UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE …...ARTHUR BEHLING NETO Engenheiro Agrônomo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
PRODUÇÃO DE SILAGEM DE SORGO DE DIFERENTES APTIDÕES EM DUAS
ÉPOCAS DE CULTIVO
ARTHUR BEHLING NETO
CUIABÁ - MT
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ARTHUR BEHLING NETO
Engenheiro Agrônomo
PRODUÇÃO DE SILAGEM DE SORGO DE DIFERENTES APTIDÕES EM DUAS
ÉPOCAS DE CULTIVO
Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral
Coorientadores: Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu
Prof. Dr. Daniel de Paula Sousa
Tese apresentada à Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Mato Grosso, para obtenção do Título de Doutor em Agricultura Tropical.
CUIABÁ - MT
2016
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTO
Quero agradecer a Deus...
Pelo dom da vida e pela Fé, que me sustenta e me guia em meu caminho.
Pelos meus pais, orientadores, colegas e amigos, que foram colocados na minha
vida por Ele. Pelo título de doutor a ser obtido. E peço que me possibilite ser um
bom professor, pesquisador, orientador e uma boa pessoa, assim como aqueles
colocados em meu caminho.
Aos meus pais Otavio e Rose, que sempre me apoiaram nas minhas decisões
e fizeram tudo que podiam para me ajudar a conquistar meus objetivos. Que Deus
me permita ser um pai tão bom quanto eles.
Aos meus irmãos e familiares pelo apoio e auxílio.
Ao meu orientador Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral, pela confiança ao me
permitir ser seu orientado. Obrigado pela orientação, tanto pelos ensinamentos
como pelo auxílio nas análises, pela amizade construída, e por ser exemplo de
simplicidade, conhecimento e humildade.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu, pela orientação
desde a graduação, estando sempre presente para auxiliar na composição de textos
e realização de análises estatísticas e laboratoriais. Obrigado por ser um grande
exemplo de pessoa, professor e orientador, com humildade e conhecimento. O
senhor é um exemplo a ser seguido.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Daniel de Paula Sousa, pelo auxílio na obtenção
das amostras utilizadas neste trabalho e realização do doutorado sanduíche.
Obrigado pelos auxílios na execução do trabalho.
Ao meu orientador no exterior Dr. Thomas Pauly, por ter auxiliado tanto na
realização do doutorado sanduíche, transmitindo conhecimento de natureza teórica
e prática na área, como por toda ajuda prestada durante minha estada na Suécia.
Obrigado por ser um exemplo de conhecimento, simplicidade e generosidade.
Ao prof. Dr. Rafael Henrique Pereira dos Reis, pelas amostras e pelos dados
utilizados neste trabalho, e por auxiliar na composição deste trabalho, sendo
membro da banca de avaliação.
À prof. Dra. Isis Scatolin de Oliveira, pela amizade e por auxiliar na composição
deste trabalho, fazendo parte da banca de avaliação.
Aos professores Dr. Nelcino Francisco de Paula e Rosemary Lais Galati, que
contribuíram para o trabalho.
Aos pesquisadores doutores Rolf e Eva Spörndly, por terem me acolhido em
sua casa e me auxiliado durante minha estada na Suécia.
Aos companheiros Perivaldo, Mariane, Rayanne, Karine, Juliam, Isabela Ceni,
Bruna, Ana Paula, Kellen, Danielle, Carlos, Alan, João, Edmilson, Leni, Joelson,
Lilian, Claudio e Paulo (Desculpem-me se esqueci de alguém), que auxiliaram nas
atividades, sem os quais este trabalho não teria sido possível, contribuindo para que
esses momentos fossem menos exaustivos e mais divertidos.
Aos meus amigos Anne, Amanda, Dayana, Cadu, Kenia, Isabela Bianchi e
João, além dos já citados acima, que fizeram parte desta etapa de minha jornada.
Obrigado pelos bons momentos.
Aos coordenadores do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical,
Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim e Prof. Dra. Walcylene L. M. P. Scaramuzza
por todo auxílio prestado quando requisitado, incluindo a obtenção da documentação
para realização do doutorado sanduíche.
À Universidade Federal de Mato Grosso e ao Programa de Pós-Graduação em
Agricultura Tropical, por permitir a realização deste doutorado.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO),
campus Colorado do Oeste, na pessoa do Prof. Rafael, por permitir o uso das
amostras utilizadas neste trabalho.
À Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, campus Uppsala e Umea, por
permitir a realização do doutorado sanduíche e a realização de cursos que
enriqueceram meus conhecimentos.
Às instituições de fomento CNPq e a CAPES, pela bolsa de doutorado e de
doutorado sanduíche, sem as quais não seria possível a obtenção deste título.
A todos os funcionários da Universidade Federal do Mato Grosso pela
presença e auxílio no dia a dia. Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação
em Agricultura Tropical: Huan, Paulo e Karine pela contribuição.
A todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram e participaram da minha
vida acadêmica e atuação profissional.
A TODOS, MUITO OBRIGADO!!!
PRODUÇÃO DE SILAGEM DE SORGO DE DIFERENTES APTIDÕESEM DUAS
ÉPOCAS DE CULTIVO
RESUMO - O sorgo se destaca entre as plantas forrageiras recomendadas para a ensilagem em razão de suas características intrínsecas, além de resistência ao déficit hídrico e amplitude de semeadura. Há no mercado cultivares de sorgo granífero e sacarino que podem ser utilizados para a produção de silagem, porém faltam informações acerca de suas características fermentativas, valor nutritivo e digestibilidade. Objetivou-se avaliar as características fermentativas, bromatológicas e a digestibilidade in vitro da silagem de sorgo de diferentes aptidões, em duas épocas de cultivo. Os experimentos de campo foram desenvolvidos no Setor de Produção Vegetal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, campus Colorado do Oeste, e as análises bromatológicas e as incubações in vitro foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com os tratamentos dispostos em esquema de parcela subdividida, com quatro repetições. Os tratamentos da parcela corresponderam a seis híbridos de sorgo de diferentes aptidões (BRS 308 e BRS 310, graníferos; BR 655 e BRS 610, forrageiros; BR 506 e CMSXS 647, sacarinos). Os tratamentos da subparcela corresponderam a duas épocas de cultivo (primeira safra e segunda safra). Apesar de nem todas as cultivares de sorgo apresentarem teores ideais de matéria seca e de carboidratos solúveis, todos os tratamentos apresentaram valores de pH e de nitrogênio amoniacal dentro dos limites estabelecidos, que indicam boa fermentação no interior do silo. Nas cultivares de sorgo sacarino, observou-se maior teor de etanol e de ácido butírico e maior diferença no teor de carboidratos solúveis na primeira safra em comparação à segunda safra. Todas as cultivares de sorgo avaliadas podem ser utilizadas para a produção de silagem, porém o uso de sorgo sacarino na primeira safra proporciona produção de silagem com altos teores de etanol e de ácido butírico, sendo recomendado o seu uso em segunda safra. A cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 apresentou maior teor de carboidratos não fibrosos e menor teor de fibra potencialmente digestível. As cultivares de sorgo sacarino obtiveram os maiores teores de carboidratos solúveis, maiores proporções de nitrogênio não proteico com base na proteína, menores teores de fibra insolúvel em detergente neutro indigestível na segunda safra, e maiores digestibilidades in vitro da matéria seca. As cultivares de sorgo sacarino são boas opções para a produção de silagem, porém com melhor recomendação em segunda safra. A cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 é uma boa opção para ensilagem em ambas as safras. Palavras-chave: digestibilidade in vitro da matéria seca, incubação in vitro, fracionamento de proteína, sorgo granífero, sorgo sacarino
SILAGE PRODUCTION OF DIFFERENT PURPOSE SORGHUM AT TWO
CROPPING SEASONS
ABSTRACT - Sorghum stands out among plants recommended for silage because of its intrinsic characteristics, as well as resistance to drought and seeding amplitude. There are on the market new grain and sweet sorghum cultivars which can be used for silage production, but lack information about their fermentation characteristics, nutritional value and digestibility. Goal was to evaluate the fermentation and chemical characteristics, and in vitro digestibility of different purpose sorghum silages, at two cropping seasons. Trial was conducted at the Plant Production Department of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rondônia, Colorado do Oeste campus, and chemical analyses and in vitro incubations were performed at the Laboratory of Animal Nutrition, at Federal University of Mato Grosso, Cuiabá campus. Experimental design was a randomized block, in spli-plot design, with four replications. Plot treatments consisted of six sorghum cultivars of different purpose (BRS 308 and BRS 310, grain sorghum; BR 655 and BRS 610, silage sorghum; BRS 506 and CMSXS 647, sweet sorghum). Split-plot treatments consisted of cropping seasons (first crop and second crop). Although not all sorghum cultivars presented ideal dry matter and water soluble carbohydrates content, all treatments showed pH and ammonia nitrogen content within the recommended limits, with good fermentation inside the silo. In sweet sorghum cultivars, a higher content of ethanol and butyric acid was observed, at first crop compared to the second crop. All evaluated sorghum cultivars can be used for silage production, but sweet sorghum use at first crop promotes silage with high levels of ethanol and butyric acid, being recommended for use at second crop. Forage sorghum cultivar BRS 655 showed higher non-fiber carbohydrate content and lower potentially digestible fiber. Sweet sorghum cultivars presented higher water soluble carbohydrates content, higher non-protein nitrogen content based on protein, lower indigestible neutral detergent fiber content at second crop, and higher in vitro dry matter digestibility. Sweet sorghum cultivars are good options for silage production, but it is better recommendation at second crop. Forage sorghum cultivar BRS 655 is a good option for silage at both crops. Key-words: dry matter in vitro digestibility, grain sorghum, in vitro incubation, protein fractions, sweet sorghum.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
1 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 11
1.1 Ensilagem .................................................................................................... 11
1.2 Valor nutritivo ............................................................................................... 14
1.3 Sorgo ........................................................................................................... 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………….………………………………….. 21
2 CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS NA ENSILAGEM DE SORGO DE DIFERENTES APTIDÕES ..................................................................................... 27
RESUMO.............................................................................................................27
ABSTRACT ........................................................................................................ 28
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 29
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 31
RESULTADOS ................................................................................................... 35
DISCUSSÃO ...................................................................................................... 40
CONCLUSÕES .................................................................................................. 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 46
3 VALOR NUTRITIVO DA SILAGEM DE SORGO DE DIFERENTES APTIDÕES .. 50
RESUMO ........................................................................................................... 50
ABSTRACT ........................................................................................................ 51
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 52
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 54
RESULTADOS ................................................................................................... 60
DISCUSSÃO ...................................................................................................... 67
CONCLUSÕES .................................................................................................. 75
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 77
9
INTRODUÇÃO
A sazonalidade climática é um fenômeno de abrangência regional no Cerrado
brasileiro, onde as chuvas se concentram em seis meses (outubro a março), sendo
ainda o trimestre de dezembro a fevereiro responsável pelo maior volume da
precipitação anual. A existência de duas estações distintas, secas e águas,
determina a escassez na produção de matéria seca (MS) em uma época, contra a
abundância em outra, evento que limita o desempenho animal, devido à baixa oferta
de alimento no período seco do ano.
Na estação seca, as gramíneas tropicais apresentam baixa disponibilidade de
forragem, o que requer a suplementação do rebanho. No Brasil Central, de 75 a 85%
da produção de MS total anual ocorre de outubro a março (Souza et al., 2005),
assim, para manter constante a produção animal ao longo do ano, são necessárias
alternativas de produção e armazenamento de alimento no verão, para fornecer aos
animais no período da seca, sendo esta uma das alternativas a produção de
silagem.
O milho é a cultura padrão para a produção de silagem, por apresentar
características ideais para ensilagem e alto valor nutritivo. No entanto, na região
Centro-Norte do Brasil, o uso do milho é mais comum em segunda safra, após o
cultivo de verão, com perdas de produção em caso de atraso da semeadura. A
cultura do sorgo é uma alternativa interessante para a produção de silagem, uma
vez que apresenta valor nutricional semelhante ao milho e, também, características
ideais para ensilagem. No entanto, possui maior tolerância ao déficit hídrico, maior
amplitude de semeadura, além de maior capacidade de rebrota, em comparação ao
10
milho (Machado et al., 2012). No Brasil, houve um aumento considerável da área
cultivada com sorgo a partir dos anos 1990, com um salto de 50 mil para 414 mil ha,
de 1992 a 2009 (Duarte, 2010).
A cultura do sorgo é classificada em quatro grupos: granífero; forrageiro para
silagem e/ou sacarino; forrageiro para corte/pastejo; vassoura, que diferem quanto
ao porte e valor nutritivo, por possuírem proporções distintas de colmo, panícula e
folhas.
Na região Centro-Oeste, o cultivo de sorgo granífero ocorre, basicamente, em
sucessão à cultura de verão, enquanto o cultivo de sorgo forrageiro para silagem
acontece em sistema de cultivo exclusivo de verão-outono (Duarte, 2010; Ribas,
2003). Estes dois tipos de sorgo são os mais utilizados para ensilagem no Brasil,
sendo a primeira cultura recomendada para a produção de silagem de alta
qualidade, enquanto a segunda é para alta produtividade (Miranda, 2006). No que
diz respeito ao sorgo sacarino, importa destacar que esta pode ser uma alternativa
na produção de silagem no Brasil, devido à sua alta produtividade (Kaiser et al.,
2004). Contudo, ainda faltam estudos acerca de suas características fermentativas e
nutritivas, e da influência da época de cultivo.
Em qualquer sistema de produção animal, a qualidade dos alimentos
fornecidos é de fundamental importância na busca da eficiência. Em geral, a
resposta do animal à silagem é dependente do padrão de fermentação, implicando
na forma e na concentração dos nutrientes no alimento e, consequente, o que torna
imprescindível a avaliação da qualidade da silagem (Jobim et al., 2007). O valor
nutritivo de um alimento está associado à sua composição química e ao nível de
aproveitamento dos nutrientes. Para os ruminantes, a associação da forragem com
os microrganismos do rúmen permite a utilização indireta de carboidratos estruturais
à atuação das enzimas dos animais superiores (Magalhães et al., 2006).
11
1 REVISÃO DE LITERATURA
1.1 Ensilagem
A ensilagem é o processo de conservação da forragem por meio de
fermentação natural, no qual bactérias ácido-láticas convertem carboidratos em
ácidos orgânicos, principalmente ácido lático, em ambiente anaeróbico. Isto reduz o
potencial hidrogeniônico (pH) e o material, ainda úmido, é mantido livre da ação de
microrganismos indesejáveis. Silagem é a denominação feita ao volumoso
conservado por meio do processo de ensilagem, sendo utilizado na alimentação
animal (Ohmomo et al., 2002).
A fermentação dentro do silo, durante a ensilagem, é dividida em quatro fases:
fase aeróbia, que ocorre na presença de oxigênio, desde o enchimento até poucas
horas depois do fechamento do silo; fase de fermentação ativa, quando ocorre a
queda acentuada do pH da silagem devido à formação de ácidos orgânicos, a partir
da conversão de açúcares (glicose, frutose e frutanos) pelas bactérias ácido-láticas
a ácidos; fase de estabilidade, período em que o pH ácido da silagem e a condição
de anaerobiose impedem a ação de microrganismos danosos ao alimento,
permitindo a conservação do mesmo até o momento da abertura do silo; e fase de
descarga, que ocorre no momento da abertura do silo para o fornecimento da
silagem aos animais, em que a exposição do alimento a elevadas concentrações de
O2, normalmente, favorece o crescimento de fungos e leveduras (Santos e Zanine,
2006).
Para que ocorra adequada fermentação no interior do silo, o teor de MS da
forragem ensilada deve ser de 28 a 34%, associado ao teor de carboidratos solúveis
12
(CHOS) que deve ser de 6 e 8% na MS (McCullough, 1977). Para Muck e Pitt
(1993), as plantas forrageiras usadas para ensilagem devem apresentar teor de MS
entre 30 e 35%, sendo que valores inferiores a esses predispõem a fermentação
butírica dentro do silo, o qual é considerado indesejável; enquanto valores
superiores dificultam a compactação da forragem, podendo prejudicar a manutenção
de um ambiente anaeróbico dentro do silo. Com relação aos carboidratos
fermentáveis, Kearney e Kennedy (1962) mencionam 15% de teor de CHOS na MS
como o mínimo recomendado para uma boa fermentação, em situação na qual a
capacidade tampão da forragem não seja elevada.
