UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS...

150
i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE MARTA CURADO CARVALHO FRANCO FINOTTI Estudo da liberação in vitro de progestagênios em diferentes formas farmacêuticas usados para suporte da fase lútea no tratamento de infertilidade Goiânia 2011

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS...

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

MARTA CURADO CARVALHO FRANCO FINOTTI

Estudo da liberação in vitro de progestagênios em diferentes formas farmacêuticas usados para suporte

da fase lútea no tratamento de infertilidade

Goiânia 2011

iii

MARTA CURADO CARVALHO FRANCO FINOTTI

Estudo da liberação in vitro de progestagênios em diferentes formas farmacêuticas usados para suporte

da fase lútea no tratamento de infertilidade

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de Doutor em Ciências da Saúde.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eliana Martins Lima

Co-orientador: Prof.º Dr.º Délio Marques Conde

Goiânia 2011

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F515e

Finotti, Marta Curado Carvalho Franco.

Estudo da liberação in vitro de progestagênios em diferentes

formas farmacêuticas usados para suporte de fase lútea no

tratamento da infertilidade [manuscrito] / Marta Curado Carvalho Franco Finotti. - 2011.

145 f.: figs, tabs.

Orientadora: Profª. Drª. Eliana Martins Lima; Co-Orientador:

Prof. Dr. Délio Marques Conde.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Programa

de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2011.

Bibliografia.

1. Infertilidade – Estudo – Tratamento. 2. Progestagênios. 3.

Dissolução – Estudo e Pesquisa. I. Título.

CDU: 612.663:615.03

iii

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA TESE DE DOUTORADO

Aluno(a): Marta Curado Carvalho Franco Finotti

Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Eliana Martins Lima

Co-Orientador(a): Prof.º Dr.º Délio Marques Conde

Membros:

1. Prof.ª Dr.ª Eliana Martins Lima

2. Prof.º Dr.º José Miguel de Deus

3. Prof.º Dr.º Ruffo de Freitas Júnior

4. Prof.ª Dr.ª Kátia Karina Verolli de Oliveira Moura

5. Prof.º Dr.º Celmo Celeno Porto

OU

6. Prof.º Dr.º Mário Silva Approbato

7. Prof.º Dr.º Rodopiano de Souza Florêncio

Data: 30/05/2011

iv

Dedico este trabalho...

À memória da minha avó

Iná Silva Curado,

uma mulher de fibra e de fé.

Agradecimentos v

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e pelo privilégio que me foi concedido de ter uma

profissão de ajuda ao próximo;

Aos meus pais, Luiz Carlos e Terezinha, pelo apoio incondicional e presença

constante, a vocês, a minha eterna gratidão, meu amor e admiração;

Ao Hélio, pela parceria ao longo de uma vida. O seu amor é o meu porto seguro.

Com o seu apoio, posso voar, sonhar e realizar. Compartilho com você esta

conquista. A você, meu reconhecimento e amor sincero;

Aos meus filhos, Ana Carolina, Ana Paula e Tiago, razão maior da minha

existência, pelo constante incentivo, pelo carinho e por serem sempre tão

especiais. Vocês são o meu maior legado à humanidade;

Ao Bruno, Glauber e Anna Maria, por terem vindo somar a nossa família. Ao

Glauber por seus valiosos ensinamentos em informática, transmitidos

prontamente com competência e profissionalismo;

Á Prof. Dra. Eliana Martins Lima, pela confiança depositada em mim. Mesmo

sendo de uma área diferente, dispôs-se a me orientar e ensinar;

Ao Prof. Dr. Délio Marques Conde, por sua amizade, incentivo, acolhida nos

momentos de incerteza e por sua valiosa orientação;

Á Prof. Ms. Mariana de Oliveira Beretta, pela colaboração imprescindível para a

realização desta pesquisa. Sua ajuda, competência e ensinamentos serão

sempre lembrados. A você, o meu carinho e gratidão;

Agradecimentos vi

Ao Prof. Dr. José Miguel de Deus, por ter a sabedoria de unir o profissionalismo e

a disciplina com a amizade e a simplicidade, sempre disposto a compartilhar

seu vasto conhecimento em áreas diversas;

Á Dra. Vânia Meira e Siqueira Campos, pelo incentivo e pela solidariedade no

momento certo. Suas instruções ampliaram meus horizontes;

Ao Dr. Ruiter Silva Ferreira, pela sua disponibilidade em ajudar, pelas valiosas

indicações e ensinamentos;

Ao Prof. Dr. Mario Silva Approbato, pelo convívio fraterno e pela oportunidade de

trabalharmos juntos no Serviço de Reprodução Humana do Hospital das

Clínicas;

Aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos pela torcida e, em especial, a Margareth,

ao Mauricio e a Renata pelo apoio, essencial à concretização deste projeto;

Aos meus sogros, Hélio e Ana, pelo incentivo, atenção e carinho que sempre me

dispensaram;

Aos meus amigos de uma vida, Mariza e Rubens, Patrícia e Silvério, Lurdinha e

Joaquim, pelo ombro solidário nas horas difíceis e pela alegria

compartilhada nos momentos de celebração;

À Marilisa Gaeti, minha mais recente amiga, pelo auxilio prestados com eficiência

e cordialidade;

Às secretárias Kessia, Fernanda e Valdecina, pela atenção, apoio e dedicação.

Sempre incansáveis na tarefa de ajudar;

Á Karla Chaul, pelo seu empenho na diagramação deste trabalho superou o

aspecto profissional e só se explica pela amizade que nos une.

Agradecimentos vii

Aos casais inférteis, incansáveis na busca por um filho, por me motivarem a ir

sempre em frente, aprender mais, para poder ajudá-los como merecem.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram com seus conhecimentos,

habilidades e companheirismo para a realização desta tese que, mais do que

um projeto acadêmico é um projeto de vida.

Epígrafe viii

“O que importa na vida, não é o ponto de partida, mas a caminhada.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher!”

“Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Cora Coralina

Sumário ix

SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................... ix

Lista de Tabelas .................................................................................... xi

Lista de Figuras .................................................................................... xiii

Lista de Quadros................................................................................... xv

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................ xvi

RESUMO ................................................................................................ xviii

ABSTRACT ............................................................................................ xx

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 22

2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................... 25

2.1 Progesterona / Progestagênios................................................................

2.1.1 Propriedades físico-químicas ............................................................

2.1.2 Propriedades farmacocinéticas..........................................................

2.1.3 Indicações clínicas .............................................................................

2.1.4 Vias de administração........................................................................

25

28

29

30

30

2.2 Papel dos progestagênios em reprodução assistida.................. 33

2.3 Progestagênios disponíveis no mercado brasileiro para

suporte de fase lútea ............................................................................

37

2.4 Fundamentos da dissolução in vitro de formas farmacêuticas..

2.4.1 Formas farmacêuticas sólidas de uso oral ..............................................

2.4.2 Dissolução de outras formas farmacêuticas.............................................

2.4.3 Estratégias para otimizar o uso oral de fármacos....................................

2.4.4 Fatores que influenciam o processo de dissolução e absorção de fármacos ..................................................................................................

2.4.5 Sistema de classificação biofarmacêutica................................................

2.4.6 Validação do método................................................................................

38

40

42

42

44

49

51

3 OBJETIVOS ........................................................................................ 52

3.1 Objetivo geral .................................................................................. 52

3.2 Objetivos específicos ..................................................................... 52

4 ENSAIOS DE LIBERAÇÃO IN VITRO .............................................. 53

4.1 Experimento 1 - Didrogesterona....................................................

4.1.1 Materiais e métodos.................................................................

53

53

Sumário x

4.1.2 Resultados e discussão............................................................ 57

4.2 Experimento 2 - Progesterona micronizada veiculada a cápsulas de gelatina mole - Produtos A e B.......................................

4.2.1 Materiais e métodos.......................................................................

4.2.2 Resultados e discussão..................................................................

64

64

70

4.3 Experimento 3 - Progesterona micronizada veiculada em gel...

4.3.1 Materiais e métodos.......................................................................

4.3.2 Resultados e discussão..................................................................

80

80

83

4.4 Experimento 4 - Óvulos e supositórios manipulados..................

4.4.1 Materiais e métodos.......................................................................

4.4.2 Resultados e discussão..................................................................

87

87

90

5 CONCLUSÕES................................................................................... 98

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 99

6 REFERÊNCIAS ...............................…...............………………………. 100

7 ANEXOS…………………………………………………………………….

Anexo 1 – Equipamentos...................................................................................

Anexo 2 - Fotos da dissolução do Produto A.....................................................

Anexo 3 - Fotos da dissolução do Produto B.....................................................

Anexo 4 - Fotos da dissolução do óvulo............................................................

Anexo 5 - Fotos da dissolução do supositório...................................................

Anexo 6 - Parecer do Comitê de Ética...............................................................

Anexo 7 - Artigo científico..................................................................................

110

110

113

116

119

121

122

123

Lista de Tabelas xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Peso médio dos comprimidos de didrogesterona .............. 59

Tabela 2 - Teor dos comprimidos........................................................ 59

Tabela 3 - Uniformidade de conteúdo dos comprimidos......................... 60

Tabela 4 - Perfil de dissolução dos comprimidos revestidos

contendo didrogesterona....................................................

61

Tabela 5 - Perfil de dissolução dos Produtos A (lote 1172) e B (lote

83506).................................................................................

71

Tabela 6 - Perfil de dissolução dos Produtos A (lote 1207) e B (lote

83614)......................................................................................

72

Tabela 7 - Perfil de dissolução dos Produtos A (lote 1218) e B (lote

84115).................................................................................

73

Tabela 8 - Índice de Diferença e de Similaridade da substância do

Produto B tendo o Produto A como valor de referência.....

76

Tabela 9 - Índice de Diferença e de Similaridade da substância do

Produto A tendo o Produto B como valor de referência.....

76

Tabela 10 - Eficiência de Dissolução dos Produtos A (lote 1172) e B

(lote 83506).........................................................................

77

Tabela 11 - Eficiência de Dissolução dos Produtos A (lote 1207) e B

(lote 83614).........................................................................

77

Tabela 12 - Eficiência de Dissolução (n=6) dos Produtos A (lote 1218)

e B (lote 84115)..................................................................

77

Tabela 13 - Coeficientes de correlação gerados a partir da avaliação

da cinética de dissolução apresentadas para os Produtos

A e B...................................................................................

78

Tabela 14 - Pefil de dissolução nos dois equipamentos........................ 83

Tabela 15 - Velocidade de Liberação da Progesterona em cada

equipamento.......................................................................

84

Lista de Tabelas xii

Tabela 16 - Perfil de dissolução de cada produto.................................. 91

Tabela 17 - Perfil de dissolução de supositórios em diferentes

farmácias............................................................................

92

Tabela 18 - Perfil de dissolução dos lotes de óvulos da farmácia B...... 93

Tabela 19 - Perfil de dissolução de óvulos da Farmácia B lote 1 e da

farmácia C...........................................................................

94

Tabela 20 - Perfil de dissolução de óvulos da Farmácia B lote 2 e da

farmácia C...........................................................................

95

Lista de Figuras xiii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Biossíntese da progesterona.............................................. 26

Figura 2- Estrutura química da progesterona.................................... 28

Figura 3- Interação hormonal no ciclo menstrual............................... 34

Figura 4- Níveis hormonais no ciclo natural....................................... 34

Figura 5- Processos relacionados à liberação do fármaco da forma

farmacêutica.......................................................................

39

Figura 6- Representação esquemática dos processos relacionados

à liberação de fármacos das formas farmacêuticas

sólidas.................................................................................

41

Figura 7- Efeito potencial de lipídeos e expedientes lipídicos na

absorção de drogas............................................................

43

Figura 8- Cromatograma obtido da leitura da amostra de

didrogesterona preparada em fase móvel..........................

57

Figura 9- Curva padrão juntamente com a equação da reta e o

coeficiente de determinação...............................................

58

Figura 10- Perfil de dissolução dos comprimidos revestidos ............... 61

Figura 11- Perfil de dissolução comparativo entre o produto A (lote

1172) e o produto B (lote 83506)........................................

71

Figura 12- Perfil de dissolução comparativo entre o produto A (lote

1207) e o produto B (lote 83614)........................................

72

Figura 13- Perfil de dissolução comparativo entre o produto A (lote

1218) e o produto B (lote 84115)........................................

73

Figura 14- Gráfico em dispersão do comparativo entre produto A e

produto B............................................................................

75

Figura 15- Quantidade de progesterona liberada, ao longo do tempo

de ensaio, para cada equipamento testado........................

84

Figura 16- Velocidade da liberação da progesterona nos dois

Lista de Figuras xiv

aparelhos............................................................................. 85

Figura 17- Perfil de dissolução comparativo de óvulos e supositórios... 91

Figura 18- Perfil de dissolução comparativo de supositório da

Farmácia A com o supositório da Farmácia B......................

92

Figura 19- Perfil de dissolução comparativo de óvulos dos lotes 1 e 2

da farmácia B........................................................................

93

Figura 20- Perfil de dissolução comparativo de óvulos da farmácia B

lote 1 com farmácia C...........................................................

94

Figura 21- Perfil de dissolução comparativo de óvulos da farmácia B

lote 2 com farmácia C..........................................................

95

Lista de Quadros xv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificação dos Progestagênios........................................ 27

Quadro 2- Propriedades físico-químicas e farmacocinéticas da

progesterona....................................................................

29

Quadro 3- Classificação de fármacos de acordo com o SCB e

principais características de cada classe.........................

49

Quadro 4- Relação dos equipamentos utilizados na realização do

experimento 1...................................................................

54

Quadro 5- Relação dos reagentes e produtos utilizados na

realização do experimento 1.............................................

54

Quadro 6- Limites de variação para comprimidos............................. 56

Quadro 7- Relação dos equipamentos utilizados na realização do

experimento 2...................................................................

65

Quadro 8- Relação dos reagentes e produtos utilizados na

realização do experimento 2.............................................

65

Quadro 9- Especificações para a determinação do perfil de

dissolução da progesterona..............................................

66

Quadro 10- Relação dos equipamentos utilizados na realização do

experimento 3...................................................................

81

Quadro 11- Relação dos reagentes e produtos utilizados na

realização do experimento 3.............................................

81

Quadro 12- Relação dos equipamentos utilizados na realização do

experimento 4...................................................................

88

Quadro 13- Relação dos reagentes e produtos utilizados na

realização do experimento 4.............................................

88

Quadro 14- Parâmetros utilizados no ensaio de dissolução de

óvulos contendo progesterona micronizada.....................

89

Símbolos, siglas e abreviaturas xvi

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

ANOVA Análise de Variância

ASC Área sob a Curva

BP

British Pharmacopeia

CDER Center for Drug Evaluation and Research

CIVIV Correlação in vitro- in vivo

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

Cmáx Concentração Plasmática Máxima

DEF Dicionário de Especialidades Farmacêuticas

DP

Desvio Padrão

EMEA European Medicines Agency

DPR Desvio Padrão Relativo

Farm Bras Farmacopéia Brasileira

FDA Food and Drug Administration

FIP International Pharmaceutical Federation

FIV

Fertilização In Vitro

GABA Ácido Gama Aminobutírico

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofinas

aGnRH Análogos do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas

GnRH-a Agonista do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas

GnRH-an Antagonista do Hormônio Liberador de

Gonadotrofinas

hCG Gonadotrofina Coriônica Humana

HOC Hiperestimulação Ovariana Controlada

HPLC High Performance / Pressure Liquid Chromatography

IR Intervalo de Confiança

Símbolos, siglas e abreviaturas xvii

ICMART Comitê Internacional para Monitorização da

Tecnologia Reprodutiva Assistida

ICSI Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides

L Litro

LH Hormônio Luteinizante

LSS Lauril Sulfato de Sódio

mL Mililitro

mm Milímetros

ng Nanograma

nmol Nanomol

OMS Organização Mundial de Saúde

OR

Odds Ratio

PVDF Polyvinylidene Fluoride

Qt Porcentagem do fármaco dissolvida em determinado

tempo

r Coeficiente de Correlação

r2 Coeficiente de Determinação

RP Receptor de Progesterona

rpm Rotações por Minuto

SCB Sistema de Classificação Biofarmacêutica

SHO Síndrome de Hiperestimulação Ovariana

TAS Tampão Acetato de Sódio

TGI Trato Gastrointestinal

Tmáx Tempo para Alcançar a Concentração Plasmática

Máxima

TRA Tecnologia Reprodutiva Assistida

USP United States Pharmacopeia

UV Ultravioleta

g Micrograma

m Micrômetro

Resumo xviii

RESUMO

INTRODUÇÃO - O perfil de dissolução do fármaco representa uma importante

ferramenta para avaliar a qualidade biofarmacêutica do medicamento. É

necessário que se garanta que a forma farmacêutica libere o fármaco na

quantidade e na velocidade adequadas ao objetivo terapêutico do produto, o que

está diretamente relacionado à sua biodisponibilidade. Para que possa haver

intercambialidade entre medicamentos, é necessário que, primeiro, esteja

garantida a qualidade, segurança e eficácia. A inobservância de tal preceito pode

ser responsável pela falência terapêutica. OBJETIVOS: Avaliar o perfil de

dissolução das principais formas farmacêuticas de progestagênios disponíveis no

mercado brasileiro para suporte de fase lútea no tratamento de infertilidade.

MÉTODOS: Foi realizado estudo laboratorial, desenvolvido no Laboratório de

Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de

Goiás (UFG). Foram avaliados comprimidos revestidos de didrogesterona,

progesterona micronizada veiculada em cápsulas de gelatina mole, provenientes

de dois laboratórios diferentes, produto A e produto B, bem como a forma

veiculada em gel. O estudo abrangeu também supositórios e óvulos provenientes

de três farmácias magistrais. A avaliação foi realizada por meio de testes físicos,

físico-químicos e ensaios de liberação in vitro. Para as formas farmacêuticas em

cápsulas de gelatina mole, foi determinado, além do perfil, a cinética e a eficiência

de dissolução. Os produtos com a mesma forma farmacêutica foram comparados.

Equipamentos diferentes, o Dissolutor com acessório Enhancer Cells e Células de

Difusão tipo Franz, foram testados e também comparados na tentativa de se

determinar o melhor método de avaliação para as formas semissólidas. A análise

estatística foi realizada no programa SPSS, versão 16.0 for Windows. Os testes

aplicados foram Anova, Tukey e t de Student. RESULTADOS: A avaliação da

didrogesterona, sob a forma de comprimidos revestidos, demonstrou que o

produto se apresenta de acordo com as especificações farmacopeicas. Os

Resumo xix

comprimidos foram aprovados em primeiro estágio no ensaio de dissolução, pois

todas as unidades apresentaram mais de 85% do fármaco dissolvido ao final de

60 minutos. O perfil de dissolução dos três lotes dos produtos avaliados (A e B)

de progesterona micronizada sob a forma de cápsulas de gelatina mole,

provenientes de diferentes laboratórios farmacêuticos, demonstrou que houve

dissolução de 80% do fármaco até a quarta hora de estudo, ou seja, todos

estavam dentro das especificações definidas no método de dissolução. . Os

produtos A e B de progesterona micronizada sob a forma de cápsulas de gelatina

mole, apresentaram perfis de dissolução semelhantes e cinética de primeira

ordem. O equipamento Dissolutor com acessório Enhancer Cells se mostrou mais

adequado para caracterizar a velocidade e extensão de liberação do fármaco

veiculado em gel, a partir da matriz. O ensaio de liberação in vitro da

progesterona micronizada, veiculada em gel, no Dissolutor, comprovou o

mecanismo de liberação prolongada do fármaco, que se manteve por um período

de 72 horas. Os óvulos e supositórios das farmácias magistrais não atenderam os

critérios estabelecidos pelas agências reguladoras e compêndios oficiais quanto

aos requisitos de qualidade para medicamentos. O perfil de dissolução mostrou-

se diferente entre os lotes analisados e entre as farmácias avaliadas. A média das

concentrações máximas de progesterona micronizada não ultrapassou 80% da

dose declarada no rótulo. Houve diferenças estatisticamente significativas com

relação à média das concentrações de progesterona entre lotes da mesma

farmácia e entre as farmácias pesquisadas. CONCLUSÕES: Não é possível

estabelecer intercambialidade dos produtos referência com os produtos

manipulados testados. É necessário que se dê continuidade por meio de estudos

de biodisponibilidade e ensaios clínicos randomizados, testando os diferentes

produtos, dentre os que mostraram melhor desempenho nos estudos de

dissolução realizados.

PALAVRAS-CHAVE: Progestagênios; dissolução; tratamento; infertilidade.

Abstract xx

ABSTRACT

INTRODUCTION: The dissolution profile of a drug is an important tool for

evaluating its biopharmaceutical quality. The pharmaceutical form must be

guaranteed to release the appropriate quantity of the drug at the appropriate rate

to assure that the therapeutic objective of the product, which is directly related to

its bioavailability, will be achieved. In order to permit interchangeability between

medications, quality, safety and efficacy must first be guaranteed. Failure to

comply with these conditions may result in therapeutic failure. OBJECTIVES: To

evaluate the dissolution profile of the principal pharmaceutical forms of

progestogens available on the market in Brazil for luteal phase support in infertility

treatment. METHODS: A laboratory study was developed and conducted in the

Pharmaceutical Technology Laboratory of the School of Pharmacy, Federal

University of Goiás (UFG). The following formulations were evaluated: coated

tablets of dydrogesterone, micronized progesterone in the form of soft gelatin

capsules produced by two different pharmaceutical companies (product A and

product B) and a gel form. The study also included suppositories and ovules from

three compounding pharmacies. Evaluation was made using physical and

physicochemical tests and in vitro release assays. In the case of the

pharmaceutical preparations in the form of soft gelatin capsules, dissolution

kinetics and dissolution efficacy were also determined in addition to the profile of

the preparation. The products with the same pharmaceutical form were

compared. Different equipment, a dissolution apparatus equipped with an

Enhancer Cell assembly and Franz diffusion cells, were tested and also compared

in an attempt to determine the best method of evaluating semisolid forms.

