UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS ... › bitstream › riufs › 12265 › 2 ›...

43
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICA E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA ARIELLY ANDRADE VIEIRA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO HIDROETANÓLICO DO FRUTO DE Vaccinium macrocarpon SÃO CRISTOVÃO 2019

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS ... › bitstream › riufs › 12265 › 2 ›...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICA E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA

ARIELLY ANDRADE VIEIRA

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO HIDROETANÓLICO

DO FRUTO DE Vaccinium macrocarpon

SÃO CRISTOVÃO

2019

ARIELLY ANDRADE VIEIRA

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO HIDROETANÓLICO

DO FRUTO DE Vaccinium macrocarpon

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao curso de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Prof. Dr. Enilton Aparecido Camargo

SÃO CRISTOVÃO

2019

1

AGRADECIMENTOS

Não poderia iniciar sem agradecer a ele que me deu permissão para vivenciar

este momento e me presenteou com uma vida de paz, uma família incrível e bons

amigos, obrigada Deus, por tudo e por tanto.

A minha linda família, cada um a seu jeito foi essencial para essa conquista. Amo

vocês. Ao meu melhor amigo, companheiro de todas as horas e dono de uma

inesgotável paciência, meu Pedro Hugo, obrigada por tanto,te amo.

Os meus companheiros de jornada, de maneira especial Rayra (cabeça),

Elindayane (Nil), Bruno (O mais rilex do grupo), Marcelo (Dinosoor) e Gigi nossa

professora arretada pelo companheirismo no desespero pré e pós provas, pela

paciência, pelos ensinamentos, pelo carinho, enfim tantos momentos, que por falta de

espaço, não de histórias me detenho a dizer: não teria conseguido sem vocês.

Ao meu orientador Prof. Dr. Enilton Aparecido Camargo, que me fez entender o

verdadeiro significado das palavras humildade, maturidade, respeito e determinação.

Obrigada, por cada vez que subi aquela escada e fui recebida com atenção e

paciência (mesmo diante dos meus estados de crise existencial), pelos ensinamentos,

por ser além de um orientador, um amigo e dono dos melhores comentários nas

correções. O senhor sempre será um exemplo humano e profissional a seguir.

Aos meus mestres, que com calma e dedicação ensinaram, ouviram as

reclamações, responderam aos questionamentos, levo de cada um lições de coragem,

carinho, conhecimento e amor pelo ensino e pesquisa, “Se cheguei até aqui foi porque

me apoiei nos ombros de gigantes” (I. Newton).

Aos companheiros de pesquisa do Lafapi, Alan, Dani, Janaina, Betânia, Bruno,

Marilia, Fabiula, Jessica, Luiz André, Kamila, David, Julio, Pietro, pelas discussões

enriquecedoras, apoio, amizade e paciência.

A Liga de farmacologia (LIFAR) pelos ensinamentos e oportunidades.

Enfim a todos aqueles que direta ou indiretamente me honraram com o prazer

da convivência, tornando essa caminhada mais leve e enriquecedora, nada disso seria

assim tão marcante e feliz sem vocês.

Muito obrigada!

2

RESUMO

Atividade anti-inflamatória do extrato hidroetanólico do fruto de Vaccinium

macrocarpon. Vieira, Arielly Andrade, 2019. A inflamação é uma resposta natural

do organismo visando manter a integridade do mesmo. Porém, quando ocorre de

maneira exacerbada, pode levar a processos patológicos. Vários são os

medicamentos existentes para tratar tal condição, mas trazem consigo efeitos

indesejados. Nesse sentido, existe a necessidade de buscar outras alternativas

terapêuticas e as plantas medicinais são um caminho promissor visto que,

representam historicamente uma fonte de compostos para o tratamento da

inflamação. A Vaccinium macrocarpon é uma planta popularmente utilizada para tratar

processos inflamatórios e quadros infecciosos, neste contexto, o presente estudo teve

como objetivo investigar o efeito anti-inflamatório do extrato hidroetanólico do fruto da

Vaccinium macrocarpon (EHVm).Para isso, utilizou-se camundongos Swiss (20-30 g)

machos, após aprovação pelo Comitê de Ética da UFS (protocolo 66/17). Para todos

os ensaios in vivo, foram realizados edema de orelha induzido por 12-O-

tetradecanoilforbol acetato (TPA), no qual foram avaliados o edema, atividade de

mieloperoxidase (MPO), concentração de interleucina (IL)-1β, alterações histológicas

e marcadores de alterações oxidativas. Como resultado, na inflamação induzida na

orelha, a administração do EHVm (3 mg/orelha) concomitante ao TPA reduziu o

edema (p<0,001), a atividade da MPO (p<0,01) e a concentração de IL-1β (p<0,05)

quando comparado ao grupo veículo, o que corroborou a análise histológica, na qual

verificou-se menor presença de infiltrado inflamatório agudo e ausência desse

infiltrado em região perianexial na orelha de animais tratados com o EHVm. Houve

também diminuição da peroxidação lipídica com nas orelhas tratadas com o EHVm

(0,3; 1 e 3 mg/orelha; p<0,001) e nas doses de 1 e 3 mg/orelha de EHVm houve

aumento do poder antioxidante do tecido medido pelo potencial reducional de ferro

(p<0,01 ou p<0,001 respectivamente) quando comparado ao grupo veículo. Estes

resultados conduziram à conclusão de que o EHVm possui atividade anti-inflamatória

que pode estar parcialmente atrelado ao seu efeito antioxidante.

Descritores: Inflamação, Antioxidante, Vaccinium macrocarpon, Planta medicinal.

3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EHVm Extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon

ERN Espécies reativas de nitrogênio

ERO Espécies reativas de oxigênio

FRAP Ensaio de potencial reducional de ferro

IL Interleucina

MPO Mieloperoxidase

OH• Radical hidroxila

TNF Fator de necrose tumoral

TPA 12-O-tetradecanoilforbol acetato

TPTZ 2,4,6-tripiridil-s-triazina

4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Vaccinium macrocarpon Aiton. Adaptado de: New England Wild Flower

Society. ......................................................................................................................11

Figura 2- Atividade do extrato hidroetanólico da vaccinium macrocarpon (EHvm) no

peso das orelhas induzidas por 12-o-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA) em

camundongos.............................................................................................................18

Figura 3- Atividade do EHVm na atividade da mieloperoxidase em orelhas de

camundongos induzidas por TPA...............................................................................19

Figura 4 - Atividade do extrato hidroetanólico de Vaccinum macrocarpon na

concentração da IL-1β nas orelhas de camundongos estimuladas com

TPA................................ ............................................................................................20

Figura 5- Atividade do extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon (EHVm) na

peroxidação lipídica (status oxidativo) em orelhas de camundongos submetidos a

inflamação por (TPA) .................................................................................................21

Figura 6- Atividade antioxidante do extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon

(EHVm) pelo potencial reducional..............................................................................21

Figura 7- Imagens representativas de cortes histológicos (Aumento de 400x) das

orelhas de camundongos submetidas à aplicação de veículo

(acetona)....................................................................................................................22

Figura 8- Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, aumento de

400x) das orelhas de camundongos inflamadas com 12-O-tetradecanoiforbol-13-

acetato (TPA).............................................................................................................22

Figura 9 - Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, E, F, aumento

de 400x) das orelhas de camundongos inflamadas com 12-O-tetradecanoilforbol-13-

acetato (TPA).............................................................................................................23

Figura 10- . Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, aumento de

400x) das orelhas de camundongos inflamadas com 12-o-tetradecanoilforbol-13-

acetato (TPA) e submetidas ao tratamento concomitante com extrato hidroetanólico

da Vaccinium macrocarpon (EHVm)..........................................................................24

Figura 11- Imagens representativas de corte histológicos (A, B, C, D, aumento de

400x) das orelhas de camundongos inflamadas com 12-o-tetradecanoilforbol-13-

acetato (TPA) e submetidas ao tratamento concomitante com

dexametasona............................................................................................................25

5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................7

2.1. Inflamação..........................................................................................................7

2.2. Plantas medicinais..............................................................................................9

2.3 Vaccinium macrocarpon....................................................................................10

3. OBJETIVO.............................................................................................................12

3.1. Objetivo geral...................................................................................................12

3.2. Objetivo específicos.........................................................................................13

4. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................13

4.1 Material vegetal................................................................................................13

4.2.Animais.............................................................................................................13

4.3.Edema de orelha induzido pelo 12-O-tetradecanoilforbol acetato (TPA)

....................................................................................................................................14

4.3.1. Massa das orelhas de camundongos estimuladas com TPA........................14

4.3.2. Atividade de mieloperoxidase (MPO) nas orelhas de camundongos

estimuladas com TPA ................................................................................................15

4.3.3. Determinação de IL-1β na orelha de camundongos estimuladas com TPA.

....................................................................................................................................15

4.3.4. Determinação da concentração de TBARS na orelha de camundongos

estimulada com TPA..................................................................................................16

4.3.5. Avaliação da capacidade antioxidante do EHVm pelo FRAP na orelha de

camundongos estimulada com TPA..........................................................................16

4.4 Análise Histológica das orelhas........................................................................17

4.5 Análise estatística.............................................................................................17

5. RESULTADOS......................................................................................................18

6. DISCUSSÃO..........................................................................................................25

7. CONCLUSÃO........................................................................................................31

8. REFERÊNCIAS......................................................................................................31

6

1. INTRODUÇÃO

A inflamação é um mecanismo multíplice e necessário à sobrevivência,

geralmente benéfica ao organismo e que busca restabelecer a estrutura e função do

tecido e/ ou órgão pela eliminação do agente inicial da lesão e a proteção do

organismo. É uma resposta mediada pelo sistema imune e caracterizada por uma

cascata de eventos fisiológicos que incluem alterações na microcirculação no local

inflamado (CHANDRASEKHARAN et al.,2015; CHAMUSCA et al., 2012). No entanto,

em condições em que a resposta inflamatória se perpetua, os produtos celulares como

as proteases neutras entre outros podem acometer o parênquima tecidual intacto

(LIMA et al, 2007; TENÓRIO, et al, 2012), levando a agressão aos tecidos saudáveis

e consequentes processos patológicos (LAWRENCE et al., 2007).

