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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA – FAMEVZ CURSO DE ZOOTECNIA
Fosfato natural e fertilizantes nitrogenados para adubação de capim-mombaça
em solo não ácido.
ANA PAULA BAYS
CUIABÁ
2015
ANA PAULA BAYS
Fosfato natural e fertilizantes nitrogenados para adubação de capim-mombaça
em solo não ácido.
Trabalho de Curso submetido à Faculdade de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Avelino Cabral
CUIABÁ
2015
Ao Senhor Alaor Guimarães (in memorian),
principal motivador pela escolha da minha
profissão,
Dedico.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida, saúde e força para vencer as batalhas do dia a dia, pela
sabedoria e pelas pessoas que Ele colocou em minha vida para caminharem comigo
e me ajudarem a realizar esse sonho.
Aos meus pais, Antonio Jose Bays (in memorian) e Marinili Jesus de Oliveira
e Silva, pelo tempo e dinheiro investidos na minha educação, pela paciência, por
acreditarem em mim, apoiarem, compreenderem e serem o meu exemplo de
pessoas e de vida. Ao meu irmão, Anderson Bays, por ser meu exemplo e orgulho,
por não medir esforços para ajudar a tornar-me uma profissional melhor. A toda
minha família, pelo amor e apoio sempre prestados.
Ao meu namorado Luan, por tantas vezes que segurou minha mão e me
ajudou nas minhas decisões, pelo amor e compreensão. E a toda sua família que
sempre estiveram ao meu lado.
Ao meu professor/orientador Carlos Eduardo Avelino Cabral, pelos
ensinamentos passados, pela paciência, atenção e carinho; por ser um exemplo
belíssimo de pessoa e profissional, que com toda certeza quero levar para minha
vida.
Aos meus amigos de turma: Ana Claudia Manentti, Ana Maria Fiori, Ane Elise
Gonçalves, Daniel Araujo, Hariany Ferreira, Jackeline Nerone, Luane Fernandes e
Lucas Garrido. Obrigada por todo companheirismo e confiança, quero ter vocês
sempre comigo!
A todo o corpo docente do curso de Zootecnia, em especial aos professores
que me orientaram em algum período do curso, Alexandra Potença, Heder D’Avila,
Felipe Gomes, Maria Fernanda Queiroz e Nelcino de Paula, por toda atenção,
carinho e comprometimento em me ajudar e orientar. A professora Sânia Camargos,
por todo carinho diário, trazido com um belo sorriso e com um abraço apertado que
conseguia aliviar as maiores tensões, mesmo que não soubesse, ou simplesmente
alegrar o dia, servindo como fonte de inspiração para ser uma pessoa melhor a cada
dia.
A Universidade Federal de Mato Grosso, seu corpo docente, direção e
administração por ter me dado todo o amparo necessário para a minha formação, e
ter cedido o espaço da casa de vegetação para a realização desse experimento.
A todos os colegas que me ajudaram nesse experimento, doando um tempo,
um final de semana ou um feriado e, a todos aqueles que de alguma forma
contribuíram para a realização deste sonho.
A todos o meu muito obrigada, meu eterno carinho e gratidão.
“Ninguém é suficientemente perfeito, que
não possa aprender com o outro e, ninguém
é totalmente destruído de valores que não
possa ensinar algo ao seu irmão.”
