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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE TECNOLOGIA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR Staphylococcus aureus ATRAVÉS DE TÉCNICAS MOLECULARES E CORRELAÇÃO COM OS ASPECTOS HIGIÊNICO- SANITÁRIOS EM PREPARAÇÕES DE PESCADO CRU (SUSHI E SASHIMI) JOSIANE MARÍLIA DO CARMO Rio de Janeiro 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE TECNOLOGIA

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR Staphylococcus aureus ATRAVÉS DE

TÉCNICAS MOLECULARES E CORRELAÇÃO COM OS ASPECTOS HIGIÊNICO-

SANITÁRIOS EM PREPARAÇÕES DE PESCADO CRU (SUSHI E SASHIMI)

JOSIANE MARÍLIA DO CARMO

Rio de Janeiro

2015

JOSIANE MARÍLIA DO CARMO

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR Staphylococcus aureus ATRAVÉS DE

TÉCNICAS MOLECULARES E CORRELAÇÃO COM OS ASPECTOS HIGIÊNICO-

SANITÁRIOS EM PREPARAÇÕES DE PESCADO CRU (SUSHI E SASHIMI)

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do

Programa de Pós-graduação em Ciência de

Alimentos – UFRJ, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em

Ciência de Alimentos

Orientador: Vânia Margaret Flosi Paschoalin

Co-orientador: Ana Carolina da S. Carvalho

Rio de Janeiro

2015

C287 Carmo, Josiane Marília do. Avaliação da contaminação por Staphylococcus aureus através de

técnicas moleculares e correlação com os aspectos higiênico-sanitários em

preparações de pescado cru (sushi e sashimi) / Josiane Marília do Carmo.

– Rio de Janeiro: UFRJ/ IQ, 2015.

87f. Orientador: Vânia Margaret Flosi Paschoalin. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Ciência de

Alimentos, 2015.

1. Sushi e sahimi. 2. Reação em cadeia da polimerase. 3.

Staphylococcus aureus. I. Paschoalin, Vânia Margaret Flosi. (Orient.). II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química. Programa

de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos III. Título.

CDD: 664.001

JOSIANE MARÍLIA DO CARMO

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR Staphylococcus aureus ATRAVÉS DE

TÉCNICAS MOLECULARES E CORRELAÇÃO COM OS ASPECTOS HIGIÊNICO-

SANITÁRIOS EM PREPARAÇÕES DE PESCADO CRU (SUSHI E SASHIMI)

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do

Programa de Pós-graduação em Ciência de

Alimentos – UFRJ, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em

Ciência de Alimentos

Orientador: Vânia Margaret Flosi Paschoalin

Co-orientador: Ana Carolina Carvalho

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profa. Dra. Vânia Margaret Flosi Paschoalin

Instituto de Química - UFRJ

_____________________________________________

Prof. Dra. Daniela Sales Alviano

Instituto de Microbiologia Paulo de Góes- UFRJ

_____________________________________________

Dra. Patrícia Ribeiro Pereira

Instituto de Química - UFRJ

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me conceder consciência e discernimento ao desenvolver o

meu trabalho e por ser meu auxílio nos momentos difíceis.

Em especial ao meu noivo Ivan Lima, por sua compreensão pelo tempo ausente, por

tolerar meus estresses em determinados momentos desta pesquisa e principalmente por me

ensinar o que é uma verdadeira relação de parceria. Meu agradecimento com imenso carinho!

A todos os meus familiares e amigos pelas orações e apoio em todos os momentos.

Ao Instituto de Química e ao Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos pela

oportunidade e suporte para minha formação profissional.

A equipe do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Profº Rafael Duarte, Karen

Machado, Rayane Charmon e Marlei Gomes, pela troca de experiências e toda colaboração para

o desenvolvimento dos experimentos deste estudo.

A Professora Vânia Paschoalin pela orientação e todos os recursos.

Aos amigos pesquisadores do projeto de pesquisa em segurança e higiene do pescado,

Claudius Cabral, Claudio Capella, e a minha Co-orientadora Ana Carolina Carvalho pelos

inúmeros “brainstorms”.

Aos demais integrantes do laboratório 545, em especial o professor Eduardo Mere e

Raquel Casaes, pelas dúvidas esclarecidas e contribuição com esse estudo.

A equipe de nutrição institucional do Hospital Universitário da UERJ, Samyra Kede,

Jacqueline Carvalho, Cinthia Souza, Vânia Magalhães e Débora de Jesus, pela colaboração e

coberturas na escala de trabalho.

A Roberta Cândido, minha “filha”, pela solidariedade e importante ajuda com as minhas

dificuldades de informática.

E as demais pessoas que por ventura eu não tenha citado aqui, mas que participaram com

igual importância deste período de minha formação, o meu muito obrigada!

Dedico este estudo a uma pessoa muito especial que chegou como um

presente divino e fez uma transformação em minha vida.

Ivan Lima, apesar da minha determinação, sem o seu apoio

não sei se esse objetivo seria concretizado.

"Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do

barco para chegar onde quer."

Confúcio

RESUMO

Carmo, Josiane Marília do. Avaliação da contaminação por Staphylococcus aureus através de técnicas

moleculares e correlação com os aspectos higiênico-sanitários em preparações de pescado cru (sushi e

sashimi). Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

A globalização tem contribuído para incorporação da culinária tradicional de diferentes culturas

no cotidiano da população brasileira, o que aliado aos benefícios nutricionais do pescado e a busca por

alimentos mais saudáveis tem contribuído com a popularização do hábito de ingerir pescado cru no país,

sobretudo na forma de sushi e sashimi. O pescado sem prévio tratamento térmico pode estar associado a

veiculação de microrganismo patogênicos, e comprometer a saúde do consumidor. O objetivo do presente

estudo foi avaliar a qualidade de preparações de sushi e sashimi quanto a presença de Staphylococcus

coagulase positiva comercializados em três unidades de uma rede de restaurantes não especializados em

culinária nipônica. As condições higiênico-sanitárias destes estabelecimentos foram avaliadas, assim

como se os manipuladores eram portadores assintomáticos dos microrganismos. Foram utilizadas técnicas

de microbiologia convencional e ferramentas moleculares como a PCR, sequenciamento do gene 16S

rDNA e PFGE (eletroforese em campo pulsado). Também foi determinada a resistência antimicrobiana

dos isolados de S. aureus para pesquisar cepas resistentes à meticilina (MRSA). Um total de 31 amostras

de pescado e 06 amostras de manipuladores (cavidades nasofaringeana e orofaringeana e mãos) foi

coletado. 29% das amostras de alimentos apresentaram contagem elevada de Staphylococcus coagulase

positiva (SCP) em meio seletivo. Quinze isolados foram identificados como S. aureus, sendo 12 deles pelo

teste de PCR e 03 pelo sequenciamento do gene 16SrDNA. A relação clonal entre os isolados de pescado

e dos manipuladores foi analisada por PFGE, demonstrando que um dos manipuladores avaliados foi a

fonte de contaminação de preparações de pescado cru servidos naquele restaurante. Quanto aos demais

grupos bacterianos que foram isolados a partir das amostras de sushi e sashimi, houve prevalência de

membros da família Enterobacteriaceae (88%). Em relação às boas práticas de fabricação, apenas um dos

estabelecimentos apresentou percentual de conformidades superior a 76%. No presente estudo, foi

demonstrado que a qualidade microbiológica das preparações a base de pescado cru apresentaram

contaminação que parece estar relacionada à condições higiênico-sanitárias não satisfatórias.

Palavra-chave: Staphylococcus aureus, Sushi e sashimi, PCR, PFGE, Sequenciamento do gene 16SrDNA,

Boas Práticas de Fabricação.

ABSTRACT

Carmo, Josiane Marília do. Identificação de Staphylococcus aureus por técnicas moleculares e correlação

com os aspectos higiênico-sanitários em preparações a base de pescado cru (sushi e sashimi). Instituto de

Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

Globalization has contributed to the incorporation of traditional cuisine of different cultures in

everyday life of the population, combining the nutritional benefits of fish and the search for healthier

foods has contributed to the popularity of the habit of eating raw fish in the country, such as sushi and

sashimi. The raw fish consumption has been associated with transmission of pathogenic microorganisms

that can jeopardize consumers health. The aim of this study was to evaluate the quality of sushi and

sashimi preparations for the presence of coagulase positive Staphylococcus (SCP) marketed in three units

of restaurants form the same chain, do not specialize in Japanese food. The sanitary conditions of these

restaurants were evaluated including the evaluation of handlers as asymptomatic carriers of SCP. Raw fish

microbiota was studied by conventional microbiology and molecular tools as PCR, 16S rDNA partial

sequencing and pulse-field gel electrophoresis (PFGE). It was also determined the antimicrobial resistance

of S. aureus strains to methicillin (MRSA). A total of 31 samples from raw fish and 06 samples from

handlers (nasopharyngeal and oropharyngeal cavities and hands) were collected. 29% of food samples

showed high counts of Staphylococcus coagulase positive (SCP) in selective medium. Fifteen isolates

were identified as S. aureus, 12 of them by PCR and 03, by 16S rDNA sequencing. The relationship

between clonal isolates of fish and handlers was evaluated by PFGE, showing that one of the handlers was

the source of raw fish contamination served at the restaurant. Other bacteria species were isolated from

sushi and sashimi, with high prevalence (88%) of Enterobacteriaceae members. A compliance of 76% to

good manufacturing practices was reached by a single restaurant. A single restaurant showed compliance

superior to 76% to good manufacturing practices. In the present study, it was shown that the

microbiological quality of the raw fish contamination may be related to unsatisfactory sanitary conditions.

Keywords: Staphylococcus aureus, Sushi and Sashimi, PCR, PFGE, 16S rDNA sequencing,

Good Manufacturing Practices

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores mínimos e máximos em UFC/g, de Staphylococcus

coagulase positiva (SCP) encontradas em amostras de peixes, filés e

preparados (sushi e sashimi) de salmão, atum e namorado, coletados em três

restaurantes (R1, R2, R3) dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no

período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

42

Tabela 2. Análises microbiológicas (UFC/g), de Staphylococcus coagulase

positiva em amostras de filé e preparados (sushi e sashimi) de atum

(Thunnus sp.), coletados em três restaurantes dos municípios do Rio de

Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

43

Tabela 3. Análises microbiológicas (UFC/g de alimento), de

Staphylococcus coagulase positiva em amostras de matéria-prima, filé e

preparados (sushi e sashimi) de namorado (Pseudopercis numda), coletados

em três restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período

de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

43

Tabela 4. Análises microbiológicas (UFC/g de alimento), de

Staphylococcus coagulase positiva em amostras de matéria-prima, filé e

preparados (sushi e sashimi) de salmão (Salmo salar), coletados em três

restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de

setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

44

Tabela 5. Análise microbiológica de amostras coletadas de manipuladores

quanto a presença de Staphylococcus coagulase positiva por estabelecimento

estudado, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014 (nos

municípios do Rio de Janeiro e Niterói).

45

Tabela 6. Análise microbiológica de amostras coletadas de manipuladores

quanto a presença de Staphylococcus coagulase positiva de nasofaringe,

orofaringe e mãos dos manipuladores de três restaurantes dos municípios do

Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de

2014.

45

Tabela 7. Identificação de isolados bacterianos por sequenciamento parcial

do 16S rDNA.

48

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Staphylococcus aureus - www.hivwebstudy.org

30

Figura 2. Identificação de S. aureus em amostras de preparados de peixe cru

e manipuladores de três restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e

Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

46

Figura 3. Dendograma de distribuição dos perfis clonais e resistência a

antimicrobianos observados entre S. aureus isolados de preparações a base

de peixe cru (sashimi e shushi) e manipuladores em restaurantes (R1, R2 e

R3) dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de

2013 a fevereiro de 2014.

49

Figura 4. Avaliação da adequação das condições higiênico-sanitárias do

estabelecimento R1 de acordo com os itens de BPF estabelecidos pela RDC

216 - ANVISA.

51

Figura 5. Avaliação da adequação das condições higiênico-sanitárias do

estabelecimento R2 de acordo com os itens de BPF estabelecidos pela RDC

216 - ANVISA.

51

Figura 6. Avaliação da adequação das condições higiênico-sanitárias do

estabelecimento R3 de acordo com os itens de BPF estabelecidos pela RDC

216 - ANVISA.

52

Figura 7. Relação entre as amostras reprovadas quanto aos limites

estabelecidos pela RDC 12 – ANVISA e percentual de adequação das Boas

Práticas definidas pela RDC 216 – ANVISA.

53

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS

DTA - Doença Transmitida por Alimento

BPF - Boas Práticas de Fabricação

APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

MS – Ministério da Saúde

IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor

MAPA – Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento

SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde

OMS – Organização Mundial de Saúde

ICMSF – International Commission on Microbiological Specifications for Foods

SCP – Sthaphylococcus Coagulase Positiva

PCR – Polymerase Chain Reaction

PFGE – Pulsed Field Gel Eletrophoresis

MRSA – Staphylococcus aureus resistente a meticilina

TSA – Teste de Sensibilidade a Antimicrobianos

CLSI - Clinical and Laboratorial Standarts Institute

UPGMA – Unweighteh Pais Group Method whith Arithmetic Mean

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 REVISÃO DE LITERATURA 17

2.1 Consumo de preparações a base de pescado cru – Culinária Japonesa 17

2.2 Vigilância Sanitária 17

2.3 Segurança dos Alimentos 19

2.4 Higiene do ambiente, equipamentos e utensílios 21

2.5 Manipuladores de alimentos 22

2.6 Importância do controle microbiológico nos alimentos 24

2.7 Pescado 26

2.8 Conservação do Pescado 26

2.9 Aspectos microbiológicos de pescados 27

2.10 Staphylococcus Coagulase Positiva (SCP) 28

2.11 Staphylococcus aureus 30

2.12 Identificação de Staphylococcus aureus em alimentos 31

2.13 Resistência a antimicrobianos 32

3 JUSTIFICATIVA 35

4 OBJETIVOS 36

4.1 Objetivo geral 36

4.2 Objetivos específicos 36

5 MATERIAL E MÉTODO 37

5.1 Desenho experimental 37

5.2 Análise microbiológica e isolamento de SCP em preparados a base de peixe cru

(sushi e sashimi) e manipuladores 37

5.3 Testes de PCR para identificação dos isolados 37

5.4 Identificação dos isolados por sequenciamento parcial do gene 16S rDNA 38

5.5 Comparação do perfil clonal de S. aureus por Pulsed Field Gel Electrophoresis

(PFGE) 39

5.6 Teste de suscetibilidade dos isolados a agentes antimicrobianos (TSA) 40

5.7 Avaliação dos restaurantes estudados quanto aos critérios de Boas Práticas na

Manipulação dos Alimentos 40

5.8 Análise de dados 40

5.9 Aspectos éticos 41

6 RESULTADOS 42

6.1 Análise microbiológica do pescado in natura, preparados a base de peixe cru

(sushi e sashimi) e manipuladores 42

6.2 Identificação dos microrganismos isolados por técnicas moleculares 46

6.2.1 Baseadas em PCR 46

6.2.2 Baseadas no sequenciamento parcial do gene 16S rDNA 45

6.3 Comparação do perfil clonal de S. aureus por PFGE 48

6.4 Teste de suscetibilidade a substâncias antimicrobianas (TSA) 50

6.5 Avaliação de critérios de Boas Práticas na Manipulação dos Alimentos 50

7 DISCUSSÃO 54

8 CONCLUSÕES 58

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59

ANEXOS

I - CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS EM SERVIÇOS DE

ALIMENTAÇÃO 68

II - RESUMO PUBLICADO EM EVENTO CIENTÍFICO - 27º Congresso Brasileiro

de Microbiologia 79

III - RESUMO PUBLICADO EM EVENTO CIENTÍFICO - CHEMRIO 2014,

Symposium

80

IV - RESUMO PUBLICADO EM EVENTO CIENTÍFICO - 3ºI Seminário em

Inovação e Tecnologia na Área de Alimentos, SITA

81

V - APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM EVENTO CIENTÍFICO: VII

Congresso Latino-Americano e XIII Congresso Brasileiro de Higienistas de

Alimentos.

82

15

1. INTRODUÇÃO

O perfil alimentar da população é influenciado por diversos aspectos, como a disponibilidade

dos alimentos, hábitos regionais e aspectos econômicos. No caso do Brasil, o hábito alimentar é

um reflexo dos padrões socioculturais introduzidos pela migração maciça de diferentes grupos

étnicos, resultando em diferenças em áreas ou regiões do país (DUTRA DE OLIVEIRA et al,

2002). No que tange à imigração, destaca-se a japonesa que tem promovido um enraizamento

muito crescente de seus costumes alimentares no cotidiano brasileiro, tanto considerando o

aumento do número de restaurantes especializados na culinária japonesa, como a presença de

alguns pratos típicos servidos em restaurantes não especializados. As lojas especializadas em

alimentos típicos da culinária japonesa, anteriormente restritas a regiões onde predominavam

imigrantes asiáticos, tornaram-se comuns, estando presentes em quase todos os shopping centers

dentro da categoria fast-food, existindo, até mesmo, lojas especializadas na modalidade de

entrega em domicílio - delivery (GERMANO & GERMANO, 2008).

