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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO e CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS A ORIGEM E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA E O CONTROLE DE QUALIDADE: UM ESTUDO APLICADO NA CIDADE DE CUIABÁ CHARLES AUGUSTO DE OLIVEIRA CEBALHO Cuiabá - MT 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO e CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

A ORIGEM E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA E O CONTROLE DE

QUALIDADE: UM ESTUDO APLICADO NA CIDADE DE CUIABÁ

CHARLES AUGUSTO DE OLIVEIRA CEBALHO

Cuiabá - MT

2019

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Charles Augusto de Oliveira Cebalho

A ORIGEM E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA E A IMPORTÂNCIA DO

CONTROLE DE QUALIDADE DA AUDITORIA NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

UFMT/Faculdade de Administração e Ciências

Contábeis, Departamento de Ciências Contábeis, para

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Contábeis.

Orientadora: Profª Drª. Clébia Ciupak

Cuiabá – Março/2019

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Charles Augusto de Oliveira Cebalho

A origem e evolução da auditoria e a importância do controle de qualidade

da auditoria no Brasil.

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em / / 2019 pela banca

examinadora constituída pelos professores:

________________________________________

Profª. Drª. Clébia Ciupak

Presidente

________________________________________

Profª. Ms. Lyss Paula de Oliveira

Membro

________________________________________

Profº. Dr. Paulo Sérgio Almeida dos Santos

Membro

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AGRADECIMENTOS

A princípio, como o faço todos os dias, agradeço a Deus, meu Pai, que me deu o dom da vida

e me permite acordar todos e seguir em busca dos meus sonhos.

Subsequente, externo meu agradecimento minha família que me dão todo o apoio e suporte

necessário para enfrentar todos os obstáculos nessa difícil caminhada. Mas, principalmente aos

meus pais e minha irmãzinha Lívia, os meus alicerces.

Agradeço também a minha namorada por acreditar em mim e a todos os meus amigos que

compactuam com minha felicidade.

E por fim, agradeço aos meus professores que me ensinaram nesses 4 anos de faculdade.

Sobretudo, a minha orientadora Clébia por não desistir de mim e me ajudar a concluir este

trabalho. E também, aos meus amigos que pude conhecer e que me ajudaram muito até aqui:

Blenda, Benedito, Laura, Leila, Malton, Núbia e Vitor.

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LISTA DE SIGLAS

NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade

CFC - Conselho Federal de Contabilidade

NBC PA 01 - Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores

Independentes

ISQC 1 - International Standard on Quality Control 1

IFAC - Federação Internacional de Contadores

IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

RH - Recursos Humanos

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Influências da auditoria no Brasil...............................................................16

Quadro 2 – Políticas e procedimentos para firmas........................................................21

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................8

2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................11

2.1 História da Contabilidade e Auditoria

Independente.............................................................................................................................11

2.2 Desenvolvimento da Auditoria Independente no Brasil..................................................14

2.3 Controle de Qualidade Para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas de Auditores

Independentes – NBC PA 01....................................................................................................17

2.3.1 Objetivos do Auditor Independente..............................................................................18

2.4 Elementos do Sistema de Controle de Qualidade............................................................19

2.4.1 Responsabilidades da Liderança Pela Qualidade na Firma...........................................20

2.4.2 Exigências Éticas Relevantes........................................................................................20

2.4.3 Aceitação e Continuidade do Relacionamento com Clientes e de Trabalhos

Específicos................................................................................................................................22

2.4.4 Recursos Humanos........................................................................................................22

3 METODOLOGIA................................................................................................................24

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.........................................................................................25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................29

6 REFERÊNCIAS...................................................................................................................30

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1. INTRODUÇÃO

No contexto histórico da civilidade é demonstrada a progressão da espécie humana em

diversas áreas. À medida que o conhecimento expandia a visão do homem em relação a seu

ambiente, instintivamente desenvolvia-se a ambição de controlar sua posse. Assim o homem

rudimentar utilizava instrumentos como ossos e pedras afim de riscar paredes, para marcar e

contabilizar seus bens (SCHMIDT, 2000). Ainda na era primitiva os desenhos eram feitos com

o objetivo de se estimar o patrimônio, particularizando o objeto ou animal em cima e em baixo

de cada um era feito um risco ou um desenho em sinal de quantidade ou qualidade

(IUDÍCIBUS, 2010). A contabilidade, em sua origem e evolução, parte do princípio do instinto

humano em conhecer e compreender o seu ambiente, assim através dos tempos o controle dos

bens consolidou-se como fator principal de desenvolvimento, entretanto a capacidade de

armazenamento mental limitava essa evolução, havendo assim a necessidade de registrar os

fatos, para mais,

a necessidade de guardar memória dos fatos ocorridos, com a riqueza patrimonial,

gerou critérios de escrita em formas progredidas mesmo nas civilizações mais antigas

como a Suméria; há cerca de 6.000 anos, encontram-se já registros em peças de argila

que indicam tais evoluções. Pequenas tábuas de barro cru serviram para gravar, de

forma simples, fatos patrimoniais diversos. [...]. Da argila crua, de menor resistência,

passou-se à “argila cozida”, para melhor conservar os registros (em tábuas muito

pequenas). Ao longo da história o progresso dos materiais empregados foi ditando,

também, o aprimoramento dos critérios de escrituração contábil. (SÁ, 1994, p. 13)

A área de atuação do contador passou de um trabalho metódico e pouco relevante para

uma atividade que exige uma qualidade técnica e profissional e isso se resulta da sua relevância

profissional, associado a capacidade técnica, que é a consequência do aperfeiçoamento das

competências adquiridas que proporciona um melhor desempenho e confiabilidade do

profissional (MUSSOLINI 1994). Na concepção de Nasi (1994) o contador exerce uma função

deveras diversificada dentro da empresa, uma vez que este deve ser capaz de qualificar

regularmente se as informações que dispõe favorece os interesses de seus clientes. Nasi (1994)

ressalta que o profissional contábil não deve limitar-se apenas à elaboração de informações

contábeis, mas ir além, e relacionar-se com os demais âmbitos que abarca a empresa como

estatística, marketing, vendas, vendas, planejamento, informática, controle de produção, etc.

Sendo assim, o contador deve se ater a acontecimentos que objetivem engrandecer a sua

formação, assim propiciando a atualização profissional. Em suma, ponderando-se a exposição

feita pelo Nasi (1994), observa-se que a perspectiva do contador que outrora foi denominado

de “guarda-livros”, do ponto de vista teórico, está aquém da realidade profissional, do ponto de

vista teórico.

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Com o transcorrer dos séculos, a área contábil progrediu consideravelmente e propiciou

novas áreas de estudo e contínuo aperfeiçoamento. Iudícibus e Marion (1999, p. 19) explicam

que “a introdução obrigatória dessa disciplina veio, sem dúvida, trazer enorme contribuição

para a formação dos estudantes de graduação na área contábil”. Assim, uma de suas mais

importantes ramificações foi formulada, a área de auditoria.

A auditoria contábil segundo Attie (2000, p. 30) "é uma especialização contábil voltada

a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar

uma opinião sobre determinado dado". Para mais, dentre as estruturações surgidas tendo como

pressuposto a profissão do contador, a auditoria é um serviço crucial para a vida de uma

empresa.