Essa capacidade, por sua vez, é caracterizada como a resistência do alimento
às variações nas concentrações hidrogeniônicas, ou seja, capacidade desta em
evitar as alterações do pH no meio. Normalmente, isto ocorre em virtude de
aminoácidos residuais, elevado teor de proteína bruta (PB) e presença de cátions,
os quais neutralizam os ácidos orgânicos produzidos pela fermentação, dificultando
a queda do pH (Jobim et al., 2007). Nussio (2000) observou valores de capacidade
tampão variando de 3,5 g de ácido lático/100g de MS na forragem de milho,
considerado baixo, até 7,4 g de ácido lático/100g de MS na forragem de alfafa,
considerado alto.
Para Weissbach (1996), a relação entre os teores de MS, CHOS e a
capacidade tampão é mais importante do que valores isolados destas variáveis.
Conforme este autor, os potenciais efeitos destas variáveis podem ser resumidos na
seguinte fórmula:
CF = %MS + 8 x % CHOS / capacidade tampão
Em que CF é o coeficiente de fermentação, %MS é o teor de MS, % CHOS é o
teor de CHOS e a capacidade tampão é obtida utilizando ácido lático no
procedimento.
Por meio desta fórmula pode-se estabelecer se uma forragem possui substrato
suficiente para a fermentação lática, considerando que para silagens com boa
fermentação, valores de CF, acima de 45, devem ser observados.
A acidez é importante na conservação da forragem na ensilagem, uma vez que
atua na inibição e no controle do desenvolvimento de microrganismos indesejáveis,
como as bactérias do gênero Clostridium, que são sensíveis ao pH abaixo de 4,0
13
(Ohmomo et al., 2002). O valor de pH crítico para uma silagem de boa qualidade é
de 4,2 (McDonald et al., 1991). Porém, Weissbach (1996) aponta que o pH crítico
varia em função do teor de MS da forragem ensilada, sendo que silagens com teor
de MS acima de 35% serão bem conservadas, mesmo com valor de pH de 4,6, uma
vez que as bactérias do gênero Clostridium são sensíveis ao baixo teor de umidade
dentro do silo.
Os ácidos orgânicos presentes na silagem (lático, acético, propiônico, butírico,
succínico e fórmico) contribuem para a acidez total da massa ensilada. O ácido
lático apresenta menor constante de dissociação, sendo o mais forte e o maior
responsável pela redução do pH para valores entre 3,8 a 4,2 (Umaña et al., 1991).
O teor de ácido acético está relacionado com as menores taxas de decréscimo
e maiores valores finais de pH nas silagens, correspondendo, principalmente, à ação
prolongada de bactérias láticas heterofermentativas e enterobactérias. Além disso,
as fermentações promovidas por esses microrganismos causam maiores perdas de
MS e energia do material ensilado, em comparação à atuação de bactérias láticas
homofermentativas (Muck e Bolsen, 1991).
O teor de ácido butírico reflete a extensão da atividade de bactérias do gênero
Clostridium sobre a forragem ensilada e está relacionado com maiores valores finais
de pH nas silagens, sendo considerado um dos principais indicadores negativos da
qualidade do processo fermentativo (McDonald et al., 1991). Ademais, a atividade de
bactérias do gênero Clostridium causa perdas acentuadas de MS e energia da
forragem original durante a fermentação, além de o ácido butírico estar relacionado
com a redução da palatabilidade e do consumo da silagem por animais ruminantes
(Muck, 1988). O teor mínimo de ácido lático em uma silagem com fermentação
adequada deve ser de 5% da MS, enquanto os teores máximos de ácido acético e
butírico devem ser de 2,5 e 0,1% da MS, respectivamente (Vieira et al., 2004). Para
McDonald et al. (1991), um teor de 0,2% da MS é o máximo que uma silagem de
boa qualidade pode apresentar de ácido butírico.
Altos níveis de amônia no extrato aquoso da silagem têm sido associados à
intensa proteólise e fermentação de aminoácidos no silo, sendo um indicativo de
silagens de baixa qualidade. Enzimas proteolíticas convertem nitrogênio proteico em
formas de N não proteico, como aminoácidos livres e peptídeos, com posterior
conversão em amônia e amina devido, em maior parte, à ação de microrganismos,
principalmente bactérias do gênero Clostrídium, em silagens instáveis (Ohshima e
14
McDonald, 1978), sendo considerado valores críticos de 10% (Umaña et al., 1991) e
11 a 12% do N total (McDonald et al., 1991).
Altas concentrações de etanol na silagem estão relacionadas, principalmente,
com alto teor de CHOS e com a população de leveduras, que convertem açúcares
solúveis a etanol, gás carbônico e água, ao passo que diminui o teor de CHOS,
aumenta os teores dos componentes da parede celular e as perdas de MS,
prejudicando o valor nutritivo da silagem (Alli et al., 1983). Uma silagem de boa
qualidade pode apresentar, no máximo, 1% de etanol na MS (McDonald et al.,
1991).
1.2 Valor nutritivo
A qualidade da forragem é determinada pelas características químicas e físicas
das plantas forrageiras, sendo que suas interações com os mecanismos de
digestão, metabolismo e controle do consumo voluntário determinam o desempenho
do animal. Várias metodologias de análise de alimentos têm sido desenvolvidas para
definir a composição química das forragens, tornando possível quantificar a
presença de compostos como proteína, carboidratos estruturais, CHOS, ácidos
orgânicos e minerais (Reis et al., 2006). A composição bromatológica de silagens
depende da qualidade e do valor nutritivo do cultivar utilizado, do estádio de
maturação no momento do corte e da natureza do processo fermentativo, o que
reflete no desempenho animal (Dias et al., 2001).
Os carboidratos podem ser classificados em carboidratos fibrosos,
representados pela celulose e hemicelulose, com digestão lenta e incompleta no
trato gastrintestinal; e carboidratos não-fibrosos (CNF), representados pelos
açúcares solúveis, amido e pectina, que são de rápida e completa digestão
(Mertens, 1997). Conforme Van Soest (1994), o alimento pode ser dividido em
fração solúvel, a qual é rapidamente e completamente disponível, e a fração
insolúvel em detergente, que é lenta e incompletamente disponível. Denominada a
fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), que é constituída, basicamente, por
celulose, hemicelulose, lignina, cinzas (CIDN) e N ligado à FDN (NIDN). Além da
FDN, há a fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), que é constituída,
basicamente, por celulose, lignina, cinzas (CIDA) e N ligado à FDA (NIDA).
15
Os carboidratos constituem cerca de 70% da MS da dieta dos ruminantes,
sendo a principal fonte energia para animais ruminantes. Particionando a MS e os
carboidratos em componentes fibrosos e não-fibrosos é possível separar as frações
dos alimentos que possuem propriedades nutricionais distintas (Mertens, 1997). A
terminologia fibra pode ser definida como sendo o componente estrutural da parede
celular das plantas, a fração menos digestível dos alimentos, a fração do alimento
que não é digerida por enzimas de mamíferos ou a fração do alimento que promove
a ruminação e a saúde do rúmen (Mertens, 1996).
Outra variável importante na avaliação de alimentos para ruminantes é o teor
de PB do alimento. Níveis dietéticos baixos de PB são limitantes para o crescimento
microbiano, o que resulta na diminuição da ingestão de alimento e desempenho
nesses animais (Dettman et al., 2014). Conforme Van Soest (1994), teores de PB
entre 7 e 8%, com base na MS, são necessários para o adequado fornecimento de
compostos nitrogenados requeridos pela microbiota ruminal, sendo que níveis
inferiores comprometem a digestibilidade da dieta.
O fracionamento de carboidrato e proteína, de forma acurada, possibilita a
formulação de dietas nutricionalmente adequadas, viabilizando a maximização da
eficiência de utilização da energia e do N, tanto pelos microrganismos quanto pelo
próprio animal (Cabral et al., 2000 a,b).
Os carboidratos totais são classificados conforme suas taxas de digestão. A
fração A é representada pelos CHOS, que são prontamente fermentados no rúmen;
a fração B1 compreende o amido e a pectina, com taxas intermediárias de digestão
(20 a 30%); a fração B2 corresponde àquela lenta e potencialmente digestível da
parede celular; e a fração C é representada pela porção indigestível da fibra ao
longo do trato gastrointestinal (Sniffen et al., 1992). Conforme estes autores, a
fração B2 é obtida pela subtração do teor de FDN corrigido para cinzas e proteína
associada (FDNcp) pela fração C, representado pelo teor de FDN indigestível
(FDNi).
A PB pode ser classificada nas frações A, que representa o N não-proteico
(NNP), que é rapidamente degradável no rúmen; B, que compreende a proteína
verdadeira potencialmente disponível; e C, representada pelo N indisponível no trato
gastrintestinal. A fração B é subdividida nas frações B1, que é solúvel no rúmen e
tem alta taxa de degradação; B2, que tem taxa de degradação intermediária, e B3,
associadas à parede celular, com lenta taxa de degradação (Sniffen et al., 1992).
16
Além da composição química, a digestibilidade é outro parâmetro fundamental
na avaliação da qualidade da forragem. A determinação da digestibilidade in vivo é
cara, demorada, requer grande quantidade de alimento, tornando-se inviável em
grande escala (Getachew et al., 1998). Um procedimento alternativo é o método
biológico de simulação do processo de digestão com o uso de microrganismos do
rúmen, como demostrado por Tilley e Terry (1963), ou com a produção de gás, como
demostrado por Menke et al. (1979).
A técnica de produção de gás para avaliar a digestão in vitro de forragens tem
como base a manutenção de ambiente anaeróbico e com pH controlado, no qual a
microbiota do rúmen presente no inóculo digere os polímeros e fermenta os
monômeros a ácidos graxos voláteis e gases, sendo estes últimos usados para
estimar os parâmetros cinéticos da digestão dos alimentos avaliados (Pell e
Schofield, 1993). As vantagens da utilização desta técnica, na avaliação de
alimentos para ruminantes, consistem no baixo custo, rapidez e uniformidade físico-
química do local de fermentação (Getachew et al., 1998). Este sistema permite
estimar a digestibilidade da MS e matéria orgânica, indicando os produtos finais
produzidos pela fermentação, como o gás carbônico e o metano (Bueno et al.,
2005). A avaliação dos parâmetros cinéticos da degradação ruminal consiste em
verificar o desaparecimento da massa de amostra incubada, durante o período de
incubação com os microrganismos ruminais, podendo ser feita por meio da
mensuração periódica do gás produzido (Malafaia et al., 1998).
1.3 Sorgo
Conforme supracitado, a cultura do sorgo é uma alternativa interessante para a
produção de silagem por apresentar alto teor de MS e CHOS na forragem, além de
apresentar resistência ao déficit hídrico, amplitude de semeadura e boa capacidade
de rebrota (Machado et al., 2012). Ademais, possui uso mais eficiente de água, o
que permite a semeadura tardia desta cultura, favorecendo seu cultivo na safrinha,
com menores riscos do que na cultura do milho (Von Pinho et al., 2007). O sorgo é
uma planta adequada ao processo de ensilagem, devido às suas características
fenotípicas, aliadas ao alto valor nutritivo e ao elevado teor de CHOS, as quais são
essenciais para uma adequada fermentação lática, com a redução do pH na massa
ensilada (Neumann et al., 2002).
17
As cultivares de sorgo são classificadas em quatro grupos: granífero;
forrageiro para silagem e/ou sacarino; forrageiro para pastejo/corte; vassoura. O
primeiro grupo inclui plantas de porte baixo adaptadas à colheita mecânica
(Sorghum bicolor); já o segundo grupo inclui plantas de porte alto, apropriadas para
confecção de silagem e/ou produção de açúcar e álcool (Sorghum bicolor); o terceiro
grupo inclui tipos utilizados principalmente para pastejo, corte, fenação e cobertura
morta (variedades de capim sudão ou híbridos interespecíficos de Sorghum bicolor x
Sorghum sudanense); já o quarto grupo inclui tipos cujas panículas são utilizadas
para confecção de vassouras (Ribas, 2003). Alguns autores fazem menção ao sorgo
de duplo propósito (Von Pinho et al., 2007), considerado um intermediário entre os
sorgos granífero e forrageiro, com porte médio e boa proporção de grãos na massa
ensilada. Para Miranda e Pereira (2006), este tipo de sorgo deveria ser denominado
sorgo forrageiro de alta qualidade, devido às suas características agronômicas.
O sorgo granífero apresenta o potencial para a produção de silagem de alta
qualidade, com 40 a 50% de grãos na massa ensilada (Kaiser et al., 2004), o que
promove maior valor nutritivo em comparação ao sorgo forrageiro (White et al., 1991;
Resende et al., 2003). Colombini et al. (2012), comparando a qualidade de silagem
entre o sorgo granífero e o sorgo forrageiro, observaram maior teor da fração fibrosa
e menor teor de PB na silagem de sorgo forrageiro, em comparação ao sorgo
granífero, possivelmente, em virtude da maior proporção de grãos na silagem do
último.
Com relação ao sorgo forrageiro, este é de porte alto, visando à alta
produtividade de MS, em geral, com proporção de colmo maior que 50% (Neumann
et al., 2002), assim com elevado teor da fração fibrosa. Yosef et al. (2009),
comparando silagem de sorgo forrageiro de porte baixo ou alto, observaram maiores
valores de FDN, hemicelulose, lignina, CHOS e menores teores de PB nas silagens
de sorgo de porte alto, provavelmente, devido ao maior acúmulo de tecidos de
sustentação nas plantas.
O sorgo sacarino é caracterizado pelo alto teor de carboidratos não-estruturais
que permanecem no colmo e nas folhas na forma de açúcares solúveis, resultando
em uma forragem com alto teor de energia e de fácil conservação na forma de
silagem (Kaiser et al., 2004). Nascimento et al. (2008), avaliando o valor alimentício
das silagens de milho, de sorgo granífero e de sacarino, assim como a sua influência
no desempenho de vacas leiteiras, observaram proporção de 10,3% e de 33,4% de
18
grãos na silagem de sorgo sacarino e de sorgo granífero, respectivamente, em
virtude da fisiologia das plantas, com produção total de leite e produção corrigida
para gordura semelhante entre as cultivares de sorgo, porém menores em
comparação ao uso da silagem de milho.
A cultura do sorgo apresenta baixa capacidade tampão, o que facilita a
diminuição do pH dentro do silo durante a ensilagem. Plantas de sorgo forrageiro e
granífero apresentam entre 12 e 20% de CHOS com base na MS, enquanto o sorgo
sacarino apresenta mais de 20% de CHOS (Kaiser et al., 2004). Segundo Lourenço
et al. (2007), o sorgo sacarino pode ter teores de açúcares na MS de 30 a 40%. Na
ensilagem de sorgo sacarino, pode ocorrer a produção de etanol, uma vez que o alto
teor de CHOS proporciona um ambiente ideal à atividade de leveduras, que em
ambiente anaeróbico, convertem CHOS em etanol (Cavali et al., 2010).
Thomas et al. (2013), avaliando as características fermentativas de sorgo
forrageiro para ensilagem, observaram teores de CHOS entre 13 e 17%, enquanto
Abdelhadi e Tricarico (2009), avaliando o uso de sorgo granífero para produção de
silagem, observaram valores médios de 10% no teor de CHOS na forragem antes da
ensilagem. Silva et al. (1999a), avaliando as características fermentativas da silagem
de sorgo com diferentes proporções de panícula na massa, verificaram que com o
aumento da proporção de panícula há uma diminuição no teor de CHOS na
forragem, devido ao acúmulo desses açucares ocorrerem, principalmente no colmo.
