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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA (UEFS) SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI) LABORATORIO NACIONAL DE COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA (LNCC) INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DA BAHIA (IFBA) PROGRAMA DE DOUTORADO MULTI-INSTITUCIONAL E MULTIDISCIPLINAR EM DIFUSÃO DO CONHECIMENTO (DMMDC) SILVAR FERREIRA RIBEIRO GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM REDE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MAPEAMENTO DE PRÁTICAS INOVADORAS NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) E NO SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB). Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA (UEFS) SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI)

LABORATORIO NACIONAL DE COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA (LNCC) INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DA BAHIA

(IFBA)

PROGRAMA DE DOUTORADO MULTI-INSTITUCIONAL E MULTIDISCIPLINAR EM

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO (DMMDC)

SILVAR FERREIRA RIBEIRO

GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM REDE NA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MAPEAMENTO DE PRÁTICAS INOVADORAS

NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) E NO SISTEMA

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB).

Salvador

2015

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Silvar Ferreira Ribeiro

GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM REDE NA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA: MAPEAMENTO DE PRÁTICAS INOVADORAS NA UNIVERSIDADE

DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) E NO SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO

BRASIL (UAB).

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar em

Difusão do Conhecimento da UFBA /UNEB/

LNCC/ UEFS/ IFBA/ SENAI-CIMATEC como

requisito parcial para obtenção do titulo de Doutor.

Orientador: Prof. Dr. José Cláudio Rocha

Co-Orientadora: Prof.ª Dra. Alexandra Lilavati Pereira Okada

Salvador

2015

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SIBI/UFBA/Faculdade de Educação – Biblioteca Anísio Teixeira

Ribeiro, Silvar Ferreira.

Gestão colaborativa do conhecimento em rede na educação a distância :

mapeamento de práticas inovadoras na Universidade do Estado da Bahia

(UNEB) e no Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) / Silvar Ferreira

Ribeiro. – 2015.

313 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. José Cláudio Rocha.

Coorientadora: Profa. Dra. Alexandra Lilavati Pereira Okada.

Tese (doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do

Conhecimento) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação,

Salvador, 2015.

1. Educação aberta. 2. Gestão do conhecimento. 3. Ensino a distância. 4.

Universidade do Estado da Bahia. 5. Universidade Aberta do Brasil. I. Rocha,

José Cláudio. II. Okada, Alexandra Lilavati Pereira. III. Universidade Federal da

Bahia. Programa de Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em

Difusão do Conhecimento. IV. Titulo.

CDD 371.35 – 23. ed.

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UFBA /UNEB/ LNCC/ UEFS/ IFBA/ SENAI-CIMATEC Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento

A Banca Examinadora, constituída pelos professores abaixo listados, leram e recomendam a aprovação da Tese de doutorado, intitulada: GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM REDE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MAPEAMENTO DE PRÁTICAS INOVADORAS NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) E NO SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB) apresentada no dia 26 de fevereiro de 2015, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor.

Orientador: __________________________________________________

Prof. Dr. José Cláudio Rocha

Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Co-Orientadora do Estágio de Doutorado Sanduiche

__________________________________________________

Profa. Dra. Alexandra Lilavati Pereira Okada

Open University – Reino Unido (OU/UK)

Membros externos da Banca:

_______________________________________________

Profa. Dra. Katia Morosov Alonso

Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)

______________________________________________

Prof. Dr. Antônio Roberto Coelho Serra

Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

Membros internos do Programa DMMDC:

___________________________________________

Prof. Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta

Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

__________________________________________

Profa. Dra. Núbia Moura Ribeiro

Instituto Federal de Educação e Tecnologia da Bahia (IFBA)

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Agradecimentos

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

que, através do seu Programa de Doutorado Sanduiche no Exterior (PDSE BEX-

3517-13-6) apoiou o estágio na Open University do Reino Unido no período de abril

a dezembro de 2013.

A minha família, mãe, irmãos, filhos, netas e aos amigos agradeço pela

compreensão das minhas ausências do convívio social durante o período de

estudos.

Aos meus orientadores, Prof Dr. José Cláudio Rocha e Prof. Dra. Alexandra

Okada, agradeço pelas observações e pelas indicações de leituras e rumos que

enriqueceram a pesquisa e me instigaram durante todo o processo.

Aos meus colegas e professores do DMMDC que contribuíram de forma

decisiva para o enriquecimento dos meus estudos, debatendo, questionando e

sugerindo caminhos ao longo das atividades acadêmicas realizadas.

Aos meus alunos da Uneb de Camaçari que me desafiaram e me acolheram

em pleno período de conclusão da pesquisa, me estimulando a vencer os desafios

deste momento.

Aos colegas da Universidade Aberta do Brasil e da Universidade do Estado da

Bahia que prestaram as informações necessárias e colaboraram para enriquecer o

trabalho de campo desta pesquisa.

Aos colegas e hoje amigos do Colearn XXI, grupo de pesquisa da Open

University que compartilharam comigo momentos especiais durante o período de

doutorado sanduiche na Inglaterra, desde as parcerias na produção científica aos

momentos de laser, descontração e descobertas em terras estrangeiras.

À minha companheira e amiga de todas as horas Sônia Pinto pela felicidade

que me proporciona na vida, anywhere, anytime, around the world.

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Dedicatória

Dedico esta tese ao meu pai, Arnaldo Souza Ribeiro (in memoriam) e à minha mãe

Elziária Ferreira Ribeiro, pessoas que não tiveram oportunidade de completar os

estudos formais, mas dedicaram a vida à educação de nove filhos, tornando-os

homens e mulheres de bem, unidos, fraternos e dedicados a transmitir valores

elevados para as novas gerações. A maioria professores, todos educadores.

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RESUMO

Esta pesquisa trata do mapeamento de práticas inovadoras de gestão do conhecimento, observadas na Uneb, no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Realizou-se um estudo dos processos de gestão do conhecimento, que foram desenvolvidos em rede e praticados de forma colaborativa pelas universidades que fazem parte da UAB. Constatou-se que estes processos foram criados desde a concepção do projeto da UAB e implementados no período de consolidação da modalidade de educação a distância nas universidades públicas brasileiras, que teve início no ano de 2006 com sua a criação. Foram utilizadas técnicas de mapeamento cognitivo para desenvolver as análises, buscando-se a utilização desta experiência e a sua sistematização, para delinear o processo que recebeu o nome de Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede (GCCR), concebido no desenvolvimento desta pesquisa e que utiliza as tecnologias da informação na gestão do conhecimento na universidade. Após o mapeamento dos processos, realizados a partir da Universidade do Estado da Bahia, considerando a sua participação na UAB e a sua interação com as demais instituições que o integram, foram realizadas reflexões com a utilização de modelos de análises, desenvolvidos para este fim, através das quais foram considerados os aspectos legais e as diretrizes criadas pelo Sistema UAB, desde a sua concepção e que motivaram a sua morfologia de rede colaborativa. Foram analisadas, ainda, as práticas interativas nos processos de gestão do conhecimento, os quais foram desenhados em forma de mapas, a partir dos referenciais teóricos assumidos neste estudo. Os referenciais para o estudo das competências e do exercício prático da competência colaboração pelos coordenadores UAB, representantes das instituições de ensino superior integrantes do Sistema, no seu dia a dia, foram o resultado do estágio de doutorado sanduíche, realizado na Open University, no Reino Unido em 2013, de onde vieram também as discussões sobre Recursos Educacionais Abertos (REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. Os procedimentos de gestão decorrentes deste processo foram registrados e analisados para dar-lhes maior visibilidade, buscando maior consistência à sua compreensão como processo gerencial e visando a possibilitar o seu uso em prol da qualidade da gestão do conhecimento na educação superior a distância. Os resultados deixam evidente a existência de um processo inovador de gestão do conhecimento na universidade, que tem como base principal o exercício da competência colaboração e se concretiza através de uma rede de interações entre os componentes do sistema, utilizando-se comunidades virtuais na Internet, criadas para este fim e outras estruturas de encontros presenciais, sistematicamente realizados.

Palavras-chave: Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede. Cartografia Cognitiva, Mapeamento. Recursos Educacionais Abertos. Universidade Aberta do Brasil. Universidade do Estado da Bahia. Educação a Distância, Práticas Inovadoras de Gestão.

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ABSTRACT

This research focuses on the mapping of innovative practices of knowledge management, observed in UNEB under the Open University System of Brazil (UAB). It was conducted a study of knowledge management processes that have been developed and practiced collaboratively on network by universities that are part of UAB. It was found that these processes have been created since the conception of the UAB project and implemented in the period of consolidation of distance learning in Brazilian public universities, which began in 2006 with UAB‟s creation. The cognitive mapping techniques were used to develop the analysis, seeking to use this experience and their systematization, to outline the process that was named Collaborative Knowledge Management Network (CKMN), designed in the development of this research and uses information technology in knowledge management at the university. After mapping the processes performed from the University of the State of Bahia, considering its participation in the UAB and its interaction with other institutions that integrate, reflections were performed with the use of analyzes models, developed for this purpose, through the which were considered the legal aspects and guidelines created by the UAB System, from conception and giving rise to the morphology of collaborative network. Were also analyzed, interactive practices in knowledge management processes, which were designed in the form of maps, from the theoretical references made in this study. The reference for the study of the skills and practical exercise of jurisdiction by UAB collaboration coordinators, representatives of higher education institutions members of the System, in their day to day, were the result of sandwich doctoral stage, held at the Open University in the United Kingdom in 2013, from which also came the discussions on Open Educational Resources (OER) and the further development of techniques of cognitive mapping, widely used. Management procedures of this process were recorded and analyzed to give them greater visibility, seeking greater consistency to its understanding as a management process and in order to allow its use for the quality of knowledge management in distance higher education. The results show clearly the existence of an innovative process of knowledge management in the university, which is mainly based on the exercise of the competence of collaboration realized by a network of interactions between system components, using virtual communities on the Internet, created for this purpose and other face meetings structures, systematically performed. Keywords: Collaborative Knowledge Management, Network Mapping, Cognitive Mapping, Open Educational Resources, Open University of Brazil, State University of Bahia, Distance Learning, Innovative Management Practices.

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SUMARIO

1. INTRODUÇÃO: O CONTEXTO DA PESQUISA E A RELAÇÃO DO

PESQUISADOR COM O TEMA .................................................................................. 8

1.1 SOBRE A PESQUISA E SUA MOTIVAÇÃO: O PROBLEMA DE PESQUISA ..................................................... 8

1.2 SOBRE O AUTOR ......................................................................................................................................... 13

1.3 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................................................... 18

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................................. 18

1.5 QUESTÃO DA PESQUISA .............................................................................................................................. 19

1.6. O CONTEXTO CAMPO DA PESQUISA ......................................................................................................... 19

1.6.1 O Sistema Universidade Aberta do Brasil –UAB .................................. 20

1.6.2 A Universidade do Estado da Bahia ...................................................... 26

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 31

2.1 SOCIEDADE EM REDE, TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO .......................................... 31

2.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO .................. 40

2.3 A UNIVERSIDADE NO MUNDO E NO BRASIL, UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL E UNIVERSIDADE DO

ESTADO DA BAHIA ............................................................................................................................................ 44

2.3.1 A Universidade no Mundo ...................................................................... 44

2.3.2 A Universidade no Brasil ........................................................................ 49

2.3.3 A Universidade Aberta no Brasil ............................................................ 57

2.4 A NOÇÃO DE REDE E AS REDES DE UNIVERSIDADES ................................................................................... 61

2.5 GESTÃO DO CONHECIMENTO E A INOVAÇÃO NA UNIVERSIDADE ............................................................. 65

2.5.1 A evolução do conceito e das teorias sobre a gestão ......................... 66

2.6 O CONCEITO DE CONHECIMENTO E DE GESTÃO DO CONHECIMENTO ....................................................... 72

2.7 A COLABORAÇÃO COMO PROCESSO E COMO COMPETÊNCIA .................................................................. 81

2.8 OUTRAS IDEIAS SOBRE COLABORAÇÃO .................................................................................................... 91

2.9 A CONSTRUÇÃO COLABORATIVA E OS RECURSOS EDUCACIONAIS ............................................................ 97

ABERTOS (REA) ................................................................................................................................................. 97

2.10 ANÁLISE COGNITIVA ............................................................................................................................... 107

2.10.1 AS CIÊNCIAS COGNITIVAS (CICO) ................................................................................................................. 107

2.10.2 Campo da Análise Cognitiva (AnCo) ................................................. 114

2.11 A CARTOGRAFIA COGNITIVA .................................................................................................................. 118

2.11.1 Técnicas de mapeamento para a construção de redes de

conhecimentos ............................................................................................... 121

2.11.1.1 Mapa Conceitual ............................................................................... 121

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2.11.1.2 Mapa Dialógico ................................................................................. 122

2.11.1.3 Mapa Argumentativo ....................................................................... 122

2.11.1.4 Mapas Web ........................................................................................ 122

2.11.1.5 O Mapa da Mente .............................................................................. 122

2.11.1.6 O Mapa do Processo ........................................................................ 123

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................................................................... 126

3.1 TIPO DE PESQUISA .................................................................................................................................... 130

3.2 MÉTODO ................................................................................................................................................... 133

3.3 MODELOS DE ANÁLISE .............................................................................................................................. 137

3.1.1 Definição de Categorias Analíticas e Modelos de Análise................. 138

3.4 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS E OPERACIONAIS POR CATEGORIA DE ....................................................... 140

ANÁLISE .......................................................................................................................................................... 140

3.4.1 Categoria 1 – Diretrizes Organizacionais do Sistema UAB ............... 141

3.4.2 Categoria 2 –Práticas de Gestão Colaborativa do Conhecimento em

Rede ................................................................................................................ 142

3.4.3 Categoria 3 – Exercício da competência Colaboração ...................... 143

3.5 UNIDADES DE ANÁLISE E DE OBSERVAÇÃO .............................................................................................. 145

3.6 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................................................. 149

3.6.1 Mapeamento Cognitivo ......................................................................... 150

3.6.2 Análise Documental .............................................................................. 151

3.6.3 Questionários ........................................................................................ 152

4.1 O MAPA DO CONHECIMENTO SOBRE O PROCESSO DE OFERTA DE CURSOS NO SISTEMA UAB ............... 155

4.1.1 Análise do Mapa Macro UAB ................................................................ 163

4.1.2 Mapas do Conhecimento sobre o processos intermediários ou Mapas

Micro UAB ....................................................................................................... 173

4.1.3 Compreendendo os mapas e o processo de gestão colaborativa

do conhecimento no Sistema UAB ............................................................... 186

4.2 ANÁLISE DOS DOCUMENTOS QUE NORTEIAM O SISTEMA UAB: DIRETRIZES ORGANIZACIONAIS DO

SISTEMA UAB .................................................................................................................................................. 189

4.2.1 A DIMENSÃO CONCEITUAL ............................................................................................................................ 190

4.2.2 A DIMENSÃO LEGAL .................................................................................................................................... 195

4.2.3 A DIMENSÃO OPERACIONAL ......................................................................................................................... 198

4.3 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM REDE.............................. 202

4.4 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DOS SUJEITOS (COORDENADORES UAB) NO EXERCÍCIO DA COLABORAÇÃO

COMO COMPETÊNCIA PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO........................................................................ 211

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4.4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA ...................................................................................................... 212

4.4.2 DETALHAMENTO DO MODELO DE ANÁLISE C .................................................................................................... 223

4.4.2.1 A ORIGEM DO MODELO DE ANÁLISE C ........................................................................................................ 224

4.4.3 ANÁLISE DAS RESPOSTAS DOS COORDENADORES UAB E COORDENADORES DE CURSOS DA UNEB ................................ 236

4.4.3.1 Estimulando a Colaboração .............................................................. 237

4.4.3.2 Buscando colaboração ..................................................................... 251

4.4.3.3 Prestando colaboração ...................................................................... 256

4.4.3.4 Aproveitando recursos compartilhados ........................................... 262

4.4.3.5 Compartilhando recursos produzidos ............................................. 268

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 275

5.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................................................. 276

5.2 CONCLUSÕES, LIMITES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 284

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 290

APÊNDICE 1 – RELATÓRIO PDSE ....................................................................... 300

APÊNDICE 2 -QUESTIONÁRIO COORDENADORES UAB .................................. 310

APÊNDICE 3 -QUESTIONÁRIO COORDENADORES UNEB ............................... 311

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1. INTRODUÇÃO: O CONTEXTO DA PESQUISA E A RELAÇÃO DO

PESQUISADOR COM O TEMA

A ideia de pesquisar a gestão da educação a distância surgiu desde os primeiros

contatos com esta área, os quais aconteceram no início das minhas atividades

docentes na Universidade do Estado da Bahia, conforme relatado a seguir, na seção

1.2 desta introdução. A sua concretização como projeto de pesquisa, mais próxima

deste formato atual, se deu com a candidatura para a seleção do doutorado em

difusão do conhecimento, com mudanças, entretanto, decorrentes do

aprofundamento dos estudos e da melhor compreensão do fenômeno, advinda do

contato com o trabalho de campo. Para esclarecer estes caminhos percorridos, tanto

na construção do projeto da pesquisa, quanto a sua relação com a trajetória pessoal

e profissional do pesquisador, relatam-se, em seguida, detalhes que poderão

contribuir para a sua compreensão.

1.1 SOBRE A PESQUISA E SUA MOTIVAÇÃO: O PROBLEMA DE PESQUISA

Esta é uma pesquisa sobre o surgimento e a consolidação de práticas

inovadoras de gestão do conhecimento na Uneb, considerando a sua participação

como instituição integrante do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB).A gestão

do conhecimento como um processo de criação, recriação, armazenamento,

recuperação e aplicação do conhecimento organizacional, é uma atividade que não

encontra, na minha experiência pessoal, um destaque no meio universitário.

Esta constatação foi um dos fatores que levaram à idealização desta

pesquisa, tendo em vista a percepção do pesquisador quanto à ocorrência de

inovações na gestão da educação a distância, em virtude do forte incentivo formal

aos processos colaborativos que se fazem presentes na UAB, desde a sua criação,

e os evidentes resultados alcançados na gestão colaborativa do conhecimento,

como um indicativo da necessidade de melhor compreensão deste processo.

Desta percepção, deriva-se o problema da pesquisa. Observado este

fenômeno, pela vivência do processo desde o seu início, sente-se a necessidade de

um estudo destes processos de colaboração, implementados neste período de

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consolidação da modalidade de educação a distância na universidade pública

brasileira, buscando caracterizar estas inovações de modo a torná-las mais

sistemáticas, uma vez que, atualmente, elas ocorrem de forma aparentemente

desarticuladas e sem uma regularidade que lhes dê consistência, como um processo

de gestão consciente e compreendido por todos os seus integrantes.

Esta sistematização se deu a partir do desenvolvimento de um estudo

abrangente que identificou e analisou os processos decorrentes deste modelo de

gestão, permitindo-se a sua caracterização, publicação, disseminação a partir de um

princípio de construção coletiva, colaborativa, com vistas à sua otimização.

Neste estudo, buscou-se descrever e compreender esse processo de gestão,

ao qual se deu o nome de “Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede”

(GCCR), utilizando as técnicas de mapeamento cognitivo, baseadas nas orientações

teóricas da cartografia cognitiva, nos princípios da gestão do conhecimento e nos

conceitos de rede e de colaboração, registrando, analisando e sistematizando uma

forma de consolidar estas práticas inovadoras que surgiram na integração das

Universidades no Sistema UAB, especialmente na Uneb como ponto desta rede, a

partir do qual se lançou o olhar sobre este fenômeno.

Saliente-se que a implementação destas práticas de gestão colaborativa do

conhecimento em rede está em pleno desenvolvimento e ocorre no contexto das

políticas de ensino superior conduzidas pelo governo federal, a partir do ano de

2005, com o objetivo de expandir o número de vagas e interiorizar a formação

universitária em todo o País, com a criação do programa de educação a distância,

denominado Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), envolvendo, além da

Uneb, cento e duas outras universidades públicas que integram este sistema.

As citadas práticas colaborativas são singulares deste sistema e surgiram da

necessidade de implementar um programa de grande alcance, envolvendo os

institutos federais de educação e tecnologias e as universidades públicas de todos

os estados brasileiros, uma vez que apenas algumas destas instituições possuíam

experiência com a modalidade de educação a distância.

Para resolver este problema e viabilizar a participação de instituições que não

tinham experiência com a modalidade, a UAB criou, desde o primeiro curso ofertado,

Bacharelado em Administração – Projeto Piloto, um sistema de gestão, através do

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qual a expertise das universidades mais experientes pudesse ser compartilhada com

as outras.

A sistemática criada para implementar este processo de colaboração foi a

criação de um Fórum Nacional de Coordenadores UAB, que passou a se reunir

periodicamente, para planejar em conjunto as atividades, compartilhar as melhores

práticas e construir colaborativamente as soluções para os problemas mais

complexos.

Além deste Fórum de Coordenadores UAB, foram criados os Fóruns de

Áreas, congregando os Coordenadores de Cursos a Distância das instituições

integrantes do sistema UAB, agrupados por área do conhecimento e, também,

reunidos periodicamente para desenvolverem atividades mais específicas de suas

áreas de atuação, de forma colaborativa, tais como avaliar materiais didáticos,

elaborar projetos de laboratórios experimentais, avaliar projetos de cursos, indicar

acervos bibliográficos, entre outras atividades.

Para dar suporte aos fóruns presenciais e dinamizar as comunicações entre

seus membros, foram criados o Ambiente de Trabalho da UAB (ATUAB), na

plataforma Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) e o

Sistema de Gestão da UAB (SISUAB), este último um repositório de documentos,

projetos, planilhas financeiras e arquivos diversos, destinados à gestão do Sistema

UAB, desde a proposição de novos cursos, até o registro de dados sobre a

execução de cada projeto de curso.

O Fóruns de Coordenadores UAB e os Fóruns de Áreas da UAB, serviram

também de exemplo para a criação de encontros regionais, como os Encontros de

Coordenadores de Polos de Apoio Presencial do Sistema UAB, outra estratégia de

colaboração, que se tornou uma marca deste Programa. Nestes encontros,

atividades de divulgação das ações e políticas da UAB são aliadas a reuniões e

debates, para discussão dos problemas comuns e o compartilhamento das melhores

práticas, constituindo-se uma importante ação de aperfeiçoamento do sistema.

Nesta pesquisa, estas práticas inovadoras de gestão foram identificadas,

preliminarmente, e analisadas, descrevendo-se, numa abordagem crítica, o que está

acontecendo na gestão do conhecimento nestas instituições, partícipes do processo

de concepção e consolidação desta política.

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Foram analisados os aspectos formais da gestão colaborativa do

conhecimento, relativos às propostas, programas e diretrizes emanadas da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e as

ações que de fato estão sendo realizadas pelas universidades e institutos neste

sentido, no processo de institucionalização da Educação a Distância (EaD).

O foco da pesquisa voltou-se ainda para os aspectos principais das ações de

gestão colaborativa do conhecimento em rede, suportadas pelas tecnologias da

informação, identificadas tanto nos sistemas de comunicação e de gestão, quanto

em alguns documentos publicados sobre o Sistema UAB, analisando-as à luz das

discussões teóricas sobre esta perspectiva da gestão do conhecimento, visando à

apreensão do estado da arte das relações intra e interinstitucionais, sejam formais

ou informais, bem como ao registro deste momento histórico da evolução da

universidade pública brasileira.

Justificou-se esta pesquisa pela sua relevância para o conjunto das

instituições de ensino superior envolvidas no Sistema UAB, particularmente para a

Uneb e para outras universidades estaduais que compõem o sistema, devido à

similaridade da sua natureza jurídica, estendendo-se os possíveis benefícios a todas

as outras integrantes, tendo em vista a necessidade de compreensão deste

processo de gestão do conhecimento, decorrentes e impulsionados pela implantação

dos cursos na modalidade a distância, no âmbito do Sistema UAB.

Foram destacadas as práticas colaborativas de gestão do conhecimento,

decorrentes do desafio impostos pelas demandas por inovação das práticas

organizacionais, pelo enfrentamento de problemas ainda desconhecidos em função

da pouca experiência da maioria das universidades com a modalidade de educação

a distância e pela necessidade de desenvolvimento desta nova forma de gestão para

dar maior suporte aos seus gestores.

Os conhecimentos aqui produzidos tiveram como foco a gestão da educação

a distância, o que não significa que não sejam aplicáveis à educação presencial,

mais tradicional, tanto nos institutos, quanto nas universidades. Entretanto, faz-se

necessário, certamente, um processo de adequação, vez que existem peculiaridades

da educação na modalidade a distância que a diferenciam da educação presencial,

sem, contudo, deixarmos de reconhecer que ambas são modalidades de um mesmo

processo educativo, fazendo a citada distinção apenas para ressalvar a importância

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de se ter o cuidado de considerar esta peculiaridade antes de fazer uma

transposição pura e simples.

Como principais achados da pesquisa, pode-se destacar a coerência entre o

projeto de criação da UAB, os dispositivos legais que lhe dão sustentação jurídica,

tais como leis e resoluções, o seu principal documento normativo, o Manual da UAB

e as práticas desenvolvidas pelos seus representantes nas suas atividades de

interação, utilizando-se das ferramentas criadas para dar efetividade à sua proposta

de criação.

Concebida como um sistema colaborativo, através do qual buscou-se o

compartilhamento de ideias, conhecimentos, experiências e recursos, a UAB

apresenta em suas práticas diárias uma integração tal que revela o efetivo exercício

destes princípios fundamentais, dando fartos exemplos de criação conjunta e de

compartilhamento de resultados entre os integrantes do sistema e assegurando a

consecução dos seus objetivos.

Além da introdução e da fundamentação teórica, seções um e dois, mais

outras três compõem esta tese. Uma de metodologia (seção 3), desenvolvida com

base em princípios da pesquisa qualitativa, recorrendo a modelos de análise,

desenvolvidos especialmente para o seu objeto de estudo e caracterizando-se ainda

como um estudo de caso, na medida em que foca o seu olhar para a Universidade

do Estado da Bahia (Uneb) enquanto integrante do Sistema Universidade Aberta do

Brasil (UAB).

Na seção quatro, está a análise dos dados, utilizando-se dos princípios da

Cartografia Cognitiva, através de mapeamentos de processos, sendo utilizados

também, neste capítulo, modelos de análise desenvolvidos sob medida para este

objeto de estudo.

A quinta e última seção, as considerações finais, traz a discussão dos

resultados e as conclusões, refletindo ainda sobre os limites, perspectivas e

possibilidades de trabalhos futuros.

Um suporte teórico-prático considerável foi aportado ao esforço de pesquisa,

quando, visando a ampliar o campo de visão e aprofundar conhecimentos, seu autor

buscou apoio junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino

Superior (CAPES), através do seu Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior

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(PDSE) e obteve financiamento para a realização de um estágio na Open University,

no Reino Unido, pelo período de seis meses, no ano de 2013, entre abril e

dezembro.

Desta experiência, surgiram oportunidades de acrescentar temas importantes

à pesquisa, tais como o estudo das competências, especialmente da colaboração;

os conhecimentos sobre os recursos educacionais abertos (REA); o

desenvolvimento do modelo de análise C, criado durante o estágio sanduíche e

aplicado na análise de dados desta pesquisa; além do aprofundamento dos estudos

sobre a cartografia cognitiva, junto a uma das pesquisadoras mais importantes desta

área, co-orientadora estrangeira da pesquisa, Alexandra Okada.

O estágio sanduíche na Open University, além dos aportes teóricos e das

experiências vividas em um laboratório de pesquisa internacional, o Knowledge

Media Institut (KMi), propiciou a publicação de diversos trabalhos em eventos

internacionais, neste período, sobre temas relacionados à pesquisa, inclusive com

uma premiação de best paper, obtida no Simpósio Luso-Brasileiro de EaD e E-

Learning, realizado em Lisboa, no mês de dezembro do mesmo ano.

1.2 SOBRE O AUTOR

A busca de respostas às questões colocadas nesta pesquisa está muito

relacionada à trajetória de estudos e de trabalho do seu autor. Refletindo sobre a

minha experiência, bem como sobre a trajetória acadêmica que percorri e

relacionando-as com a linha de pesquisa Difusão do Conhecimento, Comunicação e

Gestão, do Programa de Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão

do Conhecimento, que escolhi para o seu desenvolvimento, percebo uma articulação

entre áreas de atuação e concentração de estudos que marcam a minha história de

vida e de construção de perfil profissional, qual seja a docência, a gestão

educacional, a pesquisa e a atuação nas áreas de educação e tecnologias da

informação e a educação a distância.

Numa retrospectiva histórica, as minhas relações com as tecnologias da

informação, a gestão educacional e a docência se iniciaram em 1977, tendo passado

por várias experiências em diferentes níveis de ensino e diversificadas áreas do

conhecimento. Comecei a lecionar aos 21 anos como instrutor de mecânica de

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automóveis no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)e passei oito

anos nesta função. Neste período ingressei na graduação em pedagogia com

habilitação em supervisão e administração escolar, que me proporcionou ingressar

na carreira de gestão da educação profissionalizante naquela instituição.

Desempenhei vários cargos como Supervisor de Ensino, Chefe de Setor de

Currículos e Programas, Diretor de Centro Tecnológico, Chefe Divisão de Ensino e

Assessor Técnico da Direção Regional.

Enquanto ocupei cargos de gestor no SENAI, não parei de lecionar na

educação básica em outras instituições. Atuei no ensino fundamental da quinta à

oitava séries, em cursos de magistério do ensino médio formando professoras

primárias e em cursos técnicos, ministrando disciplinas como mecânica, metrologia e

produção industrial, na rede pública estadual de educação da Bahia e na rede

municipal de educação de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador.

A minha relação com as tecnologias da informação e comunicação aplicadas

à educação vem desde esta época. Além da formação e docência na área técnica,

obtive no SENAI uma formação pedagógica específica para o ensino

profissionalizante, sempre utilizando recursos tecnológicos diversos e os mais

avançados para a época, tais como vídeos, projetores de slides e de imagens

opacas, retroprojetores, equipamentos de som etc.

Nesta fase, a minha prática docente baseada nas diretrizes pedagógicas e

metodológicas preconizadas pela instituição, era eminentemente tecnicista.

Trabalhava com os princípios do “ensino para a competência” com base teórica do

autor americano Thomas Nagel (1997). O autor postula que qualquer pessoa poderia

aprender qualquer coisa no mesmo nível de competência, desde que lhe fossem

proporcionados o tempo e a assistência pedagógica de acordo com as suas

características individuais.

Decorre desta concepção a metodologia do ensino individualizado que se

apoiava nas Séries Metódicas Ocupacionais – SMO, uma espécie de manual que

indicava passo a passo as atividades que deveriam ser aprendidas pelos futuros

mecânicos. Atuei com esta metodologia por muitos anos, participando desde a

construção das SMO até a disseminação da sua metodologia de aplicação,

treinando os instrutores e supervisores de ensino que eram responsáveis pela sua

implementação.

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Entretanto, a formação em pedagogia, obtida em paralelo na universidade, me

proporcionou um novo olhar para o ensino técnico profissionalizante, e pude dar uma

contribuição para a redução da rigidez dos processos formativos praticados na

instituição, bem como para a diversificação da concepção tecnicista, trazendo para

as minhas aulas e para os manuais de treinamento que contribui com a elaboração,

conceitos novos da psicologia cognitiva, emergentes naquela época, fazendo o

contraponto com as concepções comportamentalistas que predominavam na

metodologia hegemônica do ensino profissionalizante da instituição.

Meu primeiro contato com a educação na modalidade a distância aconteceu

nesta fase em que trabalhei no SENAI. Participei da elaboração de materiais

didáticos para a modalidade e exerci funções de docente e de supervisor de ensino

em cursos ofertados a distância. Um exemplo foi o curso de movimentação de

cargas perigosas para motoristas de caminhão. Este curso foi concebido para dar

condições do motorista que viajava muito e não tinha condições de cumprir a

programação no curso presencial, permitindo que ele ingressasse no curso em

várias cidades brasileiras, onde existia a oferta e pudesse dar continuidade em

outras cidades no roteiro da sua viagem, inclusive prestando os exames de

avaliação e obtendo a certificação que o habilitava a atuar na sua profissão de

acordo com as exigências legais. Participei de várias etapas do planejamento deste

curso e da sua implementação no sistema, sob a coordenação da Escola de

Tecnologia dos Transportes no SENAI do Rio de Janeiro.

Complementando esta trajetória de exercício da função docente, ingressei na

carreira administrativa no SENAI da Bahia, experimentando uma trajetória de cargos

de gestão que me levaram a desenvolver experiências marcantes e aprendizados

que definiram o meu perfil profissional. As tecnologias avançadas de gestão

adotadas pelo Sistema Senai me proporcionaram o aprendizado do planejamento

estratégico, dos sistemas de qualidade, das competências gerenciais para decisão,

gestão do tempo e dos recursos diversos que estão envolvidos nos processos

gerenciais e produtivos, permitindo-me acumular, ao longo de dez anos de exercício

de funções gerenciais, conhecimentos e vivências que me definem como profissional

e como pessoa, até os dias atuais.

Na Universidade, ingressei como docente em 1996. Lecionei projetos de

pesquisa e prática de ensino, didática, psicologia da educação, medidas

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educacionais, metodologia do trabalho científico e metodologia da pesquisa em

educação.

Iniciei minha atuação na gestão universitária exercendo mandato eletivo de

Coordenador de Colegiado do Curso de Pedagogia no Departamento de Ciências

Humanas e Tecnologias da UNEB de Irecê, onde fui também Presidente da

Comissão de Avaliação Institucional. No do Departamento de Ciências Humanas –

Campus V, na cidade de Santo Antônio de Jesus, atuei como vice-líder do Grupo de

Pesquisa Recôncavo: Território, Memória, Cultura e Ambiente, e, no período de

2006/2007, fui eleito e nomeado para o cargo de Diretor do Departamento.

Exerci o cargo de Diretor do Centro de Pesquisa Tecnológica – CPT/Uneb,

vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação de 2006 até 2013 e à

Coordenação Geral de Educação a Distância, denominada Coordenação

Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Este cargo de Coordenador UAB representa a universidade no Sistema

Universidade Aberta do Brasil. Assumi o mesmo entre 2009 e 2013, depois de

ocupar por duas vezes a função de vice-coordenador da EaD. De 2000 a 2006 fui

substituto imediato do professor Daniel de Cerqueira Góes, e de 2007 a 2008

permaneci na função, sendo titular o professor Arnaud Soares Lima Junior.

No Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB/MEC/CAPES) fiz parte do

Fórum Nacional de Coordenadores do qual fui vice-presidente por dois mandatos

(2011/2012). Este Fórum teve origem no sistema de gestão colegiada do primeiro

curso na modalidade a distância ofertado pelo Sistema UAB – Bacharelado em

Administração. A forma de organização deste Fórum pode ser considerada a gênese

da gestão em rede que será estudada nesta pesquisa. Nele integrei o Comitê Gestor

(2007/2008), representando as universidades estaduais.

Antes de ser criada a Universidade Aberta do Brasil (UAB), da qual participei

desde a sua origem, na extinta Secretaria de Educação a Distância – SEED-MEC,

fui representante da Uneb na UniRede – Associação Universidade em Rede, na sua

origem um consórcio de Universidades Públicas que surgiu no Decanato de

Extensão da Universidade de Brasília (UnB) e chegou a contar com a adesão de

sessenta e oito universidades públicas federais e estaduais, sendo considerada por

mim e por outros educadores que conhecem a sua trajetória, como o embrião da

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UAB. Corroboro com a afirmação de outros integrantes da UniRede e da UAB, ao

dizermos que o formato organizacional que foi adotado na UAB teve origem nas

propostas da UniRede.

Atualmente a UniRede deixou de ser um consórcio e transformou-se na

associação de universidades, mantendo boa parte dos seus antigos associados e a

sua dinâmica de funcionamento com a promoção de dois eventos significativos na

área da EaD por ano e a participação no cenário brasileiro da educação superior,

buscando afirmar-se como uma sociedade científica que visa a contribuir com a

pesquisa e difusão do conhecimento sobre a educação a distância.

Um evento é o Seminário Nacional de Educação a Distância sempre realizado

no primeiro semestre e voltado para a assembleia de representantes institucionais

das universidades associadas (Conselho de Representantes) com o objetivo de

discutir e selecionar os temas que serão abordados no congresso anual da entidade.

O outro evento é o Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância (ESUD)

que está em sua décima primeira edição em 2014, realizado em Florianópolis,

capital do Estado de Santa Catarina.

Representei a Uneb na UniRede desde o seu ingresso em 1999, já exerci o

mandato de Diretor da entidade no exercício de 2010-2011, como representante da

região nordeste do País, além do mandato eletivo no Comitê de Coordenação

Política (CCP) como representante das universidades estaduais 2011/2012.

Outra experiência que merece citação para o delineamento desta minha

trajetória profissional na área da EaD foi o mandato como membro da Câmara

Técnica de Educação a Distância da Associação Brasileira de Reitores das

Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM), entre 2012 e 2013. A câmara tem

07 membros, sob a presidência do Reitor da Universidade do Estado de Santa

Catarina (UDESC), professor Antônio Heronaldo de Souza, assessora a presidência

do órgão nas questões que envolvem a modalidade de educação a distância e apoia

as universidades associadas nas suas ações de gestão e nas relações com os

órgãos federais como a CAPES e o MEC.

Além desta trajetória profissional na gestão, nestas instâncias descritas, vivi

outras experiências como aluno de um curso de pós-graduação lato sensu de

Psicopedagogia pela UFRJ, na modalidade a distância, como tutor a distância nos

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cursos de graduação em Matemática, Física, Biologia e Química, ministrado pela

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para professores da Rede Estadual

de Ensino da Bahia; como aluno do mestrado em Mídia e Conhecimento com ênfase

em Educação a Distância, também pela UFSC, como Coordenador do Curso de

Gestão e Planejamento de Sistema de Educação a Distância, ministrado pela UNEB,

através de convênio com a Secretaria de Educação da Bahia/Instituto Anísio Teixeira

(SEC/IAT) em 2003/2004 e como professor do Curso de Especialização em

Educação a Distância, ofertado pela Uneb para seus professores e técnicos em

2006.

Nesta pesquisa faço uma síntese da minha trajetória profissional e

acadêmica. Pretendo juntar meus estudos acadêmicos sobre as tecnologias da

informação e a educação a distância com a minha experiência e formação na área

da gestão educacional para investigar a gestão colaborativa do conhecimento em

rede nas universidades,com o uso das tecnologias da informação, que se delineia no

Sistema UAB desde a sua origem, em 2005, e vem sendo consolidado até os dias

atuais. Nesta área, pretendo dar uma contribuição significativa e avanço ao

conhecimento sobre a gestão colaborativa do conhecimento em rede, revelando e

analisando estas práticas de gestão encontradas nas universidades públicas que

integram o Sistema Universidade Aberta do Brasil, especialmente na Uneb.

1.3 OBJETIVO GERAL

Mapear, descrever e analisar o processo de gestão do conhecimento entre a

Uneb e as diversas instituições de ensino superior que compõem o Sistema

Universidade Aberta do Brasil (UAB), visando caracterizar e compreender o

processo de Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede (GCCR), na Educação

a Distância, para contribuir com a sua compreensão e seu aperfeiçoamento, difundir

suas características principais, seus limites e perspectivas.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Mapear o processo de Gestão Colaborativa do Conhecimento no Sistema

UAB desde a concepção até a oferta dos cursos a distância mantidos pelo

Sistema UAB.

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b) Identificar e analisar as diretrizes formais de gestão colaborativa do

conhecimento, contidas nos projetos/documentos de institucionalização da

educação a distância no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil.

c) Identificar e analisar os processos de gestão colaborativa do conhecimento,

em segmentos específicos deste sistema, implementados pelas universidades

nas suas interações com as demais integrantes do Sistema Universidade

Aberta do Brasil.

d) Identificar e analisar as práticas de gestão colaborativa do conhecimento

pelos sujeitos que atuam no Sistema UAB, visando compreender o exercício

da competência colaboração no desenvolvimento deste processo.

1.5 QUESTÃO DA PESQUISA

Quais são, e como se caracterizam, os processos de gestão colaborativa do

conhecimento em rede, na área da educação a distância na Uneb, considerando a

sua inserção no Sistema Universidade Aberta do Brasil, incluindo suas diretrizes

formais, os processos colaborativos de gestão do conhecimento instituídos, a

efetividade das práticas colaborativas, seus limites e perspectivas?

1.6. O CONTEXTO CAMPO DA PESQUISA

Para propiciar uma melhor compreensão do campo desta pesquisa, qual seja

o ambiente interorganizacional composto pelas instituições de ensino superior que

integram o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), faz-se necessária uma

apresentação deste Sistema, desde os seus aspectos históricos, seus antecedentes,

sua concepção, seus primeiros passos e processo de consolidação, até a descrição

do seu momento atual, dando conta da sua dimensão e importância para a

educação superior no Brasil.

Reveste-se também de especial importância a apresentação da Universidade

do Estado da Bahia (Uneb), considerando-se ser esta a instituição de ensino sobre a

qual serão feitas as análises mais aproximadas, para cotejar os dados obtidos com

aqueles que se referem ao Sistema UAB, possibilitando melhor compreensão deles

e permitindo uma visão mais aproximada das práticas colaborativas identificadas e

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descritas no âmbito do sistema.

1.6.1 O Sistema Universidade Aberta do Brasil –UAB

Analisando a evolução histórica das diversas tentativas de criação de uma

universidade aberta no Brasil e ampliando o nosso olhar para outros modelos

existentes, podemos afirmar que o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB),

criado em 2005, através do Decreto 5.800/2005, não culminou o processo de

edificação desta instituição, seguindo os princípios que motivaram os seus antigos

idealizadores.

Observa-se, neste processo, que muitos dos princípios da educação aberta

e/ou características de universidades abertas não foram seguidos quando da

concretização da ideia inicial. Clímaco (2011, p.26) corrobora esta afirmação quando

diz que o nome mais adequado a este “agrupamento de universidades públicas” que

compõem a Universidade Aberta do Brasil seria “Sistema Nacional de Educação

Superior a Distância”.

O autor apresenta suas razões para esta crítica quando afirma que a

exigência de processo seletivo como o vestibular e os parâmetros comuns para

articulação com polos, ofertas de cursos e financiamento federal dão margem ao

questionamento sobre o uso desta terminologia Universidade Aberta, para qualificar

este modelo de educação superior a distância adotado pelo governo brasileiro.

Para Santos (2013, p. 290), “em termos de universidades, um dos fatores que

caracterizam a abertura é a flexibilidade na admissão de estudantes e a oferta de

oportunidades de aprendizagem variadas”. A autora evoca outras características que

tipificam uma universidade como aberta, destacando dentre estas a

[...] entrada sem a comprovação de qualificação mínima e a estrutura modular dos cursos que permite que o estudante programe sua rota de estudo e de quanto tempo precisará para graduar-se. (p. 290)

Dando continuidade à sua descrição do modelo institucional que caracteriza

uma universidade aberta, Santos (2013) afirma que nestas as disciplinas geralmente

são desenvolvidas com flexibilidade, para serem cursadas em separado e atribuírem

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certificações parciais, evitando períodos longos de estudos e interdependência das

mesmas, pois os alunos destas instituições, normalmente, são adultos,

trabalhadores que precisam manter suas jornadas de trabalho em paralelo aos seus

estudos.

Nas universidades abertas, o tipo de educação que se busca tem o mesmo

conceito, ou seja, uma educação igualmente aberta que pode atender a diferentes

demandas, abrangendo desde o “[...] indivíduo que procura sua primeira qualificação

na educação superior ao indivíduo aposentado que busca uma forma de educação

continuada e engajamento social” (SANTOS, 2013, p. 291).

No relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI,

apresentado à Unesco, sob o título Educação: um tesouro a descobrir, a

universidade é citada como um lugar de cultura e de estudo aberto a todos. Propõe-

se para reflexão que “todas as universidades deviam se tornar abertas e oferecer a

possibilidade de aprender a distância e em vários momentos da vida” (DELORS

et.al., 2001, p.144).

A comissão propõe que, além de cumprir o seu papel social de formação de

profissionais de nível superior, de pesquisa, criação e difusão do conhecimento, a

universidade “[...] deve continuar a ser a fonte capaz de matar a sede de saber dos

que, cada vez mais em maior número, encontram na sua própria curiosidade de

espírito o meio de dar sentido à vida” (DELORS et al., 2001, p.144).

Estas características descritas sobre o conceito de universidade aberta,

defendido por estes autores evidenciam o sentido da afirmativa de Clímaco (2011)

quando afirma ser inadequado o nome dado ao conjunto de universidades públicas

brasileiras, que ofertam cursos na modalidade a distância, denominando-o

Universidade Aberta do Brasil.

Em sua tese de doutorado pela USP, Costa (2010, p. 62), afirma que

A retomada histórica do processo de criação do programa Universidade Aberta do Brasil evidencia que houve, em um primeiro momento, a clara intenção de se constituir uma instituição específica para a oferta de cursos a distância, a qual seria planejada exclusivamente para essa modalidade de ensino, no modelo denominado comumente single mode.

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A autora constata, tanto quanto Clímaco (2011), ambos corroborando a

afirmação de que o modelo escolhido pelo Brasil e implantado em 2005, não se

caracteriza como uma universidade aberta, da forma como descrita acima. O modelo

classificado por Petters (2003), single mode, aludido por Costa acima, identifica-se

com as proposições apresentadas ao Congresso Nacional ao longo dos 34 anos em

que se buscou a implantação de uma universidade aberta em nosso território,

aproximando-se ainda das outras instituições similares criadas em vários países e

difere em muito deste implantado no Brasil.

O próprio Petters (2003) apresenta outros dois modelos possíveis de se

organizar a Educação a Distância, distinguindo-os deste. A oferta de cursos a

distância em universidades tradicionais de ensino presencial é chamada por ele de

dual mode, e as instituições que oferecem várias formas de ensino, com livre

escolha para os alunos de acordo com as suas necessidades e possibilidades, são

classificadas pelo autor como mixed mode.

No sentido de caracterizar as formas de organização da educação distância

nos diversos países, Barreto (2004, p. 27) afirma que “o desenvolvimento da EaD na

educação superior, em nível mundial, caracterizou-se por dois caminhos opostos".

Para o autor, um caminho foi o das Universidades Abertas, aquelas em que as

ações universitárias iniciaram-se e desenvolveram-se exclusivamente através da

modalidade a distância, a exemplo do Open University na Inglaterra e da

Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED) da Espanha, entre outras.

Por outro lado, universidades já consolidadas na modalidade presencial

passaram a ofertar cursos na modalidade a distância, caracterizando o segundo

caminho adotado.

Estas últimas, Barreto classifica como Universidades Duais ou Dumodais, que

se valem da infraestrutura física e de pessoal já consolidados da educação

presencial para atuar na modalidade a distância.

Para Costa (2010), esta foi a alternativa adotada pelo governo brasileiro que

decidiu criar o seu sistema de educação a distância. Segundo a autora, no caso

brasileiro,

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O que se observa é que em determinado momento foi necessário adotar políticas e estratégias que culminaram na adoção de um sistema que busca integrar as instituições de ensino superior públicas, com larga experiência no ensino presencial, para a oferta de cursos na modalidade a distância, com base no modelo denominado por Peters (2003) dual mode. (COSTA, 2010, p. 62)

O Artigo 1º do Decreto no 5.800/05, determina que,

[...] fica instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País (BRASIL, 2005).

Mesmo considerando pertinentes as análises apresentadas pelos diversos

autores sobre os modelos acima apresentados, especialmente no que se refere à

UAB, pode-se afirmar que o sistema brasileiro de educação a distância não se

enquadra em nenhum dos modelos citados, admitindo, contudo, que as

universidades que fazem parte da UAB, quando vistas isoladamente, podem ser

classificadas como Dumodais (BARRETO, 2001) ou Dual Mode (PETTERS, 2003).

