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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP – PRH 26
Fabiana Maria de Albuquerque Carneiro Campelo
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO DE UM POTENCIAL
RESERVATÓRIO PARA HIDROCARBONETO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 2004
FABIANA MARIA DE ALBUQUERQUE CARNEIRO CAMPELO
Graduada em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, 2002
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO DE UM POTENCIAL RESERVATÓRIO PARA
HIDROCARBONETOS
Dissertação que apresenta à Pós-
Graduação em Geociências do Centro
de Tecnologia e Geociências da
Universidade Federal de Pernambuco,
orientada pelo Prof. Dr. Mário de
Lima Filho e co-orientada pelo
Prof. Dr. Joel C. Castro, como
preenchimento parcial dos
requisitos para a obtenção do grau
de Mestre em Geociências, área de
concentração Geologia Sedimentar e
Ambiental.
Recife, PE
2004
Campelo, Fabiana Maria de Albuquerque Carneiro Formação Cabo, afloramento da praia de
Guadalupe : caracterização de um potencialreservatório para hidrocarbonetos / Fabiana Maria deAlbuquerque Carneiro Campelo. – Recife : O Autor,2004.
Xix, 105 folhas : il., fig., tab.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Geociências, 2004.
Inclui bibliografia.
1. Geologia sedimentar – Formação Cabo – Praia de Guadalupe, PE. – 2. Hidrocarboneto. 3. Reser-vatório de Petróleo – Caracterização 4. Arquitetura deposicional – Análise estratigráfica e fácies. I.Título.
551.3.051 CDU (2.ed.) UFPE 553.28 CDD (22.ed.) BC2006-063
Aos meus pais Euclides de
Albuquerque Carneiro Campelo e
Aurora Maria de Albuquerque
Carneiro Campelo,
por todas as conquistas e
ensinamentos de vida.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar os meus agradecimentos ao Programa
de Recursos Humanos da ANP (PRH-26), pelo apoio financeiro.
Ao professor Mário de Lima Filho, agradeço pela
orientação, amizade e compreensão nas discussões durante o
desenvolvimento deste trabalho. Ao professor Joel de Castro,
meus sinceros agradecimentos pela amizade, orientação,
dedicação, paciência, indispensáveis no andamento deste
trabalho.
Ao professor e amigo Leonardo Borghi, por suas sugestões e
constante incentivo. Aos Professores Virgínio Henrique Neumann
e Edmilson Santos de Lima, pelas ajudas sempre que
requisitados. Aos professores e amigos Lúcia Maria Mafra
Valença, Ignês Guimarães, Gorki Mariano e Maurício Rangel,
pelo apoio fornecido sempre que solicitado ao longo desses
anos. Ao professor Joaquim Mota, pela disponibilização do
laboratório de Geofísica Aplicada.
À Edilene e Luciana, sou grata pelas realizações dos
ensaios de porosidade. Aos amigos Antônio e Anna Rosa, pelo
constante incentivo e pelas ajudas indispensáveis durante
todas as etapas deste estudo. Aos amigos, Carol, Nivaneide e
Victor pelo apoio durante as várias etapas desta pesquisa. Às
amigas Somália Viana e Sônia Agostinho, pelo constante
incentivo.
À secretária Rosa, do Departamento de Geologia da UFPE.
À Pós-Graduação em Geociências da UFPE.
Finalmente aos meus pais, irmãos, sobrinhos, amigos e em
especial para minha avó, Themis Câmara Cavalcanti de
Albuquerque, minha gratidão pelo constante apoio e carinho
durante toda a minha vida.
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho foi elaborado como requisito de
conclusão do Curso de Mestrado na área de concentração em
Geologia Sedimentar e Ambiental, exigido pelo Programa de
Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de
Pernambuco. A execução deste trabalho foi financiada pela
Agência Nacional do Petróleo (ANP), através de bolsa de
estudos concedida à autora e do apoio vinculado ao programa
PRH-26 (Programa de Recursos Humanos na área de petróleo e
gás no Brasil).
Esta pesquisa, desenvolvida com base na análise de um
afloramento da Formação Cabo, Bacia de Pernambuco,
consistiu na caracterização detalhada e em multiescala, e
na sua interpretação, visando a caracterização de um
potencial reservatório de hidrocarbonetos e sua correlação
com análogos em subsuperfície, de modo a minimizar os
riscos e custos da explotação de hidrocarbonetos pela
indústria de petróleo.
No capítulo I, apresenta a área de estudo e define os
objetivos e métodos empregados na pesquisa.
O capítulo II mostra a localização geográfica da Bacia
de Pernambuco e sua geologia, sob a ótica de sua origem e
evolução dentro do contexto da margem continental
brasileira. Além do arcabouço tectono-sedimentar e
estrutural, apresenta as unidades estratigráficas que a
compõe, bem como seus respectivos sistemas deposicionais.
Por fim, este capítulo traz uma abordagem da Formação Cabo,
foco principal de estudo.
O capítulo III mostra um resumo sobre fácies
sedimentares, sucessão, associação e modelo de Fácies, bem
como, sobre Arquitetura Deposicional.
O capítulo IV reúne o conhecimento teórico prévio
sobre alguns sistemas deposicionais que serviram de base
para as interpretações realizadas ao final do trabalho.
O capítulo V traz os resultados das análises
estratigráfica e faciológica do afloramento, além dos dados
obtidos nas análises granulométricas realizadas em
laboratório.
O capítulo VI define elementos arquiteturais presentes
no afloramento, bem como o modelo deposicional proposto. É
apresentado um painel fotográfico com a respectiva
arquitetura deposicional, e painéis detalhados de alguns
segmentos. Uma seção estratigráfica, com a correlação de
perfis verticais selecionados, embasa a interpretação
paleoambiental de ciclos deposicionais.
O capítulo VII trata da caracterização de
heterogeneidades de reservatório. Neste capítulo encontra-
se também resultado de análises petrográficas.
O capítulo VIII traz as conclusões gerais e algumas
considerações pertinentes aos resultados obtidos na
pesquisa.
RESUMO
Esta pesquisa analisa em detalhe o afloramento de
Guadalupe, com sedimentos da Formação Cabo, Bacia de
Pernambuco, objetivando descrever a seqüência sedimentar no
que se refere à sua arquitetura deposicional e arcabouço
interno. Os métodos empregados na caracterização do
afloramento foram o reconhecimento das unidades presentes
com base nas fácies/associações de fácies e sistemas
deposicionais, a análise da geometria e orientação das
fácies a partir de fotomosaicos e da arquitetura
deposicional 2-D, e a identificação, classificação e
interpretação de heterogeneidades em diferentes escalas
(textura, estrutura sedimentar, geometria externa,
descontinuidade interna e porosidade).
Foram definidas 16 fácies, agrupadas em 12 fácies de
arenitos, três de intercalações arenito/folhelhos e uma de
folhelho. Entre os arenitos, seis fácies mostram uma
geometria tabular e as demais, uma geometria lenticular
acanalada. As fácies arenosas distribuem-se em quatro
corpos genéticos, designados informalmente de A1 a A4, que
formam ciclos de adelgaçamento ou espessamento ascendente
com as associações de granulação fina. O ciclo inferior
(arenito A1) é formado por uma sucessão granocrescente e
depois granodecrescente, do mesmo modo que o ciclo seguinte
(arenito A2). O terceiro e o quarto ciclos (arenitos A3 e
A4, respectivamente) constituem ciclos granodecrescentes no
sentido ascendente. Combinando as tendências faciológicas
verticais com os elementos arquiteturais é sugererido um
modelo flúvio-deltáico de crevasse.
A análise das heterogeneidades foi detalhada e
discutida em três níveis. Em grande escala, o arenito A2
foi dividido em três corpos menores, cujos limites
inferiores são superfícies de descontinuidade dos tipos
planar e erosivo-acanalada, colmatados por drapes
argilosos. Em escala de fácies e estratos constituintes,
três tipos de heterogeneidade foram reconhecidos: drapes
argilosos separando os estratos da fácies Acs; drapes de
suspensão e níveis bioturbados separando os estratos de
cada fácies; e intraclastos de folhelho e variações
faciológicas dentro dos estratos. Em escala microscópica,
as análises petrográficas realizadas na fácies laminada
(Ald) do arenito A2 permitiram classificá-lo como arcósio
fino, com seleção de regular a boa, abundantes feldspatos
por vezes alterados, e raras micas. No cimento há
abundantes filmes de argila em volta dos grãos ou mesmo
sobrepondo-se a sobrecrescimentos de feldspato. A
porosidade é apenas regular, principalmente devido à
cimentação por sobrecrescimento dos feldspatos.
Este modelo pode ser utilizado como um análogo ao
reservatório Mossoró da Formação Açu
(Eoturoniano/Neocenomaniano)da Bacia Potiguar, por
apresentar características genéticas semelhantes.
Palavras Chaves: Bacia Pernambuco, Formação Cabo e
Reservatório.
ABSTRACT
This research deals with detailed study of an outcrop
of the Cabo Formation, Pernambuco basin, in the locality of
Gaudalupe. The main goal was the description of the
metasedimentary sequence concerning its depositional
architecture and internal framework. The methodology used
was based in the identification of facies/ facies
association, depositional systems, analyses of the
geometry, orientation of the facies based in photomosaics
and 2-D architectural deposition, classification and
interpretation of the heterogeneities at distinct scales
(texture, sedimentary structure, external geometry,
internal discontinuities, and porosity).
Sixteen facies were defined and grouped into 12
sandstone facies, 3 with intercalations sandstones/shales
and 1 of shale. Among the sandstones, six facies show
tabular geometry and the others occur as lenses in
channels. The sandstones facies are distributed into four
genetic bodies, which were designated as A1 to A4, forming
cycles of reduced and increased thickness upwards with
variation of fine grained sediments. The lower cycle
(sandstone A1) is formed by sequences of grain-size
reduction and increase. Similar behavior is observed for
the following cycle (sandstone A2). The third and fourth
cycles (sandstones A3 e A4, respectively) are characterized
by upward grain-size reduction. The association of the
faciologic vertical variation with the architectural
elements favors the application of the crevasse fluvio-
deltaic model.
Analyses of the observed heterogeneities were detailed
into three levels. First, in large scale, the sandstone A2
was subdivided into three units whose lower limits are
represented by parallel, channeled-erosion unconformity
surfaces, covered by clay drapes. At the facies scale three
types of heterogeneities were identified: claye drapes
separating the facies Acs; suspension of bioturbation
levels which separate layers of each facies; shale
intraclasts and faciologic variation inside the beds.
Petrographic analyses conducted in the laminated
facies(Ald)of sandstone A2, allowed its classification as
fine-grained arcose, with good to moderate selection, rich
in feldspar locally altered and rare micas.
Clay films are found in the cement surrounding feldspar
grains and its overgrowths. The porosity is low to moderate
due to feldspars overgrowth cement.
This model may be used as an analog to the Mossoró
reservoir of the Açu Formation, Potiguar Basin
(Eoturonia/Neocenomanian)since it has similar genetic
characteristics.
Keywords: Pernambuco Basin, Cabo Formation, Reservoir.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS.................................................... iv
APRESENTAÇÃO...................................................... v
RESUMO............................................................vii
ABSTRACT........................................................ ix
LISTA DE FIGURAS..................................................xiii
LISTA DE TABELAS................................................ xix
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO........................................... 1 1.1 Apresentação................................................ 1 1.2 Localização da Área de Estudo............................... 2 1.3 Justificativa .............................................. 3 1.4 Objetivos .................................................. 4 1.5 Material e Métodos.......................................... 5
CAPÍTULO II – ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DE PERNAMBUCO ......... 7 2.1 Introdução ................................................. 7 2.2 Origem e Evolução .......................................... 9 2.3 Estágios Tectônicos e Preenchimento Sedimentar ............. 122.4 Arcabouço Tectono-Sedimentar e Estrutural ................. 142.5 Evolução Sedimentar ....................................... 192.5.1 Estratigrafia ............................................ 212.5.2 Sistemas Deposicionais .................................. 242.6 A Formação Cabo ............................................ 262.6.1 Arcabouço Estratigráfico da Formação Cabo ................ 272.6.2 Idade ................................................... 282.6.3 Interpretações Paleoambientais e Sistemas Deposicionais da Formação Cabo .............................................. 29
CAPÍTULO III - FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL ............. 303.1 Fácies Sedimentar e Sucessão de Fácies ..................... 303.2 Associação e Modelos de Fácies ............................. 333.3 Arquitetura Deposicional ................................... 35
CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL ............................. 36 4.1 Crevasse Flúvio-deltaico.................................. 36
CAPÍTULO V – ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA E FACIOLÓGICA DE GUADALUPE . 43 5.1 Análise Estratigráfica ................................... 43 5.2 Análise Faciológica ...................................... 46 5.2.1 Fácies Arenosas de Geometria Tabular ................... 50 5.2.2 Fácies Arenosas de Geometria Lenticular e Base Erosiva Acanalada .................................................... 57
5.2.3 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Tabular ...... 66 5.2.4 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Lenticular ... 66 5.3 Análise Granulométrica ................................... 68
CAPÍTULO VI – ELEMENTOS ARQUITETURAIS, ASSOCIAÇÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO ................................. 73
6.1 Introdução .............................................. 73 6.2 Textura Arenosa ......................................... 73 6.3 Textura Fina ............................................ 75 6.4 Seqüência Estratigráfica e Correlação ................... 81
CAPÍTULO VII – CARACTERIZAÇÃO DAS HETEROGENEIDADES NO AFLORAMENTO DE GUADALUPE .................................................... 85
7.1 Introdução .............................................. 85 7.2 Heterogeneidades ........................................ 86 7.3 Análise Petrográfica .................................... 91
CAPÍTULO VIII – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ......................... 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................... 98
xiii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I
Figura 1.1 - Mapa de localização do afloramento estudado, adaptado do mapa das bacias sedimentares brasileiras (Nascimento, 2003) e do site http://www.gp.pro.br/ rotas_pe.htm. .............................. 3
CAPÍTULO II
Figura 2.1 – Localização das bacias Pernambuco e da Paraíba, segundo Mabesoone & Alheiros, 1993 e Barbosa, 2004, respectivamente......... .. 7
Figura 2.2 – Mapa paleogeográfico mostrando a circulação entre Tétis e Atlântico Equatorial e Sul a partir do Aptiano-Albiano (Dias Brito, 1994)............................................................... . 11
Figura 2.3 – Principais depocentros da faixa costeira sul de Pernambuco.(Lima Filho, 1998: modificado de Rand, 1976)............. . 15
Figura 2.4 – Feições estruturais da Bacia Pernambuco (Lima Filho, 1998)............................................................... . 16
Figura 2.5 – Mapa elaborado por Barbosa (2004) com os dados de aeromagnetometria das bacias de Pernambuco e da Paraíba, mostrando uma forte feição negativa (gráben) ao sul do Lineamento Pernambuco, domínio da Bacia Pernambuco................................................. . 18
Figura 2.6 – Mapa gravimétrico residual da faixa costeira de Pernambuco, mostrando a diferença de comportamento ao norte e ao sul do lineamento de Pernambuco (Relatório SIGA – CPRM/CPRH,2003; apud Barbosa, 2004).... .. 19
Figura 2.7 – Carta estratigráfico da Bacia de Pernambuco, com as unidades estratigráficas aflorantes a sul e ao norte do Lineamento Pernambuco (Lagese, 2003)........................................... . 23
CAPÍTULO IV
Figura 4.1 – Mapa do delta do Mississipi mostrando subdeltas do rio Mississipi (4,5), deltas de fundo de baía (6,7) e canal de crevasse – barra de foz menor (3), na acepção de Elliot (1974) (modificada de Tye, 2004)................................................................. 38
Figura 4.2 – Desenvolvimento e degradação de um subdelta de crevasse ou lobo de crevasse splay; à direita, perfil vertical típico (números correspondem às litofácies mencionadas no texto; Coleman & Prior, 1982) ...................................................................... 39
xiv
Figura 4.3 - Canal de Crevasse – barra de foz (menor) )(Coleman & Prior, 1982)............................................................... 40
Figura 4.4 – Deltas de fundo de baía do Atchafalaya e Wax Lake(7 e 6 como na figura IV.1; Tye, 2004)................................. 40
Figura 4.5 – Perfis típicos de crevasse splay (A, B, C) e de canal de crevasse – barra de foz (D, E, F). os perfis variam entre 2 e 10 m (Elliot, 1974). ................................................ 41
Figura 4.6 – Delta dominado por ondas e marés do rio Açu, Rio Grande do Norte (Castro, 1993)................................................ 42
CAPÍTULO V
Figura 5.1 – Vista geral do afloramento de Guadalupe, estudado no presente trabalho (foto da autora, 2002)........................... 43
Figura 5.2 – Visão geral do afloramento da praia de Guadalupe, com os pontos onde foram elaborados perfis verticais, e os corpos arenosos denominados (A1, A2, A3 e A4) ..................................... 45
Figura 5.3 – Arenito A1, fácies Alx e Ab. A. Arenito A1, base do perfil P-54. B. Fácies Alx, estratificações cruzadas acanaladas vistas em planta. C. Arenito laminado (fácies Alx) e em segundo plano, arenito biouturbado (fácies Ab; caneta de 15cm). D. Arenito laminado com bioturbação vertical, A4, recobrindo arenito bioturbado (fácies Ab; escala de 5cm). E. Arenito laminado (fácies Alx), recoberto por arenito bioturbado (Ab; escala de 10cm). F. Detalhe da foto E, destacando-se a intensa bioturbação da fácies Ab................................... 51
Figura 5.4 – A. Associação Axd. Foto geral do afloramento com os arenitos A2 e A3, e posição do Perfil P-1 (escala: pá de 65cm de comprimento).B.Detalhe da Associação Axd no perfil P-1. Sequência de Bouma em turbidito (intervalo Tbcde, Tde, representando o drape síltico-argiloso). C.Estratificação cruzada acanalada passando lateralmente à estratificação cruzada de baixo ângulo( X na foto D). D, E.Fácies Axd, drapes areno-argilosos contendo deformação sinsedimentar ( estruturas de carga e em chama). F, G. Fácies Axd e Axb (à esquerda do Perfil P-41): dois níveis de drapes (d), e intraclastos na estratificação cruzada. No topo da foto G, visualiza-se o término de migração de uma mega-ondulação (estrato cruzado X) e o consequente onlap de ritmito areno-argiloso bioturbado (r)................................................................ 54
Figura 5.5 – A. Arenito A23 com fácies Axd, em destaque no perfil P-36. B. Fácies Axd, com drapes pelíticos na base da estratificação cruzada; dois estratos superiores estão capeados por bioturbação (b; fácies Axb). C. Fácies Axd, com dois estratos arenosos (abaixo e acima da caneta) com estratificação cruzada e intraclastos, passando a drapes/flasers de folhelho e a siltito avermelhado. D. Detalhe do Arenito A23 no perfil P-1 (Fig. 6.5A), formado por três estratos, cada qual com estratificação cruzada seguida de bioturbação, fácies Axb; a fácies Axd está representada abaixo do martelo..................................... ... 55
Figura 5.6 – A. Foto geral do Arenito A21 com as fácies Ald e Alb, no perfil P-50. B, C. Vista geral e detalhada das fácies Ald e Alb. D.Detalhe das fácies Ald, com arenito fino laminado e um drape areno-argiloso de suspensão (na base da Foto E). E. Detalhe da fácies Alb, de
xv
arenitos com laminação horizontal e bioturbação no topo. A laminação cruzada clino-ascendente na base da foto corresponde ao drape areno-argiloso da fácies anterior (Ald). F.Lineação de partição no arenito laminado........................................................... 56
Figura 5.7 - A. Vista geral do Arenito A21, onde a fácies Aci recobre erosivamente a fácies Ald. B. Fácies Aci erodindo a fácies Ald, dentro do Arenito A21. C, D. À direita da foto anterior: a fácies Aci está erodindo nível mais baixo da fácies Ald, também refletido no adelgaçamento do arenito A21 para a direita (foto A). E. Detalhe das fotos C e D, com destaque para a laminação cruzada clino-ascendente (r) no topo da fácies Aci. F. Extrema direita do afloramento: canal isolado com abundantes intraclastos de folhelho........................................... 59