Denomina-se sashimi qualquer alimento marítimo consumido cru, como peixes, mariscos e

camarões (ALCÂNTRA, 2009). Segundo Sikorski, Kolakowaska e Burt (1990) o pescado

destinado à elaboração do sashimi deve ser fresco e não pode ser submetido ao congelamento,

permitindo-se apenas o resfriamento, visando o retardo do desenvolvimento microbiano. Por isso,

a captura, manipulação e conservação do pescado para a preparação deste tipo de alimento,

necessitam de cuidados especiais.

Considerando a elevação de consumo de sushi e sashimi no país, é importante a realização de

uma reflexão no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Estima-se que

aproximadamente 100 milhões de indivíduos, considerando a população de todos os países

industrializados, contraem doenças de origem alimentar, convencionalmente chamadas de

doenças transmitidas por alimentos (DTA), devido ao consumo de água e/ou alimentos

contaminados (FIGUEIREDO, 2004).

As enfermidades de origem alimentar são devido à ingestão de alimentos contaminados com

micro-organismos ou toxinas indesejáveis (MARTINS, 2006). Muitos casos de enfermidades

causados por alimentos não são notificados aos órgãos de inspeção ou agências de saúde, pois

seus sintomas são geralmente brandos e a vítima não busca atendimento médico (FORSYTHE,

2002). Além disso, certas sociedades não associam a diarreia a um sintoma de doença, mas a

ocorrências naturais, não relacionadas com a contaminação do alimento, tais como: indigestão,

16

excesso de condimentos e superstições (MOTARJEMI & KÄFERSTEIN, 1997). Esse

desconhecimento sobre a origem das DTAS faz com que muitos consumidores subestimem a

frequência das sérias consequências de se ingerir um alimento contaminado com micro-

organismos patogênicos (HANASHIRO, 2002).

O número de casos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs) tendo como veículo os

pescados é geralmente baixo quando comparado ao dos causados por carnes de maneira geral e

frango em particular, ovos, leite e derivados. A importância do pescado como veiculador de

patógenos depende de fatores como a dieta e a forma de preparo. No Japão, onde o peixe é

importante parte da dieta, sendo muitas vezes consumido cru, a proporção de DTAs oriunda de

pescados é maior que nos países ocidentais (HUSS; REILLY; EMBAREK, 2000). Moluscos

filtradores e peixes consumidos crus são produtos de alto risco, já que não há como fazer o

controle completo de agentes patogênicos destes produtos. O consumo de pescados que sofreram

cocção é mais seguro do ponto de vista microbiológico (HUSS; REILLY; EMBAREK, 2000).

No caso de iguarias como sushi e sashimi, preparadas manualmente, além da contaminação

do pescado, o contato direto do alimento com as mãos dos manipuladores pode levar ao aumento

da incidência de patógenos como Staphylococcus aureus (JAY, 2005). Segundo Silva Jr. (2001),

preparações muito manipuladas são consideradas de alto risco, especialmente quando elaboradas

por pessoas que não possuem treinamento adequado. Deste modo, aspectos higiênico-sanitários

devem ser controlados para um consumo seguro desses alimentos.

O presente trabalho teve como objetivo identificar e enumerar a presença de Staphylococcus

coagulase positiva em preparações a base de pescado cru (sushi e sashimi) comercializados em

três unidades de uma rede de restaurantes não especializados em culinária nipônica, dos

municípios de Niterói e Rio de Janeiro - RJ, investigando sua procedência através de uma análise

das condições higiênico-sanitárias a que esses alimentos foram submetidos, e correlacionar a

presença destes micro-organismos nos manipuladores, denominados sushimen.

17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Consumo de preparações a base de pescado cru – Culinária Japonesa

Dentre os fatores que influenciam no consumo alimentar de uma população, podemos

citar aspectos nutricionais, sociais, históricos, simbólicos, políticos e até ideológicos. Os

pescados em geral têm alcançado popularidade na mesa dos brasileiros. Atualmente a influência

da culinária japonesa tem se difundido muito, principalmente pelo consumo de sushi e sashimi

(ALCÂNTRA, 2009).

O sushi é constituído à base de arroz temperado com vinagre, açúcar e sal combinado com

pescado cru ou ainda vegetal e frutas. Já o sashimi corresponde ao peixe cru filetado em pequenas

porções. Entre os peixes mais utilizados estão o atum, o salmão e o namorado (MATTÉ et al.,

2006).

A comida japonesa está em alta no Brasil. Nos últimos quinze anos o consumo de comida

japonesa nas cidades brasileiras aumentou 400%. Este movimento tem recebido auxílio até das

churrascarias, que ultimamente, oferecem essas iguarias em seu bufê de saladas. O número de

restaurantes especializados também tem aumentado. Um dos motivos associados está a culinária

saudável com baixo teor de gorduras saturadas (CARNEIRO, 2012).

2.2 Vigilância Sanitária

Segundo a Lei n° 8.080 de 19 de setembro de 1990 (artigo 6°, § 1°) a Vigilância Sanitária

é definida por “um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de

intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente; da produção e circulação de

bens; e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo o controle de bens de consumo

que, direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde, compreendidas todas as etapas e

processo, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta

ou indiretamente com a saúde” (BRASIL, 1990).

A eficiência do órgão fiscalizador está diretamente ligada às políticas de saúde adotadas

pelos Governos Federal, Estadual e Municipal, onde as ações de vigilância sanitária têm

predominantemente caráter fiscal, e são exclusivas do Estado (VALENTE, 2001). Como um pré-

requisito para a saúde, a alimentação pode sofrer intervenção de políticas públicas com objetivo

18

de assegurar o acesso da população a alimentos de qualidade (SOUZA; PELICIONI; PEREIRA,

2003).

Em 26 de novembro de 1993, o Ministério da Saúde (MS) publicou a Portaria Federal n°

1.428 que estabeleceu diretrizes para as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e a utilização do

Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC, visando à prevenção e

controle higiênico dos alimentos (GERMANO et al, 2000).

Diante do crescimento de estabelecimentos comerciais que prestam serviços de

alimentação, o Ministério da Saúde, por meio de seu órgão regulador, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), juntamente com representantes dos diversos setores e

profissionais de estabelecimentos que prestam este tipo de serviço, definiram o conteúdo de uma

resolução aplicável em âmbito nacional, à padronização os processos envolvidos na produção de

alimentos e à fiscalização exercida pelas ações de vigilância sanitária. Assim, em 16 de setembro

de 2004 foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº

216 (BRASIL, 2004) que dispõe sobre o “Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços

de Alimentação” cujo objetivo foi estabelecer procedimentos de Boas Práticas de Fabricação para

serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento

preparado. Cabe à Vigilância Sanitária, a fiscalização deste tipo de estabelecimento no

cumprimento das legislações, garantindo a segurança do alimento comercializado.

De acordo com Silva Júnior (2014), as BPF são normas de procedimentos que tem como

objetivo, atingir um determinado Padrão de Identidade e Qualidade de um produto e/ou um

serviço na área de alimentos, cuja eficácia e efetividade deverão ser avaliadas através de inspeção

e/ou investigação. São práticas preventivas que incluem aspectos que vão desde a produção no

campo até a mesa do consumidor final, passando pela industrialização, distribuição e

comercialização (PAS, 2004).

A aplicação das BPF é de extrema importância, pois a partir destas ocorreram grandes

mudanças, tanto estruturais como comportamentais nos estabelecimentos comerciais e industriais,

entre outros seguimentos que manipulam alimentos, para promover a qualidade higiênico-

sanitária e a conformidade da produção de alimentos de acordo com a legislação vigente (RÊGO

et al, 2001).

Os itens para a elaboração do manual de boas práticas e para as diretrizes da inspeção

sanitária são: responsabilidade técnica, controle de saúde dos funcionários, controle de água para

19

o consumo, controle das matérias primas, controle integrado de pragas, visitantes, estrutura dos

estabelecimentos, higiene, manipulação e transporte (SILVA JÚNIOR, 2014).

A garantia de um alimento seguro para o consumidor pode ser avaliada através de uma

lista de verificação, também chamada de checklist após a implantação de programas de qualidade.

Este é um formulário que analisa requisitos relativos aos funcionários, instalações, saneamento,

sanitização, equipamentos, produção e controle de qualidade. A partir desta análise pode ser

realizado um levantamento dos pontos críticos e planejar ações corretivas visando à adequação de

todo o processo conforme a legislação vigente (SEIXAS et al, 2008).

2.3 Segurança dos Alimentos

Entende-se por segurança dos alimentos a aquisição, pelo consumidor, de alimentos de

boa qualidade, livre de contaminantes, ou perigos, de natureza química, biológica, física ou

quaisquer substâncias que possam causar danos à saúde (CALAÇA, 2003).

Os principais órgãos responsáveis pelo controle de qualidade dos alimentos no Brasil são:

o Ministério da Saúde (MS), Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) (CAVALLI, 2001).

Vários fatores podem contribuir para que um alimento deixe de ser seguro e torne-se um

fator de risco para a saúde humana, entre eles podemos citar matérias primas contaminadas,

instalações inadequadas, manipuladores portadores de micro-organismos patogênicos, alimentos

preparados com muita antecedência, falta de higiene de manipuladores, procedimentos de

higienização de equipamentos e utensílios deficientes, cozimento insuficiente, contaminação por

pragas e vetores e estocagem de alimentos em temperaturas inseguras. Essas situações

contribuem para que ocorram alterações nos alimentos que muitas vezes não está diretamente

relacionado com sua aparência, e sim com suas características físicas, químicas e

microbiológicas, ou seja, um alimento aparentemente bom pode estar alterado ou deteriorado.

Existem várias doenças que podem ser veiculadas pelos alimentos; muitas podem causar

problemas graves de saúde, inclusive levar ao óbito do consumidor (FERREIRA, 2006).

As doenças transmitidas por alimentos (DTAs) representam um problema de grande

importância na Saúde Pública, pois ocasionam a redução da produtividade, perdas econômicas e

afetam a confiança do consumidor. Países em desenvolvimento, como o Brasil possuem uma taxa

mais alta de incidência de DTAs quando comparados com países desenvolvidos. A gravidade da

20

doença depende da quantidade do alimento contaminado ingerido, do tipo de micro-organismo

e/ou toxina envolvida, e do estado de saúde do indivíduo acometido (BENEVIDES; LOVATTI,

2004).

No Brasil, somente alguns estados e/ou municípios dispõem de estatísticas e dados sobre a

ocorrência de surtos de DTA, agentes etiológicos mais comuns, alimentos mais frequentemente

implicados, população de maior risco e outros fatores. Porém, a maioria dos casos de DTA não

são notificados como explicado anteriormente (SANTOS, 2010). O Ministério da Saúde, por

meio das secretarias municipais de saúde, é o órgão responsável pelos registros de surtos de DTA

no país.

Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS, apud SANTOS, 2010) indicam que

foram notificados 6602 surtos de DTA no Brasil com 117300 indivíduos doentes e 64 óbitos no

período de 1999-2008. Segundo a SVS estes números estariam subestimados. Os dados

disponíveis indicam que o agente etiológico era ignorado em 51% dos surtos e o veículo

(alimento) era desconhecido em 34,3% dos surtos. De acordo com as informações disponíveis, a

maior parte dos surtos de DTA (84%) é causada por bactérias patogênicas e/ou suas toxinas,

predominando Salmonella spp. (42,9%), Staphylococcus spp. (20,2%), Bacillus cereus (6,9%),

Clostridium perfringens (4,9%), Salmonella enteritidis (4,0%), Shigella sp. (2,7%), e outros

(18,4%), seguidas por vírus (13,6%), contaminantes químicos (1,2%) e parasitos (1%).

A diarreia é um dos sintomas mais comuns da DTA, juntamente com a dor de estômago,

náusea, vômitos e febre (FORYSTHE, 2002). Cerca de 70% dos casos de doença diarreica aguda

são causados por consumo de água e/ou alimentos contaminados, segundo estimativas da

Organização Mundial de Saúde (OMS) (REUNIÃO INTERAMERICANA DE SAÚDE E

AGRICULTURA, 2003).

Registros epidemiológicos mostram que os serviços de alimentação contribuem para o

alto índice de DTA, sendo responsáveis por mais de 50% da ocorrência de surtos. (FERREIRA,

2006). Garantir a segurança dos alimentos exige a aplicação de sistemas que monitorem a

qualidade dos produtos nas etapas operacionais que vão desde a recepção e armazenamento dos

produtos até a manipulação e distribuição do alimento preparado (CALAÇA, 2003).

2.4 Higiene do ambiente, equipamentos e utensílios

As superfícies utilizadas para preparação de alimentos, como os equipamentos e

21

utensílios, podem ser focos de contaminação, principalmente se não forem higienizados

corretamente. Às superfícies como aço, vidro, polipropileno, plástico, borracha, fórmicas e ferro,

podem ocorrer agregação de resíduos orgânicos, como restos de alimentos decorrentes desta má

higienização. Esses resíduos são fonte de energia para que micro-organismos, bactérias e fungos,

permitindo a adesão e multiplicação de micróbios (ABERC, 2000).

A contaminação, multiplicação e sobrevivência microbiana no ambiente e equipamentos

devem ser controladas. A comprovação e/ou monitorização devem determinar se o nível de

higiene é aceitável para que as correções sejam realizadas em tempo necessário a fim de manter o

controle do processo. A comprovação das condições de higiene dos equipamentos deve ser

atestada após inspeção do processo de limpeza (SILVA JÚNIOR, 2014).

A limpeza aparente pode induzir ao erro e dar uma falsa sensação de segurança. É

desejável confirmar o nível de limpeza e desinfecção mediante análise microbiológica de

amostras provenientes do equipamento e do meio ambiente (SILVA JÚNIOR, 2014).

Como descrito na RDC nº 216 (BRASIL, 2004), as instalações, os equipamentos e

utensílios devem ser mantidos em condições higiênico-sanitárias apropriadas. As operações

devem ser realizadas por funcionários capacitados e com frequência de maneira a garantir

condições de higiene e minimizar o risco de contaminação do alimento. Os funcionários devem

utilizar uniformes apropriados e diferenciados dos manipuladores de alimentos.

A área de preparo dos alimentos, assim como os equipamentos e utensílios utilizados,

deve ser higienizada quantas vezes forem necessárias e imediatamente após o término do

trabalho. Os produtos sanitizantes utilizados deverão estar regularizados pelo Ministério da

Saúde. A diluição, o tempo de contato e modo de uso e/ou aplicação destes produtos, deverão

obedecer às instruções recomendadas pelo fabricante. Após utilizados, deverão ser identificados e

guardados em locais próprios (BRASIL, 2004).

Andrade, Silva e Brabes (2003) ao fazerem uma avaliação microbiológica das condições

higiênico-sanitárias dos equipamentos e utensílios de 12 restaurantes industriais localizados nas

regiões da Zona da Mata e Metalúrgica de Minas Gerais, com capacidade para produção de 1.000

a 4.000 refeições/dia, verificaram que apenas 18,6% apresentavam resultado microbiológico

condizente com higienização eficiente.

2.5 Manipuladores de alimentos

22

Para efeito da inspeção sanitária de alimentos, qualquer pessoa que entra direta ou

indiretamente em contato com substâncias alimentícias é considerado manipulador, ou seja, todas

as pessoas que estão relacionadas com o preparo, conservação e a comercialização dos alimentos

(RIEDEL, 1992).

Segundo Corrêa (2004) o manipulador é responsável por grande parte das enfermidades

transmitidas por alimentos, uma vez que seu estado de saúde e suas práticas de higiene pessoal

influenciam nas operações realizadas.

Existem várias fontes de contaminação de alimentos e vários fatores que contribuem para

aumentar a probabilidade dessa contaminação. A higiene do manipulador e de todo material que

o alimento entra em contato deve ser muito rígida e é de extrema importância para a produção

segura do produto final (TEDESCO et al, 2004).

Segundo Silva Júnior (2001), preparações muito manipuladas são consideradas de alto

risco, especialmente quando elaboradas por pessoas que não possuam treinamento adequado.

Os manipuladores de alimentos são responsáveis por até 26% dos surtos de DTA de

origem bacteriana, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde - OMS (ANDRADE;

SILVA; BRABES, 2003; COELHO et al, 2010). Em sua maioria, não possuem ou praticam

inadequadamente a higiene pessoal, e os micro-organismos se multiplicam quando ocorre

qualquer falha sanitária. Mesmo que assintomáticos, estes manipuladores podem eliminar micro-

organismos patogênicos. Aqueles com sinais de febre, diarreia, faringite ou sinusite devem ser

afastados do trabalho imediatamente para não comprometerem a segurança dos alimentos (GÓES

et al, 2001).

