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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA FELIPE ANDRÉ PADILHA O Segredo é a Alma do Negócio: mídias digitais móveis e a gestão da visibilidade homossexual masculina na região de São Carlos Projeto apresentado à FAPESP, com finalidade de obtenção de bolsa de mestrado acadêmico. Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos Orientador: Prof. Dr. Richard Miskolci SÃO CARLOS 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA

FELIPE ANDRÉ PADILHA

O Segredo é a Alma do Negócio: mídias digitais móveis e a gestão da visibilidade homossexual masculina na região de São Carlos

Projeto apresentado à FAPESP, com finalidade de obtenção de bolsa de mestrado acadêmico. Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos Orientador: Prof. Dr. Richard Miskolci

SÃO CARLOS 2013

1

O Segredo é a Alma do Negócio: mídias digitais móveis e a gestão da visibilidade homossexual masculina na região de São Carlos

RESUMO

Este projeto deseja compreender o uso estratégico que homens do interior de São Paulo fazem das mídias digitais móveis visando criar relações com outros homens em segredo. Meu campo terá como base a cidade de São Carlos, na região central do Estado, e focará no uso de aplicativos de busca de parceiros amorosos e sexuais por homens entre 18 e 35 anos de idade. Parto da hipótese de que a dinâmica da visibilidade/ocultamento das relações homoeróticas no interior de São Paulo tem como objetivo manter a segurança nos espaços de trabalho e da família. Em diálogo com a Teoria Queer, os estudos brasileiros sobre sexualidade e outras pesquisas sobre mídias digitais, procuro compreender a associação do uso das mídias digitais móveis a tecnologias corporais em busca de criar uma performance viril, a qual é altamente valorizada em um contexto de insegurança social e até violência para não heterossexuais no interior paulista. Articulando o trabalho etnográfico, às entrevistas e às fontes sobre os usos das mídias digitais a pesquisa tem como objetivo compreender como a gestão da visibilidade, o acesso à mobilidade interurbana opera ligado a clivagens de classe, raça, etnia, gênero, geração, localidade, estilo de vida, educação e acesso ao consumo.

Palavras-chave: Mídias digitais. “Armário” homossexual. Homossexualidades masculinas. Performatividade viril. Aplicativos para celular. Interior de São Paulo.

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Este projeto1 busca compreender as dinâmicas de visibilidade/ocultamento das

relações homoeróticas2 no interior de São Paulo, mais precisamente, na região de São

Carlos e as estratégias empregadas por meus interlocutores com o objetivo de manterem

a segurança nos espaços de trabalho e da família. Para tanto, iniciei meu campo

etnográfico por meio do uso de três aplicativos: Grindr, o Scruff e o Hornet. Os três são

voltados para homens que buscam relações com outros homens e são disponibilizados

1 Esta pesquisa se encontra em desenvolvimento como parte dos interesses temáticos que orientam as pesquisas do Grupo CIS – Corpo, Identidades e Subjetivações, coordenado pelo Prof. Dr. Richard Miskolci, vinculado ao Departamento e ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar. 2 Optei pelo termo homoerótico e homoerotismo quando me refiro aos meus interlocutores, com o intuito de afastar a conotação simplista e aludindo a pluralidade subjetividades possíveis. Além disso, muitos deles não se identificam como homossexuais tampouco como gays.

2

de maneira gratuita para tablets e smartphones3, desde que possuam recurso de

geolocalização4.

Nos primeiros meses de observação etnográfica constatei que boa parte dos

usuários, se não a maioria, apresenta-se assim como busca parceiros com uma

performance de gênero viril, frequentemente associada à ideia de que ela permite

“passar por hetero”5. Considero que esse desejo em torno do homem viril, que “passa

por hetero”, deve ser associado ao contexto de insegurança social e até violência contra

homossexuais no interior paulista. Daí o desejo da maioria dos usuários dos aplicativos

por “caras discretos e fora do meio”, ou seja, por parceiros com os quais possam sair em

público sem serem reconhecidos como homossexuais e/ou expostos ao escrutínio de

conhecidos ou ainda a retaliações variadas, em especial na esfera familiar e do trabalho.

