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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO NORDESTE Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS JOSÉ FERNANDO LOUREIRO NETO Orientadora: Dra. Eliane Valentim Honorato Orientador: Dr. Clovis Abrahão Hazin Recife, PE Março, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO NORDESTE

Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares

BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO

EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE

BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS

JOSÉ FERNANDO LOUREIRO NETO

Orientadora: Dra. Eliane Valentim Honorato

Orientador: Dr. Clovis Abrahão Hazin

Recife, PE

Março, 2015

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JOSÉ FERNANDO LOUREIRO NETO

BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO

ATMOSFÉRICO EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE

REAPROVEITAMENTO DE BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Tecnologias Energéticas e

Nucleares como requisito para obtenção do

título de Mestre em Ciências, Área de

Concentração: Dosimetria e Instrumentação

Nuclear.

Orientadora: Dra. Eliane Valentim Honorato

Orientador: Dr. Clovis Abrahão Hazin

Recife, PE

Março, 2015

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Margareth Malta, CRB-4 / 1198

L892b Loureiro Neto, José Fernando.

Biomonitoração da presença de chumbo atmosférico em decorrência de

atividades de reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas / José Fernando

Loureiro Neto. - Recife: O Autor, 2015.

50 folhas, il., gráfs., tabs.

Orientadora: Profa. Dra. Eliane Valentim Honorato.

Coorientador: Prof. Dr. Clovis Abrahão Hazin.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.

Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares -

PROTEN, 2015.

Inclui Referências.

1. Energia Nuclear. 2. Biomonitoração. 3. Chumbo. 4. Tillandsia. 5.

Belo Jardim. I. Honorato, Eliane Valentim. (Orientadora). II. Hazin,

Clovis Abrahão. (Coorientador). III. Título.

UFPE

612.01448 CDD (22. ed.) BCTG/2015-159

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BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO

ATMOSFÉRICO EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE

REAPROVEITAMENTO DE BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS

José Fernando Loureiro Neto

APROVADA EM: 13.03.2015

ORIENTADORA: Profa. Dra. Eliane Valentim Honorato

ORIENTADOR: Prof. Dr. Clovis Abrahão Hazin

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________________________

Prof. Dr. Rômulo Simões Cezar Menezes – DEN/UFPE

___________________________________________________

Dr. Patrícia Brandão da Silveira - (CRCN-NE/CNEN)

___________________________________________________

Prof. Dr. Elvis Joacir de França – CRCN-NE/CNEN

Visto e permitida a impressão

____________________________________

Coordenador(a) do PROTEN/DEN/UFPE

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Um passo à frente e você não

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Chico Science

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Clarissa Pessoa, pelo apoio e presença em minha vida.

Aos meus irmãos e família.

À Dra. Eliane Valentim Honorato pela orientação desta dissertação.

Aos amigos da SEMAMB, Thiago, Fernanda, Adriana, Amanda, Raphael, Emerson,

Paulo, Fábio, Elvis, entre tantos outros pelos momentos de descontração e ajuda.

Ao Colégio Rosa Gattorno pela concessão da licença.

A Secretaria do PROTEN.

A CAPES pela concessão da bolsa.

A todos os professores que ajudaram a ampliar o meu conhecimento.

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BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO

EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE

BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS

Orientação: Dra. Eliane Valentim Honorato

Orientação: Dr. Clovis Abrahão Hazin

Resumo

A emissão de poluentes atmosféricos, decorrente do crescimento industrial, tem acarretado degradações ambientais que afetam a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Nas últimas décadas, tem-se observado um aumento gradativo da preocupação, em diversos setores da sociedade, com a poluição atmosférica. A indústria de reciclagem de baterias chumbo-ácidas é um exemplo de atividade antrópica potencialmente poluidora. Dentro deste contexto, a utilização de organismos vivos como ferramentas da avaliação da qualidade do ar (biomonitores) tem despertado grande interesse pelo baixo custo na sua utilização e a possibilidade de monitorar a presença de poluentes em longos intervalos de tempo bem como a monitoração de vários locais, simultaneamente. No presente trabalho, Tillandsia recurvata L., uma bromélia epífita, foi usada como biomonitor de poluição atmosférica por chumbo (Pb) em Belo Jardim, Pernambuco, tendo em vista que este município se destaca como polo industrial de reciclagem de baterias chumbo-ácidas, processo que oferece riscos de contaminação ambiental para as regiões externas da área de produção. As amostras de Tillandsia recurvata L. foram coletadas em um local considerado não poluído e foram expostas por períodos de aproximadamente três meses em cinco pontos distintos do município ao longo de um ano, a fim de avaliar a concentração de chumbo atmosférico. Após a exposição, as concentrações de chumbo foram determinadas pela técnica de espectrometria de massa por plasma indutivo (ICP-MS). Os resultados obtidos indicam um expressivo aumento nas concentrações deste analito em áreas próximas a uma recicladora informal das baterias chumbo-ácidas em relação a outras localidades da região. Palavras-chave: Biomonitoração; Chumbo; Tillandsia, Belo Jardim.

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BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO

EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE

BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS

Adviser: Dra. Eliane Valentim Honorato

Adviser: Dr. Clovis Abrahão Hazin

Abstract

The emission of atmospheric pollutants, due to the industrial growth has caused environmental degradation that affects the health and quality of life. In recent decades, it has seen a gradual increase of concern in various sectors of society, to air pollution. The recycling of lead-acid battery industry is an example of potentially polluting human activity. Within this context, the use of living organisms as tools of the assessment air quality (biomonitors) has attracted great interest due low cost in use and the ability to monitor the presence of pollutants over long time intervals and monitoring of various sites simultaneously. In this study, Tillandsia recurvata L., an epiphyte bromeliad, was used as biomonitor air pollution by lead (Pb) in Belo Jardim, Pernambuco, considering that this city stands out as an industrial hub of recycling lead-acid batteries, process offering environmental contamination risks to the external regions of the production area. Samples Tillandsia recurvata L. were collected at a local considered non-polluted and exposed for periods of about three months at five different points along the municipality a year in order to assess the concentration of atmospheric lead. After exposure, lead concentrations were determined by mass spectrometry by inductively coupled plasma (ICP-MS). The results indicate a significant increase in the concentrations of this analyte in areas near an informal recycling of lead-acid batteries compared to other locations in the region. Keywords: Biomonitoring; Lead; Tillandsia; Belo Jardim.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplar de Tillandsia recurvata L 22

Figura 2 – Tillandsia recurvata L. em seu ambiente natural, Gravatá - PE 23

Figura 3 – Fases de desenvolvimento de Tillandsia recurvata L. (A) Planta jovem com dois

pares de folhas. (B) Planta juvenil com quatro brotos laterais. (C) Planta adulta

apresentando quatro ramos bem desenvolvidos. (D) Ramo floral de uma planta. (E)

Ramo com capsula de sementes. Em D e E outros ramos da planta inteira foram

omitidos. 24

Figura 4 – Detalhe da célula escudo de Tillandsia 26

Figura 5 – Diagrama esquemático do ICP-MS. 29

Figura 6 - Localização do município de Belo Jardim – PE. 30

Figura 7 – Bolsa de náilon contendo o biomonitor Tillandsia recurvata L 31

Figura 8 – Figura 8: Distribuição dos biomonitores no município de Belo Jardim. (1)

Fundição informal de baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem

Pedro Moura; (4) IFPE – Campus Belo Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE –

Campus Belo Jardim. 32

Figura 9 – Concentração média (mg.kg-1) de chumbo acumulada em Tillandsia recurvata L.

em Belo Jardim - 37

Figura 10: Enriquecimento em concentração de chumbo nas plantas de Tillandsia recurvata

L. 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos poluentes atmosféricos 14

Tabela 2 – Composição média de uma bateria chumbo-ácida 17

Tabela 3 – Principais poluentes atmosféricos da reciclagem de baterias chumbo-ácidas (g.kg-1

de chumbo refinado). . 17

Tabela 4 – Concentração de chumbo obtido para o material de referência IAEA – 336

