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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E MECÂNICA GABRIELA DE CASTRO ALMEIDA METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CÂMARAS DE COMBUSTÃO TUBO-ANULARES DE TURBINAS A GÁS FLEX COM BASE NO PARÂMETRO DE CARREGAMENTO DO COMBUSTOR Juiz de Fora 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E MECÂNICA

GABRIELA DE CASTRO ALMEIDA

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CÂMARAS DE

COMBUSTÃO TUBO-ANULARES DE TURBINAS A GÁS FLEX COM BASE NO

PARÂMETRO DE CARREGAMENTO DO COMBUSTOR

Juiz de Fora

2016

GABRIELA DE CASTRO ALMEIDA

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CÂMARAS DE

COMBUSTÃO TUBO-ANULARES DE TURBINAS A GÁS FLEX COM BASE NO

PARÂMETRO DE CARREGAMENTO DO COMBUSTOR

Monografia apresentada ao curso de Engenharia

Mecânica da Universidade Federal de Juiz de

Fora, como requisito parcial para obtenção do

título de Bacharela em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Washington Orlando Irrazabal Bohorquez

Juiz de Fora

2016

GABRIELA DE CASTRO ALMEIDA

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CÂMARAS DE

COMBUSTÃO TUBO-ANULARES DE TURBINAS A GÁS FLEX COM BASE

NO PARÂMETRO DE CARREGAMENTO DO COMBUSTOR

Monografia apresentada ao curso de Engenharia

Mecânica da Universidade Federal de Juiz de

Fora, como requisito parcial para obtenção do

título de Bacharela em Engenharia Mecânica.

Aprovada em 02 de agosto de 2016

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof. Dr. Washington Orlando Irrazabal Bohorquez - Orientador

Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof. Dr. Raphael Fortes Marcomini

Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof. Dr. Luiz Gustavo Monteiro Guimarães

Universidade Federal de Juiz de Fora

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais, Marcelo e Márcia, que com muita dedicação

e paciência, sempre batalharam para que eu pudesse realizar meus sonhos - não há palavras que

descreva tamanha gratidão. Ao Paulo, meu companheiro, que sonha junto e proporciona sempre

uma ótima companhia. Ao meu irmão, Rafael, por saber que posso contar com sua ajuda.

Ao meu orientador Professor Washington, pela oportunidade de participar em um

projeto científico e dar suporte ao meu trabalho.

Aos colegas feitos na faculdade de Engenharia Mecânica, pela amizade e apoio por

todos esses anos passados juntos, especialmente aos colegas Kenedy Fernandes, Cláudio Moisés

e Evandro Gaio, que deram uma ajuda extra para que eu pudesse concretizar o meu trabalho de

conclusão de curso.

A toda faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, incluindo

professores, técnicos e terceirizados. O trabalho de cada um de vocês contribuiu para que meu

sonho se tornasse realidade, meu muito obrigado.

“E o que ninguém escutar

Te invade sem parar

Te transforma sem ninguém notar

Frases, vozes, cores

Ondas, frequências, sinais

O mundo é grande demais

Coisas transformam-se em mim

Por todo o mundo é assim

Isso nunca vai ter fim”

Trecho de “Chuva no Mar”, Marisa Monte

RESUMO

Este trabalho apresenta uma metodologia para o projeto de câmaras de combustão

tubo-anulares, desenvolvida por meio de equações empíricas utilizando-se o software Matlab®.

Visou-se obter a geometria preliminar e a quantificação do desempenho de uma câmara de

combustão que possa operar com variados tipos de combustíveis, incluindo os biocombustíveis,

onde foi explanado sobre sua importância no cenário econômico atual.

Para os dados de entrada do programa em Matlab®, foi considerado o estudo de uma

turbina que está sendo desenvolvida em um laboratório. Durante o desenvolvimento do programa,

foram analisados todos os principais parâmetros que poderiam influenciar o pré-projeto da câmara

de combustão, para que no fim, pudesse ser possível coletar os dados de eficiência, temperatura

dos gases nas zonas de combustão, temperatura das paredes, perda de pressão e os valores

estruturais da câmara e de suas partes, como o comprimento, diâmetro e largura.

Como a câmara foi projetada para operar com diversificados combustíveis, escolheu-

se o etanol, o metanol e o querosene para serem verificados seus desempenhos ao serem utilizados

nas câmaras de combustão. Foi possível perceber que os biocombustíveis apesar de apresentarem

menores temperaturas de combustão, mostraram valores satisfatórios de eficiência, equiparando-

se ao querosene, além de emitirem menos gases poluentes, como o NOx. Entretanto, verificou-se

que como o trabalho todo foi desenvolvido a partir de equações empíricas, e, que os principais

parâmetros que podem influenciar todo o comportamento da turbina encontram-se em segredo de

indústria, o que temos é um resultado de simulação numérica e que muito pode ser melhorado para

garantir que a câmara projetada possa ser efetivamente construída.

De forma a validar os resultados obtidos, foram utilizados os dados disponibilizados

pelo Engenheiro João Machado, Gerente da Usina Termelétrica de Juiz de Fora, relacionados com

a operação da turbina a gás GE modelo LM6000. O sistema de combustão dessa turbina a gás foi

modificado para poder operar com etanol e os resultados obtidos indicam índices satisfatórios ao

utilizar o biocombustível, tanto de eficiência quanto de emissão de gases, mas que por dificuldades

logísticas, a utilização de etanol não é a primeira opção para produzir eletricidade nessa usina

termelétrica.

Palavras Chave: Câmaras de combustão. Turbinas a gás. Combustíveis alternativos. Combustão.

ABSTRACT

This work presents a methodology for the design of can-annular combustion chambers,

developed through empirical equations using the Matlab® software. The aim of the current study

was to obtain the preliminary geometry and measurement the performance of a combustion

chamber that can operate with different types of fuels, including biofuels, which was explained its

importance in the current economic scenario.

For program input data in Matlab®, the study of a turbine that is being developed in a

laboratory was considered. During the development of the program, it was analyzed all the major

parameters that could influence the pre-design of the combustion chamber, so that in the end it

could be possible to collect data efficiency, the gas temperature in the combustion zones,

temperature of the walls, pressure loss and structural values of the combustor geometric and its

parts, such as length, diameter and width.

Since the combustor was designed to operate with several types of fuels, it was chosen

the ethanol, methanol and kerosene fuels to verify their performance when used in combustion

chambers. It was observed that the biofuel, despite having lower combustion temperatures, showed

satisfactory values of efficiency, in comparison with kerosene, and emits less greenhouse gases,

such as NOx. However, it was found that as the whole job has been developed from empirical

equations, and that the main parameters that can influence the entire turbine behavior are in

industry secret, what we have is a result of numerical simulation and that much can be improved

to ensure that the designed combustor can be actually built.

In order to validate the results, the data provided by Engineer João Machado were

used, manager at Thermoelectric Power Plant of Juiz de Fora, related to the operation of the gas

turbine model GE LM6000. The combustion system of the gas turbine was modified to operate

with ethanol, and the results indicate satisfactory rates using the biofuel in the efficiency of the

turbine and less rates of greenhouse gases, nevertheless, owing to logistical difficulties, the use of

ethanol is not the first option to produce electricity on the before mentioned facility.

Keywords: Combustors. Gas turbines. Alternative fuels. Combustion.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Usina Termelétrica de Juiz de Fora (MG) .................................................................... 23

Figura 2 - Limites de inflamabilidade de um combustível em ar a uma pressão constante .......... 25

Figura 3 - Componentes básicos de um motor de turbina a gás .................................................... 27

Figura 4 - Estágios da evolução de um combustor de turbina a gás convencional ....................... 29

Figura 5 - Principais Componentes de uma câmara de combustão tubular .................................. 30

Figura 6 - Combustor Multitubular ............................................................................................... 31

Figura 7 - Combustor Tubo-anular ................................................................................................ 32

Figura 8 - Combustor anular de fluxo reverso .............................................................................. 33

Figura 9 - Padrão de fluxo do combustor agitado na direção circunferencial ............................... 34

Figura 10 - Combustor de dois estágios ........................................................................................ 35

Figura 11- Principais componentes de uma câmara de combustão de uma turbina a gás ............. 37

Figura 12 - Número de Mach relacionado com os parâmetros de escoamento ............................. 40

Figura 13- Relação entre o parâmetro θ e a eficiência de combustão ........................................... 43

Figura 14 - Dimensões básicas de um difusor ............................................................................... 49

Figura 15 - Influência do ângulo do difusor na perda de pressão ................................................. 50

Figura 16 - Ângulos característicos de um difusor ....................................................................... 51

Figura 17 - Representação da cúpula e da zona de recirculação ................................................... 54

Figura 18 - Geometria básica de uma fenda de resfriamento ........................................................ 57

Figura 19 - Processos de transferência de calor ............................................................................ 60

Figura 20 - Arranjo Geométrico do Furo ...................................................................................... 63

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características e propriedades do etanol e metanol ..................................................... 22

Tabela 2 - Valores típicos aplicados em uma câmara de combustão ............................................ 42

Tabela 3 - Influência das várias razões de mistura na zona primária ............................................ 45

Tabela 4 - Dados para os cálculos de comprimento da zona de diluição ...................................... 48

Tabela 5 - Valores médios de 휀𝑤 para alguns materiais ............................................................... 61

Tabela 6 - Valores de saída do compressor ................................................................................... 67

Tabela 7 - Parâmetros fundamentais do compressor ..................................................................... 67

Tabela 8 - Parâmetros fundamentais da turbina ............................................................................ 67

Tabela 9 - Comprimentos das zonas da câmara de combustão ..................................................... 68

Tabela 10 - Parâmetros fundamentais do difusor .......................................................................... 68

Tabela 11 - Dados fundamentais do swirler .................................................................................. 69

Tabela 12 - Orifícios da distribuição do ar .................................................................................... 69

Tabela 13 - Eficiência de saída de cada zona de combustão ......................................................... 70

Tabela 14 - Temperatura de saída de cada zona de combustão para o Metanol ........................... 70

Tabela 15 - Temperatura de saída de cada zona de combustão para o Etanol .............................. 70

Tabela 16 - Temperatura de saída de cada zona de combustão para o Querosene ....................... 70

Tabela 17 - Temperatura dos gases na saída de cada zona de combustão .................................... 71

Tabela 18 - Temperatura da parede 1 na saída de cada zona de combustão ................................. 71

Tabela 19 - Temperatura da parede 2 na saída de cada zona de combustão ................................. 71

Tabela 20 - Parâmetros de massa de ar/combustível variando razão de equivalência ao operar com

Metanol ....................................................................................................................... 79

Tabela 21 - Parâmetros de massa de ar/combustível variando razão de equivalência ao operar com

Etanol .......................................................................................................................... 80

Tabela 22 - Parâmetros de massa de ar/combustível variando razão de equivalência ao operar com

Querosene ................................................................................................................... 81

Tabela 23 - Consumo de Água e Emissões de óxido de Nitrogênio da turbina da UTE Juiz de Fora

.................................................................................................................................... 93

Tabela 24 - Teste de Desempenho da turbina da UTE Juiz de Fora ............................................. 94

LISTA DE SÍMBOLOS

𝐴 Área (m2)

𝐴𝑜 Área da seção transversal do snout (m2)

𝐴3 Área de entrada da câmara (m2)

𝑎 Velocidade do som (m/s)

𝐵 Razão de passagem do orifício

𝑏 Fator de correção de temperatura

𝐶 Velocidade (m/s)

𝐶1 Fluxo de calor por convecção do gás de combustão para o liner (W.m-2)

𝐶2 Fluxo de calor por convecção do liner para o ar do invólucro (W.m-2)

𝐶𝑑 Coeficiente de descarga

𝐷 Diâmetro, comprimento ou distância (m)

𝐷∗ Constante empírica

𝐷𝑖𝑛𝑡 Diâmetro interno do combustor (m)

𝐹𝑐ú𝑝𝑢𝑙𝑎 Distância da fenda até a cúpula do injetor (m)

𝐹 Fator de atrito

𝐾12 Condução de calor

𝐾 Fator de perda de pressão dos orifícios

𝐾𝑠𝑤 Constante usada no projeto das pás do swirler

𝑘 Condutividade Térmica (W.m-1.K-1)

𝐿 Comprimento (m)

𝐿𝑥 Distância da entrada do snout até o injetor (m)

𝑙 Componente qualquer de túnel de vento

𝑙𝑏 Comprimento característico do gás ou da chama

𝑀 Número de Mach

𝑚 Razão de fluxo de massa entre o ar e o gás quente [(ρ.U) a/(ρ.U)g]

�̇� Fluxo de massa (kg.s-1)

𝑚𝑓̇ Fluxo de massa de combustível (kg.s-1)

𝑁𝑖𝑛𝑗 Número de injetores da câmara de combustão

𝑛 Ordem de reação

𝑃 Pressão total (Pa)

𝑝 Pressão estática (Pa)

𝑞 Pressão dinâmica (Pa)

𝑅 Constante dos gases (kJ.kmol-1K-1)

𝑅𝑎𝑟 Constante dos gases para o ar (J.kg-1K-1)

𝑅𝑒 Número de Reynolds

𝑅𝑒𝑥 Número de Reynolds da distância x da fenda

𝑅1 Fluxo de calor por radiação da chama para o liner (W.m-2)

𝑅2 Fluxo de calor por radiação do liner para o invólucro (W.m-2)

𝑠 Altura da fenda (m)

𝑇 Temperatura (K)

𝑡 Espessura da parede da fenda (m)

𝑡𝑤 Espessura da parede do liner (m)

𝑇𝑄 Qualidade transversal de temperatura

𝑈 Velocidade (m/s)

𝑉 Volume (m3)

𝑥 Distância axial (m)

𝑍 Parâmetro de tipo de orifício

∆𝑇 Diferença de temperatura (K)

∆𝑃 Perda de pressão (Pa)

𝛼 Ângulo de fechamento da câmara (°)

𝛼 Razão de área do orifício

𝛼𝑠𝑤 Ângulo das pás do swirler(°)

𝛽𝑠𝑤 Ângulo de mudança de direção do fluxo de ar no swirler (°)

휀 Emissividade

휂 Eficiência

휃 Ângulo de inclinação da cúpula (°)

휃 Parâmetro de eficiência de combustão

휃 Semi-ângulo de abertura do difusor do duto

𝜙 Razão de equivalência

𝜙𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 Razão de equivalência global da câmara

𝜙𝑝𝑜𝑏𝑟𝑒 Razão de equivalência em que a combustão ocorre mais pobre

𝜙𝑟𝑖𝑐𝑜 Razão de equivalência em que a combustão ocorre mais rica

𝜙2 Ângulo de penetração do jato de ar (°)

𝜇 Viscosidade dinâmica (Pa.s)

𝜉 Razão de área B/α (kg.m3)

𝜎 Constante de Stefan-Boltzmann, 5,67 x 10-8 W.m-2.K4

𝜓 Ângulo do difusor (°)

𝜌 Densidade (kg/m-3)

𝛿 Constante para cantos dos orifícios

Subscritos

0 Indicativo de pressão total ou temperatura total

1 Ambiente

1 Superfície interna da parede do tubo da chama

2 Saída da voluta do compressor, entrada do duto

2 Superfície externa da parede do tubo de chama

3 Entrada da câmara de combustão, entrada do difusor

4 Saída da câmara

3_4 Desde a entrada até a saída da câmara de combustão

an Anular

c Curva do duto

cúpula Cúpula

d Difusor do duto

dif Difusor

fendas Fendas

ft Liner (flame tube)

g Gás quente

i Injetor

int Interno

liner Referente ao liner

o Coroa

or Orifício

r Resfriamento

ref Referência

refri Refrigeração

S Entrada de ar para o snout

SW Swirler

w Parede do liner

w1 Superfície interna do tubo da chama

w2 Superfície externa do tubo da chama

ZD Zona de diluição

ZP Zona primária

ZR Zona de recirculação

ZS Zona secundária

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 17

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 17

1.2. JUSTIFICATIVAS ......................................................................................................... 17

1.3. OBJETIVOS ................................................................................................................... 18

1.3.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 18

1.3.2. Objetivos específicos .............................................................................................. 18

1.4. ESCOPO DO TRABALHO ........................................................................................... 19

2. ESTADO DA ARTE ............................................................................................................... 20

2.1. BIOCOMBUSTÍVES EM TURBINAS A GÁS ................................................................ 20

2.1.1. Características e propriedades do etanol e do metanol ................................................ 21

2.1.2. Turbinas a gás funcionando com biocombustível ........................................................ 23

2.2. LIMITES DE INFLAMABILIDADE ................................................................................ 24

2.2.1. Importância e Definição ............................................................................................... 24

2.2.2. Parâmetro de Carregamento do Combustor ................................................................. 25

3. TURBINAS A GÁS ................................................................................................................. 27

3.1. DESENVOLVIMENTO DE TURBINAS A GÁS ............................................................ 27

3.2. REQUISITOS NA CÂMARA DE COMBUSTÃO ........................................................... 28

3.3. CONFIGURAÇÃO BÁSICA ............................................................................................. 28

3.3.1. Classificação Geométrica ............................................................................................ 30

3.3.2. Classificação pela distribuição de ar ............................................................................ 32

3.3.3. Zonas de combustão ..................................................................................................... 36

4. METODOLOGIA NO PROJETO DA CÂMARA DE COMBUSTÃO ............................. 39

4.1. DIMENSÕES PRELIMINARES DO COMBUSTOR ...................................................... 39

4.1.1. Determinação da área de referência ............................................................................. 40

4.1.2. Diâmetro de Referência e Área do Tubo da Chama .................................................... 46

4.1.3. Determinação das Seções do Combustor ..................................................................... 47

4.1.4. Projeto do Difusor ........................................................................................................ 48

4.1.5. Projeto do Swirler ........................................................................................................ 52

4.2. CÁLCULO DE TEMPERATURA DA CHAMA .......................................................... 54

4.2.1. Zona de Recirculação ................................................................................................... 54

4.2.2. Restante da Zona Primária ........................................................................................... 55

4.2.3. Zona Secundária de Temperatura ................................................................................ 55

4.2.4. Temperatura da Zona de Diluição................................................................................ 56

4.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR PARA AS PAREDES DO LINER ............................... 57

4.3.1. Concepção de orifícios de admissão de ar ................................................................... 62

5. RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................. 65

5.1. TEMPERATURA X COMPRIMENTO DA CÂMARA ................................................... 72

5.2. TEMPERATURA DE RESFRIAMENTO X COMPRIMENTO DO COMBUSTOR ..... 76

5.3. RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA X FLUXO DE MASSA DE AR: .................................... 79

5.4. EFICIÊNCIA X COMPRIMENTO DA CÂMARA .......................................................... 85

5.5. GASES DE EXAUSTÃO ................................................................................................... 88

6.CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 95

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 96

APÊNDICE A – Mecanismos detalhados dos combustíveis .................................................... 99

APÊNDICE B - Reagentes ........................................................................................................ 100

APÊNDICE B.1. - METANOL ............................................................................................... 100

APÊNDICE B.2. - ETANOL .................................................................................................. 101

APÊNDICE B.3. - QUEROSENE ........................................................................................... 102

APÊNDICE C – Produtos ........................................................................................................ 103

APÊNDICE C.1. - METANOL ............................................................................................... 103

APÊNDICE C.2. - ETANOL .................................................................................................. 105

APÊNDICE C.3. – QUEROSENE .......................................................................................... 107

17

1.INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica de 2015 da EPE (Empresa de

Pesquisa Energética) associada ao Ministério de Minas e Energia, cerca de 70% da energia elétrica

produzida no mundo provém de fontes térmicas convencionais e quase 80% da energia utilizada

no globo é produzida por processo de combustão. A máquina extensivamente usada para esse

propósito é a turbina a gás. Ela pode ser usada em grandes plantas combinadas para a geração de

energia elétrica, em pequenos espaços para atender a “pequena” demanda de uma empresa ou

shopping center ou também na propulsão de navios e aviões, sendo esse último largamente

utilizado.

