UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS … · Figura 5– Modelo de avaliação de empresas e...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS CHAPECÓ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RIVAEL DIEGO SABBI DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS CHAPECÓ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CAMPUS CHAPEC

CURSO DE ADMINISTRAO

RIVAEL DIEGO SABBI

DIAGNSTICO ORGANIZACIONAL PARA MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

CHAPEC

2016

RIVAEL DIEGO SABBI

DIAGNSTICO ORGANIZACIONAL PARA MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

CHAPEC

2016

Trabalho de concluso de curso apresentado como

requisito para obteno de grau de Bacharel em

Administrao da Universidade Federal da

Fronteira Sul.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Mauro DallAgnol

RIVAEL DIEGO SABBI

DIAGNSTICO ORGANIZACIONAL PARA MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

Trabalho de concluso de curso apresentado como requisito para obteno de grau de

Bacharel em Administrao da Universidade Federal da Fronteira Sul.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Mauro DallAgnol.

Este trabalho de concluso de curso foi defendido e aprovado pela banca em:

17/06/2016.

minha famlia, por todo apoio e

dedicao.

AGRADECIMENTOS

Agradeo a Deus, por todas as bnos em minha vida, por ter me permitido chegar

at aqui com muita fora e sabedoria, iluminando meu caminho nos momentos mais difceis.

Agradeo meu pai, Celito Luiz Sabbi e minha me Mazeli Fortes dos Santos, por toda

garra e f, pela educao e ensinamentos que muito me ajudaram em minha trajetria e por

todo o apoio e confiana que tornaram possvel esta realizao.

Agradeo meus irmos Vitor Antonio Sabbi e Ilezam Keila Sabbi por fazerem parte da

minha vida e por terem me dado toda referncia e apoio na minha formao pessoal.

minha namorada Danieli Tonatto, pelo amor, apoio, dedicao e pacincia

demonstrados no decorrer deste curso, sempre me dando foras para continuar.

UFFS pela oportunidade impar de desenvolvimento acadmico, proporcionado pela

sua filosofia de ensino diferenciada, que prepara cidados no somente para atuar no mercado

de trabalho, mas sim, para serem os agentes principais das suas vidas.

Ao Prof. Dr. Orientador Roberto Mauro DallAgnol, pelas valiosas recomendaes e

por toda sua disponibilidade e confiana demonstradas neste rduo processo.

Agradeo a coordenao de curso de Administrao da UFFS e a todos os seus

professores, que possibilitaram a concusso de mais esta etapa da minha formao, atravs de

muita dedicao e de toda sua excelncia metodolgica.

Aos meus colegas de curso, pelos timos momentos compartilhados, pelo aprendizado

mtuo e pela inestimvel ajuda nos trabalhos em equipe.

E por fim, agradeo ao gestor da organizao objeto deste trabalho, por abrir as portas

da sua empresa para que eu pudesse aplicar os conhecimentos adquiridos na academia,

compreendendo melhor a dinmica organizacional da nossa regio.

RESUMO

Historicamente as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) sofrem com a pouca

profissionalizao de suas gestes, seja por fatores econmicos, sociais, culturais, por falta de

conhecimento administrativo, essas organizaes no mantem uma gesto estruturada de seus

negcios. Isso implica em dificuldades e baixa capacidade competitiva. Apesar das MPEs

representar o maior nmero de empresas brasileiras e com grande importncia

socioeconmica, ainda h poucas teorias da administrao desenvolvidas no contexto dessas

empresas. Assim sendo, o objetivo deste trabalho propor um instrumento de diagnstico

organizacional voltado s micro e pequenas empresas industriais. O estudo tem carter

qualitativo, com fins descritivos, realizada por meio de pesquisa de campo, utilizando-se do

estudo de caso de uma microempresa do setor moveleiro de Chapec-SC. A coleta de dados

se deu por entrevistas semiestruturadas junto ao gestor da empresa. Para a anlise, se utilizou

da anlise de contedo. A pesquisa se desenvolveu em trs etapas: Elaborao do

instrumento; Aplicao do instrumento em um caso; e Validao do instrumento. Os

resultados da primeira etapa permitiram identificar 23 elementos necessrios para um

diagnstico empresarial e elaborar um instrumento inicial com 99 questes para investigao,

validado junto especialistas das reas de administrao estratgica, produo, marketing,

financeira e recursos humanos. A aplicao desse instrumento em um caso permitiu constatar

necessidades peculiares do diagnstico de uma MPE. A anlise e ajuste do instrumento inicial

resultou na excluso de 36 questes, reformulao de 17, reformulao e agrupamento de

outras 30 e manuteno de 16 questes, alm do desenvolvimento de um roteiro de

observao para avaliao da produo. Com esses dados, o instrumento inicial foi ajustado,

assim o instrumento final ficou com 57 questes e um roteiro para observao de dois pontos

(organizao dos estoques e da fbrica), tornando a proposta aplicvel realidade das MPEs

industriais.

Palavras chave: Diagnstico Organizacional. Micro e Pequenas Empresas. Indstria

Moveleira

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema bsico de custeio. ..................................................................................... 27

Figura 4 - Exemplo de Demonstrao do Fluxo de Caixa. ....................................................... 35

Figura 5 Modelo de avaliao de empresas e negcios .......................................................... 48

Figura 6 Matriz SWOT ou FOFA ......................................................................................... 56

Figura 7 Matriz Estratgica .................................................................................................... 57

Figura 8 Modelo 3 Es de diagnstico organizacional ........................................................... 60

Figura 9 - Fases da elaborao do instrumento de diagnstico. ............................................... 81

Figura 10 - Fases da aplicao do instrumento de diagnstico. ............................................... 84

Figura 11- Sntese do processo de pesquisa. ............................................................................ 88

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificao dos itens ABC ................................................................................... 24

Quadro 2 Composto de marketing e suas subdivises. .......................................................... 29

Quadro 3 Modelo de Balano Patrimonial para MPEs. ....................................................... 33

Quadro 4 Modelo de Demonstrao do Resultado do Exerccio para MPEs....................... 34

Quadro 5- Indicadores financeiros. .......................................................................................... 36

Quadro 6 Exemplos de doenas e sintomas empresariais ...................................................... 45

Quadro 7 - Componentes, elementos e ferramentas para a avaliao de empresas e negcios.

.................................................................................................................................................. 51

Quadro 8 - Componentes, elementos e ferramentas da avaliao externa, interna e Matriz

FOFA. ....................................................................................................................................... 57

Quadro 9 Tipos de estilo gerencial ......................................................................................... 62

Quadro 10 - Sntese modelo de diagnstico 3Es. ................................................................ 63

Quadro 11 - Componentes, elementos e ferramentas do modelo de diagnstico 3Es. ........ 63

Quadro 12 - Componentes, elementos e ferramentas do diagnstico para pequenas e mdias

empresas. .................................................................................................................................. 67

Quadro 13 Sntese dos componentes de anlise dos modelos de diagnstico. ....................... 69

Quadro 14 - Classificao do porte das empresas, segundo faturamento bruto anual. ............ 71

Quadro 15 - Classificao do porte das empresas segundo nmero de empregados. .............. 71

Quadro 16 - Conceitos e reas da administrao. ..................................................................... 82

Quadro 17 - Elementos de anlise e suas reas. ....................................................................... 90

Quadro 18 - Evidencias de que as questes estavam confusas para MPEs. ............................. 93

Quadro 19 - Sugestes de incluso de elementos de anlise. ................................................... 94

Quadro 20 - Evidencias da importncia do questionamento. ................................................... 95

Quadro 21 - Elementos de anlise e suas reas aps avaliao por especialistas. ................... 95

Quadro 22 - Diagnstico da administrao de marketing. ..................................................... 101

Quadro 23 - Diagnstico da administrao de RH. ................................................................ 103

Quadro 24 - Diagnstico da administrao de produo. ....................................................... 104

Quadro 25 - Diagnstico da administrao financeira. .......................................................... 107

Quadro 26 - Diagnstico da administrao estratgica. ......................................................... 108

Quadro 27 - Pontos fracos, fortes, ameaas e oportunidades. ................................................ 115

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais dificuldades para a conduo das MPEs ativas. .................................... 75

Tabela 2 - Nmero de elementos das reas da administrao .................................................. 90

Tabela 3- Resposta questo n 1 especialista administrao estratgica. ................................. 91

Tabela 4- Resposta questo n 1 especialista administrao da produo................................ 92

Tabela 5 - Resposta questo n 1 especialista administrao financeira. ................................. 92

Tabela 6- Resposta questo n 1 especialista administrao de RH. ........................................ 92

Tabela 7- Anlise da rivalidade entre empresas existentes. ................................................... 111

Tabela 8- Anlise de ameaas de produtos substitutos. ......................................................... 112

Tabela 9- Anlise da ameaa de novos entrantes. .................................................................. 113

Tabela 10- Anlise poder de negociao dos fornecedores. ................................................... 113

Tabela 11- Matriz FOFA CLS Mveis. .................................................................................. 116

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 - Distribuio da importncia das questes e/ou pontos de investigao para o

diagnstico de MPEs. ............................................................................................................... 93

Grfico 2 - Classificao das questes aplicadas no processo de diagnstico. ........................ 97

Grfico 3 - Questes excludas ................................................................................................. 98

Grfico 4 - Anlise das cinco foras competitivas de Porter. ................................................. 114

SUMRIO

1 INTRODUO ........................................................................................................... 14

1.1 TEMA E PROBLEMA ............................................................................................. 15

1.2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 16

1.3.1 Objetivos Especficos ............................................................................................ 16

