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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
ISAIAS SILVA DA COSTA
A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO CAMPUS DO PICI –
FORTALEZA/CE
FORTALEZA
2010
ISAIAS SILVA DA COSTA
A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO CAMPUS DO PICI –
FORTALEZA/CE
Trabalho de final de curso submetida à
Coordenação do Curso de Graduação em
Física da Universidade Federal do Ceará,
como requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Física.
Orientadora: Prof. Dra. Maria Marlúcia
Freitas Santiago
FORTALEZA
DEZEMBRO, 2010
ISAIAS SILVA DA COSTA
A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO CAMPUS DO PICI –
FORTALEZA/CE
Esta monografia foi julgada para a obtenção do grau de Bacharel em Física, e aprovada
em sua forma final pela Coordenação do Curso de Graduação em Física da
Universidade Federal do Ceará.
Aprovada em ____/____/2010
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Marlúcia Freitas Santiago (Orientador)
Universidade Federal do Ceará - UFC
________________________________________________________
Profa. Dra. Carla Maria Salgado Vidal Silva
Universidade Federal do Ceará - UFC
________________________________________________________
Prof. Dr. José Ramos Gonçalves
Universidade Federal do Ceará - UFC
A Deus, pelo dom da vida, e a minha família,
por ser a minha fortaleza em todos os
momentos da vida.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pois ele é a minha razão de viver. Ele me dá a vida e a saúde, sem as quais eu
não poderia fazer nada.
À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Marlúcia Freitas Santiago, por todo o tempo em
que me orientou. À sua dedicação, paciência, organização, disponibilidade,
responsabilidade e imenso desejo de servir, sou imensamente grato a tudo o que ela
representou pra mim durante esse tempo em que fui seu orientando.
À minha co-orientadora, Profa. Dra. Carla Maria Salgado Vidal Silva, por todo o apoio
nas análises físico-químicas, sua companhia, sempre muito agradável, tudo o que ela me
ensinou no laboratório e também a sua grande dedicação e liderança, o que contribuiu
muito para a minha formação, não só como profissional, mas como pessoa.
Ao chefe do Departamento de Física, Prof. Dr. Josué Mendes Filho, pela sua completa
dedicação à Universidade, seu desejo de fazer o Departamento de Física ser de primeiro
mundo e dar toda uma estrutura de qualidade para o desenvolvimento dos projetos de
pesquisa.
À mestra em Geologia Maria da Conceição Rabelo Gomes, pela sua contribuição com o
mapa das localizações dos poços, e sua grande disponibilidade para ajudar.
À assistente do laboratório de Carbono 14 Maria do Carmo Germano de Souza, pela sua
companhia durante todo o tempo em que freqüentei o laboratório.
Aos meus colegas do laboratório Michel Lopes Granjeiro e Bruno Alves de Mesquita,
pela companhia e pelo muito que me ajudaram quando tive dificuldade a respeito da
escrita do meu trabalho.
À minha família, por todo o apoio, em especial, aos meus pais, que tão bem souberam
me educar e ensinar os verdadeiros valores da vida.
“Onde houver ódio, que eu leve o
amor, onde houver trevas, que eu
leve a luz.”
(São Francisco de Assis)
RESUMO
O Campus Universitário da Universidade Federal do Ceará localizado no Pici
dispõe de 46 poços tubulares, dos quais 18 estão em operação, como abastecimentos
complementares ao realizado pela CAGECE; estes poços retiram água subterrânea
armazenada na Formação Barreiras e no cristalino. Neste trabalho, amostras foram
coletadas mensalmente, de julho a outubro de 2010, para análise de parâmetros físico-
químicos e concentrações de cátions e ânions. Os resultados mostram que: (a) há grande
variação espacial da qualidade das águas, com a condutividade elétrica variando de 117
a 1370 µS/cm; (b) as águas são predominantemente cloretadas sódicas; (c) durante o
período de coleta as concentrações de cátions e de ânions mudaram aumentando
predominantemente as concentrações de cloretos e de sódio; (d) as águas subterrâneas,
na maioria, são apropriadas para o consumo humano, sob o aspecto da hidroquímica,
com exceção de 13 amostras com pH< 6,0 e 02 com turbidez > 5,0 uT e a água do açude
apresentou elevada concentração de nitrato. As águas mais salinas são as de poços no
cristalino e as águas menos salinas são as de poços na Formação Barreiras; os sais
dissolvidos nas águas são provenientes de aerossóis marinhos e de dissolução dentro do
aqüífero. Águas de chuvas foram encontradas no poço localizado na COELCE.
ABSTRACT
O manto da invisibilidade tem atraído a atenção tanto de cientistas como
leigos, isso devido à frequência com que este tema aparece nos contos e filmes de ficção
científica. Neste trabalho, mostramos que é possivel a existência de uma capa que possa
tornar pequenos objetos invisíveis. Antes de analisar fisicamente as propriedades deste
manto, nós fazemos um breve passagem sobre o eletromagnetismo clássico, verificando
as interações da matéria com ondas eletromagnéticas. Como proposto pelo físico
Veselago em 1968, nós inserimos os valores negativos da permissividade elétrica e
permeabilidade magnética nas equações de Maxwell, quando fazemos isso temos os
metamateriais. Analisamos as transformações ópticas com a intensão de manipular as
ondas eletromagnéticas, possibilitando assim, a existência do manto da invisibilidade.
PALAVRAS-CHAVES: Metamateriais; Eletromagnetismo; Transformações Ópticas.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1 – Mapa de localização do Campus do Pici.....................................................15
Figura 2.1 – Localização dos poços amostrados no Campus do Pici..............................21
Figura 5.1– Diagrama de Piper das amostras de julho....................................................50
Figura 5.2 – Diagrama de Piper das amostras de agosto.. .........................................51
Figura 5.3 – Diagrama de Piper das amostras de setembro.............................................51
Figura 5.4 – Diagrama de Piper das amostras de outubro...............................................52
Figura 5.5 – Condutividade elétrica das amostras coletadas em outubro de 2010..........53
Figura 5.6 – Concentração dos cátions Ca2+, Mg2+, Na+ e K+ em amostras dos
poços P2, P3 e P4 nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro
de 2010 .....................................................................................................54
Figura 5.7 – Concentração dos cátions Ca2+, Mg2+, Na+ e K+ em amostras dos
poços P1 e P8 nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro de
2010 ............................................................................................................55
Figura 5.8 – Concentração dos anions Cl- e HCO3- em amostras dos poços
P2, P3 e P4 nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro de
2010............................................................................................................56
Figura 5.9 - Concentração dos anions Cl- e HCO3- em amostras dos poços P1
e P8 nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro de 2010 ...................57
Figura 5.10 - Concentração de cloretos versus sódio......................................................58
Figura 5.11 - Concentração de cálcio versus magnésio...................................................59
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1– Poços em atividade do Campus do Pici.......................................................20
Tabela 4.1– Composição de rochas ígneas e de alguns tipos de rochas sedimentares ...35
Tabela 4.2– Constituintes mais abundantes na água do mar...........................................36
Tabela 4.3– Qualidade da água de acordo com o SAR...................................................37
Tabela 5.1– Parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas e do açude
Santo Anastácio no Campus do Pici..........................................................44
Tabela 5.2- Análises físico-químicas das águas coletadas em julho...............................46
Tabela 5.3- Análises físico-químicas das águas coletadas em agosto.............................46
Tabela 5.4- Análises físico-químicas das águas coletadas em setembro.........................47
Tabela 5.5- Análises físico-químicas das águas coletadas em outubro...........................48
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 – Coluna Lito-Estratigráfica da RMF ........................................................26
Quadro 4.1- Solubilidade de sais dissolvidos na água ....................................................33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAGECE- Companhia de Água e Esgoto do Ceará
CE- Condutividade Elétrica
CPRM- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FUNCEME- Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
GPS- Global Positioning System
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
NPD- Núcleo de Processamento de Dados
NUTEC- Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial
PADETEC- Parque de Desenvolvimento Tecnológico
RG- Registro Geral
RU- Restaurante Universitário
SAR- Razão de Adsorção de Sódio
UFC- Universidade Federal do Ceará
STD- Sólidos Totais Dissolvidos
UTM- Universal Transversal de Mercator
VMP- Valores Máximos Permitidos
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................14
1.1. Localização e vias de acesso...................................................................................14
2. METODOLOGIA....................................................................................................16
2.1. Pesquisa Bibliográfica............................................................................................16
2.2. Levantamento dos poços........................................................................................19
2.3. Coleta de amostras..................................................................................................22
2.4. Análise das amostras..............................................................................................22
3. ÁREA.......................................................................................................................24
3.1. Aspectos Hidrogeológicos......................................................................................24
3.2. Litoestratigrafia.....................................................................................................25
3.2.2. Formação Barreiras............................................................................................25
3.2.3. Complexo Gnáissico-Migmatítico.....................................................................27
3.3. Hidrogeologia.........................................................................................................27
3.4. Sistemas Hidrogeológicos......................................................................................27
3.4.1. Sistema Hidrogeológico Barreiras.....................................................................28
3.4.2. Sistema Hidrogeológico Cristalino....................................................................29
4. GEOQUÍMICA.......................................................................................................31
4.1. Potencial hidrogeniônico (pH)..............................................................................31
4.2. Condutividade elétrica..........................................................................................32
4.3. Sólidos Totais Dissolvidos......................................................................................32
4.4. Turbidez..................................................................................................................32
4.5. Dureza.....................................................................................................................33
4.6. Cálcio.......................................................................................................................33
4.7. Magnésio..................................................................................................................34
4.8. Sódio.........................................................................................................................34
4.9. Potássio....................................................................................................................37
4.10. Cloreto..................................................................................................................38
4.11. Sulfato...................................................................................................................39
4.12. Carbonatos e Bicarbonatos.................................................................................40
4.13. Ferro......................................................................................................................41
4.14. Nitrato, Nitrito e Amônia....................................................................................41
5. RESULTADOS........................................................................................................43
5.1. Análises físico-químicas.........................................................................................43
5.2. Diagramas de Piper...............................................................................................50
5.3. – Variação espacial e temporal das concentrações de cátions e de ânions........54
5.4. – Origem dos sais....................................................................................................58
6. CONCLUSÕES........................................................................................................61
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................62
1. INTRODUÇÃO
As águas subterrâneas vêm sendo muito estudadas na atualidade, pois elas
naturalmente têm, se comparadas com as águas superficiais, vantagens como serem
filtradas e purificadas naturalmente por percolação, que é uma espécie de “filtração”
feita através dos poros do solo, que retêm grande parte dos sólidos presentes na água,
consequentemente dispensando-se tratamento prévio; são protegidas contra agentes
poluidores, pois eles atacam preferencialmente águas superficiais; quando acontece de
águas subterrâneas estarem poluídas é porque está ocorrendo algum problema na sua
captação. As águas subterrâneas também sofrem menor influência de variações
climáticas, têm temperatura constante, estão mais próximas em relação à demanda e
necessitam de menores custos com tratamento e adução.
O Campus do Pici, onde estão instalados os Centros de Ciência, Tecnologia,
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, o NUTEC, a
EMBRAPA e o PADETEC, dispõe atualmente de 46 poços tubulares para captação de
águas subterrânea. Na área do Campus do Pici encontra-se o Açude Santo Anastácio,
atualmente poluído pelo lançamento de dejetos industriais e domiciliares das regiões
próximas as suas margens, que comprometem a qualidade da água e também
prejudicam a fauna e flora locais.
