Universidade Federal de Viçosa - IV Simpósio Mineiro de ... 6 - SAFs como proposta de manejo...
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Universidade Federal de Viçosa Departamento de Solos
centro de
tecnologias
alternativas
ZONA DA MATA
Sistemas Agroflorestais: manejo do solo com biodiversidade
Profa Irene Maria Cardoso
2015: Ano Internacional do Solo
http://aba-agroecologia.org.br
A ABA-Agroecologia (desde 2004) realiza e apoia ações dedicadas à construção do conhecimento agroecológico.
ABA
Os esforços da ABA-Agroecologia têm sido o de apoiar e organizar eventos de socialização de conhecimentos (principalmente o CBA).
Como consequência de sua gênese tropical, são em geral solos profundos; baixa concentração de nutrientes; baixa CTC; grande capacidade de fixação de fósforo; ácidos e altos níveis de alumínio trocável; friáveis, susceptíveis a erosão (devido a estrutura).
Ou seja, são solos muito intemperizados e lixiviados.
SOLOS TROPICAIS
Como lidamos e como devemos lidar com os nossos solos?
Solos mal falados: ruins, fracos e pobres!
Como lidamos e como devemos lidar com os nossos solos?
Como lidamos: Uso de fertilizantes e corretivos. Monocultura. Sem aporte ou pouco aporte de matéria orgânica. Uso de agrotóxicos. Fogo. Super pastejo. Solo exposto. Lixo. Mecanização: “Uma aração e duas gradagens”. Plantio direto com herbicida e monocultura.
Os solos profundos, fruto do intemperismo, podem ser melhor explorados no espaço e no tempo, utilizando sistemas agroflorestais diversificados – imitando a natureza.
- Por que a nossa referência de análise de solos é 20 cm?
Como devemos lidar: a) Profundidade dos solos e nutrientes: buscar onde está!
b) Atividade biológica. Baixa concentração de nutrientes, dependemos da atividade biológica para ciclar os nutrientes. Plantas com capacidades distintas de se associarem aos microrganismos e de liberarem substâncias químicas, criando rizosferas diferentes.
Espécies diferentes desempenham papéis diferentes. Por exemplo, algumas fixam nitrogênio da atmosfera, outras disponibilizam melhor o fósforo.
Nitrogênio, Fósforo e Potássio - NPK
Brasil importa cerca de 74% N para a produção de fertilizantes. Produção de fertilizantes nitrogenados depende de petróleo.
53 % do fósforo consumido na produção de fertilizantes no País é
importado.
Brasil importa 93% do potássio para a produção de fertilizantes – um dos 10 maiores itens da pauta brasileira de importação.
Fonte: Instituto Brasileiro de Mineração, IBRAM (2012). Informações e análises da economia mineral BrasIleira. 7ª edição (www.ibram.org.br, visitado em 21/01/2014).
Pico do fósforo: especialistas alertam que as reservas de rochas de fosfato do mundo estão acabando – a outra verdade inconveniente!
Reservas: estudos indicam que as reservas de P podem acabar entre 50 e 100 anos! Alguns dizem, 30 anos!
Os solos tropicais podem ser considerados uma grande reserva de fósforo do mundo (Resende, 1997).
Um hectare de solo brasileiro (20 cm de profundidade): 1.800 kg de P2O5, em sua maioria fixado (Resende, 1997).
Plantas, como o guandu (cajan cajanus) podem disponibilizar o fósforo fixado, utilizando para isto mecanismos especiais como a liberação de certos ácidos orgânicos (Ae et al., 1990).
Fazer parcerias com os organismos do solo! O segredo é o mutirão! (Amauri Silva – agricultor agroecológico, Espera Feliz – MG).
c) Matéria orgânica. Para isto são necessárias entradas constantes de material orgânico no solo (alimentar os microrganismos, complexar o alumínio, estruturar os solos, melhorar a infiltração e retenção de água, proteger o solo das chuvas e sol intenso).
Produção Destruição
Matéria orgânica nos trópicos
A matéria orgânica deve ser produzida no local, utilizando plantas com o objetivo de produção de biomassa.
Bagaço de cana-de-açúcar energia/ biocombustível! Palha de café
Pó de rochas: quanto se perde como resíduos de pedras
ornamentais? Restos de comida
d) Resíduos
Resíduos humanos
http://www.sswm.info/content/urine-fertilisation-large-scale
Café
pastagem
Fragmentos de mata…
Zona da mata
Fragmentos envoltos por uma matriz agrícola de monocultura. Fragmentos envoltos por uma matriz agrícola de monocultura. Está é a realidade da Floresta Atlântica – 5º ponto quente (hotspot) de biodiversidade. Perfecto et al. 2009 (Nature´s Matrix: Linking Agriculture, Conservation and Food Sovereignty).
Um dos principais problemas: enfraquecimento dos solos – erosão e nutrientes. Uma das prioridades: recuperação das terras.
Criação da comissão “Terra Forte” (agricultores, UFV e CTA).
