UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE … · Comparação entre a produtividade brasileira,...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA JOSÉ OSMAR FONTENELE FILHO ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DE FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DE CUSTOS NO AMBIENTE DA CONSTRUÇÃO CIVIL FORTALEZA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA

JOSÉ OSMAR FONTENELE FILHO

ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DE FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DE CUSTOS NO AMBIENTE DA CONSTRUÇÃO CIVIL

FORTALEZA 2014

1

JOSÉ OSMAR FONTENELE FILHO

ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DE FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DE CUSTOS NO AMBIENTE DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Administração e Controladoria da Universidade Federal do Ceará – UFC, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Administração e Controladoria. Orientador: Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto.

FORTALEZA 2014

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JOSÉ OSMAR FONTENELE FILHO

ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DE FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DE CUSTOS NO AMBIENTE DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Administração e Controladoria da Universidade Federal do Ceará – UFC, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Administração e Controladoria.

Aprovado em: ___/___/_____.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________

Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto - Orientador

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________

Profa. Dra. Maria Naiula Monteiro Pessoa - Examinador

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________

Prof. Dr. Antônio Nunes de Miranda Filho - Examinador

3

AGRADECIMENTOS

Meu maior agradecimento é dirigido aos meus pais que são

responsáveis por toda a educação que tenho hoje, por terem sido o contínuo

apoio todos esses anos, ensinando-me com muito amor a importância da

construção da coerência de meus próprios valores.

Agradeço aos meus amigos e familiares que, de uma forma ou de

outra, contribuíram com sua amizade e com sugestões efetivas para a

realização deste trabalho, gostaria de expressar minha profunda gratidão.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto,

pela ajuda e confiança referente ao presente trabalho, além do indiscutível

profissionalismo com que atuou na construção deste estudo.

Não posso deixar de agradecer a todos os amigos da turma de

mestrado pelo enorme aprendizado, apoio e todas as demonstrações de

carinho. No mestrado percebi que o aprendizado é uma construção diária

cujo ingrediente principal é o afeto. A estes amigos de apoio e incentivo, os

meus mais sinceros agradecimentos.

Agradeço também, aos colaboradores da empresa objeto de estudo

deste trabalho, que não relutaram em ajudar sempre que foram solicitados.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 –

Gráfico 2 –

Gráfico 3 –

Gráfico 4 –

População e déficit habitacional (1995-2002)....................

Modelo de curva de agregação.......................................

Desvios orçamentários dos projetos estudados...............

Custo por área equivalente de construção......................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 -

Tabela 2 -

Tabela 3 -

Tabela 4 -

Tabela 5 -

Tabela 6 -

Evolução do PIB da indústria da construção civil em

comparação à evolução do PIB nacional............................

Distribuição da população brasileira entre 1940 e 1991......

Comparativo dos últimos dez anos entre IPCA e INCC.......

Composição do preço de venda.........................................

Comparação entre o setor da construção civil do Brasil,

comunidade europeia e Estados Unidos.............................

Valores recomendados para pesos no cálculo da área

equivalente........................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 -

Figura 2 -

Figura 3 -

Figura 4 -

Figura 5 -

Figura 6 -

Figura 7 -

Figura 8 -

Figura 9 -

Potencial de redução de custos e custo de implementação

nas fases do projeto..........................................................

Etapas de um projeto de construção..................................

Visão geral do gerenciamento dos custos em projetos........

Fatores que influenciam a duração de um

empreendimento................................................................

Comparação entre a produtividade brasileira, americana e

europeia na construção civil...............................................

Comportamento dos custos fixos e variáveis de acordo

com o comportamento da produção....................................

Comparação entre volume de produção da informação e o

custo e detalhamento da informação e o custo...................

Principais parâmetros da análise de valor agregado...........

Organograma da empresa.................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 -

Quadro 2 -

Quadro 3 -

Quadro 4 –

Quadro 5 -

Quadro 6 -

Quadro 7 -

Quadro 8 -

Quadro 9 –

Quadro 10 -

Quadro 11 –

Quadro 12 –

Quadro 13 –

Quadro 14 –

Quadro 15 –

Fases de um projeto .......................................................

Áreas de conhecimento e grupos de processo..................

Processos de gerenciamento de custos............................

Variabilidade e incerteza inerentes do processo de

planejamento e controle do setor de construção civil........

Categorias de custos.......................................................

Metodologias das estimativas de custos PMBOK.............

Métodos de custeio e suas características........................

Vantagens e desvantagens do sistema ABC.....................

Margens de erro esperadas para avaliações, estimativas

e orçamentos .................................................................

Empreendimentos estudados..........................................

Distribuição dos projetos temporalmente ........................

Participação dos membros da organização no grupo focal

Resumo da metodologia ..................................................

Resumo do grau de importância das técnicas de gestão de custos........................................................................

Resultados encontrados na análise documental................

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC - Activity Based Costing

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AVA - Análise de Valor Agregado

CEF - Caixa Econômica Federal

CR - Custo Real

CUB - Custo Unitário Básico

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos

DoD - Department of Defense

EAP - Estrutura Analítica do Projeto

ERP - Enterprise Resource Planning

EVA - Earned Value Analysis

FGV - Fundação Getúlio Vargas

GVA - Gerenciamento do Valor Agregado

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICB - IPMA Competence Baseline

IDC - Índice de Desempenho de Custo

IDP - Índice de Desempenho de Prazo

INCC - Índice Nacional de Custo da Construção

IPCA - Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo

IPCE - Índice Pini de Custo de Edificações

IPMA - International Project Management Association

MG - Minas Gerais

OGC - Office Government Commerce

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento

PBQP - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PDCA - Plan-Do - Check - Act

PIB - Produto Interno Bruto

PMBOK - Project Management Body of Knowledge

PMCMV - Programa Minha Casa Minha Vida

PMI - Project Management Institute

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SFH - Sistema Financeiro da Habitação

SINAPI - Sistema Nacional de Custos de Construção Civil da Caixa

Econômica Federal

SINDUSCON - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil

VA - Valor Agregado

VGV - Valor Global de Vendas

VP - Valor Planejado

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................

1.1 Delimitação do tema e contextualização ..........................................

1.2 Justificativa da pesquisa .................................................................

1.3 Questão de pesquisa ......................................................................

1.4 Pressupostos...................................................................................

1.5 Objetivos ........................................................................................

1.6 Aspectos metodológicos ..................................................................

1.7 Estrutura geral do trabalho ..............................................................

2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................

2.1 Gerenciamento de projetos..............................................................

2.1.1 Conceitos e etapas do gerenciamento de projetos.........................

2.1.2 PMBOK .......................................................................................

2.2 Controle orçamentário de custos da construção civil ........................

2.2.1 Características da construção civil................................................

2.2.2 Planejamento de custos ...............................................................

2.2.3 Definições de gastos, custos e despesas......................................

2.2.4 Métodos de custeio ......................................................................

2.2.5 Orçamento ...................................................................................

2.2.6 Controle de custos em projetos ....................................................

2.2.7 Custo por área equivalente ..........................................................

2.2.8 Gerenciamento do valor agregado (GVA).......................................

3 METODOLOGIA.................................................................................

3.1 Classificação da pesquisa ...............................................................

3.2 Objeto de análise.............................................................................

3.3 Seleção dos sujeitos .......................................................................

3.4 Coleta de dados ..............................................................................

3.5 Tratamento e análise de dados........................................................

4 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................

4.1 Grupo focal......................................................................................

4.1.1 Estimar os custos..........................................................................

4.1.2 Determinar o orçamento................................................................

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4.1.3 Controlar os custos ......................................................................

4.2 Análise documental..........................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................

REFERÊNCIAS......................................................................................

APÊNDICES .........................................................................................

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RESUMO

O setor da construção civil, notadamente o subsetor de edificações, tem

experimentado, no decorrer dos últimos anos, um crescimento dos

custos de produção acima dos indexadores tradicionais de inflação.

Adicionalmente a este fato, observou-se um aumento da concorrência e

uma consequente necessidade de uma gestão de custos mais eficiente

e assertiva. O presente trabalho tem como finalidade a análise da

relação entre a implantação de técnicas de planejamento e de controle

de custos oriundas do gerenciamento de projetos e os resultados

operacionais dos projetos de uma organização do ramo de construção

civil. Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagens qualitativa

e quantitativa, utiliza como estratégia de pesquisa um estudo de caso.

Foram utilizados como instrumentos de coleta um grupo focal e análise

documental. Seis técnicas foram consideradas de alta importância para

os resultados dos projetos da organização: Estimativa bottom-up;

Gerenciamento do valor agregado; Estimativa paramétrica; Software de

gerenciamento de projetos; Software de estimativa de gerenciamento de

projetos e previsão. Estas ferramentas devem ser priorizadas na implantação

de gestão de custos de organizações do setor de construção civil. Verificou-se

que as previsões orçamentárias foram mais precisas após a implantação de

ferramentas de gestão de custos. Os desvios encontrados nos projetos que

não experimentaram as técnicas de gestão de custos são suficientes para

comprometer o resultado financeiro dos projetos. O valor da construção por

área equivalente de construção permaneceu estável, evidenciando que outros

fatores podem influenciar de forma significativa custo unitário.

Palavras-chave: Gerenciamento de projetos, Gestão de custos,

Construção civil.

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ABSTRACT

The construction sector, notably the edifications sub sector has experienced

over the last few years an increase in production costs over traditional indexors

of inflation. In addition to this fact, we observed an increase in competition and

a consequent need for a more efficient and assertive costs management of

costs. This study aims to analyze the relationship between the implementation

of planning techniques and cost control derived from project management and

operational results of the projects of an organization from the branch of

construction. This is an exploratory study with a qualitative and quantitative

approach and uses research which uses as a research strategy a case study. A

focus group and document analysis were used as data collection instruments.

Six techniques were considered of high importance for the results of the

projects of the organization: bottom-up estimate; Earned value management;

Parametric Estimating; Project management software; Project management

estimating software and forecasting. These tools should be prioritized in the

implementation of cost management of construction industry organizations. It

was verified that the budget forecasts were more accurate after the

implementation of cost management tools. The deviations found in the projects

that have not experienced cost management technics are sufficient to commit

the financial results of the projects. The value of the the construction per

equivalent building area remained stable, indicating that other factors may

significantly influence unit cost.

Keywords: Project management, cost management, construction.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Delimitação do tema e contextualização

A constante necessidade de evolução nas organizações demanda uma

aplicação cada vez mais frequente de gestão para o desenvolvimento de

projetos de inovação ou de reforma de processos. Esses projetos devem ser

gerenciados em suas diversas áreas de conhecimento, a exemplo da gestão

de custos, escopo e tempo.

A gestão de custos é uma atividade essencial em projetos de todos os

portes. O planejamento ou o controle dos custos, quando geridos de forma

incorreta, podem prejudicar o sucesso de um projeto, podendo influenciar

diretamente em outras áreas de gestão como escopo e tempo.

A gestão dos custos deve ser trabalhada mesmo antes do início da

execução do projeto. Nessa visão sobre os sistemas de custeio, observa-se

na construção civil a dificuldade em produzir informações que auxiliem na

gestão da produção (MARCHESAN, 2001).

Segundo Howell e Ballard (1996), existe uma dissociação entre a

gestão de custos e o processo de planejamento e controle da produção. No

setor da construção civil, a falta de conformidade dos sistemas de custeio

tem deixado a gestão de custos e o processo de planejamento e controle da

produção desagregados. Identifica-se uma negatividade no controle de

custos para o setor. De um modo geral, há uma variação entre os custos

orçados e os custos reais de obras de edificações.

Segundo Goldman (2004), um erro orçamentário de mais ou menos

10% é admissível em um empreendimento imobiliário, desde que justificável.

Na fase de viabilidade, momento em que os projetos não estão totalmente

definidos, um erro de até 20% pode ocorrer pelas imprevisibilidades, mas é

totalmente indesejável, pois poderá subtrair grande parte da rentabilidade

esperada.

Segundo Gonçalves (2011), entre 40% e 50% do faturamento é

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consumido pelo custo direto da obra. Na empresa objeto do estudo desta

dissertação, cerca de 50% do faturamento é consumido pelo custo direto da

obra, ou seja, pelo projeto de edificação, estando assim dentro do previsto

por Gonçalves (2011).

Um erro no planejamento e no controle de custos da ordem de 20%

significaria uma redução de 10% do faturamento, comprometendo desta

forma a margem de lucratividade do empreendimento.

Cabe lembrar que os ciclos dos projetos da indústria da construção civil

são longos se comparados à manufatura, aumentando, desta forma, o risco

envolvido no negócio devido a uma maior exposição dos agentes ao cenário

econômico vigente.

Um projeto de edificações tende a perdurar por uma década desde sua

concepção inicial até o término do período de garantia. Em sua maioria são:

dois anos de planejamento, etapa que envolve confecção de projetos,

aprovações em órgãos competentes e confecção de orçamento; três anos de

execução da edificação e mais cinco anos de assistência técnica.

Durante esse longo período as incertezas dos agentes externos

aumentam a probabilidade de riscos ao resultado do projeto.

Mudanças de planos econômicos, modelos de financiamento

imobiliário, variações na taxa de juros, regras de financiamento da produção,

variações dos índices inflacionários e entrada no mercado de novas

empresas concorrentes são exemplos de prováveis alterações que devem ser

enfrentadas para atingir o resultado esperado do empreendimento.

Segundo Gonçalves (2011), devido à característica cíclica do mercado

da construção civil, as margens de lucro das incorporadoras podem ser

afetadas. Portanto, o sucesso da previsão do custo no momento da decisão

da compra do terreno, e a sua variação entre o momento da decisão de se

empreender e a conclusão do projeto deve ser pequena.

Este trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagens

qualitativa e quantitativa; utiliza como estratégia de pesquisa um estudo de

caso.

A empresa objeto do presente estudo de caso implantou técnicas de

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planejamento e controle de custos nos projetos de edificações entre os anos

de 2009 e 2013, experimentando mudanças com relação aos resultados

operacionais em seus projetos de engenharia.

Esta dissertação analisa os efeitos de práticas de gerenciamento de

custos em projetos, verificando casos de aplicação de ferramentas de

planejamento e controle em empreendimentos de uma organização do setor

de construção civil. São analisados os impactos nos resultados operacionais

dos projetos de uma empresa no subsetor de edificações após a implantação

de técnicas de planejamento e controle de custos.

1.2 Justificativa da pesquisa

A Indústria da construção é um dos setores mais importantes para a

economia do país. Notou-se que este setor passou nos últimos anos por um

significativo processo de expansão. Este dinamismo vem se sustentando

apesar do cenário de crise internacional.

O volume de investimentos no setor para cobrir o déficit habitacional

deve alcançar a cifra de R$ 3 trilhões até o ano de 2022, segundo o Relatório

Técnico e Estudo de Tendências Tecnológicas na Indústria de Construção

Civil no Segmento de Edificações (FIERJ, 2013).

O setor da construção representou 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB)

em 2012. Esse número era de 4,7% dez anos antes (FIERJ, 2013).

O segmento possui aproximadamente 7,8 milhões de trabalhadores, o

que representa 8,4% de toda a população ativa no Brasil. Entre 2008 e 2011,

o setor avançou em 52% o número de vínculos empregatícios (DIEESE,

2012).

A atividade construtiva é dividida por segmentos: residencial ou de

edificações, comerciais ou de empreendimentos; da construção pesada ou de

infraestrutura e outros – que representam um faturamento anual de R$ 180

bilhões. O predomínio do setor da construção civil é de construtoras de

pequeno porte. Das 195 mil empresas em atividade formal no país até 2011,

97,6% tinham menos de cem funcionários, 94,8%empregavam até 50

17

pessoas, 77,2% não passavam de 10 funcionários e somente 0,3% tinham

mais de 500 empregados (DIEESE, 2012).

Adicionalmente à informação da representatividade no PIB nacional,

verificou-se, nos últimos três anos, um crescimento do setor acima dos

índices de crescimento do País, conforme representado na tabela 1.