Figura 5.8 – A.Vista geral do perfil P-29, com as fácies Aci e Acd do Arenito A21. B.Detalhe do Arenito A21, com a fácies Aci de canais erosivos truncando, de modo escalonado dois níveis de drapes areno-argilosos (fácies Axd); preenchimento por estratos cruzados das fácies Aci. Cristas de mega-ondulações (M1 e M2), e drape areno-argilosos avermelhado da fácies Acd. C. Vista oblíqua da metade esquerda da foto B, realçando o escalonamento dos cortes erosivos de drapes, e o preenchimento por estratos cruzados (fácies Aci)..................................... 60
Figura 5.9 – A. Vista geral da fácies Acs, arenito A22, que tem a base erosiva esculpindo A21 sendo recoberta por drape argiloso-avermelhado (d) e pelo menos cinco pares areno-argilosos rítmicos preenchendo a depressão erosiva. B. Dois ritmitos da base da fácies Acs, com laminação cruzada por ondas (r) e drapes/flasers de folhelho; laminação cruzada clino-ascendente da fácies Aci (rd´). C. Detalhe da superfície erosiva com intraclastos e do arenito com laminação cruzada clino-ascendente (rd´), fácies Aci. D. Detalhe do ritmo basal da fácies Acs, revelando laminação cruzada clino-ascendente (rd); notar que o arenito adelgaça para a esquerda, onde também muda de fácies (fotos A,B). ................ 61
Figura 5.10 – A. Fácies Acf. Controle prévio do substrato sobre o desenvolvimento do canal; mergulho de foresets e sigmóides (f,s) do substrato em direção ao eixo do canal, revelando um baixo deposicional onde se implantará o canal. B. Vista em diagonal da metade esquerda da foto A: incisão do canal iniciada dentro do Arenito A23. C. Detalhe da parte inferior do canal, com o substrato (Arenito A21) formado por dois estratos da fácies Axd e um estrato Axb/Axd, este sugerindo um mergulho e acunhamento para a direita; preenchimento do canal se dá por arenitos sigmoidais (As) intercalados e gradacionais a siltitos avermelhados(Sv); nível de arenito síltico (s) e drapes areno-sílticos (d); arenito com estratificação cruzada (Ax) e abundantes intraclastos (i).......... 62
Figura 5.11 – A. Vista geral do arenito A3, com geometria de lobo sigmoidal (acunhamento para esquerda, e abandono à direita; C). B.Detalhe do arenito A3, dominado por estruturas de tração mais suspensão: sigmóide (s) e laminação cruzada clino-ascendente (r), além de arenito maciço (m) e arenito síltico bioturbado (b). C. Arenito A3 (fácies Amr; ver detalhe na foto B) e baixo adjacente (abandono), preenchido por arenitos e folhelhos da fácies AFs (ver foto D). D. Detalhe da fácies AFs, lateralmente correspondentes ao Arenito A3: arenito com estratificação cruzada (x),interestratificações arenito-folhelho (i), siltitos avermelhados (Sv) e arenito bioturbado (b)................ 63
Figura 5.12 - A. Vista geral do arenito A4, fácies Agb, com base acanalada e estratos ondulados e compensatórios, de base abrupta e com afinamento para cima (rítmico); nível contínuo de folhelho avermelhado separando os arenitos A3 e A4. B. Arenito A4: estrato de arenito maciço,
xvi
com corte erosivo sobre ritmitos de arenito e folhelho. C. Estrato arenoso maciço, possivelmente devido à bioturbação. D. Base do arenito A4 com estrato inferior (i) mostrando geometria lenticular e afinamento ascendente; o estrato superior (s) mostra base acanalada e é maciço (ver “i” e “s” na foto A)........................................... 64
Figura 5.13 – A. Fácies Afg, acima de drape argiloso que capeia o Arenito A2: são três estratos rítmicos areno-argilosos. B. Fácies Afg, com estratos areno-argilosos lateralmente equivalentes aos da foto C. Notar arenitos muito finos/finos com laminação cruzada em parte clino-ascendente (r). C. Arenito grosso com estratificação cruzada (x), passando a interlaminação arenito-folhelho (i) e a folhelho avermelhado. D. Fácies Aft, formada por ritmito arenito-folhelho, sendo o termo arenoso muito fino/fino e localemente retrabalhamento por ondas com laminação cruzada clino-ascendete. Notar pequena falha à esquerda da foto. E. Fácies F, com folhelho avermelhado mostrando aspecto maciço (abaixo) a estratificado........................................... 67
Figura 5.14 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axd no Perfil P-1. .......................... 68
Figura 5.15 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axl no Perfil P-41. ............................. . 69
Figura 5.16 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A23, fácies Axb no Perfil P-1. .............................. .. 69
Figura 5.17 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra da fácies AFg, no Perfil P-29. ........................................ .. 70
Figura 5.18 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A3, fácies Amr no Perfil P-1. .............................. .. 70
Figura 5.19 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A4, fácies Agb no Perfil P-13............................... .. 71
CAPÍTULO VI
Figura 6.1 – Painel fotográfico (acima) e arquitetura deposicional (abaixo), realçando a geometria dos diferentes corpos sedimentares Arenitos A1 a A4, ritmitos Af e Folhelho F, e respectivas associações faciológicas. .................................................... 77
Figura 6.2 – Elementos arquiteturais do Arenito A21: barras tabulares das fácies Axd e Axb, e canais erosivos de geometria lenticular preenchidos sucessivamente com as fácies Aci e Acd. A geometria compensatória dos arenitos A23 e A21, e as geometrias tabulares do arenito A3 e dos corpos de texturas finas AF e F podem ser observados...................... 78
Figura 6.3 – Elementos arquiteturais do arenitos A21 (barras tabulares das fácies Axd, Axb, Alb e Ald) e A23 (canal erosivo, lenticular da fácies Acf). Pode-se observar a deposição dos drapes finos da fácies Axd, sob o canal, a passagem lateral das fácies Axd para Ald (estratificação cruzada para laminação plano-paralela), e o complexo preenchimento do canal de crevasse, com ordem ascendente de siltitos avermelhados (Sv), arenitos
xvii
sigmoidal (As) e bioturbados, e arenito com estratificação cruzada (Ax).79
Figura 6.4 – Elementos arquiteturais do Arenito A22 (fácies Acf): O Arenito A22 é formado por um drape argilosos basal e cinco estratos rítmicos de arenito e folhelho, sem gradação entre tais litologias (Arenitos A22.1 a A22.5). Os dois estratos inferiores têm espessura reduzida e praticamente se amalgamam à esquerda (F a E, ver figura 7.2C), terminando em onlap sobre o drape basal; os estratos superiores também onlapam a superfície erosiva (sobre A21) no extremo esquerdo da Figura (seta). Detalhe dos Arenitos A21 e A22 (A22.1/A22.4) podem ser vistos na Figura 7.2 A-F. .................................................. 80
Figura 6.5 – Seção Estratigráfica ao longo do afloramento, com perfis verticais selecionados, mostrando ciclos de engrossamento (setas para NE) e afinamento ascendente (seta para NW)............................. 84
CAPÍTULO VII
Figura 7.1 – Heterogeneidade no Arenito A2. A. Vista geral dos Arenitos A21 e A23, e dos ritmitos da fácies Afg; ver detalhe nas fotos B, D e E. B. Detalhe do Arenito A21. Arenito com estratificação cruzada e intraclastos argilosos, com drapes ou bioturbação (d,b) no topo dos estratos. Notar estrato cruzado no topo (x) acunhando para a direita, e sendo onlapado com arenito laminado com drapes e bioturbação(db). C.Arenito A23, com três estratos arenosos capeados por folhelhos e siltitos com drapes e bioturbação. D. Detalhe da foto C (Arenito A23, fácies Axd), com estratificação e laminação cruzadas (x,r) separados por ritmitos com numerosos drapes (heterolítico). As lâminações cruzadas (r) passam, à direita, à estratificação cruzada com drapes na base de foresets (ver Fig. 6.6B,C). E. Detalhe dos ritmitos(fácies Afg, foto A), com estratos cruzados (x) passando lateral (à esquerda) e verticalmente a laminações cruzadas e onduladas (r)........................................... 89
Figura 7.2 – Descontinuidades ligadas a fácies de canal. A, B, C.Descontinuidades na fácies Aci, Arenito A21. A. Fácies Ald truncada por canal da fácies Aci, e, mais acima, fácies Alb truncada por canal com fácies Acs; esta mostra drape argiloso na base (setas) seguido de dois estratos rítmicos (A22.3 e A22.4). B (geral),C (detalhe). À direita da foto A, com no canal da fácies Aci cortando nível estratigráfico mais baixo que o anterior e formada por arenitos intraclásticos (i) passando lateral e verticalmente para arenitos com drapes argilosos (d), ambos com estratificação cruzada acanalada. Notar a fácies Ald, laminada-horizontal. D,E, F. Heterogeneidades na fácies Acs do Arenito A22. D.Detalhe dos estratos rítmicos no arenito A22: abaixo, estratos A22.3 arenito tendo estratificação cruzada (x), laminação cruzada clino-ascendente (r) e drape argiloso, e acima, estrato A22.4 com arenito laminado, incipente laminação cruzada (seta) e drape argiloso (A22.4). E. Detalhe das fácies Aci, com arenitos com estratificação cruzada e laminação cruzada clino-ascendente (x, r). Notar drape/flaser (setas) que separa ritmitos A22.1 e A22.2(espessura,10cm). F. Arenito A21 com laminação horizontal e cruzada clino-ascendente, sendo truncada pelo Arenito A22,com ritmitos da fácies Acs: com laminação cruzada clino-ascendente (A22.1)e paralela a cruzada clino-ascendente (A22.2, A22.3). Compare com a Foto E. Ver localização das Fotos no painel da Figura 6.4. ................ 90
Figura 7.3 – Diagrama de Folk, 1968................................ 91
Figura 7.4 – Abundantes feldspatos, frescos e alterados (a), micas esparsas (biotita, clorita). Abundante filmes argilosos (ilita?) e
xviii
sobrecrescimentos de feldspato (s). A e B.Lâmina 1 com nicóis paralelos. C e D. Lâmina 3, com nicóis paralelos e cruzados (aumento de 32x).. 93
Figura 7.5 – A. Arenito fino com raros grãos médios, seleção regular boa. Notar abundância em filmes de argila, e raros sobrecrescimentos de feldspatos (Lâmina 3, com nicóis cruzados e aumento de 32x). B e C.feldspatos alterados (a) e dois grãos de clorita; sobrecrescimentos de fedspato (s), inclusive em grãos alterados (s´), numerosos filmes de argila; em laranja, porosidade (nicóis paralelos e cruzados, com aumento de 80x) ............................................................ 94
xix
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO V
Tabela 5.1 - Síntese das fácies identificadas no afloramento da Formação Cabo na praia de Guadalupe.......................................... 48
CAPÍTULO VI
Tabela 6.1 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos Arenosos ...................................................... 72
Tabela 6.2 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos de
Textura Fina ............................................................... 73
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
O estudo de arquitetura de seqüências sedimentares é hoje
uma importante instrumento na interpretação paleoambiental,
pois fornece informações indispensáveis com relação a natureza
do arranjo bi e tridimensional de depósitos, tornando possível
sua correlação com análogos recentes (Miall, 1985). Tem sido
aplicado principalmente a depósitos fluviais, onde há grande
variação lateral de fácies causada pela dinâmica produzida em
ambientes fluviais, como variação de morfologia de canal,
distribuição granulométrica, formas de leito. Com isso, a
abordagem amplamente difundida de análise faciológica e
interpretação paleoambiental baseada na utilização de perfis
verticais tem sido considerada pouco diagnóstica, pois não
representa a variação tridimensional da geometria e composição,
sendo inadequada para predizer relações laterais de fácies
(Miall, 1985).
A importância do controle lateral em análise faciológicas
tem conduzido a maior ênfase na identificação de aspectos
geométricos externos dos corpos sedimentares e no
reconhecimento de padrões de associação de litofácies e suas
relações internas de organização (arranjo interno), definindo
uma análise faciológica que tem sido reconhecida como
arquitetura deposicional.
A arquitetura deposicional é de grande utilidade na
recuperação de hidrocarbonetos em reservatórios. O
entendimento limitado do arcabouço geológico de reservatórios
e de seu controle estrutural, bem como a existência de
variados graus de heterogeneidades, são fatores que prejudicam
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
2
a explotação de reservatórios, pois exercem forte influência
no fluxo de hidrocarbonetos em subsuperfície.
O estudo de arquitetura deposicional é uma técnica
bastante aplicada e de grande importância na observação de
feições de corpos sedimentares. A criação de um modelo
deposicional, a partir do estudo da arquitetura de
afloramentos em superfície, para uso como análogo de
reservatório de hidrocarbonetos em subsuperfície, possibilita
a avaliação e a simulação do comportamento de fluídos em
determinado reservatório; de acordo com sua natureza
arquitetural e petrográfica, minimizando os custos e riscos
que envolvem a exploração e a produção de hidrocarbonetos.
1.2 Localização da Área de Estudo
O afloramento da Formação Cabo selecionado para este
estudo representa uma excelente exposição de fácies de fluxos
combinados de tração e de suspensão, estando localizado na
região de Guadalupe, município de Sirinhaém, Estado de
Pernambuco, nordeste do Brasil (Fig. 1.1). Representa uma
falésia praial, presentemente sob forte erosão marinha.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
3
Figura 1.1 – Mapa de localização do afloramento estudado, adaptado do mapa das bacias sedimentares brasileiras (Nascimento, 2003) e do site http://www.gp.pro.br/ rotas_pe.htm
1.3 Justificativa
A Bacia Pernambuco é uma bacia do tipo rifte, de idade
barremiana, cuja origem está relacionada a formação da margem
do Atlântico Sul Setentrional, e consequentemente com uma
evolução semelhante às demais bacias da margem leste
brasileira. Talvez seja a menos conhecida delas, sendo
atualmente considerada, sob o ponto de vista da indústria do
petróleo, uma bacia de novas fronteiras exploratórias.
Recentemente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostrou
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
4
interesse em reativar a exploração de petróleo nessa bacia,
através de projetos como o Projeto de Avaliação do Potencial
de Hidrocarbonetos da Bacia Pernambuco-Paraíba (UFRN/ANP).
A Formação Cabo tem sido pouco estudada sob a ótica
petrográfica e de ambiente deposicional, sem a realização de
análises mais detalhadas de sua arquitetura e sistemas
envolvidos. Por se tratar de uma formação cujo análogo na
bacia de Sergipe/Alagoas representa rochas geradoras e
reservatórios, justifica-se o desenvolvimento da presente
investigação, contribuindo para o avanço do conhecimento
geológico sobre esta unidade.
A Formação Cabo, com aproximadamente 4.000m de espessura
na plataforma continental, é composta por diferentes sistemas
deposicionais. Tendo em vista que o afloramento estudado
possui apenas 6m de espessura, ainda que lateralmente bem
preservado. Este trabalho envolve apenas a investigação de um
deles.
Este estudo teve como finalidade principal colaborar com o
conhecimento sobre a arquitetura deposicional da Formação,
principal unidade potencialmente armazenadora de petróleo na
Bacia Pernambuco.
1.4 Objetivos
O objetivo geral do trabalho aqui apresentado é o de
reunir informações de natureza sedimentar e estratigráfica
para detalhar a arquitetura deposicional da fácies fluvial
distal dos depósitos da Formação Cabo representados no
afloramento da praia de Guadalupe.
Como objetivos específicos da presente investigação pode-
se citar:
a) caracterização faciológica da sucessão sedimentar
através da identificação das fácies e de suas associações no
espaço e no tempo;
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
5
b) identificação das fácies areníticas, que podem atuar
como rochas-reservatório, e das fácies pelíticas, que podem
funcionar como barreiras ao fluxo ou rochas geradoras;
c) individualização e caracterização dos principais sets,
bem como de sua geometria;
d) interpretação dos sistemas deposicionais e elaboração
de um modelo correspondente para a Formação Cabo.
1.5 Material e Método
O material de trabalho proveio basicamente do afloramento
da paraia de Guadalupe, porção sul da Bacia de Pernambuco,
tendo sido obtidas informações e amostras em atividade de
campo. Lâminas petrográficas foram confeccionadas no
Departamento de Geologia (DGEO) da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), a partir de amostras retiradas do
afloramento estudado. As análises granulométricas foram
realizadas no Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do
DGEO/UFPE.
Os métodos de estudo consistiram em levantamento
bibliográfico preliminar, descrição sedimentológica detalhada
do afloramento, análise de lâminas petrográficas, análises
granulométricas, caracterização faciológica e confecção de
seções geológicas distribuindo-se em quatro etapas principais.
Na primeira etapa foi efetuado um extenso levantamento
bibliográfico referente a dados geológicos, estratigráficos e
paleontológicos sobre a Bacia Pernambuco e a Formação Cabo ,
bem como sobre temas correlatos.
A segunda fase consistiu de várias visitas ao afloramento
(em 2003), para observar as características estratigráficas e
sedimentológicas da seqüência aflorante, visando a
interpretação das unidades presentes e a correlação espacial
do afloramento em relação à bacia. Nesta etapa também foram
coletadas amostras de sedimentos de algumas seções para a
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
6
execução posterior de lâminas petrográficas e análise
granulométrica em laboratório. Tendo em vista que o
afloramento apresenta boa exposição de pequena extensão, os
dados foram adquiridos a partir da descrição de 11 perfis
estratigráficos. O afloramento inteiro foi fotografado para
permitir a construção de um fotomosaico e o registro das
características sedimentares mais conspícuas.
A terceira etapa reuniu as diversas fases laboratoriais: a
preparação de lâminas delgadas das amostras, sua descrição
(composição, textura, porosidade e feições diagenéticas); o
registro fotográfico das principais feições observadas e as
análises granulométricas.
A última fase, consistiu na individualização das fácies,
levando em consideração critérios litológicos e de estruturas
sedimentares. Para tanto, foram utilizadas as descrições do
afloramento, as seções geológicas construídas previamente.
Posteriormente foram efetuadas as correlações faciológicas,
observando suas continuidades lateral e vertical, além da sua
organização bidimensional. Todo o conjunto foi então dividido
em unidades, com base em características peculiares das
associações faciológicas. A construção do fotomosaico do
afloramento nesta etapa auxiliou na individualização e
compreensão de toda a seqüência. A elaboração de modelos com a
interpretação da seção estratigráfica e das características
observadas no afloramento também facilitaram a integração de
todos os dados. Por fim, foi possível a elaboração de um
modelo geológico e a definição da arquitetura deposicional
para o afloramento da Formação Cabo na Praia de Guadalupe.
CAPÍTULO II ____ __
ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DE PERNAMBUCO
2.1 Introdução
A Bacia de Pernambuco (Fig. 2.1) localizada na região
Nordeste do Brasil situa-se na borda leste da margem atlântica
e seu embasamento é parte da Província Borborema. Tem
aproximadamente 100km de comprimento, 12km de largura (área
emersa) e uma espessura de 4000m, limitando-se ao sul pelo
Alto de Maragogi (AL), e a norte pelo Lineamento Pernambuco
(PE). Em sua porção submersa, estende-se o norte do Platô de
Pernambuco (Alves & Costa, 1986).
Figura 2.1 – Localização das bacias de Pernambuco e da Paraíba, segundo Mabesoone & Alheiros, 1993 e Barbosa, 2004, respectivamente.
A Bacia de Pernambuco foi anteriormente denominada Sub-
Bacia do Cabo, associada ao norte à Bacia Paraíba, compondo a
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
8
Bacia Pernambuco-Paraíba (Mabesoone & Alheiros 1988; 1993), ou
ainda extendida até o Alto de Touros na Bacia Potiguar, com a
denominação de Bacia Pernambuco-Paraíba-Rio Grande do Norte
(Mabesoone, 1995; 1996a; 1996b). Apesar de serem consideradas
e interpretadas por vários autores como uma única bacia
(Mabesoone 1996a, Mabesoone & Alheiros, 1988, 1991; Asmus &
Carvalho, 1978; Rand & Mabesoone, 1982), as bacias Pernambuco
e Paraíba apresentam características geológicas bem diferentes
(Barbosa et al., 2004; Barbosa, 2004), de modo que neste
trabalho, a Bacia de Pernambuco será tratada como uma bacia
independente da Bacia da Paraíba.
Rand (1976) foi o primeiro a sugerir que a Bacia era
independente das outras bacias localizadas ao norte do
Lineamento Pernambuco. Diferentes características
estratigráficas, geocronológicas e estruturais foram
observadas nas áreas ao norte e ao sul deste lineamento (Lima
Filho, 1996; 1998a), permitindo individualizar duas bacias
distintas com seqüências sedimentares diferentes. Onde então
havia a denominada Sub-bacia Cabo (Mabesoone & Alheiros, 1988)
haveria uma bacia distinta da Bacia Paraíba (Fig. 2.1),
denominada por Lima Filho (1996; 1998) de Bacia de Pernambuco.