Manter uma performance que sustente uma heterossexualidade presumida,

entre meus interlocutores, emerge como uma estratégia empregada que possibilita a

manutenção de uma vida presumivelmente heterossexual no contexto familiar e do

trabalho, ao mesmo tempo, em que mantêm relações homoeróticas esporádicas e/ou

duradouras em cidades vizinhas, por temerem possíveis represálias. O contexto de

insegurança social que se apresenta aos homossexuais atualmente no Brasil e que possui

diversas especificidades quando contextualizados no imaginário das sexualidades no

interior paulista. Diferente do que se passa em contextos metropolitanos, ser

reconhecido como homossexual no interior paulista pode ser visto como um estigma

3 Tablets são dispositivos pessoais em formato de prancheta cuja entrada principal é uma tela sensível ao toque (touchscreen) que permite ao usuário acessar a internet, cuidar de sua organização pessoal, visualizar fotos, livros, revistas, jornais, ou ainda, baixar aplicativos desenvolvidos para finalidades específicas. Embora possua todas estas funcionalidades, o smatphone (telefone inteligente) é um telefone celular com funções avançadas que podem ser estendidas por meio de programas executados através de seu sistema operacional. Geralmente, um smartphone possui características mínimas de hardware e software, sendo as principais: a capacidade de conexão com redes de dados para acesso à internet, a capacidade de sincronização dos dados do organizador com um computador pessoal, e uma agenda de contatos que pode utilizar toda a memória disponível do celular. 4 GPS ou Sistema de Posicionamento Global. 5 Este aspecto é explorado por Miskolci (2013c) no contexto da paulistano.

3

que tensiona a moralidade sexual local podendo acarretar represálias, ameaças e

violências tanto físicas quanto simbólicas comprometendo as relações em espaços como

os da família e do trabalho.

O sociólogo canadense Erving Goffman em seu livro “Estigma: notas sobre a

manipulação da identidade deteriorada” (2004) sugere que o estigma é diretamente

ligado ao prévio reconhecimento de atributos por parte de quem classifica como

positivos ou negativos. Segundo o autor:

“O encobrimento e o acobertamento estão implícitos, dando ao pesquisador a oportunidade de aplicar as artes da manipulação da impressão, as artes, básicas na vida social, através das quais o indivíduo exerce controle estratégico sobre a imagem de si mesmo e os frutos que os outros recolhem dele. Também está implícita uma forma de cooperação tácita entre os normais e os estigmatizados: aquele que se desvia pode continuar preso à norma porque os outros mantêm cuidadosamente o seu segredo, fingem ignorar sua revelação, ou não prestam atenção às provas, o que impede que o segredo seja revelado; esses outros, em troca, podem permitir-se ampliar seus cuidados porque o estigmatizado irá, voluntariamente, se abster de exigir uma aceitação que ultrapasse os limites que os normais consideram cômodos.” (GOFFMAN, 2004, p.110, 111).

A tentativa de esconder o estigma representa um alto preço para quem é

estigmatizado. No interior de São Paulo, a dinâmica das relações sociais se dá em um

contexto em que “todxs se conhecem”, de forma que a “vida alheia” é de conhecimento

ou assunto constante. Dito isto, é possível traçar um paralelo com estudos sobre

comunidades menores mais coesas como as vilas do Cachorro Sentado e de São João,

em Porto Alegre – RS, estudadas pela antropóloga Claudia Fonseca (2000). A partir da

colaboração de seus/suas interlocutorxs ela analisa as narrativas, os conflitos e as

amizades, as relações familiares, o cotidiano, a situação de classe e os pormenores que

criam diferença e estranhamento intra-classe nestas localidades para mostrar como o

poder e sua íntima ligação com a violência, o humor, a honra e a fofoca apresentam

códigos, formas e simbolismos imiscuídos nas dinâmicas de gênero e classe social.

Nesse contexto, a autora mostra como a fofoca pode operar como um mecanismo de

4

controle social disperso entre “fortes” e “fracos”, especialmente no circunscrito a

acusações morais acerca das sexualidades.

Contudo, a crescente expansão do consumo e dos meios de comunicação

experimentada nos últimos anos possibilita que alguns de meus interlocutores

equacionem a manutenção de uma vida presumivelmente heterossexual no contexto da

família e do trabalho, paralelamente a manutenção de relações homoeróticas

esporádicas ou duradouras em cidades localizadas nas proximidades. Essa

especificidade aponta a necessidade de ampliar a compreensão acerca da crescente

mobilidade entre as cidades dessa região6 assim como o aquecimento da economia que

tem incentivado o crédito permitido o acesso a bens como automóveis, por exemplo7.