Por esse tipo de energia ser a grande dominante na atualidade, dificilmente nas

próximas décadas essa porcentagem conseguirá ser alterada, pois mudanças significativas na

enorme estrutura das matrizes energéticas mundiais demandariam tempo para acontecer. Logo, a

pressão internacional para a utilização de energia limpa fez com que os engenheiros não se

preocupassem apenas na eficiência energética das turbinas, mas também na forma de operá-la de

modo mais limpo, agregando sustentabilidade e tecnologia.

O uso de combustíveis renováveis tem recebido crescente atenção da indústria como

uma boa alternativa para gerar energia de forma mais limpa, já que a formação de NOx é um dos

principais problemas para garantir a eficiência sustentável das turbinas a gás. Novas tecnologias

são requeridas para que o desempenho dos combustores atenda todas as exigências pertinentes.

1.2. JUSTIFICATIVAS

Em artigo publicado pela empresa de consultoria Frost & Sullivan’s em 2014, foi

reportado que o mercado mundial de turbinas a gás e a vapor obteve receita de mais de U$S 32,5

bilhões em 2013 e um crescimento para mais de U$S 42,5 bilhões é previsto para 2020 (Bayar,

2014).

Mas o crescimento nos dois segmentos de mercado não será igual. Devido a fatores

incluindo a crescente tendência para substituir antigas usinas de carvão por modernas estações

elétricas alimentadas a gás e a necessidade de combustíveis de geração mais flexíveis devido à

18

energia renovável, turbinas a gás estão previstas para ganhar a vantagem sobre turbinas a vapor

(Bayar, 2014). Mesmo a China, (Bayar, 2014) grande consumidora de turbinas a vapor, está

promovendo uma agressiva mudança em suas plantas de energia, optando pelas turbinas a gás,

com o objetivo de reduzir a dependência de carvão e diversificando seu mix de combustível.

Segundo o Anuário da EPE (2015), a utilização de biomassa na geração de energia no

Brasil, representou 7,6% do balanço energético nacional em 2014 e juntamente com outras fontes

renováveis (hidroeletricidade, produtos da cana de açúcar, lenha), esse número passou para 70,8%,

enquanto os derivados do petróleo representaram apenas 5,4% deste cenário e o gás natural 13,7%.

Fica visível que a adequação das turbinas a gás neste novo panorama torna-se

necessário para suprir o promissor mercado de biocombustíveis. Para isso, a pesquisa e inovação

na adequação do sistema de combustão das turbinas a gás para receber esses novos tipos de

combustíveis trazem um novo desafio em seu desenvolvimento. Essa mudança impacta

diretamente sobre a câmara de combustão, pois é a parte da turbina responsável pela eficiência,

tamanho e emissão de poluentes. Desta forma, este trabalho visa o desenvolvimento de uma nova

ferramenta que auxilie na mudança de combustíveis em uma câmara de turbina a gás, mostrando

as principais variações ocorridas no conjunto após a alteração do tipo de combustível.

1.3. OBJETIVOS

1.3.1. Objetivo geral

Desenvolver uma metodologia para o projeto preliminar de câmaras de combustão tubo-

anulares de turbinas a gás a partir de equações empíricas utilizando o programa Matlab® e

avaliar seu desempenho sob diferentes condições operativas queimando diferentes

combustíveis.

1.3.2. Objetivos específicos

• Desenvolver um programa computacional que automatize a metodologia de cálculo preliminar

de uma câmara de combustão de uma turbina a gás.

• Comparar a eficiência de combustão da câmara tubo-anular utilizando, tanto combustíveis

fósseis quanto combustíveis renováveis.

• Comparar o parâmetro de carregamento de câmaras de combustão tubo-anulares queimando

diversos tipos de combustíveis.

• Mensurar as emissões do gás de exaustão dos combustores tubo-anulares.

19

1.4. ESCOPO DO TRABALHO

No capítulo 1 será explanado de uma forma geral, uma introdução ao leitor aos

principais assuntos que serão abordados ao longo do trabalho, suas justificativas, objetivos e

importância do tema.

No capítulo 2, o estado da arte das câmaras de combustão será apresentado. Este

capítulo terá como abordagem a importância do uso de biocombustíveis, suas características e

exemplos do seu uso em turbinas a gás. Também será apresentado o limite de inflamabilidade, que

é o principal fenômeno que influencia o parâmetro de carregamento do combustor.

No capítulo 3, a definição de turbinas a gás é feita. Após um pequeno histórico, é

introduzido os principais tipos de turbinas, com suas configurações básicas, até chegar à câmara

de combustão e suas principais zonas de operação.

No capítulo 4 é descrito toda a metodologia necessária para o projeto da câmara de

combustão. Além de mostrar as equações empíricas necessárias, são descritas as principais partes

da câmara de combustão, bem como as considerações que foram empregadas ao longo do

programa.

No capítulo 5 são mostrados os resultados obtidos com a criação do pré-projeto da

câmara de combustão tubo-anular em Matlab® utilizando-se metanol, etanol e querosene como

combustíveis, bem como a comparação com os dados de uma turbina real operando com etanol.

No capítulo 6 é resumido as principais conclusões obtidas, além da proposição de

futuros estudos que podem ser feitos acerca do que já foi possível ser coletado durante este

trabalho.

20

2. ESTADO DA ARTE

As necessidades energéticas do homem estão em constante evolução. Para satisfazer suas

primeiras necessidades, que eram basicamente a alimentação, uma fonte de iluminação noturna e

aquecimento, o homem apropriou-se do uso do fogo e desenvolveu a agricultura e a pecuária,

armazenando energia excedente nos animais e alimentos. A partir de então, cada vez mais, pode

dedicar-se a outras atividades para potencializar seu trabalho (Farias, Sellitto, 2011).

A evolução da humanidade está intrinsecamente ligada a essa procura na forma de

aproveitar a energia proveniente dos meios naturais da Terra e utilizá-la em benefício próprio.

Porém, até a revolução industrial, não havia grandes mudanças na forma de obtê-la e consumi-la.

Com o vertiginoso processo de industrialização, a necessidade de energia aumentou e então novas

fontes primárias, com maior densidade energética, foram introduzidas, iniciando a era dos

combustíveis fósseis com a introdução do carvão mineral.

Com o progresso econômico e o surgimento das máquinas elétricas e veículos

automotores, a sociedade desenvolveu-se em torno dos combustíveis fósseis, que apesar de

promoverem esse progresso a um ritmo galopante, provocam alterações no meio ambiente,

causando grandes impactos. Neste sentido, novas fontes de energia tiveram que ser descobertas,

dentre elas, os biocombustíveis, que vêm assumindo um papel fundamental na economia moderna.

Ao longo deste capítulo serão descritos os biocombustíveis, etanol e metanol, suas principais

características e sua aplicação em câmaras de combustão de turbinas a gás.

2.1. BIOCOMBUSTÍVES EM TURBINAS A GÁS

A câmara de combustão de turbinas a gás corresponde basicamente a um mecanismo

de fluxo contínuo, que tende a desenvolver uma chama estável durante a sua combustão. Em teoria,

estas máquinas podem operar com uma série de biocombustíveis como o etanol, metanol,

biodiesel, biomassa gaseificada, gás sintético, hidrogênio, além do gás natural convencional.

Contudo, a substituição do combustível de projeto em câmaras de combustão de turbinas a gás

deve ser avaliada, uma vez que as propriedades do combustível influenciam na eficiência do

conjunto, na taxa de emissão de poluentes e no processo de combustão (Dias, 2011);

O desenvolvimento de tecnologia nesse campo de aplicação tem aumentado

consideravelmente. Em países como o Brasil, o etanol é um candidato natural entre os

biocombustíveis. Produzido da cana-de-açúcar, surgiu basicamente por duas razões: a necessidade

21

de amenizar as sucessivas crises do setor açucareiro e a tentativa de reduzir a dependência do

petróleo importado (Leite et al.,2012). O metanol, que será outro biocombustível de estudo,

desponta nos Estados Unidos, sendo produzido anualmente cerca de 1,2 bilhões de galões ao ano

(U.S. Department of Energy, 2015).

2.1.1. Características e propriedades do etanol e do metanol

O etanol (𝐶2𝐻5𝑂𝐻) resulta da fermentação anaeróbica de açúcares naturais (uva,

beterraba sacarina, milho, cana de açúcar, entre outros), seguido da destilação. Também pode ser

produzido por reação catalítica entre etano e água. No Brasil, é obtido a partir da cana-de- açúcar,

sendo comumente chamado de bioetanol (Herrera, 2015).

O metanol (𝐶𝐻3𝑂𝐻), também conhecido como álcool metílico, é produzido a partir da

gaseificação do gás natural ou também de produtos da biomassa, com o eucalipto. Por meio de

duas fases do processo termoquímico, primeiro a biomassa é gaseificada para produzir hidrogênio

e monóxido de carbono. Estes gases são utilizados para reagir e formar o biocombustível, que pode

ser usado na sua forma pura ou como matéria prima para o aditivo da gasolina. Algumas das

características e propriedades do metanol e etanol estão dados na Tabela 1.

O etanol contém cerca de 35% de oxigênio em peso, entra em ebulição a uma

temperatura de 78°C e tem um elevado calor de vaporização, devido à sua ligação de hidrogênio.

Estes parâmetros são muito importantes para a atomização do combustível e a vaporização na

câmara de combustão. Propriedades físicas e químicas do etanol podem ser exploradas nas câmaras

de combustão das turbinas a gás, enquanto outras dificuldades técnicas devem ser superadas, como

por exemplo, a logística do transporte e operação.

O metanol líquido é venenoso e altamente inflamável, queimando com uma chama

invisível (Gupta, et al., 2010). É um excelente combustível para motores ou mesmo quando usado

como combustível. Ele pode ser usado em motores a diesel, turbinas a gás e células a combustível.

É um combustível renovável com muitos usos, principalmente em turbinas a gás, porém, para usá-

lo, as turbinas deveriam ser redesenhadas para aproveitar melhor suas propriedades (Almeida, et

al., 2015), já que possui uma curva de inflamabilidade mais estreita, com problemas de operação

transiente.

Como os pontos de fulgor do etanol e do metanol são 12,8 e 11,8°C respectivamente,

eles se encontram dentro da faixa normal da temperatura ambiente, o que significa que qualquer

22

tanque contendo tais combustíveis possui uma atmosfera inflamável dentro dele, o que significa

um perigo na mistura explosiva dentro do tanque do combustível (Gupta, et al., 2010).

Tabela 1 - Características e propriedades do etanol e metanol

Fonte: Adaptado de Almeida et al., 2015

Propriedades Etanol Metanol Unit

Fórmula C2H5OH CH3OH –

Entalpia de Vaporização 38.56 37.40 kJ/mol

Ponto de Ebulição 351.2 337.7 K

Ponto de Fusão 159 175.4 K

Ponto de Fulgor 286 285 K

Menor Poder Calorífico 27.2 22.7 MJ/kg

Temperatura Crítica 514 513 K

Temperatura de

Autoignição 695 658 K

Pressão Crítica 6.3 8.07 MPa

Peso Molecular 46.07 32.04 g/mol

Índice de Refração 1.36 1.33 –

Estequiometria

Ar/Combustível 8.95 6.45 –

Peso Específico (15 ºC) 0.794 0.787 –

Densidade de Energia 21.6 15.6 MJ/l

23

2.1.2. Turbinas a gás funcionando com biocombustível

Em 1976, o professor João Roberto Barbosa e sua equipe desenvolveram, fabricaram

e homologaram, no Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), uma pequena turbina a gás,

concebida para ser utilizada como unidade aerotransportável para partida (em solo) da aeronave

AT-26 Xavante da Embraer. Experimentalmente, essa turbina operou com etanol com sucesso,

entretanto, por sua baixa densidade energética, o etanol como substituto para o querosene de

aviação possui limitadas perspectivas (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2010).

Em 2008, a GE Energy, fez testes experimentais utilizando bioetanol em uma turbina

a gás 6B Frame equipado com câmaras de combustão padrão e funcionando em ciclo simples, na

Usina de Goa, Índia. A combustão foi caracterizada com uma ampla gama de misturas de

nafta/etanol (até 95% de etanol). Como principais resultados foram identificados a necessidade de

um incremento na vazão do biocombustível, troca do bico do combustível para maior vazão e

emissões de CO e UHC (hidrocarbonetos não queimados) desprezíveis. Além disso, fornecendo

100% de etanol, os NOx foram reduzidos à metade quando se compara com os 100% de

combustível de nafta, principal combustível utilizado na Índia (Herrera, 2015).

A General Eletric Co. anunciou em outubro de 2010 que foi contratada pela Petrobras

para converter a segunda de duas unidades da usina de Juiz de Fora para queimar etanol. A usina

de Juiz de Fora é uma planta de 87 megawatts, de ciclo simples, que utiliza a queima de gás natural

e atende cerca de 300 mil casas. Duas turbinas a gás modelo LM6000 são usadas para alimentar a

planta.

Figura 1 - Usina Termelétrica de Juiz de Fora (MG)

Fonte: MACHADO, 2016

24

Reconhecida como a primeira termelétrica do mundo a operar com etanol, a UTE de

Juiz de Fora contou com toda uma nova infraestrutura para o recebimento e armazenamento do

etanol, desde válvulas, tubulações, instrumentação, cabeamento, motores e bombas e sistema de

proteção contra incêndio. A turbina contou com um novo sistema de resfriamento dos

queimadores, instalação da nova câmara de combustão para operar com etanol e substituição de

dois bicos de injeção e dos elementos de vedação. O sistema de supervisão foi alterado para a

inserção dos equipamentos de alimentação do combustível etanol e para a instrumentação das

variáveis de controle.

Os ensaios realizados na turbina contaram com a variação da geração com consumo

de etanol e gás natural, variação de injeção de água com cargas diferentes consumindo etanol e

gás natural, transferência de combustível de gás natural para etanol e etanol para gás natural com

carga de 15 e 25 MW, parada e partida da turbina operando diretamente com etanol e realização

de medidas para cálculo de eficiência com os dois combustíveis.

Assim, foi registrada uma eficiência de 43,0% para a câmara adaptada e 41,2% com a

turbina original operando com gás natural. Do ponto de vista ambiental, houve uma redução das

emissões de NOx de cerca de 35% ao substituir o gás natural pelo etanol. O desgaste dos

componentes foi compatível com o esperado para combustíveis líquidos, não acarretando redução

da vida útil. Foi comprovada a possibilidade de se iniciar e terminar a operação da UTE

diretamente com o etanol, porém, a maior dificuldade encontrada foi na logística de entrega deste

combustível, que consumiria cerca de 2,5 caminhões tanque por hora.

2.2. LIMITES DE INFLAMABILIDADE

2.2.1. Importância e Definição

Uma mistura gás-vapor é considerada dentro dos limites de inflamabilidade quando,

depois de fornecida a energia por uma fonte externa de ignição, a chama se propaga. Saber seus

limites inferiores e superiores são ferramentas fundamentais para previsão do fogo e de concepção

de sistemas de segurança. Então, a fronteira na qual a mistura torna-se incapaz de propagação da

chama é conhecida como os limites de inflamabilidade. Essa fronteira não é bem delineada, em

alguns experimentos pode-se observar que a transição é estreita e em outros que a transição é

ampla. Segundo Cartagena (2013), isso dificulta uma definição clara e única dos limites de

inflamabilidade. Esta dificuldade ao construir uma definição suficientemente universal sobre os

25

limites de inflamabilidade deve-se às poucas pesquisas sobre este fenômeno perto do limite, assim

como os mecanismos da formação e extinção da chama.

Sendo assim, uma mistura inflamável pode ser queimada em um intervalo de

composição de mistura combustível/ar. Abaixo de um limite da composição, a mistura é pobre, e

acima dela, é rica. As concentrações constituem a faixa de inflamabilidade (Herrera, 2015).

Figura 2 - Limites de inflamabilidade de um combustível em ar a uma pressão constante

Fonte: QUINTERO, 2013

Os limites de inflamabilidade podem ser modificados devido a diversos fatores:

temperatura, pressão, turbulência, concentração de oxigênio, energia de ignição, direção de

propagação da chama e razão de equivalência. Este último fator será objeto de estudo nesta

monografia.

2.2.2. Parâmetro de Carregamento do Combustor

Para fazer a análise do processo de combustão e para descrever a eficiência de combustão,

duas abordagens são mais amplamente utilizadas: o modelo de velocidade de queima e o modelo

de reator agitado. O modelo de velocidade de queima é vulgarmente utilizado para descrever os

fenômenos de combustão num combustor de turbina a gás. Este modelo deriva uma expressão para

26

a eficiência de combustão, tal como uma função de um parâmetro de carregamento de combustão

conhecido como teta. Este parâmetro correlaciona-se à eficiência de combustão para as condições

de funcionamento (pressão, temperatura e razão de equivalência) e os parâmetros geométricos do

combustor, sendo melhor descrito no capítulo 4.1.1.2. Considerações de combustão.

27

3. TURBINAS A GÁS

3.1. DESENVOLVIMENTO DE TURBINAS A GÁS

Nos últimos 50 anos, o projeto de combustores de turbinas a gás desenvolveu-se de

forma contínua (Conrado, 2002). O começo desta tecnologia foi reconhecido como um conceito

tecnológico com grande potencial, mas limitado pelo seu estado da arte associado às tecnologias

e materiais disponíveis na época. Segundo Hunt (2011), os experimentos com turbinas a gás

tomaram várias formas desde o começo dos anos 1900, mas os desapontamentos iniciais pela pobre

eficiência mostram o pouco incentivo para essa ideia ser levada para mais longe. Somente em

1939, foi construída a primeira turbina a gás de geração de energia com 4.000 kW pela Brown

Boveri Company em Baden, Suíça.

Figura 3 - Componentes básicos de um motor de turbina a gás

Fonte: AIRPLANE FLYING HANDBOOK

De acordo com Giampaolo (2009), o que permitiu o desenvolvimento das turbinas a

gás ao longo dos recentes anos deve-se basicamente a três fatores:

Avanços na metalurgia, o que permitiu o emprego de altas temperaturas no combustor e

nos componentes das turbinas;

Acumulativo conhecimento de aerodinâmica e termodinâmica;

Utilização da tecnologia computacional no projeto e simulação da câmara de combustão,

bem como no desenvolvimento de resfriamento das pás das turbinas.

28

Sendo assim, os avanços na produção das turbinas a gás resumem-se na obtenção dos

resultados que sejam mais satisfatórios de acordo com as necessidades do projeto, o que leva a um

balanceamento dos diferentes requisitos e o modelamento de complexos arranjos.

