UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação...

144
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL MESTRADO EM SANEAMENTO AMBIENTAL ROBERTO PIMENTEL HOLANDA SANEAMENTO E HABITAÇÃO NO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO: ESTUDO DE CASO DA AGENDA 21 DO CONJUNTO HABITACIONAL ROSALINA EM FORTALEZA CEARÁ FORTALEZA 2009

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL

MESTRADO EM SANEAMENTO AMBIENTAL

ROBERTO PIMENTEL HOLANDA

SANEAMENTO E HABITAÇÃO NO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO:

ESTUDO DE CASO DA AGENDA 21 DO CONJUNTO HABITACIONAL ROSALINA

EM FORTALEZA – CEARÁ

FORTALEZA

2009

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

2

ROBERTO PIMENTEL HOLANDA

SANEAMENTO E HABITAÇÃO NO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO:

ESTUDO DE CASO DA AGENDA 21 DO CONJUNTO HABITACIONAL ROSALINA

EM FORTALEZA-CE

Dissertação submetida à Coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil,

na área de concentração em Saneamento

Ambiental da Universidade Federal do Ceará,

como requisito parcial para obtenção do grau

de Mestre em Engenharia Civil.

Orientadora: Profª Drª Marisete Dantas de

Aquino

FORTALEZA

2009

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

3

ROBERTO PIMENTEL HOLANDA

SANEAMENTO E HABITAÇÃO NO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO:

ESTUDO DE CASO DA AGENDA 21 DO CONJUNTO HABITACIONAL ROSALINA

EM FORTALEZA-CE

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da

Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Civil, na área de concentração em Saneamento Ambiental.

Aprovada em: ___/___/___.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________

Profª Dra. Marisete Dantas de Aquino

Orientadora

____________________________________________________________________

Profª Dra. Maria Neyara de Oliveira Araújo

Examinador Interno

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Adeildo Cabral da Silva

Examinador Externo

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

4

Ao meu Avô José Gomes Pimentel (Em Memória),

DEDICO.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

5

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Roberto e Socorro. Obrigado por toda a educação, compreensão e

amor dedicados todos estes anos.

Às minhas irmãs, Samia e Suêrda pelo companheirismo, apoio e amizade

incondicional. Amo vocês.

À minha Tia Cacilda pelo amor e dedicação nas primeiras fases de minha educação e

distribuídos até hoje.

Aos dois grandes apoios, Alexandre Joca (Es Muss Sein) e tio Luis Palhano Loiola

(Em Memória). Obrigado pelo estímulo e incentivo.

Aos bons momentos de descontração proporcionados por Elana, Alesandra, Raquel,

Dediane, Helenice, Elzanir, Ângelo, Jorge, Rafael, Chico, Adriano Caetano, Mardônio e tio

Dinho. Sei que sempre contarei com todos. Mais que amigos... Irmãos.

À Profª Drª Marisete Dantas de Aquino pela orientação, compreensão, confiança,

paciência e conhecimento transmitido.

Aos colegas das turmas de mestrado de 2007.1, pelo companheirismo durante as

disciplinas realizadas.

Aos queridos amigos e colegas Socorro (Helpinha), Germana, Elisângela (Elis), Ada,

Neyliane, Henrique (Irmão), Roger, Vinícios, Paulo Igor, Francione e Cleto, pela amizade

solidificada durante o curso de mestrado.

Aos professores do Departamento de Hidráulica e Saneamento (DEHA) por toda a

base científica fornecida nos conhecimentos transmitidos.

Aos funcionários do DEHA, Erivelton, Xavier, Júnior e D. Bete. Obrigado pela ajuda.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado para auxílio financeiro.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

6

“Es Muss Sein”

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

7

RESUMO

A capital cearense ocupa os segundos piores lugares nas listas de acesso adequado à água,

com 88,5%, e ao esgoto, com 71,1%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios realizada em 2007. Estes dados reforçaram ainda mais a emergência para a

viabilidade da obra de construção do Conjunto Habitacional Rosalina, comunidade

caracterizada como área de risco em Fortaleza. Assim, em Abril de 2007, a Associação Civil

Alternativa Terrazul com apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza e da Associação de

Moradores da Comunidade da Rosalina iniciou o processo de construção e implementação da

Agenda 21 Local, simultaneamente ao início das obras. Este trabalho observa o

desenvolvimento desse processo, empregando uma metodologia que parte da coleta de dados

primários e secundários, respectivamente, de forma indireta e direta, culminando com uma

análise técnica crítica dos aspectos saneamento e habitação, dentro do universo de pesquisa

compreendido entre Abril de 2007 à Junho de 2009. O diagnóstico prévio, ou dados primários

da pesquisa, formou a base para o desenvolvimento de um questionário, aplicado de forma

direta a uma amostra da população da Comunidade da Rosalina. Da análise das respostas,

resultou os dados secundários, complementados com consultas aos órgãos responsáveis pela

obra, como também, entrevistas com líderes comunitários locais. Observou-se que o processo

de planejamento e diagnóstico participativo ou Agenda 21 não substitui planejamentos

convencionais político-governamentais, pois sua implementação une-se aos mesmos para se

fortalecer na execução de seus compromissos, tornando estes planos mais reais e vinculados à

população.

Palavras-chave: Saneamento; Habitação; Diagnóstico Participativo; Agenda 21.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

8

ABSTRACT

The capital from Ceara, be situated in the second worst place on the appropriated water access

lists with 88,5 %, and on the sewage system with 71,1%, according to National Research for

Sample Residences - 2007. These informations confirm the emergency to viability of

construction of the housing development Rosalina, district considerated as risck area in

Fortaleza. Like this, Associação Civil Alternativa Terrazul, with the support from City Hall

of Fortaleza and Associação de Moradores da Comunidade da Rosalina started the process of

construction and implementation of the local Agenda 21, simultaneously the beginning of the

construction. This paper observes the development of this process, using a methodology of

primary and secondary data collection, direct and indirectly, ending with the technical and

critical analysis of the environmental sanitation and habitation aspects, considering the

research universe between April 2007 and June 2009. The previous diagnosis, or the primary

data became the base for the development of a questionnaire, applied directly in a sample of

Rosalina community. The answers analysis gave rise the secondary data, supplemented with

consultation the people in charge of the building work, also local community leaderships.

Observed that the planning process and participatory diagnosis or Agenda 21 don’t replace the

conventional political and government plannings, because your implementation joins them to

strengthen in the execution of your obligations, becoming this plans more real and attached to

the population.

Key-Words: Environmental Sanitation; Habitation; Participatory Diagnosis, Agenda 21.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Aspectos Econômicos, Ecológicos e Sociais na Sustentabilidade .......................... 34

Figura 2 – A função do Fórum na definição de Cenário de Futuro .......................................... 46

Figura 3 – A Formação Cíclica dos Subprocessos na Agenda 21 ............................................ 52

Figura 4 – A Dinâmica do Processo da Gestão Social ............................................................. 53

Figura 5 – Comunidade Rosalina Pré-Intervenção no ano de 2006 ......................................... 57

Figura 6 – Mapa do Município de Fortaleza (acima) e Zonas Administrativas (abaixo) ......... 58

Figura 7 – Localização da Comunidade Rosalina destacando a área de Intervenção .............. 59

Figura 8 – Condições Habitacionais na Comunidade Rosalina ................................................ 65

Figura 9 – Casa da Agenda 21 Local da Comunidade Rosalina .............................................. 69

Figura 10 – Grupo Temático realizando a “Oficina do Futuro” ............................................... 70

Figura 11 – Modelo de Organização do Plano de Ação ........................................................... 71

Figura 12 – Cartaz de Divulgação da Conferência ................................................................... 74

Figura 13 – Mobilização para a Eleição do Fórum .................................................................. 74

Figura 14 – Participação do Teólogo, Filósofo e Ambientalista, Leonardo Boff .................... 75

Figura 15 – Dados e Premissas Considerados no Projeto ........................................................ 79

Figura 16 – Planilha de Quantitativos e Preços Unitários da Licitação Rosalina .................... 83

Figura 17 – Moradora da Comunidade Recebendo sua Casa ................................................... 91

Figura 18 – Recorte do Jornal o Povo ...................................................................................... 91

Figura 19 – Canteiro de Obras: apartamentos do Conjunto Habitacional Rosalina, 2008 ..... 103

Figura 20 – Canteiro de Obras: embriões do Conjunto Habitacional Rosalina, 2008............ 104

Figura 21 – ETE do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009 ................................. 107

Figura 22 – ETE do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009 ................................. 108

Figura 23 – Situação atual da Infra-estrutura Urbanística Básica em alguns trechos, 2009 .. 109

Figura 24 – Embriões condenados pela Defesa Civil, Agosto de 2009. ................................ 110

Figura 25 – Habitações no período pré-chuvoso, Dezembro de 2008 ................................... 111

Figura 26 – Habitações no período pós quadra invernosa, Agosto de 2009 .......................... 112

Figura 27 – Centro Comunitário do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009 ........ 113

Figura 28 – Vias de Acesso ao Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009 ................ 114

Figura 29 – Vista aérea panorâmica do Conjunto Habitacional Rosalina, 2008 .................... 115

Figura 30 – Panorama Atual da Obra do Conjunto Habitacional Rosalina, 2009 .................. 116

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 3 – Capítulos da Agenda 21 Global ............................................................................. 23

Quadro 4 – Linhas Estratégicas Estruturadoras da Agenda 21 Brasileira ................................ 27

Quadro 5 – Capítulos da Agenda 21 Brasileira ........................................................................ 28

Quadro 6 – Instrumentos contidos no Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001) ..................... 37

Quadro 7 – Resultados Esperados de Sustentabilidade no Plano local .................................... 41

Quadro 8 – Metodologias para Implementação de Agenda 21 ................................................ 49

Quadro 9 – Plano de Ação do Fórum da Agenda 21 da Comunidade Rosalina ....................... 72

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – População por Faixa Etária e Gênero ..................................................................... 62

Tabela 2 – Gênero e Renda do Chefe de Família ..................................................................... 63

Tabela 3 – Escolaridade do Chefe de Família .......................................................................... 63

Tabela 4 – Número de Membros da Família ............................................................................ 64

Tabela 5 – População por Faixa Etária e Grau de Escolaridade ............................................... 64

Tabela 6 – Doenças Mais Freqüentes ....................................................................................... 65

Tabela 7 – Tipos de Moradia .................................................................................................... 76

Tabela 8 – Número de Cômodos .............................................................................................. 76

Tabela 9 – Banheiro .................................................................................................................. 76

Tabela 10 – Destino do Lixo .................................................................................................... 77

Tabela 11 – Abastecimento de Água ........................................................................................ 77

Tabela 12 – Tratamento de Água ............................................................................................. 78

Tabela 13 – Rede e Distribuição............................................................................................... 80

Tabela 14 – Ligações Prediais .................................................................................................. 80

Tabela 15 – Etapas e Atividades da Obra ................................................................................. 82

Tabela 16 – Conhecimento da População ................................................................................ 92

Tabela 17 – Iniciativa ............................................................................................................... 92

Tabela 18 – Objetivo ................................................................................................................ 93

Tabela 19 – Fórum, Comissão ou Grupo de Trabalho ............................................................. 93

Tabela 20 – Responsáveis pela Coordenação do Processo de Constituição do Fórum ............ 94

Tabela 21 – Reuniões do Fórum Regularmente ....................................................................... 94

Tabela 22 – Funcionamento do Fórum ..................................................................................... 94

Tabela 23 – Interrupção do Processo da Agenda 21 ................................................................ 95

Tabela 24 – Prestação Pública de Contas das Atividades ........................................................ 95

Tabela 25 – Apresentação de Resultados da Agenda 21 .......................................................... 95

Tabela 26 – Iniciativa de Agenda 21 em Escola ...................................................................... 96

Tabela 27 – Agenda 21 na Geração de Emprego e Renda ....................................................... 96

Tabela 28 – Agenda 21 no Fortalecimento e/ou Criação de Organizações Sociais ................. 97

Tabela 29 – Processo da Agenda 21 com Apoio do Governo Municipal Atualmente ............. 97

Tabela 30 – Órgãos Municipais Responsáveis pela Obra Dispostos a Ouvir a População ...... 98

Tabela 31 – Prestação de Contas à Comunidade sobre Andamento da Obra ........................... 99

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

12

Tabela 32 – Poder de Opinião e Escolha da Moradia no Processo de Remanejamento........... 99

Tabela 33 – Satisfação com o Projeto da Nova Moradia ....................................................... 100

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

1.1 Justificativa ....................................................................................................................... 18

1.2 Objetivos ............................................................................................................................ 19

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 19

1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 20

2.1 A Agenda 21 Global .......................................................................................................... 21

2.2 A Agenda 21 Brasileira .................................................................................................... 26

2.2.1 Diretrizes Básicas e Ações Prioritárias ............................................................................ 27

2.2.2 Estratégias de Atividades ................................................................................................ 30

2.2.3 As Novas Diretrizes ......................................................................................................... 31

2.3 O Âmbito Local: Cidade, Desenvolvimento e Sustentabilidade ................................... 32

2.3.1 O Estatuto da Cidade ....................................................................................................... 36

2.3.2 Cidades Sustentáveis ....................................................................................................... 37

2.3.2.1 Decálogo da Cidade Sustentável .................................................................................. 39

2.3.2.2 Gestão Democrática na esfera Municipal: Sustentabilidade Local .............................. 40

2.3.2.3 Instrumentos de Participação Popular nas Políticas Públicas ....................................... 42

2.4 A Agenda 21 Local ........................................................................................................... 44

2.4.1 Processo de Construção ................................................................................................... 45

2.4.2 Resultados Locais ............................................................................................................ 46

2.4.3 Metodologias para Implementação .................................................................................. 48

2.4.4 Fonte de Recursos ............................................................................................................ 53

2.4.4.1 Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA .............................................................. 53

2.4.4.2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES ........................ 54

2.4.4.3 Caixa Econômica Federal – CEF: Programas destinados ao Setor Público ................. 54

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 56

3.1 Área de Intervenção ......................................................................................................... 57

3.1.1 Características Gerais e Localização ............................................................................... 57

3.1.2 Breve Histórico ................................................................................................................ 60

3.1.3 Indicadores Sócio-econômicos ........................................................................................ 62

3.1.3.1 Aspectos Demográficos ................................................................................................ 62

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

14

3.1.3.2 Educação ....................................................................................................................... 64

3.1.3.3 Saúde ............................................................................................................................ 65

3.1.4 Diagnóstico Participativo: Cenário da Pesquisa .............................................................. 66

3.2 Agenda 21 da Rosalina ..................................................................................................... 67

3.2.1 O Passo a Passo ............................................................................................................... 68

3.2.1.1 Primeiro Passo .............................................................................................................. 68

3.2.1.2 Segundo Passo .............................................................................................................. 69

3.2.1.3 Terceiro Passo .............................................................................................................. 70

3.2.1.4 Quarto e Quinto Passos ................................................................................................ 74

3.2.2 Diagnóstico 1: Habitacão ................................................................................................ 75

3.2.3 Diagnóstico 2: Saneamento Básico ................................................................................. 76

3.3 O Conjunto Habitacional da Rosalina ............................................................................ 78

3.3.1 O Projeto .......................................................................................................................... 79

3.3.2 Rede de Distribuição de Água ......................................................................................... 79

3.3.3 Justificativa da Localização ............................................................................................. 81

3.3.4 Cronograma de Atividades .............................................................................................. 81

3.3.5 Custos .............................................................................................................................. 83

3.4 Limitações Metodológicas ................................................................................................ 84

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 85

4.1 Análise dos Dados Primários ........................................................................................... 85

4.2 Análise dos Dados Secundários ....................................................................................... 90

4.3 Relatoria .......................................................................................................................... 100

5 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 120

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO .................................................................................... 129

ANEXO A – A CARTA DA TERRA ................................................................................. 133

ANEXO B – ESTATUDO DA CIDADE: CAPÍTULO I, ART. 2º ................................... 138

ANEXO C – ESTATUDO DA CIDADE: CAPÍTULO III, DO PLANO DIRETOR .... 140

ANEXO D – CAPÍTULO 28 DA AGENDA 21 GLOBAL ............................................... 142

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

15

1 INTRODUÇÃO

“Haverá paradeiro para o nosso desejo? (...) Uns preferem dinheiro, outros querem

um passeio perto do precipício. Haverá paraíso sem perder o juízo sem morrer (...)

Num momento propício, haverá paradeiro para isso? Haverá paradeiro

para o nosso desejo, dentro ou fora de nós? Haverá paraíso.”

Arnaldo Antunes

No ano de 1972, em Estocolmo, Suécia, foi realizada a primeira Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, com representantes de governo de diversos países,

sendo celebrados diversos acordos. Para Reis (2005) e Gadotti (2008), este foi o primeiro

marco da Organização das Nações Unidas (ONU), no trato das questões ambientais.

No total, participaram da Conferência, 113 países e 250 organizações não-

governamentais (ONGs) que conjuntamente com alguns organismos das Nações Unidas,

elaboraram a Declaração de Estocolmo, com seus 26 princípios básicos de atuação do homem

em relação à natureza. Em 1988, por influência de Estocolmo e dos relatórios realizados após

esta conferência, o Brasil inclui a proteção ambiental na Constituição através do artigo 225.

(BENTHIEN, 2007)

A Cúpula levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA) e a uma maior compreensão da necessidade de direcionar o modo como olhamos

para o meio ambiente. Dessa forma, pela primeira vez foram reunidos em um grande evento

internacional, países industrializados e em desenvolvimento e iniciou uma série de

Conferências da ONU que viriam a tratar de áreas específicas, como alimentação, moradia,

população e direitos humanos.

Em 1982, uma avaliação dos dez anos pós-Estocolmo aconteceu e, desse encontro,

emergiu um chamado para a formação de uma Comissão Mundial de Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMA), implementada em 1983. Em 1987, os resultados dessa Comissão

apareceram como o “Relatório Nosso Futuro Comum”, também conhecido como “Relatório

Brundtland”. Uma das suas principais recomendações, foi a realização de uma conferência

mundial que direcionasse os assuntos ali levantados. (ANA, 2002)

A maior significância atribuída ao documento, é que, ali, também, foi usada pela

primeira vez a definição de desenvolvimento sustentável, caracterizado como “aquele que

atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras

atenderem a suas próprias necessidades”. (CMMA, 1988)

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

16

Segundo Mendes (1998), nessa definição se contém, com outras palavras, o duplo

comprometimento com os seres humanos e com sua ambiência. O reconhecimento das

restrições a que os processos estão submetidos, e, portanto, das restrições impostas ao seu

sucesso.

Nessa lógica, a ONU, preocupada com a inércia dos países signatários da Conferência

de Estocolmo, promoveu um novo encontro no ano de 1992, no intuito de suprir a lacuna dos

vinte anos passados e traçar algumas estratégias para o Desenvolvimento Sustentável. Para o

Brasil foi uma oportunidade ímpar, partindo na frente, pois já contava com a nova Carta

Constitucional promulgada em 1988, primeira a destinar um capítulo para o meio ambiente,

trazendo à luz o Desenvolvimento Sustentável e a promoção da educação ambiental em todos

os níveis de ensino. (CAÚLA; OLIVEIRA, 2008)

Vinte anos depois de Estocolmo, em 1992, como resultado do Relatório Bruntland, a

Assembléia Geral das Nações Unidas convocou a segunda Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada a convite do Brasil, na

cidade do Rio de Janeiro, no período de 3 a 14 de junho. Esta Conferência, conhecida como

“ECO 92”, “Cúpula da Terra” ou “RIO 92”, foi um marco decisivo nas negociações

internacionais sobre as questões de meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Na preparação para a Cúpula, foi tomada a importante Resolução 44/228, ressaltando

que, segundo Reis (2005), “a proteção ambiental deve ser enfocada num contexto de íntima

relação entre pobreza e degradação”, reconhecendo também que “a maioria dos problemas da

poluição é causada pelos países desenvolvidos, e que estes terão a maior responsabilidade em

combatê-la”.

O evento contou com a participação de 179 países e inúmeras organizações não

governamentais (ONG) de todo o mundo, e o discurso do desenvolvimento sustentável foi

sendo legitimado, oficializado e difundido. A reunião tinha como principal objetivo, chegar a

um equilíbrio justo entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações atuais

e futuras estabelecendo as bases para uma associação mundial entre países desenvolvidos e

em desenvolvimento, baseadas na compreensão das necessidades e interesses comuns. Esta

premissa deveria dominar também os debates educativos nas próximas décadas.

Durante a Conferência, foram aprovados três grandes acordos com objetivos mais

abrangentes e de natureza mais política que deveriam regular os trabalhos futuros: a Agenda

21 (A21), um plano de ação mundial para promover o desenvolvimento sustentável; a

Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, um conjunto de princípios

nos quais se definiram os direitos civis e as obrigações dos Estados; e uma Declaração de

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

17

princípios relativos às florestas, uma série de indicações para um manejo mais sustentável das

florestas do mundo. Também foram assinadas duas convenções com força jurídica: a

Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Convenção sobre Biodiversidade. Paralelamente

ao evento, foram iniciadas negociações para uma Convenção contra a desertificação, que

ficou aberta a assinaturas até outubro de 1994, e entrou em vigor em dezembro de 1996.

(KRANZ, 2008)

Além da Conferência oficial patrocinada pela ONU, ocorreu simultaneamente, o

Fórum Global 92, promovido pelas entidades da Sociedade Civil. Participaram do Fórum

mais de 10 mil representantes de ONG das mais variadas áreas de atuação de todo o mundo.

Ele se constituiu num conjunto de eventos, englobando, entre outros, os encontros de

mulheres, crianças, jovens e índios. Neste Fórum foi aprovada uma “Declaração do Rio”,

também chamada de “Carta da Terra” (Anexo A), conclamando a todos os participantes para

que adotassem o seu espírito e os seus princípios, em nível individual e social. (GADOTTI,

2007)

Na mesma Conferência foi acordada a criação de uma nova instituição no sistema das

Nações Unidas, a fim de monitorar a implementação da A21. Foi criada, então, em 1993, a

Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), que promoveu um avançado sistema de

parcerias entre as ONG e a ONU, e estimulou, em vários países, a criação de comissões de

desenvolvimento sustentável e a definição de estratégias nacionais de desenvolvimento

sustentável. (ANA, 2002)

Diante do possível extermínio do planeta, conferências e acordos vão surgindo,

atitudes políticas são cada vez mais cobradas, e mesmo assim, no diálogo entre as Nações, o

principal assunto é “quem vai ficar com este abacaxi?”. Em um âmbito maior de consciência

surgem alternativas numa “cultura da paz” e uma “cultura da sustentabilidade”. Dessa

maneira, em nosso momento, uma busca por uma evolução interior seria a melhor proposta.

Partindo do intimo, dialogando com nosso particular, seria o melhor caminho para que a

humanidade chegue a um entendimento, a um consenso quanto a todas as questões globais.

(ANTUNES; GADOTTI, 2008)

Pela primeira vez na História da Humanidade, não por efeito de armas nucleares, mas

pelo descontrole da produção, podemos destruir toda a vida do planeta. É a essa possibilidade

que podemos chamar de era do exterminismo. Passamos do modo de produção para o modo

de destruição; teremos que viver daqui para a frente confrontados com o desafio permanente

de reconstruir o planeta. Temos talvez pouco mais de 50 anos para decidir se queremos ou não

destruir o planeta. (GADOTTI, 2005)

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

18

Neste âmbito, a Agenda 21 se tornou um poderoso instrumento para promover a

discussão sobre os novos paradigmas da sustentabilidade, tanto em nível internacional como

em nível nacional, com foco no desenvolvimento local. Municípios, regiões e comunidades,

começaram a se preocupar com a sustentabilidade do desenvolvimento local e iniciaram a

elaboração de sua Agenda 21, apoiados no diagnóstico participativo para levantamento das

prioridades do desenvolvimento da comunidade e a formulação do plano de ação.

O presente trabalho se propõe a relatar a experiência da Comunidade Rosalina, em

Fortaleza-CE, na criação da sua Agenda 21 Local como fruto de um diagnóstico participativo.

Administração municipal, empresas e atores da sociedade civil são chamados para participar

do planejamento com o diagnóstico da situação atual e das oportunidades para o

desenvolvimento local em diferentes aspectos, sobretudo no que se refere à habitação,

saneamento e melhorias na qualidade de vida da comunidade.

Quanto à estrutura, divide-se em cinco capítulos: introdução, com breve resumo

histórico dos caminhos percorridos até a formulação do conceito de desenvolvimento

sustentável; no segundo capítulo consta o referencial teórico acerca de conceitos relevante ao

surgimento e aplicação de Agenda 21, seu processo de construção e metodologias para

implementação; o terceiro, define e aplica a metodologia empregada na pesquisa; no quarto

capítulo, expõe-se e discute os resultados obtidos; conclusões e recomendações encerram o

trabalho, formulando o quinto e último capítulo.

1.1 Justificativa

Historicamente, a discussão do modelo de desenvolvimento sustentável começou na

década de 1970 e continua até hoje, com um cenário cada vez mais amplo e participativo,

implicando na necessidade de profundas mudanças nos atuais sistemas de produção,

organização da sociedade humana e de utilização de recursos naturais essenciais à vida no

planeta. Todas estas mudanças são catalisadas pelo processo de globalização que, sozinho, já

é um desafio ao desenvolvimento sustentável. (REIS, 2005)

A conscientização dos atores sociais no tocante ao seu papel de agentes

transformadores da realidade, bem como o seu fortalecimento na tomada de decisão e a gestão

ambiental constituem os principais pontos de mudança inerente ao conceito de

desenvolvimento, primando por um crescimento econômico racional e eficiente. (CHACON,

2005)

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

19

Seguindo neste contexto, este trabalho visa colaborar com um importante debate no

cenário social atual, a partir de uma visão global, chegando-se ao aspecto local dos problemas

que serão tratados de forma mais consistente. O principal intuito será levantar questões

fundamentais em relação ao meio ambiente, habitação e saneamento, abrindo espaço para

uma maior participação, entendimento e integração entre a população da Comunidade

Rosalina.

De forma mais abrangente, tomaremos desde a identificação dos desafios, até a

proposição de ações para resolução de conflitos, buscando a prática da sustentabilidade,

seguindo os passos que são propostos na formação de uma Agenda 21, pois, dispor de

informações atualizadas, abrangentes e confiáveis é essencial para a formulação e o

redirecionamento das ações ou programas que visem o incremento da qualidade de vida da

população, principalmente no âmbito local.

Assim, esperamos que os dados e observações provenientes da pesquisa, venham, mais

uma vez, subsidiar formuladores de políticas e tomadores de decisões, bem como a

comunidade acadêmica, nas questões do desenvolvimento social e urbano locais.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar os aspectos saneamento, habitação e diagnóstico participativo no processo de

implementação de Agenda 21 Local na construção do Conjunto Habitacional Rosalina, em

Fortaleza-CE.

1.2.2 Objetivos Específicos

Analisar o desenvolvimento do diagnóstico participativo na criação da Agenda 21 do

Conjunto Habitacional Rosalina, assim como, sua implementação;

Observar e relatar o processo de construção do conjunto habitacional, observando os

aspectos saneamento e habitação, conforme o projeto da Prefeitura Municipal de

Fortaleza;

Avaliar os resultados do projeto de construção do conjunto habitacional e da Agenda

21, in loco, dentro do universo compreendido entre Abril de 2007 à Abril de 2009.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

“O termo “Agenda” foi concebido no sentido de intenções, desígnio, desejo de

mudanças para um modelo de civilização em que predominasse

o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações.”

Agenda 21 Global

Entender a Agenda 21 Local (AL21) e suas propostas no campo de gestão

participativa e sustentável é relevante para a compreensão do seu processo de aplicação, no

entanto, torna-se necessário uma revisão histórica nos caminhos percorridos pelo homem, no

trato com o meio ambiente, destacando-se o surgimento da consciência ecológica1 e dos ideais

de desenvolvimento sustentável dentro de nossos dias “insustentáveis".

Partindo desse entendimento, “o homem deve utilizá-los, de modo a desfrutar dos

recursos que a Natureza oferece para a melhoria da sua qualidade de vida, mas sempre

buscando o equilíbrio dos mesmos, de forma a garantir a sua conservação, e

consequentemente, a sua permanente utilização”. (MOTA, 2006)

Segundo Reis (2005), um importante resultado desta discussão, é a conscientização

crescente sobre a significância que a interferência humana impõe aos sistemas naturais, sobre

os desequilíbrios ambientais resultantes e os impactos desses desequilíbrios nos referidos

sistemas humanos e naturais. Na lógica desse raciocínio, Mota (2006) reforça que “o

surgimento de problemas ambientais graves, com reflexos sobre o próprio homem, levo-o a

procurar compreender melhor os fenômenos naturais e a entender que deve agir como parte

integrante do sistema natural”.

Seguindo neste contexto, estes fundamentos visam colaborar com um debate de

extrema importância no atual cenário da humanidade, a partir de uma visão global, chegando-

se ao aspecto local dos problemas que serão tratados de forma mais consistente. O principal

intuito será levantar questões fundamentais em relação ao meio ambiente, abrindo espaço para

uma maior participação, entendimento e integração entre a população. De forma mais

abrangente, tomaremos desde a identificação dos desafios, até a proposição de ações para

resolução de conflitos, buscando a prática da sustentabilidade, seguindo os passos que são

propostos na formação de uma Agenda 21.

1 “Muito mais do que o simples conhecimento da interação entre os seres vivos e destes com o meio, a Ecologia

deve servir de fundamento para todas as ações do homem nos ecossistemas”. (MOTA, 2006)

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

21

2. A Agenda 21 Global

A humanidade se encontra em um momento de definição histórica. Defrontamos-nos

com a perpetuação das disparidades existentes entre as nações e no interior delas, o

agravamento da pobreza, da fome, das doenças e do analfabetismo, e com a

deterioração contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem-estar. Não

obstante, caso se integrem as preocupações relativas a meio ambiente e

desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer às

necessidades básicas, elevar o nível da vida de todos, obter ecossistemas melhor

protegidos e gerenciados e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas

que nação alguma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos -- em uma

associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável. (AGENDA 21,

Preâmbulo, 1996)

Esta proposta, rumo ao desafio de reduzir o impacto dos seres humanos sobre o

planeta não é simples. Para muitas pessoas, alcançar o desenvolvimento sustentável significa

assegurar acesso a mais recursos, não a menos. Em geral as soluções estão em corrigir estas

desigualdades, e atingir uma redução global do consumo e do desperdício. (KRANZ, 2006)

A biodiversidade e as águas são elementos estratégicos que se bem utilizados, podem

ser úteis no estabelecimento do Brasil entre as nações que já atingiram o desenvolvimento.

Utilizando formas de exploração dos recursos naturais permitindo a preservação para gerações

futuras, surgem neste contexto, os conceitos de Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento

Sustentável, bastante divulgado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como RIO 92. (LIMA; CASCON, 2008)

Dentro de nosso cenário atual, partindo para uma visão do futuro, vemos que,

Surge um novo paradigma de meio ambiente e desenvolvimento em resposta ao

desafio da sustentabilidade, apoiado por valores e instituições novos e mais

eqüitativos. Prevalece uma situação mais visionária, em que as mudanças radicais na

forma em que as pessoas interagem umas com as outras e com o mundo em torno

delas estimulam e apóiam medidas de políticas sustentáveis e um comportamento

responsável por parte das empresas. Há uma colaboração muito mais ampla entre os

governos, os cidadãos e outros grupos de interesse na tomada de decisões sobre

questões de preocupação comum. Chega-se a um consenso sobre o que precisa ser

feito para satisfazer as necessidades básicas e alcançar metas pessoais sem

empobrecer outros ou estragar as perspectivas para a posteridade. (PNUMA, 2004).

Realidade ou utopia? Gritos mais fortes serão necessários ecoar para se chegar ao

alcance esperado, ao horizonte almejado. O sucesso que se deseja depende de todos os

segmentos da sociedade se mobilizando em busca das mudanças propostas. Neste âmbito, a

Agenda 21 torna-se forte aliada, onde cada um de nós somos "atores relevantes" e "parceiros

do desenvolvimento sustentável", como veremos em tópicos seguintes, pois, no seu programa,

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

22

Consolidou a idéia de que o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente

devem constituir um binômio indissolúvel, que promova a ruptura do antigo padrão

de crescimento econômico, tornando compatíveis duas grandes aspirações desse

final de século: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os países que

permanecem em patamares insatisfatórios de renda e de riqueza, e o direito ao

usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras gerações. (MMA, 2000).

A A21 é um plano de ação a ser adotado num sentido global, nacional e local, por

organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as

áreas em que a ação antrópica impacta o meio ambiente. Segundo o PNUMA (2004), suas

recomendações estão divididas em quatro áreas principais:

a) questões sociais e econômicas como a cooperação internacional para acelerar o

desenvolvimento sustentável, combater a pobreza, mudar os padrões de consumo,

as dinâmicas demográficas e a sustentabilidade, e proteger e promover a saúde

humana;

b) conservação e manejo dos recursos visando o desenvolvimento, como a proteção

da atmosfera, o combate ao desmatamento, o combate à desertificação e à seca, a

promoção da agricultura sustentável e do desenvolvimento rural, a conservação da

diversidade biológica, a proteção dos recursos de água doce e dos oceanos e o

manejo racional de produtos químicos tóxicos e de resíduos perigosos;

c) fortalecimento do papel de grandes grupos, incluindo mulheres, crianças e jovens,

povos indígenas e suas comunidades, ONGs, iniciativas de autoridades locais em

apoio à Agenda 21, trabalhadores e seus sindicatos, comércio e indústria, a

comunidade científica e tecnológica e agricultores;

d) meios de implementação do programa, incluindo mecanismos e recursos

financeiros, transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis, promoção da

educação, conscientização pública e capacitação, arranjos de instituições

internacionais, mecanismos e instrumentos legais internacionais e informações

para o processo de tomada de decisões.