LICHEN 35

Tabela 5 – Concentração de chumbo (mg.kg-1) (µ ± SD) em Tillandsia recurvata L. dispostas

no município de Belo Jardim – PE e submetidas a diferentes períodos de

exposição 35

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Sumário

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 13

2.1. Poluição Atmosférica .............................................................................................. 13

2.2. Reciclagem de Bateria ............................................................................................ 16

2.3. Biomonitoração ....................................................................................................... 19

2.4. Tillandsia como monitor ambiental ...................................................................... 20

2.4.1. Tillandsia recurvata L. ........................................................................................ 21

2.4.2. Biologia de Tillandsia L. ..................................................................................... 25

2.5. Método de Análise Quantitativo ............................................................................ 26

2.5.1. Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado .................. 27

3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 30

3.1 Município de Belo Jardim .................................................................................. 30

3.2 Coleta e preparação dos biomonitores ............................................................. 31

3.3 Estudo do acúmulo de elementos na espécie biomonitora .............................. 32

3.4 Análise por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado 33

3.5 Cálculo da concentração de enriquecimento (RCE): ....................................... 33

3.6 Análise Estatística ............................................................................................... 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 35

4.1 Análise por ICP-MS do Material de Referência IAEA – 336 LICHEN. ....... 35

4.2 Análise das amostras por ICP-MS .................................................................... 35

5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 41

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

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1. INTRODUÇÃO

O crescimento industrial e o aumento populacional têm acarretado degradações

ambientais que afetam a saúde e a qualidade de vida das pessoas (HARRISON et al., 1997;

PANDEY et al., 1998). A emissão de poluentes, decorrentes exatamente deste crescimento

industrial e populacional interferem nos ciclos da natureza, contaminando o ar, os recursos

hídricos, o solo e a biota.

Nas últimas décadas, tem-se observado um aumento gradativo da preocupação, em

diversos setores da sociedade, com a poluição atmosférica. Estudos apontam esta poluição

como um grave problema ambiental e de saúde pública, principalmente no começo do século

XX (BRAGA et al., 2007; DA CUNHA et al., 2007; GODOI et al., 2010).

A indústria de reciclagem de baterias chumbo-ácidas é um exemplo de atividade

antrópica potencialmente poluidora, devido à presença de ácido e metais contidos nas

baterias, à emissão de gases e particulados decorrentes do próprio processo de produção, e

ainda pela escória resultante da reciclagem.

O município de Belo Jardim - PE, localizado no agreste nordestino, distante 186 km

da capital estadual, Recife, destaca-se como um importante polo industrial de produção e

reciclagem de baterias chumbo-ácidas. A produção deste tipo de bateria utiliza como matéria

prima o chumbo na forma inorgânica, uma substância de elevada toxicidade, o que evidencia

a importância do controle das escórias geradas (OLGA, 2003). Além disso, atividades de

reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas realizadas pela população local que processam o

chumbo decorrente do reaproveitamento de baterias sem obediência as normas legais podem

contribuir para o aumento da dispersão deste e de outros metais no ambiente.

Segundo Smodiš & Bleise (2002), existem duas formas de monitoração da qualidade

do ar: (1) pela coleta de material particulado em suspensão, precipitação e deposição

atmosférica total, ou (2) pelo uso de biomonitores adequados. Os biomonitores apresentam

muitas vantagens em comparação ao uso de instrumentos convencionalmente utilizados,

como baixo custo, a possibilidade de integrar poluentes em intervalos de tempo maiores e

monitoração de vários locais, simultaneamente (FIGUEIREDO et al., 2001). As plantas

epífitas, por exemplo, são eficientes biomonitores de poluição atmosférica, visto que muitas

espécies retiram seus nutrientes da atmosfera (FIGUEIREDO et al., 2001; BRIGHIGNA et

al., 2002).

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Espécies do gênero Tillandsia são muito comuns no Hemisfério Sul e têm sido

frequentemente usadas para biomonitoração de metais traço atmosférico por serem

considerados um adequado bioindicador devido as suas caracteristicas fisiológicas. Estas

espécies possuem metabolismo ácido das Crassuláceas e apresentam hábito epifitico (sem

contato com o solo), absorvendo seus nutrientes diretamente da atmosfera por deposição seca

ou úmida (VIANNA et al., 2010).

Assim, o presente projeto tem como objetivo a avaliação da concentração de chumbo

no ar associada ao processo de reciclagem de baterias chumbo-ácidas no município de Belo

Jardim – PE, utilizando a espécie Tillandsia recurvata L. (Bromeliaceae) como biomonitor.

Trata-se do primeiro trabalho de biomonitoração ativa da dispersão de elementos químicos

associada à reciclagem de baterias no Estado de Pernambuco.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Poluição Atmosférica

Uma grande quantidade de substâncias residuais, efluentes e energia são introduzidas

no meio ambiente através de várias fontes (AKINOLA & EKIYOYO, 2006). Diversas

substâncias químicas são lançadas na atmosfera de forma contínua, alterando com o passar do

tempo a sua composição inicial e, por consequência, comprometendo a qualidade do ar

(ALENCAR, 2008). Segundo Raven et al. (1995), a poluição atmosférica consiste na

presença de gases, líquidos ou sólidos na atmosfera em níveis bastante significativos, de

forma a causar dano ao ser humano, animais, plantas, micro-organismos e materiais.

Desde a revolução industrial, em meados do século XVIII, os níveis de poluição

atmosférica vêm aumentando de forma significativa. Aliado ao progresso, o crescimento

populacional, a urbanização e o aumento da frota de veículos automotivos, tem-se observado

também um progressivo aumento na taxa de emissões de poluentes atmosféricos (GODOI et

al., 2010). Estudos têm apontado esta poluição como um grave problema de saúde pública,

com o aumento da incidência de doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer,

principalmente no começo do século XX (BRAGA et al., 2007), além do impacto sobre o

meio ambiente (DA CUNHA et al., 2007; GODOI et al., 2010).

Os processos de industrialização e urbanização, ocorridos com maior intensidade a

partir do século XX, são os principais responsáveis pelo aumento da poluição do ar. A queima

de combustíveis fósseis e atividades industriais geram materiais particulados e diversos

poluentes atmosféricos como ozônio, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxidos

de enxofre, que podem impactar a qualidade de vida da população, principalmente o sistema

respiratório, devido à inalação destes poluentes (BRAGA et al., 2007; CASTRO et al., 2007;

CANSARAN-DUMAN, 2011).

Os poluentes atmosféricos são classificados em função de sua origem, estado físico e

classe química (ASSUNÇÃO, 1998) (Tabela 1). Em função do seu estado físico eles podem

ser classificados em dois grandes grupos: material particulado e vapores e gases. Quanto à

classe química, os poluentes atmosféricos classificam-se como poluentes orgânicos e

inorgânicos. E quanto a sua origem os poluentes dividem-se em primários e secundários. Os

poluentes primários são aqueles emitidos diretamente pelas fontes geradoras na atmosfera.

Fazem parte deste grupo os materiais particulados, dióxido de enxofre, monóxido de carbono,

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óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Poluentes secundários, por sua vez, são aqueles

produzidos através de reações químicas entre poluentes primários e componentes

atmosféricos normais. O ozônio e o trióxido de enxofre são exemplos de poluentes

secundários.

Tabela 1: Classificação dos poluentes atmosféricos.

Classificação Exemplos

Material Particulado Poeiras, fumos, fumaça, névoas.

Gases e Vapores CO, CO2, SO2, O3, NOX, HC*, NH3, Cl, H2S.

Poluentes primários CO, SO2, Cl, NH3, H2S, CH4, mercaptanas.

Poluentes secundários O3, aldeídos, sulfatos, ácidos orgânicos, nitratos orgânicos.

Poluentes orgânicos HC, aldeídos, ácidos orgânicos, nitratos orgânicos, partículas

orgânicas.

Poluentes inorgânicos CO, CO2, Cl, SO2, NOX, poeira mineral, névoas ácidas e

alcalinas.

Compostos de enxofre SO2, SO3, H2S, sulfatos.

Compostos nitrogenados NO, NO2, HNO3, NH3, nitratos.

Carbonados orgânicos HC, aldeídos, álcoois.