Neste sentido, muitas são as pesquisas e atenções voltadas para o

desenvolvimento de terapias que busquem tratar tais condições. Entre estas

destacam-se o uso dos glicocorticoides e dos anti-inflamatórios não esteroidais

(AINES). No entanto, o uso prolongado ou em altas doses desses fármacos produzem

efeitos indesejados, como lesão gástrica, nefrotocixidade, náusea e vômitos (BADRI

et al., 2016). Este fato leva a comunidade científica a buscar outras opções

terapêuticas que agreguem maior segurança, eficácia e economia.

Dentre estas outras alternativas destacam-se o uso de produtos derivados de

plantas medicinais, pois estas possuem compostos promissores, com possibilidade

de menos efeitos indesejados e menor custo (GHASEMIAN et al.,2016).

Aproximadamente 85% da população brasileira faz uso da medicina tradicional

(BRASIL,2006), embora muitos compostos ou preparações de plantas podem

apresentar toxicidade relevante, uma questão que precisa ser considerada durante o

screening de novas alternativas terapêuticas.

Neste interim, a Vaccinium macrocarpon Aiton, é uma pequena planta verde que

contem flores cor-de-rosa escuras, cujos frutos são popularmente conhecidos como

cranberry e são usados na forma de sucos em diversas regiões, faz parte da família

da Ericaceae e é desenvolvida em ambientes úmidos, como florestas e pântanos nos

países norte-americanos (SAONA et al., 2011). Estudos sugerem seu uso em uma

7

variedade de condições inflamatórias, nos quais observou-se efeito inibitório sobre IL-

6, IL-8 e prostaglandinas (BODET et al.,2007; XIAO et al., 2015).

É importante mencionar também que o cranberry foi utilizado em um estudo de

câncer de bexiga e foi demonstrada a redução no peso, indicando uma diminuição no

tamanho do tumor e na proliferação celular (PRASAIN et al.,2008). Também há relatos

de que preparações de cranberry possuam efeito hepatoprotetor (GLISAN et al.,

2016), cardioprotetor (NOVOTNY et al., 2015), adjuvante no tratamento da obesidade

(ANHÊ et al., 2015) e no tratamento de infecções do trato urinário (MUTLU et al, 2012).

Frente a tais dados, verifica-se que há estudos publicados sobre as diversas

possibilidades terapêuticas advindas do cranberry, inclusive as anti-inflamatórias,

porém está ainda é pouco referida em modelos de inflamação aguda, principalmente

após aplicação por via tópica. Neste sentido, o presente trabalho foi delineado

objetivando avaliar a atividade anti-inflamatória do extrato hidroetanólico da

V.macrocarpon (EHVm) em modelo de inflamação de orelha.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Inflamação

A inflamação é um mecanismo homeostático de defesa dos tecidos

vascularizados, com o objetivo de remover os agentes lesivos e restabelecer as

funções normais do organismo (RAHMATI et al.,2016). Tais agentes podem ser de

natureza física (trauma mecânico, radiação, calor, frio), química (substâncias irritantes

e álcalis) e biológica (fungos, bactérias, vírus e protozoários) (LIMA et al 2007). A

agressão advinda desse processo suscita mudanças vasculares, celulares e

imunológicas tais como vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar e migração

celular, o que leva aos cinco sinais clínicos locais da inflamação: dor, calor, rubor,

edema e perda de função (MEDZHITOV,2010).

As descrições destas características clínicas foram encontradas em papiros

egípcios, datados de aproximadamente 3000 a.C., mas o primeiro autor a listar os

8

quatro sinais cardinais da inflamação foi Celsius, um escritor romano do século I d.C.,

sendo o quinto sinal acrescentado por Virchow no século XIX (LAPA et al., 2007).

Essa conjuntura demonstra o interesse desde os primórdios acerca dos fundamentos

e sinais desse processo, considerando sua importância na patologia e na

sobrevivência humana.

A inflamação como o processo complexo que se constitui, envolve alterações

vasculares caracterizadas por vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular e

eventos celulares caracterizados pela migração dos leucócitos da microcirculação

com acúmulo no foco de infecção, o que sinaliza recrutamento e ativação celular.

(BILATE, 2007). O processo atua destruindo (fagocitose e anticorpos), diluindo

(plasma extravasado) e isolando ou sequestrando (malha de fibrina) o agente

agressor, além de abrir caminho para os processos reparativos (cicatrização e

regeneração) do tecido afetado (FULLERTON et al., 2016).

O delineamento destas ações dependerá da intensidade, natureza e duração do

estímulo lesivo. Em casos onde este for de curta duração, ou rapidamente anulado

pelos mecanismos de defesa do organismo, as alterações inflamatórias sofrerão

rápida resolução, sendo denominadas de agudas (REUTER et al., 2010). Entretanto

em condições em que o estimulo nocivo é de duração mais longa e a lesão tissular é

perpetuado, há um retardo no processo de reparação tecidual e tem-se a inflamação

crônica.

Caracteriza-se como inflamação aguda, aquela na qual há uma progressão de

horas a dias, sendo caracterizada por vasodilatação, exsudação plasmática e

migração de células para o sítio lesado, com a participação de células leucocitárias,

como os macrófagos, neutrófilos, mastócitos e basófilos que agem mediante a

liberação de citocinas, como as interleucinas (IL)-1 e 6 e o fator de necrose tumoral

(TNF)-α ou mediadores inflamatórios como as prostaglandinas e leucotrienos e a

produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e nitrogênio (ERN) (SAH; DAWRA;

SALUJA, 2013). Diversos sistemas bioquímicos, como o sistema complemento e de

coagulação, são ativados e auxiliam no estabelecimento e resolução do processo

inflamatório (CRUVINEL et al 2010).

9

As desordens crônicas por sua vez são caracterizadas por longa duração

(semanas, meses ou anos) com inflamação ativa, destruição tecidual e tentativa de

reparo ocorrendo simultaneamente, mas de forma insuficiente. Infiltração de células

mononucleares, neoangiogênese e fibrose são características histológicas típicas de

inflamação crônica (NORLING, 2010), além da presença de produtos celulares como

as proteases neutras, metaloproteinases e elastases que podem levar a degradação

de colágeno, elastina e fibrina do parênquima tecidual intacto, o que ocasiona uma

agressão aos tecidos saudáveis do hospedeiro (LIMA et al, 2007; TENÓRIO, et al,

2012).

Para tratar o quadro inflamatório a estratégia principal consiste em reduzir a formação dos

mediadores da inflamação. Os anti-inflamatórios não esteroidias (AINES) são

amplamente empregados na terapêutica, sendo representados por medicamentos

como diclofenaco e ibuprofeno, possuem atividade na inibição específica da ciclo-

oxigenase (COX-1 e COX-2) e levam a consequente redução da conversão do ácido

araquidônico (AA) em prostaglandinas (JÚNIOR et al.,2007). No entanto, o uso

prolongado ou em altas doses desses fármacos produzem efeitos indesejados, como

lesão gástrica, nefrotoxidade, náusea e vômitos (BADRI et al., 2016), o que contribui

para uma busca por novas alternativas terapêuticas.

2.2 Plantas Medicinais

Historicamente, as plantas medicinais se constituíram como uma ferramenta

primordial na terapêutica clínica. Compreende-se que desde os tempos mais antigos

até os dias atuais, as mais diversas patologias têm sido tratadas com chás e infusões,

obtidas a partir deste âmbito terapêutico (HARVEY, 2015). Dados da OMS demostram

que pelo menos 80% da população mundial faz uso de algum tipo de planta para fins

medicinais, o que valida o papel fundamental do estudo das plantas medicinais na

saúde.

São inúmeros os benefícios relatados para a terapia com fitoterápicos, como

menor custo com pesquisas, vantagens culturais, e eficácia no tratamento de

malefícios, além de apresentarem vários componentes com ações similares aos já

10

existentes no mercado, mas com relativa diminuição dos riscos de efeitos colaterais

(ASADI et al., 2015).

O Ministério da Saúde, reconhecendo o potencial terapêutico das plantas

medicinais e com o objetivo de promover o maior aproveitamento de recursos pela

população brasileira, aprovou a RENISUS, que inclui 71 espécies vegetais

selecionadas pelo amplo uso popular. Isso reitera a importância da medicina

tradicional e medicina complementar (HARVEY, 2015) e corrobora para o processo

de busca por espécies vegetais que possam ser utilizadas na fabricação de novos

compostos de interesse médico e farmacêutico (ALBUQUERQUE; HANAZAKI, 2006;

DE FREITAS et al., 2017).

Entretanto, se faz necessário ressaltar o temor frente ao uso incorreto de plantas

medicinais pela população, sendo fundamental o apoio ao estudo etnobotânico e

etnofarmacológico, pelo do aporte à pesquisa científica e o estreitamento de laços

entre a academia, a sociedade e a indústria, para assim incrementar os

conhecimentos relacionados à eficácia e segurança dessas plantas, oferecendo

alternativas terapêuticas seguras e acessíveis a comunidade e aos profissionais de

saúde (DUTRA et al., 2016).

