UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE … · Monografia apresentada à disciplina Orientação...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES SCHLA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DECISO DINALVA ROSA NEVES MAURÍCIO COMO O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA É NOTICIADO NAS REVISTAS VEJA E CARTA CAPITAL NO PERÍODO 2009 A 2011 CURITIBA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – DECISO

DINALVA ROSA NEVES MAURÍCIO

COMO O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA É NOTICIADO NAS REVISTAS VEJA E

CARTA CAPITAL NO PERÍODO 2009 A 2011

CURITIBA

2017

DINALVA ROSA NEVES MAURÍCIO

COMO O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA É NOTICIADO NAS REVISTAS VEJA E

CARTA CAPITAL NO PERÍODO 2009 A 2011

Monografia apresentada à disciplina Orientação

Monográfica, do Curso de Graduação em Ciências

Sociais, Departamento de Sociologia, Setor de Ciências

Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do

Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Ciências Sociais.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Costa de Oliveira.

CURITIBA

2017

DINALVA ROSA NEVES MAURICIO

Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharelado no

Curso de Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade

Federal do Paraná, pela seguinte Banca Examinadora:

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Costa de Oliveira

Departamento de Ciências Sociais, UFPR

Prof. Drª Mônica Helena Harrich Silva Goulart

Departamento Acadêmico de Estudos Sociais, UTFPR

Prof. Drª Ana Crhistina Vanali

Núcleo de Estudos Paranaenses, UFPR

Curitiba, 04 de agosto de 2017.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à memória de meus pais Josias e Rosa e de meu esposo

José Luiz.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus filhos, Luciana, Mariana e Maurício e ao meu neto

Alexandre, pelo amor incondicional.

Ao Professor e Orientador Dr. Ricardo Costa de Oliveira, pela compreensão,

atenção e conhecimento partilhado.

Às componentes da Banca professoras Dra. Mônica Goulart e Dra. Ana Vanali

pela atenção ao aceitarem o convite.

À Secretaria Sandra, da Coordenação de Ciências Sociais, pela paciência e

presteza.

Aos meus irmãos e irmãs, pelo apoio nas horas difíceis.

Aos amigos, amigas e colegas que me acompanharam em momentos

importantes, tanto alegres quanto tristes. Agradecimento especial à Abelita, Angélica,

Aline, Dayse, Neide, Rejane, Susana, Ubirajara, Viviane e Patrícia.

Sem vocês eu não chegaria até aqui.

Obrigada a todos.

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e depois afrouxa,

sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

Guimarães Rosa

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo investigar as diferentes abordagens pela mídia acerca do Programa Bolsa

Família, do Governo Federal. A partir da Teoria Crítica, realiza-se uma análise das matérias das revistas Veja e

Carta Capital, entre 2009 e 2011, em arquivos digitais, disponíveis na internet. Busca-se o termo “bolsa família”

com a finalidade de analisar o viés adotado sobre a questão, e se as reportagens promovem o debate público. O

trabalho está estruturado em introdução, no qual se expõe o tema de pesquisa e a abordagem teórica a ser

utilizada; desenvolvimento, em que se traz um breve histórico acerca das políticas de transferência de renda e

combate à fome no país, seguida de um relato sobre as condições de surgimento dessas mídias. Após a

transcrição dos dados foi realizada uma análise comparativa sobre as diferentes abordagens desses veículos de

comunicação. Como principal resultado, tem-se que ambas as revistas não fazem um debate a respeito da

questão central, que leva à formulação de tal política: a fome no Brasil. Ambas parecem favorecer o aspecto

político eleitoral, não informando o leitor sobre o funcionamento e finalidades do programa. Dessa forma, não

propõe um debate profundo sobre a desigualdade social no país.

Palavras-chave: Bolsa Família, Carta Capital, Fome no Brasil, Veja.

ABSTRACT

This research aims to investigate the different approach by media about the “Bolsa Família” program, created by

the federal government. The paper covers the publications of Veja and Carta Capital, referring in particular to

the publications in the journals in which the term "Bolsa Família" appears. Starting from Critical Theory, it is

made an analysis of the articles of the magazines Veja and Carta Capital, between 2009 and 2011, in digital

archives, available on the internet. A search was made for the term "Bolsa Família" in order to analyze the bias

adopted on the issue, and whether the reports promote public debate. The paper is structured in an introduction,

which discusses the research topic and the theoretical approach to be used; Development, which provides a brief

history of the policies of income transfer and fight against hunger in the country, followed by an account of the

conditions for the emergence of these media. After the transcription of the data, a comparative analysis was

performed on the different approaches of these communication vehicles. As a main result, we have seen that both

journals do not debate the central question that leads to the formulation of such a policy: the problem of hunger

in Brazil.Both of the journals seem to favor the electoral aspect that involves such a program, not informing the

reader about its operation nor proposing a deep debate on the social inequality in the country.

Key-words:BolsaFamília, Carta Capital, Hunger in Brazil, Veja.

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUÇÃO DO BOLSA FAMÍLIA................................................................20

TABELA 2 - TAXA DE REDUÇÃO DA POBREZA POR REGIÃO NO BRASIL ENTRE

1995 E 2008..............................................................................................................................69

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2. BREVE HISTÓRICO SOBRE PROGRAMAS SOCIAIS NO BRASIL ......................... 12

3. O QUE É E COMO FUNCIONA O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA .......................... 18

5. REVISTA CARTA CAPITAL ......................................................................................... 30

6. A IMPRENSA E SEU LUGAR NA ESFERA PÚBLICA ............................................... 37

7. PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA REVISTA VEJA ................................................. 39

7.1 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2009, NA REVISTA VEJA ................................... 39

7.2 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2010, NA REVISTA VEJA ................................... 45

7.3 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2011, NA REVISTA VEJA ................................... 55

8. PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA REVISTA CARTA CAPITAL ........................... 59

8.1 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2009, NA REVISTA CARTA CAPITAL ............. 59

8.2 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2010, NA REVISTA CARTA CAPITAL ............. 66

8.3 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2011, NA REVISTA CARTA CAPITAL ............. 72

9. UMA ANÁLISE COMPARATIVA NOS DISCURSOS DE VEJA E CARTA CAPITAL

77

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 82

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 84

APÊNDICE 1 – FICHA CATALOGRÁFICA TERMO “BOLSA FAMILIA” NA REVISTA

VEJA ENTRE 2009 E 2011 ..................................................................................................... 86

APÊNDICE 2 – FICHA CATALOGRÁFICA TERMO “BOLSA FAMILIA” NA REVISTA

VEJA ENTRE 2009 E 2011 ..................................................................................................... 90

10

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo produzir uma reflexão de caráter sociológico sobre a

forma como a mídia escrita brasileira, representada por duas revistas de circulação nacional,

se posiciona frente ao programa do governo federal intitulado Bolsa Família. A pesquisa

realizada pela internet, nos acervos das revistas Veja e Carta Capital, verifica como estes dois

meios de comunicação abordaram a política de transferência de renda, entre os anos 2009 a

2011. O período analisado abrange uma parte do governo Lula (2009 a 2010) e um ano do

primeiro mandato do governo Dilma Rousseff (2011).

A pesquisa busca entender de que forma esses veículos de comunicação divulgaram

as notícias sobre o programa Bolsa Família. Pergunta-se, especificamente, se as referidas

notícias fomentaram o debate público e como foram construídas as narrativas sobre essa

política pública. Primeiro, coletamos as notícias nos acervos das revistas citadas, com busca

pela expressão “bolsa família”. Os conteúdos encontrados são tratados como uma base de

dados, lidos, selecionados e criticados. Utilizamo-nos da abordagem qualitativa e análise do

discurso, para compreendermos como essas mídias fazem uso da linguagem para atingir o

leitor.

A Teoria Crítica, amplamente utilizada pela Escola de Frankfurt, é a teoria social que

busca a mudança da sociedade como um todo, dentro de um contexto emancipatório, além da

simples explicação e do entendimento. Neste trabalho recorremos a essa teoria, para

fundamentarmos como se estabelecem as relações de poder entre um determinado meio de

comunicação de massa e os cidadãos que acessam os seus serviços.

Conforme nos mostra Robert Dahl (1997), a ocorrência ou não de pluralidade no

comportamento da mídia pode demonstrar a existência de um menor ou maior grau de

democracia nas sociedades modernas. Dentre as oito garantias colocadas pelo autor para que

exista, de fato, uma democracia, à qual Dahl prefere denominar de poliarquia, estão os

pressupostos de os cidadãos poderem formular e expressar livremente as suas preferências,

através de ação individual e coletiva, e ter suas preferências igualmente consideradas pelo

governo.

11

Nesta pesquisa, analisaremos se Veja e Carta Capital, em suas reportagens, a respeito

do programa Bolsa Família, veicularam a informação de uma forma que permitiu aos leitores

formarem suas próprias opiniões sobre o assunto em pauta.

O trabalho está dividido em quatro capítulos. No primeiro capítulo, que é também a

introdução, é dado conhecimento sobre os objetivos, a formulação das hipóteses e as

explicações de como se deu a pesquisa. No segundo faremos um breve histórico a respeito do

programa Bolsa Família e também sobre os dois meios de comunicação alvo da pesquisa. No

terceiro capítulo, situamos a imprensa como uma empresa constituída dentro da esfera

pública, com as devidas fundamentações teóricas. No quarto transcrevemos e comentamos os

assuntos abordados pelos conteúdos selecionados. O quinto capítulo é uma amostragem com

as análises dos discursos sobre os temas selecionados e uma comparação entre as duas

revistas. Nas considerações finais, firmamos a percepção desenvolvida durante a pesquisa,

buscando analogias com as bases teóricas que guiaram o nosso pensamento.

12

2. BREVE HISTÓRICO SOBRE PROGRAMAS SOCIAIS NO BRASIL

A fome e a pobreza, como objeto de estudo, não é uma questão nova. Vários autores

já instigaram o debate sobre o tema em nossa literatura. Em 1946, Josué de Castro publicou o

livro Geografia da Fome, no qual mapeava o fenômeno como um problema social e de forte

cunho político, explorado no contexto pós Segunda Guerra. A antropóloga Alba Zaluar

escreveu A Máquina e a Revolta, objeto de sua pesquisa na década de 80, com destaque para a

violência e pobreza na periferia do Rio de Janeiro, especificamente na Comunidade Cidade de

Deus. Graciliano Ramos nos presenteou com Vidas Secas (1965), uma saga sobre a fome e a

miséria. São questões que alimentam também as novelas, o cinema e os jornais. Citamos

como exemplo a novela Avenida Brasil, (2012), escrita por João Emanuel Carneiro, o filme

Vidas Secas (1963) baseado na obra de Graciliano Ramos, dirigido por Nelson Pereira dos

Santos e o documentário “Garapa” (2009) do cineasta José Padilha.

Evocando nossa história, ainda recente, não podemos deixar de falar da fome e

miséria em nossa área urbana, sem lembrarmos o êxodo rural, na segunda metade do século

XX. As tensões e conflitos da época mostravam as contradições entre um Brasil que se

modernizava e uma população carente das necessidades básicas. De um lado, um caminho

para o desenvolvimento industrial, do outro uma massa de trabalhadores sem qualificação.

Como estamos falando de um processo histórico, é certo que o advento da CLT

(Consolidação das Leis Trabalhistas) no ano de 1943, representou um grande avanço na área

social, mas a sua abrangência limitava-se a quem possuía emprego.

A proteção social no Brasil1 sempre esteve associada à contribuição, realizada por

meio do trabalho e do emprego formal. A quebra desse paradigma só ocorreu após a

promulgação da Constituição de 1988. A mesma estabeleceu competência ao Poder Público

para organizar a Seguridade Social, assegurando os direitos relativos à saúde, à previdência e

à assistência social.

Conforme o Artigo 194, da referida Constituição, a organização tem como base os

seguintes objetivos: a “universalidade da cobertura e do atendimento”, a “uniformidade e

equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais”, a “seletividade e

1CPDOC/FGV (Rio de Janeiro) (Org.). Verbete "Proteção Social". Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/protecao-social>. Acesso em: 18 jul. 2017.

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distributividade na prestação dos benefícios e serviços”, a “irredutibilidade do valor dos

benefícios”, a “equidade na forma de participação no custeio”, a “diversidade da base de

financiamento” e a garantia de um “caráter democrático e descentralizado da administração”.

Ao estabelecer tratamento universal aos cidadãos com normas que devem ser

cumpridas pelo Estado, a Constituição rompe com o estigma do assistencialismo. O que antes

se configurava como uma simples “ajuda do governo” às populações carentes, passa a ser

obrigação do Estado e direito dos indivíduos. Para tanto, há necessidade de uma estrutura

organizada no sentido de atender essas populações, na forma de instauração de políticas

públicas.

As mudanças, porém, não vieram imediatamente. Entre a promulgação da

Constituição e a aplicação das políticas de cunho social, houve períodos de descontinuidades,

com a criação e o desmonte de muitas instituições. Havia a necessidade de regulamentar essas

normas constitucionais. Além do mais, o final da década de 80 e início dos anos 90, foram

anos marcados por disputas político-ideológicas, que tornavam mais frágeis essas instituições.

Durante o Governo de Fernando Collor de Melo (15.03.1990 a 29.12.1992), o

Congresso Nacional e a Presidência da República, iniciaram a regulamentação do que estava

previsto na Constituição, no que tange à Seguridade Social no Brasil. A primeira lei a tratar

do assunto foi a Lei n. 8.080 de 19.09.1990, (Lei Orgânica da Saúde) que dispõe sobre as

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Com referência à Assistência

Social, foram criadas, posteriormente em 2004, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)

que estabelecia sobre a necessidade de prover os mínimos sociais, para a garantia das

necessidades básicas; e a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), com a

determinação que cabia à Assistência Social garantir a segurança de convivência, a

autonomia, a segurança de acolhida, de sobrevivência a riscos circunstanciais e por fim, a

segurança de renda. Essas políticas seriam direcionadas a todas as pessoas em situação de

insegurança social, independentemente de pertencimento a um determinado público. Em 2005

foi aprovada a Norma Operacional Básica 3- Sistema Único Assistência Social (NOB-SUAS),

consolidando mudanças relevantes nos serviços socioassistenciais.

Como percebemos até aqui, o que se encontrava na Constituição sobre Seguridade

Social, dependia de regulamentação e tudo isso demandava tempo, discussões e interesses de

diversos segmentos da sociedade. Era, portanto, na arena política que se davam os longos

debates, ocorridos num contexto de uma democracia recém-instalada.

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O Congresso brasileiro, ainda incipiente e composto, em sua maioria, por

representantes das classes mais favorecidas, priorizavam os assuntos de ordem econômica.

Temos, portanto, nos períodos Collor (1990/1992) e Itamar Franco (1992/1995), uma pauta

que se voltava mais para os interesses econômicos em detrimento dos sociais. Entre dezembro

de 1989 e março de 1990, a inflação no Brasil saiu de uma taxa de 50% (cinquenta por cento)

ao mês, aproximando-se a 100% (cem por cento) ao mês2.

Durante a administração Itamar Franco houve uma grande movimentação na

sociedade civil que exigia mais atenção do Estado, às necessidades dos menos favorecidos.

Instado pelas demandas dos movimentos sociais, Itamar formulou o “Plano de Combate à

Fome”3. Houve então, em 1993, um pacto entre governo e sociedade, o que possibilitou a

criação do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar). Esse pacto levou em

conta a proposta de Política Nacional de SAN (Segurança Alimentar e Nutricional),

formulado pelo chamado “governo paralelo”, um movimento de oposição criado pelo Partido

dos Trabalhadores. O combate à fome ganhou mais uma parceria com a adesão do sociólogo

Herbert de Sousa (Betinho) e sua ONG “Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida”.

O governo Fernando Henrique Cardoso (1999/2002), editou, no mesmo dia da sua

posse, a Medida Provisória n. 813 que extinguiu, criou e rearranjou as instituições fundadas

anteriormente.4 Após extinguir o CONSEA, foram criados o Ministério da Previdência e

Assistência Social (MPAS), a Secretaria de Assistência Social (SAS) em vinculação ao

Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e o Programa Comunidade Solidária.

Através do programa Comunidade Solidária instituiu-se uma política de distribuição

emergencial de alimentos (PRODEA), também conhecido como Agenda Básica. Essa

distribuição de alimentos foi extinta logo depois, deixando cerca de 10 milhões de pessoas

sem assistência e acesso à cesta básica. O cancelamento dos programas de amparo à pobreza

dava-se em cumprimento às normas impostas pelos acordos internacionais. Cabe esclarecer

que tais acordos primavam pela implantação de menor participação do Estado em políticas

2CURY, Anary; GASPARIN, Gabriela. Planejado contra hiperinflação, plano Collor deu início à abertura

comercial: Entenda o que foram os planos Collor I e II. Quem entrou na Justiça para recuperar perdas ainda

aguarda decisão. 2012. Caderno Economia. Disponível em:

<http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/09/planejado-contra-hiperinflacao-plano-collor-deu-inicio-abertura-

comercial.html>. Acesso em: 16 jul. 2017. 3BRASIL. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social (Org.). Normalidade democrática permitiu que

Segurança Alimentar e Nutricional avançasse no país. 2016. Disponível em:

<http://mds.gov.br/assuntos/seguranca-alimentar/normalidade-democratica>. Acesso em: 16 jul. 2017. 4Foram extintos o Ministério do Bem-Estar Social (MBES), o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional (Consea), a Legião da Boa Vontade (LBA) e o Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência

(CBIA).

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públicas. O chamado “Estado mínimo”, das políticas neoliberais, confrontava-se com os

direitos recentemente adquiridos pela Constituição de 1988.

O governo FHC optou por uma agenda que minimizava os gastos com a assistência

social e a segurança alimentar. Apesar dos ajustes, aconteceram ações isoladas pelos

ministérios e órgãos públicos, em programas voltados para a distribuição de alimentos e

transferência de renda. Desse modo, em 2001, o Ministério da Educação criou o “Bolsa

Escola” e o Ministério da Saúde, o programa Bolsa Alimentação. Em 2002 o Ministério das

Minas e Energia lançou o Auxílio-Gás5.

O programa Bolsa Escola era direcionado às crianças entre seis e quinze anos de

idade, cuja renda per capita mensal estivesse abaixo de R$ 90,00 (noventa reais). O benefício

firmado em R$ 15,00 (quinze reais) por criança, até um máximo de R$ 45,00 (quarenta e

cinco reais). A família deveria se comprometer com a frequência escolar da criança num

patamar mínimo de 85% (oitenta e cinco por cento) das aulas. Este programa foi unificado

com outros de transferência de renda, sob o guarda-chuva do Bolsa Família, em janeiro de

2004.

A Bolsa Alimentação foi criada em setembro 2001, com o objetivo de combater a

mortalidade infantil, em famílias com renda per capita mensal de meio salário mínimo, (R$

130,00 em 2004). Os valores eram os mesmos do Bolsa Escola, R$ 15,00 (quinze reais) por

criança entre zero e 06 anos ou mulher grávida, pagando-se o máximo de R$ 45,00 (quarenta

e cinco reais). Para fazer jus ao benefício, as famílias teriam que manter as vacinas infantis

atualizadas e visitas regulares ao posto de saúde, pelas mães gestantes ou mães em situação de

amamentação.

Quanto ao Auxílio Gás, de R$ 7,50 (sete reais e cinquenta centavos mensais) por

família, era recebido bimestralmente, tendo como público alvo famílias com renda per capita

até R$ 90,00, excluindo deste cálculo a renda proveniente dos outros programas de

transferência de renda ou de benefícios como o seguro desemprego. A única condicionalidade

desse programa era a inclusão no cadastro único.

No início do Governo Lula, em 2003, O Ministério da Previdência e Assistência

Social (MPAS), criado por FHC, foi desmembrado em dois: Ministério da Assistência Social

5BRASIL. Fabio Veras Soares et al. Ipea. Programas de transferência de renda no Brasil: impactos sobre a

desigualdade. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2006. 43 p. Disponível em:

<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_1228.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017.

16

(MAS) e Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA). O

presidente Lula recriou o CONSEA (Conselho de Segurança Alimentar), originário da gestão

Itamar Franco. Um ano depois, em 2004, os dois ministérios foram unificados pela Medida

Provisória 163, passando a denominar-se Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS). O órgão tornou-se responsável pelas políticas de assistência social, segurança

alimentar e nutricional e de transferência de renda.

Em setembro de 2003, o Bolsa Escola beneficiava cerca de cinco milhões de

famílias, o Bolsa-Alimentação atingia cerca de 1,6 milhão de famílias, o Auxílio-Gás, que

oferecia o menor benefício, já alcançava 9,7 milhões de famílias e o Cartão-Alimentação,

recém-criado, oferecia 774.764 benefícios6.

O problema desses programas era a fragmentação das informações e a possibilidade

de sobreposição, já que cada um deles era oferecido e coordenado por um ministério e cada

um possuía a sua própria agência executora. Além disso, os seus sistemas de informação não

se comunicavam. Essa situação permitia que algumas famílias recebessem todos os benefícios

e outras ficassem sem qualquer amparo. Tais políticas não cobriam todo o território nacional e

não eram universais em seus critérios de inclusão.

Dada a complexidade, Lula lançou o Programa Fome Zero como um carro chefe do

novo governo. O formato, porém, no qual o programa foi pensado, mostrou-se como um

empreendimento ambicioso. O seu objetivo visava o combate à fome e a miséria e uma

política de fomento com reforma agrária, fortalecimento da agricultura familiar,

desenvolvimento territorial e programas de geração de trabalho e renda. Incluía também

transferência de renda, distribuição de alimentos, alimentação escolar e alimentação do

trabalhador (PAT). Apesar de promover mobilização social e trazer o debate sobre a fome

para a agenda pública, o Fome Zero não apresentou o resultado esperado. Houve dificuldades

para articular várias instituições e conduzir muitos projetos, dentro de um só programa. A

solução encontrada foi transformá-lo numa estratégia governamental, que servisse de base

para garantia da segurança alimentar. Em torno dessa estratégia estabeleceram-se quatro

eixos: acesso a alimentos, fortalecimento da agricultura familiar, geração de renda e

articulação, mobilização e controle social7.

6CPDOC/FGV (Rio de Janeiro) (Org.). Verbete "Proteção Social". Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/protecao-social>. Acesso em: 16 jul. 2017. 7 CPDOC/FGV (Rio de Janeiro) (Org.). Verbete "Proteção Social". Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/protecao-social>. Acesso em: 16 jul. 2017.

17

No eixo acesso a alimentos constam os programas Bolsa Família, Alimentação

escolar (PNAE), Alimentos a grupos populacionais específicos, as Cisternas, Restaurantes

populares, os Bancos de alimentos, Agricultura urbana/ Hortas comunitárias, Sistema de

Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), Distribuição de vitamina A (Vitamina A+), a

Distribuição de ferro (Saúde de Ferro), a Alimentação e nutrição de povos indígenas, a

Educação alimentar, nutricional e para consumo, a Alimentação Saudável / Promoção de

Hábitos Saudáveis, a Alimentação do trabalhador (PAT) e a Desoneração da cesta básica de

alimentos.

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3. O QUE É E COMO FUNCIONA O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

O Programa Bolsa Família8 foi criado no primeiro mandato do Presidente Lula e faz

parte do eixo acesso a alimentos, do Fome Zero. Seu objetivo é apoiar as famílias em situação

de pobreza e extrema pobreza. Segundo os parâmetros da época, as famílias em situação de

extrema pobreza seriam aquelas com renda mensal per capita de até R$ 50,00. As famílias

cuja renda per capita variava de R$ 50,01 a R$ 100,00 foram classificadas em situação de

pobreza. Nesse primeiro momento existiam dois benefícios: o Básico e o Variável. O Básico

(fixado em R$ 50,00) seria pago às famílias extremamente pobres e o Variável (R$ 15,00),

pago às famílias pobres com crianças e adolescentes até 15 anos, acumulando-se, no máximo,

três benefícios. Em 2007 houve a inclusão de um terceiro benefício, denominado Variável

vinculado ao adolescente. Ele seria recebido por todas as famílias com adolescentes de 16 e

17 anos frequentando a escola. Era permitido acumular até dois benefícios, além dos

variáveis. Esses valores foram reajustados em 2007 e 2008. O benefício básico passou para

R$ 58,00 e depois para R$ 62,00, enquanto o variável foi alterado para R$ 18,00 e R$ 20,00.

O benefício variável vinculado ao adolescente foi para R$ 30,00.9

Em 2009, através do Decreto 6.824, foram estipulados novos patamares de

classificação e perfis das famílias consideradas extremamente pobres e pobres: as primeiras

seriam aquelas com renda mensal per capita de até R$ 69,00 e estas (pobres), seriam as

famílias cuja renda mensal per capita varia de R$ 69,01 a R$ 137,0010

.

Essa transferência direta de renda visa garantir o direito à alimentação básica e o

acesso à educação e à saúde. Para fazer jus ao benefício, as famílias precisam cumprir as

seguintes condicionalidades: manter as crianças e adolescentes frequentando a escola

regularmente; cumprir o calendário de vacinação para as crianças de 0 a 06 anos e a agenda

8 Bolsa Família é um programa que contribui no combate à desigualdade e a pobreza no Brasil. Foi criado pela

medida provisória n.132, de 2003, convertido na lei 10.836 de 09.01.2004 e regulamentado pelo decreto 5.209

de 17.09.2004. Possui três eixos principais: complemento de renda (benefício em dinheiro), acesso a direitos

(com cumprimento de condicionalidades referentes à educação, saúde e assistência social) e articulação com

outras ações(integração com várias políticas sociais). Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social

(Org.). O que é: Conheça o Programa Bolsa Família. 2015. Disponível em: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-

familia/o-que-e>. Acesso em: 29 jun. 2017. 9CPDOC/FGV (Rio de Janeiro) (Org.). Verbete "Proteção Social". Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/protecao-social>. Acesso em: 16 jul. 2017. 10

CPDOC/FGV (Rio de Janeiro) (Org.). Verbete "Proteção Social". Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/protecao-social>. Acesso em: 16 jul. 2017.

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pré e pós-natal para as gestantes e mães em situação de amamentação. O acesso é feito pelo

Cadastro único para Programas Sociais (CadÚnico), junto às prefeituras de cada município.

Conforme consta atualmente no site do MDS (Ministério do Desenvolvimento

Social), participam do Bolsa Família todas as famílias com renda mensal, por pessoa, de até

R$ 85,00 (oitenta e cinco reais), mesmo que não tenham gestantes, crianças ou adolescentes e

as famílias com renda familiar mensal, por pessoa, de R$ 85,01 (oitenta e cinco reais e um

centavo) até R$ 170,00 (cento e setenta reais), que tenham gestantes, crianças ou

adolescentes. O valor que a família recebe mensalmente é a soma de vários tipos de

benefícios previstos no programa. Esses tipos de benefício dependem da composição e da

renda da família beneficiária e estão assim distribuídos:11

a) Benefício Básico no valor de R$ 85,00 (oitenta e cinco reais): Pago apenas a

famílias extremamente pobres (com renda mensal, por pessoa, de até R$

85,00);

b) Benefícios variáveis (cada família pode receber até cinco benefícios):

- Benefício Variável de 0 (zero) a 15 (quinze) anos no valor de R$ 39,00 (trinta

e nove reais): Pago às famílias com renda mensal até R$ 170,00 (cento e

setenta reais) por pessoa, com crianças ou adolescentes de 0 (zero) a 15

(quinze) anos de idade;

- Benefício Variável à Gestante no valor de R$ 39,00 (trinta e nove reais): Pago

às famílias com renda mensal de até R$ 170,00 (cento e setenta reais), por

pessoa, que tenham grávidas. Pagamento de nove parcelas mensais. Esse

benefício só é pago se a gravidez for identificada pela área de saúde para que

essa informação seja inserida no Sistema Bolsa Família na Saúde;

- Benefício Variável Nutriz no valor de R$ 39,00 (trinta e nove reais): Pago às

famílias com renda mensal de até R$ 170,00 (cento e setenta reais) por pessoa,

que tenham crianças com idade entre 0 (zero) e 06 (seis) meses, para reforçar a

alimentação do bebê, mesmo nos casos em que o bebê não more com a mãe.

Pagamento de seis parcelas mensais. Para que o benefício seja concedido, a

11

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social (Org.). Bolsa Família: Tipos de benefício. Disponível em:

<http://mdspravoce.mds.gov.br/bolsa-familia/tipos-de-beneficios/#low-contrast>. Acesso em: 21 jun. 2017.

20

criança precisa ter seus dados incluídos no Cadastro Único até o sexto mês de

vida;

- Benefício para Superação da Extrema Pobreza: valor diferente para cada

família. Para as famílias que continuem com renda mensal, por pessoa, de até

R$ 85,00 (oitenta e cinco reais), mesmo após receberem os outros tipos de

benefícios do Programa;

- Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (limitado a dois benefícios por

família), no valor de R$ 46,00 (quarenta e seis reais). Pago às famílias, com

renda mensal de 170,00 (cento e setenta reais), por pessoa, que tenham

adolescentes entre 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos.

Os critérios de seleção são feitos pelo município, a partir das informações constantes

no Cadastro Único. Pelas regras do programa o cadastramento não implica a inclusão

imediata, uma vez que são priorizadas as famílias com menor renda. A entrada no Cadastro

Único, porém, dá acesso à participação em outros programas sociais como PRONATEC,

Tarifa Social de Energia Elétrica, Minha Casa, Minha Vida, Cartão do Idoso, Cisternas, etc.

Conforme dados de evolução do Bolsa Família, na tabela abaixo, divulgados no site

Portal Brasil, em 19.10.2012, o programa começou atendendo 3,6 milhões de famílias em

2003 com um investimento de R$ 3,2 bilhões de reais, chegando em 2011 a 13,7 milhões de

famílias e um valor investido de R$ 17,4 bilhões de reais.

TABELA 1 - EVOLUÇÃO DO BOLSA FAMÍLIA.

Ano Famílias atendidas

(em milhões)

Valor investido (em

R$ bilhões)

2003 3,6 3,2

2004 6,6 5,5

2005 8,7 6,8

2006 11,1 7,8

2007 11,1 9,0

2008 11,1 10,6

2009 12,4 12,5

2010 12,9 14,4

2011 13,4 17,4

2012* 13,7 20,2

FONTE: Site Portal Brasil, 2012.*12

*NOTA: Previsão de valores para 2012.