1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 16

2 REFERENCIAL TERICO ........................................................................................ 18

2.1 A GESTO E SUAS REAS FUNCIONAIS ......................................................... 18

2.1.1 Gesto e as funes administrativas ...................................................................... 18

2.1.2 Administrao da produo ................................................................................... 20

2.1.3 Administrao de marketing .................................................................................. 28

2.1.4 Administrao financeira ....................................................................................... 31

2.1.5 Administrao de recursos humanos ..................................................................... 40

2.2 O DIAGNSTICO ORGANIZACIONAL .............................................................. 43

2.2.1 Modelos de diagnstico ......................................................................................... 47

2.2.1.1 Avaliao de empresas e negcios ..................................................................... 48

2.2.1.2 Anlise externa, interna e matriz FOFA ............................................................. 54

2.2.1.3 Modelo 3Es ........................................................................................................ 59

2.2.1.4 Diagnstico para pequenas e mdias empresas industriais ................................. 65

2.2.1.5 Sntese dos componentes de anlise dos modelos .............................................. 69

2.3 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL .......................................... 70

2.3.1 A gesto nas MPEs ............................................................................................... 74

3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 79

3.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA ........................................................................ 79

3.2 UNIDADE DE ANLISE ........................................................................................ 80

3.3 ETAPAS DA PESQUISA ........................................................................................ 80

3.3.1 Elaborao do instrumento inicial de diagnstico ................................................. 81

3.3.2 Aplicao do instrumento em um caso .................................................................. 84

3.3.3 Validao do instrumento ...................................................................................... 87

3.3.4 Sntese do processo de pesquisa ............................................................................ 88

4. RESULTADOS .......................................................................................................... 89

4.1 ELABORAO DO INSTRUMENTO ................................................................... 89

4.1.1 Anlise de modelos desenvolvidos ........................................................................ 89

4.1.2 Agrupamento dos elementos dos modelos em reas da administrao ................. 89

4.1.3 Seleo dos elementos, questes e/ou pontos de investigao; ............................. 90

4.1.4 Avaliao por especialistas .................................................................................... 91

4.1.5 Estruturao do instrumento .................................................................................. 96

4.2 VALIDAO DO INSTRUMENTO ...................................................................... 96

4.3 APLICAO DO INSTRUMENTO ESTUDO DE CASO .............................. 99

4.3.1 Diagnstico da empresa CLS Mveis e Aberturas ................................................ 99

4.3.1.1 Breve histrico .................................................................................................. 100

4.3.1.2 Administrao de marketing ............................................................................. 101

4.3.1.3 Administrao de recursos humanos ................................................................ 102

4.3.1.4 Administrao da produo .............................................................................. 104

4.3.1.5 Administrao financeira .................................................................................. 107

4.3.1.6 Administrao estratgica ................................................................................. 108

4.3.2 Anlises do posicionamento competitivo e Matriz FOFA................................... 111

4.3.2.1 Anlise das cinco foras de Porter .................................................................... 111

4.3.2.2 Matriz FOFA .................................................................................................... 114

5. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 119

REFERNCIAS ........................................................................................................... 121

APNDICE A Roteiro de preparao para o diagnstico. ........................................ 126

APNDICE B Instrumento de diagnstico inicial .................................................... 128

APNDICE C Instrumento de diagnstico final ....................................................... 143

APNDICE D - Roteiro de observao para o diagnstico ......................................... 150

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1 INTRODUO

Gerenciar os recursos organizacionais (financeiros, humanos, tecnolgicos, etc.) de

forma a melhorar a competitividade da organizao no atual cenrio econmico no tarefa

fcil. Assim, natural que empresrios e empreendedores sintam certo temor ao tomar suas

decises, levando em considerao a diversidade e complexidade das variveis envolvidas nos

processos de gesto e presentes no ambiente do negcio. Para isso, de fundamental

importncia diagnosticar a situao conjuntural da organizao e analisar os investimentos a

serem aplicados no negcio, os custos, as estratgias, os objetivos e os processos que a

empresa utiliza para se manter competitiva no mercado.

Tudo isso vlido para as pequenas empresas, que historicamente do pouca ateno a

profissionalizao da sua gesto e sofrem com problemas advindos deste fato (TEIXEIRA;

TOSO; GRZYBOVSKI, 2009).

Decidir com base em informaes do ambiente interno e externo da organizao uma

questo bsica, pois a interao entre esses dois ambientes interferem e condicionam as

estratgias organizacionais. Porm, devido complexidade dos dados ou a acelerada rotina

dos executivos, eles sozinhos, muitas vezes no conseguem fazer todas as analises para gerir

suas empresas. Neste sentido, podem utilizar do conhecimento e experincia de outros

profissionais, os consultores, que por meio de tcnicas e mtodos especficos, com o apoio

dos membros internos da organizao, identificam solues e facilitam o desenvolvimento da

empresa (OLIVEIRA, 1996).

Uma das principais ferramentas de trabalho de um consultor o diagnstico

organizacional que permite uma viso mais ampla e clara da situao presente da empresa em

anlise e, assim, facilita o processo de interveno e alinhamento dos processos aos objetivos

do negcio. No entanto, a realizao de diagnsticos uma tarefa um tanto subjetiva, uma vez

que as diferentes caractersticas das organizaes requerem ajustes nos mtodos de

investigao e nas questes a serem contempladas, pois conforme Wood Jr. e Picarelli Filho

(1999, p. 148) A realizao do diagnstico parte do pressuposto de que qualquer viso da

organizao ser necessariamente parcial e que preciso usar uma metodologia estruturada e

somar diferente vises para retratar convenientemente o objeto de anlise.

15

1.1 TEMA E PROBLEMA

Carneiro e DallAgnol (2005, p. 21) salientam que muitos empresrios atuam com

pouco conhecimento sobre gesto. Motivados por conhecimentos tcnicos nas reas que

pretendem atuar, trabalham sem priorizar a gesto, incorrendo dificuldades de sobrevivncia a

curto prazo.

Nas empresas de pequeno porte e menos longevas, as estratgias no so formalizadas,

os sistemas contbeis e financeiros no so estruturados, o planejamento operacional frgil e

o sistema de informaes que apoiam as decises gerenciais, quando existe, pouco

confivel. Isso dificulta o planejamento de estratgias eficazes para confrontar as dificuldades

empresariais e acompanhar os resultados obtidos, a partir da comparao entre o planejado e o

realizado (PETRY; NASCIMENTO, 2007).

Alm de dificultar a sobrevivncia e competitividade, a pouca estruturao gerencial

das MPEs complica a aplicao de um processo de diagnstico, uma vez que [...] o banco de

dados da pequena empresa est na cabea do empreendedor (ESCRIVO FILHO, 2003;

DREHER; TOMIO; ULLRICH, 2003 apud TAVARES; FERREIRA; LIMA, 2009, p. 13).

Portanto, as micro e pequenas empresas, ainda representam um grande desafio

terico para a cincia da Administrao. Essa dificuldade em compreender as organizaes

de menor porte deve-se, em grande parte, pela utilizao de modelos tericos formulados a

partir de estudos em grandes organizaes contextualizadas na realidade de pases

desenvolvidos (TAVARES; FERREIRA; LIMA, 2009, p. 11-12).

O diagnstico procura uma viso global da empresa, e a partir desta amplitude,

permite a verificao de problemas organizacionais e os indcios de suas causas, para a

formulao de solues aceitveis s dificuldades da empresa (KINGESKI, 2005).

Devido s caractersticas peculiares das pequenas organizaes, Longo (1990, p. 187)

salienta que de fundamental importncia sensibilidade no momento de escolher mtodos ao

diagnstico dessas empresas, sempre [...] adaptando-os empresa e no ao contrrio.

Diante disso, o presente estudo tratou do tema de diagnstico organizacional,

voltando esforos para a temtica no que se refere s micro e pequenas empresas industriais e

buscou a soluo da problemtica de como estruturar um instrumento de diagnstico

aplicvel s micro e pequenas empresas industriais?

16

1.2 OBJETIVO GERAL

Propor um instrumento de diagnstico organizacional voltado s micro e pequenas

empresas industriais.

1.3.1 Objetivos Especficos

Identificar os principais elementos necessrios para um diagnstico empresarial;

Elaborar um instrumento de diagnstico validado junto a especialistas;

Ajustar o instrumento s necessidades das micro e pequenas empresas industriais;

Aplicar o instrumento de diagnstico, validado, em um caso real, com vistas a

constatar necessidades peculiares das micro e/ou pequenas empresas;

1.4 JUSTIFICATIVA

Segundo o SEBRAE (2013a, p.27) no ano de 2012, as micro e pequenas empresas

(MPEs) representavam 99% dos empreendimentos, quase 52% dos empregos formais e 40%

da massa salarial paga aos trabalhadores dos estabelecimentos no agrcolas do Brasil. Alm

disso, de acordo com o IBGE (2003, p. 15) as MPEs ajudam no desenvolvimento do pas, j

que tambm servem de [...] colcho amortecedor do desemprego, onde em pocas de crise

econmica, os pequenos negcios so uma alternativa de ocupao da mo de obra excedente.

Mas, conforme salientado por Carneiro e DallAgnol (2005), Petry e Nascimento

(2007), Teixeira, Toso e Grzybovski (2009), entre outros, s micro e pequenas empresas

historicamente sofrem com a pouca profissionalizao de suas gestes, o que acarreta em

dificuldades de sobrevivncia e competitividade.

Para o enfrentamento das dificuldades mencionadas, uma importante ferramenta o

diagnstico organizacional, pois permite aos gestores e consultores uma viso global da

empresa, e a partir desta amplitude, a verificao de problemas organizacionais e suas causas,

para formulao de solues aceitveis s dificuldades da empresa (KINGESKI, 2005). Ou

seja, o diagnstico [...] ajuda a empresa a conhecer a si prpria e facilita o processo de

mudana (WOOD JR; PICARELLI FILHO, 1999, p.146).

Contudo, segundo Tavares, Ferreira e Lima (2009 p. 11-16) as micro e pequenas

empresas, ainda representam um grande desafio terico para a cincia da Administrao. Os

modelos tericos existentes foram formulados a partir de estudos em grandes organizaes

17

contextualizadas na realidade de pases desenvolvidos. Estudos que pretendam caracterizar

aspectos da gesto de microempresas devem utilizar elementos e metodologias com capacidade de

diferenci-las.

