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15 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA FERNANDA PINHEIRO AGUIAR A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DE MEDICINA E ODONTOLOGIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA CESSAÇÃO DO TABAGISMO Rio de Janeiro 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

FERNANDA PINHEIRO AGUIAR

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DE MEDICINA E ODONTOLOGIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA

CESSAÇÃO DO TABAGISMO

Rio de Janeiro 2013

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FERNANDA PINHEIRO AGUIAR

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DE MEDICINA E ODONTOLOGIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA

CESSAÇÃO DO TABAGISMO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Orientadora: Profª. Drª. Cláudia Medina Coeli Co-orientadora: Profª Drª. Liz Maria de Almeida

Rio de Janeiro

2013

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A282 Aguiar, Fernanda Pinheiro. A percepção dos estudantes de graduação de medicina e odontologia sobre a importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo / Fernanda Pinheiro Aguiar. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2013. 290 f. : il.; 30 cm. Orientadora: Cláudia Medina Coeli Co-orientadora: Liz Maria de Almeida Dissertação (Mestrado) - UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2013. Inclui bibliografia. 1. Tabagismo. 2. Pessoal de saúde. 3. Abandono do uso de tabaco. 4. Saúde pública. I. Coeli, Cláudia Medina. II. Almeida, Liz Maria de. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. IV. Título. CDD 616.865

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FOLHA DE APROVAÇÃO

FERNANDA PINHEIRO AGUIAR

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DE MEDICINA E

ODONTOLOGIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA CESSAÇÃO DO TABAGISMO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Aprovada em 21/03/2013.

_________________________________________________

Profª. Drª. Cláudia Medina Coeli, IESC/UFRJ

_________________________________________________

Profª. Drª. Valeska Carvalho Figueiredo, IESC/UFRJ

_________________________________________________

Profª. Drª. Enirtes Caetano Prates de Melo, FIOCRUZ

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AGRADECIMENTOS

• Às minhas orientadoras e amigas professoras, Claudia Medina Coeli e Liz

Maria de Almeida, por acreditarem em mim, me mostrarem o caminho da

ciência e por serem grandes exemplos profissionais a serem seguidos.

• A professora Rejane Sobrino, pela ajuda e apoio, principalmente nos

momentos mais críticos.

• A professora Tania Guillen pela disposição e ajuda nas minhas dúvidas.

• Aos meus pais pelo apoio e auxílio na realização de mais um sonho;

• À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, paciência e incentivo.

• Ao Pablo, por estar ao meu lado neste momento tão importante da minha

vida.

• Aos meus amigos de toda a vida, que fizeram parte dessa trajetória, sempre

me ajudando, incentivando e apoiando.

• Aos meus colegas de mestrado, que fizeram parte da minha vida nesses dois

anos e que espero cultivar a amizade.

• Aos meus colegas do LABMECS Cláudia, Francisca, Gisele, Helen, Marli e

Patrícia que sempre estiveram ao meu lado dando força e apoio.

• A Helena Tupinambá, por me ajudar na etapa inicial deste trabalho.

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EPÍGRAFE

“Num ato os quatro elementos, um instante tantos lamentos e a fumaça sobe alta para o céu. Domínio humano industrial da terra brota a folha, cresce ao sol; pisando os caminhos do campo trabalho cansado de tantos. Fábrica. (...) O fogo das tochas, isqueiros e fósforos; vãs cabeças pirotécnicas incandescentes. A fumaça desce da boca ao pulmão: Um prazer indescritível! A morte infalível! O prazer de dominar os quatro elementos”.

Lucas Pereira

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RESUMO

AGUIAR, Fernanda Pinheiro. A Percepção dos Estudantes de Graduação de Medicina e Odontologia sobre a Importância do Profi ssional de Saúde na Cessação do Tabagismo. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

Introdução: Tem-se ressaltado a importância do papel do profissional de saúde no

combate ao tabagismo. Objetivo: Analisar a percepção dos estudantes de

graduação de medicina e odontologia sobre a importância do profissional de saúde

na cessação do tabagismo e os fatores individuais e contextuais que a influenciam.

Métodos: Analisaram-se os dados do inquérito Global Health Professional Students

Survey aplicado a estudantes do 3º ano dos cursos de medicina e odontologia de

universidades públicas e privadas do município do Rio de Janeiro (Brasil) em 2006 e

2007. A variável desfecho “percepção da importância do profissional de saúde na

cessação do tabagismo” foi construída a partir de seis perguntas. A associação entre

a percepção (baixa em relação à não-baixa) e características dos estudantes (sexo,

idade, raça, religião, status de tabagismo) e contextuais (exposição à fumaça do

tabaco no domicílio ou em locais diferentes do de residência, atividades educativas

durante o curso de graduação, tipo de curso, tipo de universidade, percepção da

existência de normas antitabaco no campus e seu cumprimento) foi avaliada por

meio de odds ratios estimadas empregando-se modelos de regressão logística.

Resultados: Foram entrevistados 1057 alunos, sendo 631 (59,9%) do sexo feminino

e 620 (58,7%) possuíam até 22 anos. A proporção de baixa percepção da

importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo foi de 2,0%. A

chance de percepção baixa foi maior para: o sexo masculino (OR= 2,9), os que não

seguem alguma orientação religiosa (OR= 3,0), os estudantes de odontologia (OR=

2,8) e os estudantes que não possuíam informações sobre tratamento

medicamentoso (OR= 5,0). Conclusão : Características contextuais foram

identificadas como fatores independentes associados à percepção sobre a

importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo, ressaltando a

necessidade de incluir no currículo dos cursos de graduação de informações sobre

técnicas de cessação do tabagismo, assim como de enfatizar o papel do profissional

de saúde enquanto orientador e mantenedor da saúde do seu paciente.

Palavras-chave: GHPSS; Tabaco; Profissionais de Saúde; Cessação do tabagismo.

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ABSTRACT

AGUIAR, Fernanda Pinheiro. A Percepção dos Estudantes de Graduação de Medicina e Odontologia sobre a Importância do Profi ssional de Saúde na Cessação do Tabagismo. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

Introduction: The importance of health care professionals' role in combating

smoking has been highlighted. Objective: To analyze the perceptions of Medicine

and Dentistry undergraduate students regarding health care professionals'

importance in smoking cessation and the individual and contextual factors that

influence that perception. Methods: We analyzed data from the Global Health

Professional Students Survey applied to third-year students of Medicine and

Dentistry from public and private universities in the city of Rio de Janeiro (Brazil) in

2006 and 2007. The outcome variable “perception of health care professionals'

importance in smoking cessation” was constructed based on six questions. The

association between perception (low vs. not-low) and students' characteristics (sex,

age, race, religion, smoking status) and contextual characteristics (exposure to

tobacco smoke at home or in places other than home, educational activities during

the course of undergraduate education, type of course, type of university, perception

of the existence of and compliance with anti-tobacco norms on campus) was

evaluated through odds ratios estimated through logistic regression models. Results:

1057 students were interviewed, 631 (59.9%) of whom were female and 620 (58.7%)

of whom had up to 22 years of age. The proportion of low perception of health care

professionals' importance in smoking cessation was 2.0%. The odds of low

perception were higher for: male sex (OR = 2.9), those who do not follow a religion

(OR = 3.0), Dentistry students (OR = 2.8) and students who were not informed about

drug treatment (OR = 5.0). Conclusion: Contextual characteristics were identified as

independent factors associated with the perception regarding health care

professionals' importance in smoking cessation, highlighting the importance of

including information about smoking cessation techniques in the curriculum of

undergraduate courses, as well as the importance of emphasizing health care

professionals' role as guides and maintainers of their patients' health.

Keywords: GHPSS; Tobacco; Health Professionals; Tobacco Cessation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

PARTE I

FIGURA 1 - Doenças causadas pelo fumo, classificadas em tipos de cânceres

e doenças crônicas.

17

FIGURA 2 - Doenças causadas pelo fumo passivo, em crianças e adultos. 18

QUADRO 1 - Classificação dos agregados de vaiáveis referentes às perguntas

dos questionários GHPSS – Brasil, 2006 e 2007.

51

APÊNDICE

FIGURA 3 - Gráfico da Análise de Correspondências Múltiplas entre os

escores de percepção do estudante sobre a importância do

profissional de saúde na cessação do tabagismo (de zero a seis) e

o escore do nível de atividades educativas recebidas durante a

graduação (variando de zero a 9).

111

FIGURA 4 - Gráfico da Análise de Correspondências Múltiplas entre os níveis

de percepção do estudante sobre a importância do profissional de

saúde na cessação do tabagismo (de zero a seis) e os níveis de

informação sobre tratamento medicamentoso para a cessação do

tabagismo (zero sendo nível baixo; um, sendo nível médio; dois,

sendo nível alto de informação).

111

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LISTA DE TABELAS

PARTE II

TABELA 1 - Caracterização da população de estudo, segundo variáveis

individuais e contextuais.

81

TABELA 2 - Proporção de resposta positiva a cada pergunta que compõe a

variável “percepção da importância do profissional de saúde na

cessação do tabagismo”, total e por curso.

83

84 TABELA 3 - Distribuição, proporção de baixa percepção e razão de chance de

baixa percepção do estudante sobre importância do profissional

de saúde na cessação do tabagismo.

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LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS

CID-10 Código Internacional de Doenças

CQCT Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

FDA Food and Drug Administration

GATS Global Adult Tobacco Survey

GHPSS Global Health Professional Students Survey

GTSS Global Tobacco Surveillance System

GYTS Global Youth Tobacco Survey

INCA Instituto Nacional de Câncer

IPI Imposto sobre Produto Industrializado

MPOWER Plano de políticas baseado nas medidas da Convenção-Quadro para

o Controle do Tabaco

OMS Organização Mundial de Saúde

PETUNI Perfil do Tabagismo em Estudantes Universitários do Brasil

PNCT Programa Nacional de Controle do Tabagismo

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 12

PARTE I 15

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 TABAGISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA 15

1.2 O TABAGISMO NO BRASIL 21

1.3 INTERVENÇÕES DE BASE POPULACIONAL PARA CONTROLE E MONITORAMENTO DO TABAGISMO E SEUS IMPACTOS

22

1.4 INTERVENÇÕES INDIVIDUAIS PARA REDUÇÃO DO TABAGISMO E SEUS IMPACTOS

27

1.5 INTERVENÇÕES NACIONAIS PARA REDUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE TABAGISMO

28

1.6 O PROFISSIONAL DE SAÚDE COMO ATOR NA REDUÇÃO DO TABAGISMO

32

2 JUSTIFICATIVA 39

3 OBJETIVOS 41

3.1 OBJETIVO GERAL 41

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 41

4 MÉTODOS 42

4.1 DESENHO E POPULAÇÃO DE ESTUDO 42

4.2 VARIÁVEIS 44

4.2.1 Individuais 45

4.2.2 Contextuais 47

4.3 ANÁLISE DE DADOS 49

REFERÊNCIAS 52

PARTE II 73

5 ARTIGO 73

73

74

75

80

85

5.1 RESUMO

5.2 INTRODUÇÃO

5.3 MÉTODOS

5.4 RESULTADOS

5.5 DISCUSSÃO

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 90

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91 REFERÊNCIAS

ANEXOS 95

ANEXO I - QUESTIONÁRIO BRASILEIRO - GHPSS 96

APÊNDICES 107

APÊNDICE I - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE PARA O CONSTRUTO TABAGISMO

108

APÊNDICE II - ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIAS MÚLTIPLAS 110

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APRESENTAÇÃO

O tratamento para cessação do tabagismo é uma das intervenções mais

eficientes para reduzir a morbidade e a mortalidade pelo fumo (SOLBERG et al.,

2006; LEVY et al., 2012a). Portanto, uma das estratégias utilizadas para redução da

prevalência do tabagismo e da mortalidade atribuível ao uso do tabaco é incentivar o

envolvimento dos profissionais de saúde na prevenção do uso do tabaco e em

abordagens para a cessação (CDC, 2005).

Estudos identificaram que profissionais de saúde podem aumentar

substancialmente as taxas de abandono do tabagismo pelo simples aconselhamento

dos pacientes (FIORE et al.; 2000; WARNAKULASURIYA, 2002; STEAD et al.,

2008; WARREN et al., 2008; AL-HAQWI et al., 2010).

Existem vínculos relevantes entre tabagismo e saúde geral e bucal que

criam uma oportunidade para abordagem das técnicas de cessação pelos

profissionais de saúde (JOHNSON & BAIN, 2000; WATT et al., 2000). Os médicos e

os dentistas são alguns dos profissionais de saúde que costumam atender

indivíduos mais de uma vez durante o seu ciclo de vida. Juntamente com a

multiplicidade e frequência relativa de consultas com os pacientes, sua alta

credibilidade e interesses profissionais na cessação do uso do tabaco tornam essas

classes profissionais estratégicas dentro do conjunto de ações para o controle do

uso do tabaco e redução da morbi-mortalidade a ele associadas (SECKER-WALKER

et al., 1994; SHELLEY et al., 2005).

O papel do profissional de saúde deve ser incentivado durante a sua

formação tanto pela incorporação da discussão da promoção da saúde e prevenção

da doença, quanto na adoção e apoio a medidas contextuais preventivas (ambientes

livres da fumaça do tabaco, por exemplo) (EHIZELE et al., 2009, 2011).

O Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, desde 1997, atua como

um Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para o controle do tabaco

e, como tal, foi convidado a participar do sistema internacional de vigilância do

tabagismo: o Global Tobacco Surveillance System (GTSS). O GTSS é composto por

subsistemas de vigilância com populações específicas ou geral, como o GYTS –

Global Youth Tobacco Survey, o GHPSS – Global Health Professional Students

Survey e o GATS – Global Adult Tobacco Survey. No Brasil, o GYTS começou em

2002, o GHPSS em 2006 e o GATS foi aplicado pela primeira vez em 2008 (BRASIL,

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2011a). Até o momento, não foram encontrados trabalhos que buscaram identificar

como alunos de graduação de medicina e de odontologia percebem a importância

do profissional de saúde na cessação do tabagismo.

Para abordar esse tema, a presente dissertação está estruturada em duas

partes. A primeira parte (Parte I) é constituída pela Introdução, Justificativa,

Objetivos, Métodos e Referências. A Introdução está constituída de seis seções. A

primeira aborda o tabagismo como problema se Saúde Pública (seção 1.1), na qual

são apresentadas questões relacionadas ao tabaco mundialmente. Em seguida, é

ressaltada a situação do tabagismo no Brasil (seção 1.2). Essa seção traz dados

referentes à prevalência de fumo, dados de mortalidade atribuíveis ao tabaco e

distribuição demográfica do tabagismo. A terceira seção (seção 1.3) relata as

intervenções de base populacional para controle e monitoramento do tabagismo e

seus impactos e a quarta seção (seção 1.4) aborda as intervenções individuais para

a redução do tabagismo e seus impactos. Já a quinta seção (seção 1.5) traz as

informações referentes às intervenções realizadas no Brasil para a redução da

prevalência de tabagismo. Em relação à sexta seção da introdução (seção 1.6), esta

se refere ao profissional de saúde como ator na redução do tabagismo, ressaltando

a posição que ocupa na sociedade, dados da efetividade do aconselhamento e da

prescrição de fármacos.

A Justificativa (item 2) desenvolve a importância do tema, as lacunas

existentes na literatura e pontos relevantes apontados por este trabalho. Os

Objetivos (item 3) incluem o objetivo principal do estudo (seção 3.1), qual seja,

avaliar a percepção dos estudantes de medicina e odontologia sobre a importância

do profissional de saúde na cessação do tabagismo, bem como os objetivos

específicos (seção 3.2). Os Métodos (4) são subdivididos em três seções, a saber:

desenho e população de estudo (seção 4.1), variáveis (seção 4.2) e análise dos

dados (seção 4.3). As referências seguem fechando a primeira parte deste trabalho.

A segunda parte (Parte II) compreende o artigo científico (item 5).

Encontra-se estruturado em sete seções. É composto, portanto, pelo Resumo (5.1),

Introdução (5.2.), Métodos (5.3), Resultados (5.4), Discussão (5.5), Considerações

Finais (6) e Referências.

Ao final da dissertação, estão dispostos o anexo, no qual é apresentado o

questionário do GHPSS aplicado no Brasil, e os apêndices com os resultados

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relativos à análise de sensibilidade e à análise de correspondências múltiplas,

ambas citadas no tópico de Métodos, encerrando este trabalho.

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PARTE I

1 INTRODUÇÃO

1.1 TABAGISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) respondem por 72% das

causas de morte no Brasil. Doenças cardiovasculares, diabetes, cânceres e doença

respiratória crônica foram responsáveis por 58% de todos os óbitos no Brasil em

2007 (SCHMIDT et al., 2011). Em termos de óbitos atribuíveis, os fatores de risco

com maior representatividade são tabagismo, álcool, pressão arterial elevada,

inatividade física e sobrepeso (WHO, 2009a, SHMIDT, 2011).

Em 2003, 14% de todas as mortes em adultos residentes em 16 capitais

brasileiras foram atribuíveis ao tabagismo. As quatro principais causas de morte em

adultos tabagistas foram obstrução crônica das vias aéreas, doença isquêmica do

coração, câncer de pulmão e doença cerebrovascular. Combinadas, essas quatro

condições foram responsáveis por 64,9% de toda a mortalidade atribuível ao tabaco

(CORRÊA et al., 2009).

O tabaco é a principal causa evitável de adoecimento e morte no mundo,

a principal causa de morte prematura em países desenvolvidos e apresenta-se como

tema de grande preocupação para a saúde pública em diversos países em

desenvolvimento (WHO, 1990; WHO, 2008; SIMS, 2009; WHO, 2012a).

Por ser uma droga lícita e cultivada em todo mundo, o tabaco é

largamente utilizado pela população de todos os países (WHO, 2003a; WHO, 2008).

Além da forma mais tradicional, a fumada, como os cigarros e charutos, existem

diferentes formas nas quais o tabaco é utilizado, incluindo a forma sem fumaça,

como o tabaco para mascar e aspirar (BRASIL, 2007; SIMS, 2009; GUINGAB-

CAGMAT et al., 2012).

Todas as formas de consumo geram algum tipo de prejuízo ao organismo

do usuário: pode levar à dependência, à morbidade, e à morte prematura, não

existindo duração, métodos, frequência ou níveis seguros do seu uso ou exposição

(SIMS, 2009).