Constitui-se em uma abrangente tentativa de orientação para um novo padrão de

desenvolvimento com compromissos agendados para este século, mas, com ações imediatas

preparatórias, com base na sustentabilidade ambiental, social e econômica, contemplados em

todos os seus campos de ações e distribuídos em 40 capítulos (Quadro 1). Formulada através

da contribuição em consenso de governos e instituições da sociedade civil de 179 paises,

levou dois anos para ser concluída, culminando com a realização da RIO 92.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

23

Quadro 1 – Capítulos da Agenda 21 Global

CAPÍTULO TEMAS

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

Preâmbulo

SEÇÃO I: DIMENSÕES SOCIAIS E ECONÔMICAS

Cooperação Internacional para Acelerar o Desenvolvimento Sustentável dos Países em

Desenvolvimento e Políticas Internas Correlatadas

Combate à Pobreza

Mudança dos Padrões de Consumo

Dinâmica Demográfica e Sustentabilidade

Proteção e Promoção das Condições da Saúde Humana

Promoção do Desenvolvimento Sustentável dos Assentamentos Humanos

Integração entre Meio Ambiente e Desenvolvimento na Tomada de Decisões

SEÇÃO II: CONSERVAÇÃO E GESTÃO DOS RECURSOS PARA O

DESENVOLVIMENTO

Proteção da Atmosfera

Abordagem Integrada do Planejamento e do Gerenciamento dos Recursos Terrestres

Combate ao Desflorestamento

Manejo de Ecossistemas Frágeis: A Luta Contra a Desertificação e a Seca

Gerenciamento de Ecossistemas Frágeis: Desenvolvimento Sustentável das Montanhas

Promoção do Desenvolvimento Rural e Agrícola Sustentável

Conservação da Diversidade Biológica

Manejo Ambientalmente Saudável da Biotecnologia

Proteção de Oceanos, de Todos os Tipos de Mares, Inclusive Mares Fechados e

Semifechados, e das Zonas Costeiras, e Proteção, Uso Racional e Desenvolvimento de seus

Recursos Vivos

Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios

Integrados no Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos

Manejo Ecologicamente Saudável das Substâncias Químicas Tóxicas, Incluída a Prevenção

do Tráfico Internacional dos Produtos Tóxicos e Perigosos

Manejo Ambientalmente Saudável dos Resíduos Perigosos, Incluindo a Prevenção do

Tráfico Internacional Ilícito de Resíduos Perigosos

Manejo Ambientalmente Saudável dos Resíduos Sólidos e Questões Relacionadas com os

Esgotos

Manejo Seguro e Ambientalmente Saudável dos Resíduos Radioativos

SEÇÃO III: FORTALECIMENTO DO PAPEL DOS GRUPOS PRINCIPAIS

Preâmbulo

Ação Mundial pela Mulher, com Vistas a um Desenvolvimento Sustentável Eqüitativo

A Infância e a Juventude no Desenvolvimento Sustentável

Reconhecimento e Fortalecimento do Papel das Populações Indígenas e suas Comunidades

Fortalecimento do Papel das Organizações Não-Governamentais: Parceiros para um

Desenvolvimento Sustentável

Iniciativas das Autoridades Locais em Apoio à Agenda 21

Fortalecimento do Papel dos Trabalhadores e de seus Sindicatos

Fortalecimento do Papel do Comércio e da Indústria

Comunidade Científica e Tecnológica

Fortalecimento do Papel dos Agricultores

SEÇÃO IV: MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Recursos e Mecanismos de Financiamento

Transferência de Tecnologia Ambientalmente Saudável, Cooperação e Fortalecimento

Institucional

A Ciência para o Desenvolvimento Sustentável

Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento

Mecanismos Nacionais e Cooperação Internacional para Fortalecimento Institucional nos

Países em Desenvolvimento

Arranjos Institucionais Internacionais

Instrumentos e Mecanismos Jurídicos Internacionais

Informação para a Tomada de Decisões

Fonte: (AGENDA 21, 1996)

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

24

O Desenvolvimento Sustentável por muito tempo tem sido considerado o ponto de

partida para uma política ambiental com a Agenda 21 abrindo caminho para essa evolução.

Eqüidade social e econômica, bem como a desenvolvimento global eficiente, são

considerados os requisitos para este desenvolvimento sustentável. Somente quando esta

harmonia é alcançada, tem-se uma perspectiva de solução para os problemas ambientais.

(LANGEWEG, 1998)

Além desta conquista, resultaram desse processo outros acordos: a Declaração do Rio,

a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, a Convenção sobre a Diversidade

Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. Em termos das iniciativas, deixa-se

explícito o papel de compromisso e responsabilidade que os Governos têm de facilitar seu

processo de implementação em todas as escalas, sendo este, alicerce para que lideranças

locais, juntamente com todos os segmentos da sociedade, se mobilizem em busca das

mudanças propostas.

A Agenda 21, seu programa de implementação e os compromissos para com a carta de

princípios do Rio foram fortemente reafirmados durante a Conferência de Joanesburgo, em

2002, e esta completando 18 anos. Segundo Holanda (2007), “muitas vezes temos a sensação

de que a idéia e propostas expostas, não tiveram êxito. Isso leva a pensar em termos de

construção de novos padrões, obrigando a entender o tempo como parte de um processo

histórico”. Mas até quando devemos esperar por mudanças? Por que não assumimos um papel

ativo no processo, já que somos parte dele? Temos que entender que,

Essa concepção processual e gradativa da validação do conceito implica assumir que

os princípios e as premissas que devem orientar a implementação da Agenda 21 não

constituem um rol completo e acabado: torná-la realidade é antes de tudo um

processo social no qual todos os envolvidos vão pactuando paulatinamente novos

consensos e montando uma Agenda possível rumo ao futuro que se deseja

sustentável. (MMA, 2007)

Pois,

Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento

participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município,

região, setor e planeja o futuro de forma sustentável. E esse processo deve envolver

toda a sociedade na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e

compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazos. A análise do

cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizados

dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social,

ambiental e político-institucional da localidade. Em outras palavras, o esforço de

planejar o futuro, com base nos princípios da Agenda 21, gera inserção social e

oportunidades para que as sociedades e os governos possam definir prioridades nas

políticas públicas. (MMA, 2007)

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

25

Como podemos ver, Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento

sustentável, formulado anos antes de sua formação, pela Comissão Brundtland. Dessa forma,

é importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o desenvolvimento, e que a Agenda 21 é

uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável, onde, evidentemente, o meio ambiente é uma

consideração de primeira ordem.

Na atualidade, Gadotti (2007) destaca o potencial destrutivo gerado pelo

desenvolvimento capitalista que o colocou numa posição negativa frente à natureza. O

capitalismo aumentou mais a capacidade de destruição da humanidade do que o seu bem-estar

e prosperidade. As realizações concretas do socialismo seguiram na mesma esteira destrutiva

colocando em risco não apenas a vida do ser humano mas de todas as formas de vida

existentes sobre a Terra.

Estamos inseridos no mundo da era da informação e virtualização da realidade, num

cenário de globalização provocada pelo avanço da revolução tecnológica, caracterizada pela

internacionalização da produção e expansão dos fluxos financeiros; regionalização

caracterizada pela formação de blocos econômicos; fragmentação que divide, centro e

periferia, os que morrem de fome e os que morrem pelo consumo excessivo de alimentos,

rivalidades e confrontos políticos, étnicos e terrorismo. (GADOTTI, 2007)

O enfoque desse processo de planejamento apresentado com o nome de Agenda 21 se

insere neste contexto, não se restringindo somente às questões ligadas à preservação e

conservação da natureza, mas sim a uma proposta ainda maior que rompe com outros

desenvolvimentos dominantes, principalmente o econômico, dando lugar à sustentabilidade

ampliada, unindo assim, Agenda Ambiental e Agenda Social, num todo. Em seus propósitos,

as barreiras dos fatores sociais e ambientais são quebradas, rumo ao enfrentamento dos

problemas da pobreza que assola o mundo, juntamente com a degradação ambiental crescente.

Para isso, consideram-se inúmeras questões, dentre elas, programas de geração de emprego e

renda; mudanças de padrões de consumo, com a implementação de medidas e instrumentos

sustentáveis de desenvolvimento; adoção de novos modelos de gestão para a construção de

cidades sustentáveis, promovidas com a Agenda 21 local. (MMA, 2007)

Nessa magnitude, Born (2003), destaca a Agenda 21 como o verdadeiro instrumento

de transformação para sociedades sustentáveis, que em qualquer esfera, constitui-se em

processo e instrumento de transformação do conteúdo e das formas de elaborar e gerir

políticas de desenvolvimento, dado ao seu caráter participativo de sensibilização a população

e suas lideranças quanto aos desafios da construção de sociedades plurais, justas e

ambientalmente sadias.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

26

2.2 A Agenda 21 Brasileira

A convocação para as Agendas depende da mobilização de todos os segmentos da

sociedade, sendo a democracia participativa a via política para a mudança esperada.

(...) Mais do que um documento, a Agenda 21 Brasileira é um processo de

planejamento participativo que diagnostica e analisa a situação do País, das Regiões,

dos Estados e dos municípios, para em seguida, planejar seu futuro de forma

sustentável. (MMA, 2000)

A Agenda 21 Brasileira é construída a partir das diretrizes da Agenda 21 Global,

sendo o resultado de inúmeras consultas diretas à população brasileira, com o intuito de ser a

formuladora do processo e instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento

sustentável, visando a sustentabilidade/conservação ambiental e a justiça social/crescimento

econômico, em busca de uma verdadeira democracia participativa. Mas,

Incorporar nas políticas públicas nacionais, assim como nas ações dos diferentes

seguimentos sociais, os princípios da sustentabilidade não é tarefa fácil, que mostre

seus resultados em curto espaço de tempo. Ao contrário, é um desafio, um processo,

que exige mudanças culturais, de hábitos arraigados há muito em nossa sociedade.

Sociedade, que deverá superar a visão do desenvolvimento a partir apenas de

espaços a serem ocupados e de recursos a serem apropriados, e entendê-la como

possibilidade de construção coletiva, geradora de qualidade de vida. (VIANA, 2003)

As áreas que receberam mais atenção na fase de debates públicos foram as de gestão

de recursos naturais e de agricultura sustentável, sendo um sinal de que os desafios de ideais

sustentáveis ainda são vistos, geralmente, como aqueles associados a conservação dos espaços

naturais. Mesmo assim, na etapa de debates regionais, a Comissão de Políticas de

Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS), buscou organizar as

propostas com base nas diversas dimensões (Quadro 2), explicitando estratégias e eixos de

ações estruturantes do desenvolvimento nacional. (BORN, 2003)

Sua elaboração teve início em 1996, e foi concluída em 2002, coordenada pela CPDS

e teve o envolvimento de cerca de 40.000 pessoas em todo o Brasil. A partir de 2003, entrou

na fase de implementação, sendo elevada à condição de Programa do Plano Plurianual, PPA

2004-2007, pelo atual governo. Dessa forma, adquiriu mais força política e institucional,

sendo instrumento fundamental para a construção do Brasil Sustentável, dentro das diretrizes

da política ambiental do Governo, conferindo-lhe maior importância como política pública.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

27

Quadro 2 – Linhas Estratégicas Estruturadoras da Agenda 21 Brasileira

DIMENSÕES (A) (B) (C) (D)

GEO-AMBIENTAL SOCIAL ECONÔMICA POLÍTICO-

INSTITUCIONAL

DA INFORMAÇÃO E

DO CONHECIMENTO

Uso sustentável,

conservação e

proteção dos recursos

naturais.

Medidas de redução

das desigualdades e

de combate à

pobreza.

Transformação

produtiva e

mudança dos

padrões de

consumo.

Integração entre

desenvolvimento e

meio ambiente na

tomada de decisões.

Desenvolvimento

tecnológico e

cooperação, difusão e

transparência de

tecnologia.

Ordenamento

territorial.

Proteção e promoção

das condições de

saúde humana e

seguridade social.

Inserção

econômica

competitiva.

Descentralização

para o

desenvolvimento

sustentável.

Geração, absorção,

adaptação e inovação

do conhecimento.

Manejo adequado dos

resíduos, dos

efluentes, das

substâncias tóxicas e

radioativas.

Promoção da

educação e da

cultura, para a

sustentabilidade.

Geração de

emprego e renda,

reforma agrária e

urbana.

Democratização das

decisões e

fortalecimento do

papel dos parceiros

do desenvolvimento

sustentável.

Informação para a

tomada de decisões.

Manejo sustentável da

biotecnologia.

Proteção e promoção

dos grupos

estratégicos de

sociedade.

Dinâmica

demográfica e

sustentabilidade.

Cooperação,

coordenação e

fortalecimento da

ação institucional.

Promoção da

capacitação e

conscientização para a

sustentabilidade.

Instrumentos de

regulação.

Fonte: (BORN, 2003)

2.2.1 Diretrizes Básicas e Ações Prioritárias

O Programa Agenda 21 brasileiro é composto de três diretrizes básicas que, em

consonância com a Global, reconhece a importância do nível local na concretização de

políticas públicas sustentáveis, dispondo-as da seguinte forma:

Implementar a Agenda 21 Brasileira. Passada a etapa da elaboração, a Agenda 21

Brasileira tem agora o desafio de fazer com que todas as suas diretrizes e ações

prioritárias sejam conhecidas, entendidas e transmitidas, entre outros, por meio da

atuação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21

Brasileira - CPDS; implementação do Sistema da Agenda 21; mecanismos de

implementação e monitoramento; integração das políticas públicas; promoção da

inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos das Agendas 21 Locais.

Orientar para a elaboração e implementação das Agendas 21 Locais. A Agenda

21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir processos de

mobilização, troca de informações, geração de consensos em torno dos problemas e

soluções locais e estabelecimento de prioridades para a gestão de desde um estado,

município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até um bairro, uma escola. O

processo deve ser articulado com outros projetos, programas e atividades do governo

e sociedade, sendo consolidado, dentre outros, a partir do envolvimento dos agentes

regionais e locais; análise, identificação e promoção de instrumentos financeiros;

difusão e intercâmbio de experiências; definição de indicadores de desempenho.

Implementar a formação continuada em Agenda 21. Promover a educação para a

sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio de informações e

experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático. Esta

ação é fundamental para que os processos de Agendas 21 Locais ganhem um salto

de qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a sua

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

28

formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das atividades,

necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de metodologias

apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em questão está.

(MMA, 2007)

Dentro da promoção da educação para a sustentabilidade, uma parceria do Ministério

do Meio Ambiente (MMA) e o Ministério da Educação (MEC), lançou, em 2004, uma

cartilha “Construindo Agenda 21 na Escola” (MEC, 2004)2, de linguagem objetiva e

simplificada, que em seu anexo, distribui a plataforma dos 21 objetivos prioritários da Agenda

Brasileira de forma direta e concisa (Quadro 3). Estes objetivos formam a divisão dos

capítulos desse documento.

Quadro 3 – Capítulos da Agenda 21 Brasileira

OBJETIVO AÇÕES

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

A economia da poupança na sociedade do conhecimento

Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício;

Ecoeficiência e responsabilidade social das empresas;

Retomada do planejamento estratégico, infra-estrutura e integração regional;

Energia renovável e a biomassa;

Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável.

Inclusão social para uma sociedade solidária

Educação permanente para o trabalho e a vida;

Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS;

Inclusão social e distribuição de renda;

Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a saúde.

Estratégia para a sustentabilidade urbana e rural

Gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana;

Desenvolvimento sustentável do Brasil rural;

Promoção da agricultura sustentável;

Promover a Agenda 21 Local e o desenvolvimento integrado e sustentável;

Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável.

Recursos naturais estratégicos: água, biodiversidade e florestas

Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas;

Política florestal, controle do desmatamento e corredores de biodiversidade.

Governança e ética para a promoção da sustentabilidade

Descentralização e o pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder local;

Modernização do Estado: gestão ambiental e instrumentos econômicos;

Relações internacionais e governança global para o desenvolvimento sustentável;

Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação;

Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade.

Fonte: (MEC, 2004)

2 Ver http://www.seduc.to.gov.br/hotsites/comvida/documentos/comvida.pdf

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

29

O esforço na divulgação educativa é válido, porém, países como o Brasil, enfrentam

um problema basilar que é o quadro precário da educação pública, apesar dos investimentos

na área nos últimos anos. Lembremos que, um ano após a Conferência de Tbilisi3, em 1977, o

Ministério da Educação (MEC) publicou um documento para a educação ambiental no ensino

de 1º e 2º graus, avesso às propostas da Conferência, limitando a educação ambiental às

ciências biológicas, descartando os aspectos sociais, culturais, econômicos, éticos e políticos.

(CAÚLA; OLIVEIRA, 2008)

A Agenda 21 Brasileira, apesar de várias lacunas e elaboração tardia, representa um

grande avanço no processo de planejamento do desenvolvimento, analisando o mesmo, e

procurando compatibilizar equilíbrio econômico, ambiental e justiça social. Além disso, pela

primeira vez na história, ter realizado um processo de consulta à sociedade sobre os rumos do

desenvolvimento. Porém, é importante ressaltar que essa Agenda, só se constituirá realmente

em instrumento de política pública se assumida pela sociedade juntamente com o atual

governo. (BATISTA, 2003).

Quanto à legislação de educação ambiental, embora esteja em conformidade com os

princípios ambientais, esbarra em dois problemas: o excesso de formalismo e o

desconhecimento da Agenda 21 por parte dos próprios professores. Como agravante dessa

situação, temos a estrutura física decadente das escolas e salas, baixo salário do corpo

docente, a merenda escolar, a informatização das escolas, dentre outros. Precisamos de

investimento direto com resultados de longo e médio prazo, possibilitando avançar sobre as

dificuldades na educação ambiental. (CAÚLA; OLIVEIRA, 2008)

Mesmo que o processo não seja isento de equívocos, segundo Born (2003), a Agenda

21 brasileira deve ser entendida como “uma possível agenda de transformação. Isso significa

ir além das ações exemplares, dos projetos e ações fragmentados, para poder gerar

progressivamente a “cultura” e as políticas nacionais integradas da sustentabilidade”. Pois,

“como decorrência, seja do processo, seja das visões e idiossincrasias presentes na sociedade

brasileira, a Agenda 21 nacional revela a tensão da busca das sustentabilidades social,

ambiental e ecológica com as políticas e práticas da eficiência econômica”, refletida na

“tendência de se valer crescentemente de instrumentos de regulação econômica em detrimento

aos de regulação estatal (comando-controle) e das demandas sociais de curtíssimo prazo,

própria de um quadro de grave exclusão social”.

3 A Conferência de Tbilisi, ocorrida em 1977, resultou em uma declaração de princípios e 41 recomendações

para que os países implantassem suas estratégias e objetivos para a educação ambiental em todos os níveis.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

30

2.2.2 Estratégias de Atividades

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), no âmbito do Programa Agenda 21,

as principais atividades realizadas em 2003 e 2004 refletem a abrangência e a capilaridade

que a Agenda 21 está conquistando no Brasil. Desenvolvidas de forma descentralizada,

buscam o fortalecimento da sociedade e do poder local, reforçando que a Agenda 21 só se

realiza quando há participação das pessoas, avançando, dessa forma, na construção de uma

democracia participativa no Brasil. São destacadas as seguintes atividades:

Ampliação da CPDS: Criada no âmbito da Câmara de Políticas dos Recursos

Naturais, do Conselho de Governo, a nova constituição da CPDS se deu por meio de

Decreto Presidencial de 03 de fevereiro de 2004. Os novos membros que incluem 15

ministérios, a ANAMMA e a ABEMA e 17 da sociedade civil tomaram posse no dia

1º. de junho de 2004. A primeira reunião da nova composição aconteceu no dia 1º de

julho, e a segunda em 15 de setembro de 2004.

Realização do primeiro Encontro Nacional das Agendas 21 Locais, nos dias 07 e

08 de novembro de 2003, em Belo Horizonte, com a participação de cerca de 2.000

pessoas de todas as regiões brasileiras. O II Encontro das Agendas 21 Locais será

realizado em janeiro de 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre-

RS.

Programa de Formação em Agenda 21, voltado para a formação de cerca de

10.000 professores das escolas públicas do País que, através de cinco programas de

TV, discutiram a importância de se implementar a Agenda 21 nos municípios, nas

comunidades e na escola. Esse programa, veiculado pela TVE em outubro de 2003,

envolveu, além dos professores, autoridades governamentais e não governamentais,

e participantes dos Fóruns Locais da Agenda 21, da sociedade civil e de governos.

Participação na consolidação da Frente Parlamentar Mista para o

Desenvolvimento Sustentável e Apoio às Agendas 21 Locais. Esta frente,

composta de 107 Deputados Federais e 26 Senadores, tem como principal objetivo

articular o Poder Legislativo brasileiro, nos níveis federal, estadual e municipal, para

permitir uma maior fluência na discussão dos temas ambientais, disseminação de

informações relacionadas a eles e mecanismos de comunicação com a sociedade

civil.

Elaboração e monitoramento, em conjunto com o FNMA, do Edital 02/2003 -

Construção de Agendas 21 Locais, que incluiu a participação ativa no processo de

capacitação de gestores municipais e de ONGs, em todos os estados brasileiros, para

a confecção de projetos para o edital. Ao todo foram cerca de 920 pessoas

capacitadas em 25 eventos. No final do processo, em dezembro de 2003, foram

aprovados, com financiamento, 64 projetos de todas as regiões brasileiras.

Publicação da Série Cadernos de Debate Agenda 21 e Sustentabilidade com o

objetivo de contribuir para a discussão sobre os caminhos do desenvolvimento

sustentável no País. São seis os Cadernos publicados até o presente: Agenda 21 e a

Sustentabilidade das Cidades; Agenda 21: Um Novo Modelo de Civilização; Uma

Nova Agenda para a Amazônia; Mata Atlântica o Futuro é Agora; Agenda 21 e o

Setor Mineral; Agenda 21, o Semi-Árido e a Luta contra a Desertificação.

Publicação de mil exemplares da segunda edição da Agenda 21 Brasileira:

Ações Prioritárias e Resultado da Consulta Nacional, contendo apresentação da

Ministra Marina Silva e a nova composição da CPDS. (MMA, 2007)

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

31

Consta no site do MMA4, que várias parcerias e convênios foram efetivados com o

Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério das Cidades, Ministério da Cultura,

Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome, Ministério da Integração Nacional, Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento e Ministério de Minas e Energia; Fórum Brasileiro das ONGs para o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento; CONFEA/CREA, Caixa Econômica Federal, Banco do

Brasil, Banco do Nordeste e prefeituras brasileiras.

Desenvolver capacidades de mobilização, transformar conflitos de interesse em

cooperação, integrar governo e sociedade civil, seriam os primeiros passos na marcha à este

desenvolvimento, pois, “a Agenda 21, que tem provado ser um guia eficiente para processos

de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, é hoje um

dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil”. (MMA, 2007)

2.2.3 As Novas Diretrizes

A Coordenação da Agenda 21 Brasileira passou a integrar a Secretaria de Políticas

para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, com intuito de melhor

articular a transversalidade das políticas ambientais, bem como, internalizar a Agenda 21

Brasileira nas políticas públicas, ressaltando a articulação das suas 21 ações, com os

programas prioritários do Governo Federal.

Prioriza a construção das Agendas 21 Locais, já que de 1997 a 2002, a diretriz central

foi formular a Agenda 21 Nacional. Isso vem fortalecer a comunidade local, pois, a partir

deste espaço social, é possível pensar em planejamento estratégico, adotar processos de

construção do desenvolvimento local sustentável, avançando nas resoluções dos graves

problemas sócio-ambientais que afetam nossa sociedade. (BATISTA, 2003)

O autor ainda ressalta que para garantir o êxito do programa, é fundamental o

fortalecimento do processo de participação da sociedade civil, por um lado e de entidades

governamentais, por outro, efetuando-se uma formação continuada para membros do governo

e sociedade civil.

4 Disponível em: <http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=908>

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

32

2.3 O Âmbito Local: Cidade, Desenvolvimento e Sustentabilidade

A partir do debate gerado em torno do “conceito” de Desenvolvimento Sustentável,

conforme expresso no Relatório Brundtland, iremos procurar entender o processo de sua

contínua transmutação/ampliação, apontando para a formulação de “novas sustentabilidades”.

Se de um lado, determinadas forças sociais tentam aprisionar a idéia de sustentabilidade

dentro de uma ótica mais conservadora, observamos que, em contraposição, forças críticas ao

atual processo de desenvolvimento incorporam e ampliam o ideário da sustentabilidade. Neste

contexto, assistimos a emergência dos conceitos “Sociedades Sustentáveis” e

“Sustentabilidade Ampliada”, terminologias estas que apontam para concepções

potencialmente mais progressistas e críticas. (NOVAIS, 2007)

Segundo Magalhães (1998), Há décadas, em todo o mundo, as cidades parecem

experimentar uma variedade de tendências insustentáveis que comprometem o equilíbrio entre

população e o consumo de recursos, com conseqüências desastrosas na qualidade de vida e do

ambiente nas cidades. A existência de ligações cruciais entre urbanização, transformações

econômicas e condições sócio-ambientais fazem com que, diferentes tipos de problemas

ambientais sejam criados nas cidades, distribuindo-se de modo desigual dentro e em torno

delas, pois,

O crescimento demográfico e a expansão urbana são acompanhados freqüentemente

por um descaso pelas questões urbanísticas e ambientais, com conseqüências

profundas nas cidades, pois nem sempre os municípios dão prioridade nas suas

administrações a ações urbanísticas. Isso é especialmente grave em países em

desenvolvimento, aonde a ausência de serviços básicos, deficiências graves em

infra-estrutura e carências habitacionais, tem empurrado grande parte da população

para ocupações ilegais, muitas vezes instaladas em sítios naturais como encostas,

mangues, margens de rios e alagados. (MAGALHÃES, 2008)

Na análise de Novais (2007), Temos assistido a um acúmulo de reflexões teóricas e de

intervenções concretas as quais têm apostado na esfera local como o “locus” privilegiado para

a realização desta sustentabilidade ampliada. Ao mesmo tempo, conforme veremos, a

dimensão local, é também valorizada como espaço de intervenção por forças não inovadoras

que se pautam no discurso do desenvolvimento sustentável. Percebemos aí o processo de

construção das matrizes discursivas dos projetos voltados à “Sustentabilidade Local”. De fato,

tal processo mostra-se, ao longo da história da ocupação humana sobre o planeta, inerente à

relação entre sociedade e natureza - provedora esta das bases materiais da vida.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

33

Segundo Castro (2007), a intrínseca necessidade de viver em comunidade fez com que

os primeiros grupamentos humanos surgissem, constituindo o marco inicial da existência dos

densamente populosos núcleos urbanos contemporâneos, sendo as famílias, enquanto

necessidade da natureza humana, a origem pré-histórica das cidades. Isso é constatado por

Wonsovicz (2001), ressaltando que “o homem é um ser que necessita viver com outros. Por

sua natureza vive com os semelhantes e sente prazer nisso. Uma das grandes punições que

pode ser colocada para um homem é a de isolá-lo dos demais durante longo período”.

Demarcar o conceito de cidade não é uma tarefa fácil. Diante disso, temos que, vários

autores em épocas diversas tentaram formular uma concepção do termo, e as cidades, por sua

complexidade, admitem algumas concepções diferentes, mas sua configuração não se resume

a apenas um aglomerado habitacional constituindo um espaço urbano. Essa concepção

demográfica, amplamente difundida, considera o aspecto quantitativo de um aglomerado

urbano, estabelecendo um determinado número de habitantes, que varia de acordo com o país

e a época. Pode-se tomar também a questão da circulação de riquezas, dentro da concepção

econômica, que se farta no simples efeito de que é no espaço urbano que as atividades,

mercados, produtos e pessoas interagem. (SILVA, 2000)

Segundo o autor, para um núcleo habitacional receber o título de urbano, seria

necessário preencher os seguintes requisitos: densidade demográfica específica; profissões

urbanas como comércio e manufaturas, com suficiente diversificação; economia urbana

permanente, com relações especiais com o meio rural; existência de camada urbana com

produção, consumo e direitos próprios.

O problema urbano assume atualmente grande importância para os governos e para a

sociedade em geral em muitos países, devido ao crescimento expressivo do número de

pessoas vivendo nas cidades e à conseqüente degradação da qualidade de vida das mesmas.

Como conseqüência de todo este quadro faz-se necessária a criação de métodos para a

orientação e monitoramento das alterações ambientais, de tal forma que os órgãos de

planejamento possam tomar medidas no sentido de amenizar problemas decorrentes das

atividades humanas. (SOUZA; RAMOS; SILVA; MENDES, 2008)

Para Novais (2007), “a idéia de sustentabilidade, dentro desta ótica ampliada, passa a

estar referenciada a outros conceitos, entre os quais os de democracia, participação, equidade,

eficiência, cidadania, autonomia, descentralização, e pertencimento”. Pois, “a formulação

destas “novas sustentabilidades” introduz no debate elementos vitais para o enfrentamento dos

dilemas sócio-ambientais no contexto da modernidade, frente à globalização da economia e da

mundialização da cultura”.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

34

Ao se implantar uma Agenda 21, é preciso dar especial atenção ao estabelecimento de

um diálogo, visando a um consenso sobre o desenvolvimento posterior do processo,

incluindo-se, aí, todos os grupos afetados pela questão, e levando-se igualmente em

consideração os aspectos econômicos, ecológicos e sociais de todos os envolvidos. A

sustentabilidade se formará na base de discussão da união desses três aspectos em questão

(Figura 1).

Fonte: (HÜNEKE, 2007)

Figura 1 – Aspectos Econômicos, Ecológicos e Sociais na formação da Sustentabilidade

Eis os requisitos e as chances especiais rumo à Agenda 21 local: desenvolver a

sustentabilidade através do diálogo e visar ao consenso, considerando-se, de maneira

sistêmica, as realidades econômicas, ecológicas e sociais. Não adianta nada elaborar um bom

texto sobre a sustentabilidade de um Município, que normalmente acabará sendo esquecido

em alguma gaveta. Uma Agenda 21 local só poderá desenvolver sua eficácia, se todos os

grupos relevantes (responsáveis pelas ações ou pacientes das ações) se identificarem com as

metas da Agenda local. Para tanto, faz-se necessário iniciar um amplo processo. (HÜNEKE,

2007)

Estes Processos na implementação de estratégias para promover os conceitos de

desenvolvimento sustentável e qualidade de vida urbana em seus diversos níveis de

abrangência deve, no entanto, partir da investigação e análise crítica de indicadores da

condição atual de desenvolvimento das cidades, lembrando que os mesmos devem refletir o

contexto específico no qual se inserem. (SOUZA; RAMOS; SILVA; MENDES, 2008)

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

35

Agora se pergunta com que metodologias isso pode ser alcançado. Hüneke (2007),

afirma que há uma diversidade de abordagens e procedimentos quase infinita, não existindo

nenhuma metodologia que possa ser reconhecida como a única e verdadeira. As condições

relativas aos indivíduos e à situação local também são multifacetadas: tamanho e estrutura do

município, apoio através da Prefeitura, cultura de contato entre os diversos atores sociais,

estrutura social, aspectos culturais, trabalhos preliminares e grau de conscientização acerca de

meio ambiente e de desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável constitui, portanto, um

verdadeiro desafio para uma civilização que é cada vez mais urbana e massificada, pois,

O relatório do Fundo das Nações Unidas para a população5 revela que em 1975 a

espécie humana havia produzido 5 megalópoles (cidades com mais de 10 milhões de

habitantes); em 2000 elas já são 19 e as previsões convergem para 23 megalópoles

até o ano de 2015, fenômeno que se destaca no hemisfério sul do planeta. Esse

mesmo relatório demonstra que a metade dos seres humanos vive somente com 2

dólares por dia; que o crescimento urbano na África, o qual ainda é o mais elevado

do mundo, beira os 4% ao ano; que as zonas urbanas abrigam praticamente a metade

da população do planeta e representam também cerca de 80% das emissões de

carbono, 75% do consumo de madeira e 60% da utilização das reservas de água

doce, notadamente pela agricultura. (DROBENKO, 2008)

Em termos de Brasil, o modelo de planejamento racional-tecnocrático-autoritário,

adotado durante o período ditatorial, não só não resolveu os graves problemas urbanos que

existiam na época, como também permitiu o agravamento daquilo que deve ser preservado e

promovido como essencial à qualidade de vida do cidadão em todos os seus aspectos como:

saúde, educação, habitação, transporte coletivo e lazer. Ainda hoje, a idéia de progresso

justifica graves formas de degradação ambiental provocada pela exploração dos recursos

naturais não renováveis, pois referencia somente uma noção quantitativa do crescimento, sem

priorizar uma real melhoria na qualidade de vida da população. Neste âmbito, surge uma nova

concepção em contraposição a essa idéia, que propõe soluções que sirvam à democracia e à

descentralização do poder, significando autonomia, autogestão e fortalecimento do local e

regional em vez da centralização estatal. (ROSA; VELLOSO; SCHENINI, 2008)

Segundo Sachs (1986), a questão central seria encontrar modalidades de crescimento

que tornem compatíveis o progresso social e o gerenciamento sadio dos recursos e do meio,

onde o desenvolvimento considere a autonomia de decisões e a pesquisa de modelos

endógenos, próprios a cada contexto histórico, cultural e ecológico, bem como a prudência

ecológica, ou seja, a busca de um desenvolvimento em harmonia com a natureza.

