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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MARIA SUÊNIA DE ARAÚJO NASCIMENTO
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA CONSUMIDA NAS
ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DA ZONA RURAL DO
MUNICÍPIO DE CUITÉ – PB
Patos-PB
2015
17
MARIA SUÊNIA DE ARAÚJO NASCIMENTO
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA CONSUMIDA NAS
ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DA ZONA RURAL DO
MUNICÍPIO DE CUITÉ – PB
Trabalho de conclusão de curso apresentado a Unidade
Acadêmica de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Campina Grande, como requisito obrigatório
para obtenção de título em Licenciatura em Ciências
Biológicas, com linha especifica em microbiologia dos
alimentos.
Orientadora: Profª.Msc. Carolina de Miranda Gondim
Patos-PB
2015
18
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG
N244a
Nascimento, Maria Suênia de Araújo
Análise microbiológica da água consumida nas escolas públicas
municipais da zona rural do município de Cuité - PB/ Maria Suênia de
AraújoNascimento – Patos, 2015.
53f.: il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) – Universidade
Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2015.
"Orientação: Profª. MSc. Carolina de Miranda Gondim”
Referências.
1. Análise microbiológica. 2. Água potável. 3. Escolas. 4. População rural.
I. Título.
CDU 579.67
20
Dedico com todo amor e gratidão a Deus todo
poderoso, pelo dom da vida;
Aos meus pais José Elizeu e Maria Dália, por me
ensinarem a lição mais importante: os sonhos são
possíveis com coragem para enfrentar as batalhas,
perseverança para não desistir nas primeiras derrotas
e apoio das pessoas que nos amam;
Aos meus irmãos Júnior, Jadiel e Simone por toda
força;
Ao meu noivo, onde encontrei o apoio constante, a
cumplicidade, força e amor;
Aos meus avós e familiares em especial a José Terto
meu avô (in memória), que Deus os abençoe sempre;
A minha Orientadora Carolina Gondim, pois sem ela
nada disso seria possível.
Obrigada por serem tão especiais, amo vocês!
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida, por sua providência em minha existência, infinito amor, a
minha eterna gratidão por todo encorajamento, capacidade, sabedoria e determinação para
concluir mais está etapa da minha vida.
A Maria Santíssima, que sempre me cobriu com seu manto de amor e ternura, intercedendo
por mim nos momentos de aflição.
Ao meu pai José Eliseu por toda confiança e dedicação, obrigada por tudo que o senhor
representa na minha vida. A minha querida mãe Maria Dália que não deixou faltar o amor, e
por sempre procurar fazer o melhor para mim, pelas palavras amigas nos momentos que
precisei e dos puxões de orelha também. Agradeço por todo apoio, carinho, paciência e
orações, pois tudo que sou devo a vocês, obrigada por fazerem muitos dos meus sonhos
realidade, para sempre um amor incondicional.
Aos meus irmãos Jadiel, Júnior e Simone, pela amizade, incentivo, força, apoio e carinho e
atenção ofertados que mesmo distantes se fizeram presentes torcendo pela realização desse
sonho, a vocês meu amor maior.
Aos meus avós paternos Cristina Gomes, Sabino Antônio, e avós maternos Margarida Araújo
e José Terto (In Memoriam) meu modelo de amor e honestidade, figuras de grande
importância na minha formação profissional e pessoal. Agradeço por todo carinho, educação e
mimos que me dedicaram.
A toda minha família tios, primos, cunhadas, cunhado pela atenção e carinho por sempre
acreditaram e torceram pelo meu sucesso. Em especial a minha cunhada Gleyse que nos
presenteou com um príncipe meu sobrinho (Felipe) que veio abrilhantar mais nossas vidas.
Ao meu amor de ontem, hoje e amanhã Robson Galdino Medeiros (Guli), pelo
companheirismo, amor, carinho, amizade, apoio e dedicação, por vivenciar das alegrias e
tristezas, medos e decepções dessa caminhada, obrigada por me suportar e permanecer sempre
22
ao meu lado, por ser esta pessoa tão especial e companheira; por nunca me deixar desistir em
nada que me propus a fazer, além disso, por ser colaborador dessa pesquisa, a você dedico
minha gratidão, respeito e admiração, meu amor saiba que você desperta o melhor de mim.
Aos meus futuros sogros por terem me acolhido em especial a Ivonice Galdino Medeiros que
é como uma mãe, que não mediu esforços para me ajudar, pelo seu apoio, dedicação, carinho
e amizade, meu agradecimento e carinho.
A minha orientadora Carolina de Miranda Gondim, que depositou sua confiança em mim, e
proporcionou essa oportunidade sendo eu quase uma desconhecida, pelo seu apoio, força e
encorajamento, pela oportunidade única de estar em sua companhia. Senti na senhora a
vontade de trabalhar, correr atrás dos meus sonhos e objetivos, a vontade de transmitir
conhecimento, ir á luta e não desistir. Não tenho palavras para descrever minha admiração e
agradecimento. A senhora é um exemplo de dedicação, humildade e amor a quem ouviu
pacientemente minhas considerações partilhando comigo sua ideias, conhecimentos e
experiências, obrigada pela sua amizade.
Ao meu companheiro de jornada, Joelson Santos, por ter sido como um irmão me encorajou
quando tive medo, não me deixou desanimar diante dos obstáculos, jamais esquecerei o que
fez por mim, a você minha admiração por este coração tão humilde, meu agradecimento
sincero.
Agradeço a todos os meus professores, desde a minha alfabetização até o ensino médio pela
intensa dedicação no meu aprender. Em especial ao meu padrinho Jozan Medeiros, obrigada
por todo ensinamento transmitido.
A todos os meus professores do curso de Ciências Biológicas, por terem transmitido além de
seus conhecimentos, ensinamentos de vida, em especial a Maria Fátima, Solange Kerpel,
Fernando Zanela, Marcelo Kokubum, George Nascimento, Erich Mariano, Sthephenson
Abrantes, Jair Moisés, Luciano de Brito, Carlos Eduardo, Maria das Graças, Ednaldo,
Medeiros, Ataide obrigada pela convivência harmoniosa, a vocês o mérito dessa conquista,
meu muito obrigada.
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Aos meus amigos de turma 2010.1 de Ciências Biológicas que dividiram no decorrer da
graduação momentos inesquecíveis, Jessica Diniz, Elton, Viviane Leite, Rebeca, Yamarashy,
Mazinho, Gusmão, Francilenny, Aline, Danilo (Tropeço), Geovany, Rodopho, Danilo (Pó),
em especial a Ladyanny Nielly, Thais Clementino, Valdelúcia e Jéssica Carvalho que além de
companheiras de turma passaram a minhas melhores amigas, agradeço a Deus pela amizade
sincera, vocês são muito especiais. A Andréia Costa obrigada pela amizade, apoio,
companheirismo, por ter dividido comigo as confidencias e aventuras, você representa muito
em minha vida.
As minhas amigas e companheiras de residência Claudenice, Aline e Daniela vocês
contribuíram e muito na minha formação, agradeço em especial às residentes do quarto 01,
com quem dividi parte da minha graduação. A Rubênia com quem dividi minhas
confidências, Flaviana Melo, minha parte criança, e Vitória por todos os momentos loucos
que jamais se apagaram, a vocês obrigada por aguentarem meus abusos e loucuras, sem vocês
nada faria sentido, vocês fazem parte da minha história. A Mikaelly, meu agradecimento e
carinho, pois quando mais precisei não me negou apoio, muito obrigada.
As minhas amigas e companheiras de residência em Cuité em especial a Adriana Eleutério,
Simony Cunha e Valdecléia Gomes, obrigada pela amizade, companheirismo e descontração
vocês ficarão para sempre em meu coração. A Rita de Cássia, meu agradecimento e gratidão
por toda ajuda e disponibilidade, por ser essa pessoa tão especial, meu carinho e admiração.
Aos meus amigos em Cuité Karlinhos Araújo, Adriano, Francinildo, Klara, Illane, Renata
Elias, Rayane Lucena, Miny, Crispim, Darlene, Mikaelle, Joelma, Ilanne, obrigada pela
amizade e momentos de descontração.
Aos amigos do ensino médio Fábio Biêgo, Júnior, Gustavo, Natália, e ao professor Ribamar,
agradeço pela amizade depositada.
As minhas cunhadas que mesmo sem saber o verdadeiro sentido desta conquista, torceram e
me deram força e amizade.