Tabela 1 - Evolução do PIB da indústria da construção civil em comparação à

evolução do PIB nacional.

Ano Variação anual (%) PIB C. CIVIL

Variação anual (%) PIB BRASIL

1995 ... ...

1996 3,2 2,2

1997 8,5 3,4

1998 1,1 0,0

1999 (2,9) 0,3

2000 2,0 4,3

2001 (2,1) 1,3

2002 (2,2) 2,7

2003 (3,3) 1,1

2004 6,6 5,7

2005 1,8 3,2

2006 4,7 4,0

2007 4,9 6,1

2008 7,9 5,2

2009 (0,7) (0,3)

2010* 11,6 7,5

2011* 3,6 2,7

2012* 1,4 0,9

FONTE: IBGE – Sistema de Contas Nacionais Brasil.

A crise financeira internacional de 2008 foi evidenciada no setor da

construção civil pela queda no valor das ações das empresas, diminuição nas

vendas, redução do número de lançamentos, redução do emprego,

sazonalidade e desaceleração na cadeia produtiva (KATO, 2013).

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A desoneração de alguns tributos sobre os materiais de construção foi

uma medida que auxiliou no processo de retomada ao crescimento do setor.

O tributo de redução mais impactante foi o Imposto sobre Produtos

Industrializados (MONTEIRO FILHA et al., 2010).

Segundo Kato (2013), tais medidas, mais do que atenuar os efeitos da

crise, proporcionaram o crescimento da Indústria da Construção Civil no país.

A Tabela 2 mostra a evolução da população urbana brasileira entre os

anos de 1940 e 1991. Desta forma, percebe-se a importância do setor de

construção civil em seu subsetor de edificações.

Segundo Botega (2008), começou-se a pensar os problemas advindos

da urbanização de forma mais precisa, destacando principalmente a crise da

habitação que afetava profundamente as classes populares, notadamente

aquelas pessoas que deixavam o campo em busca de uma vida melhor na

cidade.

Tabela 2 – Distribuição da população brasileira entre 1940 e 1991.

Anos População Urbana População Rural

1940

1950

1960

1970

1980

1991

31,2%

36,2%

45,4%

55,9%

67,7%

74,8%

68,8%

63,8%

54,6%

44,1%

32,4%

24,5% Fonte: Botega (2008).

O Gráfico 1 apresenta um comparativo entre a população nacional e o

déficit habitacional entre os anos de 1995 e 2002. Nota-se uma maior

carência de habitações na Região Nordeste, concluindo-se pela necessidade

de investimentos no setor de construção de edificações.

Segundo DIEESE (2012), a Região Nordeste participa com mais de 2,6

milhões de unidades nesta estatística de déficit habitacional, representando

uma fatia de 40% destas unidades no Brasil.

19

Gráfico 1 – População e déficit habitacional (1995-2002).

Fonte: DIEESE (2012).

O crescimento do setor também foi motivado pelo aumento de

investimentos públicos em obras de infraestrutura em unidades habitacionais

a partir do lançamento de programas como o Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC) em 2007 e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)

no ano de 2009.

Segundo o Estudo Setorial da Construção (DIEESE, 2012), foram

investidos na cadeia produtiva da construção R$ 349,4 bilhões no ano de

2012. O volume de contratações em habitações da Caixa Econômica federal

foi de R$ 106,74 bilhões em 2012. A previsão de 2013 é de R$ 126,5 bilhões.

Em 2007, o volume de financiamentos para a construção correspondia a 14%

do total liberado. Em 2013, passou a representar 41%.

Não obstante a sua relevância econômica e social, o setor encontra-se

defasado em relação a outros setores no que diz respeito ao uso da

tecnologia e da gestão. Torna-se claro o problema da ineficiência

observando-se a série de erros e o elevado desperdício de materiais -

situações corriqueiras do setor. Problemas como a escolha errada de

métodos construtivos, treinamento raro ou inexistente dos empregados,

20

negligenciamento no gerenciamento dos projetos e da supervisão local são

fatos não raros do segmento (SCHEER et al., 2007).

Mello e Amorim (2009) defendem que na última década, o setor da

Construção Civil passou por uma grande transformação, saindo de um longo

marasmo, com poucos investimentos, para um período com grandes obras

em andamento e fortes investimentos imobiliários. Nos últimos anos esta

mudança foi intensificada graças à retomada de investimentos públicos,

criação de diversas leis que facilitam a retomada de imóveis em caso de

inadimplência, captação de recursos em bolsas e esforços do Programa

Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP H),que disseminou os

conceitos de gestão de qualidade.

Isto se refletiu na adoção de novos modelos de organização e

inovações tecnológicas em diversas empresas, criando um núcleo de

empresas dinâmico e moderno dentro do setor, comparável a empresas

europeias e norte-americanas do mesmo segmento. A presença de algumas

empresas brasileiras no exterior é a prova mais evidente da capacidade

técnica e financeira destes grupos empresariais modernos.

Souza (2001) afirma que a produtividade na construção é notadamente

inferior se comparada à indústria de manufatura. O processo de confecção do

produto final no segmento de construção ainda é artesanal. A característica

de que cada projeto é único com suas particularidades, aliada à necessidade

de reformas no canteiro de obras durante o processo - e ainda: o baixo nível

de treinamento dos operários, tornam o setor contra produtivo. Segundo

Koskela (1992), os processos de qualidade são insuficientes e as condições

de trabalho são piores.

Nesse sentido, a redução dos custos e o aumento da produtividade

tornam-se fatores decisivos para o sucesso das empresas.

É objetivo principal de uma organização privada a obtenção de lucro ou

resultado positivo e crescente, situação determinante para a sua

perpetuação. Para que este objetivo seja atingido, faz-se necessário um

planejamento e controle dos custos de projetos e processos bem conduzidos.

21

Com relação ao preço de uma unidade habitacional, o valor é

determinado pela soma do custo com o lucro. Como atualmente a

concorrência tem se tornado cada vez mais acirrada, o preço de venda é um

valor definido pelo mercado, considerando-se o valor máximo que o cliente

está disposto a pagar. Dessa forma, para que a margem de lucro atinja

patamares desejáveis, é necessário que se reduzam os custos através de

planejamento e controle (CARDOSO, 2009).

Segundo Assumpção e Fugazza (2000), o processo de redução dos

custos passa pela capacidade de prevê-los, notadamente para que as ações

visando tais reduções possam ser implementadas. Devido à importância do

prognóstico de custo dentro do processo de empreender em Construção Civil,

sua avaliação deve estar presente em diferentes etapas do processo,

iniciando-se na análise de viabilidade, passando pela etapa de definição do

produto, orçamento detalhado do projeto executivo até o acompanhamento

dos reais custos incorridos em obra. Estes últimos serão utilizados como

dados históricos que serão utilizados em novos orçamentos.

Paralelo a estes fatos, nota-se, no decorrer dos últimos dez anos, um

aumento dos custos da indústria da construção civil acima dos índices oficiais

de inflação, tornando assim os fatores de produção mais onerosos e

justificando uma maior demanda por ações de planejamento e controle de

custos. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) é um indicador que

afere a evolução dos custos de construções habitacionais, trata-se de uma

estatística contínua efetuada em dezoito capitais do país desde o ano de

1944 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Comparando-se este indicador a um índice oficial de inflação, o Índice

Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado mensalmente pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma variação mais

acentuada do INCC, verificada quantitativamente na tabela 3. Enquanto o

IPCA evoluiu 66,96% nestes últimos dez anos, o INCC avançou 101,95%.

22

Tabela 3 - Comparativo dos últimos dez anos entre IPCA e INCC.

ANO IPCA INCC

ANUAL ACUMULADO ANUAL ACUMULADO

2013 3,68% 66,96% 6,53% 101,95%

2012 5,67% 61,03% 7,12% 89,56%

2011 6,55% 52,39% 7,48% 76,96%

2010 5,79% 43,02% 7,77% 64,65%

2009 4,18% 35,20% 3,25% 52,77%

2008 6,10% 29,77% 11,86% 47,97%

2007 4,36% 22,31% 6,16% 32,28%

2006 2,95% 17,20% 5,04% 24,60%

2005 5,87% 13,84% 6,83% 18,63%

2004 7,53% 7,53% 11,04% 11,04%

Fonte: Disponível em:<http://www.portalbrasil.net/incc_di.htm> e <http://www.portalbrasil.net/ipca.htm> Acesso em: 09 dez. 2013.

A figura 1 ilustra o potencial de redução de custos nas fases iniciais do

projeto de construção, ratificando a importância do planejamento dos custos

nestas etapas. A segunda curva da figura apresenta o quanto se deve

desembolsar para fazer mudanças no empreendimento no decorrer do ciclo

do projeto (FLANAGAN; TATE, 1997).

Figura 1 - Potencial de redução de custos e custo de implementação nas fases

do projeto.

Fonte: Flanagan e Tate (1997).

23

Pelo exposto, verifica-se a importância de estudos voltados para este

representativo setor da economia nacional, sobretudo no que diz respeito ao

planejamento e controle dos custos dos projetos de engenharia.

Do correto dimensionamento do custo, depende a viabilidade

econômica do empreendimento. Para que se possa obter rentabilidade em

um determinado empreendimento, necessita-se de um planejamento que

reflita, de forma bem realista, as características do projeto em questão

(ARAÚJO; MEIRA, 1997).

Não são muitos os trabalhos que tem como tema a área de custos no

setor de construção civil nacional. Falk et al. (2012) executaram um estudo

bibliométrico que teve como objetivo apresentar o perfil da produção

científica brasileira na área de custo voltado para empresas de construção

civil. A coleta dos dados primários foi feita nos anais do Congresso Brasileiro

de Custo (CBC), no período de 1996 a 2010. Foram encontrados, durante os

15 anos do CBC, apenas 18 artigos. A média de artigo por evento foi de

aproximadamente um (1). As descobertas revelaram que a maior parte dos

autores (17) publicou apenas um artigo.

1.3 Questão de pesquisa

Segundo o Project Management Body of Knowledge (PMBOK, 2009), o

esforço de planejamento do gerenciamento dos custos ocorre nas fases

iniciais do planejamento do projeto. Ele fornece a estrutura necessária a cada

processo do gerenciamento dos custos para que o desempenho dos mesmos

seja eficiente e coordenado.

O setor da construção civil trabalha com projetos de alto custo

agregado. Os empreendimentos da empresa estudada tem custo individual

que oscilam entre dez e cinquenta milhões de reais com prazo médio de

desembolso de três anos.

A organização implantou, no decorrer de quatro anos, um sistema de

gestão de planejamento e controle de custos, incluindo a criação de

procedimentos, treinamento da equipe e configuração de um Enterprise

24

Resource Planning (ERP) com integração entre os setores de planejamento,

execução, suprimentos, financeiro e controle da produção.

Dentro desta perspectiva, pretendeu-se neste estudo, responder ao

seguinte problema de pesquisa:

Como se apresenta a relação entre a implantação de técnicas de

planejamento e de controle de custos oriundas do gerenciamento de projetos

e os resultados operacionais dos projetos de uma organização do ramo de

construção civil?

1.4 Pressupostos

Como ponto de partida, foram definidos os seguintes pressupostos:

a) Na percepção dos gestores, a implantação de técnicas de

planejamento e controle de custos de gerenciamento de projetos

exerce influência positiva nos resultados operacionais nos projetos

da construção civil.

Com a implantação de técnicas de planejamento e de controle de

custos, há uma evolução da EAP do orçamento no decorrer do tempo devido

ao processo de retroalimentação de informações proporcionado pelo controle

da produção.

b) Há um aumento da eficácia das previsões orçamentárias após a

implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos.

Os sistemas de gestão e controle da produção dos projetos afetam

diretamente os custos dos sistemas produtivos, pois são eles os definidores

da forma pela qual os recursos estruturais (pessoas e equipamentos) são

utilizados na manufatura (PEYERL, 2007).

Estes sistemas de gerenciamento permitem uma utilização equilibrada

dos recursos produtivos ao longo do tempo, oferecendo uma programação

mais eficaz da produção bem como coordenação entre o suprimento e os

itens de consumo da manufatura; tendo assim influência direta na

minimização dos custos de produção (CORRÊA; GIANESI, 1995).

25

Segundo Assed (1986), o custo de uma obra decresce à medida que

ela é mais bem planejada e controlada, pois assim eliminam-se custos

adicionais provenientes de improvisações, perdas, baixa produtividade, etc.

c) Há uma racionalização dos custos de produção dos projetos após a

implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos.

1.5 Objetivos

Após a implantação do sistema de gestão de planejamento e controle

de custos na organização estudada, houve alterações nas informações

utilizadas no processo decisório e mudanças nos resultados operacionais

com relação a custo e prazo de projetos.

Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a relação entre a

implantação de técnicas de planejamento e de controle de custos oriundas do

gerenciamento de projetos e os resultados operacionais dos projetos de uma

organização do ramo de construção civil.

Para o alcance destes objetivos, foram definidos os seguintes objetivos

específicos:

1) Analisar a importância percebida pelos gestores da organização da

influência da implantação de técnicas de planejamento e controle de

custos de gerenciamento de projetos nos resultados operacionais

dos projetos da organização;

2) Verificar a relação entre a implantação de técnicas de planejamento

e controle de custos de gerenciamento de projetos e a eficácia das

previsões orçamentárias;

3) Efetuar uma comparação dos custos operacionais por área

equivalente de construção - atualizados pelo índice INCC - dos

projetos antes e depois da implantação de técnicas de planejamento

e controle.

26

1.6 Aspectos metodológicos

A pesquisa trata-se de um estudo de caso em uma empresa do setor de

construção civil localizada em Fortaleza. O estudo empírico foi dividido em

duas grande etapas, a fim de atingir os objetivos traçados. A primeira etapa

foi a aplicação de um grupo focal com tomadores de decisão e

influenciadores da organização estudada, seguida de posterior análise

documental. O grupo focal captou a percepção da influência de ferramentas

de gestão de custos nos resultados dos projetos da empresa. Em seguida, a

análise documental teve como objetivos a verificação da evolução da eficácia

das previsões orçamentárias após a implantação das ferramentas de

planejamento e controle de custos e uma comparação dos custos dos

projetos antes e depois da implantação das técnicas de gestão.

1.7 Estrutura geral do trabalho

O trabalho está organizado para ser apresentado em cinco seções,

sintetizadas a seguir.

A presente seção de introdução apresenta uma visão completa do

trabalho proposto através do seu objetivo principal e seus objetivos

específicos, bem como sua motivação e justificativa pela pesquisa proposta.

A segunda seção foi reservada para a revisão bibliográfica. Aborda, de

uma maneira geral, todos os principais conteúdos necessários para

realização da pesquisa, destacando-se: Conceito de gerenciamento de

projetos; O PMBOK e o gerenciamento de projetos; Características da

construção civil; Custos e previsões orçamentárias na construção civil;

Controle de custos em projetos e Gerenciamento do valor agregado.

Na seção três, tem-se a metodologia aplicada ao longo da pesquisa;

inicia-se com a caracterização do objeto de estudo, parte-se para a estratégia

e delineamento da pesquisa, assim como o método empregado e exibe-se

uma breve descrição das características da empresa estudada.

Na quarta seção, apresentam-se os dados coletados e as análises que

permitem o atingimento dos objetivos estabelecidos. A última seção do

trabalho apresenta as suas conclusões, as limitações enfrentadas e

sugestões para desdobramentos do presente trabalho.

27

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo foi dividido nas seguintes seções: o gerenciamento

de projetos, englobando suas principais definições e conceitos segundo

alguns autores e suas etapas. Ainda dentro dessa seção inicia-se a

conceituação do Project Management Institute (PMI), tratando de sua

fundação, sua proposta e sua influência no gerenciamento de projetos.