Compostos halogenados HCl, HF, CFC**, cloretos, fluoretos.

Óxidos de carbono CO, CO2.

*: Hidrocarbonetos; **: Clorofluorcarbono.

Fonte: ASSUNÇÃO (1998)

O material particulado é caracterizado como material em suspensão formado por uma

combinação de fração sólida e/ou líquida no ar (LANDSBERGER & BIEGALSK, 1995).

Além disso, Vasconcelos (1996) define o material particulado como sendo qualquer

substância, exceto água pura, que existe no estado sólido ou líquido na atmosfera, que, sob

condições normais, possui dimensões microscópicas a submicroscópicas, porém maior que as

dimensões moleculares.

Segundo a classificação citada por Assunção (1998), o chumbo enquadra-se na

categoria de material particulado, sendo um tipo de fumo. O fumo é caracterizado como

partículas sólidas formadas por condensação ou sublimação de substâncias gasosas originadas

da vaporização/sublimação de sólidos. As partículas formadas são de pequeno tamanho, em

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geral de formato mais esférico. Os fumos metálicos (chumbo, zinco, alumínio, etc.) e fumos

de cloreto de amônia são alguns exemplos.

As partículas em suspensão causam perturbação ao ambiente, como danos aos vegetais

e danos às construções, pois, antes de serem removidas por mecanismos de depuração,

permanecem por longos períodos na atmosfera, por apresentarem espécies químicas tóxicas

em sua superfície, como metais pesados e compostos orgânicos de baixa pressão de vapor.

Portanto, as partículas, além de poluentes, atuam como veículo de disseminação de outros

poluentes, em provável efeito sinérgico (MELO, 1997). Os metais tóxicos também podem se

associar ao material particulado atmosférico, podendo ser absorvidos nos tecidos pulmonares

durante a respiração sendo, portanto, nocivos à saúde. (QUITERIO et al., 2004). Dessa forma,

os metais interferem nas funções biológicas, afetando o desenvolvimento normal e o

crescimento de tecidos do corpo, bem como seu adequado funcionamento (MOHANRAJ et

al., 2004; MAGALHÃES, 2005).

A emissão dos poluentes atmosféricos pode ocorrer por agentes naturais ou

antropogênicos. Como exemplos de fontes naturais de poluentes atmosféricos temos as

emissões de gases provocadas por erupções vulcânicas, pela decomposição de vegetais e

animais, ressuspensão de poeira do solo pelos ventos, a formação de gás metano em pântanos,

os aerosóis marinhos, a formação de ozônio devido a descargas elétricas na atmosfera, os

incêndios naturais em florestas e os pólens de plantas (MAGALHÃES, 2005).

São exemplos de fontes antropogênicas de poluentes atmosféricos a queima de

combustíveis tais como etanol, gasolina, diesel ou qualquer outro tipo de combustível,

queimadas na agricultura, incineração de lixo, poeiras fugitivas e diferentes processos e

operações industriais (MAGALHÃES, 2005).

Além da inalação da poluição atmosférica, os seres humanos também podem ser

expostos a estes poluentes através da contaminação de alimentos e água (BARBOSA JR et

al., 2005) sendo então absorvidos pela via gastrointestinal, além dos resíduos de atividades

industriais, como as geradas pela reciclagem de metais e indústrias de baterias. As emissões

atmosféricas, provenientes de fundições de metais, indústrias químicas e fábricas de baterias

automotivas, são as principais fontes de contaminação do ambiente pelo chumbo

(FERNANDES et al., 2011).

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2.2. Reciclagem de Bateria

A indústria de baterias chumbo-ácidas e a reciclagem de tais baterias são responsáveis

pela emissão de diversos metais (principalmente o chumbo) durante o seu processamento em

fundições, no qual ocorre a emissão de gases tóxicos à atmosfera, principalmente quando não

se utilizam filtros de ar durante o processo. Estes gases podem provocar a contaminação do

ar, solo e corpos d'água.

No Brasil, apesar do chumbo ter sido retirado da gasolina e a maioria das minas de

explotação ter sido desativada, boa parte da contaminação ambiental causada por este metal

continua a ser mantida através do grande número de pequenas indústrias informais de

reciclagem de baterias que, geralmente, funcionam próximas a residências, constituindo-se

em uma fonte de exposição para áreas urbanas. Além disso, a maioria dos operários destas

indústrias trabalha irregularmente, de modo que a magnitude do problema não se encontra

documentada (MINOZZO et al. 2008).

O crescimento da economia mundial nos últimos anos tem provocado uma demanda

por bens de consumo, razão pela qual tem aumentado a capacidade produtiva das indústrias e,

consequentemente, a necessidade de matérias primas. A indústria automobilística brasileira

tem crescido significativamente, aumentando assim a demanda por baterias tipo chumbo-

ácida, para alimentação dos sistemas elétricos.

As indústrias de reciclagem de baterias chumbo-ácidas são potencialmente poluidoras,

devido à presença de ácido e metais nas baterias (Tabela 2), pela emissão de gases e

particulados decorrentes do próprio processo de produção (Tabela 3), e ainda pelo resíduo

(escória) resultante da reciclagem (MATOS & FERREIRA, 2007).

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Tabela 2: Composição média de uma bateria chumbo-ácida.

Componentes Massa (%)

Chumbo 61,2

Água 13,3

Ácido sulfúrico puro 9,6

Caixa de polipropileno 8,2

Grelha metálica (Sb, Sn, As) 2,1

Polietileno (separadores) 2,0

Conexões (Cu) 0,3

Outros materiais (plásticos, papel, madeira, PVC) 3,3

Fonte: JOLLY & RHIN (1994); BRITO (2008).

Tabela 3: Principais poluentes atmosféricos da reciclagem de baterias chumbo-ácidas (g.kg-1 de

chumbo refinado).

Poluentes atmosféricos g/kg

Emissão fugitiva1 de H2SO4 Não determinado

Emissão fugitiva de Pb Não determinado

Pb 0,027

Particulados 0,48

Óxidos de nitrogênio (NOX) 2,15

Dióxidos de enxofre (SO2) 4,2

Monóxido de carbono (CO) 0,005

Dióxido de carbono (CO2) 604,5

Fonte: SALOMONE et al. (2005)

Todavia, para o ambiente, a reciclagem ainda é mais viável que a explotação. Os

problemas ambientais ligados ao processo de reciclagem podem ser minimizados por

neutralização dos ácidos, deposição da escória em aterro industrial, e escolha adequada de

filtros para retenção de gases e particulados. Já para explotação do metal, os problemas

ambientais são maiores e muitas vezes sem reversão, e com alto custo de produção (MATOS

& FERREIRA, 2007).

1Emissões fugitivas são as emissões de gases ou vapores de equipamentos sob pressão que ocorrem devido a vazamentos e outras libertações involuntárias ou irregular de gases, principalmente a partir das atividades industriais. São emissões de difícil controle que afetam não só a qualidade do ar local, como podem em certos casos por em perigo trabalhadores e instalações.

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As baterias automotivas são normalmente do tipo chumbo-ácido, o que as classifica

como produto de elevado risco ambiental. Se descartadas inadequadamente, estas baterias

poderão acarretar efeitos negativos sobre os seres vivos em geral, devido à sua toxidez e seu

efeito acumulativo no organismo. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,

através da Resolução N° 401/2008, trata da questão relacionada com o descarte de pilhas e

baterias usadas e de sua disposição final.

A escória, gerada durante o processo de reciclagem de baterias automotivas, se

descartada aleatoriamente no ambiente, provoca a precipitação, a adsorção e o transporte dos

vários elementos que compõe a escória, principalmente o chumbo. Cada compartimento do

ecossistema possui uma capacidade adsortiva própria e, uma vez ultrapassada, o metal fica

potencialmente disponível para ser absorvido pelas cadeias alimentares (FERNANDES, et al.,

2011).

A contaminação do ambiente pelo chumbo tem origem, principalmente, nas emissões

atmosféricas provenientes de fundições de metais, fábricas de baterias automotivas e

indústrias químicas (principalmente quando não utilizam filtros de ar durante o processo

industrial). O ar é o principal meio de transporte e distribuição desse metal, não sendo,

entretanto, menos importantes as contaminações decorrentes dos insumos agrícolas ou

deposições de rejeitos industriais (escórias) com altas concentrações deste elemento

(FERNANDES et al., 2011).