Este trabalho teve como objetivo, através de análises físico-químicas e
hidroquímicas em amostras de água subterrânea coletadas de 18 poços tubulares em
quatro etapas de campo, identificar as condições de potabilidade das águas, a variação
espacial e temporal da qualidade e a origem dos sais dissolvidos nas águas.
1.1 Localização e Vias de Acesso
A área de estudo está localizada no Campus Universitário do Pici, no terreno da
antiga escola de Agronomia; ela compreende uma área de aproximadamente 2,13 km2,
posicionada no setor noroeste da cidade de Fortaleza (Figura 1.1).
Figura 1.1- Mapa de localização do Campus do Pici. Fonte: Gomes, 2006.
O acesso ao Campus do Pici é feito pelas vias principais, como: Av. Bezerra de
Menezes, Jovita Feitosa, Carneiro de Mendonça, Lineu Machado, Perimetral, BR-222, Av.
José Bastos, Professor Costa Mendes, Delmiro Farias, Humberto Monte, Avenida da
Universidade, 13 de Maio, Carapinima e João Pessoa.
2. METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido com pesquisa bibliográfica, levantamento
dos poços existentes no Campus do Pici, coleta de amostras de água subterrânea,
análises das amostras e tratamento dos resultados.
2.1. Pesquisa Bibliográfica
O levantamento bibliográfico sobre a área de estudo constou da obtenção de
dados referentes à Geologia e Hidrogeologia.
O trabalho de Marinho et al. (1986) constitui-se num dos trabalhos pioneiros
sobre águas subterrâneas no Campus do Pici e os objetivos principais dessa pesquisa
foram caracterização geoelétrica da área e a indicação de locais favoráveis a captação de
água subterrânea. No total, foram executadas trinta e nove sondagens elétricas verticais,
800 de caminhamento elétrico e 120m de perfil elétrico com AB fixo. Na época, havia
26 poços tubulares cadastrados, com vazões que predominavam acima de 3m3/h
(amplitude: 0,8 a 22 m3/h). Foram elaborados mapas qualitativos (resistividade aparente
mínima de AB/2 correspondente), mapa qualitativo (espessura da cobertura sedimentar,
Grupo Barreiras) e dois cortes geoelétricos ilustrativos.
Deste trabalho foi concluído que a cobertura sedimentar tem uma espessura
média de 50m, com destaque a base do Grupo Barreiras, com espessura média de 34m e
resistividade elétrica de 27 ohm.m, formada por sedimentos areno-argilosos e o
embasamento cristalino alterado com espessura variável e resistividade elétrica média
de 114 ohm.m.
Segundo estes autores, o Campus do Pici encontra-se numa posição privilegiada
quanto a recursos hídricos subterrâneos em relação às áreas vizinhas, cujas vazões
variam de 0 a 6 m3/h, com predominância de vazões abaixo de 1,6 m3/h; além dos
flancos do açude Santo Anastácio, ocorre no Campus uma área mais promissora para
captação de água subterrânea delimitada por parâmetros geoelétricos.
Souza (1997) teve como objetivos em seu trabalho de graduação: (i) elaborar o
diagnóstico do contexto geoambiental da área do Campus do Pici, através da
consideração separativa e integrativa dos componentes do potencial ecológico
(condições geológicas, geomorfológicas e hidroclimáticas) e da exploração biológica
(solos e cobertura vegetal). (ii) Apresentar uma sub-compartimentação do espaço local
com base em critérios geoambientais, indicando para cada ambiente, o seu estado de
conservação e condições ecodinâmicas. (iii) Elaborar um esboço cartográfico com as
condições atuais de uso e ocupação do solo através das técnicas de sensoriamento
remoto e da aplicação das técnicas de geoprocessamento.
Gurgel (1993) estudou a mortandade maciça de peixes no açude Santo Anastácio
(Campus do Pici), ocorrida no dia 6 de março de 1991. A mortandade teve início ao
amanhecer do dia, com o aparecimento dos primeiros peixes mortos, acumulados
próximos à barragem e arrastados pela corrente em direção ao sangradouro. Nas horas
seguintes, já era verificado um aumento significativo de peixes no sangradouro, com
diminuição dos efeitos até desaparecimento total no período de dois dias. Cerca de 80%
das populações ictíicas foram atingidas. Estimou-se que o número de peixes mortos
ultrapassou 10.000 e que, de todas as espécies existentes no açude, a mais afetada foi a
tilápia do Nilo, com mais de 90% do total.
A principal causa, segundo o autor, foram às perturbações atmosféricas, como
chuvas repentinas e queda da pressão barométrica. Este fenômeno fez revolver a
camada do fundo de uma área do açude, no sentido transversal, no que foi auxiliado
pelos fortes ventos da madrugada, de até 3,8 m/s. Esse sedimento liberou gases que
estavam armazenados, resultantes da decomposição da matéria orgânica, como o H2S,
CH4, NH3 e outros. Esses gases são tóxicos, o que levou a um envenenamento agudo e
repentino dos peixes do açude.
Klein (1986) apresentou um trabalho sobre a comunidade planctônica do açude
Santo Anastácio (Fortaleza, Ceará), no período de agosto de 1984 a julho de 1985, em
duas estações de coleta, uma próxima ao sangradouro do açude e outra perto da área de
descargas dos esgotos do Restaurante Universitário. Depois das coletas realizadas,
algumas características físico-químicas da água foram estudadas, como temperatura, pH
e turbidez. Durante o período de coletas, observou-se a presença de gêneros indicativos
de águas poluídas, além de outros modificadores de odor e sabor da água, sem,
entretanto, comprometer o seu uso na piscicultura.
Na primeira estação, a temperatura variou de 25 a 30ºC, com valor médio de 27
ºC, o pH permaneceu praticamente estável, variando de 7 a 8,2 com valor médio de 7,9
indicando ser uma água com concentrações de oxigênio dissolvido apropriada para
piscicultura; a visibilidade do disco de Secchi variou de 36 – 68 cm com valor médio de
49 cm, o que indica partículas sestônicas presentes, ou seja, organismos fitoplanctónicos
e outras partículas semelhantes. Ao fim da pesquisa o autor conclui que a água do açude
Santo Anastácio, durante o período de coleta, era apropriada para piscicultura, mesmo
que algumas amostras tivessem gêneros que indicavam águas poluídas e/ou que
modificavam odor e sabor, elas ocorreram em pequenas concentrações, não chegando a
modificar as características da água. As espécies mais freqüentes do fitoplâncton foram
Pediastrum duplex, Pediastrum simplex e outros presentes nas duas estações de coleta,
durante todo o período de análises.
Os processos responsáveis pela variação na concentração dos íons carbonatados
em reservatórios de águas superficiais foram estudados por Lima et al. (2004)
analisando as concentrações dos íons HCO3
e CO
3
2- das águas do Açude Santo
Anastácio. Os resultados deste estudo mostraram que elas sofrem influência direta das
chuvas. Suas concentrações relativas estão intimamente relacionadas à intensidade das
precipitações. As concentrações de íons carbonato e bicarbonato, dissolvidos nessas
águas são resultados diretos da ação antrópica, graças aos sais de carbonatos presentes
em materiais usados na construção das residências da população que habita as
redondezas do açude, o que é muito mais acentuado nas adjacências à desembocadura
do açude.
Lima et al. (2005) estudando a variação sazonal das concentrações dos íons
Ca2+, Mg2+ e SO42+ nas águas do açude Santo Anastácio, no campus do Pici, observaram
que sofrem influência das chuvas e da evaporação. Somam-se a estas, a ação dos ventos
e sofrem o efeito de atividade dos microrganismos presentes nessas águas
(principalmente aqueles que consomem SO42- produzindo S2
2-). Portanto, estes fatores
foram identificados como responsáveis pela quantidade e qualidade das espécies
químicas presentes nas águas do açude Santo Anastácio: as chuvas, o processo de
evaporação, os ventos, e a presença de microrganismos. No entanto, as quantidades de
sais dissolvidos nessas águas sofrem influência direta da ação antrópica, graças aos
sulfatos e carbonatos de cálcio e magnésio presentes em materiais usados na construção
das residências da população que habita as redondezas do açude, o que é muito mais
acentuado nas adjacências à desembocadura do açude.
A evolução temporal das concentrações de espécies químicas presentes nas
águas armazenadas no açude Santo Anastácio no Campus do Pici/Fortaleza/Ceará foi
estudada por Lima et al. (2004). Os resultados deste estudo mostraram que as
concentrações dos íons Na+, K+ e Cl- nas águas do Açude Santo Anastácio, parecem
sofrer influência apenas da intensidade das chuvas e da evaporação. Enquanto as
concentrações dos íons HCO3 e CO3, além das chuvas e da evaporação, estão também
diretamente relacionadas ao pH. Já as concentrações dos íons Ca2+, Mg2+ e SO4
2- sofrem
influência das chuvas, da evaporação e do tempo de retenção dessas águas. Somando-se
a estes estão a ação dos ventos e a atividade dos microrganismos presentes nessas águas
(principalmente aqueles que consomem SO42- produzindo S2
2-). Portanto, vários fatores
foram identificados como responsáveis pela quantidade e qualidade das espécies
químicas presentes nas águas do Açude Santo Anastácio: as chuvas, o processo de
evaporação, os ventos, o tempo de retenção e a presença de microrganismos. No
entanto, as quantidades de sais dissolvidos nessas águas sofrem influência direta da ação
antrópica, graças aos sulfatos e carbonatos de cálcio e magnésio presentes em materiais
usados na construção das residências da população que habita as redondezas do açude, o
que é muito mais acentuado nas adjacências à desembocadura do açude.
2.2. Levantamento dos poços
O levantamento dos poços no Campus do Pici (Tabela 2.1) foi a primeira parte
da etapa de campo, que foi menos laboriosa porque foi utilizado o cadastro dos poços
feito por Araújo (2009) identificando os poços ativados, desativados e abandonados. Na
Tabela 2.1 estão as localizações dos poços (Figura 2.1), os aqüíferos explotados e os
seus responsáveis ou operadores.
Tabela 2.1- Poços em atividade do Campus do Pici
No Localização Coordenadas (E/N)
UTM
Aqüífero Responsável ou
Operador
1 PADETEC 547472/9585838 Barreiras Jardineiro
2 RU 547460/9586140 Barreiras Zé Pereira
3 NPD 547155/9585996 Barreiras Jardineiro
4 Centro de Tecnologia 547142/9586110 Barreiras Chiquinho
5 Horticultura 547025/9586498 Cristalino Narciso
6 Forragicultura Novo 546922/9586325 Barreiras Prof. Magno
7 Forragicultura Velho 546927/9586344 ------------- Prof. Magno
8 Estação Meteorológica 546361/9585986 Barreiras Luiz
9 Hidráulica e Irrigação 546510/9586048 Barreiras Firmino
10 NUTEC 546945/9585658 Cristalino Edson Gledson
11 EMBRAPA 1 547060/9585182 Cristalino Wilmar
12 EMBRAPA 2 547092/9585452 Cristalino Wilmar
13 EMBRAPA 3 547125/9585482 Cristalino Wilmar
14 EMBRAPA 4 547115/9585342 Cristalino Wilmar
15 EMBRAPA 5 547079/9585407 Cristalino Wilmar
16 EMBRAPA 6 546992/9585316 Cristalino Wilmar
17 COELCE 546750/9585532 Cristalino Guarda
18 Centro Esportivo 547510/9585180 Barreiras Gilmar
2.3.Coleta de amostras
As coletas de amostras foram realizadas durante um período de quatro meses: de
julho de 2010 a outubro de 2010, com intervalos de aproximadamente um mês entre as
coletas.
