UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ ... · Agradeço as minhas tias Cristina e...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
LUIZ ANTONIO MORAES MACARO
.
GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE
AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ PINTADO, JI-
PARANÁ-RO.
Ji-Paraná
2013
1
LUIZ ANTONIO MORAES MACARO
GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE
AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ PINTADO, JI-
PARANÁ-RO.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Departamento de Engenharia Ambiental,
Fundação Universidade Federal de Rondônia,
Campus de Ji-Paraná, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Ambiental.
Orientador: Alex Mota dos Santos
Ji-Paraná
2013
2
Macaro, Luiz Antonio Moraes
M115g
2013
Geotecnologias aplicadas à caracterização da qualidade
ambiental da bacia hidrográfica do Igarapé Pintado, Ji-Paraná - RO /
Luiz Antonio Moraes Macaro; orientador, Alex Mota dos Santos. --
Ji-Paraná, 2013
37 f. : 30cm
Trabalho de conclusão do curso de Engenharia Ambiental. –
Universidade Federal de Rondônia, 2013
Inclui referências
1. Bacias hidrográficas - Meio ambiente. 2.Bacias hidrográficas -
Qualidade ambiental. 3. Bacias hidrográficas – Gestão ambiental –
Rondônia. I. Santos, Alex Mota dos. II. Universidade Federal de
Rondônia. III. Titulo
CDU 556.51 (811.1)
Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/ 601
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
TÍTULO: GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À CARACTERIZAÇÃO
DAQUALIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ
PINTADO, JI-PARANÁ-RO.
AUTOR: LUIZ ANTONIO MORAES MACARO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso faz parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Ambiental e aprovado pela Comissão abaixo relacionada no
Departamento de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus
de Ji-Paraná, no dia 14 de Março 2013.
Alex Mota dos Santos (Orientador)
Professor do Departamento de Engenharia Ambiental
Universidade Federal de Rondônia
Maria Lúcia Cereda Gomide (Membro)
Professora do Departamento de Educação Intercultural
Universidade Federal de Rondônia
Margarita MaríaDueñasOrozco(Membro)
Professora do Departamento de Engenharia Ambiental
Universidade Federal de Rondônia
Ji-Paraná, 14 de março de 2013.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha mãe por ensinar o valor da educação que deu para o meu
irmão Thiago e a mim. Ao meu tio Valdir pela orientação nos estudos e aos
ensinamentos de vida.
Agradeço as minhas tias Cristina e Mara e tio Mariba pelo apoio e conselhos, e a
Rose e Leandro por me ajudarem a desenvolver o meu caráter. Aos primos Luisa,
Gabriel, Bruno, Gustavo e Marília.
Dedico também esse trabalho aos companheiros Tiagão, Diego, Edson Sena,
Kleiton, JB, Bruno, Erico, Jaime, André, Kenon e Daniel. Aos amigos do Tradição. A
Douglas e Priscylla pela parceria de faculdade.
Agradeço ao meu orientador Alex Mota dos Santos, pela paciência e ajuda no
desenvolvimento desse trabalho. E a todos os outros professores pelo suporte prestado.
A todos os meus amigos, que de um jeito ou de outro, me ajudaram e
incentivaram para a realização desse curso.
Muito Obrigado!
5
Seja confiante, humilde e consciente. Fuja da arrogância.
Bel Pesce
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RESUMO
As bacias hidrográficas inseridas nos perímetros urbanos tendem a apresentar
comprometimento elevado da qualidade ambiental, e em Ji-Paraná não é diferente.
Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade ambiental na bacia hidrográfica do
Igarapé Pintado localizada no perímetro urbano do município de Ji-Paraná, Estado de
Rondônia. Para tal, relacionaram-se os fatores: urbanização, processos erosivos,
arborização, ocupação da Área de Preservação Permanente (APP) e de densidade
demográfica modificada pelo método dasimétrico utilizando imagens orbitais. A
metodologia contemplou a aplicação de geotecnologias, nomeadamente Sensoriamento
Remoto (SR) e Sistema de Informação Geográfica (SIG). O Processamento Digital de
Imagens (PDI) foi utilizado a partir da classificação da imagem da bacia hidrográfica do
Igarapé Pintado, realizado pelo método MAXVER, gerando assim a matriz de erro,
avaliada através do Índice Kappa.Os resultados principais revelaram que: 74,30% da
área da bacia está urbanizada, que a densidade demográfica é de 4,64 hab./km2, que a
vegetação rasteira é predominante (7,22%), e que 10,26% são caracterizadas como solo
exposto, que engloba os processos erosivos. A análise da APP revelou cenário
preocupante, em que 55% estãourbanizadas.Estes resultados permitiram concluir que a
qualidade ambiental da bacia do Pintado está comprometida, incluída
predominantemente na classificação “baixa” qualidade ambiental.
Palavras-chave: Geoprocessamento, Indicadores Ambientais, Análise da característica
socioambiental, Cartografia.
7
ABSTRACT
Watersheds included in urban perimeters tend to have high quality environmental
commitment, and Ji-Paraná is no different.Then, the objective of this study was to
evaluate the environmental quality in the watershed of Igarapé Pintado located within
the urban perimeter of the city of Ji-Paraná, state of Rondônia. To this, relate to factors:
urbanization, erosive processes, afforestation, occupation of Permanent Preservation
Area (APP) and population density modified by the method dasymetric using orbital
images. The methodology included the application of geotechnologies, namely Remote
Sensing (SR) and Geographic Information System (SIG). The Digital Image Processing
(PDI) was used to classify the image from the watershed Igarapé Pintado, conducted by
the MAXVER method, thus generating the error matrix as measured by Kappa
Index.The main results showed that: 74.30% of area the watershed is urbanized, the
dasymetric population density is 4,64hab/km2, the undergrowth is predominant (7,22%),
and that 10.26% are characterized as exposed soil, that encompasses the erosive
processes. The analysis of APP revealed troubling scenariowherein 55% is urbanized.
These results showed that the environmental quality of the watershed of Pintado is
compromised, predominantly included in the classification "low" environmental quality.