O processo de reciclagem do chumbo de baterias automotivas passa por quatro

estágios: trituração e separação do plástico, fusão do chumbo em forno rotativo, com a

posterior separação e destinação da escória de fundição e o refino do chumbo. Como

subprodutos do processo obtêm-se uma solução eletrolítica que deve ser tratada em uma

estação de tratamento de efluentes (ETE), a escória de fundição gerada deve ser armazenada

em um aterro de resíduos perigosos controlado e os particulados geralmente são armazenados

em um baghouse2 e reutilizados no processo devido à sua alta concentração de chumbo.

No processo de reciclagem de baterias, existem duas linhas categóricas de produção: a

formal, que segue às normas legais, e as informais, que não estão comprometidas com a

legislação vigente. As recicladoras informais apresentam instalações precárias, não possuem

planejamento ou cuidados com a purificação do ar, geralmente são encontradas próximas às

cidades e lançam suas escórias nas suas proximidades. Dessa forma, estas recicladoras

2 Baghouse: nome genérico para Equipamento de Controle de Poluição Atmosférica que é projetado para o uso de filtros, na captura de poeiras, separação e processo de filtragem.

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informais são fontes de emissão de chumbo e outros metais para o ambiente externo e

representam um grande risco para a população local (QUITERIO et al., 2006).

2.3. Biomonitoração

O aumento progressivo nas emissões de metais no ambiente, principalmente em

decorrência das atividades humanas, tem despertado o interesse da sociedade como

consequência dos malefícios que esses poluentes ocasionam aos ecossistemas e à saúde

humana. A ocorrência de regiões com elevadas concentrações de tais elementos, no Brasil,

torna-se cada vez mais frequente e preocupante (ALVES et al., 2008).

Para a avaliação da poluição atmosférica, os métodos físico-químicos convencionais

como amostragem de ar e análise de particulado, amostragem de água de chuva e análise do

elemento poluidor, entre outros, requerem custos elevados de implantação, operação e

manutenção. Diante disto, o uso de organismos vivos como biomonitores de poluição

atmosférica tem sido uma alternativa bastante utilizada na literatura internacional

(ALENCAR, 2008).

Em meados do século passado, iniciou-se o processo de utilização de organismos

vivos como método auxiliar de detecção de alterações na qualidade do ambiente, denominado

de biomonitoramento, que se constitui em método experimental indireto de verificação da

presença de poluentes numa determinada área. Os organismos vivos utilizados são conhecidos

como biomonitores, e respondem ao estresse a que se encontram submetidos por

modificações nos seus ciclos vitais ou pela acumulação de poluentes (GARTY, KLOOG &

COHEN, 1998; CARRERAS & PIGNATA, 2001; CARNEIRO, 2004; CARNEIRO &

TAKAYANAGUI, 2009).

A informação do biomonitor, utilizando-se plantas ou animais, por exemplo, é

comumente deduzida através de mudanças no seu comportamento (composição das espécies

e/ou riqueza, resposta fisiológica ou ecológica, morfologia) ou das concentrações de

substâncias especificas nos tecidos (SZCZEPANIAK & BIZIUK, 2003). Aliado a uma

seleção adequada dos organismos a serem utilizados como biomonitores, a grande vantagem

do biomonitoramento está relacionada, principalmente, com a ocorrência permanente e

comum do organismo no campo, mesmo em áreas remotas, a facilidade de amostragem, e a

ausência de qualquer equipamento técnico de custo elevado necessário à realização da

monitoração (WOLTERBEEK, 2002).

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Os biomonitores podem ser utilizados de forma passiva, quando já habitam a área de

estudo; ou em método ativo, quando são introduzidos de forma controlada no ambiente a ser

investigado (DOMINGOS et al., 1998; SILVA et al., 2000; SUMITA et al., 2003; SMODIŠ

et al., 2004).

Os liquens, os musgos e certas plantas superiores, destacam-se dentre os organismos

utilizados como bioindicadores. No caso de plantas superiores, estas podem apresentar

alterações típicas nas folhas, perdas foliares, redução de crescimento, alterações nos padrões

de floração, ou ainda, alterações na frequência e abundância de populações quando expostas a

poluentes atmosféricos (CARNEIRO & TAKAYANAGUI, 2009).

2.4. Tillandsia como monitor ambiental

As plantas epífitas apresentam-se como excelentes ferramentas para a biomonitoração

da contaminação atmosférica. Por obterem minerais e nutrientes do ar e não de um substrato,

pode-se afirmar que os elementos acumulados nesses organismos refletem a composição

atmosférica local (FIGUEIREDO et al., 2001; BRIGHIGNA et al., 2002; WOLTERBEEK,

2002; ELIAS et al., 2006; FONSECA et al., 2007; CARNEIRO & TAKAYANAGUI, 2009;

GARCÍA et al., 2009; SANTOS, 2011). Essa característica favorece a utilização desses

organismos como uma ferramenta de baixo custo para a avaliação da deposição atmosférica

de elementos traços em vários países.

Malm et al. (1998) utilizaram Tillandsia usneoides para avaliar os níveis de mercúrio

em um local de comércio de ouro na Amazônia. As concentrações desse elemento

encontradas nos transplantes foram elevadas, atingindo valores até 300 vezes maiores do que

das amostras controle. Esta espécie também foi empregada como monitora da contaminação

atmosférica de mercúrio oriundo de indústrias no Rio de Janeiro (CALASANS & MALM,

1997), e na avaliação de ocorrência de alterações no padrão de contaminantes presentes na

atmosfera de uma região da Flórida, EUA, em um intervalo de 24 anos (HUSK et al., 2004).

Os resultados obtidos mostraram que as concentrações de Ca, Mg, K e Cu diminuíram nesses

organismos, enquanto a concentração de Fe aumentou.

Pignata et al. (2002) utilizaram T. capillaris na avaliação da qualidade do ar na cidade

de Córdoba, Argentina, a fim de verificar tanto suas respostas fisiológicas quanto sua

capacidade de acumular metais pesados em seus tecidos. Bedregal et al. (2009) utilizaram T.

capillaris para a monitoração da qualidade do ar na cidade de Lima, no Peru, e identificaram

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que as principais fontes de poluição eram as atividades industriais e o trânsito de veículos.

Carreras et al. (2009) verificaram uma relação entre o número de casos de problemas

respiratórios em crianças e o teor de metais acumulados em Tillandsia capillaris.

Brighigna et al. (1997) utilizaram uma espécie de Tillandsia para avaliar a poluição

causada pelo tráfego de veículos na capital da Costa Rica, por meio da quantificação dos

metais Pb, Cu, Cd, nesses organismos. Empregando duas espécies de Tillandsia (Tillandsia

caput-medusae e T. bulbosa), Brighigna et al. (2002) realizaram a monitoração de

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos na cidade de Florença, Itália.

Bermudez et al. (2008) avaliaram a capacidade de bioacumulação e a resposta aos

poluentes de três espécies de Tillandsia e uma de líquen, em três tipos de ambiente, na

Argentina: rural, urbano e industrial. A espécie que se mostrou mais eficiente em acumular

metais pesados foi Tillandsia recurvata L.

Os estudos citados anteriormente, portanto, confirmam a expressiva utilização de

plantas do gênero Tillandsia na monitoração da contaminação atmosférica.

2.4.1. Tillandsia recurvata L.

Tillandsia recurvata L. (Figura 1) é uma bromélia epífita cujas raízes são reduzidas ou

estão ausentes, apresentando apenas a função de fixação da planta ao substrato (árvores, fios

de eletricidade, telhados, rochas, dentre outros), não desempenhando o papel absortivo,

característico de plantas terrestres ou parasitas. Elas possuem forma de crescimento altamente

especializada, com escamas epidérmicas foliares capazes de absorver água e nutrientes

diretamente da atmosfera (MANETTI et al., 2009).