Foram levadas aos pontos de coleta garrafas de plástico com capacidade de 2L,
devidamente limpas. Após as coletas elas foram etiquetadas com a localização do poço
e data da coleta. A maioria dos poços tinha torneira ligada à bomba de sucção,
facilitando o processo de coleta da água, mas, em alguns casos, não tinha torneira, como
na Hidráulica e Irrigação, onde a água foi retirada diretamente da tubulação do poço, e
na Horticultura onde a água é retirada através de um “cata-vento”; este poço não tem
bomba.
2.4. Análise das amostras
As análises físico-químicas das águas foram realizadas no Laboratório de
Hidroquímica do Departamento de Física da UFC. Os procedimentos dos métodos de
análises estão descritos no Standard Methods for the examination of Water and
Wastewater (APHA, 1998).
Os parâmetros físico-químicos analisados foram o pH, a condutividade elétrica
(CE), a dureza total e a turbidez, as concentrações dos cátions cálcio (Ca2+), magnésio
(Mg2+), sódio (Na+), potássio (K+), as concentrações dos ânions sulfato (SO42-), cloreto
(Cl-) e bicarbonato (HCO3-), dos elementos nitrogenados nitrato (NO3
-), nitrito ( NO2-) e
amônio (NH4+) e ferro total.
O pH foi medido com um pHmetro, instrumento que lê o pH diretamente. A
condutividade elétrica foi medida com um condutivímetro, que mede a condutividade
em µS/cm ou em mS/cm e a turbidez foi medida com um turbidímetro, que é um
instrumento capaz de medir o grau de turvação dos líquidos, ou seja, a concentração de
partículas sólidas nos líquidos.
O método utilizado para a determinação da dureza foi o titulométrico e a
concentração do magnésio foi determinada de modo indireto através da medida da
dureza.
O cálcio foi medido por determinação complexiométrica em presença do
indicador muxerida com a titulação feita com EDTA 0,01 mol/L. A compleximetria é
uma técnica de análise volumétrica na qual a formação de um complexo colorido entre o
analito (a parte da amostra que é o foco da análise química) e o titulante é usada para
indicar o ponto final da titulação. O indicador muxerida é um corante orgânico que,
adicionado a solução de analito, é consumido mudando a cor da amostra, quando isso
acontece é porque ele foi substituído pelos cátions metálicos na solução (Ohlweler,
1981).
Os íons sódio e potássio foram determinados pelo método da fotometria de
chama, na qual os átomos são excitados por meio de uma chama, medindo-se a energia
emitida; é um instrumento de grande sensibilidade para detecção desses metais, além de
ser rápido na leitura e praticamente não sofrer interferências.
O cloreto foi determinado pelo método titulométrico com nitrato de prata.
O método utilizado na determinação dos íons sulfato, nitrato, nitrito, amônio e
do ferro foi o espectrofotométrico, lidos nos comprimentos de onda respectivamente:
420nm, 500nm, 520nm, 415nm e 510nm. O espectrofotômetro é um instrumento de
análise óptico dos mais usados nas pesquisas físico-químicas, ele permite comparar a
radiação absorvida ou transmitida por uma solução que contém uma quantidade
desconhecida de soluto e uma quantidade conhecida da mesma substância. Existem
vários tipos de espectrofotômetro; o utilizado no laboratório foi o UV/visível, ou seja,
ele lê nesse intervalo de comprimentos de onda; a leitura é feita pelo grau de
absorbância da amostra, que é a energia absorvida por ela.
3. ÁREA
3.1. Aspectos Hidrogeológicos
A caracterização geológica regional do município de Fortaleza é dada
principalmente por expressões de sedimentos Cenozóicos, Terciário, Tércio-Quaternário
e Quaternário e rochas magmáticas Pré-Cambrianas (Quadro 3.1). A distribuição
espacial das unidades geológicas na área pode ser considerada 80% para as unidades
sedimentares e o restante para as unidades cristalinas (Tajra, 2001).
A Província Borborema (PB) engloba todo o Nordeste Brasileiro e compreende
uma extensa região com rochas de idade Pré-Cambriana. Nesta Província é significativa
a atuação do Ciclo Brasileiro/ Pan-Africano (Neoproterozóico) caracterizado pelo
intenso magmatismo granítico e desenvolvimento de grandes zonas de cisalhamento
permanente. Esta Província tem sido recentemente dividida em dois domínios
geotectônicos: os Terrenos Gnáissico-Migmatíticos Graníticos ou os Maciços e os
sistemas de Dobramento ou Cinturões Metamórficos, formando blocos crustais que
foram amalgamados durante a orogênese brasileira (Santos, 2003).
Na Província Borborema, Brito Neves (1975) apud Almeida et al. (1989),
considerou as massas granitóides migmatíticas existentes como sendo representadas
pelo Maciço Santa Quitéria e posicionadas no Arqueano, enquanto Braga et al. (1989),
individualizaram duas grandes unidades: Complexo Tamboril- Santa Quitéria,
constituído por migmatitos variados e granitóides e o Complexo Caicó, constituído por
migmatitos e gnaisses migmatizados. Nascimento et al. (1981) discordam de Braga et al
(1981) apud Almeida et al (1989.), e unificam as duas unidades, denominando-as de
Complexo Nordestino.
Brandão (1995), definiu os complexos individualizados por Braga et al (1981)
apud Almeida et al(1989), de Complexo Granitóide-Migmatítico e Complexo
Gnáissico-Migmatítico, correspondendo, respectivamente aos Complexos Tamboril-
Santa Quitéria e Caicó.
O arcabouço estrutural da Região Metropolitana de Fortaleza é caracterizado
principalmente por um desenvolvimento tectônico polifásico, em que descontinuidades
representadas por zonas de fraturas e falhas sucederam-se à estruturas resultantes de
uma tectônica dúctil, ou seja, resultantes de um comportamento composto por
estiramento e deformações plásticas muitas vezes tendendo a se posicionar segundo as
orientações das anisotropias antigas. Este comportamento dúctil está representado com
mais evidência nos litocomponentes do Complexo Gnáissico-Migmatítico, que têm
expressões aflorantes ao sul de Fortaleza (Tajra, 2001).
3.2. Litoestratigrafia
A área do Campus do Pici está inserida na Formação Barreiras (Tercio-
Quaternário), constituída por níveis areno-argilosos e pelo embasamento cristalino
representado pelas rochas gnáissicas do Complexo Caicó (Proterozóico Inferior). Assim
sendo, são descritas as duas unidades litoestratigráficas predominantes na área (Gomes,
2006).
3.2.2. Formação Barreiras
Morais (1985 apud Tajra, 2001) utilizou, no seu trabalho em Fortaleza, a
denominação de Grupo Barreiras Indiviso para uma seqüência de leitos e lentes de
sedimentos clásticos pouco consolidados, abrangendo conglomerados e arenitos de
todas as granulometrias, sobrepondo à superfície de erosão das rochas Pré-Cambrianas
de maneira discordante e sotopondo-se, também discordantemente, as coberturas
formadas por dunas e sedimentos aluvionares (Gomes, 2006).
Na notação dada por Brandão (1995), emprega-se o termo Formação Barreiras
para seqüências de segmentos cenozóicos que ocorrem numa grande faixa de largura
variável acompanhando a linha de costa, atrás dos sedimentos eólicos antigos e recentes,
e que penetra em direção ao interior da área estudada.
Essa seqüência, de espessura variável entre 20 e 50 metros, é constituída
litologicamente por sedimentos areno-argilosos, pouco ou não-litificados, de coloração
avermelhada, muitas vezes com aspecto mosqueado, horizontes conglomeráticos e
níveis lateríticos. Esses níveis não apresentam cota definida e podem estar associados à
percolação da água subterrânea que lixívia o elemento ferro, concentrando-o em
determinados níveis (Cavalcante, 1998).
Quadro 3.1- Coluna Lito-Estratigráfica da RMF. (Brandão, 1995).
Era
Período Unidade
Lito- estratigráfica
Sim-
bolo
Litologia
Cen
ozó
ica
Qu
ater
nár
io
Depósitos Flúvio
Aluvionares e de
Mangue
Qa Areias, cascalhos, siltes e argilas, com ou sem matéria
orgânica compreendendo os sedimentos fluviais,
lacustres e estuarinos recentes.
Areia de praia e Dunas
Recentes ou Móveis
Qd Areias esbranquiçadas, de granulação fina a média, bem
selecionadas, quartzosas com grãos de quartzo fosco e
arredondados.
Paleodunas Qpd Areias de coloração amarelada e acinzentada, de
granulação fina a média, bem selecionadas, de
composição quartzosa e/ou feldspática.
Ter
ciár
io q
uat
ernár
io Coberturas
Colúvio-Eluviais
Tqc Sedimentos areno-silto-argilosos, alaranjados e/ou
avermelhados, de granulação fina a média, mais
grosseira, com horizontes lateritizados na base.
Formação Barreiras Tb Sedimentos areno-argilosos, de coloração avermelhada,
de aspecto mosqueado, mal selecionados, com níveis
comglomeráticos e matriz argilosa caulinítica com
cimento argilo-ferruginoso e às vezes silicoso.
Ter
ciá
rio Vulcânicas Alcalinas T Fonólitos, traquitos e tufos.
Pré
-Cam
bri
ana
Pro
tero
zóic
o
Super
ior
Granito
P yє2
P єyl
Leucogranito rosado, isotrópicos, ricos em muscovita, de
granulação grossa e pegmatóide, constituindo um corpo
circular de posicionamento pós-tectônico.
Granitóides mesocráticos, exibindo foliação mais ou
menos nítida e geralmente encerrando enclaves
gnaissificados de composições variadas, constituindo
corpos de posicionamento tardi a pós-tectônico.
Pro
tero
zóic
o I
nfe
rior
Ultrabásitos P єub Piroxenitos de coloração preto- esverdeada, maciço e
granulação média.
Complexo Gnáissico-
Migmatítico
P єgn-
gm
Domínio de biotita-gnaisses para ortoderivados, com ou
sem muscovita, anfibólito, granada silimanita, parcial ou
totalmente migmatizados. Área com predominância de
migmatitos. Incluindo também lentes de calcário
cristalino e de muscovita-quartizitos.
Complexo Granitóide-
Migmatítico
P єgr-
gm
Domínio de ortognaisses graníticos e migmatitíticos
diversos, encerrando com freqüência lentes anfibólíticas.
Fonte: Elaborada com base em Brandão (1995).
3.2.3. Complexo Gnáissico-Migmatítico
Segundo Brandão (1995), o Complexo Gnáissico-Migmatítico, de
posicionamento estratigráfico no Proterozóico Inferior é a unidade que ocupa maior área
de distribuição no âmbito da Região Metropolitana de Fortaleza. Suas melhores
exposições são verificadas na parte ocidental, onde se verifica uma seqüência
predominantemente paraderivada, constituída de gnaisses aluminosos, em parte
migmatizados e freqüentemente intercalados por níveis quartízicos e carbonáticos
(Gomes, 2006).