2.3 Vaccinium macrocarpon

Entre as plantas medicinais com importantes atividades terapêuticas, temos a

Vaccinium macrocarpon Aiton, conhecida popularmente como cranberry, encontrada

em grande escala na América do Norte (SKROVANKOVA, SUMCZYNSKI, MLCEK,

JURIKOVA, SOCHOR, 2015). A Vaccinium macrocarpon é um arbusto perene, da

família Ericaceae e do gênero Vaccinium, com folhas pequenas e flores de cor rosa

escura, sendo seu fruto inicialmente uma baga de cor branca, mas que se torna

vermelho escuro (Figura 1) quando completamente maduro, sendo comestível, de

sabor adocicado e levemente ácido (DINH et al., 2014).É descrito seu consumo de

várias formas, desde a baga fresca ao seu sumo concentrado, baga desidratada, chás

e até mesmo em suplementos alimentares (comprimidos/cápsulas) (PARDO-MATES

11

et al., 2017), no entanto os principais achados estão relacionados ao uso de seus

frutos sobretudo em forma de suco (BÁRTÍKOVÁ et al., 2014).

Diversos estudos foram realizados a fim de caracterizar as atividades

farmacológicas do cranberry, entre elas o uso no tratamento de infecções, de

condições inflamatórias e suas propriedades antioxidantes e anticancerígenas

(KRESTY et al., 2011). BÁRTÍKOVÁ et al. (2014) e HAMILTON et al. (2014)

demonstram, por exemplo, o uso dos frutos do cranberry em processos inflamatórios

relacionadas ao trato urinário, como também foi demonstrado por VALENTOVAÃ et

al. (2007), que avaliaram a efetividade do consumo de 400 e 1200 mg de extrato de

cranberry no quadro de infecção do trato urinário em 65 mulheres com idade de 19 à

28 anos, durante 8 semanas. Estes autores concluíram que doses de 1200 mg de

extrato de cranberry podem reduzir significativamente a oxidação protéica e a

aderência da E. coli no tecido. Resultado semelhante também encontrado por

STOTHERS (2002). Ademais, existem relatos científicos sugerindo seu uso em uma

variedade de condições inflamatórias, nas quais observa-se efeito inibitório sobre IL-

6, IL-8 e prostaglandinas (BODET et al.,2007; XIAO et al., 2015).

É importante destacar também o papel do cranberry em pesquisas relacionadas

ao câncer, como a realizada por PRASAIN et al. (2008), com um grupo de 344 ratos

durante 6 semanas, com a dose de 1 mL de suco de cranberry ao dia. Os autores

observaram que houve uma redução no peso da bexiga, indicando uma diminuição

no tamanho do tumor e na proliferação celular. O uso clínico do cranberry está voltado

Figura 1 - Vaccinium macrocarpon Aiton. Adaptado de: New

England Wild Flower Society

12

principalmente para o tratamento de doenças do trato urinário e inflamação vascular

(DURHAM; STAMM; EILAND, 2015; HISANO et al., 2012).

O cranberry possui em sua composição diversas substâncias biologicamente

ativas de origem inorgânica e orgânica. Entre os inorgânicos destacam-se: água,

potássio, cálcio, sódio, fósforo, magnésio, ferro e iodo. Em relação aos constituintes

orgânicos, o cranberry apresenta: glucose, frutose, proteínas, ceras, pectinas,

vitaminas C, A, B1 e B2, ácidos orgânicos (ácido málico, quínico, cítrico e benzóico) e

compostos fenólicos, tais como, antocianinas, flavonóides, proantocianidinas e

taninos condensados (SKROVANKOVA et al., 2015). Estudos evidenciam que as

propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anticancerígenas e antibacterianas que

o cranberry possui é em significativa parte conferida por estes compostos fenólicos .

(PARDO-MATES et al., 2017; MARTÍN, M et al., 2015). Tais compostos são

predominantemente os flavanois (flavano-3-ol), flavonois, proantocianidinas tipo A

(PAC-A), antocianinas e ácido ursólico (KOWALSKA, K et al.,2016)

Neste interim, verifica-se que há estudos publicados sobre as diversas

possibilidades terapêuticas advindas do cranberry, inclusive as anti-inflamatórias,

porém está ainda é demonstrada de maneira incipiente, principalmente em modelos

de avaliação tópica no contexto da inflamação aguda. Tal fato associado a

potencialidade do uso de plantas na terapêutica motivaram a realização deste trabalho

que visou avaliar a atividade anti-inflamatória do extrato hidroetanólico dos frutos da

Vaccinium macrocarpon em modelo tópico de inflamação aguda.

3. OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

Investigar o efeito do extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon

Ainton (EHVm) na inflamação tópica em orelhas de camundongos.

13

3.2 Objetivos Específicos

Avaliar o efeito do EHVm sobre alterações vasculares e celulares no

edema de orelha;

Investigar se o tratamento com EHVm altera a concentração de IL-1β na

inflamação na orelha;

Avaliar se o tratamento com EHvm afeta as alterações histológicas nas

orelhas inflamadas;

Avaliar o efeito do EHVm sobre a peroxidação lipídica e o potencial

reducional de ferro em orelhas inflamadas.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material vegetal

O extrato hidroetanólico dos frutos de Vaccinium macrocarpon (EHVm) foi

adquirido comercialmente da Fagron BV (São Paulo – São Paulo, Brasil), lote

14083757D, com certificado de análise de controle de qualidade e cedido pela Dose

Certa Farmácia de Manipulação sob a responsabilidade do Me. Farm. Leandro de

Oliveira Porfírio. Este extrato foi caracterizado em estudo recente do Laboratório de

Farmacologia do Processo Inflamatório, no Departamento de Fisiologia da UFS

(SANTANA et al., 2018). Neste estudo foram identificados sete compostos pela

técnica de cromatografia líquida de alta performance acoplada a espectrometria de

massa, sendo três flavan-3-ols que constituíram 93,3% do total de flavonoides

(catequina, epicatequina e epicatequina galato); um flavonol (quercetina-3-O-

rutinosídeo) que contribuiu com 4,3% deste total e três antocianinas (cianidina-3-O-

galactosídeo; cianidina-3-O-glucosídeo e cianidina-cumaroil-hexosídeo) que

contribuíram com 2,4% do mesmo.

4.2 Animais

Foram utilizados camundongos Swiss machos (20-30 g) provenientes do Biotério

Setorial do Departamento de Fisiologia da UFS. Esses animais foram alocados em

grupos de cinco, com livre acesso à comida e água, e foram mantidos em ciclo

14

claro/escuro de 12/12h, a uma temperatura de 22ºC ± 2ºC. Os animais foram

distribuídos nos grupos experimentais de forma randomizada e os experimentos foram

conduzidos de forma encoberta, isto é, os experimentadores observadores não

conheciam a identidade dos grupos em estudo. Os protocolos foram realizados de

acordo com os princípios éticos de experimentação animal e foram aprovados pelo

Comitê de Ética em Pesquisa Animal da UFS sob o número 66/17 (Anexo A). Ao

término dos experimentos foi realizada a eutanásia dos animais com dose excessiva

de isoflurano (Cristália, Itapira-SP) inalatório. As carcaças foram acondicionadas em

sacos plásticos e guardadas em freezer específico até o descarte definitivo de acordo

com a rotina do Departamento de Fisiologia, pelo serviço de coleta seletiva de lixo

biológico da UFS.

4.3 Edema de orelha induzido pelo 12-O-tetradecanoilforbol acetato

(TPA)

O edema de orelha foi realizado de acordo com a metodologia revisada por

Young et al. (1989). Para tanto, os animais (n=6-8) foram anestesiados com isoflurano

inalatório para aplicação de 20 μL de TPA (1 μg/orelha, dissolvido em acetona) nas

superfícies interna e externa da orelha direita, com o auxílio de uma ponteira de

polipropileno, na ausência ou presença simultânea de EHVm (0,3, 1,0 ou 3,0 mg/

orelha) ou dexametasona (0,05 mg/orelha). Foi administrado acetona (20 μL)

topicamente na orelha esquerda dos animais de todos os grupos e cada animal serviu

como seu controle. A eutanásia foi realizada por excesso de isoflurano inalatório, 6

horas após a indução da inflamação (BOMFIM et al, 2014).

4.3.1 Massa das orelhas de camundongos estimuladas com TPA

Após eutanásia, sítios das orelhas foram recortados com um punch de 8 mm de

diâmetro e as orelhas foram pesadas em uma balança digital. Os valores foram

15

expressos em mg e representaram a subtração da massa das orelhas direita em

relação a esquerda de cada animal (OLIVEIRA et al., 2017).

4.3.2 Atividade de mieloperoxidase (MPO) nas orelhas de

camundongos estimuladas com TPA

A atividade da enzima MPO foi utilizada como um marcador de infiltrado

neutrofílico em todos os grupos experimentais. Amostras da orelha dos animais foram

coletadas, pesadas e mantidas em tubos teste na presença de tampão fosfato [50

mmol/L, pH 6,0 contendo 0,5% de brometo de hexadeciltrimetilamônio (HTAB)]. Cada

amostra foi homogeneizada e alíquotas do homogenato foram centrifugadas. Em

placa de 96 poços, alíquotas do sobrenadante foram adicionados à solução de di-

hidrocloreto de o-dianisidina (0,167 mg/mL em tampão fosfato 50 mmol/L contendo

0,005% de H2O2). As alterações nos valores de absorbância (460 nm) foram

registradas durante 180 segundos e os resultados foram expressos como unidades

de MPO (UMPO)/sítio de orelha, considerando-se que 1 UMPO se refere à quantidade

de enzima que degradada 1 µmol de H2O2/minuto (BRADLEY et al, 1982; CAMARGO

et al, 2008).

4.3.3 Determinação de IL-1β na orelha de camundongos estimuladas

com TPA.

As concentrações de IL-1β foram determinadas no homogenato das orelhas

(n=4-5) de camundongos estimuladas com TPA usando kit comercial

imunoenzimáticos (ELISA), segundo as instruções do fabricante (R&D systems). Os

valores foram expressos como pg de citocinas/mg de proteína.