A evolução da faixa sedimentar presente ao sul do
Lineamento Pernambuco mostra características não
compartilhadas pela seqüência sedimentar existente ao norte do
lineamento, que corresponderiam à Bacia Paraíba (Lima Filho et
al., 1998). Os fenômenos tectônicos ocorridos na Bacia Paraíba
ao longo de sua história geológica, foram diferenciados das
demais bacias adjacentes por Asmus & Carvalho (1978), talvez
pela preservação de uma ponte ou soleira intercontinental
(landbridge) entre a América do Sul e a África durante o
Neocretáceo, tendo esta ponte se localizado entre o Lineamento
Pernambuco e o Alto de Touros (Rand & Mabesoone, 1982; Rand,
1985). Pouco se sabe sobre a última fase de ligação entre os
continentes africanos e sul-americanos. Alguns autores
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
9
acreditam que a área entre Recife e João Pessoa tenha sido o
último elo entre os dois continentes, e que assim esta região
tenha sofrido um estiramento e afinamento litosférico,
evoluindo para um homoclinal (Rand & Mabesoone, 1982).
Mabesoone (1996a) afirma que nesse processo ocorreu uma
lenta e contínua subsidência, gerando uma rampa homoclinal
(relay ramp). Ao norte do Lineamento Pernambuco, as diferenças
litológicas deste segmento resultaram em um afundamento
diferenciado durante a fase de deriva continental, facilitado
principalmente pela presença de falhamentos pré-cambrianos que
foram reativados. Esse comportamento diferenciado assemelha-se
ao tectonismo de teclas com o qual Fortes (1986) explicou a
formação da Bacia Potiguar, e que é observado pela
estruturação em blocos desnivelados (Rand, 1967, 1976, 1978),
possibilitando a subdivisão da relay ramp da Bacia Paraíba em
Sub-Bacias, delimitadas por grabens de pouco rejeito e altos
estruturais (Barbosa, 2004). A Bacia de Pernambuco, definida
como uma bacia do tipo rifte extensional (Lima Filho, 1998),
encontra-se próxima ao último elo entre os continentes sul-
americano e africano, constituído pela Bacia Paraíba.
2.2 Origem e Evolução
A evolução tectono-sedimentar da Bacia de Pernambuco está
diretamente ligada à ruptura dos continentes sul-americano e
africano no decorrer da abertura do Atlântico Sul, cujo
período mais intenso de rifteamento ocorreu no Eocretáceo.
K. Beurlen (1961) foi um dos primeiros pesquisadores a
sugerir que a abertura do Atlântico se iniciou a partir do
Sul, observando-se em relações estratigráficas e
paleontológicas. Concluiu que a ligação final entre os
continentes sul-americano e africano esteve localizada na área
entre Recife e João Pessoa, e, que corresponderia à faixa
Nigéria-Gabão na África.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
10
Segundo Rabinowitz & Labrecque (1979), a abertura do
rifte sul-atlântico teve uma rotação diferencial horária da
América do Sul em relação à África, ocasionando distensão e
transcorrência na costa leste brasileira e compressão na costa
norte. Szatmari et al. (1987) sintetizaram a história da
formação do Atlântico Sul, mencionando que a direção
predominante do rifte sul-atlântico em relação ao Brasil é
NS/NNE, entre Campos e Salvador. Ao atingir essa última
região, o rifteamento bifurcou-se, com um dos braços NS
formando as bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá, e outro
assumindo a direção NE e formando a Bacia de Sergipe/Alagoas,
prolongando-se até Recife, incluindo assim a Bacia de
Pernambuco. Neste ponto, torna-se gradualmente NS até o
extremo nordeste da costa brasileira.
Dias Brito (1987) menciona a presença de formas
planctônicas tetianas nos sedimentos do Andar Alagoas
(Neocomiano) da Bacia de Sergipe/Alagoas, exemplificadas por
uma espécie de foraminífero (Favusella washitensis) e uma de
nanofósseis calcáreios (Nannoconnus truitti).
Dias Brito (1985a, 1985b, 1995, 2000), estudando
calcisferulídeos das Bacias de Campos e Potiguar, concluiu que
desde o Eo-MesoAlbiano, os oceanos Atlântico Sul já estavam
ligados ao do Atlântico Norte. Segundo Dias Brito (1987), o
estabelecimento de correntes marinhas a partir do final da
fase evaporítica (Neocomiano) nas bacias marginais brasileiras
teria permitido que massas de água do Atlântico Norte e
Atlântico Sul invadissem áreas do atual Atlântico Sul e
Equatorial.
Dias Brito (1994) propõe nova história para a fase
inicial do Atlântico Sul, sugerindo que as massas de água que
primeiro invadiram as regiões equatorial e setentrional do
Atlântico Sul, dando origem a depósitos evaporíticos aptianos,
teriam chegado pelo norte e não pelo sul (Fig. 2.2). Essa
idéia é baseada na presença de organismos pelágicos e
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
11
bentônicos tetianos que ocorrem em sedimentos da margem
atlântica do Brasil a partir do final do Neo-Aptiano,
provenientes principalmente do Golfo do México e região
caribenha.
Figura 2.2 – Mapa paleogeográfico mostrando a circulação entre Tétis e Atlântico Equatorial e Sul a partir do Aptiano-Albiano (Dias Brito, 1994)
Dias Brito (2002) menciona a descoberta de calpionelidos
na zona de fratura Romanche, confirma a idéia de um Atlântico
Sul setentrional/equatorial ligado ao Tétis, surgido como um
braço do Tétis. Assim, a ligação marinha de todo o golfo
estaria completamente estabelecida a partir do Aptiano-Albiano
(Fig. 2.2).
Segundo Dias Brito (1994; 2002), um ou mais pulsos
transgressivos, relacionados a oscilações tectono-eustáticas,
teriam permitido que massas de água oriundas da margem
equatorial transpusessem o Platô de Pernambuco, e que essa
água teria ficado retida entre o Platô de Pernambuco e o alto
de Walvis-Ridge, formando um golfo raso com deposição de
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
12
evaporitos. A barreira de Walvis-Ridge parece ter permanecido
parcial- ou totalmente exposta ao longo do Albiano até o
Cenomaniano, ou até tempos mais tardios, segundo o mesmo
autor.
2.3 Estágios Tectônicos e Preenchimento Sedimentar
Segundo Chang et al. (1988) e Matos (1992, 1999), é
possível reconhecer três estágios rifte, denominados de sin-
rifte I, II e III. A caracterização desses três estágios
baseia-se em diferentes estilos estruturais, dinâmica de
rifteamento e variações estratigráficas no registro sedimentar
(Chang et al., 1990).
O estágio sin-rifte I (Neojurássico), também conhecido como
seção pré-rifte, representa o início da deformação
distensional. Contém depósitos siliciclásticos em uma ampla e
rasa depressão, observada nas bacias do Recôncavo, de Tucano,
de Jatobá, e de Sergipe/Alagoas e do Araripe. O estágio sin-
rifte II teria ocorrido no Eobarremiano-Neocomiano, se
caracterizando pela geração da maioria dos riftes e de três
direções principais de abertura: Gabão-Sergipe-Alagoas (GSA),
Recôncavo-Tucano-Jatobá (RTJ) e Carri-Potiguar (CP). São
bacias riftes controladas por falhas normais de direção NE-SW
e separadas por altos internos do embasamento. Representa um
período de intenso rifteamento, onde se formaram meio-grabens,
rapidamente subsidentes, abrangendo toda a margem brasileira.
Matos (1999) afirma que o Lineamento Pernambuco-Adamaoua
comportou-se então como uma megazona de acomodação,
balanceando mecanicamente a deformação a Sul (ao longo dos
trends RTJ e GSA) simultaneamente a uma distensão ao Norte
(trend CP). O terceiro estágio, sin-rifte III, caracteriza-se
por um período de maior taxa de subsidência no eixo Sergipe-
Alagoas com desenvolvimento sincrônico de dois trends
deformacionais. A deformação cisalhante da margem equatorial
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
13
inicia-se com a propagação do rifteamento na margem leste, se
concentrando ao longo dos principais trends. A direção de
transporte tectônico muda de NNW (sin-rifte II) para uma
direção aproximadamente EW (sin-rifte III). A partir do
Albiano, iniciou-se a fase drifte ou de subsidência térmica
(que dura até hoje), dominada por uma sedimentação franca
marinha.
Para Matos (1999), a ausência de sedimentos mais antigos
do que barremianos ao norte do Alto de Maragogi, deve-se
provavelmente à influência do Lineamento Pernambuco na
arquitetura e localização da deformação distensional. A região
representada hoje pela Bacia de Pernambuco teria sido uma zona
de amortecimento entre a Bacia de Alagoas, ao sul (sob altas
taxas de distensão), e a Bacia da Paraíba, ao norte, com
aparente ausência de sedimentos pré-barremianos. Assim,
admite-se que há cerca de 110Ma a Bacia de Pernambuco sofreu
intensos eventos magmáticos resultantes da separação dos
continentes, gerando um grande volume de rochas vulcânicas.
Diversos autores mencionam estas rochas como Formação Ipojuca.
Lima Filho (1998) definiu estas rochas como Suíte Vulcânica de
Ipojuca, tendo ocorrida durante todo o Cretáceo. A exemplo de
Kegel (1959) e Cobra (1960), Lima Filho (1998) reconheceu
ainda a ocorrência de um evento vulcânico ácido tardio
(Eoterciário), com injeções que cortam o Granito do Cabo de
Santo Agostinho. Lima Filho & Szatmari (2002) mencionam que
durante o Albiano a Bacia de Pernambuco foi afetada por um
intenso vulcanismo alcalino a intermediário. Esse vulcanismo
teria gerado diques, plugs, soleiras e derrames representados
por basaltos, traquitos, riolitos, andesitos, pelo Granito do
Cabo de Santo Agostinho, e algumas ocorrências de
vulcanoclásticas e ignibritos, que reunidas formam a Província
Magmática do Cabo. Estes autores sugerem que essas rochas sua
distribuição controlada por atividades tectônicas vigentes na
época, de forma que, próximo à borda da bacia observa-se a
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
14
predominância de vulcanismo ácido, e no centro, torna-se
intermediário. Os autores apresentam ainda os primeiros dados 40Ar/39Ar (rocha total), destacando–se dois picos: o mais jovem
a 100Ma (riolitos e traquitos) e o mais antigo à 111Ma
(Granito do Cabo e ignibritos).
2.4 Arcabouço Tectono-Sedimentar e Estrutural
Rand (1976) foi quem iniciou os trabalhos de geofísica na
faixa costeira ao sul do Lineamento Pernambuco, definindo o
primeiro esboço tectônico da região da Bacia de Pernambuco. Em
1979 e 1982, a Petrobras, apresentou informalmente, dados e
mapas da plataforma oriental do Nordeste brasileiro obtidos
por métodos magnéticos, gravimétricos e sísmicos, incluindo a
Bacia de Pernambuco.
Em 1994, Oliveira confirmou as anomalias observadas por
Rand (1976) através de perfis potenciais gravimétricos e uma
densa malha de pontos, na porção sedimentar da região
metropolitana do Recife, definindo as anomalias com maior
precisão. No mesmo ano, Araújo (1994), a partir do mapeamento
geofísico e geológico próximo ao Granito de Santo Agostinho,
confirma as feições e anomalias anteriormente detectadas. Mota
et al. (1996) refinaram os dados prévios sugerindo um
arcabouço tectono-sedimentar e estrutural da Bacia de
Pernambuco.
Rand (1976, 1978, 1986), através de estudos geofísicos,
detectou falhas distribuídas tanto no centro quanto nas bordas
da Bacia de Pernambuco. Estas falhas mostram um substrato
desnivelado resultante da justaposição do escalonamento de
falhas N-S e NE-SW. Estas últimas falhas seriam as
responsáveis pela formação de meio-grabens paralelos a linha
de costa, com a seqüência rifte afundada, de modo que, quando
cortados transversalmente por falhas menores, formam pequenos
blocos de grande profundidade. Como exemplos, citam os blocos
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
15
de Sirinhaém, Suape e Piedade, caracterizados por grandes
depocentros, similares (no processo de formação) aos ocorridos
na Bacia de Sergipe/Alagoas (Fig. 2.3).
Figura 2.3 - Principais depocentros da faixa costeira sul de Pernambuco (Lima Filho, 1998: modificado de Rand, 1976).
Brito et al. (1991), baseados em dados estruturais,
sedimentológicos e geofísicos, identificaram fraturas e
falhamentos que formavam dois lineamentos E-W, com o
Lineamento Maragogi a sul e o Lineamento Pernambuco a norte,
delimitando a Bacia de Pernambuco. Observaram também dois
conjuntos de falhas principais com direções N40W e N50E (Fig.
2.4), provavelmente geradas pelo rifteamento do Atlântico Sul.
São observadas no limite oeste da bacia, em contato com o
Maciço Pernambuco/Alagoas, controlando a deposição da Formação
Cabo.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
16
Figura 2.4 - Feições estruturais da Bacia de Pernambuco (Lima Filho,
1998).
Falhas de direção similar desenvolveram-se também em
rochas do próprio Maciço Pernambuco/Alagoas, influenciando a
compartimentação e o arcabouço estrutural da Bacia de
Pernambuco. Elas estabelecem seus limites, inclusive até o
Granito de Santo Agostinho, que, de acordo com Brito et al.
(1991), subdivide a bacia em duas porções: a Sub-Bacia Norte e
a Sul, nas denominações de Lima Filho (1998). Desse modo, a
Sub-Bacia Norte estaria posicionada entre o Lineamento de
Pernambuco, e a Falha de Santo Agostinho (NW - SE), ao sul do
Granito de Santo Agostinho. E a Sub-Bacia Sul se encontraria
localizada deste granito até o Lineamento Maragogi, que
apresenta um alto gravimétrico-estrutural (Maragogi-
Barreiros). Oliveira (1994) também encontrou feições com
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
17
anomalias negativas seccionadas pela linha de costa e sofrendo
deslocamentos E-W e NW-SE, indicando a ocorrência de sub-
bacias desconectadas por falhas de transferência e pelo Alto
Estrutural de Santo Agostinho.
Lima Filho (1998), a partir de fotografias aéreas,
imagens de radar e dados geofísicos, confirmou as duas
principais direções de falhas e fraturas na bacia, além do
Lineamento Pernambuco de direção E-W (Fig. 2.4): um NE-SW, e
outro NW-SE. Este autor também verificou vários depocentros na
bacia, associados aos baixos estruturais gravimétricos, com
profundidades que chegam a 3500m (no Gráben do Cupê) ou mais
(na Sub-bacia Sul). O autor assim demonstra que a Bacia de
Pernambuco é composta por dois grabens principais, sendo um
interno, formado pelo Baixo de Piedade e do Cupe, e outro
externo, com profundidades superiores a 4000m.
Barbosa (2004) apresentou um mapa (Fig. 2.5) no qual
sobrepôs, ao mapa estrutural das Bacias de Pernambuco e da
Paraíba, imagens de levantamento geofísico, mostrando que as
anomalias magnéticas correspondem exatamente com as grandes
falhas e alinhamentos, a partir dos quais foram baseadas as
subdivisões das bacias. No mapa gravimétrico elaborado pelo
autor mostra o comportamento diferenciado das áreas ao sul e
ao norte o Lineamento Pernambuco. Ao sul do lineamento e ao
norte do Alto de Maragogi (próximo à divisa de Pernambuco com
Alagoas) observa-se a Bacia de Pernambuco com forte anomalia
negativa em azul, cujos flancos, são em forma de concha.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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Figura 2.5 – Mapa elaborado por Barbosa (2004) com os dados aeromagnetometria das bacias de Pernambuco e da Paraíba, mostrando uma forte feição negativa (gráben) ao sul do Lineamento Pernambuco, domínio da Bacia de Pernambuco.
No Relatório SIGA da CPRM/CPRH (2003; apud Barbosa, 2004)
pode-se observa uma anomalia positiva representada pelo
Granito do Cabo de Santo Agostinho (Fig. 2.6), possivelmente
refletindo uma estrutura tectônica de soerguimento naquela
região. Ao norte não aparece a tão evidente anomalia negativa
anteriormente mencionada, mas vê-se uma cadeia de anomalias
positivas, que marca a borda da Bacia Paraíba.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
19
Figura 2.6 – Mapa gravimétrico residual da faixa costeira de Pernambuco, mostrando a diferença de comportamento ao norte e ao sul do Lineamento Penambuco (Relatório SIGA – CPRM/CPRH, 2003 apud Barbosa, 2004)
2.5 Evolução Sedimentar
A evolução da Bacia de Pernambuco foi iniciada no
Neojurássico, mas seu preenchimento sedimentar data do Aptiano
ao Maastrichtiano e do Terciário, além de uma ampla cobertura
quaternária (Lima Filho, 1998). Segundo este autor, os
principais estágios da evolução sedimentar da bacia podem ser
compreendidos em cinco eventos, documentados por seqüências
deposicionais, como é a seguir explanado.
Evento Sedimentar Eo-aptiano: o início na sedimentação da
bacia processou-se através do preenchimento de grábens por
sedimentos siliciclásticos psamíticos, numa tectônica
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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sinsedimentar, envolvendo o embasamento. Foi nessa fase que os
conglomerados da Formação Cabo foram depositados, sob a forma
de leques terrígenos. Esses conglomerados passaram a arenitos
arcoseanos, intercalando-se com folhelhos escuros de ambiente
lacustre, nas porções distais da depressão, que se abria de
sul para norte, pois os sedimentos da Formação Cabo são mais
antigos ao sul do que ao norte. Nessa época, na Bacia de
Pernambuco prevaleciam condições essencialmente continentais,
com atividades vulcânicas responsáveis pela ocorrência de
basaltos, traquitos e riolitos.
Evento Sedimentar Eo-albiano: a partir do Eo-albiano, com
a continuação da subsidência termal e de processos
distensionais, associados à elevação global do nível do mar,
as primeiras ingressões marinhas se fizeram presentes na Bacia
de Pernambuco, com a deposição da Formação Estiva, perdurando
até o Turoniano/Santoniano. Essas ingressões foram tímidas, só
atingindo as áreas mais baixas da bacia, no extremo sul da
bacia, como é sugerido pela presença de Neithea sergipensis na
Fazenda Estiva. No restante da bacia, essa invasão marinha é
pouco documentada, prevaleceu um regime de deposição de
sedimentos fluviais e continentais, causado por movimentos
divergentes, provavelmente por reajuste de placas. Nessa
época, foram depositados os sedimentos da parte superior da
Formação Cabo intercalandos, na plataforma, com os carbonatos
da Formação Estiva.
Evento Marinho Cenomaniano-Mesoturoniano: o nível global
do mar continuou subindo durante todo o Albiano, atingindo o
clímax no Turoniano, quando se depositaram os carbonatos de
águas rasas da Formação Estiva na porção sul da bacia. Já na
parte norte, as condições eram francamente continentais,
resultantes de uma movimentação positiva do bloco de Gaibu
durante o Albiano.
Evento de Rifteamento Neoturoniano-Coniaciano:
provavelmente no Neoturoniano a área Sul passou por um intenso
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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magmatismo básico, que gerou vários derrames de basaltos. Esse
vulcanismo poderia estar relacionado com falhas
transtensionais ativadas neste tempo, depositando
principalmente basaltos sobre carbonatos (ao Sul) e sedimentos
aptianos/albianos (ao Norte). No Coniaciano, um grande
tectonismo reativou antigas falhas inclusive o Lineamento
Pernambuco, criando novos espaços para a deposição de
sedimentos. Na parte norte desse lineamento, iniciou-se a
deposição de clásticos grossos (Formação Beberibe) numa bacia
homoclinal do tipo rampa. Como na maior parte da bacia o
embasamento era formado por rochas vulcânicas, esses
sedimentos tinham um caráter litológico relacionado a estas
rochas. As rochas depositadas no Coniaciano pertencem à
Formação Algodoais, que aparentemente continuaram se
depositando até o Terciário.
Evento Magmático Eoceno: No Terciário, a bacia foi
novamente tomada por um vulcanismo ácido, do tipo riolítico,
que a cobriu em grande parte. O intemperismo agindo sobre este
riolito resultou nas camadas caulínicas, principalmente
ocorrentes no Alto do Cabo de Santo Agostinho. Após esse
período foi instalado um intenso regime fluvial, talvez
causado pela mudança do nível de base, ocasionando o
retrabalhamento das rochas caulínicas, que se depositaram nas
partes mais baixas da plataforma. Entre o Alto do Cabo de
Santo Agostinho e a foz do rio Formoso, provavelmente por
soerguimento dessa área causado pelo vulcanismo, não ficou
registro de sedimentação terciária.
2.5.1 Estratigrafia
Um dos primeiros autores a sugerir uma disposição
litoestratigráfica para a Bacia de Pernambuco foi Kegel
(1959), que identificou os conglomerados do cabo, as
diferentes rochas vulcânicas e os litotipos sedimentares.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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Suprimiu da coluna estratigráfica a Formação Estiva, apesar
desta ter sido definida desde 1943 na Bacia de Pernambuco.
Esta idéia também foi adotada por Cobra (1960), que observou a
presença de um calcário eocretácico distinto do Estiva, que
denominou informalmente calcário Gameleira. Em 1979, Amaral &
Menor formalizaram e novamente incluíram a Formação Estiva em
sua proposta de coluna estratigráfica para a bacia.