Os litotipos são biotitas-gnaisses com ocorrência ou não de muscovita, anfibólio,
granada e silimanita. De uma forma geral, os gnaisses apresentam cor cinza clara,
granulação fina e grossa com padrão retilíneo da foliação e os migmatíticos mostram
diferentes feições deformacionais com contatos transicionais em relação às unidades
sobrejacentes (Gomes, 2006).
3.3. Hidrogeologia
Segundo Gomes (2006), a área de estudo está inserida estratigraficamente na
Formação Barreiras (Tércio-Quaternário), constituída por níveis areno-argilosos,
sobreposta ao embasamento cristalino representado pelas rochas gnáissicas do
Complexo Caicó.
A Formação Barreiras constitui o aqüífero principal tanto em termos de área
aflorante, como de potencialidade e de aproveitamento; também o embasamento
cristalino não aflorante contribui de modo significativo no armazenamento das águas
subterrâneas no Campus do Pici, constituindo, às vezes, um aqüífero principal.
3.4. Sistemas Hidrogeológicos
No Campus do Pici, ocorrem dois domínios hidrogeológicos que são
diferenciados na vocação das unidades geológicas para o armazenamento e para a
produção de água subterrânea. O primeiro corresponde ao sistema hidrogeológico
Barreiras, onde se tem, em geral, melhores perspectivas de explotação de água
subterrânea e o segundo, corresponde ao sistema hidrogeológico Cristalino,
compreendido pelo embasamento cristalino alterado não aflorante, que apresenta uma
baixa vocação hidrogeológica, restrito apenas às zonas fraturadas das rochas gnáissicas
do Complexo Caicó, capazes de armazenar e ceder água (Gomes, 2006).
Dos 46 poços cadastrados no Campus do Pici a grande maioria deles está
captando água da Formação Barreiras.
3.4.1. Sistema Hidrogeológico Barreiras
Está representado pelos sedimentos Tércio-Quaternário da Formação Barreiras,
que é um sistema de aqüífero livre, composto por níveis areno-argilosos e/ou areno-
arenosos, com grande variação faciológica, de cores diversas, predominando a
coloração avermelhada, de granulação variando desde argila até areia média, com níveis
conglomeráticos intercalados ocasionalmente. A Formação Barreiras no contexto
regional não é considerada, por muitos autores, como um aqüífero e sim um aquitarde,
que é uma formação geológica que transmite água a uma taxa muito baixa, o que se
deve a sua baixa porosidade e permeabilidade; sua exploração econômica é inferior a de
um aqüífero e sua condutividade hidráulica é aproximadamente de 1,8 x 10-2 m/s. Na
área deste trabalho, devido a variação faciológica existente no Barreiras, localmente ele
apresenta características semelhantes às de um aqüífero livre, como será referenciado
(Gomes, 2006).
O domínio Barreiras é considerado na literatura como um sistema de alto
potencial hidrogeológico, de natureza porosa, incluindo os sedimentos de porosidade
intergranular e intersticial.
Os sedimentos heterogêneos desse sistema originam diferentes condições de
acumulação de águas subterrâneas, sendo que as possibilidades hidrogeológicas desse
aqüífero estão restritas aos fácies arenosos, geralmente inseridos em seqüências
argilosas (Marinho et al.; 1986).
Segundo Marinho et al. (1986), a cobertura sedimentar dessa área, tem uma
espessura média de 50m, destacando-se a base da Formação Barreiras com espessura
média de 34m e resistividade elétrica média de 27ohm.m e sobreposto a esses
sedimentos, as areias lixiviadas da Formação Barreiras, constituindo um estrato muito
regular, com espessura média de 9m e resistividade média de 295ohm.m.
Quanto ao ambiente de sedimentação, os sedimentos predominantemente
continentais foram depositados sob condições de um clima semi-árido, determinado por
chuvas esporádicas e violentas, formando amplas faixas de leques aluviais justapostos,
quando o nível do mar era mais baixo que o atual e permitia o recobrimento de uma
ampla plataforma (Bigarella, 1975 apud Brandão, 1995).
Este aqüífero recebe recarga direta das águas oriundas das precipitações e dos
riachos situados ao norte da área. Como exutórios, que são os pontos de um curso
d’água onde se dá todo o escoamento superficial, evidencia-se a evapotranspiração, que
é perda de água pelo solo por evaporação junto com a perda de água das plantas por
transpiração. Recebe água do açude Santo Anastácio e da lagoa do Genibaú (GOMES,
2006).
3.4.2. Sistema Hidrogeológico Cristalino
Para este sistema foi considerado o embasamento cristalino alterado não aflorante,
representado litologicamente pelas rochas gnáissicas dos Complexo Caicó de idade Pré-
Cambriana, composta basicamente por gnaisses e migmatitos onde se intercalam corpos
lenticulares de anfibolito, quartzito e calcários cristalinos subordinados (Braga et al,
1981 apud Almeida et al, 1989).
Os poços que atingiram profundidades superiores a 50m de espessura, são
classificados como sistema Cristalino podendo ou não captar água tanto do Barreiras
como do Cristalino, ficando essa classificação, devido a deficiência de informações
hidrogeológicas e conforme citado em Marinho et al (1986); conclui-se que a cobertura
sedimentar do Campus do Pici tem uma espessura média de 50m, profundidades
maiores indicam o embasamento cristalino alterado com espessura variável.
As rochas cristalinas são definidas com sendo aqüicludes, ou seja, são formações
impermeáveis que nem armazenam nem transmitem água; porém, na área deve-se
considerar que num sistema aqüifugo devam ser conjuntamente observadas a Litologia,
o posicionamento estratigráfico e o arcabouço estrutural do contexto rochoso. Dessa
forma, as unidades pré-cambrianas que ocorrem no município de Fortaleza são aqui
consideradas aqüíferos do tipo fissural, termo amplamente utilizado por diversos autores
para designar o meio aqüífero onde a água é armazenada nos espaços representados por
fissuras e/ou fraturas e através dessa circula (Gomes, 2006).
O Cristalino é considerado na literatura como sendo um sistema de baixo
potencial hidrogeológico, devido apresentar porosidade secundária, ou seja, seus
parâmetros hidrodinâmicos dependem da intensidade do faturamento existente na rocha,
assim como da sua abertura e suas interconexões, para ocorrer a percolação da água no
meio, sendo considerada como uma domínio hidrogeológico heterogêneo e
anisotrópico, ou seja, de acordo com a direção pode variar suas propriedades.
Segundo Gomes (2006), os poços do Cristalino podem apresentar resultados
favoráveis em termos de vazões, desde que a obra de captação atinja fraturas abertas
interconectadas que contenham água e sejam boas fornecedoras de águas subterrâneas.
Os poços tubulares na área estudada alcançam profundidades variando de até
150 m e resistividade elétrica média de 114 ohm.m, apresentando fraca vocação
hidrogeológica (Marinho et al., 1986).
4. GEOQUÍMICA
Neste capítulo são discutidos os parâmetros físico-químicos: pH, condutividade
elétrica, STD, turbidez e dureza e a presença dos íons mais abundantes dissolvidos nas
águas naturais, que são: cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), sódio (Na2+), potássio (K+),
cloreto (Cl-), sulfato (SO42-), carbonato (CO3
2-), bicarbonato (HCO3-) e ferro total, e dos
íons nitrogenados: nitrato (NO3-), nitrito (NO2-) e amônio (NH4
+).
4.1. Potencial hidrogeniônico (pH)
O pH é usado para expressar a intensidade da condição ácida ou alcalina de uma
solução. A sua medida representa a concentração do íon hidrogênio ou sua atividade, e é
definido como o logaritmo negativo da concentração de íons de hidrogênio (Richter &
Netto, 1991).
pH= -log[H+] (4.1)
Baseado na concentração iônica da água, o pH de uma solução se encontra na
faixa de 0 a 14. A classificação da água quanto ao pH é feita utilizando os seguintes
critérios:
pH < 7: água ácida;
pH = 7: água neutra;
pH > 7: água básica.
Portanto, o pH de um meio aquoso é a medida de equilíbrio ácido-base
alcançado por diversos compostos dissolvidos. Em parte das águas naturais, o pH é
controlado pelo sistema de equilíbrio do gás carbônico- bicarbonatos- carbonatos.
Nos sistemas de abastecimento público de água, o pH normalmente está entre
6,5 e 9,5. De um modo geral, águas de pH baixo tendem a ser corrosivas ou agressivas a
certos metais, paredes de concreto e superfícies de cimento-amianto, enquanto que
águas de alto pH tendem a formar incrustações ( Richter & Netto, 1991).
4.2. Condutividade Elétrica
A condutividade elétrica expressa quantitativamente a capacidade da água
conduzir corrente elétrica; depende da concentração total das substâncias dissolvidas
ionizadas e de sua mobilidade que, por sua vez, depende da temperatura na qual a
medida é realizada. Para o consumo humano, é importante que a água possua uma
condutividade entre 50 e 1500µS/cm (Santiago & Silva, 2007).
Ela é considerada como um bom critério na avaliação do grau de mineralização
da água, contribuindo para o estudo do efeito de diversos íons sobre o equilíbrio
químico, sobre o sistema fisiológico das plantas e animais sobre a taxa de corrosão;
além disso, serve para verificar o grau e pureza das águas destiladas e deionizadas.
4.3. Sólidos Totais Dissolvidos
Os Sólidos Totais Dissolvidos (STD) representam o peso total dos constituintes
minerais (iônicos) presentes na água, por unidade de volume, portanto a concentração
de todo o material dissolvido na água.
Os dados de STD poder ser obtidos a partir dos valores de condutividade elétrica
multiplicando por uma constante (0,65) citada por Santos (2000).
STD = CE (μS/cm a 25ºC) x 0,65 (4.2)
De acordo com os padrões estabelecidos pela Portaria Nº 518 do Ministério da
Saúde de 25/03/2004, o valor máximo tolerável de STD é de 1000 mg/L, da água usada
para consumo e irrigação.
4.4. Turbidez
A turbidez é definida como a dificuldade da água em transmitir a luz e está
associada aos sólidos em suspensão, ou seja, é a presença de partículas de sujeira,
principalmente argila e areia, que retiram o aspecto cristalino da água, deixando-a com
uma aparência túrgida e opaca (Gomes, 2006).
De acordo com os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria Nº 518 do
Ministério da Saúde de 25/03/2004, o valor máximo permitido de turbidez é de 5 UT.
4.5. Dureza
A dureza é a grandeza que mede a quantidade dos sais alcalino-terrosos e pode
ser expressa com três valores diferentes:
a) Dureza temporária ou de carbonatos e bicarbonatos que pode ser removida por
ebulição;
b) Dureza permanente ou dos não carbonatos;
c) Dureza total obtida através da soma de mg/L de cálcio e mg/L de magnésio,
expressa principalmente em carbonato de cálcio.
4.6. Cálcio
O cálcio é um metal da família dos alcalinos terrosos, sendo muito abundante na
natureza; ele está presente nos minerais mais comuns e nas rochas. É um dos
constituintes de todas as formas de vida animal e vegetal, estando diretamente
relacionado com o processo de sustentação e resistência, como no caso do esqueleto
humano, por exemplo; é muito abundante nas águas naturais das regiões semi- áridas.