5 L’état de la population mondiale 2001. Relatório do FNUAP, disponível no site < www.unfpa.org/swp/2001 >

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

36

2.1.1 O Estatuto da Cidade

Atualmente, o poder municipal assume um papel inédito, em diversos aspectos,

sobretudo na ampliação de seu âmbito de atuação na estrutura federativa nacional. A

promulgação da Constituição de 1988 alçou o Município a uma posição de destaque dentro do

federalismo brasileiro. Consagra, definitivamente, a autonomia municipal que vem contida,

basicamente, nos artigos 29 e 30.

Para atender a exigência constitucional e regulamentar o capítulo da Política Urbana

da Constituição Federal, foi finalmente editada a Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001,

denominada Estatuto da Cidade. Estabelece que os Municípios deverão implementar uma

política urbana voltada ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da

propriedade urbana, prevendo, em seu artigo 2º (ANEXO B), os objetivos da política urbana

municipal. Dentre eles encontra-se: a “gestão democrática por meio da participação da

população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, na

formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de

desenvolvimento urbano” e, audiências do Poder Público Municipal com a população

interessada. (ALMEIDA; DUARTE, 2008)

O Estatuto da Cidade originou-se de um projeto de lei (n.º 5.788/90) apresentado pelo

ex-Senador Pompeu de Souza. No mesmo período tramitaram vários outros projetos com o

mesmo intuito de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição de 1988, porém, aquela

proposta, tornou-se referência por ter sido aprovado no Senado Federal em 1990. Por onze

anos, o Estatuto da Cidade tramitou na Câmara dos Deputados, tendo recebido inúmeras

emendas e sofrendo várias alterações que originassem o texto final aprovado recentemente. O

documento é o suporte jurídico que faltava aos Municípios que se propõem a enfrentar os

problemas das cidades, dispondo de vários instrumentos (Quadro 4), consolidando as

competências dos Municípios outorgadas pela Constituição Federal, além de ampliá-las.

(SAULE JÚNIOR, 1999)

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

37

Quadro 4 – Instrumentos contidos no Estatuto da Cidade

Fonte: (PRIETO, 2006)

O Estatuto da Cidade tem 58 (cinqüenta e oito) artigos, divididos em cinco capítulos:

Diretrizes Gerais, Instrumentos da Política Urbana, Plano Diretor, Gestão Democrática da

Cidade e Disposições Gerais. Cumpre-nos a tarefa da reler os dispositivos à luz das questões

relativas ao meio ambiente, apresentando as diretrizes e instrumentos da política urbana que

também buscam assegurar a proteção do meio ambiente.

O Plano Diretor (ANEXO C) é obrigatório para cidades com mais de 20.000

habitantes, situadas em regiões metropolitanas, integrantes de aglomerações urbanas,

integrantes de áreas de especial interesse turístico, integrantes de áreas de influência de

empreendimentos com significativo impacto ambiental.

2.3.2 Cidades Sustentáveis

Mas o que é uma cidade sustentável? Segundo o Arquiteto Francisco Angel Cipolla

(2002) “é a cidade que permite à comunidade alcançar o menor índice de diferenças

econômicas e sociais e que garante que as gerações futuras possam desfrutar dos recursos

naturais gerados por ela”, pois, quando não se pensa a cidade hoje, amanhã ela enfrentará

graves problemas.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

38

Neste raciocínio, Philipp Júnior (2002) completa que “nenhuma cidade será ideal em

qualidade de vida se não houver planejamento e respeito ao meio ambiente”. Sendo assim, o

princípio da sustentabilidade surge como alicerce principal de uma nova organização social

que começa a ser enunciada como necessária para a sobrevivência humana.

Os governos devem elaborar a legislação ambiental com o intuito de integrar aspectos

ambientais e de desenvolvimento, estabelecendo um quadro institucional adequado à gestão

das zonas ambientalmente críticas, preservando ecossistemas, educando os cidadãos em

matérias ambientais e reforçando as atividades de supervisão e controle ambientais. (ROSA;

VELLOSO; SCHENINI, 2008)

A qualidade de vida se tornou um dos principais objetivos das cidades modernas. O

Poder Público assume novo papel na implantação e manutenção de novas políticas públicas,

que refletem diretamente os anseios da sociedade para uma melhoria de vida citadina.

Acontece que nem sempre as políticas públicas alcançam satisfatoriamente seus propósitos,

ao revés, observa-se que as transformações sociais e o crescimento dos centros urbanos

descortinam a crise das cidades. (ALMEIDA; DUARTE, 2008)

“A cidade não é apenas o desenho urbano, conforme os Engenheiros e Arquitetos

aprendem”, declara Ramos (2007), reforçando que é fundamental observar os aspectos

socioeconômicos como educação, saúde, cultura, lazer, segurança, abastecimento, transportes;

as questões físico-territoriais, como uso e ocupação do solo, meio ambiente; as questões

jurídico-administrativas, como as leis e o orçamento. É preciso ouvir as pessoas, pois a

sociedade, como um todo é a responsável pela construção de uma cidade sustentável.

As cidades assumem assim um aspecto saudável, buscando, segundo Costa (2003),

“por intermédio de políticas públicas o desenvolvimento contínuo da melhoria nas condições

de saúde social e bem estar de seus habitantes”, pois, entende-se que,

A sustentabilidade almejada pelas cidades contemporâneas necessita de políticas

urbano-ambientais eficientes e aptas a realizarem mudanças nas cidades.

Indissociável, pois, as questões urbanas das ambientais, já que ambas visam à sadia

qualidade de vida. Há, pois, o reconhecimento dos problemas urbanos como sendo

problemas também de cunho ambiental. (ALMEIDA; DUARTE, 2008)

A única cidade considerada sustentável no Brasil é Curitiba, pois desde os anos 70

tomou medidas que melhoraram a qualidade de vida na cidade. Exemplo disso temos a

criação de praças, melhoria do transporte como a via única para os ônibus, calçadões e a

arborização, que deixou a cidade com mais contato com a natureza.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

39

Atualmente há alguns projetos que foram e estão sendo desenvolvidos, como o da

China (Dongtan) e o da capital do Golfo Pérsico, Abu Dhabi (Masdar) e esses servem como

modelo para outros países adotarem essa medida. Outro importante elemento que integra a

idéia de cidade sustentável é a sua gestão democrática, que se expressa na gestão orçamentária

participativa e na criação de órgãos colegiados de políticas urbanas em todos os três níveis

federativos.

2.3.2.1 Decálogo da Cidade Sustentável

I. Aplicação da Eco Arquitetura: busca a eficiência energética dos edifícios, a correta

especificação dos materiais, a proteção da paisagem natural, o reaproveitamento do patrimônio

histórico e a integração com as condições climáticas locais;

II. Promoção da Saúde e Saneamento: visa garantir a qualidade da água para prevenção de

doenças, tratamento adequado do lixo, evitando a contaminação do solo e das águas e

estabelecendo o tratamento de esgoto com a utilização prioritária de lagoas de oxidação;

III. Uso dos Transportes Coletivos e Não-Poluentes: substituição do transporte individual à base

de combustível fóssil, priorizando o transporte ferroviário, a navegação e as ciclovias;

IV. Proteger e Conservar os Mananciais e as Águas: preservar os cursos de água, proteger a mata

ciliar e garantir o uso múltiplo das possíveis represas;

V. Utilizar Fontes Renováveis e Alternativas de Energia: aproveitar a energia solar, a captação

eólica, a biomassa e a energia hidrelétrica de forma sustentável;

VI. Ampla Conservação de Energia: redução dos desperdícios nas atividades econômicas e nas

residências, reutilização e reciclagem de rejeitos e aumento da eficiência energética;

VII. Desenvolver a Agricultura Ecológica: Agregando ainda o incentivo à piscicultura e o

desenvolvimento do ecoturismo;

VIII. Aplicar a Sustentabilidade a os Produtos e seus Rejeitos: Considerar o ciclo de vida dos

produtos, desde as fontes de matéria-prima, produção, distribuição, utilização e rejeitos, bem

como impacto ambiental que o acompanha – resíduos, contaminação dos solos, água e ar,

consumo de energia, barulho e habitat natural, além da reciclagem e descarte final do produto;

IV. Promover Educação Ambiental: Integrando o conteúdo às diversas disciplinas, incentivando a

criação da Agenda 21 Escolar e do Fórum Ambiental Escolar;

X. Respeito à Biodiversidade: Conservar e recuperar o habitat natural de fauna e flora, combater o

desmatamento e repovoar os rios com espécies nativas, além da aplicação sustentável da

biotecnologia.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

40

Neste artigo publicado pelo CREA/RJ (2002) na Revista do CONFEA, está claro que

as cidades sustentáveis são a reunião de todas as idéias necessárias para implementação de

projetos ecologicamente corretos. Segundo Cabral (2008), desencorajar ações que ameacem

ou causem danos em curto, médio e longo prazo, e encorajar ações que favoreçam, em base

sustentável, a renda, o bem-estar, o ambiente saudável e o uso adequado dos recursos

ambientais, são os primeiros passos na busca de gestão urbana sustentável.

2.3.2.2 Gestão Democrática na esfera Municipal: Sustentabilidade Local

“A sociedade brasileira vive novo contexto”, afirma Brito (2007), ressaltando que

desde a década de 80 do século passado, “esta novidade é caracterizada fundamentalmente

pela espetacular participação da sociedade civil na esfera pública, especialmente dos

movimentos sociais, com destaque para aqueles de caráter popular”. Neste sentido, “as noções

de direitos e de cidadania ampliam seu espaço no interior da crítica sociológica e da Ciência

Política, legitimando a luta política pelo resgate da dívida social que a nação brasileira tem

para com amplas parcelas de sua população”. Enfim,

o processo de gestão democrática na cidade somente será possível através da

articulação entre Poder Público e cidadãos, através de mecanismos que devem ser

implantados gradativamente e de forma organizada. É preciso possibilitar que a

tomada de decisões seja feita por todos, com iguais oportunidades, o que ocasionará

a racionalização de recursos e a redescoberta da cidadania em cada um, levando a

um maior comprometimento com o social. Só assim ter-se-á uma gestão democrática

participativa, de todos e para todos, construindo uma cidade mais humana e mais

digna de se viver. (ALMEIDA; DUARTE, 2008)

O autor também ressalta que para tratar da gestão democrática o Estatuto da Cidade

reservou todo o seu capítulo IV, afirmando no artigo 43 que a garantia da participação da

população na gestão municipal se dará mediante debates, audiências, consultas públicas,

iniciativa popular de projetos de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento

urbano, bem como pela constituição de órgãos colegiados de política urbana e conferências

sobre assuntos de interesse urbano, estas a serem desenvolvidas nos três entes federativos.

Dessa forma, em consonância com o princípio da participação popular, o art. 43 reforça os

instrumentos garantidores que deverão ser utilizados para a efetivação da gestão democrática

municipal. Um plano com bases sólidas (Quadro 5), ocasionaria bons resultados em índices

de sustentabilidade.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

41

Quadro 5 – Resultados Esperados de Sustentabilidade no Plano local

DESAFIOS/ DIMENSÃO RESULTADOS ESPERADOS

Desafio Maior Processo de planejamento e gestão do desenvolvimento local, incorporando

elementos de sustentabilidade.

Fortalecimento organizacional da sociedade civil:

pessoas organizadas e grupos, associações ou redes atuando coletivamente,

representando interesses coletivos, inclusive dos excluídos, com aplicação da

auto-estima, solidariedade, cooperação e equidade de oportunidades.

Grupos e organizações da sociedade participantes e influenciando políticas

públicas.

Governança Local

Fortalecida

Políticas governamentais:

governo local respeitando e considerando a participação da comunidade na

elaboração, avaliação e acompanhamento das políticas públicas.

Planejamento e execução das políticas públicas de forma integrada.

Esfera Pública – relação governo – Sociedade:

instância de “concertação” local capacitada e atuante na gestão do

desenvolvimento sustentável

Atores do Mercado

Incorporando Elementos

de Sustentabilidade

Produção:

núcleos produtivos, organizados, fortalecidos e usando racionalmente os

recursos naturais.

Consumo:

preferência ampliada dos consumidores locais por produtos “limpos” e

produzidos localmente.

Inserção econômica:

estratégias de geração de trabalho para excluídos consolidada/apoiada.

Racionalidade Ambiental

e Produção do

Conhecimento para a

Sustentabilidade

Os recursos naturais sejam utilizados de maneira sustentável garantindo o

equilíbrio ambiental e qualidade de vida das populações.

Os impactos físicos e socioambientais sejam reduzidos.

Valorização da natureza, do conhecimento e da cultura local.

O conhecimento tecnológico beneficie e potencialize as experiências das

populações locais voltadas para o uso racional dos recursos naturais.

As universidades e instituições de pesquisa desenvolvam tecnologias “limpas”

para atender as demandas da produção e consumos locais.

Ética e Valores Sociais

para a Sustentabilidade

Questões de solidariedade, equidade de gênero, de geração, de etnia e

consciência ambiental presentes nas comunidades locais.

Fonte: (IADH, 2004)

Para Meirelles (2006), outro grande suporte o art. 44 da Lei 10.257 de 2001, onde,

“estabelece, também, que no âmbito municipal a gestão orçamentária participativa prevista no

art. 4°, inc. II, do mesmo diploma legal incluirá a realização de debates, audiências e

consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e

do orçamento anual como condição obrigatória de sua aprovação pela Câmara Municipal”.

Neste âmbito,

a meta da sustentabilidade pressupõe uma dimensão de tempo que vai muito além da

medida habitual dos projetos políticos. Aliás, a idéia de tomar decisões no interesse

de gerações futuras é estranha para muitos funcionários públicos e políticos que se

ocupam dos problemas imediatos da administração de uma cidade. Mas o projeto da

sustentabilidade, e o da Agenda 21 Local, em particular, requerem não apenas um

novo entendimento dos problemas, como também deve valorizar um planejamento

de visão abrangente. (BEGIN, 2002)

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

42

O autor mostra que o tempo é um aliado do processo, requerendo também que as

administrações locais se comprometam em longo prazo, a basear suas políticas nos princípios

da sustentabilidade. Grazia (2002) complementa que, “o processo de gestão democrática é

entendido como maneira de planejar, produzir, operar e governar cidades submetidas ao

controle e participação social”. Porém, ele só será possível mediante a articulação entre Poder

Público e cidadãos, cumprindo com os mecanismos do Estatuto da cidade em busca de

cidades mais sustentáveis, tendo como centro a qualidade de vida da pessoa humana.

2.3.2.3 Instrumentos de Participação Popular nas Políticas Públicas

Conforme afirmação de Brito (2007), de que “a democracia participativa não é uma

negação da democracia representativa, mas uma busca de aperfeiçoamento e criação de

referências para as práticas e elaborações da democracia que possam pautar as questões

centrais da atualidade”. Estas questões seriam: as desigualdades sociais e regionais, os

fundamentalismos, a ética, a cultura, a política, as relações internacionais.

Partindo dessa visão, o autor propõe a seguinte seqüência de instrumentos para a

criação de uma nova esfera democrática:

Conselhos da Gestão de Políticas Públicas6: os diversos conselhos municipais e

estaduais não devem ser apenas uma expressão articuladora de segmentos sociais

específicos, buscando realização de políticas públicas que dêem respostas as suas

demandas, mas um espaço plural de todos os setores responsáveis pela promoção e

defesa dos direitos sociais, como as próprias entidades representativas, as ONG´s, as

igrejas, os sindicatos, as associações civis e empresariais, os governos, os parlamentos.

Conferências de políticas públicas específicas: São processos de articulações e

debates em torno de políticas específicas, como: mulheres, cidades, crianças e

adolescentes, meio ambiente, saúde, assistência social etc. Em geral têm um

regulamento que define os critérios de participação desde a base ou o município, que

se tiram delegados para a Conferência Estadual, nesta que define os delegados para a

Conferência Nacional. Neste processo, há amplos debates, dependendo do

regulamento e da política, bem como dos segmentos responsáveis nos estados e

municípios, a participação é mais ou menos ampliada. Em qualquer situação, os

conteúdos em pauta partem da realidade específica enfrentada em cada Conferência.

6 Ver: CONSELHOS: Participação Popular ou Privatização do Espaço Público? (SILVEIRA, 2007, p.47).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

43

Algumas vezes esta é uma oportunidade para o aprofundamento de dados reais,

estatísticos sobre as questões enfrentadas. Tais dados podem se transformar em

bandeiras de lutas dos movimentos sociais, contando com a legitimidade adquirida em

um espaço oficial, que é a conferência.

Os Orçamentos participativos7: Estas iniciativas consistem, fundamentalmente, em

um processo participativo, marcado pela mobilização popular, que envolve amplas

parcelas da população durante quase todo o ano. Apesar de constatar-se diferenças

entre as experiências nos diversos municípios, destaca-se como os processos ocorrem.

Iniciam-se com as plenárias populares nos bairros e comunidades, onde são levantadas

as principais demandas ou necessidades das comunidades locais, apontando-se

prioridades, que devem ser respondidas com investimentos e recursos públicos. Daí, o

poder público propõe a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que volta a ser

discutida com as comunidades. Muitas vezes o prefeito e parte do seu secretariado vão

discutir com as plenárias populares. Estas plenárias elegem delegados (representantes)

para as Conferências Regionais (divisão geográfica, política e administrativa proposta

por governos locais, às vezes regulamentadas através do Plano Diretor ou Lei

Orgânica do Município), que por sua vez elegem os delegados para a Conferência

Municipal do Orçamento Participativo.

Fóruns e/ou redes: São iniciativas mais autônomas da própria sociedade civil; nascem

mais como um espaço de afirmação de identidades, articulação e intercâmbio de

experiências e reflexões sobre problemáticas específicas dos públicos atingidos pelo

trabalho dos movimentos sociais e de ONGS. Portanto, não nascem para tratar de

questões específicas das políticas públicas, embora em geral venham a pautar tais

questões.

Brito (2007), termina afirmando algo característico de nossa realidade. “A participação

cidadã, configura-se como uma das principais referências para a afirmação da democracia

participativa, mas continua pautando muito timidamente a questão das desigualdades, entre os

vetores destacados”.

7 “Experiências foram iniciadas em outras regiões do País, a partir de 1988, com algumas vitórias de partidos

políticos vinculados às lutas populares, em alguns municípios, como Porto Alegre e Belo Horizonte, onde se

ganhou maior visibilidade, e, em outros pequenos municípios do interior. Da primeira geração de experiências de

Orçamento Participativo, no Nordeste, se tornam conhecidas as experiências de Icapuí e Quixadá, no Estado do

Ceará; mas no ano 2000, já se percebiam pouco mais de duas dezenas de municípios no Nordeste, governados

por vários partidos políticos, assumindo tal experiência”. (BRITO, 2007)

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

44

2.4 A Agenda 21 Local

A Agenda 21 Local é um instrumento de planejamento de políticas públicas que

envolve tanto a sociedade civil e o governo em um processo amplo e participativo de

consulta sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos locais e o debate

sobre soluções para esses problemas através da identificação e implementação de

ações concretas que visem o desenvolvimento sustentável local. (MMA, 2000)

O capítulo 28 da Agenda 21 Global (Anexo D) recomenda que "cada autoridade em

cada país implemente uma Agenda 21 local tendo como base de ação a construção,

operacionalização e manutenção da infra-estrutura econômica, social e ambiental local,

estabelecendo políticas ambientais locais e prestando assistência na implementação de

políticas ambientais nacionais". Ainda segundo a Agenda 21, como muitos dos problemas e

soluções apresentados neste documento têm suas raízes nas atividades locais, a participação e

cooperação das autoridades locais são fatores determinantes para o alcance de seus objetivos.

(MMA, 2007)

O processo de Agenda 21 Local pode começar tanto por iniciativa do poder público

quanto da sociedade civil. Para o governo brasileiro, a construção da Agenda 21 Local vem ao

encontro com a necessidade de se construir instrumentos de gestão e planejamento para o

desenvolvimento sustentável. De fato, a Agenda 21 Local é processo e documento de

referência para Planos Diretores e orçamento municipais, entre outros, podendo também ser

desenvolvida por comunidades rurais, e em diferentes territorialidades, em bairros, áreas

protegidas, bacias hidrográficas. E, reforçando ações dos setores relevantes, a Agenda 21 na

escola, na empresa, nos biomas brasileiros é uma demanda crescente, cuja maioria das

experiências existentes têm-se mostrado muito bem sucedidas. (CAÚLA; OLIVEIRA, 2008)

Os principais desafios da Agenda 21 Local consistem no planejamento voltado para a

ação compartilhada, na construção de propostas pactuadas, voltadas para a elaboração de uma

visão de futuro entre os diferentes atores envolvidos; condução de um processo contínuo e

sustentável; descentralização e controle social e incorporação de uma visão multidisciplinar

em todas as etapas do processo. Desta forma, governo e sociedade estão utilizando este

poderoso instrumento de planejamento estratégico participativo para a construção de cenários

consensuados, em regime de co-responsabilidade, que devem servir de subsídios à elaboração

de políticas públicas sustentáveis, orientadas para harmonizar desenvolvimento econômico,

justiça social e equilíbrio ambiental. (MMA, 2007)

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

45

2.4.1 Processo de Construção

O processo de Agenda 21 Local8 pode começar por iniciativa tanto do poder público

quanto da sociedade. Embora em muitos casos a iniciativa de estabelecer o processo origine-

se da comunidade, o apoio da Prefeitura e da Câmara de Vereadores é fundamental para a

obtenção dos resultados desejados. É a criação de uma parceria efetiva entre Governo e

sociedade, na qual os cidadãos participam e colaboram, e o Governo compartilha o poder

decisório sobre o que deve ser feito. (AGENDA 21 LOCAL, 2008)

O ponto de partida é a formação de um grupo de trabalho composto por representantes

da sociedade e governo (no caso de um município ou determinada territorialidade), podendo

ter a liderança de qualquer segmento da comunidade (governo, ONG, instituição de ensino,

por exemplo). As atribuições desse grupo devem envolver desde a mobilização e a difusão

dos conceitos e pressupostos da Agenda 21, até a elaboração de uma matriz para a consulta à

população sobre problemas enfrentados e possíveis soluções, incluindo o estabelecimento de

ações sustentáveis prioritárias a serem implementadas no processo de construção da Agenda

21 Local. (MMA, 2007)

Os primeiros passos no processo seriam: o estabelecimento de uma metodologia de

trabalho; A reunião de informações sobre as questões chaves de desenvolvimento local; a

identificação dos setores da sociedade que devem estar representados, em função das

particularidades locais; os papéis dos diferentes participantes do processo; A identificação de

meios de financiamento para a elaboração da Agenda 21 Local; negociações junto ao poder

local sobre a institucionalização do processo de construção e implementação da Agenda 21

Local, e; a criação de um Fórum permanente de desenvolvimento sustentável local - ou seja,

que aborde os aspectos ambientais, sociais e econômicos locais - com o real envolvimento dos

diferentes atores é etapa seguinte e meta fundamental para a sustentabilidade dos processos.

O Fórum terá a missão de preparar, acompanhar e avaliar um plano de

desenvolvimento sustentável local de forma participativa. Requer um regimento interno, que

deve constar basicamente de: Missão, objetivos, atribuições; Freqüência e coordenação das

reuniões; Forma de registro e responsáveis pela confecção e divulgação das minutas; Como os

objetivos serão alcançados; Tempo de mandato e forma de substituição dos membros. (MMA,

2007)

8 Sugerimos também a leitura do Passo a passo da Agenda 21 Local. Disponível em < http://www.mma.gov.br/

sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=2563 >.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

46

A principal função do Fórum é definir uma visão de futuro desejado pela comunidade

(Figura 2). Essa visão deve ser traduzida em ações a serem incluídas nos processos de

planejamento dos municípios e regiões envolvidos. Para a definição dessas ações, parte-se da

escolha de temas críticos, capazes de catalisar a opinião pública e outros apoios, criando as

condições para a formação do cenário de futuro desejável.

Fonte: (IADH, 2004)

Figura 2 – A função do Fórum na definição de Cenário de Futuro

Temos como exemplo de eixos temáticos para que as ações da Agenda 21 local

possam se desenvolver: ações estratégicas para a proteção da atmosfera; ações estratégicas

para a proteção do solo, da água e da diversidade biológica; ações estratégicas para a pobreza,

saúde e igualdade social e assentamentos; acesso a serviços de informação; acesso a emprego;

conscientização da população; educação para a Agenda 21 e troca de informações.

2.4.2 Resultados Locais

Segundo o Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (IADH), em

publicação de 2004, a busca pelos resultados serão em três aspectos:

Sob a óptica da sociedade civil: A existência e ampliação de grupos organizados,

sugerindo seus próprios projetos com autonomia, solidariedade e participação interna;

organização da sociedade representando seus interesses coletivos e participando de

espaços de “concertação” de políticas públicas.

Sob a óptica da política governamental: governo local respeitando e considerando a

participação comunitária na elaboração, acompanhamento e avaliação de políticas e

programas públicos; governo local exercitando a integração de instrumentos de

políticas públicas, inclusive inserindo a dimensão ambiental.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

47

Sob a visão da esfera pública ampliada: Instrumentos e mecanismos de participação

nos processos decisórios estabelecidos (pesquisas, consultas, plebiscitos, e instancias

colegiadas de participação/decisão); o Fórum de Agenda 21 ou instância correlata de

planejamento e gestão do desenvolvimento sustentável fortalecido e atuante.

Na Micro Visão, temos o mais importante: o papel de cada um. Para se alcançar as

mudanças necessárias para o sucesso da Agenda 21 Local será necessária a ação de grupos e

indivíduos: lares, organizações comunitárias, movimentos sociais, ONGs, produtores e

empresas de pequeno a médio portes, governos e organizações governamentais locais e

regionais, instituições de pesquisa e ensino. Pois,

Cada membro, cada setor tem o seu papel. Para exemplificar, no plano

governamental existe um papel específico para cada uma das esferas de governo na

definição de políticas publicas. O plano federal define as políticas gerais e

estruturantes do País elaborando diretrizes e princípios. Aos estados e municípios

cabe, em seu espaço territorial, exercício semelhante de formulação de políticas

públicas, em atendimento ao principio federativo. (MMA, 2007)

A sociedade civil tem papel fundamental no monitoramento das ações na Agenda 21

Local, só podendo ocorrer se os governos exercerem as leis de forma transparente, requerendo

que as informações estejam disponíveis para análise. Conta-se também, com a proximidade

sociedade civil/comunidade de forma que esta seja mais efetiva na cobrança pela

implementação das ações identificadas pela Agenda Local e na realização de campanhas de

conscientização dos atores do processo.

Na Macro Visão, Owen e Videras (2008), ressaltam que a Agenda 21 Local

descentralizada é uma iniciativa que enfoca o papel dos governos locais na implementação de

programas de sustentabilidade dentro de um país. O objetivo global da Agenda é o de

envolver múltiplos intervenientes no seio de uma comunidade na tomada de decisão

sustentável, através da fixação de metas e avaliação participativa.

Conforme determinado pelo International Council for Local Environmental Initiatives

(ICLEI) em publicação de 2002, a Agenda 21 Local municipalmente deve cumprir vários

critérios: o processo deverá incluir a participação de vários círculos eleitorais na comunidade;

os interessados precisam chegar a um consenso em matéria social, ambiental, e objetivos

econômicos; o processo deve proporcionar um fórum de discussão e supervisão; deve incluir

um plano de ação em longo prazo, e; o processo tem de estabelecer um quadro de

comunicação e controle. Assim,

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

48

para que os objetivos da Agenda 21 Local sejam atingidos, existe um amplo

processo que depende da sensibilização e do estágio de amadurecimento de cada

comunidade na discussão dos temas públicos de forma participativa. Assim,

observando as diferentes experiências de Agenda 21 no Brasil podemos identificar

diferentes estágios, qual seja: o da sensibilização, capacitação e institucionalização

dos processos de agenda 21. O da elaboração, ou seja, definição de temas,

elaboração de diagnósticos, formulação de propostas e definição de meios de

implementação e o estágio da implantação propriamente dito. (MMA/PNUD, 2000)

Contando com a participação ativa dos parceiros, a Agenda 21 Local tratará, assim, de

assuntos específicos de cada territorialidade abordando temas cujas decisões estão em sua

esfera de atuação. Desta forma, cria-se harmonia entre as competências e o apoio mútuo na

formulação e implementação de ações para o desenvolvimento sustentável.

2.4.3 Metodologias para Implementação

Há inúmeras Agendas 21 Locais em processo de construção e gestão no Brasil, como

também outras iniciativas locais de desenvolvimento sustentável. Segundo Kranz (2009), a

Agenda 21 Local é um processo de desenvolvimento de políticas para a sustentabilidade e de

construção de parcerias entre autoridades locais e outros setores para implementá-las. Dessa

forma, pode ajudar governos locais e comunidades a desenvolverem meios apropriados para

se encaminharem para o futuro desejado. Pois,

um de seus objetivos é criar metodologias de implementação de políticas públicas

que produzam planos de ação local, visando ao desenvolvimento sustentável. A sua

base é a criação de sistemas de gerenciamento que levem o futuro em consideração.

É um processo contínuo e não um único acontecimento, documento ou atividade.

Não existe uma “lista” de coisas a serem feitas, mas uma metodologia que envolve

uma série de atividades, ferramentas e abordagens que podem ser escolhidas pelas

autoridades locais e seus parceiros de acordo com as circunstâncias e prioridades

locais. Grande parte do que é proposto, aliás, é o que os bons governos locais já vêm

fazendo há algum tempo.

Dessa forma são diversos os caminhos metodológicos percorridos à luz da realidade de

cada localidade. Entretanto, segundo o IADH (2004), as experiências nos permitem refletir

em torno da necessidade de se aperfeiçoar e sistematizar detalhadamente alguns elementos,

estes, chaves do processo metodológico de construção e gestão, pois, segundo Silveira (2001),

Zapata (2000) e Buarque (1999), existem várias metodologias (Quadro 6) e ferramentas que

trabalham planejamento participativo, com diferentes nomes.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

49

Quad

ro 6

– M

etodolo

gia

s par

a Im

ple

men

taçã

o d

e A

gen

da

21

Técn

ica

de

Cen

ári

o

Um

a té

cnic

a v

olt

ada

par

a re

-

sum

ir

em

imag

ens

abra

n-

gen

tes

(cen

ário

s)

dif

eren

tes

idéi

as so

bre

m

ud

ança

s p

osi

-

tiv

as

e n

egat

ivas

d

e dif

e-

ren

tes

fato

res

de

des

env

ol-

vim

ento

fu

turo

, m

ost

rand

o a

s

con

seqü

ênci

as d

as a

ções

.

Pro

ble

mas

co

nsi

der

ado

s u

r-

gen

tes

e, e

m p

rincí

pio

, so

lu-

cio

náv

eis,

cu

ja s

itu

ação

atu

al

pod

e se

r b

em d

escr

ita

e q

ue

pod

em s

er a

com

pan

had

os

no

futu

ro

em dif

eren

tes

var

ian

-

tes.

P

rep

araç

ão

a lo

ng

o

pra

zo,

aco

rdo

co

m par

tici

pan

tes

ou

pro

mo

tore

s da

ação

, co

leta

de

vas

to m

ater

ial.

3 a

5 d

ias.

Idéi

as co

nec

tadas

at

rav

és da

incl

usã

o d

e to

das

as

info

rma-

ções

rel

evan

tes.

Div

erso

s m

od

erad

ore

s.

20 a

30

par

tici

pan

tes.

Fo

nte

: (K

ÖD

EL

PE

TE

R,

20

07)

Dis

curs

o S

ocr

áti

co

A c

riaç

ão d

e u

ma

po

stu

ra m

o-

ral

no

diá

logo

teó

rico

con

du

z a

um

a n

ova

cult

ura

co

mun

ica-

tiv

a.

Ob

jeti

vo

: o

d

esen

vo

lvi-

men

to d

e co

mp

etên

cias

ref

lex

-

ivas

e m

ora

is.

Sit

uaç

ões

so

ciai

s em

qu

e in

te-

ress

es

con

flit

ante

s de

org

ani-

zaçõ

es so

ciai

s e

ind

ivíd

uo

s se

reco

nh

ecem

re

cip

roca

men

te

com

o e

quân

imes

e a

ceit

am p

ro-

cess

os

dem

ocr

átic

os

de

neg

o-

ciaç

ão.

C

riaç

ão d

e um

diá

logo

em

qu

e

os

par

tici

pan

tes

se r

econh

ecem

reci

pro

cam

ente

em

su

as

dif

e-

ren

tes

man

eira

s de

apre

ciar

um

a si

tuaç

ão d

ada.

Cu

rso

s d

e fé

rias

, se

min

ário

de

um

a se

man

a o

u f

im d

e se

man

a.

