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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO PAULO
EFLCH- ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS
ESTTICA E FILOSOFIA DA ARTE I
PROFA. DRA. ARLENICE ALMEIDA DA SILVA
WAGNER FERRAZ DE ARAJO 85373- 3 TERMO - NOTURNO
A CAPACIDADE DE JULGAR O BELO E O SUBLIME
E A FINALIDADE DA ARTE.
UM DEBATE ENTRE O PENSAMENTO KANTIANO E O
HEGELIANO SOBRE A ESTTICA NA FILOSOFIA .
GUARULHOS
2014
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RESUMO
Este trabalho consiste em uma reflexo das aulas ministradas pela Profa . Arlenice no decorrer
do semestre sobre a filosofia de Kant a respeito da Analtica do belo e a Analtica do sublime e
tambm do sentimento moral que existe na Natureza do Objeto. Consequentemente esta matria
foi ensinada e ampliada sob o pensamento de Hegel e a sua consistente filosofia da Finalidade da
Arte. Mediante este ponto de partida e argumentao, procurarei discorrer sobre ambos
evidenciando o que juzo de gosto e a capacidade de julgar para Kant; confrontando com as
formas e conceitos de arte que so prprios de Hegel. Para tanto transcrevo os objetivos do curso
que eram examinar os grandes sistemas da Esttica , e permitir a reflexo sobre as produes
artsticas na histria da cultura.
INTRODUO
Inicialmente cabe salientar que a filosofia kantiana est fundamentada nos conhecimentos de
princpios a priori e que podem ser investigados pela razo, que ele passou a chamar de pura.
Kant incentiva a descoberta do sentimento do prazer e desprazer nestes princpios e sugere o
ajuizamento como conduta necessria para uma boa crtica do belo .Diz ele :
(...) Ora, se a faculdade do juzo, que na ordem de nossas faculdades de conhecimento
constitui um termo mdio entre o entendimento e a razo, tambm tem por si princpios a
priori; se estes so constitutivos ou simplesmente regulativos (e, pois, no provam nenhum
domnio prprio), e se ela fornece a priori a regra ao sentimento de prazer e desprazer
enquanto termo mdio entre a faculdade do conhecimento e faculdade da apetio (do
mesmo modo como o entendimento prescreve a priori leis primeira, a razo porm a
segunda): eis com que se ocupa a presente Crtica da faculdade do juzo . Prlogo da
Crtica da faculdade do juzo p.12.
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Sendo assim, ele estabelece a ideia de que todo juzo de gosto precisa ser comunicado
universalmente e que a importncia deve ser dada no ao objeto, mas sim ao estado de nimo do
objeto. Eliminando a Metafsica deste campo de observao, ele vai comunicando seu estado de
nimo, ou seja a conscincia e a constatao das nossas faculdades vo funcionando como que
em um jogo, gerando prazer; evidenciando que o ajuizamento precede o prazer. Nota-se aqui que
no estamos no campo do Imperativo Categrico , mas sim num campo sem regras onde quem
comanda tudo o sentimento . a possibilidade de ajuizar o objeto no em s momento, tecendo
o fim da observao, no longe disto, mas sim em vrios outros momentos constatar o nimo que
este apresenta.
Na Crtica da razo pura fica evidente que Kant regulamenta estes princpios a priori da nossa
faculdade de julgar e que ela estaria incompleta se no haver uma faculdade do conhecimento
reinvindicando de forma especial uma parte nesta observao. Uma definio em um sistema
filosfico entre prtica e teoria, uma necessidade de ajustar ambas as formas de compreenso.
Kant diz: (...) Eu me ocupo com a crtica do gosto a qual d ocasio de descobrir uma
outra espcie de princpios a priori, diversos dos precedentes. Pois as faculdades da alma
so trs : a faculdade cognitiva, a faculdade da razo, e o sentimento de prazer e
desprazer. KANT 1787 Carta Reinhold .
Ele est devidamente preocupado com os princpios que no dependem da experincia, quer
deixar livre a faculdade de ajuizar, ou seja, todas as faculdades operando, mas sobre tudo o
entendimento imperando sobre todas elas (VERSTAND), intuindo os fenmenos sensveis. O
que a posteriori fica a segundo plano, e passa a ser inferido como no tendo uma cincia que
especifica e aprimora o gosto, logo o ajuizamento transcende como propsito de conhecimento.
Cada um tem que desenvolver e reconhecer este juzo de gosto, para que opinando em matria de
gosto possa vir a ser juiz. Uma representao em si mesma no expressa mesma coisa em todos
ao mesmo tempo; cada um tem diferente conduta ao ser exposto a observao. Kant diz que
quanto mais desinteressado, mais indiferente, melhor o ajuizamento, pois ele ser feito sem
interesse particular; o melhor juiz o que constata tambm os aspectos polticos e os estticos
simultaneamente .
A filosofia, tem como tarefa unificar e nas pressuposies, instalar o ser no no ser como
vir a ser, uma bifurcao no absoluto _ como aparncia, o finito no infinito, como
vida.KANT .
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Hegel distancia-se do pensamento kantiano, na medida em que vincula a observao do objeto
no mera forma de produo da natureza, mas sim como uma autntica produo do homem,
que vai alm de conceitos somente estabelecidos pela filosofia de ento, segundo Hegel a arte
um produto do esprito. Hegel diz:
(...) Mas pode-se desde j afirmar que o belo artstico est acima da natureza. Pois a
beleza artstica a beleza nascida e renascida do esprito e, quanto mais o esprito e suas
produes esto colocadas acima da natureza e seus fenmenos, tanto mais o belo artstico
est acima da beleza da natureza(...). CURSOS DE ESTTICA P.28 HEGEL.
