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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO NORDESTE
Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares
DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COMPUTACIONAL DE
EXPOSIÇÃO PARA USO EM AVALIAÇÕES DOSIMÉTRICAS EM
GESTANTES
MANUELA OHANA MONTEIRO CABRAL
Orientadores: Prof. Dr. Fernando Roberto de
Andrade Lima e Prof. Dr. José Wilson Vieira.
Recife, PE
Fevereiro, 2015
MANUELA OHANA MONTEIRO CABRAL
DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COMPUTACIONAL
DE EXPOSIÇÃO PARA USO EM AVALIAÇÕES
DOSIMÉTRICAS EM GESTANTES
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Tecnologias Energéticas e
Nucleares. Área de Concentração: Dosimetria e
Instrumentação Nuclear.
Orientadores: Prof. Dr. Fernando Roberto de
Andrade Lima e Prof. Dr. José Wilson Vieira
Recife, PE
Fevereiro, 2015
Catalogação na fonte Bibliotecário Carlos Moura, CRB-4 / 1502
C117d Cabral, Manuela Ohana Monteiro.
Desenvolvimento de um modelo computacional de
exposição para uso em avaliações dosimétricas em gestantes. /
Manuela Ohana Monteiro Cabral. - Recife: O Autor, 2015.
93 f. : il., gráfs., tabs.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima.
Orientador: Prof. Dr. José Wilson Vieira.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em
Tecnologias Energéticas e Nucleares, 2015.
Inclui referências bibliográficas.
1. Modelos computacionais de exposição. 2. EGSnrc. 3.
Fantoma de gestante. 4. Fantoma mesh. 5. Radiodiagnóstico.
I. Lima, Fernando Roberto de Andrade, orientador. II. Vieira,
José Wilson, orientador. III. Título.
UFPE
CDD 612.01448 (21. ed.) BDEN/2015-14
DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO
COMPUTACIONAL DE EXPOSIÇÃO PARA USO EM
AVALIAÇÕES DOSIMÉTRICAS EM GESTANTES
Manuela Ohana Monteiro Cabral
APROVADA EM: 24.02.2015
ORIENTADORES: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima
Prof. Dr. José Wilson Vieira
COMISSÃO EXAMINADORA:
_______________________________________________________
Prof. Dr. Silvio de Barros Melo – CCEN/UFPE
_______________________________________________________
Prof. Dr. Vanildo Júnior de Melo Lima – DA/UFPE
_______________________________________________________
Prof. Dr. Marcus Aurélio Pereira dos Santos – CRCN-NE/CNEN
Visto e permitida a impressão
___________________________________
Coordenador(a) do PROTEN/DEN/UFPE
“(...) Meia-noite, livro aberto.
Mariposas e mosquitos pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha, luz que parece objeto?
Quem sabe o cheiro do preto,
que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos
descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?”
Adminimistério – Paulo Leminski Distraído Venceremos, 1987
A Deus e
a minha mãe Joice Monteiro,
dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS
Durante dois anos intensos buscando respostas pra tantas perguntas, achei pessoas que
contribuíram com tudo que me faltava. Por isto, expresso minha imensa gratidão:
A Deus, que me mostrou que eu podia ser forte quando esta era a única alternativa;
que me abençoou com anjos em forma de gente para me ajudar nas pequenas e grandes lutas;
que me deu saúde e capacidade para entender que todo desafio tende a ficar mais fácil quando
se está preparado para tentar resolver.
A minha linda e querida mãe, Joice, que é meu porto seguro construído com joelhos
doloridos e fé inabalável, exercitada com o único objetivo de me ver feliz e realizada. Eu te
amo! Ao meu irmão Matheus, pelo apoio diário e pelas músicas peculiares tocadas (também
diariamente), que já tiraram e devolveram a minha paciência muitas vezes. Também te amo.
A meu tio Xérxes Luna, que me deu a oportunidade de estudar quando pouco nos
restava. Cada tijolo depositado por ele de carinho e caridade, resultou na criação de uma base
mais alegre e sólida.
Aos meus avós, Berenice e Monteiro, e a meu tio Jam, pela torcida em todas as novas
etapas e por todos os sábios ensinamentos.
Ao meu orientador José Wilson, que me ensinou, com excelência, paciência e
dedicação, tudo que eu precisava saber para resolver um problema complicado e me deixou
livre e calma para tentar todos os outros, sem pressão.
Aos professores José de Melo, Viriato Leal Neto, Vanildo Lima, Fernando Lima,
Silvio Barros, Ferdinand Lopes, Marcus Aurélio e Gutenberg Barros, por todas as
contribuições dadas ao longo dessa jornada.
A Rodrigo Carneiro, amigo de anos, que, sem saber, soube como me ajudar. Aos
amigos Lucas Berto e Giulia, que me deram a base necessária para criar, de forma
independente, e me mostraram que com dedicação, foco e música, os resultados são positivos.
A Renata Figueiredo, por dezoito anos, até agora, de irmandade e torcida. Amigos são
irmãos que escolhemos ter em nossas vidas. Você é muito especial pra mim!
As tias de coração Rosângela, Margarida, Ilka, Amarilde, Andrea e Lidia, por todas as
orações incessantes.
Aos amigos construídos no IFPE, em especial, a Alex Cristóvão, Malana Silva, Isis
Monteiro, Igor Vieira, Isabelle Lacerda, Renata Farias, Baby Oliveira, Alysson Gomes, e aos
amigos construídos no início do Mestrado, em especial, Gabriela Santiago, Carolina
Gonzales, Daniel Souza e Pedro Henrique. Obrigada a todos pela força, conhecimento,
carinho, paciência e cuidado. Os admiro muito!
Aos funcionários do Departamento de Energia Nuclear (DEN/UFPE), em especial,
Nilvânia e Kalydja, por todas as vezes que me atenderam prontamente sempre que precisei.
Bartkowi Bartłomiejowi Niedzieli, Za jego nieustające pomoc, porady oraz miłość
dane mi po to, by pomóc mi osiągnąć szczęście i spokój. Dziękuję Ci za wszystkie dnie (i
noce), partnerstwa oraz za twą troskę okazywaną w chwilach słabości. Kocham Cię. To
Mateusz Gomolka, Tamir Halperin and Dawid Kraszkiewicz for the help in this translation.
DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COMPUTACIONAL DE EXPOSIÇÃO
PARA USO EM AVALIAÇÕES DOSIMÉTRICAS EM GESTANTES
Autor: Manuela Ohana Monteiro Cabral
Orientadores: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima e Prof. Dr. José Wilson Vieira
RESUMO
Devido à radiossensibilidade embrionária/fetal, a estimativa precisa da distribuição da dose
absorvida na região abdominal é um problema adicional causado pela exposição de gestantes
às radiações ionizantes em aplicações médicas. Modelos Computacionais de Exposição
(MCEs) são utilizados para estimar a distribuição da dose absorvida em indivíduos expostos
às radiações ionizantes, por meio de simulações Monte Carlo (MC). Para a caracterização de
um MCE com resultados dosimétricos satisfatórios, o Grupo de Dosimetria Numérica (GDN)
tem utilizado, fundamentalmente, fantomas de voxels acoplados a códigos MC bem
referenciados, além de simuladores de fontes emissoras de fótons. Nestes MCEs, os fantomas
foram predominantemente construídos a partir de pilhas de imagens de ressonância magnética
ou tomografia computadorizada (obtidas da varredura de pacientes reais), ou a partir de
técnicas de modelagem 3D. O fantoma apresentado neste trabalho partiu de dados primários
virtuais. Para tanto, foram adquiridos objetos 3D em diversos formatos (*.obj, *.fbx, etc.) para
representação anatômica de uma adulta não grávida. Para a construção da representação fetal
foi utilizada a técnica Poly Modeling (modelagem poligonal) na versão 2015 do programa
Autodesk 3ds Max. O fantoma nomeado MARIA (Modelo Antropomórfico para dosimetria
das Radiações Ionizantes em Adultas) foi voxelizado, utilizando o software Digital Image
Processing (DIP), e acoplado ao código MC EGSnrc. Para completar o MCE apresentado
neste trabalho, foram utilizados algoritmos de fontes para radiodiagnóstico, já desenvolvidos
pelo GDN, para simular os exames mais frequentes em gestantes. Os resultados dosimétricos
foram comparados com similares obtidos com o software CALDose_X.
Palavras-chave: modelos computacionais de exposição, EGSnrc, fantoma de gestante,
fantoma mesh, radiodiagnóstico.
DEVELOPMENT OF AN EXPOSURE COMPUTATIONAL MODEL FOR USE IN
DOSIMETRIC EVALUATIONS IN PREGNANT WOMAN
Author: Manuela Ohana Monteiro Cabral
Advisors: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima and Prof. Dr. José Wilson Vieira
ABSTRACT
Due to the embryo/fetus radiosensitivity the accurate estimation of the absorbed dose
distribution in the abdominal area is an additional problem caused by the exposure of
pregnant women to ionizing radiation in medical applications. Exposure Computational
Models (ECMs) are used to estimate the values of absorbed dose in an exposed individual by
means of Monte Carlo (MC) simulations. To characterize an ECM with satisfaying dosimetric
results, the Grupo de Dosimetria Numerica (GDN) is using, mainly, voxel phantoms coupled
to a well referenced MC code, and simulators emitting photons. In this ECMs, the phantoms
were predominantly constructed from stacks of magnetic resonance images or computed
tomography (obtained from scans of real patients), or from 3D modeling techniques. The
phantom presented in this work departed from virtual primary data. For this, 3D objects in
several formats (*.obj, *.fbx, etc.) were acquired for anatomical representation of a non-
pregnant adult. To construct the fetal representation, the technique called Poly Modeling was
used in the 2015 version of the program Autodesk 3ds Max. The phantom named MARIA
(Modelo Antropomórfico para dosimetria das Radiações Ionizantes em Adultas) were
voxelized using the software Digital Image Processing (DIP) and coupled to the EGSnrc MC
code. In order to complete the presented ECM in this work, algorithms of sources were used
for radiodiagnostic, already developed by the GDN, to simulate the most frequent
examinations in pregnant women. The dosimetric results were compared with similar results
obtained with the software CALDose_X.
Keywords: exposure computational models, EGSnrc, pregnant phantom, mesh phantom,
radiodiagnostic.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Desenvolvimento humano da 5ª à 8ª semana, respectivamente. ............................. 21
Figura 2 – Vista externa e seções transversais da família de fantomas ORNL: recém-nascido,
1 ano, 5 anos, 10 anos, 15 anos e adulto. .......................................................................... 28
Figura 3 – Fantomas matemáticos representando o final do 3º, 6º e 9º mês de gestação,
respectivamente. ............................................................................................................... 29
Figura 4 – Estruturas modeladas dos fantomas matemáticos de Stabin e colaboradores. ........ 29
Figura 5 – Vista 3D frontal e lateral dos fantomas de voxels MAX06 e FAX06 e seus
respectivos esqueletos revisados. ..................................................................................... 31
Figura 6 – Corte, segmentação e construção de fantoma tomográfico de 30 semanas de
gravidez. ........................................................................................................................... 32
Figura 7 – Fantomas de voxels adultos do Homem e da Mulher de referência da ICRP 103. . 32
Figura 8 – Fantomas RPI-3, RPI-6 e RPI-9 representando 3, 6 e 9 meses de gestação,
respectivamente. ............................................................................................................... 34
Figura 9 – Vista frontal (a) dos fantomas mesh RPI-AM e RPI-AF, respectivamente, e crânio
masculino (b) convertido de mesh para voxels. ................................................................ 35
Figura 10 – Fantomas MASH e FASH nas versões mesh e voxel, respectivamente. .............. 36
Figura 11 – Fantomas pediátricos: Hermafroditas recém nascido e 1 ano (P00 e P01),
feminino e masculino de 5 anos (F05 e M05), feminino e masculino de 10 anos (F10 e
M10). ................................................................................................................................ 36
Figura 12 – Fantomas de voxels MAX (a) e MAXB (b) com seus respectivos esqueletos. .... 38
Figura 13 – Vista frontal 3D projetada num plano 2D dos fantomas de voxels MAXSB e
FASXSB, respectivamente. .............................................................................................. 38
Figura 14 – Vista frontal e lateral de fantomas híbridos pediátricos femininos para 50º
percentil de estatura e 10º, 25º, 50º, 75º e 90º percentil de massa corporal,
respectivamente. ............................................................................................................... 39
Figura 15 – Fantomas adultos femininos com 5º, 25º, 50º, 75º e 90º percentis de massa
corporal, respectivamente, e estatura padrão de 163cm. .................................................. 39
Figura 16 – Fantomas mesh femininos em função do 10º, 50º e 90º percentil de massa e
estatura. ............................................................................................................................. 40
Figura 17 – Vista 3D dos fantomas feminino (5 semanas) e masculino (12 anos),
respectivamente. ............................................................................................................... 41
Figura 18 – Quatro fantomas femininos adultos com diferentes BMIs para comparação. ...... 41
11
Figura 19 – Componentes de um poliedro................................................................................ 46
Figura 20 – Mesmo objeto sólido primitivo com com uma resolução crescente da malha para
maior suavidade na forma................................................................................................. 47
Figura 21 – Objetos 3D adquiridos para representação de uma adulta não grávida. ............... 49
Figura 22 – Uso da ferramenta SoftSelection. .......................................................................... 51
Figura 23 – Retângulos para referenciar cabeça (a), tronco (b) e membros inferiores (c). ...... 52
Figura 24 – Malha poligonal original (a), etapa de extrusão (b) e conexão de arestas (c). ...... 52
Figura 25 – Uso do modificador Symmetry para criação do lado oposto do cérebro. ............. 53
Figura 26 – Superfície do coração antes (a) e após (b) a aplicação do modificador
TurboSmooth. ................................................................................................................... 53
Figura 27 – Parte do arquivo binário (*.max) que compõe o fantoma MARIA....................... 54
Figura 28 – Parte do arquivo de texto (*.obj) que compõe o fantoma MARIA, com
informações sobre vértices (em vermelho), normais (em azul) e faces (em verde). ........ 54
Figura 29 – Interface do software DIP. Em detalhe, um dos menus utilizados........................ 55
Figura 30 – Caixa de diálogo com os dados de entrada utilizados para criação de pilhas .*sgi
com órgãos/tecidos voxelizados e exemplo dos arquivos de saída salvos. ...................... 56
Figura 31 – Menu para junção de N pilhas SGIs em um único arquivo SGI e caixa de diálogo
para inserção de uma lista ordenada de Ids. ..................................................................... 57
Figura 32 – Exemplo de uma estrutura voxelizada individualmente (a) e união de duas
estruturas em um único arquivo (b). ................................................................................. 58
Figura 33 – Uso do DIP para conversão do fantoma voxelizado (*.sgi) em um arquivo de
texto (*.data) para acoplamento ao código MC EGSnrc. ................................................. 59
Figura 34 – Fragmento do arquivo de entrada contendo informações definidas pelo usuário
para atender às simulações. .............................................................................................. 60
Figura 35 – Modificações nos arquivos do tipo *.make (a), *.makefile (b) e *.mortran (c) para
acoplamento do fantoma MARIA ao EGSnrc. ................................................................. 61
Figura 36 – Fragmento do arquivo *.mortran. Em destaque, órgãos/tecidos escolhidos para
modificação e posterior inclusão de estruturas fetais. ...................................................... 62
Figura 37 – Fragmento do arquivo *.mortran. Em destaque, órgãos/tecidos escolhidos para
modificação e posterior inclusão de estruturas fetais. ...................................................... 63
Figura 38 – Composições médias dos órgãos/tecidos que compõem o fantoma FASH. ......... 64
Figura 39 – Composições médias dos órgãos/tecidos que compõem o fantoma FASH. ......... 64
Figura 40 – Vistas frontal e lateral, respectivamente, da superfície do fantoma feminino não
grávido utilizado para modificação da região abdominal e caracterização de gravidez. . 66
12
Figura 41 – Uso da ferramenta SoftSelection para modificação da superfície abdominal do
fantoma não grávido. ........................................................................................................ 66
Figura 42 – Vistas frontal e lateral, respectivamente, da superfície do fantoma feminino com
alterações na região abdominal para caracterização de gravidez. .................................... 67
Figura 43 – Vistas frontal e lateral dos músculos transverso do abdome (a), oblíquo interno do
abdome (b), reto do abdome (c) e oblíquo externo do abdome (d). ................................. 68
Figura 44 – Vistas frontal e lateral dos músculos transverso do abdome (a), oblíquo interno do
abdome (b), reto do abdome (c) e oblíquo externo do abdome (d). ................................. 68
Figura 45 – Adequação da posição dos membros superiores e evolução da modificações
realizadas na região abdominal para caracterização de gravidez. .................................... 69
Figura 46 – Etapa anterior (a) e após (b) o uso do modificador Symmetry; Etapa anterior (c) e
após (d) o uso do modificador do TurboSmooth. ............................................................. 70
Figura 47 – Vistas anterior (a), lateral (b) e posterior (c) das estruturas fetais desenvolvidas. 71
Figura 48 – Vistas frontal e lateral do fantoma MARIA completo. Na imagem ampliada, os
músculos abdominais e estruturas fetais modeladas. ....................................................... 72
Figura 49 – Distribuição dos linfonodos voxelizados disponíveis para compor o MCE
MARIA (a) e distribuição utilizada em fantomas adultos de referência (b). ................... 73
Figura 50 – Visualização 2D de algumas estruturas da versão voxelizada do fantoma MARIA.