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A minha madrinha Socorro e seus filhos em especial Fabiana e Neto que não mediram
esforços para me ajudar minha gratidão.
A todos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Napoleão Ábdon da Nobrega
São Mamede – PB, onde realizei meu estágio em especial ao Diretor José Vieira pela
recepção calorosa e amiga. A Professora Suênia Maria, por toda amizade e carinho, a senhora
foi muito generosa, contribuindo para minha formação pessoal e profissional. A Aguimar
Júnior meu agradecimento pela sua amizade, disponibilidade por ter me ajudado tanto durante
meu estágio, por ser um excelente profissional e amigo.
A todos da Escola de Ensino Fundamental e Médio José Gomes Patos – PB onde também
realizei meus estágios, em especial, ao diretor Eméterio Batista, por toda disponibilidade e
amizade. Aos Professores Darliany Nóbrega pelo carinho e amizade e Jean Carlos pelo
incentivo e auxilio. A vocês todo o mérito.
A professora Maria das Graças por ter sido uma das responsáveis pela consolidação da minha
graduação, obrigada pelo carinho e atenção oferecidos e por ter me amparado quando mais
precisei.
Ao professor Luciano de Brito Júnior, o meu reconhecimento e gratidão pela disponibilidade,
amizade e companheirismo de sempre, e pelo auxilio para com este trabalho, pois o senhor, de
maneira receptiva e aberta, sempre foi um amigo.
Ao professor Edvaldo da Silva pelo apoio e conselhos, muito obrigada!
Ao professor Marciel Medeiros minha imensa gratidão pela sua amizade, pela força, pelas
diversas caronas, pela boa conversa e conselhos, você representa um modelo a ser seguido,
obrigada!
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A Jaciel por toda disponibilidade para comigo sempre que precisei. Não poderia esquecer uma
pessoa querida, Mônica, técnica em laboratório do Campus Cuité, minha gratidão por tudo
que fizeste por mim, todo auxilio, atenção, carinho e amizade.
A assistente Social em Cuité Vanessa da Silva que não mediu esforços para me ajudar, muito
obrigada pela disponibilidade e amizade.
Agradeço a banca examinadora Cyntia Helena e Wilson Wouflan por disponibilizarem um
pouco de atenção para com este trabalho, além de dividirem suas ideias e contribuírem para o
melhoramento do mesmo, muito obrigada!
A Universidade Federal de Campina Grande Campus Patos que, pública e gratuita, me
ofereceu a oportunidade de concretizar a Licenciatura em Ciências Biológicas que, de outro
modo, não poderia ingressar no ensino superior privado. A essa instituição devo minha vida
acadêmica e crescimento intelectual.
A Universidade Federal de Campina Grande Campus Cuité pelo acolhimento, por
disponibilizar o Laboratório de Microbiologia dos Alimentos (LABMA) do curso de
Bacharelado em Nutrição, para realização das análises e obtenção dos resultados referentes ao
meu trabalho de conclusão de curso.
A Secretaria Municipal de Saúde de Cuité, pela autorização para a realização desta pesquisa
junto às instituições de ensino público do município, bem como aos diretores das escolas que
nos receberam com boa vontade e disposição para realização das coletas.
A todos que fazem parte desta instituição UFCG, Campus Patos, em especial aos funcionários
Zé Beré e Damião.
A todos aqueles que direta ou indiretamente ajudaram na consolidação deste sonho, me
ajudando a crescer, muito obrigada! Vocês ficarão na minha memória e no meu coração.
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“A razão cardeal de toda superioridade humana é, sem dúvida, à
vontade. O poder nasce do querer. Sempre que o homem aplica
a veemência e a perseverante energia de sua alma a um fim, ele
vencerá todos os obstáculos e, se não atingir o alvo, pelo menos
fará coisas admiráveis."
(José de Alencar)
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RESUMO
O presente estudo objetivou analisar a qualidade microbiológica da água consumida
nas escolas públicas municipais da zona rural do município de Cuité – PB. Trata-se de um
estudo transversal do tipo pesquisa de campo, experimental e descritiva, realizado no
Laboratório de Microbiologia de Alimentos (LABMA), do curso de Bacharelado em
Nutrição, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) – Campus Cuité. Foram
coletadas amostras individuais dos filtros e bebedouros, utilizados pelos alunos das dezesseis
unidades escolares de ensino fundamental existentes na zona rural daquele município, para
identificação e contagem de coliformes totais, termotolerantes e bactérias heterotróficas.
Além disso, foi realizada uma entrevista com os responsáveis técnicos das escolas,
contemplando perguntas sobre a origem, transporte e acondicionamento da água, além da
higiene dos filtros e/ou bebedouros. Das dezesseis escolas avaliadas apenas uma apresentou
resultados compatíveis com os parâmetros legais vigentes quanto à determinação da ausência
de coliformes totais e termotolerantes. As demais escolas, que compreendem 93,8% do total,
apresentaram resultados positivos para coliformes totais, sendo que destas 66,6% também
exibiram resultados positivos para termotolerantes. Quanto à presença de bactérias
heterotróficas houve uma variação de 5,1x103 a 2,1x10
5UFC/ml, revelando que nenhuma das
amostras apresentou resultado satisfatório, dentro dos parâmetros legais preconizados, de
5x102
UFC/ml. Quanto aos parâmetros de interferência na qualidade da água das dezesseis
escolas, quinze, 93,8% do total, estavam sendo abastecidas com água proveniente de
caminhão pipa, sob a responsabilidade do exército brasileiro. Tais resultados demonstram a
ineficiência do sistema público de tratamento da água para consumo humano nessas
localidades, sendo necessária, a conscientização da população e dos responsáveis envolvidos
no abastecimento e distribuição da água, sobre a importância do controle de qualidade da
mesma e dos riscos veiculados ao consumo de uma água contaminada.
Palavras-chave: Análise microbiológica. Água potável. Escolas. População rural.
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ABSTRACT
The present study aimed to analyses the microbiological quality of the water
consumed on public schools at Cuité – PB. It´s a transversal study, made as an experimental
and descriptive field search, held at the Food Microbiology Laboratory (LABMA), of
Nutrition Bachelor graduation at Federal University of Campina Grande (UFCG) - Campus
Cuité. There were collected individual samples of filters and water fountains used by students
of sixteen elementary education school facilities of that county, for identification and
enumeration of total and thermotolerant coliforms, and heterotrophic bacteria. In addition, an
interview was performed with the schools technical managers, covering questions about the
origin, transport and storage of water, besides the hygiene of filters and/or drinkers. Between
the sixteen evaluated schools, only one has showed results according to legal standards, on
determining the absence of total and thermotolerant coliforms. The other schools, comprising
93,8% of total, showed positive results for total coliforms, and among them, 66,6% have also
been positive for thermotolerant. Regarding on presence of heterotrophic bacteria, there was a
variation from 5,1x103 to 2,1x10
5 UFC/ml, showing that none of the samples presented a
satisfactory result, within the prescribed legal parameters of 5x102 CFU/ml. About the
interference parameters of the water quality, fifteen, or 93.8% of them, were being supplied
by water trucks, under the responsibility of the Brazilian army. These results demonstrate the
inefficiency of the public water treatment system for human consumption at these locals,
requiring awareness of public and responsible involved in the supply and distribution of
water, about the importance of it´s quality control and the risks conveyed to consumption of
contaminated water.
Keywords: microbiological Analysis. Potable water. Schools. Rural population.