São Francisco de Assis
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização granulométrica e química do solo na camada de 0-20 cm
................................................................................................................. 09
Tabela 2. Massa seca da parte aérea (MSPA), lâminas foliares (MSLF),
colmo+bainha (MSCB), número de perfilhos (NP), folhas (NF) e pH do
solo no primeiro crescimento do capim-mombaça submetido à adubação
com fertilizantes fosfatados e nitrogenados ............................................ 11
Tabela 3. Massa seca da parte aérea (MSPA), lâminas foliares (MSLF),
colmo+bainha (MSCB), número de perfilhos (NP) e folhas (NF), pH do
solo, produção de resíduo (MSRes) e raiz no segundo crescimento do
capim-mombaça submetido à adubação com fertilizantes fosfatados e
nitrogenados ............................................................................................ 13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 01
2 OBJETIVOS .............................................................................................. 03
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 04
3.1 Capim-mombaça.................................................................................. 04
3.2 Fósforo no solo e sua disponibilidade para as plantas ....................... 04
3.3 Fontes de fósforo ................................................................................ 06
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 09
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 11
6 CONCLUSÕES........................................................................................... 14
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 15
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 16
RESUMO
Fósforo e nitrogênio são alguns dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento
das gramíneas forrageiras. A adubação nitrogenada, por reduzir o pH do solo, pode
potencializar o uso de fosfato natural em solos não ácidos. Dessa forma, objetivou-
se verificar se fertilizantes nitrogenados viabilizam o uso de fosfatos naturais para
adubação de capim-mombaça em solos não ácidos. O experimento foi realizado em
casa de vegetação, na Universidade Federal do Mato Grosso, em delineamento em
blocos casualizados, com seis tratamentos e cinco repetições, em esquema fatorial
3x2. Os tratamentos consistiram no uso de três fertilizantes fosfatados (superfosfato
simples, fosfato natural reativo e organofosfatado) e dois nitrogenados (ureia e
sulfato de amônio). A parcela experimental consistiu em vaso de 4 dm3, contendo
três plantas. As variáveis analisadas foram: altura da planta, número de folhas e
perfilhos, massa seca das lâminas foliares, colmo+bainha, parte aérea, resíduo, raiz
e pH do solo. Não houve interação entre a adubação fosfatada e nitrogenada em
nenhuma das variáveis avaliadas. Em solos com pH elevado, o superfosfato simples
proporcionou maior desenvolvimento do capim-mombaça do que os demais
fertilizantes, tendo em vista que houve maior número de perfilhos, folhas, massa
seca da lâmina foliar, da parte aérea e resíduo. Dessa forma, os fertilizantes
nitrogenados não propiciam que o fosfato natural reativo e organofosfatado tenham
a mesma eficiência do superfosfato simples na adubação de capins de elevada
produção.
Palavras-chave: biofertilizante, fósforo, nitrogênio, organofosfatado, Panicum
maximum
1
1. INTRODUÇÃO
O pasto é o alimento basal para a produção de bovinos no Brasil, e isso
ocorre pela elevada produção das forrageiras tropicais, o que resulta em baixo custo
de produção, quando comparado aos outros sistemas de produção da pecuária. No
entanto, estima-se que 80% dos 50 a 60 milhões de hectares de pastagens
cultivadas no Brasil Central encontram-se em algum estado de degradação (Peron e
Evangelista, 2004), o que resulta em baixa produtividade do capim e baixo ganho de
peso animal, que é resposta do uso generalizado da pastagem de modo extrativista,
manejando-as de modo incorreto.
A adubação das pastagens é uma das práticas imprescindíveis para reduzir a
degradação do pasto. Essa prática consiste num fator determinante para o aumento
da produção forrageira e, consequentemente, da capacidade de suporte animal e do
ganho de peso vivo por hectare, principalmente nos solos do Cerrado, que
apresentam naturalmente baixa fertilidade. Dos macronutrientes essenciais as
plantas, o fósforo é o nutriente mais limitante para a implantação de pastos, devido
sua importância no desenvolvimento radicular e apresentar-se na forma pouco
disponível para as plantas nos solos dessa região, que tem como principais
características solos intemperizados com grande presença de óxidos de ferro e de
alumínio.