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Figura 1: Exemplar de Tillandsia recurvata L.

Fonte: PATRICK et al. (1995) apud SANTOS (2011)

A T. recurvata L. é uma planta epífita que apresenta folhas recurvadas, com 3 a 6 cm

de comprimento, cujas margens são lisas, geralmente de cor cinza. Inflorescência com 1,2 a

1,5 cm, com até três floras; flores com cerca de 0,8 cm de comprimento, subséssil; três

sépalas soldadas na base, três pétalas livres com três estames, carpelo com 1 cm de

comprimento, estigma menor que 0,1 cm de comprimento e ovário ínfero. É uma planta

nativa, ocorrendo do sudeste dos Estados Unidos da América (EUA) até a Argentina.

Aproxima-se taxonomicamente de T. streptocarpa, mas pode ser separada pelo porte menor,

enquanto que de T. loliacea se separa pelas folhas recurvadas (MACIEL, 2009).

A Tillandsia recurvata L. é também chamada de “musgo bola”, por causa do hábito

que esta espécie tem de se enrolar em torno do local onde se fixa, dando assim uma aparência

de bola (Figura 2).

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Figura 2: Tillandsia recurvata L. em seu ambiente natural, Gravatá - PE.

Fonte: Autor (2014)

A sequência de desenvolvimento (Figura 3) da T. recurvata L. segue o padrão típico

de crescimento e desenvolvimento em seu habitat natural. A germinação das sementes ocorre

imediatamente após a semeadura. As plantas jovens de Tillandsia têm dois pares de folhas

que se desenvolvem ao longo de um eixo primário. A dominância apical é fracamente

observada nesta fase, e logo surgem os brotos laterais, a partir do eixo primário, conferindo

um padrão de ramificação. O surgimento da forma adulta é caracterizado pelo crescimento

dos brotos laterais, cada um deles constituído de quatro pares de folhas (MERCIER &

ENDRES, 1999).

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Figura 3: Fases de desenvolvimento de Tillandsia recurvata L. (A) Planta jovem com dois pares

de folhas. (B) Planta juvenil com quatro brotos laterais. (C) Planta adulta apresentando quatro

ramos bem desenvolvidos. (D) Ramo floral de uma planta. (E) Ramo com capsula de sementes.

Em D e E outros ramos da planta inteira foram omitidos.

Fonte: MECIER & ENDRES (1999)

Em geral, as bromélias do gênero Tillandsia iniciam a floração cinco a oito anos após

a fase de plântulas. O desenvolvimento das cápsulas de sementes é acompanhado por uma

deterioração progressiva da planta-mãe, que morre lentamente. Quando está em declínio,

porém, crescem ramificações de uma ou mais gemas axilares. Assim, a planta continua a ser

perpetuada por uma sequência de brotações axilares (MERCIER & ENDRES, 1999).

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2.4.2. Biologia de Tillandsia L.

As bromélias são uma grande família de Monocotiledôneas peculiares da flora

neotropical. Essas plantas alcançaram um alto grau na vida epifítica no gênero Tillandsia L.

(BRIGHIGNA et al., 1997). O nome científico da família foi dado por Carolus Linnaeus

(CARL VON LINNÉ, 1707-1778, pai do Sistema Binomial de classificação) em homenagem

ao cientista sueco Olaf Bromelius. Já o nome do gênero, Tillandsia, deriva do nome de outro

cientista, Elias Tillands (FRACARO, 2004).

A capacidade das espécies de Tillandsia L. de sobreviver em condições extremas está

baseada nas suas características morfológicas e fisiológicas. No gênero Tillandsia L., as raízes

são reduzidas ou ausentes e possuem como função a fixação no substrato suporte, ao invés de

absorver água e nutrientes. O caule e as folhas são completamente cobertos por escamas que

protegem os estômatos da desidratação e são notavelmente higroscópicos, sendo responsáveis

pela maior parte da absorção de aerossóis e água e, portanto, dos nutrientes neles dissolvidos.

As escamas aumentam significativamente a superfície de absorção da planta e a proteção

contra a desidratação. A Tillandsia L. utiliza o metabolismo ácido crassuláceo (CAM), que

reduz a perda de água fechando os estômatos durante o dia, quando a temperatura e pressão

de vapor são altas, e abrindo-os à noite, absorvendo o vapor de água e o CO2 atmosférico

(AMADO FILHO et al., 2002).

Cada escama da Tillandsia L. tem um “caule” e, acima dele, uma “blindagem” (Figura

4). O caule consiste de 5-6 células superpostas situadas no fundo da epiderme, de modo que

as duas mais fundas estão em contato direto com o clorênquima mesófilo. As numerosas

células da blindagem ficam na superfície da folha em anéis concêntricos, sendo os mais

externos (asas) de extensão variável, dependendo da espécie. As asas das escamas podem

também ser consideradas uma característica taxonômica (NOGUEIRA, 2006).

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Figura 4: Detalhe da célula escudo e dos tricomas de Tillandsia.

Fonte: BRIGHIGNA et al. (1997)

Além do papel conhecido de absorvedor, as escamas representam o meio natural pelo

qual a planta realiza várias funções. Isto depende tanto da abundância das escamas, por

unidade de superfície, como do desenvolvimento da área das asas. Quando as asas são viradas

para cima, refletem a claridade, criam um microhabitat muito resguardado para micróbios

(entre eles as bactérias fixadoras de nitrogênio), retêm a umidade do ar, aerossóis e poeira

ressuspensa (BRIGHIGNA et al., 1997; FIORATO, 2009).

No presente trabalho foi realizada a biomonitoração da qualidade do ar relativo a

presença de chumbo no município de Belo Jardim, Pernambuco, utilizando a espécie de

planta epífita Tillandsia recurvata L. como biomonitor. Trata-se do primeiro trabalho de

biomonitoração ativa da dispersão de elementos químicos associada à reciclagem de baterias

no Estado de Pernambuco.

O método de biomonitoração ativa foi empregado, tendo em vista a ausência de um

levantamento prévio das espécies de plantas epífitas que ocorrem na região, o que inviabiliza

a realização de um estudo empregando organismos que já ocorram no local (biomonitoração

passiva), cuja eficiência como biomonitores esteja comprovada.

2.5. Método de Análise Quantitativo

Um dos tipos de métodos analíticos quantitativos mais utilizados são os métodos

espectroscópicos de análise. Eles são baseados na medida da quantidade de radiação

produzida ou absorvida pelas moléculas ou átomos nos quais se está interessado. Tais

métodos têm sido as ferramentas mais vastamente empregadas para a elucidação de estruturas

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moleculares, assim como na determinação qualitativa e quantitativa de compostos orgânicos e

inorgânicos (SKOOG et al., 2007).

Os métodos espectroscópicos atômicos podem ser utilizados na determinação

qualitativa e quantitativa de uma vasta quantidade de elementos químicos. Esses métodos

possuem limites de detecção baixos, são rápidos e, geralmente, altamente seletivos. (SKOOG

et al., 2007).

Outro tipo de método analítico quantitativo é a espectrometria de massas, que é uma

técnica analítica que permite separar espécies iônicas pela razão massa/carga (m/z). Sua

capacidade de identificação é usada tanto para análises qualitativas, quanto para análises

quantitativas de íons de elementos compostos simples e de moléculas complexas. Em

comparação com métodos espectroscópicos atômicos ópticos, apresenta como vantagens:

limites de detecção que são, para muitos elementos, três ordens de grandeza menores,

espectros mais simples e mais de mais fáceis interpretações e a capacidade de medir razões

isotópicas. Porém, tem como desvantagens o alto custo do instrumento e certos tipos de

interferências (NUNES, 2009; SKOOG, HOLLER & NIEMAN, 2002).

2.5.1. Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado

A espectrometria de massas com fonte de plasma indutivamente acoplada (ICP-MS)

possui alta sensibilidade e precisão, sendo capaz de detectar a presença de determinados

elementos, como o chumbo, na faixa de concentração de partes por trilhão (µg.kg-1). O

sistema ICP-MS tem se tornado mais fácil de configurar para análises de rotina, podendo ser

totalmente automatizado (MONTEIRO-NETO, 2013).