Assim, o que torna este trabalho importante que ele contribui com a temtica de

diagnstico organizacional em micro e pequenas empresas, no meio acadmico; oferece uma

ferramenta aos consultores que podem se utilizar de um instrumento ajustado ao contexto das

microempresas industriais, no meio profissional; e as MPEs industriais podem se utilizar da

ferramenta para melhorar suas gestes e facilitar seu desenvolvimento, no meio

socioeconmico..

18

2 REFERENCIAL TERICO

Nesse captulo se abordam as questes sobre a gesto e suas reas funcionais, o

diagnstico organizacional e as Micro e Pequenas Empresas no Brasil. Os conceitos aqui

apresentados serviram de sustentao para o desenvolvimento desse trabalho.

2.1 A GESTO E SUAS REAS FUNCIONAIS

Para ampliar o entendimento sobre gesto e suas reas, se deu nfase nesta seo nas

funes fundamentais da administrao e se elencou alguns conceitos e responsabilidades das

reas funcionais da administrao da produo, marketing, finaneira e recursos humanos.

2.1.1 Gesto e as funes administrativas

Antes de entrarmos no mrito das reas funcionais, necessrio o entendimento do

que gesto e quais so as funes fundamentais da administrao.

Segundo Maximiano (2009, p. 11) a palavra administrar pode ser usada como

sinnimo de gerenciar ou seja, administrao e gesto tem o mesmo significado [...] um

processo dinmico de tomar decises sobre a utilizao de recursos, para possibilitar a

realizao de objetivos.

Para Bateman e Snell (2010, p. 15) [...] administrao o processo de trabalho com

pessoas e recursos, que visa cumprir as metas de uma organizao. Tal processo

segmentado em quatro funes que representam os princpios fundamentais da administrao,

sendo elas: planejar, organizar, liderar e controlar.

Planejar, de acordo com Lacombe e Heilborn (2008, p.49) [...] pensar

antecipadamente o que se deseja alcanar e determinar os meios e recursos para concretizar

esse desejo. Para tanto, necessrio coletar dados, diagnosticar situaes, determinar

objetivos e metas, traar estratgias e estabelecer um cronograma que permita acompanhar a

execuo.

Organizar, segundo Bateman e Snell (2010, p. 16) [...] reunir e coordenar os

recursos humanos, financeiros, fsicos, de informao e outros necessrios ao atingimento dos

objetivos. Isso requer identificar, dividir e agrupar o trabalho e as pessoas que o realizaro,

definir responsabilidades e autoridades de forma que as pessoas e as coisas trabalhem no

sentido de alcanar o mximo desempenho.

19

Liderar, para Schermerhorn Jr. (2007, p. 17) [...] o processo de elevar o entusiasmo

das pessoas para o trabalho e inspir-las a cumprir os planos e atingir os objetivos. De forma

a conduzir o grupo e criar um comprometimento para uma mesma viso.

Controlar, a funo que [...] assegura que as atividades da organizao levam-na em

direo aos objetivos. Ou seja, medir os resultados alcanados comparando-os com os

planejados, assim, possvel fazer os ajustes necessrios rumo aos trilhos dos objetivos

organizacionais (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p.50).

Os autores citados, salientam que as funes administrativas na prtica no ocorrem de

maneira ordenada como foi exposto. Normalmente o volume de trabalho do administrador

requer que esse profissional fique atento a vrios fatores e apagando incndios

constantemente, ou seja, fazendo diversas coisas mais ou menos ao mesmo tempo.

Por isso, Bateman e Snell (2010) afirmam que um bom administrador no negligencia

nenhuma das quatro funes fundamentais. E, para tanto, este profissional se utiliza de uma

srie de habilidades, ou melhor, competncias gerenciais, como chama Maximiano (2009).

Aqui agrupadas em trs categorias:

a) Competncia tcnicas: capacidade de desempenhar uma tarefa especfica que envolve um

determinado mtodo ou processo;

b) Competncia intelectual: a capacidade de identificar e solucionar problemas em

benefcio da equipe e da organizao, com base em informaes concretas ou atravs da

criatividade;e

c) Competncias interpessoais e de comunicao est diretamente relacionada a liderana,

ou seja, a capacidade de liderar, motivar e se comunicar eficazmente, seja com os

subordinados, superiores ou clientes de uma organizao.

A complexidade e o volume do trabalho de gerenciar alto. Por este motivo, as

organizaes dividem as tarefas especficas em reas funcionais, o que facilita o alcance de

seus objetivos. Maximiano (2009), considera que as reas mais importantes para qualquer

instituio so: produo (operaes), marketing, finanas, recurso humanos, pesquisa e

desenvolvimento. Todas as reas so coordenadas pela administrao geral ou estratgica.

Pensar estrategicamente uma empresa, para Pereira (2010, p.25), envolve questes

complexas do macro ambiente de negcio. Em outras palavras, para administrar

estrategicamente tem-se que ir at o futuro imaginar o que a organizao pretende e a partir

da trazer esses elementos para o presente para formular as estratgias que levaro a

20

organizao a esse futuro imaginado, ou melhor dizendo, criado. O autor complementa ao

afirmar que isso no um exerccio de adivinhao, mas um estudo reflexivo, multidisciplinar

e sinrgico do ambiente de negcios da organizao.

A administrao estratgica tem como principal responsabilidade enxergar a

organizao como um todo, observar aspectos internos e externos e desenvolver planos

estratgicos que sejam capazes de direcionar todas as reas funcionais, para que juntas, sejam

capazes de solucionar problemas e atingir os objetivos da empresa, para tanto os gestores

planejam estrategicamente, organizam, lideram, controlam e avaliam a empresa na sua

totalidade.

No prximo tpico so apresentados as reas administrativas de produo, marketing,

finanas e recursos humanos.

2.1.2 Administrao da produo

A funo primordial da administrao da produo gerenciar recursos de modo a

permitir transformar insumos em bens ou servios de maneira rpida, eficiente, a um custo

baixo e sem erros (JACOBS; CHASE; SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

Portanto, produo uma palavra genrica, que no remete apenas a produo de

algum bem material, mas, tambm de servios. Normalmente a terminologia administrao

da produo est associada a empresas industriais e, quando se refere a prestao de servios

ou empresas comerciais, utiliza-se o termo administrao de operaes (MOREIRA,2011).

O processo produtivo , em geral, dividido em trs componentes. Input (entradas), o

processo de transformao e os outputs (sadas). Os inputs esto relacionados aos recursos a

serem utilizado no processo de transformao de alguma forma (materiais, dados,

consumidores, instalaes, pessoal, etc.). O processo de transformao responsvel por

converter os inputs em outputs. Nele renem-se os inputs aos recursos produtivos que agem

para transform-los. Os dois principais recursos produtivos so instalaes (prdios,

equipamentos, terreno e tecnologia de produo) e os funcionrios. Na outra ponta temos os

outputs, que representam as sadas ou resultados da transformao, podendo ser bens (outputs

tangveis) ou servios (outputs intangveis) (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

Segundo Maximiano (2009) existem trs processos produtivos bsicos:

Produo de massa: entrega de grande quantidade de produtos semelhantes, podendo

ser complexos ou simples;

21

produo por processo contnuo: o fornecimento contnuo de um nico produto ou

servio (gasolina, corantes, acar, etc.); e

produo unitria e em pequenos lotes: o processo realizado sob encomenda,

podendo ser simples ou complexos.

O processo produtivo, assim como as estratgias produtivas devem estar alinhadas

com os objetivos corporativos maiores e, com os anseios dos clientes que consumiro os

produtos ou servios oferecidos. Portanto, a elaborao desses processos depender da

dimenso competitiva em que a organizao pretende atuar. Assim, Jacobs e Chase (2009, p.

25) indicam as seguintes dimenses competitivas:

Custo ou preos: marcada pela procura constante de reduo do preo de venda. As

empresas que atuam com essa dimenso normalmente comercializam produtos sem

grandes diferencias (commodities) e atendem clientes que compram unicamente com

base no preo;

Qualidade: est diretamente relacionada com a excelncia produtiva. Assim, pode-se

elencar duas caractersticas que definem a qualidade em um produto, a qualidade do

projeto ou a qualidade do processo. A primeira refere-se ao conjunto de atributos e

recurso que o produto contem (qualidade da matria prima, tecnologia, design, etc.). J

a segunda caracterstica, est relacionada a confiabilidade do produto, ou seja, o quo

eficiente o controle de qualidade da produo. A qualidade permite diferenciao

pela agregao de valor ao produto que condiciona o consumidor a pagar mais pelo

mesmo;

Velocidade de entrega: existem mercados que necessitam de um fornecimento mais

rpido. Assim, aumentar a velocidade produtiva pode garantir bons diferenciais

competitivos;

Confiabilidade na entrega: essa dimenso relaciona-se com a capacidade da empresa

em entregar os produtos na data prometida, ou antes dela, aos clientes;

Enfrentando a mudana na demanda: a capacidade da empresa em adequar-se as

variaes de demanda. Por isso, fundamental o bom balanceamento da capacidade

produtiva para lidar com o dinamismo da demanda do mercado no longo prazo;

Flexibilidade e velocidade de lanamento de novos produtos: a dimenso que

envolve a capacidade da empresa em desenvolver um novo produto, reformular seu

22

processo produtivo e disponibiliza-lo no mercado. Com isso, a empresa consegue

disponibilizar uma grande variedade de produtos aos seus clientes.

Silveira et al. (2013, p. 166-167) afirmam que o fator determinante da eficincia

produtiva do polo industrial moveleiro do sul e sudeste brasileiro a estratgia de produo.