12

BRASIL. Bolsa Família completa nove anos e beneficia 13,7 milhões de famílias. 2012. Disponível em:

<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2012/10/bolsa-familia-completa-nove-anos-e-beneficia-13-7-

milhoes-de-familias>. Acesso em: 21 jul. 2017.

21

Após a descrição e definição, de como foi pensada e é aplicada uma das maiores

políticas de transferência de renda do mundo, faremos um breve histórico sobre a origem,

comportamento e posição, que ocupam as revistas Veja e Carta Capital, no cenário social e

político brasileiro.

A nossa intenção é situarmos os dois veículos, na tentativa de compreender as

intenções da linguagem utilizada nas reportagens e notícias sobre o tema Bolsa Família.

22

4. REVISTA VEJA13

Trata-se de um veículo de mídia escrita e também um site de notícias online com o

endereço eletrônico <http://veja.abril.com.br/>. Em sua forma escrita é editada semanalmente.

Foi lançada em São Paulo em 11 de setembro de 1968, pela Editora Abril. O diretor geral

viria a ser o mesmo fundador da Editora Abril, o jornalista Victor Civita14

. Contava também

com o diretor de publicações, o filho, Roberto Civita15

e o jornalista Mino Carta, na direção

de redação.

13

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 16 jul. 2017. 14

Victor Civita (Nova Iorque - 09.02.1907/São Paulo-24.08.1990), é descendente de italianos de origem

judaica. O seu pai, Carlo Civita, morou por muitos anos nos Estados Unidos. Ao retornar para a Itália, fez

fortuna em Milão, tornando-se proprietário de fábrica para embalagem de leite e empresa de exportação de

produtos para postos de gasolina. Victor Civita não se formou em curso superior. Os seus estudos resumiram-se

a um diploma do curso secundário, no Instituto Técnico de Estudos Comerciais, de Milão. Aos vinte anos,

durante quase um ano, visitou 27 cidades americanas, conheceu fábricas, costumes e negócios. Voltou à Itália

para assumir parte dos negócios da família. Foi casado durante toda a sua vida com Sylvana Alcorso, filha de

um rico comerciante de Roma , também de origem judaica. Com ela teve dois filhos, Roberto e Richard. A

perseguição aos descendentes judeus forçou a família Civita a deixar a Itália. Em 1939, Victor passou uma

pequena temporada em Londres, depois França e Estados Unidos, onde permaneceu por dez anos. Em 1949,

terminada a guerra, ao visitar a Itália reencontrou-se com o seu irmão César Civita. César, radicado na Argentina

desde os anos quarenta, era proprietário da Editorial Abril que publicava a revista El Pato Donald. Civita estava

bem estabelecido nos Estados Unidos, como proprietário de fábrica de embalagens para perfumes, mas não se

sentia realizado. Seu irmão César pretendia expandir os negócios da Editora e sugeriu a Vitor a criação de uma

filial no Brasil. A mudança da família Civita dos Estados Unidos para o Brasil foi bem rápida. Em 12 de julho de

1950 Victor Civita inaugurou a Editora Abril, com a edição do primeiro número de O Pato Donald. Com

investimento inicial de 500 mil dólares e levantamento de empréstimos, Victor associou-se ao grupo Smith de

Vasconcelos e Giordano Rossi, que foi seu sócio por várias décadas. Em 1951 fundou a primeira gráfica, com

doze empregados, no Bairro de Santana em São Paulo. Além do mercado editorial, Victor Civita enveredou-se

pelos negócios no ramo hoteleiro com a criação da Rede Quatro Rodas e vários armazéns frigoríficos. Em 1985

criou a Fundação Victor Civita com o objetivo de incentivar a educação e apoiar as práticas pedagógicas. Em

março de 1986, a Fundação começou a publicar a revista Nova Escola. No lançamento, escreveu em seu

editorial: “Fornecer à professora informações necessárias a um melhor desempenho de seu trabalho; valorizá-la;

resgatar seu prestígio e liderança junto à comunidade; integrá-la ao processo de mudança que ora se verifica no

país; e propiciar uma troca de experiências e conhecimentos entre todas as professoras brasileiras de 1º grau”.

Atualmente além da Veja a Editora Abril é responsável pela edição dos seguintes sites e revistas: Arquitetura &

Construção, Bebe.com.br, Boa Forma, Capricho, Casa.com.br, Casa Cláudia, Casa Cor, Cláudia,

Cosmopolitan/Nova, Elle, Estilo, Exame, Guia do Estudante, M de Mulher, Minha Casa, Mundo Estranho,

Placar, Quatro Rodas, Saúde, Superinteressante, Veja Rio, Veja São Paulo, Viagem & Turismo e Vip.

Fontes: EXAME. As 15 famílias mais ricas do Brasil, segundo a Forbes: Os donos do conglomerado Globo

lideram a lista das famílias que, juntas, possuem um patrimônio equivalente a 5% do PIB nacional, segundo a

Forbes. 2014. Matéria de Tatiana Vaz. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/quem-sao-as-15-

familias-mais-ricas-do-brasil-segundo-a-forb/>. Acesso em: 29 ago. 2017.

GRUPO ABRIL (Ed.). Roberto Civita, uma vida dedicada à liberdade de expressão. Disponível em:

<http://www.grupoabril.com.br/pt/quem-somos/roberto-civita/biografia/>. Acesso em: 29 ago. 2017. 14

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 29 ago 2017. 15

Roberto Civita (Milão-09.08.1936/São Paulo-26.05.2013), é o filho mais velho de Victor Civita, o fundador

do Grupo Abril. Roberto Civita deixou a Itália aos dois anos e morou em Nova York até os doze. Passou a

adolescência no Brasil até sair novamente para estudar no exterior. Estudou física nuclear na Rice University, no

Texas. Formou-se em jornalismo na Universidade da Pensilvânia e em economia pela Wharton School, da

mesma instituição, com pós-graduação em sociologia pela Universidade de Columbia. Em outubro de 1958,

23

Quando a Revista Veja entrou em circulação em 1968, o Brasil estava há quatro anos

sob a ditadura militar. Apesar das restrições do regime, já despontava por aqui uma oposição a

essa ditadura. Por outro lado, um clima de agitação internacional movimentava vários países.

Dentre outros movimentos do período destacavam-se a rebelião estudantil de maio de 68, na

França, os protestos contra a guerra do Vietnã e a invasão da Tchecoslováquia pela antiga

União Soviética. Apesar das restrições impostas pelo regime começava a surgir na imprensa

nacional, espaço para a cobertura dos movimentos de contestação. Dessa forma, Veja cobriu

toda a repressão do governo ao congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) em

Ibiúna, São Paulo, em outubro de 1968.

A primeira edição da revista, em cuja capa do número 01 ao 351, recebeu o título de

Veja e Leia, vendeu seiscentos e cinquenta mil dos setecentos mil exemplares impressos. Os

seus editoriais não falavam especificamente de política, mas as reportagens cobriam os

acontecimentos políticos. O primeiro editorial escrito por Victor Civita descrevia a revista

Veja como um “veículo de integração nacional”, com a finalidade de levar a informação

objetiva aos seus leitores. Informação sobre ciência, tecnologia e arte, como também

acompanhar o desenvolvimento dos negócios, da educação, religião e esportes. Apesar do

sucesso do seu primeiro número, as edições seguintes não alcançaram o mesmo êxito. A

queda nas vendas da revista, e a retirada de muitos anunciantes, davam sinais de que a mesma

recém-formado e aos 22 anos, começou a trabalhar na Abril. Foi a partir de sua chegada que a editora lançou

suas primeiras revistas jornalísticas, a começar pela Quatro Rodas, em 1960. Em seguida foram criadas as

revistas Claudia (1961), Realidade (1966), Exame (1967) e Veja (1968). Roberto Civita fundou a Revista Veja,

junto com o pai Vitor e atuou como editor chefe de publicação desde seu lançamento. Em 1990, após a morte de

Victor Civita, assumiu a presidência do Grupo Abril, quando promoveu uma grande diversificação nos negócios

da empresa. Passou a presidir também a Fundação Victor Civita, mantida por sua família, grupo Abril, Gerdau e

outros parceiros. Sob a sua condução a Fundação expandiu as suas atividades, dando impulso às publicações

Gestão Escolar e Nova Escola. A Revista Nova Escola foi premiada diversas vezes pelas suas publicações

dedicadas à educação. Roberto Civita teve papel fundamental também na história da TV brasileira. No início dos

anos 90 o grupo Abril criou, a primeira TV por assinatura do Brasil, a TVA, e a primeira operadora de TV por

satélite do país, a DirecTV. Civita trouxe ao país o primeiro canal de TV segmentada, a MTV, em parceria com a

Viacom, em 1990. No início da internet brasileira, ele conduziu as negociações que resultaram na parceria entre

a Abril e a UOL, hoje controlada pelo Grupo Folha. Em setembro de 2016 a revista Exame publicou uma matéria

com o título “As 15 famílias mais ricas do Brasil, segundo a Forbes”. Versava sobre a tradicional lista das

maiores fortunas mundiais que a revista americana Forbes costuma divulgar. Naquele ano, além de listar os mais

ricos do mundo, a Forbes divulgou os nomes das 15 famílias brasileiras cujas fortunas representavam 5% (cinco

por cento) do PIB nacional. A família Marinho e o conglomerado Globo liderava a lista. A família Civita

ocupava a décima primeira posição, com um patrimônio líquido de 3,3 bilhões de dólares.

Fontes: EXAME. As 15 famílias mais ricas do Brasil, segundo a Forbes: Os donos do conglomerado Globo

lideram a lista das famílias que, juntas, possuem um patrimônio equivalente a 5% do PIB nacional, segundo a

Forbes. 2014. Matéria de Tatiana Vaz. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/quem-sao-as-15-

familias-mais-ricas-do-brasil-segundo-a-forb/>. Acesso em: 29 ago. 2017.

GRUPO ABRIL (Ed.). Roberto Civita, uma vida dedicada à liberdade de expressão. Disponível em:

<http://www.grupoabril.com.br/pt/quem-somos/roberto-civita/biografia/>. Acesso em: 29 ago. 2017. 15

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 29 ago 2017.

24

não era bem aceita pela maioria dos leitores. Nos meses que se seguiram, Veja manteve uma

venda média de dezesseis mil exemplares16

.

Depois de decretado o Ato Institucional número cinco (AI-5), em dezembro de 1968,

a revista passou a ter problemas devido à censura às suas reportagens. As notícias sobre o AI-

5 sofreram vários cortes antecipados e mesmo após as alterações, os exemplares foram

apreendidos nas bancas. A partir desse momento a redação da Veja teve que dar explicações

aos órgãos do governo, sempre que alguma notícia não se encontrava nos padrões

estabelecidos. Como exemplo, temos a notícia da morte, sob tortura, do estudante de vinte e

três anos, Chael Charles Schreier17

, militante de esquerda. Outra notícia considerada

desagradável pelas autoridades do governo foi o anúncio do afastamento, por corrupção, do

governador do Paraná, Haroldo Léon Peres18

. Era proibido tratar do assunto corrupção e, mais

uma vez, a revista foi apreendida nas bancas.

Por vários momentos os redatores da Veja trabalharam com um censor do governo

instalado dentro da redação. Nada era publicado antes de passar pela aprovação desse censor.

Desse modo, Veja noticiou a saída do General Ednardo D’Ávila Melo do comando do II

Exército de São Paulo, sem explicar a relação desse episódio com a tortura e morte do

jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, e do operário Manoel Fiel Filho, em janeiro

de 1976, nas dependências do DOI-CODI19

. Alguns dos seus jornalistas como Raimundo

Pereira e Mino Carta foram afastados da revista, este último, em 1976, por ordem do

Ministério da Justiça. Alguns meses após a demissão de Mino Carta a polícia federal

suspendeu a censura na Veja.

16

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 29 ago 2017. 17

Segundo consta no site Memórias da Ditadura, o estudante Chael foi capturado vivo pelo sargento Euler

Moreira de Moraes (depoimento do próprio sargento) e entregue ileso às autoridades do exército. Esta versão

desmente a que foi fornecida pelo exército de que o estudante chegou lá ferido gravemente por ter resistido à

prisão. Documentos, depoimentos e fotos de arquivo revelam que Chael foi torturado e morto nas dependências

do exército. Fonte: MEMÓRIAS DA DITADURA (Comp.). Chael Charles Schreier. Disponível em:

<http://memoriasdaditadura.org.br/memorial/chael-charles-schreier/index.html>. Acesso em: 31 ago. 2017. 18

Haroldo Léon Peres foi indicado Governador do Paraná, pelo presidente Médici, em 1970, para o período

1971-1975. Foi, porém, obrigado a renunciar no primeiro ano do seu governo, por denúncia de tentativa de

extorsão ao empresário Cecílio do Rego Almeida. Léon Peres exigiu do empreiteiro o depósito de um milhão de

dólares em conta no exterior, em troca de pagamento de dívida do estado referente à construção de ferrovia.

Tentou negociar sua permanência no governo, mas desistiu ao saber que sua conversa com Cecílio Almeida fora

filmada pelo SNI (Serviço Nacional de Informações). Fonte: CPDOC/FGV. Verbete PERES, HAROLDO

LEON. Disponível em <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/peres-haroldo-leon>.

Acesso em 31 ago. 2017. 19

DOI-CODI –Destacamentos de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna foi uma das

estruturas policiais criada para reprimir qualquer contestação ao regime militar.(POMAR, Pedro Estevam da

Rocha. Estatísticas do DOI-CODI. Adusp, São Paulo, n. 34, p.74-79, maio 2015. Semestral. Disponível em:

<http://www.adusp.org.br/files/revistas/34/r34a10.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2017.).

25

Durante toda a década de 1970 o semanário Veja ocupou lugar de destaque junto aos

outros órgãos de mídia brasileiros. A sua edição, naquele período, contava com uma tiragem

de cerca de trezentos mil exemplares. Após o fim da censura, a revista continuou com a pauta

política, entretanto abandonou a postura crítica que assumiu durante os anos anteriores.

Em setembro de 1978, ao comemorar dez anos de existência do semanário Veja,

Victor Civita publicou um editorial no qual se posicionava formalmente alinhado com as

diretrizes do Governo Geisel20

. Deixava claro o apoio da revista à suposta estratégia do novo

presidente em extinguir o AI-521

. Civita afirmou seguir os princípios liberais da ordem

capitalista, dizendo-se um democrata que primava pelo “progresso com ordem, a mudança

pela evolução, e a manutenção da liberdade e da iniciativa individuais como pedra angular do

funcionamento da sociedade” 22

. Colocou-se como um defensor da sociedade moderna e

capitalista e dos direitos humanos, desde que tais direitos não constituíssem uma ameaça ao

bem estar da iniciativa privada. Condenou as greves, a formação de sindicatos de política

ideológica e a “anistia de pessoas que infringiram o Código Penal alegando razões

políticas”.23

Na década de oitenta a revista alcançou uma tiragem na faixa de quinhentos mil

exemplares e o seu público leitor concentrava-se na classe média. O modelo de governo

militar já dava sinais de esgotamento, agravado pela crise econômica. A hiperinflação

brasileira durante os anos oitenta e noventa24

foi uma das razões que impulsionou o

movimento pelas eleições diretas. Todas essas manifestações foram noticiadas com grande

20

Ernesto Geisel foi um dos militares na Presidência da República do Brasil no período de 15.03.1964 a

15.03.1979. Como o mesmo afirmou, em sua posse, o seu governo seria o início de uma abertura política no país,

designada por ele como “distenção lenta, gradual e segura”. (PORTAL BRASIL. Os Presidentes e a

República: ERNESTO GEISEL. Disponível em:

<https://www.portalbrasil.net/politica_presidentes_geisel.htm>. Acesso em: 01 jul. 2017.). 21

O Ato Institucional n.5 – AI-5 de 13.12.1968, baixado durante o governo Costa e Silva foi a consolidação do

golpe de 64, que culminou com o fechamento do Congresso, que só foi reaberto em 21.10.1969. Visou,

especificamente, coibir atos ou manifestações contra a ditadura, manifestações que o governo classificou como

subversivas. Segundo o mesmo governo era preciso “conter a escalada da violência”.(BRASIL. Ato Institucional

n. 5 (AI-5). Acervo, [S.l.], v. 27, n. 1 jan-Jun, p. 394-402, abr. 2014. ISSN 22378723. Disponível em:

<http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/484>. Acesso em: 01 Jul. 2017.).

(D'ARAUJO, Maria Celina. O AI-5. CPDOC/FGV. Disponível em:

<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/AI5>. Acesso em: 01 jul. 2017.). 22

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 29 ago 2017. 23

Idem 24

Período no qual o índice inflacionário superou os 80% (oitenta por cento) ao mês. Dados da Fundação do

Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) registram que entre 1980 e 1989, a inflação média no Brasil foi de

233,5% ao ano. Entre 1990 e 1999, a variação anual chegou a 499,2%. Fonte: ROSSI, Pedro et al. Como os

governos controlam a inflação?: Como o Brasil chegou à hiperinflação?. G1 Economia. Disponível em:

<http://g1.globo.com/economia/inflacao-como-os-governos-controlam/platb/>. Acesso em: 27 jul. 2017.

26

impacto pela Veja. A revista, em sua linha editorial, posicionou-se sempre como uma

defensora dos valores democráticos que, no entendimento dos editores, seriam os mesmos que

comungavam a maioria dos seus leitores. Pautava as suas reportagens sobre política,

variedades, temas culturais como cinema, literatura e música. A matéria de abertura, que foi

inserida uns dois anos após o lançamento, era uma entrevista com uma figura de destaque do

momento. Este formato ainda permanece, no espaço denominado “páginas amarelas”.

A atuação da Veja nos anos seguintes acompanhava o dia a dia do país, ora

assumindo uma posição crítica ao governo da ocasião, ora apoiando o mesmo, mas não

explicitamente. O movimento das “diretas já” foi amplamente divulgado em suas páginas.

Colocando-se como porta voz dos anseios populares, os seus editoriais deixavam clara a

necessidade de eleições diretas para a presidência da República. Logo que a emenda Dante de

Oliveira25

foi derrotada no Congresso, passou a apoiar Tancredo Neves, eleito indiretamente

pelo mesmo Congresso que rejeitou a emenda pela eleição direta.

Na impossibilidade de Tancredo assumir a Presidência da República, por doença

seguida de morte, o substituto, José Sarney, gozou por muito tempo da simpatia da Veja.

Muitos foram os elogios à contenção da política inflacionária adotada por Sarney, no início do

segundo ano de governo, ao alterar o nome da moeda e instaurar o Plano Cruzado. Os elogios

transformaram-se em crítica após o PMDB, partido do governo, ganhar a maioria das eleições

em 1986 para os governos estaduais, assembleias legislativas e Congresso Nacional.

O rumo da política econômica foi drasticamente alterado poucos dias após as

eleições. Os preços congelados, que até então mantinham a inflação sob controle, foram

liberados, colocando um fim no sucesso do Plano Cruzado. Contraditoriamente, na mesma

edição que criticava o governo em seu editorial, veiculava também uma reportagem em defesa

do “Centrão”, pelos avanços nos trabalhos de elaboração da Constituinte. O “Centrão” era o

bloco parlamentar conservador, apoiado pelo Presidente Sarney. Os elogios ao bloco

conservador seriam em detrimento aos protestos dos movimentos sociais e sindicatos, que se

posicionavam contrários às propostas do partido do governo. As manifestações sindicais, em

25

Proposta à emenda constitucional que restabeleceria as eleições diretas para Presidente da República,

apresentada pelo deputado federal Dante de Oliveira. A proposta colocou um fim à campanha das Diretas já, vez

que em 25.04.84, a mesma foi rejeitada pelo congresso. Fonte: BRASIL. Tiago Miranda. Câmara dos Deputados

- Rádio Câmara. Direitas Já: rejeição da Emenda Dante de Oliveira marca a história do País - Bloco 1. 2014.

Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-

ESPECIAL/466301-DIREITAS-JA-REJEICAO-DA-EMENDA-DANTE-DE-OLIVEIRA-MARCA-A-

HISTORIA-DO-PAIS-BLOCO-1.html>. Acesso em: 01 jul. 2017.

27

defesa dos interesses trabalhistas durante a Constituinte, foram classificadas como “baderna”,

pela revista Veja.

Durante a campanha para as eleições presidenciais de 1989 a Veja declarou optar

pelo tratamento igualitário aos candidatos, em termos de espaço em seus editoriais e

reportagens de capa. Entretanto, foi clara a sua preferência pelos candidatos que adotavam

políticas liberais em seus programas de governo.

Na campanha pelo segundo turno, disputado entre Lula e Collor, foi publicada uma

capa para cada um dos candidatos. O conteúdo das reportagens, porém, não coadunavam com

a dita postura “equânime” da Veja. Na última edição antes da eleição, o editorial defendia os

pressupostos do candidato Fernando Collor ao afirmar: “Não será com estatização, com

cerceamentos à livre iniciativa, com incremento de conflitos entre capital e trabalho, com

restrições aos investimentos, com o isolamento do mundo desenvolvido e com o nivelamento

por baixo que o país irá melhorar” 26

.

Outra reportagem de capa utilizou-se de um discurso de cunho conservador a

favorecer o candidato preferido pela revista. Sob a foto de Collor lia-se: “combate aos

privilégios na máquina do governo”, “a tentativa de abrir a economia”, “a promessa de

privatizar estatais”, “aumentar o bolo e dividir a renda”. Sob a foto de Lula, estava escrito: “a

crença no papel do governo para melhorar a vida dos pobres”, “a confiança na ação das

empresas estatais”, “a fé no calote da dívida externa”, “reforma agrária a partir de 500

hectares”27

.

O apoio ao governo Collor permaneceu até 1992, quando o mesmo foi denunciado

por corrupção. Todo o processo de apuração de irregularidades, até o impeachment do

presidente foi noticiado pela revista. A opção pelo regime neoliberal acompanhou a Revista

Veja durante todos os governos que vieram a seguir, com Itamar Franco e Fernando Henrique

Cardoso.

Fernando Henrique, Ministro da Fazenda de Itamar Franco, foi um dos idealizadores

do Plano Real, vitorioso no combate à inflação. O sucesso do real promoveu a candidatura e a

vitória de FHC, para o período 1995/1998 e um segundo mandato entre 1999/2002.

26

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 29 ago 2017. 27

Idem

28

Durante as duas campanhas, 1995/1999, Veja portou-se com relação a Fernando

Henrique da mesma forma que agiu com referência à Collor. O tratamento dado a Lula

também não se alterou. Os escândalos referentes ao Banco Econômico, denúncias de compra

de votos para a reeleição de FHC e o caso SIVAM, que envolvia a segurança da Amazônia,

foram noticiados pela revista. A Veja, porém, não mostrou tanto empenho em apurar as

verdades, como agiu com Collor28

.

Entre 2009 e 2011, período abarcado pela nossa pesquisa29

, o posicionamento de

Veja guiava-se pelo resultado das pesquisas eleitorais e segundo as lógicas do mercado e da

economia. Em seu segundo mandato (2007-2010), Lula entregou o governo com uma

expressiva aprovação popular. A edição de Veja.com de 19.12.2010, traz as seguintes

manchetes: “Lula encerra mandato com aprovação de 83%, afirma IBOPE”. “Para 84%, o

país está melhor. Pior área foi a saúde, e a melhor, combate à miséria”.30

Destacamos abaixo

excerto da reportagem:

Na pesquisa que avaliou o governo Lula, 84% dos entrevistados dizem que o país

está melhor depois de oito anos de governo do petista. Conforme a sondagem, o

presidente é aprovado por 84% dos pobres, enquanto 67% dos ricos consideram seu

governo bom ou ótimo. No Nordeste, sua gestão é considerada boa ou ótima por

88% das pessoas. No Sul, o índice cai para 77%. Na avaliação popular, o pior ponto

do governo Lula é a área da saúde pública (para 23%); o melhor, combate à miséria

(para 19%).

Mas a revista, apesar de reconhecer a popularidade do presidente Lula, e admitir isto

como um dos motivos que elegeram Dilma, não poupava críticas ao seu pragmatismo. As

reportagens da Veja faziam sempre uma espécie de dobradinha: por um lado, teciam elogios

às políticas do governo e por outro, demonizava o Partido dos Trabalhadores. Todo e qualquer

deslize do PT foi noticiado com ênfase, principalmente as notícias ligadas ao escândalo do

“mensalão”.31

A Veja criticava severamente os movimentos sociais, especialmente, o MST

(Movimento dos Trabalhadores Sem Terra)32

.

28

CPDOC/FGV. Verbete "Veja". Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-

tematico/veja>. Acesso em: 29 ago 2017. 29

A partir deste momento as nossas conclusões são baseadas em pesquisas realizadas nas capas, reportagens e

editoriais da própria revista Veja entre 2009 e 2011. 30

VEJA. Lula encerra mandato com aprovação de 83%, afirma Ibope: Para 84%, país está melhor. Pior área

foi a saúde, e a melhor, combate à miséria. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/politica/lula-encerra-

mandato-com-aprovacao-de-83-afirma-ibope/>. Acesso em: 09 jul. 2017. 31

Escândalo que atingiu o primeiro mandato do Governo Lula, referente a um esquema de pagamento de propina

a parlamentares, para que votassem a favor de projetos de interesse do PT. CPI e processo de julgamento foram

conturbados. A condenação de 24 réus dos 37 julgados, ainda é criticada por muitos juristas que consideram a

condução do processo como um ato de natureza política.

29

Logo após a posse, no primeiro mandato de Dilma, a revista dedicou à mesma uma

reportagem especial com quarenta páginas. Aproveitou para falar sobre as expectativas da

população, elogiando o discurso de posse, porém numa crítica explícita ao antecessor

escreveu: “um desejo de que o novo governo seja menos pirotécnico do que o anterior e mais

focado nas questões fundamentais que ainda nos distanciam do mundo desenvolvido” 33

.

Fontes: BEZERRA, Elton. "Enquanto não houver censura, teremos essa violência". 2012. Portal Conjur -

Direito e Política. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-ago-12/entrevista-celso-antonio-bandeira-

mello-advogado-constitucionalista>. Acesso em: 09 jul. 2017.

MARTINS, Antônio. “Mensalão”: por que reabrir o caso: Um erro primário do STF virá à tona. E surgirá

oportunidade de debater o financiamento empresarial dos partidos, principal mecanismo de corrupção política no

Brasil. 2013. Carta Capital - Politica. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-

palavras/201cmensalao201d-por-que-reabrir-o-caso-1937.html>. Acesso em: 09 jul. 2017.

LEITE, Paulo Moreira. A outra História do Mensalão: As constradições de um julgamento político. São Paulo:

Geração Editorial, 2013. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-

BR&lr=lang_pt&id=6clgAtjGIbMC&oi=fnd&pg=PT154&dq=mensalão&ots=1EWgZPRb3C&sig=kcLI6Cp

UcZ2uW9VTPRT_ti0sg#v=onepage&q=mensalão&f=false>. Acesso em: 16 jul. 2017.

LIMA, Sérgio. Sem presença de Barbosa, STF absolve João Paulo Cunha do crime de lavagem de

dinheiro: Lewandowski diz que 'não podemos aceitar que o réu seja punido duas vezes pelo mesmo crime'.

2014. Folha Digital - Poder. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/especial/2012/ojulgamentodomensalao/>. Acesso em: 09 jul. 2017. 32

Edição 2128 de 02.09.2009 – Reportagem de Capa: Abrimos o cofre do MST – Como o Movimento dos

Trabalhadores Sem Terra desvia dinheiro público e verbas estrangeiras para combater seus crimes. 33

Edição 2198 de 05.01.2011 – Reportagem de capa: A Batalha dos 100 dias.

30

5. REVISTA CARTA CAPITAL34

Carta Capital é uma revista semanal, fundada em 1994, inicialmente como um

veiculo de noticiário mensal e depois, quinzenal. Foi editada pela Carta Editorial até 2001. Os

fundadores da revista, jornalistas Mino Carta, Bob Fernandes35

, Nelson Letaif36

e Wagner

Carelli37

eram todos egressos da revista IstoÉ. Atualmente é publicada também na versão

digital e suas reportagens podem ser acessadas pelo endereço eletrônico

https://www.cartacapital.com.br/. Possui também um canal no Youtube, denominado Carta

Play, acessado por https://www.youtube.com/user/RevistaCartaCapital, com entrevistas,

34

CPDOC/FGV. Verbete "Carta Capital". Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/carta-capital>. Acesso em: 16 jul. 2017. 35

Roberto Fernandes de Souza nasceu em Barretos (SP), em 1953. É formado em jornalismo pela Universidade

Federal da Bahia (UFBA/BA). Trabalhou entre 1978 e 1979 na Rádio Jornal do Brasil. Entre 1979 e 1982, foi

repórter da sucursal da revista Veja no Nordeste, e escreveu colunas para o jornal Tribuna da Bahia. Entre 1983

e1986 foi repórter do Jornal do Brasil em Brasília (DF). Em 1987 fez o programa de televisão São Paulo/Brasil,

nos canais GNT e TV Cultura. Foi sub-editor da Revista Status em São Paulo.Em 1988 foi repórter da Folha de

São Paulo na sucursal de Brasília. Entre abril de 1989 e dezembro de 1991 foi diretor da sucursal da revista

IstoÉ, em Brasília, tornando-se correspondente dessa revista nos Estados Unidos entre 1992 e 1993. Nessa época

cobriu as eleições presidenciais entre George Bush e Bill Clinton. Dos EUA, decidiu ir para a Angola cobrir a

guerra civil do país. Também cobriu diversas Copas de Mundo de Futebol e algumas Olimpíadas de Verão.

Quando retornou ao Brasil, foi repórter especial da Folha de São Paulo, até se tornar um dos fundadores da

revista Carta Capital, em 1994. Foi editor da revista por dois anos e seu editor-chefe por oito, tendo saído da

revista em dezembro de 2005. Fonte: PORTAL DOS JORNALISTAS (Org.). Bob Fernandes. Disponível em:

<http://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/bob-fernandes/>. Acesso em: 01 set. 2017. 36

Nelson Letaif, paulistano de 46 anos, jornalista e consultor, formado pela Escola de Comunicação e Artes da

USP, filho de um paulista de Jaú e de uma árabe nascida em Hasbaya, na fronteira da Síria com o Líbano,

Nelson não tem laços de sangue com a gente peninsular. Mas existem fortes vínculos afetivos. "Sou casado com

a filha de um italiano", informa. "E, quando viajo a passeio, a Itália é o meu destino preferido." A viagem

jornalística promovida por Nelson Letaif está nas páginas 116 a 127. Fontes: REVISTA ÉPOCA. O sofrimento

e a bravura. 2010. Matéria de Augusto Nunes. Disponível em:

<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI167946-15217,00-

O+SOFRIMENTO+E+A+BRAVURA.html>. Acesso em: 01 set. 2017.