O risco de morte por tabagismo excede o risco de qualquer outra

dependência, lesão ou exposição. Estimativas recentes sugerem que cerca de cinco

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milhões de pessoas morrem a cada ano, em países desenvolvidos, em decorrência

do uso de tabaco, sendo que a metade delas vai a óbito antes dos 70 anos de idade

(WHO, 1990; EZZATI & LOPEZ, 2003; EZZATI & LOPEZ, 2004). O tabagismo causa

um em cada dez óbitos de indivíduos adultos no mundo e, aproximadamente, um em

cada dois fumantes vai a óbito, em média, com 15 anos de prematuridade, quando

comparados a não tabagistas (PETO et al., 1992; PETO et al., 1996; CDC, 2002;

MATERS & LONCAR, 2006; WHO, 2008). Atualmente, estima-se que um bilhão de

indivíduos façam uso de tabaco e que a mortalidade devido ao fumo, nas próximas

duas décadas, será de cerca de oito milhões de óbitos por ano (WHO, 2008).

Esse quadro é agravado quando estudos indicam que o impacto real do

tabagismo pode estar subestimado devido a um elevado nível de exposição à

fumaça dos não fumantes e ao aumento do consumo de produtos contendo tabaco

entre os jovens e entre os não fumantes (LOPEZ et al., 1994; CDC, 2009;

DEMPSEY et al., 2012; WANJEK, 2012).

O uso de tabaco está associado a diversas doenças, tais como doença

cardiovascular, câncer, doença respiratória crônica, doença do trato digestivo,

osteopenia e osteoporose (Figura 1) (US, 2004; WHO, 2008). O tabagismo é

responsável por cerca de 20% da incidência global de tuberculose e o responsável

pela redução da eficácia do seu tratamento. Cerca de 90 mil pacientes com

tuberculose foram a óbito em 2011 porque fumavam (WORLD BANK, 2012).

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Fonte: WHO, 2008.

Figura 1. Doenças causadas pelo fumo, classificadas em tipos de cânceres e doenças crônicas.

Apesar do adoecimento e morte causados pelo tabaco não se

manifestarem antes da fase adulta, a indução dos seus efeitos se dá precocemente,

já que cerca de 90% dos fumantes inicia o uso do tabaco antes dos 19 anos de

idade (CINCIPRINI et al., 1997; BRASIL, 2001a; FERNANDER et al., 2006; FIORE

et al., 2008; MINH et al., 2010; WHO, 2012a).

Os fumantes não são os únicos expostos à fumaça do tabaco. Os não

fumantes tornam-se fumantes passivos quando expostos a essa fumaça. Os

poluentes dos produtos do tabaco dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os

não fumantes que estejam próximos aos fumantes inalem também as substâncias

tóxicas. A exposição à fumaça do tabaco por não fumantes está associada ao

desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como doença isquêmica do coração

e acidente vascular encefálico (Figura 2) (WHO, 2008; OLASKY et al., 2012). Cerca

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de 600 mil pessoas morrem por ano devido aos efeitos da exposição à fumaça do

tabaco (ÖBERG et al., 2011).

Fonte: WHO: 2008.

Figura 2. Doenças causadas pelo fumo passivo, em crianças e adultos.

Existem evidências de que os fumantes passivos apresentam maior risco

de desenvolver doenças relacionadas ao uso de tabaco. Corroborando para tal fato,

estudos comprovam que crianças não fumantes expostas à fumaça do cigarro

apresentam maior incidência de infecções respiratórias, como bronquite, pneumonia,

asma e sinusite, comparado a crianças não expostas (COOK & STRACHMAN, 1999;

BARNOYA & GLANTZ, 2005; GILMOUR et al., 2006; BRASIL, 2007), especialmente

aquelas de baixa condição socioeconômica (HOLTBY et al., 2011; TREYSTER &

GITTERMAN, 2011). Outro estudo (SCESNAITE et al., 2012), em adultos, mostrou

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alterações moleculares características de câncer de pulmão em fumantes como

também em não fumantes expostos à fumaça do tabaco.

A nicotina, em 1997, foi considerada pela Organização Mundial de Saúde

(OMS) uma droga psicoativa responsável por causar dependência e, por isso, o

tabagismo é classificado pelo Código Internacional de Doenças (CID-10) como um

transtorno mental e de comportamento pelo uso da substância (BRASIL, 2007;

CEZAR, 2009).

O uso intenso e constante do tabaco pode provocar tolerância, ou seja, o

indivíduo tende a consumir um número maior de cigarros para sentir os mesmos

efeitos que, originalmente, eram produzidos por menores doses (BRASIL, 2007).

A simples cessação do uso de produtos derivados de tabaco reduz a

incidência de uma variedade de doenças, limita a gravidade da progressão da

doença e melhora o resultado dos tratamentos clínicos e cirúrgicos (PRESHAW et

al., 2005; RAMSEIER, 2005; WARNAKULASURIYA, 2005; WHO, 2005; ARAÚJO,

2009; BRASIL, 2011c).

Após a cessação do fumo, há um rápido declínio no risco de adoecimento,

principalmente por doença coronariana, sendo este risco reduzido pela metade após

um ano de abstinência e mantendo a redução gradual nos anos seguintes, em

ambos os sexos. Após 15 anos de abandono do uso do tabaco, o risco de

desenvolver doença coronariana é semelhante ao de indivíduos que nunca fumaram

(US, 1990; LOPEZ et al., 1994; USDHHS, 1990; AL-HAQWI et al., 2010).

As estimativas mais conservadoras indicam que a redução na prevalência

de câncer de pulmão nos Estados Unidos, resultante da diminuição do consumo de

tabaco durante os últimos 50 anos, representa cerca de 40% da diminuição da

mortalidade geral masculina por câncer, evitando 146 mil óbitos por câncer de

pulmão, em homens, durante o período de 1991 a 2003 (THUN & JEMAL, 2013).

O impacto gerado pelo uso do tabaco não se restringe à morbidade e à

mortalidade de quem consome e está exposto a seus produtos, mas, também, ao

custo social e econômico advindo desses fatores (WHO, 2004). Os custos

econômicos do uso do tabaco são devastadores: altos custos com o tratamento de

doenças relacionadas ao tabagismo especialmente com financiamento público,

indivíduos fumantes menos produtivos por apresentarem alguma doença

relacionada com o tabaco, levando à invalidez, e a morte prematura do tabagista,

privando seus familiares de renda muitas vezes necessária (WHO, 2004).

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A necessidade de tratamento de doenças relacionadas ao consumo de

tabaco em países em desenvolvimento acaba por exigir muito de orçamentos já

reduzidos. O tabagismo afeta o serviço nacional de saúde, uma vez que, quando o

governo destina verbas para o tratamento de pacientes tabaco-dependentes,

inevitavelmente menos recurso será disponibilizado para o tratamento de outras

doenças (MADLEY, 1999; FISHMAN et al., 2003).

Em Hong Kong, o governo acaba por importar alimentos porque a terra

fértil para o plantio está sendo desviada para a produção de tabaco. Na China, entre

os anos de 2000 e 2008, os custos totais atribuíveis ao tabaco mais do que

quadruplicaram; em Bangladesh, os custos diretos com fumo são estimados em US$

386 milhões, ou seja, mais do que 1% do PIB. Entre 2003 e 2008, 11,3% da

despesa total em saúde do Egito foi destinada para o tratamento de doenças

relacionadas com o tabaco. No ano de 2003, os tabagistas vietnamitas gastaram

com tabaco 3,6 vezes mais em relação à educação e 1,9 vezes mais em relação à

cuidados em saúde. No Brasil, em 2011, 30% dos recursos destinados ao SUS

foram empregados no tratamento de doenças relacionadas ao tabaco (MADLEY,

1999; LABOISSIÈRE, 2012; WORLD BANK, 2012).

Tabagismo e pobreza são indissociáveis. De acordo com a OMS (WHO,

2003a; RAVARA et al., 2011), o tabagismo ocorre tipicamente entre as populações

nos extremos das faixas de renda. Cerca de 10% da despesa total das famílias mais

pobres é destinada à compra de produtos derivados do tabaco e, portanto, resta

menos recurso para gastar em itens básicos como alimentação, educação e saúde.

Desse modo, o tabagismo também acaba por contribuir para uma maior taxa de

analfabetismo (WHO, 2004; KROEFF & MENGUE, 2010).

O tabaco é uma cultura de rendimento importante e, tal como em outros

setores agrícolas, o trabalho infantil é predominante, especialmente nas áreas mais

pobres. Com isso, filhos de produtores de tabaco freqüentam menos a escola

comparativamente a crianças de famílias não-produtoras de tabaco, para ajudar no

cultivo (MADLEY, 1999; ELDRING et al., 2000). Somado a isso, a prevalência do

uso de tabaco é maior entre a população com menor grau de instrução (WILLAING &

LADELUNG, 2003; RAVARA et al., 2011; SCHMIDT et al., 2011; RATH et al., 2012).

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21

1.2 O TABAGISMO NO BRASIL

No Brasil, dados de 2008 mostram que 17,5% dos brasileiros faziam uso

regular de tabaco, fumado e sem fumaça, sendo equivalente à cerca de 26 milhões

de indivíduos (WHO, 2011).

Tal como nos Estados Unidos (RATH et al., 2012), maior parte dos

fumantes correntes consome os tradicionais cigarros e o percentual de fumantes de

outros produtos do tabaco fumado, como charutos, cachimbos, cigarrilhas, cigarros

indianos e narguilés é relativamente baixo (BRASIL, 2011a).

Cerca de 200 mil brasileiros vão a óbito em decorrência do uso de tabaco

(CORRRÊA et al., 2009). As principais causas de óbito relacionadas ao tabagismo

foram doença pulmonar obstrutiva crônica, doença isquêmica do coração, câncer de

pulmão e doenças cérebro vasculares (CORREA et al., 2009). O câncer de pulmão é

um importante indicador do impacto do tabagismo sobre a saúde, pois cerca de 90%

dos casos desse tipo de câncer ocorre entre tabagistas ou ex-tabagistas. No Brasil,

é o tipo de câncer que mais leva homens a óbito e o segundo tipo entre as mulheres

(BRASIL, 2012a).

A heterogeneidade regional relacionada com o consumo de tabaco em

um país com as dimensões continentais como o Brasil apresenta um grande desafio

para o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) (BRASIL, 2010c). Por

exemplo, na região sul do país, onde a maior parte do tabaco nacional é produzida,

a prevalência do tabagismo é maior em comparação com outras regiões e os jovens

têm um nível de dependência da nicotina próximo ao de adultos da mesma região.

A prevalência de tabagismo encontrada na região Sul foi

significativamente mais elevada (19%) mas não houve diferenças significativas entre

as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (IBGE, 2008; BRASIL, 2011a).

Em todas as faixas etárias, o sexo masculino apresentou maior número de fumantes

do que o sexo feminino, homens fumando praticamente duas vezes mais que

mulheres no país (MALTA et al., 2010; BRASIL, 2011a; WHO, 2011).

No que tange à renda e à escolaridade, o tabagismo é capaz de refletir as

desigualdades sociais do país. À medida que aumenta a escolaridade, o percentual

de tabagistas diminui e, em relação à renda, grupos economicamente menos

privilegiados, com um menor poder de compra, apresentam uma maior prevalência

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de fumantes (WHO, 2011; ALMEIDA et al., 2012). Entre 4,8% e 7,0% dos gastos

familiares são destinados a compra de produtos de tabaco (BRASIL, 2010c).

Ainda abordando o cenário nacional, a zona rural apresenta uma maior

proporção de fumantes comparativamente à zona urbana em todas as faixas etárias

e em todos os tipos de tabaco fumado (BRASIL, 1996a; BRASIL, 2010c; BRASIL,

2011a). Na população rural existem cerca de 30500 crianças menores de 10 anos

que são tabagistas, contra, aproximadamente, 1400 crianças na mesma faixa etária

na zona urbana. Algumas das possíveis explicações para essa diferença entre as

regiões podem ser pelo acesso limitado ao sistema de saúde, baixo nível de

informação sobre os malefícios do fumo, maior facilidade de penetração das

propagandas e busca pelo ideal de vida urbano nas regiões rurais.

No intuito de proteger a população, desde 1986, diversas portarias e leis

vêm sendo elaboradas pelos governos para impedir o avanço do tabagismo e dos

seus efeitos deletérios à saúde (BRASIL, 2011a).

1.3 INTERVENÇÕES DE BASE POPULACIONAL PARA CONTROLE E

MONITORAMENTO DO TABAGISMO E SEUS IMPACTOS

A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) é o primeiro

tratado internacional de saúde pública da OMS, posposta em 1999 e aprovada em

2003. Tornou-se o primeiro passo na luta global contra a epidemia de tabaco (WHO,

2003b; WHO, 2008). O objetivo principal da CQCT é de “proteger as gerações

presentes e futuras das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais

e econômicas geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco”

(BRASIL, 2006, PARTE II, ART 3º).

Essa convenção estabelece a elaboração e a atualização de políticas de

controle do tabaco como algumas de suas obrigações; propõe um mecanismo de

coordenação nacional e de cooperação com outros signatários, além da proteção

das políticas nacionais contra os interesses da indústria do tabaco (BRASIL, 2012b).

Determina, ainda, a adoção de medidas intersetoriais nas áreas de propaganda,

publicidade, patrocínio, advertências sanitárias, tabagismo passivo, tratamento de

fumantes, comércio ilegal, preços e impostos.

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Esse tratado apresenta um modelo para que os países foquem na

redução da demanda e da oferta de produtos de tabaco (WHO, 2008; BRASIL,

2011a). Para auxiliar os países participantes dessa convenção, foi elaborado o

pacote MPOWER, que traz as seis mais importantes e eficazes políticas de controle

do tabagismo: o monitoramento das ações de controle do tabaco, a proteção do

meio ambiente à fumaça dos produtos de tabaco; a oferta de tratamentos para a

cessação, as advertências sobre os malefícios do tabagismo, a aplicação da

proibição da publicidade, promoção e patrocínio das empresas fumageiras e o

aumento de impostos e preços sobre os produtos de tabaco (WHO, 2008; BRASIL,

2011d).

O Banco Mundial estima que as políticas de prevenção apresentam a

melhor relação custo-benefício (WORLD BANK, 2011). Estima-se que a

implementação de um conjunto de intervenções de saúde pública em que o controle

do tabaco é incluído, os governos teriam de gastar, em média, quatro dólares per

capita em países de baixa renda e sete dólares per capita em países de renda

média. O tratamento de doenças relacionadas ao tabaco incluem custos associados

com os serviços de saúde, redução da produtividade (devido à morte ou doença),

aposentadorias precoces, pensões e benefícios pagos, incêndios e outros tipos de

acidentes, poluição e degradação ambiental, pesquisa e educação (BRASIL, 2010c).

As intervenções mais eficazes são as que diminuem o consumo do tabaco

e a prevalência do tabagismo (US, 2000). Isoladamente, a tributação nos produtos

derivados de tabaco representa uma das medidas mais efetivas para redução do

tabagismo. O aumento continuado dos preços reduz o consumo desses produtos. O

aumento de 10% no preço dos produtos de tabaco, por exemplo, pode levar a uma

redução de 4% no consumo em países mais ricos e de 8% nos países de baixa ou

média renda (WHO, 2008). Em Minnesota, a tributação dos produtos foi responsável

pela redução de 13,5% da prevalência de fumo em 14 anos (LEVY et al., 2012b).

Em Óregon, estudo concluiu que o aumento do preço dos maços de cigarros foi o

responsável pela redução de 11,3% no consumo em apenas dois anos (CDC, 1999).

Os altos preços acabam não só atingindo os tabagistas adultos, podendo

reduzir o consumo ou até mesmo eliminá-lo, mas também atingem os jovens, que

deixam de ter acesso ao produto de forma fácil e barata (OPAS, 2000; BRASIL,

2012).

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Algumas cidades americanas revertem os impostos sobre o tabaco para a

educação sobre efeitos do tabagismo na saúde, políticas para diminuição da

publicidade da indústria, atividades para o controle do tabagismo ou o valor é

repassado para os serviços de saúde (WORLD BANK, 1999).

O tabagismo também pode ser eficazmente reduzido por meio de maior

informação ao consumidor a respeito dos malefícios do tabaco, da divulgação de

pesquisas sobre os efeitos do fumo sobre a saúde, de fotos e informações nas

embalagens dos produtos, das campanhas de conscientização nos veículos de

massa, da restrição do acesso dos jovens aos produtos de tabaco e, também,

através dos programas de educação escolar (OPAS, 2000; CZARNECKI et al., 2010;

US, 2010; LEVY et al., 2012b). Os programas de educação escolar são os que

apresentam menor expressão com relação ao abandono da dependência, uma vez

que sua efetividade é reduzida com o correr do tempo (OPAS, 2000).

Estudos realizados mostraram que os avisos nas embalagens de cigarros

influenciaram muitos fumantes a reduzir ou tentar abandonar o hábito. No Brasil,

entre os anos de 1989 e 2010, houve uma redução de 8% da prevalência de fumo

(LEVY et al., 2012a) e cerca de 65% dos tabagistas cogitou a possibilidade de

abandonar a dependência devido aos avisos sobre os malefícios do fumo à saúde

(ALMEIDA et al., 2012a).

As campanhas na mídia são responsáveis por aumentar o apoio à

cessação, diminuir a aceitação social do uso de tabaco, construir apoio público para

políticas antitabagismo e maximizar o impacto dos programas de prevenção e

controle do tabagismo na sociedade. Quando associadas com atividades no nível da

comunidade, as campanhas na mídia chegam a reduzir a prevalência do fumo em

6% em algumas regiões (OPAS, 2000; US, 2010; LEVY et al., 2012a; LEVY et al.,

2012b).

A indústria do tabaco reconhece a grande importância da promoção deste

produto através das mídias de entretenimento. Os jovens, comparados aos

indivíduos com mais idade, possuem maior atração pelas propagandas de tabaco. A

indústria associa seus produtos com diversão, sexo, poder, além de expressar

rebeldia e independência para os que fazem uso de seus produtos. Cenas contendo

fumo nos filmes têm aumentado, significantemente, a exposição do adolescente ao

tabagismo (MEKEMSON & GLANTZ, 2002; BIENER & ALBERS, 2004;

CHARLESWORTH & GLANTZ, 2005). Os adolescentes que assistiram a filmes que

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continham cenas de fumo apresentavam três vezes a chance de fumar nos

intervalos do que os que não assistiram (SHMUELI et al., 2010).