Com vistas a dimensão que a auditoria independente alcançou, tornou-se necessário a

criação de leis e normas específicas para atribuir legitimidade e razão, além de organizar essa

atividade, assim possibilitando melhorias expressivas na prestação dos serviços de auditoria.

As Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC, são as principais bases de orientação a serem

consultadas, uma vez que, apresenta os conceitos e especificidades a serem aplicados, contendo

o alcance, objetivos, requisitos, exigências e elementos do controle de qualidade, dentre outros.

Desta forma, estar-se-á decretado a importância e autoridade da legislação e normativas.

Considerando os aspectos salientados, é importante frisar que o controle de qualidade

independente da área de atuação, deve ser encarado pelas entidades como um mecanismo de

solução de problemas (Taguchi 1924). O termo qualidade abrange múltiplas definições. É

elucidada por autores, ao longo da história, abordando seu desenvolvimento, foco e

importância. Dentre os quais, Deming (1900) fundamentava na qualidade do controle e na

melhoria nos procedimentos. Ishikawa (1915) destacava a qualidade na capacidade de atender

às necessidades dos clientes. À vista disso, são necessárias a inserção e a manutenção de

programas da qualidade que assegurem o desempenho eficiente dos processos e,

consequentemente, dos serviços prestados. A avaliação da satisfação do cliente, visando

melhoria da qualidade nos processos e serviços é uma das importantes funções da gestão de

qualidade. Essa prática promove a confiabilidade a entidade. Por isto, as ferramentas têm sido

desenvolvidas e aplicadas com o intuito de sustentar os procedimentos implementados e a

gestão da qualidade (CARNEVALLI; MIGUEL; CALARGE, 2008). Portanto, o sistema de

controle de qualidade garante a segurança razoável para que as firmas cumpram as normas

técnicas e as exigências regulatórias legais e aplicáveis; e proceda corretamente a elaboração

de documentos apropriados às circunstâncias.

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O desenvolvimento do trabalho teve como base metodológica a pesquisa bibliográfica

em relação aos objetivos propostos; à realização de pesquisa documental quanto aos

procedimentos técnicos, fazendo buscas em livros, trabalhos acadêmicos, periódicos e sítios

eletrônicos e aplicação de questionário. Tudo isto visando a análise e apresentação de resultados

que demonstrem de maneira prática e teórica a evolução da auditoria, juntamente com os

serviços prestados pelos auditores. Destarte, a problemática associada à esta análise é a

seguinte: Como a norma que versa sobre o controle de qualidade para firmas de auditoria trouxe

melhorias para a evolução na prestação de serviços dos auditores independentes?

Sendo assim, o estudo visa propiciar maior possibilidade de estudo acerca do tema

proposto, visando a comunidade acadêmica e se estendendo a todos os profissionais da área

contábil, todavia, o maior foco é em relação aos interessados na auditoria independente pois,

espera-se que o disposto possa agregar elucidação a possíveis dúvidas decorrentes da amplitude

que se dá, desta área tão complexa e técnica. Portanto, o objetivo principal é demonstrar como

a norma que versa sobre o controle de qualidade para firmas de auditoria trouxe melhorias para

a evolução na prestação de serviços dos auditores independentes; apresentar,

bibliograficamente, os principais aspectos da evolução histórica da auditoria independente; e

evidenciar os aspectos que contribuíram para melhorias na prestação dos serviços executados

pelos auditores independentes.

A análise, de caráter bibliográfico, descritivo e qualitativo, apresenta conteúdo de forma

a dar autenticidade à problemática idealizada. Assim o conteúdo foi disposto da seguinte

maneira: na seção 1 apresenta-se a introdução com uma breve descrição dos aspectos históricos

evolutivos da contabilidade e auditoria independente. A seguir, na seção 2 apresenta-se a

conceituação dos tópicos que sustentam o tema proposto; na seção 3 aborda-se o método da

pesquisa; a seção 4 explora os resultados do estudo e as considerações finais estão apresentadas

na seção 5.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir, apresentar-se-á os principais aspectos conceituais do estudo que irão

demonstrar todo o contexto histórico analisado e os resultados obtidos.

2.1. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE E AUDITORIA INDEPENDENTE

As conjunturas e fatos históricos da humanidade são descritos através dos séculos. A

história da civilização é a maior testemunha da vivência concreta da ciência da contabilidade

no início da civilização antiga onde o homem já demonstrava o controle contábil através do

controle alimentar ou através de desenhos encontrados em cavernas para algo que a civilização

da época queria registrar como forma de controle do seu dia a dia (MARQUES, 2010). Ainda

segundo Iudícibus (2005, p. 31), “a contabilidade é tão antiga quanto o próprio homem que

pensa”. E para Sá (1997, p.12), “a escrituração contábil nasceu antes mesmo que a escrita

comum aparecesse”, ou seja, o registro da riqueza antecedeu aos demais.

Com a redução de comunidades nômades e o crescimento de pequenas aldeias e

cidadelas, se fez necessário a utilização de uma ferramenta que fosse útil à mensuração do total

de bens que a população daquela região possuía, assim a contabilidade praticada pelo homem

primitivo, já tinha como objeto o patrimônio, representado pelos bens em seus aspectos

quantitativos (Miranda 1999, p. 03), por isso animais, alimentos e suprimentos gerais eram

registrados de forma rudimentar e realizava-se o controle da entrada de novos estoques e do

consumo dos que já se possuía.

Com a evolução das aldeias em cidades, havia aqueles que produziam mais do que

conseguiam consumir e com o excesso de recursos, deu-se início ao comércio e a contabilização

das transações que os comerciantes realizavam entre si. Ainda, havendo a necessidade de se

avaliar o tamanho da riqueza dos cidadãos da época, foram se aprimorando as técnicas contábeis

que eram utilizadas para calcular conceitos, mesmo que rudimentares,

de receitas, despesas e lucro. Não só em transações comerciais se dava o uso das ferramentas

da contabilidade, mas também nas organizações políticas que se formavam à época (Ferreira,

2015).

Assim foram descritos os primeiros registros da contabilidade, um método utilizado para

mensurar o total de patrimônio e controle dos bens. Passado o período da antiguidade, a

primeira evolução com maior intensidade ocorre na era medieval. Foi nesse período, inclusive,

que o Frei Franciso Luca Pacioli, considerado o pai da contabilidade, a obra do método das

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partidas dobras, marcando o início da fase moderna da contabilidade. Segundo Sá (1997, p.47)

“apesar de Pacioli ser considerado o pai da contabilidade, não foi o criador das Partidas

Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente em Toscana, desde o século XV”.

A partir da Revolução Industrial no século XVIII, deu-se uma nova era na humanidade

com surgimento de um novo sistema: o capitalismo e as grandes manifestações do

conhecimento contábil intensificam-se cada vez mais até a era moderna e obras marcantes

surgem na história da contabilidade (Hendriksen, Van Breda, 1999).

O surgimento da moeda como meio universal de troca, influenciou na elaboração de

técnicas contábeis para a contabilização e maior confiabilidade aos registros que eram feitos.