Nessas empresas so maiores os ndices de cumprimento da programao da produo, e

menores os nveis de produtos com defeitos de fabricao.

J as empresas ineficientes de acordo com Silveira et al. (2013, p.166), possuem

elevada deficincia no planejamento produtivo da organizao, que acabam a investir de

maneira desproporcional situao atual da empresa e perspectivas de crescimento, gerando

capacidade de produo ociosa e excesso de capital imobilizado.

Planejar e controlar a capacidade produtiva para Slack, Chambers Johnston (2009) a

[...] tarefa de determinar a capacidade efetiva da operao produtiva, de forma que ela possa

responder demanda. Ou seja, decidir como a produo deve reagir em relao flutuao

da demanda.

Segundo Fernandes e Godinho Filho (2010, p.11) as principais atividades para o

Planejamento e Controle da Produo (PCP) so:

Prever a demanda;

Desenvolver um plano de produo agregado (balanceado com a demanda de

determinado perodo);

Realizar um planejamento da capacidade que suporte o plano de produo agregado;

Programar a produo no curto prazo;

Controlar por meio de regras de controle;

Controlar a emisso e liberao das ordens de produo e compra;

Controlar os estoques;

Programar/sequenciar as tarefas nas mquinas.

O processo de planejamento da capacidade produtiva deve ser encarado como algo

cclico. Para Martins e Laugeni (2005) empresas de eficazes avaliam de forma cclica o quo

prximas esto de seus objetivos e como anda sua competitividade em termos de

produtividade. Esse processo ocorre mediante quatro fases: medida, avaliao, planejamento e

melhoria da produtividade.

23

Ainda segundo Martins e Laugeni (2005), a medida da produtividade de uma

organizao ocorre basicamente com dois tipos de indicadores. Produtividade total que

corresponde a relao entre a medida do output (produo) gerado em determinado perodo e

a medida de todos os input (insumos) consumido no mesmo perodo (dia, ms, ano, etc.). E a

produtividade parcial, que relaciona o produzido, medido de alguma forma, e o consumido

de um dos recursos, assim, mede-se a produtividade da mo de obra, do capital, dos materiais

e outros.

Para medir a produtividade em indstrias se faz necessrio controlar a produo. No

que se refere aos controles, se destaca neste trabalho os controles de estoques, de qualidade e

dos custos produtivos.

Segundo Moreira (2011, p. 447) os estoques so classificados em algumas tipologias

bsicas, como estoque de: matria-prima; peas e outros itens comprados de terceiros ou

fabricados internamente; material em processamento; e produtos acabados.

O estoque o regulador da velocidade de fluxo produtivo, pois a falta de insumos

podem retardar a produo. Esses elementos representam um alto valor investido pela

organizao e, em termos financeiros, so determinantes no clculo das taxas de rentabilidade

da empresa, pois elevam o valor dos ativos totais (bens e direitos) da organizao, que

justifica a importncia de um bom controle dos estoques (MOREIRA 2011, p. 448).

Como controlar estoques tarefa complexa em uma organizao, necessrios

desenvolver alguns mtodos para dar prioridade aos itens com maior relevncia na gesto dos

estoques. Moreira (2011, p. 452) indica a ferramenta chamada de Curva ABC. O objetivo

da ferramenta estabelecer algum critrio que permita distinguir claramente o nvel de

importncia que se dar aos diferentes itens em estoque.

Uma maneira comum de diferenciar a importncia dos itens estocados fazer uma lista

desses de acordo com suas [..] movimentaes de valor (sua taxa de uso multiplicada pelo

seu valor individual). Mas outros critrios podem ser empregados como, por exemplo:

Consequncia da falta de estoque, incerteza de fornecimento, alta obsolescncia ou risco de

deteriorao. O fundamental que sejam percebidos os itens que precisam de um controle

mais cuidadoso. Geralmente, uma pequena proporo dos itens totais estocados representar

uma grande importncia no controle do estoque. Esse fenmeno chamado de lei de Pareto

(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p.377-378).

O Quadro 1 a seguir ilustra como os itens da Curva ABC so elencados:

24

Quadro 1- Classificao dos itens ABC

Classe Item % do volume

em estoque

% importncia

para o estoque

total

A 20 % 80 %

B 30 % 10%

C 50 % 10%

Fonte: Elaborado a partir de Slack; Chambers e Johnston, (2009, p.377).

Na classificao, os gestores de estoque podem concentrar esforos no controle dos

itens mais significativos do estoque, ou seja, item A, depois B e por ltimo item C. Os

sistemas de controle so os mais diversos, mas o que interessa que as abordagens mais

rigorosas sejam atribudas aos itens de classe A (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

Em relao qualidade, antes de entrarmos no mrito de como control-la,

fundamental entendermos o seu conceito.

Para Slack, Chambers, Johnston (2009, p. 523), qualidade na viso das operaes, a

consistente conformidade com as expectativas dos consumidores. Sendo assim, se a

experincia com o produto ou servio for melhor do que o esperado, ento a qualidade alta.

Se o desempenho do produto ou servio estiver abaixo das expectativas do consumidor, a

qualidade baixa. J, se o desempenho do produto ou servio corresponder s expectativas

dos consumidores, a qualidade aceitvel. Portanto o desafio da organizao como um todo

fechar as lacunas da qualidade, deixando os produtos ou servio em conformidade com as

expectativas dos consumidores.

Os autores supracitados indicam que o processo de controle da qualidade ocorre

basicamente em seis passos de forma cclica:

1. Definir as caractersticas de qualidade do produto/servio;

2. definir como medir cada caracterstica;

3. estabelecer padres de qualidade para cada caracterstica de qualidade;

4. controlar a qualidade sob esses padres;

5. encontrar e corrigir causas de m qualidade;

6. continuar a fazer melhoramentos.

25

Esses passos so elencados na forma do Ciclo PDCA de controle de processos

apresentado por Campos (2004). O ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) um termo em

ingls que significa Planejamento, Execuo, Verificao e Atuao Corretiva. Ou seja, esse

ciclo inicia com a determinao das metas de controle, aps definido o mtodo que

permitir atingir tais metas, educar e treinar o pessoal, executar as tarefas, verificar os

resultados da tarefa executada, atuar corretivamente e redefinir as metas caso necessrio. Esse

processo permite a constante manuteno de melhorias, no s nos processos de controle da

qualidade, como em outros processos tambm.

Vale destacar as afirmaes de Moreira (2011, p. 552) [...] se a companhia conseguir

produzir produtos ou prestar servios de alta qualidade a preos compatveis, ir colocar-se

em notveis condies competitivas. Ou seja, a administrao da produo tambm precisa

manter uma preocupao com os custos para garantir preos competitivos e, isso, aliado a

uma boa qualidade, garante grandes diferenciais competitivos.

Portanto, o controle de custos representa uma importante atividade empresarial,

exercida tambm pela administrao da produo e que permite, sobre tudo em empresas

industriais, um diferencial competitivo.

Segundo Martins (2010, p.19-23) a contabilidade de custos nasceu da contabilidade

financeira, que se deparou com a complexidade de controlar estoques nas empresas

industriais. Nos primrdios da contabilidade, seus princpios foram formulados para satisfazer

necessidades bsicas de avaliao de estoques e, no, para fornecer dados administrao.

Recentemente essa viso mudou, e se introduziu mais responsabilidades a contabilidade de

custos, o controle e deciso gerencial. O autor afirma que o conhecimento dos custos vital

para saber, se dado o preo, o produto rentvel; ou, se no rentvel, se possvel reduzi-los

(os custos).

Para o entendimento da contabilidade de custos em indstrias importante entender a

priori alguns conceitos. So eles:

Despesas [...] o valor de bens e servios no diretamente relacionados com a produo de

outros bens ou servios. Alguns exemplos so os honorrios da diretoria, salrios

administrativos, encargos sociais, material de escritrio, comisses de vendedores (SOUZA;

CLEMENTE, 2011, p. 18).

Custo Gasto relativo a bem ou servio utilizado na produo de outros bens ou servios

(MARTINS, 2010, p. 25).

26

Os custos por sua vez, podem ser classificados quanto a sua forma de apropriao ao

produto e ao volume de produo. Assim, quanto forma de apropriao os custos so:

Diretos custos que podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma

medida de consumo confivel. Um exemplo o custo de matria-prima. (MARTINS, 2010, p.

48).

Indiretos So os custos que [...] no oferecem uma condio de uma medida objetiva e

qualquer tentativa de alocao tem de ser feita de maneira estimada. Alguns exemplos so o

aluguel, os salrios da superviso e chefias (MARTINS, 2010, p. 49).

Com relao ao volume de produo os custos so classificados em:

Fixos [...] todos os custos que periodicamente oneram a empresa independentemente do

nvel de atividade (SOUZA; CLEMENTE, 2011, p. 30).

Variveis [...] todos os custos que variam proporcionalmente ao nvel de atividade. Esses

custos dependem do nvel de atividade (volume produzido ou volume vendido). Nessa

categoria so includos os materiais diretos, os materiais auxiliares (SOUZA; CLEMENTE,

2011, p. 29).

Martins (2010) ilustra que a contabilidade de custos, deve fazer o controle de maneira

a separar custos de despesas. Os custos so classificados em diretos ou indiretos. Os diretos

so alocados diretamente a cada tipo de produto da empresa e, para os indiretos, devem ser

atribudos critrios que melhor representem sua alocao a esses produtos. Dessa forma, a

somatria de todos os custos de produo, agora alocados nos produtos, podem determinar o

valor dos estoques ou o custo do produto vendido (CPV) pela simples multiplicao das

unidades desses produtos (estocados ou vendidos) pelos seus custos unitrios. Ao final do

processo so subtradas do faturamento da empresa (vendas) o CPV e as despesas para se

obter o resultado (lucro) da empresa. Esses passos so adotados pelo chamado custeio por

absoro, que relativamente simples, e por isso, com potencial limitado de gerar

informaes gerenciais.