.......................................................................................................................................... 75
Figura 51 – Visualização 3D lateral (a) e frontal (b) do fantoma MARIA voxelizado. ........... 76
Figura 52 – Variação do tempo computacional em função do número de histórias. ............... 77
Figura 53 – Avaliação dos coeficientes de variância dos órgãos tireoide, pulmões e útero dos
MCE FSTA e MARIA em função do número de histórias. ............................................. 78
Figura 54 – Avaliação da D/INAK dos órgãos tireoide, pulmões e útero dos MCE FSTA e
MARIA em função do número de histórias. .................................................................... 79
Figura 55 – Arquivo de saída do CALDose_X com parâmetros acerca da posição da fonte,
largura e altura do campo a ser irradiado para exames de tórax e abdome. ..................... 81
Figura 56 – Arquivo *.egsinp com parâmetros disponíveis no CALDose_X para exames de
tórax, e abdome para realização de simulações com o MCE FSTA/EGSnrc e
MARIA/EGSnrc. .............................................................................................................. 81
Figura 57 – Avaliação da D/INAK entre órgãos em função da Energia para exames de tórax.
.......................................................................................................................................... 82
Figura 58 – Avaliação da D/INAK em função da Energia para um exame teórico de abdome.
.......................................................................................................................................... 83
13
Figura 59 – Avaliação da D/INAK em função da Energia para um exame de abdome de
rotina. ................................................................................................................................ 84
Figura 60 – Vista superior das estruturas fetais desenvolvidas no fantoma MARIA, expostas a
uma fonte com projeção PA. ............................................................................................ 84
Figura 61 – Avaliação da D/INAK nas estruturas fetais em função da Energia em exame de
abdome. ............................................................................................................................ 85
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fontes Disponíveis no código EGSnrc. .................................................................. 26
Tabela 2 – Massas dos órgãos dos fantomas matemáticos para a mulher sem gravidez e ao
final do primeiro, segundo e terceiro trimestres. .............................................................. 50
Tabela 3 – Órgãos e tecidos radiossensíveis e seus fatores de peso. ........................................ 73
Tabela 4 – Informações dos órgaos e tecidos presentes na versão voxelizada do fantoma
MARIA. ............................................................................................................................ 74
Tabela 5 – Comparação entre órgãos analisados dos fantomas MARIA e FASH. .................. 80
Tabela 6 – Avaliação da D/INAK de órgãos/tecidos do MCE MARIA em função da energia.
.......................................................................................................................................... 86
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................ 18
2.1 Grandezas e Unidades Dosimétricas ........................................................................... 18 2.1.1 Dose absorvida .............................................................................................................. 18
2.1.2 Kerma ........................................................................................................................... 19 2.1.3 Dose equivalente e fatores de ponderação dos tecidos ................................................. 19 2.1.4 Dose efetiva .................................................................................................................. 20
2.2 Efeitos da Radiação no Desenvolvimento do Embrião/Feto ..................................... 20
2.3 Métodos Monte Carlo em Dosimetria e Proteção Radiológica ................................. 23 2.4 Modelos Computacionais de Exposição ...................................................................... 24 2.4.1 Códigos Monte Carlo para uso em dosimetria ............................................................. 24
2.4.2 Algoritmos de fontes radioativas .................................................................................. 25 2.4.3 Fantomas antropomórficos ........................................................................................... 26 2.4.3.1 Fantomas matemáticos ........................................................................................................... 27 2.4.3.2 Fantomas de voxels ................................................................................................................ 30 2.4.3.3 Fantomas híbridos .................................................................................................................. 33 2.4.3.4 Fantomas mesh ....................................................................................................................... 34 2.4.3.5 Fantomas modificados ........................................................................................................... 37 2.4.4 Modelos Computacionais de Exposição desenvolvidos e/ou utilizados por
pesquisadores do DEN/UFPE ................................................................................................... 42
2.5 Softwares Utilizados em Dosimetria Numérica .......................................................... 44 2.6 Modelagem Poligonal para Uso em Dosimetria Numérica ....................................... 45
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................... 48
3.1 Materiais ........................................................................................................................ 48 3.2 Métodos .......................................................................................................................... 49 3.2.1 Processo de construção dos fantomas ........................................................................... 50 3.2.1.1 Modificação do fantoma adulto feminino não grávido .......................................................... 50 3.2.1.2 Desenvolvimento da representação fetal ............................................................................... 51 3.2.2 Manipulação de arquivos contendo fantomas ............................................................... 54 3.2.2.1 Voxelização de fantomas mesh ................................................................................................. 55 3.2.3 Acoplamento dos fantomas de voxels ao código Monte Carlo EGSnrc ....................... 59 3.2.3.1 Inclusão e modificação de estruturas........................................................................................ 61
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 65
4.1 Desenvolvimento do fantoma MARIA na versão mesh ............................................. 65 4.1.1 Modificação do fantoma adulto não grávido ................................................................ 65 4.1.1.1 Superfície do fantoma (Pele) .................................................................................................. 65 4.1.1.2 Sistema Muscular ................................................................................................................... 67 4.1.2 Desenvolvimento do fantoma fetal ............................................................................... 70
4.2 Desenvolvimento do fantoma MARIA na versão voxel ............................................. 72 4.3 Resultados dosimétricos ............................................................................................... 77
5. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS ........................................................ 87
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 88
16
1. INTRODUÇÃO
No que diz respeito à exposição de gestantes às radiações ionizantes em aplicações
médicas, a avaliação dosimétrica na região abdominal é de grande importância devido à
radiossensibilidade associada ao desenvolvimento embrionário e fetal. A frequência e a
magnitude de efeitos biológicos advindos das radiações ionizantes sobre o embrião ou feto
incluem morte, malformações, retardo de crescimento e mental, indução de malignidades e
defeitos hereditários (XU; ECKERMAN, 2009; ICRP 90, 2003). Estes efeitos diferem de
acordo com o tipo de radiação, a idade gestacional em que houve exposição e a dose
absorvida pelo embrião (ICRP 84, 2000).
Para estimar a distribuição de dose equivalente em órgãos e tecidos humanos, com o
intuito de avaliar a dose efetiva decorrente da radiação, são utilizados Modelos
Computacionais de Exposição (MCEs). Para caracterizar um MCE com resultados
dosimétricos satisfatórios, o Grupo de Dosimetria Numérica (GDN) tem utilizado,
essencialmente, fantomas computacionais antropomórficos, algoritmos simuladores de fontes
radioativas (internas e externas) e códigos Monte Carlo (MC).
Os fantomas computacionais têm suas estruturas anatômicas construídas a partir de
técnicas de modelagens baseadas em mapa de bits e/ou vetores. Os primeiros trabalhos
desenvolvidos para fins dosimétricos utilizaram representações matemáticas simplificadas.
Posteriormente, foram desenvolvidos fantomas a partir de imagens de ressonância magnética
(IRM) e/ou de tomografia computadorizada (TC), obtidas da varredura de pacientes ou
cadáveres. Estes fantomas, nomeados tomográficos ou de voxels, reproduzem com mais
eficácia a complexidade da anatomia humana quando comparados aos fantomas matemáticos.
Atualmente tem se intensificado a produção de fantomas de malhas poligonais (mesh), a partir
de modelagem 3D, e algumas publicações sobre o acoplamento destes fantomas diretamente a
codigos MC já estão disponíveis (HAN et al., 2013). Para avaliar a distribuição de dose em
simulações envolvendo mulheres grávidas, é preciso desenvolver novos fantomas ou adaptar
os fantomas padrões já existentes.
Neste trabalho o objetivo principal consistiu em desenvolver um fantoma
computacional mesh, para representação de uma mulher em estágio gestacional, por meio da
técnica Poly-Modeling (modelagem poligonal). Este fantoma de malha, nomeado MARIA
(Modelo Antropomórfico para dosimetria das Radiações Ionizantes em Adultas), foi
convertido em voxels, utilizando o software Digital Image Processing (DIP) (VIEIRA;
LIMA, 2009), e acoplado ao código MC EGSnrc (KAWRAKOW; ROGERS, 2003). Para
17
completar o MCE, foram utilizados algoritmos de fontes externas, disponíveis no GDN
(VIEIRA, 2004), para investigar o comportamento qualitativo das curvas de Dose
Equivalente/Kerma no ar em função das energias de fótons, para simular os exames mais
frequentes em gestantes. Os resultados dosimétricos foram comparados com similares obtidos
com o software CALDose_X (KRAMER et al., 2008).
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo está dividido em cinco partes que apresentarão as referências relevantes
para o desenvolvimento deste trabalho. A primeira tem por tema as grandezas e unidades
dosimétricas; a segunda descreve os efeitos da radiação no desenvolvimento do embrião/Feto;
a terceira aborda os métodos Monte Carlo em dosimetria e proteção radiológica; a quarta, os
Modelos Computacionais de Exposição; e a quinta trata dos softwares utilizados para
processamento de imagens e dosimetria.
2.1 Grandezas e Unidades Dosimétricas
Qualquer discussão a respeito dos efeitos da radiação ionizante demanda uma clara
compreensão sobre como é feita a dosimetria. Para tratar das questões relativas às grandezas e
unidades de dosimetria das radiações, critérios de medidas, normas de proteção radiológica e
limites de exposição à radiação a indivíduos ocupacionalmente expostos, são utilizadas as
normas disponíveis por autarquias internacionais como Comissão Internacional de Unidades e
Medidas de Radiação (ICRU – International Commission on Radiation Units and
Measurements) e Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP – International
Commission on Radiological Protection), e no Brasil, Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN).
2.1.1 Dose absorvida
A dose absorvida DT, grandeza física básica usada na proteção radiológica, refere-se à
energia que foi absorvida pelo meio, a partir da liberação de partículas carregadas. É definida
como a razão entre a energia média dE depositada pela radiação ionizante na matéria e sua
massa dm, (ICRP 103, 2007)
DT =𝑑𝐸
𝑑𝑚 (1)
De acordo com o sistema internacional de medidas (SI), a unidade de dose absorvida é
o Joule por quilograma (J/kg), ou Gray (Gy) e 1 Gy equivale a 100 rad (radiation absorbed
dose = dose absorvida de radiação).
19
2.1.2 Kerma
O kerma (Kinetic Energy Released per unit MAss) refere-se à energia do fóton que foi
transferida ao meio no momento da interação, através de colisões, ionizações ou excitações,
por unidade de massa. É o quociente dETR por dm, onde dETR é a soma de todas as energias
cinéticas iniciais de todas as partículas carregadas liberadas por partículas neutras ou fótons,
incidentes em um material de massa dm (ICRP 103, 2007). O kerma inclui a energia recebida
pelas partículas carregadas, que pode ser dissipada localmente nas sucessivas colisões com
outros elétrons (kerma de colisão), ou na produção de radiação de freamento
(bremsstrahlung), longe do local de incidência (kerma de radiação).
K =dETR
dm (2)
De acordo com o SI, a unidade do kerma é a mesma unidade usada para a dose
absorvida, J/kg ou Gy, entretanto, a diferença entre kerma e dose absorvida é que o kerma
depende da energia total do fóton que foi transferida ao meio no momento da interação,
enquanto que a dose absorvida depende da energia média que foi absorvida pelo meio, a partir
da liberação de partículas carregadas.
2.1.3 Dose equivalente e fatores de ponderação dos tecidos
Diferentes tecidos do corpo têm efeitos biológicos variados aos tipos de radiação para
uma mesma dose absorvida. Por isso, a dose equivalente foi criada para possibilitar a
comparação desses efeitos para diferentes tipos de radiação, sabendo que a probabilidade de
efeitos estocásticos que resultam de uma dada dose equivalente dependerá geralmente do
tecido/órgão particular irradiado.
A grandeza dose equivalente no tecido/órgão HT é obtida através do somatório das
doses médias absorvidas em um meio DT,R, ponderadas por um fator de peso adimensional da
radiação wR, ou fator de ponderação da radiação, relativo ao tipo e energia da radiação
incidente R (ICRP 103, 2007) e é expressa por:
HT = ∑ wRDT,RR (3)
20
A unidade no SI de dose equivalente é denominada Sievert (Sv) e 1 Sv equivale a 100
rem (roentgen equivalent man, o equivalente em roentgen no homem).
2.1.4 Dose efetiva
A probabilidade de ocorrência de efeitos estocásticos em um indivíduo irradiado é
representada pela dose efetiva E, que é definida como a soma das doses equivalentes
ponderadas nos diversos órgãos e tecidos. Onde HT é a dose equivalente no tecido/órgão e wT
é o fator de ponderação do tecido/órgão e ∑ wT = 1.
E = ∑ wTHTT (4)
A unidade no SI é o Sievert (Sv). Os valores de HT e wT para os tecidos/órgãos para o
cálculo da dose efetiva estão tabelados na publicação 103 da ICRP (ICRP 103, 2007).
2.2 Efeitos da Radiação no Desenvolvimento do Embrião/Feto
As terminologias usadas para descrever os períodos de desenvolvimento do
embrião/feto são conhecidas na literatura como: período de pré-implantação, período
embrionário e período fetal. Para fins dosimétricos, os períodos de pré-implantação e
embrionário são normalmente referenciados como período embrionário.
O termo Embrião compreende o primeiro estágio de desenvolvimento humano e se
estende até o final da 8ª semana (aproximadamente 56 dias). A partir da 9ª semana e até o
nascimento, o ser humano em desenvolvimento é chamado de Feto. A pré-implantação é a
fase desde a fertilização até o início da implantação, que geralmente ocorre em 8 dias. A
fertilização ocorre na tuba uterina e é seguida por uma série de estágios embrionários. A
implantação do embrião no endométrio inicia uma série de acontecimentos que conduzem à
formação das estruturas de placenta iniciais e todo o período que abrange da fertilização à
implantação leva cerca de duas semanas. Durante o período embrionário, uma extensa
diferenciação celular ocorre e a partir de uma única célula se dá a formação de estruturas
essenciais, os órgãos. Este período, conforme ilustrado na Figura 1, é conhecido por
organogênese e dura até a 8ª semana (GRAAF, 2003). O período fetal é uma continuação do
21
crescimento, desenvolvimento e maturação dos sistemas de órgãos formados durante a fase da
organogênese.
Figura 1 – Desenvolvimento humano da 5ª à 8ª semana, respectivamente.
Fonte: GRAAF, 2003.
Embriões irradiados no estágio da pré-implantação, normalmente são induzidos à
morte fetal ou completo reparo do dano causado (regra do tudo ou nada, “all-or-none-rule”)
(RUSSEL, 2002). Durante o período de maior organogênese, tanto é possível um aborto
precoce/espontâneo, quanto o desenvolvimento normal (IAEA, 2010). De acordo com a lei de
Bergonié e Tribondeau (BERGONIÉ; TRIBONDEAU, 1906), sabe-se que “são mais
radiossensíveis as células que exibem maior atividade mitótica e/ou menor grau de
diferenciação”, assim, quanto maior o grau de diferenciação celular, menor a taxa de divisão e
menores são as possibilidades de morte celular induzida pela radiação; e quanto menor a
diferenciação celular maior a probabilidade de indução de morte por ação das radiações
ionizantes.