O uso do tabaco entre os jovens é um importante problema de saúde

pública, uma vez que os comportamentos de risco à saúde se desenvolvem nessa

idade, podendo permanecer por toda a vida (ALICIATI et al., 1998; HAMMOND,

2005). Nessa idade, comparativamente à idade adulta, há uma menor capacidade

de tomar decisões bem embasadas sobre o que, na maioria das vezes, se

transforma numa dependência para toda a vida. Quando compreendem a natureza

viciante do tabaco e os malefícios à saúde e decidem interromper seu uso, a

dependência torna essa tarefa difícil (IGLESIAS et al., 2007; HOCKENBERRY et al.,

2010).

Dirigindo-se à questão específica do uso do tabaco entre os jovens,

diversas leis foram promulgadas para restringir o acesso desse grupo ao tabaco,

através da proibição da venda e distribuição desses produtos a menores de 18 anos

de idade (ALICIATI et al., 1998; FISHMAN et al., 1999). Essa medida resultou em

uma redução de 1,9% na prevalência de fumo entre os jovens (LEVY et al., 2012b).

Por essa e outras questões, a propaganda comercial dos produtos

fumageiros está restrita aos seus locais de venda, não podendo sugerir o consumo

exagerado; estar associada ao bem-estar ou saúde; não atribuir aos produtos

propriedades calmantes ou estimulantes; não associar idéias ou imagens positivas,

insinuando o aumento de virilidade ou feminilidade de pessoas fumantes; não

associar o uso do produto à prática de atividades esportivas; não incluir a

participação de crianças ou adolescentes. A propaganda não pode ser realizada por

meio de anúncios nos meios de comunicação, outdoors e cartazes luminosos,

objetivando diminuir a exposição do público (AUSTRALIA, 1992; BRASIL, 1996b;

SAFFER, 2000; KLINE, 2000).

Outra intervenção de base populacional proposta pela CQCT e presente

no MPOWER é a restrição do uso de cigarros em locais públicos e ambientes de

trabalho, geralmente com o objetivo de proteger indivíduos não-tabagistas do perigo

da exposição à fumaça do tabaco. Essa intervenção vem mostrando ser eficaz na

redução do consumo, influenciando fumantes a reduzir a frequência de uso e

incentivando-os ao abandono do hábito e até dissuadir os iniciantes. A política de

ambientes livres da fumaça do tabaco reduz, rapidamente, a exposição ao

tabagismo passivo, e, em menor escala, a prevalência do tabagismo, variando entre

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4% e 14%, dependendo da cobertura de sua implementação, e da quantidade média

de cigarros fumados diariamente em cerca de 3,1% (WORLD BANK, 1999;

FICHTENBERG & GLANTZ, 2002; LEVY et al., 2012).

No entanto, a eficácia dessas restrições depende da forma de sua

implementação, do seu cumprimento e da mobilização da opinião pública, através,

por exemplo, de campanhas informativas e da conscientização da população

(WORLD BANK, 1999).

A abordagem cognitivo-comportamental, o aconselhamento realizado por

profissional de saúde ou por grupo profissional capacitado, tratamento

medicamentoso, campanhas motivacionais e distribuição de panfletos de auto-ajuda

são outras intervenções implementadas para redução da prevalência do tabagismo

(FIORE et al., 2008). Essas ações para promoção da cessação do tabagismo devem

ser elaboradas tendo como foco o perfil do tabagista, de acordo com o seu nível de

dependência e sua motivação para abandonar o fumo (BRASIL, 2011a). Elas são

realizadas através do apoio à cessação do tabagismo por meio de telefone, internet

e pelos profissionais de saúde e sistema de saúde (GOLLUST et al., 2008; CDC,

2010; LEVI et al, 2010; WESTMAAS et al., 2010).

Os Estados Unidos contam com uma estrutura de rede social de apoio

chamada QuitNet.com, uma das mais bem sucedidas e populares redes da internet,

cujo foco se dá na cessação do tabagismo e na manutenção da abstinência (COBB

et al., 2010). Essa rede fornece conselhos e assistência em conformidade com

diretrizes comprovadas cientificamente e inclui recursos interativos para o paciente,

além do acesso a guias com orientações para a cessação e sobre os tratamentos

farmacológicos disponíveis, ao diretório americano de programas de cessação e às

respostas do tópico “perguntas frequentes” (COBB et al., 2005).

Dados mostram que tanto a abordagem feita unicamente via internet ou

em associação com a assistência pelo telefone podem ser consideradas

modalidades eficazes e de baixo custo para tratamento dos tabaco-dependentes

(GRAHAM et al., 2012).

Como exemplo de assistência pelo telefone, os Estados Unidos possuem

uma linha direta e gratuita de aconselhamento, chamado Tobacco Quitline Services.

Alguns estudos têm mostrado a eficácia da orientação pelo telefone, sendo um

ponto importante na abordagem de fumantes, principalmente pelo seu amplo

alcance (STEAD et al., 2003; US, 2008). A assistência via linha telefônica tem duas

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abordagens principais. A abordagem ativa é através da qual o indivíduo fumante

pode simplesmente telefonar para uma central. Já a abordagem pró-ativa acontece

quando os atendentes dessa central retornam as ligações e continuam o

acompanhamento do fumante pelo telefone, dando-lhe orientação e apoio (STEAD

et al., 2003). O serviço de aconselhamento via telefone oferece algumas facilidades,

como confidencialidade, acesso ao atendimento sem deslocamento, acesso ao

tratamento para comunidades que não dispõem de serviço formal para cessação,

acesso para os que residem distante dos centros urbanos e flexibilidade de horário

(CDC, 2004; PEREZ et al., 2011).

Entre os fumantes que entraram em contato com serviços de assistência

pelo telefone, as taxas de abandono foram maiores (1,4 vez) para os que tiveram

várias sessões de aconselhamento pró-ativo. Três ou mais ligações tendem a

aumentar as chances de cessação em comparação com uma intervenção pontual,

tal como o breve aconselhamento ou a farmacoterapia isoladamente (STEAD et al.,

2009).

1.4 INTERVENÇÕES INDIVIDUAIS PARA REDUÇÃO DO TABAGISMO E SEUS

IMPACTOS

As intervenções médicas, como o aconselhamento e o apoio à cessação,

também se tornaram mais sofisticadas com o passar dos anos (FOWLER, 1993). A

terapia cognitivo-comportamental objetiva motivar, apoiar e informar o tabagista

sobre os riscos do fumo e benefícios da cessação, fornecendo orientações para lidar

com a síndrome da abstinência, a dependência psicológica e os condicionamentos

ligados ao uso do tabaco. Essa terapia poderá apresentar melhores resultados

quando associada ao uso de medicamentos, que visam diminuir os sintomas da

abstinência, principalmente nos pacientes com alto grau de dependência (BRASIL,

2001a; REICHERT et al., 2008).

Existem medicações que são de grande valia no tratamento dessa

dependência. As modalidades de tratamento medicamentoso são a terapia de

reposição de nicotina (os adesivos e chicletes de nicotina são as formas mais

comuns) e os antidepressivos (como a bupropiona e a nortriptilina, que alteram as

substâncias químicas no cérebro associadas à fissura). Esses tipos de terapias

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podem ser utilizados separadamente ou combinados (LARANJEIRA & GIGLIOTTI,

2001/2002; USP, 2006; REICHERT et al., 2008). O fácil acesso à medicação para

cessação pode ajudar fumantes a abandonar a dependência (MILLER et al., 2005).

As abordagens comportamentais aumentam em 1,3 a 2,5 vezes e os

tratamentos farmacológicos aumentam em 1,5 a 3,6 vezes a chance de um indivíduo

abandonar a dependência, quando comparados com as chances de tratamentos

cuja eficácia não foi comprovada cientificamente, tais como tratamentos

culturalmente adaptados para populações étinicas minoritárias e intervenções para a

prevenção de recidiva (FIORE et al., 2008; ABRAMS et al., 2010). Os tratamentos

combinados, como a terapia cognitvo-comportamental juntamente com a

farmacoterapia, aumentam as chances de cessação em 1,3 a 2 vezes quando

comparados a esses mesmos tratamentos isoladamente (FIORE et al., 2008;

ABRAMS et al. 2010).

A abordagem de grupos específicos, tais como gestantes, profissionais de

saúde tabagistas, crianças e adolescentes, idosos, pacientes hospitalizados,

pacientes psiquiátricos e tabagistas em recaída, é um outro meio para tentar obter

êxito na mudança de comportamento em relação ao tabagismo (REICHERT et al.,

2008). De acordo com Borges (2005), 33,3% das mulheres grávidas que recebem

orientações breves ou aconselhamento para mudança comportamental em relação

ao uso de produtos de tabaco conseguem cessar a dependência.

Tanto o tratamento de reposição de nicotina quanto a abordagem

intensiva dos pacientes tabagistas hospitalizados têm mostrado efetividade na

abstinência do fumo (HAND et al., 2002). Entretanto, o tratamento combinado de

reposição de nicotina e breve aconselhamento de pacientes tabagistas

hospitalizados aumenta significantemente as taxas de abandono da dependência em

um ano (HAND, 2002; MOLYNEUX et al., 2003). Contudo, há fatores que dificultam

a cessação, como baixa motivação, alterações do peso corporal, personalidade,

doenças psiquiátricas (REICHERT et al., 2008).

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1.5 INTERVENÇÕES NACIONAIS PARA REDUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE

TABAGISMO

O Brasil tem progressivamente promulgado, desde os anos 80, um

conjunto de leis para controlar a comercialização e o uso de tabaco. Em 2000, a

publicidade de produtos de tabaco foi proibida, fotos nas embalagens alertando os

consumidores sobre os riscos foram colocados nos maços de cigarros, e foi criada

uma comissão nacional para o controle do tabaco, com envolvimento dos setores

saúde, econômico, de desenvolvimento agrário, agricultura, educação e trabalho

(BRASIL, 2011; SCHMIDT et al., 2011).

O Programa de Controle de Tabagismo, que visa reduzir a morbi-

mortalidade através da redução da exposição ao tabaco e a outros fatores de risco

de câncer se pauta na tríade de promoção, prevenção e tratamento. Essa estratégia

visa motivar mudanças de comportamento tanto nas unidades de saúde como nos

ambientes escolar e de trabalho, além de capacitar profissionais de saúde para que

possam apoiar de forma efetiva os tabagistas no processo de cessação (BRASIL,

2001b).

O enfoque das ações do programa Nacional de Controle do Tabagismo

está nas proibições relativas à propaganda e ao consumo de tabaco no sistema de

transporte público; na regulamentação dos produtos do tabaco (limitação nos teores

de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono e as advertências, tanto escritas quanto

com imagens impactantes nos maços de cigarros e em embalagens dos produtos do

tabaco) e no lançamento de campanhas de conscientização e de educação. Além

dessas ações, o Programa desenvolveu iniciativas de vigilância e de monitoramento

e descentralizou as iniciativas de controle para os níveis estadual e municipal

(IGLESIAS et al., 2008).

Em 2001, o Brasil disponibilizou uma linha telefônica, o Disque Pare de

Fumar, cujo número é informado nos maços de cigarros, com a finalidade de orientar

os indivíduos em relação à cessação (PEREZ et al., 2011; SCHMIDT et al., 2011).

Atualmente, o atendimento é feito através de uma gravação com as opções

disponíveis: obter informações sobre como deixar de fumar, ajudar alguém a deixar

de fumar, sobre os benefícios da cessação do fumo, os sintomas decorrentes da

cessação ou falar diretamente com um dos atendentes (PEREZ et al., 2011). Dos

indivíduos que procuraram atendimento pelo telefone, 79% eram fumantes e cerca

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de 50% eram jovens, com idade entre 12 a 24 anos. Dentre os assuntos solicitados,

41% dos indivíduos buscavam informações sobre tratamentos para deixar de fumar

(PEREZ et al., 2011).

A política “São Paulo livre de fumo” está entre as medidas de maior

alcance no mundo, cobrindo cerca de 40 milhões de indivíduos, protegendo-os da

exposição à fumaça do cigarro (BIALOUS & MARTINS, 2009). A lei número 13.541,

de 7 de maio de 2009 (SÃO PAULO, 2009), que proíbe o uso de tabaco em

ambientes fechados, reduziu em 73% a concentração do monóxido de carbono,

substância nociva produzida pelo cigarro, nesses ambientes no estado de São

Paulo. Nos trabalhadores, entre os fumantes a diminuição do monóxido de carbono

no organismo foi cerca de 49% e nos não-fumantes, 27% (OPAS, 2000;

ALBUQUERQUE, 2011).

Em 2011, a Lei nº 12.546, artigo 49, proibiu o uso de produtos de tabaco

que emitem fumaça em ambientes públicos fechados em todo o país, garantindo

proteção à população contra danos à saúde decorrentes dessa exposição. Além

disso, ampliou as informações sobre os malefícios do uso do tabaco à saúde nos

maços de cigarros e proibiu a propaganda comercial dos produtos, inclusive nos

locais de venda (BRASIL, 2011e).

O modelo de tributação sobre cigarros propõe a elevação gradual do

Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) incidente sobre o maço de cigarros até o

ano de 2015, ficando de 20% a 55% mais caro nesse período. (BRASIL, 2011a;

BRASIL, 2011b; TELES, 2011; ANDREIS, 2012).

No Brasil, a sociedade tem conhecimento considerável de problemas de

saúde relacionados ao tabagismo. Cerca de 96% da população acreditam que fumar

pode causar doenças graves e 91% acreditam que inalar a fumaça do cigarro no

ambiente pode causar doenças graves em não-fumantes (BRASIL, 2010c).

As políticas de redução e controle do tabagismo têm mostrado resultados

positivos. Embora os efeitos dessas medidas não afetem diretamente a produção

nacional, uma vez que 87% do tabaco produzido é exportado, é importante o

estabelecimento de programas de governo que apóiem agricultores a investir na

produção de outras manufaturas. Isso porque, além do prejuízo à saúde daqueles

que lidam diretamente com o tabaco, há uma mudança de comportamento mundial

quanto ao hábito de fumar, podendo afetar esse mercado no futuro, uma vez que o

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Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de tabaco em folhas (OPAS,

2000; BRASIL, 2010a; ANDREIS, 2012).

O Brasil encontra-se em um momento favorável para a diminuição da

prevalência de fumantes, uma vez que há uma grande porcentagem de fumantes

motivados a abandonar a dependência e houve uma importante conscientização da

sociedade sobre os malefícios advindos do tabagismo passivo. Os brasileiros

fumantes apresentam grande preocupação em relação aos prejuízos causados à

saúde de outros indivíduos pela fumaça dos derivados de tabaco (GIGLIOTTI, 2002).

Cerca de 2/3 da população apóiam as ações governamentais para a redução do

tabagismo (HOEH et al., 1995; EDWARDS et al., 2012).

O número de fumantes adultos brasileiros decresceu de 34% para 17%

em 23 anos (MONTEIRO et al., 2007; BRASIL, 2010c). Entre 1989 e 2010, cerca de

metade dessa redução é explicada pelo aumento dos preços dos produtos de

tabaco, 14% pela implementação de leis anti-fumo (ambientes livres de tabaco), 14%

pela restrição da propaganda, 8% pelas advertências sobre os malefícios, 6% por

meio de campanhas de mídia de massa e 10% por programas de tratamento e

cessação (LEVY et al., 2012a).

O sucesso das políticas antitabaco são pontos chave na redução da

prevalência das DCNT no Brasil. Houve uma redução de 20% na mortalidade por

DCNT entre 1996 e 2007, principalmente em função da redução das mortes por

doenças cardiovasculares (31%) e por doenças respiratórias crônicas (38%). Isso

se deveu à implementação bem sucedida de políticas de saúde nacionais que levem

à expansão do acesso aos cuidados de saúde primários, à melhoria da assistência e

à diminuição do tabagismo (BRASIL, 2010b; SCHMDIT et al., 2012).

No Brasil, o Programa de Abordagem e Tratamento do Tabagismo na

Rede SUS, existe desde 2004, oferecendo tratamento para os pacientes tanto na

atenção básica quanto na média complexidade. As abordagens cognitivo-

comportamentais e a farmacoterapia (manual do participante, adesivos e chicletes

de nicotina e cloridrato de bupropiona) estão disponíveis nas unidades credenciadas

ao Ministério da Saúde (BRASIL, 2004). O investimento financeiro realizado na

cessação do tabagismo chega a ser 20 vezes menor do que os gastos com

tratamento de doenças em decorrência do uso de tabaco (BRASIL, 2004; AMB &

ANS, 2011).

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Grande parte dos fumantes faz visitas regulares a seus clínicos, e a

relação profissional de saúde-paciente oferece um contexto único para o tratamento

da dependência da nicotina. A preocupação do paciente com sua saúde faz da

consulta o momento mais adequado para algumas instruções e orientações. Um dos

maiores efeitos do aconselhamento por profissional de saúde é a motivação dos

pacientes a abandonar a dependência (BRASIL, 2001a; LARANJEIRA & GIGLIOTTI,

2001/2002).

Para tanto, é necessária a capacitação e a preparação dos profissionais

de saúde para entender esse comportamento como uma doença crônica e apoiar de

forma efetiva o tabagista no processo de cessação do fumo, incluindo a abordagem

mínima para o abandono da dependência em suas rotinas de atendimento (BRASIL,

2001a; BRASIL, 2011a).

1.6 O PROFISSIONAL DE SAÚDE COMO ATOR NA REDUÇÃO DO TABAGISMO

Na população existem indivíduos que exercem liderança, tanto pela função

desempenhada quanto pelo prestígio perante a sociedade, possuindo papel

fundamental em campanhas antitabágicas (WHO, 2005). Os profissionais de saúde

são vistos como modelos de comportamento pela sociedade, pelos pacientes e

pelos outros profissionais e, desse modo, podem atuar na propagação de estilos de

vida mais saudáveis, como a prática de exercícios físicos e dieta equilibrada, e na

redução da prevalência do tabagismo (SOARES et al., 2005; IBRAHIM &

NORKHAFIZAH, 2008; WHO, 2005; BRASIL, 2011c).