11
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Figura 1 – Localização geográfica do município de Cuité/PB.------------------------------ 28
Figura 2 – (a) Teste confirmativo para coliformes totais. (b) Teste confirmativo para
coliformes termotolerantes.------------------------------------------------------------------------
34
Figura 3 – Contagem de bactérias heterotróficas em Ágar Padrão para Contagem
(PCA).------------------------------------------------------------------------------------------------
37
Figura 4 – (a) Purificador. (b) Filtro de argila.------------------------------------------------- 41
Quadro 1 - Padrão microbiológico da água para consumo humano.------------------------ 23
Quadro 2 - Doenças relacionadas com a água.------------------------------------------------- 25
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultado do teste confirmativo para a contagem de coliformes totais e
termotolerantes nas amostras de água dos bebedouros das escolas rurais de ensino
fundamental do município de Cuité/PB.---------------------------------------------------------
31
Tabela 2– Resultado da contagem de bactérias heterotróficas nas amostras de água dos
bebedouros das escolas rurais de ensino fundamental do município de Cuité/PB.--------
35
Tabela 3– Descrição dos parâmetros de interferência na qualidade da água de consumo
humano nas escolas rurais de ensino fundamental do município de Cuité-PB, entre
outubro e dezembro de 2014.---------------------------------------------------------------------
37
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LISTA DE SIGLAS
ANA Agência Nacional das Águas
CALDO EC Caldo EC para contagem de coliformes termotolerantes
CETESB Companhia Ambiental dos Estados de São Paulo
EC Caldo EC
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LABMA Laboratório de Microbiologia de Alimentos
LST Caldo Lauril Sulfato Triptose
MS Ministério da saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
OPS Organização Pan-americana de Saúde
PB Paraíba
PCA Ágar Padrão para contagem
PNUD Programa das nações unidas para o desenvolvimento
UFCG Universidade Federal de Campina Grande
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
UFC Unidade Formadora de Colônia
VB Caldo Verde Brilhante Bile 2%
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------- 16
2 OBJETIVOS----------------------------------------------------------------------------------- 19
2.1 OBJETIVO GERAL------------------------------------------------------------------------- 19
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS--------------------------------------------------------------- 19
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA------------------------------------------------- 20
3.1 A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA PARA O SER HUMANO---------------------------- 20
3.2 A ÁGUA POTÁVEL NO BRASIL E NO MUNDO------------------------------------ 20
3.3 PADRÃO BRASILEIRO PARA A POTABILIDADE DA ÁGUA------------------- 22
3.3.1 Indicadores de contaminação fecal ou da qualidade higiênico sanitária------ 23
3.4 ÁGUA CONTAMINADA E SEUS RISCOS À SAÚDE HUMANA---------------- 24
3.5 CRIANÇAS E O AMBIENTE RURAL COMO POPULAÇÕES DE RISCO------ 27
4 METODOLOGIA----------------------------------------------------------------------------- 28
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA--------------------------------------------------- 28
4.2 LOCAL DE ESTUDO----------------------------------------------------------------------- 28
4.3 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS------------------------------------------------------- 29
4.3.1 Local e período das análises------------------------------------------------------------ 29
4.3.2 Amostragem------------------------------------------------------------------------------- 29
4.3.3 Técnicas de avaliação-------------------------------------------------------------------- 30
4.4 ANÁLISE DOS DADOS-------------------------------------------------------------------- 30
4.5 ASPECTOS ÉTICOS E FINANCIAMENTO-------------------------------------------- 30
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO----------------------------------------------------------- 31
5.1 COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES----------------------------------- 31
5.2 BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS------------------------------------------------------- 35
5.3 PARÂMETROS DE INTERFERÊNCIA------------------------------------------------- 37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS--------------------------------------------------------------- 42
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
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1 INTRODUÇÃO
A água é considerada um dos nutrientes mais importantes para o ser humano cujo
corpo é constituído por cerca de 70%, nos adultos, podendo chegar a 80% em recém-nascidos.
Está presente em todas as reações químicas do organismo e é ingerida em quantidades
superiores a quaisquer outros alimentos reunidos (CASTANIA, 2009). Por tudo isso é
considerada um recurso essencial à vida e indispensável à sobrevivência dos seres vivos,
constituindo uma reserva mineral barata e de direito de todos, devendo atender a todas as
necessidades humanas fisiológicas, econômicas e domésticas em quantidade, continuidade,
cobertura e custo (MATTOS; SILVA, 2002).
Garantir então o acesso e a qualidade da água consumida é algo imperioso para a
manutenção da vida. No Brasil a Portaria do Ministério da Saúde (MS), nº 2.914, de 12 de
dezembro de 2011, que “Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”, reza que toda a água
destinada ao consumo humano, independente de sua origem e forma de acesso para a
população, deve ser potável, atendendo ao padrão de potabilidade estabelecido na mesma, de
forma que não ofereça riscos à saúde da população (BRASIL, 2011).
Dentre os padrões de potabilidade exigidos pela legislação vigente, o microbiológico
determina a ausência do micro-organismo Escherichia coli, considerado como indicador de
contaminação de origem fecal, assim como dos coliformes totais, utilizados como indicadores
da eficiência ou não do tratamento e do sistema de distribuição (BRASIL, 2011). De maneira
geral, os micro-organismos indicadores (coliformes e Escherichia coli) têm sido utilizados
para identificar a contaminação de corpos d’água por resíduos humanos, por serem
encontrados em elevadas concentrações nas fezes humanas.
Quando a qualidade da água, no entanto, é duvidosa, a mesma pode se tornar uma das
vias mais importantes na transmissão de inúmeros patógenos, tanto por consumo direto como
pelo indireto, através da contaminação dos alimentos. Dessa maneira, uma ampla variedade de
doenças pode atingir o ser humano, motivo pelo qual a preservação da sua qualidade
microbiológica é um fator de suma importância para a saúde pública (GIOMBELLI; RECH;
TORRES, 1998.).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 783 milhões de pessoas em
todo o mundo não têm acesso à água potável, bilhões ainda estão sem saneamento e todos os
dias mais de 3.000 crianças morrem devido a doenças diarreicas. Tais números confirmam a
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degradação da qualidade da água, em especial em decorrência da contaminação
microbiológica (WHO; UNICEF, 2012).
Corroborando com tais estimativas, Caubet (2004) cita que dois milhões de seres
humanos, principalmente crianças, morrem anualmente nos países mais pobres em
decorrência das doenças gastrintestinais propagadas pela falta de água tratada. Dados
estimativos apresentados por Leite et al (2003), indicam que doenças de veiculação hídrica
sejam responsáveis pela morte de uma criança a cada 14 segundos e que das enfermidades
ocorrentes no mundo 80% são contraídas devido à água poluída.
Dessa maneira, a má gestão dos serviços de saneamento e a contaminação das águas
representam um dos principais riscos à saúde pública, sendo amplamente conhecida a estreita
relação entre a qualidade da água e inúmeras enfermidades que acometem as populações
(LIBÂNIO; CHERNICHARO; NASCIMENTO, 2005).
As crianças correspondem a um dos grupos de maior vulnerabilidade quanto às
doenças de veiculação hídrica, e isto se deve em parte, por apresentarem um sistema
imunológico ainda em desenvolvimento, como também, pelo não estabelecimento de bons
hábitos de higiene, sendo comum o compartilhamento da água na hora do consumo ou a falta
de preocupação em relação a sua origem.
A literatura descreve o meio rural como ambiente propício para o desencadeamento de
doenças oriundas da contaminação da água, devido a não contemplação de serviços de
saneamento, as condições precárias de abastecimento de água e deposição de resíduos sólidos
(SOTO et al 2005). Neste meio encontram-se as escolas rurais, ambientes nos quais as
crianças passam pelo menos metade do dia, sendo necessária a disponibilidade de água de
qualidade a fim de promover a manutenção da saúde e, consequentemente, maior qualidade de
vida.
As crianças que sofrem constantemente de doenças provocadas pela falta de água
potável acabam por transportar problemas para o contexto escolar. Uma saúde débil reduz o
potencial cognitivo e acaba por, indiretamente, prejudicar a conjuntura educacional,
acarretando absentismo, falta de atenção e abandono escolar prematuro (PNUD, 2006).
Dessa maneira, no interior do nordeste brasileiro, onde a escassez de água é um
problema histórico e recorrente, a água disponível às crianças nas escolas rurais está dentro
dos padrões legais de potabilidade?
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Segundo a agência nacional das águas (ANA, 2010), a diversidade climática entre as
regiões do Brasil, é um dos problemas contribuintes para a desigualdade dos recursos
hídricos, principalmente na região nordeste. Com isso, a população de algumas comunidades
rurais, devido à escassez, é obrigada a buscar água de sistemas alternativos, como poços,
cisternas e açudes, sem que haja controle quanto a sua origem e qualidade (EMBRAPA,
2006). Sendo assim, reconhecendo os riscos do consumo de água sem controle da
potabilidade, e ainda a problemática do abastecimento vivenciada pela população nordestina
em especial, a PNUD (2006), aponta que o fornecimento de água de má qualidade e a falta de
saneamento nas escolas constitui a segunda maior causa mundial de mortes infantis,
principalmente no meio rural que não é contemplado por empresa de saneamento.