Statistical analysis was performed using the SPSS statistical software program for

Windows, version 16.0. ANOVA, the Tukey test and Student’s t-test were used in

the comparative analysis. RESULTS: Evaluation of dydrogesterone in the

pharmaceutical form of coated tablets showed the product to be in accordance

Abstract xxi

with pharmacopeial specifications. The tablets were approved in the first stage of

the dissolution assay, drug dissolution being above 85% at 60 minutes for all the

units tested. With respect to the dissolution profile of the three batches of the

micronized progesterone products evaluated (products A and B), in the form of

soft gelatin capsules from different pharmaceutical companies, drug dissolution

within 4 hours was 80%, i.e. all the products met the established dissolution

specifications. The dissolution profiles and first-order kinetics of products A and B,

which consisted of micronized progesterone in the form of soft gelatin capsules,

were similar. The dissolution apparatus equipped with an Enhancer Cell assembly

was found to constitute the best means of characterizing the rate and extent of

release of the drug in gel form from its matrix. The in vitro release assay for

micronized progesterone in the form of soft gelatin capsules conducted in the

dissolution apparatus confirmed the prolonged release mechanism of the drug,

which lasted for up to 72 hours. None of the ovules or suppositories from any of

the compounding pharmacies evaluated met the criteria established by the

regulatory agencies and official compendia with respect to the quality

requirements for drugs. The dissolution profile differed between batches and

between the different pharmacies investigated. Mean maximum concentrations of

micronized progesterone failed to exceed 80% of the dose stated on the label.

Statistically significant differences were found between batches originating from

the same pharmacy and between the different pharmacies investigated.

CONCLUSIONS: It was impossible to establish the interchangeability of the

reference products with the compounded products tested. Further bioavailability

studies and randomized clinical trials should be conducted to test the different

products with the best performance in the dissolution studies conducted.

KEY WORDS: Progestogens; dissolution; treatment; infertility.

Introdução 22

1 INTRODUÇÃO

A incapacidade de ter filhos é um drama para muitos casais, na medida

em que culmina na sensação de perda, falha e exclusão. A infertilidade afeta em

torno de 15% dos casais em idade reprodutiva em todo o mundo (RUTSTEIN,

2004).

Os termos infertilidade, esterilidade e infecundidade são amplamente

usados, por vezes como sinônimo, sem adequada precisão. Na tentativa de

padronizar as definições usadas em reprodução assistida, a Organização Mundial

de Saúde (OMS) reuniu, em 2008, um grupo de cientistas e epidemiologistas que

revisou e ampliou o glossário já existente do Comitê Internacional para

Monitorização da Tecnologia Reprodutiva Assistida (ICMART). O objetivo foi

desenvolver um conjunto de definições internacionalmente aceitas e

continuamente atualizadas com a finalidade de contribuir para a comunicação

entre profissionais responsáveis pela prática de tecnologia reprodutiva assistida

(TRA) e contribuir para a comparação dos procedimentos em diferentes países e

regiões (ZEGERS-HOCHSCHILD et al., 2009).

A definição para infertilidade, segundo o glossário revisto e ampliado, é a

incapacidade em obter uma gravidez clínica após doze ou mais meses de

relações sexuais regulares sem adequada proteção contraceptiva (ZEGERS-

HOCHSCHILD et al., 2009). Estudo realizado pela OMS mostrou que a taxa de

infertilidade entre mulheres brasileiras, de 25 a 49 anos, foi de 15% (RUTSTEIN,

2004). Dentre as inúmeras opções de tratamento preconizadas para infertilidade

conjugal, destacam-se as que utilizam TRA.

Após o advento das técnicas de reprodução assistida, empregadas no

tratamento de casais inférteis, constatou-se a necessidade de suplementação da

Introdução 23

segunda fase do ciclo, a fase lútea, com fármacos que estimulassem a produção

de progesterona, com a própria progesterona ou, ainda, com a associação de

ambos. Essa medida resultou em um aumento nas taxas de gravidez por

favorecer a implantação embrionária (PRITTS; ATWOOD, 2002).

Desde que se obteve a primeira gravidez mediante procedimento de

fertilização in vitro (STEPTOE; EDWARDS, 1978), foram feitos avanços

substanciais na compreensão da fase lútea, porém é necessário conhecer muito

mais para melhorar as taxas de implantação (NOSARKA et al., 2005).

No que diz respeito ao uso de progestagênios para suplementação da

fase lútea, diferentes tipos, apresentações, doses, duração do tratamento e vias

de administração têm sido empregados, embora o esquema ideal ainda

permaneça controverso (FATEMI, POPOVIC-TODOROVIC; et al., 2007;

HUBAYTER; MUASHER, 2008).

Cada ciclo de tratamento com técnicas de reprodução assistida expõe o

casal a estresse psicológico e a desordens emocionais provocadas por repetidas

falhas no tratamento. Advêm daí depressão, insatisfação e baixa autoestima. A

mulher, por sua vez, fica sujeita aos efeitos colaterais das medicações e, algumas

vezes, a um risco – apesar de raro – potencialmente letal (MORANTZ-SANCHEZ,

1997).

Aliados a essas ocorrências, problemas de caráter econômico devem ser

ressaltados. Como os custos financeiros dos procedimentos são consideráveis e,

na maioria das vezes, não são cobertos por convênios ou subsidiados por órgãos

governamentais, é necessário que os profissionais da área envidem todos os

seus esforços para obter sucesso com o menor número de ciclos possível.

A falta de padronização da suplementação progestínica mais eficaz faz

com que, muitas vezes, o tratamento se mostre inadequado ou, mesmo, inócuo,

acarretando consideráveis prejuízos para o casal e, principalmente,

impossibilitando a gravidez almejada.

Introdução 24

O mercado brasileiro dispõe de várias formulações usadas para suporte

de fase lútea por via oral e parenteral. O conhecimento a respeito da qualidade

biofarmacêutica destes produtos, obtido por ensaios in vitro, visa a possibilitar um

maior intercâmbio de informações úteis no momento da prescrição.

A dissolução do fármaco, a partir da forma farmacêutica, é etapa

determinante do processo de absorção de medicamentos e esta, por sua vez, tem

influência direta na eficácia deste. Partindo dessa premissa, é importante a

realização de testes in vitro que permitam visibilizar como a dissolução ocorre em

função do tempo. Esses testes são conhecidos como perfil de dissolução

(DOKOUMETZIDIS; MACHERAS, 2006). Para se obter o perfil de dissolução,

deve realizar-se várias coletas do meio de dissolução, em tempos adequados,

determinando-se a porcentagem de fármaco dissolvido a cada tempo.

É recomendado empregar, para quantificação do fármaco, metodologia in

vitro, devidamente desenvolvida e validada. A partir da curva resultante, pode

determinar-se a cinética do processo de dissolução, bem como a eficiência desta

(PORTA, 2002; STORPIRTIS, 2004).

Com os avanços da tecnologia e das pesquisas envolvendo liberação de

fármacos, modernização dos testes e mais ênfase na previsibilidade de efeitos

terapêuticos in vivo, por meio de ensaios in vitro, os testes de dissolução têm

obtido cada vez mais popularidade, sendo uma ferramenta no controle de

qualidade e na efetividade clínica da formulação (MANADAS, 2002).

Desse modo, este trabalho propôs-se a determinar o perfil de liberação in

vitro da progesterona, por meio de testes de dissolução de diferentes formas

farmacêuticas de progestagênios, disponíveis comercialmente no mercado

brasileiro, para suporte da fase lútea. A capacidade de predizer o desempenho in

vivo do fármaco por meio de dados obtidos em testes de liberação in vitro será

discutida e avaliada buscando sempre estabelecer correlação com possíveis

implicações terapêuticas.

Revisão da Literatura 25

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Progesterona / progestagênios

A progesterona é um hormônio formado por precursores esteroides nos

ovários, testículos, glândulas adrenais, placenta e em células da glia no sistema

nervoso central, estando presente em altas concentrações no corpo lúteo. Seus

receptores estão localizados no útero, na glândula mamária e no sistema nervoso

central (BAYARD et al., 1978).

Tem papel essencial na preparação do útero para a implantação

embrionária, na manutenção da gravidez e no desenvolvimento do tecido

mamário para amamentação. A progesterona é considerada o hormônio que dá

suporte à vida. Age por meio da modulação da resposta imune materna,

aumentando a circulação uteroplacentária, reduzindo a contratilidade uterina

(NORWITZ et al., 2001; SZEKERES-BARTHO et al., 2001; DRUCKMANN;

DRUCKMANN, 2005) e suprimindo a resposta inflamatória na interface materno

fetal (SCHWARTZ et al., 2009).

É encontrada em humanos, em certos animais e, raramente, em plantas

(PAULI et al., 2010). Pode ser sintetizada a partir da Dioscorea mexicana,

pertencente à família do inhame. A Dioscorea produz grandes quantidades de um

esteroide chamado diosgenina, que pode ser convertido em progesterona em

laboratório (APPLEZWEIG, 1969).

Nos mamíferos, é sintetizada a partir do colesterol, sendo precursora de

muitos hormônios esteroides, incluindo glicocorticoides, mineralocorticoides,

androgênios e estrogênios, conforme ilustrado na Figura 1.

Revisão da Literatura 26

Figura 1: Biossíntese da progesterona (Adaptada de BORON, 2003).

A progesterona pertence à classe de hormônios denominados

progestagênios. Outras denominações, como progestínico, gestagênio ou

gestogênio, têm sido utilizadas com significado semelhante.

Progestagênios é a denominação dada às substâncias com propriedades

biológicas semelhantes àquelas da progesterona natural, produzida pelo corpo

humano, com vasta aplicação clínica. Este termo inclui tanto as substâncias com

estrutura química idêntica, como aquelas com estrutura diferente da progesterona

natural (STANCZYK; HENZL, 2001).

Revisão da Literatura 27

Os progestagênios podem ser classificados em dois grandes grupos:

naturais e sintéticos (STANCZYK, 2003), conforme ilustrado no Quadro 1.

Quadro 1: Classificação dos progestagênios.

NATURAIS: Progesterona Natural

NÃO NATURAIS OU SINTÉTICOS:

Relacionados à estrutura da progesterona:

Derivados Diretos Didrogesterona

Medrogesterona

Derivados da 17OH Progesterona Acetato de medroxiprogesterona

Acetato de megestrol

Acetato de ciproterona

Acetato de clormadinona

Derivados da 19 Nor-progesterona

Não acetilados

Demegestona

Trimegestona

Promegestona

Acetilados Ac. de nornegestrol

Nestorona

Relacionados à estrutura da testosterona ou derivados da 19 nor-testosterona (19 nor-derivados):

13 metil-derivados (estranos)

13 etil-derivados (gonanos)

Não etinilados

Norestisterona / ac. Noretisterona

Noretinodrel

Linestrenol

Diacetato de etinodiol

Tibolona

Levonorgestrel

Desogestrel

Gestodeno

Norgestimato

Dienogeste

Relacionados à estrutura da Espironolactona

Drosperinona

Fonte: Adaptado de Stanczyk, 2002.

Os progestagênios naturais, sintetizados em laboratório, são representados

pela progesterona natural em sua forma oleosa (não disponível comercialmente

no Brasil) e pela progesterona natural na sua forma micronizada, amplamente

utilizada. Os progestagênios sintéticos podem ser estruturalmente relacionados à

progesterona ou não. Os que se relacionam diretamente com a estrutura química

da progesterona são os mais próximos da progesterona natural (STANCZYK,

2002). A didrogesterona, também conhecida como retroprogesterona, é o único

representante da categoria disponível comercialmente no país. A progesterona

micronizada e a didrogesterona são fármacos indicados no tratamento de

Revisão da Literatura 28

mulheres inférteis, sendo, muitas vezes, referidas pelo nome genérico, no

singular, progesterona.

Os análogos sintéticos da progesterona têm sido desenvolvidos para

aumentar a biodisponibilidade por via oral e ter uma potência maior que a própria

progesterona. Dependendo da via de administração, os progestagênios

manifestam diferentes efeitos biológicos, causados por diferenças no metabolismo

e na afinidade de ligação com os receptores de progesterona (RP) e outros

receptores esteroides (STANCZYK, 2003).

2.1.1 Propriedades físico-químicas

Progesterona é um hormônio que tem como núcleo básico o

ciclopentanoperidrofenantreno, formado por três anéis de seis carbonos e um de

cinco carbonos. Representa um derivado do hidrocarboneto pregnano com 21

átomos de carbono e uma cadeia lateral de dois carbonos na posição 17.

Quimicamente, corresponde ao pregn-4-eno-3,20-diona, sendo também

conhecida como P4 (PUCCI et al., 2003), como ilustrado na Figura 2.

Figura 2: Estrutura química da progesterona.

Revisão da Literatura 29

2.1.2 Propriedades farmacocinéticas

As propriedades farmacocinéticas da progesterona administrada

oralmente são influenciadas pela ingestão de alimentos, bem como pelo veículo e

pelo tamanho da partícula (TAVANIOTOU et al., 2000). O processo de

micronização é responsável pela fragmentação da progesterona cristalina em

diminutas partículas, aumentando, assim, a área de superfície de contato,

favorecendo a absorção (STANCZYK, 2003). Os veículos lipídicos e lipofílicos

têm efeito benéfico na absorção quando usados em associação com fármacos

fracamente solúveis. A associação da progesterona a lipídios aumenta a

biodisponibilidade e favorece a absorção linfática (PORTER et al., 2007).

Os níveis sanguíneos de progesterona tendem a ser menores do que 3

nmol/L (0,9 ng/mL), na fase folicular, em torno de 60 nmol/L (18 ng/mL) na fase

lútea e continuam se elevando quando ocorre gestação, chegando a níveis de

1000 nmol/L (300 ng/mL) próximo ao termo. A progesterona necessária durante a

gestação é, inicialmente, fornecida pelo corpo lúteo durante as primeiras 6-8

semanas. Após este período, a placenta, progressivamente, assume a produção

de progesterona e, após 10 semanas, passa a ser a principal fonte. Em torno de

98% da progesterona circulante encontra-se ligada às proteínas do plasma,

principalmente a albumina, sendo rapidamente liberada para os tecidos. É

degradada pelo fígado em esteroides inativos, os quais são excretados por via

renal (JANAT-AMSBURY et al., 2009), conforme observado no Quadro 2

(SCHINDLER et al., 2003).

Quadro 2: Propriedades físico-químicas e farmacocinéticas da progesterona.

Características Descrições

Fórmula molecular C21H30O2

Peso molecular 314,5 g.mol-1

Ponto de fusão 127 - 131ºC () e 121ºC ()

Solubilidade Praticamente insolúvel em água; solúvel em

etanol, metanol, acetona, dioxano, ácido sulfúrico concentrado, clorofórmio e éter;

levemente solúvel em óleos vegetais

Coeficiente de partição (log P) 3,87

Revisão da Literatura 30

Propriedades farmacocinéticas

Biodisponibilidade Absorção prolongada, meia vida de,

aproximadamente, 25-50h Ligação com as proteínas 96-99%

Metabolismo Hepático para pregnanediol e pregnanolona Excreção Renal e biliar

Fonte: Adaptado de SCHINDLER et al, 2003.

2.1.3 Indicações clínicas

Os progestagênios apresentam vasta gama de indicações para uso na

prática clínica. Destacam-se no controle de sangramento anormal durante o

período reprodutivo; na amenorreia; no tratamento das hiperplasias endometriais

e da endometriose; na reposição hormonal pós-falência ovariana no climatério; na

anticoncepção hormonal e na puberdade precoce. São também indicados como

suplementação de fase lútea em mulheres submetidas à TRA ou com falência

ovariana que são receptoras de óvulos doados, na prevenção do abortamento

habitual e no tratamento profilático do trabalho de parto prematuro (ROMERO,

2007; O´BRIEN; LEWIS, 2009). Na literatura, porém, existe consenso quanto à

indicação no suporte de fase lútea em ciclos em que se preconiza

hiperestimulação ovariana controlada (HOC) no tratamento de infertilidade, com

técnicas de reprodução assistida (HUBAYTER; MUASHER, 2008), e em mulheres

com falência ovariana que se tornam receptoras de óvulos doados (NAVOT et al.,

1986).

2.1.4 Vias de administração

Quanto às vias de administração, várias foram desenvolvidas e têm sido

objeto de investigação: a intranasal (CICINELLI et al., 1994; CICINELLI et al.,

1995), a sublingual (STOVALL et al., 1996) e a retal (NILLIUS; JOHANSSON,

1971; CHAKMAKJIAN; ZACHARIAH, 1987). No entanto, as vias oral,

intramuscular e vaginal são mais frequentemente usadas, analisadas e

comparadas (TAVANIOTOU et al., 2000).

Revisão da Literatura 31

A progesterona natural tem uma baixa solubilidade em água, é

rapidamente inativada, quando usada por via oral, devido ao intenso metabolismo

de primeira passagem hepática. Na tentativa de melhorar sua absorção, foram

usadas associações com ácidos graxos. A redução do tamanho das partículas,

por micronização, também contribuiu para o aumento da biodisponibilidade

(MAXSON; HARGROVE, 1985).

A micronização da progesterona em partículas de tamanho inferior a 10

μm aumenta a área superficial da partícula do fármaco e, consequentemente, a

razão de dissolução aquosa e a absorção intestinal. A absorção intestinal pode

ser melhorada por meio da veiculação em óleo, comercialmente dispensada em

cápsulas de gelatina mole (HARGROVE et al., 1989).

A progesterona micronizada veiculada a policarbofil gel resulta em uma

formulação vaginal de liberação prolongada (FANCHIN et al., 1997; POLYZOS et

al., 2010).

A via de administração vaginal tem muitas vantagens quando comparada

com outras vias. A vagina fornece um sítio promissor de entrega sistêmica de

fármacos, pois apresenta uma grande área de superfície, é rica em suprimento

sanguíneo e evita o metabolismo de primeira passagem (HUSSAIN; AHSAN,

2005). Além disso, permite uma rápida absorção; não apresenta efeitos colaterais

indesejáveis, como o efeito hipnótico observado na via oral; tem alta

biodisponibilidade causada por um possível efeito de reservatório da droga pela

vagina e – o mais importante – o efeito endometrial local, conhecido como efeito

de primeira passagem uterina (SOLIMAN et al., 1994).

Um modelo de perfusão experimental foi desenvolvido usando úteros

removidos por histerectomia, com 1,5 a 2 cm de tecido vaginal. Ficou evidente

que a progesterona radioativa – aplicada no manguito vaginal –

progressivamente, migrava para o útero, obtendo-se altas concentrações em

ambos, útero e endométrio. A distribuição homogênea da progesterona, através

Revisão da Literatura 32

do endométrio, sugere um efeito endometrial local mais evidente (BULLETTI et

al., 1997).

Apesar das evidências a favor da via vaginal, por todas as vantagens

apontadas (HUSSAIN; AHSAN, 2005), não existe consenso na literatura. Estudos

realizados por Pouly (1996), assim como por Friedler (1999), comparando os

benefícios do uso da progesterona pelas vias oral e vaginal, não encontraram

diferenças significativas quanto aos resultados obtidos na fertilização in vitro

(FIV).

Recentes publicações de estudos randomizados prospectivos, o primeiro

(CHAKRAVARTY et al., 2005) comparando o uso de progesterona micronizada

em cápsulas por via vaginal com didrogesterona oral e outro incluindo a

progesterona micronizada na forma de gel na avaliação (GANESH et al., 2011),

também não encontraram diferenças nas taxas de gestação e abortamento.

A progesterona pode ser efetivamente utilizada pela via intramuscular,

sendo rapidamente absorvida. As concentrações séricas são elevadas e se

observa uma adequada transformação secretória endometrial (DEVROEY et al.,

1989). No entanto, é desconfortável e requer injeções diárias para manter

concentrações séricas apropriadas, bem como pode causar inflamação no sítio de

aplicação, dor e possibilitar a formação de abcessos (TAVANIOTOU et al., 2000).

No que tange aos efeitos colaterais observados com a progesterona

micronizada administrada por via oral, o mais importante é o de caráter sedativo e

hipnótico, causado pelos metabólitos plasmáticos da progesterona, 5-

pregnenolona e 5-pregnenolona, que afetam a afinidade do receptor do ácido

gama aminobutírico (GABA) no sistema nervoso central (ARAFAT et al., 1988).

Dentre outros efeitos da progesterona micronizada, destacam-se fadiga, tontura,

cefaleia e fraqueza (MAXSON; HARGROVE, 1985). Tais efeitos limitam, muitas

vezes, o uso dos progestagênios por essa via de administração.

Revisão da Literatura 33

Para a via vaginal, os efeitos colaterais mais relatados são prurido,

irritação perineal, fluxo vaginal aumentado e dispareumia (CHAKRAVARTY et al.,

2005). As cápsulas de progesterona natural são formuladas para uso oral e

vaginal.

Uso de óvulo ou supositório vaginal manipulado pode apresentar algumas

desvantagens, dentre elas destacamos a possível existência de variações nas

formulações, a provável solubilização baixa, causando acúmulo na cavidade

vaginal, irritação e desconforto. Também amolecem facilmente em temperatura

ambiente e requerem aplicações frequentes (JANAT- AMSBURY et al., 2009).

