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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 MABEL MACHADO CANA BRASIL SANTOS A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO: UM DESAFIO PARA O COORDENADOR PEDAGÓGICO Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

MABEL MACHADO CANA BRASIL SANTOS

A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO:

UM DESAFIO PARA O COORDENADOR PEDAGÓGICO

Salvador

2015

MABEL MACHADO CANA BRASIL SANTOS

A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO:

UM DESAFIO PARA O COORDENADOR PEDAGÓGICO

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica.

Orientador: Profa. Anita dos Reis de Almeida

Salvador

2015

MABEL MACHADO CANA BRASIL SANTOS

A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO:

UM DESAFIO PARA O COORDENADOR PEDAGÓGICO

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador. ____________________________________________________

Segundo Avaliador. ___________________________________________________

Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

A

Todos os Coordenadores Pedagógicos e Professores comprometidos com um

ensino de qualidade.

AGRADECIMENTOS

A Deus, porque mesmo eu sendo infiel, Tu me amas sem distinção. Pelo teu auxílio,

cuidado e amor, quero louvar-Te e agradecer-Te.

A meus familiares, Jorgina (mãe), Eugênio (pai), Marcos (esposo), Ellyas e Nathan

(filhos), pelo apoio e força nos momentos difíceis, principalmente naqueles em que

precisei me fazer ausente, em prol do empenho na produção deste trabalho. Amo

vocês. A todos, meu muito obrigada.

A minha orientadora, Profa. Anita dos Reis de Almeida, pelo exemplo, amorosidade,

dedicação, paciência e competência, meu afeto e minha eterna gratidão.

À Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura de Riachão do Jacuípe, por

esta oportunidade de capacitação, através desse curso de especialização em

Coordenação Pedagógica (CECOP 3).

A nossa tutora do Polo de Conceição do Coité, Elaine, pelo incentivo, otimismo,

dedicação e cuidado para conosco, ela foi um forte elo entre a equipe do CECOP 3

e nós cursistas.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por esta

brilhante iniciativa que favoreceu a minha formação continuada e a de tantos outros

Coordenadores Pedagógicos.

Coordenador Pedagógico e professor, investidos de papéis

diferentes, de saberes diversos, podem buscar um encontro

fecundo, cujo fruto seja a construção de uma prática

pedagógica mais consistente, enriquecida e criativa. (LIMA;

SANTOS, 2007, p. 87).

SANTOS, Mabel Machado Cana Brasil. A Formação Continuada dos Professores

que atuam no Ciclo Inicial da Alfabetização: um desafio para o Coordenador

Pedagógico. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola

de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador,

2015.

RESUMO

Este Projeto Vivencial discute a formação continuada para professores viabilizada pelo coordenador pedagógico. Sua finalidade está em analisar como as formações continuadas, realizadas pelo coordenador pedagógico, contribuíram para a reflexão e prática dos professores alfabetizadores do ciclo inicial. Essa análise resultou em uma Proposta de Intervenção cujo o objetivo foi promover formações continuadas que levem os docentes a refletirem sobre suas práticas, frente ao componente curricular Língua Portuguesa no ciclo inicial da alfabetização. O referencial teórico encontra-se embasado nos estudos de alguns autores sobre as funções do coordenador pedagógico, a formação continuada para professores e a escolaridade em ciclos, entre eles Selma Garrido Pimenta, Sandra Azzi, Jefferson Mainardes, Phillipe Perrenoud e Amália Simonetti. O enfoque adotado na metodologia do trabalho foi o qualitativo, com foco no método da pesquisa-ação. Constituímos como amostra seis professores que atuam no ciclo inicial da alfabetização de uma escola pública do município de Riachão do Jacuípe – BA e o instrumento utilizado para a coleta de informações foi o questionário. As informações obtidas constataram que os professores necessitam de uma formação continuada mais consistente voltada para estudos sobre a organização do ciclo inicial alinhada a um planejamento intencional e significativo para a efetivação da aprendizagem no componente curricular Língua Portuguesa. Palavras-chave: Formação continuada. Professores alfabetizadores. Coordenador Pedagógico. Ciclo inicial.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Perfil dos professores pesquisados............................................ 30

Quadro 2 Cronograma das ações da PI..................................................... 37

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP

CP

HTPC

IDEB

MEC

PNAE

PNAIC

PNBE

PDDE

PNLD

PI

UFBA

UNEB

UNOPAR

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

Coordenador Pedagógico

Hora do Trabalho Pedagógico Coletivo

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

Ministério da Educação

Programa Nacional de Alimentação Escolar

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

Programa Nacional da Biblioteca na Escola

Programa Dinheiro Direto na Escola

Plano Nacional do Livro Didático

Proposta de Intervenção

Universidade Federal da Bahia

Universidade do Estado da Bahia

Universidade Norte do Paraná

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................. 10

1 MEMORIAL: UMA HISTÓRIA DE VIDA................................................... 13

1.1 VIDA ACADÊMICA...................................................................................... 13

1.2 VIDA PROFISSIONAL................................................................................. 15

1.3 EXPECTATIVAS.......................................................................................... 16

2

3

CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS: O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DO CICLO..............

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: CONSOLIDANDO FORMAÇÕES

CONTINUADAS MAIS CONSISTENTES..................................................

17

26

3.1

3.2

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR...........................................

METODOLOGIA.........................................................................................

26

28

3.2.1

3.2.2

Objetivo Geral..............................................................................................

Objetivos Específicos .............................................................................

28

28

3.3

3.4

3.5

3.6

APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E ANÁLISE DE

DADOS..........................................................................................................

AÇÕES DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO...........................................

CRONOGRAMA.........................................................................................

RESULTADOS ESPERADOS....................................................................

30

35

36

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 39

REFERÊNCIAS........................................................................................... 41

10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa sobre a formação

continuada para professores. A importância dessa temática se dá pelo fato da

qualificação do professor ser fator essencial para o exercício eficaz da docência e

isso implica em uma das atribuições do Coordenador Pedagógico (CP) que é

favorecer o trabalho docente através da formação continuada, sendo este

profissional o agente responsável por esse processo.

Entendo que a formação inicial é o primeiro momento da formação continuada e que esta, portanto, não é apenas uma etapa de atualização daquela; ou seja todos temos um percurso de formação profissional que começa na formação inicial e se prolonga por toda a vida. (ALMEIDA, 2012, p. 10-11).

É em sala de aula que o professor expressa o seu saber pedagógico,

construído através do seu trabalho cotidiano, e é este saber que fundamenta sua

prática docente, é dele que o professor se apropria ao si defrontar com os vários

problemas da sala de aula. São esses conhecimentos que lhes darão subsídios para

intervir, mas falta nessa intervenção, muitas vezes, uma proposta intencional.

Geralmente tudo é feito no campo empírico, daí a necessidade de formações que

levem o professor a refletir sobre o saber.

A prática docente precisa ser vista de maneira integral porque “o trabalho do

professor é um trabalho inteiro, pois [...] só pode ser desenvolvido em sua

totalidade.” (AZZI, 2009, p. 42) Dessa forma, a formação contínua desse profissional

tem que ser pensada e fundamentada nas práticas docentes, pois a qualificação do

professor é vista pela capacidade e habilidade que ele tem frente ao processo

ensino e aprendizagem. A qualidade do ensino implica na qualidade docente e esta

é responsabilidade, também, do coordenador pedagógico que deve promover

formações continuadas para os professores.

O objeto de estudo deste trabalho – a formação continuada para professores

frente ao processo de aprendizagem do componente curricular Língua Portuguesa,

que atuam no ciclo inicial da alfabetização, está intimamente ligado com os afazeres

do coordenador pedagógico e ele foi delimitado devido às inquietações surgidas nos

momentos de formações, inicialmente, do Pacto Nacional pela Alfabetização na

Idade Certa (PNAIC) e, posteriormente, do Pacto Estadual pela Alfabetização, nos

11

quais exercemos o papel de orientadora de estudo e percebemos as fragilidades e

as necessidades que os docentes têm ao lidar com a alfabetização no ciclo inicial.

A Unidade Escolar escolhida para ser pesquisada foi uma escola pública do

município de Riachão do Jacuípe, porque apesar dessa escola ser bem estruturada

no aspecto físico, administrativo e pedagógico a maioria dos alunos do ciclo inicial

apresenta dificuldades na leitura e escrita, nos levando a questionar a prática

pedagógica dos professores alfabetizadores e consequentemente o trabalho de

formação continuada realizado pela coordenação pedagógica. Surgiu, dessa forma,

a pergunta: Como a formação continuada realizada pela coordenação pedagógica

está contribuindo para a reflexão e prática dos professores, frente ao processo de

aprendizagem do componente curricular Língua Portuguesa, do ciclo inicial da

alfabetização?