Entendo que, vista no seu conjunto, na medida em que desenvolve ações

integradas e articuladas entre as suas diversas instituições integrantes, contando

inclusive com estruturas formais de gestão, tais como os Fóruns de Áreas e o Fórum

de Coordenadores UAB, além de contar com sistemas informatizados de gestão do

conhecimento, trocas de informações e de recursos (SISUAB e ATUAB), a

Universidade Aberta do Brasil constitui-se numa rede interinstitucional universitária,

com características singulares, difíceis de serem enquadradas em uma destas

categorias elencadas.

É sobre esta rede formada por universidades públicas que iremos refletir

nesta pesquisa, considerando o modelo singular criado no Brasil e buscando

caracterizá-lo, para elucidar os seus caminhos de criação, analisando seus

processos de gestão do conhecimento em rede e propondo uma classificação, no

formato de uma Rede Universitária de Gestão Colaborativa, tendo em vista refletir

sobre este modelo, para que esta pesquisa possa ser útil para o aperfeiçoamento

dos seus processos de gestão do conhecimento.

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Esta classificação proposta requer uma reflexão sobre o conceito de sistema,

assumido aqui como um conjunto de elementos diferentes que se relacionam entre

si, havendo entre eles uma interdependência (MOTTA; VASCONCELOS, 2006).

Os autores Motta e Vasconcelos (2006) afirmam ainda que, nos sistemas, o

todo é maior do que a mera soma das partes, além disso, as partes possuem

características que são decorrentes da sua inclusão no todo e o todo, por sua vez,

possui características que não pertencem a nenhuma das partes. Também

introduzem o conceito de sistemas abertos, na medida em que estes integram

sistemas maiores com os quais interagem, concebendo-os como um complexo de

elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente (MOTTA;

VASCONCELOS, 2006).

Observa-se que, neste sentido, a UAB caracteriza-se como um sistema,

cabendo-lhe o nome dado na sua criação, na medida em que estas propriedades

apresentadas se fazem notar na forma como atua, na interdependência entre seus

elementos, na sua interação com o ambiente externo, porquanto se articula com

outras instâncias governamentais que, por exemplo, regulam o seu funcionamento,

avaliam a sua atuação, asseguram recursos para a sua manutenção, bem como

demandam os seus serviços.

Por outro lado, no tocante ao seu processo de gestão interorganizacional,

considerando-se as interações entre os seus diversos elementos constituintes, cabe

também a sua caracterização como rede. Neste sentido, recorremos a Rocha (2008,

p.43), quando afirma que enquanto

[...] estruturas flexíveis e estabelecidas horizontalmente, as dinâmicas de trabalho das redes supõem atuações colaborativas que se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, caracterizando-se como um significativo recurso organizacional para a estruturação social.

Desta forma, para delinear uma visão geral da UAB, incluindo as interações

entre as universidades e institutos que a integram, caracterizando-a como uma rede,

foi construído um mapa cognitivo, que representa o macroprocesso de gestão do

conhecimento entre estas instituições.

Para explicitar os processos de interação intermediários, foi construído,

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também, um mapa cognitivo do processo de produção de material didático,

denominando-o de microprocesso, que consiste na representação de etapas do

processo geral, que, no entanto, encerra em si níveis de complexidade que

demandam uma atividade intensa de trocas de informações, cuja viabilidade está

intrínseca à maneira como esta rede conduz a gestão do conhecimento,

notadamente, optando pela colaboração e pela conexão entre as organizações que

o integram.

Constituíram-se em unidades de observação nessa pesquisa (BABBIE,1998)

sujeitos ocupantes de cargos de Coordenação, tanto nas universidades e institutos,

quanto na CAPES, os quais contribuíram de formas variadas:

1) analisando os mapas, previamente elaborados a partir da percepção do

pesquisador, fundamentado nas observações das dinâmicas dos processos

interativos que ocorrem no Ambiente de Gestão do Conhecimento do Sistema

UAB, denominado ATUAB (Ambiente de Trabalho da UAB);

2) respondendo questionários sobre as suas competências e habilidades para o

desenvolvimento de suas atividades, especialmente na gestão do

conhecimento de forma colaborativa;

3) participando de entrevistas semiestruturadas via web conferências realizadas

pelo pesquisador;

4) utilizando os mapas cognitivos construídos no processo de pesquisa para

diversas finalidades, tais como capacitações, divulgação das atividades da

UAB, exposição dos fluxos de atividades do Sistema nas sua páginas na

Internet, e refazendo, modificando, republicando de acordo com a sua

percepção esses mesmos mapas cognitivos.

Além desta visão global, decorrente da análise de macro e microprocessos de

gestão colaborativa do conhecimento em todo o Sistema UAB, foram realizadas

coletas de dados e análises específicas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Neste caso de estudo, a Uneb foi escolhida para permitir um aprofundamento das

observações e para aprimorar as análises, de forma a permitir uma melhor

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visualização do fenômeno estudado.

A escolha de uma instituição não foi feita de forma aleatória, mas intencional,

em virtude de ela reunir um conjunto de características favoráveis, tendo em vista os

objetivos da pesquisa. Destacam-se, dentre estas, características as seguintes:

a) Este estudo não tem a intenção de estabelecer comparações entre as

diversas universidades e institutos que fazem parte do sistema UAB, nem de

fazer julgamentos sobre a efetividade das ações de gestão colaborativa do

conhecimento entre estas instituições.

b) Os resultados a serem alcançados não têm a pretensão de serem

generalizados de forma a servir de modelo para que outras instituições

adotem como sendo um domínio do conhecimento a ser replicado.

c) A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) não figura entre as instituições

mais antigas na oferta de educação superior na modalidade a distância, mas

não está também entre as mais novas e inexperientes. Isso lhe confere uma

posição intermediária entre estes dois extremos, denotando-se ser um bom

exemplo para este estudo de caso.

d) A proximidade geográfica da Uneb permitiu ao pesquisador oportunidades de

contatos com seus gestores ao longo do processo de realização da pesquisa,

assegurando maior aprofundamento das suas observações e maior interação

com os sujeitos da pesquisa.

1.6.2 A Universidade do Estado da Bahia

Integrante e co-criadora do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), a

Universidade do Estado da Bahia (Uneb) constitui-se um ponto ou nó estratégico

desta rede, pela sua atuação desde o primeiro curso ofertado (o curso piloto) e pela

dimensão da sua participação em número de cursos e de estudantes que a situam

entre as mais importantes do sistema. A Uneb foi tomada como referência para a

descrição destes processos de gestão e em torno dela foi desenhada esta rede de

instituições que compõem o sistema. Inicialmente vamos conhecer melhor esta

universidade, descrevendo um pouco da sua história e da história do seu ingresso

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na educação a distância, bem como o seu protagonismo na criação da UAB.

A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) foi criada pela Lei Delegada nº

66/83 datada de 1º de junho de 1983, com sede e foro na cidade do Salvador e

jurisdição em todo o Estado da Bahia. Sua autorização de funcionamento deu-se

através do Decreto Presidencial nº 92.937, de 17 de julho de 1986.

Tendo como objetivo essencial desenvolver atividades concernentes ao

Ensino Superior no Estado, a Uneb surgiu em substituição à Superintendência de

Ensino Superior do Estado da Bahia (SESEB) a qual, até dezembro de 1980, tinha

vinculada a sua estrutura organizacional, 7 (sete) unidades de ensino superior

mantidas pelo Governo Estadual.

Consolida-se o acesso ao ensino superior também no interior do Estado com

o reconhecimento da Uneb, no ano de 1995, através da Resolução do Conselho

Estadual de Educação (CEE) no. 115/95, homologada pela Resolução do Conselho

Federal de Educação (CFE) no. 351/95 e Portaria Ministerial nº 909 de 31 de julho

de 1995.

A partir da Lei Estadual nº. 7.176/97, datada de 10 de setembro de 1997,

regulamentada pelo Decreto Governamental nº 7.223/98, de 20 de janeiro de 1998,

foi instituída na Uneb a estrutura orgânica com base em Departamentos, passando a

ser administrada pelo sistema binário, extinguindo-se as Faculdades e Centros.

Criada sob forma de Autarquia em regime especial, vinculada à Secretaria da

Educação, a Uneb – instituição pública, gratuita, mantida pelo Governo do Estado –

possui personalidade jurídica de direito público, autonomia acadêmica,

administrativa e financeira, com patrimônio próprio e estruturada sob forma de

sistema multicampi de Educação.

Atualmente, a universidade disponibiliza mais de 150 opções de cursos e

habilitações nas modalidades presencial e de educação a distância (EaD), nos níveis

de graduação e pós-graduação, oferecidos nos seus 29 departamentos acadêmicos.

Vale destacar o expressivo crescimento na oferta de cursos stricto sensu (mestrados

e doutorados) nos últimos anos, em Salvador e outras cidades, promovendo a

interiorização da pós-graduação pública, gratuita e de qualidade.

Na educação a distância a UNEB destaca-se pela produção científica e

bibliográfica na área em virtude da existência de atividades de pesquisa em

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educação e novas tecnologias da informação e da comunicação, iniciada desde o

ano de 1996, através do Núcleo de Educação e Tecnologias Inteligentes(NETI), que

realizou estudos e pesquisas, além de desenvolver cursos e atividades

diversificadas de extensão universitária neste campo.

Após a realização de 15 turmas de especialização lato sensu em Educação e

Tecnologias da Informação e Comunicação, formando aproximadamente trezentos

especialistas nesta área, muitos deles, hoje, professores da universidade, muitos

engajados nas atividades de educação a distância desde a sua origem, o

amadurecimento destes estudos deu origem a uma linha de pesquisa com o mesmo

nome no Programa de Pós-graduação stricto sensu, Educação e

Contemporaneidade.

As bases conceituais e a experiência acumulada proporcionaram diversas

experiências com educação a distância, inicialmente ofertada de forma

complementar à educação presencial com a utilização dos ambientes virtuais de

aprendizagem e de outras tecnologias, como a videoconferência, para enriquecer e

ampliar o acesso ao conhecimento e às suas diversificadas formas de produção e

veiculação aos seus estudantes e professores.

Várias disciplinas de graduação, especialização e mestrado foram ofertadas e

conduzidas com este aporte tecnológico, e muitos estudos e publicações foram

realizados para aprofundar estes conhecimentos e disseminá-los dentro do e fora do

estado.

O Credenciamento da Uneb para a educação a distância se deu através da

portaria do Ministério de Educação (MEC) 4019 em 22 de novembro de 2005,

publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 23 de novembro de 2005, sessão 1,

Página 16. O primeiro curso de graduação nesta modalidade foi o curso de

graduação em Administração, Projeto Piloto da Universidade Aberta do Brasil que

está em pleno período de oferta e mantém 672 matrículas. Este curso se desenvolve

em 12 polos institucionais, sendo onze localizados no estado da Bahia: Salvador,

Barreiras, Guanambi, Irecê, Jacobina, Juazeiro, Paulo Afonso, Serrinha, Santo

Antônio de Jesus, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista. O décimo segundo polo

está instalado na cidade de Aracajú – Sergipe.

Na Bahia, foi constituído em 2005 um Consórcio de Universidades Públicas

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para a oferta de educação superior na modalidade a distância que teve aprovados

09 projetos no Edital 001/2006 – UAB II. A Uneb participa deste consórcio e vem

apoiando as outras instituições integrantes na qualificação de pessoal para

educação a distância. Através deste Edital UAB II, a Uneb oferta, desde o ano de

2008, três cursos de licenciatura (Matemática, Química e História) e uma

especialização lato sensu em Educação a Distância, tendo matriculado 2350

estudantes nestas áreas.

Além do Edital UAB II e da oferta do Curso Piloto, a UNEB enviou proposta e

foi selecionada pela CAPES para outros programas mantidos pelo Sistema UAB. O

Programa Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP), através do qual

oferta um curso de Bacharelado em Administração Pública com 12 polos e 600

matrículas. Ainda no âmbito deste programa, oferta três cursos de especialização -

Gestão em Saúde, Gestão Pública e Gestão Pública Municipal, cada uma em dez

polos com 350 matrículas, totalizando 1650 vagas.

O Programa Nacional de Formação de Professores (PARFOR), mais

conhecido como PAR, também foi aprovado para oferta em 2009 e, através dele a

UNEB mantém os cursos de licenciatura em Educação Física, Ciência da

Computação, Biologia, Geografia, Pedagogia, Letras com Espanhol, Letras

Português, Letras com Inglês. Foram ofertados nestes cursos, em 2010.2, um

quantitativo de 2650 matrículas em todo o estado.

A Universidade do Estado da Bahia ingressou também na Rede de Educação

para a Diversidade, mantida pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização

e Diversidade (SECADI) e, através do Sistema Universidade Aberta do Brasil, foi

selecionada por edital para a oferta dos Cursos de pós-graduação Lato Sensu de

Educação em Direitos Humanos, Gênero e Diversidade na Escola e Educação

Ambiental em dez polos, totalizando 1040 matrículas.

Com a oferta de 17 cursos através destes programas (Piloto, PAR, UAB II,

PNAP e SECADI), a UNEB participa do Sistema Universidade Aberta do Brasil com

9147 matrículas no ano de 2012, atendendo a 50 Polos de Apoio Presencial, entre

estes 41 Polos UAB e 12 Polos Institucionais que funcionam em instalações próprias

em Salvador e no interior do estado.

Com esta atuação desde o início do Sistema UAB e pela abrangência da sua

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participação na maioria dos programas por ele ofertados, a UNEB se credencia a ser

lócus deste estudo, funcionando como um lugar concreto, onde as políticas, ações,

ambientes virtuais e programas implementados pelo Sistema UAB poderão ser

vistos e analisados, sempre em articulação com as demais instituições universitárias

que o integram.

Antes desta análise, porém, faz-se necessária uma discussão sobre o

contexto social onde estas ações acontecem e uma revisão dos aportes teóricos que

serão tomados como base para este estudo, permitindo-nos uma fundamentação

para análise das práticas atuais de gestão, bem como para proposição de mudanças

que sejam inovadoras e possam contribuir para o aperfeiçoamento do sistema, além

da descrição da concepção de EaD que norteia estas análises.

Um aspecto importante desta busca pela caracterização de um sistema de

gestão da EaD é ressaltado por Alonso (2005, p. 225) ao afirmar que a organização

de um sistema de EaD, “[...] não se trata apenas de estabelecer uma descrição de

funções ou de pensar nesta ou naquela forma de organizá-lo”. Faz-se necessário

articular esse sistema a serviço de um projeto de formação.

Alonso (2005) aponta uma preocupação que nos parece muito pertinente ao

alertar para o que ela chama de “grande dilema da EaD”, que é o da contradição

entre quantidade x qualidade. Para a autora, faz-se necessária a adoção de

processos de gestão mais descentralizados e atentos ao estabelecimento de laços

profissionais, interpessoais e afetivos, para evitar o que ela denomina

estandardização, ou seja, aplicação de estruturas padronizadas que atendem à

concepção industrialista de educação.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção são apresentadas reflexões sobre os temas que serão

abordados e servirão de referências para a definição de categorias de análise desta

pesquisa, visando, a partir destes referenciais, buscados em autores reconhecidos

no meio acadêmico, a criar a sustentação teórica necessária para dar consistência

às análises, e permitir a compreensão dos critérios adotados, bem como para dar

sentido às conclusões construídas e às proposições apresentadas no final da

pesquisa.

2.1 SOCIEDADE EM REDE, TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO

A análise dos processos inovadores de gestão que estão em desenvolvimento

nas universidades que compõem o Sistema UAB, proposta nesta pesquisa, requer

uma revisão conceitual dos principais elementos teóricos que serão trazidos para dar

suporte a este estudo e tornar mais claro e sustentável do ponto de vista acadêmico.

A primeira e indispensável reflexão incide sobre o contexto social em que

estas universidades estão inseridas, considerando não apenas o seu entorno, mas a

sociedade global da qual faz parte, vez que os avanços tecnológicos, especialmente

no campo da informação e da comunicação constatados na sociedade, já

classificada por alguns autores como sociedade em rede ou sociedade da

informação, deverão ser discutidos e considerados como pano de fundo, razão pela

qual poderão ser tomados sob o ponto de vista instrumental ou mesmo como

motivação ou cenário propulsor das mudanças que nos levam a estas questões.

Neste sentido iniciamos as nossas reflexões pelas constatações das

profundas mudanças que nós mesmos percebemos em nossa vida cotidiana. Na

nossa geração, os nascidos dos anos 1950, constatamos o aparecimento e a

disseminação das tecnologias que mais tiveram influências nas transformações

sociais que vimos acontecer, em alguns momentos perplexos, às vezes incrédulos,

mas necessariamente integrados às suas influências.

Muitas destas tecnologias eram embrionárias e foram se expandindo,

aperfeiçoando e se tornando mais acessíveis, no decorrer da nossa infância e

juventude, tais como o relógio digital, o rádio, o gravador de áudio, a televisão, as

máquinas de fotografia, as filmadoras, os meios de transportes, o telefone, o

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computador e, mais recentemente, o tablet, o smartphone, o GPS e a Internet, esta

última muito recente e exponencialmente revolucionária.

Convivemos hoje com o fenômeno da convergência das mídias, constatamos

a integração destas tecnologias e temos acesso, no nosso trabalho ou mesmo em

casa, a dispositivos eletrônicos que se integram com outros, tornando-se utensílios

de grande valia para a nossa convivência com o novo e com a revolução

tecnológica, assim chamada por muitos autores.

Atribuo ao telefone celular um papel importante na representação desta

realidade. Os aparelhos mais sofisticados desta geração convergente, já reúnem a

maioria dos instrumentos modernos de informação e de comunicação, muitos deles

com acesso à internet, correio eletrônico e redes sociais, além da conjugação de

mídias diversas como a tv, o rádio, o GPS, o armazenamento de dados e telefonia,

agendas eletrônicas, máquina fotográfica e filmadora, gravador de áudio, players de

músicas e vídeos gravados, são funções facilmente encontradas.

Neste relato destacamos as tecnologias que podemos chamar de palmtop, ou

seja, que estão à mão para serem transportadas e utilizadas diariamente por

indivíduos. O exemplo dado do celular é emblemático, mas podemos constatar

vários outros que nos saltam aos olhos e nos rodeiam, intervindo em nossas vidas

diárias. As rápidas viagens de avião e de metrô, as medidas biométricas nos bancos

e clínicas médicas, as identificações digitais nos acessos aos edifícios públicos,

estádios e condomínios, os aparelhos domésticos carregados de tecnologias que os

fazem mais funcionais, leves e destacados em seus designs, o acesso à internet

sem fio em locais públicos e mais uma infinidade de recursos tecnológicos presentes

ou remotos que interferem diretamente na vida em sociedade.

As comunicações on line, via Internet são dignas de destaque nesta análise

das constatações dos avanços tecnológicos que estão ao alcance de um grande

número de pessoas, incluídas na parcela da população que tem acesso aos bens e

serviços que propiciam a sua utilização.

Segundo o Comitê Gestor da Internet Brasil (CGI), a chamada rede mundial

de computadores

[...] está no epicentro das contínuas e rápidas transformações

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tecnológicas que estamos vivendo e na medida em que ela se torna elemento crítico e onipresente na visa social contemporânea é inevitável que produza impactos significativos de natureza social, cultural, comportamental, econômica e política. (SÃO PAULO, 2014, p. 32)

Na nona edição da sua pesquisa sobre o uso da Internet no Brasil, a CGI

registrou que "em 2013, quase a metade dos domicílios brasileiros possuía

computador (49%), enquanto 43% tinham acesso à Internet, correspondendo a 27,2

milhões em números absolutos" (SÃO PAULO, 2014, p.33). Na mesma pesquisa,

observa-se que, pela primeira vez, a proporção de usuários de Internet ultrapassa a

metade da população brasileira, chegando a 51% - o que corresponde a 85,9

milhões de pessoas.

Outro dado interessante sobre o acesso à tecnologia no Brasil, contido nesta

pesquisa da CGI (SÃO PAULO, 2014), se refere à utilização do telefone celular,

inclusive para acessar a Internet, sendo apontado nesta pesquisa que em 2013, 143

milhões de brasileiros acima de 10 anos de idade usavam este dispositivo,

representando 85% da população nesta faixa etária. Notou-se ainda, como uma

tendência irreversível da mobilidade, ou seja, do uso de dispositivos móveis como

recursos para acesso às novas tecnologias, um crescimento no uso de tablets e

notebooks. Do total de 36,6 milhões de domicílios (49%) com computador, 57%

possuíam laptops e notebooks e 12% possuíam tablets.

Esses dados, vale ressaltar, não representam uma universalização no uso

destes equipamentos no País e, longe disso, ainda revelam profundas

desigualdades, regionais, entre as faixas etárias e as classes sociais. Por exemplo,

o acesso à Internet na classe A é de 98%, enquanto nas classes D e E, apenas 8%.

Nas áreas urbanas o acesso à Internet é de 48% e nas zonas rurais é de 15% e

entre as faixas etárias, o maior percentual de acesso está entre os usuários entre os

16 e os 24 anos com 77%, enquanto apenas 11% dos usuários com mais de 60 anos

têm acesso à Internet (SÃO PAULO, 2014).

Desde 2005, quando iniciaram as pesquisas sobre o uso das tecnologias da

informação e comunicação e do acesso à Internet, observa-se ano a ano um

crescimento exponencial destes números, e o entendimento destes cenários torna-

se uma atividade estratégica para avaliação de políticas públicas e para a

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construção do conhecimento científico.

Para este crescente grupo de usuários, existe hoje uma variedade de

programas gratuitos que permitem às pessoas se comunicarem com imagem e voz

de qualquer parte do mundo, onde se tenha acesso à Internet, fazendo contatos

ponto a ponto, duas pessoas, ou multiponto envolvendo grupos maiores. Estes

programas já são utilizados por parentes e amigos que estão afastados

geograficamente, reduzindo as distâncias entre eles, e também por empresas,

permitindo que reuniões, antes realizáveis apenas com deslocamentos físicos,

possam ser feitas com os seus participantes em locais diversos no mesmo país ou

em pontos distantes em qualquer lugar do mundo.

Ressalte-se que no setor empresarial brasileiro já se constatou, nesta

pesquisa de 2013, que 97% utilizaram computadores e 96% acessaram a Internet.

Esta realidade, diferente da pesquisa domiciliar, mostra uma quase universalização

do acesso ao computador e à Internet neste segmento (SÃO PAULO, 2014).

No nosso dia a dia, hoje, temos à mão os aplicativos, que são soluções

desenvolvidas por indivíduos que dominam as técnicas e habilidades de

programação e podem ser difundidas na rede de computadores, gratuitos ou pagos,

e são utilizados para uma grande quantidade de atividades cotidianas, que vão

desde saber se o voo vai sair e chegar no horário marcado, acompanhar as

condições do trânsito, saber da previsão do tempo, fazer anotações, escanear

documentos, procurar endereços e obter mapas de localização dos mesmos, além

de outras coisas como afinar um instrumento musical e fazer partituras.

No texto publicado no ano de 2013, no III Colóquio Luso-Brasileiro de

Educação a Distância e e-learning, Okada (2013) apresentou uma imagem muito

representativa deste avanço nas tecnologias da informação e comunicação que nos

referimos, afirmando:

Com os rápidos avanços tecnológicos, o espaço virtual tem sido cada vez mais utilizado pelos indivíduos e pelas organizações para registrar, reorganizar, reconstruir e compartilhar seus dados, informações e conhecimentos. (OKADA, 2013, p.178)

A imagem, figura 01, abaixo, nos mostra a quantidade de ações realizadas nas

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diversas redes sociais e outros ambientes na Internet, como um indicativo da

grandiosidade destes números.

Figura 01 –Um minuto na Internet

Fonte: Okada, 2013.

Podem ser vistos, na imagem, números impressionantes, tais como os seis

milhões de visualizações que ocorrem no Facebook, seis milhões e meio de

usuários do twiter, cinco milhões e duzentos mil integrantes da Rede Linked In, os

duzentos e quatro milhões de email enviados, um milhão e cem mil visualizações de

vídeos no Youtube, entre outras ações que indicam os números de interações que

ocorrem na rede mundial de computadores por minuto.

Ainda nesta constatação dos avanços tecnológicos que estão ao alcance das

nossas mãos e aguçam todos os nossos sentidos, destacamos o novo meio de

armazenar e acessar informações na “nuvem”. A tecnologia assim denominada

cloud computing, traduzida como computação em nuvem, vem sendo amplamente

difundida, está ao alcance do indivíduo e representam um avanço significativo nesta

área. Através desta tecnologia, as informações antes armazenadas em dispositivos

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fixos nos próprios computadores de mesas ou portáteis ou em dispositivos móveis

como memórias externas, pendrives, CD-ROM, DVD, todos sucessores dos

disquetes, podem ser transferidas para estes espaços chamados também de HD

virtual, e recuperadas em qualquer lugar onde o indivíduo tenha acesso à internet e

um dispositivo para fazê-lo. Este dispositivo pode ser um computador de mesa,

notebook ou computador portátil, o tablet e até mesmo o celular.

Perguntamo-nos de onde vem tudo isso e que tecnologias são essas que não

param de avançar e se diversificar, surpreendendo-nos e ampliando as nossas

possibilidades de tirar delas o melhor proveito?

Alguns autores se dedicam a extensas análises sobre este fenômeno e fazem

esforços para descrevê-lo e explicitá-lo. Destacamos entre estes o espanhol Manuel

Castells (1999), que publicou a trilogia “A Era da Informação”, obra que representa

um dos maiores esforços da sociologia contemporânea em busca da análise da

dinâmica social e econômica, ajudando-nos a compreender as intensas mudanças

que experimenta a sociedade em nossos dias.

Buscamos em Castells (1999) as reflexões para uma breve descrição e

análise deste contexto, que ele chama de revolução da tecnologia da informação. No

entanto, para ampliar e fazer contrapontos, recorreremos a outros autores, tais como

Levy (1999), Santos (2000), Barbero (2001) etc., sempre procurando trazer deles as

constatações que possam no auxiliar na compreensão do fenômeno que estamos

analisando nesta pesquisa, qual seja a gestão colaborativa em rede na universidade.

O ponto de partida para esta discussão requer esclarecermos dois conceitos

básicos: revolução e tecnologia. Sobre revolução, Castells (2000, p.49) nos diz que

A história da vida é uma série de situações estáveis, pontuadas em intervalos raros por eventos importantes que ocorrem com grande rapidez e ajudam a estabelecer a próxima era estável.

O autor afirma que desde o final do século vinte estamos vivendo um desses

intervalos da história da humanidade que se caracteriza pela “[...] transformação da

nossa cultura material pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se

organiza em torna tecnologia da informação” (idem, p. 49).

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Sobre a tecnologia, Castells (2000) recorre a Harvey Brooks e Daniel Bell e

junta-se a eles para dizer que tecnologia é “[...] o uso de conhecimentos científicos

para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira reproduzível”

(idem, p. 49). Ele inclui entre as tecnologias da informação o conjunto convergente

de tecnologias em microeletrônica, computação (software e hardware),

telecomunicações/radiodifusão e optoeletrônica, além da engenharia genética.

Para justificar a importância destas mudanças e caracterizar seu efeito

revolucionário sobre a sociedade, Castells (2000) faz referência a outro período da

história que foi a Revolução Industrial iniciada no século XVIII. Neste identifica as

novas fontes de energia como o motor a vapor, a eletricidade, os combustíveis

fósseis e a energia nuclear como base das importantes transformações

experimentadas pela “sociedade industrial”. Segundo o autor, este período

representou um padrão de descontinuidade nas bases materiais da economia,

sociedade e cultura.

Quanto à revolução da tecnologia da informação ele diz que

O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso (CASTELLS, 2000, p. 50).

A este fenômeno, Castells, citando Kranzberg e Pursell, atribui a característica

da penetrabilidade, “[...] ou seja, a sua penetração em todos os domínios das

atividades humanas, não como fonte exógena de impacto, mas como tecido em que

esta atividade é exercida” (KRANZBERG; PURSELL apud CASTELLS, 2000, p. 49).

Ele afirma ainda que “[...] em outras palavras, são voltadas para o processo,

além de induzir novos produtos” (CASTELLS, 2000, p. 50).

Estas constatações foram amplamente exemplificadas no início deste capítulo

com a descrição feita da presença das tecnologias no nosso cotidiano,

corroboramos, portanto, essas assertivas que apontam para a existência de uma

revolução que transforma a vida em sociedade, as formas de produção e uso de

bens e serviços destas novas tecnologias e nos sentimos partícipes/protagonistas

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deste cenário.

Sobre as tecnologias, especialmente as da comunicação e informação,

Castells (2000) ilustra seus argumentos ao afirmar que elas passaram por três

estágios distintos, até chegar à sua atual configuração revolucionária. Citando

Rosemberg, afirma que, nos dois primeiros estágios, o progresso da inovação

tecnológica baseou-se em aprender usando, mas, no terceiro estágio, “[...] os

usuários aprenderam a tecnologia fazendo, o que acabou resultando na

reconfiguração das redes e na descoberta de novas aplicações” (CASTELLS, 2000,

p. 51).

Este encurtamento do espaço/tempo entre a produção e uso das tecnologias

modificou o paradigma tecnológico à medida que os usuários não as têm apenas

como ferramentas a serem aplicadas, mas como processos a serem desenvolvidos,

assumindo o controle, aproximando e confundindo os papéis de usuários e

produtores e tornando a mente humana, pela primeira vez na história, uma força

direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo como na

era industrial (CASTELLS, 2000).

Neste texto não será apresentado um sumário histórico das revoluções que

antecederam esta que estamos descrevendo, apesar de reconhecermos que foram

todas elas os alicerces desta última, tendo criado as bases do conhecimento

científico humano para permitir que nossos contemporâneos alcançassem os êxitos

hoje constatados. Faremos, contudo, um breve histórico desta era da informação,

buscando ainda em Castells (2000, p. 59):

[...] os principais eixos da transformação tecnológica em geração/processamento/transmissão da informação, colocando-os na sequência que se deslocou rumo à formação de um novo paradigma sociotécnico.

Como dito, a invenção do telefone (BELL, 1876), do rádio (MARCONI, 1898) e

da válvula a vácuo (DE FOREST, 1906) e tantas outras que poderiam ser citadas

neste apanhado, são reconhecidas por Castells como antecessores industriais e

científicos das tecnologias da informação com base em microeletrônica. Até a

década de 1960 do século XX, o transistor (1947) e o circuito integrado (1957),

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acompanhados dos avanços em seus processos de produção com a utilização de

novos materiais como o silício, o aumento da sua capacidade de processamento e a

redução vertiginosa no preço de fabricação, preparam as bases para invenção em

1971, por Ted Hoff, do microprocessador, que é o computador em um único chip.

Segue-se uma história de rápido desenvolvimento desta tecnologia ancorado

em princípios como o aumento da capacidade de processamento, a miniaturização e

redução dos preços que permitiram a popularização do computador pessoal e sua

utilização cada vez maior em máquinas e utensílios de uso diário, tais como

lavadoras, fornos de micro-ondas, automóveis, telefones e tantos outros.

Estes avanços nos materiais de fabricação e na sua capacidade de

processamento dos chips (circuitos eletrônicos) permitiram um aumento exponencial

da capacidade dos microcomputadores e propiciaram as bases para o salto

seguinte, a microeletrônica, que Castells (2000, p. 61) classifica como “uma

revolução dentro da revolução”.

Em 1975, o engenheiro Ed Roberts construiu uma caixa de computação, um

objeto primitivo, em forma de um computador de pequena escala com um

microprocessador. Este invento foi a base para o desenvolvimento dos

computadores pessoais (PC) pela Apple e em seguida pela IMB. Sua difusão foi

viabilizada com a junção a outra invenção, o software operacional adaptado para os

PC, pelos jovens desistentes de Harvard, Bill Gates e Paul Allen, que perceberam o

potencial desta tecnologia e fundaram, no Vale do Silício (EUA), a Microsoft, líder

mundial em venda de software e programas operacionais.

Outro avanço significativo nesta evolução histórica das tecnologias da

informação ocorreu na década de 1980, quando os computadores passaram a ser

utilizados em rede, criando a possibilidade de aumentar a capacidade de

processamento, a memória e permitindo o uso compartilhado e interativo dos dados

antes centralizados nos grandes computadores.

Complementando este quadro de desenvolvimento das bases tecnológicas

materiais desta revolução, os avanços das telecomunicações com a combinação das

tecnologias de “nós” (roteadores e comutadores eletrônicos) e novas conexões

(tecnologias de transmissão), aliadas ao desenvolvimento de novos materiais como

a fibra ótica, aumentando a capacidade das linhas de transmissão, ocorreu em 1969,

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desenvolvida pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de

Defesa do EUA (ARPA), a criação de uma rede eletrônica de comunicação que se

desenvolveu nos anos seguintes, vindo a se tornar a Internet, a rede das redes, cuja

expansão por todo o mundo modificou extraordinariamente a vida no planeta.

[...] embora a forma de organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para a sua expansão penetrante em toda a estrutura social (CASTELLS, 2000, p. 495).

A expressão sociedade em rede, que aparece na tessitura desta trilogia sobre

a “era da informação” defendida por Castells (2000), delineia-se nesta afirmativa

acima, apontando a potencialização de uma organização social, que tecnicamente já

poderia ser vista no passado como uma morfologia de rede, tendo em vista as

possibilidades de conexões e de movimentação dos fluxos de informações

decorrentes da revolução das tecnologias.

[...] redes constituem a nova morfologia social das nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura (CASTELLS, 2000, p. 497).

Nesta síntese da evolução histórica dos avanços tecnológicos que suportam a

nova forma de organização social, apresentamos as bases das nossas reflexões

sobre os temas teóricos cujo referencial será utilizado para a realização das nossas

análises sobre a realidade pesquisada, bem como para nortear a proposta de gestão

a ser construída.

2.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

A discussão sobre a educação a distância e o uso das Novas Tecnologias da

Informação e da Comunicação (NTIC) na universidade, requer uma análise, ainda

que rápida, do modelo educacional que estamos superando, juntamente com a

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transformação da sociedade industrial em uma sociedade informacional. Citado por

Silva (2000, p. 80), Tardif analisa:

Pode-se dizer que a era industrial engendrou a escola-fábrica: instituições de massa que dispensam, ao conjunto da população a ser instruída, um tratamento uniforme, garantido por um sistema jurídico e um planejamento centralizado. Baseado na hierarquia rígida das linhas de montagem, na autoridade, na burocracia, aliena o professor com relação ao produto e ao processo do seu trabalho e reflete-se na alienação do aluno em relação ao conteúdo e ao método de sua aprendizagem.

Este modelo serviu a uma época em que a racionalização do trabalho

fragmentou as tarefas e o próprio trabalhador.

Ao invés disso, a nova face da tecnologia e os novos processos produtivos e

comunicacionais, suportados pela microeletrônica e pelo computador ligado em

rede, lança o desafio da interatividade.

A convivência com as novas tecnologias hipertextuais coloca o usuário em contato direto com a experiência complexa no âmbito da comunicação [...] Ele aprende a não aceitar passivamente o que é transmitido. Diante da informação, da mensagem, ele pode interferir, modificar, produzir, compartilhar (SILVA, 2000, p. 15).

Em adição, Silva (2000, p. 23) refere-se ao novo estudante que,

[...] passa de espectador passivo a ator, situado em um jogo de preferências, de opções, de desejos, de amores, de ódios e de estratégias, podendo ser emissor e receptor no processo de intercompreensão.

Quanto ao professor, o autor afirma que este

[...] interrompe a tradição de falar/ditar, deixando de ser o contador de histórias, e adota uma postura semelhante a do designer de software educativo. Ele constrói um conjunto de territórios a serem explorados pelos seus alunos (SILVA, 2000, p.23).

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Outro aspecto importante salientado por Belloni (1999) é o uso das

tecnologias de informação e comunicação na educação, que, segundo ela,

[...] já não é uma opção: estas tecnologias já estão no mundo, transformando todas as dimensões da vida social e econômica; cabe ao campo da educação integrá-las e tirar de suas potencialidades comunicacionais e pedagógicas o melhor proveito (BELLONI, 1999, p. 104).

Esta autora destaca as vantagens do uso de uma grande variedade de fontes

de informação que se constitui numa tendência mundial na pedagogia para todos os

níveis da educação. Afirma-se mais uma vez a ideia da convergência. As tecnologias

da informação e comunicação (TIC), fortalecem e, em alguns casos até, viabilizam a

educação a distância, mas o seu uso independe da modalidade de educação

adotada pelo projeto pedagógico.

Computadores isolados ou conectados em rede, rádios, televisão, mídia

impressa, páginas na Internet, correio convencional ou eletrônico, fitas cassete,

vídeo cassete, CD-ROM, projetores multimídia, telões, gravadores, telefones,

antenas parabólicas etc., são os meios; diálogos síncronos e assíncronos, salas de

bate-papo, fóruns via rede, Rolling Play Games (RPG), mensagens eletrônicas,

teleconferências, videoconferências, transmissões ao vivo radiofônicas ou televisivas

e tantas outras maneiras de interagir suportadas por recursos tecnológicos, são as

estratégias. Belloni (1999, p. 104) nos diz que, “as tecnologias não são boas (ou

más) em si, podem trazer grandes contribuições para a educação, se forem usadas

adequadamente, ou apenas fornecer um revestimento moderno a um ensino antigo

e inadequado”.

Seja na educação convencional presencial ou na modalidade a distância,

concordamos com Pretto (1996, p. 131) quando ele diz,

A educação num mundo de comunicação é, certamente um desafio a todos, professores, alunos, pais, porque precisa buscar a formação do ser humano em mutação, preparando-o para viver plenamente esta sociedade que se modifica velozmente.

Estas constatações das grandes vantagens do uso das TIC na educação, em

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qualquer modalidade, entretanto, vêm acompanhadas de um alerta. Na legislação

educacional brasileira, tanto quanto no Plano Nacional de Educação – PNE, que

declara as políticas de governo para a educação nos próximos dez anos, percebe-se

uma extrema valorização dos novos materiais, e, neste caso, concordamos com

Barreto (2001) quando diz que o foco não poderia ser mais específico e a

perspectiva mais instrumental. Para ela, na política de formação de professores

propostas pelo governo, “[...] a EaD subsume as TIC e ela mesma é reduzida de

modalidade a „instrumento‟ para uma finalidade formar professores a distância, com

„certificação‟ ou diploma” (BARRETO, 2001, p.25).

Retomando então as reflexões de Belloni, a tecnologia precisa ser apropriada

e utilizada de forma adequada e integrada a um projeto pedagógico contemporâneo

que defina a sua utilização em favor do alcance dos objetivos estabelecidos pelos

partícipes, não permitindo a sua inserção na educação como uma solução definitiva

para todos os problemas, mas, sob uma perspectiva crítica e consciente,

propiciando, assim, a desmistificação do seu papel e da sua importância no contexto

educacional.

É necessária não mais uma educação depositária de informações, mas uma educação voltada para a compreensão dos diversos potenciais intelectuais dos indivíduos, para melhor compreensão do contexto e sua influência no desenvolvimento das estruturas mentais, para compreensão das diferentes expressões das capacidades humanas, para melhor compreensão do mundo de amanhã, a partir de uma educação mais ajustada ao homem de hoje (BOLZAN, 1998, p. 87).

É esta educação, revista em suas bases conceituais e preocupada com o

futuro dos indivíduos e da sociedade, que se busca compreender, realizando

reflexões sobre a educação convergente, substantivada em sua concepção,

enquanto educação, apenas, antes de qualificá-la, apontando para uma oposição

propositiva e indicando caminhos e alternativas, sempre em construção e não

comprometida com modelos fechados e acabados, baseados em dispositivos

tecnológicos, por mais avançados que sejam, para não perder de vista a própria

incompletude dos sujeitos envolvidos no processo.

Outro aspecto a ser tratado neste esforço de organização das concepções

teóricas que servirão de base para as nossas discussões, análises e proposições é a

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gestão do conhecimento.

Entendemos que a criação e a difusão do conhecimento se tornaram

atividades humanas completamente diferentes e significativamente potencializadas,

a partir destas novas estruturas tecnológicas decorrentes das transformações

constatadas nesta era da informação. A esta atividade humana estratégica nos dias

atuais, alguns autores dão o nome de gestão do conhecimento. Passaremos a

discuti-la neste capitulo dada a sua importância no contexto das nossas reflexões.

2.3 A UNIVERSIDADE NO MUNDO E NO BRASIL, UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL E UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

2.3.1 A Universidade no Mundo

Para fazer um estudo que apresente características importantes da instituição

universitária, visando a compreender as suas nuances e analisar seus modelos de

gestão, localizando os sinais de inovação e de atuação em rede de forma

colaborativa, como propõe esta pesquisa, faz-se necessária uma revisão, ainda que

breve, da sua história e das suas origens.

Sabe-se que as primeiras universidades tiveram origem na Idade Média, mais

precisamente a partir do século XII, muito ligadas à igreja e voltadas para o ensino

nas bases tradicionais da didática antiga, predominando o papel de transmissão do

conhecimento a ser memorizado e reproduzido e a autoridade do professor

(MORUNO, 2005).

A universidade de Bolonha, criada no final do século XI, para muitos é

primeira que surgiu; no entanto, alguns autores, como Ruegg (1992), defendem que

instituições com características universitárias só começam existir no século XIII, e

por este critério a Universidade de Paris pode ser considerada a pioneira.

Vale lembrar, como afirmam Barreto e Filgueiras (2007, p. 35), que “a

universidade europeia medieval se parecia mais com as escolas atenienses de

Platão e Aristóteles, respectivamente, a Academia e o Liceu”, ressaltando ainda que

as primeiras instituições que se aproximam do modelo de universidade foram a

Biblioteca e o Museu de Alexandria, fundadas por Alexandre Magno, 300 anos antes

de Cristo, que funcionaram como um centro de ensino e pesquisa.

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A universidade europeia em sua origem, segundo Teixeira (1964, p. 27)

caracterizava-se como “[...] um misto de claustro e de guilda medieval” procurando

mais “[...] isolar-se do que participar do tumulto dos tempos”.

O culto ao saber clássico fazia destas medievas comunidades de mestres e

estudantes uma casta isolada, alheia à vida de negócios e dedicada aos prazeres do

espírito. Ora dominada pela Igreja, ora laica, a universidade atravessou o final da

Idade Média e ingressou no período moderno, “[...] olhando com desdém para o

saber aplicado, utilitário” (TEIXEIRA, 1964, p.27).

Vários autores como Moruno (2005), Teixeira (1964) e Barreto e Filgueiras

(2007) destacam a trajetória das universidades no período pós-medieval, sua

proliferação pela Europa e migração para o novo mundo, a América, chamando-nos

a atenção que, já nesta época, começam a surgir as pesquisas e a difusão do

conhecimento através da publicação de revistas científicas que datam de 1700.

Ressaltam ainda que no final do século XVI e início do século XVII surgem as

Escolas Politécnicas na França, sob controle governamental e acontece a reforma

na Universidade de Berlim, Alemanha, com Humbolt, já caracterizada pela pesquisa

e pela liberdade acadêmica.

O modelo alemão humboltiano de universidade influenciou outras instituições

europeias e chegou aos Estados Unidos, ampliando as áreas das ciências da

natureza e da matemática e dando origem aos bacharelados científicos.

Segundo Moruno (2005), no Novo Mundo, a América “descoberta”, a primeira

universidade se estabelece em Santo Domingo, 1538, seguida pelas Universidades

de Lima, no Peru e do México em 1551. O autor, Mario Vidal Moruno, boliviano de

Cochabamba e professor da Universidad Mayor de San Simon, em seu livro

Evaluación y gestión universitária, afirma que

Dichas universidades fueron creadas dentro del contexto de la politica cultural trazada por el Imperio Espanol, la Universidad Colonial, tuvo como misión atender los intereses de la corona, la iglesia y las clases superiores de la sociedad.(MORUNO, 2005, p.46)

Acrescenta ainda que, mesmo com o advento da república, as estruturas

sociais das colônias espanholas na América mudaram muito pouco; salvo pela

situação da sua direção em mãos dos crioulos, as mudanças efetivas nas

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sociedades e nas universidades só se iniciaram sob a influência da revolução

francesa e pela sua influência cultural.

A influência francesa-napoleônica de natureza elitista perdurou na

Universidade Latino-americana até o século XIX, quando o “Movimento de Córdoba”

(Argentina) demarcou o nascimento de um perfil especifico da universidade nesta

região.

En ese contexto, la Universidad como institución social, situada ya en los umbrais del siglo XXI no lleva a la reflexión de la nueva dimensión que ésta tiene que tomar y cuales son los nuevos cambios hacia mejoramiento de sus acciones en función de sus fines, objetivos y

metas. (Moruno, 2005, p. 47)

Retomando as reflexões sobre a influência do modelo alemão de

universidade, Catani e Oliveira (2002) afirmam que a evolução da instituição

universitária, desde o mundo moderno, tem como marca histórica o modelo de

universidade propugnado por Wilhelm von Humboldt que, já em 1835, fora elaborado

para a Universidade de Berlim (Alemanha) e que até os dias de hoje tem servido de

parâmetro para os modelos atuais de universidade. Segundo Catani e Oliveira

(2007, p. 34), entre os seus princípios incluem-se:

[...] a unidade entre a pesquisa e o ensino; a busca científica como infinita; a autonomia da ciência; a relação autônoma, porem integrada entre o Estado e universidade; a interdisciplinaridade; a cooperação entre professores e entre professores e alunos.

Ao identificar tão antiga reforma universitária alemã e relacionar os seus

princípios fundamentais com as universidades contemporâneas, os autores nos

provocam outras reflexões acerca da imagem da instituição universitária como uma

torre de marfim.

Esta expressão é certamente pejorativa, vez que o marfim, material nobre que

dá uma impressão de pureza, mostra-se raro, caro e ineficaz como material de

construção, passível de ser utilizado para a construção de uma torre, mencionada

por diversos autores.

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Sobre esta questão, Teixeira (1964, p. 27), numa publicação intitulada a

universidade de ontem e de hoje, nos lembra que a instituição criada no século XII,

voltada a “[...] coroar-se com o prazer supremo de buscar o saber nele deleitar-se

em olímpica contemplação”, manteve esta característica predominante até o século

XIX, apesar das citadas reformas das universidades alemã e francesa que deram

início às mais significativas mudanças desta instituição.

Para Teixeira (1964), na sua missão original de guardar o saber para a ordem

e a civilização, a universidade, eminentemente seletiva, orgulhava-se de poucos

alunos e da qualidade dos intelectuais e eruditos. “Era a casa do intelecto, a torre de

marfim de uma cultura fora do tempo” (TEIXEIRA, 1964, p. 27).

Entretanto, é neste marco temporal do final do século XIX e início do século

XX que a universidade começou a transformar-se, segundo o autor, acompanhando

as grandes revoluções que a humanidade experimentou: a científica, a industrial e

democrática (TEIXEIRA, 1964). Avançando para os dias de hoje, acrescentamos a

mais recente revolução, defendida por Castells (1999), como a revolução da

tecnologia da informação.

Da universidade voltada para o aprendizado das línguas e saberes clássicos e

destinada a formar as elites intelectuais da sociedade, jovens cultos e eruditos,

modelo originário do velho mundo e transformado ao longo da sua evolução social,

às universidades de serviços, voltadas para a participação na sociedade e para a

solução dos seus problemas, ostentando grande número de professores,

funcionários, estudantes, laboratórios de pesquisas, sustentadas por grandes

orçamentos anuais e abertas para receber, além dos jovens egressos da educação

básica, uma população de adultos para cursos e retreinamento, surge o modelo que

Clark Kerr, Presidente da Universidade da Califórnia, de 1958 a 1967, citado por

Teixeira (1964), chamou de “Multiversidade”.

Esta nova instituição multiversitária advém do crescimento da pesquisa e

avanço da ciência, da necessidade do especialista, em vez do homem de cultura

liberal, a busca de soluções para uma sociedade totalmente industrializada,

penetrada de ciência e tecnologia e coletivamente organizada sob a forma de

grandes grupos, com interesses diversos e muitas vezes contraditórios,

respondendo a uma sociedade em franca transformação, na esteira das revoluções

sociais aludidas por Teixeira (1964).