Keywords:Geoprocessing, Environmental Indicators, Characteristic Analysis of socio-
environmental, Cartography.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do município de Ji-Paraná, RO. ............................................................ 21
Figura 2 - Localização da bacia hidrográfica do igarapé Pintado na cidade de Ji-Paraná. ........ 22
Figura 3 - Urbanização da bacia hidrográfica do Pintado. ......................................................... 26
Figura 4 - Erosão no igarapé Pintado. Ji-Paraná, Rondônia, Julho de 2012. Fonte: O autor. .... 28
Figura 5 - Erosão e o lixo descartado pelos moradores no igarapé Pintado, Ji-Paraná, Rondônia,
Julho de 2012. Fonte: O autor. .................................................................................................... 29
Figura 6 – Cobertura vegetal na área urbana no igarapé Pintado, Ji-Paraná, Rondônia, Julho de
2012. Fonte: O autor. .................................................................................................................. 30
Figura 7 - Uso e Ocupação da APP da bacia Pintado. ............................................................... 31
Figura 8 - Qualidade Ambiental na Bacia do Igarapé Pintado em Ji-Paraná. ............................ 34
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1– Área das classes de uso de solo da bacia hidrográfica do Pintado...............24
Tabela 2 – Área das classes de uso do solo de APP do Igarapé Pintado.......................30
Tabela 3 - Índice Kappa e o correspondente desempenho da classificação...................31
Tabela 4– Matriz de erros no processo de classificação da bacia do Pintado...............32
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1.CRESCIMENTO URBANO, O CASO DAAMAZÔNIA .................................. 12
2. ANALÍSE DA QUALIDADE AMBIENTAL ..................................................... 14
3. GEOTECNOLOGIAS APLICADASEM ESTUDOS AMBIENTAIS ............. 17
4. MATERIAL E METÓDOS ..................................................................................... 20
4.1 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................... 20
4.2CARACTERIZAÇÃO EDAFO-CLIMÁTICA ................................................. 21
4.3PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (PDI) ................................... 23
4.3.1 Aquisição e Análise de Imagens .................................................................. 24
4.4 PESQUISA EM CAMPO ................................................................................... 25
5. RESULTADO E DISCUSSÕES .............................................................................. 25
5.1 QUALIDADE AMBIENTAL ............................................................................ 25
5.1.1 Urbanização .................................................................................................. 25
5.1.2Densidade Demográfica ................................................................................ 26
5.1.3Processos erosivos .......................................................................................... 27
5.1.4Cobertura vegetal .......................................................................................... 29
5.1.5Área de preservação permanente ................................................................ 30
5.2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DA CLASSIFICAÇÃO ............................... 32
5.2.1 Matriz de erro ............................................................................................... 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 38
11
INTRODUÇÃO
A ocupação do território amazônico ocorreu, por muito tempo, pelos grandes
rios encontrados nesta região, favorecendo a formação de núcleos urbanos às suas
margens. Predominou neste processo de ocupação pessoas oriundas das demais regiões
do país e a formação dosnúcleos urbanos ocorreu ausentesde planejamento urbano. No
período mais recente, década de 1970, a ocupação se estruturou e se consolidou às
margens da principal rodovia, a BR364.
A falta de planejamento urbanoresultou em ocupação irregular,provocoua
retirada não planejada da vegetação, conduzindo a degradação da qualidade do
ambiente. Às margens dos grandes rios a retirada da vegetação e compactação dos
solos, pela edificação das cidades, favoreceuo aumento das inundações, aparecimento
de agentes infecciosos, poluição das águas, entre outros.
Desse modo,a maioria das cidades do estado de Rondônia, aexemplo, Ji-Paraná,
localizada na região centro-leste do estado, estruturou-seàs margens da BR-364, que
também facilitou a ocupação e sua expansão entre as décadas de 60 e 80, na confluência
dos rios Machado e Urupá.Atualmente o município de Ji-Paraná possui a segunda maior
população do Estado de Rondônia, assim, identificou-se comprometimento dos recursos
naturais, especialmente sobre as bacias hidrográficas localizadas na sede do município.
Os problemas resultantes do processo de ocupação neste município interferiram
sobre a qualidade ambiental na cidade, deste modo prejudicaram a qualidade de vida da
população que aí vive. A qualidade de vida é entendida como o bem-estar gerado pelas
diversas áreas atribuídas a ela, como: educação, saúde e meio ambiente (FILOMENO,
2009). Deste modo, a qualidade ambiental é parte integrante e influi consideravelmente
na qualidade de vida.
Assim, o objetivo do trabalho é avaliar a qualidade ambiental na bacia
hidrográfica do Igarapé Pintado localizada no perímetro urbano do município de Ji-
Paraná. Para tal, relacionaram-seos fatores: urbanização, processos erosivos, cobertura
vegetal, ocupação da Área de Preservação Permanente (APP)e de densidade
demográfica, que foi modificada pelo método dasimétrico dos dados do censo do IBGE
(2010).
12
Neste contexto, os dados de urbanização, densidade demográfica, processos
erosivos, cobertura vegetal e ocupação da APP foram obtidos por geotecnologias,
nomeadamente Sensoriamento Remoto (SR) e Sistema de Informação Geográfica (SIG).
1.CRESCIMENTO URBANO, O CASO DAAMAZÔNIA
A urbanização como fenômeno mundial é tanto um fato recente quanto
crescente, pois por volta de meados do século XIX a população urbana representava
1,7% da população total do planeta, atingindo em 1960 (um século depois) 25% e; em
1980 esse número passou para 41,1% (SANTOS, 1981).
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), mostra
que, 84% da população brasileira vive nas cidades. De acordo com o Censo
Demográfico de 2010, o país possui 5.565 municípios, dos quais aproximadamente 95%
possuem até 100.000 habitantes e menos de 0,7% possui mais de 500.000 habitantes. A
proporção de indivíduos que se deslocou do campo para a cidade inverteu a lógica até
então existente, que era o maior número de pessoas no campo. Assim, o crescimento
acelerado nas cidades não comportou as necessidades da população que se dirigiu aos
centros urbanos em busca de trabalho e novas oportunidades (VIZZOTTO et al.,2009).
Segundo Coelho (2011) a complexidade dos processos de impacto ambiental
urbano apresenta um duplo desafio. Para a autora, de um lado é preciso problematizar a
realidade e construir um objetivo de investigação, do outro, é necessário articular uma
interpretação coerente dos processos ecológicos (biofísico-químicos) e sociais à
degradação do ambiente urbano.
Na Amazônia, nas últimas décadasdo século XX houve consolidação do
crescimento urbano associado, neste período, não apenas aos grandes rios, mas também
aestruturação da malha viária, como anteriormente mencionado. A construção de
rodovias contribuiu para consolidação de pequenos núcleos urbanos que evoluíram a
condição de cidades, consequente contribuição para o crescimento demográfico.
O crescimento urbano na Amazônia já foi apresentado por BARBOSA et al.
(1999), FEARNSIDE (2005) e TOURNEAU et al. (2010), os autores consideraram o
desmatamento o fator que fez com que os núcleos urbanos se desenvolvessem na região
amazônica. Este desenvolvimento ocorreu dependente da indústria madeireira e
13
assentamentos rurais, gerando assim consequências ambientais e sociais adversas na
Amazônia.
No censo de 2000, 70% da população na região Norte estava localizado em
núcleos urbanos, todos, praticamente, ligados às rodovias.Processou-se na região uma
penosa mobilidade espacial, com forte migração e contínua expropriação da terra e,
assim, ligada a um processo de urbanização (BECKER, 2005). Ainda segundo a autora,
em vista disso, a Amazônia teve a maior taxa de crescimento urbano no país nas últimas
décadas, devido ao desenvolvimento de vários programas de incentivos a colonização.
Neste sentido, Kohlhepp (2002) divide o planejamento para desenvolvimento
regional para a região amazônica nos últimos 30 anos, que se iniciou com o Programa
para Integração Nacional (PIN), implementado a partir da primeira metade do ano 1970
e os demais projetos desenvolvidos pela Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia (SUDAM), consolidando-se com o projeto Avança Brasil, com perspectivas
de planejamento até 2007. No período atual se destaca as obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
Em Rondônia, a partir da década de 70, houve intensa migração, aliado aos
projetos de colonização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA). Um grande fluxo de migrantes de várias regiões do país, especialmente
pequenos agricultores e seus familiares, vieram para Rondônia em busca de terras para a
agricultura. Porém, a grilagem das terras férteis por grandes grupos agroindustriais e a
falta de verba do INCRA, para sustentar o crédito rural e dar continuidade ao
projeto,geraram graves problemas sociais, levando grande parte dos posseiros a
desfazerem-se de seus lotes e se instalarem nos núcleos populacionais (TEIXEIRAet al.,
2001), intensificando a ocupação urbana e rural desordenada.
