelmente através das representações desses papéis que a linguagem verbal

ganha importante dimensão. Diante dessas representações de papéis sociais encadeadas, as

crianças mobilizam uma série de características tais como: a representação da fala, o vocabulário,

formalidade comunicativa e bem como a destreza e afinação da língua, já que protagonizam

diferentes personagens. Assim elas brincam de falar como se fossem mães, médicos, professores,

dentre outras personagens. Dessa maneira, inserem-se como manifestações e/ou representações

linguísticas que evidenciam habilidades infantis, a ponto de perceberem que a língua apresenta

variações na forma de falar.

Observa-se, portanto, que ao brincarem, as crianças experimentam situações de

vivenciarem o mundo adulto ao tentarem imitar pessoas e/ou personagens adultos e, por

conseguinte, aprendem a respeito da sociedade, das relações sociais estabelecidas entre as

pessoas, bem assim sobre o papel da linguagem nas variadas situações de comunicação.

Vivenciam experiências em que realizam diferentes produções textuais a partir da execução das

variações decorrentes dos distintos tipos de interação social empregada nos diferentes discursos,

ou seja, falas dialogadas. (BOMTEMPO, apud BRANDÃO; ROSA, 2011).

Em afinidade, são distintos momentos que podem e devem estar envolvendo alunos e

educador que também participa ativamente da atividade, deixando a imaginação das crianças

fluírem, e personagens como médico, professor, enfermeira, dentista, dentre outros, surgirem,

tornando-se relevantes para promover o desenvolvimento do discurso narrativo, logo envolvendo

conversa, contação de histórias, simulação de acontecimentos, sugestão de ideias de uns para os

outros, situação que possibilita a ampliação e o desenvolvimento da linguajem oral. É inserida

nesse tipo de situação e em outros atos de comunicação como conversas habituais que as crianças

conquistam a capacidade linguística de falar e de ouvir, que pode envolver também pressupostos

para a leitura e a escrita. Nesse contorno, o RCENEI ressalta:

Considerando-se que o contato com o maior número possível de situações

comunicativas e expressivas resulta no desenvolvimento das capacidades

linguísticas das crianças, uma das tarefas da educação infantil é ampliar,

integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos

para que ela se torne competente como falante. Isso significa que o

professor deve ampliar as condições da criança manter-se no próprio texto

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falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando se envolver

por ela, ressignificando-a e resgatando-a sempre que necessário.

(BRASIL, 1998, p. 135,).

Assim, durante a fase de aquisição e desenvolvimento das capacidades linguísticas, a

criança cria um repertório de expressões e vocabulário intrínsecos à fase na qual se encontra, para

se comunicar livremente e com entusiasmo, em que as variedades de fala apresentadas nas

conversões enunciativas são perceptíveis. Com um repertório comunicativo bem específico,

buscam prender a atenção do receptor. São ocasiões que precisam ser valorizadas, principalmente

no contexto da sala de aula, por parte do professor, com o intuito de potencializar,

complementando os diferentes aspectos que cada uma das linguagens apresentadas solicita.

(BOMTEMPO apud BRANDÃO e ROSA, 2011).

A hora da roda, uma atividade permanente e que faz parte do cotidiano, deve ser

programada no dia a dia das instituições de Educação Infantil, uma maneira de organização

pedagógica por parte do professor, bem como de reunir as crianças com a intenção de introduzir

um determinado assunto ou propor uma atividade. Essa é considerada como uma atividade

bastante proveitosa, logo permite, além da visualização de todos os membros envolvidos no

grupo, a apreciação de gestos, expressões e movimentos importantíssimos para a valorização do

ato comunicativo, deixando ainda transparecer a ideia de unidade, compartilhamento de

objetivos, socialização de experiências, vivências, conhecimentos, bem como de tomada de

decisão. Outrossim, o professor também participa desse momento de interação, atuando como

facilitador no direcionamento da atividade, encadeando as falas, acatando e ajustando sugestões

diante de perguntas, respostas ou afirmações verbalizadas pelos alunos. Nessa linha de

pensamento, o RCENEI, 1998 reitera:

A roda de conversa é um momento privilegiado de diálogo e intercâmbio

de idéias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças podem ampliar

suas capacidades comunicativas, como a fluência para falar, perguntar,

expor suas idéias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e

aprender a valorizar o grupo como instância de troca e aprendizagem. A

participação na roda permite que as crianças aprendam a olhar e a ouvir

os amigos, trocando experiências. (BRASIL, 1998, p. 138).