Vale salientar que a via transdérmica não é habitualmente indicada para a

progesterona, em suplementação de fase lútea, porque seu grau de absorção

pela derme é insatisfatório, requerendo, consequentemente, o emprego de altas

doses (SITRUK-WARE, 2007).

2.2 Papel dos progestagênios em reprodução assistida

Após a ovulação, a fase lútea de um ciclo natural se caracteriza pela

formação do corpo lúteo que secreta hormônios esteroides, dentre eles a

progesterona. À medida que são luteinizadas pelo estímulo do hormônio

luteinizante (LH), as células da granulosa e da teca modificam sua função, e o

corpo lúteo começa a funcionar. Ao final de sua atividade mitótica, as células da

granulosa luteinizadas iniciam a produção da progesterona, que é secretada por,

aproximadamente, dez dias. As células luteinizadas da teca, por sua vez,

continuam respondendo aos pulsos de LH e secretando estradiol e progesterona

conforme ilustrado nas Figuras 3 e 4.

Revisão da Literatura 34

Figura 3: Interação hormonal no ciclo menstrual (Adaptado de JANÁT-AMSBURY et al, 2009).

Figura 4: Níveis hormonais no ciclo natural (Adaptado de JANÁT-AMSBURY et al, 2009).

A progesterona é essencial para a transformação secretória do

endométrio, aumenta a vascularização e influencia, positivamente, na

receptividade endometrial, favorecendo a implantação embrionária e a

manutenção da gestação inicial (DAYA, 2009).

Após a fertilização e a consequente implantação, o blastocisto em

desenvolvimento secreta gonadotrofina coriônica humana (hCG), cuja função é

manter tanto a atividade do corpo lúteo quanto suas secreções. As células

luteinizadas da teca respondem à estimulação do hCG, constituem o corpo lúteo

da gestação e asseguram uma produção adequada de progesterona capaz de

permitir a implantação embrionária e sua manutenção até que ocorra a

instauração completa do processo de esteroidogênese placentária entre a oitava

e a décima semanas de gestação (JANAT-AMSBURY et al., 2009).

A manutenção da gestação inicial depende, essencialmente, do

funcionamento do corpo lúteo. Convém salientar que a remoção do corpo lúteo,

Revisão da Literatura 35

em uma gestação incipiente resulta em abortamento (CSAPO et al., 1974). A

diminuição da quantidade e duração da secreção de progesterona pelo corpo

lúteo e uma resposta inadequada do endométrio resultam em uma fase lútea

deficiente (DAYA; GUNBY, 2008).

No contexto dos procedimentos de reprodução assistida, a expressão

“suporte ou suplementação de fase lútea” é usada para descrever a administração

de hormônios durante a segunda fase do ciclo estimulado (FATEMI et al., 2007).

Dentre as TRA, consideram-se como procedimentos de alta complexidade a FIV e

a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).

Atualmente, em mais de 85% dos protocolos para FIV/ICSI, são

administrados os análogos do hormônio liberador de gonadotrofinas (aGnRH),

agonistas (GnRH-a) ou antagonistas (GnRH-an), que são indicados para prevenir

o surgimento do pico prematuro de LH endógeno durante os ciclos com HOC,

permitindo que um maior número de oócitos chegue à maturidade antes de serem

aspirados.

Edwards et al (1980) foram os primeiros a sugerir a necessidade de um

suporte, em fase lútea, após um procedimento de FIV (EDWARDS et al., 1980).

Em 1992, uma meta-análise de todos os experimentos randomizados disponíveis

na literatura demonstraram que o uso de GnRH-a aumenta as taxas de gravidez

para ciclos de FIV entre 80 e 127% nas mulheres que haviam sido estimuladas

com gonadotrofinas exógenas (HUGHES et al., 1992).

Embora os GnRH-a confiram benefícios, seu uso é deletério para o corpo

lúteo em razão de causar-lhe inibição. Depois da sua introdução nos protocolos

de TRA, pôde-se demonstrar claramente que a fase lútea é defeituosa e, portanto,

deve ser suplementada (FRIEDLER et al., 1999). O mesmo fato é observado com

o uso do GnRH-an (KOLIBIANAKIS et al., 2003), que produzem um efeito inibidor

direto da secreção de gonadotrofinas e evitam, com eficácia, os picos prematuros

de LH durante a HOC (AL-INANY; ABOULGHAR, 2002).

Revisão da Literatura 36

O agonista, por si próprio ou em associação a concentrações

suprafisiológicas de estrogênios, induzidas pela estimulação ovariana com

gonadotrofinas, pode criar um defeito de fase lútea iatrogênico (MACKLON;

FAUSER, 2000; BASIR et al., 2001). O uso do GnRH-a causa, após a última

dose, supressão da secreção de LH pela hipófise por, aproximadamente, dez

dias. Sem esse sinal do LH, o corpo lúteo pode ser disfuncional;

consequentemente, a secreção de estrogênio e progesterona se apresenta

anormal. Sem a estimulação adequada de estrogênio e de progesterona, a

receptividade endometrial pode ser comprometida e causar um decréscimo nas

taxas de implantação e de gravidez (BOURGAIN et al., 1990).

Na tentativa de compensar essa alteração, os especialistas da área têm

usado suplementação ou suporte de fase lútea, que pode realizar-se por meio da

terapia de reposição com progesterona exógena ou da administração de hCG.

Ambas as formas podem ser usadas isoladamente ou associadas (LUDWIG et al.,

2001; GORKEMLI et al., 2004).

Nos protocolos de TRA, há controvérsias a respeito da superioridade de

cada um desses fármacos. Na literatura, inúmeros estudos comparam não só o

hCG com a progesterona, mas também as progesteronas entre si.

Daya & Gunby (2004) analisaram 59 experimentos de suporte luteal após

TRA e concluíram que: (1) o suporte da fase lútea com hCG promove um

benefício significativo, quando comparado com placebo ou sem tratamento, com

um odds ratio (OR) para um aumento, na taxa de gestação em andamento, de

2,38 (IC 95%: 1,32–4,29); (2) houve redução nas taxas de abortamento (OR =

0,12; IC 95%: 0,03–0,50). Entretanto, o risco de síndrome de hiperestimulação

ovariana (SHO) apresentou um aumento significativo, em torno de 20 vezes, nos

casos em que o hCG foi usado em ciclos com GnRH-a. Quando a suplementação

com hCG foi comparada à realizada com progesterona, o aumento no risco de

SHO foi superior a duas vezes. O suporte de fase lútea com progesterona

também resultou em um aumento significativo nas taxas de gravidez (OR = 1,34;

IC 95%: 1,01–1,79), mas não produziu efeito nas taxas de abortamento. Na meta-

Revisão da Literatura 37

análise, não se constatou diferença significante entre progesterona e hCG, ou

entre progesterona associada a hCG ou a estrogênio em termos de taxa de

gravidez ou de abortamento (DAYA; GUNBY, 2004).

Existe consenso no fato de a utilização de hCG não mostrar superioridade

quando comparada à progesterona, por estar associado a um risco aumentado de

desenvolvimento de SHO (LUDWIG et al., 2001; DAYA; GUNBY, 2004; DAYA;

GUNBY, 2008).

A progesterona é considerada a droga de escolha para suplementação de

fase lútea no tratamento da infertilidade com TRA; entretanto, diferentes tipos,

apresentações, doses, duração do tratamento e vias de administração têm sido

empregados, e o esquema ideal ainda permanece controverso (NOSARKA et al.,

2005; FATEMI, POPOVIC-TODOROVIC; et al., 2007; HUBAYTER; MUASHER,

2008).

Importa ressaltar que, apesar da alta biodisponibilidade, a grande maioria

dos progestagênios sintéticos, com exceção da didrogesterona, não é utilizada

para suplementação devido à possibilidade de efeitos teratogênicos, fato este

observado, principalmente, com os que apresentam atividade androgênica

(NORA; NORA, 1975; HENDRICKX et al., 1987).

2.3 Progestagênios disponíveis comercialmente, no mercado brasileiro, para suporte de fase lútea

As apresentações, formas farmacêuticas e posologia dos progestagênios

disponíveis no mercado brasileiro, para suplementação de fase lútea, e seus

principais esquemas terapêuticos são abaixo descritos:

- Duphaston® (Laboratório Solvay), didrogesterona, potente

progestagênio oralmente ativo apresentado na forma de comprimidos revestidos

Revisão da Literatura 38

(10 mg). A dosagem recomendada é de 20 a 40 mg, em uma ou duas tomadas

diárias;

- Utrogestan® (Laboratório Besins), progesterona natural

micronizada, apresentada em forma de cápsula gelatinosa mole (100 e 200 mg),

podendo ser administrada por via oral ou vaginal. A dosagem recomendada é de

400 a 800 mg por dia, dividida em duas a três doses;

- Evocanil® (Laboratório Zodiac), progesterona natural micronizada,

apresentada em forma de cápsula (100 e 200 mg), podendo ser administrada por

via oral ou vaginal. A dosagem recomendada é de 400 a 800 mg por dia, dividida

em duas a três doses;

- Crinone® 8% (Laboratório Serono), progesterona apresentada em

forma de gel (90 mg), para uso intravaginal de efeito prolongado, em uma base de

policarbofil. A dosagem recomendada é de 90 a 180 mg, em uma ou duas

aplicações diárias;

- Progesterona micronizada manipulada, apresentada na forma de

óvulo ou supositório de 100 mg, podendo ser administrada por via vaginal ou

retal. A dosagem recomendada varia de 400 a 600 mg, dividida em duas ou três

aplicações diárias.

2.4 Fundamentos da dissolução in vitro de formas farmacêuticas

Dissolução pode ser definida, de forma simplificada, como um processo

pelo qual o fármaco é liberado da sua forma farmacêutica de administração e se

solubiliza. Estando na forma dissolvida, o fármaco se torna disponível para ser

absorvido pelo organismo, atingir seu sítio de ação, promover seu efeito

farmacológico e, finalmente, ser metabolizado e excretado. Portanto, a dissolução

é uma importante condição para a absorção sistêmica do fármaco, podendo afetar

a biodisponibilidade deste. O ensaio de dissolução in vitro mede a velocidade e a

extensão de liberação do ativo no meio avaliado (MANADAS, 2002).

A Figura 5 ilustra os processos relacionados com a liberação de fármacos

da sua forma farmacêutica.

Revisão da Literatura 39

Figura 5: Processos relacionados à liberação do fármaco da forma farmacêutica (adaptado de BROWN et al, 2004).

O ensaio de dissolução representa uma importante ferramenta de controle

de qualidade em diferentes estágios do ciclo de vida de um medicamento, do

desenvolvimento farmacotécnico à previsão de como uma formulação agirá in

vivo.

O estudo de dissolução in vitro avalia o desempenho do produto, ou seja,

sua capacidade de liberar o fármaco da sua forma farmacêutica e disponibilizá-lo

para ser absorvido, bem como a forma como isso ocorre, que se traduz em

cinética de liberação (BERRETTA, 2010).

Os primeiros estudos de dissolução começaram a ser desenvolvidos há

cerca de 100 anos, porém, foi a partir de 1950, com o reconhecimento da sua

importância na biodisponibilidade de fármacos, que houve o crescimento no

interesse por estes estudos (DOKOUMETZIDIS; MACHERAS, 2006).

Visando a prever ou simular o comportamento in vivo de fármacos, foram

desenvolvidos os gráficos de fração de fármaco dissolvido em função do tempo,

também chamados de perfis de dissolução.

Revisão da Literatura 40

Para melhor simular in vitro as condições in vivo, é importante conhecer

os fatores que podem retardar ou diminuir a dissolução e a permeação de

fármacos, dentre os quais, é possível citar: retenção do fármaco na forma

farmacêutica; desintegração deste no meio líquido utilizado ou formação de

complexos não absorvíveis; ineficácia do transporte do fármaco através das

membranas biológicas e metabolismo ou eliminação deste antes de atingir a

corrente sanguínea. Os dois primeiros fatores citados podem ser facilmente

previstos por testes in vitro (DRESSMAN et al., 1998; GALIA et al., 1998; DAHAN;

HOFFMAN, 2008)

As propriedades da formulação desempenham papel-chave no primeiro

passo da dissolução. Para formas farmacêuticas sólidas, essas propriedades

incluem a desintegração e erosão. No caso de formulações semissólidas ou

líquidas, a dispersão de lipídeos ou a divisão do fármaco na fase lipídica se torna

relevante (BROWN, 2004).

2.4.1 Formas farmacêuticas sólidas de uso oral

Nas últimas décadas, têm-se estudado outras vias de administração de

fármacos, mas a via oral ainda continua sendo preferencial. Isto ocorre devido à

sua conveniência, menor custo, culminando em maior aderência ao tratamento

(MANADAS, 2002).

A absorção de fármacos a partir de formas farmacêuticas sólidas

administradas por via oral depende da sua liberação, ou seja, dos processos de

dissolução ou solubilização do fármaco, e da sua permeabilidade através das

membranas biológicas presentes no trato gastrointestinal (CUSTODIO et al.,

2008).

O fármaco deve estar disponível em quantidades adequadas para ser

absorvido e alcançar a corrente sanguínea. Sendo assim, para as formas

Revisão da Literatura 41

farmacêuticas sólidas, a dissolução é considerada um dos parâmetros críticos na

determinação da estabilidade do produto (SERRA; STORPIRTIS, 2007).

Qualquer alteração em relação ao perfil de liberação do fármaco pode

resultar em impacto na proporção e na quantidade do fármaco disponível para

absorção. A liberação do fármaco de uma forma farmacêutica sólida pode

envolver três etapas: desintegração, desagregação e dissolução, podendo esses

processos ocorrer simultaneamente. A velocidade pela qual ocorre o processo de

dissolução determinará a liberação do fármaco e, consequentemente, sua

absorção, podendo comprometer a eficiência do produto conforme pode ser

observado na Figura 6.

Figura 6: Representação esquemática dos processos relacionados à liberação de fármacos das formas farmacêuticas sólidas. Fonte: Adaptado de SERRA et al, 2007; CUSTODIO et al, 2008.

Com base nestas considerações, os ensaios de dissolução in vitro

representam uma importante ferramenta para orientar no monitoramento da

qualidade do medicamento, pois, considerando que os medicamentos sólidos

orais são aqueles que podem apresentar maiores problemas em relação à

biodisponibilidade, torna-se essencial conhecer o perfil de dissolução do fármaco

Revisão da Literatura 42

a partir da forma farmacêutica por permitir visibilizar como a dissolução ocorre em

função do tempo (DOKOUMETZIDIS; MACHERAS, 2006).

2.4.2 Dissolução de outras formas farmacêuticas

Embora o teste de dissolução tenha sido inicialmente desenvolvido e seja

reconhecidamente importante para as formas farmacêuticas sólidas, ultimamente,

a aplicação destes atinge grande variedade de formas farmacêuticas. Para formas

não orais, como supositórios, óvulos vaginais e adesivos transdérmicos é comum

nos referirmos ao ensaio como teste de liberação do fármaco ou teste de

liberação in vitro. Os princípios gerais que regem os testes são os mesmos

aplicados às formas farmacêuticas sólidas. O objetivo principal é de utilizá-lo para

caracterização biofarmacêutica do produto como forma de assegurar a qualidade

lote a lote dentro das especificações estabelecidas (MARCOLONGO, 2003;

SIEWERT et al., 2003).

As formas farmacêuticas semissólidas são representadas, principalmente,

por cremes, géis e pomadas. Os testes de dissolução para estas formas

farmacêuticas demonstram o perfil de liberação do fármaco a partir do veículo.

Não existe consenso na literatura quanto ao método ideal para realização de

testes de dissolução em formas semissólidas, devendo ainda ser estabelecido por

compêndios oficiais (MARCOLONGO, 2003).

2.4.3 Estratégias para otimização do uso oral de fármacos

As características hidrofóbicas de certos fármacos dificultam a preparação

de formas farmacêuticas destinadas à administração oral devido à menor

solubilidade de tais moléculas em sistemas aquosos, proporcionando, assim, uma

liberação incompleta e, consequentemente, menor absorção. Os princípios

termodinâmicos que governam a solubilização de fármacos demonstram que a

Revisão da Literatura 43

redução das forças intermoleculares aumenta a solubilidade e a interação soluto-

solvente na solução (SOUZA; STORPIRTIS, 2007).

Kossena e colaboradores (2007) avaliaram o efeito de fórmulas

farmacêuticas com adição de lipídios no esvaziamento gástrico e na secreção

biliar. Concluiram que a adição de lipídeos externos à formulação estimula a

secreção de sais biliares, lecitina e fosfolípides, que ajudam no processo de

solubilização e absorção do fármaco (KOSSENA et al., 2007).

Os lipídeos e excipientes lipofílicos podem alterar a absorção de fármacos

de três maneiras: aumentando a solubilização do fármaco no meio intestinal;

interagindo com o transporte por enterócitos ou alterando o circuito padrão de

absorção sistêmica (PORTER et al., 2007). O fármaco além de passar

diretamente da veia porta para o fígado inclui um circuito alternativo por via

linfática como ilustrado na Figura 7.

Figura 7: Efeito potencial de lipídeos e excipientes lipídicos na absorção de drogas (Adaptado de PORTER et al, 2007).

O transporte linfático é interessante para fármacos que sofrem intensa

metabolização, pois são diretamente transportados para a circulação sistêmica,

sem passar primeiramente pelo fígado. Por conseguinte, ocorre redução de

metabolismo de primeira passagem hepática e consequente aumento da

Revisão da Literatura 44

biodisponibilidade. Tal mecanismo pode ser aplicado à progesterona (DAHAN;

HOFFMAN, 2008).

Diante da fraca solubilidade e do intenso metabolismo de primeira

passagem hepática sofrido pela progesterona, estão disponíveis comercialmente

formulações à base de lipídeos para a administração oral e/ou vaginal com o

intuito de melhorar a biodisponibilidade do fármaco devido à promoção do

transporte linfático. Estudos clínicos demonstraram o aumento da absorção oral

de progesterona micronizada, quando administrada em forma de suspensão

veiculada em ácidos graxos de cadeia longa e associada a alimentos

(HARGROVE et al., 1989; SIMON et al., 1993).

2.4.4 Fatores que influenciam o processo de dissolução e absorção de fármacos

Os ensaios de dissolução podem ser afetados por inúmeras variáveis e

estas devem ser criteriosamente avaliadas e monitoradas para que não interfiram

na confiabilidade dos resultados (MARCOLONGO, 2003).

a) Fatores relacionados ao fármaco e à formulação

Solubilidade: é definida como a extensão na qual uma molécula de um

sólido é removida a partir da sua superfície por um solvente (BUENO;

RECH, 2009), sendo considerada como o fator que mais afeta a

velocidade de dissolução. A velocidade de dissolução pode ser um fator

limitador da absorção dos fármacos administrados em formas

farmacêuticas sólidas, pois a solubilização no meio de absorção é

condição essencial para a ocorrência do processo (ABDOU, 2004).

Independente do local de administração, em solução aquosa, os

fármacos são absorvidos mais rapidamente do que aqueles

administrados em solução oleosa, suspensão ou forma sólida, porque se

misturam prontamente à fase aquosa no local da absorção;

Revisão da Literatura 45

Tamanho das partículas: com a redução do tamanho das partículas do

fármaco, obtém-se maior área superficial do sólido em contato com o

meio de dissolução, resultando em maior velocidade de dissolução

(STORPIRTIS, 2004). Fármacos administrados na forma de partículas

de tamanho reduzido, em geral, dispersam-se mais rapidamente por

toda a superfície de contato para absorção, o que aumenta a velocidade

de dissolução e, consequentemente, o processo de absorção do

fármaco, especialmente se este é limitado pela dissolução. Por essa

razão, muitos fármacos encontram-se micronizados de forma a facilitar a

sua dissolução e sua absorção (MELIA; DAVIS, 1989; ABDOU, 2004).

No entanto, deve considerar-se que existem alguns casos, como de

fármacos que se degradam nos líquidos gástricos, em que a redução da

partícula não representa um processo vantajoso para a absorção por

favorecer a degradação química (ASHFORD, 2005);

Natureza química: O caráter amorfo ou cristalino e a existência de

polimorfismos causam diferenças na solubilidade e na velocidade de

dissolução. A forma cristalina pode existir em diferentes estados, graus

de hidratação e solvatação. Dessa forma, estes caracteres podem

influenciar o processo de manipulação industrial, estabilidade química e,

mesmo, sua atividade biológica. A falta de coesão das moléculas de um

composto em seu estado amorfo, normalmente, proporciona-lhe maior

solubilidade que a estrutura cristalina, pois se necessita de menor

energia para separá-las. Geralmente, substâncias amorfas são mais

solúveis que as cristalinas, assim como substâncias anidras são mais

solúveis que as hidratadas (ANSEL et al., 2007);

Tipo de forma farmacêutica: O tipo de forma farmacêutica administrada

por via oral influi no número de possíveis etapas até que ocorra o

processo completo de absorção. Observa-se diferença entre as sólidas

(comprimidos) e as líquidas no que se refere à etapa de desintegração.

Os comprimidos passam pelas etapas de desintegração, dissolução e

Revisão da Literatura 46

absorção, enquanto as soluções só passam pelas etapas de dissolução

no meio e absorção. Quanto maior o número de etapas que interferem

no processo da absorção, maior será o número de potenciais obstáculos

e a probabilidade de reduzir a biodisponilidade apresentada pelo

fármaco (ASHFORD, 2005);

Excipientes: Embora os excipientes sejam considerados inertes, já que

não exercem uma ação biológica, podem influenciar de forma positiva

ou negativa a velocidade e/ou extensão da absorção do fármaco,

conforme suas próprias características físico-químicas (BERRETTA,

2010). Os excipientes são classificados de acordo com a função que

exercem na formulação, contudo, alguns podem exercer múltiplas

funções, de acordo com as concentrações em que foram empregados.