Cabe aos gestores definir qual sistema de custeio deve ser empregado, pois os sistemas

devem ser adaptados s necessidades informacionais e restries operacionais da empresa, j

27

que os diferentes sistemas de custeio exigem maior ou menor grau de esforo para sua

manuteno. A figura 1 a seguir ilustra o processo descrito por Martins (2010).

Figura 1 - Esquema bsico de custeio.

Fonte: Martins (2010, p.57).

Um sistema um conjunto de normas, fluxos, papis, rotinas e pessoas dedicadas a

processar algo, no caso dos sistemas de custeio, o processamento se d em dados referentes

aos custos operacionais, para gerar informaes teis tomada de deciso. Mas, [...] nenhum

sistema capaz de resolver todos os problemas e toda informao provoca gastos que trazem

benefcios diferentes. Neste sentido, a avaliao crtica da relao custo-benefcio, deve ser

feita continuamente. A complexidade do sistema de custeio depende fundamentalmente da

concluso de qual tipo de informao que se quer e, quais sero os benefcios dessa

informao (MARTINS, 2010, p. 357-363).

Para Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 21) de responsabilidade do gerente de

produo as atividades de:

a) Entender os objetivos estratgicos da produo;

b) desenvolver uma estratgia de produo para a organizao;

c) auxiliar no projeto dos produtos, servios e processos de produo;

d) planejamento e Controle da Produo;

28

e) melhorar o desempenho da produo; e

f) atentar para as responsabilidades amplas como globalizao, meio ambiente,

responsabilidade social, conscincia tecnolgica e gesto do conhecimento na

produo.

Nas pequenas empresas, teoricamente, a administrao de produo no diferente

das grandes empresas. Porm, na prtica, se sabe que as organizaes de pequeno porte

possuem seus prprios conjuntos de problemas. Entre estes, o baixo nmero de recursos

humanos e operacionais, o que requer que as pessoas realizem diferentes trabalhos, o que

confunde o processo decisrio, pois as funes se justapem. Entretanto, essa estrutura

informal, permite a empresa reagir mais rapidamente s oportunidades ou ameaas que

surgem, mas cabe aos gestores encontrarem alternativas criativas e inovadoras que permitam

driblar as limitaes de suas organizaes (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p. 7).

Em suma as atividades de produo precisam estar atentas a duas dimenses. Primeiro

ao alinhamento das estratgias produtivas com as outras reas funcionais, as necessidades e

desejos do pblico-alvo da empresa e os objetivos corporativos. E, segundo com os nveis de

desempenho. Essa informao por sua vez obtida por meio do correto controle da

produtividade, dos estoques e dos custos de produo. Essas dimenses norteiam a gesto da

produo no sentido de desenvolver estratgias e planos de ao que melhorem os resultados,

tanto da rea de produo, quanto da empresa como um todo.

2.1.3 Administrao de marketing

A partir das consideraes sobre a administrao da produo fica ntido a relevncia

dos clientes na definio das estratgias produtivas. Neste sentido o marketing tem grande

importncia j que ele pode manter a empresa informada sobre as necessidades e desejos de

seus clientes. Pois, segundo Maximiano (2009, p. 8) o principal objetivo da administrao de

marketing estabelecer e manter a ligao entre a empresa e seus clientes. Essa funo

ampla e abrange diversas atividades.

Kotler e Keller (2006) definem marketing como [..] a arte e a cincia da escolha de

mercados-alvo e da captao, manuteno e fidelizao de clientes por meio da criao, da

entrega e da comunicao de um valor superior para cada cliente. Com esta definio

possvel verificar que o marketing est focado no mercado e nos clientes, para assim,

conquistar vantagens competitivas para a organizao.

29

A operacionalizao do marketing, assim como nas demais reas funcionais da

empresa, engloba a tomada de deciso, gesto de recurso, coordenao de processos e

avaliao dos resultados. Mas, ao tratar-se das funes especficas da administrao de

marketing possvel comp-las em termos de quatro variveis: produto, preo, praa

(distribuio) e promoo. Esses elementos so chamados de composto, mix, ou ainda, 4 Ps

de marketing (DIAS et al., 2010, p. 9).

De acordo com Las Casas (2012, p. 11) as variveis do composto de marketing so

controlveis pela empresa e podem ser subdivididas em outras partes. O quadro 2 ilustra o

composto de marketing.

Quadro 2 Composto de marketing e suas subdivises.

Produto Preo Distribuio

(Ponto de Venda) Promoo

Teste e

desenvolvimento

Qualidade

Diferenciao

Embalagem

Marca nominal

Marca registrada

Servio

Assistncia tcnica

Garantias

Poltica de preo

Mtodo para

determinao

Descontos por

quantidades

Condies especiais

Crdito

Prazo

Canais de

distribuio

Distribuio fsica

Transportes

Armazenagem

Centro de

distribuio

Logstica

Propaganda

Publicidade

Venda pessoal

Relaes

pblicas

Merchandising

Fonte: Las Casas (2012, p. 5)

Ainda segundo Las Casas (2012), a administrao de marketing no lida apenas com

variveis controlveis, mas tambm est em constante contato com variveis do ambiente

externo da empresa, e por isso, incontrolveis, que influenciam o mercado e obrigam o gestor

de marketing a adaptar as estratgias do composto de marketing de acordo com as mudanas

ambientais para satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores.

Kotler e Keller (2006, p. 24) dividem o ambiente de marketing em ambiente de tarefa

e ambiente geral. No primeiro ambiente, os participantes imediatos esto ligados s etapas de

produo, distribuio e promoo de ofertas. Esses participantes so: as empresas, os

fornecedores, os distribuidores, os revendedores e os clientes-alvo. J o segundo ambiente, se

divide em seis componentes bsicos: demogrfico, econmico natural (meio ambiente),

tecnolgico, poltico-legal e sociocultural.

Nesses ambientes o gestor de marketing, entre outras coisas, deve se ater coleta de

dados para gerar informaes fundamentais ao planejamento de marketing. Nessa tarefa, os

30

gestores contam com a ferramenta conhecida como Sistema de Informaes de Marketing

(SIM).

Para Khauaja, Campomar (2007, p. 29) existem diferentes abordagens sobre a forma

de integrao das informaes de marketing, [...] mas todas esto inseridas nas teorias sobre

os SIM, que trata do problema de gerao integrao e disseminao de informaes de

marketing.

Segundo Kotler e Keller (2006, p. 71) para um bom desempenho do marketing

importante que as organizaes mantenham um fluxo adequado e contnuo de informaes,

por isso, a necessidade de um bom Sistema de Informaes de Marketing (SIM), constitudo

de pessoas, processos e equipamentos dedicados na coleta, classificao, anlise, avaliao e

distribuio da informao aos tomadores de decises de marketing.

Complementando Mattar (1999, p. 39) afirma que o SIM constitudo de trs

subsistemas: Sistema de monitorao ambiental, sistema de informaes internas e sistema de

pesquisa de marketing.

O sistema de monitorao ambiental tem por objetivo manter os executivos

informados em relao s condies e modificaes das ameaas e oportunidades do ambiente

de marketing da empresa. Os dados podem ser coletados em livros, jornais, revistar gerais e

especializadas, universidades e institutos de pesquisa, alm da investigao das informaes

pblicas da concorrncia. Destaca-se a fora de vendas da empresa como agentes importantes

de inteligncia de marketing. (MATTAR, 1999, p. 40).

O sistema de informaes internas, ou, sistema de registros internos, so os registros

de pedidos, vendas, preos, estoques, custos, contas a receber e a pagar etc. permitindo ao

gestor de marketing informaes sobre o desempenho da empresa e, assim, possa manter o

controle de parte das atividades de marketing. De forma a deixar os gerentes cientes dos

pontos fortes e fracos apresentados pela organizao. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 71).

Pesquisa de marketing a identificao, coleta, anlise e disseminao de

informaes de forma sistmica e objetiva e o uso de informaes para melhorar a

tomada de decises relacionada com a identificao e soluo de problemas e

oportunidades em marketing (MALHOTRA, 2006, p. 36).

O autor ainda salienta que a pesquisa de marketing se utiliza de mtodos cientficos

para garantir a confiabilidade e qualidade das informaes levantadas.

Portanto, conforme Khauaja, Campomar (2007, p. 29) o conceito do SIM foi se

desenvolvido paralelamente e, em funo, do prprio conceito de marketing e atualmente

representa uma ampliao das funes da tradicional pesquisa de marketing.

31

O sucesso das estratgias de marketing depende da informao do seu ambiente, sem a

qual, todo o processo fica comprometido pela falta de embasamento na realidade. Portanto,

[...] no haver planejamento de marketing se no houver informao de marketing.

(MATTAR 1999, p. 23).

Os resultados da pesquisa realizada por Khauaja e Campomar (2007, p. 42) permitem

aos autores afirmar que o Sistema de Informaes de Marketing melhora o conhecimento das

empresas sobre seus clientes, facilitando a identificao de segmentos de mercado, escolher

seus segmentos-alvo, construir o composto de marketing de maneira a satisfazer as

necessidades dos clientes-chave, garantindo a reteno desses. Alm disso, o SIM ajuda os

gestores a priorizar aes de marketing, alocar melhor os recursos disponveis e medir os

resultados dessas aes, contribuindo a maior profissionalizao na gesto de marketing.

Sendo assim, Dias et al. (2010, p. 9) resume as responsabilidades do gestor de

marketing em quatro principais tarefas:

1. Anlise de marketing: avaliao dos riscos e oportunidades de mercado;

2. Planejamento de marketing: selecionar o pblico-alvo e as estratgias de marketing;

3. Implementao de marketing: desenvolver o composto de marketing;

4. Controle de marketing: Avaliar os resultados do plano de marketing elaborado.

Em suma a administrao de marketing responsvel, tanto pela formulao de

estratgias e planos mercadolgicos, que visem satisfazer as necessidades dos clientes e, com

isso, reduzir as dificuldades de vender os produtos e/ou servios da organizao, como

tambm, pelo gerenciamento de informaes vindas do ambiente de negcios, essenciais para

a empresa formular as estratgias adequadas para manter-se competitiva no mercado de

atuao. Por isso, o marketing deve atuar de maneira integrada as demais reas funcionais,

ajudando a empresa visualizar os ambientes internos e externos da organizao.