Os profissionais de saúde são peça indispensável ao combate do

tabagismo devendo agir contra o tabaco com base no conhecimento em saúde, uma

vez que são os mais conhecedores dos malefícios causados à saúde em

decorrência do uso de tabaco quando comparado aos profissionais de outras áreas

(FOWLER, 1993; WHO, 2005).

Estudos identificaram que profissionais de saúde podem aumentar

substancialmente as taxas de abandono do tabagismo pelo simples aconselhamento

dos pacientes (ORLEANS, 1985; KOTTKE et al., 1988; COHRN et al., 1989;

DEMERS et al., 1990; OCKENE et al., 1991; ZWAR et al., 2007; WARREN et al.,

2008; AL-HAQWI et al., 2010).

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Somado a isso, uma vez que o consumo de tabaco está associado a

consideráveis impactos negativos à saúde, profissionais de saúde seriam os mais

indicados a desempenhar papel de liderança no combate ao tabagismo na

sociedade, alertando os pacientes sobre os perigos do tabagismo, aconselhando,

apoiando e motivando os pacientes fumantes a cessarem o hábito, antes da

implementação de qualquer outra medida antitabaco (FIORE et al.; 2000; USDHHS,

2000; STEAD et al., 2008; WARREN et al., 2008; WARREN et al., 2009b; AL-

HAQWI et al., 2010; SREERAMAREDDY et al., 2010).

A breve orientação realizada por um profissional de saúde pode aumentar

as taxas de abandono em até 30% quando comparadas a pacientes que não

receberam nenhum aconselhamento (OCKENE et al., 1991; FIORE et al., 2000).

Isso se dá porque estão entre os mais bem-respeitados e confiáveis de todos os

grupos profissionais, mais de 70% dos fumantes entram em contato com um médico

a cada ano (DAVIS, 1988; FIORE et al., 2008), com múltiplas oportunidades de

intervenções: os tabagistas possuem uma média de quatro consultas médicas por

ano (DAVIS, 1988) e, ao buscarem atendimento por preocupação com a saúde, a

consulta se torna um momento propício para dar orientações, consequentemente,

aumentando a efetividade do aconselhamento (OCKANE et al., 1991; LARANJEIRA

& GIGLIOTTI, 2001/2002).

Além das áreas clínica e cirúrgica, existem, ainda, os profissionais da

saúde da família. Nesse setor, os profissionais de saúde atuam como o primeiro

ponto de contato para a maioria dos indivíduos, mantendo um relacionamento

contínuo com seus pacientes durante o tratamento e acabam por entrar em contato,

na sua prática diária, com um grande número de indivíduos tabagistas (RONALD &

DAVIS, 1988; ORLEANS et al., 1995; FIORE et al. 1996; HODGETTS et al., 2004).

Em 2008, havia uma estimativa de que 47,7% dos domicílios brasileiros estavam

matriculados no Programa de Saúde da Família (BRASIL, 2010c).

Juntamente aos profissionais médicos, os dentistas também exercem

papel importante no controle do tabagismo, pois efeitos do uso do tabaco são

visíveis na cavidade bucal e os indivíduos em tratamento possuem consultas

regulares de acompanhamento (CHRISTEN, 1992; AL- QAHTANI, et al., 2007).

Existem vínculos relevantes entre tabagismo e saúde geral e bucal que

permitem uma oportunidade para abordagem das técnicas de cessação pelos

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médicos e dentistas, através de um simples, rápido e personalizado aconselhamento

(JOHNSON & BAIN, 2000; WATT et al., 2000; SHELLEY et al., 2005).

Os profissionais de medicina e de odontologia lidam na sua prática diária

com condições que estão associadas ao tabagismo como doença coronariana;

infarto agudo do miocárdio; bronquite; enfisema; infecções respiratórias; cânceres

(pulmão, pâncreas, laringe, faringe, esôfago, rim, bexiga, colo do útero e leucemia

mieloide aguda); trombose; impotência sexual; complicações na gravidez;

aneurismas arteriais; úlceras; catarata; mau hálito; doença periodontal, maiores

níveis de cálculo supragengival, maior número de bolsas periodontais profundas,

perda de inserção, perda óssea alveolar, perda dentária, cárie coronal e de raiz,

pigmentação dentária, alteração da vascularização gengival; lesões em mucosa

bucal, retardo na cicatrização após tratamento periodontal; melanose do fumante;

candidíase bucal; câncer bucal (WYNDER & STELLMAN, 1987; AXELSSON, et al.

1998; JOHNSON & BAIN, 2000; WINN, 2001; DOLL et al., 2004; US, 2004; DANAEI

et al., 2005; WHO, 2005; CAZAVECHIA et al., 2009).

A presença de substâncias tóxicas presentes na fumaça dos produtos

derivados do tabaco, associadas à exposição contínua ao calor desprendido pela

combustão do fumo, promove alterações na mucosa bucal (LINS & RETTORE,

1998; BRASIL, 2002). O tabaco fumado não é o único risco: o tabaco sem fumaça,

mascado ou aspirado, também favorece o aparecimento da doença, uma vez que os

resíduos deixados na cavidade oral apresentam contato mais prolongado,

favorecendo a ação das substâncias cancerígenas do tabaco sobre a mucosa bucal.

Desse modo, os profissionais de odontologia desempenham papel importante na

prevenção, diagnóstico precoce e conduta clínica dos seus pacientes (BRASIL,

2002; SOARES et al., 2005).

Dentre as estratégias que já são utilizadas na prática clínica pelos

médicos e dentistas visando auxiliar o paciente a cessar o uso do tabaco estão a

orientação e aconselhamento sobre os malefícios tanto para saúde bucal quanto

geral, exposição dos malefícios do fumo no próprio paciente, quando estes

presentes ou por meio de informativos impressos e a ênfase nos benefícios advindos

após a cessação do uso do tabaco para saúde geral do paciente

(WARNAKULASURIYA, 2002; CAZAVECHIA, 2009).

Na abordagem diagnóstica do tabagismo é interessante realizar avaliação

clínica completa, avaliação do grau de dependência, avaliação do grau de motivação

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e avaliação do perfil genético do paciente. No que tange a abordagem terapêutica,

intervenções motivacionais, que são as não-medicamentosas, e farmacoterapia são

as técnicas atualmente disponíveis. A farmacoterapia compreende a terapia de

reposição de nicotina (adesivos, chicletes, pastilhas, inaladores e spray nasal), o uso

das substâncias cloridrato de bupropiona, tartarato de vareniclina, nortriptilina e

clonidina, além da terapia combinada (OKUYEMI, 2006; REICHERT et al., 2008).

No caso do cloridrato de bupropiona, 43% dos tabagistas que fizeram uso

dessa substância alcançaram sete semanas de abstinência do fumo. No

acompanhamento de pacientes no intervalo de três e seis meses, a chance de não

fumar com uso dessa substância foi 2,44 a dos que não utilizaram essa substância

(LEAH et al., 2006). Esses tipos de terapias podem ser utilizados separadamente ou

combinados. Contudo, o uso combinado das abordagens comportamentais e

medicamentosas apresenta melhores resultados na cessação do tabagismo, do que

quando empregadas separadamente (LARANJEIRA & GIGLIOTTI, 2001/2002;

MOLYNEUX et al., 2003; RANNEY et al., 2006; USP, 2006; REICHERT et al., 2008;

LEVY et al., 2010).

Além dessas técnicas, ainda é possível utilizar outras abordagens que

vêm apresentando resultados positivos: materiais de auto-ajuda, aconselhamento

breve, aconselhamento intensivo individual, atividade física orientada, acupuntura,

hipnoterapia, terapia a laser e eletro-estimulação (REICHERT et al., 2008).

De acordo com Severson et al. (1990), dentistas se mostram mais

confortáveis em dar informações sobre a cessação do hábito para pacientes que

utilizam produtos de tabaco sem fumaça do que para pacientes que fumam cigarros.

O número de dentistas que não promovem nenhuma forma de intervenção é grande

e, essa intervenção quando realizada, se restringe a perguntas e ao

aconselhamento sobre o hábito (CHAIM & COPPI, 1998; IBRAHIM &

NORKHAFIZAH, 2008; CAZAVECHIA, 2009). O acompanhamento mais direto e

intenso do paciente tabagista, além de utilização de métodos alternativos para se

deixar de fumar, são estratégias menos utilizadas. A maioria dos dentistas classifica

o sucesso obtido com as estratégias de cessação utilizadas como baixo ou

inexistente (CAZAVECHIA, 2009). Infelizmente, dentistas não recebem treinamento

suficiente e não dispõem de materiais que facilitariam o aconselhamento para

cessação (SEVERSON et al., 1990; WARNAKULASURIYA, 2002; IBRAHIM &

NORKHAFIZAH, 2008; DAVIS et al., 2010).

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Segundo Nollen et al. (2004), os profissionais da área médica estão

conscientes dos males do hábito de fumar e a importância da cessação, porém

somente poucos possuem uma política específica ou algum tipo de orientação para

ajudarem seus pacientes com o abandono do fumo. Os médicos são

significativamente mais propensos a questionar a respeito de ou aconselhar sobre o

tabagismo quando acreditam que a orientação sobre os malefícios do fumo ajuda os

pacientes a cessar o hábito e que a maioria deles seguirão as orientações de

cessação (JIANG et al., 2007).

Dessa forma, são poucos os profissionais de saúde que se preocupam

com o hábito de fumar de seus pacientes (BRASIL, 2011a). Os médicos, mais do

que os dentistas, alertam os pacientes sobre os riscos do tabagismo e os

aconselham a parar de fumar, além de disponibilizarem material explicativo,

agendarem uma data para cessação e definirem um compromisso de

acompanhamento do paciente. Contudo, apenas uma pequena proporção de

médicos e dentistas relata ter tomado ações definitivas em relação à cessação do

tabagismo de seus pacientes (BRINK et al., 1994; SHELLEY et al., 2005; AMB &

ANS, 2011).

De acordo com manual proposto em 2004, a OMS (Organização Mundial

de Saúde) vem incentivando os profissionais de saúde a fornecerem aos pacientes

informações sobre as consequências do tabagismo na saúde, auxiliarem os

pacientes a parar de fumar e agirem como um modelo de promoção de estilo de vida

livre do tabaco (WHO, 2006a).

Contudo, mensagens inconsistentes e confusas a respeito dos malefícios

do fumo e dos benefícios da cessação podem ser fornecidas aos pacientes

tabagistas que foram aconselhados a abandonar o hábito por profissionais de saúde

também tabagistas (FOWLER, 1993; JOSSERAN et al., 2000; PAICE et al., 2002;

WHO, 2005; LINDORFF & HILL, 2011).

O comportamento dos profissionais de saúde em relação ao tabagismo

acaba por influenciar o comportamento de fumar de seus pacientes. Além disso,

profissionais de saúde que são tabagistas acabam por reduzir a orientação de

cessação do fumo, além de afetar sua imagem e credibilidade como agente no

controle do tabaco (COHEN, 1979; ROBERT & NORMSN, 1984; VAN REEK &

ADRIAANSE, 1991; CHAPMAN, 1995; LI et al., 1999; HALTY et al., 2002;

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WILLAING & LADELUND, 2003; BARENGO et al., 2005; JOSSERAN et al., 2005;

WHO, 2005; PHENGSAVANH et al., 2008; RAVARA et al., 2011).

O conhecimento da quantidade de profissionais de saúde que fazem uso

de produtos de tabaco é de grande importância, uma vez que pode indicar a

facilidade de implementação e aceitação de campanhas antitabaco na população

geral, uma vez que, em regiões onde há um elevado número de profissionais de

saúde que fumam, há uma maior dificuldade de convencimento da população sobre

os malefícios do tabaco à saúde. Além desse fato, vem sendo sugerido que a

evolução da epidemia do tabagismo em regiões específicas pode ser avaliada pelas

taxas de profissionais de saúde tabagistas, pois esse grupo populacional tende a

abandonar o hábito em período de tempo menor que a população em geral

(SCHOTT & TIERNEY, 1992; DAVIS, 1993; NCI, 1994).

Nas últimas décadas, a prevalência de profissionais de saúde fumantes

vem decaindo (GEBOY, 1989). Conscientização em relação aos malefícios do

cigarro, receio do desenvolvimento de doenças tabaco-relacionadas, pressão

familiar e sensações desagradáveis são os motivos mais frequentes de abandono do

hábito pelos estudantes da graduação da área de saúde (SILVA et al., 2009). Nesse

contexto, vale salientar que ex-fumantes podem constituir exemplos fortes e

coerentes de mudanças de comportamentos em busca de uma vida mais saudável

(GARFINKEL, 1976; ROBERT & NORMSN, 1984; SOARES et al., 2005).

A educação e os programas de incentivo e de apoio aos profissionais de

saúde a pararem de fumar são técnicas relevantes para aumentar a probabilidade

destes profissionais aconselharem seus pacientes quanto à cessação do tabagismo

(LINDORFF & HILL, 2010; SINHA et al., 2010). A Saúde Pública deve ter como um

de seus focos o consumo de produtos derivados de tabaco pela população de

estudantes da área de saúde, uma vez que esse comportamento põe em risco a

própria saúde do estudante, além de reduzir a capacidade do mesmo em fornecer

efetivo aconselhamento antitabagista aos seus pacientes quando na sua atuação

como profissional de saúde (CDC, 2005). Desse modo, a educação das futuras

gerações de profissionais de saúde é uma das questões importantes das profissões

Médica e Odontológica, uma vez que os futuros profissionais acabam por espelhar

seu comportamento e suas atitudes nos profissionais nos quais depositam confiança

e respeito (RICHMOND, 1999; CÔTÉ & LECLÈRE, 2000). Médicos e dentistas

devem adotar papel de promotores de saúde, ajudando na instrução dos seus

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pacientes e da população em geral, além de participar de campanhas antitabágicas

(CAZAVACHIA, 2009).

Juntamente com o status de tabagismo do profissional de saúde, existem

outras variáveis associadas com a frequência do aconselhamento para abandono do

hábito de fumar. Dentre elas estão a dúvida sobre efetividade do aconselhamento;

pouca chance de adesão a programas de cessação pelos pacientes; pouca ou

nenhuma cobertura pelos planos de saúde; falta de tempo durante a consulta; falta

de materiais explicativos e informativos; falta de interesse do paciente; falta de

incentivos financeiros para a prestação desse tipo de serviço; abando do tratamento

médico/odontológico por insistência do profissional na cessação; dar pouca

importância ao aconselhamento em relação aos outros procedimentos clínicos;

responsabilidade de outro profissional de saúde; falta de informação e capacitação

sobre o assunto; percepção do papel de modelo de comportamento e a noção da

capacidade de persuadir pacientes a parar de fumar (ORLEANS et al., 1985;

GERBERT et al., 1989; SECKER-WALKER, 1989; SEVERSON et al., 1990;

FOELER et al., 1993; SECKER-WALKER, 1994; HILL & BRAITHWAITE, 1997;

RICHAMOND, 1999; WARNAKULASURIYA, 2002; WILLAING & LADELUND, 2003;

BARENGO et al., 2005; AL-QAHTANI et al., 2007; IBRAHIM & NORKHAFIZAH,

2008; LI et al., 2008; CAZAVECHIA et al., 2009; EHIZELE et al., 2009; DAVIS et al.,

2010).

Em 1998, a OMS, juntamente com os Centros de Controle e Prevenção

de Doenças e a Associação Canadense de Saúde Pública, deu início ao programa

GTSS, o Sistema Global de Vigilância do Tabaco, com objetivo de assistir aos

países na implementação da vigilância e manutenção de programas para combater a

epidemia global do tabaco (WARREN et al., 2009a). O GHPSS é parte do Sistema

Global de Vigilância do Tabaco, coletando dados sobre o uso do tabaco, exposição

ao fumo passivo e treinamento para fornecer aconselhamento para o abandono do

hábito entre estudantes de graduação em saúde.

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2 JUSTIFICATIVA

O tratamento para cessação do tabagismo é uma das intervenções mais

eficientes para reduzir a morbidade e a mortalidade pelo uso do tabaco (SOLBERG

et al., 2006; LEVY et al., 2012a). Portanto, uma das estratégias utilizadas para

reduzir a quantidade de óbitos relacionados ao tabaco é incentivar o envolvimento

dos profissionais de saúde na prevenção do uso do tabaco e aconselhamento para a

cessação (CDC, 2005).

Estudos identificaram que profissionais de saúde podem aumentar

substancialmente as taxas de abandono do tabagismo pelo simples aconselhamento

dos pacientes (COHEN et al., 1989; FIORE et al.; 2000; USDHHS, 2000;

WARNAKULASURIYA, 2002; STEAD et al., 2008; WARREN et al., 2008; AL-HAQWI

et al., 2010).

Existem vínculos relevantes entre tabagismo e saúde geral e bucal que

permitem uma oportunidade para abordagem das técnicas de cessação pelos

profissionais de saúde, através de um simples, rápido e personalizado

aconselhamento (JOHNSON & BAIN, 2000; WATT et al., 2000). Os médicos e os

dentistas são alguns dos profissionais de saúde que possuem oportunidade de

atender indivíduos mais de uma vez durante o seu ciclo de vida. Juntamente com a

multiplicidade e frequência relativa de consultas com os pacientes, sua alta

credibilidade e interesses profissionais na cessação do fumo para qualidade de vida

são características que tornam essas classes profissionais grupos importantes de

serem envolvidos nos esforços para ajudar os indivíduos a abandonarem o uso do

tabaco (SECKER-WALKER et al., 1994; SHELLEY et al., 2005).

Os profissionais de saúde podem tanto servir de modelo quanto orientar

os pacientes em relação à adoção de comportamentos saudáveis. Esse papel do

profissional pode ser incentivado durante a sua formação tanto pela incorporação da

discussão da prevenção, quanto na adoção e apoio a medidas contextuais

preventivas (ambientes livres da fumaça do tabaco, por exemplo) (EHIZELE et al.,

2009, 2011).