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Além das transformações apontadas por Teixeira (1964), marcadas pela

evolução da ciência (revolução científica), pela expansão industrial para atender à

explosão de demanda nas grandes cidades (revolução tecnológica) e para o

desenvolvimento dos mecanismos de gestão da sociedade marcada pela existência

de inúmeros grupos a terem seus interesses e poderes mediados (revolução

democrática), Castells, em sua obra “A sociedade em Rede”, nos alerta para uma

quarta onda de grandes transformações sociais à qual denomina a “revolução da

tecnologia da informação”.

Na sua análise sobre este fenômeno, Castells (2000, p.380) afirma que, neste

contexto,

[...] ao contrário do suposto isolamento social sugerido pela imagem da torre de marfim, as universidades são os principais agentes de difusão de inovações sociais porque geração após geração de jovens por ali passam, ali conhecem novas formas de pensamento, administração, atuação e comunicação e se habituam a elas.

O autor faz esta afirmação ao analisar que as mudanças decorrentes da maior

revolução tecnológica experimentada nos últimos tempos “[...] mudaram a história da

tecnologia e estabeleceram a era da informação em larga escala” (CASTELLS,

2000, p. 375) tiveram como origem o mundo universitário.

Para Castells (2000), mesmo tendo surgido como uma estratégia militar de

proteção de dados sigilosos do governo na época da guerra fria, as redes de

computadores que mais tarde deram origem à Internet, se expandiram e foram

viabilizadas no seu formato atual graças à grande cooperação científica e à inovação

contracultural ocorridas no meio universitário americano, expandindo-se depois para

todo o mundo, sempre envolvendo as instituições universitárias nas suas origens.

Analisaremos em seguida a evolução da universidade em nosso país,

buscando uma relação das suas origens com este histórico da criação da

universidade na Europa, na América espanhola e nos Estados Unidos, tentando

compreender a entrada tardia do Brasil no rol das nações agraciadas com a criação

dos verdadeiros bastiões do conhecimento científico, considerados desde sempre

um espaço privilegiado de criação e difusão do saber, instituição de fundamental

importância para o crescimento de uma nação.

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2.3.2 A Universidade no Brasil

A exemplo da Europa medieval, considerado por muitos autores o berço da

universidade contemporânea, os primeiros cursos a conceder graus de bacharel,

licenciado e mestre em artes no Brasil, foram fundados por representantes da Igreja,

no nosso caso, os Jesuítas, na cidade de Salvador, em 1572, no Colégio da Bahia,

instituição que, segundo Barreto e Filgueiras (2007, p. 1781),

[...] apresenta-se como uma Faculdade de Filosofia, de direito pontifício e de feição e praxe universitária, e com a mesma praxe e solenidade dava o grau de Mestre em Artes aos externos: anel, livro, cavalo, pagem do barrete, e capelo azul de seda.

Estes cursos de filosofia, segundo os autores, se expandiram pelo Brasil

colonial, chegando ao Rio de Janeiro, São Paulo, Olinda, Recife, Maranhão e Pará.

Ao longo do século XVII, os Jesuítas fizeram vários pedidos à corte em

Portugal para que o Colégio de Salvador se transformasse em uma universidade,

sendo estes pedidos sistematicamente negados, através de pareceres contrários

emitidos pelo Reitor da Universidade de Coimbra.

Os autores relatam que a saga das inúmeras tentativas dos jesuítas de fundar

uma universidade no Brasil, a despeito das mais fundamentadas demonstrações da

qualidade dos ensinamentos das suas faculdades de filosofia, corroborados pelos

grandes feitos de ilustres egressos que produziram obras literárias, de artes e

invenções científicas reconhecidas na Europa, estendeu-se até sua expulsão em

1759 pelo Marquês de Pombal, que resultou numa estagnação deste

empreendimento histórico.

Malogrado o projeto jesuítico, destacou-se no Brasil como outra importante

“[...] vertente do ensino no século XVII, aquele ligado à engenharia, particularmente,

vinculado à atividade militar” (BARRETO; FILGUEIRAS, 2007, p. 1783). Nele está a

origem dos cursos de engenharia, que viriam instalar-se no País no século XIX.

Desde esta época o ensino de engenharia no Rio de Janeiro não sofreu

interrupções, e os autores Barreto e Filgueiras (2007) propõem que 1792, ano da

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Fundação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, primeiro núcleo

do que viria a constituir a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, seja tomado

como o ano de fundação da primeira universidade do País.

Os autores fazem esta classificação com base em critérios internacionais e

citam exemplos de outras importantes universidades que adotam como datas de

suas fundações as mesmas datas de criação das faculdades e escolas isoladas que

lhes deram origem, tal como a Universidade de Hannover, na Alemanha, que

comemora sua data de fundação no ano de 1831, quando foi criada a Escola

Profissional Superior de Hannover, sua antecessora.

Seguindo estes critérios, os autores concluem que a Universidade Federal da

Bahia tem sua origem em 1808, data da fundação pelo Príncipe Regente, da Escola

de Cirurgia, mais tarde Academia Médico-Cirúrgica da Bahia, antecessora da atual

Faculdade de Medicina. Segue-se nesta classificação histórica a fundação da

universidade Federal de Pernambuco e da Universidade de São Paulo em 1827, da

Universidade Federal de Ouro Preto em 1839 e da Universidade Federal de Minas

Gerais em 1892, além da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1885.

Neste intervalo entre a expulsão dos Jesuítas e a criação das primeiras

universidades, legalmente reconhecidas já no século XX, ainda que suas origens

sejam datadas do final do século XVIII e decorrer do século XIX, considerando a

fundação das faculdades e escolas que as antecederam, muitas foram as tentativas,

durante o império e o início do período republicano, de criação de universidades no

Brasil.

As diversas propostas e projetos enfrentaram inúmeras dificuldades de cunho

político, financeiro e diversificadas influências internas e externas que impediram a

sua concretização. Barreto e Filgueiras destacam desde influências do positivismo,

lideradas por Augusto Comte e seus seguidores no Brasil, até desentendimentos

políticos quanto ao local ou região do País onde deveriam ser instaladas as

universidades a serem criadas, como os principais óbices à criação de universidades

no Brasil.

Numa síntese desta evolução histórica da universidade no Brasil, Teixeira

(1964) nos alerta para as diferentes faces que ela revelou desde a sua origem. Para

ele, até a Independência a nossa universidade era a de Coimbra, medieval, com

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influência de Bolonha e depois de Paris. Neste período, com os Jesuítas, foi o

claustro de formação do clero e, após a Independência, se fez em escolas

profissionais de direito, de medicina e de artes militares e de engenharia.

Somente no século vinte, após a segunda guerra mundial, segundo Teixeira

(1964), viemos pensar em universidade. Esta afirmativa não condiz com a análise

histórica feita por Barreto e Filgueiras, quando os autores apresentam as incontáveis

tentativas de se criar uma universidade no Brasil, desde o período colonial,

passando pelo império e se estendendo pela república.

Sobre este período pós-primeira guerra mundial, Teixeira (1964, p. 44) afirma

que tivemos uma “[...] copiosa retórica sobre universidade”, mas o que criamos

mesmo foi “[...] uma série de escolas profissionais frouxamente coordenadas por

uma reitoria mais simbólica do que real”. As escolas, segundo ele, eram à maneira

napoleônica, “[...] escolas de governo, pelo governo mantidas e dirigidas” (Idem, p.

45).

Diante do cenário sombrio do período do golpe militar de 1964, época em que

escreveu este texto, Teixeira (1964, p.46) afirma que

[...] agora, quando ainda não temos a universidade operante e eficaz nas transformações da sociedade, já temos o medo de que ela assim se faça e as mobilizações, tão penosamente patéticas contra sua própria fraqueza e sua própria ineficiência, tanto é verdade que mudar não é afinal difícil, não fosse o medo antecipado e irracional contra a mudança.

Entretanto, o autor conclui que “não se pode dizer que não consiga, como as

grandes universidades do nosso tempo, ser um tanto incômoda à complacência e à

resistência nacional a tudo que possa mesmo remotamente constituir-se fator de

mudança social” (TEIXEIRA, 1964, p. 46).

Sobre esta responsabilidade da universidade com as transformações sociais,

constata:

A universidade está se agitando, os estudantes fazem-se inconformistas, muitos professores estão começando a se sensibilizar com os novos tempos e a ideia de universidade voltada

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mais para o futuro do que paro o passado está visivelmente ganhando força (TEIXEIRA, 1964, p. 47).

Passada esta revisão da evolução da universidade brasileira pela ótica de

estudiosos que recorremos para fazer esta retrospectiva, chegamos aos nossos dias

com um quadro de mudanças em curso, certamente influenciado por esta história da

sua criação e sua relação com as grandes universidades em torno do mundo, desde

o velho continente europeu, passando pela América Latina e os Estados Unidos,

mas principalmente influenciada pela nova ambiência social de um país que apenas

há 25 anos, teve promulgada a sua constituição civil de 1988, democrática,

conquistando a sua liberdade, após longo período de exceção e de atraso político.

É neste novo cenário que a educação superior, como em todos os outros

níveis, vem sofrendo um processo de reestruturação no Brasil, regulamentado pelos

novos dispositivos constitucionais, no bojo da reforma do estado.

As mudanças decorrentes desse processo se efetivam em um cenário

internacional de “crise geral do capitalismo” que, segundo Catani e Oliveira (2002,

p.11), tem início nos anos 1970, afetando o ideal do estado de bem-estar social e o

modelo de produção fordista-taylorista, marcado pela internacionalização do capital,

pela globalização da economia e pela adoção das políticas neoliberais.

É neste contexto que vem sendo debatido no mundo desenvolvido, com

repercussões na América Latina e no Brasil, vários e importantes temas sobre a

educação superior, e entre estes se evidenciam:

[...] a grande preocupação com a ampliação da demanda e a massificação da educação superior; as novas necessidades de uma demanda cada vez mais diversificada; os novos objetivos e funções da educação superior no século XXI; o lugar da universidade no mundo virtual das novas tecnologias da informação e da comunicação; o papel das ciências sociais na análise da problemática mundial; a integração entre pesquisa e ensino; a eficiência, a qualidade, a competitividade e a equidade dos sistemas; as mudanças nos perfis profissionais e no processo formativo; o papel da educação continuada na formação permanente; a autonomia das ciências e a liberdade acadêmica; a interdisciplinaridade; as relações das universidades públicas com o Estado e com o setor produtivo; o impacto da mundialização do capital nos planos e programas; o financiamento da educação superior; a relação entre investigação-tomada de decisões no campo da educação superior. (CATANI;

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OLIVEIRA, 2002, p. 35)

Estes temas em sua extensão e complexidade sinalizam a amplitude das

forças internas e externas que impulsionam as mudanças na educação superior e na

universidade pública brasileira, seus modelos de gestão e as perspectivas de

implementação destes processos no interior das instituições universitárias e na

articulação entre as universidades.

A instituição universitária caracteriza-se pela sua capacidade de reinvenção,

no dizer de Trigueiro (1999), a sua grande complexidade aliada à necessidade de

maior adaptação ao ambiente externo e à realidade mundial, especialmente no

tocante à produção do conhecimento científico e tecnológico, torna a inovação na

gestão universitária um tema merecedor de extensa reflexão. A sua evolução ao

longo dos tempos nos traz referências importantes para a compreensão deste

fenômeno.

Segundo Trigueiro (1999, p. 40), “a mudança nas organizações complexas é

um dos temas mais instigantes da atualidade” e, corroborando com o autor, temos

constatado, em nossa convivência no ambiente universitário, a perplexidade de

estudantes, funcionários, docentes e dirigentes, diante dos desafios impostos por

estas transformações no seio da instituição. São muitas e diversificadas as reações

e as atitudes dos atores deste processo, variando na comunidade acadêmica

expressões que vão desde o entusiasmo à abominação.

Com a intensificação da velocidade das transformações operadas na sociedade, implicando alterações em um conjunto grande de ambientes sociais, valores, padrões de conduta humana e relações, o assunto ganha importância crescente entre os administradores, sociólogos, economistas, engenheiros, psicólogos e dirigentes de órgãos públicos, envolvidos com a questão da gestão contemporânea. (TRIGUEIRO, 1999,p.40)

A produção de conhecimentos sobre a dinâmica destas mudanças, permitindo

uma discussão ampla e crítica sobre a questão da inovação dos modelos de gestão,

com o uso das tecnologias da informação, torna-se uma necessidade,

principalmente na busca de um modelo de gestão que esteja referenciada nos

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avanços dos conhecimentos, tal qual a concepção de cooperação tecnológica

(CASTELLS, 2000, p.380) e no compartilhamento de ideias e recursos, que poderá

ser adotado pelos gestores das universidades, com a participação da comunidade

universitária, desvelando medidas e gerando meios para o enfrentamento das

dificuldades decorrentes do processo de adaptação a estas mudanças,

especialmente as universidades públicas brasileiras e baianas.

Neste cenário de atualização da instituição universitária, o governo federal

brasileiro vem conduzindo um conjunto de políticas públicas visando à

reestruturação da educação superior, que se resume em alguns princípios tais como

“[...] a diversificação e a diferenciação do sistema de ensino para atender a sua

massificação, a expansão, a avaliação, o credenciamento e o recredenciamento com

base na flexibilidade e na competitividade” (CATANI; OLIVEIRA, 2002, p.12).

Segundo Catani e Oliveira (2002, p. 13), o Ministério da Educação (Mec) vem

estimulando este processo através da:

a) criação de centros universitários, com autonomia para o desenvolvimento de atividades na área de ensino e formação profissional;

b) regulamentação dos chamados cursos sequenciais, isto é, cursos superiores de curta duração, voltados para uma formação profissional específica ou para complementação de estudos, como alternativa de acesso da sociedade ao ensino de terceiro grau;

c) flexibilização curricular que incentive o desenvolvimento de projetos pedagógicos mais específicos, procurando atender aos interesses regionais, combater a evasão, aumentar a participação dos setores que integram a formação e ampliar o espaço do aluno na definição do seu currículo, além de adequar os cursos as demandas do mercado de trabalho;

d) instituição e consolidação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com a finalidade de diversificar o processo de acesso, oferecendo alternativa(s) de associação ou substituição do vestibular;

e) política de incentivo aos programas de ensino a distância, os chamados cursos virtuais, incluindo cursos de graduação. (CATANI; OLIVEIRA, 2002, p. 13)

Com as reformas da educação básica tendo em vista a sua universalização,

política que tem aumentado significativamente o número de matrículas no ensino

médio, o aumento da população e as novas exigências do mercado de trabalho,

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espera-se para os próximos anos uma explosão de demanda por educação superior

no Brasil. Para atender as questões da expansão e da melhoria da oferta, percebe-

se nas políticas oficiais a tendência de substituição do modelo único de universidade

baseado na indissociabilidade do ensino-pesquisa-extensão, pelo modelo

diversificado e flexível, introduzindo novos tipos de instituições de ensino superior e

novas modalidades de graduação que permitam a expansão da oferta.

Esta nova realidade traz ainda o desafio da parceria interinstitucional,

apontada por Catani e Oliveira (2002) como alternativa para a escassez de recursos,

que nos últimos anos vem sendo drasticamente reduzidos pelos governos em todas

as instâncias. Incentiva-se o estabelecimento de parcerias com as empresas e com

o poder público visando a enriquecer o conhecimento, contribuir para o progresso

regional, desenvolver o trabalho em equipe e a interdisciplinaridade. Outro estudioso

do tema, Casper, afirma, em sua obra Um mundo sem universidade, corroborando

Humbolt, que as universidades devem ter autonomia para

[...] pesquisar, ensinar e formar, contribuir na esfera pública, colocar a sua competência a disposição da economia, acelerar o ritmo das inovações, liderar o processo econômico, favorecer o aperfeiçoamento das condições sociais, estimular melhor qualidade de vida, obter fundos externos para o financiamento da pesquisa (CASPER; HUMBOLT, 1997, p. 46).

É nesta perspectiva da autonomia, da flexibilidade e melhoria da eficácia, do

atendimento às pressões para a expansão da oferta e do acompanhamento dos

avanços sociais e tecnológicos, da participação ativa na implementação das políticas

de governo com todas as implicações destas mudanças no contexto das políticas

neoliberais que as norteiam, que se busca a análise crítica deste processo,

perscrutando as formas de perceber e apoiar/resistir a estas mudanças na

comunidade universitária, desvelando a sua capacidade de adaptar-se sem perder a

sua essência, encontrando-se nos novos projetos e ao mesmo tempo reafirmando a

sua identidade, inovando seus processos de gestão, contemplando a inovação

tecnológica e as novas tendências dos meios de comunicação e informação na

sociedade contemporânea, reafirmando o seu papel de produtora e utilizadora

destas mesmas transformações.

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Nessa conjuntura, é necessário compreender a relação que as inovações

pragmáticas e metodológicas da gestão mantêm com as mudanças contemporâneas

na natureza social do trabalho, ligado diretamente à flexibilidade, velocidade e

eficiência a favor do mercado internacional ou das necessidades sociais (SCHAFF,

1995), por uma globalização neoliberal ou uma globalização solidária (SANTOS,

2000).

Corroborando estas reflexões sobre os requerimentos da sociedade às

universidades, Moruno (2005, p. 20) afirma que, “se requiere de una expansión de la

educación superior substancialmente mayor, para afrontar los desafíos de la

sociedad del conocimiento”. O autor afirma ainda que em médio prazo faz-se

necessária a universalização da educação universitária, a partir de modalidades

educativas diferenciadas, tais como a educação profissional e os programas de pós-

graduação, como por alternativas que possibilitem a educação ao longo de toda

vida.

Moruno (2005, p. 277) destaca as novas potencialidades advindas da

revolução tecnológica nos campos da comunicação e da informação que permitirão

formas mais aceleradas de aquisição e de transmissão do conhecimento e

recomenda uma estratégia a nível nacional de

[...] impulso a um sistema de educación aberta y a distancia que articule los programas y las redes institucionales del país entre si, y de éstas com los otros países, particularmente com los de America Latina.

A título de proposição para o futuro da universidade, Moruno ainda defende

que “las transformaciones profundas de la educación superior que se requierem,

exigen de nuevas alianzas entre las IES, el Estado y la sociedad y de cambios en el

sistema normativo” (MORUNO, 2005, p.276).

Estas reflexões trazidas pelo autor boliviano, publicadas em 2005, coincidem

com os rumos que tem tomado a educação superior no Brasil e nos auxiliará na

discussão do processo de criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil,

passando antes pela definição do que é uma universidade aberta e contribuindo para

o melhor entendimento do modelo brasileiro.

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2.3.3 A Universidade Aberta no Brasil

A ideia de se criar no Brasil uma universidade aberta data da década de

setenta e, segundo Clímaco (2011), tramitaram no Congresso Nacional entre 1972 e

2011, nove projetos de lei sobre este assunto, que “não prosperaram”. O registro da

primeira tentativa formal se deu através do Projeto de Lei – PL n.º 962-A de 1972,

apresentado pelo Deputado Alfeu Gasparini, disponível no Diário do Congresso

Nacional de abril de 1974 (DCN, p. 1747), que “Dispõe sobre frequência livre em

cursos de nível universitário”.

Com este projeto o autor não propunha a criação de uma universidade, mas,

inspirado em notícias vindas dos Estados Unidos, que davam conta de experiências

bem sucedidas de estudos livres, realizados fora dos recintos escolares, justificava a

sua proposição, fazendo referência ao caso do presidiário Vitor Laurence Taylor, que

mesmo condenado e impedido de frequentar às aulas, obtivera aprovação com

média 9,89, obtendo o grau de bacharel, sem prejuízo dos trabalhos forçados a que

fora condenado.

O deputado argumentava ainda que pessoas não privadas de liberdade teriam

muito mais facilidades e poderiam frequentar bibliotecas, reunir-se com colegas e

professores e se valer dos meios de comunicação. Quanto a estes últimos,

argumentava que “a imprensa falada, escrita e televisionada, utilizadas em suas

capacidades de penetração, se constituem num instrumento capaz de suprir a

exigência de frequência às aulas, em determinados cursos” (GASPARINI, 1972,

p.11).

Gasparini (1972) citava ainda que esta prática já era adotada nas

universidades americanas da Califórnia e de Illinois, e reforçava seus argumentos

afirmando que, em casos de cursos que exigissem estágio ou práticas, estes seriam

obrigatórios, se os regimentos dos cursos assim determinassem.

Este projeto foi relatado pelo Deputado Oceano Carleial (GASPARINI, 1972),

que o considerou vago e impraticável, aconselhando que a matéria aguardasse um

julgamento posterior, mais amadurecido, tendo em vista já existir na época um grupo

de trabalho na Câmara estudando e examinando a viabilidade deste propósito. A

comissão de Educação e Cultura, acompanhando o voto do relator, rejeitou,

unanimemente, o Projeto.

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Considerado a primeira tentativa de criação de uma universidade aberta no

Brasil, tendo em vista que o projeto anterior trazia a ideia de estudos livres em

universidades convencionais, apenas dispensando o aluno trabalhador da

obrigatoriedade da frequência, o projeto de lei PL n.º 1878 de 1974, apresentado ao

Congresso Nacional pelo Deputado Pedro Faria, instituía a Universidade Aberta e

definia no parágrafo único do seu artigo primeiro ser uma “instituição de nível

superior, cujo ensino seja ministrado através de processos de comunicação a

distância”.

Publicado no Diário do Congresso Nacional de abril de 1974, às páginas

1752-1753, o projeto definia em seu artigo segundo que “o instrumento básico da

comunicação a distância será a palavra escrita” e acrescentava que “sem prejuízo

de outros meios didáticos que possam ser adotados, a Universidade Aberta utilizará

fitas gravadas de som, som e imagem, dispositivos, televisão, rádio e cinema”.

Outra característica importante da proposição foi a criação em seu artigo

terceiro dos Centros Regionais como unidades integrantes da Universidade Aberta,

onde os alunos recorreriam para efetuar matrícula, receber acompanhamento do seu

aprendizado, fazer recuperação de estudos e fazer as verificações de

aprendizagem.

Pelos dispositivos da lei proposta, os cursos ofertados por estas

universidades estariam sujeitos às mesmas exigências da legislação do ensino

superior quanto à autorização de funcionamento, reconhecimento, mínimos

curriculares e duração, aprovação de estatutos e regimentos. Os certificados e

diplomas emitidos teriam ainda que ser registrados no Ministério da Educação e

Cultura e teriam validade idêntica àqueles obtidos em nível superior de graduação.

A justificativa apresentada pelo deputado fazia referências às recomendações

da Unesco quanto à adoção pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento da

educação permanente e fazia referências “à rapidez do desenvolvimento científico e

tecnológico, que exige do homem uma constante atualização e expansão dos seus

conhecimentos” (FARIA, 1974, p.6). Ainda neste texto, o autor faz uma referência ao

que chama de escola-endereço, aquela considerada como um prédio para o qual

convergem todos os estudantes que, em sua opinião, corroborando as ideias da

escola nova, estaria sendo confrontada pela ideia de “escola-função”, a escola que

está em toda parte, onde quer que chegue a informação (FARIA, 1974, p.6). .

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A busca da criação de uma universidade aberta no Brasil não é uma ideia

inédita que tenha surgido apenas de uma inquietação de educadores e políticos com

propósitos mais ousados. Nesta época em que os projetos começaram a ser

apresentados e debatidos pelas câmaras legislativas e no âmbito do poder

executivos no País, já existiam em muitas partes do mundo instituições que

mantinham experiências bem sucedidas e sedimentadas de oferta de cursos na

modalidade a distância.

Fazendo um breve retrospecto das experiências que sucederam estas

tentativas de introdução da educação a distância na universidade brasileira, vamos

encontrar Pennsylvania State University, cursos por correspondência sendo

oferecidos desde 1892 e, além desta universidade americana, conforme citado por

Nunes (2009), outras instituições naquele país já haviam iniciado a oferta de cursos

a distância, tais como Stanford (1969), Utah (1916) e Ohio (1924). O autor relata

ainda que muitos países, tais como a Austrália, o Japão, a Índia, Nova Zelândia e

Indonésia, já mantinham em suas universidades a educação a distância implantada,

beneficiando milhões de pessoas que encontravam nesta modalidade de ensino a

possibilidade de acesso à educação superior.

Para Clímaco (2011), a inércia na aprovação dos projetos de lei da

universidade aberta no Brasil desta época é vista como uma negligência, e o autor

faz referência a duas universidades que têm projeção mundial e foram criadas

respectivamente, a Open University na Inglaterra e Universidad Nacional de

Educacíon a Distancia (UNED) na Espanha, em 1971 e 1972.

Enquanto isso no Brasil, o mesmo deputado Pedro Faria voltou a apresentar

um Projeto de Lei n.º 3700 em 19 de maio de 1977, que também foi arquivado pela

mesa da câmara em 1979. Outros tantos, tais como o PL 4.576/1981 do Deputado

Carlos Santos; o PL 8.571/1986 do Deputado Paulo Lustosa; o PL 200/1987 do

Deputado Lúcio Alcântara; o PL 4.592/1990 do Deputado Carlos Sant‟Ana e,

finalmente, entre os projetos que não prosperaram, o PL 62/1991 do Deputado Jorge

Hage, todos arquivados sem alcançar os efeitos desejados.

Quadro 1 – Resumo das tentativas de criação da UAB

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Ano Proposição Objeto

1972 Projeto de Lei 962-A/72 - Dep. Alfeu Gasparini Dispõem sobre frequência livre em cursos de nível universitário

1974 Projeto de Lei 1978/74 - Dep. Pedro Faria Institui a Universidade Aberta

1977 Projeto de Lei 3700/77 - Dep. Pedro Faria Institui a Universidade Aberta

1981 Projeto de Lei 4576/81 - Dep. Carlos Santos Institui a Universidade Aberta

1986 Projeto de Lei 8571 - Dep. Paulo Lustosa Institui a Universidade Aberta

1987 Projeto de Lei 200/87 - Dep. Lúcio Alcântara Institui a Universidade Aberta

1990 Projeto de Lei 4592/90 - Dep. Carlos Sant‟Ana Institui a Universidade Aberta

1991 Projeto de Lei 62/91 - Dep. Jorge Hage Institui a Universidade Aberta

Fonte: Elaboração própria.

O quadro acima apresenta uma síntese de todas as tentativas de criação de

uma universidade aberta no Brasil, cuja proposições se iniciaram em 1972, tendo

sido arquivadas ao longo deste período de 19 anos, sem que se encontrasse apoio

político para a sua concretização. Como visto nestes registros históricos, esta

modalidade de ensino no nível superior de educação teve início desde o final do

século XIX, na Pennsyllvania, EEUU e foi se ampliando por vários países, sendo o

seu marco de maior expressão a criação, no final da década de sessenta, da Open

University, no Reino Unido, sempre citada como uma experiência exitosa nesta área,

tendo em vista as suas dimensões, em todo o mundo, a grande variedade de cursos

e quantidade de estudantes.

A Universidade Aberta Inglesa (Open University – OU), fundada em 1969, é

uma instituição de ensino a distância com uma política de admissão aberta, isto é,

sem exigências de pré-requisitos admissionais ou exames vestibulares. Seus cursos

são modulares, e as certificações são parciais para permitir que os estudantes, em

sua maioria adultos, trabalhadores e donas de casa, possam estudar sem ficarem

presos por longos períodos, acumulando ao longo do tempo graus de competência e

níveis de conhecimentos que permitirão ao final a obtenção de um diploma de

graduação, sem limite de tempo de conclusão.

Atualmente, mais de 180 mil estudantes interagem com a OU de forma online.

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O centro administrativo da universidade está localizado em Milton Keynes, cidade do

Condado de Buckinghamshire, sul do Reino Unido. Além desta central, a OU possui

13 prédios em diferentes regiões do Reino Unido e escritórios em alguns países

europeus. As áreas de estudo disponíveis incluem Artes, Educação e Estudos de

Línguas, Saúde e Cuidado Social, Direito, Matemática, Computação e Tecnologia,

Ciências Sociais e Negócios.

No Brasil, a resistência à educação na modalidade a distância, evidenciada

neste histórico apresentado acima (ver quadro 01), só foi vencida em 2005 com a

criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Isto nos fez ficar parados

no tempo, restando-nos a constatação de que, após a criação da UAB, no entanto,

amodalidade de educação a distância tem experimentado um grande crescimento na

universidade pública brasileira, contando hoje com 250 mil estudantes matriculados

e com mais de 100 instituições.

2.4 A NOÇÃO DE REDE E AS REDES DE UNIVERSIDADES

O termo rede vem sendo amplamente empregado, com sentidos diversos,

para definir um conjunto qualquer de objetos conectados entre si de algum modo.

Devido a sua utilização para qualificar coisas muito distintas, a construção de um

conceito que seja claro e conciso fica muito comprometida. Segundo Watts (2009,

p.11), quando falamos em redes “[...] podemos estar falando de pessoas em uma

rede de amigos ou em uma grande empresa, de roteadores na Internet ou de

neurônios disparando em um cérebro”.

O autor faz referência à emergência de uma ciência das redes, nascida desde

1736, baseada em objetos matemáticos chamados grafos, quando um dos maiores

estudiosos da área em todos os tempos, Leonard Euler, compreendeu que o

problema, por ele proposto, de dar um passeio por todas as sete pontes da cidade

de Konigsberg, sem cruzar a mesma ponte duas vezes, podia ser formulado como

um grafo.

Euler constatou, segundo Watts (2009), que o passeio seguindo estas regras

era impossível, e este foi o primeiro teorema na teoria dos grafos, que desde então

cresceu, até se tornar um dos principais ramos da matemática. A teoria das redes

migrou para outras áreas da sociologia e antropologia, engenharia, ciência da

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computação, física, biologia e economia, cada uma com a sua própria versão.

Nas ciências humanas, segundo Dias (2007, p.12), a rede tem sido pensada

primordialmente como forma particular de organização social – grupos, instituições

ou firmas; urbana; transnacional – econômico-política; mas, sobretudo, e

principalmente, técnica.

A rede técnica é objeto de muitas representações, frequentemente marcadas por discursos prospectivos, segundo o pressuposto de causalidade linear entre o desenvolvimento técnico e as mudanças sociais e espaciais. (DIAS, 2007, p.12)

O autor Musso (2001), citado por Dias (2007, p. 13), afirma ainda que “a

noção de rede se tornou onipresente, e mesmo onipotente”. Verifica-se, então, que

ela perpassa por várias áreas do conhecimento e está presente em diversos campos

da atuação humana.

Para ilustrar esta abrangência do conceito de rede, consideremos tal como

Rocha (2008, p. 16) que a imagem de rede tem estado presente desde a

antiguidade, “[...] nas mais diversas culturas, como um entrelaçamento de

representações simbólicas, místicas, mágicas, inconscientes, plásticas, rituais,

religiosas e ontológicas".

Na atualidade, a metáfora da rede com os seus pontos e fios tem sido

utilizada para representar uma infinidade de coisas e a própria sociedade humana

como vimos em Castells (2000). A revolução das tecnologias da informação e da

comunicação e o advento da Internet, a redes das redes (CASTELLS, 2000), nos faz

citar Mance (1999, p. 24) ao afirmar que “não se deve confundir as redes com os

distintos tipos de mediações que as possibilitam”.

Watts (2003, p. 11) nos fala em redes reais “[...] que representam populações

de componentes individuais que estão fazendo algo na realidade – gerando energia,

enviando dados ou até tomando decisões”.

A estrutura das relações entre os componentes de uma rede, segundo Watts

(2003) afeta o comportamento individual de cada componente, assim como o

comportamento do sistema como um todo.

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Watts (2003, p. 12)entende que redes não são estáticas, ao contrário, para o

autor “redes são objetos dinâmicos não apenas porque as coisas acontecem nelas,

mas porque as próprias redes estão evoluindo e mudando no tempo, impelidas pelas

atividades ou decisões desses mesmos componentes”.

Avançar neste esforço de conceituação do sentido de rede nos permitirá uma

análise da sua dinâmica no decorrer desta pesquisa. Faz-se necessário, contudo,

fazer um recorte e enfatizar a compreensão deste conceito em torno do campo do

estudo a que nos propomos realizar. A rede que nos interessa estudar é uma rede

interinstitucional, composta de universidades, que se reuniram por motivações

diversas, para, em conjunto com o governo federal brasileiro, através do Ministério

da Educação, criar um sistema nacional e atuar na concretização de uma política

pública, no âmbito de um programa, sob a denominação de Universidade Aberta do

Brasil. Esta é uma rede real que já opera e possui uma morfologia a ser desvelada e

melhor compreendida.

Neste sentido, a definição de rede que mais se aproxima da realidade que

pretendemos representar nesta pesquisa vem de Mance (1999, p. 24), ao nos dizer

que:

Rede é uma articulação entre diversas unidades que, através de certas ligações, trocam elementos entre si, fortalecendo-se reciprocamente, e que podem se multiplicar em novas unidades, as quais por sua vez, fortalecem todo o conjunto, na medida em que são fortalecidas por ele, permitindo-lhe expandir-se em novas unidades ou manter-se em equilíbrio estável.

Mance (1999, p. 24) afirma ainda que “cada nódulo da rede representa uma

unidade e cada fio um canal por onde essas unidades se articulam através de

diversos fluxos”.

A ideia contida neste conceito de rede quando afirma que cada unidade pode

se multiplicar em novas unidades, certamente, novas redes, reveste-se de especial

importância neste estudo. O autor propõe que esta multiplicação fortalece o conjunto

e que estas unidades multiplicadas são também fortalecidas por ele.

Este conceito de rede como articulação de unidades que trocam entre si e

buscam o equilíbrio, ao ser complementado pela análise das suas propriedades e

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princípios de existência, nos levará a outro conceito importante, a ser acrescentado

para composição do quadro de análise da rede de universidades que compõem a

UAB, que é o conceito de colaboração que será explorado mais adiante.

São seis princípios que orientam a noção de rede, segundo Mance (1999). O

primeiro, da autopoiese, determina que a rede funciona como um sistema aberto

semelhante aos sistemas vivos e, neste sentido, é um sistema autopoiético.

Cunhada na biologia pelos autores chilenos Maturana e Varela, a organização

autopoiética é característica dos sistemas vivos, autônomos, que são capazes de

“[...] produzirem continuamente a si próprios” (MATURANA, 2001, p. 52), num

processo de autorreprodução e autorregulação.

O segundo princípio apresentado pelo autor é o da intensividade e “[...]

significa que cada unidade da rede venha atingir e envolver um maior número de

pessoas no local onde aquela unidade atua” (MANCE, 1999, p. 24). O terceiro é o

princípio da extensividade que “[...] significa expandir a rede para outros territórios,

colaborando no surgimento de novas unidades suas e no desenvolvimento destas,

ampliando a abrangência da rede e fortalecendo o seu conjunto” (MANCE, 1999, p.

25).

O quarto princípio desta rede é o da diversidade através do qual a rede será

capaz de integrar, de maneira fecunda e criativa, as ações realizadas pelas suas

unidades, praticando a colaboração, articulando seus recursos e consolidando a

implementação de seus projetos, fortalecendo cada nó na medida em que ele

mantém um fluxo constante com os demais.

O quinto princípio é o da integralidade e significa que “todos os objetivos da

colaboração solidária, defendidos pelos diversos nódulos da rede em particular,

sejam assumidos pelo conjunto dos nódulos da rede” (MANCE, 1999, p. 25). Por

este princípio, cada nódulo assume o compromisso de fortalecer os demais,

contribuindo para o fortalecimento de toda a rede.

Por fim, o sexto e último princípio, que é o da realimentação. Este significa

que as ações desenvolvidas pela rede, através dos seus nódulos e suas

articulações, agenciem novas ações da própria rede, ampliando-a e envolvendo

cada vez mais unidades e fortalecendo-a, possibilitando transformações em cada

nódulo em particular e da rede como um todo.

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Pode-se ver, pelos exemplos acima e pelas reflexões sobre rede vistas neste

capítulo, que o propósito de formalização deste processo com a análise das redes

formadas intramuros nas universidades, tanto quanto aquelas em formato

interinstitucional, é muito pertinente e está voltado para as tendências atuais e

futuras da gestão universitária.

Faz-se necessário também a definição de uma metodologia de construção e

análise destas redes, que dê os meios e caminhos mais apropriados para esta

análise. Neste sentido, optamos pela cartografia cognitiva como referencial teórico e

pelas técnicas de construção de mapas do conhecimento, como forma de

representação destas redes que serão utilizadas para delinear este processo e

analisar o seu formato.

2.5 GESTÃO DO CONHECIMENTO E A INOVAÇÃO NA UNIVERSIDADE

Para além da compreensão e a partir dos referenciais colhidos com o estudo

dos princípios da gestão do conhecimento na “era da informação” (CASTELLS,

2000) e da comunicação, buscaremos compreender os seus conceitos, destacando,

inclusive, a sua estreita ligação com o programa de pós-graduação em difusão do

conhecimento, no qual se insere esta pesquisa.

Os princípios norteadores deste programa consideram a importância da

participação de diferentes segmentos da sociedade nos processos de transformação

científica e tecnológica, buscando superar fatores restritivos a tal participação, entre

outros:

[...] a carência de lócus sociais de compartilhamento do conhecimento, onde não apenas se disponibilize informação, mas se possa transformar conhecimento explicito em implícito, (POLANYI, 1976) de domínio pessoal, que poderá ser novamente transformado em conhecimento coletivo, através de processos de colaborativos ou cooperativos, nesses espaços multirreferenciais de aprendizagem (BURNHAM, 2000, p. 25).

Neste sentido, os conceitos de gestão do conhecimento e sua abrangência,

principalmente o seu alcance social, será construído com a contribuição de autores

que o adotam com este referencial inclusivo.

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Antes de entrar no tema da gestão do conhecimento, faz-se necessário

compreender o conceito de gestão e de conhecimento.

2.5.1 A evolução do conceito e das teorias sobre a gestão

Gestão (ou administração) é conceituada como o “[...] processo de tomar

decisões sobre objetivos e utilização de recursos” (MAXIMIANO, 2009, p.6).

A gestão é praticada desde quando começaram a existir os primeiros

grupamentos humanos. Segundo Maximiano (2009), existem objetos arqueológicos

sumérios que datam do ano 3000 a.C. com escriturações comerciais e são os

indícios mais antigos de práticas administrativas da humanidade. Muitos outros

registros ao longo da história demonstram a evolução destas práticas, entretanto, foi

no final século XIX, segundo o autor, “[...] durante a revolução industrial, que

começaram se formar os modelos de administração, organização e sociedade que

se consolidaram no século seguinte” (Idem, p. 42). Pode-se acrescentar que muitos

deles ainda permanecem válidos até os nossos dias.

O marco histórico do maior movimento da administração clássica é o início do

século XX, em plena revolução industrial, idealizada pelos seus percussores,

Frederick Taylor e Henri Ford, que juntos a outros expoentes da época,

compartilhavam esforços para desenvolver princípios e técnicas científicas que

dessem eficiência e possibilitassem resolver os grandes problemas das empresas

industriais (MOTTA; VASCONCELOS, 2006; MAXIMIANO, 2009).

O avanço da produção larga escala e da linha de montagem para atender aos

grandes conglomerados urbanos, que surgiram no entorno das regiões produtivas e

nas grandes cidades, exigia o aperfeiçoamento dos processos produtivos e a

qualificação do trabalhador.

Em 1920, nos Estados Unidos, já havia oito milhões e quatrocentos mil

trabalhadores na indústria e empresas, como River Rouge, que tinham setenta e

dois mil empregados (MAXIMIANO, 2009). Neste contexto, sem que existisse um

modelo de administração adequado, havia muitos conflitos, afirma o autor, devido à

falta de noção clara da divisão de responsabilidades, da hierarquia, adequação do

trabalhador à tarefa, desentendimentos entre capatazes e operários e,

principalmente, em relação aos salários.

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O sistema de cálculo de pagamento de salários desenvolvido por Taylor, a

piece-rate system, baseado em pagamento por peça, é considerado o primeiro

trabalho da administração científica. Este sistema deu origem aos estudos dos

tempos e movimentos, que resultaram num grande avanço para o aprimoramento

dos processos de produção (MOTTA; VASCONCELOS, 2006).

Os avanços propostos por Taylor, na segunda fase deste modelo de

administração, culminaram com a criação de princípios basilares, que passavam

pela seleção e treinamento de pessoal, salários altos e baixos custos de produção,

identificação da melhor maneira de executar a tarefa e cooperação entre

administração e trabalhadores.

Na terceira fase, Taylor criou o departamento de planejamento, encarregado

do trabalho intelectual, determinando uma separação entre a atividade cerebral, que

cabia aos planejadores, engenheiros e administradores, e a atividade operacional,

ficando os trabalhadores e seus supervisores diretos encarregados dos trabalhos de

chão-de-fábrica.

O taylorismo, como é conhecido este modelo de administração, que deu

sustentação à produção em larga escala, experimentou uma grande evolução

quando se associou às ideias de Henri Ford, responsável por outra inovação

revolucionária que foi a criação da linha de montagem.

Aliadas, estas duas escolas permitiram

[...] a elevação ao mais alto grau de dois princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade: peças padronizadas e trabalhador especializado. (MAXIMIANO, 2009, p. 64)

Na produção de massa, as qualificações do trabalhador resumem-se ao

conhecimento necessário para a execução de uma tarefa, imagem que ficou

imortalizada por Chaplin, no filme tempos modernos.

Maximiano (2009) afirma que este modelo foi copiado pela indústria do mundo

inteiro e aperfeiçoado com o avanço da tecnologia. Grande parte das atividades de

rotina foram automatizadas, a mecanização e robótica permitiram grande avanço da

produtividade, substituindo a mão de obra humana.

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Ao modelo taylorista-fordista, somaram-se as ideias de Henri Fayol, outro

grande percussor da administração científica. Fayol definiu a administração como

um processo de tomar decisões agrupadas em categorias, chamadas de funções:

Planejamento, Organização, Comando, Coordenação e Controle. Para ele o papel

do dirigente consiste em tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e

atribuir responsabilidades aos integrantes da organização para que estas atividades

sejam realizadas numa sequência lógica.

O modelo clássico de Administração, segundo Maximiano (2009), perdurou e

se aperfeiçoou durante as sete primeiras décadas do século XX na maior parte do

mundo, dominando os modelos de gestão na Europa e nos Estados Unidos. Mas,

nos anos 1970, o mundo conheceu o modelo japonês que ficou conhecido como

Sistema Toyota de Produção ou toyotismo. Este modelo aperfeiçoou as técnicas e

proposições ocidentais sobre administração e representa hoje “[...] um dos principais

pilares que sustentam a competitividade na economia global” (MAXIMIANO, 2009, p.

185).

Os dois princípios constituem a base deste sistema: eliminação do

desperdício e fabricação com qualidade. A sua sustentação está baseada no

comprometimento e envolvimento dos trabalhadores, e isto é conquistado com a

administração participativa que promove a participação dos funcionários no processo

decisório.

O modelo japonês mantém a capacidade de produção em larga escala com

foco no combate ao desperdício de todos os recursos empregados na fabricação de

bens. As suas ideias principais são:

1) Eliminação da especialização excessiva da mão de obra, visando à racionalização

da força de trabalho, agrupando os operários em equipes com um líder. As equipes

buscam forma de produzir coletivamente, num processo de autogestão, manufatura

celular e trabalho em equipe.

2) Implementação do Just in time (na hora certa), sistema que reduz o tempo de

fabricação e o volume de estoques, através da manutenção de um fluxo contínuo de

materiais controlados por cartões chamados kaban, o que assegura a movimentação

de suprimentos na linha de produção. Os fornecedores de matérias-primas tornam-

se parceiros fixos que se encarregam de entregar a quantidade exata de materiais

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necessários ao ritmo de produção, evitando custos com estoques e desperdícios.

3) Criação da linha de produção flexível voltada para a fabricação de produtos em

pequenos lotes, contrastando com a filosofia ocidental de fabricar grandes lotes de

peças iguais, utilizando máquinas dedicadas e sem variabilidade do produto.

Percebemos neste breve histórico uma grande evolução dos processos de

gestão e das teorias administrativas, desde a origem da chamada administração

científica ou clássica até o surgimento do modelo japonês. Saliente-se que tratamos

neste breve resumo apenas dos principais momentos de transição que

representaram grandes saltos qualitativos e mudanças importantes na concepção e

no arcabouço teórico das diversas escolas apresentadas. No entanto, muitas foram

as contribuições de estudiosos e vários modelos, segundo Maximiano (2009), tais

como: a escola do processo administrativo, a abordagem comportamental, a teoria

das organizações, a abordagem humanista, entre outras, que foram propostos e

implementados com significativo êxito neste período entre o início do século XX até

os nossos dias.

Atualmente as concepções a respeito da administração e das organizações

têm-se voltado para o que os estudiosos chamam de pensamento sistêmico. Esta

forma de conceber a administração ou a gestão tem sido considerada pelos

estudiosos com “[...] uma ferramenta para lidar com a complexidade” (MAXIMIANO,

2009, p. 307).

No campo da administração, “complexidade é a palavra que indica o grande

número de problemas e variáveis presentes em uma situação” (MAXIMIANO, 2009,

p. 306). Para o autor, a complexidade compõe-se de diversas ideias

interdependentes:

a) situações complexas que significa que “a maioria dos problemas e questões, seja

qual for a sua extensão e conteúdo, devem ser encarados como produto de

múltiplas causas e variáveis interdependentes” (MAXIMIANO, 2009);

b) problemas complexos da sociedade moderna tais como as grandes

concentrações urbanas, o esgotamento de recursos naturais, transportes, educação,

ecologia, desemprego, inflação, criminalidade, epidemias, migração etc., que

caracterizam a situação contemporânea para os administradores das organizações

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públicas e privadas (MAXIMIANO, 2009);

c) organizações envolvidas em problemas complexos, muitas delas singulares, mas

resultam da interação e colaboração de diferentes organizações. São os portos,

aeroportos, organizações multilaterais, consórcios de empresas, prefeituras de

grandes cidades etc. (MAXIMIANO, 2009).

Nesta abordagem do pensamento sistêmico, encontramos os aspectos mais

importantes da teoria geral da administração para lidar com a gestão colaborativa do

conhecimento. Enxergar as questões da gestão com a visão que ficou conhecida

como modelo holístico de gerência, permite uma ampliação das possibilidades de

análise das relações entre este campo do saber administrativo e as suas interfaces

com as tecnologias da era da informação ou, como dizem os estudiosos da área, da

“administração na era digital” (MAXIMIANO, 2009, p. 459).

O enfoque ou pensamento sistêmico, segundo o autor (Idem, p. 308),

possibilita a visualizar a interação de componentes que se agregam em totalidades

ou conjuntos complexos, propicia entender a multiplicidade e interdependência das

causas e variáveis dos problemas complexos e, também, criar soluções para os

problemas complexos.

Nesta abordagem, o gestor não pode mais focar a sua atenção apenas para a

eficiência e eficácia na produção, sem considerar as suas implicações e impactos

nos diversos campos da sociedade e na vida do ser humano.

Entender a administração ou gestão conduzida a partir deste referencial

requer a compreensão da ideia de sistema, definida pelo autor como: “sistema é um

todo complexo ou organizado; é um conjunto de partes ou elementos que formam

um todo unitário ou complexo” (Idem, p. 308).

Complementando este conceito Maximiano (2009) nos diz ainda que o

entendimento desta ideia de sistema, o descreve como um conjunto de entidades

(elementos, partes ou componentes) que guardam alguma espécie de relação (ou

interação das partes) coma visão de uma entidade nova e distinta, criada por essa

relação, em um nível sistêmico de análise. Acrescenta ainda que os sistemas têm

componentes físicos ou concretos, tais como matérias, equipamentos e recursos

diversos (hardware), e conceituais ou abstratos, símbolos, regras, hipóteses,

conceitos, ideias e outras manifestações do comportamento ou da emoção

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(softwares).

Para melhor compreender este enfoque, o cientista alemão Ludwig von

Bertalanffy, citado por Maximiano, criou a teoria geral dos sistemas, cujas ideias

básicas destacam a “[...] interdependência das partes e o tratamento complexo da

realidade complexa” (MAXIMIANO, 2009, p. 316).