Neste contexto, o município de Ji-Paraná teve um fluxo migratório acentuado a
partir da abertura da BR-364, que possibilitou a atuação mais efetiva do INCRA para
organizar o processo de distribuiçãodas terras.Assim, Ji-Paraná teve notável fluxo de
migrantes com os Projetos Integrados e Colonização (PIC) implantado pelo INCRA na
década de 70, que ocuparam uma faixa de 100 km de cada lado da BR- 364 (MACEDO
et al.,2007).
No censo 2010 a região Norte teve um aumento de 10% na população em
relação ao censo 2000, e os municípios da Amazônia Legal cresceram a uma taxa de
14
1,93% a.a. (ao ano). O município de Ji-Paraná teve uma taxa de crescimento igual ao da
média nacional de 1,17% em relação ao censo 2000 (IPEA, 2013).
De um modo geral o cenário de consolidação da urbanização no Brasil levou ao
comprometimento da qualidade ambiental. Na Amazônia, não é diferente e os impactos
associados aos ambientes urbanos estão relacionados com a contaminação dos rios e
igarapés, inundações urbanas e disposição inadequada de materiais sólidos.
2. ANALÍSE DA QUALIDADE AMBIENTAL
O rápido processo de industrialização e urbanização ocasionou reflexos notáveis
na qualidade de vida do indivíduo na cidade, que, até então, não estava preparada para
absorver tamanho acréscimo populacional (CANEPA, 2007). Logo, a preocupação nas
cidades cresceu nos estudos voltados ao planejamento urbano e a qualidade ambiental.
O conceito de qualidade ambiental ainda está em construção na comunidade
científica, vários autores trabalham para propor um sistema de indicadores de qualidade
ambiental (NUCCI, 2001; GOMES et al., 2004; VIEIRA et al., 2007; BOTELHO et al.,
2010). Segundo Horberry (1995 apud Botelho e Silva, 2010), qualidade ambiental pode
ser definida como a soma dos padrões encontrados nos diversos componentes que nos
cercam e influenciam diretamente nossa vida: qualidade da água, do ar, estética, etc.
Segundo Vieira (2007), os indicadores devem ser capazes de refletir a qualidade
ambiental de forma a avaliar a sustentabilidade, eficiência e eficácia na execução de
políticas públicas. Ainda segundo o autor os indicadores podem ser classificados em
simples e compostos. Os indicadores simples normalmente são auto-explicativos,
descrevem imediatamente um determinado aspecto da realidade. Os indicadores
compostos apresentam um conjunto de aspectos da realidade, agrupam em um único
numero vários indicadores simples.
Assim, várias são as análises para caracterização da qualidade ambiental das
paisagens terrestres.Gomes et al. (2004) afirma que há ainda poucos trabalhos e escassas
opções metodológicas, principalmente no Brasil, para se analisar a qualidade ambiental
nas cidades, onde ainda é procedimento comum o uso de pequenas escalas para
trabalhar em áreas urbanas.
15
Nucci (2001) propõe o estudo da qualidade ambiental a partir da consideração de
atributos ambientais urbanos como uso do solo, poluição, espaços livres, verticalidade
das edificações, enchentes, densidade populacional e cobertura vegetal, espacializados e
integrados em escala que variam entre 1.2000 e 1.10.000.
Neste sentido, Nucci (2001) considera que este métodotem como base geral os
estudos realizados em Ecologia e Planejamento da Paisagem, no âmbito da Geografia
Física. A análise do planejamento pode ser entendida como uma contribuição ecológica
e de ordenamento para o planejamento do espaço em que se procura regulamentar os
usos do solo e dos recursos ambientais. Para Nucci (2001), esta abordagem preocupa-se
em salvaguardar a capacidade dos ecossistemas e o potencial recreativo da paisagem,
retirando-se o máximo proveito que a vegetação pode fornecer para a melhoria da
qualidade ambiental.
Nessa perspectiva, a proposta de Nucci (2001) torna-se importante uma vez que
permite trabalhar com variáveis diferenciadas (espacializadas em grandes escalas) do
ponto de vista da complexidade do espaço urbano, sobretudo, das médias e grandes
cidades.
Silva (2002)entende que o estudo ambiental é um instrumento necessário à
preservação e gerenciamento dos recursos, pois fornece indicativos para a
racionalização do seu uso e manejo. Ainda de acordo com Silva (2002), entende-se por
boa qualidade ambiental urbana a associação dos parâmetros físicos, químicos,
biológicos, sociais, políticos, econômicos e culturais que permitam o desenvolvimento
harmonioso, pleno e digno de vida.
Para a análise da qualidade ambiental urbana, Silva (2002) utilizou o indicador
densidade – uso e ocupação do solo. E observou que a intensificação do uso e ocupação
do solo, através do adensamento populacional, está intimamente relacionado a demanda
social.Logo, a densidade demográfica também se constitui em importante variável para
a qualidade de vida urbana.
Constatou-se que o estudo da qualidade ambiental é bastante complexo, bem
como seus padrões e seus indicadores. Silva (2002) afirma que neles estão contidos
fatores subjetivos, que levam em conta a percepção que o indivíduo tem em relação ao
seu ambiente e ao seu próprio modo de vida.
Segundo Fidalgo (2003) é possível analisar a etapa de diagnóstico de
planejamentos ambientais a partir da definição de critérios que possam ser
16
quantificados, ponderados e associados ao conjunto de dados utilizados, aos métodos
empregados e aos indicadores elaborados. Os indicadores foram reunidos e descritos
segundo o modelo de classificação tridimensional apresentado por Bakkes et al. (1994).
Um primeiro modelo se baseia nos propósitos de uso dos indicadores, que são: avaliar
as condições ambientais e as tendências em escala nacional, regional ou global;
comparar países e regiões; elaborar prognósticos; fornecer informações preventivas; e
avaliar as condições existentes em relação às metas estabelecidas. O segundo modelo
proposto por Bakkes et al. (1994) faz uma segunda classificação que se baseia no
assunto, ou um tema. E o terceiro modelo se baseia nas relações de causa e efeito, como
as estabelecidas no modelo Pressão-Estado-Resposta. O termo indicador utilizado por
Bakkes et al. (1994) trabalho se refere a indicadores simples, agregados ou índices. As
informações foram consideradas indicadores quando apresentadas de forma sistemática,
para caracterizar essas áreas e diferenciá-las, sendo associadas a todas as unidades de
área definidas. Por exemplo, em um zoneamento, se a informação tipo de relevo foi
apresentada para todas as zonas definidas caracterizando-as e diferenciando-as, ela foi
considerada um indicador (BAKKES et al., 1994). No caso dela ser descrita apenas para
algumas zonas, não possibilitando, dessa forma, a diferenciação dos tipos de relevo das
diversas zonas, ela não foi considerada um indicador.
Os tipos de zonas ou de unidades de área foram considerados indicadores
quando empregados para a classificação ou caracterização dessas áreas baseadas em
aspectos ambientais relacionados à sua fragilidade ou ao seu potencial ou restrição de
uso ou a outros atributos (BAKKES et al., 1994).