D

ifer

ente

s p

esso

as

têm

cia-

liza

ção

e

his

tóri

as

pró

pri

as

e

inco

nfu

nd

ívei

s.

Coo

rden

ado

r do

dis

curs

o

com

form

ação

fil

osó

fica

.

Peq

uen

os

gru

po

s.

Célu

las

de P

lan

eja

men

to

(Pa

recer

Po

pu

lar)

Cid

adão

s es

colh

ido

s al

eató

ria-

men

te l

evam

su

as p

róp

rias

exp

e-

riên

cias

e

con

hec

imen

tos

par

a

um

pro

cess

o m

oder

ado

exte

rna-

men

te e

des

envolv

em p

rop

ost

as

de

des

envo

lvim

ento

par

a p

roble

-

mas

co

mp

lexo

s.

Pro

ble

mas

em

que

o g

rau

de

en-

volv

imen

to p

esso

al n

ão p

od

e se

r

det

ecta

do

dir

etam

ente

ou

apen

as

a lo

ng

o p

razo

e

abst

rata

men

te,

p.e

x.

em e

stim

ativ

as d

os

efei

tos

de

tecn

olo

gia

s.

Des

tin

atár

io c

on

cret

o p

ara r

eco

-

men

daç

ões

do

Par

ecer

Popu

lar;

tran

spar

ênci

a na

exec

uçã

o;

gra

n-

de

ôn

us

org

aniz

acio

nal

.

1 s

eman

a a

1 a

no

.

Peq

uen

os

gru

po

s de

trab

alho

com

peq

uen

as e

qu

ipes

muta

nte

s.

Mod

eraç

ão

com

pal

estr

ante

s

com

vid

ado

s.

Ap

rox

. 25

par

tici

pan

tes

acim

a

de

18

ano

s.

Org

an

ização

com

un

itá

ria

Atr

avés

da

cria

ção

de

um

a cu

ltu

ra

de

rela

ções

e d

e su

as a

ções

, o

s ci

-

dad

ãos

contr

ibuem

par

a a

solu

ção

de

pro

ble

mas

ger

ais

ao s

eu r

edo

r.

Ob

jeti

vo

: p

rovo

car

tran

sfo

rmaç

ões

po

siti

vas

.

Em

tod

o l

ugar

em

que

um

a p

arte

con

cret

a d

e u

m

pro

ble

ma

po

ssa

ser

tran

sfo

rmad

a em

um

co

nte

xto

de

ação

.

Du

rabil

idad

e,

ind

epen

dên

cia,

te

-

mas

m

utá

vei

s co

m

êxit

o,

ampla

bas

e d

e o

rgan

izaç

ão.

Pro

cess

o d

e lo

ngo

pra

zo.

Atr

avés

de

conv

ersa

s in

div

idu

ais,

“pes

soas

-ch

ave”

o

tran

sfo

rma-

das

em

org

aniz

ado

res.

Org

aniz

ado

res

qu

alif

icad

os.

Qu

ase

ilim

itad

o.

Op

en

Sp

ace

Um

a m

etodo

logia

co

m o

in

tuit

o

de

ofe

rece

r es

paç

o p

ara

as e

ner

-

gia

s p

rod

uti

vas

de

todo

s o

s p

ar-

tici

pan

tes.

O

bje

tiv

o:

um

av

anço

na

cult

ura

o

rgan

izac

ional

su

s

ten

tada

po

r to

do

o

sist

ema.

O

mín

imo

de

dir

etri

zes

estr

utu

ras

com

o

m

áxim

o

de

auto

-org

ani-

zaçã

o.

E

m t

od

as a

s si

tuaç

ões

de

mud

an-

ças,

em

que

as a

nti

gas

est

rutu

ras

se t

orn

aram

muit

o c

om

ple

xas

e o

s

mem

bro

s d

o s

iste

ma

estã

o a

ber

tos

a nov

as s

olu

ções

.

Tem

a bás

ico q

ue

é d

e im

po

rtân

-

cia

cen

tral

par

a a

org

aniz

ação

em

ques

tão.

Par

tici

paç

ão

volu

ntá

ria.

O c

on

vit

e é

exte

nsi

vo

a t

odo

s o

s

mem

bro

s d

a o

rgan

izaç

ão.

1 a

3 d

ias.

Cad

a u

m p

od

e co

-del

iber

ar n

o t

o-

cante

a f

orm

a e

conte

údo

.

Um

o

u

mai

s fa

cili

tad

ore

s q

ue

crie

m e

spaç

o e

cro

nog

ram

a.

5 a

750

ou m

ais

par

tici

pan

tes.

Co

nfe

rên

cia

do

Fu

turo

Lev

ar t

odo

o s

iste

ma

aber

to,

p.e

x.

de

um

Mun

icíp

io,

par

a

um

a sa

la.

Ob

jeti

vo

: vis

ões

cria

tiv

as,

met

as

e m

edid

as

par

a a

org

aniz

ação

d

o

fu-

turo

. E

stra

tég

ia

de

pla

nej

a-

men

to

idea

l e

sem

li

mit

es

par

a p

roble

mas

ai

nda

não

clar

os

(M.

Wei

sbo

rd).

Em

si

tuaç

ões

de

cris

e, se

a

atu

ação

e

a in

teli

gên

cia

de

mu

ito

s fo

rem

nec

essá

rias

par

a su

per

ar a

cri

se.

Sel

eção

re

pre

sen

tati

va

do

s

par

tici

pan

tes

a par

tir

de

di-

fere

nte

s g

rup

os

de

inte

ress

e;

equ

ipe

de

pla

nej

amen

to

acei

ta

po

r to

do

s o

s p

arti

ci-

pan

tes;

res

ult

ado

aber

to.

3

dia

s (1

6 a

18 h

ora

s).

Con

teúdo

s /

cron

og

ram

as

/

pap

éis

esta

bel

ecid

os;

os

gru

-

po

s se

auto

com

andam

; m

is-

tura

de

equ

ipes

.

Mod

erad

or

de

Co

nfe

rên

cias

do F

utu

ro e

um

a eq

uip

e de

pla

nej

amen

to.

30

a 7

2 p

arti

cip

ante

s ac

ima

de

18

ano

s.

Bre

ve

des

criç

ão

Áre

as d

e u

so

Cond

içõ

es

Pré

via

s

Cro

nog

ram

a

Pec

uli

arid

ade

Met

odo

lógic

a

Coo

rden

ação

mer

o d

e

par

tici

pan

tes

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

50

Quad

ro 6

– M

etodolo

gia

s par

a Im

ple

men

taçã

o d

e A

gen

da

21

Ofi

cin

as

do

fu

turo

Ofi

cinas

do F

utu

ro s

ão p

roce

sso

s

dia

lógic

os

com

re

sult

ado ab

erto

,

pro

cess

os

par

a o d

esen

volv

imen

-

to e

a ex

per

imen

taçã

o de

novas

idéi

as,

pro

jeto

s e

pro

post

as

de

solu

ções

.

Inic

iaçã

o d

e pro

cess

os

de

Agen

da

21,

conce

pçã

o

de

idea

is,

des

en-

volv

imen

to

de

estr

utu

ras

par

a

a

Agen

da

21 e

pro

jeto

s.

Rep

rese

nta

nte

s de

todos

os

gru

-

pos

soci

ais;

dec

isão

da

Câm

ara

de

Ver

eadore

s,

post

ura

posi

tiva

da

Câm

ara

e do P

refe

ito.

Pre

para

ção

ante

rior

e post

erio

r (d

ocu

men

ta-

ção d

a ofi

cina)

.

Ofi

cina

de

curt

a du

raçã

o (

1 d

ia o

u

1 d

ia e

mei

o)

Model

o d

e fa

ses:

fase

de

inven

-

tári

o c

ríti

co,

des

envolv

imen

to d

e

idéi

as e

pro

jeto

s su

sten

távei

s, e

s-

trat

égia

s de

exec

uçã

o.

Moder

ação

e

co-m

oder

ação

de

acord

o

com

o

núm

ero

de

part

i-

cipan

tes.

12 a

200 p

arti

cipan

tes.

Fo

nte

: (K

ÖD

EL

PE

TE

R,

20

07)

Mesa

s red

on

das

Mes

as r

edond

as c

arac

teri

zam

-

se p

elo f

ato d

e re

pre

senta

nte

s

de

gru

pos

org

aniz

ados

ou

não

-

org

aniz

ados,

que

estã

o

sendo

afet

ados

por

um

pro

ble

ma,

reunir

em

suas

forç

as.

Am

plo

ca

mpo

de

apli

caçã

o:

trân

sito

, se

gura

nça

públi

ca,

sa-

nea

men

to

munic

ipal

, en

erg

ia,

refo

rma

loca

l, d

esen

volv

imen

-

to s

ust

entá

vel

.

Sel

eção

esp

ecíf

ica

de

pes

soas

dis

post

as a

agir

, co

mpro

mis

so

polí

tico

por

part

e do M

unic

í-

pio

ou d

o E

stad

o.

6 a

9 m

eses

.

Moder

ação

pro

fiss

ional

e

acom

pan

ham

ento

do p

roce

sso.

20 a

25 p

arti

cipan

tes.

ru

m e

speci

ali

za

do

“M

ora

dia

/ A

ssen

tam

en

to /

Mo

bil

ida

de”

Mo

del

o

rep

rese

nta

tivo

com

20

rep

rese

nta

nte

s de

“inte

ress

es”

soci

ais,

el

abo

rad

o

em

um

p

ro-

cess

o

estr

utu

rad

o,

(esb

oço

s de)

pro

jeto

s n

a ár

ea

tem

átic

a de

mo

rad

ia,

asse

nta

men

to

e m

obi-

lid

ade.

O

bje

tivo:

des

envolv

er

esb

oço

s d

e p

roje

tos

atra

vés

do

diá

log

o.

Gru

po

s d

e tr

abal

ho bas

eados

em

cro

no

gra

ma

lim

itad

o

e bem

estr

utu

rad

os

(fó

runs

espec

iali

za-

do

s d

e A

gen

da

21 o

u c

írcu

los

de

trab

alh

o)

com

um

a

coord

enaç

ão

técn

ica

pro

fiss

ional

, gerê

nci

a,

asse

sso

ram

ento

e m

oder

ação

.

Ap

oio

d

o g

ov

ern

o lo

cal,

par

tici

-

paç

ão o

bri

gat

óri

a, a

cord

os

acer

ca

de

ob

jeti

vo

s, t

aref

as e

reg

ras

par

a

o d

ecu

rso

, p

arti

cipaç

ão v

olu

ntá

ria,

pri

ncí

pio

co

nse

nsu

al.

9 m

eses

de

du

raçã

o.

Cír

culo

in

tern

o

(ato

res

dos

inte

-

ress

es),

cír

culo

ex

tern

o (

funçã

o d

e

asse

sso

ram

ento

e

tran

sfer

ênci

a),

alte

rnân

cia

entr

e re

uniõ

es

ple

-

nár

ias

e g

rup

os

de tr

abal

ho pre

-

par

ató

rio

s,

alte

rnân

cia

de

met

o-

do

log

ias,

es

tab

elec

imen

to

de

es-

tru

tura

s at

rav

és d

os

par

tici

pan

tes.

M

od

erad

or,

co

ord

enad

or

técn

ico e

ger

ênci

a (3

pes

soas

).

20

par

tici

pan

tes

(cír

culo

inte

rno).

Med

iaçã

o

Um

p

roce

sso

v

olu

ntá

rio

,

ind

epen

den

te d

e co

mp

etên

-

cias

leg

ais

/ ju

ríd

icas

, at

ra-

vés

do

qu

al o

s p

art

icip

ante

s

cheg

am a

um

a h

arm

on

ia d

e

inte

ress

es e

a u

m c

on

sen

so

atra

vés

de

neg

oci

açõ

es c

om

a aj

ud

a d

e u

m

med

iad

or

neu

tro

.

Sit

uaç

ão

com

n

eces

sid

ades

e aç

ões

po

líti

cas

e ec

on

ôm

i-

cas,

p.e

x.

dir

etri

zes

con

cre-

tas

de

pla

nej

amen

to e

m q

ue

exis

tem

co

nfl

ito

s.

Vo

nta

de

par

a a

neg

oci

ação

e p

ara

a u

nif

orm

idad

e,

esp

aço

par

a co

nse

nso

s, p

ar-

ceir

os

de

neg

oci

ação

co

m

po

der

e

com

pet

ênci

as,

cará

-

ter

vin

cula

tiv

o

e n

eces

si-

dad

e d

e aç

ão.

6 m

eses

ou

mai

s.

Par

tici

pan

tes

sele

cio

nad

os

com

pro

vad

am

ente

en

vo

lvi-

do

s n

o p

rob

lem

a, c

om

pet

ên-

cia

e in

tere

sse

leg

itim

ado

.

Med

iad

ore

s m

eto

do

lóg

ica-

men

te q

ual

ific

ado

s.

ru

ns

de T

rân

sito

So

b

a

coo

rden

ação

d

e u

m

mo

der

ado

r n

eutr

o,

des

env

ol-

ve-

se

um

a n

ov

a cu

ltu

ra

de

con

flit

os.

R

esu

ltad

os:

id

eais

e p

rop

ost

as d

e so

luçõ

es c

on

-

jun

tas

com

o a

jud

as n

as d

eci-

sões

po

líti

cas

e ad

min

istr

ati-

vas

, m

od

elo

re

pre

sen

tati

vo

de

par

tici

paç

ão c

idad

ã.

Sit

uaç

ões

d

e co

nfl

ito

, ta

is

com

o

pla

neja

men

tos

con

-

flit

ante

s d

e en

gen

hari

a d

e

trân

sito

.

Ver

dad

eira

dis

po

siçã

o p

ara

o

diá

log

o,

dec

isão

d

a C

âmar

a

de

Ver

ead

ore

s e f

isca

liza

ção

séri

a d

os

resu

ltad

os

ob

tid

os,

gru

po

s p

rep

arat

óri

os

do

pro

-

jeto

e m

od

erad

or

exte

rno

.

12

mes

es (

a ca

da

3 o

u 4

se-

man

as,

um

a re

un

ião

).

Par

tici

paç

ão

ob

rig

ató

ria,

aco

rdo

q

uan

to

ao

pro

ced

i-

men

to

rela

tiv

o

a o

bje

tiv

os,

reg

ras

e m

od

o

de

trab

alh

o,

rep

rese

nta

nte

s o

rgan

izad

os

de

gru

po

s d

e in

tere

sses

,

con

sen

so a

trav

és d

o d

iálo

go

,

vo

to m

ino

ritá

rio

.

M

od

eraç

ão e

ass

esso

res

téc-

nic

os

(co

mo

pal

estr

ante

s).

Ap

rox

. 3

0 p

arti

cip

ante

s.

Mo

dera

ção

no

dese

nvolv

imen

to l

ocal

e

regio

nal

Des

envolv

imen

to

ho

líst

ico

de

munic

ípio

s e

reg

iões

atra

vés

de

moder

ação

p

ro-

fiss

ional

, ab

rangen

do

as

di-

men

sões

cu

ltura

l,

soci

al,

econôm

ica

e ec

oló

gic

a.

Des

envolv

imen

to l

oca

l e

re-

gio

nal

e

pro

ble

mas

es

pec

í-

fico

s, t

ais

com

o o

des

env

ol-

vim

ento

de

pla

no

s p

ara

o

turi

smo r

egio

nal

.

Dis

posi

ção

par

a en

fren

tar

um

pro

cess

o a

ber

to;

con

sen

-

tim

ento

das

inst

ânci

as p

olí

-

tica

s del

iber

ativ

as

(pre

feit

o

e C

âmar

a de

Ver

ead

ore

s) e

um

moder

ado

r neu

tro

Apro

x.

12 m

eses

.

Anál

ise

e es

trutu

raçã

o

po

r

par

te d

o m

oder

ado

r; a

ssem

-

blé

ia

de

mora

do

res

e cí

r-

culo

s de

trab

alh

o;

even

tos

info

rmat

ivos

e ex

curs

ões

,

bem

co

mo

trab

alh

o

con

ti-

nuad

ode

publi

cidad

e; d

ocu

-

men

taçã

o d

os

resu

ltad

os.

Moder

ador

pro

fiss

ion

al.

Peq

uen

os

gru

pos

até

gra

n-

des

as

sem

blé

ias

de

mo

de-

radore

s.

Mo

dera

ção

A t

écn

ica

de

Moder

ação

obje

tiva

um

a eq

uip

araç

ão e

stru

tura

l en

tre

os

par

tici

pan

tes,

bem

com

o o

tra

-

bal

ho

de

gru

po

idea

l,

volt

ado

par

a o

s re

sult

ados.

Em

pro

cess

os

de

Agen

da

21,

os

pró

pri

os

mem

bro

s d

os

círc

ulo

s de

trab

alho

as

sum

em

a m

oder

ação

(au

tom

oder

ação

).

To

das

as

form

as d

e ac

ord

os

em

qu

e se

re

únem

in

tere

sses

e

ex-

pec

tati

vas

eqüit

ativ

os,

bem

com

o

dis

po

siçã

o

par

a ag

ir,

e em

que

são

ela

bora

das

solu

ções

cole

tivas

em

um

pro

cedim

ento

es

trutu

-

rad

o.

Dis

po

siçã

o

par

a tr

ansf

erir

a

ta-

refa

de

moder

ação

a u

ma

pes

soa

de

fora

ou a

alg

uém

“neu

tro”

do

pró

pri

o gru

po.

Est

rutu

raçã

o dos

trab

alhos

com

m

etas

, ta

refa

s,

fase

s, re

gra

s e

pla

nej

amen

to do

dec

urs

o.

Ev

ento

co

m d

ura

ção d

e ap

rox.

2

a 3

ho

ras.

Imp

arci

alid

ade,

sen

sibil

idad

e pa-

ra

aten

der

dif

erente

s des

ejos

e

po

ten

ciai

s dos

mem

bro

s do g

ru-

po

, se

gura

nça

e

exper

iênci

a em

situ

ações

ped

agógic

as.

Pes

soas

com

exper

iênci

a na

mo

-

der

ação

de

gru

pos.

A p

arti

r de

3 p

esso

as.

Bre

ve

des

criç

ão

Áre

as d

e u

so

Cond

içõ

es

Pré

via

s

Cro

nog

ram

a

Pec

uli

arid

ade

Met

odo

lógic

a

Coo

rden

ação

mer

o d

e

par

tici

pan

tes

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

51

Para o IADH (2004), a maioria das metodologias, anteriormente mostradas, organiza

suas atividades numa seqüência lógica operacional, em torno das seguintes macroatividades,

formando o grande processo de planejamento e gestão da Agenda 21 Local. Devemos atentar

que, estas macroatividades não são interdependentes nem estanques e sim

intercomplementares, devendo funcionar muito mais como subprocessos que se reiniciam do

que etapas mecanicamente executadas. São elas:

Sensibilização e mobilização: preocupa-se constantemente com a aproximação de

novos atores e segmentos ao processo da gestão do território, mobilizando-os para que

se façam representar aportando informação e recursos ao processo.

Visão do Futuro: estabelece os rumos do processo de desenvolvimento, sendo a

concepção básica de desenvolvimento do território. Ao ser definida

participativamente, torna-se um instrumento importante na construção do senso

compartilhado de propósito e no sentimento de apropriação do território como espaço

de identidade e gestão.

Diagnóstico: amplia o senso compartilhado de propósito e apropriação do território,

pelo fato de ampliar a compreensão da realidade local – suas causas e processos

históricos.

Planificação: momento privilegiado de tomada de decisões estratégicas que define, a

partir das capacidades e dos recursos – materiais, humanos, tecnológicos e financeiros

– mobilizados, quais são as prioridades de intervenção no território, resultando em

eixos aglutinadores, planos e projetos.

Organização para execução dos planos: representa todos os processos que buscam

definir papéis, atribuições e tarefas articuladamente com todas as macroatividades. O

Fórum da Agenda 21, por exemplo, e a sua consolidação em uma institucionalidade

mais complexa e duradoura com estatuto e regimento.

Direção/gerenciamento para execução dos planos: significa a coordenação do

processo considerando todas as macroatividades.

Articulação de parcerias: trata-se de parcerias e fortalecimento de redes e alianças

estratégicas entre atores locais e a articulação de políticas públicas em torno dos eixos

aglutinadores e projetos.

Monitoramento e Avaliação: enquanto o primeiro acompanha o desenrolar das ações,

redirecionando-as em intervalos de curto prazo, o segundo refere-se a momentos de

aprofundamento sobre os rumos e impactos do processo de desenvolvimento e a

necessidade de redirecioná-lo.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

52

Estes subprocessos devem ter uma formação cíclica, graficamente representada na

Figura 3, de forma que o processo seja reiniciado ao final de cada ciclo, apurando e

abastecendo o diagnóstico com mais informações, definindo e elaborando novos objetivos e

projetos, consolidando articulações e parcerias, fortalecendo o sistema organizacional e

gerencial. Este ciclo sempre se reinicia sucessivamente por intermédio do processo de

monitoramento e avaliação, deixado em segundo plano, pois, realiza-se geralmente de forma

burocrática e mecânica para fins de prestação de contas.

Fonte: (IADH, 2004)

Figura 3 – A Formação Cíclica dos Subprocessos na Agenda 21

Segundo, Kranz (2009), para dar continuidade a este ciclo temos que compreender que

“a Agenda 21 Local é um processo contínuo e não um único acontecimento, documento ou

atividade”. A autora ressalta que não existe uma “lista” de coisas a serem feitas, mas “uma

metodologia que envolve uma série de atividades, ferramentas e abordagens que podem ser

escolhidas pelas autoridades locais e seus parceiros, de acordo com as circunstâncias e

prioridades locais”.

Tomando apoio neste fato, o IADH, esquematiza de forma simples e objetiva, uma

dinâmica, conforme a Figura 4, que pode dar continuidade ao processo de gestão da Agenda,

para que a cada ciclo torne-se cada vez mais participativo e integrado, contribuindo a cada

ciclo para a obtenção dos resultados de sustentabilidade local já mencionados anteriormente

no Quadro 5.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

53

Fonte: (IADH, 2004)

Figura 4 – A Dinâmica do Processo da Gestão Social

A figura demonstra que todo o sucesso do processo está estruturado em vários ciclos

sucessivos de aprendizados contínuos, realimentando o sistema com novas idéias capazes de

ampliar a visão de futuro, redefinir objetivos, revisar e elaborar projetos, aperfeiçoando a cada

ciclo a gestão social. Sua forma em espiral, condiz com os limites e possibilidades do

desenvolvimento local, estes, sempre em movimento crescente, horizontal e verticalmente, e

sempre reforçando a idéia que todo o êxito do processo, não acontece no curto prazo, nem

apenas em um ciclo.

2.4.4 Fonte de Recursos

Segundo o Portal Agenda 21 Local9, existem diversas fontes de financiamento para

um projeto de Agenda 21, como empresas, prefeituras e universidades. O método que tem se

mostrado mais eficaz na arrecadação de fundos é a combinação de diversas fontes de recursos.

Veremos agora algumas dessas fontes e formas de capitação de recursos.

2.4.4.1 Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA

Um dos mais importantes instrumentos de implantação da Política Ambiental

Brasileira. Ao todo, mais de 700 projetos de médio e pequeno porte já receberam apoio do

FNMA, representando investimentos em torno de R$ 60 milhões, divididos em duas

modalidades:

9 Ver: Portal Agenda 21 Local. Disponível em: < http://www.agenda21local.com.br/mai2.htm >

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

54

Demanda Espontânea: quando as entidades proponentes dos projetos os encaminham

por iniciativa própria a qualquer tempo, atendendo, contudo, aos critérios

estabelecidos pelo FNMA.

Demanda Induzida: quando os projetos são propostos exclusivamente em resposta a

editais específicos publicados pelo FNMA, com vistas a atender a áreas prioritárias da

Política Nacional do Meio Ambiente.

Podem concorrer a seus recursos: Instituições públicas pertencentes à administração

direta ou indireta, em seus diversos níveis; Instituições privadas brasileiras sem fins

lucrativos, que possuam atribuições estatutárias para atuar em áreas do Meio Ambiente,

identificadas como: Organização Não-Governamental (ONG), Organização da Sociedade

Civil de Interesse Público (OSCIP), Organização de Base (associações de produtores, de

bairro ou outras).

2.4.4.2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES

Projeto Multissetorial Integrado: um modelo alternativo de tratamento dos problemas

sociais que abrange soluções para os variados tipos de carências, articulando, no

âmbito municipal, investimentos em diversos setores sociais, como saneamento

básico, infra-estrutura social, educação, criação de postos de trabalho e atenção à

infância e à adolescência.

Fundo para o Desenvolvimento Regional com Recursos da Desestatização – FRD:

destina-se a prestar colaboração financeira a projetos de desenvolvimento regional e

social em municípios situados na área geográfica de influência da Cia. Vale do Rio

Doce - CVRD.

2.4.4.3 Caixa Econômica Federal – CEF: Programas destinados ao Setor Público

Pró-Saneamento: tem por objetivo promover a melhoria das condições de saúde e

qualidade de vida da população por meio de ações de saneamento que resultem em

aumento da cobertura dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário,

drenagem urbana e resíduos sólidos. Concessão do empréstimo para, Estados,

Municípios, Distrito Federal, Concessionárias de Saneamento.

Habitar-Brasil: objetiva elevar os padrões de habitabilidade e qualidade de vida em

localidades urbanas e rurais, com prioridade para municípios integrantes do Programa

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

55

Comunidade Solidária, beneficiando áreas degradadas (ou de risco) ocupadas por sub-

habitações (favelas, mocambos, palafitas, cortiços etc.) onde vivam famílias com

renda predominante de até três salários mínimos. Os recursos são repassados, a fundo

perdido, para Estados, Municípios e Distrito Federal, através da CEF.

Programa de Ação Social em Saneamento – PASS: objetiva melhorar as condições

ambientais e de saúde das populações urbanas de baixa renda, implementando projetos

de saneamento, prioritariamente nos municípios integrantes dos Programas

Comunidade Solidária e Redução da Mortalidade na Infância. Suas modalidades:

implantação e/ ou melhoria dos serviços de abastecimento de água, esgotamento

sanitário e resíduos sólidos, saneamento ambiental. Os recursos são repassados, a

fundo perdido, para Estados, Municípios e Distrito Federal, através da CEF.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

56

3 METODOLOGIA

A metodologia empregada é composta da coleta de dados primários e secundários,

respectivamente de forma indireta e direta, culminando com uma análise técnica crítica dos

aspectos – saneamento e habitação – estudados na sua observação, dentro do universo de

pesquisa compreendido entre Abril de 2007 à Abril de 2009. Este intervalo de dois anos,

corresponde ao Processo de Implementação da Agenda 21 Local no período da construção do

Conjunto Habitacional da Comunidade Rosalina, fruto de um diagnóstico participativo prévio.

Os dados primários foram obtidos através de uma revisão bibliográfica e outras fontes

como: Sociedade Civil Alternativa Terrazul (Agenda 21 da Rosalina); PROEMA – Projetos

de Engenharia Econômica e Meio Ambiente Ltda. (Indicadores Sócio-econômicos e dados

quantitativos da obra do Conjunto Habitacional); Secretaria Municipal de Desenvolvimento

Urbano e Infra-estrutura – SEINF (fotos, informações e dados quantitativos sobre o local e a

obra), e PALMA engenharia (fotos, informações e acesso ao acompanhamento das obras).

Do diagnóstico prévio, ou dados primários da pesquisa, desenvolveu-se o questionário

(APÊNDICE A) que foi aplicado de forma direta a uma amostra de 120 (cento e vinte)

pessoas da Comunidade Rosalina, no período de Janeiro a Março de 2009. A obtenção dos

dados secundários foi realizada através da observação dessas respostas, permitindo uma

análise mista – qualitativa e quantitativa – da opinião dos entrevistados sobre o processo de

Agenda 21 instaurada durante o decorrer da construção do conjunto habitacional.

Outras informações relevantes surgiram das entrevistas com lideranças comunitárias e

órgãos responsáveis pelo processo. O período de realização da abordagem foi definido em

função da conclusão das obras, previsto para Julho de 2009, segundo Olinda Marques, então

Presidente da Habitafor. Vale lembrar que, segundo Buarque (1999), um bom diagnóstico

deve responder a quatro perguntas centrais: Em Que situação estamos; Como e Porque

chegamos a esta situação; O Que está acontecendo no local; O Que está acontecendo no

contexto externo ao local.

Com um comparativo entre os dados primários e secundários, formulou-se um

relatório técnico crítico, demonstrado na discussão dos resultados, sobre a situação em que se

encontra a Agenda 21 da comunidade no âmbito do saneamento e habitação do Conjunto

Habitacional Rosalina. Küster (2004), reforça que este tipo de relatório deve ser constituído

com rigor e com a participação de todos os atores sociais, de modo que ao final se tenha uma

análise que contemple a realidade do local.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

57

3.1 Área de Intervenção

O presente trabalho foi desenvolvido na Comunidade Rosalina, considerada uma das

áreas potencialmente de risco na cidade de Fortaleza, originada há cerca de 13 anos por um

grupo de sem-teto.

Figura 5 – Comunidade Rosalina Pré-Intervenção no ano de 2006

3.1.1 Características Gerais e Localização

Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento e Orçamento (SEPLA)10

, a

Comunidade Rosalina possui aproximadamente 1.828 unidades habitacionais, sendo que a

população residente é de 6.617 habitantes, distribuídas em 67 quadras de formato irregular,

ocupando uma área de 22,6 ha. A Área está inserida no Município de Fortaleza, na zona

administrativa da Secretaria Executiva Regional VI (SER VI), vide Figura 6, tendo como local

de referência a fábrica Têxtil Bezerra de Menezes, Avenida Expedicionários no Bairro Parque

Dois Irmãos. Um maior detalhamento visual da área pode ser observado no mapa da Figura 7,

salientando em grifo vermelho a dimensão da comunidade, e em grifo azul, a área

determinada como intervenção inicial.

10

Ver site: http://www.sepla.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=61&Itemid=36

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

58

Fonte: Wikipedia (2008)

Figura 6 – Mapa do Município de Fortaleza (acima) e Zonas Administrativas (abaixo)

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

59

Fonte: Google Maps (2008) (grifos meus)

Figura 7 – Localização da Comunidade Rosalina destacando a área de Intervenção

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

60

3.1.2 Breve Histórico

O processo de ocupação da área ocorreu após 18 meses de preparação e reuniões na

comunidade, durante os anos de 1994 a 1995, sendo o terreno ocupado no dia 07 de julho de

1996, tendo a origem do nome “Rosalina”, após a morte da filha de um dos lideres que

organizou o processo. Durante a operação, cerca de 1.500 famílias ocuparam o local,

coordenado pela liderança de José Carlos Rodrigues, conhecido como Carlão em parcerias

com outros movimentos sociais.

A comunidade prosseguiu com sua mobilização e no ano de 1997, foi eleita a primeira

associação dos moradores da Rosalina, que se encontra organizada até o momento, conta

ainda com o apoio da fundação Ana Amélia e do Projeto Pequeno Nazareno. Apesar da

ocupação irregular e desordenada, as reivindicações das famílias que moram nesta área de

risco são legitimas, pois lutar pela moradia adequada significa lutar pelo direito de viver com

segurança, paz e dignidade. (SEINF, 2008)

Com mais de 10 anos de ocupação, por muito tempo a comunidade foi esquecida pelo

poder público e sofreu com os crescentes índices de violência. Por esta razão os laços de

solidariedade das pessoas que lá vivem tornaram-se fragilizados. A partir do ano de 2000, a

situação agravou-se ainda mais. Perderam-se os laços de respeito mútuo, de cooperação,

anteriormente uma marca forte do local. Diariamente, através de cobertura da mídia, tinham-

se notícias sobre a crescente violência na Rosalina, que cada dia tornava sua imagem

estigmatizada perante a sociedade e a sua própria população.

Em 2005 foi o inicio da implementação de Políticas Públicas para a comunidade

através do Programa Pró-Moradia e Pró-Saneamento, para a construção do Conjunto

Habitacional. A Nova Rosalina teria infra-estrutura urbana completa, com saneamento,

pavimentação e iluminação. Vale lembrar que se trata de um conjunto habitacional maior que

o município de Nova Jaguaribara. A obra deveria ter sido iniciada em 1996, mas nunca saiu

do papel. (PMF, 2006)

Ao longo de 2005, cerca de 200 famílias, além das 1.831 residentes, ocuparam o

terreno. A partir do mês de janeiro de 2006, assistentes sociais da SER VI e da Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura (SEINF) realizaram um

levantamento da área, com o recadastramento das famílias. No início do mesmo ano, na sede

da Sociedade Comunitária Habitacional Rosalina, foi realizado o lançamento do projeto de

construção do Conjunto Habitacional Rosalina.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

61

A Prefeitura cadastrou essas famílias e prometeu casas para quem estava dentro do

perfil socioeconômico exigido pelo projeto até que as obras estivessem concluídas. Segundo a

Prefeitura de Fortaleza, desde o início da administração Fortaleza Bela, a população foi

conscientizada da necessidade de se evitarem novas ocupações irregulares na comunidade,

pois essas tomam o local previsto para construção das casas11

, inviabilizando a execução dos

programas. Seria seguido um processo justo de recadastramento. (PMF, 2006)

Desde o início de 2006, a SER VI determinou o congelamento das construções de

novas residências na área da Comunidade Rosalina, para que iniciasse o projeto. Porém,

outras 160 famílias tentaram levantar construções irregulares, tornando novamente

impraticável o início das obras. Como medida, A SER VI solicitou à Promotoria do Meio

Ambiente, através do promotor Raimundo Batista, apoio em uma ação em que as pessoas

recém-chegadas à ocupação da Rosalina, e que estavam começando a construir casas e

barracos, fossem notificadas sobre o congelamento de novas construções.