Diluentes, desintegrantes, aglutinantes, estabilizantes e lubrificantes são

exemplos destes adjuvantes. Praticamente todos os excipientes

envolvidos na formulação podem contribuir para diferenças na liberação

do princípio ativo, no processo de absorção e biodisponibilidade do

fármaco (JACKSON et al., 2000). Como exemplo, há lubrificantes

insolúveis que podem retardar o processo de dissolução por diminuir a

molhabilidade do fármaco e tensoativos que podem favorecer o

processo de dissolução por aumentar a solubilização de fármacos

fracamente solúveis em água (ASHFORD, 2005);

Tecnologia de fabricação: Alguns fatores, tais como o método de

granulação, a força de compressão e a composição da formulação

podem contribuir para as características da taxa de dissolução do

produto final, pois podem promover alterações na densidade aparente,

na dureza, no tamanho médio das partículas, na viscosidade, entre

outros (ABDOU, 2004).

Revisão da Literatura 47

b) Fatores relacionados ao meio de dissolução

O desenvolvimento de uma metodologia de dissolução envolve a seleção

de parâmetros, como característica e volume do meio de dissolução, pH,

velocidade de agitação e utilização de equipamento específico, além de um

ensaio adequado e validado.

Volume: O volume do meio de dissolução empregado depende,

principalmente, da solubilidade do fármaco, e deve ser capaz de manter

a condição sink. Esta pode ser definida como um volume de, no mínimo,

três vezes o volume de solvente necessário para se obter uma solução

saturada de fármaco (ROSA, 2005). Tal condição é importante para

garantir que a dissolução não seja limitada pela saturação do meio

utilizado durante a realização do ensaio e, também, para proporcionar

condições semelhantes ao fisiológico. No trato gastrintestinal, o fármaco

é absorvido no momento em que ele se dissolve, não existindo, portanto,

um aumento de concentração e um efeito retardador do gradiente de

concentração sobre a taxa de dissolução (MARCOLONGO, 2003);

Temperatura: A temperatura do meio deve ser controlada, pois um

aumento da temperatura gera uma maior taxa de dissolução por

aumentar a solubilidade da maioria dos solutos. A maior parte dos testes

de dissolução é conduzida a 37°C ± 0,5°C. Este parâmetro é mantido

com o intuito de otimizar a correlação in vitro - in vivo (CIVIV). Por isso,

seu controle deve ser cuidadoso durante todo o processo de dissolução,

não permitindo variações acima de 0,5°C (SIEWERT et al., 2003);

Tensoativos: Os tensoativos são moléculas anfifílicas frequentemente

utilizadas com o objetivo de alterar o meio reacional e permitir a

solubilização de espécies de baixa solubilidade (RANGEL-YAGUI et al.,

2005). A opção pelo uso de tensoativos é feita quando se deseja

aproximar o teste in vitro da situação in vivo. Os tensoativos diminuem a

Revisão da Literatura 48

tensão superficial entre o sólido e o meio, favorecendo a dissolução

(MANADAS et al, 2002);

Presença de ar / gases: A presença de ar ou gases dissolvidos no

meio de dissolução, a tensão superficial, a evaporação do meio, a

vibração externa e a calibração do equipamento são outros fatores que

interferem no ensaio de dissolução, sendo passíveis de observação

criteriosa. Atuam diminuindo ou aumentando a razão de dissolução

(BROWN, 2004);

Valor do pH: O pH no trato gastrointestinal varia entre 1,0 e 7,8. Desta

forma, a escolha do pH do meio deve considerar, principalmente, o tipo

de liberação do fármaco a partir da forma farmacêutica e do sítio de

absorção deste. A utilização de água como meio de dissolução se

justifica porque ela não exerce nenhuma ação corrosiva no equipamento

e apresenta, frequentemente, resultados comparáveis àqueles obtidos

quando se utiliza um meio ácido (MANADAS et al, 2002).

c) Fatores fisiológicos

A variabilidade biológica é um fator que interfere na absorção e,

consequentemente, no efeito terapêutico dos fármacos. Formas farmacêuticas

sólidas e sólidos dispersos/suspensos em líquidos devem passar por um

processo de dissolução nos líquidos biológicos, notadamente no trato

gastrointestinal, para que o fármaco possa ser absorvido e passe para a

circulação sistêmica (SOUZA, 2007).

Esvaziamento gástrico e trânsito intestinal: O aumento da motilidade

intestinal diminui o tempo disponível para absorção do fármaco. A

maioria dos fármacos é absorvida no intestino devido ao maior tempo de

permanência do fármaco neste órgão, em comparação ao estômago, e,

principalmente, devido à ampla superfície de absorção deste órgão que

é, aproximadamente, 200 vezes maior que a do estômago. Ácidos

Revisão da Literatura 49

fracos são absorvidos na primeira porção do intestino onde o pH é de,

aproximadamente, 4,5 a 5,0. O ritmo de esvaziamento gástrico pode ser

alterado por nervosismo, hiperacidez, tipo de alimento presente e

presença de outros fármacos (ANSEL, 2007). Alimentos podem formar

complexos insolúveis com a substância ativa, o que diminuiria sua

absorção. Normalmente, a presença de alimento dificulta a

desintegração de formas farmacêuticas sólidas, diminuindo a velocidade

de dissolução e influenciando o processo de absorção, diminuindo a

velocidade (DIEBOLD, 2005).

2.4.5 Sistema de classificação biofarmacêutica

O sistema de classificação biofarmacêutica (SCB) foi proposto por Amidon

et al. (1995) e tornou-se uma ferramenta empregada em diferentes segmentos da

área farmacêutica. Este sistema é fundamentado no princípio de que o controle

da extensão e da velocidade de absorção de um fármaco, administrado por via

oral, depende, basicamente, de dois aspectos: da solubilidade do próprio fármaco

e da sua permeabilidade em membranas biológicas (AMIDON et al., 1995).

Fundamentado nessas propriedades, o SCB divide os fármacos em quatro

classes, de acordo com suas características de solubilidade e permeabilidade,

conforme demostrado no Quadro 3.

Quadro 3: Classificação de fármacos de acordo com o Sistema de Classificação Biofarmacêutica e principais características de cada classe

CLASSE SOLUBILIDADE PERMEABILIDADE CARACTERÍSTICAS

I ALTA ALTA Absorção rápida e completa, extensão de absorção maior que 90% (FDA) e

85% (EMEA).

II BAIXA ALTA Variabilidade devido a diferenças na formulação e variáveis fisiológicas.

III ALTA BAIXA Variabilidade devido a diferenças no

trânsito gastrintestinal, conteúdo luminal e permeabilidade da membrana.

IV BAIXA BAIXA Possuem alta variabilidade na

velocidade e extensão de absorção.

Fonte: Adaptado de AMIDON et al ,1995; DEZANI et al, 2010.

Revisão da Literatura 50

O SCB pode auxiliar na previsão da absorção in vivo e identificar se a

biodisponibilidade de determinado produto farmacêutico é sensível a alterações

do processo produtivo, dos constituintes da formulação ou da concentração do

fármaco (AMIDON et al., 1995; KASIM et al., 2004).

A solubilidade de um fármaco é determinada pela dissolução da dosagem

mais alta do medicamento em 250 mL de uma solução tampão de pH entre 1,0 e

8,0. Um fármaco é considerado altamente solúvel quando o resultado em volume

da relação dose/solubilidade for menor ou igual a 250 mL. A avaliação da

permeabilidade é feita com base na biodisponibilidade absoluta do fármaco. Um

fármaco altamente permeável é aquele que apresenta biodisponibilidade absoluta

superior a 90% na ausência de instabilidade do trato gastrointestinal (BRASIL,

2003).

Para fármacos pertencentes à classe I, com alta solubilidade e alta

permeabilidade, é assegurada a bioequivalência entre o produto e seu respectivo

medicamento referência, que se apresenta na forma farmacêutica sólida de

liberação imediata. Assim, a relação entre permeabilidade/solubilidade do fármaco

e absorção através do trato gastrointestinal (TGI) sugere que fármacos da classe I

são altamente absorvidos. A biodisponibilidade oral de fármacos da classe III,

geralmente, está entre 40 e 80%, enquanto que fármacos da classe IV

demonstram absorção incompleta ou ruim (BONASSI, 2009).

Para fármacos de classe II, a taxa de dissolução do fármaco é,

certamente, o principal fator limitante da sua absorção oral. Para tais fármacos

deve ser possível, portanto, estabelecer forte correlação entre os resultados dos

ensaios de dissolução e a taxa de absorção in vivo. Conforme relatos na

literatura, fármacos pertencentes às classes II e IV do SCB apresentam

problemas de biodisponibilidade (KFURI, 2008).

A adequada comparação das formulações contendo fármacos

pertencentes à classe II requer ensaios de dissolução com múltiplas amostragens

Revisão da Literatura 51

de modo a caracterizar o perfil de liberação, podendo ser necessária a utilização

de diferentes meios de dissolução (DRESSMAN et al., 1998).

Alguns fármacos têm sua classificação biofarmacêutica bem estabelecida,

enquanto outros ainda não, como é o caso da progesterona. No entanto, apesar

de a progesterona não possuir sua classificação claramente definida na literatura,

sabe-se que ela é praticamente insolúvel em meio aquoso. Por conseguinte,

pode-se inferir que a progesterona enquadra-se na classe II do SCB,

apresentando baixa solubilidade e alta permeabilidade (BERRETTA, 2010).

2.4.6 Validação do método

Os compêndios oficiais descrevem os ensaios de dissolução para alguns

fármacos. Porém, aqueles que não são descritos devem ter seus métodos de

dissolução desenvolvidos e validados.

Para garantir que um novo método analítico (quantificação e dissolução)

gere informações confiáveis e interpretáveis sobre a amostra, ele deve ser

submetido ao processo de validação, pois dados analíticos não confiáveis podem

conduzir a decisões desastrosas e a prejuízos financeiros, além de sérias

consequências relacionadas aos desvios da qualidade dos produtos

farmacêuticos.

Segundo a Resolução RE n° 899 da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (BRASIL, 2003) e a USP 31ª ed. (2008b), a validação deve garantir, por

meio de estudos experimentais, que o método atenda às exigências das

aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados. Para tanto,

deve atender alguns parâmetros adequados a cada tipo de análise, tais como:

seletividade, linearidade, precisão e exatidão. A avaliação dos perfis de

dissolução com metodologia validada serve de base para estudos clínicos futuros,

visando sempre uma correlação com a aplicação terapêutica.

Objetivos 52

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar o perfil de dissolução das principais formas farmacêuticas de

progestagênios disponíveis no mercado brasileiro, para suporte de fase lútea, no

tratamento de infertilidade.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar o perfil de dissolução da didrogesterona sob a forma farmacêutica

de comprimidos revestidos;

Comparar o perfil e a cinética de dissolução da progesterona micronizada

sob a forma de cápsulas de gelatina mole, proveniente de diferentes

laboratórios farmacêuticos;

Realizar ensaio de liberação in vitro da progesterona micronizada,

veiculada em gel, nos equipamentos – Dissolutor com acessório Enhancer

Cells e Células de Difusão tipo Franz e comparar os resultados;

Comparar os testes de liberação in vitro da progesterona micronizada sob a

forma de óvulos e supositórios manipulados, provenientes de diferentes

farmácias magistrais.

Ensaios de Liberação In Vitro 53

4 ENSAIOS DE LIBERAÇÃO IN VITRO

4.1 Experimento 1

Fármaco estudado:

Comprimido revestido de didrogesterona

Apresentação:

Duphaston® 10mg

Descrição do fármaco proposto para este estudo:

Didrogesterona é um progestagênio que tem uma estrutura molecular

semelhante à progesterona e grande afinidade pelos Receptores de

Progesterona (RP). É um isômero óptico da progesterona natural. Sua estrutura

conformacional a torna um fármaco metabolicamente estável e efetivo por via

oral.

4.1.1 MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

Os equipamentos, produtos e reagentes utilizados no experimento estão

descritos nos Quadros 4 e 5.

Ensaios de Liberação In Vitro 54

Quadro 4: Relação dos equipamentos utilizados na realização do experimento 1.

Descrição Fabricante

Balança Analítica Gehaka (modelo AG 200)

Balança Semianalítica Tecnal (modelo B TEC 1300)

Cromatógrafo líquido de alta eficiência Varian (injeção automática)

Amostrador Modelo Pro Star 410

Detector Modelo Pro Star 325

Bomba Modelo Pro Star 210

Sistema de aquisição Galaxie versão 1,9 work station

Centrífuga Sigma (modelo 3-18K)

Coluna ChromSep SS Chromspher C18

(250mm x 4,6mm, 5m) Varian

Deionizador Quimis

Dissolutor Varian (modelo Vankel 7000)

Desintegrador Nova Ética (modelo 301/AC

Espectrofotômetro UV/Vis Varian (modelo Cary 50)

Lavadora Ultrassônica Unique (modelo USC 1400)

Milli Q Gradiente Millipore®

Mini incubadora com agitação orbital Marconi (modelo MA 410)

Paquímetro Fisher Sientific

Software Microsoft® Excel (Office 2007)

Forno para coluna cromatográfica Varian (modelo Metathum)

Quadro 5: Relação dos reagentes e produtos utilizados na realização do experimento 1.

Descrição Fabricante Lauril sulfato de sódio Vetec (lote 048783)

Álcool isopropílico (grau HPLC) JT. Baker (lote AZ3B21)

Metanol (grau HPLC) JT. Baker (lote 627E17)

Acetonitrila (grau HPLC) JT. Baker (lote HLI7812)

Comprimidos contendo didrogesterona (10mg), lactose monohidratada, mehidroxipropilcelulose, amido de milho, sílica coloidal anidra, estearato de magnésio, polietilenoglicol 400 e dióxido de silício.

Data de fabricação: 01/2009 e data de validade: 12/2013.

(lote:513300)

Ensaios de Liberação In Vitro 55

Métodos

Método de quantificação

Segundo a USP 30ªEd. (2007), a didrogesterona é quantificada por

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), seguindo os seguintes

parâmetros: fase móvel composta por água, álcool isopropílico e acetonitrila na

proporção de 56:23:21; fase estacionária utilizando coluna C18 (150 mm x 4,6

mm, 3 μm – VARIAN); fluxo de 1,0 mL/min; comprimento de onda de 280 nm e

forno externo a 40°C. Algumas alterações, no entanto, foram propostas. Foi

utilizada uma coluna C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 μm – VARIAN) e o comprimento

de onda de 285 nm, haja vista que esse foi o comprimento de onda de

absorbância máxima encontrado no scan realizado em espectrofotômetro.

Conhecido o método e definidos os parâmetros para a quantificação do

fármaco, preparou-se uma curva padrão ou de calibração para poder gerar a

equação da reta e, posteriormente, quantificar o fármaco presente nas amostras

obtidas.

Curva padrão ou curva de calibração

A curva de calibração foi elaborada por meio de diluições volumétricas

feitas a partir da solução-estoque, preparada com uma concentração de 0,1

mg/mL, utilizando-se a fase móvel como diluente. As soluções de trabalho foram

preparadas utilizando-se concentrações de 1 g/mL a 24 g/mL.

Testes Físicos

Peso médio de comprimidos revestidos

O peso médio foi realizado segundo critérios estabelecidos pela Farm.

Bras. 4ªEd. (1988). Vinte comprimidos foram pesados individualmente e seus

valores foram avaliados segundo os limites de variação especificados no Quadro

6:

Ensaios de Liberação In Vitro 56

Quadro 6: Limites de variação para comprimidos (n = 20).

Formas Farmacêuticas Peso Médio Limites de Variação

Comprimidos não-revestidos ou revestidos,

comprimidos efervescentes, comprimidos

sublinguais, comprimidos vaginais e pastilhas

Até 80 mg

Acima de 80mg e até 250mg

Acima de 250mg

10,0%

7,5%

5,0%

Teor

De acordo com a USP 30ªEd. (2007), o teor da didrogesterona deve

estar entre 90 e 110%, e o solvente utilizado durante a análise deve ser a fase

móvel utilizada no método de quantificação. Sendo assim, para determinar o teor

dos comprimidos, as 20 unidades utilizadas na realização do peso médio foram

triturados e uma quantidade correspondente ao valor do peso médio encontrado

foi pesada e transferida para um balão volumétrico de 500 mL, obtendo-se uma

concentração final de 20 µg/mL.

Uniformidade de conteúdo

A avaliação foi realizada segundo a USP 30ªEd. (2007). Assim, foram

utilizadas 10 unidades dos comprimidos, que foram individualmente pesados,

transferidos para balões volumétricos e dissolvidos em fase móvel. Em seguida,

foram feitas diluições com o objetivo de alcançar a mesma concentração final

teórica obtida no ensaio do teor.

Desintegração

De acordo com a Farm. Bras. 4ªEd. (1988), comprimidos revestidos

possuem 60 minutos para se desintegrar por completo, utilizando-se água como

meio e seis unidades da forma farmacêutica. Sendo assim, o teste foi realizado

em desintegrador, obedecendo-se aos parâmetros especificados.

Ensaios de Liberação In Vitro 57

Dissolução

Os parâmetros utilizados nos ensaios de dissolução estão especificados

na USP 30ªEd. (2007). Ela traz um meio de dissolução composto por água

adicionada de 0,3% de lauril sulfato de sódio, um volume de 500 mL, o

dispositivo pá, velocidade de rotação de 100 rpm e porcentagem do fármaco

dissolvida (Qt) de 75% em até 60 minutos.

O teste foi realizado com seis unidades do produto, coletando-se 2,0mL

da amostra nos tempos de 5, 15, 30, 45 e 60 minutos, sem reposição de meio

fresco, sendo as amostras quantificadas, sem diluição, pelo método CLAE com

as especificações anteriormente descritas.

4.1.2 RESULTADOS/ DISCUSSÃO

Método de quantificação

O método de quantificação mostrou-se adequado, pois apresentou

tempo de retenção relativamente curto, simetria adequada e número de pratos

teóricos acima de 2000, como demonstrado no cromatograma exposto na Figura

8.

Figura 8: Cromatograma obtido da leitura da amostra de didrogesterona preparada em fase móvel.

Ensaios de Liberação In Vitro 58

Curva padrão ou curva de calibração

A curva padrão gerada apresentou resultados satisfatórios, pois forneceu

um coeficiente de correlação acima de 0,99, como especificado pela Resolução

n° 899/2003 (BRASIL, 2003a). O coeficiente de correlação corresponde à raiz

quadrada do coeficiente de determinação. A reta foi traçada e a equação da reta

foi gerada, como demonstrado na Figura 9.

Figura 9: Curva padrão juntamente com a equação da reta e o coeficiente de determinação.

Testes Físicos

Peso médio de comprimidos revestidos

O peso médio dos comprimidos revestidos contendo didrogesterona foi

obtido das unidades avaliadas. Nenhuma apresentou resultado fora dos limites

de variação de peso, como ilustrado na Tabela 1.

Ensaios de Liberação In Vitro 59

Tabela 1: Peso médio dos comprimidos de didrogesterona (n=20)

Peso Médio, Tamanho e Forma - Duphaston®10mg

Amostras Pesos

individuais(g) Diâmetro

(mm) Altura (mm)

1 0,1432 7,09 3,34

2 0,1442 7,1 3,37

3 0,1442 7,12 3,36

4 0,1460 7,13 3,37

5 0,1476 7,14 3,42

6 0,1433 7,1 3,35

7 0,1475 7,14 3,41

8 0,1416 7,11 3,34

9 0,1445 7,11 3,38

10 0,1453 7,13 3,4

11 0,1473 7,14 3,39

12 0,1448 7,13 3,42

13 0,1476 7,13 3,42

14 0,146 7,13 3,41

15 0,1443 7,13 3,37

16 0,1412 7,13 3,33

17 0,148 7,14 3,45

18 0,1441 7,13 3,4

19 0,1433 7,14 3,38

20 0,1468 7,11 3,43

Média 0,1450 7,12 3,39

DP 0,0020 0,015 0,033

DPR 1,3902 0,216 0,987 Limite inferior

0,1305 7,10 3,33

Limite Superior

0,1595 7,14 3,45

Teor

O teor encontrado foi condizente com os dados especificados na

literatura, como ilustrado na Tabela 2.

Tabela 2: Teor dos comprimidos (n = 20)

Peso médio (g) Variação Teor (%)

0,145 90 - 110% 95,803

Ensaios de Liberação In Vitro 60

Uniformidade de conteúdo

Os comprimidos mostraram-se uniformes, pois apresentaram um teor

entre 90- 110%, e um desvio padrão relativo abaixo de 2%, como demonstrado

na Tabela 3.

Tabela 3: Uniformidade de conteúdo dos comprimidos (n = 10)

Amostras Pesos

individuais(g) Concentração (%)

1 0,1436 98,8

2 0,1457 100,2

3 0,1458 100,3

4 0,1443 99,2

5 0,1447 99,5

6 0,1460 100,4

7 0,1467 100,9

8 0,1422 97,8

9 0,1482 101,9

10 0,1467 100,9

Média 0,145 100,0

DP 0,002 1,187

DPR 1,192 1,188

Desintegração

Os comprimidos foram aprovados no teste de desintegração, pois todas

as seis unidades utilizadas se desintegraram em menos de 12 minutos.

Dissolução

Os comprimidos foram aprovados em primeiro estágio no ensaio de

dissolução, pois todas as unidades apresentaram mais de 85% de fármaco

dissolvido ao final dos 60 minutos, como mostrado na Tabela 4 e na Figura 10.