3.2. REQUISITOS NA CÂMARA DE COMBUSTÃO

O combustor de uma turbina a gás é um dispositivo para incrementar a temperatura do

ar entrante pela adição e combustão de combustível. Com esse propósito, a câmara de combustão

deverá satisfazer muitos diferentes requisitos (Bohorquez, Barbosa, 2012).

Apesar da variância encontrada nos requerimentos da câmara de combustor de acordo

com o tipo de motor utilizado, Lefebvre (1983), destaca os pré-requisitos que um combustor básico

deve atender independente do seu uso:

1. Estabilidade de chama máxima em todas as condições operacionais;

2. Alta eficiência de combustão em todas as condições operacionais;

3. Baixas emissões;

4. Perda mínima e pressão compatível com as condições de operação e desempenho;

5. Facilidade na ignição;

6. Distribuição de temperatura de saída satisfatória;

7. Ausência de sólidos nos gases de escape;

8. Mínimo custo de fabrico, tamanho e peso;

9. Durabilidade;

10. Fácil Manutenção;

11. Capacidade de operar com diversos combustíveis.

A prioridade dada a cada requisito dependerá da aplicação desejada.

3.3. CONFIGURAÇÃO BÁSICA

O modelo mais simples de uma câmara de combustão está exemplificado na Figura 4-

a, que é composta por um duto cilíndrico conectando o compressor à turbina. Entretanto, essa

configuração torna-se impraticável, pois a perda de pressão pode ser excessiva. A perda

fundamental de pressão por conta da combustão é proporcional ao quadrado da velocidade do ar,

e se a saída do compressor estiver na ordem de 170 m/s, essa perda poderia chegar a um quarto do

aumento de pressão alcançado no compressor. Para reduzir tal perda, seria necessária a inserção

29

de obstáculos, como um difusor para desacelerar o escoamento em cinco vezes, como mostrado

na Figura 4-b (Lefebvre, 1983).

Figura 4 - Estágios da evolução de um combustor de turbina a gás convencional

Fonte: LEFEBVRE, 1983

Após colocar o difusor, é preciso colocar uma zona de recirculação a jusante do injetor

de combustível para estabilizar a chama. Na Figura 4-c é mostrado esse obstáculo mecânico que

serve para abrigar a chama e mantê-la. Entretanto, a combustão ainda não é possível. Isso se deve

ao fato de que para aumentar a temperatura, a razão total de ar/combustível na câmara deve ficar

por volta de 30-40, o que está fora dos limites de inflamabilidade de misturas de ar-

hidrocarbonetos. Idealmente, a razão ar/combustível na primeira zona de combustão deve ficar por

volta de 18, entretanto, altos valores (por volta de 24) são preferíveis se é desejado baixas emissões

de NOx. Para resolver esse problema, a solução é que o obstáculo mecânico seja substituído por

um liner com orifícios, ilustrado na Figura 4-d (Lefebvre, 1983).

A função do liner é recircular a chama para o injetor de combustível, devido à criação

de uma região de baixa pressão na câmara de combustão do eixo (Kiameh, 2002).

Após a definição da configuração usada nas câmaras de combustão, para classificá-

las, é necessário especificar as três principais características de design:

30

3.3.1. Classificação Geométrica

Os combustores possuem dois tipos de configuração básica: tubular e anular. Podem-

se ter os intermediários entre esses dois extremos, chamados tubo-anular e o multitubular.

3.3.1.1. Tubular

É o mais comum na indústria ou em pequenos motores. Simples de fabricar e manter,

geralmente conta com um sistema de combustível de baixo custo. Entretanto, o fluxo necessário

para conduzir os gases quentes para a turbina possui um complicado trajeto, o que pode dificultar

o controle da distribuição de ar, especialmente se um sistema de baixa perda de pressão for

necessário. No caso de motores muito pequenos, um arranjo linear exigiria pequenas dimensões

tais que o desempenho da câmara seria prejudicado devido à proximidade das paredes da câmara

de combustão (Sawyer, 1985).

Figura 5 - Principais Componentes de uma câmara de combustão tubular

Fonte: ROLLS ROYCE LIMITED®

3.3.1.2. Multitubular

São os combustores mais usados na aviação. Eles requerem uma área frontal menor que a

tubular (Kiameh, 2002). Além disso, apresentam a geometria da câmara de combustão

correspondente à geometria da injeção de combustível e caso haja danos a uma única câmara de

31

combustão, não é necessária a substituição de todo o sistema. Uma vantagem adicional é que o

trabalho realizado por esse combustor pode ser feito em uma única câmara de combustão, exigindo

menos do fluxo de ar total, o que reduz os custos de desenvolvimento.

Figura 6 - Combustor Multitubular

Fonte: ODGERS, J AND KRETSCHMER

3.3.1.3. Anular

O combustor anular aparentemente possui diversas vantagens. Eles fazem uso de todo

espaço de combustão disponível, a descarga dos compressores axiais já é feita de forma anular e

não há necessidade de transição antes de entregar à turbina. Estes combustores requerem menor ar

de refrigeração comparativamente ao tubular, tendo uma grande popularidade em aplicações à

altas temperaturas. Entretanto, a manutenção destes combustores é relativamente mais difícil, bem

como sua temperatura e perfil de escoamento tornam a ação mais complicada (Sawyer,1985).

Figura 7 - Combustor Anular

Fonte: ROLLS-ROYCE LIMITED®

32

3.3.1.4. Tubo-anular

Segundo Conrado (2002), este combustor possui o compromisso entre as vantagens

das câmaras tubulares e com o tamanho compacto da câmara anular. Possui comprimento e peso

menor que a tubular, perda de pressão intermediária e o ganho de espaço que dispensa peças de

transição antes e depois da câmara. Possui as vantagens de fabricação e manutenção das câmaras

tubulares, porém com problemas de uniformidade e a razão entre a seção útil e a disponível.

Uma grande vantagem é que um maior uso da chama pode ser feito com uma modesta

adição de ar, utilizando-se um pequeno segmento da chama total contendo uma ou mais liners

(Lefebvre, Ballal, 2003). Sua maior desvantagem é atingir um fluxo de ar satisfatório e consistente,

e seu projeto do difusor pode apresentar certa dificuldade (Lefebvre, 1983).

Figura 7 - Combustor Tubo-anular

Fonte: AEROMODELBASIC®

3.3.2. Classificação pela distribuição de ar

3.3.2.1 Combustor Direto

Pode ser definido como o combustor típico, com a distribuição de ar em linha reta a

partir do compressor através da câmara de combustão até a turbina, o que gera menores problemas

de rendimentos. Depois da difusão, o ar segue em apenas uma direção e com uma velocidade quase

uniforme (Sawyer,1985).

33

3.3.2.2. Combustor com fluxo reverso

Este combustor apresenta o compressor, a câmara de combustão e a turbina dispostos

de forma que a câmara esteja dobrada sobre a turbina ou sobre o compressor. Sua principal

vantagem é o encurtamento do comprimento do eixo entre o compressor e a turbina, apresenta

utilização eficiente do volume disponível para a combustão e é de mais fácil manutenção devido

à acessibilidade dos injetores de combustíveis (Sawyer, 1985).

A distribuição de ar precisa um projeto cuidadoso, pois ele é menos sensível do que

um combustor direto nas variações do perfil de velocidade (Sawyer,1985). Uma desvantagem é a

alta razão de superfície/volume do liner, o que dificulta seu resfriamento (Conrado, 2002).

Figura 8 - Combustor anular de fluxo reverso

Fonte: LEFEBVRE, 1983

3.3.2.3. Combustor Regenerador

Nesse tipo de combustor os gases quentes da exaustão trocam calor com os gases que

entram no compressor. Isso facilita o processo de combustão, mas raramente é possível alimentar

os gases de entrada de ar de forma linearmente. Normalmente, o fluxo acontece de três formas

diferentes: parte diretor, parte reversa e parte cruzada. Muitas vezes a distribuição de ar é tão baixa

que os dutos e o liner devem ser bem localizados para melhorá-la. Isso aumenta as dificuldades de

arrefecimento da parede. No entanto, para obter um padrão de abordagem tolerável, os

regeneradores rotativos são combinados com combustores tubulares (Sawyer,1985).

34

3.3.2.4. Combustor de vórtice único

Segundo Sawyer (1985), este tipo de combustor caracteriza-se por ser mais simples e

barato, que utiliza apenas a metade do número de injetores de combustível em comparação ao

combustor direto. Em vez de duas regiões de recirculação do ar, ele possui apenas um vórtice

induzido dentro da zona primária. Os gases circulam em torno de um caminho circunferencial,

forçando cada extremidade do vórtice a girar no sentido axial, originando dois vórtices secundários

que completam a combustão antes de serem dissipados pelos jatos de misturas na zona de diluição

convencional.

Figura 9 - Padrão de fluxo do combustor agitado na direção circunferencial

Fonte: AVCO LYCOMING

3.3.2.5. Combustor de dois estágios

Esse combustor apresenta duas ou mais zonas de queima separadas e controladas de

forma independente. Inicialmente o conceito de criação era reduzir o comprimento da chama e

assim originar um motor mais curto e mais leve. Atualmente o objetivo mudou, sendo agora o de

35

reduzir a poluição em todas as condições operacionais, o que pode ser conseguido de várias

maneiras.

Uma forma é ter uma zona piloto que queima de maneira rica (duas vezes

estequiometricamente), não havendo formação de NOx. Esses gases passam para a segunda zona,

onde ocorre a adição de mais e de forma pobre, para que ocorra uma combustão enxuta.

Diminuindo-se o tempo para a queima na segunda zona, acontece então, uma menor formação de

NOx do que se a mesma quantidade tivesse sido queimada em uma única fase.

Outra forma é controlar a poluição nas duas fases. Nesse caso, a combustão é

estequiométrica em idle na zona piloto. Isto minimiza a produção do monóxido de carbono e

hidrocarbonetos e ainda emite menos NOx devido às baixas temperaturas e pressões devido ao

funcionamento do idle. Em cargas altas, ambas zonas piloto e principal são projetadas para operar

em condições de misturas pobres, com ϕ=0,7 (Sawyer,1985). Isso objetiva controlar a emissão de

poluentes e controlar a emissão de NOx. Uma dessas variações está mostrada na Figura 10.

Figura 10 - Combustor de dois estágios

Fonte: LEFEBVRE, 1983

3.3.2.6. Combustor de geometria variável

Uma alternativa para combustão em estágios é ter dentro do combustor um

componente de geometria variável. Isso pode servir para garantir que as quantidades de ar e

combustível que entram na zona primária estejam sempre próximas às proporções ideais. Um

método usado para esse fim é tornar a entrada do combustor cônica e usar um defletor como

estabilizador. Movendo o defletor para dentro da zona cônica, o ar que entra na zona primaria pode

ser controlado para atingir as condições de operação. Nesse caminho, é possível manter uma

mistura pobre de combustão em todas as condições de operação, e ainda reduzir os poluentes.

36

Deve-se tomar cuidado para que a combustão não seja interrompida e o motor falhe caso o

movimento da geometria variável não funcione (Sawyer,1985).

3.3.2.7. Combustor com pré-mistura completa

O ponto ótimo de uma combustão é atingido pela pré-vaporização do combustível e

misturando-se com o ar antes da combustão. Esse combustor, além de ser adepto de tal sistema,

apresenta câmara de combustão com geometria variável. Desta forma, a combustão sempre ocorre

em condições ótimas ao mesmo tempo em que as restrições de perda de pressão são consideradas,

levando a uma redução do calor transmitido pela radiação da chama e a maior uniformidade da

temperatura dos gases da queima (Sawyer,1985).

3.3.2.8. Combustor Catalítico

Esse tipo de combustor, segundo Sawyer (1985), vem apresentando diversas vantagens

na aplicação de turbinas a gás. Além de fazer a pré-mistura de combustível, ele usa um reator

catalítico e podem funcionar com uma pós-queima. Sua principal função é reduzir os poluentes

emitidos na exaustão e possibilitar ao sistema queimar com misturas pobres.

3.3.3. Zonas de combustão

A câmara de combustão pode ser dividida em três principais zonas:

3.3.3.1 . Zona Primária

A função principal da zona primária de combustão é estabilizar a chama, dando o

suficiente tempo, temperatura e turbulência para atingir a combustão essencial na mistura de ar

combustível (Lefebvre, Ballal, 2002). Percebe-se então a importância desta zona, já que definirá

toda a base de funcionamento da câmara de combustão, delimitando todas as performances de

execução.

Muitos tipos diferentes de padrão de escoamento são utilizados, mas a criação de uma

zona de recirculação está presente em todos os combustores. Isso permite que os gases sejam

reutilizados para que a mistura com o combustível seja igualmente ignitada e estabilizada.

37

Alguns combustores utilizavam os swirlers para criar as zonas toroidais, enquanto

outras que não tinham esse dispositivo injetavam ar através de furos na parede do liner. Ambos os

métodos são capazes de gerar a recirculação na zona primária (Lefebvre, Ballal, 2002).

Figura 11- Principais componentes de uma câmara de combustão de uma turbina a gás

Fonte: LEFEBVRE, 1983

3.3.3.2. Zona Secundária

Essa zona, juntamente com a zona primária, compõe a zona de combustão. Nela, os

gases quentes de combustão provenientes da zona primária recirculam e misturam-se com mais ar

para maximizar a combustão no menor comprimento possível, antes da zona de diluição (Conrado,

2002).

Além disso, a importância dessa zona está no fato de que caso a temperatura da zona

primária se exceda a mais de 2000K, ela é responsável por abaixar a temperatura dos gases pela

adição de pequenas quantidades de ar, o que impossibilita a concentração de monóxido de carbono

(CO) e hidrogênio (H2) nos gases de fluxo.

Se esses gases passassem diretamente para a zona de diluição, poderia resultar no

congelamento da mistura de gás, e o CO, que é tanto poluente quanto indicador de ineficiência da

combustão, seria descarregado sem queimar (Lefebvre, Ballal, 2002).

38

3.3.3.3. Zona de Diluição

Na zona de diluição, a combustão está propriamente completa, sendo necessário

apenas resfriar os gases queimados até uma temperatura aceitável para a entrada na turbina. Além

disso, a temperatura deve satisfazer critérios de homogeneidade e um perfil radial (Conrado, 2002).

Sendo seu principal papel atingido através da admissão de ar não utilizado na combustão e

atendendo aos requerimentos de resfriamento da parede.

A quantidade de ar disponível para a diluição é normalmente entre 20 e 40% do total

de fluxo de ar. O ar de diluição é introduzido entre um ou mais furos através da parede do liner. O

tamanho e forma dos furos dependerá da otimização da penetração dos jatos de ar e sua mistura

com os gases (Lefebvre, Ballal, 2002).

Em teoria, qualquer fator de qualidade transversal pode ser realizado com uma zona

de diluição longa ou um fator de perda de pressão no liner maior. Na prática, entretanto, verifica-

se que inicialmente a qualidade da mistura aumenta muito com o aumento no comprimento da

mistura, subsequentemente, a uma velocidade progressivamente mais lenta. É por isso que a

relação comprimento/diâmetro das zonas de diluição todos tendem a manter em uma faixa estreita

entre 1,5 e 1,8 (Lefebvre, Ballal, 2002).

39

4. METODOLOGIA NO PROJETO DA CÂMARA DE COMBUSTÃO

Para a realização de um projeto básico de uma câmara de combustão, inúmeros

componentes e arranjos devem ser levados em conta, o que leva a processo complexo e de difícil

realização, pois de acordo com cada exigência ou solicitação, o projeto deve se adequar

corretamente.

4.1. DIMENSÕES PRELIMINARES DO COMBUSTOR

Embora as primeiras câmaras de combustão desenvolvidas se utilizaram de técnicas

empíricas, é possível demonstrar toda a razão fundamental por detrás de seu desenvolvimento.

Para iniciar o projeto, é necessário calcular algumas grandezas de referência, de acordo

com as exigências de massa de ar, temperatura e de área de referência empregada (Dias,2011).

Essas grandezas estão correlacionadas com variados arranjos de câmaras de combustão, estando

associada às características de escoamento, velocidade, número de Mach, pressão dinâmica, entre

outras. Sendo assim, temos como principais grandezas:

Velocidade de Referência:

1

Número de Mach de referência:

Pressão Dinâmica de Referência:

ref

refA

mU

5,0

3)( RT

UM

ref

ref

2

qU

qref

ref2

2 3

40

Figura 12 - Número de Mach relacionado com os parâmetros de escoamento

Fonte: LEFEBVRE, BALLAL, 2002

4.1.1. Determinação da área de referência

A área de referência, 𝐴𝑟𝑒𝑓, é selecionada ao se considerar as limitações das reações

químicas ou aerodinâmicas, além da perda de pressão máxima permitida na câmara de combustão.

Este parâmetro é um dos mais importantes no projeto, pois influencia em diversas outras

dimensões.

41

4.1.1.1. Considerações Aerodinâmicas

Geralmente, se a combustão for dimensionada para atender a uma perda de pressão

específica, ela deverá ser suficientemente grande para acomodar as reações químicas. No entanto,

é necessário considerar todos os possíveis fatores antes de tomar uma decisão final sobre o

tamanho. Os diâmetros do sistema de combustão e da carcaça são estimados usando as equações

que seguem.

A constante k tem o valor de 143,5 em unidades SI. A perda de pressão total na câmara

de combustão é representada por ∆P3−4 e é dado pela simulação do ciclo termodinâmico, sendo de

grande importância, já que 1% na redução deste valor implica em 1% de redução no consumo

específico de combustível (Lefebvre,1998).

O parâmetro ∆P3−4/qref representa a resistência que o fluxo recebe desde a saída do

compressor até a entrada da turbina. Sendo um dos mais importantes no projeto da câmara de

combustão, leva em conta a soma de duas parcelas de perda de pressão: a do difusor e no tubo da

chama.

A perda de carga no difusor deve ser a mínima possível. Uma estimativa inicial muito

utilizada está próxima de 1% da pressão de entrada na câmara (Lefebvre, 1998).

Para um projeto de câmara tubo-anular, as perdas de pressão estão em torno de 5,4%

da pressão de entrada (Sawyer,1985). Sendo assim, considerando como aproximação inicial que a

perda de pressão ao longo de toda a câmara seja também 5,4%, dividiu-se o tubo da chama em três

regiões, que é do final do difusor até o início da zona primária, depois entre a zona primária e

secundária, e finalizando com a zona de diluição.

Para o projeto preliminar, a obtenção dos valores iniciais das principais grandezas será

iniciada com alguns valores típicos de perdas de pressão em chamas em câmaras de combustão

que são resultados de diversos experimentos sugeridos na Tabela 2.

5,0

34_3

4_3

2

3

33

/

/

PP

qP

P

TmkA

ref

ref

4

ref

ft

ref

diff

ref q

P

q

P

q

P

4_35

42

Tabela 2 - Valores típicos aplicados em uma câmara de combustão

Tipo de Câmara ∆𝐏𝟑−𝟒

𝐏𝟑

∆𝐏𝟑−𝟒

𝐪𝐫𝐞𝐟

�̇�𝟑√𝐓𝟑

𝐏𝟑𝐀𝐫𝐞𝐟

Tubular 0,07 37 0,0036

Tubo-anular 0,06 28 0,0039

Anular 0,06 20 0,0046

Fonte: LEFEBVRE,1983

De acordo com a Tabela 2, a perda de pressão na câmara, ∆P3−4/P3, é um parâmetro

pré-determinado, enquanto a perda de pressão ∆P3−4/qref é influenciada por diversos fatores:

emissão de poluentes, velocidade de saída do compressor e o tipo de difusor empregado (Lefebvre,

1983). Enquanto�̇�3√T3

P3Arefestá ligada apenas à área de referência escolhida, sendo calculado durante

o programa e seu valor obtido comparado àquele presente na Tabela 2.