Na viso hegeliana somente o que concebido pelo esprito verdadeiro: o esprito o que
abrange tudo em si mesmo, com personalidade verdadeira e autntica; logo o belo natural
somente aparece como um reflexo do belo pertencente ao esprito. Um ponto de vista radical
quanto aos conceitos kantianos do belo e o sublime conforme a natureza. Kant no define o que
uma obra de arte, ele diz, respeito do ponto de vista da sua utilidade, que a arte o belo;
distanciando-se deste conceito, Hegel explicita que, se realmente, a arte e o belo meream ser
tratados como algo cientfico. Fazendo isso ele sai da Esttica Subjetiva e entra na rea da
Dialtica, primando do conceito de que no belo de uma obra de arte existe uma totalidade
objetiva. A necessidade do homem de expressar de alguma forma sua situao interior, suas
ansiedades e formas de pensar com liberdade espiritual caracteriza esta liberdade de expresso
do espirito, a obra de arte um produto individual do esprito humano e no conduzida por
coisas terrenas que possam ser especificadas.O pensamento hegeliano que est posto no livro
Cursos de Esttica vai basear o verdadeiro na arte visando sempre o princpio do todo ; uma
compreenso em unidade , nada que unilateral pode ser verdadeiro, e concomitantemente
acima da natureza porque livre, nem s pela liberdade aparente mas porque abrange tudo com
consistncia. Na sua observao quanto as formas em no considerar a arte uma cincia, ele d
como fator relevante a hesitao e o abrandamento do nimo quanto necessrio para uma
definio do belo fora dos fins ltimos verdadeiros da vida ( um produto do esprito). O belo
uma forma agradvel de olhar para dentro, como se fosse uma remisso dos pecados ou um
relaxamento quanto s coisas da vida; as vantagens e desvantagens que o esprito tem em um fim
supremo ( conhecimento da razo com uma certa ironia, mas tendo um fim srio). Diferente de
Kant para Hegel a obra de arte est no mesmo plano da religio e da filosofia como um produto
do esprito, pois ela traz conscincia e exprime o divino por interesses mais profundos e
abrangente ; uma ciso aberta para capacitar entendimento que s fechada por ela mesma.
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(...) da profundidade de um mundo suprassensvel no qual penetra o pensamento (...)
CURSOS DE ESTTICA p. 32.
Se para Kant a arte no tem o objetivo de elevar enquanto argumento religioso e prprio do
esprito, para Hegel a arte assume esse termo como alta tarefa da conscincia e manifestao do
divino; uma humanidade com verdades mais abrangentes e representaes mais substanciais. A
arte uma obra do talento e do gnio que o homem traz consigo e este gnio movido pelo
entusiasmo que uma atividade inconsciente e irracional. KANT; - a contraposio hegeliana
vai dizer que a arte um trabalho rduo, possui um lado tcnico, abrangente que demanda
estudo, experincia da vida, que sero expostas pelo artista por meio das profundezas do seu
esprito, mediadas pelo esprito, conhecidas pelo esprito, e dirigidas ao mundo exterior e interior
por meio da msica, da poesia , da escultura; algo como sem valor quantitativo mais com um
profundo valor esttico. Na filosofia hegeliana nunca estamos separados do todo pois o homem
como esprito de duplica na prtica e na teoria sendo o que , e o que em geral, uma
conscincia pensante que se expressa por meio do esprito como produto da concepo dialtica
onde o homem e para si .Dentro do que se pode destacar de diferenas, entre ambos , o fato
da questo da liberdade e da autonomia na obra de arte , onde a necessidade desta liberdade
espiritual (razo) se satisfaz na medida em que por um lado, internamente se transforma o que
em para si , beirando a crtica- CURSOS DE ESTTICA p. 53, tragdia como finalidade de
causar alguma coisa ( temor e compaixo) por intermdio de algo produzido do esprito.
Diferentemente de Kant, Hegel define que a obra de arte um elo entre o interior e o exterior,
entre o finito e o infinito, quanto representaes artsticas; Kant ir dizer que a arte conforme
afins, no uma mercadoria ou produto mas sim um objeto de estmulo que causa nimo ou
desnimo, prazer ou desprazer , conforme afins, a arte s pode ser analisada pela crtica e nunca
pela cincia- (...) arte aquilo que o criador faz sem seguir nenhum critrio ou regra , e
nem preceito; a arte puramente esttica porque procura produzir prazer em quem
observa, no por meio da sensao, mas sim pela reflexo sem chegar a uma cincia ou
princpio, mas no campo da liberdade CRTICA DA FACULDADE DO JUZO P. 149 .
Para Kant o belo igual ao gnio, no importante como se fez, mas o que se criou. A arte antes
de tudo um produto mediante a liberdade tal qual um favo de mel uma produo da natureza
(das abelhas), um instinto de liberdade para criar, uma habilidade distinta de cincia.
Concluindo podemos afirmar que Hegel rejeita abertamente que o belo seja uma categoria do
juzo subjetivo e muito mais que isso, afirma que no um ajuizamento que s diz respeito ao
sujeito, mas tambm ao objeto; rejeitando o Classicismo da arte at ento e afirmando que a
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Esttica no pode ser definida pela beleza, pois esta pode ser especulativa, ela uma reflexo
sobre um conhecimento; no mimesis, mas uma manifestao do esprito absoluto; dizendo
isso refuta Kant e tambm as bases do pensamento socrstico sobre as imitaes das coisas da
natureza.
BIBIOGRAFIA
KANT, Immanuel. Crtica da faculdade do juzo. Rio de Janeiro, Forense,1993.
HEGEL,G.W.F. Cursos de Esttica. So Paulo, EDUSP, 1999-2004.