A saúde do manipulador é um fator muito importante, porque é pelos exames médicos e

laboratoriais realizados na contratação, que se verifica se o funcionário possui ou não alguma

patologia ou micro-organismo que pode ser transmitido pela contaminação de alimentos ao ser

humano. O exame médico de um manipulador de alimentos deve ser feito sempre que houver

uma indicação clínica ou epidemiológica. A legislação exige exames médicos periódicos, estes

incluem exame físico, de sangue e de fezes para fazer a verificação de patógenos. Outros exames

podem ser realizados como o de cultura de secreção orofaríngea e a cultura do material dos dedos

(SILVA JÚNIOR, 2014).

Com a realização destes exames, o médico poderá averiguar se o funcionário está em

condições ótimas para desenvolver a função a que foi destinado, não sofrendo os riscos de um

23

acidente de trabalho causado por uma parasitose, por uma infecção subclínica ou por qualquer

alteração que passaria despercebida sem os exames laboratoriais e a consequente avaliação

clínica do médico do trabalho (BRASIL, 2004).

Ferreira (2006) realizou uma pesquisa bibliográfica sobre a contaminação dos alimentos

ocasionada pelos manipuladores, onde foram enfocados os principais micro-organismos

envolvidos nestes episódios. Dentre estes, Staphylococcus aureus esteve envolvido com maior

frequência nos casos de contaminação dos alimentos provocada por falhas na manipulação, pois

na maioria das vezes essa contaminação ocorre por meio de ferimento nas mãos, outras lesões

purulentas ou secreções que contaminam os alimentos durante sua manipulação. Cerca de 25%

das pessoas são portadores deste micro-organismo alocado nas fossas nasais e muitas vezes os

manipuladores não têm conhecimento sobre este fato.

De acordo com a RDC nº 216 (BRASIL, 2004), os manipuladores devem lavar

cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer

interrupção do serviço, após trocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que

se fizer necessário. Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta

lavagem e sepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, incluindo

as instalações sanitárias e lavatórios. Não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar,

assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou praticar outros atos que possam

contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades. Devem usar cabelos presos e

protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o

uso de barba. As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base e durante a manipulação,

devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e maquiagem.

Os manipuladores devem ter asseio pessoal, apresentando-se com uniformes compatíveis

à atividade, conservados e limpos. Os uniformes devem ser trocados, no mínimo diariamente e

usados exclusivamente nas dependências internas do estabelecimento, devem ser de cor clara;

sem bolsos na altura da cintura; sem botões ou estes devem estar protegidos; as calças devem ser

feitas com cintos fixos ou com elástico e devem ser mantidos em bom estado e limpos. Os

sapatos devem ser de borracha ou outro material impermeável, tipo bota ou calçado semelhante,

sem aberturas. As roupas e objetos pessoais devem ser guardados em um local específico e

reservado para esse fim (BRASIL, 2004).

24

2.6 Importância do controle microbiológico nos alimentos

Os micro-organismos patogênicos estão presentes no solo, trato intestinal de animais,

entre outros ambientes, portanto é provável que as matérias-primas de origem animal e vegetal

veiculem micro-organismos patogênicos. Estes patógenos devem ser identificados e controlados a

fim de evitar surtos de DTA (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

Dentre os micro-organismos patogênicos mais importantes estão os grupos produtores de

toxinas, como, por exemplo, Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Clostridium

botulinum, Vibrio cholerae, Bacillus cereus e fungos filamentosos; e aqueles que causam

infecções como a Salmonella sp., Escherichia coli, Shigella sp., Vibrio parahaemoliticus,

Campilobacter sp., Listeria monocytogenes e Yersinia sp. (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

Quando os alimentos apresentam modificações das suas características organolépticas,

podendo apresentar sabor e odor desagradáveis, são classificados como alimentos deteriorados.

Essa deterioração é resultado da multiplicação indesejável de micro-organismos capazes de

produzir compostos voláteis durante seu metabolismo, os quais são detectados pelo olfato e

paladar humanos. Apesar de não causarem obrigatoriamente distúrbios gastrointestinais, essas

características são indesejadas pelo consumidor, sendo este um problema de qualidade e não de

segurança dos alimentos (FORSYTHE, 2013).

É importante estimar a carga microbiana na superfície das mãos de manipuladores e

alimentos, e avaliar também os efeitos dos métodos de sanitização realizados (LAGAGGIO;

FLORES; SEGABINAZI, 2002).

O controle microbiológico dos alimentos tem crescido muito, principalmente, para atender

às exigências do mercado em relação à importação e exportação, exigência de consumidores e

dos órgãos de fiscalização (RIBEIRO et al, 2005).

As bactérias patogênicas de origem alimentar são na grande maioria aeróbias mesófilas,

portanto, a análise deste grupo é indicativa da qualidade sanitária do alimento. Estes micro-

organismos crescem em condições de temperaturas de 37ºC, semelhantes a do corpo humano, os

quais encontram ambiente propício para seu crescimento nas mãos dos manipuladores e nos

alimentos (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

Segundo a ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for

Foods (1984) - o número de micro-organismos aeróbios mesófilos (contagem em placa)

encontrados em alimentos, é um dos indicadores microbiológicos de qualidade mais comumente

25

utilizados, indicando se a limpeza, a desinfecção e o controle da temperatura durante o processo

de tratamento industrial, transporte e armazenamento foram realizados de forma adequada. Esta

determinação permite também obter informações referentes às alterações incipientes dos ali-

mentos, sua provável vida de prateleira, e a falta de controle no descongelamento ou desvios na

temperatura de refrigeração adequada.

A análise microbiológica deve ser realizada criteriosamente para garantir um resultado

confiável, permitindo desta forma uma avaliação da conformidade do produto com o seu Padrão

de Identidade e Qualidade. Os produtos que não estiverem de acordo com o critério

microbiológico deverão ser reprovados e descartados (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

26

2.7 Pescado

Pescado engloba todos os animais aquáticos, marinhos ou de água doce, que são

utilizados como alimento do homem, os quais podem ser consumidos diretamente ou

aproveitados para a industrialização (PHILIPPI, 2003).

De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem

Animal do Ministério da Agricultura (RIISPOA) em seu Artigo 439, o pescado, in natura, pode

ser classificado como fresco, resfriado, ou congelado. Entende-se por "fresco" o pescado dado ao

consumo sem ter sofrido qualquer processo de conservação, a não ser a ação do gelo. O pescado

classificado como "resfriado" deve ser devidamente acondicionado em gelo e mantido em

temperatura entre -0,5ºC e -2ºC. O pescado congelado é aquele tratado por processos adequados

de congelação, em temperatura não superior a -25ºC (BRASIL, 1952).

É considerado um alimento de alta digestibilidade, mas também um dos mais perecíveis.

Desde o momento em que é retirado da água, inicia-se uma série de modificações e alterações

que podem impedir sua comercialização, tanto como alimento para ser consumido de modo

direto, quanto como matéria prima para ser industrializada (MEDEIROS, 2014).

2.8 Conservação do Pescado

Os peixes deverão ser acondicionados sob refrigeração a bordo, o mais rápido possível,

sendo aplicadas também as boas práticas de higiene para uma operação mais segura (SENAI,

2000). O processo de refrigeração, em temperaturas entre -1ºC e 10ºC, não apresenta ação

esterilizante, apenas retarda as atividades microbianas já existentes e impede o surgimento de

novos agentes deteriorantes (CORDEIRO et al, 2007).

No congelamento são utilizadas temperaturas mais baixas do que na refrigeração, assim,

inibindo o crescimento microbiano por desaceleração do processo metabólico. O pescado

conservado sob condições estéreis e a temperaturas de congelamento não se deteriora mesmo

após várias semanas de estocagem (VIEIRA, 2003).

É usual a conservação com a utilização de gelo picado misturado intimamente com o

pescado. O ideal é que este alcance temperatura de 0ºC, até sua comercialização ou que sejam

adotadas medidas destinadas a preservá-lo. Uma delas é a eliminação da cabeça, cauda,

barbatanas e a extração das vísceras para efetuar um congelamento a – 20 ºC, forma em que pode

ser comercializado (SALINAS, 2002).

27

A vida útil do pescado é determinada pelas reações enzimáticas e pelo número de espécies

de micro-organismos presentes, fatores estes dependentes de sua microbiota natural e pelo modo

de manuseio desde sua captura até a estocagem, fatores estes relacionados com as boas práticas

de manipulação. Outro fator determinante da vida útil do pescado é a temperatura de estocagem

(NEIVA, 2008).

Estudos sobre a microbiota presente na superfície de peixes mostraram que os micro-

organismos deteriorantes mais frequentes são Pseudomonas sp. (32 - 60%), Alteromonas sp. (32

a 60%), Moraxella sp. (18 a 37%) e Acinetobacter sp. (18 a 37%) (JAY, 2005; VIEIRA, 2003).

Hoffmann e colaboradores (1999), realizaram um estudo em São José do Rio Preto, SP,

onde foram coletadas 11 amostras de pescados comercializados na região, realizadas análises

microbiológicas e por fim, os resultados foram correlacionados com os padrões existentes na

legislação. Os resultados evidenciaram que 99% das amostras dos produtos foram

comercializados em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias e potencialmente capazes de

causar DTA. De acordo com os autores a maioria das amostras apresentou contagem de

Staphylococcus aureus acima do padrão estabelecido pela legislação brasileira.

2.9 Aspectos microbiológicos de pescados

Os pescados, em geral, apresentam musculatura, órgãos e liquido corporal livres de

contaminação. No entanto, as regiões de contato direto, como pele, guelras e vísceras podem

apresentar contaminação, principalmente por bactérias. A multiplicação de micro-organismo é

favorecida, principalmente pelo aumento de temperatura do ambiente marinho (OGAWA, 1999).

O pescado é um dos alimentos mais suscetíveis à degradação, principalmente pela

atividade microbiana. As alterações de sabor, odor, textura e cor indicam o nível de frescor ou

decomposição causado, principalmente, pela atividade microbiana. A velocidade de

decomposição será influenciada diretamente pelo nível de contaminação inicial e condições de

armazenamento como umidade, temperatura e atmosfera. Este último pode ser considerado ponto

crítico de controle no processo de produção de pescados (FRANCO & LANDGRAF, 2008).

A deterioração do pescado ocorre pela autólise, oxidação, atividade bacteriana ou pela

combinação destes processos. O processo de autólise ocorre devido à ação de sucos digestivos, de

natureza ácida, carregados de enzimas proteolíticas, que migram para os tecidos musculares, após

a morte. Essas enzimas atuam sobre os tecidos, provocando sua decomposição e facilitando a

28

disseminação de micro-organismos, elas ainda perfuram as vísceras, extravasando material

contaminado. A oxidação das gorduras produz alterações de aroma e/ou coloração do produto

(Jay, 2005).

O pescado possui uma microbiota natural composta por Pseudomonas, Aeromonas,

Moraxella, Shewanella, Flavobacterium, Vibrio e Micrococcus. Dentre estas, as mais importantes

na deterioração do pescado são Pseudomonas, Aeromonas, e Shewanella. Esses gêneros são

importantes não só pela sua natureza psicrotrófica, mas principalmente pela capacidade que têm

de utilizar, para o seu desenvolvimento, substâncias nitrogenadas não-proteicas. Estes compostos

são obtidos a partir das reações enzimáticas que ocorrem após a morte do pescado (Franco &

Landgraf, 2008).

Uma vez esgotados os substratos não-protéicos as bactérias metabolizam as proteínas

ocasionando alterações mais profundas, como o amolecimento dos tecidos, aumento da

concentração de compostos de odor nauseante (Franco & Landgraf, 2008).

Um dos principais pontos críticos de controle para a produção de pescados a ser

considerado, são os procedimentos adotados a bordo após a pesca, já que o número de bactérias

pós-captura pode aumentar na ordem de 105 a 10

6 bactérias/cm

2.

Dentro da cadeia produtiva do pescado existem muitas fontes de contaminação, que

modificam a microbiota original. As fontes de contaminação a se considerar são: evisceração

realizada de qualquer maneira, não resfriamento do produto imediatamente após a pesca, lavagem

inadequada, uso de equipamentos sem assepsia, transporte inadequado, manipulação humana em

mercados, peixaria (Ogawa, 1999).

Além disso, conforme mencionado anteriormente, o pescado fresco pode ser influenciado

por hábitos não higiênicos dos manipuladores, podendo comprometer a qualidade higiênico-

sanitária do alimento. O consumo de pescado in natura representa um grande risco à saúde

coletiva, por não haver as barreiras térmicas (cocção) para eliminação de micro-organismos do

alimento e assim garantir sua inocuidade. Os manipuladores precisam estar atentos às práticas de

manipulação para evitar que a contaminação externa deste produto atinja a carne (Martins, 2006;

Lima, 2010).

2.10 Staphylococcus Coagulase Positiva (SCP)

Dentro do gênero Staphylococcus são descritas 32 espécies, sendo que somente 5 delas

29

são capazes de produzir a coagulase, uma enzima extracelular que coagula o plasma sanguíneo,

sendo assim denominadas como Staphylococcus coagulase positiva (SCP) (SILVA; GANDRA,

2004).

Durante muitos anos, Staphylococcus aureus foi considerada a única espécie de seu

gênero capaz de produzir enterotoxinas e a enzima coagulase. Posteriormente as espécies

Staphylococcus hyicus e Staphylococcus intermedius também foram consideradas produtoras

sendo inclusive incriminadas em surtos de intoxicação alimentar. Devido a grande semelhança

fenotípica, a legislação brasileira foi modificada, passando a estabelecer a pesquisa e enumeração

de SCP, ao invés da enumeração de S. aureus (SILVA; GANDRA, 2004).

Os alimentos envolvidos em surtos de DTA devem, na investigação epidemiológica, ser

coletados e examinados para Staphylococcus spp. O diagnóstico deve ser feito com base em

levantamento do quadro clínico e histórico de ingestão de alimentos suspeitos, entrevistando-se

vítimas e demais pessoas envolvidas que possam deter informações relevantes, além da utilização

de técnicas laboratoriais de isolamento e identificação do micro-organismo. Resultados positivos

em doentes e no alimento confirmam o diagnóstico (FERREIRA, 2006).

De acordo com a Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003 (BRASIL, 2003) do

MAPA, a identificação de Staphylococcus coagulase positiva em alimentos consiste basicamente

em etapas de cultura em ágar Baird-Parker, seleção de colônias suspeitas e identificação destas

mediante provas bioquímicas.

A produção de coagulase é uma importante característica utilizada na identificação do S.

aureus, portanto a legislação brasileira preconiza a pesquisa de Staphylococcus coagulase

positiva (SCP) como indicativo de S. aureus. Intoxicação alimentar por estafilococos é uma

doença causada pela ingestão de alimentos contaminados com enterotoxina produzida por

bactérias deste gênero. A bactéria é considerada, para fins de análise microbiológica, com

potencial para produção de enterotoxinas em alimentos quando é considerado coagulase positiva

(BRASIL, 2001; MARTINS, 2006).

Existem testes sorológicos e moleculares para determinar a enterotoxigenicidade do S.

aureus isolado de alimentos. Métodos para separação e detecção de toxinas em alimentos têm

sido desenvolvidos e utilizados para melhorar o diagnóstico da doença. A fagotipagem pode ser

útil quando o micro-organismo viável pode ser isolado de um alimento incriminado, de vítimas e

de portadores suspeitos tais como manipuladores de alimentos. O isolamento de micro-

30

organismos de um mesmo fagotipo de fezes ou vômito de duas ou mais pessoas confirmam o

diagnóstico (FERREIRA, 2006).

Segundo Neto e colaboradores (2002) uma incidência apreciável destes micro-organismos

tem sido detectada, principalmente em produtos de origem animal submetidos à intensa

manipulação.

2.11 Staphylococcus aureus

O Staphylococcus aureus é uma bactéria esférica (cocos) que aparece aos pares no exame

microscópico, em cadeias curtas ou em cachos similares aos de uva. É Gram positiva, anaeróbia

facultativa ou aeróbia, com faixa de crescimento de 7ºC a 48ºC e crescimento ótimo em

temperatura entre 35ºC a 37ºC, caracterizando um micro-organismo mesófilo (FORSYTHE,

2002; SANTOS, 2006).

Figura 1. Staphylococcus aureus - www.hivwebstudy.org

Pode ser encontrado frequentemente em fômites ou colonizando humanos e animais, onde

pode ser encontrado na pele, narina, períneo, axilas, vagina, entre outras regiões do corpo.

Estima-se que esteja presente nas fossas nasais de 20% a 40% de humanos saudáveis,

classificando-se assim como portadores assintomáticos (KONEMAM et al, 2001). Os

manipuladores de alimentos, se portadores assintomáticos, se não seguirem corretamente as BPF,

poderão disseminar este micro-organismo durante o processo de preparo dos mesmos (SILVA;

GANDRA, 2004).