As considerações aerodinâmicas foram colocadas a título de curiosidade caso a turbina

a gás fosse utilizada com esse propósito, porém, no presente trabalho todas as áreas e dimensões

de referência dar-se-ão a partir das considerações de combustão, descrita a seguir.

4.1.1.2. Considerações de combustão

Por qualquer razão combustível/ar dado, a eficiência da combustão, η, é dada como

uma função do parâmetro de correlação, θ, através da Equação 6 (Sawyer, 1985):

Como mostra a Figura 13, a relação entre o parâmetro θ e a eficiência da combustão é

estabelecida, demonstrando a variação que ocorre de acordo com o tipo de câmara empregado.

Inicialmente é considerado que a eficiência de combustão perto de 98% e o valor de 휃 = 73𝑥106é

estabelecido. Os valores do fator de correção de temperatura, b, para razão ar/combustível global

constante foram definidos pelas Equações 7 e 8.

3

75,075,1

3

3

m

eDAP b

T

refref

6

43

Figura 13- Relação entre o parâmetro θ e a eficiência de combustão

Fonte: LEFEBVRE, 1983

O valor de ϕzp(razão de equivalência da zona primária), dificilmente é encontrado na

literatura, já que fornece muitas informações sobre o projeto da câmara, permanecendo em sigilo

com os fabricantes.

A razão entre a quantidade de ar e de combustível que entram na zona primária indica

a característica da mistura, controla o processo de combustão e as características da câmara de

combustão. Assim, a diferenciação entre os valores de razão de equivalência acarreta

consequências operacionais.

As misturas na zona primária podem ocorrer de três formas diferentes:

estequiométrica, rica em combustível ou pobre em combustível. A quantidade estequiométrica de

0,1ln6,0)ln39,1(245 zpzpb 7

4,1ln0,1)ln0,2(170 zpzpb 8

44

oxidante (no caso, o ar) é a quantidade necessária para queimar completamente certa quantidade

de combustível. Se uma quantidade de oxidante maior do que a estequiométrica é fornecida, diz-

se que a mistura é pobre. Fornecer uma quantidade de oxidante menor que a estequiométrica

resulta em uma mistura rica. A razão estequiométrica oxidante-combustível é determinada por um

simples balanço atômico, supondo que o combustível reage para formar um conjunto ideal de

produtos. Para um combustível hidrocarboneto dado pela fórmula química genérica, CxHy, a

relação estequiométrica pode ser expressa como (Turns,2013):

9

Onde

10

Por simplicidade, é assumido que o ar é composto de 21% de 𝑂2 e 79% de 𝑁2, portanto

para cada mol de 𝑂2 existem 3,76 mols de 𝑁2. Na Tabela 3 é listado as principais vantagens e

desvantagens causadas pela influência das várias razões de mistura da zona primária de

combustão:

22222 76,3)2/(76,3 aNOHyxCONOaHC yx

4/yxa

45

Tabela 3 - Influência das várias razões de mistura na zona primária

Tipo de mistura na zona

primária

Vantagens Desvantagens

Estequiométrica

1. Máxima taxa de liberação

de energia

2. Chama com menos

luminosidade

3. Baixa emissão de fuligem

4. Ausência de depósitos de

carbono

1. Alta taxa de

transferência para as

paredes do liner.

2. Necessidade da Zona

Intermediária

3. Grande emissão de óxido

de nitrogênio

Rica em combustível 1. Baixa velocidade de

recirculação promove

bom ponto de extinção

pobre e fácil ignição

2. Alta eficiência de

combustão em condições

de baixa potência

1. Baixa taxa de liberação

volumétrica de calor

2. Chama com alta

luminosidade

3. Emissão de fuligem

4. Depósito de carbono nas

paredes

5. Temperatura das paredes

do liner varia com o tipo

de combustível

6. Exigência de longa Zona

Intermediária

Pobre em combustível 1. Chama azulada

2. Sem emissão de fuligem

3. Sem depósito de carbono

4. Temperatura menor nas

paredes do liner

5. Sem necessidade de Zona

Intermediária

6. Boa distribuição de

temperatura na saída

1. Alta velocidade de

recirculação afeta de

forma adversa a

estabilidade e a ignição

Fonte: LEFEBVRE, 1983

Para limitar os valores de 𝜙, Moraes (2011) destaca que para o querosene é possível

utilizar a Equação 11:

11

Entretanto, é possível obter o valor de 𝜙𝑧𝑝determinando-se alguns limites de razão

de equivalência possíveis. Segundo Lefebvre (1998), devemos basear que a zona primária é

3000467,0 Tpobre

30006,082,1 Trico

46

projetada para usar entre 25% do total do ar fornecido pelo compressor e que para minimizar a

quantidade de poluentes gerada e combustível não queimado, seu valor não pode ultrapassar 1,5.

Desde que não seja previsto alguma forma de injeção de pulverização de

combustível, essa quantidade de ar destinado a zona primária deve ser suficiente para realizar a

combustão completa do combustível, manter a chama ancorada, resfriar as paredes próximas ao

injetor e principalmente determinar a temperatura de chama (Lefebvre,1998).

A razão de equivalência da zona primária relaciona-se com a porcentagem de ar que

entra na zona primária através da relação:

Utilizando o valor de b determinado desta maneira, e, fazendo uso do fato de que

Aref = (πD2 )/4, é agora possível resolver a Equação 6 para obter Aref de acordo com cada

condição de operação e utilizar o maior valor para a área de referência que pode ser obtido,

assumindo uma razão de equivalência razoavelmente pobre.

4.1.2. Diâmetro de Referência e Área do Tubo da Chama

Como este parâmetro pode ser definido por duas formas diferentes e este trabalho

consiste na determinação da câmara do combustor por meio do parâmetro de combustão, foi

utilizado o valor da variável segundo essa diretriz. O diâmetro de referência pode ser obtido

segundo a seguinte expressão:

Segundo Lefebvre(1998), experimentos indicam que a área do tubo de chama está

entre 55% e 75% da área de referência, desta forma a área do tubo de chama é calculada como:

Esta equação é bastante satisfatória para combustores tubulares, multi-tubulares e

anulares, mas para combustores tubo-anulares, um valor de cerca de 0,65-0,67 é mais apropriado,

uma vez que se torna necessário "desenhar" as câmaras de combustão.

3m

mzp

global

zp

12

4

2

ref

ref

DA

13

refft AA 7,014

47

4.1.3. Determinação das Seções do Combustor

Segundo Sawyer (1985), a quantidade de filme de ar de arrefecimento pode ser

estimada a partir de:

Onde, T3 é a condição do ponto de ponto de projeto, isto é, pode ser considerado como

sendo o ponto de máxima potência. Esta é uma quantidade considerável de ar disponível, mas deve

ser lembrado que nem tudo é parasitário, algumas frações da mesma serão utilizadas nas diversas

zonas da câmara de combustão (Sawyer, 1985).

A zona de fluxo de ar primário foi estimada em 25%, segundo relações empíricas de

acordo com Sawyer (1985). O comprimento desta zona deve estar entre 2/3 a 3/4 do diâmetro do

combustor. O último valor foi selecionado, já que é o que permite a mais alta eficiência de

combustão. Logo:

O ar da zona secundária é determinado considerando a condição de operação mais rica

possível, não ultrapassando o valor de 𝜙𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = 0,8 (Sawyer,1985).

Lefebvre (1983) e Sawyer (1985) garantem que o comprimento da zona secundária é

tomado como a metade do diâmetro do combustor, já que essa região da câmara de combustão

estabelece um compromisso entre o aumento da chama e a redução da eficiência da combustão.

Sendo assim:

No que diz respeito à zona de diluição, o seu diâmetro deve ficar entre 1,5 a 1,8 de 𝐷𝑓𝑡

pois, está intimamente ligado a largura do liner, sendo que comprimentos mais curtos promovem

uma mistura inadequada e um mais longo não auxilia na temperatura da saída da câmara, já que o

ar disponível para resfriar a parede da câmara reduziria o ar disponível para a zona de diluição

(Lefebvre, 1983).

Portanto, o comprimento da zona de diluição é dependente de dois parâmetros

fundamentais, segundo Lefebvre (1983):

301,0 3 TntoarrefecimedeardefilmedePercentual 15

ftzp DL4

3 16

ftzd DL2

1 17

48

Qualidade Transversal da Temperatura, 𝑇𝑄 =𝑇𝑚𝑎𝑥−𝑇4

𝑇4−𝑇3, onde 𝑇𝑚𝑎𝑥 é a altura máxima da

saída da câmara de combustão. Para turbinas de uso industrial 𝑇𝑄 assume valores entre 0,05

e 0,30. Sendo um valor de 𝑇𝑄 = 0,1 um valor razoável a ser adotado;

Fator de perda de pressão para câmara tubo-anular: ∆𝑃3_4

𝑞𝑟𝑒𝑓= 28;

A Tabela 4 é utilizada para ser definida a relação de 𝐿𝑧𝑑/𝐷𝑓𝑡:

Tabela 4 - Dados para os cálculos de comprimento da zona de diluição

∆𝐏𝟑−𝟒

𝐪𝐫𝐞𝐟

𝐋𝒁𝑫

𝐃𝒇𝒕

15 3,78-6TQ

20 3,83-11,83TQ+13,4TQ²

30 2,96-9,86TQ+13,3TQ²

50 2,718-12,64TQ+28,51TQ²

Fonte: LEFEBVRE, 1983

4.1.4. Projeto do Difusor

Segundo Lefebvre (1983), na sua forma mais simples, um difusor é meramente uma

passagem divergente em que o fluxo é desacelerado e a redução na velocidade de cabeça é

convertido a um aumento da pressão estática.

Apesar dessa explicação simplista, é importante ressaltar que a eficiência deste

processo de conversão é bastante considerável, pois quaisquer perdas que possam ocorrer resultam

em uma queda de pressão no difusor, o que não é indicado.

O projeto do difusor é geralmente limitado pelas restrições de espaço do motor.

Baseando-se também neste fator, o objetivo é criá-lo da forma mais eficaz dentro desse espaço, de

acordo com um mínimo de perda de pressão. Assim, o design final irá representar um compromisso

entre as restrições de espaço disponível, a perda de pressão e uniformidade do fluxo de saída

(Sawyer,1985).

Segundo Saravanamutto (2009), usualmente a velocidade de saída dos compressores

está na região de 90 m/s, enquanto Lefebvre (1983) afirma que as velocidades do ar na saída de

49

compressores de turbina a gás aeronáuticas apresentam valores da ordem de 150 m/s, tornando

quase impossível uma queima estável onde a velocidade de chama turbulenta está na ordem de 10

m/s.

Diante da necessidade de se reduzir a velocidade de saída do compressor para um valor

onde as perdas de pressão na câmara sejam baixas, o uso de difusores é normalmente empregado.

Além desta finalidade, o difusor deve, juntamente com a redução da velocidade, recuperar o

máximo da pressão estática e garantir um escoamento estável e suave, sem descolamento da

camada limite (Lefebvre, 1983).

As técnicas analíticas para a concepção de difusores que pode descrever

adequadamente o fluxo turbulento não uniforme que emitem a partir do compressor ainda não

estão disponíveis. Por isso, é necessária uma abordagem empírica baseada em dados

experimentais.

Uma representação esquemática do difusor, mostrando os elementos essenciais, é dada

na Figura 14. Nesta fase do desenho, o perfil do compressor é geralmente desconhecido e é

geralmente assumido como sendo uniforme.

Figura 14 - Dimensões básicas de um difusor

Fonte: SAWYER, 1985

Ao limitar o comprimento do difusor, o ângulo de divergência deve ser aumentado

sem deixar de considerar as perdas de pressão envolvidas. A variação da perda de pressão com o

ângulo de divergência pode ser observada na Figura 15.

50

Figura 15 - Influência do ângulo do difusor na perda de pressão

Fonte: LEFEBVRE, 1983

As perdas ocorrem devido ao atrito com as paredes e a separação da camada limite.

Um difusor longo e com baixo ângulo de divergência possui altas perdas devido ao atrito com as

paredes. Enquanto um difusor mais curto e com maior ângulo de divergência possui perdas de

pressão causadas pela separação do escoamento da camada limite. Para a saída e a entrada do

difusor, há um ângulo de divergência ótimo, normalmente entre 6º e 12º (Lefebvre, Ballal, 2009).

Tratando-se de um projeto convencional, metade da porcentagem de ar que é destinado

à zona primária seria admitida pelo swirler e o resfriamento da cúpula. A outra metade desse ar

escoa com o resto do ar pela seção de área 𝐴𝑎𝑛(Conrado, 2002).

Segundo Sawyer (1985), a velocidade do fluxo de ar total que passa por 𝐴0deve ser

igual a velocidade𝐴𝑎𝑛. Portanto,

ZPs mm 5,0 18

ftrefan AAA 19

san mmm 3

20

anan m

m

A

A 30 21

51

Sabendo que os ângulos característicos de um difusor seguem a Figura 16:

Figura 16 - Ângulos característicos de um difusor

Fonte: SAWYER, 1985

A perda de pressão do difusor pode ser calculada como:

23

onde, 1,75𝑅𝑎𝑟 = 502,4 𝐽/𝑘𝑔𝐾, a partir da fórmula citada em (Sawyer, 1985) e ∆𝑃𝑑𝑖𝑓

𝑃3= 0,1 (valor

típico) de acordo com Moraes (2011).

A perda de pressão total no difusor, ∆𝑃𝑑𝑖𝑓, possibilita o cálculo do valor do ângulo de

abertura do difusor, . Sendo assim, o comprimento do difusor é calculado como:

30 m

m

A

A ss 22

2

0

3

2

3

22,12

3

33

3

175,1

A

A

A

tg

P

TmR

P

Pa

dif

tg

DDLdif

2

30 24

52

4.1.5. Projeto do Swirler

O swirler consiste num anel tubular com um número de pás fixadas em escalonamento

em torno do injetor de combustível. O seu emprego permite estabilizar o comportamento e a

distribuição do escoamento de ar da zona primária intensificando a mistura combustível/ar, já que

a zona de recirculação criada pelo swirler é em função do grau dos vórtices, da perda de pressão

criada e o ângulo de divergência da parede.

Na câmara de combustão típica, induzida por recirculação do vórtice, o fluxo de ar

através dos orifícios no interior da zona primária é aumentado. A quantidade de ar recirculado foi

estimado entre 30 e 70% do ar total admitido através dos furos na zona primária. A estimativa de

trabalho útil é de 50%. Se a zona primária for projetada com duas séries de orifícios, dois terços

de ar devem entrar no primeiro conjunto de um dos orifícios e um terço restante deve entrar nos

orifícios da segunda coluna. A posição dos orifícios tem influência no comprimento da zona de

recirculação (Sawyer, 1985).

Knight and Walker (1957) dão a seguinte relação para cálculo da área frontal do

swirler𝐴𝑠𝑤:

Onde o fator de forma das palhetas, 𝐾𝑠𝑤, pode ser:

𝐾𝑠𝑤 = 1.30 (aletas finas retas)

𝐾𝑠𝑤 = 1.15 (aletas finas curvas)

O ângulo de escoamento de ar (ângulo de pás do swirler), 𝛽𝑠𝑤,possui valores entre 45º

e 70º e a vazão mássica de ar através do swirler𝑚𝑠𝑤 atende a relação:

O fator de perda de pressão total no swirler ∆Psw/𝑞𝑟𝑒𝑓 pode ser obtido através da

seguinte equação:

2

3

2

2

2

sec

m

m

A

A

A

AK

q

Psw

ft

ref

sw

sw

ref

sw

ref

dif 25

12,03,03

m

msw

ref

diff

refrefref

ftsw

ref

sw

q

P

q

P

q

P

q

PP

q

P

34_328

26

27

53

Onde ∆P𝑠/𝑞𝑟𝑒𝑓 é o fator perda total de pressão no snout dentro da entrada do ar

primário e possui valor típico de cerca de 25% (Sawyer, 1985).

A área do coroa do swirler (área frontal) 𝐴𝑠𝑤, logo, seu diâmetro 𝐷𝑜,𝑠𝑤 pode ser obtido

utilizando-se também o valor do diâmetro do injetor 𝐷𝑖,𝑠𝑤, sendo que:

De acordo com Moraes (2011), sabendo o valor do injetor 𝐷𝑜,𝑠𝑤, é possível calcular o

valor do ângulo da cúpula, 휃𝑐𝑢𝑝, o comprimento , 𝐿𝑐𝑢𝑝 e a distância da entrada do snout até o

injetor, 𝐿𝑥:

3

4_3

4_3

3

1

P

Pq

P

P

P

q

P

ref

dif

ref

dif

29

2

0

A

A

q

P

q

P ref

s

s

ref

s

2

,,

4swiswswo DAD

31

30

22

,,

2

2

,

2

,,

168442

168422cos

zrzrftswoswoftft

zrzrftswoftftswoftswoftft

cupLLDDDDD

LLDDDDDDDDDa

cup

swoft

cupula

DDL

tan2

,

tan2

,sworeft

x

DDL

32

33

34

54

Figura 17 - Representação da cúpula e da zona de recirculação

Fonte: CONRADO, 2002

4.2. CÁLCULO DE TEMPERATURA DA CHAMA

Para este fim, o combustor é dividido em quatro zonas: zona de recirculação, zona

primária, zona secundária e zona de diluição. Para cada zona, a não ser que indicado em contrário,

a temperatura da chama local será assumida que variam linearmente entre 𝑇𝑖𝑛 e

𝑇𝑜𝑢𝑡 (Sawyer,1985).

4.2.1. Zona de Recirculação

Tanto a eficiência, η, quanto a taxa de temperatura ideal, ΔT, referem-se ao volume

entre a entrada e a zona apropriada. As temperaturas são estimas segundo as seguintes equações:

55

A temperatura mais alta na zona é dada pela Equação 36 e a eficiência da combustão

é dada pela Equação 37. A variação de temperatura ∆𝑇𝜙=1pode ser estimada como (Moraes,2011):

Como esta zona é apenas parcialmente agitada, esta temperatura pode existir apenas

localmente, sendo assim, a temperatura média de saída pode ser estimada como (Sawyer, 1985):

4.2.2. Restante da Zona Primária

É a região que encontra-se entre a zona de recirculação e o começo da zona secundária.