Um espectrômetro de massas com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)

(Figura 5) possui cinco partes principais, são elas o sistema de introdução de amostras, em

geral um nebulizador; a fonte de íons, no caso o plasma indutivamente acoplado (ICP); a

interface de focalização dos íons (cone de amostragem e skimmer); o sistema analisador de

massas (quadrupolo) e o sistema de detecção de íons (detector multiplicador de elétrons)

(NUNES, 2009).

Em geral, no ICP-MS as amostras são introduzidas como líquido, por apresentar

melhores condições de homogeneidade, facilidade de manipulação e disponibilidade de

soluções de referência para calibração, porém, em alguns casos, podem também ser

introduzidas amostras sólidas e gasosas. O sistema de introdução mais usual contém uma

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bomba peristáltica, que leva a amostra até um nebulizador, que transforma a amostra líquida

em um aerossol fino, que é levado à câmara de nebulização onde as gotas maiores separam-se

das menores e são descartadas (> 95% do volume da amostra). Um fluxo de argônio carrega,

então, a amostra vaporizada até a tocha do ICP (NUNES, 2009).

O plasma acoplado indutivamente, por ter uma alta temperatura (em geral entre 6.000

-8.000 K), é uma fonte apropriada para a ionização de espécies elementares. Ele é formado a

partir de uma radiofrequência gerada por um filamento metálico (bobina) que fica no topo da

tocha. Campos elétricos e magnéticos oscilantes são gerados permitindo a excitação do

elemento químico, assim formando íons (NUNES, 2009).

Na tocha tem-se a formação do plasma e nele a amostra sofre de forma bastante rápida

os processos de dessolvatação, vaporização, atomização e ionização. Ela consiste de três

tubos concêntricos para o transporte de gás. O gás interno, chamado de gás de arraste, é

responsável por transportar a amostra até o plasma. O fluxo auxiliar presente no tubo

intermediário tem a função de estabilizar o plasma durante a introdução da amostra. Enquanto

que o fluxo de gás externo é responsável pela proteção das paredes da tocha, impedindo o

superaquecimento da mesma (SKOOG et al., 2007).

Os íons formados no ICP são levados até o espectrômetro de massas (MS) por meio de

uma interface com bomba de vácuo de triplo estágio. Tais íons encontram-se à pressão

atmosférica no plasma e são extraídos por meio de um cone de amostragem de platina, que se

encontra a baixa pressão e possui entrada de cerca de 1,0 mm de diâmetro. Após passar pelo

primeiro cone, o gás se expande por causa da baixa pressão, passa por um segundo cone,

chamado skimmer, e grande parte do argônio é bombeada para fora. Por fim, o feixe de íons

se expande novamente e passa por um terceiro cone, chamado hype skimmer, sendo

focalizados e seguindo para o sistema analisador de massas (quadrupolo). (JARVIS, GRAY e

HOUK, 1992).

A função primordial da interface é minimizar a perda de íons por meio da redução de

pressão e densidade do feixe de íons.

O analisador de massas é um quadrupolo, que consiste de quatro hastes condutoras

equidistantes e paralelas, posicionadas em torno de um eixo central, onde ocorrerá o

transporte dos íons. As hastes opostas são conectadas eletricamente, sendo um par submetido

a diferenças de potenciais alternadas e carregado negativamente e outro submetido a

diferenças de potencias contínuas e carregado positivamente (MONTEIRO-NETO, 2013).

Os íons positivos aproximam-se aceleradamente em direção à haste carregada

negativamente. Quando ocorre a alternância da polaridade, os íons afastam-se do cilindro,

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seguindo assim uma trajetória helicoidal. A intensidade do potencial elétrico produz

trajetórias diferentes nos íons, dependendo da razão massa/carga que essas partículas

possuem. Assim, ocorre a formação de uma trajetória estável, que carrega o íon até o detector,

ou a formação de uma trajetória não ressonante, que causa o escape ou a colisão dos íons com

os cilindros. Por meio desse mecanismo torna-se possível selecionar o íon com razão

massa/carga de interesse e a eliminar os interferentes (GINÉ-ROSIAS, 1999).

Nas versões mais atuais de ICP-MS utiliza-se um sistema de detecção de vários íons,

um por vezes, como o multiplicador de íons, no qual os íons que atingem sua superfície fazem

ejetar elétrons, que, a cada impacto, ejetam mais elétrons formando uma cascata (NUNES,

2009).

Figura 5: Diagrama esquemático do ICP-MS.

Fonte: GERVASIO et al. (2003)

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Município de Belo Jardim

O estudo foi conduzido no município de Belo Jardim, no agreste pernambucano

(Figura 6), distante 186 km da capital, na microrregião do vale do Ipojuca, limitando-se ao

norte com o município de Brejo da Madre de Deus, ao sul com São Bento do Una, a leste com

Tacaimbó, e a oeste por Sanharó. Constituído por três distritos (Água Fria, Serra do Vento e

Xucuru), Belo Jardim tem uma área de 754 km² e altitude de 617 metros. Sua população em

2014, segundo o IBGE, era de 75.186 habitantes. De clima predominantemente quente,

semiárido, este município apresenta uma temperatura em torno de 23 °C e precipitação média

anual de 700 mm entre os meses de março e julho e ventos alísios predominantes (IBGE,

2010).

Figura 6: Localização do município de Belo Jardim - PE.

Fonte: IBGE (2010)

A hidrografia de Belo Jardim é formada pelos rios Bitury, Tabocas, Taboquinha e

Ipojuca. O município de Belo Jardim tem como principais atividades a agroindústria, com

maior potencialidade de desenvolvimento para produtos alimentícios e avicultura. Além disso,

este município comporta também a matriz de uma importante indústria do segmento

automotivo voltada à produção de acumuladores de chumbo-ácido, além de empresas do ramo

alimentício e da construção civil.

O Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) realizou em Belo Jardim em agosto

de 1991, exames laboratoriais em 51 operários de duas empresas que trabalham com

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fabricação e reciclagem de baterias automotivas, e constatou que 63% dos examinados

apresentavam níveis de chumbo acima de 60 µg.dL-1, índice biológico máximo permitido pela

Norma Regulamentadora nº 7, Portaria nº 24/1994 do Ministério do Trabalho (MOREIRA &

MOREIRA, 2004), demonstrando a importância da monitoração do ar naquela região.

3.2 Coleta e preparação dos biomonitores

Os exemplares a serem utilizados em experimentos de biomonitoração devem ser

coletados em locais considerados livres de fontes potenciais de poluentes atmosféricos. Sendo

assim, a coleta da planta epífita Tillandsia recurvata L. foi realizada no município de Gravatá

(8°75’42” S, 35°29’12” O), região agreste de Pernambuco, local de ocorrência natural da

espécie e que não apresenta fontes conhecidas de contaminação por chumbo.

Antes da exposição, cada biomonitor foi levado ao laboratório para limpeza,

separando-o de qualquer material estranho que pudesse gerar interferência nos resultados

posteriores e armazenado no laboratório em caixas de papelão à temperatura ambiente até a

data da sua exposição. Cada unidade experimental foi composta por aproximadamente 12 g

do biomonitor selecionado, devidamente acondicionado em bolsas de náilon, com malha de 3

mm, apresentando 20 x 20 cm de área (Figura 7). A abertura de malha do tecido permitiu o

contato dos biomonitores com a atmosfera circundante.

Figura 7: Bolsa de náilon contendo o biomonitor Tillandsia recurvata L.

Fonte: Autor (2014)

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3.3 Estudo do acúmulo de elementos na espécie biomonitora

Com o objetivo de avaliar o padrão de acúmulo do chumbo, os exemplares de

Tillandsia recurvata L. foram colocados na área de estudo conforme disposição indicada no

mapa (Figura 8). Duas bolsas de náilon contendo o biomonitor por ponto analisado foram

dispostas a uma altura de aproximadamente 1,5 m do solo por um período de

aproximadamente três meses, e colocadas novas bolsas após o período de exposição.

A escolha dos pontos foi realizada com base na proximidade de fontes emissoras de

poluentes de interesse, além de locais onde existe a possibilidade de influência das fontes

emissoras de chumbo.