Ainda na roda, o professor poderá desenvolver diferentes atividades que podem ser

exploradas de diversas maneiras, a saber: a hora da acolhida, a hora da historinha, a chamada, a

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roda das novidades, culminando em uma excelente estratégia de organização da turma, pois

facilita o processo de interação e comunicação entre as crianças, além de ser um importante

recurso para trabalhar a oralidade e a escrita. A hora da história, por exemplo, é uma atividade

que pode ser desenvolvida todos os dias. O horário o professor é quem define, assim como o

titulo da história, e lê para os discentes. Antes de iniciar a leitura propriamente dita, é

recomendável que o professor faça uma sondagem dos conhecimentos prévios dos alunos e, por

conseguinte, converse com os mesmos sobre o livro, ressaltando aspectos como o porquê da

escolha, apresentação do título, nome do autor, o que retrata a história, apresentando e motivando

a interpretação da capa do livro para as crianças, enfim, saõ aspectos que precisam ser

estimulados, visto que é por meio desse pré-aquecimento que as crianças já poderão fazer

algumas considerações sobre o conteúdo da história, que na verdade é uma capacidade de leitura

de suma importância a ser explorada. Nessa mesma prerrogativa, o RCENEI preceitua:

A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a

forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e

comportamento de outras culturas situadas em outros tempos e lugares

que não o seu. A partir daí, ela pode estabelecer relações com a sua forma

de pensar e o modo de ser do grupo social ao qual pertence. As

instituições de educação infantil podem resgatar o repertório de histórias

que as crianças ouvem em casa e nos ambientes que frequentam, uma vez

que essas histórias se constituem em uma rica fonte de informação sobre

as diversas formas culturais de lidar com as emoções e com as questões

éticas, contribuindo na construção da subjetividade e da sensibilidade das

crianças. (BRASIL, 1998, p.134).

A hora da acolhida, atividade também permanente, a qual deve se configurar em uma

atividade de rotina no universo da Educação Infantil, é de fundamental importância para se

trabalhar aspectos relacionados à oralidade e à escrita. Essa é mais uma situação que deve ser

organizada em forma de roda, onde professor e alunos se saúdam. É a primeira atividade

desenvolvida na sala de aula, em que a criança tem a oportunidade de conhecer, aprender e cantar

várias musiquinhas de acolhida no decorrer do ano. Ao serem apresentadas diferentes músicas às

crianças, elas passam a se familiarizar com o repertório, e durante o desenvolvimento da

atividade sugerem e pedem as que têm mais afinidade e outras que conhecem e gostam de

apreciar. Esse momento de escolha é sempre muito proveitoso, pois ajuda a desenvolver a

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autonomia das crianças, onde já observam também os coleguinhas que estão presentes e os que

faltaram, momento oportuno para estarem trabalhando a oralidade, entonação e desenvoltura.

Em consonância, a hora das novidades é outra situação didática que ganha destaque na

Educação Infantil, já que também deve estar projetada no sentido de proporcionar o

desenvolvimento da oralidade e da escrita. É uma boa sugestão de atividade para ser realizada no

início do horário das segundas-feiras, considerando que as crianças chegam à sala de aula,

ansiosas e cheias de novidades. Essa atividade permite a socialização e/ou o compartilhamento de

curiosidades, brincadeiras, momentos de lazer que vivenciaram durante o final de semana, e

assim, novas situações de entretenimento e descobertas. Para iniciar a conversa, o professor

poderá motivar a participação dos alunos perguntando: Como foi o final de semana? O que

fizeram de legal? Quais as novidades? O que surgiu de novo e interessante? O que conheceram

que ainda não conheciam? São aspectos que precisam ser considerados na busca do

encadeamento, da participação e exposição dos acontecimentos por parte dos alunos. Ressalta-se

que no caso de os alunos se sentirem intimidados, o próprio professor poderá iniciar esse diálogo

contando o que fez durante o final de semana (verbalmente e/ou até mesmo ilustrando através de

objetos concretos). Aos poucos a criança vai se sentindo motivada a compartilhar, na roda, as

circunstâncias vivenciadas. É importante mencionar que a ideia central não é uma resposta em

forma de coro por parte dos alunos aos questionamentos feitos pelo professor. Nesse sentido,

percebe-se a necessidade e a importância da organização das falas das crianças, de forma que

cada uma tenha a oportunidade de se expressar, bem como ouvir o que o coleguinha tem a

compartilhar e acrescentar no diálogo. (CARDOSO, p. 64, 2012).