Sua temperatura de saída e eficiência podem ser estimadas como:

4.2.3. Zona Secundária de Temperatura

A temperatura de entrada na zona secundária é igual à temperatura de saída da zona

primária. Sua temperatura de saída respeita a Equação 43:

3TTin

13, TTT ZRZRout

37 )]1863ln108(105475,1tanh[44,056,0 33

3 pTxZR

31 5,02185 TT 38

3

2

3

3,

ZRZRm

TTT 39

ZPZPZPout TTT 3,40

)]1863ln108(105475,1tanh[29,071,0 33

3 pTxZP 41

ZPoutZSin TT ,,

43 ZSZSZSout TTT 3,

42

35

36

56

Para misturas pobres, a eficiência da zona secundária, 휂𝑆𝑍 é dada por:

O valor de aproximado de D* para misturas pobres e o de φ300 para 300K pode ser

obtido por:

onde 𝑉𝑍𝑃 é o volume da zona primária, estimado como:

E a ordem de reação n obedece às seguintes relações de acordo o valor de razão de

equivalência 𝜙𝑍𝑆 da zona:

n=1 para 𝜙𝑍𝑆≤0,5 e para 𝜙𝑍𝑆>2,0;

n=2𝜙𝑍𝑆 para 0,5<𝜙𝑍𝑆≤1,0;

n=2/𝜙𝑍𝑆 para 1,0<𝜙𝑍𝑆≤2,0;

Para corrigir o valor de φ300quando 𝑇3 for diferente de 300K, é usada a seguinte

relação (Sawyer, 1985):

Para misturas ricas,

4.2.4. Temperatura da Zona de Diluição

As temperaturas na zona de diluição são:

*

300 097,102,8log911,01

loglog Dzs

ZS

44

P

PD 3* 0173,0736,0 45

n

ZP

f

TPV

m

3

3

46

]12/4/)[(2

ZRZRZPftZP LLLDV 47

n

ZP

f

TPV

mT ZSZS

3

2327,1

3

054,3))(10(

205,1205,1

3

48

ZSZS /1 49

ZSoutZDin TT ,, 50

57

Na zona de diluição, a eficiência η𝑍𝐷é calculada a partir das mesmas equações que

regem a eficiência na zona secundária η𝑍𝑆.

4.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR PARA AS PAREDES DO LINER

A transferência de calor que ocorre nas paredes do liner pode acontecer de três

maneiras diferentes: radiação, convecção e condução. A radiação, resultante do processo de

queima, é responsável pelo calor recebido pelo liner, pois os orifícios de entrada garantem a

formação de um filme de ar de arrefecimento que impedem que a maior parte dos gases quentes

entre em contato com a parede. Outra parcela provém da convecção dos gases quentes e o restante

por convecção através da parede.

Uma típica fenda de resfriamento é demonstrada na Figura 18:

Figura 18 - Geometria básica de uma fenda de resfriamento

Fonte: MORAES, 2011

Sabendo que t=espessura da fenda, s=altura da fenda é 𝑡𝑤 =espessura do tubo da

chama, é possível seguir uma metodologia específica para estimar a capacidade de refrigeração

das fendas.

Para calcular a troca de calor de uma fenda tubo-anular, é possível usar as equações

que governam o escoamento em uma área anular, pois as equações diferenciais governantes de

ZDZDZDout TTT 3, 51

58

ambos os escoamentos são idênticas. Portanto, é possível estudar o escoamento laminar através do

tubo-anular, utilizando condições de contorno adequadas (Çengel, Ghajar,2012).

Então, para uma câmara tubo-anular, a soma das áreas das fendas de resfriamento

interna e externa é dada por:

A vazão mássica de ar por cada fenda é:

Onde �̇�𝑎𝑛 é a vazão da tuboanula e 𝐴𝑎𝑛 a área da seção tubo-anular, diferença entre a

área de referência e a área do tubo da chama.

Pode ser obtido também a pressão dinâmica da região tubo-anular (Sawyer,1985):

Velocidade anular:

E a vazão volumétrica fica:

Conforme descrito por Moraes (2011),o passo seguinte é calcular o produto entre a

densidade e velocidade do ar na região do tubo da chama e da região tubo-anular, sendo o índice

g a seguir referente ao gás dentro da chama:

sDDA reffenda )(2 int 52

an

fenda

anfendaA

Amm 53

2

2

ananan

an

Umq

54

anan

anan

A

mU

55

an

anan

mV

56

an

ananan

A

mU

58 ft

g

ggA

mU

57

59

A eficiência de resfriamento 휂𝑟 pode ser determinada baseada na constante m

explicitada na Equação 59 (Lefebvre,1983):

O parâmetro x corresponde à distância do ponto que se deseja saber a temperatura até

a fenda de resfriamento mais perto. 𝜇𝑎𝑛 e 𝜇𝑔 são as viscosidades dinâmicas do ar e do gás no tubo

da chama, equacionadas conforme Equações 61 e 62 (Moraes, 2011):

Sendo 𝑇𝑔 a temperatura do gás no interior do tubo da chama.

Supondo a queima de um combustível hidrocarboneto líquido e que os atomizadores

são de injeção por pressão ou por difusão simples de gases para injeção (Sawyer,1985), as paredes

da câmara ao receber calor por convecção e radiação dos gases quentes, mas ao perder calor para

o ar do anel por convecção e por radiação para as paredes do invólucro, possui o seguinte balanço

de fluxo de calor através das paredes:

3,15,010,1

2,02,015,0

65,0

ms

t

s

xm

g

ar

gg

anan

U

Um

59

60

0,43,128,1

2,02,015,0

ms

t

s

x

g

ar

54

3

133

3

92

3

6

3 10.10.60074,410.7769,210.8564,500749,003863,0 TTTTan

62 54133926 10.10.60074,410.7769,210.8564,500749,003863,0 ggggg TTTT

61

60

Figura 19 - Processos de transferência de calor

Fonte: LEFEBVRE, 1983

Sob estas circunstâncias (e na ausência de condução longitudinal), o cálculo da

temperatura da parede envolve o seguinte balanço térmico (Sawyer, 1985):

Sendo condução através da parede, 𝐾12:

E sabendo que a condução será limitada do outro lado da parede, a Equação 63 pode

ser resolvida usando as equações propostas por Lefebvre e Herbert (1960), mais a equação de

condução padrão:

onde σ é a constante de Stefan-Boltzmann e vale 5,67𝑥10−8 𝑊/𝑚²𝐾4 , 휀𝑔 é a emissividade do

gás a temperatura 𝑇𝑔 e 휀𝑤 a emissão de energia por radiação da sua superfície que depende do

material, de sua oxidação e temperatura.

122211 KCRCR 63

2112 ww

w

w TTt

kK 64

)()1(2

1 5,2

1

5,25,1

1 wgggw TTTR

65

61

Tabela 5 - Valores médios de 휀𝑤 para alguns materiais

Materiais 𝛆𝒘

Nimonic 0,7

Aço inoxidável 0,8

Aço dúctil 0,9

Fonte: LEFEBVRE, 1983

As variáveis apresentadas na Equação 65 são representadas pelos seus valores médios,

porém é importante ressaltar que os gases e suas temperaturas não se apresentam de forma

homogênea dentro da câmara, sendo essa aproximação feita para facilitar os cálculos de calor

transmitido às paredes por radiação.

O comprimento característico do gás ou da chama pelo tamanho e a forma do volume

do gás pode ser determinado. De acordo com Fishenden e Saunders (1950), temos que:

Para câmara tubo-anulares:

A emissividade para chamas não luminosas pode ser aproximada para:

onde q = razão ar/combustível em massa.

De acordo com Moraes (2011):

5,05,0

3 )(290,0exp[1 gbg Tqlp

66 )sup/(4,3 erfícievolumelb

ftb Dal 9,06,0 67

0,43,1Re010,0

3,15,0Re069,0

1

36,0

8,0

1

1

8,0

1

mTTs

x

x

kC

mTTx

kC

wwgx

g

wwgx

g

69

an

ananx

xU

Re 70

68

62

Nas equações apresentadas, que devem ser resolvidas iterativamente, de forma que a

temperatura máxima não exceda 1100 K, temos que: 𝑘𝑤 = condutividade térmica do material do

tubo de chama (para o inox = 31 W/mK); 𝑇𝑤1 = temperatura da superfície interna do tubo de

chama; 𝑇𝑤2 = temperatura da superfície externa do tubo de chama; 𝑅𝑒𝑥 = número de Reynolds

com comprimento característico igual a distância até a fenda de resfriamento; 𝑘𝑔 = condutividade

térmica do gás no interior do tubo de chama; 𝑘𝑎𝑛 = condutividade térmica da parede da câmara

tubo-anular; 𝐷𝑎𝑛 = altura da região tubo-anular.

4.3.1. Concepção de orifícios de admissão de ar

A Figura 20 ilustra o arranjo geométrico e definições para um orifício de admissão de

ar. Embora o fluxo de ar do espaço anular é geralmente paralelo ao plano dos furos, a deflexão

máxima das linhas de corrente ocorre nas imediações. A quantidade de perturbação depende:

Buraco da geometria;

Perda de pressão linear;

Geometria linear;

Proporção do furo.

3112854 10.5011410,110.89398,410.80957,910.92657,5 gggg TTTk 71

)(4,0 4

3

4

22 TTR w

73 )(020,0 32

8,0

2,02 TTA

m

D

kC w

anan

an

an

an

72

63

Figura 20 - Arranjo Geométrico do Furo

Fonte: MORAES, 2011

Assim, a vazão de ar pelos orifícios �̇�𝑜𝑟 e pelas fendas �̇�𝑓𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 pode ser calculada como:

Como não é conhecido o fator de descarga, os passos para a determinação dos orifícios

consistem em um procedimento iterativo, descrito por Alves e Lacava (2009):

1- Determinação da razão de passagem – razão entre a vazão que entrará nos orifícios e a

vazão da região tubo-anular na região desses orifícios – B = 𝑚𝑜𝑟

𝑚𝑎𝑛;

2- Estimar inicialmente o coeficiente de descarga para os orifícios como 𝐶𝑑,𝑜𝑟 = 0,5;

3- Estimar o somatório das áreas dos orifícios para cada fileira através da equação:

4- Calcular a razão da área 𝛼 = 𝐴𝑜𝑟

𝐴𝑎𝑛 e a razão entre a razão de passagem pela razão da área

휁 =𝐵

𝛼;

ZPfendasSWRZPZPor mmmm ,, 74

ZSfendasZSZSor mmm ,, 75

ZDfendasZSZPtotalZDor mmmmm ,, 76

06,05,143

3

22

,

2

3

3

2

3

P

P

ACP

Tm

P

P or

orord

hor 77

64

5- Calcular o fator de pressão K, pela equação:

sendo que 𝛿=0,8 se o orifício possuir cantos vivos e 𝛿=0,6 para cantos convexos.

6- Recuperar o coeficiente de descarga segundo a equação:

Chegando ao coeficiente de carga e consequentemente ao valor da área dos orifícios,

é necessário ainda calcular o ângulo de entrada do jato:

Os orifícios das zonas primária, secundária e diluição não são os únicos na câmara de

combustão, normalmente existem aqueles que ficam no bocal de saída do combustor. Esses

orifícios evitam acúmulo de material proveniente da queima e sobreaquecimento do liner devido

à não circulação do ar no anel após os orifícios de diluição. Os cálculos a serem feitos para esses

orifícios devem seguir a mesma metodologia descrita para os orifícios das zonas do combustor.

5,0

2

2

2422 4421 BBK

78

5,022,

24

1

BKK

KC ord

79

K

K

Casen

ord

1

2

1

,

2

80

65

5. RESULTADOS OBTIDOS

Como este trabalho foi feito baseado em mensurar a eficiência de uma câmara de

combustão de uma turbina tubo-anular a gás flex de acordo com o parâmetro de carregamento do

combustor, todo o estudo está de acordo com a formulação descrita no capítulo 4.1.1.2. -

Considerações de combustão. Este parâmetro, que está ligado à razão combustível/ar dado e tem

seus valores limitados como foi o do querosene descrito nas Equações 11 e 12, também precisa

limitar seus valores para o etanol e o metanol. Para que isso fosse possível, foi usado o programa

CANTERA®, que consiste em uma biblioteca baseada na cinética química e os mecanismos

detalhados de reação para o processo de combustão de diferentes tipos de combustíveis. Esse

pacote computacional de código livre é disponibilizado na internet pelo sítio http://

www.cantera.org, que permite gerar as curvas de inflamabilidade tanto do etanol quanto do

metanol. Tais curvas, descritas na Figura 2 são feitas em função da temperatura versus a taxa de

equivalência do combustível (𝜙), e podem ser vistas nos Gráficos 1 e 2:

Gráfico 1 – Curvas de Inflamabilidade do Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Tem

per

atura

(K

)

Taxa de equivalência 𝜙

300 K 325 K 350 K 400 K 500 K

66

Gráfico 2 – Curvas de Inflamabilidade para o Metanol

Fonte: Elaborada pela própria autora

Dessa forma, foi possível calcular tais limitações traçando-se duas derivadas, uma com

uma curva inclinada para cima (curva de ϕpobre) e outra com a curva inclinada para baixo (curva de

ϕrico), e então calculado os parâmetros da reta que descreviam os limites das curvas, resultando nas

equações limitantes:

Etanol

Metanol

As curvas de inflamabilidade para o querosene foram apresentadas na Equação 11.

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Tem

per

atu

ra [

K]

Razão de Equivalência

Curvas de Inflamabilidade - Metanol

300 K 325 K 350 K 400 K 500 K

30004335,034662,0 Tpobre 81

300136,05689,3 Trico 82

300079447,0614,0 Tpobre

3001878,07356,5 Trico

83

84

67

Tendo tais parâmetros estabelecidos no programa para a utilização dos diferentes

combustíveis, foi utilizado como dados de entrada parâmetros da saída de um compressor de uma

turbina, que está em construção em um laboratório o qual não fomos autorizados a dar maior

detalhes. Tais valores estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 – Valores de saída do compressor

Condição de

operação

P3 [kPa] p3[kPa] m3[kg/s] T3 [K]

1 501,56 480,22 7,92 491,43

2 186,29 178,49 3,16 419,23

3 627,00 600,14 9,62 523,92

4 182,39 175,11 3,27 357,88

Fonte: Elaborado pela própria autora

Baseando-se neste compressor em estudo, alguns parâmetros fundamentais também

foram estipulados, conforme Tabela 7:

Tabela 7 - Parâmetros fundamentais do compressor

Parâmetros Fundamentais: Valores

Área de saída do compressor, A3 (m²) 0,0085

Área de saída da câmara (m²) 0,0106

Diâmetro interno da câmara de combustão, Dint(m) 0,04

�̇�𝟑√𝐓𝟑

𝐏𝟑𝐀𝐫𝐞𝐟

0,039

∆𝐏𝟑−𝟒

𝐏𝟑

0,06

Fonte: Elaborado pela própria autora

Dessa forma, foi possível coletar os primeiros dados fundamentais da câmara de

combustão tubo-anular a gás flex gerados pelo programa em Matlab® dependendo do combustível

usado e considerando o parâmetro de carregamento do combustor, descritos na Tabela 8:

Tabela 8 - Parâmetros fundamentais da turbina

Dados TurbinaGás Flex

PARÂMETROS FUNDAMENTAIS: Metanol Etanol Querosene

Diâmetro de Referência, Dref(m) 0,152845 0,152845 0,152845

Área de referência, Aref(m²) 0,0926 0,0926 0,0926

Diâmetro do tubo de chama, Dft (m) 0,102406 0,102406 0,102406

Quantidade de ar para a zona primária (%) 17,69 30,45 40,94

Número de injetores 6 6 6

Fonte: Elaborado pela própria autora

Comparativamente a Sawyer (1985), que estabeleceu os seguintes valores

fundamentais para sua câmara de combustão:

Aft = 6.17 x 10−2m2

68

Dft = 2.80 x 10−1m2

Aref = 8.81 x 10−2m2

Dref = 3.35 x 10−1m2

Quantidade de ar para a zona primária = 25% do fluxo de ar total.

Como pode-se perceber, apesar dos valores apresentarem diferenças por motivos

diversos na execução do projeto da câmara de combustão, é possível notar que eles se assemelham

em escala, o que torna o começo do projeto coerente.

Feito isso, foram calculados os dados do comprimento total de cada zona da câmara

de combustão, definindo-se seu comprimento total, como pode ser visto na Tabela 9:

Tabela 9 - Comprimentos das zonas da câmara de combustão

Comprimento Metanol Etanol Querosene

Comprimento da zona de recirculação

(mm)

73,56 73,524 73,495

Comprimento da zona primária (mm) 76,805 76,805 76,805

Comprimento da zona secundária

(mm)

51,203 51,203 51,2013

Comprimento da zona de diluição

(mm)

215,77 215,77 215,77

Comprimento total da câmara (mm) 417,338 417,302 417,2713

Fonte: Elaborado pela própria autora

O difusor, descrito no capítulo 4.1.4 – Projeto do Difusor resultou nos parâmetros da

Tabela 10, para cada um dos combustíveis testados:

Tabela 10 - Parâmetros fundamentais do difusor

DIFUSOR Metanol Etanol Querosene

Percentual de ar pelo snout (%) 8,84541 15,22867 20,47195

Diâmetro de saída do compressor,D3(m) 0,5 0,5 0,5

Diâmetro final do difusor, D0 (m) 1 1 1

Perda de carga no difusor (%) 3 3 3

Semi ângulo de aberturo do difusor, φ (°) 6,201271 6,176623 6,156493

Comprimento do difusor ,Ldif (mm) 2,300814 2,310067 2,317679

Fonte: Elaborado pela própria autora

O swirler, descrito no capítulo 4.1.5 – Projeto do Swirler resultou nos valores da

Tabela 11, para cada um dos combustíveis testados:

69

Tabela 11 - Dados fundamentais do swirler

SWIRLER Metanol Etanol Querosene

Percentual de ar pelo swirler (%) 8 8 8

Ângulo das pás do swirler, β(°) 45 45 45

Diâmetro do injetor, Disw (m) 0,016 0,016 0,016

Diâmetro externo, Dsw (m) 0,03678 0,036762 0,036747

Fonte: Elaborado pela própria autora

Os orifícios de distribuição de ar, referente à parte de transferência de calor da câmara

de combustão, resultou nos seguintes parâmetros descritos na Tabela 12:

Tabela 12 - Orifícios da distribuição do ar

ORIFÍCIOS DE DISTRIBUIÇÃO DO AR: Metanol Etanol Querosene

Número de orifícios na zona primária, n_or_zp 18 18 18

Diâmetro do orifício externo da zona primária, Dzp_ext 0,004997 0,006552 0,007592

Diâmetro do orifício interno da zona primária, Dzp_int 0,003188 0,00418 0,004843

Número de orifícios na zona secundária, n_or_zs 18 18 18

Diâmetro do orifício externo da zona secundária,

Dzs_ext

0,013463 0,012107 0,010888

Diâmetro do orifício interno da zona secundária, Dzs_int 0,008589 0,007724 0,006946

Número de orifícios da primeira fileira da zona de

diluição, n_or_zd1

18 18 18

Diâmetro do orifício externo da primeira fileira da zona

de diluição, Dzd1_ext

0,030051 0,030051 0,030051

Diâmetro do orifício interno da primeira fileira da zona

de diluição, Dzd1_int

0,019172 0,019172 0,019172

Número de orifícios da segunda fileira da zona de

diluição, n_or_zd1

18 18 18

Diâmetro do orifício externo da segunda fileira da zona

de diluição, Dzd2_ext

0,028323 0,028323 0,028323

Diâmetro do orifício interno da segunda fileira da zona

de diluição, Dzd2_int

0,01807 0,01807 0,01807

Número de orifícios na região de adaptação, n_or_zx 18 18 18

Diâmetro do orifício externo da região de adaptação,

Dzx_ext

0,019504 0,019504 0,019504

Diâmetro do orifício interno da região de adaptação,

Dzx_int

0,012443 0,012443 0,012443

Fonte: Elaborado pela própria autora

Estabelecido todos os valores estruturais para a câmara de combustão, foi então

possível calcular os valores de temperatura e eficiência na saída de cada zona de combustão,

conforme Tabela 13 e Tabelas 14,15 e 16. Para facilitar o entendimento dos dados, definiram-se

as siglas de saída para cada zona da combustão, sendo:

70

ZR – Zona de Recirculação

ZP – Zona Primária

ZS – Zona Secundária

ZD – Zona de Diluição

E as condições de operação, aquelas descritas na Tabela 6.