2.1.4 Administrao financeira

Gitman (2010, p. 3) afirma que a administrao financeira a arte e a cincia de

administrar dinheiro. Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2011, p. 36) analisar custos e a

viabilidade de projetos uma das principais responsabilidades em finanas, mas os analistas

financeiros apoiam-se bastante nos analistas de mercado, e geralmente os dois trabalham

juntos para avaliar a lucratividade de projetos e produtos propostos. Sendo assim, a

32

administrao financeira, como nas outras reas organizacionais, devem trabalhar de forma

integrada e alinha aos objetivos gerais ou estratgicos da organizao.

As responsabilidades do administrador financeiro esto subdivididas basicamente em

duas funes, controladoria e tesouraria. As diferenas bsicas entre controladoria

(contabilidade) e tesouraria (gesto de finanas) [...] nfase nos fluxos de caixa e a tomada

de decises. Mas, normalmente estas duas funes se sobrepe, tanto que em pequenas

empresas elas podem ser executadas pela mesma pessoa (GITMAN, 2010, p. 10).

Sendo assim, a principal funo da controladoria coletar e organizar dados para

mensurar o desempenho da empresa, atender os requisitos legais apresentando os relatrios

exigidos. Por outro lado, a tesouraria, ou administrao financeira, da nfase ao fluxo de

caixa, ou seja, as entradas e sadas de dinheiro para, assim, garantir a solvncia, ou em outras

palavras, garantir que a empresa tenha dinheiro em caixa para honrar suas obrigaes.

Tambm de responsabilidade da tesouraria a tomada de deciso, para tanto os

administradores avaliam as demonstraes contbeis, desenvolvem mais dados e tomam

decises com base na anlise marginal resultante (GITMAN, 2010, p. 10-11).

Para Ross, Westerfield e Jordan (2011, p. 56), as demonstraes financeiras, [...]

consistem em uma fonte bsica de informaes para a tomada de decises financeiras.

Aqui, destacam-se trs demonstraes consideradas fundamentais para a anlise

financeira, o Balano Patrimonial (BP), a Demonstrao de Resultados do Exerccio (DRE) e

a Demonstrao dos Fluxos de Caixa (DFC).

Segundo Gitman, (2010, p. 43) o Balano Patrimonial

[...] a descrio resumida da posio financeira da empresa em uma certa data. Essa

demonstrao equilibra os ativos da empresa (aquilo que ela possui) contra seus

financiamentos que pode ser capital de terceiros (dvidas) ou capital prprio

(fornecido pelos proprietrios e tambm conhecido como patrimnio lquido).

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) por meio da resoluo nmero 1.418/12

estabelece o Modelo Contbil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, onde so

elencados critrios e procedimentos contbeis simplificados. Nessa resoluo so

apresentados os modelos de Balano Patrimonial e da Demonstrao do Resultado, alm das

normas, critrios e procedimentos aplicveis s organizaes definidas como micro ou

pequena empresa. O quadro 3 ilustra o modelo de Balano Patrimonial.

33

Quadro 3 Modelo de Balano Patrimonial para MPEs.

31.12.X1 31.12.X0 31.12.X1 31.12.X0

ATIVO PASSIVO e

PATRIMNIO LQUIDO

CIRCULANTE CIRCULANTE

Caixa e Equivalentes de

Caixa

Fornecedores

Contas a Receber Emprstimos e

Financiamentos

Estoques Obrigaes Fiscais

Outros Crditos Obrigaes Trabalhistas e

Sociais

Contas a Pagar

Provises

NO CIRCULANTE NO CIRCULANTE

Realizvel a Longo Prazo Financiamentos

Investimentos

Imobilizado PATRIMNIO LQUIDO

Intangvel Capital Social

(-) Depreciao e

Amortizao Acumuladas

Reservas de Capital

Reservas de Lucros

Lucros Acumulados

(-) Prejuzos Acumulados

TOTAL TOTAL Fonte: Resoluo N 1.418/12, Conselho Federal de Contabilidade.

O BP possui duas grandes categorias de contas financeiras, os ativos e os passivos. Por

ativos entende-se o conjunto de bens e direitos que a empresas possui e esses so subdivididos

em ordem de liquidez (facilidade com que podem ser revertido em caixa). Os ativos mais

lquidos so chamados de ativos circulantes e os menos lquidos so os ativos

permanentes ou no circulantes. Os passivos so o conjunto de obrigaes que financiam a

empresa, ou seja, as dvidas (exigveis) mais o patrimnio lquido (capital prprio), A

classificao dos passivos ocorre de acordo com sua exigibilidade (tempo previsto para serem

saldadas), ou seja, as contas do grupo passivos circulantes so obrigaes exigveis no curto

prazo, j os passivos no circulantes so as dvidas de longo prazo (ROSS;

WESTERFIELD; JORDAN, 2011, p. 56).

De acordo com Ferronato (2011, p. 194) a Demonstrao do Resultado do Exerccio

(DRE), [...] evidencia os diversos nveis de lucros apurados, mostrando em cada um desses

nveis, como as receitas foram consumidas. O autor salienta a importncia dos lucros em

pequenas empresas, pois representa a fonte principal de financiamento que garante o

34

crescimento da organizao. Isso porque o resultado final da DRE (lucro lquido) o

rendimento que pode ser distribudo aos scios da empresa e/ou reinvestido na organizao,

objetivando seu crescimento.

O quadro 4 apresenta o modelo de DRE indicado pelo CFC para as microempresas ou

empresas de pequeno porte.

Quadro 4 Modelo de Demonstrao do Resultado do Exerccio para MPEs. 31.12.x1 31.12.x0

VENDAS DE PRODUTOS, MERCADORIAS E SERVIOS

Vendas de Produtos, Mercadorias e Servios

(-) Dedues de Tributos, Abatimentos e Devolues

= RECEITA

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custo dos Produtos, Mercadorias e Servios

= LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas Administrativas

Despesas com Vendas

Outras Despesas Gerais

= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO

(+/-) RESULTADO FINANCEIRO

Receitas Financeiras

(-) Despesas Financeiras

(+/-) OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS

= RESULTADO ANTES DAS DESPESAS COM TRIBUTOS SOBRE O

LUCRO

(-) Despesa com Contribuio Social (*)

(-) Despesa com Imposto de Renda da Pessoa Jurdica (*)

= RESULTADO LQUIDO DO PERODO

(*) As entidades que esto enquadradas no Simples Nacional devem evidenciar os tributos na linha Dedues

de Tributos, Abatimentos e Devolues. Neste caso, devem desconsiderar essas contas.

Fonte: Resoluo N 1.418/12, Conselho Federal de Contabilidade.

J a Demonstrao do Fluxo de Caixa (DFC) [...] evidencia as origens e as aplicaes

do dinheiro captado pela microempresa. A DFC uma boa complementao para a DRE,

pois d ateno no que acontece com o caixa da empresa em um determinado perodo de

tempo e informa os gestores sobre o pagamento e recebimentos, ou seja, de onde veio e para

onde foi o dinheiro da organizao. Mas o lucro e o caixa no so a mesma coisa. Uma

empresa pode ser altamente lucrativa, mas ter pouco caixa (FERRONATO, 2011, p. 196).

35

Existem duas formas de apresentao da Demonstrao do Fluxo de Caixa, modelo

direto e indireto. O modelo direto da DFC explica exatamente quanto entrou e saiu de

dinheiro no caixa, para isso somado ao saldo inicial do caixa todos os recebimentos

(entradas) e subtrado todos os pagamentos (sadas) do perodo apurado. J no modelo

indireto no so explicados diretamente como ocorreram as entradas e sadas de dinheiro, mas

[...] mostra quais foram as alteraes no giro (Ativo Circulante e Passivo Circulante) que

provocaram auta ou diminuio no Caixa (MARION, 2009, p. 169171).

A figura 4 ilustra uma Demonstrao do Fluxo de Caixa elaborada pelo modelo direto.

Figura 2 - Exemplo de Demonstrao do Fluxo de Caixa.

Fonte: Ferronato (2011, p. 197).

As demonstraes financeiras so importantes fontes de informao gerencial. Delas

se pode desenvolver o clculo de ndices financeiros utilizados por administradores para

conhecer a posio e a evoluo financeira da empresa (LEMES JNIOR; RIGO;

CHEROBIM, 2010, p. 76).

36

Os indicadores so categorizados basicamente em:

a) ndices de liquidez indica a capacidade de uma empresa de saldar suas obrigaes de

curto prazo (GITMAN, 2010, p. 51);

b) ndices de atividade indica a rapidez com que uma empresa pode gerar caixa [...]

quanto mais rpido uma empresa puder converter os estoques e contas a receber em caixa,

melhor pra ela (GROPPELLI; NIKBKHT, 2010, p. 358).

c) ndices de endividamento esses indicadores tem a funo de analisar a capacidade da

empresa de saldar suas obrigaes de longo prazo, ou mais gerencialmente, seu grau de

alavancagem financeira (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, p. 83).

d) ndices de lucratividade e rentabilidade medem o lucro e o retorno da empresa em

relao a diversos itens do Balano e da Demonstrao de resultados do exerccio (LEMES

JNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010, p. 78);

e) ndices de mercado relacionam o valor de mercado de uma empresa, medido pelo preo

corrente de sua ao, a certos valores contbeis (GITMAN, 2010, p. 61);

No quadro 5 a seguir, destacam-se alguns indicadores das categorias mencionadas

anteriormente. No foram includos os ndices de mercado, pois conforme se percebe, estes

esto relacionados a grandes empresas que no so o foco deste trabalho.