A segunda seção do referencial teórico trata do controle orçamentário e

de custos na construção civil. Para fundamentar esta seção, foi aberta a

seguinte divisão em subtópicos: primeiro a respeito das características do

setor de construção civil, delineando suas particularidades em relação a

outros setores da economia. Em sequencia trata-se do planejamento dos

custos seguido pelo tópico de definições de gastos custos e despesas. A

seguir é tratado do assunto métodos de custeio, descrevendo as principais

técnicas utilizadas com suas características, pontos de vantagens e

desvantagens. O quinto subtópico trata de orçamento, peça fundamental no

planejamento e controle de custos dos projetos de construção civil. Em

seguida é abordado o assunto de controle de custos em projetos, disciplina

que completa o planejamento de custos, fechando o ciclo necessário de

retroalimentação de projetos. As definições técnicas de custo por área

equivalente e gerenciamento de valor agregado fecham a segunda seção do

referencial teórico.

2.1 Gerenciamento de projetos

2.1.1 Conceitos e etapas do gerenciamento de projetos

Segundo Valle et al. (2010, p. 28):

Um projeto é formado por um esforço, não permanente, ou seja, temporário, para a criação de um produto ou serviço. Como não é permanente, podemos afirmar que todos os projetos deveriam conter início, um desenvolvimento e um fim bem-definidos. O projeto é finalizado quando seus objetivos são alcançados, quando não for mais necessário ou quando ficar bem claro que seus objetivos não poderão ser atingidos ou não é compensador ir em frente.

28

Valle et al. (2010) definem que gerenciamento de projetos é a aplicação

de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do

projeto, a fim de atender às suas demandas.

Segundo Kerzner (2006), qualquer empresa pode gerenciar atividades

repetidas e recorrentes com base em padrões históricos ou métodos

consagrados. Porém, o desafio desta nova era, para quem não quer ser

apenas mais uma empresa no mercado, está em gerenciar atividades nunca

tentadas no passado e que podem jamais a vir se repetir no futuro.

Atualmente, existem várias metodologias de gerenciamento de projetos

disponíveis para aplicação. As melhores práticas em gestão de projetos são

definidas internamente nas empresas, observando-se o que existe no

mercado e que funcionou bem e pode ser repetido em outros projetos e com

vários clientes (KERZNER, 2006).

O gerenciamento de projetos pode ser operacionalizado por meio da

definição formal de processos de gerenciamento, em que cada processo

possui precedências, entradas, ferramentas, saídas e processos sucessores.

As saídas podem ser entregas tangíveis, documentos que alimentarão outros

processos, um conjunto de informações ou uma lista de ações de verificação

dos quesitos de um produto que acabou de ficar pronto (DUQUE; PELISSARI,

2010).

Vargas (2005) considera cinco fases características de um projeto:

definição, planejamento, execução, controle e encerramento. Estas fases

estão detalhadas no Quadro 1.

Com a descrição no Quadro 1, verifica-se a necessidade de todas estas

etapas durante o ciclo de vida de um projeto. Cada uma destas fases contém

diversas atividades - estas fases são também denominadas de grupos de

atividades.

Para ganhar competitividade, melhorias na gestão e aumento de

produtividade, as empresas investem cada vez mais em melhores formações

e conhecimento, proporcionando melhores resultados para as empresas

(BONFIN et al., 2012).

29

Quadro 1 – Fases de um projeto

Fase Descrição

Definição Fase inicial do projeto. Nela, a missão e o objetivo do projeto são definidos

Planejamento Responsável por identificar e selecionar as melhores estratégias de abordagem do projeto, detalhando tudo aquilo que será realizado.

Execução

É quando se materializa tudo aquilo que foi planejado anteriormente. Qualquer erro cometido nas fases anteriores fica evidente durante essa etapa. Fatia considerável do orçamento e do esforço do projeto é consumida aqui

Controle

É a que acontece paralelamente ao planejamento operacional e à execução do projeto. Tem como objetivo acompanhar e controlar aquilo que está sendo realizado pelo projeto de modo a propor ações corretivas e preventivas no mínimo espaço de tempo possível após a detecção da anormalidade

Encerramento Fase de finalização: é quando a execução dos trabalhos é avaliada por auditoria interna ou externa (terceiros)

Fonte: Vargas (2005).

Para ganhar competitividade, melhorias na gestão e aumento de

produtividade, as empresas investem cada vez mais em melhores formações

e conhecimento, proporcionando melhores resultados para as empresas

(BONFIN et al., 2012).

Valle et al. (2010) chamam a atenção para esse fato ao ressaltarem

que a demanda dos negócios e a competitividade fazem com que

organizações tenham que estruturar projetos que se equiparem em

complexidade. O conhecimento de projetos acumulado até o presente

momento permite notar que, por mais diferentes que sejam o objetivo e o

tamanho dos projetos em diferentes indústrias, eles compartilham algumas

características comuns.

Outro conceito relevante no gerenciamento de projetos é o dos

stagegates. Srivannaboon (2006) descreve que os stagegates são pontos de

controle e decisões estratégicas que ocorrem dentro do ciclo de vida dos

30

projetos. Os resultados parciais das fases dos projetos são avaliados em

cada stagegate, a fim de definir o alinhamento dos projetos com os objetivos

estratégicos para os quais foram criados.

Os stagegates são fatores relevantes de articulação entre projetos e de

estratégias organizacionais, já que as condições operacionais de execução

dos projetos normalmente se modificam em relação ao planejamento original

(estratégias pretendidas), afetando as fases do ciclo de vida do projeto

(DUQUE; PELISSARI, 2010).

Nos stagegates, são tomadas as decisões de ajuste de rumos dos

projetos, principalmente quando as mudanças ocorridas nos ambientes

externo e interno da organização. Os impactos das mudanças de ambiente

são revelados nos stagegates e podem levar à decisão de se mudar o rumo

do projeto por completo (SRIVANNABOON, 2006).

A Figura 2 apresenta as etapas de um projeto genérico da construção

civil, iniciando-se na etapa de especificação e análise de viabilidade do

projeto, passando para a concepção geral e posteriormente para a aquisição

do terreno (estas duas últimas podem ter esta ordem invertida). Em

sequência, segue-se para a concepção pormenorizada, na qual é executado

o planejamento da obra. Procede-se à execução (construção) e a entrega do

empreendimento ou projeto.

Figura 2 – Etapas de um projeto de construção.

Fonte: Elaborada pelo autor.

31

O gerenciamento de projetos torna-se fundamental na busca para

atender objetivos, cumprir prazos e custos, além de proporcionar

conhecimentos em diversas áreas a fim de atender a um só objetivo (BONFIN

et al., 2012).

Normalmente, o gerenciamento de projetos compreende o projeto como

um ordenamento simples e, portanto, previsível - fenômeno que pode ser

dividido em contratos, fases, atividades, trabalho pacotes, etc. Atribuições a

serem executadas mais ou menos independentes. O projeto também é visto

como uma montagem semelhante, principalmente processo sequencial,

linear, a qual pode ser prevista em qualquer grau de detalhamento através de

um esforço adequado e executado de acordo com os planos.

Bertelsen (2004) propõe que a percepção da natureza do projeto como

sendo linear é um erro fundamental. O gerenciamento de projetos deve

perceber o projeto como um fenômeno complexo, dinâmico em um ambiente

complexo e não linear.

2.1.2 PMBOK

Existem algumas metodologias para o gerenciamento de projetos.

Laruccia et al. (2012) enumera os modelos Prince 2, o modelo do

International Project Management Association (IPMA), a metodologia Scrum e

o Project Management Body of Knowledge (PMBOK).

A metodologia Prince 2 trata-se da parte de um conjunto de guias

desenvolvidos pelo Office Government Commerce(OGC), do Reino Unido que

tem como objetivo auxiliar as organizações em gestão de projetos, programas

e portfólio. É considerado como um Framework, podendo ser adaptado a

qualquer tipo de projeto. O Prince2 apresenta seis restrições envolvidas em

um projeto: Custo, Prazo, Escopo, Qualidade, Riscos e Benefícios. Os seus

Princípios abrangem uma boa justificativa para o projeto aprendizado por

meio da experiência, papéis e responsabilidades, gerenciamento por estágios

(técnico e gerencial), gerenciamento por exceção (por meio de níveis de

tolerância para cada restrição ao longo de todo o projeto), foco no produto e

32

adaptação.

O International Project Management Association (IPMA) é um padrão

europeu, com sede na Suíça e associações locais em 45 países. Trata-se de

um modelo de gestão de projetos baseado em níveis de conhecimento e

competências necessárias para execução de cada processo. Apresenta um

foco muito grande na verificação das competências técnicas, contextuais e

comportamentais. As práticas recomendadas estão no IPMA Competence

Baseline 3.0 (ICB), que possui alguns processos complementares ao PMBOK

e Prince2, como por exemplo: financiamento do projeto, aspectos

comportamentais do gerente do projeto, gestão de conhecimentos, gestão de

meio-ambiente, gestão de aspectos legais e gestão de tecnologia da

informação. A sua visão é mais internacional, uma vez que cada país possui

o seu guia de melhores práticas em gerenciamento de projetos.

A metodologia Scrum é um modelo de gerenciamento para gestão ágil

de projetos (Agile Project Management). O modelo consolida conceitos de

Lean. É uma prática de gestão de projetos baseada em times pequenos e

auto-organizados.

O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) trata-se de um

guia que tem como objetivo fornecer uma visão geral do conjunto de

conhecimentos em gerenciamento de projetos e é amplamente reconhecido

pelas práticas adotadas.

Em 1969, surgiu o Project Management Institute (PMI), Instituto de

Gerenciamento de Projetos com o objetivo de desenvolver técnicas de

gerenciamento que atendessem a todos os tipos de projetos. Atualmente, o

PMI é mundialmente reconhecido e conta com profissionais certificados em

185 países, tornando-se uma linguagem universal no âmbito de

gerenciamento de projetos (BACHIEGA, 2012).

Em 1981, o PMI desenvolveu o Project Management Body of

Knowledge (PMBOK). Segundo Villegas e Parra(2012), o PMBOK é um guia

com as melhores práticas de gerenciamento de projetos que podem ser

usadas na maioria dos projetos. O PMBOK é utilizado em diversos países e

trabalha com o conceito de restrição tripla, ou seja, escopo, custo e prazo.

33

Segundo o PMBOK (2009), há uma possível relação de influência entre

os pilares prazo, custo e escopo de um projeto. Desta forma, pode haver

modificações no custo realizado motivadas por desvios de prazo ou escopo

durante a etapa de execução dos projetos.

O PMBOK formaliza diversos conceitos em gerenciamento de projetos,

como a própria definição de projeto e do seu ciclo de vida. Também identifica

na comunidade de gerenciamento de projetos um conjunto de conhecimentos

amplamente reconhecidos como boas práticas, aplicáveis à maioria dos

projetos, na maior parte do tempo. Estes conhecimentos estão categorizados

em dez áreas de conhecimento (tempo, riscos, escopo, comunicação,

recursos humanos, aquisições, custos, qualidade, integração e partes

interessadas) e os processos relacionados são organizados em cinco grupos

(iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento) ao longo do

ciclo de vida do projeto.

O quadro 2 mostra a organização das áreas de conhecimento dentro

dos grupos de processo.

Quadro 2 -Áreas de conhecimento e grupos de processo.

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento

e Controle Encerramento

Integração Integração Integração Integração Integração

Escopo Escopo

Tempo Tempo

Custo Custo

Qualidade Qualidade Qualidade

Recursos

Humanos

Recursos

Humanos

Comunicações Comunicações Comunicações Comunicações

Riscos Riscos

Aquisições Aquisições Aquisições Aquisições FONTE: Elaborado pelo autor.

Verifica-se que a área de conhecimento de custos está presente em

dois grupos de processos: planejamento e monitoramento e controle. O

34

quadro 3 apresenta os processos de gerenciamento de custos dentro dos

grupos apresentados.

Quadro 3 - Processos de gerenciamento de custos.

Processo do Gerenciamento de

Custos Grupo de Processo

Estimar os custos Planejamento

Determinar o orçamento Planejamento

Controlar os custos Monitoramento e controle Fonte: Elaborado pelo autor.

Semelhante ao citado por Valle et al.(2010), o guia PMBOK (2009, p.

11) define projeto da seguinte forma:

Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária implica um início e um término definidos. O término é alcançado quando os objetivos tiverem sido atingidos ou quando se concluir que esses objetivos não serão ou não poderão ser atingidos e o projeto for encerrado ou quando o mesmo não for mais necessário. Temporário não significa necessariamente de curta duração.

A figura 3 apresenta uma visão geral do gerenciamento dos custos em

projetos sob a visão do PMBOK. Esta figura é dividida na estimação de

custos, determinação do orçamento e o controle de custos. Os dois primeiros

fazem parte do planejamento do projeto, enquanto a última enquadra-se na

fase do controle. Para cada uma destas divisões, são apresentadas as

entradas necessárias, ou seja, os pré-requisitos demandados; as ferramentas

e técnicas, que representam o desenvolvimento real das atividades e por fim

as saídas, que representam os produtos do grupo de atividades em questão.

O PMBOK (2009) propõe a decomposição de um empreendimento a

partir da Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Ela deve organizar e definir o

escopo total do projeto, através do detalhamento em diferentes níveis que

deverão se referir a identificadores únicos, sendo que os níveis mais baixos

de uma EAP são referenciados como os pacotes de trabalho.

35

Figura 3 - Visão geral do gerenciamento dos custos em projetos.

Fonte: Guia PMBOK (2009).

2.2 Controle orçamentário e de custos na construção civil

2.2.1 Características da construção civil

A dificuldade de controle de custos no segmento da construção civil

pode ser explicada por algumas características do setor. Segundo Kern

(2005), a construção civil tem um ambiente incerto, variável, complexo e

dinâmico. Além disso, o produto do setor é único e demanda por um longo

tempo de maturação.

Dessa forma, mudanças em projetos, contratos ou mesmo na economia

podem ocorrer durante o ciclo de vida do produto, fazendo com que modelos

de gestão de custos normalmente aplicados em indústrias de transformação

não possam ser adaptados à construção civil.

36

Segundo Pasqualini (2005), a indústria da construção civil é um

conglomerado de vários subsetores, normalmente divididos em edificações

habitacionais, edificações comerciais, edificações industriais e a construção

de engenharia pesada. Embora compartilhem da atividade de construção,

diferem em muitos aspectos como:

- Produto final;

- Mercado de atuação

- Métodos produtivos;

- Nível tecnológico.

Para Assumpção e Lima Júnior (1996), as empresas de construção civil

podem ser classificadas em dois segmentos. O primeiro é o setor de produtos

que compõe-se de empreendimentos imobiliários. As empresas trabalham

com obras de edificações comerciais, residenciais ou mistas. O segundo

segmento é o setor de serviços ou de obras empreitadas: obras contratadas

por preço fixo, normalmente com pagamentos parcelados conforme a

evolução do empreendimento. Os principais clientes estão no setor público.

Este segmento pode ser dividido em três subsetores: edificações, obras de

montagens industriais e construção pesada.

Segundo Almeida et al. (2012), entre o conjunto de atividades

desenvolvidas no setor de construção civil, há um destaque no setor de obras

residenciais no que diz respeito à geração de riquezas produzidas no país

nos últimos anos. O grande déficit habitacional tem sido forte indutor do

desempenho do setor de obras residenciais e também responsável pelo

crescimento da cadeia produtiva.

Segundo Gonçalves (2011), entre 40% e 50% do valor de venda é

consumido pelo custo direto da obra, conforme demonstrado na tabela 4.

Desta forma, verifica-se a importância do controle do custo direto da

construção para o sucesso financeiro de um empreendimento do setor de

edificações.

37

Tabela 4 - Composição do preço de venda.

Itens Participação

Preço do terreno 25% a 35%

Custo da construção 40% a 50%

Despesas financeiras 5% a 10%

Despesas de vendas e publicidade 10% a 15%

Margem Bruta 15% a 20% Fonte: Gonçalves (2011, p. 36).