Seu estado de oxidação é Ca2+, estado em que o elemento perde elétrons e é um dos íons
que tem maior solubilidade na água (Quadro 4.1).
Quadro 4.1- Solubilidade de sais dissolvidos na água (Fonte: SCHOELLER, 1962)
Composto Solubilidade (g/L) Composto Solubilidade (g/L)
20ºC 30ºC 20ºC 30ºC
NaCl 264,4 265,5 CaSO4 2016 2095
CaCl2 427 501 MgSO4 262 290
MgCl2 351 357 KCl 255 272
Na2SO4 160,2 291 CaCO3 1,53x10-2
O cálcio compõe muitos minerais das rochas ígneas e metamórficas e também
está presente nas águas que circundam esses tipos de rochas. Nas rochas sedimentares, a
forma mais comum de cálcio é o bicarbonato de cálcio, que pode se apresentar de três
formas: calcita, aragonita e dolomita. As duas primeiras têm a forma química CaCO3; a
diferença entre elas está na cristalização, que pode se apresentar de formas variadas. A
dolomita é representada por CaMg(CO3)2.
Na dissolução da calcita há liberação de íons de cálcio de acordo com a seguinte
equação:
CaCO3 + H2O + CO2 → Ca2+ +2 HCO3- (4.3)
formando bicarbonato, outro íon que sempre está presente nas águas naturais.
As rochas calcárias são formadas basicamente de calcita, com carbonato de
magnésio e outras impurezas. Se em uma rocha carbonatada o magnésio e o cálcio estão
presentes na razão, em mol, de 1:1, ela é chamada de dolomita. Outros minerais de
cálcio comuns em sedimentos são a gipsita (CaSO4 . 2H2O) ou sulfato de cálcio
hidratado e a anidrita (CaSO4), que, pelas suas fórmulas, são idênticas; a diferença é que
o primeiro mineral é hidratado. Um mineral mais raro de se encontrar é a fluorita
(CaF2).
Normalmente, o cálcio é o cátion dominante nas águas dos rios. Em regiões
semi-áridas sua concentração é ainda maior, pois se encontra freqüentemente em alguns
tipos de rochas mais solúveis, transferindo à água parte dos sais que as compõem.
4.7. Magnésio
O magnésio também faz parte da família dos metais alcalinos terrosos e, sob
alguns aspetos, é semelhante ao cálcio, como na dureza, que é a característica que
dificulta o aparecimento de espuma na água, quando em contato com sabão. Águas que
possuem altos teores de cálcio e magnésio são consideradas águas duras. Estas águas
nas tubulações formam crostas com o passar do tempo, dificultando o seu transporte. O
magnésio tem grande importância na nutrição de plantas e animais; em altas
concentrações produz efeitos laxativos no ser humano.
Os íons de magnésio são menores que os íons de cálcio e sódio; por isso, eles
acomodam-se no espaço central de seis moléculas de água, coordenadas
octaedricamente e apresentando características geoquímicas substancialmente diferentes
(Hem, 1985).
Nas rochas ígneas, o magnésio é o maior constituinte na parte escura dos
minerais ferro-magnesianos, como a olivina, o piroxênio, anfibólios e as micas escuras.
Em outros tipos de rochas, está presente em minerais como a clorita e serpentinitos.
Também em algumas formas sedimentares de magnésio, como magnesita e
hidromagnesita, hidróxido de brucita ou misturas de magnésio com carbonatos de
cálcio.
4.8. Sódio
O sódio é um metal da família dos alcalinos, sendo o mais abundante dessa
família; seu estado de oxidação é Na+. Nas rochas ígneas é um pouco mais abundante do
que o potássio. Na Tabela 4.1 estão listados os elementos mais abundantes encontrados
na forma iônica nas águas e que fazem parte da composição das rochas ígneas e
sedimentares. O sódio é encontrado no feldspato plagioclásio, que varia de composição
desde albita, NaAlSi3O8, até a anortita, CaAlSi2O8.
Tabela 4.1- Composição de rochas ígneas e de alguns tipos de rochas sedimentares.
(Fonte: HEM, 1985)
Elemento Concentração (PPM)
Rochas
ígneas
Rochas Sedimentares
Arenitos Xistos Carbonatadas
Si
Al
Fe
Ca
Na
K
Mg
S
C
Cl
285.000
79.500
42.200
36.200
28.100
25.700
17.600
410
320
305
359.000
32.100
18.600
22.400
3.870
13.200
8.100
945
13.800
15
260.000
80.100
38.800
22.500
4.850
24.900
16.400
1.850
15.300
170
34
8.970
8.190
272.000
393
2.390
45.300
4.550
113.500
305
O sódio é encontrado em grandes concentrações na água do mar, principalmente
na forma de cloreto de sódio (NaCl), o sal de cozinha, que dá um caráter salgado à água.
A Tabela 4.2 mostra os constituintes mais abundantes na água do mar; o sódio é o
segundo mais abundante.
Nas superfícies dos minerais o sódio é retido por adsorção, principalmente os
que têm elevada capacidade de troca de cátions, como as argilas. É encontrado no solo,
que têm abundância de feldspatos plagioclásios, e nas águas subterrâneas e superficiais
que estão em contato direto com esse tipo de rocha.
Tabelas 4.2- Constituintes mais abundantes na água do mar
(Fonte: Boletim IG-USP, 1993)
Constituintes Concentração (mg/l)
Mason
(1962)
Culkin
(1965)
Cl-
Br-
SO42-
HCO3-
F-
Mg2+
Ca2+
Sr2+
K+
Na+
18.980
65
2.649
140
1
1.272
400
8
380
10.556
19.353
67
2.712
142
1
1.294
413
8
387
10.760
Total 34.477 35.141
Dependendo da concentração, o sódio pode tornar a água inadequada também
para irrigação, pois tem grande facilidade para adsorver no solo, tornando-o duro e
prejudicando o desenvolvimento das plantas. Em 1954 o Laboratório de Salinidade dos
Estados Unidos definiu a Razão de Adsorção do Sódio (SAR), que relaciona a
concentração iônica do sódio com a concentração de íons de cálcio e magnésio, através
da equação:
2
++++
+
+=
rMgrCa
rNaSAR (4.4)
De acordo com o valor do SAR, a água é classificada como mostra a Tabela 4.3,
quanto maior o valor do SAR, pior a qualidade do solo.
Tabela 4.3- Qualidade da água de acordo com o SAR
(Fonte: Logan, 1965)
SAR Qualidade
0 - < 10
10 - < 18
18 - < 26
≥ 26
Excelente
Boa
Regular
Ruim
4.9. Potássio
O potássio também é um elemento da família dos metais alcalinos e é o mais
abundante nas rochas sedimentares; ele possui uma alta solubilidade na água, porém,
dificilmente ocorre em altas concentrações nas águas naturais porque é absorvido pelas
plantas.
Nos sistemas naturais, o sódio tende a permanecer em solução depois de liberado
das estruturas de silicatos minerais. Já o potássio é liberado com maior dificuldade pelos
silicatos minerais e tem uma grande tendência a ser reincorporado ao solo, desgastando
os produtos sólidos, especialmente certas argilas minerais (Hem, 1985).
Em águas salobras que estão ou que passaram por um processo de evaporação,
determinados tipos de rochas constituídas de minerais solúveis podem levar este local a
ter uma alta concentração de potássio.
Em geral, a concentração de potássio é baixa, pois ele é muito estável nos
minerais aluminossilicatos. Como a dimensão do íon de potássio é significativamente
maior do que o íon de sódio, sua adsorção através das trocas iônicas é bem menor.
Dentre os muitos minerais que têm potássio na sua constituição, merecem
destaque os feldspatos potássicos, pois eles têm maior resistência ao ataque pelas águas,
podendo ser alterados para sílica, argilas e íons de potássio, por processos similares a
outros tipos de feldspato, porém mais lentamente.
Íons de potássio assimilados por plantas, tornam-se disponíveis quando as
plantas morrem, perdem suas folhas e outras partes. É o que ocorre na reciclagem
natural nas florestas, sendo este potássio incorporado ao solo pelas chuvas (Hem, 1985).
A média de potássio em plantas vivas, segundo dados de Mason (1952) é
aproximadamente de 0,3%; quando se trata de plantas secas ou cinzas esta concentração
torna-se muito maior; por isso, o homem utiliza cinzas da madeira como fonte natural
de potássio.
4.10. Cloreto
O cloro é um elemento da família dos halogênios, sendo o mais abundante nesta
família. Mais de três quartos da quantidade total presente na crosta terrestre, atmosfera e
hidrosfera estão dissolvidas no oceano. O cloro tem uma característica marcante quanto
aos tipos de elementos que se liga; é muito comum estar presente com elementos
metálicos, metais alcalinos e alcalinos terrosos e pode ocorrer em vários graus de
oxidação, porém o mais significativo é o íon Cl-.
O cloro está na composição de diversos tipos de rochas; no entanto, sua
concentração é sempre menor do que a de qualquer outro constituinte na água natural
(Tabela 4.2). Raramente se vê um mineral que tenha cloro como constituinte principal;
na maioria das vezes ele está presente como impureza. Ele também pode estar presente
em resistates, que são rochas compostas principalmente de minerais residuais não
alterados quimicamente por intemperismo da rocha mãe (Hem, 1985). Em todas as
rochas que têm cloro, ele normalmente é encontrado na forma de cloreto de sódio ou
como uma mistura de íons de cloro e sódio.
Johns e Huang (1967) pesquisaram o cloro contido em rochas de diversos tipos,
e concluíram que minerais contendo cloro são extremamente raros.
Billings e Willian (1967) analisaram rochas que estavam a grandes
profundidades e observaram que o cloro nestas rochas tem, em média, uma
concentração de 1, 466 ppm. Ele também está presente nas chuvas e neves devido a
processos físicos, que o transfere na forma de aerossol da atmosfera para a superfície do
mar.
Devido ao fato do cloro ter uma pequena interação química na água natural,
comparada aos outros íons maiores, ele não forma sais de baixa solubilidade (Tabela
4.1); não é tão absorvido nas superfícies minerais, o que justifica a característica comum
de não haver cloro em rochas.
A concentração de cloro nas águas naturais, na maioria das vezes, é baixa.
Processos que podem elevar esta concentração são os que acontecem nos rios que
recebem influência de rejeitos industriais ou o contato com marés oceânicas.
As águas de chuvas próximas ao oceano contêm uma concentração de cloro
relativamente alta, em torno de algumas dezenas de miligramas por litro; porém, esta
concentração se reduz significativamente à medida que ocorre a interiorização no
continente. Massas de ar que contêm cloreto de sódio podem mover-se em direção ao
interior do continente, eliminando sais por outros mecanismos que diferem dos da
chuva. Ericksson (1960) e outros investigadores estudaram o processo de intercepção
aérea de cloreto com a vegetação. A presença de grandes concentrações de cloro no
interior dos continentes é justificada por Fisher (1968) como tendo certa influência
antrópica.