Tabela 13 - Eficiência de saída de cada zona de combustão

Eficiência

(%)

Metanol Etanol Querosene

Condição ZR ZP ZS ZD ZR ZP ZS ZD ZR ZP ZS ZD

1 58,80 72,85 99 100 58,80 72,85 99 100 58,80 72,85 99 100

2 46,75 64,90 99 100 46,75 64,90 99 100 46,75 64,90 99 100

3 62,61 75,35 99 100 62,61 75,35 99 100 62,61 75,35 99 100

4 42,72 62,25 100 100 42,72 62,25 100 100 42,72 62,25 100 100

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela 14 - Temperatura de saída de cada zona de combustão para o Metanol

Temperatura (K) Metanol

Condição Entrada ZR ZP ZS ZD

1 491,43 1594,00 1843,91 1655,10 857,12

2 419,23 1304,98 1618,97 1582,90 758,08

3 523,92 1690,11 1924,63 1687,59 903,67

4 357,88 1177,11 1506,53 1541,61 631,12

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela 15 - Temperatura de saída de cada zona de combustão para o Etanol

Temperatura (K) Etanol

Condição Entrada ZR ZP ZS ZD

1 491,43 1598,00 1860,91 1937,10 989,54

2 419,23 1308,98 1635,97 1864,90 1131,43

3 523,92 1694,11 1941,63 1969,59 1102,12

4 357,88 1181,11 1523,53 1823,61 722,87

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela 16 - Temperatura de saída de cada zona de combustão para o Querosene

Temperatura (K) Querosene

Condição Entrada ZR ZP ZS ZD

1 491,43 1631,87 1892,37 2477,43 1099,53

2 419,23 1342,85 1667,43 2405,23 1048,68

3 523,92 1727,98 1973,09 2509,92 969,84

4 357,88 1214,98 1554,99 2363,94 803,20

Fonte: Elaborado pela própria autora

71

Para todas as condições de operação, foram geradas as temperaturas de resfriamento

das paredes e da temperatura dos gases, porém, para facilitar a criação dos gráficos e análise dos

dados, será considerado apenas a condição de operação 1, descritos nas Tabelas 17, 18 e 19.

Tabela 17 - Temperatura dos gases na saída de cada zona de combustão

Temperatura dos gases (K)

Tipo de Combustível Entrada ZR ZP ZS ZD

Metanol 1226,48 1807,035 1618,117 1226,48 1103,4

Etanol 1230,48 1817,035 1618,2 1226,6 1104,7

Querosene 1600,7 2413,57 2006,633 1500,3 1251,6

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela 18 - Temperatura da parede 1 na saída de cada zona de combustão

Twall_1 (K)

Tipo de Combustível Entrada ZR ZP ZS ZD

Metanol 491,43 853,5177 759,0583 563,23899 553,239

Etanol 491,43 887,895 896,5922 564,57232 554,5723

Querosene 491,43 1156,785 953,3163 575,86232 565,862

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela 19 - Temperatura da parede 2 na saída de cada zona de combustão

Twall_2 (K)

Tipo de Combustível Entrada ZR ZP ZS ZD

Metanol 491,43 843,5177 749,058279 553,239 553,239

Etanol 491,43 877,895 886,592172 554,5723 544,5723

Querosene 491,43 1146,785 943,316282 565,8623 555,65

Fonte: Elaborado pela própria autora

A metodologia feita, ao gerar todos os dados descritos no programa Matlab®, possibilitou diversas

análises e para facilitar o entendimento, foram criados os seguintes gráficos:

72

5.1. TEMPERATURA X COMPRIMENTO DA CÂMARA

Gráfico 3 – Gráfico de Temperatura x Comprimento da Câmara para o Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 4 – Temperatura x Comprimento da câmara para o Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

0

500

1000

1500

2000

2500

0 73,56 150,365 201,568 417,338

Tem

per

atura

[K

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

0

500

1000

1500

2000

2500

0 73,524 150,329 201,532 417,302

Tem

per

atura

[K

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

ZonaPrimária

73

Gráfico 5 - Temperatura x Comprimento da câmara para o Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

Como pode-se notar, o querosene atinge os maiores valores de temperatura ao sair de

todas as zonas, enquanto o metanol é aquele que apresenta as menores temperaturas. Para basear

se os dados do programa desenvolvido em Matlab® estão coerentes, foi utilizado o programa GT-

Combustor, que gera os dados para uma câmara anular utilizando-se os mesmos valores de entrada.

Sendo assim, foram gerados os gráficos que correlacionam Temperatura x Comprimento da

Câmara Anular:

Gráfico 6 – Temperatura x Comprimento da Câmara Anular para o Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 73,495 150,3 201,503 417,273

Tem

per

atura

[K

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

0

500

1000

1500

2000

0 88,243 154,402 198,508 441,153

Tem

per

atura

[K

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

74

Gráfico 7 – Temperatura x Comprimento da Câmara Anular para o Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 8 – Temperatura x Comprimento da Câmara Anular para o Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

Comparativamente com os gráficos produzidos com os dados gerados pelo programa

GT-Combustor, podemos perceber que o querosene também atinge os maiores valores de

0

500

1000

1500

2000

0 88,981 155,693 200,168 444,842

Tem

per

atura

[K

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

0

500

1000

1500

2000

2500

0 88,68 155,167 199,492 443,339

Tem

per

atura

[K

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

75

temperatura ao sair da zona de diluição, mantendo a faixa de temperaturas bem próximas daquelas

encontradas pelo programa para a câmara tubo-anular.

Com o trabalho de Dias (2011), que projetou uma câmara de combustão anular para

biocombustíveis e obteve o Gráfico 9, é possível verificar que seu projeto apresenta maiores

valores na saída da zona primária, porém, se examinarmos de uma maneira geral, é possível

estabelecer um padrão entre os gráficos. Tal discrepância pode ter ocorrido pelo fato dos valores

estruturais e de entrada da turbina terem sido diferentes, bem como o combustível utilizado não

serem os mesmos aqui descritos como objetos de estudo.

Gráfico 9 – Temperatura x Comprimentos da Câmara

Fonte: Dias, 2011

76

5.2. TEMPERATURA DE RESFRIAMENTO X COMPRIMENTO DO COMBUSTOR

Gráfico 10 - Perfil de temperatura para uma câmara de combustão operando com Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 11 - Perfil de temperatura para uma câmara de combustão operando com Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

1226,48

1807,04

1618,12

1226,48

1103,40 1103,40

491,43

853,52759,06

563,24 553,24 553,24

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Tem

per

atu

ra [

K]

Comprimento do Combustor [mm]

Tgases

Twall1

Twall2

1230,48

1817,04

1618,20

1226,60

1104,70

491,4

877,9 886,6

554,6 544,6

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Tem

per

atra

[K

]

Comprimento do Combustor [mm]

Tgases

Twall1

Twall2

77

Gráfico 12 - Perfil de temperatura para uma câmara de combustão operando com Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

De modo a validar os dados, foi usado os gráficos presentes no artigo de Almeida et

al. (2015) que trata de uma câmara de combustão anular e opera com os biocombustíveis etanol e

metanol, mostrados nos Gráficos 13 e 14:

Gráfico 13 - Perfil de temperatura para uma câmara de combustão anular operando com Etanol

Fonte: ALMEIDA, et al. (2015)

1600,7

2413,6

2006,6

1500,3

1251,6

491,4

1146,8

943,3

565,9 555,7

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Tem

per

atu

ra [

K]

Comprimento do combustor [mm]

Tgases

Twall1

Twall2

78

Gráfico 14 - Perfil de temperatura para uma câmara de combustão anular operando com Metanol

Fonte: ALMEIDA, et al. (2015)

Ao comparar os gráficos feitos a partir dos dados gerados pelo programa para a câmara

tubo-anular com os gráficos para uma câmara anular do artigo de Almeida et al. (2015), percebe-

se que os valores de temperatura atingidos pela câmara tubo-anular são menores, mas de uma

forma geral apresentam o mesmo comportamento, com um aumento de temperatura perto dos 50

mm do comprimento do combustor, o que mostra a veracidade dos dados calculados pelo programa

criado com base na metodologia apresentada.

Com os gráficos apresentados, verifica-se que o aumento da pressão e da temperatura

à entrada da câmara de combustão resulta em um duplo efeito sobre a temperatura das paredes do

combustor, já definido por Almeida et al. (2015):

Aumenta a taxa de transferência de calor por radiação para as paredes do combustor, resultando

no aumento da temperatura do ar de arrefecimento;

Aumento da temperatura do ar de arrefecimento produz um aumento do consumo do fluxo para

manter as temperaturas das paredes do combustor dentro do intervalo permitido de temperatura.

79

5.3. RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA X FLUXO DE MASSA DE AR:

A correlação entre a razão de equivalência e o fluxo de massa de ar consiste em

estabelecer as curvas de estabilidade em que a turbina opera. Para isso, foi utilizado os dados de

entrada da condição 1 de operação e variou-se o parâmetro ϕzp de 0,4 a 2 e coletado os valores

da massa de ar para tal razão de equivalência. Os parâmetros gerados para a execução dos Gráficos

15, 16 e 17, que consta de uma elipse para marcar o “bico” de estabilidade da câmara de

combustão estão estabelecidos nas Tabelas 20, 21 e 22.

Tabela 20 – Parâmetros de massa de ar/combustível variando razão de equivalência ao operar

com Metanol

Metanol

Condição ϕzp Taxa de

Massa de

Combustível

(kg/s)

Massa de ar

(kg/s)

1 0,4 0,005764 0,922307

1 0,6 0,016178 1,725605

1 0,7 0,024227 2,215018

1 0,75 0,030271 2,583095

1 0,8 0,03821 3,056788

1 0,85 0,048633 3,661745

1 0,9 0,062322 4,431772

1 0,95 0,080319 5,41095

1 1 0,104008 6,656501

1 1,05 0,110044 6,707443

1 1,1 0,085079 4,950033

1 1,15 0,067265 3,74347

1 1,2 0,054233 2,892443

1 1,25 0,044486 2,277676

1 1,3 0,037051 1,824036

1 1,35 0,031279 1,482863

1 1,4 0,026728 1,22185

1 1,45 0,023088 1,019057

1 1,5 0,020139 0,85928

1 1,6 0,015721 0,628855

1 1,7 0,012635 0,475686

1 1,8 0,010405 0,369947

1 1,9 0,008745 0,294565

1 2 0,007479 0,239318

Fonte: Elaborado pela própria autora

80

Tabela 21 - Parâmetros de massa de ar/combustível variando razão de equivalência ao operar

com Etanol

Etanol

Condição φzp Taxa de

Massa de

Combustível

(kg/s)

Massa de ar

(kg/s)

1 0,4 0,005913 1,330456

1 0,6 0,016595 2,489239

1 0,7 0,024852 3,195232

1 0,75 0,031052 3,726194

1 0,8 0,039196 4,409511

1 0,85 0,049887 5,28218

1 0,9 0,06393 6,392968

1 0,95 0,082391 7,805463

1 1 0,106691 9,602208

1 1,05 0,112883 9,675694

1 1,1 0,087274 7,140575

1 1,15 0,069001 5,400072

1 1,2 0,055633 4,172439

1 1,25 0,045634 3,285619

1 1,3 0,038007 2,631228

1 1,35 0,032086 2,139076

1 1,4 0,027418 1,762556

1 1,45 0,023684 1,470021

1 1,5 0,020659 1,239537

1 1,6 0,016127 0,907143

1 1,7 0,012961 0,686192

1 1,8 0,010673 0,53366

1 1,9 0,008971 0,424919

1 2 0,007672 0,345224

Fonte: Elaborado pela própria autora

81

Tabela 22 - Parâmetros de massa de ar/combustível variando razão de equivalência ao operar

com Querosene

Querosene

Condição φzp Taxa de

Massa de

Combustível

(kg/s)

Massa de ar

(kg/s)

1 0,4 0,005852 2,2824

1 0,6 0,016424 4,2703

1 0,7 0,024596 5,48143

1 0,75 0,030732 6,3923

1 0,8 0,038792 7,56453

1 0,85 0,049374 9,0616

1 0,9 0,063272 10,9672

1 0,95 0,081544 13,3903

1 1 0,105594 16,4726

1 1,05 0,111722 16,5987

1 1,1 0,086376 12,2497

1 1,15 0,068291 9,26384

1 1,2 0,05506 7,15784

1 1,25 0,045164 5,63649

1 1,3 0,037616 4,51388

1 1,35 0,031756 3,66959

1 1,4 0,027136 3,02367

1 1,45 0,02344 2,52183

1 1,5 0,020446 2,12643

1 1,6 0,015961 1,55621

1 1,7 0,012828 1,17716

1 1,8 0,010563 0,9155

1 1,9 0,008878 0,72895

1 2 0,007593 0,59223

Fonte: Elaborado pela própria autora

82

Gráfico 15 - Curvas de Estabilidade para o Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 16 - Curvas de Estabilidade para o Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0,01 0,1 1 10 100

φzp

Fluxo de Massa de Ar (kg/s)

(501,56 kPa; 491,43 K)

(186,29 kPa; 419,23 K)

(627,0 kPa; 523,92 K)

(183,39 kPa; 357,88 K)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0,1 1 10 100

φzp

Fluxo de Massa de Ar (kg/s)

(501,56 kPa; 491,43 K)

(186,29 kPa; 419,23 K)

(627,0 kPa; 523,92 K)

(183,39 kPa; 357,88 K)

83

Gráfico 17 - Curvas de Estabilidade para o Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

De modo a validar os dados, foi usado os gráficos presentes no artigo de Almeida et

al. (2015) que trata de uma câmara de combustão anular e opera com os biocombustíveis etanol e

metanol, mostrados nos Gráficos 18 e 19:

Gráfico 18 - Curvas de Estabilidade para o Etanol

Fonte: ALMEIDA et al. (2015)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0,1 1 10 100

φzp

Fluxo de Massa de Ar (kg/s)

(501,56 kPa; 491,43 K)

(186,29 kPa; 419,23 K)

(627,0 kPa; 523,92 K)

(183,39 kPa; 357,88 K)

84

Gráfico 19 - Curvas de Estabilidade para o Metanol

Fonte: ALMEIDA et al. (2015)

A temperatura e pressão de entrada do queimador têm uma influência significativa na

estabilidade da combustão, tal como refletido pelas curvas de estabilidade. A partir dos Gráficos

15, 16 e 17 apresentados, quando a temperatura de funcionamento é de 419 K e a pressão é de

189 kPa, vê-se que a zona de estabilidade é mais estreita. Para as mesmas condições de

funcionamento do fluxo de massa de ar é menor do que aquele obtido para a temperatura de

funcionamento de 523 K e pressão de 627 kPa. Conclui-se que quanto maior a temperatura e

pressão de entrada, maior o fluxo de ar e menor as regiões de instabilidade da turbina, verificado

tal comportamento também nos Gráficos 18 e 19 do artigo de Almeida, et al. (2015)

85

5.4. EFICIÊNCIA X COMPRIMENTO DA CÂMARA

A eficiência da câmara de combustão foi calculada conforme estabelecido pelas Equações

37,41 e 44, gerando os seguintes gráficos em função do comprimento da câmara:

Gráfico 20 – Eficiência x Comprimento da Câmara para o Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 21 - Eficiência x Comprimento da Câmara para o Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 73,56 150,365 201,568 417,338

Efi

ciên

cia

[%]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 73,524 150,329 201,532 417,302

Po

rcen

tagem

[%

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

86

Gráfico 22 - Eficiência x Comprimento da Câmara para o Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

Para validação dos dados, foram gerados os Gráficos 23, 24 e 25, com os valores do

programa GT-Combustor, de Eficiência x Comprimento para uma câmara de combustão anular:

Gráfico 23 - Eficiência x Comprimento da Câmara para o Metanol pelo GT-Combustor

Fonte: Elaborado pela própria autora

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 73,495 150,3 201,503 417,273

Po

rcen

tagem

[%

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 88,243 154,402 198,508 441,153

Po

rcen

tagem

[%

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

87

Gráfico 24 - Eficiência x Comprimento da Câmara para o Etanol pelo GT-Combustor

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 25 - Eficiência x Comprimento da Câmara para o Querosene do GT-Combutor

Fonte: Elaborado pela própria autora

Como é possível perceber, os valores de eficiência para os três combustíveis

apresentam os mesmos valores ao sair das zonas de combustão. Isso se deve ao fato da eficiência

de combustão depender do parâmetro de carregamento do combustor, poder calorífico e densidade

energética do combustível queimado. Essa diferença de densidade energética produzirá uma

modificação na relação ar-combustível nas zonas de combustão, mantendo as eficiências muito

próximas e sem modificar a geometria da câmara de combustão da turbina a gás flex.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 88,243 154,402 198,508 441,153

Po

rcen

tagem

[%

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 88,243 154,402 198,508 441,153

Po

rcen

tagem

[%

]

Comprimento da Câmara [mm]

523,92 K

491,43 K

419,23 K

357,88 K

ZonaPrimária

ZonaSecundária

Zona de Diluição

Zona de Recirculação

88

Entretanto, é possível visualizar claramente para todos os casos, que quanto maior a

temperatura de entrada, maiores eficiências são alcançadas na saída das zonas de combustão.

5.5. GASES DE EXAUSTÃO

Por meio do software Cantera®, as reações químicas existentes nos processos de

combustão do metanol, etanol e querosene foram simuladas. No Anexo 1 estão contidos os valores

da fração molar dos reagentes envolvidos nessa combustão ao se variar o parâmetro de

carregamento do combustor operando-se a turbina com base na condição de operação 1. Para

melhor visualização, foram criados os gráficos correspondentes a essas reações com seus

respectivos reagentes:

Gráfico 26 – Reagentes envolvidos na combustão do Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

1,E-06

1,E-05

1,E-04

1,E-03

1,E-02

1,E-01

1,E+00

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência (ϕ)

CH4O O2 N2 Ar CO2 H2O(g)

89

Gráfico 27 - Reagentes envolvidos na combustão do Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 28 - Reagentes envolvidos na combustão do Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

1,E-06

1,E-05

1,E-04

1,E-03

1,E-02

1,E-01

1,E+00

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência (ϕ)

C2H6O O2 N2 Ar CO2 H2O(g)

1,E-05

1,E-04

1,E-03

1,E-02

1,E-01

1,E+00

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência (ϕ)

C12H23 O2 N2 Ar CO2 H2O(g)

90

Quanto maior a razão de equivalência (mais rica a mistura), maior o consumo de

combustível, enquanto os outros reagentes permanecem praticamente inalterados para qualquer

razão, tendo uma pequena tendência a um menor consumo.