LINKEDIN Nelson Letaif. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/nelson-letaif-4ba40484>. Acesso em:

01 set. 2017. 37

Wagner Carelli formou-se em Comunicação aos 17 anos, em 1974, foi aluno e colega de Vladimir Herzog.

Trabalhou no jornal O Estado de São Paulo, que se encontrava sob censura do governo militar. Demitido do

Estadão após uma viagem a Cuba com Chico Buarque, Antonio Calado e Fernando Morais, entre outros, ele

passou a colaborar para a revista Istoé, na qual logo chegou a ser editor de cultura. Lá, fez uma polêmica

reportagem sobre o cotidiano dos exilados da ditadura que voltavam à convivência no Brasil, chamada Verão da

anistia, provocando a ira da esquerda brasileira. Duas grandes personalidades ideologicamente opostas se

posicionaram a seu favor: Luís Carlos Prestes e Paulo Francis. Este último escreveu um artigo na Folha de

São.Paulo defendendo-o da enxurrada de críticas.Wagner Carelli foi o criador da revista Bravo!, uma das mais

influentes publicações culturais do país, e da revista República – as duas pertencentes à Editora D’Ávila.

República e Bravo! juntaram grandes personalidades da cultura nacional, figuras de pensamentos divergentes

como Ferreira Gullar, Bruno Tolentino, Olavo de Carvalho e Daniel Piza. Carelli foi um dos fundadores da Carta

Capital e deixou a revista em 1997 para fundar a Bravo! Fonte: SUBSTANTIVO PLURAL. “As pessoas estão

se aproximando do pensamento conservador porque ele é mais generoso atualmente”: Entrevista com

Wagner Carelli. 2014. Entrevista por Tácito Costa. Disponível em: <http://www.substantivoplural.com.br/as-

pessoas-estao-se-aproximando-do-pensamento-conservador-porque-ele-e-mais-generoso-atualmente/>. Acesso

em: 01 set. 2017.

31

vídeos e fóruns de discussão, nos quais são abordados assuntos de interesse geral, sobretudo

na área política.

O objetivo inicial da revista era o foco nas questões econômicas migrando depois

para a análise política, em seu formato quinzenal. Em 2001 passou a ser um periódico

semanal de cultura, política e economia, editada pela Editora Confiança, tendo como sócio e

consultor editorial o economista Luiz Gonzaga Belluzo38

. Em 2005, Bob Fernandes, Nelson

Letaif e Wagner Carelli deixaram a revista. Carta Capital filiou-se ao IVC – Instituto

Verificador de Circulação, atualmente Instituto Verificador de Comunicação39

em 2005,

quando divulgou a sua circulação líquida no mês de junho daquele ano, uma tiragem de

40.113 exemplares.

Contrariando a posição dos demais veículos de imprensa brasileiros, os editoriais de

Carta Capital, durante as eleições de 2002 e 2006, deixaram claro o apoio a candidatura de

Lula à Presidência da República. Esse apoio se estendeu a Dilma Rousseff, em suas

campanhas eleitorais de 2010 e 2013. Em 2007 a revista recebeu o Troféu Dia da Imprensa e

o título de “melhor revista semanal”. A enquete realizada pela revista Imprensa divulgou que

a Carta Capital recebeu 75,01% dos votos. Parte da mídia alternativa interpretou o resultado

como uma grande insatisfação dos leitores, com referência à cobertura da imprensa oficial às

eleições de 2007.

38

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo é professor titular e responsável pela cadeira de Teoria Monetária e

Financeira nos cursos de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É sócio fundador e

professor titular da Faculdade de Campinas (Facamp). Formou-se em direito pela Universidade de São Paulo, em

1965. Estudou ciências sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na mesma universidade, entre 1963 e

1966, deixando de se graduar para ingressar no Curso de Desenvolvimento Econômico promovido pela

Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal/Ilpes). Obteve o doutorado na Unicamp.Foi

secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1985 a 1987) e secretário de Ciência e Tecnologia

do Estado de São Paulo (1988 a 1990). Em 2001, foi incluído no Biographical Dictionary of Dissenting

Economists entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século 20. Recebeu o Prêmio Intelectual do Ano-

Troféu Juca Pato, edição de 2005. É sócio de Mino Carta na Editora Confiança, fundada por ambos em 2001 e

consultor Editorial da Revista Carta Capital. Fontes: FAPESP (São Paulo) (Org.). Luiz Gonzaga de Mello

Belluzzo. 2007. Disponível em: <http://www.fapesp.br/2937>. Acesso em: 01 set. 2017. CARTA

CAPITAL. Dois amigos: Fundadores da Editora Confiança desprovidos de qualquer vocação empresarial.

Felizmente houve intervenções providenciais. 2013. Editorial por Mino Carta. Disponível em:

<https://www.cartacapital.com.br/revista/764/dois-amigos-7987.html>. Acesso em: 01 set. 2017. 39

O Instituto Verificador de Comunicação (IVC Brasil) é uma instituição nacional sem fins lucrativos,

reconhecida como a principal referência do País na auditoria de meios impressos e digitais. Seu objetivo é

fornecer ao mercado publicitário dados detalhados sobre circulação e tráfego web. A entidade é composta por

representantes de anunciantes, agências de propaganda e editores. Principais clientes são as Agências de

Propaganda, Anunciantes, Editores. Fontes: DIGITALKS (Comp.). IVC - Instituto Verificador de

Comunicação. Disponível em: <https://digitalks.com.br/guia-de-empresas/ivc-instituto-verificador-de-

circulacao/>. Acesso em: 01 set. 2017. FOLHA DE SÃO PAULO (São Paulo). IVC passa a se chamar

Instituto Verificador de Comunicação. 2015. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/03/1600893-ivc-passa-a-se-chamar-instituto-verificador-de-

comunicacao.shtml>. Acesso em: 01 set. 2017.

32

Em novembro de 2006, Carta Capital fez uma seleção de seus principais artigos

editados na revista e lançou a Carta na Escola. Trata-se de uma edição comentada e com fins

pedagógicos, direcionada aos professores do ensino médio. O periódico traz a orientação de

especialistas e educadores que discutem as reportagens, propondo uma reflexão para o

entendimento dos fenômenos geopolíticos, ambientais, sociais e culturais.

Nas palavras de Mino Carta, o semanário por ele editado desde 1994, prima sempre

pela “fidelidade canina da revista à verdade factual”. Tais afirmações são recebidas com

críticas e ironias pelos concorrentes40

, que consideram a revista uma porta voz dos governos

petistas.

As reportagens investigativas sobre as irregularidades na Construtora Delta,

envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o Senador Demóstenes Torres, em 2012,

geraram um confronto entre a Revista Veja e a Carta Capital. Nesse embate, o editorial da

Carta comparou Roberto Civita a Rupert Murdoch41

.

Em julho de 2008, após a prisão do banqueiro Daniel Dantas, Carta Capital fez uma

série de reportagens que vieram a compor um dossiê de mais de noventa textos. As matérias

disponibilizadas fizeram um histórico sobre as atividades do banqueiro, nos diversos setores

da economia nacional, desde década de 1990. O editorial da revista de janeiro de 2004 (edição

n. 275) apontava as manobras de Dantas, no intuito de manter o controle do setor de telefonia,

à época de sua privatização. Daniel Dantas acionou a revista por danos morais, mas o pedido

foi negado pelo tribunal.

40

Alguns veículos de comunicação, a exemplo da Revista Veja e o jornal O Globo, sempre se colocaram em

posições contrárias às defendidas pela Carta Capital, às vezes atribuindo a esta o alinhamento com os governos

petistas. Vide editoriais: VEJA. Editorial de ‘O Globo’ em defesa da imprensa livre entra para a história

das lutas democráticas no Brasil: OPINIÃO LÚCIDA – Em editorial publicado na terça-feira passada, o jornal

O Globo foi ao ponto crucial: “É indisfarçável a tentativa de atemorização da imprensa” (VEJA). 2012.

Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/editorial-de-o-globo-em-defesa-da-imprensa-livre-entra-para-a-

historia-das-lutas-democraticas-no-brasil/>. Acesso em: 16 jul. 2017. O GLOBO. Roberto Civita não é Rupert

Murdoch: Reportagens desagradam a alas petistas, e ‘Veja’ enfrenta campanha Leia mais:

https://oglobo.globo.com/opiniao/roberto-civita-nao-rupert-murdoch-4835789#ixzz4oXsmWfsEstest. 2012.

Disponível em: <https://oglobo.globo.com/opiniao/roberto-civita-nao-rupert-murdoch-4835789>. Acesso em: 16

jul. 2017.

41Rupert Murdoch é um empresário americano, de origem australiana e acionista majoritário da News

Corporation, um dos maiores grupos da mídia mundial. Em 2011 o mesmo foi acusado por uso de grampo ilegal

por intermédio de suas empresas. Segundo as acusações, os grampos telefônicos foram aplicados em telefones

fixos e celulares da realeza, celebridades e até cidadãos comuns, com o intuito de obter notícias, o que

caracterizou invasão de privacidade.(CARTA CAPITAL. O Cidadão Kane do século XXI: No Reino Unido,

novas denúncias de grampos ilegais contra um tablóide de Rupert Murdoch. Nos EUA, a prova de que a Fox é

um braço do Partido Republicano. 2011. Política. Disponível em:

<https://www.cartacapital.com.br/politica/denuncias-contra-tabloide-poem-rupert-murdoch-no-olho-do-furacao-

da-midia-britanica>. Acesso em: 16 jul. 2017).

33

A nossa pesquisa42

apurou que os dois mandatos do Governo Lula, apesar de

contarem com o apoio da revista Carta Capital, não ficaram imunes às críticas da revista,

principalmente aquelas advindas do seu diretor de redação e editorialista, o jornalista Mino

Carta. Carta se declara amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, desde os tempos em que este

militava no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo43

.

Exemplificando o acima descrito, podemos ver na reportagem da página 26, da

edição 545 de 13/05/2009 cujo título “De olho em Lilliput” fala sobre o uso indevido das

passagens aéreas pela maioria dos deputados. Atos que beneficiaram o lado pessoal dos

congressistas e parentes. Na mesma edição, na página 33, no artigo intitulado “A operação

abafa do PT”, a revista denuncia as manobras do Partido dos Trabalhadores para colocar fim a

um processo que apurava denúncias de tortura, praticadas pelo delegado da polícia federal

Luiz Fernando Corrêa a uma empregada doméstica. À época da reportagem, o delegado

exercia o cargo de diretor geral da polícia federal. O caso foi arquivado, apesar da

denunciante afirmar que ficou cega, em virtude das torturas às quais foi submetida.

Elencamos a seguir mais algumas reportagens nas quais a Carta Capital tece

comentários e críticas ao governo Lula:

Na edição 582 de 10.02.2010, página 16, coluna A Semana, a reportagem com o

título “Um recuo vergonhoso – ONG condena governo Lula por ceder às pressões da Igreja”,

versa sobre uma nota de repúdio, feita pela Organização não Governamental Católicas pelo

Direito de Decidir. A ONG pauta a sua crítica no fato de que o governo cedeu às pressões da

CNBB (Confederação Nacional dos Bispos no Brasil), ao modificar e excluir temas, como

propostas de descriminalização do aborto e união civil entre homossexuais. Os temas seriam

discutidos no Terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos. A ONG reafirma que o

Estado não pode abandonar a condição de laico e desconsiderar todo o debate anteriormente

realizado pela sociedade.

Em 02.06.2010, página 20, coluna Seu País, por Leandro Fortes, sob o título

“Companheiros Coronéis – Realpolitik – No Norte e Nordeste, o PT se enlaça cada vez mais a

42

A partir de então, as informações aqui registradas têm por base as nossas interpretações às leituras efetuadas

em diversas reportagens da revista Carta Capital, no período 01.01.2009 a 31.12.2011. 43

Em vários editoriais da Revista Carta Capital o jornalista Mino Carta confirmou a sua amizade com o ex-

presidente Lula. Uma das suas últimas declarações a respeito do assunto está nesta reportagem sobre a morte de

D. Marisa Letícia, sob o título: “Companheira Marisa”. Fonte: CARTA CAPITAL. Companheira Marisa: A

ex-primeira dama, chefe da família Lula da Silva, combateu ao lado do marido mil batalhas. Sentiremos a sua

falta. 2017. Editorial por Mino Carta. Disponível em:

<https://www.cartacapital.com.br/revista/938/companheira-marisa>. Acesso em: 01 set. 2017.

34

velhas oligarquias da política brasileira”, a reportagem revela descontentamento com a

possível aliança do Partido dos Trabalhadores às lideranças nortistas e nordestinas. Indaga se

não seria “excesso de pragmatismo” ou mesmo “capitulação”, o partido unir-se às velhas

oligarquias, como Roseana Sarney, a fim de angariar apoio à candidatura Dilma Rousseff.

Várias outras reportagens demonstraram a apuração de conflitos ocorridos na

administração Lula. Um dos exemplos foi a acusação do ministro do STF, Gilmar Mendes, de

ter suas conversas grampeadas pela polícia federal, à época do desfecho da operação

Sartihagraha (Carta Capital de 27/12/2010). Outros motivos de descontentamento da revista

ao governo Lula, foram o afastamento do delegado da Polícia Federal, Paulo Lacerda, por

influência de Gilmar Mendes, e a condução do caso Cesare Battisti.

Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff receberam tratamento cordial junto às

publicações de Carta Capital. As críticas, na maioria das vezes, eram muito mais dirigidas ao

PT e aos congressistas do que aos ex-presidentes. Algumas discordâncias com o governo Lula

apareciam na forma de cobranças por atitudes mais firmes, na condução de políticas sociais e

menos apoio ao mercado. As críticas eram, geralmente, antecipadas por um preâmbulo

elogioso, como na edição 547, página 44, de 27.05.2009: “Lula e seu povo – A maioria

identifica-se naturalmente com o igual que chegou ao poder”.

Já escrevi e repito: orgulho-me de ter compreendido desde logo que o homem iria

longe. Não ouso sustentar que cheguei a imaginá-lo na Presidência da República.

Quando chegou, porém, não me caiu o queixo. Esperava dele um governo mais

determinado, mais assertivo, mais corajoso, especialmente no combate ao

insuportável desequilíbrio social, a meu ver o maior obstáculo à contemporaneidade

no Brasil.

Os editoriais e reportagens da Carta Capital não pouparam os escândalos sobre

grampos e quebra de sigilo acontecidos no governo Fernando Henrique Cardoso. Uma

reportagem de 1998 e outra em 1999 destacaram fatos negativos na administração de FHC. A

edição 87, de 25 de novembro de 1998 detalhou o escândalo dos grampos no BNDES. Vieram

à tona algumas escutas telefônicas que revelaram a existência de um esquema para favorecer

o Banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, no processo de privatização do Sistema

Telebrás. As gravações de áudio deixavam claro o contentamento do governo com o apoio

recebido da grande mídia em apoio às privatizações: “A imprensa está muito favorável, com

editoriais”, diz o então ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, a FHC. “Está

demais, né? Estão exagerando, até”, responde o ex-presidente, em tom de brincadeira”.

35

Em edição n. 91, de 03 de fevereiro de 1999 a manchete da revista Carta Capital

“Quebramos”, trata da desvalorização do real, após a reeleição de FHC, em outubro de 1998.

Segundo a reportagem, a moeda perdeu valor após 12 dias da vitória do governo e piorou em

janeiro do ano seguinte. Nesse ínterim, o Banco Central abandonou o regime de câmbio fixo,

colocando fim ao Plano Real, da forma como fora concebido no governo Itamar Franco.

No que tange ao primeiro ano do mandato de Dilma Rousseff, a Carta Capital

acompanhou sua trajetória com bastante otimismo, apesar de já se apresentarem as primeiras

sinalizações da crise internacional na economia.

Dilma foi elogiada pela determinação de iniciar a criação do programa Comissão da

Verdade, já no primeiro ano do seu governo. O assunto foi tratado na edição 629 de

19.01.2011, reportagem na página 24: “A determinação da Presidenta – Direitos Humanos –

A ex-guerrilheira já ensaia uma linha dura”. A instalação da comissão atendia, também, uma

exigência da OEA (Organização dos Estados Americanos), que condenou o Brasil por crimes

na ditadura militar.

Em 28.12.2011, às páginas 16, 17 e 18, da edição 678, falam do primeiro ano de

Dilma na Presidência, mostrando pontos fortes e fragilidades, tais como: “Dilma Rousseff

encarna com naturalidade a Presidência pós Lula, algo nada trivial. E se firma com a faxina

ministerial”, segundo Marcos Coimbra44

. Com referência aos pontos fortes, o semanário

afirma que Dilma não só continuou a política de Lula, mas inovou nos seguintes aspectos:

aprofundamento do Bolsa Família, por meio do programa “Brasil Sem Miséria” e

investimento em nova política industrial.

As crises do seu governo também apareceram na revista, sobretudo as suspeitas

lançadas sob seus ministros. Conforme edição 649, de 08.06.2011, página 20, coluna Seu

País, sob a manchete: “Cheiro de fritura – Crise – O governo continua a pagar a conta, os

defensores escasseiam e Palocci busca uma forma de sobreviver”, há uma reportagem sobre

suspeitas de corrupção e quebra indevida de sigilo bancário, a mando do ministro chefe da

Casa Civil, Antônio Palocci. A quebra do sigilo bancário referia-se a um caseiro que,

supostamente, havia presenciado farra com dinheiro público, realizada pelo ministro e seus

amigos. As denúncias sobre corrupção, uso indevido de influência, não só de Palocci, mas de

vários outros ministros do governo Dilma, foram apontados pela revista.

44

Reportagem “Drible nas Crises – Ministros em Queda e cena europeia exigem esforço extra para manter o

prumo”. Carta Capital, edição 678 de 28.12.2011.

36

No editorial de 27.05.09, edição 547, comemorativa dos quinze anos da Carta

Capital, Mino Carta reafirma os pressupostos da revista:

Temos é uma mídia de pensamento único, leves nuanças não bastam para encobrir a

senha geral. Carta Capital empenha-se em exercer o jornalismo em que acredita

baseado na fidelidade canina à verdade factual, na aplicação diuturna do espírito

crítico, na fiscalização desabrida do poder. Não se expõe a sardinha à brasa de

ninguém com o intuito de favorecer este ou aquele. Respeite-se o império dos fatos,

nunca poluídos pela opinião. Carta Capital jamais esconde o fato, não nega,

contudo, a sua opinião, e aferra-se a ela.

Estamos em 2017 e a revista Carta Capital não alterou a sua linha editorial. Ela

permanece fiel aos princípios adotados desde a sua fundação. Continua a defender o projeto

de governo do Partido dos Trabalhadores, mesmo após o processo de afastamento de Dilma

Rousseff, decidido em 31 de agosto de 2016. A revista considera que o impeachment foi um

golpe arquitetado sob uma base jurídica frágil45

.

Uma inovação adotada pela administração da revista, a partir de janeiro de 2017, é a

transformação dos assinantes da revista em “sócio-assinantes”46

, com poder de voz no

conteúdo digital, segundo a reportagem “Os novo sócios de Carta Capital” de 21.10.2016,

assinado pela Publisher Manuela Carta:

Os “sócios-assinantes” terão voz ativa na produção do conteúdo digital.

Possibilidade de publicar artigos, acesso exclusivo às áreas de comentários e

participação em “reuniões de pauta” periódicas vão garantir a participação ativa. Os

privilégios estendem-se a seminários, debates e cursos oferecidos pela editora, bem

como às edições especiais, colecionáveis e outras publicações a serem criadas. Os

“sócios” terão ainda acesso a um amplo clube de vantagens, de ingressos em

espetáculos culturais a ofertas em restaurantes, viagens, museus, hotéis e serviços

na internet.

45

Conforme reportagem de “Senado aprova impeachment e destitui Dilma de 31.08.2016. Fonte: CARTA

CAPITAL. Senado aprova impeachment e destitui Dilma: Senadores derrubam a primeira mulher a presidir o

País em um processo de base jurídica frágil e questionado por ampla parcela da sociedade. 2016. Disponível em:

<https://www.cartacapital.com.br/politica/senado-aprova-impeachment-e-afasta-dilma-definitivamente>. Acesso

em: 01 set. 2017. 46

Fonte: CARTA CAPITAL. Os novos sócios de CartaCapital: O projeto que estreia em janeiro transformará

os assinantes em parceiros na definição dos conteúdos e na manutenção de nossos princípios jornalísticos. 2016.

Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/revista/924/os-novos-socios-de-cartacapital>. Acesso em: 01

set. 2017.

37

6. A IMPRENSA E SEU LUGAR NA ESFERA PÚBLICA

“[...] Enquanto o príncipe e seus terra-tenentes “são” o país, ao invés de simplesmente colocar-se em

lugar dele, eles só podem representar num sentido específico: eles representam a sua dominação, ao invés de o

fazer pelo povo, fazem-no perante o povo.” (HABERMAS, 2003, p. 20).47

Podemos tentar formular um conceito sobre o comportamento da mídia a partir do

pensamento de Habermas. O autor faz um resgate histórico da imprensa através dos tempos,

buscando estabelecer relações entre mídia, sociedade burguesa capitalista, representatividade,

esfera pública e esfera privada.

Habermas (2003, p.13 a 41) parte do conceito de dominação para explicar como a

representatividade pública começou a ser desenhada durante a Idade Média, ainda no

feudalismo. Não havia obrigatoriedade de separação entre o público e o privado, já que a casa

do senhor feudal era o centro de todas as relações de dominação. Assim também funcionava

com o príncipe, ou imperador, quando os mesmos reuniam em torno de si as autoridades,

religiosos, cavalheiros, os prelados e as cidades. A “representação pública” ali contida não

significava representatividade nos moldes atuais, era apenas algo que se tornava público, no

sentido de mostrar. Ou seja, o Soberano tornando visível a sua autoridade.

À medida que as relações sociais e comerciais foram se transformando, os

significados de público e privado também sofreram alterações. A partir do Século XIII, na

Itália, com a expansão do capitalismo primitivo, surgiram os elementos de uma nova ordem

social que se integraram à antiga ordem feudal. Outras formas de intercâmbio passaram a

concorrer com o antigo sistema de trocas, antes subordinado às corporações locais (guildas).

Entre os séculos XV e XVIII, o mercantilismo inaugurou o “Estado Moderno”. A cobrança de

impostos obrigava a separação entre os bens da casa real e os bens do Estado. Tornava-se

necessário o controle sobre bens e recebimento desses impostos. Para tanto, a Inglaterra criou

o Juiz de Paz e a França a figura do Intendente. No entendimento de Habermas, iniciou-se

então a regulamentação do processo de produção que deu origem à sociedade civil burguesa.

A economia saiu do âmbito privado e foi para a esfera pública. O econômico, antes ligado ao

privado, ao senhor da casa (oiko-despota), passou a ser exercido na práxis da empresa. O

lugar da casa (privado) foi assumido pelo mercado (público). Alteraram-se drasticamente as

relações comerciais.

47

Habermas. Jurgen. Mudança Estrutural da Esfera Pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro 2003.2 edição.

P.20.

38

A partir de então, tais relações foram submetidas à coerção do Estado, por meio da

obediência às leis, à cobrança de impostos, etc. Um novo modelo de economia comercial

passou a ser desenhado. Havia concorrência, o capitalismo precisava de produção, lucro e

negociação. A economia comercial passou a ser também uma economia política. A mudança,

que doutrinava a nova ordem pré-capitalista, implicava na existência de um mecanismo de

comunicação, algo que desse publicidade aos negócios. Foi nesse contexto que a imprensa

surgiu, passando a dividir o espaço com o Estado, como uma nova forma de poder, na

mediação das relações comerciais.

No próximo capítulo passaremos à análise do material coletado na pesquisa.

Retomaremos a discussão teórica sobre a imprensa a partir das temáticas abordadas pelas

reportagens.

39

7. PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA REVISTA VEJA

Neste capítulo elencamos as matérias selecionadas com o tema pesquisado, situando-

o nos contextos das reportagens e, por último, faremos as análises pertinentes.

7.1 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2009, NA REVISTA VEJA

A primeira matéria, referente ao ano de 2009, na qual aparece a expressão “bolsa

família”, está na reportagem de Demétrio Magnoli. Título: “Começa o Outono de Lula”,

edição 2084, de 07 de janeiro de 2009, página 21, no seguinte contexto:

A distribuição direta de dinheiro. No lugar das proverbiais dentaduras, não é a fonte

do aumento do consumo dos pobres, que reflete o crescimento da economia em geral

e do salário mínimo em particular. Pouco importa: em virtude de sua eficácia

eleitoral, o Bolsa Família será adotado pelos próximos governantes, sejam quem

forem. Eis um legado duradouro da "mãe do povo".

Edição 2099 de 11.02.2009, página 59, Coluna Brasil. Título: “O Bem Amado. A

popularidade de Lula e a de seu governo parecem imunes aos efeitos da crise econômica”. No

final encontramos: “[...] A aprovação de Lula é revigorada, ainda, por ações polpudas. Veja-se

a recente ampliação do Bolsa Família. O presidente, enfim, tem a empatia com o povão”.

Edição 2100, de 18.02.2009, páginas 19 e 20. Entrevista com o senador Jarbas

Vasconcelos, com o título: “O PMDB é corrupto”. Referência ao tema de pesquisa: “O

marketing de Lula mexe com o país. Ele optou pelo assistencialismo, o que é uma chave para

a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de

votos do mundo”.

Edição 2101, de 25.02.2009, coluna Brasil, páginas 44 a 55. Título: “Basta de folia

com o dinheiro Publico”. Na página 53, há uma resposta a Jarbas Vasconcelos, feita pelo

assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia: “o

argumento contra o Bolsa Família é profundamente conservador, elitista e aristocrático”.

Edição 2102 de 04.03.2009, coluna Leitor. Na página 35, consta a carta de um leitor:

No segundo semestre deste ano, a Confederação Nacional de Transportes e o

Instituto Sensus que se notabilizaram por divulgar pesquisas de popularidade

presidencial, realizadas principalmente entre os eleitores do Bolsa Família,

40

divulgarão um levantamento mostrando que a candidatura de Mãe Dilma não está

decolando.

Edição 2107 de 08.04.2009, coluna Brasil, páginas 68 a 70. Título: “Nos Trilhos do

Avanço – Estudo inédito revela o grau de desenvolvimento dos estados brasileiros – e mostra

quais souberam tirar proveito do crescimento nos últimos anos.” Alguns trechos da

reportagem, que trata de uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, sobre a

eficácia das políticas públicas.

O crescimento econômico não traz automaticamente o avanço no bem estar de uma

sociedade. O desenvolvimento de fato só ocorre quando há melhoria também em

fatores de qualidade de vida, tais como a educação, a saúde e a segurança (Página

68).

Rede de Proteção – a diarista Kátia Monteiro Matos, 32 anos, e seus filhos na

periferia de Fortaleza, Ceará: a ajuda do Bolsa Família contribui para complementar

a renda e elevar o poder de compra da família. [...] Na sequência o que mais

melhorou foi o Maranhão, apesar de ser o segundo estado mais

subdesenvolvido.Assim como o Ceará, ele viu sua pobreza cair por causa dos

programas sociais, como o Bolsa Família(Página 70).

Edição 2108 de 15 de abril de 2009. Entrevista com o cientista político Francis

Fukuyama, página 17 a 21. Título: “O liberalismo é o Caminho”. Perguntado (página 21) se a

América Latina deveria seguir o exemplo dos países asiáticos, que conseguiram se

desenvolver rapidamente sem grandes problemas sociais, Fukuyama respondeu:

Não foi bem assim. Os asiáticos promoveram ampla reforma agrária no fim dos anos

1940 e, em seguida, uma reforma educacional. A distribuição de propriedade na

América Latina foi muito mais desigual do que na Ásia. Iniciativas como o Bolsa

Família, que exige frequência escolar, são sinais de mudança. Infelizmente, em

muitos casos, não há acompanhamento adequado da frequência escolar e o programa

corre o risco de se tornar um instrumento político. Outro grande problema é que os

professores são muito mal preparados. Para piorar, os pais dos alunos não estão

dispostos a cobrar a melhoria do ensino nem são preparados para isso (Página 70).

Edição 2109 de 22.04.2009, páginas 17 a 21. Entrevista com presidente da Câmara

dos deputados, Michel Temer. Na página 21, o entrevistado é perguntado sobre o segredo do

sucesso do governo Lula. Um dos trechos da resposta:

[...] Ele (Lula) tem uma linguagem que o povo entende diretamente. E também

conseguiu feitos significativos. Para um país que era todo endividado, passar a

emprestar dinheiro ao FMI é extraordinário. Ele se comportou bem na área

econômica e na área social, com o Bolsa Família, que lhe deu grande projeção. E na

política externa ele teve grande sucesso. Convenhamos: o Obama dizer que ele é o

cara foi uma coisa estupenda.

Na mesma entrevista mais uma pergunta sobre os pontos fracos do governo, cuja

resposta é:

O que falta é pegar o pessoal que se alimenta com o Bolsa Família, passando das

classes D e E para a classe C, e dar um espaço de trabalho para incorporá-lo à

41

nacionalidade. Esse é o ponto que deve ser a sequênciado governo. Não se pode

ficar só no Bolsa Família. É preciso qualificar essa parte da população para que ela

não retorne à classe E.

Edição 2111, de 06.05.2009, páginas 58 a 63. Coluna Brasil. Título: “O Câncer no

Palanque”. Toda a reportagem gira em torno da doença da Ministra Dilma, candidata a

Presidência da República, diagnosticada recentemente com um câncer. Há afirmações, pela

repórter Sandra Brasil, sobre o uso político da saúde da candidata, pelo PT, tentando ganhar a

simpatia do eleitor. Cita também a existência de disputas internas, numa eventual substituição

da candidata, caso a sua saúde piore. A menção ao programa Bolsa Família está na página 62

na fala do ministro Patrus Ananias: “Patrus Ananias diz que o reserva da mãe do PAC só pode

ser o pai do Bolsa Família”.

Edição 2112, de 13.05.2009, página 56. Coluna Radar. Números: “1.158.071

famílias recebem irregularmente o Bolsa Família. Elas têm renda mensal por pessoa superior

ao teto previsto pelo programa”.