Assim, tivemos como objetivo geral analisar como a formação continuada,

realizada pela coordenação pedagógica, contribuiu para a reflexão e prática dos

professores alfabetizadores do ciclo inicial e como objetivos específicos investigar o

real conhecimento que os professores alfabetizadores têm com relação à

organização da escolaridade em ciclo e verificar as contribuições da formação

continuada realizada pela coordenação pedagógica para a prática dos professores

do ciclo inicial da alfabetização, no componente curricular Língua Portuguesa.

No que diz respeito ao primeiro capítulo, a preocupação principal foi descrever,

sucintamente, a história de vida do pesquisador, enfatizando aspectos da sua vida

acadêmica e profissional fazendo um alinhamento com o eixo pesquisado, trazendo

à memória elementos capazes de permitirem exemplificar e justificar a escolha do

objeto de pesquisa.

O segundo capítulo discute as contribuições teóricas de alguns autores sobre a

temática discutida – a formação continuada dos professores que atuam no ciclo

inicial da alfabetização. Entre eles, Perrenoud (2004) que traz uma discussão em

torno do conceito dos ciclos de aprendizagem plurianuais e reflexões que permeiam

este conceito, dando subsídios pedagógicos para colocar em prática toda essa

política de ciclos. Mainardes (2007) que discute, também, esta temática da

escolaridade em ciclos, analisando os impactos dessa política na sala de aula.

Pimenta (2009) e Azzi (2009) enfatizam a qualificação docente baseada na práxis e

suas contribuições para o saber pedagógico, discutem, as condições da formação

profissional do professor apontando a unidade que deve ser a teoria e a prática.

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Simonetti (2007) afirma que para alfabetizar é preciso provocar no estudante o

prazer de ler e escrever, viabilizando a inserção, desse estudante, no mundo da

leitura e escrita através de atividades lúdicas e significativas. Por fim, Lima e Santos

(2007) e André e Vieira (2006) que afirmam que a prática pedagógica se constrói

pela contribuição de todos os sujeitos, mas a figura do coordenador pedagógico

surge como facilitador desse processo através das formações continuadas nas

escolas, ressignificando os diversos saberes.

Com relação ao terceiro e último capítulo ele é o propulsor de possíveis

mudanças da prática dos professores dessa escola, pois é uma Proposta de

Intervenção (PI) que vem subsidiar a prática no cotidiano dos professores das

turmas do ciclo inicial da alfabetização, através de formações continuadas mais

consistentes que orientam sobre a escolaridade em ciclos e viabilizam o

planejamento de atividades tornando as aulas do componente Língua Portuguesa,

efetivamente, alfabetizadoras.

Considerando a formação continuada como um caminho para a melhoria da

qualidade da educação é importante considerar que segundo Almeida (2012, p. 10)

“antes de ser um profissional, o professor é um indivíduo integrado: corpo,

afetividade, cognição”. Portanto, vale ressaltar que é preciso cuidar do cognitivo e do

afetivo porque tanto coordenador pedagógico quanto professores e alunos são

indivíduos completos, com afeto, cognição e movimento, que mantém uma

constante inter-relação e precisam estar abertos às possíveis mudanças.

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1 MEMORIAL: UMA HISTÓRIA DE VIDA

Registrar é dar visibilidade aos pensamentos, projetos, ideias e

acontecimentos. Um memorial é o registro de experiências, é eternizar, através da

escrita, fatos significativos, já que não podemos confiar na memória.

A cultura do registro é um hábito pouco cultivado entre os profissionais da

educação e é de suma importância registrar experiências, exitosas ou não, que

ocorreram na nossa vida. Assim, este memorial será direcionado a descrever uma

trajetória de vida acadêmica e profissional que se destina ao Curso de

Especialização em Coordenação Pedagógica (Cecop), em sua 3ª Edição, várias

lembranças foram retomadas, todas repletas de sentimentos, mas com o objetivo de

refletir sobre a minha trajetória e o tema pesquisado – o trabalho de formação

continuada, realizado pela coordenação pedagógica, para os professores

alfabetizadores frente ao processo de aprendizagem, em Língua Portuguesa, no

ciclo inicial da alfabetização.

1.1 VIDA ACADÊMICA

Pertenço a uma família humilde, na qual poucos tiveram oportunidade para

concluírem a educação básica. Meus pais leem e escrevem bem pouco, mas sempre

tiveram a preocupação de acompanhar a vida escolar dos filhos.

Comecei a estudar com sete anos de idade (1ª série), mas bem antes de ir

para a escola minha mãe teve a preocupação de mim ensinar o alfabeto, os

números e algumas palavras. Eu lembro que ela me ensinava soletrando e na minha

cabeça era uma confusão, uma tortura, a palavra le-ão para ela era assim a

pronúncia: leaotilleao (le-a-o-til-leão). Eu não entendia se ela estava falando do leão

ou do tio do leão, mesmo assim, sou grata pelo esforço dela.

Sempre estudei em escolas públicas e concluí os anos iniciais do Ensino

Fundamental na Escola Professora Rosa Carneiro. Não havia nenhuma

preocupação, por parte dos professores, em elaborarem aulas dinâmicas, atrativas,

não havia incentivo nem significado na leitura e escrita, aprendi a ler e escrever

mecanicamente. Concluí os anos finais do Ensino Fundamental no Centro

Educacional Cenecista Nossa Senhora da Conceição, não foi fácil, professores mais

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exigentes, dinâmicos, aulas mais envolventes, neste momento senti muita falta da

“falta” de leitura e do exercício da escrita que me negaram nos anos anteriores.

Com muito esforço consegui chegar ao Ensino Médio, concluí o curso de

Magistério em 1994 e logo em seguida fui convidada para dar aula nesta mesma

escola e para alunos que estavam cursando o Magistério. Ensinei a disciplina

Didática e me encontrei na sala de aula, já sabia para que curso prestar o vestibular.

Em 1999 passei no vestibular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e

cursei Pedagogia. Estudava no noturno e dava aula para os anos iniciais do Ensino

Fundamental no diurno. Foi uma experiência fantástica, o que eu estudava na teoria

podia comprovar ou não na prática. Minha preocupação era planejar aulas diferentes

daquelas que tive quando criança, meus alunos aprendiam sorrindo. Concluí o curso

de Pedagogia em 2003 e depois fiz Especialização em Gestão e Organização da

Escola, em 2006, pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR).

Na especialização o nosso olhar amplia e eu comecei a ver a sala de aula fora

da sala de aula, repensar meu papel e ver outros papéis exercidos na instituição

escolar. Após a especialização fui convidada para ministrar pequenos cursos de

formação para professores municipais e a inquietação destes era com relação a

alfabetização dos seus alunos, muito deles estavam indo para a antiga 5ª série (6º

ano) sem conseguirem ler e escrever significativamente.

Hoje, coordeno algumas escolas municipais e estou orientadora de estudo do

Pacto pela Alfabetização e a inquietação dos professores ainda é a mesma – a

dificuldade em leitura e escrita na alfabetização, daí surgiu o meu interesse em

pesquisar sobre a importância da formação continuada, em Língua Portuguesa, para

os professores que estão atuando no ciclo inicial da alfabetização. O estudo desse

tema contribuirá, positivamente, na minha vida profissional, enquanto coordenadora

pedagógica, porque norteará meu fazer pedagógico de modo a ajudar a suprir as

fragilidades e as necessidades que os docentes têm em lidar com o processo ensino

e aprendizagem nessa nova organização da escolaridade em ciclos.

Também sou mãe de dois meninos que estão em processo de alfabetização,

um com onze anos e outro com oito anos e, interagindo com eles percebo os

entraves e os detalhes que devem ser trabalhados com muita atenção e

competência. Um professor comprometido é peça fundamental na vida estudantil de

uma criança nesta fase.

15

1.2 VIDA PROFISSIONAL

Meu primeiro emprego foi em 1995 no colégio onde cursei o Magistério, fui

convidada para ensinar, neste mesmo curso, as disciplinas Fundamentos e

Metodologia da Geografia, da Língua Portuguesa e da Matemática. Trabalhei nesta

escola por quatro anos. Mudei de cidade. Fui morar em Itaberaba onde me casei e

cursei Pedagogia. Assim que cheguei nesta nova cidade, em 1999, fui selecionada

para trabalhar nas escolas Arvoredo e Mundo Infantil, optei pela última e ensinei

turmas de 3ª e 4ª séries. Em 2001 fui trabalhar numa outra escola, o Colégio Base

de Educação, onde ensinei, também, turmas de 3ª e 4ª séries. Em 2002 consegui

um contrato com o Estado e fui ensinar algumas disciplinas nos anos finais do

Ensino Fundamental do Colégio Centenário e do Colégio Estadual de Itaberaba

Assim que concluí o curso de Pedagogia fui convidada, em 2003 para ser

tutora de sala do curso Normal Superior da UNOPAR e voltei para a minha cidade.