Deste modo, conforme Ribeiro (2010), havia a necessidade de um sistema completo de registro

e mensuração contábil para comportar todas as operações em um único modelo de apresentação

e cálculo das operações que modificavam o patrimônio das entidades.

De outra forma, é relevante, também, descrever os fatos históricos acerca da a atividade

de auditoria, esta que é tão antiga quanto a própria contabilidade. O Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil – IBRACON, publicou a obra: Auditoria – Registros de uma Profissão

em 2006, evidencia todo o desenvolvimento da área de auditoria, assim ao remontar a história

do Império Persa, observa-se que Dario I imperador que governava na época, em um ato de

reforma política administrativa, impôs a determinados servos a missão de fiscalizar a cobrança

de impostos e uso do tesouro Real. Ao passar dos anos o Império Romano adotou práticas

semelhantes, ao nomear altos funcionários com a competência de supervisionar as operações

financeiras de seus administradores provinciais e lhes prestar contas (IBRACON, 2006, p. 42).

No sentido literal a palavra auditoria vem do latim audire (ouvir) e foi utilizada

inicialmente pelos ingleses (auditing) para significar o conjunto de procedimentos técnicos para

a revisão da contabilidade (PEREZ JUNIOR, 2012). A auditoria é uma técnica da ciência

contábil que está inserida na governança corporativa das organizações, acredita-se começou a

se expandir na Itália no século XIV com a evolução da contabilidade e do sistema capitalista na

Inglaterra, onde, em 1314 foi criado o cargo de Auditor do Tesouro (ATTIE, 2011). Todavia

para alguns autores, (CREPALDI, 2013; PEREZ JUNIOR, 2012) a data de origem da auditoria

é desconhecida.

Segundo (IBRACON, 2006, p. 42), “já durante a Idade Média, no século XII, na França,

os barões na presença de funcionários designados pela Coroa, realizavam leitura pública de suas

contas” e ainda na região da França, no período carolíngio, o imperador Carlos Magno (768-

814) promoveu uma subdivisão das funções administrativas ao instituir os missi dominici ou

“enviados do senhor” seus auditores das províncias de seu domínio, no qual se encarregavam

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de transitar por todo o império e informar ao imperador sobre a administração de seus domínios,

estes constituídos de plenos poderes para controlar a ação dos administradores locais.

Há ainda informações acerca do termo “auditor” ser utilizado nos fins do século XIII,

pelo rei Eduardo I, na Inglaterra. Durante seu reinado, concedeu aos barões o direito de nomear

representantes oficiais. A aprovação do auditor era atestada em documentos que constituíram

os primeiros relatórios de Auditoria, denominados Probatur sobre as Contas. Durante a Idade

Média e após o Renascimento, nas diversas regiões da Europa, houve o surgimento de

associações profissionais com o objetivo de exercer as funções de auditoria, como os conselhos

londrinos, em 1310; o Tribunal de Contas, em 1640, em Paris; o Collegio dei Raxonati, em

1581, na cidade de Veneza; e a Academia dei Ragionieri, em 1658, nas cidades de Milão e

Bolonha (IBRACON, 2006, p. 42-43).

Para mais, vale destacar também, o tempo em que houve o reconhecimento do trabalho

executado pelos profissionais da época, passou-se par algo mais especializado, por isso,

supõe-se que a auditoria tenha se estabelecido como profissão a partir do momento

em que o especialista em escrituração, um mero registrador de fatos de operações

contábeis, deixou de praticar a atividade de contabilidade de um usuário único e

passou a assessorar os demais especialistas e mercadores, tornando-se uma espécie de

consultor (IBRACON, 2006, p. 44).

Avançando no tempo, já na era moderna, a Revolução Industrial foi um marco na

história e conforme (Hendriksen, Van Breda, 1999) logo houve a criação de indústrias com

produções em larga escala, desta prática iniciou-se o trabalho de auditoria na área contábil,

sendo consolidada e conceituada na Inglaterra, visando garantia e continuidade de estabilidade

financeira e econômica das empresas que surgiram e se desenvolveram neste período.

Datam do final do século XIX as primeiras associações de classe reunindo profissionais

de Contabilidade e Auditoria. Como é descrito de acordo com (IBRACON, 2006, p. 44-45),

surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos, países que adotavam o liberalismo econômico,

privilegiando a livre-iniciativa e a propriedade privada. O pioneirismo da Inglaterra é marcado

pelo secular Institute of Chartered Accountants in England and Wales (1880). Nos Estados

Unidos, a mais antiga organização profissional de auditores é o American Institute of Certified

Public Accountants (1886).

A partir de 1900, a profissão do auditor tomou maior impulso através do

desenvolvimento do capitalismo, tornando-se uma profissão propriamente dita. Em 1934, com

a criação da Security and Exchange Comission, nos Estados Unidos, a profissão do auditor

ganhou novo estímulo, pois as companhias que transacionavam ações na Bolsa de Valores

foram obrigadas a utilizar-se dos serviços de auditoria, para dar maior fidedignidade às suas

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demonstrações financeiras. À medida que a economia internacional evoluiu apareceram novas

formas de negociação com transações mais complexas.

O crescimento e evolução da ciência acompanhando o avanço do sistema capitalista;

determinou o aumento das administrações públicas e privadas e o acúmulo de capital, assim

tornando indispensáveis os registros das operações e transações. Há de se ressaltar a

importância de diversos pesquisadores e estudiosos, que contribuíram para a evolução da

contabilidade. Assim o início do ensino contábil,

provavelmente a primeira escola especializada no ensino da Contabilidade foi a

Escola de Comércio Álvares Penteado, criada em 1902. Alguns autores preferem fazer

recair a honra do pioneirismo na Escola Politécnica de São Paulo, a qual, alguns anos

antes, em seu Curso Preliminar, já incluía a disciplina Escrituração Mercantil.

Conquanto legalmente e cronologicamente tais autores possam ter razão, o fato de

haver a disciplina de Escrituração Mercantil não caracteriza, a meu ver, um Curso de

Contabilidade (IUDÍCIBUS, 2006, p.41, grifo nosso).

Isto posto, a criação das escolas voltadas ao ensino das ciências contábeis no Brasil, foi

o início da propagação e desenvolvimento da área.

2.2. DESENVOLVIMENTO DA AUDITORIA INDEPENDENTE NO BRASIL

A humanidade progrediu em muitos segmentos no decorrer dos anos, mesmo este sendo

um processo natural do homem, é pertinente reforçar a capacidade de evolução e organização

dos pensamentos e ideias (Stacey 2000), que possibilitaram a criação de áreas e sistemas

complexos que nos auxiliam em diversas atividades constantes em nossas vidas. Segundo

Schmidt (2000, p.23), “com o surgimento da atividade econômica, renasce também, a

importância da Contabilidade”. Pode-se reforçar então a relevância da contabilidade em nosso

sistema econômico.