Edição 2114. De 27.05.2009, páginas 176 e 177. Coluna Cinema. Título: “Barrigas

Vazias.” A reportagem trata do conteúdo do documentário “Garapa”, sob a direção de José

Padilha. Padilha filmou o dia a dia de três famílias cearenses vivendo em condições de

insegurança alimentar grave, segundo parâmetros da FAO (Organização das Nações Unidas

para a Agricultura e Alimentação). Alguns excertos da reportagem, página 176 e 177:

[...] Em outras palavras: são pessoas que passam fome regularmente. Daí o título do

documentário que estreia nesta sexta feira no país: Garapa (Brasil, 2009), em

referência não ao caldo de cana que a palavra também designa, mas à água com

açúcar com que as mães como as mostradas por Padilha, enganam a fome dos filhos

quando começa a faltar comida em casa.[...] O documentário começa também a virar

uma peça na discussão sobre o Bolsa Família, já que Lúcia e Rosa mencionam que

ele compõe a quase totalidade de sua renda – Robertina não recebe por não ter

certidão de nascimento nem qualquer outro documento. Lúcia, Rosa e Robertina

fazem parte das famílias filmadas por José Padilha.

Edição 2115, de 03.06.2009, página 24, coluna da escritora Lya Luft, cujo título “É o

fim do mundo”. A crônica fala do estranhamento das velhas gerações à medida que o tempo

passa e novos costumes são incorporados ao cotidiano. A autora demonstra insatisfação à

demora das autoridades para impedir a exposição excessiva de uma criança, num programa de

TV. Alega que se fosse um filhote de cachorro, a sociedade protetora dos animais agiria mais

rápido. Quase no final da sua crônica, expõe indignada:

[...] Meu amigo atropelou um simpático tatu e quase pegou cadeia; se matasse uma

pessoa, sendo réu primário aguardaria em liberdade. Viva o tatu. Abaixo as pessoas.

Também se comenta que moradores de rua e pseudocolonos vão ganhar Bolsa

Família. Quem ainda vai querer pegar na enxada ou lavar o chão de uma casinha?

42

Edição 2117, de 17.06.2009. Coluna Brasil. Páginas 54 a 56. Título: “É sim ou não.”

O foco aqui é a estratégia de Lula para as eleições 2010. A reportagem cita que o Presidente

considera a eleição plebiscitária. Uma vitória de Dilma significará a aprovação do governo

Lula. Na página 56, temos:

[...] Aí serão dois modelos em jogo. O eleitor vai escolher entre continuar com o

modelo que está dando certo e voltar ao que era antes, diz Wagner. [...] Lula

lembrará que gerou mais empregos, que o crescimento econômico foi maior em sua

gestão, que ampliou o acesso à universidade, reduziu a miséria graças ao Bolsa

Família e transformou o Brasil de devedor a credor internacional.

Edição 2118, de 24.06.2009, páginas 19 a 23. Entrevista com o ministro da Fazenda

Guido Mantega. Título: “O Brasil já chegou ao futuro” Transcrevemos a primeira pergunta,

na íntegra: “Quando o Senhor discutia as ideias econômicas do PT, seria levado a sério

alguém que dissesse que a verdadeira revolução brasileira viria pela estabilidade econômica e

pela criação de uma nova classe média?”. Trechos da resposta, na página 19: “Seria uma

surpresa maior ainda se essa pessoa dissesse que isso ocorreria em um governo do PT.”.

Ainda uma parte da mesma resposta na página 22:

Espero que saia vencedora a nossa candidata, a ministra Dilma Rousseff, mas, seja

quem for o novo presidente eleito em 2010, ele não terá como mudar radicalmente

os rumos do país. Não vai desfigurar a política econômica, tampouco a social. Se

relaxar no combate à inflação estará em apuros. Se acabar com o Bolsa Família,

correrá o risco de ser deposto.

Edição 2121, de 15.07.2009, páginas 15 a 19. Entrevista com o governador do

Distrito Federal, José Roberto Arruda. Título: “Ele deu a volta por cima.” Os assuntos

tratados são o retorno do entrevistado à vida política, após renúncia provocada pelo escândalo

de violação do painel no congresso, a sua popularidade atual e as relações com o adversário

Lula. Arruda à época era filiado ao PSDB. Com referência à questão do fisiologismo, o

governador fala que “o fisiologismo está entranhado na política... É hipocrisia não reconhecer

que todos praticam fisiologismo”. Mais algumas perguntas e respostas da entrevista:

Perguntado: “Esse diagnóstico também se aplica ao governo federal?” A resposta: “O PT

segue outra linha. O PT tem uma visão de instrumentalização da máquina pública e politiza as

relações que deveriam ser institucionais. Mas o presidente Lula é diferente do PT”. Pergunta

seguinte: “Lula tem defeitos?” Resposta:

[...] ele tem uma tendência de simplificar problemas complexos em vez de dar

soluções estruturais, definitivas [...]. Um exemplo concreto e politicamente

incorreto: no momento em que opta por ter mais recursos no Bolsa Família do que

na educação, mais recursos no assistencialismo do que na infraestrutura, ele ganha

votos no curto prazo, mas distancia o país de uma economia competitiva.

43

Outra pergunta: “O Senhor vê traços de populismo em Lula?” A resposta: “E alguém

não vê? Mas o populismo tem aspectos positivos e negativos. É positivo quando compreende

os problemas dos mais humildes. É negativo quando escraviza os mais humildes na

dependência de políticas públicas.”. Pergunta: “E o Bolsa Família que o Senhor citou está em

qual dos exemplos?” Resposta: "Nos dois. O Bolsa Família atende e escraviza. Aqui em

Brasília há pessoas que se dispõem a fazer um serviço doméstico, mas não aceitam a carteira

assinada para não perder o benefício [...]”.

Edição 2125, de 12.08.2009, página 28. Coluna Leitor. Carta de um leitor de São

Paulo, criticando José Sarney que foi objeto de reportagem na edição anterior, em05.08.2009.

O mais lamentável do neocoronelismo brasileiro ilustrado tão bem pelos Sarneys,

Barbalhos, Calheiros, etc., é que se concentra na região do país mais beneficiada

pelo Bolsa Família. Os bilhões que estão sendo carreados para lá por esse

artificialismo demagógico e pela fragilidade de seus objetivos e controles, acabarão

favorecendo os maus políticos, para os quais o “pudê” é tudo que interessa.

Edição 2126 de 19.08.2009, coluna Leitor, página 46. Trechos de mais uma carta de

leitor, desta vez do Rio de Janeiro, ainda sobre suspeitas contra o senador José Sarney:

É urgente e indispensável que todos nós digamos a gigantesca e indiscutível

responsabilidade do presidente Lula pela acelerada degradação da política que se

pratica no país. Ao jogar todo o peso do seu prestígio na preservação, a qualquer

preço e custo, da aliança com o PMDB e na defesa de Sarney. [...] ao chamar de

ignorante e imbecil quem exerce o direito democrático de criticar o Bolsa Família,

ao humilhar ostensivamente os senadores do PT na crise que aí está ao desprezar a

liturgia do cargo que ocupa e continuar atuando como político de várzea, Lula

precisa ser implacavelmente responsabilizado pelo desfibramento político e ético

por que passa o país [...].

Edição 2132, de 30.09.2009, página 71. Coluna Brasil. Título: “Sinal Vermelho no

PV.” A reportagem faz referência à candidata à presidência da República, senadora Marina

Silva.

Na semana passada, em entrevista ao programa Roda Viva, ela elogiou os avanços

dos governos Fernando Henrique e do presidente Lula, dizendo que eles devem ser

mantidos. E fez uma crítica, suave, mas muito acertada, ao principal programa do

governo Lula, o Bolsa Família. "As pessoas não podem depender para sempre do

Bolsa Família. Tem de haver um processo de libertação de qualquer tipo de

dependência em relação ao estado”, disse a senadora.

Edição 2137 de 04.11.2009. Coluna Panorama. Título: “Bolsa Tucana”. Notícia

copiada na íntegra:

O prefeito de Curitiba, Beto Richa, lança nesta semana uma versão local do Bolsa

Família. Melhor, do antigo Bolsa Escola, que foi implantado no governo Fernando

Henrique Cardoso. No modelo paranaense, receberão 50 reais por mês as famílias

que comprovarem que seus filhos frequentam uma escola, creche ou curso de

formação profissional. A adesão também implica a manutenção das vacinas das

44

crianças em dia e a realização de exames médicos periódicos. A prefeitura estima

que 7.000 famílias se inscreverão para receber o dinheiro. A quantia, no entanto, não

será paga em espécie, mas em produtos fornecidos em mercados mantidos pelo

município.

Edição 2139, de 18.11.2009, página 81. Coluna Brasil. Título: “O caixa três das

eleições de 2010”. Governo planeja dar telefones no ano eleitoral. Alguns trechos da

reportagem:

O caso mais recente do investimento com essa rubrica é a intenção do governo de

oferecer um telefone celular a cada uma das 12 milhões de famílias que recebem o

Bolsa Família, trunfo eleitoral do governo para o ano que vem. [...] "A inclusão

digital abre novas oportunidades de trabalho e aumenta a renda dos mais pobres”,

explica o economista Marcelo Neri da Fundação Getúlio Vargas (FGV). [...] Mas tal

como foi planejado, o Bolsa Celular é apenas um truque eleitoral. Segundo Neri,

cerca de 70% das famílias beneficiadas pelo Bolsa Família já tem celular. [...] De

acordo com uma pesquisa realizada pelo economista Maurício Canêdo, também da

FGV, três milhões de brasileiros votaram em Lula em 2006 apenas por causa do

Bolsa Família.

Edição 2140, de 25.11.2009, página 48. Coluna Leitor. Trecho de uma carta de um

leitor do interior de São Paulo:

Parece que o presidente Lula está se formando com louvor na escolinha de Hugo

Chávez. Não bastasse o Bolsa Família, agora vem com o Bolsa Celular e o Bolsa

Cinema. Está clara a tentativa de perpetuação no poder a qualquer custo, mesmo que

de forma mais aprimorada que a aprendida com o professor.

Edição 2142, de 09.12.2009. Páginas 70 e 150. Na página 70, Coluna

Panorama/Radar. Título da notícia: “Cartão de Crédito no Bolsa Família.” Copiado na íntegra:

A Caixa Econômica Federal prepara o lançamento de um cartão de crédito próprio (a

bandeira não será nem Visa nem MasterCard) que promete fazer barulho. Voltado

para a população de baixa renda, deve ter uma base inicial de cerca de 15 milhões de

clientes, incluindo os beneficiários do Bolsa Família.

Edição 2142 de 09.12.2009, página 150. Título: “Amazônia.” “Sairia até barato dar

um ponto final à devastação da floresta conforme um estudo publicado na revista Science”.

No Brasil, ao fim do decênio, alcançaria 18 bilhões de dólares no máximo. Por ano,

o gasto equivale a um quarto do que se destina ao Bolsa Família. E esse é o cenário

mais pessimista. Na sua versão mais otimista, a Amazônia brasileira poderia ser

salva em uma década com apenas 6,5 bilhões de dólares.

Edição 2143, de 16.12.2009, página 40. Coluna Leitor. Carta de uma leitora de São

José do Rio Preto, São Paulo.

Enquanto nós, eleitores, continuarmos a aceitar essa invasão de corruptos nos

governando, isso nunca terá um fim. Quem vota pensando em ganhar cesta básica,

Bolsa Família, bolsa celular etc. vai continuar colocando no governo pessoas que

querem nada mais do que desviar dinheiro público para compra de grife [...].

45

7.2 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2010, NA REVISTA VEJA

Edição 2147 de 13.01.2010, Páginas 13 a 17. Páginas amarelas, entrevista com

Sérgio Guerra, presidente do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) à época. Título:

“A esquerda somos nós.” “O presidente do PSDB diz que Lula faz política com as “mãos

sujas” e que haverá mudanças na economia caso os tucanos elejam o próximo presidente.”

Pergunta na página 16: “Como Serra poderá conquistar o eleitorado do Nordeste, que idolatra

o presidente e foi largamente beneficiado por programas como o Bolsa Família?” Trechos da

resposta do entrevistado: “Ninguém terá os votos que Lula tem no Nordeste. Nem Dilma.

Fala-se muito em transferência de votos, mas isso acontece até certo ponto.” Após Sérgio

Guerra criticar a condução do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) como um

programa eleitoreiro e dizer que o PSDB pretende acabar com o mesmo, o repórter questiona

com ironia: “Até parece que o PSDB está à esquerda do PT...”. Trecho da resposta: “Mas nós

estamos à esquerda mesmo. Se ganharmos vamos acelerar os investimentos na educação e na

saúde. Manteremos o Bolsa Família, que é um mecanismo eficiente de erradicação da miséria

e da fome.”.

Edição 2149, de 27.01.2010. Coluna Brasil, páginas 56 a 58. Título: “Isto é apenas o

começo”. A reportagem é mais ou menos uma resposta de Lula e Dilma às críticas feitas por

Sérgio Guerra em entrevista na edição anterior. É também uma resposta aos ataques do PSDB

que acusa Lula de fazer campanha antecipada. Excertos da reportagem na página 56:

Jenipapo de Minas, na última terça-feira foi palco de algo muito parecido com uma

campanha eleitoral. Acompanhada do presidente Lula, a chefe da Casa Civil, Dilma

Rousseff, inaugurou uma barragem de irrigação e chorou ao lembrar suas origens

mineiras. Em discurso, ao exaltar a importância da obra, a ministra lembrou que a

oposição já investiu contra os programas de transferência de renda do governo,

como o Bolsa Família, e agora promete acabar com o PAC.

Edição 2149, de 27.01.2010, Coluna Brasil, páginas 62 a 63. Título: “Bolsa-

Cabresto”. A reportagem assinada por Laura Diniz critica o governo por alterar as normas do

programa Bolsa Família, dez meses antes da eleição. Transcrevemos algumas colocações da

reportagem. Nas páginas 62 e 63:

Dez meses antes das eleições presidenciais, o governo muda as regras do Bolsa-

Família para evitar a exclusão regulamentar de 5,8 milhões de pessoas do programa.

A medida vale até 31 de outubro, data do segundo turno [...]. Pelas normas até então

em vigor, perdiam o direito ao recebimento do benefício famílias cujo cadastro

estivesse desatualizado havia mais de dois anos e aquelas cuja renda per capita

tivesse ultrapassado o limite de 140 reais. [...] O Bolsa Família já provou ser um

46

poderoso cabo eleitoral. Um estudo feito em 2007 pelo professor de Ciência Política

Jairo Nicolau, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, com base

nos resultados das últimas eleições presidenciais, concluiu que 100.000 reais

deixados pelo programa em municípios de 1.000 habitantes renderam ao candidato

Lula um acréscimo de três pontos porcentuais de votos. [...] O Bolsa Família

contribuiu para a diminuição da desigualdade de renda no país, tirou milhões de

brasileiros do poço da miséria e abriu horizontes para um enorme contingente de

crianças que, sem ele, poderiam estar fadadas a passar a infância capinando numa

roça, sem nunca ter estudado. No entanto, a expansão ilimitada do número de

cadastrados e o fato de o benefício não ter prazo para terminar sempre foram pontos

fracos do programa e contribuíram para despegar-lhe a pecha de assistencialista e

eleitoreiro. As últimas mudanças – nada sutis, como prova a data de 31 de outubro –

mostram que seus críticos têm razão.

Edição 2150 de 03 de fevereiro de 2010. Coluna Leitor, página 34. Carta de uma

leitora de Entre Rios, Minas Gerais, em referência à reportagem anterior.

É uma vergonha assistir a essa compra de votos tão inusitada. Um programa da

grandeza do Bolsa Família está perdendo seus objetivos e se tornando uma potência

eleitoreira. Será que ninguém vai fazer nada? Acredito que não.

Edição 2151, de 10.02.2010, coluna Brasil, páginas 48 a 51. Título: “Omelete sem

quebrar ovos.”A revista continua com a crítica de que a ministra Dilma Rousseff está fazendo

campanha antecipada, a conselho de Lula. Desta vez o alvo foi uma participação da ministra

no programa de Luciana Gimenez, na Rede TV, no qual Dilma tentou fazer uma omelete. A

reportagem de Gustavo Ribeiro, na página 51, insinua que as aparições na TV e inaugurações

de obras, não são uma forma de prestar contas e sim promoção pessoal e campanha. O

repórter refere-se também a um ofício dirigido aos prefeitos, com orientações sobre o

cadastramento no programa Bolsa Família:

Agora mesmo o governo acaba de enviar um ofício a prefeitos de todo o país com

uma ameaça tipicamente eleitoral. A pretexto de instruir sobre o recadastramento no

Bolsa Família, o programa que beneficia quase 50 milhões de brasileiros, o

Ministério do Desenvolvimento Social adverte que em 2011, quando Lula não for

mais presidente, o programa poderá ser alterado. Puro terrorismo eleitoral. O caso

deve render a 12ª acusação de campanha fora de época contra o governo.

Edição 2153, de 24.02.2010, crônica de J.R.Guzzo, página 114. Título: “Os nomes

na Tela.”O repórter fala do início do horário eleitoral e a eleição presidencial, que está sendo

chamada de “plebiscitária”. Como se Dilma e Serra fossem as encarnações de Lula e

Fernando Henrique. Para o cronista , Lula é um estrategista em inventar inimigos imaginários

para confundir o eleitor:

[...] Suas chances de sucesso começam com a utilização, como jamais se viu na

história neste país, da máquina pública em favor da candidatura oficial. Continuam

com a vantagem no tempo de propaganda pelo rádio e televisão. Contam, sempre,

com uma arma que Lula maneja melhor que ninguém: a tentativa de inventar

inimigos, como Fernando Henrique apontou recentemente, para travar batalhas

imaginárias. Esses inimigos não têm nome. São “eles” apenas. Podem, portanto, ser

47

acusados de absolutamente tudo. “Eles” vão acabar com o Bolsa Família. “Eles” vão

acabar com as obras do PAC.

Edição 2162, de 25.04.2010, página 166. Crônica J.R.Guzzo. Título: “Pobres e

Ricos”. O cronista trata, mais uma vez, da campanha eleitoral para a presidência da

República, colocando a questão da dicotomia pobre/rico. O mesmo fala do assunto, de uma

forma sutil:

Promete ser uma arma muito utilizada pelo governo, ao longo da campanha eleitoral,

falar sobre o perigo que os pobres deste país passariam a correr se a candidata Dilma

Rousseff não for eleita para a Presidência da República. [...] parece haver bastante

entusiasmo com a tentativa de colar nos adversários uma intenção secreta: governar

contra os pobres e a favor dos ricos. A ideia geral aí é deixar os outros candidatos,

sobretudo o principal deles, numa situação sem saída. Se falarem em mexer no

Bolsa Família, nos aumentos reais de salário mínimo e em outros benefícios, estarão

mostrando sua verdadeira cara; se prometerem não mexer em nada, estarão

mentindo. [...] A dificuldade desse tipo de plano, como de tantos outros, é combinar

com o adversário para que ele cumpra a sua parte. O ex-governador José Serra, a ex-

ministra Marina Silva e quem mais houver em campanha não vão anunciar, por

exemplo, que acabarão com os pagamentos do Bolsa Família se forem eleitos. Por

que diabo fariam uma coisa dessas? Ao contrário, vão assumir o compromisso de

manter tudo como está; se quiserem caprichar, podem até dizer que o governo está

pagando muito pouco e prometerem um bom aumento a partir de 2011.

Edição 2163, de 05.05.2010, páginas 154 a 161. Reportagem Especial. Título: “A

farra da Antropologia oportunista” Texto de Leonardo Coutinho, Igor Paulin e Júlia de

Medeiros. Faz uma crítica à demarcação das terras indígenas e quilombos em várias regiões

brasileiras. Segundo o artigo existe muito oportunismo por parte de ONGS e até antropólogos

na montagem dos processos de demarcação. Fala-se também de pessoas que se declaram

índios para receber terras e benefícios. A referência ao Bolsa Família aparece na página 159,

que, segundo afirmação da reportagem:

No governo do PT basta ser reconhecido como índio para ganhar Bolsa Família e

cesta básica. O governo gasta 250% mais com a saúde de um índio – ou das

Organizações Tabajara – do que com a de um cidadão que (ainda) não decidiu virar

índio. O paradoxo é que, em certas regiões, é preciso ser visto como índio para ter

acesso a benesses da civilização. As “tribos” têm direito a escolas próprias, o que

pode ser considerado um luxo no interior do Norte e Nordeste, onde milhões de

crianças têm de andar quilômetros até a sala de aula mais próxima.

Edição 2166, de 26.05.2010, página 76. Coluna Panorama. “Veja Essa”. Pergunta de

repórter da Rádio Nacional, ao candidato José Serra: “O Senhor vai acabar com o Bolsa

Família?” Resposta: “Por que a pergunta? Porque disseram para você que eu vou acabar?

Então eu gostaria de saber a fonte. Isso é uma mentira total.”.

48

Edição 2166A, de junho de 2010, páginas 18 a 22. Coluna Ideia. Título:“Gritos que

fizeram história.” (Veja Mulher Edição Especial). Artigo fala das conquistas pelas mulheres

através do tempo. Na página 22:

As mulheres das classes D e E – as pobres, como se diziam no passado, continuam a

trabalhar dentro e fora, como fizeram suas mães e avós. [...] Entre os vários

benefícios conquistados nos últimos anos figuram a aplicação das leis trabalhistas às

empregadas domésticas e, em alguns lugares do Brasil, como o estado e a cidade de

São Paulo, Belo Horizonte e Recife, a preferência pela mulher na titularidade de

imóveis populares financiados com recursos públicos. Programas assistenciais como

o Bolsa Escola e o Bolsa Família são registrados prioritariamente em nome da mãe,

reconhecida como o elemento mais estável do núcleo familiar.

Edição 2167, de 02.06.2010, páginas 206 a 210. Coluna Impostos.Título:“Depois de

148 dias chega o 1º dia livre de Impostos.”A reportagem fala do lançamento do livro “O Dedo

na Ferida: Menos Imposto, Mais Consumo”, do cientista político Alberto Carlos Almeida,

fruto de uma pesquisa sobre impostos. Transcrição do contido nas páginas 206 a 208:

Os brasileiros independentemente de classe social e nível de renda, sabem que

pagam impostos demais e gostariam que os governantes fizessem melhor uso dos

recursos existentes. Poucos estão dispostos a ser tributados ainda mais sob a

promessa de ampliação de benefícios sociais, como o Bolsa-Família e o Vale-

Cultura. Acima de tudo a maioria absoluta dos entrevistados está convicta de que, se

tivesse chance, preferiria pagar menos tributos para ter mais dinheiro no bolso e

gastar com escola particular ou saúde privada.

Segundo a reportagem, na página 208, para a pergunta da pesquisa: “O que é melhor,

expandir o Bolsa Família ou diminuir a tributação dos alimentos, para que eles fiquem mais

baratos?”. Mais de 80% optaram pela segunda alternativa, mesmo os beneficiados pelo Bolsa

Família.

Edição 2169, de 16.06.2010, páginas 19 a 23. Entrevista Dilma Rousseff.Título:

Acabou o “Risco Brasil.” Nesta entrevista Dilma fala que não existe mais apreensão dos

mercados com referência ao Brasil e se ganhar as eleições manterá a inflação sob controle.

Pergunta e resposta na íntegra:

[Veja:] A senhora pretende manter o Bolsa Família nos moldes atuais?[Dilma:]

Temos de continuar ajudando os mais pobres. Temos de garantir que os 190 milhões

de brasileiros virem consumidores. Isso não é possível sem programas sociais.

Agora, vocês me digam: tem maior porta de saída do que o crescimento do emprego

nos níveis atuais? Tem porta de saída melhor do que o investimento em ensino

profissionalizante? Essas são as melhores portas de saída. O Brasil tem escassez de

mão de obra em muitos setores. Cortador de cana no nordeste está virando soldador,

operário qualificado.

Edição 2170 de 23.06.2010, página 41. Coluna Leitor. Carta de um leitor de São José

dos Pinhais, Paraná.

49

Independentemente de ser vitorioso ou não, o governo Lula foi uma importante

etapa para a experiência democrática no país. O fato de um partido formalmente

considerado de esquerda ascender ao poder nos insere em uma nova fase do jogo

democrático. Porém, além de dar continuidade ao Plano Real, o PT apropriou-se dos

programas sociais lançados pelo FHC e criou o programa Bolsa Família, ampliando

o seu atendimento. O Brasil clama por mudança na eleição presidencial que se

aproxima, uma vez que a candidata Dilma Rousseff, caso eleita, permanecerá em

consonância com seu criador e ficará atrelada ao passado, entre outras razões pela

total inexperiência para comandar a nação. Aliás, parafraseando o próprio Lula: “O

Brasil precisa de um presidente que faça mais e melhor”.

Edição 2171, de 30.06.2010, páginas 19 a 23. Entrevista com a candidata Marina

Silva. Título: “Para crescer sem poluir.” Marina defende incentivos financeiros em troca de

bons comportamentos ambientais. Critica o PT por não saber lidar com as instituições que

fiscalizam o governo. Pergunta e resposta sobre o Bolsa Família:

[Veja:] A senhora manteria o Bolsa Família? [Marina Silva:] Manteria, mas com o

ajuste essencial de passar a investir no atendimento personalizado dessas famílias de

modo a traçar com elas um plano concreto de saída do programa. O Estado daria

uma orientação prática para a família se engajar em cursos profissionalizantes e,

depois, em atividades econômicas capazes de garantir-lhe um caminho de progresso

econômico, abrindo assim mão do beneficio. Os números mostram que sai mais

barato investir em gente para prestar essa consultoria aos mais pobres do que

sustentá-los indefinidamente.

Edição 2171 de 30.06.2010, página 26. Coluna de economia. Maílson da Nóbrega.

Título: “Lula, os pobres e a carga tributária”. O ex-ministro da Economia afirma que o

sistema de tributação brasileiro extrai mais da renda dos pobres. Fala de Maílson: “O

relevante seria a carga tributária líquida, isto é, a arrecadação menos as transferências de

renda. Assim não seriam contados os gastos previdenciários, o Bolsa Família nem outras

transferências a pessoas.”.

Edição 2174, de 21.07.2010, página 36. Coluna Leitor. Carta de leitor de João

Pessoa, Paraíba.

É uma pena que, talvez, beneficiários do Bolsa Família não leiam Veja. Pelo menos

saberiam de forma bem detalhada do que o Partido dos Trabalhadores é capaz para

não largar o poder; e o que eles representam nesse círculo vicioso. São simplesmente

a massa usada para mantê-los nesse regime autoritário que o PT chama de

democracia.

Edição 2175, de 28.07.2010, página 62. Coluna Panorama/Holofote. Título: “Bolsa

Cadeia”.

A justiça eleitoral divulgou o número de presos que votarão neste ano: 20.000. Boa

parte deles recebe do governo federal uma espécie de Bolsa-Família: o auxílio-

reclusão. Ele é fornecido aos parentes dos criminosos, como uma compensação por

seu arrimo estar na cadeia. Em 2003, o primeiro ano do governo Lula, o benefício

foi distribuído aos familiares de 11.500 presos. Hoje atende um número quase três

vezes maior. Cada família recebe, em média, 590 reais por mês do Ministério da

50

Previdência. A assessoria do Ministro Carlos Eduardo Gabas diz que o aumento se

deve ao crescimento da população carcerária.

Edição 2176, de 04.08.2010, página 126. Coluna Economia. Título: “A Internacional

Socialista.” Reportagem trata das negociações dos governos português e brasileiro, na

aquisição da empresa de telefonia OI pela Portugal Telecom. Trechos da reportagem:

Mesmo com o apadrinhamento do governo, a OI não cresceu como se esperava. [...]

Por meio de aportes ou empréstimos do BNDES e do Banco do Brasil, ela recebeu

nos dois últimos anos cerca de 11 bilhões de reais, dinheiro que seria suficiente para

sustentar o Bolsa Família durante um ano.

Edição 2176, de 04.08.2010, páginas 146 e 147. Título: “A caridade foi para outro

lugar.” A reportagem comenta sobre a fuga de investimento estrangeiro em projetos sociais no

Brasil. Logo após o título o repórter Duda Teixeira atribui essa ausência ao exibicionismo do

governo brasileiro no exterior. A notícia se baseia em relato do administrador do Fundo

Cristão para Crianças, que cuida de meninos e meninas pobres em quatro estados brasileiros:

Os doadores presentes – canadenses, irlandeses, dinamarqueses e australianos –

disseram que o Brasil não precisa mais de ajuda, pois caminha para se tornar a

quinta maior economia do mundo. [...] Eles citaram uma longa lista de evidências da

nossa riqueza: reservas de petróleo no pré-sal, Bolsa Família, empréstimo para o

Fundo Monetário Internacional, Copa de 2014 e Olimpíada de 2016.

Edição 2180, de 01.09.2010, página 44. Coluna Blogosfera. Blog do jornalista

Reinaldo Azevedo, cujo título é: “O discurso em que Lula afirma que o Bolsa Família deixa o

sujeito vagabundo”.

Lula afirmou que setores “elitistas” o criticaram por causa do Bolsa Família. É

mentira. O único “elitista” contrário ao programa era... Lula!!! E dá para provar. No

dia 09 de abril de 2003, Lula fez o seguinte discurso no semiárido nordestino:

“Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu

milho, a sua macaxeira [...]. Agora tem gente que já não quer mais isso porque fica

esperando o “vale isso”, “vale aquilo”, as coisas que o governo criou para dar às

pessoas”. Quando eu vou parar de evidenciar as mistificações de Lula? Nunca!

Edição 2184, de 29.09.2010, página 160. Coluna Livros. Titulo: “As entranhas do

lulismo”. O assunto é sobre uma coletânea das colunas escritas no jornal O Globo, pelo

jornalista Merval Pereira, reunidas no livro “O Lulismo no Poder”. Trecho da reportagem: “O

livro está dividido em cinco capítulos, que elencam aspectos do lulismo: “O aparelhamento do

estado”, “Bolsa Família”, “José Dirceu e o mensalão”, “Palocci e o caseiro” e “Política

externa”.

Edição 2185, de 06.10.2010, páginas 74 a 85 Coluna Brasil. A revista dedicou

reportagem aos candidatos ao primeiro turno da eleição presidencial, Dilma, Serra e Marina.