A doença não ocorre pela ingestão da bactéria em si, e sim pela ingestão de toxinas pré-

formadas no alimento, as enterotoxinas. O período de incubação é muito rápido, de 30min a 8h

após a ingestão do alimento contaminado. Os sinais clínicos são caracterizados por vômitos,

31

náuseas, diarreias brandas a intensas, salivação, sudorese e desidratação, variando com o grau de

sensibilidade do indivíduo, da concentração de enterotoxinas e da quantidade de alimento

contaminado ingerido (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

Não é uma doença fatal e a recuperação dos pacientes pode ocorrer em um ou dois dias

após o início dos sintomas. Seu diagnóstico é dificultado devido à semelhança com outras

intoxicações e toxinfecções (GERMANO; GERMANO, 2008).

Os alimentos mais envolvidos na contaminação pelo S. aureus são aqueles com elevado

teor de umidade e alta concentração de proteínas. (NASCIMENTO, 2013).

2.12 Identificação de Staphylococcus aureus em alimentos

Entre as espécies produtoras da enzima coagulase, Staphylococcus aureus é a espécie que

mais prevalece em surtos de DTA. Devido ao risco que sua presença em alimentos oferece à

saúde pública, diversos países estabeleceram como parte das ações de fiscalização sanitária de

órgãos governamentais, a obrigatoriedade de sua pesquisa (SILVA; GANDRA, 2004).

A RDC n°12 da ANVISA (BRASIL, 2001) estabelece o limite máximo de 103UFC/g de

produto para SCP em pescado fresco e para pratos prontos para o consumo a base de pescados e

similares crus, como o sushi e o sashimi o limite é de 5x10³ UFC/g.

As técnicas tradicionais de microbiologia de alimentos fundamentam-se na utilização de

testes morfológicos e bioquímicos para a identificação de gêneros e espécies. As técnicas

microbiológicas rotineiramente utilizadas são realizadas por crescimento em meios de cultura

seletivos complementadas por testes bioquímicos diferenciais, baseados em sua maioria, na

expressão de enzimas específicas, usados em conjunto com testes sorológicos (GANDRA et al,

2008).

De acordo com a Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003, do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a identificação de S. aureus em alimentos

consiste basicamente de etapas de cultivo em agar Baird-Parker, seleção de colônias suspeitas e

identificação destas mediante provas bioquímicas. No entanto, a técnica apresenta algumas

desvantagens: ser demorada e trabalhosa, pois necessita de muitos reagentes e vidrarias;

geralmente é necessário o processamento de um grande número de amostras, conforme exigência

na indústria de alimentos; além do risco de interpretações errôneas dos resultados.

Nas últimas décadas, foram desenvolvidos testes moleculares para a detecção,

32

identificação e caracterização de bactérias patogênicas em alimentos. Dentre essas, técnicas

baseadas na reação de PCR (Polymerase Chain Reaction) (BOER E BEUMER,1999;

MALORNY et al, 2003) que amplificam sequencias específicas do genoma do patógeno ou

organismo alvo. Pequenas quantidades de sequências de DNA específicas são enzimaticamente

amplificadas até que sejam obtidas milhões de cópias da sequência alvo (KONEMAM et al,

2001). O teste de PCR é rápido, sensível e inequívoco.

A rapidez na identificação de agentes etiológicos pela detecção do seu DNA, em

comparação ao método preconizado pela microbiologia convencional, torna a PCR uma

alternativa prática, além de sua alta sensibilidade e especificidade, dentre os métodos de

diagnósticos disponíveis para Staphylococcus aureus em alimentos.

Em conjunto, também podemos citar a técnica de eletroforese, pulsed field gel

eletrophoresis - PFGE, que é apropriada para separar grandes fragmentos de DNA, por meio da

reorientação do DNA em gel pela ação de campos elétricos alternados (MAGALHÃES et al,

2005). Esta técnica é reconhecida como padrão ouro para identificação de linhagens bacterianas,

como S. aureus, possibilitando uma comparação do perfil clonal das cepas isoladas de alimentos

e manipuladores, por exemplo (SHIMAMURA E MURATA, 2011).

Nos últimos anos as técnicas de biologia molecular auxiliaram muito na elucidação da

taxonomia do gênero Staphylococcus, permitindo relacionar ou comparar os resultados dos testes

fenotípicos e genotípicos. Entre esses métodos, a análise comparativa da sequência de

determinados genes de macromoléculas conservadas tem sido empregada para a classificação de

micro-organismos. Um exemplo dessas macromoléculas é o RNA ribossomal, essencial para a

sobrevivência dos organismos, e altamente conservado entre as bactérias. O sequenciamento do

gene do RNA ribossomal 16S tem sido extensivamente usado com finalidade taxonômica e

filogenética (BECKER et al, 2004) e é considerado o método de referência para a identificação

bacteriana (NOLTE & CALIENDO 2003). As sequências encontradas são comparadas com

aquelas depositadas em bancos de dados, como o do National Center for Biotechnology

Information - NCBI (BECKER et al, 2004).

2.13 Resistência a antimicrobianos

Segundo Jay (2005), os agentes antimicrobianos são substâncias de origem biológicas

e/ou sintéticas que produzem toxicidade seletiva sobre micro-organismos.

33

Os antibióticos e drogas afins, em conjunto denominados agentes antimicrobianos, são

utilizados no tratamento de doentes que sofrem de doenças infecciosas. Desde a década de 1940,

essas doenças e as mortes causadas por elas reduziram significativamente. No entanto, essas

drogas têm sido usadas tão amplamente e por tanto tempo que os organismos infecciosos estão

desenvolvendo mecanismos de adaptação a eles, tornando as drogas menos eficazes. (CDC,

2014)

A resistência aos antibióticos é a capacidade que, micro-organismos como bactérias,

vírus, fungos e parasitas, desenvolvem para resistir aos efeitos das drogas. Isso significa que esses

germes não morrem e o seu crescimento não é parado com a administração desses fármacos

(CDC, 2014).

As bactérias resistentes são mais comuns em ambientes onde os antibióticos são usados

com muita frequência, como por exemplo, em serviços de saúde, na comunidade, e na produção

de alimentos de origem animal.

Tavares (2000) descreveu que a resistência aos antimicrobianos é um fenômeno genético,

relacionado à existência de genes contidos no micro-organismo que codificam diferentes

mecanismos bioquímicos que impedem a ação das drogas. A resistência pode ser originada em

mutações que ocorrem no germe durante seu processo reprodutivo e resultam de erros de cópia na

sequencia de bases que formam o DNA cromossômico, responsáveis pelo código genético. A

outra origem da resistência é a importação dos genes causadores do fenômeno, consistindo na

resistência transferível. Esta resistência faz-se através dos mecanismos de transdução,

transformação e conjugação e, frequentemente, envolve genes situados em plasmídeos e

transposons.

O gênero Staphylococcus é de grande importância devido a sua alta prevalência em

infecções hospitalares e por apresentar taxas elevadas de resistência a oxacilina e a outros

antimicrobianos (KAISER et al, 2010).

No Brasil, S. aureus mostram-se resistentes à penicilina G, ampicilina e amoxicilina em

mais de 70% das cepas isoladas, seja em ambiente hospitalar ou na comunidade, não sendo mais

indicado o uso destes antimicrobianos para o tratamento de infecções estafilocóccicas, mesmo

que benignas e mesmo que procedam do ambiente extra-hospitalar (FARIAS et al, 1997; JAY,

2005; TAVARES, 2000).

Os esforços para prevenir infecções resistentes incluem imunização, controle de infecção,

34

uso controlado de antibióticos, ou seja, boas práticas na prescrição, reduzir a disseminação de

uma pessoa para outra, e proteger o abastecimento de alimentos.

Micro-organismos resistentes a antimicrobianos são motivo de preocupação para

autoridades sanitárias e pesquisadores em todo o mundo, principalmente no que tange a elevada

ocorrência de S. aureus resistente a meticilina (MRSA) A presença destes patógenos em

alimentos possui impacto direto sobre a clínica médica humana, especificamente nas medidas

terapêuticas adotadas em pacientes vítimas de doenças transmitidas por alimentos.

Uma vez que manipuladores de alimentos podem atuar como reservatório desse micro-

organismo, torna-se importante avaliar o risco de transmissão de cepas com o perfil genético de

resistência para os alimentos (CERQUEIRA, 2013). Deve ser considerado ainda, que patógenos

multirresistentes podem agir como disseminadores de genes de resistência a antimicrobianos para

outros micro-organismos susceptíveis, e assim ajudar na transferência de genes para bactérias de

microbiotas humanas e de outros animais (PRICE, 2007).

35

3. JUSTIFICATIVA

O conhecimento de que o consumo de alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados e

com baixos níveis de colesterol reduz o risco de doenças cardíacas está alterando os hábitos

alimentares da população, fazendo com que os consumidores prefiram as carnes brancas, magras,

e assim contribuindo para aumentar o consumo de peixes e derivados. Aliado a isto, nas últimas

décadas, o mundo tem presenciado um acelerado processo de globalização dos costumes e

hábitos alimentares. Houve uma rápida difusão e aceitação de alimentos como o sushi e o

sashimi, no qual esses pratos à base de pescado cru, que em pouco tempo tornaram-se sinônimo

de “comida saudável”.

No entanto, já existe uma preocupação dos órgãos reguladores e fiscalizadores ligados à

saúde pública com o crescente consumo desse tipo de alimento, principalmente, pelo fato de ser

um produto altamente perecível, ser consumido “in natura” e, principalmente, por necessitar de

maior rigor na implementação e manutenção de condições higiênico-sanitárias adequadas para

sua preparação e conservação (VIEIRA et al, 2007).

A segurança alimentar, no que concerne à qualidade do alimento ingerido, precisa ser

garantida nas preparações de peixe cru, como sushi e sashimi, como preconiza a legislação

brasileira vigente. Além disso, resultados de análises, com rigor científico e metodológico,

poderão alertar os responsáveis pela vigilância em saúde. Da mesma maneira, os consumidores

devem ser avisados sobre os riscos de DTAs associados ao consumo desses alimentos quando

não preparados de forma adequada.

Os resultados e conclusões deste estudo poderão contribuir para a criação de normas

específicas para o preparo adequado destas iguarias, possibilitando assim, melhor norteamento

para estabelecimentos comercializadores e consumidores.

36

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

A proposta deste estudo visou avaliar a qualidade microbiológica quanto à presença de

Staphylococcus aureus em preparações à base de pescado cru, sushi e sashimi, comercializados

em três unidades de uma rede de restaurantes não especializados em culinária nipônica dos

municípios de Niterói e Rio de Janeiro - RJ. Os estabelecimentos comerciais também foram

avaliados quanto às condições higiênico-sanitárias a que esses alimentos foram submetidos,

desde a aquisição da matéria-prima até a sua disponibilização para consumo.

4.2 Objetivos específicos

- Analisar e enumerar Staphylococcus coagulase positiva em amostras de sushi e sashimi

coletadas em três estabelecimentos comerciais do tipo self-service, não especializados na

culinária nipônica, nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro - RJ.

- Identificar as cepas de S. aureus entre as colônias típicas e não-tipicas coagulase

positivas isoladas a partir do pescado cru isoladas por técnicas microbiológicas convencionais,

por testes de PCR.

- Pesquisar a presença de cepas de S. aureus em manipuladores de alimentos (sushimen)

naqueles restaurantes onde forem encontradas amostras contaminadas.

- Identificar as colônias por sequenciamento parcial do gene rDNA 16S.

- Analisar a influencia dos manipuladores de alimento (sushimen) na qualidade

microbiológica das preparações de sushi e sashimi, através da avaliação do perfil clonal de

linhagens de S. aureus presentes no pescado em comparação às linhagens presentes na mão e

fossas nasofaringeana e orofaringeana dos manipuladores, por eletroforese em campo pulsado

(Pulsed-field gel electrophoresis – PFGE).

- Avaliar as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos durante as diferentes

etapas do processamento do alimento - desde a aquisição da matéria-prima, armazenamento, pré-

preparo, preparo, manutenção e distribuição para consumo – através da aplicação de uma lista de

verificação das Boas Práticas de Fabricação (checklist) elaborada de acordo com os itens da RDC

nº 216 de 15 de setembro de 2004 - ANVISA.

37

5. MATERIAL E MÉTODO

5.1 Desenho experimental

Para esse estudo foram coletas amostras de pescado no período de setembro de 2013 a

fevereiro de 2014, em três restaurantes do tipo self-service, localizados nos municípios do Rio de

Janeiro e Niterói. Foram coletadas, de forma asséptica, 31 amostras no total, sendo 11 amostras do

restaurante 1 (R1), 10 amostras dos restaurantes 2 e 3 respectivamente (R2) e (R3). Essas amostras

foram provenientes de 3 tipos de peixe: salmão (Salmo salar), atum (Thunnus sp.) e namorado

(Pseudopercis numida); e divididas em dois grupos: a) produto final - sushi e sashimi antes de sua

exposição à venda; b) pescado adquirido inteiro (matéria-prima) ou na forma de filé. Também foram

coletadas amostras provenientes das mãos e fossas nasofaringeana e orofaringeana dos manipuladores

deste alimento, com auxílio de swabs estéreis que posteriormente foram incluídas em meio de

transporte Stuart. Todas as amostras foram mantidas sob refrigeração até o momento das análises

microbiológicas.

5.2 Análise microbiológica e isolamento de SCP em preparados a base de peixe cru (sushi e

sashimi) e manipuladores

As análises microbiológicas foram realizadas segundo a Instrução Normativa nº 62, de 26 de

agosto de 2003 (BRASIL, 2003) do MAPA. Para isso, 25 g de cada amostra foram adicionadas a 225

mL de solução salina peptonada 0,1% e levadas ao homogeneizador de alimentos Stomacher®

(Seward Stomacher® 400 circulator, West Sussex, Reino Unido), a 220 rpm durante 2 min. Foram

efetuadas cinco diluições seriadas a partir desta primeira e 0,1 ml de cada diluição inoculada em ágar

Baird-Parker. As placas foram incubadas a 36 ± 1ºC por 30 a 48h. Para cada amostra, uma placa

contendo entre 20-200 colônias foi selecionada e as contagens de colônias típicas e atípicas foram

registradas separadamente. Em seguida foram selecionadas de três a cinco colônias de cada tipo:

típicas (T) e atípicas (A), e semeadas em tubos contendo caldo cérebro-coração (BHI), para

confirmação, e incubadas a 36 ± 1ºC por 24h. A partir da cultura pura em BHI foram realizadas as

seguintes provas complementares e confirmativas:

- Prova da coagulase: foi transferido 0,3 ml de cada tubo de cultivo em BHI para tubos estéreis

contendo 0,3 ml de plasma de coelho e incubados a 36 ± 1ºC por 6h, onde foi observada a presença ou

não de coágulos.

- Coloração de Gram: foram preparados os esfregaços das colônias e em seguida corados pelo

38

método de Gram. A ausência de cocos Gram positivos indica teste negativo para Staphylococcus

aureus. A presença de cocos Gram positivos indica a necessidade da realização de testes

complementares.

- Prova da catalase: com o auxílio de alça de platina, bastão de vidro, palito de madeira ou

pipeta de Pasteur, estéreis, foi retirado uma alíquota do cultivo em ágar-estoque e transferido para

uma lâmina ou placa de vidro contendo uma gota de peróxido de hidrogênio a 3%, misturando o

inoculo ao peróxido. A não formação de borbulhas foi considerada prova negativa para catalase,

sendo que Staphylococcus aureus é catalase positiva.

Os mesmos testes foram efetuados para as amostras provenientes de swabs de mãos e fossas

nasofaringeana e orofaringeana dos manipuladores.

5.3 Testes de PCR para identificação dos isolados

Testes de PCR foram utilizados para identificação das cepas de S. aureus. A liberação do

DNA foi realizada por lise térmica, no qual foi utilizado 100µL de TE (Tris 15 mM e EDTA 0,1 mM)

conforme descrito por Dias e colaboradores (2008).

A presença do gene femA foi usada como critério de classificação, no qual foi utilizado o

seguinte par de primer: femAf (5’ AAA AAA GCA CAT AAC AAG CG 3’) e femAr (5’ GAT AAA

GAA GAA ACC AGC AG 3’), de acordo com Mehrotra e colaboradores (2000).

Foram gerados amplicons de 132 pb com desnaturação inicial a 94ºC/5min, seguido de 35

ciclos (desnaturação a 94°C/2min, anelamento a 55ºC/30s e extensão a 72ºC/1min) e extensão final de

72ºC/7min. As amplificações foram realizadas em termociclador MyCycler Thermal Cycler (Bio Rad,

Hercules, CA, USA).

A visualização desses amplicons foi realizada em fotodocumentador Mini Lumi® (TelAvive,

Israel CA) após corrida eletroforética em gel de agarose a 2% (100V, 200 mA por 80min) corado com

GelRed (Biotium®, Califórnia, USA).

