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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP – PRH 26 Fabiana Maria de Albuquerque Carneiro Campelo FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO DE UM POTENCIAL RESERVATÓRIO PARA HIDROCARBONETO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP – PRH 26

Fabiana Maria de Albuquerque Carneiro Campelo

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO DE UM POTENCIAL

RESERVATÓRIO PARA HIDROCARBONETO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 2004

FABIANA MARIA DE ALBUQUERQUE CARNEIRO CAMPELO

Graduada em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, 2002

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO DE UM POTENCIAL RESERVATÓRIO PARA

HIDROCARBONETOS

Dissertação que apresenta à Pós-

Graduação em Geociências do Centro

de Tecnologia e Geociências da

Universidade Federal de Pernambuco,

orientada pelo Prof. Dr. Mário de

Lima Filho e co-orientada pelo

Prof. Dr. Joel C. Castro, como

preenchimento parcial dos

requisitos para a obtenção do grau

de Mestre em Geociências, área de

concentração Geologia Sedimentar e

Ambiental.

Recife, PE

2004

Campelo, Fabiana Maria de Albuquerque Carneiro Formação Cabo, afloramento da praia de

Guadalupe : caracterização de um potencialreservatório para hidrocarbonetos / Fabiana Maria deAlbuquerque Carneiro Campelo. – Recife : O Autor,2004.

Xix, 105 folhas : il., fig., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Geociências, 2004.

Inclui bibliografia.

1. Geologia sedimentar – Formação Cabo – Praia de Guadalupe, PE. – 2. Hidrocarboneto. 3. Reser-vatório de Petróleo – Caracterização 4. Arquitetura deposicional – Análise estratigráfica e fácies. I.Título.

551.3.051 CDU (2.ed.) UFPE 553.28 CDD (22.ed.) BC2006-063

Aos meus pais Euclides de

Albuquerque Carneiro Campelo e

Aurora Maria de Albuquerque

Carneiro Campelo,

por todas as conquistas e

ensinamentos de vida.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar os meus agradecimentos ao Programa

de Recursos Humanos da ANP (PRH-26), pelo apoio financeiro.

Ao professor Mário de Lima Filho, agradeço pela

orientação, amizade e compreensão nas discussões durante o

desenvolvimento deste trabalho. Ao professor Joel de Castro,

meus sinceros agradecimentos pela amizade, orientação,

dedicação, paciência, indispensáveis no andamento deste

trabalho.

Ao professor e amigo Leonardo Borghi, por suas sugestões e

constante incentivo. Aos Professores Virgínio Henrique Neumann

e Edmilson Santos de Lima, pelas ajudas sempre que

requisitados. Aos professores e amigos Lúcia Maria Mafra

Valença, Ignês Guimarães, Gorki Mariano e Maurício Rangel,

pelo apoio fornecido sempre que solicitado ao longo desses

anos. Ao professor Joaquim Mota, pela disponibilização do

laboratório de Geofísica Aplicada.

À Edilene e Luciana, sou grata pelas realizações dos

ensaios de porosidade. Aos amigos Antônio e Anna Rosa, pelo

constante incentivo e pelas ajudas indispensáveis durante

todas as etapas deste estudo. Aos amigos, Carol, Nivaneide e

Victor pelo apoio durante as várias etapas desta pesquisa. Às

amigas Somália Viana e Sônia Agostinho, pelo constante

incentivo.

À secretária Rosa, do Departamento de Geologia da UFPE.

À Pós-Graduação em Geociências da UFPE.

Finalmente aos meus pais, irmãos, sobrinhos, amigos e em

especial para minha avó, Themis Câmara Cavalcanti de

Albuquerque, minha gratidão pelo constante apoio e carinho

durante toda a minha vida.

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho foi elaborado como requisito de

conclusão do Curso de Mestrado na área de concentração em

Geologia Sedimentar e Ambiental, exigido pelo Programa de

Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de

Pernambuco. A execução deste trabalho foi financiada pela

Agência Nacional do Petróleo (ANP), através de bolsa de

estudos concedida à autora e do apoio vinculado ao programa

PRH-26 (Programa de Recursos Humanos na área de petróleo e

gás no Brasil).

Esta pesquisa, desenvolvida com base na análise de um

afloramento da Formação Cabo, Bacia de Pernambuco,

consistiu na caracterização detalhada e em multiescala, e

na sua interpretação, visando a caracterização de um

potencial reservatório de hidrocarbonetos e sua correlação

com análogos em subsuperfície, de modo a minimizar os

riscos e custos da explotação de hidrocarbonetos pela

indústria de petróleo.

No capítulo I, apresenta a área de estudo e define os

objetivos e métodos empregados na pesquisa.

O capítulo II mostra a localização geográfica da Bacia

de Pernambuco e sua geologia, sob a ótica de sua origem e

evolução dentro do contexto da margem continental

brasileira. Além do arcabouço tectono-sedimentar e

estrutural, apresenta as unidades estratigráficas que a

compõe, bem como seus respectivos sistemas deposicionais.

Por fim, este capítulo traz uma abordagem da Formação Cabo,

foco principal de estudo.

O capítulo III mostra um resumo sobre fácies

sedimentares, sucessão, associação e modelo de Fácies, bem

como, sobre Arquitetura Deposicional.

O capítulo IV reúne o conhecimento teórico prévio

sobre alguns sistemas deposicionais que serviram de base

para as interpretações realizadas ao final do trabalho.

O capítulo V traz os resultados das análises

estratigráfica e faciológica do afloramento, além dos dados

obtidos nas análises granulométricas realizadas em

laboratório.

O capítulo VI define elementos arquiteturais presentes

no afloramento, bem como o modelo deposicional proposto. É

apresentado um painel fotográfico com a respectiva

arquitetura deposicional, e painéis detalhados de alguns

segmentos. Uma seção estratigráfica, com a correlação de

perfis verticais selecionados, embasa a interpretação

paleoambiental de ciclos deposicionais.

O capítulo VII trata da caracterização de

heterogeneidades de reservatório. Neste capítulo encontra-

se também resultado de análises petrográficas.

O capítulo VIII traz as conclusões gerais e algumas

considerações pertinentes aos resultados obtidos na

pesquisa.

RESUMO

Esta pesquisa analisa em detalhe o afloramento de

Guadalupe, com sedimentos da Formação Cabo, Bacia de

Pernambuco, objetivando descrever a seqüência sedimentar no

que se refere à sua arquitetura deposicional e arcabouço

interno. Os métodos empregados na caracterização do

afloramento foram o reconhecimento das unidades presentes

com base nas fácies/associações de fácies e sistemas

deposicionais, a análise da geometria e orientação das

fácies a partir de fotomosaicos e da arquitetura

deposicional 2-D, e a identificação, classificação e

interpretação de heterogeneidades em diferentes escalas

(textura, estrutura sedimentar, geometria externa,

descontinuidade interna e porosidade).

Foram definidas 16 fácies, agrupadas em 12 fácies de

arenitos, três de intercalações arenito/folhelhos e uma de

folhelho. Entre os arenitos, seis fácies mostram uma

geometria tabular e as demais, uma geometria lenticular

acanalada. As fácies arenosas distribuem-se em quatro

corpos genéticos, designados informalmente de A1 a A4, que

formam ciclos de adelgaçamento ou espessamento ascendente

com as associações de granulação fina. O ciclo inferior

(arenito A1) é formado por uma sucessão granocrescente e

depois granodecrescente, do mesmo modo que o ciclo seguinte

(arenito A2). O terceiro e o quarto ciclos (arenitos A3 e

A4, respectivamente) constituem ciclos granodecrescentes no

sentido ascendente. Combinando as tendências faciológicas

verticais com os elementos arquiteturais é sugererido um

modelo flúvio-deltáico de crevasse.

A análise das heterogeneidades foi detalhada e

discutida em três níveis. Em grande escala, o arenito A2

foi dividido em três corpos menores, cujos limites

inferiores são superfícies de descontinuidade dos tipos

planar e erosivo-acanalada, colmatados por drapes

argilosos. Em escala de fácies e estratos constituintes,

três tipos de heterogeneidade foram reconhecidos: drapes

argilosos separando os estratos da fácies Acs; drapes de

suspensão e níveis bioturbados separando os estratos de

cada fácies; e intraclastos de folhelho e variações

faciológicas dentro dos estratos. Em escala microscópica,

as análises petrográficas realizadas na fácies laminada

(Ald) do arenito A2 permitiram classificá-lo como arcósio

fino, com seleção de regular a boa, abundantes feldspatos

por vezes alterados, e raras micas. No cimento há

abundantes filmes de argila em volta dos grãos ou mesmo

sobrepondo-se a sobrecrescimentos de feldspato. A

porosidade é apenas regular, principalmente devido à

cimentação por sobrecrescimento dos feldspatos.

Este modelo pode ser utilizado como um análogo ao

reservatório Mossoró da Formação Açu

(Eoturoniano/Neocenomaniano)da Bacia Potiguar, por

apresentar características genéticas semelhantes.

Palavras Chaves: Bacia Pernambuco, Formação Cabo e

Reservatório.

ABSTRACT

This research deals with detailed study of an outcrop

of the Cabo Formation, Pernambuco basin, in the locality of

Gaudalupe. The main goal was the description of the

metasedimentary sequence concerning its depositional

architecture and internal framework. The methodology used

was based in the identification of facies/ facies

association, depositional systems, analyses of the

geometry, orientation of the facies based in photomosaics

and 2-D architectural deposition, classification and

interpretation of the heterogeneities at distinct scales

(texture, sedimentary structure, external geometry,

internal discontinuities, and porosity).

Sixteen facies were defined and grouped into 12

sandstone facies, 3 with intercalations sandstones/shales

and 1 of shale. Among the sandstones, six facies show

tabular geometry and the others occur as lenses in

channels. The sandstones facies are distributed into four

genetic bodies, which were designated as A1 to A4, forming

cycles of reduced and increased thickness upwards with

variation of fine grained sediments. The lower cycle

(sandstone A1) is formed by sequences of grain-size

reduction and increase. Similar behavior is observed for

the following cycle (sandstone A2). The third and fourth

cycles (sandstones A3 e A4, respectively) are characterized

by upward grain-size reduction. The association of the

faciologic vertical variation with the architectural

elements favors the application of the crevasse fluvio-

deltaic model.

Analyses of the observed heterogeneities were detailed

into three levels. First, in large scale, the sandstone A2

was subdivided into three units whose lower limits are

represented by parallel, channeled-erosion unconformity

surfaces, covered by clay drapes. At the facies scale three

types of heterogeneities were identified: claye drapes

separating the facies Acs; suspension of bioturbation

levels which separate layers of each facies; shale

intraclasts and faciologic variation inside the beds.

Petrographic analyses conducted in the laminated

facies(Ald)of sandstone A2, allowed its classification as

fine-grained arcose, with good to moderate selection, rich

in feldspar locally altered and rare micas.

Clay films are found in the cement surrounding feldspar

grains and its overgrowths. The porosity is low to moderate

due to feldspars overgrowth cement.

This model may be used as an analog to the Mossoró

reservoir of the Açu Formation, Potiguar Basin

(Eoturonia/Neocenomanian)since it has similar genetic

characteristics.

Keywords: Pernambuco Basin, Cabo Formation, Reservoir.

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS.................................................... iv

APRESENTAÇÃO...................................................... v

RESUMO............................................................vii

ABSTRACT........................................................ ix

LISTA DE FIGURAS..................................................xiii

LISTA DE TABELAS................................................ xix

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO........................................... 1 1.1 Apresentação................................................ 1 1.2 Localização da Área de Estudo............................... 2 1.3 Justificativa .............................................. 3 1.4 Objetivos .................................................. 4 1.5 Material e Métodos.......................................... 5

CAPÍTULO II – ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DE PERNAMBUCO ......... 7 2.1 Introdução ................................................. 7 2.2 Origem e Evolução .......................................... 9 2.3 Estágios Tectônicos e Preenchimento Sedimentar ............. 122.4 Arcabouço Tectono-Sedimentar e Estrutural ................. 142.5 Evolução Sedimentar ....................................... 192.5.1 Estratigrafia ............................................ 212.5.2 Sistemas Deposicionais .................................. 242.6 A Formação Cabo ............................................ 262.6.1 Arcabouço Estratigráfico da Formação Cabo ................ 272.6.2 Idade ................................................... 282.6.3 Interpretações Paleoambientais e Sistemas Deposicionais da Formação Cabo .............................................. 29

CAPÍTULO III - FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL ............. 303.1 Fácies Sedimentar e Sucessão de Fácies ..................... 303.2 Associação e Modelos de Fácies ............................. 333.3 Arquitetura Deposicional ................................... 35

CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL ............................. 36 4.1 Crevasse Flúvio-deltaico.................................. 36

CAPÍTULO V – ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA E FACIOLÓGICA DE GUADALUPE . 43 5.1 Análise Estratigráfica ................................... 43 5.2 Análise Faciológica ...................................... 46 5.2.1 Fácies Arenosas de Geometria Tabular ................... 50 5.2.2 Fácies Arenosas de Geometria Lenticular e Base Erosiva Acanalada .................................................... 57

5.2.3 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Tabular ...... 66 5.2.4 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Lenticular ... 66 5.3 Análise Granulométrica ................................... 68

CAPÍTULO VI – ELEMENTOS ARQUITETURAIS, ASSOCIAÇÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO ................................. 73

6.1 Introdução .............................................. 73 6.2 Textura Arenosa ......................................... 73 6.3 Textura Fina ............................................ 75 6.4 Seqüência Estratigráfica e Correlação ................... 81

CAPÍTULO VII – CARACTERIZAÇÃO DAS HETEROGENEIDADES NO AFLORAMENTO DE GUADALUPE .................................................... 85

7.1 Introdução .............................................. 85 7.2 Heterogeneidades ........................................ 86 7.3 Análise Petrográfica .................................... 91

CAPÍTULO VIII – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ......................... 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................... 98

xiii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I

Figura 1.1 - Mapa de localização do afloramento estudado, adaptado do mapa das bacias sedimentares brasileiras (Nascimento, 2003) e do site http://www.gp.pro.br/ rotas_pe.htm. .............................. 3

CAPÍTULO II

Figura 2.1 – Localização das bacias Pernambuco e da Paraíba, segundo Mabesoone & Alheiros, 1993 e Barbosa, 2004, respectivamente......... .. 7

Figura 2.2 – Mapa paleogeográfico mostrando a circulação entre Tétis e Atlântico Equatorial e Sul a partir do Aptiano-Albiano (Dias Brito, 1994)............................................................... . 11

Figura 2.3 – Principais depocentros da faixa costeira sul de Pernambuco.(Lima Filho, 1998: modificado de Rand, 1976)............. . 15

Figura 2.4 – Feições estruturais da Bacia Pernambuco (Lima Filho, 1998)............................................................... . 16

Figura 2.5 – Mapa elaborado por Barbosa (2004) com os dados de aeromagnetometria das bacias de Pernambuco e da Paraíba, mostrando uma forte feição negativa (gráben) ao sul do Lineamento Pernambuco, domínio da Bacia Pernambuco................................................. . 18

Figura 2.6 – Mapa gravimétrico residual da faixa costeira de Pernambuco, mostrando a diferença de comportamento ao norte e ao sul do lineamento de Pernambuco (Relatório SIGA – CPRM/CPRH,2003; apud Barbosa, 2004).... .. 19

Figura 2.7 – Carta estratigráfico da Bacia de Pernambuco, com as unidades estratigráficas aflorantes a sul e ao norte do Lineamento Pernambuco (Lagese, 2003)........................................... . 23

CAPÍTULO IV

Figura 4.1 – Mapa do delta do Mississipi mostrando subdeltas do rio Mississipi (4,5), deltas de fundo de baía (6,7) e canal de crevasse – barra de foz menor (3), na acepção de Elliot (1974) (modificada de Tye, 2004)................................................................. 38

Figura 4.2 – Desenvolvimento e degradação de um subdelta de crevasse ou lobo de crevasse splay; à direita, perfil vertical típico (números correspondem às litofácies mencionadas no texto; Coleman & Prior, 1982) ...................................................................... 39

xiv

Figura 4.3 - Canal de Crevasse – barra de foz (menor) )(Coleman & Prior, 1982)............................................................... 40

Figura 4.4 – Deltas de fundo de baía do Atchafalaya e Wax Lake(7 e 6 como na figura IV.1; Tye, 2004)................................. 40

Figura 4.5 – Perfis típicos de crevasse splay (A, B, C) e de canal de crevasse – barra de foz (D, E, F). os perfis variam entre 2 e 10 m (Elliot, 1974). ................................................ 41

Figura 4.6 – Delta dominado por ondas e marés do rio Açu, Rio Grande do Norte (Castro, 1993)................................................ 42

CAPÍTULO V

Figura 5.1 – Vista geral do afloramento de Guadalupe, estudado no presente trabalho (foto da autora, 2002)........................... 43

Figura 5.2 – Visão geral do afloramento da praia de Guadalupe, com os pontos onde foram elaborados perfis verticais, e os corpos arenosos denominados (A1, A2, A3 e A4) ..................................... 45

Figura 5.3 – Arenito A1, fácies Alx e Ab. A. Arenito A1, base do perfil P-54. B. Fácies Alx, estratificações cruzadas acanaladas vistas em planta. C. Arenito laminado (fácies Alx) e em segundo plano, arenito biouturbado (fácies Ab; caneta de 15cm). D. Arenito laminado com bioturbação vertical, A4, recobrindo arenito bioturbado (fácies Ab; escala de 5cm). E. Arenito laminado (fácies Alx), recoberto por arenito bioturbado (Ab; escala de 10cm). F. Detalhe da foto E, destacando-se a intensa bioturbação da fácies Ab................................... 51

Figura 5.4 – A. Associação Axd. Foto geral do afloramento com os arenitos A2 e A3, e posição do Perfil P-1 (escala: pá de 65cm de comprimento).B.Detalhe da Associação Axd no perfil P-1. Sequência de Bouma em turbidito (intervalo Tbcde, Tde, representando o drape síltico-argiloso). C.Estratificação cruzada acanalada passando lateralmente à estratificação cruzada de baixo ângulo( X na foto D). D, E.Fácies Axd, drapes areno-argilosos contendo deformação sinsedimentar ( estruturas de carga e em chama). F, G. Fácies Axd e Axb (à esquerda do Perfil P-41): dois níveis de drapes (d), e intraclastos na estratificação cruzada. No topo da foto G, visualiza-se o término de migração de uma mega-ondulação (estrato cruzado X) e o consequente onlap de ritmito areno-argiloso bioturbado (r)................................................................ 54

Figura 5.5 – A. Arenito A23 com fácies Axd, em destaque no perfil P-36. B. Fácies Axd, com drapes pelíticos na base da estratificação cruzada; dois estratos superiores estão capeados por bioturbação (b; fácies Axb). C. Fácies Axd, com dois estratos arenosos (abaixo e acima da caneta) com estratificação cruzada e intraclastos, passando a drapes/flasers de folhelho e a siltito avermelhado. D. Detalhe do Arenito A23 no perfil P-1 (Fig. 6.5A), formado por três estratos, cada qual com estratificação cruzada seguida de bioturbação, fácies Axb; a fácies Axd está representada abaixo do martelo..................................... ... 55

Figura 5.6 – A. Foto geral do Arenito A21 com as fácies Ald e Alb, no perfil P-50. B, C. Vista geral e detalhada das fácies Ald e Alb. D.Detalhe das fácies Ald, com arenito fino laminado e um drape areno-argiloso de suspensão (na base da Foto E). E. Detalhe da fácies Alb, de

xv

arenitos com laminação horizontal e bioturbação no topo. A laminação cruzada clino-ascendente na base da foto corresponde ao drape areno-argiloso da fácies anterior (Ald). F.Lineação de partição no arenito laminado........................................................... 56

Figura 5.7 - A. Vista geral do Arenito A21, onde a fácies Aci recobre erosivamente a fácies Ald. B. Fácies Aci erodindo a fácies Ald, dentro do Arenito A21. C, D. À direita da foto anterior: a fácies Aci está erodindo nível mais baixo da fácies Ald, também refletido no adelgaçamento do arenito A21 para a direita (foto A). E. Detalhe das fotos C e D, com destaque para a laminação cruzada clino-ascendente (r) no topo da fácies Aci. F. Extrema direita do afloramento: canal isolado com abundantes intraclastos de folhelho........................................... 59

Figura 5.8 – A.Vista geral do perfil P-29, com as fácies Aci e Acd do Arenito A21. B.Detalhe do Arenito A21, com a fácies Aci de canais erosivos truncando, de modo escalonado dois níveis de drapes areno-argilosos (fácies Axd); preenchimento por estratos cruzados das fácies Aci. Cristas de mega-ondulações (M1 e M2), e drape areno-argilosos avermelhado da fácies Acd. C. Vista oblíqua da metade esquerda da foto B, realçando o escalonamento dos cortes erosivos de drapes, e o preenchimento por estratos cruzados (fácies Aci)..................................... 60