51

O primeiro bloco, páginas 74 a 77, é referente à Dilma. Título: “Apadrinhada, Favorita e cheia

de Mistério”, página 75: Programas Sociais:

De todas as promessas feitas pela petista Dilma Rousseff durante a campanha

eleitoral, uma das mais fáceis de ser cumpridas é a universalização do Bolsa

Família. Pelas estimativas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome, para cumprir a meta, ela precisa estender o programa a apenas 226.000

famílias, o que custaria 300 milhões de reais mensais aos cofres públicos.

Atualmente, o governo federal já destina um valor quatro vezes maior (1,2 bilhão de

reais mensais) ao pagamento de benefícios aos 12,7 milhões de inscritos no Bolsa

Família.

Bloco do candidato José Serra, páginas 78 a 81. Título: “Para Ele é Agora ou Nunca

mais”. Na página 79: Programas Sociais.

Serra tem sido um crítico do uso eleitoreiro que o PT faz dos programas sociais, mas

reconhece que eles tiveram um papel relevante para estimular o mercado de

consumo, em especial fora dos grandes centros, e lembra que o Bolsa Família é uma

evolução do Bolsa Alimentação, criado por ele no Ministério da Saúde, em 2001. Na

última fase da campanha, divulgou a promessa de elevar de 12 milhões para 27

milhões o número de famílias atendidas pelo Bolsa Família, além de instituir o

pagamento do 13º salário a quem recebe o benefício. Soa ótimo, mas, para isso, o

tucano precisa abrir o cofre.

Bloco da candidata Marina Silva, páginas 82 a 85. Título: “Verde com Coração

Vermelho”. Na página 83: Programas Sociais.

Marina defende a manutenção do Bolsa Família, mas com um diferencial: quer

oferecer aos beneficiários um plano para que deixem de depender da ajuda oficial. O

projeto incluiria cursos profissionalizantes de acordo com a demanda e as

potencialidades de cada lugar. E o estímulo para frequentar tais cursos viria,

segundo Marina, de uma orientação personalizada, caso a caso. Do ponto de vista

financeiro, o projeto se justifica. Investir em portas de saída para o programa fica

mais barato do que sustentar indefinidamente 12, 7 milhões de famílias. Falta ex

plicar, no entanto, como prover um serviço tão customizado em tamanha escala.

Edição 2186, de 13.10.2010, página 138. Coluna J.R.Guzzo. Título “Gente que fica”.

A crônica discute a questão da margem de erro na pesquisa, o que pode às vezes ser decisivo.

Refere-se ao fato de Dilma não ter vencido a eleição de 2010 logo no primeiro turno.

Havia a firme convicção, por exemplo, de que só um “cataclismo” prodigioso

impediria a vitória de Dilma no primeiro turno; seria, como dizem os especialistas, o

célebre “fato novo.” Mas não houve cataclismo nenhum, e nem por isso a candidata

do presidente Lula se livrou do mano a mano que terá de enfrentar no segundo turno.

(Houve, é certo, denúncias frescas de corrupção nos altos do governo e nos baixos

da sua preciosa “base aliada”; o país tomou conhecimento, inclusive, de uma pujante

bolsa-família em plena operação entre figuras do primeiríssimo time da

administração federal – esta, sim, uma bolsa que resolve os problemas de qualquer

família. É um fato, sem dúvida. Mas não tem nada de novo: na verdade é o pão

nosso de cada dia no governo deste Brasil para todos).

Edição 2187, de 20.10.2010, página 68. Coluna Panorama/Radar. “A tática do

medo”. “O PT prepara para a última semana de campanha uma investida pesada sobre os

52

beneficiários do Bolsa Família, ProUni e outros programas sociais do governo: o objetivo é

lançar no ar a ideia de que José Serra mandaria tudo isso para o espaço caso eleito.”

Edição 2187, de 20.10.2010, página 74 a 80. Coluna Brasil.Título: “Aécio move

Montanha.” “Daremos a vitória a Serra em Minas”. O assunto é o apoio e a suposta força

eleitoral de Aécio Neves em Minas; e como essa força renderá a vitória a José Serra. Pergunta

e resposta de Aécio, a Veja:

[Veja:] Como será a sua participação na campanha? [Aécio Neves:] Em Minas,

teremos duas agendas: uma sem Serra e outra com ele. A primeira envolverá as

lideranças locais. A segunda deverá ter início no dia 22, com uma viagem que

faremos juntos a Montes Claros, no norte do estado. Trata-se de uma cidade que

guarda muita semelhança com a Região Nordeste – recebe mais Bolsa Família e

Lula tem mais entrada. Em paralelo, Anastasia visitará o resto do estado.

Edição 2190, de 10.11.2010, página 49. Coluna Leitor. Carta de um leitor da

Nicarágua: “Pena, venceu o projeto de governo dos “mensalões”, da mentira, da maior

quadrilha no poder desde a monarquia. Mas também venceu o projeto do Bolsa Família. Pelé

e Charles de Gaulle tinham razão. Viva o povo brasileiro.”.

Edição 2190, de 10.11.2010, páginas 72 a 75. Coluna Brasil. Título: “As Faces e os

Desafios da Oposição”. No subtítulo da reportagem de Fábio Portela e Fernando Melo:

“Muitos petistas apostavam que o PSDB sairia das urnas aos farrapos. Não foi o que

aconteceu. Os tucanos perderam a eleição, mas têm boa chance de reencontrar seu rumo”. O

assunto tratado é o futuro do PSDB após perder a eleição presidencial de 2010. Na página 74:

Os próximos meses dirão se os tucanos assimilaram a lição dos últimos anos ou se,

mais uma vez, aguardarão as eleições para agir como se espera que ajam. Na

expectativa desta resposta estão quase 44 milhões de brasileiros que votaram em

José Serra e demonstraram nas urnas sua insatisfação com o governo petista. [...]

“Trata-se de um eleitorado que não pertence a sindicatos, não recebe o Bolsa

Família, nem sobrevive com repasses do governo.”, afirma Sérgio Guerra,

presidente do PSDB. “Não são os ricos como querem fazer crer o PT, mas são os

que acreditam que podem vencer na vida pelo próprio esforço”.

Edição 2190, de 10.11.2010, páginas 76 a 78. Coluna Brasil. Título: “A teoria da

Árvore em Pé”. Nesta página é mostrado o estranhamento pelo fato de Marina Silva não ter

alcançado a maioria dos votos no Pará, terra natal da ambientalista. Segundo a Veja, esperava-

se um duelo entre Dilma e Marina e deu Serra.

Analisar e interpretar com precisão o resultado de uma eleição é tarefa que consome

tempo e às vezes requer pesquisas aprofundadas de cientistas políticos e

historiadores. O Acre é um desses casos que merecem estudo. Governado pelo PT

há doze anos consecutivos, o estado serve como vitrine do partido para exibir

modelos de política de educação, integração social e meio ambiente. O Acre é um

cliente preferencial do governo federal, do qual recebe 70% de toda a sua receita e

53

no qual mantém cadastradas 60.000 famílias beneficiárias do Bolsa Família. É a

terra natal de Marina Silva do PV (Partido Verde), a surpresa da eleição, que obteve

quase 20 milhões de votos. Abertas as urnas, a surpresa: o tucano José Serra venceu

nos dois turnos – e, no segundo, com um placar acachapante: 69,67% dos votos

válidos, sua maior votação proporcional no país.

Edição 2192, de 24.11.2010, páginas 23 a 27. Entrevista com o governador de

Pernambuco, Eduardo Campos. Pergunta e resposta na página 27.

[Veja:] O Bolsa Família é um programa assistencial sem porta de saída. Até que

ponto ele é benéfico para o Nordeste, onde está o maior contingente de seus

beneficiários? [Eduardo Campos:] A necessidade de fazer um programa como esse é

sinal de que as coisas não estão bem. Uma parcela das pessoas que recebem o Bolsa

Família vai sair para o mercado de trabalho à medida que for sendo qualificada e a

economia crescer. Infelizmente muitas estão condenadas a receber o Bolsa Família

por um largo tempo. São pessoas que não comeram até um ano de idade, não

tiveram acesso à escola... Vamos precisar de tempo para corrigir essas

desigualdades. A porta de saída só aparecerá em duas gerações. É o preço que temos

de pagar para corrigir erros históricos.

Edição 2194, de 08.12.2010, páginas 84 a 86. Coluna Brasil. Título: “A bomba

demagógica”. Fala da PEC 300, projeto que cria um piso salarial para policiais. Há também

plano para aumento salarial do judiciário. São gastos não previstos no orçamento federal de

2011.Segundo a reportagem de Giuliano Guandalini e Larissa Tsuboi, “as propostas no

Congresso criam despesas de até 76,5 bilhões de reais. Seus autores sabem que elas explodem

as finanças nacionais. Mas a ambição política parece superar a lógica”. À página 85:

Com esse dinheiro, seria possível: construir 38 aeroportos com capacidade similar

de Guarulhos, custear o programa Bolsa Família durante cinco anos, bancar o

orçamento do Ministério da Saúde por um ano, aumentar em 140% o investimento

em infraestrutura previsto para 2011.

Edição 2196 de 22.12.2010, páginas 72 a 74. Coluna Brasil. Título: “Petistas contra

Petistas”. No subtítulo: “Deputados do PT decidem enfrentar Dilma Rousseff e vetam o

candidato da presidente eleita ao comando da Câmara. Eles exigem mais cargo no governo."

Reportagem fala das disputas internas no PT, no governo Dilma, para eleger o comando da

Câmara dos deputados e, também, pelos cargos nas diretorias de estatais. Página 73:

Os mineiros comandam o Ministério do Desenvolvimento Social desde 2004 e

esperavam manter o controle da pasta e do vistoso programa Bolsa Família na

gestão Dilma. Há duas semanas foram avisados de que a nova titular seria Tereza

Campelo, assessora da Casa Civil e mulher do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira.

Edição 2197, de 29.12.2010, páginas 260 a 265, na edição impressa, e 277 a 281 na

edição digital. A matéria é parte de uma série de reportagens da edição especial de Veja, sobre

os oito anos do governo Lula. O título da reportagem de abertura é: “Fecham-se as cortinas,

termina o espetáculo”. Os assuntos referentes aos programas sociais estão nas páginas 260 a

265 na edição impressa e 277 a 281, edição digital, com o título: “A vida melhorou”.

54

Subtítulo: “O mais valioso legado do governo Lula encontra-se na melhoria substancial do

padrão de vida dos mais pobres. Veja foi conferir o que mudou no cotidiano de alguns desses

brasileiros”. A matéria conta como o Bolsa Família operou mudança na vida de alguns

beneficiários do programa. A primeira história é a do cearense de Irauçuba, Raimundo Lima.

Em 06 de maio de 1998, o menino Raimundinho foi capa da edição 1545 da revista. Na foto,

o garoto ostenta um prato de feijão com arroz, recebido na cesta básica, doada pela prefeitura

sob a qual se lê na legenda: “Ainda bem que eu não tenho de comer calango”. Já em 2010,

pode-se ler outra realidade, na página 262(278):

O cearense Raimundo Lima apareceu na capa de Veja há doze anos como vítima

exemplar da fome crônica que abatia o país. Ele comia até mesmo calango para

sobreviver. Com a ajuda de uma brasileira generosa, que passou a lhe mandar uma

mesada, e a chegada do Bolsa Família, Raimundo conseguiu o que parecia

impossível: formou-se recentemente no ensino médio, já está empregado com

carteira assinada e faz um curso técnico à noite.” “Vou longe, quero cursar uma

faculdade de administração, continuar estudando e ter uma vida melhor”.

Ainda na página 262: “A história da desempregada Gilmara dos Santos Cerqueira

demonstra que o Bolsa Família não é panaceia para resolver a miséria no país. Baiana, mãe de

três filhos, beneficiária do programa, há quatro anos ela estava feliz e era eleitora modelo do

presidente Lula. O choque com a perda do emprego e a dificuldade de não conseguir outro

destruíram o otimismo de Gilmara. Ela continua recebendo o Bolsa Família, mas acabou

votando no tucano José Serra nas últimas eleições:” “Não quero dinheiro. Quero emprego”.

Na página 265, Veja faz uma nova visita à família de Mateus:

Mateus sofre de um tipo de desnutrição severa conhecida pelo nome tribal de

kwashiorkor, relativamente comum nas regiões mais miseráveis do continente

africano. [...] Quando Veja descobriu o caso de Mateus, em janeiro de 2002, ele

tinha três anos, mas se assemelhava a uma criança com metade de sua idade e

ostentava um peso de bebê.

Sobre Dona Marcelina, mãe de Mateus:

Dona Marcelina sempre viveu uma existência tão miserável que foi incapaz de

cuidar de si mesma – nem se fale de uma criança que exigia cuidados constantes. Ela

recebia 134 reais do Bolsa Família, porém como deixou de atualizar seu cadastro, os

pagamentos foram suspensos há cinco meses. Mateus se transformou numa criança

agressiva, com paralisantes dificuldades para se comunicar. Às vezes é flagrado

comendo terra. Está matriculado na escola, onde deveria cursar o terceiro ano do

ensino fundamental – mas, assim como os irmãos, deixou de ir à aula desde que

cessaram os pagamentos do Bolsa Família.

Histórias como essa mostram os limites da ação do Estado.

Mateus recebeu ajuda por meio do Bolsa Família, do programa de distribuição de

leite, dos professores da escola, dos vizinhos, do dono do supermercado. Ajudaram

todos que poderiam ajudar. O governo Lula também ajudou. Ainda que com muitas

falhas ele cumpriu a promessa de levar comida a esses brasileiros. A solução, porém,

iluminou o restante do problema: miséria não se resume à falta de comida. Ao

55

contrário de Seu Amaro, Raimundinho e até mesmo Gilmara, Mateus continua sem

salvação (Reportagem de Diego Escosteguy).

7.3 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2011, NA REVISTA VEJA

Edição 2198, de 05.01.2011, página 32. Coluna Leitor. Carta de uma leitora de

Cuiabá, Mato Grosso, comentando o posicionamento de uma entrevistada na edição 2197: “Se

todos os beneficiários do Bolsa Família tivessem a dignidade da desempregada Gilmara dos

Santos Cerqueira, com certeza teríamos um Brasil melhor”.

Edição 2198, de 05 de janeiro de 2011, páginas 68 a 75. Coluna Brasil. Título: “Dez

desafios na política.”A matéria fala do governo de coalisão adotado por Dilma Rousseff, os

conflitos entre os partidos dessa base e os desafios que a mesma enfrentará. A reportagem cita

10 desafios que deverão ser enfrentados. Na página 75, está listado o de nº 9:

Erradicação da Miséria. A redução do número de pobres e miseráveis no país é a

parte mais vistosa do legado do Presidente Lula. Durante a campanha eleitoral

Dilma definiu qual será sua contribuição para essa área. Sua meta é a erradicação da

miséria até 2015. Vai ser difícil. De acordo com os dados oficiais, há hoje cerca de

8,9 milhões de brasileiros vivendo na pobreza extrema. Boa parte deles, inclusive, é

atendida pelo programa Bolsa Família. O benefício, por si só, não é suficiente para

que eles deixem o estado em que se encontram. Existem ainda miseráveis que nem

são conhecidos pelo governo, como mendigos, ribeirinhos e indígenas que não têm

sequer registro civil. Há um esforço para tentar identificar esses desassistidos.

Encontrá-los e incluí-los no programa é o primeiro passo. Para fazer com que todos

deixem a condição de indigência, porém, é necessário ir além – muito além. É

fundamental, por exemplo, que se estabeleça uma política capaz de garantir

educação, qualificação profissional e acesso à saúde. Mostrar, enfim, que existe uma

porta em direção à dignidade.

Edição 2198, de 05.01.2011, páginas 86 a 94. Coluna Brasil. Título: “100 desejos

para Dilma”. A revista Veja promoveu uma enquete perguntando a 100 brasileiros, de 13

estados e de diferentes classes sociais, o que eles gostariam que a presidente fizesse nos 100

primeiros dias do mandato. Repostas com referência ao Bolsa Família: Página 91: “Ela

deveria criar um programa para dar emprego a quem recebe o Bolsa Família e proibir de

ganhar a ajuda quem não se esforça para trabalhar. Esse programa é uma esmola que está

deixando o povo preguiçoso” (Dominguinhos, 69 anos, sanfoneiro de Pernambuco). Página

94: “O Bolsa Família tem de ser mais rápido. Minha mãe está tentando desde 2004, mas

demora demais. O governo é muito lento. O dinheiro é pouquinho, são só 65 reais, mas

ajudaria muito” (Vendedora ambulante, 19 anos, de São Paulo).

56

Edição 2200 de 19.01.2011, página 68. Coluna Economia. Título “Faltam 40 bilhões

de reais.” A reportagem é sobre os gastos que o governo precisa fazer e ainda economizar

para alcançar o superávit primário. Segundo a reportagem as despesas previstas superam o

orçamento em 40 bilhões de reais.

São gastos definidos em lei (como no caso da saúde e da previdência) ou faturas que

precisam ser pagas mesmo que não sejam legalmente obrigatórias (como o

Benefício Bolsa Família, a conta de luz dos ministérios e o pagamento de juros da

dívida pública). Nessa contabilidade há pouco espaço de manobra.

Edição 2207, de 02.02.2011, página 32. Coluna Panorama. Título: “Bolsa Família”.

“O governo foi generoso com o benefício e aumentou-o em 20% em média. Dias antes,

fechou a mão com o salário mínimo: deu só 6,8%.”

Edição 2207, de 09.03.2011, páginas 54 a 55. Coluna Economia. Título: “Uma nova

lógica.”. Fala sobre o reajuste no valor do programa Bolsa Família. Páginas 54 e 55:

Em seus primeiros dois meses no Planalto, a presidente Dilma Rousseff indicou que

perseguirá dois investimentos centrais em suas políticas públicas econômica e

social: a infraestrutura e os jovens. Assim, espera-se dirimir duas das maiores

amarras no crescimento brasileiro, que são as deficiências no capital físico

(logística) e no capital humano (mão de obra qualificada). Em decisões recentes,

Dilma favoreceu essas duas áreas. Foi assim quando, no anúncio de corte de gastos,

procurou preservar os investimentos em infraestrutura. Outro exemplo nesse sentido

é o Bolsa Família, que beneficia um a cada quatro brasileiros. O programa não

apenas foi poupado da contenção de verbas como recebeu um orçamento adicional

para este ano. [...] A presidente anunciou na semana passada o maior reajuste dos

benefícios desde que o programa foi criado. Os valores recebidos pelas famílias

passarão a variar de 32 a 242 reais (hoje vão de 22 a 200 reais). O aumento médio

será de 19,4%, mas poderá chegar a 45,5% em alguns casos. [...] O Bolsa Família,

que nasceu como Bolsa Escola no governo Fernando Henrique, é reconhecido como

o mais eficiente programa social do país em termos de redução da pobreza e da

desigualdade.

No Brasil, aproximadamente 70% dos gastos, vão para os mais velhos, por causa das

despesas elevadas no sistema previdenciário. Nos últimos anos, entretanto, o

governo tem procurado suavizar essa curva, beneficiando as crianças. A estratégia

tem lógica: “Quanto mais se investe no início da vida de uma pessoa, menos se

gastará mais tarde diz José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio e

um dos idealizadores do programa. É nesse sentido que deve ser compreendido o

aumento do benefício pelo Bolsa Família”.

Edição 2216, de 11.05.2011, páginas 19 a 23. Entrevista com o filósofo Denis Lerrer

Rosenfield. Título: “O Estado não pode tudo”. Em defesa da liberdade individual Rosenfield

não concorda com a intromissão do governo na vida privada das pessoas. Pergunta e resposta

na página 23:

[Veja:] O senhor foi de esquerda e trabalhou para o PT. Como se define hoje

politicamente? [Denis Lerrer:] Sou liberal, mas aceito práticas da social democracia

em situações de miséria extrema. Tanto é que sou a favor do programa Bolsa

Família, desde que se crie igualdade de oportunidades para que todos os brasileiros

possam prover o seu próprio sustento. Não vejo problema nenhum em ser chamado

57

de direitista. Se direita no Brasil significa a defesa da liberdade pessoal, do estado e

do direito de propriedade, sou de direita, sim, com muito orgulho.

Edição 2216, de 11.05.2011, página 150. Coluna J. R. Guzzo. Título: “Mais um

portento.” A reportagem anuncia a emergência de uma nova classe social no Brasil: a classe

AAA. Segundo o cronista são pessoas ligadas à prestação de serviços ao governo,

controladores de ONGs e altos empregos e cargos nas empresas estatais. “No meio de todo o

ruído levantado nesses últimos tempos para saudar a subida da classe “C”, ou o aparecimento

da “nova classe média”, a verdade é que pouco se ouve falar de um fenômeno ainda mais

interessante – o surgimento de algo que se poderia descrever como a classe “AAA”. “Não se

trata, no caso, de qualquer dinheiro público. Nada de povão por aqui – não entram na classe

AAA, por exemplo, os brasileiros que vivem do Bolsa Família e de outras obras de caridade

do governo”.

Edição 2217, de 18.05.2011, página 26. Coluna de Maílson da Nóbrega. Título: “A

reforma agrária perdeu o encanto”. Para o cronista, a urbanização, a globalização e até mesmo

o advento do Bolsa Família, vem diminuindo a luta pela reforma agrária.

Acontece que a sociedade parece ter se cansado da agitação e dos atos de violência

do MST, como diz o pesquisador Zander Navarro. Não mais haveria demanda

significativa pelo acesso à terra. Já que a queda de atratividade do MST seria fruto

da ampliação do emprego e do Bolsa Família, cujos beneficiários pertencem aos

mesmos grupos recrutados pelo movimento.

Edição 2221 de 15.06.2011, páginas 100 a 104. Coluna Economia. Título: “Novas

metas para um novo Brasil.” Fala sobre o lançamento do livro “Brasil: a Nova Agenda

Social” da autoria de Edmar Bacha e Simon Schwartzman. A reportagem traz uma síntese dos

desafios e prioridades brasileiras, analisados pelos autores, nas seguintes áreas: educação,

saúde, previdência, combate à pobreza e violência. No item combate à pobreza, página 104 lê-

se:

Desafios: O Bolsa Família foi um dos passos mais efetivos dados pelo país na

redução da miséria e na redução da desigualdade social. É o tipo de medida

eficiente, que chega aos que realmente necessitam. São 13 milhões de famílias

atendidas e um custo de apenas 0,5% do PIB. Menos clara, contudo, é sua eficácia

na melhora na educação e da qualidade de vida futura dos beneficiários. Prioridades:

Para que se criem as famosas “portas de saída” e sejam rompidas as amarras da

dependência, será necessário ampliar as contrapartidas exigidas dos beneficiários. É

preciso dar estímulo aos filhos dessas famílias para que não se contentem com o

ensino básico. Uma das sugestões do especialista André Portela seria constituir uma

espécie de poupança a cujo saque os estudantes tivessem direito apenas quando dei

xassem o ensino médio, da maneira que já ocorre em Minas Gerais.

Edição 2240, de 26.10.2011, páginas 76 a 82. Coluna Brasil. Título: “A vingança

contra os corruptos”. A matéria é uma discussão sobre a corrupção no Brasil e como a mesma,

58

além de corroer os cofres públicos, deixa o país mais pobre. O assunto foi desencadeado pela

demissão, num curto período, de quatro ministros do governo Dilma, acusados de desvio de

recursos públicos. Estudo realizado pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo) revela que nos últimos dez anos foram desviados 720 bilhões de reais dos cofres

públicos. Quadros nas páginas 78 e 79 demonstram o que poderia ser feito com o dinheiro

desviado no valor de 85 bilhões de reais. Alguns e exemplos: formar 312.000 médicos, pagar

dezessete milhões de sessões de fisioterapia, construir 33.000 unidades de pronto atendimento

24 horas, tirar 16 milhões de pessoas da condição de miséria, pagar o Bolsa Família para 13

milhões de famílias, por mais de dois anos, dentre outros.

59

8. PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA REVISTA CARTA CAPITAL

Transcrevemos abaixo todas as alusões referentes ao programa Bolsa Família,

localizados na revista Carta Capital, no período 01 de janeiro de 2009 a 31.12.2011.

8.1 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2009, NA REVISTA CARTA CAPITAL

Edição 530, de 28.01.2009, páginas 8 a 15. Título: “25 anos depois”. A revista

preparou uma reportagem especial sobre os 25 anos do MST (Movimento dos Trabalhadores

Sem Terra). Em entrevista João Pedro Stedile, seu atual líder, comenta sobre os conflitos e

conquistas do movimento e as divergências com o governo do PT. Na página 10:

“Divergência. O governo afirma ter assentado mais de 500 mil famílias desde 2003. O MST

contesta: Lula fez menos neste quesito do que Fernando Henrique”. Excertos da entrevista às

páginas 14 e 15.

[Carta Capital:] “Segundo dados do próprio MST, há 100 mil famílias acampadas.

Se estas famílias forem assentadas, a reforma agrária estará concluída?” [JPS:] Não.

Há no campo, pelas estatísticas do IBGE e do PNAD, em torno de 4,5 milhões de

famílias pobres. O novo modelo agrícola tem de incorporar essa massa. Os 100 mil

na beira das estradas são os teimosos, os que entraram no MST por indignação. Vi

nestes dias uns dados do IPEA sobre os benefícios dos programas sociais. São 17

milhões de famílias cadastradas. Do total 12 milhões recebem a Bolsa Família. Os

demais recebem vale-gás, luz etc. Neste universo, 79% dos chefes de família estão

desempregados. Os programas sociais mantêm o sujeito vivo, mas não o torna

cidadão.

Edição 533, de 18.02.2009, página 29. Coluna Andante mosso. Título: “É melhor

dividir”. “A crise financeira tem efeitos claros na desigualdade de renda no Brasil, em

avaliação feita pelo economista Marcelo Neri”.

“É uma desconcentração não pelos bons motivos, mas pelo fato de os mais pobres

estarem perdendo menos que os mais ricos”, diz ele. Para Neri, o mercado interno,

simbolizado pela nova classe média, será fundamental na fase de ajustamento que a

bússola de 99 entre 100 economistas apontam. [...] Há um “efeito Lula”, nesse

processo. Isso ficará ainda mais claro em 2009. “A ampliação do programa Bolsa

Família e da faixa de proteção do seguro-desemprego, além do aumento do salário

mínimo, vai determinar maior redução da desigualdade”.

Edição 536, de 11.03.2009, página 49. Coluna Andante Mosso. Título: “Sob

suspeita”.

60

Até agora fracassou a missão dos repórteres escalados para encontrar no Recife, o

restaurante no Bairro Brasília Teimosa onde trabalhava o suposto garçom que,

segundo o senador Jarbas Vasconcelos, abandonou o emprego e foi viver com os

recursos do Bolsa Família. Isso foi o que ele contou a Veja para desmoralizar o

programa. Agora, a história fica sob suspeita até que Jarbas dê o nome do garçom e

do restaurante.

Edição 537, de 18.03.2009, página 8. Coluna Brasiliana. Título: “Garçom, procura-

se”. A reportagem tem o objetivo de localizar um garçom, na cidade de Recife, que, segundo

o Senador Jarbas Vasconcelos, saiu do emprego depois que passou a receber o benefício

Bolsa Família. Palavras do senador:

Há um restaurante que frequento há mais de dez anos no Bairro de Brasília Teimosa,

no Recife. Na semana passada, cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me

atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e

outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família.

A revista Carta Capital deslocou-se até o bairro citado, procurou, mas não conseguiu

notícias sobre o garçom. Localizou um restaurante no qual foi perguntado ao dono: “Jarbas

Vasconcelos vem sempre aqui?” Resposta: “Antes ele vinha, há muito tempo. Quem veio

agora foi Dilma”. Ainda sobre o mesmo garçom, na página 09:

Quando partia para o décimo primeiro restaurante, me ocorreu uma comparação. O

piso de um garçom, no Recife, é o salário mínimo, 465 reais. O piso. Mas os garçons

recebem gorjetas, e 10%, e refeições. Se trabalham em restaurantes do nível a que

Jarbas e políticos do gênero frequentam, podem chegar a 2 mil reais por mês, sem

muito esforço. Por outro lado, o site da Caixa econômica Federal, no capítulo

referente ao Bolsa Família, informa: Básico – concedido às famílias em situação de

extrema pobreza. O valor desse benefício é de 62 reais mensais, independente da

composição e do número de membros do grupo familiar.

Edição 539, de 01.04.2009, páginas 36/37. Coluna Seu País. Título: “Serra é ainda a

transição”. Entrevista com o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra, a Maurício Dias. Fala

sobre o lançamento do livro, de sua autoria, Daquilo que Eu Sei de Tancredo e a transição

democrática. Pergunta da revista: “O Programa Bolsa Família não melhorou nada aí no

Nordeste?” Resposta: “Melhorou. Melhorou e muito, mas é apenas uma ajuda e não uma

transformação”.

Edição 545, de 13.05.2009, páginas 42 a 47. Coluna Rosa dos Ventos. Título:

“Pequeno, mas importante”. A reportagem tem como base os ataques da imprensa ao

programa Bolsa Família e o pedido de Lula, ao então presidente do Ministério do

Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, para que este explicasse a finalidade do programa e

ouvisse da imprensa as razões das críticas (página 42):

Patrus saiu a campo e voltou com a resposta: [...] Presidente, em geral todos julgam

que é investimento demais em um programa social.

61

Em quase todo o país, 11 milhões de famílias (quase 53 milhões de pessoas) são

atendidas pelo programa. Após uma trégua, os ataques voltaram. Nos últimos dias, o

jornal O Globo desferiu três petardos contra o Bolsa Família. No primeiro, apontou

o número de beneficiados; em seguida, ouviu políticos e acadêmicos dizerem que o

programa não criava “porta de saída” para a dependência e, por fim, apresentou o

resultado de um trabalho do Tribunal de Contas da União, que descobriu

oportunistas entre os beneficiários. Uma tocaia articulada. [...] O tom do primeiro

texto era a dimensão do alcance do programa. Em manchete alarmista, anunciou que

o Bolsa Família beneficia mais da metade dos moradores de seis estados. O Globo

bateu o escanteio para um historiador do interior do estado cabecear: “É um número

assustador.Isso vai ter uma influência decisiva em qualquer processo eleitoral”. Ele

errou o gol. “A cegueira social dos críticos é incapaz de deixá-los perceber a única

constatação que nasce de uma pergunta realmente assustadora: que país é esse onde

um em cada três brasileiros (em 2010) dependerá do dinheiro do programa para

sobreviver? “A mesada é modesta, mas importante. Ela impede que a alma dessas

pessoas se separe do corpo”. Além disso, abre um caminho de esperança para as

crianças. Estudo feito pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de

Minas Gerais, com base em números do IBGE, mostra o impacto do Bolsa Família

na educação. Entre o público de sete e 14 anos atendido pelo Bolsa Família, a taxa

de frequência escolar é de 3,6 pontos porcentuais acima da observada no conjunto

dos não beneficiários. No público feminino, essa diferença chega a 6,5 pontos

porcentuais e, no Nordeste, alcança 7,1 pontos porcentuais.