Percebe-se que os jogos e brincadeiras de uma forma geral são notáveis, aliados à

aquisição e ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita, seja elas livre ou espontânea, ou

ainda, apoiada pelos adultos, tendo em vista que favorece as capacidades motora, cognitiva social

e moral das crianças que se encontram na Educação Infantil. A esse respeito, (Leontiev (1998) e

Piaget (1987) apud LEAL (2012) evidenciam que por meio das brincadeiras as crianças ganham

autonomia e ingressam no mundo adulto. Nesse aspecto, faz menção a uma variedade dessas

atividades lúdicas. Dentre elas, ganham destaque os jogos tradicionais infantis considerados

como jogos da cultura popular, os quais se apresentam em diferentes gerações, evidenciando

características marcantes na oralidade e no desenvolvimento do pensamento que, de acordo com

Kishimoto (2008), apud Brandão; Rosa ( 2011), enquanto alguns conservam sua estrutura inicial,

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outros o modificam ao longo do tempo. E assim cita os jogos de construção onde as crianças se

utilizam de materiais da natureza, como terra, por exemplo, para realizarem suas produções.

Estão também relacionadas às brincadeiras de faz de conta, estabelecendo uma ampla relação

com os jogos simbólicos e, por afinidade, com as capacidades cognitivas da criança,

demonstrando intimamente uma correlação no desenvolvimento da oralidade e da escrita.

Continuando, os jogos de regras também se apresentam no universo infantil. Nesses, as

regras orientam as ações dos jogadores, os quais podem ser perceptíveis nas brincadeiras infantis

tradicionais, como no caso da amarelinha, ainda muito presente no cotidiano das crianças, e

também os jogos didáticos, aqueles utilizados como recurso para dinamizar a prática do professor

no interior da sala de aula, com a finalidade de ampliar e/ou intensificar o trabalho educativo e,

concomitantemente, facilitar a aprendizagem do aluno em um determinado conteúdo. De acordo

com Borba (apud BRANDÃO; ROSA, p. 56, 2011), “ao brincar, as crianças aprendem sobre si e

sobre os homens e suas relações no mundo, e também sobre os significados culturais do meio em

que estão inseridas”.

Nesse sentido, a introdução do lúdico e designadamente dos jogos e brincadeiras na

Educação Infantil como instrumento pedagógico é de suma relevância para auxiliar o processo de

ensino-aprendizagem e, nesse caso, mais especificamente o desenvolvimento da linguagem oral e

escrita, onde busca desenvolver no aluno aspectos relacionados à construção do próprio

conhecimento. Logo, esse tipo de atividade estimula a criatividade, a curiosidade, bem assim a

capacidade de inventar e reinventar que a criança apresenta. Além do que, são momentos

atrativos que prendem a atenção, concentração e instigam a participação dos alunos nas

atividades propostas pelo professor, favorecendo soluções criativas e eficientes no processo de

aprendizagem e no desenvolvimento das capacidades cognitivas das crianças.

Nesse contexto outra situação que deve ser arquitetada e bem aproveitada nas salas de

aula da Educação Infantil é a hora da chamada, momento importantíssimo para se trabalhar a

oralidade e a escrita das crianças, ressaltando que não se trata de uma chamada do tipo tradicional

em que estão listados ou nomes dos alunos e o retorno é apenas responder “presente,

professora”, mas sim de um grupo que interage, coopera, partilha atividades, gestos, onde os que

se encontram presentes sentem a falta dos que não vieram. Esse tipo de chamada requer a

presença de um cartaz na sala, com o nome dos integrantes da turma, de preferência em ordem

alfabética, além de fichas individuais com o nome de cada aluno.

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Para um bom aproveitamento dessa atividade, faz-se necessário que a sala disponha de

um alfabeto fixado na parede, confeccionado em tecido, onde cada letra compreende uma

sacolinha em que a ficha com o nome da criança deve ser colocada. O professor pode pedir para

as crianças identificarem o nome dos coleguinhas a partir das fichas, pedir para identificarem a

letra inicial do nome, vogais e consoantes, número de letras contidas em cada nome, número de

vogais, número de consoantes, como também as crianças que se encontram ausentes, sempre

considerando o nível de aprendizagem e desenvolvimento da turma. Dessa maneira, aos poucos

as crianças vão assimilando a escrita do nome dos colegas e compreendendo a linguagem oral e a

escrita, de fato, como um sistema e não apenas como um código de representação da fala.