Uma das sugestões:
sistemas agroflorestais; Implantação participativa
DRP – Diagnóstico Rural Participativo (1993)
Propostas da comissão Terra Forte
Cordão de contorno com cana-de-açúcar
Não capinar, só roçar
Tirar o gado da palhada do milho
Calagem: Ca e Mg
Leguminosa
Não queimar
Experimentação participativa com sistemas agroflorestais (1994)
Monitoramento participativo (1996-1999)
Sistematização (participativa) das experiências – 2003/2004
Cardoso et al., 2001 (Agricultural Systems, 69); Souza et al., 2012 (Agroforestry Systems, 85)
Critérios para a definição de espécies nos SAFs
Biomassa
Diversidade de produção
Mão-de-obra
Compatibilidade com o Café
- solo coberto (herbáceas) - quantidade de resíduos
humano criação animal fauna
- aspectos fitossanitários - sistema radicular
- caducifolismo - facilidade de poda - arquitetura dos ramos - aquisição de mudas
- alimento
- madeira/lenha (quantidade e qualidade)
DPS/UFV centro de
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ZONA DA MATA
Espécies recomendadas:
1. Açoita-cavalo 2. Ipê-preto 3. Eritrina 4. Ingá 5. Fedegoso 6. Papagaio 7. Abacate 8. Banana 9. Maria-preta 10. Capoeira branca
Indicadores Convencional Agrofloresta
População de café (árvores/ha) 2.650 2.050
Produtividade (kg/árvore) 0,79 0,62
Preço (R$ saco – 60kg) 120 120
Total (R$/ha) 4.187,00 2.542,00
Custo (R$/ha) 2.300,0 750,00
Lucro (R$/ha) 1.887,00 1.792,001
Custos/lucro (%) 54,93 29,50
Produtos da agrofloresta R$ R$
Mamão (150 árvores) - 112,5
Banana (40 árvores) - 200
Citrus (123 árvores) - 110
Manga, abacate, goiaba, jaca (51 árvores) - 135
Palmito, figo, ameixa (162 árvores) - 144
Outras frutas não comercializadas (114 árvores) -
Maderia não comercializada (51 árvores) - -
Sub-total - 701,502
Total 1.887,00 2.493,503
Comparação entre café convencional (pleno sol) e agroflorestal (Souza et al. 2010; Agroforestry systems, 2010)
Rezende et al. (2014) coletaram 79 espécies de artrópodes alimentando-se no nectar de ingá. Quase 80% dos visitantes eram inimigos naturais. Entre eles, inimigos naturais do bicho mineiro e da broca do café. Um tripes foi observado se alimentado de brocas. Isto nunca tinha sido observado.
Rezende et al. (2014) Agric. Ecosyst. Environ. 188:198-203
Nectários extrafloral: pequenos potes com néctar no pecíolo. E néctar atrai inimigos naturais.
Em outro experimento,
encontrou-se que a
associação de café com ingá
resultou em maior peso dos
frutos; uma produção um
pouco maior; menos frutos
brocados e menos folhas
minadas.
0
20
40
60
80
100
120
140
Coff
ee fru
it w
eig
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***
*
2013 2014 0
1
2
3
4
5
2013 2014
Coff
ee p
roduction
0
0.1
0.2
0.3
0.4
2013 2014
Pro
port
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*
.
Rezende et al. in prep.
Control
Inga
0
0.1
0.2
0.3
0 10 20 30 40 50 Pro
port
ion m
ined leaves
Time [weeks]
control inga
F1,201= 13.5, P= 0.0003
A sobrevivência dos insetos expostos aos solos de sistemas agroflorestais foi menor (3-8 dias) do que os insetos expostos aos solos de sistemas a pleno sol.
Quatro fungos (3 entopatogênicos): Beauveria bassiana, Metarhizium spp., Isaria fumosorosea e Fusarium spp.
Metarhizium: encontrado mais em solos de sistemas agroflorestais
Moreira et al., 2014, submetido Agric. Ecosyst. Environ.
10
15
20
25
30
1 26 51 76 101 126 151
Tem
pera
ture
(o C)
AFS
FSC
JAN FEB MAR APR MAY JUN JUL AUG SEP OCT NOV DEC
Tem
per
atr
ura
oC
SAF
SPS
Com as árvores a temperatura pode diminuir de 2oC a 5oC
10 cm
30cm
1m
Índice de capacidade de água disponível em diferentes profundidades do solo cultivado com café em sistema agroflorestal e pleno sol, em Araponga, MG.
Carvalho, 2012
0
50
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0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Horas
C-C
O2
(m
g)
Senna eritrina ipê-preto Papagaio
Abacate Inga Luehea solo
Respirometria (mineralização)
Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN): ingá (20.6 %), fedegoso (16.6 %)
Considerando a fração de Nitrogênio na massa produzida, cada árvore de
ingá contribuíria com ~ 60 g e de fedegoso com 140 g N / ano, devido a FBN.
Os agricultores familiares aplicam ~ 40 g N / ano / planta de café - NPK (20-05-20)
Biodiversidade Solos
Construção coletiva dos Saberes
Agroecologia
A biodiversidade é importante para produzir os serviços ambientais (“as bondades da natureza”), incluindo a qualidade dos solos. Solo de qualidade é a base para o desenvolvimento dos agroecossistemas saudáveis. A biodiversidade precisa ser estudada e manejada, e para isto o conhecimento do agricultor pode-se associar ao conhecimento científico.
Manejo agroecológico dos agroecossistemas
Água
Intercâmbios: ambientes de interação agroecológica – baseado na metodologia campesino a campesino. Onde nossas pesquisas são construídas (pesquisa-ação).