Os indicadores observados em cada diagnóstico, associados aos produtos
elaborados e uma pequena descrição e sua caracterização, foram classificados em
indicadores de pressão, estado ou resposta. Os critérios utilizados para a análise destes
indicadores foram: interpretabilidade, caráter prescritivo e acesso ao banco de dados
(WIENS et al., 2006).
De maneira geral, Gomes et al. (2004) destaca que as variáveis utilizadas para se
definir o padrão de qualidade ambiental de um determinado espaço geográfico são
muitos discutidas, pois o que é valorizado ou desvalorizado no meio ambiente para
determinar a sua qualidade depende da concepção de cada cidadão, inclusive do
pesquisador e do planejador. Assim, não há consenso quanto à utilização de variáveis
que definem a qualidade ambiental urbana, ficando o pesquisador apto a definir os
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atributos (ou variáveis) que permitam melhor realizar a analise do espaço geográfico em
estudo.
Recentemente Valério filhoet al. (2007) utilizaram geotecnologias avaliando a
ocorrência espacial, da propriedade agrícola de um conjunto de dados socioeconômicos
e ambientais na análise da qualidade ambiental no município de Paraibuna-SP e na
cidade de Belém – PA, Macedo et al. (2010) utilizaram geotecnologias para analisar o
adensamento populacional relacionando a poluição sonora com as áreas quentes do
município, utilizando de instrumentos de medição sonora e de calor com técnicas de
geotecnologias que possibilitou a correlação espacial entreos dois fatores. No ano de
2012 a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES) promoveu o VIII
Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental que discutiu e apresentou trabalhos que
visavam expor diferentes ideiassobre o conceito de qualidade ambiental, cujos temas
englobaram, dentre outros, tecnologias: processos, tratamento e monitoramento; gestão
e gerenciamento de resíduos: avaliação de impactos e modelos sustentáveis.
No entanto, segundo Coelho (2011), as técnicas são instrumentos empiricistas ou
auxiliares de verificação das hipóteses de análise. Para a autora é necessário vencer a
passividade empirista e a rigidez das técnicas. A autora conclui afirmando que a
ausência da crítica dos instrumentos pode dificultar a percepção de quanto eles são
dinâmicos. Portanto, não basta empregar tecnologias para análise dos impactos
socioambientais em ambientes urbano, é necessário também discutir a pertinência dos
resultados alcançados.
3. GEOTECNOLOGIAS APLICADASEM ESTUDOS AMBIENTAIS
O desenvolvimento das geotecnologias representa uma grande evolução para
aconsolidação de estudos relacionados ao ambiente físico, tendo em vista a maior
facilidade na obtenção de informações e as diversas possibilidades de interações que se
pode estabelecer entre suas variáveis. O Geoprocessamento e o Sensoriamento Remoto
(SR) são exemplos de ferramentas geotecnológicas frequentemente utilizadas que
servem de subsídio no desenvolvimento de estudos ambientais (DIAS, 2011).
Assim, o termo Geoprocessamento denota a área do conhecimento que utiliza
técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e
que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de
17
18
Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e
Regional (CÂMARAet al., 1996). Assim, é recorrente afirmar que oGeoprocessamento
é uma tecnologia interdisciplinar, que permite a convergência de diferentes áreas
científicas para o estudo de fenômenos ambientais, em áreas urbanas e rurais. Ou ainda,
que “o espaço é uma linguagem comum” para as diferentes disciplinas do conhecimento
(CÂMARA et al., 1996).
Como principal ferramenta computacional do Geoprocessamento, o Sistema de
Informação Geográfica (SIG), permite realizar análises complexas, ao integrar dados de
diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Tornam ainda possível
automatizar a produção de documentos cartográficos.
As definições para o SIG são variadas, segundo Câmara et al. (1996), o mesmo
pode ser entendido como um sistema que processa dados gráficos e não gráficos
(alfanuméricos) com ênfase emanálises espaciais e modelagem de superfícies.Segundo
Moreira (2001) o SIG permite inserir e integrar, numa única base de dados, informações
espaciais provenientes de diversas fontes tais como: cartográficas, imagem de satélites,
dados censitários e dados de cadastro rural e urbano. Para Matos (2008), o termo SIG é
utilizado para designar um sistema de informação que contém informação
georeferenciada, o que oferece um campo de aplicação vastíssimo e diversificado para
um mesmo conjunto de componentes de modelação.Como ilustração referente ao SIG,
temos:
Um geólogo usa o SIG para determinar a distribuição de um mineral em
uma área, a partir de um conjunto de amostras de campo.
Um sociólogo utiliza o SIG para entender e quantificar o fenômeno da
exclusão social em uma cidade brasileira.
Um engenheiro ambiental utiliza o SIG para delimitar uma bacia
hidrográfica de uma região em estudo.
O Sensoriamento Remoto (SR) pode ser entendido como a utilização conjunta de
equipamentos sensores que extraem informações de objetos sem a necessidade de
contato físico (sensor e alvo imageado), tendo o objetivo de estudar o ambiente terrestre
através do registro e análise das interações entre a radiação eletromagnética e as
substâncias componentes do planeta Terra em suas mais diversas manifestações
(NOVO, 1992). Os sensores são equipamentos com capacidade de coletar a energia
proveniente do objeto, geralmente o sol, convertendo-a em sinal passível de ser
19
registrado e apresentado na forma adequada para a extração de informações (CÂMARA
et al., 1996).
A aplicação de imagens de satélite, bem como seu processamento, tem sido de
aplicação recorrente na análise e monitoramento ambiental (CÂMARA etal.; SANTOS
et al., 2011; DIAS, 2011) . O desenvolvimento e aplicação dessas ferramentas na gestão
ambiental têm sido alvo de inúmeros estudos e pesquisas, o que permite grande
acessibilidade de recursos, a custos relativamente baixos, pois as imagens são na
maioria disponibilizadas em sítios de entidades públicas, gratuitamente, como a do
satélite SystèmePourl´Observation de la Terre (SPOT) e Shuttle Radar
TopographyMission (SRTM).
As imagens SPOT são disponibilizadas no sítio da Secretaria do Estado de
Desenvolvimento Ambiental (SEDAM). O programa SPOT pertence aempresa francesa
SPOT Image, seu projeto começou no final da década de 70, pelo Centro Nacional de
Estudos Espaciais (CNES), entidade do governo francêscom apoio da Suécia e Bélgica.
Foram lançados ao todo cinco satélites. Atualmentea plataforma SPOT opera com
apenas três satélites (SPOT-2, SPOT-4, SPOT-5), que disponibilizam imagens com
resoluções espaciais de 2,5 m a 20 m (EMPRAPA, 2012). Sua faixa de varredura de 60
km é composta por dois sensores High ResolutionVisible(HRV) que atuam em conjunto
na aquisição das imagens. As aplicações para o satélite SPOT sãode monitoramento dos
fenômenos naturais, acompanhamento do uso agrícola da terra, desmatamento, dinâmica
da urbanização, queimadas e monitoramento da cobertura vegetal.