16

4.3.4 Determinação da concentração de TBARS na orelha de

camundongos estimulada com TPA

Amostras de orelha de todos os grupos experimentais foram pesadas e

homogeneizadas em 10 volumes de solução de fosfato de potássio (50 mmol/L, pH

7,4) contendo butil-hidroxitolueno (BHT, 12,6 mmol/L). A seguir, alíquotas do

homogenato foram incubadas a 90°C durante 45 min com solução contendo TBA a

0,37%, em meio ácido (ácido tricloroacético a 15% e HCl a 0,25 mol/L). Após

incubação e posterior centrifugação (5 min, 8000xg), alíquotas dos sobrenadantes

foram extraídas com n-butanol e solução saturada de NaCl, seguido de centrifugação

(2 min a 8000xg). Logo após, alíquotas foram pipetadas em microplaca para leitura

dos valores de absorbância em leitor a 535 nm (corrigidos pelos valores de

absorbância a 572 nm). Os resultados foram expressos como nmol de MDA por mg

de tecido, utilizando-se para o cálculo o coeficiente de extinção molar de 1,55 x 105

L.mol-1.cm-1 (BOSE; SUTHERLAND; PINSKY, 1989).

4.3.5 Avaliação da capacidade antioxidante do EHVm pelo FRAP na

orelha de camundongos estimulada com TPA

Para avaliação da capacidade antioxidante do EHVm pelo potencial reducional

de ferro, a metodologia descrita por Benzie e Strain (1996) foi utilizada com pequenas

modificações. Amostras de orelha de todos os grupos experimentais foram pesadas e

homogeneizadas em 10 volumes de solução de fosfato de potássio (50 mmol/L, pH

7,4). Em placa de 96 poços foram adicionados alíquotas do homogenato, 9 µL de

EHVm (1, 3, 10, 30 ou 100 µg/mL), 27 µL de água destilada e uma solução contendo

tampão acetato (0,3 mol/L; pH 3,6), 2,4,6-tripiridil-s-triazina (TPTZ; 10 mmol/L) e

cloreto férrico (Fe3Cl; 20 mmol/L). Durante 30 min a mistura reacional foi incubada a

37ºC por 30 min e posteriormente a absorbância foi mensurada a 595 nm. Para

calcular o FRAP do extrato foi gerada uma curva padrão de sulfato ferroso (FeSO4) e

usada a equação linear. O trolox (100 µg/mL) foi usado como controle positivo. Os

17

valores foram comparados como o meio reacional sem adição de extrato ou controle

positivo (sistema).

4.4 Análise Histológica de orelhas

A análise histológica das orelhas (n=8) foi realizada em colaboração com a Profa.

Dra. Rosilene Calazans Soares (Departamento de Morfologia da UFS). Para análise

histológica, o edema foi induzido conforme o item 4.3. Esta etapa foi realizada com

orelhas tratadas com a maior dose do EHVm (3,0 mg/orelha) ou do controle positivo

(dexametasona, 0,05 mg/orelha). Após a indução, o tecido da orelha foi

cuidadosamente retirado e fixado em solução de etanol (70%) por um período de 24

horas. Após este período, os tecidos foram retirados e conservados em formol (10%)

até o momento da realização dos cortes histológicos. Posteriormente, as orelhas

foram desidratadas, incluídas em parafina e em seguida seccionadas

transversalmente num micrótomo em cortes de 5 µm de espessura. Estes cortes foram

fixados em lâminas e corados com hematoxilina e eosina. As lâminas foram

visualizadas em microscópio óptico (Nikon, Tóquio, Japão) com aumento de 40x e

então fotografadas com o auxílio de uma câmera fotográfica (Nikon, Tóquio, Japão)

acoplada ao microscópio para análise de infiltrado inflamatório. Foram selecionadas 4

fotografias para os grupos Acetona e os grupos tratados com Dexametosa ou EHVm

e 10 fotografias para o grupo Veículo (CHIBLI et al., 2014).

4.5 Análise Estatística

Os dados foram expressos como média erro padrão da média. Estes foram

analisados quanto a normalidade de sua distribuição pelo teste de Shapiro-Wilk. Como

não houve impedimento para aplicação de testes paramétricos, os dados foram

analisados por análise da variância (ANOVA) de uma via, seguida pelo teste de Tukey.

Valores de p0,05 foram considerados significativos.

18

5. RESULTADOS

A ação tópica do EHVm foi testada utilizando o modelo de edema de orelha

induzido por TPA. Na figura 2 pode ser observado que a variação de massa da orelha

foi diminuída (p<0,001) pela coadministração de 3 mg/orelha de EHVm, bem como

com a coadministração de dexametasona (p<0,001) quando comparado aos animais

que receberam somente veículo. Também pode ser verificado que o tratamento com

as doses de 0,3 e 1 mg/orelha de EHVm não alterou a variação de massa da orelha

quando comparado ao grupo veículo.

p

es

o d

a o

re

lha

(m

g)

0

5

1 0

1 5

2 0

***

***

V e íc u lo 0 ,3 1 ,0 3 D e x a

E H V m (m g /o re lh a )

Figura 2. Efeito do extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon (EHVm) na massa das

orelhas de camundongos. Os camundongos foram submetidos a inflamação da orelha induzida por

12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato, concomitantemente ao tratamento com EHVm ou dexametasona

(Dexa). A variação () do peso da orelha (n=6-8), mensurada 6 horas após a indução. ANOVA de uma

via F(4, 32) = 16,71, p<0,001, seguido do teste de Tukey ***p<0,001 vs. grupo tratado com veículo).

O efeito anti-inflamatório também foi analisado verificando-se a atividade da

enzima mieloperoxidase (MPO). A figura 3 mostra o aumento da atividade de MPO

após a administração de TPA (p<0,001) quando comparado as orelhas que receberam

19

apenas acetona. O tratamento com a dose de 3 mg/orelha do EHVm (p<0,01) ou 0,05

mg/orelha de dexametasona (p<0,001) diminuiu este parâmetro quando comparado

ao grupo veículo. Também pode ser verificado que o tratamento com as doses de 0,3

e 1 mg/orelha de EHVm não alterou a atividade de MPO nas orelhas quando

comparado ao grupo veículo. M

PO

(U

/sít

io)

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

###

* *

* * *

A c e to n a V e íc u lo 0 ,3 1 ,0 3 D e x a

E H V m (m g /o re lh a )

T P A

Figura 3. Efeito do extrato hidroetanólico de Vaccinum macrocarpon (EHVm) na atividade da

mieloperoxidase (MPO) em orelhas de camundongos. Os camundongos foram submetidos a

inflamação da orelha induzida por 12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA), concomitantemente ao

tratamento com EHVm ou dexametasona (Dexa). A atividade de mieloperoxidase (MPO) (n=6-8) foi

mensurada 6 horas após a indução. ANOVA de uma via (F(5, 39) = 13,41, p<0,001) seguido do teste de

Tukey (###p<0,001 vs. grupo tratado com acetona; **p<0,01 ou ***p<0,001 vs. grupo tratado com

veículo).

Verificou-se também que a administração de TPA na orelha aumentou a

concentração de IL-1β (p<0,01) em comparação ao grupo acetona. A coadministração

de 3 mg/orelha de EHVm (p<0,05) ou dexametasona diminuiu a concentração desta

citocina (p<0,05), quando comparado ao grupo que recebeu veículo, como

demonstrado na figura 4.

20

p

es

o d

a o

re

lha

(m

g)

0

5

1 0

1 5

2 0

***

***

- 0 ,3 1 3 D e xa

E H V m (m g /o re lh a )

A

T P A

Un

ida

de

de

MP

O/s

ítio

de

ore

lha

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

###

* *

* * *

V e ícu lo - 0 ,3 1 3 D e xa

E H V m (m g /o re lh a )

B

T P A

IL-1

(

pg

/mg

de

pro

teín

a)

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

V e ícu lo - E H V m

(3 m g /o re lh a )

D e xa

# #

* *

C

T P A

Figura 4. Efeito do extrato hidroetanólico de Vaccinum macrocarpon (EHVm) na concentração

de IL-1β nas orelhas de camundongos. Os camundongos foram submetidos a inflamação da orelha

induzida por 12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA), concomitantemente ao tratamento com EHVm

ou dexametasona (Dexa). A variação da concentração de IL-1β (n=4-5) foi mensurada 6 horas após a

indução. ANOVA de uma via (F(3, 15) = 8,34, p=0,0017), seguido do teste de Tukey (##p<0,01 vs. grupo

tratado com acetona; *p<0,05 vs. grupo tratado com veículo).

Complementarmente, foi realizada a análise histológica nas orelhas dos animais

dos diferentes grupos. No corte histológico do grupo acetona foi observado tecido sem

alterações morfológicas (Figura 5). Por sua vez, a aplicação de TPA nas orelhas

permitiu observar a presença de intenso infiltrado inflamatório rico em leucócitos

invadindo o tecido epitelial pavimentoso estratificado queratinizado de revestimento,

tecido conjuntivo e em região perianexial, caracterizando inflamação aguda além da

presença de tecido conjuntivo fibroso dérmico exibindo intenso edema intersticial e

grande quantidade de vasos sanguíneos capilares dilatados e congestos

(hiperemiados) (Figura 6 e Figura 7).

Nos animais em que houve a aplicação do TPA na presença de EHVm foi

observada a presença de infiltrado inflamatório, no entanto em menor intensidade em

tecido conjuntivo e ausência de infiltrado em região perianexial, com preservação dos

anexos cutâneos (Figura 8). No grupo tratado com dexametasona foi possível

evidenciar tecido epidémico exibindo características histomorfológicas usuais (Figura

9).

21

Figura 5. Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, aumento de 400x) das

orelhas de camundongos submetidas à aplicação de veículo (acetona). Tecido epidémico exibindo

características histomorfológicas normais mostrando anexos cutâneos, como glândulas sebáceas e

folículos pilosos bem preservados. GIS indica glândula sebácea, TcF indica tecido conjuntivo fibroso,

Cart representa o tecido cartilaginoso.