Uma maneira de minimizar o custo de produção e a fixação de fósforo em
solos do Cerrado é o uso de fertilizantes fosfatados de baixa solubilidade. Contudo,
estes fertilizantes necessitam de acidez para sua solubilização e assimilação pelas
plantas, o que restringe o seu uso em solos não ácidos. Uma maneira de viabilizar o
uso de fosfato de rocha nesta condição é o uso de microrganismos solubilizadores
de fosfato, estratégia utilizada em confinamentos, que por meio da mistura do fosfato
natural com esterco bovino e leveduras, produzem fertilizante organofosfatado. Com
o crescente desenvolvimento da bovinocultura de corte e o aumento significativo nos
confinamentos, este fertilizante pode reduzir os custos da adubação de implantação
das pastagens, o que é importante para o desenvolvimento da bovinocultura, uma
vez que mesmo animais confinados tiveram o pasto como fonte basal da
alimentação em grande parte do ciclo produtivo.
Uma alternativa que pode agir em sinergismo com as leveduras para acelerar
a solubilização de fosfato natural reativo é a associação com a adubação
2
nitrogenada, que naturalmente resulta na acidificação do solo. Embora todo
fertilizante nitrogenado reduza o pH do solo pelo processo de nitrificação, o sulfato
de amônio proporciona maior acidificação do que a ureia, o que pode otimizar o uso
de fertilizantes fosfatados de menor solubilidade em água.
3
2. OBJETIVO
Objetivou-se identificar alternativas que viabilizem o uso de fosfato natural no
estabelecimento do capim-mombaça em solo não ácido.
4
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Capim-mombaça
Entre as gramíneas forrageiras tropicais, a espécie Panicum maximum, com
destaque para o cultivar mombaça, é uma das forrageiras importantes para a
produção pecuária nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (Herling et al.,
2000). Estas forrageiras foram trazidas da África para o Brasil, há muitos anos e só
nos solos do bioma Cerrado ocupam cerca de 2,5 milhões de hectares (Freitas et al.
2005).
Essas plantas requerem alta exigência em fertilidade dos solos (Cantarutti et
al. 1999, Sousa et al. 2007), é uma espécie de crescimento cespitoso, com folhas
largas e de porte alto, chegando a atingir 1,65 m de altura, possuem elevado valor
nutritivo e alta produção de matéria seca, podendo produzir até 33 t MS ha-1 ano-1,
devido à alta relação lâmina foliar/colmo+bainha existente nesse capim.
Segundo Costa (2015), é uma das gramíneas mais eficientes na utilização do
fósforo disponível. Porém, o fósforo é o nutriente que mais limita a produção desse
capim no bioma Cerrado, por isso, a adubação fosfatada é imprescindível. Em geral,
as respostas mais positivas ao fósforo são dependentes, além da correção da acidez
do solo, da adição de outros nutrientes como nitrogênio, potássio, enxofre e
micronutrientes.
A resposta à adubação nitrogenada é expressiva, entretanto, a eficiência de
conversão do nitrogênio em massa de forragem e, consequentemente, em produto
animal, diminui à medida que se aumenta a dose (Euclides, 2014). Se não adubadas
e manejadas corretamente, facilmente dão lugar a espécies de plantas menos
exigentes, de crescimento prostrado e que possuem baixo valor nutricional.
3.2 Fósforo no solo e sua disponibilidade para as plantas
O fósforo é um importante macronutriente, componente estrutural de
macromoléculas, como ácidos nucléicos e fosfolipídios, e também da adenosina
trifosfato - ATP (Ourives et al., 2010). Para as plantas, o fósforo é necessário para a
fotossíntese, respiração, função celular, transferência de genes e reprodução, ou
seja, está entre os elementos mais importantes para o vigor e desenvolvimento das
plantas.
5
Na implantação das pastagens, o fósforo contribui para a formação do
sistema radicular, devido à sua absorção ser limitada pela baixa mobilidade no solo
e reduzido sistema radicular inicial das plantas (Oliveira et al., 2012), enquanto na
fase de manutenção, favorece o desenvolvimento da parte aérea e das raízes.