5.4 Identificação dos isolados por sequenciamento parcial do gene 16S rDNA

Cepas de SCP que não foram amplificadas pelo gene femA foram submetidas ao

sequenciamento da região V5 do gene 16SrDNA. As condições da PCR foram realizadas conforme

descrito por Lee e colaboradores (2007) que amplificavam um fragmento de 240 pb. Os pares de

primer utilizados foram: 16SrDNAf (5'- CCG CCT GGG GAG TAC G 3') e 16SrDNAr (5'- AAG

39

GGT TGC GCT CGT TGC -3'), desnaturação inicial a 94ºC/3min, seguido de 35 ciclos (desnaturação

a 94°C/1min, anelamento a 55ºC/1min e extensão a 72ºC/1min) e extensão final de 72ºC/5min.

Os produtos obtidos foram purificados com kit de purificação (illustra™ GFX™ PCR DNA

and Gel Band Purification Kit) (GE Healthcare, Buckinghamshire, Reino Unido). Os produtos de

PCR foram sequenciados utilizando 20ng de DNA purificado e 13µl dos pares de primer, num

volume final de 20µl (Applied Biosystems, CA, EUA). Após a amplificação, os produtos foram

purificados de acordo com o protocolo do kit BigDye Terminator Purificação X™ (Applied

Biosystems, CA, EUA) e sequenciados num sequenciador de 3130 Genetic Analyzer (Applied

Biosystems, CA, EUA). Sequências produzidas foram editadas com o software Bio Edit v.7.2.5

(http://www.mbio.ncsu.edu/bioedit/bioedit.html).

Posteriormente as sequências resultantes foram comparadas com sequências bacterianas

depositadas na base de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI/BLAST).

5.5 Comparação do perfil clonal de S. aureus por Pulsed Field Gel Electrophoresis (PFGE)

Colônias de S. aureus cultivadas em ágar Baird-Parker e identificadas pelas provas bioquímicas e

pela PCR do gene femA foram embebidas em agarose de baixo ponto de fusão. A parede celular

bacteriana foi lisada com lisostafina e, após tratamento com proteinase K, submetida a lavagens com

tampão Tris-EDTA. Posteriormente o DNA foi digerido com endonuclease de restrição SmaI como

previamente descrito por Vivoni e colaboradores (2005). Os fragmentos foram separados por

eletroforese em campo pulsado, em gel de agarose a 1,2% em TBE 0,5x, no equipamento CHEF

DRIII system (Bio-Rad Laboratories, CA, USA), utilizando as seguintes condições: tempo inicial de

1s, tempo final de 35s por 21h, a 6V/cm. Após a corrida, os géis foram corados em solução 0,5 μg/mL

de brometo de etídio e documentados em transluminador MiniLumi Bio-Imaging (BioAmerica®

Califórnia, USA) e analisados com o software BioNumerics (Applied Maths, Kortrijk , Bélgica). O

padrão de referência S. aureus NCTC 8325 foi incluído na primeira e na última raia de cada gel. A

semelhança de padrões de bandas foi avaliada por meio do coeficiente de Dice e o dendograma foi

construído com base nos percentuais de similaridade que foi gerado pelo método UPGMA

(Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean). Os isolados que apresentaram coeficiente de

similaridade ≥ 80% foram considerados do mesmo genótipo e a interpretação visual foi realizada

usando o critério de Van Belkum e colaboradores (2007).

40

5.6 Teste de suscetibilidade dos isolados a agentes antimicrobianos (TSA)

Alíquotas de cultivo dos isolados, equivalente a 0,5 unidades McFarland, foram plaqueadas

em meio agar Muller Hinton com uso de swab estéril. Inoculou-se o cultivo líquido, em toda a

superfície do meio, em pelo menos três sentidos, girando a placa após cada espalhamento. Então,

foram colocados cuidadosa e assepticamente os discos contendo os agentes antimicrobianos sobre a

placa, com auxílio de pinça previamente esterilizada.

Os antibióticos utilizados para o teste foram clindamicina (2g), cefoxitina (30g),

rifampicina (5g), eritromicina (15g), tetraciclina (30g), vancomicina (30g), ciprofloxacina

(5g), cloranfenicol (30g), linezolida (30g) e cefepime (30g).

As placas com os polidiscos foram incubadas a 37ºC por 18h. Após este período, os halos de

inibição foram mensurados com auxílio de um halômetro. A interpretação do teste foi baseada na

tabela que determina as medidas padrões dos halos de inibição para cada agente antimicrobiano,

segundo a classificação: resistente, intermediário e sensível, de acordo com orientações do CLSI

(NCCLS, 2015).

5.7 Avaliação dos restaurantes estudados quanto aos critérios de Boas Práticas na

Manipulação dos Alimentos

Os critérios de Boas Práticas de Fabricação adotados em cada restaurante foram avaliados

através de uma lista de verificação (Anexo 1) elaborada de acordo com a RDC 216 de 15 de setembro

de 2004, da ANVISA, a qual estabelece o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de

Alimentação. Foram avaliados itens relacionados à edificações e instalações; higienização; controle

integrado de pragas; abastecimento de água; manejo de resíduos; manipuladores de alimentos;

matérias primas e embalagens; preparação do alimento; armazenamento e transporte; exposição ao

consumo; documentação, registros e responsabilidade técnica.

Os restaurantes foram classificados em três grupos de acordo com o percentual de adequação

obtido utilizando a metodologia adotada por Saccol e colaboradores (2013): Grupo 1 entre 76-100%

de adequação; Grupo 2 entre 51-75% de adequação e Grupo 3 entre 0- 50% de adequação.

5.8 Análise de dados

A análise dos dados foi feita por uma planilha eletrônica usando o Excel (MicrosftTM

Inc) e

Epi Info 7. Os dados obtidos pelo sequenciamento e PFGE foram analisados utilizando o software

Bionumerics 2014.

41

5.9 Aspectos éticos

Previamente ao início dos experimentos, o projeto em questão foi submetido e aprovado pelo

comitê de ética da Universidade Federal do Rio de Janeiro sob n° 353.290, visto que as análises

envolvem seres humanos (manipuladores de alimentos) e dependem da aprovação e emissão de um

termo de consentimento que foi assinado pelo responsável de cada estabelecimento e por cada

manipulador participante.

42

6. RESULTADOS

6.1 Análise microbiológica do pescado in natura, preparados a base de peixe cru (sushi e

sashimi) e manipuladores

A análise da avaliação microbiológica do pescado in natura e suas preparações demonstrou

que em todas (100%) as amostras de pescado provenientes dos 03 estabelecimentos (R1, R2 e R3) foi

detectada a presença de Staphylococcus coagulase positiva (SCP). Destas, 29% (9/31) apresentaram

contagem de patógenos acima do valor estabelecido pela legislação brasileira - RDC n°12 (BRASIL,

2001), que tem como limite máximo 5x103 UFC/g, como mostrado na Tabela 1.

Tabela 1. Valores mínimos e máximos em UFC/g, de Staphylococcus coagulase positiva (SCP)

encontradas em amostras de peixes, filés e preparados (sushi e sashimi) de salmão, atum e

namorado, coletados em três restaurantes (R1, R2, R3) dos municípios do Rio de Janeiro e

Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

Restaurante

Número

de

amostras

Valores mínimos e

máximos (UFC/g)

SCP

nº e % de

amostras

reprovadas

R1 11 0,3x10² - 1,1 x 104 3 (27%)

R2 10 9,0x10² - 2,2 x 10³ 0

R3 10 9,0x10² - 14,1 x 10³ 6 (60%)

Total 31 - 9 (29%)

As contagens médias de SCP nas amostras de pescado matéria prima, filé e preparado de

sushi e sashimi, de todos os estabelecimentos estudados foram, respectivamente, de: 4,22x10³

UFC/g; 2,59x10³ UFC/g; 4,62x10³ UFC/g; e 3,94x10³ UFC/g. Foi identificado em matéria-prima

(namorado in natura) contagem de SCP acima do estabelecido pela legislação para alimento

consumido cru.

Foram analisadas um total de 9 amostras de atum (Thunnus sp.), 10 amostras de namorado

(Pseudopercis numida) e 12 amostras de salmão (Salmo salar). Os seguintes percentuais de

reprovação foram observados: 66,7% (6/9) das amostras de atum, 40% (4/10) de namorado e

50% (6/12) de salmão, apresentando contagens de SCP acima do limite estabelecido pela

43

legislação. Os resultados específicos por tipo de amostra estão descritos nas tabelas 2, 3 e 4.

Tabela 2. Análises microbiológicas (UFC/g), de Staphylococcus coagulase positiva em amostras

de filé e preparados (sushi e sashimi) de atum (Thunnus sp.), coletados em três restaurantes dos

municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

Amostra e

nº de amostras (N)

Valores mínimos e

máximos (UFC/g)

nº e % de Amostras

reprovadas

Atum filé – AF (3) 1,1 x 10³ - 7,8 X 10³ 3 (100%)

Atum sushi – AS (3) 1,0 x 10³ - 14,1 x 10³ 1 (33,3%)

Atum sashimi – ASSM (3) 0,6 x 10³ - 11,4 x 10³ 2 (66,7%)

Total (9) - 6 (66,7%)

Tabela 3. Análises microbiológicas (UFC/g de alimento), de Staphylococcus coagulase positiva

em amostras de matéria-prima, filé e preparados (sushi e sashimi) de namorado (Pseudopercis

numda), coletados em três restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de

setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

Amostra e

nº de amostras (N)

Valores mínimos e

máximos (UFC/g)

nº e % de amostras

reprovadas

Namorado matéria prima – NMP (1) 8,0 x 10³ 1 (100%)

Namorado filé – NF (3) 0,3 x 10³ - 4,4 x 10³ 1 (33,3%)

Namorado sushi – NS (3) 0,5 x 10³ - 4,8 x 10³ 1 (33,3%)

Namorado sashimi – NSSM (3) 0,1 x 10³ - 6,4 x 10³ 1 (33,3%)

Total (10) - 4 (40%)

44

Tabela 4. Análises microbiológicas (UFC/g de alimento), de Staphylococcus coagulase positiva

em amostras de matéria-prima, filé e preparados (sushi e sashimi) de salmão (Salmo salar),

coletados em três restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de

setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

Amostra e

nº de amostras (N)

Valores mínimos e

máximos (UFC/g)

nº e % de Amostras

reprovadas

Salmão matéria prima – SMP (3) 0,1x 10³ - 0,9 x 10³ 0

Salmão filé – SF (3) 0,1 x 10³ - 6,5 x 10³ 1 (33,33%)

Salmão sushi – SS (3) 0,4 x 10³ - 11,1 x 10³ 2 (66,66%)

Salmão sashimi-SSSM (3) 1,3 x 10³ - 6,4 x 10³ 3 (100%)

Total (12) - 6 (50%)

Não foi observado contagem de SCP acima do estabelecido pela legislação para a matéria

prima de salmão. No entanto, todos os estabelecimentos trabalham com a matéria-prima de atum

já filetada, ou seja, previamente manipulada pelo fornecedor. Para esse pescado, foi observado

contagens de SCP acima do limite estabelecido para alimentos consumidos crus em todas as

amostras analisadas.

Quanto aos manipuladores, foram coletadas amostras de mãos, fossas nasais e

orofaringeanas de 6 manipuladores, sendo 3 funcionários do R1, 2 do R2 e 1 do R3. Foram

obtidas 30 colônias de manipuladores com características morfológicas típicas de SCP, com 17

colônias confirmadas (57%). O estabelecimento que apresentou maior percentual (77%) de

colônias de SCP confirmadas foi o R1, apresentando também contagens elevadas de SCP em

amostras de alimentos. Esses resultados podem ser observados nas tabelas 5 e 6.

45

Tabela 5. Análise microbiológica de amostras coletadas de manipuladores quanto a presença de

Staphylococcus coagulase positiva por estabelecimento estudado, no período de setembro de

2013 a fevereiro de 2014 (nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói).

Restaurante Amostras coletadas em

manipuladores (N)

Nº de amostras onde foi

detectado presença de SCP (n)

R1 13 10 (77%)

R2 13 5 (38%)

R3 4 2 (50%)

TOTAL 30 17 (57%)

Dentre as amostras de manipuladores analisadas nos três estabelecimentos, foi detectado

maior percentual de SCP no restaurante R1, com presença em 77% (10/13) das amostras

analisadas (Tabela 5).

Quanto aos resultados de isolamento por região anatômica dos manipuladores de

alimentos, observou-se maior presença de SCP nas mãos dos manipuladores, com 92% (11/12)

das amostras confirmadas. A cavidade orofaringeana apresentou maior ocorrência (67%) do que a

cavidade nasofaringeana (17%) (Tabela 6).

Tabela 6. Análise microbiológica de amostras coletadas de manipuladores quanto a presença de

Staphylococcus coagulase positiva de nasofaringe, orofaringe e mãos dos manipuladores de três

restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a

fevereiro de 2014.

Região anatômica do corpo dos

manipuladores

Amostras coletadas

(N)

Nº de amostras onde foi

detectado presença de

SCP (n)

Cavidade nasofaringeana 12 2 (17%)

Cavidade orofaringeana 6 4 (67%)

Mãos 12 11 (92%)

TOTAL 30 17 (57%)

46

6.2 Identificação dos microrganismos isolados por técnicas moleculares

6.2.1 Baseadas em PCR

Entre as 31 amostras provenientes de pescado e 17 de manipuladores nas quais foram

identificadas SCP pela microbiologia convencional, 12 foram confirmadas como S. aureus

através da PCR, sendo sete (58%) isoladas de manipuladores e cinco (42%) provenientes de

alimentos (Figura 2).

Figura 2. Identificação de S. aureus em amostras de preparados de peixe cru e manipuladores de três

restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de

2014.

6.2.2 Baseadas no sequenciamento parcial do gene 16S rDNA

Os isolados que não apresentaram o produto amplificado para o femA foram sequenciados

e os resultados estão descritos na tabela 7. Outro estudo em paralelo, avaliou presença de

Salmonella sp. e Listéria sp. (gene invA e hly) nas mesmas amostras e a identificação dos

isolados com resultados negativos também foi realizada por sequenciamento do gene 16SrDNA

(Lopes, 2015).

A técnica de sequenciamento não obteve uma identificação satisfatória em seis dos

isolados bacterianos. Dentre as bactérias identificadas, 25 isolados (42,4%) eram Gram negativos

M (+) (-) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

A PCR foi realizada com primers específicos para o gene femA. M:

marcador de tamanho de fragmento de 100 pb; (+): controle positivo

(DNA de S. aureus - ATCC 29213); (-): controle negativo (DNA de E.

coli).1 a 12: amostras de filé, sushi, sashimi e manipuladores coletadas em

3 restaurantes (em Niterói e no Rio de Janeiro). Os fragmentos de 240pb

são específicos de S. aureus.

47

e 34 isolados (57,6%) Gram positivos. Dentre os grupos de bactérias Gram negativas houve

maior prevalência de membros da família Enterobacteriaceae, com 22 cepas identificadas (88%).

Os demais, três isolados (12%) Gram-negativos foram identificadas como Pseudomonas

aeroginosa, Pseudomonas mendocina e Citrobacter freundii. Oito isolados (36,4%) foram

identificados como Klebsiela pneumonae. Em relação ao gênero Enterobacter sp., 8 isolados

também foram identificadas como Enterobacter clocae. Foram também identificados três

isolados de Serratia sp. (13,7%), além de um isolado identificado como Hafnia alvei (4.5%); 1

isolado, Providencia alcalifaciens (4,5%) e um como Proteus peneri (4,5%).

Dos 34 isolados Gram positivas, 12 foram inicialmente identificadas por provas

bioquímicas como SCP e não expressaram o gene femA. Destes, 6 (17,6%) foram identificados

como Staphylococcus sp. e 6 isolados como sendo bactérias filogeneticamente relacionadas ao

gênero Staphylococcus sp. (17,6%). Em relação aos isolados classificados bioquimicamente

como Staphylococcus coagulase negativa (SCN), 8 isolados foram identificadas como S.

epidermidis (23,5%) sendo que todos provenientes das mãos de manipuladores. Staphylococcus

epidermidis é o mais frequente dos SCN presentes em superfícies epiteliais humanas (Kloos,

1975).

Foram também identificados 11 isolados do gênero Enterococcus sp. (32,5%), sendo que

destes, 8 isolados eram da espécie Enterococcus faecalis.

48

Tabela 7. Identificação de isolados bacterianos por sequenciamento parcial do 16S rDNA.