Ensaios de Liberação In Vitro 61

Tabela 4: Perfil de dissolução dos comprimidos revestidos contendo didrogesterona

Tempo (min) Porcentagem dissolvida

Comprimidos (média DP)

5

15

30

45

60

31,813

76,494

89,133

91,408

91,642

16,697

13,309

3,061

1,336

1,937

Figura 10: Perfil de dissolução dos comprimidos revestidos.

Portanto, o produto em estudo é classificado como pertencendo à

categoria de formas farmacêuticas de liberação imediata: o sistema farmacêutico

serve apenas de suporte da substância ativa, pouco interferindo nas

características da liberação. Embora haja divergência entre alguns documentos

oficiais, a Food and Drug Administration (FDA) estabelece que, de acordo com

as características biofarmacêuticas do fármaco, estas formas farmacêuticas

deverão liberar 85% do fármaco entre 15 e 60 minutos (FDA-CDER., 1997;

COSTA, 1999).

Ensaios de Liberação In Vitro 62

A progesterona induz a transformação secretória do endométrio. Em um

endométrio previamente estimulado pelo estrogênio, a progesterona favorece a

receptividade endometrial (WHITEHEAD et al., 1980). O conceito de janela de

implantação se refere a um curto período no qual o epitélio endometrial adquire

uma condição funcional que permite a adesão do blastocisto e a sua posterior

implantação (MARTIN et al., 2002). A diminuição da receptividade endometrial é

considerada a principal responsável por baixas taxas de implantação em

fertilização in vitro (PAULSON et al., 1990).

A progesterona também promove vasodilatação e relaxamento da

musculatura uterina por induzir a síntese de óxido nítrico (BULLETTI; DE

ZIEGLER, 2005). A importância do relaxamento no dia da transferência

embrionária foi estudada por Franchin et al. O estudo avaliou as consequências

das contrações uterinas, visualizadas por ultrassonografia, durante a

transferência embrionária. Os resultados indicam que, uma alta frequência de

contrações no dia da transferência é prejudicial, provavelmente, por possibilitar a

expulsão dos embriões da cavidade uterina. Uma correlação negativa entre a

frequência de contrações e as concentrações de progesterona foi detectada

reforçando os benefícios da progesterona na FIV (FANCHIN et al., 1998).

Fica evidente nos estudos citados, que níveis séricos adequados de

progesterona, tem impacto favorável na receptividade endometrial e nas taxas

de gravidez. A didrogesterona na apresentação de comprimidos revestidos se

apresenta como uma forma farmacêutica de liberação imediata. Como o

principal fator limitante da absorção nos fármacos pertencentes à classe II do

SCB é a taxa de dissolução, é possível inferir que uma forma farmacêutica com

as características demonstradas pelo produto estudado terá uma absorção

otimizada e boa biodisponibilidade.

Na literatura, são encontradas divergências quanto à equivalência com

as formas farmacêuticas de administração vaginal. Chakravarty e colaboradores

(CHAKRAVARTY et al., 2005) conduziram um estudo prospectivo, randomizado

(n=430), no qual se comparou a eficácia, segurança e tolerabilidade da

Ensaios de Liberação In Vitro 63

didrogesterona com a progesterona micronizada por via vaginal, como suporte

de fase lútea, após FIV. Os resultados demonstraram taxas de gravidez

similares (24.1 vs. 22.8%, respectivamente).

Contrário a estes resultados, tem sido demonstrado que a progesterona

micronizada administrada por via vaginal é mais efetiva que a didrogesterona em

promover modificações endometriais que favoreçam a receptividade (PELLICER

et al., 1989; FATEMI, BOURGAIN; et al., 2007). Assim, mais estudos

randomizados, controlados, são necessários antes que se chegue a conclusões

definitivas.

Ensaios de Liberação In Vitro

64

4.2 Experimento 2

Fármaco estudado: Cápsulas de gelatina mole

Apresentações:

Utrogestan® (Produto A) – Progesterona natural micronizada -200mg.

Excipiente:lecitina de soja e óleo de amendoim.

Evocanil® (Produto B) – Progesterona natural micronizada-200mg.

Excipiente: Lecitina de soja, óleo de milho e

óleo vegetal hidrogenado.

Características da forma farmacêutica estudada:

Cápsulas de gelatina mole são formadas por uma matriz líquida ou

semissólida incorporada em um invólucro de gelatina externo monolítico,

constituído por gelatina, água e plastificantes, estando o fármaco em solução ou

suspensão na matriz de enchimento da cápsula. Tal matriz tem características

lipofílicas (triglicerídeos de óleos vegetais) e contém diversos adjuvantes como,

por exemplo, um ou mais tensoativos com a função de auxiliar na estabilidade,

molhabilidade ou, ainda, permeabilidade do fármaco (HITCHISON, 2005).

Cápsulas moles preenchidas com veículos capazes de se

autoemulsionar. Devido a sua habilidade de formar fina emulsão óleo em água,

oferecem melhor potencial para liberação de fármacos hidrofóbicos e fracamente

absorvíveis após administração oral (PILLAY ;FASSIHI, 1999).

4.2.1 MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

Os equipamentos, produtos e reagentes utilizados no experimento estão

descritos nos Quadros 7 e 8.

Ensaios de Liberação In Vitro

65

Quadro 7: Relação dos equipamentos utilizados na realização do experimento 2.

Descrição Fabricante

Agitador magnético com aquecimento Nova Ética (modelo 114N) Balança Analítica Gehaka (modelo AG 200)

Balança Semianalítica Tecnal (modelo B TEC 1300) Banho-Maria Fisatom (modelo 552)

Cromatógrafo líquido de alta eficiência Varian (injeção automática) Amostrador Modelo Pro Star 410

Detector Modelo Pro Star 325 Bomba Modelo Pro Star 210

Sistema de aquisição Galaxie versão 1,9 work station Centrífuga Sigma (modelo 3-18K)

Coluna ChromSep SS Chromspher C18

(250mm x 4,6mm, 5m)

Varian

Deionizador Quimis Dissolutor Varian (modelo Vankel 7000)

Espectrofotômetro UV/Vis Varian (modelo Cary 50) Lavadora Ultrassônica Unique (modelo USC 1400)

Milli Q Gradiente Millipore® Mini incubadora com agitação orbital Marconi (modelo MA 410)

Paquímetro Fisher Sientific Software Microsoft® Excel (Office 2007)

Quadro 8: Relação dos reagentes e produtos utilizados na realização do experimento 2.

Descrição Fabricante Ácido Acético Glacial Quimex (lote 26968) Acetato de sódio monohidratado Quimex (lote 25476) Lauril sulfato de sódio Vetec (lote 048783) Lecitina de soja Caramuru (Lécet 150M,

LF1170309T03) Metanol (grau HPLC) JT. Baker (lote 627E17) Óleo de amendoim Midelt (AME089/08) Óleo de milho Liza (L08C) Óleo vegetal hidrogenado Produto A: cápsula de gelatina mole (progesterona micronizada 200mg suspensa em óleo de amendoim e lecitina de soja) de uso oral e vaginal

Lotes: 1172,1207,1218

Produto B: cápsula de gelatina mole (progesterona micronizada 200mg suspensa em óleo de milho, óleo vegetal hidrogenado e lecitina de soja) de uso oral e vaginal

Lotes: 83506,83614,84115

Progesterona (substância de referência) Sigma-Aldrich Teor 99% (lote: 096K1209)

Progesterona micronizada DEG (lote: 08124#2)

Ensaios de Liberação In Vitro

66

Métodos

Método de quantificação

O fármaco foi quantificado por CLAE, utilizando-se metodologia proposta

por Valenta et al. (2001), adaptada e validada por Berretta (2010). Seguiu os

seguintes parâmetros: coluna C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm – Varian) como fase

estacionária, metanol e água (90:10) como fase móvel, fluxo de 1,0 mL/min,

comprimento de onda de 240 nm, volume de injeção de 20 µL e forno para coluna

na temperatura de 30ºC.

Perfil de dissolução (Produtos A e B)

O perfil de dissolução foi realizado com seis unidades de cada produto.

Foram utilizados três lotes de cada (Produto A – lotes 1172, 1207, 1218 e Produto

B – lotes 83506, 83614, 84115), sendo adquiridos aleatoriamente no mercado

brasileiro. Para a realização do perfil de dissolução dos produtos, utilizou-se o

dissolutor VK 7000 (Varian) e o método de dissolução desenvolvido e validado

com as condições especificadas no Quadro 9.

Quadro 9: Especificações para a determinação do perfil de dissolução da progesterona.

Parâmetros Condições Meio de dissolução

Volume de meio Dispositivo

Velocidade de rotação/agitação Temperatura

Volume de coleta Tempos de coleta

TAS pH 4,5 + 3,0% LSS 1000 mL

II USP (Pá) 150 rpm

37ºC 0,5ºC 3,0 mL

0,5, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas

Cada cápsula dos produtos avaliados foi adicionada às respectivas cubas

contendo 1000 mL do meio de dissolução aquecido a 37°C e agitada numa

velocidade de 150 rpm com auxílio do dispositivo pá. Nos tempos de 0,5, 1, 2, 3,

4, 5, 6, 7 e 8 horas foram coletados, manualmente, 3,0 mL de cada cuba, sem

reposição de meio, com auxílio de cânula de metal, seringa de plástico de 3,0 mL

Ensaios de Liberação In Vitro

67

e filtro tipo porcelana. Em seguida, as amostras foram filtradas em membranas de

Polyvinylidene Fluoride (PVDF), com porosidade de 0,45 μm, diluídas em metanol

(1:1), homogeneizadas, e, novamente, filtradas (PVDF) com porosidade de 0,45

μm) e quantificadas por CLAE.

As quantidades dissolvidas em cada alíquota coletada foram obtidas

utilizando-se a equação da reta resultante da média de três curvas-padrão feitas

com a mistura de metanol e tampão acetato de sódio pH 4,5 adicionado de 3,0%

de lauril sulfato de sódio (1:1), observando-se as devidas correções (diluição e

volume retirado). O resultado foi expresso em porcentagem de fármaco dissolvido

em função do tempo. Os resultados obtidos nos perfis de dissolução foram

avaliados estatisticamente por meio de análise de variância (ANOVA) em

esquema fatorial e Tukey.

A comparação dos perfis obtidos no presente estudo foi também realizada

por meio da determinação dos fatores f1 e f2.

O fator de diferença (f1) indica a porcentagem de diferença entre os dois

perfis de dissolução e pode ser calculado através da seguinte equação:

FATOR DE DIFERENÇA (f1)

Equação 1

100

Tt

TtRt

fn

0t

n

1t1

Onde:

n é a quantidade de tempos utilizados;

Rt é o valor de dissolução do produto referência do grupo do tempo t;

Ensaios de Liberação In Vitro

68

Tt é o valor de teste da dissolução do grupo no tempo t.

O fator de similaridade (f2) indica a média da similaridade da porcentagem

de dissolução entre os dois perfis. É calculado de acordo com a equação abaixo:

FATOR DE SIMILARIDADE (f2)

Equação 2

100x

TtRtn/11

1log50f

n

1t

2

2

Onde:

n é a quantidade de tempos utilizados;

Rt é o valor de dissolução do produto referência do grupo do tempo t;

Tt é o valor de teste da dissolução do grupo no tempo t.

Cinética de dissolução e estudo dos perfis obtidos

Os perfis de dissolução (produtos A e B) foram comparados por meio da

eficiência de dissolução, método modelo independente, na qual se define a área

sob a curva de dissolução até um determinado tempo t, exprimindo-se como uma

porcentagem da área do retângulo correspondente a 100% de dissolução do

mesmo período de tempo e expresso de acordo com a Equação 3 (MANADAS et

al., 2002).

Ensaios de Liberação In Vitro

69

Equação 3 ED(%) = ASC x 100

Aret

Onde:

ED(%) = eficiência de dissolução;

ASC = corresponde à área sob a curva de dissolução em função do

tempo;

Aret = corresponde à área total do retângulo definido por 100% de

dissolução e pelo tempo limite do ensaio.

A comparação entre os lotes dos dois produtos avaliados foi feita por

ordem de aquisição dos produtos. Os valores de eficiência de dissolução obtidos

foram estatisticamente verificados por meio de análise de variância (ANOVA).

Os resultados dos perfis de dissolução (produtos A e B) também foram

submetidos a cálculos matemáticos utilizando o programa Curve Expert 1.4,

seguindo-se os modelos dependentes de ordem zero, Higuchi (pseudo primeira

ordem) e primeira ordem. Os cálculos foram feitos baseados nas Equações 4, 5 e

6 para cada modelo, respectivamente. Os coeficientes de correlação foram

determinados por meio das porcentagens de fármaco dissolvido em função do

tempo.

Equação 4 Q1=Q0+K0t

Equação 5 InQ1=InQ0 + K1t

Onde:

Q1 = representa a quantidade de fármaco liberada no tempo t;

Ensaios de Liberação In Vitro

70

Q0 = representa a quantidade inicial de fármaco na solução, sendo zero na

maior parte das vezes;

K0 = representa a constante de liberação de ordem zero;

K1 = representa a constante de liberação de primeira ordem;

ln = função logarítmica neperiana.

Equação 6 ft = KH t1/2

Onde:

ft = representa a quantidade de fármaco dissolvido no tempo t;

KH = representa a constante de dissolução de Higuchi;

t1/2 = corresponde à raiz quadrada do tempo.

Validação do método de dissolução

O método de dissolução foi validado segundo os critérios estabelecidos pela

USP 31ª ed. (2008b). Foram avaliados os parâmetros de especificidade, linearidade,

exatidão (recuperação) e precisão, além da estabilidade da progesterona em meio de

dissolução. A validação foi aplicada para as duas especialidades farmacêuticas (produto

A e B) em estudo prévio (BERRETTA, 2010).

4.2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O perfil de dissolução dos produtos A e B, dos três lotes de cada

especialidade farmacêutica, foi obtido por meio de coletas seriadas com intervalos

de tempo pré-definidos no Quadro 9. Os valores médios com os respectivos

desvios-padrão para cada um dos produtos avaliados encontram-se nas Tabelas

5, 6 e 7. As Figuras 11, 12 e 13 ilustram o perfil de dissolução dos três lotes dos

produtos avaliados (A e B) e demonstram que, em todos os lotes avaliados, houve

Ensaios de Liberação In Vitro

71

a dissolução de 80% do fármaco até a quarta hora de estudo, ou seja, todos estão

dentro das especificações definidas no método de dissolução desenvolvido e

validado.

Tabela 5: Perfil de dissolução (n=6) dos produtos A (lote 1172) e B (lote 83506)

Tempo (horas) Porcentagem dissolvida

Produto A (média DP) Produto B (média DP)

0,5 13,3a 1,74 21,6b 19,3

1 24,8a 3,43 40,1b 7,07

2 48,7a 8,80 64,5b 12,27

3 71,2a 13,46 83,6b 11,71

4 85,4a 11,06 91,3a 5,69

5 92,6a 5,86 94,6a 1,64

6 96,3a 1,34 94,4a 1,25

7 97,5a 0,70 95,7a 1,43

8 98,7a 0,56 96,7a 1,34

a e b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e, seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 11: Comparação do perfil de dissolução (p<0,05 em 0,5h, 1h, 2h e 3h).

Ensaios de Liberação In Vitro

72

Tabela 6: Perfil de dissolução (n=6) dos produtos A (lote 1207) e B (lote 83614).

Tempo (horas) Porcentagem dissolvida

Produto A (média DP) Produto B (média DP)

0,5 13,6a 1,37 23,3b 1,06

1 25,4a 2,29 40,9b 6,13

2 43,5a 5,95 63,8b 10,28

3 65,7a 11,55 82,0b 8,03

4 83,1a 10,38 93,8a 1,85

5 94,3a 6,10 97,0a 1,08

6 98,2a 2,25 97,8a 1,21

7 100,4a 0,24 97,0a 1,36

8 101,0a 0,56 98,7a 1,12

a e b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e, seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 12: Comparação do perfil de dissolução (p< 0,05 em 0,5h,1h, 2h, 3h e 4h).

Ensaios de Liberação In Vitro

73

Tabela 7: Perfil de dissolução (n=6) dos produtos A (lote 1218) e B (lote 84115)

Tempo (horas) Porcentagem dissolvida

Produto A (média DP) Produto B (média DP)

0,5 8,5a 0,94 18,6b 1,90

1 19,2a 1,04 35,2b 4,92

2 38,2a 2,78 61,6b 9,45

3 59,4a 6,71 84,7b 9,49

4 80,5a 9,38 96,6a 2,79

5 92,1a 7,29 100,2a 0,39

6 95,7a 3,82 100,6a 0,24

7 97,8a 1,29 101,2a 1,04

8 99,3a 0,92 102,4a 2,00

a e b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e, seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 13: Comparação do perfil de dissolução entre o produto A e B (p<0,05 em 0,5h,

1h, 2h, 3h e 4h).

Os resultados foram estatisticamente avaliados por meio de análise

fatorial 2x9, utilizando ANOVA e Tukey, comprovando que houve diferença

significativa em relação à condição do teste, ao tempo e à interação dos perfis de

Ensaios de Liberação In Vitro

74

dissolução comparativos entre os produtos A e B. Em relação aos tempos

avaliados, houve diferença significativa entre os quatro, cinco e seis primeiros

tempos, respectivamente (Tabelas 5, 6 e 7), levando-se em consideração um

intervalo de confiança de 95% (p< 0,05). Os lotes dos produtos foram comparados

aleatoriamente em função da data de aquisição, considerando-se a proximidade

da data de fabricação.

Após a análise dos resultados apresentados nas Tabelas 5, 6 e 7 e

Figuras 11, 12 e 13 observa-se que o produto B proporcionou a dissolução do

fármaco uma hora a menos do que o produto A, em todos os três lotes avaliados.

Acredita-se que tal resultado possa ter sido em função de uma maior quantidade

de lecitina de soja presente na formulação do produto B, que promoveu melhor

dispersão das gotículas (menor tamanho) por meio da redução da tensão

interfacial e, consequentemente, acelerou a solubilização do fármaco. Acredita-se,

também, que a dissolução do produto B em um menor tempo possa ter sido em

função da sua menor viscosidade, visto que tal fato facilita a dispersão das

gotículas e a passagem do fármaco pela camada de difusão. A formulação A é

descrita como uma suspensão de progesterona micronizada no veículo oleoso, o

que também pode ser aplicado à formulação B. Porém, em razão da solubilidade

da progesterona no óleo vegetal, é possível que proporções diferentes do fármaco

estejam dissolvidas no veículo de cada uma das formulações (BERRETTA, 2010).

Os ensaios de dissolução dos produtos A e B estão ilustrados, por fotos

sequenciais (1-8) nos anexos 2 e 3, respectivamente.

O tipo de lipídeo presente nas formulações A e B (óleo de amendoim e

óleo de milho, respectivamente), não foi, provavelmente, a razão para a

modificação do processo de dissolução da progesterona, haja vista que os dois

tipos de óleos são semelhantes em termos de comprimento da cadeia, ou seja, os

dois são do tipo cadeia longa. Estudo avaliando a influência do tamanho da

cadeia do óleo por meio de lipólise e biodisponibilidade verificou que formulações

contendo progesterona em lipídeos de cadeia média possuíram um melhor

desempenho quando comparadas com os outros tipos (PORTER et al., 2007).

Ensaios de Liberação In Vitro

75

Foi avaliado o teor das duas especialidades farmacêuticas, sendo que o

produto A apresentou maior teor que o produto B, 101,1% e 96,4%,

respectivamente. Por isso, o produto A apresentou maior percentual dissolvido ao

final do ensaio, conforme ilustrado na Figura 14.

Figura 14: Gráfico em dispersão do comparativo do teor entre produto A e produto B.

A comparação dos perfis de dissolução obtidos a partir dos produtos

avaliados no presente estudo, foi também estabelecida por meio de fatores f1 e

f2, do estudo de cinética e da eficiência de dissolução.

Apesar da aplicação do modelo independente f1 e f2 ser mais utilizado

para comparar um produto referência com o produto teste, e, no presente estudo,

estas denominações não serem aplicadas aos produtos avaliados, optamos por

associar mais um método de comparação, o que certamente fornecerá

informações mais precisas sobre o comportamento de dissolução dos produtos.

Os fatores f1 e f2 foram calculados segundo os critérios estabelecidos

pela literatura. A semelhança ou equivalência de dois perfis é observada quando

os valores de f1 se apresentarem entre 0 e 15, e os de f2, entre 50 e 100 (FDA

Guidance, 1997).

Ensaios de Liberação In Vitro

76

Os resultados obtidos indicaram não haver diferença entre os produtos A

e B quando se considera o produto A como referência e o compara com o produto

B (f1 – 10,06; f2 –53,73), conforme demonstrado na Tabela 8.

Tabela 8: Índice de diferença e de similaridade do produto B, tendo o produto A como valor de referência.

Tipo Índice (%)

Diferença (f1)

10,06

Similaridade (f2) 53,73

O fato se repete quando se considera o produto B como referência (f1 – 9,26; f2

–53,73) e o compara com o produto A conforme demonstrado na Tabela 9.

Tabela 9: Índice de diferença e de similaridade do produto A tendo o produto B como valor de referência.

Tipo Índice (%)

Diferença (f1)

9,26

Similaridade (f2) 53,73

Cinética de dissolução e estudo dos perfis obtidos (produtos A e B)

Método modelo independente

Os resultados apresentados nas Tabelas 10, 11 e 12 demonstram que o

produto B apresentou maior eficiência de dissolução do que o produto A, em

todos os três lotes avaliados. Os lotes dos produtos foram comparados

aleatoriamente, em função da data de aquisição, considerando-se a proximidade

da data de fabricação.