O Brasil faz parte dos países nos quais as pesquisas do Global Tobacco

Surveillance System vêm sendo conduzidas. Apenas resultados preliminares foram

explorados (BRASIL, 2011a). Não foram encontrados trabalhos que buscassem

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identificar como alunos de graduação de medicina e odontologia percebem a

importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a percepção dos estudantes do terceiro ano de graduação dos

cursos de medicina e odontologia da cidade do Rio de Janeiro sobre a importância

do papel dos profissionais de saúde na cessação do tabagismo.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

� Avaliar a proporção de estudantes de medicina e odontologia do terceiro ano

de graduação que não considera que os profissionais de saúde possam ter

importância no processo de cessação do tabagismo;

� Avaliar os fatores contextuais, domiciliares e universitários que possam

influenciar a percepção dos estudantes sobre a importância do papel dos

profissionais de saúde na cessação do tabagismo;

� Avaliar os fatores individuais, tais como características demográficas e o uso

de produtos que contém tabaco, fumados ou não, que possam influenciar a

percepção dos estudantes sobre a importância do papel dos profissionais de

saúde na cessação do tabagismo;

� Avaliar a associação entre as atividades educativas sobre tabagismo

apresentadas na universidade e a percepção dos estudantes sobre a

importância do papel dos profissionais de saúde na cessação do tabagismo;

� Avaliar a associação entre o estudante possuir informações sobre tratamento

medicamentoso para a cessação do tabagismo e a percepção dos estudantes

sobre a importância do papel dos profissionais de saúde na cessação do

tabagismo.

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4 MÉTODOS

4.1 DESENHO E POPULAÇÃO DE ESTUDO

Os dados analisados são provenientes de um estudo seccional. O GHPSS

é denominado, no Brasil, Perfil do Tabagismo em Estudantes Universitários do

Brasil: PETUNI. O PETUNI é uma pesquisa universitária sobre estudantes do

terceiro ano das graduações de odontologia, medicina, enfermagem e farmácia.

Essa pesquisa se utiliza de questionário padrão, adaptado para cada país, sobre

informações do consumo de produtos contendo tabaco, o conhecimento dos

estudantes sobre a legislação vigente referente ao tabagismo ambiental, a

exposição à fumaça de tabaco, as crenças dos universitários sobre o papel do

profissional de saúde na cessação da utilização dos produtos de tabaco e o

conhecimento adquirido sobre o tabaco durante a graduação (CDC, 2005; BRASIL,

2011a). O PETUNI possui uma metodologia padronizada para a seleção de alunos,

turmas e instituições universitárias participantes, além de processamento uniforme

dos dados. Dependendo do número de instituições e do número de matrículas por

turma, disciplinas e recursos disponíveis, os estudos do PETUNI incluem um censo

de instituições e de estudantes ou uma amostra das instituições e uma amostra dos

estudantes.

O questionário foi aplicado durante o horário das aulas, anonimamente,

em formato auto-administrado, sendo composto por perguntas sobre os seguintes

temas: idade de experimentação de cigarros e outros produtos do tabaco, frequência

de consumo de cigarros e outros produtos do tabaco nos 30 dias anteriores à

pesquisa, consumo médio mensal de cigarros e local de aquisição, grau de

dependência, tentativas de parar de fumar, exposição ambiental à fumaça do tabaco

dentro e fora de casa, consumo de cigarros em locais do campus, percepção de

normas da universidade sobre o consumo dos produtos de tabaco fumados,

percepção de regras sobre consumo de produtos do tabaco fumado em ambientes

específicos, percepção sobre o papel do profissional de saúde na sociedade como

formador de opinião em relação ao tabagismo, conhecimento sobre a importância do

diagnóstico do tabagismo e das abordagens de tabagistas para parar de fumar

obtidos durante o curso e aspectos sócio-demográficos (BRASIL, 2011a) (Anexo I).

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O questionário original, conforme a necessidade, é traduzido para a língua

da região onde será aplicado. A versão adaptada para o Brasil inclui algumas

perguntas específicas de interesse regional abordando temas como conhecimento

sobre efeitos do fumo passivo e sobre legislação específica de proibição do

tabagismo em ambientes fechados, definição do tipo de cigarro fumado e

caracterização do grau de dependência à nicotina do fumante.

No Brasil, o inquérito com os cursos de medicina e odontologia foi

realizado nos anos de 2006 e 2007, respectivamente. O questionário nacional

apresentava 69 questões. Participaram do estudo da cidade do Rio de Janeiro sete

universidades que ofereciam a graduação de medicina. A proporção de resposta

dessas universidades foi de 85,7%, enquanto a dos 761 alunos de medicina

matriculados foi de 78,5%. Em relação à graduação de odontologia, participaram do

estudo seis universidades que ofereciam o curso, sendo a proporção de resposta de

100%. Estavam matriculados 419 alunos e destes, 304 (84,2%) participaram da

pesquisa.

O recorte que foi analisado neste trabalho é um censo dos estudantes do

terceiro ano da graduação dos cursos públicos e privados de medicina e odontologia

da cidade do Rio de Janeiro ocorrido entre os anos de 2006 e 2007. Participaram, no

total, 1065 alunos de graduação. O questionário foi aplicado a alunos que

estivessem matriculados e cursando o quinto ou o sexto período. Visando evitar

erros de informação, foram excluídos os indivíduos que responderam ter 18 anos ou

menos (oito alunos), uma vez que os mesmos teriam que ter ingressado na

universidade antes dos 16 anos, idade de ingresso mínima esperada no ensino

superior brasileiro após conclusão do ensino médio e aprovação no vestibular

(BRASIL, 1996c). A população final do estudo foi igual a 1057 estudantes, sendo

759 alunos do curso de medicina e 298 alunos do curso de odontologia.

Foram elencados os cursos de medicina e odontologia em função de que

esses profissionais, uma vez formados, mantêm contato regular com os pacientes,

tanto no serviço público quanto privado, e estão autorizados a prescrever

medicamentos. Além disso, por esses cursos possuírem horário integral, demanda

de acesso a livros e outros materiais de custo mais elevado e perfil sócio-econômico

semelhante seriam mais homogêneos entre si quando comparados a outros cursos,

tais como Farmácia e Enfermagem. Foi utilizado o recorte da cidade do Rio de

Janeiro para que influências regionais e/ou culturais interferissem minimamente

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possível nos resultados, uma vez que foram observadas diferenças entre as cidades

brasileiras (BRASIL, 2011a). Adicionalmente, essas diferenças regionais não

poderiam ser contempladas utilizando-se de modelo de regressão multinível, uma

vez que o número de unidades de segundo nível (cidades) era insuficiente, inferior a

dez (HOX, 1995; GOLDSTEIN, 2011).

4.2 VARIÁVEIS

A variável resposta do estudo foi construída por um conjunto de seis

perguntas responsáveis por caracterizar a percepção dos estudantes de medicina e

odontologia sobre a importância do papel do profissional de saúde na cessação do

tabagismo e foi classificada em baixa percepção e não-baixa percepção. As

perguntas elencadas (todas com opção de resposta sim ou não), foram:

- Os profissionais da saúde deveriam receber treinamento específico sobre

as técnicas de cessação (parar de fumar)?

- Os profissionais da saúde servem como “modelos de comportamento”

para os seus pacientes e o público em geral?

- Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus

pacientes fumantes a pararem de fumar?

- Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus

pacientes que usam outros produtos que contém tabaco a pararem de

usar esses produtos?

- Os profissionais da saúde têm um papel de fornecer conselhos ou

informações aos pacientes sobre como parar de fumar?

- As chances de um paciente parar de fumar são maiores se um

profissional da saúde aconselhar esse paciente a parar de fumar?

Para a construção da variável percepção do estudante foi calculado um

escore com base na soma das respostas positivas às seis perguntas anteriores,

variando de zero a seis. Para esta análise, o estudante possuía baixa percepção

quando respondia positivamente até 2 perguntas.

As variáveis explicativas foram categorizadas em individuais e contextuais.

Essas últimas incluem questões objetivas (por exemplo, tipo do curso) e questões

ligadas à percepção dos estudantes sobre políticas de proteção e atividades

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educativas ligadas à prevenção e tratamento do tabagismo desenvolvidas pelas

instituições universitárias (Quadro 1).

4.2.1 Individuais:

� Demográficas

� Sexo: masculino e feminino.

� Idade: refere-se à idade do estudante no momento do questionário e

apresenta-se categorizada em faixas etárias: 19 e 20 anos, 21 a 24 anos e os

com 25 anos ou mais de idade.

� Raça/cor

Classificada, no questionário, em: branca, preta, amarela, mulata,

morena, indígena e outra. A variável foi categorizada em raça/cor branca e não-

branca.

� Religião

� Categorizada em o indivíduo declarar ou não pertencer a algum grupo

religioso. As opções do questionário eram católico, evangélico, espírita

(kardecista), espírita (umbanda, candomblé), judaica, budista e outra.

� Tabagismo

� Relacionado ao uso de produtos de tabaco fumados ou que não produzem

fumaça, mais de uma questão abordou o assunto tabagismo. O critério de

fumante jovem, segundo a OMS é “ter fumado cigarros em pelo menos um dia

nos últimos 30 dias”. Da mesma forma, o critério de usuário jovem de outros

produtos de tabaco é “ter usado outros produtos de tabaco pelo menos um

dia nos últimos 30 dias”. Tabagista jovem seria aquele que respondeu que

usou algum produto de tabaco pelo menos um dia nos últimos 30 dias. De

acordo com Coggins et al. (2009) e Husten (2009), mesmo uma regular,

porém leve, ou ocasional utilização do fumo pode levar a substanciais efeitos

adversos à saúde. Desse modo, as questões utilizadas foram:

- Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou

cigarros?

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- Nos últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou outros

produtos que contêm tabaco (por exemplo, cigarro de bali, cigarro indiano,

fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos,

cachimbo, narguilé)?

Foi considerado tabagista o indivíduo que respondeu ter feito uso de

produtos de tabaco em um ou mais dias em qualquer uma das perguntas (1 ou 2

dias, 3 a 5 dias, 6 a 9 dias, 10 a 19 dias, 20 a 29 dias, todos os 30 dias), e como não

tabagista o que respondeu que não fez , em nenhum dia, uso de produtos de tabaco

em ambas as perguntas.

Contudo, o questionário não permitiu definir, de forma clara, se o indivíduo

era ex-fumante. Entre as perguntas disponíveis no questionário era possível saber

se o indivíduo tinha parado de fumar cigarros mas não se tinha parado de usar

outros produtos de tabaco. Buscando realizar uma análise de sensibilidade, foram

construídas variáveis adicionais para expressar o construto do tabagismo utilizando

outras opções de perguntas do questionário (Apêndice I).

� Informação sobre tratamento medicamentoso

� Variável construída para indicar se o estudante recebeu alguma informação

sobre as técnicas de cessação do tabagismo com a utilização de fármacos.

Composta pelas duas perguntas a seguir e categorizada em: ter informação

(quando ao menos uma das perguntas fosse respondida positivamente) e não

ter informação (quando ambas as perguntas fossem respondidas

negativamente), sabendo que as opções de resposta para as perguntas eram

sim ou não.

- Você já ouviu falar sobre os produtos de reposição da nicotina (como os

adesivos ou gomas de mascar) usados em programas para parar de

fumar?

- Você já ouviu falar sobre o uso de antidepressivos (como Bupropiona ou

Zyban) usados no tratamento para parar de fumar?

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4.2.2 Contextuais:

� Tipo de instituição de ensino

� As universidades foram classificadas como públicas ou privadas.

� Curso

� Qual era curso de graduação freqüentado pelo estudante: medicina ou

odontologia.

� Percepção sobre ações antitabagismo na Universidade

� Normas oficiais antitabagismo: essa variável visa verificar se estudante sabe

se existem ou não regras para uso de tabaco no campus da universidade.

- A sua universidade possui uma norma oficial que proíbe fumar nos

prédios e clínicas?

a. Sim, apenas para os prédios onde ficam as salas de aula

b. Sim, apenas para as clínicas, ambulatórios, enfermarias,

postos de saúde, hospital universitário

c. Sim, é proibido fumar em qualquer parte do campus

universitário

d. Sim, só é permitido fumar nos fumódromos (locais reservados

aos fumantes)

e. Nenhuma norma oficial

f. Não tenho conhecimento sobre isso

Essa variável foi classificada em sim, agregando todas as respostas

positivas a essa questão e não, quando estudante informava não ter ou não saber.

� Cumprimento das normas: essa variável visa verificar se estudante sabe se

normas da instituição universitária para uso do tabaco no campus da

universidade são cumpridas.

- As normas oficiais de sua universidade sobre o uso de tabaco nos

prédios, clínica e hospital universitário são cumpridas?

a. Sim, a norma é cumprida

b. Não, a norma não é cumprida

c. A universidade não possui uma norma oficial

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d. Não tenho conhecimento sobre isso

� Percepção sobre Nível de Atividades Educativas na Universidade

� Aborda a percepção do estudante sobre a realização de atividades educativas

no seu curso de graduação sobre o tabaco como problema de saúde e as

técnicas de cessação do tabagismo. Essa variável foi construída a partir de

um conjunto de nove perguntas extraídas do questionário, listadas a seguir,

com opção de resposta sim ou não. Foi categorizada em três níveis de

atividades educativas recebidas durante a graduação: baixo (até três

perguntas respondidas positivamente), médio (quatro a seis perguntas

respondidas positivamente) e alto (sete a nove perguntas respondidas

positivamente).

- Durante o seu curso, você ouviu falar sobre os efeitos do fumo sobre a

saúde em alguma aula?

- Durante o seu curso, você recebeu em alguma aula algum tipo de

informação sobre os efeitos da exposição ao tabagismo passivo e

ambiental à saúde?

- Durante o seu curso, você discutiu em alguma das aulas os motivos

pelos quais as pessoas fumam?

- Durante o seu curso, você aprendeu sobre a importância de prevenir o

início e o consumo de tabaco em crianças, jovens e mulheres grávidas?

- Durante o seu curso, você aprendeu que é importante registrar na

anamnese do paciente a história do uso de tabaco como parte da história

clínica geral?

- Durante o seu curso, você já recebeu algum tipo de informação sobre

tratamento de fumantes?

- Durante o seu curso, você recebeu algum tipo de treinamento formal

sobre as abordagens de como parar de fumar para serem usadas com os

pacientes?

- Durante o seu curso, você aprendeu que é importante fornecer materiais

educativos para apoiar a cessação dos pacientes que desejam parar de

fumar?

- Durante o seu curso, você participou de palestra, conferência, oficina ou

treinamento sobre as estratégias de controle do tabagismo implementadas

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pelo Brasil em nível populacional?

� Exposição à fumaça do tabaco no domicílio

� Frequência de exposição: refere-se à exposição ao fumo no local de

residência na última semana. A pergunta para a criação dessa variável foi

“Nos últimos 7 dias, em quantos dias fumaram onde você mora (casa ou

alojamento ou república de estudantes) na sua presença?”. Quando o

questionário apresentava a resposta nenhum dia, considerou-se que indivíduo

era não exposto ao fumo em sua residência. Quando a resposta fosse 1 a 2

dias, 3 a 4 dias, 5 a 6 dias ou todos os 7 dias, considerou-se que indivíduo

era exposto.

� Exposição à fumaça do tabaco em outros locais

� Fumo no ambiente: refere-se à exposição ao cigarro em outro local que não o

de domicílio, construída através da pergunta “Nos últimos 7 dias quantos dias

fumaram na sua presença, em outros locais sem ser onde você mora?”.

Quando o questionário apresentava a resposta nenhum dia, considerou-se

que indivíduo era não exposto ao fumo em locais que não o de residência.

Quando a resposta fosse 1 a 2 dias, 3 a 4 dias, 5 a 6 dias ou todos os 7 dias,

considerou-se que indivíduo era exposto.

4.3 ANÁLISE DE DADOS

Uma busca na literatura não nos permitiu encontrar qualquer artigo que

tenha explorado os fatores associados ao desfecho de interesse (percepção dos

estudantes de graduação de medicina e odontologia sobre a importância do

profissional de saúde na cessação do tabagismo). Desse modo, optou-se por

realizar uma análise exploratória, sendo todas as variáveis explicativas tratadas

como se pertencessem ao mesmo nível hierárquico.

Inicialmente foi realizada a análise bivariada com o objetivo de explorar a

associação entre as variáveis individuais e contextuais e a variável resposta possuir

baixa percepção da importância dos profissionais de saúde na cessação do

tabagismo. Nessa etapa, empregou-se o Teste χ2 para a comparação de

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proporções. Adicionalmente, as associações entre as variáveis independentes e o

desfecho foram expressas por meio da razão de chances de prevalência e seus

respectivos intervalos de 95% de confiança, estimadas através do modelo de

regressão logística. Na etapa de análise multivariada, foram incluídas, no modelo

logístico, as variáveis independentes cuja associação com o desfecho, na análise

bivariada, apresentaram p ≤ 0,20. Por fim, partindo desse modelo multivariado

completo, empregou-se um procedimento de eliminação retroativo (backward

elimination) chegando-se ao modelo final composto por todas as variáveis cujas

associações com o desfecho de interesse permaneceram significantes (p ≤ 0,05).

A análise de correspondência múltipla, realizada com as variáveis

percepção do estudante sobre importância do profissional de saúde na cessação do

tabagismo e atividades educativas recebidas durante a graduação em sua forma

original, visou mostrar a proximidade entre os escores da mesma categoria dessas

variáveis (resultados apresentados no Apêndice II).

Para análise dos dados foi utilizado o programa STATA 9.0.

O estudo primário foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Instituto Nacional de Câncer, protocolo 013/06. As bases de dados são de domínio

público e se encontram disponíveis no site: http://apps.nccd.cdc.gov/

GTSSData/Ancillary/DataReports. aspx?CAID=2. O estudo foi aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, parecer número

141.008.

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Quadro 1. Classificação dos agregados de variáveis referentes às perguntas do questionário GHPSS – Brasil, 2006 e 2007. Obs.: Os fatores contextuais são objetivos ou provenientes da percepção dos estudantes.