Figura 6. Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, aumento de 400x) das

orelhas de camundongos inflamadas com 12-O-tetradecanoiforbol-13-acetato (TPA). Em todas

as imagens é possível evidenciar intenso infiltrado inflamatório rico em polimorfonucleares (neutrófilos),

caracterizando inflamação aguda.

22

Figura 7. Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, E, F, aumento de 400x) das

orelhas de camundongos inflamadas com 12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA). A: intenso

infiltrado inflamatório agudo invadindo o tecido epitelial pavimentoso estratificado queratinizado de

revestimento, caracterizando exocitose neutrofílica; B: infiltrado inflamatório exibindo distribuição

perianexial; C: arteríola exibindo sinais morfológicos de vasculite, com acúmulo de neutrófilos na sua

luz; em destaque neutrófilo fazendo diapedese (transmigração); D: tecido conjuntivo fibroso dérmico

exibindo intenso edema intersticial; E: capilares dilatados e congestos (hiperemiados) e neutrófilos

viáveis (seta negra) e F: piócitos exibindo fragmentação nuclear (seta vermelha).

Figura 8. Imagens representativas de cortes histológicos (A, B, C, D, aumento de 400x) das

orelhas de camundongos inflamadas com 12-o-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA) e

submetidas ao tratamento concomitante com extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon

(EHVm). A, B e C: presença de infiltrado inflamatório agudo de menor intensidade no tecido conjuntivo;

D: ausência de infiltrado inflamatório em região perianexial.

23

Figura 9. Imagens representativas de corte histológicos (A, B, C, D, aumento de 400x) das

orelhas de camundongos inflamadas com 12-o-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA) e

submetidas ao tratamento concomitante com dexametasona. A e B: tecido epidémico exibindo

características histomorfológicas usuais. C e D: mostrando anexos cutâneos, como glândulas sebáceas

e folículos pilosos bem preservados, tecido conjuntivo fibroso rico em fibroblastos maduros, com

núcleos delgados e alongados e de cromatina densa (fibrócitos).

Também foi avaliado o efeito do extrato hidroetanólico da Vaccinium

macrocarpon (EHVm) nas alterações oxidativas em orelhas de camundongos

submetidos a inflamação por TPA. A figura 10 mostra que a administração de TPA

aumentou a peroxidação lipídica na orelha (p<0,001) quando comparado ao grupo

acetona. Além disso, a administração concomitante do EHVm, em todas as doses

testadas, diminuiu a lipoperoxidação (p<0,001) quando comparado ao grupo veículo

24

MD

A (

mm

ol/

mg

de

te

cid

o)

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5# # #

* * *

* * ** * *

A c e to n a V e íc u lo 0 ,3 1 ,0 3

E H V m (m g /o re lh a )

T P A

Figura 10. Efeito do extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon (EHVm) na peroxidação

lipídica em orelhas de camundongos. Os camundongos foram submetidos a administração de 12-

O-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA), concomitantemente ao tratamento com EHVm. A formação do

malondialdeído (MDA) foi mensurada 6 horas após a indução (n=6 animais/grupo). ANOVA de uma via

( F(4, 25) = 18,28, p<0,001), seguido do teste de Tukey (###p<0.001 vs. grupo acetona; ***p<0.001 vs.

grupo tratado com veículo).

Na figura 11 está demonstrado que a administração do TPA diminuiu (p<0,001)

o poder antioxidante (FRAP) do tecido quando comparado ao grupo acetona. A

administração de EHVm, nas doses de 1 e 3 mg/orelha, aumentou o poder

antioxidante no tecido (p<0,01 ou p<0,001 respectivamente, quando comparado ao

grupo veículo).

25

FR

AP

(F

e3

+/F

e2

+)

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

###

* ** * *

A c e to n a V e íc u lo 0 ,3 1 ,0 3

E H V m (m g /o re lh a )

T P A

Figura 11. Atividade antioxidante do extrato hidroetanólico da Vaccinium macrocarpon (EHVm)

pelo potencial reducional de ferro (FRAP). Os camundongos foram submetidos a administração de

12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA), concomitantemente ao tratamento com EHVm. O potencial

reducional de ferro (FRAP) foi mensurado 6 horas após a indução (n=6 animais/grupo). ANOVA de uma

via (F(4, 25) = 96,14, p<0,001), seguido do teste de Tukey (###p<0.001 vs. grupo acetona; **p<0.01 ou

***p<0.001 vs. grupo tratado com veículo).

6. DISCUSSÃO

No presente estudo foram apresentados resultados acerca do efeito anti-

inflamatório do EHVm. O modelo escolhido para obter estes resultados foi a

inflamação de orelha induzida por TPA, que é um modelo útil para a avaliação de

compostos com potencial eficácia na terapia anti-inflamatória por via tópica. Esse

potente agente flogístico e promotor de tumor é capaz de induzir a inflamação cutânea

e hiperproliferação celular em animais, pela formação de produtos da ciclo-oxigenase

e lipoxigenase, bem como de histamina e serotonina, dentre outros mediadores

(BADILLA, B et al., 2007; FERREIRA, F et al., 2010). Estes mediadores contribuem

para a infiltração de neutrófilos, o aumento da permeabilidade vascular e a agregação

plaquetária na orelha, que se inicia dentro de 2 horas e se agrava nos tempos

posteriores (ZHANG et al., 2007). Uma vantagem deste modelo é a possibilidade de

aplicação das substâncias testes por via tópica, o que é importante para o screening

26

de substâncias com atividade anti-inflamatória (BOLLER, 2007). A aplicação por esta

via foi utilizada no presente estudo e permitiu observar a modulação da resposta

inflamatória pelo EHVm.

Dessa forma, com o uso deste modelo foi possível demonstrar que o EHvm

produziu efeito antiedematogênico (Figura 2), mensurado pela redução da massa dos

sítios da orelha o que corrobora estudo anterior demonstrando que o tratamento

sistêmico com o EHVm diminui o edema pancreático na dose de 200 mg/kg

(SANTANA et al.,2018). Concordantemente, foi demonstrado que o tratamento oral

com o extrato de frutos de Vaccinium macrocarpon reduziu a produção de

prostaglandinas in vitro e inibiu o edema da pata de camundongos induzido por

carragenina (NARDI et al., 2016) e que as frações de extrato de Vaccinium

macrocarpon com diferentes conteúdos de polifenóis (polifenóis de massa molecular

baixa, média ou alta) reduziram a expressão de TNF-α e IL-6 em células de

adenocarcinoma de cólon humano (Caco-2) (DENIS et al., 2015).

O edema está relacionado ao aumento da permeabilidade vascular e o

extravasamento de plasma para a região tecidual, fatores que envolvem a modulação

da produção de óxido nítrico, espécies reativas de oxigênio, bradicinina,

prostaglandinas e citocinas pró-inflamatórias (AKINOSOGLOU; GOGOS, 2014). O

EHVm possui em sua composição uma expressiva concentração de flavonoides que

atuam modulando células envolvidas com a inflamação, inibindo a proliferação de

linfócitos T, inibindo a produção de citocinas pró-inflamatórias (por exemplo, TNF-α e

IL-1), modulando a atividade das enzimas da via do ácido araquidônico, tais como

fosfolipase A2, ciclo-oxigenase e lipoxigenase, além de modularem a enzima

formadora de óxido nítrico, a óxido nítrico sintase induzida (iNOS) (LÓPEZ R.,et al

2008 ; KIM P., et al 2004). Assim, o efeito antiedematogênico do EHVm certamente é

dependente da redução da geração de mediadores inflamatórios como citocinas pró-

inflamatórias e pode ser atribuído, ao menos em parte, à ação dos compostos

fenólicos presentes neste extrato.

As citocinas também estão envolvidas na migração de leucócitos. Este

parâmetro foi avaliado pela medida da atividade de MPO nas orelhas, que foi reduzida

pela coadministração do EHVm. Este é um indicativo de inibição da migração de

neutrófilos para este tecido, pois a mieloperoxidase é uma enzima presente nos

27

grânulos azurófilos desta célula e é descrito que os polimorfonucleares podem ser

visualizados aderindo-se à parede do vaso em até 6 horas após a aplicação de TPA

(DE YOUNG et al, 1989).

Por conseguinte, o tratamento com 1,5% de pó de extrato seco de frutos de V.

macrocarpon (incorporado na dieta) reduziu a atividade de MPO no cólon de

camundongos submetidos a colite induzida por dextrano sulfato de sódio (XIAO et al.,

2015), bem como um tratamento profilático com cranberry (100 mg/kg) diminuiu a

atividade de MPO no coração de ratos submetidos à cardiotoxicidade induzida pela

doxorrubicina (ELBERRY et al., 2010). Este efeito antiquimiotático do EHVm poderia

resultar da modulação de moléculas de adesão que são representadas pelas

selectinas (E, P e L), imunoglobulinas, integrinas e glicoproteínas. As selectinas

participam do processo de rolagem, as integrinas do processo de aderência firme e a

a transmigração depende de imunoglobulinas como a PECAM-1 (ROBBINS et

al.,2000). A expressão dessas moléculas é regulada por fatores como as citocinas

pró-inflamatórias (CORLESS J., 2003), fazendo possível que a redução da atividade

de MPO esteja correlacionado a inibição da produção de citocinas.

Dentre os diversos mediadores pró-inflamatórios que coordenam a migração

celular para o sítio inflamatório inclui-se a IL-1β (GARIN et al, 2011; XIAO et al., 2015).

Interessantemente, foi observada menor concentração de IL-1β na orelha dos animais

estimulados com TPA na presença de EHVm. Infere-se desta maneira, que a

administração tópica do extrato de Vaccinum macrocarpon tem atuação inibitória

sobre a síntese ou liberação desse mediador, liberada por células como macrófagos

e linfócitos B. As concentrações séricas de IL-1β e interferon-γ e a expressão de RNA

mensageiro para TNF-α e IL-1β no cólon foram reduzidas pelo tratamento oral com

cranberry em camundongos submetidos a colite induzida por dextrano sulfato de sódio

(XIAO et al., 2015). Além disso, estudos na doença periodontal mostram redução de

parâmetros inflamatórios mediados por tais citocinas no tratamento com cranberry

(BODET et al., 2006).