Ensaios de Liberação In Vitro

77

Tabela 10: Eficiência de dissolução (n=6) dos produtos A (lote 1172) e B (lote 83506).

Cubas Produto A (%) Produto B (%) 1 68,72 76,45

2 69,84 81,69

3 76,43 85,36

4 73,84 81,07

5 77,44 81,47

6 63,78 72,18

Média 71,68a 79,70b

DP 5,195 4,650

DPR 7,249 5,834 a e b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e, seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05)

Tabela 11: Eficiência de dissolução (n=6) dos produtos A (lote 1207) e B (lote 83614).

Cubas Produto A (%) Produto B (%) 1 66,65 76,45

2 68,21 82,16

3 76,17 83,77

4 69,22 79,65

5 74,20 72,21

6 62,05 76,33

Média 69,42a 78,93b

DP 5,136 3,496

DPR 7,399 4,430 a e b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e, seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05)

Tabela 12: Eficiência de dissolução (n=6) dos produtos A (lote 1218) e B (lote 84115).

Cubas Produto A (%) Produto B (%)

1 67,21 72,31

2 67,47 76,83

3 69,35 84,51

4 69,29 77,69

5 69,03 79,69

6 59,44 72,66

Média 66,97a 77,28b

DP 3,803 4,572

DPR 5,678 5,915 a e b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e, seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05)

Ensaios de Liberação In Vitro

78

Os resultados foram avaliados por meio de análise de variância (ANOVA),

comprovando que houve diferença significativa em relação à eficiência de

dissolução, dos produtos analisados, levando-se em consideração um intervalo de

confiança de 95% (p < 0,05). Através do cálculo da eficiência de dissolução

avalia-se não apenas a quantidade de fármaco que foi liberada da forma

farmacêutica ao final de um tempo determinado, mas também a cinética de

liberação ao longo de todo o período em questão (MANADAS et al., 2002).

Método modelos dependente

A determinação do modelo que rege a cinética de dissolução das

especialidades farmacêuticas foi avaliada por meio dos coeficientes de correlação

gerados a partir da construção da curva para cada modelo estudado, sendo o

modelo de escolha representado por aquele que apresentou maior coeficiente de

correlação. Por isso, foi verificado que as duas especialidades farmacêuticas

apresentaram a cinética de liberação de primeira ordem, como ilustrado na Tabela

13.

Tabela 13: Coeficientes de correlação gerados a partir da avaliação da cinética de

dissolução apresentadas para os produtos A e B.

Modelos Coeficiente de correlação

Produto A Produto B

Lotes 1172 1207 1218 83506 83614 84115

Ordem Zero 0,9248 0,9481 0,9453 0,8671 0,8788 0,8816

Primeira Ordem 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999

Higuchi 0,9718 0,9811 0,9810 0,9366 0,9443 0,9456

A cinética de primeira ordem parte do pressuposto de que a velocidade de

dissolução depende da relação quantidade dissolvida de fármaco e quantidade

remanescente deste na matriz, ou seja, a liberação do fármaco é proporcional à

quantidade de fármaco que permanece na forma farmacêutica, sendo sua

liberação diminuída por unidade de tempo. Os métodos modelo dependente e

Ensaios de Liberação In Vitro

79

independente permitem verificar a semelhança do comportamento da dissolução

dos diferentes produtos avaliados (PORTA et al., 2002). A cinética e a eficiência

de dissolução apresentam-se como parâmetros sensíveis à diferenciação entre os

produtos, sendo a eficiência de dissolução um parâmetro mais discriminatório.

O estudo de dissolução in vitro avalia o desempenho do produto, ou seja,

sua capacidade de liberar o fármaco da forma farmacêutica e disponibilizá-lo para

ser absorvido, bem como a forma com que isso ocorre (cinética). A capacidade de

predizer o desempenho do fármaco por meio de dados obtidos em testes de

liberação in vitro, de produtos administrados em forma de solução lipofílica é

discutida. O maior fator limitante no mecanismo de liberação da droga é a

capacidade de se liberar do veículo oleoso e se dispersar nos meios de

dissolução (WENG LARSEN; LARSEN, 2009). Assim, dependendo das

características do fármaco e da formulação, há como fazer uma previsão de como

será seu comportamento in vivo. No entanto, não há como comparar produtos in

vitro e afirmar qual produto terá melhor desempenho in vivo ou se terão o mesmo

desempenho. Isso só é possível após a realização da CIVIV feita por meio de

ensaios de dissolução in vitro e de estudos de biodisponibilidade in vivo com as

especialidades farmacêuticas em estudo (BERRETTA, 2010).

Ensaios de Liberação In Vitro

80

4.3 Experimento 3

Produto estudado:

Progesterona micronizada veiculada em gel Apresentação:

Crinone ®

Crinone 8% é um gel de uso vaginal bioaderente, que contém 90 mg de

progesterona micronizada em sistema de emulsão. O veículo de transporte é

composto por uma emulsão de óleo e água, contendo policarbofilo, um polímero

que se expande com água, sendo, contudo, insolúvel. A progesterona é

parcialmente solúvel, tanto nas fases oleosa como aquosa do veículo.

Cada 1,125g do gel contém 90 mg (gel a 8%) de progesterona base

associado a glicerina, óleo mineral, policárbofilo carbômero, glicerídio de óleo

vegetal hidrogenado, ácido sórbico, hidróxido de sódio e água destilada. É

dispensado em um aplicador descartável, composto por peça única de polietileno.

4.3.1 MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

Os equipamentos, produtos e reagentes utilizados no experimento estão

descritos nos Quadros 10 e 11.

Ensaios de Liberação In Vitro

81

Quadro 10: Relação dos equipamentos utilizados na realização do experimento 3.

Descrição Fabricante

Balança Analítica Gehaka (modelo AG 200) Balança Semianalítica Tecnal (modelo B TEC 1300)

Cromatógrafo líquido de alta eficiência Varian (injeção automática) Amostrador Modelo Pro Star 410

Detector Modelo Pro Star 325 Bomba Modelo Pro Star 210

Sistema de aquisição Galaxie versão 1,9 work station Centrífuga Sigma (modelo 3-18K)

Coluna ChromSep SS Chromspher C18

(250mm x 4,6mm, 5m)

Varian

Deionizador Quimis Dissolutor com acessório Enhancer

Cells Varian (modelo Vankel 7000)

Células de difusão vertical tipo Franz Microetti Plus – Hanson Research Lavadora Ultrassônica Unique (modelo USC 1400)

Membrana de PVDF (0,45M) Millipore®

Milli Q Gradiente Millipore® Software Microsoft® Excel (Office 2007)

Quadro 11: Relação dos reagentes e produtos utilizados na realização do experimento 3.

Descrição Fabricante

Ácido Acético Glacial Quimex (lote 26968)

Acetato de sódio monohidratado Quimex (lote 25476)

Lauril sulfato de sódio Vetec (lote 048783)

Metanol (grau HPLC) JT. Baker (lote 627E17)

Gel vaginal que contém 90mg (gel a

8%) de progesterona base associado à

glicerina, óleo mineral, policarbofilo

carbômero, glicerídeo de óleo vegetal

hidrogenado, ácido sórbico, hidróxido

de sódio e água purificada

(lote: C06116)

Métodos

Método de quantificação

O fármaco foi quantificado por CLAE, utilizando-se metodologia proposta

por Valenta, 2001 e adaptada e validada por Berretta, 2010, seguindo-se,

Ensaios de Liberação In Vitro

82

portanto, os seguintes parâmetros: coluna C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm – Varian)

como fase estacionária, metanol e água (90:10) como fase móvel, fluxo de 1,0

mL/min, comprimento de onda de 240 nm, volume de injeção de 20 µL e forno

para coluna na temperatura de 30ºC.

Ensaio de liberação

O ensaio de liberação in vitro de progesterona micronizada (90mg),

veiculada em gel, foi realizado em dois tipos de equipamentos – Dissolutor com

acessório Enhancer cells e Células de Difusão tipo Franz -, ditos equiparáveis

pela literatura, não havendo consenso sobre qual dos dois seria mais adequado

(MARCOLONGO, 2003).

Enhancer Cells

O ensaio de liberação in vitro foi feito em Enhancer Cells (Anexo 1 - fotos

1 e 2), cujo compartimento doador possui uma área de difusão de 1,986 cm2 e um

volume do compartimento receptor de, no máximo, 200 mL. O compartimento

doador é fechado e fica imerso no compartimento receptor durante todo o período

analisado. Para a realização do ensaio, foram utilizados os seguintes parâmetros:

fase receptora constituída por uma mistura de tampão acetato de sódio pH 4,5

adicionado de 3,0% de lauril sulfato de sódio, volume de 200 mL, temperatura de

37ºC ± 0,5ºC, velocidade de rotação de 150 rpm, dispositivo mini pá e membrana

de PVDF (0,45 µm) - previamente embebida na fase receptora. Foram utilizadas

4 cubas e, em cada compartimento doador, foi adicionada a quantidade de 200

mg do gel. Nos tempos de 1h, 4h, 8h, 24h, 48h e 72h, foram coletados,

manualmente, 3,0 mL do componente receptor com posterior reposição de meio

fresco. As amostras foram quantificadas por cromatografia líquida de alta

eficiência, conforme parâmetros previamente descritos.

Células de Difusão tipo Franz

O ensaio de liberação in vitro foi realizado em células de difusão tipo

Franz (Anexo 1 - foto 3), as quais possuem uma área de difusão de 1,777 cm2 e

Ensaios de Liberação In Vitro

83

um volume do compartimento receptor de, aproximadamente, 6,66 mL. O

compartimento doador é fechado e fica em contato com o compartimento receptor

durante todo o período analisado. Para a realização do ensaio, foram utilizados os

seguintes parâmetros: fase receptora constituída por uma mistura de tampão

acetato de sódio pH 4,5 adicionado de 3,0% de lauril sulfato de sódio,

temperatura de 37ºC ± 0,5ºC, velocidade de rotação de 150 rpm e membrana de

PVDF (0,45 µm), previamente embebida na fase receptora. Foram utilizadas 6

células e, em cada uma delas, foi adicionada a quantidade de 70 mg do gel. Nos

tempos de 1h, 4h, 8h, 24h, 48h e 72h, foram coletados, automaticamente, 1,0 mL

da solução receptora com posterior reposição de meio fresco. As amostras foram

quantificadas por CLAE, conforme parâmetros especificados no método de

quantificação, acima citado.

4.3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 14 mostra o perfil de dissolução da progesterona nos

equipamentos avaliados e demonstra que, no início e no final do ensaio, a

quantidade liberada apresentou diferença estatisticamente significativa.

Tabela 14: Perfil de dissolução nos dois equipamentos.

Tempo (h)

Quantidade liberada (µg/cm2 )

Franz (Hanson) Enhancer Cells

1 121,6a 22,2 226,7b ± 51,5

4 434,1a 51,9 604,4b ± 123,3

8 898,7a 123,8 904,6a ± 202,8

24 1464,6a 247,5 1826,1a ± 456,4

48 2050,9a ± 363,7 3103,7b ± 806,8

72 2446,2a ± 363,7 4145,7b ± 972,8

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05)

Ensaios de Liberação In Vitro

84

A Figura 15 representa a quantidade de progesterona liberada, ao longo

do tempo de ensaio, para cada equipamento testado.

Figura 15: Comparação do perfil de dissolução nos equipamentos testados (p<0,05 em 1h, 4h, 48h, 72h).

A Tabela 15 e a Figura 16 ilustram as velocidades de difusão da

progesterona, observadas por meio dos dois equipamentos testados, após

representação da quantidade de progesterona liberada em função da raiz

quadrada do tempo de ensaio.

Tabela 15: Velocidade de Liberação da Progesterona em cada equipamento.

Tempo (h) Velocidade de Liberação

Tempo ( h ) Franz Enhancer Cells

1 1,00 121,6a ± 22,2 226,7b ± 51,5

4 2,00 217,0a ± 26,0 302,2b ± 61,7

8 2,83 317,7a ± 43,8 319,8a ± 71,7

24 4,90 299,0a ± 50,5 372,7a ± 93,2

48 6,93 296,0a ± 52,5 448,0b ± 116,5

Células de Franz

Enhacer cells

Ensaios de Liberação In Vitro

85

72 8,49 288,3a ± 42,9 488,6b ± 114,6

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05)

Figura 16: Comparação da velocidade de liberação da progesterona nos

equipamentos testados (p<0.05 em 1h, 4h, 48h, 72h).

Não existe consenso sobre qual dos métodos descritos na literatura seria

mais adequado para a realização de testes de dissolução em formas

semissólidas. As células de Franz têm sido as mais empregadas nos testes para

avaliar as formas semissólidas (MARCOLONGO, 2003).

O ensaio de liberação in vitro de progesterona micronizada, veiculada em

gel, em dois tipos de equipamentos, mostrou que, no equipamento Dissolutor com

Acessório Enhancer Cells, a liberação do fármaco se manteve por um período de

72h, enquanto nas células de Franz a liberação do fármaco estabilizou em 24

horas.

Ensaios de Liberação In Vitro

86

Uma liberação satisfatória do fármaco da forma farmacêutica é pré-

requisito para a eficácia terapêutica. Os dados obtidos nos testes de dissolução

realizados no Enhancer cells são mais compatíveis com o perfil de liberação

prolongada da forma farmacêutica do produto estudado. O veículo de transporte

do fármaco é composto por uma emulsão de óleo e água, contendo um polímero

insolúvel, mas que se expande com água, o policarbófilo. Este tem a capacidade

de absorver 100 a 800 vezes o seu peso em água (PARK, 1985). A progesterona

armazena-se na fração lipofílica, suspensa em gel, criando, desta maneira, um

reservatório de liberação prolongada.

Apesar dos dois ensaios terem sido realizados em condição sink, o menor

volume do compartimento doador das células de Franz, comparado com o do

Enhancer cells, aliado ao fato da expansão do veículo de transporte,

provavelmente, foi responsável pela dificuldade em manter uma liberação

controlada e constante do fármaco para o compartimento receptor.

Ensaios de Liberação In Vitro

87

4.4 Experimento 4

Produto estudado:

Óvulos e supositórios manipulados

Descrição do fármaco proposto para este estudo:

Óvulos e supositórios contendo progesterona micronizada veiculada à

base denominada de massa para supositório ou óvulos nas farmácias A e C, e de

SUPOBASE®, na farmácia B. Apesar da base para óvulos e supositórios da

farmácia B ter o nome comercial de SUPOBASE®, e do fornecedor não ser o

mesmo das farmácias A e C, os ácidos graxos e triglicérides são os principais

componentes da base em todos os produtos avaliados.

Para fabricação da SUPOBASE®, são utilizados ácidos graxos obtidos

pela destilação fracionada, hidrogenação e cisão de óleos vegetais como coco,

babaçu, palma e soja, esterificados com glicerina. Possui baixo índice de iodo, o

que confere a essa, estabilidade quanto à oxidação, mantendo estável a sua

coloração durante a estocagem. Esta é uma base lipossolúvel, composta por 60%

de substâncias apolares e 40% de substâncias polares.

Os óvulos e supositórios necessitam ser estocados em área seca e

coberta, na temperatura ambiente e protegidos da luz.

4.4.1 MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

Os equipamentos, produtos e reagentes utilizados no experimento estão

descritos nos Quadros 12 e 13.

Ensaios de Liberação In Vitro

88

Quadro 12: Relação dos equipamentos utilizados na realização do experimento 4.

Descrição Fabricante

Balança Analítica Gehaka (modelo AG 200) Balança Semianalítica Tecnal (modelo B TEC 1300)

Cromatógrafo líquido de alta eficiência Varian (injeção automática) Amostrador Modelo Pro Star 410

Detector Modelo Pro Star 325 Bomba Modelo Pro Star 210

Sistema de aquisição Galaxie versão 1,9 work station Centrífuga Sigma (modelo 3-18K)

Coluna ChromSep SS Chromspher C18

(250mm x 4,6mm, 5m)

Varian

Deionizador Quimis Dissolutor Varian (modelo Vankel 7000)

Desintegrador Nova Ética (modelo 301/AC Lavadora Ultrassônica Unique (modelo USC 1400)

Milli Q Gradiente Millipore® Software Microsoft® Excel (Office 2007)

Quadro 13: Relação dos reagentes e produtos utilizados na realização do experimento 4.

Descrição Fabricante

Ácido Acético Glacial Quimex (lote 26968) Acetato de sódio monohidratado Quimex (lote 25476) Lauril sulfato de sódio Vetec (lote 048783) Metanol (grau HPLC) JT. Baker (lote 627E17) Supositórios manipulados comercialmente, contendo 100mg de progesterona micronizada em base de C12-C18 Triglicerid acid.

Farmácia A

Óvulos e supositórios, manipulados comercialmente, contendo 100mg de progesterona micronizada em base SUPOBASE®

Farmácia B – lotes 1 e 2

Óvulos manipulados comercialmente, contendo 100mg de progesterona micronizada em base de C12-C18 Triglicerid acid.

Farmácia C

A farmácia A comercializa a progesterona micronizada veiculada em base

para supositórios, já a farmácia C comercializa apenas na forma farmacêutica de

óvulos, enquanto a farmácia B produz as duas apresentações, óvulos e

supositórios.

Ensaios de Liberação In Vitro

89

Métodos

Método de quantificação

O fármaco foi quantificado por CLAE, utilizando-se metodologia proposta

por Valenta et al. (2001), adaptada e validada por Berretta (2010). Seguiu os

seguintes parâmetros: coluna C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm – Varian) como fase

estacionária, metanol e água (90:10) como fase móvel, fluxo de 1,0 mL/min,

comprimento de onda de 240 nm, volume de injeção de 20 µL e forno para coluna

na temperatura de 30ºC.

Ensaio de dissolução

O ensaio de dissolução para óvulos e supositórios de progesterona

micronizada (100 mg) teve como ponto de partida o método desenvolvido e

validado para cápsulas moles de gelatina, contendo o mesmo fármaco.

Inicialmente, foram utilizados os parâmetros descritos no Quadro14.

Quadro 14: Parâmetros utilizados, inicialmente, no ensaio de dissolução de óvulos contendo 100mg de progesterona micronizada.

Parâmetros Especificações

Equipamento Dissolutor VK 7000 (Varian)

Dispositivo II USP (Pá) + Afundador (Fio USP)

Velocidade de rotação 150 rpm

Meio de dissolução TAS pH 4,5 + 3,0% LSS

Volume de meio 1000mL

Tempos de coleta 5, 15, 30, 60, 120, 180, 240 e 300 minutos

Após o primeiro ensaio (Anexo 4), verificou-se a necessidade da

diminuição da velocidade de rotação, passando-se a utilizar uma velocidade de

100 rpm e uma velocidade de agitação forçada ao final do teste (200 rpm por 15

minutos). A velocidade de agitação forçada, ao final, está de acordo com a USP

(31 Ed. 2008c).

Ensaios de Liberação In Vitro

90

O ensaio de dissolução foi realizado sob condição sink, definida como um

volume de três vezes a mais da quantidade necessária para se obter uma solução

saturada de fármaco (USP, 2008b).

O procedimento foi feito utilizando-se seis unidades de cada produto

avaliado (óvulos e supositórios – farmácias A, B e C). Assim, para a realização do

ensaio de dissolução, cada unidade do produto, envolvida pelo afundador, foi

adicionada nas respectivas cubas contendo 1000 mL do meio de dissolução

aquecido a 37°C ± 0.5 °C. Nos tempos de 5, 15, 30, 60, 120, 180, 240, 300 e 315

minutos (200 rpm por 15 min), foram coletados, manualmente, 3,0 mL de cada

cuba, sem reposição de meio, com auxílio de cânula de metal, seringa de plástico

de 3,0 mL e filtro tipo porcelana. Em seguida, as amostras foram filtradas (PVDF

com porosidade de 0,45 µm), diluídas em metanol (1:1), homogeneizadas e

quantificadas por CLAE.

4.4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo referentes aos valores médios e

os respectivos desvios padrão para cada um dos produtos avaliados encontram-

se apresentados nas Tabelas 16, 17,18, 19 e 20 e nas Figuras 17, 18, 19, 20 e

21.

As análises estatísticas foram realizadas por ANOVA.

Na Tabela 16, foram observadas diferenças estatisticamente significativas

com relação à média da concentração nos tempos de 5 a 60 min. Após, não foi

detectado diferença significativa, como pode ser verificado na Figura 17.

Ensaios de Liberação In Vitro

91

Tabela 16: Perfil de dissolução de cada produto.

Porcentagem Dissolvida

Tempo (min)

Supositório Óvulos

Média ± DP Média ± DP

5 16,81a ± 10,32 52,10 b ± 25,70

15 45,69a ± 11,38 67,67b ± 20,65

30 62,25a ± 9,37 76,49b ± 11,85

60 68,48a ± 8,73 78,43b ± 8,36

120 72,84a ± 8,00 78,47a ± 9,29

180 76,18a ± 7,04 79,75a ± 8,50

240 77,90a ± 6,71 80,83a ± 8,25

300 79,62a ± 5,79 80,68a ± 7,53

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 17: Comparação do perfil de dissolução entre supositórios e óvulos (p<0,05 em

5, 15, 30 e 60 min).

Ensaios de Liberação In Vitro

92

Tabela 17: Perfil de dissolução de supositórios em diferentes farmácias.