Fatores Contextuais Fatores do Indivíduo

� Exposição à fumaça no domicílio � Demográficas

Freqüência de exposição (17) Sexo (60)

� Exposição à fumaça em outros locais Idade (59)

Frequência de exposição em outros locais (18) � Raça/cor (61)

� Religião (62) � Percepção sobre ações antitabagismo na

Universidade � Tabagismo (40)

Normas oficiais antitabagismo (19) � Informação sobre tratamento medicamentoso (54,55)

Nível de Atividades Educativas (46 a 53, 57)

� Tipo de instituição de ensino (65)

� Curso (63)

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PARTE II

5 ARTIGO

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DE MEDICINA E ODONTOLOGIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA

CESSAÇÃO DO TABAGISMO

5.1 RESUMO

Introdução: Tem-se ressaltado a importância do papel do profissional de saúde no

combate ao tabagismo. Objetivo: Analisar a percepção dos estudantes de graduação

de medicina e odontologia sobre a importância do profissional de saúde na cessação do

tabagismo e os fatores individuais e contextuais que a influenciam. Métodos:

Analisaram-se dados do inquérito Global Health Professional Students Survey aplicado

a estudantes do 3º ano dos cursos de medicina e odontologia de universidades públicas

e privadas do município do Rio de Janeiro (Brasil) em 2006 e 2007. A variável desfecho

“percepção da importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo” foi

construída a partir de seis perguntas. A associação entre a percepção (baixa em

relação à não-baixa) e características dos estudantes (sexo, idade, raça, religião,

status de tabagismo) e contextuais (exposição à fumaça do tabaco no domicílio ou em

locais diferentes do de residência, atividades educativas durante o curso de graduação,

tipo de curso, tipo de universidade, percepção da existência de normas antitabaco no

campus e seu cumprimento) foi avaliada por meio de odds ratios estimadas

empregando-se modelos de regressão logística. Resultados: Entrevistaram-se 1057

alunos, sendo 631 (59,9%) do sexo feminino e 620 (58,7%) possuíam até 22 anos. A

proporção de baixa percepção da importância do profissional de saúde na cessação

do tabagismo foi de 2,0%. A chance de percepção baixa foi maior para: o sexo

masculino (OR= 2,9), para os que não seguem alguma orientação religiosa (OR= 3,0),

para os estudantes de odontologia (OR= 2,8) e para os estudantes que não possuíam

informações sobre tratamento medicamentoso (OR= 5,0). Conclusão : Características

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contextuais foram identificadas como fatores independentes associados à percepção

sobre a importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo, ressaltando a

necessidade de incluir no currículo dos cursos de graduação de informações sobre

técnicas de cessação do tabagismo, assim como de enfatizar o papel do profissional de

saúde enquanto promotor da saúde do seu paciente.

5.2 INTRODUÇÃO

Estima-se que um bilhão de indivíduos façam uso de tabaco e que a

mortalidade devido ao fumo, nas próximas duas décadas, será de cerca de oito milhões

de óbitos por ano (WHO, 2008, 2012). O tabagismo causa um em cada dez óbitos de

indivíduos adultos no mundo e aproximadamente um em cada dois fumantes vai a

óbito, em média, com 15 anos de prematuridade, quando comparados a não tabagistas

(WHO, 2008). Estudos indicam que o impacto real do tabagismo pode estar

subestimado devido a um elevado nível de exposição à fumaça dos não fumantes e ao

aumento do consumo de produtos contendo tabaco entre os jovens e entre os não

fumantes (DEMPSEY et al., 2012; WANJEK, 2012). Em 2003, cerca de 14% de todas

as mortes em adultos brasileiros residentes em áreas urbanas foram atribuíveis ao

tabagismo. Obstrução crônica das vias aéreas, doença isquêmica do coração, câncer

de pulmão e doença cerebrovascular, combinadas, foram responsáveis por 64,9% de

toda mortalidade atribuível ao tabaco (CORRÊA et al., 2009).

O Brasil encontra-se em um momento favorável para a diminuição da

prevalência de fumantes, uma vez que há uma grande porcentagem de fumantes

motivados a abandonar a dependência e houve uma importante conscientização da

sociedade sobre os malefícios advindos do tabagismo passivo. Cerca de 2/3 da

população apóiam as ações governamentais para a redução do tabagismo (EDWARDS

et al., 2012). O número de fumantes adultos brasileiros decresceu de 34% para 17%

em 23 anos (MONTEIRO et al., 2007; BRASIL, 2010). Cerca de metade dessa redução

é explicada pelo aumento dos preços dos produtos de tabaco, 14% pela implementação

de leis anti-fumo (ambientes livres de tabaco), 14% pela restrição da propaganda, 8%

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pelas advertências sobre os malefícios, 6% por meio de campanhas de mídia de massa

e 10% por programas de tratamento e cessação (LEVY et al., 2012a).

Profissionais de saúde podem contribuir substancialmente para a cessação

(Al-HAQWI et al., 2010, LEVY et al., 2012b). Podem tanto servir de modelo quanto

orientar os pacientes em relação à adoção de comportamentos saudáveis. Os

tratamentos combinados, como a terapia cognitivo-comportamental, juntamente com a

farmacoterapia, aumentam as chances de cessação em 1,3 a 2 vezes quando

comparados a esses mesmos tratamentos isoladamente (FIORE et al., 2008; ABRAMS

et al. 2010). O papel do profissional de saúde na cessação do tabagismo pode ser

incentivado durante a sua formação tanto pela incorporação da discussão da

prevenção, quanto na adoção e apoio a medidas contextuais preventivas (ambientes

livres da fumaça do tabaco, por exemplo) (EHIZELE et al., 2009, 2011).

A despeito disso, pouco se conhece sobre a percepção de profissionais de

saúde sobre a sua importância na cessação do tabagismo. Sendo assim, o objetivo

desse trabalho foi conhecer essa percepção, assim como os fatores individuais e

contextuais que podem influenciá-la, entre estudantes do terceiro ano de graduação

dos cursos de medicina e odontologia da cidade do Rio de Janeiro (Brasil).

5.3 MÉTODOS

Desenho e População de estudo

Os dados analisados são provenientes de um estudo seccional. O GHPSS é

uma pesquisa universitária sobre estudantes do terceiro ano das graduações de

odontologia, medicina, enfermagem e farmácia. Essa pesquisa se utiliza de

questionário padrão, adaptado para cada país, sobre informações do consumo de

produtos contendo tabaco, o conhecimento dos estudantes sobre a legislação vigente

referente ao tabagismo ambiental, a exposição à fumaça de tabaco, as crenças dos

universitários sobre o papel do profissional de saúde na cessação da utilização dos

produtos de tabaco e o conhecimento adquirido sobre o tabaco durante a graduação

(CDC, 2005; BRASIL, 2011). A versão adaptada para o Brasil inclui algumas perguntas

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específicas de interesse regional abordando temas como conhecimento sobre efeitos

do fumo passivo e sobre legislação específica de proibição do tabagismo em ambientes

fechados, definição do tipo de cigarro fumado e caracterização do grau de dependência

à nicotina do fumante. O questionário nacional apresentava 69 questões e foi aplicado

durante o horário das aulas, anonimamente, em formato auto-administrado.

Neste trabalho, analisamos os resultados do censo de estudantes do terceiro

ano da graduação dos cursos públicos e privados de medicina e odontologia da cidade

do Rio de Janeiro (Brasil) ocorrido entre os anos de 2006 e 2007. Esses cursos foram

escolhidos em função dos profissionais, uma vez formados, manterem contato regular

com os pacientes, tanto no serviço público quanto privado, e estarem autorizados a

prescrever medicamentos. Além disso, por esses cursos possuírem horário integral,

demanda de acesso a livros e outros materiais de custo mais elevado, o perfil

socioeconômico dos estudantes é mais homogêneo entre si quando comparados a

outros cursos avaliados. Foi utilizado o recorte da cidade do Rio de Janeiro para que

influências regionais interferissem minimamente possível nos resultados (BRASIL,

2011). Adicionalmente, essas diferenças regionais não poderiam ser contempladas

utilizando-se de modelo de regressão multinível, uma vez que o número de unidades de

segundo nível (cidades) era inferior a dez (HOX, 1995; GOLDSTEIN, 2011).

Das sete universidades existentes na cidade que apresentavam curso de

medicina, seis (85,7%) participaram do estudo. Nessas, a proporção de resposta dos

761 alunos matriculados foi de 78,5%. Todas as seis universidades que ofereciam o

curso de odontologia participaram do estudo. Estavam matriculados 304 alunos, sendo

a proporção de participação de 84,2%.

Visando evitar erros de informação, foram eliminados, na análise, os

estudantes que relataram ter 18 anos ou menos, uma vez que os mesmos teriam que

ter ingressado na universidade antes dos 16 anos, idade de ingresso mínima esperada

no ensino superior brasileiro após conclusão do ensino médio e aprovação no vestibular

(BRASIL, 1996c).

A população final do estudo foi igual a 1057 estudantes, sendo 759 alunos do

curso de medicina e 298 alunos do curso de odontologia.

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Variáveis

A variável resposta do estudo “percepção da importância do profissional de

saúde na cessação do tabagismo” foi construída a partir de seis perguntas, visando

caracterizar a percepção dos estudantes de medicina e odontologia sobre a importância

do papel do profissional de saúde na cessação do tabagismo e foi classificada em baixa

percepção e não-baixa percepção. As perguntas elencadas (todas com opção de

resposta sim ou não) foram: “Os profissionais da saúde deveriam receber treinamento

específico sobre as técnicas de cessação (parar de fumar)?”; “Os profissionais da

saúde servem como ‘modelos de comportamento’ para os seus pacientes e o público

em geral?”; “Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus

pacientes fumantes a pararem de fumar?”; “Os profissionais da saúde deveriam

rotineiramente aconselhar os seus pacientes que usam outros produtos que contém

tabaco a pararem de usar esses produtos?”; “Os profissionais da saúde têm um papel

de fornecer conselhos ou informações aos pacientes sobre como parar de fumar?”; “As

chances de um paciente parar de fumar são maiores se um profissional da saúde

aconselhar esse paciente a parar de fumar?”. Foi calculado um escore com base na

soma das respostas positivas às seis perguntas anteriores, variando de zero a seis.

Para esta análise, o estudante possuía baixa percepção quando respondia

positivamente até duas perguntas.

As variáveis explicativas individuais avaliadas foram: sexo, faixa etária (19 e

20 anos, 21 a 24 anos e os com 25 anos ou mais de idade), raça/cor (branca/não

branca), declarar seguir alguma religião (sim/não) e tabagismo (sim/não). Considerou-

se tabagista o estudante que respondeu ter feito uso de produtos de tabaco em um ou

mais dias no período dos 30 dias anteriores à entrevista. Ainda nesse grupo, foi

avaliado se o estudante recebeu alguma informação sobre tratamento medicamentoso

para a cessação do tabagismo por meio de duas questões (todas com opção de

resposta sim ou não): “Você já ouviu falar sobre os produtos de reposição da nicotina

(como os adesivos ou gomas de mascar) usados em programas para parar de fumar?”;

“Você já ouviu falar sobre o uso de antidepressivos (como Bupropiona ou Zyban)

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usados no tratamento para parar de fumar?”. O estudante foi considerado como tendo

informação quando ao menos uma das perguntas fosse respondida positivamente.

Por fim, as variáveis contextuais avaliadas, estas podendo ser objetivas ou

advindas da percepção dos estudantes sobre o contexto, foram: tipo da universidade

(pública ou privada); tipo de curso (medicina ou odontologia); percepção dos estudantes

sobre ações antitabagismo na universidade (sim/não); percepção a respeito do nível de

atividades educativas ligadas à prevenção e tratamento do tabagismo desenvolvidas

pelas instituições universitárias na graduação e exposição passiva à fumaça do tabaco

(em domicílio ou em outro local diferente do de residência). Para confecção desta

variável foram selecionadas as nove perguntas a seguir (todas com opção de resposta

sim ou não): “Durante o seu curso, você ouviu falar sobre os efeitos do fumo sobre a

saúde em alguma aula?”; “Durante o seu curso, você recebeu em alguma aula algum

tipo de informação sobre os efeitos da exposição ao tabagismo passivo e ambiental à

saúde?”; “Durante o seu curso, você discutiu em alguma das aulas os motivos pelos

quais as pessoas fumam?”; “Durante o seu curso, você aprendeu sobre a importância

de prevenir o início e o consumo de tabaco em crianças, jovens e mulheres grávidas?”;

“Durante o seu curso, você aprendeu que é importante registrar na anamnese do

paciente a história do uso de tabaco como parte da história clínica geral?”; “Durante o

seu curso, você já recebeu algum tipo de informação sobre tratamento de fumantes?”;

“Durante o seu curso, você recebeu algum tipo de treinamento formal sobre as

abordagens de como parar de fumar para serem usadas com os pacientes?”; “Durante

o seu curso, você aprendeu que é importante fornecer materiais educativos para apoiar

a cessação dos pacientes que desejam parar de fumar?”; “Durante o seu curso, você

participou de palestra, conferência, oficina ou treinamento sobre as estratégias de

controle do tabagismo implementadas pelo Brasil em nível populacional?”. Foi

considerado como nível baixo de atividades educativas durante a graduação quando

até três perguntas fossem respondidas positivamente, como nível médio quando quatro

a seis perguntas fossem respondidas positivamente e como nível alto quando sete ou

mais perguntas fossem respondidas positivamente.

Verificou-se, ainda, nos sete dias que antecederam a entrevista, o nível de

exposição desses estudantes à fumaça do tabaco no domicílio ou em outro local que

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não fosse o de residência. O estudante foi considerado exposto se referisse ter sido

exposto ao menos um dia na última semana.

Análise dos Dados

Uma busca na literatura não nos permitiu encontrar qualquer artigo que tenha

explorado os fatores associados ao desfecho de interesse (percepção dos estudantes

de graduação de medicina e odontologia sobre a importância do profissional de saúde

na cessação do tabagismo). Desse modo, optou-se por realizar uma análise

exploratória, sendo todas variáveis explicativas tratadas como se pertencessem ao

mesmo nível hierárquico. Inicialmente foi realizada a análise bivariada com o objetivo de

explorar a associação entre as variáveis individuais e contextuais e a variável resposta

possuir baixa percepção da importância dos profissionais de saúde na cessação do

tabagismo. Nessa etapa, empregou-se o Teste χ2 para a comparação de proporções.

Adicionalmente, as associações entre as variáveis independentes e o desfecho foram

expressas por meio da razão de chances e seus respectivos intervalos de 95% de

confiança, estimadas utilizando modelo de regressão logística. Na etapa de análise

multivariada, foram incluídas, no modelo logístico, as variáveis independentes cuja

associação com o desfecho, na análise bivariada, apresentaram p ≤ 0,20. Por fim,

partindo desse modelo multivariado completo, empregou-se um procedimento de

eliminação retroativo (backward elimination) chegando-se ao modelo final composto por

todas as variáveis cujas associações com o desfecho de interesse permaneceram

significantes (p ≤ 0,05). Para análise dos dados foi utilizado o programa Stata 9.0.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de

Estudos em Saúde Coletiva, parecer número 141.008.

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5.4 RESULTADOS

Dos 1057 estudantes que participaram do estudo, 59,9% eram do sexo

feminino, 58,7% tinham até 22 anos de idade, 76,5% eram da cor/raça branca, 18,7%

declararam não pertencer a nenhum grupo religioso e a maioria (80,9%) era não

fumante (Tabela 1).

Com relação às variáveis contextuais, 60,5% alunos estudavam em

instituição privada, mais de dois terços da amostra cursava a graduação de medicina. A

ampla maioria dos estudantes (95,6%) possuía a algum conhecimento sobre tipos de

tratamento medicamentoso para cessação do fumo. A minoria (37,2%) relatou existir

normas antitabagismo implementadas na universidade, sendo que, quando existentes,

essas eram cumpridas para aproximadamente um terço dos estudantes. Apenas 228

alunos (21,9%) foram classificados como tendo baixo acesso a atividades educativas

sobre o tabagismo na universidade. Duzentos e setenta e sete estudantes (26,6%)

relataram alto nível de atividades educativas. Em relação à exposição ao fumo, 25,9%

informaram que, nos últimos sete dias, fumaram em sua presença em seu local de

residência e 73,9% relataram que alguém fumou em sua presença em outro local, que

não sua residência (Tabela 1).

A percepção dos estudantes sobre a importância dos profissionais de saúde

na cessação do tabagismo foi alta, com apenas 21 (2,0%) classificados como

apresentando baixa percepção. Entretanto, 31% dos estudantes não consideraram que

os profissionais de saúde servem como “modelos de comportamento” para os seus

pacientes e o público em geral; cerca de 20% não consideraram que os profissionais de

saúde têm um papel de fornecer aconselhamento ou informações aos pacientes sobre

como parar de fumar e, aproximadamente, 20% não consideraram que as chances de

um paciente parar de fumar são maiores se um profissional de saúde aconselhar esse

paciente a abandonar o fumo (Tabela 2).

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Tabela 1. Caracterização da população de estudo, segundo variáveis individuais e contextuais.

Frequência n % Individuais Sexo

Feminino 631 59,9 Masculino 423 40,1

Idade (faixas etárias) 19-20 225 21,3 21-24 697 66,0 25 ou mais 134 12,7 Religião

Não declarou 197 18,7 Católica 542 51,4 Evangélica 95 9,0 Kardecista 127 12,0 Umbanda/Candomblé 25 2,4 Judaica 23 2,2 Budista 7 0,6 Outra 39 3,7

Raça/cor Branca 808 76,5 Preta 21 2,0 Amarela 15 1,4 Parda 196 18,5 Indígena 8 0,8 Outra 8 0,8

Tabagismo Tabagista 202 19,1 Não tabagista 855 80,9

Informação sobre tratamento medicamentoso Nenhum 46 4,4 Algum 1011 95,6

Contextuais Universidade

Pública 414 39,5 Privada 634 60,5

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Tabela 1. Cont... Frequência n % Curso

Odontologia 298 28,3 Medicina 757 71,8

Percepção sobre existência de normas antitabagismo Sim 393 37,2 Não 664 62,8

Nível de atividades educativas durante curso de graduação

Baixo 228 21,9 Médio 537 51,5 Alto 277 26,6

Exposição ao fumo no local de residência (últimos 7 dias) Sim 274 25,9 Não 783 74,1

Exposição ao fumo em outros locais (últimos 7 dias) Sim 781 73,9 Não 276 26,1

As variáveis sexo, religião, informação sobre tratamento medicamentoso e

tipo do curso de graduação apresentaram na análise simples significância estatística ao

nível de p ≤ 0,20, sendo incluídas na análise multivariada (Tabela 3). No modelo final,

permaneceram significantes as variáveis sexo, declarar seguir alguma religião,

conhecer informações sobre tratamento medicamentoso e o tipo de curso.