A adequada conservação da forragem na ensilagem depende da produção de
ácido lático para estabilização do pH e da adequada quantidade de ácidos acético e
butírico, sendo estes parâmetros de grande validade na avaliação do processo
fermentativo das silagens (França et al., 2011). Machado et al. (2012), avaliando a
qualidade da silagem de híbridos de sorgo forrageiro, observaram adequada
fermentação na massa ensilada, com valores médios de pH variando de 3,88 a 4,22;
N-amoniacal entre 1,36 e 2,25% do N total; ácido lático entre 4,48 e 9,48%; ácido
acético entre 0,53 e 1,45% e ácido butírico entre 0,00 e 0,06%. Zhang et al. (2015),
avaliando a qualidade de silagem de sorgo sacarino, observaram valores médios de
pH de 4,16; N-amoniacal de 7,66% do N-total; ácido lático de 13,73% da MS.
Com relação à composição bromatológica, Zhang et al. (2015), afirmam que os
teores de PB da forragem e da silagem de sorgo sacarino são insuficientes para
atender aos requerimentos mínimos exigidos pelos ruminantes. Nascimento et al.
(2008), verificaram teores de PB de 10,98 e 9,83%, para silagem de sorgo granífero
19
e sorgo sacarino, respectivamente. O sorgo granífero apresenta maior valor nutritivo
em comparação ao sorgo forrageiro, devido à maior proporção de grãos na planta
(Colombini et al., 2012; Von Pinho et al., 2007; Kaiser et al., 2004).
Os teores de fibra variam conforme as proporções dos componentes
morfológicos das plantas de sorgo, sendo que maiores proporções de panículas
resultam em forragem com menores teores de fibra (Silva et al., 1999b). Amer et al.
(2012), observaram teor médio de FDN de 61,4% para silagem de sorgo sacarino,
enquanto Resende et al. (2003), verificaram teor de FDN de 52,0 e 47,1% para
silagem de sorgo forrageiro e granífero, respectivamente.
Com relação ao fracionamento de carboidrato e proteína em silagens de sorgo,
Viana et al. (2012), ao pesquisarem silagem de sorgo forrageiro, observaram teores
de 25,4; 44,8 e 29,8% dos carboidratos totais (CT), para as frações de carboidratos
A+B1, B2 e C, respectivamente, e de 13,7; 59,5; 5,1 e 18,3% do N total, para as
frações proteicas A, B1+B2, B3 e C, respectivamente. Cabral et al. (2003), avaliando
a qualidade da silagem de sorgo com diferentes proporções de panícula,
observaram que a fração de carboidrato A+B1 aumentou com o incremento da
proporção de panícula na massa, enquanto a fração B2 diminuiu e a fração C não
alterou. Com relação à fração proteica, a frações A e B3 aumentaram, enquanto a
fração B1+B2 e C diminuíram com o incremento da proporção de panícula na massa
ensilada. Assim, observa-se que a maior participação de grãos promove maior
proporção de CNF e de NNP na silagem. Durante a ensilagem, parte da PB é
convertida em NNP, em decorrência da proteólise (Pires et al., 2009).
A digestibilidade da forragem normalmente está relacionada com o teor de fibra
do material. Conforme Paciullo et al. (2001), altos teores de FDN, lignina e o baixo
conteúdo de compostos solúveis, ou seja, o incremento dos componentes estruturais
da planta, junto com a redução do teor de PB, compromete a atividade microbiana,
causando a diminuição na digestibilidade da forragem.
Em geral, silagem de sorgo granífero apresenta maior digestibilidade in vitro da
MS (DIVMS) em comparação à silagem de sorgo forrageiro, devido à contribuição
dos grãos (Pesce et al., 2000). White et al. (1991), avaliando a DIVMS de silagens
de sorgo com diferentes proporções de grãos, observaram que a DIVMS da silagem
aumenta com o incremento da proporção de grãos na massa ensilada. Di Marco et
al. (2009), avaliando a DIVMS de silagens de sorgo de diferentes aptidões,
20
verificaram valores médios de 59,4 e 65,2% para a silagem de sorgo granífero e
sacarino, respectivamente.
A presença de tanino nos grãos de sorgo pode influenciar na digestibilidade da
silagem. Segundo Bullard e York (1996), a presença de taninos nos grãos de sorgo
está relacionada com a região da semente conhecida como pericarpo e os genótipos
podem ser classificados em três tipos: tipo I, híbridos que não apresentam tanino;
tipo II, híbridos que apresentam tanino em baixas concentrações; e o tipo III, que
após o amadurecimento dos grãos apresentam elevadas concentrações de taninos.
Estes, por sua vez, apresentam capacidade antimicrobiana, promovendo efeitos
negativos na digestão e absorção dos nutrientes dentro do rúmen (Scalbert, 1991).
Assim, diferentes respostas na avaliação da digestibilidade de silagens de sorgo
podem estar relacionadas com a presença ou ausência de taninos dos genótipos
utilizados.
O sorgo sacarino pode ser uma boa alternativa para a produção de silagem,
em decorrência da sua alta produtividade, que pode atingir de 15 a 20 t MS ha-1
(KAISER, 2004; Lourenço et al., 2007), com maior potencial em comparação ao
sorgo granífero, com de 9 t MS ha-1 (Von Pinho et al., 2010), e potencial semelhante
ao sorgo forrageiro (Santos et al., 2013; Von Pinho et al., 2007), porém com maior
teor de CHOS (Kaiser et al., 2004), o que pode permitir a produção de silagem de
maior qualidade. Porém, faltam informações acerca das características fermentativas
e nutricionais da silagem de sorgo sacarino.
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2 CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS NA ENSILAGEM DE SORGO DE
DIFERENTES APTIDÕES
RESUMO - Dentre as plantas recomendadas para a produção de silagem, o sorgo se destaca por apresentar teores ideais de carboidratos solúveis e de matéria seca no momento da ensilagem. Há no mercado, novas cultivares de sorgo granífero e sacarino que podem ser usadas para produção de silagem, mas existem poucas informações sobre as suas características fermentativas. Objetivou-se avaliar as características de fermentação na ensilagem de cultivares de sorgo de diferentes aptidões, em duas épocas de cultivo. O experimento de campo foi desenvolvido no Setor de Produção Vegetal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, campus Colorado do Oeste, e as análises das características fermentativas e bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com os tratamentos dispostos em esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. Os tratamentos da parcela corresponderam a seis híbridos de sorgo de diferentes aptidões (BRS 308 e BRS 310, graníferos; BR 655 e BRS 610, forrageiros; BR 506 e CMSXS 647, sacarinos). Os tratamentos da subparcela corresponderam a duas épocas de cultivo (primeira safra e segunda safra). A cultivar de sorgo granífero BRS 310 foi a única que apresentou teor de matéria seca adequado para a ensilagem, porém foi a única que não apresentou teor de carboidratos solúveis ideais para ensilagem. Apesar disso, todos os tratamentos apresentaram valores de pH e de nitrogênio amoniacal dentro dos limites recomendados, o que indica boa fermentação dentro do silo. Nas silagens das cultivares de sorgo sacarino, observou-se maior teor de etanol e de ácido butírico na primeira safra em comparação com a segunda safra. Todas as cultivares de sorgo avaliadas podem ser utilizadas para a produção de silagem, porém o uso de sorgo sacarino é mais recomendado na segunda safra.
Palavras-chave: coeficiente de fermentação, fermentação alcoólica, sorgo granífero, sorgo sacarino.
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FERMENTATION CHARACTERISTICS AT THE ENSILING OF DIFFERENT
PURPOSE SORGHUM
ABSTRACT - Among plants recommended for silage production, sorghum stands out for presenting optimal levels of soluble carbohydrate and dry matter at ensiling. There are in the market, new varieties of grain and sweet sorghum that can be used for silage production, but there is little information about their fermentation characteristics. Goal was to evaluate the fermentation characteristics at the ensiling of different purpose sorghum cultivars, at two cropping seasons. Trial was conducted at the Plant Production Department of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rondônia, Colorado do Oeste campus, and chemical analyses were performed at the Laboratory of Animal Nutrition, at Federal University of Mato Grosso, Cuiabá campus. Experimental design was a randomized block, in spli-plot design, with four replications. Plot treatments consisted of six sorghum cultivars of different purpose (BRS 308 and BRS 310, grain sorghum; BR 655 and BRS 610, silage sorghum; BRS 506 and CMSXS 647, sweet sorghum). Split-plot treatments consisted of two cropping seasons (first crop and second crop). Grain sorghum cultivar BRS 310 was the only one that presentes dry matter content suitable for ensiling, however it was also the only one that didn´t show ideal water soluble carbohydrates content for ensiling. Nevertheless, all treatments presented pH and ammonia nitrogen content within the recommended limits, which indicates good fermentation inside the silo. For sweet sorghum cultivars, higher ethanol and butyric acid content was observed at first crop compared to the second crop. All evaluated sorghum cultivars can be used for silage production, but the use of sweet sorghum is recommended at second crop. Keywords: alcoholic fermentation, fermentation coefficient, grain sorghum, sweet
sorghum.
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INTRODUÇÃO
A cultura do sorgo é uma alternativa interessante para a produção de silagem,
uma vez que teor de matéria seca (MS) e carboidratos solúveis (CHOS) ideais para
ensilagem, com a vantagem de possuir maior tolerância ao déficit hídrico e maior
amplitude de semeadura, em comparação ao milho (Machado et al., 2012). As
cultivares de sorgo são classificadas em quatro grupos: granífero; forrageiro e/ou
sacarino; pastejo/corte; vassoura, de acordo com suas proporções de colmo,
panícula e folhas (Ribas, 2003).
O sorgo granífero apresenta o potencial para a produção de silagem de alta
qualidade, com 40-50% de grãos na massa ensilada (Kaiser et al., 2004), o que
promove maior valor nutritivo em comparação ao sorgo forrageiro (Colombini et al.,
2012; Resende et al., 2003; White et al., 1991). Com relação ao sorgo forrageiro,
este é de porte alto, visando à alta produtividade de MS, em geral, com proporção
de colmo maior que 50% (Neumann et al., 2002), assim com elevado teor da fração
fibrosa. O sorgo sacarino é caracterizado pelo alto teor de carboidratos não-
estruturais que permanecem no colmo e nas folhas na forma de açúcares solúveis
(Kaiser et al., 2004).
O sorgo sacarino pode ser uma boa alternativa para a produção de silagem,
em razão da sua alta produtividade, que pode atingir cerca de 15 a 20 t de MS ha-1
(Lourenço et al., 2007), com maior potencial em comparação ao sorgo granífero,
com cerca de 9 t MS ha-1 (Von Pinho et al., 2010), e potencial semelhante ao sorgo
forrageiro (Santos et al., 2013; Von Pinho et al., 2007), porém com maior teor de
CHOS (Zhang et al., 2016). No entanto, a ensilagem de sorgo sacarino pode
promover a produção de etanol no interior do silo, uma vez que o elevado teor de
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CHOS proporciona um ambiente ideal à atividade de leveduras, que em ambiente
anaeróbico convertem CHOS em etanol (Cavali et al., 2010).
Conforme Weissbach (1996), para que haja a fermentação adequada no
interior do silo, é necessária uma relação ideal entre o teor de MS, o teor de CHOS e
a capacidade tampão (CT), o que pode ser obtido pelo coeficiente de fermentação
(CF). E para verificar a fermentação no silo, as principais variáveis mensuradas são
o pH e o teor de nitrogênio amoniacal.
Assim, cultivares de sorgo de diferentes aptidões, com diferentes proporções
de panícula, podem apresentar diferentes teores de MS (Cabral et al., 2003) e de
CHOS (Silva et al., 1999), o que pode influenciar na fermentação no interior do silo.
Além disso, a época de cultivo pode influenciar na produção grãos e na proporção
de panícula da forragem produzida para ensilagem.
Heinemman et al. (2009), comparando a produção de milho em primeira e
segunda safra em Goiás, observaram maiores problemas com enchimento e
produtividade de grãos na segunda safra, com relação à a primeira. No que se refere
à cultura do sorgo, mais tolerante ao déficit hídrico, há poucas informações sobre o
efeito da época de cultivo nas características morfológicas da planta, e sua
influência na fermentação durante a ensilagem.
Há no mercado, novas cultivares de sorgo granífero e sacarino que podem ser
utilizados para a produção de silagem, porém, faltam informações acerca do perfil
fermentativo. Objetivou-se neste trabalho avaliar as características fermentativas na
ensilagem de sorgo de diferentes aptidões, em duas épocas de cultivo.
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MATERIAL E MÉTODOS
Condições experimentais
O experimento de campo foi desenvolvido no Setor de Produção Vegetal do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, campus Colorado
do Oeste, e as análises das características fermentativas e bromatológicas foram
realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de Mato
Grosso, campus Cuiabá. O clima na área experimental é do tipo Awa, segundo
classificação de Koppen, com temperatura média de 27°C e pluviosidade média de
1497 mm anuais. O solo é um Argissolo Vermelho Eutrófico típico (Embrapa, 2006).
Estabelecimento do experimento e tratamentos
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com os
tratamentos dispostos em esquema de parcela subdividida, com quatro repetições.
Os tratamentos da parcela corresponderam a seis híbridos de sorgo de diferentes
aptidões (BRS 308 e BRS 310, graníferos; BRS 655 e BRS 610, forrageiros; BRS
506 e CMSXS 647, sacarinos). Os tratamentos da subparcela corresponderam a
duas épocas de cultivo (primeira safra e segunda safra).
Na primeira safra, a semeadura foi realizada no dia 3 de novembro de 2011,
enquanto na segunda safra, no dia 22 de março de 2012. O espaçamento
entrelinhas foi de 0,60 m, com densidades de 180 mil plantas ha-1 para as cultivares
de sorgo granífero e 120 mil plantas ha-1 para as cultivares de sorgo forrageiro e
sacarino.
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A parcela foi constituída de quatro linhas de plantio com 5,0 m de comprimento,
sendo a área útil as duas fileiras centrais, desconsiderando-se 0,5 m nas
extremidades. Na semeadura, foi realizada adubação de acordo com a análise de
solo, nas doses de 20 kg ha-1 de N; 40 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O na
primeira e na segunda safra, utilizando ureia, superfosfato simples e cloreto de
potássio, respectivamente.
Aos cinco dias após a semeadura, a emergência das plântulas apresentou-se
uniforme, e aos 25 dias após a emergência (DAE), foi realizada a adubação
nitrogenada em cobertura na dose de 60 kg ha-1 de N, utilizando ureia. Foi
necessária a aplicação de inseticida a base de Clorpirifós para controle da lagarta-
do-cartucho (Spodoptera frugiperda), na dose de 480 mL ha-1 do princípio ativo. O
controle de plantas daninhas foi realizado por meio de capina manual.
A colheita foi realizada quando as plantas apresentaram grãos no estádio
farináceo, aos 95 DAE para as cultivares de sorgo granífero e 105 DAE para as
cultivares de sorgo forrageiro e sacarino. Para ensilagem, a forragem foi triturada em
picador estacionário em partículas de até 2,0 cm.
As unidades experimentais consistiram em silos experimentais (potes de vidro),
com volume de 2,5 L, dotados de tampas-rosca equipadas com válvula tipo “sifão”,
para permitir a saída de gases e evitar a entrada de ar no interior do silo.
Os silos experimentais foram preenchidos com forragem suficiente para
obtenção de densidade de 550 kg m-3 de massa verde, com aproximadamente 1,375
kg de forragem por silo. A compactação da forragem foi realizada manualmente.
Após enchimento, os silos foram fechados, aplicando-se nas bordas das tampas
uma camada de silicone para completa vedação. As válvulas “sifão” foram
completadas com água, com objetivo de impossibilitar a entrada de gases. Os silos
permaneceram fechados por 30 dias.
Análises laboratoriais
Para avaliação da forragem antes da ensilagem, foram coletadas dez plantas
por parcela no interior da área útil, que foram trituradas em picador estacionário em
partículas de até 2,0 cm. Em seguida, a massa foi homogeneizada e uma amostra
foi retirada para pré-secagem em liofilizador a -70ºC, por 48h. Posteriormente, as
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amostras foram moídas em moinho estacionário do tipo Willey, em peneiras com
malha de 20 mesh.