Essas características fazem com que a adubação fosfatada assuma papel
fundamental para o estabelecimento das pastagens.
A deficiência de fósforo nos solos tropicais é intensa devido ao pH ácido e à
presença de grandes proporções de argila sesquioxídica, o que aumenta muito a
adsorção de fosfatos e a formação de precipitados com ferro e alumínio, reduzindo,
consequentemente, a disponibilidade de fósforo para as plantas (Santos et al.,
2008).
A maioria dos solos brasileiros apresenta deficiência de fósforo, porém,
destaque maior é dado aos solos do bioma Cerrado, devido abrigar maior parte da
agricultura e da pecuária do Brasil, e apresentar como principais características
solos intemperizados, principalmente pela grande presença de óxidos de ferro e de
alumínio e de ter baixa fertilidade natural.
Nos solos desse bioma, o fósforo oriundo dos fertilizantes tende a precipitar-
se com alumínio, ferro ou cálcio ou, ainda, ser adsorvido à superfície de partículas
de argila e dos óxidos de ferro e alumínio (Resende et al., 2007). Com isso, o
fósforo fica menos disponível para a planta, remetendo na realização nesses solos,
de uma maior adubação para que se possa suprir as necessidades das plantas, pois
antes de atender as exigências dessas, é necessário saturar os componentes do
solo que pode indisponibilizar esse fósforo. Santos et al., (2011) evidenciaram que
em Latossolo, após 24 horas, houve redução de 97 e 30% do fósforo presente em
solução do solo inicialmente com 6 e 60 mg L-1, respectivamente.
A disponibilidade do nutriente para a planta é muito afetada pelo fator
capacidade de fósforo, que é a capacidade do solo em repor o fósforo absorvido
pelas raízes. Pode se considerar que os solos mais argilosos possuem maior fator
capacidade de fósforo que os solos arenosos e, portanto, competem mais com a
planta pelo fósforo adicionado via fertilizante (Resende et al., 2007), pois parte
desse fósforo aplicado pode ser adsorvido pelo solo ou precipitado em formas
menos solúveis. Por isso que ao realizar uma recomendação de adubação
fosfatada, deve-se analisar junto ao teor de argila presente no solo.
6
3.3 Fontes de fósforo
Dentre os macronutrientes primários (N, P e K), o fósforo é o que apresenta a
maior variação quanto aos tipos de fertilizantes disponíveis no mercado (Reis, 2009).
O fósforo disponível no solo é oriundo da solubilização de minerais fosfatados, da
mineralização da matéria orgânica e da adição de fertilizantes. Segundo Kiehl
(1985), a fertilidade do solo pode ser elevada pelo uso de fertilizantes minerais,
corretivos e fertilizantes orgânicos. No entanto, os fertilizantes minerais e os
corretivos, embora aumentem a disponibilidade de nutrientes às culturas, têm
pequena contribuição na melhoria das propriedades físicas e biológicas, quando
comparados aos fertilizantes orgânicos. Os principais fertilizantes fosfatados são:
fosfato mono amônio (MAP), fosfato di amônio (DAP), superfosfato simples (SSF),
superfosfato triplo (STF) e fosfato natural.
Segundo Sousa e Lobato (2004), os superfosfatos simples e triplo, os fosfatos
monoamônico (MAP) e diâmonico (DAP) e alguns fertilizantes complexos (N, P e K
no mesmo grânulo) possuem mais de 90% do fósforo total solúvel, dissolvem-se
rapidamente no solo e são praticamente equivalentes quanto à capacidade de
fornecimento de fósforo para as plantas. São utilizados, principalmente, na forma de
grânulos, com a finalidade de diminuir o volume de solo com o qual reagem,
reduzindo o processo de insolubilização, além de facilitar o manuseio e a aplicação.
As fontes solúveis de fósforo são vantajosas na adubação de gramíneas
forrageiras, pois são capazes de disponibilizar fósforo as plantas instantaneamente.
