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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA ELISA MILÁN CHAVES DE OLIVEIRA MAPEAMENTO DO FUNDO MARINHO DE ÁREAS DE MONTES SUBMARINOS E PLATAFORMAS INSULARES DA CADEIA VITÓRIA-TRINDADE E ATOL DAS ROCAS - BRASIL VITÓRIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

ELISA MILÁN CHAVES DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO DO FUNDO MARINHO DE ÁREAS DE MONTES

SUBMARINOS E PLATAFORMAS INSULARES DA CADEIA VITÓRIA-TRINDADE E ATOL DAS ROCAS - BRASIL

VITÓRIA 2013

ELISA MILÁN CHAVES DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO DO FUNDO MARINHO DE ÁREAS DE MONTES SUBMARINOS E PLATAFORMAS INSULARES DA CADEIA

VITÓRIA-TRINDADE E ATOL DAS ROCAS - BRASIL

VITÓRIA

2013

Projeto de Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao Curso de

Graduação em Oceanografia do

Departamento de Oceanografia e

Ecologia da Universidade Federal do

Espírito Santo, como requisito para

obtenção do título de Bacharel em

Oceanografia.

Orientador: Prof. Dr. Valéria da Silva Quaresma

ELISA MILÁN CHAVES DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO DO FUNDO MARINHO DE ÁREAS DE MONTES SUBMARINOS E PLATAFORMAS INSULARES DA CADEIA

VITÓRIA-TRINDADE E ATOL DAS ROCAS - BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em

Oceanografia, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do

Espírito Santo, como requisito para obtenção do título de Bacharel em

Oceanografia.

Entregue em 16 de setembro de 2013

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________

Profa. Dra. Valéria da Silva Quaresma

Universidade Federal do Espírito Santo

___________________________________

Dra. Leila Longo

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

___________________________________

Professor Dr. Alex Cardoso Bastos

Universidade Federal do Espírito Santo

MAPEAMENTO DO FUNDO MARINHO DE ÁREAS DE MONTES SUBMARINOS E PLATAFORMAS INSULARES DA CADEIA

VITÓRIA-TRINDADE E ATOL DAS ROCAS - BRASIL

por

Elisa Milán Chaves de Oliveira

Submetido como requisito parcial para a obtenção do grau de

Oceanógrafo

na

Universidade Federal do Espírito Santo

Setembro de 2013

© Elisa Milán Chaves de Oliveira

Por meio deste, o autor confere ao Colegiado do Curso de Oceanografia e ao Departamento de Oceanografia da UFES permissão para reproduzir e

distribuir cópias parciais ou totais deste documento de monografia para fins não comerciais.

Assinatura do autor............................................................................................

Curso de Graduação em Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo

. Certificado por.....................................................................................................

Valéria da Silva Quaresma Profa. Adjunto / Examinador interno

CCHN/DOC/UFES Certificado por.....................................................................................................

Alex Cardoso Bastos Prof. Adjunto / Orientador

CCHN/DOC/UFES Certificado por....................................................................................................

Leila Longo Dra.. / Examinador externo

CNPq Aceito por............................................................................................................

Ângelo Fraga Bernardino Prof. Adjunto / Coordenador do Curso de Oceanografia

CCHN/DOC/UFES

A meus pais, tão amorosos e queridos, pelo apoio e amor

inabaláveis.

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Valéria, um muito obrigada, não apenas pela

oportunidade de realização desse trabalho, mas também, pela oportunidade

de crescer, academicamente e profissionalmente. Agradeço pela paciência e

compreensão quando as coisas não estavam lá, “às mil maravilhas” e até

pelos puxões de orelha, quando esses foram necessários. Obrigada.

Agradeço também ao Alex Bastos, não menos responsável pela oportunidade

de realização desse trabalho, fornecendo o material necessário e me

auxiliando quando me foi preciso. Obrigada pela ajuda e paciência.

A todos os professores da faculdade, pelos ensinamentos e o crescimento

profissional e acadêmico, através do conhecimento passado.

Ao pessoal do LaboGeo (em especial, ao Alex Evaristo), pela ajuda, quando

necessária.

À ANP, agradeço pelo incentivo e financiamento.

A meus pais, por nunca me deixarem faltar nada, por todo o carinho e amor

inabaláveis. Pelo apoio incondicional, as horas de dedicação, aos conselhos

e ensinamentos de honestidade, integridade e amor, elementos essenciais

para eu ser o que sou. Não há palavras que traduzam o quanto sou grata por

tê-los como pais. Pai, mãe, amo vocês.

Aos meus queridos amigos, responsáveis por inúmeras horas de risos,

felicidade e companheirismo. Componentes essenciais para uma vida feliz e

plena. Aos amigos “pré-UFES”, Rayza e Lolo, obrigada por sempre estarem

comigo por todos esses anos. Por todos os momentos felizes, pelos

conselhos, por fazerem parte da minha vida. Rayza, são quase 13 anos!

Obrigada por me dar a segurança de que sempre poderei contar contigo.

Aos amigos da faculdade, que fazem parte do que muitos dizem ser a

melhor fase da vida! Aos amigos dos grupos de estudo na casa da Elisa,

regados a café, perrengue e alegria! A Baiano, Harry, Gastão, Serginho,

Laurinha, Jacque, Robert, Smith, Tarcila, Uyuy, Fernanda, Dê; aos meninos

da casuda e seus agregados. Ao Lucas, pelos anos de companheirismo e

alegria e por sempre querer o meu bem, me incentivando sempre. Aos

amigos queridos Flor, Bai, MD e Rômulo, aquele lugar especial no coração

pelos risos mais sinceros e plenos. Pelo apoio e pelas horas felizes! Amo

vocês!. Bai, amorzão, não tenho nem palavras! Matheus, obrigada por me

fazer tão bem! Enfim, a todos os amigos que foram, são e serão!

E como não poderia deixar de faltar, agradeço a Deus, seja ele qual ou como

for, pela força e pela vida maravilhosa que tenho, pela saúde, família e

amigos. Agradeço por esse mundo grandioso de natureza exuberante, bem

como por esse “marzão”, fontes de paz, inspiração e amor à vida.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagens de rodolitos vivos típicos coletados ao longo de um gradiente de profundidade, mostrando diferentes formas e tamanhos (AMADO-FILHO,2007) ............................................................................................18 Figura 2. Mapa batimétrico ao longo da Zona de Fratura de Vitória-Trindade entre a costa, a Ilha da Trindade e o Arquipélago Martin Vaz (ALMEIDA, 2006)........................................................................................................21 Figura 3. Localização do Atol das Rocas na região oceânica adjacente ao Nordeste Brasileiro, incluído na Zona de Fratura Fernando de Noronha. 1 – Limite de zonas de fratura; 2 – Rochas magmáticas. (Modificado de ALEMIDA, 2006)........................................................................................................24 Figura 4. Mapa da área de estudo Cadeia Vitória-T.rindade (CVT), com localização dos levantamentos sonográficos.............................................27 Figura 5. Mapa da área de estudo Atol das Rocas com localização do levantamento sonográfico........................................................................28 Figura 6. Linha sonográfica (a) e perfil batimétrico correspondente (b), mostrando a variação da profundidade ao longo do percurso efetuado pela embarcação, com origem em A e término em G........................................30 Figura 7. Padrão homogêneo de alta intensidade de retorno de sinal acústico (P1)........................................................................................................32 Figura 8. Imagens subaquáticas de bancos de rodolito da plataforma do Atol das Rocas.................................................................................................33 Figura 9. Padrão heterogêneo com baixa e média intensidade de retorno de sinal acústico (P2) ...................................................................................33 Figura 10. Padrão heterogêneo com baixa e alta intensidade de retorno de sinal acústico (P3)...........................................................................................34 Figura 11. Padrão heterogêneo de baixa e alta intensidade de retorno de sinal acústico e imagem de ROV correspondente. (Fonte: Bertoldi, 2013)............34 Figura 12). Padrão de estruturas de grande porte em fundo de baixa (a) a média (b) intensidade de retorno de sinal acústico (P3). Estruras recifais de Atol das Rocas..............................................................................................35 Figura 13. Imagens subaquáticas de estruturas recifais do Banco Davis, servindo de verdade de campo................................................................36 Figura 14. Sonograma do monte Davis, com ponto de mergulho para aquisição de imagens subaquáticas (20º 34,603S e 34º 48,387W).............................36