A auditoria é uma técnica da ciência contábil, supõe-se que seu surgimento ocorreu na

Itália no século XIV, acompanhando o desenvolvimento da contabilidade, na Inglaterra, em

1314 foi criado o cargo de auditor do tesouro (ATTIE, 2011). No Brasil a auditoria é

considerada uma atividade relativamente nova (CREPALDI, 2013). E é impreciso determinar

a data do primeiro trabalho de auditoria procedida no Brasil, mas constata-se como uma

evidência concreta no Decreto nº 2.935, de 16 de junho de 1862, outorgado pelo Senado

Federal, que aprovava a reorganização da Companhia de Navegação por Vapor – Bahiana

Anonyma, e seus empreendimentos e estatuto, precisavam ser sancionados por lei. Em sua

íntegra o capítulo XVII, do referido estatuto, denominado “Dos Auditores”, dispõe:

§ 114- Eles [os auditores] serão designados pela primeira assembleia ordinária de cada ano.

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§ 116 - Eles examinarão as contas da Cia. de acordo com os presentes [?]. Isto posto, observa-

se as primícias da regulamentação dos trabalhos relacionados a auditoria (Senado Federal,

1862).

Segundo Ricardino e Carvalho (2004, p. 24)

o primeiro parecer de Auditoria emitido no território brasileiro refere-se ao balanço

da São Paulo Tramway Light & Power Co., relativo ao período compreendido entre

junho de 1899 (data de fundação da empresa) e 31 de dezembro de 1902, certificado

pelos auditores canadenses Clarkson & Cross atual Ernst & Young.

Ainda, segundo Mills (1996, p. 5), a primeira empresa de auditoria independente a se

instalar no Brasil foi a Price Waterhouse & Peat Marwick, em 1915. Alguns anos mais tarde,

chegariam ao Brasil empresas de grande porte, como a Arthur Andersen em 1957, esta que

compunha uma das 5 grandes empresas do mundo e a Arthur & Young, antecessora da atual

Ernest Young, em 1959, presente na nomenclatura das Big Five Accounting Firms, ou as Big

Five de Auditoria e Consultoria, sendo as Big Four, as 4 grandes empresas que dominam o

mercado atualmente

Para mais, segundo Franco e Marra (2000, p. 43), "quanto ao efetivo exercício da

atividade de Contador como profissional liberal, na qual se incluía a função de auditor

independente, pouca coisa existia no Brasil antes de 1931, a não ser os escritórios estrangeiros

de auditores, todos de origem inglesa".

Franco e Marra (2009, p. 39) elucida que a auditoria se originou do interesse de

confirmação dos dados contábeis pertinente eclosão das grandes empresas e pela cobrança do

imposto de renda. No Brasil, o surgimento da auditoria está ligado à imigração de empresas

internacionais em territórios brasileiros. E Attie (2010, p. 8) explica que o desenvolvimento da

auditoria advém da instalação de empresas internacionais de auditoria independente, visto que

suas demonstrações contábeis precisavam ser auditadas. Não obstante, apesar de indícios e fatos

da construção histórica da auditoria no Brasil, não há comprovações do primeiro trabalho de

auditoria em território nacional.

Evidenciam-se as práticas de Auditoria também na administração pública, como

demonstra um artigo publicado, em 1934, pela Revista Paulista de Contabilidade:

É obra prima contábil brasileira a organização que deu ao Instituto de Previdência dos

Funccionarios Públicos da União a esclarecida intelligencia do grande contabilista e

administrador patrício, o sr, Aristides Casado, Do schema de sua formidável

organização contábil, destacam-se, ao centro, o contador Geral, commandando um

batalhão de sub-contadores; ao seu lado direito destaca-se a secção actuarial., ., , e ao

lado esquerdo a secção de auditoria, ... (SANTOS, 1934, p. 176).

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No ano de 1940 foi criado o decreto nº 2627 tendo como objetivo de gerar a Lei das

Sociedades por Ações que instituiria o controle contábil nas entidades anônimas. Já no campo

das linguagens e publicações de autores brasileiros sobre a auditoria independente, segundo

Toledo Filho (2000, p. 58), "data de 1957 e denomina-se Curso de Auditoria, o primeiro livro

editado no Brasil sobre o assunto", cuja autoria remete ao Prof. Antônio Lopes de Sá, sendo o

primeiro a utilizar o vocábulo “Auditoria”. Em 14 de junho de 1965, a regulamentação dos

serviços de Auditoria se fez através de diplomas legais, "Em estruturas legais mais voltadas ao

modelo de civil law, a contabilidade em geral é regulada direta e legalmente pelo governo

central". Lopes (2002, p. 63).

Somente foi reconhecida e regulamentada em 1976 com a criação da Lei 6.385, que

criou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM (BRASIL, 1976a) e a Lei 6.404, de 15 de

dezembro de 1976 que trata das Sociedades por Ações – SA (BRASIL, 1976b) que em seu art.

177 determinou que as demonstrações contábeis das companhias abertas fossem

obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na CVM.

Outros fatos ocorridos foram citados por diversos autores, como: William Attie (1998,

p. 29) destacou, no quadro 1 abaixo:

Quadro 1: Influências da auditoria no Brasil

As principais influências que possibilitaram o desenvolvimento da auditoria no Brasil:

Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras Financiamento de empresas brasileiras através de

entidades internacionais Crescimento das empresas brasileira necessidades de descentralização diversificação de suas atividades econômicas Evolução do mercado de capitais criação das normas de auditoria promulgadas pelo

Banco Central do Brasil – BACEN em 1972 Criação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM

e da Lei das Sociedades Anônimas em 1976.

Fonte: adaptado pelo autor (2018).

Com o aumento das necessidades de informações, em 1993 ocorreu o surgimento dos

princípios e normas contábeis adotadas no Brasil. “Os princípios constituem, de fato, o núcleo

central da estrutura contábil. Delimitam como a profissão irá, em largos passos, posicionar-se

diante da realidade social, econômica e institucional admitida pelos Postulados”. (IUDICÍBUS;

MARTINS; GELBCKE, 2000, pg.47). Tempos mais tarde, impulsionados pela crescente

entrada de empresas estrangeiras, os profissionais cuja experiência adquirida nestas,

demandaram-se e fundaram empresas brasileiras de auditoria independentes, que prestam

serviços em todo território nacional. Atualmente, conforme dados obtidos no site da CVM –

Comissão de Valores Mobiliários há um total de 387 empresas de auditoria cadastradas, dentre

pessoas físicas e jurídicas. É valido ressaltar que para obtenção do registro é necessário estar

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habilitado no Conselho Regional de Contabilidade - CFC e seguir as normas referentes à

atividade, previstas na Instrução CVM 308.

A Lei 11.638 (BRASIL, 2007) no art. 3º assevera que:

aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de

sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,

sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de

auditoria independente por auditor registrado na CVM.

Portanto, é importante frisar que o desenvolvimento econômico foi o principal fator para a

evolução dos serviços de auditoria em todo mundo, e no Brasil não poderia ter ocorrido de

maneira diferente. Sua evolução ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico, que

gerou as grandes empresas, formadas por capitais de muitas pessoas, que tem na confirmação

dos registros contábeis a proteção ao seu patrimônio (FRANCO E MARRA, 2001, p.39).