As células, por serem indiferenciadas, são muito radiossensíveis durante a fase de
desenvolvimento embrionário e fetal e, principalmente, durante o tempo de desenvolvimento
do cérebro. Quando um pequeno número de células sofre lesões, células diferenciadas sofrem
processo de desdiferenciação com o intuito de reconstituir um órgão ou tecido lesado
(YANNICK, 2003). Portanto, as células lesadas podem ser repostas pelas células não
atingidas e, neste caso, o embrião se desenvolverá normalmente, mas caso o número de
células lesadas seja grande e com isso haja impossibilidade de reposição, o embrião será
eliminado.
Um estudo sobre a radiossensibilidade do ser humano durante a gestação foi feito em
Hiroshima e Nagasaki. Mais de 1.500 crianças nascidas entre Setembro de 1945 e Março de
1946 foram investigadas em intervalos regulares entre 1948 e 1964 para estudar os efeitos das
doses de radiação entre 0,01 e 1 Gy sobre o desenvolvimento intra-uterino, em diferentes
22
fases da gravidez (OTAKE; SCHULL, 1998). Segundo este estudo, foi demonstrado que a
exposição à radiação ionizante durante a gestação tem efeitos nocivos sobre o
desenvolvimento do cérebro. Os dados sobre a ocorrência de retardo mental grave, bem como
variação de quociente de inteligência (QI) e desempenho na escola mostram efeitos
significativos nos sobreviventes expostos entre a 8ª e a 25ª semana após a ovulação. Foi
demonstrado também que a radiação pode induzir diminuição no tamanho da cabeça e
indivíduos com medidas antropométricas (altura, peso e circunferência do peito) menores do
que as de um indivíduo normal com mesma idade, sujeitos a um atraso de crescimento
generalizado.
A revisão da publicação 90 (ICRP 90, 2003) contém dados obtidos em experimentos
com animais relacionados com o risco de câncer in-utero devido à irradiação. Avalia também,
além do risco de câncer in-utero, uma série de estudos com seres humanos quanto aos efeitos
da radiação sobre o desenvolvimento cerebral e possível aumento em todos os tipos de câncer
infantil. Quanto aos riscos de indução de câncer e malformações por irradiação, a publicação
afirma que estes são improváveis no período de pré-implantação, sendo maiores durante o
período de maior organogênese, com um limite de dose estimada de cerca de 0,1 Gy. O risco
de redução de QI entre a 8ª e 15ª semana após a ovulação é de cerca de 30 pontos de QI por
Sv. Assumindo uma distribuição de Gauss de QI na população, a indução de atraso mental
severo é propensa à associação com mudanças de QI, assim, com irradiação de 1 Sv, a
probabilidade de atraso mental severo após irradiação entre a 8ª e 15ª semana após a ovulação
é estimada em 40%. Para a indução de câncer in-utero, é provável que o risco exista a partir
do início do período de maior organogênese e o risco de câncer fatal é algumas vezes maior
do que para a população como um todo.
Em suma, a questão de um limiar para a ocorrência de um ou mais dos seguintes
efeitos, permanece incerta, porém, os dados da ICRP 90 (ICRP 90, 2003) confirmam: há
sensibilidade embrionária para efeitos letais da radiação no período de pré-implantação; a
maior sensibilidade se dá durante o período de organogênese, com um limite de dose
verdadeiro de 0,3 Gy, mas não afirmam com certeza se existem riscos significativos para a
saúde após o nascimento; os riscos de indução de malformação em doses baixas é reduzido;
para a indução de câncer pré-natal, é sensato assumir que o risco de indução de tumores
sólidos na infância será semelhante ao de leucemia; que o risco de câncer tardio durante a
vida será semelhante ao advindo de irradiação na infância; e que não há fatores de ponderação
de tecidos para o embrião/feto para uso na estimativa de riscos in-utero das radiações.
23
2.3 Métodos Monte Carlo em Dosimetria e Proteção Radiológica
Por definição, métodos Monte Carlo (MC) são técnicas numéricas, de sorteios, que
utilizam números aleatórios por meio de sistemas estocásticos naturais ou por equações
integrais e diferenciais, para calcular quantidades de interesse. Para obter resultados
confiáveis, é necessário conhecer as várias características necessárias a qualquer bom
planejamento de uma simulação, como: caracterizar o problema e apresentar o sistema a ser
simulado para solução; identificar e, explicitamente, definir as Funções Densidade de
Probabilidade (FDP) envolvidas na simulação; estabelecer os métodos para amostrar todas
essas FDP; e, finalmente, compreender e traduzir os resultados fornecidos pela simulação
(VIEIRA, 2001).
Os métodos MC vêm sendo utilizados para resolver problemas em diversas áreas,
desde a simulação de fenômenos físicos complexos, como a radiação transportada na
atmosfera terrestre e o estudo de processos nucleares em experimentos de altas energias, a
simulações mais simples, como um jogo de roleta (VIEIRA, 2001). São computacionalmente
efetivos e bastante utilizados em operações de procura, em transporte de radiação (onde
podem surgir problemas com mais de sete dimensões) e, especialmente, em física estatística e
química (onde sistemas com centenas ou milhares de partículas podem ser tratados
rotineiramente).
Em um caso específico como a simulação do transporte da radiação e sua interação
com a matéria, por exemplo, a ideia principal é desenvolver um modelo tão similar quanto
possível ao sistema real de interesse (o corpo humano, por exemplo), e realizar simulações de
interações por meio de amostragens de variáveis aleatórias. O conjunto de eventos que ocorre
com uma determinada partícula, desde o momento em que ela é emitida pela fonte, até o
momento em que ela é absorvida ou escapa do sistema, é denominado de história da partícula.
Essas histórias são geradas por meio de amostragens das FDP. À medida que o número de
histórias das partículas simuladas aumenta, as incertezas estatísticas das grandezas de
interesse diminuem. Em uma simulação, não há solução exata do problema, mas o que se
espera é uma boa estimativa do valor exato à medida que um número suficientemente grande
de amostragens é processado.
Os métodos MC utilizados em alguns trabalhos que envolvem radiações ionizantes e
suas interações com o corpo humano, estão associados ao desenvolvimento e/ou uso de três
componentes principais: fantomas antropomórficos, códigos de transporte de radiações
24
ionizantes e algoritmos simuladores de fontes radioativas para obtenção de resultados
dosimétricos. Assim, o Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de
Pernambuco (DEN/UFPE) em parceria com o Grupo de Dosimetria Numérica (GDN) tem
contribuído de forma intensa no desenvolvimento de modelos computacionais de exposição,
cuja definição dos componentes e utilização são abordados a seguir.
2.4 Modelos Computacionais de Exposição
Por medidas de radioproteção, é impraticável a utilização de um ser humano in vivo
para experimentos que envolvam radiações ionizantes. Portanto, para dosimetria
computacional são utilizados Modelos Computacionais de Exposição (MCEs), sucintamente
definidos como simuladores antropomórficos (fantomas) acoplados a códigos de transporte de
radiação e que utilizam algoritmos de fontes radioativas (VIEIRA, 2004). Diversos trabalhos
utilizando MCEs para fins dosimétricos foram desenvolvidos por pesquisadores do
DEN/UFPE e do GDN, como fantomas adultos, infantis e modificados, disponíveis em
http://www.caldose.org/.
Os códigos MC comumente utilizados em avaliações dosimétricas, os algoritmos
simuladores das fontes radioativas e os fantomas antropomórficos são apresentados nesta
seção.
2.4.1 Códigos Monte Carlo para uso em dosimetria
É fundamental o uso de um código MC bem referenciado, atualizado a cada nova
versão e, portanto, confiável para utilização em pesquisa de dosimetria numérica. Aqui são
citados os principais códigos MC utilizados em dosimetria e suas principais características.
GEANT4 (AGOSTINELLI et al., 2003): O GEometry ANd Tracking simula o transporte
de nêutrons, fótons e elétrons em qualquer meio para geometrias especificadas pelo
usuário. Suas áreas de aplicação incluem física nuclear, física de altas energias,
aceleradores, física médica e ciência espacial.
MCNPX (BRIESMEISTER, 1993): O Monte Carlo N-Particle eXtended é um código de
propósito geral que pode ser usado para simular o transporte de nêutrons, fótons e elétrons,
em qualquer meio e para geometrias generalizadas. Na versão 2.5 foram incluidos os
25
prótons no campo de física médica e proteção radiológica e adicionada a capacidade de
transportar 34 novos tipos de partículas.
PENELOPE (SALVAT et al., 2011): O Penetration and ENErgy LOss of Positrons and
Electrons in matter que, de início, simulava apenas o transporte de elétrons e pósitrons e,
em versões posteriores, passou a simular o transporte de fótons. As energias usadas variam
de 1 keV (1000 eV para elétrons e pósitrons) a 1 GeV.
EGSnrc (KAWRAKOW; ROGERS, 2003): O Electron-Gamma Shower (V4 2.4.0) –
versão ampliada e melhorada do pacote EGS4 (NELSON et al., 1985) – possui linguagem
de programação Mortran e é um pacote para a simulação MC de transporte acoplado fóton-
elétron na faixa de energia que varia de 1 keV até 10 GeV. EGSnrc é o membro mais
moderno da família de códigos Electron-Gamma Shower (EGS), foi originalmente
desenvolvido no Stanford Linear Accelerator Center e ainda está em constante
desenvolvimento pelo National Research Council of Canada (NRC). A versão NRC,
oferece maior exatidão e precisão na mecânica de transporte de partículas carregadas e nos
dados de seção transversal de espalhamento atômico.
2.4.2 Algoritmos de fontes radioativas
As fontes radioativas podem ser classificadas como internas ou externas quando se
trata de dosimetria no corpo humano. A contribuição do DEN e do GDN para o
desenvolvimento e utilização de fantomas é vasta e membros de ambos os grupos, além de
utilizarem códigos MC bem estabelecidos na comunidade científica, têm desenvolvido e/ou
utilizado algoritmos simuladores de fontes radioativas externas e internas (LOUREIRO, 2002;
KRAMER et al., 2003, 2004; SANTOS, A., 2006; LEAL NETO, 2007; CASSOLA, 2007;
LOPES FILHO, 2007; COSTA, 2008; MENEZES, 2008; PEIXOTO, 2008; BARBOSA,
2010; CASSOLA, 2011; LIMA, 2011; KRAMER et al., 2012; LIMA et al., 2011; SANTOS,
M., 2013; ALVES, 2013).
Simular a irradiação de um fantoma utilizando um algoritmo de fonte radioativa, para
gerar o estado inicial das partículas, é um processo estatístico e quase sempre resulta em obter
uma função densidade de probabilidade (FDP) característica de cada caso simulado. As
variáveis que compõem o estado inicial a ser implementado pelo algoritmo da fonte são:
26
energia e posição inicial da partícula (x, y, z) e a direção inicial de voo (cosα, cosβ, cosγ)
(LEAL NETO, 2007).
Em 2004, Vieira realizou simulações MC para análise envolvendo 13 algoritmos de
fontes emissoras externas com formatos do tipo pontual, linear, planar e volumar. A Tabela 1
mostra os identificadores e os nomes destes algoritmos.
Tabela 1 – Fontes Disponíveis no código EGSnrc.
Identificador da fonte Descrição da fonte
1 Paralela, AP (anterior-posterior)
2 Paralela, PA (posterior-anterior)
3 Paralela, LD (lateral direita)
4 Paralela, LE (lateral esquerda)
5 Paralela, Rotacional
6 Pontual, AP (anterior-posterior)
7 Pontual, PA (posterior-anterior)
8 Pontual, LD (lateral direita)
9 Pontual, LE (lateral esquera)
10 Pontual, Rotacional
11 Isotrópica no Espaço (4)
12 Isotrópica no Hemisfério Superior (2)
13 Isotrópica num Plano Circular
14 Exposição Interna
Fonte: VIEIRA, 2004.
Quatro MCEs, compostos pelo o código MC EGSnrc e pelos fantomas de voxels
MASH e FASH, estão disponíveis em duas posições: ortostática (MSTA e FSTA - M/Fash
STAnding) e decúbito dorsal (MSUP e FSUP (M/Fash SUPine). Além disto, todos os MCEs
contêm fontes para simulação em dosimetria interna e externa, portanto, o FSTA e o FSUP se
tornaram úteis neste trabalho.
2.4.3 Fantomas antropomórficos
A compreensão das técnicas de modelagem é importante porque cada uma delas foi
predominantemente adotada pela comunidade de pesquisa durante um período específico do
INCLUIR
27
desenvolvimento. Os fantomas computacionais existentes para simulações são categorizados
em: fantomas matemáticos, fantomas tomográficos (de voxels), fantomas híbridos e fantomas
de malhas poligonais (mesh).
2.4.3.1 Fantomas matemáticos
Os primeiros fantomas que representavam o corpo humano eram, em sua maioria,
descritos por expressões matemáticas que representam combinações e intersecções de planos,
elipsoides, cones, cilindros circulares e elípticos e toros e, por isso, foram chamados fantomas
matemáticos ou estilizados.
Em 1969, Snyder e colaboradores desenvolveram um fantoma hermafrodita
antropomórfico de um adulto para uso em dosimetria interna, MIRD (Medical Internal
Radiation Dose Committee), revisado em 1975 e nomeado MIRD-5 (SNYDER et al., 1969;
1978). Embora baseado no Homem de Referência da ICRP (ICRP 23, 1975), o MIRD-5
possuía ovários e útero. Frações absorvidas foram úteis para calcular a dose nestes órgãos e
no início do desenvolvimento de embriões/fetos, embora a massa do fantoma (70 Kg) seja
consideravelmente maior do que o de uma mulher de referência (58 Kg).
Em 1973, Cloutier e colaboradores (CLOUTIER et al., 1973) desenvolveram um
fantoma estilizado modificado, que representa a mulher em período gestacional, por meio da
redução de todas as dimensões do Homem de Referência por 0,94 (a raiz cúbica da relação
das massas corporais da Mulher e do Homem de Referência). Nove versões de útero foram
modeladas para representação de nove meses gestacionais e as mudanças acerca do
movimento dos órgãos circunvizinhos das estruturas fetais, até o final do primeiro trimestre,
não foram significativas, pois o movimento do feto no útero foi considerado variável
diariamente. Assim, a dose média para o feto foi assumida como sendo aproximadamente
igual à dose média para o conteúdo uterino. Para estimar o máximo e o mínimo de dose
recebida pelo feto a partir da atividade na bexiga, Cloutier e colaboradores dividiram o
modelo do útero em doze compartimentos e, para cada um deles, foram calculadas frações
absorvidas para os nove meses de gestação (WATSON, 1992). Mesmo após diversas
simulações para avaliação de dose com fótons na faixa de energia de 0,02 MeV a 4,0 MeV, e
obtendo resultados satisfatórios, representar a mulher grávida por meio de um fantoma
estilizado com ambos os sexos não faz destes resultados plenamente satisfatórios.
Em 1980, Cristy desenvolveu uma nova série de modelos estilizados modificados que
incluía um adulto, um recém-nascido, e indivíduos de idades de 1 ano, 5, 10 e 15 anos
(CRISTY, 1980; CRISTY; ECKERMAN, 1987), desenvolvidos a partir de dados
28
antropomórficos (pernas, tronco e cabeça) e de massas de órgãos especificamente para cada
idade publicados na ICRP 23, conforme mostrado na Figura 2. Nos fantomas mais jovens, a
cabeça é relativamente maior, quando comparada ao restante do corpo, as pernas menores, e o
tronco mais espesso. A geometria dos órgãos pode mudar drasticamente desde o nascimento
até a idade adulta. O fantoma de 15 anos (15-AF) tem seios apropriados para uma fêmea
adulta de referência, que não são mostrados.
Figura 2 – Vista externa e seções transversais da família de fantomas ORNL: recém-nascido, 1
ano, 5 anos, 10 anos, 15 anos e adulto.
Fonte: CRISTY; ECKERMAN, 1987.