Trabalhei cinco anos nesta instituição. Em seguida, em 2009, fui ensinar as

disciplinas de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio do Colégio Super Aprovado,

onde trabalhei por três anos e as disciplinas de Artes e Religião no Ensino

Fundamental do Colégio Anita Lélis, neste leciono ainda algumas aulas até o

momento.

Prestei dois concursos do Estado para os cargos de Professor e Coordenador,

passei nos dois, mas não fui convocada. Sou professora concursada, há três anos,

no meu município, mas assim que assumi o cargo fui convidada para trabalhar na

Secretaria de Educação exercendo a função de coordenadora pedagógica. Em 2013

assumi, também, a função de Orientadora de Estudo do Pacto Nacional pela

Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), exercendo essa função até o final de 2014.

Este ano, 2015, assumi a função de Orientadora de Estudo do Pacto Estadual com

os Municípios pela Alfabetização, na qual ainda estou atuando.

Ganhei muita experiência neste percurso como professora, mas essa

experiência como coordenadora e orientadora de estudo para os professores que

atuam nos anos iniciais do ciclo me fez refletir muito sobre todo o processo que leva

uma criança a ser alfabetizada. Certifiquei que a maioria das crianças que saía dos

anos iniciais do Ensino Fundamental, das escolas que coordeno, não sabia ler e

nem escrever e quando “sabia” só conseguia ler e escrever palavras. Uma criança

está alfabetizada quando ela consegue ler, interpretar e escrever textos com sentido,

16

atendendo a diferentes finalidades na sociedade, isto também é letramento pois

segundo Soares (1998, p. 47 apud SIMONETTI, 2007, p.21) essa é a “condição de

quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que

usam a escrita”. Do contrário serão, no futuro, os ditos analfabetos funcionais –

aqueles que leem e escrevem palavras, mas não conseguem produzir nem

compreender textos maiores e mais complexos. A escola precisa formar pessoas

alfabetizadas e letradas, para isso o ensino da leitura e escrita precisa ser revisto.

Assim vislumbro, ainda que de longe porque é tudo muito complexo, alguns

entraves que impedem uma alfabetização eficaz e um deles é, realmente, a

formação deficiente que alguns professores alfabetizadores tiveram. Faz-se

necessário um esforço para modificarmos algumas de nossas concepções e

práticas, precisamos estar disponíveis às mudanças.

1.3 EXPECTATIVAS

No exercício do papel de coordenadora pedagógica pretendo propiciar

momentos de formação que venham subsidiar a prática cotidiana de professores do

ciclo inicial da alfabetização das escolas municipais do meu município, orientando e

mediando no planejamento de atividades que tornem as aulas do componente

Língua Portuguesa efetivamente alfabetizadoras.

Tenho pouca experiência na função de coordenação pedagógica, mas tenho

sensibilidade para afirmar que preciso melhorar muito a minha prática, sou um ser

em formação como todos os outros, ainda tenho muito o que aprender e todas as

experiências que passamos são válidas e contribuem para o nosso crescimento.

Este Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, em especial, porque

além de discutir temas relevantes que nos proporcionou muito conhecimento, nos

possibilitou um novo olhar no âmbito da educação. E assim prossigo caminhando

sempre em busca de novas experiências e qualificação profissional.

17

2 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS: O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA OS PROFESSORES DO CICLO

Para uma escola ser de qualidade ela precisa ter professores que reflitam,

constantemente, sobre o trabalho docente, estes são os responsáveis diretos por

todo o processo educacional, eles imprimem os seus jeitos, suas concepções, seus

saberes na sala de aula. A qualificação desses profissionais é essencial para o

exercício eficaz da docência.

Surge assim, a figura do Coordenador Pedagógico - "agente responsável pela

formação continuada de professores" (LIMA; SANTOS, 2007, p. 78), fator essencial

para que os docentes possam exercer a sua função de mediar o conhecimento de

maneira eficaz. Toda formação acadêmica deixa lacunas que só poderão ser

preenchidas pela continuidade dos estudos, cabe a esse profissional favorecer o

trabalho docente e isso se efetiva através de formações continuadas.

O papel profissional do coordenador pedagógico como ator social, agente facilitador e problematizador do papel docente [deve ser primar] pelas intervenções e encaminhamentos mais viáveis ao processo ensino-aprendizagem (LIMA; SANTOS, 2007, p.83).

Dessa forma, orientar professores a exercerem seus papéis de maneira a

respeitar os diretos que as crianças têm de aprender requer grande

responsabilidade.

Muitas funções são atribuídas ao coordenador pedagógico e, muitas vezes,

envolvido demais em todo processo escolar acaba assumindo papéis que não são

seus, desviando-se das suas reais funções.

Pilletti (1998 apud LIMA; SANTOS, 2007, p. 79) aponta algumas atribuições da

função do coordenador pedagógico - orientar os professores quanto ao

planejamento e avaliação; propiciar formações continuadas; promover a melhoria da

relação escola comunidade e incentivar os professores no exercício pleno de sua

função. E Fonseca (2001 apud LIMA; SANTOS, 2007, p. 82) complementa

afirmando que em prol da qualidade do ensino na escola, este profissional deve ter

clareza e segurança no que se refere às suas funções na escola: resgatar a

esperança e potencialidades do grupo; agregar toda comunidade escolar em busca

do objetivo comum - aprendizagem; construir e manter a unidade dentro da escola;

superar práticas autoritárias, construir juntos; preparar seu grupo para enfrentar e

superar conflitos.

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Dentre as atribuições do coordenador pedagógico destaca-se a formação

continuada dos professores, assim como qualquer outro profissional, estes,

necessitam de subsídios para aperfeiçoarem suas práticas de modo a serem mais

ricas e criativas. Tempos atrás, para um professor exercer a função de ensinar

bastava sua formação, magistério ou um curso superior em Pedagogia, antes da sua

atuação profissional. Hoje, essa concepção foi modificada, não basta só uma

formação inicial, é preciso formação ao longo da vida - a formação continuada.

Assim, o coordenador pedagógico precisa propiciar um ambiente de estudos

contínuos, estudando com os docentes e sensibilizando-os a si aperfeiçoarem,

apesar da carga horária extensa faz-se necessário encontrar tempo para ler, para o

planejamento e para uma constante avaliação do próprio trabalho. As atividades do

coordenador pedagógico

incluem tanto o planejamento e a manutenção da rotina escolar quanto à formação e o acompanhamento do professor, assim como o atendimento a alunos e pais. Ao desempenhar suas funções [...] contribui para a efetivação do processo de ensino e aprendizagem, o que exige a mobilização de uma série de saberes. (ANDRÉ; VIEIRA, 2006, p. 17).

Pesquisas sobre os saberes docentes surgiram no início da década de 80 e

continuam crescendo e si aprofundando até os dias atuais. Toda essa discussão

surgiu devido à crítica ao tecnicismo que via o professor como um técnico que tinha

soluções instrumentais, prontas, para utilizar quando necessário. Esse modelo foi

criticado pelo fato de supervalorizar a teoria em detrimento da prática e pela

“insuficiência em interpretar a prática educativa”. (ANDRÉ; VIEIRA, 2006, p. 12)

Para superar a racionalidade técnica, vem à tona o modelo da racionalidade

prática – o professor como intelectual crítico e transformador. Surge assim, uma

preocupação com a identidade profissional dos docentes, no que se refere à

importância da reflexão e do estudo sobre a prática. Essa discussão foi ampliada

estendendo-se ao coordenador pedagógico – responsável, também, pelo processo

educativo.

André e Vieira (2006, p. 16) citam alguns fios condutores apontados por Tardif

(2002) que são linhas de orientação muito importantes para a leitura da prática

cotidiana do coordenador pedagógico, o autor “defende que é preciso relacionar os

saberes com o trabalho, mostrar que eles têm origem social, são plurais, compósitos

19

e heterogêneos, evoluem ao longo da carreira e são saberes humanos sobre seres

humanos.”

A valorização dos saberes práticos e a percepção do professor como um

produtor de saberes é algo inovador na literatura educacional, para que isso se

consolide o coordenador pedagógico precisa se apresentar ao professor como um

ajudador, aquele que apoia, orienta e instiga seu crescimento e desenvolvimento,

nesse processo de formação surgem os saberes relacionais os quais viabilizam essa

parceria.

Segundo Pimenta (2009), os saberes da docência são: a experiência que é

adquirida na reflexão da sua prática e de outras práticas; o conhecimento que é

saber usar as informações com sabedoria de maneira contextualizada e os saberes

pedagógicos que é o saber ensinar, se apropriar de subsídios que facilitem o

processo ensino-aprendizagem.

Os saberes pedagógicos podem colaborar com a prática. Sobretudo se forem mobilizados a partir dos problemas que a prática coloca, entendendo, pois, a dependência da teoria em relação à prática, pois esta lhe é anterior (PIMENTA, 2009, p. 27- 28).