Para avaliação da silagem, no momento da abertura dos silos, a coleta de
amostras foi realizada no centro geométrico do silo experimental, desprezando-se as
porções superiores e inferiores. A massa foi homogeneizada, com posterior retirada
de duas amostras: uma para obtenção de extrato aquoso, conforme Kung Júnior
(1996), que foi armazenado em congelador a -12ºC, e outra para pré-secagem em
liofilizador a -70ºC, por 48h. Em seguida foram moídas em um moinho estacionário
do tipo Willey, com peneira com malha de 20 mesh.
Características fermentativas
Com as amostras de forragem pré-secas, foi realizada a análise do teor de MS
definitiva, em estufa de 105ºC, por 24 horas, conforme AOAC (1990); teor de CHOS,
conforme metodologia descrita por Deriaz (1961) e CT Weissbach et al. (1974). O
CF foi determinado de acordo com Weissbach (1996), pela fórmula:
CF = MS + 8 x (CHOS /CT)
Onde: CF: coeficiente de fermentação; MS: teor de matéria seca (%); CHOS:
conteúdo de carboidratos solúveis (%); CT: capacidade tampão (g ácido lático 100 g
de MS-1).
Com extrato aquoso, foi realizada a análise de nitrogênio amoniacal (N-NH3),
conforme metodologia descrita por Mizubuti et al. (2009), e mensuração de pH por
meio de peagâmetro digital. Com as amostras de silagem pré-secas, foi realizada a
análise do teor de MS definitiva e de CHOS.
Para a determinação dos ácidos orgânicos e do etanol, uma alíquota de 10 mL
do extrato aquoso foi colocada em tubo falcon e centrifugado por 5 minutos, a 3000
rpm. Posteriormente, uma alíquota de 1,5 mL do sobrenadante foi coletada e
colocada em eppendorf de 2 mL, com posterior centrifugação por 20 minutos, a
12000 rpm, a 4ºC. Após centrifugação, o sobrenadante foi retirado e guardado em
eppendorf e acondicionados em refrigerador a -12ºC.
Em seguida, as análises de etanol e dos ácidos orgânicos foram realizadas por
meio de cromatografia gasosa em equipamento Agilent, utilizando coluna VF-
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WAXms (30 m x 250 mm x 0,25 µm). O fluxo do gás foi de 0,8 mL min-1 para o He e
a razão de divisão da amostra foi de 1:10. A temperatura da coluna foi programada
para 200°C, com elevação de 35 a 80°C à razão de 5°C min-1, e de 80 para 200°C à
razão de 40°C min-1, mantendo-se na temperatura final por 5 minutos. A temperatura
do injetor foi de 250°C. Já a quantificação dos ácidos orgânicos foi realizada por
normalização das áreas dos picos, e identificação destes por comparação dos
tempos de eluição das amostras com o padrão confeccionado e previamente
analisado. Os teores de etanol e dos ácidos orgânicos foram obtidos em mmol 100
mL-1, convertidos para % na MS, de acordo com a massa de forragem no extrato
aquoso e teor de MS das amostras.
Análises da composição bromatológica
Com as amostras pré-secas de forragem, foram realizadas análise dos teores
de proteína bruta (PB) e cinzas, de acordo com AOAC (1990) (Tabela 1).
Tabela 1. Composição bromatológica (g 100g-1 de MS) da forragem de sorgo de diferentes aptidões para ensilagem.
Cultivares 1ª Safra
2ª Safra
CZ MO PB
CZ MO PB
Granífero
BRS 308 10,73 89,27 9,86
9,81 90,19 10,5
BRS 310 10,94 89,06 11,32
9,53 90,47 11,71
Forrageiro
BRS 655 9,58 90,42 10,22
8,43 91,57 10,6
BRS 610 9,16 90,84 9,51
8,78 91,22 10,13
Sacarino
BRS 506 7,7 92,30 6,64
8,18 91,82 8,62
CMSXS 647 8,05 91,95 6,11
7,71 92,29 7,76
CZ: Cinzas; MO: Matéria orgânica; PB: Proteína bruta.
Análise estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste de DMS, adotando o nível de probabilidade de 5%, por meio de aplicativo
estatístico Sisvar, versão 5.3.
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RESULTADOS
Nas forragens, verificou-se o efeito de cultivar (p<0,05) para a variável teor de
MS, enquanto para as variáveis teor de CHOS, CT e CF, observou-se o efeito de
interação cultivar x época de cultivo (Tabela 2).
As cultivares de sorgo granífero e a cultivar de sorgo forrageiro BRS 655
apresentaram os maiores teores de MS na forragem, independente da época de
cultivo, enquanto na cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 e na cultivar de sorgo
sacarino CMSXS 647 observou-se os menores teores de MS (Tabela 2).
Na primeira safra, a forragem da cultivar de sorgo sacarino BRS 506 obteve os
maiores teores de CHOS, seguido da outra cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647,
enquanto os menores teores foram observados na cultivar de sorgo granífero BRS
310. Na segunda safra, as cultivares de sorgo sacarino apresentaram os maiores
teores de CHOS, enquanto as cultivares de sorgo granífero, os menores teores.
Diferença entre épocas de cultivo foram observados somente nas forragens de
sorgo sacarino, em que os maiores valores foram obtidos na primeira safra (Tabela
2).
As cultivares de sorgo forrageiro apresentaram os maiores valores de CT na
primeira safra, enquanto as cultivares de sorgo sacarino obtiveram os maiores
valores, na segunda safra (Tabela 2). Com relação à época de cultivo, nas cultivares
de sorgo granífero e sacarino, foram observados maiores valores de CT na segunda
safra em comparação com a primeira safra.
Os maiores CF foram observados nas cultivares de sorgo sacarino nas duas
épocas de cultivo. Comparando as épocas de cultivo, nas cultivares de sorgo
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sacarino, constatou-se maiores valores de CF na primeira safra em comparação com
a segunda safra (Tabela 2).
Tabela 2. Composição química da forragem de sorgo de diferentes aptidões para ensilagem.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
Matéria seca (g 100g-1)
1ª safra 25,70 30,27 29,04 22,89 23,66 21,05 25,44
2ª safra 30,20 31,40 28,21 25,61 25,41 21,99 27,14
Média 27,95 a 30,84 a 28,63 a 24,25 bc 24,54 b 21,52 c
CV (%)
10,72
Carboidratos solúveis (g 100g-1)
1ª safra 17,27 cA 11,02 dA 17,73 cA 18,44 cA 41,90 aA 38,10 bA 24,08
2ª safra 15,22 cA 12,75 cA 21,16 bA 19,95 bA 34,54 aB 31,36 aB 22,50
Média 16,25 11,88 19,44 19,19 38,22 34,73
CV (%)
9,93
Capacidade tampão (g ácido lático 100g-1 de MS)
1ª safra 4,25 cB 4,92 bB 5,32 abA 5,56 aA 4,34 cB 4,13 cB 4,75
2ª safra 6,33 abA 6,76 aA 5,15 cA 5,34 cA 5,95 bA 6,02 bA 5,92
Média 5,29 5,83 5,24 5,42 5,14 5,08
CV (%)
6,20
Coeficiente de fermentação
1ª safra 58,26 bA 48,19 bA 55,78 bA 49,43 bA 102,85 aA 95,52 aA 68,34
2ª safra 49,48 cA 46,54 cA 61,42 bA 55,54 bA 72,48 aB 63,95 abB 58,24
Média 53,87 47,36 58,60 52,49 87,67 79,74
CV (%)
10,88
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05). Coeficiente de fermentação = MS + 8 x (CHOS/CT).
Para as variáveis teor de MS da silagem (p<0,01), teor de nitrogênio amoniacal
(NH3; p<0,05) e diferença no teor de CHOS da forragem e da silagem (D-CHOS;
p<0,01), verificou-se efeito de interação cultivar x época de cultivo, enquanto para a
variável pH, observou-se efeito de cultivar (p<0,05) e de época de cultivo (p<0,05).
Na primeira safra, os maiores teores de MS foram observados nas cultivares de
sorgo granífero, enquanto o menor teor, na cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647.
Na segunda safra, as cultivares de sorgo granífero e a cultivar de sorgo forrageiro
BRS 655 apresentaram os maiores teores de MS, enquanto a cultivar de sorgo
sacarino CMSXS 647, os menores teores. Ao comparar as épocas de cultivo, na
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cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 e nas cultivares de sorgo sacarino, observou-se
menores teores de MS na primeira safra em comparação com a segunda safra
(Tabela 3).
Tabela 3. Características fermentativas da silagem de sorgo de diferentes aptidões.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
Matéria seca (g 100g
-1 de MS)
1ª safra 26,91 abA 34,61 aA 24,72 bB 22,01 bcA 20,02 cB 16,46 dB 24,12
2ª safra 29,92 aA 31,99 aA 29,28 aA 24,58 bcA 25,09 bA 22,00 cA 27,14
Média 21,42 33,30 27,00 23,30 22,55 19,23
CV (%)
8,03
N-amoniacal (g N-NH3 100g
-1 de N total)
1ª safra 11,57 aA 7,81 bA 6,95 bA 6,36 bA 6,82 bA 6,73 bA 7,71 A
2ª safra 6,07 abB 8,87 aA 4,95 bA 8,45 aA 4,54 bA 5,48 bA 6,39 B
Média 8,82 8,34 5,95 7,41 5,68 6,11
CV (%)
9,06
pH
1ª safra 3,97 4,07 3,91 3,92 3,92 3,80 3,93 A
2ª safra 3,85 3,92 3,81 3,73 3,78 3,62 3,78 B
Média 3,91 b 4,00 a 3,86 b 3,82 b 3,85 b 3,71 c
CV (%)
2,02
D-CHOS (g 100g
-1 de MS)
1ª safra 10,96 bcA 5,33 dA 9,56 cA 13,77 bA 31,50 aA 30,91 aA 17,01
2ª safra 10,68 cdA 7,51 dA 13,77 bcA 15,40 bA 21,73 aB 20,35 aB 14,91
Média 10,82 6,42 11,67 14,59 26,62 25,63
CV (%)
15,86
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05). D-CHOS: diferença no teor de carboidratos solúveis da forragem e da silagem.
Com relação ao teor de NH3, maiores teores foram observados na cultivar de
sorgo granífero BRS 308 na primeira safra, enquanto na segunda safra, os maiores
teores foram obtidos pelas cultivares de sorgo granífero e pela cultivar de sorgo
forrageiro BRS 610 (Tabela 3). Comparando as épocas de cultivo, para a cultivar de
sorgo granífero BRS 308, o maior teor de NH3 foi observado na primeira safra, em
relação à segunda.
A cultivar de sorgo granífero BRS 310 apresentou o maior valor de pH,
enquanto o menor valor foi obtido pela cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647
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(Tabela 3). Além disso, maior pH foi observado na primeira safra, em comparação à
segunda, com valores médios de 3,93 e 3,78, respectivamente.
Em ambas as safras, as maiores diferenças no teor de CHOS entre a forragem
e a silagem foram observadas nas cultivares de sorgo sacarino, enquanto a menor
diferença foi obtida pela cultivar de sorgo granífero BRS 310 na primeira safra, e por
ambas as cultivares de sorgo granífero na segunda safra (Tabela 3). Comparando
as épocas de cultivo, nas cultivares de sorgo sacarino verificou-se maiores
diferenças nos teores de CHOS da forragem e da silagem na primeira safra em
comparação com a segunda safra.
Para a variável teor de ácido acético, observou-se efeito de cultivar (p<0,05),
enquanto para as variáveis teor de ácido propiônico (p<0,05), teor de ácido butírico
(p<0,05) e etanol (p<0,01), observou-se efeito de interação cultivar x época de
cultivo.
A cultivar de sorgo forrageiro BRS 610 e as cultivares de sorgo sacarino
apresentaram maiores teores de ácido acético em comparação a cultivar de sorgo
granífero BRS 308 (Tabela 4).
Na primeira safra, a cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647 obteve os maiores
teores de ácido propiônico, enquanto as cultivares de sorgo granífero apresentaram
os menores teores. Na segunda safra, observou-se maior teor de ácido propiônico
na cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647, em comparação às cultivares de sorgo
granífero e a cultivar de sorgo forrageiro BRS 655. Com relação às épocas de
cultivo, nas cultivares de sorgo sacarino observou-se maior teor de ácido propiônico
na primeira safra em comparação a segunda safra (Tabela 4).
As cultivares de sorgo sacarino apresentaram maiores teores de ácido butírico
em comparação às demais cultivares na primeira safra, enquanto na segunda, não
foi observado diferenças entre as cultivares (Tabela 4). Comparando as épocas de
cultivo, na cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647 foi observado maior teor de ácido
butírico na primeira safra, em comparação à segunda safra.
Foram observados maiores teores de etanol nas cultivares de sorgo sacarino
na primeira safra, enquanto não houve diferença entre cultivares na segunda safra.
Com relação às épocas de cultivo, nas cultivares de sorgo sacarino foram
observados maiores teores de etanol na primeira safra em comparação à segunda.
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Tabela 4. Teor de ácidos orgânicos e etanol em silagens de sorgo de diferentes aptidões.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
Ácido acético (g 100g-1 de MS)
1ª safra 0,65 0,60 0,86 0,92 1,26 1,47 0,96
2ª safra 0,78 1,02 1,05 1,45 0,97 1,11 1,06
Média 0,72 c 0,81 bc 0,96 abc 1,18 a 1,11 ab 1,29 a
CV (%)
34,05
Ácido propiônico (g 100g-1 de MS)
1ª safra 0,19 deA 0,15 eA 0,22 cdA 0,26 bcA 0,32 bA 0,41 aA 0,26
2ª safra 0,20 bA 0,18 bA 0,21 bA 0,24 abA 0,24 abB 0,30 aB 0,23
Média 0,19 0,16 0,22 0,25 0,28 0,36
CV (%)
18,18
Ácido butírico (g 100g-1 de MS)
1ª safra 0,10 bA 0,10 bA 0,12 bA 0,09 bA 0,21 aA 0,27 aA 0,15
2ª safra 0,15 aA 0,15 aA 0,13 aA 0,16 aA 0,19 aA 0,18 aB 0,16
Média 0,12 0,13 0,12 0,13 0,20 0,23
CV (%)
31,91
Etanol (g 100g-1 de MS)
1ª safra 0,64 bA 0,19 bA 0,55 bA 0,49 aA 6,22 aA 5,59 aA 2,28
2ª safra 0,14 aA 0,12 aA 0,14 aA 0,11 aA 0,12 aB 0,10 aB 0,12
Média 0,39 0,15 0,34 0,30 3,17 2,85
CV (%)
99,17
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05).
40
DISCUSSÃO
Os maiores teores de MS observados na forragem das cultivares de sorgo
granífero e da cultivar de sorgo forrageiro BRS 655, deve-se ao fato de estas
cultivares, provavelmente, apresentarem maiores proporções de panícula em
comparação às demais cultivares. Cabral et al. (2003), avaliando o valor nutritivo de
silagens de sorgo com diferentes proporções de panícula na massa, observaram
aumento linear no teor de MS com o aumento da proporção de panícula.
O teor de MS da forragem ideal, para que não ocorra fermentações
indesejáveis na ensilagem, é de 30-35% (McDonald et al., 1991; Muck e Pitt, 1993),
sendo valores próximos aos observados para as cultivares de sorgo granífero e a
cultivar de sorgo forrageiro BRS 655. Abdelhadi e Tricarico (2009), ao avaliar a
ensilagem de sorgo granífero, observaram valores médios de 29,5% no teor de MS,
enquanto Cattani et al. (2016), avaliando diferentes híbridos de sorgo, obtiveram
teores de MS médios de 32,4; 24,5 e 24,7% para híbridos de sorgo granífero,
forrageiro e sacarino, respectivamente.
Os maiores teores de CHOS observados na forragem das cultivares de sorgo
sacarino devem-se ao fato destas cultivares serem caracterizadas pelo alto teor de
carboidratos não-estruturais que permanecem no colmo e nas folhas na forma de
açúcares solúveis (Kaiser et al., 2004). Além disso, os menores teores de CHOS na
forragem das cultivares de sorgo granífero deve-se a possíveis diferenças nas
proporções de panícula presentes na massa. Silva et al. (1999), avaliando as
características fermentativas da silagem de sorgo com diferentes proporções de
panícula na massa, verificaram que com o aumento da proporção de panícula há
uma diminuição no teor de CHOS na forragem, devido ao acúmulo desses açúcares
ocorrerem, principalmente, no colmo. Conforme Lourenço et al. (2007), o sorgo
41
sacarino pode ter teores de açúcares na matéria seca de 30 a 40%, valores
semelhantes aos observados neste trabalho.