A missão espacial SRTM, uma parceria das agências espaciais dos Estados
Unidos, NationalAeronauticsand Space Administration (NASA) e
NationalImageryandMappingAgency (NIMA), juntamente com a alemã German Space
Agency(DLR) e a italiana AgenziaSpaziale Italiana(ASI), teve como objetivo gerar um
modelo digital de elevação da Terra usando a técnica de interferometria, com o
mapeamento de mais de 80% da superfície terrestre. Os dados foram coletados entre os
dias 11 e 22 de fevereiro de 2000.No Brasil, a Embrapa fez as correções nas imagens
obtidas do SRTM, eliminando falhas, sombras e distorções. No sítio da Embrapa são
disponibilizadasimagens de relevo e de topografia do Brasil, com resolução espacial de
90 m (EMPRAPA, 2012). As aplicações com as imagens do SRTM são diversas, como
a melhoria da cartografia topográfica, implantação de estradas e delimitação de bacias
de drenagem.
18
20
Autilização de Geotecnologias para delimitação e análise de bacias
hidrográficas, tem se mostrado ferramenta eficaz no diagnóstico do ponto de vista
ambiental, devido à grande quantidade de informações geradas e dados trabalhados,
armazenados na forma de base de dados em software específico.Como exemplo de
aplicação,cita-se a pesquisa de Dias (2011), que utilizou uma imagem SRTM para
análise da compactação, impermeabilização e suscetibilidade a inundação nas bacias
hidrográficas da área urbana da cidade de Ji-Paraná.O autor criou, portanto, um modelo
sobre os fenômenos do mundo real nas bacias hidrográficas estudadas.
A aplicação de Geotecnologias resulta, na sua grande maioria, em mapeamentos
temáticos. Segundo Ramos (2005), com o advento da informática e a introdução do seu
uso no fazer cartográfico, desenvolve-se à cartografia seu potencial interativo,
especialmente com o advento do SIG. Da ciência cartográfica destacam-se os mapas
temáticos, de grande aplicação em análises quantitativas (MARTINELLI, 2007). O
mapa temático neste trabalho configura a síntese dos resultados da qualidade ambiental
na bacia do Igarapé Pintado.
4. MATERIAL E METÓDOS
4.1 ÁREA DE ESTUDO
O município de Ji-Paraná está localizado na porção centro-leste do estado de
Rondônia, na Região Norte, com posição geográfica entre os paralelos 8°22’e 11°11’
Sul e entre os meridianos 61°30’ e 62°22’ Oeste, com área correspondente de 6.922 km2
(IBGE,2012). Assim, conforme Figura 1, o perímetro urbano do município de Ji-Paraná
localiza-se na porção sul, e é cortada pela principal rodovia do Estado, a BR-364. O
município limita, ao leste, com o Estado do Mato grosso. Seguindo a rodovia na direção
noroeste, localiza-se o município de Ouro Preto d’Oeste, que na década de 70 recebeu
os projetos de colonização do INCRA. A cidade de Ji-Paraná divide sua sede
administrativa em dois setores urbanos, conhecidos como Primeiro Distrito e Segundo
Distrito (PREFEITURA DE JI-PARANÁ, 2012).
21
Figura 1 - Localização do município de Ji-Paraná, RO.
4.2 CARACTERIZAÇÃO EDAFO-CLIMÁTICA
Destaca-se neste tópico a caracterização edafo-climática da área em estudo:
clima, relevo, solo e hidrografia.Neste sentido, o clima em Ji-Paraná é
predominantemente tropical, úmido e quente, durante todo o ano com amplitude térmica
anual e notável amplitude térmica diurna, especialmente no inverno (BRASIL, 2007).O
Estado de Rondônia possui clima do tipo Aw – Tropical Chuvoso, conforme o Boletim
Climatológico da SEDAM (2012), com homogeneidade espacial e sazonal da
temperatura média do ar, variando entre 24°C e 26°C e, durante o mês mais frio
superior a 18°C. Na estação de inverno é quando ocorre o período seco, que se
identifica pelo moderado déficit hídrico, com índices pluviométricos inferiores a 50
milímetros por mês (BEZERRA, 2012).A média anual da precipitação pluvial é de
1.907 mm (SEDAM,2012).
O relevo predominantemente constituído sobre rochas do embasamento
cristalino, com altitude média variando entre os 130 a 580 metros (BRASIL, 2007). Na
parte urbana a altitude varia de 130 a 230 metros e relevo caracterizado como suave
20
22
ondulado (DIAS, 2011)e o rio Ji-Paraná faculta a presença de modesta planície de
inundação.
Segundo Brasil (2010) apud Carreira et al. (2011) o município de Ji-Paraná está
localizado no Domínio Morfoestrutural do CrátonNeoproterozóico, sendo composto
pelo Planalto Dissecado Sul da Amazônia e pela Depressão Interplanáutica da
Amazônia Meridional. A cobertura vegetal original da região é composta por Floresta
Ombrófila de acordo com Kruscheet al. (2005), cerca de 60% da área de drenagem do
rio Ji-Paraná possui solos eutróficos, predominantemente Latossolos e Podzólicos,
com potencial agrícola, ao contráriodo que ocorre na maior parte do estado, em
que há predominância de solos antigos, extremamente intemperizados, com baixos
níveis de nutrientes, elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e condições
de drenagem pobre.
A área de estudo está inserida na bacia do rio Madeira, que tem como afluente os
rios Machado e Urupá. O Igarapé Pintado (FIGURA 2), que deságua no rio Machado,
está localizado no 2° distrito na cidade de Ji-Paraná.
Figura 2 - Localização da bacia hidrográfica do igarapé Pintado na cidade de Ji-Paraná.
1° Distrito
2° Distrito
23
Segundo Dias (2011), o igarapé possui um comprimento axial de 3,46 km, e sua
bacia está inserida na área urbana da cidade de Ji-Paraná, com uma área de 3,95 km2,
com vegetação predominantemente rasteira e altitudes variando de 135 m a 189 m. A
bacia do Pintado possui formato alongado, tendendo ao retangular, portanto, segundo
Dias (2011), com menor possibilidade de ocorrência de enchentes, além disso, a
declividade e os solos compactados favorecem o escoamento. Nos trechos mais baixos
da bacia acontecem casos de enchentes, fato verificado nos anos anteriores, pelo mesmo
autor.
4.3 PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (PDI)
A metodologia está baseada em: a) PDI e b) análise espacial em SIG. O PDI se
estrutura em: 1) aquisição de imagens, 2) pré-processamento, 3) realce das imagens e 4)
análise das imagens.Segundo Crosta (1992) o processamento digital de imagens de
sensoriamento remoto trata especificamente das técnicas utilizadas para identificar,
extrair, condensar e realçar a informação de interesse para determinados fins. Os dados
para a realização do processamento digital de imagens são representados de forma
vetorial ou matricial/raster. A representação vetorial de um SIG é a informação de
natureza geométrica como: linha, ponto e polígonos. Conforme Schneider (2001) apud
Carvalho (2003), a representação matricial/raster é a imagem que é formada por
informações independentes, dispostos na forma de matriz, cada uma contendo uma
unidade de informação da imagem.
No presente trabalho, o PDI seguiu somente as etapas de aquisição de imagens e
análise das imagens, visto que as etapas de pré-processamento e realce das imagens não
foram necessárias, pois as imagens utilizadas nesse trabalho possuemaltaresolução
espacial, possibilitando o detalhamento dos alvos terrestres sem a necessidade de
métodos avançados de PDI. As etapas de PDI foram executadas no software Sistema de
Processamento de Informações Georeferenciadas (SPRING) (CÂMARA et al., 1996),
versão 5.1.7, disponibilizadosem custospelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE).