A interdependência das partes significa que, para compreender um sistema, é

preciso analisar não apenas os elementos, mas também as suas inter-relações. O

tratamento complexo da realidade complexa indica que as soluções tradicionais não

são mais suficientes para entender a realidade, e se faz necessário utilizar

abordagens de natureza holística ou sistêmica, generalistas e interdisciplinares

(2009).

Vistas a partir desta abordagem, as organizações são sistemas sociotécnicos,

ou seja, não só técnico, como grande parte das teorias da administração as

considera, enfatizando os recursos aplicados para a produção de resultados, e não

só social, como algumas escolas da administração (humanistas) consideram. O

enfoque sistêmico propugna a visão integrada e define que as organizações são o

conjunto de pelos menos dois sistemas que se influenciam mutuamente: o técnico e

o social (MAXIMIANO, 2009).

Outro conceito de organização contemporânea importante para este estudo é

o de Network Organizations ou Organizações em Rede, definidos como ambientes

organizacionais "[...] construídos com base nos estabelecimentos de acordos, links,

vínculos e contatos entre diversos grupos organizacionais" (MOTTA;

VASCONCELOS, 2006, p. 372).

Estas organizações são também descritas, segundo Motta e Vasconcelos

(2006), como organizações sem fronteiras e, além dos contratos e acordos, têm

suas atividades coordenadas com bases nas relações interpessoais, e não pela

criação de estruturas hierárquicas formais, custosas e rígidas.

Uma das características ressaltadas pelos autores citados é que as estruturas

em redes economizam custos, facilitam a coordenação e aumentam a flexibilidade

das organizações interligadas.

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2.6 O CONCEITO DE CONHECIMENTO E DE GESTÃO DO CONHECIMENTO

Para conceituar conhecimento, recorremos, inicialmente, ao que nos diz

Oliveira, Teixeira e Xavier (2012, p. 3),quando afirmam que "o conhecimento pode

ser considerado uma informação contextualizada". Para os autores, "a informação é

convertida em conhecimento a partir de elementos humanos, como os processos

mentais" (Idem, p. 3).

O conhecimento pode ser classificado em dois tipos: conhecimento tácito e conhecimento explícito. O conhecimento tácito é o conhecimento que não é documentado, é um conhecimento informal que flui entre as pessoas, ou grupos de pessoas, que trabalham em uma organização. Já o conhecimento explícito é aquele apresentado através de representações articuladas e codificadas como conhecimentos coletados e armazenados em repositórios da empresa onde determinado grupo de funcionários pode ter acesso (OLIVEIRA; TEIXEIRA; XAVIER, 2012, p. 3).

A noção de conhecimento tácito, como algo inerente ao sujeito, tem uma

importante contribuição de Michael Polanyi, um cientista da área da química, que

também se dedicou à filosofia e à epistemologia. Pensador contemporâneo, Polanyi

viveu entre 1891 e 1976, deixou muitas obras de reconhecido valor científico, entre

estas, Personal Knowledge (1958) e The Tacit Dimension (1966), que nos

interessam diretamente neste intento de conceituar o conhecimento.

Polanyi (1966, p. 14) partiu, na sua busca pela definição do que vem a ser o

conhecimento humano, de um pressuposto basilar de sua concepção, através da

qual afirmava que "nós conhecemos mais do que podemos dizer". Esta afirmativa

fica ainda mais clara quando na mesma obra ele afirma que "a maioria do

conhecimento não se pode exprimir por palavras" (Idem, p. 15).

Entre outros exemplos, Polanyi ilustra esta afirmativa analisando a nossa

capacidade de reconhecer uma pessoa vista antes, através dos seus traços

fisionômicos, mas de não sermos capazes de descrevê-la com detalhes suficientes

para que outras pessoas a reconheçam, a partir das nossas informações. Ele evoca

os recursos utilizados pela polícia para fazer um retrato falado, quando a testemunha

é confrontada com diversas características de fisionomias humanas e, apontando

aspectos particulares percebidos, auxilia na criação de uma imagem que chega

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muito próxima daquela pessoa que se pretende reconhecer.

O conhecimento para Polanyi (1966, p. 18) tem um forte componente da

percepção que faz a ponte entre os poderes criativos mais elevados do homem e os

processos corporais nas suas operações. Assim Polanyi afirma que o conhecer

tácito opera numa ação interna ao nosso corpo que somos completamente

incapazes de controlar ou mesmo de sentir por si própria (Idem, p. 26). Para ele, o

"nosso corpo é o instrumento final de todo o nosso conhecimento externo, intelectual

ou prático" (1966, p. 28). Neste aspecto, Polanyi entende o conhecimento tácito

como um processo de interiorização; para ele, "[...] não é olhando as coisas, mas

interiorizando-as, que nós compreendemos o seu significado conjunto" (Idem, p. 31).

Polanyi (1966) cita exemplos para ilustrar a sua concepção, tais como dizer

que saber a teoria do funcionamento de um automóvel não substitui a habilidade do

condutor, assim como o conhecimento que temos do nosso corpo não pode ser

substituído por um tratado de fisiologia humana.

Outra reflexão de Polanyi que nos auxilia na conceituação do conhecimento

tácito é feita em torno do conhecimento científico. O autor afirma que "o alvo

declarado da ciência é estabelecer um conhecimento estritamente autônomo e

objetivo" (Idem, p. 33), no entanto, "o processo de formalizar todo o conhecimento,

com a exclusão de qualquer conhecer tácito, é autodestruidor" (Idem, p. 34). Para

Polanyi, o conhecer tácito está na base do saber científico, pois, para que possamos

formalizar as relações que constituem uma entidade compreensiva, ela deve

primeiro ser identificada pelo conhecer tácito. O autor afirma que "um verdadeiro

conhecimento de uma teoria apenas pode ser estabelecido depois desta ter sido

interiorizada, e extensivamente usada para interpretar a experiência" (POLANYI,

1966, p.34).

O outro conceito importante para a nossa reflexão é o de gestão do

conhecimento; segundo Santos (2001, p.32), “[...] é o processo sistemático de

identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são

estratégicos na vida de uma organização”.

É, portanto, um processo coletivo que inclui a participação sistemática dos

indivíduos e grupos que compõem uma organização. Numa perspectiva mais ampla,

considera-se que o processo de gestão do conhecimento se efetiva num outro

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processo denominado aprendizagem organizacional, que vai desde a criação e

aquisição do conhecimento, sua organização e armazenamento, até a distribuição e

aplicação do mesmo.

A literatura sobre gestão conhecimento está muito voltada para os processos

empresariais ligados ao setor produtivo. Neste campo, o conhecimento é apontado

como fator de sobrevivência da organização. Criar e disseminar conhecimento torna-

se estratégia competitiva, e a inovação passa a ser um requisito do negócio das

empresas.

Alguns autores, a exemplo de Nonaka e Takeuchi (2008), afirmam que as

transformações do mercado, a proliferação das tecnologias, o crescimento da

competitividade e do número de competidores, acrescidos da rápida obsolescência

dos produtos, fazem com que as empresas bem sucedidas sejam aquelas que

inovam constante e consistentemente.

Na universidade a criação do conhecimento não se destina, necessariamente,

à manutenção da sobrevivência ou mesmo à busca da competitividade com esse

olhar de mercado. A instituição universitária não investe na criação de

conhecimentos para que eles sejam agregados a produtos que vão competir nas

prateleiras. Na realidade, o conhecimento é o seu produto essencial, e sua criação

de conhecimento pode ser definida como o seu próprio negócio.

Conhecimento, desta forma, não é meio para se alcançar resultados, na

realidade é ele o próprio resultado a ser alcançado.

Uma das medidas mais importantes da qualidade de uma universidade é a

quantidade e o nível de qualidade do conhecimento que produz. A quantidade é

definida pelo número de publicações em forma de livros, periódicos, papers e artigos

em eventos científicos, que é realizada em determinados períodos de tempo e a

qualidade é referenciada pelos órgãos avaliadores, tal como a Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em razão da classificação

nacional e internacional destas suas publicações e eventos.

As avaliações periódicas incidem sobre os cursos de graduação para os quais

existem vários sistemas, tal como o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino

Superior (SINAES), que inclui o Exame Nacional do Estudante (ENADE) e o Índice

Geral de Cursos (IGC), avaliando os estudantes e as instituições, respectivamente.

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Além disso, existem as comissões permanentes de avaliação interna, as avaliações

de credenciamento, que autorizam o funcionamento das instituições e/ou a oferta de

cursos novos, as avaliações de recredenciamento que, periodicamente, reavaliam as

instituições de ensino superior, visando a mantê-las credenciadas, a funcionar ou

aplicar penas, àquelas que não cumprem os dispositivos legais.

Na pós-graduação existe também o rigoroso sistema de avaliação periódica

da CAPES, que classifica os programas com notas e dão os parâmetros para a

definição da qualidade dos mesmos. Neste segmento, a qualidade é uma questão

de sobrevivência, pois os programas que não alcançam os padrões definidos podem

ser extintos.

Esta descrição breve dos processos de avaliação da universidade foi trazida

para esta reflexão em virtude da sua estreita ligação com a criação e a

disseminação, portanto, com a gestão do conhecimento, implícita à vida universitária

e determinante da sua existência.

A concepção da universidade como uma instituição eminentemente voltada

para a criação e difusão do conhecimento em todas as suas atividades, tal como

descrito acima, nos leva a proceder a um recorte a ser aplicado a esta pesquisa,

buscando estabelecer parâmetros que possam delimitar a abordagem que será dada

a este termo, bem como o campo de aplicação que será considerado neste amplo

universo da organização universitária.

Utilizaremos o conceito de conhecimento proposto pelos autores Nonaka e

Takeuchi (2008), originalmente, cuja disseminação tem sido constatada em diversas

publicações sobre o tema, além de teses e dissertações que contribuem para a sua

aceitação consistente na comunidade acadêmica e organizacional.

Tal como afirmado por Sabatinni (2009) e Polanyi (1966), os autores afirmam

que o conhecimento novo começa sempre com o indivíduo [grifo nosso]. Este tipo

de conhecimento de origem pessoal é definido como conhecimento tácito e decorre

do acúmulo de experiências que o indivíduo desenvolve ao longo do tempo

(NONAKA;TAKEUCHI, 2008).

O conhecimento tácito tem uma importante dimensão cognitiva e consiste em modelos mentais, crenças e perspectivas tão inseridas em nós que as consideramos naturais, não podendo, portanto,

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articulá-las com facilidade. (NONAKA;TAKEUCHI, 2008, p. 43)

A natureza intrínseca e pessoal conhecimento tácito tornam difícil a sua

comunicação. Referindo-se a Michael Polanyi, ao dizer que “sabemos mais do que

podemos dizer” os autores nos chamam atenção ainda para a sua característica de

ser um conhecimento “[...] profundamente enraizado na ação e no comprometimento

do indivíduo em um contexto específico” (NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p.43).

É muito comum, no ambiente do trabalho, fazer-se referência a este

conhecimento tácito como o segredo pessoal do profissional, o pulo do gato, ou seja,

aquele conhecimento que diferencia o sujeito e dá a ele a credibilidade pela

competência em resolver problemas delicados e complexos que exigem

conhecimentos/habilidades muito específicas do seu contexto.

O outro tipo de conhecimento conceituado pelos autores Nonaka e Takeuchi é

o conhecimento explícito. Este, oriundo do tácito, apresenta características bem

distintas. Ao contrário do primeiro, “o conhecimento explícito pode ser rapidamente

transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente” (NONAKA;TAKEUCHI, 2008,

p. 19). Para tornar mais clara a sua compreensão, os autores o descrevem

afirmando que “o conhecimento explícito pode ser expresso em palavras, números

ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas científicas, recursos visuais,

fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais” (Idem, p.19).

Num primeiro momento, ao sermos apresentados aos conceitos dos

conhecimentos tácito e explícito, acreditamos se tratar de tipos diferentes e opostos,

mas os autores nos esclarecem que o conhecimento não é tácito ou explícito. Ele é

tanto explícito quanto tácito, portanto, inerentemente paradoxais.

Para explicitar esta aparente dicotomia, eles recorrem à dialética e fazem

referência ao movimento que tem início na tese e desloca-se para sua oposição, a

antítese, sua negação. No terceiro estágio, tese e antítese reconciliam-se e

transcendem dando origem à síntese. Para Nonaka e Takeuchi (2008), esta última,

com o tempo, servirá de tese para dar início a um novo movimento dialético.

Aplicada ao conhecimento, a visada dialética nos traz reflexões que

aprofundam o conceito de conhecimento assumido nesta pesquisa com base nas

proposições destes autores. São apresentados três aspectos do par

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oposto/harmônico tácito-explícito. O primeiro representado pelas suas propriedades

de serem complementares um ao outro de também interpenetrantes. Isto é, o

conceito de um se torna mais claro quando entendemos o conceito do outro. Nonaka

e Takeuchi (2008, p. 23) fazem uma analogia entre luz e escuridão, em que a

existência de um é a ausência do outro e, levados aos extremos, ambos embotam a

visão. Nas palavras dos autores, “o exercício de uma forma de conhecimento exige a

presença e a utilização da outra forma”.

No segundo momento, estes pares opostos/harmônicos são contínuos e

interpenetrantes, ou seja, “existe algum conhecimento explícito em cada

conhecimento tácito e algum conhecimento tácito em todo conhecimento explícito”.

(NONAKA;TAKEUCHI, 2008, p. 22). Em terceiro lugar, ambos são realidades vistas

de um diferente ângulo ou contexto e “se tomados ao extremo ou tornados

absolutos, podem transformar-se um no outro” (NONAKA;TAKEUCHI, 2008, p. 22).

A partir deste movimento dialético entre o conhecimento tácito e o explícito, os

autores Nonaka e Takeuchi (2008, p. 23) definem a gestão do conhecimento nas

organizações como o processo de conversão que denominam síntese de

tácito/explícito.

Nonaka e Takeuchi (2008) apresentam um modelo que descreve como os

conhecimentos tácito e explícito são convertidos e, segundo eles, amplificados em

termos de qualidade e quantidade. O modelo SECI, representado na figura abaixo,

retirada da publicação, gestão do conhecimento, dos mesmos autores, descreve os

quatro modos de conversão, através dos quais, em movimento espiral, o

conhecimento segue um ciclo que vai da dimensão antológica, do indivíduo, tácito, à

dimensão epistemológica, explícito, em diferentes níveis, envolvendo as entidades

criadoras do conhecimento, além do indivíduo, o grupo, a organização, a

interorganização, num plano mais amplo.

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Figura 2 – Processo SECI

Fonte: Nonaka e Takeuchi, 2008, p. 24.

No modo de conversão denominado Socialização, a conversão do

conhecimento se dá de indivíduo para indivíduo. Caracteriza-se pelo

compartilhamento e pela criação do conhecimento tácito através da experiência

direta. Neste modo, os indivíduos compartilham modelos mentais e habilidades

técnicas, numa conversão de tácito para tácito. Podem ser colegas de trabalho,

mestre e aprendiz.

No modo de Externalização, que se dá do indivíduo para o grupo, ocorre a

conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito, através do diálogo e

da reflexão. Este modo de conversão é considerado pelos autores como elemento-

chave para a criação do conhecimento. Recomenda-se a utilização da metáfora, da

analogia e do modelo. Este movimento se desenvolve

[...] quando o indivíduo é capaz de articular os fundamentos do seu conhecimento tácito e convertê-lo em explícito, permitindo que ele seja compartilhado com a sua equipe de desenvolvimento de projeto. (NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 43)

O outro modo de conversão do conhecimento é denominado Combinação e

implica em sistematizar e aplicar o conhecimento explícito e a informação, num

movimento que vai do grupo para a organização. A combinação caracteriza-se pela

conversão de conhecimento explícito em explícito, ou seja, “é um processo de

sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento” (NONAKA;

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TAKEUCHI, 2008, p. 65).

Neste modo “os indivíduos trocam e combinam o conhecimento através de

meios como documentos, reuniões, conversas telefônicas ou redes de comunicação

computadorizadas” (NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 65).

Este é um modo de conversão do conhecimento que encontra situações

análogas na universidade. As atividades de educação formal, as pós-graduações, as

publicações científicas e as trocas de informações e conhecimentos entre pares,

caracterizam este movimento de transformação de conhecimento explícito em

conhecimento explícito novo.

As redes de comunicação computadorizadas potencializam este modo de

conversão de conhecimento, que nesta pesquisa terão grande importância, vez que

se pretende analisar e discutir a colaboração no processo de gestão que nada mais

é do que um sistema de trocas, através do qual o compartilhamento do

conhecimento se faz elemento-chave deste processo.

Finalmente, o quarto modo de conversão, denominado Internalização, implica

aprender e adquirir novo conhecimento tácito na prática e se dá da organização para

o indivíduo. Esta é uma conversão de conhecimento explícito em conhecimento

tácito. Ela ocorre através de uma incorporação do conhecimento explícito, existente

na organização, em conhecimento tácito pelo indivíduo, e está ligada ao “aprender

fazendo”. Este modo de conversão fecha o ciclo de criação do conhecimento

organizacional e dá sequência à espiral representada na figura 1, na medida em que

este conhecimento tácito internalizado pelo indivíduo necessita ser socializado com

outros membros da organização, reiniciando o ciclo e mantendo em movimento a

espiral do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 2008).

O processo de criação e socialização do conhecimento conforme descrito

está intimamente ligado ao conceito de inovação. O ciclo apresentado acima, se

integrado a uma estratégia de gestão organizacional, certamente levará a uma

contínua marcha de evolução e de aperfeiçoamento dos seus processos ou

produtos.

Numa definição clássica, apresentada por Serafim (2011), citando conteúdo

do Fórum de inovação da FGV, resume numa espécie de fórmula matemática que

inovação = ideia + implementação + resultado. Explicando, ele afirma que

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A inovação nasce com a ideia criativa, que se transforma pelo conhecimento em projeto, patente, registro ou fórmula, e finalmente é implementada com disciplina para criar valor e gerar retorno aos envolvidos no processo. (SERAFIM, 2011, p. 31)

Podemos dizer que este conceito representa um ciclo completo de inovação e

está muito ligado à ideia de invenção. Nesta perspectiva, a inovação está atrelada a

processos complexos e sofisticados a que as grandes empresas, com seus

laboratórios sofisticados, dedicam seus investimentos, mas também a empresas

pequenas, mas de alto grau de especialização, que encontram formas alternativas

de produzir algo novo, inédito no mercado.

Entretanto, o mesmo autor, citando Paulo Figueiredo, também da FGV, afirma

que a inovação pode se dar em graus distintos e acontecer mesmo quando se copia

algo de uma empresa líder ou se utiliza a Internet para analisar fornecedores e fazer

pedidos online, mudar a comunicação visual ou a disposição dos produtos em uma

loja, imitar, experimentar, adaptar etc., sempre buscando a atualização e a

sobrevivência em sintonia com o mercado (SERAFIM, 2011, p. 31).

Outro conceito de inovação reporta-nos ao Manual de Oslo (OECD, 2005),

elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OECD) que a define:

A inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OECD, 2005, p. 55)

Observamos nestes três conceitos como é diversificado o entendimento a

respeito da inovação e quão flexível é sua abrangência, permitindo que lidemos com

estratégias diferenciadas e que possamos enxergar possibilidades amplas de inovar

nas nossas organizações.

A autora Ilisangela Mais (2008) nos traz dois importantes pontos para

reflexão, ao citar Schumpeter (1961) e afirmar que existem duas categorias maiores

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81

de inovação: as radicais, que estão mais identificadas com rupturas intensas e as

incrementais, que estão voltadas para a continuidade de processos de mudanças e

podem incidir sobre aspectos mais simples da organização tais como os citados

acima por Serafim (2008), referindo-se às mudanças pequenas que se tornam

significativas no contexto onde são implementadas.

Entre estas mudanças e citando ainda Schumpeter (1961), podem ser

identificados cinco tipos de inovações, as quais podem ocorrer em graus variados de

acordo com as estratégias organizacionais e sua capacidade de investimentos.

Estes tipos de inovações podem incidir sobre os produtos, os métodos de produção,

o mercado, a matéria-prima ou a estrutura da organização.

Nesta pesquisa estamos em busca da compreensão desta inovação na

estrutura da organização universitária. Trata-se da inovação nos processos de

gestão que, segundo a nossa percepção, já está em curso, impulsionada pelo

atendimento às demandas por respostas ágeis para garantir o funcionamento dos

cursos ofertados na modalidade a distância pela Universidade do Estado da Bahia

(UNEB) no âmbito do Sistema UAB.

Trata-se de uma mudança organizacional que se dá no contexto de uma

sociedade que experimenta uma revolução da tecnologia da informação, conforme

descrito neste capítulo. Esta transformação inovadora caracteriza-se como uma

estratégia de gestão do conhecimento, de acordo com o modelo do ciclo de criação

do conhecimento organizacional, tal como definem os autores Nonaka e Takeuchi

(2008), representada como uma inovação incremental que visa ao aperfeiçoamento

do processo de gestão do segmento de educação a distância da Universidade.

O que se propõe é a caracterização de um processo de gestão colaborativa

em rede e, neste sentido, vamos conceituar estes elementos, que compõem este

processo e que servirão de parâmetros para a construção das análises, com o

objetivo de refletir sobre a inovação na gestão do conhecimento em rede na

universidade. São eles os conceitos de rede, gestão e colaboração, visando à

síntese se propõe compreender e dar forma como referência a ser seguida.

2.7 A COLABORAÇÃO COMO PROCESSO E COMO COMPETÊNCIA

A base destes princípios e deste tipo de rede conceituada acima é a

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colaboração. A palavra colaboração significa trabalhar juntos ou trabalhar em comum

com outrem na mesma obra ou atividade. Concorrer, cooperar para a realização de

qualquer coisa. Escrever para periódicos ou dar aulas numa universidade, sem

pertencer ao quadro efetivo dos seus empregados é também denominado,

usualmente, colaborar.

Observamos nestas reflexões sobre a colaboração duas ideias-chave na

compreensão deste tipo de trabalho coletivo. O trabalhar juntos pode dar uma

primeira impressão de proximidade física, ou seja, realizar um trabalho lado a lado

com outra pessoa, dividindo as tarefas. Por outro lado, a ideia de trabalhar em

comum, com uma ou muitas pessoas, atualmente já não implica uma proximidade

geográfica e abre espaço para o conceito de atuar juntos em separado, mais

condizente com a noção de redes de colaboração suportadas por recursos

tecnológicos.

As redes de colaboração já são muito comuns nas universidades, no contexto

da produção científica.

O estudo de redes de colaboração científica tem suscitado grande interesse no meio acadêmico, observando-se a realização de pesqui-sas – publicadas em veículos de reconhecido mérito internacional– voltadas para o desenvolvimento de metodologias e análises que buscam melhor compreensão desse fenômeno social que se verifica em todas as áreas do conhecimento, com maior intensidade nas ci-ências naturais, embora venha ocorrendo um aumento progressivo na área das ciências sociais. (SOUZA; BARBETEFANO; LIMA, 2012, p. 671)

Este processo de trabalho colaborativo, praticado no meio acadêmico, é

identificado como co-autoria. Nele os pesquisadores dividem a responsabilidade e o

mérito pela publicação dos resultados de pesquisas desenvolvidas em parceria.

Esta prática já é comum nos dias de hoje. Souza, Barbestefano e Lima (2012

p. 671), em artigo publicado na revista Química Nova, afirmam que

A co-autoria tem se intensificado nas últimas décadas, sendo que esse aumento ocorre tanto em incidência (fração de artigos que apresentam co-autoria) quanto em extensão (quantidade de cultores nas publicações).

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Concordamos com os autores ao afirmarem que “[...] aumento da realização

de trabalhos em co-autoria pode ser explicado em função das novas Tecnologias da

Informação e Comunicação (TICs), que favorecem o trabalho colaborativo à

distância” (SOUZA; BARBESTEFANO LIMA, 2012, p. 671).

Além destas facilidades, proporcionadas pelos meios de comunicação em

rede, outras razões são apresentadas pelos autores para justificar o aumento das

publicações em coautoria, denotando uma ampliação do trabalho colaborativo no

âmbito da pesquisa acadêmica. São elas:

[...] as políticas governamentais e das agências de fomento que estimulam a cooperação interinstitucional e internacional; os altos custos de P&D, que fazem com que pesquisadores compartilhem recursos e infraestrutura; a necessidade de especialização, principalmente nas áreas em que a instrumentalização é complexa, fazendo com que a colaboração ocorra em função da necessidade de divisão do trabalho e, da interdisciplinaridade da ciência que demanda pesquisadores advindos de diferentes áreas de conhecimento (SOUZA; BARBETEFANO; LIMA, 2012, p. 671).

Para ilustrar esta constatação dos autores citados, recorremos a Rocha

(2008), que apresentou, em seu livro “A reinvenção solidária e participativa da

universidade: um estudo sobre redes de extensão universitária”, a análise de três

redes reais. Neste caso, três redes voltadas para a extensão universitária, em vez da

pesquisa científica, tomadas propositalmente, para ampliar o espectro da análise,

demonstrando a existência da cultura de redes no ambiente interno das

universidades e também nas relações entre estas instituições.

A primeira rede analisada pelo autor foi a Rede Nacional de Extensão

Universitária (RENEX), criada em 1998, no âmbito das universidades federais

brasileiras com o propósito de fortalecer as ações de extensão no conjunto das

instituições integrantes. A segunda foi a Ação Nacional em Extensão Universitária

(ANEXU), uma rede de estudantes, que nasceu no 1º Congresso Brasileiro de

Extensão Universitária (CBEU), caracterizada como uma rede virtual e presencial

para debater as questões sobre a extensão universitária e as questões políticas

relacionadas ao tema. A terceira rede analisada foi a Unicidadania (universidade +

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cidadania), "[...] criada com o objetivo principal de aproximar as entidades de direitos

humanos das universidades públicas brasileiras" (ROCHA, 2008. p. 209).

Em sua composição, a Rede Unicidadania envolveu universidades estaduais

e federais da Paraíba, Pernambuco e Bahia, contando com o apoio do Movimento

Leigo para a America Latina (MLAL), uma organização não-governamental italiana,

coordenada pelo professor Enzo Melegari, que trouxe uma proposta de cooperação

internacional, no campo da cidadania e dos direitos humanos, através do Ministério

das Relações Exteriores da Itália.

Através do estudo destas redes citadas o autor afirma:

As redes e fóruns de extensão colaboram para a construção da cidadania e da democracia a partir da interconexão múltipla de seus membros e apresentam como um significativo recurso organizacional, tanto pelo ângulo das relações pessoais quanto pelo ângulo da reestruturação social, para superação dos obstáculos impostos a ela, sejam eles geográficos, hierárquicos, culturais, econômicos, políticos ou sociais (ROCHA, 2008, p. 221).

Estas práticas de colaboração na produção científica e extensão

universitárias, com a criação de redes com diversos propósitos e formatos, como os

descritos acima, já indicam a necessidade de estudos que possam desvendar o seu

significado, caracterizá-las e buscar formas de torná-las mais evidentes e eficazes,

nas mais diversas áreas e atividades acadêmicas. A compreensão do conceito de

colaboração, neste contexto, por sua vez, poderá dar maior consistência a estes

estudos, buscando, na literatura sobre o tema, os seus diversos sentidos ao longo

do tempo e empreendendo um esforço de desvendamento do seu potencial com a

utilização das tecnologias digitais que ampliam as possibilidades de

compartilhamento através das redes.

Como ponto de partida para o estudo da colaboração como uma

competência-chave para a educação e para a sociedade do século XXI, chamada

por alguns autores de sociedade em rede (CASTELLS, 2000), recorremos aos

trabalhos do grupo de pesquisa denominado Comunidade de Pesquisa sobre

Aprendizagem Colaborativa (Colearners21), do qual fazemos parte, sediado na

Open University, Reino Unido, mais especificamente no Knoweledge Media Institute

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(KMI), onde realizamos, entre maio e novembro de 2013, um estágio de doutorado

sanduíche, apoiado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES), órgão ligado ao Ministério da Educação do Brasil.

O grupo é composto de vinte e cinco pesquisadores de vários países,

principalmente o Brasil, Portugal, Espanha e Reino Unido, e estes estudos tiveram

origem numa conferência, organizada pela Fundação Telefônica da Espanha,

denominada Encontro Internacional de Educação 2012-2013 (Educared): Como

deve ser a educação do século XXI?

Caracterizado como um evento online, aberto e massivo, o Educared teve

início em abril de 2012 e se estendeu até novembro de 2013, realizando debates ao

longo de 18 meses, visando a intercâmbio de atividades e oficinas em rede, para

aprofundamento das discussões sobre o tema proposto. Além do diálogo online, a

cada dois meses foi realizado um encontro presencial em uma cidade distinta,

totalizando nove cidades, em diversos países e envolvendo mais de 50 mil pessoas,

entre professores, diretores, coordenadores pedagógicos, estudantes, pais e

profissionais do mundo da educação, especialistas ou interessados nos temas

propostos.

Foram nove temas que alimentaram o debate sobre o presente e o futuro da

educação. Os debates, além dos encontros presenciais, foram mantidos no portal da

conferência e se encontram disponíveis no endereço http://encuentro.educared.org/.

O Colearners21, cuja coordenadora, Professora Dra. Alexandra Okada,

participante da Conferência Internacional da Fundação Telefônica, decidiu

aprofundar os estudos sobre as competências-chave para a sociedade e a educação

para o século XXI, relacionando este tema com a sua área de concentração de

estudos, que é a coaprendizagem e coinvestigação. Desta forma, os estudos do

Colearn XXI foram organizados com a participação de investigadores interessados

no estudo das competências, elaborando a sua pergunta de pesquisa: Quais as

competências-chave necessárias que podem ser desenvolvidas tanto em ambientes

de eventos massivos para coaprendizagem, como também em ambientes de

coinvestigação? A pesquisa caracterizou-se como uma investigação exploratória

sobre as “Competências-chave para educação do século XXI na Era Digital”.

Utilizou-se da etnografia virtual como método de observação assíncrona

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(fórum e wikis) e síncrona (web conferência) das competências e habilidades

desenvolvidas, durante o processo de coinvestigação e coaprendizagem em dois

espaços virtuais.

Este estudo envolveu, além da análise das interações entre os participantes

do Portal Encuentro.Educared, do “Encontro Internacional de Educação 2012-2013”,

realizado pela empresa Telefônica, uma observação sistemática das interações entre

os pesquisadores do Reino Unido, Brasil, Portugal e Espanha, através do ambiente

de investigação Working Environment with Social, Personal and Open Technologies

(WeSPOT), financiado pela Comissão Europeia.

Para fundamentar estes estudos, foram selecionados documentos produzidos

por universidades, governos, organismos internacionais, empresas e fundações,

num total de quatorze publicações, no quadro 02, abaixo, que foram estudados e

debatidos pelo grupo entre abril e novembro de 2013.

Quadro 02 – Incidência das competências nos documentos e textos estudados

14 documentos analisados - Bibliografía

Dominios constitutivos T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9

T10

T11

T12

T13

T14

Alfabetización

Digital

Alfabetización Informacional

Alfabetización

midiatica

TIC

Tecnologias

Competencia

Digital

Comunicación-Colaboración

Colaboración

Comunicación

Pensamento Critico-Creativo

Pensamento Crítico

Creatividad

Alfabetizac

ión

Digital

Comunic

ación-

Colabora

ción

Pesament

o Critico-

Creativo

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T1 – NationalResearch Council - Washington(2012) - T2 – Government of Alberta (2010) - T3 – Hewlett (Finegold&Notabartolo,2010)- T4 - OECD

(Ananiadou&Claro, 2009) - T5 - Cisco, Intel & Microsoft( Binkley, et al., 2010)- T6 - NationalResearch Council - Washington (2011)- T7 –

UNESCO (2011) - T8 – The Bill & Melinda Gates Foundation (Conley,2007) - T9 –Mc Graw Hill (Beers,2011) - T10 - OECD(2005) - T11 –

QrEuEuropeanCommunites, 2007 T12 OECD PISA (2013) - T13 – T14 –EuropeanUnion(Ferrari, 2012)

Fonte: OKADA, 2013.

Das inúmeras categorias de competências apresentadas nestes diversos

estudos, foram selecionadas quatro, consideradas mais importantes, de acordo com

critérios definidos pelo grupo, que consistiram de identificar os textos que

apresentaram uma relação direta com a coaprendizagem e a coinvestigação,

abrangência conceitual e maior incidência nos documentos estudados. Dentre as

diversas competências estudadas neste documentos, foram escolhidas a

colaboração-comunicação, o pensamento crítico-criativo, as multiliteracias e o

raciocínio ético-científico, sobre as quais os estudos foram aprofundados.

A minha participação neste grupo de pesquisa foi compatibilizada com os

estudos do estágio de doutoramento, tendo em vista o meu interesse pelo

aprofundamento dos estudos sobre a colaboração, tema importante para a minha

pesquisa de tese. No Colearners21, dediquei-me à competência colaboração-

comunicação, tendo em vista a sua relação direta com o tema gestão colaborativa

em rede.

A base destas discussões partiu do conceito de competência adotado pelo

grupo, a partir das leituras e discussões dos diversos documentos.

No conceito da OECD, competência é

[...] mais do que apenas conhecimentos e habilidades. Envolve a capacidade de atender às demandas complexas, desenhando e mobilizando recursos psicossociais (incluindo habilidades e atitudes) em um contexto particular. Por exemplo, a capacidade de comunicar de forma eficaz de um indivíduo é uma competência que pode se basear no conhecimento da linguagem, habilidades práticas e

Alfabetización

científica

investigação

competencia

académica

Alfabetiza

ción

Científica

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atitudes em relação aqueles com quem ele ou ela está se comunicando (OECD, 2005, p. 4).

A competência da Colaboração está classificada no grupo das competências

interpessoais e relacionada com a capacidade de comunicação, de convivência com

pessoas de diferentes origens e interesses, de solução de problemas em grupos,

entre outras que podem ser vistas no texto.

Vista como competência-chave para a sociedade do século XXI, a

colaboração pode ser contemplada com um conceito mais amplo, que requer

habilidades eficazes de comunicação e também uma sensibilidade maior com os

colegas de trabalho. Em um mundo cada vez mais interdependente, segundo o

documento DeSeCo,"as pessoas precisam ser capazes de se envolver com as

outras, uma vez que irão encontrar pessoas de uma variedade de origens, é

importante que sejam capazes de interagir em grupos heterogêneos" (OECD, 2005,

p. 5).

A colaboração está relacionada com o domínio da comunicação e é vista

como uma necessidade para o sucesso no mercado de trabalho,

independentemente do nível de ensino ou tipo de trabalho. Como se observa, a

primeira competência-chave do projeto DeSeCo,

Refere-se ao uso efetivo de habilidades de linguagem falada e escrita, informática e outras habilidades matemáticas, em várias situações. É uma ferramenta essencial para funcionar bem na sociedade e no local de trabalho e participar de um diálogo eficaz com os outros. Termos como "competência de comunicação" ou "alfabetizações" estão associados a esta competência-chave. (OECD, 2005, p. 10)

Segundo Crebet (2004), uma pesquisa com estudantes de graduação

australianos apontou o valor do engajamento com outros para o desenvolvimento de

habilidades de comunicação e colaboração. Com base nas entrevistas, observou-se

que

O trabalho em grupo foi a opção preferida para o desenvolvimento da comunicação oral, resolução de problemas, trabalho em equipe, liderança, assumindo a responsabilidade e tomada de decisões e [em desenvolvimento] altos padrões éticos (CREBERT et al., 2004, p.

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15).

Como Gittell (2001) argumenta, este resultado está em linha com o corpo

maior de trabalho sobre a teoria pós-burocracia e que "[...] com níveis elevados de

interdependência de tarefas, o desempenho deverá beneficiar significativamente um

forte processo de grupo" (Idem, p. 468). O mesmo autor oferece uma extensa

discussão sobre "[...] a gestão das interdependências de tarefas - realizado no

contexto das relações com os outros membros do grupo” (Idem, p. 471), que

descreve como segue:

A Coordenação relacional inclui um componente de comunicação, refletindo a frequência e pontualidade de comunicação entre os membros do grupo. Além disso, inclui um componente relacional, refletindo na força de resolução de problemas, ajuda, respeito mútuo, objetivos comuns e conhecimento compartilhado entre os membros

do grupo envolvidos no mesmo processo de trabalho (GITTELL 2001, p. 471).

Para Beers, o conceito de Colaboração é "[...] trabalhar com os outros com

respeito e de forma eficaz para criar, usar e compartilhar conhecimentos, soluções e

inovações" (BEERS, 2011, p. 16).

Outros autores, buscando detalhar melhor este conceito, apresentam noções

mais ampliadas, trazendo definições de habilidades, conhecimentos e atitudes a ela

relacionadas. No documento Government of Alberta (2010), as habilidades inerentes

à competência colaboração, agrupada e definida junto com a liderança, significa

[...] participar de forma significativa e efetiva na vida da comunidade. Construir relações de respeito e carinho, gestão de conflitos e diferenças, e construção de consenso. Aceitar a responsabilidade por suas ações. Reconhecendo e aproveitando os seus (dos alunos), pontos fortes e potencialidades. Trabalhar em conjunto para influenciar mutuamente, motivar e orientar o outro na busca de objetivos comuns (GOVERNMENT OF ALBERTA, 2010, p.26).

Para Binkley e outros (2010, p.27), as habilidades relativas à competência

Colaboração são as seguintes:

Interagir eficazmente com os outros; falar com clareza e consciência

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do público e finalidade; ouvir com cuidado, paciência e honestidade; comportar-se de maneira profissional e respeitável; trabalhar eficazmente em equipes diversas; aproveitar as diferenças sociais e culturais para criar novas ideias e aumentar a inovação e a qualidade do trabalho; gerenciar projetos; priorizar, planejar e gerenciar o trabalho para alcançar o resultado pretendido pelo grupo; orientar e conduzir os outros; usar a capacidade interpessoal para resolver problemas, influenciar e orientar os outros para um objetivo; alavancar os pontos fortes dos outros para realizar um objetivo comum; inspirar outros a alcançar o seu melhor através de exemplo e abnegação; demonstrar integridade e comportamento ético na utilização de influência e poder.

Os mesmos autores definem os conhecimentos inerentes a esta competência

afirmando que são:

[...] trabalhar eficazmente em equipes diversas; conhecer e reconhecer os papéis individuais de uma equipe de sucesso e conhecer seus pontos fortes e fracos, reconhecendo e aceitando-os em outros; gerenciar projetos saber como planejar, definir e atingir metas; monitorar e re-planejar à luz de acontecimentos imprevistos. (BINKLEY et al., 2010, p. 31)

Quanto às atitudes, Binkley e outros (2010, p.32) afirmam que aquelas ligadas

ä Colaboração são:

Interagir eficazmente com os outros; saber quando é apropriado ouvir e quando falar; comportar-se de maneira profissional respeitável; trabalhar eficazmente em equipes diversas; mostrar respeito pelas diferenças culturais e estar preparado para trabalhar de forma eficaz com pessoas de uma variedade de origens sociais e culturais; responder com a mente aberta a diferentes ideias e valores; perseverar para atingir metas, mesmo em face de obstáculos e pressões de concorrentes; ser responsável com os outros; agir de forma responsável com os interesses da comunidade maior em mente.

Colaboração-comunicação. Nos estudos de documentos sobre as

competências para a educação do século XXI, observou-se que a colaboração e a

comunicação estão presentes em todos os textos que foram utilizados como

referência pelo grupo. Elas são consideradas competências-chave para a era digital

e estão classificadas entre as habilidades interpessoais. A Colaboração é definida

ainda como "[...] a capacidade de trabalhar em equipe, de se envolver com outras

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pessoas de diferentes origens e trabalhar ou estudar com grupos heterogêneos"

(FINEGOLD; NOTABARTOLO, 2010, p. 13).

A colaboração também é associada à liderança e ao trabalho em equipe e é

definida como a habilidade de construir relações interpessoais respeitáveis e

carinho, gerenciar conflitos e diferenças e construir consenso (GOVERNMENT OF

ALBERTA, 2010).

A comunicação, por sua vez, é definida como a capacidade de compreender e

comunicar de forma eficaz, manifestando-se claramente em uma variedade de

formas para transmitir um significado, ouvir e interagir respeitosamente com os

outros, ler a informação, falar e escrever com clareza e consenso (GOVERNMENT

OF ALBERTA, 2010).

A associação da colaboração com comunicação, neste estudo, deu origem a

uma competência híbrida, denominada colaboração-comunicação, estabelecendo

uma conexão entre as duas. Esta competência indica que o indivíduo está preparado

[...] para ser capaz de se comunicar eficazmente com os outros e trabalhar bem, como parte de um grupo ou equipe inclusive respeitando as habilidades dos outros e cooperando para atingir objetivos comuns (UNESCO, 2011).

Na sociedade atual, o avanço das tecnologias de informação e comunicação e a economia globalizada, as habilidades de comunicação e colaboração devem ser mais finamente afiadas, tornando-se rápidas, concisas e conscientes das diferenças culturais. (BINKLEY et. al., 2010, p. 42)

2.8 OUTRAS IDEIAS SOBRE COLABORAÇÃO

Um autor que vem se dedicando a este tema há algum tempo. Philippe

Perrenoud, da Universidade de Genebra, define competência em educação como

“[...] a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos, como saberes,

habilidades e informações – para solucionar com pertinência e eficácia uma série de

situações” (PERRENOUD, 1999, p. 67).

Outro conceito da pesquisadora brasileira Acácia Kuenzer que dedica seus

estudos sobre competência na área da educação, mas também na área empresarial,

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afirma que competência é

[...] a capacidade de agir, em situações previstas e não previstas, com rapidez e eficiência, articulando conhecimentos tácitos e científicos a experiências de vida e laborais vivenciadas ao longo das histórias de vida... vinculada à ideia de solucionar problemas, mobilizando conhecimentos de forma transdisciplinar a comportamentos e habilidades psicofísicas, e transferindo-os para novas situações; supõe, portanto, a capacidade de atuar mobilizando conhecimentos (KUENZER, 2001, p.81).

A autora afirma ainda que a compreensão de que o simples domínio do

conhecimento por parte do operador, seja tácito, seja científico, não é suficiente para

que se estabeleça a competência, compreendida na sua dimensão de práxis, posto

que esta "[...] é atividade teórica e prática que transforma a natureza e a sociedade;

prática, na medida em que a teoria, como guia da ação, orienta a atividade humana;

teórica, na medida em que esta ação é consciente" (KUENZER, 2001, p. 83).

Os diversos conceitos estudados e as discussões realizadas pelo grupo

conduziram à conclusão de que competência é uma combinação de conhecimentos,

aptidões e atitudes adequadas ao contexto. Este conceito é corroborado pela

Comissão Europeia e sintetiza as discussões e textos estudados. Para o Colearn

XXI, competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes

apresentadas pelo indivíduo em seu contexto social. Para efeito deste estudo,o

contexto em causa é a sociedade contemporânea, citada por Manuel Castells como

sociedade em rede (CASTELLS, 2000).

Pesquisando imagens para complementar os estudos e ampliar as discussões

do grupo de pesquisa, fora encontrada uma ideia diferente daquelas que vinham

sendo discutidas sobre a colaboração. O autor Oscar Berg (2012), um consultor

empresarial da Suíça, faz uma discussão sobre as formas como as atividades

colaborativas acontecem nas organizações e propõe uma pirâmide, como imagem

representativa das ideias que defende.

Utiliza também, junto a esta imagem da pirâmide, a metáfora do Iceberg,

indicando que a colaboração visível representa apenas uma pequena parte daquela

que realmente acontece no dia a dia das organizações, que representa o topo da

pirâmide ou a ponta do iceberg.

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Na figura da pirâmide, ele traça uma linha, indicando que a colaboração de

alta visibilidade, aquela formal e organizada em equipes de trabalho, estaria acima

desta linha; entretanto, grande parte das ações que viabilizam a colaboração

estariam abaixo dela e teriam baixa visibilidade (figura 3).

Figura 3 – Collaboration pyramid

Fonte: Adaptado de Berg, 2012.

Para Berg (2012), o que vemos na colaboração em equipe estruturada é a

ponta do iceberg ou o topo da pirâmide, observando as equipes que estão

coordenando suas ações para alcançar algum objetivo.

Não vemos e, portanto, não reconhecemos as demais atividades que

permitiram a equipe se formar e que ajudam durante todo o processo. As equipes de

trabalho e a forma como elas coordenam suas ações, bem como os resultados de

suas ações seriam visíveis, mas raramente as outras coisas que são fundamentais

para o seu sucesso. Por exemplo, a forma como os indivíduos usaram as suas redes

pessoais de acesso ao conhecimento, as informações e as habilidades que não têm

na equipe e que tiveram que recorrer a ajudas externas ou internas, fundamentais

para atingir os objetivos.

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Nestas camadas abaixo da superfície se encontram, segundo o autor, as

contribuições diretas e indiretas de pessoas de fora da equipe – pela equipe

estendida, as partes interessadas e colaboradores externos e outros tipos de

colaboração (ad hoc) ou a colaboração social.

Outras imagens foram pesquisadas e selecionadas para ilustrar estas

categorias de colaboração, trazidas a partir das ideias de Oscar Berg com a

metáfora da pirâmide.

Para representar o conceito de Colaboração de alta visibilidade, que tem

caráter formal e está estruturada nas organizações, através das divisões de equipes

de trabalho, associadas a setores ou projetos, buscamos a imagem de uma equipe

atuando numa produção conjunta, conforme pode ser visto abaixo (figura 4). Na

imagem da pirâmide de Berg (figura 3), esta face da colaboração, associada aos

objetivos e à criação de valor, é classificada pelo autor como “visão tradicional da

colaboração”.

Figura 4 – Colaboração formal

l

Fonte: Flickr Attribution-NonCommercial-NoDerivs 2.0 Generic (CC BY-NC-ND 2.0).

Para representar as outras duas categorias de colaboração, (pessoal e

social), consideradas de baixa visibilidade, localizada na imagem da pirâmide de

Berg (2012), abaixo da linha que separa o topo da sua base, associando-se à

metáfora do Iceberg, as mesmas se encontram submersas, portanto, invisíveis.

A colaboração individual ou de indivíduo para indivíduo, lastreada em relações

pessoais ou de amizade está representada pelo aperto de mão (figura 5) e teria,

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segundo o autor, uma grande importância para viabilizar a colaboração formal,

visível.

Figura 5 – A colaboração pessoal informal

Fonte: flickrAttribution-NonCommercial-ShareAlike 2.0 Generic (CC BY-NC-SA 2.0).

A Colaboração Social, também considerada informal e de baixa visibilidade,

por Berg (2012), está representada pela imagem da solidariedade e se dá quando

indivíduos sem vínculos formais de reúnem, para resolverem problemas que exigem

atuação conjunta, tais como em momento de tragédias ou mesmo situações

inesperadas, nas quais pessoas anônimas se juntam para solucionar uma situação

de emergência (figura 6).

Figura 6 – A colaboração social

Fonte: flickr - By ignacio malapitan (Own work) [CC-BY-SA-3.0.

No documento “Competências essenciais para a aprendizagem ao longo da

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vida – Quadro de referência europeu” (CE, 2007), a Comissão Europeia apresenta

aos decisores políticos, profissionais da educação e aos estudantes as

competências essenciais de que os cidadãos necessitam para a sua realização

pessoal, a inclusão social, a cidadania ativa e a empregabilidade na nossa

sociedade do conhecimento, recomendando que os sistemas de educação e de

formação iniciais dos Estados-Membros da União Europeia apóiem o

desenvolvimento destas competências por todos os jovens.

O documento apresenta oito competências essenciais, entre elas a

competência em língua materna e estrangeira; matemática, ciência e tecnologia;

competência digital; aprender a aprender; competências sociais e cívicas; espírito de

iniciativa e espírito empresarial.