A partir dos fatos relatados pode-se dizer que a Auditoria está relacionada à avaliação

das atividades desenvolvidas nas organizações e o produto do trabalho buscando por uma

análise coerente e objetiva a mudança ou aprimoramento de processos para obtenção de um

resultado positivo e verificação de rotinas ineficientes. Gil (2000) descreve a auditoria como

uma função da organização institucional que visa a revisão, avaliação e emissão de opinião

referente a todo o ciclo administrativo entendendo-se como ciclo administrativo o

planejamento, a execução e o controle, considerando a auditoria importante em todos os

momentos e/ou ambientes das entidades.

Por fim, o profissional que atua na área de auditoria deve conter características, tais

como ética e independência considerados essenciais ao profissional, até mesmo como fator de

permanência no mercado (SANTOS E GRATERON 2005, p.7). Para Chebli, Maia e Paes

(2005), são atributos fundamentais para o exercício da função: respeito, confiança, espírito de

independência para tomada de algumas decisões; ser isento de influências que possam

prejudicar a empresa ou instituição; demonstrar objetividade em suas condutas, embasando sua

opinião em fatos reais e apoiando-a em evidências suficientes; possuir conhecimento técnico

da área em que atua.

2.3. CONTROLE DE QUALIDADE PARA FIRMAS (PESSOAS JURÍDICAS E

FÍSICAS DE AUDITORES INDEPENDENTES – NBC PA 01

As Normas Brasileiras de Contabilidade estabelecem regras e condutas que implicam a

atividade profissional e procedimentos técnicos a serem exercidos pelos profissionais da área

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contábil, na prática dos trabalhos que são previstos na Resolução CFC nº 560/83, em

consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade. O Conselho Federal de

Contabilidade (CFC), no cumprimento de sua atribuição privativa, edita as Normas Brasileiras

de Contabilidade (NBC) que devem,

ser adotadas por todos os profissionais da contabilidade no Brasil. Para assegurar a

evolução das Ciências Contábeis e a aplicação do conhecimento atualizado e

globalizado no exercício profissional, uma das prioridades do CFC tem sido a busca

da convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais.

No que concerne ao CFC, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, visando

o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade em consonância com os

padrões internacionais, mediante acordo e autorização do IFAC – Federação Internacional de

Contadores que outorgou o CFC e IBRACON, como órgãos de direitos firmados a traduzir,

publicar e distribuir as normas internacionais impressas em formato eletrônico. Versa o Art. 1º:

“aprovar a NBC PA 01 – “Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de

Auditores Independentes”, elaborada de acordo com a sua equivalente internacional ISQC 1,

resolução que passou a vigorar nos exercícios praticados no dia 1º de janeiro de 2010 ou após

esta data.

Esta norma norteia o controle de qualidade para auditores, seja pessoa física ou jurídica,

que executam trabalhos de auditoria e revisões de informação financeira, nomeando-as

referidamente como firma e determinando suas responsabilidades. No alcance estabelecido pela

norma, salienta que a mesma deve ser lida paralelamente com as exigências éticas relevantes.

Aplica-se a todas as firmas (pessoas jurídicas e pessoas físicas) com relação a auditorias e

revisões de demonstrações contábeis.

Para mais, é necessário que sejam estabelecidos sistemas de controle de qualidade em

conformidade com esta Norma para a data de 1º. de janeiro de 2010.

Por fim, apresenta introdução de fácil entendimento e está contido em seu corpo

orientação acerca da aplicação, além de materiais explicativos fornecendo um contexto

relevante para a compreensão e entendimento da Norma.

2.3.1. OBJETIVOS DO AUDITOR INDPENDENTE

A NBC PA 01 contextualiza em seu corpo informações que contribuíram para a melhora

nos serviços prestados pelas firmas. Por isso, determinam-se os requisitos e objetivos, a fim de

propiciar maior entendimento da mesma, estabelecendo o seguinte:

• entender o que precisa ser atingido; e

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• decidir se algo mais precisa ser feito para alcançar o objetivo.

Subentende-se que, a princípio a interpretação deste preceito dever ser de visão do que

precisa ser atingido e das decisões que precisarão ser tomadas para que o objetivo seja

alcançado, sendo este o primeiro passo para a aplicabilidade da norma.

Para mais, havendo a necessidade, deve-se aplicar o uso dos materiais explicativos para

a obtenção de explicações adicionais dos requisitos e orientações para entendimento e

execução, especificamente, delineia-se:

• explicar mais precisamente o que um requisito significa ou pretende cobrir;

• incluir exemplos de políticas e procedimentos que podem ser apropriados nas

circunstâncias.

Embora essas orientações por si só não imponham um requisito, elas são relevantes para

a correta aplicação dos requisitos, por isso a NBC PA 01, discorre que:

a aplicação e outros materiais explicativos podem, também, fornecer informações

básicas sobre assuntos tratados nesta Norma. Quando apropriado, são incluídas

considerações adicionais específicas de firmas de auditoria do setor público ou firmas

menores na aplicação e em outros materiais explicativos. Essas considerações

adicionais ajudam na aplicação dos requisitos desta Norma. Contudo, elas não limitam

ou reduzem a responsabilidade da firma de aplicar e cumprir os requisitos desta

Norma.

Portanto, após apresentação e especificações dos requisitos têm-se definido os objetivos

principais da Norma. Além de, impor uma data de vigência, para que seja estabelecido o quanto

antes o sistema de controle de qualidade em conformidade com a Norma. O item 11 da NBC

TA 01 discorre sobre o objetivo da firma que é o de estabelecer e manter um sistema de controle

de qualidade para obtenção de segurança razoável por parte do auditor independente e que,

a firma e seu pessoal cumprem as normas técnicas e as exigências regulatórias e legais

aplicáveis; e os relatórios sobre demonstrações contábeis e demais relatórios emitidos

pela firma e pelos sócios encarregados do trabalho são apropriados nas circunstâncias.

É ressaltada em diversas oportunidades a importância do sistema de controle de

qualidade, pois este que assegura a qualidade e confiabilidade dos serviços realizados pela

firma.

2.4. ELEMENTOS DO SISTEMA DE CONTROLE DE QUALIDADE

A firma deve estabelecer e manter um sistema de controle de qualidade que inclua

políticas e procedimentos que tratam dos seguintes elementos, descritos no item 16 da NBC TA

01:

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responsabilidades da liderança pela qualidade na firma;

exigências éticas relevantes;

aceitação e continuidade do relacionamento com clientes e de trabalhos

específicos;

recursos humanos;

execução do trabalho.

Deste modo, expostos os elementos do sistema de controle de qualidade, serão

explicitados um a um nos itens elencados adiante.

2.4.1. RESPONSABILIDADE DA LIDERANÇA PELA QUALIDADE NA FIRMA

No contexto da Norma fundamenta os elementos do sistema de controle de qualidade,

assim sendo o primeiro elemento a “responsabilidade da liderança pela qualidade na firma”,

determinando que o presidente da firma assuma a responsabilidade pelo sistema de controle de

qualidade. No item 18 da NBC PA 01 discorre que,

a firma deve estabelecer políticas e procedimentos para promover uma cultura interna

que reconheça que a qualidade é essencial na execução dos trabalhos. Essas políticas

e procedimentos devem requerer que o presidente da firma (sócio-gerente ou

equivalente) ou, se apropriado, a diretoria executiva da firma (ou equivalente), assuma

a responsabilidade final pelo sistema de controle de qualidade da firma.