Os resultados mostrando efeitos antiedematogênico, antiquimiotático e de

redução de IL-1β são indicativos do efeito anti-inflamatório do EHVm após aplicação

tópica. Para amparar estes resultados, foi conduzida a análise histológica. Esta

análise corroborou principalmente a redução da resposta inflamatória, uma vez que

28

como demonstrado na figura 8, a aplicação do TPA concomitante ao EHVm, levou a

um infiltrado inflamatório agudo de menor intensidade no tecido conjuntivo e a

ausência de infiltrado inflamatório em região perianexial, quando comparado ao grupo

tratado apenas com TPA (figura 6 e 7).Os resultados apresentados estão de acordo

com os achados do MPO e do edema de orelha aqui demonstrados, uma vez que

verificou-se em ambos um menor infiltrado neutrofílico após tratamento com EHVm.

Assim, pode-se inferir que o EHVm diminui características aguda da resposta

inflamatória na orelha dos animais, mas os mecanismos envolvidos nestes efeitos

precisam ser melhor elucidados. Neste sentido, considerando-se que o EHVm possui

compostos com atividade antioxidante (SANTANA et al., 2018), foi proposto que o

efeito anti-inflamatório estivesse associado ao efeito antioxidante deste extrato. Em

relação a este efeito, o extrato utilizado no presente estudo foi avaliado quanto ao seu

efeito antioxidante in vitro.

SANTANA et al. (2018) demonstraram que o tratamento com o EHVm nas doses

de 50, 100 e 200 mg/kg reduziu os produtos de peroxidação lipídica, em particular o

MDA, em modelo de pancreatite (tecido pancreático), o que também ocorreu no tecido

pulmonar. No presente estudo também foi verificado o efeito do EHvm em parâmetros

que inferem sobre as alterações oxidativas, para correlaciona-las com o efeito anti-

inflamatório. O tratamento concomitante com EHVm levou a diminuição da

peroxidação lipídica (figura 10) e aumento do potencial redutor do ferro (figura 11). É

interessante observar que apesar das doses de 0,3 e 1 mg/orelha não terem reduzido

o edema e a atividade de MPO, estas produziram efeito significativo na peroxidação

lipídica (ambas) ou no potencial reducional de ferro (apenas 1 mg/orelha). As razões

para estas diferenças não são claras, mas as mesmas indicam que a relação entre as

alterações oxidativas e inflamatórias induzidas pelo TPA na orelha podem não ocorrer

na mesma magnitude, ou seja, apesar das doses menores diminuírem a

lipoperoxidação e o FRAP, isso não resultou em efeito anti-inflamatório mensurável

pelos desfechos utilizados neste estudo.

As membranas e organelas celulares contém grande quantidade de lipídios poli-

insaturados que podem ser alvos de reações de oxidação, podendo levar a processos

de morte celular e inflamação (PIZZIMENTI et al 2010). Não apenas a aplicação de

TPA induziu estes processos, mas também a aplicação de EHVm impediu que

29

peroxidação ocorresse nas orelhas. Os dados encontrados no presente trabalho

concordam com trabalhos da literatura, o qual demonstra que o extrato aquoso do

cranberry apresentou inibição na produção das espécies reativas ao ácido tiobarturico

in vitro (ABEYWICKRAMA et al., 2016). In vivo, observa-se que a administração

durante 10 dias do extrato metanólico de cranberry nas doses de 50 e 200 mg/kg

reduziu a peroxidação lipídica no fígado e que a dose de 200 mg/kg reduziu a

lipoperoxidação na pata após injeção de carragenina (NARDI et al., 2016).

A capacidade redutora do ferro, uma avaliação baseada na produção do íon Fe2+

(forma ferrosa) a partir da redução do íon Fe3+ (forma férrica) presente no complexo

2,4,6- tripiridil-s-triazina (TPTZ) (THAIPONG, et al., 2006), é um parâmetro de

importância, pois os íons ferro são muito ativos em reações de óxido-redução, o que

os caracteriza como potentes catalisadores das reações de geração de radicais livres,

em condições de estresse oxidativo. A participação desses metais se dá, de maneira

especial, por meio das reações de Fenton e Haber-Weiss. A primeira é referente à

geração de radical OH•, por meio da reação do H2O2 com os íons em questão, em

seguinte, estes íons catalisam a reação entre o H2O2 e o radical O2•, a fim de gerar,

da mesma forma, o radical OH•, que por sua vez reage rapidamente com moléculas

como lipídeos, proteínas ou bases de DNA (SONEJA et al.,2005). Sendo assim,

quanto maior a redução do ferro, menor será o potencial para ocasionar danos

celulares.

Em conjunto, os dados que mostram a reversão total (lipoperoxidação) ou parcial

(potencial reducional) de alterações oxidativas pelo EHVm indicam que a redução do

estresse oxidativo pode ter contribuído para a redução do processo inflamatório. Neste

sentido infere-se que os efeitos acima mencionados possam estar associados aos

compostos presentes no EHVm. Como demonstrado por PAREDES et al., 2010, o

cranberry possui em sua composição diversos compostos, entre eles vitaminas,

ácidos orgânicos como o ácido málico, quínico, cítrico e benzoico e compostos

fenólicos, sendo que a Vaccinium macrocarpon é uma das espécies com maior

quantidade de compostos fenólicos na sua composição (Szajdek & Borowska, 2008).

No EHVm utilizado no presente estudo foram identificados

sete compostos (três flavan-3-ols, um flavonol e três antocianinas). Os principais

compostos foram catequina e epicatequina. As principais antocianinas foram

30

cianidina-3-O-glicosídeo, seguido por cianidina-coumaroil-hexosídeo, ambos com

íons moleculares característicos de cianidina. O conteúdo total de flavonóides foi de

875,65 mg / 100 g, onde o flavan-3-ol contribuiu com 93,3%, seguido do flavonol

(4,3%) e antocianinas (2,4%) (SANTANA et al., 2018).

Tais compostos são considerados responsáveis por conferir as propriedades que

o EHVm possui, principalmente as antocianidinas, as proantocianidinas e os flavonóis

(Pardo et al., 2017). É mostrado na literatura que este último apresenta significativa

ação anti-inflamatória, que pode ser atribuída a sua capacidade de inibir as vias de

ciclo-oxigenase e lipoxigenase, as quais desempenham um papel importante na

geração de mediadores inflamatórios (YOON et al., 2005). Ademais relata-se também

o potencial das antocianinas de inibirem a liberação e síntese de substâncias

endógenas, que promovem inflamação como a histamina, TNF-α, IL-1β e IL-6, entre

outras, principalmente pela inibição da ativação da via do NF-κB (KARLSEN et al.,

2007; ABED et al., 2012) e sua capacidade antioxidante, uma vez que estas podem

participar na doação de hidrogênio ou elétrons, e também possui radicais

intermediários estáveis, que impedem a oxidação (GOBBO. et al., 2007).

De Melo et al. (2009) avaliaram alguns flavonóis individualmente quanto à

atividade anti-inflamatória em camundongos (10 mg/kg, via oral) no teste de migração

leucocitária induzida por carragenina. Na dose testada, esses flavonoides inibiram a

migração leucocitária em até 49,7%. Concomitantemente verificou-se que alguns

flavonoides encontrados na planta medicinal Eleusine indica (Poaceae), conhecida

popularmente como capim pé-de-galinha na dose de 400 µg/kg reduziram em até 80%

o influxo de neutrófilos pulmonares em camundongos expostos a aerossóis de

lipopolissacarideo (LPS), em um modelo que mimetiza a inflamação pulmonar (DE

MELO et al., 2005).

Conjuntamente, os resultados obtidos corroboram dados da literatura e sugerem

que o extrato da Vaccinum macrocarpon possui ação anti-inflamatória por via tópica,

derivada provavelmente de sua capacidade em diminuir a migração celular e reduzir

a formação de mediadores inflamatórios e atuação na redução das alterações

oxidativas. Sendo necessário estudos complementares de toxicidade e possíveis vias

alternativas de ação.

31

7. CONCLUSÃO

Diante dos resultados apresentados foi possível concluir que o EHVm possui

atividade anti-inflamatória e atenua alterações oxidativas em orelhas de

camundongos.

Este fato sugere que o EHVm pode ser uma possível alternativa terapêutica

futura no tratamento tópico da inflamação, a medida em que novos estudos forem

sendo delineados para avaliar a toxicidade deste extrato e mecanismos subjacentes

ao seu efeito anti-inflamatório.

8. REFERÊNCIAS

ABED, A. et al. Effect of Echium amoenum Fisch. et Mey a Traditional Iranian Herbal

Remedy in an Experimental Model of Acute Pancreatitis. ISRN gastroenterology, v.

2012, p. 141548, 2012.

ABEYWICKRAMA, Gihan et al. Phenolics of selected cranberry genotypes (Vaccinium

macrocarpon Ait.) and their antioxidant efficacy. Journal of agricultural and food

chemistry, v. 64, n. 49, p. 9342-9351, 2016.

ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino de; HANAZAKI, Natália. As pesquisas

etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico:

fragilidades e pespectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 16, n. Suppl 0,

p. 678-689, 2006

ANHÊ, F. F. A polyphenol-rich cranberry extract protects from diet-induced obesity,

insulin resistance and intestinal inflammation in association with increased

Akkermansia spp. population in the gut microbiota of mice. Gut, v. 64, n. 6, p. 872–

83, 2015.

32

AKINOSOGLOU, K.; GOGOS, C. Immune-modulating therapy in acute pancreatitis:

Fact or fiction. World Journal of Gastroenterology, v. 20, n. 41, p. 15200–15215,

2014.