Os modelos da série desenvolvida por Cristy eram hermafroditas, porém a necessidade
de separação dos sexos para cálculos de dose para fontes externas não tardou, uma vez que o
corpo da mulher é menor em tamanho em relação ao homem e há a presença de órgãos
radiossensíveis importantes para dosimetria. Assim, baseados no MIRD-5 e nos dados da
ICRP (ICRP 23, 1975), em 1982 foram desenvolvidos ADAM e EVA (KRAMER et al.,
1982), modelos masculino e feminino para representação de indivíduos em posição
ortostática e utilizados para realizar cálculos dosimétricos utilizando diferentes códigos MC.
A partir do fantoma 15-AF da série de Cristy, que representa o homem e a mulher de
15 anos de idade, Stabin e colaboradores (STABIN et al., 1995) criaram três modelos para
mulher grávida. Os órgãos e regiões foram modificados e, além do feto, foram acrescentados
29
o esqueleto fetal e a placenta. Os três modelos desenvolvidos por Stabin e colaboradores,
conforme mostrado na Figura 3, representam o final de cada trimestre de gestação,
similarmente à metodologia descrita por Cloutier e colaboradores (CLOUTIER et al., 1973).
Figura 3 – Fantomas matemáticos representando o final do 3º, 6º e 9º mês de gestação,
respectivamente.
Fonte: STABIN et al., 1995.
O conteúdo uterino do fantoma de 3 meses de Stabin foi modelado como uma mistura
homogênea de tecidos moles. Nenhuma tentativa foi feita para que a presença de material
esquelético se modificasse com o tempo de gestação, uma vez que o feto está em constante
desenvolvimento, entretanto os conteúdos uterinos foram utilizados para representar o feto
neste fantoma. Nos fantomas de 6 e 9 meses, o feto, o esqueleto fetal, a placenta e a bolsa
amniótica foram modelados como regiões separadas, conforme mostra a Figura 4.
Figura 4 – Estruturas modeladas dos fantomas matemáticos de Stabin e colaboradores.
Fonte: STABIN et al., 1995 (Adaptado).
30
Todo o tronco do corpo foi estendido para acomodar o útero aumentado e alguns dos
órgãos abdominais foram redesenhados ou movidos. Bexiga e intestino delgado foram
significativamente remodelados, para caracterizar o deslocamento destes durante a gravidez e,
no caso da bexiga, houve a diminuição no volume (XU; ECKERMAN, 2009).
Em 2004, Chen desenvolveu modelos matemáticos fetais para mulheres em quatro
períodos de gravidez (8 semanas e ao final do 3º, 6º e 9º meses gestacionais) para uso em
dosimetria externa (CHEN, 2004). Além do esqueleto fetal, Chen também modelou o cérebro,
cujos parâmetros estavam em conformidade com os valores de referência disponíveis na
época. Os modelos foram desenvolvidos de modo que uma interpolação pode ser facilmente
realizada para gerar um modelo de embrião/feto em determinada fase de desenvolvimento.
O uso de fantomas matemáticos possibilita a realização de simulações MC com grande
velocidade devido à sua simplicidade na representação, porém apresentam limitações quanto à
geometria das formas do corpo inteiro e dos órgãos individuais. Para estimativas mais efetivas
envolvendo fantomas padrões masculinos e femininos, bem como com órgãos/tecidos fetais
inclusos, eram necessários modelos mais realistas em relação à anatomia humana. A
construção de fantomas advindos de imagens médicas e, portanto, mais realistas, são
abordados a seguir.
2.4.3.2 Fantomas de voxels
Sem as limitações dos recursos computacionais do passado em termos de
processadores, memória e espaço de armazenamento, tornou-se possível a construção e uso de
novos modelos antropomórficos. Os fantomas de voxels são construídos por meio de pilhas
de imagens médicas, obtidas da varredura por tomografia computadorizada (TC) ou
ressonância magnética (RM) de pacientes reais. Devido a isto, os fantomas de voxels possuem
um maior realismo, quando comparados a fantomas matemáticos, e trazem resultados mais
precisos, apesar do maior tempo computacional para simulações.
Em 1995, Dimbylow (DIMBYLOW, 1995) desenvolveu um fantoma de voxels de
corpo inteiro, obtido através de RM de um homem adulto e segmentado em 37 tipos
diferentes de tecidos. Este fantoma foi nomeado NORMAN (NORmalized MAN) e as
dimensões foram determinadas de modo que a altura (1,76 m) e a massa (73 kg)
correspondesse aos valores do homem de referência da ICRP da época (ICRP 66, 1994).
31
Em 2003 e 2004, Kramer e colaboradores (KRAMER et al., 2003; 2004) produziram
dois fantomas chamados MAX (Male Adult voXel) e FAX (Female Adult voXel) para calcular
a dose equivalente em órgãos e tecidos para fins ocupacionais, médicos ou ambientais da
proteção radiológica. Ambos os modelos tiveram as massas individuais dos órgãos ajustadas
de acordo com a publicação 89 da ICRP (ICRP 89, 2002). Posteriormente, os esqueletos
foram segmentados em osso compacto, osso esponjoso, cavidade medular e cartilagem para
melhorar a compatibilidade com as recomendações da publicação 103 da ICRP (ICRP 103,
2007). Esses fantomas revistos, mostrados na Figura 5, ficaram conhecidos como MAX06 e
FAX06 (KRAMER et al., 2006).
Figura 5 – Vista 3D frontal e lateral dos fantomas de voxels MAX06 e FAX06 e seus respectivos
esqueletos revisados.
Fonte: KRAMER et al., 2006.
Vários fantomas de voxels que, a partir de fantomas padrões, representam a mulher em
período gestacional, podem ser encontrados na literatura. Em 2004, Shi construiu um fantoma
com 30 semanas de gravidez (~ 7 meses). Foram utilizados 70 cortes de TC de uma mulher
grávida de 31 anos e 91 kg (SHI, 2004; SHI; XU, 2004), conforme mostrado na Figura 6, e ao
segmentar as imagens, 34 órgãos e tecidos foram classificados. Shi realizou comparações com
o modelo matemático de 6 meses desenvolvido por Stabin e colaboradores.
32
Figura 6 – Corte, segmentação e construção de fantoma tomográfico de 30 semanas de gravidez.
Fonte: SHI, 2004.
A partir de NORMAN foi desenvolvido o fantoma de voxel feminino NAOMI
(aNAtOMIcal model) (DIMBYLOW, 2005) através de IRM de alta resolução, de uma
paciente do sexo feminino de 1,65m de altura, 23 anos de idade e 58 kg. O fantoma NAOMI
foi redimensionado para 1,63m de altura e 60 kg, dimensões da mulher de referência da ICRP
(ICRP 23, 1975), e dividido em 41 tipos diferentes de tecidos.
A publicação 103 da ICRP (ICRP 103, 2007) definiu formalmente que os fantomas
utilizados em dosimetria numérica devem ser do tipo voxels e em 2010, foram introduzidos
dois modelos oficiais representando o homem e a mulher adulta de referência da ICRP,
mostrados na Figura 7, nomeados ICRP-AM e ICRP-AF respectivamente.
Figura 7 – Fantomas de voxels adultos do Homem e da Mulher de referência da ICRP 103.
Fonte: ZANKL et al., 2012.
33
Inúmeros outros fantomas padrões e modificados para representação de gravidez
também foram desenvolvidos por meio de imagens médicas segmentadas para estudos com
radiações não ionizantes (XU; ECKERMAN, 2009).
Os fantomas de voxels configuram um grande avanço em representação humana para
fins dosimétricos. Apesar do maior realismo, quando comparados aos fantomas matemáticos,
possuem limitações quanto à resolução do voxel para segmentação correta de um determinado
órgão/tecido, por exemplo. O ajuste do volume das estruturas internas dos fantomas é um
processo possível, porém minucioso, uma vez que eventuais distorções podem ocorrer
dependendo do tipo de ajuste a ser realizado.
2.4.3.3 Fantomas híbridos
Para a dosimetria de radiação, todo fantoma deve definir a superfície de um órgão em
que as interações de radiação e deposições de energia devam ser calculadas traçando
partículas individuais. A construção destas estruturas deve considerar vários fatores, como
anatomia, radiossensibilidade, eficiência computacional e compatibilidade geométrica com
um código MC. O método de modelagem de fantomas por meio de Representação por
Fronteira (BREP - Boundary REpresentation Phantom) vem sendo utilizado por associar
imagens médicas a fantomas estilizados e/ou fantomas de malhas 3D, proporcionando mais
realismo e flexibilidade em representar variações anatômicas. As imagens médicas
servem para nortear o desenvolvimento em 3D, que utilizam superfícies NURBS (Non-
Uniform Rational Basis Spline), isto é, modelos matemáticos utilizados para
representação de curvas e superfícies, e malhas poligonais (mesh).
Seguindo a linha de modelagem híbrida, em 2006, Dimbylow criou uma série de
fantomas híbridos de mulheres grávidas (DIMBYLOW, 2006), compostos por um fantoma
feminino adulto não grávido de voxels (NAOMI) e um fantoma matemático fetal,
desenvolvido por Chen (CHEN, 2004). O fantoma fetal foi voxelizado a uma resolução
específica para que fosse possível coincidir com o fantoma não grávido NAOMI, ajustado de
acordo com a Mulher de Referência da publicação 89 da ICRP (ICRP 89, 2002). Dimbylow
observou que o processo de edição de voxels necessário para ajustar a sobreposição entre o
feto e certas estruturas anatômicas da mãe se tratava de um processo demorado e impreciso,
uma vez que envolve um grande número de voxels.
34
Em 2007, Xu e colaboradores (XU et al., 2007) desenvolveram uma série de fantomas
representando a mulher grávida, e seu feto, ao final de cada trimestre, isto é, no 3º, 6º e 9º
meses de gestação. Esses fantomas são conhecidos, respectivamente, como RPI-3, RPI-6 e
RPI-9, mostrados na Figura 8, e foram utilizados para dosimetria de radiações ionizantes.
Figura 8 – Fantomas RPI-3, RPI-6 e RPI-9 representando 3, 6 e 9 meses de gestação,
respectivamente.
Fonte: XU et al., 2007.
Os dados anatômicos para mãe e feto foram obtidos a partir de imagens de TC de uma
grávida de 30 semanas e os objetos 3D de determinados órgãos foram produzidos pela
comunidade de computação gráfica com o intuito de especificar, de forma mais precisa, as
formas, volumes e mudanças dos órgãos durante a gravidez. Apenas três conjuntos de tecidos
foram considerados para a construção dos modelos dos fetos: cérebro, esqueleto e tecido
mole.
2.4.3.4 Fantomas mesh
Os fantomas de malhas poligonais (mesh), desenvolvidos por meio de softwares de
modelagem 3D, têm sido muito utilizados devido à liberdade de criação de dados primários
para a construção de modelos antropomórficos. Assim, o uso de imagens médicas e/ou formas
geométricas não são necessários, pois a partir de um polígono qualquer e referências
detalhadas é possível a criação de qualquer estrutura.
Os primeiros fantomas mesh foram desenvolvidos em 2009 por Zhang e colaboradores
(ZHANG et al., 2009) e foram nomeados RPI-AM (masculino) e RPI-AF (feminino). O casal
de fantomas teve como dados primários objetos 3D adquiridos na internet, que foram
ajustados de acordo com os dados fornecidos pela publicação 89 da ICRP (ICRP 89, 2002)
para indivíduos de referência. Os fantomas mesh RPI-AM e RPI-AF (Figura 9a) tiveram suas
35
estruturas voxelizadas (Figura 9b) para acoplamento a um código MC e realização de
avaliações dosimétricas.
Figura 9 – Vista frontal (a) dos fantomas mesh RPI-AM e RPI-AF, respectivamente, e crânio
masculino (b) convertido de mesh para voxels.
Fonte: ZHANG et al., 2009.
Em 2010, Cassola e colaboradores (CASSOLA et al., 2010a) desenvolveram os
fantomas adultos MASH (masculino) e FASH (feminino), por meio de objetos 3D obtidos na
internet e outros modelados. Os fantomas apresentam suas massas ajustadas de acordo com os
valores fornecidos pela publicação 89 da ICRP (ICRP 89, 2002) para indivíduos de referência
e foram comparados com os fantomas MAX06, FAX06 (KRAMER et al., 2006), RPI-AM e
RPI-AF. Posteriormente, uma nova versão destes fantomas foi desenvolvida, desta vez,
representando indivíduos deitados (CASSOLA et al., 2010b). A Figura 10 mostra as versões
mesh e voxel dos fantomas MASH e FASH na posição ortostática.
O grupo no Institut de radioprotection et de sûreté nucléaire (IRSN) desenvolveu uma
série de 34 fantomas de torso feminino utilizando o software de modelagem 3D Rhinoceros
(FARAH et al., 2010a). Estes fantomas foram produzidos a partir de superfícies NURBS e
mesh, tendo como base os dados do fantoma adulto feminino de referência da ICRP. Os
fantomas possuem perímetros torácicos diferentes, bem como o tamanho e a composição do
tecido mamário.
(a) (b)
36
Figura 10 – Fantomas MASH e FASH nas versões mesh e voxel, respectivamente.
Fonte: CASSOLA et al., 2010a.
Os fantomas foram utilizados para otimizar o monitoramento dos pulmões a fim de
comparar os limites de detecção quando se trata de mulheres com grandes seios (FARAH et
al., 2010b). Em 2011, o grupo desenvolveu um fantoma de tórax masculino por meio de
superfícies NURBS e mesh para fins de simulação de medições in-vivo (FARAH et al., 2011).
Pesquisadores do Departamento de Energia Nuclear (DEN-UFPE) desenvolveram, em
2011, fantomas mesh pediátricos masculinos e femininos de 10 (M10 e F10) e 5 (M05 e F05)
anos de idade (LIMA, 2011) e, em 2013, fantomas hermafroditas recém-nascidos e de 1 ano
de idade (CASSOLA et al., 2013), conforme mostrados na Figura 11.
Figura 11 – Fantomas pediátricos: Hermafroditas recém nascido e 1 ano (P00 e P01), feminino e
masculino de 5 anos (F05 e M05), feminino e masculino de 10 anos (F10 e M10).
Fonte: LIMA, 2011; CASSOLA et al., 2013.
P00 P01 F05 M05 F10 M10
37
Em 2014, foi desenvolvida uma série de fantomas masculinos e femininos a partir de
objetos 3D, MAMP (Male Mesh Phantoms) e FEMP (Female Mesh Phantoms), criados no
Belgian Nuclear Research Centre (FONSECA et al., 2014). A série de fantomas foi
desenvolvida por meio de um banco de dados com medidas de 894 indivíduos residentes na
região de Flemish, na Bélgica. Foram analisadas 291 pessoas do sexo feminino e 603 do sexo
masculino, com idades entre 38 e 41 anos e altura entre 150 cm e 200 cm, respectivamente.
Após técnicas de amostragem para altura e peso, foi criado um total de 36 diferentes fantomas
mesh, 14 masculinos, que variam de 160 a 200 cm de altura, e 22 femininos, que variam de
150 a 190 cm.
Em alguns casos de desenvolvimento de fantomas mesh, os autores optam por
converter os objetos 3D em voxels para uso em simulações, uma vez que nem todos os
códigos MC permitem o acoplamento direto de fantomas de malhas. Assim, cada autor teve
sua metodologia para realizar o processo de voxelização e acoplamento ao código MC de
interesse.
2.4.3.5 Fantomas modificados
Na literatura, é possível encontrar diversos fantomas com os valores de referências
padrões da ICRP modificados com relação à massa corporal, estatura e posicionamento. Para
reduzir a incerteza nos cálculos de dose causada por variações anatômicas, uma nova geração
de fantomas de tamanhos e posições variados das estruturas corporais se fez necessária, nos
quais os dados anatômicos atendem a objetivos específicos de cada trabalho.
Em 2006, Santos (SANTOS, 2006) modificou o fantoma de voxels MAX para MAXB
(Male Adult voXel for Belarus accident) para permitir a avaliação da dose absorvida em
humanos expostos a fontes externas de radiação em situações acidentais. Este procedimento
foi realizado para reproduzir a postura do operador no momento da exposição. Para estimar a
dose, Santos acoplou o fantoma MAXB ao código MC EGS4. Na Figura 12 são visualizados
os fantomas e seus esqueletos antes (a) e depois (b) das modificações.