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Tabela 2. Proporção de resposta positiva a cada pergunta que compõe a variável “percepção da importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo”, total e por curso.

Total Medicina Odontologia

Itens do questionário n

n % IC 95%* n % IC 95%*

� Os profissionais de saúde deveriam receber treinamento específico sobre as técnicas de cessação (parar de fumar)? 1056 715 94,6 (93,0-96,2) 273 91,6 (88,5-94,8)

� Os profissionais da saúde servem como “modelos de comportamento” para os seus pacientes e o público em geral? 1056 500 66,1 (62,8-69,5) 224 75,2 (70,2-80,1)

� Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus pacientes fumantes a pararem de fumar? 1057 745 98,4 (97,5-99,3) 290 97,3 (95,5-99,2)

� Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus pacientes que usam outros produtos que contém tabaco a pararem de usar esses produtos? 1057 702 92,7 (90,9-94,6) 279 93,6 (90,8-96,4)

� Os profissionais da saúde têm um papel de fornecer conselhos ou informações aos pacientes sobre como parar de fumar? 1057 617 81,5 (78,7-84,3) 232 77,9 (73,1-82,6)

� As chances de um paciente parar de fumar são maiores se um profissional da saúde aconselhar esse paciente a parar de fumar? 1054 648 85,6 (83,1-88,1) 221 74,9 (70,0-79,9)

* IC= Intervalo de Confiança de 95%.

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A chance de um aluno do sexo masculino não perceber a importância do

profissional de saúde na cessação do tabagismo foi 2,9 vezes a chance de um aluno

do sexo feminino. Já para quem não pertence a algum grupo religioso, essa chance

foi de 3,0 vezes a de quem declarou seguir alguma orientação religiosa, e a chance

de um aluno do curso de odontologia foi 2,8 vezes a de um aluno do curso de

medicina. A associação de maior magnitude foi em relação ao aluno ter alguma

informação sobre tratamento medicamentoso do tabagismo, sendo a chance de não

possuir informação 5,0 vezes a chance de possuir informação (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição, proporção de baixa percepção e razão de chance de baixa percepção do estudante sobre importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo.

Total

(n = 1057) % baixa

percepção OR

bruto IC 95% OR

ajustado IC 95%

Individuais

Sexo

Masculino 423 3,1 2,89 (1,28-6,55) 2,88 (1,25-6,64) Feminino 631 1,3 1,00 . 1,00 .

Idade (faixas etárias) 19-20 225 0,9 0,59 (0,12-2,97) 21-24 697 2,3 1,29 (0,38-4,40) 25 ou mais 134 2,2 1,00 .

Religião Não 197 4,6 2,81 (1,26-6,30) 3,04 (1,31-7,05) Sim 858 1,4 1,00 . 1,00 .

Raça/cor Não-branca 248 2,4 1,55 (0,66-3,64) Branca 808 1,7 1,00 .

Tabagismo Tabagista 202 3,0 2,30 (1,01-5,23) Não tabagista 855 1,8 1,00 .

Informação sobre tratamento medicamentoso Nenhum 46 8,7 4,28 (1,41-13,00) 5,00 (1,57-15,78) Algum 1011 1,7 1,00 . 1,00 .

Contextuais

Universidade

Privada 634 1,9 1,16 (0,51-2,66)

Pública 414 1,9 1,00 .

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Tabela 3. Cont...

Total % baixa OR OR

(n=1057) percepção bruto IC 95% ajustado IC 95% Curso

Odontologia 298 3,1 2,23 (1,02-4,87) 2,80 (1,25-6,27) Medicina 757 1,6 1,00 . 1,00 .

Exposição ao fumo no local de residência (últimos 7 dias)

Sim 274 1,1 0,37 (0,11-1,23) Não 783 2,3 1,00 . Exposição ao fumo em outros locais (últimos 7 dias)

Sim 781 1,9 0,66 (0,29-1,50) Não 276 2,2 1,00 .

Percepção sobre existência de normas antitabagismo Sim 393 1,5 0,62 (0,26-1,48) Não 664 2,3 1,00 .

Atividades educativas durante curso de graduação Baixa 228 2,6 1,50 (0,50-4,56) Média 537 2,1 1,18 (0,44-3,14) Alta 277 1,4 1,00 .

5.5 DISCUSSÃO

No presente estudo, observou-se que estudantes de graduação de cursos

de medicina e odontologia, localizados na cidade do Rio de Janeiro, em sua grande

maioria, percebem a importância dos profissionais de saúde na cessação do

tabagismo e acreditam que os profissionais da saúde deveriam rotineiramente

aconselhar os seus pacientes tabagistas a pararem de fumar. Entretanto, apesar

desse bom resultado, cerca de um quinto deles não considera que os profissionais

de saúde tenham o papel de fornecer informações aos pacientes sobre como parar

de fumar ou não acredita que essa ação possa aumentar a chance de um paciente

parar de fumar. Adicionalmente, 30% não percebem os profissionais de saúde como

“modelos de comportamento” para os seus pacientes e o público em geral.

O GHPSS foi aplicado, também, em estudantes de 48 países, abrangendo

os diferentes continentes (HODGETTS et al., 2004; SAADE et al., 2009; SINHA et

al., 2010; SREERAMAREDDY et al., 2010; BRASIL, 2011; WARREN et al., 2008,

2009, 2011; BARBOUNI et al., 2012; CAUCHI & MAMO, 2012). De um modo geral, a

percepção da importância foi elevada na maioria desses estudos: mais de 80% dos

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entrevistados responderam positivamente às perguntas relacionadas com a

percepção do estudante sobre a importância do profissional de saúde na cessação

do tabagismo, sendo que, em metade das perguntas analisadas, esse percentual foi

de 90%, apontando para uma percepção elevada nesses países. Dentre todas as

perguntas utilizadas, a que apresentou a menor quantidade de respostas positivas

foi a que abordava a questão do profissional de saúde como “modelo de

comportamento”, tendo sido abaixo de 70% na Espanha, Grécia, Itália e Malta

(HODGETTS et al., 2004; SREERAMAREDDY et al.; 2010; BRASIL, 2011;

BARBOUNI et al., 2012; CAUCHI & MAMO, 2012; LA TORRE et al., 2012). Esse

inquérito foi aplicado em diversos países. Apesar desses estudos não utilizarem um

indicador único para classificação da percepção da importância do profissional de

saúde sobre a cessação, pode-se deduzir que, é possível pensar que esse indicador

apontaria para uma situação mais favorável nos outros países.

No presente estudo, a chance de percepção da importância do profissional

de saúde na cessação do tabagismo foi maior para o sexo feminino, para os que

declararam seguir alguma orientação religiosa, para os que cursavam a graduação

de medicina e para os que possuíam alguma informação sobre tratamentos

medicamentosos para cessação.

Em relação ao sexo, os resultados aqui apresentados se assemelham com

os encontrados em outras quatro cidades brasileiras, em ambos os cursos: os

percentuais de respostas positivas foram maiores para as mulheres, considerando

os três itens que compuseram o indicador único de percepção da importância do

profissional de saúde na cessação do tabagismo, empregado em nossa análise

(BRASIL, 2011). Outros estudos encontrados utilizando itens a respeito da

percepção sobre a importância, independente de estarem vinculadas ao inquérito do

GHPSS, não diferenciaram as respostas por sexo e, assim, não foi possível a

comparação com resultados internacionais.

Observou-se que a percepção do estudante sobre a importância do

profissional de saúde na cessação do tabagismo estava associada à prática

religiosa. Várias religiões não aprovam o uso do tabaco, embora não o proíbam

totalmente (GARRUSI & NAKHAEE, 2012). Esse comportamento tem sido

responsável pela redução do fumo entre religiosos, em diferentes países,

independente da crença e da faixa etária (WHOOLEY et al., 2002; YONG et al. 2009;

NAKHAEE et al. 2009, 2011; SHARMA et al., 2011; PORTES & GUIMARÃES,

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2012). Entre estudantes de graduação da área de saúde o mesmo fenômeno já foi

relatado. Por exemplo, foi observado que entre estudantes de odontologia do

nordeste brasileiro, os praticantes religiosos apresentaram o percentual de

tabagismo três vezes menor que o encontrado nos que relataram não ter qualquer

prática religiosa (PORTES & GUIMARÃES, 2012). Estudos de cunho sociológico são

necessários para permitir uma melhor compreensão dos processos que operam nas

redes de afiliados a uma religião estimulando a visão da importância do profissional

de saúde na cessação do tabagismo.

No que tange aos cursos de graduação, os estudantes do curso de

medicina apresentaram maior percepção sobre a importância do profissional de

saúde na cessação do tabagismo em relação aos estudantes do curso de

odontologia. Esse resultado foi, grosso modo, semelhante ao observado nas outras

cidades brasileiras (BRASIL, 2011). Na República da Sérvia a pergunta abordando a

necessidade de treinamento do profissional de saúde sobre técnicas de cessação

teve mais respostas positivas entre os alunos de medicina, quando comparados aos

de odontologia (CDC, 2005).

Já na Grécia e na Índia (SINHA et al., 2010; BARBOUNI et al., 2012), os

estudantes de odontologia possuíam uma maior percepção sobre a importância do

profissional de saúde na cessação quando comparado com os estudantes de

medicina, tanto para a pergunta sobre o profissional ser “modelo de comportamento”

como para a pergunta acerca da necessidade de treinamento sobre técnicas de

cessação do tabagismo. Uma explicação para os resultados discrepantes é o fato

dos estudos grego e indiano não terem considerado na análise dos dados eventuais

diferenças nas distribuições por sexo nos dois cursos. Entretanto, no estudo grego o

curso de odontologia apresentou uma maior quantidade de atividades educativas

que o relatado pelos estudantes do curso de medicina.

O nível de percepção sobre a importância do profissional de saúde na

cessação do tabagismo parece variar entre os contextos dos diferentes países,

especialmente em relação à relevância dada ao problema do tabagismo (WARREN

et al., 2011). De um modo geral, o percentual de estudantes que conhecem o

tratamento por reposição de nicotina é pelo menos três vezes o dos que conhecem o

tratamento por meio de antidepressivos (EHIZELE et al., 2011; PATELAROU et al.,

2011; BARBOUNI et al., 2012; CAUCHI & MAMO, 2012; LA TORRE et al., 2012).

Não ter informação sobre tratamento medicamentoso para a cessação do tabagismo

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foi a variável mais fortemente associada à baixa percepção do estudante de

graduação sobre a importância do profissional de saúde na cessação. Em Malta,

resultado semelhante foi encontrado: maior percepção para quem possuía

informação sobre a utilização de antidepressivos como técnica de cessação do

tabagismo (OR= 4,9). No entanto, não foi encontrada associação com o tratamento

por meio de reposição de nicotina (CAUCHI & MAMO, 2012). Possivelmente,

conhecer a necessidade de utilização de farmacoterapia para a cessação,

independente de ter sido obtida formalmente durante o curso, pressupõe que o

profissional de saúde tenha indicado o tratamento.

Isso aponta para a importância da revisão dos currículos dos cursos de

graduação em saúde. Por mais que no presente estudo não tenha sido encontrada

associação entre a percepção do estudante e o nível de atividades educativas,

assim como no trabalho de Cauchi e Mamo (2012), os diversos estudos

internacionais mostraram que a maioria dos estudantes acreditava que os

profissionais de saúde deveriam receber educação formal durante a graduação

sobre aconselhamento de pacientes na cessação. Em 91,3% dos locais onde foram

aplicados os questionários GHPSS, menos de 40% dos alunos relataram que

receberam treinamentos para cessação (WARREN et al., 2008). Em relação aos

profissionais da Atenção Básica no Egito, 70% não possuem formação sobre

técnicas de cessação do tabagismo e apenas 16,8% desses profissionais afirmam

estarem bem preparados para aconselhar seus pacientes sobre cessação e os

malefícios do tabagismo (SABRA, 2007). Estudo japonês mostrou que, quando a

universidade implementava aulas abordando o tema tabagismo, houve um aumento

de cerca de 17% do conhecimento dos alunos sobre técnicas de cessação durante o

curso de graduação (TAKEUCHI et al., 2010). Trabalhos também evidenciaram a

relevância da educação continuada para profissionais previamente treinados que

integram a rede de serviços de saúde (HODGETTS et al., 2004; CAUCHI & MAMO,

2012).

O status de tabagismo do estudante não mostrou associação com a

percepção sobre a importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo,

concordando com a maioria dos estudos internacionais (VANPHANOM et al., 2010;

PATELAROU et al., 2011).

Nosso artigo apresentou algumas limitações que devem ser consideradas.

Por ser um inquérito realizado no terceiro ano dos cursos de graduação de medicina

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e odontologia, os alunos não haviam ainda apresentado interação substancial com

os pacientes, o que limita a generalização dos resultados para todos o conjunto de

estudantes de odontologia e medicina. Adicionalmente, as variáveis contextuais

foram obtidas por meio de respostas individuais, não representando,

necessariamente, a realidade de cada universidade estudada. Em outras palavras, o

construto que foi apreendido foi a percepção sobre o contexto, que é influenciada

pela disponibilidade “objetiva”, mas também por características individuais (por

exemplo, “a forma de ver o mundo”). O fato de tanto a medida de desfecho como as

variáveis contextuais poderem ser influenciadas por uma causa comum não

mensurada (“a forma de ver o mundo”) pode explicar não ter sido observado

associação entre o desfecho de interesse e algumas das variáveis contextuais

avaliadas. Entretanto, a existência por si só de fatores contextuais não é suficiente

para a ação, sendo a percepção uma dimensão fundamental a ser avaliada. Estudos

futuros, empregando a coleta direta de dados contextuais (por exemplo, por meio de

observação do ambiente e a análise das ementas das disciplinas) e a avaliação de

um maior número de universidades, poderiam complementar a presente análise.

Essa última estratégia permitira a adoção de uma abordagem multinível, sendo os

resultados das respostas da percepção individual sobre o contexto utilizadas para

construir uma medida média (atributo de segundo nível).

Concluindo, características contextuais foram identificadas como fatores

independentes associados à percepção sobre a importância do profissional de

saúde na cessação do tabagismo, ressaltando a necessidade de incluir no currículo

dos cursos de graduação de informações sobre técnicas de cessação do tabagismo,

assim como de enfatizar o papel do profissional de saúde enquanto promotor da

saúde do seu paciente.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como futuros profissionais que irão acompanhar pacientes com doenças

relacionadas ao tabagismo, os estudantes de medicina e odontologia representam

um alvo primário para os programas de prevenção e controle do tabaco (SMITH &

LEGGAT, 2007).

Dado o seu importante papel futuro como modelos de comportamento,

existem algumas medidas que precisam ser consideradas para atender este dilema

de saúde pública: profissionais de saúde fumantes. Educação representa

provavelmente a questão mais crítica na cessação do tabagismo, tanto para

estudantes da área de saúde quanto para o público em geral. Educar os futuros

profissionais sobre a importância do controle do uso do tabaco como causa de

diversas doenças representa o primeiro passo para envolvê-los na cessação do

tabagismo. Embora as escolas médicas devam fornecer programas educacionais

adequados a este respeito, tem sido sugerido que elas não têm oferecido tratamento

aos professores, funcionários e alunos ou abordado suficientemente o diagnóstico

do tabagismo, sua severidade, comorbidades e técnicas de cessação nas atividades

educacionais (SMITH & LEGGAT, 2007).

As instituições formadoras dos futuros profissionais de saúde e as de

saúde pública devem desencorajar o uso do tabaco entre os profissionais de saúde

e devem planejar e implementar programas de capacitação dos profissionais de

saúde em técnicas de cessação eficazes. Se o objetivo é reduzir substancialmente o

uso de produtos do tabaco, esforços devem ser feitos na cessação entre os

profissionais de saúde bem como na melhoria do seu treinamento, no que diz

respeito ao seu papel de promotor da saúde, o que inclui as estratégias de controle

do tabaco.

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REFERÊNCIAS

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______. ______.______. A situação do tabagismo no Brasil : dados dos inquéritos do Sistema Internacional de Vigilância do Tabagismo da Organização Mundial de Saúde realizados no Brasil entre 2002 e 2009. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; INCA, 2011.

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ANEXOS

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO BRASILEIRO - GHPSS

INSTRUÇÕES

• Leia cada pergunta cuidadosamente antes de respondê-la.

• Escolha a resposta que melhor descreve o que você acredita estar correto.

• Escolha apenas uma resposta para cada pergunta.

• Na folha de respostas, localize o círculo que corresponde à sua resposta e preencha totalmente com o lápis que lhe foi fornecido.

• Preencha os círculos de maneira correta.

• Se precisar alterar a sua resposta, não se preocupe; apague-a

completamente sem deixar marcas.