Figura 5.9 – A. Vista geral da fácies Acs, arenito A22, que tem a base erosiva esculpindo A21 sendo recoberta por drape argiloso-avermelhado (d) e pelo menos cinco pares areno-argilosos rítmicos preenchendo a depressão erosiva. B. Dois ritmitos da base da fácies Acs, com laminação cruzada por ondas (r) e drapes/flasers de folhelho; laminação cruzada clino-ascendente da fácies Aci (rd´). C. Detalhe da superfície erosiva com intraclastos e do arenito com laminação cruzada clino-ascendente (rd´), fácies Aci. D. Detalhe do ritmo basal da fácies Acs, revelando laminação cruzada clino-ascendente (rd); notar que o arenito adelgaça para a esquerda, onde também muda de fácies (fotos A,B). ................ 61

Figura 5.10 – A. Fácies Acf. Controle prévio do substrato sobre o desenvolvimento do canal; mergulho de foresets e sigmóides (f,s) do substrato em direção ao eixo do canal, revelando um baixo deposicional onde se implantará o canal. B. Vista em diagonal da metade esquerda da foto A: incisão do canal iniciada dentro do Arenito A23. C. Detalhe da parte inferior do canal, com o substrato (Arenito A21) formado por dois estratos da fácies Axd e um estrato Axb/Axd, este sugerindo um mergulho e acunhamento para a direita; preenchimento do canal se dá por arenitos sigmoidais (As) intercalados e gradacionais a siltitos avermelhados(Sv); nível de arenito síltico (s) e drapes areno-sílticos (d); arenito com estratificação cruzada (Ax) e abundantes intraclastos (i).......... 62

Figura 5.11 – A. Vista geral do arenito A3, com geometria de lobo sigmoidal (acunhamento para esquerda, e abandono à direita; C). B.Detalhe do arenito A3, dominado por estruturas de tração mais suspensão: sigmóide (s) e laminação cruzada clino-ascendente (r), além de arenito maciço (m) e arenito síltico bioturbado (b). C. Arenito A3 (fácies Amr; ver detalhe na foto B) e baixo adjacente (abandono), preenchido por arenitos e folhelhos da fácies AFs (ver foto D). D. Detalhe da fácies AFs, lateralmente correspondentes ao Arenito A3: arenito com estratificação cruzada (x),interestratificações arenito-folhelho (i), siltitos avermelhados (Sv) e arenito bioturbado (b)................ 63

Figura 5.12 - A. Vista geral do arenito A4, fácies Agb, com base acanalada e estratos ondulados e compensatórios, de base abrupta e com afinamento para cima (rítmico); nível contínuo de folhelho avermelhado separando os arenitos A3 e A4. B. Arenito A4: estrato de arenito maciço,

xvi

com corte erosivo sobre ritmitos de arenito e folhelho. C. Estrato arenoso maciço, possivelmente devido à bioturbação. D. Base do arenito A4 com estrato inferior (i) mostrando geometria lenticular e afinamento ascendente; o estrato superior (s) mostra base acanalada e é maciço (ver “i” e “s” na foto A)........................................... 64

Figura 5.13 – A. Fácies Afg, acima de drape argiloso que capeia o Arenito A2: são três estratos rítmicos areno-argilosos. B. Fácies Afg, com estratos areno-argilosos lateralmente equivalentes aos da foto C. Notar arenitos muito finos/finos com laminação cruzada em parte clino-ascendente (r). C. Arenito grosso com estratificação cruzada (x), passando a interlaminação arenito-folhelho (i) e a folhelho avermelhado. D. Fácies Aft, formada por ritmito arenito-folhelho, sendo o termo arenoso muito fino/fino e localemente retrabalhamento por ondas com laminação cruzada clino-ascendete. Notar pequena falha à esquerda da foto. E. Fácies F, com folhelho avermelhado mostrando aspecto maciço (abaixo) a estratificado........................................... 67

Figura 5.14 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axd no Perfil P-1. .......................... 68

Figura 5.15 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axl no Perfil P-41. ............................. . 69

Figura 5.16 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A23, fácies Axb no Perfil P-1. .............................. .. 69

Figura 5.17 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra da fácies AFg, no Perfil P-29. ........................................ .. 70

Figura 5.18 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A3, fácies Amr no Perfil P-1. .............................. .. 70

Figura 5.19 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A4, fácies Agb no Perfil P-13............................... .. 71

CAPÍTULO VI

Figura 6.1 – Painel fotográfico (acima) e arquitetura deposicional (abaixo), realçando a geometria dos diferentes corpos sedimentares Arenitos A1 a A4, ritmitos Af e Folhelho F, e respectivas associações faciológicas. .................................................... 77

Figura 6.2 – Elementos arquiteturais do Arenito A21: barras tabulares das fácies Axd e Axb, e canais erosivos de geometria lenticular preenchidos sucessivamente com as fácies Aci e Acd. A geometria compensatória dos arenitos A23 e A21, e as geometrias tabulares do arenito A3 e dos corpos de texturas finas AF e F podem ser observados...................... 78

Figura 6.3 – Elementos arquiteturais do arenitos A21 (barras tabulares das fácies Axd, Axb, Alb e Ald) e A23 (canal erosivo, lenticular da fácies Acf). Pode-se observar a deposição dos drapes finos da fácies Axd, sob o canal, a passagem lateral das fácies Axd para Ald (estratificação cruzada para laminação plano-paralela), e o complexo preenchimento do canal de crevasse, com ordem ascendente de siltitos avermelhados (Sv), arenitos

xvii

sigmoidal (As) e bioturbados, e arenito com estratificação cruzada (Ax).79

Figura 6.4 – Elementos arquiteturais do Arenito A22 (fácies Acf): O Arenito A22 é formado por um drape argilosos basal e cinco estratos rítmicos de arenito e folhelho, sem gradação entre tais litologias (Arenitos A22.1 a A22.5). Os dois estratos inferiores têm espessura reduzida e praticamente se amalgamam à esquerda (F a E, ver figura 7.2C), terminando em onlap sobre o drape basal; os estratos superiores também onlapam a superfície erosiva (sobre A21) no extremo esquerdo da Figura (seta). Detalhe dos Arenitos A21 e A22 (A22.1/A22.4) podem ser vistos na Figura 7.2 A-F. .................................................. 80

Figura 6.5 – Seção Estratigráfica ao longo do afloramento, com perfis verticais selecionados, mostrando ciclos de engrossamento (setas para NE) e afinamento ascendente (seta para NW)............................. 84

CAPÍTULO VII

Figura 7.1 – Heterogeneidade no Arenito A2. A. Vista geral dos Arenitos A21 e A23, e dos ritmitos da fácies Afg; ver detalhe nas fotos B, D e E. B. Detalhe do Arenito A21. Arenito com estratificação cruzada e intraclastos argilosos, com drapes ou bioturbação (d,b) no topo dos estratos. Notar estrato cruzado no topo (x) acunhando para a direita, e sendo onlapado com arenito laminado com drapes e bioturbação(db). C.Arenito A23, com três estratos arenosos capeados por folhelhos e siltitos com drapes e bioturbação. D. Detalhe da foto C (Arenito A23, fácies Axd), com estratificação e laminação cruzadas (x,r) separados por ritmitos com numerosos drapes (heterolítico). As lâminações cruzadas (r) passam, à direita, à estratificação cruzada com drapes na base de foresets (ver Fig. 6.6B,C). E. Detalhe dos ritmitos(fácies Afg, foto A), com estratos cruzados (x) passando lateral (à esquerda) e verticalmente a laminações cruzadas e onduladas (r)........................................... 89

Figura 7.2 – Descontinuidades ligadas a fácies de canal. A, B, C.Descontinuidades na fácies Aci, Arenito A21. A. Fácies Ald truncada por canal da fácies Aci, e, mais acima, fácies Alb truncada por canal com fácies Acs; esta mostra drape argiloso na base (setas) seguido de dois estratos rítmicos (A22.3 e A22.4). B (geral),C (detalhe). À direita da foto A, com no canal da fácies Aci cortando nível estratigráfico mais baixo que o anterior e formada por arenitos intraclásticos (i) passando lateral e verticalmente para arenitos com drapes argilosos (d), ambos com estratificação cruzada acanalada. Notar a fácies Ald, laminada-horizontal. D,E, F. Heterogeneidades na fácies Acs do Arenito A22. D.Detalhe dos estratos rítmicos no arenito A22: abaixo, estratos A22.3 arenito tendo estratificação cruzada (x), laminação cruzada clino-ascendente (r) e drape argiloso, e acima, estrato A22.4 com arenito laminado, incipente laminação cruzada (seta) e drape argiloso (A22.4). E. Detalhe das fácies Aci, com arenitos com estratificação cruzada e laminação cruzada clino-ascendente (x, r). Notar drape/flaser (setas) que separa ritmitos A22.1 e A22.2(espessura,10cm). F. Arenito A21 com laminação horizontal e cruzada clino-ascendente, sendo truncada pelo Arenito A22,com ritmitos da fácies Acs: com laminação cruzada clino-ascendente (A22.1)e paralela a cruzada clino-ascendente (A22.2, A22.3). Compare com a Foto E. Ver localização das Fotos no painel da Figura 6.4. ................ 90

Figura 7.3 – Diagrama de Folk, 1968................................ 91

Figura 7.4 – Abundantes feldspatos, frescos e alterados (a), micas esparsas (biotita, clorita). Abundante filmes argilosos (ilita?) e

xviii

sobrecrescimentos de feldspato (s). A e B.Lâmina 1 com nicóis paralelos. C e D. Lâmina 3, com nicóis paralelos e cruzados (aumento de 32x).. 93

Figura 7.5 – A. Arenito fino com raros grãos médios, seleção regular boa. Notar abundância em filmes de argila, e raros sobrecrescimentos de feldspatos (Lâmina 3, com nicóis cruzados e aumento de 32x). B e C.feldspatos alterados (a) e dois grãos de clorita; sobrecrescimentos de fedspato (s), inclusive em grãos alterados (s´), numerosos filmes de argila; em laranja, porosidade (nicóis paralelos e cruzados, com aumento de 80x) ............................................................ 94

xix

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO V

Tabela 5.1 - Síntese das fácies identificadas no afloramento da Formação Cabo na praia de Guadalupe.......................................... 48

CAPÍTULO VI

Tabela 6.1 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos Arenosos ...................................................... 72

Tabela 6.2 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos de

Textura Fina ............................................................... 73

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

O estudo de arquitetura de seqüências sedimentares é hoje

uma importante instrumento na interpretação paleoambiental,

pois fornece informações indispensáveis com relação a natureza

do arranjo bi e tridimensional de depósitos, tornando possível

sua correlação com análogos recentes (Miall, 1985). Tem sido

aplicado principalmente a depósitos fluviais, onde há grande

variação lateral de fácies causada pela dinâmica produzida em

ambientes fluviais, como variação de morfologia de canal,

distribuição granulométrica, formas de leito. Com isso, a

abordagem amplamente difundida de análise faciológica e

interpretação paleoambiental baseada na utilização de perfis

verticais tem sido considerada pouco diagnóstica, pois não

representa a variação tridimensional da geometria e composição,

sendo inadequada para predizer relações laterais de fácies

(Miall, 1985).

A importância do controle lateral em análise faciológicas

tem conduzido a maior ênfase na identificação de aspectos

geométricos externos dos corpos sedimentares e no

reconhecimento de padrões de associação de litofácies e suas

relações internas de organização (arranjo interno), definindo

uma análise faciológica que tem sido reconhecida como

arquitetura deposicional.

A arquitetura deposicional é de grande utilidade na

recuperação de hidrocarbonetos em reservatórios. O

entendimento limitado do arcabouço geológico de reservatórios

e de seu controle estrutural, bem como a existência de

variados graus de heterogeneidades, são fatores que prejudicam

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

2

a explotação de reservatórios, pois exercem forte influência

no fluxo de hidrocarbonetos em subsuperfície.

O estudo de arquitetura deposicional é uma técnica

bastante aplicada e de grande importância na observação de

feições de corpos sedimentares. A criação de um modelo

deposicional, a partir do estudo da arquitetura de

afloramentos em superfície, para uso como análogo de

reservatório de hidrocarbonetos em subsuperfície, possibilita

a avaliação e a simulação do comportamento de fluídos em

determinado reservatório; de acordo com sua natureza

arquitetural e petrográfica, minimizando os custos e riscos

que envolvem a exploração e a produção de hidrocarbonetos.

1.2 Localização da Área de Estudo

O afloramento da Formação Cabo selecionado para este

estudo representa uma excelente exposição de fácies de fluxos

combinados de tração e de suspensão, estando localizado na

região de Guadalupe, município de Sirinhaém, Estado de

Pernambuco, nordeste do Brasil (Fig. 1.1). Representa uma

falésia praial, presentemente sob forte erosão marinha.

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

3

Figura 1.1 – Mapa de localização do afloramento estudado, adaptado do mapa das bacias sedimentares brasileiras (Nascimento, 2003) e do site http://www.gp.pro.br/ rotas_pe.htm

1.3 Justificativa

A Bacia Pernambuco é uma bacia do tipo rifte, de idade

barremiana, cuja origem está relacionada a formação da margem

do Atlântico Sul Setentrional, e consequentemente com uma

evolução semelhante às demais bacias da margem leste

brasileira. Talvez seja a menos conhecida delas, sendo

atualmente considerada, sob o ponto de vista da indústria do

petróleo, uma bacia de novas fronteiras exploratórias.

Recentemente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostrou

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

4

interesse em reativar a exploração de petróleo nessa bacia,

através de projetos como o Projeto de Avaliação do Potencial

de Hidrocarbonetos da Bacia Pernambuco-Paraíba (UFRN/ANP).

A Formação Cabo tem sido pouco estudada sob a ótica

petrográfica e de ambiente deposicional, sem a realização de

análises mais detalhadas de sua arquitetura e sistemas

envolvidos. Por se tratar de uma formação cujo análogo na

bacia de Sergipe/Alagoas representa rochas geradoras e

reservatórios, justifica-se o desenvolvimento da presente

investigação, contribuindo para o avanço do conhecimento

geológico sobre esta unidade.

A Formação Cabo, com aproximadamente 4.000m de espessura

na plataforma continental, é composta por diferentes sistemas

deposicionais. Tendo em vista que o afloramento estudado

possui apenas 6m de espessura, ainda que lateralmente bem

preservado. Este trabalho envolve apenas a investigação de um

deles.

Este estudo teve como finalidade principal colaborar com o

conhecimento sobre a arquitetura deposicional da Formação,

principal unidade potencialmente armazenadora de petróleo na

Bacia Pernambuco.

1.4 Objetivos

O objetivo geral do trabalho aqui apresentado é o de

reunir informações de natureza sedimentar e estratigráfica

para detalhar a arquitetura deposicional da fácies fluvial

distal dos depósitos da Formação Cabo representados no

afloramento da praia de Guadalupe.

Como objetivos específicos da presente investigação pode-

se citar:

a) caracterização faciológica da sucessão sedimentar

através da identificação das fácies e de suas associações no

espaço e no tempo;

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

5

b) identificação das fácies areníticas, que podem atuar

como rochas-reservatório, e das fácies pelíticas, que podem

funcionar como barreiras ao fluxo ou rochas geradoras;

c) individualização e caracterização dos principais sets,

bem como de sua geometria;

d) interpretação dos sistemas deposicionais e elaboração

de um modelo correspondente para a Formação Cabo.

1.5 Material e Método

O material de trabalho proveio basicamente do afloramento

da paraia de Guadalupe, porção sul da Bacia de Pernambuco,

tendo sido obtidas informações e amostras em atividade de

campo. Lâminas petrográficas foram confeccionadas no

Departamento de Geologia (DGEO) da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), a partir de amostras retiradas do

afloramento estudado. As análises granulométricas foram

realizadas no Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do

DGEO/UFPE.

Os métodos de estudo consistiram em levantamento

bibliográfico preliminar, descrição sedimentológica detalhada

do afloramento, análise de lâminas petrográficas, análises

granulométricas, caracterização faciológica e confecção de

seções geológicas distribuindo-se em quatro etapas principais.

Na primeira etapa foi efetuado um extenso levantamento

bibliográfico referente a dados geológicos, estratigráficos e

paleontológicos sobre a Bacia Pernambuco e a Formação Cabo ,

bem como sobre temas correlatos.

A segunda fase consistiu de várias visitas ao afloramento

(em 2003), para observar as características estratigráficas e

sedimentológicas da seqüência aflorante, visando a

interpretação das unidades presentes e a correlação espacial

do afloramento em relação à bacia. Nesta etapa também foram

coletadas amostras de sedimentos de algumas seções para a

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

6

execução posterior de lâminas petrográficas e análise

granulométrica em laboratório. Tendo em vista que o

afloramento apresenta boa exposição de pequena extensão, os

dados foram adquiridos a partir da descrição de 11 perfis

estratigráficos. O afloramento inteiro foi fotografado para

permitir a construção de um fotomosaico e o registro das

características sedimentares mais conspícuas.

A terceira etapa reuniu as diversas fases laboratoriais: a

preparação de lâminas delgadas das amostras, sua descrição

(composição, textura, porosidade e feições diagenéticas); o

registro fotográfico das principais feições observadas e as

análises granulométricas.

A última fase, consistiu na individualização das fácies,

levando em consideração critérios litológicos e de estruturas

sedimentares. Para tanto, foram utilizadas as descrições do

afloramento, as seções geológicas construídas previamente.

Posteriormente foram efetuadas as correlações faciológicas,

observando suas continuidades lateral e vertical, além da sua

organização bidimensional. Todo o conjunto foi então dividido

em unidades, com base em características peculiares das

associações faciológicas. A construção do fotomosaico do

afloramento nesta etapa auxiliou na individualização e

compreensão de toda a seqüência. A elaboração de modelos com a

interpretação da seção estratigráfica e das características

observadas no afloramento também facilitaram a integração de

todos os dados. Por fim, foi possível a elaboração de um

modelo geológico e a definição da arquitetura deposicional

para o afloramento da Formação Cabo na Praia de Guadalupe.

CAPÍTULO II ____ __

ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DE PERNAMBUCO

2.1 Introdução

A Bacia de Pernambuco (Fig. 2.1) localizada na região

Nordeste do Brasil situa-se na borda leste da margem atlântica

e seu embasamento é parte da Província Borborema. Tem

aproximadamente 100km de comprimento, 12km de largura (área

emersa) e uma espessura de 4000m, limitando-se ao sul pelo

Alto de Maragogi (AL), e a norte pelo Lineamento Pernambuco

(PE). Em sua porção submersa, estende-se o norte do Platô de

Pernambuco (Alves & Costa, 1986).

Figura 2.1 – Localização das bacias de Pernambuco e da Paraíba, segundo Mabesoone & Alheiros, 1993 e Barbosa, 2004, respectivamente.

A Bacia de Pernambuco foi anteriormente denominada Sub-

Bacia do Cabo, associada ao norte à Bacia Paraíba, compondo a

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

8

Bacia Pernambuco-Paraíba (Mabesoone & Alheiros 1988; 1993), ou

ainda extendida até o Alto de Touros na Bacia Potiguar, com a

denominação de Bacia Pernambuco-Paraíba-Rio Grande do Norte

(Mabesoone, 1995; 1996a; 1996b). Apesar de serem consideradas

e interpretadas por vários autores como uma única bacia

(Mabesoone 1996a, Mabesoone & Alheiros, 1988, 1991; Asmus &

Carvalho, 1978; Rand & Mabesoone, 1982), as bacias Pernambuco

e Paraíba apresentam características geológicas bem diferentes

(Barbosa et al., 2004; Barbosa, 2004), de modo que neste

trabalho, a Bacia de Pernambuco será tratada como uma bacia

independente da Bacia da Paraíba.

Rand (1976) foi o primeiro a sugerir que a Bacia era

independente das outras bacias localizadas ao norte do

Lineamento Pernambuco. Diferentes características

estratigráficas, geocronológicas e estruturais foram

observadas nas áreas ao norte e ao sul deste lineamento (Lima

Filho, 1996; 1998a), permitindo individualizar duas bacias

distintas com seqüências sedimentares diferentes. Onde então

havia a denominada Sub-bacia Cabo (Mabesoone & Alheiros, 1988)

haveria uma bacia distinta da Bacia Paraíba (Fig. 2.1),

denominada por Lima Filho (1996; 1998) de Bacia de Pernambuco.

A evolução da faixa sedimentar presente ao sul do

Lineamento Pernambuco mostra características não

compartilhadas pela seqüência sedimentar existente ao norte do

lineamento, que corresponderiam à Bacia Paraíba (Lima Filho et

al., 1998). Os fenômenos tectônicos ocorridos na Bacia Paraíba

ao longo de sua história geológica, foram diferenciados das

demais bacias adjacentes por Asmus & Carvalho (1978), talvez

pela preservação de uma ponte ou soleira intercontinental

(landbridge) entre a América do Sul e a África durante o

Neocretáceo, tendo esta ponte se localizado entre o Lineamento

Pernambuco e o Alto de Touros (Rand & Mabesoone, 1982; Rand,

1985). Pouco se sabe sobre a última fase de ligação entre os

continentes africanos e sul-americanos. Alguns autores

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

9

acreditam que a área entre Recife e João Pessoa tenha sido o

último elo entre os dois continentes, e que assim esta região

tenha sofrido um estiramento e afinamento litosférico,

evoluindo para um homoclinal (Rand & Mabesoone, 1982).