Figura 15. Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de baixa a média intensidade de retorno de sinal acústico (P5).............................................37 Figura 16 Imagem subaquática da plataforma do Atol das Rocas evidenciando estrutur7s recifais sobre fundo de sedimento inconsolidado. A imagem mostra a associação desse tipo com macroalgas......................................................37 Figura 17. Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de alta intensidade de retorno de sinal acústico (P5)..................................................................37 Figura18. Estruturas recifais sobre bancos de rodolito. Imagem de ROV sobre uma área da plataforma do Atol das Rocas................................................38 Figura 19. Padrão heterogêneo de baixa, média e alta intensidade de retorno de sinal acústico com estruturas de pequeno porte (P7)............................38 Figura 20. Sonogramas que apresentaram 100% do conteúdo de substrato Rodolito. (a) e (b) sonogramas do monte submarino Vitória: (a) região oeste do Banco e (b) região leste; (c) e (d) sonogramas do Monte Jaseur: (c) região oeste e (d) região leste e; (e) Monte Almirante Saldanha............................ 40 Figura 21 Distribuição de domínio de tipo de fundo para o sonograma do Monte Columbia.................................................................................................41 Figura 22. Distribuição dos domínios dos tipos de fundo para os sonogramas da Ilha da Trindade e Martin Vaz.......................................................................42 Figura 23. Sonograma registrado a noroeste da ilha da Trindade, onde foi observado o maior banco recifal (em extensão e altura), no ponto mais próximo à ilha da Trindade e os menores valores de profundidade da coluna d’água......................................................................................................43 Figura 24. Domínios dos tipos de fundo para os sonogramas do Banco Sueste....................................................................................................45 Figura 25. Domínios dos tipos de fundo nos sonogramas da plataforma do Atol das Rocas................................................................................................46

Figura 25. Estruturas recifais de grande porte registradas na plataforma noroeste da Ilha de Trindade (a), plataforma de Martin Vaz e do Banco Davis (c)......................................................................................................... 46 Figura 26. Diferentes composições do fundo e padrões de estruturas recifais encontradas nas proximidades do Atol das Rocas......................................49 Figura 27.Seção do banco recifal registrado nas proximidade do anel recifal do Atol das Rocas........................................................................................49 Figura 28.Seção do banco recifal registrado nas proximidade do anel recifal do Atol das Rocas..........................................................................................50

“A cura para qualquer coisa é água salgada: Suor, lágrimas ou o mar”.

Isak Dinesen

RESUMO

Presentes em todos os oceanos, os montes submarinos constituem

importantes características da topografia submersa mundial e diversos

trabalhos tentam compreender a ecologia dos ecossistemas associados a

essas feições. O uso de métodos geofísicos na investigação geológica tem

se tornado uma importante ferramenta nas áreas de investigação submersa.

Registros de Sonar de Varredura Lateral foram coletados de topos de montes

submarinos da Cadeia Vitrória-Trindade (CVT) e do Banco Sueste e das

plataformas das Ilhas da Trindade e Martim Vaz, e do Atol das Rocas,

totalizando uma área de 21,7 Km² (18,7 da CVT e 3 de Atol). Os registros

sonográficos evidenciaram 7 padrões acústico, que foram correlacionados a

distintos tipos de substrato. Para ambas as áreas de estudo, o tipo de fundo

composto por rodolito foi o de maior representatividade, equivalendo a 58,5%

da área estudada da CVT e 46,81% da área de estudo Atol das Rocas. A

distribuição dos bancos de rodolito se concentraram sobre os montes

submarinos e sobre a plataforma do Atol, nas regiões mais afastadas do anel

recifal, onde as profundidades atingem maiores valores. As estruturas recifais

se concentraram em áreas mais rasas. A área estudada nas proximidades do

Atol apresentou alta complexidade, exibindo todos os tipos de substrato e

grande variação na morfologia e aspecto das estruturas recifais. A integração

de diferentes técnicas de investigação do fundo marinho resulta em

informações de boa qualidade para a caracterização dos diferentes tipos de

fundo e comunidades bióticas associadas. Este trabalho teve por objetivo a

caracterização morfo-sedimentar de áreas de determinados montes

submarinos da Cadeia Vitória-Trindade e Cadeia de Fernando de Noronha e

das plataformas do Atol das Rocas e das ilhas de Trindade e Martin-Vaz.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 14

2. OBJETIVO....................................................................................................... 15

2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 15

2.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 16

3.1 MONTES SUBMARINOS....................................................................... 16

3.1.1 Formação de montes submarinos.............................................. 16

3.1.2 Composição da fauna bentônica................................................... 17

3.2 BANCOS DE RODOLITO........................................................................ 18

3.3 AMBIENTES RECIFAIS............................................................................. 19

4. ÁREA DE ESTUDO.................................................................................... 21

4.1 CADEIA VITÓRIA-TRINDADE.................................................................. 21

4.1.1 Aspectos climáticos e oceânicos....................................................... 22

4.2 ATOL DAS ROCAS.............................................................................. 22

4.2.1 Aspectos climáticos................................................................. 25

5. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 26

5.1 REGISTROS SONOGRÁFICOS............................................................. 26

5.2 AQUISIÇÃO DE DADOS...................................................................... 27

5.2.1 Cadeia Vitória-Trindade............................................................. 27

5.2.1.1 Registros sonográficos......................................................... 27

5.2.1.1 Registros batimétricos......................................................... 27

5.2.1.2 Registros de imagens subaquáticas...................................... 27

5.2.2 Atol Das Rocas....................................................................... 28

5.2.2.1 Registros sonográficos........................................................ 28

5.2.2.2 Registros de ROV (Veículo de Operação Remota).................. 28

5.3 PROCESSAMENTO LABORATORIAL...................................................... 29

5.3.1 Registros sonográficos............................................................ 29

5.3.1 Registros batimétricos............................................................. 29

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 31

6.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES SONOGRÁFICO............................. 31 6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PADRÕES SONOGRÁFICOS E ATRIBUIÇÃO AOS TIPOS DE SUBSTRATO CORRESPONDENTES................................... 32

6.2 DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE SUBSTRATO..................................... 39

6.2.1 Cadeia Vitória-Trindade.............................................................. 39

6.2.2 Atol das Rocas......................................................................... 44

6.3 DISTRIBUIÇÃO DOS BANCOS DE RODOLITO...................................... 47

6.4 DOMÌNIO RECIFAL............................................................................. 48

6.5 ECOSSISTEMAS CARBONÁTICOS...................................................... 51 6.6 MAPEAMENTO DO FUNDO MARINHO E APLICAÇÕES NO CENÁRIO ATUAL.................................................................................................................. 52

7 CONCLUSÃO........................................................................................... 54

13

1. INTRODUÇÃO

A estruturação do fundo marinho é reflexo de condicionantes ambientais, tais como a

química da água, profundidade, padrões de circulação das correntes e geologia

local, de forma que e a comunidade biótica associada, sobretudo a comunidade

bentônica, será definida de acordo com as condições ambientais de certa região

(DIAZ ET AL, 2004; GREENE ET AL 1999). Dessa forma, uma vez que os tipos de

substrato do fundo marinho são determinantes na composição de habitats

bentônicos, as técnicas de imageamento de fundo tem se tornado de grande

interesse para estudos de caracterização e mapeamento de habitats bentônicos

(ZAJAC, 2008). Da mesma maneira que o habitat bentônico será definido pelas

forçantes ambientais e estruturais, a avaliação do substrato e composição do habitat

bentônico fornecerá informações sobre os fatores que atuam em determinado local,

e poderá servir de base, juntamente com outras técnicas empregadas, para a

avaliação de áreas de risco ou de elevada importância ecológica, as quais poderiam,

impossibilitar, por exemplo, a instalação de estruturas de engenharia.

Atualmente, o incremento e o emprego de geotecnologias em estudos de

mapeamento do fundo marinho vêm proporcionando uma ampliação no

conhecimento da distribuição e das particularidades dos habitats bentônicos,

tornando-se essenciais às pesquisas e possibilitando a avaliação do estado dos

recursos (GREENE et al., 1999; DIAZ et al., 2004). Esse tipo de mapeamento

oceânico vem se tornando uma técnica cada vez mais comum para a avaliação

desses habitats e potenciais riscos e impactos causados pelas atividades antrópicas

sobre a comunidade bentônica. (GREENE et al., 1999).

Eles têm sido utilizados em muitas áreas de investigação, tais como: estudos para

ampliação do conhecimento científico de áreas submersas; pesquisa mineral;

definição de rotas de navegação e de reserva de água potável; e suporte a projetos

de engenharia (instalação de dutos, pontes, cabos ou plataformas) (SOUZA, 2006).

Com a evolução de softwares específicos, a classificação do fundo marinho foi

ampliada para áreas tais como a pesca e indústria de exploração de recursos,

14

possibilitando o conhecimento detalhado do fundo, a fim de auxiliar na instalação de

dutos, ou cabos, tornando-se uma importante ferramenta científica (OHI, 2010).

As empresas brasileiras de exploração de hidrocarbonetos vem passando por um

incrível crescimento, ampliando suas fronteiras exploratórias para regiões mais

afastadas da costa e a profundidade bem mais elevadas, o que requer o emprego de

tecnologia mais específica, além de um conhecimento mais amplo sobre as

condições de estabilidade do subsolo marinho, onde se assentarão todos os

equipamentos de extração dos recursos (MILANI et. al., 2000). Dessa forma, a

geofísica nacional está atravessando um momento especial em sua história,

proporcionado pelo crescimento econômico brasileiro, pela demanda internacional e

a perspectiva do aumento da exploração no pré-sal, o que configura um cenário que

requer o incremento dos serviços, o desenvolvimento qualitativo de profissionais e a

disseminação do conhecimento geofísico. (SBGF, 2011).

Portanto, devido à essa versatilidade e aos benefícios e facilidades que esses

métodos geofísicos apresentam em relação a outros métodos o crescimento na

utilização desses métodos geofísicos na investigação de áreas submersas tem

crescido tanto, sobretudo nas últimas duas décadas (SOUZA, 2006).