Nº de

isolados Micro-organismo identificado

Nº de

isolados Micro-organismo identificado

1 Carnobacterium maltaromaticum KM409659.1 1 Kocuria kristinae JX861555.1

1 Carnobacterium maltaromaticum KJ124183.1 2 Kocuria rhizophila KM522854.1

1 Citrobacter freundii KM406465.1 2 Kocuria rosea LN714836.1

3 Enterobacter cloacae KC764978.1 1 Macrococcus caseolyticus EF032671.1

1 Enterobacter cloacae KC920586.1 1 Proteus peneri KC764983.1

1 Enterobacter cloacae FJ605381.1 1 Providencia alcalifaciens HQ407246.1

2 Enterobacter cloacae CP010377.1 1 Pseudomonas aeruginosa HF572851.1

1 Enterobacter cloacae CP010384 1 Pseudomonas mendocina KF886277.1

1 Enterococcus casseliflavus KJ803874.1 1 Serratia liquefaciens DQ530081.1

1 Enterococcus faecalis KP090135.1 1 Serratia liquefaciens- FJ811866.1

1 Enterococcus faecalis KF826013.1 1 Serratia marcescens JF441244.1

2 Enterococcus faecalis HQ259951.1 2 Staphylococcus aureus KP224306.1*

1 Enterococcus faecalis KP120832.1 1 Staphylococcus aureus KJ725089.1*

1 Enterococcus faecalis EU708623.1 1 Staphylococcus devriesei JX966457.1

1 Enterococcus faecalis KJ585672.1 2 Staphylococcus epidermidis FJ613567.1

1 Enterococcus faecalis KF709388.1 2 Staphylococcus epidermidis KM874438.1

2 Enterococcus thailandicus NR044160.1 3 Staphylococcus epidermidis KP004919.1

1 Hafnia alvei JX267126.1 1 Staphylococcus epidermidis KC634094.1

1 Klebsiella pneumoniae CP010361.1 1 Staphylococcus haemolyticus KM652207.1

1 Klebsiella pneumoniae GU128173.1 2 Staphylococcus saprophyticus KJ540934.1

1 Klebsiella pneumoniae KC434996 1 Vagococcus fluvialis JX026018.1

1 Klebsiella pneumoniae LN624806.2

2 Klebsiella pneumoniae HQ259959.1

1 Klebsiella pneumoniae JQ838155.1

6.3 Comparação do perfil clonal de S. aureus por PFGE

Quinze isolados identificados pelos métodos moleculares baseados na amplificação do

DNA, 12 pelo teste de PCR e 3 confirmadas pelo sequenciamento parcial do gene rDNA 16S

como S. aureus, foram tipificadas por PFGE, sendo oito destes isolados provenientes de

manipuladores e sete provenientes de amostras de pescado.

Conforme demonstrado na figura 3, o genótipo A agrupou cinco amostras distribuídas em

três perfis diferentes (A1, A2 e A3), apresentando >80% de similaridade. Três das amostras com

49

perfil A1 foram coletadas da mão de manipuladores do R1 e R3, apresentando-se idênticas à cepa

de referência S. aureus ATCC 29213. Além disso, do manipulador do R3 foi coletada uma

amostra de fossa orofaringeana (A2) que apresentou apenas uma banda de diferença da amostra

coletada da mão. A amostra relacionada ao pulsotipo A3, foi isolada de pescado.

Ao analisar o genótipo B, observou-se 3 amostras idênticas (B1) isoladas do mesmo

restaurante (R1), uma proveniente da mão de um manipulador e as demais provenientes de

alimentos manipulados por ele (sushi de atum e filé de namorado) com perfis idênticos (figura 2).

Este resultado sugere que cepas de S. aureus provenientes da mão do manipulador estão sendo

transferidas para os alimentos.

Figura 3. Dendograma de distribuição dos perfis clonais e resistência a antimicrobianos observados entre

S. aureus isolados de preparações a base de peixe cru (sashimi e shushi) e manipuladores em restaurantes

(R1, R2 e R3) dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de

2014.

* Perfis de fragmentação do DNA cromossômico, chamados pulsotipos (PT) agrupados em 10 genótipos (A - J).

** Antimicrobianos testados : CLI – clindamicina/ CFX – cefoxitina/ RIF – rifampicina/ ERI – eritromicina/ TET

– tetraciclina/ VAN – vancomicina/ CIP – ciprofloxacina/ CLO – cloranfenicol/ LIN – linezolida/CPM – cefepime

R: resitente oxacilina (CLSI, 2015)

50

6.4 Teste de suscetibilidade a substâncias antimicrobianas (TSA)

Como foi mostrado na Figura 2, não foi observado resistência à tetraciclina, ciprofloxacina,

linezolida e vancomicina em nenhum dos isolados de S. aureus testados. Foi observado que

13,3% (2/15) dos isolados apresentaram resistência para os antibióticos clindamicina, cefepime e

rifampicina. Para os antimicrobianos cloranfenicol e eritromicina, 20% (3/15) das amostras

apresentaram resistência. A cepa isolada da mão do manipulador do R3 apresentou resistência a

cefoxitina, sendo confirmada como MRSA através do teste de concentração inibitória mínima

(MIC).

6.5 Avaliação de critérios de Boas Práticas na Manipulação dos Alimentos

Em relação à avaliação das Boas Práticas de Manipulação de Alimentos, realizada através do

preenchimento de uma lista de verificação no momento da coleta das amostras, os restaurantes

R1 e R3 apresentaram 59% (84/143) e 62% (87/143) de conformidade, respectivamente. Foram

classificados no Grupo 2, com adequação entre 51 e 75%, demonstrando falhas nas condições

higiênico-sanitárias. O estabelecimento R2 apresentou 82% (116/143) de conformidade, sendo

classificado no Grupo 1, por apresentar adequação superior a 76%. O estabelecimento R2 foi

considerado como em condições higiênico-sanitárias satisfatórias por atingir um percentual

mínimo de 80% de conformidades. Nas figuras 4, 5 e 6 pode-se visualizar a distribuição dos

percentuais de adequação de cada estabelecimento de acordo com os itens da RDC 216

(ANVISA).

51

Figura 4. Avaliação da adequação das condições higiênico-sanitárias do estabelecimento R1 de acordo

com os itens de BPF estabelecidos pela RDC 216 - ANVISA.

Figura 5. Avaliação da adequação das condições higiênico-sanitárias do estabelecimento R2 de acordo

com os itens de BPF estabelecidos pela RDC 216 - ANVISA.

52

Figura 6. Avaliação da adequação das condições higiênico-sanitárias do estabelecimento R3 de acordo

com os itens de BPF estabelecidos pela RDC 216 - ANVISA.

Observou-se que os itens “responsabilidade técnica” e “abastecimento de água”

apresentaram 100% de conformidade em todos os estabelecimentos. Todos os demais itens

apresentaram não conformidades.

Como pode ser observado na figura 6, o estabelecimento que atingiu melhor qualidade

microbiológica (contagem total de SCP) nos alimentos, foi o estabelecimento R2, que também

apresentou maior percentual de conformidades, ou seja, critérios higiênico-sanitários melhor

controlados.

53

Figura 7. Relação entre as amostras reprovadas quanto aos limites estabelecidos pela RDC 12 – ANVISA

e percentual de adequação das Boas Práticas definidas pela RDC 216 – ANVISA.

54

7. DISCUSSÃO

Dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE, 2010), referentes

ao período 2008 e 2009 mostraram que a aquisição domiciliar média per capita de pescado no

Brasil foi estimada em 4 kg/ano. Segundo dados do governo federal brasileiro durante o período

de 2012 e 2013, o consumo de pescado no país aumentou 25% (Portal Brasil, 2014). Esse

aumento foi observado sobretudo na região sudeste do pais, com destaque ao estado do Rio de

Janeiro, o qual apresentou um consumo de pescado de 5,5 kg/ano (IBGE, 2011). De acordo com

um estudo retrospectivo realizado entre o período de 1996 a 2009, a população da região

metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) apresentou um crescimento de 14,15%, assim como foi

observado neste período que o consumo de pescado aumentou mais que proporcionalmente

atingindo 28,84% (INFOPESCA, 2009).

A disseminação da culinária japonesa no habito alimentar brasileiro tem contribuído

fortemente para alavancar o consumo de pescado no país (Santos, 2006). Da mesma forma que

tem crescido o número de estabelecimentos comerciais interessados em servir este tipo de

iguaria, é necessário que as agências reguladoras estejam atentas a possíveis falhas na cadeia

produtiva das preparações a base de pescado cru, tais como treinamento de manipuladores para

qualificação da mão de obra para preparar este tipo de refeição, além de instalações adequadas

para a exposição do alimento sob refrigeração (Martins, 2006). O processo de preparação de

sushi e sashimi apresenta características específicas que podem contribuir para a introdução ou

aumento de riscos microbiológicos. Primeiramente porque a maioria dos ingredientes utilizados

são consumidos crus e os que são consumidos cozidos não são reaquecidos antes do consumo.

Além disso, a preparação envolve o manuseio sem luvas, mantendo contato direto com as mãos

dos manipuladores.

No presente estudo foi obtida contagem de Staphylococcus coagulase positiva superior ao

valor estabelecido pela legislação brasileira - RDC n°12 em 29% (9/31) nas amostras, à base de

pescado cru, analisadas. Resultados semelhantes foram observados em Portugal, onde 33% das

amostras de sashimi apresentaram contagens em desacordo com a legislação (Miguéis et al,

2015). Porém, em estudo realizado por Leisner e colaboradores (2014), contagens menores

foram observadas para Staphylococcus sp. em sushi na Dinamarca, onde os valores ficaram <2 a

3.0 UFC/g. Para alimentos comercializados no MERCOSUL a contagem final se refere a SCP.

Isso ocorre devido ao fato de algumas espécies de Staphylococcus relacionadas a animais, tais

55

como S. intermedius, S. hyicus, S. delphini, entre outros, também apresentarem reação positiva

para a prova de coagulase.

Oliveira e Marques (2012) realizaram um estudo de avaliação das condições higiênico-

sanitárias na preparação e comercialização de sushi e sashimi em um supermercado, localizado

em Cariri Cearense, CE. O setor de preparação foi avaliado, sendo realizados testes de Swab,

análises microbiológicas dos produtos prontos para o consumo e aplicação de um checklist sobre

as condições higiênico- sanitárias do setor. No teste de Swab dos equipamentos, utensílios e

mãos dos manipuladores, os resultados indicaram contaminação por bactérias mesófilas acima do

permitido, em 7 das 8 amostras avaliadas (87,4%), indicando uma higienização insatisfatória nos

processos do setor. Nas análises microbiológicas do sushi de salmão, sushi de camarão, salada de

camarão e sashimi, somente a salada de camarão apresentou Staphylococcus sp. acima do

permitido pela ANVISA, 2001. A lista de verificação do setor resultou em 78,57% de

conformidades, equivalendo a 6 não conformidades dos 28 itens avaliados, indicando o não

seguimento de alguns pontos importantes das Boas Práticas de Fabricação, imprescindíveis para

garantir a produção de alimentos mais seguros. Diante de todos os resultados obtidos, os autores

afirmaram que as condições higiênico-sanitárias na preparação dos sushis e sashimis do

estabelecimento em estudo não eram adequadas.

Métodos analíticos mais sensíveis e específicos são utilizados para identificação de

microrganismos patogênicos a partir de amostras de alimentos. Os métodos moleculares têm sido

utilizados de maneira rotineira para a identificação de cepas isoladas por microbiologia clássica

em plantas industriais de processamento de alimentos (COCOLIN & ERCOLINI, 2008). Dentre

esses, a PCR e o sequenciamento de genes conservados consistem nas ferramentas moleculares

mais utilizadas nos últimos anos, devido a sua praticidade, alta sensibilidade e especificidade

dentre os métodos de diagnósticos disponíveis para identificação de bactérias patogênicas.

Para confirmação da presença de S. aureus em amostras de pescado cru e manipuladores, foi

utilizado neste estudo a pesquisa do gene femA. Segundo Mehrotra e colaboradores (2000), o

gene femA tem um papel importante no metabolismo de S. aureus na fase de crescimento ativo,

sendo por isso utilizado na identificação desta espécie bacteriana. Entre as amostras de

alimentos e manipuladores identificadas como SCP pela microbiologia convencional, 12 foram

confirmadas como S. aureus através da PCR e 03 foram identificadas pelo sequenciamento

parcial do gene 16SrDNA. O estabelecimento R1 apresentou maior número de amostras

56

positivas para o gene femA, com 50% (6/12) dos isolados confirmados. Aproximadamente 60%

(7/12) das amostras identificadas como S. aureus foram provenientes de manipuladores e as

demais (5/12) foram isoladas em amostras de alimentos conforme pode ser observado na figura

3. Hammad e colaboradores (2012) identificaram alta prevalência de S. aureus em sashimi no

Japão, e ressaltaram a necessidade de medidas de higiene mais estritas para esse tipo de

preparações. Conforme demonstrado por Acco e colaboradores (2003) o manipulador tem alto

potencial para contaminação de alimentos e o treinamento desses profissionais com Boas

Práticas na manipulação é essencial.

A presença de S. aureus é um indicador de práticas inadequadas na manipulação de

alimentos, visto que este consiste em um microrganismo que pode colonizar diferentes partes do

corpo humano, sem necessariamente estar associado a alguma patologia. Neste estudo, 57% (4/7)

das cepas de S. aureus isoladas de manipuladores foram provenientes de R1. Ao avaliar os

resultados obtidos em relação à adequação das boas práticas desse estabelecimento, observou-se

adequação inferior a 43% dos itens relacionados às práticas de higiene de manipuladores,

apresentando não conformidades como hábitos de higiene inadequados, falhas nos

procedimentos de higienização das mãos e presença de lesões e enfermidades (como feridas nas

mãos). Para avaliar possíveis correlações entre o perfil clonal das cepas identificadas em

manipuladores com as cepas isoladas nos alimentos, as amostras confirmadas foram tipadas pelo

PFGE e analisadas quanto a similaridade de acordo com Van Belkum e colaboradores (2007).

Dentre os 15 isolados analisados foram observados 12 perfis de fragmentação de DNA

cromossômico, denominados pulsotipos (PT) agrupados em 10 (A – J) genótipos, onde 53%

(8/15) das amostras foram provenientes do R1. Amostras idênticas (3) foram observadas neste

mesmo restaurante (B1), encontradas nas amostras de alimentos e ao mesmo tempo na mão do

manipulador responsável pelo preparo, sugerindo que este manipulador seja o veículo de

contaminação (Figura 3). Tal ocorrência se relaciona às não-conformidades quanto aos critérios

de higienização das mãos no momento da manipulação neste mesmo restaurante. Situação

semelhante foi observada por André e colaboradores (2008), onde os autores identificaram cepas

idênticas de S. aureus na matéria-prima e no produto final de uma indústria de alimentos. O

mesmo estudo relatou similaridade em cepas isoladas de manipuladores, sugerindo contaminação

cruzada no processamento desses alimentos.

No presente estudo, nas amostras de R2 não foram observados pulsotipos do mesmo

57

genótipo, ou seja, cepas com o mesmo perfil clonal (similaridade acima de 80%), não sendo

possível correlacionar S. aureus isolados de alimentos com os isolados de manipuladores. Para o

mesmo restaurante observou-se maior rigor entre as práticas de higiene e um percentual de

adequação às boas práticas acima de 80%, com percentual de conformidades muito próximo de

100% para o quesito manipulador de alimentos. Esses dados demonstram a eficácia das boas

práticas na manipulação do alimento para a prevenção da contaminação cruzada.

As amostras do restaurante R2 apresentaram melhor perfil de suscetibilidade aos agentes

antimicrobianos testados. A linhagem de S. aureus proveniente do manipulador do R2 apresentou

sensibilidade para todos os antimicrobianos testados, sendo apenas um isolado de sashimi de

salmão resistente para dois compostos antimicrobiano testados (eritromicina e clorofenicol). As

cepas de R3 apresentaram maior perfil de resistência, em 8 dos 33 testes realizados, sendo que a

amostra proveniente da mão do manipulador (A1) apresentou resistência à cefoxitina e foi

confirmada como MRSA pelo MIC para oxacilina. Considerando que esse estabelecimento

apresentou baixo percentual de adequação às boas práticas (62,4%) e itens significativos

referentes a higienização das mãos, referentes a treinamento e quanto os aspectos de higiene dos

manipuladores em não conformidade, é importante implementar ações que garantam que

isolados resistentes (ou multirresistentes) a antimicrobianos utilizados no tratamento de

infecções estafilocóccicas não sejam disseminados por contaminação cruzada.

Entre as três amostras do R3 , foi possível relacionar isolados coletados da mão e da fossa

orofaringeana do mesmo manipulador, apresentando similaridade acima de 80%. Sugere-se,

portanto, uma possível disseminação de linhagem que coloniza a fossa orofaringeana para a mão

do mesmo. Hatakka e colaboradores (2000) avaliaram 153 amostras de mão e 136 amostras

nasais de funcionários de catering aéreo que trabalham com manipulação e distribuição de

refeições, observando maior prevalência de S. aureus em amostras da cavidade nasal do que nas

mãos dos manipuladores. O perfil clonal dessas cepas isoladas da equipe de bordo foi analisado

por PFGE demonstrando que, na maioria dos casos, o mesmo perfil dos isolados da cavidade

nasal foi observado nas mãos, concluindo que a amostragem nasal é a área mais indicada para

identificar portadores assintomáticos de S. aureus e que as amostragens de mãos podem revelar

contaminação, ou seja, carrear cepas provenientes da cavidade nasal para o alimento.