Diante do não acatamento da determinação da SER VI, foi realizada, dia 16 de

fevereiro de 2006, a demolição de 30 unidades habitacionais que estavam começando a ser

construídas de forma irregular. Segundo o Portal da Prefeitura12

, estas unidades estavam com

as paredes começando a serem levantadas, e com alicerce feito, onde nenhuma família foi

prejudicada ou retirada, pois não havia moradores.

Durante o ato de demolição das novas construções, a Prefeitura se pronunciou

destacando em seu Portal, que “a administração pública agiu no exercício regular do Poder de

Polícia, sendo este poder um mecanismo de defesa do interesse da coletividade. O referido

Poder possui o atributo da auto-executoriedade que permite que a administração municipal

execute a sua decisão independentemente de mandado judicial”. A Guarda Municipal, com o

apoio da Polícia Militar, realizou a ação. Durante o processo, foi profundamente lamentável o

falecimento de um jovem e os ferimentos sofridos por um Guarda Municipal, cujas

responsabilidades foram apuradas pela autoridade competente.

Dia 17 de fevereiro, “manifestantes” que acusaram a Prefeitura destruíram a sede da

Associação de Moradores local e ameaçaram de morte várias famílias que esperam o conjunto

há anos. Aconteceram tentativas de ocupação desordenada, com pessoas interessadas na

especulação imobiliária do terreno, mesmo sabendo do fim do dimensionamento.

11

Ver área demarcada em azul na Figura 7 (intervenção). 12

Ver site: http://www.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=4860&Itemid=239

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

62

No sentido de melhorar a qualidade de vida na comunidade, reconstruir laços de

solidariedade e restaurar sua identidade, a Associação Civil Alternativa Terrazul com apoio da

Prefeitura Municipal de Fortaleza e da Associação de Moradores da comunidade da Rosalina

iniciou a experiência da construção da Agenda 21, em abril de 2007, que foi realizada em

cinco momentos. O primeiro momento contou com a sensibilização das lideranças da

comunidade e o segundo, com o Seminário de Capacitação da Agenda 21 Local com o

objetivo de sensibilizar e organizar ações e principalmente na construção da Cooperativa da

Rosalina. No terceiro, aconteceu o Seminário da Construção do Planejamento Participativo e

Sustentável da comunidade. A quarta ação foi à realização da conferência da Agenda 21 que

aprovou o Planejamento Participativo e Sustentável da comunidade para 2008, e a quinta, a

eleição do Fórum da Agenda 21 da Rosalina. (TERRAZUL, 2008)

3.1.3 Indicadores Sócio-econômicos

Os dados referentes ao levantamento socioeconômicos da comunidade, foram oriundos

do Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) do Projeto de Construção do Conjunto

Habitacional Rosalina, sob responsabilidade da PROEMA Projetos e Engenharia Econômica

e meio Ambiente Ltda. O EVA foi finalizado em Abril de 2007 e constitui um documento

técnico legal e complementar à documentação necessária a concessão do Licenciamento

Ambiental.

3.1.3.1 Aspectos Demográficos

Com um total de 6.617 moradores, a comunidade Rosalina é constituída

respectivamente por 51,20% e 48,80% de pessoas do sexo feminino e masculino, enquanto a

maioria encontra-se incluídos na faixa etária entre 18 e 45 anos, distribuídos conforme a

Tabela 1, logo abaixo:

Tabela 1 – População por Faixa Etária e Gênero

GÊNER

O

0 a 12 13 a 17 18 a 45 46 a 60 61 ou + TOTAL

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

Feminin

o 1.104

16,6

8 343 5,18 1.550

23,4

2 278

4,2

0 113

1,7

5 3.388

51,2

0

Masculi 1.186 17,9 353 5,33 1.420 21,4 200 3,0 70 1,0 3.229 48,8

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

63

no 2 5 2 5 0

TOTAL 2.290 34,6

0 696

10,5

1 2.970

44,8

7 478

7,2

2 183

2,8

0 6.617 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

A grande maioria das famílias são chefiadas por mulheres, representando 86%,

tornando-se presença expressiva e integrante no orçamento familiar, enquanto 14% é a

participação dos homens. Num total de 1.807 chefes de família, 2,71% destes estão excluídos

do mercado formal e informal de trabalho, tendo como motivo a falta de emprego. Ver Tabela

2 a seguir:

Tabela 2 – Gênero e Renda do Chefe de Família

GÊNER

O

Sem renda 0 – 1 SM 1 – 2 SM 2 – 3 SM + 3 SM TOTAL

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

QUAN

T %

Feminin

o 37

2,0

5 1379

76,3

1 114

6,3

1 16

0,8

9 8

0,4

4 1.554 86

Masculi

no 12

0,6

6 185

10,2

4 46

2,5

5 4

0,2

2 6

0,3

3 253 14

TOTAL 49 2,7

1 1564

86,5

5 160

8,8

6 20

1,1

1 14

0,7

7 1.807

10

0

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Em relação à escolaridade, constatou-se que 54,17% dos chefes de família possuem

Ensino Fundamental Incompleto (E.F.I.), com uma parcela de 17,04% de analfabetos; 8,08%

possuem o Ensino Médio Incompleto (E.M.I.); 7,53% o Ensino Médio Completo (E.M.C.);

5,26% são alfabetizados e 0,17% possuem Ensino Superior Incompleto (E.S.I.). Estas

características refletem a falta de infra-estrutura na área de educação da comunidade, que não

possui equipamentos sócio-educacionais disponíveis. Dados completos segundo a Tabela 3.

Tabela 3 – Escolaridade do Chefe de Família

ESCOLARIDADE QUANTIDADE %

Analfabeto (ANALF.) 308 17,04

Alfabetizado (ALFA.) 95 5,26

Ensino Fundamental Incompleto (E.F.I.) 979 54,17

Ensino Fundamental Completo (E.F.C.) 137 7,58

Ensino Médio Incompleto (E.M.I.) 146 8,08

Ensino Médio Completo (E.M.C.) 136 7,53

Ensino Superior Incompleto (E.S.I.) 3 0,17

Ensino Superior Completo (E.S.C.) 3 0,17

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

64

Quanto à estrutura de distribuição familiar, foi identificado que 8,52% vivem em co-

habitação; 91,48% sem co-habitação e apresentando uma estrutura de um a média composta

de três a quatro pessoas. Uma curiosidade surge desmistificando a idéia de uma prole

numérica em camadas populares, pois, 14,54% desse universo têm a família composta por

apenas um membro. Esta estatística pode ser fruto de um planejamento familiar que esta

sendo difundido nas classes populares. Confira na Tabela na seqüência.

Tabela 4 – Número de Membros da Família

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

1 pessoa 262 14,54

2 pessoas 267 14,82

3 pessoas 357 19,81

4 pessoas 377 20,92

5 pessoas 271 15,04

Acima de 5 pessoas 273 14,87

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

3.1.3.2 Educação

Do total de 6.617 habitantes que residem na comunidade, observa-se, conforme Tabela

5, que de 0 a 12 anos, 256 crianças encontram-se ainda na Educação Infantil (E.I.). Um

numero exorbitante de crianças estão Fora da Escola (F.E), totalizando 191, pois, não foram

matriculadas no início do ano letivo ou abandonaram os estudos no decorrer do ano. Outros

dados como os Sem Idade Escolar (S.I.E.), e os que Não Informaram (N.I.) constam na Tabela

5, como veremos abaixo:

Tabela 5 – População por Faixa Etária e Grau de Escolaridade

IDAD

E

E.

I.

S.I.

E.

F.

E.

ANAL

F.

ALF

A.

E.F.

C.

E.F.

I.

E.M.

C.

E.M.

I.

E.S.

C.

E.S.

I.

N.

I.

TOT

AL %

0 – 12 25

6 534

19

1 14 50 0

1.21

7 0 0 0 0

28 2.290 34,6

1

13 –

17 0 0 6 14 5 24 545 6 89 0 0

7 696 10,5

6

18 –

45 0 0 3 333 116 254

1.62

7 276 326 4 8

23 2.970 44,8

8

46 –

60 0 0 0 164 52 24 206 14 14 0 1

3 478 7,22

+ 60 0 0 0 92 21 6 56 3 2 0 0 3 183 2,77

TOT

AL

25

6 534

20

0 617 244 308

3.65

1 299 431 4 9

64 6.617 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

65

Numa visão geral dos números, verificamos que: entre 13 a 17 anos e 18 a 45 observa-

se que o grau de escolaridade com o maior número de pessoas corresponde ao E.F.I., somando

um total de 2.172 pessoas; na faixa etária entre 18 a 45 anos reside o maior número de

analfabetos, num total de 333 pessoas; das 661 pessoas com mais de 45 anos, há o maior

número de analfabetos, 256 no total.

Na localidade não existe estrutura educacional, e encontra-se em fase de construção a

primeira Escola de Ensino fundamental. As crianças se deslocam para adjacências do Bairro

Parque Dois irmãos, como, Jardim Primavera e Conjunto Tupamirim. Os estudantes de

Ensino Médio se deslocam para o Centro, ou bairros, Montese, Conjunto José Walter ou

Jardim União.

3.1.3.3 Saúde

A Comunidade Rosalina apresenta um quadro precário em termos de infra-estrutura de

saúde, sendo inexistente qualquer tipo de equipamento nesta área. A única estrutura

disponível é a do Centro Integrado de Educação e Saúde (CIES) Vicentina Campos,

pertencente a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Constando de uma unidade escolar e um

posto de saúde congeminados, o CIES, funciona com 5 equipes do Programa de Saúde da

Família (PSF), composta de: 1 médico clínico; 1 enfermeiro; 1 auxiliar de enfermagem e 4

quatro agentes de saúde. Apenas duas dessas equipes assistem ao conjunto Rosalina.

As doenças mais freqüentes que atingem a comunidade são as viroses e doenças

respiratórias, respectivamente com 30,91% e 20,97% dos casos (Tabela 6). As estatísticas

apenas são frutos de um precário estado de atendimento de saúde e de péssimas condições de

habitabilidade em que estas famílias estão inseridas, como se pode acompanhar na Figura 8.

Tabela 6 – Doenças Mais Freqüentes

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

Virose 908 30,91

Respiratória 616 20,97

Diarreias 242 8,24

Pele 164 5,58

Verminose 172 5,85

Dengue 75 2,55

Cólera 05 0,17

Outras 519 17,65

Nenhuma 237 8,06

TOTAL 2.938 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

66

Fonte: SEPLA (2008)

Figura 8 – Condições Habitacionais na Comunidade Rosalina

3.1.4 Diagnóstico Participativo: Cenário da Pesquisa

Na Rosalina, a Prefeitura está construindo um conjunto com 1.831 unidades

habitacionais. Mais de 6.600 pessoas serão beneficiadas com o empreendimento. Por meio do

Pró-Moradia, serão construídas 1.081 casas-embrião, que constam de quarto, cozinha e

banheiro, recebendo essa denominação devido à possibilidade de ampliação. Também serão

construídos 750 apartamentos com dois quartos, banheiro, sala e cozinha, além de 44 pontos

comerciais. Através do Programa Pró-Saneamento, a área receberá toda a infra-estrutura para

escoamento da água e esgoto, contando inclusive com duas estações para tratamento de

esgotamento.

O relatório social de 2006, elaborado pela Coordenadoria de Projetos Sociais da

SEINF, em janeiro, detectou a seguinte situação na ocupação mais recente, referente a área de

intervenção, que possui menos de um ano: 177 famílias, com 431 moradores; São 176 casas

construídas e um estabelecimento comercial, sendo 146 casas construídas e habitadas, 28

casas construídas e não habitadas e três pendências (os moradores não se encontram na

residência); 158 casas em construção.

Com recursos totais de R$ 33 milhões, o projeto foi elaborado pela SEINF, sendo

executado pela Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) e SER

VI. O financiamento é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), através dos programas Pró-Moradia e Pró-Saneamento, tendo como o órgão

operador a Caixa Econômica Federal. (SEPLA, 2008)

As discussões da Agenda 21 na comunidade começaram com a construção do

Conjunto Habitacional Rosalina, pela Prefeitura, no sentido de empoderar as lideranças locais

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

67

e conscientizar a população para sua organização. Através de parcerias com a Incubadora de

Cooperativas da Universidade Federal do Ceará (UFC), Palma Engenharia e o Banco do

Nordeste do Brasil (BNB), desenvolvem-se trabalhos de reconstrução dos laços de

solidariedade e consciência comunitária.

O diagnóstico participativo foi a principal ferramenta usada para uma análise geral do

local que deve ser visto como um todo, um complexo repleto de alternâncias, divergências e

diferenças. Todo o levantamento de dados estatísticos referente a realidade da população local

foi realizado em conjunto com o processo de desenvolvimento da Agenda 21 da comunidade.

Assistentes Sociais e comunidade em geral, conseguiram refletir as condições de vida da

população, em termos de educação, saneamento, habitação e infra-estrutura básica.

Segundo Garcia (2007), para que o processo de diagnóstico participativo possa ser o

mais completo possível devem-se combinar dados primários com secundários. Após

levantamento dos dados, deve ser efetivada uma análise técnica que analisará a visão da

comunidade com o respaldo dos dados coletados.

Partindo dessa premissa tem-se o material necessário para viabilizar a construção de

uma comunidade baseada verdadeiramente nos idéias de sustentabilidade, com a construção

de uma Agenda 21 Local da Comunidade Rosalina. Para ser participativo, o diagnóstico deve

combinar estudos técnicos e saberes populares na análise da temática local, procurando

identificar e organizar informações que sejam consideradas relevantes para o

desenvolvimento sustentável local.

Os indicadores sócio-econômicos locais da comunidade, provenientes do EVA

realizado pela PROEMA, cruzados com o diagnóstico comunitário provenientes do

planejamento estratégico participativo realizado pela Associação Civil Alternativa Terrazul,

serão a base para o levantamento de dados coletados de forma direta, possibilitando uma

análise do perfil do lugar e dos desejos da população.

Um rigor técnico juntamente com a participação dos atores sociais é primordial, de

modo que ao final do processo se tenha uma análise que contemple a realidade da

comunidade, seja de seus sucessos na implementação da Agenda Local, seja para uma revisão

de equívocos e acertos durante o percurso, pois o sucesso do processo está estruturado em

vários ciclos sucessivos de aprendizados contínuos, conforme a Dinâmica do Processo da

Gestão Social, conforme mencionado anteriormente13

.

13

Ver páginas 52 e 53.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

68

3.2 Agenda 21 da Rosalina

Mostraremos como se deu a construção da Agenda 21 na Rosalina - Uma Outra

Rosalina é Possível - em Abril de 2007 com continuidade em 2008. Com o diagnóstico da

comunidade realizado nos encontros promovidos pela Associação Civil Alternativa Terrazul,

pode-se avaliar as dificuldades, perspectivas e possibilidades de implementação da

metodologia onde culminou com planejamento estratégico e participativo que visa o

desenvolvimento sustentável da Comunidade da Rosalina situada em Fortaleza, capital do

Ceará. (TERRAZUL, 2008)

3.2.1 O Passo a Passo

Foi seguida a metodologia do passo a passo de construção da Agenda 21 Brasileira14

,

dividida em cinco passos:

Primeiro Passo: Mobilização para sensibilizar Governo e Sociedade

Mobilização para sensibilização do governo e sociedade, por meio de seminários,

oficinas e campanhas educativas sobre a temática.

Segundo Passo: Elaboração do Diagnóstico Participativo

Conhecer e compreender a realidade local por meio da elaboração de diagnóstico

participativo.

Terceiro Passo: Elaboração do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável

Planejar a transformação da realidade local, por meio da construção do plano local de

desenvolvimento sustentável.

Quarto Passo: Realização da I Conferência da Agenda 21 da Rosalina

Eleição do Fórum da Agenda 21 da Rosalina e aprovação do plano de

desenvolvimento local e solidário no processo de construção da Agenda 21 Local por

meio de instrumentos sociais e políticos definidos pela comunidade.

Quinto Passo: Criar Fórum de Agenda 21 Local

Criação do Fórum da Agenda 21 Local, por meio de convocação dos representantes

dos diferentes setores da sociedade local.

14

Ver: < http://www. mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=2563 >.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

69

3.2.1.1 Primeiro Passo

Ocorre o Seminário de Sensibilização e Capacitação da Agenda 21 Local, realizado

nos dias 25, 26 e 27 de julho de 2007, no Centro de Treinamento do BNB, bairro Passaré, em

Fortaleza. O evento foi realizado sob a coordenação da Associação Civil Alternativa Terrazul

com o apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza e Associação de Moradores da Rosalina. O

Seminário de capacitação em Agenda 21 contou, também, com o apoio do MMA, que enviou

um monitor de Brasília. Este ministrou boa parte da capacitação, contribuindo para a

formação dos participantes para refletir sobre o que é desenvolvimento sustentável.

Nesse mesmo período foi inaugurada a Casa da Agenda 21 local (Figura 9), um

escritório de articulação da agenda 21, tendo como tarefas principais dar apoio na estrutura

para as ações e reuniões do projeto com a comunidade.

Fonte: SEPLA (2008)

Figura 9 – Casa da Agenda 21 Local da Comunidade Rosalina

3.2.1.2 Segundo Passo

A sensibilização da comunidade através de Reuniões de Rua para a Realização do I

Seminário do Plano de Desenvolvimento Local e Sustentável da Agenda 21 da Rosalina foi

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

70

iniciada nos dias 04 e 05 de Outubro, com duração de um mês, sendo realizada em todas as

ruas da comunidade.

Todo esse processo - de sustentabilidade econômica, social e ambiental em curso na

comunidade, teve o seu ponto de confluência em um grande plano de desenvolvimento

sustentável que saiu da I Conferência Local da Agenda 21 da Rosalina, culminando com a

eleição do Fórum da Agenda 21, últimos passos na formação da Agenda da comunidade.

Em cada semana foram selecionadas seis ruas, sendo realizadas duas reuniões por

semana, divididas três ruas a cada dia. Na reunião foi exposto o que é A Agenda 21 da

Rosalina, quem faz parte dela e outras relevâncias. Foram colocadas perguntas do tipo: Como

era a Rosalina no início? O que tem de bom hoje? O que tem de ruim? São divididas as

pessoas em grupos sendo destinado um facilitador que cumpre o papel de organizar as idéias e

realizar o relato final do grupo.

Finalmente os grupos são apresentados, com suas respectivas respostas às perguntas e

inicia-se o processo de exposição dos projetos que estão sendo executados na comunidade e

quais serão executados ainda pela Prefeitura Municipal de Fortaleza e a Associação Civil

Alternativa Terrazul. As pessoas que participaram se inscrevem para o congresso da Agenda

21 no final da reunião, ou depois, na Casa da Agenda 21 que se localiza na própria

comunidade.

3.2.1.3 Terceiro Passo

O Seminário para a Construção do Plano de Desenvolvimento Local e Sustentável da

Agenda 21 da Rosalina aconteceu nos dias 24 e 25 de novembro e contou com a participação

da Associação dos Moradores da Comunidade Rosalina, o Assessor do Gabinete da Prefeita,

Associação Civil Alternativa Terra zul, a Equipe Técnico-Social do Projeto de Participação

Comunitária Rosalina, além de 600 moradores da Comunidade, mobilizados nas reuniões de

rua que ocorreram no Segundo Passo.

O Seminário objetivou trabalhar 05 (cinco) grupos nas seguintes temáticas (Figura

10): Gênero; Educação Ambiental; Emprego e Renda; Idoso e Juventude. Seguiu-se a

metodologia empregada na “Oficina do Futuro”, explicando o que é a Agenda 21,

identificando os sonhos da comunidade e as dificuldades para realizá-los. Definiram-se assim

os dois principais problemas existentes na comunidade, por cada grupo, elaborando-se um

plano de ação que foi encaminhado para o Fórum da Agenda 21 da Rosalina.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

71

Fonte: TERRAZUL (2008)

Figura 10 – Grupo Temático realizando a “Oficina do Futuro”

Para identificar este dois problemas foram realizadas duas dinâmicas: Árvore dos

Sonhos e Pedras no Caminho. Na primeira, cola-se em uma grande árvore desenhada numa

cartolina a resposta dos grupos a seguinte pergunta: como é a comunidade dos nossos sonhos?

Uma negociação coletiva vai mostrar quais são os objetivos da Agenda. Respectivamente, na

segunda, o grupo desabafa e pensa nas dificuldades que terá de enfrentar para chegar aos

sonhos e respondem a pergunta: quais são os problemas que dificultam chegarmos aos nossos

sonhos? Um grande caminho de pedras que representam as respostas é desenhado em papel.

Novamente os participantes foram divididos em pequenos grupos para facilitar a

conversa. Depois de examinadas todas as dificuldades, os participantes escolhem dois

problemas que desejam ser resolvidos e organizam um Plano de Ações. Para isso, é preciso

responder a novas perguntas: Quais ações devem ser realizadas? O que será necessário para

realizá-las? Quando cada ação será realizada? Quem se responsabiliza por elas? Como avaliar

se o grupo conseguiu realizar o que planejou? Abaixo, na Figura 11, veremos um modelo de

Plano de Ação proposto por Ködelpeter (2006), em seu artigo “Iniciar Processos de Agenda

21 com Oficinas do Futuro”.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

72

Fonte: Ködelpeter (2006)

Figura 11 – Modelo de Organização do Plano de Ação

Veremos agora os resultados da construção do Plano de Ação de Desenvolvimento

Local e Sustentável do Fórum da Agenda 21 da Rosalina, com aplicação da metodologia de

Oficinas do Futuro, em resumo no Quadro 7.

Quad

ro 7

– P

lano d

e A

ção d

o F

óru

m d

a A

gen

da

21 d

a C

om

unid

ade

Rosa

lina

JU

VE

NT

UD

E

Cu

ltu

ra

(Tea

tro

/Cin

ema/

Esp

ort

e

/Mú

sica

)

Gar

rafa

PE

T;

Bo

la;

Cu

rso

de

sica

(Ban

da)

; A

ula

de

dan

ça

e T

eatr

o;

Esc

ola

s;

Tel

ão;

Esp

aço

co

m

Cad

eira

s.

2 m

eses

Arl

ien

e, J

osi

len

e,

Mic

aele

, R

afae

la,

Ed

icar

la,

Fab

ríci

a,

Eli

seu

, Jo

sé N

eto

,

Raf

ael.

Reu

niã

o d

a ju

ven

tud

e

da

Ro

sali

na

tod

o

pri

mei

ro s

ábad

o d

o m

ês.

Fo

nte

: T

ER

RA

ZU

L (

20

08

) – A

dap

tad

o

Par

tici

paç

ão p

olí

tica

Diá

log

os;

Co

mu

nic

ação

; L

azer

;

Rec

urs

os

Hu

man

os;

Div

ulg

ação

e

Info

rmaç

ão;

Jo

rnai

s

did

átic

os

com

fo

rmat

o

jov

em.

5 m

eses

Eli

seu

, Jo

sé N

eto

,

Gab

riel

a, D

aian

e, F

abio

,

Fra

nci

sca,

Fab

ian

a,

Jail

son

, L

aura

, E

dil

ane.

Reu

niã

o d

a ju

ven

tud

e

da

Ro

sali

na

tod

o

pri

mei

ro s

ábad

o d

o m

es

NE

RO

Co

nst

ruçã

o d

e um

a

Inst

itu

ição

de

apo

io e

def

esa

da

mu

lher

Esp

aço

Fís

ico

;

Rec

urs

os

Hu

man

os;

Eq

uip

amen

tos;

Mat

eria

l

par

a d

ivu

lgaç

ão.

1 a

no

Dan

iele

, D

ian

a, N

ilto

n,

Reg

ina,

Raq

uel

.

Reu

niõ

es m

ensa

is

Cap

acit

ação

Pro

fiss

ion

al p

ara

as

mu

lher

es

Esp

aço

Fís

ico

;

Rec

urs

os

Hu

man

os;

Eq

uip

amen

tos.

6 m

eses

Dia

na,

Cle

mil

da,

Reg

ina,

Raq

uel

.

Reu

niõ

es m

ensa

is

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

73

EM

PR

EG

O E

RE

ND

A

Cu

rso

s

Pro

fiss

ion

aliz

ante

s

Lo

cal;

Pro

fiss

ion

ais;

Mão

de

ob

ra.

3 a

6 m

eses

Mar

ta,

San

dra

, N

ild

a,

Cri

stin

a, T

erez

a.

A c

ada

15

dia

s.

Incl

usã

o d

e n

ovo

s

coo

per

ado

s

Cu

rso

de

coo

per

ativ

ism

o;

Pro

fiss

ion

ais;

Infr

a-E

stru

tura

.

6 m

eses

a 1

an

o

Ali

ce,

Lu

cila

ng

e,

Ale

ssan

dra

, M

aria

do

Car

mo

, V

erla

nia

.

Div

ulg

ação

; E

nco

ntr

os

men

sais

. U

ltim

o d

ia d

o

mês

no

fin

al d

e se

man

a

GR

UP

O

ÃO

MA

TE

RIA

IS E

CU

ST

OS

PR

AZ

O

RE

SP

ON

VE

IS

CO

MO

AV

AL

IAR

Quad

ro 7

– P

lano d

e A

ção d

o F

óru

m d

a A

gen

da

21 d

a C

om

unid

ade

Rosa

lina

ED

UC

ÃO

AM

BIE

NT

AL

cleo

de

Edu

caçã

o

Am

bie

nta

l n

a

Co

mu

nid

ade

Cam

pan

has

Ed

uca

tiv

as;

Sem

inár

ios;

Ofi

cin

as;

Rec

urs

os

Hu

man

os;

Aco

mp

anh

amen

to d

a

po

líti

ca p

úb

lica

de

san

eam

ento

bás

ico

.

Jan

/ 2

00

8

Eli

zab

ete,

Mar

ia d

os

Pra

zere

s, K

leit

on

,

Jura

nd

ir.

Reu

niõ

es s

iste

mát

icas.

Fo

nte

: T

ER

RA

ZU

L (

20

08

) – A

dap

tad

o

Imp

lan

taçã

o d

a

Co

op

erat

iva

de

Cat

ado

res

Co

nst

ruçã

o d

o P

réd

io;

Cad

astr

o;

Rec

urs

os

Hu

man

os;

Par

ceri

as.

Dez

/ 2

00

7

Kle

ito

n,

Fra

nci

sco

de

Ass

is,

Ev

elin

o.

Reu

niõ

es m

ensa

is.

IDO

SO

S

Co

nst

ruçã

o d

o S

alão

do

Ido

so

Est

rutu

ra F

ísic

a; E

qu

ipe

Téc

nic

a; P

roje

tos

So

ciai

s.

Jan

/ 2

00

8

Ner

tan

e A

na.

Reu

niõ

es m

ensa

is.

Co

nst

ruçã

o d

o P

ost

o d

e

Saú

de

Lo

cal

Est

rutu

ra F

ísic

a; E

qu

ipe

Téc

nic

a; M

edic

amen

tos.

Jan

/ 2

00

8

Ro

se e

Neu

za.

Reu

niõ

es m

ensa

is.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

74

GR

UP

O

ÃO

MA

TE

RIA

IS E

CU

ST

OS

PR

AZ

O

RE

SP

ON

VE

IS

CO

MO

AV

AL

IAR

Lembremos que um plano de ação é como um mapa de orientação da Agenda 21:

Ação: Significa aquilo que deve ser feito para realizar a meta.

Materiais e custos: É preciso lembrar de todo material e mão-de-obra necessários para

realizar determinada ação. Cada produto e serviço têm um custo.

Prazo: Quando cada ação deve ser realizada?

Responsáveis: Quem faz o quê? É preciso que cada grupo ou pessoa se responsabilize

pela ação.

Como avaliar: O grupo escolhe coisas que possam ser avaliadas e que indiquem se

está conseguindo ou não realizar a ação.

3.2.1.4 Quarto e Quinto Passos

A I Conferência Agenda 21 "Uma outra Rosalina é possível" (Figura 12) foi um

evento para sensibilizar, mobilizar e dar visibilidade a comunidade da Rosalina ocorreu no dia

(5) de dezembro, das 8h às 17h, na comunidade. Na ocasião, houve a eleição do Fórum da

Agenda 21 da Rosalina (Figura 13), que conta com a participação da sociedade civil,

empresários e governo.

Fonte: SEPLA (2008) Figura 12 – Cartaz de Divulgação da Conferência

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

75

Fonte: TERRAZUL (2008) Figura 13 – Mobilização para a Eleição do Fórum

A Conferência teve a participação do teólogo, filósofo e ambientalista, Leonardo Boff

(Figura 14). Além disso, estavam presentes Pedro Ivo Batista, representando o Ministério do

Meio Ambiente, representantes do BNB e da Prefeitura de Fortaleza. O evento foi realizado

pela Associação Civil Alternativa Terrazul com a parceria da Prefeitura Municipal de

Fortaleza e da Associação de Moradores da Rosalina.

Fonte: TERRAZUL (2008) Figura 14 – Participação do Teólogo, Filósofo e Ambientalista, Leonardo Boff

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

76

Um documento estratégico para o desenvolvimento sustentável da Rosalina foi

constituído pelos produtos desses seminários, aprovado na Conferência, e veremos agora o

plano de desenvolvimento participativo. A comunidade dialoga com a Equipe Social da

SEINF e engenheiros da obra com integração, acompanhando o desenvolvimento do

empreendimento, sempre ajudando e contribuindo quando solicitada.

3.2.2 Diagnóstico 1: Habitacão

Na Comunidade Pré-Intervenção, quanto ao tipo de habitação, foi constatado que

76,86% são feitas de alvenaria assentada em chão batido. Observaram-se também construções

em madeira, material aproveitado e taipa revestida ou não. Casas mistas, formadas de taipa

com tijolos ou lonas, representavam 4,76% do total. Mais detalhes são quantificados a seguir,

demonstrados na Tabela 7.

Tabela 7 – Tipos de Moradia

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

Tijolo 1.389 76,86

Madeira 12 0,66

Material Aproveitado 33 1,83

Taipa não Revestida 196 10,85

Taipa Revestida 91 5,04

Mista 86 4,76

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Quanto a estrutura física das moradias, a maioria, 22,86%, representam moradias de 3

cômodos, seguidos por 2 cômodos com 17,76%. Residências de 1 cômodo representam

14,83% do total, existindo ainda, as de 5 cômodos com apenas 12,29% do universo

pesquisado

Residências com mais de 5 cômodos, representaram uma porcentagem bastante

significativa, com total de 15, 38%. A Equipe Social da SEINF buscará um consenso junto a

essa parcela da população que será alvo de negociação, já que possuem casas maiores e com

melhor estrutura e conforto. Para melhor descrição, acompanhar Tabela 8.

Tabela 8 – Número de Cômodos

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

1 Cômodo 268 14,83

2 Cômodos 321 17,76

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

77

3 Cômodos 413 22,86

4 Cômodos 305 16,88

5 Cômodos 222 12,29

Acima de 5 Cômodos 278 15,38

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

3.2.3 Diagnóstico 2: Saneamento Básico

Dados do número de banheiros por domicílio constatam que a maioria da população

possui banheiro, e os que não possuem, utilizam o banheiro do vizinho ou jogam dejetos a céu

aberto. Ver Tabela 9 logo abaixo:

Tabela 9 – Banheiro

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

SIM 1.478 81,79

NÃO 329 18,21

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Quanto ao destino do lixo e outros resíduos, a pesquisa constata uma precariedade na

coleta pública, já que os veículos possuem apenas as ruas Matadouro e 101 como acessos.

Mesmo assim, 88,99% utilizam este recurso, conforme Tabela 10. Contêineres para

armazenamento do lixo estão localizados apenas nas ruas citadas.

Tabela 10 – Destino do Lixo

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

Coleta Pública 1.602 88,99

Céu Aberto 173 9,58

Queimada 14 0,77

Enterrado 12 0,66

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Verificou-se que a realidade da comunidade mostra que não há conscientização da

população quanto ao modo de acondicionamento do lixo. Muitas famílias despejam em frente

as suas próprias casas, estimulando a presença de vetores e insetos nas residências,

provocando diversos tipos de doenças15

. A parcela da população que despeja lixo a céu aberto

é bastante significativa, prejudicando a comunidade em sua totalidade.