Além dos produtos da reação de combustão dos combustíveis, foi também simulado

os produtos encontrados em função da fração molar ao variar a razão de equivalência da mistura.

No Anexo 2 estão dispostos os valores dos produtos de tais combustões e para exemplificar de

uma forma mais clara os produtos encontrados, foram feitos gráficos para cada combustível

especificamente.

Gráfico 29 – Produtos envolvidos na combustão do Metanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

1,E-21

1,E-19

1,E-17

1,E-15

1,E-13

1,E-11

1,E-09

1,E-07

1,E-05

1,E-03

1,E-01

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência

CO2 H2O N2 O2 CO H2

Ar H O OH NO NO2

91

Gráfico 30 - Produtos envolvidos na combustão do Etanol

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 31 - Produtos envolvidos na combustão do Querosene

Fonte: Elaborado pela própria autora

Vemos que quanto maior a razão de equivalência, menor a quantidade de produtos

gerados na reação, já que a combustão ocorre de uma maneira mais completa.

1,E-22

1,E-20

1,E-18

1,E-16

1,E-14

1,E-12

1,E-10

1,E-08

1,E-06

1,E-04

1,E-02

1,E+00

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência (φ)CO2 H2O N2 O2 CO H2

Ar H O OH NO NO2

1,E-26

1,E-24

1,E-22

1,E-20

1,E-18

1,E-16

1,E-14

1,E-12

1,E-10

1,E-08

1,E-06

1,E-04

1,E-02

1,E+00

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência

Querosene - Produtos

CO2 H2O N2 O2 CO H2

Ar H O OH NO NO2

92

Para podermos visualizar melhor a emissão dos gases NOx, foi feito os seguintes

Gráficos 32 e 33, onde compara-se suas emissões de acordo com o combustível usado:

Gráfico 32 – Quantidade de NO formado durante a queima dos combustíveis

Fonte: Elaborado pela própria autora

Gráfico 33 - Quantidade de NO formado durante a queima dos combustíveis

Fonte: Elaborado pela própria autora

Os resultados obtidos para a emissão de NOx são muito importantes, já que a

legislação ambiental brasileira é muito rígida atualmente com respeito à descarga desse poluente

através da operação de turbinas a gás.

0,0E+0

1,0E-3

2,0E-3

3,0E-3

4,0E-3

5,0E-3

6,0E-3

0,1 1

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência

NO

Querosene

Etanol

Metanol

-5,0E-8

1,0E-21

5,0E-8

1,0E-7

1,5E-7

2,0E-7

0,1 1

Fraç

ão M

ola

r

Razão de Equivalência

NO2

Querosene

Etanol

Metanol

93

Nos resultados da simulação numérica pode-se verificar a redução da emissão de NO

ao se comparar a queima dos biocombustíveis em relação ao querosene:

Redução de 36,59% de NO quando a câmara de combustão queima metanol

em substituição do querosene;

Redução de 12,03% de NO quando a câmara de combustão queima etanol em

substituição ao querosene;

Nos resultados da simulação numérica pode-se verificar a redução de NO2 ao se

comparar a queima dos biocombustíveis em relação ao querosene:

Redução de 31,72% de NO2 quando a câmara de combustão queima metanol

em substituição ao querosene;

Redução de 17,17% de NO2 quando a câmara de combustão queima etanol em

substituição ao querosene;

É possível concluir que o uso de biocombustíveis melhora consideravelmente a

emissão dos gases poluentes e mantém uma faixa de operação bem próxima com os combustíveis

convencionais.

Como todo o trabalho consistiu em resultados a partir da simulação numérica para o projeto

de uma turbina ainda em desenvolvimento, para validar os resultados foram utilizados os dados

disponibilizados gentilmente pelo Engenheiro João Machado, Gerente da Usina Termelétrica de

Juiz de Fora, relacionados aos parâmetros de operação de uma das turbinas a gás GE LM6000

operando com o combustível etanol. Esses dados de operação foram comparados para a mesma

turbina a gás operando sob os mesmos regimes de operação, utilizando gás natural como

combustível. Essa comparação está detalhada a seguir:

Tabela 23 – Consumo de Água e Emissões de óxido de Nitrogênio da turbina da UTE Juiz de

Fora

Fonte: MACHADO (2016)

94

Tabela 24 – Teste de Desempenho da turbina da UTE Juiz de Fora

Fonte: MACHADO (2016)

Graças a essas tabelas, que foram produzidas a partir de testes já descritos no capítulo

2.1.2 – Turbinas a gás funcionando com biocombustível, pode-se avaliar que a turbina, ao operar

com etanol, possui valores superiores de eficiência quando comparado com o gás natural e produz

em menor quantidade óxido de nitrogênio, garantindo satisfatórios resultados no uso desse

combustível.

Teste de Desempenho da Turbina

Câmara Potência da

unidade (KW)

Heat Rate

(Btu/kWh) Eficiência (%)

Ruggedized e

consumo de etanol 43.642 7.933 43,0

Original e consumo

de gás natural 43.349 8.277 41,2

95

6.CONCLUSÃO

Neste trabalho foi criado um programa em Matlab®, que a partir de condições de

operações desejadas e através de equações empíricas, constrói-se um pré-projeto de câmara de

combustão de turbina a gás flex. Foram dimensionadas as regiões da câmara de combustão, o

difusor, o swirler, o sistema de refrigeração das paredes do liner e os orifícios de entrada de ar,

além das temperaturas de saída de cada zona, fluxo de ar e eficiências baseados no parâmetro de

carregamento do combustor.

O objetivo principal, que era possibilitar que a câmara de combustão operasse com

combustíveis diferentes, permitindo a comparação entre o uso do combustível fóssil com os

biocombustíveis também foi realizado. Foi visto que ao utilizar o querosene como combustível, é

possível obter maiores valores de temperatura, mas comparativamente ao metanol e etanol,

apresenta maior quantidade de gases poluentes. Por meio do programa Cantera®, foi mensurado

a quantidade de gases que são produzidos de acordo com o processo de combustão de cada

combustível utilizado.

O desenvolvimento do trabalho exigiu critério e paciência, já que a definição das

configurações básicas para câmaras de combustão por métodos empíricos é um trabalho bastante

complexo e alguns pequenos detalhes na construção das equações não são disponibilizados pelos

livros, pois consiste em segredo industrial. Como nossa turbina trata-se de um projeto preliminar

ainda em desenvolvimento em um laboratório, para garantir que os valores gerados estejam

coerentes, foi necessário usar ferramentas computacionais já desenvolvidas com antecedência e

adicionalmente acopladas ao programa desenvolvido neste trabalho de monografia. Podem-se

mencionar dentro desses códigos computacionais o GT-Combustor e o código livre Cantera. Os

dados disponibilizados pelo Engenheiro João Machado também foram de grande valia, pois

possibilitou visualizar que o uso prático do etanol em turbinas é viável e apresenta valores de

eficiência satisfatórios, bem como baixa emissão de gases poluentes.

O desenvolvimento deste trabalho foi bastante enriquecedor e muito desafiante, e,

como pode-se perceber, há um longo caminho a se desenvolver na área da utilização de

biocombustíveis para turbinas a gás flex, sendo sugerido como trabalhos futuros a verificação dos

valores gerados pelo programa com os valores encontrados com o protótipo em execução.

96

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99

APÊNDICE A – Mecanismos detalhados dos combustíveis

Tabela A.1. – Equilíbrio Termocinético do Metanol (CH4O)

Composição do ar Fração Molar

(mol)

O2 0.20947391

N2 0.78083219

Ar 0.00933991

CO2 0.00034400

H2O (g) 0.00001000

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela A.1. – Equilíbrio Termocinético do Etanol (C2H6O)

Composição do Fração Molar

(mol)

O2 0.20947391

N2 0.78083219

Ar 0.00933991

CO2 0.00034400

H2O (g) 0.00001000

Fonte: Elaborado pela própria autora

Tabela A.1. – Equilíbrio Termocinético do Etanol (C12H23)

Composição do ar Fração Molar

(mol)

O2 0.20947391

N2 0.78083219

Ar 0.00933991

CO2 0.00034400

H2O (g) 0.00001000

Fonte: Elaborado pela própria autora

100

APÊNDICE B - Reagentes

APÊNDICE B.1. - METANOL

Tabela B.1. - Dados dos reagentes para queima mistura Metanol/Ar

ϕ

CH4O

(mol)

O2

(mol)

N2

(mol)

Ar

(mol)

CO2

(mol)

H2O(g)

(mol)

0,1 0,013773 0,206589 0,770078 0,009211 0,000339 0,00001

0,2 0,027171 0,203782 0,759616 0,009086 0,000335 0,00001

0,3 0,04021 0,201051 0,749435 0,008964 0,00033 0,00001

0,4 0,052904 0,198392 0,739523 0,008846 0,000326 0,000009

0,5 0,065267 0,195802 0,729869 0,00873 0,000322 0,000009

0,6 0,077312 0,193279 0,720465 0,008618 0,000317 0,000009

0,7 0,08905 0,19082 0,711299 0,008508 0,000313 0,000009

0,8 0,100492 0,188423 0,702364 0,008401 0,000309 0,000009

0,9 0,111651 0,186086 0,693651 0,008297 0,000306 0,000009

1 0,122537 0,183806 0,685151 0,008195 0,000302 0,000009

1,1 0,133159 0,181581 0,676857 0,008096 0,000298 0,000009

1,2 0,143527 0,179409 0,668762 0,007999 0,000295 0,000009

1,3 0,15365 0,177288 0,660857 0,007905 0,000291 0,000008

1,4 0,163536 0,175217 0,653138 0,007812 0,000288 0,000008

1,5 0,173194 0,173194 0,645597 0,007722 0,000284 0,000008

1,6 0,182632 0,171217 0,638227 0,007634 0,000281 0,000008

1,7 0,191856 0,169285 0,631025 0,007548 0,000278 0,000008

1,8 0,200875 0,167396 0,623983 0,007464 0,000275 0,000008

1,9 0,209695 0,165548 0,617096 0,007381 0,000272 0,000008

2 0,218322 0,163741 0,61036 0,007301 0,000269 0,000008

2,1 0,226762 0,161973 0,603769 0,007222 0,000266 0,000008

2,2 0,235023 0,160243 0,597319 0,007145 0,000263 0,000008

2,3 0,243108 0,158549 0,591005 0,007069 0,00026 0,000008

2,4 0,251025 0,156891 0,584824 0,006995 0,000258 0,000007

2,5 0,258778 0,155267 0,57877 0,006923 0,000255 0,000007

2,6 0,266372 0,153676 0,572841 0,006852 0,000252 0,000007

2,7 0,273812 0,152118 0,567031 0,006783 0,00025 0,000007

2,8 0,281102 0,15059 0,561339 0,006714 0,000247 0,000007

Fonte: Elaborado pela própria autora

101

APÊNDICE B.2. - ETANOL

Tabela B.2. - Dados dos reagentes para queima mistura Etanol/Ar

ϕ

C2H6O

(mol)

O2

(mol)

N2

(mol)

Ar

(mol)

CO2

(mol)

H2O(g)

(mol)

0,1 0,006934 0,208021 0,775418 0,009275 0,000342 0,00001

0,2 0,013773 0,206589 0,770078 0,009211 0,000339 0,00001

0,3 0,020518 0,205176 0,764811 0,009148 0,000337 0,00001

0,4 0,027171 0,203782 0,759616 0,009086 0,000335 0,00001

0,5 0,033735 0,202407 0,754491 0,009025 0,000332 0,00001

0,6 0,04021 0,201051 0,749435 0,008964 0,00033 0,00001

0,7 0,0466 0,199713 0,744446 0,008905 0,000328 0,00001

0,8 0,052904 0,198392 0,739523 0,008846 0,000326 0,000009

0,9 0,059127 0,197088 0,734664 0,008788 0,000324 0,000009

1 0,065267 0,195802 0,729869 0,00873 0,000322 0,000009

1,1 0,071329 0,194532 0,725137 0,008674 0,000319 0,000009

1,2 0,077312 0,193279 0,720465 0,008618 0,000317 0,000009

1,3 0,083218 0,192042 0,715853 0,008563 0,000315 0,000009

1,4 0,08905 0,19082 0,711299 0,008508 0,000313 0,000009

1,5 0,094807 0,189614 0,706804 0,008454 0,000311 0,000009

1,6 0,100492 0,188423 0,702364 0,008401 0,000309 0,000009

1,7 0,106107 0,187247 0,697981 0,008349 0,000307 0,000009

1,8 0,111651 0,186086 0,693651 0,008297 0,000306 0,000009

1,9 0,117128 0,184939 0,689375 0,008246 0,000304 0,000009

2 0,122537 0,183806 0,685151 0,008195 0,000302 0,000009

2,1 0,12788 0,182686 0,680979 0,008146 0,0003 0,000009

2,2 0,133159 0,181581 0,676857 0,008096 0,000298 0,000009

2,3 0,138374 0,180488 0,672785 0,008048 0,000296 0,000009

2,4 0,143527 0,179409 0,668762 0,007999 0,000295 0,000009

2,5 0,148619 0,178342 0,664786 0,007952 0,000293 0,000009

2,6 0,15365 0,177288 0,660857 0,007905 0,000291 0,000008

2,7 0,158622 0,176247 0,656975 0,007858 0,000289 0,000008

2,8 0,163536 0,175217 0,653138 0,007812 0,000288 0,000008

Fonte: Elaborado pela própria autora

102

APÊNDICE B.3. - QUEROSENE

Tabela B.3. - Dados dos reagentes para queima mistura Querosene/Ar

φ C12H23 (mol)

O2 (mol)

N2 (mol)

Ar (mol)

CO2 (mol)

H2O(g) (mol)

0,1 0,001179 0,209227 0,779912 0,009329 0,000344 0,00001

0,2 0,002355 0,208981 0,778994 0,009318 0,000343 0,00001

0,3 0,003528 0,208735 0,778077 0,009307 0,000343 0,00001

0,4 0,004698 0,20849 0,777164 0,009296 0,000342 0,00001

0,5 0,005866 0,208245 0,776252 0,009285 0,000342 0,00001

0,6 0,007031 0,208001 0,775342 0,009274 0,000342 0,00001

0,7 0,008193 0,207758 0,774435 0,009263 0,000341 0,00001

0,8 0,009353 0,207515 0,773529 0,009253 0,000341 0,00001

0,9 0,01051 0,207272 0,772626 0,009242 0,00034 0,00001

1 0,011664 0,207031 0,771725 0,009231 0,00034 0,00001

1,1 0,012815 0,206789 0,770826 0,00922 0,00034 0,00001

1,2 0,013964 0,206549 0,769929 0,009209 0,000339 0,00001

1,3 0,01511 0,206309 0,769034 0,009199 0,000339 0,00001

1,4 0,016253 0,206069 0,768141 0,009188 0,000338 0,00001

1,5 0,017394 0,20583 0,76725 0,009177 0,000338 0,00001

1,6 0,018532 0,205592 0,766362 0,009167 0,000338 0,00001

1,7 0,019668 0,205354 0,765475 0,009156 0,000337 0,00001

1,8 0,020801 0,205117 0,76459 0,009146 0,000337 0,00001

1,9 0,021931 0,20488 0,763708 0,009135 0,000336 0,00001

2 0,023058 0,204644 0,762827 0,009125 0,000336 0,00001

2,1 0,024183 0,204408 0,761949 0,009114 0,000336 0,00001

2,2 0,025306 0,204173 0,761072 0,009104 0,000335 0,00001

2,3 0,026426 0,203938 0,760198 0,009093 0,000335 0,00001

2,4 0,027543 0,203704 0,759326 0,009083 0,000335 0,00001

2,5 0,028658 0,203471 0,758455 0,009072 0,000334 0,00001

2,6 0,02977 0,203238 0,757587 0,009062 0,000334 0,00001

2,7 0,03088 0,203005 0,75672 0,009051 0,000333 0,00001

2,8 0,031987 0,202774 0,755856 0,009041 0,000333 0,00001 Fonte: Elaborado pela própria autora

103

APÊNDICE C – Produtos

APÊNDICE C.1. - METANOL

Tabela C.1. - Dados dos produtos da queima da mistura Metanol/Ar

φ Te(K) CO2

(mol) H2O (mol)

N2 (mol)

O2 (mol)

CO (mol)

H2 (mol)

Ar (mol)

H (mol)

O (mol)

OH (mol)

NO (mol)

NO2 (mol)

0,1 759,88 1,40E-

02 2,74E-

02 7,65E-

01 1,85E-

01 1,88E-

17 2,09E-

16 9,15E-

03 3,24E-

21 2,07E-

15 8,00E-

11 1,05E-

06 2,99E-

12

0,2 1048,5 2,71E-

02 5,36E-

02 7,49E-

01 1,61E-

01 8,80E-

12 2,07E-

11 8,96E-

03 1,59E-

14 1,15E-

10 1,28E-

07 4,97E-

05 5,30E-

10

0,3 1282,07 3,97E-

02 7,88E-

02 7,35E-

01 1,38E-

01 5,05E-

09 5,96E-

09 8,79E-

03 2,86E-

11 2,11E-

08 4,49E-

06 3,02E-

04 5,84E-

09

0,4 1493,26 5,19E-

02 1,03E-

01 7,20E-

01 1,16E-

01 2,99E-

07 2,34E-

07 8,62E-

03 3,52E-

09 5,61E-

07 4,27E-

05 9,10E-

04 2,48E-

08

0,5 1685,1 6,35E-

02 1,26E-

01 7,06E-

01 9,38E-

02 5,30E-

06 3,17E-

06 8,45E-

03 1,02E-

07 5,21E-

06 2,00E-

04 1,86E-

03 6,17E-

08

0,6 1859,75 7,47E-

02 1,49E-

01 6,92E-

01 7,28E-

02 4,60E-

05 2,28E-

05 8,30E-

03 1,24E-

06 2,53E-

05 6,08E-

04 2,98E-

03 1,08E-

07

0,7 2018,2 8,53E-

02 1,70E-

01 6,79E-

01 5,26E-

02 2,54E-

04 1,10E-

04 8,14E-

03 8,63E-

06 7,86E-

05 1,37E-

03 3,97E-

03 1,45E-

07

0,8 2159,39 9,48E-

02 1,89E-

01 6,66E-

01 3,36E-

02 1,04E-

03 4,09E-

04 7,99E-

03 4,04E-

05 1,70E-

04 2,44E-

03 4,47E-

03 1,49E-

07

0,9 2277,57 1,02E-

01 2,08E-

01 6,53E-

01 1,70E-

02 3,51E-

03 1,31E-

03 7,83E-

03 1,39E-

04 2,53E-

04 3,45E-

03 4,08E-

03 1,06E-

07

1 2353,33 1,04E-

01 2,23E-

01 6,39E-

01 5,05E-

03 1,05E-

02 3,96E-

03 7,66E-

03 3,57E-

04 2,13E-

04 3,49E-

03 2,57E-

03 3,86E-

08

1,1 2348,89 9,70E-

02 2,33E-

01 6,22E-

01 6,92E-

04 2,57E-

02 1,09E-

02 7,44E-

03 5,79E-

04 7,70E-

05 2,13E-

03 9,31E-

04 5,16E-

09

1,2 2291,98 8,61E-

02 2,36E-

01 6,03E-

01 9,35E-

05 4,36E-

02 2,18E-

02 7,21E-

03 6,14E-

04 2,05E-

05 1,06E-

03 3,00E-

04 5,87E-

10

1,3 2225,98 7,67E-

02 2,37E-

01 5,84E-

01 1,69E-

05 5,95E-

02 3,47E-

02 6,99E-

03 5,44E-

04 5,84E-

06 5,36E-

04 1,09E-

04 8,60E-

11

1,4 2160,66 6,93E-

02 2,35E-

01 5,67E-

01 3,71E-

06 7,29E-

02 4,87E-

02 6,78E-

03 4,44E-

04 1,80E-

06 2,80E-

04 4,35E-

05 1,52E-

11

1,5 2097,84 6,35E-

02 2,32E-

01 5,50E-

01 9,27E-

07 8,43E-

02 6,32E-

02 6,58E-

03 3,46E-

04 5,88E-

07 1,50E-

04 1,84E-

05 3,05E-

12

1,6 2037,83 5,91E-

02 2,28E-

01 5,34E-

01 2,52E-

07 9,41E-

02 7,79E-

02 6,39E-

03 2,62E-

04 1,99E-

07 8,16E-

05 8,12E-

06 6,63E-

13

1,7 1980,58 5,56E-

02 2,23E-

01 5,20E-

01 7,28E-

08 1,03E-

01 9,25E-

02 6,21E-

03 1,94E-

04 6,93E-

08 4,48E-

05 3,69E-

06 1,53E-

13

1,8 1925,92 5,29E-

02 2,19E-

01 5,05E-

01 2,19E-

08 1,10E-

01 1,07E-

01 6,05E-

03 1,41E-

04 2,45E-

08 2,48E-

05 1,71E-

06 3,67E-

14

Continua

104

Continuação Tabela C.1.