É do saber pedagógico que o professor se apropria ao si defrontar com os

vários problemas da sala de aula. São esses conhecimentos que lhe darão

subsídios para intervir, muitas vezes falta nessa intervenção uma proposta

intencional, quase sempre tudo é feito no campo empírico, surge desse fato a

necessidade de formações que propiciem ao professor a reflexão sobre o saber.

O coordenador deve exercer o ofício de coordenar para educar viabilizando a

dinâmica da aprendizagem através da formação continuada dos docentes. Esse

trabalho que melhora a prática e transforma o ensino tem que ser coletivo, planejado

e intencional.

[...] como agente responsável pela formação continuada de professores, o coordenador pedagógico deve sensibilizar seu saber fazer de maneira a não unilateralizar as tomadas de decisão, como se tivesse todas as respostas para os encaminhamentos pedagógicos e resoluções de conflitos que inquietam a equipe docente” (LIMA; SANTOS, 2007, p. 78).

Para estas formações os autores trazem à discussão o tempo de construção da

reflexão, esse tem que ser qualificado e qualificador. O coordenador precisa

organizar esse tempo de maneira constante e permanente, imprimindo nas

formações o hábito da busca e da reflexão. Lima e Santos (2007, p. 84), ainda

20

afirmam algo muito importante "[...] a coordenação pedagógica, exercida por um

educador, guarda a suas bases fundamentais no significado e papel da educação."

Quando a coordenação pedagógica é exercida por um professor que já tem

experiências em diferentes modalidades de ensino, as chances deste viabilizar um

trabalho mais eficaz é bem maior, pois conhece a realidade do processo ensino-

aprendizagem e é mais sensível às problemáticas da educação.

Precisamos despertar, também, uma consciência coletiva e o senso de

responsabilidade para assim legitimarmos uma educação de qualidade.

Dessa forma, o coordenador pedagógico é peça fundamental para viabilizar o

processo ensino-aprendizagem, mas uma peça que funcionando junto com outras

peças faz a máquina funcionar bem. Sua função é comparada a arte de tecer e "é no

sentido de tessitura que se constrói o trabalho pedagógico, mas a partir e por meio

de muitas mãos." (LIMA; SANTOS, 2007, p. 85) Os autores ainda afirmam que

coordenador pedagógico e professores juntos, podem criar laços que contribuam

para a construção de uma prática pedagógica enriquecedora.

A necessidade de uma prática mais consolidada é gritante, principalmente no

que se refere ao ensino da Língua Portuguesa - leitura e escrita. Segundo Simonetti

(2007, p. 13) “na década de 80 eram 800 milhões de analfabetos no mundo.

Entramos no séc.XXI com um bilhão de analfabetos. Destes, mais de 100 bilhões

são crianças, das quais 60 milhões são meninas.” No que se refere ao Brasil, a

autora

chama a atenção para a última avaliação do Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb), denunciando que aproximadamente 33% dos alunos com quatro anos de escolaridade são analfabetos, ou seja, a criança termina analfabeta a 4ª série do fundamental. (SOARES, 2003a apud SIMONETTI, 2007, p. 140).

Precisamos enfatizar, constantemente, aos professores que o tradicionalismo

aprisiona a sensibilidade e bloqueia a aprendizagem e a criatividade, faz-se

necessário experimentarmos novas ideias e metodologias, buscando uma nova

forma de relacionamento com a geração atual, que é rebelde, sem limites, e ao

mesmo tempo, carente de um afeto sem complicações, precisamos nos preocupar

sim em alfabetizar, sem deixar de lado, também, a formação de valores.

Assim, altas taxas de analfabetismo, de reprovação e evasão geraram a

necessidade de implantar novas políticas de escolarização. Surge assim a

organização da escolaridade em ciclos que consiste em desfragmentar as séries

21

anuais, instalar e investir nos ciclos de aprendizagem plurianuais com o objetivo de

melhorar a qualidade do ensino e como consequência combater o fracasso escolar

que acarreta na desigualdade social. Ao término do ciclo, a finalidade é que todos

alcancem os objetivos de aprendizagem juntos, mesmo que, no percurso, utilizem

caminhos diferentes.

A escolaridade em ciclos ou qualquer outro modelo de escolaridade não tem o

poder de fazer com que todos os objetivos de aprendizagem sejam alcançados. Ele

apenas viabiliza o processo ensino e aprendizagem tornando possível a realização

de práticas pedagógicas inovadoras. Na estrutura seriada o aluno que não consegue

alcançar os objetivos fica retido, ele não tem a possibilidade de dar continuidade à

aprendizagem devido ao tempo que é restrito à série.

A reprovação não é a solução para as dificuldades de aprendizagem e sua

extinção não vai acabar com o fracasso escolar, mas segundo Hutmacher (1993

apud PERRENOUD, 2004, p. 37)

quando o professor acompanha seus alunos durante dois anos ou mais, a reprovação desaparece de facto, sem ter sido oficialmente proibida. Pode-se concluir disso que um professor reprova, antes de tudo, em função das expectativas supostas de seus colegas: ele não quer ser recriminado por ter deixado passar um aluno fraco demais.

A seriação e a reprovação são sistemas seletivos e excludentes. A reprovação

não é benéfica, principalmente nos anos iniciais.

Perrenoud (2004), elenca nove teses que é a sua maneira de conceber os

ciclos:

1- Não é um fim em si, mas um meio de melhorar a aprendizagem

reestruturando o processo com novos espaços e tempos de trabalho;

2- Os objetivos para o final do ciclo precisam estar bem definidos;

3- Propor a cada aluno uma pedagogia diferenciada, significativa;

4- Padronizar o tempo de duração de um ciclo;

5- Os métodos e as situações de aprendizagem precisam ser repensados e

renovados;

6- Há autonomia e liberdade para os professores se organizarem dentro desse

espaço-tempo;

7- O ciclo de aprendizagem deve ser confiado a uma equipe competente que

deverá ser responsável por ele durante alguns anos;

22

8- A formação continuada e o acompanhamento dos professores que atuam no

ciclo são essenciais para construir novas competências e;

9- É preciso tempo para o funcionamento eficaz dessa nova política da

escolaridade em ciclos.

Mainardes (2007) concorda com Perrenoud (2004) quando afirma, também,

que a escolarização em ciclos contribui para o respeito dos diferentes ritmos de

aprendizagem e institui a diferenciação do ensino. Viabiliza um processo ensino e

aprendizagem mais cooperativo à medida que a aprendizagem dos alunos é

assumida por uma equipe de professores que planejam e trabalham juntos, ao

contrário do regime seriado que é um só professor para cada série, mas ressalta que

o potencial benéfico da escolaridade em ciclo torna-se reduzido ao si confrontar com

a insistência de algumas práticas empregadas no regime seriado.

A política de ciclos tornou-se mais complexa, necessitando assim de

investimentos em materiais didáticos e formações continuadas para os professores,

segundo Perrenoud (2004, p.38) “[...] a criação de ciclos de aprendizagens [...] cria

uma solidariedade institucional entre professores do mesmo ciclo e os incita

fortemente à coerência e à continuidade pedagógicas” e isso só irá ser consolidado

se os professores forem direcionados a adquirirem novas características para

atender as demandas do ciclo. Segundo Pimenta (2009) pesquisas revelam que as

teorias que embasam as práticas pedagógicas no cotidiano da sala de aula, não são

aquelas resultantes das novas investigações das ciências da educação e que os

cursos de formação inicial para professores têm um currículo distanciado da

realidade das escolas.

É nesta vertente que o trabalho do coordenador pedagógico entra em cena,

pensando e direcionando formações continuadas fundamentadas nas práticas

docentes e em teorias relevantes, já que muitas formações estão preocupadas em

atualizar os conteúdos de ensino para os professores, isso implica em uma ação

ineficiente porque não contextualizam a prática. É preciso formar docentes que

reflitam sobre a sua prática, numa atitude investigativa. Faz-se necessário, portanto,

“ressignificar os processos formativos a partir da reconsideração dos saberes

necessários à docência, colocando a prática pedagógica e docente escolar como

objeto de análise” (PIMENTA, 2009, p. 17).

23

No que se refere à formação continuada em Língua Portuguesa, no ciclo inicial

da alfabetização, o professor deve ser conduzido a compreender que o aluno

precisa ser alfabetizado e letrado. Alfabetizado é o aluno que consegue escrever e

ler um texto simples, letrado é o aluno que além de ler e escrever utiliza a leitura e a

escrita como prática social, assim estes dois processos são específicos, mas

complementares. Simonetti (2007, p. 24) afirma que “hoje, não temos dúvida de que

devemos conceber a alfabetização e o letramento como dois processos diferentes,

porém simultâneos e indissociáveis.”

Nesse sentido, para que as crianças sejam plenamente alfabetizadas o

professor precisa ser orientado a planejar atividades que promovam o ensino do

sistema de escrita desde o primeiro ano até o final do ciclo de maneira gradual, mas

não basta só dominar esse sistema é preciso saber fazer uso dele em diversas

situações comunicativas. Dessa forma, o coordenador pedagógico precisa constituir

espaços e ambientes educativos que possibilitem a aprendizagem dos docentes,

concebendo a escola como um espaço de reflexão, conhecimento e construção da

cidadania.