Possuir ou não automóveis no interior, onde o transporte público interurbano é

escasso, pode se tornar um diferencial na gestão da vida sexual e do segredo, garantindo

um maior grau de independência, mobilidade e privacidade, funcionando, como sugere

Miskolci (2013c, p.46), como um acessório da masculinidade na conquista sexual. Os

aplicativos não respeitam os limites burocráticos e políticos do estado ou dos

municípios, desse modo, eles extrapolam as cidades mencionadas. Até o momento

identifiquei usuários em mais dezoito cidades, além das seis cidades que compõem a

região de São Carlos, são elas: Matão, Ibitinga, Rio Claro, Jaboticabal, Araraquara,

Ribeirão Preto, Piracicaba, Torrinha, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Rita do Passa

Quatro, Porto Ferreira, Boa Esperança do Sul, Pirassununga, Corumbataí, Itirapina,

Américo Brasiliense, Santa Lúcia e Rincão.

Este último ponto é fundamental para compreendermos o modo como essas

tecnologias estão remodelando ou intensificando práticas que envolvem mobilidade

6 Oficialmente, a microrregião de São Carlos compreende, além da própria cidade, os municípios de Analândia, Descalvado, Dourado, Ibaté e Ribeirão Bonito, sendo uma das microrregiões do estado brasileiro de São Paulo pertencente à mesorregião de Araraquara. 7 Disponível em: http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/mercado/dilma-sanciona-lei-incentivos-carros-702412.shtml. Acesso em 29 set. 2013.

5

física mediante uma reconfiguração na relação com o espaço e levanta consigo uma

questão: como é gerenciada a visibilidade e o ocultamento da homossexualidade

mediante a moralidade local quando existe o acesso à mobilidade interurbana? Nesse

caso, quais elementos que estão em jogo? Como os interlocutores se deslocam na díade

visibilidade/invisibilidade? Se é que existem, quais são suas fronteiras e quando elas são

acionadas? De que modo as redes produzidas pelos aplicativos incentivam a mobilidade

entre as cidades?

Os dispositivos criam redes sociais seletivas e esse aspecto de seletividade é,

como aponta Miskolci:

“uma das novidades das relações mediadas digitalmente é a criação de sociabilidades moldadas pela experiência de constituição de redes por meio da busca e seleção de contatos de forma impensáveis para gerações anteriores. Assim, o antigo território definidor das comunidades do passado passa ser substituído pelos valores e códigos culturais que criam e delimitam as redes nas quais nos inserimos” (2013, p. 4).

Sherry Turkle (2011, p.10) afirma que usuários esperam que a tecnologia seja o

arquiteto de suas intimidades, ou seja, ao manterem relações digitalmente mediadas as

pessoas constroem relações de intimidade através da tecnologia. Assim, uma hipótese a

ser aventada é a de que os aplicativos, mais do que conectar um circuito local através

das mídias digitais, produzem o próprio circuito combinando on e off-line, ampliando a

rede de contatos entre cidades vizinhas e incentivando um tipo de mobilidade

interurbana que permite, em maior ou menor grau, uma gestão da vida homossexual

mais independente, por assim dizer, para os padrões tipicamente locais. Daí a prática

comum entre os usuários de manterem uma vida heterossexual na cidade onde vivem

paralelamente a envolvimentos homoeróticos (esporádicos ou não) em cidades da

região, e, de modo inversamente simétrico, os estudantes manterem uma vida

presumivelmente heterossexual no contexto familiar distante, enquanto assumem uma

vida homossexual nas cidades universitárias nas quais residem.

6

Este elemento recursivo também permite compreender como os espaços de

visibilidade e ocultamento são deslocados mediante contingencias como, por exemplo,

os projetos de homossexualidade de que tratamos: enquanto assumir-se para alguns

pode ser algo comparável à perda de algo muito valioso – a segurança social preservada

pelo segredo, para outros, assumir-se pode se converter em motivo de orgulho e

militância por uma vida fora do armário.

“A heteronormatividade privilegia subjetivações normalizadas criando subjetividades vigiadas e sob constante pressão. Incitadas a apagar seu desejo do convívio cotidiano e – ao mesmo tempo - compreenderem a si mesmos como produto dele constituem um aparente paradoxo que se dissolve ao compreendermos que compõe uma dinâmica em que a aceitação do desejo como verdade gera o segredo da abjeção, da impureza da qual o próprio sujeito quer se livrar” (MISKOLCI, 2008, p. 2).

Em São Carlos existe apenas uma modesta boate que se anuncia voltada ao

público gay e dois bares. Vale ressaltar também que, desde que iniciei minha incursão

etnográfica, fui convidado para participar de dois grupos secretos no Facebook8 no qual

encontrei aqueles usuários do aplicativo que não viam problemas em expor seu desejo

publicamente não se importando em ser identificado. Já aqueles usuários que mantêm

segredo sobre os encontros homoeróticos não foram por mim identificados nessas redes

sociais.