Dessa maneira, torna-se primordial a realização de testes para avaliações quanto à
qualidade da água servida nas escolas, principalmente aquelas localizadas nas zonas rurais de
cidades com reconhecidos problemas de abastecimento, como é o caso do município de Cuité
no interior da Paraíba. As análises microbiológicas para identificação de coliformes totais e
termotolerantes são, portanto, mecanismos de eficácia cientificamente comprovada na
determinação da água como veículo na transmissão de patógenos importantes na gênese de
doenças que comprometem a integridade da saúde e bem estar da população, justificando
assim, seu uso como agentes indicadores de qualidade e sanidade da água.
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a qualidade microbiológica da água consumida nas escolas públicas
municipais da zona rural do município de Cuité – PB.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar o nível de contaminação geral da água e dos seus reservatórios, a partir da
contagem de bactérias heterotróficas.
Analisar a presença de coliformes totais e termotolerantes como indicadores de
contaminação de origem fecal.
Oferecer respaldo científico através da emissão de laudos para a tomada de ações
corretivas, caso necessário, por parte dos gestores municipais.
20
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA PARA O SER HUMANO
A água é uma substância essencial presente na natureza e constitui parte importante do
ambiente natural ou antrópico, podendo ser encontrado em três estados físico: sólido, líquido
e gasoso. Sua composição é dada por dois átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O),
formadores da molécula H2O (TELLES; COSTA, 2010).
Todos os organismos vivos demandam uma vasta variedade de compostos orgânicos
para o crescimento, reparo, manutenção e reprodução. Desses compostos, a água é um dos
mais importantes e mais abundantes, sendo particularmente vital aos micro-organismos. Fora
da célula, os nutrientes estão dissolvidos em água, o que facilita a sua passagem através da
membrana celular, dentro da célula, a água é o meio no qual ocorre à maioria das reações
químicas. De fato, a água é o componente mais abundante na maioria das células vivas,
compondo entre 5 a 95% de todas as células, com uma média de 65 a 75%, de modo que,
nenhum organismo pode sobreviver sem água (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012).
A água também é um reagente fundamental nos processos digestivos dos organismos
em que as moléculas mais complexas são quebradas em outras mais simples; está envolvida
nas reações de síntese, sendo uma importante fonte de hidrogênio e oxigênio para a formação
de compostos orgânicos; na manutenção da temperatura corporal; pressão osmótica dos
fluidos; volume celular; enfim, é fundamental na manutenção do equilíbrio metabólico
(TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; GAVA; SILVA; FRIAS, 2009).
Por ser um excelente solvente é capaz de veicular inúmeras substâncias de natureza
química e/ou microbiológica, muitas delas nocivas ao homem. Ao dia um adulto ingere mais
de dois litros de água, cerca de 3% do seu peso corpóreo, além de utilizá-la para outros fins
como a higiene pessoal, do ambiente, etc. Esse contato contínuo justifica então a facilidade
como parasitas, macro e microscópicos, muitas vezes atingem o homem e nele se
desenvolvem, quando fatores coadjuvantes são favoráveis a sua sobrevida, desenvolvimento e
multiplicação (TOMINAGA, 1999).
3.2 A ÁGUA POTÁVEL NO BRASIL E NO MUNDO
Segundo a Organização Mundial de Saúde “todas as pessoas, em qualquer estágio de
desenvolvimento e condições socioeconômicas têm o direito de ter acesso a um suprimento
21
adequado de água potável e segura”. “Segura”, neste contexto, refere-se a uma oferta de água
que não represente um risco significativo à saúde, que tenha quantidade suficiente para
atender a todas as necessidades domésticas, que seja disponível continuamente e que tenha
um custo acessível (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2009).
A água potável é um recurso renovável, finito e limitado, a poluição e o aumento
desordenado da população tem levado a uma diminuição de sua quantidade e qualidade
disponíveis (MENDES; OLIVEIRA, 2004). A superfície da terra está coberta por
aproximadamente 70% de água. Entretanto, menos de 3% deste volume é de água doce, cuja
maior parte está concentrada em geleiras (geleiras polares e neves das montanhas), restando
uma pequena porcentagem de águas superficiais para as atividades humanas. No planeta a
água está distribuída da seguinte forma: 97,5% está nos oceanos, ou seja, água salgada, e
apenas 2,5% corresponde a água doce (SILVA, 2011).
No cenário mundial, o Brasil se destaca pela grande descarga de água doce dos seus
rios, cuja produção hídrica é de 177.900m³/s, quando somada aos 73.100 m³/s da Amazônia
Internacional, representa 53% de água doce do continente Sul-Americano (334.000 m³/s),
sendo quatro as principais bacias hidrográficas brasileiras; Amazônica, Prata ou Platina, São
Francisco e Tocantins (TELLES; COSTA, 2010).
Comparando a população do país e seu percentual de água doce disponível com dados
mundiais, o Brasil dispõe de 2,8% da população mundial e 12% da água doce do planeta,
estando 70% dessa água localizada na Bacia Amazônica, região com menor densidade
populacional, em oposição à região nordeste que possui apenas 5% dos recursos hídricos
disponíveis para uma população equivalente a 30% do total do país. Já as regiões Sul e
Sudeste, onde vive cerca de 60% da população, a disponibilidade de água doce chega a 12,5%
(AUGUSTO et al, 2012).
No entanto, ainda de acordo com Augusto (2012), mesmo o Brasil apresentando uma
das maiores capacidades hídricas do mundo, a alta densidade populacional, a agricultura, a
indústria energético-intensiva e o desmatamento provocam a escassez de água em quantidade
e qualidade. Necessitando de práticas que contribuam para sua preservação e controle
sanitário. Segundo a OMS os requisitos base e fundamentais para assegurar a qualidade e
segurança da água de consumo são de responsabilidade das autoridades de saúde competentes
e necessitam de um sistema de inspeção independente (WHO, 2004).
22
3.3 PADRÃO BRASILEIRO PARA A POTABILIDADE DA ÁGUA
A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que
traduzem suas principais características físicas, químicas e biológicas (SPERLING, 2005).
Há muito tempo micro-organismos indicadores têm sido utilizados na análise da
qualidade microbiológica da água. Esses grupos quando presentes em água, ou alimento
indicam a ocorrência de contaminantes de origem fecal, sobre a provável presença de
patógenos ou a deterioração potencial, além de poderem indicar condições sanitárias
inadequadas durante o processamento, produção ou armazenamento (FRANCO;
LANDGRAF, 2008).
Para análise ou monitoramento da qualidade da água são utilizados indicadores
biológicos específicos como as bactérias do grupo coliformes (SILVA; JUNQUEIRA;
SILVEIRA, 2001). Indicadores biológicos específicos referem-se a um tipo de micro-
organismo cuja presença na água evidência que esta se encontra poluída com material fecal de
origem humana ou outros animais de sangue quente (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1996).
Para que a água seja considerada potável no Brasil, é preciso que os parâmetros físico-
químicos e microbiológicos estejam de acordo com a portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de
2011, do Ministério da Saúde (Quadro 1) que “Dispõe sobre os procedimentos de controle e
de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”
(BRASIL, 2011).
23
Quadro 1. Padrão microbiológico da água para consumo humano
Tipo de água Parâmetro VMP (1)
Água para consumo humano Escherichia coli (2) Ausência em 1000 mL
Água
tratada
Na saída do
tratamento Coliformes totais (3) Ausência em 1000 mL
No sistema de
distribuição
(reservatórios e
rede)
Escherichia coli Ausência em 1000 mL
Coliformes
totais (4)
Sistemas ou soluções
alternativas coletivas
que abastecem menos
de 20.000 habitantes.
Apenas uma amostra,
entre as amostras
examinadas no mês,
poderá apresentar
resultado positivo.
Sistemas ou soluções
alternativas coletivas
que abastecem a partir
de 20.000 habitantes.
Ausência em 100 mL em
95% das amostras
examinadas no mês.
Fonte: BRASIL, 2011.
NOTAS: (1) Valor máximo permitido.
(2) Indicador de contaminação fecal.
(3) Indicador de eficiência de tratamento.
(4) Indicador de integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede).