As novas tendências investigativas sobre formação de professores valorizam o

que denominam o professor reflexivo – intelectual em processo contínuo de

formação.

Nóvoa (apud PIMENTA, 2009, p.29) considera três processos na formação

docente: produzir a vida do professor (desenvolvimento pessoal) – a valorização do

trabalho crítico-reflexivo sobre sua prática em consonância com outros saberes;

produzir a profissão docente (desenvolvimento profissional) – disponibilizar variados

instrumentos didáticos para o professor não é suficiente porque o terreno que ele

pisa é complexo, por isso a necessidade de uma boa formação inicial e contínua;

produzir a escola (desenvolvimento organizacional) – a valorização da escola como

um espaço de trabalho e de formação contínua, constituindo redes.

A qualificação do professor é vista pela capacidade e habilidade que ele tem

frente ao processo ensino e aprendizagem. “É muito difícil ao professor, sem

condições de uma reflexão quer com outros professores, quer com autores, captar a

essência de seu trabalho.” (AZZI, 2009, p. 48) A qualidade do ensino implica na

qualidade docente.

24

Um professor reflexivo não para de refletir. Reflete para solucionar problemas,

quando não tem problema, reflete quando está ou não angustiado. A reflexão na sua

vida deve ser uma constante.

Segundo Perrenoud (2002, p.44)

Um profissional reflexivo não se limita ao que aprendeu no período de formação inicial, nem ao que descobriu nos seus primeiros anos de prática. Ele reexamina constantemente seus objetivos, seus procedimentos, suas evidências e seus saberes. Ele ingressa em um ciclo permanente de aperfeiçoamento, já que teoriza sua própria prática, seja consigo mesmo, seja com uma equipe pedagógica.

A formação inicial e as formações continuadas precisam comungar desse

mesmo objetivo – desenvolver a postura reflexiva nos docentes, se assim quiserem

formar um profissional pleno e integral.

Para finalizar esse arcabouço teórico vale a pena apresentar as ideias

discutidas por Almeida (2010) que aponta algumas diretrizes para a formação de

professores baseadas nas Seis propostas para o próximo milênio, de Ítalo Calvino

(1995) direcionadas para os valores literários que devem ser resguardados neste

século, mas a autora entende que são valores de vida, portanto importantes,

também, para a formação docente. Eis os valores:

Exatidão, o formador (coordenador pedagógico) precisa estimular que o

formando (o professor) seja um pesquisador, aquele que delimita problemas, levanta

hipóteses, registra e analisa as informações, havendo assim uma intencionalidade

nas ações; Rapidez, lembrar aos professores que o planejamento é essencial, mas

que o imprevisto existe e é essa aventura da docência que vai medir a habilidade

para garantir a construção do conhecimento, efetivando assim a comunicação;

Visibilidade, um processo de formação deve propiciar o desenvolvimento da

sensibilidade para com as pessoas, para com as coisas e para consigo mesmo, isso

resulta em outros valores como a justiça e a solidariedade; Multiplicidade, formador

e formando são constituídos de uma história de vida, resultado de sonhos, leituras,

decepções, esperanças, informações, estes que irão interferir na prática do

professor, portanto é preciso cultivar no docente um olhar múltiplo, que busque

perceber a complexidade das pessoas e a sua própria, levando-os a reinventar

constantemente a sua prática; Leveza, é sinônimo de alegria e não de desleixo, o

professor precisa ser levado a vivenciar a escola como um lugar que inclui, que

oportuniza e que valoriza o outro, atingindo seus objetivos com determinação e

25

alegria e por fim a Consistência, que é o valor que articula e resguarda todos os

outros valores citados anteriormente.

Assim, para que o trabalho do coordenador pedagógico seja efetivamente

significativo nas escolas, é preciso estreitar os laços de um relacionamento saudável

com o grupo de professores. Confiança, responsabilidade e trabalho constante são

imprescindíveis nessa jornada. O coordenador deve se mostrar presente,

constantemente, na dinâmica da escola, como uma referência que acolhe,

compreende, inspira e desafia. Ser referência é assumir um papel de destaque, mas

obscuro e isso requer humildade e discrição, confiança em si e no outro, ousadia,

coragem e acima de tudo ser agente de transformação da realidade onde atua,

assim estará exercendo, eficientemente, a sua função.

26

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: CONSOLIDANDO FORMAÇÕES CONTINUADAS MAIS CONSISTENTES

Esta Proposta de Intervenção (PI) foi fruto de reflexões sobre a prática e teoria

que permeiam a função de coordenador pedagógico. A prática vivenciada no dia a

dia das escolas e a teoria discutida no Curso de Especialização em Coordenação

Pedagógica que está vinculado ao Programa Nacional Escola de Gestores da

Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

tendo como Polo o município de Conceição de Coité. A PI está fundamentada no

Eixo Temático 09 - Coordenação Pedagógica: Relações, Dimensões e Formas de

Atuação no Ambiente Escolar e será aplicada numa escola pública de Riachão do

Jacuípe-BA, no primeiro semestre letivo de 2016.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR

A unidade escolar que será contemplada com esta PI fica localizada no

município de Riachão do Jacuípe-Ba, cidade situada às margens do Rio Jacuípe, há

uma distância de 186 Km da capital estadual. É uma escola de referência por estar

situada no centro da cidade, oferta do 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental, possui

um total de doze turmas totalizando, aproximadamente, 282 alunos.

A escola funciona nos turnos matutino e vespertino, nos horários das 8h00min

às 11h45min e das 13h00min às 16h45min, e possui, atualmente, um quadro de

funcionários com 9 professores que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental

(1º ao 5º ano), 7 auxiliares de serviços gerais (1 porteiro, 3 serventes, 1 merendeira,

1 auxiliar de merendeira,1 auxiliar de secretaria), 1 diretora com 40 horas, 1 vice-

diretora com 20 horas, 1 coordenadora pedagógica (disponibilizada pela Secretaria

de Educação do Município), 1 secretária e 1 chefe de divisão escolar, totalizando 21

funcionários, vale ressaltar que os funcionários são qualificados para o exercício de

suas funções. Os gestores e professores, especialmente, são em sua maioria

graduados e especialistas.

A maioria dos alunos reside em bairros próximos da escola, uma outra

quantidade na zona rural. A faixa etária dos alunos atendidos por este

estabelecimento de ensino varia de 06 a 14 anos de idade, alguns deles vêm de

família desestruturada, em que os pais são separados, convivendo apenas com

27

avós, tios ou responsáveis, com estruturas mínimas de acesso ao conhecimento fora

da escola.

Boa parte das famílias desses alunos é constituída de pessoas humildes, de

poucos conhecimentos e que possuem bastantes dificuldades financeiras, tendo

pouco acesso ao saber universalizado.

Durante estes três últimos anos, a escola passou por sucessivas reformas que

resultaram numa melhor adequação dos espaços físicos, construção e ampliação de

outros. Atualmente possui sete espaçosas salas de aulas, secretaria, sala

multifuncional, cozinha, refeitório, banheiros para alunos e professores, banheiro

acessível, biblioteca e uma conquista recente - uma Rádio Escolar, além de um

espaço amplo para recreação.

A Escola XXXX encontra-se bem estruturada e recebe recursos dos governos

federal, estadual e municipal, disponibilizando assim, diversos programas e ações

que têm como objetivo melhorar a qualidade da educação ofertada, dentre eles

destacam-se: Programa Dinheiro Direito na Escola (PDDE), Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE), Projeto Baú de Leitura, Programa Mais Educação,

Projeto Mais Cultura, Atleta na Escola, Saúde na Escola, Escola Aberta e Escola

Acessível.

Com relação à formação inicial dos professores, uma grande maioria tem o

Nível Superior Completo, alguns já Pós-Graduados. Vale ressaltar que todos os

professores, que atuam no ciclo inicial, participam do Pacto Nacional pela

Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e do Pacto Estadual que são políticas de

Alfabetização que proporcionam formações para que os docentes assegurem às

crianças o direito às aprendizagens básicas na idade certa.

Portanto, apesar da escola está bem estruturada no aspecto físico,

administrativo e pedagógico a maioria dos alunos do ciclo inicial apresenta

dificuldades na leitura e escrita, isso nos leva a questionar, entre outras coisas, a

prática pedagógica dos professores alfabetizadores e consequentemente questionar

o trabalho realizado pela coordenação pedagógica, este foi o motivo da escolha

dessa Unidade Escolar para a realização da PI, sendo assim o lócus da nossa

pesquisa-ação.

Ao analisarmos o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) interativo 2015

da escola pudemos observar que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(IDEB) não vem melhorando nas duas últimas medições, em 2011 – 3,9 e em 2013

28

– 3,6. Na verdade, há uma queda desse índice nos anos iniciais do Ensino

Fundamental que é medido a cada dois anos.