Buscando compreender o lugar da colaboração nesta classificação da

Comissão Europeia, observamos que ela não se encontra entre as oito

competências essenciais. A colaboração aparece neste documento como uma

atitude que está na base das competências sociais e cívicas. Estas, por sua vez, são

definidas como uma categoria abrangente que inclui outras competências, tais como

as pessoais, interpessoais e interculturais. Para a CE, (2007, p. 9), as competências

sociais e cívicas “[...] incluem todas as formas de comportamento que permitem ao

indivíduo participar de forma eficaz e construtiva na vida social e laboral, em

particular em sociedades cada vez mais heterogêneas, e resolver conflitos, quando

necessário”.

Refletindo sobre as duas categorias propostas por Berg (2012), classificadas

como colaboração informal (pessoal e social) e baixa visibilidade nas organizações,

podem ser interpretadas como estas competências sociais e cívicas e, concordamos

com Berg, quando destaca que elas têm uma grande importância para a

colaboração formal.

Estes conceitos e reflexões sobre colaboração servirão de base, nesta

pesquisa, para a análise dos processos de Gestão Colaborativa do Conhecimento

em Rede no Sistema Universidade Aberta do Brasil, a exemplo da análise das

atividades colaborativas na área da pesquisa e da extensão na universidade.

Adotamos nesta pesquisa o conceito de colaboração como uma competência-

chave para a sociedade em rede e defendemos sua importância vital para a

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construção coletiva, por entender que a junção de conhecimentos, habilidade e

atitudes que estão diretamente ligadas à realização de atividades coletivas são

fundamentais para a obtenção de resultados e para a consolidação de uma cultura

colaborativa no âmbito organizacional.

Acreditamos nas “camadas” de colaboração propostas por Berg (2012) no

âmbito organizacional e na sua proposição de que, para melhorar a eficiência e a

eficácia dos esforços de colaboração, precisamos conhecer e apoiar as ações

colaborativas informais que ele classifica como invisíveis, trabalhando para que a

colaboração formal possa ser fortalecida. O autor diz ainda que o primeiro passo

para melhorá-las é reconhecer a sua existência e valor (BERG, 2012).

A seção seguinte apresenta o conceito de Recursos Educacionais Abertos

(REA) e relata, no final, a origem dos processos colaborativos no âmbito do Sistema

UAB, através do seu projeto piloto. Com este histórico, evidencia-se o potencial para

consolidação dos processos colaborativos, que teve início na área de produção de

materiais didáticos em diversas mídias e se estendeu para outras áreas.

2.9 A CONSTRUÇÃO COLABORATIVA E OS RECURSOS EDUCACIONAIS

ABERTOS (REA)

Recursos Educacionais Abertos (REA) ou Open Educational Resources

(OER), na sua versão em inglês, se constituem como uma estratégia de criação,

recriação e difusão de conteúdos intencionalmente educativos, que ampliam as

possibilidades de realização da educação em todos os níveis e modalidades,

inclusive a não formal (SERRA; RIBEIRO; PINTO, 2013).

Muitos autores concordam que os REA são materializados no

desenvolvimento, uso, publicação e reutilização de cursos completos ou em partes,

módulos, livros didáticos, artigos, vídeos, softwares, textos, imagens, ferramentas,

materiais ou técnicas que possam contribuir para o acesso e a produção do

conhecimento e que estejam disponíveis numa licença flexível ou em domínio

público para que outras pessoas possam fazer uso ou modificações sem problema

com direitos autorais (OKADA, 2013; SANTOS, 2012; SANTANA, B.; ROSSINI, C.;

PRETTO, 2012).

Uma discussão importante sobre este tema versa sobre o direito autoral, que

trata do direito moral de o autor ter a autoria reconhecida sob a sua obra. Alguns

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destes direitos podem ser cedidos, mas o direito de ser reconhecido como autor, de

acordo com a lei brasileira, não se pode ceder. A preservação da autoria, através de

licenças livres Creative Commons, possibilita vários tipos de licenciamento e permite

que o autor escolha a forma como as pessoas podem reutilizar a sua obra.

Por outro lado, com a licença proprietária, as permissões de uso são feitas

sob remuneração ou royalties. A obra protegida por este tipo de licença não pode ser

modificada, nem reproduzida, e o usuário fica obrigado a pagar para utilizar cada

unidade que tenha interesse em consumir.

Okada (2011) afirma que, geralmente, as práticas de REA no ensino superior

estão mais relacionadas ao primeiro uso, do que em processos de reutilização.

Neste sentido, a autora apresenta vários níveis de reutilização e formas de reutilizar

REA, conforme imagem abaixo (figura 7).

Para a autora, ainda “Quando os usuários compreendem este significado,

eles podem projetar REA com intenção de reutilização explícita" (OKADA, 2013, p.

49).

Figura 7 – Níveis de reutilização de REA

Fonte: Okada, 2013.

Como podemos ver na imagem acima, existem diversas possibilidades de

reutilização de REA, principalmente os materiais didáticos, pois podem ser

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concebidos com o propósito de serem compartilhados, e sob este formato, com

licença Creative Commons, para possibilitar a sua reutilização.

O movimento REA defende que os materiais produzidos com recursos

públicos, com fins educacionais, sejam eles conteúdos em qualquer formato, devem

ser compreendidos e registrados como bens comuns, destinados a toda a

sociedade.

Rossini e Gonzalez (2012, p. 39) afirmam que “esta forma de lidar com o

conhecimento resgata sua essência, ou seja, reabilita seu caráter social e coletivo,

um bem que deve ser acessível a todos”.

Os autores Serra, Ribeiro e Pinto (2013, p. 346), defendem que é "[...]

imprescindível o papel dos gestores e entes públicos na definição de políticas

editoriais que garantam essa natureza social do conhecimento" . Eles afirmam que

se faz necessário cuidar para que

[...] os conteúdos educacionais não se tornem monopólio de entidades privadas, que manipulam a sua veiculação pelo interesse nos seus lucros, nesta ótica, passa a ser ação estratégica de Estado, para garantir que possam ser amplamente distribuídos, compartilhados, traduzidos, adaptados e remixados, sempre para finalidades educativas, em benefício da população (SERRA, RIBEIRO; PINTO, 2013, p. 346)

Outra preocupação importante desse movimento, manifestada pelos autores,

é que os REA sejam disponibilizados para que possam beneficiar também as

pessoas em situação de desvantagem social, como adultos com defasagem de

escolaridade, desempregados, deficientes físicos ou mentais e toda sorte de

pessoas potencial ou efetivamente submetidas a alguma forma de exclusão da

sociedade.

Segunda ainda os autores Serra, Ribeiro e Pinto (2013), já existem muitos

exemplos de adoção de REA pelo mundo, que apresentam resultados positivos para

a população, constituindo-se numa política de gestão do conhecimento como bem

público.

Sabe-se que oferta de conteúdos em forma de livros abertos e digitais (REA)

não é pratica exclusiva de governos e de instituições públicas. As autoras Rossini e

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Gonzalez (2012) afirmam que o primeiro exemplo (mas não o único) de uma grande

editora privada com um modelo de negócios abertos é o da Flat World Knowledge,

que produz e disponibiliza livros que já são adotados oficialmente em vários estados

americanos e em universidades de renome nos Estados Unidos.

Rossini e Gonzalez (2012) afirmam que, além dos livros didáticos, os tablets,

os repositórios de objetos educacionais, os módulos abertos e outros modelos de

distribuição de conteúdos, potencializados pela emergência de tecnologias de ponta

e com as suas funções de interatividade e redes sociais, multiplicam-se pelo mundo.

Serra, Ribeiro e Pinto (2013) relatam como uma experiência mundial bem

sucedida a Open University (OU), no Reino Unido (UK) que, desde 2006, iniciou o

Projeto Open Learn, através do qual disponibilizou na Internet parte dos conteúdos

dos seus cursos para acesso público. Segundo eles, essa iniciativa, classificada

como Recursos Educacionais Abertos (REA), inicialmente, disponibilizou materiais

educacionais criados pela OU e por seus usuários com licença aberta em uma

plataforma multidirecional.

Referindo-se à mesma experiência da Open University, Santos (2012) afirma

que o projeto foi concebido para ser uma ação experimental, um laboratório de

aprendizagem sobre práticas de provisão, uso e reuso de REA, tornando-se, depois,

parte do plano de ação institucional da universidade.

Santos faz um relato detalhado sobre a situação do Movimento REA no Brasil,

afirmando que já existem discussões e ações em pequena escala, e já existem

algumas iniciativas setoriais, inclusive do governo nas esferas legislativa e

executiva.

Em março de 2012, o Brasil abrigou o Fórum Regional REA América Latina,

organizado pela UNESCO, Commonwealth of Learning e a Prefeitura do Rio de

Janeiro, com apoio de parceiros como o Projeto REA Brasil e do Nied Unicamp. O

evento visou a incentivar os governos a adotarem políticas públicas de

desenvolvimento e adoção de Recursos Educacionais Abertos e contou com a

participação de representantes de diversos países da America Latina, Creative

Commons, do Scielo, das universidades e outras organizações civis.

Segundo o site do evento,<http://rea.net.br/site/forum-regional-rea-america-

latina/>, os fóruns regionais da Unesco buscam identificar os tipos de atividades

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REA desenvolvidas nas diversas regiões, saber mais informações sobre as políticas

governamentais na área, como também buscam apoio dos governos e sociedade

civil, através da Declaração construída em cada encontro.

Para elaborar a Declaração sobre REA da América Latina, foram organizados

grupos de discussões com representantes de governos e da sociedade civil, que ao

final do evento apresentaram suas conclusões que convergiram em vários pontos,

conforme Quadro 03, abaixo.

Quadro 03 – Conclusões dos Grupos de Discussões – Fórum América Latina

1. 1 2. Os grupos chamam a atenção para uma diferenciação clara entre licenças abertas,

domínio público e standards abertos;

3. 2 4. Ao final dos fóruns regionais contratar um tradutor juramentado para não haver

problemas de tradução e entendimento para os diferentes idiomas;

5. 3 6. Promover o fortalecimento de REA estimulando a criação de materiais educativos em

outros idiomas que não sejam o inglês;

4 Promover um marco legal para falar de licenças abertas;

5 Promover conscientização sobre standards e repositórios que sejam válidos para

todos (interoperabilidade);

6 Formação de alianças estratégicas;

7 Sustentabilidade (motivar e promover participação do setor privado para

desenvolvimento de REA e criação que permita troca e uso de materiais entre

diferentes países);

8 Promoção de políticas de fomento para ampliação do investimento privado em REA;

9 Fomentar avaliação, uso e impacto que os REA produzem na aprendizagem.

Fonte: Adaptado do Forum REA America Latina.Disponível em: http://rea.net.br/site/forum-regional-rea-america-latina/.Acesso em: 24 jun. 2013

Neste Fórum realizado no Rio de Janeiro, foi debatido, entre vários outros

documentos, o Projeto de Lei Federal n. 1513/2011, de autoria do Deputado Paulo

Teixeira, que “Dispõe sobre a política de contratação e licenciamento de obras

intelectuais subvencionadas pelos entes do Poder Público e pelos entes de Direito

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Privado sob controle acionário de entes da administração pública” e se encontra em

tramitação na Câmara do Deputados.

Mesmo antes desse evento, as bases dessas discussões sobre REA no Brasil

já tomavam como referência a Declaração sobre Educação Aberta da Cidade do

Cabo (2007), também organizado pela Unesco. Além deste projeto acima citado,

existem outras iniciativas em debate no poder legislativo e no executivo que se

fundamentam em diretrizes internacionais sobre REA, tais como,

[...] politicas de educação aberta nas escolas e universidades, licenças de conteúdo aberto (REA livremente compartilhados) e produção colaborativa com participação de educadores e estudantes” (ROSSINI; GONZALEZ, 2012, p. 41).

Dados publicados na obra Recursos Educacionais Abertos – práticas

colaborativas e políticas públicas (SANTANA; ROSSINE; PRETTO, 2012) –

demonstram que o governo brasileiro é o principal financiador e comprador de

recursos educacionais.Entretanto, a forma como é conduzida uma das principais

políticas públicas do País, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), e a

maneira como está organizado o mercado editorial, juntamente com as barreiras ao

acesso impostas pela lei dos direitos autorais, alimenta um monopólio dos conteúdos

pelas editoras, produzindo uma série de efeitos negativos sobre o programa, com

consequências para o mercado e para o acesso ao material didático.

Segundo Rossini e Gonzalez (2012, p.45), estes efeitos negativos se refletem

na gestão do PNDL, pois “[...] provoca o aumento dos custos de distribuição, a

redução do poder de negociação do governo e o aumento do preço dos livros”.

Observa-se aí uma grande distorção, comentada também pelas autoras, pois é de

conhecimento público que as compras em grande escala são determinantes na

redução dos preços unitários e, neste caso, o efeito contrário já revela uma distorção

das próprias leis de mercado.

Outros problemas relacionados a esta política brasileira de aplicação dos

recursos públicos na compra de livros didáticos, que afetam o mercado, é que, da

forma como é conduzida, incentiva concentração empresarial, beneficiando as

grandes empresas e excluindo os empreendedores de pequeno porte, além da baixa

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remuneração dos autores, que ainda ficam dependentes das exigências das

editoras, que fixam preços e são o único meio de acesso ao seu mercado de

trabalho.

Segundo Santos (2011), a iniciativa pioneira relacionada com a cultura de

REA no Brasil, teve início em 1994 na Escola do Futuro, da Universidade de São

Paulo (USP), através da BibVirt – A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, com

acesso livre pela Internet. Outra experiência brasileira destacada é o Projeto Rede

Interativa Virtual de Informação (RIVED), mantida pelo Ministério da Educação, que

tem por objetivo a produção de conteúdos pedagógicos digitais, na forma de objetos

de aprendizagem.

O Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE), (MEC_Brasil), o

Portal do Professor (MEC_Brasil), o Projeto Folhas, (Governo do Paraná), o Portal

Open Courseware da UNICAMP, o Projeto Condigital da UNESP, com participação

dos Ministérios da Educação (MEC) e de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI),

as iniciativas do SENAI, do SEBRAE, da Fundação Getúlio Vargas, do Colégio

Dante Alighieri, da Prefeitura Municipal de São Paulo, através da sua Secretaria de

Educação, da Universidade Federal do Riogrande do Sul – Repositório LUME, o

Portal Ciência à Mão Feusp e o Scielo (Scientific Eletronic Library Online) são

experiências brasileiras que se identificam em muitas características com o

movimento REA.

Acrescente-se a todos estes o Portal de Periódicos Capes que, apesar de não

ser um repositório de Recursos Educacionais Abertos, permite, a estudantes e

professores universitários de instiuições públicas de todo o País, o acesso gratuito a

uma vasta base de dados nacional e internacional para dar suporte as suas

pesquisas e estudos acadêmicos.

Apesar de todas estas iniciativas listadas e referidas acima serem importantes

para o cenário educacional brasileiro e demonstrarem que existem experiências

práticas que se aproximam do uso de Recursos Educacionais Abertos no País, a

análise final feita por Santos (2011) sobre o estado da arte de REA no Brasil revela

que a nossa situação ainda está muito longe do ideal. Na prática, poucas instituições

produzem ou utilizam os recursos educacionais abertos, e muitas das iniciativas

estão vinculadas a interesses individuais de professores e pesquisadores que fazem

parte de comunidades internacionais e têm produzido algumas ações nesta área.

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Fica evidente ainda que as iniciativas governamentais são importantes e

podem representar um bom suporte para dar início a ações mais estruturantes do

movimento REA no sistema educacional brasileiro. Santos (2011) destaca que, nas

suas conclusões, apesar deste quadro desfavorável, são importantes

[...] as iniciativas construídas em torno dos conceitos de objetos de aprendizagem, conteúdo digital e objetos educacionais, com o objetivo adicional de tornar os recursos educacionais disponíveis, gratuitamente, para uso público para melhorar o ensino e a aprendizagem (SANTOS, 2011, p. 71).

Essas iniciativas representam experiências já consolidadas, muitas iniciadas

antes do movimento REA na sua configuração atual, e podem se tornar uma base

para dar início ao uso de Recursos Educacionais Abertos no Brasil.

No campo destas ações político-governamentais, destacam-se, segundo

(ROSSINI e GONZALEZ, 2012), além do Projeto de Lei Federal n.1513, já citado

neste capitulo, outros três espaços de debates. O Projeto de Lei Estadual n. 989 de

2011 do Estado de São Paulo, o Decreto Municipal n.52.681/2011 da Cidade de São

Paulo e, talvez o mais importante, o Projeto de Lei Federal n. 8.035/2010, o Plano

Nacional de Educação (PNE), atualmente, Lei 13005/2014, estabelece diretrizes e

metas para a educação pelo período de dez anos de 2011-2020.

Através de consulta ao Portal da Câmara dos Deputados e do Senado

Federal em junho de 2013, constatou-se que as últimas ações legislativas são

respectivamente a aprovação da redação final pela Comissão de Constituição e

Justiça e de Cidadania (CCJC) no dia 16/10/2012 e a tramitação do referido projeto

no dia 25/10/2012, pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, com remessa ao

Senado Federal através do Oficio n. 1.928/12/SGM-P. Atualmente, observa-se na

tramitação do processo que os projetos forma arquivados no final de 2014 e

desarquivados no inicio de 2015, atendendo requerimento do autor.

No Senado Federal, a última tramitação está registrada no dia 29/05/2013,

como avocada à relatoria pela presidência da Câmara de Constituição e Justiça

(CCJC), com parecer aprovado na referida comissão. No texto aprovado pela CCJC

do Senado e disponibilizado na mesma data, consta que na metas 05 (diretriz 5.3), e

07 (diretriz 7.12), ainda estão preservadas as propostas que indicam a adoção de

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Recursos Educacionais Abertos (REA) no Sistema de Educação Básica, desde

alfabetização até o ensino médio, conforme trechos do Plano Nacional de Educação

apresentados no quadro 04 abaixo.

Quadro 04 – Metas e Diretrizes do PNE relacionados a REA

Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental.

Diretriz - 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para alfabetização de crianças,

assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o acompanhamento dos resultados

nos sistemas de ensino em que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferencialmente, como

recursos educacionais abertos;

Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas etapas e modalidades, com melhoria do fluxo

escolar e da aprendizagem de modo a atingir as médias nacionais para o IDEB.

Diretriz – 7.2: incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a

educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas inovadoras que

assegurem a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos e propostas

pedagógicas, com preferência para softwares livres e recursos educacionais abertos, bem como o

acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas;

Fonte: adaptado pelos autores. Disponível em:

http://legis.senado.gov.br/mateweb/arquivos/mate-pdf/128820.pdf. Acesso em: 24 jun. 2013.

A tramitação deste Projeto de Lei 8.035/2010, que recebeu aproximadamente

três mil emendas e, até o momento, preserva estas diretrizes, representa uma boa

perspectiva para a mudança deste cenário que analisamos acima e um bom

indicativo para o aprofundamento das discussões que propomos, ao trazer para o

debate, através desta obra, a história recente, o estado da arte e o futuro do

movimento REA no Brasil.

O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), desde a sua origem no

Projeto Piloto, que foi concretizada com a oferta de um curso de Bacharelado em

Administração, numa parceria ampla que envolveu o Ministério da Educação (MEC),

vinte e cinco universidades públicas e o Banco do Brasil, integrante do Fórum da

Estatais Pela Educação, desenvolveu a ideia de construção colaborativa e de

compartilhamento de recursos entre os seus diversos partícipes, criando o Fórum

Nacional de Coordenadores do Projeto Piloto, cujo principal objetivo foi o de

compartilhar as boas práticas e otimizar os recursos aplicados nestes programas

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através da cooperação entre todos os seus integrantes.

Esta proposta inicial ganhou força com o passar dos anos e se fortaleceu no

Sistema UAB, difundindo-se com a criação do atual Fórum Nacional de

Coordenadores UAB e dos Fóruns de Áreas do Conhecimento que envolvem os

Coordenadores de Cursos de todas as universidades participantes.

Por experiência sabemos que os materiais didáticos disponíveis, tanto no

curso piloto, como em todos os outros cursos da UAB, são financiados com recursos

públicos, sabemos também da sua denominação de “universidade aberta”; sabemos

ainda que a experiência do curso piloto foi influente para a incorporação de uma

lógica de compartilhamento de recursos e experiências entre as instituições

participantes. No entanto, um levantamento recente (junho 2013), entre os

representantes das universidades integrantes, não se verificaram de forma

expressiva, no Sistema UAB, as práticas educacionais abertas.

No sentido estrito dos termos que definem a educação orientada pelos

princípios da educação aberta, os recursos educacionais produzidos no âmbito do

sistema deveriam ser concebidos e distribuídos sob a concepção de recursos

educacionais abertos.

Os resultados encontrados na pesquisa realizada por Serra, Ribeiro e Pinto

(2013) indicam que a própria incipiência do debate sobre REA, tanto no Brasil

quanto no Sistema UAB, quando da concepção e início do curso piloto em 2005,

assim como o desconhecimento acerca das possibilidades e modos de

desenvolvimento de práticas educacionais abertas, nos dias de hoje, também podem

figurar entre os principais limites para incorporação de uma lógica de abertura até

então no sistema.

Pelas suas características, os Recursos Educacionais Abertos (REA) foram

incluídos nos fundamentos desta pesquisa, visto que foi identificada uma estreita

ligação com os própositos da Universidade Aberta do Brasil (UAB), na medida em

que ela foi criada, sob os princípios do compartilhamento, de expertises, recursos,

ideias, objetivos e metas entre as instiuuições que a compõem.

No Sistema UAB, já se faz o campartilhamento desde a sua criação, como foi

constatado, nas análises dos documentos e leis que o criaram e regulam e nas

práticas interativas entre os sujeitos que representam as universidades e institutuos

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que representam os nós desta rede. No entanto, as barreiras impostas pelo uso

delicenças proprietárias representam uma dificuldade para este processo de trocas,

tendo em vista as limitações à modificação dos materiais produzidos, impostos pelo

sistema de proteção à autoria inerente a esse sistema.

A adoção de licenças livres potencializaria as trocas e permitiria as

adaptações que, na maioria das vezes se fazem necessárias para atender

especificidades dos projetos pedagógicos dos cursos e às peculiaridades regionais a

ele inerentes.

2.10 ANÁLISE COGNITIVA

No processo de análise dos dados desta pesquisa, recorreu-se aos

conhecimentos da análise cognitiva, como auxílio metodológico e suporte aos

modelos de análise, criados para auxiliar na compreensão dos fenômenos

estudados. Isto levou à necessidade de buscar os fundamentos deste campo de

estudos, que ainda é emergente, mas já apresenta um razoável aporte teórico.

Este tema tem especial importância no contexto do Programa de Doutorado

em Difusão do Conhecimento, onde esta pesquisa foi desenvolvida, representando

uma parte significativa do corpo de conhecimento que lhe deu origem, além do que

constitui-se um campo de estudos do programa, visando a sua ampliação e

consolidação, nos seus diversificados aspectos.

A base dos conhecimentos da análise cognitiva se encontra nas Ciências

Cognitivas, campo de conhecimento que lhe dá suporte, o que levou a essa revisão

teórica, que teve origem na disciplina de mesmo nome, Análise Cognitiva, cursada

durante a fase de integralização de créditos do pesquisador.

2.10.1 As Ciências Cognitivas (CiCo)

Os estudos realizados apontaram que é difícil precisar quando surgem as

primeiras discussões sobre as ciências cognitivas, mas, segundo Gardner (2003),

existe um consenso de que o reconhecimento das ciências cognitivas acontece por

volta do ano de 1956. O autor define ciência cognitiva

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[...] como um esforço contemporâneo, com fundamentação empírica, para responder questões epistemológicas de longa data – principalmente aquelas relativas à natureza do conhecimento, seus componentes, suas origens, seu desenvolvimento e seu emprego. (GARDNER, 2003, p. 19)

Gardner (2003) diz ainda que se aplica o termo ciência cognitiva sobretudo a

esforços para explicar o conhecimento humano. Nestas afirmações, o autor

demonstra a sua preocupação em responder questões antigas acerca do

conhecimento humano, utilizando-se deste novo domínio das ciências.

Um marco histórico da afirmação, ainda em curso, das Ciências Cognitivas,

segundo Gardner (2003), foi a iniciativa, na segunda metade da década de setenta,

da fundação norte-americana Sloan, sediada em Nova York, que aportou recursos

para o financiamento de pesquisas que contribuíssem para a consolidação deste

novo campo, reunindo em torno deste programa os maiores cientistas cognitivistas

da época, por acreditar que muitas áreas das ciências cognitivas estariam

convergindo e na necessidade de desenvolver linhas de comunicação entre elas,

visando ao compartilhamento de instrumentos e técnicas de pesquisa para construir

um corpo de conhecimento teórico desta área.

Com o apoio da Fundação Sloan, foi criado o periódico Cognitive Science,

para publicações das pesquisas do campo emergente. Foi criada também uma

sociedade com o mesmo nome e realizados encontros de pesquisadores da área.

Na mesma época foram publicados livros, boletins informativos e realizados cursos e

programas, não só nos Estados Unidos, como no exterior (GARDNER, 2003).

Os principais estudiosos do campo das ciências cognitivas, no âmbito deste

programa de incentivos da Fundação Sloan, elaboraram o Relatório do Estado da

Arte das CiCo (SOAP), no qual declararam que o objetivo comum do grupo era "[...]

descobrir as habilidades representacionais e computacionais da mente e sua

representação estrutural e funcional do cérebro" (GARDNER, 2003, p. 51).

O relatório apontou os seis campos constituintes das ciências cognitivas e os

representou através de uma figura, denominada o hexágono cognitivo, através da

qual visavam a apresentar as inter-relações destes campos (figura 08).

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Figura 08 – Hexágono Cognitivo

Fonte: Gardner, 2003.

Segundo Gardner (2003), devido à falta de consenso entre a maioria dos

cientistas cognitivistas da época, este relatório nunca foi publicado, mas foi válido o

grande esforço feito pelos seus autores para examinar e fornecer um quadro geral

do trabalho em ciência cognitiva, além de apresentar os seus principais

pressupostos.

Para além destas considerações históricas que demarcam, na visão de

Gardner, as origens das CiCo, o autor, fazendo a sua própria tentativa de formulação

do campo, destaca cinco características do que ele denomina o empreendimento

cognitivo-científico. Estas características demarcariam a pertinência ou não da

classificação de um estudo como cognitivo-científico. Para ele, faz-se necessário

que todos ou a maioria destes aspectos estejam presentes para que um estudo

possa ser considerando ciência cognitiva.

O primeiro aspecto estabelece uma relação necessária das atividades

cognitivas com as representações mentais e, neste aspecto, faz-se necessário ainda

“[...] criar um nível de análise totalmente separado do biológico ou neurológico, por

um lado e do sociológico ou cultural, por outro” (GARDNER, 2003, p. 53).

O segundo aspecto diz respeito à essencialidade do computador eletrônico

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para qualquer compreensão da mente humana e, neste caso, afirma que

Os computadores não são apenas indispensáveis para estudos de vários tipos, mas, de forma mais crucial, o computador também é útil como o modelo mais viável de como a mente humana funciona. (GARDNER, 2003, p. 55)

Nestes dois primeiros aspectos estão as crenças centrais das CiCo e os

outros são de natureza metodológica, referindo-se à exclusão de fatores afetivos ou

emoções, históricos e culturais e o papel do contexto de fundo, no qual ocorrem

atitudes ou pensamentos particulares, como terceiro aspecto a ser destacado

(GARDNER, 2003).

O quarto aspecto destaca a natureza interdisciplinar deste domínio do

conhecimento. Por constatar que as origens dos cientistas cognitivos estão ligadas a

disciplinas específicas, como a filosofia, psicologia, inteligência artificial, linguística,

antropologia e neurociência, o autor assinala que algum dia os limites entre estas

disciplinas possam desaparecer, produzindo uma só ciência cognitiva unificada

(GARDNER, 2003).

Por último, destacando o quinto aspecto a ser considerado no esforço do

empreendimento cognitivo científico, Gardner (2003) evoca a agenda de questões e

o conjunto de preocupações da tradição filosófica ocidental, remontando ao tempo

dos gregos e destacando as raízes das CiCo em problemas filosóficos clássicos.

Gardner (2003) conclui dizendo que um texto de ciência cognitiva não

necessariamente apresentará todos estes aspectos, mas poucos serão desprovidos

da maioria deles. E dando continuidade a este propósito de conclusão, destaca dois

aspectos importantes deste campo de estudos. O primeiro, que denomina de

"paradoxo computacional", questiona

[...] em que medida os processos humanos superiores de pensamento – aqueles que nós poderíamos considerar mais distintivamente humanos – podem ser abordados em termos deste modelo computacional específico (GARDNER, 2003, p. 59).

Sobre este paradoxo, o autor afirma que a aplicação de métodos e modelos

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extraídos do domínio computacional, ajudou os cientistas a entenderem melhor o

pensamento humano, mas a ciência cognitiva ainda pode buscar outros modelos

explicativos.

No segundo aspecto, das conclusões iniciais de Gardner (2003), a ciência

cognitiva encontrou o desafio de estabelecer a sua própria autonomia e demonstrar

em que terrenos as abordagens computacional e representacional são válidas. Ele

diz isto por entender que a ciência cognitiva "da linha dominante" (2003, p. 59),

abrange a psicologia cognitiva, a inteligência artificial e extensas porções da

linguística e da filosofia. No entanto, destaca o avanço da neurociência em questões

nas quais as representações e o computador-como-modelo não estão presentes e

aponta que as questões mais essenciais da antropologia são mais bem tratadas,

numa perspectiva histórica, cultural e até mesmo literária.

Além de Gardner (2003), outros autores foram discutidos nesta busca pela

compreensão das origens, da abrangência e dos limites das CiCo.

Para Varela, Thompson e Rosch (2003), o termo ciências cognitivas é

utilizado para indicar que o estudo da mente é em si mesmo um projeto científico

respeitável. Segundo os autores, a Inteligência Artificial é um dos seus aspectos

mais importantes, culminando com estudos sobre o modelo computacional da

mente. Corroborando Gardner, afirmam que outras disciplinas como a psicologia,

linguística as neurociências e também a filosofia e a antropologia, caracterizam o

campo das ciências cognitivas.

Segundo ainda Varela, Thompson e Rosch (2003), existe uma diversidade de

abordagens sobre as ciências cognitivas, contudo os autores as classificam em três

estágios distintos. Eles afirmam ainda que o primeiro estágio é denominado de

cognitivismo, considerado o núcleo das ciências cognitivas e representado por

autores como Chomsky, Simon Newell, McCarthy, Fodor, Pylyshyn e Hubel. Na

perspectiva cognitivista,

Cognição é representação mental: acredita-se que a mente opera manipulando símbolos que representam características do mundo, ou representam o mundo, como tendo uma determinada forma (VARELA; THOMPSOM; ROSCH, 2003, p. 26).

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No segundo estágio, emergência ou conexionismo, a definição de cognição

não abandona o conceito de representação, contudo esta consiste na relação entre

um estado global emergente e as propriedades do mundo: ela não é uma função de

símbolos particulares (VARELA; THOMPSON; ROSCH, 2003).

Ainda para os autores:

Na abordagem conexionista, entretanto, o significado não está localizado em símbolos específicos– é uma função do estado global do sistema, e está ligado ao desempenho total em algum domínio, como reconhecimento ou aprendizado. Considerando-se que esse estado global surge a partir de uma rede de unidades mais refinadas que os símbolos, alguns pesquisadores se referem ao conexionismo como o paradigma subsimbólico. Eles argumentam que os princípios formais da cognição encontram-se nesse domínio subsimbólico, um domínio acima do nível biológico, mas mais próximo deste que do nível simbólico do cognitivismo (VARELA; THOMPSOM; ROSCH, 2003, p. 112).

O terceiro estágio, atuação, abandona totalmente o conceito de representação

para definir cognição. Segundo esta corrente, a atitude representacionista deve ser

invertida e o conhecimento deve ser tratado, também, dentro de um contexto

[...] não como um artefato residual que pode ser progressivamente eliminado pela descoberta de regras mais sofisticadas, mas como, na verdade, a própria essência da cognição criativa. (VARELA; THOMPSOM; ROSCH, 2003, p. 112).

Segundo os autores, esta corrente é representada, também, por autores como

Maturana, Piaget, Freeman, Holland, Lakoff, Johnson,Piaget, Bruner e Goodman.

Para além deste panorama das ciências cognitivas, apresentado pelos

autores, que complementa o esforço para delinear seu campo de atuação, natureza

e objeto, destaca-se nestes teóricos a sua convicção de que

As novas ciências da mente precisam ampliar seus horizontes para incluir tanto a experiência humana vivida quanto as possibilidades de transformação inerentes a esta mesma experiência” (VARELA et al. 2003, p. 14).

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Neste aspecto os autores buscam uma aproximação entre a ciência e a vida

cotidiana ao afirmarem que em contrapartida “a experiência humana ordinária,

cotidiana, deve ampliar seus horizontes para se beneficiar dos insights e das

análises que são elaboradas de maneira única pelas ciências da mente” (Idem,

p.14).

Desta maneira, os autores propõem uma nova abordagem para as CiCo,

introduzindo o termo atuação, em contraposição à pressuposição, segundo eles

prevalente nas ciências da mente. Nestas, predomina a abordagem de que a “[...]

cognição consiste na representação de um mundo que é independente das nossas

capacidades perceptivas e cognitivas por um sistema cognitivo que existe

independente desse mundo” (Idem, p. 17).

Varela, Thompson e Rosch (2003) delineiam outra visão da “cognição como

ação incorporada”, enfatizando que a cognição depende dos tipos de experiência

decorrentes de se ter um corpo com várias capacidades sensório-motoras e que

estas capacidades sensório-motoras individuais estão embutidas em um contexto

biológico, psicológico e cultural mais abrangente (VARELA, THOMPSON e ROSCH,

2003).

Voltando a Gardner (2003), em busca de afirmações conclusivas, o autor

postula ainda que a ciência cognitiva tem como maior êxito

[...] a demonstração clara da validade da postulação de um nível de representação mental: um conjunto de construtos que podem ser invocados para a explicação de fenômenos cognitivos, indo desde a percepção visual à compreensão de histórias (GARDNER, 2003, p. 403).

Para Gardner (2003), no seu estágio atual de desenvolvimento como campo

científico, as Ciências Cognitivas conseguem argumentar com precisão e eficácia a

favor da representação, tendo construído inúmeros vocábulos e estruturas

conceituais para caracterizar o nível representacional, tais como roteiros, esquemas,

símbolos, estruturas, imagens e modelos mentais, entre outros (2003, p. 403).

Na conclusão da sua obra de referência sobre as CiCo, "Uma nova ciência da

mente", Gardner (2003) sugere duas variedades de representação, como ponto de

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partida para aprofundamento dos estudos, sendo a primeira, "[...] inicialmente ou

finalmente embutida no hardware – seja ele computador ou cérebro", para detalhar o

que acontece com a informação no nível inconsciente do organismo, tais como

durante os primeiros estágios do processamento no sistema visual que cria

representações simbólicas da informação física para em seguida operar com essas

representações (GARDNER, 2003, p. 404).

A segunda variedade de representação

[...] abrange aqueles comportamentos de solução de problemas e classificatórios que os indivíduos realizam com alguma flexibilidade e com um certo grau de explicitação e consciência. Ao analisar uma sentença ou uma história, ao criar uma imagem ou transformá-la, uma pessoa pode muito bem ter consciência de criar uma representação mental – ou modelo mental – e seguida de executar algumas operações sobre este modelo" (GARDNER, 2003, p. 404).

Esta breve revisão teórica sobre a origem e o desenvolvimento das ciências

cognitivas nos proporciona uma visão ampla desse campo do conhecimento e foi

complementada nesta pesquisa com uma busca realizada nas bases de dados

científicos, para ampliar as nossas reflexões e, especialmente, sobre a análise

cognitiva, tema importante para as bases teóricas desta tese.

2.10.2 Campo da Análise Cognitiva (AnCo)

Uma busca em bases de dados realizada pelo grupo de pesquisa

Conhecimento: Análise Cognitiva, Ontologia e Socialização (CAOS), vinculado ao

Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento, com

sede na Universidade Federal da Bahia, coordenado pela professora Terezinha

Fróes, e publicada no artigo intitulado "Análise Cognitiva: reconhecendo o

irreconhecido” (2014), na World Digital Library - SCRIB, revelou que a primeira

referência expressa ao termo Cognitive Analysis foi encontrada no livro Democracy,

ideology, and objectivity, studies in the semantics and cognitive analysis of

ideological controversy de Arne Naess, Jens A. Christophersen and Kjell Kvalo,

publicado em 1956 (FRÓES, 2014). A autora revela ainda a ocorrência de outra

publicação na mesma década, em 1959, seguida de uma lacuna de raras

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referências até os anos setenta.

Novos achados são constatados nos últimos dez anos, o que ratifica a

indicação de que este campo do conhecimento é muito novo e ainda carece de

estudos e grupos de pesquisa que a ele se dediquem (BURNHAM, 2014, p. 2).

Para compreender o estado da arte da Análise Cognitiva, realizou-se outra

busca em duas bases de dados, a Web of Science e Scopus, no ano de 2011, como

atividade acadêmica da disciplina Análise Cognitiva, ministrada por Fróes, no

programa de doutorado supracitado.

Na base de dados Web of Science, utilizando como palavra-chave “cognitive

analysis” foram encontrados 2.784 artigos, 30 utilizando o termo “cognitive analysis”

juntos, sendo que em 16 artigos o termo aparecia no resumo, 6 nas palavras-chave,

7 nos títulos e 3 possuíam o termo no corpo do texto.

Alguns cruzamentos de dados foram feitos para direcionar mais a pesquisa,

visando a identificar textos que discutissem e que apresentassem o conceito de

análise cognitiva de forma mais aprofundada. Nenhum termo “cognitive analysis” foi

encontrado no cruzamento de dados das palavras chave com o título, também não

foram encontrados no cruzamento de resumo e título. Um texto no cruzamento das

palavras-chave e títulos e nenhum no cruzamento das palavras-chave, resumo, título

e no corpo de artigo.

Na base de dados Scopus, foram encontrados 3.109 textos com as palavras

“cognitive analysis” e 315 textos utilizando o termo “cognitive analysis" juntos, sendo

que, destes, 204 possuíam o termo nos resumos, 43 nas palavras-chave, 116 nos

títulos e 2.822 nas referências. No cruzamento de dados entre palavras-chave e

títulos, foram encontrados 18 artigos com o termo “cognitive analysis”, 21 entre

resumos e títulos, 06 nas palavras-chave, resumos e títulos. Apenas 01 possui o

termo “cognitive analysis” nas palavras-chave, resumos, títulos e nas referências. No

estudo, pode-se observar ainda que o maior número de publicações sobre o tema

está no idioma inglês, com 288 dos 308 artigos encontrados. Outro dado que

chamou a atenção foi o número de publicações por área, dos 469 artigos

encontrados, 122 eram da área de Psicologia, 75 da área de Ciências Sociais, 70 da

área de medicina, 57 da área de Engenharia, 53 da Área de Ciências da

Computação.

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116

Nesta busca pretendeu-se, também, identificar publicações importantes sobre

a análise cognitiva e verificar a frequência em que este domínio do conhecimento

vem sendo estudado e publicado em bases de dados reconhecidas no campo

científico. Constatou-se uma carência de informações e uma baixa produção

acadêmica na área, uma vez que o termo é encontrado em algumas publicações,

mas não se caracteriza com objeto específico de estudos científicos, mas temas

derivado de outras questões centrais.

Dos artigos encontrados, dois foram escolhidos, buscando-se identificar o

conceito e provocar o debate sobre a análise cognitiva. O primeiro, de Lidia Ogiela,

publicado em 2007, Understanding Based Managing Support Systems as an

Example of the Aplication of Cognitive Analysis in Data Analysis (UBMSS), apresenta

um exemplo de aplicação de análise cognitiva em análise de dados econômicos.

Segundo a autora, os métodos de análise cognitiva, com base no princípio da

compreensão dos fenômenos estudados, através de um modelo de análise, têm sido

cada vez mais discutidos.

Para justificar o desenvolvimento do sistema (UBMSS), a autora afirma que a

função de analisar um determinado fenômeno, normalmente atribuída a um ser

humano, a depender da situação, pode ser transferida para um sistema cognitivo de

trabalho. Traz como base da estrutura do sistema, o conceito de ressonância

cognitiva, fenômeno derivado da combinação das duas fases necessárias ao

entendimento de dados de um sistema: a introdução de uma imagem e a geração de

expectativas, baseada no conhecimento adquirido pelo sistema e sobre um

determinado fenômeno (OGIELA, 2007).

O segundo texto, de Emile Roth, publicado em 2008, “Uncovering the

Requirements of Cognitive Work”, apresenta uma visão geral da análise cognitiva de

tarefas e análise cognitiva do trabalho, enquanto métodos de análise cognitiva.

Segundo a autora, os métodos de análise cognitiva têm sido usados de modo a

melhorar o desempenho, orientar o design de sistemas e reduzir a probabilidade de

erro, bem como o desenvolvimento de atribuições de funções na estrutura e

formação da equipe. Podem ser utilizados para identificar os problemas e orientar

formas de melhorar o desempenho cognitivo individual e da equipe, propondo novos

treinamentos, ou apoio a tomada de decisões.

Nestes dois artigos, a análise cognitiva aparece como método, sendo que no

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primeiro é denominada como um sistema cognitivo de trabalho, introduzindo o

conceito de ressonância cognitiva, por trabalhar com imagens na busca da

compreensão de um fenômeno. No segundo, como análise cognitiva de tarefas,

usada para identificar problemas e melhorar o desempenho cognitivo individual.

Nesta pequena amostra, não foi possível identificar uma fundamentação

teórica sobre o que é análise cognitiva, observando-se ainda que é um tema pouco

discutido, diante das poucas publicações encontradas. Observe-se, ainda, que

nenhum texto no idioma português foi encontrado.

O primeiro texto, apesar de a autora trazer para discussão a proposta de um

sistema de análise de dados, como exemplo de análise cognitiva, em nenhum

momento define o que é análise cognitiva. No segundo, a autora apresenta dois

tipos de método de análise cognitiva, mas também não se preocupa em fundamentar

o termo nem descreve o método utilizado. Contudo, em ambos os textos, fica

evidente que o termo AnCo está sendo utilizado como método de análise, utilizando

princípios da compreensão da cognição humana.

Para Burnham1 (notas de seminários), estamos iniciando um processo de

instituição da área da análise cognitiva; caso contrário, o objetivo da disciplina seria

promover a consolidação do campo. Segundo Burnham (2010) ainda,

Este campo é um meta campo. E ele é um meta campo para compreender como é que diferentes ciências que estudam o Conhecimento, percebem, expressam [...], traduzem este conhecimento e neste processo como é que este conhecimento pode se tornar elemento de compreensão de outras comunidades epistêmicas. (BURNHAM, 2010, notas de seminário).

Estas constatações nos levam à compreensão de que as ciências cognitivas

constituem campos do conhecimento que trabalham com as questões do

conhecimento e da cognição humana e que a análise cognitiva é um campo que

busca compreender como estas ciências cognitivas, os indivíduos e a não ciência

compreendem este conhecimento.

1Fala de Terezinha Froes Burnham em aula no semestre 2010.2, da disciplina análise cognitiva no

Programa de Pós-Graduação em Difusão do Conhecimento.

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Nesta pesquisa, as bases teóricas sobre as ciências cognitivas, bem como

sobre a análise cognitiva, foram fundamentais para a compreensão de um campo

também emergente nesta área, que é a Cartografia Cognitiva, vista aqui como uma

forma de representação mental, concentração de estudos das CiCo, aplicada como

método na utilização dos modelos de análise dos fenômenos pesquisados (AnCo).

Os modelos de análise estão descritos nos capítulos sobre metodologia da pesquisa

e nos próprios processos de análise dos dados com a utilização das mesmas.

2.11 A CARTOGRAFIA COGNITIVA

A cartografia cognitiva é definida como a “[...] arte, teoria e técnica de

construir mapas do conhecimento” (OKADA, 2008, p. 27). A sua utilização vem se

mostrando recurso importante para auxiliar na representação do conhecimento,

possibilitando maior compreensão da verdadeira avalanche de informações à qual

estamos submetidos, na era da revolução das tecnologias da informação e da

comunicação (CASTELLS, 2000). Mostra-se importante ainda para o

desenvolvimento do pensamento criativo, propiciando a emergência de novas ideias,

tomando o raciocínio mais visível para si e para os outros, através da representação

gráfica do pensamento humano e sua rede de múltiplas conexões (OKADA, 2008).

A técnica de representação do conhecimento utilizada na cartografia cognitiva

é o mapeamento. Mapas cognitivos podem ser utilizados para representar o

pensamento e conhecimento humanos e podem ainda

[...] ser aplicados para integrar saberes prévios, individuais e coletivos, novos conceitos, referências, questões de investigação e avaliar processos de pesquisa e de aprendizagem. (OKADA, 2008, p. 38)

Os mapas, segundo Okada, são formas antigas de representação e

comunicação, antecedendo a escrita e o sistema numérico e, atualmente,

[...] são considerados como poderosas ferramentas gráficas para classificar, representar e comunicar as relações entre diversos elementos de qualquer área do conhecimento, servindo como ponto de referência para tomadas de decisão e novas descobertas

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científicas. (OKADA,2008, p. 39)

A autora afirma ainda que o mapa, desde a sua origem, tem sido utilizado

como uma forma de representação e comunicação gráfica “[...] que facilita a

compreensão espacial das coisas, conceitos, condições, processos ou eventos do

mundo humano” (OKADA, 2008, p. 38).

Existem registros históricos da utilização de mapas no ano de 6297 a.C. numa

parede pintada que “[...] parece descrever a planta provavelmente da cidade Catal

Hyuk, na atual Turquia” (OKADA, 2008, p. 38). Sabe-se também que na era

medieval os mapas já representavam não apenas territórios, mas também áreas

conceituais, a natureza das coisas e formas de classificação do conhecimento.

Ao longo da história se encontram inúmeros exemplos da utilização de mapas

para representar o pensamento humano, ilustrando obras, tais como a Differentiae

(diferença entre palavras), a Natura Rerum (natureza das coisas), a Etymologies

(enciclopédia do conhecimento), obras, segundo Okada (2008), de Isidore de

Seville, escritor de Cartagena, 560 d.C. Ainda segunda a autora, entre 1300 e 1500,

da era cristã, surgiu a metáfora da árvore do conhecimento, com várias aplicações

tais como: a ciência, a lógica, a gramática, as batalhas, o patrimônio e até a justiça.

Desde então, o uso de mapas como ferramenta gráfica para classificar,

representar e comunicar as relações entre os diversos elementos de qualquer área

do conhecimento, visando à tomada de decisões e à descoberta científica, vem se

ampliando.

“Os mapas, como mediadores do mundo abstrato interno e físico externo, são

interfaces fundamentais, ajudando o ser humano a fazer do seu universo em

diferentes escalas” (OKADA, 2008, p. 39).

As técnicas de representação do conhecimento apoiadas por recursos

gráficos, tal como o mapeamento, se mostram importantes ao longo da história,

como estamos constatando nestas informações dos diversos autores. Considere-se

ainda o seu potencial de selecionar as informações relevantes e simplificar a

compreensão. Segundo Okada (2008, p. 39), “a arte de representar áreas

complexas de forma clara e simples implica selecionar apenas o que é relevante”.

Para refletirmos sobre a importância destas técnicas de mapeamento do

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conhecimento e sobre estas possibilidades de selecionar e representar, simplificando

o acesso às informações, recorremos à metáfora proposta pelo autor Pierre Levy

(1999), que compara o crescimento exponencial das informações e do conhecimento

humano a um segundo dilúvio, fazendo menção aos escritos bíblicos sobre a arca

de Noé, responsável pela salvação de espécimes destinados à preservação da vida

na Terra.

Segundo Levy (1999, p. 13), esse novo dilúvio de informações, gerado pelas

telecomunicações, decorre da “[...] natureza exponencial, explosiva e caótica do seu

crescimento”. Reforçando o seu argumento, o autor afirma que, “a quantidade bruta

de dados disponíveis se multiplica e se acelera. A densidade dos links entre as

informações aumenta vertiginosamente nos bancos de dados, nos hipertextos e nas

redes”.