Mabesoone (1996a) afirma que nesse processo ocorreu uma

lenta e contínua subsidência, gerando uma rampa homoclinal

(relay ramp). Ao norte do Lineamento Pernambuco, as diferenças

litológicas deste segmento resultaram em um afundamento

diferenciado durante a fase de deriva continental, facilitado

principalmente pela presença de falhamentos pré-cambrianos que

foram reativados. Esse comportamento diferenciado assemelha-se

ao tectonismo de teclas com o qual Fortes (1986) explicou a

formação da Bacia Potiguar, e que é observado pela

estruturação em blocos desnivelados (Rand, 1967, 1976, 1978),

possibilitando a subdivisão da relay ramp da Bacia Paraíba em

Sub-Bacias, delimitadas por grabens de pouco rejeito e altos

estruturais (Barbosa, 2004). A Bacia de Pernambuco, definida

como uma bacia do tipo rifte extensional (Lima Filho, 1998),

encontra-se próxima ao último elo entre os continentes sul-

americano e africano, constituído pela Bacia Paraíba.

2.2 Origem e Evolução

A evolução tectono-sedimentar da Bacia de Pernambuco está

diretamente ligada à ruptura dos continentes sul-americano e

africano no decorrer da abertura do Atlântico Sul, cujo

período mais intenso de rifteamento ocorreu no Eocretáceo.

K. Beurlen (1961) foi um dos primeiros pesquisadores a

sugerir que a abertura do Atlântico se iniciou a partir do

Sul, observando-se em relações estratigráficas e

paleontológicas. Concluiu que a ligação final entre os

continentes sul-americano e africano esteve localizada na área

entre Recife e João Pessoa, e, que corresponderia à faixa

Nigéria-Gabão na África.

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

10

Segundo Rabinowitz & Labrecque (1979), a abertura do

rifte sul-atlântico teve uma rotação diferencial horária da

América do Sul em relação à África, ocasionando distensão e

transcorrência na costa leste brasileira e compressão na costa

norte. Szatmari et al. (1987) sintetizaram a história da

formação do Atlântico Sul, mencionando que a direção

predominante do rifte sul-atlântico em relação ao Brasil é

NS/NNE, entre Campos e Salvador. Ao atingir essa última

região, o rifteamento bifurcou-se, com um dos braços NS

formando as bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá, e outro

assumindo a direção NE e formando a Bacia de Sergipe/Alagoas,

prolongando-se até Recife, incluindo assim a Bacia de

Pernambuco. Neste ponto, torna-se gradualmente NS até o

extremo nordeste da costa brasileira.

Dias Brito (1987) menciona a presença de formas

planctônicas tetianas nos sedimentos do Andar Alagoas

(Neocomiano) da Bacia de Sergipe/Alagoas, exemplificadas por

uma espécie de foraminífero (Favusella washitensis) e uma de

nanofósseis calcáreios (Nannoconnus truitti).

Dias Brito (1985a, 1985b, 1995, 2000), estudando

calcisferulídeos das Bacias de Campos e Potiguar, concluiu que

desde o Eo-MesoAlbiano, os oceanos Atlântico Sul já estavam

ligados ao do Atlântico Norte. Segundo Dias Brito (1987), o

estabelecimento de correntes marinhas a partir do final da

fase evaporítica (Neocomiano) nas bacias marginais brasileiras

teria permitido que massas de água do Atlântico Norte e

Atlântico Sul invadissem áreas do atual Atlântico Sul e

Equatorial.

Dias Brito (1994) propõe nova história para a fase

inicial do Atlântico Sul, sugerindo que as massas de água que

primeiro invadiram as regiões equatorial e setentrional do

Atlântico Sul, dando origem a depósitos evaporíticos aptianos,

teriam chegado pelo norte e não pelo sul (Fig. 2.2). Essa

idéia é baseada na presença de organismos pelágicos e

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

11

bentônicos tetianos que ocorrem em sedimentos da margem

atlântica do Brasil a partir do final do Neo-Aptiano,

provenientes principalmente do Golfo do México e região

caribenha.

Figura 2.2 – Mapa paleogeográfico mostrando a circulação entre Tétis e Atlântico Equatorial e Sul a partir do Aptiano-Albiano (Dias Brito, 1994)

Dias Brito (2002) menciona a descoberta de calpionelidos

na zona de fratura Romanche, confirma a idéia de um Atlântico

Sul setentrional/equatorial ligado ao Tétis, surgido como um

braço do Tétis. Assim, a ligação marinha de todo o golfo

estaria completamente estabelecida a partir do Aptiano-Albiano

(Fig. 2.2).

Segundo Dias Brito (1994; 2002), um ou mais pulsos

transgressivos, relacionados a oscilações tectono-eustáticas,

teriam permitido que massas de água oriundas da margem

equatorial transpusessem o Platô de Pernambuco, e que essa

água teria ficado retida entre o Platô de Pernambuco e o alto

de Walvis-Ridge, formando um golfo raso com deposição de

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

12

evaporitos. A barreira de Walvis-Ridge parece ter permanecido

parcial- ou totalmente exposta ao longo do Albiano até o

Cenomaniano, ou até tempos mais tardios, segundo o mesmo

autor.

2.3 Estágios Tectônicos e Preenchimento Sedimentar

Segundo Chang et al. (1988) e Matos (1992, 1999), é

possível reconhecer três estágios rifte, denominados de sin-

rifte I, II e III. A caracterização desses três estágios

baseia-se em diferentes estilos estruturais, dinâmica de

rifteamento e variações estratigráficas no registro sedimentar

(Chang et al., 1990).

O estágio sin-rifte I (Neojurássico), também conhecido como

seção pré-rifte, representa o início da deformação

distensional. Contém depósitos siliciclásticos em uma ampla e

rasa depressão, observada nas bacias do Recôncavo, de Tucano,

de Jatobá, e de Sergipe/Alagoas e do Araripe. O estágio sin-

rifte II teria ocorrido no Eobarremiano-Neocomiano, se

caracterizando pela geração da maioria dos riftes e de três

direções principais de abertura: Gabão-Sergipe-Alagoas (GSA),

Recôncavo-Tucano-Jatobá (RTJ) e Carri-Potiguar (CP). São

bacias riftes controladas por falhas normais de direção NE-SW

e separadas por altos internos do embasamento. Representa um

período de intenso rifteamento, onde se formaram meio-grabens,

rapidamente subsidentes, abrangendo toda a margem brasileira.

Matos (1999) afirma que o Lineamento Pernambuco-Adamaoua

comportou-se então como uma megazona de acomodação,

balanceando mecanicamente a deformação a Sul (ao longo dos

trends RTJ e GSA) simultaneamente a uma distensão ao Norte

(trend CP). O terceiro estágio, sin-rifte III, caracteriza-se

por um período de maior taxa de subsidência no eixo Sergipe-

Alagoas com desenvolvimento sincrônico de dois trends

deformacionais. A deformação cisalhante da margem equatorial

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

13

inicia-se com a propagação do rifteamento na margem leste, se

concentrando ao longo dos principais trends. A direção de

transporte tectônico muda de NNW (sin-rifte II) para uma

direção aproximadamente EW (sin-rifte III). A partir do

Albiano, iniciou-se a fase drifte ou de subsidência térmica

(que dura até hoje), dominada por uma sedimentação franca

marinha.

Para Matos (1999), a ausência de sedimentos mais antigos

do que barremianos ao norte do Alto de Maragogi, deve-se

provavelmente à influência do Lineamento Pernambuco na

arquitetura e localização da deformação distensional. A região

representada hoje pela Bacia de Pernambuco teria sido uma zona

de amortecimento entre a Bacia de Alagoas, ao sul (sob altas

taxas de distensão), e a Bacia da Paraíba, ao norte, com

aparente ausência de sedimentos pré-barremianos. Assim,

admite-se que há cerca de 110Ma a Bacia de Pernambuco sofreu

intensos eventos magmáticos resultantes da separação dos

continentes, gerando um grande volume de rochas vulcânicas.

Diversos autores mencionam estas rochas como Formação Ipojuca.

Lima Filho (1998) definiu estas rochas como Suíte Vulcânica de

Ipojuca, tendo ocorrida durante todo o Cretáceo. A exemplo de

Kegel (1959) e Cobra (1960), Lima Filho (1998) reconheceu

ainda a ocorrência de um evento vulcânico ácido tardio

(Eoterciário), com injeções que cortam o Granito do Cabo de

Santo Agostinho. Lima Filho & Szatmari (2002) mencionam que

durante o Albiano a Bacia de Pernambuco foi afetada por um

intenso vulcanismo alcalino a intermediário. Esse vulcanismo

teria gerado diques, plugs, soleiras e derrames representados

por basaltos, traquitos, riolitos, andesitos, pelo Granito do

Cabo de Santo Agostinho, e algumas ocorrências de

vulcanoclásticas e ignibritos, que reunidas formam a Província

Magmática do Cabo. Estes autores sugerem que essas rochas sua

distribuição controlada por atividades tectônicas vigentes na

época, de forma que, próximo à borda da bacia observa-se a

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

14

predominância de vulcanismo ácido, e no centro, torna-se

intermediário. Os autores apresentam ainda os primeiros dados 40Ar/39Ar (rocha total), destacando–se dois picos: o mais jovem

a 100Ma (riolitos e traquitos) e o mais antigo à 111Ma

(Granito do Cabo e ignibritos).

2.4 Arcabouço Tectono-Sedimentar e Estrutural

Rand (1976) foi quem iniciou os trabalhos de geofísica na

faixa costeira ao sul do Lineamento Pernambuco, definindo o

primeiro esboço tectônico da região da Bacia de Pernambuco. Em

1979 e 1982, a Petrobras, apresentou informalmente, dados e

mapas da plataforma oriental do Nordeste brasileiro obtidos

por métodos magnéticos, gravimétricos e sísmicos, incluindo a

Bacia de Pernambuco.

Em 1994, Oliveira confirmou as anomalias observadas por

Rand (1976) através de perfis potenciais gravimétricos e uma

densa malha de pontos, na porção sedimentar da região

metropolitana do Recife, definindo as anomalias com maior

precisão. No mesmo ano, Araújo (1994), a partir do mapeamento

geofísico e geológico próximo ao Granito de Santo Agostinho,

confirma as feições e anomalias anteriormente detectadas. Mota

et al. (1996) refinaram os dados prévios sugerindo um

arcabouço tectono-sedimentar e estrutural da Bacia de

Pernambuco.

Rand (1976, 1978, 1986), através de estudos geofísicos,

detectou falhas distribuídas tanto no centro quanto nas bordas

da Bacia de Pernambuco. Estas falhas mostram um substrato

desnivelado resultante da justaposição do escalonamento de

falhas N-S e NE-SW. Estas últimas falhas seriam as

responsáveis pela formação de meio-grabens paralelos a linha

de costa, com a seqüência rifte afundada, de modo que, quando

cortados transversalmente por falhas menores, formam pequenos

blocos de grande profundidade. Como exemplos, citam os blocos

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

15

de Sirinhaém, Suape e Piedade, caracterizados por grandes

depocentros, similares (no processo de formação) aos ocorridos

na Bacia de Sergipe/Alagoas (Fig. 2.3).

Figura 2.3 - Principais depocentros da faixa costeira sul de Pernambuco (Lima Filho, 1998: modificado de Rand, 1976).

Brito et al. (1991), baseados em dados estruturais,

sedimentológicos e geofísicos, identificaram fraturas e

falhamentos que formavam dois lineamentos E-W, com o

Lineamento Maragogi a sul e o Lineamento Pernambuco a norte,

delimitando a Bacia de Pernambuco. Observaram também dois

conjuntos de falhas principais com direções N40W e N50E (Fig.

2.4), provavelmente geradas pelo rifteamento do Atlântico Sul.

São observadas no limite oeste da bacia, em contato com o

Maciço Pernambuco/Alagoas, controlando a deposição da Formação

Cabo.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

16

Figura 2.4 - Feições estruturais da Bacia de Pernambuco (Lima Filho,

1998).

Falhas de direção similar desenvolveram-se também em

rochas do próprio Maciço Pernambuco/Alagoas, influenciando a

compartimentação e o arcabouço estrutural da Bacia de

Pernambuco. Elas estabelecem seus limites, inclusive até o

Granito de Santo Agostinho, que, de acordo com Brito et al.

(1991), subdivide a bacia em duas porções: a Sub-Bacia Norte e

a Sul, nas denominações de Lima Filho (1998). Desse modo, a

Sub-Bacia Norte estaria posicionada entre o Lineamento de

Pernambuco, e a Falha de Santo Agostinho (NW - SE), ao sul do

Granito de Santo Agostinho. E a Sub-Bacia Sul se encontraria

localizada deste granito até o Lineamento Maragogi, que

apresenta um alto gravimétrico-estrutural (Maragogi-

Barreiros). Oliveira (1994) também encontrou feições com

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

17

anomalias negativas seccionadas pela linha de costa e sofrendo

deslocamentos E-W e NW-SE, indicando a ocorrência de sub-

bacias desconectadas por falhas de transferência e pelo Alto

Estrutural de Santo Agostinho.

Lima Filho (1998), a partir de fotografias aéreas,

imagens de radar e dados geofísicos, confirmou as duas

principais direções de falhas e fraturas na bacia, além do

Lineamento Pernambuco de direção E-W (Fig. 2.4): um NE-SW, e

outro NW-SE. Este autor também verificou vários depocentros na

bacia, associados aos baixos estruturais gravimétricos, com

profundidades que chegam a 3500m (no Gráben do Cupê) ou mais

(na Sub-bacia Sul). O autor assim demonstra que a Bacia de

Pernambuco é composta por dois grabens principais, sendo um

interno, formado pelo Baixo de Piedade e do Cupe, e outro

externo, com profundidades superiores a 4000m.

Barbosa (2004) apresentou um mapa (Fig. 2.5) no qual

sobrepôs, ao mapa estrutural das Bacias de Pernambuco e da

Paraíba, imagens de levantamento geofísico, mostrando que as

anomalias magnéticas correspondem exatamente com as grandes

falhas e alinhamentos, a partir dos quais foram baseadas as

subdivisões das bacias. No mapa gravimétrico elaborado pelo

autor mostra o comportamento diferenciado das áreas ao sul e

ao norte o Lineamento Pernambuco. Ao sul do lineamento e ao

norte do Alto de Maragogi (próximo à divisa de Pernambuco com

Alagoas) observa-se a Bacia de Pernambuco com forte anomalia

negativa em azul, cujos flancos, são em forma de concha.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

18

Figura 2.5 – Mapa elaborado por Barbosa (2004) com os dados aeromagnetometria das bacias de Pernambuco e da Paraíba, mostrando uma forte feição negativa (gráben) ao sul do Lineamento Pernambuco, domínio da Bacia de Pernambuco.

No Relatório SIGA da CPRM/CPRH (2003; apud Barbosa, 2004)

pode-se observa uma anomalia positiva representada pelo

Granito do Cabo de Santo Agostinho (Fig. 2.6), possivelmente

refletindo uma estrutura tectônica de soerguimento naquela

região. Ao norte não aparece a tão evidente anomalia negativa

anteriormente mencionada, mas vê-se uma cadeia de anomalias

positivas, que marca a borda da Bacia Paraíba.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

19

Figura 2.6 – Mapa gravimétrico residual da faixa costeira de Pernambuco, mostrando a diferença de comportamento ao norte e ao sul do Lineamento Penambuco (Relatório SIGA – CPRM/CPRH, 2003 apud Barbosa, 2004)

2.5 Evolução Sedimentar

A evolução da Bacia de Pernambuco foi iniciada no

Neojurássico, mas seu preenchimento sedimentar data do Aptiano

ao Maastrichtiano e do Terciário, além de uma ampla cobertura

quaternária (Lima Filho, 1998). Segundo este autor, os

principais estágios da evolução sedimentar da bacia podem ser

compreendidos em cinco eventos, documentados por seqüências

deposicionais, como é a seguir explanado.

Evento Sedimentar Eo-aptiano: o início na sedimentação da

bacia processou-se através do preenchimento de grábens por

sedimentos siliciclásticos psamíticos, numa tectônica

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

20

sinsedimentar, envolvendo o embasamento. Foi nessa fase que os

conglomerados da Formação Cabo foram depositados, sob a forma

de leques terrígenos. Esses conglomerados passaram a arenitos

arcoseanos, intercalando-se com folhelhos escuros de ambiente

lacustre, nas porções distais da depressão, que se abria de

sul para norte, pois os sedimentos da Formação Cabo são mais

antigos ao sul do que ao norte. Nessa época, na Bacia de

Pernambuco prevaleciam condições essencialmente continentais,

com atividades vulcânicas responsáveis pela ocorrência de

basaltos, traquitos e riolitos.

Evento Sedimentar Eo-albiano: a partir do Eo-albiano, com

a continuação da subsidência termal e de processos

distensionais, associados à elevação global do nível do mar,

as primeiras ingressões marinhas se fizeram presentes na Bacia

de Pernambuco, com a deposição da Formação Estiva, perdurando

até o Turoniano/Santoniano. Essas ingressões foram tímidas, só

atingindo as áreas mais baixas da bacia, no extremo sul da

bacia, como é sugerido pela presença de Neithea sergipensis na

Fazenda Estiva. No restante da bacia, essa invasão marinha é

pouco documentada, prevaleceu um regime de deposição de

sedimentos fluviais e continentais, causado por movimentos

divergentes, provavelmente por reajuste de placas. Nessa

época, foram depositados os sedimentos da parte superior da

Formação Cabo intercalandos, na plataforma, com os carbonatos

da Formação Estiva.

Evento Marinho Cenomaniano-Mesoturoniano: o nível global

do mar continuou subindo durante todo o Albiano, atingindo o

clímax no Turoniano, quando se depositaram os carbonatos de

águas rasas da Formação Estiva na porção sul da bacia. Já na

parte norte, as condições eram francamente continentais,

resultantes de uma movimentação positiva do bloco de Gaibu

durante o Albiano.

Evento de Rifteamento Neoturoniano-Coniaciano:

provavelmente no Neoturoniano a área Sul passou por um intenso

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

21

magmatismo básico, que gerou vários derrames de basaltos. Esse

vulcanismo poderia estar relacionado com falhas

transtensionais ativadas neste tempo, depositando

principalmente basaltos sobre carbonatos (ao Sul) e sedimentos

aptianos/albianos (ao Norte). No Coniaciano, um grande

tectonismo reativou antigas falhas inclusive o Lineamento

Pernambuco, criando novos espaços para a deposição de

sedimentos. Na parte norte desse lineamento, iniciou-se a

deposição de clásticos grossos (Formação Beberibe) numa bacia

homoclinal do tipo rampa. Como na maior parte da bacia o

embasamento era formado por rochas vulcânicas, esses

sedimentos tinham um caráter litológico relacionado a estas

rochas. As rochas depositadas no Coniaciano pertencem à

Formação Algodoais, que aparentemente continuaram se

depositando até o Terciário.

Evento Magmático Eoceno: No Terciário, a bacia foi

novamente tomada por um vulcanismo ácido, do tipo riolítico,

que a cobriu em grande parte. O intemperismo agindo sobre este

riolito resultou nas camadas caulínicas, principalmente

ocorrentes no Alto do Cabo de Santo Agostinho. Após esse

período foi instalado um intenso regime fluvial, talvez

causado pela mudança do nível de base, ocasionando o

retrabalhamento das rochas caulínicas, que se depositaram nas

partes mais baixas da plataforma. Entre o Alto do Cabo de

Santo Agostinho e a foz do rio Formoso, provavelmente por

soerguimento dessa área causado pelo vulcanismo, não ficou

registro de sedimentação terciária.

2.5.1 Estratigrafia

Um dos primeiros autores a sugerir uma disposição

litoestratigráfica para a Bacia de Pernambuco foi Kegel

(1959), que identificou os conglomerados do cabo, as

diferentes rochas vulcânicas e os litotipos sedimentares.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

22

Suprimiu da coluna estratigráfica a Formação Estiva, apesar

desta ter sido definida desde 1943 na Bacia de Pernambuco.

Esta idéia também foi adotada por Cobra (1960), que observou a

presença de um calcário eocretácico distinto do Estiva, que

denominou informalmente calcário Gameleira. Em 1979, Amaral &

Menor formalizaram e novamente incluíram a Formação Estiva em

sua proposta de coluna estratigráfica para a bacia.