Yazbek (2005) defende que as empresas construtoras em busca de

maior competitividade tem buscado cada vez mais o aprimoramento dos

seguintes pontos: uma maior previsibilidade dos resultados a serem obtidos

nas operações, evitando assim surpresas que podem aumentar o risco de

insucesso financeiro em projetos; uma maior transparência, consistência e

estabilidade das informações relativas à evolução dos trabalhos durante o

ciclo de implantação do empreendimento, gerando segurança nos controles

durante a fase de execução; a manutenção e aprimoramento das

competências em gerenciamento de empreendimentos; a aplicação de

práticas de gerenciamento suportadas por processos estruturados

recorrentes, gerando melhoria contínua do processo; uma capacidade de

adquirir e reaproveitar os conhecimentos sobre a prática do gerenciamento

de empreendimentos a partir de operações anteriores – ainda dentro do

conceito de melhoria contínua e um consequente aumento progressivo da

maturidade do gerenciamento.

Araújo e Meira (1997) afirmam que, no setor da construção civil, a

execução dos empreendimentos exige uma combinação de recursos (mão de

obra, materiais, equipamentos e capital), os quais estão sujeitos a limites e

restrições. A locação de recursos no devido tempo e o fornecimento de dados

e fatos para o controle somente são possíveis através de um eficiente

sistema de planejamento e programação.

Uma característica da produção da construção civil é a não

necessidade de precedência técnica entre alguns serviços, possibilitando um

paralelismo entre as atividades. Essa falta de sequência rigorosa leva a outra

38

característica da produção na construção civil: a descontinuidade de

serviços, que causa um risco adicional de elevação dos custos e acúmulo de

estoques inacabados (KOSKELA, 2000).

Outra característica marcante da construção civil é a forma de

organização da produção: com as atividades que englobam o processo

produtivo fragmentado (não existindo uma equipe responsável pela execução

de uma etapa completa de construção). Dessa forma, os subprocessos de

construção são melhor controlados do que o processo como um todo –

impossibilitando uma visão sistêmica de diversas atividades (BARROS NETO,

1999).

Ainda segundo Koskela (2000), há muitas origens de variabilidade no

processo de produção da construção civil que ocorrem devido aos diferentes

fluxos de insumos necessários à realização das tarefas. São exemplos: fluxo

de projeto, fluxo de materiais, fluxo de mão de obra, de equipamentos e de

produtos intermediários. Esses fluxos estão longe de serem homogêneos,

gerando variabilidade no processo como um todo. Além desses fatores, há

influências de condições externas como temperatura, chuvas e ventos.

Desta forma, torna-se difícil estimar a duração das atividades,

dimensionar as equipes e, em decorrência, prever os custos das tarefas.

Nota-se desta forma a influência da variação do prazo das atividades

no custo de um empreendimento de construção civil (KERN, 2005).

Kumarawsky e Chan (1995) apresentam alguns fatores que podem

afetar a duração do processo de produção dos empreendimentos de

construção civil, conforme a figura 4.

Conforme a figura 4, a duração de um projeto de engenharia depende

do tipo de construção, do local, dos clientes, da produtividade da empresa e

do tipo de contrato. O tipo de contrato, por sua vez, depende da modalidade

de pagamento, do método construtivo, da estrutura gerencial e do risco

envolvido na operação. Da mesma forma, observa-se a interdependência dos

outros fatores descritos na figura.

39

Figura 4 – Fatores que influenciam a duração de um empreendimento.

Fonte: Kumarawsky e Chan (1995).

Segundo Mendes (2011), existe no setor de construção civil um risco

inerente do negócio que está ligado à natureza e comportamento ao longo do

tempo, podendo influenciar a rentabilidade dos imóveis. A variação deste

comportamento deve-se à alteração de diversos fatores que são importantes

para o correto funcionamento do investimento como: fatores econômicos,

geográficos, populacionais, políticos, entre outros. A solução para minimizar

este tipo de risco prende-se com a obtenção de uma carteira de

investimentos bastante diversificada, de modo a que os diversos bens

tenham comportamentos diferenciados entre si proporcionando uma

atenuação do comportamento global.

40

Também são características próprias do setor da construção civil

brasileira: a grande quantidade de trabalhos manuais; a característica única

do local da produção, ou seja, cada obra tem seu canteiro customizado e a

diversidade de empresas e profissionais que normalmente atuam juntos em

um mesmo empreendimento (KOSKELA, 2000).

A tabela 5 apresenta um comparativo do setor da construção civil entre

Brasil, Comunidade Europeia e Estados Unidos. Verifica-se que a

participação do PIB no Brasil é bem inferior à fatia verificada nos mercados

europeu e americano.

Tabela 5 – Comparação entre o setor da construção civil do Brasil,

comunidade europeia e Estados Unidos.

Fonte: Mello (2009).

Observa-se a baixa remuneração média do trabalhador brasileiro e o

prazo médio das obras bem acima do encontrado nos Estados Unidos e

Europa.

Com mais trabalhadores, e maior prazo de obra, conclui-se que a

produtividade do trabalhador da construção civil brasileira é menor do que os

dois mercados citados. Este fato pode ser verificado na figura 5.

41

As produtividades apresentadas na figura 5 são obtidas pelo cociente

entre valor produzido em unidades monetárias por trabalhador durante

determinado período de tempo, no qual os valores obtidos nos Estados

Unidos foram alinhados como a unidade (100%). Os dados do Brasil foram

coletados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em 2006. Os dados dos

Estados Unidos foram apurados pelo US Census Bureau no ano de 2002. Na

União Européia, os dados foram coletados pelo European Foundation for the

Improvement of Working and Living Conditions no ano de 2005

Figura 5 - Comparação entre a produtividade brasileira, americana e europeia

na construção civil.

Fonte: Mello (2009)

Um risco inerente do setor da construção está ligado à rigidez

estrutural do produto. Caso o empreendimento não seja bem aceito pelos

clientes, poucas são as mudanças que podem ser realizadas após o início da

fase de produção. Outro fator de risco está na velocidade de vendas que

influenciam na receita dos empreendimentos. Este índice inicialmente

estimado pelo incorporador oscila significativamente no decorrer do

empreendimento (ASSUMPÇÃO, 2003).

Conforme alguns autores como Reichmann et al. (1998) e Tommelein

(1997), a variabilidade e a incerteza inerentes ao processo de planejamento e

controle do setor de construção civil são decorrentes dos motivos descritos

no Quadro 4.

42

Quadro 4 – Variabilidade e incerteza inerentes do processo de

planejamento e controle do setor de construção civil.

Programação demorada do empreendimento (entre um e dois anos)

Execução de produtos únicos. Desta forma parte das informações referentes ao produto não sejam conhecidas antecipadamente nem armazenadas para resgate posterior

Utilização intensiva de mão-de-obra sem o devido preparo técnico e qualificação profissional. O setor é considerado porta de entrada para o trabalhador

Especificação incorreta do trabalho a ser executado, muitas vezes desconsiderando o avanço da tecnologia e a utilização da racionalização dos procedimentos

Mudanças corriqueiras da legislação

Levantamentos de quantitativos imprecisos

Falhas gerenciais na empresa e no canteiro de obras ocasionando erros de execução e de projeto

Fonte: Reichmann et al. (1998) e Tommelein (1997.)

Estes fatores são responsáveis pelo aumento do risco do setor. O risco

como fator de incerteza pode – se não tratado - ser responsável por

aumentos nos custos no projeto.

2.2.2 Planejamento dos custos

O planejamento e o controle de custos da produção na construção civil

tinha, até 1990, menor importância do que atualmente, devido às

características presentes no mercado de construção daquela época

(ASSUMPÇÃO, 2004). Havia ganhos relativamente altos, se comparados aos

atuais, para riscos não tão grandes, desta forma perdas financeiras eram

facilmente absorvidas pelos ganhos. Havia disponibilidade de financiamentos

para a produção, através de agentes financeiros estatais, implicando

pequena necessidade de recursos próprios, minimizando assim o risco do

43

capital investido. Havia disponibilidade de financiamentos para os

compradores, através do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que

facilitava a venda além de uma transferência do risco de inadimplência.

Além do aumento da concorrência, em meados da década de 1990 os

bancos se retraíram e deixaram de financiar o adquirente final. Isso fez

crescer entre as construtoras a necessidade de planejar e controlar melhor os

recursos disponíveis. Os bancos só voltaram a fomentar o financiamento uma

década depois, em meados do ano 2000.

Segundo Haka (2007), as consequências dessas características eram

que a eficiência da gestão dos custos e controle da produção não eram

fatores preponderantes para se obter lucro dos projetos de engenharia. Esse

contexto passou por mudanças no cenário atual.

Segundo Blocher et al. (2010), houve uma mudança na gestão de

custos nas últimas décadas decorrente de um ambiente concorrencial cada

vez mais acentuado pela incorporação de novas tecnologias de informação e

comunicação.

Há explicações adicionais para esta mudança na gestão de custos

como o aparecimento de novas práticas de manufatura e produção (GRAVES;

WARD, 2004). Desta forma novas técnicas de produção exigem novas EAPs

novos materiais e novos tipos de serviços; aumento do foco no cliente

(SLAVOV, 2013), demandando por necessidade de investimento em novas

atividades das empresas e novas formas de alianças com os fornecedores

(SLAVOV, 2013), fidelizando parcerias e proporcionando consequente queda

dos custos na maioria dos casos.

Desta forma, conforme Slavov (2013), houve uma elevação da

importância do papel do planejamento e controle de custos nas organizações,

influenciando diretamente em seus objetivos estratégicos. Essa gestão hoje é

essencial para o sucesso dos projetos e dos processos das organizações.

Para Peyerl (2007), planejar significa influenciar uma situação futura,

conforme o entendimento conjunto da situação presente, mais a visão da

situação futura por meio de ações que se tem controle. O planejamento dos

custos é uma ferramenta importante no processo de planejamento e controle

44

da produção, pois oferece informações à resolução das questões básicas

necessárias a atingir os objetivos estratégicos de uma organização.

Na construção civil é comum encontrar a seguinte divisão hierárquica

do planejamento: dividindo-o em prazos: longo, médio e curto. O longo prazo,

ou planejamento estratégico trabalha com ciclos de anos. O médio prazo, ou

planejamento tático, normalmente trabalha pensando três meses a frente. O

curto prazo é o acompanhamento diário e semanal das atividades.

O processo de planejamento e controle deve ser contínuo. Com o

passar do tempo, o planejador deve periodicamente atualizar o planejamento

com base nas informações de controle estendendo o horizonte de

planejamento. As atividades de planejamento e controle são mutuamente

complementares, formando um ciclo de retroalimentação (PEYERL, 2007).

2.2.3 Definições de gastos, custos e despesas

Oliveira e Perez Jr. (2000) definem gastos como um consumo genérico

de bens e serviços por meio de desembolso passado, presente ou futuro. Os

autores defendem que custos e despesas são espécies do gênero gastos,

podendo ser definidos da seguinte forma: custo é o valor de produtos e

serviços consumidos na produção de outros bens e serviços. Tem-se como

exemplo os materiais de construção de uma obra, já a despesa é definida

como o valor de bens e serviços consumidos no processo de geração de

receitas e manutenção do negócio da instituição, desta forma são gastos

incorridos fora da área de produção.

Estes componentes podem ainda ser considerados como fixos ou

variáveis, dependendo de seu comportamento com o aumento ou redução da

produção. Os custos fixos são aqueles que permanecem constantes no curto

prazo, independente do volume de produção da empresa (BORNIA, 2009).

Os custos variáveis estão diretamente ligados ao volume de produção.

A figura 6 mostra o comportamento dos custos fixos e variáveis de acordo

com o volume de produção.

45

A matéria prima da utilizada na produção pode ser um exemplo de

custo variável, pois conforme a produção aumenta, o custo da matéria prima

também sofre incremento de valor em uma proporção semelhante. O custo

fixo pode ser exemplificado como o aluguel de uma máquina, que permanece

inalterado independente da quantidade de itens produzidos.

Figura 6 – Comportamento dos custos fixos e variáveis de acordo com o

comportamento da produção.

Fonte: Bornia (2009).

Quanto à forma de apropriação e identificação, Oliveira e Perez Jr.

(2000) classificam os custos e despesas em diretos ou indiretos:

- Custos diretos são os que podem ser quantificados e identificados

aos produtos e serviços;

- Custos indiretos são os que não podem ser apropriados de forma

direta com os produtos ou serviços, necessitando de critério de

rateio para sua alocação.

46

- Despesas diretas são as que podem ser quantificadas e

correlacionadas em relação às receitas de vendas e de prestação de

serviços;

- Despesas indiretas são as que não podem ser identificadas com

precisão com as receitas geradas.

Segundo Azevedo et. al. (2007), um dos maiores problemas verificados

nos sistemas tradicionais de custeio é a forma arbitrária e simplista como são

tratados os custos indiretos da produção, nas indústrias modernas, nas quais

os custos indiretos constituem grande parcela dos custos totais.

Esse tipo de alocação implica consideráveis distorções no custeio do

produto. Bornia (2009) acentua que a alocação dos custos indiretos causa a

maior parte das dificuldades e deficiências dos sistemas de custeio,

especialmente em empresas nas quais estes custos estão se tornando cada

vez mais significativos, fazendo com que a discussão sobre a alocação deles

tenha relevância crescente.

Para Bruzzi (2008), os custos de um projeto se dividem em quatro

categorias: custos de produto, custos de capital, custos operacionais e custos

de gerenciamento do projeto. Cada categoria abrange um grupo de

elementos específicos, conforme especificação evidenciada no Quadro 5.

Quadro 5 – Categorias de custos.

Categoria dos Custos Elementos

Custo de Produto Material, mão de obra, despesas gerais indiretas etc.

Custos de Capital

Equipamentos, ferramentas, peças de reposição,

encargos financeiros, instalações, testes, impostos,

transportes etc.

Custos Operacionais Energia, suprimentos de manutenção, apoio técnico etc.

Custos de Gerenciamento Pessoal, viagens, treinamento, suporte para sistemas

etc.

Fonte: Bruzzi (2008).

47

A estimativa de custo de uma obra contém incertezas por tratar-se de

previsão de inocorrências futuras. Neste sentido Mattos (2007) afirma que por

se tratar de uma previsão, o prognóstico de custo deve ser preciso enquanto

técnica de gerar valor de referência, porém é aproximado na medida em que

os parâmetros usados para sua identificação podem variar. São exemplos de

aproximação os valores de produtividade prevista da mão de obra, valores de

materiais e tributos que podem variar no decorrer da obra, valores de perdas

de materiais.

Com relação à especificidade o valor da obra pode variar de acordo

com a empresa, com as condições locais de clima, tipo de solo, legislação,

oferta de mão de obras, dentre outros (MATTOS, 2007).

O Quadro 6 apresenta as metodologias das estimativas de custos no

PMBOK com suas especificações e características, proporcionando uma

visão comparativa entre as tipologias evidenciadas.

Quadro 6 – Metodologias das estimativas de custos do PMBOK.

Fonte: PMBOK (2009).

48

Um sistema de gestão de custos deve gerar informações com cinco

intenções básicas (PMBOK, 2009): formular estratégias e planejamento de

longo prazo quanto ao desenvolvimento de novos produtos, situação que

pode envolver a criação de novos grupos de custos; basear decisões quanto

à locação de recursos, envolvendo relatórios referentes à lucratividade dos

produtos ou serviços. Esta alocação deve ser alinhada com os relatórios

esperados da alta administração e com os objetivos da organização; planejar

e controlar custos de operações e atividades, sendo esta uma das funções

mais básicas de um sistema de gestão de custos; realizar medições de

desempenho comparando resultados atuais com resultados planejados,

baseados em indicadores financeiros e não financeiros, gerando desta forma

uma retroalimentação de informações do processo e atender a regulamentos

externos e requisitos legais.

Para Barbosa et al. (2008), a estimativa de custos envolve o

desenvolvimento de uma aproximação dos custos dos recursos necessários

para terminar cada atividade do cronograma. Com os custos estimados o

gestor poderá atuar no orçamento com uma maior precisão garantindo as

entregas do projeto com os recursos disponibilizados, mas o processo de

estimativas de custos continua durante a execução do projeto permitindo que

atualizações e mudanças não comprometam a execução orçamentária.