Atento a este cenário, este projeto pretende compreender a gramática do desejo

que rege um elemento apontado de maneira recorrente em outras pesquisas9: a

apresentação de um tipo de masculinidade virilizada, que busca viver a

homossexualidade mantida dentro de um modelo heteronormativo e que rearticula

8 Os grupos secretos apenas podem ser visualizados por usuários convidados por participantes, isso pode garantir não apenas o anonimato, mas, sobretudo, presumível certeza de estar entre iguais. 9 Cabe destacar aqui as pesquisas empreendidas por MOWLABOCUS (2010), MISKOLCI (2013a, 2013b), ZAGO (2009, 2013) e a pesquisa do mestrando Keith Diego Kurashige, “Marcas do Desejo”, ainda em andamento, desenvolvida junto ao Grupo Corpo, Identidades e Subjetivações, com auxílio da FAPESP, também interessada nas características do “armário” na sociedade brasileira contemporânea, investiga os critérios de busca e seleção de parceiros nos bate-papos da internet voltados ao público da cidade de São Carlos, tendo como foco o modo como as diferenças de “cor/raça/etnia” são articuladas e negociadas.

7

frente às mídias digitais às dinâmicas de moralidade e mobilidade locais na busca por

parceiros. Esse elemento recursivo às análises ainda não foi tomado como centro de

uma abordagem investigativa, permanecendo de maneira lateral, apresentando

frequentemente, em forma de misoginia, homofobia, efeminofobia e, principalmente,

transfobia, deixando de lado a complexidade que envolve a gestão da

visibilidade/invisibilidade da homossexualidade fora dos grandes centros urbanos. Nas

conversas com meus interlocutores não são raras as menções a solidão vivida na

infância, na adolescência ou até mesmo na vida adulta devido a determinados elementos

ligados à homossexualidade como, por exemplo, ser “efeminado”.

Inspirado pel’O Negócio do Michê (2008), trabalho do antropólogo, poeta e

militante argentino Néstor Perlongher, este trabalho procura seguir o mecanismo que

divide entre uma forma de desejar entre o aceitável e o “imoral”. Não se trata de seguir

um tipo de desejo específico – o homossexual, pois como nos ensina Guy

Hocquenghem “el objeto no basta para definir el deseo” (2009, p.13). Articulando

códigos-territórios, derivas e universos sociais, o desejo pode ser compreendido como

um mecanismo regulador que marca as normas de gênero, os padrões estéticos e a

gramática das relações sexuais.

O trabalho de Perlongher, mesmo sendo uma referência incontornável para

estudiosxs de sexualidade e gênero, aponta para uma abertura ainda pouco explorada

entre xs que se interessam pelo negócio do desejo, a saber, a expansão do “código-

território” para o interior do Brasil proporcionada pelo advento da internet (Miskolci,

2008, p.18).

Como destacam Miskolci e Pelúcio:

“A mídia em geral, mas a internet em particular, pelo seu caráter interativo, de acesso individualizado e possivelmente “secreto”, alargou as fronteiras já sem limites do código território e criou articulações entre os grandes centros e o restante do país,

8

assim como aprofundou aquelas já existentes entre estes e as metrópoles e as culturas dos países centrais” (2008, p. 18).

Não obstante, algo permanece em continuidade desde a pesquisa do

antropólogo até os dias atuais se materializando nos aplicativos: a masculinidade ainda é

o fetiche, se não mais da compra, de quem busca. O título do projeto que associa o

“segredo” ao “negócio” tem como objetivo destacar a hipótese de que o negócio dos

aplicativos, no interior paulista, gira em grande parte em torno do segredo. E segredo

aqui combina com uma imagem viril, de uma presumida heterossexualidade, ou seja,

que seja capaz de resistir ao escrutínio e “passar por” hétero. Se o negócio do michê se

constituía na venda do gênero, ou mais especificamente, da virilidade, caberia interrogar

se atualmente os aplicativos no contexto do interior paulista não teriam passaram a

vender a virilidade dispensando os michês?

Assim como o desejo não pode ser reduzido ao desejo, a busca não pode ser

reduzida apenas a um corpo, mas por um corpo marcado pela masculinidade nos moldes

hegemônicos, o que inclui, como mostra PERLONGHER (2008), a marca do excesso.