• Lembre-se de que cada pergunta possui apenas uma resposta. Exemplo: Questionário

24. Você acredita que os peixes 24. A B C D vivem na água?

a. Definitivamente sim b. Provavelmente sim c. Provavelmente não d. Definitivamente não

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1. Você já tentou ou experimentou fumar um cigarro, mesmo uma ou duas tragadas?

a. Sim b. Não

2. Quantos anos você tinha quando experimentou um cigarro pela primeira vez?

a. Nunca fumei cigarros b. 10 anos ou menos c. 11 a 15 anos d. 16 a 17 anos e. 18 a 19 anos f. 20 a 24 anos g. 25 a 29 anos h. 30 anos ou mais

3. Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou cigarros?

a. Nenhum b. 1 ou 2 dias c. 3 a 5 dias d. 6 a 9 dias e. 10 a 19 dias f. 20 a 29 dias g. Todos os 30 dias

4. Você já fumou 100 cigarros (5 maços) ou mais durante toda sua vida? a. Sim b. Não

5. Você fumou cigarros no campus da universidade durante o último ano? a. Nunca fumei cigarros b. Sim c. Não

6. Você fumou cigarros dentro do prédio da universidade durante o último ano?

a. Nunca fumei cigarros b. Sim c. Não

7. Que tipo de cigarro você fuma mais? a. Não fumo b. Baixos teores c. Teores regulares d. Não sei

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8. Que sabor tem o cigarro que você fuma mais? a. Não fumo b. Mentolado (menta/ hortelã) c. Baunilha d. Nenhum sabor especial e. Outros

9. Como você compra cigarros, com maior freqüência? a. Nunca fumei cigarros b. Não fumo mais cigarros c. A varejo/ por unidade d. Por maço e. Não compro cigarros

10. Nos últimos 30 dias (um mês), em geral, como você conseguiu seus próprios cigarros?

a. Não fumei cigarros nos últimos 30 dias (um mês) b. Eu os comprei num botequim, bar, restaurante c. Eu os comprei numa loja, shopping, quiosque d. Eu os comprei numa padaria ou supermercado e. Eu os comprei num posto de gasolina ou loja de conveniência f. Eu os comprei numa banca de jornal ou tabacaria g. Eu os comprei num vendedor ambulante (camelô) h. Eu os pedi a alguém

11. Você fuma cigarros de bali (cravo)? a. Não fumo b. Sim c. Não

12. Você já usou outros produtos que contêm tabaco (por exemplo, cigarro de bali, cigarro indiano, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos, cachimbo, narguilé)?

a. Sim b. Não

13. Nos últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou outros produtos que contêm tabaco (por exemplo, cigarro de bali, cigarro indiano, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos, cachimbo, narguilé)?

a. Nenhum dia b. 1 ou 2 dias c. 3 a 5 dias d. 6 a 9 dias e. 10 a 19 dias f. 20 a 29 dias

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g. Todos os 30 dias

14. Qual dos outros produtos que contêm tabaco você usa com mais freqüência?

a. Nenhum produto b. Cigarro de bali c. Cigarro de palha d. Cigarrilha e. Charuto, charuto pequeno f. Fumo de mascar g. Narguilé (cachimbo de água) h. Cigarro indiano (Bidis)

15. Você usou outros produtos que contêm tabaco (por exemplo, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos, cachimbo, narguilé) no campus da universidade durante o último ano?

a. Nunca usei outros produtos que contêm tabaco b. Sim c. Não

16. Você usou outros produtos que contêm tabaco (por exemplo, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos, cachimbo, narguilé) no prédio da universidade durante o último ano?

a. Nunca usei outros produtos que contêm tabaco b. Sim c. Não

17. Nos últimos 7 dias, em quantos dias fumaram onde você mora (casa ou alojamento ou república de estudantes) na sua presença?

a. Nenhum dia b. 1 a 2 dias c. 3 a 4 dias d. 5 a 6 dias e. Todos os 7 dias

18. Nos últimos 7 dias, em quantos dias fumaram na sua presença, em outros locais sem ser onde você mora?

a. Nenhum dia b. 1 a 2 dias c. 3 a 4 dias d. 5 a 6 dias e. Todos os 7 dias

19. A sua universidade possui uma norma oficial que proíbe fumar nos prédios e clínicas?

a. Sim, apenas para os prédios onde ficam as salas de aula b. Sim, apenas para as clínicas, ambulatórios, enfermarias,

postos de saúde, hospital universitário

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c. Sim, é proibido fumar em qualquer parte do campus universitário

d. Sim, só é permitido fumar nos fumódromos (locais reservados aos fumantes)

e. Nenhuma norma oficial f. Não tenho conhecimento sobre isso

20. As normas oficiais de sua universidade sobre o uso de tabaco nos prédios, clínicas e hospital universitário são cumpridas?

a. Sim, a norma é cumprida b. Não, a norma não é cumprida c. A universidade não possui uma norma oficial d. Não tenho conhecimento sobre isso

21. No Brasil, a venda de cigarro para adolescentes (pessoas com menos de 18 anos de idade) é proibida.

a. Verdadeiro b. Falso

22. No Brasil, a propaganda de cigarro é restrita, sendo apenas permitido haver anúncios dos produtos de tabaco nos pontos de venda (bar, botequim, banca de jornal, loja de conveniência, quiosque).

a. Verdadeiro b. Falso

23. No Brasil não é proibido fumar em transportes públicos coletivos (como ônibus, metrô, trem, barca, aerobarco, avião).

a. Verdadeiro b. Falso

24. No Brasil é proibido fumar em restaurantes. a. Verdadeiro b. Falso

25. No Brasil, não é proibido fumar em discotecas e casas de show. a. Verdadeiro b. Falso

26. No Brasil, é proibido fumar em bares e botequins. a. Verdadeiro b. Falso

27. Algum representante de cigarros já lhe ofereceu cigarros gratuitamente?

a. Sim b. Não

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28. Essa distribuição de cigarros aconteceu em bares, botequins ou restaurantes?

a. Sim b. Não

29. Essa distribuição de cigarros aconteceu em casas de show, boates, eventos culturais, shows ao ar livre?

a. Sim b. Não

30. Os profissionais da saúde deveriam receber treinamento específico sobre as técnicas de cessação (parar de fumar)?

a. Sim b. Não

31. Os profissionais da saúde são “modelos de comportamento” para os seus pacientes e o público em geral?

a. Sim b. Não

32. Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus pacientes fumantes a pararem de fumar?

a. Sim b. Não

33. Os profissionais da saúde deveriam rotineiramente aconselhar os seus pacientes que usam outros produtos de tabaco a pararem de usar esses produto?

a. Sim b. Não

34. Os profissionais da saúde desempenham um papel de fornecerem conselhos ou informações aos pacientes sobre como parar de fumar?

a. Sim b. Não

35. As chances de um paciente parar de fumar são maiores se um profissional da saúde aconselhar este paciente a parar de fumar?

a. Sim b. Não

36. Após acordar de manhã, quanto tempo se passa até você fumar o seu primeiro cigarro?

a. Nunca fumei cigarros b. Atualmente não fumo cigarros c. Nos primeiros 5 minutos

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d. De 6 minutos a 9 minutos e. De 10 a 30 minutos f. De 31 a 60 minutos g. Depois de 60 minutos

37. Em média, quantos cigarros você fuma por dia? a. Nenhum cigarro b. Atualmente não fumo c. 1 a 5 cigarros d. 6 a 10 cigarros e. 11 a 15 cigarros f. 16 a 20 cigarros g. 21 a 30 cigarros h. 31 ou mais cigarros

38. Você quer parar de fumar cigarros agora? a. Nunca fumei cigarros b. Atualmente não fumo c. Sim d. Não

39. Durante o último ano, você tentou parar de fumar cigarros? a. Nunca fumei cigarros b. Não fumei durante o último ano c. Sim d. Não

40. Há quanto tempo você parou de fumar cigarros? a. Nunca fumei cigarros b. Nunca parei de fumar cigarros c. Menos de 1 mês d. 1 a 5 meses e. 6 a 11 meses f. 1 ano g. 2 anos h. 3 anos ou mais

41. Você já recebeu ajuda ou conselhos para ajudá-lo a parar de fumar cigarros?

a. Nunca fumei cigarros b. Sim c. Não

42. De quem você recebeu ajuda ou conselho para parar de fumar

cigarros? a. Eu nunca fumei cigarros b. Nunca recebi ajuda ou conselho para parar de fumar c. De profissional de saúde

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d. De um amigo e. De um familiar f. De profissionais de saúde e/ou amigos e/ou membros da

família g. De uma pessoa religiosa (qualquer religião)

43. Atualmente você deseja parar de usar outros produtos que contêm tabaco (por exemplo, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos, cachimbo, narguilé)?

a. Nunca usei outros produtos que contêm tabaco b. Atualmente não uso outros produtos que contêm tabaco c. Sim d. Não

44. Os profissionais da saúde que fumam são menos propensos a aconselhar os seus pacientes a parar de fumar?

a. Sim b. Não

45. Os profissionais da saúde que usam outros produtos de tabaco (por exemplo, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos, cachimbo, narguilé) são menos propensos a aconselhar os seus pacientes a parar de fumar?

a. Sim b. Não

46. Durante o seu curso, você ouviu falar sobre os efeitos do fumo sobre a saúde em alguma aula?

a. Sim b. Não

47. Durante o seu curso, você recebeu em alguma aula algum tipo de informação sobre os efeitos da exposição ao tabagismo passivo e ambiental à saúde?

a. Sim b. Não

48. Durante o seu curso, você discutiu em alguma das aulas os motivos pelos quais as pessoas fumam?

a. Sim b. Não

49. Durante o seu curso, você aprendeu sobre a importância de prevenir o início e o consumo de tabaco em crianças, jovens e mulheres grávidas?

a. Sim b. Não

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50. Durante o seu curso, você aprendeu que é importante registrar na anamnese do paciente a história do uso de tabaco como parte da história clínica geral?

a. Sim b. Não c. Não se aplica

51. Durante o seu curso, você já recebeu algum tipo de informação sobre tratamento de fumantes?

a. Sim b. Não

52. Durante o seu curso, você recebeu algum tipo de treinamento formal sobre as abordagens de como parar de fumar para serem usadas com os pacientes?

a. Sim b. Não c. Não se aplica

53. Durante o seu curso, você aprendeu que é importante fornecer materiais educativos para apoiar a cessação dos pacientes que desejam parar de fumar?

a. Sim b. Não

54. Você já ouviu falar sobre os produtos de reposição da nicotina (como os adesivos ou gomas de mascar) usados em programas para parar de fumar?

a. Sim b. Não

55. Você já ouviu falar sobre o uso de antidepressivos (como Bupropiona ou Zyban) usados no tratamento para parar de fumar?

a. Sim b. Não

56. Assinale em que grupo da Classificação Internacional de Doenças – 10a Revisão (CID 10) o tabagismo encontra-se inserido:

a. Ainda não foi inserido b. Não tenho esta informação c. Categoria de Doenças Crônicas das Vias Aéreas Inferiores d. Categoria de Transtornos Mentais e Comportamentais Devidos

ao Uso de Substância Psicoativa e. Categoria de Doenças do Aparelho Circulatório

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57. Durante o seu curso, você participou de palestra, conferência, oficina ou treinamento sobre as estratégias de controle do tabagismo implementadas pelo Brasil a nível populacional?

a. Sim b. Não

58. Alguma vez você ouviu falar sobre a Convenção Quadro para o Controle do Tabaco?

a. Sim b. Não

59. Quantos anos você tem? a. 14 anos ou menos b. 15 a 17 anos c. 18 anos d. 19 anos a 20 anos e. 21 anos a 22 anos f. 23 anos a 24 anos g. 25 anos a 29 anos h. 30 anos ou mais

60. Qual o seu sexo? a. Feminino b. Masculino

61. Qual é a sua cor ou raça? a. Branca b. Preta c. Amarela d. Mulata e. Morena f. Indígena g. Outra

62. Qual a sua religião? a. Não tenho religião b. Católica c. Evangélica d. Espírita (Kardecista) e. Espírita (Umbanda, Candomblé) f. Judaica g. Budista h. Outra

63. Qual é o seu curso? a. Medicina b. Enfermagem

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c. Odontologia d. Farmácia

64. Qual ano você está cursando na universidade? a. 1º ano (1º ou 2º período) b. 2º ano (3º ou 4º período) c. 3º ano (5º ou 6º período) d. 4º ano (7º ou 8º período) e. 5º ano (9º ou 10º período) f. 6º ano (11º ou 12º período)

65. Em que tipo de universidade/ faculdade você estuda? a. Pública b. Particular

66. Você pratica algum esporte ou faz atividade física regular como caminhar, correr, nadar, jogar futebol, jogar vôlei, pedalar na bicicleta, dançar, ginástica aeróbica, etc?

a. Sim b. Não

67. No seu tempo livre, você trabalha recebendo salário ou bolsa de estágio, monitoria?

a. Sim, trabalho sempre, de forma regular b. Sim, trabalho às vezes, de forma irregular c. Não trabalho atualmente, mas já trabalhei d. Nunca trabalhei

68. Você recebe mesada, pensão ou algum dinheiro “extra”? a. Sim b. Não

69. No período de um mês (30 dias), quanto você tem, em média, para gastar com você (pensão, mesada, salário, etc)?

a. Não recebo nenhuma quantia para despesas miúdas (ou renda, mesada, etc).

b. Menos de R$ 3,00 c. de R$ 3,00 a R$ 15,00 d. de R$ 16,00 a R$ 30,00 e. de R$ 31,00 a R$ 60,00 f. de R$ 61,00 a R$ 90,00 g. Mais de R$ 90,00

Data: ____/____/200_.

AGRADECEMOS SUA COLABORAÇ ÃO!

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APÊNDICES

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APÊNDICE I

ANÁLISE DE SENSIBILIDADE PARA O CONSTRUTO TABAGISMO

Análise de sensibilidade consiste em uma técnica que permite de forma

controlada conduzir experimentos e investigações com o uso de um modelo de

simulação, com o objetivo de determinar o grau de variação dos resultados e dos

indicadores de viabilidade de um determinado construto. Em análises de

sensibilidade, ao se realizar várias simulações e avaliar os resultados gerados, é

possível avaliar o grau de confiança dos resultados em situações de decisões

incertas ou suposições sobre os dados e resultados usados.

Buscando realizar uma análise de sensibilidade, foram construídas três

variáveis adicionais para expressar o construto do tabagismo. Foram utilizadas as

perguntas do questionário, para cada variável, dispostas a seguir:

� Tabagismo 1: abordando o status tabagismo em tabagista, não tabagista e

ex-tabagista, foi utilizada a questão “Há quanto tempo você parou de fumar

cigarros?”, que apenas estava disponível para os usuários de cigarro.

Considerou-se tabagista aquele que respondeu que nunca parou de fumar

cigarros; como não tabagista, aquele que respondeu que nunca fumou

cigarros e; como ex-tabagista, aquele que fez referência ao tempo que deixou

de fumar (menos de 1 mês, 1 a 5 meses, 6 a 11 meses, 1 ano, 2 anos, 3

anos ou mais).

� Tabagismo 2: criou-se outra variável tabagismo, também a partir da pergunta

utilizada para criação da variável anterior. Como essa pergunta somente

aborda a questão da utilização de cigarros, poderia haver estudantes que não

fumassem cigarros, mas utilizassem outros produtos de tabaco. Para

classificar esses estudantes como fumantes, utilizamos, complementarmente,

a seguinte pergunta:

- Nos últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou outros

produtos que contêm tabaco (por exemplo, cigarro de bali, cigarro

indiano, fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos

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pequenos, cachimbo, narguilé)?

Dessa forma, considerou-se tabagista aquele que nunca parou de fumar

cigarros ou aquele que respondeu que nunca fumou cigarros, mas fumou outros

produtos de tabaco nos últimos 30 dias; como não tabagista, aquele que respondeu

que nunca fumou cigarros e não fumou outros produtos de tabaco nos últimos 30

dias e; como ex-tabagista, aquele que fez referência ao tempo que deixou de fumar

(menos de 1 mês, 1 a 5 meses, 6 a 11 meses, 1 ano, 2 anos, 3 anos ou mais).

� Tabagismo 3: outra opção para classificar o status de tabagismo do estudante

foi utilizando as seguintes perguntas:

- Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou

cigarros?

- Nos últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou outros

produtos que contêm tabaco (por exemplo, cigarro de bali, cigarro indiano,

fumo de mascar, rapé, pasta, charutos, cigarrilhas, charutos pequenos,

cachimbo, narguilé)?

Foram considerados não tabagistas os indivíduos que responderam que

não fumaram em nenhum dia ambas as perguntas. Foram classificados como

tabagistas de cigarros quando respondessem que utilizaram cigarros no último mês,

mas não utilizaram outros produtos de tabaco nos últimos 30 dias. Foram

considerados tabagistas de outros produtos que contém tabaco quando

respondessem que utilizaram outros produtos de tabaco, mas não fumaram cigarros

nos últimos 30 dias. Foram considerados tabagistas de qualquer produto que

contém tabaco quando respondessem que fizeram uso de cigarros ou de outros

produtos pelo menos 1 dia nos últimos 30 dias.

Quando realizada a análise bivariada para cada um dos construtos

tabagismo criados (Tabagismo 1, 2 e 3), houve significância (p ≤ 20) para todos eles.

Quando realizada a análise multivariada para cada um deles, nenhum dos três

construtos do tabagismo (1, 2 e 3) apresentou significância estatística (p ≤ 0,05), não

permanecendo na modelagem final, tal como o construto tabagismo utilizado na

seção de Métodos (5.3.2).

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APÊNDICE II

ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIAS MÚLTIPLAS

Análise de correspondência é uma técnica descritiva gráfica para a análise

de grandes conjuntos de dados categorizados, facilitando a interpretação das

relações entre as variáveis envolvidas. As complexas associações são apresentadas

usualmente em um gráfico de duas dimensões, de tal modo que as relações entre as

linhas e as colunas possam ser interpretadas.

As projeções dos pontos no plano bidimensional, correspondentes a

variáveis ou a categorias das mesmas, permitem a visualização de padrões de

“proximidade”, podendo ser interpretada como associações.

Utilizando-se a análise de correspondências múltiplas foi possível

identificar agrupamentos da variável resposta - percepção do estudante sobre a

importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo (indicada em ambas

figuras por “percepcao”) - e de outras variáveis que compunham o questionário:

perguntas relacionadas ao nível de atividades educativas recebidas durante a

graduação (indicada na Figura 3 pelo termo “treinamento”) e nível de informação

sobre tratamento medicamentoso (indicada na Figura 4 pelo termo

“informacao_012”).

Pode-se perceber que houve uma proximidade entre as perguntas sobre

os escores do nível de atividades educativas na graduação e que os escores mais

baixos de percepção não estavam próximos da maioria dos pontos.

Em relação aos níveis de informação sobre tratamentos medicamentosos,

não ter informação (código zero) estava afastado da maioria dos pontos, assim com

os mais baixos escores de percepção, que compunham o nível baixo de percepção

da importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo.

Para as duas análises, os níveis mais altos de percepção estavam sempre

próximos da maioria dos pontos e o baixo nível de percepção, afastado.

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Figura 3. Gráfico da Análise de Correspondências Múltiplas entre os escores de percepção do estudante sobre a importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo (de zero a seis) e o escore do nível de atividades educativas recebidas durante a graduação (variando de zero a nove).

Figura 4. Gráfico da Análise de Correspondências Múltiplas entre os níveis de percepção do estudante sobre a importância do profissional de saúde na cessação do tabagismo (de zero a seis) e os níveis de informação sobre tratamento medicamentoso para a cessação do tabagismo (zero sendo nível baixo; um, sendo nível médio; dois, sendo nível alto de informação).