Segundo Barbosa et al. (2008), o cronograma do projeto com a

indicação do início e término das atividades planejadas e dos marcos

contratuais do cronograma é um importante instrumento para o agrupamento

dos custos.

2.2.4 Métodos de custeio

Machado e Souza (2006) fizeram um breve resumo dos métodos de

custeio mais utilizados. Este resumo está apresentado no Quadro 7.

49

Quadro 7 – Métodos de custeio e suas características.

Método Características do Método

Custeio por absorção

Atribui todos os gastos relativos ao esforço de fabricação aos

produtos, total ou parcialmente prontos. Os custos de produção

fixos são alocados aos produtos por meio de rateio e os custos

variáveis são alocados diretamente aos produtos e as despesas

são levadas diretamente ao DRE.

Custeio Pleno

Também conhecido como RKW, atribui aos produtos todos os

gastos da empresa, não só os custos, mas também as despesas

operacionais, inclusive as financeiras e ainda os juros do capital

próprio (custo de oportunidade). Dessa maneira, objetiva

fornecer o montante total gasto pela empresa no esforço

completo de obter receitas. Contribui evidenciando o valor

adicionado, ou seja, o ganho efetivamente atingido.

Custeio Variável

Atribui apenas os custos e despesas variáveis em nível de

unidade do produto, evitando as distorções causadas por rateios

arbitrários de alocação dos custos fixos aos produtos; evidencia

a margem de contribuição; e trata os custos variáveis como

relevantes para decisões de curto prazo. Os custos e as

despesas fixas são considerados integral e diretamente no

resultado do período.

Custeio Direto

Os custos indiretos de fabricação fixos específicos e as despesas

operacionais fixas específicas são apropriados aos respectivos

objetos de custeio e não aos produtos como um todo. Dessa

forma, têm-se o surgimento da margem direta, ou seja, a margem

de combinação menos custos e despesas fixas específicas (MD =

MC – CDFE), enquanto que a margem de contribuição é igual ao

preço de venda menos custos e despesas variáveis (MC = PV –

CDV).

Custeio Baseado em

Atividades (Activity

Based Costing – ABC)

Atribui os custos de acordo com o consumo de recursos pela

atividade e destas pelos produtos. O ABC utiliza-se da relação

dos custos com as atividades desempenhadas, através do

rastreamento dessas, alocando de forma mais racional os custos

indiretos de fabricação aos objetos de custeio.

Fonte: Machado e Souza (2006).

Machado e Souza (2006) sugerem os objetivos a serem alcançados

com os diferentes métodos de custeio:

a) se o anseio é conhecer a margem de contribuição dos produtos,

então o método de custeio variável atende a esse objetivo;

50

b) o método de custeio pleno, por evidenciar os gastos totais,

caracteriza-se como um bom instrumento gerencial para cálculo do preço de

venda referencial, pois indica o resultado livre de todos os custos e

despesas, podendo ser utilizado para estudos de viabilidade de projetos de

engenharia;

c) se o foco de análise recai sobre a eficiência dos trabalhos

desenvolvidos pela empresa, então o Activity Based Costing (ABC) é o mais

específico para atender a esse objetivo. Caso a alocação dos custos indiretos

de fabricação precisam de uma informação mais acurada, o ABC também

poderá contribuir. Importante método para analisar a busca por melhorias

operacionais.

d) se o objetivo for atender à legislação contábil, tributária-fiscal e às

publicações dirigidas aos usuários externos, então o custeio por absorção é o

mais indicado.

Os sistemas ABC surgiram em meados da década de 80. Segundo

Cooper e Kaplan (1998), com o objetivo de oferecerem informações precisas

sobre custos de produtos e serviços.

Esta metodologia foi desenvolvida por Robert Kaplan e Robin Cooper,

da Universidade de Harvard, surgindo como resposta para a inexatidão do

custeio tradicional que não acompanhou a evolução das empresas. Procura-

se imputar da melhor forma os custos indiretos aos objetos de custo como

produtos ou serviços.

Horngren et al. (2004) defendem a força do ABC como ferramenta para

a gestão de custos. Os autores apontam as seguintes funções para o gestor

responsável pelo controle de custos: planejamento prévio, relatórios internos

detalhados, avaliação, consultoria especializada e controle. É citada como

vantagem gerencial do ABC a boa visualização dos fluxos dos processos,

identificando o custo de cada atividade em relação aos custos totais da

entidade.

De fato esta característica desse método de custeio é aproveitada na

empresa a ser estudada, que planeja, executa e controla os custos de cada

atividade do projeto.

51

Segundo Kim (2002), o método ABC tem os seguintes objetivos

principais: ajudar na eliminação ou minimização de atividades que não

agregam valor e remover distorções de custeio causadas por inadequada

alocação de custos.

Ostrenga et al. (1993) defendem que a meta do ABC é a reflexão da

causalidade entre recursos, atividades e objetos de custo na alocação dos

custos indiretos.

O sistema de custeio ABC é uma ferramenta que permite melhor

visualização dos custos através da análise das atividades executadas dentro

da empresa e suas respectivas relações com os objetos de custos. Nele, os

custos tornam-se visíveis passando a serem alvos de programas de redução

e de aperfeiçoamento de processos, auxiliando, assim, as organizações a

tornarem-se mais lucrativas e eficientes (SOUZA; MELLO, 2011).

Segundo Magalhães (2011), no sistema ABC, são primeiro calculados

os custos das atividades para posteriormente os atribuir aos produtos,

ajustando os custos indiretos aos processos, produtos ou outros objetos de

custo. As atividades caracterizam-se por serem sequências de tarefas que,

ao longo do seu desenvolvimento, necessitam de um determinado nível de

consumo de recursos.

Portanto, o ABC foca-se nas atividades e não nos produtos. Estes

surgem como consequência das atividades consideradas estritamente

necessárias para o seu fabrico e comercialização (NAKAGAWA, 1995).

Deste modo, o ABC permite definir parâmetros para posteriormente

avaliar-se o impacto de cada atividade no processo de execução do projeto,

possibilitando à instituição: redução dos custos, melhorias nos serviços,

melhoria da qualidade do produto executado, dentre outros.

Em síntese, no sistema ABC os produtos consomem atividades e estas

consomem recursos, contrariando a abordagem do custeio tradicional, em

que os produtos consomem os recursos. O conjunto das tarefas elaboradas

pelas pessoas e equipamentos define-se por atividades. Neste método, o

custo do produto é representado pela soma dos custos diretos com os custos

de cada atividade necessária à sua produção.

52

O sistema de custeio baseado em atividades não se diferencia do

sistema de custeio baseado em volume apenas pela mudança das bases de

alocação de custos, mas também pela identificação que faz dos custos por

atividade e da maneira como aloca os custos aos produtos através de um

maior número de bases (NAKAGAWA, 1993).

Lima (2000) resume as vantagens e desvantagens do sistema ABC no

Quadro 8.

Quadro 8 – Vantagens e desvantagens do sistema ABC.

Vantagens Desvantagens

Não utiliza rateios. Não aplicado para obtenção de soluções

a longo prazo.

Apresenta imediatamente a margem de

contribuição.

Não atende aos princípios fundamentais

de contabilidade geralmente aceitos.

Fornece o ponto de equilíbrio. Isoladamente, não se aplica para a

formação do preço de venda.

Enfoque gerencial

A análise das despesas e custos em

fixos ou variáveis é dispendiosa e

demorada.

É facilmente acoplado aos demais

sistemas de custeamento.

Não é aceita para elaboração das

demonstrações contábeis.

Fonte: Lima (2000).

Kern (2005) aponta que a implantação do método de custeio ABC no

cenário da construção civil é difícil e trabalhosa, pois requer coleta e

processamento de muitos dados devido à complexidade inerente ao

ambiente.

No entanto, Marchesan (2001) conclui que, a partir da utilização desse

método, importantes aspectos do processo produtivo se tornam visíveis,

dificilmente identificados pelos sistemas convencionais de custeio.

Evidenciando, por exemplo, uma parcela de atividades que não agregam

valor na execução de obras de construção. Este método proporciona ao setor

de construção civil uma possibilidade de estudo de melhorias operacionais

além de estabelecer preço para personalização solicitada por alguns clientes.

53

2.2.5 Orçamento

Segundo Kern (2005), o sistema de custeio da construção civil tem

como produto final o orçamento da obra, que é normalmente produzido nas

primeiras fases do empreendimento. Trata-se do documento básico relativo

aos custos de um empreendimento.

De acordo com o PMBOK (2009), o orçamento engloba o custo da obra

estimado, alocado aos itens individuais de trabalho, a fim de estabelecer

parâmetros de custo que possam medir o desempenho do empreendimento.

As ferramentas e técnicas de estimativas de custos podem ser

(PMBOK, 2009):

- Estimativas por analogias: forma de avaliação especializada, pouco

dispendiosa e comumente menos precisas que utilizam custos reais

de projetos anteriores similares para basear o custo do

empreendimento a ser estudado, sendo aplicada, principalmente, em

prognósticos de custos totais de projetos que são semelhantes

àqueles que serviram de base para o estudo. A precisão deste método

depende da experiência do avaliador;

- Modelagem paramétrica: utilização de modelos matemáticos que

utilizam parâmetros de projetos para estimar custos com base em

informações históricas;

- Estimativas botton up: estimam-se os custos de atividades individuais

de pacotes de trabalho para posteriormente sintetizá-los à estimativa

total do projeto.

Para Losso (1995), o orçamento trata-se da descrição pormenorizada

dos materiais e das operações necessárias para realizar uma obra.

Para fins de produtos da Indústria da Construção Civil, Limmer (1997)

define orçamento como a determinação dos gastos necessários para a

realização de um projeto, de acordo com um plano de execução previamente

estabelecido, dispêndios esses trazidos em termos quantitativos.

Lima (2000) descreve o orçamento como a determinação dos gastos

necessários para a realização de um projeto, de acordo com um plano de

54

execução pré-estabelecido.

Para Lunkes (2007), o orçamento é a etapa do planejamento em que se

estima a melhor relação entre resultados e despesas para atender às

necessidades e objetivos da organização em determinado período.

O orçamento pode tomar diferentes formas em função de sua

elaboração e cabe aos gestores de cada empresa escolher a melhor forma

que se adapte aos objetivos da organização. Ainda conforme Lunkes (2007) é

possível estabelecer o orçamento em função:

- Da unidade de medida: orçamento operacional, financeiro;

- Do método de classificação das transações: orçamento por recurso,

por atividades;

- Do comportamento dos custos: orçamento fixo, flexível, base zero;

- Do nível de análises previstas: orçamento empresarial, por atividades;

- Da forma de elaboração: orçamento contínuo, de tendências.

Knolseisen (2003) organiza o orçamento para a construção civil de

duas formas distintas diferenciadas pela sua amplitude e finalidade, como

segue:

- Orçamento como processo: também conhecido como orçamento

empresarial, visa à empresa como um todo e aborda questões de

vendas, produção, despesas da gestão, caixa e capital, cada uma

delas isoladamente;

- Orçamento como produto: tem em vista exclusivamente o produto, ou

seja, a obra. Um caso típico de orçamento como produto é o

orçamento de engenharia, pois tem como objetivo determinar o valor

de uma obra ou serviço, produtos da empresa, para que a

organização promova, ou se habilite por meio de um processo

licitatório, análise da competitividade de seu produto no mercado e

conheça seu desempenho.

Da forma descrita, caracterizam-se os orçamentos dos

empreendimentos em estudo como orçamento do produto. Gonçalves (2011)

55

defende que dos diversos itens que compõem o custo de um

empreendimento, o custo de construção é o de mais difícil estimativa, pois é

resultante de uma soma de inúmeras parcelas que podem evoluir à medida

que o empreendimento é desenvolvido.

Deve ser levado em consideração custo e benefício do sistema de

gestão de custos. Segundo Bornia (2009), deve ser comparado o benefício

oriundo da informação sobre os esforços necessários para sua obtenção. A

figura 7 apresenta a relação comparativa de custo e benefício de volume da

produção com o custo e detalhamento da informação com o custo.

Figura 7 – Comparação entre volume de produção da informação e o custo e

detalhamento da informação e o custo.

FONTE: Bornia (2009).

A figura 7 indica em seu primeiro gráfico (a) que, conforme aumenta o

volume de produção da informação, o seu custo aumenta de forma

exponencial, enquanto que o benefício, representado pelo pontilhado, tende a

se estabilizar. Desta forma, verifica-se um ponto de equilíbrio. A partir deste

ponto, cada produção de informação adicional passa a não ser vantajoso à

organização. O segundo gráfico (b) da figura 7 mostra, de forma semelhante

ao primeiro, que um aumento do detalhamento da informação além do ponto

ótimo tende a ser mais custo do que benefício para a empresa.

O sucesso da estimativa orçamentária de custos em obras varia

conforme a etapa do projeto e de acordo com as informações disponíveis no

momento da estimativa. O quadro 9 descreve as margens de erro esperadas

de acordo com os elementos técnicos conhecidos.

56

Quadro 9 - Margens de erro esperadas para avaliações, estimativas e

orçamentos.

Tipo Margem de Erro Elementos Técnicos Necessários

Área de construção

Avaliações 20% a 30% Padrão de acabamento

Custo unitário de obra semelhante

Custos unitários básicos

Anteprojeto ou projeto indicativo

Preços unitários de serviços de referência

Estimativas 15% a 20% Especificações genéricas

Índices físicos e financeiros de obras

semelhantes

Projeto executivo

Especificações sucintas, porém definidas

Orçamento Expedido 10% a 15% Composições de preços e serviços genéricos

Preços e insumos de referência

Projeto executivo

Projetos complementares

Orçamento Detalhado 5% a 10% Especificações precisas

Composições de preços de serviços específicas

Preços de insumos de acordo com a escala de

serviços

Orçamento Analítico 1% a 5%

Todos os elementos necessários ao orçamento

detalhado

Planejamento da obra Fonte: Ávila et al. (2003).

Os custos são definidos como recursos consumidos num determinado

espaço de tempo. Todas as empresas, independentemente da área de

atuação, apresentam gastos que posteriormente se dividem em custos, e

estes, em despesas variáveis e fixas ou, na perspectiva dos objetos de custo,

57

em custos diretos e indiretos. Os sistemas e custeio reúnem os modelos de

cálculo e os procedimentos que permitem analisar os custos numa empresa

(COOPER; KAPLAN 1998).

A peça básica que torna possível o grupo de atividades do controle é o

orçamento executivo. Figueiredo e Caggiano (2006) definem que os

orçamentos, além de serem parâmetros para a avaliação dos planos,

permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade,

desempenhando o papel de controle por meio dos sistemas de custos e

contabilidade.

2.2.6 Controle de custos em projetos

Segundo Martins (2010), existe uma forte ligação entre custos e o

orçamento. Essa ligação é feita pelo controle de custos, que, ao aferir os

custos reais das operações, permite a comparação com orçamento original e

o aprimoramento de futuros orçamentos.

Nos últimos anos, com a criação de novas empresas e o aumento da

concorrência no setor de construção civil, sobretudo no subsetor de

edificações, verificou-se a necessidade de redução e controle de custos para

a manutenção das margens de lucro dos empreendimentos (MINARI JÚNIOR,

2009).

O controle é a função mais largamente difundida e utilizada do

planejamento. Segundo Laufer e Tucker (1987), envolve medir e avaliar o

desempenho, bem como tomar ações corretivas quando ineficiências são

detectadas.

O tradicional processo de controle de custos na construção civil

envolve estimar o desempenho futuro, apurar o desempenho presente,

calcular a diferença entre os dois, obtendo a variação e agir de forma

corretiva de acordo com o grau de variação encontrado (HALPIN;

WOODHEAD, 2004)

Segundo Munns e Bjeirmi (1996, apud DUARTE et al., 2012), a gestão

de projetos, e suas técnicas, são subconjunto de um contexto mais amplo de

58

projeto. A gestão de projetos desempenha um papel relevante no sucesso do

projeto, mas esse papel é afetado por muitos outros fatores fora do controle

direto do gerente de projetos. Dessa forma, os projetos podem ter sucesso,

ou falhar, independentemente dos processos de gestão de projetos.