Em 1980, Dantas subdividiu a faixa costeira de

Pernambuco, incluindo a primeira no Grupo Pernambuco

denominando-a faixa vulcano-sedimentar Sul de Pernambuco,

composta pelas formações Cabo, Estiva e Ipojuca (Amaral &

Menor, 1979), toadas cretácicas. A segunda é a faixa

sedimentar Norte de Pernambuco, da qual participa o Grupo

Paraíba, com sedimentos do Neocretáceo ao Paleoceno.

Segundo Lima Filho (1998), a Bacia de Pernambuco pode ser

dividida em duas sub-bacias, separadas pelo alto estrutural do

Cabo de Santo Agostinho. Na Sub-bacia Norte ocorrem sedimentos

imaturos da Formação Cabo (conglomerados polimíticos,

arcósios, siltitos e argilitos); as rochas da Suíte Ipojuca

(que também inclui o granito do Cabo de Santo Agostinho); a

seqüência de arenitos conglomeráticos pós-vulcânicos da

Formação Algodoais; os clásticos da Formação Barreiras; e uma

extensa sedimentação quaternária. A Sub-bacia Sul é

caracterizada pela presença de rochas carbonáticas da Formação

Estiva, evidenciando uma subsidência mais acentuada que

permitiu ingressões marinhas ao sul do alto estrutural

representado pelo granito do Cabo de Santo Agostinho.

As mais recentes colunas estratigráficas da Bacia de

Pernambuco trouxeram significativas propostas de mudanças:

Feijó (1994) e LAGESE (2003; Fig. 2.7). Para Feijó (1994), o

intervalo 61-2953m do poço 2CP-1-PE deve ser adotado como

perfil de referência das formações Cabo e Ipojuca. O autor

posiciona as rochas vulcânicas da Formação Ipojuca no Aptiano,

e a Formação Estiva ocorre desde o Albiano até o Cenomaniano-

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

23

Turoniano. Porém, o fato mais interessante na coluna proposta

por este autor é a inclusão da Formação Calumbi (Similar à

Bacia de Sergipe/Alagoas) na porção offshore da Bacia de

Pernambuco.

Figura 2.7 – Carta estratigráfica da Bacia de Pernambuco, com as unidades estratigráficas aflorantes a sul e ao norte do Lineamento Pernambuco (LAGESE, 2003).

A coluna estratigráfica proposta pelo LAGESE (2003; Fig.

2.7) apresenta a Suíte Vulcânica Ipojuca ocorrendo durante

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

24

todo o Cretáceo, desde as porções inferiores da Formação Cabo

até acima do topo da Formação Estiva. E inclui ainda a

Formação Algodoais abaixo do evento vulcânico tardio ácido

terciário sobreposta pela Unidade Tiriri.

A carta estratigráfica das duas bacias geralmente é

apresentada como uma única coluna, onde as rochas que afloram

ao norte do Lineamento Pernambuco sobrepõem-se às rochas que

afloram ao sul (como por exemplo, vide Feijó, 1994). Porém,

Barbosa (2004) propõe colunas estratigráficas individualizadas

para as duas bacias, baseado no fato de que apresentam

características estratigráficas distintas, como idade dos

estratos, feições deposicionais, paleofauna, etc. Embora

Mabesoone & Alheiros (1988) tenham considerado que sobre o

Platô de Pernambuco, em área offshore da Bacia de Pernambuco,

possa existir continuidade na deposição sedimentar do

Cenomaniano ao Paleoceno, Barbosa (2004) afirma que ainda não

há uma comprovação dessa continuidade na plataforma da Bacia

Paraíba, devido à ausência de poços exploratórios na área.

2.5.2 Sistemas Deposicionais

As rochas que constituem a Formação Algodoais compreendem

conglomerados polimíticos (fragmentos de quartzo, rochas do

embasamento cristalino e vulcânicas), mono- a diamíticos

(seixos de traquitos e quartzo dominantes), e arenitos com

intercalações de níveis de argilitos (Cruz, 2002). Essas

litologias representam fácies de canal fluvial e de planície

de inundação. A fácies de canal fluvial está reconhecida por

conglomerados cujos seixos e blocos apresentam baixos

arredondamento e esfericidade (sugerindo proximidade de área

fonte) e arenitos médios a grossos com estratificação cruzada

acanalada e tabular de médio porte. A fácies de planície de

inundação está representada por intercalações centimétricas de

argilitos/siltitos finamente laminados e corpos tabulares de

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

25

arenitos finos, depositados em ambiente subaquoso de baixa

energia. As intercalações arenosas, normalmente apresentando

estratificação plano-paralela de regime de fluxo superior,

sugerem invasões esporádicas de corpos arenosos (depósitos do

tipo crevasse splay) associadas a variações sazonais na

energia fluvial.

Quanto à natureza do sistema fluvial da Formação

Algoadoais, a ocorrência de feições diagnósticas tanto de rios

entrelaçados quanto de rios meandrantes permitem uma

interpretação de uma situação onde ambos os modelos estão

presentes: na região de Recife, predominam depósitos de rios

entrelaçados, evidenciados pela ocorrência de pequenos canais

em barras arenosas, enquanto que no entorno de Gaibu ocorrem

ambos os tipos de depósitos.

Lima Filho (1998) reconheceu três níveis distintos de

calcários da Formação Estiva que, segundo ele, são

conseqüência de três fases de transgressão marinha na Bacia de

Pernambuco.

A Formação Cabo é constituída por três fácies, designadas

de proximal, mediana e distal, cuja relação lateral

caracteriza um sistema de leques aluviais subaéreos ou

sublacustres, depositadas sob clima árido (Lima Filho, 1998).

A Formação Barreiras, semelhante à Formação Algodoais,

apresenta um sistema deposicional fluvial, porém com

predomínio de rios entrelaçados. Conglomerados gradam

verticalmente para argilitos e arenitos, estes últimos

apresentando estratificações cruzadas acanaladas e boa

maturidade composicional.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

26

2.6 A Formação Cabo

A Formação Cabo foi referida pela primeira vez como

unidade estratigráfica por Cobra (1960), que a descreveu como

uma complexa seqüência clástica constituída por uma fácies

brechóide, conglomerática e arcoseana que grada para uma

fácies arcoseana em direção ao litoral. Entretanto, Oliveira &

Leonardos (1943) e Kegel (1959) já haviam reconhecido um

conglomerado composto por seixos centimétricos de rochas

ígneas similares às que afloram nas proximidades, cuja

ocorrência limitava-se ao município do Cabo. Cobra (1960)

expandiu esta ocorrência, mencionando que este conglomerado

aflora numa faixa contínua que vai desde as proximidades do

município de Ponte dos Carvalhos até os limites do Estado de

Pernambuco com o Estado de Alagoas.

A primeira tentativa de subdivisão da Formação Cabo foi

proposta por Pedrosa Junior (1969), que descreveu uma

seqüência de conglomerados inferiores com intercalações de

arcóseos e de argilitos micáceos, sobreposta por

conglomerados.

Alheiros (1987) definiu a Formação Cabo como sendo

constituída por conglomerados, arcósios e siltitos, e Brito

(1992) acrescentou que estas três fácies representam a

deposição de leque aluviais (proximal, mediano e distal).

Nóbrega (1995) analisou testemunhos de sondagem do poço 2-CP1-

PE, e reconheceu também três fácies sedimentares para a

formação: a fácies M, que apresenta arenitos que variam de

muito grossos a muito finos; a fácies D, que representa os

ritmitos areno-pelíticos dos depósitos terminais de leques; e

a fácies L, que mostra folhelhos cinzentos a negros, típicos

de sedimentação anóxica de lagos.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

27

2.6.1 Arcabouço Estratigráfico da Formação Cabo

Segundo Lima Filho (1998), a Formação cabo abrange toda a

borda oeste da Bacia de Pernambuco, limitada pelo embasamento

cristalino (maciço de Pernambuco/Alagoas) através de

falhamentos normais gerados durante a estruturação da bacia. O

autor dividiu a formação em três fácies: proximal (KC1),

mediana (KC2) e distal (KC3).

A fácies proximal (KC1) de Lima Filho (1998) encontra-se

em afloramentos de borda de bacia, desde a região do Cabo de

Santo Agostinho até Sirinhaém. É constituída exclusivamente

por conglomerados polimíticos e polimodais de caráter

sintectônico. Ocorre em geral sob a forma de morros

arredondados, com declividade moderada. Está representada por

um conglomerado com padrão de distribuição granulométrica

predominantemente polimodal sustentado por blocos e matacões

quando próximos às falhas, e com pouca matriz e constituintes

de menor dimensão.

O contato desta fácies proximal com o embasamento

cristalino ocorre através de falhamentos normais gerados

durante a estruturação da bacia. Com a fácies mediana, o

contato é aparentemente gradacional, sendo recoberta por esta

fácies (KC2); ou ocorre através de constatos laterais devido, a

falhamentos normais de direção 225ºAZ.

A fácies mediana (KC2) de Lima Filho (1998) de arcósios

conglomeráticos, ocorre de forma descontínua e sub-paralela à

fácies de leque aluvial proximal (KC1), estando distribuída

somente na porção norte e no extremo sul da bacia, o que pode

ser explicado pelo rifteamento mais intenso ocorrido na sua

parte central. Aflora em morrotes com declividade moderada a

baixa. Esta fácies representa um leque aluvial mediano com

redução da força hidráulica existente nos leques aluviais

proximais, o que se reflete em seus constituintes, que passam

a ser arenitos conglomeráticos arcoseanos.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

28

A fácies distal (KC3) é formada por folhelhos

intercalados por siltitos e arenitos médios a finos. Ocorre

próxima a linha de costa, sendo melhor observada nas regiões

de Tamandaré, da praia de Guadalupe (Sirinhaém), de Itapoama,

do norte de Gaibu (Engenho Caramuru) e de Suape. Em uma seção

no Morro do Baobá (Suape) há folhelhos carbonosos com restos

vegetais e intercalações vulcânicas.

2.6.2 Idade

A Formação Cabo teve sua datação muito controvertida até

serem realizadas as primeiras datações de K-Ar e Rb-Sr por

Vandoros et al. Em 1966. Estes autores dataram as rochas

vulcânicas intercaladas aos sedimentos entre 99 e 85Ma, de

modo que Feijó (1994) a datou como mais antiga do que o

Albiano.

O único macrofóssil encontrado nessa formação corresponde

a uma espécie de peixe que ocorre nos folhelhos, referida por

Costa et al. (1979) à espécie Dyplomysthus longicostatus Cope,

1910. O holotótipo desta espécie foi anteriormente encontrada

nos sedimentos do Grupo Ilhas, Bahia, neocomianos sendo de

ambiente estuarino, de águas rasas e tranqüilas.

A parte inferior da Formação Cabo é tida como aptiana,

considerando a presença do polinomorfo Turbatus

inaperturopollenites, que corresponde à zona palinológica P-

260 (no intervalo entre 2953-1890m do poço 2-CP-1-PE). A parte

superior da formação é considerada albiana, pela ocorrência de

Sergipea variverrucata e Pustulosus vitreisporites,

equivalente às zonas palinológicas P-270 e P-280,

respectivamente, no intervalo entre 1890-66m do mesmo poço

(Feijó, 1994; Nóbrega, 1995). Em outro poço (9-JG-1-PE) estes

autores citam que as zonas palinológicas P-270 e P-280 ocorrem

nas profundidades de 801 a 1100m, indicando uma idade neo-

alagoas/ptiano/eo-albiano.

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CAPÍTULO II – Aspectos Geológicos Regionais

29

2.6.3 Interpretações Paleoambientais e Sistemas Deposicionais da Formação Cabo

Alguns dos trabalhos não chegam a uma conclusão sobre a

origem dos conglomerados e de seu paleoambiente, e os mais

importantes admitem a hipótese de o conglomerado ser um

depósito coluvial de blocos formados por deposição sub-aérea

(Andrade & Lins, 1961).

Bigarella & Andrade (1964) consideraram o material

proveniente da desagregação física sob condições climáticas

úmidas a secas, e posteriormente depositado ao pé de uma nova

escarpa em regime de corrida de lama sob um clima semi-árido.

Alheiros (1987) considera a Formação Cabo como tendo sido

depositada por um sistema de leques aluviais coalescentes,

formados em ambiente continental ao pé de falésias de falhas

normais de grandes rejeitos, progradando para um lago

tectônico. Sobre os leques houve o desenvolvimento de um

sistema fluvial entrelaçado que evolui para E-SE, sendo o

sistema lacustre invadido pelos clastos grossos dos leques

aluviais progradantes, ciclicamente governado pelos pulsos

tectônicos.

Costa et al. (1979) correlacionaram a Formação Cabo com a

Formação Rio Pitanga, do Cretáceo Inferior da Bacia SE/AL.

Alheiros et al. (1989) correlacionaram a Formação Cabo à

Formação Muribeca (Membro Carmopólis), da Bacia SE/AL. Estes

autores sugeriram, portanto, o prolongamento da Bacia SE/AL

para o sul do Recife.

Lima Filho (1998) confirmou a presença de três diferentes

fácies para a Formação Cabo, cuja variação lateral caracteriza

um sistema de leques aluviais subaéreos ou sublacustres em

clima árido.

CAPÍTULO III

FÁCIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

3.1 Fácies Sedimentar e Sucessão de Fácies

O estudo de fácies sedimentares e DE sistemas

deposicionais é intimamente relacionado, fornecendo ambos

subsídios muito importantes para a reconstituição

paleoambiental de determinada área sedimentar (Dott, 1988).

Sistemas deposicionais são seqüências sedimentares inter-

relacionadas que representam tridimencionalmente um

determinado ambiente de deposição (Fisher & McGowen, 1967). Ou,

como definem Posamentier et al. (1988), são associações

tridimensionais de litofácies geneticamente relacionadas por

processos ou ambientes inferidos. Sistemas deposicionais

diferem de ambientes deposicionais (ou de sedimentação), que

correspondem ao cenário de sedimentação, isto é, um

compartimento geomorfológico da superfície da Terra onde

domina uma série de processos deposicionais que permitem

distingui-lo dos sistemas adjacentes Borghi (2000).

O termo fácies foi criado por Nicholaus Steno (1669), e

significava o aspecto total de uma parte da superfície da

Terra durante um certo intervalo de tempo (Teichert, 1958). A

palavra fácies é derivada do Latim facia ou facies, que

significa aparência externa. O termo fácies foi introduzido

por Gressly (1838), significando a soma total de aspectos

litológicos e paleontológicos de uma unidade estratigráfica

(Walker, 1984). Para Selley (1970), fácies é “uma massa de

sedimentos ou de rocha sedimentar caracterizada e distinguida

das demais pela litologia, geometria estratal, estruturas

sedimentares, petrotrama, cores, fósseis e atributos

direcionais”. Subdivisões de um corpo rochoso em fácies

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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

31

constituintes (ou unidades de aspectos similares) é um recurso

classificatório. A quantidade de subdivisões deve ser

determinada pelo objetivo do trabalho, tempo disponível,

escala de trabalho e abundância de estruturas físicas e

biológicas da rocha.

Segundo Miall (1990), análise de fácies compreende o

estudo e interpretação de texturas, estruturas sedimentares,

fósseis e associação litológica de rochas sedimentares em

escala de afloramento, seção de poço ou pequeno segmento de

uma bacia.

A chave para a interpretação de fácies é combinar

observações de sua relação espacial e de suas feições internas

(litologia, estruturas sedimentares) com informações de outras

unidades estratigráficas de poços estudados, de estudos de

ambientes modernos de sedimentação (Walker, 1984), e de

ensaios de simulação laboratorial (Borghi, 200).

À fácies pode ser dada uma designação informal (fácies “A”,

“B”, etc.) ou uma breve designação descritiva (“fácies de

siltito laminado”, por exemplo) significando unidades

passíveis de uma interpretação ambiental coerente.

A importância de estudo facilógico de determinada

seqüência, além de se constituirem elemento de descrição de

uma sucessão sedimentar, reside em sua interpretação genética

em conjunto com outras fácies, o que permite uma interpretação

paleoambiental de antigos ambientes de sedimentação.

Entretanto, isto só é possível se houver uma interdependência

genética entre elas, ou seja, uma relação de fácies (Borghi,

2000). Este autor menciona também que uma sucessão de fácies é

uma relação de sequenciamento linear das fácies no espaço,

usualmente elaborada ou expressa por um perfil

sedimentográfico vertical.

Walther (1894 apud Walker, 1984), na “Lei de Correlação de

Fácies” ou “Lei de Sucessão Vertical de Fácies” por ele

enunciada (também conhecida como “Lei de Walther”), enfatiza

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

32

que o reconhecimento de seqüências estratigráficas, como

resultado de ambientes deposicionais espacialmente

relacionados, somente pode ser realizado na associação lateral

de fácies, umas com as outras. Desde o resgate histórico desta

lei por Middleton (1973), ela passou a ser um paradigma para a

interpretação do registro estratigráfico através da análise de

fácies, pois reconhece que as fácies guardam uma relação

genética entre si, dentro do contexto de um ambiente

deposicional. Miall (1990) ressalta que a lei de Walther

somente é aplicada a seções contínuas sem quebras

estratigráficas, pois uma superfície de erosão pode indicar a

remoção da evidência de vários subambientes. Assim, é

importante observar a natureza dos contatos entre as unidades

litoestratigráficas quando é descrita a seção.

Os contatos podem ser bruscos ou gradacionais. Estes

contatos bruscos podem traduzir quebras significativas na

sedimentação, períodos de erosão ou não deposição, revelados

por estruturas sedimentares truncadas, perfuração extensa,

deformação penecontemporânea, hardgrounds ou diagênese

submarina. A lei de Walther sugere que, em uma sequência

vertical, uma transição gradacional de uma fácies para outra

representa duas fácies cujas condições deposicionais atuavam

lateralmente. Dessa maneira, o registro estratigráfico deixa

de ser considerado uma interpretação genética das inter-

relações ambientais observadas em sistemas sedimentares. A lei

de Walther pode ser tomada, assim, como a base do conceito de

sistemas deposicionais.

A análise detalhada de fácies de depósitos sedimentares

tem como objetivo principal evidenciar os mecanismos e

processos sedimentares envolvidos, reconstruindo o

paleoambiente sob a ótica de sistemas deposicionais.

Entretanto, este tipo de análise, baseado em perfis verticais,

é pouco diagnóstico, pois não representa as variações

tridimensionais de geometria e composição, não sendo adequado

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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

33

para predizer relações laterais de fácies. Assim sendo, o

controle lateral com ênfase no registro dos aspectos

geométricos externos dos corpos sedimentares e no

reconhecimento dos padrões de associação de litofácies e de

suas relações internas de organização, define uma perspectiva

de análise faciológica conhecida como arquitetura deposicional.

3.2 Associação e Modelo de Fácies

Por associação de fácies entende-se sua relação

tridimensional ou espacial, elaborada ou expressa por

correlações de perfis ou de seções sedimentográficas (Borghi,

2000). A expressão “associação de fácies” foi definida por

Potter (1959) como “um agrupamento de atributos sedimentares

comumente associados, incluindo geometria espessa;

continuidade e formas de unidades litológicas, tipos de rochas,

estruturas sedimentares e fauna (tipo e abundância)”. Uma

associação de fácies é baseada em observações, sendo expressa

sob a forma de tabelas, sumários estatísticos, ou diagramas de

ocorrência de estratificação típica, como, por exemplo, um

perfil vertical. O modelo de fácies é um dispositivo

interpretativo que auxilia explicar a associação de fácies

observada, podendo ser desenvolvido inicialmente para explicar

somente uma unidade estratigráfica e, depois, para unidades

similares, compondo modelos generalizados (Miall, 1990).

O conceito de modelo de fácies, como um sumário de um

ambiente deposicional e de seu produto é relativamente recente.

Potter (1959) utilizou-o inicialmente no sentido descritivo

que atualmente se emprega para associação de fácies.

Posteriormente, modelo de fácies passou a ser a interpretação

de um tipo particular de associação de fácies como ambiente

deposicional. Para Walker (1984), o modelo de fácies

representa um sumário das relações faciológicas

representativas de um ambiente de sedimentação, devendo atuar

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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

34

como uma norma para comparação, um guia previsor para novas

observações, e como base integrada para interpretações

paleoambientais.

O modelo de fácies auxilia significativamente na

interpretação de sedimentos pobremente expostos, pois sugere

certos questionamentos e observações críticas na interpretação

do registro sedimentar, diminuindo à tendência geral de

observar estratos com modelos preconcebidos. Se um modelo de

fácies está sendo utilizado corretamente em uma nova situação

de campo, pode gerar seu refinamento ou o reconhecimento de

que aquele modelo não é o mais apropriado, desenvolvendo-se

então de um novo modelo (Miall, 1990). O estabelecimento dos

modelos é, em última instância, a interpretação das relações

de fácies, cuja representação em geral é realizada pela

elaboração de diagramas de relação de fácies, perfis e seções

sedimentográficas, blocos-diagramas, mapas faciológicos ou

paleogeográficos. Alguns modelos são primeiramente baseados na

geomorfologia local (deltas, leques aluviais, etc.), outros no

processo de transporte (turbiditos, till glacial, dunas

eólicas), e outros ainda em processos orgânicos (recifes,

etc.).