Quadro 5- Indicadores financeiros.

ndices Frmula Indica Interpretao

Ati

vid

ad

e

Prazo mdio de

cobrana

Contas a receber x 360

VP Anuais

Quantos dias em mdia a

empresa dever esperar

antes que suas contas a

receber se transformem

em caixa.

bom quando menor

que o prazo mdio de

pagamento.

Prazo mdio de

pagamento

Contas a pagar_ x 360

CP anuais

Quantos dias em mdia a

empresa leva para pagar

suas compras a prazo.

bom quando maior

que o prazo mdio de

cobrana.

Prazo mdio de estoque __CPV x 360

Estoque mdio

Quanto tempo os

estoques levam para ser

convertido em caixa.

Deve ser comparado

com a mdia do setor.

En

div

ida

men

to

Endividamento total PC + PNC __ x 100

AT

Indica o percentual de

ativos totais que

financiado por capital de

terceiros.

Quanto menor o ndice,

menor a alavancagem

financeira. Quanto maior

o ndice, maior a

alavancagem financeira.

37

Lu

cra

tiv

ida

de

Margem de lucro

lquido

LL x 100

Vendas

o percentual de lucro

que sobra aps a deduo

de todos os custos e

despesas.

Deve ser comparado

com a mdia do setor.

Ren

tab

ilid

ad

e

Retorno sobre o

patrimnio lquido

(ROE)

LL

PL

A taxa de retorno dos

scios da empresa.

Quanto maior, melhor.

Retorno sobre

investimento (ROI)

LL

AT

A forma como a empresa

utiliza seus ativos para

gerar vendas e lucro. Se

o ativo for bem usado o

ROI ser alto.

Quanto maior, melhor.

Liq

uid

ez

Liquidez geral AC + RLP

PC + ANC

Quanto a empresa possui

em dinheiro, bens e

direitos de curto e longo

prazo, pra saldar suas

dvidas totais.

Quanto maior, melhor.

Liquidez corrente AC

PC

Quanto a empresa possui

em dinheiro mais bens e

direitos realizveis no

curto prazo.

Quanto maior, melhor.

Liquidez seca AC Estoques

PC

Quanto a empresa possui

em disponibilidades

financeira a curto prazo e

duplicatas a receber, pra

fazer frente as suas

obrigaes de curto

prazo.

Quanto maior, melhor.

Legenda:

AC = Ativo circulante

ANC = Ativo no circulante

AT = Ativo Total

CP = Compras a prazo

CPV = Custo do produto vendido

CR = Contas a receber

LL = Lucro lquido

PC = Passivo Circulante

PL = Patrimnio lquido

RLP = Realizvel a longo prazo

VP = Vendas a prazo

Fonte: Elaborado a partir de Groppelli; Nikbakht (2010) e Silva (2012).

Outro indicador importante para a medida de desempenho operacional de uma

empresa o chamado EBITDA (Earnings Before Interest Taxes, Depreciation and

Amortization), ou em portugus LAJIDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciao e

Amortizao). Segundo Silva (2012, p.202) o EBITDA [...] uma medida de performance

operacional, que considera as receitas operacionais lquidas, menos os custos e as despesas

operacionais, exceto as depreciaes e amortizaes. Ou seja, para o clculo desse indicador

preciso somar ao LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda) o valor da

depreciao e amortizaes do perodo.

Conforme j afirmado por Gitman (2010), os administradores unem aos dados

oriundos das demonstraes contbeis, mais informaes para tomar decises.

38

O planejamento financeiro adequado reduz os riscos envolvidos na tomada de deciso.

Isso porque, com planejamento possvel antecipar as necessidades financeiras da empresa

para a manuteno ou crescimento das atividades operacionais da mesma. Neste sentido

Groppelli e Nikbkht (2010) salientam que com planejamento e controle, a administrao

pode avaliar se os padres existentes de financiamento e os fundos gastos so coerentes com

as metas gerais da companhia.

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2011, p. 39-40) a tomada de deciso do

administrador financeiro ocorre com trs tipos bsicos de questes: oramento de capital,

estrutura de capital e administrao do capital de giro. O oramento de capital corresponde as

decises de investimento de longo prazo da empresa, ou seja, o administrador financeiro neste

aspecto, planeja e gerncia os investimentos de longo prazo procurando uma boa

oportunidade, onde o fluxo de caixa gerado pelo ativo (investimento) superior ao seu custo.

Para isso, necessrio estar atento a magnitude, a distribuio no tempo e ao risco dos fluxos

de caixas futuros. Em essncia todas as decises financeiras devem levar em conta esses os

fatores.

Com relao a estrutura de capital, Ross, Westerfield e Jordan (2011, p. 41) salientam

que essa diz respeito a como a empresa capta os recursos necessrios para viabilizar os

investimentos a longo prazo, significa que a tomada de deciso ocorre sobre como combinar

as propores entre capital de terceiros e capital prprio investidos na empresa. Assim, os

autores indicam duas preocupaes bsicas nesta rea [...] qual o montante que a empresa

deve tomar emprestado? [...] qual a fonte mais barata de fundos para a empresa? O gestor

toma a deciso levando em considerao o como e onde levantar os recursos, os custos desses

recursos e os tipos de emprstimos (prprio ou de terceiros).

J a administrao do capital de giro refere-se s disponibilidades de curto prazo da

empresa, tais como estoques, caixa e duplicatas a receber, tambm tem a ver com as

obrigaes de curto prazo, como pagamento a fornecedores e salrios. Isso significa que a

administrao do capital de giro uma atividade do dia-a-dia, e que assegura os recursos

necessrios para garantir as operaes da empresa. As questes foco do gerenciamento do

capital de giro so (1) quais devem ser os volumes disponveis de caixa e estoque? (2)

Devemos vender a crdito para nossos clientes? (3) Como obteremos os recurso financeiros a

curto prazo que venham a ser necessrios? (ROSS; WESTERFILD; JORDAN; 2011, p. 41).

Todas as decises e aes de uma empresa buscam alcanar um objetivo. Na

administrao financeira o objetivo bsico aumentar o valor de mercado da empresa

(BRAGA, 2011, p. 32).

39

Segundo Ferronato (2011, p. 146) o valor da empresa, do ponto de vista dos

empresrios que desejam se mantar ativos no mercado, pode ser calculado com inmeras

tcnicas de avaliao, que por sua vez derivam de cinco abordagens: (1) avaliaes com base

nos ativos, (2) avaliaes com base no mercado, (3) avaliaes com base nos lucros, (4)

avaliaes com base no capital prprio e (5) avaliaes com base no fluxo de caixa.

Ferronato (2011) indica para determinao do valor de uma micro ou pequena

empresa, uma combinao da avaliao com base no capital prprio e no fluxo de caixa.

A justificativa para o posicionamento do autor, que as empresas possuem, em geral,

muitos ativos intangveis, que por suas caractersticas so difceis de serem relacionados nas

demonstraes contbeis. Assim, o valor do patrimnio lquido (capital prprio da empresa),

estabelece um parmetro que determina o valor mnimo do empreendimento. Num outro

prisma, os ativos intangveis (comprometimento, entusiasmo e preparo profissional, qualidade

dos produtos, o mercado conquistado, entre outros.) so boas fontes geradoras de crescimento

corporativo e de caixa.

A capacidade de gerar de caixa determinar o valor mximo de uma pequena empresa.

Se essa capacidade for maior ou igual a taxa do custo de oportunidade, adquirida mediante a

comparao com outro investimento qualquer, o capital da empresa e dos seus scios, estaro

a valorizar. Assim a faixa entre o valor mnimo (valor patrimonial) e o valor mximo

(capacidade de gerar caixa) so bons indicadores para determinar se o valor da micro ou

pequena empresa esto em nvel aceitvel (FERRONATO, 2011, p. 149).

A boa gesto financeira auxilia a maximizao do valor do empreendimento, seja ele

grande ou pequeno. Para tanto, os gestores financeiros devem estar atentos as informaes

que lhe permitam estimar a magnitude, a distribuio no tempo dos recursos e ao risco dos

fluxos de caixas futuros. Por esse motivo, o correto exerccio da funo controladoria, que

possibilita a avalio dos planos financeiros, e o atento olhar s informaes externas da

organizao so fundamentais. A gesto financeira, assim como nas demais reas funcionais,

deve ser desenvolvida de maneira integrada e sinrgica aos objetivos estratgicos da empresa.

Neste processo, os ativos intangveis so importantes, em especial os ativos humanos,

que a partir de suas competncias e comprometimento facilitam o atingimento dos objetivos

organizacionais. Por isso, tambm necessrio uma boa gesto dos recursos humanos.

40

2.1.5 Administrao de recursos humanos

fato que as organizaes dependem [...]das pessoas para operar, produzir bens e

servios, atender seus clientes, competir nos mercados e atingir seus objetivos globais e

estratgicos. Assim como as pessoas tambm dependem das organizaes para [...] atingir

seus objetivos pessoais e individuais. Ou seja, o atual contexto de gesto de pessoas reflete

uma [..] relao de mtua dependncia na qual h benefcios recprocos. Portanto, as

organizaes que pretendem alcanar seus objetivos, precisam saber canalizar os esforos das

pessoas de forma que tanto empresa, quanto as pessoas saiam ganhando neste processo.

Constituindo, assim, o princpio de ganha-ganha (CHIAVENATO, 2010, p. 5).

Neste sentido, Milkovich e Boudreau (1994 apud CHIAVENATO, 2010, p. 5)

conceituam a Administrao de Recursos Humanos (ARH) como [...] conjunto de decises

integradas sobre as relaes de emprego que influenciam a eficcia dos funcionrios e das

organizaes.