Subsequente, orienta que a pessoa responsável pelo sistema operacional do controle de

qualidade seja habilitada e capacitada para assumir a função. Assim o item 19 da NBC PA 01

disserta:

a firma deve estabelecer políticas e procedimentos de modo que qualquer pessoa a

quem o presidente ou a diretoria executiva atribui a responsabilidade operacional pelo

sistema de controle de qualidade tenha experiência e capacidade suficiente e

apropriada e autoridade necessária, para assumir essa responsabilidade.

Todas as orientações presentes na norma exigem que o profissional tenha qualificação

técnica para exercer as atribuições dentro da firma.

2.4.2. EXIGÊNCIAS ÉTICAS RELEVANTES

A ética é responsável por delimitar os comportamentos humanos e propiciar um convívio

harmonioso na humanidade, por isso são estabelecidos valores e condutas dentro dos padrões

convencionais da sociedade e o cumprimento dessas definições se estende a todos os

ambientes em que a pessoa possa se relacionar. A atitude e comportamento estão atreladas a

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imagem do profissional, por essa razão deve-se pensar na criação de valores que possam

engrandecer o mesmo (Jacomino, 2000, p.28). Ademais, o código de ética do profissional de

contabilidade dever ser seguido rigorosamente enquanto no exercício de seu trabalho e

estendido ao ambiente social.

O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e

regimentais aprovou no ano de 1970 o Código de Ética do Profissional Contabilista, sendo uma

marca no campo do exercício profissional contábil. Sendo assim, o profissional, deve ter pleno

conhecimento deste código e praticar na execução de seus trabalhos.

Assim a NBC PA 01 em seu item 20 versa que a firma deve estabelecer políticas e

procedimentos para fornecer segurança razoável de que a firma e seu pessoal cumprem as

exigências éticas relevantes. Posto isso, elucida como a firma deve proceder para alcançar a

segurança razoável na execução de seus trabalhos e que se cumpram as exigências éticas

relevantes. Também deve ser estabelecido políticas e procedimentos que assegurem sua

independência. No item 21 da NBCA PA 01 discorre:

a firma deve estabelecer políticas e procedimentos para fornecer segurança razoável

de que a firma, seu pessoal e, quando aplicável, outras pessoas sujeitas a requisitos de

independência (incluindo pessoal de firma da mesma rede) mantêm a independência

requerida por exigências éticas relevantes.

Além de salvaguardar a independência do profissional e lhe dar segurança, essas

políticas e procedimentos devem permitir à firma:

• comunicar seus requisitos de independência a seu pessoal e, quando aplicável,

às outras pessoas sujeitas a elas; e

• identificar e avaliar circunstâncias e relações que criam ameaças à

independência, e tomar as medidas apropriadas para eliminá-las ou reduzi-las a um

nível aceitável, mediante a aplicação de salvaguardas ou, se considerado apropriado,

retirar-se do trabalho, quando esta retirada é permitida por lei ou regulamentação.

Ademais no item 22 da NBCA PA 01 complementa a evidenciação do contexto de que

essas políticas e procedimentos, demonstrados no Quadro 2:

Quadro 2: Políticas e procedimentos para as firmas

Requerer que: De modo que:

os sócios encarregados do trabalho forneçam à firma

informações relevantes sobre trabalhos de clientes, incluindo o

alcance dos serviços, para permitir à firma avaliar o impacto

geral, se houver, sobre os requisitos de independência;

a firma e seu pessoal possam rapidamente

determinar se elas satisfazem os requisitos de

independência;

o pessoal notifique prontamente a firma sobre as circunstâncias

e relações que criam uma ameaça à independência para que

possam ser tomadas as medidas apropriadas; e

a firma possa manter e atualizar seus

registros referentes à independência; e

as informações relevantes sejam compiladas e comunicadas ao

pessoal apropriado

a firma possa tomar as medidas apropriadas

em relação às ameaças identificadas à

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independência que não estão em um nível

aceitável.

Fonte: Conselho Federal de Contabilidade - NBC TA 01 (2009), adaptado pelo autor (2018).

Como foram dispostos no quadro os sócios forneçam informações relevantes sobre os

clientes, para que a empresa possa avaliar de modo a garantir sua independência, além de

notificar a firma sobre as ameaças que possam prejudicar sua independência.

2.4.3. ACEITAÇÃO E CONTINUIDADE DO RELACIONAMENTO COM CLIENTES

E DE TRABALHOS ESPECÍFICOS

A firma precisa constituir procedimentos que visem à relação com o cliente e a

continuidade dos trabalhos, além de que, estes procedimentos garantam segurança razoável para

que a firma decida sobre a continuidade da execução de seus trabalhos, desde que a mesma

possua competências específicas, nas quais são definidas no item 26 da NBC PA 01:

• é competente para executar o trabalho e possui habilidades, incluindo tempo e

recursos, para isso

• consegue cumprir as exigências éticas relevantes; e

• considerou a integridade do cliente, e não tem informações que a levariam a

concluir que o cliente não é íntegro

Objetivando a segurança de suas informações na execução de seus trabalhos, os

procedimentos estabelecidos deverem requerer, segundo o item 27 da NBC PA 01, que:

• a firma obtenha as informações que considerar necessárias nas circunstâncias,

antes de aceitar um trabalho com um novo cliente, quando decidir sobre a continuação

de trabalho existente e quando considerar a aceitação de um novo trabalho com um

cliente existente;

• no caso de ser identificado um potencial conflito de interesses na aceitação de

um trabalho de um cliente novo ou existente, a firma deve determinar se é apropriado

aceita-lo;

• no caso de terem sido identificados problemas e a firma decidir aceitar ou

continuar o relacionamento com o cliente ou um trabalho específico, a firma deve

documentar como esses problemas foram resolvidos.

A firma de sempre garantir sua independência em relação a seu cliente, não podendo

haver quaisquer conflitos e se houver algo que possivelmente possa prejudicar sua

independência deve ser solucionar e documentar os problemas.

2.4.4. RECURSOS HUMANOS

O departamento de recursos humanos pode ser considerado como uma área estratégica

nas empresas, uma vez que, auxilia na organização e na manutenção de uma relação trabalhista

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satisfatória entre empregador e empregado. Aplicam-se conhecimentos e técnicas

administrativas, projetando atingir objetivos organizacionais. É composto por funções de

recrutamento, capacitação, seleção treinamento, desenvolvimento e retenção: remuneração e

benefícios (Gil 2009). Para mais Fitz-enz (apud GUARISO 1994, p.77) explicita que "a gestão

do valor humano é uma estratégia que está sendo utilizada na atualidade por um número cada

vez maior de profissionais de recursos humanos em muitos países. Portanto, o objetivo básico

é alinhar as políticas de RH com a estratégia da organização.