3.3.1 Indicadores de contaminação fecal ou da qualidade higiênico sanitária
a) Coliformes Totais
O grupo dos coliformes totais é um subgrupo da família Enterobacteriaceae, capazes
de fermentar lactose com produção de gás, quando incubados a 35 oC, por 24-48 horas. São
bacilos gram-negativos e não formadores de esporos. Representam esse grupo a Escherichia
coli que tem como hábitat primário o trato intestinal do homem e animais, e bactérias não
entéricas, espécies dos gêneros Citrobacter, Enterobactere Klebsiella (CARVALHO, 2010).
24
b) Coliformes termotolerantes
Grupo comumente chamados de coliformes fecais, é um subgrupo dos coliformes
totais, restrito aos membros capazes de fermentar a lactose com produção de gás, quando
incubados a 44,5-45,5 o
C, por 24 horas. Pertence a esse grupo as enterobactérias originárias
do trato gastrointestinal (E. coli), e membros de origem não fecal (várias cepas de Klebsiella
pneumoniae, Pantoea agglomerans, Enterobacter aerogenes, Enterobacter cloacae e
Citrobacter freundii) (SILVA, et al, 2010).
c) Bactérias heterotróficas
Bactérias heterotróficas são definidas como microrganismos que utilizam compostos
orgânicos como fonte de carbono orgânico para seu crescimento e síntese de material celular,
estando incluídas nesse grupo tanto bactérias patogênicas como aquelas pertencentes ao grupo
dos coliformes (BARTRAM, 2003, apud CETESB, 2006).
A contagem padrão de bactérias heterotróficas não deve exceder a 500 UFC/ml
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003, apud CETESB, 2006).
3.4 ÁGUA CONTAMINADA E SEUS RISCOS À SAÚDE HUMANA
Doenças causadas pela contaminação da água consumida pelos seres humanos
configuram como uma das grandes preocupações para a saúde pública (MENDES;
OLIVEIRA; 2004; WHO, 2004). É responsabilidade dos governos em todo o mundo a
determinação de regulamentos que permitam a disponibilização para a população de água
com qualidade, livre de contaminantes que possam provocar doenças (AMARAL et al, 2003;
WHO, 2004).
Segundo a OMS, a ingestão de água contaminada prejudica a saúde das pessoas
através da ingestão direta ou indireta, a partir do consumo de alimentos contaminados; pelo
seu uso na higiene pessoal e no lazer; na agricultura e na indústria. As doenças de veiculação
hídrica são causadas principalmente por micro-organismos patogênicos de origem entérica,
animal ou humana, transmitidos pela via fecal-oral, e têm sido responsáveis por vários surtos
epidêmicos, representando causa de elevada taxa de mortalidade em indivíduos com baixa
resistência imunológica (GRABOW, 1996).
25
A tabela 1 mostra de forma sucinta como se agrupam as doenças relacionadas com a
água.
Quadro 2 - Doenças relacionadas com a água
GRUPO DE
DOENÇAS
FORMAS DE
TRANSMISSÃO
PRINCIPAIS
DOENÇAS
FORMAS DE
PREVENÇÃO
Transmitidas pela
via feco-oral
(alimentos
contaminados por
fezes)
O organismo
patogênico (agente
causador de
doenças) é ingerido
1. Diarreias e
disenterias,
como a cólera e
a giardíase
2. Febre tifoide e
paratifoide
3. Leptospirose
4. Amebíase
5. Hepatite
infecciosa
6. Ascaridíase
(lombriga)
1. Proteger e
tratar as
águas de
abasteciment
o e evitar uso
de fontes
contaminadas
2. Fornecer
água em
quantidade
adequada e
promover a
higiene
pessoal,
doméstica e
dos
alimentos
Controladas pela
limpeza com a
água (associadas ao
abastecimento
insuficiente de
água)
A falta de água e a
higiene pessoal
insuficiente criam
condições
favoráveis para sua
disseminação
Infecções na pele e nos
olhos, como o tracoma
e o tifo relacionado
com piolhos, e a
escabiose
Fornecer água em
quantidade adequada
e promover a higiene
pessoal e doméstica
Associadas à água
(uma parte do ciclo
da vida do agente
infeccioso ocorre
em um animal
aquático)
O patogênico
penetra pela pele ou
é ingerido
Esquistossomose 1. Evitar o
contato de
pessoas com
águas
infectadas
2. Proteger
mananciais
3. Adotar
medidas
adequadas
para a
disposição de
esgotos
4. Combater o
hospedeiro
intermediário
26
Transmitidas por
vetores que se
relacionam com a
água
As doenças são
propagadas por
insetos que nascem
na água ou picam
perto dela
1. Malária
2. Febre amarela
3. Dengue
4. Filariose
(elefantíase)
1. Combater os
insetos
transmissores
2. Eliminar
condições
que possam
favorecer
criadouros
3. Evitar o
contato com
criadouros
4. Utilizar
meios de
proteção
individual Fonte: Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano (MS, 2006).
No mundo uma das maiores causas de morbidade e mortalidade humana está
relacionada com doenças infecciosas causadas pelo consumo de água contaminada, com mais
de 80% das mortes ocorrendo em países em desenvolvimento (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2006b). No ano 2000 cerca de 2,4 bilhões de pessoas, quase a metade da
população do planeta, não vivia em condições aceitáveis de saneamento (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2000a). Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, 2006b, nos
países da América Latina e Caribe as enfermidades de veiculação hídrica, até meados da
década 2000, correspondiam a uma das principais causas de mortes na região, sendo a
epidemia de cólera originada no Peru em 1991, uma das mais significativas dos últimos anos,
se estendendo por 21 países da região, com mais de 1.200.000 casos registrados até 1997.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a OMS, corroboram ao
afirmarem que 4.500 crianças com menos de cinco anos de idade morrem diariamente no
mundo, devido à dificuldade de acesso à água potável e à ausência de saneamento básico,
como exemplo disso, as diarreias comuns que afetam principalmente crianças causam cerca
de 1,8 milhões de mortes anuais (JOVENTINO, 2010; PNUD, 2006).
Em países com boas condições sanitárias esses fatos se mostram menos frequentes,
porem erros relacionados com a manipulação nas estações de tratamento e a presença de
contaminantes imprevistos pode afetar a qualidade de água e causar problemas a saúde
pública (MENDES; OLIVEIRA, 2004). No Brasil, segundo dados da OMS a falta de água
27
potável e de saneamento é causa de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares
(TARTARI, 2014).
Contudo os sistemas de saneamento básico adequado e água tratada podem reduzir em
20% a 80% a incidência de doenças infecciosas, inibindo a sua geração e interrompendo a sua
transmissão (ONU, 2006; UNESCO, 2009).
3.5 CRIANÇAS E O AMBIENTE RURAL COMO POPULAÇÕES DE RISCO
Os serviços de saneamento são de vital importância para proteger a saúde, minimizar
as consequências da pobreza e proteger o meio ambiente, a ausência desses serviços tem
provocado precárias condições de saúde para uma parcela da população brasileira, que sofre
com a incidência de doenças de veiculação hídrica (TEIXEIRA; GUILHERMINO, 2006).
Segundo dados da OPS (2000), doenças transmitidas pela água e infecções relacionadas com
a falta de saneamento são importantes contribuintes para causa de surtos de doenças e morte
no mundo, além de representar elevadas taxas de mortalidade em indivíduos com baixa
resistência, especialmente idosos e crianças menores de cinco anos.
No meio rural é comum homens e animais partilharem das mesmas fontes de água
comprometendo a qualidade da água para o consumo familiar (AMARAL et al, 2003). Neste
contexto, as escolas localizadas no ambiente rural estão propensas a serem ambientes de fácil
disseminação das doenças de veiculação hídrica, devido à precariedade no tratamento da água
utilizada para consumo. Segundo Serra et al (2012) é habitual no Brasil a ocorrência de
escolas funcionando com instalações e equipamentos deficientes, sem abastecimento hídrico
ou ainda com abastecimento de água não potável.
As principais necessidades sociais como a educação, saúde e bem estar estão
estreitamente relacionadas com a água potável e a higiene. A educação é essencial na
obtenção de igualdade de oportunidades. Contudo, as crianças impossibilitadas de frequentar
a escola, quando afetadas por acessos constantes de doenças causadas pelo consumo de água
imprópria, não usufruem plenamente do direito à educação (PNUD, 2006).