De acordo com Johnson et al. (1971), o teor mínimo de CHOS necessário na
forragem para uma boa fermentação é de 15% da MS, o que não foi observado no
sorgo granífero BRS 310 em ambas as safras. Thomas et al. (2013), avaliando as
características fermentativas de sorgo forrageiro para ensilagem, observaram teores
de CHOS entre 13 e 17%, enquanto Abdelhadi e Tricarico (2009), avaliando o uso
de sorgo granífero para produção de silagem, observaram valores médios de 10%
de teor de CHOS na forragem antes da ensilagem.
A CT da forragem pode ser influenciada pela concentração de N e pela
presença de cátions, que neutralizam os ácidos orgânicos produzidos pela
fermentação (Jobim et al., 2007). Altos níveis de minerais podem elevar a
capacidade tampão da forragem e interferir no processo de ensilagem (Miron et al.,
2007). Assim, os menores valores de CT observados nas cultivares de sorgo
sacarino, na primeira safra, podem ser devido ao menor teor de cinzas e PB
presentes nestas forrageiras, enquanto os maiores valores de CT obtidos pelas
cultivares de sorgo granífero na segunda safra, podem ser devido aos maiores
teores de proteína e cinzas observados nestas cultivares.
Apesar de algumas cultivares não apresentaram teores mínimos ideais MS e
CHOS, todas as cultivares apresentaram pH inferior a 4,2 e nitrogênio amoniacal (N-
NH3) inferior a 12% do N total, o que indica que ocorreu boa fermentação dentro do
silo (McDonald et al., 1991). Conforme Weissbach et al. (1996), forragem com
coeficiente de fermentação (CF) superior a 45, como observado em todas as
cultivares, provavelmente, apresentam fermentação adequada. Assim, o baixo teor
de CHOS observado na cultivar de granífero BRS 310 foi compensado pelo elevado
teor de MS, enquanto os baixos teores de MS observados nas cultivares de sorgo
sacarino, foram compensados pelos elevados teores de CHOS.
O maior teor de N-NH3, observado na cultivar de sorgo granífero BRS 308, na
primeira safra, pode ser devido ao baixo valor médio de teor de MS que a silagem
desta cultivar (26,91%), enquanto na segunda safra, a silagem desta cultivar teve
valor médio de 29,92%, com valor próximo aos 30% considerado ideal por McDonald
et al. (1991) para inibir a atividade de bactérias do gênero Clostridium, que estão
relacionadas com proteólise dentro do silo, aumentando o teor de N-NH3 no extrato
aquoso da silagem.
42
O menor pH na silagem de sorgo sacarino CMSXS 647 deve-se,
possivelmente, a esta cultivar apresentar menor teor de MS e elevado teor de
CHOS. Assim como o maior pH observado na cultivar de sorgo granífero BRS 310,
pode ser devido ao seu maior teor de MS e menor teor de CHOS. O teor de MS da
forragem afeta diretamente a atividade bacteriana. A atividade de todas as bactérias
na ensilagem diminui com o aumento no teor de MS (Kaiser, 2004), o que decresce
a produção dos ácidos orgânicos, dentre ele o ácido lático, que consequentemente,
diminui a taxa de decréscimo do pH. Além disso, elevados teores de CHOS
proporcionam intensa fermentação dentro do silo (Pinho et al., 2015). Zhang et al.
(2015), avaliando a qualidade de silagem de sorgo sacarino, observaram valores
médios de pH de 4,16 e N-NH3 de 7,66% do N-total.
Nas silagens das cultivares de sorgo sacarino, os menores teores de MS
observados na primeira safra em comparação à segunda safra, pode ter sido devido
à maior produção de etanol nesta época de cultivo nestas cultivares. O metabolismo
de CHOS, durante a fermentação de açúcar e síntese de etanol por leveduras, pode
causar a diminuição no teor de MS da silagem (Avila et al., 2009). Pedroso et al.
(2008), avaliando a ensilagem de cana-de-açúcar, observaram redução no teor de
MS nas silagens produzidas com teores de etanol de 4,05% da MS.
Os valores de ácido acético, observados nas silagens produzidas, foram
menores que os limites estabelecidos por Roth e Undersander, (1995), de 2,0% da
MS. O teor de ácido acético está relacionado com as menores taxas de decréscimo
e maiores valores finais de pH nas silagens, correspondendo, principalmente, à ação
prolongada de bactérias láticas heterofermentativas e enterobactérias (Muck e
Bolsen, 1991).
Apesar disso, a diferença obtida no teor deste ácido deve-se, possivelmente, a
variação nos teores de MS, sendo que as cultivares de sorgo com menor teor de MS
foram as que apresentaram maiores teores de ácido acético, provavelmente em
decorrência da fermentação mais intensa no silo. Cattani et al. (2016), avaliando as
silagens de diferentes tipos de sorgo, verificaram maior teor de ácido acético no
sorgo sacarino em comparação ao sorgo granífero, com valores médios de 2,04 e
1,75% da MS, respectivamente, com padrão de resposta semelhante ao observado
neste trabalho.
Para a variável teor de ácido propiônico, o mesmo padrão de resposta do teor
de ácido acético foi obtido, sendo que cultivares de sorgo com menor teor de MS
43
obtiveram maiores teores de ácido propiônico, possivelmente devido a fermentação
mais intensa. Também, o fato de nas cultivares de sorgo sacarino, o maior teor de
ácido propiônico ter sido observado na primeira safra, pode ser devido ao menor teor
de MS da forragem que estas cultivares obtiveram na primeira safra, em
comparação a segunda safra.
Apesar das diferenças de teores de ácido, nenhuma cultivar de sorgo
apresentou teor de ácido propiônico maior que o máximo recomendado de 0,5% da
MS (Roth e Undersander, 1995). Conforme Pinho et al. (2015), teores mais baixos
para estes ácidos estão associados à rápida acidificação do meio, em razão da sua
susceptibilidade a baixos valores de pH. Colombini et al. (2012), ao avaliar diferentes
tipos de sorgo, observaram teores médios de ácido propiônico de 0,31 e 1,14% da
MS para sorgo granífero e forrageiro, respectivamente, com padrão de resposta
semelhante ao observado neste trabalho.
Os elevados teores de ácido butírico nas silagens das cultivares de sorgo
sacarino na primeira safra, possivelmente devem-se ao menor teor de MS
observado nas forragens destas cultivares. O teor de ácido butírico reflete a
extensão da atividade de bactérias do gênero Clostridium sobre a forragem ensilada
e é um dos principais indicadores negativos da qualidade do processo fermentativo,
sendo o valor máximo recomendado de 0,2% da MS (McDonald et al., 1991), valores
que foram superados pelas cultivares de sorgo sacarino na primeira safra. Estas
bactérias são sensíveis à baixa atividade de água (Stefanie et al., 2000), assim sua
atuação é maior em condições de baixo teor de MS.
França et al. (2011), avaliando a fermentação na ensilagem de sorgo
forrageiro, obtiveram teores médios ácido butírico de 0,54% da MS. Machado et al.
(2012), estudando a qualidade da silagem de híbridos de sorgo forrageiro,
verificaram boa fermentação na massa ensilada, com valores médios de ácido
acético entre 0,53 e 1,45%, semelhantes aos observados neste trabalho, e de ácido
butírico entre 0,00 e 0,06%, mais baixos aos observados neste trabalho.
Os maiores teores de CHOS observados na forragem das cultivares de sorgo
sacarino, na primeira safra em comparação à segunda, pode justificar a maior
produção de etanol nestas cultivares na primeira safra. Além disso, as condições
climáticas de menor intensidade de chuvas na segunda safra podem ter diminuído a
população de leveduras presente no momento da ensilagem do sorgo, o que pode
44
auxiliar na diminuição da produção de etanol no interior do silo, em comparação à
primeira safra, nas cultivares de sorgo sacarino.
Altas concentrações de etanol na silagem estão relacionadas, principalmente,
com alto teor de CHOS e com a população de leveduras, que convertem açúcares
solúveis a etanol, diminuindo o teor de CHOS na forragem conservada (Alli et al.,
1983). Silva et al. (2008), ao investigar o teor de etanol em silagens de cana-de-
açúcar restituídas com água para diminuir o teor de CHOS, evidenciaram que
menores teores de CHOS proporcionaram menores teores de etanol na silagem
produzida. Na ensilagem de cana-de-açúcar in natura, com cerca de 41% de teor de
CHOS, estes autores observaram teor médio de etanol de cerca de 15% da MS.
O maior uso de carboidratos, devido à fermentação alcoólica, pode justificar a
maior diferença no teor de CHOS constatados nas cultivares de sorgo sacarino, na
primeira safra em comparação à segunda. Da mesma forma, os maiores teores de
ácido acético e propiônico nas silagens de sorgo sacarino e na cultivar de sorgo
forrageiro BRS 610, podem ter tido influência no maior consumo de CHOS no
interior do silo, em comparação às demais cultivares.
Na ensilagem de cana-de-açúcar, a intensa atividade de leveduras promove a
conversão de açúcares solúveis a etanol, dióxido de carbono e água, o que pode
causar a redução de até 70% no teor de CHOS, além de aumentar o conteúdo da
parede celular e as perdas de MS (Pedroso et al., 2005). Neste experimento, a
ensilagem de sorgo sacarino, na primeira safra, teve comportamento semelhante ao
da cana-de-açúcar, possivelmente devido ao elevado teor de CHOS presente na
forragem. Assim, o uso de sorgo sacarino para ensilagem, em primeira safra, pode
estar associado à fermentação alcoólica, com elevado consumo de CHOS e alta
produção de etanol, o que possibilita o aumento das perdas de MS no interior do
silo, elevando o teor de fibra e diminuindo a digestibilidade da silagem produzida,
além de diminuir o teor de MS.
45
CONCLUSÕES
Com base nas características fermentativas, todas as cultivares de sorgo
avaliadas podem ser utilizadas para a produção de silagem, porém o uso de sorgo
sacarino na primeira safra proporciona a produção de silagem com altos teores de
etanol e de ácido butírico, sendo o seu uso recomendado em segunda safra.
46
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50
3 VALOR NUTRITIVO DA SILAGEM DE SORGO DE DIFERENTES APTIDÕES
RESUMO - O sorgo é uma cultura que se destaca como alternativa ao milho devido à menor exigência em fertilidade do solo e maior tolerância ao déficit hídrico. A falta de informações quanto ao comportamento qualitativo dificulta a recomendação de cultivares de sorgo de diferentes aptidões. Assim, objetivou-se avaliar a composição bromatológica e a digestibilidade in vitro da silagem de cultivares de sorgo de diferentes aptidões, em duas épocas de cultivo. O experimento de campo foi desenvolvido no Setor de Produção Vegetal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia campus Colorado do Oeste, e as análises da composição bromatológica e as incubações in vitro foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com os tratamentos dispostos em esquema de parcela subdividida, com quatro repetições. Os tratamentos da parcela corresponderam a seis híbridos de sorgo de diferentes aptidões (BRS 308 e BRS 310, graníferos; BR 655 e BRS 610, forrageiros; BR 506 e CMSXS 647, sacarinos). Os tratamentos da subparcela corresponderam a duas épocas de cultivo (primeira safra e segunda safra). A cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 apresentou maior teor de carboidratos não fibrosos e menor teor de fibra potencialmente digestível. As cultivares de sorgo sacarino obtiveram os maiores teores de carboidratos solúveis, maiores proporções de nitrogênio não proteico com base na proteína, os menores teores de fibra insolúvel em detergente neutro indigestível na segunda safra, e as maiores digestibilidades in vitro da matéria seca. As silagens de sorgo sacarino e de sorgo forrageiro BRS 655 apresentam as melhores características bromatológicas e de parâmetros cinéticos.
Palavra-chave: fracionamento de proteína, incubação in vitro, Sorghum bicolor, sorgo granífero, sorgo sacarino.
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NUTRITIONAL VALUE OF DIFFERENT PURPOSE SORGHUM SILAGE
ABSTRACT - Sorghum is a crop that stands out as an alternative to corn due to lower demand in soil fertility and increased tolerance to drought. The lack of information about the qualitative behaviour hinders the recommendation of different purpose sorghum cultivars. Goal was to evaluate the chemical composition and in vitro digestibility of different purpose sorghum cultivars silages, at two cropping seasons. Trial was conducted at the Plant Production Department of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rondônia, Colorado do Oeste campus, and chemical analyses and in vitro incubation were performed at the Laboratory of Animal Nutrition, at Federal University of Mato Grosso, Cuiabá campus. Experimental design was a randomized block, in spli-plot design, with four replications. Plot treatments consisted of six sorghum cultivars of different purpose (BRS 308 and BRS 310, grain sorghum; BR 655 and BRS 610, silage sorghum; BRS 506 and CMSXS 647, sweet sorghum). Split-plot treatments consisted of two cropping seasons (first crop and second crop). Forage sorghum cultivar BRS 655 presented higher non-fiber carbohydrate content and lower potentially digestible fibre content. Sweet sorghum cultivars presented higher levels of water soluble carbohydrates and non-protein nitrogen based on protein, lower indigestible neutral detergent fibre content at second crop, and higher in vitro dry matter digestibility. Sweet sorghum cultivars and forage sorghum cultivar BRS 655 silages presented greater chemical characteristics and kinetic parameters features. Keywords: grain sorghum, in vitro incubation, protein fractions, Sorghum bicolor, sweet sorghum
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INTRODUÇÃO
O sorgo é uma cultura que pode ser comparada ao milho, em relação ao seu
valor agronômico e nutritivo. No entanto, em termos de exigências e produção, o
sorgo aparece como uma alternativa interessante, uma vez que é mais adaptado à
seca e a solo de baixa fertilidade (Borba et al., 2012), quando comparado ao milho.
As cultivares de sorgos são classificados em quatro grupos: granífero; forrageiro
e/ou sacarino; pastejo/corte; vassoura, de acordo com suas proporções de colmo,
panícula e folhas (Ribas, 2003).
Cultivares de sorgo granífero possuem porte baixo, menor que 1,70 m de
altura, desenvolvidos principalmente para a produção de grãos, enquanto as
cultivares de sorgo forrageiro possuem porte alto, acima de 2,70 m de altura, com
um elevado potencial de produção de massa verde. No Brasil, normalmente
recomenda-se cultivares de sorgo granífero para a produção de silagem de alta
qualidade, devido à maior proporção de grãos, enquanto cultivares de sorgo
forrageiro são recomendados quando se busca alta produtividade (Miranda e
Pereira, 2006).
Colombini et al. (2012), comparando a qualidade de silagem de milho, sorgo
granífero e sorgo forrageiro, observaram maior teor da fração fibrosa e menor teor
de proteína bruta (PB) na silagem de sorgo forrageiro, em comparação ao sorgo
granífero, possivelmente, em virtude da maior proporção de grãos na silagem do
último.
As cultivares de sorgo sacarino possuem elevado teor de carboidratos solúveis
(CHOS) que permanecem no colmo e nas folhas, resultando em uma forragem com
alto teor de energia (Kaiser et al., 2004). Estas cultivares funcionam como uma boa
alternativa para a produção de silagem, uma vez que apresentam boa produtividade,
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podendo atingir rendimentos de cerca de 15 a 20 t MS ha-1 (Lourenço et al., 2007),
semelhante ao sorgo forrageiro (Santos et al., 2013; Von Pinho et al., 2007), porém
com maior teor de CHOS (Zhang et al., 2015), o que pode permitir a produção de
silagem de maior qualidade. Porém, faltam informações acerca das características
bromatológicas e de digestibilidade das cultivares de sorgo sacarino.
O valor nutritivo de um alimento está associado à sua composição química e ao
nível de aproveitamento dos nutrientes. Para os ruminantes, a associação da
forrageira com os microrganismos do rúmen permite a utilização indireta de
carboidratos estruturais à atuação das enzimas dos animais (Magalhães et al.,
2006). O fracionamento de carboidrato e proteína possibilita a formulação de dietas
adequadas, viabilizando a maximização da eficiência de utilização da energia e do
N, tanto pelos microrganismos quanto pelo próprio animal (Pereira et al., 2005).