Em 2007, Leal Neto (LEAL NETO, 2007) desenvolveu uma interface gráfica de
usuário para MCEs e foram desenvolvidos os modelos do MAX e do FAX sem os braços
(MAXSB e FAXSB), conforme mostrados na Figura 13. Os fantomas foram utilizados em
simulações com o código EGS4 e fontes radioativas pontuais, para exames de tórax e abdome
com o paciente de perfil.
38
Figura 12 – Fantomas de voxels MAX (a) e MAXB (b) com seus respectivos esqueletos.
Fonte: SANTOS, 2006.
Figura 13 – Vista frontal 3D projetada num plano 2D dos fantomas de voxels MAXSB e
FASXSB, respectivamente.
Fonte: LEAL NETO, 2007.
Em 2009, Johnson e colaboradores (JOHNSON et al., 2009) desenvolveram fantomas
híbridos adultos e pediátricos modificados com alterações nos percentis de massa e estatura,
com base em dados antropométricos para a população americana
(http://www.cdc.gov/nchs/nhanes.htm). Exemplos dos fantomas femininos pediátricos de
Johnson, com diferentes percentis de massa corporal e altura podem ser vistos na Figura 14.
Os fantomas-base utilizados por Johnson e colaboradores para o desenvolvimento dos
fantomas modificados foram o RPI-AM e RPI-AF, fantomas mesh padrões masculino e
39
feminino, respectivamente, desenvolvidos por Zhang e colaboradores (ZHANG et al., 2009).
Ajustes na versão mesh foram realizados para que o RPI-AM e RPI-AF estivessem em
conformidade com os dados das publicações 23 e 89 da ICRP (ICRP 23, 1975; ICRP 89,
2002), e algoritmos de deformação foram aplicados para alcance dos parâmetros desejados.
Figura 14 – Vista frontal e lateral de fantomas híbridos pediátricos femininos para 50º percentil
de estatura e 10º, 25º, 50º, 75º e 90º percentil de massa corporal, respectivamente.
Fonte: JOHNSON et al., 2009.
Similarmente a Johnson, Na e colaboradores (NA et al., 2010) desenvolveram
fantomas mesh masculinos e femininos com diferentes índices de massa corporal e de mesma
estatura. Exemplos de fantomas femininos modificados são mostrados na Figura 15.
Figura 15 – Fantomas adultos femininos com 5º, 25º, 50º, 75º e 90º percentis de massa corporal,
respectivamente, e estatura padrão de 163cm.
Fonte: NA et al., 2010.
Em 2011, uma série de 40 fantomas mesh masculinos e femininos modificados foi
desenvolvida por Cassola (CASSOLA, 2011). Os fantomas foram desenvolvidos por
40
modelagem poligonal, em que quatro fantomas são padrões (dois modelos para cada gênero)
com posições ortostática e supina; e 36 fantomas antropométricos (18 modelos para cada
gênero nas posições ortostática e supina) com percentis modificados de estatura e massa
corporal. A Figura 16 mostra imagens de nove fantomas antropomórficos femininos de pé em
função do 10º, 50º e 90º percentil de massa e altura.
Figura 16 – Fantomas mesh femininos em função do 10º, 50º e 90º percentil de massa e estatura.
Fonte: CASSOLA, 2011.
Estes modelos têm sido utilizados para exposições de corpo inteiro e exposições em
radiologia utilizando o programa CALDose_X (KRAMER et al., 2008).
Também em 2011, Li e colaboradores (LI et al., 2011) desenvolveram fantomas
híbridos pediátricos, baseados nos modelos XCAT (eXtended Cardiac And Torso), de corpo
inteiro, onde o objetivo foi criar um método para estimar a dose de radiação específica do
paciente e o risco de câncer de exames de TC. O estudo incluiu dois pacientes (um paciente
do sexo feminino de 5 semanas de idade, e um paciente do sexo masculino de 12 anos de
idade), conforme mostrados na Figura 17, que foram submetidos a exames de TC de tórax,
abdome e pelve.
41
Figura 17 – Vista 3D dos fantomas feminino (5 semanas) e masculino (12 anos), respectivamente.
Fonte: LI et al., 2011.
Em 2013, Bond (BOND, 2013) utilizou o mesmo método para criar uma nova série de
fantomas XCAT, que incluem movimentos cardíacos e respiratórios com base em dados de
imagens TC existentes e superfícies NURBS. Foram desenvolvidos 58 modelos adultos
híbridos XCAT (eXtended Cardiac And Torso), de diferentes idades e massas, com o objetivo
de estimar a dose de radiação específica do paciente e o risco de câncer de exames de TC de
acordo com a idade e o sexo. A Figura 18 mostra 4 fantomas femininos adultos com
diferentes índices de massa corporal (mostrados através da sigla BMI – Body Mass Index).
Figura 18 – Quatro fantomas femininos adultos com diferentes BMIs para comparação.
Fonte: BOND et al., 2013.
É vasto o estado da arte em desenvolvimento de fantomas femininos de modo geral,
englobando suas criações a partir de modificações de fantomas padrões masculinos, suas
metodologias e geometrias diferenciadas. Diferentemente disto, fantomas especificamente
para a mulher grávida ainda precisam ser desenvolvidos ou melhorados. Pesquisadores de
42
vários países e centros de pesquisa, incluindo membros do DEN/UFPE e do GDN estão
atuando constantemente em novos desenvolvimentos de simuladores antropomórficos.
As modificações da anatomia da mulher durante a gravidez são constantes e não
incluem somente o aumento de estatura ou massa corpórea, mas aborda modificações mais
complexas nas estruturas da região abdominal, por inclusão do feto.
2.4.4 Modelos Computacionais de Exposição desenvolvidos e/ou utilizados por
pesquisadores do DEN/UFPE
O uso de um fantoma acoplado a um código MC bem referenciado, além de um
simulador da fonte emissora de radiação, é fundamental para a caracterização de um MCE. A
seguir, trabalhos realizados no DEN/UFPE e no GDN comprovam o uso de alguns dos
códigos anteriormente citados e as técnicas de modelagem mais utilizadas para construção dos
fantomas.
Loureiro e colaboradores, com intuito de completar o simulador de cabeça e pescoço
McvoxEL, acoplaram o fantoma de voxels a códigos MC que permitiram a simulação de
fontes radioativas internas e externas, utilizando os códigos MCNP e EGS4 para validar o
fantoma (LOUREIRO, 2002). Os dados primários para a construção do modelo foram obtidos
a partir de 55 imagens por TC de um homem adulto.
Em 2003 e 2004, Kramer e colaboradores desenvolveram os fantomas de voxels MAX
(KRAMER et al., 2003), baseado no fantoma de corpo inteiro VOX TISS8 (ZUBAL et al,
1994), e FAX (KRAMER et al., 2004). O MAX foi acoplado ao código de transporte MC
EGS4 por Vieira (VIEIRA, 2004). O FAX teve os volumes dos órgãos e tecidos ajustados
para estarem de acordo com a publicação 89 da ICRP para acoplamento ao código MC EGS4.
Em 2007, Cassola utilizou os fantomas MAX06 e FAX06 e os códigos MC GEANT4
e EGSnrc para avaliar as doses equivalentes em órgãos e tecidos radiossensíveis do corpo
humano. O algoritmo para a modelagem das fontes considerava o tipo da partícula primária,
sua energia inicial, suas coordenadas cartesianas do ponto de origem e o vetor diretor
(CASSOLA, 2007).
Ainda em 2007, Lopes Filho desenvolveu um MCE para estimar as frações
absorvidas, as frações absorvidas específicas e as razões entre dose equivalente e atividade
acumulada do Iodo 131, específico para pacientes submetidos ao tratamento de
radioiodoterapia. O modelo usado foi o fantoma de voxels FAX acoplado ao código MC
43
EGS4 e os algoritmos para simular as fontes radioativas internas foram baseados em imagens
de medicina nuclear (LOPES FILHO, 2007).
Em 2008, Costa também utilizou e acoplou os fantomas MAX e FAX ao código EGS4
a fim de realizar simulações típicas para radiodiagnóstico com raios-X (COSTA, 2008).
Ainda no mesmo ano, Peixoto desenvolveu um fantoma de voxels a partir de imagens CT de
um rato macho adulto típico e o acoplou ao código MCNP para determinar as frações
absorvidas para fontes internas de fótons e elétrons de várias energias (PEIXOTO, 2008).
Menezes desenvolveu o simulador CDO (Cartão Dosimétrico Odontológico), referenciado
como RDX, e acoplou ao EGS4 para o desenvolvimento de dispositivos de testes para
equipamentos de raios-X odontológicos intraorais, que poderiam ser utilizados para
radiodiagnóstico convencional (MENEZES, 2008).
Em 2010, Barbosa avaliou a dosimetria de tratamentos braquiterápicos permanentes de
baixa taxa de dose, para tratamentos de câncer de próstata. Foram utilizados o fantoma adulto
masculino MASH (Male Adult meSH) e o código MC EGSnrc, além de dados relativos a
tratamentos de braquiterapia de próstata em duas situações distintas para a distribuição das
sementes: com as emissões ocorridas em qualquer ponto da próstata ou em regiões específicas
relativas às posições das fontes braquiterápicas na simulação (BARBOSA, 2010).
Em 2011, nos 40 fantomas humanos de indivíduos adultos feminino e masculino,
desenvolvidos por Cassola (CASSOLA, 2011), foram realizados cálculos dosimétricos para
evidenciar as diferenças dosimétricas em função da postura, massa e altura, para exposições
de corpo inteiro e exposições com fonte de fótons em projeção ântero-posterior após
acoplamento com o código MC EGSnrc e uso do programa Caldose_X. Neste mesmo ano,
Lima (LIMA, 2011) desenvolveu dois casais de fantomas mesh de crianças com 5 anos e 10
anos de idade e as versões voxelizadas destes fantomas foram acopladas ao código MC
EGSnrc, também para avaliações dosimétricas. Ainda em 2011, Lima e colaboradores
desenvolveram um sistema computacional (software VAP3D) (LIMA et al., 2011) para
simular irradiação externa para várias energias, distância fonte-detector e projeções,
utilizando o fantoma adulto feminino FASH (Female Adult meSH) acoplado ao código MC
EGSnrc; simulou tumores localizados e utilizou os resultados dosimétricos de irradiações
externas para simular radiografias do corpo em planos e profundidades variadas.
Em 2013, Santos utilizou o fantoma MASH acoplado ao código MC EGSnrc para
estimar dose em simulações de braquiterapia ocular (SANTOS, 2013) utilizando um modelo
de fonte radioativa do I-125. Ainda em 2013, Alves desenvolveu um sistema computacional
44
para edição de objetos 3D usados para modelagem do fantoma MASH acoplado ao código
MC EGSnrc fazendo uso de um algoritmo de uma fonte de Ir-192 para simular um tratamento
braquiterápico de um câncer na porção média do esôfago (ALVES, 2013).
2.5 Softwares Utilizados em Dosimetria Numérica
Na construção de fantomas computacionais algumas etapas requerem ferramentas
específicas. Quase sempre, todas as necessidades não são encontradas em um único software.
A seguir são apresentados os softwares que permitiram o desenvolvimento de vários trabalhos
em dosimetria numérica.
DIP (Digital Image Processing) (VIEIRA; LIMA, 2009): O software possui
ferramentas para a construção e edição de fantomas, tais como: conversão de arquivos
do tipo *.raw de 8 bits em pilhas de imagens do tipo *.sgi (Simulações Gráficas
Interativas), bem como de arquivos *.obj para *.txt; troca de números identificadores
(Ids); reamostragens de pilhas *.sgi sem deformações, como também exclusão/adição
de fatias, linhas e colunas destas; construção de volumes a partir de voxels-sementes em
posições pré-definidas e técnicas MC para posicionar voxels em torno das sementes;
conversão de estruturas voxelizadas em um arquivo de texto lido por códigos de
simulação MC. Em 2015, foi adicionado um menu que permite a voxelização de objetos
3D, cujos dados de saída são estruturas individuais e sequenciadas no formato *.sgi que
podem, inclusive, ser editadas e organizadas em um único arquivo;
Autodesk 3ds Max (AUTODESK, 2014): Anteriormente conhecido como 3D Studio
Max, o 3ds Max é um programa de modelagem tridimensional que permite renderização
de imagens e animações. Os arquivos gerados pelo 3ds Max possuem a extensão nativa
*.max, que podem ser exportados em outros formatos como *.obj, *.stl, *.fbx, etc.,
facilitando a compatibilidade com outros programas. Possui cerca de quinze versões
lançadas e gratuitas (para estudantes) de 32 bits, voltada para o design, e de 64 bits,
voltada para a visualização e entretenimento (BARROS, 2012). O programa possui 22
objetos primitivos 3D, 10 em 2D e no processo de modelagem e edição destes, podem
ser usados modificadores nativos do programa ou advindos de plugins, muitas vezes
disponíveis gratuitamente ou desenvolvidos pelo usuário. O menu Help do 3dsMax
possui tutoriais em vídeo e quase todos os comandos e ferramentas apresentam
45
descrição, passo-a-passo de utilização e exemplos de resultados, tornando mais fácil o
processo de modelagem para iniciantes.
ImageJ/FIJI (FERREIRA & RASBAND, 2012): Software para leitura e processamento
de imagens digitais que possui várias funções como exibir, editar, analisar, processar,
salvar e imprimir imagens de 8, 16 e de 32 bits, além de ler vários formatos de imagem
como *.tiff, *.png, *.jpeg, *.bmp, *.dicom, *.fits e *.raw. Permite, a partir de arquivos
*.raw, a conversão para arquivos lidos por impressoras 3D (VOLPATO, 2006). O
programa também calcula a área e o valor dos pixels, mede distâncias e ângulos, suporta
funções de processamento de imagem padrão, faz transformações geométricas,
ampliações de imagens, calibra escala de cinza e possui outros recursos adicionais
baseados em Java e/ou linguagem de macro.
CALDose_X (KRAMER et al., 2008): Software que fornece a possibilidade de cálculo
do kerma incidente no ar (INAK = INcident Air Kerma), com base na curva de
rendimento obtida do equipamento de raios-X, e o kerma no ar na superfície de entrada
(ESAK = Entrance Surface Air Kerma), para controle do cumprimento dos níveis de
referência no diagnóstico. Adicionalmente, o software utiliza coeficientes de conversão
(CCs) calculados com dois fantomas adultos, um masculino (MASH) e um feminino
(FASH), nas posições ortostática (de pé) e supina (deitado). Com estes fantomas, é
possível avaliar a dose absorvida em órgãos e tecidos do corpo humano, a dose efetiva
com base nos dados da ICRP 103 e o risco de câncer de pacientes submetidos a exames
radiográficos, considerando fatores determinados como idade e gênero.
2.6 Modelagem Poligonal para Uso em Dosimetria Numérica
Um modelo é uma representação de um grupo de objetos, ideia ou sistema em outra
forma que não seja a real para cooperar na manipulação e observação, seja quantitativa ou
qualitativamente, até que uma boa aproximação entre o real e o modelo seja alcançada. A
simulação possibilita o estudo, análise e avaliação de situações que não seria possível de outra
maneira e um dos reais pontos fortes dessa prática é o fato de que é possível simular sistemas
já existentes, bem como aqueles que são capazes de ser trazidos à existência (SHANNON,
1998).
46
Vê-se na literatura o uso de modelagem 3D em radioproteção para representação do
corpo humano em simulações envolvendo radiações ionizantes. Ciente disto, alguns passos
que devem estar presentes em qualquer estudo de simulação inclui: definição do problema e
planejamento do projeto; definição do modelo e preparação dos dados de entrada necessários;
adequação do modelo para o formato exigido na simulação; verificação e validação;
experimentação, análise e interpretação dos dados gerados na simulação; implementação,
documentação e utilização do modelo. Para a definição do modelo, uma revisão sobre
modelagem poligonal é mostrada nos itens a seguir.
O avanço tecnológico no desenvolvimento de programas gráficos com foco no
ambiente tridimensional como 3ds Max, Blender, Maya, ZBrush, entre outros, possibilitou a
criação de representações matemáticas para diferentes aplicações e propósitos. Objetos
sólidos primitivos (paralelepípedos, esferas, cones e cilindros), quando organizados, podem
criar topologias complexas com superfícies aparentemente curvas e suavizadas como o corpo
humano e alimentos, por exemplo.