28
4 METODOLOGIA
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Este estudo tem como base o projeto de pesquisa intitulado “Análise microbiológica
da água consumida nas escolas públicas municipais urbanas de ensino fundamental do
município de Cuité – PB” desenvolvido por equipe da Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG). Apresenta-se como um estudo transversal do tipo pesquisa de campo,
experimental e descritivo, realizado a partir de coletas efetivadas em todas as escolas
municipais rurais de ensino fundamental da cidade Cuité, Paraíba.
4.2 LOCAL DE ESTUDO
O presente estudo foi desenvolvido na zona rural da cidade de Cuité (latitude 6 29′
6″S e longitude 36° 9′ 25″W), município situado na região centro-norte do estado da Paraíba,
a 235 Km da capital do estado, João Pessoa
Figura 1: Localização geográfica do município de Cuité/PB
Fonte: Ministério de minas e energia (2005).
Segundo dados do IBGE (2014), Cuité possui uma população total residente estimada
em 20.312 habitantes, com uma densidade demográfica de 26,93 hab/km². Está inserida na
29
unidade geoambiental do Planalto da Borborema, com altitude variando entre 650 a 1.000
metros. A área desta unidade é recortada por rios perenes, porém de pequena vazão e o
potencial de água subterrânea baixa.
4.3 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
4.3.1 Local e período das análises
As análises foram realizadas no Laboratório de Microbiologia de Alimentos
(LABMA), do curso de Bacharelado em Nutrição, da Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG) – Campus Cuité, no período compreendido entre outubro e dezembro de
2014.
4.3.2 Amostragem
Foram coletadas amostras individuais dos filtros e bebedouros, utilizados pelos alunos
das dezesseis unidades escolares de ensino fundamental da zona rural existente na cidade de
Cuité. Em cada escola foram coletadas duas amostras, utilizando-se sacos plásticos coletores,
estéreis, com capacidade para 120 ml. Os responsáveis pela coleta usaram luvas de
procedimento e álcool etílico a 70%, seguindo os procedimentos descritos na 21ª edição do
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (SILVA et al, 2010).
Paralelamente foram realizadas entrevistas aos responsáveis técnicos por cada
unidade, com perguntas sobre a origem da água utilizada para o consumo (sistema comum de
abastecimento ou fonte alternativa), transporte e acondicionamento da mesma, forma de
distribuição (filtrada ou não, quando sim em filtros de argila ou bebedouros), e higiene dos
filtros e/ou bebedouros.
Após as coletas as amostras foram transportadas até o LABMA em caixa térmica
contendo gelo em seu interior. As análises microbiológicas foram realizadas dentro do prazo
máximo de até 24 horas após a coleta conforme descrito por Silva et al (2010).
30
4.3.3 Técnicas de avaliação
Para a determinação de bactérias heterotróficas foi utilizada metodologia semelhante a
CETESB L5 201/06 (CETESB, 2006), descrita por Silva et al (2010), para a contagem total
de aeróbios mesófilos em placas. Dessa maneira, todos os ensaios, bactérias heterotróficas
(aeróbios mesófilos), coliformes totais e termotolerantes, seguiram as metodologias do
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, relatados em Silva et al
(2010).
A determinação das bactérias heterotróficas foi realizada a partir da inoculação das
amostras diluídas (10-1
, 10-2
e 10-3
) em placas únicas. Utilizou-se o meio de cultura Ágar
Padrão para Contagem (PCA), com plaqueamento em superfície (método spread plate), e
seleção das placas com contagem entre 25 e 250 UFC/ml. Já para os coliformes totais e
termotolerantes foi realizado teste de diluição única, a partir de uma série de 10 (dez) tubos de
ensaio para cada amostra, contendo Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) para os testes
presuntivos e Caldo Verde Brilhante Bile 2% (VB) e Caldo EC para os testes confirmativos,
respectivamente.
4.4 ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados foram submetidos a uma análise de frequência, descritiva e comparativa.
4.5 ASPECTOS ÉTICOS E FINANCIAMENTO
Para a realização da pesquisa foi solicitada a autorização à Secretaria de Educação do
município (Apêndice 2).
Como a mesma não envolveu diretamente seres humanos, animais ou dados privativos
de instituição de caráter particular, não foi necessária à anuência do comitê de ética em
pesquisa.
Por questões éticas apenas as inicias de cada escola foram divulgadas, sendo ainda
categorizadas de A-P para fins de apresentação dos resultados e discussão.
A pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização.
31
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES
Os resultados da análise microbiológica para coliformes totais e termotolerantes, das
amostras de água dos bebedouros das escolas rurais de ensino fundamental do município de
Cuité/PB, encontram-se discriminados na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultado do teste confirmativo para a contagem de coliformes totais e
termotolerantes nas amostras de água dos bebedouros das escolas rurais de ensino
fundamental do município de Cuité/PB.
Teste de diluição única (inoculação de 10 alíquotas com 10ml da amostra por tubo)
Escola
N° de tubos
positivos para os
testes confirmativos
Resultado em
NMP/100 ml*
Classificação quanto
aos parâmetros
legais**
EMEF NM (A) **CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme ***T 0 <1,1
EMEF PF (B) CT 10 > 2,3 x 10
1
Não conforme T 8 1,6 X 10
1
EMEF DQ (C) CT 3 3,6
Não conforme T 0 <1,1
EMEF ACD (D) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 7 1,2 X 10
1
EMEF JF (E) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 2 2,2
EMEF TGA (F) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 1 1,1
EMEF LA(G) CT 8 1,6 X 10
1
Não conforme T 0 <1,1
EMEF JML (H) CT 10 >2,3 x 101 Não conforme
32
T 10 >2,3 x 101
EMEF MJFP (I) CT 5 6,9
Não conforme T 0 <1,1
EMEF MGGM
(J)
CT 10 >2,3 x 101
Não conforme T 7 1,2 x 10
1
EMEF FS (K) CT 0 <1,1
Conforme T 0 <1,1
EMEF HPR (L) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 10 >2,3 x 10
1
EMEF EM (M) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 5 6,9
EMEF AFL (N) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 3 3,6
EMEF ISF (O) CT 3 3,6
Não conforme T 0 <1,1
EMEF PVC (P) CT 10 >2,3 x 10
1
Não conforme T 2 2,2
*NMP/100 ml - Número Mais Provável por 100 ml da amostra, com intervalo de confiança de 95%.
**Considerar como conforme resultados <1,1 (ausência) para ambos os parâmetros avaliados, de acordo com a
Portaria MS nº 2.914/11.***CT – coliformes totais.****T – coliformes termotolerantes.
De acordo com a Portaria MS nº 2.914/11, em seu anexo 1 que estabelece os padrões
microbiológicos da água para consumo humano, dentre os parâmetros para que a mesma seja
considerada potável estão à ausência de coliformes totais e termotolerantes para cada 100 ml
da amostra avaliada (BRASIL, 2011).
Observando os dados da tabela 1, nota-se que apenas uma das amostras (escola K)
apresentou resultados compatíveis com os parâmetros legais quanto à determinação da
ausência de coliformes totais e termotolerantes. As demais escolas, que compreendem 93,8%
do total, apresentaram resultados positivos para coliformes totais, sendo que destas 66,6%
também exibiram resultados positivos para termotolerantes. Dessa maneira, quanto á
contaminação da água por coliformes, a água de 15 das 16 escolas avaliadas encontra-se
imprópria ao consumo humano.
33
Os dados encontrados neste estudo corroboram com os de Oliveira (2012) que, ao
analisar a presença de coliformes totais e termotolerantes na água consumida de forma direta
(bebedouros) e indireta (torneira da cantina), por alunos e funcionários de dez escolas
públicas estaduais do município de Picos/PI, 90% das amostras avaliadas apresentou-se em
desacordo com a legislação e apenas uma das escolas avaliadas não apresentou nenhum dos
contaminantes biológicos pesquisados, isso tanto para amostras provenientes dos bebedouros
como da cantina.
Já Siqueira et al (2010), ao avaliar a qualidade bacteriológica, de quarenta amostras de
água em diferentes unidades de alimentação no entorno da Universidade Federal de
Pernambuco e da Universidade Federal Rural de Pernambuco na cidade do Recife (PE),
verificou que 62,5% das amostras analisadas apresentaram coliformes totais e 42,5%,
coliformes termotolerantes.