Nessa linha de raciocínio, verifica-se que todas as atividades mencionadas constituem-se

em notáveis práticas de oralidade e escrita que devem estar sendo vivenciadas no âmbito da

Educação Infantil, com o propósito de ampliar as competências comunicativas das crianças. E

para que essas atividades ganhem êxito, faz-se necessário a disposição de um ambiente

alfabetizador, espaço que favorece o desbravamento dessas capacidades. De acordo com o

RCENEI, “um ambiente é alfabetizador quando promove um conjunto de situações de usos reais

de leitura e escrita das quais as crianças têm oportunidade de participar”. (BRASIL, 1998, p.

154).

Reitera ainda que, na Educação Infantil, todas as tarefas que o professor realiza

tradicionalmente fora da sala de aula e assim na ausência das crianças - como preparar um

convite para reunião de pais, uma mensagem para o dia das mães, ler um bilhete deixado pelo

professor do outro período, dentre outras - podem ser partilhadas entre as crianças ou integrarem

atividades de exposição dos diversos usos da linguagem oral e escrita. Assim, o ambiente

alfabetizador se configura em um espaço organizado para atender esse público e possibilita

condições de propiciar à criança o contato com textos variados e de diferentes gêneros, em que

possa expor e aproximar as práticas de leitura e escrita, ao mesmo tempo em que oportuniza

situações concretas nas quais a oralidade e a escrita se façam necessárias e nas quais se estabeleça

uma função real de expressão e comunicação.

Desse modo, são inúmeras as opções de gêneros que o professor poderá estar

apresentando e propondo para as crianças. No entanto, cabe ao docente, de acordo com seus

objetivos e projetos didáticos, escolher com que gênero vai trabalhar e se de forma mais contínua

ou sistemática, permitindo a real familiaridade de práticas sociais de leitura e escrita em que as

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diferentes funções e características desses gêneros sejam consideradas. Nessa ótica, textos da

literatura geral e infantil, revistas, receitas culinárias, história em quadrinhos, dentre outros que

possam oferecer artifícios, a fim de que as crianças aprendam sobre a linguagem que usam para

se comunicar nas diferentes práticas de interação social, através da oralidade e da escrita.

Nessa conjuntura, a organização do tempo é outro aspecto de relevante importância a ser

considerado nas instituições de Educação Infantil, pois em consonância com o ambiente, essa

organização deve estar em harmonia com um espaço dinâmico e aconchegante, no qual o

professor organiza e planeja suas atividades. Compreendendo atividades permanentes como:

contação de histórias, roda de leitores (empréstimo de livros), jogos de escrita (bingo de letras,

letras móveis, dentre outros) e atividades sequências em que podem ser utilizados livros,

diferentes textos, fantoches, extraordinários recursos para o desenvolvimento da linguagem e da

representação de personagens, pois através desse instrumento é possível observar uma maior

integração entre as crianças, além de trabalhar aspectos relacionados ao desenvolvimento como

eloquência, timidez e criatividade nas crianças, na perspectiva de despertá-las para os objetivos

educativos inerentes à aquisição e ao aprimoramento das capacidades linguísticas, relacionando

tempo, espaço e organização do ambiente.

Assim, percebe-se que é por meio das vivências no cotidiano social e de uma rotina

constituída no meio familiar que a criança vai paulatinamente se socializando e,

concomitantemente, interagindo com o universo simbólico que a rodeia, situação percebida

também no ambiente escolar. Outrossim, é de fundamental importância que o profissional, mais

especificamente o professor da Educação Infantil adote em sua prática pedagógica uma rotina

diária que contemple esse tipo de atividade, imprescindível para a organização do trabalho

docente no cotidiano dentro da sala de aula e, sobretudo, objetivando desenvolver as capacidades

e/ou habilidades cognitivas das crianças.

Por fim, o trabalho com projetos também consiste em uma rica e enaltecedora atividade

a ser desenvolvida com as crianças da Educação Infantil, pela permeabilidade de oferecer uma

gama de possibilidades de atividades a serem trabalhadas com as crianças, visto que, além de

dinâmicos, são recursos que pedem interagir com as diversas áreas dos conhecimentos. A esse

respeito, o RCNEI (1998) discorre:

Os projetos permitem uma interseção entre conteúdos de diferentes eixos

temáticos. No que se refere à linguagem oral pode-se propor, por

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exemplo, a gravação de CD-DVD contemplando reconto de histórias,

brincadeiras cantadas, apresentação de parlendas dentre ouras. Os que

envolvem a linguagem escrita podem se concretizar em produtos como:

livro de contos de fadas ou poemas, livros de receitas, mural com catazes

sobre os cuidados para com o meio ambiente, dentre outras

possibilidades, que culminem em situações reais do uso da fala e da

escrita. (BRASIL, 1998, p. 154).