Porcentagem Dissolvida

Tempo (min)

Farmácia A Farmácia B

Média ± DP Média ± DP

5 7,81a ± 0,59 54,11b ± 23,31

15 35,56a ± 3,67 72,80b ± 14,16

30 55,36a ± 8,40 79,23b ± 8,23

60 60,72a ± 4,33 81,12b ± 5,27

120 65,60a ± 3,71 82,80b ± 4,26

180 69,89a ± 3,62 84,07b ± 4,08

240 71,94a ± 3,70 85,09b ± 4,31

300 74,52a ± 2,86 85,13b ± 3,41

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 18: Comparação do perfil de dissolução entre supositórios da farmácia A e B

(p<0,05 em 5, 15, 30, 60, 120, 180, 240 e 300 min).

Ensaios de Liberação In Vitro

93

Tabela 18: Perfil de dissolução dos lotes de óvulos da farmácia B.

Porcentagem Dissolvida

Tempo (min)

Lote 1 Lote 2

Média ± DP Média ± DP

5 74,17a ± 1,35 62,33a ± 16,77

15 80,15a ± 0,30 84,86b ± 3,59

30 80,38a ± 0,85 88,17b ± 1,24

60 79,19a ± 0,47 87,93b ± 1,16

120 79,80a ± 0,43 88,53b ± 0,99

180 80,30a ± 0,42 89,44b ± 0,90

240 80,76a ± 0,26 90,65b ± 1,21

300 81,63a ± 0,53 89,05b ± 1,68

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 19: Comparação do perfil de dissolução entre óvulos da farmácia B Lotes 1 e 2 (p<0,05 em 15, 30, 60, 120, 180, 240 e 300 min)

Ensaios de Liberação In Vitro

94

Tabela 19: Perfil de dissolução de óvulos da Farmácia B lote 1 e da farmácia C.

Porcentagem Dissolvida

Tempo (min)

Farmácia B Lote 1 Farmácia C

Média ± DP Média ± DP

5 74,17a ± 1,35 19,80b ± 0,84

15 80,15a ± 0,30 42,16b ± 2,44

30 80,38a ± 0,85 60,93b ± 1,76

60 79,19a ± 0,47 68,16b ± 0,65

120 79,80a ± 0,43 67,09b ± 3,65

180 80,76a ± 0,26 71,09b ± 0,67

240 80,76a ± 0,26 71,09b ± 0,67

300 81,63a ± 0,53 71,36b ± 0,68

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 20: Comparação do perfil de dissolução entre óvulos da farmácia B Lote 1 e da farmácia C (p<0,05 em 5, 15, 30, 60, 120, 180, 240 e 300 min).

Ensaios de Liberação In Vitro

95

Tabela 20: Perfil de dissolução de óvulos da Farmácia B lote 2 e da farmácia C.

Porcentagem Dissolvida

Tempo (min)

Farmácia B Lote 2 Farmácia C

Média ± DP Média ± DP

5 62,33a ± 16,77 19,80b ± 0,84

15 84,86a ± 3,59 42,16b ± 2,44

30 88,17a ± 1,24 60,93b ± 1,76

60 87,93a ± 1,16 68,16b ± 0,65

120 88,53a ± 0,99 67,09b ± 3,65

180 89,44a ± 0,90 69,51b ± 2,37

240 90,65a ± 1,21 71,09b ± 0,67

300 89,05a ± 1,68 71,36b ± 0,68

a e

b: Média seguida por letras iguais na mesma linha indica que não houve diferença significativa entre os resultados e,

seguida por letras diferentes na mesma linha indica que houve diferença significativa entre os resultados (p<0,05).

Figura 21: Comparação do perfil de dissolução entre óvulos da farmácia B Lote 2 e da farmácia C (p<0,05 em 5, 15, 30, 60, 120, 180, 240 e 300 min).

Ensaios de Liberação In Vitro

96

Os supositórios e óvulos manipulados apresentaram variações de lote a

lote quando da mesma farmácia, sendo o mesmo fato observado quando

comparadas diferentes farmácias, independente do tipo de base.

É indicado que o teste seja conduzido em condição sink, de forma a

simular as condições in vivo, em que a absorção pela mucosa retal ou vaginal

reduz, continuamente, a concentração nas secreções retais e vaginais. No

experimento, esta condição foi respeitada.

Apesar de ser constatado que todas as bases empregadas na

manipulação dos óvulos e supositórios têm a mesma composição, triglicérides de

ácidos graxos, o perfil de dissolução se mostrou diferente entre os lotes avaliados

e também entre as farmácias magistrais. A média das concentrações máximas

atingidas não ultrapassou 80% da dose de progesterona declarada no rótulo.

A mesma base é usada para supositórios e óvulos vaginais, apesar da

forma e da consistência diferirem. Mesmo após o término do teste de dissolução

com os supositórios, ficou evidenciada a presença de fragmentos íntegros destes

conforme ilustra o Anexo 5. Tal fato, certamente, compromete a solubilização e as

taxas de dissolução do fármaco no meio utilizado e possivelmente também

poderá refletir em uma baixa dissolução in vivo. A baixa dissolução in vivo pode

ser esperada também pelo fato de que no teste in vitro as condições

experimentais incluem um volume definido do meio receptor (1000 mL) e uma

velocidade de agitação do meio de 100 rpm. Estas condições visaram promover a

análise do comportamento de dissolução destas formas farmacêuticas no ensaio

de bancada, porém são marcadamente diferentes das condições in vivo, onde o

volume de meio dissolutor é muito menor e não existe agitação comparável.

Os cuidados necessários para a adequada conservação do produto

podem não ser seguidos pela usuária. Deve levar-se em consideração que o

número de óvulos ou supositórios indicados para uso intravaginal ou retal,

diariamente, é considerável, sendo recomendada uma posologia de duas

Ensaios de Liberação In Vitro

97

unidades a cada oito horas, por um período de, aproximadamente, dez a doze

semanas, para suplementação de fase lútea em tratamentos de infertilidade.

Variações na formulação ou na técnica de fabricação podem gerar

diferenças substanciais na absorção e, consequentemente, na resposta

terapêutica dos fármacos.

Os níveis séricos de progesterona, após a administração de supositórios

são influenciados pelo veículo no qual o esteroide é veiculado. Tipos diferentes de

base podem ter influência na biodisponibilidade da progesterona (PRICE et al.,

1983; MOES, 1989).

No presente trabalho, embora tenham sido analisadas formulações

preparadas com a mesma base, foram encontradas diferenças significativas no

comportamento de dissolução entre todos os produtos e entre as farmácias

responsáveis pela sua preparação. A partir dessas evidências, pode-se esperar

variações importantes na biodisponibilidade do fármaco, com possíveis

repercussões clínicas.

A avaliação in vitro de diferentes lotes de um mesmo produto visa a

avaliar o comportamento de dissolução do produto testado, estando diretamente

associado à qualidade da formulação. Espera-se que os resultados sejam

idênticos ou muito próximos, dentro de uma margem de variação aceitável,

previamente estabelecida, fato este que não foi observado no presente estudo.

Alheios aos trabalhos publicados na literatura há várias décadas (PRICE et

al., 1983; MOES, 1989; IWATA et al., 1997), questionando a confiabilidade deste

tipo de forma farmacêutica para administração de progestagênios, as farmácias

magistrais continuam comercializando e especialistas persistem prescrevendo,

apesar das evidências desfavoráveis e do desconforto das usuárias. Faz-se

necessária, portanto, a revisão de tal conduta.

Conclusões 98

CONCLUSÕES

O teste de dissolução da didrogesterona, sob a forma de comprimidos

revestidos, demonstrou que o produto se apresenta de acordo com as

especificações farmacopeicas. Baseado em suas características

biofarmacêuticas, enquadra-se como uma forma farmacêutica de liberação

imediata;

Os produtos A e B de progesterona micronizada sob a forma de cápsulas

de gelatina mole, provenientes de diferentes laboratórios farmacêuticos,

apresentaram perfis de dissolução semelhantes. Em todos os lotes

avaliados, houve dissolução de 80% do fármaco até a quarta hora do

estudo, o que atende às especificações do método previamente validado.

Os dois produtos apresentaram cinética de dissolução de primeira ordem;

O aparelho dissolutor com o acessório Enhancer Cells se mostrou o mais

adequado para caracterizar a velocidade e extensão de liberação da

progesterona a partir da matriz semissólida;

Os testes de liberação in vitro da progesterona na forma farmacêutica de

óvulos e supositórios manipulados provenientes de farmácias magistrais

mostrou heterogeneidade nos resultados, entre as farmácias avaliadas e

entre lotes de uma mesma farmácia.

Considerações Finais 99

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cientes da necessidade de padronizar o protocolo mais adequado de

suporte de fase lútea para o tratamento de casais inférteis, esta pesquisa

representa o primeiro passo em direção à seleção do(s) produto(s) mais

adequado(s) a tal finalidade. Essa padronização, sem dúvida, favorecerá as

pacientes a obter êxito no tratamento e dará segurança aos médicos

responsáveis pela prescrição dos produtos analisados.

O estudo da liberação in vitro da progesterona em diferentes produtos

aporta promissoras perspectivas para futuros ensaios clínicos envolvendo

também, pacientes climatéricas, uma vez que os progestagênios fazem parte dos

esquemas de terapia hormonal, utilizados nesta fase da vida.

Um ensaio laboratorial tem limitações, mas deve ser analisado como parte

de um processo continuo de aquisição de dados, que possa contribuir para

pesquisas futuras. Existem evidências concretas, abordadas no presente estudo e

referendadas na literatura, da influencia da dissolução na biodisponibilidade e na

equivalência de medicamentos.

Embasados nos resultados obtidos através da analise do perfil de liberação

da progesterona veiculada a óvulos e supositórios, provenientes de farmácias

magistrais, recomendamos que os mesmos não façam parte do arsenal

terapêutico para suporte de fase lútea, por não demostrarem uniformidade nas

formulações analisadas e, portanto a intercambialidade com o medicamento de

referência deve ser evitada.

Referências 100

REFERÊNCIAS

ABDOU, H. M. Dissolução. In: GENNARO, A. R. R. (Ed.). A Ciência e a Prática da Farmácia. 20ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. Cap. 35, p. 674-86. AL-INANY, H.; ABOULGHAR, M. GnRH antagonist in assisted reproduction: a Cochrane review. Hum Reprod, v. 17, n. 4, p. 874-85, 2002. AMIDON, G. L.; LENNERNAS, H.; SHAH, V. P.; CRISON, J. R. A theoretical basis for a biopharmaceutic drug classification: the correlation of in vitro drug product dissolution and in vivo bioavailability. Pharm Res, v. 12, n. 3, p. 413-20, 1995. ANSEL, H.C.; POPOVICH, N.G.; ALLEN JR, L.V. Delineamento de Formas Farmacêuticas: Considerações Biofarmacêuticas. In: ANSEL, H.C.; POPOVICH, N.G.; ALLEN JR, L.V. (Ed.). Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. Porto Alegre: Artimed, 2007. Cap. 5, p. 159-203. APPLEZWEIG, N. Steroids. Chem Week, v. 104, p. 57-72, May 17 1969. ARAFAT, E.S.; HARGROVE, J.T.; MAXSON, W.S.; DESIDERIO, D.M.; WENTZ, A.C.; ANDERSEN, R.N. Sedative and hypnotic effects of oral administration of micronized progesterone may be mediated through its metabolites. Am J Obstet Gynecol, v. 159, n. 5, p. 1203-9, 1988. ASHFORD, M. Biodisponibilidade: fatores físico-quimícos relacionados à forma farmacêutica. In: AULTON, M. E. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 2ª ed., São Paulo: Artmed, 2005. Cap. 17, p. 245-263. BASIR, G.S.; O, W.S.; NG, E.H.; HO, P.C. Morphometric analysis of peri-implantation endometrium in patients having excessively high oestradiol concentrations after ovarian stimulation. Hum Reprod, v. 16, n. 3, p. 435-40, 2001. BAYARD, F.; DAMILANO, S.; ROBEL, P.; BAULIEU, E. E. Cytoplasmic and nuclear estradiol and progesterone receptors in human endometrium. J Clin Endocrinol Metab, v. 46, n. 4, p. 635-48, 1978. BERRETTA, M. O. Estudo da Liberação in vitro da Progesterona a partir de Cápsulas de Gelatina Mole: Desenvolvimento e Validação de Métodos de Dissolução. 2010. 124p. Tese de Mestrado, Faculdade de Farmácia Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás.

Referências 101

BONASSI, D. Sistema de Classificação Biofarmacêutica e Bioinsenções. 2009. 1-159 Tese de Mestrado Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. BOURGAIN, C.; DEVROEY, P.; VAN WAESBERGHE, L.; SMITZ, J.; VAN STEIRTEGHEM, A. C. Effects of natural progesterone on the morphology of the endometrium in patients with primary ovarian failure. Hum Reprod, v. 5, n. 5, p. 537-43, 1990. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 899, de 29 de maio de 2003. Determina a publicação do “Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos”. Disponível em:< http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 15 Jan 2011. BROWN, C.; CHOKSHI., H.; NICKERSON, B.; REED, R.; ROHRS, B.; SHAH, P. Acceptable analytical practices for dissolution testing of poorly soluble compounds. Pharmaceutical Technology, p. 56-65, 2004. BUENO, M.M.; RECH,N. Insumos Farmacêuticos : Aspectos Técnicos, Científicos e Regulatórios. In: SPORPITIS et al. Ciências Farmacêuticas: Biofarmacotécnica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009, Cap. 2, p. 13 - 20. BULLETTI, C.; DE ZIEGLER, D.; FLAMIGNI, C.; GIACOMUCCI, E.; POLLI, V.; BOLELLI, G. et al. Targeted drug delivery in gynaecology: the first uterine pass effect. Hum Reprod, v. 12, n. 5, p. 1073-9, 1997. BULLETTI, C.; DE ZIEGLER, D. Uterine contractility and embryo implantation. Curr Opin Obstet Gynecol, v. 17, n. 3, p. 265-76, 2005. CHAKMAKJIAN, Z.H.; ZACHARIAH, N.Y. Bioavailability of progesterone with different modes of administration. J Reprod Med, v. 32, n. 6, p. 443-8, 1987. CHAKRAVARTY, B.N.; SHIRAZEE, H.H.; DAM, P.; GOSWAMI, S.K.; CHATTERJEE, R.; GHOSH, S. Oral dydrogesterone versus intravaginal micronised progesterone as luteal phase support in assisted reproductive technology (ART) cycles: results of a randomised study. J Steroid Biochem Mol Biol, v. 97, n. 5, p. 416-20, 2005. CICINELLI, E.; NAHOUL, K.; PETRUZZI, D.; GALANTINO, P.; SANTORO, G. Nasal spray administration of unmodified progesterone: evaluation of progesterone serum levels with three different radioimmunoassay techniques. Maturitas, v. 19, n. 1, p. 43-52, 1994. CICINELLI, E.; NAHOUL, K.; SABATELLI, S.; PETRUZZI, D.; LAPENNA, M.; SCORCIA, P.; SCHONAUER, L. M. Administration of unmodified progesterone by nasal spray in fertile women. Gynecol Endocrinol, v. 9, n. 4, p. 289-93, 1995.

Referências 102

COMISSÃO Perman. C.P.R.F.B. Farmacopéia Brasileira. 4. ed. São Paulo: Atheneu, São Paulo, 1988. COSTA, P. Formas farmacêuticas de liberação modificada. Rev. Port. Farm., v. 59, n. 4, p. 181-190, 1999. CSAPO, A.I.; PULKKINEN, M.O.; KAIHOLA, H. L. The relationship between the timing of luteectomy and the incidence of complete abortions. Am J Obstet Gynecol, v. 118, n. 7, p. 985-9, 1974. CUSTODIO, J.M.; BENET, L.Z. Predicting drug disposition, absorption/elimination/transporter interplay and the role of food on drug absorption. Adv Drug Deliv Rev, v. 60, n. 6, p. 717-33, 2008. DAYA, S. Luteal support: progestogens for pregnancy protection. Maturitas, v. 65 Suppl 1, p. S29-34, 2009. DAYA, S.; GUNBY, J. Luteal phase support in assisted reproduction cycles. Cochrane Database Syst Rev, n. 3, p. CD004830, 2004. DAYA, S.; GUNBY, J.L. WITHDRAWN: Luteal phase support in assisted reproduction cycles. Cochrane Database Syst Rev, n. 3, p. CD004830, 2008. DEVROEY, P.; PALERMO, G.; BOURGAIN, C.; VAN WAESBERGHE, L.; SMITZ, J.; VAN STEIRTEGHEM, A. C. Progesterone administration in patients with absent ovaries. Int J Fertil, v. 34, n. 3, p. 188-93, 1989. DEZANI, A.B. Avaliação in vitro da Solubilidade e da Permeabilidade da Lamivudina e da Zidovudina: aplicações na classificação biofarmacêutica. 2010 141p. Tese de mestrado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. DIEBOLD, S. M. Physiological Parameters Relevant to Dissolution Testing: Hydrodinamic Considerations. In: DRESSMAN, J. Pharmaceutical Dissolution Testing. Boca Raton: Taylor, 2005. cap. 6, p. 127-191. DOKOUMETZIDIS, A.; MACHERAS, P. A century of dissolution research: from Noyes and Whitney to the biopharmaceutics classification system. Int J Pharm, v. 321, n. 1-2, p. 1-11, 2006. DRESSMAN, J. B.; AMIDON, G. L.; REPPAS, C.; SHAH, V. P. Dissolution testing as a prognostic tool for oral drug absorption: immediate release dosage forms. Pharm Res, v. 15, n. 1, p. 11-22, 1998. DRUCKMANN, R.; DRUCKMANN, M. A. Progesterone and the immunology of pregnancy. J Steroid Biochem Mol Biol, v. 97, n. 5, p. 389-96, 2005.

Referências 103

EDWARDS, R. G.; STEPTOE, P. C.; PURDY, J. M. Establishing full-term human pregnancies using cleaving embryos grown in vitro. Br J Obstet Gynaecol, v. 87, n. 9, p. 737-56, 1980. FANCHIN, R.; DE ZIEGLER, D.; BERGERON, C.; RIGHINI, C.; TORRISI, C.; FRYDMAN, R. Transvaginal administration of progesterone. Obstet Gynecol, v. 90, n. 3, p. 396-401, 1997. FANCHIN, R.; RIGHINI, C.; OLIVENNES, F.; TAYLOR, S.; DE ZIEGLER, D.; FRYDMAN, R. Uterine contractions at the time of embryo transfer alter pregnancy rates after in-vitro fertilization. Hum Reprod, v. 13, n. 7, p. 1968-74, 1998. FATEMI, H. M.; POPOVIC-TODOROVIC, B.; PAPANIKOLAOU, E.; DONOSO, P.; DEVROEY, P. An update of luteal phase support in stimulated IVF cycles. Hum Reprod Update, v. 13, n. 6, p. 581-90, 2007. FATEMI, H.M.; BOURGAIN, C.; DONOSO, P.; BLOCKEEL, C.; PAPANIKOLAOU, E. G.; POPOVIC-TODOROVIC, B.; DEVROEY, P. Effect of oral administration of dydrogestrone versus vaginal administration of natural micronized progesterone on the secretory transformation of endometrium and luteal endocrine profile in patients with premature ovarian failure: a proof of concept. Hum Reprod, v. 22, n. 5, p. 1260-3, 2007. FDA-CDER. Guidance for industry. Dissolution testing of immediate realease solid dosage forms. Rockville: Food and Drug Administration. 1997b: 17 p. FRIEDLER, S.; RAZIEL, A.; SCHACHTER, M.; STRASSBURGER, D.; BUKOVSKY, I.; RON-EL, R. Luteal support with micronized progesterone following in-vitro fertilization using a down-regulation protocol with gonadotrophin-releasing hormone agonist: a comparative study between vaginal and oral administration. Hum Reprod, v. 14, n. 8, p. 1944-8, 1999. FULPER, L.D.; CLEARY, R.W.; HARLAND,E.C.; HIKAL, A.H.; JONES, A.B. Comparison of serum progesterone levels in dogs after administration of progesterone by vaginal tablet and vaginal suppositories. Am J. Obstet Gyecol, v. 156, n.1, p. 253-6, 1987. GALIA, E.; NICOLAIDES, E.; HORTER, D.; LOBENBERG, R.; REPPAS, C.; DRESSMAN, J. B. Evaluation of various dissolution media for predicting in vivo performance of class I and II drugs. Pharm Res, v. 15, n. 5, p. 698-705, 1998. GANESH, A.; CHAKRAVORTY, N.; MUKHERJEE, R.; GOSWAMI, S.; CHAUDHURY, K.; CHAKRAVARTY, B. Comparison of oral dydrogestrone with progesterone gel and micronized progesterone for luteal support in 1,373 women undergoing in vitro fertilization: a randomized clinical study. Fertil Steril, 2011. GORKEMLI, H.; AK, D.; AKYUREK, C.; AKTAN, M.; DUMAN, S. Comparison of pregnancy outcomes of progesterone or progesterone + estradiol for luteal phase support in ICSI-ET cycles. Gynecol Obstet Invest, v. 58, n. 3, p. 140-4, 2004.