O trabalho de vários autores vem provando a alta efetividade dos métodos indiretos

de investigação do fundo marinho, sobretudo através do uso do sonar de varredura

lateral para a determinação de características do leito marinho, bem como da

comunidade associada às condições distintas encontradas nessas áreas

(MCARTHUR et al., 2010; GREENE, 1999).

Este trabalho teve por objetivo a caracterização morfo-sedimentar de áreas de

determinados montes submarinos da Cadeia Vitória-Trindade e Cadeia de Fernando

de Noronha e das plataformas do Atol das Rocas e das ilhas de Trindade e Martin-

Vaz.

15

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Definir os diferentes tipos de substrato do topo de montes submarinos da Cadeia

Vitória-Trindade e do Atol das Rocas e das plataformas insulares de Trindade,

Martin-Vaz e do Atol.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Correlacionar os dados geofísicos adquiridos por Sonar de Varredura Lateral

(SSS) com as verdades de campo empregadas;

Identificar os diferentes padrões sonográficos e atribuí-los aos domínios dos

tipos de fundo marinho;

Correlacionar os distintos tipos de fundo a habitats bentônicos.

16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 MONTES SUBMARINOS A definição de monte submarino ainda causa discordâncias dentre a comunidade

acadêmica. A partir de diversas perspectivas e estudos, Staudigel, et al., (2010)

definiram montes submarinos como:

Os montes submarinos são importantes características da topografia submersa

mundial (CLARK et al., 2010). Estão presentes em todos os oceanos e estima-se

que existam 200.000 dessas feições, dependendo do critério de classificação

(WESSEL, 2010). É crescente o número de trabalhos que tentam compreender a

ecologia dos ecossistemas associados aos montes submarinos, abordando questões

sobre os padrões da biodiversidade da comunidade associada e suas interações,

bem como a exploração, conservação e manejo dos recursos presentes nessas

feições (PITCHER et al.,2007; MCCLAIN, 2007; CLARK, 2010).

3.1.1 Formação de montes submarinos

A formação de alinhamentos de montes vulcânicos, constituindo as cadeias de

montes submarinos é atribuída à movimentação da placa litosférica sobre um ponto

quente fixo no manto onde há extravasamento do magma da pluma mantélica (hot

spot), resultando em montes com idades crescentes a partir do afastamento da

posição atual do hot spot, onde a atividade vulcânica é presentemente ativa

(WILSON, 1963; BAPTISTA NETO & SILVA, 2004). Dessa forma, os montes

submarinos geralmente são formados próximo a cordilheiras mesoceânicas, onde as

placas litosféricas estão se afastando e em áreas de convergência de placas, como

“qualquer feição topográfica isolada no fundo

oceânico maior que 100 metros de altura, incluindo

aquelas cujos topos podem temporariamente

emergir acima do nível do mar, e excluindo as

localizadas nas plataformas continentais ou que

fazem parte de outras grandes massas de terra”.

17

nos arcos de ilhas, onde há intensa atividade vulcânica (BAPTISTA NETO & SILVA,

2004; STAUDIGEL & CLAGUE, 2010).

Caso as construções vulcânicas aflorem, há a formação das ilhas vulcânicas, que

posteriormente, por processos de erosão, podem sofrer o aplainamento de seus

topos. À medida que são arrastadas junto à placa litosférica subsidente, sendo

deslocadas lateralmente a partir do eixo da cordilheira, essas feições podem sofrer

um afundamento, formando os guyots. (BAPTISTA NETO & SILVA, 2004).

3.1.2 Composição da fauna bentônica

Os montes submarinos diferem largamente em forma, tamanho e localização, o que

reflete nas condições ambientais e biogeográficas, e na composição da biota local. A

composição da biota bentônica em montes submarinos demonstra um padrão

estratificado em resposta aos gradientes das condições ambientais (temperatura,

pressão, concentração de oxigênio, disponibilidade de comida ou luz),

principalmente à mudança na profundidade (O’ HARA, 2007; ROGERS et al., 2007;

CLARK et al., 2010). A biota também poderá refletir ao “reservatório” de espécies

que acercam outros montes submarinos e a margem continental (MCCLAIN et al.,

2009).

A morfologia do monte submarino pode influenciar amplamente a composição da

fauna e flora associadas, uma vez que também irá influenciar o padrão da

hidrodinâmica local e, consequentemente, a deposição de sedimento e matéria

orgânica. (CLARK et al., 2010). Montes de aspecto mais cônico, muito

possivelmente apresentarão superfície mais rochosa e íngreme, influenciada por

correntes mais fortes, e talude bem escarpado e com fendas, resultando em menor

deposição sedimentar em seu topo e maior nas fendas. (CLARK et al., 2010). Por

outro lado, montes de topos aplainados, como os guyots, facilitarão a deposição do

sedimento no topo do monte, e seus taludes apresentarão superfícies rochosas.

Nesse contexto, a distribuição da biota respeitará as condições que melhor a satisfaz

(CLARK et al., 2010).

18

3.2 BANCOS DE RODOLITO

Rodolitos são estruturas de algas vermelhas coralinas, não-geniculadas, de forma de

vida livre, que precipitam carbonato de cálcio (na forma de cristais de calcita) em

suas paredes celulares, podendo ter estruturas constituídas inteiramente de algas

coralinas ou apresentarem um núcleo de outro material, como uma rocha, por

exemplo. Se desenvolvem a partir de fragmentos oriundos de outras algas calcárias

e constituem ramificações (talos), que se destacam e se desenvolvem no estado

livre, não fixos, sendo este tipo de recrutamento (por fragmentação) muito importante

e comum (FOSTER, 2001; DIAS, 2000). Apresentam formas diferentes de

crescimento, o que é atribuído à interação entre o caráter genético e as condições

ambientais (Figura 1) (SCHAEFFER et al., 2002).

Figura 1. Imagens de oito rodolitos vivos típicos coletados ao longo de um gradiente de profundidade, mostrando diferentes formas e tamanhos (AMADO-FILHO, 2007)

19

Vários autores apontam a capacidade de colonização das algas calcárias em

habitats distintos. De regiões tropicais a regiões polares (STENECK, 1986), desde a

zona intermarés até grandes profundidades (DIAS, 2000; STENECK, 1986;), as

algas calcárias formam o grupo de algas marinhas mais amplamente distribuído pelo

globo.

Agregados desses nódulos podem formar comunidades extensas, denominadas

bancos de rodolito (ADEY, 1986; FOSTER, 2001). Os bancos apresentam nódulos

vivos e mortos, que tendem a ocorrer sobre substratos inconsolidados (areia

litoclástica) e geralmente em regiões submetidas a ondas e correntes de fundo

moderadas, mas fortes o suficientes para revirarem os nódulos (ADEY, 1986;

FOSTER, 2001; DIAS, 2000), prevenindo, assim, que esses sejam soterrados, mas

não a ponto de promover a quebra insustentável dos talos (FOSTER, 2001). Os

bancos de rodolitos, junto aos recifes de coral, florestas de Kelps e pradarias de

gramíneas, são considerados parte do “Big Four”, que são os quatro ecossistemas

de organismos bentônicos de maior área e de suma importância em diversidade e

organismos associados (FOSTER, 2001).

Os rodolitos formam uma das comunidades bentônicas mais importantes da

plataforma continental brasileira (GHERARDI, 2004). Estima-se que os bancos de

rodolitos brasileiros se estendam entre 2o N e 25o S, sendo considerada essa área, a

maior extensão no mundo dessas comunidades (DIAS, 2000; KEMPF, 1970). As

ocorrências, de maneira geral, são mais contínuas e estão localizadas na plataforma

média e externa.

Esses ecossistemas também apresentam grande importância econômica, pois deles

são extraídos os granulados bioclásticos marinhos, compostos a partir de algas

calcárias ou fragmentos de conchas (coquitas e areias carbonáticas), usados em

diversas aplicações (DIAS, 2000; FOSTER, 2001). A explotação dos depósitos

acarreta a redução da população e degradação da comunidade bentônica, sendo

motivo de preocupação do ponto de vista de manejo e preservação, uma vez que

essas áreas são tão importantes ecologicamente (DIAS, 2000; FOSTER, 2001).

20

3.3 AMBIENTES RECIFAIS

Recifes biogênicos são o produto da atividade de cimentação construtiva de

constituintes bióticos que, devido à suas capacidades de resistirem à ação das

ondas, conseguem erguer construções e estruturas recifais (LOWENSTAM, 1950).

Eles são o resultado da atividade orgânica em resposta aos fatores ambientais

(hidrofísicos e hidroquímicos) em conjunto ao histórico geológico em que estão

inseridos (GISCHLER; HUDSON, 2004). Ocorrem principalmente em áreas rasas

tropicais oligotróficas, de alta salinidade e baixa turbidez, mas também em diversos

outros lugares do oceano, incluindo em águas profundas (CASTRO et al., 2011).

Os recifes são construídos por corais e vários outros organismos biomineralizadores,

dos quais se destacam as algas coralíneas, que são um importante componente do

ambiente recifal, formando ecossistemas altamente produtivos e de alta riqueza de

espécies (STENECK & DETHIER, 1994; KIKUCHI & LEÃO, 1997; LEÃO &

DOMINGUEZ, 2000) e podendo representar papel tão ou mais importante que os

corais na construção dos recifes (CASTRO et al., 2011).