O IDEB foi criado para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de

ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante e nas taxas

de aprovação. Assim, para que o IDEB de uma escola ou rede cresça é preciso que

o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula. A escola possui um

PPP- Projeto Político Pedagógico que está sendo implementado.

3.2 METODOLOGIA

Apresentaremos os caminhos metodológicos percorridos que desencadearam

e subsidiaram a elaboração dessa PI que busca qualificar a prática pedagógica, do

componente curricular Língua Portuguesa, de professores do ciclo inicial da

alfabetização.

Essa Proposta de Intervenção tem como tema “Consolidando Formações

Continuadas mais consistentes.” Esse tema foi suscitado devido ao fato de que a

maioria dos alunos do ciclo inicial, dessa escola, apresenta dificuldades na leitura e

escrita, e os professores carecem de mais informações e estudos sobre a

escolaridade em ciclos, assim como subsídios para as aulas do componente Língua

Portuguesa. Dessa forma, os objetivos dessa Proposta de Intervenção são:

3.2.1 Objetivo Geral

3.2.1.1 Promover formações continuadas que levem os docentes a refletirem sobre

suas práticas, frente ao componente curricular Língua Portuguesa, no ciclo inicial da

alfabetização.

3.2.2 Objetivos Específicos

3.2.2.1 Promover palestras e debates com o tema: A nova escolaridade em ciclos,

levando os professores a si aprofundarem sobre ele e aperfeiçoarem suas práticas;

3.2.2.2 Implementar a Hora do Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), tornando-a,

além de momento de planejamento, um espaço de discussão e aprofundamento de

temas pertinentes ao ciclo inicial;

29

3.2.2.3 Promover oficinas, para os professores, com atividades voltadas para a

Alfabetização e Letramento dos alunos do ciclo inicial;

3.2.2.4 Utilizar os vários espaços escolares existentes, como a Rádio Escolar, para

promover atividades diferenciadas para os discentes.

Pretendemos responder a pergunta formulada através de uma pesquisa

inserida na abordagem qualitativa, com foco na pesquisa-ação, já que o propósito

desse estudo é analisar um nível de realidade que não pode ser quantificado – as

contribuições das formações continuadas, realizadas pela coordenação pedagógica,

para os professores que atuam no ciclo inicial da alfabetização. Com relação ao

instrumento utilizado para a coleta de informações, faremos uso do questionário por

si tratar de um importante componente da realização da pesquisa qualitativa e por

ser um instrumento revelador de condições e valores de um grupo. O universo dessa

investigação foi composto por 6 professores que atuam no ciclo inicial da

alfabetização da Escola XXXX no município de Riachão do Jacuípe-BA.

No que se refere a pesquisa-ação, esta é um tipo de pesquisa que compreende

uma nova dimensão, pois junta duas grandes vertentes a ciência e a realidade

estudada. Segundo Thiollent (1996), a sua estrutura metodológica permite uma

imensa diversidade de propostas nos diversos campos de atuação social,

caracterizando-se pelo envolvimento de grupos sociais de diferentes naturezas no

processo de tomada de decisões.

A pesquisa-ação nasce diante da insatisfação com relação aos métodos

clássicos de pesquisa, que durante muito tempo bifurcou a relação sujeito e objeto.

Na pesquisa convencional não pode haver participação daquele que pesquisa frente

a situação observada, nem tampouco objetivar transformar essa situação numa

outra desejada. Já na pesquisa-ação, vale ressaltar que, ela permite uma maior

articulação entre a teoria e a prática objetivando solucionar problemas sinalizados

nessa prática. A conceituação abaixo esclarece melhor esse método:

a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1996, p.14.).

Prosseguindo nessa discussão, esse método coloca diante do pesquisador um

novo desafio: interferir na realidade observada, característica pertinente à função do

30

coordenador pedagógico que constantemente, através da escuta, precisa fazer

intervenções e encaminhamentos em todo processo ensino e aprendizagem. O

pesquisador se reveste de um novo papel – intervir e é convidado para “que ele seja

verdadeiramente, e talvez, tão simplesmente, um ser humano” (BARBIER, 2007,

p.17). Nesse sentido, pesquisador e coordenador pedagógico envolvidos no

contexto, desejam transformá-lo para melhor, revestindo-se de humanização.

3.3 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS

O instrumento de pesquisa (questionário) foi aplicado com 6 professores que

atuam no ciclo inicial da alfabetização da referida escola.

Quadro 1 – Perfil dos professores pesquisados.

Professor Tempo de

serviço

Tempo que atua no

ciclo

Ano que leciona

Carga horária

semanal

Formação Inicial

Pós-graduado

01 14 anos 1 ano 1º ano 40 h Biologia Sim

02 28 anos 3 anos 2º ano 20 h Pedagogia Sim

03 30 anos 2 anos 2º ano 20 h Magistério Não

04 21 anos 5 anos 3º ano 40 h Biologia Sim

05 20 anos 5 anos 3° ano 40 h Biologia Sim

06 11 anos 5 anos 1º ano 40 h Pedagogia Sim

Fonte: Elaborado pela autora

Dos 6 professores que participaram da pesquisa, 3 afirmaram que suas

formações iniciais não lhes deram subsídios para exercerem com segurança a

docência no ciclo inicial da alfabetização. Dos outros 3 que afirmaram ter segurança,

2 provém de uma graduação em Pedagogia com Especialização na área da

Educação e 1 do extinto curso de Magistério. Todos participam de formações

continuadas, mensalmente ou bimestralmente, voltadas para Alfabetização e

Letramento, viabilizadas pela Secretaria de Educação devido o Pacto com os

Municípios pela Alfabetização na Idade Certa e afirmam que necessitam destas

formações para subsidiarem suas práticas no ciclo inicial, confirmam a importância e

necessidade destas quando afirmam que é através delas que adquirem novos

conhecimentos, renova conceitos, recebem suportes trocam experiências, ampliam

suas competências. Segundo Perrenoud (2002, p.44)

31

Um profissional reflexivo não se limita ao que aprendeu no período de formação inicial, nem ao que descobriu nos seus primeiros anos de prática. Ele reexamina constantemente seus objetivos, seus procedimentos, suas evidências e seus saberes. Ele ingressa em um ciclo permanente de aperfeiçoamento, já que teoriza sua própria prática, seja consigo mesmo, seja com uma equipe pedagógica.

Uma das professoras resume essa importância quando diz que “é por meio das

formações que o professor adquire conhecimento para aprimorar seu trabalho, ele

repensa, analisa e reflete sobre sua prática.” (PROFESSORA nº 05). A reflexão

dessa prática é diversificada, tanto quanto os profissionais, e precisa ser

transformada numa prática constante.

Na escola pesquisada, assim como em todas as escolas municipais de

Riachão do Jacuípe, é estabelecida uma carga horária semanal para os professores

planejarem, é a Hora do Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), segundo os

professores este é o momento onde eles planejam suas aulas semanais e

participam de poucas formações continuadas na escola, esse encontro acontece

sistematicamente. Afirmam que nesta escola há um coordenador pedagógico

exercendo a função nesses três últimos anos, antes não existia, na escola, a figura

desse profissional. Este se responsabiliza pelo planejamento e execução desse

momento da HTPC, os professores veem nele um ajudador, um auxiliador. E

segundo André e Vieira (2006), o coordenador precisa ser para o professor um

ajudador, aquele que apoia, orienta nesse processo de formação, assim como

fomentador do trabalho coletivo.

A confirmação de que a figura do coordenador pedagógico só existe na

escola há três anos e que além desta escola coordena mais duas, nos faz refletir

sobre o papel desse profissional. Primeiro, os professores desta escola ainda estão

se adaptando a uma rotina de acompanhamento, mediação, pois durante muito

tempo o trabalho pedagógico fora realizado somente pelo docente, munido de sua

experiência e formação inicial. Segundo, será que este coordenador tem, realmente,

um tempo produtivo nesta escola e nas outras? Segundo Pierini e Sadalla (2012, p

83) Pesquisa “indica que a falta de tempo é apontada inicialmente pelos

coordenadores como fator que impossibilita ou dificulta a reflexão sobre suas

práticas”. Algo para si refletir.

Os professores destacaram a coletividade como algo positivo desses

momentos, eles afirmaram que discutem e planejam em grupo.

32

O coordenador direciona o trabalho pedagógico de forma coletiva, cada um de nós tem um jeito diferente de fazer na sala de aula, mas a discussão coletiva nos leva a ter um único objetivo – promover uma aprendizagem mais significativa. (PROFESSORA nº 02).

Configura-se em um trabalho em conjunto, em parceria, no qual os

participantes não perdem suas características.