No entanto, estes fertilizantes são de custo elevado, devido aos investimentos em
industrialização e transporte. Outra desvantagem é que em Latossolos, parte desse
fósforo solúvel é indisponibilizado as plantas pela fixação no solo (Lima et al., 2007).
Uma alternativa para a adubação fosfatada a um custo mais baixo é a
utilização de fontes fosfatadas menos solúveis, tais como os fosfatos reativos de
Arad, Gafsa, Araxá e Patos de Minas. Por outro lado, os fosfatos naturais, são
insolúveis em água e não sofrem nenhum tratamento químico ou térmico, são
apenas rochas finamente moídas e são dissolvidos no solo principalmente por efeito
da acidez. Ou seja, quanto mais ácido estiver o solo maior será a reatividade do
fosfato natural.
Como as gramíneas são culturas perenes, é de suma importância que a
disponibilidade de fósforo principalmente no estabelecimento, e como no fosfato
natural o fósforo está temporariamente indisponível, evidencia-se a limitação no
7
primeiro crescimento e incrementos na produção a partir do segundo crescimento. O
que pode ser constatado por Bonfim-Silva et al. (2012), em que a adubação com
fosfato natural reativo promoveu alterações significativas nas características
morfológicas e produtivas do capim-marandu no primeiro corte, mas proporcionou
maiores produções a partir do segundo corte. Do mesmo modo, Guedes et al. (2009)
concluíram que o fosfato natural de Arad é mais eficiente que o superfosfato triplo, a
partir do segundo corte do capim-marandu, com ou sem correção da acidez do solo.
Além dos fosfatos naturais reativos, tem-se estudado os organofosfatados, que
são fertilizantes organominerais resultantes da mistura de um fertilizante fosfatado
com fonte orgânica, que pode ser esterco animais, cama de frango ou restos
vegetais, e pode ser acrescido microrganismos para acelerar o processo de
solubilização de fosfatos. Os fungos do gênero Aspergillus niger e Botrytis sp. são
notadamente eficientes na solubilização de fósforo sem que haja limitação no
fornecimento de carbono orgânico para estes microrganismos. Esses
microrganismos são capazes de solubilizar fosfatos naturais, propiciando fosfato
solúvel além das suas necessidades, que pode ser aproveitado pelas plantas.
Segundo Lemes (2015) além da associação com microrganismos, outra
possibilidade para o uso de fosfato natural em solos com baixo teor de fósforo é o
uso da acidificação do solo originada pela adubação nitrogenada. Os fertilizantes
nitrogenados, tais como a ureia e o sulfato de amônio, acidificam o solo por meio da
nitrificação, processo naturalmente evidenciado no solo, por meio do qual bactérias
obtém energia e liberam íons H+ no solo. Contudo, essa acidificação do solo deve
ser restrita, uma vez que o pH no solo interfere na disponibilidade de todos os
nutrientes essenciais.
O fertilizante sulfato de amônio acidifica mais o solo que a ureia, por dois
motivos: primeiro que a primeira reação da ureia no solo é de alcalinização; segundo
que parte da amônia é perdida por volatilização, o que resulta em menos amônio no
solo para ser nitrificado. Neste processo o amônio é convertido em nitrito, e em
seguida, nitrato, liberando assim hidrogênios no solo. Cabral (2014) verificou menor
pH do solo nos tratamentos adubados com sulfato de amônio, o que favoreceu,
possivelmente, a solubilização do fosfato natural reativo, uma vez que a acidez do
solo propicia a solubilização desse fertilizante. O autor também evidenciou que a
substituição parcial de ureia por sulfato de amônio pode viabilizar o uso de fosfato
natural reativo na adubação de gramíneas forrageiras, tanto por atenuar a queda no
8
pH do solo, quanto manter o custo de produção acessível, tendo em vista que a
ureia é o fertilizante nitrogenado de menor custo.