Figura 8: Distribuição dos biomonitores no município de Belo Jardim. (1) Fundição informal de

baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem Pedro Moura; (4) IFPE – Campus Belo

Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE – Campus Belo

Jardim.

Fonte: GOOGLE (2015)

A quantificação de chumbo foi realizada por espectrometria de massa por plasma

indutivamente acoplado (IPC-MS) em triplicata para as amostras expostas.

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3.4 Análise por espectrometria de massa com plasma indutivamente

acoplado

O chumbo foi analisado por espectrometria de massa com plasma indutivamente

acoplado (ICP-MS), devido a alta sensibilidade desta técnica. Foi utilizado para a

quantificação do Pb um ICP-MS da marca Perkin Elmer NexION 300, equipado com uma

câmara padrão de spray e um nebulizador.

Na preparação das amostras para a análise, o material biológico exposto foi seco em

estufa a aproximadamente 50 ºC (BRIGHIGNA et al., 1997) e pulverizadas com o auxílio de

almofariz e pistilo, utilizando nitrogênio líquido para acelerar o processo (moagem

criogênica) (KRUG, 2010; PLANK, 1992; KALRA, 1998). Em seguida, cerca de 0,5 g de

cada amostra foi digerida com 10 mL de ácido nítrico (HNO3) P.A. utilizando um forno

micro-ondas com temperatura de 150 ºC por 15 min. Após sua digestão em micro-ondas, as

amostras foram diluídas em HNO3 P.A. a 0,2% e o seu volume completado para 80 mL de

solução ácida. A solução resultante foi levada ao ICP-MS para quantificação do metal de

interesse.

A calibração do equipamento foi realizada utilizando-se uma solução padrão

multielementar contendo 1 mg.kg-¹ de chumbo. A curva de calibração foi construída com uma

solução multielementar de concentração 1000 mg.kg-¹, diluída na concentração específica do

elemento a ser analisado.

As soluções das amostras foram analisadas em triplicatas analíticas e o controle de

qualidade dos resultados obtidos pelo método aplicado foi avaliado pela leitura do material de

referência IAEA - 336 LICHEN da IAEA, pelo mesmo método empregado para a preparação

das amostras.

3.5 Cálculo da concentração de enriquecimento (RCE):

A concentração de enriquecimento tem sido usada por mais de 30 anos a fim de

estimar a contribuição antropogênica para a concentração total de metais presentes numa

amostra (REIMANN E CARITAT, 2005), e, pode ser obtido pela seguinte equação (Equação

1):

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Equação 1;

Onde:

RCE = Enriquecimento (%) da concentração de chumbo;

CEA = Concentração de chumbo na amostra;

CEC = Concentração de chumbo na amostra controle.

Foi calculado o enriquecimento do Pb nas amostras analisadas a fim de se verificar o

impacto da presença deste analito no ambiente.

3.6 Análise Estatística

O tratamento estatístico utilizado neste trabalho empregou os programas Excel e

Análise de Variância (ANOVA) do software Statistic versão 5.0. A ANOVA visa

fundamentalmente verificar se existe uma diferença significativa entre as médias e se os

fatores exercem influência em alguma varável dependente. Nesta análise é realizado um teste

hipótese sob normalidade e homocedasticidade, onde a hipótese nula considera médias iguais

para todas as amostras testadas. Através do valor de probabilidade ou valor p avalia-se a

probabilidade desta hipótese estar correta (JOHNSON, 1998). Neste trabalho foi utilizado um

nível de significância de 0,05 para o teste.

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35

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise por ICP-MS do Material de Referência IAEA – 336

LICHEN.

Na Tabela 4 é apresentado o resultado da média aritmética da concentração do

elemento chumbo em triplicata, seu desvio padrão e o valor certificado para o material de

referência IAEA – 336 LICHEN.

Tabela 4: Concentração de chumbo obtido para o material de referência IAEA – 336 LICHEN.

Elemento Valor observado (n=3) Valor certificado

Pb (mg.kg-1) 4,61 ± 0,11 4,9 (4,3-5,5)*

*Valor informado.

Conforme a Tabela 4 é possível perceber-se que a metodologia utilizada mostrou-se

bastante eficiente nas condições laboratoriais. O resultado obtido apresentou um erro relativo

percentual de 5,91% demonstrando a boa precisão do método para a quantificação do

chumbo.

4.2 Análise das amostras por ICP-MS

O resultado da análise da Tillandsia recurvata L. coletada na área considerada livre

(Gravatá) de fontes emissoras do elemento chumbo e após o período de exposição no

município de Belo Jardim – PE é apresentado na Tabela 5.

Tabela 5: Concentrações de chumbo (mg.kg-1) (µ ± SD) em amostras de Tillandsia recurvata L.

dispostas no município de Belo Jardim – PE e submetidas a diferentes períodos de exposição.

Área limpa Gravatá

(controle)

Período de exposição

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5

1,19 ± 0,02

11/12-03/13 2,65 ± 0,30 3,77 ± 0,69 3,78 ± 0,40 2,45 ± 0,35 3,12 ± 0,10

03/13-06/13 4,51 ± 0,79 4,63 ± 0,47 3,30 ± 0,02 ----- -----

06/13-11/13 3,15 ± 0,46 4,84 ± 0,40 2,22 ± 0,09 3,90 ± 0,00 -----

11/13-02/14 1,25 ± 0,14 4,17 ± 0,33 2,36 ± 0,28 ----- 3,26 ± 0,75

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A concentração de Pb encontrada na amostra controle foi inferior ao comumente

encontrado em outros trabalhos usando Tillandsias como biomonitor, 1,19 mg.kg-1, como no

trabalho de Santos (2011) que encontrou concentrações 23 mg.kg-1, possivelmente pelo local

ser isolado e longe de fontes emissoras de chumbo conhecidas dificultando a sua exposição ao

metal.

Em todos os pontos as concentrações de chumbo verificadas nas plantas expostas

foram maiores que as plantas coletadas no local considerado como livre deste poluente

(Figura 9). Este resultado indica que a região sofre um aporte maior de chumbo na atmosfera

em relação à região controle. O aumento de chumbo na atmosfera pode ser um indício de

contaminação atmosférica por atividades antrópicas desenvolvidas na região. Situações

semelhantes de poluição atmosférica por atividades industriais têm sido reportadas por muitos

autores em diversas localidades (EL-HASAN et al., 2002; ROSSINI & MINGORANCE,

2006). É importante ressaltar que essa região, anteriormente avaliada por PAIVA (2005),

apresentou concentrações significativas do Pb em amostras de sedimentos (220,32 mg.kg-1),

bem superior ao permitido pela resolução CONAMA 344/04 (35 mg.kg-1) para as amostras de

sedimento, mostrando que a região apresenta uma elevada concentração deste elemento no

ambiente e que esta contaminação pode está sendo ocasionada por deposição atmosférica.

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Figura 9: Concentração média (mg.kg-1) de chumbo acumulada em Tillandsia recurvata L. em

Belo Jardim –PE.

(1) Fundição informal de baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem Pedro Moura; (4) IFPE

– Campus Belo Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE – Campus Belo.

Nas amostras de Tillandsia recurvata L. expostas próxima a uma recicladora informal

de baterias (ponto 1) foi encontrada uma concentração de chumbo bastante significativa no

segundo período de amostragem, onde a concentração atingiu valor de 4,51 ± 0,79 mg.kg-1. A

maior concentração neste ponto ocorreu no outono, período de maior pluviosidade na região.

As precipitações podem ter favorecido a remoção das partículas em suspensão por deposição

úmida (MAGALHÃES et al, 2010), dificultando a dispersão do chumbo para locais distantes

das fontes emissoras de chumbo.

Não houve diferença significativa entre a primeira e a terceira amostragem para este

ponto (ANOVA, p < 0,0000), e a última amostragem apresentou a menor concentração para o

chumbo. A diferença entre as concentrações de chumbo para este ponto pode ser explicada

devido à sazonalidade de atividade informal, ocorrendo um maior aproveitamento de baterias

em determinadas épocas do ano devido à disponibilidade de matéria prima, o que pode

explicar a sua baixa concentração na quarta coleta.