Contemplar o individual no coletivo e fazer com que o coletivo reflita o conjunto dos pontos de vista individuais é o que confere ao trabalho coletivo seu caráter de coletividade, visto que só assim há uma participação efetiva – não no sentido de tomar parte em, mas de adesão de cada um, com sentimentos e pensamentos, valores e princípios. Logo, o trabalho coletivo é construído por cada educador e promovido pelo coordenador, responsável pela mediação nesse processo de construção. (PLACCO; SOUZA, 2012, p. 28).

É a comunidade escolar que deve protagonizar as mudanças no âmbito da

escola e o coordenador precisa articular todos os envolvidos nesta coletividade

instigando para que cada um externe suas expectativas e necessidades colaborando

na construção do projeto pedagógico da unidade escolar. Numa prática consciente,

embasada por teorias e questionamentos, coordenador e professores são

profissionais inseridos nesse processo contínuo de formação em busca de

mudanças constantes em prol da aprendizagem dos alunos.

Ainda no que se refere a esse momento de formação continuada na escola,

ficou claro que ele não está sendo usado de maneira significativa, destacaram que

sentem necessidade de uma formação continuada mais consistente, para discutirem

e refletirem sobre temas relevantes, principalmente temas voltados para o ciclo de

alfabetização, além do momento do planejamento, pois a maioria afirma que pelo

fato de ter uma carga horária de 40h semanais não lhes sobram tempo para os

devidos estudos fora da escola. Afirmaram que sentem este momento muito voltado

para o planejamento em si, outras vezes para dar conta de extensas pautas vindas

pela urgência de demandas da gestão, sugerindo que ele seja usado, realmente,

para troca de ideias, estudo, pesquisa e elaboração de atividades que promovam a

aprendizagem. De outra forma é um “tempo caracterizado pela tentativa de resolver

uma rotina que parece sempre mal resolvida” (PIERINI; SADALLA, 2012, p.76).

Quando foram questionados sobre a organização da escolaridade em ciclo,

muitas foram as respostas que valem à pena serem discutidas e que nos mostram o

quanto os professores do ciclo inicial necessitam de formações que direcionem

33

estudos sobre esta temática. As formações continuadas no município não dão conta

da imensa necessidade que os professores têm de si aprimorarem sobre temas

importantes voltados para a escolaridade em ciclos. Assim, cabe ao coordenador

pedagógico suprir essa necessidade através de formações, na escola, que

promovam reflexões sobre o ciclo. Segundo Cunha e Prado (2012, p. 38) “a

formação de professores que acontece na escola [...] representa uma oportunidade

de aproximação e diálogo entre os saberes da experiência e os conhecimentos

teóricos.”

Vejamos algumas respostas, dadas pelas professoras, com relação a

escolaridade em ciclos. “O ciclo é uma tentativa de superação do fracasso escolar

diante de tanta repetência e evasão” (PROFESSORA n° 01). Realmente, segundo

Mainardes (2007) altas taxas de reprovação e evasão geraram a necessidade de

implantar novas políticas de escolarização, entre elas, o ciclo.

Com relação a progressão continuada, as professoras afirmaram:

Não sei definir bem, só não concordo em o aluno não poder ser reprovado (PROFESSORA nº 03). Acho bom. Porém, a questão do aluno não ser mantido no 1º e 2º anos mesmo não tendo um bom desempenho, eu acho péssimo. É negativo passar o aluno que não sabe. (PROFESSORA Nº 04).

De acordo com o que foi citado acima fica nítido que as professores têm

noções básicas sobre o processo de ciclo, mas ainda não se apropriaram de

conceitos essenciais como a progressão continuada, ainda elegem a reprovação

como um caminho viável para promover a aprendizagem, característica da seriação.

Enquanto no ciclo, a criança tem mais tempo para adquirir as habilidades

necessárias para si alfabetiza letrando, ela têm o 1º, 2º e 3º anos para consolidar

aprendizagens, podendo ser retida somente no 3º ano. Assim, faz-se necessário

promover estudos para os professores com o tema Avaliação: diagnóstica, formativa

e sistêmica.

Com relação a organização dos alunos, por anos no ciclo, as professoras

contestam.

É um sistema complexo que classifica os alunos em grupo por idade sem levar em consideração as habilidades e competência. (PROFESSORA nº 02). O ciclo para mim é uma organização deficiente, pois os grupos deveriam ser formados levando em consideração as competências do aluno e não a idade. (PROFESSORA nº 05).

34

Enfatizaram que no ciclo não se leva em consideração as competências e sim

a idade da criança para formar grupos de alunos por ano, mas os Direitos de

Aprendizagens foram instituídos para nortear todo o ciclo no sentido de assegurar a

aprendizagem.

No presente documento, o foco inicial do debate curricular, para o Ensino Fundamental, abrange os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento para o Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º anos), em Linguagem (Língua Portuguesa, Educação Física e Arte); Matemática; Ciências Humanas (História e Geografia); Ciências da Natureza. As razões que levam esse Ministério a priorizar neste momento o Ciclo de Alfabetização estão relacionadas às ações elencadas, anteriormente, e aos dados sobre os índices de analfabetismo e de baixa proficiência dos estudantes brasileiros nas habilidades de leitura e escrita. (BRASIL. 2012, p. 15).

Vale ressaltar o argumento da professora nº 06 que aponta a necessidade do

trabalho em conjunto dos professores que atuam no ciclo, conclamando a família

para cooperar junto a escola. “Os professores do ciclo têm que trabalhar juntos, a

família precisa assumir também a responsabilidade.” Segundo Perrenoud (2004,

p.38) “[...] a criação de ciclos de aprendizagens [...] cria uma solidariedade

institucional entre professores do mesmo ciclo e os incita fortemente à coerência e à

continuidade pedagógicas.”

O documento que institui os Direitos de Aprendizagem, também convoca todos

os envolvidos à responsabilidade.

Para garantir as aprendizagens básicas às crianças, no tempo organizado em ciclo, é preciso assumir outra forma mais diversa, plural e interconectada de conceber a educação, a escola, o professor, sua formação e, sobretudo, a infância. Trata-se de assegurar que todas as meninas e meninos estejam alfabetizados, na perspectiva do letramento, até seus 08 anos, o que exige um trabalho focado, conjunto e integrado, pautado em meios diferenciados de gestão, coletivos e participativos, que envolvam verdadeiramente todos os sujeitos da comunidade escolar nesse mesmo propósito. (BRASIL. 2012, p. 18).

Com relação ao trabalho com o componente curricular Língua Portuguesa os

professores apontaram que as maiores dificuldades dos seus alunos é com relação

aos eixos de Leitura e Produção de Textos Escritos, sinalizando para a necessidade

de um suporte maior, por parte da coordenação, para um direcionamento na

elaboração de atividades que venham subsidiar esses eixos.

35

É perceptível a necessidade que os professores do ciclo, dessa escola, têm de

formação continuada centrada na escola, pois elas são direcionadas,

especificamente, para os problemas detectados na escola, gerando mais

oportunidades para solucioná-los. Segundo Canário (2000 apud CUNHA; PRADO,

2012, p. 38),

uma das dimensões fundamentais da formação centrada na escola , baseadas nas experiências dos professores, consiste em criar situações que permitam aos professores aprender a pensar e a agir de modo diferente, pois a reflexão, conduzida de modo sistemático e finalizado, permite transformar a experiência num saber utilizável.

Portanto, os coordenadores pedagógicos são os profissionais responsáveis em

promover essa formação continuada na escola e privilegiados em mediar, entre os

professores, as reflexões sobre a prática.

3.4 AÇÕES DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

3.4.1 Palestras

Convidar mensalmente, na escola, Orientadores de Estudos do Pacto pela

Alfabetização e especialista da educação do nosso município ou de outros

municípios vizinhos para palestrarem sobre o tema: A nova escolaridade em ciclos,

dando oportunidades aos professores de aprenderem mais sobre o tema e tirarem

suas dúvidas.

3.4.2 Estudo e Planejamento

Nas HTPCs que acontecem semanalmente na escola (carga horária de três

horas), aproveitar 1/3 dessa carga horária (1h) para estudos, em grupo, voltados

para temas pertinentes ao ciclo (Alfabetização e Letramento, Direitos de

Aprendizagem, Avaliação Formativa, Progressão Continuada, entre outros temas) e

as outras 2h utilizar para elaborar o planejamento alinhado aos estudos propostos.

3.4.3 Oficinas

Implantar Oficinas com Jogos de Alfabetização, utilizando os kits enviados pelo

Ministério da Educação (MEC) às escolas e outros adquiridos pela escola ou

produzidos pelo grupos, com temas voltados para os eixos de Língua Portuguesa:

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Oralidade, Leitura, Produção de Textos Escritos, Análise Linguística: Discursividade,

textualidade e normatividade; Apropriação do Sistema de Escrita Alfabética,

propondo atividades que contemplem cada eixo e garantindo a ludicidade na

alfabetização.