Segundo Miall (1990), a palavra fácies é utilizada tanto

no sentido descritivo como no interpretativo. A fácies

descritiva inclui litofácies e biofácies, ambos os termos

adotados para descrever certos atributos observáveis nas

rochas sedimentares que podem ser interpretados como processos

deposicionais e biológicos.

Litofácies é uma unidade de rocha definida com base em

feições litológicas distintas, incluindo composição, tamanho

do grão, acamamento e estruturas sedimentares, representando

um evento deposicional. As litofácies podem ser agrupadas

dentro de associações de fácies características de ambientes

deposicionais particulares. Estas associações formam a base da

definição do modelo de litofácies.

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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

35

A biofácies é definida com base no conteúdo fossilífero,

seja ele constituído por restos ou apenas vestígios da atuação

de um organismo. Normalmente é utilizado no sentido de

associação fossilífera. Para o propósito de estudos

sedimentológicos, um depósito pode ser dividido em uma série

de unidades de fácies, cada uma exibindo uma associação

distinta de feições litológicas e/ou biológicas. No sentido

interpretativo, o termo fácies também é utilizado para

designar uma associação de litofácies, grupo de rochas formado

sob condições similares. Este uso pode enfatizar processos

deposicionais específicos, como fácies de till ou fácies

turbidíticas. Alternativamnente, pode referir-se a um ambiente

deposicional particular, como fácies de plataforma carbonática

ou fácies fluvial, incluindo aí uma ampla gama de processos

deposicionais (Miall, 1990).

3.3 Arquitetura Deposicional

Para uma interpretação paleoambiental mais precisa de

depósitos sedimentares, não se deve dispensar as informações

de natureza bi- e tridimensional (Miall, 1985), principalmente

em depósitos fluviais e similares, onde há grande variação

lateral de fácies causada pela dinâmica fluvial, como

variações de morfologia de canal, distribuições

granulométricas e formas de leito. Com isso, a abordagem

amplamente difundida de análise faciológica e interpretação

paleoambiental baseada na utilização de perfis verticais tem

sido considerada pouco diagnóstica, pois não representa

variação tridimensional de geometria e composição, não sendo

adequada para predizer relações laterais de fácies (Miall,

1985). Este autor acrescenta que perfis verticais similares

podem ser produzidos sob condições (autocíclicas e alocíclicas)

muito diferentes.

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CAPÍTULO III – FACIOLOGIA E ARQUITETURA DEPOSICIONAL

36

Friend (1983) afirma que, sem dados bidimensionais,

qualquer classificação fica limitada a generalizações sobre o

modo de transporte, afirmando, no entanto, que o estudo

detalhado de perfis verticais em relação à análise de padrões

granulométricos, estruturas sedimentares e direção de

paleocorrentes, representam uma contribuição importante para o

estabelecimento de modelos ambientais mais precisos.

No controle lateral, tem-se dado ênfase na identificação

de aspectos geométricos externos dos corpos sedimentares e no

reconhecimento de padrões de associação de litofácies e de

suas relações internas de organização (arranjo interno),

definindo uma análise faciológica que tem sido reconhecida

pela denominação arquitetura deposicional.

Segundo Miall (1983), a arquitetura de uma seqüência

fluvial pode ser definida como a geometria tridimensional e as

interrelações dos depósitos sedimentares associados com sub-

ambientes do sistema deposicional, como, por exemplo,

depósitos de canal, levee, crevasse splay e planície de

inundação. A arquitetura fluvial pode ser considerada como o

resultado da interação entre processos de rios e controles

alocíclicos de longa duração. Pode ser aplicado em várias

escalas, desde depósitos de rios até registros deposicionais

não marinhos de uma bacia. Estudos mais recentes sugerem que

todo depósito fluvial pode ser subdividido em vários elementos

arquiteturais, definidos pela forma geral, associações de

fácies distintas e geometria interna (Miall, 1988). Estes

elementos formam a construção básica de todos os sistemas

fluviais. Contudo, a geometria geral e os padrões de

empilhamento variam entre os diferentes estilos de canais

fluviais.

CAPÍTULO IV

SISTEMA DEPOSICIONAL

4.1 Crevasse Flúvio-deltaico

Para a análise do sistema deposicional encontrado no

afloramento estudado no presente trabalho, é necessário

caracterizar depósitos de crevasse flúvio-deltaico, pois pode

constituir-se num análogo para o depósito em questão.

Depósitos de crevasse ocorrem associados a um sistema

fluvial meandrante e, principalmente, a um sistema deltaico.

Neste caso, constituem o término assintótico de um perfil

fluvial gradado, vindo a ser amplamente dominantes em uma

planície deltaica. O sistema de crevasse é bastante

característico, especialmente por apresentar uma relação

íntima entre depósitos de tração e de suspensão, semelhante a

um delta dominado por rio (Tye, 2004).

No sistema deltaico, os depósitos de crevasse ocorrem: (a)

lateralmente a canais distributários, sendo construídos em

baías interdistributárias, como no delta moderno do Mississipi

(4 e 5, Figura 4.1); (b) como uma variante de (a), onde o

crevasse é seguido de um canal e de distributários (3, Figura

4.1); (c) como deltas de fundo de baía (bay head deltas) na

desembocadura de canais fluviais, como a do rio Atchafalaya (6,

Figura 4.1); e (d) como uma planície deltaica de deltas

dominados por ondas e marés, como o delta do rio Açu na região

de Macau, litoral norte-potiguar. Os modelos de “deltas

dominados por rios” (parcialmente ilustrados na Figura 4.1),

propostos Tye (2004), buscam relacionar depósitos análogos

modernos e reservatórios flúvio-deltaicos do campo de Prudhoe

Bay, North Slope do Alaska.

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CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL

38

Figura 4.1 – Mapa do delta do Mississipi mostrando subdeltas do rio Mississipi (4,5), deltas de fundo de baía (6,7) e canal de crevasse – barra de foz menor (3), na acepção de Elliot (1974) (modificada de Tye, 2004).

Coleman & Prior (1982) apresentam um sistema de lobo de

crevasse splay como um modelo de preenchimento de baía (bay

fill), ilustrando seu crescimento e deterioração no período

1845-1958. O perfil apresentado é semelhante ao de um delta

com granocrescência/progradação e depois granodecrescência e

carvão/agradação (Fig. 4.2). A fase progradante inclui um

substrato carbonoso seguido por areias glauconíticas

transgressivas, e depois por fácies (6) de argilas e siltes

bioturbados, (5) silte com lentes de areia (lenticulra) e

ondulações de corrente, (4) areia com lentes sílticas e

lamiações cruzadas, (3) areia com ondulações cavalgantes,

bioturbada no topo, (2) silte e argila com ondulações

cavalgantes, e (1) turfa. Este modelo de bay fill é semelhante

ao de um crevasse splay associado a rio meandrante, exceto que

este prograda numa planície de inundação.

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CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL

39

Figura 4.2 – Desenvolvimento e degradação de um subdelta de crevasseou lobo de crevasse splay ; à direita, perfil vertical típico (números correspondem a litofácies mencionadas no texto; Coleman & Prior, 1982).

Elliot (1974) designa canal de crevasse de foz (menor) um

depósito um pouco diferente do anterior, pois inclui um canal-

tronco que se bifurca sucessivamente corrente abaixo,

resultando em uma forma de “árvore genealógica” (3, Figura 4.1;

Figura 4.3). Assim, há uma sutil diferença entre os dois

modelos propostos para explicar a foz atual do Mississipi. Os

casos 4 e 5 assemelham-se a um lobo de crevasse splay, e o

caso 3 é similar a um subdelta, com canal-tronco,

distributários, ou similar a deltas fluviais de fundo de baía

(Figura 4.4; Elliot, 1974).

Em todos os seus modelos, Elliot (1974) identifica

sucessões de granocrescência ascendente, com progradação de

lobos e canais de crevasse (Fig. 4.5 A, B), e spits laterais

de retrabalhamento por ondas (Fig. 4.5 C), bem como agradação

costeira com deposição final de turfa (cf. perfil da Figura

4.2). No segundo caso, Elliot (1974) reconhece as mesmas

feições em canal de crevasse e barra de foz (Fig. 4.5 F e D)

ou, localmente, canal de crevasse com perfil de afinamento

ascendente (Fig. 4.5 E).

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CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL

40

Figura 4.3 – Canal de crevasse – barra de foz (menor)(Coleman & Prior, 1982).

Figura 4.4 – Deltas de fundo de baía do Atchafalaya e Wax Lake (7 e 6 como na figura 4.1; Tye, 2004).

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CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL

41

Figura 4.5 - Perfis típicos de crevasse splay (A, B, C) e de canal de crevasse – barra de foz (D, E, F). Os perfis variam entre 2 e 10m (Elliot, 1974).

O delta do rio Açu (Fig.4.6) é dominado por ondas e marés,

sendo constituído de três províncias: planície deltaica (areia

e lama), laguna de marés (lamosa), e faixa litorânea (arenosa

com ilhas de barreira e deltas de maré vazante). Na província

intermediária, destacam-se ilhas de barreiras fósseis, que

marcam a progradação do sistema deltaico nos últimos 7.000

anos.

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CAPÍTULO IV – SISTEMA DEPOSICIONAL

42

Figura 4.6 – Delta dominado por ondas e marés do rio Açu, Rio Grande do Norte (Castro, 1993).

CAPÍTULO V

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA E FACIOLÓGICA DE GUADALUPE

5.1 Análise Estratigráfica

Os depósitos sedimentares que afloram na praia de

Guadalupe, Alagoas perfazem uma extensão de aproximadamente

110m SOB forma de falésia praial com cerca de 6m de altura

(Fig. 5.1).

Figura 5.1 – Vista geral do afloramento de Guadalupe, estudado

no presente trabalho (foto da autora, 2002).

O afloramento (Fig. 5.2) é formado por quatro corpos

arenosos, separados por folhelhos, e por níveis mais finos de

siltitos intercalados com arenitos. Os corpos arenosos são

predominantemente de granulometria muito fina a fina, tendo

sido localmente observada a presença de um arenito de

granulometria média. De maneira geral, os arenitos são bem

selecionados, de coloração creme a esbranquiçada.

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CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

44

As principais estruturas observadas em macroescala foram:

estratificação cruzada acanalada, estratificação cruzada de

baixo ângulo, laminação cruzada clino-ascendente,

estratificação sigmoidal, laminação plano-paralela e lineação

de partição. Também ocorrem intraclastos e bolas de argila,

normalmente presentes dentro dos sets de estratificações

cruzadas. As lâminas de argila apresentam localmente

convoluções e deformações (estruturas em chama), e os corpos

arenosos, de grande extensão lateral, por vezes se mostram

maciços. Observou-se em alguns locais fácies de areia fina com

drapes de argila com bioturbação associada.

As fácies de granulometria mais fina estão representadas

por um ritmito composto por arenito muito fino intercalado com

siltito e/ou folhelho, de coloração esverdeada, frequentemente

mosqueado. Além dele, ocorre um corpo pelítico espesso (~50cm),

que apresenta-se maciço na base, tornando-se mais síltico para

o topo. As estruturas sedimentares presentes nestas fácies

finas são: laminação cruzada clino-ascendente, gretas de

dessecação e bastante bioturbação.

De acordo com o observado, as camadas de areia foram

depositadas por processos de tração e, localmente, de

suspensão. O depósito estudado compreende quatro ciclos de

engrossamento e/ou afinamento ascendente.

Figura

5.2

-Visão

geral

do

afloramento

da

praia

de

Guadalupe,

com

os

pontos

onde

foram

elaborados

perfis

verticais,

eos

corpos

arenosos

denominados

(A1,

A2,

A3

eA4).

A1

Nomenclatura

dos

corpos

arenosos

etexturas

finas

Perfis

verticais

LEGENDA

P-1

Nomenclatura

do

A2

1

A3

A4

P-1

P-41

P-

P-36

P-10

P-29

A2

3

P-29

0

2m

A1

P-64

P-59

P-56

-50

P-13

P-67

A2

2

A2

1

A2

3

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CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

46

A associação de fácies verificada sugere um ambiente de

deposição origem fluvial distal, associado a eventos de

inundação, tais como depósitos de crevasse splay, de

overbanking, e de lagos, estes relacionados a baixos

deposicionais.

Os arenitos observados no afloramento de Guadalupe foram

designados neste trabalho de A1 até A4. Em geral, estes

arenitos formam ciclos com os corpos de litologia mais fina

(Fig. 5.2). O arenito A2 apresenta pelo menos três subdivisões

litológicas (A21, A22 e A23). Entretanto, podem ser

considerados como reservatório A2, por possuírem fácies de

geometria tabular semelhante. O afloramento estudado (Fig. 5.2)

é composto, na base, por um corpo arenoso (arenito A1)

constituído pela fácies Ab sotoposta à fácies Alx, que é

novamente recoberta por uma fácies Ab. Sobreposto ao arenito

A1, ocorre o corpo F, com as fácies Fm, na base, e Fe, no topo.

Acima deste, ocorre o corpo AF, que é sobreposto pelo arenito

A2, com suas subdivisões A21, A22 (apenas na extremidade norte

do afloramento, nos perfis P-56, P-59, P-64) e A23. Entre os

arenitos A2 e A3 e entre os arenitos A3 e A4, voltam a ocorrer

as fácies Fm e AF, sucessivamente.

5.2 Análise Faciológica

No afloramento estudado, foram descritas 16 litofácies,

sendo nove arenosas, seis areno-argilosas (em parte rítmicas)

e uma de folhelho vermelho, que se encontram sumarizadas na

Tabela 5.1.

Na diagnose das fácies descritas, foram considerados dados

de litologia, textura e estruturas sedimentares, uma vez que

constituem as feições mais importantes na definição de fácies.

Para melhor compreensão faciológica, o presente trabalho

baseou-se principalmente na litologia e na geometria dos

corpos sedimentares, separando a seqüência em fácies arenosas

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CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

47

de geometria tabular, fácies arenosas de geometria lenticular

e base erosiva-acanalada, fácies finas de geometria tabular, e

fáceis finas de geometria lenticular. Nelas foi enfatizada a

arquitetura e as características deposicionais.

Os sucessivos corpos de areia e argila observados no

afloramento de Guadalupe mostram certa ciclicidade, com

algumas peculiaridades, como espessura, estrutura sedimentar,

energia de deposição, geometria e continuidade lateral.

Tabela 5.1 - Síntese das fácies identificadas no afloramento da Formação Cabo na praia de Guadalupe.

FÁCIES

DESCRIÇÃO

ORIGEM

GEOMETRIA

FOTOGRAFIAS

Alx

(A1)

Fig. 5.3

Arenito fino, bem selecionado, com

laminação

plano-paralela

e

estratificação

cruzada

acanalada,

com rara bioturbação

Fluxos tracionais

Tabular

Ab

(A1)

Fig. 5.3

Arenito fino, argiloso, com drapes

de

folhelho

esverdeado

e

intensa

bioturbação

bioturbação

Tabular

Axd

(A21, A23)

Figs 5.3,

5.5, 5.8,

5.10

Arenito com granulometria de média a

fina, bem selecionado, presença de

estratificação cruzada acanalada e

intraclastos de folhelho, seguida de

drape

areno-argiloso

Fluxos

tracionais

e

suspensão

Tabular

Axb

(A21,A23)

Figs 5.4,

5.5, 5.8,

5.10

Arenito com granulometria de média a

fina,

bem

selecionado,

com

estratificação cruzada acanalada e

intraclastos de folhelhos, seguida

por bastante bioturbação

Fluxos

tracionais

e

bioturbação

Tabular

Ald

(A21)

Fig. 5.6

Arenito fino, bem selecionado, com

laminação

plano-paralela,

lineação

de

partição,

capeado

por

drape

areno-argiloso (suspensão)

Fluxo

tracional

seguido de suspensão

Tabular

Alb

(A21)

Fig. 5.6

Arenito fino, bem selecionado, com

laminação

plano-paralela,

lineação

de partição, bioturbado no topo

Fluxo

tracional

seguido

de

bioturbação

Tabular

Aci

(A21)

Figs 6.7,

5.8, 5.9

Estruturas de corte e preenchimento

por

arenito

com

estratificação

cruzada e intraclastos de folhelho

Corte erosivo e

preenchimento por

arenito de tração

Base

erosiva-

acanalada

e

geometria

lenticular

Acd

(A21)

Figs 5.7,

5.8, 5.9

Canal com drape argiloso na base

seguido

por

arenito

com

estratificação cruzada acanalada

Drape de suspensão

argilosa (fundo do

canal) seguido por

tração arenosa

Base

erosiva-

acanalada

e

preenchimento

arenoso

lenticular

Cont. Tabela 5.1 - Síntese das fácies identificadas no afloramento da Formação Cabo na praia de Guadalupe.

FÁCIES

DESCRIÇÃO

ORIGEM

GEOMETRIA

FOTOGRAFIAS

Acs

(A22)

Fig. 5.9

Canal com arenitos intercalados em

folhelhos:

arenitos

com

laminação

cruzada clino-ascendente (A22.1) ou

laminação

cruzada

por

onda

e

drape/flaser de folhelho (A22.2), ou

estratificação

cruzada

seguida

de

laminação

cruzada

clino-ascendente

(A22.3)

Decantação e tração,

retrabalhamento por

ondas, tração mais

suspensão;

drape

argiloso

Base

erosiva-

acanalada

e

preenchimento

arenoso-

rítmico

sigmoidal

Acf

(A23)

Fig. 5.10

Preenchimento de canal, com siltito

avermelhado (Sv),

arenito sigmoidal

(As) e arenito com estratificação

cruzada (Ax)

Suspensão, suspensão-

tração e tração

Lenticular

e

base

erosiva-

acanalada

Amr

(A3)

Fig. 5.10

Arenito maciço ou com estratificação

sigmoidal, laminação cruzada clino-

ascendente e bioturbação

Tração

e

suspensão,

modificada

por

bioturbação

Lenticular

e

tabular

Agb

(A4)

Fig. 5.10

Arenito

rítmico

com

textura

gradacional e bioturbação

Suspensão

e

bioturbação

Sigmoidal

e

tabular

FFig. 5.11,

5.13

Folhelho vermelho com aspecto maciço

a estratificado

Suspensão

Tabular

AFt

Fig. 5.13

Ritmito de arenito-folhelho, sendo o

arenito

muito

fino

a

fino,com

laminação cruzada clino-ascendente e

com local retrabalhamento por onda

Suspensão e tração

Tabular

AFs

Fig. 5.13

Arenito e folhelho de preenchimento

de

“baixo”

(canal

abandonado?);

estratificação cruzada e sigmoidal,

interestratificação

arenito-

folhelho,

arenito

bioturbado,

folhelho avermelhado

Suspensão e tração

Lenticular

AFg

Fig. 5.13

Estratos areno-argilosos, rítmicos.

Arenito

muito

fino/fino

com

laminação cruzada, ou grosso, com

estratificação cruzada, passando a

interlaminação arenito-folhelho e a

folhelho avermelhado

Tração.

Suspensão e tração

Tabular

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CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

50

5.2.1 Fácies Arenosas de Geometria Tabular

Arenito A1:

Este corpo da base da coluna é encontrado na zona

intermaré, principalmente no Perfil P-59 (Fig 5.3A), sendo

composto por duas fácies aqui denominadas de Alx e Ab (Fig.

5.3C).

Fácies Alx: é caracterizada por um arenito arcosiano fino,

bem selecionado, de coloração branca, com laminação plano-

paralela, laminação cruzada por onda, estratificação cruzada

acanalada e tabular, bem como bioturbação vertical (Figs.

5.3B, 5.3C e 5.3D).

Fácies Ab: é caracterizada por um arenito arcosiano fino,

bioturbado, com presença de lentes e drapes de folhelho

esverdeado. Neste caso a bioturbação, mais intensa do que na

fácies anterior, mobilizou a argila, que passou a ocorrer com

um padrão de mosqueamento (Foto 5.3C a 5.3F). Sobre o topo dos

bancos de arenito bioturbado, notam-se marcas de ondas.

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-59

A1

P-59

(A)

(C)

(B)

(E)

(F)

(D)

Foto

5.3

AB

C

DE

F

-Arenito

A1,

fácies

Alx

eAb.

.Arenito

A1,

base

do

perfil

P-54.

.Fácies

Alx,

estratificações

cruzadas

acanaladas

vistas

em

planta.

.Arenito

laminado

(fácies

Alx)

eem

segundo

plano,

arenito

bioturbado

(fácies

Ab;

caneta

de

15cm).

.Arenito

laminado

com

bioturbação

vertical,

A4,

recobrindo

arenito

bioturbado

(fácies

Ab;

escala

de

5cm).

.Arenito

laminado

(fácies

Alx)

recoberto

por

arenito

bioturbado

(Ab;

escala

de

10cm).

.Detalhe

da

foto

E,

destacando-se

aintensa

bioturbação

da

fácies

Ab.