Edição 545, de 20.05.2009, página 46 e 47. Coluna Nosso Mundo. Título: “Bênção

ou Maldição?”. Entrevista com o Nobel de Economia de 2006, Edmund Phelps. Pergunta de

Carta Capital:

O senhor já se mostrou favorável a programas de complementação de renda como o

Bolsa Família. É melhor seguir com ele, ou apostar mais na educação tecnológica?

Resposta: “Se for para abandonar o Bolsa Família, nunca. Este não seria um avanço,

e, sim, um terrível passo atrás. Quanto à educação tecnológica, particularmente

prefiro mais pessoas recebendo educação básica. Quando o jovem estiver nessa

profissão, e somente a partir desse ponto, tudo bem buscar educação de perfil mais

técnico. Melhor é cada vez mais crianças a receber uma educação generalista de

mais qualidade nos primeiros anos, que aprendam filosofia, literatura, ciências

humanas, idiomas, que receba um empurrão e um “boa sorte” e sejam deixadas

soltas no mundo para promoverem a inovação.

Edição 546, de 20.05.2009, páginas 26 a 30. Coluna Seu País. Entrevista com Dilma

Rousseff, enquanto ministra. Título: “A ministra Tranquila”. Dilma fala sobre o recente

tratamento ao qual foi submetida, em virtude de um câncer linfático. Acredita nos médicos

que dizem que a mesma está curada. A entrevistada fala sobre vários assuntos, sobre

lideranças femininas que estão surgindo na América Latina, a exemplo de Bachelet, no Chile,

mas não quis comentar sobre a sua suposta candidatura à presidência da República. Na página

28, pergunta da Carta Capital e resposta da ministra:

[Carta Capital:] O Brasil anda muito celebrado no exterior. É um reconhecimento

das nossas potencialidades ou simplesmente certo “encantamento” com o Lula?

[Dilma:] O Lula é encantador, sem sombra de dúvidas. E por que ele encanta? Muita

gente no exterior percebe que o governo Lula conduz um projeto consistente para o

Brasil. Há, é claro, a trajetória ímpar do presidente. Das condições em que ele saiu

para presidir um país como o nosso. O título da biografia escrita pela Denise Paraná

é preciso. O Lula é filho do Brasil. Mas o mundo também percebe os efeitos de uma

62

política que combina estabilidade, crescimento, distribuição de renda e mobilidade

social. Mostramos a grande capacidade de ir para frente, de conseguir fazer uma

nação para 190 milhões de cidadãos e não para uma minoria. O Bolsa Família é

importante, mas essa mobilidade deu-se também por meio do acesso crescente ao

crédito.

Edição 547, de 27.05.2009, páginas 42 a 45. Coluna Política Nacional. Título: “Lula

e seu povo”. A reportagem versa sobre Lula e o repórter exprime sua opinião sobre a figura

pública desde o início de sua carreira no ABC paulista. A menção ao Bolsa Família é expressa

na página 44:

Não me comovi com o Bolsa Família, conquanto lhe reconheça alguns méritos. De

monta discutível, de todo modo. Em contraposição, assisti à tomada de medidas que

favoreceram a onda neoliberal e obstaram a produção, conforme o figurino

finalmente demolido pela crise global.

Edição 547, de 27.05.2009, páginas, 46 a 48. Coluna Política Nacional. Título: “O

jabuti se move”. A coluna aponta nove figuras políticas do executivo, legislativo e

judiciário.Menciona, com ironia, o Bolsa Família e a relação dos seus beneficiados com o ex-

presidente Fernando Henrique Cardoso: “Muita popularidade nas salas Vips dos aeroportos.

Incompreendido pela tigrada que depende do Bolsa Família. [...] Infelizmente, a massa ignara

e comprada pelo Bolsa Família não entende o papel de estadista do sociólogo e principal líder

do PSDB”.

Edição 547, de 27.05.2009, páginas 68 a 71. Coluna Atores Sociais. Título: “O sal da

terra”. A reportagem é sobre o MST e a situação do movimento à época. O Bolsa Família é

mencionado como um programa que ajudou a conter o fluxo de migração de famílias, para o

movimento MST. Na época o programa foi ampliado aos sem-terra. Menção ao programa:

“As cestas básicas, o Bolsa Família e o programa de financiamento à agricultura familiar

contiveram o fluxo. Mesmo assim, 100 mil famílias ainda vagam por acampamentos de sem

terra, à beira das estradas.”.

Edição 550, de 17.06.2009, páginas 24 a 28. Coluna Seu País. Título: “Onde está o

piloto?” A reportagem versa sobre a eleição presidencial que se aproxima; fala sobre os

índices das pesquisas eleitorais de Dilma Rousseff e dos demais candidatos. Menciona as

estratégias que, segundo a matéria, serão utilizadas pelo PSDB, conforme instrução do

professor Drew Westen, autor do best seller de neurociência cognitiva, O Cérebro Político

(The Political Brain). A principal mudança na campanha será o uso do programa Bolsa

Família como instrumento de captação de votos. O PSDB então passará a elogiar o programa:

63

À frente da tropa, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE),tinha a missão

de tentar unificar um discurso disperso, baseado numa posição nunca assumida,

sobre um assunto sobre o qual nenhum deles tinha a menor vontade de se debruçar;

o BF, carro-chefe dos programas sociais do governo Lula. [...] Na impossibilidade

de repisar a crítica de que o programa é uma fábrica de vagabundos, combinaram o

seguinte. Daqui para frente, é preciso dizer que o Bolsa Família é uma ideia tucana,

por ser resultado da unificação de diversos outros projetos de distribuição de renda

criados durante os mandatos do ex-presidente FHC, entre 1995 a 2002 [...].

Edição 554, de 15.07.2009. Propaganda Oficial do Governo, páginas 2 e 3. Título:

“Com comida e estudo, meus filhos têm futuro”. Sobre a imagem de uma família abraçada e

feliz, uma mãe menciona que alimenta melhor seus filhos com o Bolsa Família. No verso, a

propaganda informa que a pobreza extrema do país foi diminuída em 40%, obtendo a

melhoria da vida de 11 milhões de famílias. Menciona, também, que o programa foi

considerado pela OIT – Organização Internacional do Trabalho, como o melhor programa de

distribuição de renda, com condicionalidade do mundo.

Edição 555, de 22.07.2009, página 13. Coluna Andante mosso. Dentre várias notas, a

coluna destaca sobre o título “A voz da maldade”:

A oposição, vocalizada pela imprensa, apelidou de “pacote de bondades”, com

objetivo eleitoral, o aumento para os servidores, o novo salário mínimo, a ampliação

do Bolsa Família e o ganho, acima da inflação, para aposentados com salário

mínimo. A lista é um flagrante da (moderada) distribuição de renda feita por Lula.

Mas isso soa mal aos ouvidos dessa gente.

Edição 557, de 05.08.2003, página 13. Coluna Andante mosso. Sob o título “Impacto

zero II”, são mencionadas as pesquisas sobre a popularidade do então presidente Lula, após a

repercussão do seu apoio ao presidente do Senado, José Sarney, que se encontrava sob

acusação de irregularidades no chamado “atos secretos do senado”. Menciona as pesquisas

telefônicas feitas pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), entre os

dias 22 e 23 de julho de 2009:

Segundo Márcia Montenegro, diretora do Ipespe, foram feitas mil entrevistas com

integrantes das classes A, B, C e da classe D+ e, posteriormente, houve exercícios de

ponderação consideradas as faixas de instrução e renda. Fora do alcance dessa

pesquisa ficaram os brasileiros mais pobres das zonas rurais e das pequenas cidades.

Uma faixa da população potencialmente mais beneficiada pelo Programa Bolsa

Família. Com a opinião deles o resultado certamente seria melhor para o governo.

Edição 560, de 26.08.2009, página 10. Coluna Rosa dos Ventos – por Maurício Dias.

Título “Um debate falso”. No contexto da candidatura de Dilma Rousseff e eleições próximas,

a notícia é sobre uma agenda eleitoral da oposição estimulada pela mídia, onde há uma série

de acusações ao governo Lula, e por consequências, manchetes dos jornais:

64

A oposição, arrastada pelo passe livre que tem na mídia adota um princípio primário

e equivocado: quanto mais as coisas pioram, melhores se tornam. Por isso, faz

sentido o esforço oposicionista para ignorar a agenda real do país. O governo

oferece à sociedade o PAC, Bolsa Família, Unasul, ProUni, Cotas, os programas de

luz e moradia popular, além do não alinhamento automático com os Estados Unidos,

entre outras iniciativas políticas. [...] A oposição reage com uma agenda de política

eleitoral, travestida de discurso ético. Destaca uma quarta-feira, 19/08/2009,

“enquanto se trombeteava a denúncia vazia e suspeita de Lina Vieira, o governo

anunciava que o Programa Bolsa Família atingia a marca de 573 mil famílias

beneficiadas”.

Edição 561, de 12.09.2009, páginas 48 a 50. Coluna Infraestrutura/Habitação. Título:

“Torneiras Abertas”. A coluna se refere à entrevista de Jorge Hereda, vice-presidente da

Caixa Econômica Federal – CEF, concedida a Roberto Rockmann. Pouco antes das questões,

o repórter discorre sobre a atuação da CEF e destaca que entre as atribuições do entrevistado

na Caxia “está a de acompanhar as linhas de crédito do Programa BF e aquelas ligadas a

projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”.

Edição 562, de 09.09.2009, páginas 46 a 49. Coluna Infraestrutura/Micro e pequenas

empresas. Título: “Verdadeiros self-made men”. Artigo, por Luiz Antônio Cintra. No artigo se

menciona iniciativas como a do Banco do Nordeste do Brasil, o BNB, voltadas a pessoas

físicas que atuam como autônomas. O superintendente do BNB, Stélio Gama Lyra Júnior cita

o Bolsa Família como um fator que propiciou aumento de consumo de produtos no Nordeste,

e neste caso cita a região de Caruaru, mais especificamente em Toritama, conhecida como a

capital nacional do jeans. Segundo Lyra, na página 49, “a cidade convive com o “pleno

emprego”. Nesse caso, a explicação para o bom desempenho está associada à melhora na

renda disponível ao consumo das fatias de renda mais baixa, impulsionadas pelo Bolsa

Família e o aumento real do salário mínimo.”.

Edição 563, de 16.09.2009, páginas 76 a 78. Coluna Ideias. Título: “Sem fatalismo”,

por Sérgio Lirio. A reportagem é sobre corrupção e a percepção da população sobre a mesma.

São apresentados quadros com resultados da segunda pesquisa “Interesse Público e

Corrupção”, encomendada ao VoxPopuli pelo Centro de Referência do Interesse Público

(Crip), ligado à Universidade Federal de Minas Gerais. O coordenador do Crip e Professor do

Departamento de Ciências Políticas, Avritzer comentou o resultado das pesquisas e

especialmente de uma das perguntas mais específicas do levantamento. A questão indicou que

Apesar de 97% considerarem a corrupção no País muito grave ou grave e 72%

acreditarem que ela aumentou nos últimos cinco anos, a tese de que o governo Lula

é o “mais corrupto” encontra pouco eco. Apenas 15% dos entrevistados creem ter a

roubalheira no setor público se agravado durante a administração do petista. Já 75%

acham ter havido, na verdade, um aumento na apuração de casos antes escondidos.

Pasmem os editorialistas e colunistas da mídia sulista: não são os nordestinos, os

65

menos instruídos e os beneficiários do Bolsa Família a sustentar essa visão. No

Sudeste, 77% dos entrevistados concordam com a tese do “combate do aumento à

corrupção no atual governo”. No Nordeste o índice foi de 73%.

Edição 565, de 30.09.2009, página 51. Coluna Sextante. Delfim Netto. Título:

“Menos desigualdade”. A reportagem é uma análise de governo do então Presidente Lula,

pelo ex Ministro Delfim Neto, após a crise mundial denominada Setembro Negro. A

referência ao Bolsa Família se fez num contexto de reconhecimento de sua extensão ao citar

que “O combate à fome, com o atendimento do BF a 15 milhões de pessoas situadas nos

estratos mais pobres da população, é um êxito inegável, reconhecido internacionalmente.” o

que faz referência com base no resultado de pesquisas realizadas pelo IBGE, através do Pnad

(Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílios).

Edição 569, de 28.10.2009, página 21. Coluna Andante mosso. A coluna traz várias

notas e a que está sob o título “Inclusão bancária” faz referência ao Bolsa Família como

instrumento para inclusão de pessoas no sistema bancário, uma vez que: “Mais de um milhão

de pessoas, de um universo de quatro milhões previstos, já foram integradas na rotina das

transações bancárias pela Caxia Econômica, a única instituição a pagar o Bolsa Família”.

Edição 570, de 16.11.2009, página 16. Coluna Rosa dos Ventos. Título: “O soneto e

a emenda”. A reportagem de Mauricio Dias faz referência a uma manchete publicada no

jornal O Globo, sob o título “Bolsa Família inibe a expansão do emprego formal no interior”.

A manchete de O Globo fazia referência desfavorável ao Bolsa Família, enquanto que o

interior da sua reportagem mostrava uma contradição expressa da matéria em relação à

manchete. Isto fica claro quando o jornal menciona que “a precariedade do emprego formal

nessas cidades – municípios pobres, com população abaixo de 30 mil habitantes – não tem

relação direta com a concessão do Bolsa Família”.Carta Capital informa ainda, que a maioria

das lojas não assina a Carteira de Trabalho de seus empregados e a exploração de mão de obra

barata, ainda é prática no Nordeste do país. A cidade por referência da reportagem, do jornal

O Globo, é Getúlio Vargas, no Maranhão. Mauricio Dias corrige as informações negativas,

sugeridas pelo jornal, com dados estatísticos que demonstram o impacto positivo do

programa, e esclarece o leitor sobre os valores que constituem o benefício por família, à

época.

Edição 573, de 25.11.2009, página 22. Na coluna A semana, uma das notas sob o

título “Uma reunião esvaziada”, faz referência à reunião da Cúpula Mundial de Alimentação

da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), ocorrida em

66

Roma. A reportagem faz uma crítica sobre a ausência dos líderes dos países componentes do

G-8 – salvo Berlusconi, que era o anfitrião. Segundo Carta Capital, os países ricos se

recusaram a investir 44 bilhões anuais, na ajuda à agricultura dos países pobres, após

destinarem mais de 10 trilhões de dólares, para resgatar seus bancos. Sobre a participação do

Brasil:

Até por absoluta falta de concorrentes, Lula brilhou como astro principal. Propôs aos

africanos transferência de tecnologia agrícola brasileira e teve programas como o

Bolsa Família citados por Ban-Ki-moon como exemplo de combate eficaz à fome no

mundo. Reduziu a mortalidade infantil em 45%, a desnutrição infantil em 62% e

retirou 20 milhões da pobreza, antecipando a meta de 2015 e transformando os

excluídos em mercado de consumo, o qual ajudou a minimizar o impacto da crise

global no País.

Edição 573, de 25.11.2009, página 24. Ainda uma nota na coluna A semana, sob o

título “O dinamismo do emprego” faz referência ao Bolsa Família como um dos fatores que

contribuíram para o reaquecimento da economia, à época.

O País já criou mais de um milhão de vagas neste ano. [...] A indústria foi o setor

que mais se destacou, abrindo 74,5 mil novos postos, seguida por comércio e

construção civil. A transferência de recursos à população de baixa renda, a partir de

programas como o Bolsa Família, e o aumento progressivo do salário mínimo são

fatores que contribuíram para o reaquecimento da economia.

Edição 575, de 09.12.2009, páginas 60/61. Título: “Um golpe maquiado”. A coluna

Nosso mundo trata das eleições de Honduras. Faz referência ao Bolsa Família, por ter sido

elogiado pelo então candidato, Porfirio Lobo,que demonstrou interesse de vir ao Brasil, para

conhecer o programa.

8.2 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2010, NA REVISTA CARTA CAPITAL

Edição 578, de 13.01.2010, páginas 52 a 53. Coluna Economia. Título: “Não

percamos o espírito crítico”. Aqui o economista Luiz Gonzaga Belluzzo chama a atenção para

alguns pontos sobre a condução da política econômica brasileira, no contexto incerto da

globalização. O professor Belluzzo acredita que “o Brasil está pronto para avançar na

modernização. Trata-se de aproveitar a oportunidade”. Com referência à proteção social, na

página 53:

Agora as políticas sociais. Discordo dos que consideram o Bolsa Família e outras

ações do governo Lula, como o ProUni, “assistencialistas” para não falar da política

de valorização do salário mínimo. Os avanços na redução das desigualdades e o

67

incremento das oportunidades foram significativos diante do horror da miséria

absoluta e da fome, do bloqueio sistemático do ensino superior aos “de baixo”. Mais

ainda é pouco, se considerados os anseios da liberdade, da igualdade e da dignidade

do homem contemporâneo.

Edição 590 de 07.04.2010, páginas 50 a 52. Coluna Brasil Dinâmico Título: “Uma

revolução possível”. Subtítulo: “O programa cria um novo paradigma de política social no

Brasil, diz Marcelo Néri da FGV.” Em entrevista na Carta Capital o economista Marcelo

Néri ressalta a importância do microcrédito para o pequeno empreendedor do Brasil.

[Carta Capital:] O microcrédito é uma ferramenta eficaz de inclusão social?[Marcelo

Néri:] É uma experiência com diversos ingredientes interessantes. Estudamos o

impacto do CrediAmigo, o maior programa do Brasil com 65% do mercado.

Conduzido por um banco público ele pode ser visto como um novo paradigma de

política pública social no Brasil. [...] Estamos diante de uma política social diferente

de um programa de transferência de renda como o Bolsa Família. O microcrédito

tenta levar os mercados aos pobres , não os pobres aos mercados.

Edição 591, de 14.04.2010, página 14. Coluna A Semana. Título: “Corrupção sem

limites”. A reportagem fala de desvios de recursos do Programa Bolsa Família:

Entre 2008 e 2009, o Ministério do Desenvolvimento Social repassou 1,4 milhão de

reais para que o Distrito Federal administrasse, na região, o Bolsa Família, principal

programa social do governo Lula. Mas a auditoria do governo federal aponta que,

durante a gestão de José Roberto Arruda, ao menos 1 milhão foi usado em

alambrados e cercas na Secretaria do Desenvolvimento Social.“Detectamos a

aquisição de alambrados para cercar as unidades da secretaria, desvirtuando as

finalidades do programa, que consiste no apoio à gestão do Bolsa Família”, informa

o relatório da Controladoria Geral da União (CGU). Segundo a matéria as propostas

aceitas para execução da obra foram 64% acima do preço mais barato oferecido.

Edição 592, de 21.04.2010, páginas 54 a 56. Coluna Ideias. Título: “O enterro das

ilusões”. Entrevista com a secretária-executiva da CEPAL (Comissão Econômica para a

América Latina), Alícia Bárcena. A entrevistada defende que o mundo precisa de mais e

melhor participação do Estado. A mesma propõe afastar a ideia de que o mercado e a autor

regulação seja a solução dos problemas.

[Carta Capital:] Há quem acuse de assistencialistas esses programas de

complementação de renda. [Alícia Bárcena:] Nós na Cepal, temos muito claro que

são uma parte essencial da política social. A comissão estudou a fundo o chamado

Bolsa Família no Brasil, o Chile Solidário – há 17 países que aplicam esses

programas. E é mínimo o investimento de dinheiro público diante do tremendo

benefício social que tiveram. Foram eficazes em tratar de complementar a renda das

famílias mais pobres ante uma razão de dependência menor. É inegável a

importância desses programas ao dar prioridade à alimentação infantil, porque se

investe na geração seguinte. [...] O Bolsa Família confere maior poder às mulheres,

pois a renda adicional se dá a ela.Isso é muito interessante.

Edição 594, de 05.05.2010, páginas 22 a 25. Coluna Ideias. Título: “Crescimento é

palavrão”. A reportagem trata das medidas tomadas pelo Ministério da Fazenda para conter a

possibilidade da volta da inflação. Sobre o tema em estudo, temos na página 23:

68

De acordo com Khair48

, o dinheiro investido nos últimos anos em programas de

distribuição de renda, como o Bolsa Família e a valorização do salário mínimo, tem

efeito muito mais rápido sobre a economia do que boa parte dos investimentos de

longa maturação. "Não parto, a priori, de que não se pode crescer acima de um

determinado nível. Ao dar estímulos à base da pirâmide social, o governo criou

condições para a autossustentação de um crescimento mais forte”, diz.

Edição 598, de 02.06.2010, página 62 a 66. Coluna Ideias. Título: “Preces de

resistência”. Entrevista com o pensador Alfredo Bosi. Bosi fala do lançamento do seu livro

“Ideologia e Contra ideologia”, no qual retrata uma história dos interesses de classes

apresentados ideologicamente como interesses gerais. Para ele o populismo foi um mal

necessário no Brasil. Pergunta e resposta na página 64:

[Carta Capital:] Onde estariam as mentes contra ideológicas reformistas na

atualidade brasileira? [Alfredo Bosi:] Aqui seria preciso fazer uma análise

minuciosa das iniciativas do governo nos últimos oito anos, até antes, para verificar

se esta cunha contra ideológica está não apenas na universidade, se ela penetrou na

mentalidade de alas políticas. Conhecemos as interessantes iniciativas do governo

Lula como o Bolsa Família. Agora o Estado contempla o doador do trabalho, aquece

a economia pela via do consumidor popular. Esta é uma ideia reformista, crítica da

posição contrária, que contempla o empresário, o banqueiro. Não sou economista,

mas vejo como as coisas estão acontecendo. E espero que continuem acontecendo.

Edição 599, de 09.06.2010, páginas 26 a 32. Coluna Seu país. Entrevista com a pré-

candidata à presidência da República Dilma Rousseff. Título: “Dilma solta o verbo”. A então

ministra da Casa Civil fala sobre continuidade das políticas de Lula, drogas, papel do Estado e

reforma agrária. Na página 29, a pergunta e resposta aqui destacada, com o tema Bolsa

Família, é uma continuação da anterior, sobre a possível erradicação da pobreza extrema em

2016:

[Carta Capital:] Mas qual vai ser o caminho: A ampliação dos programas sociais ou

o crescimento? [Dilma:] As duas coisas. O aumento da renda em 70% se deve à

formalização do trabalho. O fato de manter uma taxa de crescimento e torná-lo

sistemático formaliza o trabalho. Mas quem ganha até um quarto de salário mínimo

teve programas sociais de dois tipos: tem o de proteção da renda, que é o Bolsa

Família, e tem programa social com certa perenidade. Exemplo, na área rural, onde

se concentra um grande número de miseráveis, fizemos a política de agricultura

familiar, multiplicamos por cinco o financiamento, criamos assistência técnica. E

teve outro programa que beneficiou a pobreza rural no Brasil, o Luz para Todos. [...]

A grande política do meu período é manter essa política rural e chegar a uma

questão fundamental: as cidades. As cidades no Brasil são local das desigualdades.

Edição 605, de 21.07.2010, página 10. Coluna Rosa dos Ventos. Título: “O intruso

no Clube dos eleitos”. O tema da reportagem é a disputa pela eleição presidencial em 2010,

mas o que nos interessa é o quadro sobre a redução da pobreza:

48

Amir Khair é mestre em Finanças Públicas pela Fundação Getúlio Vargas e ex-secretário de finanças da

Prefeitura de São Paulo.

69

TABELA 2 - TAXA DE REDUÇÃO DA POBREZA POR REGIÃO NO BRASIL ENTRE 1995 E 2008.

Taxa de redução da pobreza

1995/2008

Queda no período

(%)

Sul

Pobreza absoluta 47,1

Pobreza extrema 59,6

Sudeste

Pobreza absoluta 34,8

Pobreza extrema 41,0

Nordeste

Pobreza absoluta 28,8

Pobreza extrema 40,4

Centro Oeste

Pobreza absoluta 12,7

Pobreza extrema 33,7

Norte

Pobreza absoluta 14,9

Pobreza extrema 22,8

Fonte: Ipea

FONTE: Revista Carta Capital, Edição 605, 2010.*

NOTA: A revista informa como fonte o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Edição 606, de 28.07.2010, páginas 56 a 58. Coluna Ideias. Título: “Renda

mínima para todos?” A reportagem aborda a discussão de um projeto de garantia de

renda mínima que vem sendo defendido no mundo, pela ala de centro-esquerda. O

assunto tem sido objeto de seminários acadêmicos. No Brasil o maior defensor da ideia é

o ex-senador Eduardo Suplicy, que teve o seu projeto de lei 10.835 aprovado pelo

Congresso e sancionado pelo então presidente Lula em 08.01.2004. Ainda é um assunto

polêmico, mesmo no âmbito da esquerda. Para os críticos poderá ocorrer o esvaziamento

dos demais programas de proteção social, que visam não só a distribuição de recursos

para a formação da cidadania. Conforme página 56:

Pouca gente se deu conta, mas desde 2004 a garantia de renda mínima a cada

cidadão brasileiro virou lei no País, quando foi aprovada no Congresso o

projeto do Senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Visto de fora, o Brasil virou um

caso exemplar, apontado como paradigma por ter colocado o programa na

Constituição, mas também pela escala que o Bolsa Família tomou, atendendo

atualmente um universo de 12 milhões de famílias.

Edição 606, de 28.07.2010, página 16. Coluna A Semana. Título: “Um arsenal

anti-pobreza”. Fala de um estudo do IPEA sobre o peso dos programas sociais no bolso

dos brasileiros.

O Brasil teria 21,7 milhões de habitantes em situação de pobreza a mais se não

fossem os programas de transferência de renda, de acordo com um estudo

divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O

trabalho analisou os efeitos de 30 anos de benefícios previdenciários e de

assistência social sobre o rendimento da população. As projeções mostram que,

se hoje 18,7 milhões de brasileiros sobrevivem com renda domiciliar inferior a

70

um quarto de salário mínimo por mês, sem o reforço orçamentário de

iniciativas como o Bolsa Família esse número chegaria aos 40,5 milhões de

pessoas.

Edição 619, de 27.10.2010, página 16. Coluna Rosa dos Ventos. Título:

“Desconstrução do preconceito”. A matéria tenta desconstruir a ideia sobre um assunto

recorrente durante a campanha para eleição presidencial em 2010: o voto no PT no

Nordeste é fruto do programa Bolsa Família:

Para entender melhor o resultado do primeiro turno da eleição presidencial e

projetar o resultado final do confronto entre Dilma e Serra, no dia 31 de

outubro é preciso falar do velho preconceito contra o Nordeste plantado nos

corações e mentes de parte da elite das regiões Sul e Sudeste. O “Sul

Maravilha”, conforme batismo do cartunista Henfil, um ícone do petismo

aguerrido e ortodoxo. [...] Para esse pessoal, o voto no Nordeste foi comprado

pelo Bolsa Família. Ninguém oferece uma contribuição melhor para a

compreensão dessa questão do que a professora Tânia Bacelar, da

Universidade Federal de Pernambuco. Os argumentos dela não se sustentam no

compromisso político. Ela mostra que os beneficiários do Bolsa Família “não

são suficientemente numerosos para responder pelos porcentuais elevados

obtidos por Dilma no primeiro turno: mais de dois terços dos votos no

Maranhão, Piauí e Ceará e mais de 50% nos demais estados e cerca de 60% no

total.” Ainda, segundo Bacelar, houve um incremento em várias outras áreas

da região Nordeste por parte do Governo Lula: o dinamismo do consumo

atraiu investimentos para a região, como a instalação de grandes redes de

supermercado, magazines e indústrias alimentares. Também a Petrobrás e

novas refinarias, e o resgate da indústria naval, que levou para a região novos

estaleiros. [...] Esse não é um voto de submissão, da desinformação e da

ignorância. É o voto da autoconfiança recuperada e da esperança na

consolidação dos avanços alcançados. [...] O Nordeste não trocou o voto pelo

miolo de pão.

Edição 620, de 03.11.2010, páginas 34 a 35. Coluna Seu país. Título da

reportagem: “Sim, o povo sabe votar”. Trata-se de uma análise feita por Marcos

Coimbra, presidente do Instituto VoxPopuli. A discussão ainda é sobre a qualidade do

voto que elegeu, em 2010, Dilma Rousseff à presidência da República. O colunista

aponta três erros de interpretação que devem ser levados em conta no momento da

análise: O economicismo: para Coimbra a questão do “bolso” foi elemento

complementar, mas não decisivo. A segmentação: a crença de que o eleitor brasileiro está

segmentado por clivagens regionais de classes. Segundo o comentarista tanto Serra

quanto Dilma possuía eleitores em todos os segmentos. O terceiro é o Paternalismo

conforme está na página 35:

O terceiro erro é interpretar a vitória de Dilma como decorrência do

“paternalismo” e do “assistencialismo”. Tipicamente como pensam alguns,

como fruto do Bolsa Família. [...] As pesquisas sempre mostraram que esse

argumento não se sustenta, Dilma tinha, proporcionalmente, mais votos que

Serra entre os beneficiários do programa, mas apenas um pouco mais que seu

oponente. [...] Em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, os candidatos do

PSDB dos governos estaduais foram eleitos com o voto delas.

71

Edição 621, de 10.11.2010, página 70 e 71. Coluna Ideias. Título: “O poder do

Brasil “de verdade””. Em entrevista à Carta Capital, o sócio diretor do Data Popular,

Renato Meireles, comenta sobre a ascensão das classes C e D no Brasil. Meireles é

publicitário e trabalha desenvolvendo canais de venda e produtos direcionados para essas

novas classes. Segundo ele, “não há outra saída para quem quer a liderança senão decifrar

os códigos do mercado popular”. Na página 71:

[Carta Capital:] Em suas palestras você costuma dizer que quem tirou o Brasil

da crise de 2008, foi a classe C. [RM:] É verdade. Os mais pobres é que

arregaçaram as mangas e foram fazer bico no fim de semana para garantir o

iogurte extra e a prestação da moto, sinônimo de ascensão social. O aumento

da oferta de crédito antecipou as compras e as encomendas do setor industrial

(a moto que ele paga em 48, 60 meses). A expansão do salário mínimo e o

Bolsa Família também contribuíram para o Brasil ter o menor índice de

endividamento em relação ao PIB, se comparado aos Estados Unidos e países

do BRIC.