Ambientes recifais, sobretudo os coralíneos, são ecossistemas marinhos diversos,

considerados altamente produtivos, que oferecem habitação, alimento, abrigo e

proteção contra predadores a até milhões de espécies diferentes de plantas e

animais (LEÃO et al., 2008;SHEPPARD et al., 2009), compondo uma complexa rede

de interações tróficas, competitivas e cooperativas (CASTRO et al., 2011). Esses

ecossistemas são considerados uma das duas comunidades naturais mais diversas

do globo, sendo sua biodiversidade análoga a das florestas tropicais (REAKA-

KUDLA, 1997; LEÃO et al., 2008). Ainda, são responsáveis pelo mais alto grau de

fixação de carbono e oxigênio e maior produtividade, quando comparados com

qualquer outro ecossistema costeiro.

21

4. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo do presente trabalho é dividida em duas, que foram nomeadas

como: Área de estudo Cadeia Vitória-Trindade (CVT) e Área de estudo Atol das

rocas.

4.1 CADEIA VITÓRIA-TRINDADE

A Cadeia Vitória-Trindade (CVT) compreende uma cadeia de 9 montes submarinos

(Besnard, Vitória, Congress, Champlaine, Montague, Jaseur, Columbia, Davies e

Dogaressa ), entre outros menores, e duas ilhas, em sua extremidade oriental

(Trindade e Martin-Vaz) (Figura 2). Abrangendo cerca de 1000 km de extensão, a

cadeia inicia-se no talude continental a 175 km da costa, ao largo de Vitória, ES, e

perlonga em seu início, a borda sul do banco dos Abrolhos (ALMEIDA, 2006). Está

localizada dentro da Zona Econômica Exclusiva brasileira, a 20-21o S e 29-38o W

(Figura 1) e do ponto de vista geológico, inserida na Zona de Fratura de Vitória-

Trindade (ZFVT) (ALVES, 2002). Uma característica importante é que os seus cimos

são planos em função dos processos erosivos marinhos e cobertos por calcários

biogênicos (ALMEIDA, 2006).

Figura 2. Mapa batimétrico ao longo da Zona de Fratura de Vitória-Trindade entre a costa, a Ilha da Trindade e o Arquipélago Martin Vaz (ALMEIDA, 2006)

A teoria mais aceita para a formação da cadeia é a que aborda a Pluma Mantélica

de Trindade. Essa teoria propõe que o continente sul-americano, moveu-se sobre o

hot spot Trindade (localizado sob a ilha de mesmo nome) enquanto avançava em

22

direção oeste em seu caminho de separação da placa litosférica da África,

reativando, dessa forma, a ZFVT. (DUNCAN & RICHARDS, 1991;SIEBEL et al.,

2000; THOMAS-FILHO et al., 2005; SKOLOTNEV et al., 2011). Vários dos relevos

submarinos inseridos na cadeia apresentam forma alongada aproximadamente de

direção leste-oeste, ocasionada pela intrusão do magma na zona de fratura

orientada dessa forma (ALMEIDA, 2006).

4.2.2 Aspectos climáticos e oceânicos

As ilhas de Trindade e Martin Vaz estão inseridas em uma região de clima oceânico

tropical, e que sofre influência dos ventos alísios do Leste e do Sudeste. A

temperatura média anual é de 25°C, sendo fevereiro e setembro os meses mais

quente e mais frio, respectivamente. (CIBEC, 2005). Chuvas rápidas, conhecidas

como pirajás, ocorrem quase diariamente, sobretudo no verão. (CIBEC, 2005).

Entre os meses de abril e outubro, ocorrem frentes frias periódicas, vindas da

Antártica, que sobem pelo sul do Brasil e desviam para o oceano quando atingem a

região sudeste, alcançando as ilhas e provocando abruptas alterações nas

condições do mar. (CIBEC, 2005). A Ilha da Trindade apresenta um pico de 600

metros de altura, proporcionando um grande obstáculo para as nuvens carregadas,

que chocam com o pico e precipitam, o que mantém três grandes fontes de água

potável na ilha (CIBEC, 2005).

A Corrente do Brasil (CB), corrente de contorno oeste associada ao Giro Tropical do

Atlântico Sul, origina-se a aproximadamente 10°S, quando o braço sul da Corrente

Sul Equatorial se bifurca. A CB então flui em direção sul, bordejando a plataforma

continental brasileira, até a região da Convergência Subtropical, a 33-38°S

(STRAMMA, 1991; SILVEIRA et. al., 1994), sendo que em 20,5°S, a CB se depara

com a Cordilheira Trindade-Vitória, carregando águas aquecidas (Água Tropical)

(EVANS et al., 1983) . Dessa forma, as águas que circundam Trindade e Martin Vaz

são caracterizadas pela alta salinidade (valores médios entre 35,1 a 36,2 ppm), pela

temperatura morna (27°C) e por alcançar transparência de até 50 metros.

23

4.2 ATOL DAS ROCAS

Os atóis são recifes oceânicos de aspecto anular, geralmente apresentando uma

laguna interna e ilhas formadas por depósitos arenosos inconsolidados do Holoceno

(BARRY et al., 2007). A teoria mais aceita para a formação dos ecossistemas

recifais em forma de atol é a teoria de Darwin (1942), na qual ele propôs que os

recifes são construídos em volta de ilhas vulcânicas por organismos construtores, de

forma concomitante ao rebaixamento do monte vulcânico em relação ao nível do

mar, por um aumento do nível deste, ou por subsidência tectônica. A construção do

edifício carbonático pela atividade dos organismos, como corais e algas, após todo o

embasamento cristalino estar abaixo do nível do mar, resultaria no arcabouço recifal

em forma circular, formando uma laguna central, o Atol (SOARES et al., 2011;

PEREIRA et al., 2010). Processos hidrodinâmicos de pequena escala promovem a

renovação da água no interior do atol e canais fazem a ligação entre o oceano e a

laguna, proporcionando a ciclagem de nutrientes e gases dissolvidos (BAIRD &

ATIKINSON, 1997; PURDY & WINTERER, 2006).

Assim como a Cadeia Vitória-Trindade, o Atol das Rocas faz parte de uma cadeia de

montes submarinos e elevações do embasamento (Cadeia de Fernando de

Noronha) (GORINI &BRYAN, 1974; SOARES-GOMES et al., 2001, GHERARDI &

BOSENCE, 2001; PEREIRA et al., 2010). A cadeia é constituída pelo Arquipélago de

Fernando de Noronha, Atol das Rocas e outros montes e elevações, todos inseridos

na Zona de Fratura Fernando de Noronha, uma ramificação da dorsal mesoceânica

(ALMEIDA, 2006; MABESOONE & COUTINHO, 1970). A existência de uma ilha

(Fernando de Noronha) e um atol ao extremo leste da Cadeia de Fernando de

Noronha assemelha-se à configuração da Cadeia Vitória-Trindade (que apresenta a

Ilha da Trindade e o arquipélago de Martin Vaz em sua extremidade oriental),

indicando origem similar para ambas (ALMEIDA, 2006).

A Cadeia de Fernando de Noronha, localizada na região Equatorial Ocidental do

Oceano Atlântico (SCHOBBERNHAUS et al.,1984), assim como a Cadeia Vitória-

Trindade, apresenta os topos de seus montes aplainados pela erosão subaérea e

abrasão marinha, formando guyots (ALMEIDA, 2006; LARRAZÁBAL & OLIVEIRA

2003). O Atol das Rocas é um exemplo desses montes, apresentando sua

24

plataforma de abrasão marinha coberta por depósitos biogênicos que hoje se

encontram expostos, de forma que o atol localiza-se no topo de um monte

submarino, cuja base encontra-se a 4000 metros de profundidade no leito oceânico.

Sua localização é a 3°51’S e 33°49’W, a 266 km da cidade de Natal e 150 km a

oeste do arquipélago de Fernando de Noronha (Figura 3) (KIKUCHI & LEÃO 1997).

Segundo Kikuchi (1994) e Gherardi & Bosence (2005), o Atol das Rocas é o único

atol do Atlântico Sul Equatorial.

Figura 3. Localização do Atol das Rocas na região oceânica adjacente ao Nordeste Brasileiro, incluído na Zona de Fratura Fernando de Noronha. 1 – Limite de zonas de fratura; 2 – Rochas magmáticas. (Modificado de ALEMIDA, 2006). É consentido que o embasamento cristalino do Atol das Rocas seja de origem

semelhante às rochas vulcânicas de Fernando de Noronha (determinadas variando

entre 12, 3 e 1,7 Ma) e de idade superior, devido à sua localização mais distante em

relação à cordilheira mesoceânica. O edifício carbonático desse atol apresenta um

estrato (de 12 m de espessura) de idade holocênica constituído principalmente por

algas coralíneas incrustantes, além de incrustações de moluscos vermetídeos,

corais e foraminíferos. As idades radiométricas dos esqueletos de coral desse

estrato indicam que o atol se formou há aproximadamente 6000 anos AP.