15

Ver Tabela 6, com a lista de doenças mais freqüentes na comunidade.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

78

Em relação ao abastecimento de água, a responsável é a Companhia de Água e Esgoto

do Ceará (CAGECE), mas, a maioria das ligações, representando 88,88% das moradias,

possuem ligações clandestina, conhecidas popularmente como gambiarras. As ligações

oficiais correspondem a apenas 9,52%. Observa-se ainda a inexistência de água em 1,32% das

residências, conforme Tabela 11:

Tabela 11 – Abastecimento de Água

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

Gambiarra 1.606 88,88

Oficial 172 9,52

Não Tem 24 1,32

Poço 5 0,28

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

No que diz respeito ao tratamento da água para consumo revelou-se que: 40,90% das

famílias usam Cloro; 28,11% filtram; 1,99% as fervem. Um dado preocupante foi que de

todo o universo das famílias, 27,39% usam água sem tratamento algum, juntamente com

1,61% que não possuem abastecimento. Dados gerais na Figura 12:

Tabela 12 – Tratamento de Água

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE %

Clorada 739 40,90

Filtrada 508 28,11

Fervida 36 1,99

Sem Tratamento 495 27,39

Nenhum 29 1,61

TOTAL 1.807 100

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

O diagnóstico de maior relevância foi quanto ao esgotamento sanitário, em total

inexistência. A população faz uso em suas casas de fossa séptica e negra. Detecta-se muito

esgota a céu aberto, escorrendo por valas em meio a becos onde transitam os habitantes.

Dessa forma, a Comunidade da Rosalina não dispõe de espaços ou equipamentos

destinados ao lazer dos moradores, como: quadras poliesportivas, parques, pistas para

bicicletas, áreas verdes ou praças públicas. Existe um campo de futebol, popularmente

conhecido como “Campo do palito”, mas, devido a precariedade do local, está completamente

inviabilizado para qualquer tipo de prática esportiva. (PROEMA, 2007).

3.3 O Conjunto Habitacional da Rosalina

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

79

Segundo a PROEMA (2007), responsável pelo EVA da área de intervenção, o

empreendimento Conjunto Habitacional Rosalina, teve como prognóstico, segmentos de

benefícios relacionados aos interesses construtivos e anseios dos futuros moradores. Todo o

empreendimento foi considerado em duas fases distintas – Implantação e Operação – em uma

ocupação de 22,6 hectares, sendo que 2/3 dessa área ocupada pelas 1.815 famílias cadastradas

pela Equipe Técnica Social da SEINF, sendo que o restante do terreno, 1/3 da área total,

encontra-se desabitado e destina-se para o início da obra.

O projeto foi elaborado de acordo com as diretrizes da Política Nacional de

Desenvolvimento Urbano, que tem como premissa o atendimento a população urbana de

baixa renda. O local escolhido está dentro deste padrão, mostrado anteriormente no

Diagnóstico Participativo da Agenda 21, caracterizado pela carência de serviços de

saneamento básico e infra-estrutura urbana. Objetiva-se proporcionar melhorias nas condições

de vida dos moradores, que não possuem nenhuma estrutura básica e nenhum acesso viário. A

área foi parcialmente ocupada pelos moradores de forma desordenada sem nenhuma infra-

estrutura e condições precárias de tráfego e sobrevivência.

3.3.1 O Projeto

A obra previa a construção de 1.081 casas-embrião, 750 apartamentos, 44 pontos

comerciais, 1 posto de saúde, 1 centro comunitário, 2 estações de tratamento de esgoto (ETE)

e toda a infra-estrutura de urbanização, abastecimento d’água, esgotamento sanitário,

drenagem e pavimentação. Seria construída em 14 etapas – da etapa A a O – as casas e

apartamentos serão legendadas, com o objetivo de facilitar a visualização do planejamento,

detalhado em um próximo item da pesquisa. O principal foco foi promover uma opção segura

de moradia digna para os habitantes da localidade.

No sistema viário, estavam previstas as construções de duas vias coletoras com pistas

de rolamento de 8 metros, canteiro central de 2 metros e passeios laterais de 2 metros. As ruas

denominadas SD teriam pista de rolamento de 9 metros e 7 metros, e passeio de 3 metros e

2,5 metros respectivamente. Todo o projeto com suporte de drenagem das águas pluviais bem

projetada para a Avenida Moura Matos.

3.3.2 Rede de Distribuição de Água

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

80

A ampliação da rede para atender a comunidade se daria a partir do injetamento de

rede existentes nas cercanias da comunidade no diâmetro de 75 e 150 mm. A Aferição nas

condições de pressão da rede no local do injetamento revelou uma pressão média de 21,4 mca.

Dados e premissas considerados estão na Figura 15:

Fonte: PROEMA (2007) Figura 15 – Dados e Premissas Considerados

A rede de distribuição é constituida de tubos de PVC do tipo PBA nos diâmetros de

50; 75; 100 e 150 mm. Os cálculos hidráulicos foram elaborados através do programa CRede

2001 da Fundação Centro de Tecnologia e Hidráulica da Universidade de São Paulo (USP).

Ver Tabela 13:

Tabela 13 – Rede e Distribuição

DIÂMETRO (mm) PROJETADO (m)

50 3.960,00

75 798,40

100 537,00

150 674,70

TOTAL 5. 956,70

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

Segundo a Arquiteta Ana Paula Vieira da SEINF, seriam realizadas 1.184 ligações

prediais no padrão CAGECE, e acrescidas de mais duas ligações para as estações de

tratamento de esgoto, distribuídas da seguinte forma (Tabela 14):

Tabela 14 – Ligações Prediais

QUADRA QUANTIDADE LOCAL

01 13 Bloco de apartamento

02 110 Embriões

03 10 Bloco de apartamento

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

81

04 04 Bloco de apartamento

20 Pontos comerciais

05 72 Embriões

06 87 Embriões

07 08 Bloco de apartamento

02 Centro Comunitário e Posto Policial

08 75 Embriões

09 98 Embriões

10 10 Bloco de apartamento

11 97 Embriões

12 05 Bloco de apartamento

24 Pontos comerciais

13 90 Embriões

14 171 Embriões

15 209 Embriões

16 35 Embriões

17 37 Embriões

Posto de Saúde 01

Salão do Idoso 01

Creche 01

Escola 01

Lavanderia 01

Ligações de água para as ETE‟s 02

TOTAL 1.807

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

3.3.3 Justificativa da Localização

A localização para a construção do Conjunto Habitacional da Rosalina foi delimitada

pelas ruas SD 04, 101 e Matadouro, no Bairro Parque Dois Irmãos. A área encontrava-se

parcialmente ocupada por moradores da comunidade de forma desordenada, com construções

sem nenhuma infra-estrutura básica e condições de tráfego.

A ausência de saneamento, educação e moradia digna, demonstrado através dos dados

do diagnóstico participativo, acentuaram a marginalização dos moradores e outras

conseqüências mais. É importante ressaltar que faz-se necessário uma maior atenção a esta

comunidade que já luta a mais de 10 anos reivindicando uma melhor qualidade de vida.

O projeto contempla além da habitação e saneamento, uma proposta de

desenvolvimento local sustentável, com a criação de um ECOPONTO com galpão de triagem

e reciclagem. Estimula-se uma geração local de emprego e renda para muito catadores que

residem na comunidade.

Um fator determinante para a permanência no mesmo local dos moradores da

Comunidade da Rosalina foi a prioridade em manter o respeito as raízes locais e das relações

interpessoais, sem prejuízos, caso a obra fosse deslocada para longe do lugar onde atualmente

moram.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

82

3.3.4 Cronograma de Atividades

O processo foi dividido em 14 etapas, visando seguir o plano de remanejamento

elaborado pelos Agentes Sociais da Prefeitura de Fortaleza. Dessa maneira, à medida que uma

etapa fosse concluída, partes das famílias cadastradas seriam remanejadas para as novas

habitações, liberando-se a área para a continuidade de uma nova etapa, até a sua conclusão.

Durante todo o processo, cada atividade era executada e sua respectiva infra-estrutura

urbana básica compreendia:

Redes de Abastecimento D’água

Rede Coletora de Esgotamento Sanitário

Terraplanagem

Drenagem Urbana

Pavimentação

A Tabela 15 trás um resumo das etapas e atividades a seguir.

Tabela 15 – Etapas e Atividades da Obra

DESIGNAÇÃO ETAPA ATIVIDADE

A – Habitação 1 01 Casas das Quadras C1 a C8 – 342 unidades

Blocos de apartamentos 01 a 08 da Quadra A1 e os Blocos 01 a 04 e 08 e 09

da Quadra A2 – 210 unidades

Estação de Tratamento de Esgotos ETE-1

Infra-estrutura Urbana Básica

B – Habitação 2 02 Casas das Quadras C9 a C10 – 110 unidades

Blocos de apartamentos 05 a 07 e 10 a 13 da Quadra A2 – 105 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

C – Habitação 3 03 Blocos de apartamentos 01 a 10 da quadra A3 – 150 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

D – Habitação 4 04 Blocos de apartamentos 01 a 10 da quadra A2 – 150 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

E – Habitação 5 05 Casas das Quadras C23 a C26 – 120 unidades

Estação de Tratamento de Esgotos ETE-2

Infra-estrutura Urbana Básica

F – Habitação 6 06 Casas das Quadras C20 a C22 – 120 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

G – Habitação 7 07 Casas das Quadras C17 a C19 – 127 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

H – Habitação 8 08 Casas das Quadras C15 a C16 – 87 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

I – Habitação 9 09 Casas das Quadras C13 a C14 – 90 unidades

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

83

Infra-estrutura Urbana Básica

J – Habitação 10 10 Casas das Quadras C11 a C12 – 72 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

L – Habitação 11 11 Blocos de apartamentos 01 a 04 da Quadra A5 – 60 unidades

Área Comercial 1 – 20 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

M – Habitação 12 12 Blocos de apartamentos 01 a 05 da Quadra A6 – 75 unidades

Área Comercial 2 – 24 unidades

Infra-estrutura Urbana Básica

N – Equipamentos

Urbanos 1

13 Centro Comunitário – 01 unidade

Creche – 01 unidade

Urbanização da Creche – 01 unidade

Posto de Saúde – 01 unidade

Urbanização do posto de Saúde – 01 unidade

O – Equipamentos

Urbanos 2

14 Praça Quadra 18 – 01 Unidade

Praça Infantil – 01 Unidade

Praça do Idoso – 01 unidade

TOTAL 14 Conclusão da Obra

Fonte: Adaptado de PROEMA (2007)

3.3.5 Custos

As obras do Conjunto Habitacional Rosalina, eram compreendidas como necessárias a

qualquer população, sendo de responsabilidade do Município. Analisando-se individualmente

cada item da Figura 16, verifica-se que os maiores custos remontam a construção das casas-

embriões e apartamentos. Os benefícios são inúmeros em relação ao custo total da obra, já que

os equipamentos previstos têm um alcance social elevado, indo além da disposição a pagar,

com uma área de abrangência que atinge a totalidade da população da comunidade.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

84

Fonte: PROEMA (2007)

Figura 16 – Planilha de Quantitativos e Preços Unitários da Licitação Rosalina

3.4 Limitações Metodológicas

Garcia (2007), faz uma crítica contundente que expõe a fragilidade de métodos,

metodologias e ferramentas de um planejamento participativo. Experiências de aplicações

demonstram que não se pode esperar que uma comunidade, em apenas um ciclo, consiga

construir toda uma visão de futuro integrada e sistêmica. Necessita-se do engajamento e da

participação ativa de governo e comunidades locais.

Segundo Küster (2004), não é possível em um curto espaço de tempo, de apenas um

ciclo, levantar um diagnóstico amplo e complexo, definindo planos e projetos para todas as

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

85

dimensões do desenvolvimento sustentável, sendo mais difícil ainda, executar todos os planos

e projetos ao mesmo tempo.

Devemos reforçar que o processo de planejamento e diagnóstico participativo ou

Agenda 21, não substitui planejamentos convencionais político-governamentais como o Plano

Plurianual, a Lei das Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento Anual ou Plano Diretor, que

cada município é obrigado a fazer. O processo de implementação de Agenda 21 vincula-se a

estes instrumentos para se fortalecer na execução de seus compromissos, tornando os planos

mais reais e vinculados à população.

Para Buarque (1999), existem várias metodologias e ferramentas que trabalham

planejamento participativo com diferentes nomes, mas a maioria, de uma forma ou de outra,

organiza suas atividades numa seqüência lógica operacional, as quais se constituem o grande

processo de planejamento e gestão de Agenda 21 Local.

4 RESULTADOS

A seguir, serão apresentados os resultados obtidos através do desenvolvimento

metodológico, com a aplicação de entrevistas e questionários a uma amostra da população da

Comunidade Rosalina, juntamente com o registro fotográfico das vistas e observações de

campo.

4.1 Análise dos Dados Primários

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

86

Os dados sócio-econômicos, provenientes do EVA realizado pela PROEMA, revelam

o perfil da comunidade caracterizada pela carência de serviços de saneamento básico e infra-

estrutura urbana. Com uma ocupação desordenada, esta situação foi agravada e nenhuma

estrutura básica e acesso viário foi encontrado. Num aspecto geral, a região se caracteriza

como uma conurbação urbana periférica, de condições precárias de tráfego e sobrevivência.

Essa realidade não difere da situação de muitas outras áreas de risco encontradas

Fortaleza, que segundo matéria do Jornal Diário do Nordeste (2008), é a segunda pior capital

em saneamento do país, com base nos percentuais ligados ao saneamento básico e à

habitação, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, conhecida como Pnad

2007. A capital ocupa os penúltimos lugares nas listas de acesso adequado à água, com

88,5%, e ao esgoto, com 71,1%. Em relação a coleta de lixo, apresentou o pior índice de

cobertura, com 96,4%, sendo a média brasileira de 99% nas capitais.

Estes dados reforçam ainda mais a emergência para a viabilidade da obra de

construção do Conjunto Habitacional da Rosalina, sendo o projeto elaborado de acordo com

as diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e o Estatuto da Cidade, que

tem como premissa o atendimento a população urbana de baixa renda, objetivando melhorias

na qualidade de vida dos moradores.

O Estatuto da Cidade estabelece que os Municípios deverão implementar uma política

urbana voltada ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade

urbana, e reza em seu artigo 2º, os objetivos da política urbana municipal. Dentre eles

encontra-se: a “gestão democrática por meio da participação da população e de associações

representativas dos vários segmentos da comunidade, na formulação, execução e

acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano” e, audiências

do Poder Público Municipal com a população interessada.

Partindo dessa premissa, o Diagnóstico Participativo promovido pelo Processo de

Implementação da Agenda 21 Local, foi determinante para a promoção do diálogo necessário

entre a população e poder público, pois, a participação cidadã, configura-se como uma das

principais referências para a validação da democracia participativa. Dessa forma, as

discussões da Agenda 21 na comunidade começaram com a construção do Conjunto

Habitacional Rosalina, pela Prefeitura.

Este foi o momento correto para se promover uma abordagem democrática e

participativa, que mobilizou as lideranças locais e conscientizou a população para sua

organização. A comunidade encontrava-se totalmente desestruturada, desmotivada, e sem

consciência comunitária, devido a uma longa luta para que suas reivindicações fossem

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

87

atendidas. Deste modo, a Agenda 21 pôde ser entendida como uma proposta de reflexão sobre

atuais condições de vida, visando um alcance futuro de esperanças para um maior número de

pessoas.

No processo democrático a conquista das metas depende da atuação e ampla

participação dos vários segmentos da sociedade, requerendo vontade política para o exercício

do mesmo, para ser verdadeiro e criativo. Torna-se genuíno com a manifestação de todos os

atores envolvidos, principalmente daqueles menos favorecidos dentro do grupo, avaliando as

dificuldades, perspectivas e possibilidades.

Neste contexto, outro ponto positivo foi a participação da Prefeitura Municipal de

Fortaleza seguindo o regimento estabelecido pelo Estatuto da Cidade, tendo como objetivo,

proporcionar à população beneficiada, além do direito à moradia digna e adequada, a

possibilidade da organização social do local. Este processo foi conduzido pela Associação

Civil Alternativa Terrazul que teve papel de estimular para a construção da Agenda 21,

propondo a reestruturação da nova comunidade.

Para a Terrazul, o objetivo dessa ampla reestruturação seria construir a

sustentabilidade social, ambiental e econômica num amplo conceito que incluia a questão da

saúde, saneamento e educação ambiental como princípios de desenvolvimento sustentável.

Analisando este horizonte, um processo educativo de formação de consciência crítica, que

questione práticas e hábitos apresenta-se como primordial.

Essa perspectiva educacional ensina a entender o mundo, fazer julgamentos, tomar

decisões e compartilhar suas descobertas coletivamente. Educação essa, necessária não apenas

para aqueles segmentos menos favorecidos, mas também para todas as classes sociais,

rompendo com barreiras apoiadas em equívocos e preconceitos.

Não podemos esquecer que a base para se formular um processo de Agenda 21 está

num planejamento estruturado na educação em seu amplo espaço de atuação. Com sujeitos

instruídos e capacitados o sucesso poderá ser alcançado de forma consciente e ativa por parte

dos envolvidos, com troca de opiniões e diálogos sólidos, rumo a soluções de conflitos

existentes e execução dos projetos propostos.

Estes projetos foram instaurados em cinco eixos temáticos diferentes distribuídos no

Plano de Ação, com benefícios expandidos a todos os participantes envolvidos na

comunidade, de forma participativa e democrática, seguindo uma metodologia clara e objetiva

das “Oficinas do Futuro” 16

. Estas oficinas são processos dialógicos com resultado aberto,

16

Ver Quadro – 6: Metodologias para implementação de agenda 21. Páginas 49 e 50.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

88

processos para o desenvolvimento e a experimentação de novas idéias, projetos e propostas de

soluções.

Quanto aos eixos temáticos, o Plano de Ação do Grupo Idosos, está vinculado a duas

prioridades diretamente dependentes da estruturação do conjunto habitacional: construção do

Posto de Saúde Local e do Salão do Idoso. Obras com previsão de entrega em Janeiro de

2008, dependentes do andamento das construções e com ações comunitárias posteriores, e

nenhum projeto social de acompanhamento ao idoso foi colocado como prioridade.

No Plano de Ação do Grupo Educação Ambiental, a escolha dos dois tópicos

prioritários foi satisfatória. Novamente uma ação vinculada à construção do conjunto

habitacional, com o prédio da Cooperativa de Catadores, e outra, vinculada a campanhas

educativas, instalando-se um Núcleo de Educação Ambiental da Rosalina. O

acompanhamento das políticas públicas ligadas ao saneamento básico era um dos objetivos da

formação do núcleo. Evidenciava-se uma preocupação comunitária quanto à questão.

Com o Plano de Ação Emprego e Renda, um fato foi importante dentro dos debates.

Maior número de empregos com carteira assinada para garantir os direitos da aposentadoria,

FGTS e os benefícios para a família, tornou-se questão principal. Dessa maneira se instituiu

um debate sobre noções de cooperativismo e ações para beneficiar a instrução dos moradores,

empregando cursos profissionalizantes. A prefeitura em acordo com a construtora, se

comprometeu a utilizar mão-de-obra local da comunidade, no período de construção da obra,

inclusive com a inclusão do seguimento feminino, em apoio ao projeto de mulheres pedreiras.

Esta inclusão foi reforçada no Plano de Ação do Grupo Gênero, que veio promover

uma capacitação profissional para as mulheres juntamente com a construção de uma

instituição de apoio e defesa das mesmas.

Pode-se notar com isso a intrínseca relação entre os objetivos das ações anteriores

como formação e geração de emprego e renda. A oficina realizada também contribuiu para o

processo de reeducação acerca da questão de gênero, com o objetivo de isentar a comunidade

de relações desiguais entre homens e mulheres. Vale ressaltar que os estudos

socioeconômicos locais revelam que a grande maioria das famílias são chefiadas por

mulheres, representando 86%, tornando-se presença expressiva e integrante no orçamento

familiar.

Finalmente, o Plano de Ação do Grupo Juventude que promove uma maior

participação política e cursos com base na consciência ambiental, com uso de garrafas PET. A

divulgação e informação sobre o andamento da Agenda 21 e da construção do Conjunto

Habitacional ficaram a cargo de publicações do grupo, em formato jovem. A iniciativa busca

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

89

estimular a participação dessa parcela ociosa da população, bem como a sua

representatividade, atuando, produzindo conhecimento e promovendo uma reflexão acerca

dos conceitos de futuro.

O Seminário para a construção do Plano de Desenvolvimento Local e Sustentável da

Agenda 21 da Rosalina seguiu uma metodologia adequada, referente principalmente à

abordagem e mobilização da população. A Oficina do Futuro é uma técnica que ajuda a

conduzir os passos de preparação da Agenda 21 e de qualquer outro projeto coletivo, e contou

com o envolvimento de representantes do governo, movimentos sociais e, principalmente, 600

moradores da Comunidade mobilizados nas reuniões de rua. Uma representação legítima de

democracia no diagnóstico participativo.

Assim, uma das principais relevâncias deste programa foi a criação dos Grupos de

Ação Local, responsáveis pela animação do processo de mobilização comunitária para o

planejamento a médio e longo prazo, e atuam com alto grau de independência, o que permite

que novas formas de sensibilização da comunidade sejam criadas e implantadas. Abramovay e

Beduschi Filho (2003) ressaltam que “a participação dos atores locais faz com que seja

possível imaginar um novo “futuro” para os territórios”.

Dessa maneira, reforça ainda o autor, que, em muitos casos, esforços estão sendo

feitos para reestruturar atividades já existentes, mas em outros casos, quando a situação já está

muito deteriorada, são necessários novos projetos, completamente diferentes e capazes de

forjar novas identidades e imagens em determinadas áreas. Estas são as maiores necessidades

no caso da Comunidade Rosalina, que conviveu com o descaso durante mais de uma década

de luta e agora tem um novo horizonte com apoio dos programas que serão desenvolvidos

com a implementação de sua agenda local e a construção da Comunidade Nova Rosalina.

Os alicerces dessa nova comunidade estão estruturados na união entre a proposta de

habitação digna, prometida pela Prefeitura Municipal, e o Plano de Ações da Agenda 21

Local, realizados com um planejamento integrado e participativo com a população

beneficiada, lembrando que o processo esta baseado em três níveis: elaboração de uma

plataforma, com os programas de ações em longo prazo; viabilização de uma cultura política

consensual, promovida com a comunicação entre todos os grupos envolvidos; e o caminho do

planejamento, traçado no dia-a-dia, introduzindo os primeiros passos.

Nesta interação, segundo Apel (2007), cada nível esta sujeito a conflitos. Sem uma

cultura política de debate, não se consegue um consenso estável. Sem um consenso, também

não será possível efetuar ações. A realização de primeiras ações ajuda a propagar entre os

indivíduos envolvidos tanto a viabilidade dos programas quanto a confiança a ser depositada

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

90

neles. Tudo isso contribui para as futuras ofensivas de planejamento e para as metas

posteriores.

Vale ressaltar que em toda metodologia que leve a um processo de negociações

visando a determinação de metas e estratégias, é preciso operar com uma garantia de

resultados realistas. Não importa se em um encontro participativo serão discutidas metas da

Agenda ou se deverá ser concebido um projeto para um bairro através de uma Oficina do

Futuro, em qualquer um dos casos, os moderadores deverão ter consciência de que uma

cultura de comunicação sobre um objeto tão complexo quanto a Agenda 21 somente poderá

ter continuidade, caso tenha como base resultados alcançados ao longo de pequenos passos a

serem dados.

Se não houver uma meta, também não haverá um caminho. Existe uma necessidade de

um plano orientador. No caso da comunidade estudada, se o plano de ações for desenvolvido

por um fórum não representativo, ninguém deverá admirar-se com o fato de suas metas não

poderem ser introduzidas na execução do planejamento da obra do Conjunto Habitacional. A

formulação de metas deverá ser realizada de modo consensual com os verdadeiros

responsáveis pela tomada de decisões do Município, as autoridades públicas legalmente

responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, intensivamente envolvidas no processo.

Além disso, Apel (2007) também recomenda buscar a consecução de medidas que, em

curto prazo, possam ser apresentadas a comunidade como êxitos parciais. Um movimento em

torno da Agenda 21 que não apresente resultados exemplares estará fadado ao fracasso.

Aponta-se um caminho estratégico para soluções, buscar uma coordenação entre as diversas

Secretarias Municipais, promovendo uma harmonia entre os interesses dessas diferentes

pastas.

Um outro caso a ser observado remete ao desenvolvimento e estruturação do projeto

do Conjunto Habitacional da Rosalina em acordo a Agenda 21 implementada. A infra-

estrutura necessária ao pleno funcionamento e continuidade dos projetos do Plano de Ação de

desenvolvimento Local e Sustentável da Agenda 21 da Rosalina, foi garantida, com a

contemplação em projeto das obras: Centro comunitário, Posto Policial, Salão do Idoso,

Creche e Escola.

Demonstra-se que o projeto da viabilização do conjunto, esta compactuado com a

implementação da Agenda Local, sendo ouvida as reivindicações da comunidade, distribuídas

no Plano de Ações em seus cinco eixos principais. Além da habitação e saneamento, a criação

de um ECOPONTO com galpão de triagem e reciclagem, foi mais uma proposta de

desenvolvimento local sustentável. Estimula-se uma geração local de emprego e renda para

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

91

muito catadores que residem na comunidade e desenvolvimento de vários outros projetos na

área de eco-educação e meio ambiente.

Veremos agora o acompanhamento do desenvolvimento destes planos. Num universo

temporal que se estende até a provável conclusão do projeto. Observa-se um propósito de

desenvolvimento local sustentável no âmbito da promoção de melhor qualidade de vida, com

saneamento e moradia digna à comunidade.

4.2 Análise dos Dados Secundários

A análise das respostas do questionário aplicado a uma amostra de 120 (cento e vinte)

pessoas da Comunidade Rosalina, no período de Janeiro a Março de 2009, serve como

subsídio para a visualização do panorama em que se encontra o andamento das propostas no

âmbito geral. Formulou-se 20 (vinte) perguntas, direcionadas aleatoriamente, abrangendo

questões referentes ao posicionamento e entendimento da população amostral sobre vários

aspectos do processo de implementação da Agenda 21 do Conjunto Habitacional Rosalina.

Vale ressaltar que, anteriormente ao período da pesquisa, exatamente na segunda-feira,

primeiro dia do mês de Dezembro de 2008, as primeiras famílias foram remanejadas para a

fração concluída da “Nova Rosalina”, assim chamada por seus moradores (Figura 17). Este

processo se estendeu até a sexta-feira, dia 5 (cinco), com a entrega de 280 habitações e a

promessa de 41 unidades habitacionais logo em seguida, como divulgado no Jornal O Povo

(2008), Figura 18. Dessa forma, a amostra populacional da pesquisa compreende moradores

da Nova Rosalina, como também pessoas que ainda aguardam o sonhado remanejamento.

Fonte: Jornal O Povo (2008)

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

92

Figura 17 – Moradora da Comunidade Recebendo sua Casa

Figura 18 – Recorte do Jornal o Povo (1º de Dezembro de 2008)

Uma análise mista – qualitativa e quantitativa – da opinião da população local sobre o

processo de Agenda 21 instaurada durante o decorrer da construção do conjunto habitacional,

será apresentada a seguir, iniciando-se com a questão referente ao conhecimento dos

entrevistados sobre o assunto exposto.

Quando questionados sobre o conhecimento da Agenda 21 Local do Conjunto

Habitacional Rosalina, um fato surpreendente pôde ser confirmado. Com resposta objetiva,

exatamente 70% da população amostral não conhecia ou não ouviu falar. A proporção é

figurada na Tabela 16:

Tabela 16 – Conhecimento da População

CONHECE A AGENDA 21? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

93

Sim 36 30,00

Não 84 70,00

TOTAL 120 100,00

Este dado demonstra uma falha na seqüência lógica operacional logo na primeira

etapa, que compreende a sensibilização e mobilização. Pode ter referência também com a falta

de interesse da população sobre o assunto, desconhecendo a ligação existente entre a visão de

futuro do conjunto habitacional com a implementação da Agenda 21 local, um instrumento

importante na construção do senso compartilhado de propósito.

A constatação desse fato restringe a magnitude da pesquisa. A seqüência lógica de

perguntas é interrompida para 84 entrevistados que desconhecem o processo, retomando o

questionário somente a partir da questão de número 17 (dezessete), ligada especificamente ao

andamento da obra. Com a população que tem conhecimento sobre a Agenda Local, composta

de 36 entrevistados, questionou-se sobre a iniciativa do processo, segunda pergunta da lista, e

as respostas estão distribuídas na Tabela 17.

Tabela 17 – Iniciativa

QUEM? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Prefeitura 5 13,89

ONG 9 25,00

Movimento Social - -

Empresa 1 2,78

Pessoa (as) da Comunidade 8 22,22

Conselho - -

Outros - -

Não Sabe 13 36,11

TOTAL 36 100,00

Uma grande parcela não sabe de quem partiu a iniciativa para a construção da agenda,

mas, 47,22% da população, responderam ONG, com 25% do total, e prefeitura, com 22,22%.

Todos os representantes dessa amostra apontam para a ONG Terrazul e o órgão Habitafor

como responsáveis pela iniciativa. Dados estes, demonstram que uma parcela da comunidade

tem consciência do trabalho em conjunto do governo e sociedade na construção desse

processo participativo.

Fazendo referência quanto ao objetivo da Agenda, na terceira questão proposta, a

maioria com 63,89%, respondeu que entendia os objetivos, como mostrado na Tabela 18. De

maneira informal foram indagados sobre quais. Predominou a resposta de que com a

implementação da agenda 21, “fica mais fácil cobrar a construção do conjunto, já que o

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

94

governo sempre promete e não cumpre”, outros poucos responderam que, “vai melhorar nossa

vida”.

Tabela 18 – Objetivo

ENTENDE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 23 63,89

Não 13 36,11

TOTAL 36 100,00

Indagados quanto a constituição de fórum, comissão ou grupo de trabalho, exatamente

75% responderam que foi constituída alguma dessas ferramentas de apoio participativo

(Tabela 19), com atribuições e tarefas articuladas, demonstrando um avanço no grande

processo de gestão e planejamento.

Tabela 19 – Fórum, Comissão ou Grupo de Trabalho

FOI CONSTITUÍDO? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 27 75,00

Não - -

Não Sabe 9 25,00

TOTAL 36 100,00

Ainda em relação à constituição do Fórum, realizou-se uma seqüência de 3 (três)

perguntas: quem coordenou o processo de criação (Tabela 20); qual a freqüência de reuniões

(Tabela 21); e através de que, tem funcionado o Fórum da Agenda 21 (Tabela 22).

Divergências foram encontradas nas respostas, principalmente quanto à regularidade das

reuniões, onde, 50,00% afirmaram uma total inexistência. Outros 19,44%, responderam que

não existe uma reunião com período regular, desde que se iniciou a construção das habitações.

Tabela 20 – Responsáveis pela Coordenação do Processo de Constituição do Fórum

QUEM? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Corpo técnico da prefeitura 2 5,55

Organização do setor produtivo - -

Movimento Social - -

Empresa 1 2,79

Associações Locais 2 5,55

ONG 2 5,55

Sindicato - -

Consultoria - -

ONG + Associações locais 9 25,00

Corpo técnico da prefeitura + ONG 2 5,55

Corpo técnico da prefeitura +

Associações locais 2 5,55

Corpo técnico da prefeitura + ONG

+Associações locais 3 8,34

Outros - -

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

95

Não Sabe 13 36,12

TOTAL 36 100,00

Tabela 21 – Reuniões do Fórum Regularmente

ACONTECE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim - -

Outros 7 19,44

Não 18 50,00

Não Sabe 11 30,56

TOTAL 36 100,00

Tabela 22 – Funcionamento do Fórum

ATRAVÉS DE QUE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Comissões temáticas 4 11,10

Assembléias abertas à população 3 8,34

Reuniões internas, de membros do

fórum 9 25,00

Consultas à população por

consultoria - -

Assembléias abertas à população +

Reuniões internas de membros do

fórum

7 19,44

Outros - -

Não Sabe 13 36,12

TOTAL 36 100,00

Relataram que o Fórum apenas discute o andamento das obras, juntamente com

representantes de órgão da administração pública, em reuniões que acontecem sem uma data

agendada regularmente. Outras atividades sociais comunitárias foram esquecidas, voltando

atenção somente à solução de problemas de infra-estrutura do conjunto habitacional,

problemas estes, que aumentaram substancialmente no decorrer do ano de 2008.

Um fruto negativo foi colhido com o produto desse acontecimento. Verificando as

respostas quanto a continuidade do processo de agenda 21, referente à questão 8 (oito),

77,78% dos entrevistados afirmam uma interrupção, conforme Tabela 23. O mecanismo

chamado Participação foi rompido e o “empoderamento” da população foi desacreditada. A

visão da participação como forma de sustentação democrática do processo de gestão social foi

abalada.

Tabela 23 – Interrupção do Processo da Agenda 21

EXISTIU? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 28 77,78

Não 2 5,55

Não Sabe 6 16,67

TOTAL 36 100,00

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

96

Quando falamos de Participação como parte de um processo, este não pode sofrer

interrupções sem a análise dos motivos que provocaram a pausa ou finalização. Torna-se

necessária uma reflexão para uma futura reformulação nas atitudes e ações. A Participação

não deve ser confundida com um simples ato passivo, como o de estar presente, ser

consultado ou concordar. Ela significa o poder de influir e contribuir com propostas de

mudanças, integrando assim, as instâncias de tomada de decisão.

Os dados seguintes, mostrados com as questões 9 (nove) e 10 (dez), reforçam

comentário sobre o rompimento da Participação. Não há prestação pública de contas (Tabela

24) nem dos resultados da Agenda 21 para a população local (Tabela 25). A participação no

processo de desenvolvimento em todas as suas dimensões é o desafio enfrentado por todos os

programas, projetos e ações nas diversas esferas, voltados para a construção de Agendas

Locais.