Edição 626, de 15.12.2010, páginas 24 a 30. Coluna Seu País. Título: “Retirante

já era”. Esta reportagem, de Gerson Freitas Júnior, discute o crescimento econômico do

Nordeste, acima da média nacional. O fenômeno está promovendo o retorno à terra natal,

de vários nordestinos que migraram para o Sul e Sudeste. Página 29:

A economia do Nordeste beneficiou-se, principalmente, de um modelo

econômico que ampliou a demanda. A expansão dos programas sociais e,

sobretudo, o aumento do salário mínimo tiveram, sobre a região, um impacto

muito maior do que no restante do país. [...] A população nordestina também

absorve 55% do orçamento destinado ao Bolsa Família.

Para a economista Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco,

“pela estrutura de renda da região, mais baixa que no resto do país, o efeito das políticas

que mexeram com a renda foi maior aqui. O aumento dessas receitas impulsionou o

consumo e atraiu investimentos, especialmente dos grande grupos de alimentos, bebidas,

varejistas e distribuição de alimentos.”

Edição 627, de 22.12.2010, páginas 58 a 59. Coluna Democracia e Direitos

Humanos. Título: “A barreira da desigualdade”. A matéria é assinada pelo jurista Fábio

Konder Comparato, que enfatiza a necessidade de que “a República deve zelar pela

supremacia do bem comum sobre os interesses próprios da classe dominante”. No

entendimento de Comparato, um dos entraves ao desenvolvimento do Brasil é o controle

da mídia, na forma de um oligopólio empresarial, da comunicação de massa. Com

referência aos programas sociais, apesar de necessários, a sua opinião é:

É óbvio que essa realidade deprimente jamais será corrigida simplesmente com

a adoção de programas assistenciais do tipo Bolsa Família. Trata-se de um

72

problema global, ligado à estrutura de poder na sociedade. Para solucioná-lo,

portanto, é indispensável usar de um remédio também global. Ele consiste na

progressiva introdução de um autêntico regime republicano e democrático

entre nós. Ou seja, no respeito integral à supremacia do bem comum do povo

(a res publica romana) sobre o interesse próprio das classes dominantes.

8.3 TEMA “BOLSA FAMÍLIA”, EM 2011, NA REVISTA CARTA CAPITAL

Edição 630, de 26.01.2011, página 29. Coluna Sextante. Título: “Terrorismo

Financeiro”. A reportagem do economista Delfim Netto faz menção à crise financeira mundial

e compara dados de vários países com o Brasil. O BF é mencionado num contexto com os

programas Luz para Todos e Minha Casa Minha Vida, como êxito na conquista de objetivos

do governo Lula:

Pleno emprego e crescimento do PIB muito próximo de 8% em 2010, uma política

econômica e social que perseguiu de modo crível o objetivo de dar igualdade de

oportunidades a todos e melhorar a distribuição da renda entre as pessoas e regiões e

mais a execução de programas de envergadura como o Bolsa Família, Luz para

todos e Minha Casa, Minha Vida, são marcas inegáveis do sucesso do metalúrgico

de São Bernardo, um improvável estadista que se mostrou um líder mundial de real

estatura.

Edição 643, de 27.04.2011, página16. Coluna A Semana. Título: “Racistas?

Imagina...” A nota discorre sobre uma pesquisa, realizada pela UFRJ, a respeito do racismo e

menciona que o Bolsa Família contribuiu para aumentar a quantidade de alimentos

consumidos por parte dos beneficiários negros e pardos.

Nos últimos 20 anos o tempo de estudo dos afrodescendentes acima de 15 anos

passou de 3,6 anos para 6,5. Mesmo assim, está muito aquém da média dos brancos,

com 8,3 anos de estudo. Por outro lado, os pretos ou pardos beneficiados pelo Bolsa

Família conseguiram aumentar a quantidade de alimentos consumidos em proporção

superior (75,7%) à da população branca inscrita no programa (70,1%).

Edição 645, de 11.05.2011, página 18. Coluna A Semana. Título: “O cálculo dos

Miseráveis”. Aqui o Bolsa Família é assim mencionado:

O Ministério do Desenvolvimento social informou, na terça-feira, dia 3, que o Brasil

possui 16,2 milhões de habitantes em pobreza extrema. Para ser considerado

miserável o cidadão precisa dispor de uma renda inferior a 70 reais por mês. O

critério usado pelo governo é o mesmo adotado pelo IBGE no censo. A média

nacional de indivíduos nessas condições é de 8,5%. As regiões Norte (16,8%) e

Nordeste (18,1%) acumulam índices mais elevados, apesar de maior apoio de

programas de transferência de renda. “O Bolsa Família melhora as condições de vida

dos participantes, mas não pode realizar a tarefa de retirar da pobreza”, diz a

Secretária de Articulação para Inclusão Produtiva, Ana Fonseca.

73

Edição 650, página 10, de 15.06.2011. Coluna Rosa dos Ventos. O Bolsa Família é

mencionado de forma desfavorável pela reprodução da frase de Álvaro Dias: “Há gente que

não quer trabalhar porque não quer ter carteira assinada para não perder o Bolsa Família.

Estimula a preguiça.”.

Edição 651, de 22.06.2011, páginas 34 a 37. Coluna Seu País. Trata-se de uma

entrevista a Sergio Lirio, concedida por Tereza Campello, então ministra do Desenvolvimento

Social, com o título “Força-tarefa contra a miséria”. Alguns trechos de declarações da

ministra sobre o programa: “[...] O Bolsa Família é o maior programa de transferência de

renda do mundo [...]. O Bolsa Família tende a ser um programa permanente, mas o Brasil sem

Miséria começa agora e termina em 2014, é uma força tarefa para acabar com a extrema

pobreza nesse prazo”.

Edição 652, de 29.06.2011, página 20.Coluna A Semana. Sob o Título “Estômago e

bolso das togas” – “No País do Bolsa Família, os juízes vão receber auxílio-alimentação”, a

reportagem é sobre a concessão de benefícios aos magistrados, pelo Conselho Nacional de

Justiça. O programa é mencionado em dois momentos. No subtítulo da matéria, como retro

transcrito e no corpo da nota. A nota aborda a questão do auxílio moradia, do auxílio-

alimentação e da venda de férias trabalhadas para os magistrados.“Num Brasil de baixos

salários, com um mínimo não ideal e com programas como o Bolsa Família para minimizar a

miséria, o tal auxílio-alimentação aos bem nutridos juízes soa como um escárnio, data venia.”

Edição 654, de 13.07.2011, página 14. Coluna Andante mosso. A nota, sob o título

“Herança maldita”, comenta sobre a referência da oposição aos programas do governo Lula.

A menção ao Bolsa Família está num contexto de ironia, ao citar dados positivos do governo

Lula, e entre eles o programa:

Ao lado do Bolsa Família, ProUni e aumento do salário mínimo acima da inflação,

entre outros, esse é mais um item no inventário da “herança maldita” do governo

Lula, encerrado em dezembro de 2010.

Edição 657, de 03.08.2011, página 06. Coluna Cartas Capitais. Título: Entrevista

com um escravo I. A nota é uma carta à redação por um leitor de São Paulo e aborda questões

sobre trabalho escravo no Brasil. Transcrevemos um trecho da mesma:

Apenas a renda do BF não vai impedir que trabalhadores sejam aliciados pelos

“gatos”. Mas o Executivo não é o único poder a ficar devendo ações e explicações

ao povo brasileiro. Nos casos envolvendo dirigentes do MST, sempre vimos

julgamentos rápidos e penas extremamente duras. Já os poucos casos denunciados

74

de servidão levam anos para ser julgados, e quando ocorrem condenações, as penas

são, de modo geral, leves.

Edição 657 de 03.08.2011, páginas 22 a 27. Coluna Seu País. Título “Extrema

Unção”. O artigo trata do tema da reforma agrária e entrevista com o Ministro do

Desenvolvimento Agrário. Antes da entrevista, a reportagem faz um apanhado de como as

demandas do MST foram tratadas pelo antecessor, e como Dilma pretende conduzir a

questão:

Durante o governo Lula a demanda dos movimentos sem terra foi contida por

diversos fatores. Havia, em primeiro plano, a convergência ideológica Para o MST e

outros grupos, apesar dos poucos avanços, sempre fez sentido apoiar o PT, que ao

menos tem a disposição de dialogar, do que as demais legendas... [...]. E a

distribuição de cestas básicas nos acampamentos, ainda que de forma inconstante,

reduziu a tensão dos famintos do campo. Dilma mira em outro ponto: reduzir a

pobreza no meio rural, sob o entendimento de que ela é mais grave e afeta o sistema

econômico de forma mais brutal do que a configuração atual da posse da terra.

Como no Bolsa Família, a lógica é suprir uma renda às famílias até que elas tenham

condições de se integrar à estrutura produtiva por meio da educação ou da

infraestrutura montada pelo poder público.

Edição 660, de 24.08.2011, páginas 56 a 60. Coluna Oposição. Título: “Uma nova

agenda para o Brasil”. Subtítulo: Do combate ao hiperpresidencialismo à melhora na gestão

do setor público, uma lista de temas que nos permitiriam traçar um verdadeiro projeto

nacional. O artigo escrito por um representante da oposição (senador do PSDB – Aécio

Neves) menciona o Bolsa Família de forma favorável, como programa de transferência de

renda. O senador traça um histórico dos governos que fizeram a transição democrática. Na

página 56:

No campo social, os avanços também foram notáveis: instituímos o Fundef e

colocamos todas as crianças na escola; uma parte importante do SUS saiu do papel;

implantamos novo paradigma para a assistência social e os primeiros e definitivos

programas de transferência de renda do País, hoje expandidos na cesta do Bolsa

Família, já na administração Lula.

Edição 660, de 24.08.2011, páginas 70 a 74. Coluna Pacto Federativo. Título:

“Impulso ao Nordeste”. Na entrevista de Cid Gomes, Governador do Ceará, o mesmo se

coloca como uma das lideranças do seu partido (PSB – Partido Socialista Brasileiro), e critica

a forma como a elite nacional, ajudada pelo PT e PSDB, tenta impor um bipartidarismo no

Brasil. Mas também faz elogios aos governos Lula. Alguns trechos da entrevista:

Governos à esquerda, socialistas, têm preocupação com a redução da pobreza. O

Bolsa Família que ela (Dilma) agora deseja aprofundar; naquilo que é a extrema

pobreza. Mesmo com o Bolsa Família você ainda tem no Brasil gente que sobrevive

com uma renda per capita inferior a 70 reais, isso é indigno. Então Dilma está

trabalhando nisso e creio que é possível, o Brasil tem riquezas suficientes para focar

e realmente erradicar a pobreza extrema.

75

Edição 670, de 02.11.2011, páginas 38 e 39. Coluna Seu País. Título: “O inferno das

boas intenções?” O artigo faz uma crítica ao Bolsa Família, tendo em vista que o mesmo

incorporou às suas funções o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). A crítica é

pelo risco do MDS não conseguir fiscalizar o problema, com o devido rigor, pela

sobreposição de tarefas.

Em 2006 o Peti foi englobado ao Bolsa Família e passou a ser gerenciado pelo

Ministério do Desenvolvimento Social. A transferência, de acordo com a avaliação

do MTP (Ministério Público do Trabalho), acabou por afrouxar a fiscalização direta

sobre o trabalho infantil, diluída nas demais competências do Bolsa Família (Página

38).

Edição 671, de 09.11.2011, página 08. Coluna Cartas Capitais. Trata-se de uma Carta

do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) que contesta dados do artigo “O inferno das

boas intenções?”, da edição 670. Esclarece que o Peti nunca esteve ligado ao Ministério do

Trabalho e, sim, à Secretaria de Assistência Social. Informa que a integração do Bolsa Família

ao Peti produziu redução do trabalho infantil.

Edição 674, de 30 de novembro de 2011, páginas 48 a 51. Coluna Diálogos Capitais.

Título: Uma aposta contemporânea. A reportagem trata dos programas ligados ao ensino

técnico e Fernando Haddad, então Ministro da Educação, menciona o Bolsa Família ao

comparar que os gastos com seguro-desemprego são quase duas vezes a verba gasta com o

programa de transferência de renda (página 50):

Hoje são gastos 24 bilhões de reais por ano com seguro-desemprego. É quase duas

vezes a verba do Programa Bolsa Família. Se nós garantirmos ao trabalhador acesso

à educação profissional, talvez ele tenha de recorrer menos ao seguro-desemprego.

Edição 675, de 17.12.2011, páginas 46 a 51. Especial: Nordeste. Título: “A segunda

onda” A reportagem de Lucas Callegari informa como os programas sociais alteram o cenário

regional, à medida que inflam a renda através dos investimentos em infraestruturas, no

Nordeste do Brasil. Página 46: Segundo a Professora Sandra Bacelar da Universidade Federal

de Pernambuco,

[...] o impacto adicional do programa Brasil Sem Miséria, que quer ampliar o Bolsa

Família, não terá a mesma dimensão que ocorreu com as políticas de transferência

de renda até 2010. Agora o grande impacto vem dos investimentos voltados para a

infraestrutura, como a Transnordestina, além das obras de preparação para a copa.

Edição 676 de 14 de dezembro, página 55. Nordeste. Título: “Muito além do

Assistencialismo”. Entrevista com o Governador do Ceara, Cid Gomes. Para o governador

não é só a transferência de renda que impulsiona o sucesso da economia no nordeste. “Apesar

da importância dos programas de microeconomia, como o Bolsa Família, Cid acredita que foi

76

o aumento do salário mínimo que impulsionou o poder de consumo dessas camadas da

população (as classes D e E)”.

Edição 678, de 28.12.2011, páginas 16 a 19. Coluna Especial/Política. Título:

“Drible nas crises”. O artigo aborda o ano de governo da Presidenta Dilma Rousseff em 2011.

O Bolsa Família é mencionado na página 18, como programa que manteve continuidade:

Para a maioria, se Dilma tivesse continuado o que herdou de Lula já estaria bom.

Mas não seria justo dizer que o governo só fez isso. Apesar dos problemas do ano,

algumas inovações foram ensaiadas. Na área social, com um aprofundamento do

Bolsa Família por meio do Brasil sem Miséria. Na política econômica, com uma

nova política industrial. Recebida com má vontade por alguns setores, ela tem se

mostrado correta, exatamente onde tinha sido mais condenada, na indústria

automobilística. Ao que parece, terá sucesso na atração de novos investimentos de

larga escala.

77

9. UMA ANÁLISE COMPARATIVA NOS DISCURSOS DE VEJA E

CARTA CAPITAL

Antes de iniciarmos o comparativo entre as reportagens coletadas nas revistas acima

mencionadas, cabem alguns esclarecimentos. Apesar de termos efetuado a transcrição de todo

o material localizado com o tema “Bolsa Família”, no período 2009 a 2011, realizamos uma

seleção para efetuarmos a análise. A nossa decisão baseou-se no fato de termos nos deparado

com assuntos repetitivos, ou que não contribuem com o objetivo ao qual nos propusemos.

Inicialmente vamos à reportagem de Veja, edição 2094 de 2009, cujo título é

“Começa o outono de Lula”. A matéria fala apenas uma vez no programa de transferência de

renda. O termo Bolsa Família é tratado com ironia ao discurso do então presidente, vez que

ele havia declarado “cuidar do povo como uma mãe”, socorrendo primeiro os mais

necessitados. O autor do artigo diz que o programa é eleitoreiro e qualquer um que chegar ao

governo vai utilizá-lo como um legado da “mãe do povo”.

No mesmo período a Carta Capital, em edição 530 de 2009, fez uma reportagem

especial com o MST na qual descreve as lutas e conquistas do movimento. Na mesma

reportagem o líder do Movimento João Pedro Stédile concede uma entrevista. Stédile

demonstra insatisfação na condução da reforma agrária até aquele momento, e contesta os

números de assentamentos declarados pelo governo Lula. Afirma, inclusive, que o governo

petista realizou menos nesse quesito do que Fernando Henrique. Sobre o Bolsa Família e os

demais programas sociais, Stédile declara que, apesar de necessários, eles “apenas mantém o

sujeito vivo, mas não o torna cidadão”.

Na edição 2099 (2009) da Veja aparece novamente o programa Bolsa Família

relacionado à figura do presidente Lula. O título da matéria é “O Bem-amado”. No contexto

fala-se da inabalada popularidade do presidente, apesar dos números deficitários da balança

comercial, naquele mês. Indaga a colunista por que tamanha aceitação, mesmo com a

preocupação de o país vir a ser afetado pela crise econômica mundial. As suas conjecturas são

que não é só pela origem humilde que Lula é tão bem aceito, mas por uma espontaneidade

“que se não se coaduna com a liturgia exigida pelo cargo, o aproxima do jeito de ser da

maioria dos brasileiros”. No final a repórter diz que a aprovação do presidente é “revigorada

por ações polpudas” como a praticada com a ampliação do programa Bolsa Família.

78

Ao tratar da recente ampliação do Programa Bolsa Família a Carta Capital, edição

533 (2009), na reportagem sob o título “É melhor dividir”, recorre à avaliação do economista

Marcelo Néri. Para Néri, a providência do governo ao ampliar os programas sociais, assegurar

o seguro desemprego e aumentar o salário mínimo, faz surgir uma rede de proteção que, nas

crises, possibilita menores perdas para os mais pobres. Segundo o economista, desse modo, há

uma redução da desigualdade.

Focaremos agora num mesmo assunto, abordado em duas edições consecutivas e de

destaque pela revista Veja e tratado pela Carta Capital com uma Nota na Coluna Andante

mosso, e mais uma matéria de duas páginas, na coluna Brasiliana. Originou-se com uma

entrevista do então Senador Jarbas Vasconcelos, para as páginas amarelas da Veja. Na

entrevista, cujo título é “O PMDB é corrupto”, o senador em questão, mostra-se insatisfeito

com a eleição de José Sarney para a presidência do Congresso. Vale salientar que tanto o

senador Sarney, quanto Jarbas Vasconcelos pertencem ao PMDB. Nessa entrevista Jarbas

acusa Sarney, Renan Calheiros e o próprio partido, de serem corruptos. Acusa também o

presidente Lula de ter optado pelo assistencialismo ao afirmar que o Bolsa Família “é o maior

programa oficial de compra de votos do mundo”.

Para exemplificar a ineficiência do referido programa, Jarbas Vasconcelos conta uma

estória. Segundo ele, há um restaurante que costuma frequentar há mais de trinta anos, em

Recife, cujo garçom abandonou o emprego para viver com os recursos do Bolsa Família. Na

reportagem da edição seguinte, Veja publicou outra matéria levando em consideração as

acusações do senador Jarbas Vasconcelos com o título “Folia com o dinheiro público”. Fala

do silêncio do PMDB com as acusações, faz um histórico do partido e dos principais políticos

sempre aliados ao governo de ocasião, na busca pelos melhores cargos. A revista lista a

fortuna acumulada pelos parlamentares do partido, e reafirma o poder que a sigla exerce nas

altas esferas governamentais.

Quanto à Carta Capital, na edição 536 (2009), a coluna Andante mosso publica uma

nota intitulada “Sob suspeita”, informando que a revista escalou repórteres para irem até

Recife procurar o garçom citado por Jarbas, afirmando que o seu interesse é desmoralizar o

programa do governo. Na edição seguinte de numero 537(2009), com o título “Garçom,

procura-se”, o repórter Uraniano Mota, narra a sua viagem a Recife à procura do garçom. O

jornalista fala que antes de partir para o décimo primeiro restaurante do bairro, sem encontrar

o garçom, e nem notícia da existência dele, resolveu fazer as contas. Comparou o valor

79

recebido por um profissional do ramo, mais as gorjetas e concluiu que chegaria por volta de

dois mil reais mensais. À época o Bolsa Família estava pagando sessenta e dois reais por mês.

Sobre as acusações que o senador Jarbas fez ao partido e seus colegas, a Carta Capital não

teceu comentários.

Continuando o garimpo de notícias, chegamos a 2010 e as discussões não se

alteraram. Apesar de algumas modificações no cenário, os personagens parecem se repetir. A

eleição presidencial será realizada em outubro de 2010, mas a cada dia que passa, até lá, todas

as ações do governo e dos partidos permeiam o noticiário. Em janeiro, a Veja, na edição

2149, publica a seguinte manchete, na Coluna Brasil: “Bolsa-cabresto”. A reportagem,

assinada por Laura Diniz, não só traz a informação sobre um dos últimos atos do governo, no

mês de dezembro/2009, como também a sua indignação com o fato. A pauta são as alterações

das regras do Bolsa Família, consideradas pela revista como de caráter eleitoreiro. Segundo a

reportagem, em torno de 1,5 milhão de famílias deveriam ser excluídas do programa por não

terem efetuado o recadastramento. A situação foi alterada por meio de um ato administrativo,

assinado em 23 de dezembro. Ao estabelecer um prazo de carência aos beneficiários, o

governo evitará que muitas famílias passem necessidade no final do ano. Nas palavras da

jornalista, isso é “bom para elas (as famílias) – e também para a campanha presidencial

petista”.

Fazendo um contraponto com a pauta anterior, escolhemos uma reportagem do

mesmo mês de janeiro, da Carta Capital. É uma entrevista com o pensador Alfredo Bosi, com

o título “Preces de Resistência”. Ao comentar sobre o lançamento do novo livro do

entrevistado, “Ideologia e Contra ideologia”, a repórter Rosane Pavam instiga o escritor a dar

exemplos e estabelecer relações com a atualidade brasileira. Em dado momento, o pensador

aponta o Bolsa Família como um programa reformista do PT, de caráter contra ideológico, e

ainda presenteia o leitor com uma distinção entre ideologia e contra ideologia. “Ambas se

articulam como um conjunto de ideias e valores. A diferença é que a ideologia generaliza

interesses particulares e os dá como se fossem universais”. “No caso da contra ideologia o

ideal é o bem comum. O escritor contra ideológico, que combate a ideologia da

competitividade, por exemplo, procura demonstrar que ao lado do que seria o instinto

competitivo existe uma tendência solidária. O discurso contra ideológico visa ao bem-comum,

não particulariza interesses”.

80

A crônica de J. R. Guzzo, edição 2162 (2010) aborda o Programa Bolsa Família, para

chamar a atenção do leitor sobre o fato dos candidatos à presidência em 2010, se utilizarem

das categorias “pobre” e “rico” em suas campanhas. O cronista faz uma crítica afirmando que

esse é um discurso vazio e inconsistente. Afirma, ainda, que esse comportamento não melhora

a vida dos pobres, que eles não precisam de “política de renda” e sim de emprego e

estabilidade da moeda.

A Carta Capital, edição 606 (2010), coloca em debate o tema “Renda Mínima para

Todos?”. Este é um assunto sobre o qual o então senador Eduardo Suplicy defendeu durante

muito tempo. O seu projeto foi aprovado pelo congresso e sancionado pelo Presidente Lula

em 2004, configurando-se na Lei 10.835, mas até hoje não aplicada. Há defensores e críticos

da ideia. O ponto forte seria a garantia de um valor básico a todo cidadão, sem exigência de

condicionalidades. As críticas referem-se às dificuldades de orçamento e o esvaziamento de

programas como o Bolsa Família. A distribuição direta de renda no Brasil está atrelada a

outras políticas de segurança social como educação e saúde.

Em 11 de maio de 2011, na edição 2216, Veja entrevistou o filósofo Denis Lerrer

Rosenfield, que já trabalhou para o PT e hoje se define politicamente como um direitista.

Rosenfield diz que o estado não pode tudo, como se intrometer na vida das pessoas, o que ele

considera uma afronta e ameaça à democracia. A respeito do Bolsa Família, ele concorda

que,apesar de ser um liberal, são necessárias políticas de proteção social em caso de extrema

pobreza.

A Carta Capital de agosto de 2011, em entrevista com o Governador do Ceará Ciro

Gomes, refere-se a um balanço do primeiro semestre do governo Dilma Rousseff e aponta que

há um crescimento despontando na região. Perguntado se é o Bolsa Família que vem

impulsionando essa onda de progresso, o governador concorda que o programa tem a sua

influência, porém associado à valorização do salário mínimo e as aposentadorias rurais.

Nas matérias aqui analisadas, percebemos que o programa de transferência direta de

renda, adotado pelo governo Lula, não ocupou lugar de destaque nos dois veículos de mídia

objeto da nossa pesquisa. Mesmo estando presente nas páginas das revistas Veja e Carta

Capital, entendemos que faltou um maior esclarecimento ao leitor sobre o verdadeiro

funcionamento do Bolsa Família, principalmente no que se refere às percepções de quem faz

uso do programa.

81

Neste momento, gostaríamos de retomar a discussão, sobre os meios de comunicação

de massa, abordando Habermas (2003, p.32 a 37) e a formação do Estado capitalista burguês.

A imprensa, em sua origem, surgiu pela necessidade de comunicação entre os comerciantes e,

também, pela necessidade da empresa tornar pública a sua atividade comercial, sob uma

forma de publicidade. Uma comunicação e publicidade direcionadas aos interesses da classe

burguesa. Portanto, os primeiros jornais no século XVII, foram intitulados “jornais políticos”,

publicados semanalmente. Por volta da metade daquele século os jornais passaram a ser

diários. Ao lado desses impressos, circulavam também as correspondências privadas, cujos

beneficiários não interessavam que os conteúdos se tornassem públicos. As agências de

notícias, em determinados países eram assumidas pelo governo e os jornais transformados em

boletins oficiais.

Ao transportarmos o pensamento de Jurgen Habermas (2003) para os nossos dias, no

contexto da imprensa que nos cerca, podemos entender que a mídia, por mais que se declare

isenta, objetiva e pluralista, representa a defesa de interesses privados.

Analisando por esse ângulo, começamos a entender porque a pauta das notícias não

atende aos anseios das classes menos favorecidas. Coletamos um total de 160 (cento e

sessenta) reportagens nas quais aparece o tema Bolsa Família, sendo 70 na revista Veja e 90

na Carta Capital. Nas matérias da Veja, o programa está sempre relacionado a contextos de

acirradas discussões e intrigas políticas. Mesmo nas reportagens que demonstram o

crescimento de regiões pobres, após a efetivação do programa, ele é estigmatizado como um

captador de votos. As edições da Carta Capital costumam pautar o tema Bolsa Família, ,

sempre em atitude de defesa aos ataques da grande imprensa. No vasto material coletado,

apenas na edição 570 da Carta Capital, de 16.11.2009, página 16, há uma reportagem de

Maurício Dias, explicando como funciona o programa de transferência de renda. Vale

salientar que a matéria é uma resposta a uma crítica do jornal o Globo, cuja manchete é:

“Bolsa Família inibe a expansão do emprego formal no interior”.

82

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A definição da Teoria Crítica para Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani

(2013), está vinculada a uma preocupação que há nas Ciências Sociais de refletir sobre a

sociedade e aquilo que existe de modo errado nas relações sociais. Como exemplo, os autores

citam a desagregação social, vista sob a ótica durkheimiana, nas sociedades modernas. Uma

crítica da sociedade e suas patologias seria uma tendência da Sociologia. A Sociologia Crítica

não se utiliza de modelos de sociedade ideais, recorrentes na Filosofia Política tradicional. Ela

critica a sociedade a partir da própria realidade social.

Ao iniciarmos este trabalho buscamos inspiração em Josué de Castro (2008) e Alba

Zaluar (2000), autores que chamaram a nossa atenção, ao abordarem temas complexos como a

fome e a pobreza. Ao optarmos pelas Ciências Sociais, não poderíamos deixar de indagar o

porquê de estarmos em pleno século XXI, e uma boa parte do mundo e do nosso país, ainda

sofrer com problemas originados pela insegurança alimentar. A pesquisa realizada em duas

revistas de circulação nacional nos forneceu, ainda que de forma limitada, uma noção de

como o discurso elaborado pela mídia pode levar a diferentes concepções ideológicas sobre o

mesmo tema.

Voltando a Josué de Castro (2008, p.15), uma obra escrita na década de 1940, temos

a impressão que os obstáculos não se alteraram tanto. Os interesses da classe dominante ainda

apresentam a questão da fome sob uma imagem invertida, conforme Marx nos demonstrou na

Ideologia Alemã (1998).

Alba Zaluar (2000) nos mostrou a face da pobreza urbana, na cidade do Rio de

Janeiro, configurada na Comunidade Cidade de Deus, um efeito do êxodo rural ocorrido nas

décadas de 70 e 80.

Ao finalizarmos este trabalho, ratificamos que os meios de comunicação, Veja e

Carta Capital, no período 2009 a 2011, não fomentaram o debate público sobre o programa

Bolsa Família. A Veja estabeleceu em seu discurso, um vínculo do programa com o

assistencialismo e um estigma dos beneficiários como sujeitos que se acomodam, incapazes,

portanto, de promoverem a autonomia. A Carta Capital, por sua vez, atuou de forma reativa,

tentando combater a estigmatização do programa. Ambas são revistas dirigidas a um público

de classe média. Os seus leitores são profissionais liberais e estudantes. Em nenhum momento

83

localizamos, nas mídias pesquisadas, “as vozes” dos principais atores, para os quais o

programa é destinado. As questões da invisibilidade, dos destituídos de voz, tão bem

colocadas por Walquíria Leão Rego e Alessandro Pinzani, na obra “Vozes do Bolsa Família”,

por certo ainda prevalecem, não só na mídia, mas também nas várias instituições e espaços

pelos quais essas pessoas transitam.

84

REFERÊNCIAS

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permitiu que Segurança Alimentar e Nutricional avançasse no país. 2016. Disponível em:

<http://mds.gov.br/assuntos/seguranca-alimentar/normalidade-democratica>. Acesso em: 16

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<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_1228.pdf>. Acesso em: 16 jul.

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Disponível em: <http://mdspravoce.mds.gov.br/bolsa-familia/tipos-de-beneficios/#low-

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<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-

ESPECIAL/466301-DIREITAS-JA-REJEICAO-DA-EMENDA-DANTE-DE-OLIVEIRA-

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85

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REGO, Walquiria G. D. L.; PINZANI, Alessandro. Vozes do Bolsa Família: autonomia,

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ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta: As organizações populares e o significado da

pobreza. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.