Para o local próximo a fundição formal de baterias não houve diferença significativa

entre as épocas de estudo, o funcionamento contínuo da fundição de baterias e o seu grande

porte pode explicar as concentrações elevadas durante todo o ano neste ponto.

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Na barragem Pedro Moura (ponto 3) foi encontrada diferença significativa entre a

primeira e a última coleta (ANOVA, p = 0,0000). O local onde se encontra a barragem Pedro

Moura aparentemente apresenta essa diferença na concentração de chumbo devido às

condições meteorológicas, que são influenciadas pelos índices de pluviosidade e direção e

intensidade dos ventos, que podem dificultar a dispersão de chumbo atmosférico para esta

região.

Com relação ao primeiro período de coleta (11/12 – 03/13), a fundição informal e a

fundição formal diferem significativamente quanto à concentração de chumbo encontrada nas

Tillandsia recurvata L. (ANOVA, p = 0,0000), tendo o ponto próximo à fundição formal de

baterias apresentado concentrações de chumbo aproximadamente 42% maior que a fundição

informal. Isto, novamente, pode ser consequência do grande porte da fundição formal em

relação a outra.

A figura 10 mostra o enriquecimento em concentração do elemento chumbo nas

plantas de T. recurvata L. expostas nos locais de monitoramento em relação à concentração

na planta no local de controle durante o período de monitoramento.

Figura 10: Enriquecimento em concentração de chumbo nas plantas de Tillandsia recurvata L.

(1) Fundição informal de baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem Pedro Moura; (4) IFPE

– Campus Belo Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE – Campus Belo.

Nas amostras da primeira exposição os pontos 2 e 3, que correspondem

respectivamente ao local próximo à fundição formal e a barragem Pedro Moura, apresentaram

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um enriquecimento maior que os demais pontos, ambos apresentando um enriquecimento em

concentração de 216,81%. Com base neste resultado, a atividade industrial localizada próxima

ao ponto 2 é uma possível causa do aumento da concentração de chumbo atmosférico. O

ponto 3 cujo fator de enriquecimento foi igual ao ponto 2, demonstra sofrer influência da

atividade industrial localizada no ponto 2, devido aos ventos predominantes que carregam o

material particulado para este ponto, principalmente em períodos de baixa pluviosidade. Paiva

(2005) indicou a existência de um processo de contaminação atmosférica por chumbo no

sentido noroeste da região em detrimento predominância da direção dos ventos.

Nos resultados encontrados na segunda coleta, os pontos 1 e 2 apresentaram os

maiores coeficientes de enriquecimento de chumbo, não apresentando diferença significativa

entre eles (ANOVA, p < 0,00076). Isso se deve à proximidade das fontes emissoras dos

poluentes atmosféricos. O alto índice de chuva na segunda coleta pode explicar a redução da

concentração de chumbo acumulada no ponto 3, que acredita-se sofrer influência direta da

atividade de reciclagem de baterias desenvolvidas nos pontos 1 e 2.

Esperava-se que as amostras dos pontos 1 e 2, que correspondem aos locais próximos

às fundições informal e formal respectivamente, apresentassem concentrações elevadas

durante todo o ano, visto que exercem a mesma atividade. Entretanto, é observado que no

local próximo à fundição formal (ponto 2) as concentrações mantiveram-se elevadas durante

todo o ano, que é explicado pelo funcionamento constante durante todo o período,

apresentando concentrações de até 387% maior que o ponto 1. Essa diferença indica que a

atividade antrópica desenvolvida próximo a este ponto gera um impacto sobre a atmosfera

mais significativo que a fundição informal, o que não era de se esperar, pois se acreditava que

no processo de reaproveitamento informal de baterias, devido à falta de fiscalização e não

obediências das normas reguladoras de processamento do ponto 1, o impacto sobre o

ambiente fosse maior.

O ponto 4 apresentou um enriquecimento maior da concentração de chumbo na

terceira amostragem, possivelmente pela mudança da direção do vento na região nesta época,

o que coincide também com a baixa concentração de chumbo no ponto 3, indicando que o

particulado também influência a qualidade do ar no IFPE – Campus Belo Jardim. Os níveis de

chumbo encontrados em Tillandsia recurvata L. não diferem significativamente entre os

pontos 1, 3 e 4 (ANOVA; p < 0,0000), porém diferem significativamente do ponto 2, no neste

período de amostragem (06/13 – 11/13).

No ultimo período de amostragem (11/13 – 02/14), a fundição formal não diferiu

significativamente da barragem Pedro Moura (ponto 3) e do Campus IFPE – Belo Jardim

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(ANOVA; p < 0,0000). Em mais um momento a atividade antrópica desenvolvida próxima ao

ponto 2 se mostra como a mais provável fonte de chumbo atmosférico a influenciar outro

ponto do município.

O ponto 5 também sofre um aporte deste material particulado, possivelmente das

emissões geradas próximas aos ponto 1 e ponto 2, onde funcionam uma fundição informal e

fundição formal de baterias respectivamente, devido a influência das correntes de ar. A

velocidade e a direção dos ventos são fenômenos importantes para a dispersão de poluentes

atmosféricos numa escala local segundo autores como Godish (1985), Baumbach (1996) e

André et al. (2000).

No ponto 5 correspondente a Fazenda Escola IFPE – Campus Belo jardim –PE, ocorre

a criação de bovinos para a produção de leite. A produção de leite nesta fazenda é fornecida

ao refeitório do IFPE e consumida pelos alunos (comunicação pessoal), o que pode se tornar

outro meio de contaminação de chumbo pela população local. Vários casos de intoxicação de

bovinos por exposição ambiental com chumbo estão relatados na literatura (BAARS et al.,

1992; MURTA et al., 1993; SHARMA et al., 1982; ZIEGLER et al., 1978).

As concentrações de chumbo variaram de 1,25 mg.kg-1 à 4,84 mg.kg-1. Embora os

processos naturais e antropogênicos sejam responsáveis pela liberação de chumbo no

ambiente, a contribuição antropogênica é predominante (PAOLIELLO & CHASIN, 2001) nos

dias atuais. Os valores encontrados são semelhantes aos determinados por diversos autores na

literatura. Cansaran-Duman e colaboradores (2012) em estudo de poluição por tráfico veicular

realizado na Turquia, determinou valores de 4,70 mg.kg-1, Carballeira & Fernández (2002)

usando um musgo para avaliar a concentração de chumbo próximo a uma usina termoelétrica

na Espanha encontrou valores de 4,27 mg.kg-1, Loppia & Pirintos (2003) estudando a

concentração de metais em florestas que sofrem influência da poluição atmosférica causada

por industrias e veículos distantes até 10 km, determinaram valores que variam de 3,8 a 14,9

mg.kg-1 na Itália e Santos (2011) avaliando o ar em decorrência da queima da cana-de-açúcar

em uma Reserva Ecológica no Estado de Pernambuco usando Tillandsia recurvata L.

determinou concentrações que variaram de 11,05 a 34 mg.kg-1.

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5. CONCLUSÃO

A biomonitoração utilizando a planta epífita Tillandsia recurvata L. se mostrou uma

ferramenta adequada para a avaliação da poluição atmosférica por chumbo provenientes do

reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas no município de Belo Jardim – PE. Como

principais vantagens, o método empregado apresenta baixo custo para a sua realização e pode

monitorar áreas extensas e remotas, como exemplo a região estudada.

O trabalho gerou dados relevantes que confirmam a dispersão de quantidades

significativas do chumbo no ar, gerada pelo reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas,

além de ser o primeiro resultado de biomonitoração ativa da dispersão do chumbo associada à

indústria de chumbo na região.

A contaminação atmosférica retratada neste estudo deve ser vista como base para que

medidas mitigadoras sejam tomadas para minimizar a dispersão deste metal na região, tendo

em vista que este elemento além de depreciar a qualidade do ar, pode vir a causar doenças

respiratórias ou chegar ao homem através de outras vias de contaminação como água e

plantas, visto que este município é uma importante bacia leiteira e produtora de hortaliças.

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