“A valorização do masculino é uma tentativa de fazer frente ao velho estigma da

‘inversão sexual’, tendo como alvo aquilo que a denunciaria: o efeminamento”

(MIKSOLCI & PELÚCIO, p. 19, 2008). Afinal, que o segredo – a virilidade e a

habilidade de passar por hétero – são a alma do negócio do michê, Perlongher parece

não nos ter deixado dúvidas, contudo, será que essa não se converteu também a alma do

negócio dos aplicativos? De algum modo, uma pergunta persiste: o que orienta essa

busca desejante?

Vale ressaltar que são poucos os estudos sobre homens e mulheres que se

interessam por outrxs do mesmo sexo fora dos grandes centros, que não adotam

identidades gays ou lésbicas, que não se socializam em espaços comerciais voltados

especificamente para este público como, por exemplo, bares, boates, parques e saunas e

9

que vivenciam suas experiências em contextos morais cujas pressões que se impõe são

distintas daquelas comumente atribuídas às conjunturas metropolitanas.

O cenário de crescimento econômico a partir do governo Lula, o avanço do

acesso a bens10, especialmente ligado ao aumento do consumo e da expansão dos usos

das mídias digitais pelas classes populares11 nos últimos anos, bem como a ampliação

do acesso ao crédito12 são elementos que atuam em conjunto nesse cenário em que a

tecnologia da informação amplia a agência dos sujeitos mediante a intensificação dos

fluxos entre cidades vizinhas e a capital.

Contudo, para além do campo etnográfico, para compreender tais

transformações é necessário ampliar a leitura em relação às transformações estruturais

ligadas ao mundo do trabalho, às novas formas de educação, ao lazer, a uma nova

estrutura urbana e a ampliação do “tempo livre”. O uso de aplicativos de geolocalização

exige, além de conhecimento e renda, tempo livre ou, no mínimo, flexível, o que talvez

ajude a compreender a maior assiduidade entre usuários estudantes e/ou profissionais

liberais.

O avanço dessas tecnologias conduz não apenas a uma mudança no

comportamento e nas ferramentas voltadas à comunicação interpessoal, mas também

novos cenários e deslocamentos impensáveis em outros contextos. De maneira concreta,

esse arranjo atual se impõe às Ciências Sociais como um duplo desafio que é ao mesmo

tempo teórico e metodológico: como tratamos de um fenômeno recente, não dispomos

de debates teóricos consolidados, disso deriva o segundo desafio que é à criatividade do

pesquisador.

10 Disponível em: http://www.telesintese.com.br/index.php/plantao/18804-mobilidade-impulsiona-consumo-de-smartphones-e-tablets-aponta-pesquisa. Acesso em: 29 set. 2013. 11 Nesse aspecto, FACIOLI apresenta uma reflexão inspiradora sobre o consumo e uso das mídias digitais por pessoas que compõe as classes populares, na qual classe social é pensada como “parte do dinamismo das relações entre sujeitos, orientados por suas experiências de vida, sem um reducionismo à mecânica das determinações econômicas” (p.101, 2013). 12 Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-03-15/aumento-da-renda-do-emprego-e-acesso-ao-credito-elevaram-padrao-de-consumo-diz-professor. Acesso em: 29 set. 2013.

10

Recentemente, o dossiê organizado por Larissa Pelúcio e Iara Beleli sobre

pesquisas com mídias digitais13, representa parte do esforço de enfrentamento destas

questões de natureza tanto teórica quanto metodológica que tem convocado xs

pesquisadorxs a refinar suas técnicas investigativas frente ao potencial criativo da

internet. De modo semelhante, as pesquisas em andamento no grupo Corpo, Identidades

e Subjetivações, coordenado pelo professor Dr. Richard Miskolci, dentre as quais minha

pesquisa se insere, tem buscado contribuir para os estudos de fenômenos relacionados

às mídias digitais, corporalidade, subjetivação e afetos.

Do ponto de vista da sociologia são diversos os esforços para compreender o

percurso e os efeitos de transformações sociais, econômicas, políticas e culturais ligadas

ao desenvolvimento tecnológico. Nessa empreitada, novas teorias têm surgido na

tentativa de qualificar e descrever de maneira mais adequada esse processo de

tecnização, globalização e informatização que vivenciamos, e daí a emergência e

popularização de termos como sociedade pós-industrial (LYOTARD, s.d.), sociedade

informática (SCHAFF, 1995), sociedade do conhecimento (TOFFLER, 1990),

sociedade tecnizada (MACHADO, 1993) ou sociedade em rede (CASTELLS, 1999).