86

APÊNDICE 1 – FICHA CATALOGRÁFICA TERMO “BOLSA FAMILIA” NA

REVISTA VEJA ENTRE 2009 E 2011

Busca pelas palavras chave “bolsa família” no acervo da Revista Veja no

link:<https://acervo.veja.abril.com.br>. A pesquisa abrange o período 01.01.2009 a

31.12.2011.

QUADRO 1 - ACERVO VEJA 2009

N. Data Data/hora

acesso

Edição Página(s)

reportagem

Coluna/reportagem/autor

1 07.01.09 01.05.17/00:08 2094 20-22 Começa outono de Lula /(Demétrio

.Magnolli)

2 11.02.09 01.05.17/00:10 2099 59 Coluna Brasil?O Bem Amado/Sandra

Brasil

3 18.02.09 01.05.17/00:19 2100 17, 20, 21 Páginas amarelas/ entrevista Jarbas

Vasconcelos/Otávio Cabral

4 25.02.09 01.05.17/00:42 2101 44-55 Coluna Brasil/Basta de folia com o dinheiro

público/Otávio Cabral e Diego Ecosteguy

5 04.03.09 01.05.17/00:42 2102 35 Coluna Leitor

6 11.03.09 01.05.17/00:54 2103 96-97 Ambiente/Quanto custa salvar a

Amazônia/Giuliano Guardalini

7 08.04.09 01.05.17/01:10 2107 68-70 Brasil/Nos trilhos do avanço/ Rede de

Proteção/Benedito Sverberi

8 15.04.09 01.05.17/01:17 2108 17, 20,21 Páginas amarelas/entrevista Francis

Fukuyama/Chico Mendez

9 22.04.09 01.05.17/01:19 2109 17,20,21 Páginas amarelas/entrevista Michel

Temer/É preciso reagir agora/Otávio Cabral

10 06.05.09 03.05.17/18:14 2111 58-63 Coluna Brasil/ O câncer no

palanque/Otávio Cabral

11 13.05.09 03.05.17/18:21 2112 55-56 Panorama SobeDesce/Números/

Gabriele Jimenez

12 27.05.09 03.05.17/18:30 2114 175,177 Coluna Cinema/ Barrigas vazias/Isabele

Boscov

13 03.06.09 03.05.17/18:34 2115 24

Crônica Lya Luft/ É o fim do mundo/

14 17.06.09 3.05.1718:42 2117 54-56 Brasil/ É Sim ou Não/Otávio Cabral

15 24.06.09 03.05.17/18:58 2118 19,22,23 Páginas amarelas/

entrevista Guido Mantega/O Brasil já

chegou ao futuro/Eurípedes Alcântara e

Alexandre Oltramari

16 10.07.09 03.05.17/19:30 2121 15,18,19 Páginas amarelas entrevista José Roberto

Arruda/Ele deu a volta por cima/Otávio

Cabral

17 12.08.09 03.05.17/19:32 2125 28 Coluna Leitor

18 19.08.09 03.05.17/19:38 2126 46 Coluna Leitor

19 30.09.09 03.05.17/19:54 2132 68-71 Coluna Brasil-O n.2 de Lula/Otávio Cabral

20 04.11.09 03.05.17/20:10 2137 52 Panorama Holofote/Bolsa Tucana/Felipe

Patury

21 18.11.09 03.05.17/20:13 2139 80-81 Coluna Brasill-Teoria da

Conspiração/Otávio Cabral

22 25.11.09 03.05.17/20:18 2140 49 Coluna Leitor

23 05.12.09 03.05.17/20:55 2142 70 Panorama Radar Cartão de Crédito no

87

150 BF/Lauro Jardim e Amazônia/ Sairia até

barato/Leonardo Coutinho

24 16.12.09 03.05.07/20:58 2143 40 Coluna Leitor

QUADRO 2 – ACERVO VEJA 2010 N. Data Data/hora

acesso

Edição Página(s)

reportagem

Coluna/reportagem/autor

25 09.01.10 04.05.17/20:50 2147 13,16,17 Páginas amarelas – entrevista Sergio

Guerra/A esquerda somos nós/Diego

Escosteguy

26 27.01.10 04.05.17/20:56 2149 56-58

62-63

Coluna Brasil –Isso é apenas o começo

/Coluna Brasil-Bolsa cabresto/Otávio

Cabral e Gustavo Ribeiro

27 03.02.10 04.05.17/22:26 2150 34

Coluna Leitor

28 10.02.10 04.05.17/22:28 2151 48-51 Coluna Brasil –Omelete sem quebrar

ovos/Gustavo Ribeiro

29 24.02.10 04.05.17/22:49 2153 114 Coluna J.R.Guzzo – Os nomes da tela

30 01.03.10 04.05.17/22:42 2166A 18,19,20,22 Ideia – Gritos que fizeram historia(Veja

Mulher Ed.especial)/Marta Goés

31 28.04.10 04.05.17/22:54 2162 166 J.R.Guzzo – Pobres e ricos

32 05.05.10 04.05.17/23:55 2163 154-161 Especial – A farra da antropologia

oportunista/Leonardo Coutinho, Igpr

Paulin e Julia de Medeiros

33 26.05.10 04.05.17/00.08 2166 76 Coluna Panorama/Veja Essa

34 02.06.10 04.05.17/00:11 2167 206-210 Impostos – Depois de 148 dias chega o 1

dia livre de impostos/Giuliano Guardalini

35 16.06.10 04.05.17/00:17 2169 19,22,23 Páginas amarelas – entrevista Dilma

Roussef/Acabou o “Risco

Brasil”/Eurípedes Alcântara e Otávio

Cabral.

36 23.06.10 04.05.17/00:18 2170 41 Coluna Leitor

37 30.06.10 04.05.17/00:21 2171 19,22,23

26

Páginas amarelas – entrevista Marina

Silva/ Para Crescer em poluir/Eurípedes

Alcântara e Ronaldo Soares/ Coluna

Mailson da Nóbrega: Lula, os pobres e a

carga tributária

38 21.07.10 04.05.17/00:27 2174 36 Coluna Leitor

39 28.07.10 04.05.17/00:29 2175 62 Panorama – Holofote/Bolsa Cadeia/Felipe

Patury

40 04.08.10 04.05.17/00:33 2176 126-128 Economia – A Internacional Socialista/

Luís Guilherme Barrucho e Marcelo

Sakate e Filantropia – A caridade foi para

88

146-147 outro lugar/Duda Teixeira

41 01.09.10 04.05.17/00:44 2180 44 Coluna Leitor Blogosfera

42 29.09.10 04.05.17/00:50 2184 160 Livro/ As entranhas do lulismo/Fábio

Portela

43 06.10.10 04.05.17/00:56 2185 58

74-77

78-81

82-85

Panorama-Holofote/Tucanos Bons de

Bico/Felipe Patury e Coluna Brasil.

Apadrinhada, favorita e cheia de

mistérios/(Felipe Patury e Otávio

Cabral)/Para Ele é agora ou nunca

(Fernando Melo e Kalleo Coura)/Verde

com Coração Vermelho (Malu Gaspar e

Ronaldo Soares)

44 13.10.10 04.05.17/01:04 2186 138 J.R.Guzzo – Gente que fica

45 20.10.10 04.05.17/01:07 2187 68

76-79

Panorama Radar/ A tática do medo (Lauro

Jardim) Brasil Aécio move a

montanha(Vinicius Segalla)

46 10.11.10 04.05.17/01:15 2190 49

74-75

76

Coluna Leitor/Brasil – As faces e os

desafios da oposição/(Fabio Portela e

Fernando Mrlo)Brasil- A teoria da árvore

em pé(Paulo Celso Pereira).

47 24.11.10 04.05.17/01:22 2192 23,26,27

50

Páginas amarelas – entrevista Eduardo

Campos/ Chega de aparelhamento

(Leonardo Coutinho)/Coluna Leitor

48 04.12.10 04.05.17/01:28 2194 84-86 Brasil – A bomba demagógica/Giuliano

Guandalini e Larissa Tsuboi

49 15.12.10 04.05.17/01:37 2195 65 Coluna Leitor

50 22.12.10 04.05.17/01:40 2196 72-74 Brasil – Petistas contra petistas/Daniel

Pereira

51 29.12.10 04.05.17/01:43 2197 86

260-265

266

Brasil – A família acima de tudo/08 anos

de Lula – A vida melhorou/ 08 anos de

Lula(Diego Escosteguy) –

QUADRO 3 – ACERVO VEJA 2011 N. Data Data/hora

acesso

Edição Página(s)

reportagem

Coluna/reportagem/autor

52 05.01.11 05.05.17/19:47 2198 32

68-75

86,87,91,e94

Coluna Leitor/ Coluna Brasil- Dez

desafios na política(Daniel Pereira e

Paulo Celso Pereira)/ Brasil – 100

desejos para Dilma

53 19.01.11 05.05.17/20:16 2200 68 Economia – Faltam 40 milhões de

reais/Giuliana Guandalini

54 02.02.11 05.05.17/20:30 2202 56-58 Brasil – O papelão do

89

DEM/Fernando Mello

55 09.03.11 05.05.17/21:23 2207 32

54-55

Panorama – Sobe e desce/ Economia

– Uma nova lógica (Luís Guilherme

Barrucho)

56 30.03.11 05.05.17/20:39 2210 19,22,23 Páginas amarelas – entrevista

Joaquim Cruz (Fábio Altman)

57 11.05.11 05.05.17/21:05 2216 19,22,23

150

Páginas amarelas – entrevista Denis

Lerrer Rosenfield(Daniela

Carrelli)/J;R Guzzo – Mais um

portento

58 18.05.11 05.05.17/21:12 2217 26 Mailson da Nóbrega – A Reforma

Agrária perdeu o encanto

59 01.06.11 05.05.17/22:18 2219 90-91 Internacional - Pai preso e

favoritismo/Duda Teixeira

60 15.06.11 05.05.17/22:57 2221 100-104 Economia – Novas metas para um

novo Brasil (Giuliani Guandalini)

61 29.06.11 05.05.17:22:26 2223 71 Brasil – Como adotar um

terrorista/Laura Diniz

62 06.07.11 05.05. 17/22:40 2224 84

100

Especial – Carre Pão – A Luta para

nascer/(Giuliano Guandalini e Luis

Guilherme Barrucho)/Memória –

Honra ao mérito

63 31.08.11 05.05.17/22:55 2232 114 Pioneiros - Tecnologia

64 14.09.11 05.05.17/23:01 2234 126 J.R.Guzzo – O mundo se curva

65 19.10.11 05.05.17/23:15 2239 94-97 Coluna Internacional/ A eleição do

nestornauta(Duda Teixeira)

66 26.10.11 05.05.17/23:21 2240 76,77,78,79,

80,82

Coluna Brasil A vingança contra os

corruptos/Otávio Cabral e Laura

Diniz

67 02.11.11 05.05.17/23:27 2241 170-171 Especial Cidades – Movidas pelo

ouro negro /Marcelo Sperandio

68 09.11.11 05.05.17/23:30 2242 24 Lya Luft – O Enem de novo

69 16.11.11 05.05.17/23:37 2243 32 Mailson da Nóbrega- Olá, passado;

cuidado, futuro

70 06.12.11 05.05.17/23:40 2249 189 Memória – Paulo Renato

90

APÊNDICE 2 – FICHA CATALOGRÁFICA TERMO “BOLSA FAMILIA” NA

REVISTA VEJA ENTRE 2009 E 2011

Busca pelas palavras chave “bolsa família” no acervo da revista Carta Capital, no

link: <https://www.cartacapital.com.br/revista/edicoes>. A pesquisa abrange o período

01.01.2009 a 31.12.2011.

QUADRO 4 - ACERVO CARTA CAPITAL 2009

N. Data de

publicação

Data/hora

acesso

Edição Páginas Coluna Reportagem/autor

1 28.01.09

27.06.17/

19:33

530 8-15 Especial 25 anos depois

MST – Após o encontro no Paraná

que criou a organização, em 1984, a

luta pela posse de terra ficou menos

desigual. Eis a razão para o ódio

visceral que o movimento desperta

em certos setores/Sérgio Lírio

2 18.02.09

27.06.17/

19:38

533 28-29 Rosa dos

ventos

E Aécio cuida de dar o

troco/Mauricio Dias

3 11.03.09

27.06.17/

19:43

536 48-49 Rosa dos

ventos

A degola de governadores/Mauricio

Dias

4 18.03.09

27.06.17/

19:45

537 8-9 Brasiliana Garçom, procura-se/ Uraniano Mota

5 01.04.09

27.06.17/

19:47

539 36-37 Seu país Serra ainda é a transição/Mauricio

Dias

6 29.04.09

27.06.17/

22:23

543 17 Blogs do

Além

Um bêbado me lembrou o Aldir/Blog

do Chaplin/Vitor Knijnik

7 13.05.09

27.06.17/

22:27

545 42 Rosa dos

ventos

Pequeno, mas importante/Mauricio

Dias

8 13.05.09 27.06.17/

22:27

545 46-47 Nosso

mundo

Bênção ou maldição?

Para o Nobel de Economia Edmund

Phelps, a riqueza em recursos naturais

pode atrapalhar mais que ajudar um

país/Daniel Pinheiros

9 20.05.09 27.06.17/

22:31

546 26-30 Seu país A ministra tranquila

Otimista, Dilma Rousseff silencia

sobre a candidatura e reitera: “Não

permitirei a espetacularização do meu

tratamento”/Cynara Menezes e Sérgio

Lirio

10 27.05.09 27.06.17/ 547 42-45 Política Lula e seu povo

91

22:36 Nacional A maioria identifica-se naturalmente

com o igual que chegou ao

poder/Mino Carta

11 27.05.09 27.06.17/

22:37

547 46-48 Política

Nacional

O jabuti se move

Velhos coronéis, raposas repaginadas

e algumas poucas novidades no

universo partidário

12 27.05.09 27.06.17/

22:40

547 68-71 Atores

sociais

O sal da terra

Fruto da estrutura agrária medieval, o

MST resiste/Sérgio Lírio

13 24.06.09 27.06.17/

22:46

550 24-28 Seu país Onde está o piloto?

Ante a recuperação da popularidade

de Lula e a alta de Dilma nas

pesquisas, a oposição entra em voo

cego/Cynara Menezes e Leandro

Fortes

14 15.07.09 27.06.17/

22:52

554 2-3 - Propaganda oficial do governo

15 22.07.09 27.06.17/

22:54

555 13 Andante

mosso

A voz da maldade/Mauricio

Dias/Mauricio Dias

16 05.08.09 27.06.17/

22:57

557 13 Andante

mosso

Impacto zero II/Mauricio Dias

17 26.08.09 27.06.17/

23:03

560 10 Rosa dos

ventos

Um debate falso

A onda de denúncias. Agenda

eleitoral da oposição estimulada pela

mídia sufoca o debate sobre os

programas propostos pelo

governo/Mauricio Dias

18 02.09.09 27.06.17/

23:05

561 48-50 Especial

Infraestrutu

ra /

Habitação

Torneiras abertas/Entrevista

Vice-presidente da Caixa Econômica

Federal, Jorge Hereda festeja o

crescimento de 90% no total de

empréstimos concedidos, marca

obtida na esteira da retração dos

bancos privados/Roberto Rockmann

19 09.09.09 27.06.17/

23:08

562 46-49 Especial

Infraestrutu

ra / Micro

e pequenas

empresas

Verdadeiros self-mademan

Apesar de enormes dificuldades para

nascer e sobreviver, novos negócios

não param de ser criado no Brasil. O

que move o espírito empreendedor no

País?/Luiz Antonio Cintra

20 16.09.09 27.06.17/

23:10

563 76-78 Ideias Sem fatalismo

Os brasileiros estão alarmados com

os índices de corrupção, mas

enxergam melhoras nas iniciativas

públicas de combate à

roubalheira/Sérgio Lirio

92

21 30.09.09 27.06.17/

23:14

565 51 Sextante Menos desigualdade/Delfim Netto

22 28.10.09 27.06.17/

23:18

569 21 Andante

mosso

Inclusão bancária/Mauricio Dias

23 04.11.09 27.06.17/

23:20

570 16 Rosa dos

ventos

O soneto e a emenda

O Globo condena o Bolsa Família na

manchete e desmente a si próprio no

texto seguinte/Mauricio Dias.

24 25.11.09 27.06.17/

23:23

573 22 A semana Uma reunião esvaziada

Na cúpula mundial de Roma, Lula

brilhou quase sem concorrência

25 25.11.09 27.06.17/

23:24

573 24 A semana O dinamismo do emprego

O país já criou mais de 1 milhão de

vagas neste ano

26 09.12.09 27.06.17/

23:28

575 60-61 Nosso

mundo

Um golpe maquiado

Honduras / Eleição tenta disfarçara

polarização do país, mas está longede

encerrá-la. Zelaya foi só o

começo/Antonio Luiz M.C.Costa

QUADRO 5 - ACERVO CARTA CAPITAL 2010

N. Data de

publicação

Data/hora

acesso

Edição Páginas Coluna Reportagem/autor

27 13.01.10 27.06.17/

23:31

578 48-51 Saúde

entrevista

Dívida histórica/Entrevista

A universalização continua a ser o

grande desafio do SUS, diz Adib

Jatene/Mino Carta e Sérgio Lírio

28 13.01.10 27.06.17/

23:32

578 52-53 Economia Não percamos o espírito crítico

A persistência de muitas mazelas não

desenha o futuro esperado. Êxito

econômico não significa progresso

social

29 13.01.10 27.06.17/

23:34

578 66-69 Mercado

de trabalho

Um passo atrás

O emprego cresceu menos que o

PIB/Waldir Quadros

30 10.02.10 27.06.17/

23:53

582 24 Seu país Eleições/O preço da indecisão/O

estrategista/Felipe Soutello é o jovem

cérebro por trás dos movimentos de

Serra/Cynara Menezes

31 07.04.10 27.06.17/

23:59

590 50-51 Brasil

Dinâmico

Uma revolução possível/Entrevista

O programa cria um novo paradigma

de politica social no Brasil, diz

Marcelo Néri, da FGV

32 14.04.10 28.06.17/

00:01

591 14 A semana Corrupção sem limites

Durante a gestão do ex-governador,

desvios do Bolsa Família

93

33 21.04.10 28.06.17/

00:02

592 54-56 Ideias

Entrevista

O enterro das ilusões

A secretária-executiva da Cepal

afirma que o mundo precisa de mais e

melhor Estado/Cynara Menezes

34 05.05.10 28.06.17/

00:07

594 22-25 Seu país Crescimento é palavrão

O Copom pisa de novo no freio, ao

associar a retomada pós-crise a um

surto inflacionário/André Siqueira

35 26.05.10 28.06.17/

00:11

597 24-26 Seu país O bilionário verde

Guilherme Leal, um dos fundadores

da Natura, aceita a vaga de vice na

chapa de Marina Silva/ Cynara

Menezes

36 02.06.10 28.06.17/

00:13

598 62-66 Ideias

Entrevista

Preces de resistência

Alfredo Bosi / O pensador lança o

livro em que traça uma história dos

interesses particulares apresentados

como gerais diz que que o populismo

foi um mal necessário no Brasil/

Rosane Pavam

37 09.06.10 28.06.17/

00:16

599 26-32 Seu país

Entrevista

Dilma solta o verbo

Eleições 2010 / A pré-candidata do

PT fala sobre continuidade, drogas, o

papel do Estado, reforma agrária e,

por que não?,seu novo visual/Cynara

Menezes e Sergio Lírio

38 07.07.10 28.06.17/

00:22

603 12 Rosa dos

ventos

O sucesso do governo inibe a

oposição

Como é difícil, talvez impossível,

enfrentar a candidata do vencedor

Lula/Maurício Dias

39 07.07.10 28.06.17/

00:22

603 22-24 Seu país

Sucessão

A lei não vale

O ministro Gilmar Mendes libera

Heráclito Fortes da ficha limpa/

Cynara Menezes

40 21.07.10 28.06.17/

00:24

605 10 Rosa dos

ventos

Intruso no clube dos eleitos

FHC denuncia a invasão ao falar de

Lula enquanto Serra usa os

argumentos dos golpistas de

1964/Maurcio Dias

41 28.07.10 28.06.17/

00:26

606 16 A semana Um arsenal anti-pobreza

Renda / Estudo do Ipea indica o peso

dos programas sociais no bolso dos

brasileiros

42 28.07.10 28.06.17/

00:27

606 29 Vox populi A paternidade do Bolsa

Família/Marcos Coimbra

43 28.07.10 28.06.17/

00:28

606 56-58 Ideias Renda mínima para todos?

Economia / Especialistas defendem:

faz mais sentido garantir um valor

básico à totalidade dos cidadãos do

94

que manter programas focados/Luiz

Antonio Cintra

44 04.08.10 28.06.17/

00:31

607 44-46 Ideias

Entrevista

Nem oito nem oitenta

Humberto Mariotti / O professor da

São Paulo Business School diz que,

nos negócios e na política, o

pensamento binário não consegue

explicar o mundo

contemporâneo/Denis Ribeiro

45 29.09.10 28.06.17/

00:38

615 40-42 Seu país Arremedo udenista

Eleições / Críticas de Lula à mídia

provocam uma reação contra o

“autoritarismo” e as “ameaças à

liberdade de imprensa”. Estamos em

2010 ou em 1964?/Cynara Menezes

46 06.10.10 28.06.17/

00:40

616 15 Andante

mosso

Bônus de Paes/Mauricio Dias

47 13.10.10 28.06.17/

00:42

617 31 Vox populi Marina em verde e rosa/Marcos

Coimbra

48 27.10.10 28.06.17/

00:45

619 16 Rosa dos

ventos

Desconstrução do preconceito

Não resulta do Bolsa Família o voto

nordestino pró-Dilma, ainda maior no

segundo turno/Mauricio Dias

49 03.11.10 28.06.17/

00:47

620 22-27 Seu país A primeira presidente

Sucessão / Após enfrentar a mais dura

e baixa campanha desde 1989, a ex-

ministra Dilma Rousseff obtém 56%

dos votos e consagra as conquistas do

governo Lula/ Cynara Menezes

50 03.11.10 28.06.17/

00:47

620 34-35 Seu país Sim, o povo sabe votar

Análise / Convém evitar três erros

para entender a vitória de

Dilma/Marcos Coimbra

51 10.11.10 28.06.17/

08:06

621 26-29 Seu país Neocons à brasileira

Política / Depois de uma campanha

violenta e baseada na mistificação, o

resultado não poderia ser outro:

xenofobia. Mas quem ganha com a

divisão do Brasil?/Cynara Menezes

52 10.11.10 28.06.17/

08:06

621 70-71 Ideias

Entrevista

O poder do Brasil “de verdade”

Renato Meirelles / O sócio do Data

Popular radiografa a ascensão das

classes C e D/Denise Ribeiro

53 17.11.10 28.06.17/

08:12

622 29 Vox populi Os tons do azul/Marcos Coimbra

54 08.12.10 28.06.17/

08:17

625 22 A semana Evolução acelerada

Censo / Resultados mostram que o

Brasil amadurece mais rápido do que

se esperava

95

55 08.12.10 28.06.17/0

8:18

625 36-37 Seu país O protagonismo tem um preço

Diplomacia / Cresce a demanda dos

países mais pobres pela cooperação

brasileira/Luiz Antonio Cintra

56 15.12.10 28.06.17/

08:20

626 23 Linha de

frente

O novo Alemão e a indústria das

drogas/Walter Fanganiello

Maierovitch

57 15.12.10 28.06.17/

08:22

626 24-27 Seu país Retirante já era

Desenvolvimento / O crescimento

acima da média nacional amplia o

horizonte e reativa a esperança dos

nordestinos/Gerson Freitas Jr.

58 15.12.10 28.06.17/

08:23

626 28-30 Seu país Resiliência

Apesar da melhora geral, o Semiárido

avançou muito pouco/Gerson Freitas

Jr.

59 22.12.10 28.06.17/

08:25

627 58-59 Democraci

a e Direitos

Humanos

A barreira da desigualdade

Sem erradicar a pobreza e a

marginalização social, é impossível

fazer funcionar regularmente o

regime democrático/Fábio Konder

Comparato

QUADRO 6 - ACERVO CARTA CAPITAL - 2011

N. Data de

publicação

Data/hora

acesso

Edição Páginas Coluna Reportagem/autor

60 12.01.10 28.06.17/

08:28

628 30-32 Seu país ...e a nova rotina do poder

O PMDB, os mercados, o general e

os compromissos de

campanha/Sérgio Lírio

61 12.01.10 28.06.17/

08:29

628 46-48 Seu país A direita encontra o seu Messias?

Ao assumir o papel de principal líder

do aglomerado conservador, Serra

amealhou respeitável portfólio

eleitoral/Wanderley Guilherme dos

Santos

62 19.01.11 28.06.17/

08:31

629 24-25 Seu país O longo ciclo Vargas (de 1930 a

2014)

Um estanceiro gaúcho; um operário

pernambucano e uma militante

política mineira/Wanderley

Guilherme dos Santos.

63 19.01.11 28.06.17/

08:35

629 32-34 Seu país A hora do pacote de maldades

Orçamento / O corte prometido pelo

governo coloca em risco os

investimentos públicos/Wanderley

Guilherme dos Santos

64 26.01.11 28.06.17/ 630 29 Sextante Terrorismo financeiro/Antonio

96

08:37 Delfim Netto

65 09.03.11 28.06.17/

08:44

636 18 A semana 19,4% foi o reajuste concedido pelo

governo aos benefícios do Bolsa

Família para 2011

66 16.03.11 28.06.17/

08:46

637 2-3 Propaganda oficial do governo

67 16.03.11 28.06.17/

08:47

637 24-28 Nós e o

mundo

especial

Os fracassos de Obama

EUA / A tragédia do homem certo a

quem coube se eleger para governar o

país errado, na hora errada/Antonio

Luiz M.C.Costa

68 23.03.11 28.06.17/

08:49

638 64-67 Nosso

mundo

Ultimato da ONU ao tirano/

Líbia - O Conselho de Segurança

autoriza a zona de exclusão aérea e a

intervenção militar para evitar o

massacre/Gianni Carta

69 27.04.11 28.06.17/

08:54

643 16 A semana Racistas? Imagina...

Sociedade / Para quem ainda tem

dúvidas, os novos dados de relatório

anual da UFRJ

70 11.05.11 28.06.17/

08:58

645 18 A semana O cálculo dos miseráveis

O Brasil possui 16,2 milhões em

pobreza extrema

71 18.05.11 28.06.17/

08:59

646 27 Vox populi O Bolsa Família da Dilma/Marcos

Coimbra

72 25.05.11 28.06.17/

09:01

647 14 Rosa dos

ventos

Não há uma língua só

Um livro justifica a norma culta e a

norma popular do português/Mauricio

Dias

73 08.06.11 28.06.17/

09:04

649 8-9 Propaganda oficial do governo

74 15.06.11 28.06.17/

09:05

650 10 Rosa dos

ventos

PMDB quer Dilma refém

As lideranças do partido falam de

“redesenhar” o governo/Mauricio

Dias

75 22.06.11 28.06.17/

09:09

651 21 Andante

mosso

Porto de saída I/Mauricio Dias

76 22.06.11 28.06.17/

09:10

651 34-37 Seu país

Entrevista

Força-tarefa contra a miséria

Tereza Campello / Assim a ministra

do Desenvolvimento Social define o

plano de tirar 16 milhões da extrema

pobreza/Sérgio Lírio

77 29.06.11 28.06.17/

09:11

652 20 A semana Estômago e bolso das togas

Magistratura / No pais do Bolsa

Família, os juízes vão receber auxílio-

moradia

97

78 06.07.11 28.06.17/

09:13

653 5 Cartas

capitais

Enquete da semana

79 13.07.11 28.06.17/

09:16

654 14 Andante

mosso

“Herança maldita”/Mauricio Dias

80 03.08.11 28.06.17/

09:20

657 5 Cartas

capitais

Entrevista com um escravo I

81 03.08.11 28.06.17/

09:21

657 24-27 Seu país

Reforma

Agrária

O ministro que não sabe

Afonso Florence é especialista em

temas urbanos, mas diz ler muito

sobre o setor agrário/Ricardo

Carvalho e Soraya Agege

82 24.08.11 28.06.17/

09:27

660 56-58 Oposição Uma nova agenda para o Brasil

Do combate ao hiperpresidencialismo

à melhora na gestão do setor público,

uma lista de temas que nos

permitiriam traçar um verdadeiro

projeto nacional/Aécio Neves

83 24.08.11 28.06.17/

09:28

660 70-72 Pacto

federativo

Impulso ao Nordeste

Cid Gomes, governador do Ceará,

lembra que o Estado nacional induziu

ao surto desenvolvimentista no Sul e

Sudeste no século passado. E

defende: é hora de fazer o mesmo

pelos demais/Cynara Menezes

84 02.11.11 28.06.17/

09:38

670 38-39 Seu país O inferno das boas intenções?

Infância / O Ministério Público do

Trabalho critica a mudança que

acoplou o combate ao emprego

infantil no Bolsa Família

85 09.11.11 28.06.17/

09:40

671 8 Cartas

Capitais

O inferno das boas

intenções?/Leandro Fortes

86 30.11.11 28.06.17/

09:43

674 34-36 Seu país As mãos do vespeiro

Previdência / O governo quer alterar

as regras da aposentadoria do

funcionalismo/Luiz Antonio Cintra

87 30.11.11 28.06.17/

09:45

674 48-51 Ensino

Técnico:

Diálogos

Capitais

Uma aposta contemporânea

A educação profissionalizante vive a

maior fase de expansão já

experimentada no Brasil, mas é

preciso vencer entraves para atrair

jovens e garantir uma formação de

qualidade/Nelson Rocco

88 07.12.11 28.06.17/

09:47

675 46-51 Especial:

Nordeste

A segunda onda

Após os programas sociais inflarem a

renda, os investimentos em

infraestrutura e novas fábricas

mudam o cenário regional/Lucas

Callegari

89 14.12.11 28.06.17/ 676 55 Nordeste: Muito além do assistencialismo

98

09:49 Entrevista Para o governador do Ceará, Cid

Gomes, a alta do salário mínimo é o

fator que mais estimula o crescimento

da região/Sandra Lobo

90 28.12.11 28.06.17/

09:52

678 16-19 Especial

Política

Drible nas crises

Ministros em queda e cena europeia

exigem esforço extra para manter o

prumo/ Marcos Coimbra