Dessler (2003, p. 2) complementa, afirmando que a ARH est especialmente

preocupada com s prticas e s polticas necessrias [...] contratao, ao treinamento,

avaliao, remunerao e ao oferecimento de um ambiente bom e seguro aos funcionrios

da empresa.

Agora, para que a rea de Recursos Humanos (RH) possa colaborar no sentido de

facilitar o alcance dos objetivos organizacionais, ela precisa estar em sintonia com as

estratgias corporativas. No plano ideal, o RH e a alta administrao trabalham de maneira

interativa para formular as estratgias de negcios da empresa. Assim, a ARH tem

importncia tanto na formulao quanto na execuo de estratgias competitivas (DESSLER,

2003, p. 17-18).

Em se tratando da formulao de estratgias, a ARH colabora no sentido de fornecer

informaes importantes ao processo de planejamento estratgico, como por exemplo, dados

de pesquisas junto aos funcionrios que podem indicar reclamaes dos clientes sobre os

produtos ou servio ofertados (DESSLER, 2003, p. 17).

J na execuo das estratgias a ARH oferece para a organizao um conjunto de

tcnicas que possibilitam uma melhor gesto de fatores como comprometimento,

competncias, motivao e cultura da fora de trabalho. Isso permite que a empresa possua

recursos humanos capazes de oferecer vantagens competitivas frente a concorrncia

(DESSLER, 2003, p. 17).

41

Um bom exemplo da importncia estratgica da ARH o processo de recrutamento e

seleo de pessoal, pois [...] o diferencial das organizaes esto hoje diretamente

relacionados com sua capacidade de atrair e reter talentos. [...] O profissional de talento pode

escolher a empresa em que deseja trabalhar. algum a ser conquistado e mantido. Ou seja,

mais que captar os recursos humanos, as empresas precisam manter-se atraentes para os

profissionais de talento. E nisso, a administrao de RH tem papel fundamental (BOOG;

BOOG, 2002).

O processo de recrutamento tem incio com a identificao de uma necessidade interna

de contratao de novos profissionais. Para saber qual o perfil profissional contratar a ARH

utiliza-se da Descrio de Cargos, que o instrumento que [...] especifica, com detalhes,

todas as caractersticas que o cargo exige (MARRAS, 2011, p. 55).

O prximo passo para recrutar, escolher as fontes para o recrutamento. Segundo

Chiavenato (2010, p. 114) so duas as fontes bsicas, internas e externas empresa. O

recrutamento interno est voltado para candidatos que j fazem parte da organizao e, busca

promove-los a cargos mais complexos ou mais motivadores. J o recrutamento externo,

procura atrair candidatos que no fazem parte da empresa e, assim, selecionar habilidades e

experincias no existentes na corporao.

A seleo, segundo Marras (2011, p. 65) baseia-se na comparao entre exigncias do

cargo e caractersticas do candidato. As exigncias do cargo so o conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes (CHA) para o bom desempenho das funes, que esto na descrio dos

cargos. J as caractersticas do candidato o CHA que os candidatos possuem para realizarem

as tarefas. Para conhecer tais caractersticas o selecionador dispes de dois instrumentos

bsicos, entrevistas e testes de aferio.

Com relao ao treinamento, Chiavenato (2010, p. 367) considera que ele um meio

para desenvolver competncias nas pessoas que as tornem mais produtivas. Mas no atual

contexto de gesto de pessoas, apenas treina-las no basta, necessrio desenvolve-las. O

desenvolvimento dos RH significa treinar continuamente as pessoas de forma a promover as

habilidades e competncias que sero requeridas pelos cargos futuros da organizao. Ou seja,

treinamento e desenvolvimento (T&D) procura tornar as pessoas aptas a ocuparem cargos

mais complexos e enfrentarem os desafios futuros da empresa.

Segundo Marras (2011) o efetivo sucesso dos programas de T&D, dependem de

quatro etapas:

42

Diagnstico (levantamento das necessidades de treinamento. O que e quem deve ser

treinado);

Programao (planejar e programar a implantao das aes de treinamento);

Execuo (executar aquilo que foi programado);

Avaliao (aferir os resultados conquistados comparativamente com o que foi

planejado).

As etapas devem ser cumpridas de maneira cclica, para permitir o melhoramento

continuo dos programas de T&D e consequentemente os resultados deste programa.

Outro subsistema importante para a ARH a avaliao de desempenho dos

funcionrios. Dessler (2003, p. 172) conceitua avaliao de desempenho como:

[...] a avaliao da relao entre o desempenho atual e passado de um funcionrio e

seus padres de desempenho. [...] a avaliao de desempenho tambm presume que

os padres de desempenho foram estabelecidos e que voc dar feedback ao

funcionrio para ajud-lo a eliminar deficincias de desempenho ou a manter seu

bom nvel de desempenho.

Chiavenato (2010, p. 242) indica duas possibilidades de foco da avaliao de

desempenho. Foco no cargos ocupado pelo empregado ou nas competncias que esse oferece

organizao contribuindo para o sucesso da empresa.

Para Marras (2011, p. 166) o objetivo bsico da avaliao de desempenho

acompanhar a evoluo dos empregados em termos de nvel de conhecimento, habilidades e

atitudes, de forma a permitir a avaliao dos programas de T&D da empresa e mensurar os

resultados destes.

Mas como j citado por Dessler (2003) o feedback fundamental para a eficincia de

um sistema de avaliao de desempenho. Neste sentido, Boog e Boog (2002, p. 60) afirmam

que o [...] o feedback deve contribuir para melhorar o clima organizacional. Se isso for

reconhecido, sinal de que ele est sintonizado com as melhores tendncias organizacionais.

Ou seja, o sucesso da avaliao de desempenho depende, tambm, da percepo que os

funcionrio optem dos feedbacks que lhes permitam continuar evoluindo em termos e nveis

de desempenho.

Chiavenato (2010, p. 279) afirma que Ningum trabalha de graa. Em outras

palavras, os trabalhadores dedicam seus esforos na empresa esperando serem recompensados

por isso. Da mesma forma, os empregadores esto dispostos a recompensar este esforo desde

que possam receber contribuies no sentido de facilitar o alcance de deus objetivos. Assim, o

43

autor apresenta o conceito de remunerao total que composta por trs componentes:

remunerao bsica (salrio mensal), incentivos salariais (bnus), benefcios (seguro de vida,

plano de sade, vale refeies, etc.).

Segundo Dessler (2003, p. 194) os salrios e benefcios dos empregados so

determinados pelas polticas ou diretrizes de remunerao dos empregados. importante que

estas polticas garantam uma equidade salarial, para que os colaboradores cintam que seus

salrios esto compatveis com cargos semelhantes em outras empresas e dentro da prpria

organizao. Para garantir tal equidade o autor indica cinco passos:

1. Conduzir uma pesquisa salarial para saber quanto os outros empregadores esto pagando para cargos equivalentes (para ajudar a assegura equidade externa).

2. Determinar o valor de cada cargo em sua empresa por meio de avaliao de cargos (para assegura equidade interna).

3. Agrupar cargos semelhantes em faixas salarial usando curvas salariais 4. Estabelecer a remunerao de cada faixa salarial usando curvas salariais. 5. Fazer o ajuste fino dos salrios.

Todas essas etapas colaboram no sentido de melhor a sensao de justia nas relaes

de trabalho, pois permite aos funcionrios perceber que possuem um salrio compatvel com

suas funes e desempenho dentro da organizao.

Portanto o sistema de Administrao de Recursos Humanos deve estar preocupado em

garantir que as aes corporativas sejam benficas aos funcionrios e no causem

insatisfaes. Para tanto os administradores preciso se preocupar com questes legais e

formais, mais acima de tudo, com a harmonia das relaes de trabalho. Assim, fundamental

que as negociaes feitas entre chefes e suas equipes sejam capazes de manter um bom clima

organizacional, que busca a integrao entre objetivos das empresas e seus empregados

(BOOG; BOOG, 2002, p. 437-438).

Em suma, notvel que a ARH deve procurar vincular os objetivos estratgicos da

organizao ao objetivos pessoais, pois ao perceber que os objetivos organizacionais esto em

sintonia com os prprios objetivos profissionais, as pessoas se mantem motivadas e

comprometidas, colaborando para a soluo das dificuldades oriundas do ambiente de

negcios e no prprio desenvolvimento organizacional.

2.2 O DIAGNSTICO ORGANIZACIONAL

Como visto, a gesto de forma geral, um processo de tomada de deciso que deve

considerar diversos fatores e reas organizacionais. Mas este processo complexo e exige

44

uma viso total e integrada da empresa. Neste sentido, o diagnstico organizacional uma

importante ferramenta de gesto, tanto para grandes, quanto para pequenas empresas. Por

isso, apresentam-se alguns conceitos importes para o desenvolvimento de um instrumento

flexvel e adaptado de diagnstico.

Para Oliveira (2004, p. 20) o diagnstico, ou a avaliao de empresas e negcios

um

[...] processo estruturado em que todos os fatores externos ou no controlveis, em

sua realidade atual e projetada futura, bem como todos os fatores internos ou

controlveis, de forma sistmica e sinrgica, so analisados e avaliados quanto aos

possveis resultados a serem apresentados.

Assim, o diagnstico, segundo o autor, permite analisar questes operacionais e

estratgicas para reduzir o nvel de risco envolvidos em uma transao e possibilitar a

incorporao de empresas e/ou negcios de maneira mais rpida e fcil, pois o conhecimento

da empresa ou negcio avaliado ser maior.

O diagnstico no apenas uma etapa antes da implantao de um novo projeto. [...]

mais que isso [...], o diagnstico parte do processo. Ele ajuda a empresa a conhecer a si

prpria e facilita o processo de mudana (WOOD JR; PICARELLI FILHO, 1999, p. 146).

Assim, Wood Jr. e Picarelli Filho (1999, p. 148) conceitua diagnstico empresarial

como [...] a atividade de, usando a experinci