A1

Ab

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

52

Arenito A2

O arenito A2 é composto por quatro fácies, todas

apresentando uma geometria tabular.

Fácies Axd: é representada por arenito arcosiano de

granulometria de fina a média, regularmente selecionado,

sobreposto por drapes areno-argilosos (Figs 5.4A, 5.5A, 5.5C).

Quando espesso (parte inferior), apresenta estratificação

cruzada acanalada, passando lateralmente a estratificação

cruzada de baixo ângulo (Fig. 5.4 C,D); quando delgado, exibe

laminação plano-paralela. A porção superior do arenito mostra

drapes areno-argilosos (cada drape contendo múltiplos estratos

gradacionais de espessura centimétrica; Fig. 5.58) e

deformações sin-sedimentares, representadas por marcas de

carga e de chama (Fig 5.4 E). O arenito com estratificação

cruzada acanalada pode apresentar clastos de folhelho nos

foresets, com migração de mega-ondulações, que são sucedidos,

vertical e lateralmente, por depósitos de suspensão (Fig. 5.4

G). Em cada estrato, o componente arenoso é depositado por

tração, e os drapes areno-argilosos resultam de processos de

suspensão. Neste caso, podem ocorrer localmente os intervalos

Tbcde da seqüência de Bouma (Figura 5.4 B). Nesta fácies há pelo

menos quatro estratos ou pares com arenito e drape areno-

argiloso no perfil P-1 (Fig. 5.4 A,D; arenito A21), e somente

dois pares à esquerda do perfil P-41 (Fig. 5.4F).

Fácies Axb: esta fácies ocorre no perfil P-1 e à esquerda

do perfil P-41, onde está representada por um arenito

arcosiano de granulometria de fina a média, contendo

intraclastos de argila que acompanham a estratificação cruzada

acanalada. No topo ocorre frequente bioturbação (Fig 5.4F). No

perfil P-1 ocorrem três estratos repetitivos de arenito com

estratificação cruzada acanalada, com bioturbação no topo

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

53

(Figs 5.4 A, 5.5 D). A fácies Axb é dominada com correntes de

tração fluvial, sendo modificada no topo pela ação de

organismos.

Fácies Ald: está representada por arenitos finos, bem

selecionados, com laminação plano-paralela (Figs 5.6 B, C, D),

exibindo internamente lineação de partição (Fig. 5.6 F) e

delgado drape de argila no topo (Fig. 5.6 D). O fluxo é

amplamente de origem trativa (leito plano superior), com uma

delgada capa revelando também a ocorrência de suspensão.

Ilustrações da fácies em fotomicrografia podem ser vistas

adiante (Figura 7.4 e 7.5).

Fácies Alb: Constituída por arenitos finos, bem

selecionados, com laminação plano-paralela, lineação de

partição nas lâminas, bioturbação no topo (Figs. 5.6 B, E). O

fluxo tem também origem tracional, seguido de suspensão.

Organismos promotores de bioturbação desenvolveram movimentos

verticalizados que resultam na introdução de material fino no

topo do arenito.

Figura

5.4

AB

C

DD,

EF

G

-.

Associação

Axd.

Foto

geral

do

afloramento

com

os

arenitos

A2

eA3,

eposição

do

perfil

P-1

(escala:

de

65cm

de

comprimento).

.Detalhe

da

Associação

Axd

no

perfil

P-1.

Sequência

de

Bouma

em

turbidito

(intervalo

Tbcde,

Tde,

representando

o).

.Estratificação

cruzada

acanalada

passando

lateralmente

àestratificação

cruzada

de

baixo

ângulo(X

na

foto

).

.Fácies

Axd,d

areno-argilosos

contendo

deformação

sinsedimentar

(estruturas

de

carga

eem

chama).

,.

Fácies

Axd

eAxb

esquerda

do

Perfil

P-41):

dois

níveis

de

(d)

eintraclastos

na

estratificação

cruzada.

No

topo

da

foto

G,

visualiza-se

otérmino

de

migração

de

uma

mega-ondulação

(estrato

cruzado

X)

econseqüente

de

ritmito

areno-

argiloso

bioturbado

(r).

drape

síltico-argiloso

rapes

drapes

onlap

(A)

(B)

(E)(C)

P-1

A2

1

A2

3

A3

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-1

A2

1

(F)

(C)

(B)

(D)

(E)

(G)

(D)

d

b

c

d

b

xr

x

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-36

A21

(B)

A2

1

(C)

A2

3

A3

P-36

P-29

(A)

(C)

(B)

(D)

6.5F

Figura

5.5

AB

C

D

-.

Arenito

A2

com

fácies

Axd

em

destaque

no

perfil

P-36.

.Fácies

Axd,

com

pelíticos

na

base

da

estratificação

cruzada;

dois

estratos

superiores

estão

capeados

por

bio-

turbação

(b;

fácies

Axb).

.Fácies

Axd,

com

dois

estratos

arenosos

(abaixo

eacima

da

caneta)

com

estratificação

cruzada

eintraclastos,

passando

ade

folhelho

ea

siltitos

avermelhados.

.Detalhe

do

arenito

A2

no

perfil

P-1

(Fig.

6.5

A),

formado

por

três

estratos,

cada

qual

com

estratificação

cruzada

seguida

de

bioturbação,

fácies

Axb;

afácies

Axd

está

repre-

sentada

abaixo

do

martelo.

3

3

drapes

drapes/flasers

B

b

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-50

A21

A2

1

A2

3

(E)

(D)

(C)

Figura

5.6

-A

B,

CD.

E.

F

.Foto

geral

do

arenito

A2

com

as

fácies

Ald

eAlb,

no

perfil

P-50.

.Vista

geral

edetalhada

das

fácies

Ald

eAlb.

Detalhe

da

fácies

Ald,

com

arenito

fino

laminado

eum

areno-argiloso

de

suspensão

(na

base

da

Foto

E).

Detalhe

da

fácies

Alb,

de

arenitos

com

laminação

horizontal

ebioturbação

no

topo.

Alaminação

cruzada

clino-ascendente

na

base

da

foto

corresponde

ao

areno-argiloso

da

fácies

anterior

(Ald).

.Lineação

de

partição

no

arenito

laminado.

1

drape

drape

P-50

(A)

(B)

(B)

(D)

(F)

Ald

Alb

Alb

Alb

Ald

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

57

5.2.2 Fácies Arenosas de Geometria Lenticular e base erosiva-

acanalada

Arenito A2

Fácies Aci (A21): nela encontram-se estruturas de corte e

de preenchimento (cut-and-fill) por arenito com estratificação

cruzada e abundantes intraclastos de folhelho (Figs. 5.7. A,

B, F). Inclui um afinamento ascendente de granulometria do

arenito, que mostra estratificação cruzada seguida de

laminação cruzada clino-ascendente (Figs. 5.7. C, D, E e

5.9C). O corte é erosivo e o preenchimento por fluxo de

tração, representada por uma geometria lenticular de canal.

Fácies Acd (A21): representada por corte de canal e drape

argiloso avermelhado na base, preenchido superiormente por

arenitos com estratificação cruzada acanalada (Fig. 5.8). O

drape argiloso resulta de um processo de suspensão e o

preenchimento ocorre com arenitos trazidos por correntes de

tração. A geometria é erosiva, acanalada/lenticular.

Fácies Acs (A22): é caracterizada por um canal com drape

argiloso na base, seguido por ritmitos arenito-folhelho: o

arenito é muito fino, com laminação cruzada clino-ascendente

(eixo do canal; Figs. 5.9 A,D) ou laminação cruzada por onda

(?); e drape/flaser de folhelho (margem do canal; Figs. 5.9 A,

B). O processo de deposição ocorrido foi a decantação (drape

argiloso) seguida por decantação mais tração (eixo) e

retrabalhamento por ondas (margem). A geometria é sigmoidal,

sobre uma base erosiva-acanalada (Fig. 5.9 A).

Fácies Acf (A23): observada no perfil P-41 (Fig. 5.10) a

presença de três sub-fácies, todas relacionadas a feição de

canal erosivo. Da base em direção ao topo, encontram-se

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

58

siltito avermelhado (Sv), arenito sigmoidal (As) e arenito com

estratificação cruzada acanalada (Ax). A sub-fácies As está

representada por arenitos sigmoidais que preenchem as paredes

do canal, passando lateralmente para um siltito avermelhado

(Sv; preenchimento de canal por sedimentos de granulometria

fina) e depois para o arenito da sub-fácies Ax. Os processos

inferidos são de suspensão-tração (As), suspensão (Sv) e

tração (Ax). Observa-se também a base erosiva acanalada e uma

geometria lenticular.

(C)

(B)

(A)

(E)

A2

3

P-59

P-56

A2

1

A2

2

(B)

(D)

(F)

Figura

5.7

AB.

C,

D.

E.

F

-.

Vista

geral

do

arenito

A2,

onde

afácies

Aci

recobre

erosivamente

afácies

Ald.

Fácies

Aci

erodindo

afácies

Ald,

dentro

do

arenito

A2.

Àdireita

da

foto

ante-

rior:

fácies

Aci

erodindo

onível

mais

baixo

da

fácies

Ald,

também

refletido

no

adelgaçamento

do

arenito

A2

para

adireita

(foto

A).

Detalhe

das

fotos

CeD

com

destaque

para

alaminação

cruzada

clino-ascendente

(r)

no

topo

da

fácies

Aci.

.Extrema

direita

do

afloramento:

canal

isolado

com

abundantes

intraclastos

de

folhelho.

11

1

(E)

(E)

(C)

Ald

Aci

Aci

Ald

Ald

r

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-29

A2

1

P-29

A2

1

(A)

A2

3

A3

Figura5.8

AB

C

-.VistageraldoperfilP-29,comasfáciesAcieAcddoArenitoA2.

.DetalhedoarenitoA2

comafácies

Aci

de

canais

erosivos

truncando

de

modo

escalonado

dois

níveis

de

cristasdemega-ondulações(

eM)e

areno-argilosoavermelhadodafáciesAcd.

.Vistaoblíquadametadeesquerda

da

foto

B,

realçando

oescalonamento

dos

cortes

erosivos

de

eop

11

2

drapes

drape

drapes

M1

M1

M2

(C)

(B)

areno-argilosos(fáciesAxd);

preenchimentoporestratoscruzadosdasfáciesAci.

preenchimentoporestratoscruzados(fáciesAci).

s

0

60cm

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-41

A2

1

A2

3

P-5

(A)

(B)

(C)

(C)

P-41

Figura

5.10

A

BC

-.

Fácies

Acf.

controle

prévio

do

substrato

sobre

odesenvolvimento

do

canal;

mergulho

de

esigmóides

(f,s)

do

substrato

em

direção

ao

eixo

do

canal,

revelando

um

baixo

deposicional

onde

se

implanta

ocanal.

.Vista

em

diagonal

da

metade

esquerda

da

foto

A:

incisão

do

canal

iniciada

dentro

do

arenito

A2.

.Detalhe

da

parte

inferior

do

canal,

com

osubstrato

(arenito

A2)

formado

por

dois

estratos

da

fácies

Axd

eum

estrato

Axb/Axd,

este

sugerindo

um

mergulho

eacunhamento

para

adireita;

preenchimento

do

canal

por

arenitos

sigmoidais

(As)

intercalados

egradacionais

asiltitos

avermelhados(Sv);

nível

de

arenito

síltico

(s)

foresets

3

1

drapes

areno-sílticos

(d);

arenito

com

estratificação

cruzada

(Ax)

e

abundantes

intraclastos

(i).

A2

1

Axb/Axd

As

Axd

Sv

Ax

S

Ax

dSv

As

I

S

SF

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

63

Arenito A3

O arenito A3 tem base erosiva e topo plano,

resultando numa geometria de cunha para o sul, que pode estar

truncada e passar lateralmente para depósitos mais finos

(canal abandonado?).

Fácies Amr: É composta por arenitos maciços ou com

estratificação sigmoidal, laminação cruzada clino-ascendente e

bioturbação dominando em direção ao topo (Fig. 5.11 B).

Representa processos de tração e suspensão, por vezes

alteradas por bioturbação. A geometria da fácies é acunhante

para sul (Fig. 5.11 A) e tabular para norte.

Arenito A4

O arenito A4 forma corpos tabulares a sigmoidais

associados a arenitos e siltitos.

Fácies Agb: consta de arenito rítmico com geometria

tabular, textura gradacional e bioturbação, resultante de

processos de suspensão e de retrabalhamento por organismos

(Fig. 5.12). Passa lateralmente, em contato erosivo, a

arenitos intercalados com siltitos avermelhados, que mostram

superfícies suavemente inclinadas (overbank fluvial?) (Figs.

5.12 A, B, D).

Figura

5.11

AB C.

D.

-.

Vista

geral

do

arenito

A3,

com

geometria

de

lobo

sigmoidal

(acunhamento

para

esquerda,

eabandono

àdireita

(C).

.Detalhe

do

arenito

A3,

dominado

por

estruturas

de

tração

esuspensão,

sigmóide

(s),

laminação

cruzada

clino-ascendente

(r),

arenito

maciço

(m)

earenito

síltico

bioturbado

(b).

Arenito

A3

(fácies

Amr)

ebaixo

adjacente

(abandono),

preenchido

por

arenitos

efolhelhos

da

fácies

AFs.

Detalhe

da

fácies

AFs,

lateralmente

correspondente

ao

arenito

A3:

arenito

com

estratificação

cruzada

(x),

inter-estratificações

arenito-folhelho

(i),

siltitos

avermelhados

(Sv)

earenito

bioturbado

(b).

(A)

(C)

P-1

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-1

A2

1

P-13

(D)

A2

1

A2

3

A3

A4

(B)

(D)

(B)

(B)

A3

b

X

Sv

i

r s

m

i

i

i

P-10

B

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-13

A2

1

(B)

(C)

0

1m

(A)

P-13

1m

A23

A21

A3

A4

(D)

Figura5.12-A.

BC

D

VistageraldoarenitoA4,fáciesAgb,combaseacanaladaeestratosonduladosecompensatórios,debaseabruptaecomafinamentoparacima(rítmico);

nívelcontínuode

folhelhoavermelhadoseparandoosarenitosA3eA4.

.ArenitoA4:estratodearenitomaciço,comcorteerosivosobreritmitosdearenitoefolhelo.

.Estratoarenosomaciço,possivel-

mentedevidoàbioturbação.

.BasedoarenitoA4comestratoinferior(i)mostrandogeometrialenticulareafinamentoascendente;oestratosuperior

(s)mostrandobaseacanalada,maciço

(“i”

e“s”

nafotoA).

i

s

F

F

F

S

i

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

66

5.2.3 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Tabular

Fácies F: Folhelho vermelho com aspecto de maciço a

estratificado. É uma fácies formada por depósitos de suspensão

e tração, com geometria tabular (Fig. 5.13 E).

Fácies AFt: Ritmito de arenitos e folhelhos, sendo a

porção arenosa muito fina a fina, com laminação cruzada clino-

ascendente, com local retrabalhamento por ondas (Fig. 5.13 D)

e ocasionais níveis com gretas de contração. Resulta de

processos de suspensão e de tração, apresentando geometria

tabular.

Fácies AFg: Estratos rítmicos areno-argilosos, com

arenitos muito finos a finos com laminação cruzada (Fig. 5.13

B) ou arenitos grossos com estratificação cruzada, passando

lateral e verticalmente para interlaminação arenito-folhelho e

a folhelho avermelhado (Fig. 5.13 C). Processo de suspensão e

tração que provavelmente geraram esta fácies mostra uma

geometria tabular.

5.2.4 Fácies de Granulometria Fina de Geometria Lenticular

Fácies AFs: Arenitos e folhelhos que preenchem um canal

abandonado, com estratificações cruzada e sigmoidal, inter-

estratificação arenito-folhelho, arenitos bioturbados e

siltitos avermelhados. Processos de suspensão e tração a

carcaterizam, juntamente com uma geometria lenticular (Figs.

5.12 A; na altura do Perfil P-13, e 5.11 D).

Perfisverticais

Nomenclaturadoscorposarenosos

LEGENDA

P-36

A2

1

(B)

(C)

(D)

(E)

(A)

P-36

A2

1

A2

3

A3

(BeC)

(E)

r

i

x

i

x

Figura

5.13

AB

C

D

E

-.

Fácies

Afg,

acima

de

argiloso

que

capeia

oarenito

A2:

três

estratos

rítmicos

areno-argilosos.

.Fácies

Afg,

com

estratos

areno-argilosos

lateralmente

equivalentes

aos

de

C.

Notar

arenitos

muito

finos/finos

com

laminação

cruzada

em

parte

clino-ascendente

(r).

.Arenito

grosso

com

estratificação

cruzada

(x),

passando

ainterlaminação

arenito-folhelho

(i)

ea

folhelho

avermelhado.

.Fácies

Aft,

formada

por

ritmito

arenito-folhelho,

sendo

afração

arenosa

muito

fina/fina

elocalmente

retrabalhado

por

ondas

com

laminação

cruzada

clino-ascendete;

pequena

falha

àesquerda.

.Fácies

F,

com

folhelho

avermelhado

mostrando

aspecto

de

maciço

(em

baixo)

aestratificado.

drape

r

r

D

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

68

5.3 Análise Granulométrica

As características sedimentológicas, em especial os

aspectos granulométricos, já foram brevemente abordados no

relato faciológico realizado, já que representa algumas das

feições sedimentares mais evidentes e facilmente mensuráveis.

Os dados ora apresentados, porém, são aqueles obtidos das

análises granulométricas realizados em laboratório.

A avaliação geral das amostras analisadas confirma a

predominância de areias muito finas a finas, em geral bem

selecionadas (Figs. 5.14 a 5.19). Uma única amostra sai um

pouco do padrão de resultados obtidos é a coletada no Perfil

P-29 (Fig. 5.17) correspondente à fácies AFg, que mostra má

seleção de grãos, e granulometria variando de areia muito fina

a muito grossa.

Granulometria do Arenito A21, Fácies

Axd,no Perfil P1

0

10

20

30

40

50

60

Cascalho

Areiamuitogrossa

Areiagrossa

Areiamédia

Areiafina

Areiamuitofina

Frequência (%)

Figura 5.14 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axd no perfil P-1.

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

69

Granulometria do Arenito A21, Fácies

Ald,no Perfil P41 (lado direito do canal)

05

1015202530354045

Cascalho

Areiamuitogrossa

Areiagrossa

Areiamédia

Areiafina

Areiamuitofina

Frequência (%)

Figura 5.15 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A21, fácies Axl no perfil P-41.

Granulometria do Arenito A23, Fácies Axb,

no Perfil P1

05101520253035404550

Cascalho

Areiamuitogrossa

Areiagrossa

Areiamédia

Areiafina

Areiamuitofina

Frequência (%)

Figura 5.16 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria do arenito A23, fácies Axb, no perfil P-1.

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

70

Granulometria da Fácies AFg, no Perfil P29

02468101214161820

Cascalho

Areiamuitogrossa

Areiagrossa

Areiamédia

Areiafina

Areiamuitofina

Frequência (%)

Figura 5.17 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra da fácies AFg, no perfil P-29.

Granulometria do Arenito A3, Fácies Amr, no Perfil P1

051015202530354045

Cascalho

Areiamuitogrossa

Areiagrossa

Areiamédia

Areiafina

Areiamuitofina

Frequência (%)

Figura 5.18 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A3, fácies Amr, no perfil P-1.

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO V – Análise Estratigráfica e Facilogia de Guadalupeo

71

Granulometria do Arenito A4, Fácies Agb, no Perfil P13

0

10

20

30

40

50

60

Cascalho

Areiamuitogrossa

Areiagrossa

Areiamédia

Areiafina

Areiamuitofina

Frequência (%)

Figura 5.19 – Gráfico da frequência (%) versus granulometria em amostra do arenito A4, fácies Agb, no perfil P-13.

CAPÍTULO VI

ELEMENTOS ARQUITETURAIS, ASSOCIAÇÕES FACIOLÓGICAS E

EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

6.1 Introdução

Todas as fácies e associações de fácies identificadas no

presente trabalho estão geneticamente associadas a fluxos

combinados de tração e de suspensão, constituindo depósitos de

origem fluvial distal associados a eventos de inundação

(overbank).

As fácies e suas associações correlacionadas nos perfis

verticais elaborados com base nos afloramentos permitem

determinar os elementos arquiteturais relacionados a um

sistema, compreendendo canais, lobos e deltas de crevasse.

Estes elementos (Tabelas 6.1 e 6.2) serão descritos mais

adiante, juntamente com a associação de fácies diagnóstica de

cada um deles, estando representado na Figura 6.1.

Tabela 6.1 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos Arenosos

ElementoArquitetural

Corpos Arenosos

A1 A21 A22 A23 A3 A4

Canal de crevasse(lenticular)

AcdAci

AcfAcd(?)