A estrutura recifal primária do atol é composta principalmente por algas coralinas

incrustantes, sendo a alga vermelha Porolithon cf. pachydermum o principal

construtor do recife. Essa alga ainda é encontrada em associação com mais quatro

gêneros de algas coralinas, representando abundância relativa de 70% na formação

25

(GHERARDI & BOSENCE, 2001). Além das algas coralinas, a estrutura carbonática

de Rocas ainda é arquitetada por gastrópodes vermetídeos, foraminíferos, tubos de

poliquetas e corais e seus fragmentos (GHERARDI & BOSENCE, 2001).

4.2.1 Aspectos climáticos

A região é dominada pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) (NIMER, 1989)

e os ventos predominantes ao longo do ano são ventos fracos, de leste e sudeste

com velocidades variando entre 6,0 a 10,0 m/s e uma frequência de 45%.

Entretanto, a região exibe relativa sazonalidade, em que, nos meses de inverno (de

junho a agosto), os ventos apresentam velocidades variando entre 11,0 e 15,0 m/s e

frequência de 35% para SE e 15% para E, e no verão (de dezembro a abril),

velocidade usualmente acima de 20,0 m/s e frequência em cerca de 20% para os

ventos SE e E (KIKUCHI & LEÃO,1997).

A temperatura da água do mar tem média de 27,0 °C e pode chegar a 42 °C nas

piscinas, onde a salinidade na superfície varia entre 36 e 37. A maré varia 2,7

metros, no máximo, e tem regime semidiurno e mesotidal. Em marés baixas de

sizígia, o platô recifal fica exposto (GHERARDI & BOSENCE, 1999). O atol é

banhado pela Corrente Sul Equatorial, que apresenta direção constante para W

(GÓES, 2006) e velocidade média de 30 cm.s-1 (RICHARDSON & WALSH, 1986) e

as ondas se concentram na porção a Barlavento (SE) do atol (GHERARDI &

BOSENCE, 2001; SOARES et al., 2011).

26

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Dados geofísicos de batimetria e sonografia, e imagens realizadas por filmagens em

mergulho autônomo foram obtidos da região da Cadeia Vitória-Trindade e dados de

sonografia e imagens por meio de Veículo Remotamente Operado (ROV) foram

aquisitados da região de Atol das Rocas, a fim de se alcançar os objetivos definidos.

5.1 REGISTROS SONOGRÁFICOS

Os registros sonográficos foram obtidos através de um sonar de varredura lateral ou

SideScan Sonar (SSS), de modelo Edgetech 4100, associado a um sistema de

aquisição digital modelo 560P com programa de aquisição Discover (V.5.12). Como

transdutor do sistema, foi utilizado um “peixe” 272TD (100/500) kHz, e também

foram empregados no levantamento, GPS e laptop, todos pertencentes ao

Laboratório de Geologia Marinha (LaboGeo-UFES). O sonar foi operado na

frequência de 100 kHz e varredura latera de cerca de 100 a 200 metros para a área

de estudo de Atol das Rocas e de 200 a 400 metros para a CVT. O peixe foi

preferencialmente rebocado a uma profundidade de cerca de 10 % da profundidade

local.

O sonar de varredura lateral funciona através da emissão de dois feixes acústicos,

com um ângulo de abertura da ordem de 30o, que viaja até o fundo marinho e

interage com ele. O eco do sinal acústico emitido, ou sinal de retorno (acoustic

backscatter), é recebido pelos transdutores e transmitido para a unidade de

gravação no interior da embarcação e então processado, resultando em uma

imagem acústica do fundo do mar (AYRES NETO, 2000; AYRES NETO &

BAPTISTA NETO, 2004; KENNY et al., 2003). A imagem formada é em função das

diferentes intensidades do sinal de retorno, que dependem de uma série de fatores

como o tipo de sedimento (e sua granulometria e textura), ângulo de incidência,

micromorfologia do fundo e atenuação das ondas acústicas (Figura 6) (BLONDEL &

MURTON, 1997; AYRES NETO, 2000).

5.2 AQUISIÇÃO DE DADOS

27

5.2.1 Cadeia Vitória-Trindade

5.2.1.1 Registros sonográficos

Foram realizadas duas expedições para coleta dos registros sonográficos, a primeira

em março de 2009 e a segunda em fevereiro de 2011. Os dados foram coletados

nos montes submarinos Almirante Saldanha, Jaseur, Davis e Vitória, e nas

plataformas das Ilhas da Trindade e de Martin Vaz (Figura 4).

Figura 4. Mapa da área de estudo Cadeia Vitória-Trindade (CVT), com localização dos levantamentos

sonográficos.

5.2.1.1 Registros batimétricos

A batimetria é a técnica usada para se medir a espessura da coluna d’água através

da emissão de sinais acústicos e aferição do intervalo de tempo entre o momento

em que o sinal foi emitido e o instante em que este sinal retorna ao sensor. Sabendo

a velocidade de propagação do pulso acústico, é possível, então, determinar essa

distância (AYRES NETO & BAPTISTA NETO, 2004; SOUZA 2006).

Registros batimétricos foram coletados através de um equipamento de Sistema de

Posicionamento Global (GPS), com sonda, modelo Garmin 178C de frequência de

200 kHz e coleta de dados a cada 1 segundo concomitantemente ao levantamento

sonográfico.

5.2.1.2 Registros de imagens subaquáticas

Para fins de corroboração dos registros, foram realizadas filmagens do leito marinho

na região da Cadeia Vitória-Trindade em pontos estratégicos, com câmera de vídeo

28

colorido. As filmagens e fotografias foram gravadas cobrindo-se as principais

características do ambiente bentônico de locais estratégicos, sendo depois

atribuídas aos respectivos tipos de fundo marinho.

5.2.2 Atol Das Rocas

5.2.2.1 Registros sonográficos

Os registros sonográficos foram coletados em novembro e dezembro de 2011, no

topo do banco Sueste e na plataforma do monte que suporta o Atol. Filmagens com

Veículo Remotamente Operado (ROV) foram realizadas a fim de corroborar os

dados sonográficos. Não foram coletados registros batimétricos nas campanhas

realizadas na região do Atol das Rocas.

Figura 5. Mapa da área de estudo Atol das Rocas com localização do levantamento sonográfico.

5.2.2.2 Registros de ROV (Veículo de Operação Remota)

O ROV consiste em um equipamento não tripulado e, portanto, remotamente

operado que fornece imagens do fundo marinho, adquiridas através de uma câmera

acoplada a uma armação de trenó (AYRES NETO & BAPTISTA NETO, 2004;

WADDELL, 2005). O equipamento é ligado ao navio por um cabo e daí recebe a

energia e os comandos necessários para a operação. As imagens são enviadas aos

computadores à bordo do navio (AYRES NETO & BAPTISTA NETO, 2004).

29

Foram realizadas filmagens do leito marinho sobre a plataforma do Atol das Rocas

em pontos estratégicos com ROV de modelo SeabotixH LBV 150S2, equipado com

câmera de vídeo colorido. As filmagens foram gravadas de forma a cobrir as

principais características do ambiente bentônico de cada local, e posteriormente

transformadas em imagens estáticas de um quadro por segundo.

5.3 PROCESSAMENTO LABORATORIAL

5.3.1 Registros sonográficos

As imagens acústicas registradas foram processadas no software SonarWizMap 5,

da empresa Chesapeak Technology, para devidas correções, a fim de que mosaicos

georreferenciados fossem produzidos e exportados como imagens GeoTiff com uma

resolução de 1,0 m/pixel para serem trabalhadas no software ArcGis 9.3, onde as

imagens foram tratadas e interpretadas para se definir os padrões sonográficos.

As imagens digitais geradas, os sonogramas, foram interpretadas de forma a

determinar suas características reflexivas a partir dos parâmetros de intensidade de

retorno do sinal (baixa, média ou alta) caráter textural (homogêneo, heterogêneo,

presença de formas de fundo) e rugosidade. Dessa forma, foi possível a

determinação de diferentes padrões acústicos e a identificação dos tipos de fundo e

feições morfológicas associadas, permitindo assim que fosse determinado a

distribuição dos tipos de substrato presentes.

Os distintos padrões acústicos e a definição dos tipos de substrato associados foram

determinados considerando a predominância relativa desses tipos de fundo, de

forma que, nos casos em que não foi possível definir detalhadamente os limites dos

distintos tipos de substrato, as classificações foram determinadas de maneira mais

abrangente, a fim de facilitar a descrição dos registros, confecção de mapas, e a

interpretação dos resultados. Dessa forma, a classificação de certo tipo de substrato

não exclui totalmente a ocorrência de outro tipo, mas pode apenas indicar uma

proporção consideravelmente maior de um em relação ao outro.

30

5.3.1 Registros batimétricos Através do software de aquisição MapSource e de processamento Surfer 9, foram

determinados os pontos dos registros batimétricos e a distância percorrida, de forma

a se ter, para cada sonograma, a rota realizada pela embarcação e a partir daí,

exportar os valores de profundidade e distância acumulada para a construção dos

perfis batimétricos através do software Excel, do pacote do Microsoft Office. Dessa

forma, foi possível determinar a profundidade em diferentes pontos, possibilitando a

análise do ponto correspondente no registro sonográfico e fazer a correlação com a

distribuição dos tipos de fundo registrados, como é exemplificado na Figura 6.