De modo geral, o que cada um destxs autorxs vislumbra, com seus insights e

eventuais limitações, são as dinâmicas de uma sociedade globalizada através da

informação e seus trabalhos em alguma medida são desdobramentos de um diálogo

interno no campo das pesquisas sobre o que Castells chamou de “a era da informação”.

Além de notar a multiplicidade de formas de usos que podem ser atribuídos a estas

tecnologias nos diferentes contextos locais14, é urgente para uma sociologia interessada

13 CRONOS, R. Dossiê Pesquisas no Pontocom: desafios metodológicos, questões éticas e novas categorias para investigação em Ciências Sociais. Autores. Revista Cronos, UFRN, 12, jun. 2013. Disponível em: <http://www.periodicos.ufrn.br/index.php/cronos/article/view/3577/2862>. Acesso em: 26 Set. 2013. 14 Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130827_gay_pakistan_mv.shtml>. Acesso em: 29 set. 2013.

11

nas uso das mídias digitais no contexto brasileiro perceber que a promessa da nossa “era

da informação” não se concretizou efetivamente para todxs ainda. Portanto, cabe

perguntar: quem está inserido na era da informação? Os usos das mídias também são

diversificados de acordo com a inserção do usuário na sociedade?

É nesse cenário informacional que minha incursão etnográfica tem sido

realizada por meio de três aplicativos geosociais: o Grindr, o Scruff e o Hornet15. O

contato com meus interlocutores é sempre iniciado nos aplicativos por meio das três

redes sociais em que mantenho perfis desde maio de 2013, sempre me apresentando

como pesquisador e mestrando em sociologia. Os aplicativos basicamente são redes

geosociais que podem ser usadas apenas por SmartPhones (iPhone, iPod touch, iPad,

Backberry OS, e os aparelhos com sistema operacional Android) e tablets, contanto que

possuam a funcionalidade GPS. Os aplicativos podem ser baixados em uma loja virtual

destinada à distribuição gratuita e à venda de aplicativos, chamada App Store.

A busca é apresentada por meio de uma interface razoavelmente simples:

através de uma grade de imagens exibida na tela é possível visualizar as imagens

disponibilizadas pelos usuários como cartão de visitas, o perfil. Tocando a imagem, o

breve perfil pode ser visualizado tornando possível acessar funções como bate-papo,

envio de fotos, adicionar o perfil aos seus favoritos, bloquear usuários indesejados ou

reportar ao servidor denúncias sobre usuários que descumpram os termos de uso.

Qualquer violação das orientações pode resultar no banimento permanente dos

aplicativos.

2 OBJETIVOS

15 Encontrei outros aplicativos que se propõem a mesma finalidade, como é o caso do Jack’D, do GuySpy, do Growlr e do GayChat, entretanto, os quatro apresentavam um número muito reduzido de usuários nessa região, cerca de dois ou três. Ainda assim, destaco que estes usuários também possuem perfis em pelo menos um dos outros aplicativos.

12

Este projeto tem como objetivo compreender as dinâmicas e a gestão atuais de

visibilidade/ocultamento das homossexualidades masculinas no interior paulista, mais

precisamente na região da cidade de São Carlos. Nela, homens entre 18 e 35 anos, têm

sua sociabilidade marcada (em alguns casos até mesmo moldada) pelo uso de mídias

digitais, especialmente na busca de parceiros amorosos e sexuais do mesmo sexo. A

pesquisa se iniciará mediante o uso de três aplicativos disponíveis para tablets e

smartphones voltados a procura de parceiros (homo)sexuais encetando contatos face a

face que possibilitem conhecer, entrevistar e – quando possível – acompanhar alguns

usuários na forma como associam essas novas ferramentas comunicacionais com

objetivos de socialização. Por motivos éticos não identificarei nenhum dos meus

interlocutores, informando-os sobre os objetivos da pesquisa.

Dentre os aspectos que balizarão a pesquisa destaco o caráter de estigma

atribuído à homossexualidade em um contexto interiorano em que a sociabilidade é

hostil a relações homoeróticas, respondendo a um tipo de moralidade familista, marcada

por maior controle social do que em grandes centros e, por fim, mas não por menos, a

expectativa da heterossexualidade molda as relações cotidianas. Nesse sentido, pretendo

explorar o contexto de insegurança social e até violência em que homens jovens adultos

locais buscam negociar seus desejos por outros homens. Tenho como uma das hipóteses

iniciais que – com intuito de buscar segurança – há uma busca de construção de uma

imagem virilizada que “encobriria” a homossexualidade permitindo aos sujeitos

“passarem por hétero” em contextos hostis.