Tabela 24 – Prestação Pública de Contas das Atividades

EXISTE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim - -

Não 23 63,89

Não Sabe 13 36,11

TOTAL 36 100,00

Tabela 25 – Apresentação de Resultados da Agenda 21

EXISTE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim - -

Não 29 80,56

Não Sabe 7 19,44

TOTAL 36 100,00

Quanto à questão de ações no sentido de promover iniciativas de Agenda 21 em

Escola, a totalidade dos entrevistados decretou inexistência da proposta (Tabela 26). Na

localidade não existia estrutura educacional, somente no ano de 2008 foi construída a primeira

Escola de Ensino fundamental. Os estudantes de Ensino Médio se deslocam para o Centro, ou

bairros periféricos próximos.

Tabela 26 – Iniciativa de Agenda 21 em Escola

EXISTE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim - -

Não 36 100

Não Sabe - -

TOTAL 36 100,00

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

97

Deve ser lembrado que o Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Ministério

da Educação lançou o programa de Agenda 21 na escola, e alguma discussão ambiental

deveria ser remetida. Este programa é uma resposta à proposta de inserção da temática do

meio ambiente no espaço escolar de maneira transversal conforme os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN)17

.

No Brasil, somente na segunda metade da década de 1990, a discussão acerca do

ensino da educação ambiental nos espaços escolares foi inserida oficialmente no sistema

educacional, através da elaboração dos PCN, no capítulo intitulado “Educação Ambiental”,

numa perspectiva de transversalidade, ou seja, como “Tema Transversal”, “o que significa

que tanto a concepção quanto os objetivos e conteúdos propostos por Educação Ambiental,

encontram-se contemplados pelas diversas áreas do conhecimento” (BRASIL, 1998).

No tópico, Geração de Emprego e Renda (Tabela 27), a questão da educação é um

determinante. Entre 13 a 17 anos e 18 a 45 observa-se que o grau de escolaridade com o maior

número de pessoas corresponde ao E.F.I., somando um total de 2.172 pessoas; na faixa etária

entre 18 a 45 anos reside o maior número de analfabetos, num total de 333 pessoas.

Tabela 27 – Agenda 21 na Geração de Emprego e Renda

ALGUM RESULTADO? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 21 58,33

Não 5 13,89

Não Sabe 10 27,78

TOTAL 36 100,00

Os dados refletem a carência de formação intelectual dos habitantes da localidade. Por

conta deste cenário, foi necessário um processo de formação para inserir a comunidade dentro

do projeto de emprego e renda proposto pelo Plano de Ações da Agenda 21, segundo Quadro

9, com a prefeitura comprometendo-se em priorizar o aproveitamento da mão-de-obra local.

O reflexo desta atitude se projeta na Tabela 27, onde 58,33% dos entrevistados apontaram um

resultado positivo na implementação dos projetos direcionados a esta ação.

Percebe-se que mesmo com a existência de projetos direcionados à formação e

capacitação da população, durante o processo, não se efetivou com êxito a organização da

comunidade a ponto de promover o fortalecimento e/ou criação de organizações sociais.

Quando questionados, 77,78% da população da amostra negou a existência de ações

17

O PCN é um conjunto de documentos elaborado pelo Ministério da Educação e do Desporto, e tem por

objetivo contribuir, no caráter de sugestão, na atualização do currículo das escolas de ensino fundamental e

médio de todo o Brasil.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

98

direcionadas a este fortalecimento (Tabela 28), que seria uma das metas da instauração da

Agenda.

Tabela 28 – Agenda 21 no Fortalecimento e/ou Criação de Organizações Sociais

FORTALECEU OU CRIOU? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 2 5,55

Não 28 77,78

Não Sabe 6 16,67

TOTAL 36 100,00

Outro ponto a ser considerado é que, a formulação de metas deverá ser realizada de

modo consensual com os verdadeiros responsáveis pela tomada de decisões de um Município.

Sem o fortalecimento e/ou criação de órgãos sociais, este diálogo pode ser impossibilitado.

Atualmente não existe apoio do município ao processo, segundo as respostas dos

entrevistados, observadas na Tabela 29:

Tabela 29 – Processo da Agenda 21 com Apoio do Governo Municipal Atualmente

EXISTE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim - -

Não 33 91,67

Não Sabe 3 8,33

TOTAL 36 100,00

Isso quer dizer que as autoridades públicas legalmente responsáveis pelo

desenvolvimento, não se encontram envolvidas intensivamente no processo, e segundo Apel

(2007), “se os atores envolvidos desejarem medidas adicionais, além dos campos de

atividades já existentes, a administração municipal logo apontará para o endividamento e para

a falta de recursos financeiros”.

Aqui deverá processar-se uma reestruturação de idéias, para que a continuidade das

atividades não seja entendida como “uma preocupação futura marcada por um grande ônus

financeiro, mas sim como um fator que exige uma reorientação do orçamento disponível. Isso

significa, forçosamente, que uma plataforma somente poderá ser estabelecida em um longo

prazo, afinal de contas, a maior parte dos recursos financeiros já está empenhada”. (APEL,

2007).

Este fato referencia às respostas das Questões 15 (quinze) e 16 (dezesseis), de ordem

subjetiva, onde nenhum dos entrevistados manifestou nenhum sucesso quanto ao processo de

Agenda 21 Local. Comentários gerais foram expostos somente quanto aos obstáculos ou

falhas, apontando a falta de empenho e apoio da Prefeitura. O reflexo das respostas dessas

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

99

questões pode ser facilmente demonstrado na observação das questões finais, referentes à

construção do Conjunto Habitacional da Rosalina e a participação e planificação do projeto,

junto à população beneficiada.

Esta Planificação pode ser definida como uma atividade que visa fixar objetivos

coerentes e propriedades para o desenvolvimento econômico e social, determinando os meios

apropriados para o alcance dos mesmos e colocá-los em prática. Buarque (1999) menciona a

planificação como uma ferramenta de trabalho utilizada para tomar decisões e organizar as

ações de forma lógica, racional, de modo a garantir os melhores resultados e a realização dos

objetivos, com os menores custos e no menor prazo possível.

O êxito desses resultados está intrinsecamente ligado à harmonia sistêmica das

discussões entre governo e população de forma racional e objetiva. As questões seguintes são

relacionadas a este diálogo, fator determinante no andamento das obras e que se tornou a

prioridade dos habitantes do local. Ver Tabela 30 na seqüência:

Tabela 30 – Órgãos Municipais Responsáveis pela Obra Dispostos a Ouvir a População

EXISTE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 43 35,83

Não 26 21,67

Não Sabe 51 42,50

TOTAL 120 100,00

Vale lembrar que desde a questão proposta anteriormente, a população amostral voltou

a ser constituída de 120 (cento e vinte) indivíduos, que retomaram o questionário na Questão

17 (dezessete), por não conhecer o programa de Agenda 21 do Conjunto Habitacional da

Rosalina.

Segundo a tabela, uma parcela substancial da população nega a disposição dos órgãos

municipais responsáveis pela construção do Conjunto Habitacional em ouvir suas

reivindicações, contribuições ou opiniões. Contudo, 35,83% relataram um contato próximo,

mesmo que de forma indireta, por intermédio da associação de moradores e das agentes

sociais municipais que ainda se encontram no local.

Quanto à prestação de contas sobre o andamento das obras, somente 15,83% dos

entrevistados responderam que existe. A grande maioria, totalizando 84,17%, nega ou não

sabe da existência, como visto na Tabela 31, abaixo:

Tabela 31 – Prestação de Contas à Comunidade sobre Andamento da Obra

EXISTE? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 19 15,83

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

100

Não 63 52,50

Não Sabe 38 28,67

TOTAL 120 100,00

Muitos alegam que respostas sobre o assunto somente são encontradas quando

reuniões extraordinárias acontecem, e somente quem participa são os representantes do

governo municipal da SER VI, Habitafor, Defesa Civil, Palma Engenharia e os líderes

comunitários, estes, responsáveis pela difusão de todas as informações contidas nas reuniões.

Deve-se lembrar que a gestão participativa, requer a construção de relações sólidas e

cooperativas e que, o exercício da cidadania deve englobar a participação em espaços

públicos de exercício do poder, tais como conselhos, comitês, fóruns, associações e outros.

Este tipo de representatividade é uma prerrogativa do programa de Agenda 21 Local, e se não

acontecer um fortalecimento desses espaços, o programa terá como destino o fracasso. Esta

poderá ser a realidade da Agenda 21 da Rosalina, caso não ocorra a retomada participativa das

ações propostas para sua implementação.

Retomando à penúltima questão, um dado positivo foi colocado. A pesquisa mostra

que 61,67% das pessoas afirmaram ter poder de opinião e escolha da moradia no processo de

remanejamento para a “Nova Rosalina”, mostrado na Tabela 32:

Tabela 32 – Poder de Opinião e Escolha da Moradia no Processo de Remanejamento

EXISTIU? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 74 61,67

Não 37 30,83

Não Sabe 9 7,50

TOTAL 120 100,00

A afirmação reforça o exemplar trabalho dos Agentes Sociais da prefeitura, que com

transparência, conquistaram o respeito e confiança da comunidade, mesmo com uma rotina

exaustiva e inúmeros problemas durante o processo. Apesar das interrupções contínuas das

obras com atrasos no prazo programado, a equipe deu continuidade ao planejamento do

remanejamento das famílias que ainda receberão sua moradia posteriormente.

Finalmente, a população amostral foi questionada quanto à satisfação com o projeto da

nova moradia. Apenas 10,00% do total se posicionaram como satisfeitos e 25,83%

demonstraram uma negação referente ao questionamento (Tabela 33).

Tabela 33 – Satisfação com o Projeto da Nova Moradia

SATISFEITO? FREQUÊCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

Sim 12 10,00

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

101

Não 31 25,83

Não Sabe 77 64,17

TOTAL 120 100,00

Vele ressaltar que 64,17% dos entrevistados não sabiam responder. Justamente pelo

fato da pesquisa ter sido realizada no período de Janeiro a Março de 2009, logo após a entrega

da primeira etapa concluída do Conjunto habitacional da Rosalina. Vários participantes ainda

não haviam idealizado o sonho da nova moradia. Quanto aos 25,83% dos insatisfeitos,

diversos foram os motivos apontados. A junção das respostas subjetivas dessa pergunta com a

entrevista informal com líderes comunitários, foi determinante para a formulação do relatório

final de campo, tratado na seqüência.

5.3 Relatoria

Entendido sob uma perspectiva sociológica, o problema da moradia reflete o

dinamismo e a complexidade de determinada realidade socioeconômica. Dessa forma,

segundo Brandão (1984), as necessidades do habitat não se reduzem exclusivamente a um

instrumento material, mas dependem da vontade coletiva e se articulam às condições culturais

e a outros aspectos da dimensão individual e familiar.

Não é por acaso que nas grandes metrópoles brasileiras, os programas de regularização

fundiária, vinculados a melhorias urbanas, têm sido um instrumento de política habitacional

extremamente importante na luta de muitos moradores de favelas e de bairros clandestinos em

busca da integração socioeconômica. (BRASIL, 2009).

Ao se analisar a questão habitacional, a relação com outras políticas urbanas é um dos

aspectos a ser considerado. Em função da interdependência da moradia com outras esferas,

nem sempre um simples incremento dos programas de habitação é a solução mais indicada

para melhorar as condições habitacionais da população mais pobre. Isso porque esses

programas podem ser inviabilizados caso não sejam integradas a eles outras políticas urbanas,

como de transporte, energia elétrica, esgotamento sanitário e abastecimento de água

(AZEVEDO, 1996).

Esta realidade foi detectada desde o início das observações de campo junto a

Comunidade Rosalina, demonstrada pela carência de políticas urbanas em todos os seus

segmentos, principalmente quanto ao esgotamento sanitário precário e a inexistência de vias

urbanas de acesso à comunidade.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

102

O primeiro passo da prefeitura, quanto ao início das obras do Conjunto habitacional da

Rosalina, foi a ação de desocupação da área, fato que ocorreu no primeiro semestre do ano de

2006. Neste mesmo período, cerca de 70 moradores da comunidade Rosalina, acamparam em

frente a sede da Prefeitura Municipal de Fortaleza, na Avenida Luciano Carneiro. O grupo era

comandado por Eronildo dos Santos, que se identifica como líder comunitário. Ele afirmava

que os moradores não deixariam o local até que a Prefeitura recuperasse as moradias

destruídas durante a ação de desocupação do dia 16 de fevereiro de 2006. Durante o ato, o

morador Francisco Gonçalves de Souza Júnior foi baleado e morreu no hospital, e Guarda

Municipal Ângelo Silva Laroca sofreu vários ferimentos 18

.

No ato de demolição das novas construções, dia 16 de fevereiro, a administração

pública agiu no exercício regular do Poder de Polícia, sendo este poder um mecanismo de

defesa do interesse da coletividade. O referido Poder possui o atributo da auto-executoriedade

que permite que a administração municipal execute a sua decisão independentemente de

mandado judicial. A Guarda Municipal, que não utilizou armas de fogo, com o apoio da

Polícia Militar, realizou a ação.

Eronildo dos Santos relatava que o grupo não era contra o projeto, e sim, contra a ação

da Prefeitura de querer implantar sem ouvir a comunidade, dizendo que as casas oferecidas

não são suficientes. Ao ser questionado a respeito da venda ilegal de terreno e habitação,

Eronildo desconversava. Segundo a população local, estes manifestantes não desejavam o

conjunto, e que os mesmos, ocupavam o terreno do projeto, que fora invadido.

A polêmica continuava dentro da própria comunidade. De acordo com o presidente da

Sociedade Comunitária Habitacional Rosalina, Nertan Ribeiro, o grupo de manifestantes que

acampou em frente a Prefeitura utilizava o nome da comunidade, mas não representava os

interesses dela. Alegava que habitantes locais foram ameaçados de morte pelo grupo que não

quer o projeto. Nertan afirmava que os manifestantes destruíram a sede da Associação de

Moradores da Rosalina e que os moradores do local viviam sob constantes ameaças.

Neste período a Equipe Social da Prefeitura elaborava um relatório da área de

intervenção destinada a primeira etapa do empreendimento. Um total de 177 famílias, com

431 moradores foram cadastrados inicialmente. Distribuíam-se em 176 casas construídas e um

estabelecimento comercial, sendo 146 casas construídas e habitadas, 28 casas construídas e

não habitadas e três pendências, pois os moradores não se encontram na residência. Outras

158 casas encontravam-se em processo de construção. A Prefeitura alertou a comunidade que

18

Notícia postada no Portal do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-CE). Disponível em: < http://www.iabce.

org.br/conteudo_ver.php?cod_conteudo=167 >

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

103

só é possível a construção do conjunto com a área desocupada. Por isso, a necessidade do

congelamento de novas construções na área. O que acontecia era a tentativa de ocupação

desordenada, com pessoas interessadas na especulação imobiliária do terreno.

Francisca de Lima, outra representante da Associação, mesmo com medo de

represália, diz que não foi derrubada pela Prefeitura nenhuma casa que estava ocupada. A

moradora e representante popular, afirmou que “eram casas que eles estavam construindo para

ganhar dinheiro em cima, alugando e vendendo”. Francisca acrescenta que os moradores

estavam apreensivos, de que a Prefeitura parasse o projeto de construção do conjunto

habitacional por conta dos manifestantes.

O problema de ocupações indevidas se estendeu até o ano de 2008. Quando os

moradores antigos do local já estavam prestes a ser beneficiados com a regularização

fundiária, um grupo de 400 invasores tomou e loteou o terreno desapropriado onde seriam

erguidas as novas unidades habitacionais. Quanto à ação de desocupar tudo outra vez, reaver

o terreno e dispersar os ocupantes irregulares, Olinda Marques, então presidente da Habitafor,

admite que o prejuízo do município chegou a R$ 2 milhões. Ela reconhece que a situação foi

uma das mais difíceis que enfrentou, nos três anos de condução da política habitacional do

município. O habitacional atrasou. Foi uma ação intempestiva de invasores rivalizando com

uma demanda organizada da comunidade Rosalina. Mais que o prejuízo financeiro, quase

houve um grande baque social no lugar. O apoio de entidades históricas, como a Federação de

Bairros e Favelas e pastorais sociais, ajudou na condução do caso19

.

Esse relato retrata a fragilidade ou até mesmo o rompimento dos laços de união entre

os moradores, e foi, no sentido de melhorar a qualidade de vida na comunidade, reconstruir

estes laços de solidariedade e restaurar sua identidade, que a Associação Civil Alternativa

Terrazul com apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza e da Associação de Moradores da

comunidade da Rosalina iniciou a experiência da construção da Agenda 21, logo em abril de

2007, juntamente com o início das obras do conjunto. As discussões da Agenda 21 na

comunidade começaram no sentido de empoderar as lideranças locais e conscientizar a

população para sua organização.

Na manhã de quarta-feira, 24 de Janeiro de 2007, a Prefeitura de Fortaleza, por meio

da Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), da Secretaria de

Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura (SEINF) e da Secretaria Executiva Regional VI -

19

Maiores detalhes, ver O Povo Online. Disponível < http://www.opovo.com.br/opovo/fortaleza/793395.html >

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

104

Grande Messejana assinou a ordem de serviço para a construção das 1.831 unidades

habitacionais para a Comunidade Rosalina.

A Palma Engenharia, construtora que venceu a licitação, ao iniciar as obras teria um

prazo de 24 meses para conclusão. A empresa também aproveitaria a mão-de-obra da

comunidade em seu canteiro de obras (Figuras 19 e 20), fazendo um cadastramento de

pessoas que possam trabalhar como eletricista, carpinteiro, pedreiro e servente. Além disso,

também seria aproveitado o trabalho das participantes do Curso de Mulheres Pedreiras, que

foi promovido na comunidade pela Prefeitura e beneficiou 23 mulheres da região20

.

Fonte: SEPLA (2008)

Figura 19 – Canteiro de obras: Apartamentos na Comunidade Rosalina em 2008

Fonte: SEPLA (2008)

Figura 20 – Canteiro de Obras: Embriões na Comunidade Rosalina em 2008

20

Detalhes no Portal da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Disponível em: < http://www.fortaleza.ce.gov.br/

index.php?option=com_content&task=view&id=2717&Itemid=239 >

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

105

Com essa atitude, entraria em prática o Plano de Ação da Agenda 21 Local no seu eixo

Emprego e Renda. Outros projetos corolários, dos diversos eixos já comentados na análise

dos dados primários prosseguiram em desenvolvimento logo no período inicial de

viabilização do empreendimento, no ano de 2007. Um projeto de iluminação pública na Velha

Rosalina foi implantado e alguns outros exemplos são listados na seqüência, abaixo:

Ação contra a Dengue – Formado por 10 jovens da comunidade, para realizar a

operação “Quintal Limpo”, educando a comunidade no combate a dengue;

Mutirão Solidário – Atividade envolvendo os trabalhadores da comunidade na

recuperação dos barracos sob risco de desabamento.

Aluguel Solidário – Projeto de locação de imóveis para famílias desabrigadas pelas

chuvas da quadra invernosa, financiadas pelo projeto com a Palma Engenharia.

Geração de Trabalho e Renda – Ocupação imediata dos empregos gerados pela

construtora do conjunto Rosalina com mão-de-obra da comunidade selecionada pela

Associação.

Projeto Cozinha Popular – Constituição de micro-empresa dos próprios moradores da

comunidade para fornecer mais de 300 refeições diárias para a obra de construção do

conjunto habitacional garantindo oito empregos diretos.

Vigilância Comunitária – Projeto de segurança estabelecido pela necessidade de auto-

defesa da comunidade em garantir seu terreno (várias vezes ocupados por estranhos) e

as casas onde as famílias vão morar.

Cooperativa integrada da Rosalina – Projeto em parceria com a Universidade Federal

do Ceará (UFC), está em andamento e consiste em uma cooperativa que aproveite as

podas das árvores da cidade, uma empresa cooperativa de confecção, um ECOPONTO

para melhorar a vida dos catadores, e uma secção de artesanato;

Casa da Agenda 21 – A partir da Comissão local constituída da Agenda 21 Local da

Rosalina, construindo e planejando o desenvolvimento sustentável e a economia

solidária; Oficina de Educação Sanitária e Ambiental com estudantes das escolas

(implantação da Horta Escolar); Curso de Formação de Lideranças da Comunidade.

Cursos Profissionalizantes – Corte & Costura; Eletricista Predial; Bombeiro; Curso de

Artífice de Construção Civil-2007; Curso Mãos a Obra Mulher (Mulheres Pedreiras);

Cooperativismo; Agente de Cidadania Ambiental.

Ilha Digital – Projeto de inclusão digital para jovens e adultos, articulado pela

Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) e Instituto Federal de Educação,

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

106

Ciência e Tecnologia (CEFET) e titulado PROINFOR. Com a tecnologia da

informação e comunicação ampliando os horizontes para um novo processo de ensino

e aprendizagem e formalizando a construção do conhecimento de modo coletivo,

efetivam-se também as relações com a inclusão social e digital de jovens da

comunidade, gerando oportunidades para a formação tecnológica e ingresso no

mercado de trabalho.

Durante o ano de 2008, várias paralisações foram motivos de atrasos. A atenção dos

integrantes do Fórum da Agenda 21, como também, de toda a população da comunidade,

voltaram-se a debates e reuniões com representantes dos órgãos públicos municipais, Agentes

Sociais da Prefeitura, Defesa Civil e engenheiros responsáveis pela obra. Reuniões estas,

contavam sempre com a presença de líderes comunitários, que repassavam as pautas

discutidas para toda a comunidade que sempre comparecia a Casa da Agenda 21, preocupados

principalmente com o andamento das obras, ou cobrando indenizações ainda não finalizadas

ou liberadas para pagamento.

Pode-se notar que a Casa da Agenda 21, que tem como propósito acolher os projetos e

reuniões do Fórum, e servir como ponto de apoio e referência às discussões comunitárias,

tornou-se apenas um escritório de mediação de conflitos entre a Comunidade e Prefeitura.

Exatamente na segunda-feira, primeiro dia do mês de Dezembro de 2008, as primeiras

famílias foram remanejadas para a fração concluída da “Nova Rosalina”, assim chamada por

seus moradores. Este processo se estendeu até a sexta-feira, dia 5 (cinco), com a entrega de

280 habitações e a promessa de 41 unidades logo em seguida, como promessa da Então

presidente da Habitafor, Olinda Marques. Complementava ainda que, as outras 1.495

moradias seriam concluídas em Julho, data final para o fim do trabalho.

A análise das respostas do questionário aplicado a uma amostra de 120 (cento e vinte)

pessoas da Comunidade Rosalina, no período de Janeiro a Março de 2009, serve como

subsídio para a visualização do panorama em que se encontra o andamento das propostas no

âmbito geral. Moradores complementaram as respostas subjetivas do questionário expondo

sua indignação e insatisfação, como poderemos ver em transcrições de alguns trechos de

entrevistas:

Quando recebemos nossa casa, a gente pensou que taria tudo resolvido... aí foi que

apareceu os problemas de verdade. Imagina senhor, que entregaram a nossa casa

sem reboco por dentro, tinha casa sem privada colocada. As janelas e portas tavam

tudo empenada.(...) Sem contar que quando a gente ligou a geladeira, televisão e as

outras coisas, foi um “papôco só”, queimou tudo, e quem pagou? Até agora

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

107

ninguém. A gente passou de muita semana com luz de vela! Isso pra quem tinha

como comprar ou pedir vela.

Morador da Comunidade Rosalina

Quando questionados quanto à satisfação com a nova moradia, uma resposta direta

destacou-se entre outras: “Beco por beco eu já morava”, uma moradora indigna-se e

complementa que “na minha casa ao menos eu tinha mais conforto, era maior”, refletindo seu

descontentamento com os 44 metros quadrados de casa.

Vale ressaltar o momento em que o questionário foi aplicado. Primeiro semestre do

ano de 2009, referente ao período chuvoso. A obra foi paralisada, e o que se observava era

apenas uma drenagem inexistente, com pontos expressivos de alagamentos. A estação de

Tratamento de esgoto não operava e vários esgotos domésticos formavam valas nas ruas.

Na quarta-feira, 1 de Julho de 2009, às 9 horas da manhã, no Conjunto Habitacional

Planalto Universo, o gestor, Roberto Márcio Dutra Gomes toma posse do cargo de Presidente

da Habitafor. E enfatiza em seu discurso que “a principal meta da gestão é aprofundar o

aspecto da participação popular dentro das políticas habitacionais desenvolvidas pela

Habitafor, mas dando continuidade ao trabalho feito pela ex-Presidente, Olinda Marques e sua

equipe, no que diz respeito ao combate do déficit habitacional de Fortaleza, a titularidade

feminina e a garantia de moradias de qualidade para a população”.

A promessa não obteve êxito, demonstrada detalhadamente no relatório fotográfico,

realizado em Agosto de 2009, com visita in loco, gentilmente acompanhado da líder

comunitária Francisca de Lima. O cenário atual ainda reflete o descaso dos órgãos públicos ao

empreendimento, que incluía moradias, urbanização e estação de tratamento de esgoto.

Veremos nas fotografias seguintes a situação em que realmente se encontra o Conjunto

Habitacional Rosalina. Inicialmente, veremos a ETE, na Figura 21

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

108

Figura 21 – ETE do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

109

Como podemos verificar nas fotografias mostradas na Figura 21, desde a sua

construção, a estação encontra-se inoperante. A fotografia superior esquerda evidencia a

presença de esgotos percorrendo valas a céu aberto. A estação conta com quatro reatores, que

até o momento não entraram em funcionamento e a fotografia inferior direita, destaca o

motivo. Vândalos danificam a estrutura e cortam as tubulações, impossibilitando que a

CAGECE, após inúmeras tentativas, ativem o processo de tratamento. A Figura 22 mostra

algumas perspectivas diferentes da estrutura da estação.

Figura 22 – ETE do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

110

Percorrendo as ruas do Conjunto Habitacional, pode-se notar a gravidade da situação

em que se encontram as ruas e vias de acesso devido a drenagem inexistente. Durante a

quadra invernosa, a infra-estrutura urbanística básica foi totalmente afetada, e, vários outros

agravantes tornaram as ruas intransitáveis Figura 23. Parte das quarenta e uma unidades

habitacionais que seriam concluídas após a entrega das primeiras chaves, foram condenadas

pela Defesa Civil, e uma ordem de demolição está em processo. A Figura 24 mostra o quadro

em que se encontram estes embriões.

Figura 23 – Situação atual da Infra-estrutura Urbanística Básica em alguns trechos, 2009.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

111

Figura 24 – Embriões condenados pela Defesa Civil, Agosto de 2009.

Veremos agora um registro fotográfico das habitações no período pré-chuvoso.

Observam-se ruas e calçadas estreitas nas fotos ao topo da Figura 25. Alguns moradores,

inclusive, a líder comunitária Francisca de Lima, demonstram insatisfação. “Olha a largura

dessa calçada!... como é que eu posso vender meu churrasquinho agora se mal dá pra colocar

minha banquinha que ninguém pode passar por aqui? (...) fora que já tem esgoto escorrendo

ai, ta vendo?”. Sua casa é localizada na rua fotografada e suas palavras refletem o que as

fotografias não podem expressar. A venda de churrasco à população local é sua principal

fonte de renda.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

112

Figura 25 – Habitações no período pré-chuvoso, Dezembro de 2008.

A Figura 26, mostra na seqüência, a verdadeira realidade em que se encontram

apartamentos e embriões oito meses após a entrega das primeiras habitações. Ruas sem

condições de tráfego onde a vegetação se expande e lixo se acumula em certas áreas. A coleta

de lixo restringe-se a pontos específicos onde existe acesso aos veículos, e a população sem

contribuir, despeja em áreas impróprias, contrária a ideologia ambiental da Agenda 21 Local.

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

113

Figura 26 – Habitações no período pós quadra invernosa, Agosto de 2009.

O projeto-piloto contava – além de moradia, urbanização e tratamento de esgoto – com

uma escola, posto de saúde e centro comunitário. Várias outras propostas e projetos na área de

esporte e emprego deveriam ser implantadas pela Regional VI. Até o momento, registrado in

loco, nenhuma praça foi construída, e nenhum programa de inclusão foi apresentado à

comunidade. O centro comunitário serve de abrigo provisório às famílias que ainda não

receberam indenizações (Figura 27). O centro comercial, outra promessa e apoio à geração de

emprego e renda, não saiu do projeto, assim como o ECOPONTO, para suporte a associação

de catadores locais.

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

114

Figura 27 – Centro Comunitário do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009.

Quanto ao sistema viário, foi previsto a construção de duas vias coletoras com pistas

de rolamento de 8 metros, canteiro central de 2 metros e passeios laterais de 2 metros. As ruas

denominadas SD teriam pista de rolamento de 9 metros e 7 metros, e passeio de 3 metros e

2,5 metros respectivamente. Todo o projeto com suporte de drenagem das águas pluviais bem

projetada para a Avenida Moura Matos. A Figura 28 mostra as condições reais dessas vias de

acesso, em diversas perspectivas, detalhando vias intransitáveis para qualquer tipo de veículo,

inclusive transporte público.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

115

Figura 28 – Vias de Acesso ao Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009.

Após vários registros, vale ressaltar que o projeto previa a construção de 1.831

habitações, 44 pontos comerciais, posto de saúde, centro comunitário, duas ETE e toda a

infra-estrutura de urbanização, abastecimento d’água, esgotamento sanitário, drenagem e

pavimentação. Seria dividido em 14 etapas – da etapa A a O , em um período de 24 meses,

com obras iniciadas no primeiro semestre de 2007, com prazo final de conclusão em julho de

2009. Merece destaque neste momento, um registro aéreo da amplitude do empreendimento

na Figura 29. A foto superior corresponde ao primeiro semestre de 2008, e a foto inferior,

confere ao período de entrega das primeiras chaves. Posteriormente, na Figura 30, veremos o

panorama da obra, em Agosto de 2009, oito meses após a entrega da parte concluída.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

116

Fonte: Registro de arquivo - Palma Engenharia Figura 29 – Vista aérea panorâmica do Conjunto Habitacional Rosalina, 2008.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

117

Figura 30 – Panorama Atual da Obra do Conjunto Habitacional Rosalina, Agosto de 2009.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

118

Após a entrega das primeiras chaves – momento este que, nem sequer, corresponde a

conclusão da primeira etapa – observa-se um total abandono do canteiro de obras enquanto a

população aguardava o reinício das atividades. A Palma Engenharia retoma os trabalhos

apenas em Março de 2009, paralisando novamente após três meses. Uma nova construtora

para assumir as obras é aguardada com ansiedade pela comunidade.

Uma última entrevista informal com líderes comunitários foi realizada em Agosto de

2009, juntamente com os últimos registros fotográficos correspondentes a Figura 30. Crescia

ainda mais a indignação dos moradores com os órgãos públicos responsáveis, quanto ao

descaso com a população local. Alegavam que os representantes do Poder Público não

estavam dispostos a ouvir suas reivindicações, como anteriormente, através da mediação da

líder comunitária Francisca de Lima. A mesma complementa que visita constantemente a

Habitafor, não obtendo êxito nem respostas a qualquer questionamento ou proposta.

Uma outra Rosalina é possível? Indagada sobre o lema da Agenda 21 Local da

comunidade, Francisca responde que ainda acredita nessa possibilidade, mesmo que ela se

torne cada vez mais distante, desmotivando vários membros que participavam ativamente da

luta. “Temos sempre que acreditar e tentar fazer valer nossos direitos (...) anos de luta me fez

criar fôlego e coragem, por isso continuo a bater na porta deles, e continuarei!”. Encerra a

conversa com moradores à sua porta, trazendo vários problemas ainda sem solução, ou

mesmo, buscando notícias de sua última visita à Habitafor.

Finalizando em números, apenas um montante de 286 habitações foi entregue – 1.545

famílias ainda aguardam sua moradia ou o processo de indenização, como aqueles que usam

as dependências do Centro Comunitário como abrigo; Drenagem inexistente, estação de

tratamento de esgoto inoperante e urbanização insatisfatória; Cozinha Popular desativada,

pois, o contrato com a SDE não foi renovado após um ano de funcionamento; Catadores ainda

esperam o ECOPONTO; apenas um único Grupo de Trabalho do plano de Ação da Agenda

21 Local da Rosalina continua ativo – Grupo Juventude – com reuniões e promoção de

pequenos eventos locais juntamente com a Associação de Moradores, como a formação da

Quadrilha Rosa do Sertão.

Mesmo assim, o dia 7 de Julho foi comemorado com muita festa, data que representa a

formação e símbolo de perseverança da comunidade nestes treze anos de busca por uma vida

digna de fato.

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

119

5 CONCLUSÕES

A Agenda 21 tornou-se um instrumento importante na mobilização e participação

popular, quanto à definição de prioridades e formulação de planos de ações no caminho para o

desenvolvimento sustentável. Diferentes regiões, municípios ou localidades começaram a

preocupar-se com a sustentabilidade do desenvolvimento local e iniciaram a elaboração e

implementação de Agenda 21, como é o caso da Prefeitura de Fortaleza, apoiando a

Comunidade Rosalina durante o processo.