Barra de crevasse(tabular) Alx,Ab AxbAxd

AlbAld

AxbAxd

Lobo de crevasse(sigmóide) Acs Amr Agb

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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

73

Tabela 6.2 – Elementos Arquiteturais e Associações Faciólogicas dos Corpos de

Textura Fina

ElementoArquitetural

Texturas Finas Sobre A1 Sobre A2 Sobre A3 Sobre A4

Barra de foz menor (Tabular)

AFtF

FAFt

FAft

F

Preenchimento de canal abandonado(Lenticular)

FAFs

Lobo de crevasse(Tabular) FAFg

6.2 Textura Arenosa

Canal de Crevasse Nos arenitos A21 e A23 ocorrem feições erosivas acanaladas

que são preenchidas por depósitos lenticulares das fácies Aci

e Acd (A21), e Acf (A23). Tais fácies distinguem-se pelo tipo

de preenchimento de canal: arenitos finos/médios, com

intraclastos na base e estratificação cruzada acanalada de

pequena ou grande escala (tração), localmente passando a

arenitos com laminação cruzada clino-ascendente (suspensão)

(Aci), arenitos com estratificação cruzada, e drape argiloso

na base do canal (Acd; Fig. 6.2). A terceira fácies, Acf,

mostra preenchimento de canal com texturas granocrescentes:

siltito avermelhado (Sv), arenito sigmoidal a bioturbado (As),

e arenito com estratificação cruzada (Ax) (Fig. 6.3). Esses

elementos arquiteturais podem ser atribuídos a canais de

crevasse, sobrepondo-se à barras arenosas da associação

seguinte.

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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

74

O elemento arquitetural de canal Acd provavelmente também

ocorre na porção sul do afloramento, na base do Arenito A23;

nota-se, na, na Figura 6.1, o espessamento de A23 em detrimento

da maior erosão e conseqüente adelgaçamento de A21.

Barra Arenosa de CrevasseO corpo arenoso A1 tem exposições descontínuas,

aparentemente tabulares, de duas fácies intercaladas: arenitos

de tração, com estratificação cruzada, laminação paralela e

alguma bioturbação vertical (Alx), e arenitos bioturbados

(Ab). (Fig. 6.1). Os corpos arenosos que formam A2 (A21 e A23)

possuem geometrias tabulares, plano-paralelas, relacionadas às

respectivas associações faciológicas Axd e Axb, ou Ald e Alb

(Tabela 6.1). Tais fácies são representadas por corpos

arenosos rítmicos, cada qual formado por: um arenito de

tração, com estratificação cruzada ou laminação paralela, e um

drape de suspensão, arenito-siltito-folhelho com aleitamento

gradacional, seqüência de Bouma Tcde (fácies Axd, Ald); e uma

segunda combinação, de arenitos de tração com topo bioturbado

(fácies Axb, Alb; Figs 6.1 a 6.3). Esses elementos

arquiteturais podem ser interpretados como barras arenosas do

sistema de crevasse.

Lobo de Crevasse Ainda concernente ao arenito A2, desenvolve-se na porção

norte do afloramento o tipo A22, onde se destaca outro elemento

arquitetural de geometria acanalada-erosiva, representado pela

fácies Acs. Esta fácies é composta por ritmitos de arenito e

drape argiloso, cada par com espessura variando de poucos

centímetros até 30cm. Tal elemento arquitetural inclui

elementos distintos de corte erosivo e de preenchimento de

canal. Neste caso, o preenchimento rítmico é representado por

arenitos sigmoidais de suspensão, combinação tração-suspensão

ou mesmo suspensão combinada com retrabalhamento por ondas ou

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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

75

bioturbação, que se completa com drapes e flasers de folhelho

(Figs 6.1 e 6.4).

O arenito A3 é formado por um corpo arenosos lenticular,

cuneiforme (acunhante para a parte sul do afloramento),

representado pela fácies Amr dominada por depósitos arenosos

de suspensão. Observa-se na Figura 6.1 que o Arenito A3 também

termina abruptamente para o lado norte (abandono de canal),

tal canal abandonado é preenchido por depósitos areno-

argilosos de suspensão, fácies Afs. Ainda mais para norte o

Arenito A3 reaparece com menor espessura e provavelmente com a

fácies Amr (Figs. 6.1 e 6.2).

Finalmente, o arenito A4 é formado pelo amalgamamento de

quatro estratos arenosos menores, com geometrias onduladas e

compensatórias que sugerem lobos sigmoidais de suspensão. Esta

fácies, Agb, apresenta arenitos com textura gradacional que

sugerem processos de suspensão, posteriormente modificada por

organismos bioturbadores (Fig. 6.1). É complexo sua posição em

um sistema de crevasse: se, por um lado, apresenta geometria

sigmoidal e aleitamento gradacional, por outro, é comumente

bioturbado. Alternativamente, o arenito A4 poderia pertencer à

porção distal de um sistema de leques aluviais, como sugerido

para a Formação Cabo (Lima Filho, 1998).

6.3 Textura Fina

Entre os elementos arquiteturais de textura fina, além da

já mencionada fácies AFs, destacam-se: as fácies de folhelho

(F) e de ritmitos arenito-folhelho (AFt) com geometrias

tabulares. O arranjo granocrescente, apesar do contato abrupto

entre tais fácies, indica um arrasamento ascendente na

sucessão, sendo AFt atribuída a uma barra de foz (menor) de

canal de crevasse (Fig. 6.1). Reforçando tal hipótese, a

sucessão de arrasamento se completa com o arenito A21, com suas

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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

76

fácies arenosas tabulares (barra) recortadas por fácies

canalizadas-lenticulares (canal; Tabela 6.1; Fig. 6.2).

Completando o quadro, destaca-se a fácies AFg, sobreposta

ao arenito A23 (Fig. 6.1, perfil P-36). Tal fácies areno-

argilosa rítmica e tabular, mostra expressiva variação lateral

de suas litologias constituintes, de arenito médio com

estratificação cruzada a arenito muito fino com laminação

cruzada clino-ascendente. Também significativa é a sua posição

estratigráfica (observada no extremo direito da Figura 6.2),

compondo uma sucessão de afinamento ascendente, com o arenito

A23 (fácies Axd). Isso justifica o contexto agradacional de

barra arenosa (tração dominante), sucedida por barra de foz

(tração e suspensão), do sistema crevasse.

A2

1Corposarenosos

PerfilverticalP1

LEGENDA

P-1

Drape

deargila

Nívelbioturbado

Arenito

A1

Arenito

A2

1

Arenito

A2

3FolhelhovermelhoF

RitmitoAF

Arenito

A2

2

Arenito

A3

Arenito

A4

P-1

P-13

P-3

P-29

P-10

A3

A4

A3

A4

A4

A3

A4

A3

F

AF

A23

A2

1

P-1

P-10

P-13

P-3

P-29

Figura

6.1

-Painel

fotográfico

(acima)

earquitetura

deposicional

(abaixo),

realçando

ageometria

dos

diferentes

corpos

sedimentares:

arenitos

A1

aA4,

ritmitos

Af

efolhelho

F,

erespectivas

asso

Agb

Axd

F

Axb

AFt

Amr

AFt

AFs

F

Agb

Axd

Aci

Acd

Axb

Axd

AF

Axd

Nomeclaturadasfácies

(Fig.6.2)

P-64

P-59

P-56

P-41

P-50

36

02m

A1

P-67

A1

FAF

A2

1Acs

A2

3

FAF

A2

1

A2

3

A2

2

A2

2

P-67

P-64

P-59

P-56

P-50

P-41

36

ociações

faciológicas.

Fg

Acf

AFt

Aci

Alx,Ab

Ald

Acs

Aci

(Fig.6.4)

(Fig.6.3)

Ald

Alb

P-29

Axd

Nomeclaturadasfácies

Figura

6.2

-Elementos

arquiteturais

do

arenito

A2:

barras

tabulares

das

fácies

Axd

eAxb,

ecanais

erosivos

de

geometria

lenticular

preenchidos

sucessivamente

com

as

fácies

Aci

eAcd.

Ageometria

compensatória

dos

arenitos

A2

eA2,

eas

geometrias

tabulares

do

arenito

A3

edos

corpos

de

textura

fina

AF

eF

podem

ser

observados.

1

31

P-29

A2

1Corposarenosos

PerfilverticalP29

LEGENDA

Drape

deargila

Nívelbioturbado

Arenito

A1

Arenito

A2

1

Arenito

A2

3FolhelhovermelhoF

RitmitoAF

Arenito

A2

2

Arenito

A3

Arenito

A4

P-29

A3

A2

3

A2

1

F

AF

AF

Axd

Axb

Axd

Axb

Aci

Acd

01m

AFg

P-26

0

1m 0

1m

A2

1Corposarenosos

PerfilverticalP38

Estratif.cruzadatabulartangencial

Estratif.cruzadaacanalada

Estratificaçãoplano-paralela

Solo/vegetação

LEGENDA

P-38

Bioturbação

Arenito

A1

Arenito

A2

1

Arenito

A2

3

Drape

deargila

Nívelbioturbado

Intraclastodefolhelho

A2

1

A2

3

F

AF

A1

P-41

P-41

Axd

Nomeclaturadasfácies

RitmitoAF

FolhelhovermelhoF

Figura

6.3

-Elementos

arquiteturais

dos

arenitos

A2

(barras

tabulares

das

fácies

Axd,

Axb,

Alb

eAld)

eA2

(canal

erosivo,

lenticular

da

fácies

Acf).

Pode-se

observar

adeformação

dos

finos

da

fácies

Axd,

sob

ocanal,

apassagem

lateral

das

fácies

Axd

para

Ald

(de

estratificação

cruzada

para

laminação

plano-paralela),

eo

complexo

preenchimento

do

canal

de

crevasse,

com

ordem

ascendente

de

siltitos

avermelhados

(Sv),

arenitos

sigmoidais

(As)

ebioturbados,

earenito

com

estratificação

cruzada

(Ax).

13

drapes

Acf

Ax

Sv

As

Ald

Alb

Axb

Axd

A2

1Corposarenosos

PerfilverticalP1

LEGENDA

P-1

Drape

deargila

Nívelbioturbado

Arenito

A1

Arenito

A2

1

Arenito

A2

3FolhelhovermelhoF

RitmitoAF

Arenito

A2

2

Arenito

A3

Arenito

A4

Axd

Nomeclaturadasfácies

Figura

6.4

-Elementos

arquiteturais

do

arenito

A2

(fácies

Acf):

OArenito

A2

éformado

por

um

argilosos

basal

ecinco

estratos

rítmicos

de

arenito

efolhelho,

sem

gradação

entre

tais

litologias

(Arenitos

A2

aA2

).

Os

dois

estratos

inferiores

têm

espessura

reduzida

epraticamente

se

amalgamam

àesquerda

(F

aE,

ver

figura

7.2C),

terminando

em

sobre

obasal;

os

estratos

superiores

também

onlapam

asuperfície

erosiva

(sobre

A2)no

extremo

esquerdo

da

Figura

(seta).

Detalhe

dos

Arenitos

A2

eA2

(A2

/A2

)podem

ser

vistos

na

Figura

7.2

A-F.

22

2.1

2.5

11

22.1

2.4

drape

onlap

drape

02m

P-59

P-64

A2

2

AF

123

4

5

A2

1

A2

3

F

A1

A

D

CE

F

Alb

Ald

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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

81

6.4 Seqüência Estratigráfico e Correlação

Perfis verticais podem ser elaborados a partir da

observação de afloramentos para possibilitar a correlação com

perfis de poços, que se constituem em um dos dados disponíveis

de subsuperfície. Os perfis verticais de modo geral servem a

dois propósitos: permitir a visualização da evolução

estratigráfica vertical, através da análise da sucessão de

fácies, e permitir sua correlação, talvez com o apoio de

geoestatística. Considerando as limitações do afloramento

(poucas altura e extensão), foi realizada uma detalhada

análise vertical para analisar as relações tempo-espaço entre

as fácies anteriormente descritas. Assim, foram confeccionados

11 perfis ao longo do afloramento, estando o perfil P-67 cerca

de 66 m do perfil P-1 (Figura 6.5). A observação conjunta

destes perfis permite observar as principais tendências das

sucessões faciológicas (ciclos), em termos de espessamento ou

afinamento, ou o simples estaqueamento vertical (sem

tendência). Inicialmente são considerados os corpos arenosos

individuais e suas subdivisões, e depois a relação entre as

fácies arenosas e pelíticas.

O arenito A1 mostra uma tendência a afinamento ascendente,

pela presença da fácies bioturbada Ab no topo. A ocorrência de

nível de folhelho castanho-esverdeado (com espessura mínima de

30cm) sotoposto à A1, mostra um perfil basal de

granocrescência seguida por granodecrescência no topo. A

presença da fácies Alx, micácea, com laminação paralela e

tubos verticais de bioturbação, sugere um ambiente litorâneo

regressivo e depois transgressivo, culminando com a fácies F

(Figura 6.5).

O arenito A2 deve ser considerado em função de seus três

corpos constituintes, que mostram individualmente tendência a

afinamento ou adelgaçamento ascendente. Nota-se no arenito A21

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

82

a diminuição ascendente da espessura de seus estratos dentro

da fácies Ald, ou uma evolução transgressiva da fácies Ald

para Alb (perfil P-50).

O arenito A22 mostra o adelgaçamento vertical de seus

estratos rítmicos (P-64, Figs 6.4 e 6.5) e o onlap lateral

progressivo de suas camadas (cada uma avança mais para sul do

que a anterior; Figura 6.4).

O arenito A23 segue o mesmo padrão interno transgressivo

do arenito A22. Observa-se o afinamento ascendente e a passagem

para fácies com bioturbação no topo uma fácies de tração

passando a suspensão (Fig. 5.5 A,C; P-32). Na passagem do

arenito A23 para a fácies de arenito e folhelho Afg, há o

afinamento e mudança de processo de tração para

tração/suspensão (Fig. 5.13 A, B, C).

Ao inserir o Arenito A2 no contexto das fácies finas

vizinhas, nota-se uma sucessão inicial de espessamento (fácies

F, AF e A21) seguida por um afinamento ascendente (A23, AF e F;

Figuras 5.13 e 6.1; perfil P-32). Logo a seguir, há um

conjunto regressivo de subdelta de crevasse (barra de foz a

barra de crevasse), seguido por um conjunto transgressivo

relacionado a um canal de crevasse (canal a lobo de crevasse;

(ver Tabelas 6.1 e 6.2).

Nesse cenário evolutivo, os ciclos representados pelos

arenitos A3 e A4 são distintos dos anteriores, pois apresentam

um afinamento (argilosidade crescente) para cima, indicando

basicamente condições agradacionais (A3) ou possivelmente

transgressivas (A4; Figura 6.5). O arenito A3 é dominado por

suspensões (fácies Amr), o mesmo acontecendo com a fácies fina

AFs (canal abandonado?), que lateralmente lhe corresponde

(Figura 6.5; compare P-10 e P-13). Provavelmente tal ciclo

corresponde a um sistema fluvial de crevasse splays.

Finalmente, o arenito A4, também dominado por depósitos de

suspensão (geometria sigmoidal-compensatória), mostra um

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CAPÍTULO VI - ELEMENTOS ARQUITURAIS, ASSOCIAÕES FACIOLÓGICAS E EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO

83

perfil típico de agradante a transgressivo de uma planície

costeira (parte distal de um leque aluvial?).

Ag

St

FMG

Mf

Escala

1m 0

P1

P36

P50

P56

P59

P64

P67

Ag

St

FMG

MfArenito

Ag

St

FMG

MfArenito

Ag

St

FMG

MfArenito

Ag

St

FMG

MfArenito

Ag

St

FMG

Mf

Arenito

P41

Ag

St

FMG

MfArenito

F2

Ag

St

FMG

MfArenito

F2

Ag

St

FMG

MfArenito

Arenito

P10

Ag

St

FMG

MfArenito

P13

P29

Ag

St

FMG

Mf

Arenito

Axd

Nomenclatura

dos

corpos

arenosos

egranulometria

fina

Laminaçãocruzadaclino-ascendente

Estratificaçãorítmica

Bioturbação

Estratif.cruzadaacanalada

Laminaçãoplano-paralela

Perfil

vertical

P1

LEGENDA

P-1

Drape

deargila

Nívelbioturbado

Arenito

A1

Arenito

A2

1

Arenito

A2

3Folhelhovermelho

Ritmito

Arenito

A2

2

Arenito

A3

Arenito

A4

F

FF

AF

Ab

Alx

AF

Ab

A3

A4

AF

F

F

A2

3

AF

A3

A2

3A2

3

AF

A2

1

A2

1

A2

2

A2

1

Figura

6.5

-Seção

Estratigráfica

ao

longo

do

afloramento,

com

perfis

verticais

selecionados,

mostrando

ciclos

de

engrossamento

(setas

para

NE)

eafinamento

ascendente

(seta

para

NW).N

S

A1

Nomeclatura

das

Fácies

Axd

Ald

Alb

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

CAPÍTULO VII

CARACTERIZAÇÃO DAS HETEROGENEIDADES NO AFLORAMENTO DE GUADALUPE

7.1 Introdução

Para uma caracterização adequada de reservatórios, devem

ser levadas em consideração também informações sobre

heterogeneidades observadas em uma seqüência sedimentar, pois

elas podem influir diretamente na recuperação de

hidrocarbonetos.

Galloway & Hobday (1998) definiram heterogeneidades como

mudanças em um ou mais dos seguintes parâmetros:

granulometria, composição mineralógica dos grãos e da matriz,

cimento, permo-porosidade, estrutura sedimentar, estrutura

biogênica, geometria externa, padrão de sucessão,

descontinuidade interna e conectividade. As heterogeneidades

são consideradas primárias, quando causadas por processos

deposicionais, e secundárias, quando originada por

modificações diagenéticas ou estruturais (Cândido, 1989).

Segundo Weber (1986), o estudo das heterogeneidades

petrofísicas associado à análise litofaciológica se constitui

é o elemento principal quando se trata da explotação de

reservatórios de hidrocarbonetos. Investigar heterogeneidades,

associando-as a diferentes propriedades petrofísicas, é uma

tarefa complexa, por serem produtos de diferentes processos

deposicionais. Na natureza, as heterogeneidades apresentam-se

em diferentes níveis hierárquicos. Van de Graaff (1989),

partindo do princípio de que a quantificação das

heterogeneidades em diferentes escalas contribui

substancialmente nos estudos de simulação do fluxo, propôs

quatro escalas de estudo: de campo (de 1 a 10Km); de

reservatório (de 100 a 1000m); de camadas arenosas (de 10 a

500m), que permite identificar zoneamentos de permeabilidade;

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

86

e de estruturas sedimentares (de 1 a 100cm). A aquisição dos

dados em qualquer nível de escala é importante, uma vez que a

sua integração em multiescala pode gerar informações concisas,

com uma escala fornecendo subsídios para a escala seguinte

(Kuchle & Holz, 2002).

Segundo Lowry & Jacobsen (1993), a compreensão do arranjo

das camadas, bem como de suas propriedades internas, é

bastante estratégica no desenvolvimento de um campo

petrolífero, uma vez que exercem um impacto significativo no

comportamento da produção de fluidos. Outro fator que

influencia na movimentação de fluxos de fluidos é a presença

de clastos argilosos, camadas de folhelho, quase sempre com

boa continuidade lateral. Hand et al. (1994) observaram que

estes folhelhos contínuos disseminados num reservatório podem

fazer com que a capa de gás, ao se expandir, deixe para trás

óleo aprisionado, daí advindo a importância do mapeamento de

heterogeneidades. A identificação de heterogeneidades em

microescala, bem como da interação rocha/fluido durante os

processos de injeção devem ser realizadas dada à necessidade

de se prever danos à formação durante a perfuração e produção,

pois tais danos em reservatórios areníticos podem ocorrer pela

migração de partículas, expansão das argilas, etc.

7.2 Heterogeneidades

Os principais tipos de heterogeneidade observados no

afloramento de Guadalupe podem ser descritos em diferentes

escalas. Nele destacam-se quatro corpos arenosos (A1, A2, A3 e

A4), que se constituem em potenciais reservatórios para

hidrocarbonetos. O arenito A2, por ser o melhor preservado e

mais heterogêneo, com melhor qualidade como reservatório, é a

seguir detalhado em suas heterogeneidades. Nele três escalas

de heterogeneidade são observáveis: a escala dos três corpos

arenosos constituintes, A21, A22 e A23; a escala de fácies e

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

87

estratos; e a escala microscópica (que será tratada no item

7.3).

Escala do Corpo Arenoso A2

O corpo arenoso A2 é formado por três subdivisões (A21,

A22 e A23) limitadas por superfícies de descontinuidade. O

corpo A21 tem uma geometria basicamente tabular, que se

adelgaça para as extremidades norte e sul do afloramento (P-59

e P-64 do norte e P-1 ao sul, Figura 6.1). Tal adelgaçamento é

devido a cortes erosivos de canal, relacionados aos corpos A22

(norte) e A23 (sul). Os três corpos arenosos apresentam uma

geometria compensatória, ou seja, A21 é mais delgado onde A22

ou A23 são mais espessos, e vice-versa. Nestas situações, um

extenso drape argiloso se desenvolve na base dos canais,

representando superfícies de descontinuidade dentro do arenito

A2. Outro evento erosivo delimita A21 e A23, sendo preenchido

pela fácies de canal Acf (P-41, Figura. 6.1). Finalmente,

contatos abruptos e planares separam o corpo A23 dos arenitos

A21 e A22 (P-50 e P-56/P-64, respectivamente).