Segundo Munns e Bjeirmi (1996, apud DUARTE et al., 2012, p.82):

A definição de um projeto sugere que há uma orientação para objetivos mais elevados e de longo prazo. Alguns parâmetros importantes desses objetivos são: o retorno sobre investimento, a rentabilidade, a concorrência e as habilidades no mercado. Uma gama de variáveis e fatores irão afetar a capacidade de atingir esses objetivos [...] Isto indicaria que a gestão de projetos e suas técnicas são apenas um subconjunto do contexto mais amplo do projeto. A gestão de projetos desempenha um papel no sucesso do projeto, mas esse papel é afetado por muitos outros fatores fora do controle direto do gerente de projetos.

Segundo Duarte et al. (2012), o controle do projeto é realizado por um

conjunto de processos reativos e proativos com o objetivo de realizar a

gestão das funções críticas e reduzir os riscos do projeto. O grande desafio é

encontrar o nível apropriado de controle. Controlar sem “engessar”. Criar

procedimentos burocráticos que não comprometam a criatividade do projeto.

O controle dos detalhes pode salvar ou comprometer o projeto. Existem

técnicas que asseguram o equilíbrio ao controle, pela atribuição de

autoridade e responsabilidade aos gestores. O controle efetivo ocorrerá

quando a linha de base técnica atender aos requisitos de negócio do projeto.

E também quando a linha de base dos custos acomodar todas as demandas

técnicas e todas as demandas de negócio.

Gabriele (2011) defende que, quanto mais extenso o projeto de

engenharia, maior a possibilidade de insucesso de controle de custos do

empreendimento, demandando por uma utilização mais concentrada de

ferramentas e técnicas de gestão.

2.2.7 Custo por área equivalente

A indústria da construção civil, notadamente o subsetor de edificações,

utiliza a análise de custo por área construída para possibilitar a comparação

entre empreendimentos distintos.

59

A padronização do cálculo de áreas é realizada pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da NBR 12.721 (2006) para

fins de utilização na estimativa de custo para incorporação imobiliária. A

norma descreve diversos tipos de área. A área equivalente é a que possui

coeficientes que ponderam os tipos de ambientes ou pavimentos de acordo

com o custo esperado para sua execução. Não há uma uniformidade entre as

empresas com relação a esses pesos, podendo desta forma haver uma

distorção entre os números encontrados.

A norma ABNT NBR 12.721 (2006) recomenda que os coeficientes

sejam calculados pelas empresas com base em suas experiências em

projetos anteriores. Ela indica como referência os coeficientes descritos na

tabela 6.

Tabela 6 - Valores recomendados para pesos no cálculo da área equivalente.

Ambiente Coef. Mín. Coef. Máx.

Garagem 0,50 0,75

Unidade autônoma padrão 1,00

Área privativa de salas sem acabamento 0,75 0,90

Área de loja sem acabamento 0,40 0,60

Varandas 0,75 1,00

Áreas descobertas sobre laje 0,30 0,60

Estacionamento sobre terreno 0,05 0,10

Área de projeção de terreno sem benfeitoria 0,00

Área de serviço aberta 0,50

Barrilete, caixa d’água e casa de máquinas 0,50 0,75

Piscinas 0,50 0,75 Fonte: ABNT NBR 12721 (2006) adaptada pelo autor.

2.2.8 Gerenciamento do valor agregado (GVA)

Segundo Oliveira (2003), a Análise de Valor Agregado (AVA ou Earned

Value Analysis – EVA) é apontada como uma das mais importantes e

poderosas técnicas de controle dentro do Gerenciamento de Projetos.

60

Villegas (2012) defende que o Método de Valor Agregado

é uma das medidas mais eficazes de análise de desempenho para

gerenciamento de projetos. Permite aos administradores o fechamento do

ciclo Planejar – Fazer – Controlar - Agir (PDCA, sigla em inglês) no processo

de gestão. É definido como uma ferramenta para controle de gestão na qual a

medição integra o escopo, custo e cronograma do projeto.

Ainda conforme Oliveira (2003, p. 48):

Existe uma quantidade muito grande de projetos que são finalizados com atrasos e sobre custos, ou nem finalizados (em geral, pelos mesmos motivos). E uma alegação frequente por parte dos gestores é a de que estes só conseguem perceber a real magnitude de tais problemas em estágios já avançados de progresso, onde na maioria das vezes já não se consegue tomar ações corretivas em tempo de evitar desastres no projeto. A importância e o poder da AVA advêm do fato de que ela pode oferecer diagnósticos precisos e completos em qualquer fase do projeto, o que certamente tem ajudado inúmeros gestores a lidar com os problemas acima citados.

Trata-se de um método que permite o acompanhamento periódico das

linhas de base de escopo, tempo e custo de um determinado projeto,

permitindo ações corretivas durante o processo de execução no intuito de

direcionar o projeto para a meta inicialmente estipulada.

Essa técnica passou a ser utilizada de forma padronizada na década

de 60 por militares norte-americanos. Constatou-se posteriormente que a AVA

poderia ser aplicada em empreendimentos não repetitivos e com duração

específica, ou seja: em projetos.

O sentido da metodologia de controle de gerenciamento do valor

agregado (GVA) é tornar possível o acompanhamento das possíveis

distorções das linhas de base de escopo tempo e custo através de índices

que determinam a situação atual realizada em relação à planejada e a

tendência da situação do projeto em seu término.

Mulcahy (2011) afirma que o valor agregado é usado para medir o

desempenho do projeto com relação às linhas de base do escopo, do

cronograma e de custos.

Oliveira (2003) cita em sua dissertação a nomenclatura inicial utilizada

para definir os principais parâmetros da Análise de Valor Agregado oriundas

61

do Departamento de Defesa Americano (Department of Defense – DoD): Valor

Total do Orçamento é a estimativa prevista de custo a ser demandado pelo

projeto; o Custo Orçado do Trabalho Planejado é valor do custo planejado da

fatia de trabalho planejada para ser realizada até determinada data; o custo

Real do Trabalho Realizado trata-se do custo efetivamente incorrido do

trabalho efetivamente realizado; o Valor Total Estimado para os Custos Finais

do Projeto é a projeção do custo a ser demandado pelo projeto até seu

término levando em consideração as distorções ocorridas até este momento;

o custo Orçado do Trabalho Realizado trata-se do custo planejado para as

atividades efetivamente realizadas.

Agregado a figura 8 apresenta os principais parâmetros da Análise de

Valor Agregado.

Figura 8 – Principais parâmetros da análise de valor agregado.

Fonte: Oliveira (2003).

A nomenclatura para os parâmetros de Análise de Valor Agregado

utilizada pelo PMBOK é a seguinte:

- Valor planejado (VP): valor estimado do trabalho planejado a ser

realizado;

- Valor agregado (VA): valor estimado do trabalho efetivamente

realizado;

- Custo real (CR): custo real incorrido para o trabalho realizado;

- Variação de prazo (VPr): medida de desempenho do cronograma, é

62

obtido pela subtração entre VA e VP;

- Variação de custo: (VC) medida de desempenho de custos obtida

pela subtração entre VA e CR.

O Índice de Desempenho de Prazo (IDP) e o Índice de Desempenho de

Custo (IDC) são os principais indicadores que apontam os possíveis desvios

das linhas de base de tempo e custo respectivamente.

Estes indicadores podem ser definidos da seguinte forma: o índice de

desempenho de prazo (IDP) é um número admissional obtido pela divisão

entre VA e VP. Desta forma valores iguais a 1 indicam que VA é igual a VP, ou

seja, o que foi efetivamente realizado é igual ao planejado. Seguindo o

mesmo raciocínio, valores de IDP acima de 1 indicam um projeto adiantado

em relação ao previsto e IDP abaixo de 1 indica uma distorção negativa no

prazo do empreendimento, já o índice de desempenho de custo (IDC) trata-se

de um Indicador que afere o nível de sucesso da previsão do custo do projeto

através da divisão entre VA e CR. Semelhante ao IDP, valores acima de 1

indicam um dado positivo, neste caso uma economia em relação ao custo

planejado. Valores abaixo de 1 indicam que que o custo de execução é

superior ao planejado.

Outro indicador de planejamento e controle de custos é a curva de

agregação. As curvas de agregação consistem em uma representação gráfica

que relaciona o gasto acumulado da obra versus o tempo. É uma ferramenta

comumente utilizada como balizamento para a programação e controle de

recursos em um projeto (PEYERL, 2007).

O Gráfico 2 apresenta um modelo de curva de agregação.

63

Gráfico 2 – Modelo de curva de agregação

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Heineck et al. (1996), as curvas chamadas “Curvas S”

consistem no valor acumulado de valor ou trabalho desenvolvido num projeto.

Seu nome se deve ao aspecto da curva plotada no gráfico que se aproxima à

forma gráfica da letra S. Outra curva de agregação utilizada é a curva de

carga que se diferencia da S pelo fato de não ter os valores acumulados.

64

3 METODOLOGIA

Nesta seção, será apresentada a maneira pela qual este trabalho foi

realizado. A metodologia no presente estudo está apresentada em quatro

subseções: 3.1, classificação da pesquisa; 3.2, objeto de análise; 3.3,

seleção dos sujeitos; 3.4, coleta de dados; 3.5, tratamento e análise de

dados.

3.1 Classificação da pesquisa

Magalhães (2011) define pesquisa como a execução de um conjunto de

ações e estratégias planejadas no projeto de investigação, integradas e

harmonizadas sequencialmente. Esta se apresenta como sendo um processo

sistemático de construção do conhecimento, no qual são gerados novos

conhecimentos comprovando ou contradizendo os já existentes,

apresentando-se como um processo de aprendizagem para todos os

envolvidos.

Quanto à natureza dos dados, a presente pesquisa é desenvolvida

mediante abordagens qualitativa e quantitativa

Os paradigmas tratam do modo como a pesquisa deve ser feita,

referindo-se ao progresso da prática científica baseada nas filosofias e nas

suposições de pessoas sobre o mundo e a natureza do conhecimento,

oferecendo uma estrutura aceitável de teorias, métodos e maneiras de definir

dados (COLLIS; HUSSEY, 2005).

O objetivo da análise qualitativa é focado na compreensão e no

enquadramento de fenômenos particulares no seu contexto particular e não

na obtenção de generalizações. Esta pesquisa deve ser classificada no

paradigma fenomenológico, pretendendo desta forma responder mais

adequadamente ao problema de pesquisa.

A metodologia a ser aplicada em uma pesquisa deve ser definida de

acordo com seus objetivos e procedimentos. De acordo com Gil (1987), em

65

relação aos objetivos uma pesquisa pode ser exploratória, descritiva,

explicativa, metodológica, aplicada ou intervencionista.

Quanto aos objetivos ou fins, esta pesquisa é exploratória por se

adequar à caracterização de Collis e Hussey (2005), ou seja, pretendendo

proporcionar uma visão geral do fato estudado, sendo esta situação

específica pouco explorada de forma detalhada.

Quanto aos procedimentos ou meios, realizou-se uma pesquisa

bibliográfica, documental e de campo. Seu caráter bibliográfico é

caracterizado pela busca, seleção e mapeamento da literatura pertinente

junto a livros, trabalhos monográficos, artigos científicos, dentre outros.

Quanto à estratégia de pesquisa, trata-se de um estudo de caso.

Segundo Yin (1994), são formas de investigação: a experiência, a pesquisa, o

relato histórico, a análise de arquivos e o estudo de caso.

O estudo de caso é caracterizado como uma análise qualitativa,

procurando compreender e explicar o modo como os fenômenos estudados

são interpretados, compreendidos, produzidos e constituídos (GOODE; HATT,

1969).

A estratégia de pesquisa é um estudo de caso em uma empresa da

indústria da construção civil que aplica as ferramentas de gerenciamento de

projetos no planejamento, execução e controle de seus empreendimentos;

redesenho de processos e implantação de novos conceitos e práticas

administrativas.

Segundo Yin (2005), a utilização de estudo de caso com estratégia de

pesquisa é preferível quando as questões de pesquisa envolvem “como” e

“porque”, quando o investigador tem pouco controle sobre os eventos, e

quando o foco é um fenômeno contemporâneo dentro de algum contexto real.

O estudo de caso é focado em eventos contemporâneos e sem a

necessidade específica de controle dos acontecimentos (YIN, 1994).

Segundo Goode e Hatt (1969), o estudo de caso não é uma técnica

específica, mas sim um meio de organizar dados sociais preservando o

caráter unitário do objeto social estudado.

66

Tull e Hawkins (1976) definem estudo de caso como uma análise

intensiva de uma situação particular.

A pesquisa foi trabalhada com este nível de análise: os dados da

empresa estudados em profundidade. Desta forma, torna-se possível obter

informações que possam auxiliar nos objetivos da pesquisa.

A necessidade da busca pela motivação (“porque”) e pela forma, ou

técnica utilizada (“como”), direciona a estratégia de pesquisa para o estudo

de caso.

A impossibilidade de generalização dos resultados obtidos é a principal

limitação deste método. Isso pode ocorrer, por exemplo, que a unidade

escolhida para investigação seja atípica em relação às outras de sua espécie.

Não se pode, por esta característica, diminuir a importância deste tipo de

estratégia de pesquisa, pois há nesta situação a possibilidade de explicação

dos motivos e métodos utilizados pela organização estudada para a obtenção

dos resultados. Especificamente aqui, nos resultados obtidos com a

implantação de ferramentas e técnicas de planejamento e controle de custos

nos resultados operacionais.

De um modo geral, os estudos de caso apresentam-se como

descrições únicas ou complexas da realidade em estudo.

Corriqueiramente, um estudo que se suporta neste método é

desenvolvido em três fases distintas. Inicialmente, é feita uma escolha do

referencial teórico no qual se pretende atuar, de seguida precede-se a uma

seleção de casos assim como ao desenvolvimento de protocolos de coleta de

dados. Por fim, da análise dos dados obtidos, produzem-se os resultados

(YIN, 2005).

3.2 Objeto de análise

A empresa pesquisada, com mais de 2.000 funcionários, foi escolhida

por ser líder da indústria da construção civil do estado do Ceará no segmento

de edificações, possuindo fatia representativa do mercado deste setor.

A organização estudada tem seus processos orientados por projetos

67

com início e fim delimitados e com objetivos específicos de resultados dentro

da empresa. Esta instituição implantou técnicas e ferramentas de

planejamento e controle de custos de projetos entre os anos de 2009 e 2013

e experimentou mudanças em seus resultados operacionais e estratégicos

desde então.

A análise das práticas adotadas e os resultados da utilização de

técnicas de gerenciamento de projetos focadas em planejamento e controle

de custos podem ser difundidos por outras instituições do setor, ajudando o

segmento a racionalizar e controlar seus custos operacionais de projetos.

Antes de junho de 2006, a empresa não possuía previsões

orçamentárias nem planejamento de custos de seus projetos de engenharia,

tornando impossível a análise do custo realizado em comparação ao previsto,

uma vez que não havia custo planejado.

No ano de 2006, foram realizadas as primeiras previsões orçamentárias

com o uso de planilhas eletrônicas, tornando possível a comparação dos

custos efetivamente incorridos com os valores planejados.

Foram inseridos no quadro 10 todos os projetos da organização

realizados entre 2006 e 2013, tornando assim possível a verificação dos

resultados finais dos custos incorridos. Também foram adicionados ao escopo

de estudo os empreendimentos com mais de 50% concluídos até março de

2014, por estarem com uma fatia realizada significativa para análise.

Foram analisadas trinta obras da empresa. Quinze delas não tiveram

técnicas de gerenciamento e controle de custos implantadas e as outras

quinze experimentaram do implemento destas ferramentas de gestão. O

primeiro grupo de obras teve sua execução iniciada em junho de 2006 e teve

sua última obra concluída em abril de 2012. O segundo grupo de análise teve

sua primeira obra iniciada em maio de 2010 e a última obra tem previsão de

término para maio de 2015.