Assim definida no item 29 da NBC PA 01:

A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para fornecer segurança razoável

de que ela possui pessoal suficiente com competência, habilidade e compromisso com

os princípios éticos necessários para:

• executar trabalhos de acordo com normas técnicas e exigências regulatórias e

legais aplicáveis; e

• permitir à firma ou aos sócios encarregados do trabalho emitir relatório de

auditoria ou outros tipos de relatórios apropriados nas circunstâncias

Em relação à designação da equipe de trabalho, aponta o estabelecimento de

procedimentos para designar pessoal competente e habilidade, conforme discorre os itens 30 e

31 da NBC PA 01:

a firma deve atribuir a responsabilidade de cada trabalho a um sócio e estabelecer

políticas e procedimentos requerendo que:

• a identidade e o papel do sócio encarregado do trabalho sejam comunicados

aos membros chave da administração do cliente e aos responsáveis pela governança;

o sócio encarregado do trabalho tenha a devida competência, habilidade e autoridade

para desempenhar o papel;

• as responsabilidades do sócio encarregado do trabalho sejam claramente

definidas e a ele comunicadas

Portanto, todos os trabalhos devem ser atribuídos conforme sua competência, devendo

estes estar cientes de todas suas responsabilidades.

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3. METODOLOGIA

Conforme a escolha do tema “A Origem e Evolução da Auditoria e a Importância do Controle

de Qualidade da Auditoria no Brasil”, e após conhecimento de instrumentos de pesquisa optou-

se por um estudo bibliográfico e pela técnica de coleta de dados, através da aplicação de

questionário, este apensado no epílogo do trabalho. Desse modo, o desenvolvimento deste

estudo, caracteriza-se como método qualitativo. A respeito dos objetivos, possui caráter

descritivo, uma vez que, pretende explanar sobre conceitos e termos técnicos, além de,

classificar, explicar e interpretar fatos ocorridos. Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007,

p.61), a pesquisa bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos,

pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema”.

No que se refere aos procedimentos técnicos para coleta de dados, Prodanov e Freitas

(2013) dizem que tais procedimentos podem ser divididos em dois grandes grupos: as fontes de

papel e as informações fornecidas por pessoas, assim o estudo adotou ambos os procedimentos

descritos no referido. A pesquisa bibliográfica foi pautada na busca por informações em livros,

periódicos, trabalhos acadêmicos e sítios eletrônicos, levando em consideração os autores que

tenham uma abordagem relevante à temática do problema. Também foi realizada a coleta de

dados, empregando um questionário ao profissional com qualificações técnicas, no qual ocupa

o cargo de diretor em sua firma de auditoria, a fim de levantar informações acerca dos

procedimentos por eles utilizados na execução de auditoria, com intenção de responder as

perguntas aqui levantadas.

O processo de análise descritiva é sob o conteúdo das repostas do questionário, a fim de

verificar se a prática está de acordo com o exposto nas normas no que tange aos aspectos do

controle de qualidade das firmas de auditoria. O desenvolvimento desse estudo visou sanar as

imprescindibilidades relativas ao problema da pesquisa, por isso os materiais utilizados foram

significativos para fundamentação e obtenção das respostas frente aos questionamentos

referentes ao tema. Para Marconi “pesquisa é sinônimo de busca, de procura No campo

bibliográfico, vem a ser a procura de todas as fontes de informação de um determinado assunto

ou a localização de um dado específico”. Isto posto, a pesquisa bibliográfica não se caracteriza

pela mera reprodução de estudos elaborados sobre um deliberado assunto, mas, oferece

perspectivas diferenciadas sobre o tema, traçando novos caminhos a serem descobertos.

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Discorre nesta seção a análise e os resultados alcançados através de questionário

aplicado ao profissional com qualificações técnicas propícias a dar fidedignidade ao referido

trabalho. De acordo com Freitas e Moscarola (2000), seja qual for o ponto que se almeja e o

objeto das pesquisas, os dados a reunir para compreender e explicar opiniões, condutas, ações,

enfim, são quase sempre de origem verbal. Ademais, segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 201)

definem questionário como sendo “um instrumento de coleta de dados, constituído por uma

série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador”. Assim sendo, o questionário foi respondido por um auditor que exerce o cargo

de diretor de uma firma de auditoria localizada em Cuiabá, o qual está no cargo há 14 anos e

possui duas especializações. Salienta-se que o conteúdo visou corroborar a problemática

externada aos respondentes frente aos questionamentos, bem como, em seguida, o conteúdo

latente de suas respostas e comentários.

Primeiramente questionou-se sobre os aspectos evolutivos na área de auditoria

independente no decorrer dos anos. O respondente sinalizou alguns pontos, que no seu ponto

de vista podem ser destacados: “evolução na qualidade dos números apresentados; evolução na

qualidade dos relatórios e demonstrativos de auditoria e evolução na equalização entre práticas

brasileiras com as internacionais”.

Isto posto, interpretando a resposta obtida do usuário, entende-se que dentro do que foi

estruturado no texto, a auditoria independente possibilitou uma evolução ampla e promissora

para a empresa, refletida em sua autonomia e continuidade no mercado, ou seja, a empresa

dentro de sua estrutura organizacional, contabilidade e administração, alcançou resultados

melhores a cada ano, representado na qualidade dos números apresentados, frente aos trabalhos

realizados. Subsequente, outro ponto citado foi a evolução dos relatórios e demonstrativos de

auditoria, que foi estabelecido devido a necessidade de normatizar estes documentos,

viabilizando uma padronização na demonstração dos resultados aos gestores, para que estes

possam ter um fácil entendimento e celeridade em uma tomadas de decisões para a empresa,

tudo isso é embasado conforme a NPA 01 – Norma de Procedimento de Auditoria 01 –

IBRACON, que em sua introdução é definido “o objetivo do presente Pronunciamento é o de

orientar os auditores independentes quanto à forma e ao conteúdo de seu parecer, emitido como

resultado da auditoria independente das demonstrações contábeis de qualquer entidade”.

Além do mais, foi citado a equalização das práticas contábeis no Brasil com as práticas

internacionais, tendo isso, em decorrência da padronização das normas de contabilidade

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brasileiras através da evolução dos profissionais de contabilidade em sua assimilação com as

normas internacionais, assim segundo a Resolução CFC 1.328/2011, em ser art. 1º: “As Normas

Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem

seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais”.

Sancionada essa Resolução houve a implementação de cada setor a qual a mesma se referia.

Posteriormente, questionou-se a importância da criação da NBC PA 01 - Do Auditor

independente, obtendo-se a seguinte resposta: “aumento na qualidade dos trabalhos de

asseguração”. Segundo a NBC TA Estrutura Conceitual - Estrutura Conceitual para Trabalhos

de Asseguração em seu tópico "Descrição dos trabalhos de asseguração" define: “trabalho de

asseguração é o trabalho no qual o auditor independente visa obter evidências apropriadas e

suficientes para expressar sua conclusão de forma a aumentar o grau de confiança dos usuários

previstos sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios

que sejam aplicáveis”. Sendo assim, corroborando a resposta obtida do usuário, pode-se afirmar

que a criação da NBC PA 01 trouxe mais confiabilidade aos usuários utilizando-se da

mensuração ou avaliação do objeto para tal resultado.

Ademais, foi perguntado ao entrevistado sobre como são elaboradas as políticas e

procedimentos dentro da firma, onde o respondente descreveu: “são elaboradas seguindo

exigências dos órgãos reguladores da profissão”. Analisando a resposta descrita acima, conclui-

se que, a firma procura se adequar as determinações exigidas pelos órgãos normatizadores e

reguladores, estando assim de acordo com as legislações vigentes.