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4. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa de vegetação, da Universidade Federal
de Mato Grosso, Campus Universitário de Cuiabá, em delineamento experimental
em blocos casualizados, em esquema fatorial 3x2, sendo seis tratamentos e cinco
repetições. Os tratamentos consistiram no uso de três fertilizantes fosfatados
(superfosfato simples, fosfato natural reativo e organofosfatado) e dois nitrogenados
(ureia e sulfato de amônio) na adubação do capim-mombaça. As composições dos
fertilizantes utilizados foram: fosfato natural reativo (29% P2O5; 32% Ca),
superfosfato simples (20% P2O5, 17% Ca, 11% S), organofosfatado (10,71% P2O5,
8,07% Ca), ureia (46% N), sulfato de amônio (21% N, 24% S) e cloreto de potássio
(58% K2O). O organofosfatado foi produzido por meio da associação de fosfato
natural, esterco bovino e adição de fungos solubilizadores de fosfato.
Cada unidade experimental foi constituída de um vaso com capacidade de 4,0
dm³, contendo três plantas. O solo utilizado (Tabela 1) foi coletado na camada de 0-
20 cm, peneirado em malha de 4mm e transferido para os vasos. Devido à alta
saturação por bases do solo comparada a exigência do capim-mombaça (Vilela et
al., 2007), não foi necessário a aplicação de calcário.
Tabela 1 - Caracterização granulométrica e química do solo na camada de 0-20 cm
O solo durante o experimento foi mantido com a máxima capacidade de
retenção de água, que foi determinada conforme descrito por Silva et. al. (2012),
com modificação de cobrir os vasos com plástico para evitar perdas por evaporação.
A dose de fósforo (P2O5) aplicada para implantação foi de 300 mg dm-3 e utilizou-se
superfosfato simples, fosfato natural reativo e organofosfatado.
Após a adubação de implantação foi realizada a semeadura do capim-
mombaça com 15 sementes por vaso. O desbaste de plantas foi realizado logo
após a emergência, mantendo-se três plântulas por vaso, tendo como parâmetro
para o desbaste a uniformidade entre as plântulas. Logo após, foi realizada a
pH P K Ca Mg Al H CTC V Areia Silte Argila
H2O mg dm-3 cmolc dm-3 % g kg-1
6,5 22,0 152,1 7,4 2,0 0,0 1,4 11,19 87 800 120 80
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adubação nitrogenada e potássica (K2O), nas doses de 100 e 50 mg dm-3,
respectivamente. Utilizou-se cloreto de potássio e os fertilizantes nitrogenados
descritos nos tratamentos. Durante todo o experimento os vasos foram mantidos
com a capacidade de campo, sendo molhados diariamente.
O primeiro corte foi realizado com 36 dias após a semeadura, momento em
que foi realizada a medição de altura das plantas, contagem dos perfilhos e de todas
as folhas que estavam acima da altura de corte, que foi adotada a 25 cm do solo.
Além disso, foram coletadas amostras dos solos para análise de pH em água. Após
o corte, a parte aérea foi separada em lâminas foliares e colmo+bainha, sendo essas
frações acondicionadas em sacos de papel e submetidas à secagem em estufa de
circulação de ar a 65ºC por 72 horas. Após o corte, replicou-se a adubação com
nitrogênio e potássio descrita anteriormente, com a diferença que essa segunda
adubação foi dividida em duas doses iguais.
Vinte dias após o primeiro corte, realizou-se uma nova avaliação, mensurando
as mesmas variáveis coletadas no primeiro crescimento. Além desses
procedimentos, foram coletadas a massa de resíduo e as raízes das plantas. A
massa de resíduo é a massa vegetal presente abaixo da altura do corte. As raízes
foram peneiradas em malha de 4 mm e lavadas. Após a realização das coletas, a
parte aérea foi separada em lâminas foliares e colmo+bainha, sendo essas frações,
as raízes e o resíduo acondicionados em sacos de papel e submetidos à secagem
em estufa de circulação de ar a 65ºC por 72 horas e, posteriormente, essas
amostras foram pesadas.