Além da composição química, a digestibilidade é um parâmetro fundamental na
avaliação da qualidade da forragem. O procedimento in vitro proposto por Tilley e
Terry (1963) para determinação da digestibilidade de alimentos é o mais difundido e
utilizado em estudos de nutrição de ruminantes. As vantagens da utilização desta
técnica na avaliação de alimentos para ruminantes consistem no baixo custo,
rapidez e uniformidade do local de fermentação (Velasquez et al., 2010).
Assim, cultivares de sorgo de diferentes aptidões, com diferentes proporções
de panícula, podem apresentar teores distintos de PB e de fibra (Cabral et al., 2003)
e diferentes digestibilidades (White et al., 1991), o que, consequentemente, pode
influenciar no valor nutritivo da silagem produzida. Além das cultivares, a época de
cultivo pode influenciar a produção grãos (Heinemman et al., 2009), causando
variações na proporção de panícula da forragem produzida. Há poucas informações
sobre o efeito da época de cultivo nas características morfológicas da planta de
sorgo, e sua influência no valor nutritivo da silagem produzida.
Há no mercado, novas cultivares de sorgo granífero e sacarino que podem ser
utilizados para a produção de silagem, porém, as informações acerca de sua
qualidade nutricional são insuficientes. Assim, objetivou-se avaliar as características
bromatológicas e de digestibilidade da silagem de sorgo de diferentes aptidões, em
duas épocas de cultivo.
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MATERIAL E MÉTODOS
Condições experimentais
O experimento de campo foi desenvolvido no Setor de Produção Vegetal do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia campus Colorado
do Oeste, e as análises das características bromatológicas e a incubação in vitro
foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de
Mato Grosso, campus Cuiabá. O clima na área experimental é do tipo Awa, segundo
classificação de Koppen, com temperatura média é 27°C e pluviosidade anual de
1497 mm anuais. O solo é um Argissolo Vermelho Eutrófico típico (Embrapa, 2006).
Estabelecimento do experimento e tratamentos
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com os
tratamentos dispostos em esquema de parcela subdividida, com quatro repetições.
Os tratamentos da parcela corresponderam a seis híbridos de sorgo de diferentes
aptidões (BRS 308 e BRS 310, graníferos; BRS 655 e BRS 610, forrageiros; BRS
506 e CMSXS 647, sacarinos). Os tratamentos da subparcela corresponderam a
duas épocas de cultivo (primeira safra e segunda safra).
Na primeira safra, a semeadura foi realizada no dia 3 de novembro de 2011,
enquanto na segunda safra, no dia 22 de março de 2012. O espaçamento entre
linhas foi de 0,60 m, com densidades de 180 mil plantas ha-1 para as cultivares de
sorgo graníferos e 120 mil plantas ha-1 para as cultivares de sorgo forrageiro e
sacarino.
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A parcela foi constituída de quatro linhas de plantio com 5,0 m de comprimento,
sendo a área útil às duas fileiras centrais desconsiderando-se 0,5 m nas
extremidades. Na semeadura, foi realizada adubação de acordo com a análise de
solo, nas doses de 20 kg ha-1 de N; 40 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O na
primeira e na segunda safra, utilizando ureia, superfosfato simples e cloreto de
potássio, respectivamente.
Aos cinco dias após a semeadura, a emergência das plântulas apresentou-se
uniforme, e aos 25 dias após a emergência (DAE), foi realizada adubação
nitrogenada em cobertura na dose de 60 kg ha-1 de N, utilizando ureia. Foi
necessária a aplicação de inseticida à base de Clorpirifós para controle da lagarta-
do-cartucho (Spodoptera frugiperda), na dose de 480 mL ha-1 do princípio ativo. O
controle de plantas daninhas foi realizado por meio de capina manual.
A colheita foi realizada quando as plantas apresentaram grãos no estádio
farináceo, aos 95 DAE para as cultivares de sorgo granífero e 105 DAE para as
cultivares de sorgo forrageiro e sacarino. Para ensilagem, a forragem foi triturada em
picador estacionário em partículas de até 2,0 cm.
As unidades experimentais consistiram de silos experimentais (potes de vidro),
com volume de 2,5 L, dotados de tampas-rosca equipadas com válvula tipo “sifão”,
para permitir a saída de gases e evitar a entrada ar no interior do silo.
Os silos experimentais foram preenchidos com forragem suficiente para
obtenção de densidade de 550 kg m-3 de massa verde, com aproximadamente 1,375
kg de forragem por silo. A compactação da forragem foi realizada manualmente.
Após enchimento, os silos foram fechados, aplicando-se nas bordas das tampas
uma camada de silicone para completa vedação. As válvulas “sifão” foram
completadas com água, com objetivo de impossibilitar a entrada de gases. Por fim,
os silos permaneceram fechados por 30 dias.
Análises laboratoriais
Para avaliação da forragem antes da ensilagem, foram coletadas dez plantas
por parcela no interior da área útil, que foram trituradas em picador estacionário em
partículas de até 2,0 cm. Em seguida a massa foi homogeneizada e uma amostra foi
retirada para pré-secagem em liofilizador a -70ºC, por 48h. Posteriormente, as
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amostras foram moídas em moinho estacionário do tipo Willey, em peneiras com
malha de 20 mesh.
Para avaliação da silagem, no momento da abertura dos silos, a coleta de
amostras foi realizada no centro geométrico do silo experimental, desprezando-se as
porções superiores e inferiores. A massa foi homogeneizada, com posterior retirada
de amostra para pré-secagem em liofilizador a -70ºC, por 48h. Em seguida, foram
moídas em um moinho estacionário do tipo Willey, com peneira com malha de 20
mesh.
Características bromatológicas
Com as amostras pré-secas de forragem (Tabela 1) e de silagem foram
realizadas análise do teor de matéria seca (MS), cinzas e PB, de acordo com AOAC
(1990); fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), de
acordo com Goering e Van Soest (1970).
Tabela 1. Composição química (g 100g-1 de MS) da forragem de sorgo de diferentes aptidões para ensilagem, em duas épocas de cultivo.
Cultivares
Granífero
Forrageiro Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
1ª Safra
MS 25,7 30,27 29,04 22,89 23,66 21,05
MO 89,27 89,06 90,42 90,84 92,3 91,95
CZ 10,73 10,94 9,58 9,16 7,7 8,05
PB 9,86 11,32 10,22 9,51 6,64 6,11
FDN 41,23 41,96 38,14 46,54 32,6 38,81
FDA 21,6 22,28 21,16 26,42 19,94 24,82
2ª Safra
MS 30,2 31,4 28,2 25,61 25,41 21,99
MO 90,19 90,47 91,57 91,22 91,82 92,29
CZ 9,81 9,53 8,43 8,78 8,18 7,71
PB 10,5 11,71 10,6 10,13 8,62 7,76
FDN 48,35 47,12 39,22 44,6 40,26 42,97
FDA 24,58 24,25 23,45 26,74 23,69 25,21
MS: Matéria seca; MO: Matéria orgânica; CZ: Cinzas; PB: Proteína bruta; FDN: Fibra insolúvel em detergente neutro; FDA: Fibra insolúvel em detergente ácido.
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O fracionamento de proteína foi feito conforme Cornell Net Carbohydrate and
Protein System (CNCPS) (Licitra et al., 1996), em que a fração A (NNP) foi
determinada pela diferença entre o N total e o N insolúvel em ácido tricloroacético, o
qual foi obtido por meio do tratamento de 500 mg da amostra com 50 mL de água
destilada, permanecendo em repouso por 30 minutos. Em seguida, foram
adicionados 10 mL de ácido tricloroacético (TCA) a 10% por mais 25 minutos. O
resíduo foi filtrado em cadinho filtrante de porosidade 2 (40 a 100 µm), lavado com
TCA a 1% e determinado o N residual. A fração B3 foi calculada pela diferença entre
o N insolúvel em detergente neutro (NIDN) e o N insolúvel em detergente ácido
(NIDA), os quais foram determinados por meio do aquecimento de 500 mg da
amostra com solução detergente neutra e ácida, respectivamente, durante uma
hora, em autoclave, em que os resíduos nos saquinhos de tecido não-tecido (TNT –
100g m-2) foram transferidos para tubo de ensaio e analisados para N residual. A
fração C foi considerada como o NIDA. A fração B1+B2 foi determinada pela
diferença entre o N total e o somatório das frações A, B3 e C.
O fracionamento de carboidratos foi realizado conforme Sniffen et al. (1992),
onde os carboidratos fibrosos (CF) foram obtidos a partir da FDN corrigida para seu
conteúdo de cinzas e proteínas (FDNcp); a fração A, pelos carboidratos solúveis
(Deriaz, 1961); a fração C, pela FDN indigestível (FDNi) após 240 horas de
incubação in situ (Casali et al., 2008); a fração B2, que corresponde à fração
disponível da fibra, foi obtida pela diferença entre a FDNcp e a fração C; e a fração
B1, não foi calculada, uma vez que foi estimado o teor de carboidratos não fibrosos
+ extrato etéreo (CNF + EE), conforme Hall (2015), por meio da seguinte equação:
CNF + EE = 100 – (PB + cinzas + FDNc), onde a FDNc foi obtida foram obtidos a
partir da FDN corrigida para seu conteúdo de cinzas.
Parâmetros cinéticos e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)
A incubação foi realizada conforme metodologia descrita por Pell e Schofield
(1993). O preparo das amostras para as incubações in vitro foi realizado tomando-se
aproximadamente 500 mg de amostra do material (450 mg de MS), que foram
acondicionadas em frascos de vidro tipo “penicilina” com 100 mL de volume total, em
duplicata.
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Posteriormente, foi adicionada a solução tampão de McDougall (McDougall,
1949), com solução redutora recém-preparada, composta de 625 mg L-1 de HCL-
cisteína e 1000 mg L-1 de Na2SO3, com pH previamente ajustado para 6,9 por
intermédio de aspersão com CO2. Em cada frasco de incubação, foram adicionados
40 mL da solução total, sob aspersão de CO2, para que as condições anaeróbicas
fossem garantidas.
O líquido ruminal foi coletado de uma vaca leiteira canulada no rúmen,
alimentada com dieta composta de silagem de milho mais concentrado na proporção
60:40. A coleta foi feita na região de interface líquido:sólido do ambiente ruminal. O
líquido coletado foi filtrado por uma camada tripla de gaze, acondicionado em
recipiente térmico e imediatamente transportado à sala de incubação. Em seguida,
foram inoculados 10 mL de líquido ruminal filtrado em cada frasco, sempre sob
aspersão com CO2, os quais foram imediatamente vedados com tampa de borracha
e lacrados com tampa de metal e, então, mantidos em banho-maria a 39oC (Malafaia
et al., 1998).
As leituras da pressão geradas pelos gases foram realizadas por meio de um
transdutor de pressão conectado em sua extremidade a uma agulha, nos tempos 1,
2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 18, 24, 36, 48, 60, 72, 84 e 96 horas. Para descontar o
volume de gás oriundo do líquido de rúmen e da solução tampão, quatro frascos
foram incubados sem amostra (branco), dessa forma, para cada tempo de leitura, o
volume de gás dos frascos com amostra foi subtraído do volume dos frascos sem
amostra.
A cinética da produção cumulativa dos gases foi analisada empregando-se o
modelo logístico unicompartimental de Schofield et al. (1994), pela fórmula:
Vt = Vf/(1+exp (2-4*C*(T-Lag))),
Onde: Vt: volume acumulado no tempo t (mL); Vf: volume final de gás (mL); C:
a taxa da de degradação (h-1); Lag: latência (h); T: tempo (h).
Após incubação, foi realizada a mensuração do pH do resíduo, por meio de
peagâmetro digital.
Para determinação da digestibilidade in vitro da MS (DIVMS), o resíduo da
incubação foi filtrado em cadinho sinterizado de porosidade 2 (40 a 100 µm),
previamente pesado, com água destilada quente, até a limpeza do filtrado. Os
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cadinhos foram acondicionados em estufa (105ºC) para secagem, e por diferença de
peso determinou-se a MS residual.
Análise estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste de DMS, adotando o nível de probabilidade de 5%, por meio de aplicativo
estatístico SISVAR, versão 5.3.
60
RESULTADOS
Para as variáveis FDN e FDA, foi observado efeito de interação cultivares x
época de cultivo (p<0,01), enquanto para a variável cinzas, observou-se efeito de
cultivares (p<0,01).
As cultivares de sorgo granífero apresentaram os maiores teores de cinzas,
enquanto as cultivares de sorgo sacarino, os menores teores (Tabela 2).
Na primeira safra, a cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647 obteve os maiores
teores de FDN e FDA, enquanto nas cultivares de sorgo granífero foram observados
os menores teores de FDA, ao passo que nas cultivares de sorgo granífero e na
cultivar de sorgo forrageiro BRS 655, os menores teores de FDN. Na segunda safra,
a cultivar de sorgo granífero BRS 308 apresentou o maior teor de FDN, enquanto
para a FDA, os maiores teores foram observados na cultivar de sorgo granífero BRS
308 e na cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647 (Tabela 2).
Nas cultivares de sorgo forrageiro e de sorgo sacarino observou-se maiores
teores de FDN na primeira safra em comparação à segunda safra, enquanto na
cultivar de sorgo granífero BRS 308, foi observado maior teor de FDN na segunda
safra em comparação à primeira safra. Nas cultivares de sorgo granífero, foram
observados maiores teores de FDA na segunda safra em comparação à primeira
safra, enquanto na cultivar de sorgo sacarino, observou-se maior teor de FDA na
primeira safra em comparação à segunda safra.
Para as variáveis teor de CHOS (p<0,05), teor de carboidratos não fibrosos
mais extrato etéreo (CNF+EE; p<0,01), fração B2 de carboidrato (p<0,01), composta
pela fração da fibra potencialmente digestível, e FDN indigestível (FDNi; p<0,05),
observou-se efeito de interação cultivar x época de cultivo (Tabela 3).
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Tabela 2. Composição bromatológica (g 100g-1 de MS) da silagem de sorgo de diferentes aptidões.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
Matéria orgânica
1ª safra 90,08 91,61 92,20 92,06 93,25 93,40 92,10
2ª safra 91,10 90,65 92,95 92,08 93,81 93,53 92,35
Média 90,59 c 91,13 c 92,58 b 92,07 b 93,53 a 93,46 a
CV (%)
0,76
Cinzas
1ª safra 9,92 8,39 7,80 7,94 6,75 6,60 7,90
2ª safra 8,90 9,35 7,05 7,92 9,19 6,47 7,65
Média 9,41 a 8,87 a 7,42 b 7,93 b 6,47 c 6,54 c
CV (%)
9,06
FDN
1ª safra 38,19 cB 39,14 cA 42,42 cA 48,36 bA 48,47 bA 53,85 aA 45,07
2ª safra 50,96 aA 43,31 bA 37,08 cB 39,98 bcB 40,61 bcB 44,41 bB 42,72
Média 44,58 41,23 39,75 44,17 44,54 49,13
CV (%)
7,96
FDA
1ª safra 19,68 cB 20,77 cB 25,50 bA 27,18 bA 27,98 bA 32,68 aA 25,63
2ª safra 29,28 aA 24,82 bcA 23,82 cA 25,58 bcA 24,03 cB 27,67 abB 25,87
Média 24,48 22,80 24,66 26,38 26,00 30,18
CV (%)
7,74
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05). FDN: Fibra insolúvel em detergente neutro; FDA: Fibra insolúvel em detergente ácido.
Os menores teores de CHOS foram observados nas cultivares de sorgo
granífero e na cultivar de sorgo forrageiro BRS 610, tanto na primeira como na
segunda safra, enquanto os maiores teores foram observados nas cultivares de
sorgo sacarino BRS 506 e de sorgo forrageiro BRS 655 na primeira safra, e nas
cultivares de sorgo sacarino na segunda safra (Tabela 3). Na cultivar de sorgo
sacarino CMSXS 647, observou-se maior teor de CHOS na segunda safra em
comparação a primeira safra.
A cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 apresentou maior teor de CNF+EE em
comparação a cultivar BRS 610 e a cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647, na
primeira safra. Já na segunda safra, os menores teores de CNF+EE foram obtidos
pelas cultivares de sorgo granífero. Com relação à época de cultivo, na cultivar de
sorgo granífero BRS 308, observou-se maior teor de CNF+EE na primeira safra em
62
comparação à segunda, enquanto nas cultivares de sorgo sacarino, os maiores
valores foram observados na segunda safra, em comparação à primeira (Tabela 3).
Tabela 3. Teores de carboidratos (g 100g-1 de MS) na silagem de cultivares de sorgo
de diferentes aptidões.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
CHOS
1ª safra 6,31 bcA 5,69 bcA 8,17 abA 4,67 cA 10,40 aA 7,19 bB 7,07
2ª safra 4,54 cA 5,24 cA 8,07 bA 4,55 cA 12,81 aA 11,01 aA 7,70
Média 5,42 5,46 8,11 4,61 11,60 9,10
CV
22,91
CNF + EE
1ª safra 43,70 abA 43,14 abA 44,60 aA 38,26 bcA 40,47 abcB 35,70 cB 40,98
2ª safra 32,39 bB 37,82 bA 47,00 aA 43,81 aA 47,87 aA 44,25 aA 42,19
Média 38,05 40,48 45,80 41,03 44,17 39,98
CV
9,28
Fração B2
1ª safra 12,43 bB 14,04 bB 15,06 bA 20,77 aA 21,62 aA 23,20 aA 19,85
2ª safra 22,48 aA 19,49 aA 12,14 bA 12,83 bB 20,69 aA 23,55 aA 18,53
Média 17,46 16,77 13,60 16,80 21,16 23,37
CV
19,39
FDNi
1ª safra 22,12 bA 21,79 bA 24,38 abA 24,69 abA 24,23 abA 27,96 aA 24,19
2ª safra 25,27 aA 21,18 abA 22,66 abA 25,29 aA 17,94 bB 19,10 bB 21,91
Média 23,70 20,49 23,52 24,99 21,08 23,53
CV
14,25
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05). CHOS: teor de carboidratos solúveis; CNF + EE: teor estimado de carboidratos não fibrosos e extrato etéreo, conforme Hall (2015); Fração B2: fração disponível da fibra, obtida pela diferença entre a FDNcp e a FDNi; FDNi: fibra insolúvel em detergente neutro indigestível.
Na primeira safra, as cultivares de sorgo granífero e a cultivar de sorgo
forrageiro BRS 655 apresentaram os menores teores da fração B2 dos carboidratos,
enquanto na segunda safra, os menores teores foram obtidos pelas cultivares de
sorgo forrageiro (Tabela 3). Nas cultivares de sorgo granífero, maiores teores de
fração B2 foram obtidos na segunda safra em comparação à primeira safra,
enquanto na cultivar de sorgo forrageiro BRS 610, na primeira safra observou-se
maior teor confrontando à segunda safra.
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Na primeira safra, a cultivar de sorgo sacarino CMSXS obteve teor de FDNi
maior que as cultivares de sorgo granífero, enquanto na segunda safra, as cultivares
de sorgo sacarino apresentaram menores teores em comparação às cultivares de
sorgo granífero BRS 308 e de sorgo forrageiro BRS 610. Nas cultivares de sorgo
sacarino, observou-se menor teor de FDNi na segunda safra, em comparação à
primeira (Tabela 3).
Para as variáveis teor de PB, teor de fração A e de fração B1+B2 com base na
MS, observou-se efeito de interação cultivar x época de cultivo (p<0,01), enquanto
para a variável teor de fração B3 e de fração C com base na MS, observou-se efeito
de cultivar (p<0,01) e de época de cultivo (p<0,01).
Na primeira safra, as cultivares de sorgo granífero apresentaram os maiores
teores de PB, enquanto as cultivares de sorgo sacarino apresentaram os menores
teores. Na segunda safra, a cultivar de sorgo granífero BRS 310 obteve o maior teor
de PB, enquanto nas cultivares de sorgo sacarino foram observados os menores
teores (Tabela 4). Com relação às épocas de cultivo, nas cultivares de sorgo
forrageiro observou-se menores teores de PB na primeira safra em comparação a
segunda safra.
Com relação ao fracionamento proteico com base na MS, as cultivares de
sorgo granífero e a cultivar de sorgo forrageiro BRS 610 apresentaram os maiores
teores de fração A em ambas as safras, enquanto os menores teores da fração
B1+B2 foram observados nas cultivares de sorgo sacarino em ambas as safras. Nas
cultivares de sorgo sacarino, e na cultivar de sorgo granífero BRS 310, maiores
teores de fração A foram observados na segunda safra em comparação à primeira
safra. Nas cultivares de sorgo granífero, observaram-se menores teores de fração
B1+B2 na segunda safra em comparação à primeira, enquanto nas cultivares de
sorgo forrageiro, foram observamos menores teores na primeira safra em
comparação à segunda safra (Tabela 4). As cultivares de sorgo granífero e a cultivar
de sorgo forrageiro BRS 610 apresentaram os maiores teores de fração B3,
enquanto as cultivares de sorgo sacarino obtiveram os menores teores da fração C.
Para as variáveis teor de fração A, de fração B1+B2 e de fração B3 com base
no teor de PB, observou-se efeito de cultivares (p<0,01) e de época de cultivo
(p<0,01), enquanto para a variável teor de fração C com base no teor de PB,
observou-se efeito de interação cultivar x época de cultivo (p<0,01).
64
Tabela 4. Fracionamento de proteína (g 100 g-1 de MS) da silagem de cultivares de sorgo de diferentes aptidões.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro
Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
Proteína bruta
1ª safra 10,75 aA 11,28 aA 7,07 bcB 7,47 bB 6,11 cdA 5,88 dA 8,09
2ª safra 9,86 bA 11,32 aA 10,22 bA 9,51 bA 6,64 cA 6,11 cA 8,94
Média 10,31 11,30 8,64 8,49 6,37 6,00
CV (%)
7,72
Fração A
1ª safra 4,37 aA 3,93 abB 1,68 dB 3,38 abcB 2,91 cA 2,94 bcA 3,20
2ª safra 4,77 abA 5,76 aA 3,96 bcA 5,14 aA 3,36 cA 3,30 cA 4,38
Média 4,57 4,85 2,82 4,26 3,14 3,12
CV (%)
18,03
Fração B1+B2
1ª safra 5,29 bA 5,98 aA 4,29 cB 3,21 dB 2,37 eA 2,29 eA 3,90
2ª safra 4,00 cB 4,72 bB 5,33 aA 3,72 cA 2,60 dA 2,31 dA 3,78
Média 4,64 5,35 4,81 3,47 2,49 2,30
CV (%)
7,98
Fração B3
1ª safra 0,51 0,68 0,28 0,36 0,49 0,29 0,44 A
2ª safra 0,39 0,25 0,14 0,12 0,28 0,11 0,22 B
Média 0,45 a 0,47 a 0,21 b 0,24 b 0,39 a 0,20 b
CV (%)
31,77
Fração C
1ª safra 0,57 0,68 0,82 0,51 0,33 0,37 0,55
2ª safra 0,70 0,59 0,79 0,52 0,40 0,40 0,57
Média 0,63 b 0,63 b 0,80 a 0,52 c 0,36 d 0,38 d
CV (%)
15,82
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05).
Com relação ao fracionamento proteico com base no teor de PB, as cultivares
de sorgo sacarino e a cultivar de sorgo forrageiro BRS 610 apresentaram os maiores
teores de fração A e os menores teores de fração B1+B2, enquanto a cultivar de
sorgo forrageiro BRS 655 obtiveram os menores teores de fração A e os maiores de
fração B1+B2 (Tabela 5). Na cultivar de sorgo sacarino BRS 506 observaram-se os
maiores teores de fração B3. Na primeira safra, a cultivar de sorgo forrageiro BRS
655 apresentou maior teor de fração C em comparação às demais, enquanto na
segunda safra, esta cultivar apresentou maior teor de fração C em relação às
cultivares BRS 310, BRS 610, BRS 506 (Tabela 5).
65
Tabela 5. Fracionamento de proteína (g 100 g-1 de PB) da silagem de cultivares de sorgo de diferentes aptidões.
Época de cultivo
Cultivares Média
Granífero Forrageiro
Sacarino
BRS 308 BRS 310 BRS 655 BRS 610 BRS 506 CMSXS 647
Fração A
1ª safra 40,56 34,66 23,50 45,31 47,84 49,98 40,31 B
2ª safra 48,16 50,78 38,62 54,09 50,59 53,85 49,35 A
Média 44,36 b 42,72 b 31,06 c 49,70 a 49,22 a 51,91 a
CV (%)
8,79
Fração B1+B2
1ª safra 49,33 53,20 60,85 42,97 38,71 38,84 47,32 A
2ª safra 40,76 41,76 52,26 39,15 39,19 37,86 41,83 B
Média 45,04 b 47,48 b 56,56 a 41,06 c 38,95 c 38,35 c
CV (%)
7,54
Fração B3
1ª safra 4,81 6,00 4,05 4,86 8,06 4,86 5,44 A
2ª safra 3,97 2,23 1,39 1,21 4,29 1,79 2,48 B
Média 4,39 b 4,11 bc 2,72 d 3,03 cd 6,18 a 3,32 bcd
CV (%)
30,09
Fração C
1ª safra 5,30 cB 6,14 bcA 11,60 aA 6,85 bA 5,38 cA 6,32 bcA 6,94
2ª safra 7,11 abA 5,23 cA 7,73 aB 5,56 cA 5,94 bcA 6,50 abcA 6,34
Média 6,21 5,69 9,67 6,21 5,66 6,41
CV (%)
13,58
CV: Coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05).
Ao se comparar as épocas de cultivo, na fração A, observou-se maiores teores
na segunda safra em comparação à primeira safra, com valores médios de 49,35 e
40,31%, respectivamente. Nas frações B1+B2 e B3, maiores teores foram
observados na primeira safra em comparação à segunda, com valores médios de
47,32 e 41,83 para fração B1+B2, e 5,44 e 2,48 para a fração B3, respectivamente.
Para as variáveis DIVMS, volume final de gás (VF), taxa de degradação do
alimento e latência (Lag), observou-se efeito de cultivar (p<0,01) e de época de
cultivo (p<0,05).
No que se refere aos parâmetros cinéticos e digestibilidade in vitro da matéria
seca (Tabela 6), as cultivares de sorgo sacarino apresentaram os maiores teores de
DIVMS, enquanto as cultivares de sorgo granífero obtiveram os menores valores de
VF, e as cultivares de sorgo forrageiro BRS 655 e de sorgo sacarino BRS 506, os
maiores valores desse mesmo item. As maiores taxas de degradação foram
66
constatadas nas cultivares de sorgo granífero BRS 310 e de sorgo forrageiro BRS
655, enquanto as menores taxas, nas cultivares BRS 610 e CMSXS 647. Os
menores valores de Lag foram observados nas cultivares de sorgo sacarino (Tabela
6).
Tabela 6. Parâmetros cinéticos e digestibilidade in vitro da matéria seca.
Cultivares DIVMS VF C Lag R²
Granífero
BRS 308 56,33c 16,18d 1,93b 6,71b 0,99
BRS 310 57,45c 16,54d 2,11a 8,99a 0,99
Forrageiro
BRS 655 56,96c 19,05a 2,15a 8,07ab 0,99
BRS 610 58,47bc 17,64c 1,53c 6,71b 0,98
Sacarino
BRS 506 61,86a 18,85ab 1,83b 2,05c 0,97
CMSXS 647 59,86ac 17,99bc 1,54c 3,22c 0,97
CV 3,63 4,71 8,84 33,13
CV: coeficiente de variação (%). Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de DMS (P>0,05). DIVMS: digestibilidade in vitro da matéria seca (g 100g
-1 de MS); VF:
volume de gás (mL 100 mg-1
de MS); C: taxa de digestão (% h-1
); Lag: latência (h). R2: valores do
coeficiente de determinação para o ajuste do modelo unicompartimental aos dados observados.
Para a variável DIVMS, observou-se maior DIVMS na segunda safra em
comparação com a primeira, com valores médios de 59,74 e 57,24%. Para as
variáveis VF, taxa de degradação e Lag, os maiores valores foram observados na
primeira safra em comparação à segunda, com valores médios de 18,78 e 17,63 mL
100 mg-1 de MS para VF, 1,96 e 1,74 % h-1 para taxa de degradação e 6,61 e 5,31 h,
respectivamente.
67
DISCUSSÃO
Nas forragens de sorgo, os valores médios de FDN e FDA não foram menores
nas cultivares de sorgo granífero (Tabela 1). Estes dados contradizem os obtidos por
Cabral et al. (2003) e Silva et al. (1999), que observaram menores teores de fibra em
silagens de sorgo com maiores proporções de panículas. Assim, o teor de fibra nas
forragens devem estar relacionados com o genótipo das plantas (di Marco et al.,
2009) ou com a relação lâmina foliar:colmo com bainha (Elseed et al. 2007). Zhang
et al. (2016), avaliando a qualidade de cultivares de sorgo de diferentes aptidões,
encontraram maiores teores de FDN para cultivares de sorgo forrageiro em
comparação ao sorgo sacarino, com valores médios de 42,5 e 33,8%,
respectivamente. Provavelmente, baixos teores de FDN na forragem de sorgo
sacarino devem-se ao alto teor de CHOS presente nestas plantas, que são
caracterizadas pelo alto teor de carboidratos não-estruturais que permanecem no
caule e nas folhas na forma de açúcares solúveis (Kaiser et al., 2004).
Já os maiores teores de FDN nas silagens das cultivares de sorgo sacarino,
principalmente na cultivar CMSXS 647, deve-se, possivelmente, a maior perda de
MS ocorrido dentro do silo devido à maior produção de etanol e ácido butírico,
conforme observado no capítulo II desta tese. O metabolismo de CHOS, durante a
fermentação de açúcar e síntese de etanol por leveduras, pode causar o aumento no
teor de fibra da silagem (Avila et al., 2009).
Nascimento et al. (2008), ao examinar a qualidade da silagem de diferentes
tipos de sorgo, observaram teores de FDN da forragem entre cultivares de sorgo
granífero e sacarino, com valores médios de 49,38 e 49,20%, respectivamente. Já
na silagem destas cultivares, os valores médios observados foram de 47,40 e
54,58% para as cultivares de sorgo granífero e sacarino, respectivamente. Assim,
68
observa-se aumento no teor de FDN na ensilagem da cultivar de sorgo sacarino,
bem como observado neste trabalho, nos dados da primeira safra.
Os menores teores de cinzas verificados nas cultivares de sorgo sacarino
podem ser em decorrência da maior proporção de colmo que estas cultivares
possuem. Conforme Elseed et al. (2007), o colmo da planta de sorgo tende a
apresentar menores teores de cinzas e sílica.
Os maiores teores de CHOS (fração A do carboidrato) obtidos nas silagens das
cultivares de sorgo sacarino deve-se, possivelmente, à característica desta cultivar
em armazenar açúcares solúveis nas folhas e colmos. Já o baixo teor na silagem da
cultivar de sorgo sacarino CMSXS 647 na primeira safra, pode ter ocorrido devido à
elevada fermentação alcoólica e butírica dentro do silo, como retratado no capítulo II
deste trabalho. Zhang et al. (2016) constataram maiores teores de CHOS na silagem
de sorgo sacarino em comparação ao sorgo forrageiro, com valores médios de 6,99
e 4,88% da MS, respectivamente.
Os maiores valores de CNF+EE estimado e observados nas cultivares de sorgo
granífero e na cultivar de sorgo forrageiro BRS 655, na primeira safra, podem ter
ocorrido em razão da maior proporção de panícula, com maior quantidade de grãos,
ricos em CNF e EE. Nascimento et al. (2008), avaliando o valor alimentício das
silagens de sorgo, verificaram proporção de 10,3% de grãos na silagem de sorgo
sacarino, em virtude de sua fisiologia, enquanto para Kaiser et al. (2004), o sorgo
granífero apresenta o potencial para a produção de silagem de alta qualidade, com
40 a 50% de grãos da massa ensilada. Santos et al. (2013), investigando as
características agronômicas de cultivares de sorgo para ensilagem, observou
proporções médias de panícula de 7,0 e 41,0% para as cultivares de sorgo sacarino
BRS 506 e de sorgo forrageiro BRS 610, respectivamente.