Escala de Fácies e Estratos

Nesta escala, observam-se drapes argilosos separando os

estratos da fácies Acs, um drape de suspensão e níveis

bioturbados separando os estratos de cada fácies, e também

intraclastos de folhelho e variações faciológicas dentro dos

estratos.

A fácies Acs corresponde ao corpo arenoso A22 e mostra uma

geometria acanalada com um drape argiloso basal, que a separa

do arenito A21, e cinco estratos rítmicos de arenito e folhelho

(drapes). As heterogeneidades observadas no arenito A22 (Figura

6.4), são representadas por drapes de folhelho avermelhado

intercaladas nos arenitos. O adelgaçamento do drape que separa

A22.1 de A22.2 (Fig. 7.2; Fotos F-E) é bem marcado, chegando à

forma de flaser ou mesmo desaparecendo (Foto E). No arenito

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

88

A21, o drape argiloso marca a base da fácies canalizada Acd

(Figura 6.2).

Drape de suspensão e níveis bioturbados separando os

estratos de cada fácies ocorrem nos arenitos A21 e A23, entre

os perfis P1 e P10 (Figura 6.1), onde se observam pelo menos

três estratos arenosos em cada fácies. Na fácies Axd, mais

inferior, os arenitos tracionais passam a drapes areno-

argilosos de suspensão (seqüência de Bouma Tce), enquanto que

na fácies Axb tais arenitos tornam-se bioturbados e argilosos

no topo de cada estrato. Exemplos de drapes argilosos e topos

bioturbados são ilustrados na Figura 7.1 A-D (correspondente

ao perfil P-36, na extremidade direita da Figura 6.2).

Intraclastos de folhelho ocorrem associados a

estratificações cruzadas nas fácies Axd e Axb (Figura 7.1 A,

B, D) ou na porção basal da fácies Aci (Figura 7.2 A-C).

Importantes variações faciológicas são observadas dentro dos

estratos arenosos da fácies Aci, e nas camadas rítmicas da

fácies Acs.

No primeiro caso (Figura 7.2 B), fácies Aci apresenta

variações verticais e laterais: de arenito rico em

intraclastos de folhelho passa a arenito com drapes argilosos

(i, d, Figura 7.2 C), ou de arenito com estratificação cruzada

passa à laminação cruzada clino-ascendente (x, r, Figura 7.2

E). No caso da fácies Acs, observa-se uma variação vertical de

depósitos de tração para suspensão (estratificação cruzada

para laminação cruzada clino-ascendente; x, r do estrato A22.3,

Figura 7.2 D), ou de laminação paralela para cruzada clino-

ascendente (estrato A22.4; Figura 7.2 D).

Finalmente, em ritmitos da fácies AFg, notam-se variações

laterais e verticais de arenitos com estratificação cruzada

(tração) para arenitos com laminação cruzada e ondulada clino-

ascendente (suspensão; Figura 7.1E).

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

x

d

d

r

r

r

rR1

R2

R3

A3

R1

R2R3

A2

1

A2

3

AFg

Figura

7.1

AB

CD.

E

-Heterogeneidades

no

arenito

A2.

.Vista

geral

dos

Arenitos

A2

eA2,

edos

ritmitos

da

fácies

Afg;

ver

detalhe

nas

fotos

B,

De

E.

.Detalhe

do

Arenito

A2.

Arenito

com

estrati-

ficação

cruzada

eintraclastos

argilosos,

com

ou

bioturbação

(d,b)

no

topo

dos

estratos.

Notar

estrato

cruzado

no

topo

(x)

acunhando

para

adireita,

esendo

onlapado

com

arenito

la-

minado

com

ebioturbação(db).

.Arenito

A2,

com

três

estratos

arenosos

capeados

por

folhelhos

esiltitos

com

ebioturbação.

Detalhe

da

foto

C(Arenito

A2,

fácies

Axd),

com

estratificação

elaminação

cruzadas

(x,r)

separados

por

ritmitos

com

numerosos

(heterolítico).

As

lâminações

cruzadas

(r)

passam,

àdireita,

àestratificação

cruzada

com

na

base

de

(ver

Fig.

6.6B,C).

.Detalhe

dos

ritmitos(fácies

Afg,

foto

A),

com

estratos

cruzados

(x)

passando

lateral

esquerda)

everticalmente

alaminações

cruzadas

eonduladas

(r).

13

1

33

drapes

drapes

drapes

drapes

drapes

foresets

b

b

x

x

x

x

(A)

(C)

(E)

(B)

(D)

(F)

Figura

7.2

A,

B,

C.

A.

B,C

.

D,E,

FD

E

F

-Descontinuidades

ligadas

afácies

de

canal.

Descontinuidades

na

fácies

Aci,

Arenito

A2.

Fácies

Ald

truncada

por

canal

da

fácies

Aci,

e,

mais

acima,

fácies

Alb

truncada

por

canal

com

fácies

Acs;

esta

mostra

argiloso

na

base

(setas)

seguido

de

dois

estratos

rítmicos

(A2

eA2

(geral)

(detalhe)

Àdireita

da

foto

A,

com

no

canal

da

fácies

Aci

cortando

nível

estratigráfico

mais

baixo

que

oanterior

eformada

por

arenitos

intraclásticos

(i)

passando

lateral

everticalmente

para

arenitos

com

argilosos

(d),

ambos

com

estratificação

cruzada

acanalada.

Notar

afácies

Ald,

laminada-horizontal.

.Heterogeneidades

na

fácies

Acs

do

Arenito

A2.

.Detalhe

dos

estratos

rítmicos

no

arenito

A2:

abaixo,

estratos

A2

arenito

tendo

estratificação

cruzada

(x),

laminação

cruzada

clino-ascendente

(r)

eargiloso,

eacima,

estrato

A2

com

arenito

laminado,

incipente

laminação

cruzada

(seta)

eargiloso

(A2

).

.Detalhe

das

fácies

Aci,

com

arenitos

com

estratificação

cruzada

elaminação

cruzada

clino-ascendente

(x,

r).

Notar

/(setas)

que

separa

ritmitos

A2

eA2

(espessura,10cm).

.Arenito

A2

com

laminação

horizontal

e

cruzada

clino-ascendente,

sendo

truncada

pelo

Arenito

A2,

com

ritmitos

da

fácies

Acs:

com

laminação

cruzada

clino-ascendente

(A2

)e

paralela

acruzada

clino-ascendente

(A2

,A2

).

Compare

com

aFoto

E.

Ver

localização

das

Fotos

no

painel

da

Figura

6.4.

1

2.3

2.4).

22

2.3

2.4

2.4

2.1

2.2

1

22.1

2.2

2.3

drape

drapes

drape

drape

drape

flaser

Ald

Alb

A2

2.3

A2

2.4

A2

2.4

A2

2.3

x

x

r

A2

2.3

A2

2.4

A2

2.2

A2

2.1

A2

1

A2

2.3

A2

2.1

A2

2.2

D

D

I

Ald

Ald

A2

2.1

A2

2.2

A2

2.3

XR

R

R

(C)

(E)

Ald

DID

Aci

A2

1

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

91

7.3 Análise Petrográfica

Foram descritas três lâminas petrográficas (lâminas 1 e 3)

da fácies Ald (arenito A21), por ser um dos potenciais

reservatórios para hidrocarboneto para observar também as

heterogeneidades em escala microscópica. Para a classificação

do arenito, utilizou-se a classificação de Folk (1968; Figura

7.3).

Figura 7.3 – Diagrama de Folk (1968)

As lâminas 1 (Figuras 7.4 A,B) e 3 (Figuras 7.4 C,D e 7.5)

foram classificadas como arcósios finos, laminados, bem

selecionados, peretncentes à fácies Ald (arenito A21). Observa-

se abundantes feldspatos, frescos e alterados , micas esparsas

(biotita, clorita). Abundantes filmes argilosos (ilita?) e

sobrecrescimentos de feldspato (Fig. 7.4). Contatos pontuais a

retos, empacotamento moderado e porosidade intergranular

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

92

apenas (devido a oclusão por sobrecrescimento e mal

distribuída) (Fig. 7.5B).

A Figura 7.5 refere-se à lâmina 3. Em A, mostra um

arenito-arcósio fino com raros grãos médios, seleção regular a

boa, abundantes feldspatos em parte alterados, raras biotitas

e cloritas. Abundantes filmes de argila em volta dos grãos ou

mesmo sobrepondo-se a sobrecrescimento de feldspato, e raros

sobrecrescimentos de feldspatos comumente de forma prismática,

inclusive sobre grãos alterados.

É notória a ausência de cimento carbonático, inclusive

substituindo grãos feldspáticos; normalmente comum na evolução

diagenética de arenitos, tal cimento é em parte responsável

pela porosidade de dissolução que tornam arcósios bons em

reservatórios. De qualquer modo, a compactação baixa a

moderada, e a cimentação de sobrecrescimentos, possibilitam

enquadrar a porosidade como regular.

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO...

Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

93

(A)

(C)

(B)

(D

s a

s

s

a

s

Figura 7.4 – Abundantes feldspatos, frescos e alterados (a), micas esparsas (biotita, clorita). Abundante

filmes argilosos (ilita?) e sobrecrescimentos de feldspato (s). A e B. Lâmina 1 com nicóis paralelos. C e

D. Lâmina 3 com nicóis paralelos e cruzados (aumento de 32x).

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VII – Caracterização das Heterogeneidades no Afloramento de Guadalupe

94

(A)

(B)

(C)

Figura 7.5 – A. Arenito fino com raros grãos médios, seleção de regular a boa, abundância de filmes de argila, e raros sobrecrescimentos de feldspatos (lâmina 3, com nicóis cruzados e aumento de 32x). B e C. Feldspatos alterados (a) e dois grãos de clorita; sobrecrescimentos de fedspato (s), inclusive em grãos alterados (s´); numerosos filmes de argila; em laranja, porosidade (nicóis paralelos e cruzados, com aumento de 80x).

s

a

s

CAPÍTULO VIII

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Neste trabalho buscou-se fazer caracterização detalhada em

multiescala e interpretação do depósito sedimentar

selecionado, como ferramenta para a caracterização de um

potencial reservatório de hidrocarbonetos e sua correlação com

análogos em subsuperfície, visando minimizar os riscos e

custos da explotação de hidrcarbonetos pela indústria de

petróleo.

A caracterização faciológica detalhada do afloramento de

Guadalupe permitiu a identificação de 16 fácies, de suas

associações, do sistema deposicional e da geometria externa,

assim como de heterogeneidades e grau de porosidade,

possibilitando a confecção de um modelo geológico.

As 16 fácies que foram definidas, podem ser agrupadas em

12 fácies de arenitos, três fácies de intercalações

arenito/folhelhos, e uma fácies de folhelhos. Entre as fácies

areníticas, seis fácies mostram uma geometria tabular, e as

outras, uma geometria lenticular acanalada.

Entre as fácies de geometria tabular, duas foram formadas

por processo único de tração ou bioturbação (Alx e Ab). As

outras quatro resultam da combinação de dois processos,

tração-suspensão (Axd e Ald) e tração-bioturbação (Axb e Alb).

Entre as fácies de geometria lenticular acanalada, três

resultam do preenchimento de canais por processos dominados

por tração (Aci, Acd e Acf). As outras três foram formadas por

processos dominados por suspensão (Acs, Amr e Agb).

Entre as fácies de granulometria fina, duas são formadas

por processos de tração e suspensão (AFs e AFg), e uma, de

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões

97

geometria lenticular, formada por processos de suspensão e

tração (AFt).

As fácies arenosas distribuem-se em quatro corpos

genéticos (A1 a A4), cada um apresentando as seguintes

associações faciológicas:

arenito A1: fácies Alx e Ab.

arenito A2: é subdividido em três corpos menores:

- arenito A21: fácies tabulares Axd, Ald, Axb, Alb e fácies

acanaladas Aci e Acd;

- o arenito A23: apresenta as fácies Axd e Axb, e fácies Acf;

- arenito A22 é representado pela fácies Acs.

arenitos A3: Amr;

arenito A4: fácies Agb.

Cada fácies de arenito/folhelho (AFc, AFg, AFs) ocorre

associada à fácies de folhelho (F). A fácies AFc ocorre tanto

sobreposta quanto sotoposta à de folhelho (F), enquanto que as

outras duas fácies (AFg e AFs) são sucedidas pela de folhelho

(F).

Os quatro corpos arenosos formam ciclos de afinamento ou

enpessamento ascendente com as associações de granulação fina.

Assim, o ciclo inferior (arenito A1) é formado por uma

sucessão granocrescente e depois granodecrescente, do mesmo

modo que o ciclo seguinte (arenito A2). Já o terceiro e quarto

ciclos (arenitos A3 e A4, respectivamente) constituem ciclos

granodecrescentes ascendentes.

Relacionando as tendências faciológicas observadas

(textura, estrutura e geometria) com elementos arquiteturais

(canal, barra e lobo de crevasse), é possível sugerir um

modelo flúvio-deltaico de crevasse, que inicia a evolução

estratigráfica com um sistema litorâneo-lacustre (ciclo do

arenito A1). No ciclo seguinte, do arenito A2, um sistema

regressivo de subdelta de crevasse (com os elementos barra de

foz e de crevasse) evolui para um sistema transgressivo de

canal de crevasse (canal de crevasse passando para lobo de

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões

97

crevasse). O terceiro ciclo observado (arenito A3) é

agradante, correspondente a um sistema fluvial de crevasse

splays, enquanto o último ciclo (arenito A4) é agradante a

transgressivo(?), tentativamente atribuído à parte distal de

um sistema de leque aluvial.

A interpretação deste cenário evolutivo foi baseada

principalmente em modelos recentes, mas na Formação Açu

(Eoturoniano-Neocenomaniano) da Bacia Potiguar, chamado

arenito Mossoró (reservatório de conhecidos sistemas

petrolíferos) foi interpretado como lobo de crevasse (Castro,

1993), similar ao modelo flúvio-deltaico de crevasse aqui

descrito.

As heterogeneidades observadas no afloramento de

Guadalupe, de macro a microescala, possibilitou sistematizar e

fornecer informações detalhadas para futuras avaliações de

reservatório. As heterogeneidades do arenito A2 mostram

subdivisões (A21, A22 e A23) limitadas por superfícies de

descontinuidades dos tipos planar e erosivo-acanalada,

colmatadas por drapes argilosos.

Na escala de fácies e estratos, no arenito A2 observam-se:

drapes argilosos separando os estratos da fácies Acs;

drapes de suspensão e níveis bioturbados separando os

estratos de cada fácies; e

intraclastos de folhelho e variações faciológicas dentro dos

estratos.

Lâminas petrográficas no arenito laminado da fácies Ald do

arenito A2 permitiram classificá-lo como arcósio fino, com

seleção de regular a boa, abundantes feldspatos (em parte

alterados) e raras micas. No cimento, observa-se abundantes

filmes de argila em volta dos grãos ou mesmo sobrepondo-se a

sobrecrescimentos de feldspato. Os contatos entre os grãos são

pontuais ou subretilínios. A compactação é moderada e a

porosidade é apenas regular, principalmente devido à

cimentação por sobrecrescimento dos feldspatos.

CAPÍTULO VIII

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Neste trabalho buscou-se fazer caracterização detalhada em

multiescala e interpretação do depósito sedimentar

selecionado, como ferramenta para a caracterização de um

potencial reservatório de hidrocarbonetos e sua correlação com

análogos em subsuperfície, visando minimizar os riscos e

custos da explotação de hidrcarbonetos pela indústria de

petróleo.

A caracterização faciológica detalhada do afloramento de

Guadalupe permitiu a identificação de 16 fácies, de suas

associações, do sistema deposicional e da geometria externa,

assim como de heterogeneidades e grau de porosidade,

possibilitando a confecção de um modelo geológico.

As 16 fácies que foram definidas, podem ser agrupadas em

12 fácies de arenitos, três fácies de intercalações

arenito/folhelhos, e uma fácies de folhelhos. Entre as fácies

areníticas, seis fácies mostram uma geometria tabular, e as

outras, uma geometria lenticular acanalada.

Entre as fácies de geometria tabular, duas foram formadas

por processo único de tração ou bioturbação (Alx e Ab). As

outras quatro resultam da combinação de dois processos,

tração-suspensão (Axd e Ald) e tração-bioturbação (Axb e Alb).

Entre as fácies de geometria lenticular acanalada, três

resultam do preenchimento de canais por processos dominados

por tração (Aci, Acd e Acf). As outras três foram formadas por

processos dominados por suspensão (Acs, Amr e Agb).

Entre as fácies de granulometria fina, duas são formadas

por processos de tração e suspensão (AFs e AFg), e uma, de

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões

97

geometria lenticular, formada por processos de suspensão e

tração (AFt).

As fácies arenosas distribuem-se em quatro corpos

genéticos (A1 a A4), cada um apresentando as seguintes

associações faciológicas:

arenito A1: fácies Alx e Ab.

arenito A2: é subdividido em três corpos menores:

- arenito A21: fácies tabulares Axd, Ald, Axb, Alb e fácies

acanaladas Aci e Acd;

- o arenito A23: apresenta as fácies Axd e Axb, e fácies Acf;

- arenito A22 é representado pela fácies Acs.

arenitos A3: Amr;

arenito A4: fácies Agb.

Cada fácies de arenito/folhelho (AFc, AFg, AFs) ocorre

associada à fácies de folhelho (F). A fácies AFc ocorre tanto

sobreposta quanto sotoposta à de folhelho (F), enquanto que as

outras duas fácies (AFg e AFs) são sucedidas pela de folhelho

(F).

Os quatro corpos arenosos formam ciclos de afinamento ou

enpessamento ascendente com as associações de granulação fina.

Assim, o ciclo inferior (arenito A1) é formado por uma

sucessão granocrescente e depois granodecrescente, do mesmo

modo que o ciclo seguinte (arenito A2). Já o terceiro e quarto

ciclos (arenitos A3 e A4, respectivamente) constituem ciclos

granodecrescentes ascendentes.

Relacionando as tendências faciológicas observadas

(textura, estrutura e geometria) com elementos arquiteturais

(canal, barra e lobo de crevasse), é possível sugerir um

modelo flúvio-deltaico de crevasse, que inicia a evolução

estratigráfica com um sistema litorâneo-lacustre (ciclo do

arenito A1). No ciclo seguinte, do arenito A2, um sistema

regressivo de subdelta de crevasse (com os elementos barra de

foz e de crevasse) evolui para um sistema transgressivo de

canal de crevasse (canal de crevasse passando para lobo de

FORMAÇÃO CABO, AFLORAMENTO DA PRAIA DE GUADALUPE: CARACTERIZAÇÃO... Campelo, F. M. A. C

CAPÍTULO VIII – Discussão e Conclusões

97

crevasse). O terceiro ciclo observado (arenito A3) é

agradante, correspondente a um sistema fluvial de crevasse

splays, enquanto o último ciclo (arenito A4) é agradante a

transgressivo(?), tentativamente atribuído à parte distal de

um sistema de leque aluvial.

A interpretação deste cenário evolutivo foi baseada

principalmente em modelos recentes, mas na Formação Açu

(Eoturoniano-Neocenomaniano) da Bacia Potiguar, chamado

arenito Mossoró (reservatório de conhecidos sistemas

petrolíferos) foi interpretado como lobo de crevasse (Castro,

1993), similar ao modelo flúvio-deltaico de crevasse aqui

descrito.

As heterogeneidades observadas no afloramento de

Guadalupe, de macro a microescala, possibilitou sistematizar e

fornecer informações detalhadas para futuras avaliações de

reservatório. As heterogeneidades do arenito A2 mostram

subdivisões (A21, A22 e A23) limitadas por superfícies de

descontinuidades dos tipos planar e erosivo-acanalada,

colmatadas por drapes argilosos.

Na escala de fácies e estratos, no arenito A2 observam-se:

drapes argilosos separando os estratos da fácies Acs;

drapes de suspensão e níveis bioturbados separando os

estratos de cada fácies; e

intraclastos de folhelho e variações faciológicas dentro dos

estratos.

Lâminas petrográficas no arenito laminado da fácies Ald do

arenito A2 permitiram classificá-lo como arcósio fino, com

seleção de regular a boa, abundantes feldspatos (em parte

alterados) e raras micas. No cimento, observa-se abundantes

filmes de argila em volta dos grãos ou mesmo sobrepondo-se a

sobrecrescimentos de feldspato. Os contatos entre os grãos são

pontuais ou subretilínios. A compactação é moderada e a

porosidade é apenas regular, principalmente devido à

cimentação por sobrecrescimento dos feldspatos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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