As variáveis avaliadas foram: altura da planta, número de folhas e perfilhos,
massa seca das lâminas foliares, colmo+bainha, parte aérea, resíduo, raiz e pH do
solo. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey,
ambos a 5% de probabilidade de erro.
11
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve interação entre a adubação fosfatada e nitrogenada em nenhuma
das variáveis avaliadas. No primeiro crescimento, observou-se efeito da adubação
fosfatada em todas as variáveis, exceto na altura de plantas, massa de
colmo+bainha e de perfilho. No segundo crescimento, observou-se efeito da
adubação fosfatada em todas as variáveis, exceto para massa de colmo+bainha,
raiz e pH do solo. O alto coeficiente de variação encontrado na matéria seca do
colmo+bainha (MSCB), ocorreu devido algumas plantas não apresentarem essa
fração (massa igual a zero), principalmente pela altura de corte adotada.
No primeiro e segundo crescimento, o superfosfato simples, independente
dos fertilizantes nitrogenados, proporcionou maior desenvolvimento do capim-
mombaça do que os demais fertilizantes, tendo em vista que houve maior número de
perfilhos, folhas, massa seca da lâmina foliar e da parte aérea (Tabela 2).
Tabela 2 - Massa seca da parte aérea (MSPA), lâminas foliares (MSLF),
colmo+bainha (MSCB), número de perfilhos (NP), folhas (NF), e pH do solo no
primeiro crescimento do capim-mombaça submetido à adubação com fertilizantes
fosfatados e nitrogenados.
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
O superfosfato simples é um fertilizante fosfatado solúvel em água e
prontamente disponível para as plantas, tendo assim uma assimilação mais rápida
Tratamentos Altura NP NF MSLF MSCB MSPA pH
cm nº vaso-1 g vaso-1 H2O
Adubação Fosfatada
Superfosfato Simples 45 12ª 40a 6,37a 0,17 6,53a 7,51
Fosfato Natural Reativo 40 8b 26b 3,97b 0,11 4,08b 7,45
Organofosfatado 43 6b 26b 3,65b 0,14 3,79b 7,57
Adubação Nitrogenada
Ureia 40b 8 27b 4,38 0,07a 4,45 7,18b
Sulfato de Amônio 45a 9 34a 4,95 0,20b 5,15 7,84a
CV (%) 9,90 28,44 19,10 26,64 84,98 26,64 2,30
12
na implantação. Não houve diferenças entre as adubações com fosfato natural
reativo e organofosfatado, uma vez que esses dois fertilizantes continham fósforo
em forma não prontamente disponível para a forrageira. Estes resultados estão de
acordo com aqueles observados por Lima et al. (2007), em que a fonte de fósforo
prontamente disponível, no caso o superfosfato triplo, foi a que proporcionou maior
incremento na produção de Brachiaria brizantha cv. Marandu, quando comparado ao
fosfato natural.
O sulfato de amônio, independente do fertilizante fosfatado, proporcionou
maior altura, número de folhas e massa de colmo+bainha no primeiro crescimento
(Tabela 2), comparativamente à ureia, contudo, para as demais variáveis avaliadas
não se observou diferença entre os fertilizantes nitrogenados.
No segundo crescimento, quanto à altura, não houve efeito de nenhum
fertilizante, evidenciando-se uma altura média de 65 cm. Por outro lado, o fosfato
natural reativo proporcionou maior número de folhas no capim-mombaça do que o
fertilizante organofosfatado (Tabela 3). Comumente, comparando-se fontes solúveis
e insolúveis de fósforo, observam-se maiores produções quando se utiliza fontes
solúveis, como os superfosfatos (Franzini et al., 2009; Leri et al., 2010), o que
corrobora com os resultados evidenciados neste trabalho.