58

8. CONCLUSÕES

- Preparações a base de pescado cru servidas nos 03 restaurantes avaliados no município do

Rio de Janeiro e Niterói estavam contaminadas.

- A contaminação foi decorrente da matéria-prima do pescado utilizado para a produção

destas refeições e a falhas no cumprimento das boas praticas na manipulação preconizada

pela legislação sanitária federal.

- A eletroforese em campo pulsado (PFGE) das cepas de S. aureus mostrou a correlação entre

perfis clonais bacterianos presentes em amostras coletadas de manipuladores e amostras de

alimentos no restaurante R1.

- O sequenciamento parcial do gene 16S rDNA permitiu a identificação de diferentes espécies

de Staphylococcus sp. nas amostras de pescado cru e mostrou a presença de outros grupos

bacterianos com prevalência de membros da família Enterobacteriaceae (88%).

- A avaliação dos critérios de boas práticas demonstrou que os baixos índices de adequação

observados nos estabelecimentos R1 (59%) e R3 (62%), refletiram na qualidade

microbiológica das amostras de sushi e sashimi provenientes destes restaurantes.

- São necessárias tanto a implementação como a vigilância da adesão das Boas Práticas de

Fabricação para assegurar a qualidade sanitária destes alimentos e o atendimento às

legislações vigentes.

59

9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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68

ANEXO I:

CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS EM SERVIÇOS DE

ALIMENTAÇÃO

RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA

RDC 216 ANVISA

Unidade:

Data da Visita: Responsável:

TOTAL DE ITENS TOTAL DE ITENS

APLICÁVEIS TOTAL DE ITENS

CONFORME % OBTIDA DE

CONFORMIDADE

TOTAL MINIMO

REQUERIDO

154 #DIV/0! 80%

Conclusão

69

Considerando a RDC 216 de 15/09/2004 – Regulamento Técnico de Boas Práticas

para Serviços de Alimentação.

4.1 EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES

C NC NA

4.1.1 - Fluxo ordenado, sem cruzamentos

Acesso controlado e independente

4.1.2 - Dimensionamento compatível

Separação com meios físicos

4.1.3 - Piso liso, impermeável, lavável

Parede lisa, impermeável, lavável

Teto liso, impermeável, lavável

Íntegros, conservados, s/ rachaduras, trincas, goteiras,

vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos

4.1.4 - Portas e janelas com batentes ajustados

Fechamento automático

Presença de telas e removíveis

Limpas

4.1.5 - Conexão com esgoto

Água corrente

Ralos sifonados

Grelhas com sistema de fechamento

4.1.6 - Caixa de gordura e esgoto fora das áreas de

armazenamento e preparo

4.1.7 - Áreas externas e internas sem objetos em desuso e

animais.

4.1.8 - Iluminação suficiente

Luminárias protegidas de queda e explosão nas áreas de

preparação

4.1.9 - Instalações elétricas embutidas e protegidas; de fácil

limpeza

4.1.10 - Ventilação com renovação, livre de fungos, gases, poeira

Fluxo de ar não direto nos alimentos

4.1.11 - Equipamentos e filtros para climatização conservados

Manutenção periódica, programada e com registro

4.1.12 - Instalações sanitárias e vestiários sem comunicação

direta com áreas de alimentos ou refeitórios

Organizados e em bom estado de conservação

Portas com fechamento automático

ITEM

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

70

C NC NA

4.1.13 - Instalações sanitárias com lavatórios com papel higiênico,

sabonete líquido inodoro, anti-séptico ou não, mais gel, toalha,

papel não reciclado ou outro método; lixeiras com tampa sem

acionamento manual

4.1.14 - Lavatórios exclusivos para mãos em posição estratégica

para o fluxo

Número suficiente

Facilidades (idem item 4.1.13)

4.1.17 - Superfícies lisas, impermeáveis, laváveis, isentos de

rugosidades, frestas e outras imperfeições (utilizados na

preparação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição

e comercial)

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

ITEM

TOTAL:

Observações:

Percentual de conformidade:

4.1.16 - Manutenção programada e periódica e calibração dos

equipamentos de medição e com registros.

4.1.15 - Materiais adequados de equipamento e utensílios

Bom estado de conservação, resistentes à corrosão,

limpeza e desinfecção.

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

71

4.2 HIGIENIZAÇÃO

C NC NA

4.2.1 - Instalações em boas condições de higiene

Operações de higienização feitas por pessoal capacitado

com comprovante

Frequência suficiente

4.2.2 - Caixa de gordura limpa periodicamente

4.2.3 - Quando não rotineiro são registradas as operações de

limpeza / desinfecção

4.2.4 – Higienização das áreas com freqüência suficiente,

inclusive pós trabalho

Evita-se formação de aerossóis

É proibido o uso de odorizantes (preparo e

armazenamento)

4.2.5 – Saneantes registrados pelo Ministério da Saúde

Diluição, tempo, modo de uso corretos (de acordo com o

fornecedor)

Identificados e guardados reservados

4.2.6 – Vassouras, rodos, etc exclusivos, conservados, disponíveis

em número suficiente, guardados diferentes para instalações e

equipamentos de contato

4.2.7 – Funcionários responsáveis por higienização com uniformes

certos e diferentes

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

Percentual de conformidade #DIV/0! %

ITEM

TOTAL:

Observações:

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

72

4.3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS

C NC NA

4.3.1 – Livres de pragas urbanas

Conjunto de ações eficazes e contínuas

4.3.2 – Controle químico (se necessário) feito por empresa

especializada com produtos aprovados pelo Ministério da Saúde

4.3.3 – Procedimentos pré e pós tratamento estabelecidos

Higienizar (quando aplicável) antes do uso

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

4.4 ABASTECIMENTO DE ÁGUA

C NC NA

4.4.1 – Água potável

Alternativa atestada 4.4.2 – Gelo feito de água potável4.4.3 – Vapor feito de água potável

4.4.4 – Reservatório edificado e revestido adequadamente

Livre de rachaduras, vazamentos, descascamentos

Limpos semestralmente

Tampados

Com registros

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

Observações:

Observações:

ITEM

TOTAL:

Percentual de conformidade:

ITEM

Percentual de conformidade:

TOTAL:

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

73

4.5 MANEJO DE RESÍDUOS

C NC NA

4.5.1 - Recipientes identificados e íntegros

Fácil higienização e transporte

Número suficiente e capacidade

4.5.2 - Coletores com tampas acionadas sem contato manual

4.5.3 - Coletados com boa freqüência

Estocados em local fechado e isolado

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

4.6 MANIPULADORES

C NC NA

4.6.1 - Controle de saúde registrado

4.6.2 - Com lesões e enfermidades afastados

4.6.3 - Bom asseio pessoal, uniformes compatíveis, conservados

e limpos

4.6.4 - Lavam as mãos nas horas certas

Cartazes afixados de lavagem / hábitos

Cartazes afixados de lavagem / hábitos nos banheiros

4.6.5 - Hábitos durante as atividades

4.6.6 - Cabelos presos, protegidos

Sem barba

Sem adornos, durante a manipulação

4.6.7 - Supervisionados

Capacitados em D.O.A. (Doença de Origem Alimentar),

higiene pessoal e manipulação higiênica

Comprovada com documentos

4.6.8 - Procedimentos corretos para visitantes

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

Observações:

Percentual de conformidade:

ITEM

Observações:

TOTAL:

TOTAL:

ITEM

Percentual de conformidade:

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

74

4.7 MATÉRIAS PRIMAS, INGREDIENTES, EMBALAGENS

C NC NA

4.7.1 - Critérios para avaliar fornecedores estabelecidos

Transporte de insumos

4.7.2 - Recepção em área protegida e limpa

Sem contaminação com alimentos prontos

4.7.3 - Inspecionados na recepção

Embalagens primárias íntegras

Temperaturas verificadas no recebimento

Armazenamento

4.7.4 - Produtos para devolução são devolvidos imediatamente?

Ou na impossibilidade são identificados e guardados

separadamente dos demais?

Determinada a destinação final

4.7.5 - Armazenamento limpo e organizado

Acondicionados e identificados

Prazos e validades

PVPS (primeiro que vence, primeiro que sai)

4.7.6 - Sobre paletes ou prateleiras

Cumprem espaçamentos

Paletes, superfícies – liso, resistente, lavável

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

Observações:

TOTAL:Percentual de conformidade:

ITEM

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

75

4.8 PREPARAÇÃO DO ALIMENTO

C NC NA

4.8.1 - Matérias primas e ingredientes aptos

4.8.2 - Número suficiente de funcionários e equipamentos

4.8.3 - Cuidados com contaminação cruzada

4.8.4 - Lavam as mãos após crus para cozidos

4.8.5 - Tempo curto em temperatura ambiente

4.8.6 - Reembalam produtos com nome, data do fracionamento

e prazo de validade

4.8.7 - Limpam (quando necessário) embalagens das matérias

primas

4.8.8 - Cocção mínima a 70ºC (todas as partes)

4.8.9 - As temperaturas são verificadas

4.8.10 - Existem medidas que garantam que o óleo e a gordura

não contaminam quimicamente o alimento

4.8.11 - Óleos e gorduras em temperatura <180ºC ou trocados

se alteradas características

4.8.12 - Descongelamento bem feito (completo)

4.8.13 - Descongelamento sob refrigeração (5ºC) / microondas

4.8.14 - Após descongelamento são mantidos refrigerados e

não recongelados

4.8.15 - Conservação quente (acima de 60ºC) por no máximo 6

horas

4.8.16 - Resfriamento de 60ºC para 10ºC, no máximo em 2

horas, depois refrigerados a 5ºC ou congelados à – 18ºC

4.8.17 - Prazo de validade dos alimentos preparados (4ºC) até 5

dias

4.8.18 - Etiquetados (preparados) – nome, data do preparo e

prazo de validade e temperatura monitorada e registrada

4.8.19 - Crus higienizados com produtos autorizados pelo

Ministério da Saúde, sem deixar resíduos

4.8.20 - Manutenção de documentos de controle e garantia de

qualidade dos alimentos preparados

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

Observações:

TOTAL:

ITEM

Percentual de conformidade:

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

76

4.9 ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DOS ALIMENTOS PREPARADOS

C NC NA

4.9.1 - Rotulados e protegidos (nome, data, preparo, validade)

4.9.2 - Tempo e temperatura seguros até entrega ao consumo

(maior que 60ºC ou menor que 5ºC)

Monitorada nas etapas

4.9.3 - Veículos higienizados, sem vetores, com cobertura e sem

uso diferente

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 4

0,0 %

4.10 EXPOSIÇÃO AO CONSUMO

C NC NA

4.10.1 - Área organizada, limpa

Equipamentos compatíveis e em bom estado

4.10.2 - Manipuladores lavam as mãos, usam utensílios ou luvas

descartáveis

4.10.3 - Equipamentos da distribuição sob temperatura controlada

conservados, dimensionados e em bom funcionamento

4.10.4 - Com barreiras de proteção à ação dos consumidores, etc

4.10.5 - Pratos, copos e talheres higienizados, armazenados e

protegidos

4.10.6 - Ornamentos e plantas não contaminam

4.10.7 - Área de dinheiro / cartões é reservada

Funcionários do caixa não manipulam alimentos

embalados ou não embalados

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

Observações:

Percentual de conformidade:

ITEM

TOTAL:

ITEM

TOTAL:Percentual de conformidade:

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

77

4.11 DOCUMENTAÇÃO E REGISTRO

C NC NA

4.11.1 - Tem Manual de Boas Práticas e POPs

É acessível aos funcionários e autoridades quando

requeridos

4.11.2 - POPs e instruções de operações, freqüência, responsável

(e cargo), aprovados, datados e assinados pelo Responsável

Técnico

4.11.3 - Registros mantidos por no mínimo 30 dias

4.11.4 - 4 POPs implementados

4.11.5 - O POP de higienização possui: superfície (natureza),

método usado, princípio ativo, concentração, tempo de ação

temperatura, etc

4.11.6 - POP de Vetores e Pragas tem medidas preventivas e

corretivas contra 3A (acesso, abrigo, alimento)

Tem comprovante de aplicação com informações

4.11.7 - POP de Potabilidade da Água especifica como é lavada,

quem lava, a periodicidade, etc

4.11.8 - POP de Higiene e Saúde tem lavagem de mãos (como,

quando, princípios ativos)

Medidas em caso de lesões, doenças

Exames explícitos, periodicidade

Capacitação descrita (carga, conteúdo, freqüência) e

registros

TOTAL: Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %

Observações:

ITEM

Percentual de conformidade:

NA – Não AplicávelNC – Não ConformeC - Conforme

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

78

4.12 RESPONSÁVEIS

C NC NA

4.12.1 - Existe Responsável Técnico no local; proprietário ou

designado

4.12.2 - Comprovadamente capacitado em: contaminantes,

Doença de Origem Alimentar, Manipulação Higiênica e Boas

Práticas

Total de itens Aplicáveis: 0 0 0 0

#DIV/0! %TOTAL:

Observações:

Percentual de conformidade:

ITEM

Lista de Verificação das Condições Higiênico Sanitárias

Gráfico Radar com Percentuais de Adequação RDC 216 (ANVISA)

79

ANEXO II

APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM EVENTO CIENTÍFICO: Análise da qualidade

microbiológica de sushi e sashimi comercializados em restaurantes self-service na cidade do Rio de

Janeiro: enumeração de Staphylococcus coagulase-positiva e detecção de Listeria monocytogenes. XXVII

Congresso Brasileiro de Microbiologia CBM - 2013, Natal, 2013

Análise da qualidade microbiológica de sushi e sashimi comercializados em restaurantes self-

service na cidade do Rio de Janeiro: enumeração de Staphylococcus coagulase-positiva e detecção

de Listeria monocytogenes

Autores Carmo, J. M.

1, Cabral, C.C

1, Lopes, C.S. C

1, Leonardo, R

1, Carvalho, A.C.S.

1, Del Aguila,

E.M. 1, Silva, J.T

1, Paschoalin, V.M.F

1

E-mail do primeiro autor: [email protected]

Instituição 1 UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janerio (Athos da Silveira Ramos

149 Cidade Universitária, Centro de Tecnologia,RJ)

Introdução

O consumo de pescado cru vem aumentando gradativamente no Brasil, especialmente após a introdução

da culinária japonesa no país e devido a busca de consumo por produtos sem conservantes e aditivos

químicos. As preparações conhecidas como sushi e sashimi são as mais consumidas dessas iguarias, que

apesar de serem muito apreciadas, oferecem constante risco para o consumidor. As doenças transmitidas

por alimentos (DTAs) constituem um problema mundial de saúde pública, ocasionando mortes e prejuízo

econômicos em todo o mundo, sendo Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus dois dos principais

microrganismos envolvidos nas toxi-infecções alimentares.

Objetivos

O presente estudo teve como objetivo avaliar a contaminação de preparações a base de pescado cru

(sushi e sashimi) comercializados em três restaurantes self-service (A, B e C) de diferentes regiões do

município do Rio de Janeiro.

Materiais e Métodos

Foram coletadas 16 amostras de sushi e sashimi preparados a partir de salmão, atum e peixe branco. As

amostras coletadas foram analisadas no Laboratório de Análises Avançadas em Bioquímica e Biologia

Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi realizada a contagem de cepas

de Staphylococcus coagulase positiva (SCP) nas amostras, de acordo com metodologia descrita na

Instrução Normativa n° 62 de 26 de agosto de 2003 do MAPA. Foi analisada a presença de L.

monocytogenes pela PCR multiplex usando como alvo os genes iap (“invasion-associated protein”-

presente em todas espécies de Listeria) que codifica uma proteína de 60 kDa e hly (gene de hemolisina-

fator de virulência).

Resultados

Os resultados mostraram que 37,5% (6/16) das amostras analisadas apresentaram-se contaminadas por

SCP, das quais 12,5% (2/16) estavam acima do limite estabelecido pela legislação (5x10³UFC/g). Em

19% (3/16) das amostras analisadas, detectou-se contaminação por L. monocytogenes, sendo que 100%

(3/3) das amostras de sashimi coletadas no estabelecimento C estavam contaminadas com o patógeno.

Considerações finais

As análises microbiológicas das amostras de sushi e sashimi demonstraram que nos três estabelecimentos

havia contaminação por bactérias patogênicas o que oferece riscos à saúde dos consumidores,

evidenciando a necessidade de um controle-higiênico sanitário mais criterioso em todas as etapas do

processo, desde a aquisição da matéria-prima, armazenamento, elaboração e distribuição dos pratos.

Palavras-chaves: Listeria monocytogenes, qualidade microbiológica, sashimi, Staphylococcus aureus,

sushi

80

ANEXO III

APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM EVENTO CIENTÍFICO: Enumeração de

Staphylococcus Coagulase-Positiva em preparados de peixe cru - sushi e sashimi - e avaliação de

prováveis contaminantes em dois restaurantes self service dos municípios do Rio de Janeiro e

Niterói. CHEMRIO 2014, Symposium

ENUMERAÇÃO DE Staphylococcus COAGULASE-POSITIVA EM PREPARADOS DE

PEIXE CRU - Sushi e Sashimi - E AVALIAÇÃO DE PROVÁVEIS CONTAMINANTES

EM DOIS RESTAURANTES SELF SERVICE DOS MUNICÍPIOS DO RIO DE JANEIRO

E NITERÓI.