Na segunda safra, este padrão de resposta não foi observado. Possivelmente,
as condições climáticas nesta época de cultivo, com diminuição das chuvas, podem
ter diminuído o enchimento de grãos das plantas, o que, consequentemente,
diminuiu a proporção de CNF nas cultivares de sorgo granífero, em comparação à
primeira safra. Ao comparar a produção de milho em primeira e segunda safra em
Goiás, Heinemman et al. (2009), constataram maiores problemas com enchimento e
produtividade de grãos na segunda safra, em comparação com a primeira safra.
Já os maiores teores de CNF+EE estimado nas cultivares de sorgo sacarino,
observados na segunda safra em comparação à primeira, pode ser devido aos
69
maiores valores médios de teor de CHOS observados nestas condições. A cultivar
de sorgo forrageiro BRS 655 sempre apresentou maiores teores de CNF+EE
estimado, o que indica maior proporção de panícula na planta. Alimentos com altos
teores de CNF são considerados boas fontes de energia para o desenvolvimento de
microrganismos no rúmen (Carvalho et al., 2007).
Os menores teores da fração B2 observados nas silagens das cultivares de
sorgo granífero e de sorgo forrageiro BRS 655 na primeira safra, podem ser em
decorrência da maior proporção de panícula, com menores teores de FDN. Os
valores da FDN normalmente estão interligados aos valores da fração B2 dos
carboidratos em forragens (Pires et al., 2009). Na segunda safra, esse padrão de
resposta não foi observado, provavelmente devido à variação na proporção de
panícula em virtude das condições climáticas. A fração B2 é potencialmente
digestível no rúmen (Sniffen et al., 1992), porém Russell et al. (1992) destacaram
que volumosos com altos teores de fração B2 de carboidratos requerem maiores
teores de NNP para atender às exigências de N dos microrganismos fermentadores
de carboidratos estruturais.
Os menores teores de FDNi (fração C do carboidrato) observados nas silagens
das cultivares de sorgo granífero na primeira safra, podem ser devido à maior
proporção de panícula, e ao consumo da fração solúvel dos carboidratos observados
nas cultivares de sorgo sacarino. Já na segunda safra, as cultivares de sorgo
sacarino apresentaram os menores teores de FDNi. Nas cultivares de sorgo
sacarino, o maior teor de FDNi na primeira safra, em relação à segunda, pode ser
devido ao aumento no teor de fibra com a fermentação alcóolica observada nestas
cultivares. Di Marco et al. (2009), ao avaliar o valor nutritivo de silagens de sorgo de
diferentes aptidões, verificaram maior teor de lignina em cultivar de sorgo granífero,
em comparação ao sorgo sacarino, o que pode promover menor digestibilidade. A
FDNi é constituída pela fração da parede celular vegetal que não é digerida ao longo
do trato gastrintestinal (Sniffen et al., 1992). Conforme Huhtanen et al. (2006), a
lignina tem relação com o FDNi, sendo utilizada um fator de conversão para
estimativa do teor da FDNi (2,4 x teor de lignina). Porém, estes mesmos autores
afirmam que o teor de FDNi obtido pelo método de incubação in situ possui maior
relação com a digestibilidade da matéria orgânica do alimento.
Cabral et al. (2003), ao examinar a qualidade da silagem de sorgo com
diferentes proporções de panícula, verificaram que as frações de carboidrato não
70
fibrosos aumentaram com o incremento da proporção de panícula na massa, ao
passo que a fração B2 diminuiu e a fração C não alterou. Com relação ao
fracionamento de carboidratos e proteína em silagens de sorgo, Viana et al. (2012),
avaliando silagem de sorgo forrageiro, constataram teores de 25,4; 44,8 e 29,8%
dos carboidratos totais, para as frações de carboidratos CNF, B2 e FDNi,
respectivamente, diferente deste trabalho, no qual verificou-se maiores teores de
CNF e menores de B2, possivelmente devido a diferentes proporções de panícula.
Os menores teores de PB observados nas cultivares de sorgo sacarino deve-
se, provavelmente, ao porte mais elevado e à menor proporção e panículas. Cabral
et al. (2003) observaram aumento no teor de PB com o incremento da proporção de
panícula na silagem. Uma silagem de bom valor nutritivo deve apresentar teor de PB
mínimo em torno de 7,1% a 8,0% (Van Soest, 1994), valores que não foram
observados nas silagens das cultivares sorgo sacarino, em ambas as safras. Zhang
et al. (2015) afirmam que os teores de PB da silagem de sorgo sacarino são
insuficientes para atender aos requerimentos mínimos exigidos pelos ruminantes.
Von Pinho et al. (2007) verificaram maior teor de PB em variedades com maior
proporção de panícula, com valores médios de 8,2 e 7,1% para sorgo de duplo
propósito e sorgo forrageiro, respectivamente. Colombini et al. (2012) observaram
maiores teores de PB em silagem de sorgo granífero em comparação ao sorgo
forrageiro, com valores médios de 12,3 e 10,5%, respectivamente. Zhang et al.
(2016) obtiveram teores médios de PB de 6,73% da MS na silagem de sorgo
sacarino. Estes padrões de respostas foram semelhantes aos observados neste
trabalho.
Os maiores teores da fração proteica A na MS, composto NNP, observados
nas cultivares de sorgo granífero deve-se, provavelmente, ao maior teor de PB que
estas cultivares obtiveram (Tabela 4). As variações ocorridas nos teores de fração
proteica A podem ter se dado devido a vários fatores, dentre eles, o teor de PB da
forragem antes da ensilagem e também do processo fermentativo (Andrade et al.,
2010).
Já os maiores teores da fração A com relação à PB, observados nas silagens
das cultivares de sorgo sacarino e na cultivar de sorgo forrageiro BRS 610, devem
ter sido ocasionados por causa da menor presença de grãos na massa, uma vez
que no grão de sorgo, parte da proteína está em forma de uma densa matriz
71
proteica composta de glutelinas e prolaminas (Rooney e Miller, 1981), ao invés de
NNP.
Durante a fermentação no interior do silo, boa parte da proteína é convertida
em NNP devido à proteólise (Pires et al., 2009). Assim, como parte da proteína pode
não ser quebrada, o teor de fração A com base no teor de PB deve ser menor em
cultivares com maior proporção de grãos, em comparação a cultivares com pouca
proporção de grãos.
Alimentos contendo NNP são fundamentais para o bom funcionamento do
rúmen, uma vez que a amônia serve como fonte de N para os microrganismos
fermentadores de carboidratos estruturais. Porém, elevados teores de NNP podem
resultar em perdas de N, caso não haja esqueleto de carbono prontamente
disponível para a síntese de proteína microbiana (Russell et al., 1992).
As cultivares de sorgo sacarino apresentaram menor teor de fração proteica
B1+B2, composta pela proteína verdadeira solúvel e insolúvel (Pires et al., 2009)
disponível para os ruminantes, em comparação às demais cultivares, o que pode
estar relacionado com o menor teor de PB na MS que estas cultivares tem. Os
maiores teores de fração proteica B1+B2 na PB observados nas silagens das
cultivares de sorgo granífero e de sorgo forrageiro BRS 655 pode ser devido à maior
proporção de grãos nestas cultivares, com maior quantidade de matriz proteica,
mesmo que parte desta tenha sido hidrolisada na ensilagem.
A fração proteica B1 + B2 apresentou taxa de degradação ruminal mais rápida
que a fração B3 (Sniffen et al., 1992), com maior tendência a ser extensivamente
degradada no rúmen, assim auxiliando no atendimento dos requisitos de N dos
microrganismos ruminais (Sá et al., 2010).
Os maiores teores da fração proteica B3 na silagem da cultivar de sorgo
sacarino BRS 506 e nas cultivares de sorgo granífero, tanto com base na MS quanto
com base no teor de PB indicam maior fração da proteína que escapa para o
intestino do animal. Essa fração proteica é representada pela proteína ligada à
parede celular, com lenta taxa de degradação, sendo principalmente digerida nos
intestinos (Sá et al., 2010).
O maior teor da fração proteica C, tanto com base na MS como no teor de PB,
observado na silagem de sorgo forrageiro BRS 655, indica que esta cultivar tem
maior proporção de proteína indigestível, que não é aproveitada para o crescimento
microbiano ou mesmo como fonte de proteína verdadeira no trato digestório pós-
72
rúmen dos animais ruminantes. Esta fração, composta por proteína associadas à
lignina, apresenta alta resistência às enzimas microbianas e de mamíferos
(Krishnamoorthy et al., 1983).
Cabral et al. (2003), examinando o fracionamento proteico em silagens de
sorgo com diferentes proporções de panícula, constataram que as frações A e B3
aumentaram, enquanto as frações B1+B2 e C diminuíram com o aumento da
proporção de panícula na massa ensilada. Este padrão de resposta não foi obtido
neste trabalho, assim, além da proporção de panículas na massa ensilada, a cultivar
e a aptidão do sorgo podem ter efeito sobre a fração proteica. Já Viana et al. (2012),
avaliando silagem de sorgo forrageiro, observaram teores de 13,7; 59,5; 5,1 e 18,3%
do N total, para as frações proteicas A, B1+B2, B3 e C, respectivamente.
O menor teor de NNP e os maiores teores das frações proteicas B1+B2 e B3
na primeira safra em comparação à segunda, pode ser devido a maiores proporções
de panícula na primeira safra, com maior proporção de grãos e matriz proteica.
Os maiores valores de digestibilidade in vitro observados nas silagens das
cultivares de sorgo sacarino devem-se, provavelmente, aos maiores teores de
CHOS e aos menores teores de FDNi que estas cultivares apresentaram. O teor de
FDNi de um alimento tem relação com a sua digestibilidade (Huhtanen et al., 2006).
Amer et al. (2012) e Zhang et al. (2016) relataram maiores teores de lignina e
menores teores de CHOS e de DIVMS em silagens de cultivar sorgo forrageiro em
comparação à cultivar de sorgo forrageiro com alto teor de CHOS, resultados estes
semelhantes aos obtidos neste trabalho. Di Marco et al. (2009), observaram maiores
teores de lignina e menor DIVMS em silagens de cultivares de sorgo granífero em
comparação com sorgo sacarino.
Além do teor de fibra, a presença de tanino nos grãos de sorgo pode influenciar
na digestibilidade da silagem. Os taninos apresentam capacidade antimicrobiana,
promovendo em efeitos negativos na digestão e absorção dos nutrientes dentro do
rúmen (Scalbert, 1991). Assim, diferentes respostas na avaliação da digestibilidade
de silagens de sorgo podem estar relacionadas com a presença ou ausência de
taninos dos genótipos utilizados.
Os maiores volumes finais de gás obtidos pelas cultivares de sorgo sacarino e
pela cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 podem ser devido aos maiores teores de
CHOS apresentados nas silagens destas cultivares. O gás é produzido quando os
carboidratos da forragem são fermentados a acetato e butirato (Amer et al., 2012).
73
Zerbini et al. (2002), avaliando a produção de gás em milheto e sorgo em sistema de
incubação in vitro, verificaram correlação positiva entre o teor de açúcares solúveis e
a produção de gás.
As maiores taxas de degradação foram observadas nas silagens da cultivar de
sorgo granífero BRS 310 e de sorgo forrageiro BRS 655. Na cultivar BRS 655, isto
deve ter ocorrido em razão dos maiores teores de CNF+EE estimado e menores
teores de fração B2 do carboidrato (carboidratos fibrosos potencialmente
digestíveis), permitindo uma maior taxa de degradação do alimento. A cultivar de
sorgo granífero BRS 310 apresentou este padrão de resposta na primeira safra, o
que pode justificar a elevada taxa de degradação estimada para esta cultivar.
Os menores tempo de latência observados nas silagens das cultivares de
sorgo sacarino podem ter sido ocasionados devido aos maiores teores de CHOS e
NNP observados nestas cultivares. Conforme Carvalho et al. (2007), é necessário o
fornecimento de fontes de proteína com rápida e média degradação ruminal em
dietas ricas em carboidratos prontamente disponíveis, a fim de aumentar a sincronia
entre a liberação de energia e N. Carvalho (2015), avaliando o uso de níveis
crescentes de glicose sobre os parâmetros cinéticos e degradação ruminal da fibra
de capim-marandu por meio da técnica in vitro de produção de gases, observaram
diminuição do tempo de latência com o acréscimo de glicose.
Os maiores volumes finais de gás e a maior taxa de degradação dos alimentos
na primeira safra podem ter ocorrido por causa da maior proporção de panícula, com
maior fração de CNF nesta época de cultivo. Já a maior DIVMS observada na
segunda safra, pode ser devido a menores valores médios dos teores de FDNi,
observados nas cultivares nesta época de cultivo.
A cinética da produção cumulativa dos gases também foi analisada
empregando-se o modelo logístico bicompartimental de Schofield et al. (1994),
porém somente para as cultivares de sorgo sacarino observou-se ajuste para este
modelo, com R2 de 0,99 (Tabela 7), o que inviabilizou a comparação às demais
cultivares. Carvalho (2015), ao investigar o uso de níveis crescentes de amido e
glicose sobre os parâmetros cinéticos e degradação ruminal da fibra de capim-
marandu por meio da técnica in vitro de produção de gases, observaram que o
modelo bicompartimental se ajustou apenas aos perfis de produção de gás dos
tratamentos com maiores níveis de glicose, enquanto os perfis de produção com
níveis de amido se ajustaram melhor ao modelo unicompartimental.
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Assim, o melhor ajuste observado nas cultivares de sorgo sacarino ao modelo
bicompartimental, possivelmente, se deram por causa dos maiores teores de
carboidratos solúveis apresentados pelas silagens destas cultivares.
Tabela 7. Parâmetros cinéticos das silagens de sorgo sacarino (média da primeira e
da segunda safra; modelo bicompartimental de Schofield et al., 1994).
Cultivares VF1 C1 Lag VF2 C2 VFT R2
BRS 506 5,19 10,95 6,84 15,69 1,33 20,88 0,99
CMSXS 647 3,95 13,77 7,59 15,71 1,23 19,66 0,99
VF1: volume de gás da fração de rápida degradação (mL 100 mg-1
de MS); VF2: volume de gás da fração de lenta degradação (mL 100 mg
-1 de MS); C1: taxa de digestão da fração de rápida
degradação (% h-1
); C2: taxa de digestão da fração de lenta degradação (% h-1
); Lag: latência (h); VFT: volume de gás total acumulado de gás (mL 100 mg
-1 de MS). R
2: valores do coeficiente de
determinação para o ajuste do modelo bicompartimental aos dados observados.
75
CONCLUSÕES
A silagem de sorgo forrageiro BRS 655 apresenta maior teor de carboidratos
não fibrosos e menor teor de fibra potencialmente digestível, em ambas as safras,
com elevado volume final de produção de gás, apresentando também elevado valor
nutritivo, sendo a cultivar mais recomendada para ensilagem.
As silagens de sorgo sacarino apresentam maior digestibilidade in vitro da
matéria seca e elevados volumes finais de produção de gás, mostrando ser um
alimento de boa qualidade. Porém, estas cultivares apresentam potencial mais
promissores se utilizadas em segunda safra.
76
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cultivar de sorgo forrageiro BRS 655 apresenta maior valor nutritivo nas duas
safras, sendo a cultivar de sorgo mais recomendada para ensilagem.
As cultivares de sorgo sacarino apresentam elevado valor nutritivo, com alta
digestibilidade. Porém, seu uso em primeira safra, com teores de carboidratos
solúveis maiores que 38%, favorece a produção de etanol no interior do silo, o que
promove a diminuição no teor de carboidratos solúveis e o aumento no teor de fibra,
diminuindo a digestibilidade. Assim, recomenda-se o uso de cultivares de sorgo
sacarino para ensilagem na segunda safra.
77
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