Referências 104

GUIDANCE for industry; Nonsterile Semisolid Dosage Forms- Scale- up and Pastapproval Changes. Chemistry. Manufacturing and controls; in vitro release testing and in vivo bioequivalence documentation. ed. Rockville: Center of Drug Ebaluation and Research, p26, 1997. HARGROVE, J.T.; MAXSON, W.S.; WENTZ, A.C. Absorption of oral progesterone is influenced by vehicle and particle size. Am J Obstet Gynecol, v. 161, n. 4, p. 948-51, 1989. HENDRICKX, A.G.; KORTE, R.; LEUSCHNER, F.; NEUMANN, B.W.; PRAHALADA, S.; POGGEL, A.; BINKERD, P.E.; GUNZEL, P. Embryotoxicity of sex steroidal hormone combinations in nonhuman primates: I. Norethisterone acetate + ethinylestradiol and progesterone + estradiol benzoate (Macaca mulatta, Macaca fascicularis, and Papio cynocephalus). Teratology, v. 35, n. 1, p. 119-27, 1987. HITCHISON, K. Cápsulas de gelatina mole. In: AULTON, M. E. Delineamento de Formas Farmacêuticas. São Paulo: Artmed, 2005. Cap. 30, p. 466-477. HUBAYTER, Z. R.; MUASHER, S. J. Luteal supplementation in in vitro fertilization: more questions than answers. Fertil Steril, v. 89, n. 4, p. 749-58, 2008. HUGHES, E.G.; FEDORKOW, D.M.; DAYA, S.; SAGLE, M. A.; VAN DE KOPPEL, P.; COLLINS, J. A. The routine use of gonadotropin-releasing hormone agonists prior to in vitro fertilization and gamete intrafallopian transfer: a meta-analysis of randomized controlled trials. Fertil Steril, v. 58, n. 5, p. 888-96, 1992. HUSSAIN, A.; AHSAN, F. The vagina as a route for systemic drug delivery. J Control Release, v. 103, n. 2, p. 301-13, 2005. IWATA, M.; TAKAHASHI, Y.; YAMAMOTO, T.; TAKAYAMA, K.; MACHIDA, Y. et al. Sustained release double-layered progesterone suppository for luteal support therapy. Yakugaku Zasshi, v. 117, n.9, p. 629-35, 1997. JACKSON, K.; YOUNG, D.; PANT, S. Drug-excipient interactions and their affect on absorption. Pharm Sci Technolo Today, v. 3, n. 10, p. 336-345, 2000. JANAT-AMSBURY, M.M.; GUPTA, K. M.; KABLITZ, C.D.; PETERSON, C.M. Drug delivery for in vitro fertilization: rationale, current strategies and challenges. Adv Drug Deliv Rev, v. 61, n. 10, p. 871-82, 2009. KASIM, N.A.; WHITEHOUSE, M.; RAMACHANDRAN, C.; BERMEJO, M.; LENNERNAS, H.; HUSSAIN, A.S. et al. Molecular properties of WHO essential drugs and provisional biopharmaceutical classification. Mol Pharm, v. 1, n. 1, p. 85-96, 2004. KFURI, C. R. Desenvolvimento de Grânulos de Carbamazepina por 'hot melt granulation' em Leito Fluidizado. 2008. 144p. Tese de Doutorado, Faculdade

Referências 105

de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo. KOLIBIANAKIS, E.M.; BOURGAIN, C.; PLATTEAU, P.; ALBANO, C.; VAN STEIRTEGHEM, A.C.; DEVROEY, P. Abnormal endometrial development occurs during the luteal phase of nonsupplemented donor cycles treated with recombinant follicle-stimulating hormone and gonadotropin-releasing hormone antagonists. Fertil Steril, v. 80, n. 2, p. 464-6, 2003. KOSSENA, G.A.; CHARMAN, W.N.; WILSON, C.G.; O'MAHONY, B.; LINDSAY, B.; HEMPENSTALL, J. M. et al. Low dose lipid formulations: effects on gastric emptying and biliary secretion. Pharm Res, v. 24, n. 11, p. 2084-96, 2007. LUDWIG, M.; FINAS, A.; KATALINIC, A.; STRIK, D.; KOWALCEK, I.; SCHWARTZ, P. et al. Prospective, randomized study to evaluate the success rates using hCG, vaginal progesterone or a combination of both for luteal phase support. Acta Obstet Gynecol Scand, v. 80, n. 6, p. 574-82, 2001. MACKLON, N.S.; FAUSER, B.C. Impact of ovarian hyperstimulation on the luteal phase. J Reprod Fertil Suppl, v. 55, p. 101-8, 2000.

MANADAS, R. PINA, M; VEIGA, F. A dissolução in vitro na Previsão da

Absorção Oral de Fármacos em Formas Farmacêuticas de Liberação Modificada. 38: 375-399 p. 2002. MARCOLONGO, R. Dissolução de Medicamentos: fundamentos, aplicações, aspectos regulatórios e perspectivas na área farmacêutica. 2003. 127p. Tese de Mestrado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. MARTIN, J.; DOMINGUEZ, F.; AVILA, S.; CASTRILLO, J. L.; REMOHI, J.; PELLICER, A.; SIMON, C. Human endometrial receptivity: gene regulation. J Reprod Immunol, v. 55, n. 1-2, p. 131-9, 2002. MAXSON, W.S.; HARGROVE, J.T. Bioavailability of oral micronized progesterone. Fertil Steril, v. 44, n. 5, p. 622-6, 1985. MELIA, C.D.; DAVIS, S.S. Review article: mechanisms of drug release from tablets and capsules. 2. Dissolution. Aliment Pharmacol Ther, v. 3, n. 6, p. 513-25, 1989. MOES, A.J. Suppositories formulation and drug release. Boll Chim Farm, v. 128, n. 1, p. 5-12, 1989. MORANTZ-SANCHEZ, R. Coming to grips with the limitations of science: infertility and heredity in American history. [Reviews of: Marsh M; Ronner W. The empty cradle: infertility in America from colonial times to the present. Johns Hopkins University Press, 1996; and Paul DB. Controlling human heredity: 1865 to the present. Humanities Press, 1995]. Rev Am Hist, v. 25, n. 2, p. 207-12, Jun 1997.

Referências 106

NAVOT, D.; LAUFER, N.; KOPOLOVIC, J.; RABINOWITZ, R.; BIRKENFELD, A.; LEWIN, A. et al. Artificially induced endometrial cycles and establishment of pregnancies in the absence of ovaries. N Engl J Med, v. 314, n. 13, p. 806-11, 1986. NILLIUS, S. J.; JOHANSSON, E. D. Plasma levels of progesterone after vaginal, rectal, or intramuscular administration of progesterone. Am J Obstet Gynecol, v. 110, n. 4, p. 470-7, 1971. NORA, A.H.; NORA, J.J. A syndrome of multiple congenital anomalies associated with teratogenic exposure. Arch Environ Health, v. 30, n. 1, p. 17-21, 1975. NORWITZ, E.R.; SCHUST, D.J.; FISHER, S.J. Implantation and the survival of early pregnancy. N Engl J Med, v. 345, n. 19, p. 1400-8, 2001. NOSARKA, S.; KRUGER, T.; SIEBERT, I.; GROVE, D. Luteal phase support in in vitro fertilization: meta-analysis of randomized trials. Gynecol Obstet Invest, v. 60, n. 2, p. 67-74, 2005. O´BRIEN, J.M.; LWEIS, D.F. Progestins for the prevention of spontaneous preterm birth: review and implications of recent studies. J Reprod Med, v. 54, n. 2, p. 73-87, 2009. PARK, H.; ROBISON, J. Physico-chemical properties of water insoluble polymers important to mucin/epithelial adhesion. J Controlled Release, n. 2, p. 47-57, 1985. PAULI, G.F.; FRIESEN, J.B.; GODECKE, T.; FARNSWORTH, N.R.; GLODNY, B. Occurrence of progesterone and related animal steroids in two higher plants. J Nat Prod, v. 73, n. 3, p. 338-45, 2010. PAULSON, R.J.; SAUER, M.V.; LOBO, R.A. Embryo implantation after human in vitro fertilization: importance of endometrial receptivity. Fertil Steril, v. 53, n. 5, p. 870-4,1990. PELLICER, A.; MATALLIN, P.; MIRO, F.; RIVERA, J.; BONILLA-MUSOLES, F.M. Progesterone versus dehydrogesterone as replacement therapy in women with premature ovarian failure. Hum Reprod, v. 4, n. 7, p. 777-81,1989. PILLAY, V.; FASSIHI, R. Unconventional dissolution methodologies. J Pharm Sci, v. 88, n. 9, p. 843-51, Sep 1999. POLYZOS, N.P.; MESSINI, C. I.; PAPANIKOLAOU, E. G.; MAURI, D.; TZIORAS, S.; BADAWY, A. et al. Vaginal progesterone gel for luteal phase support in IVF/ICSI cycles: a meta-analysis. Fertil Steril, v. 94, n. 6, p. 2083-7, 2010. PORTA, V. Avaliação biofarmacêutica in vitro de cápsulas de fluconazol. Rev Bras Ciênc Farm , v. 38, n. 3, p. 333-343, 2002.

Referências 107

PORTER, C.J.; TREVASKIS, N.L.; CHARMAN, W.N. Lipids and lipid-based formulations: optimizing the oral delivery of lipophilic drugs. Nat Rev Drug Discov, v. 6, n. 3, p. 231-48, 2007. POULY, J. L.; BASSIL, S.; FRYDMAN, R.; HEDON, B.; NICOLLET, B.; PRADA, Y. et al. Luteal support after in-vitro fertilization: Crinone 8%, a sustained release vaginal progesterone gel, versus Utrogestan, an oral micronized progesterone. Hum Reprod, v. 11, n. 10, p. 2085-9, 1996. PRICE, J.H.; ISMAIL, H.; GORWILL, R.H.; SARDA, I.R. Effect of the suppository base on progesterone delivery from the vagina. Fertil Steril, v. 39, n. 4, p. 490-3, 1983. PRITTS, E.A.; ATWOOD, A.K. Luteal phase support in infertility treatment: a meta-analysis of the randomized trials. Hum Reprod, v. 17, n. 9, p. 2287-99, 2002. PUCCI, V.; BUGAMELLI, F.; MANDRIOLI, R.; LUPPI, B.; RAGGI, M. A. Determination of progesterone in commercial formulations and in non conventional micellar systems. J Pharm Biomed Anal, v. 30, n. 5, p. 1549-59, 2003. RANGEL-YAGUI, C.O.; PESSOA, A., JR.; TAVARES, L.C. Micellar solubilization of drugs. J Pharm Pharm Sci, v. 8, n. 2, p. 147-65, 2005. ROMERO, R. Prevention of spontaneous preterm birth: the role of sonographic cervical length in identifying patients who may benefit from progesterone treatment. Ultrasound Obstet Gynecol, v. 30, n. 5, p. 675-86, 2007. ROSA, T.C.C. Dissolução Intrínceca de Hidroclorotiazida de Diferentes Granulometrias e sua Relação com a Dissolução do Ativo em Comprimidos. 2005. 97p. Tese de Mestrado. Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. RUTSTEIN, S. O. Infecundity, infertility, and childlessness in developing countries. Demographic and Health Surveys (DHS) Comparative Reports, n. 9. Calverton, Maryland,USA: ORC Macro and the World Health Organization. 9 2004. SCHINDLER, A.E.; CAMPAGNOLI, C.; DRUCKMANN, R.; HUBER, J.; PASQUALINI, J.R.; SCHWEPPE, K.W. et al. Classification and pharmacology of progestins. Maturitas, v. 46 Suppl 1, p. S7-S16, 2003. SCHWARTZ, N.; XUE, X.; ELOVITZ, M.A.; DOWLING, O.; METZ, C.N. Progesterone suppresses the fetal inflammatory response ex vivo. Am J Obstet Gynecol, v. 201, n. 2, p. 211 e1-9, 2009. SERRA, C.H.R.; STORPIRTIS, S. Comparação de perfis de dissolução da cefalexina através de estudos de cinética e eficiência de dissolução (ED%). Rev Bras Ciênc Farm, v. 43, p. 79-88, 2007.

Referências 108

SIEWERT, M.; DRESSMAN, J.; BROWN, C. K.; SHAH, V. P. FIP/AAPS guidelines to dissolution/in vitro release testing of novel/special dosage forms. AAPS PharmSciTech, v. 4, n. 1, p. E7, 2003. SIMON, J.A.; ROBINSON, D.E.; ANDREWS, M.C.; HILDEBRAND, J.R., 3RD; ROCCI, M.L., JR.; BLAKE, R.E. et al. The absorption of oral micronized progesterone: the effect of food, dose proportionality, and comparison with intramuscular progesterone. Fertil Steril, v. 60, n. 1, p. 26-33, 1993. SITRUK-WARE, R. Routes of delivery for progesterone and progestins. Maturitas, v. 57, n. 1, p. 77-80, 2007. SOLIMAN, S.; DAYA, S.; COLLINS, J.; HUGHES, E.G. The role of luteal phase support in infertility treatment: a meta-analysis of randomized trials. Fertil Steril, v. 61, n. 6, p. 1068-76, 1994. SOUZA, J.F.; STORPIRTIS, S. Modelos in vitro para determinação da absorção de fármacos e previsão da relação dissolução/absorção. Rev Bras Ciênc Farm, v. 43, n. 4, p. 515-527, 2007. STANCZYK, F.Z. Pharmacokinetics and potency of progestins used for hormone replacement therapy and contraception. Rev Endocr Metab Disord, v. 3, n. 3, p. 211-24, 2002. STANCZYK, F.Z. All progestins are not created equal. Steroids, v. 68, n. 10-13, p. 879-90, 2003. STANCZYK, F.Z.; HENZL, M.R. Use of the name "Progestin". Contraception, v. 64, n. 1, p. 1-2, 2001. STEPTOE, P.C.; EDWARDS, R.G. Birth after the reimplantation of a human embryo. Lancet, v. 2, n. 8085, p. 366, 1978. STORPIRTIS, S. A equivalência farmacêutica no contexto da intercambialidade entre medicamentos genéricos e de referência:bases técnicas e científicas. Infarma, v. 16, n. 9-10, p. 51-56, 2004. STOVALL, D.W.; VAN VOORHIS, B.J.; MATTINGLY, K.L.; SPARKS, A.E.; CHAPLER, F.K.; SYROP, C.H. The effectiveness of sublingual progesterone administration during cryopreserved embryo transfer cycles: results of a matched follow-up study. Fertil Steril, v. 65, n. 5, p. 986-91, 1996. SZEKERES-BARTHO, J.; BARAKONYI, A.; PAR, G.; POLGAR, B.; PALKOVICS, T.; SZEREDAY, L. Progesterone as an immunomodulatory molecule. Int Immunopharmacol, v. 1, n. 6, p. 1037-48, 2001.

Referências 109

TAVANIOTOU, A.; SMITZ, J.; BOURGAIN, C.; DEVROEY, P. Comparison between different routes of progesterone administration as luteal phase support in infertility treatments. Hum Reprod Update, v. 6, n. 2, p. 139-48, 2000. UNITED STATES PHARMACOPEIA. 30. ed. Rockville: U.S.P. Convention, 2007 UNITED STATES PHARMACOPEIA. 31. Ed. Rockville: U.S.P. Convention, 2008b. Cap. 1092. The Dissolution Procedure: Development and Validation. UNITED STATES PHARMACOPEIA. 31. ed. Rockville: U.S.P. Convention, 2008c. Cap. 711. Dissolution. VALENTA, C.; NOWAK, M.; HADGRAFT, J. Influence of phloretin and 6-ketocholestanol on the permeation of progesterone through porcine skin. Int J Pharm, v. 217, n. 1-2, p. 79-86, 2001. WENG LARSEN, S.; LARSEN, C. Critical factors influencing the in vivo performance of long-acting lipophilic solutions impact on in vitro release method design. AAPS J, v. 11, n. 4, p. 762-70, 2009. WHITEHEAD, M.I.; TOWNSEND, P.T.; GILL, D.K.; COLLINS, W.P.; CAMPBELL, S. Absorption and metabolism of oral progesterone. Br Med J, v. 280, n. 6217, p. 825-7, 1980. ZEGERS-HOCHSCHILD, F.; ADAMSON, G. D.; DE MOUZON, J.; ISHIHARA, O.; MANSOUR, R.; NYGREN, K. et al. International Committee for Monitoring Assisted Reproductive Technology (ICMART) and the World Health Organization (WHO) revised glossary of ART terminology, 2009. Fertil Steril, v. 92, n. 5, p. 1520-4, 2009.

Anexos 110

ANEXO 1

EQUIPAMENTOS

FOTO 1 – DISSOLUTOR ENHANCER CELLS

FOTO 2 – DISSOLUTOR ENHANCER CELL – RECIPIENTE DOADOR

Anexos 111

Legenda do Anexo 1: Foto 1: Dissolutor Vankel 7000 – Demonstração do sistema Enhancer cells

contendo quatro cubas de 200mL, as mini pás e o dispositivo de liberação de

produtos semi-sólidos na parte anterior do equipamento (vista frontal).

Foto 2 Visão do recipiente doador (local onde são colocados o gel e a

membrana).

Anexos 112

Foto 3 - Células de difusão de Franz (Hanson Research)

Anexo

113

ANEXO 2

Fotos – Cápsulas de gelatina mole – Produto A

Foto 1 Foto 2

Foto 3 Foto 4

Foto 5 Foto 6

Anexo

114

Foto 7 Foto 8 Legenda do Anexo 2: Foto 1: Visão superior da cuba demostrando a ausência de espuma no início do

teste de dissolução.

Foto 2: Visão frontal da cuba demostrando a maior densidade da forma

farmacêutica (cápsula) em relação ao meio de dissolução e, por isso, mantendo-

se no fundo da cuba. Tal comportamento evitou o uso de âncoras.

Foto 3: Visão frontal da cuba demostrando a desintegração (rompimento do

invólucro e dispersão do conteúdo oleoso) da cápsula com aproximadamente 15 –

20 minutos do teste.

Foto 4: Visão superior da cuba demonstrando a flutuação do conteúdo da cápsula

(oleoso) ao redor do eixo do dispositivo pá após o rompimento do invólucro.

Foto 5: Visão superior da cuba demonstrando a alteração do conteúdo da

cápsula após 2 horas de teste.

Foto 6: Visão superior da cuba demonstrando a alteração do conteúdo da

cápsula após 3 horas de teste. O conteúdo esbranquiçado vai se tornando

translúcido.

Anexo

115

Foto 7: Visão superior da cuba demonstrando a alteração do conteúdo da

cápsula após 4 horas de teste. O conteúdo esbranquiçado torna-se translúcido

indicando que 80% do fármaco encontra-se em solução (dissolvido). Dado

comprovado pelo método de quantificação.

Foto 8: Visão superior da cuba demonstrando a dispersão das gotículas de óleo

presentes na formulação avaliada. O fármaco encontra-se, praticamente, 100%

dissolvido.

Anexo

116

ANEXO 3

Fotos – Cápsulas de gelatina mole – Produto B

Foto 1 Foto 2

Foto 3 Foto 4

Foto 5 Foto 6

Anexo

117

Foto 7 Foto 8

Legenda do Anexo 3:

Foto 1: Visão superior da cuba demostrando a ausência de espuma no início do

teste de dissolução.

Foto 2: Visão frontal da cuba demostrando a maior densidade da forma

farmacêutica (cápsula) em relação ao meio de dissolução e, por isso, mantendo-

se no fundo da cuba. Tal comportamento evitou o uso de âncoras.

Foto 3: Visão frontal da cuba demostrando a desintegração (rompimento do

invólucro e dispersão do conteúdo oleoso) da cápsula com menos de 15 minutos

do teste.

Foto 4: Visão frontal da cuba demonstrando que após a desintegração da cápsula

ocorre a separação do conteúdo em pequenas partículas e, que posteriormente,

permanecem boiando na superfície da cuba.

Foto 5: Visão superior da cuba demonstrando a alteração do conteúdo da

cápsula após 1 horas de teste.

Anexo

118

Foto 6: Visão superior da cuba demonstrando a alteração do conteúdo da

cápsula após 2 horas de teste. O conteúdo esbranquiçado vai se tornando

translúcido.

Foto 7: Visão superior da cuba demonstrando a alteração do conteúdo da

cápsula após 3 horas de teste. O conteúdo esbranquiçado torna-se translúcido

indicando que 80% do fármaco encontra-se em solução (dissolvido). Dado

comprovado pelo método de quantificação.

Foto 8: Visão superior da cuba demonstrando a dispersão das gotículas de óleo

presentes na formulação avaliada. O fármaco encontra-se, praticamente, 100%

dissolvido.

Anexo

119

ANEXO 4

Fotos – Óvulos

1min 30seg 5min

10min 15min

Anexo

120

20min 25min

Após 25min Após agitação

Legenda do Anexo 4: Foto 1: Visão do óvulo na cuba depois de 1min e 30seg.

Foto 2: Visão do óvulo na cuba depois de 5 minutos.

Foto 3: Visão do óvulo na cuba depois de 10 minutos.

Foto 4: Visão do óvulo na cuba depois de 15 minutos.

Foto 5: Visão do óvulo na cuba depois de 20 minutos.

Foto 6: Visão do óvulo na cuba depois de 25 minutos.

Foto 7: Visão do óvulo dissolvido na cuba após 25 minutos.

Foto 8: Visão do óvulo dissolvido na cuba após agitação.

Anexo

121

ANEXO 5

Análise visual da dissolução dos supositórios

Foto 1 Foto 2

Foto 3 Foto 4 Legenda do Anexo 5: Foto 1: Visão do supositório e afundador.

Foto 2: Visão do supositório na cuba no início da dissolução.

Foto 3: Visão do supositório se dissolvendo.

Foto 4: Visão do supositório ao final do processo (parte não dissolvida)

Anexo

122

ANEXO 6

Parecer do Comitê de Ética

Anexo

123

ANEXO 7

Artigo Científico

Anexo

124

Anexo

125

Anexo

126

Anexo

127

Anexo

128

Anexo

129

Anexo

130

Anexo

131

Anexo

132

Anexo

133

Anexo

134

Anexo

135

Anexo

136

Anexo

137

Anexo

138

Anexo

139

Anexo

140

Anexo

141

Anexo

142

Anexo

143

Anexo

144

Anexo

145

Anexo

146

Anexo

147

Anexo

148

Anexo

149