A modelagem 3D possui uma enorme variedade de ferramentas e recursos que variam
com as técnicas utilizadas. Esta revisão terá foco na abordagem do tipo de modelagem
poligonal, uma das técnicas mais utilizadas para construção 3D pelo fato de ser intuitiva e
estar implementada em diversos softwares disponíveis.
Polígono (do grego poly = muitos; gon = ângulos) é um tipo de geometria plana e
fechada, com vários ângulos, que pode ser utilizada para criar sólidos tridimensionais,
chamados de poliedros. Vértices, arestas, faces e normais são os componentes básicos de
qualquer poliedro, conforme sequência mostrada na Figura 19.
Figura 19 – Componentes de um poliedro.
Fonte: o autor.
Uma malha de polígonos é um conjunto de faces (onde cada face é um conjunto de
vértices) que define um objeto 3D, usualmente referenciado como objeto sólido primitivo
(OSP). Um OSP serve de base para criação de qualquer forma e, para isto, são fundamentais
47
as mudanças de posição de elementos primitivos, isto é, vértices, arestas e faces, além do uso
de comandos específicos existentes em softwares de modelagem. A escolha do OSP a ser
utilizado como base sempre dependerá da estrutura que se deseja modelar.
Para construir uma geometria humana realista, é necessário uma resolução de malha
com elementos primitivos (vértices, faces, arestas, normal, material, etc.) suficientes para
possibilitar a obtenção de superfícies suaves, aparentemente curvas, como na sequência
mostrada na Figura 20.
Figura 20 – Mesmo objeto sólido primitivo com com uma resolução crescente da malha para
maior suavidade na forma.
Fonte: o autor.
O estudo da geometria Euclidiana parte de três conceitos primitivos: ponto, reta e
plano. Estes conceitos são chamados de primitivos por não ser possível defini-los de forma
individual e independentemente. Neste contexto, o programa de modelagem Autodesk 3ds
Max, utilizado para o desenvolvimento das geometrias 3D deste trabalho, pode ser
considerado de um alto nível, uma vez que as suas primitivas básicas são compostas por
primitivas euclidianas.
48
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
Os materiais utilizados no desenvolvimento dos fantomas e na obtenção de resultados
dosimétricos estão localizados no Laboratório de Dosimetria Numérica do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (LDN-IFPE). Os computadores utilizados
têm como principais itens de configuração: sistema operacional Windows 7 Ultimate 64 Bits
Service Pack 1, processador Intel® Core™ i7 e memória instalada (RAM) de 24,0 GB. Os
principais softwares utilizados são listados abaixo:
1. Windows 7: Bloco de notas, Paint, Prompt de comando e Windows Explorer;
2. Office 2007: Word e Excel;
3. Autodesk 3ds Max: Programa de modelagem 3D;
4. EGSnrc: Código MC para simulações;
5. ImageJ/FIJI: Programa para processamentos de imagens digitais;
6. DIP: Programa para processamentos de imagens digitais e voxelização de objetos 3D;
7. CALDose_X: Programa para avaliar as doses absorvida e efetiva, bem como o risco de
câncer de pacientes submetidos a exames radiográficos.
O desenvolvimento de fantomas de voxels por meio de modelagem poligonal mesh
compreende uma gama de ferramentas apropriadas para aquisição e/ou construção dos dados
primários e conversão. Assim, foram comprados na internet (http://www.cgshape.com/)
objetos 3D, mostrados na Figura 21, em diversos formatos (*.obj, *.3ds, *.fbx, *.max,
*.blend, etc.), para representação anatômica dos órgãos e tecidos da mulher adulta não
grávida. Os objetos incluem os sistemas muscular, ósseo, circulatório, nervoso, linfático,
digestivo, respiratório, urinário e reprodutor. O MCE FSTA (Fash STAnding; standing = em
posição ortostática) foi utilizado para modificações e comparações com o MCE aqui
desenvolvido.
Para caracterização de gestação no fantoma feminino original, foi utilizado o
programa de modelagem Autodesk 3ds Max 2014, versão gratuita para estudantes, para
deformação da região abdominal e criação dos órgãos/tecidos fetais. Dados anatômicos para
as novas estruturas foram reunidos por meio de atlas de anatomia humana (GRAAF, 2003),
49
publicação 89 da ICRP (ICRP 89, 2002) e de dados encontrados na literatura de Stabin e
colaboradores (STABIN et al., 1995); Os métodos utilizados desde a obtenção dos dados
primários até os últimos ajustes no ambiente de modelagem 3D são descritos a seguir.
Figura 21 – Objetos 3D adquiridos para representação de uma adulta não grávida.
Superfície Sistema muscular Sistema ósseo
Sistema circulatório Sistema nervoso Sistema linfático
Sistema digestivo Sistema respiratório Sistema urinário Sistema reprodutor
Fonte: o autor.
3.2 Métodos
Neste tópico são descritos os métodos adotados para o desenvolvimento dos fantomas
computacionais, bem como a manipulação de arquivos contendo estes fantomas para
voxelização e posterior acoplamento ao código MC EGSnrc.
50
3.2.1 Processo de construção dos fantomas
A modelagem 3D é uma arte que exige muita atenção nos detalhes e conhecimento
técnico das ferramentas usadas na edição e construção do objeto desejado. As mudanças
anatômicas, fisiológicas e bioquímicas na gravidez são consideráveis e muitas delas iniciam-
se quase logo após a fecundação e prolongam-se por toda a gestação.
Como mencionado no item Revisão de Literatura deste trabalho, Stabin e
colaboradores (1995) desenvolveram uma série de fantomas matemáticos para mulheres não
grávidas e em três estágios de gravidez. Estes modelos demonstram alterações,
principalmente no útero e na bexiga, e incluem modelos de feto e placenta, como mostra a
Tabela 2.
Tabela 2 – Massas dos órgãos dos fantomas matemáticos para a mulher sem gravidez e ao final
do primeiro, segundo e terceiro trimestres.
Fantoma – Órgãos Massa (g)
Sem Gravidez 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
Conteúdo da Bexiga 160 128 107 42,3
Parede da Bexiga 35,9 36,9 34,5 23,9
Parede do Útero 80 374 834 1095
Feto - 458 1640 2960
Placenta - - 310 466
Corpo Inteiro 58000 58000 61500 63700
Corpo Inteiro (Tecidos Maternais) 56400 56400 57500 56600
Fonte: (STABIN et al., 1995).
A partir dos dados tabelados de Stabin e colaboradores, foi possível a criação das
mesmas estruturas em mesh para inserção em um fantoma adulto feminino. Para isto, fez-se
necessário a obtenção de um modelo não grávido que pudesse ser modificado e ajustado com
as estruturas desenvolvidas, caracterizando uma gestação.
3.2.1.1 Modificação do fantoma adulto feminino não grávido
As modificações e ajustes da versão mesh foram realizadas inteiramente por meio de
ferramentas disponíveis no software Autodesk 3ds Max. Técnicas como extrusão, rotação e
movimentação; modificadores como TurboSmooth e Symmetry; e ferramentas para atribuição
de hierarquias de movimento, como SoftSelection, por exemplo, foram as mais utilizadas.
51
A Figura 22 mostra o exemplo do uso da ferramenta SoftSelection, que permite que os
sub-objetos (vértices, faces e arestas) selecionados possuam uma influência regulada e
uniforme durante um determinado movimento.
Figura 22 – Uso da ferramenta SoftSelection.
Fonte: o autor.
Isto é, ao invés de fazer movimentações vértice a vértice, por exemplo, com esta
ferramenta é possível controlar o nível de influência que um sub-objeto selecionado tem sobre
os sub-objetos vizinhos, tornando a forma final mais uniformizada e suave. Os parâmetros
desta influência são controlados por meio de cores, onde a predominância maior de vermelho
caracteriza maior influência em relação à técnica de movimento a ser realizada (extrusão e
rotação, por exemplo) e quanto mais próxima do azul, menor a influência existente.
3.2.1.2 Desenvolvimento da representação fetal
Esta etapa descreve o processo de modelagem das seguintes estruturas: útero, bolsa
amniótica, placenta e feto. Para auxílio referencial na construção e ajuste da proporção do feto
desenvolvido, foram criadas três molduras retangulares para cabeça, tronco e membros
inferiores, conforme mostrado na Figura 23.
52
Figura 23 – Retângulos para referenciar cabeça (a), tronco (b) e membros inferiores (c).
Fonte: o autor.
Para o início da modelagem propriamente dita, deve-se criar o objeto primitivo mais
conveniente para o trabalho e realizar edições em sua forma. Assim, foi criada uma caixa
(box) com dimensões aleatórias e esta foi convertida em objeto editável (Editable Poly) para
possibilitar o acesso às ferramentas básicas de edição dos componentes vértices, arestas e
faces no 3dsMax. A possibilidade de manipulação destes componentes separadamente torna o
controle sobre a forma bastante flexível e pode ser feita por meio de extrusões, conexões,
movimentações, rotações, entre outras ações que o programa permite. A Figura 24 mostra a
malha poligonal original (a) modificada pelos processos de extrusão (b) e conexão de arestas
(c) em uma malha poligonal.
Figura 24 – Malha poligonal original (a), etapa de extrusão (b) e conexão de arestas (c).
Fonte: o autor.
Na construção da superfície fetal nenhuma das alterações realizadas no objeto seguiu
uma regra de dimensão, pois assumiu-se que a superfície seria simétrica em relação ao plano
sagital, isto é, ao plano que divide o objeto em duas metades (direita e esquerda). Para isto, foi
utilizado o modificador Symmetry, criando um efeito espelho em toda a lateral do corpo,
(a) (b) (c)
(a)
(b)
(c)
53
conforme mostrado na Figura 25. Assim, somente um dos lados foi modificado e todas as
alterações do lado oposto foram atualizadas automaticamente e de forma idêntica.
Figura 25 – Uso do modificador Symmetry para criação do lado oposto do cérebro.
Fonte: o autor.
Em geral, o processo se completa com a aplicação do modificador TurboSmooth, que
atua suavizando todo o objeto selecionado, arredondando as formas, por meio da
multiplicação de polígonos. O efeito do TurboSmooth torna o objeto finalizado mais realista
anatomicamente e, igualmente ao modificador Symmetry, o efeito pode ser desativado a
qualquer momento, caso haja alguma outra modificação a fazer, e reativado quando o
desenvolvedor desejar. A Figura 26 mostra o exemplo do uso do modificador TurboSmooth
desativado (a) e ativado (b), respectivamente.
Figura 26 – Superfície do coração antes (a) e após (b) a aplicação do modificador TurboSmooth.
Fonte: o autor.
Depois de finalizada a etapa de criação e inclusão das estruturas fetais, definiu-se que
o fantoma adulto grávido seria composto por: estruturas novas modeladas; estruturas
remodeladas; e estruturas não alteradas, presentes no fantoma original não grávido.
(a)
(b)
54
3.2.2 Manipulação de arquivos contendo fantomas
O fantoma MARIA é um arquivo binário (*.max) composto por vértices, faces,
texturas, normais, e outras informações como sombreamento e iluminação, por exemplo.
Estes arquivos contêm dados, como mostrados na Figura 27, que precisam de softwares
especiais para leitura e manipulação.
Figura 27 – Parte do arquivo binário (*.max) que compõe o fantoma MARIA.
Fonte: o autor.
Uma abordagem usual para resolver este problema consiste em converter este arquivo binário
em um arquivo de texto (*.obj), cuja estrutura é mostrada na Figura 28.
Figura 28 – Parte do arquivo de texto (*.obj) que compõe o fantoma MARIA, com informações
sobre vértices (em vermelho), normais (em azul) e faces (em verde).
Fonte: o autor.
55
Assim, foi utilizado um menu, disponível no programa Autodesk 3ds Max, para a
exportação dos objetos 3D criados (*.max) para o formato *.obj, cujas informações podem ser
lidas por meio de coordenadas representadas por texto e números. O intuito desta
transformação é tornar possível a leitura dos objetos 3D em programas alternativos para,
primeiramente, realizar a voxelização e ajustes das estruturas e, posteriormente, possibilitar o
acoplamento ao código Monte Carlo EGSnrc.
3.2.2.1 Voxelização de fantomas mesh
Para voxelizar o fantoma mesh MARIA, foram realizadas duas etapas iniciais:
1) Conversão de arquivos binários do tipo *.max em arquivos de texto do tipo *.obj, contendo
estruturas 3D; 2) Conversão de arquivos *.obj para arquivos de dados do tipo *.txt. O arquivo
do tipo *.txt possui uma seqüência de linhas com caracteres que podem ser facilmente
reconhecidos por qualquer leitor de texto e possui as mesmas informações contidas no
arquivo *.obj, porém, com uma formatação ainda mais simples, isto é, sem espaços em branco
ou símbolos para organização de cabeçalhos.
Para a primeira conversão, foi utilizado um menu do programa Autodesk 3ds Max,
que exporta objetos selecionados para formatos de arquivo não-nativos do 3ds Max, e para a
segunda conversão, foi utilizado um menu do software DIP, que pode ser visto na Figura 29.
Figura 29 – Interface do software DIP. Em detalhe, um dos menus utilizados.
Fonte: o autor.
O GDN adota em suas pesquisas, como geometria padrão, fantomas voxelizados
compostos de arquivos de dados referenciados como *.sgi (Simulações Gráficas Interativas).
56
A partir da conversão do arquivo *.obj para *.txt, foi possível criar, com o software DIP, N
pilhas em formato *.sgi sem deformação e com órgãos e tecidos voxelizadas sequencialmente.
Para isto, foi utilizado o diretório “Menu Fundamentos → Conversões → Coleções de
Imagens 2D → Um arquivo TXT contendo um Meta-fantoma OBJ em pilhas SGI para cada
órgão”. Depois de inseridos os dados de entrada necessários, como palavras-chave e número
de Ids a serem criados, por exemplo, foi realizada a voxelização automática de 73
órgãos/tecidos com arquivos de saída individuais, sequenciados e enumerados de acordo com
o número identificador (ID) correspondente à estrutura presente no arquivo. A caixa de
diálogo para inserção dos dados de entrada que antecedem a voxelização, bem como um
exemplo dos arquivos de saída salvos, podem ser vistos na Figura 30.
Figura 30 – Caixa de diálogo com os dados de entrada utilizados para criação de pilhas .*sgi
com órgãos/tecidos voxelizados e exemplo dos arquivos de saída salvos.
Fonte: o autor.
Informações quanto aos números de fatias, linhas, colunas e de cada estrutura, bem
como menus para tarefas de exibição, edição, análise e processamento de imagens e pilhas de
imagens, também estão disponíveis no software DIP.
Os ajustes das estruturas voxelizadas foram feitos em várias etapas, que
compreenderam desde a troca de Ids (para diferenciação visual de cada estrutura) à junção de
Ids
57
todas em uma única pilha de imagens de formato *.sgi. Todas as estruturas, voxelizadas
separadamente, foram integradas em um único arquivo utilizando o diretório “Menu
Fundamentos → Adições → Juntar N Pilhas SGIs com base em uma lista ordenada de Ids
(dos que podem ser para os que não podem ser trocados”. A seleção dos arquivos foi feita de
forma cautelosa para que estruturas pequenas, como ovários, por exemplo, não fossem
sobrepostas por estruturas maiores. Uma caixa de diálogo, responsável pela junção das N
pilhas *.sgi, foi disponibilizada e os Ids correspondentes às estruturas foram inseridos
considerando a sua ordem de importância. Assim, a junção dos Ids das estruturas fetais se deu
da seguinte forma: “...útero (39) (espaço simples) bolsa amniótica (4) (espaço simples) feto
(41) (espaço simples) placenta (40)...”, conforme mostra a Figura 31. Isto significa que, desta
forma, o feto e a placenta (estruturas menores) não seriam sobrepostos pelo útero ou bolsa
amniótica (estruturas maiores).
Figura 31 – Menu para junção de N pilhas SGIs em um único arquivo SGI e caixa de diálogo
para inserção de uma lista ordenada de Ids.
Fonte: o autor.
A Figura 32 mostra um exemplo de uma estrutura voxelizada (a) e o resultado da
junção de duas estruturas em um único arquivo (b).
58
Figura 32 – Exemplo de uma estrutura voxelizada individualmente (a) e união de duas
estruturas em um único arquivo (b).
Fonte: o autor.