Implantar Oficinas que levem o professor a otimizarem o Cantinho de Leitura

das turmas do ciclo inicial com atividades voltadas ao desenvolvimento das

capacidades de leitura e de escrita, de modo criativo, crítico e intencional. Algumas

obras já foram garantidas por Programas do Ministério da Educação: obras literárias

Programa Nacional da Biblioteca da Escola (PNBE) e livros diversos, como as obras

complementares do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), entre outros suportes

variados de textos como gibis, jornais, revistas.

3.4.4 Utilização dos Espaços Escolares

Orientar aos professores para direcionar os diversos espaços escolares, e não

somente a sala de aula, como espaços de ensino e de aprendizagem: o pátio, a

biblioteca, a quadra de esportes, a rádio escolar, diretoria, a sala de recursos, a

cantina, entre outros.

Valorizando, em especial, a Rádio Escolar que é um espaço repleto de

possibilidades, adquirido recentemente pela escola, uma excelente ferramenta para

o trabalho da leitura e escrita. Propondo atividades para os professores realizarem

com suas turmas que direcionem o estudo dos Gêneros Textuais: Entrevistas,

Concursos de Contos, Notícias, Sarau de Poesias, promovendo o exercício da

cidadania a partir da discussão de temas, exposição de pensamentos e críticas,

ampliando o universo de conhecimentos através de uma mídia popular e facilitadora

da comunicação, propiciando uma Alfabetização com Letramento.

3.5 CRONOGRAMA

Todas as atividades propostas ocorrerão no primeiro semestre letivo de 2016,

nos momentos da Hora do Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) que acontece,

semanalmente, na escola e têm a duração de 3h.

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Quadro 2 – Cronograma das ações da PI.

Atividades Período Responsáveis Recursos

Durante todo o semestre convidar palestrantes para discutirem temas pertinentes a Escolaridade em Ciclos.

Março a agosto (Mensalmente)

Coordenador Pedagógico e Diretor

Humano; Espaço Escolar; Data- show.

Redirecionar 1h desse encontro para estudos em grupo sobre temas pertinente ao ciclo. As outras 2h elaborar os planejamentos semanais alinhados aos estudos feitos.

Março a agosto (Quinzenalmente)

Coordenador Pedagógico e Professores

Humano; Cadernos de estudos do PNAIC.

Implantação de Oficinas para os professores utilizando os Jogos de Alfabetização e Cantinhos de Leitura existentes na escola.

Março a agosto (Quinzenalmente)

Coordenador Pedagógico

Materiais didáticos distribuídos pelo MEC: Jogos de Alfabetização, acervo do PNBE, do PNLD Obras Complementares e livros didáticos.

Utilizar os diversos espaços escolares para promover atividades alfabetizadoras.

Março a agosto (Mensalmente)

Coordenador Pedagógico e Professores

Espaços escolares: Biblioteca, pátio, rádio escolar, cantina, quadra.

Avaliação: tendo como base o índice de desempenho dos alunos, durante o semestre, no componente Língua Portuguesa, avaliar todo o processo de formação para dar continuidade ou não até o final do ano letivo de 2016.

Final do mês de agosto

Coordenador Pedagógico e Professores

Humano

Fonte: Elaborado pela autora

3.6 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se, ao final, do semestre que as formações continuadas possibilitem

aos professores alfabetizadores compreenderem a escolaridade em ciclos

colocando em prática várias orientações para a organização eficaz do ciclo inicial da

alfabetização como: a organização de espaços, materiais, tempos escolares e a

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manutenção do planejamento de uma rotina que valorize a leitura e a escrita na

perspectiva do letramento.

Um outro aspecto importante é o fato do docente ter compreendido a

importância de manter o foco numa avaliação diagnóstica - que detecta quais

saberes a criança já adquiriu e quais precisa dominar para ser ponto de partida para

planejar estratégias significativas de aprendizagem e formativa - que está voltada

para uma constante redefinição das prioridades do processo de ensino e de

aprendizagem, desmistificando a progressão continuada no sentido de vê-la como

um tempo maior para a garantia dos direitos de aprendizagem e não uma aprovação

automática para o ano subsequente.

Um outro resultado esperado é que essa PI possibilite, também, ao

coordenador pedagógico da escola vivenciar momentos de aprendizagem que o

ajude a redirecionar constantemente o seu fazer pedagógico. E que, na verdade,

todo esse esforço chegue lá na ponta, na melhoria do desempenho escolar dos

alunos envolvidos, alfabetizando e letrando, significativamente, os alunos dessa

instituição escolar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação continuada de professores é uma questão muito importante e

desafiadora, pois ela é uma das variáveis que promove e fortalece a qualidade da

educação de uma escola.

Para o direcionamento de um trabalho docente de qualidade não basta

oferecer instrumentos didático-metodológicos aos professores, mas junto a isso a

possibilidade de reflexões que apontarão as reais necessidades desse docente,

tornando-o agente de sua própria formação. Perrenoud afirma que para formar o

professor reflexivo é preciso ter perdas,

é preciso renunciar a atitude de sobrecarregar o currículo da formação inicial de saberes disciplinares e metodológicos [...] reservar tempo [...] com a aprendizagem prática da reflexão profissional, em uma articulação entre tempo de intervenção em campo e tempo de análise (PERRENOUD, 2002, p. 44).

A análise dos dados coletados para a elaboração do Projeto de Intervenção

nos deu subsídios para afirmarmos que a formação continuada realizada pela

coordenação pedagógica da escola pesquisada não está contribuindo, efetivamente,

para que os professores reflitam sobre as suas práticas no processo de ensino e

aprendizagem do componente curricular Língua Portuguesa no ciclo inicial da

alfabetização, devido a isto essa formação precisa ser redimensionada com o

propósito de contribuir de maneira mais consistente para uma prática significativa e

geradora de aprendizagem.

A formação continuada precisa fomentar uma reflexão constante da prática e

dos saberes que permeiam essa prática, porque chega a ser impossível ao

professor “sem condições de uma reflexão quer com outros professores, quer com

autores, captar a essência de seu trabalho” (AZZI, 2009, p.48).

Um fato constatado nessa pesquisa e que, infelizmente, é realidade em outros

municípios é que a maioria dos professores que participou da pesquisa exerce uma

carga horária de 40h semanais, segundo eles isso os impossibilita de estudarem

fora da escola, daí a necessidade de formações na unidade escolar. Um profissional

que lida diariamente com a mediação do saber, somado com vários percalços da

educação brasileira, exercendo uma carga horária imensa está, emocionalmente e

fisicamente, preparado para si apropriar dos estudos realizados nas formações

continuadas? Deixemos em aberto este questionamento para futuras reflexões.

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No que se refere ao papel do coordenador pedagógico, uma de suas funções é

promover a formação continuada dos docentes, ele é um dos responsáveis por essa

formação, mas não somente ele “a responsabilidade pela formação é tanto individual

(autoformação) quanto coletiva” (CUNHA; PRADO, 2012, p. 42). Mas, os

coordenadores pedagógicos se reconhecem como formadores dos professores?

Qual a importância que eles conferem a esse trabalho de formação? Pela sua

relevância, essas questões precisavam ser apontadas nessa conclusão e no futuro,

se possível, estudadas minuciosamente.

Coordenadores pedagógicos precisam, também, de formação continuada tal

como este Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica oferecido pelo

Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública da

Universidade Federal da Bahia. Assim como os professores eles precisam refletir

sobre suas práticas, constantemente, são profissionais com diversas funções e em

processo de construção de uma identidade, por isso

é preciso ter coragem para fazer escolhas, definir metas, aproveitar brechas, criar espaços, fazer parcerias. Sagacidade e coragem para aventurar-se, lembrando a afirmação de Kierke-gaard: “Aventurar-se causa ansiedade; porém, não se aventurar é perder-se. E aventurar-se, no mais alto sentido, é precisamente tomar consciência de si mesmo” (ALMEIDA, 2003, p. 45 apud CUNHA; PRADO, 2012, p. 44).

E é nesta tomada de consciência de si mesmo que o coordenador pedagógico

reconhece, aperfeiçoa e supera seus saberes promovendo formações continuadas

qualificadoras.

Devido a sua importância no atual contexto educacional, a formação

continuada de professores tem sido tema de vários estudos, sendo impossível

esgotarmos, nessa pesquisa, as discussões sobre o tema, esta é somente uma

pequena contribuição para esse estudo que além de relevante é complexo.

Esperamos, portanto, muito mais do que oferecermos respostas, provocarmos novas

indagações como as que já foram sinalizadas acerca desse objeto.

Assim, numa prática consistente embasada por reflexões, coordenador e

professores são profissionais inseridos nesse processo contínuo de formação em

busca de mudanças constantes que contribuam para a melhoria da qualidade do

ensino.

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REFERÊNCIAS

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MAINARDES, Jefferson. Reinterpretando os Ciclos de Aprendizagem. São Paulo: Cortez, 2007. PERRENOUD, Phillipe. Os Ciclos de Aprendizagem: Um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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