Articulado ao objetivo geral acima descrito, pretendo reconhecer e analisar

como o uso dessas novas mídias digitais se associa às transformações econômicas

recentes na sociedade brasileira, nas formas flexíveis de trabalho (que borram as

fronteiras entre trabalho e lazer), no aumento da mobilidade inter-cidades no interior do

13

Estado, em especial na região de São Carlos assim como na forma como os sujeitos

passam a compreender seus desejos, vivenciar suas relações amorosas e gerenciar suas

vidas sexuais em busca de uma inserção segura na sociedade interiorana atual. Especial

atenção será dirigida à delimitação e análise das convenções morais fortemente

compartilhadas no interior de São Paulo.

Se por um lado, seja nos Estados Unidos (ILLOUZ, 2011) ou nos grandes

centros urbanos brasileiros (MISKOLCI, 2013), uma das principais características da

busca é a fartura de parceiros que resulta num tipo de busca segmentada – bears, geeks,

straight, muscle – predicados de uma “economia de abundância” 16; por outro lado, no

Brasil, mais especificamente no interior de São Paulo, o alto custo que ainda restringe o

acesso à tecnologia e a insegurança social que se apresenta xs homossexuais, de modo

contrario, produz um tipo de busca que baseada numa “economia de escassez” de

parceiros. Tendo isso em mente, destaco entre os objetivos específicos deste trabalho:

1) Entender o novo contexto de mobilidade e acesso/restrição ao consumo que

reflete na mobilidade entre as cidades do interior paulista, com foco no caso

da região Central do Estado que tem em São Carlos seu “centro”;

2) Ampliar a compreensão sociológica acerca das sexualidades fora dos

grandes centros urbanos fundada na percepção de que o contexto sexual e

histórico molda as condutas sexuais e, inclusive, as formas de subjetivação;

3) Compreender as transformações que relacionam a ordem legal, a economia,

às políticas recentes, à insegurança estrutural particular do cenário brasileiro

16 Tanto ILLOUZ (2011) quanto MISKOLCI (2013a; 2013b) retratam cenários nos quais é prevalente a abundância de perfis. Esse tipo de busca, em um contexto eminentemente metropolitano poderia ser mais bem descrito como sendo uma “economia de abundância” em oposição à “economia de escassez” pertinente às cidades de menor porte do interior paulista. De modo inverso, se nas grandes metrópoles os aplicativos geram um tipo de busca segmentada – como argumentei sobre a própria criação do Scruff, no contexto estadunidense eles respondem a segmentos específicos do público gay-, por outro lado, no interior, onde o número de usuários é escasso a segmentação não parece operar. Contudo, códigos como “4:20”, utilizado para identificar auto identificação entre usuários de cannabis, permitem um tipo de busca que leva em consideração critérios de gostos, performatividade e atividades de lazer como elemento ativo na seleção de parceiros.

14

e à mobilidade que dá sentido ao segredo, à virilidade e à (in)visibilidade

homossexual mediante uma reformulação do espaço e da distribuição dos

fluxos urbanos através da propagação das mídias digitais;

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O projeto pretende expandir as fontes teóricas e desenvolver o trabalho

etnográfico para entender como no interior paulista meus interlocutores organizam suas

relações homoeróticas com vistas uma imagem presumivelmente heterossexual no

contexto familiar, do trabalho e no espaço público. Para tanto, procuro compreender –

por meio das entrevistas - as pressões sofridas na infância, no contexto familiar, no

trabalho, na escola e no espaço público de modo geral com vistas a abranger os

predicados particulares às formas brasileiras de lidar com as homossexualidades no

contexto do interior de São Paulo.

Tomando como campo de investigação os três aplicativos geosociais pretendo

desenvolver a etnografia em duas frentes: a primeira, mediada pelas mídias digitais com

conversas através do próprio aplicativo visando estabelecer contato com os

interlocutores resultando em entrevistas consentidas. Estratégia que tem apontado outras

redes virtuais de sociabilidade que são articuladas na busca de parceiros: até o presente

momento, participo também de dois grupos secretos no Facebook17 e venho mantendo

contato com meus colaboradores através de programas como o Skype18 e aplicativos

como o WhattsApp19. Na segunda frente, encontros realizados face a face e o convívio

17 O Facebook é a rede social de maior acesso no Brasil atualmente e permite, entre tantas outras funções, que seus usuários criem e compartilhem grupos chamados de “secretos” cujas mensagens podem ser visualizadas apenas pelos membros convidados e aceitos pelo moderador. 18 O Skype é um software que permite a comunicação através da internet através de conexões de voz e troca de mensagens de texto, arquivos, fotografia, vídeo e áudio. 19 O WhatsApp é um aplicativo disponível para smartphones que disponibiliza uma multi-plataforma de mensagens instantâneas. Além de mensagens de texto, através do programa é possível enviar vídeos, imagens e mensagens de mídia. É o aplicativo, com essa finalidade, mais usado no Brasil.