J.M. Carmo.¹, C.C.S. Lopes¹, L. Rosemberg¹, E.M. Del Aguila1, A.C.S. Carvalho¹, V.M.F.

Paschoalin1

1Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química

E-mail: [email protected]

As doenças transmitidas por alimentos (DTAs) possuem grande frequência entre a população brasileira.

Com a introdução da culinária japonesa notam-se mudanças no perfil alimentar da população, os pescados

que tradicionalmente eram consumidos após cozidos, são ingeridos crus. Pratos como sushi e sashimi

apesar de muito apreciados, possuem um alto risco a saúde do consumidor, devido a suas características

organolépticas e composição química que os tornam altamente perecíveis e de rápida deterioração,

necessitando de maior controle durante a manipulação e oferta ao consumidor. Dentre os microrganismos

causadores de DTAs, temos como um dos principais o Staphylococcus spp.. A manipulação sem a higiene

adequada das mãos é substancialmente um fator determinante para a sua dissipação, visto que o

manipulador pode ser um portador assintomático desses microrganismos. O objetivo desse estudo foi a

enumeração de Staphylococcus Coagulase Positiva (SCP) em amostras de sushi e sashimi coletas em dois

restaurantes self-service (RI e RII) na cidade do Rio de Janeiro e Niterói e verificar se os manipuladores

desses alimentos são prováveis fontes de contaminação. Foram coletados aproximadamente 200 g de cada

amostra, sendo elas: Sushi e Sashimi de salmão, namorado e atum; analisou-se também o filé e a matéria-

prima utilizada no preparo desses pratos. Além disso, foram coletados swabs das mãos, orofaringe e

nasofaringe, dos manipuladores. Não foi realizado coleta de matéria-prima de atum, pois os restaurantes já

recebem esse peixe filetado. Observou-se a presença de SCP em 100% das amostras avaliadas no RI e RII,

porém apenas 18% (2/11) das amostras do RI apresentaram contagem acima do estabelecido pela RDC 12

da ANVISA. Identificou-se o crescimento de colônias características de Staphylococcus aureus em 58%

(15/26) das amostras dos manipuladores que foram analisadas, no entanto são necessários mais estudos

para correlacioná-las com as cepas encontradas nos alimentos.

81

ANEXO IV

APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM EVENTO CIENTÍFICO: Presença de

Staphylococcus Coagulase Positiva em preparações a base de pescado cru (sushi e sashimi)

comercializados em uma rede restaurantes dos municípios de Niterói e Rio de Janeiro. III

Seminário em Inovação e Tecnologia na Área de Alimentos, SITA, 2014

PRESENÇA DE STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA EM PREPARAÇÕES A

BASE DE PESCADO CRU (SUSHI E SASHIMI) COMERCIALIZADOS EM UMA REDE

RESTAURANTES DOS MUNICÍPIOS DE NITERÓI E RIO DE JANEIRO.

CARMO, J.M. (1) (2); SILVA, D. J. (2); PEIXOTO, J. C. (2); LOPES, C.S. C.(1); CARVALHO,

A.C.S. (1); DEL AGUILA, E.M.(1); PASCHOALIN, V.M.F. (1)

(1) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Centro de Tecnologia, Instituto de Química,

Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, RJ. E-mail: [email protected]

O perfil alimentar da população é influenciado por diversos aspectos, tais como a disponibilidade

dos alimentos, hábitos regionais e aspectos econômicos. Considerando a elevação de consumo de

sushi e sashimi no país, é importante a realização de uma reflexão no contexto da Segurança

Alimentar e Nutricional (SAN). Preparações muito manipuladas são consideradas de alto risco,

especialmente quando elaboradas por pessoas que não possuam treinamento adequado. O contato

direto do alimento com as mãos pode levar ao aumento da incidência de patógenos como

Staphylococcus aureus. O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença de Staphylococcus

coagulase positiva (SCP) em amostras de sushi e sashimi coletadas em três estabelecimentos (E1,

E2, E3) comerciais não especializados na culinária nipônica, no município de Niterói e Rio de

Janeiro – RJ, comparando com os limites estabelecidos pela RDC 12 (ANVISA). Foram obtidas

entre 10 e 11 amostras de alimentos, distribuídas entre matéria-prima, peixe filetado e

preparações prontas para consumo – sushi e sashimi - em cada estabelecimento. Os valores

mínimos e máximos de SCP encontrados ficaram entre 0,3x10² e 1,4x104 UFC/g, sendo que

27%(3/11) e 60%(6/10) das amostras de E1 e E3, respectivamente, apresentaram contagens

superiores ao estabelecido pela legislação (5x10³ UFC/g) e 100% das amostras de E2

apresentaram-se de acordo com o preconizado pela ANVISA. Critérios de Boas Práticas também

foram avaliados através da aplicação de uma lista de verificação de acordo com a RDC 216 e

observou-se que E2 apresentou percentual de adequação superior à E1 e E3 demonstrando que a

adoção de critérios higiênico-sanitários adequados contribui para um melhor controle na

proliferação de micro-organismos em alimentos.

Palavras chave: Staphylococcus, boas práticas, sushi e sashimi.

82

ANEXO V

APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM EVENTO CIENTÍFICO: Avaliação da presença

de Staphylococcus spp em sushis e sashimis e correlação com as boas práticas em restaurantes

localizados na cidade do Rio de Janeiro e Niterói. VII Congresso Latino-Americano e XIII

Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos, Búzios 2015.

Avaliação da presença de Staphylococcus spp em sushis e sashimis e correlação com as boas

práticas em restaurantes localizados na cidade do Rio de Janeiro e Niterói

Evaluation of Staphylococcus spp contamination of sushi and sashimi: correlation with good

practices in restaurants in the municipalities of Rio de Janeiro and Niterói

¹Josiane Marília do CARMO, ¹Claudio Sabbatini Capella LOPES, 2Eduardo Mere DEL

AGUILA, 3Ana Carolina da Silva CARVALHO,

3Vânia Margaret Flosi PASCHOALIN

Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Av. Athos da Silveira Ramos 149,

Bloco A, 5 andar, Ilha do Fundão- RJ.

Palavras-chave: Staphylococcus spp, sushi, sashimi, contamination

Resumo:

As doenças de origem alimentar são um problema mundial de saúde pública e pescados

consumidos in natura, como preparos de sushi e sashimi podem oferecer riscos para o

consumidor. Staphylococcus spp é um dos principais agentes etiológicos. O objetivo desse estudo

foi identificar e enumerar Staphylococcus coagulase positiva (SCP) em amostras de sushi e

sashimi de três restaurantes e avaliar os critérios de boas práticas adotados e a presença do

microrganismo nos manipuladores. As boas práticas foram avaliadas através de uma lista de

verificação. Trinta e uma amostras de alimentos foram analisadas, 9 apresentaram contagem

acima do valor estabelecido pela legislação. Com isso, conclui-se que as não conformidades

verificadas devem ser corrigidas, pois a presença das mesmas significa a existência de riscos à

saúde do consumidor.

Introdução:

As doenças de origem alimentar constituem um problema mundial de saúde pública e

apesar dos esforços de pesquisadores e autoridades sanitárias, continuam causando mortes e

prejuízo em todo o mundo. Os pescados, tradicionalmente consumidos após cocção, também são

ingeridos in natura como preparos de culinária japonesa, comumente consumidos em nosso país

(Martins, 2006). Preparos como sushi e sashimi, podem oferecer risco para a saúde do

consumidor, uma vez que o pescado é um produto altamente perecível e que a deterioração pode

ocorrer durante a estocagem, manipulação, processamento e distribuição inadequados (Valandro,

2010). Dentre os microrganismos comumente envolvidos na contaminação de pescados, o

Staphylococcus spp é um dos principais patógenos contaminantes. A manipulação de pescados in

natura sem a higiene adequada das mãos é um fator determinante para a disseminação de DTAs

(doenças transmitidas por alimentos), visto que o manipulador pode ser portador assintomático

desses microrganismos.

O objetivo desse estudo foi verificar a qualidade microbiológica de preparos a base de

pescado cru, identificando e enumerarando Staphylococcus coagulase positiva (SCP). A

avaliaçao de amostras de sushi e sashimi provenientes de três restaurantes (EI, EII e EIII) nos

municípios do Rio de Janeiro e Niterói foi realizada e também foram avaliados os critérios de

boas práticas na manipulação adotados nesses estabelecimentos comerciais, assim como a

83

presença do microrganismo nos manipuladores desses alimentos.

Material e Métodos:

Foram coletados 31 amostras de aproximadamente 200g de sushi e sashimi de salmão,

namorado e atum de 3 restaurantes. Foram analisados o filé e a matéria-prima utilizada no

preparo desses pratos. Além disso, foi coletado material das mãos, orofaringe e nasofaringe dos

manipuladores, utilizando swabs. Frações de 25g de cada amostra foram transferidas para sacos

estéreis para homogeneização em 0,1% de salina peptonada por 60s.Três diluições seriadas foram

realizadas e plaqueadas em ágar Baird-Parker e incubadas a 36 ± 1ºC por 48 h. Placas contendo

20-200 colônias foram selecionadas para contagem e 3 a 5 colônias típicas e atípicas foram

isoladas para realização de provas bioquímicas (coagulase, catalase e coloração de gram), de

acordo com a metodologia descrita pela Instrução Normativa nº 62 de 26 de agosto de 2003 do

MAPA.

Os critérios de Boas Práticas adotados em cada restaurante foram avaliados através de

uma lista de verificação elaborada de acordo com a RDC 216 de 15 de setembro de 2004, da

ANVISA, a qual estabelece o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de

Alimentação. Itens relacionados a edificações e instalações; higienização; controle integrado de

pragas; abastecimento de água; manejo de resíduos; manipuladores de alimentos; matérias primas

e embalagens; preparação do alimento; armazenamento e transporte; exposição ao consumo;

documentação e registros e responsabilidade técnica foram verificados nos três estabelecimentos.

Resultados e Discussão:

Em todas as 31 amostras de pescado coletadas nos estabelecimentos (EI, EII e EIII) foi

detectada a presença de Staphylococcus coagulase positiva (SCP). Destas, 9 amostras (29%)

apresentaram contagem de patógenos acima do valor estabelecido pela RDC n°12 (BRASIL,

2001), que estabelece o limite máximo de 5x103

UFC/g , como mostrado na tabela 1.

Tabela 1. Valores mínimos e máximos em UFC/g, de Staphylococcus coagulase positiva em

amostras de peixes, files e preparados (sushi e sashimi) de salmão, atum e namorado, coletados

em três restaurantes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013

a fevereiro de 2014.

Estabelecimentos

comerciais

Número de

amostras

Valores mínimos e

máximos (UFC/g)

Nº e % de

amostras

reprovadas

E1 11 0,3x10² - 1,1 x 104 3 (27%)

E2 10 9,0x10² - 2,2 x 10³ 0 -

E3 10 9,0x10² - 14,1 x 10³ 6 (60%)

Trinta colônias isoladas dos manipuladores com características morfológicas foram

analisadas e dentre estes, 17 foram identificadas como SPC (57%) - tabela 2.

84

Tabela 2. Quantidade total de amostras coletadas e positivas para Staphylococcus coagulase

positiva de nasofaringe, orofaringe e mãos dos manipuladores de três restaurantes dos municípios

do Rio de Janeiro e Niterói, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

Região anatômica do corpo dos

manipuladores

Amostras coletadas (n) Presença de SCP nas

amostras (n)

Nasofaringe 12 10 (83,4%)

Orofaringe 6 5 (83,3%)

Mãos 12 12 (100%)

Em relação à avaliação das Boas Práticas na Manipulação de Alimentos, realizada através

do preenchimento de uma lista de verificação no momento da coleta das amostras, os

estabelecimentos E1 e E3 apresentaram 61,1% (84 itens) e 62,4% (87 itens) de conformidade,

respectivamente, demonstrando falhas nas condições higiênico-sanitárias. O estabelecimento E2

apresentou 82,5% (116 itens) de conformidade. Uma vez que para ser considerado com condições

higiênico-sanitárias satisfatórias, é necessário atingir um percentual mínimo de 80% de

conformidades, apenas o E2 pode ser considerado tendo condições higiênico-sanitárias adequadas

(Figuras 1 e 2).

Figura 1. Percentual de adequação aos requisitos de Boas Práticas estabelecidos pela RDC 216

de 15 de setembro de 2004 (ANVISA) nos restaurantes (E1, E2 e E3) localizados nos municípios

de Niterói e Rio de Janeiro -RJ, no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014.

85

Figura 2. Resultado da avaliação das condições higiênico-sanitárias dos restaurantes (E1, E2 e

E3) localizados nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro -RJ, no período de setembro de 2013

a fevereiro de 2014.

-10

10

30

50

70

90

110

130

150

E1 E2 E3

RESULTADO DA AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA

Conformidades

Não conformidade

Não aplicável

O perfil fenotípico de S. aureus encontrado nas amostras de preparados de peixe in natura

(sushi e sashimi) analisadas, assim como a contagem de SCP nesses alimentos são semelhantes

ao descrito por Albuquerque e col (2006) que estimaram em SCP <100 a 1,4 x 106 SCP em

amostras de sushi comercializados em Fortaleza. A presença de microrganismos patogênicos,

incluindo S. aureus, nas mãos de manipuladores de alimentos também foi observada por Almeida

e col (1995). A adequada higiene das mãos, assim como outras medidas de controle higiênico-

sanitário, são fatores determinantes para evitar a transferência de patógenos para os alimentos.

Oliveira e Marques (2012) analisaram as condições higiênico-sanitárias na preparação e

comercialização de sushi e sashimi em estabelecimento comercial que cumpriu 78,6% dos

critérios de conformidade, indicando que preceitos de boas práticas imprescindíveis para garantir

a segurança na produção de alimentos não foram seguidos, resultando na enumeraçao de

Staphylococcus spp acima do estabelecido pela ANVISA.

Conclusão Foi detectada a presença de Staphylococcus coagulase positiva em amostras de sushi e

sashimi, em três estabelecimentos comerciais, nos municípios de Rio de Janeiro e Niterói, sendo

que 29% (9/31) das amostras apresentaram contagens acima dos limites estabelecidos pela

legislação.

Nos três estabelecimentos foram detectadas não-conformidades às Boas Práticas na

Manipulação de preparações à base de pescado cru que deverão ser corrigidas, uma vez que a

não-observâncias dos critérios indica a existência de riscos à saúde do consumidor.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, R.C.C.; KUAYE, A.Y.; SERRANO, A. M.; ALMEIDA, P.F. Avaliação e controle

de qualidade microbiológica das mãos de manipuladores de alimentos. Revista de Saúde

Pública. São Paulo, v. 29, n. 4, p. 290-294, 1995.

86

ALBUQUERQUE W. F.; BARRETO N.S.E.; SILVA A. I. M.; VIEIRA R. H. S. F., Ocorrência

de Víbrio parahaemolyticus e Estafilococos coagulase positivo em sushis comercializados em

alguns estabelecimentos de Fortaleza – CE. Revista Higiene Alimentar. São Paulo: v. 20,

n.116, p.58-61, nov, 2006.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 62, de

26 de agosto de 2003. Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle

de Produtos de Origem Animal e Água. Disponível em: http:www.agricultura.gov.br

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução: RDC nº

12, de 2 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos

para Alimentos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução: RDC nº

216, de 15 de setembro de 2004. 2004. . Disponível em: http://www.anvisa.gov.br

FANG, T. J.; WEI, Q. K.; LIAO, C. W.; HUNG, M. J.; WANG, T. H. Microbiological quality

of 18ºC read-to-eat food products sold in Taiwan. International Journal of Food Microbiology

80, 241-250, 2003.

GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. 3.ed.

ver. e ampl. – Barueri, São Paulo: Manole, 2008.MARTINS, F.O. Avaliação da qualidade

higiênico-sanitária de preparações (“sushi” e “sashimi”) à base de pescado cru servidos em

bufês na cidade de São Paulo, 142 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo -

Faculdade de Saúde Pública, 2006.

OLIVEIRA, T.W.N; MARQUES,L.F. Avaliação das condições higiênico-sanitária no preparo

de sushi e sashimi de um estabelecimento comercial. Revista Semiárido De Visu, v.2, n.1,

p.194-201, 2012.

VALANDRO, M.J. Avaliação da qualidade microbiológica de sashimis a base de salmão,

preparados em restauranes especializados em culinária japonesa na cidade de Porto Alegre

, 67p. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Rio Grande do Sul – Faculdade de Veterinária,

2010.

Autora a ser contatado: Josiane Marília do Carmo, IQ-UFRJ, Av. Athos da Silveira Ramos 149,

Bloco A, 5 andar – RJ, [email protected].