O quadro 10 detalha os empreendimentos analisados. Estes projetos

estão divididos em dois grupos. O grupo 1 são as obras concluídas antes da

implantação das técnicas de planejamento e controle de custos. No grupo 2,

estão as obras que tiveram suas atividades iniciadas após a implantação das

68

técnicas de gestão de custos. Dentro do grupo 2, há uma subdivisão: as

obras do subgrupo 2.a tiveram sua apuração total analisada nesta

dissertação. As obras do subgrupo 2.b tiveram uma apuração parcial. Os

projetos deste segmento foram analisados parcialmente utilizando a técnica

de Gerenciamento do Valor Agregado (GVA).

O quadro 10 mostra ainda o local de implantação dos canteiros

(estados do Ceará e Maranhão), o tipo de empreendimento (residencial,

comercial ou segunda moradia), a quantidade de torres por empreendimento

as datas de início e término.

Quanto à localização, são 13 obras no Maranhão, 17 obras no Ceará.

Quanto ao tipo de empreendimento: 27 residenciais, 2 de segunda moradia e

1 empreendimento comercial. Quanto à quantidade de torres por canteiro, 27

empreendimentos têm uma torre e 3 projetos têm duas ou mais torres.

Quadro 10 - Empreendimentos estudados.

NUMERO GRUPO LOCAL Tipo Torres INÍCIO TÉRMINO 1 1 Ceará Residencial 1 jun-06 mai-09

2 1 Ceará Residencial 1 set-06 out-09

3 1 Maranhão Residencial 1 jan-07 dez-09

4 1 Maranhão Residencial 1 fev-07 jun-10

5 1 Ceará Residencial 1 mar-07 jun-10

6 1 Ceará Residencial 1 jan-08 out-10

7 1 Ceará Comercial 1 jan-08 out-10

8 1 Maranhão Residencial 1 mar-08 abr-11

9 1 Maranhão Residencial 1 mai-08 jul-11

10 1 Ceará Residencial 1 jun-08 jul-11

11 1 Ceará Residencial 1 set-08 out-11

12 1 Maranhão Residencial 1 set-08 ago-11

13 1 Ceará Segunda moradia 37 nov-08 mai-12

14 1 Ceará Residencial 1 nov-08 nov-11

15 1 Ceará Residencial 2 mar-09 abr-12

16 2.a Maranhão Residencial 1 mai-10 jun-13

17 2.a Ceará Residencial 2 set-10 jul-13

18 2.a Ceará Residencial 1 out-10 mai-13

19 2.a Maranhão Residencial 2 out-10 jul-13

20 2.a Maranhão Residencial 1 nov-10 dez-13

21 2.a Ceará Residencial 1 mar-11 out-13

22 2.a Ceará Residencial 1 mai-11 dez-13

69

23 2.b Maranhão Residencial 4 jul-11 abr-14

24 2.b Ceará Segunda moradia 10 jun-11 jun-14

25 2.b Maranhão Residencial 1 set-11 out-14

26 2.b Maranhão Residencial 1 out-11 jul-14

27 2.b Ceará Residencial 1 nov-11 jul-14

28 2.b Ceará Residencial 2 abr-12 abr-15

29 2.b Maranhão Residencial 1 abr-12 nov-14

30 2.b Maranhão Residencial 1 mai-12 mai-15 FONTE: Elaborado pelo autor.

O quadro 11 apresenta a distribuição dos empreendimentos estudados

na linha do tempo.

Quadro 11 - Distribuição dos projetos temporalmente.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Desta forma verifica-se a divisão entre os dois grupos que foram

analisados neste trabalho.

70

3.3 Seleção dos sujeitos

A figura 9 mostra através de um organograma a posição dos

participantes na empresa. As caixas de cor escura representam os que

participaram do grupo focal.

Figura 9 - Organograma da empresa.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os participantes do grupo focal foram escolhidos por seu conhecimento

avançado na utilização de técnicas de planejamento e controle de obras na

organização. É um grupo homogêneo formado por engenheiros que tem entre

dois e seis anos de empresa. Foram eles o diretor de engenharia, um gerente

operacional, o coordenador de PCP, o engenheiro de PCP e um engenheiro

de obra.

O quadro 12 apresenta o plano de participação dos membros da

empresa no grupo focal.

71

Quadro 12 - Participação dos membros da organização no grupo focal.

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.4 Coleta de dados

Na pesquisa científica, são utilizadas metodologias e técnicas de

investigação. Deste modo, é necessário estudar os vários métodos, as etapas

a seguir e os instrumentos necessários para que os objetivos da pesquisa

sejam atendidos.

As técnicas de investigação são ferramentas de apoio, são abordagens

que permitem a obtenção de informação relevante para posteriormente serem

feitas as análises dos dados.

Cronologicamente, a coleta dos dados foi realizada em duas etapas.

Inicialmente foi executado um grupo focal com o objetivo de analisar a

importância percebida pelos gestores da organização da influência da

implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos nos resultados operacionais dos projetos da

organização – nesta etapa participaram diretamente o diretor de engenharia,

um gerente operacional, o coordenador de PCP, o engenheiro de

planejamento e um engenheiro de obra.

Um grupo focal pode ser definido como uma técnica de pesquisa que

coleta dados por meio de interação com o grupo sobre um tema determinado

pelo pesquisador (MORGAN, 1988). Trata-se de um tipo de entrevista

72

conduzida por um moderador treinado, de maneira natural e não estruturada,

com um pequeno grupo de respondentes (MALHOTRA, 2004).

O principal propósito dessa técnica é obter insights através da ausculta

de um grupo de pessoas selecionadas a respeito de questões de interesse do

pesquisador.

Os objetivos de utilização da técnica podem variar, porém eles não

devem tentar mensurar quantitativamente nenhum dos tópicos abordados no

estudo. Através dos grupos focais, pode-se obter um manancial de

informações quanto às experiências, atitudes, opiniões, aos costumes e

comportamentos de grupos de indivíduos em situações específicas num

período de tempo exíguo, permitindo estabelecer bases para estudos futuros

sobre o mesmo assunto dado.

O grupo focal foi composto por tomadores de decisão (gerentes e

diretores) e influenciadores (engenheiros e coordenadores) diretamente

envolvidos no processo de planejamento e controle de custos dos projetos da

empresa.

Foi proposto o preenchimento de uma planilha (APÊNDICE A) com os

seguintes dados: os processos de gerenciamento de custos e suas

ferramentas e técnicas segundo o PMBOK; a resposta ao questionamento se

a técnica foi utilizada pela organização; seu grau de importância e demais

observações.

Inicialmente, foi feita uma introdução apresentando o objetivo da coleta

de dados e uma breve explicação sobre as vantagens de utilização de um

grupo focal. Krueger (1998) afirma que há uma tendência humana de formar

opiniões e atitudes na interação com outros indivíduos. As pessoas em geral

precisam ouvir opiniões dos outros antes de formar suas próprias.

Cada técnica e ferramenta foi previamente explicitada com relação ao

seu conceito teórico.

São vinte ferramentas e técnicas distribuídas em três processos de

gerenciamento de custos: estimar os custos, determinar o orçamento e

controlar os custos.

73

Desde o início da condução do grupo focal e durante toda sua

execução, houve um cuidado para que ficasse claro que o objetivo era captar

a percepção dos gestores com relação ao grau de importância das

ferramentas implantadas de planejamento e controle nos resultados

operacionais dos projetos da organização.

Cada ferramenta teve seu conceito discutido durante o evento. Foi

verificada a implantação ou não de cada técnica dentro da organização. O

grau de importância foi avaliado com o apoio de uma escala de notas entre

um e cinco, em que cinco representa um alto grau de importância da

ferramenta para os resultados operacionais dos projetos da organização.

Ferramentas com média até 1,9 foram consideradas de baixa importância

pelos participantes. Notas entre 2,0 e 3,0 foram consideradas de média

importância. Médias acima de 3,0 foram consideradas de alta importância.

Após esta etapa, foi realizada a análise documental com o intuito de

atender ao objetivo de verificar a relação entre a implantação de técnicas de

planejamento e controle de custos de gerenciamento de projetos e a eficácia

das previsões orçamentárias e o objetivo de comparar os custos operacionais

dos projetos antes e depois da implantação de técnicas de planejamento e

controle.

Para Carmo (2006), o termo que define aquele que se preocupa com os

fins e em atingir os objetivos da organização é a eficácia. Para Dalf (1999), a

eficácia organizacional é o grau em que a organização realiza seus objetivos.

Eficácia é um conceito abrangente, o qual implicitamente leva em

consideração um leque de variáveis tanto do nível organizacional como do

departamental. A eficácia avalia a extensão em que os múltiplos objetivos –

oficiais ou operativos – foram alcançados.

Verifica-se que a eficácia com relação às previsões orçamentárias

mede o nível de sucesso das previsões em relação ao custo incorrido.

A segunda etapa tratou-se de uma pesquisa quantitativa, com análise

numérica dos resultados obtidos antes e depois da aplicação das ferramentas

de gerenciamento de custos em projetos.

Essa análise numérica avaliou a evolução do custo de produção por

74

unidade de projeto (custo por metro quadrado de área equivalente de

construção). A área equivalente de construção trata-se de uma ponderação

através de pesos da área total efetivamente construída. Estes pesos tem o

objetivo de tornar possível uma comparação direta entre diversos tipos de

empreendimentos.

A análise numérica também avaliou a evolução do sucesso da previsão

dos custos dos projetos da organização estudada, comparando resultados

antes e depois da aplicação das técnicas de planejamento e controle de

custos.

Os valores nominais dos números orçamentários previstos foram

atualizados por um número índice até a data da verificação dos resultados.

Os valores incorridos utilizados para a apuração do que foi efetivamente

gasto em cada empreendimento foram atualizados mês a mês pelo mesmo

indexador. Desta forma, torna-se possível a comparação entre os valores

sem distorções inflacionárias.

Conforme Kato (2013), o número índice é um valor adimensional

determinado por análises estatísticas que indica as oscilações de uma ou

mais variáveis em datas diferentes.

Os principais índices do mercado da construção civil são os seguintes:

Custo Unitário Básico (CUB); Sistema Nacional de Custos de Construção

Civil da Caixa Econômica Federal (SINAPI); o Índice Pini de Custo de

Edificações da Editora Pini (IPCE) e o Índice Nacional da Construção Civil da

Fundação Getulio Vargas (INCC) – (MARCHIORI, 2009).

O INCC configura-se como o primeiro índice oficial de custo da

construção civil do Brasil. É um dos índices mais utilizados no país,

possuindo diferentes versões relativas ao período de coleta. Um exemplo é o

INCC-DI, pesquisado do primeiro ao último dia do mês.

Os valores nominais dos números orçamentários previstos serão

atualizados pelo INCC-DI até a data da verificação dos resultados.

De acordo com o SINDUSCON-MG (2009), o cálculo da variação

percentual de custos, de acordo com um certo período, utilizando índices é

feito como demonstrado na equação 1.

75

Onde:

%período i-f é a variação em % do valor do índice entre os meses i

(início do período) e f (final do período);

número-índicemêsf é o número índice relativo ao mês final do período;

número-índice mêsi é o número índice relativo ao mês inicial do período.

(1)

3.5 Tratamento e análise dos dados

O quadro 13 apresenta um breve resumo confrontando os objetivos

(geral e específicos), os pressupostos a fundamentação e a forma de coleta

de dados da pesquisa.

Quadro 13 - Resumo da metodologia.

Fonte: Elaborado pelo autor.

76

4 ANÁLISE DE DADOS

O presente capítulo apresenta os resultados encontrados na

organização estudada através da aplicação dos instrumentos de coleta de

dados – grupo focal e análise documental.

4.1 Grupo Focal

A coleta de dados na organização foi iniciada pela aplicação do grupo

focal com o intuito de responder ao objetivo específico de analisar a

importância percebida pelos gestores da organização da influência da

implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos nos resultados operacionais dos projetos da

organização.

O grupo focal teve duração de uma hora e quarenta minutos e foi

realizado no último dia de março de 2014.

4.1.1 Estimar os custos

A ferramenta de opinião especializada teve sua importância

considerada baixa. É uma técnica Importante para a decisão por novos

projetos, porém não altera o resultado operacional. O resultado operacional é

mais influenciado por ferramentas como a estimativa paramétrica ou a

estimativa bottom-up. Esta técnica teve grande influência no resultado antes

da implantação de outras ferramentas de planejamento e controle de custos.

Atualmente a construtora estudada tornou-se menos dependente desta

ferramenta.

A estimativa análoga foi considerada de importância baixa e de baixa

precisão. É utilizada informalmente na tomada de decisão para aquisição de

novos terrenos. Não é utilizada para gestão dos resultados dos projetos de

engenharia.

A estimativa paramétrica foi considerada de alta importância para os

77

resultados operacionais da organização. Esta ferramenta é utilizada pelo

setor de PCP que auxilia o setor de Incorporações no processo de tomada de

decisão da aquisição de novos terrenos que resultarão em novos projetos da

organização. É uma técnica mais precisa que a ferramenta estimativa

análoga e é utilizada sistematicamente na empresa. São coletados dados de

três projetos semelhantes ao estudado. Foram apontadas como limitações da

técnica: o uso de dados de obras não concluídas como base comparativa; a

ausência de um quadro de áreas fidedigno no momento da análise; a não

padronização dos pesos utilizados no cálculo da área equivalente.

A estimativa paramétrica também é utilizada no orçamento executivo,

em itens como instalações, jardinagem, estrutura de concreto, etc.

A ferramenta estimativa bottom-up foi considerada de alta importância.

Esta técnica, quando bem implantada, melhora os resultados operacionais

dos projetos da empresa. Foi apontada como limitação da implantação dessa

ferramenta na organização a fraca definição do escopo em alguns

empreendimentos. A EAP é formada, em alguns projetos, por plantas

preliminares dos empreendimentos.

A técnica estimativa de três pontos não é utilizada na organização. Foi

apontada como desejável melhoria sua implantação futura.

A análise de reserva foi uma técnica considerada de baixa importância.

Observou-se que deveria haver mais reservas de contingência na estimativa

de custos da organização. A dificuldade de previsão da flutuação dos valores

da mão de obra foi apontada como uma necessidade de reserva de

contingência do processo de estimativa de custos.

O custo da qualidade foi considerado de baixa importância. É

provisionado um percentual do custo direto de obra para custos da qualidade

externos que ocorrem após a entrega do projeto aos clientes. Com relação ao

custo da qualidade interno, existe uma equipe que faz parte do back office da

organização. Seu custo não é incorporado ao custo operacional dos projetos.

A técnica software de estimativa de gerenciamento de projetos foi

considerada de alta importância. A ferramenta implantada não se molda às

78

características específicas da empresa. Apontado como importante técnica

para a integração entre os setores de PCP, execução, suprimentos, financeiro

e contábil. O histórico de composições e preços unitários lançados no

software melhora o resultado operacional dos projetos da empresa.

A análise de proposta de fornecedor não é utilizada na organização.

Considerou-se que deveria ser trabalhada para melhorar os resultados

operacionais nos itens de instalações, paisagismo e estrutura de concreto.

4.1.2 Determinar o orçamento

A ferramenta agregação de custo foi considerada de média importância

para os resultados operacionais dos projetos. É utilizada na validação do

orçamento por parte da diretoria de engenharia da construtora.

A análise de reservas do grupo de determinar o orçamento foi

considerada de baixa importância na percepção dos gestores para os

resultados operacionais da organização.

A opinião especializada do grupo de determinar o orçamento foi

considerada de média importância. Diferente da opinião especializada do

grupo de estimar os custos que foi considerada de baixa importância. A

opinião especializada neste momento entra como crivo à composição

detalhada do orçamento, podendo inclusive propor alterações de soluções

para atender ao escopo estabelecido.

A ferramenta relações históricas foi considerada de média importância.

Utilizada na formação dos preços unitários dos insumos do orçamento.

Flutuação futura de preços pode ser um evento de risco à assertividade das

previsões orçamentárias. Os dados utilizados em novos orçamentos são

coletados das compras mais recentes da construtora.