1,9 1873,74 5,07E-

02 2,14E-

01 4,92E-

01 6,82E-

09 1,17E-

01 1,21E-

01 5,89E-

03 1,01E-

04 8,76E-

09 1,38E-

05 8,03E-

07 9,09E-

15

2 1823,74 4,91E-

02 2,08E-

01 4,79E-

01 2,16E-

09 1,23E-

01 1,35E-

01 5,74E-

03 7,16E-

05 3,15E-

09 7,68E-

06 3,81E-

07 2,29E-

15

2,1 1775,9 4,78E-

02 2,03E-

01 4,67E-

01 6,98E-

10 1,28E-

01 1,48E-

01 5,59E-

03 5,02E-

05 1,14E-

09 4,28E-

06 1,82E-

07 5,87E-

16

2,2 1730,05 4,67E-

02 1,98E-

01 4,56E-

01 2,28E-

10 1,33E-

01 1,61E-

01 5,45E-

03 3,49E-

05 4,12E-

10 2,38E-

06 8,72E-

08 1,52E-

16

2,3 1686,05 4,60E-

02 1,93E-

01 4,45E-

01 7,50E-

11 1,37E-

01 1,73E-

01 5,32E-

03 2,41E-

05 1,49E-

10 1,32E-

06 4,19E-

08 3,94E-

17

2,4 1643,79 4,54E-

02 1,88E-

01 4,35E-

01 2,48E-

11 1,41E-

01 1,85E-

01 5,20E-

03 1,65E-

05 5,36E-

11 7,35E-

07 2,02E-

08 1,03E-

17

2,5 1603,19 4,51E-

02 1,83E-

01 4,25E-

01 8,21E-

12 1,45E-

01 1,97E-

01 5,08E-

03 1,12E-

05 1,93E-

11 4,07E-

07 9,71E-

09 2,67E-

18

2,6 1564,12 4,49E-

02 1,78E-

01 4,15E-

01 2,72E-

12 1,48E-

01 2,08E-

01 4,97E-

03 7,53E-

06 6,88E-

12 2,24E-

07 4,66E-

09 6,95E-

19

2,7 1526,54 4,48E-

02 1,73E-

01 4,06E-

01 9,00E-

13 1,52E-

01 2,19E-

01 4,86E-

03 5,05E-

06 2,45E-

12 1,23E-

07 2,24E-

09 1,80E-

19

2,8 1490,31 4,49E-

02 1,69E-

01 3,98E-

01 2,97E-

13 1,54E-

01 2,30E-

01 4,76E-

03 3,36E-

06 8,64E-

13 6,74E-

08 1,07E-

09 4,65E-

20

Fonte: Elaborado pela própria autora

105

APÊNDICE C.2. - ETANOL

Tabela C.2. - Dados dos produtos da queima da mistura Etanol/Ar

φ Te(K) CO2 H2O N2 O2 CO H2 Ar H O OH NO NO2

0,1 748,05 1,41E-

02 2,07E-

02 7,70E-

01 1,86E-

01 9,27E-

18 8,48E-

17 9,21E-

03 1,19E-

21 1,11E-

15 4,64E-

11 8,42E-

07 2,23E-

12

0,2 1028,26 2,75E-

02 4,08E-

02 7,60E-

01 1,63E-

01 4,68E-

12 8,94E-

12 9,09E-

03 6,33E-

15 6,53E-

11 7,76E-

08 4,11E-

05 4,10E-

10

0,3 1259,22 4,05E-

02 6,03E-

02 7,49E-

01 1,41E-

01 3,16E-

09 2,95E-

09 8,96E-

03 1,38E-

11 1,38E-

08 2,99E-

06 2,64E-

04 4,88E-

09

0,4 1471,36 5,32E-

02 7,94E-

02 7,39E-

01 1,19E-

01 2,17E-

07 1,32E-

07 8,85E-

03 2,02E-

09 4,19E-

07 3,10E-

05 8,38E-

04 2,23E-

08

0,5 1666,96 6,56E-

02 9,78E-

02 7,29E-

01 9,70E-

02 4,33E-

06 1,99E-

06 8,73E-

03 6,78E-

08 4,35E-

06 1,56E-

04 1,79E-

03 5,89E-

08

0,6 1847,62 7,76E-

02 1,16E-

01 7,19E-

01 7,57E-

02 4,16E-

05 1,56E-

05 8,62E-

03 9,36E-

07 2,32E-

05 5,05E-

04 2,98E-

03 1,09E-

07

0,7 2013,84 8,91E-

02 1,33E-

01 7,09E-

01 5,50E-

02 2,50E-

04 8,14E-

05 8,50E-

03 7,22E-

06 7,78E-

05 1,20E-

03 4,10E-

03 1,53E-

07

0,8 2163,81 9,96E-

02 1,49E-

01 6,99E-

01 3,53E-

02 1,10E-

03 3,23E-

04 8,39E-

03 3,68E-

05 1,80E-

04 2,24E-

03 4,74E-

03 1,63E-

07

0,9 2290,37 1,08E-

01 1,64E-

01 6,89E-

01 1,79E-

02 3,90E-

03 1,09E-

03 8,27E-

03 1,36E-

04 2,80E-

04 3,26E-

03 4,43E-

03 1,20E-

07

1 2371,79 1,10E-

01 1,77E-

01 6,78E-

01 5,37E-

03 1,20E-

02 3,37E-

03 8,12E-

03 3,61E-

04 2,44E-

04 3,37E-

03 2,83E-

03 4,44E-

08

1,1 2368,04 1,01E-

01 1,85E-

01 6,63E-

01 7,21E-

04 2,94E-

02 9,41E-

03 7,93E-

03 5,92E-

04 8,74E-

05 2,06E-

03 1,02E-

03 5,84E-

09

1,2 2306,32 8,82E-

02 1,87E-

01 6,45E-

01 8,78E-

05 5,05E-

02 1,94E-

02 7,71E-

03 6,24E-

04 2,15E-

05 9,80E-

04 3,10E-

04 5,93E-

10

1,3 2233,75 7,68E-

02 1,87E-

01 6,27E-

01 1,38E-

05 6,93E-

02 3,17E-

02 7,50E-

03 5,42E-

04 5,54E-

06 4,67E-

04 1,04E-

04 7,47E-

11

1,4 2161,37 6,77E-

02 1,83E-

01 6,10E-

01 2,61E-

06 8,54E-

02 4,55E-

02 7,30E-

03 4,31E-

04 1,52E-

06 2,28E-

04 3,79E-

05 1,11E-

11

1,5 2091,28 6,06E-

02 1,79E-

01 5,94E-

01 5,53E-

07 9,90E-

02 6,02E-

02 7,10E-

03 3,24E-

04 4,34E-

07 1,12E-

04 1,45E-

05 1,85E-

12

1,6 2023,89 5,51E-

02 1,73E-

01 5,79E-

01 1,26E-

07 1,11E-

01 7,54E-

02 6,92E-

03 2,35E-

04 1,27E-

07 5,59E-

05 5,76E-

06 3,28E-

13

1,7 1959,04 5,07E-

02 1,66E-

01 5,64E-

01 3,00E-

08 1,21E-

01 9,07E-

02 6,75E-

03 1,65E-

04 3,75E-

08 2,78E-

05 2,32E-

06 6,05E-

14

1,8 1896,72 4,72E-

02 1,60E-

01 5,50E-

01 7,33E-

09 1,30E-

01 1,06E-

01 6,58E-

03 1,13E-

04 1,11E-

08 1,38E-

05 9,45E-

07 1,14E-

14

1,9 1836,76 4,45E-

02 1,53E-

01 5,37E-

01 1,82E-

09 1,38E-

01 1,21E-

01 6,42E-

03 7,55E-

05 3,25E-

09 6,79E-

06 3,85E-

07 2,16E-

15

2 1778,93 4,22E-

02 1,46E-

01 5,24E-

01 4,50E-

10 1,46E-

01 1,36E-

01 6,27E-

03 4,94E-

05 9,42E-

10 3,31E-

06 1,56E-

07 4,06E-

16

Continua

106

Continuação Tabela C.2.

2,1 1723,18 4,04E-

02 1,39E-

01 5,12E-

01 1,11E-

10 1,52E-

01 1,50E-

01 6,13E-

03 3,17E-

05 2,68E-

10 1,59E-

06 6,30E-

08 7,57E-

17

2,2 1669,37 3,89E-

02 1,32E-

01 5,01E-

01 2,71E-

11 1,58E-

01 1,64E-

01 5,99E-

03 1,99E-

05 7,46E-

11 7,54E-

07 2,51E-

08 1,38E-

17

2,3 1617,35 3,77E-

02 1,25E-

01 4,90E-

01 6,49E-

12 1,64E-

01 1,78E-

01 5,86E-

03 1,23E-

05 2,02E-

11 3,52E-

07 9,84E-

09 2,46E-

18

2,4 1567,05 3,67E-

02 1,18E-

01 4,80E-

01 1,52E-

12 1,69E-

01 1,91E-

01 5,74E-

03 7,45E-

06 5,34E-

12 1,61E-

07 3,79E-

09 4,25E-

19

2,5 1518,38 3,60E-

02 1,11E-

01 4,69E-

01 3,46E-

13 1,74E-

01 2,04E-

01 5,62E-

03 4,42E-

06 1,36E-

12 7,25E-

08 1,43E-

09 7,07E-

20

2,6 1471,24 3,54E-

02 1,05E-

01 4,60E-

01 7,65E-

14 1,79E-

01 2,16E-

01 5,50E-

03 2,58E-

06 3,36E-

13 3,19E-

08 5,30E-

10 1,13E-

20

2,7 1425,56 3,49E-

02 9,83E-

02 4,51E-

01 1,63E-

14 1,83E-

01 2,28E-

01 5,39E-

03 1,47E-

06 7,98E-

14 1,37E-

08 1,91E-

10 1,73E-

21

2,8 1381,26 3,45E-

02 9,20E-

02 4,42E-

01 3,35E-

15 1,87E-

01 2,40E-

01 5,28E-

03 8,21E-

07 1,82E-

14 5,74E-

09 6,72E-

11 2,52E-

22 Fonte: Elaborado pela própria autora

107

APÊNDICE C.3. – QUEROSENE

Tabela C.3. - Dados dos produtos da queima da mistura Querosene/Ar

φ Te(K) CO2 H2O N2 O2 CO H2 Ar H O OH NO NO2

0,1 739,34 1,44E-

02 1,35E-

02 7,76E-

01 1,87E-

01 5,51E-

18 3,46E-

17 9,28E-

03 5,00E-

22 6,90E-

16 2,76E-

11 7,14E-

07 1,79E-

12

0,2 1014,29 2,83E-

02 2,68E-

02 7,70E-

01 1,65E-

01 3,03E-

12 3,91E-

12 9,21E-

03 2,93E-

15 4,38E-

11 4,86E-

08 3,60E-

05 3,44E-

10

0,3 1245,21 4,20E-

02 3,99E-

02 7,65E-

01 1,44E-

01 2,39E-

09 1,48E-

09 9,15E-

03 7,66E-

12 1,07E-

08 2,05E-

06 2,45E-

04 4,42E-

09

0,4 1460,84 5,55E-

02 5,28E-

02 7,60E-

01 1,22E-

01 1,89E-

07 7,47E-

08 9,09E-

03 1,33E-

09 3,66E-

07 2,32E-

05 8,17E-

04 2,16E-

08

0,5 1662,86 6,88E-

02 6,56E-

02 7,54E-

01 1,00E-

01 4,25E-

06 1,25E-

06 9,03E-

03 5,17E-

08 4,23E-

06 1,26E-

04 1,83E-

03 6,07E-

08

0,6 1852,35 8,19E-

02 7,80E-

02 7,49E-

01 7,88E-

02 4,51E-

05 1,08E-

05 8,97E-

03 8,07E-

07 2,47E-

05 4,31E-

04 3,15E-

03 1,18E-

07

0,7 2029,19 9,46E-

02 9,01E-

02 7,43E-

01 5,76E-

02 2,94E-

04 6,05E-

05 8,91E-

03 6,89E-

06 8,94E-

05 1,08E-

03 4,47E-

03 1,73E-

07

0,8 2190,3 1,06E-

01 1,02E-

01 7,37E-

01 3,72E-

02 1,38E-

03 2,54E-

04 8,85E-

03 3,81E-

05 2,19E-

04 2,09E-

03 5,31E-

03 1,91E-

07

0,9 2325,87 1,15E-

01 1,12E-

01 7,30E-

01 1,92E-

02 5,03E-

03 8,77E-

04 8,77E-

03 1,47E-

04 3,56E-

04 3,13E-

03 5,07E-

03 1,45E-

07

1 2412,58 1,17E-

01 1,21E-

01 7,22E-

01 6,22E-

03 1,50E-

02 2,66E-

03 8,66E-

03 3,90E-

04 3,26E-

04 3,32E-

03 3,40E-

03 5,90E-

08

1,1 2415,19 1,07E-

01 1,27E-

01 7,10E-

01 9,75E-

04 3,51E-

02 7,15E-

03 8,50E-

03 6,47E-

04 1,31E-

04 2,16E-

03 1,34E-

03 9,24E-

09

1,2 2353,84 9,11E-

02 1,29E-

01 6,94E-

01 1,17E-

04 6,03E-

02 1,50E-

02 8,30E-

03 6,98E-

04 3,26E-

05 1,04E-

03 4,09E-

04 9,37E-

10

1,3 2276,43 7,65E-

02 1,27E-

01 6,78E-

01 1,65E-

05 8,37E-

02 2,56E-

02 8,11E-

03 6,12E-

04 7,83E-

06 4,75E-

04 1,29E-

04 1,05E-

10

1,4 2197,49 6,45E-

02 1,23E-

01 6,62E-

01 2,65E-

06 1,04E-

01 3,81E-

02 7,92E-

03 4,85E-

04 1,93E-

06 2,17E-

04 4,32E-

05 1,32E-

11

1,5 2120,13 5,49E-

02 1,16E-

01 6,47E-

01 4,67E-

07 1,21E-

01 5,21E-

02 7,74E-

03 3,60E-

04 4,87E-

07 9,88E-

05 1,50E-

05 1,79E-

12

1,6 2044,92 4,73E-

02 1,09E-

01 6,33E-

01 8,60E-

08 1,37E-

01 6,70E-

02 7,57E-

03 2,54E-

04 1,23E-

07 4,46E-

05 5,26E-

06 2,53E-

13

1,7 1971,93 4,12E-

02 1,00E-

01 6,19E-

01 1,61E-

08 1,50E-

01 8,24E-

02 7,40E-

03 1,72E-

04 3,05E-

08 1,97E-

05 1,85E-

06 3,58E-

14

1,8 1901,05 3,62E-

02 9,13E-

02 6,05E-

01 3,01E-

09 1,62E-

01 9,81E-

02 7,24E-

03 1,12E-

04 7,37E-

09 8,55E-

06 6,43E-

07 4,99E-

15

1,9 1832,12 3,19E-

02 8,21E-

02 5,93E-

01 5,48E-

10 1,73E-

01 1,14E-

01 7,09E-

03 7,04E-

05 1,71E-

09 3,59E-

06 2,19E-

07 6,70E-

16

2 1764,99 2,83E-

02 7,28E-

02 5,80E-

01 9,56E-

11 1,83E-

01 1,29E-

01 6,94E-

03 4,27E-

05 3,79E-

10 1,45E-

06 7,22E-

08 8,50E-

17

Continua

108

Continuação Tabela C.3.

2,1 1699,56 2,51E-

02 6,37E-

02 5,69E-

01 1,57E-

11 1,92E-

01 1,44E-

01 6,80E-

03 2,49E-

05 7,87E-

11 5,65E-

07 2,28E-

08 1,00E-

17

2,2 1635,68 2,22E-

02 5,47E-

02 5,57E-

01 2,39E-

12 2,01E-

01 1,58E-

01 6,67E-

03 1,40E-

05 1,52E-

11 2,08E-

07 6,87E-

09 1,07E-

18

2,3 1573,25 1,94E-

02 4,61E-

02 5,47E-

01 3,31E-

13 2,09E-

01 1,72E-

01 6,54E-

03 7,58E-

06 2,69E-

12 7,24E-

08 1,94E-

09 1,03E-

19

2,4 1512,15 1,68E-

02 3,77E-

02 5,36E-

01 4,06E-

14 2,17E-

01 1,86E-

01 6,41E-

03 3,93E-

06 4,30E-

13 2,34E-

08 5,10E-

10 8,52E-

21

2,5 1452,26 1,42E-

02 2,98E-

02 5,26E-

01 4,28E-

15 2,25E-

01 1,99E-

01 6,29E-

03 1,94E-

06 6,06E-

14 6,95E-

09 1,22E-

10 5,94E-

22

2,6 1393,45 1,15E-

02 2,23E-

02 5,17E-

01 3,70E-

16 2,32E-

01 2,11E-

01 6,18E-

03 9,14E-

07 7,33E-

15 1,84E-

09 2,59E-

11 3,31E-

23

2,7 1335,6 8,70E-

03 1,53E-

02 5,07E-

01 2,41E-

17 2,40E-

01 2,23E-

01 6,07E-

03 4,06E-

07 7,25E-

16 4,19E-

10 4,67E-

12 1,35E-

24

2,8 1278,58 5,65E-

03 8,88E-

03 4,98E-

01 1,00E-

18 2,48E-

01 2,34E-

01 5,96E-

03 1,69E-

07 5,33E-

17 7,50E-

11 6,55E-

13 3,38E-

26 Fonte: Elaborado pela própria autora