O PDI foi importante para indicação das variáveis: urbanização, arborização,
densidade demográfica e análise em APP. A densidade foi obtida a partir da
24
modificação dos dados do censo do IBGE. Neste sentido, aplicou-se o método
dasimétrico seguindo o trabalho de Lopes et al. (2012). Segundo os autores, o método
dasimétrico busca informações complementares, por exemplo, as áreas urbanizadas, de
forma a revelar a ocorrência dos fenômenos (onde as pessoas vivem). A
densidadepopulacional é mensurada onde realmente é encontrada os residentes dentro
do polígono censitário. Assim, no método dasimétrico só entra no cálculo de medição
da área correspondente onde realmente as pessoas moram, ou seja, o cálculo é feito
somente com o valor da área classificada como urbana.O levantamento de áreas
erodidas foi realizado através da tomada de pontos por sistema de navegação por satélite
em campo já que não foi possível identificar a erosão na imagem utilizada.
4.3.1 Aquisição e Análise de Imagens
As imagens de satélite utilizadas foram obtidas no sítio da SEDAM, como já
referido. As imagens foram tomadas pelo satélite SPOT,são do ano de 2011 e possuem
resolução espacial inferior a 20 m.
Nesta etapa realizou-se a classificação de imagens, que visa extrair informação
da imagem através da divisão da mesma em classes (CARVALHO, 2003).A
classificação pode ser realizada de forma supervisionada, a partir da coleta de amostras
na imagem, e não supervisionada quando o programa utiliza de propriedades estatísticas
para classificar as imagens.
A classificação foi realizada de forma supervisionada pelo método de Máxima
Verossimilhança (MAXVER), que é um classificador “pixel a pixel”, utiliza apenas a
informação espectral, isoladamente, de cada pixel para achar regiões homogêneas
(PEREIRA et al., 2009). O MAXVER utiliza de parâmetros estatísticos que considera a
ponderação das distâncias entre médias dos níveis digitais das classes.
O desempenho da classificação foi realizado pela análise do índice Kappa, que é
uma matriz de erro no processo de classificação gerado pelo software SPRING, muito
utilizado para dar idéia de quanto às observações se afastam daquelas esperadas, frutos
do acaso, indicando assim quão legitimas as interpretações são (JENSEN, 2005).
25
4.4 PESQUISA EM CAMPO
A pesquisa em campo no Igarapé Pintado consistiu em importante etapa da
pesquisa para analisar os processos erosivos nas margens do igarapé, não identificados
na imagem, bem realização registro fotográfico para auxílio na caracterização da
qualidade ambiental. As fotografias foram tomadas no mês de julho de 2012.
5. RESULTADO E DISCUSSÕES
5.1 QUALIDADE AMBIENTAL
O resultado da análise da qualidade ambiental foi identificado a partir da
avaliação dos indicadores classificados como simples: urbanização, arborização,
densidade demográfica, APP e processos erosivos, seguindo a proposta de Vieira
(2007). A partir da visita de campo foram definidas para classificação as classes de uso
do solo identificadas nabacia hidrográfica do Pintado: Água, Solo Exposto, Vegetação
arbórea, Vegetação Rasteira e Urbano. O resultado quantitativo das classes citadas
estáapresentado na tabela 1.
Tabela 1.Área das classes de uso de solo da bacia hidrográfica do Pintado.
Classe de uso do solo Área (km²) %
Água 0.111293 2,85
Solo exposto 0.405344 10,26
Vegetação rasteira 0.285533 7,22
Vegetação arbórea 0.212126 5,37
Urbano 2.938448 74,30
Total 3.952743 100
5.1.1 Urbanização
Apartir da análise da imagem classificada foi possível verificar que a bacia em
estudo possui um grau de urbanização muito alto de 74,30%, (FIGURA 3) visto que,
está inserida em uma área de ocupação antiga da cidade de Ji-Paraná. A urbanização da
bacia é caracterizada por residências, comércios e solos impermeáveis. Assim,
24
26
muitasdessas residências e comérciosinvadem áreas que deveriam ser protegidas nas
margens do curso d’água do Igarapé Pintado, prejudicando a qualidade da água do
igarapé e acelerando o processo de degradação e sua estabilidade. Algumas residências
estão construídas muito próximas ao barranco do rio Ji-Paraná, e alguns moradores
estão no local desde o período de ocupação da região.Conforme análise da figura 3 é
possível observar consolidação da urbanização na porção alta da bacia hidrográfica,
junto às nascentes. Ao contrário, sua foz apresenta pouca urbanização e vegetação
arbórea isolada.
Figura 3 - Urbanização da bacia hidrográfica do Pintado.
5.1.2Densidade Demográfica
O estudo da densidade demográfica é importante para o processo de
planejamento urbano, e caracteriza uma variável de análise da qualidade ambiental. A
densidade demográfica é a relação entre o número de habitantes e a área do território
(expressa em habitantes por quilômetro quadrado). A cidade de Ji-Paraná possui uma
densidade demográfica de 16.91 hab./km2
(CENSO 2010).
25
27
Segundo dados do censo do IBGE do ano de 2010, a densidade demográfica da
bacia do Pintado é de 3,95 hab./km². A densidade calculada pelo método dasimétrico
para a mesma área é de 4,64hab./km2.
Os dados revelaram que a densidade demográfica na bacia do Igarapé Pintado é
inferior a densidade demográfica da cidade de Ji-Paraná. Segundo o Plano Diretor de Ji-
Paraná (PREFEITURA DE JI-PARANÁ, 2012), a bacia se encontra na macrozona
urbana, classificada como zona residencial e residencial densa.
O baixo valor de densidade pode estar relacionado: a) ao grande número de
empresas que se instalam na bacia, ou seja, os funcionários vêm de outros bairros, mas
não habitam a área da bacia. b) a valorização imobiliária leva os moradores a
comercializarem seus imóveis, deixando-os pouco habitados e c) oferta de terrenos com
facilidade de aquisição devido aos programas habitacionais do governo faz com que os
moradores migrem para as laterais da cidade, deixando os centros pouco habitados.
5.1.3 Processos erosivos
Admitiu-se nesta análise que os processos erosivos estão associados às áreas de
solos expostos e foram mapeados a partir de visitas a campo. Os focos erosivos estão
nas margens do igarapée contribuem para o assoreamento como observado na figura 4.
O material carreado contribui para estreitamento do canal do igarapé como pode ser
observado na figura 4.
26
28
Figura 4 - Erosão no igarapé Pintado.Ji-Paraná, Rondônia, Julho de 2012. Fonte: O autor.
A erosão do igarapé é devida em sua maioria pela falta de cobertura vegetal em
suas margens, principalmente na parte média da bacia, nos trechosdo igarapé que possui
pouca urbanização e densidade demográfica baixa (FIGURA 4). Todo o trecho do
igarapé Pintado, erodido, além de não possuir vegetação para impedir o seu
agravamento, possui muito lixo descartado pelos moradores que vivem nas margens do
igarapé (FIGURA 5). A falta de vegetação deixa o solo vulnerável pela ação do fluxo da
água, assim há o desprendimento e o deslocamento das paredes do leito do córrego. O
material sólido é transportado ou se deposita no seu leito. O processo erosivo tende a se
acelerar à medida que aumenta o desmatamento e as chuvas, deixando a água do igarapé
com aspecto turvo, a erosão causanas margens a instabilidade do solo e o deslizamentos
das encostas, que pode refletir na má qualidade da água do igarapé (BERTOLANI et al.,
2001). Ainda pela fotografia 5 é possível identificar o pisoteio de animais que circulam
livremente pela área em que a qualidade da água está comprometida.