Em 1980, Dantas subdividiu a faixa costeira de
Pernambuco, incluindo a primeira no Grupo Pernambuco
denominando-a faixa vulcano-sedimentar Sul de Pernambuco,
composta pelas formações Cabo, Estiva e Ipojuca (Amaral &
Menor, 1979), toadas cretácicas. A segunda é a faixa
sedimentar Norte de Pernambuco, da qual participa o Grupo
Paraíba, com sedimentos do Neocretáceo ao Paleoceno.
Segundo Lima Filho (1998), a Bacia de Pernambuco pode ser
dividida em duas sub-bacias, separadas pelo alto estrutural do
Cabo de Santo Agostinho. Na Sub-bacia Norte ocorrem sedimentos
imaturos da Formação Cabo (conglomerados polimíticos,
arcósios, siltitos e argilitos); as rochas da Suíte Ipojuca
(que também inclui o granito do Cabo de Santo Agostinho); a
seqüência de arenitos conglomeráticos pós-vulcânicos da
Formação Algodoais; os clásticos da Formação Barreiras; e uma
extensa sedimentação quaternária. A Sub-bacia Sul é
caracterizada pela presença de rochas carbonáticas da Formação
Estiva, evidenciando uma subsidência mais acentuada que
permitiu ingressões marinhas ao sul do alto estrutural
representado pelo granito do Cabo de Santo Agostinho.
As mais recentes colunas estratigráficas da Bacia de
Pernambuco trouxeram significativas propostas de mudanças:
Feijó (1994) e LAGESE (2003; Fig. 2.7). Para Feijó (1994), o
intervalo 61-2953m do poço 2CP-1-PE deve ser adotado como
perfil de referência das formações Cabo e Ipojuca. O autor
posiciona as rochas vulcânicas da Formação Ipojuca no Aptiano,
e a Formação Estiva ocorre desde o Albiano até o Cenomaniano-
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Turoniano. Porém, o fato mais interessante na coluna proposta
por este autor é a inclusão da Formação Calumbi (Similar à
Bacia de Sergipe/Alagoas) na porção offshore da Bacia de
Pernambuco.
Figura 2.7 – Carta estratigráfica da Bacia de Pernambuco, com as unidades estratigráficas aflorantes a sul e ao norte do Lineamento Pernambuco (LAGESE, 2003).
A coluna estratigráfica proposta pelo LAGESE (2003; Fig.
2.7) apresenta a Suíte Vulcânica Ipojuca ocorrendo durante
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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todo o Cretáceo, desde as porções inferiores da Formação Cabo
até acima do topo da Formação Estiva. E inclui ainda a
Formação Algodoais abaixo do evento vulcânico tardio ácido
terciário sobreposta pela Unidade Tiriri.
A carta estratigráfica das duas bacias geralmente é
apresentada como uma única coluna, onde as rochas que afloram
ao norte do Lineamento Pernambuco sobrepõem-se às rochas que
afloram ao sul (como por exemplo, vide Feijó, 1994). Porém,
Barbosa (2004) propõe colunas estratigráficas individualizadas
para as duas bacias, baseado no fato de que apresentam
características estratigráficas distintas, como idade dos
estratos, feições deposicionais, paleofauna, etc. Embora
Mabesoone & Alheiros (1988) tenham considerado que sobre o
Platô de Pernambuco, em área offshore da Bacia de Pernambuco,
possa existir continuidade na deposição sedimentar do
Cenomaniano ao Paleoceno, Barbosa (2004) afirma que ainda não
há uma comprovação dessa continuidade na plataforma da Bacia
Paraíba, devido à ausência de poços exploratórios na área.
2.5.2 Sistemas Deposicionais
As rochas que constituem a Formação Algodoais compreendem
conglomerados polimíticos (fragmentos de quartzo, rochas do
embasamento cristalino e vulcânicas), mono- a diamíticos
(seixos de traquitos e quartzo dominantes), e arenitos com
intercalações de níveis de argilitos (Cruz, 2002). Essas
litologias representam fácies de canal fluvial e de planície
de inundação. A fácies de canal fluvial está reconhecida por
conglomerados cujos seixos e blocos apresentam baixos
arredondamento e esfericidade (sugerindo proximidade de área
fonte) e arenitos médios a grossos com estratificação cruzada
acanalada e tabular de médio porte. A fácies de planície de
inundação está representada por intercalações centimétricas de
argilitos/siltitos finamente laminados e corpos tabulares de
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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arenitos finos, depositados em ambiente subaquoso de baixa
energia. As intercalações arenosas, normalmente apresentando
estratificação plano-paralela de regime de fluxo superior,
sugerem invasões esporádicas de corpos arenosos (depósitos do
tipo crevasse splay) associadas a variações sazonais na
energia fluvial.
Quanto à natureza do sistema fluvial da Formação
Algoadoais, a ocorrência de feições diagnósticas tanto de rios
entrelaçados quanto de rios meandrantes permitem uma
interpretação de uma situação onde ambos os modelos estão
presentes: na região de Recife, predominam depósitos de rios
entrelaçados, evidenciados pela ocorrência de pequenos canais
em barras arenosas, enquanto que no entorno de Gaibu ocorrem
ambos os tipos de depósitos.
Lima Filho (1998) reconheceu três níveis distintos de
calcários da Formação Estiva que, segundo ele, são
conseqüência de três fases de transgressão marinha na Bacia de
Pernambuco.
A Formação Cabo é constituída por três fácies, designadas
de proximal, mediana e distal, cuja relação lateral
caracteriza um sistema de leques aluviais subaéreos ou
sublacustres, depositadas sob clima árido (Lima Filho, 1998).
A Formação Barreiras, semelhante à Formação Algodoais,
apresenta um sistema deposicional fluvial, porém com
predomínio de rios entrelaçados. Conglomerados gradam
verticalmente para argilitos e arenitos, estes últimos
apresentando estratificações cruzadas acanaladas e boa
maturidade composicional.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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2.6 A Formação Cabo
A Formação Cabo foi referida pela primeira vez como
unidade estratigráfica por Cobra (1960), que a descreveu como
uma complexa seqüência clástica constituída por uma fácies
brechóide, conglomerática e arcoseana que grada para uma
fácies arcoseana em direção ao litoral. Entretanto, Oliveira &
Leonardos (1943) e Kegel (1959) já haviam reconhecido um
conglomerado composto por seixos centimétricos de rochas
ígneas similares às que afloram nas proximidades, cuja
ocorrência limitava-se ao município do Cabo. Cobra (1960)
expandiu esta ocorrência, mencionando que este conglomerado
aflora numa faixa contínua que vai desde as proximidades do
município de Ponte dos Carvalhos até os limites do Estado de
Pernambuco com o Estado de Alagoas.
A primeira tentativa de subdivisão da Formação Cabo foi
proposta por Pedrosa Junior (1969), que descreveu uma
seqüência de conglomerados inferiores com intercalações de
arcóseos e de argilitos micáceos, sobreposta por
conglomerados.
Alheiros (1987) definiu a Formação Cabo como sendo
constituída por conglomerados, arcósios e siltitos, e Brito
(1992) acrescentou que estas três fácies representam a
deposição de leque aluviais (proximal, mediano e distal).
Nóbrega (1995) analisou testemunhos de sondagem do poço 2-CP1-
PE, e reconheceu também três fácies sedimentares para a
formação: a fácies M, que apresenta arenitos que variam de
muito grossos a muito finos; a fácies D, que representa os
ritmitos areno-pelíticos dos depósitos terminais de leques; e
a fácies L, que mostra folhelhos cinzentos a negros, típicos
de sedimentação anóxica de lagos.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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2.6.1 Arcabouço Estratigráfico da Formação Cabo
Segundo Lima Filho (1998), a Formação cabo abrange toda a
borda oeste da Bacia de Pernambuco, limitada pelo embasamento
cristalino (maciço de Pernambuco/Alagoas) através de
falhamentos normais gerados durante a estruturação da bacia. O
autor dividiu a formação em três fácies: proximal (KC1),
mediana (KC2) e distal (KC3).
A fácies proximal (KC1) de Lima Filho (1998) encontra-se
em afloramentos de borda de bacia, desde a região do Cabo de
Santo Agostinho até Sirinhaém. É constituída exclusivamente
por conglomerados polimíticos e polimodais de caráter
sintectônico. Ocorre em geral sob a forma de morros
arredondados, com declividade moderada. Está representada por
um conglomerado com padrão de distribuição granulométrica
predominantemente polimodal sustentado por blocos e matacões
quando próximos às falhas, e com pouca matriz e constituintes
de menor dimensão.
O contato desta fácies proximal com o embasamento
cristalino ocorre através de falhamentos normais gerados
durante a estruturação da bacia. Com a fácies mediana, o
contato é aparentemente gradacional, sendo recoberta por esta
fácies (KC2); ou ocorre através de constatos laterais devido, a
falhamentos normais de direção 225ºAZ.
A fácies mediana (KC2) de Lima Filho (1998) de arcósios
conglomeráticos, ocorre de forma descontínua e sub-paralela à
fácies de leque aluvial proximal (KC1), estando distribuída
somente na porção norte e no extremo sul da bacia, o que pode
ser explicado pelo rifteamento mais intenso ocorrido na sua
parte central. Aflora em morrotes com declividade moderada a
baixa. Esta fácies representa um leque aluvial mediano com
redução da força hidráulica existente nos leques aluviais
proximais, o que se reflete em seus constituintes, que passam
a ser arenitos conglomeráticos arcoseanos.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
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A fácies distal (KC3) é formada por folhelhos
intercalados por siltitos e arenitos médios a finos. Ocorre
próxima a linha de costa, sendo melhor observada nas regiões
de Tamandaré, da praia de Guadalupe (Sirinhaém), de Itapoama,
do norte de Gaibu (Engenho Caramuru) e de Suape. Em uma seção
no Morro do Baobá (Suape) há folhelhos carbonosos com restos
vegetais e intercalações vulcânicas.
2.6.2 Idade
A Formação Cabo teve sua datação muito controvertida até
serem realizadas as primeiras datações de K-Ar e Rb-Sr por
Vandoros et al. Em 1966. Estes autores dataram as rochas
vulcânicas intercaladas aos sedimentos entre 99 e 85Ma, de
modo que Feijó (1994) a datou como mais antiga do que o
Albiano.
O único macrofóssil encontrado nessa formação corresponde
a uma espécie de peixe que ocorre nos folhelhos, referida por
Costa et al. (1979) à espécie Dyplomysthus longicostatus Cope,
1910. O holotótipo desta espécie foi anteriormente encontrada
nos sedimentos do Grupo Ilhas, Bahia, neocomianos sendo de
ambiente estuarino, de águas rasas e tranqüilas.
A parte inferior da Formação Cabo é tida como aptiana,
considerando a presença do polinomorfo Turbatus
inaperturopollenites, que corresponde à zona palinológica P-
260 (no intervalo entre 2953-1890m do poço 2-CP-1-PE). A parte
superior da formação é considerada albiana, pela ocorrência de
Sergipea variverrucata e Pustulosus vitreisporites,
equivalente às zonas palinológicas P-270 e P-280,
respectivamente, no intervalo entre 1890-66m do mesmo poço
(Feijó, 1994; Nóbrega, 1995). Em outro poço (9-JG-1-PE) estes
autores citam que as zonas palinológicas P-270 e P-280 ocorrem
nas profundidades de 801 a 1100m, indicando uma idade neo-
alagoas/ptiano/eo-albiano.
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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais
29
2.6.3 Interpretações Paleoambientais e Sistemas Deposicionais da Formação Cabo
Alguns dos trabalhos não chegam a uma conclusão sobre a
origem dos conglomerados e de seu paleoambiente, e os mais
importantes admitem a hipótese de o conglomerado ser um
depósito coluvial de blocos formados por deposição sub-aérea
(Andrade & Lins, 1961).
Bigarella & Andrade (1964) consideraram o material
proveniente da desagregação física sob condições climáticas
úmidas a secas, e posteriormente depositado ao pé de uma nova
escarpa em regime de corrida de lama sob um clima semi-árido.
Alheiros (1987) considera a Formação Cabo como tendo sido
depositada por um sistema de leques aluviais coalescentes,
formados em ambiente continental ao pé de falésias de falhas
normais de grandes rejeitos, progradando para um lago
tectônico. Sobre os leques houve o desenvolvimento de um
sistema fluvial entrelaçado que evolui para E-SE, sendo o
sistema lacustre invadido pelos clastos grossos dos leques
aluviais progradantes, ciclicamente governado pelos pulsos
tectônicos.
Costa et al. (1979) correlacionaram a Formação Cabo com a
Formação Rio Pitanga, do Cretáceo Inferior da Bacia SE/AL.
Alheiros et al. (1989) correlacionaram a Formação Cabo à
Formação Muribeca (Membro Carmopólis), da Bacia SE/AL. Estes
autores sugeriram, portanto, o prolongamento da Bacia SE/AL
para o sul do Recife.
Lima Filho (1998) confirmou a presença de três diferentes
fácies para a Formação Cabo, cuja variação lateral caracteriza
um sistema de leques aluviais subaéreos ou sublacustres em
clima árido.
CAPÍTULO III
FÁCIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
3.1 Fácies Sedimentar e Sucessão de Fácies
O estudo de fácies sedimentares e DE sistemas
deposicionais é intimamente relacionado, fornecendo ambos
subsídios muito importantes para a reconstituição
paleoambiental de determinada área sedimentar (Dott, 1988).
Sistemas deposicionais são seqüências sedimentares inter-
relacionadas que representam tridimencionalmente um
determinado ambiente de deposição (Fisher & McGowen, 1967). Ou,
como definem Posamentier et al. (1988), são associações
tridimensionais de litofácies geneticamente relacionadas por
processos ou ambientes inferidos. Sistemas deposicionais
diferem de ambientes deposicionais (ou de sedimentação), que
correspondem ao cenário de sedimentação, isto é, um
compartimento geomorfológico da superfície da Terra onde
domina uma série de processos deposicionais que permitem
distingui-lo dos sistemas adjacentes Borghi (2000).
O termo fácies foi criado por Nicholaus Steno (1669), e
significava o aspecto total de uma parte da superfície da
Terra durante um certo intervalo de tempo (Teichert, 1958). A
palavra fácies é derivada do Latim facia ou facies, que
significa aparência externa. O termo fácies foi introduzido
por Gressly (1838), significando a soma total de aspectos
litológicos e paleontológicos de uma unidade estratigráfica
(Walker, 1984). Para Selley (1970), fácies é “uma massa de
sedimentos ou de rocha sedimentar caracterizada e distinguida
das demais pela litologia, geometria estratal, estruturas
sedimentares, petrotrama, cores, fósseis e atributos
direcionais”. Subdivisões de um corpo rochoso em fácies
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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
31
constituintes (ou unidades de aspectos similares) é um recurso
classificatório. A quantidade de subdivisões deve ser
determinada pelo objetivo do trabalho, tempo disponível,
escala de trabalho e abundância de estruturas físicas e
biológicas da rocha.
Segundo Miall (1990), análise de fácies compreende o
estudo e interpretação de texturas, estruturas sedimentares,
fósseis e associação litológica de rochas sedimentares em
escala de afloramento, seção de poço ou pequeno segmento de
uma bacia.
A chave para a interpretação de fácies é combinar
observações de sua relação espacial e de suas feições internas
(litologia, estruturas sedimentares) com informações de outras
unidades estratigráficas de poços estudados, de estudos de
ambientes modernos de sedimentação (Walker, 1984), e de
ensaios de simulação laboratorial (Borghi, 200).
À fácies pode ser dada uma designação informal (fácies “A”,
“B”, etc.) ou uma breve designação descritiva (“fácies de
siltito laminado”, por exemplo) significando unidades
passíveis de uma interpretação ambiental coerente.
A importância de estudo facilógico de determinada
seqüência, além de se constituirem elemento de descrição de
uma sucessão sedimentar, reside em sua interpretação genética
em conjunto com outras fácies, o que permite uma interpretação
paleoambiental de antigos ambientes de sedimentação.
Entretanto, isto só é possível se houver uma interdependência
genética entre elas, ou seja, uma relação de fácies (Borghi,
2000). Este autor menciona também que uma sucessão de fácies é
uma relação de sequenciamento linear das fácies no espaço,
usualmente elaborada ou expressa por um perfil
sedimentográfico vertical.
Walther (1894 apud Walker, 1984), na “Lei de Correlação de
Fácies” ou “Lei de Sucessão Vertical de Fácies” por ele
enunciada (também conhecida como “Lei de Walther”), enfatiza
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
32
que o reconhecimento de seqüências estratigráficas, como
resultado de ambientes deposicionais espacialmente
relacionados, somente pode ser realizado na associação lateral
de fácies, umas com as outras. Desde o resgate histórico desta
lei por Middleton (1973), ela passou a ser um paradigma para a
interpretação do registro estratigráfico através da análise de
fácies, pois reconhece que as fácies guardam uma relação
genética entre si, dentro do contexto de um ambiente
deposicional. Miall (1990) ressalta que a lei de Walther
somente é aplicada a seções contínuas sem quebras
estratigráficas, pois uma superfície de erosão pode indicar a
remoção da evidência de vários subambientes. Assim, é
importante observar a natureza dos contatos entre as unidades
litoestratigráficas quando é descrita a seção.
Os contatos podem ser bruscos ou gradacionais. Estes
contatos bruscos podem traduzir quebras significativas na
sedimentação, períodos de erosão ou não deposição, revelados
por estruturas sedimentares truncadas, perfuração extensa,
deformação penecontemporânea, hardgrounds ou diagênese
submarina. A lei de Walther sugere que, em uma sequência
vertical, uma transição gradacional de uma fácies para outra
representa duas fácies cujas condições deposicionais atuavam
lateralmente. Dessa maneira, o registro estratigráfico deixa
de ser considerado uma interpretação genética das inter-
relações ambientais observadas em sistemas sedimentares. A lei
de Walther pode ser tomada, assim, como a base do conceito de
sistemas deposicionais.
A análise detalhada de fácies de depósitos sedimentares
tem como objetivo principal evidenciar os mecanismos e
processos sedimentares envolvidos, reconstruindo o
paleoambiente sob a ótica de sistemas deposicionais.
Entretanto, este tipo de análise, baseado em perfis verticais,
é pouco diagnóstico, pois não representa as variações
tridimensionais de geometria e composição, não sendo adequado
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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
33
para predizer relações laterais de fácies. Assim sendo, o
controle lateral com ênfase no registro dos aspectos
geométricos externos dos corpos sedimentares e no
reconhecimento dos padrões de associação de litofácies e de
suas relações internas de organização, define uma perspectiva
de análise faciológica conhecida como arquitetura deposicional.
3.2 Associação e Modelo de Fácies
Por associação de fácies entende-se sua relação
tridimensional ou espacial, elaborada ou expressa por
correlações de perfis ou de seções sedimentográficas (Borghi,
2000). A expressão “associação de fácies” foi definida por
Potter (1959) como “um agrupamento de atributos sedimentares
comumente associados, incluindo geometria espessa;
continuidade e formas de unidades litológicas, tipos de rochas,
estruturas sedimentares e fauna (tipo e abundância)”. Uma
associação de fácies é baseada em observações, sendo expressa
sob a forma de tabelas, sumários estatísticos, ou diagramas de
ocorrência de estratificação típica, como, por exemplo, um
perfil vertical. O modelo de fácies é um dispositivo
interpretativo que auxilia explicar a associação de fácies
observada, podendo ser desenvolvido inicialmente para explicar
somente uma unidade estratigráfica e, depois, para unidades
similares, compondo modelos generalizados (Miall, 1990).
O conceito de modelo de fácies, como um sumário de um
ambiente deposicional e de seu produto é relativamente recente.
Potter (1959) utilizou-o inicialmente no sentido descritivo
que atualmente se emprega para associação de fácies.
Posteriormente, modelo de fácies passou a ser a interpretação
de um tipo particular de associação de fácies como ambiente
deposicional. Para Walker (1984), o modelo de fácies
representa um sumário das relações faciológicas
representativas de um ambiente de sedimentação, devendo atuar
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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
34
como uma norma para comparação, um guia previsor para novas
observações, e como base integrada para interpretações
paleoambientais.
O modelo de fácies auxilia significativamente na
interpretação de sedimentos pobremente expostos, pois sugere
certos questionamentos e observações críticas na interpretação
do registro sedimentar, diminuindo à tendência geral de
observar estratos com modelos preconcebidos. Se um modelo de
fácies está sendo utilizado corretamente em uma nova situação
de campo, pode gerar seu refinamento ou o reconhecimento de
que aquele modelo não é o mais apropriado, desenvolvendo-se
então de um novo modelo (Miall, 1990). O estabelecimento dos
modelos é, em última instância, a interpretação das relações
de fácies, cuja representação em geral é realizada pela
elaboração de diagramas de relação de fácies, perfis e seções
sedimentográficas, blocos-diagramas, mapas faciológicos ou
paleogeográficos. Alguns modelos são primeiramente baseados na
geomorfologia local (deltas, leques aluviais, etc.), outros no
processo de transporte (turbiditos, till glacial, dunas
eólicas), e outros ainda em processos orgânicos (recifes,
etc.).