Castania (2009) de forma contrária aos dados encontrados nessa pesquisa, a partir de
análises realizadas na água de bebedouros, torneiras de entrada e torneiras da cozinha de vinte
instituições de ensino infantil na cidade de Ribeirão Preto/SP, verificou que todas as amostras
apresentaram ausências de coliformes totais e termotolerantes. Dados semelhantes ao
encontrados por Fortuna et al (2007), que das 36 amostras de água coletadas de diferentes
bebedouros do Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Minas Gerais, 35
(97,22%) apresentaram ausência de coliformes totais e termotolerantes em apenas uma
(2,78%) o resultado foi positivo para a presença de coliformes.
Vieira et al (2011) em seu estudo com amostras de água captadas de bebedouros das
escolas municipais da cidade de Alfenas/MG, verificou que dentre as 38 amostras analisadas,
nenhuma (100%) apresentou positividade para coliformes totais, fecais e termotolerantes.
Dos estudos avaliados pode-se perceber que aqueles da região Sudeste apresentaram
dados diferentes aos encontrados neste estudo.
Avaliando agora a potabilidade da água no sistema publico de abastecimento da região
sudeste do país, em um estudo realizado por Soto et al (2006), avaliou-se a qualidade da água
de poços rasos de 50 escolas da rede pública da zona rural do Município de Ibiúna/SP, no qual
os resultados revelaram uma elevada contaminação com níveis acima de 100 UFC (unidades
formadoras de colônias) para coliformes totais em 90%, e termotolerantes em 82% das
amostras analisadas.
34
Uma vez que os coliformes totais e termotolerantes fazem parte da família
Enterobacteriaceae e são classificados como micro-organismos indicadores de más práticas
de higiene e contaminação de origem fecal, respectivamente, a presença dos mesmos na água
ou qualquer tipo de alimento pode estar relacionado à presença de diversos patógenos
intestinais, importantes agentes etiológicos de inúmeras enfermidades, como: outras bactérias
(Salmonella, Vibriocholerae, por exemplo), vírus (hepatite, por exemplo), entre outros.
(FRANCO; LANDGRAF, 2008).
Figura 2 – (a) Teste confirmativo para coliformes totais. (b) Teste confirmativo para
coliformes termotolerantes
(a) (b)
Fonte: Própria
35
5.2 BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS
Os resultados da análise microbiológica para bactérias heterotróficas nas amostras de
água dos bebedouros das escolas rurais de ensino fundamental do município de Cuité/PB,
encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2– Resultado da contagem de bactérias heterotróficas nas amostras de água dos
bebedouros das escolas rurais de ensino fundamental do município de Cuité/PB.
Amostras (únicas)
Nº de colônias nas placas de acordo com a
diluição
***Cálculo dos
resultados em
UFC/ml 10-1
10-2
10-3
EMEF NM (A) **Inc *28 2 2,8 x 104
EMEF PF (B) Inc *194 38 1,9 x 105
EMEF DQ (C) Inc 206* 13 2,1 x 105
EMEF ACD (D) 250 130* 12 1,3 X 105
EMEF JF (E) Inc Inc Inc Inc
EMEF TGA (F) Inc Inc Inc Inc
EMEF LA(G) Inc 150* 69 1,5 x 105
EMEF JML (H) ****Ac Ac Ac Ac
EMEF MJFP (I) 51* 17 2 5,1 x 103
EMEF MGGM (J) 147* 5 4 1,5 x 104
EMEF FS (K) Inc 67* 6 6,7 x 104
EMEF HPR (L) Inc 148* 33 1,5 x 105
EMEF EM (M) Inc 99* 5 9,9 x 104
EMEF AFL (N) 117 50* 2 5 x 104
EMEF ISF (O) Inc 155* 45 1,6 x 105
EMEF PVC (P) Inc 61* 11 6,1 x 104
*Contagens efetivamente utilizadas no cálculo dos resultados (preferencialmente entre 25 e 250). **Inc. –
incontáveis. ***Cálculo dos resultados considerando o tipo de plaqueamento (spread plate) em unidade
formadora de colônias por ml da amostra.****Ac - Acidente de laboratório.
Ainda de acordo com a Portaria MS 2.914/11, deve-se realizar a quantificação das
bactérias heterotróficas em valores de até 500 UFC/ml, ou seja, até 5 x 102 UFC/ml. Tais
micro-organismos utilizam compostos carbonados como fonte de energia e por isso sua
36
contagem pode fornecer uma indicação geral sobre a qualidade microbiológica da água
tratada, e, quando realizada regularmente, pode demonstrar alterações devido ao
armazenamento, eficiência dos métodos de tratamento, integridade e limpeza do sistema de
distribuição (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003, apud CETESB, 2006). Vieira et
al (2011) cita também que contagens elevadas de bactérias mesófilas sob as mesmas
condições de análise das bactérias heterotróficas, sugerem uma possível contaminação, tanto
da rede quanto dos reservatórios, e ainda falhas no estado de conservação e higienização de
filtros e bebedouros.
Foram coletadas e analisadas amostras de dezesseis escolas, no entanto, devido a um
erro de laboratório, uma das amostras foi descartada, sendo, portanto, a contagem realizada
em quinze amostras. A presença de bactérias heterotróficas (Figura 3) variou de 5,1x103 a
2,1x105UFC/ml, revelando que nenhuma das amostras apresentou resultado satisfatório,
dentro dos parâmetros legais preconizados de até 5x102
UFC/ml. Dessa maneira, 100% das
amostras avaliadas encontraram-se fora dos padrões satisfatórios para serem consideradas
potáveis. Esses dados se assemelham aos de Vasconcelos (1995), que avaliou a água de
bebedouros de onze escolas públicas de conjuntos habitacionais da zona oeste de
Manaus/AM, e apresentou como resultados 100% das amostras contaminadas com coliformes
totais e microrganismos mesófilos, além de 40,9% positivas para coliformes termotolerantes.
Um estudo realizado por Gomes et al (2005), avaliou a qualidade microbiológica e
físico-química da água destinada ao consumo de alunos e servidores de uma Instituição
Federal de Ensino Superior (IFES) do Sul de Minas Gerais, foram constatadas a presença de
bactérias heterotróficas em 25% (n=8) das amostras analisadas.
Os dados encontrados nesta pesquisa divergem dos referenciados por Vieira et. al.
(2011), que em estudo realizado com amostras de água captadas de bebedouros das escolas
municipais da cidade de Alfenas/MG, apresentou 29% das amostras avaliadas com resultados
superiores ao padrão, 5 x 102
UFC/ml.
Segundo Silva et al (2005) esse tipo de contagem é uma ferramenta para acompanhar a
eficiência das diferentes etapas de tratamento da água e permite ainda verificar as condições
em diferentes pontos da rede de distribuição e a eficiência do processo de limpeza das caixas
e reservatórios de água).
37
Figura 3 – Contagem de bactérias heterotróficas em Ágar Padrão para Contagem (PCA).
Fonte: Própria
5.3 PARÂMETROS DE INTERFERÊNCIA
Parte dos resultados dos parâmetros de interferência na qualidade da água das escolas
rurais do município de Cuité/PB encontra-se descrita na tabela 3.
Tabela 3– Descrição dos parâmetros de interferência origem, transporte, acondicionamento e
distribuição da água de consumo humano nas escolas rurais de ensino fundamental do
município de Cuité-PB, entre outubro e dezembro de 2014.