29
Figura 5 - Erosão e o lixo descartado pelos moradores no igarapé Pintado, Ji-Paraná, Rondônia,
Julho de 2012. Fonte: O autor.
5.1.4 Cobertura vegetal
Predominou na área da bacia do Igarapé Pintado vegetação rasteira com 7,22% e
a vegetação arbórea com 5,37%, conforme Tabela 1. A vegetação rasteira possui sua
concentração maior na parte baixa da bacia, onde o igarapé deságua no rio Machado. Do
mesmo modo e em menor proporção a vegetação rasteira segue todo o trecho
urbanizado, do igarapé, porém, somente em suas margens, fato que, no processo de
classificação da bacia, a vegetação rasteira na região alta da bacia não é detectada, pois,
é totalmente tomada pelo ambiente urbano.
A vegetação arbórea da bacia do Pintado se encontradistribuída na parte média e
baixa da bacia do Pintado(FIGURA 3). Na área urbana da bacia onde os fatores
benéficos da arborização seriam sentidos, há poucos pontos com árvores (FIGURA 6).
A arborização de uma região trás consigo inúmeras vantagens como: melhoria
paisagística do meio ambiente, a melhoria climática pela evapotranspiração, redução da
incidência solar, retenção da poeira e bloqueio da propagação do som (MALAVASI
27
28
30
etal. 2011). Então, a bacia do Pintado tem o seu desgaste ambiental maximizado pela
falta de árvores nas margens do igarapé, pois as poucas árvores que possuiparecem não
ser suficientes para a sua própria manutenção, influenciando negativamente na
qualidade ambiental do igarapé e no meio ambiente da bacia.
Figura 6–Cobertura vegetalna área urbana no igarapé Pintado, Ji-Paraná, Rondônia, Julho de
2012. Fonte: O autor.
5.1.5 Área de preservação permanente
A Figura 7 mostra a APP do igarapé Pintado observando a Resolução
CONAMA n° 303 de 2002, que prevê uma área preservação de 30 m para córregos e
rios que possuem cursos d’água menores que 10 m de largura, essas áreas são
formações vegetais que por lei devem permanecer preservadas. O município de Ji-
Paraná, em seu Plano Diretor(PREFEITURA DE JI-PARANÁ, 2012), no art. 147.
Parágrafo Único prevê que obedeça a Lei Federal que estabelece o Código Florestal
(Lei 4.771/1965), ou seja, 30 m de APP nas margens dos córregos e rios. As APP’s
possuem grande importância no ecossistema hídrico como controladores de enchentes e
reduzem os processos erosivos do escoamento superficial das águas pluviais
29
31
(LEWINSOHN et. al. 2010).A proteção das matas ciliares das APP’s é essencial ao
equilíbrio ambiental, pois elas protegem os recursos hídricos e o solo, fornecem
alimento e abrigo para a fauna e funcionam como barreiras naturais contra a
disseminação de pragas e doenças. Além disso, as florestas em crescimento fixam
carbono e contribuem para a redução de gases do efeito estufa (PROJETO DE
RECUPERAÇÃO DE MATA CILIARES, 2013).O uso e ocupação da área, que deveria
ser de APP, no igarapé Pintado, é de: 55,3 % de ambientes urbanizados, 21,71% de solo
exposto, 10,41% de vegetação arbórea e 12,23% de vegetação rasteira (TABELA 2).
Tabela 2. Classes de uso e análise quantitativa de APP do Igarapé Pintado.
Classe de uso do solo Área (km²) %
Água 0.000515 0,65
Solo exposto 0.039851 21,71
Vegetação arbórea 0.019118 10,41
Vegetação rasteira 0.022441 12,23
Urbano 0.101582 55
Total 0.183507 100
Figura 7 - Uso e Ocupação da APP da bacia Pintado.
.
30
32
A bacia do Pintado, em todo seu trecho, somente possui APP preservada na
região baixa da bacia, onde o igarapé deságua no rio Machado. Isso porque é uma
região que alaga e mesmo em período de estiagem identifica-se terreno alagadiço,
formando lagos temporários. Atribui-se a este fenômeno dificuldades para consolidação
da urbanização. Na região média e alta da bacia em que não ocorrem inundações,
identificou-se a infringência do limite da APP devido, principalmente a ocupações
irregulares, que aliado a falta de fiscalização dos órgãos ambientais, acabam se tornando
pontos negativos na preservação do igarapé, consequentemente, prejudicando sua
qualidade ambiental.
5.2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DA CLASSIFICAÇÃO
As análises por geotecnologias geralmente envolvem a generalização da
paisagem. Esta generalização pode resultar em erros que decorrem, em parte, pela
confusão espectral de alvos, pela acuidade visual do analista e pelas condições
climáticas, dentre outros. Assim, é relevante estabelecer métodos de análise de
desempenho dos processos envolvidos na análise por geotecnologias. A classificação,
método que sustentou a análise neste trabalho, deve ser alvo de análise de desempenho,
que pode ser realizado de diversas maneiras, sendo a análise da matriz de erro, através
do índice Kappa, o método mais utilizado, e seu e o correspondente desempenho da
classificação (TABELA 3).
Tabela 3. Índice Kappa e o correspondente desempenho da classificação.
Índice Kappa Desempenho
< 0 Péssimo
0 < k ≤ 0,2 Ruim
0,2 < k ≤ 0,4 Razoável
0,4 < k ≤ 0,6 Bom
0,6 < k ≤ 0,8 Muito Bom
0,8 < k ≤ 1,0 Excelente
Fonte: Fonseca (2000).
5.2.1 Matriz de erro
31
33
Os resultados(TABELA4), indicados pela matriz de erro, no processo de
classificação da bacia do Pintado, permitem afirmarque a classe Água foi a que
apresentou menor confusão entre as classes analisadas (98,43), ao passo que a classe
Solo Exposto, foi a que apresentou maior confusão (56,73).
A classe Água apresentou maior confusão com a classe Urbano (1,31%). Isso é
explicado pela presença de sombras nas áreas urbanas e que possuem resposta espectral
semelhante à água.
A classe Solo Exposto apresentou maior confusão com a classe Vegetação
Rasteira (21,15%) e classe Arbórea (15,20%). A confusão entre solo exposto e
vegetação rasteira era esperada, já que na vegetação rasteira é comum a presença de
solo exposto. Especialmente, no período de baixa precipitação, mês em que a imagem
foi obtida, a vegetação rasteira, gramíneas exóticas, tendem a apresenta déficit hídrico e
suasfolhasencontrava-se extremamente seca. A confusão com a classe Vegetação
Arbórea indica que este tipo vegetacional possui dossel que não recobre os estratos
arbustivos, que influenciam na resposta espectral.