Em analogia, ao experimentar diferentes vivências, a criança passa também a adquirir

capacidades para distinguir os diversos momentos que lhes são apresentados no cotidiano e nos

diferentes espaços dos quais participa, ou seja, com a família, com os coleguinhas de rua ou na

escola, visto que é a partir dessas experiências que a criança vai constituindo suas operações

cognitivas e se habilitando a identificar diferentes circunstâncias, a ponto de compreender os

distintos momentos e maneiras de comportamento, e até mesmo se colocar no lugar do outro,

resultando na construção e atribuição de significados simbólicos e, porquanto, gradativamente em

experiências e condições de estabelecer relações. É em sintonia com o diálogo advindo do

intercâmbio entre os gestos e as expressões constituídos entre crianças e adultos, por meio das

representações linguísticas, que a criança passa a utilizar a linguagem como meio de

comunicação e instrumento para operar as ações do pensamento.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização da escrita deste Trabalho de Conclusão de Curso, a partir da temática

Linguagem Oral e Escrita na Educação Infantil, a qual se considera como um dos eixos básicos e

de suma importância para a formação do indivíduo na faixa etária da Educação Infantil, forneceu

subsídios para compreender que o contexto que contempla essa fase de ensino deve ser percebido

como um espaço de interação e construção de conhecimentos. Uma vez que o desenvolvimento

da linguagem oral e escrita possibilita comunicar sentimentos, pensamentos e ideias, e é por meio

da linguagem que se atribui sentido a fatos, situações e objetos que circundam a existência,

viabilizando a interação entre a criança e o mundo.

Dessa forma, espera-se que a Educação Infantil, tendo o professor como mediador do

conhecimento, o qual tem como desafio realizar um planejamento que considere a importância

das trocas de conhecimentos necessárias para a aprendizagem, na intenção de desafiar os alunos

em direção ao seu potencial, desenvolva um trabalho pautado na articulação e execução de

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atividades com sentido e significado, fazendo o uso da linguagem oral e escrita, edificando

saberes através da interação, visto que é em sintonia com o movimento discursivo que a

aprendizagem e a alfabetização se processam, construindo pontes para a formação e para a vida

dos educandos.

Dessa maneira, todo o processo de ensino e aprendizagem deve ser arquitetado com

muita atenção e objetividade, de forma que a criança aprenda e se sinta motivada dia a dia a

participar ativamente dessa construção. Nesse sentido, é interessante que o docente procure

introduzir em sua metodologia de trabalho atividades significativas e lúdicas que envolvam a

linguagem oral e escrita, de maneira a assegurar um trabalho mais produtivo, prazeroso e atrativo,

tanto para o professor quanto para as crianças, resultando em um mecanismo de potencialização

da aprendizagem. Ademais, as crianças necessitam de momentos que garantam o acesso às

diferentes linguagens, como meio de inserção e participação nas diferentes formas de interação

social.

Ao final deste trabalho, percebe-se a sua contribuição positiva para a formação

acadêmica, haja vista a importância do desenvolvimento da linguagem oral e escrita na Educação

Infantil, além de proporcionar reflexões sobre o desenvolvimento dessas habilidades e a

importância de se trabalhar esse mecanismo desde o ingresso das crianças nas instituições de

Educação Infantil, implementando, de forma dinâmica e primordial, as práticas da oralidade e da

escrita na sala de aula. Dessa forma, ressalta-se que as competências linguísticas que

compreendem o ato comunicativo devem permear a prática de ensino do professor, bem como o

seu ambiente alfabetizador, a organização do tempo e espaço, os objetivos e conteúdos da

Educação Infantil. Sendo assim, compreende-se que a criança aprende em interação com a

linguagem, conquistando as habilidades de oralidade e escrita e ampliando seus saberes.

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I Seminário Currículo em Movimento Perspectivas atuais. Belo Horizonte: Faculdade de

Educação-UFMG, 2010.

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Curricular Nacional para a Educação Infantil, vol. 3, Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Infantil. Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil, vol. 1, Brasília: MEC/SEF, 1998.

_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº9. 394/96. Que establece as

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CARDOSO, Bruna Pluglisi de Assumpção. Práticas de Linguagem Oral e Escrita na

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