ASADI-SAMANI, Majid et al. Medicinal plants with hepatoprotective activity in Iranian

folk medicine. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, v. 5, n. 2, p. 146-157,

2015.

BADILLA B, CAMBRONERO J, CICCIÓ JF. Determination of topical antiinflammatory

activity of the essential oil and extracts of Lippia alba (Mill.) N.E. Brown (Verbenaceae),

using the model of mouse ear edema induced by TPA and AA. Pharmacogn

Magazine. 2007;3(11):139-144.

BADRI, W.; MILADI, K.; NAZARI, Q. A.; et al. Encapsulation of NSAIDs for

inflammation management: Overview, progress, challenges and prospects.

International journal of Pharmaceutics, v. 515, n 1, p, 757-773, 2016.

BÁRTÍKOVÁ, H. et al. Effect of standardized cranberry extract on the activity and

expression of selected biotransformation enzymes in rat liver and intestine. Molecules,

v. 19, n. 9, p. 14948–14960, 2014.

BILATE, AMB. Inflamação, citosinas, proteínas da fase aguda e implicações

terapêuticas. Temas de reumatologia clínica - vol. 8 - nº 2 - junho de 2007.

BISWAS, N. et al. Identification oh Phenolic Compounds in Processed Cranberries by

HPLC Method. International Journal of Food Sciences and Nutrition., v.3, n.1,

p.18, 2012.

BODET, C.; CHANDAD, F.; GRENIER, D. Cranberry components inhibit interleukin-6,

interleukin-8, and prostaglandin E2 production by lipopolysaccharide-activated gingival

fibroblasts. European Journal of Oral Sciences, v. 115, n. 1, p. 64–70, 2007.

BODET, C. C., PICHÉ, M., CHANDAD, F., & GRENIER, D. Inhibition of

periodontopathogen-derived proteolytic enzymes by a high-molecular-weight fraction

isolated from cranberry. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 57(4), 685–690

(2006).

33

BOLLER, S. Atividade anti-inflamatória tópica do extrato e compostos isolados da

Baccharis illinita DC. (Asteraceae) em camundongos. 2007. 69 p. Dissertação

(Mestrado em Farmacologia) - Setor de Ciências Biológicas, Universidade

Federal do Paraná, Curitiba.

BONFIM, R.R. et al. Isopropoxy‐carvacrol, a derivative obtained from carvacrol,

reduces acute inflammation and nociception in rodents. Basic & Clinical

Pharmacology & Toxicology, v. 115, n. 3, p. 237-243, 2014.

BOSE, R.; SUTHERLAND, G.R.; PINSKY, C. Biological and methodological

implications of prostaglandin involvement in mouse brain lipid peroxidation

measurements. Neurochemical Research, v. 14, n. 3, p. 217-220, 1989.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos

Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. Política nacional de plantas

medicinais e fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

CAMARGO, E.A. et al. Role of substance P and bradykinin in acute pancreatitis

induced by secretory phospholipase A2. Pancreas, v. 37, n. 1, p. 50-55, 2008.

CHAMUSCA, F.V; REIS, S.R.A; LEMAIRE, D; MEDRADO, A.P. Mediadores do efeito

sistêmico do processo inflamatório e terapias fotobiomoduladoras: uma revisão de

literatura. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v.11, n.1, p.70-78,

jan. /abr. 2012.

CHANDRASEKHARAN, J. A SHARMA-WALIA N. Lipoxins; nature`s way to resolve

inflammation jornal of inflammation research, v. 8 p.181-192,2015.

CHIBLI, L. A.; RODRIGUES, K. C.; GASPARETTO, C. M.; PINTO, N. C.; FABRI, R.

L.; SCIO, E.; ALVES, M. S.; DEL-VECHIO-VIEIRA, G.; SOUZA, O. V. Antiinflammatory

effects of Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken ethanol extract in acute and chronic

cutaneous inflammation. Journal of Ethnopharmacology, 2014.

CORLESS J.The aetiology and epidemiology of chronic obstructive pulmonary

disease. In: Pearson M, Wedzicha W. Chronic obstructive pulmonary disease. Critical

debates. Massachusetts: Blackwell Science; 2003. p.1-16.

34

CRUVINEL, W. de M.; MESQUITA JÚNIOR, D.; ARAÚJO, J. A. P.; CATELAN, T. T.

T.; SOUZA, A. W. S. de; SILVA, N. P. da; ANDRADE, L. E. C. Sistema imunitário –

parte I Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos molecuares e

celulares da resposta inflamatória. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 50, n. 4,

p. 434-461, 2010.

DE FREITAS JUNIOR, Luciano Mamede; DE ALMEIDA JR, Eduardo B. Medicinal

plants for the treatment of obesity: ethnopharmacological approach and chemical and

biological studies. American journal of translational research, v. 9, n. 5, p. 2050,

2017.

DE MELO, G. O.; MALVAR, D. C.; VANDERLINDE, F. A.; ROCHA, F. F.; PIRES, P.

A.; COSTA, E. A.; DE MATOS, L. G.; KAISER, C. R.; COSTA, S. S. J. Antinociceptive

and anti-inflammatory kaempferol glycosides from Sedum dendroideum

Ethnopharmacol. 2009, 124, 228.

DE MELO, G. O.; MUZITANO, M. F.; LEGORA-MACHADO, A.; ALMEIDA, T. A.; DE

OLIVEIRA, D. B.; KAISER, C.R.; KOATZ, V. L. G.; COSTA, S. S.C- glycosylflavones

from the aerial parts of Eleusine indica inhibit LPS-induced mouse lung inflammation.

Plant Medicine. 2005, 71, 362.

DENIS, M.-C. et al. Prevention of oxidative stress, inflammation and mitochondrial

dysfunction in the intestine by different cranberry phenolic fractions. Clinical science,

v. 128, n. 3, p. 197–212, fev. 2015.

DINH, J. et al. Cranberry extract standardized for proanthocyanidins promotes the

immune response of Caenorhabditis elegans to Vibrio cholerae through the p38 MAPK

pathway and HSF-1. PLOS ONE, v. 9, n. 7, p. 1–11, 2014.

DURHAM, S. H.; STAMM, P. L.; EILAND, L. S. Cranberry Products for the Prophylaxis

of Urinary Tract Infections in Pediatric Patients. The Annals of pharmacotherapy, v.

49, n. 12, p. 1349–1356, dez. 2015.

DUTRA, RAFAEL C. et al. Medicinal plants in Brazil: Pharmacological studies, drug

discovery, challenges and perspectives. Pharmacological research, v. 112, p. 4-29,

2016.

35

ELBERRY, A. A. et al. Cranberry (Vaccinium macrocarpon) protects against

doxorubicininduced cardiotoxicity in rats. Food and chemical toxicology, v. 48, n. 5,

p. 1178–1184, maio 2010.

FERREIRA F.S; SARAIVA B.R.A; ARARUNA M.K.A; MENEZES I.R.A; COSTA J.G.M;

COUTINHO H.D.M, et al. Topical anti-inflammatory activity of body fat from the lizard

Tupinambis merianae. Journal Ethnopharmacol. 2010;130(3):514–520. Doi:

10.1016/j. jep.2010.05.041

FULLERTON, J. N.; GILROY, D. W. RESOLUTION OF inflammation; a new

therapeutic frontier. Nature Reviews Drug Discovery, v. 15, n, 8 p. 551-67, 2016.

GARIN, A.; PROUDFOOT, A.E. Chemokines as targets for therapy. Experimental cell

research, v. 317, n. 5, p. 602-612, 2011.

GHASEMIAN, M.; OWLIA, S.; OWLIA, M.B. Review of anti-inflammatory herbal

medicines. Advances in Pharmacological Sciences, v. 2016, 2016

GLISAN, S. L. et al. Cranberry extract attenuates hepatic inflammation in high-fat-fed

obese mice. The Journal of nutritional biochemistry, v. 37, p. 60–66, nov. 2016.

GOBBO-NETO, Leonardo; LOPES, Norberto P. Plantas medicinais: fatores de

influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química nova, v. 30, n. 2, p. 374,

2007.

HAMILTON, K. et al. Standardized cranberry capsules for radiation cystitis in prostate

cancer patients in New Zealand: a randomized double blinded, placebo controlled pilot

study. Supportive Care in Cancer, v. 23, n. 1, p. 95–102, 2014.

HARVEY AL, EDRADA-EBEL R, QUINN RJ. ;1; The re-emergence of natural products

for drug discovery in the genomics era. Nature reviews Drug discovery 2015;14:111

129.

HISANO, M. et al. Cranberries and lower urinary tract infection prevention. Clinics,v.

67, n. 6, p. 661–668, 2012.

36

JÚNIOR JOL, SERRANO SC, TEODORO AL, DANA BA. Os anti-inflamatórios não

hormonais. Prática hospitalar 2007; 51: 173-8

KARLSEN, A. et al. Anthocyanins inhibit nuclear factor-kappaB activation in

monocytes and reduce plasma concentrations of pro-inflammatory mediators in

healthy adults. The Journal of nutrition, v. 137, n. 8, p. 1951–4, 2007.

KIM, H. P.; SON, K. H.; CHANG, H. W.; KANG, S. S. Anti-inflammatory plant flavonoids

and cellular action mechanisms.Journal of. Pharmacological. Science. 2004, 96,

229

KOWALSKA, K.; OLEJNIK, A. Beneficial effects of cranberry in the prevention of

obesity and related complications: Metabolic syndrome and diabetes - A review.

Journal of Functional Foods, 20, 171–181(2016).

KRESTY, L.A. et al. MicroRNA alterations in Barrett’s esophagus, esophageal

adenocarcinoma, and esophageal adenocarcinoma cell lines following cranberry

extract treatment: Insights for chemoprevention. Journal Carcinogenesis, 2011.