A classe Vegetação Arbórea apresentou maior confusão com a classe Vegetação
Rasteira (9%) e Solo Exposto (8,36%). A confusão entre tipos de vegetação é esperada
devido às características intrínsecas das folhas. A confusão com Solo Exposto segue a
mesma característica da confusão Solo Exposto - Vegetação Arbórea.
Tabela 4. Matriz de erros no processo de classificação da bacia do Pintado.
AGUA SOLO EXPOSTO VEGE ARBÓREA VEGE RASTEIRA URBANO
AGUA 98,43 0,00 0,26 0,00 1,31
SOLO
EXPOSTO 0,42 56,73 15,20 21,15 6,50
VEGE
ARBOREA 0,00 8,36 82,64 9,00 0,00
VEGE
RASTEIRA 0,00 13,28 5,18 81,54 0,00
URBANO 0,01 1,78 1,12 0,05 97,04
A classe Vegetação Rasteira confundiu-se com Solo Exposto (13,28%). A
explicação para tal, como referido, é que a vegetação rasteira possui baixa densidade da
folha, solo exposto e déficit hídrico da folha.
32
34
A classe Urbano apresentou confusão maior com a classe Solo Exposto (1,78%).
Este resultado foi surpreendente uma vez que na área urbana é comum a presença de
ruas sem pavimentação (solo exposto). Assim, esperava-se para esta classe maior
confusão com a classe Solo Exposto.
Conclui-se, portanto, que segundo o desempenho da classificação Kappa a
classificação “global” obteve desempenho médio 83,276%, considerada Excelente,
conforme tabela 3, obtido a partir da soma dos valores correspondente a matriz de
confusão dos temas (negrito) divididos pelo númerode classes (5).
5.3 MAPA SÍNTESE DA ANÁLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL
De forma a sintetizar os resultados estruturou-se um mapa síntese da qualidade
ambiental na área em estudo (FIGURA 8). A partir da análise espacial desta figura é
possível concluir que a alta bacia apresenta baixa qualidade ambiental,devido ao fato de
ser uma região muito urbanizada, com focos erosivos e compactação dos solos, com
91,78% de urbanização e solo exposto.
Figura 8: Qualidade Ambiental na Bacia do Igarapé Pintado em Ji-Paraná.
33
35
A área que compreende a região média da bacia possui baixa qualidade
ambiental, devido ao fato de se encontrar na área também um alto nível de urbanização,
e de possuir muito processos erosivos. Enquanto a área da baixa bacia apresenta
qualidade ambiental de média para alta.
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa apresentada está inserida, na área da Engenharia Ambiental, na
componente tratamento e disponibilização da informação geográfica, em que se destaca
o uso das geotecnologias. A espacialização na análise em Engenharia, ao nível
acadêmico, abre um leque de possibilidade já que muitas tecnologias são
disponibilizadas sem custos, caso das imagens de satélite e dos SIG’s. Assim, a
realização desse trabalho evidenciou, a partir da espacialização,o estado da qualidade
ambiental do igarapé Pintado, através dos indicadores simples: urbanização, densidade
demográfica, processos erosivos, arborização e área de preservação permanente, que
concorda com as recomendações de Vieira (2001).
A utilização de geotecnologias permitiu fazer uma análise espacial a partir do
tratamento digital das imagens do satélite SPOT do ano de 2011. O Processamento
Digital de imagem (PDI)foi realizado através do processo de classificação da
imagempelo método MAXVER, que atribuiu classes representativas a imagem para
estudo. Ainda nessa fase foi gerada a matriz de erro para análise de desempenho do
processo de classificação e a discussão exaustiva dos resultados.Também através das
geotecnologias foi calculado, pelo método dasimétrico, a densidade demográfica da
bacia do Pintado comparando-a assim com a densidade medida do IBGE com dados do
CENSO 2010.
Na análise do indicador urbanização constatou-se que 74,30% da bacia é
urbanizada,com construções divididas em comércios, residências e solos impermeáveis.
A densidade demográfica para a cidade de Ji-Paraná é 16,91 hab./km2
(CENSO 2010),
pelo método coroplético, utilizado pelo IBGE, a densidade da bacia é de 3,95 hab./km²,
enquanto que pelo método dasimétrico a densidade foi de 4,64 hab./km2.Na análise do
indicador arborização verificou-se que somente 5,37% da bacia do Pintado está
composta por vegetação arbórea, concentrada nas partes baixa e média da bacia. O
indicador processos erosivos está caracterizado nesse trabalho como solo exposto, esses
processos estão relacionados com a falta de cobertura vegetal e tendo seu agravamento
com o lixo descartado pelos moradores que vivem às margens do igarapé. Na análise do
indicador APP conclui-se que 55%, que deveria ser preservada, é de ambiente
urbanizado, somente 22,64% das margens do igarapé são de vegetação arbórea e rasteira
37
localizada na foz do igarapé.A análise do desempenho permitiu análise global
classificada como Excelente, de acordo com o índice Kappa.
A partir dos resultados foi possível concluir que a qualidade ambiental da bacia
do igarapé Pintado está comprometida, pois 91,78% da área está classificada como de
Baixa Qualidade Ambiental, e apenas 5,37% classificada como de Alta qualidade
ambiental.
Assim, propõe-se que o igarapé tenha uma revitalização, com a implantação de
projetos de recuperação de mata ciliares, desenvolvendo ações que permitam a
integração do poder público e a sociedade.Obras de saneamento básico, impedindo que
o esgoto doméstico polua o igarapé, aumentando, desse modo, sua capacidade de
recuperação ecológica. Sugere-se também um trabalho de educação ambiental com os
moradores que vivem nas margens do igarapé, pois jogando o lixo no igarapé, além de
prejudicarem a qualidade da água, pois o acúmulo de lixo cria, em consequência,
vetores de doenças, como baratas, moscas, ratos e os mosquitos, em especial o
transmissor da dengue que é comum na região.
Percebe-se à ausência de fiscalização por parte do poder público, fato que faculta
usos diversos em áreas inadequadas. A ausência do Estado na aplicação de políticas
públicas coloca em riso os mananciais em Ji-Paraná, fato presenciado no Igarapé
Pintado. O governo do Estado de Rondônia fará a canalização do igarapé e obras de
pavimentação, construção de passarelas, mini praças e pistas de caminhadas (CORREIO
POPULAR, 2013).
Por fim, acredita-se que esta pesquisa configura uma proposta inicial que pode
avançar na discussão do conceito de qualidade ambiental, especialmente com o uso de
imagens de sensoriamento remoto de resolução espacial mais alta. Serve ainda para que
o poder público tenha um instrumento para discussão e aplicação de ações mitigadoras
dos impactos identificados.
É de referir ainda, que apesar do potencial das geotecnologias, a qualidade
ambiental aqui apresentada reflete também a percepção do pesquisador, já que em
campo, observou-se que a má qualidade ambiental atinge a qualidade de vida das
pessoas que vivem às margens do Igarapé Pintado, pois as mesmas não dispõem de
condições sanitárias e ambientais adequadas e de forma a garantir a dignidade humana.
35
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABES 2012: VIII Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental. Disponível em:
<http://www.abes-rs.org.br/qualidade2012/>. Acessoem: 20 out. de 2012.
BAKKES, J.A.; VAN DER BORN, G.J.; HELDER, J.C.; SWART, R.J.; HOPE, C.W.;
PARKER, J.D.E. An overview of environmental indicators: state of the art and
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