Segundo Miall (1990), a palavra fácies é utilizada tanto
no sentido descritivo como no interpretativo. A fácies
descritiva inclui litofácies e biofácies, ambos os termos
adotados para descrever certos atributos observáveis nas
rochas sedimentares que podem ser interpretados como processos
deposicionais e biológicos.
Litofácies é uma unidade de rocha definida com base em
feições litológicas distintas, incluindo composição, tamanho
do grão, acamamento e estruturas sedimentares, representando
um evento deposicional. As litofácies podem ser agrupadas
dentro de associações de fácies características de ambientes
deposicionais particulares. Estas associações formam a base da
definição do modelo de litofácies.
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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
35
A biofácies é definida com base no conteúdo fossilífero,
seja ele constituído por restos ou apenas vestígios da atuação
de um organismo. Normalmente é utilizado no sentido de
associação fossilífera. Para o propósito de estudos
sedimentológicos, um depósito pode ser dividido em uma série
de unidades de fácies, cada uma exibindo uma associação
distinta de feições litológicas e/ou biológicas. No sentido
interpretativo, o termo fácies também é utilizado para
designar uma associação de litofácies, grupo de rochas formado
sob condições similares. Este uso pode enfatizar processos
deposicionais específicos, como fácies de till ou fácies
turbidíticas. Alternativamnente, pode referir-se a um ambiente
deposicional particular, como fácies de plataforma carbonática
ou fácies fluvial, incluindo aí uma ampla gama de processos
deposicionais (Miall, 1990).
3.3 Arquitetura Deposicional
Para uma interpretação paleoambiental mais precisa de
depósitos sedimentares, não se deve dispensar as informações
de natureza bi- e tridimensional (Miall, 1985), principalmente
em depósitos fluviais e similares, onde há grande variação
lateral de fácies causada pela dinâmica fluvial, como
variações de morfologia de canal, distribuições
granulométricas e formas de leito. Com isso, a abordagem
amplamente difundida de análise faciológica e interpretação
paleoambiental baseada na utilização de perfis verticais tem
sido considerada pouco diagnóstica, pois não representa
variação tridimensional de geometria e composição, não sendo
adequada para predizer relações laterais de fácies (Miall,
1985). Este autor acrescenta que perfis verticais similares
podem ser produzidos sob condições (autocíclicas e alocíclicas)
muito diferentes.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL
36
Friend (1983) afirma que, sem dados bidimensionais,
qualquer classificação fica limitada a generalizações sobre o
modo de transporte, afirmando, no entanto, que o estudo
detalhado de perfis verticais em relação à análise de padrões
granulométricos, estruturas sedimentares e direção de
paleocorrentes, representam uma contribuição importante para o
estabelecimento de modelos ambientais mais precisos.
No controle lateral, tem-se dado ênfase na identificação
de aspectos geométricos externos dos corpos sedimentares e no
reconhecimento de padrões de associação de litofácies e de
suas relações internas de organização (arranjo interno),
definindo uma análise faciológica que tem sido reconhecida
pela denominação arquitetura deposicional.
Segundo Miall (1983), a arquitetura de uma seqüência
fluvial pode ser definida como a geometria tridimensional e as
interrelações dos depósitos sedimentares associados com sub-
ambientes do sistema deposicional, como, por exemplo,
depósitos de canal, levee, crevasse splay e planície de
inundação. A arquitetura fluvial pode ser considerada como o
resultado da interação entre processos de rios e controles
alocíclicos de longa duração. Pode ser aplicado em várias
escalas, desde depósitos de rios até registros deposicionais
não marinhos de uma bacia. Estudos mais recentes sugerem que
todo depósito fluvial pode ser subdividido em vários elementos
arquiteturais, definidos pela forma geral, associações de
fácies distintas e geometria interna (Miall, 1988). Estes
elementos formam a construção básica de todos os sistemas
fluviais. Contudo, a geometria geral e os padrões de
empilhamento variam entre os diferentes estilos de canais
fluviais.
CAPÍTULO IV
SISTEMA DEPOSICIONAL
4.1 Crevasse Flúvio-deltaico
Para a análise do sistema deposicional encontrado no
afloramento estudado no presente trabalho, é necessário
caracterizar depósitos de crevasse flúvio-deltaico, pois pode
constituir-se num análogo para o depósito em questão.
Depósitos de crevasse ocorrem associados a um sistema
fluvial meandrante e, principalmente, a um sistema deltaico.
Neste caso, constituem o término assintótico de um perfil
fluvial gradado, vindo a ser amplamente dominantes em uma
planície deltaica. O sistema de crevasse é bastante
característico, especialmente por apresentar uma relação
íntima entre depósitos de tração e de suspensão, semelhante a
um delta dominado por rio (Tye, 2004).
No sistema deltaico, os depósitos de crevasse ocorrem: (a)
lateralmente a canais distributários, sendo construídos em
baías interdistributárias, como no delta moderno do Mississipi
(4 e 5, Figura 4.1); (b) como uma variante de (a), onde o
crevasse é seguido de um canal e de distributários (3, Figura
4.1); (c) como deltas de fundo de baía (bay head deltas) na
desembocadura de canais fluviais, como a do rio Atchafalaya (6,
Figura 4.1); e (d) como uma planície deltaica de deltas
dominados por ondas e marés, como o delta do rio Açu na região
de Macau, litoral norte-potiguar. Os modelos de “deltas
dominados por rios” (parcialmente ilustrados na Figura 4.1),
propostos Tye (2004), buscam relacionar depósitos análogos
modernos e reservatórios flúvio-deltaicos do campo de Prudhoe
Bay, North Slope do Alaska.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL
38
Figura 4.1 – Mapa do delta do Mississipi mostrando subdeltas do rio Mississipi (4,5), deltas de fundo de baía (6,7) e canal de crevasse – barra de foz menor (3), na acepção de Elliot (1974) (modificada de Tye, 2004).
Coleman & Prior (1982) apresentam um sistema de lobo de
crevasse splay como um modelo de preenchimento de baía (bay
fill), ilustrando seu crescimento e deterioração no período
1845-1958. O perfil apresentado é semelhante ao de um delta
com granocrescência/progradação e depois granodecrescência e
carvão/agradação (Fig. 4.2). A fase progradante inclui um
substrato carbonoso seguido por areias glauconíticas
transgressivas, e depois por fácies (6) de argilas e siltes
bioturbados, (5) silte com lentes de areia (lenticulra) e
ondulações de corrente, (4) areia com lentes sílticas e
lamiações cruzadas, (3) areia com ondulações cavalgantes,
bioturbada no topo, (2) silte e argila com ondulações
cavalgantes, e (1) turfa. Este modelo de bay fill é semelhante
ao de um crevasse splay associado a rio meandrante, exceto que
este prograda numa planície de inundação.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL
39
Figura 4.2 – Desenvolvimento e degradação de um subdelta de crevasseou lobo de crevasse splay ; à direita, perfil vertical típico (números correspondem a litofácies mencionadas no texto; Coleman & Prior, 1982).
Elliot (1974) designa canal de crevasse de foz (menor) um
depósito um pouco diferente do anterior, pois inclui um canal-
tronco que se bifurca sucessivamente corrente abaixo,
resultando em uma forma de “árvore genealógica” (3, Figura 4.1;
Figura 4.3). Assim, há uma sutil diferença entre os dois
modelos propostos para explicar a foz atual do Mississipi. Os
casos 4 e 5 assemelham-se a um lobo de crevasse splay, e o
caso 3 é similar a um subdelta, com canal-tronco,
distributários, ou similar a deltas fluviais de fundo de baía
(Figura 4.4; Elliot, 1974).
Em todos os seus modelos, Elliot (1974) identifica
sucessões de granocrescência ascendente, com progradação de
lobos e canais de crevasse (Fig. 4.5 A, B), e spits laterais
de retrabalhamento por ondas (Fig. 4.5 C), bem como agradação
costeira com deposição final de turfa (cf. perfil da Figura
4.2). No segundo caso, Elliot (1974) reconhece as mesmas
feições em canal de crevasse e barra de foz (Fig. 4.5 F e D)
ou, localmente, canal de crevasse com perfil de afinamento
ascendente (Fig. 4.5 E).
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL
40
Figura 4.3 – Canal de crevasse – barra de foz (menor)(Coleman & Prior, 1982).
Figura 4.4 – Deltas de fundo de baía do Atchafalaya e Wax Lake (7 e 6 como na figura 4.1; Tye, 2004).
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL
41
Figura 4.5 - Perfis típicos de crevasse splay (A, B, C) e de canal de crevasse – barra de foz (D, E, F). Os perfis variam entre 2 e 10m (Elliot, 1974).
O delta do rio Açu (Fig.4.6) é dominado por ondas e marés,
sendo constituído de três províncias: planície deltaica (areia
e lama), laguna de marés (lamosa), e faixa litorânea (arenosa
com ilhas de barreira e deltas de maré vazante). Na província
intermediária, destacam-se ilhas de barreiras fósseis, que
marcam a progradação do sistema deltaico nos últimos 7.000
anos.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL
42
Figura 4.6 – Delta dominado por ondas e marés do rio Açu, Rio Grande do Norte (Castro, 1993).
CAPÍTULO V
ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA E FACIOLÓGICA DE GUADALUPE
5.1 Análise Estratigráfica
Os depósitos sedimentares que afloram na praia de
Guadalupe, Alagoas perfazem uma extensão de aproximadamente
110m SOB forma de falésia praial com cerca de 6m de altura
(Fig. 5.1).
Figura 5.1 – Vista geral do afloramento de Guadalupe, estudado
no presente trabalho (foto da autora, 2002).
O afloramento (Fig. 5.2) é formado por quatro corpos
arenosos, separados por folhelhos, e por níveis mais finos de
siltitos intercalados com arenitos. Os corpos arenosos são
predominantemente de granulometria muito fina a fina, tendo
sido localmente observada a presença de um arenito de
granulometria média. De maneira geral, os arenitos são bem
selecionados, de coloração creme a esbranquiçada.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
44
As principais estruturas observadas em macroescala foram:
estratificação cruzada acanalada, estratificação cruzada de
baixo ângulo, laminação cruzada clino-ascendente,
estratificação sigmoidal, laminação plano-paralela e lineação
de partição. Também ocorrem intraclastos e bolas de argila,
normalmente presentes dentro dos sets de estratificações
cruzadas. As lâminas de argila apresentam localmente
convoluções e deformações (estruturas em chama), e os corpos
arenosos, de grande extensão lateral, por vezes se mostram
maciços. Observou-se em alguns locais fácies de areia fina com
drapes de argila com bioturbação associada.
As fácies de granulometria mais fina estão representadas
por um ritmito composto por arenito muito fino intercalado com
siltito e/ou folhelho, de coloração esverdeada, frequentemente
mosqueado. Além dele, ocorre um corpo pelítico espesso (~50cm),
que apresenta-se maciço na base, tornando-se mais síltico para
o topo. As estruturas sedimentares presentes nestas fácies
finas são: laminação cruzada clino-ascendente, gretas de
dessecação e bastante bioturbação.
De acordo com o observado, as camadas de areia foram
depositadas por processos de tração e, localmente, de
suspensão. O depósito estudado compreende quatro ciclos de
engrossamento e/ou afinamento ascendente.
Figura
5.2
-Visão
geral
do
afloramento
da
praia
de
Guadalupe,
com
os
pontos
onde
foram
elaborados
perfis
verticais,
eos
corpos
arenosos
denominados
(A1,
A2,
A3
eA4).
A1
Nomenclatura
dos
corpos
arenosos
etexturas
finas
Perfis
verticais
LEGENDA
P-1
Nomenclatura
do
A2
1
A3
A4
P-1
P-41
P-
P-36
P-10
P-29
A2
3
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CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
46
A associação de fácies verificada sugere um ambiente de
deposição origem fluvial distal, associado a eventos de
inundação, tais como depósitos de crevasse splay, de
overbanking, e de lagos, estes relacionados a baixos
deposicionais.
Os arenitos observados no afloramento de Guadalupe foram
designados neste trabalho de A1 até A4. Em geral, estes
arenitos formam ciclos com os corpos de litologia mais fina
(Fig. 5.2). O arenito A2 apresenta pelo menos três subdivisões
litológicas (A21, A22 e A23). Entretanto, podem ser
considerados como reservatório A2, por possuírem fácies de
geometria tabular semelhante. O afloramento estudado (Fig. 5.2)
é composto, na base, por um corpo arenoso (arenito A1)
constituído pela fácies Ab sotoposta à fácies Alx, que é
novamente recoberta por uma fácies Ab. Sobreposto ao arenito
A1, ocorre o corpo F, com as fácies Fm, na base, e Fe, no topo.
Acima deste, ocorre o corpo AF, que é sobreposto pelo arenito
A2, com suas subdivisões A21, A22 (apenas na extremidade norte
do afloramento, nos perfis P-56, P-59, P-64) e A23. Entre os
arenitos A2 e A3 e entre os arenitos A3 e A4, voltam a ocorrer
as fácies Fm e AF, sucessivamente.
5.2 Análise Faciológica
No afloramento estudado, foram descritas 16 litofácies,
sendo nove arenosas, seis areno-argilosas (em parte rítmicas)
e uma de folhelho vermelho, que se encontram sumarizadas na
Tabela 5.1.
Na diagnose das fácies descritas, foram considerados dados
de litologia, textura e estruturas sedimentares, uma vez que
constituem as feições mais importantes na definição de fácies.
Para melhor compreensão faciológica, o presente trabalho
baseou-se principalmente na litologia e na geometria dos
corpos sedimentares, separando a seqüência em fácies arenosas
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
47
de geometria tabular, fácies arenosas de geometria lenticular
e base erosiva-acanalada, fácies finas de geometria tabular, e
fáceis finas de geometria lenticular. Nelas foi enfatizada a
arquitetura e as características deposicionais.
Os sucessivos corpos de areia e argila observados no
afloramento de Guadalupe mostram certa ciclicidade, com
algumas peculiaridades, como espessura, estrutura sedimentar,
energia de deposição, geometria e continuidade lateral.
Tabela 5.1 - Síntese das fácies identificadas no afloramento da Formação Cabo na praia de Guadalupe.
FÁCIES
DESCRIÇÃO
ORIGEM
GEOMETRIA
FOTOGRAFIAS
Alx
(A1)
Fig. 5.3
Arenito fino, bem selecionado, com
laminação
plano-paralela
e
estratificação
cruzada
acanalada,
com rara bioturbação
Fluxos tracionais
Tabular
Ab
(A1)
Fig. 5.3
Arenito fino, argiloso, com drapes
de
folhelho
esverdeado
e
intensa
bioturbação
bioturbação
Tabular
Axd
(A21, A23)
Figs 5.3,
5.5, 5.8,
5.10
Arenito com granulometria de média a
fina, bem selecionado, presença de
estratificação cruzada acanalada e
intraclastos de folhelho, seguida de
drape
areno-argiloso
Fluxos
tracionais
e
suspensão
Tabular
Axb
(A21,A23)
Figs 5.4,
5.5, 5.8,
5.10
Arenito com granulometria de média a
fina,
bem
selecionado,
com
estratificação cruzada acanalada e
intraclastos de folhelhos, seguida
por bastante bioturbação
Fluxos
tracionais
e
bioturbação
Tabular
Ald
(A21)
Fig. 5.6
Arenito fino, bem selecionado, com
laminação
plano-paralela,
lineação
de
partição,
capeado
por
drape
areno-argiloso (suspensão)
Fluxo
tracional
seguido de suspensão
Tabular
Alb
(A21)
Fig. 5.6
Arenito fino, bem selecionado, com
laminação
plano-paralela,
lineação
de partição, bioturbado no topo
Fluxo
tracional
seguido
de
bioturbação
Tabular
Aci
(A21)
Figs 6.7,
5.8, 5.9
Estruturas de corte e preenchimento
por
arenito
com
estratificação
cruzada e intraclastos de folhelho
Corte erosivo e
preenchimento por
arenito de tração
Base
erosiva-
acanalada
e
geometria
lenticular
Acd
(A21)
Figs 5.7,
5.8, 5.9
Canal com drape argiloso na base
seguido
por
arenito
com
estratificação cruzada acanalada
Drape de suspensão
argilosa (fundo do
canal) seguido por
tração arenosa
Base
erosiva-
acanalada
e
preenchimento
arenoso
lenticular
Cont. Tabela 5.1 - Síntese das fácies identificadas no afloramento da Formação Cabo na praia de Guadalupe.
FÁCIES
DESCRIÇÃO
ORIGEM
GEOMETRIA
FOTOGRAFIAS
Acs
(A22)
Fig. 5.9
Canal com arenitos intercalados em
folhelhos:
arenitos
com
laminação
cruzada clino-ascendente (A22.1) ou
laminação
cruzada
por
onda
e
drape/flaser de folhelho (A22.2), ou
estratificação
cruzada
seguida
de
laminação
cruzada
clino-ascendente
(A22.3)
Decantação e tração,
retrabalhamento por
ondas, tração mais
suspensão;
drape
argiloso
Base
erosiva-
acanalada
e
preenchimento
arenoso-
rítmico
sigmoidal
Acf
(A23)
Fig. 5.10
Preenchimento de canal, com siltito
avermelhado (Sv),
arenito sigmoidal
(As) e arenito com estratificação
cruzada (Ax)
Suspensão, suspensão-
tração e tração
Lenticular
e
base
erosiva-
acanalada
Amr
(A3)
Fig. 5.10
Arenito maciço ou com estratificação
sigmoidal, laminação cruzada clino-
ascendente e bioturbação
Tração
e
suspensão,
modificada
por
bioturbação
Lenticular
e
tabular
Agb
(A4)
Fig. 5.10
Arenito
rítmico
com
textura
gradacional e bioturbação
Suspensão
e
bioturbação
Sigmoidal
e
tabular
FFig. 5.11,
5.13
Folhelho vermelho com aspecto maciço
a estratificado
Suspensão
Tabular
AFt
Fig. 5.13
Ritmito de arenito-folhelho, sendo o
arenito
muito
fino
a
fino,com
laminação cruzada clino-ascendente e
com local retrabalhamento por onda
Suspensão e tração
Tabular
AFs
Fig. 5.13
Arenito e folhelho de preenchimento
de
“baixo”
(canal
abandonado?);
estratificação cruzada e sigmoidal,
interestratificação
arenito-
folhelho,
arenito
bioturbado,
folhelho avermelhado
Suspensão e tração
Lenticular
AFg
Fig. 5.13
Estratos areno-argilosos, rítmicos.
Arenito
muito
fino/fino
com
laminação cruzada, ou grosso, com
estratificação cruzada, passando a
interlaminação arenito-folhelho e a
folhelho avermelhado
Tração.
Suspensão e tração
Tabular
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
50
5.2.1 Fácies Arenosas de Geometria Tabular
Arenito A1:
Este corpo da base da coluna é encontrado na zona
intermaré, principalmente no Perfil P-59 (Fig 5.3A), sendo
composto por duas fácies aqui denominadas de Alx e Ab (Fig.
5.3C).
Fácies Alx: é caracterizada por um arenito arcosiano fino,
bem selecionado, de coloração branca, com laminação plano-
paralela, laminação cruzada por onda, estratificação cruzada
acanalada e tabular, bem como bioturbação vertical (Figs.
5.3B, 5.3C e 5.3D).
Fácies Ab: é caracterizada por um arenito arcosiano fino,
bioturbado, com presença de lentes e drapes de folhelho
esverdeado. Neste caso a bioturbação, mais intensa do que na
fácies anterior, mobilizou a argila, que passou a ocorrer com
um padrão de mosqueamento (Foto 5.3C a 5.3F). Sobre o topo dos
bancos de arenito bioturbado, notam-se marcas de ondas.
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-59
A1
P-59
(A)
(C)
(B)
(E)
(F)
(D)
Foto
5.3
AB
C
DE
F
-Arenito
A1,
fácies
Alx
eAb.
.Arenito
A1,
base
do
perfil
P-54.
.Fácies
Alx,
estratificações
cruzadas
acanaladas
vistas
em
planta.
.Arenito
laminado
(fácies
Alx)
eem
segundo
plano,
arenito
bioturbado
(fácies
Ab;
caneta
de
15cm).
.Arenito
laminado
com
bioturbação
vertical,
A4,
recobrindo
arenito
bioturbado
(fácies
Ab;
escala
de
5cm).
.Arenito
laminado
(fácies
Alx)
recoberto
por
arenito
bioturbado
(Ab;
escala
de
10cm).