31

(a)

(b)

Figura 6. Linha sonográfica (a) e perfil batimétrico correspondente (b), mostrando a variação da profundidade ao longo do percurso efetuado pela

embarcação, com origem em A e término em G.

32

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES SONOGRÁFICO

O principal critério para a identificação dos padrões sonográficos e posterior

atribuição aos respectivos tipos de substrato foi o reconhecimento de

distintos padrões de retorno do sinal acústico existentes nos sonogramas

analisados e a correlação com verdade de campo e comparação embasada

na bibliografia de trabalhos análogos ao estudo presente.

Devido a problemas técnicos durante a aquisição dos dados, algumas áreas

dos sonogramas ficaram impossibilitadas de serem interpretadas

efetivamente, sendo classificadas como “Não Identificado”.

Os padrões acústicos identificados, bem como seus respectivos códigos e

área de estudo de ocorrência, estão inseridos na Tabela 1, que segue:

Tabela 1. Padrões acústicos com respectivos códigos adotados e suas ocorrências nas áreas de estudo Cadeia Vitória-Trindade (CVT) e Atol das Rocas (AR).

Padrão acústico Código CVT AR

Padrão homogêneo de alta intensidade de retorno de sinal

acústico P1 X X

Padrão heterogêneo com baixa e média intensidade de

retorno de sinal acústico P2 X

Padrão heterogêneo com baixa e alta intensidade de retorno

de sinal acústico P3 X X

Padrão de estruturas de grande porte em fundo de baixa a

média intensidade de retorno de sinal acústico P4 X X

Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de alta

intensidade de retorno de sinal acústico P5 X X

Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de baixa a

média intensidade de retorno de sinal acústico P6 X

Padrão heterogêneo de baixa, média e alta intensidade de

retorno de sinal acústico com estruturas de pequeno porte P7 X X

33

6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PADRÕES SONOGRÁFICOS E ATRIBUIÇÃO

AOS TIPOS DE SUBSTRATO CORRESPONDENTES

a) Padrão homogêneo de alta intensidade de retorno de sinal acústico

(P1)

O padrão acústico identificado como homogêneo de alta intensidade de

retorno de sinal acústico (Figura 7) foi encontrado nas duas áreas de estudo,

sendo o de maior representatividade para ambas. O padrão foi vinculado ao

tipo de fundo de rodolito (Figura 8). Imagens subaquáticas desse tipo de

substrato foram registradas em diversos pontos da CVT e plataforma do Atol

das Rocas. A Figura 8 mostra um registro rodolitos sobre a plataforma do Atol

da Rocas.

Figura 7. Padrão homogêneo de alta intensidade de retorno de sinal acústico (P1)

Figura 8. Imagens subaquáticas de bancos de rodolito da plataforma do Atol das Rocas.

.

34

b) Padrão heterogêneo com baixa e média intensidade de retorno de

sinal acústico (P2)

Caracterizado por apresentar fundo de baixa intensidade de retorno de sinal

intercalando com áreas de média intensidade de retorno de sinal (Figura 9).

O padrão está associado ao substrato de sedimento inconsolidado de

granulometria fina (faixas escuras) com faixas de sedimento de granulometria

mais grossa (faixas mais claras). Em certos pontos, foi possível notar a

presença de formas de fundo, feições comuns em fundos inconsolidados,

ocasionadas pela ação de corrente ou ondas. O padrão foi encontrado na

CVT, sobre a plataforma de Martin Vaz e da Ilha da Trindade.

Figura 9. Padrão heterogêneo com baixa e média intensidade de retorno de sinal acústico (P2)

c) Padrão heterogêneo com baixa e alta intensidade de retorno de sinal

acústico (P3)

O padrão apresenta fundo de baixa intensidade de retorno de sinal,

intercalando com faixas de alta intensidade de retorno de sinal (Figura 10),

sendo relacionado a substrato sedimento inconsolidado de granulometria fina

com faixas de rodolito. Esse padrão foi encontrado apenas na área de estudo

de Atol das Rocas.

35

Figura 10. Padrão heterogêneo com baixa e alta intensidade de retorno de sinal acústico (P3)

Bertoldi (2013) identificou o mesmo padrão no mapeamento de uma área do

Banco dos Abrolhos e, comparando-o com imagens de ROV adquiridas nos

seus locais de ocorrência, também o atribuiu a um substrato misto de rodolito

e sedimento inconsolidado (Figura 11). Vale também ressaltar, que o padrão

foi encontrado em áreas contíguas a regiões de domínio de rodolito, o que

também serve como argumento para tal correlação.

Figura 11. Padrão heterogêneo de baixa e alta intensidade de retorno de sinal acústico (à esquerda) e imagem de ROV correspondente (à direita).Fonte: Modificada de Bertoldi, 2013).

d) Padrão de estruturas de grande porte em fundo de baixa a média

intensidade de retorno de sinal acústico (P4)

O padrão foi associado a estruturas recifais (alta intensidade de retorno de

sinal) de grande porte, configurando construções recifais de maior altura e/ou

mais agrupadas ou coalescidas, presentes em fundo sedimentar não

consolidado de granulometria fina (baixa intensidade de retorno de sinal) ou

média (média intensidade de retorno de sinal) (Figura 12). Foi encontrado

nas ilhas da Trindade e Martin Vaz, e principalmente nas construções do anel

recifal do Atol.

36

Filmagens de estruturas recifais (Figura 13) com câmera subaquática foram

realizadas sobre o Monte Davis, sendo o ponto de mergulho nas

coordenadas 20º 34,603S e 34º 48,387W (Figura 14), localizado sobre a área

correspondente ao sonograma do monte em questão.

a)

b)

Figura 12. Padrão de estruturas de grande porte em fundo de baixa (a) a média (b) intensidade de retorno de sinal acústico (P3). Estruras recifais de Atol das Rocas

Figura 13. Imagens subaquáticas de estruturas recifais do Banco Davis, servindo de verdade de campo.

37

Figura 14. Sonograma do monte Davis, com ponto de mergulho para aquisição de imagens subaquáticas (20º 34,603S e 34º 48,387W)..

e) Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de baixa a média

intensidade de retorno de sinal acústico (P5)

O padrão evidenciou estruturas recifais pequenas sobre um fundo dominado

por sedimento inconsolidado, apresentando, em certos pontos, formas de

fundo (Figura 15). As estruturas recifais desse padrão apresentaram menor

altura e se distribuíram de maneira mais dispersa que as dos padrões P4 e

P5.

Figura 15. Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de baixa a média intensidade de retorno de sinal acústico (P5)

38

Figura 16 Imagem subaquática da plataforma do Atol das Rocas evidenciando estruturas recifais sobre fundo com sedimento inconsolidado. A imagem mostra a associação desse tipo de fundo com macroalgas.

f) Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de alta intensidade

de retorno de sinal acústico (P6)

Padrão associado a estruturas recifais de menor porte, distribuídas de forma

mais aleatória sobre um fundo composto por rodolitos (Figura 17). As

estruturas desse padrão configuraram recifes semelhantes aos descritos no

padrão anterior.

Figura 17. Padrão de estruturas de pequeno porte em fundo de alta intensidade de retorno

de sinal acústico (P5)

39

Figura 18. Estruturas recifais sobre bancos de rodolito. Imagem de ROV sobre uma área da plataforma do Atol das Rocas

g) Padrão heterogêneo de baixa, média e alta intensidade de retorno de

sinal acústico com estruturas de pequeno porte (P7)

O padrão mostrou uma maior complexidade na composição do fundo em

relação aos outros padrões, apresentando rodolito, estruturas recifais de

diferentes morfologias e rugosidade e sedimento inconsolidado de

granulometria fina e média, com presença ou não de formas de fundo (Figura

19).

Figura 19. Padrão heterogêneo de baixa, média e alta intensidade de retorno de sinal acústico com estruturas de pequeno porte (P7)

40

6.2 DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE SUBSTRATO

6.2.1 Cadeia Vitória-Trindade

A seguir, será realizada a descrição da distribuição de domínios dos tipos de

substrato da CVT de forma concomitante à análise dos registros batimétricos

adquiridos.

Uma área total de 18,7 km² foi mapeada na Cadeia Vitória-Trindade. Dessa

área, 58,5% correspondeu a fundo coberto por bancos de rodolito, 30,6% por

sedimento inconsolidado, 8,7% por estruturas recifais e 2,5% foi determinado

como Não Identificado.

Os bancos de rodolito foram encontrados em todos os montes submarinos,

equivalendo a 100% do substrato dos sonogramas dos bancos Vitória,

Jaseur, e Almirante Saldanha (Figura 22). Também foi o principal tipo de

fundo dos sonogramas dos bancos Davis e Columbia, mas esses também

apresentaram estruturas recifais (em ambos os sonogramas) e sedimento

inconsolidado (em Davis).

Os registros batimétricos dos montes submarinos Almirante Saldanha,

Vitória, Jaseur e Columbia ficaram na faixa média de 60 a 100 metros de

profundidade. As regiões com maior variação na batimetria, como esperado,

foram as aproximadas às ilhas, equivalentes aos sonogramas da Ilha da

Trindade e Martin Vaz.