Após a junção de todas as estruturas em um único arquivo, o software DIP foi
utilizado para a realização de processamentos diversos como: conversão de arquivos do tipo
*.raw de 8 bits em uma pilha .*sgi; conversão em um arquivo de texto lido pelo EGSnrc;
cortes de volume de uma pilha *.sgi de imagens; trocas de IDs; reamostragens sem
deformações; exclusão/adição de fatias, linhas e colunas; construção de volumes a partir de
voxels-sementes em posições pré-definidas e técnicas MC para posicionar voxels em torno
das sementes. Todas as etapas foram realizadas para que o fantoma MARIA possuísse
informações similares ao fantoma FASH quanto aos IDs das estruturas e número de fatias. O
(a)
(b)
59
número de linhas e colunas não foi considerado para comparação, uma vez que o fantoma
FASH não possui estruturas fetais.
3.2.3 Acoplamento dos fantomas de voxels ao código Monte Carlo EGSnrc
O código MC EGSnrc foi utilizado, principalmente, devido às aplicações bem-
sucedidas em trabalhos realizados por pesquisadores do DEN/UFPE e do GDN, e por se tratar
de um pacote que simula o transporte de fótons, característica importante para este trabalho. A
estrutura deste código MC é composta de um conjunto de sub-rotinas que abrangem, de forma
geral, a física das simulações, permitindo que o usuário determine a geometria para o
acoplamento e defina parâmetros utilizados na simulação.
O acoplamento dos fantomas ao EGSnrc ocorreu em três etapas: 1) Definição da
geometria, que se concluiu quando os dados primários e informações adicionais foram salvos
em um arquivo de texto do tipo *.data; 2) Definição da fonte radioativa a ser utilizada, por
meio do arquivo *.egsinp; 3) Modificação interna do código principal *.mortran, bem como
outros arquivos, lidos durante a compilação e execução da simulação.
Para a definição da geometria, se fez necessário o uso do software DIP para converter
o fantoma final voxelizado em um arquivo de texto do tipo *.data, que pode ser lido pelo
código MC e associado aos fantomas através dos IDs dos órgãos e tecidos. O menu utilizado
para esta etapa pode ser visto, em destaque, na Figura 33.
Figura 33 – Uso do DIP para conversão do fantoma voxelizado (*.sgi) em um arquivo de texto
(*.data) para acoplamento ao código MC EGSnrc.
Fonte: o autor.
Para a realização de simulações, o MCE aqui desenvolvido necessita de informações
adicionais que incluem, por exemplo, as variáveis que controlam a posição da fonte (XS, YS,
ZS), a largura e a altura do campo a ser irradiado (FW, FH), o número de histórias simuladas
60
(NTIM), o tipo da fonte (IGE), o número do espectro (NSPEC) e a energia inicial (EIN). As
modificações destes parâmetros no arquivo de entrada, lido durante as simulações com o
fantoma FASH, conforme destaque na Figura 34, ocorreram para adequação ao fantoma
MARIA e, consequentemente, para possibilitar o seu acoplamento.
Figura 34 – Fragmento do arquivo de entrada contendo informações definidas pelo usuário para
atender às simulações.
Fonte: o autor.
Além da geometria definida, é preciso desenvolver um algoritmo que simule com
fidelidade a fonte de radiação pretendida. Neste trabalho, foram simulados três exames de
radiodiagnóstico (crânio, tórax e abdome) com parâmetros de simulação similares aos
disponíveis no software CALDose_X para adultas não grávidas em posição ortostática
projeção posteroanterior (PA). Para isto, foi utilizada uma fonte pontual divergente emissora
de fótons com energias que variaram de acordo com espectros de raios-X catalogados no
arquivo de texto mspectra.dat. Este arquivo está disponível para o GDN em MCEs do tipo
“FANTOMADEVOXELS/EGSnrc” e contém 61 espectros para aplicações em física médica e
proteção radiológica.
Após a definição do algoritmo simulador da fonte de radiação utilizada, foi necessária
a modificação interna do código principal, bem como outros arquivos, lidos durante a
compilação e execução da simulação. A Figura 35 mostra modificações realizadas em três
tipos de arquivos (*.make, *.makefile e *.mortran) e incluem alterações no nome do fantoma
(a e b), e nas dimensões das fatias, linhas e colunas (c).
61
Figura 35 – Modificações nos arquivos do tipo *.make (a), *.makefile (b) e *.mortran (c) para
acoplamento do fantoma MARIA ao EGSnrc.
Fonte: o autor.
3.2.3.1 Inclusão e modificação de estruturas
Devido à presença de estruturas fetais, houve a necessidade de inclusão destas
estruturas no arquivo *.mortran. O fantoma MARIA é um fantoma simplificado, isto é, não
possui todas as estruturas presentes no fantoma FASH. Assim, a inclusão das estruturas não
existentes como feto, placenta e bolsa amniótica, por exemplo, foi realizada substituindo os
órgãos e tecidos do fantoma FASH que não foram modelados na construção do fantoma
MARIA. A Figura 36 mostra fragmentos do arquivo *.mortran original, composto por
órgãos/tecidos presentes apenas no fantoma FASH (a) e as alterações realizadas para
caracterização do fantoma MARIA (b). As siglas CORG, RHORG e RHO, presentes na
mesma figura, estão relacionadas à ordem de escrita de cada órgão no arquivo e à sua
(a)
(b)
(c)
62
respectiva composição média, cujos valores estão de acordo com os dados fornecidos pela
publicação 110 da ICRP (ICRP 110, 2009) e 46 da ICRU (ICRU 46, 1968).
Figura 36 – Fragmento do arquivo *.mortran. Em destaque, órgãos/tecidos escolhidos para
modificação e posterior inclusão de estruturas fetais.
Fonte: o autor.
(a)
(b)
63
A inclusão dos novos tecidos/órgãos deve ser feita também na chamada individual de
cada órgão/tecido (CASE), juntamente com suas informações de composições médias e ordem
de escrita no arquivo de saída, conforme mostrado na Figura 37.
Figura 37 – Fragmento do arquivo *.mortran. Em destaque, órgãos/tecidos escolhidos para
modificação e posterior inclusão de estruturas fetais.
Fonte: o autor.
As estruturas fetais incluídas tiveram suas composições médias atribuídas ao meio 14,
que caracteriza os órgãos/tecidos mais radiossensíveis. A descrição deste tipo de composição,
referenciada como soft tissue (F103), pode ser encontrada no arquivo
CSECT_F20_sta.pegs4dat, disponível no MCE FSTA e mostrado na Figura 38. É possível
identificar nove elementos que compõem o meio 14, tais como: hidrogênio, carbono,
CASES 31, 40 e 187 INEXISTENTES
CASES 31, 40 e 187 CRIADOS
64
nitrogênio, oxigênio, sódio, fósforo, enxofre, cloro e potássio, além do número atômico
efetivo de cada elemento. A lista dos 20 meios que compõem órgãos/tecidos do fantoma
FASH estão disponíveis no arquivo *.mortran, conforme mostrado na Figura 39.
Figura 38 – Composições médias dos órgãos/tecidos que compõem o fantoma FASH.
Fonte: o autor.
Figura 39 – Composições médias dos órgãos/tecidos que compõem o fantoma FASH.
Fonte: o autor.
Depois de realizadas as modificações necessárias, foram essenciais a compilação e a
execução do MCE desenvolvido para verificação e solução de eventuais erros. Este MCE foi
utilizado para validação do acoplamento ao código MC EGSnrc, isto é, os arquivos de saída
contendo dados referentes às simulações realizadas foram obtidos para comparar
relativamente aos valores simulados com o MCE FSTA.
65
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para uma melhor organização e análise, os resultados obtidos são apresentados em
tópicos, que incluem o desenvolvimento de duas versões do fantoma MARIA, versão mesh e
outro voxels, ambos compostos por um fantoma adulto feminino e um fantoma fetal.
4.1 Desenvolvimento do fantoma MARIA na versão mesh
A versão mesh do fantoma MARIA, desenvolvida por meio do software de
modelagem 3D Autodesk 3ds Max, era inicialmente composta por 197 objetos 3D, que
caracterizavam uma mulher adulta não grávida. Alguns destes objetos necessitaram de
modificações para caracterizar uma adulta grávida em posição anatômica, entretanto, outros
não foram utilizados neste trabalho. As modificações realizadas nas estruturas de interesse
incluídas no fantoma MARIA são descritas na sequência.
4.1.1 Modificação do fantoma adulto não grávido
Nem todas as alterações anatômicas que ocorrem na gravidez foram consideradas para
o desenvolvimento do fantoma MARIA, uma vez que ainda seria necessário ajustá-lo de
acordo com os dados contidos na ICRP 84 (ICRP 84, 2000) para adultas em estágio
gestacional. Assim, as alterações para caracterização de gravidez incluíram apenas a
superfície e os músculos da região abdominal, sem considerar as alterações naturais de
posicionamento e dimensão dos órgãos por inclusão do feto.
4.1.1.1 Superfície do fantoma (Pele)
Utilizando o programa Autodesk 3ds Max, foi possível a modificação da malha
poligonal da região abdominal para caracterização de gravidez. A superfície original pode ser
vista na Figura 40.
66
Figura 40 – Vistas frontal e lateral, respectivamente, da superfície do fantoma feminino não
grávido utilizado para modificação da região abdominal e caracterização de gravidez.
Fonte: o autor.
Para o aumento da área abdominal, foi utilizada a ferramenta SoftSelection, conforme
mostrada na Figura 41. A superfície final do fantoma modificado é mostrada na Figura 42.
Figura 41 – Uso da ferramenta SoftSelection para modificação da superfície abdominal do
fantoma não grávido.
Fonte: o autor.
67
Figura 42 – Vistas frontal e lateral, respectivamente, da superfície do fantoma feminino com
alterações na região abdominal para caracterização de gravidez.
Fonte: o autor.
4.1.1.2 Sistema Muscular
A distribuição dos músculos e tecido adiposo presentes na área abdominal tem uma
influência significativa sobre a dose absorvida em órgãos e tecidos, portanto as avaliações
dosimétricas não poderiam ser fidedignas sem a modelagem dos músculos abdominais. Os
músculos do fantoma feminino não grávido (transverso do abdome, oblíquo interno do
abdome, reto do abdome e oblíquo externo do abdome) podem ser vistos na Figura 43. Os
músculos modificados para caracterização de gravidez podem ser vistos na Figura 44.
68
Figura 43 – Vistas frontal e lateral dos músculos transverso do abdome (a), oblíquo interno do
abdome (b), reto do abdome (c) e oblíquo externo do abdome (d).
Fonte: o autor.
Figura 44 – Vistas frontal e lateral dos músculos transverso do abdome (a), oblíquo
interno do abdome (b), reto do abdome (c) e oblíquo externo do abdome (d).
Fonte: o autor.
As modificações externas e internas realizadas, conforme mostradas na Figura 45,
incluíram: ajuste dos membros superiores para a posição ortostática padrão em exames de
radiodiagnósticos realizados pelo CALDose_X (KRAMER et al., 2008); modificação dos
músculos e da superfície da região abdominal para caracterização de um período gestacional;
aumento da cavidade uterina já existente para inserção de estruturas modeladas externamente,
(a) (b) (c) (d) (a) (b) (c) (d)
(a) (b) (c) (d) (a) (b) (c) (d)
69
descritas no item a seguir, tais como bolsa amniótica, feto e placenta.
Figura 45 – Adequação da posição dos membros superiores e evolução da modificações
realizadas na região abdominal para caracterização de gravidez.
Superfície
Músculos
.. Esqueleto
... ............. .......
Fonte: o autor.
70
4.1.2 Desenvolvimento do fantoma fetal
A superfície fetal foi desenvolvida para caracterizar o final do segundo trimestre de
gestação. A Figura 46 mostra as etapas de construção dos membros inferiores e superiores,
respectivamente, que foram finalizadas com o modificador Symmetry, para automatizar a
criação do lado oposto da superfície desenvolvida, e com a ferramenta TurboSmooth, para
uma maior suavidade e realismo da forma.
Figura 46 – Etapa anterior (a) e após (b) o uso do modificador Symmetry; Etapa anterior (c) e
após (d) o uso do modificador do TurboSmooth.
Fonte: o autor.
O fantoma fetal aqui desenvolvido não possui sexo definido, tampouco detalhes
anatômicos na face ou órgãos modelados. A Figura 47 mostra as vistas anterior, lateral e
posterior, respectivamente, das estruturas fetais desenvolvidas: feto, bolsa amniótica, placenta
e útero.
(a) (b)
(c) (d)
71
Figura 47 – Vistas anterior (a), lateral (b) e posterior (c) das estruturas fetais desenvolvidas.
Feto
(a) (b) (c)
Bolsa amniótica
(a) (b) (c)
Placenta
(b) (c)
Útero
(b) (c)
Fonte: o autor.
72
Para a inclusão do fantoma fetal na cavidade uterina do fantoma não grávido, foi
necessária a deformação e ajuste do órgão original. O resultado do fantoma MARIA na versão
mesh pode ser visto na Figura 48.
Figura 48 – Vistas frontal e lateral do fantoma MARIA completo. Na imagem ampliada, os
músculos abdominais e estruturas fetais modeladas.
Fonte: o autor.
4.2 Desenvolvimento do fantoma MARIA na versão voxel
A versão voxelizada do fantoma MARIA, realizada por meio do software DIP, é
composta por 29 estruturas e, entre estas, estão incluídos 23 dos 27 órgãos/tecidos
radiossensíveis listados pela publicação 103 da ICRP. A Tabela 3 mostra os fatores de peso
recomendados para 14 órgãos e tecidos, e para o grupo chamado RESTO, composto de outros
14 órgãos e tecidos. Para fótons e elétrons, a dose equivalente é igual à dose absorvida pelo
meio, já que o fator de peso para estas radiações é igual a 1 (ICRP 103, 2007).
73
Tabela 3 – Órgãos e tecidos radiossensíveis e seus fatores de peso.
Órgaos/Tecidos WT ∑WT
Medula óssea, Cólon, Pulmões, Estômago, Mamas, Resto dos tecidos* 0,12 0,72
Gônadas 0,08 0,08
Bexiga, Esôfago, Fígado, Tireoide 0,04 0,16
Superficie do osso, Cérebro, Glândulas salivares, Pele 0,01 0,04
Total 1 *Resto dos tecidos: Adrenais, Vesícula biliar, Coração, Rins, Linfonodos, Músculos, Mucosa
oral, Pâncreas, Próstata, Intestino delgado, Baço, Timo, Útero.
Fonte: ICRP 103, 2007.
Os tecidos não incluídos foram: medula óssea, linfonodos, mucosa oral e próstata.
Com exceção da próstata e dos linfonodos, os demais órgãos não foram incluídos por não
existirem no modelo adulto feminino não grávido adquirido pelo GDN. Os linfonodos serão
desenvolvidos por meio de distribuição aleatória de voxels para garantir que os resultados
dosimétricos finais não irão interferir em outros órgãos. Na Figura 49a é possível observar o
sistema linfático disponível para a construção do MCE MARIA e na Figura 49b, um exemplo
desta estrutura desenvolvida por meio de algoritmos, disponível em fantomas adultos de
referência.
Figura 49 – Distribuição dos linfonodos voxelizados disponíveis para compor o MCE MARIA (a)
e distribuição utilizada em fantomas adultos de referência (b).
Fonte: o autor (a) e CASSOLA, 2011 (b).
(a) (b)
74
Informações quanto ao número de Ids, densidade e número de voxels das estruturas
presentes na versão voxelizada do MCE MARIA estão descritas na Tabela 4.
Tabela 4 – Informações dos órgaos e tecidos presentes na versão voxelizada do fantoma MARIA.