A outra metáfora, a da navegação, forma como se acessam as informações

na maior das redes, a Internet, parece ser bem apropriada para este modo de

compreender e de representar o crescimento, em quantidade e variedade, das

informações, vistas aqui como um dilúvio ou a invasão das terras pelas águas,

sugerindo esta alternativa para sobreviver neste contexto.

Estas análises fazem menção à complexidade com que se apresenta o

conhecimento, e as suas formas de representação se dão através de técnicas

criadas para a compreensão pelo indivíduo e pelos coletivos humanos.

A autora Okada (2008) apresenta nos fundamentos da cartografia cognitiva, o

potencial dos mapas para cumprir esta função. Citando autores como Dodge e

Kitchin (2001) ao afirmarem que

Mapas bem desenhados são uma efetiva fonte de comunicação porque eles exploram as habilidades da mente para ver relações em suas estruturas físicas, permitem a compreensão das complexidades do ambiente, reduzem o tempo de procura e revelam relações

espaciais que de outra forma não seriam notadas (apud OKADA, 2008, p. 40).

Esta propriedade dos mapas de ampliar a compreensão simplificando a

representação parece ser a sua maior qualidade ou mais importante característica.

As técnicas de mapeamento podem ser vistas como forma de construção de guias

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que trazem orientações e de instrumentos para atingir objetivos e facilitar escolhas e

ações.

Os mapas cognitivos, baseados nestes princípios e características, enquanto

imagens mentais serão utilizadas, nesta pesquisa, como forma de representação

das redes de conhecimentos que se pretende analisar e propor, buscando ainda a

sua utilização como instrumento de gestão do conhecimento sobre estas mesmas

redes estudadas.

Buscar-se-á desenvolvimento de um modelo colaborativo de formalização das

práticas institucionais de gestão colaborativa em rede, compreendendo a criação, a

estruturação através do mapeamento de redes de conhecimento e a sua utilização

nos processos de gestão da universidade, tendo em vista a melhoria da qualidade

da gestão e sua adequação aos desafios da educação a distância.

2.11.1 Técnicas de mapeamento para a construção de redes de conhecimentos

Como vimos nestes argumentos apresentados sobre os mapas e suas

diversas possibilidades de uso, recorreremos aqui à sua versatilidade, buscando

aplicar as técnicas de mapeamento para representar as redes de conhecimentos

formadas em nosso campo de estudos, tanto o Sistema Universidade Aberta do

Brasil, como a Universidade do Estado da Bahia.

Segundo Alexandra Okada (2008, 38), “várias terminologias descrevem os

diferentes tipos de mapas”. Serão apresentados a seguir os diversos tipos de

mapas e suas aplicações e definido o tipo, entre os apresentados a ser aplicados na

representação do universo-campo desta pesquisa.

Os mapas a serem apresentados nesta síntese são: o conceitual, o mental, o

argumentativo, o dialógico e web.

2.11.1.1 Mapa Conceitual

É uma técnica para estabelecer relações entre conceitos e sistematizar

conhecimento significativo. Fundamenta-se na teoria da aprendizagem significativa

de Ausubel, e foi desenvolvida por Joseph Novak, na década de 60, na Universidade

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de Cornell.

2.11.1.2 Mapa Dialógico

É uma técnica de mapeamento criada para resolver problemas e desafios

através de três elementos básicos: perguntas ou premissas, posicionamentos e

argumentos. Utiliza o Sistema IBIS (Issue Based Information System) e parte do

princípio de que para cada premissa podem-se estabelecer posicionamentos e

argumentos.

2.11.1.3 Mapa Argumentativo

É uma técnica de “mapear a estrutura da argumentação, ou seja, identificar

quais são as premissas, co-premissas, razões, objeções, argumentos que suportam

a contenção principal e os contra-argumentos que a rejeitam também” (OKADA,

2008, p. 45).

.

2.11.1.4 Mapas Web

São mapas que representam o percurso de navegação, fluxos de interações

no ciberespaço e são extremamente úteis para organizar informações. Aprimoram a

navegação, comunicação, busca, seleção e representação da informação;

desenvolvem cada vez mais multimídia na web para facilitar a comunicação e

compreensão; organizam informação decorrente de vastos territórios e diferentes

mídias.

2.11.1.5 O Mapa da Mente

Também chamadas de mapa mental, é uma “[...] técnica que possibilita

registrar pensamento de uma maneira mais criativa, flexível e não linear tal como a

nossa mente” (OKADA, 2008, p. 45).

Através deste tipo de mapa, diversas informações, símbolos, mensagens

podem ser conectados e facilitar a organização de um determinado assunto e a

produção de novas ideias. São representações gráficas que facilitam o registro de

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dados, anotações múltiplas e informações não sequenciais. Permite também unificar,

separar e integrar conceitos para analisá-los e sintetizá-los através de um conjunto

de imagens, palavras, cores e setas, que articulam o pensamento (OKADA, 2008, p.

45).

Entre os tipos de mapas cognitivos apresentados acima, aquele que, pelas

suas características, mais se aplica ao nosso estudo é o mapa da mente ou mapa

mental. Citando um exemplo de utilização destes mapas no contexto de uma

pesquisa, Okada (2008) reafirma que os mapas do conhecimento podem ser úteis

como guias em diversos níveis de complexidade, dimensão epistemológica e

dimensão ontológica.

Utilizando softwares especializados para a construção de um projeto de

investigação científica, Okada experimentou a criação de diversos mapas, tais como

o Mapa do Projeto, Mapa de Referências, Mapa de Estudo, Mapa de Leitura, Mapa

de Campo, Mapa da Escrita e Mapa do Processo.

Destes exemplos de mapas cognitivos, especialmente os mapas mentais,

aplicados ao conhecimento e destinados para a sistematização de uma pesquisa

científica, nos chamou a atenção especificamente o Mapa do Processo, pois a sua

aplicação a esta pesquisa, salvo melhor juízo, parece ser a mais apropriada.

2.11.1.6 O Mapa do Processo

Utilizado neste exemplo da aplicação a uma pesquisa científica, apresenta

características muito úteis à análise que se pretende fazer sobre a gestão no

Sistema Universidade Aberta do Brasil e na Universidade do Estado da Bahia. Este

tipo de mapa atende a análise de uma multiplicidade de elementos que se ampliam

no decorrer do processo, permitindo classificar conjuntos em diferentes

subconjuntos. Através da categorização, permite ainda estabelecer agrupamentos e

ordenamentos que facilitam a navegação, análise e estudo. Possibilita também uma

organização flexível, dinâmica e fácil de ser reconstruída. Propicia explorar diversas

combinações, inclusões e exclusões sem destruir o todo, permitindo a sua

recomposição devido às mudanças e instabilidades que podem ser constatadas.

A imagem abaixo apresenta um mapa conceitual representativo dos

fundamentos teóricos da cartografia cognitiva e argumentos, sobre a utilização desta

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técnica de representação do conhecimento para o mapeamento dos processos de

gestão do conhecimento da UAB.

Figura 09 – Mapeamento da Cartografia Cognitiva

Fonte: elaboração própria.

No ponto central do mapa acima, está representada a Cartografia Cognitiva,

ligada ao seu conceito, como arte, teoria e técnica de construir mapas cognitivos, à

sua aplicação (utilidade) como representação gráfica do conhecimento e ao seu

histórico, que data de 6297 a.C., passando pela Idade Média com a ideia das

árvores do conhecimento e chegando à contemporaneidade, quando a explosão do

conhecimento, sua natureza caótica, o advento da internet e das novas formas de

representar o conhecimento, tais como as formas gráficas, onde se incluem os

mapas, remete-a, numa ligação direta, às técnicas de mapeamento.

Destas técnicas, apresentadas de forma sintética, o mapa do processo está

indicado como a escolhida para a representação da rede colaborativa de gestão do

conhecimento, identificada nesta pesquisa como um processo de gestão (mapa de

processo) que nasceu e se desenvolveu na UAB, desde a sua concepção em

projeto, passando pelos atos legais da sua criação, pelo seu manual, elaborado

como guia das suas práticas e normas, e chegando até as interações entre os

sujeitos que representam as instituições (universidades e institutos) que a compõem.

Na seção que se segue, será apresentada a metodologia desenvolvida para o

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levantamento e a análise da parte empírica desta pesquisa, incluindo a concepção

de pesquisa que norteou os estudos, os caminhos metodológicos percorridos, os

modelos de análise desenvolvidos, os instrumentos e os procedimentos para a

busca das respostas perseguidas.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para muitos autores, as controvérsias e tensões em torno das abordagens

quantitativa e qualitativa da pesquisa já podem ser consideradas superadas; no

entanto, ainda persistem muitas discussões, tendo em vista que a escolha por uma

ou outra abordagem está orientada por opções epistemológicas mais profundas, ou

seja, visões diferentes, às vezes opostas, sobre o papel da pesquisa empírica e

sobre a própria natureza do ser humano (MOREIRA, 2004).

De um lado os adeptos do positivismo científico, segundo Moreira (2004),

ainda defendem a transposição dos métodos tradicionais da pesquisa das ciências

físicas e naturais, predominantemente experimentais e quantitativos, para os

estudos do homem. Do outro, os adeptos do “interpretacionismo”, por entenderem

que o homem, diferentemente dos objetos, não é um organismo passivo, pois

interpreta continuamente o mundo em que vive, postulam que o estudo do

comportamento humano exige outro conjunto metodológico, que leve em conta esta

diferença. Esta escolha metodológica de pesquisa é classificada também por uma

perspectiva descritivo-interpretativa (BABBIE, 1998), pois busca compreender o

contexto da pesquisa e a natureza dos fenômenos estudados.

Ainda segundo Moreira (2004, p. 46), enquanto os positivistas acreditam que

o comportamento humano “[...] é a resultante de forças, fatores ou estruturas

internas ou externas que agem sobre as pessoas para gerar determinados

resultados”, os interpretacionistas postulam que “o estudo do comportamento

humano é o estudo das experiências vividas de cada um e a experiência humana

estriba-se nos sentidos, interpretações, atividades e interações das pessoas”.

Segundo Macêdo, Galeffi e Pimentel (2009, p. 19), neste campo contraditório,

não se pode negar a efetividade histórica da ciência positiva, ressalvando ainda,

segundo os autores, “[...] toda a ambiguidade deste desenvolvimento”. Sendo assim,

[...] não se trata de contrapor métodos e fazer apologia de um deles, e sim de investigar radicalmente a natureza do conhecimento humano, o que nunca pode garantir nenhum alcance definitivo, porque é uma produção humana e o ser humano encontra-se sempre pesrpectivado e enraizado no passado mais distante, a perder de vista, assim como também se acha sempre em uma condição já dada que o projeto em possibilidades ainda não dadas. (MACÊDO; GALEFFI; PIMENTEL, 2009, p. 19-20)

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Referindo-se à natureza rigorosa da pesquisa qualitativa, Macêdo, Galeffi e

Pimentel (2009, p. 15) afirmam que se procura elucidá-la

[...] a partir da atitude existencial e epistemológica do pesquisador em seu contexto de vida, segundo seus diversos níveis de construção e de realidade, percebidos e elucidados na autocompreensão e na compreensão compartilhada da sua condição histórica – sua gênese como indivíduo, sociedade e espécie – seu ser-aí como dado e seu ser-outro como acontecimento volátil aberto no tempo instante.

Ainda sobre esta dicotomia qualitativo-quantitativo, para André (1995) é uma

posição reducionista associar quantificação com positivismo, alegando que isto faz

perder de vista que “[...] quantidade e qualidade estão intimamente relacionados”

(ANDRÉ, 1995, p. 35). A autora defende que estes termos devem ser reservados

para diferenciar as técnicas de coleta de dados ou para designar o tipo de dados

obtidos, afirmando ainda que o pesquisador não positivista está marcado na sua

postura teórica pela subjetividade, embora trate também com dados quantitativos.

Nesta pesquisa, a abordagem é interpretacionista ou compreensivista,

portanto, essencialmente qualitativa.

Segundo Minayo (2013, p.24), “o compreensivismo não se preocupa em

quantificar e em explicar, e sim em compreender: este é o verbo da pesquisa

qualitativa”. A autora afirma ainda que o pesquisador o qual acredita nesta

abordagem busca “[...] compreender relações, valores, atitudes, crenças, hábitos e

representações e a partir desse conjunto de fenômenos humanos gerados

socialmente, compreender e interpretar a realidade” (Idem, p.24).

Corroborando estas afirmativas Macêdo, Galeffi e Pimentel (2009, p.

33).afirmam ainda que

Se quisermos compreender o caráter qualitativo dos acontecimentos, precisamos não apenas de procedimentos lógicos formalizados em sua funcionalidade pragmática, mas também de perceptos, de juízos e de conceitos que configuram e conformam os dados imediatos de toda consciência viva e vivente.

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De acordo com Macedo, Galeffi e Pimentel (2009), André (1995), Moreira

(2004) Strauss e Corbin (2008), e Minayo (2013), ratificam a natureza qualitativa

desta pesquisa e a opção por não alcançar ou apresentar seus resultados, através

de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. Não serão

estabelecidas relações de causa e efeito entre variáveis pré-selecionadas, muito

menos projeções matemáticas ou generalizações a partir de experimentos

controlados.

Segundo Bogdan e Taylor (1975), a abordagem qualitativa é marcada pelos

escritos ou falas de sujeitos que propiciam a produção de dados descritivos e o

entendimento do comportamento humano a partir do próprio autor. Os autores

afirmam que, por outro lado, podem estar presentes análises de caráter quantitativo,

que visam a ilustrar ou demonstrar aspectos do fenômeno estudado, às vezes

confirmando, outras evidenciando contrastes ou estabelecendo contrapontos com

auxílio do recurso estatístico.

Nesta pesquisa sobre o funcionamento de uma rede de instituições de ensino

superior, cujas análises são predominantemente interpretatacionistas ou

compreensivistas, alguns dados, especialmente referentes à colaboração como

competência de gestão, são apresentados em forma de percentuais e gráficos. No

entanto, esta linguagem estatística é empregada de modo representativo, ou seja,

com a intenção de ampliar a compreensão dos argumentos ou de ilustrar alguma

predominância, ou não, de aspectos dos fenômenos estudados. No dizer de Strauss

e Corbin (2008), trata-se de um processo não matemático de interpretação, feito com

o objetivo de descobrir conceitos e relações nos dados brutos e de organizar esses

conceitos e relações em um esquema explanatório teórico.

Outros dados são oriundos de fontes variadas, tais como questionários,

entrevistas, análise de documentos e análise das interações entre os sujeitos no

exercício das atividades inerentes ao seu papel de gestores no âmbito do Sistema

UAB. Os procedimentos de interpretação, organização e análise, consistiram de

conceitualizar e reduzir os dados, elaborar categorias em termos de suas

propriedades e dimensões.

Estes procedimentos metodológicos estão de acordo com o que afirmam

Macêdo, Galeffi e Pimentel (2009, p. 35) ao dizer que “qualitativamente falando, só é

possível descrever algo por aproximação, pois a qualidade em si não existe sem as

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formas do entendimento”. Os mesmos autores afirmam também que

Os processos descritivos da pesquisa qualitativa devem interpretar qualidades perceptivas que não se reduzem a esquemas de nenhuma espécie, apesar de não se poder nunca descrever algo sem que se faça uso de esquemas e reduções inevitáveis (GALLEFI; PIMENTEL, 2009, p. 35).

Nesta pesquisa, os esquemas interpretativos-compreensivos valeram-se de

um conjunto de procedimentos, classificados por Strauss e Corbin (2008, p. 24)

como codificação, levando-nos à criação de modelos de análise, empreendidos no

decorrer dos estudos e da realização da pesquisa, decorrentes das opções

metodológicas adotadas, das delimitações do campo, no foco nas interações entre

os sujeitos (gestores do Sistema UAB). As interações a que nos referimos ocorrem

nos encontros e fóruns presenciais e no ambiente de trabalho – ATUAB (interações

virtuais), considerando-se a dinâmica do processo de gestão colaborativa do

conhecimento nos planos macro e micro do sistema.

O campo desta pesquisa, portanto caso de estudo, é a Universidade do

Estado da Bahia (UNEB), especificamente na sua posição de integrante do Sistema

UAB, tendo em vista que o fenômeno estudado é a gestão colaborativa do

conhecimento numa rede interorganizacional, decorrente das interações entre os

representantes das diversas universidades que integram este sistema.

Vale ressaltar que grande parte das interrelações que serão estudadas nesta

pesquisa ocorrem em ambientes virtuais, tais como os ambientes formais criados

pela UAB, para dar suporte às interações e trocas entre os seus membros, tanto

entre si, quanto entre a Diretoria de Educação a Distância da CAPES e cada

instituição (universidade ou instituto tecnológico) que integra o sistema.

Estas relações interativas, mencionadas acima, potencialmente, ocorrem

também nos encontros presenciais, que são realizados periodicamente e reúnem

todos estes atores. Entretanto, o fato de acontecerem também, e com muita

frequência, através da Internet, nas redes citadas, Ambiente de Trabalho da UAB

(ATUAB) e Sistema de Gestão da UAB (SISUAB), requerem cuidado especial, tendo

sido desenvolvida uma metodologia que buscou considerar esta realidade.

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3.1 TIPO DE PESQUISA

Considerando-se as categorias e tipologias para classificação dos estudos

científicos, propostas por autores como Richardson (1989), Gil (1991), Babbie (1998)

e Yin (2007), visando a alcançar os objetivos estabelecidos, define-se esta pesquisa-

investigação como um estudo qualitativo, de caráter descritivo-interpretativo e

também explicativo, caracterizada pela abordagem do método de estudo de caso.

A pesquisa se propôs à compreensão da natureza de um fenômeno social (a

gestão colaborativa do conhecimento em rede no Sistema UAB) e à atribuição de

significados em sua análise, a partir do mapeamento das práticas de gestão do

conhecimento em rede no âmbito do Sistema UAB. O mapeamento aqui referido foi

adotado também como técnica de representação da realidade estudada, utilizando-

se dos conceitos e procedimentos da cartografia cognitiva (OKADA, 2008) para

ampliar a compreensão do fenômeno sob estudo.

Acrescenta-se às características acima que essa pesquisa também pode ser

considerada descritiva, pois buscou conhecer a natureza, a composição e os

processos que envolveram o problema de pesquisa, permitindo a descrição das

características do fenômeno, como sugerem Selltiz e outros (1987), e Babbie (1998).

Com essa perspectiva, foram detalhados os processos de gestão do conhecimento

nos âmbitos macro e microprocessuais do Sistema UAB, bem como os processos

interativos que deram origem às ações colaborativas em rede que caracterizam o

modelo de gestão pesquisado. De acordo com Triviños (2006), o pesquisador deve

descrever a realidade observada e entender como as descrições dos fenômenos

estão repletas de significados outorgados pelo ambiente.

Essa natureza explicativa dos estudos qualitativos pode ser atribuída a essa

pesquisa por ser uma das suas principais finalidades buscar explicações para

fenômenos novos ou pouco conhecidos (CICOGNANI, 2002).

Dando prosseguimento a este esforço de definição conceitual e metodológica

do tipo de pesquisa realizada, afirmamos também que essa pesquisa pode ser

considerada documental, segundo Gil (2009), tendo em vista a utilização de

documentos, tais como o projeto de criação da UAB, Leis, Portarias e Resoluções,

Comunicados da CAPES, Normas e Editais, que disciplinam os processos de

colaboração, instituídos no Sistema UAB, vez que esses procedimentos técnicos são

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elencados por Gil (2009) como característicos dessa categoria de pesquisa,

contribuindo não só para os fundamentos teóricos, como também para o

delineamento das próprias categorias de análise.

A análise documental nesta pesquisa terá um caráter complementar, pois será

associada às outras técnicas, escolhidas para tornar mais claras as evidências do

surgimento de um processo singular de gestão colaborativa do conhecimento em

rede, no âmbito do Sistema UAB.

Citado por Ludke e André (2013, p. 46) Holsti afirma que esta é uma das

situações em que é apropriado o uso da análise documental “[...] quando se

pretende ratificar e validar informações obtidas por outras técnicas de coleta, como

por exemplo, a entrevista, o questionário ou a observação”.

Quanto à abordagem teórico-metodológica, nesta pesquisa, dada a escassez

de informações acerca do fenômeno em questão, fez-se opção pelo estudo de caso,

por possibilitar um estudo aprofundado e intenso de um ou poucos objetos, de modo

a permitir maior amplitude e detalhamento dos conhecimentos a seu respeito

(GODOY, 1995; TRIVIÑOS, 2006; GIL, 2009). Para Eisenhardt (1989), essa

estratégia metodológica se concentra nas dinâmicas verificadas em contextos

exclusivos, combinando diversos métodos de coleta de dados em abordagens

qualitativas, quantitativas ou ambas.

Segundo Yin (2007), esse tipo de abordagem é apropriada quando se

apresentam questões do tipo “como” e “por que”, visto que o pesquisador não dispõe

de tantos recursos para controle dos eventos estudados e também quando o ponto

de interesse da pesquisa está associado a fenômenos contemporâneos, inseridos

em algum contexto da vida real, como proposto.

O estudo de caso visa à descoberta e parte do pressuposto de que o

conhecimento não é algo acabado, mas provisório e processual, em permanente

construção. Macedo (2000, p.151) afirma que no estudo de caso o “[...] pesquisador

estará sempre buscando novas respostas e novas indagações no desenvolvimento

do seu trabalho”. A interpretação do contexto e a percepção dos sujeitos da pesquisa

prevalecem. No dizer de Macedo (2000, p.151), buscando retratar de forma densa e

profunda a realidade e “[...] estabelecendo planos de relações com o objeto

pesquisado”.

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Nesta abordagem, a produção do conhecimento científico leva os sujeitos,

atores sociais, a se envolverem com a construção de significados e a atribuição de

sentidos, tendo em vista a instituição de modos próprios de conhecer e criar-produzir

o conhecimento. Lima Jr. (2005, p.45) diz, sobre a pesquisa qualitativa, que se trata

de um “[...] processo histórico de produção de sentido ou significado, que se institui a

partir de diferentes modos de se encontrar sentido para o viver e para os problemas

da existência humana”.

A construção dos resultados, nesta perspectiva, surgiu do trabalho de

levantamento de informações através de respostas a questionários de pesquisa,

escutas, diálogos, observações em ambientes virtuais e negociação de modos de

compreender, empreendida no processo de interação com os sujeitos implicados na

concretização dos fatos e fenômenos.

Acrescente-se a isso o olhar flexível sobre a realidade se dá num contexto em

que a contradição deve ser incluída no processo de construção do conhecimento.

Pensar a universidade nesta perspectiva requer desprendimento, rompendo com um

conhecimento universal e paradigmático. No dizer de Macedo (2000),

As ideias de reflexão e inspiração emanam, acima de tudo, da necessidade de explicitar pressupostos e referências e do cuidado crítico com a pluralidade, a abertura ao inacabado e a realidade empírica construída e reconstruída por seus atores. (MACEDO, 2000, p.35)

Para Macedo (2000, p.36), ainda, em vez das hipóteses fechadas que

caracterizam elementos da argumentação positiva da cientificidade, traz-se à tona a

leveza, a abertura e a flexibilidade das percepções sensibilizadas.

As hipóteses aqui apresentadas em forma de uma questão de pesquisa não

terão o papel de afirmações prévias a serem refutadas, falseadas ou corroboradas,

mas servirão de marco referencial, a serem observadas como balizadoras do estudo

e âncoras do pensamento, em meio à torrente de informações e conhecimentos que

serão arrolados para dar sentido a este trabalho de pesquisa.

A escolha da abordagem de Estudo de Caso também se deve ao

entendimento de que seja este o método que mais se adéqua à natureza desta

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pesquisa. No dizer de Rocha (2008, p.18), “não é o pesquisador e sim o tipo de

investigação que define o método de pesquisa a ser adotado”.

Segundo Yin (2010, p.125) “a evidência do estudo de caso pode vir de várias

fontes”. O autor destaca as fontes mais importantes, tais como: documentos,

registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e

artefatos físicos. A esta variedade de técnicas de coleta de evidências do estudo de

caso, foram associadas as técnicas de mapeamento cognitivo, que visa a

representar a realidade em forma de pontos e conexões, que dão origem a mapas

ou redes, construídos a partir da participação dos sujeitos nos processos de

interação.

Segundo Vasconcellos (2008), o mapeamento cognitivo pode ser considerado

um instrumento efetivo de apoio à análise de dados qualitativos de uma pesquisa.

Esta técnica consiste em mapear ideias, e isso pode ser feito seguindo-se diferentes

caminhos, o que, segundo Vasconcellos (2008), produzirá diferentes mapas

interpretativos, isto porque o pesquisador escolhe as ideias e destaca as conexões

entre elas.

Sob o ponto de vista metodológico, a construção de mapas a partir da

observação dos processos de interação nos ambientes virtuais na Internet, permitiu

que o autor combinasse elementos da realidade observada com a construção

cognitiva. Isto permitiu a escolha das conexões entre as etapas dos processos

interativos entre os sujeitos e instituições, com a participação dos mesmos no

processo de construção, levando à simplificação das teias complexas de

relacionamentos, através da sua representação gráfica em forma de mapas.

3.2 MÉTODO

Esta seção descreve os caminhos metodológicos adotados na pesquisa,

apresentando o detalhamento da investigação em seus aspectos operacionais,

considerando-se a questão de pesquisa, os objetivos formulados, a fundamentação

teórico-metodológica e a natureza das categorias de análise adotadas.

As observações e estudos foram realizados com o intuito de permitir ao

pesquisador compreender o processo de gestão colaborativa do conhecimento em

rede na educação a distância, concebido e desenvolvido no âmbito do Sistema UAB,

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desde a sua criação, caracterizado pelas interações entre as instituições de ensino

superior, integrantes do sistema e pela sua atuação em rede, apoiada pelo uso das

tecnologias digitais da informação e da comunicação, para compartilhamento de

conhecimentos, documentos, ideias e boas práticas de interesse comum.

Estes procedimentos metodológicos foram construídos levando-se em

consideração os objetivos perseguidos nessa investigação, a tipologia da pesquisa,

suas unidades de análise e observação, os sujeitos sociais pesquisados, os

procedimentos para coleta e análise dos dados mais adequados e, por fim, as

limitações do método empregado. O propósito desta seção foi descrever o processo

de construção e desenvolvimento da estrutura metodológica, orientada para o

alcance dos objetivos delineados nesse trabalho, como recomendam Vieira e Zouain

(2004).

Quanto aos objetivos, já declarados no início do texto, reafirma-se o intento

de identificar, mapear e analisar o processo colaborativo de gestão do conhecimento

em rede, entre as diversas instituições de ensino superior que compõem o Sistema

Universidade Aberta do Brasil, tendo-se como premissa principal a ideia de que o

citado processo de gestão surgiu neste sistema, inspirado nos princípios da

colaboração interorganizacional e nele desenvolveu-se, como uma forma integrada e

eficaz de gerir o conhecimento, que possibilitou a construção de um processo de

gestão singular, ora estudado, tendo em vista contribuir para torná-lo conhecido,

quiçá consolidado.

O alcance deste objetivo mais amplo foi dividido em objetivos e

procedimentos intermediários, sendo o primeiro mapear o macroprocesso de gestão

do conhecimento no Sistema UAB, numa visão ampla, envolvendo as ações

voltadas para a gestão dos conhecimentos, inerentes à oferta de cursos a distância,

desde o surgimento das demandas, passando pelo planejamento da implantação,

pelos processos intermediários que se fazem necessários para a sua concretização

e envolvendo as ações realizadas até a conclusão do curso pelos estudantes.

Em seguida foram identificadas e representadas as práticas de gestão

colaborativa do conhecimento, em um segmento específico do Sistema UAB,

mapeando-se um microprocesso (ou processo derivado) de gestão do

conhecimento, implementado pelas instituições de ensino superior nas suas

interações com as demais, integrantes do Sistema Universidade Aberta do Brasil,

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que foi o processo de produção, distribuição, compartilhamento de material didático.

Uma vez mapeados estes processos, visando cotejar as práticas,

representadas nos mapas construídos, com as diretrizes de concepção do Sistema

UAB, fez-se necessário identificar e analisar as diretrizes formais, contidas nos

projetos e documentos norteadores da institucionalização da educação a distância,

no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, emitidos pelo governo federal,

através da CAPES e pelas próprias Universidades e Institutos, que deram origem e

dão sustentação a este processo de gestão do conhecimento.

Seguindo-se este caminho metodológico e tomando por base a visão geral do

sistema, representada pelos mapas cognitivos, construídos nestas etapas anteriores,

foram realizadas análises dos processos de gestão colaborativa do conhecimento

em rede na UAB, sob três diferentes aspectos.

O primeiro, voltado para as diretrizes formais do sistema, através de

documentos públicos sobre o mesmo; o segundo, focalizando as práticas de gestão

colaborativa do conhecimento, a partir das interações entre os representas

institucionais, no exercício das suas atividades, no âmbito o sistema e, por último, o

terceiro aspecto, que incidiu sobre o exercício da colaboração, como uma

competência do sujeito, tendo como público-alvo o Coordenador UAB, o

Coordenador UAB Adjunto e os Coordenadores de Cursos, todos representantes de

suas instituições no sistema.

Fez-se necessário ainda definir a abrangência da pesquisa, e, neste aspecto,

optou-se por identificar e analisar práticas de gestão colaborativa do conhecimento

em rede, no âmbito do Sistema UAB, como um todo, composto de 103 (cento e três)

instituições de ensino superior, no entanto, tendo como foco as interações originadas

ou recebidas por uma instituição, visando à compreensão mais apurada desta

realidade, tendo sido escolhida a Universidade do Estado da Bahia, especificamente

na área da EaD, visando à identificação e ao registro destes processos colaborativos

de gestão do conhecimento interorganizacional, com foco em uma unidade do

sistema, para uma constatação mais apurada da sua efetividade.

Esta escolha da Universidade do Estado da Bahia foi intencional e atendeu a

uma opção metodológica de se fazer um estudo de caso, pois o pesquisador

entendeu a necessidade de investigar, in loco, a efetiva funcionalidade deste

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processo, compreendendo que a maneira mais eficaz de realizar esta constatação

fosse uma observação indireta (QUIVY; CAMPENHOULDT, 2013), sustentada em

informações obtidas através de entrevistas e questionários, aplicados com sujeitos

que atuam na gestão do conhecimento no âmbito do Sistema UAB.

Para atingir estes objetivos, acima apresentados, empreendeu-se a busca de

fundamentos teóricos relacionados às principais variáveis implicadas nesta

pesquisa. Temas importantes implicados no campo teórico foram estudados, tais

como a colaboração como competência humana, a gestão organizacional e a gestão

do conhecimento, o conceito de redes, as tecnologias digitais da informação e da

comunicação e sua influência no que se define hoje como sociedade em rede.

Para caracterizar o contexto dos estudos, fez-se necessário ainda estudar as

universidades em sua trajetória, bem como a educação a distância no ensino

superior, como foco na sua inserção no Brasil nos últimos anos.

Fundamentou-se também a cartografia cognitiva e as técnicas de

mapeamento cognitivo, além dos conceitos de análise cognitiva e de recursos

educacionais abertos, este último tema agregado ao corpo teórico da tese para dar

sustentação ao processo de compartilhamento dos conhecimentos, produzidos no

âmbito do sistema, refletindo sobre a possibilidade de atribuir aos mesmos a licença

aberta, para facilitar e permitir o seu uso, reuso, modificações, mixagens e

republicação, sem os fatores limitadores das leis autorais. Esta questão da autoria é

compreendida como um tema fundamental no campo da gestão do conhecimento.

A busca da resposta, ainda que provisória e propositiva para a questão

norteadora desta pesquisa, foi perseguida no decorrer dos estudos e contribuiu para

a construção desta trilha metodológica. Buscaram-se respostas ao longo de todas as

ações empreendidas na pesquisa, à pergunta: “Quais e como se caracterizam os

processos de gestão colaborativa do conhecimento em rede, na área da educação a

distância nas universidades do Sistema UAB, incluindo suas diretrizes formais,

efetividade das práticas colaborativas do conhecimento entre as universidades, seus

limites e perspectivas?”.

A partir desses elementos e dos seus fundamentos teóricos, foi possível a

construção deste método, apresentado a partir desta seção para deixar claras as

relações entre o fenômeno estudado e as opções metodológicas adotadas.

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3.3 MODELOS DE ANÁLISE

A complexidade da análise a ser empreendida nessa pesquisa, tendo em vista

a natureza subjetiva do fenômeno estudado, levou à adoção de estratégias

analíticas (YIN, 2010) que levam em conta a revisão teórica empreendida, sobre os

temas relacionados ao fenômeno estudado, bem como os objetivos e a questão de

pesquisa levantada, combinando-se com uma segunda estratégia da abordagem

descritiva do caso em estudo.

Para apresentar e dar forma ao processo de gestão do conhecimento no

Sistema UAB, foram utilizados princípios e técnicas da cartografia cognitiva,

especialmente o mapeamento. Segundo Okada (2008, p. 41), mapas cognitivos são

representações gráficas das estruturas do conhecimento. Para Okada (2008, p. 42),

Num mapa cognitivo, as estruturas do conhecimento podem ser representadas de acordo com a proximidade semântica de conceitos e ideias”. Por outro lado, “associações podem ser estabelecidas de acordo com significados construídos, similaridades e analogias em escalas multidimensionais.

Com base nesses princípios da cartografia cognitiva (OKADA, 2008), o

mapeamento foi escolhido como ponto de partida para o processo de análise da

gestão do conhecimento do Sistema UAB.

O mapa geral, denominado de Mapa do Macroprocesso de Gestão do

Conhecimento do Sistema UAB (Mapa UAB Macro), consiste de uma visão ampla da

dinâmica de gestão do conhecimento em rede, no âmbito do sistema, e representa o

seu processo de gestão, desde os primeiros momentos (inputs) de concepção de um

dos cursos ofertados pelo sistema, até os procedimentos finais de conclusão do

referido curso pelos estudantes (outputs), passando por todos os processos

intermediários que contribuem para a gestão do conhecimento nesse sistema.

Uma vez construído o Mapa UAB Macro, o mesmo procedimento foi aplicado

para a construção de um mapa de processo intermediário, denominado Mapa UAB

Micro, este último desenvolvido com base no processo de produção, distribuição e

compartilhamento de materiais didáticos no Sistema UAB.

A construção dos mapas se deu de forma colaborativa, e o processo de

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colaboração consistiu de um esquema de validação. O mapa construído foi enviado

para apreciação de sujeitos envolvidos no processo de gestão do conhecimento da

UAB e as suas contribuições foram agregadas, gerando novas versões, até que eles

fossem considerados concluídos. O detalhamento deste processo e a apresentação

dos mapas, bem como do seu processo de validação, são apresentados na seção

análise dos dados.

Concluídos, os mapas foram tomados como referências para as análises do

processo de gestão colaborativa conhecimento em rede no Sistema UAB. Para

tanto, foram criados modelos de análise baseados nos fundamentos teóricos

apresentados e em categorias analíticas, decorrentes dos objetivos que foram

definidos para nortear esse estudo.

3.1.1 Definição de Categorias Analíticas e Modelos de Análise

Foram definidas três categorias de análise, as quais foram detalhadas em

suas dimensões, componentes e atributos. As categorias representam o conjunto de

variáveis que contribuem para caracterizar o fenômeno estudado, qual seja o

processo de gestão colaborativa do conhecimento em rede no Sistema UAB. Estas

categorias são:

1) As diretrizes e concepções organizacionais do Sistema UAB que criaram e

nortearam o processo de gestão colaborativa do conhecimento em rede no

seu contexto;

2) As práticas de gestão colaborativa do conhecimento de acordo com os

princípios da gestão do conhecimento tomados como referência;

3) O exercício da competência colaboração pelos sujeitos desse processo.

Para cada uma das categorias acima foi criado um modelo de análise de

acordo com as suas características e sua base teórico-conceitual. Para análise da

primeira categoria “diretrizes organizacionais do Sistema UAB”, foi criado e utilizado

um quadro de referências, destinado a dar suporte às análises documentais, tendo

em vista a compreensão das ideias contidas em documentos e normas, norteadores

do processo de gestão colaborativa em rede no Sistema UAB.

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139

Para a segunda categoria “práticas de gestão do conhecimento”, foi criado o

modelo de análise, denominado Modelo de análise de interações e modos de

conversão do conhecimento (IMCC), inspirado no conceito de gestão do

conhecimento dos autores Nonaka e Takeuchi (2008), elaborado e utilizado com a

finalidade de analisar o processo de conversão do conhecimento tácito-explícito,

seguindo a ideia da espiral do conhecimento, proposta pelos autores.

Estas análises das práticas de gestão colaborativa do conhecimento em rede

foram feitas a partir das observações das interações, entre os Coordenadores UAB

no ATUAB, classificando-se as participações, ocorridas no processo de troca de

conhecimentos entre os mesmos, no campo respectivo do modelo IMCC e indicando

como essa troca está associada a uma das etapas do processo de conversão do

conhecimento, proposto pelos autores: socialização, externalização, combinação ou

internalização.

Para a terceira categoria “exercício da competência colaboração”, foi criado

outro modelo de análise, denominado Modelo “C”. Este instrumento foi inspirado

numa pesquisa mais ampla do grupo de pesquisa Colearn, da Open University,

empreendida de forma colaborativa, por esse grupo, e integrado à tese, durante o

período de estágio de doutorado realizado pelo autor naquela universidade no ano

de 2013 e será apresentada em detalhes na seção 4: Análise de Dados, juntamente

com o seu processo de aplicação.

O “Modelo C” foi utilizado para a análise das respostas aos questionários de

pesquisa, aplicados junto aos sujeitos, coordenadores UAB e adjuntos, e

Coordenadores de Cursos da UNEB, com o objetivo de mapear as competências-

chave para a era digital, que os mesmos reconhecem, detêm e utilizam em seu

processo de gestão colaborativa do conhecimento em rede, especialmente a

competência colaboração.

Este “Modelo C” foi empregado ainda como instrumento de síntese,

associando-se a ele os dados das demais modelos com o objetivo de representá-los

de forma integrada, aplicando-se, neste momento, uma forma de triangulação de

dados, para apoiar as conclusões e permitir a articulação dos achados da pesquisa,

numa tentativa de corroborar entre si as visões parciais atribuídas em cada etapa

das análises.

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140

3.4 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS E OPERACIONAIS POR CATEGORIA DE

ANÁLISE

As definições constitutivas e operacionais de cada categoria são importantes

para evitar ambiguidade destes termos e dos seus respectivos usos no processo de

interpretação dos dados. Para Babbie (1998), uma pesquisa científica necessita de

precisão na definição de suas categorias de análise. Segundo Kerlinger, em sua

obra Metodologia da pesquisa em ciência social (1980), as categorias de análise são

definidas sob as formas constitutiva e operacional. As definições constitutivas têm

natureza denotativa, e as operacionais atribuem o significado que permite a

observação e a mensuração empíricas a partir de indicadores.

Entretanto, em virtude da abordagem interpretacionista ou compreensivista

adotada nesta pesquisa, as categorias de análise, bem como as suas definições

constitutivas e operacionais, não foram utilizadas com vistas à mensuração dos

fenômenos estudados, mas, sobretudo, com a finalidade de delimitar os aspectos a

serem priorizados no processo de interpretação e compreensão dos dados, obtidos

através dos diversos procedimentos de coleta.

Buscou-se ainda, nesta construção metodológica, uma aproximação de

procedimentos, recorrendo-se ao que Strauss e Corbin (2008) chamam de

codificação aberta, “[...] processo analítico, por meio do qual os conceitos são

identificados e suas propriedades e dimensões são descobertas nos dados” (2008,

p.103). Para Minayo (2013, p. 12), “o procedimento científico é, ao mesmo tempo,

aquisição de um saber, aperfeiçoamento de uma metodologia, elaboração de uma

norma”.

Neste sentido, as categorias de análise identificadas atendem a um processo

de codificação dinâmico e fluido (STRAUSS; CORBIN, 2008), sem a necessidade de

se constituírem em parâmetros rígidos, permeados por indicadores mensuráveis,

pois isso contrariaria o aspecto subjetivo das análises.

Com base nesta liberdade de delineamento do método para atender às

especificidades do objeto de estudos e às convicções teórico-metodológicas do

pesquisador, foram elaboradas as definições constitutivas e operacionais para cada

categoria, a serem utilizadas no processo de análise dos dados pesquisa,

explicitando-se suas dimensões, componentes e atributos que serão as referências

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141

para a condução da interpretação dos dados de campo e dos conteúdos de

documentos diversos utilizados.

3.4.1 Categoria 1 – Diretrizes Organizacionais do Sistema UAB

Definição constitutiva (DC): as diretrizes organizacionais do Sistema UAB são

normas, regulamentos, editais, ofícios, comunicados etc., que emanam dos órgãos

normativos, especialmente da Diretoria de Educação a Distância e da Presidência

da CAPES. Podem ser incluídas, nestas diretrizes, normas (portarias e resoluções)

emitidas pelo Ministério da Educação, além de leis e decretos que tratem da

regulamentação da educação superior a distância e se constituam em

obrigatoriedade e/ou diretriz para as instituições de ensino superior.

Definição Operacional (DO): a operacionalização desta categoria se dá

mediante a descrição das dimensões conceitual, legal e operacional, adicionando-se

seus componentes e atributos de acordo com cada documento selecionado para

análise.

O quadro de referência abaixo foi criado para servir de modelo de análise e

nortear as análises documentais de acordo com estas definições, baseadas em

documento e diretrizes organizacionais do Sistema UAB.

Quadro 04 – Referência para a análise documental

Dimensões Componentes Atributos

Documentos analisados

Conceitual Compreensão Apresenta reflexões sobre o sistema de gestão do conhecimento que amplia e aperfeiçoa a visão do Sistema UAB

Projeto da UAB – Fórum das Estatais pela Educação

Operacional Colaboração Oferta ou aceita informações práticas que contribuem na solução de problemas enfrentados no dia a dia

Guia do Sistema UAB

Legal Coerção Estabelece normas de procedimento que disciplinam o processo de gestão colaborativa

Decreto 5800/2006 – Cria o Sistema UAB.

Decreto 5622/2005 – Regulamenta consórcios para EaD.

Fonte: elaboração própria.

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142

3.4.2 Categoria 2 –Práticas de Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede

Definição constitutiva (DC): é o exercício do processo de trocas de

conhecimento (interação) entre as organizações, que consiste na conversão de

conhecimento entre tácito e explícito (NONAKA; TAKEUCHI, 2008), em movimento

espiral, representado por modos de conversão no ambiente interorganizacional.

Definição Operacional (DO): a operacionalização desta categoria se dá

mediante a descrição das dimensões socialização, externalização, combinação e

internalização, que são modos de conversão do conhecimento, que se manifestam

nas interações entre os sujeitos, representantes das organizações, envolvidas neste

processo, e podem ser constatadas nas observações sistemáticas das suas

interações no Ambiente de Trabalho da UAB ATUAB, cotejando-se as suas

manifestações, com os seus significados expressos nos atributos definidos no

modelo de análise elaborado para este fim.

O Modelo de Análise IMCC, quadro 5, abaixo, foi criado para nortear as

análises das interações entre os sujeitos da pesquisa, gestores do Sistema UAB de

acordo com estas definições.

Quadro 05 – Modelo de Análise de Interações e Modos de Conversão do Conhecimento (IMCC)

Item Sujeito A Sujeito B Tipo de Interação Símbolo Modo de Conversão Atributos

1 IES A IES B Palavra Chave

T T Tácito para Tácito

Indivíduo x

Indivíduo

2 IES C IES D Palavra Chave

T E Tácito para Explicito

Indivíduo x Grupo

3 IES E IES F Palavra Chave

E E

Explicito para

Explicito

Grupo x Grupo

4 IES G IES H Palavra Chave

E T Explicito para Tácito

Grupo x Indivíduo

Fonte: elaboração própria.

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143

Este modelo de análise “IMCC” foi construído com base na ilustração abaixo, quadro

6, que representa, segundo os autores Nonaka e Takeuchi (2008), o processo de

gestão do conhecimento, que se dá em movimento espiral e de forma cíclica,

consistindo na conversão de conhecimentos entre tácito e explícito, de acordo com a

etapa do processo em que a mesma ocorre.

Quadro 06 – Modos de Conversão do Conhecimento – SECI

Socialização Externalização

Internalização

Combinação

Fonte: adaptado de Nonaka e Takeuchi (2008).

3.4.3 Categoria 3 – Exercício da competência Colaboração

O Modelo de Análise C, abaixo, foi adaptado a partir do original, mas voltado

para uma competência específica, neste caso a colaboração, e mantendo os

mesmos princípios e processo classificatórios, para nortear as análises das

interações entre os sujeitos desta pesquisa, gestores do Sistema UAB, visando à

identificação de interações colaborativas, que possam ratificar o verdadeiro exercício

da colaboração, de modo a evidenciar a ocorrência da gestão colaborativa do

conhecimento em rede no âmbito do Sistema UAB.

Conhecimento

tácito

De

Conhecimento

Explícito

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144

Figura 10 – Modelo C Análise das Competências - gestão colaborativa em rede

Fonte: elaboração própria.

O Modelo de Análise C foi elaborado com o fim específico de analisar o

exercício da competência colaboração pelos sujeitos desta pesquisa, seguindo os

mesmos referenciais teóricos e metodológicos, que deram origem à Matriz Analítica

C, original (detalhada na seção 4, análise de dados), tendo sido, portanto,

construídas as suas definições constitutiva e operacional, que nortearam a sua

aplicação, no processo de análise dos dados desta pesquisa.

Definição constitutiva (DC): Competência é uma combinação de

conhecimentos, habilidades e atitudes apresentadas por um indivíduo e adequadas

a um contexto social.

O exercício da competência colaboração está associado à capacidade de

trabalhar em grupo, respeitando o outro, compartilhando conhecimentos, soluções e

inovações.

Definição Operacional (DO): A operacionalização desta categoria se dá por

meio da observação indireta, (questionários e entrevistas) com os sujeitos e também

mediante a observação direta no ambiente virtual de trabalho do Sistema UAB

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(ATUAB). Visa a descrever as interações entre os mesmos, com o objetivo de

compartilhar ideias e recursos desenvolvidos em suas instituições, tendo em vista a

resolução de problemas comuns.

Como acréscimo a este modelo de análise, elaborado pelo grupo de

pesquisadores do Colearn XXI, do qual faz parte o pesquisador autor desta

pesquisa, inseriram-se os aportes teóricos da Análise Cognitiva,como método de

análise que utiliza princípios da compreensão da cognição humana.

Esta abordagem tem como motivação principal a constatação de que se trata

nestes procedimentos de análise, da compreensão de comportamentos de sujeitos

humanos num contexto organizacional, buscando-se atribuir significados aos seus

atos, caracterizados como interações, às quais serão atribuídos significados,

categorizados como conhecimento, habilidade ou atitude, a serem interpretados

como ações favoráveis ou não à consolidação de um sistema de gestão colaborativa

em rede.

Nesta utilização da análise cognitiva para este fim, concordamos com

Burnham e Rios (2012), ao classificar este campo (AnCo) do conhecimento como

um meta campo, destinado a compreender como é que diferentes ciências que

estudam o Conhecimento, percebem, expressam, traduzem este conhecimento e,

neste processo, como é que este conhecimento pode se tornar elemento de

compreensão, neste caso de fenômenos, sobre os quais se busca ampliar as formas

de interpretação.

3.5 UNIDADES DE ANÁLISE E DE OBSERVAÇÃO

Essa investigação adotou um nível de análise organizacional (CHANLAT,

1993) e para tanto, tendo em foco o objeto da pesquisa, foram consideradas,

intencionalmente, duas unidades de análise:

1) O Sistema UAB, que representa a rede de instituições de ensino superior

públicas (universidades federais, estaduais e institutos federais de educação, ciência

e tecnologia), onde ocorre o fenômeno da gestão colaborativa do conhecimento em

rede.