A integração de diversos atores sociais, políticos e econômicos em torno de objetivos

comuns, na visão da sustentabilidade a longo prazo, contribui substancialmente para o

fortalecimento da democracia local. Porém, esta união somente torna-se sólida com a

colaboração permanente entre os atores e representantes de governos locais, no

monitoramento e avaliação das metodologias e ferramentas adaptadas em cada caso à

realidade e especificidades da localidade.

Enquanto o monitoramento acompanha o desenrolar das ações, redirecionando-as em

intervalos de curto prazo, a avaliação refere-se a momentos de aprofundamento sobre os

rumos e impactos do processo de desenvolvimento e a necessidade de redirecioná-lo. Esta foi

a falha no processo de implementação de Agenda na Construção do Conjunto Habitacional

Rosalina. O Fórum da Agenda 21 se dissolveu no primeiro momento em que surgiram atrasos

na obra, e juntamente com ele, as ações vinculadas aos grupos de trabalho foram

abandonadas.

Deve-se entender que a Agenda 21 é um processo contínuo, e não um único

acontecimento ou atividade. Os resultados são obtidos a longo prazo, em formação cíclica, de

modo a possibilitar permanentes intervenções na realidade, transformando-a. Modificações

contínuas e ativas não fizeram parte do desenvolvimento e acompanhamento do processo no

cenário da Rosalina. Reuniões eram vinculadas somente às discussões focadas quanto a

questões de remanejamento ou indenizações, enquanto que a organização para execução dos

planos, definição de papéis e atribuições, não eram pautadas como prioridade, em uma ação

coletiva planejada.

Como o sucesso do processo está estruturado em vários ciclos sucessivos de

aprendizados contínuos, como exposto pelo IADH, as reuniões com representantes do poder

público e comunidade, deveriam realimentar o sistema com novas idéias, ampliando a visão

de futuro dentro da comunidade, redefinindo objetivos, revisando e elaborando projetos.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

120

Dessa maneira, a gestão social seria aperfeiçoada a cada ciclo, promovendo uma rica

harmonia entre os limites e possibilidades reais em busca da concretização de sonhos e

desejos de forma coletiva.

Com esta ampliação de capacidades e aprendizagem, seriam consolidadas

contribuições crescentes em busca dos resultados em torno de um eixo aglutinador, formado

pela implementação da Agenda 21 e a Construção do conjunto Habitacional da Rosalina.

Dessa forma, a comunidade conquistaria seu espaço de controle social, dentro do processo

participativo, numa forma de co-gestão representativa. Ficariam claros assim, os papéis e as

responsabilidades do Poder Público Local e da Sociedade Civil.

No processo democrático a conquista das metas depende da atuação e ampla

participação dos vários segmentos da sociedade, requerendo vontade política para o exercício

do mesmo, para ser verdadeiro e criativo. Torna-se genuíno com a manifestação de todos os

atores envolvidos, principalmente daqueles menos favorecidos dentro do grupo, avaliando as

dificuldades, perspectivas e possibilidades.

Este é o principal desafio da Comunidade Rosalina na retomada de seu ciclo de

atividades, sem perder a motivação, sabendo que todo o processo pode ser reavaliado, e seus

direitos reivindicados, dentro da organização e formação de idéias. A busca por instrução

básica de educação seria o primeiro passo para uma gestão sócio-ambiental e política de fato,

pois, uma outra Rosalina ainda é possível.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Ricardo; BEDUSCHI FILHO; Luiz Carlos. Desafios para a gestão

territorial do desenvolvimento sustentável no Brasil. Artigo apresentado no XLI

Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural (SOBER) – 27 a 30 de Julho de 2003 –

Juiz de Fora – MG.

AGENDA 21 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Brasília: Senado Federal, 1996.

AGENDA 21 LOCAL. (Portal). Disponível em: < http://www.agenda21local.com.br >

Acesso em: 20 jun. 2008.

ALMEIDA, Vitor de Azevedo; DUARTE, Nívia Sarmento. Cidade Sustentável e Gestão

Democrática Municipal. Disponível em: < http://conpedi.org/manaus/arquivos/anais/bh/

vitor_de_azevedo_almeida_junior.pdf > Acesso em: 07 out. 2008.

ANA. Rio+10 – site oficial. Disponível em: < http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas

/RelatorioGestao/Rio10/riomaisdez/index.php.34.html > ANA, 2002.

ANTUNES, Ângela; GADOTTI, Moacir. A Ecopedagogia como pedagogia apropriada ao

processo da Carta da Terra. Disponível em: < http://www.paulofreire.org

/twiki/pub/Institucional/MoacirGadottiArtigosIt0039/Ecopedagogia_e_Carta_da_Terra_2005.

pdf > Acesso em: 13 mar. 2008.

APEL, Heino. Agenda 21 Local na Alemanha – O que é isso? In: Caminhos para a

sustentabilidade: um manual de metodologias: breves relatos de técnicas comunicativas

visando ao fomento da participação cidadã. Org. Heino Apel; Dorothee Dernbach; Tomas

Ködelpeter; Peter Weinbrenner. Tradução: Tito Lívio Cruz Romão. Fortaleza: Fundação

Konrad Adenauer, 2007.

AZEVEDO, Sérgio de. A crise da Política Habitacional: dilemas e perspectivas para o final

dos anos 90 In: A questão da moradia nas grandes cidades: da política habitacional à

reforma urbana. RIBEIRO, Luiz Cesar de Q.; AZEVEDO, Sergio de (Orgs.). Rio de Janeiro:

UFRJ, 1996.

BATISTA, Pedro Ivo. Agenda 21 como Instrumento de Construção de Sociedades

Sustentáveis. In: Agenda 21 Local: Experiências na Alemanha, do Nordeste e Norte do

Brasil. Orgs. Klauss Hermanns, Miguel Macêdo. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer,

2003.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

122

BEGIN, Gino Van. Agenda 21 Local na Europa – O balanço de um sucesso. In: Rio + 10 =

Joanesburgo. Rumos ao Desenvolvimento Sustentável. Parte III: Iniciativas locais para

Agenda 21 na Europa e no Brasil. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, Série Debates nº

25, maio 2002.

BENTHIEN, Patrícia Faraco. Ongs e Agroecologia no Brasil. Resumos do II Congresso

Brasileiro de Agroecologia. Rev. Brás. de Agroecologia. V.2 n.1, fev. 2007, p.25-28.

BORN, Rubens. Fechado Plano de Ações da Cúpula de Joanesburgo: energia provoca o

fracasso da Conferencia global. Disponível em: < http://www.agenda21local.com.

br/con3c.htm#rubens > Acesso em: 20 jun. 2008.

______. Agenda 21: Instrumento de Transformações para Sociedades Sustentáveis. In:

Agenda 21 Local: Experiências na Alemanha, do Nordeste e Norte do Brasil. Orgs.

Klauss Hermanns, Miguel Macêdo. Fortaleza: fundação Konrad Adenauer, 2003.

BRANDÃO, Arnaldo Barbosa. Problemas de teoria e metodologia na questão da

habitação. Projeto: arquitetura, planejamento, desenho industrial, construção. São Paulo, nº

66, p. 102-108, ago. 1984.

BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação. Déficit habitacional no

Brasil 2007 / Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação. – Brasília, 2009.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:

Terceiro e Quarto ciclo: Apresentação dos Temas Transversais / Secretaria de Educação

fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRITO, Paulo Afonso Barbosa de. Poder Público e Sociedade para o Desenvolvimento Local

Sustentável. In: Democracia, transparência e desenvolvimento sustentável. Orgs. Miguel

Macedo, Maria Alice Bogéa Prazeres. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2007.

BUARQUE, Sérgio. Metodologia de Planejamento do Desenvolvimento Local e

Municipal Sustentável. 2ª ed. Cooperativa Técnica SEPLAN-PE/IICA. Recife, 1999.

CABRAL, Nájila Rejanne A. J. Certificação Ambiental de Municípios: A Experiência do

Estado do Ceará na construção de um Modelo de Desenvolvimento Sustentável. II

Workshop Internacional de Pesquisa em Indicadores de Sustentabilidade – WIPIS. EESC –

USP. São Carlos: São Paulo, 2008.

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

123

CASTRO, José Nilo de. A emergência do tribalismo urbano. In: Revista Brasileira de

Direito Municipal - RBDM, ano 8, n. 23, Belo Horizonte: Fórum, jan./mar., 2007, p. 11.

CAÚLA, Bleine Queiroz; OLIVEIRA, Francisco Correia de. Agenda 21 Local e a

Transversalidade da Educação Ambiental à luz da Lei Nº 9.795/99. Disponível em: <

http://engema.up.edu.br/arquivos/engema/pdf/PAP0324.pdf > Acesso em: 17 ago. 2008.

CIPOLLA, Francisco Angel, In: Revista do CONFEA, Ano VI, n. 8, jan/fev 2002, p.18.

CHACON, Suely Salgueiro. O sertanejo e o caminho das águas: políticas públicas,

modernidade e sustentabilidade no semi-árido. 2005. Tese (Doutorado em Desenvolvimento

Sustentável) – UnB-CDS, Brasília, 2005.

CMMA. Nosso futuro comum. Rio de janeiro: Fundação Getúlio Vargas,1988.

CREA/RJ. CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E ARQUITETURA/RJ. Decálogo

da Cidade Auto-sustentável. In: Revista do CONFEA, Ano VI, n. 8, jan/fev/2002, p. 23.

COSTA, Juliana Pedrosa. Gestão Democrática das Cidades. In: Revista de Direito

Municipal – RDM, ano 4, n. 7, Belo horizonte: Fórum, jan./mar., 2003, p. 81.

CRESPO, Samyra. Uma visão sobre a evolução da consciência ambiental no Brasil nos anos

1990. In: TRIGUEIRO, André (Org.) Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam

da questão ambiental em suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

DROBENKO, Bernard. As Cidades Sustentáveis. Série Grandes Eventos – Meio Ambiente.

Disponível em: < http://www.simbaproject.org/download/brazil/Urban%20Mobility%20

Conference/AntonioBrasilJr_CidadesSustentaveisDesenvolvimentoSustentavel.pdf > Acesso

em: 10 abr. 2008.

GADOTTI, Moacir. Agenda 21 e a Carta da Terra. Disponível em: <

http://cartadaterra.com.br/pdf/Agenda21_CT2002.pdf > Acesso em: 20 mai. 2008.

______. Pedagogia da terra: ecopedagogia e educação sustentável. Paulo Freire y la agenda

de la educación latinoamericana en el siglo XXI, p.81-132. Disponível em: <

http//bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/torres/gadotti.pdf > Acesso em: 23 jul. 2007.

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

124

______. Pedagogia da terra e cultura de sustentabilidade. Revista Lusófona de Educação, nº

006, pp.15-29. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Lisboa, Portugal,

2005.

GARCIA. Maria de Fátima. Subsídio à elaboração da Agenda 21 local: Diagnóstico

participativo do Bairro Benfica – Fortaleza-CE. Dissertação de Mestrado. Universidade

Federal do Ceará – UFC: Fortaleza, 2007.

GRAZIA, G. Estatuto da Cidade: Uma Longa História Com Vitórias e Derrotas. In:

Estatuto da Cidade e Reforma Urbana: Novas Perspectivas para as Cidades Brasileiras.

OSÓRIO, L. M. (Org.). Porto Alegre: Sergio A. Fabris, 2002.

GOOGLE MAPS. Localização da Comunidade Rosalina. Disponível em: < http://maps.

google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl > Acesso em: 15 mai. 2008.

HOLANDA, Roberto Pimentel. Relembrar o Passado, entender o Presente, e Construir

um Futuro: da Agenda 21 à Formação do Comitê das Bacias Hidrográficas da Região

Metropolitana de Fortaleza. Monografia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2007.

HÜNEKE, Knut. Conferência do Futuro como Metodologia para a Realização de uma

Agenda 21 Local. In: Caminhos para a sustentabilidade: um manual de metodologias:

breves relatos de técnicas comunicativas visando ao fomento da participação cidadã.

Org. Heino Apel; Dorothee Dernbach; Tomas Ködelpeter; Peter Weinbrenner. Tradução: Tito

Lívio Cruz Romão. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2007.

INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – Departamento Ceará. Prefeitura de Fortaleza

x Comunidade Rosalina. Disponível em: < http://www.iabce.org.br/conteudo_

ver.php?cod_conteudo=167 > Publicado em: 03.03.2006.

INSTITUTO DE ASSESSORIA PRA O DESENVOLVIMENTO HUMANO. Orientações

Metodológicas para a Construção e Avaliação da Agenda 21 Local. In: Agenda 21 Local:

orientações metodológicas para a construção e avaliação. Orgs. Ângela Küster; Klaus

Hermanns; Paulo César Arns. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2004.

International Council for Local Environmental Initiatives. Second Local Agenda 21 Survey,

Background. Paper No. 15. Department of Economic and Social Affairs, United Nations.

2002.

Jornal Diário do Nordeste. O que mudou 15 anos após a Eco-92. Contributed by Diário do

Nordeste. In: NatureUp Magazine. Wednesday, 24 October 2007 Last Updated Monday, 10

December 2007.

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

125

Jornal O Povo. Rosalina: Famílias Começam a ser Transferidas para Conjunto.

Publicado em Fortaleza-CE. Terça, 1 de Dezembro de 2008.

Jornal O Povo Online. O Prejuízo do Erário: A invasão que custou R$ 2 milhões.

Disponível em: < http://www.opovo.com.br/opovo/fortaleza/793395.html > Acesso em: 04

jun. 2008.

KÖDELPETER, Thomas. Que Contribuição as metodolodias podem prestar? In:

Caminhos para a sustentabilidade: um manual de metodologias: breves relatos de técnicas

comunicativas visando ao fomento da participação cidadã. Org. Heino Apel; Dorothee

Dernbach; Tomas Ködelpeter; Peter Weinbrenner. Tradução: Tito Lívio Cruz Romão.

Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2007.

______. Iniciar Processos de Agenda 21 com Oficinas do Futuro. In: Caminhos para a

sustentabilidade: um manual de metodologias: breves relatos de técnicas comunicativas

visando ao fomento da participação cidadã. Org. Heino Apel; Dorothee Dernbach; Tomas

Ködelpeter; Peter Weinbrenner. Tradução: Tito Lívio Cruz Romão. Fortaleza: Fundação

Konrad Adenauer, 2006.

KRANZ, Patrícia. Agenda 21 e Educação para um Brasil Sustentável. PGM 2 – Tecendo a

rede de co-responsabilidade no Brasil. SALTO PARA O FUTURO / TV ESCOLA.

Disponível em: < http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/ebs/pgm2.htm > Acesso em:

15 jan. 2009.

______. Pequeno Guia: Agenda 21 Local. Disponível em: < http://www.agenda21local.

com.br/con1.htm > Acesso em: 10 set. 2008.

______. Crise do modelo de desenvolvimento. Disponível em: < http://www.agenda21

local.com.br/con2b.htm > Acesso em 11 nov. 2006.

KÜSTER, Ângela. Agenda 21 Local: orientações metodológicas para a construção e

avaliação. Orgs. Ângela Küster; Klaus Hermanns; Paulo César Arns. Fortaleza: Fundação

Konrad Adenauer, 2004.

LANGEWEG, Fred. The implementation of Agenda 21 „our common failure‟? The

Science of the Total Environment; accepted 20 May 1998. p. 227-238.

LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder.

Petrópolis: Editora vozes, 1998.

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

126

LEIS, Héctor Ricardo; D’AMATO, José Luis. O Ambientalismo Como Movimento Vital:

Análise de suas dimensões Histórica, Ética e Vivencial. In: DESENVOLVIMENTO E

NATUREZA : Estudos para uma sociedade sustentável. Org. Clóvis Cavalcante. - 2ª edição -

São Paulo: Cortez editora; Recife, PE: Fundação Joaquim Nabuco, 1998.

LIMA, Daniel Cassiano; CASCON, Paulo. Aspectos Socioambientais e Legais da

Bananicultura na APA da Serra de Maranguape, Estado do Ceará. REDE – Revista

Eletrônica do Prodema, Fortaleza, v.2, n.1, p. 64-79, Jun 2008, ISSN 1982-5528.

MAGALHÃES, Fernanda. Cidades sustentáveis – o que o poder local e uma formação

adequada em urbanismo podem fazer? Disponível em: < http://tercud.ulusofona.pt/ Public

acoes/2005/MagalhaesF_Text.pdf > Acesso em: 22 mai. 2008.

______. O Desenvolvimento Urbano e o Desenvolvimento Sustentável, Fundação Calouste

Gulbenkian, in Contribuições para o Desenvolvimento da Cidade, Revista Estudos de

Engenharia Civil, Lisboa, Portugal, p. 503 a 515, 1998.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal brasileiro. 14. ed., atual., São Paulo:

Malheiros, 2006.

MENDES, Armando Dias. Envolvimento e desenvolvimento: introdução à simpatia da

todas as coisas. In: DESENVOLVIMENTO E NATUREZA : Estudos para uma sociedade

sustentável. Org. Clóvis Cavalcante . - 2ª edição - São Paulo: Cortez editora; Recife, PE:

Fundação Joaquim Nabuco, 1998.

MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização

e Diversidade Formando Com-Vida Comissão do Meio Ambiente e Qualidade de Vida na

Escola: Construindo Agenda 21 na Escola / Ministério da Educação, Ministério do Meio

Ambiente. – Brasília : MEC, Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2004. 42 p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Passo a Passo da Agenda 21 Local.

Disponível em: < http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstru

tura=18&idConteudo=2563 > Acesso em: 24 jun. 2008.

______. O que é Agenda 21. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/index.php?ido=con

teudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=597 > Acesso em 06 set. 2007.

______. Cidades Sustentáveis. Subsídio à elaboração da Agenda 21 Brasileira. Brasília:

Consórcio Parceria 21 IBAM-ISER-REDEH, 2000.

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

127

______/PNUD. Agenda 21 Brasileira – Bases para Discussão. Por Washington Novais

(Coord.) Otto Ribas; Pedro da Costa Novais. Brasília: MMA/PNUD, 2000.

MOTA, Suetônio. Introdução à engenharia ambiental. 4ª ed. Rio de Janeiro: ABES, 2006.

NOVAIS, Ricardo Carneiro. Desenvolvimento Sustentável na Escala Local: a Agenda 21

Local como Estratégia para a construção da Sustentabilidade. Disponível em: <

http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro1/gt/sustentabilidade_cidades/Ricardo%20

Carneiro%20Novaes.pdf > Acesso em: 10 set. 2007.

OWEN, Ann L.; VIDERAS, Julio. Trust, cooperation, and implementation of sustainability

programs: The case of Local Agenda21. ECOLOGICAL ECONOMICS nº68, p.259 – 272,

2008.

PHILIPP, Junior. In: Revista do CONFEA, Ano VI, n. 8, jan/fev 2002, p.18.

PMF. Portal da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Prefeita confirma construção do

Conjunto Habitacional na Rosalina Disponível em: < http://www.fortaleza.ce.gov.br/

index.php?option=com_content&task=view&id=4860&Itemid=239 > Acesso em: 07 abr.

2006.

______. Portal da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Prefeitura inicia obras do Projeto

Rosalina. Disponível em: < http://www.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_

content&task=view&id=2717&Itemid=239 > Acesso em: 25 fev. 2007.

PNUMA. Perspectivas do Meio Ambiente Mundial-2002. GEO-3: passado presente e

futuro. IBAMA, 2004.

PRIETO, Élisson Cesar. O Estatuto da Cidade e o Meio Ambiente. IV Congresso Brasileiro

de Direito Urbanístico. São Paulo, 05 a 09 de dezembro de 2006.

PROEMA - Projetos de Engenharia Econômica e Meio Ambiente Ltda. Estudo de

Viabilidade Ambiental do Projeto de Construção do Conjunto Habitacional da Rosalina.

Fortaleza: Abril, 2007.

RAMOS, José Ezequiel. Cidades Sustentáveis. Disponível em: < http://www.crearo.org.br

/cep/cidades_sustentaveis.ppt > Acesso em 20 jun. 2007.

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

128

REIS, Lineu Belico dos (Org.). Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento

sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.

ROSA, André Luiz Montagna da; VELLOSO, Thiago de Moraes Garcia; SCHENINI, Pedro

Carlos. Agenda 21 Local: O Caso do Município de Florianópolis. Disponível em: <

http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/sustentabilidade/andre_thiago_pedro_agenda21.pdf >

Acesso em: 15 mai. 2008.

SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986.

SAULE JÚNIOR, Nelson (Coord.). Direito à cidade - trilhas legais para o direito às

cidades sustentáveis. São Paulo: Max Limonad, 1999.

SEINF. Portal da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Infra-estrutura de

Fortaleza. Disponível em: < http://www.seinf.fortaleza.ce.gov.br > Acesso em: 05 out. 2008.

SEPLA. Portal da Secretaria de Planejamento e Orçamento de Fortaleza. Disponível em:

< http://www.sepla.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=61&

Itemid=36 > Acesso em: 05 out. 2008.

SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro. 3 ed., rev. e atual., São Paulo:

Malheiros, 2000, p. 24.

SILVEIRA, Jacqueline Passos da. CONSELHOS: Participação Popular ou Privatização do

Espaço Público? In: Democracia, transparência e desenvolvimento sustentável. Orgs.

Miguel Macedo, Maria Alice Bogéa Prazeres. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2007.

SILVEIRA, Cáio Márcio. Miradas, Métodos, Redes: o desenvolvimento local em curso. In:

Desenvolvimento Local: dinâmicas e estratégias. Rede Dlis/RITS. Rio de Janeiro, 2001.

SOUZA, Léa Cristina Lucas de; RAMOS, Rui António Rodrigues; SILVA, Antônio Nélson

Rodrigues da; MENDES, José Fernando Gomes. CIDADES SUSTENTÁVEIS: UM

DESAFIO COMUM PARA BRASIL E PORTUGAL. III ENECS - ENCONTRO

NACIONAL SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS. Disponível

em: < https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/1355/1/LEA_CRISTINA_LUC

AS_DE_SOUZA.pdf > Acesso em: 12 nov. 2008.

TERRAZUL. Associação Civil Alternativa Terrazul. Agenda 21 da Rosalina: Uma outra

Rosalina é possível. Contato Disponível em: < http://www.terrazul.m2014.net > Acesso em

07 ago. 2008.

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

129

VIANA, Gilney. Prefácio. In: Agenda 21 Local: Experiências na Alemanha, do Nordeste e

Norte do Brasil. Orgs. Klauss Hermanns, Miguel Macêdo. Fortaleza: fundação Konrad

Adenauer, 2003.

WIKIPEDIA. Portal da Biblioteca Virtual. Mapa do Município de Fortaleza e Zonas

Administrativas. Disponível em: < http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/

archive/1/11/20080626022406%21Bairros_e_regionais_de_Fortaleza.png > Acesso em: 20

mar. 2008.

WONSOVICZ, Silvio. Somos filhos da pólis: investigando sobre política e estética.

Florianópolis: Sophos, 2001. p.35.

ZAPATA, Tânia. Gestão Participativa para o Desenvolvimento Local. Cooperativa

Técnica BNDES/PNUD. Recife, 2000.

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

130

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

IDENTIFICAÇÃO _____________________________________ DATA: ____/____/_____

AGENDA 21 LOCAL DO CONJUNTO HABITACIONAL ROSALINA

1) Você conhece ou ouviu falar?

( ) Sim. Quando?

( ) Não. (Pular para 17).

2) Quem tomou a iniciativa de construir a Agenda 21 Local?

( ) Prefeitura. Qual órgão?

( ) ONG. Qual?

( ) Movimento social. Qual?

( ) Empresa. Qual?

( ) Pessoa(s) da comunidade. Quem?

( ) Conselho. Qual?

( ) Outros. Quem?

( ) Não sabe.

3) Você entendeu o objetivo?

( ) Sim.

( ) Não.

4) Foi constituído fórum, comissão ou grupo de trabalho da Agenda 21?

( ) Sim. Quando? ____________________________________________________________

( ) Não. (Pular para pergunta 6).

( ) Não sabe.

5) Na etapa de constituição do fórum, quem coordenou o processo? (Pode ser marcada

mais de uma opção).

( ) Corpo técnico da prefeitura ( ) Consultoria

( ) Organização do setor produtivo (SENAI, SEBRAE,

SENAR, etc.)

( ) Associações locais

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

131

( ) Movimentos sociais ( ) ONG

( ) Sindicatos ( ) Empresa

( ) Outros. Quem? _________________________________________________________

( ) Não sabe.

6) O fórum se reúne com regularidade?

( ) Sim. Qual regularidade? ( ) Semanal ( ) Quinzenal ( ) Mensal ( ) Semestral ( )Anual

( ) Outros. _________________________________________________________________

( ) Não. O fórum não se reuniu nos últimos 6 meses.

( ) Não sabe.

7) Como tem funcionado o fórum da Agenda 21? Através de: (Pode ser marcada mais de

uma opção).

( ) Comissões temáticas.

( ) Assembléias abertas à população.

( ) Reuniões internas, de membros do fórum.

( ) Consultas à população por consultoria.

( ) Outros. Como? ___________________________________________________________

( ) Não sabe.

8) O processo de Agenda 21 foi interrompido em algum momento?

( ) Sim. Por qual período/Por quê? ______________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

9) Há prestação pública de contas das atividades para a população local?

( ) Sim. De que forma? _______________________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

10) Há apresentação de resultados da Agenda 21 para a população local?

( ) Sim. De que forma? _______________________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

132

11) Foi construída alguma iniciativa de Agenda 21 em escola?

( ) Sim. Quais? _____________________________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

12) A Agenda 21 teve algum resultado com relação a geração de emprego?

( ) Sim. Quais? _____________________________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

13) A Agenda 21 fortaleceu ou criou organizações sociais e/ou movimentos sociais

(associações, sindicatos, clube de mães, cooperativas, etc.)?

( ) Sim. Quais organizações? ___________________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

14) Existe atualmente apoio do governo municipal ao processo da Agenda 21?

( ) Sim. Que tipo de apoio?____________________________________________________

( ) Não.

( ) Não sabe.

15) Na sua opinião, quais são os principais acertos ou sucessos da Agenda 21?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

16) Quais são os principais obstáculos ou falhas no processo de Agenda 21?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

133

17) Órgãos do governo municipal que acompanham a obra se dispõem a ouvir

reivindicações da comunidade?

( ) Sim.

( ) Não.

( ) Não sabe.

18) Os técnicos responsáveis pelo conjunto habitacional prestam contas à comunidade

com relação ao andamento da obra?

( ) Sim.

( ) Não.

( ) Não sabe.

19) A comunidade teve poder de decisão quanto à escolha do tipo de moradia e

vizinhança no processo de remanejamento das famílias para as novas residências?

( ) Sim.

( ) Não.

( ) Não sabe.

20) Está satisfeito (a) com o projeto da nova moradia?

( ) Sim.

( ) Não.

( ) Não sabe.

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

134

ANEXO A – A CARTA DA TERRA

PREÂMBULO Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. Terra, Nosso Lar A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. A Situação Global Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. Desafios Para o Futuro A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes. Responsabilidade Universal Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza. Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

135

PRINCÍPIOS I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos. b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade. 2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor. a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas. b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implica responsabilidade na promoção do bem comum. 3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas. a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial. b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável. 4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações. a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras. b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, em longo prazo,a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.

Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessário: II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida. a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural. c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas. d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos. e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas. f. Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave. 6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução. a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva. b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental. c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüências humanas globais, cumulativas, de longo prazo, indiretas e de longo alcance. d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas. e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

136

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário. a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos. b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar e do vento. c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis. d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais. e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável. f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito. 8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido. a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada a sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento. b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano. c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA 9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental. a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos nãocontaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos. b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria. c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações. 10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável. a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações. b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas. c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas. d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades. 11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas. a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas. b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias. c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família. 12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

137

a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social. b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida. c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ 13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça. a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse. b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões. c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de oposição. d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos. e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente. 14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável. a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável. b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade. c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais. d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável. 15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração. a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos. b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável. c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas. 16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz. a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações. b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas. c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura nãoprovocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica. d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa. e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz. f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

138

O CAMINHO ADIANTE Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria. A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento. Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

139

ANEXO B – ESTATUDO DA CIDADE: CAPÍTULO I, ART. 2º

CAPÍTULO I

DIRETRIZES GERAIS

Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;

IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;

V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;

VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

140

c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana;

d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;

e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;

f) a deterioração das áreas urbanizadas;

g) a poluição e a degradação ambiental;

VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;

VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência;

IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;

X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais;

XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;

XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;

XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais;

XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de

empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social.

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

141

ANEXO C – ESTATUDO DA CIDADE: CAPÍTULO III, DO PLANO DIRETOR

CAPÍTULO III

DO PLANO DIRETOR

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.

Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.

§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.

§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.

§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.

§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:

I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;

II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;

III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

§ 5o (VETADO)

Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:

I – com mais de vinte mil habitantes;

II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;

III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;

IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;

V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

142

§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas.

§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.

Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:

I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda para utilização, na forma do art. 5o desta Lei;

II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;

III – sistema de acompanhamento e controle.

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

143

ANEXO D – CAPÍTULO 28 DA AGENDA 21 GLOBAL

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO

CAPÍTULO 28

INICIATIVAS DAS AUTORIDADES LOCAIS EM APOIO À AGENDA 21

ÁREA DE PROGRAMAS

Base para a ação

28.1. Como muitos dos problemas e soluções tratados na Agenda 21 têm suas raízes nas

atividades locais, a participação e cooperação das autoridades locais será um fator

determinante na realização de seus objetivos. As autoridades locais constroem, operam e

mantêm a infra-estrutura econômica, social e ambiental, supervisionam os processos de

planejamento, estabelecem as políticas e regulamentações ambientais locais e contribuem para

a implementação de políticas ambientais nacionais e subnacionais. Como nível de governo

mais próximo do povo, desempenham um papel essencial na educação, mobilização e

resposta ao público, em favor de um desenvolvimento sustentável.

Objetivos

28.2. Propõem-se os seguintes objetivos para esta área de programa:

(a) Até 1996, a maioria das autoridades locais de cada país deve realizar um processo de

consultas a suas populações e alcançar um consenso sobre uma "Agenda 21 local" para a

comunidade;

(b) Até 1993, a comunidade internacional deve iniciar um processo de consultas destinado a

aumentar a cooperação entre autoridades locais;

(c) Até 1994, representantes das associações municipais e outras autoridades locais devem

incrementar os níveis de cooperação e coordenação, a fim de intensificar o intercâmbio de

informações e experiências entre autoridades locais;

(d) Todas as autoridades locais de cada país devem ser estimuladas a implementar e monitorar

programas destinados a assegurar a representação da mulher e da juventude nos processos de

tomada de decisões, planejamento e implementação.

Atividades

28.3. Cada autoridade local deve iniciar um diálogo com seus cidadãos, organizações locais e

empresas privadas e aprovar uma "Agenda 21 local". Por meio de consultas e da promoção de

consenso, as autoridades locais ouvirão os cidadãos e as organizações cívicas, comunitárias,

empresariais e industriais locais, obtendo assim as informações necessárias para formular as

melhores estratégias. O processo de consultas aumentará a consciência das famílias em

relação às questões do desenvolvimento sustentável. Os programas, as políticas, as leis e os

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, na área de concentração em

144

regulamentos das autoridades locais destinados a cumprir os objetivos da Agenda 21 serão

avaliados e modificados com base nos programas locais adotados. Podem-se utilizar também

estratégias para apoiar propostas de financiamento local, nacional, regional e internacional.

28.4. Deve-se fomentar a parceria entre órgãos e organismos pertinentes, tais como o PNUD,

o Centro das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos (Habitat), o PNUMA, o

Banco Mundial, bancos regionais, a União Internacional de Administradores Locais, a

Associação Mundial das Grandes Metrópoles, a Cúpula das Grandes Cidades do Mundo, a

Organização das Cidades Unidas e outras instituições pertinentes, tendo em vista mobilizar

um maior apoio internacional para os programas das autoridades locais. Uma meta importante

será respaldar, ampliar e melhorar as instituições já existentes que trabalham nos campos da

capacitação institucional e técnica das autoridades locais e no manejo do meio ambiente. Com

esse propósito:

(a) Pede-se que o Habitat e outros órgãos e organizações pertinentes do sistema das Nações

Unidas fortaleçam seus serviços de coleta de informações sobre as estratégias das autoridades

locais, em particular daquelas que necessitam apoio internacional;

(b) Consultas periódicas com parceiros internacionais e países em desenvolvimento podem

examinar estratégias e ponderar sobre a melhor maneira de mobilizar o apoio internacional.

Essa consulta setorial complementará as consultas simultâneas concentradas nos países, tais

como as que se realizam em grupos consultivos e mesas redondas.

28.5. Incentivam-se os representantes de associações de autoridades locais a estabelecer

processos para aumentar o intercâmbio de informação, experiência e assistência técnica mútua

entre as autoridades locais.

Meios de implementação

(a)Financiamento e estimativa de custos

28.6. Recomenda-se que todas as partes reavaliem as necessidades de financiamento nesta

área. O Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-2000) do

fortalecimento dos serviços internacionais de secretaria para a implementação das atividades

deste capítulo em cerca de $1 milhão de dólares, em termos concessionais ou de doações.

Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revistas pelos Governos.

(b)Desenvolvimento dos recursos humanos e capacitação

28.7. Este programa deve facilitar as atividades de capacitação e treinamento já contidas em

outros capítulos da Agenda 21.