.Detalhe
da
foto
E,
destacando-se
aintensa
bioturbação
da
fácies
Ab.
A1
Ab
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
52
Arenito A2
O arenito A2 é composto por quatro fácies, todas
apresentando uma geometria tabular.
Fácies Axd: é representada por arenito arcosiano de
granulometria de fina a média, regularmente selecionado,
sobreposto por drapes areno-argilosos (Figs 5.4A, 5.5A, 5.5C).
Quando espesso (parte inferior), apresenta estratificação
cruzada acanalada, passando lateralmente a estratificação
cruzada de baixo ângulo (Fig. 5.4 C,D); quando delgado, exibe
laminação plano-paralela. A porção superior do arenito mostra
drapes areno-argilosos (cada drape contendo múltiplos estratos
gradacionais de espessura centimétrica; Fig. 5.58) e
deformações sin-sedimentares, representadas por marcas de
carga e de chama (Fig 5.4 E). O arenito com estratificação
cruzada acanalada pode apresentar clastos de folhelho nos
foresets, com migração de mega-ondulações, que são sucedidos,
vertical e lateralmente, por depósitos de suspensão (Fig. 5.4
G). Em cada estrato, o componente arenoso é depositado por
tração, e os drapes areno-argilosos resultam de processos de
suspensão. Neste caso, podem ocorrer localmente os intervalos
Tbcde da seqüência de Bouma (Figura 5.4 B). Nesta fácies há pelo
menos quatro estratos ou pares com arenito e drape areno-
argiloso no perfil P-1 (Fig. 5.4 A,D; arenito A21), e somente
dois pares à esquerda do perfil P-41 (Fig. 5.4F).
Fácies Axb: esta fácies ocorre no perfil P-1 e à esquerda
do perfil P-41, onde está representada por um arenito
arcosiano de granulometria de fina a média, contendo
intraclastos de argila que acompanham a estratificação cruzada
acanalada. No topo ocorre frequente bioturbação (Fig 5.4F). No
perfil P-1 ocorrem três estratos repetitivos de arenito com
estratificação cruzada acanalada, com bioturbação no topo
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
53
(Figs 5.4 A, 5.5 D). A fácies Axb é dominada com correntes de
tração fluvial, sendo modificada no topo pela ação de
organismos.
Fácies Ald: está representada por arenitos finos, bem
selecionados, com laminação plano-paralela (Figs 5.6 B, C, D),
exibindo internamente lineação de partição (Fig. 5.6 F) e
delgado drape de argila no topo (Fig. 5.6 D). O fluxo é
amplamente de origem trativa (leito plano superior), com uma
delgada capa revelando também a ocorrência de suspensão.
Ilustrações da fácies em fotomicrografia podem ser vistas
adiante (Figura 7.4 e 7.5).
Fácies Alb: Constituída por arenitos finos, bem
selecionados, com laminação plano-paralela, lineação de
partição nas lâminas, bioturbação no topo (Figs. 5.6 B, E). O
fluxo tem também origem tracional, seguido de suspensão.
Organismos promotores de bioturbação desenvolveram movimentos
verticalizados que resultam na introdução de material fino no
topo do arenito.
Figura
5.4
AB
C
DD,
EF
G
-.
Associação
Axd.
Foto
geral
do
afloramento
com
os
arenitos
A2
eA3,
eposição
do
perfil
P-1
(escala:
pá
de
65cm
de
comprimento).
.Detalhe
da
Associação
Axd
no
perfil
P-1.
Sequência
de
Bouma
em
turbidito
(intervalo
Tbcde,
Tde,
representando
o).
.Estratificação
cruzada
acanalada
passando
lateralmente
àestratificação
cruzada
de
baixo
ângulo(X
na
foto
).
.Fácies
Axd,d
areno-argilosos
contendo
deformação
sinsedimentar
(estruturas
de
carga
eem
chama).
,.
Fácies
Axd
eAxb
(à
esquerda
do
Perfil
P-41):
dois
níveis
de
(d)
eintraclastos
na
estratificação
cruzada.
No
topo
da
foto
G,
visualiza-se
otérmino
de
migração
de
uma
mega-ondulação
(estrato
cruzado
X)
econseqüente
de
ritmito
areno-
argiloso
bioturbado
(r).
drape
síltico-argiloso
rapes
drapes
onlap
(A)
(B)
(E)(C)
P-1
A2
1
A2
3
A3
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-1
A2
1
(F)
(C)
(B)
(D)
(E)
(G)
(D)
d
b
c
d
b
xr
x
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-36
A21
(B)
A2
1
(C)
A2
3
A3
P-36
P-29
(A)
(C)
(B)
(D)
6.5F
Figura
5.5
AB
C
D
-.
Arenito
A2
com
fácies
Axd
em
destaque
no
perfil
P-36.
.Fácies
Axd,
com
pelíticos
na
base
da
estratificação
cruzada;
dois
estratos
superiores
estão
capeados
por
bio-
turbação
(b;
fácies
Axb).
.Fácies
Axd,
com
dois
estratos
arenosos
(abaixo
eacima
da
caneta)
com
estratificação
cruzada
eintraclastos,
passando
ade
folhelho
ea
siltitos
avermelhados.
.Detalhe
do
arenito
A2
no
perfil
P-1
(Fig.
6.5
A),
formado
por
três
estratos,
cada
qual
com
estratificação
cruzada
seguida
de
bioturbação,
fácies
Axb;
afácies
Axd
está
repre-
sentada
abaixo
do
martelo.
3
3
drapes
drapes/flasers
B
b
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-50
A21
A2
1
A2
3
(E)
(D)
(C)
Figura
5.6
-A
B,
CD.
E.
F
.Foto
geral
do
arenito
A2
com
as
fácies
Ald
eAlb,
no
perfil
P-50.
.Vista
geral
edetalhada
das
fácies
Ald
eAlb.
Detalhe
da
fácies
Ald,
com
arenito
fino
laminado
eum
areno-argiloso
de
suspensão
(na
base
da
Foto
E).
Detalhe
da
fácies
Alb,
de
arenitos
com
laminação
horizontal
ebioturbação
no
topo.
Alaminação
cruzada
clino-ascendente
na
base
da
foto
corresponde
ao
areno-argiloso
da
fácies
anterior
(Ald).
.Lineação
de
partição
no
arenito
laminado.
1
drape
drape
P-50
(A)
(B)
(B)
(D)
(F)
Ald
Alb
Alb
Alb
Ald
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
57
5.2.2 Fácies Arenosas de Geometria Lenticular e base erosiva-
acanalada
Arenito A2
Fácies Aci (A21): nela encontram-se estruturas de corte e
de preenchimento (cut-and-fill) por arenito com estratificação
cruzada e abundantes intraclastos de folhelho (Figs. 5.7. A,
B, F). Inclui um afinamento ascendente de granulometria do
arenito, que mostra estratificação cruzada seguida de
laminação cruzada clino-ascendente (Figs. 5.7. C, D, E e
5.9C). O corte é erosivo e o preenchimento por fluxo de
tração, representada por uma geometria lenticular de canal.
Fácies Acd (A21): representada por corte de canal e drape
argiloso avermelhado na base, preenchido superiormente por
arenitos com estratificação cruzada acanalada (Fig. 5.8). O
drape argiloso resulta de um processo de suspensão e o
preenchimento ocorre com arenitos trazidos por correntes de
tração. A geometria é erosiva, acanalada/lenticular.
Fácies Acs (A22): é caracterizada por um canal com drape
argiloso na base, seguido por ritmitos arenito-folhelho: o
arenito é muito fino, com laminação cruzada clino-ascendente
(eixo do canal; Figs. 5.9 A,D) ou laminação cruzada por onda
(?); e drape/flaser de folhelho (margem do canal; Figs. 5.9 A,
B). O processo de deposição ocorrido foi a decantação (drape
argiloso) seguida por decantação mais tração (eixo) e
retrabalhamento por ondas (margem). A geometria é sigmoidal,
sobre uma base erosiva-acanalada (Fig. 5.9 A).
Fácies Acf (A23): observada no perfil P-41 (Fig. 5.10) a
presença de três sub-fácies, todas relacionadas a feição de
canal erosivo. Da base em direção ao topo, encontram-se
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
58
siltito avermelhado (Sv), arenito sigmoidal (As) e arenito com
estratificação cruzada acanalada (Ax). A sub-fácies As está
representada por arenitos sigmoidais que preenchem as paredes
do canal, passando lateralmente para um siltito avermelhado
(Sv; preenchimento de canal por sedimentos de granulometria
fina) e depois para o arenito da sub-fácies Ax. Os processos
inferidos são de suspensão-tração (As), suspensão (Sv) e
tração (Ax). Observa-se também a base erosiva acanalada e uma
geometria lenticular.
(C)
(B)
(A)
(E)
A2
3
P-59
P-56
A2
1
A2
2
(B)
(D)
(F)
Figura
5.7
AB.
C,
D.
E.
F
-.
Vista
geral
do
arenito
A2,
onde
afácies
Aci
recobre
erosivamente
afácies
Ald.
Fácies
Aci
erodindo
afácies
Ald,
dentro
do
arenito
A2.
Àdireita
da
foto
ante-
rior:
fácies
Aci
erodindo
onível
mais
baixo
da
fácies
Ald,
também
refletido
no
adelgaçamento
do
arenito
A2
para
adireita
(foto
A).
Detalhe
das
fotos
CeD
com
destaque
para
alaminação
cruzada
clino-ascendente
(r)
no
topo
da
fácies
Aci.
.Extrema
direita
do
afloramento:
canal
isolado
com
abundantes
intraclastos
de
folhelho.
11
1
(E)
(E)
(C)
Ald
Aci
Aci
Ald
Ald
r
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-29
A2
1
P-29
A2
1
(A)
A2
3
A3
Figura5.8
AB
C
-.VistageraldoperfilP-29,comasfáciesAcieAcddoArenitoA2.
.DetalhedoarenitoA2
comafácies
Aci
de
canais
erosivos
truncando
de
modo
escalonado
dois
níveis
de
cristasdemega-ondulações(
eM)e
areno-argilosoavermelhadodafáciesAcd.
.Vistaoblíquadametadeesquerda
da
foto
B,
realçando
oescalonamento
dos
cortes
erosivos
de
eop
11
2
drapes
drape
drapes
M1
M1
M2
(C)
(B)
areno-argilosos(fáciesAxd);
preenchimentoporestratoscruzadosdasfáciesAci.
preenchimentoporestratoscruzados(fáciesAci).
s
0
60cm
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-41
A2
1
A2
3
P-5
(A)
(B)
(C)
(C)
P-41
Figura
5.10
A
BC
-.
Fácies
Acf.
controle
prévio
do
substrato
sobre
odesenvolvimento
do
canal;
mergulho
de
esigmóides
(f,s)
do
substrato
em
direção
ao
eixo
do
canal,
revelando
um
baixo
deposicional
onde
se
implanta
ocanal.
.Vista
em
diagonal
da
metade
esquerda
da
foto
A:
incisão
do
canal
iniciada
dentro
do
arenito
A2.
.Detalhe
da
parte
inferior
do
canal,
com
osubstrato
(arenito
A2)
formado
por
dois
estratos
da
fácies
Axd
eum
estrato
Axb/Axd,
este
sugerindo
um
mergulho
eacunhamento
para
adireita;
preenchimento
do
canal
por
arenitos
sigmoidais
(As)
intercalados
egradacionais
asiltitos
avermelhados(Sv);
nível
de
arenito
síltico
(s)
foresets
3
1
drapes
areno-sílticos
(d);
arenito
com
estratificação
cruzada
(Ax)
e
abundantes
intraclastos
(i).
A2
1
Axb/Axd
As
Axd
Sv
Ax
S
Ax
dSv
As
I
S
SF
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
63
Arenito A3
O arenito A3 tem base erosiva e topo plano,
resultando numa geometria de cunha para o sul, que pode estar
truncada e passar lateralmente para depósitos mais finos
(canal abandonado?).
Fácies Amr: É composta por arenitos maciços ou com
estratificação sigmoidal, laminação cruzada clino-ascendente e
bioturbação dominando em direção ao topo (Fig. 5.11 B).
Representa processos de tração e suspensão, por vezes
alteradas por bioturbação. A geometria da fácies é acunhante
para sul (Fig. 5.11 A) e tabular para norte.
Arenito A4
O arenito A4 forma corpos tabulares a sigmoidais
associados a arenitos e siltitos.
Fácies Agb: consta de arenito rítmico com geometria
tabular, textura gradacional e bioturbação, resultante de
processos de suspensão e de retrabalhamento por organismos
(Fig. 5.12). Passa lateralmente, em contato erosivo, a
arenitos intercalados com siltitos avermelhados, que mostram
superfícies suavemente inclinadas (overbank fluvial?) (Figs.
5.12 A, B, D).
Figura
5.11
AB C.
D.
-.
Vista
geral
do
arenito
A3,
com
geometria
de
lobo
sigmoidal
(acunhamento
para
esquerda,
eabandono
àdireita
(C).
.Detalhe
do
arenito
A3,
dominado
por
estruturas
de
tração
esuspensão,
sigmóide
(s),
laminação
cruzada
clino-ascendente
(r),
arenito
maciço
(m)
earenito
síltico
bioturbado
(b).
Arenito
A3
(fácies
Amr)
ebaixo
adjacente
(abandono),
preenchido
por
arenitos
efolhelhos
da
fácies
AFs.
Detalhe
da
fácies
AFs,
lateralmente
correspondente
ao
arenito
A3:
arenito
com
estratificação
cruzada
(x),
inter-estratificações
arenito-folhelho
(i),
siltitos
avermelhados
(Sv)
earenito
bioturbado
(b).
(A)
(C)
P-1
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-1
A2
1
P-13
(D)
A2
1
A2
3
A3
A4
(B)
(D)
(B)
(B)
A3
b
X
Sv
i
r s
m
i
i
i
P-10
B
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-13
A2
1
(B)
(C)
0
1m
(A)
P-13
1m
A23
A21
A3
A4
(D)
Figura5.12-A.
BC
D
VistageraldoarenitoA4,fáciesAgb,combaseacanaladaeestratosonduladosecompensatórios,debaseabruptaecomafinamentoparacima(rítmico);
nívelcontínuode
folhelhoavermelhadoseparandoosarenitosA3eA4.
.ArenitoA4:estratodearenitomaciço,comcorteerosivosobreritmitosdearenitoefolhelo.
.Estratoarenosomaciço,possivel-
mentedevidoàbioturbação.
.BasedoarenitoA4comestratoinferior(i)mostrandogeometrialenticulareafinamentoascendente;oestratosuperior
(s)mostrandobaseacanalada,maciço
(“i”
e“s”
nafotoA).
i
s
F
F
F
S
i
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
66
5.2.3 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Tabular
Fácies F: Folhelho vermelho com aspecto de maciço a
estratificado. É uma fácies formada por depósitos de suspensão
e tração, com geometria tabular (Fig. 5.13 E).
Fácies AFt: Ritmito de arenitos e folhelhos, sendo a
porção arenosa muito fina a fina, com laminação cruzada clino-
ascendente, com local retrabalhamento por ondas (Fig. 5.13 D)
e ocasionais níveis com gretas de contração. Resulta de
processos de suspensão e de tração, apresentando geometria
tabular.
Fácies AFg: Estratos rítmicos areno-argilosos, com
arenitos muito finos a finos com laminação cruzada (Fig. 5.13
B) ou arenitos grossos com estratificação cruzada, passando
lateral e verticalmente para interlaminação arenito-folhelho e
a folhelho avermelhado (Fig. 5.13 C). Processo de suspensão e
tração que provavelmente geraram esta fácies mostra uma
geometria tabular.
5.2.4 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Lenticular
Fácies AFs: Arenitos e folhelhos que preenchem um canal
abandonado, com estratificações cruzada e sigmoidal, inter-
estratificação arenito-folhelho, arenitos bioturbados e
siltitos avermelhados. Processos de suspensão e tração a
carcaterizam, juntamente com uma geometria lenticular (Figs.
5.12 A; na altura do Perfil P-13, e 5.11 D).
Perfisverticais
Nomenclaturadoscorposarenosos
LEGENDA
P-36
A2
1
(B)
(C)
(D)
(E)
(A)
P-36
A2
1
A2
3
A3
(BeC)
(E)
r
i
x
i
x
Figura
5.13
AB
C
D
E
-.
Fácies
Afg,
acima
de
argiloso
que
capeia
oarenito
A2:
três
estratos
rítmicos
areno-argilosos.
.Fácies
Afg,
com
estratos
areno-argilosos
lateralmente
equivalentes
aos
de
C.
Notar
arenitos
muito
finos/finos
com
laminação
cruzada
em
parte
clino-ascendente
(r).
.Arenito
grosso
com
estratificação
cruzada
(x),
passando
ainterlaminação
arenito-folhelho
(i)
ea
folhelho
avermelhado.
.Fácies
Aft,
formada
por
ritmito
arenito-folhelho,
sendo
afração
arenosa
muito
fina/fina
elocalmente
retrabalhado
por
ondas
com
laminação
cruzada
clino-ascendete;
pequena
falha
àesquerda.
.Fácies
F,
com
folhelho
avermelhado
mostrando
aspecto
de
maciço
(em
baixo)
aestratificado.
drape
r
r
D
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
68
5.3 Análise Granulométrica
As características sedimentológicas, em especial os
aspectos granulométricos, já foram brevemente abordados no
relato faciológico realizado, já que representa algumas das
feições sedimentares mais evidentes e facilmente mensuráveis.
Os dados ora apresentados, porém, são aqueles obtidos das
análises granulométricas realizados em laboratório.
A avaliação geral das amostras analisadas confirma a
predominância de areias muito finas a finas, em geral bem
selecionadas (Figs. 5.14 a 5.19). Uma única amostra sai um
pouco do padrão de resultados obtidos é a coletada no Perfil
P-29 (Fig. 5.17) correspondente à fácies AFg, que mostra má
seleção de grãos, e granulometria variando de areia muito fina
a muito grossa.
Granulometria do Arenito A21, Fácies
Axd,no Perfil P1
0
10
20
30
40
50
60
Cascalho
Areiamuitogrossa
Areiagrossa
Areiamédia
Areiafina
Areiamuitofina
Frequência (%)
Figura 5.14 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axd no perfil P-1.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
69
Granulometria do Arenito A21, Fácies
Ald,no Perfil P41 (lado direito do canal)
05
1015202530354045
Cascalho
Areiamuitogrossa
Areiagrossa
Areiamédia
Areiafina
Areiamuitofina
Frequência (%)
Figura 5.15 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axl no perfil P-41.
Granulometria do Arenito A23, Fácies Axb,
no Perfil P1
05101520253035404550
Cascalho
Areiamuitogrossa
Areiagrossa
Areiamédia
Areiafina
Areiamuitofina
Frequência (%)
Figura 5.16 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria do arenito A23, fácies Axb, no perfil P-1.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
70
Granulometria da Fácies AFg, no Perfil P29
02468101214161820
Cascalho
Areiamuitogrossa
Areiagrossa
Areiamédia
Areiafina
Areiamuitofina
Frequência (%)
Figura 5.17 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra da fácies AFg, no perfil P-29.
Granulometria do Arenito A3, Fácies Amr, no Perfil P1
051015202530354045
Cascalho
Areiamuitogrossa
Areiagrossa
Areiamédia
Areiafina
Areiamuitofina
Frequência (%)
Figura 5.18 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A3, fácies Amr, no perfil P-1.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo
71
Granulometria do Arenito A4, Fácies Agb, no Perfil P13
0
10
20
30
40
50
60
Cascalho
Areiamuitogrossa
Areiagrossa
Areiamédia
Areiafina
Areiamuitofina
Frequência (%)
Figura 5.19 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A4, fácies Agb, no perfil P-13.
CAPÍTULO VI
ELEMENTOS ARQUITETURAIS, ASSOCIAÇÕES FACIOLÓGICAS E
EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO
6.1 Introdução
Todas as fácies e associações de fácies identificadas no
presente trabalho estão geneticamente associadas a fluxos
combinados de tração e de suspensão, constituindo depósitos de
origem fluvial distal associados a eventos de inundação
(overbank).
As fácies e suas associações correlacionadas nos perfis
verticais elaborados com base nos afloramentos permitem
determinar os elementos arquiteturais relacionados a um
sistema, compreendendo canais, lobos e deltas de crevasse.
Estes elementos (Tabelas 6.1 e 6.2) serão descritos mais
adiante, juntamente com a associação de fácies diagnóstica de
cada um deles, estando representado na Figura 6.1.
Tabela 6.1 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos Arenosos
ElementoArquitetural
Corpos Arenosos
A1 A21 A22 A23 A3 A4
Canal de crevasse(lenticular)
AcdAci
AcfAcd(?)