O Banco Columbia apresentou estruturas recifais pequenas e dispersas, não

formando bancos recifais. Essas estruturas foram identificadas como as do

padrão P6. 93% do sonograma foi classificado como rodolito, 3,35% como

estruturas recifais e 2,73% não foi identificado (Figura 20)

41

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

Figura 20. Sonogramas que apresentaram 100% do conteúdo de substrato Rodolito. (a) e (b)

sonogramas do monte submarino Vitória: (a) região oeste do Banco e (b) região leste; (c) e

(d) sonogramas do Monte Jaseur: (c) região oeste e (d) região leste e; (e) Banco Almirante

Saldanha.

Já em Davis, as estruturas recifais apresentaram maior tamanho e

distribuição mais agrupada, semelhantes às identificadas no padrão P4.

Também foi observada a presença de sedimento inconsolidado nos arredores

dessas estruturas. O sonograma localizado no Banco Davis apresentou

composição de 82,37% de rodolito, 6,87% de cobertura recifal e 10,76% de

42

sedimento inconsolidado (Figura 21). Os recifes encontrados em Davis se

assemelharam mais às encontradas sobre as plataformas das ilhas de

Trindade e Martin Vaz, apresentando um arranjo mais agrupado ou

coalescido.

Figura. 21. Domínios do tipo de fundo para o sonogramas dos Montes Columbia e Davis.

O sonograma de Martin Vaz apresentou 51,9% de sedimento inconsolidado,

44,8% de domínio recifal e 3,3% da área não foram identificados. Foi possível

observar a presença de rodolitos, principalmente próximo às estruturas

recifais, no entanto, por representarem uma pequena fração dos registros,

não foi determinado a ocorrência no mapa do domínio Rodolito.

Os registros sonográficos da Ilha da Trindade foram os que apresentaram

maior diversidade e complexidade dos tipos de fundo associados, exibindo

todos os tipos de substrato (Figura 22). A região mapeada ao sul da Ilha de

Trindade apresentou 62,7% de cobertura de rodolito, 33, 9% de sedimento

inconsolidado e apenas 1,9% de estruturas recifais, todas de pequeno porte

(padrão P6). Os registros batimétricos dessa área mostraram valores médios

maiores que as dos outros dois sonogramas da plataforma da ilha, o que

pode explicar a ausência de estruturas recifais de grande porte.

43

Figura 22. Distribuição dos domínios dos tipos de fundo para os sonogramas da Ilha da Trindade e Martin Vaz.

44

Devido a erros na metodologia empregada ao se realizar o levantamento

sonográfico e interferências no equipamento, uma grande área (34,7%) do

sonograma situado a leste da ilha da Trindade ficou impossibilitada ser

devidamente identificada. Apesar de ter sido notada a presença de rodolitos, o

sonograma foi dominado por sedimento inconsolidado (40%) e estruturas

recifais (25,2%). As áreas com maior cobertura recifal (com estruturas maiores

e mais coalescidas) estiveram na faixa de profundidade entre 30 a 40 metros.

A noroeste da Ilha de Trindade, o sonograma apresentou configuração com

58,7% de sedimento inconsolidado, 33,1% de rodolito e 7,2% de estruturas

recifais. O tipo de fundo de uma pequena área (1%) não foi identificado.

Fazendo-se a relação entre as variações batimétricas e o tipo de fundo

correspondente, foi observado que, de maneira geral, os bancos de rodolito

dominaram as regiões de maior profundidade e as estruturas recifais tiveram

maior concentração nas áreas mais rasas, principalmente as construções

recifais de maior tamanho e altura, como as descritas no padrão P4. Isso fica

bem evidenciado nesse sonograma (a noroeste da Ilha da Trindade), em que o

registro com as maiores construção recifais se encontra no ponto mais próximo

da ilha (Figura 23), onde foram registrados os menores valores de

profundidade (cerca de 20 metros).

Figura 23. Sonograma registrado a noroeste da ilha da Trindade, onde foi observado o maior

banco recifal (em extensão e altura), no ponto mais próximo à ilha da Trindade e os menores

valores de profundidade da coluna d’água.

45

Como conclusão, os recifes encontrados nas regiões mais profundas, com

exceção do Banco Davis, tenderam a apresentar tamanho reduzido e

distribuição mais dispersa, não formando bancos recifais tão bem

desenvolvidos como os encontrados nos sonogramas das ilhas de Martin Vaz

e, sobretudo de Trindade, enquanto que os bancos de rodolito dominaram

quase que totalmente os montes submarinos aqui estudados.

6.2.2 Atol das Rocas

Os sonogramas da área de estudo Atol das Rocas foram nomeados como AR1,

AR2, AR3, AR4, AR5 e AR6 para os localizados na plataforma do monte

submarino que suporta o Atol, e como BS1, BS2 e BS3 para os situados sobre

o Banco Sueste.

Foram mapeados 3 km² na área de estudo Atol das Rocas, porém, por erros

metodológicos, alguns sonogramas apresentaram áreas sem informação

acústica, totalizando 0,6 Km². Portanto, 2,4 Km² foram efetivamente mapeados.

Desses, 46,81% foi dominado por bancos de rodolito (padrão P1), 27,1% por

estruturas recifais de grande porte (padrão P4), 12,92% por fundo composto

por rodolito com estruturas recifais pequenas associadas (padrão P6), 7,32%

por tipo de fundo mesclado de rodolito, estruturas recifais e sedimento

inconsolidado (padrão P7) e 5,9% foi classificado como ‘Não identificado.

Foi observada uma grande distribuição do substrato rodolito sobre o Banco

Sueste. O sonograma BS3 apresentou composição inteiramente de rodolito e

os sonogramas BS1 e BS2 apresentaram, além de bancos de rodolito (35,5%

da área), estruturas recifais pequenas sobre esse tipo de fundo, como as

descritas para o padrão P6, ou seja, estruturas de pequeno porte sobre fundo

de rodolito. Essas áreas foram classificadas como tipo de fundo Rodolito/Recife

(49,5% da área). Não foi possível identificar o tipo de fundo de 15,1% da área

desses sonogramas.

46

Figura 24. Domínios dos tipos de fundo para os sonogramas do Banco Sueste.

As áreas equivalentes aos sonogramas AR1, AR3, AR4 e AR5 foram

totalmente cobertas por bancos de rodolito O sonograma AR6 também foi

dominado por esse tipo de fundo, mas apresentou uma pequena área (0,93%)

de estruturas recifais pequenas, como as do padrão P6.

Em AR2, foi observada a maior cobertura recifal da área de estudo, sobretudo

na seção do sonograma que contorna o Atol. Esse sonograma foi o que

apresentou maior complexidade do fundo mapeado, exibindo áreas com

estruturas recifais de diferentes formas e padrão de distribuição em conjunto

com sedimento inconsolidado e rodolito. Essas áreas foram classificadas como

tipo de fundo Rodolito/Inconsolidado/Recife, correspondentes ao padrão

classificado como padrão P7 e equivaleram a 21,1% do sonograma. O domínio

recifal representou 63,1% do sonograma, e o domínio Inconsolidado/Rodolito,

que também apresentou faixas de rodolito (padrão P3), representou 9,3%. Em

6,5% da área do sonograma não pôde ser identificado o tipo de fundo.

47

Figura 25. Domínios dos tipos de fundo nos sonogramas da plataforma do Atol das Rocas

48

De maneira geral, analisando os mapas de composição de substrato, é possível

afirmar que, para ambas as áreas de estudo, a distribuição dos diferentes tipos

de substrato se configurou aproximadamente da seguinte forma:

o substrato recifal, sobretudo as estruturas de maior porte (construções

mais altas e bem desenvolvidas) estiveram presentes primordialmente

nas áreas de menor profundidade da coluna d’água, ao entorno das ilhas

oceânicas e do atol

as regiões em que a cobertura sedimentar de inconsolidados foram mais

representativas, estiveram quase sempre associadas a regiões com

presença de construções recifais, sobretudo de estruturas de maior porte;

o substrato composto por rodolito (bancos de rodolito) dominou

principalmente as áreas mais afastadas das ilhas oceânicas e de maior

profundidade.

6.3 DISTRIBUIÇÃO DOS BANCOS DE RODOLITO

A composição da biota residente em montes submarinos é muitas vezes

atribuída à biota existente nas regiões que circundam os montes, sugerindo uma

conectividade entre as comunidades biológicas dessas áreas. Diversos estudos

apontam essa conectividade, evidenciando semelhanças entre a biota

encontrada nos montes submarinos e regiões da plataforma continental próxima

(GASPARINI & FLOETER, 2001; ÁVILA & MALAQUIAS, 2003). Além da

fragmentação, os rodolitos também são capazes de se reproduzirem por

esporos, que podem ser transportados por correntes para outros locais de

crescimento (FOSTER, 2001), possibilitando a existência de bancos isolados

dominados por rodolitos (MINNERY, 1990). Há diversos trabalhos que

comprovam a enorme distribuição dos bancos de rodolito na plataforma

brasileira (FOSTER, 2001; DIAS, 2000), inclusive nas regiões adjacentes às

áreas de estudo do presente trabalho. Amado-Filho et. al (2007), Pacheco

(2011) e Bourguignon (2013) evidenciaram a existência de vastos bancos de

rodolito na plataforma do Espírito Santo e Amado-Filho et. al. (2012) na

plataforma do Banco dos Abrolhos. Costa Neto (1997) classificou os tipos de

49

fundo na plataforma continental do estado do Rio Grande do Norte e constatou a

presença de bancos de rodolito na região. Dessa forma, as plataformas

continentais adjacentes aos montes submarinos poderiam representar potenciais

áreas fontes desses organismos, possibilitando a colonização dessas algas

nesses montes. No entanto, para confirmar essa teoria, é preciso um

levantamento mais detalhado sobre a composição das espécies presentes

nessas regiões.