LAPA, A.J. et al. Métodos de avaliação da atividade farmacológica de plantas

medicinais. 5.ed. São Paulo: Setor de Produtos Naturais, Departamento de

Farmacologia, UNIFESP/EPM, 2007. 119 p

LAWRENCE, T, GILROY, D. W. Chonic inflammation; a failure of resolution?

International jornal of experimental pathology, v.88, n 2, p. 85-94, 2007.

LIMA, RR; COSTA, AMR; SOUZA, RD; GOMESLEAL, W. Inflamação em doenças

neurodegenerativas. Revista de Medicina. [online]. 2007, vol.21, n.2, pp. 29-34.

LÓPEZ-POSADAS, R.; BALLESTER, I.; ABADÍA-MOLINA, A. C.; SUÁREZ, M. D.;

ZARZUELO, A.; MARTÍNEZ-AUGUSTIN, O.; DE MEDINA, F. Effect of flavonoids on

rat splenocytes, a structure-activity relationship study. Biochemical. Pharmacology.

2008, 76, 495.

MARTÍN, M; RAMOS,S; MATEOS,R; MARAIS, J; BRAVO-CLEMENTE,L ; KHOO,C;

GOYA, L. Chemical characterization and chemo-protective activity of cranberry

37

phenolic powders in a model cell culture. Response of the antioxidant defenses and

regulation of signaling pathways. Food Research International, 71, 68–82 (2015).

MEDZHITOV, R. Inflammation 2010: New Adventures of an Old Flame. Cell 140,

March 19, 2010. Elsevier Inc.

MUTLU, H.; EKINCI, Z. Urinary tract infection prophylaxis in children with neurogenic

bladder with cranberry capsules: randomizes controlled trial. ISRN Pediatrics, p.4,

2012

NARDI, Geisson Marcos et al. Anti-inflammatory activity of berry fruits in mice model

of inflammation is based on oxidative stress modulation. Pharmacognosy research,

v. 8, n. Suppl 1, p. S42, 2016.

NORLING, L. V., SERHAN, C. N. Profiling in resolving inflammatory exudates identifies

novel anti-inflammatory and pro-resolving mediators and signals for termination.

Journal Intern Medicine. 268, 15–24.(2010)

NOVOTNY, J. A. et al. Cranberry juice consumption lowers markers of cardiometabolic

risk, including blood pressure and circulating C-reactive protein, triglyceride, and

glucose concentrations in adults. The Journal of nutrition, v. 145, n. 6, p. 1185–93,

2015.

OLIVEIRA, Alan Santos et al. Atividade anti-inflamatória, antinociceptiva e

antioxidante do extrato etanólico de Leonurus sibirucus L.(Lamiaceae). 2017.

OLIVEIRA S.G.D; MOURA F.R.R; DEMARCO F.F; NASCENTE O.S; DELPINO F.A.B;

LUND R.G. An ethnomedicinal survey on phytotherapy with professionals and patients

from Care Units in the Brazilian Unified Health System.Journal Ethnopharmacol

2012; 140(2):428-437

PARDO-MATES, N., VERA, A., BARBOSA, S., HIDALGO-SERRANO, M., NÚÑEZ,

O., SAURINA, J.,PUIGNOU, L. Characterization, classification and authentication of

fruit-based extracts by means of HPLC-UV chromatographic fingerprints, polyphenolic

profiles and chemometric methods. Food Chemistry, 221, 29–38.033,(2017).

38

PAREDES-LÓPEZ, O., CERVANTES-CEJA, M. L., VIGNA-PÉREZ, M., &

HERNÁNDEZ-PÉREZ, T. Berries: Improving Human Health and Healthy Aging, and

Promoting Quality Life-A Review. Plant Foods for Human Nutrition, 65(3), 299–

308.(2010).

PIZZIMENTI, STEFANIA et al. The" two-faced" effects of reactive oxygen species and

the lipid peroxidation product 4-hydroxynonenal in the hallmarks of cancer. Cancers,

v. 2, n. 2, p. 338-363, 2010.

PRASAIN, J.K. et al. Effect of cranberry juice concentrade on chemically-induced

urinary bladder cancers. Oncology Reports., v.19, n.6, p.1565-1570, 2008.

RAHMATI M, MOBASHERI A, MOZAFARI M,.Inflammatory mediators in osteoarthritis:

A critical review of the state-of-the art, current porspects, and future challenges,

Bone.81-90,2016.

REUTER, S. et al. Oxidative stress, inflammation and cancer: How are they linked?

Free Radical Biology & Medicine, v. 49, p. 1603-1616, 2010.

SAH, R. P.; DAWRA, R. K.; SALUJA, A. K. New insights into the pathogenesis of

pancreatitis. Current Opinion in Gastroenterology, v. 29, n. 5, p. 523–530, 2013.

SANTANA, D. G; OLIVEIRA, A. S; SOUZA, M. T; CARMO, J. T; et al. Vaccinium

macrocarpon Aiton Extract Ameliorates Inflammation and Hyperalgesia through

Oxidative Stress Inhibition in Experimental Acute Pancreatitis.Evidence-Based

Complementary and Alternative Medicine, 2018.

SAONA, C.R. et al. Tracing the history of plant traits under domestication in

cranberries: potential consequences on antiherbivore defences. Journal

Experimental Botany, v.62, n.8, p.26332644, 2010.

SILVA, N.M; DE OLIVEIRA F.C; PEREIRA, A.F. Influência do uso de Cranberry na

saúde sistêmica e bucal/Influence of the use of cranberry in systemic and oral

health. Revista de Pesquisa em Saúde, v. 16, n. 1, 2015.

39

SKROVANKOVA, S., SUMCZYNSKI, D., MLCEK, J., JURIKOVA, T., & SOCHOR, J..

Bioactive compounds and antioxidant activity in different types of berries.

International Journal of Molecular Sciences, 16(10), 24673–24706 (2015).

SONEJA, Amit; DREWS, Magdalena; MALINSKI, Tadeusz. Role of nitric oxide,

nitroxidative and oxidative stress in wound healing. Pharmacological Reports, v. 57,

p. 108, 2005.

STOTHERS, L. A randomized trial to evaluate effectiveness and cost effectiveness of

naturopathic cranberry. Canadian Journal Urology, v.9, n.3, p.1558-1562, 2002.

SZAJDEK, A., & BOROWSKA, E. J. Bioactive compounds and health-promoting

properties of Berry fruits: A review. Plant Foods for Human Nutrition, 63(4), 147–

153 (2008).

TENÓRIO, PP; DUQUE, MAA; ARAÚJO, MM; FILHO, NTP; MELO JÚNIOR, MR. O

papel das metaloproteinases no desenvolvimento do aneurisma de aorta. Revista

para Medicina; 26(4), out. - dez. 2012.

THAIPONG, Kriengsak et al. Comparison of ABTS, DPPH, FRAP, and ORAC assays

for estimating antioxidant activity from guava fruit extracts. Journal of food

composition and analysis, v. 19, n. 6, p. 669-675, 2006

VALENTOVAÃ, K.I. et al. Bioseguridad, estado de antioxidante, y metabolismos en

la orina depués del consume de jugo de cranberry secado, en mujeres sanas: una

prueba piloto dobreciego placeno controlado. Journal of Agricultural and Food

chemistry, v.55, n.8, p.3217-3224,2007.

XIAO, X., KIM, J., SUN, Q., KIM, D., PARK, C.-S., LU, T.-S., & PARK, Y. Preventive

effects of cranberry products on experimental colitis induced by dextran sulphate

sodium in mice. Food Chemistry, 2015, 438–446

YOON, J. H.; BAEK, S. J. Molecular targets of dietary polyphenols with anti-

inflammatory properties. Yonsei Medical Journal. 2005, 46, 585.

40

YOUNG, J. M.; DE YOUNG, L. M. Cutaneous models of inflammation for the evaluation

of topical and systemic pharmacological agents. Pharmacological methods in the

control of inflammation, p. 215-231, 1989.

ZHANG, B.; LI, J. B.; ZHANG, D. M.; DING, Y.; DU, G. H. Analgesic and anti-

inflammatory activities of a fraction rich in gaultherin isolated from Gaultheria

yunnanensis (FRANCH.) REHDER. Biological and Pharmaceutical Bulletin, v. 30,

n. 3, p. 465-69, 2007.

41

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

COORDENAÇÃO DE PESQUISA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM ANIMAIS (CEPA)

CERTIFICADO (2º VIA)

Certificamos que a proposta intitulada “Avaliação da atividade anti-inflamatória,

antinociceptiva e antioxidante do extrato de cranberry (vaccinium macrocarpon)",

registrada com o nº 66/2017, sob a responsabilidade do Prof. Dr. Enilton Aparecido

Camargo que envolve a produção, manutenção ou utilização de animais pertencentes ao filo

Chordata, subfilo Vertebrata (exceto humanos), para fins de pesquisa científica encontra-se de

acordo com os preceitos da Lei nº 11.794, de 8 de outubro de 2008, do Decreto nº 6.899, de

15 de julho de 2009, e com as normas editadas pelo Conselho Nacional de Controle de

Experimentação Animal (CONCEA), e foi aprovada pela COMISSÃO DE ÉTICA NO USO

DE ANIMAIS (CEUA) da Universidade Federal de Sergipe, em reunião de 15/01/2018.

Finalidade ( ) Ensino (X ) Pesquisa Científica

Vigência da autorização Início:02/2018, Término: 12/2019

Espécie/linhagem/raça Camundongo heterogênico

Nº de animais 704

Peso/Idade 20-30g / 2-3 meses

Sexo M

Origem

Biotério Setorial do Departamento de

Fisiologia

Prof. Dr. JOSEMAR SENA

BATISTA

Coordenador do CEPA/UFS

Cidade Universitária “Prof. Aloísio de

Campos” Jardim Rosa Elze – São

Cristóvão – SE 49100-000

ANEXO A