Barra de crevasse(tabular) Alx,Ab AxbAxd
AlbAld
AxbAxd
Lobo de crevasse(sigmóide) Acs Amr Agb
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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO
73
Tabela 6.2 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos de
Textura Fina
ElementoArquitetural
Texturas Finas Sobre A1 Sobre A2 Sobre A3 Sobre A4
Barra de foz menor (Tabular)
AFtF
FAFt
FAft
F
Preenchimento de canal abandonado(Lenticular)
FAFs
Lobo de crevasse(Tabular) FAFg
6.2 Textura Arenosa
Canal de Crevasse Nos arenitos A21 e A23 ocorrem feições erosivas acanaladas
que são preenchidas por depósitos lenticulares das fácies Aci
e Acd (A21), e Acf (A23). Tais fácies distinguem-se pelo tipo
de preenchimento de canal: arenitos finos/médios, com
intraclastos na base e estratificação cruzada acanalada de
pequena ou grande escala (tração), localmente passando a
arenitos com laminação cruzada clino-ascendente (suspensão)
(Aci), arenitos com estratificação cruzada, e drape argiloso
na base do canal (Acd; Fig. 6.2). A terceira fácies, Acf,
mostra preenchimento de canal com texturas granocrescentes:
siltito avermelhado (Sv), arenito sigmoidal a bioturbado (As),
e arenito com estratificação cruzada (Ax) (Fig. 6.3). Esses
elementos arquiteturais podem ser atribuídos a canais de
crevasse, sobrepondo-se à barras arenosas da associação
seguinte.
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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO
74
O elemento arquitetural de canal Acd provavelmente também
ocorre na porção sul do afloramento, na base do Arenito A23;
nota-se, na, na Figura 6.1, o espessamento de A23 em detrimento
da maior erosão e conseqüente adelgaçamento de A21.
Barra Arenosa de CrevasseO corpo arenoso A1 tem exposições descontínuas,
aparentemente tabulares, de duas fácies intercaladas: arenitos
de tração, com estratificação cruzada, laminação paralela e
alguma bioturbação vertical (Alx), e arenitos bioturbados
(Ab). (Fig. 6.1). Os corpos arenosos que formam A2 (A21 e A23)
possuem geometrias tabulares, plano-paralelas, relacionadas às
respectivas associações faciológicas Axd e Axb, ou Ald e Alb
(Tabela 6.1). Tais fácies são representadas por corpos
arenosos rítmicos, cada qual formado por: um arenito de
tração, com estratificação cruzada ou laminação paralela, e um
drape de suspensão, arenito-siltito-folhelho com aleitamento
gradacional, seqüência de Bouma Tcde (fácies Axd, Ald); e uma
segunda combinação, de arenitos de tração com topo bioturbado
(fácies Axb, Alb; Figs 6.1 a 6.3). Esses elementos
arquiteturais podem ser interpretados como barras arenosas do
sistema de crevasse.
Lobo de Crevasse Ainda concernente ao arenito A2, desenvolve-se na porção
norte do afloramento o tipo A22, onde se destaca outro elemento
arquitetural de geometria acanalada-erosiva, representado pela
fácies Acs. Esta fácies é composta por ritmitos de arenito e
drape argiloso, cada par com espessura variando de poucos
centímetros até 30cm. Tal elemento arquitetural inclui
elementos distintos de corte erosivo e de preenchimento de
canal. Neste caso, o preenchimento rítmico é representado por
arenitos sigmoidais de suspensão, combinação tração-suspensão
ou mesmo suspensão combinada com retrabalhamento por ondas ou
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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO
75
bioturbação, que se completa com drapes e flasers de folhelho
(Figs 6.1 e 6.4).
O arenito A3 é formado por um corpo arenosos lenticular,
cuneiforme (acunhante para a parte sul do afloramento),
representado pela fácies Amr dominada por depósitos arenosos
de suspensão. Observa-se na Figura 6.1 que o Arenito A3 também
termina abruptamente para o lado norte (abandono de canal),
tal canal abandonado é preenchido por depósitos areno-
argilosos de suspensão, fácies Afs. Ainda mais para norte o
Arenito A3 reaparece com menor espessura e provavelmente com a
fácies Amr (Figs. 6.1 e 6.2).
Finalmente, o arenito A4 é formado pelo amalgamamento de
quatro estratos arenosos menores, com geometrias onduladas e
compensatórias que sugerem lobos sigmoidais de suspensão. Esta
fácies, Agb, apresenta arenitos com textura gradacional que
sugerem processos de suspensão, posteriormente modificada por
organismos bioturbadores (Fig. 6.1). É complexo sua posição em
um sistema de crevasse: se, por um lado, apresenta geometria
sigmoidal e aleitamento gradacional, por outro, é comumente
bioturbado. Alternativamente, o arenito A4 poderia pertencer à
porção distal de um sistema de leques aluviais, como sugerido
para a Formação Cabo (Lima Filho, 1998).
6.3 Textura Fina
Entre os elementos arquiteturais de textura fina, além da
já mencionada fácies AFs, destacam-se: as fácies de folhelho
(F) e de ritmitos arenito-folhelho (AFt) com geometrias
tabulares. O arranjo granocrescente, apesar do contato abrupto
entre tais fácies, indica um arrasamento ascendente na
sucessão, sendo AFt atribuída a uma barra de foz (menor) de
canal de crevasse (Fig. 6.1). Reforçando tal hipótese, a
sucessão de arrasamento se completa com o arenito A21, com suas
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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO
76
fácies arenosas tabulares (barra) recortadas por fácies
canalizadas-lenticulares (canal; Tabela 6.1; Fig. 6.2).
Completando o quadro, destaca-se a fácies AFg, sobreposta
ao arenito A23 (Fig. 6.1, perfil P-36). Tal fácies areno-
argilosa rítmica e tabular, mostra expressiva variação lateral
de suas litologias constituintes, de arenito médio com
estratificação cruzada a arenito muito fino com laminação
cruzada clino-ascendente. Também significativa é a sua posição
estratigráfica (observada no extremo direito da Figura 6.2),
compondo uma sucessão de afinamento ascendente, com o arenito
A23 (fácies Axd). Isso justifica o contexto agradacional de
barra arenosa (tração dominante), sucedida por barra de foz
(tração e suspensão), do sistema crevasse.
A2
1Corposarenosos
PerfilverticalP1
LEGENDA
P-1
Drape
deargila
Nívelbioturbado
Arenito
A1
Arenito
A2
1
Arenito
A2
3FolhelhovermelhoF
RitmitoAF
Arenito
A2
2
Arenito
A3
Arenito
A4
P-1
P-13
P-3
P-29
P-10
A3
A4
A3
A4
A4
A3
A4
A3
F
AF
A23
A2
1
P-1
P-10
P-13
P-3
P-29
Figura
6.1
-Painel
fotográfico
(acima)
earquitetura
deposicional
(abaixo),
realçando
ageometria
dos
diferentes
corpos
sedimentares:
arenitos
A1
aA4,
ritmitos
Af
efolhelho
F,
erespectivas
asso
Agb
Axd
F
Axb
AFt
Amr
AFt
AFs
F
Agb
Axd
Aci
Acd
Axb
Axd
AF
Axd
Nomeclaturadasfácies
(Fig.6.2)
P-64
P-59
P-56
P-41
P-50
36
02m
A1
P-67
A1
FAF
A2
1Acs
A2
3
FAF
A2
1
A2
3
A2
2
A2
2
P-67
P-64
P-59
P-56
P-50
P-41
36
ociações
faciológicas.
Fg
Acf
AFt
Aci
Alx,Ab
Ald
Acs
Aci
(Fig.6.4)
(Fig.6.3)
Ald
Alb
P-29
Axd
Nomeclaturadasfácies
Figura
6.2
-Elementos
arquiteturais
do
arenito
A2:
barras
tabulares
das
fácies
Axd
eAxb,
ecanais
erosivos
de
geometria
lenticular
preenchidos
sucessivamente
com
as
fácies
Aci
eAcd.
Ageometria
compensatória
dos
arenitos
A2
eA2,
eas
geometrias
tabulares
do
arenito
A3
edos
corpos
de
textura
fina
AF
eF
podem
ser
observados.
1
31
P-29
A2
1Corposarenosos
PerfilverticalP29
LEGENDA
Drape
deargila
Nívelbioturbado
Arenito
A1
Arenito
A2
1
Arenito
A2
3FolhelhovermelhoF
RitmitoAF
Arenito
A2
2
Arenito
A3
Arenito
A4
P-29
A3
A2
3
A2
1
F
AF
AF
Axd
Axb
Axd
Axb
Aci
Acd
01m
AFg
P-26
0
1m 0
1m
A2
1Corposarenosos
PerfilverticalP38
Estratif.cruzadatabulartangencial
Estratif.cruzadaacanalada
Estratificaçãoplano-paralela
Solo/vegetação
LEGENDA
P-38
Bioturbação
Arenito
A1
Arenito
A2
1
Arenito
A2
3
Drape
deargila
Nívelbioturbado
Intraclastodefolhelho
A2
1
A2
3
F
AF
A1
P-41
P-41
Axd
Nomeclaturadasfácies
RitmitoAF
FolhelhovermelhoF
Figura
6.3
-Elementos
arquiteturais
dos
arenitos
A2
(barras
tabulares
das
fácies
Axd,
Axb,
Alb
eAld)
eA2
(canal
erosivo,
lenticular
da
fácies
Acf).
Pode-se
observar
adeformação
dos
finos
da
fácies
Axd,
sob
ocanal,
apassagem
lateral
das
fácies
Axd
para
Ald
(de
estratificação
cruzada
para
laminação
plano-paralela),
eo
complexo
preenchimento
do
canal
de
crevasse,
com
ordem
ascendente
de
siltitos
avermelhados
(Sv),
arenitos
sigmoidais
(As)
ebioturbados,
earenito
com
estratificação
cruzada
(Ax).
13
drapes
Acf
Ax
Sv
As
Ald
Alb
Axb
Axd
A2
1Corposarenosos
PerfilverticalP1
LEGENDA
P-1
Drape
deargila
Nívelbioturbado
Arenito
A1
Arenito
A2
1
Arenito
A2
3FolhelhovermelhoF
RitmitoAF
Arenito
A2
2
Arenito
A3
Arenito
A4
Axd
Nomeclaturadasfácies
Figura
6.4
-Elementos
arquiteturais
do
arenito
A2
(fácies
Acf):
OArenito
A2
éformado
por
um
argilosos
basal
ecinco
estratos
rítmicos
de
arenito
efolhelho,
sem
gradação
entre
tais
litologias
(Arenitos
A2
aA2
).
Os
dois
estratos
inferiores
têm
espessura
reduzida
epraticamente
se
amalgamam
àesquerda
(F
aE,
ver
figura
7.2C),
terminando
em
sobre
obasal;
os
estratos
superiores
também
onlapam
asuperfície
erosiva
(sobre
A2)no
extremo
esquerdo
da
Figura
(seta).
Detalhe
dos
Arenitos
A2
eA2
(A2
/A2
)podem
ser
vistos
na
Figura
7.2
A-F.
22
2.1
2.5
11
22.1
2.4
drape
onlap
drape
02m
P-59
P-64
A2
2
AF
123
4
5
A2
1
A2
3
F
A1
A
D
CE
F
Alb
Ald
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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO
81
6.4 Seqüência Estratigráfico e Correlação
Perfis verticais podem ser elaborados a partir da
observação de afloramentos para possibilitar a correlação com
perfis de poços, que se constituem em um dos dados disponíveis
de subsuperfície. Os perfis verticais de modo geral servem a
dois propósitos: permitir a visualização da evolução
estratigráfica vertical, através da análise da sucessão de
fácies, e permitir sua correlação, talvez com o apoio de
geoestatística. Considerando as limitações do afloramento
(poucas altura e extensão), foi realizada uma detalhada
análise vertical para analisar as relações tempo-espaço entre
as fácies anteriormente descritas. Assim, foram confeccionados
11 perfis ao longo do afloramento, estando o perfil P-67 cerca
de 66 m do perfil P-1 (Figura 6.5). A observação conjunta
destes perfis permite observar as principais tendências das
sucessões faciológicas (ciclos), em termos de espessamento ou
afinamento, ou o simples estaqueamento vertical (sem
tendência). Inicialmente são considerados os corpos arenosos
individuais e suas subdivisões, e depois a relação entre as
fácies arenosas e pelíticas.
O arenito A1 mostra uma tendência a afinamento ascendente,
pela presença da fácies bioturbada Ab no topo. A ocorrência de
nível de folhelho castanho-esverdeado (com espessura mínima de
30cm) sotoposto à A1, mostra um perfil basal de
granocrescência seguida por granodecrescência no topo. A
presença da fácies Alx, micácea, com laminação paralela e
tubos verticais de bioturbação, sugere um ambiente litorâneo
regressivo e depois transgressivo, culminando com a fácies F
(Figura 6.5).
O arenito A2 deve ser considerado em função de seus três
corpos constituintes, que mostram individualmente tendência a
afinamento ou adelgaçamento ascendente. Nota-se no arenito A21
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82
a diminuição ascendente da espessura de seus estratos dentro
da fácies Ald, ou uma evolução transgressiva da fácies Ald
para Alb (perfil P-50).
O arenito A22 mostra o adelgaçamento vertical de seus
estratos rítmicos (P-64, Figs 6.4 e 6.5) e o onlap lateral
progressivo de suas camadas (cada uma avança mais para sul do
que a anterior; Figura 6.4).
O arenito A23 segue o mesmo padrão interno transgressivo
do arenito A22. Observa-se o afinamento ascendente e a passagem
para fácies com bioturbação no topo uma fácies de tração
passando a suspensão (Fig. 5.5 A,C; P-32). Na passagem do
arenito A23 para a fácies de arenito e folhelho Afg, há o
afinamento e mudança de processo de tração para
tração/suspensão (Fig. 5.13 A, B, C).
Ao inserir o Arenito A2 no contexto das fácies finas
vizinhas, nota-se uma sucessão inicial de espessamento (fácies
F, AF e A21) seguida por um afinamento ascendente (A23, AF e F;
Figuras 5.13 e 6.1; perfil P-32). Logo a seguir, há um
conjunto regressivo de subdelta de crevasse (barra de foz a
barra de crevasse), seguido por um conjunto transgressivo
relacionado a um canal de crevasse (canal a lobo de crevasse;
(ver Tabelas 6.1 e 6.2).
Nesse cenário evolutivo, os ciclos representados pelos
arenitos A3 e A4 são distintos dos anteriores, pois apresentam
um afinamento (argilosidade crescente) para cima, indicando
basicamente condições agradacionais (A3) ou possivelmente
transgressivas (A4; Figura 6.5). O arenito A3 é dominado por
suspensões (fácies Amr), o mesmo acontecendo com a fácies fina
AFs (canal abandonado?), que lateralmente lhe corresponde
(Figura 6.5; compare P-10 e P-13). Provavelmente tal ciclo
corresponde a um sistema fluvial de crevasse splays.
Finalmente, o arenito A4, também dominado por depósitos de
suspensão (geometria sigmoidal-compensatória), mostra um
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83
perfil típico de agradante a transgressivo de uma planície
costeira (parte distal de um leque aluvial?).
Ag
St
FMG
Mf
Escala
1m 0
P1
P36
P50
P56
P59
P64
P67
Ag
St
FMG
MfArenito
Ag
St
FMG
MfArenito
Ag
St
FMG
MfArenito
Ag
St
FMG
MfArenito
Ag
St
FMG
Mf
Arenito
P41
Ag
St
FMG
MfArenito
F2
Ag
St
FMG
MfArenito
F2
Ag
St
FMG
MfArenito
Arenito
P10
Ag
St
FMG
MfArenito
P13
P29
Ag
St
FMG
Mf
Arenito
Axd
Nomenclatura
dos
corpos
arenosos
egranulometria
fina
Laminaçãocruzadaclino-ascendente
Estratificaçãorítmica
Bioturbação
Estratif.cruzadaacanalada
Laminaçãoplano-paralela
Perfil
vertical
P1
LEGENDA
P-1
Drape
deargila
Nívelbioturbado
Arenito
A1
Arenito
A2
1
Arenito
A2
3Folhelhovermelho
Ritmito
Arenito
A2
2
Arenito
A3
Arenito
A4
F
FF
AF
Ab
Alx
AF
Ab
A3
A4
AF
F
F
A2
3
AF
A3
A2
3A2
3
AF
A2
1
A2
1
A2
2
A2
1
Figura
6.5
-Seção
Estratigráfica
ao
longo
do
afloramento,
com
perfis
verticais
selecionados,
mostrando
ciclos
de
engrossamento
(setas
para
NE)
eafinamento
ascendente
(seta
para
NW).N
S
A1
Nomeclatura
das
Fácies
Axd
Ald
Alb
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
CAPÍTULO VII
CARACTERIZAÇÃO DAS HETEROGENEIDADES NO AFLORAMENTO DE GUADALUPE
7.1 Introdução
Para uma caracterização adequada de reservatórios, devem
ser levadas em consideração também informações sobre
heterogeneidades observadas em uma seqüência sedimentar, pois
elas podem influir diretamente na recuperação de
hidrocarbonetos.
Galloway & Hobday (1998) definiram heterogeneidades como
mudanças em um ou mais dos seguintes parâmetros:
granulometria, composição mineralógica dos grãos e da matriz,
cimento, permo-porosidade, estrutura sedimentar, estrutura
biogênica, geometria externa, padrão de sucessão,
descontinuidade interna e conectividade. As heterogeneidades
são consideradas primárias, quando causadas por processos
deposicionais, e secundárias, quando originada por
modificações diagenéticas ou estruturais (Cândido, 1989).
Segundo Weber (1986), o estudo das heterogeneidades
petrofísicas associado à análise litofaciológica se constitui
é o elemento principal quando se trata da explotação de
reservatórios de hidrocarbonetos. Investigar heterogeneidades,
associando-as a diferentes propriedades petrofísicas, é uma
tarefa complexa, por serem produtos de diferentes processos
deposicionais. Na natureza, as heterogeneidades apresentam-se
em diferentes níveis hierárquicos. Van de Graaff (1989),
partindo do princípio de que a quantificação das
heterogeneidades em diferentes escalas contribui
substancialmente nos estudos de simulação do fluxo, propôs
quatro escalas de estudo: de campo (de 1 a 10Km); de
reservatório (de 100 a 1000m); de camadas arenosas (de 10 a
500m), que permite identificar zoneamentos de permeabilidade;
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
86
e de estruturas sedimentares (de 1 a 100cm). A aquisição dos
dados em qualquer nível de escala é importante, uma vez que a
sua integração em multiescala pode gerar informações concisas,
com uma escala fornecendo subsídios para a escala seguinte
(Kuchle & Holz, 2002).
Segundo Lowry & Jacobsen (1993), a compreensão do arranjo
das camadas, bem como de suas propriedades internas, é
bastante estratégica no desenvolvimento de um campo
petrolífero, uma vez que exercem um impacto significativo no
comportamento da produção de fluidos. Outro fator que
influencia na movimentação de fluxos de fluidos é a presença
de clastos argilosos, camadas de folhelho, quase sempre com
boa continuidade lateral. Hand et al. (1994) observaram que
estes folhelhos contínuos disseminados num reservatório podem
fazer com que a capa de gás, ao se expandir, deixe para trás
óleo aprisionado, daí advindo a importância do mapeamento de
heterogeneidades. A identificação de heterogeneidades em
microescala, bem como da interação rocha/fluido durante os
processos de injeção devem ser realizadas dada à necessidade
de se prever danos à formação durante a perfuração e produção,
pois tais danos em reservatórios areníticos podem ocorrer pela
migração de partículas, expansão das argilas, etc.
7.2 Heterogeneidades
Os principais tipos de heterogeneidade observados no
afloramento de Guadalupe podem ser descritos em diferentes
escalas. Nele destacam-se quatro corpos arenosos (A1, A2, A3 e
A4), que se constituem em potenciais reservatórios para
hidrocarbonetos. O arenito A2, por ser o melhor preservado e
mais heterogêneo, com melhor qualidade como reservatório, é a
seguir detalhado em suas heterogeneidades. Nele três escalas
de heterogeneidade são observáveis: a escala dos três corpos
arenosos constituintes, A21, A22 e A23; a escala de fácies e
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
87
estratos; e a escala microscópica (que será tratada no item
7.3).
Escala do Corpo Arenoso A2
O corpo arenoso A2 é formado por três subdivisões (A21,
A22 e A23) limitadas por superfícies de descontinuidade. O
corpo A21 tem uma geometria basicamente tabular, que se
adelgaça para as extremidades norte e sul do afloramento (P-59
e P-64 do norte e P-1 ao sul, Figura 6.1). Tal adelgaçamento é
devido a cortes erosivos de canal, relacionados aos corpos A22
(norte) e A23 (sul). Os três corpos arenosos apresentam uma
geometria compensatória, ou seja, A21 é mais delgado onde A22
ou A23 são mais espessos, e vice-versa. Nestas situações, um
extenso drape argiloso se desenvolve na base dos canais,
representando superfícies de descontinuidade dentro do arenito
A2. Outro evento erosivo delimita A21 e A23, sendo preenchido
pela fácies de canal Acf (P-41, Figura. 6.1). Finalmente,
contatos abruptos e planares separam o corpo A23 dos arenitos
A21 e A22 (P-50 e P-56/P-64, respectivamente).