6.4 DOMÍNIO RECIFAL

Os recifes atuais se desenvolvem preferencialmente em águas rasas

(profundidades inferiores a 50), claras e de temperaturas amenas (não inferiores

a 20°C) (BLANC, 1982). O substrato recifal registrado no presente trabalho foi

prioritariamente observado nas regiões mais aproximadas das ilhas oceânicas,

onde a profundidade é menor, garantindo maior incidência luminosa,

temperaturas mais amenas, e a concentração de nutrientes potencialmente

maior, através do aporte continental.

O sedimento carbonático é formado in situ, através da quebra da estrutura recifal

e a fragmentação de esqueletos e conchas de organismos marinhos que vivem

nos recifes e em seu redor, como foraminíferos, vermetídeos , algas coralíneas e

diversos outros, ficando concentrados nos topos e nos arredores das estruturas

recifais (LEÃO E GINSBURG, 1997). Isso explica o acompanhamento da

ocorrência dos sedimentos inconsolidados próximos às estruturas recifais

mapeadas. Além disso, as estruturas servem de barreiras para as correntes

oceânicas, de forma que, os sedimentos ficam mais facilmente retidos nessas

áreas.

Os recifes classificados como de grande porte mapeados na CVT apresentaram

estruturas de caráter menos rugoso e construções de menores alturas, que os

encontrados em Atol da. Rocas. Esses recifes não apresentaram muita variação

em aspecto e morfologia, estando quase sempre bem agrupados e coalescidos.

50

(a) (b) ...................... ...(c)

Figura 26. Estruturas recifais de grande porte registradas na plataforma noroeste da Ilha de Trindade (a), plataforma de Martin Vaz (b) e do Banco Davis (c).

A região mapeada nas proximidades do Atol das Rocas (sonograma AR2)

mostrou maior complexidade do tipo de fundo e estruturação e morfologia recifal.

As estruturas recifais apresentaram grande variação na morfologia, caráter

textural (rugosidade) e padrão de distribuição sobre o fundo (agrupadas ou

dispersas), de forma que foi possível observar diferentes composições do fundo

(Figura 27), tais como: construções recifais de maior altura e de alta rugosidade,

bem agrupadas (ou coalescidas); estruturas de alturas menores e com caráter

textural de maior ou menor rugosidade, bem agrupadas e coalescidas, ou

dispersas; estruturas associadas a fundo de rodolito e sedimento inconsolidado,

com ou sem formas de fundo, entre outros.

Figura 27. Diferentes composições do fundo e padrões de estruturas recifais encontradas nas

proximidades do Atol das Rocas.

51

Pôde-se notar, ainda, que a região do sonograma AR2 que contorna o anel

recifal do Atol apresentou as construções recifais de maior altura e coalescência,

exibindo textura muito rugosa (Figura 28).

Figura 28.Seção do banco recifal registrado nas proximidade do anel recifal do Atol das Rocas

Essas construções correspondem à Frente Recifal, assim classificada no estudo

Pereira et. al. (2010), em que os autores descrevem distintas feições de acordo

com as diferentes características morfológicas do complexo recifal. A Frente

Recifal, que foi primeiramente descrita por Kikuchi (1994), corresponde à

estrutura recifal submersa que se desenvolve a sotavento do atol, (indo desde o

canal da região norte até a reentrância recifal na porção sul), sendo as porções

Norte e Noroeste as regiões mais extensas, podendo atingir até 600 metros de

extensão recife afora. Sua configuração se formou quando o guyot foi colonizado

por algas calcárias, moluscos, crustáceos e recifes de corais, resultando no anel

em elipse que se elevou em relação ao nível do mar e formou o atol com uma

laguna rasa e duas ilhas arenosas (GHERARDI & BOSENCE, 2001).

52

6.5 ECOSSISTEMAS CARBONÁTICOS

Recifes biogênicos são o produto da ação de comunidades de organismos

cimentadores em resposta aos fatores ambientais a que estão sujeitos (como

disponibilidade de luz, hidrodinâmica, turbidez, etc) e das condições geológicas

pretéritas da região em que se encontram (GISCHLER; HUDSON, 2004) Como

resultado, diversas composições de ambientes recifais são encontradas, em

função das espécies que se adaptarão melhor a essas condições. Dessa forma,

o crescimento de organismos como algas calcárias, pode assumir relevância

igual ou maior que a dos corais. É o caso do Atol das Rocas (KIKUCHI 1994;

KIKUCHI & LEÃO, 1997; GHERARDI & BOSENCE 1999), em que os recifes são

compostos predominantemente de algas calcárias, moluscos vermetídeos,

foraminíferos e secundariamente de corais. Essa constatação é importante, uma

vez que é comumente aceito que as algas coralíneas não apresentam

capacidade de erguer construções calcárias ou de terem sido os construtores

primários de recifes, no Neogeno (KIKUCHI, 2002).

Geradas

Já é bastante divulgada a importância ecológica que os ecossistemas de recifes

de coral representam e já foram realizados diversos estudos sobre a ecologia

desses ambientes. Eles são considerados os ecossistemas marinho de maior

diversidade e provêm uma gama de bens e serviços para a humanidade

(COSTANZA ET AL., 1997; MOBERG E FOLKE, 1999). Por outro lado, os

ecossistemas relacionados aos bancos de rodolito começaram a ser analisadas

com mais afinco, apenas recentemente, de forma que é necessária a realização

de estudos mais detalhados sobre esses ambientes, a fim de que eles sejam

melhor compreendidos. Poucos estudos publicados sobre bancos de rodolito

abordam essas comunidades do ponto de vista ecológico, incluindo informações

consistentes sobre sua estrutura, a associação com outros organismos e a

identificação de espécies dessas algas coralíneas (BOSENCE, 1999;

GHERARDI, 2004; AMADO-FILHO et al., 2007).

Ainda assim, já é consentida a grande importância ecológica desses bancos de

algas coralíneas, sendo considerados uma das comunidades bentônicas mais

53

importantes da plataforma continental brasileira (GHERARDI, 2004). Junto aos

corais e outros organismos, as algas coralinas incrustantes compõem um

importante componente do ambiente recifal, principalmente em locais rasos e

expostos a grandes níveis de distúrbios, formando ecossistemas altamente

produtivos e de alta riqueza de espécies (STENECK & DETHIER, 1994;

KIKUCHI & LEÃO, 1997; LEÃO & DOMINGUEZ, 2000) e apresentando alta

capacidade adaptativa a diversas condições de intensidade luminosa, deposição

de sedimento, competição e herbivoria (STENECK, 1986). Ainda, como parte de

seu alto valor ecológico, vale destacar a importância dos rodolitos como

estruturadores de habitats, uma vez que são capazes de transformar fundos

homogêneos de sedimentos inconsolidados em substrato rígido heterogêneo

que provê habitat para diversas outras algas e invertebrados, somando riqueza

ao ambiente (STELLER, et al., 2003; AMADO-FILHO et al., 2007; FOSTER et

al., 2007).

54

7 CONCLUSÃO

De maneira geral, foi observada a predominância do substrato rodolito sobre os

outros tipos de substrato, representando 56,9% da área total estudada (CVT e

Atol das Rocas). Esses bancos dominaram principalmente as regiões mais

profundas, principalmente os topos dos montes submarinos (guyots) e a

plataforma do Atol das Rocas, enquanto que os bancos recifais foram

encontrados majoritariamente nas regiões dos arredores das Ilhas oceânicas e

do Atol, ou seja, áreas mais rasas. As estruturas recifais observadas nas regiões

mais profundas mostraram distribuição mais dispersa, não formando bancos

recifais extensos, e exibindo tamanho relativamente pequeno, quando

comparadas com as construções próximas às ilhas oceânicas. Os recifes do Atol

das Rocas apresentaram maior variação em sua morfologia que os da Cadeia

Vitória-Trindade, exibindo alta complexidade na configuração do fundo mapeado.

De acordo com os resultados aqui obtidos e o conhecimento de outros estudos

análogos ao presente, é correto afirmar que a integração de diferentes técnicas

de investigação do fundo marinho, como sonar de varredura lateral com outras

técnicas de levantamento, tais como batimetria, amostras sedimentares e

registros de imagens, resulta em informações confiáveis e de boa qualidade para

a caracterização dos diferentes tipos de fundo e comunidades bióticas

associadas. A aplicação em conjunto desses métodos é cada vez mais

empregada para determinar satisfatoriamente os aspectos geológicos e

biológicos do fundo

55

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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