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2) A Universidade do Estado da Bahia (Uneb), como nó ou ponto desta rede, tendo

como foco a sua participação no Sistema UAB, materializada nas suas interações

com as demais instituições que caracterizam a rede interorganizacional, que dá

lugar à ocorrência deste fenômeno.

Quadro 7 – Descrição das Unidades de Análise

Unidades de Análise Descrição

Sistema Universidade Aberta do Brasil Rede Interorganizacional de Instituições de

ensino superior (Sistema UAB)

Universidade do Estado da Bahia Universidade integrante do Sistema UAB

Fonte: elaboração própria.

A unidade de análise mais ampla, portanto, é o próprio Sistema UAB, onde se

inclui a UNEB. O pressuposto principal é de que o fenômeno pesquisado, a gestão

colaborativa do conhecimento em rede, surgiu e vem sendo aperfeiçoado no âmbito

deste Sistema. O caso de estudo, unidade de análise mais restrita, é a Uneb, campo

da pesquisa onde foram analisadas com maior profundidade as práticas de gestão,

verificando-se de forma mais aprofundada a efetiva realização das ações

colaborativas concebidas e desenvolvidas no âmbito deste sistema.

Portanto, o estudo das interações feitas a partir da Uneb com as outras

instituições que também fazem parte do Sistema UAB, foi tomado como referência

para a análise das práticas de gestão colaborativa em rede, possibilitando um olhar

mais aproximado destas práticas de gestão e a sua descrição mais detalhada,

devido ao diálogo mais aprofundado com os Coordenadores de Cursos da Uneb,

através de um questionário aplicado e de entrevistas realizadas com os mesmos.

Duas premissas podem ser consideradas como base da concepção deste

sistema. A primeira, de que existe no Sistema UAB um desnível de conhecimento e

de experiência entre as instituições de ensino superior, vez que, enquanto umas são

pioneiras, portanto experientes, na criação e na oferta de cursos na modalidade a

distância, outras são iniciantes e encontram na rede interorganizacional formada

pelo Sistema UAB, o suporte de conhecimentos e de experiências, compartilhados

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através deste processo de gestão colaborativa em rede, que lhes asseguram a

condição de ingressar no Sistema UAB e o suporte para viabilizar seus projetos

acadêmicos com um bom nível qualidade e possibilidades reais de execução com

êxito.

A segunda premissa é da criação de sinergia e economia de recursos.

Segundo seus defensores e idealizadores, a atuação em rede interorganizacional

fortalece cada unidade, pois não atuam de forma isolada e ainda promovem a

redução de custos em virtude do compartilhamento de recursos, ideias, soluções,

entre outras coisas, evitando o retrabalho e diminuindo as incertezas.

Foram definidas também, nesta pesquisa, como unidades de observação

(BABBIE, 1998), os sujeitos, Coordenadores UAB, Coordenadores UAB Adjuntos e

Coordenadores de Cursos, como são denominados os representantes de cada

instituição e seus suplentes, num total de 210 indivíduos. Cento e noventa e um

Coordenadores UAB e Adjuntos e ainda os Coordenadores de Cursos da Uneb e

seus substitutos ou vice-coordenadores, num total de 19 indivíduos. Estes sujeitos

responderam um questionário online, todos, e alguns foram entrevistados.

Para as entrevistas, a escolha dos Coordenadores UAB e Adjuntos, bem

como dos Coordenadores de Cursos da Uneb, se deu de forma intencional,

considerando-se dois critérios (MINAYO, 2011; TRIVINOS, 2013) importantes

segundo a compreensão empírica do pesquisador. No caso dos Coordenadores

UAB e Adjuntos, considerou-se a natureza jurídica da instituição de atuação, (se

Universidade estadual, federal ou instituto federal de educação, ciência e

tecnologia), para diversificar os pontos de vista e ainda o tempo de exercício da

Coordenação, tendo sido selecionados coordenadores mais experientes e antigos

na função e coordenadores mais novos, ainda sem vivência do processo de gestão.

Esse olhar esteve voltado também para a característica da instituição de

ensino superior representada pelo coordenador. Considerou-se incluir no grupo de

sujeitos entrevistados, representantes de instituições fundadoras do Sistema UAB e

representantes de instituições que ingressaram nos dois últimos anos. A intenção

destas escolhas foi a de avaliar os processos colaborativos pelos dois ângulos. No

primeiro caso, o olhar de quem já tem experiência e é solicitado a contribuir com os

seus pares, e no segundo, o olhar de quem está começando e precisa de muita

ajuda.

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148

O Critério de escolha dos coordenadores de cursos e vice-coordenadores da

Uneb seguiu a mesma lógica. Foram selecionados intencionalmente sujeitos mais

experientes, fundadores dos seus cursos e sujeitos mais novos na função, que

assumiram a coordenação com o curso já iniciado com a mesma finalidade da

escolha dos coordenadores UAB.

Quadro 08 – Definição das Unidades de Observação

Unidades de

Análise

Unidades de Observação Totais

Entrevistas Questionários online

Sistema UAB 6 191 197

Uneb 6 19 25

Totais 12 210 222

Fonte: elaboração própria.

Os Coordenadores UAB, Coordenadores UAB Adjuntos, Coordenadores e

Vice-Coordenadores de Cursos da UNEB são todos professores efetivos das suas

instituições, que foram nomeados para o exercício destas funções. Os dois primeiros

representam a instituição no âmbito do Sistema UAB, perante a CAPES, órgão do

governo federal que coordena as ações do sistema e integram uma coordenação

colegiada denominada Fórum Nacional de Coordenadores da Universidade Aberta

do Brasil.

O Fórum de Coordenadores UAB se reúne presencialmente pelo menos duas

vezes por ano, sob a coordenação da CAPES, uma no início e outra no final do ano.

Os encontros do Fórum se destinam à apresentação de diretrizes gerais do sistema

pela Diretoria de Educação a Distância da CAPES, bem como para troca de

conhecimentos e experiências entre eles. O mesmo grupo integra dois ambientes

virtuais formais, através dos quais se dão as interações entre eles e a CAPES, via

comunicados e fóruns virtuais. Os Ambientes são o Ambiente de Trabalho do

Sistema UAB (ATUAB) e Sistema de Gestão da UAB (SISUAB).

Os Coordenadores e Vice-coordenadores de cursos da Uneb são

responsáveis pela coordenação acadêmica dos seus cursos na universidade e

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representam sua instituição e sua área de atuação nos Fóruns de Área de

Conhecimento da UAB, também coordenados pela CAPES.

Os Fóruns de Área também se reúnem presencialmente, pelo menos uma vez

por ano, e os objetivos dos encontros são parecidos com os do encontro de

coordenadores UAB, mas têm uma diferença importante: as reuniões de

coordenadores de áreas são temáticas, ou seja, nelas são tratadas questões

específicas de cada área do conhecimento, tais como os projetos pedagógicos dos

cursos, as especificações de laboratórios e de equipamentos para as aulas práticas

nos cursos experimentais, os conteúdos e acervos bibliográficos e outras questões

de interesse específico de suas áreas de atuação diante do sistema UAB.

Quadro 09 – Definição das Unidades de Observação

Unidades de observação Descrição Perfil do pesquisado

Coordenação UAB Gestores e representantes

institucionais na UAB

06 - Professor efetivo da

instituição no exercício da

função de coordenador UAB ou

Adjunto

Coordenação de Cursos Gestores acadêmicos e

representantes de sua área

06 - Professor efetivo da

instituição no exercício da

função de coordenador ou vice-

coordenador de curso.

Fonte: elaboração própria.

A implementação destes modelos de análise foi aplicada ao conjunto de

dados obtidos através dos procedimentos descritos abaixo e os seus resultados

estão detalhados no capítulo análise de dados.

3.6 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados desta pesquisa seguiu um conjunto de procedimentos

selecionados de acordo com as suas vertentes teórico-metodológicas, tendo sido

utilizadas técnicas como a aplicação de questionários online, entrevistas através de

web conferências, realizadas com ferramentas como o Skype, Hangout e Flash

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Meeting, além do estudo de documentos e normas que regulamentam o

funcionamento do Sistema UAB.

Outro procedimento adotado foi a elaboração e a validação de mapas

cognitivos sobre os processos de gestão colaborativa do conhecimento em rede,

originados e implementados desde a sua criação.

3.6.1 Mapeamento Cognitivo

O mapeamento cognitivo dos processos de gestão do conhecimento no

Sistema UAB foi elaborado de forma colaborativa, tendo sido realizada uma

proposição inicial, elaborada pelo próprio pesquisador, com base no seu

conhecimento do Sistema, uma vez que foi coordenador UAB por cinco anos e, com

base também em observações no Ambiente de Trabalho do Sistema UAB(ATUAB),

uma comunidade virtual criada na plataforma Moodle (Modular Object-Oriented

Dynamic Learning Environment) e gerida pela CAPES.

A elaboração da proposta inicial do mapa cognitivo do Processo de Gestão

Colaborativa do Conhecimento no Sistema UAB, denominado de Mapa Macro UAB,

contou ainda com o subsídio da leitura de documentos referentes ao sistema, para

chegar à sua versão inicial. Em seguida, o mapa, em sua versão preliminar, foi

submetido a um processo de validação por pares, ou seja, outros sujeitos,

Coordenadores UAB, foram envolvidos no processo de construção. A seleção

intencional destes sujeitos obedeceu aos seguintes critérios: a) ser Coordenador

UAB em exercício efetivo das suas funções; b) ter experiência de pelos menos dois

anos nesta função em suas instituições; e c) pertencer a diferentes segmentos do

sistema (Universidades Federais, Estaduais, Institutos Federais e Diretoria de EaD

da CAPES).

Observando-se estes critérios, criados para dar uma ampla diversidade de

pontos de vista sobre o sistema, foram convidados um representante da

Universidade Estadual de Maringá (UEM), um da Universidade do Estado de São

Paulo (Unesp), um da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e um do

Instituto Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (IFRN) para

participarem do processo de elaboração do Mapa UAB Macro. Durante o período de

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interações entre o pesquisador e esses sujeitos partícipes da construção do mapa

em questão, foram elaboradas quatro versões intermediárias, no período de maio a

setembro de 2013, através das quais pode-se verificar a evolução da compreensão

do processo, incorporando-se as sugestões de mudanças indicadas pelos

participantes, até o estágio em que o mapa foi considerado concluído, na medida em

que os colaboradores afirmaram não terem mais nenhuma sugestão para

aperfeiçoá-lo.

3.6.2 Análise Documental

Os procedimentos iniciais de caráter exploratório desta pesquisa foram

apoiados de forma significativa por uma revisão de documentos que deram origem e

que regulam o Sistema UAB. A leitura destes documentos muito auxiliou na definição

do objeto da pesquisa, na definição dos objetivos e na formulação da questão

principal que se busca responder. Lakatos e Marconi (2010) afirmam que a

documentação indireta que se constitui um “[...] material-fonte geral é útil não só por

trazer conhecimentos que servem de background ao campo de interesse, como

também para evitar possíveis duplicações e/ou esforços desnecessários [...]”

(p.157).

A análise de documentos nesta pesquisa incidiu sobre o que os autores

Lakatos e Marconi (2010), Gil (2010), Salomon (2000) classificam como fontes

primárias, ou seja, documentos públicos que se encontram em arquivos oficiais,

normalmente mantidos por governos municipais, estaduais ou federal, tais como leis,

ofícios, relatórios, projetos de lei, processos, atas etc., sendo que, na realidade atual,

estes documentos se encontram disponíveis na Internet, nas páginas dos órgãos

que os publicam.

Os documentos selecionados e analisados nesta pesquisa foram o Projeto da

Universidade Aberta do Brasil, elaborado pelo Fórum das Estatais pela Educação e

publicado pelo Ministério da Educação, leis, decretos e resoluções que criaram e

regulam o Sistema, o Guia do Sistema UAB, um documento elaborado para orientar

os Coordenadores UAB em suas atividades de gestão, além de comunicados da

CAPES para os seus integrantes.

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3.6.3 Questionários

Os questionários foram elaborados com conteúdos diferentes para cada grupo

de sujeitos, porém no mesmo formato de questionários online, utilizando-se o

programa Survey Monkey, disponível na Internet, sob assinatura. O sistema de

aplicação é diversificado, e optou-se nesta pesquisa pelo envio de um link para o

email do sujeito, acompanhado de instruções para o preenchimento. A identidade

dos sujeitos foi preservada, oferecendo-se a declinação do nome como resposta

opcional e excluindo as eventuais identificações do processo de análise.

Aos cento e noventa e um coordenadores Uab e Adjuntos foram enviadas 16

questões de múltipla escolha, algumas com a opção de comentários abertos,

versando sobre a sua atuação no âmbito do sistema e com foco principal no

exercício da competência colaboração. O objetivo deste questionário, concebido

como técnica de observação indireta (QUIVY; CAMPENHOULDT, 2013), foi obter

dados sobre os processos colaborativos praticados pelos mesmos, e seus

resultados foram analisados com o Modelo de Análise C, descrito acima.

Os dezenove coordenadores e vice-coordenadores de cursos da Uneb,

também responderam um questionário no mesmo formato, cujo foco principal foi a

sua atuação na função de coordenação, principalmente em termos da sua interação

com as outras instituições que fazem parte do sistema, no sentido de prestar ou

obter colaboração para a resolução das suas dificuldades relacionadas à gestão do

conhecimento para a implementação dos projetos dos seus cursos. O questionário

também teve 16 questões de múltipla escolha com algumas opções de comentários

abertos.

3.6.4 Entrevistas

O procedimento adotado para esta etapa do levantamento de dados foi o da

entrevista exploratória. Esta técnica, segundo Quivy e Camppenhouldt, tem

[...] como função principal revelar determinados aspectos do fenômeno estudado em que o investigador não teria pensado por si mesmo e, assim, completar as pistas de trabalho sugeridas pelas suas leituras. (QUIVY; CAMPPENHOULDT, 2008, p. 69)

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153

Ainda segundo os autores, que recomendam a realização destas entrevistas

na etapa inicial de elaboração do projeto de pesquisa, para nortear a definição da

problemática e a construção das hipóteses de trabalho, a entrevista exploratória

deve decorrer de forma muito aberta e flexível, sendo recomendado que o

pesquisador evite perguntas precisas e em número demasiado. Este tipo de

entrevista foi escolhido por se adequar muito bem aos interesses desta pesquisa,

uma vez que se busca a construção de uma proposta inovadora de gestão do

conhecimento, alicerçada na sistematização da percepção dos sujeitos da pesquisa

sobre o fenômeno em estudo.

As entrevistas foram realizadas, também, com os dois grupos de sujeitos.

Foram escolhidos intencionalmente seis Coordenadores UAB ou Adjuntos, tomando-

se como critérios a diversificação das instituições de ensino superior que os mesmos

representam no Sistema. Nesta seleção, procurou-se incluir representantes de

Institutos Federais de Educação, Universidades Estaduais e Universidades Federais.

Outro critério de escolha foi o tempo de experiência destas instituições e,

consequentemente, dos seus coordenadores com a educação na modalidade a

distância. Foram incluídas instituições mais experientes, cujo papel no sistema é dar

apoio às demais nas suas dificuldades e instituições com pouco tempo de

experiência com a educação a distância, que buscam nas primeiras o suporte

necessário para se integrar com êxito ao Sistema UAB.

Os critérios de escolha dos Coordenadores e Vice-coordenadores de cursos

da Uneb para a concessão de entrevistas foi parecido, sendo neste caso

considerada a experiência na coordenação dos cursos. Foram também seis

coordenadores ou vices, sendo três fundadores de seus cursos, ou seja, sujeitos

que participam da coordenação desde a elaboração dos projetos e permanecem até

o período considerado para coleta de dados, em dezembro de 2012, num grupo, e

outros três sujeitos que assumiram a coordenação depois dos cursos iniciados.

A duração de cada entrevista foi estimada em trinta minutos, e foram

elaboradas cinco questões abertas apenas para servir de roteiro e de provocação,

deixando-se os sujeitos à vontade com o tempo e com os temas, abordando em

suas respostas os conteúdos das perguntas apresentadas ou outros de acordo com

a sua percepção do fenômeno, permitindo-lhes responder pelo tempo que

entenderem que fosse necessário.

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A análise dos dados levantados com estes procedimentos e de acordo com as

opções metodológicas adotadas, descritas acima, está contida na seção seguinte.

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155

4 ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com os princípios epistemológicos e procedimentos metodológicos

descritos, buscou-se a análise da gestão do conhecimento no Sistema UAB

observando-se a seguinte ordem e combinação de processos. Inicialmente,

representou-se o Sistema através do mapeamento cognitivo, visando a apresentar a

sua dinâmica e utilizando para isso os princípios de rede, enquanto um conjunto de

unidades interligadas, em formato de pontos ou nódulos e linhas ou arcos, indicando

uma relação entre estes pontos e revelando uma ordem característica.

Para além desta representação gráfica, no dizer de Mance (1999), a rede é

uma articulação entre diversas unidades que, através de certas ligações, trocam

elementos entre si e, neste sentido, valendo-se dos princípios da cartografia

cognitiva (OKADA, 2000), foram construídos mapeamentos conforme descritos

adiante, os quais serviram de base para este processo-análise.

Após esta representação através dos mapas, foram feitas as análises,

utilizando-se os modelos criados para este fim. Foram criados e aplicados modelos

de análise, conforme descritos acima: um quadro de referência para a análise

documental, um modelo de análise da gestão do conhecimento (Modelo IMCC) e um

modelo de análise das competências (Modelo de Análise C), destinados à análise

das competências reveladas pelos sujeitos da pesquisa em sua atuação como

gestor no Sistema UAB.

Nesta sequência, são apresentados os dados colhidos no exercício da

pesquisa e as análises realizadas com base nos mesmos.

4.1 O MAPA DO CONHECIMENTO SOBRE O PROCESSO DE OFERTA DE CURSOS NO SISTEMA UAB

Construído para representar o fluxo de gestão do conhecimento no Sistema

UAB e denominado “Mapa Macro UAB”, o mapa resultante de uma construção

metodológica, abaixo descrita, representa o seu processo de funcionamento desde a

demanda social pelo curso, na modalidade a distância, até a sua conclusão pelo

estudante.

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156

Este mapeamento representa as redes de conhecimentos formadas no

Sistema Universidade Aberta do Brasil e tem como objetivos principais representar

estas redes e ensejar sua visualização de forma mais ampla, permitindo a

compreensão do todo, bem como o seu fracionamento em partes específicas,

considerando-se neste procedimento uma concepção de rede, que a define como

um conjunto de pontos ou “nós” interligados por linhas de conexão que representam

uma relação entre os mesmos (MANCE, 1999).

Uma característica importante das redes, adotada também nesta

representação, é que cada ponto ou nó, em si, pode constituir-se em uma rede com

complexidade diferente daquela de que faz parte.

Numa descrição breve, visando a nortear a construção do mapa que

representa esta rede de conhecimentos constituída pelo Sistema UAB, podemos

afirmar que, através deste, são ofertados cursos de nível superior para camadas da

população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, utilizando-se da

educação a distância.

Seus cursos são ofertados pelas Instituições de Ensino Superior, públicas,

que fazem do sistema. Através desta política pública, a UAB visa à expansão e à

interiorização da educação superior em todo o País e, de acordo com a

Coordenação de Capacitação de Pessoal de Nível Superior (CAPES), tem foco

principal em dois segmentos importantes que são os professores da educação

básica e os servidores públicos, como afirma o órgão em seu sítio na Internet

(www.uab.capes.gov.br).

Os objetivos mais amplos desta política são a melhoria da educação básica,

através da qualificação inicial e continuada dos professores, que atuam nas redes

públicas estaduais e municipais, bem como a qualificação inicial e continuada dos

servidores públicos em todos os níveis.

A descrição do seu processo de funcionamento, revelada pelos sujeitos que

colaboraram com esta pesquisa, indica que,ao receber da sociedade a demanda por

um curso ou mesmo ao detectar a necessidade da oferta de cursos, com base em

dados recolhidos das estatísticas oficiais disponíveis, que apontam as carências por

formação destes profissionais, a universidade elabora o projeto acadêmico, faz as

articulações com os polos de apoio presencial do Sistema UAB, nos locais onde

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157

estas demandas são mais expressivas e faz este projeto tramitar em suas instâncias

internas.

Aprovado na Universidade, o projeto do curso é enviado para a CAPES nas

chamadas anuais para submissão de propostas de cursos novos. Se aprovado,

passa a integrar o rol de cursos ofertados pela instituição, sendo registrado pela

CAPES em seu Sistema de Gestão (SisUAB). Os cursos registrados no SisUAB, na

página da universidade neste sistema, estão habilitados para serem “articulados”

quando ocorrer a chamada anual para a oferta de cursos, programada regularmente

para os meses de abril e outubro de cada ano.

Articular um curso, na linguagem corrente do Sistema UAB, significa

formalizar a sua oferta em determinados Polos de Apoio Presencial, atendendo aos

critérios estabelecidos pelo sistema para assegurar a qualidade exigida.

A gestão do conhecimento aqui apresentada com a utilização do mapeamento

cognitivo, tem como princípio a visão já apresentada na revisão teórica desta

pesquisa, que a definiu como “o processo sistemático de identificação, criação,

renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma

organização” (NONAKA; TAKEUCHI, 2000, p. 55).

Do mesmo modo, a visão sobre o conhecimento que se deseja considerar,

inclui, conforme Takeuchi e Nonaka, os dois tipos por eles defendidos, o tácito e o

explicito, bem como a sua dinâmica de conversão nos moldes do modelo SECI,

descrito na seção teórica.

Saliente-se que cada um destes elementos que fazem parte do processo

representado (ponto ou nós da rede) está carregado de informações, normas, leis,

manuais de procedimentos, informações, dados, números, dimensões,

características e outros atributos já convertidos em conhecimento explícito e

registrado nos acervos físicos e digitais/virtuais sobre os mesmos, além do que se

constituem objeto de uma imensurável gama de conhecimentos tácitos, subjetivos,

construídos pelos sujeitos que participam deste sistema ao longo da sua existência.

O uso dado a este mapa, após a sua construção com a participação dos

sujeitos que compõem o Sistema UAB, além da sua utilização no processo de

análise desta pesquisa, foi a sua publicação na Internet, tornando-o disponível para

os diversos públicos que atuam nesta área, sendo que cada um destes elementos

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poderá ser conectado com páginas que apresentem informações sobre os mesmos,

permitindo que todos estes sujeitos, o professor, o estudante, o gestor, o tutor, o

coordenador de polos e até o público em geral possam obter de forma ágil as

informações que lhe interessarem sobre este processo.

Neste aspecto, o mapa é uma forma de representação do conhecimento

sobre o Sistema UAB, elaborado para efeito de análise nesta pesquisa, mas

essencialmente para ser aplicado, no futuro, como instrumento de gestão, permitindo

que as decisões a serem tomadas no âmbito deste processo possam ser

referenciadas nestas informações e registradas, visando ao enriquecimento deste

mesmo processo.

O Mapa do Conhecimento sobre o processo de oferta de cursos no Sistema

UAB, denominado neste estudo "Mapa Macro UAB" foi elaborado no período de

maio a setembro de 2013 e consistiu de cinco etapas de construção. Inicialmente, o

pesquisador, com base no seu conhecimento do Sistema UAB, tendo recorrido a

observações no ATUAB (Ambiente de Trabalho do Sistema UAB), uma comunidade

virtual criada na plataforma Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning

Environment) e gerida pela CAPES, bem como a leitura de documentos referentes

ao sistema elaborou a proposta de representação, denominada "Mapa UAB Macro

1",figura 11, a seguir, que foi o ponto de partida do processo de construção da

versão final do referido mapa.

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Observa-se, na figura 11, que esse mapa inicial foi concebido com três etapas

principais, destacadas em figuras ovais azuis, respectivamente “Projeto de Curso

IES”, “Implantação dos Cursos IES” e “Oferta do Curso”. A cada uma destas etapas,

estão associadas várias outras que representam as ações necessárias para que

sejam efetivadas e são representadas por quadrados e retângulos, identificados pelo

nome do processo que representam. Cada uma destas figuras tem um significado

próprio e encerra no seu título a indicação de que um conjunto de conhecimentos

referentes àquela etapa do processo está implícito à sua concretização.

Este mapa inicial, ao longo de cinco meses, foi submetido a um processo de

validação por pares que obedeceu aos seguintes critérios para a seleção dos

participantes:

a) Ser Coordenador UAB em exercício efetivo das suas funções ou Gestor da

CAPES;

b) Ter experiência nesta função em suas instituições;

c) Pertencer a diferentes segmentos do sistema (Universidades Federais, Estaduais,

Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e Diretoria de EaD da

CAPES).

Observando-se estes critérios, criados para dar uma ampla diversidade de

pontos de vista sobre o sistema, foram convidados um gestor da CAPES, um

representante da Universidade Estadual de Maringá (UEM), um da Universidade do

Estado de São Paulo (Unesp), um da Universidade Federal de São Carlos

(UFSCAR) e um do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Norte (IFRN) para participarem do processo de elaboração do Mapa UAB

Macro.

Durante o período de interações entre o pesquisador e esses sujeitos

partícipes da construção do mapa em questão, foram elaboradas quatro versões

intermediárias, através das quais pode-se verificar a evolução da compreensão do

processo, incorporando-se as sugestões de mudanças indicadas pelos participantes.

O Mapa Macro representa a síntese deste processo de validação. A

comparação das duas imagens permite visualizar uma evolução muito grande da

representação do processo de gestão do conhecimento no Sistema UAB, obtida com

a junção das várias percepções que foram mobilizadas e inseridas no mapa original.

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A mudança mais destacada, portanto, facilmente visível ao observamos os

dois Mapas, foi o acréscimo de uma etapa, inexistente no processo inicial referente à

aprovação das propostas de cursos pela CAPES. Além desta mudança mais

estrutural, muitas outras intermediárias foram acrescentadas, suprimidas ou apenas

modificadas, atendendo às sugestões e críticas apresentados pelos participantes da

validação.

O Mapa Macro UAB 5, apresentado na figura 12, abaixo, resulta de uma

validação, mas não pode ser considerado um ponto de chegada, sim de partida. A

imagem foi registrada como Recurso Educacional Aberto (REA), com licença

Creative Commons, publicada na Internet, em repositórios públicos, com permissão

de uso e modificação por qualquer interessado, além de ser enviada para todos os

Coordenadores UAB e Coordenadores UAB Adjuntos, que são, respectivamente,

representantes titular e suplente, das universidades que integram o Sistema UAB,

junto à CAPES. O objetivo desta distribuição foi disseminar o conhecimento

produzido e estimular o seu uso nas diversas situações para as quais fora

concebido.

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4.1.1 Análise do Mapa Macro UAB

O Mapa Macro UAB, em seu estágio atual de construção, apresenta quatro

fases principais, representadas acima em formato de figuras ovais, colocadas

estrategicamente ao longo do processo para indicar os pontos importantes da gestão

do conhecimento em rede no Sistema UAB. Como pode ser visto nesta

representação, o fluxo de gestão do conhecimento tem início na demanda por um

determinado curso. Esta demanda pode ser apresentada à universidade de diversas

formas e pode ainda ser oriunda de fontes diferentes.

O primeiro quadro na extremidade esquerda do Mapa indica a origem destas

demandas. Algumas vezes a comunidade, através dos cidadãos que residem na

proximidade da universidade ou mesmo que visitam seu portal na Internet, buscam

informações e revelam os seus interesses. Quando esta procura se faz

representativa, a universidade mobiliza recursos, busca meios junto à CAPES para

concretizar este atendimento. Outras vezes esta demanda tem origem nos Polos de

Apoio Presencial, integrados ao Sistema UAB, na medida em que, de forma

semelhante, são instados pela sua comunidade próxima ou remota via rede, a

provocar a universidade no sentido de atender suas demandas espontâneas.

Este mesmo quadro, à esquerda do mapa, revela duas outras forças que

podem originar uma oferta de cursos a distância no Sistema UAB. Uma está

representada pelas redes estaduais e municipais de educação que, no intuito de

atender às suas demandas por formação de professores, recorrem às universidades

com as suas carências indicadas por área do conhecimento, informando a

quantidade de vagas que se precisa dispor para qualificar o seu corpo docente,

provocando estas instituições de ensino superior a buscar na CAPES os meios para

atendimento destes pleitos.

Por último, mas não menos importante, a própria CAPES, atendendo a

diretrizes políticas do governo federal, através do Ministério da Educação, promove

chamadas, por editais voltados para as universidades integrantes do Sistema UAB,

ou mesmo outras universidades públicas que desejem se juntar o Sistema. Desta

forma promove a oferta de cursos voltados para a formação de professores e de

servidores públicos, visando a cumprir seu papel de expandir a oferta e buscar a

interiorização da educação superior no País.

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Observa-se no Mapa Macro UAB 5 (figura 12) que, uma vez caracterizada e

assumida pela universidade esta demanda, segue-se para a primeira etapa interna

do processo, que é a elaboração do Projeto do Curso (figura 13, abaixo).

Figura 13 – Mapa parcial da elaboração do Projeto de Curso

Fonte: elaboração própria.

O processo de elaboração e de aprovação destes projetos de cursos não foi

retratado no mapa, pois, na maioria dos casos, segue a mesma dinâmica de

qualquer outro curso da modalidade presencial ofertado pelas diversas

universidades, bem como as peculiaridades de cada instituição de acordo com as

suas normas e regimentos internos.

A CAPES só recebe projetos de cursos, para análise, que já estejam

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aprovados pelas instâncias formais da universidade. No entanto, acrescenta-se o

que há de diferente nestes cursos, que é o fato de serem destinados à oferta através

do Sistema UAB, portanto, sujeitos a uma “articulação” com os Polos de Apoio

Presencial, bem como à adequação ao sistema de financiamento, de acordo com os

parâmetros predefinidos.

A segunda etapa do processo de gestão do conhecimento do Sistema UAB,

mapeada neste estudo (figura 14), é a avaliação do projeto do curso pela CAPES. A

palavra de ligação entre esta etapa e a primeira é “submissão”, e foi empregada

porque esta é de fato a prática do sistema – a universidade propõe os cursos

idealizados e projetados pelos seus órgãos internos, a partir de demandas locais ou

adesão a um edital publicado pela CAPES, enviando estes projetos para análise e

aprovação ou não daquele órgão.

Figura 14 – Mapa parcial: aprovação dos cursos pela CAPES

Fonte: elaboração própria.

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Nesta etapa, as avaliações dos projetos de cursos feitas pela CAPES, via de

regra, recorre comissões ad hoc, compostas por professores das diversas

universidades que integram o sistema. Nela são selecionados os projetos que

atendem aos critérios do edital ou as regras das ofertas já aprovadas previamente,

e, principalmente, são avaliadas as articulações.

Uma articulação, na linguagem do Sistema UAB representa a harmonização

da proposta da instituição de ensino superior com a demanda e as boas condições

de oferta dos Polos de Apoio Presencial.

Para julgar as propostas enviadas pelas Instituições de Ensino Superior (IES)

à Capes, as comissões ad hoc consideram as normas gerais de ofertas de cursos

definidas pela Capes e publicadas nos editais de chamadas ou através de ofícios e

comunicados; consideram ainda a pertinência do Projeto Pedagógico do Curso

(PPC), a documentação exigida e, em conjunto com os técnicos da Coordenação de

Articulação Acadêmica (CAAC) e da Coordenação de Apoio a Polos (COAP),

verificam a capacidade de oferta de cada Polo articulado na proposta, observando

se as condições de oferta são adequadas, tendo em vista a avaliação do polo, a sua

capacidade par receber novos cursos, entre outros critérios.

Os resultados desta avaliação são publicados em forma de aprovação parcial,

através da qual são indicados pontos eventualmente frágeis da proposta para que as

IES apresentem os necessários esclarecimentos. Nesta oportunidade ocorre

também um período destinado a recursos para que as IES que não tenham sido

contempladas nesta aprovação parcial possam buscar formas de resolver problemas

que motivaram a reprovação da sua proposta (fase recursal). Finalmente, sanadas

estas questões de ajustes, a Capes publica o resultado definitivo, indicando as IES

que tiveram aprovação integral de seus cursos, bem como as articulações com os

Polos de Apoio Presencial que foram julgadas aptas para oferta.

Vale ressaltar que este processo de apresentação de propostas através de

editais ocorre quando o sistema está implantando cursos novos ou expandindo a

oferta de cursos já existentes para novas IES e, consequentemente, novos polos.

Para o caso de reofertas de cursos que já estão em funcionamento em IES e

Polos, relativos a novas turmas dos mesmos cursos, todo o processo de articulação

é feito através do Sistema SISUAB, uma plataforma de gestão mantida pela Capes,

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através da qual as IES apresentam propostas de articulação de novas turmas, sendo

este julgamento de propostas realizado pelos técnicos da Capes, dispensando assim

a necessidade de comissões ad hoc e de editais.

A terceira fase do processo de gestão do conhecimento no Sistema UAB está

representada no mapa sob a denominação “Processo de Implantação do Curso”

(figura 15), sendo deflagrada imediatamente apos a publicação do resultado do

julgamento do Edital para novos cursos.

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Esta etapa é crucial para o sucesso do projeto de implantação dos cursos,

pois consiste na preparação de toda a estrutura de pessoal e material que antecede

a sua implementação. Observa-se, na parte inferior da figura oval que representa a

etapa 03, que logo após a aprovação das articulações que acontecem na etapa

anterior, tem início a fase de financiamento e liberação de recursos pela Capes para

que a IES possa dar início ao planejamento e à execução das atividades

preparatórias para a oferta dos cursos.

Mesmo representada de forma simples e reduzida, a exemplo de todas as

outras subetapas, esta fase de financiamento envolve grande complexidade. Neste

ponto existe uma importante diferenciação no processo de financiamento de repasse

de recursos, de acordo com a natureza da IES. Para as Universidades e Institutos

Federais de Educação, este repasse se dá através de descentralização dos recursos

aprovados nos projetos, seguido de execução e posterior prestação de contas. Este

processo acontece através de um sistema denominado Sistema Integrado de

Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (SIMEC), que adota

os mesmos procedimentos de repasse de recursos pelo governo federal para as

Universidades e Institutos, uma vez que estes fazem parte da sua estrutura

organizacional.

Por outro lado, no caso das Universidades Estaduais, o sistema adotado é o

Sistema de Convênios do Governo Federal (SICONV), fazendo-se necessária a

assinatura de um convênio entre a Capes e a Universidade, para tornar legítimo este

repasse e definir, através de Planos de Trabalho anexados aos convênios, as

atividades que serão financiadas.

Tanto as Universidades e Institutos Federais, quanto as Universidades

Estaduais recebem este financiamento por vias diferentes de acordo com a natureza

da despesa. As bolsas que são recursos destinados a remuneração de professores

formadores, professores autores e revisores, além de tutores e pessoal de

coordenação, constituem itens de custeio que não são repassados para as IES.

O processo de execução destes recursos se dá através de pagamento direto

aos bolsistas e ocorre através de um Sistema Geral de Bolsas (SGB). Nele os

bolsistas são cadastrados de acordo com as peculiaridades de suas atividades

(tutoria, docência, autoria, coordenação), e suas bolsas são programadas de acordo

com as cotas aprovadas desde a proposição dos projetos de cursos pela IES e

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liberação da Capes.

Como se pode ver ilustrado na figura 5, segue-se nesta etapa, também, um

conjunto de atividades preparatórias que são indispensáveis para uma boa oferta.

Em relação aos Polos de Apoio Presencial, com os quais a IES mantém convênios

de cooperação para a oferta destes cursos, nos quais estão definidas as obrigações

das partes neste processo, faz-se necessária a visita prévia para planejamento,

supervisão das condições de oferta que devem ser mantidas no mesmo nível da

etapa anterior ou melhoradas por indicação dos avaliadores (da Capes ou do Inep).

Nestas oportunidades, os representantes das IES, ao visitarem os polos,

verificam a existência de acervo bibliográfico, de acordo com as exigências legais

para oferta de cada curso específico, bem como as condições dos laboratórios, nos

casos de cursos que tenham aulas experimentais ou de campo, tais como biologia,

química, física, educação física e outros.

Ainda neste momento são planejadas as atividades de capacitação de

pessoal dos polos, planejamento de pedagógico para ofertas dos cursos e

procedimentos locais para os processos de inscrição e de aplicação de provas do

processo seletivo de tutores presenciais e de estudantes (vestibular ou Enem/Sisu)

para ingresso nos cursos.

Para além destas atividades junto aos polos, a IES seleciona e capacita os

professores autores que vão produzir o material didático nas diversas mídias

(impressos, vídeos, animações etc.), realizando os mesmos procedimentos de

seleção e capacitação para tutores a distância, professores formadores, equipe

técnica e administrativa. Neste mesmo processo, faz-se ainda o planejamento

pedagógico que detalha a oferta de cada disciplina e fornece o conteúdo que será

disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

A realização de todas estas atividades da terceira etapa possibilita o início da

quarta e última etapa do processo, que é a de execução do Projeto Pedagógico do

Curso (PPC), ilustrado na figura abaixo (Figura 16) e denominado no mapa

“Implementação dos Cursos”.

Os recursos destinados ao custeio destas atividades, diferentemente das

bolsas, que são depositadas diretamente em contas bancárias individuais dos

bolsistas e específicas para este fim, mediante pedido da IES através do SGB, são

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repassados para as instituições, por meio de descentralização orçamentária, no caso

das instituições federais ou através de depósito em conta corrente especialmente

criadas para atender aos convênios das Universidades Estaduais.

No momento de início das aulas, a situação ideal é que todos os materiais

didáticos estejam prontos, os impressos enviados para os polos para serem

entregues aos estudantes. É importante também que estes estudantes já estejam

devidamente matriculados, de acordo com sua classificação no processo seletivo,

que os ambientes virtuais de aprendizagem estejam prontos, com todos os seus

recursos planejados e seus conteúdos disponibilizados. As vídeo-aulas precisam

estar elaboradas e distribuídas em mídias adequadas (CD, DVD, Pen drives etc.) ou

disponibilizadas na Internet.

Além destas providências que se referem aos materiais, faz-se necessário

ainda que os professores e tutores estejam selecionados, capacitados e cadastrados

no SGB para receberem suas bolsas, à medida que forem cumprindo as etapas das

suas atividades docentes. Há que se cuidar da oferta de links para bibliotecas

virtuais e acervos públicos, tais como o Portal de Periódicos Capes, o IBICT, o Portal

de Domínio Público e outros, para dar acesso à pesquisa pelos estudantes, de

acordo com a demanda das disciplinas e, finalmente, que os planos de ensino, com

as suas respectivas atividades de avaliação de desempenho dos estudantes,

estejam disponíveis para acesso.

Quanto aos Polos de Apoio Presencial, as boas condições de oferta também

devem ser asseguradas no início das aulas, garantindo-se que os laboratórios,

bibliotecas, salas de aulas, salas de tutoria, áreas de convivência etc., estejam em

pleno funcionamento, que os acervos bibliográficos estejam de acordo com os

cursos ofertados, os laboratórios e links de Internet disponíveis e em bom estado de

funcionamento. É importante também que o seu pessoal de coordenação, limpeza,

segurança, biblioteca, secretaria e de tutoria presencial esteja contratado e

capacitado para a realização de atividades de suporte aos estudantes.

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Figura 16 – Mapa parcial: implantação dos Cursos

Fonte: elaboração própria.

Observadas estas condições iniciais que são providas nas etapas anteriores,

tem início a oferta de disciplinas de acordo com os PPC, tendo lugar então o exército

da vida acadêmica dos estudantes, apoiados pelos professores, tutores presenciais,

pessoal dos polos e tutores a distância. Esta é a fase da implementação do curso.

A novidade que representa o estudo na modalidade a distância requer um

cuidado especial nesta etapa. Observam-se representadas no mapa as atividades de

ambientação dos estudantes e de acompanhamento dos mesmos, inclusive com

encontros presenciais, que implicam na ida aos polos, pelos representantes das IES,

além de todo o acompanhamento através do Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Ocorrem nesta etapa também as atividades de laboratórios, participação em

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eventos acadêmicos, seminários, congressos etc., realização de atividades

curriculares complementares, estágios, iniciação científica, avaliações de

desempenho de estudantes, recuperação quando necessário, até a conclusão do

curso com a colação de grau, seguindo-se os mesmos rituais acadêmicos que

envolvem uma formação universitária.

Concebido como uma rede de conhecimento, no dizer de Mance (1999), uma

articulação entre diversas unidades que, através de certas ligações, trocam

elementos entre si e podem multiplicar-se em novas unidades, o mapa geral acima

apresentado, denominado Mapa Macro UAB, possibilitou a construção de novos

mapas, concebidos a partir dos seus componentes.

Estes componentes ou unidades, uma vez estudados em sua complexidade,

revelaram novas redes, mais específicas, representadas em forma mapas das

subetapas do processo geral (componentes ou unidades), denominados Mapa Micro

UAB.

Estes mapas secundários têm como principal objetivo promover reflexões

sobre o processo de gestão do conhecimento, em cada uma das etapas

intermediárias, representá-las graficamente para permitir uma visualização do fluxo

de conhecimentos, decorrente da implementação de processos específicos,

permitindo assim o seu aperfeiçoamento contínuo, bem como a sua adaptação a

cada realidade, de acordo com as características da instituição interessada na sua

aplicação.

4.1.2 Mapas do Conhecimento sobre o processos intermediários ou Mapas Micro UAB

Este mapeamento amplia as possibilidades de análises, considerando a

necessidade de representar detalhes mais refinados de etapas intermediárias

específicas dos diversos processos de gestão do conhecimento no Sistema UAB.

Mais uma vez, fez-se necessária a definição de critérios, sendo que nesta etapa o

mais importante foi a definição de que parte do sistema deveria ser detalhada.

A escolha foi facilitada pela constatação de que uma das partes mais críticas

do processo de gestão do conhecimento no Sistema UAB, está ligada à produção de

material didático. Essa etapa do processo se mostra muito complexa e encerra uma

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174

grande quantidade de questões de difícil solução que envolvem os custos da

produção, a atualização dos conteúdos, os direitos autorais, a padronização de

materiais para racionalização de custos e garantia da qualidade, os padrões de

qualidade para atender exigências de avaliadores nas fases de autorização e de

reconhecimento dos cursos, a diversificação das mídias para veiculação dos

conteúdos destes materiais, o compartilhamento dos materiais produzidos entre as

instituições que compõem o Sistema UAB, a adequação destes materiais para o uso

por pessoas com deficiência, o uso de repositórios públicos para disseminação dos

materiais produzidos, entre outros.

Todas estas questões ficaram evidentes nas observações feitas no Ambiente

de Trabalho do Sistema UAB (ATUAB), revelando-se a grande importância dada a

este processo de acordo com as constatações indicadas abaixo:

1. O Fórum de discussão no ATUAB dos Coordenadores UAB, a área de

material didático revela várias preocupações com o tema, entre elas adoção

de uma produção conjunta e do compartilhamento amplo dos resultados

reproduzindo uma experiência anterior do Sistema UAB no Programa

Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP), que foi bem

sucedida.

2. Está disponível no ATUAB Documento da CAPES sobre a Sistematização dos

Fóruns de Área MG – 2013, apresentando o material didático como tema de

destaque, devido a uma demanda deste Fórum da criação de uma rede de

desenvolvimento e compartilhamento de material e garantia de recursos para

produção, com sugestão de mudança de rubrica de financiamento e

ampliação do prazo de execução. A Capes respondeu no documento que a

proposta seja apresentada por ofício para que seja analisada.

3. Também foi constatado o envio, através do ATUAB, de um ofício 05/2014 da

CAPES, sobre dificuldades para compartilhamento do Material didático

“Ciência é 10”, devido a problemas com os Direitos Autorais, revelando ser

esta uma questão pendente no Sistema UAB, que estava, inclusive,

retardando o início de um curso de especialização em Ciências cuja liberação

estaria condicionada à solução deste problema.

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175

4. A realização de uma amostra com Materiais Didáticos para Alunos com

deficiência no Fórum de Coordenadores UAB, realizado em João Pessoa, em

setembro de 2013, também corrobora a percepção da importância dada a

este tema pela imediata mobilização de várias instituições para participar da

mesma e pelo interesse revelado por um grande número de Coordenadores

no Fórum de discussão da proposta.

O mapeamento do fluxo de gestão do conhecimento sobre a produção de

materiais didáticos no Sistema UAB, figura 17, a seguir, foi priorizado nesta

pesquisa devido a estas constatações, e o seu compartilhamento permitiu

reflexões e a melhor compreensão deste processo para análises nesta pesquisa.

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Fig

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Observa-se, na figura 17, que representa o mapa cognitivo do conhecimento

sobre a produção de materiais didáticos no Sistema UAB, que esta etapa do

processo de gestão do conhecimento sob análise nesta pesquisa, está desdobrada

em cinco subetapas ou etapas intermediárias que denotam a sua complexidade, vez

que se assemelha em dimensão ao mapa macro apresentado anteriormente,

representando todo o sistema.

O Mapa Micro UAB: Material Didático, em seu estágio atual de construção,

vez que é dinâmico e aberto a novas contribuições e modificações, apresenta cinco

estágios que compreendem tanto o planejamento da sua produção quanto a sua

distribuição para os polos, nos casos dos impressos em papel e outras mídias ou a

sua publicação nos AVAs quando são destinados à divulgação online.

Analisando cada fase, podemos descrever este processo e compreender a

sua complexidade e importância para a gestão do conhecimento sobre esta etapa da

preparação de um curso ofertado pelo sistema.

A figura 18 abaixo representa esta fase inicial. Observa-se através dela que a

produção de material didático tem início com o Projeto Pedagógico do Curso (PPC).

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O planejamento da produção do material didático tem início com a análise do

PPC e envolve questões complexas e decisões importantes. Na parte superior da

figura oval amarela, pode-se ver que uma das opções da IES, ao buscar suprir seus

cursos com os materiais didáticos necessários, é buscar materiais prontos de outras

IES que integram o Sistema UAB. Neste caso, a produção será simplificada, pois,

uma vez constatado que o material didático da outra IES que se encontra disponível

no SISUAB, revela-se adequado ao PPC, à ementa da disciplina à qual se destina e

à metodologia de ensino aprendizagem desenvolvida pela IES, ele pode ser adotado

e utilizado por qualquer IES integrante do sistema.

Ressalte-se que nestes casos faz-se necessária a obtenção de uma

permissão pela IES autora do Material (seja um impresso, um vídeo ou outra

produção qualquer), antes de utilizá-lo em seus cursos. Esta possibilidade de

utilização de materiais e de outros recursos produzidos por outras IES do sistema,

está amparada no princípio da colaboração que está na base da criação da UAB e

que constitui a principal característica do sistema, sob análise nesta pesquisa.

A decisão pela produção própria do material didático está na outra

extremidade da figura 08, acima e indica que a IES decidiu por não utilizar materiais

prontos, entendendo que não se adéquam às necessidades dos seus estudantes e

não correspondem às características do seu PPC.

Neste caso as decisões apontam para outro caminho, e faz-se necessário

definir um cronograma de produção dos materiais, bem como a sua concepção para

permitir a escolha das mídias a serem utilizadas. Ressalte-se que, na legislação

brasileira que disciplina a oferta de cursos a distância, a oferta de materiais didáticos

impressos está, de maneira implícita, colocada como obrigatória, uma vez que os

parâmetros de qualidade para oferta de cursos a distância publicados pelo Ministério

da Educação incluem a sua utilização e definem as suas características, definindo

inclusive que seja apresentado de modo diversificado, não se limitando apenas à

mídia impressa.