Escala de Fácies e Estratos
Nesta escala, observam-se drapes argilosos separando os
estratos da fácies Acs, um drape de suspensão e níveis
bioturbados separando os estratos de cada fácies, e também
intraclastos de folhelho e variações faciológicas dentro dos
estratos.
A fácies Acs corresponde ao corpo arenoso A22 e mostra uma
geometria acanalada com um drape argiloso basal, que a separa
do arenito A21, e cinco estratos rítmicos de arenito e folhelho
(drapes). As heterogeneidades observadas no arenito A22 (Figura
6.4), são representadas por drapes de folhelho avermelhado
intercaladas nos arenitos. O adelgaçamento do drape que separa
A22.1 de A22.2 (Fig. 7.2; Fotos F-E) é bem marcado, chegando à
forma de flaser ou mesmo desaparecendo (Foto E). No arenito
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CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
88
A21, o drape argiloso marca a base da fácies canalizada Acd
(Figura 6.2).
Drape de suspensão e níveis bioturbados separando os
estratos de cada fácies ocorrem nos arenitos A21 e A23, entre
os perfis P1 e P10 (Figura 6.1), onde se observam pelo menos
três estratos arenosos em cada fácies. Na fácies Axd, mais
inferior, os arenitos tracionais passam a drapes areno-
argilosos de suspensão (seqüência de Bouma Tce), enquanto que
na fácies Axb tais arenitos tornam-se bioturbados e argilosos
no topo de cada estrato. Exemplos de drapes argilosos e topos
bioturbados são ilustrados na Figura 7.1 A-D (correspondente
ao perfil P-36, na extremidade direita da Figura 6.2).
Intraclastos de folhelho ocorrem associados a
estratificações cruzadas nas fácies Axd e Axb (Figura 7.1 A,
B, D) ou na porção basal da fácies Aci (Figura 7.2 A-C).
Importantes variações faciológicas são observadas dentro dos
estratos arenosos da fácies Aci, e nas camadas rítmicas da
fácies Acs.
No primeiro caso (Figura 7.2 B), fácies Aci apresenta
variações verticais e laterais: de arenito rico em
intraclastos de folhelho passa a arenito com drapes argilosos
(i, d, Figura 7.2 C), ou de arenito com estratificação cruzada
passa à laminação cruzada clino-ascendente (x, r, Figura 7.2
E). No caso da fácies Acs, observa-se uma variação vertical de
depósitos de tração para suspensão (estratificação cruzada
para laminação cruzada clino-ascendente; x, r do estrato A22.3,
Figura 7.2 D), ou de laminação paralela para cruzada clino-
ascendente (estrato A22.4; Figura 7.2 D).
Finalmente, em ritmitos da fácies AFg, notam-se variações
laterais e verticais de arenitos com estratificação cruzada
(tração) para arenitos com laminação cruzada e ondulada clino-
ascendente (suspensão; Figura 7.1E).
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
x
d
d
r
r
r
rR1
R2
R3
A3
R1
R2R3
A2
1
A2
3
AFg
Figura
7.1
AB
CD.
E
-Heterogeneidades
no
arenito
A2.
.Vista
geral
dos
Arenitos
A2
eA2,
edos
ritmitos
da
fácies
Afg;
ver
detalhe
nas
fotos
B,
De
E.
.Detalhe
do
Arenito
A2.
Arenito
com
estrati-
ficação
cruzada
eintraclastos
argilosos,
com
ou
bioturbação
(d,b)
no
topo
dos
estratos.
Notar
estrato
cruzado
no
topo
(x)
acunhando
para
adireita,
esendo
onlapado
com
arenito
la-
minado
com
ebioturbação(db).
.Arenito
A2,
com
três
estratos
arenosos
capeados
por
folhelhos
esiltitos
com
ebioturbação.
Detalhe
da
foto
C(Arenito
A2,
fácies
Axd),
com
estratificação
elaminação
cruzadas
(x,r)
separados
por
ritmitos
com
numerosos
(heterolítico).
As
lâminações
cruzadas
(r)
passam,
àdireita,
àestratificação
cruzada
com
na
base
de
(ver
Fig.
6.6B,C).
.Detalhe
dos
ritmitos(fácies
Afg,
foto
A),
com
estratos
cruzados
(x)
passando
lateral
(à
esquerda)
everticalmente
alaminações
cruzadas
eonduladas
(r).
13
1
33
drapes
drapes
drapes
drapes
drapes
foresets
b
b
x
x
x
x
(A)
(C)
(E)
(B)
(D)
(F)
Figura
7.2
A,
B,
C.
A.
B,C
.
D,E,
FD
E
F
-Descontinuidades
ligadas
afácies
de
canal.
Descontinuidades
na
fácies
Aci,
Arenito
A2.
Fácies
Ald
truncada
por
canal
da
fácies
Aci,
e,
mais
acima,
fácies
Alb
truncada
por
canal
com
fácies
Acs;
esta
mostra
argiloso
na
base
(setas)
seguido
de
dois
estratos
rítmicos
(A2
eA2
(geral)
(detalhe)
Àdireita
da
foto
A,
com
no
canal
da
fácies
Aci
cortando
nível
estratigráfico
mais
baixo
que
oanterior
eformada
por
arenitos
intraclásticos
(i)
passando
lateral
everticalmente
para
arenitos
com
argilosos
(d),
ambos
com
estratificação
cruzada
acanalada.
Notar
afácies
Ald,
laminada-horizontal.
.Heterogeneidades
na
fácies
Acs
do
Arenito
A2.
.Detalhe
dos
estratos
rítmicos
no
arenito
A2:
abaixo,
estratos
A2
arenito
tendo
estratificação
cruzada
(x),
laminação
cruzada
clino-ascendente
(r)
eargiloso,
eacima,
estrato
A2
com
arenito
laminado,
incipente
laminação
cruzada
(seta)
eargiloso
(A2
).
.Detalhe
das
fácies
Aci,
com
arenitos
com
estratificação
cruzada
elaminação
cruzada
clino-ascendente
(x,
r).
Notar
/(setas)
que
separa
ritmitos
A2
eA2
(espessura,10cm).
.Arenito
A2
com
laminação
horizontal
e
cruzada
clino-ascendente,
sendo
truncada
pelo
Arenito
A2,
com
ritmitos
da
fácies
Acs:
com
laminação
cruzada
clino-ascendente
(A2
)e
paralela
acruzada
clino-ascendente
(A2
,A2
).
Compare
com
aFoto
E.
Ver
localização
das
Fotos
no
painel
da
Figura
6.4.
1
2.3
2.4).
22
2.3
2.4
2.4
2.1
2.2
1
22.1
2.2
2.3
drape
drapes
drape
drape
drape
flaser
Ald
Alb
A2
2.3
A2
2.4
A2
2.4
A2
2.3
x
x
r
A2
2.3
A2
2.4
A2
2.2
A2
2.1
A2
1
A2
2.3
A2
2.1
A2
2.2
D
D
I
Ald
Ald
A2
2.1
A2
2.2
A2
2.3
XR
R
R
(C)
(E)
Ald
DID
Aci
A2
1
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
91
7.3 Análise Petrográfica
Foram descritas três lâminas petrográficas (lâminas 1 e 3)
da fácies Ald (arenito A21), por ser um dos potenciais
reservatórios para hidrocarboneto para observar também as
heterogeneidades em escala microscópica. Para a classificação
do arenito, utilizou-se a classificação de Folk (1968; Figura
7.3).
Figura 7.3 – Diagrama de Folk (1968)
As lâminas 1 (Figuras 7.4 A,B) e 3 (Figuras 7.4 C,D e 7.5)
foram classificadas como arcósios finos, laminados, bem
selecionados, peretncentes à fácies Ald (arenito A21). Observa-
se abundantes feldspatos, frescos e alterados , micas esparsas
(biotita, clorita). Abundantes filmes argilosos (ilita?) e
sobrecrescimentos de feldspato (Fig. 7.4). Contatos pontuais a
retos, empacotamento moderado e porosidade intergranular
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
92
apenas (devido a oclusão por sobrecrescimento e mal
distribuída) (Fig. 7.5B).
A Figura 7.5 refere-se à lâmina 3. Em A, mostra um
arenito-arcósio fino com raros grãos médios, seleção regular a
boa, abundantes feldspatos em parte alterados, raras biotitas
e cloritas. Abundantes filmes de argila em volta dos grãos ou
mesmo sobrepondo-se a sobrecrescimento de feldspato, e raros
sobrecrescimentos de feldspatos comumente de forma prismática,
inclusive sobre grãos alterados.
É notória a ausência de cimento carbonático, inclusive
substituindo grãos feldspáticos; normalmente comum na evolução
diagenética de arenitos, tal cimento é em parte responsável
pela porosidade de dissolução que tornam arcósios bons em
reservatórios. De qualquer modo, a compactação baixa a
moderada, e a cimentação de sobrecrescimentos, possibilitam
enquadrar a porosidade como regular.
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO...
Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
93
(A)
(C)
(B)
(D
s a
s
s
a
s
Figura 7.4 – Abundantes feldspatos, frescos e alterados (a), micas esparsas (biotita, clorita). Abundante
filmes argilosos (ilita?) e sobrecrescimentos de feldspato (s). A e B. Lâmina 1 com nicóis paralelos. C e
D. Lâmina 3 com nicóis paralelos e cruzados (aumento de 32x).
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe
94
(A)
(B)
(C)
Figura 7.5 – A. Arenito fino com raros grãos médios, seleção de regular a boa, abundância de filmes de argila, e raros sobrecrescimentos de feldspatos (lâmina 3, com nicóis cruzados e aumento de 32x). B e C. Feldspatos alterados (a) e dois grãos de clorita; sobrecrescimentos de fedspato (s), inclusive em grãos alterados (s´); numerosos filmes de argila; em laranja, porosidade (nicóis paralelos e cruzados, com aumento de 80x).
s
s´
a
s
CAPÍTULO VIII
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Neste trabalho buscou-se fazer caracterização detalhada em
multiescala e interpretação do depósito sedimentar
selecionado, como ferramenta para a caracterização de um
potencial reservatório de hidrocarbonetos e sua correlação com
análogos em subsuperfície, visando minimizar os riscos e
custos da explotação de hidrcarbonetos pela indústria de
petróleo.
A caracterização faciológica detalhada do afloramento de
Guadalupe permitiu a identificação de 16 fácies, de suas
associações, do sistema deposicional e da geometria externa,
assim como de heterogeneidades e grau de porosidade,
possibilitando a confecção de um modelo geológico.
As 16 fácies que foram definidas, podem ser agrupadas em
12 fácies de arenitos, três fácies de intercalações
arenito/folhelhos, e uma fácies de folhelhos. Entre as fácies
areníticas, seis fácies mostram uma geometria tabular, e as
outras, uma geometria lenticular acanalada.
Entre as fácies de geometria tabular, duas foram formadas
por processo único de tração ou bioturbação (Alx e Ab). As
outras quatro resultam da combinação de dois processos,
tração-suspensão (Axd e Ald) e tração-bioturbação (Axb e Alb).
Entre as fácies de geometria lenticular acanalada, três
resultam do preenchimento de canais por processos dominados
por tração (Aci, Acd e Acf). As outras três foram formadas por
processos dominados por suspensão (Acs, Amr e Agb).
Entre as fácies de granulometria fina, duas são formadas
por processos de tração e suspensão (AFs e AFg), e uma, de
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões
97
geometria lenticular, formada por processos de suspensão e
tração (AFt).
As fácies arenosas distribuem-se em quatro corpos
genéticos (A1 a A4), cada um apresentando as seguintes
associações faciológicas:
arenito A1: fácies Alx e Ab.
arenito A2: é subdividido em três corpos menores:
- arenito A21: fácies tabulares Axd, Ald, Axb, Alb e fácies
acanaladas Aci e Acd;
- o arenito A23: apresenta as fácies Axd e Axb, e fácies Acf;
- arenito A22 é representado pela fácies Acs.
arenitos A3: Amr;
arenito A4: fácies Agb.
Cada fácies de arenito/folhelho (AFc, AFg, AFs) ocorre
associada à fácies de folhelho (F). A fácies AFc ocorre tanto
sobreposta quanto sotoposta à de folhelho (F), enquanto que as
outras duas fácies (AFg e AFs) são sucedidas pela de folhelho
(F).
Os quatro corpos arenosos formam ciclos de afinamento ou
enpessamento ascendente com as associações de granulação fina.
Assim, o ciclo inferior (arenito A1) é formado por uma
sucessão granocrescente e depois granodecrescente, do mesmo
modo que o ciclo seguinte (arenito A2). Já o terceiro e quarto
ciclos (arenitos A3 e A4, respectivamente) constituem ciclos
granodecrescentes ascendentes.
Relacionando as tendências faciológicas observadas
(textura, estrutura e geometria) com elementos arquiteturais
(canal, barra e lobo de crevasse), é possível sugerir um
modelo flúvio-deltaico de crevasse, que inicia a evolução
estratigráfica com um sistema litorâneo-lacustre (ciclo do
arenito A1). No ciclo seguinte, do arenito A2, um sistema
regressivo de subdelta de crevasse (com os elementos barra de
foz e de crevasse) evolui para um sistema transgressivo de
canal de crevasse (canal de crevasse passando para lobo de
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões
97
crevasse). O terceiro ciclo observado (arenito A3) é
agradante, correspondente a um sistema fluvial de crevasse
splays, enquanto o último ciclo (arenito A4) é agradante a
transgressivo(?), tentativamente atribuído à parte distal de
um sistema de leque aluvial.
A interpretação deste cenário evolutivo foi baseada
principalmente em modelos recentes, mas na Formação Açu
(Eoturoniano-Neocenomaniano) da Bacia Potiguar, chamado
arenito Mossoró (reservatório de conhecidos sistemas
petrolíferos) foi interpretado como lobo de crevasse (Castro,
1993), similar ao modelo flúvio-deltaico de crevasse aqui
descrito.
As heterogeneidades observadas no afloramento de
Guadalupe, de macro a microescala, possibilitou sistematizar e
fornecer informações detalhadas para futuras avaliações de
reservatório. As heterogeneidades do arenito A2 mostram
subdivisões (A21, A22 e A23) limitadas por superfícies de
descontinuidades dos tipos planar e erosivo-acanalada,
colmatadas por drapes argilosos.
Na escala de fácies e estratos, no arenito A2 observam-se:
drapes argilosos separando os estratos da fácies Acs;
drapes de suspensão e níveis bioturbados separando os
estratos de cada fácies; e
intraclastos de folhelho e variações faciológicas dentro dos
estratos.
Lâminas petrográficas no arenito laminado da fácies Ald do
arenito A2 permitiram classificá-lo como arcósio fino, com
seleção de regular a boa, abundantes feldspatos (em parte
alterados) e raras micas. No cimento, observa-se abundantes
filmes de argila em volta dos grãos ou mesmo sobrepondo-se a
sobrecrescimentos de feldspato. Os contatos entre os grãos são
pontuais ou subretilínios. A compactação é moderada e a
porosidade é apenas regular, principalmente devido à
cimentação por sobrecrescimento dos feldspatos.
CAPÍTULO VIII
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Neste trabalho buscou-se fazer caracterização detalhada em
multiescala e interpretação do depósito sedimentar
selecionado, como ferramenta para a caracterização de um
potencial reservatório de hidrocarbonetos e sua correlação com
análogos em subsuperfície, visando minimizar os riscos e
custos da explotação de hidrcarbonetos pela indústria de
petróleo.
A caracterização faciológica detalhada do afloramento de
Guadalupe permitiu a identificação de 16 fácies, de suas
associações, do sistema deposicional e da geometria externa,
assim como de heterogeneidades e grau de porosidade,
possibilitando a confecção de um modelo geológico.
As 16 fácies que foram definidas, podem ser agrupadas em
12 fácies de arenitos, três fácies de intercalações
arenito/folhelhos, e uma fácies de folhelhos. Entre as fácies
areníticas, seis fácies mostram uma geometria tabular, e as
outras, uma geometria lenticular acanalada.
Entre as fácies de geometria tabular, duas foram formadas
por processo único de tração ou bioturbação (Alx e Ab). As
outras quatro resultam da combinação de dois processos,
tração-suspensão (Axd e Ald) e tração-bioturbação (Axb e Alb).
Entre as fácies de geometria lenticular acanalada, três
resultam do preenchimento de canais por processos dominados
por tração (Aci, Acd e Acf). As outras três foram formadas por
processos dominados por suspensão (Acs, Amr e Agb).
Entre as fácies de granulometria fina, duas são formadas
por processos de tração e suspensão (AFs e AFg), e uma, de
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões
97
geometria lenticular, formada por processos de suspensão e
tração (AFt).
As fácies arenosas distribuem-se em quatro corpos
genéticos (A1 a A4), cada um apresentando as seguintes
associações faciológicas:
arenito A1: fácies Alx e Ab.
arenito A2: é subdividido em três corpos menores:
- arenito A21: fácies tabulares Axd, Ald, Axb, Alb e fácies
acanaladas Aci e Acd;
- o arenito A23: apresenta as fácies Axd e Axb, e fácies Acf;
- arenito A22 é representado pela fácies Acs.
arenitos A3: Amr;
arenito A4: fácies Agb.
Cada fácies de arenito/folhelho (AFc, AFg, AFs) ocorre
associada à fácies de folhelho (F). A fácies AFc ocorre tanto
sobreposta quanto sotoposta à de folhelho (F), enquanto que as
outras duas fácies (AFg e AFs) são sucedidas pela de folhelho
(F).
Os quatro corpos arenosos formam ciclos de afinamento ou
enpessamento ascendente com as associações de granulação fina.
Assim, o ciclo inferior (arenito A1) é formado por uma
sucessão granocrescente e depois granodecrescente, do mesmo
modo que o ciclo seguinte (arenito A2). Já o terceiro e quarto
ciclos (arenitos A3 e A4, respectivamente) constituem ciclos
granodecrescentes ascendentes.
Relacionando as tendências faciológicas observadas
(textura, estrutura e geometria) com elementos arquiteturais
(canal, barra e lobo de crevasse), é possível sugerir um
modelo flúvio-deltaico de crevasse, que inicia a evolução
estratigráfica com um sistema litorâneo-lacustre (ciclo do
arenito A1). No ciclo seguinte, do arenito A2, um sistema
regressivo de subdelta de crevasse (com os elementos barra de
foz e de crevasse) evolui para um sistema transgressivo de
canal de crevasse (canal de crevasse passando para lobo de
FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C
CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões
97
crevasse). O terceiro ciclo observado (arenito A3) é
agradante, correspondente a um sistema fluvial de crevasse
splays, enquanto o último ciclo (arenito A4) é agradante a
transgressivo(?), tentativamente atribuído à parte distal de
um sistema de leque aluvial.
A interpretação deste cenário evolutivo foi baseada
principalmente em modelos recentes, mas na Formação Açu
(Eoturoniano-Neocenomaniano) da Bacia Potiguar, chamado
arenito Mossoró (reservatório de conhecidos sistemas
petrolíferos) foi interpretado como lobo de crevasse (Castro,
1993), similar ao modelo flúvio-deltaico de crevasse aqui
descrito.
As heterogeneidades observadas no afloramento de
Guadalupe, de macro a microescala, possibilitou sistematizar e
fornecer informações detalhadas para futuras avaliações de
reservatório. As heterogeneidades do arenito A2 mostram
subdivisões (A21, A22 e A23) limitadas por superfícies de
descontinuidades dos tipos planar e erosivo-acanalada,
colmatadas por drapes argilosos.
Na escala de fácies e estratos, no arenito A2 observam-se:
drapes argilosos separando os estratos da fácies Acs;
drapes de suspensão e níveis bioturbados separando os
estratos de cada fácies; e
intraclastos de folhelho e variações faciológicas dentro dos
estratos.
Lâminas petrográficas no arenito laminado da fácies Ald do
arenito A2 permitiram classificá-lo como arcósio fino, com
seleção de regular a boa, abundantes feldspatos (em parte
alterados) e raras micas. No cimento, observa-se abundantes
filmes de argila em volta dos grãos ou mesmo sobrepondo-se a
sobrecrescimentos de feldspato. Os contatos entre os grãos são
pontuais ou subretilínios. A compactação é moderada e a
porosidade é apenas regular, principalmente devido à
cimentação por sobrecrescimento dos feldspatos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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