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relativamente próximo permitem que sejam realizadas, além entrevistas

semiestruturadas, um tipo de “observação acompanhante”, como propõe a antropóloga

Maria Elvira Diaz-Benitez (2010), na qual são enfatizados os aspectos dialógicos da

observação mediante o acompanhamento do cotidiano dos interlocutores da pesquisa.

Articuladamente ao trabalho etnográfico e de pesquisa sobre os usos das

mídias digitais pretendo buscar fontes que me auxiliem na compreensão de como essa

dinâmica de sociabilidade se articula a mudanças econômicas, no trabalho e no lazer,

aspectos já analisados por meio orientador no contexto norte-americano (Miskolci,

2013), mas cujas características no Brasil – e em especial no interior – ainda não têm

sido pesquisadas. O intuito é compreender de maneira mais ampla como a gestão da

visibilidade se ao acesso à mobilidade e como operam mediante clivagens de classe,

raça, etnia, gênero, geracionalidade, localidade, estilo de vida, educação e acesso ao

consumo.

4. FORMAS DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise dos resultados será feita a partir de um referencial teórico que une

fontes dos estudos brasileiros sobre sexualidade, bibliografia especializada sobre os

usos contemporâneos das mídias digitais móveis, estudos de gênero e Teoria Queer.

Esse conjunto de leituras tem balizado a maioria das pesquisas desenvolvidas dentro do

Grupo de Pesquisa Corpo, Identidades e Subjetivações, todas articuladas à investigação

de meu orientador, focada no contexto paulistano.

Em minha observação inicial do campo, percebi que os perfis de São Carlos de

homens que procuram relações com outros homens através das redes geosociais tem

como principal característica a adoção e a predileção por um tipo masculinidade

virilizada, determinada pela heterossexualidade e com padrões corporais aliados à força

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e à uma postura afirmativa tipicamente masculina. Este aspecto se mantém em

consonância com o que já foi constatado por outras pesquisas (MISKOLCI, 2009;

PELÚCIO, 2005; BRAZ, 2010).

Contudo, conforme já apontado na justificativa, a experiência desses sujeitos

está intimamente ligada ao acesso à tecnologia e à mobilidade interurbana, que, por sua

vez se apresentam intimamente ligadas às clivagens de classe, raça, gênero, geração e

localização residencial.

Desse modo, pretendo compreender o contexto que situa as transformações da

vida no interior mediante o aumento progressivo da mobilidade interurbana, a expansão

de estilos de vida e estéticas corporais ligadas e à busca de segurança como estratégia de

fuga de estigmas historicamente associados à homossexualidade.

A partir do exposto, o projeto visa identificar as táticas e as estratégias

individuais empregadas no gerenciamento da visibilidade das relações homoeróticas,

articuladas as hostilidades do contexto do interior paulista e a crescente possibilidade de

mobilidade interurbana na região visando entender a hipervirilidade como um elemento

de poder, segundo esta gramática erótica.

Neste campo investigativo, emprenhado em compreender as dinâmicas de

visibilidade/ocultamento da homossexualidade no interior paulista, através de uma

“observação acompanhante” (Díaz-Benítez, 2010), das entrevistas coletadas e da

bibliografia mencionada procuro compreender a construção de uma imagem

homossexual masculina virilizada como resposta às alterações urbanas, já mencionadas,

que enlaçam a mobilidade social à gestão da homossexualidade, num contexto brasileiro

de insegurança social visando compreender as convenções morais que sustentam tais

práticas no interior paulista.

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5. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Etapas do projeto

Previsão de Execução – 2014-2015

Etapa/mês Fev Mar Abr Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar

Estudos em disciplinas x x x x x

Participação em Grupo de Pesquisa

x x x x x x x x x x x

Pesquisa bibliográfica x x x x x x x x

Etnografia x x x x x x x x x

Redação de relatório

Redação de qualificação x x x

Redação da dissertação x x x x

Defesa da dissertação x

18

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