No segundo crescimento (Tabela 3), não houve diferença entre os fertilizantes
nitrogenados para as variáveis de estrutura e produção do capim-mombaça. Mas
houve efeito do fertilizante nitrogenado no pH do solo, ocorrendo menor pH nos
solos adubados com sulfato de amônio, porém em ambas as adubações
nitrogenadas evidenciou-se um pH elevado do solo. O menor pH em solos adubados
com sulfato de amônio também foram observados por Costa et al. (2008). Mesmo
que o sulfato de amônio tenha resultado em menor pH do solo, isto não foi suficiente
para que a produção do capim-mombaça quando estes fertilizantes estiveram
associados aos fertilizantes fosfatados de baixa solubilidade (fosfato natural reativo
e organofosfatado) igualassem a produção do capim adubado com fósforo
prontamente disponível (superfosfato simples).
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Tabela 3 - Massa seca da parte aérea (MSPA), lâminas foliares (MSLF),
colmo+bainha (MSCB), número de perfilhos (NP) e folhas (NF), pH do solo,
produção de resíduo (MSRes) e raiz no segundo crescimento do capim-mombaça
submetido à adubação com fertilizantes fosfatados e nitrogenados
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
Assim como no primeiro crescimento, ocorreram altos coeficientes de
variação no segundo crescimento, tanto para matéria seca do colmo+bainha
(MSCB), quanto para raiz. A quantificação de massa de raiz é complexa, pois a
separação é realizada via peneiramento, e dessa forma, parte das raízes mais finas
pode ser perdida.
Para implantação do capim-mombaça em solos com pH elevado, recomenda-
se o uso de superfosfato simples, pois observou-se maior desenvolvimento do capim
do que com os demais fertilizantes, tendo em vista que houve maior número de
perfilhos, folhas, massa seca da lâmina foliar, parte aérea e resíduo. Como não
houve diferença entre as adubações nitrogenadas, recomenda-se o uso da ureia,
por ser um fertilizante com maior concentração de nitrogênio, o que reduz o seu
custo de aquisição e frete.
Tratamentos Perfilhos Folhas MSLF MSCB MSPA MSRes Raiz pH
nº vaso-1 g vaso-1 H2O
Adubação fosfatada
Superfosfato Simples 12ª 34a 8,98a 0,17 9,15a 12,75a 4,90 7,37
Fosfato Natural
Reativo 9b 27b 7,77ab 0,10 7,87ab 8,32b 3,72 7,12
Organofosfatado 7b 21c 6,86b 0,24 7,10b 9,01b 3,58 7,10
Adubação Nitrogenada
Ureia 9 26a 7,37a 0,18 7,56a 10,03 3,40 7,89a
Sulfato de Amônio 9 28a 8,36a 0,15 8,52a 10,02 4,73 6,50b
CV (%) 22,95 17,60 17,61 116,88 17,09 27,41 48,69 3,70
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6. CONCLUSÃO
A adubação nitrogenada não viabiliza o uso de fosfato natural no
estabelecimento de capim-mombaça em solo não ácido.
Recomenda-se a implantação de capim-mombaça em solos não ácidos com
fontes solúveis de fósforo (superfosfato) associadas com ureia.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desse trabalho foi uma experiência de grande valia e
aprendizado, para estender os conhecimentos recebidos em sala de aula e para um
maior aprofundamento sobre o tema escolhido. Além de estreitar relacionamentos e
troca de aprendizado juntamente com o professor e colegas que auxiliaram nesse
experimento.
A realização prática do que foi visto em sala de aula é de fundamental
importância para o melhor aprendizado do aluno, visto que dessa maneira consegue
se fixar melhor o conteúdo e encontrar possíveis falhas na aprendizagem, para que
assim o aluno busque encontrar alternativas para sanar essas dúvidas existentes.
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REFERÊNCIAS
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