Santiago (1984), analisando água de chuva de quatro postos meteorológicos em
Fortaleza, na costa, e em outros pontos adentrando o continente até 90 km, encontrou
uma relação entre a concentração de cloretos nas chuvas e a distância (x) à costa:
Cl- (mg/l) = 5,29.exp(-0,019x/km) (4.5)
Um dos mecanismos que explica a origem do cloreto de cálcio em águas salinas
é a retenção do cloro pelas camadas de argila do subsolo, que possuem grande
permeabilidade. Dessa forma, ele vai sendo retido até atingir altas concentrações,
influenciando na concentração de cátions, onde o cálcio é comumente o íon
preferencialmente retido; assim, ocorre a interação entre os íons com a conseqüente
formação de cloreto de cálcio (CaCl2).
4.11. Sulfato
O sulfato tem uma concentração nas chuvas continentais que supera muito a do
cloro, normalmente excede 1 mg/L. Isso se deve a poluição do ar, especialmente através
da queima de combustíveis, que é responsável por 30% do sulfato contido nas chuvas
(Junge, 1960) e às indústrias, que lançam SO2-e SO3
- em grandes quantidades.
O enxofre no ar atmosférico reage com a água formando ácido sulfúrico, através
das seguintes reações:
2 SO2 + O2 → 2 SO3 (4.6)
H2O + SO3 → H2SO4 (4.7)
Este ácido é forte e diminui o pH da água, formando a chamada “chuva ácida”,
que pode ser muito perigosa, dependendo do grau de acidez. Em locais muito
urbanizados ela ocorre frequentemente, provocando diversos malefícios, como:
destruição de árvores, alteração química do solo, deixando-o mais pobre e
consequentemente envenenando as plantações e reduzindo as colheitas, corrosão e
desgaste de prédios e monumentos históricos. Por fim, a saúde do homem e dos animais
fica comprometida, gerando doenças respiratórias e inflamações diversas (FELTRE,
1999).
O sulfato também pode originar-se da oxidação do enxofre nas rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares, sendo reduzido pelas bactérias, nos ambientes com grande
presença de matéria orgânica, no qual é precipitado como CaSO4.
4.12. Carbonatos e Bicarbonatos
Os carbonatos e bicarbonatos são encontrados dissolvidos na água pelo processo
de dissolução do CO2 atmosférico e do CO2 presente no solo ou nas zonas não saturadas
entre a superfície da Terra e o aqüífero e que é mantido pela respiração das plantas e
pela oxidação da matéria orgânica. Na água do mar, o íon HCO3- possui uma elevada
concentração, de aproximadamente 100 mg/L. Também se pode encontrar bicarbonato
pelo metamorfismo das rochas carbonatadas.
Nas águas naturais, a alcalinidade se deve, principalmente, às bases HCO3-,
CO32- e OH-, e também à silicatos, boratos, amônia, fosfato e bases orgânicas.
É muito importante avaliar a alcalinidade da água; através dela compreendem-se
as interações água-rocha ou água e materiais orgânicos. Além disso, percebe-se a
alteração do sabor da água, pois, a alcalinidade confere à água um sabor adstringente,
fazendo-a ser recusada, quando se trata de consumo humano.
4.13. Ferro
O ferro é um dos elementos constituintes da composição química dos solos, das
rochas e da matéria orgânica, sendo, portanto, muito abundante; pode tornar a água
tóxica, mas somente se estiver em grandes concentrações, quando não seria apropriada
para ingestão pelo seu sabor desagradável. O limite de 0,3 mg/L decorre exclusivamente
do sabor que este metal confere à água e das manchas que ele pode produzir nas roupas
e louças sanitárias. Nos sistemas de abastecimento, a presença do ferro também é
indesejável porque favorece o desenvolvimento de organismos filamentosos,
denominados impropriamente de bactérias ferruginosas, por exemplo, a crenothrix
(Sales & Gouveia, 1997).
Quando em água, o ferro normalmente está associado ao manganês, e ambos têm
efeitos muito semelhantes. Se eles estão em baixas concentrações não apresentam
inconveniente nenhum. O ferro age como incrustante, de modo semelhante ao cálcio e
ao magnésio, podendo precipitar formando incrustações e obstruindo as tubulações, o
que explica sua restrição em águas industriais.
Em amostras filtradas de águas alcalinas de superfície, a concentração de ferro
dificilmente atinge 1 mg/L, porém, águas profundas ou águas ácidas de superfície,
podem conter altos teores de ferro. Em condições de redução, o Fe2+, nas águas naturais
é relativamente solúvel. Na ausência de íons formadores de complexo, o Fe3+ só é muito
solúvel em pH < 5. Exposto ao ar ou sob a ação de oxidantes, o ferro pode passar ao
estado de Fe3+ ou pode hidrolisar, formando o óxido hidratado, que é insolúvel. (Sales &
Gouveia, 1997).
4.14. Nitrato, Nitrito e Amônia
Os nitratos são sais muito solúveis, e por isso, dificilmente precipitáveis, tendem
a estabilidade em meios redutores, podendo passar a N2 ou NH4+ e excepcionalmente a
nitrito (NO2-). Esta redução é um fenômeno predominantemente biológico produzido
pelas bactérias Nitrossomas. A maioria dos compostos nitrogenados passa a NO3- em
meio oxidante, enquanto o amônio (NH4+) pode perder-se em parte como N2. O solo
pode fixar nitrato (NO3-), em especial através da vegetação.
A quantidade de nitrogênio na água pode indicar poluição recente ou remota,
incluindo o nitrogênio sob as suas diversas formas compostas: orgânica, amoniacal,
nitrito e nitrato. O ciclo do nitrogênio segue desde o organismo vivo até a mineralização
total em que está sob a forma de nitrato. Com base nisso é possível avaliar o grau e a
distância a uma fonte de poluição através da concentração e das formas dos compostos
nitrogenados presentes na água. Águas com abundantes nitrogênio orgânico e
amoniacal são poluídas por descargas de esgotos próximos. Águas com concentrações
de nitrato predominantes sobre nitrito e amônia indicam uma poluição remota porque os
íons nitrato são o produto final de oxidação do nitrogênio (Richter & Netto, 1991).
A nitrificação é um processo de oxidação que ocorre em dois estágios; neste
processo, a amônia é convertida em nitrito e depois em nitrato.
NH3 + 3/2 O2 + bactéria → NO2- + H+ + H2O (4.6)
HNO2 + ½ O2 + nitrobactéria → NO3- + H+ (4.7)
As concentrações de nitrato são encontradas normalmente na fixa de 0,1 e 10
mg/L; porém, em águas muito poluídas podem chegar a 200 mg/L e em alguns casos de
áreas influenciadas por aplicações excessivas de fertilizantes, as concentrações podem
ultrapassar 600 mg/L (Davis & Dewiest, 1996).
Se os nitratos estiverem em concentrações maiores que 45 mg/L, provocam a
metemoglobinemia em crianças, doença que tem por principal sintoma descolorir a pele,
deixando-a num tom azul-arroxeado; isto se deve a alterações no sangue, que ocorre por
aumento da hemoglobina não oxidada ou desoxihemoglobina (Richter & Netto, 1991).
5. RESULTADOS
5.1. Análises físico-químicas
A Tabela 5.1 apresenta os resultados das medidas dos parâmetros físico-
químicos condutividade elétrica, pH, turbidez, cor, dureza e flúor de amostras água
coletadas de 18 poços e do açude Santo Anastácio em julho, agosto, setembro e outubro
de 2010.
A condutividade elétrica variou de 117 µS/cm a 1370 µS/cm. A Portaria n°
518/2004 do Ministério da Saúde não determina um valor máximo nas águas potáveis
para condutividade elétrica; porém, se este valor for muito alto, indica a presença de
grande quantidade de sais, o que compromete a qualidade da água.
O pH teve valores variando de 4,5 a 8,7 indicando predominância de caráter
levemente ácido. Segundo a Portaria n° 518/2004 do Ministério da Saúde, a faixa de
valores toleráveis para consumo humano é de 6,0 a 9,5; portanto, a maioria das amostras
está dentro desse limite.
A turbidez da maioria das amostras está dentro do limite permitido para
consumo humano segundo a Portaria n° 518/2004 do Ministério da Saúde, que é de 5,0
uT. As águas dos poços que ficaram acima deste limite foram coletadas no Centro de
Tecnologia, com 5,70 uT e na Horticultura, com 21,5 uT. Também amostras do açude
Santo Anastácio tiveram valores muito superiores ao limite permitido, sendo 30,30 uT
em julho e 10,20 uT em agosto. Estes valores já eram esperados, pois diariamente é
jogado nele lixo orgânico e industrial.
Tabela 5.1- Parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas e do açude Santo
Anastácio no Campus do Pici
N° RG LOCAL Data CE
(µS/cm)
pH Turb
(uT)
Cor
(uH)
Dureza
(mg/L)
F-
(ppm)
1
1664
1678
1696
1710
PADETEC
PADETEC
PADETEC
PADETEC
21.07.10
23.08.10
21.09.10
26.10.10
629
668
637
622
5,9
6,0
6,3
7,6
1,20
1,00
1,60
1,20
5,41
7,21
7,21
7,21
100
106
96
118,0
0,26
0,13
0,27
0,35
2
1665
1679
1697
1711
RU
RU
RU
RU
21.07.10
24.08.10
21.09.10
26.10.10
301
300
303
300
5,1
5,6
5,5
7,3
0,45
0,60
0,60
1,70
3,61
1,80
ND
5,41
30
32
34
36
0,09
0,09
ND
0,10
3
1667
1680
1699
1713
NPD
NPD
NPD
NPD
21.07.10
24.08.10
21.09.10
26.10.10
239
238
238
236
4,5
4,7
4,9
7,1
0,40
0,40
0,30
0,50
5,41
1,80
ND
ND
24
24
24
26
ND
0,05
ND
0,17
4
1666
1681
1700
1712
C.Tecnologia
C.Tecnologia
C.Tecnologia
C.Tecnologia
21.07.10
24.08.10
21.09.10
26.10.10
217
220
238
229
5,0
4,9
5,9
7,3
0,40
0,50
5,70
4,20
3,61
5,41
12,62
26,98
18
16
28
22
ND
0,06
ND
ND
5 1701
1724
Horticultura
Horticultura
23.09.10
27.10.10
481
557
6,6
7,4
21,5
3,70
1,80
28,77
96
120
0,04
0,10
6
1686
1708
1715
Forrag.Novo
Forrag.Novo
Forrag.Novo
25.08.10
29.09.10
26.10.10
1064
1198
1171
6,7
7,0
8,7
0,60
0,40
0,60
7,21
ND
1,80
160
186
192
0,15
0,32
0,55
7 1687 Forrag.Velho 23.08.10 272 5,7 0,40 7,21 34 0,09
8
1670
1684
1709
1722
Meteor.1
Meteor.1
Meteor.1
Meteor.1
21.07.10
24.08.10
29.09.10
27.10.10
945
943
1148
980
6,8
7,3
7,4
8,4
0,60
0,40
0,40
0,40
5,41
7,21
ND
1,80
104
100
132
112
0,34
0,28
0,47
0,39
9
1685
1706
1723
Meteor.2
Meteor.2
Meteor.2
24.08.10
27.09.10
27.10.10
1094
1085
1097
7,3
7,1
8,3
0,40
0,50
0,40
7,21
ND
1,80
136
128
144
0,18
0,35
0,39
10 1677 NUTEC 23.08.10 372 6,8 1,00 7,21 42 0,09
11
1673
1702
1716
EMBRAPA1
EMBRAPA1
EMBRAPA1
23.08.10
24.09.10
27.10.10
768
780
892
6,8
6,8
8,4
3,10
2,80
0,53
50,21
ND
1,80
100
68
80
0,14
0,32
0,24
12 1705
1717
EMBRAPA2
EMBRAPA2
24.09.10
27.10.10
1306
1610
6,8
8,7
0,60
0,70
ND
ND
184
228
0,20
0,18
13 1675 EMBRAPA3 23.08.10 406 5,5 1,30 5,41 52 0,09
14 1703
1718
EMBRAPA4
EMBRAPA4
24.09.10
27.10.10
1052
1370
7,1
8,4
0,60
0,50
ND
ND
96
136
0,46
0,11
15
16
1704
1719
1720
EMBRAPA5
EMBRAPA5
EMBRAPA6
24.09.10
27.10.10
27.10.10
267
391
780
5,6
7,5
7,7
1,50
0,46
060
ND
ND
ND
34
56
76
0,08
0,30
0,11
Continuação da Tabela 5.1
RG LOCAL Data CE
(µS/cm)
pH Turb
(uT)
Cor
(uH)
Dureza
(mg/L)
F-
(ppm)
17 1676 C.Esportivo 23.08.10 216 5,3 1,10 7,21 20 0,07
18
1682
1698
1714
COELCE
COELCE
COELCE
24.08.10
21.09.10
26.10.10
117
122
122
5,3
5,1
6,8
0,60
0,40
0,52
5,41
ND
ND
16
14
14
0,07
0,02
ND
19 1672
1683
Açude
Açude
21.07.10
24.08.10
695
812
7,6
7,4
30,30
10,20
210,52
69,76
156
180
0,31
0,43
A cor não tem limite permitido estabelecido pela Portaria n° 518/2004 do
Ministério da Saúde; porém, aconselha-se que este valor seja o menor possível. Ela não
determina se a água é boa para consumo humano ou não, pois uma água pode ser
límpida, mas ter altos teores de sais e coliformes. Os maiores valores encontrados foram
no açude Santo Anastácio, atingindo 210,52 uH em julho.