ID Órgão/Tecido Nº de voxels Volume (cm3) Densidade (g/cm3)
1 Bolsa Amniótica 263859 455,95 1,03
2 Adrenais 9198 15,89 1,03
3 Bexiga, Parede 17958 31,03 1,04
4 Cérebro 556224 961,16 1,05
5 Placenta 3905 6,75 1,03
6 Cólon, Parede 216063 373,36 1,04
7 Seios, Tecido Glandular 249404 430,97 1,02
8 Rins 62594 108,16 1,05
9 Fígado 223219 385,72 1,05
10 Pulmões 2155485 3724,68 0,26
11 Músculos 10999524 19007,18 1,05
12 Esôfago 85985 148,58 1,03
13 Ovários 1756 3,03 1,04
14 Pâncreas 19387 33,50 1,05
15 Tecido mole 356255 615,61 1,04
16 Intestino Delgado, Parede 233085 402,77 1,04
17 Pele 983431 1699,37 1,09
18 Baço 59496 102,81 1,04
19 Estômago, Parede 95383 164,82 1,04
21 Timo 4173 7,21 1,03
22 Tireoide 1656 2,86 1,04
23 Feto 17073 29,50 1,03
24 Útero 73763 127,46 1,03
25 Tecido Adiposo 13116230 22664,85 0,95
26 Coração, Parede 124345 214,87 1,05
28 Vesícula Biliar, Parede 4995 8,63 1,03
29 Esqueleto, Média 3339425 5770,53 1,37
30 Osso Cortical, Corpo Inteiro 3339425 5770,53 1,92
114 Corpo inteiro, Média 33629128 58111,13 1,0525
Fonte: o autor.
Por meio do software ImageJ/FIJI foi possível obter a visualização 2D e 3D de
algumas estruturas presentes nas regiões cranial, torácica e abdominal do fantoma final,
conforme mostram as Figuras 50 e 51, respectivamente.
75
Figura 50 – Visualização 2D de algumas estruturas da versão voxelizada do fantoma MARIA.
.Fonte: o autor.
76
Figura 51 – Visualização 3D lateral (a) e frontal (b) do fantoma MARIA voxelizado.
Fonte: o autor.
77
4.3 Resultados dosimétricos
Com o intuito de determinar o número de histórias (N) mais apropriado para obter
resultados dosimétricos satisfatórios, foram realizadas 16 simulações com valores de N que
variaram entre 1×105 a 7×108. A escolha do número de histórias foi baseada na análise do
tempo computacional (t) e da incerteza estatística avaliada, utilizando a função coeficiente de
variância (CV). A Figura 52 mostra a evolução de t = f(N) para a projeção PA e, como
esperado, verifica-se que t cresce monotonamente com N. O gráfico também mostra um
grande intervalo de tempo entre o valor de N=1×108 e N=3×108, conforme mostrado pelas
setas indicativas. Se os resultados dosimétricos para o primeiro valor de tempo já forem
satisfatórios (baixo CV), não há a necessidade de desperdiçar um intervalo de tempo maior
nas simulações.
Figura 52 – Variação do tempo computacional em função do número de histórias.
Fonte: o autor.
Estes critérios foram avaliados em quatro órgãos radiossensíveis em comum nos
MCEs FSTA e MARIA, isto é, tireoide, pulmões, fígado e útero, cuja localização destes se dá
nas regiões do tórax ou abdome. A tireoide foi escolhida para verificação dos CVs, uma vez
que o erro estatístico em órgãos pequenos é mais elevado, e os demais órgãos tiveram seus
resultados dosimétricos avaliados para comparação com exames de radiodiagnóstico
78
utilizando o software CALDose_X. Primeiramente foram verificadas as mudanças nos valores
de dose entre N=1×108 e N=3×108, conforme mostrado na Figura 53, por meio do
comportamento de três órgãos: tireoide, pulmões e útero. Para simular um exame de tórax, foi
utilizado um feixe monoenergético de 100 keV e em projeção PA.
Figura 53 – Avaliação dos coeficientes de variância dos órgãos tireoide, pulmões e útero dos
MCE FSTA e MARIA em função do número de histórias.
Fonte: o autor.
Notou-se que à medida que o número de histórias aumentou, os erros relativos
correspondentes diminuíram, como esperado. Observou-se também que desde a utilização de
N=5×107, conforme destaque na figura, os CVs não mostraram oscilações significativas,
1E-02
1E-01
1E+00
1E+01
1E+02
1E+05 1E+06 1E+07 1E+08 1E+09Co
efi
cie
nte
de
Var
iân
cia
(%)
Número de Histórias (N)
Análise do C.V. em função do N (FSTA)Exame de tórax - Projeção PA - 100 keV
Tireoide - FSTA Pulmões - FSTA Útero - FSTA
1E-02
1E-01
1E+00
1E+01
1E+02
1E+05 1E+06 1E+07 1E+08 1E+09
Co
efi
cie
nte
de
Var
iân
cia
(%)
Número de Histórias (N)
Análise do C.V. em função do N (MARIA)Exame de tórax - Projeção PA - 100 keV
Tireoide - MARIA Pulmões - MARIA Útero - MARIA
79
entretanto o tempo computacional aumentou cerca de 2×104 segundos. Assim, o N = 1×108 foi
o escolhido para ser utilizado nas simulações a fim de assegurar a confiabilidade dos dados.
Foi feita também uma relação entre os números de histórias com as doses
absorvidas/kerma incidente no ar (D/INAK; INAK = INcident Air Kerma) para os mesmos
órgãos e notou-se uma variação irrelevante dos resultados a partir de N=5×107 histórias,
conforme mostra o destaque na Figura 54, o que assegurou o uso de N=1×108.
Figura 54 – Avaliação da D/INAK dos órgãos tireoide, pulmões e útero dos MCE FSTA e
MARIA em função do número de histórias.
Fonte: o autor.
1E-03
1E-02
1E-01
1E+00
1E+05 1E+06 1E+07 1E+08 1E+09
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Número de Histórias (N)
Análise da D/INAK em função do NExame de tórax - Projeção PA - 100 keV
Tireoide - FSTA Pulmões - FSTA Útero - FSTA
1E-03
1E-02
1E-01
1E+00
1E+05 1E+06 1E+07 1E+08 1E+09
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Número de Histórias (N)
Análise da D/INAK em função do NExame de tórax - Projeção PA - 100 keV
Tireoide - MARIA Pulmões - MARIA Útero - MARIA
80
Para uma análise correta destes resultados dosimétricos, levou-se em consideração
também o número de voxels de cada órgão/tecido avaliado. Considerando a média total do
número de voxels de corpo inteiro dos dois fantomas, observou-se que MARIA é 4% menor
em relação ao fantoma FASH, o que parece não ser tão significativo. Porém, a Tabela 5
mostra o cálculo feito para os órgãos acima avaliados e, tomando como exemplo a tireoide do
fantoma MARIA, notou-se que esta é 82,49% menor do que a tireoide do fantoma FASH,
implicando em resultados dosimétricos variáveis, enquanto que o útero com feto incluso é
maior 64,10% do que o útero não gravídico.
Tabela 5 – Comparação entre órgãos analisados dos fantomas MARIA e FASH.
ID Órgão Densidade (g/cm3) Nº de voxels
MARIA FASH
Relação Percentual
MARIA-FASH
10 Pulmões 0,26 2155485
2199074
1,98%
22 Tireoide 1,04 1656
9460
82,49%
24 Útero 1,03 73763
44948
-64,10%
Fonte: o autor.
Após escolhido o número de historias ideal, foram realizadas simulações com valores
que variaram de acordo com a faixa de energia utilizada para exames de tórax (60 a 150 keV)
e abdome (60 a 90 keV). Parâmetros como posição da fonte (XS, YS, ZS), largura e altura do
campo a ser irradiado (FW, FH), o número de histórias simuladas (NTIM), o tipo da fonte
(IGE), o número do espectro (NSPEC) e a energia inicial (EIN), foram inseridos no arquivo
de entrada *.egsinp mediante dados disponíveis pelo CALDose_X para os dois exames,
conforme mostra as Figuras 55 e 56.
81
Figura 55 – Arquivo de saída do CALDose_X com parâmetros acerca da posição da fonte,
largura e altura do campo a ser irradiado para exames de tórax e abdome.
Fonte: o autor.
Figura 56 – Arquivo *.egsinp com parâmetros disponíveis no CALDose_X para exames de tórax,
e abdome para realização de simulações com o MCE FSTA/EGSnrc e MARIA/EGSnrc.
Fonte: o autor.
82
A Figura 57 mostra a avaliação da D/INAK de cinco órgãos em função das energias
para exames de tórax e abdome, realizados por meio de simulações com o MCE
MARIA/EGSnrc e com o software CALDose_X, que utiliza o fantoma FASH nas posições
ortostática (FSTA) e supina (FSUP). Os órgãos avaliados foram tireoide, pulmões, fígado,
intestino delgado e útero e notou-se que a distribuição de dose ocorreu como esperado, isto é,
o aumento da energia foi proporcional ao da D/INAK. Observou-se que para grandes órgãos,
como pulmões, por exemplo, o resultado foi similar nas duas simulações, porém houve
alterações na tireoide do fantoma MARIA, que se explica devido à grande diferença no
número de voxels quando comparado à tireoide do fantoma FASH.
Figura 57 – Avaliação da D/INAK entre órgãos em função da Energia para exames de tórax.
Fonte: o autor.
O fantoma MARIA foi desenvolvido em posição ortostática e, sabe-se que exames de
abdome rotineiramente são feitos com pacientes em posição supina. O propósito da simulação
para o exame de abdome foi avaliar a dose absorvida nos órgãos radiossensíveis localizados
nesta região e para isto, foram feitas duas simulações. Para a primeira simulação foi utilizado
o EGSnrc a fim de comparar os resultados obtidos em um exame teórico de abdome, com os
MCEs FSTA e MARIA na posição ortostática (Figura 58a). Notou-se, em ambos, que a
distribuição de dose adsorvida para as três estruturas aumentou proporcionalmente com a
energia, como esperado. Entretanto, o útero do MCE MARIA, em destaque na Figura 58b,
1E-02
1E-01
1E+00
60 70 80 90 100 110 120 130 140
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Energia (keV)
Análise da D/INAK em função da EnergiaExame de tórax - Projeção PA
Tireoide - CALDose_X Pulmões - CALDose_X Tireoide - MARIA Pulmões - MARIA
83
apresentou menor D/INAK em relação ao útero do FSTA. Isto é justificado pela blindagem,
em parte do útero, decorrente da presença do feto.
Figura 58 – Avaliação da D/INAK em função da Energia para um exame teórico de abdome.
Fonte: o autor.
1E-02
1E-01
1E+00
50 60 70 80 90 100
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Energia (keV)
Análise da D/INAK em função da EnergiaExame de abdome - Projeção PA (FSTA x MARIA)
Fígado - FSTA Intestino Delgado - FSTA Útero - FSTA
Fígado - MARIA Intestino Delgado - MARIA Útero - MARIA
1E-02
1E-01
1E+00
50 60 70 80 90 100
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Energia (keV)
Análise da D/INAK no Útero em função da EnergiaExame de abdome - Projeção PA (FSTA x MARIA)
Útero - FSTA Útero - MARIA
(a)
84
Para a segunda simulação foi utilizado o CALDose_X a fim de simular um exame de
abdome de rotina, na posição supina, com o MCE FSUP. O gráfico com os resultados para
este exame é ilustrado na Figura 59.
Figura 59 – Avaliação da D/INAK em função da Energia para um exame de abdome de rotina.
Fonte: o autor.
Também foram analisados os resultados dosimétricos envolvendo os órgãos/tecidos
presentes apenas no fantoma MARIA e relacionados com a gravidez, isto é, útero, placenta,
bolsa amniótica e feto, ilustrados na Figura 60.
Figura 60 – Vista superior das estruturas fetais desenvolvidas no fantoma MARIA, expostas a
uma fonte com projeção PA.
Fonte: o autor.
1E-02
1E-01
1E+00
1E+01
50 60 70 80 90 100
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Energia (keV)
Análise da D/INAK em função da EnergiaExame de abdome - Projeção PA (CALDose_X)
Fígado - CALDose_X Intestino Delgado - CALDose_X Útero - CALDose_X
85
A Figura 61 mostra a avaliação da D/INAK destas estruturas para a projeção PA em
um exame de abdome. Nota-se que a placenta possui uma menor blindagem em relação às
outras estruturas por se localizar mais medial e posteriormente, possuindo a curva máxima.
Figura 61 – Avaliação da D/INAK nas estruturas fetais em função da Energia em exame de
abdome.
Fonte: o autor.
Quanto à grande diferença existente na distribuição de dose entre a bolsa amniótica e o
feto, pode-se justificar pela blindagem que o feto possui por esta e pelo útero. Os resultados
gráficos apresentados são apenas parte dos resultados dosimétricos obtidos.
Dependendo do destino que se quer dar aos dados obtidos, outros resultados poderiam
ser apresentados gráfica ou numericamente. Por exemplo, pode-se estar interessado nos
resultados dosimétricos, cujos parâmetros são: exame de abdome, 90 kV e projeção PA.
Assim, a Tabela 6 mostra a distribuição de D/INAK, bem como os coeficientes de variância
para todas as estruturas que compõem o MCE MARIA com estes parâmetros.
1E-04
1E-03
1E-02
1E-01
1E+00
50 60 70 80 90 100
D/I
NA
K (
Gy/
Gy)
Energia (keV)
Análise da D/INAK em função da EnergiaExame de abdome - Projeção PA (MARIA)
Útero Placenta Bolsa Amniótica Feto
86
Tabela 6 – Avaliação da D/INAK de órgãos/tecidos do MCE MARIA em função da energia.
ID Órgão/Tecido D/INAK (Gy/Gy) Coeficiente de Variância (%)
1 Bolsa Amniótica 1,9826E-02 0,39
2 Adrenais 3,5351E-01 0,48
3 Bexiga, Parede 8,7060E-04 7,02
4 Cérebro 8,9478E-04 1,33
5 Placenta 5,2756E-02 1,90
6 Cólon, Parede 4,6551E-02 0,28
7 Seios, Tecido Glandular 6,5208E-02 0,22
8 Rins 3,5305E-01 0,18
9 Fígado 2,1725E-01 0,13
10 Pulmões 4,4065E-01 0,06
11 Músculos 1,5605E-01 0,02
12 Esôfago 3,7077E-02 0,49
13 Ovários 7,8084E-04 24,80
14 Pâncreas 1,2641E-01 0,56
15 Tecido mole 3,0640E-01 0,08
16 Intestino Delgado, Parede 2,6030E-02 0,36
17 Pele 1,7623E-01 0,06
18 Baço 3,3049E-01 0,20
19 Estômago, Parede 1,7868E-01 0,22
21 Timo 1,1022E-01 1,27
22 Tireoide 3,8382E-02 3,36
23 Feto 1,9156E-02 1,49
24 Útero 2,1322E-02 0,69
25 Tecido Adiposo 7,4278E-02 0,03
26 Coração, Parede 1,9151E-01 0,18
28 Vesícula Biliar, Parede 1,6646E-02 0,38
29 Esqueleto, Média 1,6726E-01 0,94
30 Osso Cortical, Corpo Inteiro 5,7407E-01 0,02
114 Corpo inteiro, Média 4,0962E-01 0,02
Fonte: o autor.
87
5. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS
O objetivo principal deste trabalho consistiu em desenvolver o fantoma computacional
de malhas MARIA, para representação de uma mulher em estágio gestacional utilizando a
técnica de modelagem poligonal.
Como resultado, o fantoma foi convertido em voxels, utilizando o software DIP, e é
composto por 29 estruturas, incluindo 23 dos 27 órgãos/tecidos radiossensíveis listados pela
publicação 103 da ICRP. O acoplamento do fantoma voxelizado ao código MC EGSnrc
seguiu a metodologia do MCE FSTA. Para verificar se o MCE MARIA/EGSnrc estava
adequado, foram realizadas simulações de radiodiagnóstico e os resultados foram
comparados com similiares obtidos com o MCE FSTA ou com os dados gerados pelo
CALDose_X. Também foram obtidos resultados dosimétricos para os órgãos/tecidos
específicos para a mulher grávida.
Após validado o acoplamento do MCE MARIA neste trabalho, como perspectiva
serão ajustadas as massas dos órgãos/tecidos para atender aos valores recomendados pelas
publicações 89, 90 e 110 da ICRP, e serão simulados todos os exames de radiodiagnóstico
referenciados no CALDose_X. Para isto, uma versão supina do fantoma MARIA será
desenvolvida e os tecidos ósseos cortical, esponjoso e medula óssea serão segmentados.
Utilizando a metodologia do desenvolvimento de fantomas de malhas aqui apresentada, serão
desenvolvidos fantomas mesh pra todas as fases de gravidez, incluindo a evolução dos órgãos
e tecidos do feto.
88
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