Para mais, indagou-se a respeito da aplicabilidade da NBC PA 01 em consonância com

as exigências éticas relevantes descritas na referida norma, assim alcançando a seguinte

resposta “todos os trabalhos devem ser norteados pela ética e ceticismo profissional. As normas

de auditoria dispõem de elementos que nos ajudam a cuidar deste tema. Um dos pontos a ser

avaliado é a independência do auditor em um trabalho”. Supracitada a resposta concluiu-se que

a firma de auditoria segue firmemente a norma, observando os critérios de exigências éticas

relevantes, e além do mais, o ceticismo profissional foi citado pelo mesmo, reforçando sua

experiência na área em que atua, pois, um bom auditor deve ter atrelado a si o ceticismo em

todo trabalho realizado.

Enfim, vale ressaltar a independência, mencionada pelo respondente, esta que, vem a

ser o pilar da auditoria independente, visto que, o auditor deve ser independente a empresa

cliente, fazendo com que a auditoria não seja influenciada pela relação entre ambos, garantindo

assim uma opinião imparcial e fidedigna sobre as demonstrações contábeis e financeiras.

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Outrossim, foi questionado sobre os procedimentos de supervisão e revisão dos

trabalhos realizados e ainda o responsável pelo mesmo, e o respondente descreveu o seguinte

“as revisões são realizadas tempestivamente em cada etapa da auditoria. Os responsáveis pelas

revisões, respeitando a complexidade de cada área auditada são os sócios, gerentes e sêniores”.

Assim, o diretor afirma que segue a norma em relação tempestividade de cada etapa de

auditoria, que exige a supervisão e revisão. Já com a relação aos responsáveis por estas

atribuições e seguido a hierarquia profissional, onde é definida pela especificidade do trabalho

realizado, experiência profissional e qualificação técnica do responsável.

Subsequente, questionou-se sobre o estabelecimento de sistemas de controle de

qualidade na firma, onde foi obtido a resposta de que “os controles são realizados através de

checklists de procedimentos obrigatórios na auditoria e revisão dos papéis de trabalhos, sempre

seguindo as normas de auditoria”. Observa-se que o controle se realiza, com base em uma

programação das exigências descritas na norma, possibilitando assim maior autonomia e

qualidade na prestação dos serviços.

Por fim, o último questionamento buscou entender como funciona o monitoramento do

sistema de controle de qualidade e a resposta foi a seguinte: “monitoramento é realizado

tempestivamente pelos sócios e gerentes envolvidos nos trabalhos de campo. A cada mudança

da norma, os procedimentos de auditoria são atualizados para atendê-la”. Evidencia-se aqui o

compromisso e qualidade do sistema de controle de qualidade da firma, uma vez que, o

monitoramento é importante para garantir a regularidade e evolução do sistema e manter sempre

atualizada, de acordo as normas e legislações emitidas pelos órgãos reguladores.

De mais a mais, constatou-se a evolução da área de auditoria independente pelo meio

do estudo bibliográfico, que foi corroborado com as respostas apresentadas pelo diretor da firma

de auditoria, mostrando as melhorias na prestação dos serviços executados pelos auditores

independentes no decorrer dos anos. Assim, pode-se dizer que a NBCA PA 01, norma que

legisla especificamente às firmas de auditoria, seja pessoa física ou jurídica, bem como as

demais resoluções publicadas pelo CFC e IBRACON, foram os principais contribuintes para a

estruturação, padronização e evolução da auditoria no Brasil.

Portanto, o profissional que irá executar o trabalho de auditoria independente deve estar

em comunhão com a NBC PA 01 e demais regulamentações desta área, garantindo-lhe assim

autonomia, independência, segurança e qualidade em seus trabalhos. E como forma de

asseverar a competência do respondente do questionário em que se pautou o estudo, descreve-

se a seguir a contribuição do mesmo para o estudo:

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ANÁLISE GERAL DA FIRMA COM BASE NO QUESTIONÁRIO APLICADO

O usuário questionado possuía capacidade técnica?

Sim

Apresentou informações que comprovam a evolução em seu ambiente de

trabalho?

Sim

Considera importante a regulação da área?

Sim

Realiza o trabalho sob a ética profissional?

Sim

Realiza os procedimentos que salvaguarda o Sistema de Controle de

Qualidade?

Sim

Tendo como base o contexto histórico descrito no trabalho através da pesquisa realizada,

da análise dos resultados e da análise geral da firma utilizada que foi demonstrada em tabela,

pode-se comprovar a evolução da auditoria através do que fora mencionado no decorrer da

elaboração do trabalho.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo elaborado, desenvolvido e aplicado, teve como principal fator obtenção de

respostas que pudessem evidenciar a evolução da área da contabilidade em geral, mas,

sobretudo, na auditoria independente. Para mais, visou sanar as imprescindibilidades relativas

ao problema da pesquisa, por isso os instrumentos de pesquisa utilizados foram significativos

para fundamentação e obtenção das respostas frente aos questionamentos referentes ao tema,

além do mais, procurou-se demonstrar bibliograficamente a evolução histórica da contabilidade

e auditoria independente e a importância do sistema de controle de qualidade, que deve ser

elaborado conforme as normas técnicas e exigências relevantes.

A contribuição do estudo tem por objetivo propiciar maior possibilidade de

conhecimento acerca do tema proposto, visando a comunidade acadêmica e se estendendo a

todos os profissionais da área contábil, com foco maior nos interessados na área de auditoria

independente pois, espera-se que o disposto possa agregar elucidação à possíveis dúvidas

decorrentes da amplitude que se dá, desta área tão complexa e técnica.

É valido ressaltar as limitações do estudo. No que concerne a aplicação do questionário,

o campo mostrou-se limitado em relação a acessibilidade dos profissionais competentes para

discorrer sobre o tema. Além do mais, este autor, sugere que em pesquisas futuras acerca desta

área, possa o interessado em fazê-la traçar estratégias com vistas a alcançar um maior campo

para aplicação das técnicas de pesquisa.

No decorrer do trabalho desde a elaboração do projeto até a conclusão deste trabalho,

apresentou-se inúmeros desafios, pois fez que o autor buscasse meio de evoluir em

conformidade com o trabalho. Foi necessário muita responsabilidade, compromisso e

dedicação, que culminam agora, em satisfação e senso de dever cumprido. Ressalto a

importância deste trabalho para a área contábil, visto que, possibilitou a evolução do acadêmico

para um profissional que visa sempre a qualidade em seus trabalhos. Para mais, asseguro que

os resultados obtidos corroboram a problemática levantada e atendem aos objetivos propostos.

Assim sendo, diante do que fora retratado neste trabalho, o auditor independente

responsável por emitir opiniões e pareceres acerca dos procedimentos contábeis da empresa,

sendo favorável ou não. O mérito deste estudo pode ser definido nas palavras de Castro (1978,

p. 76): "a ciência tem passado, tem história; sem uma ideia do que já aconteceu, do que já se

sabe, perde-se a perspectiva".

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