A dureza total das águas (expressa em CaCO3) foi relativamente alta; de acordo
com a classificação proposta por Custódio & Llamas (1983), a dureza é branda para
valores <50 mg de CaCO3, pouco dura para o intervalo de 50-100 mg/L de CaCO3 e
dura para valores >100 mg/L de CaCO3.
Através deste critério, as amostras dos poços do PADETEC, Meteorologia 1,
Meteorologia 2, EMBRAPA 2, Forragicultura Novo, Forragicultura Velho e do açude
são consideradas águas duras; amostras da Horticultura, EMBRAPA 1, EMBRAPA 3,
EMBRAPA 4 e NUTEC são consideradas águas pouco duras e as amostras restantes são
águas brandas.
O fluoreto teve valores muito pequenos, em relação ao Valor Máximo Permitido
para águas potáveis, que é de 1,5 mg/L, segundo a Portaria n° 518/2004 do Ministério
da Saúde. Em alguns poços não foi detectada a presença desse íon .
As Tabelas 5.2 a 5.5 apresentam as concentrações de Ca2+, Mg2+, Na+, K+, Cl-,
SO42-, CO3
-, HCO3-, NH4
+, NO2-, NO3
- e Fe, nas amostras coletas em julho, agosto
setembro e outubro, respectivamente. A Portaria n° 518/2004 do Ministério da Saúde,
indica os Valores Máximos Permitidos (VMP) nas águas potáveis para as concentrações
dos íons Cl- (250 mg/L); Na+ (200 mg/L); SO42- (250 mg/L); Fe (0,3 mg/L), Nitrato (45
mg/L) e Nitrito (3,3 mg/L); os demais íons não têm restrição nesta Portaria.
Tabela 5.2- Análises físico-químicas das águas coletadas em julho
N° LOCAL Concentrações (mg/L)
STD Ca2+ Mg2+ Na+ K+ Cl- SO42- CO3
- HCO3- NH4
+ NO2- NO3
- Fe
1 PADETEC 314 8,8 19,0 64,4 13,2 119,8 2,2 ND 38,1 1,38 1,42 45,9 0,06
2 RU 175 1,6 6,3 36,6 10,1 64,3 23,0 ND 25,4 2,01 0,63 5,1 0,02
3 NPD 120 1,6 4,9 26,0 6,8 55,5 7,5 ND 9,5 1,12 0,71 6,5 ND
4 C.Tecnologia 137 1,6 3,4 31,9 6,8 48,7 0,09 ND 22,2 0,98 9,26 11,6 0,10
5 Meteorologia 1 686 12,8 17,5 148,1 16,3 132,5 41,6 ND 304,4 1,51 0,67 10,7 ND
19 Açude 580 28,8 20,4 76,1 19,2 103,3 34,9 ND 190,3 3,45 51,86 50,0 1,27
Tabela 5.3- Análises físico-químicas das águas coletadas em agosto
N° LOCAL Concentrações (mg/L)
STD Ca2+ Mg2+ Na+ K+ Cl- SO42- CO3
- HCO3- NH4
+ NO2- NO3
- Fe
1 PADETEC 326 8,8 20,4 70,1 6,8 133,1 8,5 ND 38,1 2,37 1,01 36,8 ND
2 RU 172 1,6 6,8 36,6 6,8 63,6 23,2 ND 25,4 2,25 1,05 4,1 0,13
3 NPD 121 0,8 5,4 28,9 6,8 57,9 11,9 ND 6,34 2,54 0,83 ND ND
4 C.Tecnologia 131 0,8 3,4 28,9 6,8 51,1 7,1 ND 19,0 2,48 1,29 9,7 0,30
6 Forrag. Novo 767 17,6 28,2 144,2 6,8 171,6 27,7 ND 367,8 1,95 1,15 ND 0,15
7 Forrag. Velho 149 1,6 7,3 31,9 6,8 54,0 16,2 ND 25,4 1,31 1,15 3,22 ND
8 Meteorologia1 678 9,6 18,5 140,2 13,2 135,0 34,5 ND 317,1 2,87 0,83 6,0 ND
9 Meteorologia2 751 16,0 23,3 156,2 6,8 189,0 25,7 ND 329,8 2,25 1,01 0,9 ND
10 NUTEC 239 3,2 8,3 53,4 6,8 69,4 15,5 ND 76,1 2,07 0,60 3,22 0,09
11 EMBRAPA1 517 14,4 15,6 99,3 13,2 115,7 12,6 ND 241,0 1,70 2,25 ND 0,74
11 EMBRAPA1 517 14,4 15,6 99,3 13,2 115,7 12,6 ND 241,0 1,70 2,25 ND 0,74
13 EMBRAPA3 217 3,2 10,7 46,4 6,8 77,1 6,6 ND 23,4 2,19 1,01 34,3 0,08
18 COELCE 80 0,8 3,4 13,8 6,8 21,2 6,8 ND 9,5 2,25 0,75 14,9 ND
19 Açude 653 36,8 21,4 88,5 6,8 131,1 46,6 ND 215,6 4,24 64,1 36,8 0,57
Tabela 5.4- Análises físico-químicas das águas coletadas em setembro
N° LOCAL Concentrações (mg/L)
STD Ca2+ Mg2+ Na+ K+ Cl- SO42- CO3
- HCO3- NH4
+ NO2- NO3
- Fe
1 PADETEC 302 8,0 18,5 70,1 6,8 121,1 2,5 ND 38,1 0,85 1,12 34,8 0,12
2 RU 160 ND 8,3 39,8 3,5 61,5 22,5 ND 19,0 1,38 1,29 2,75 0,01
3 NPD 119 ND 5,8 31,9 3,5 51,9 7,3 ND 9,5 2,19 2,16 4,6 0,01
4 C.Tecnologia 133 4,8 3,9 28,9 3,5 46,2 3,8 ND 25,4 1,76 1,19 13,0 0,19
5 Horticultura 273 14,4 14,6 44,7 3,5 84,6 28,4 ND 63,4 0,43 1,15 15,9 1,49
6 Forrag. Novo 884 17,6 34,5 194,2 13,2 185,6 29,0 21,8 386,8 0,22 1,01 ND ND
8 Meteorologia1 823 12,8 24,3 194,2 10,1 157,7 51,1 25,0 336,1 1,38 2,25 4,6 0,09
9 Meteorologia2 719 12,8 23,3 164,3 10,1 179,8 32,3 18,7 275,9 0,50 0,43 0,46 ND
11 EMBRAPA1 445 6,4 12,6 101,6 10,1 132,7 4,3 ND 145,9 2,25 1,63 27,5 0,25
12 EMBRAPA2 893 25,6 29,2 194,2 10,1 188,4 35,9 18,7 386,8 ND 1,22 3,2 0,02
14 EMBRAPA4 810 12,0 16,0 189,9 10,1 128,8 22,2 28,1 299,5 0,78 0,83 1,8 ND
15 EMBRAPA5 138 ND 8,3 28,9 3,5 50,0 11,5 ND 25,4 1,76 1,35 7,4 0,10
18 COELCE 67 ND 3,4 13,8 3,5 16,3 1,8 ND 9,5 1,51 2,73 14,9 ND
Tabela 5.5- Análises físico-químicas das águas coletadas em outubro
N° LOCAL Concentrações (mg/L)
STD Ca2+ Mg2+ Na+ K+ Cl- SO42- CO3
- HCO3- NH4
+ NO2- NO3
- Fe
1 PADETEC 301 14,4 19,9 64,0 5,1 122,1 3,1 ND 51,7 0,71 0,63 19,2 0,10
2 RU 171,3 1,6 7,78 47,2 5,1 60,6 22,2 ND 19,4 ND 0,87 6,46 0,16
3 NPD 118,8 ND 6,32 33,1 3,5 52,9 6,5 ND 9,7 1,38 0,83 4,60 0,11
4 C.Tecnologia 127,1 4,0 2,92 34,7 5,1 53,8 3,7 ND 19,4 0,98 1,98 ND 0,38
5 Horticultura 323,2 19,2 17,50 60,2 3,5 98,1 28,4 ND 64,6 0,43 0,87 29,90 0,60
6 Forrag. Novo 873,8 20,8 34,02 151,7 10,1 175,0 27,2 ND 432,9 0,36 0,87 ND 0,01
8 Meteorologia1 692,9 12,8 19,44 137,2 5,1 126,9 42,7 ND 336,0 0,57 0,59 11,61 ND
9 Meteorologia2 753,9 16,0 25,27 159,8 6,8 176,9 34,8 ND 329,5 1,05 0,63 3,22 ND
11 EMBRAPA1 537,8 8,0 14,58 125,5 6,8 142,3 8,1 ND 200,3 1,38 1,35 29,41 ND
12 EMBRAPA2 1057,3 32,0 35,96 203,7 10,1 128,8 50,9 ND 594,4 0,07 0,83 0,46 0,05
14 EMBRAPA4 1158,2 12,8 25,27 239,7 11,6 115,8 35,2 ND 672,0 0,36 0,98 4,60 ND
15 EMBRAPA5 202,3 4,8 10,69 56,4 3,5 73,1 11,4 19,1 12,9 0,29 0,94 9,26 0,03
16 EMBRAPA6 409,0 6,4 14,58 107,5 5,1 169,2 4,2 19,1 71,1 1,38 0,31 10,2 0,01
18 COELCE 79,0 ND 3,40 18,2 3,5 19,2 2,1 ND 12,9 1,82 0,54 17,3 ND
A Tabela 5.2 mostra que as concentrações da maioria dos íons nas amostras
coletadas em julho são pequenas em relação aos VMP. As concentrações mais elevadas
foram das amostras da Meteorologia 1 e Centro de Tecnologia; da Meteorologia 1,
apesar dos valores mais elevados que os dos outros poços, estão abaixo dos VMP, e no
Centro de Tecnologia, apenas a concentração de ferro está acima do limite, que é de 0,3
mg/L.