A técnica de reconciliação dos limites de recursos financeiros foi

considerada de média importância.

79

4.1.3 Controlar os custos

O gerenciamento do valor agregado é uma ferramenta de alta

importância na instituição. O Índice de Desempenho de Custo (IDC) é

sistematicamente utilizado como ferramenta de controle na organização,

influenciando diretamente os resultados dos custos nos projetos. Foi

apontado como deficiência do GVA o não detalhamento do IDC por grupos do

orçamento. O relatório de IDC ainda não está parametrizado para apontar

com detalhes os itens que causam desvio no orçamento.

A ferramenta previsão foi considerada de alta importância. É executada

a cada três meses pelo setor de PCP para cada projeto em execução da

organização, com consolidação anual. A precisão desta técnica depende do

nível de detalhamento do GVA.

O índice de desempenho para o término é uma ferramenta não utilizada

na empresa. A implantação dessa técnica foi considerada desejável para a

organização.

A ferramenta análise de desempenho foi considerada de média

importância. Trata-se de uma análise gráfica do GVA utilizada mensalmente

em reuniões de acompanhamento dos projetos.

A análise de variação é uma ferramenta de média importância pela

percepção dos gestores. Essa ferramenta é utilizada, porém não de forma

sistemática na organização, pois não há detalhamento do GVA no sistema

integrado de gestão. Essa técnica é trabalhada quando há um desvio de

orçamento relevante. Foi apontada como importante ponto de melhoria a

automatização detalhada do controle de custos no ERP da empresa.

O software de gerenciamento de projetos foi considerado de alta

importância para os gestores. Este relatório é trabalhado em planilhas em

Excel alimentado por dados fornecidos pelo ERP da empresa.

O quadro 14 apresenta o resumo do grau de importância das dezessete

técnicas utilizadas na empresa. A primeira coluna do quadro mostra a

numeração da ferramenta em seu grupo, a segunda coluna contém o nome

80

de cada técnica, seguida pela coluna do grupo. Em sequência, há a coluna

que responde à pergunta se a técnica é utilizada na organização.

Em seguida há a coluna do grau de importância de cada técnica nos

resultados operacionais dos projetos da organização segundo a percepção

dos gestores. Este grau de importância foi auxiliado por uma escala de 1 a 5

que foi externada pelos participantes do grupo focal para cada técnica

utilizada.

Verificou-se que a empresa utiliza cerca de 85% das ferramentas de

planejamento e controle de custos do PMBOK. Apenas três técnicas não são

utilizadas pela organização.

Quadro 14 – Resumo do grau de importância das técnicas de gestão de

custos.

Fonte: Dados da pesquisa

Seis técnicas foram consideradas de alta importância para os

resultados dos projetos da organização: Estimativa bottom-up; Gerenciamento

do valor agregado; Estimativa paramétrica; Software de gerenciamento de projetos;

Software de estimativa de gerenciamento de projetos e previsão.

81

4.2 Análise documental

A análise de dados foi feita com o intuito de atingir a dois objetivos

específicos:

1. Verificação da relação entre a implantação de técnicas de

planejamento e controle de custos de gerenciamento de projetos e a

eficácia das previsões orçamentárias;

2. Comparação dos custos operacionais por área equivalente de

construção dos projetos antes e depois da implantação de técnicas

de planejamento e controle.

O quadro 15 mostra os resultados encontrados. Ele apresenta as

seguintes colunas: número, que indica o projeto analisado; grupo, que divide

os empreendimentos nos grupos 1 (obras que não utilizaram as ferramentas

de planejamento e controle de custos) e grupo 2 (obras que utilizaram as

ferramentas de gestão – o grupo 2 se subdivide em grupo 2.a de obras já

concluídas e 2.b, de obras ainda não finalizadas); o local de construção dos

projetos; o tipo (residencial, misto ou segunda moradia) e em sequência os

dados encontrados com a análise: desvio percentual (diferença em relação

ao valor planejado para o custo dos projetos) e o custo por área equivalente

de construção.

Apêndice B detalha a coleta de dados que alimentaram o quadro 15.

82

Quadro 15 – Resultados encontrados na análise documental.

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação ao objetivo específico de verificação da relação entre a

implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos e a eficácia das previsões orçamentárias,

observou-se que as 15 obras que não utilizaram destas técnicas obtiveram

um desvio médio de 36% em relação ao planejado originalmente, enquanto

83

que os projetos do grupo 2, apresentaram uma média de 9% de desvio.

Segundo Goldman (2004), um erro orçamentário de mais ou menos 10% é

admissível em um empreendimento imobiliário, desde que justificável.

Desta forma verifica-se que as obras do grupo 2, obtiveram um menor

desvio entre o custo planejado e o realizado do que os empreendimentos do

grupo 1. Esta afirmação pode ser confirmada na observação do gráfico 3.

Gráfico 3 – Desvios orçamentários dos projetos estudados

Fonte: Elaborado pelo autor.

Verifica-se que os empreendimentos à direita da linha vertical do

gráfico 3, representando os projetos do grupo 2, tem significativa redução de

seus valores de desvio.

Os empreendimentos do grupo 2 que tiveram os maiores desvios

também são aqueles que apresentaram o maior custo por área equivalente de

construção.

Com relação ao objetivo específico de efetuar uma comparação dos

custos operacionais por área equivalente de construção - atualizados pelo

índice INCC - dos projetos antes e depois da implantação de técnicas de

planejamento e controle, verificou-se que não houve mudança significativa

nos números dos empreendimentos dos dois grupos estudados.

O grupo 1 apresentou uma média de R$ 1.795,94 por área equivalente

84

construída, enquanto o grupo 2 apresentou um média de R$ 1.799,61,

equivalente a uma diferença de 0,2%.

O gráfico 4 confirma a semelhança entre os números dos dois grupos

de projetos.

Gráfico 4 – Custo por área equivalente de construção.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os empreendimentos dos grupos 1 e 2 estão separados pela linha

vertical no gráfico 4, verifica-se a semelhança do comportamento dos dados

nos dois setores de projetos.

A implantação de técnicas de planejamento e controle de custos não é

o único fator que pode influenciar os custos operacionais dos projetos.

A duração do empreendimento; as mudanças nas técnicas construtivas,

na legislação e nos materiais empregados; desperdício de mão de obra e

material são exemplos de influencias internas e externas que podem alterar o

custo direto dos projetos da construção civil.

O custo direto de obra por área equivalente de construção pode ser

influenciado por vários fatores. Mudanças de planos econômicos, modelos de

financiamento imobiliário, variações na taxa de juros, regras de financiamento

da produção, variações dos índices inflacionários e entrada no mercado de

novas empresas concorrentes são exemplos de prováveis alterações que

devem ser enfrentadas para atingir o resultado esperado do empreendimento.

85

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem objetivo de analisar a relação entre a

implantação de técnicas de planejamento e de controle de custos oriundas do

gerenciamento de projetos e os resultados operacionais dos projetos de uma

organização do ramo de construção civil, com o intuito de elucidar o seguinte

problema de pesquisa: Como se apresenta a relação entre a implantação de

técnicas de planejamento e de controle de custos oriundas do gerenciamento

de projetos e os resultados operacionais dos projetos de uma organização do

ramo de construção civil?

Para o alcance do objetivo geral deste trabalho, foram definidos três

objetivos específicos. O primeiro objetivo específico foi a análise da

importância percebida pelos gestores da organização da influência da

implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos nos resultados operacionais dos projetos da

organização.

Com o intuito de atender o este objetivo específico, foi adotado como

instrumento de coleta um grupo focal formado por uma seleção homogênea

de membros dentro da organização.

Deste instrumento de coleta, observou-se que a organização utiliza

85% das ferramentas recomendadas. Seis técnicas foram consideradas de

alta importância para os resultados dos projetos da organização. São elas:

Estimativa bottom-up; Gerenciamento do valor agregado; Estimativa paramétrica;

Software de gerenciamento de projetos; Software de estimativa de gerenciamento

de projetos e previsão.

Adicionalmente a este resultado, verificaram-se as seguintes observações

com relação às ferramentas implantadas na empresa: A ferramenta de opinião

especializada teve grande influência no resultado operacional antes da

implantação de outras ferramentas de planejamento e controle de custos.

Atualmente a construtora estudada tornou-se menos dependente desta

86

ferramenta; a estimativa análoga foi considerada de baixa precisão e é

utilizada informalmente na tomada de decisão para aquisição de novos

terrenos; a estimativa paramétrica é utilizada pelo setor de PCP que auxilia o

setor de Incorporações no processo de tomada de decisão da aquisição de

novos terrenos que resultarão em novos projetos da organização. É uma

técnica mais precisa que a ferramenta estimativa análoga e é utilizada

sistematicamente na empresa. Foram apontadas como limitações da técnica:

o uso de dados de obras não concluídas como base comparativa; a ausência

de um quadro de áreas fidedigno no momento da análise; a não padronização

dos pesos utilizados no cálculo da área equivalente; a estimativa paramétrica

também é utilizada no orçamento executivo; a ferramenta estimativa bottom-

up quando bem implantada melhora os resultados operacionais dos projetos

da empresa. Foi apontada como limitação da implantação dessa ferramenta

na organização a fraca definição do escopo em alguns empreendimentos; a

análise de reserva tem dificuldade de previsão da flutuação dos valores da

mão de obra; a técnica software de estimativa de gerenciamento de projetos

não se molda às características específicas da empresa, é importante para a

integração entre os setores de PCP, execução, suprimentos, financeiro e

contábil; o gerenciamento do valor agregado através do Índice de

Desempenho de Custo (IDC) é sistematicamente utilizado como ferramenta

de controle na organização, influenciando diretamente os resultados dos

custos nos projetos. Foi apontado como deficiência do GVA o não

detalhamento do IDC por grupos do orçamento; a ferramenta tem sua

precisão técnica depende do nível de detalhamento do GVA.

Com relação ao objetivo de verificar a relação entre a implantação de

técnicas de planejamento e controle de custos de gerenciamento de projetos

e a eficácia das previsões orçamentárias, observou-se uma influência direta e

positiva da implantação das ferramentas de gestão e a assertividade das

previsões dos custos.

Verificou-se que nos projetos que não utilizaram destas ferramentas de

gestão, seu desvio médio ficou em 36%. Os empreendimentos que utilizaram

as ferramentas de planejamento e controle de custos tiveram sua média

melhorada para 9%.

87

Esta melhoria é fundamental para o resultado operacional dos projetos

da organização. Na situação original, com um desvio médio de 36% entre o

planejado e o realizado, tornavam-se comuns as situações em que o

resultado financeiro do empreendimento era nulo ou negativo. Como o custo

direto de construção representa cerca de 50% do Valor Global de Vendas

(VGV) do empreendimento, havia – em média – 18% de comprometimento do

resultado originalmente esperado para o projeto.

Na situação atual, cerca de 4,5% do resultado originalmente esperado

é comprometido entre as etapas de planejamento e encerramento do projeto.

Uma maior credibilidade das previsões orçamentárias no momento da

decisão de iniciar um novo projeto é essencial para a segurança do negócio

como um todo.

Com relação ao objetivo de efetuar uma comparação dos custos

operacionais por área equivalente de construção - atualizados pelo índice

INCC - dos projetos antes e depois da implantação de técnicas de

planejamento e controle, verificou-se que os dois grupos de obras analisadas

não apresentaram mudanças significativas no custo por área equivalente.

Imagina-se que há outros fatores que podem influenciar significativamente

este custo de obra: a duração do empreendimento; as mudanças nas técnicas

construtivas, na legislação e nos materiais empregados; desperdício de mão

de obra e material.

Com relação ao primeiro pressuposto de que na percepção dos

gestores, a implantação de técnicas de planejamento e controle de custos de

gerenciamento de projetos exerce influência positiva nos resultados

operacionais nos projetos da construção civil, verificou-se que a confirmação

desta influência positiva, principalmente com relação às ferramentas de

estimativa bottom-up, gerenciamento do valor agregado; estimativa paramétrica;

software de gerenciamento de projetos; software de estimativa de gerenciamento de

projetos e previsão.

O segundo pressuposto foi que há um aumento da eficácia das

previsões orçamentárias após a implantação de técnicas de planejamento e

88

controle de custos de gerenciamento de projetos. Esta afirmação foi

confirmada, conforme demonstrado, com a diminuição dos desvios entre

planejado e executado de 36% para 9%.

Segundo Assed (1986), o custo de uma obra decresce à medida que

ela é mais bem planejada e controlada, pois assim eliminam-se custos

adicionais provenientes de improvisações, perdas, baixa produtividade, etc.

Dentro desta perspectiva, definiu-se o terceiro pressuposto: há uma

racionalização dos custos de produção dos projetos após a implantação de

técnicas de planejamento e controle de custos de gerenciamento de projetos.

Este pressuposto não pode ser diretamente comprovado. A média do

custo por área equivalente de construção manteve-se inalterado nos dois

grupos de obras analisados.

Dentre as principais implicações práticas dos resultados desta

pesquisa está a confirmação da diminuição do desvio entre as previsões

orçamentárias e os custos reais apurados das obras de uma empresa do

setor de construção civil, subsetor de edificações após a implantação de

técnicas de planejamento e controle de custos. A não implantação destas

técnicas pode comprometer os resultados dos projetos da organização.

Segundo Gonçalves (2011), entre 40% e 50% do valor de venda é consumido

pelo custo direto da obra. Um erro no planejamento e no controle de custos

da ordem de 20% significaria uma redução de 10% do faturamento,

comprometendo desta forma a margem de lucratividade do empreendimento.

Uma diminuição do desvio do valor de custo direto de obra projetado de 36%

para 9% é determinante para os resultados e, consequentemente, para a

continuidade da empresa.

As ferramentas de maior importância na percepção de gestores

detalhadas neste trabalho, devem ter prioridade de implantação em empresas

que pretendem estruturar um sistema de gestão de custos. Em empresas que

estão iniciando o processo de implantação de técnicas de gestão de custos, a

estruturação prioritária destas seis ferramentas pode acelerar os resultados

esperados. Em organizações que já tem um sistema de gestão de custos

89

implantado, deve ter prioridade o fortalecimento destas seis técnicas de

gestão.

É limitação do presente trabalho a utilização de caso único do setor de

construção civil. A ampliação da base de dados, pesquisando os resultados

em mais empresas do segmento apresenta-se como oportunidade de trabalho

a ser desenvolvido. Um trabalho com abordagem quantitativa, tendo como

base de dados um número representativo de empresas do setor, poderia

apresentar, com uma maior segurança estatística, o valor da diminuição do

desvio de custos real em relação ao projetado após a implantação de

técnicas de gestão.

Outra possibilidade de trabalho científico é a investigação da

composição do custo por área equivalente de construção - que se manteve

inalterado nos empreendimentos pesquisados nesta dissertação - para

verificar a real importância das ferramentas de gestão em relação aos outros

fatores que influenciam este custo.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Quadro preenchido por membros do grupo focal

99

APÊNDICE B – Quadro de análise documental

100

O apêndice B contem 30 obras analisadas. A coluna custo estimado

nominal, descreve o valor da previsão orçamentária sem atualização pelo

INCC que foi realizada na data descrita na coluna seguinte: data 1. A coluna

INCC 1 apresenta o valor absoluto do INCC da data 1. O custo estimado

realizado é a multiplicação do INCC atual, ou seja, 1.651,4424 pelo valor do

custo estimado nominal, dividido pelo INCC 1.

Nas obras concluídas, o custo real atualizado é produto da

multiplicação do INCC atual pelo custo real nominal dividido pelo INCC 2.

101

Nas obras não concluídas, o custo real atualizado é obtido pela

equação: Custo real atualizado = custo estimado atualizado x [(%

executado/IDC) + % a executar)].

O % de desvio é obtido pela equação: (custo real atualizado - custo

estimado nominal) / custo estimado nominal.

O custo por área equivalente é um cociente entre o custo real

atualizado e a área equivalente por metro quadrado.