Escola Origem da
água Transporte Acondicionamento Distribuição
EMEF
NM (A) Cisterna*
Depósitos
plásticos Depósitos plásticos
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF PF
(B) Areia**
Caminhão
pipa
Cisterna da
escola***
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
DQ (C) Areia
Caminhão
pipa Cisterna da escola
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
38
carvão ativado
EMEF
ACD (D) Areia
Caminhão
pipa Cisterna da escola
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF JF
(E) Areia
Caminhão
pipa Cisterna da escola
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
TGA (F) Areia
Caminhão
pipa Cisterna da escola
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
LA(G) Areia
Caminhão
pipa
Cisterna
comunitária****
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
JML (H) Areia
Caminhão
pipa Cisterna comunitária
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
MJFP (I) Areia
Caminhão
pipa Cisterna comunitária
Apenas armazenada em
bebedouro de argila sem
filtro
EMEF
MGGM
(J)
Areia Caminhão
pipa Cisterna comunitária
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF FS
(K) Areia
Caminhão
pipa Cisterna comunitária Purificador
EMEF
HPR (L) Areia
Caminhão
pipa Cisterna comunitária
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
EM (M) Areia
Caminhão
pipa Cisterna comunitária
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
AFL (N) Areia
Caminhão
pipa Cisterna comunitária
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
39
carvão ativado
EMEF
ISF (O)
Da própria
localidade
Caminhão
pipa Cisterna da escola
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
EMEF
PVC (P) Areia
Caminhão
pipa Cisterna da escola
Filtrada em bebedouro
de argila com filtro de
carvão ativado
*Cisterna – água de chuva.**Areia – cidade vizinha situada a 83 km. ***Cisterna da escola usada somente para
o consumo dos alunos e funcionários. ****Cisterna comunitária utilizada por toda a comunidade
Observou-se que das dezesseis, quinze escolas, 93,8% do total, estavam sendo
abastecidas com água proveniente de caminhão pipa, sob a responsabilidade do exército
brasileiro. Quanto à origem em 14 escolas, 87,5%, a água era proveniente de açudes do
município de Areia; em 1(uma) escola a água era proveniente de poços e açudes locais,
fornecida pela prefeitura de Cuité; e uma última escola, abastecida com água de chuva,
coletada em cisternas dos moradores da região que disponibilizavam a água para a escola em
depósitos de plástico. Não foi relatada, por nenhum dos responsáveis pelas escolas, a
existência de laudos que comprovassem a potabilidade da água, nem de procedimentos de
controle ou tratamento da mesma.
Nenhuma das escolas que faziam uso de cisternas para o acondicionamento da água
apresentou quaisquer documentos que comprovassem a higienização dos reservatórios ou
cisternas, assim como não houve relatos sobre a existência e periodicidade desses
procedimentos. Silveira (2011), em seu estudo para averiguar a qualidade da água utilizada
em escolas públicas, relata que de 124 escolas públicas atendidas pelo PNAE no estado do
Rio Grande do Sul, em que foram colhidas amostras de água de torneiras externas e internas,
117 tinham reservatório de água, porém apenas 22 apresentaram reservatórios limpos
semestralmente. Das 13 escolas que exibiram resultados positivos para E coli, 9 apresentavam
reservatório de água. Vale salientar que todas as escolas eram abastecidas com água da rede
pública municipal.
Da mesma forma, Cardoso et al (2007) ao avaliar a qualidade de água utilizada em
escolas atendidas pelo PNAE, Salvador (BA), em amostra estratificada de 83 escolas, 49
municipais e 34 estaduais nas quais foram coletadas água usada nas cantinas, 17% dispunham
40
dos registros sobre a potabilidade e 51% dos reservatórios não eram higienizados
periodicamente.
Com relação aos procedimentos de tratamento da água, dentro das escolas, para
consumo direto, como filtragem, fervura ou cloração, das 16 escolas analisadas, 15 (93,8%)
relataram utilizar bebedouros de argila e apenas 1 (uma) fazia uso de purificador de água
(Masterfrio Home Eletrônico). Quanto à higienização dos filtros, aqueles em barro eram
higienizados com a utilização de produtos químicos (detergente, água sanitária e açúcar
diretamente no filtro), e a periodicidade de limpeza, em média, variava de duas a três vezes
durante a semana. Apenas uma escola teve como relato que a higienização dos bebedouros
acontecia diariamente. O bebedouro de argila de uma das escolas pesquisadas estava sendo
utilizado de forma irregular, pois o mesmo encontrava-se sem o filtro de carvão ativado. O
purificador elétrico ainda não havia sido higienizado, pois o mesmo, segundo informação do
responsável, havia sido instalado há poucos dias. Nenhuma escola apresentou documento que
comprovasse a forma e frequência de higienização dos bebedouros.
Dessa maneira, embora das dezesseis escolas quinze apresentassem tratamento da
água através de sistemas de filtragem, em apenas uma delas (escola K) o resultado das
análises confirmou a ausência de coliformes totais e termotolerantes, no entanto, todas
independente do mecanismo utilizado na filtragem da água, apresentaram contagens elevadas
para bactérias heterotróficas. Segundo a CETESB, (2006), o número elevado de bactérias
heterotróficas pode, inclusive, mascarar os resultados das análises para coliformes, que
também são considerados heterotróficos. O número elevado desses micro-organismos,
possivelmente está relacionado à falta de tratamento da água em qualquer uma das etapas,
desde a captação, armazenamento, transporte e novo armazenamento, até a distribuição.
41
Figura 4– (a) Purificador. (b) Filtro de argila
(a) (b)
Fonte: Própria
Levanta-se assim, o questionamento sobre a eficiência dos filtros e/ou bebedouros,
quanto a garantia de uma água isenta de contaminação microbiológica, quando a origem da
mesma é duvidosa, apresentando elevados níveis de contaminação. Há ainda de se levar em
consideração que tal ineficiência pode ter sido causada não pela qualidade dos instrumentos
(bebedouros de argila e elétricos), mas sim, pela falta de manutenção e higienização
adequadas.
Por fim, cabe ainda destacar que um dos fatos que provavelmente cooperaram com os
resultados obtidos, seja o fato de os responsáveis pelas escolas, acreditarem na origem e
qualidade da água (a maioria Operação Carro Pipa do Exército Brasileiro), de tal forma que
relatavam não ser necessário nenhum tipo de tratamento extra, pois a água já se encontrava
própria para o consumo humano.
Dos resultados supracitados foi realizada análise microbiológica e emitido a secretaria
de educação do município de Cuité laudos para a tomada de ações corretivas, caso necessário,
por parte dos gestores municipais.
42
6.0 CONCLUSÃO
Os resultados supracitados demonstram que nenhuma das amostras analisadas
encontra-se dentro dos padrões de potabilidade determinados pelo Ministério da Saúde,
através da Portaria MS no
2.914/2011. Apenas uma das amostras (escola K), apresentou
ausência de coliformes totais e termotolerantes, no entanto, junto às demais, exibiu valores
elevados para bactérias heterotróficas.
Tais resultados demostram a ineficiência do sistema público de tratamento da água
para consumo humano, fato que se agrava ainda mais em locais que sofrem com frequência
com a escassez de água. No entanto, fica evidente que a falta de conhecimento da população
também é um fator de extrema importância, pois não conhecem ou não acreditam nos riscos
provocados pelo consumo de água contaminada, assim como quais as formas de tratamento,
manutenção e contaminação. Essa realidade pode ser evidenciada não apenas no interior do
nordeste, mas também, em outros locais da federação conforme evidenciado nos demais
estudos.
A importância sobre o conhecimento da qualidade da água servida nas escolas, seja em
áreas rurais ou urbanas, é inquestionável, uma vez, a partir dele, é possível que sejam tomadas
as medidas necessárias a fim de sanar as inadequações encontradas, diminuindo assim os
riscos à saúde da população, em especial aquelas mais vulneráveis como crianças e idosos;
diminuindo também o índice de absenteísmo escolar em virtude das doenças diarreias; assim
como taxas de morbimortalidade relacionadas ao tema.
É fato que a escassez de água vivenciada pelas microrregiões do curimataú paraibano,
assim como do cariri e sertão, é um potencial agravante desta situação, legitimando ainda
mais, a necessidade de conscientização da população e dos responsáveis envolvidos no
abastecimento e distribuição da água, sobre a importância do controle de qualidade da mesma
e dos riscos veiculados ao consumo de uma água contaminada.
43
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<http://www.unicef.pt/18/12_03_06_pr_odm_agua.pdf>. Acesso em: 03 de Janeiro de 2015.
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Apêndice 2. Modelo do laudo de análise microbiológica emitido a secretaria de educação do
município de Cuité.
Universidade Federal de Campina Grande
Unidade Acadêmica de Saúde
Laboratório de Microbiologia de Alimentos
Sítio Olho D’Água da Bica, s/n, Cuité, Paraíba – Brasil
Fone: (83) 33721900
LAUDO DE ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
N° xx/ANO
DADOS DO SOLICITANTE
Nome:
Endereço:
DADOS DA AMOSTRA
Identificação:
Lote: Data de fabricação: Validade:
Data e hora da coleta:
RESULTADOS DAS ANÁLISES
Data e hora do início das análises:
Análises realizadas
Resultados encontrados
Padrão
OBSERVAÇÕES DA AMOSTRA:
DADOS COMPLEMENTARES:
CONCLUSÃO:
RSPONSÁVEL TÉCNICO
COORDENADOR DO LABORATÓRIO