As concentrações da amostra do açude em julho foram, para nitrato, nitrito e
amônia, respectivamente, 50,00 mg/L, 51,86 mg/L e 3,45 mg/L. Todas acima dos
Valores Máximos Permitidos. Vale ressaltar que o intenso processo de eutrofização que
ocorre em açudes se deve, em parte, às elevadas concentrações dos íons nitrogenados.
Com relação ao açude Santo Anastácio, verifica-se uma alta concentração desses íons, o
que compromete totalmente a qualidade da sua água, pois estes íons são tóxicos,
principalmente a amônia.
A Tabela 5.3 mostra que as concentrações de grande parte dos íons estão dentro
dos VMP; novamente o açude Santo Anastácio apresenta altos índices de íons
nitrogenados e houve um pequeno aumento das concentrações comparado a julho. O
poço da EMBRAPA 1 teve a concentração de ferro acima do VMP; 0,57 mg/L. Alguns
poços também tiveram concentração um pouco elevada de bicarbonato.
A Tabela 5.4 mostra que houve novamente um aumento das concentrações
salinas, o que é facilmente identificado pelos valores de STD; quanto maior esse valor,
maior a quantidade de sais presente na água. Verifica-se maiores concentrações de
cloreto, sódio e potássio, porém estes valores ainda estão dentro dos VMP. A água do
poço da subestação da COELCE teve concentrações bem mais baixas; esta água é
bastante consumida por moradores próximos e algumas pessoas dentro do Campus do
Pici; os resultados mostram ser essa água, quanto aos aspectos físico-químicos,
apropriada para consumo humano, pois tem todos os parâmetros abaixo do limite.
A Tabela 5.5 novamente revela um pequeno aumento nas concentrações salinas,
se comparadas com as concentrações da Tabela 5.4, principalmente nos poços da
EMBRAPA. Verifica-se que estas águas são bicarbonatadas, ou seja, predomina nos
ânions concentração de bicarbonato. Pela primeira vez, foram coletadas águas com
concentrações de sódio acima dos VMP, é o caso dos poços da EMBRAPA 2 e
EMBRAPA 4, com concentrações 203,7 mg/L e 239,7 mg/l, respectivamente. Também
dois poços tiveram concentração de ferro acima do limite, são os poços do Centro de
Tecnologia e da Horticultura, com concentrações 0,38 mg/L e 0,60 mg/L,
respectivamente. Os demais íons têm concentrações abaixo dos VMP, ou não tem um
limite definido para eles.
5.2- Diagramas de Piper
Como se vê nos Diagramas de Piper, as águas dos poços do Campus do Pici são
predominantemente cloretadas sódicas, e quatro amostras da coleta de setembro são
bicarbonatadas.
Figura 5.1- Diagrama de Piper das amostras de julho
Figura 5.2- Diagrama de Piper das amostras de agosto
Figura 5.3- Diagrama de Piper das amostras de setembro
A Figura 5.5 mostra a distribuição espacial da condutividade elétrica nas
amostras coletadas em agosto de 2010; os valores mais elevados são de amostras
coletadas de poços que atingem o cristalino, condição que, em geral, produz águas mais
salinizadas. A maioria das águas são retiradas dos poços que explotam o aqüífero
Barreiras e são águas menos salinas.
A presença do açude Santo Anastácio pode justificar os valores mais elevados
nas águas do PADETEC por efeito da interação água superficial, água subterrânea.
A água do poço da COELCE por sua baixa condutividade elétrica, com média de
120 µS/cm é característica de água de chuva; provavelmente armazenada em uma lente
com litologia do tipo duna.
As águas do açude tiveram 695 e 812 µS/cm nas coletas de julho e agosto
provavelmente com interação com as do poço do PADETEC.
Figura 5.5 - Condutividade elétrica das amostras coletadas em agosto de 2010.
546250 546500 546750 547000 547250 547500 547750
9585000
9585300
9585600
9585900
9586200
9586500
8 9
6
7
5
4
3
2
1
17
10
1312
18
1615
1114
668
300
238
220
481
1064
222
1094
1085
372
7681306
4061052
216
117
CE (S/cm) na coleta de agosto de 2010
406
1306267
780
5.3 – Variação espacial e temporal das concentrações de cátions e de ânions
A evolução temporal das concentrações dos cátions Ca2+, Mg2+, Na+ e K+
durante as coletas dos meses de julho, agosto, setembro e outubro mostra as
concentrações de sódio nos poços P2, P3e P4, que são as águas menos salinas,
aumentaram significativamente no período. As concentrações dos outros cátions
apresentam leves variações com as do magnésio aumentando mais do que as dos outros
cátions, como mostra a Figura 5.6.
Figura 5.6 - Concentração dos cátions Ca2+, Mg2+, Na+ e K+ em amostras dos poços P2,
P3 e P4 nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro de 2010.
Jul Aug Sep Oct
0
10
20
30
40
50 Ca2
Ca3
Ca4
Mg2
Mg3
Mg4
Na2
Na3
Na4
K2
K3
K4
Co
ncn
etr
açoم
(m
g/L
)
Mês
Poço 2
Poço 3
Poço 4
Na Figura 5.7, a evolução das concentrações de cátions Ca2+, Mg2+, Na+ e K+,
nas amostras dos poços com águas mais salinas, mostra, como acontece com as águas
menos salinas, os valores mais elevados são de concentrações de sódio em P1 e P8.
Figura 5.7 - Concentração dos cátions Ca2+, Mg2+, Na+ e K+ em amostras dos poços P1
e P8 nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro de 2010.
Jul Aug Sep Oct
0
50
100
150
200
Ca1
Mg1
Na1
K1
Ca8
Mg8
Na8
K8
Co
ncn
etr
açoم
(m
g/L
)
Mês
Poço 8
Poço 1
A Figura 5.8 mostra a evolução das concentrações de Cl- e de HCO3- nas
amostras dos poços P2, P3 e P4; as concentrações de Cl- são cerca de três vezes as
concentrações de bicarbonatos. No P4, em outubro, a concentração de Cl- aumentou e
de HCO3- diminuiu e nos poços P2 e P3 pouco variaram.
Figura 5.8 - Concentração dos ânions Cl- e HCO3- em amostras dos poços P2, P3 e P4
nas coletas de julho, agosto, setembro e outubro de 2010.
Jul Ago Set Out
0
10
20
30
40
50
60
70
Cl2
Cl3
Cl4
HCO2
HCO3
HCO4
Co
ncn
etr
açoم
(m
g/L
)
Mês
Poço 2
Poço 3
Poço 4
Na Figura 5.9 vê-se a evolução da concentração de cloretos e bicarbonatos nas
águas dos poços P1 e P8, os poços com águas mais salinas, ela mostra um aumento da
concentração de HCO3- e diminuição de Cl- em outubro nos dois poços.
Figura 5.9 - Concentração dos ânions Cl- e HCO3- em amostras dos poços P1 e P8 nas
coletas de julho, agosto, setembro e outubro de 2010.
Jul Ago Set Out
0
100
200
300 Cl1
Cl8
HCO1
HCO8
Co
ncn
etr
açoم
(m
g/L
)
Mês
Poço 8
Poço 1
5.4 – Origem dos sais
O gráfico de concentração cloretos versus concentração sódio expresso em
meq/L (rCl- e rNa+) mostrado na figura 5.10 permite identificar se a origem destes íons é
a dissolução de NaCl, que produz rCl-= rNa+.
Observando o gráfico da figura, verifica-se que rNa+> rCl-; ou seja, parte do
sódio não está associado ao Cl- podendo ser proveniente da dissolução de plagioclásio.
Figura 5.10 - Concentração de cloretos versus sódio
.
0 1 2 3 4 5 6 7
0
1
2
3
4
5
6
julho
agosto
setembro
outubro
rCl-
rNa
rCl- = rNa
+
O gráfico da Figura 5.11 com a concentração de Mg2+ versus concentração de
Ca2+ mostra que rMg2+ ~ 2rCa2+; ou seja, a dissolução da dolomita não é um processo
responsável pela concentração destes íons, pois as concentrações se afastam da reta
rMg2+ = rCa2+. A presença dos íons de magnésio deve ser decorrente de processo de
intemperismo de anfibólios ferro-magnesianos.
Figura 5.11 - Concentração de cálcio versus magnésio.
0,0 0,5 1,0 1,5
0
1
2
3
julho
agosto
setembro
outubro
rMg
2+
rCa2+
rMg2+
= rCa2+
rMg2+
= 2 rCa2+
6 – CONCLUSÕES
Das análises físico-químicas e hidroquímicas de amostras de águas subterrâneas
coletadas 05 em julho, 13 em agosto, 13 em setembro e 14 em outubro e de amostras do
açude Santo Anastácio pode-se concluir que:
- De acordo com a Portaria No 518/2004 do Ministério da Saúde, sob o aspecto
da hidroquímica, a maioria das águas é potável, com exceção de:
(i) águas do Restaurante Universitário, do NPD e do Centro de Tecnologia que
nas três primeiras coletas apresentaram pH < 6,0, como também uma amostra de cada
um dos poços, Embrapa 3, Embrapa 5, Forragicultura Velho e COELCE, em duas
coletas.
(ii) águas do Centro de Tecnologia e da Horticultura com turbidez > 5,0 uT.
(iii) águas dos poços Embrapa 1, Horticultura e Centro de Tecnologia com
concentração de ferro > 0,3 mg/L.
- Dos dezoito poços amostrados nas quatro etapas de campo P2, P3 e P4 são os
com águas menos salinas, com valores médios de condutividade elétrica 301, 238 e 226
µS/cm, respectivamente; os poços P1 e P8 são os com águas mais salinas, com valores
médios de condutividade elétrica 639 e 1004 µS/cm, respectivamente.
- A distribuição espacial da condutividade elétrica mostra que os valores mais
altos são encontrados nos poços que retiram água do cristalino, alguns identificados
pelo perfil do poço.
- A evolução temporal das concentrações de cátions mostra que a concentração
de Na+ foi a que mais aumentou seguida da concentração de Mg2+, Ca2+ e K+; a dos
ânions mostra que a concentração de Cl- é a que mais aumentou.
- Quanto à origem dos sais verifica-se que:
(i) A maioria do sódio está associada ao cloreto, sendo proveniente de aerossóis
marinhos, decorrente principalmente da localização da área próxima à costa.
(ii) Parte do sódio deve ser proveniente de dissolução de plagioclásio.
(iii) Água de chuva foi encontrada no poço da COELCE com condutividade
elétrica média de 120 µS/cm indicando um tipo especial de armazenamento, como o que
acontece nas dunas.
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