Textualmente os Referencias de Qualidade para a Educação Superior a

Distância, definem que

Com o avanço e a disseminação das tecnologias da informação e

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comunicação e o progressivo barateamento dos equipamentos, é recomendável que as instituições elaborem seus materiais para uso a distância, buscando integrar as diferentes mídias, explorando a convergência e integração entre materiais impressos, radiofônicos, televisivos, de informática, de videoconferências e teleconferências, dentre outros, sempre na perspectiva da construção do conhecimento e favorecendo a interação entre os múltiplos atores. (BRASIL, 2007)

Os referenciais de qualidade não têm força de lei, entretanto, o Decreto

5622/2005, estabeleceu

[...] a política de garantia de qualidade no tocante aos variados aspectos ligados à modalidade de educação a distância, notadamente ao credenciamento institucional, supervisão, acompanhamento e avaliação, harmonizados com padrões de qualidade enunciados pelo Ministério da Educação.(BRASIL, 2007)

A necessidade de atender a estas determinações legais e de cumprir os

requisitos que serão considerados pelos avaliadores designados pelo Ministério da

Educação através do Inep, responsáveis pela supervisão das instituições que

ofertam cursos a distância, faz deste processo de produção de materiais didáticos

uma atividade de sobrevivência desta modalidade nas IES, uma vez que ela

representa muito nos momentos de reconhecimento de cursos e de

credenciamento/recredenciamento para a oferta destes cursos.

A segunda fase do processo de produção de material didático está

representada na figura 19 abaixo. Para ter início, é necessário que a equipe

pedagógica e de coordenação da educação a distância da IES, de acordo com os

princípios epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados no projeto

pedagógico, bem como observando-se as questões de prazos e de disponibilidade

de recursos para a sua produção, defina oseu formato, tanto do ponto de vista da

abordagem do conteúdo, quanto da forma, conforme recomendam os referenciais de

qualidade supracitados.

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Figura 19 – Mapa Micro UAB: Material Didático– fase 2

Fonte: elaboração própria.

Como podemos ver no mapa, esta fase da produção implica a composição de

uma equipe docente, muitas vezes selecionada através de editais na própria IES,

constituindo-se comissões de seleção que resultam num banco de autores,

qualificados para a elaboração destes materiais. Nesta fase também são realizadas

as reuniões de planejamento, desta vez já envolvendo os autores e a equipe

pedagógica, técnica e gerencial da área de EaD da IES para que sejam discutidos e

aperfeiçoados os critérios e indicadores que nortearão a produção dos materiais, tais

como mídias a serem utilizadas, dimensões dos materiais, formatos, linguagens,

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ilustrações, entre outras características.

Normalmente, estas atividades de planejamento e de produção de material

didático exigem uma capacitação específica envolvendo toda a equipe. A

capacitação revela-se necessária, em virtude da novidade que representa para o

professor universitário a escrita de textos apropriados para a educação a distância,

bem como a produção de vídeos e de outros formatos de veiculação de conteúdos,

tais como áudios, imagens e outros.

As duas últimas fases que são representadas no mapa como elaboração e

distribuição de material didático, envolvem outros níveis de complexidade. Como se

vê na figura 20, a seguir, estas fases implicam muitos detalhes e são interligadas,

pois se retroalimentam. O material elaborado passa por uma validação ou avaliação

e pode tomar o destino da distribuição ou do retorno para a fase anterior de

elaboração para a correção de falhas detectadas. Após correções, o material

didático é distribuído para os polos por via postal ou disponibilizado online para os

estudantes, mas ainda passam por um processo de revisão que pode fazê-lo

retornar para a fase de elaboração, tendo em vista a sua atualização e/ou correção

de inconformidades.

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Fig

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184

Definida a forma e o conteúdo, selecionados os autores e revisores,

capacitados juntos com a equipe técnica, procedimentos realizados nas duas fases

anteriores a estas três (3, 4 e 5), representadas na figura 20, tem início a fase de

elaboração propriamente dita. Observa-se na figura, parte do mapa que representa

estas três fases do processo de elaboração do material didático, que a fase três tem

conexões com os pontos que representam a sua diversidade. Podemos ver

referências às formas: vídeos, áudios, impressos, AVAs (as mais utilizadas), bem

como referências às questões mais importantes a serem consideradas nesta fase:

licenças autorais, referenciais de qualidade, e ainda um link ou conexão com dupla

direção com a atividade de revisão.

As revisões, conforme retrata o círculo com linhas pontilhadas com setas em

dupla direção, ligando-as com a elaboração, por sua vez, estão conectadas a outros

pontos delicados do processo de elaboração, tais como ISBN (registro),

normalização ABNT, conteúdo, uso de imagens, ortografia e linguagem, concepção

de EaD. Além destes pontos, as revisões, tanto quanto a elaboração, estão

conectadas às ações, nominadas como gravar, customizar, escrever, atribuir e

observar.

A elaboração de material didático para a educação a distância revela-se na

prática tão dinâmica quanto representa esta imagem que vemos no mapa. Observe-

se que as duas fases subsequentes, material elaborado e distribuição, também

estão ligadas por setas que indicam dupla direção, pois em sua dinâmica existe,

entre estas fases, um processo de retroalimentação, por meio do qual o produto, nas

suas diversas formas e estágios de construção, transita em idas e vindas, até que

possa ser considerado, concluído e seja finalmente publicado em sua forma final.

Vê-se ainda na figura 10 que o material elaborado (fase quatro), ainda passa

por uma prova para revisão e requer uma aprovação final do autor, sendo que estes

dois momentos podem remetê-lo de volta à fase três para correções. O mesmo

acontece na fase cinco de distribuição, pois a validação do material pelos estudantes

pode resultar no seu retorno à fase três também, para continuidade da sua

elaboração.

Concluído todo este processo, o material didático está finalizado e será

publicado nas bibliotecas dos polos, entregue para os estudantes para seu uso nos

estudos e realização de atividades acadêmicas, além de ser compartilhado para todo

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o Sistema UAB, através do seu ambiente de gestão, o SISUAB. Sendo assim,

qualquer IES, integrante do Sistema, poderá lançar mão deste material para uso nos

seus cursos, desde que o considere adequado para os seus estudantes.

4.1.2.1 – Repensar as licenças autorais

Esta etapa do mapa do conhecimento sobre o Sistema UAB requer uma

reflexão especifica sobre uma característica importante do sistema. Como veremos

ao longo deste estudo, a UAB, desde a sua origem, foi concebida como um sistema

colaborativo, o que significa dizer que o compartilhamento de recursos entre os

participantes da rede de Instituições de Ensino Superior (IES) que fazem parte do

sistema foi um dos pilares da concepção do mesmo. Entretanto, o tipo de licença

dos materiais didáticos produzidos no âmbito do Sistema UAB, autoral proprietária,

representa um bloqueio à sua distribuição livre, mesmo entre as unidades do

sistema.

Uma das razões apresentadas no início desta seção para a escolha do

processo de produção do material didático para a realização do Mapa Micro UAB, foi

uma questão sobre a dificuldade de distribuição de um material específico, chamado

de Ciência é 10, cujas dificuldades com a autorização de uso estavam, na época,

dificultando a sua adoção pelo sistema e retardando o início de um curso de

especialização na área.

Outro motivo é a importância atribuída a este tema pelos coordenadores,

constatada através do número e do conteúdo das interações observados no ATUAB,

e pelo grande número de adesões à proposta de apresentação de materiais

didáticos no Fórum de Coordenadores UAB realizado e João Pessoa, em setembro

de 2013.

Sabemos que a atribuição de uma licença autoral proprietária torna a obra

protegida, e esta não pode ser modificada, nem reproduzida sem autorização do seu

autor, ficando o usuário obrigado a pagar para cada unidade que tenha interesse em

consumir. Questiona-se, então, por que materiais didáticos que são elaborados para

fins específicos de uso nos cursos a distância do Sistema UAB, financiados com

recursos da União e criados dentro de um sistema que tem como princípio a

colaboração entre os seus integrantes, são registrados sob licença proprietária?

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186

A resposta a esta questão certamente pode ser encontrada no conceito de

Recursos Educacionais Abertos – REA. Adotando-se esta política na produção e

distribuição de material didático no sistema, os seus registros passariam a ser feitos

sob a licença Creative Commons “Compartilha Igual”, que significa que estes

materiais poderiam ser desenvolvidos, publicados, reutilizados, modificados no todo

ou em parte, necessariamente para fins educacionais (não comerciais), permitindo

maior liberdade no âmbito do sistema para o aproveitamento do esforço comum,

consequentemente, contribuindo para sua qualidade e para agilidade na sua (re)

utilização.

4.1.3 Compreendendo os mapas e o processo de gestão colaborativa do conhecimento no Sistema UAB

Os dois mapas acima descritos têm dimensões distintas, mas objetivos e

níveis de complexidade que se assemelham. Quanto às suas dimensões, observe-

se que o Mapa Macro UAB representa todo o processo de gestão do conhecimento

que se dá no âmbito do sistema, desde as primeiras atividades, que decorrem da

demanda por um curso, passando pelas questões de ordem normativa e acadêmica

das IES, na elaboração e aprovação dos PPC, sua submissão à Capes, que

representam as ações iniciais, bem como as atividades de planejamento e

implementação dos cursos, até a conclusão pelos estudantes.

Ainda nos aspectos referentes às dimensões, observe-se que o Mapa Micro

UAB, apresentado e analisado, faz referência a uma etapa do processo que é a

elaboração do material didático. Uma atividade intermediária parte do processo

global, mas, como visto, não menos complexa.

Quanto aos objetivos, os dois mapas de assemelham, uma vez que buscam

retratar um fluxo de conhecimento, indicando quais as etapas que são percorridas

para a realização dos dois processos.

Em comum, os dois mapas têm o propósito de retratar um processo de gestão

do conhecimento e de permitir, nesta representação, o registro da prática e do

desenvolvimento de uma estratégia de colaboração, entre as instituições de ensino

superior que integram o Sistema UAB.

A colaboração entre as IES que compõem o Sistema UAB, faz-se presente

desde a sua origem, com o primeiro projeto de curso de graduação ofertado pelo

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187

sistema, que foi o Projeto Piloto, um curso de bacharelado em administração,

realizado em parceria com o Banco do Brasil, o Ministério da Educação e mais vinte

cinco universidades públicas federais e estaduais.

O curso teve início no ano de 2006, ofertou dez mil vagas e teve como marco

principal a colaboração entre todos os participantes deste processo. A maioria da

IES não tinha experiência com o planejamento e a oferta de cursos na modalidade a

distância, e a estratégia de colaboração foi adotada, com o objetivo de

compartilhamento da experiência das poucas universidades que participaram do

projeto e que já tinham ofertado cursos a distância, com a outras universidades que

ingressaram e não tinham experiência anterior.

Os estudiosos da cooperação interempresarial, entre eles Porter (1998),

citado por Souza (2005, p. 43) dizem que as estratégias de cooperação, conhecidas

como alianças estratégicas ou clusters, caracterizam-se como, “[...] instituições

interconectadas em um campo particular e que são capazes de gerar eficiências

coletivas”.

O projeto piloto da UAB foi concebido com esse propósito de aproveitar as

expertises de algumas poucas universidades, que já tinham, na época,

conhecimentos e experiências com a educação na modalidade a distância e

compartilhar com as outras que ingressaram no projeto sem ter este background.

Para viabilizar estas trocas, a Universidade Aberta do Brasil foi se

estruturando nos seus primeiros anos de existência, em torno deste processo de

gestão colaborativa do conhecimento. Estruturas apropriadas foram criadas, a

exemplo do Fórum Nacional de Coordenadores do Projeto Piloto, que se reunia

periodicamente para discutir e buscar soluções para os problemas do dia a dia, sob

a coordenação do Ministério da Educação.

Além do Fórum, foram criados projetos específicos para a produção de

materiais didáticos impressos e em vídeos, além de comissões permanentes,

reunidas por áreas temáticas, tais como gestão, planejamento pedagógico, material

didático, avaliação.

A experiência de gestão concebida e implementada no Projeto Piloto foi muito

exitosa, tendo sido importante para que as universidades conseguissem realizar este

projeto com um grande número de acertos, visto que todas elas conseguiram

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conduzir os cursos até o final e que as avaliações externas, realizadas pelo Inep

(ENADE), demonstraram que o nível de qualidade obtido pelos estudantes atingiu

notas iguais e, em alguns casos, superiores aos cursos presenciais de administração

ofertados pelas mesmas universidades.

O mais importante, entretanto, para além dos resultados positivos alcançados

no Projeto Piloto, foi a criação e o amadurecimento de um processo de gestão

colaborativa do conhecimento, concebido e amadurecido no Sistema Universidade

Aberta do Brasil, objeto desta pesquisa.

Entendemos que a Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede (GCCR)

é um processo singular, criado e amadurecido na UAB, desde o Projeto Piloto, que

vem se desenvolvendo com características próprias, inaugurando uma alternativa de

produzir e difundir conhecimentos, através de mecanismos próprios, modernos e

avançados tecnologicamente, permitindo a aprendizagem das organizações e dos

sujeitos que a representam no Sistema.

Este processo será melhor descrito e analisado com a aplicação dos modelos

de análise que foram construídas para esta pesquisa, demonstrando as

características e a funcionalidade deste processo (GCCR), através da análise das

diretrizes institucionais da UAB e da fala dos sujeitos que colaboraram com a

construção deste sistema, em três aspectos escolhidos para permitir a sua

compreensão.

Neste sentido serão analisados os documentos que difundem e normatizam o

funcionamento do Sistema UAB, as práticas de gestão do conhecimento nele

implementadas e o papel dos sujeitos que representam suas instituições, sob o

aspecto do exercício da competência colaboração, na realização das suas

atividades de interação no âmbito do sistema.

Cabe, entretanto, neste ponto do estudo, uma constatação de que a definição

de rede, tomada como referência para a análise do processo de gestão colaborativa

do conhecimento em rede, fundamentada na proposições teóricas de Mance (2009,

p. 24), ao afirmar que uma “[...] rede é uma articulação entre diversas unidades, que

através de certas ligações, trocam elementos entre si, fortalecendo-se

reciprocamente...”, aplica-se de forma muito adequada às características do Sistema

UAB, apresentadas através dos mapas acima descritos, tanto o mapa Macro UAB,

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representando o processo global de gestão do conhecimento do sistema, quanto o

mapa Micro UAB, que representa uma etapa, qual seja a elaboração do material

didático.

Esta afirmação poderá ser constatada ainda no decorrer das análises que se

seguem, através das quais se buscará constatar a dinâmica de trocas e de

colaborações entre as IES que integram o Sistema UAB, que deram origem e

consolidaram este processo de gestão do conhecimento acima retratado em forma

de rede e por meio de mapas cognitivos.

4.2 ANÁLISE DOS DOCUMENTOS QUE NORTEIAM O SISTEMA UAB: DIRETRIZES ORGANIZACIONAIS DO SISTEMA UAB

Uma vez mapeados e descritos os processos de gestão do conhecimento do

Sistema UAB, caracterizando-o como uma rede, de acordo com os princípios

apresentados por Mance (2009), buscou-se a identificação e análise das diretrizes

deste processo de gestão, contidas em documentos da UAB, tais como projetos,

comunicados, ofícios, leis e normas institucionais, tendo em vista verificar a

formalidade presente no desenvolvimento deste modelo.

Utilizou-se nesta etapa da pesquisa um modelo de análise (QUIVY;

CAMPENHOULDT, 2013) em forma de um quadro de referência para análise

documental, através do qual, como pode ser visto no capítulo sobre o método, foram

definidos dimensões, componentes e atributos dos documentos analisados.

Estas referências contidas no quadro foram definidas como dimensões

conceitual, operacional e legal, sendo componente da dimensão conceitual a

compreensão, visto que foram identificadas e analisadas, nestes documentos,

reflexões sobre ideias, conceitos e valores neles contidos, cujo objetivo é de nortear

as ações no âmbito do sistema.

A dimensão operacional, que tem como componente a colaboração, deu

parâmetro para análise das interações e trocas ocorridas no sistema, buscando

verificar a ocorrência efetiva de atos colaborativos que se coadunam com estas

diretrizes documentais supracitadas.

Quanto à dimensão legal, seu componente é a coerção, tendo sido utilizada

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para subsidiar as análises dos documentos que têm força normativa ou legal para

determinar o estabelecimento da colaboração, como princípio norteador e como

prática formal do Sistema UAB.

Os documentos selecionados para análise foram, em primeiro lugar, o Projeto

da Universidade Aberta do Brasil, elaborado pelo Fórum das Estatais pela Educação,

no qual fora realizada a análise da dimensão conceitual, tendo em vista que nele

estão contidas as diretrizes originais do sistema, acrescentando-se informações

mais atuais, extraídas da página da UAB na Internet, no endereço

<www.uab.capes.gov.br>.

Em seguida, o Manual da UAB foi utilizado para a análise da dimensão

operacional, na medida em que o mesmo foi construído para orientar os

coordenadores UAB, representantes das IES e responsáveis pela implementação

das diretrizes emanadas da CAPES, gestora do sistema e, por último, leis, normas e

documentos formais que, de acordo com a dimensão legal, foram utilizados para a

verificação das diretrizes que têm efeito coercitivo.

4.2.1 A Dimensão Conceitual

O Projeto da Universidade Aberta do Brasil, elaborado pelo Fórum das

Estatais pela Educação, disponível no Portal do Ministério da Educação, na Internet

(BRASIL, 2005), é um documento disponibilizado pelo Ministério da Educação em

seu portal, considerado como ponto de partida do Sistema UAB.

O Fórum das Estatais pela Educação foi criado em 2005 pelo governo federal,

sob a coordenação geral do Ministro Chefe da Casa Civil e a coordenação Executiva

do Ministério da Educação, reunindo setores estratégicos do governo e as empresas

estatais brasileiras.

Além dos setores do governo já citados acima, constituíram o Fórum a

Secretaria de Comunicação da Presidência da República e o Ministério do

Planejamento, através de seus secretários executivos, assim como o Conselho de

Ministros das Estatais vinculadas, incluindo os Ministérios da Agricultura, Ciência e

Tecnologia, Comunicações, Defesa, Desenvolvimento, Indústria e Comércio,

Fazenda, Minas e Energia. Integram também este Fórum o Pleno dos Presidentes

das Estatais vinculadas: Embrapa, FINEP, Correios, Infraero, BNDES, Inmetro,

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191

Bando do Brasil, Caixa Econômica, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste,

Petrobrás, Furnas, Eletrobrás, Chesf, Eletrosul, Eletronorte, Serpro e Cobra.

O Fórum tinha como slogan a frase “Diálogos para a Cidadania e a Inclusão”

e como finalidade:

Potencializar as políticas públicas na educação promovidas pelo Governo Federal e pelo Ministério da Educação, das empresas estatais brasileiras, através da interação entre a sociedade civil brasileira, empresários, trabalhadores e organismos internacionais, em um processo de debates em busca da solução dos problemas da educação no País, do estabelecimento de metas e ações, configurando uma política de educação inclusiva e cidadã, visando a construção de um novo modelo de desenvolvimento para o País. (BRASIL, 2014)

Entre estas ações, o Fórum definiu uma agenda de reformas estruturais e

estabeleceu quatro grandes eixos de atuação, voltados para a qualidade da

educação básica, a reforma da educação superior, a alfabetização e o fortalecimento

da educação profissional.

Visando atender o eixo reforma da educação superior, o Ministério da

Educação, juntamente com as empresas estatais e a Associação Nacional do

Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), elaborou o Projeto

Interface estruturado sobre três eixos:

[...] infra-estrutura de pesquisa e apoio a programas de pós-graduação; intervenções estruturais para maior eficiência e acesso; e infra-estrutura para a educação a distância com incorporação de demanda de formação continuada dos quadros das estatais. (BRASIL, 2014b)

No conjunto das ações deste projeto, criou-se o Projeto Universidade Aberta

do Brasil, ora sob análise. O referido documento apresenta a proposta de criação de

uma Fundação de Fomento à Universidade Aberta do Brasil como iniciativa conjunta

do Ministério da Educação, do Fórum das Estatais pela Educação e da Andifes,

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indicando ainda os seus objetivos, quais sejam:

1) Criação de Programa de Bolsas de Pesquisa em Educação Aberta e a Distância.

2) Organização de Consórcios Públicos nos Estados envolvendo os três níveis

governamentais (federal, estadual e municipal) e as Universidades Públicas

Federais.

3) Consolidação das Bases da Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Apresenta ainda considerações gerais que justificam o escopo e as

finalidades do projeto, indica as atividades que se pretende desenvolver no âmbito

da Fundação, as missões associadas à mesma, tais como a estruturação e a

implantação de um programa de bolsas de pesquisa em EaD e TIC, o estímulo e a

articulação para a formação de consórcios públicos, envolvendo a união, os estados

e os municípios e, finalmente, o estabelecimento de uma “[...] estratégia para o

tratamento dos elementos formadores da Universidade Aberta do Brasil” (BRASIL,

2014b).

O projeto detalha ainda cada uma destas missões e encerra com a

apresentação de um texto de resolução, sugerindo que seja normatizadora da futura

UAB, a ser aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), recomendando

que ela traga em seu caput o propósito de “[...] instituir as bases legais para o

funcionamento da Universidade Aberta do Brasil nos termos do artigo 81 da LDB”

(BRASIL, 2014b).

Tendo sido publicado no ano de 2005, no mesmo ano foram articuladas e

concretizadas as medidas que deram origem ao Projeto Piloto da Universidade

Aberta do Brasil, Curso de Bacharelado em Administração, na modalidade a

distância, em parceria entre o Ministério da Educação, o Banco do Brasil e as

Universidades, todos estes integrantes do Fórum e proponentes do Projeto

Interfaces, bem como ano de lançamento do Edital UAB I, que deu origem à oferta

de cursos pelas Universidades públicas. Assumimos nesta pesquisa este Projeto

como sendo o registro da iniciativa do governo federal que deu origem ao Sistema

Universidade Aberta do Brasil (UAB).

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Neste sentido buscamos, nesta análise documental, identificar no projeto as

bases conceituais que deram origem ao processo de gestão colaborativa do

conhecimento em rede, que é o foco deste estudo, em detrimento de qualquer outro

significado que possa conter nas suas proposições.

De acordo com o modelo de análise descrita no capítulo sobre o método

adotado nesta pesquisa, nesta dimensão conceitual, considerando o componente

compreensão, que busca identificar e analisar em documentos que deram origem e

que descrevem o Sistema UAB, considerando ainda a concepção dos órgãos que o

criaram e/ou mantêm, foram localizados ao longo do texto do projeto, acima descrito

e contextualizado, ideias e conceitos que podem ser indicativos da natureza

colaborativa da gestão do conhecimento no âmbito deste sistema, desde a sua

origem.

Quadro 10 – Modelo de análise da dimensão conceitual

Dimensões Componentes Atributos Documentos analisados

Conceitual Compreensão Apresenta reflexões sobre o

sistema de gestão do

conhecimento que amplia e

aperfeiçoa a visão do Sistema

UAB

Apêndices

Projeto da UAB – Fórum

das Estatais pela

Educação

Fonte: elaboração própria.

Dentre as três missões declaradas, a serem assumidas pela Fundação de

Fomento à Universidade Aberta do Brasil, duas delas fazem referência explícita ao

estabelecimento de um ambiente colaborativo. A segunda, que indica a organização

da UAB em forma de Consórcios Públicos, envolvendo a união, o estado, os

municípios e as universidades, e a terceira, que se refere à consolidação das bases

da UAB, sendo que está no conteúdo destas bases a sua concepção colaborativa.

Além desta proposição de organização em consórcios, o projeto prevê a

parceria das universidades com as Empresas Estatais, tendo em vista o atendimento

a estas na formação inicial e continuada de seus servidores, fazendo alusão a estas

parcerias pelo seu potencial no compartilhamento colaborativo das experiências em

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educação a distância por estes dois segmentos.

Para explicitar estas ações colaborativas, ainda neste campo das

considerações gerais, o projeto faz referência às trocas de experiências, o

compartilhamento de instalações tecnológicas, a elaboração conjunta de

ferramentas de comunicação e de material didático, acrescentando que, desta

forma, haveria economia de tempo e de recursos, inclusive financeiro, além de

favorecer o desenvolvimento científico e tecnológico do País.

Sobre os consórcios públicos, o projeto ainda indica que a UAB será para eles

“[...] um espaço natural de compartilhamento das experiências isoladas, sejam elas

marcadas pelo êxito ou então na socialização das dificuldades enfrentadas”

(BRASIL, 2014b, p. 8).

Para os idealizadores do projeto, essa possibilidade de interação entre entes

envolvidos nos consórcios criaria um “excelente capital educacional”, permitindo criar

as bases iniciais para implementação dos consórcios públicos e da UAB.

O mesmo documento cita ainda que estes ambientes dos consórcios públicos

e da UAB se constituam como “[...] fóruns muito especiais de transferências de

conhecimentos e experiências, assim como sistematizações de seus processos de

certificações e de diplomações” (BRASIL, 2014b, p. 8).

Em relação à segunda missão da Fundação UAB, além das considerações

sobre os modelos possíveis, citando experiências internacionais a serem seguidas

(Open University - UK, UNED - ES, etc.), o projeto faz citação à UniRede, uma rede

de universidades públicas já existente naquele momento, citando-a como um

exemplo a ser seguido, por considerá-la “[...] um esforço muito positivo de atuação

na área de EaD no sentido de cooperação interinstitucional e de intercâmbio

científico” (BRASIL, 2014b, p. 10).

Neste ponto o projeto da UAB faz referência ao propósito de que ela venha a

ter um modelo de gestão inovador, recomendando que

[...] desde o seu nascedouro, compartilhasse missões, objetivos, pessoal e, eventualmente, instalações, tanto com instituições educacionais, em especial com as públicas, sem exclusão das não-públicas (BRASIL, 2014b, p.10).

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Ao detalhar aspectos práticos deste modelo de gestão, o projeto da UAB

prevê o uso de tecnologias de difusão dos conteúdos, tais como televisão em circuito

aberto, material impresso, internet e vídeo digital. Projeta a preparação de conteúdos

por equipe única e de outros recursos, tais como vídeo-aulas, programas de

televisão, textos e websites por equipes diferenciadas.

Neste ponto, cabe uma reflexão crítica sobre o modelo de gestão pretendido,

pois, apesar de apontar para um desenho organizacional contemporâneo, no qual a

colaboração aparece como uma diretriz fundante, os idealizadores apontam para

uma abordagem de educação a distância que visa à massificação e fazem

referência explicita à estrutura da UAB dos Consórcios, afirmando que a estrutura

básica dos mesmos

[...] deve se assemelhar a uma fábrica, enfatizando a alta produção de cursos (planejamento curricular e pedagógico; preparação de roteiros de cursos; produção audiovisual; de textos de acompanhamento; atendimento a suporte ao aluno; avaliação do aluno e do curso), via várias formas tecnológicas. (BRASIL, 2014b, p. 10)

Neste aspecto, entende-se que o caráter inovador deste processo de gestão

colaborativa do conhecimento em rede, foco deste trabalho, se coaduna com

concepções de educação, seja ela presencial ou a distância, nas quais as

tecnologias precisam ser apropriadas e utilizadas de forma adequada e integrada a

um projeto pedagógico contemporâneo, que defina a sua utilização em favor do

alcance dos objetivos compartilhados pelos sujeitos deste processo, sob uma

perspectiva crítica e consciente, sem o apelo a modelos massificantes que tornam

em objetos os participantes envolvidos.

4.2.2 A Dimensão Legal

O projeto da UAB finaliza com a proposição de uma resolução que em seu

artigo primeiro determina a autorização do funcionamento da Universidade Aberta do

Brasil em caráter experimental, confirmando a sua concepção como um conjunto dos

consórcios entre a União, os Estados e os Municípios, com a participação de

instituições educacionais públicas, para a oferta de cursos de graduação e de

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formação continuada, em todas as áreas, na modalidade a distância.

Vale ressaltar que essa proposta de criação da Fundação Universidade Aberta

do Brasil, na forma como prevista no projeto original, não se concretizou, tendo sido

criada a UAB, através do Decreto 5800/2006, de 08 de junho de 2006, que

determina em seu artigo primeiro:

Art. 1o Fica instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País. (BRASIL, 2006)

A despeito desta divergência entre a proposta original e o efetivo ato de

criação da UAB, percebe-se, no conteúdo deste Decreto, que todos os princípios

foram mantidos, bem como os propósitos, tais como a prioridade para a formação de

professores e servidores públicos, através dos cursos ofertados pelo sistema, a

expansão da educação superior no País, o desenvolvimento e a consolidação da

modalidade de educação a distância, como se pode ver nos objetivos definidos no

parágrafo único do decreto.

Parágrafo único. São objetivos do Sistema UAB:

I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica;

II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento;

IV - ampliar o acesso à educação superior pública;

V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País;

VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e

VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação (BRASIL, 2006).

O princípio da colaboração entre a União, o Estado e os Municípios para a

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criação e manutenção dos Polos de Apoio Presencial e parceria com as Instituições

Públicas de Ensino Superior, também foi mantido, ao ser regulamentado no artigo

segundo do mesmo decreto, que determina:

Art. 2o O Sistema UAB cumprirá suas finalidades e objetivos sócio-educacionais em regime de colaboração da União com entes federativos, mediante a oferta de cursos e programas de educação superior a distância por instituições públicas de ensino superior, em articulação com pólos de apoio presencial. (BRASIL, 2006)

Observam-se, nestas bases legais, bem como nos princípios que nortearam a

criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil, os pilares de um processo de

colaboração em rede.

Além da dimensão conceitual, integrante do quadro de referência para a

análise documental em curso, relacionado ao componente compreensão que se

destina a revelar os aspectos que fazem da UAB um sistema colaborativo, desde a

sua concepção, temos aqui o aspecto legal, cujo componente no quadro de

referência é a coerção, no sentido de que o decreto de criação da UAB traz em seu

artigo segundo um indicativo claro do “regime de colaboração”, ratificando e

formalizando princípios conceituais da sua origem, componentes legais que

caracterizam o sistema.

Quadro 11 – Modelo de análise da dimensão legal

Dimensões Componentes Atributos Documentos analisados

Legal Coerção Estabelece normas de

procedimento que disciplinam o

processo de gestão colaborativa

Apêndices

Dec. 5622/2005 –

Regulamenta consórcios

para EAD.

Fonte: elaboração própria.

Dando continuidade e visando a ampliar, além de aprofundar esta análise,

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tendo em vista o objetivo desta pesquisa de identificar a analisar o processo de

gestão colaborativa do conhecimento no âmbito deste sistema, foi incluído outro

documento considerado importante e publicado no formato de um manual,

denominado “Guia de Orientações Básicas sobre o Sistema Universidade Aberta do

Brasil”, para buscar uma possível constatação da efetiva implementação dos

princípios contidos no Projeto e no Decreto que deram origem ao Sistema UAB.

4.2.3 A Dimensão Operacional

O Guia de Orientações nos dá a possibilidade de incluir a dimensão

operacional do quadro de referência, cujo componente é a colaboração. Ele

representa uma síntese do regime de colaboração indicado no decreto e contido nos

princípios da criação da UAB. O Guia de Orientações da UAB reponde aos

coordenadores uma questão ampla sobre como colocar em prática as atividades

concebidas no projeto de criação e disciplinadas pelo decreto que institui legalmente

o sistema.

Quadro 12 – Modelo de análise da dimensão operacional

Dimensões Componentes Atributos Documentos analisados

Operacional Colaboração Oferta ou aceita informações

práticas que contribuem na

solução de problemas

enfrentados no dia a dia

Apêndices

Fonte: elaboração própria.

O referido guia foi escolhido para esta análise documental por ter sido

elaborado de forma colaborativa, por especialistas em Educação a Distância (EaD)

que representam suas Instituições de Ensino a UAB e por ter como propósito auxiliar

o conjunto destes representantes, os coordenadores UAB, em suas IES, a

conduzirem as suas atividades de acordo com as diretrizes e normas do Sistema

UAB.

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O documento, ora sob análise, contém trinta e cinco páginas e se destina ao

registro das principais atividades desenvolvidas pelos diversos segmentos do

sistema, bem como à explicação detalhada das atividades de gestão mais

importantes, a serem desenvolvidas pelos Coordenadores UAB e seus Adjuntos, no

exercício das suas funções.

O Guia de Orientações Básicas sobre o Sistema Universidade Aberta do

Brasil traz orientações sobre educação a distância e sua legislação específica no

Brasil, apresenta os sistemas de gestão (Sistema de Gestão da UAB - SISUAB e

Sistema Geral de Bolsas - SGB) e um ambiente de trabalho na web (Ambiente de

Trabalho da UAB - ATUAB) que dão suporte à atuação destes coordenadores.

O documento detalha a estrutura participativa de gestão, através do Fórum de

Coordenadores UAB, orienta quanto ao processo de institucionalização da

modalidade de educação a distância nas IES, explica o significado e papel dos Polos

de Apoio Presencial, sua infraestrutura e seu processo de gestão, e explica também

o processo de proposição de cursos novos, a reoferta de cursos já em andamento e

a gestão dos recursos repassados pela Capes para as IES. Além disso, detalha os

processos internos de operacionalização dos cursos nas IES, explicando os

procedimentos para seleção de estudantes, tutores, professores, bem como para a

elaboração de materiais didáticos e a participação em editais publicados pela Capes.

O Guia tem um formato predominantemente operacional, na medida em que

se propõe a funcionar como um manual a ser seguido pelos coordenadores UAB

em suas atividades diárias. Sob o ponto de vista conceitual, destacam-se as

definições dadas aos sistemas de gestão (SISUAB e SGB), além do ambiente de

trabalho (ATUAB), bem como a detalhamento sobre o Fórum de Coordenadores

UAB e seu papel no sistema.

Sobre os sistemas de gestão, o Guia afirma que a UAB é gerenciada e

assistida por dois sistemas: o SisUAB e o SGB. Esclarece que o Sistema de Gestão

da UAB - SISUAB é “[...] uma plataforma de suporte, acompanhamento e gestão de

processos da UAB” (Brasil, 2013, p. 10). Detalha também os procedimentos para

inscrição dos coordenadores, suas obrigações, tais como manter atualizado o

preenchimento dos dados da sua IES, acrescentando que neste sistema os

coordenadores UAB podem acessar informações de todas as outras IES, dos polos,

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vinculados ao Sistema e dos materiais didáticos produzidos por elas e

disponibilizado para compartilhamento.

Por sua vez, o SGB (Sistema Geral de Bolsas) é utilizado para gerir bolsas-

auxílio fornecidas, destacando o papel do coordenador UAB de cadastrar os seus

bolsistas e de manter a sua documentação atualizada na IES, para futuras

auditorias.

O Ambiente de Trabalho da UAB – ATUAB é descrito como restrito aos seus

colaboradores “[...] para o compartilhamento de informação e comunicação da

Capes com as IES e os Polos” (Brasil, 2013, p. 12). O guia afirma que

Nesse ambiente, há espaço para a interação dos coordenadores UAB e dos coordenadores de Polos e de curso, para tratar da gestão e da discussão de temas de interesse para o desenvolvimento do Sistema. (BRASIL, 2013, p. 12)

Consta do guia ainda que, através do ATUAB,

A Capes e os coordenadores discutem e interagem de forma assíncrona sobre o Sistema UAB e onde são dispostos, com muita frequência, links para o envio de arquivos referentes e relatórios, documentos e projetos para participação em editais da Capes. (BRASIL, 2013, p. 12)

Outro aspecto importante do Sistema UAB apresentado neste Guia é o

funcionamento do Fórum de Coordenadores UAB. Formalizado em 2010, através da

Portaria Capes n.º 79 de 14 de abril de 2010, funciona como uma representação dos

coordenadores de todas as IES que fazem parte do Sistema e assessora a Capes

nas suas decisões sobre a forma de conduzir as questões de interesse coletivo. O

Fórum tem uma presidência eleita, com um representante de cada segmento

(Universidades Federais, Estaduais e Institutos Federais de Educação), sendo um

presidente e dois vices, para mandatos de um ano, com possibilidade de uma

recondução.

Com essa composição e a participação de todos os coordenadores UAB e

seus adjuntos, nos impedimentos dos titulares, o Fórum se reúne três vezes por ano,

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sendo uma destas vezes por convocação da Capes, que coordena e custeia a

reunião, e as outras duas, por iniciativa dos seus integrantes, coordenação da

Presidência e custeio pelas próprias IES.

O Fórum de Coordenadores UAB se organizou em forma de Grupos de

Trabalho, destinados à discussão de temas importantes no processo de gestão, tais

como: Fomento, bolsas, institucionalização, material didático, integração, sistemas e

modelos pedagógicos. O papel destes Grupos de Trabalho é definido no guia como

Assessorar a presidência do Fórum e participar de reuniões com as equipes da DED/Capes para auxiliar nas discussões e nos encaminhamentos das soluções para as dificuldades enfrentadas no processo de gestão do sistema.(BRASIL, 2013, p. 14)

Informações disponíveis no ATUAB atualizam esta descrição da estrutura do

fórum de coordenadores UAB, indicando que os Grupos de Trabalho atualmente são

denominados “Conselho da Presidência” e abordam seis temas, considerados

importantes neste momento: Financiamento, Polos, Inovação Tecnológica, Cursos,

Sistema de Tutoria e Material Didático.

Análise destes documentos, especialmente do Projeto Universidade Aberta do

Brasil (2005) e do Guia de Orientações Básicas sobre o Sistema Universidade

Aberta do Brasil (2013), complementada pelas referências feitas ao Decreto

5800/2006 e ao Ofício Nº 002/2014 - PF/UAB/DED/CAPES, acessado no ATUAB,

permite afirmar que, desde a sua origem, bem como ao longo destes anos em que

vem funcionando e se consolidando, o Sistema Universidade Aberta do Brasil é

conceitualmente colaborativo, a partir das suas diretrizes organizacionais.

Pode-se constatar nesta etapa da análise documental que, desde a sua

concepção, no projeto inicial, passando pelo Decreto que lhe deu origem e pelos

documentos produzidos a título de orientação para o seu funcionamento pelas suas

instâncias formais, o Sistema UAB é compreendido como um sistema em que

prevalecem os processos coletivos de colaboração e de trocas, visando a alcançar a

eficiência coletiva.

A utilização do quadro de referência para a realização desta análise

documental permitiu revelar, nestes aspectos considerados mais importantes, quais

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sejam o conceitual, o operacional e o legal, a natureza colaborativa da UAB, desde a

sua concepção; no entanto, faz-se necessária uma constatação da efetiva

implementação destes princípios nas práticas de gestão do conhecimento neste

período de implantação e consolidação do sistema. Estes aspectos práticos serão

analisados em seguida, visando ampliar a nossa compreensão sobre os processos

de gestão colaborativa do conhecimento em rede no Sistema UAB, objeto desta

pesquisa.

4.3 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM REDE

Nesta etapa, buscando ampliar a compreensão do fenômeno pesquisado,

será utilizado um modelo de análise, desenvolvido a partir dos referenciais teóricos

sobre a gestão do conhecimento, que definem duas formas distintas e

interdependentes de conhecimento, o tático e explícito. Nesta concepção, a gestão

do conhecimento se dá através de processos contínuos de conversão, que se

apresentam em um movimento denominado “espiral do conhecimento”, representado

por modos de conversão, numa dinâmica denominada “SECI” (Socialização –

Externalização – Combinação e Internalização) (NONAKA; TAKEUSHI, 1997).

Um modelo de análise (QUIVY; CAMPENHOUDT, 2013) foi desenvolvido e

denominado Modelo de Análise IMCC, inspirado na espiral do conhecimento

(NONAKA; TAKEUSHI, 2013), constituindo-se numa estratégia analítica (YIN, 2010)

que visa a abordar o fenômeno de forma mais objetiva e apoiada em referenciais

mais concretos, que auxiliaram na tarefa de lidar com a subjetividade inerente a toda

pesquisa social.

O objetivo ligado a esta etapa da análise dos dados da pesquisa é o de

identificar e analisar práticas de gestão colaborativa do conhecimento, em

segmentos específicos do processo de Gestão do Conhecimento, implementadas

pelas universidades nas suas interações com as demais integrantes do Sistema

Universidade Aberta do Brasil.

Na etapa anterior, onde foi realizada uma análise documental, observou-se

que, desde a sua origem, a Universidade Aberta do Brasil tem uma natureza

institucional essencialmente colaborativa, e nesta buscou-se evidenciar, a partir das

interações entre as instituições que a compõem, a efetiva implementação dos

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princípios da colaboração, especialmente no que tange à gestão do conhecimento,

neste caso, acrescentando-se o conceito de rede (MANCE, 2000), uma vez que

estas interações analisadas ocorrem nas estruturas criadas para lhes dar suporte,

tais como os fóruns presenciais (encontros de representantes das IES) e os

ambientes virtuais, especialmente o ATUAB (Ambiente de Trabalho do Sistema

UAB), uma comunidade na Internet, criada sob a plataforma Moodle (Modular

Object-Oriented Dynamic Learning Environment), para possibilitar e estimular estas

interações.

A espiral do conhecimento (Fig. 21), de acordo com Nonaka e Takeushi

(1997), é um modelo que descreve como os conhecimentos tácito e explícito são

criados, sendo o tácito o conhecimento em sua dimensão cognitiva do indivíduo

(modelos mentais, crenças, modos de conhecer e de realizar) e o explícito (expresso

em palavras, números, sons, etc.), compartilhado em diversos formatos.

Figura 21 – Processo SECI

Fonte: extraído de Nonaka e Takeuchi (2008).

Os Modos de Conversão do Conhecimento (figura 21) são concebidos como

processos de compartilhamento de conhecimentos no ambiente organizacional e são

representados no quadro abaixo.

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Quadro 13 – Processos de Interações e Modos de Conversão de Conhecimentos:

Conhecimento tácito para Conhecimento Explícito

Socialização

Conversão de Tácito em Tácito

T T

Externalização

Conversão de Tácito para Explicito

T E

Internalização

Conversão de Explicito para a

Tácito

E T

Combinação

Conversão de Explicito para

Explicito

E E

Fonte: elaboração própria. Adaptado de Nonaka e Takeuchi (2008).

O Modelo de Análise de Interações e Modos de Conversão de Conhecimentos

IMCC (Quadro 14) foi inspirado neste modelo e representa as etapas da gestão do

conhecimento, e a sua utilização, nesta pesquisa, consistiu em relacionar as

interações constatadas nos espaços formais de trocas do Sistema UAB,

identificando-as com cada uma destas fases ou modos de conversão.

Na sua aplicação para o processo de análise, foram consideradas as

definições operacional e constitutiva, desenvolvidas a partir do referencial teórico

sobre a gestão do conhecimento, bem como os atributos descritos para tornar mais

claras as classificações das interações observadas no decorrer do processo.

Em sua definição constitutiva, a prática de gestão colaborativa do

conhecimento é o exercício do processo de trocas de conhecimento (interação)

entre as organizações, que consiste na conversão de conhecimento tácito em

conhecimento explícito e vice-versa (NONAKA; TAKEUCHI, 2008), em movimento

espiral, identificados no ambiente interorganizacional.

A identificação dos modos de conversão no contexto das interações descritas

na definição constitutiva, retrata cada dimensão dos modos de conversão de

conhecimento (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização)

Conhecimento

tácito

De

Conhecimento

Explícito

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identificados na aplicação do Modelo de Análise IMCC pelo seu conteúdo e

atributos. Os atributos definidos neste modelo são os modos de conversão do

conhecimento assim definidos: socialização é a conversão de conhecimento tácito

de indivíduo para indivíduo; externalização é a conversão de conhecimento tácito

para explícito de indivíduo para grupo; combinação é a conversão de conhecimento

explícito para explícito de grupo para grupo e, finalmente a Internalização é a

conversão de conhecimento explícito para tácito de grupo para indivíduo. Esses

modos estão fundamentados na teoria da gestão do conhecimento de Nonaka e

Takeuchi e foram adaptados como atributos das interações identificadas no ATUAB e

analisadas através de modelos criados para a construção do Modelo de Análise

IMCC, como ilustrado abaixo no quadro 14.

Quadro 14 –Modelos de análise das interações e modos de conversão do conhecimento

Item Sujeito A Sujeito B Interação Símbolo

Modos de Conversão Atributos

1 IES A IES B Palavra Chave T T

Socialização - Tácito / Tácito Indivíduo x Indivíduo

2 IES C IES D Palavra Chave T E

Externalização - Tácito /Explicito Indivíduo x Grupo

3 IES E IES F Palavra Chave E E

Combinação - Explicito / Explicito Grupo x Grupo

4 IES G IES H Palavra Chave E T

Internalização - Explicito /Tácito Grupo x Indivíduo

Fonte: elaboração própria.

A partir deste modelos acima (quadro 14) foi criado o Modelo de Análise IMCC

(Interações e Modos de Conversão de Conhecimentos), na qual os sujeitos são

identificados pelo nome da IES que representam; a palavra-chave é uma descrição

breve da interação, representando o conteúdo da sua participação no ATUAB; o

símbolo é uma representação gráfica do modo de conversão, e o modo de

conversão classifica esta interação na espiral do conhecimento, e os atributos

indicam a sua posição na espiral do conhecimento.

A análise de cada interação no fórum selecionado está representada no

Modelo de Análise IMCC, abaixo, e descrito em seguida para tornar mais explícita

para o leitor e permitir as conclusões que foram projetadas como resposta às

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questões da pesquisa.

Quadro 15 – Modelo de Análise de interações e modos de conversão de conhecimento

IMCC

Item Sujeito A Sujeito B Palavra chave Símbolo Modo de Conversão Atributos

1 UFRN FORUM Provocação E E Explicito para

Explicito Grupo x Grupo

2 IFRN UFRN Proposição T T

Tácito para Tácito Indivíduo x

Indivíduo

3 UFRN FÓRUM Assentimento T T

Tácito para Tácito Indivíduo x

Indivíduo

4 UNIFEI UFRN Compartilhamento E E Explicito para

Explicito Grupo x Grupo

5 UFRN UNIFEI Ratificação T T

Tácito para Tácito Indivíduo x

Indivíduo

6 UFES UFRN Compartilhamento

T E

Tácito para Explicito Indivíduo x Grupo

7 UFRN UFES Ratificação

T T

Tácito para Tácito Indivíduo x

Indivíduo

8 UFSCAR FORUM Compartilhamento

E E

Explicito para

Explicito Grupo x Grupo

9 UFSCAR FORUM Compartilhamento

E E

Explicito para

Explicito Grupo x Grupo

10 UFRN UFSCAR Acolhimento

E T

Explicito para Tácito Grupo x Indivíduo

Fonte: elaboração própria. Ribeiro, 2015.

No Modelo de Análise acima, preenchido com o conteúdo de um Fórum virtual

do ATUAB, pode-se identificar as interações, as Instituições de Ensino Superior que

interagiram, o conteúdo das interações, através de uma palavra-chave que resume a

sua mensagem principal, o símbolo que representa aquela interação, um modo de

conversão de conhecimento predominante e os atributos daquela interação que a

posicionam na espiral do conhecimento, retratados em cada coluna do quadro 15.

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207

O Fórum analisado ocorreu no período de 25 de março a 16 de maio de 2013,

envolveu cinco representantes de IES e consistiu de dez interações. No Ambiente de

Trabalho do Sistema UAB – ATUAB, existem diversos fóruns que são espaços de

interações assíncronas, através dos quais seus participantes podem postar

mensagens dirigidas diretamente a outro(s) participante(s), nomeado(s) ou a todo o

grupo. As mensagens, direcionadas ou não, são visíveis por todos, sendo que o seu

propósito é de permitir que os conteúdos das interações fiquem disponíveis e

possam ser vistos, além de complementados e discutidos por todos os seus

integrantes.

Este fórum específico, denominado Coordenadores UAB, é constituído pelos

representantes das IES que integram o Sistema, coordenado pelo presidente e vice-

presidente do Fórum Nacional de Coordenadores UAB e se divide em temas. O

tema específico sob análise é o material didático, cujo subgrupo, criado no âmbito do

Fórum, é coordenado pelas representantes de duas IES federais, a UFRN e UnB.

O tópico, aberto por uma das coordenadoras, denomina-se “Referenciais de

Qualidade para a Produção de Material Didático” e foi iniciado com um texto sobre

este tema, resumido pela palavra-chave provocação, no Modelo de Análise IMCC.

O conteúdo desta interação postada pela UFRN faz referências a um

documento publicado em 2007 pelo Ministério da Educação, denominado

Parâmetros de Qualidade para a Educação Superior a Distância, destacando a sua

importância como norteador e como diretriz para a produção de material didático.

Explica a necessidade da concepção do material didático de acordo com os projetos

pedagógicos dos cursos, destaca a necessidade de o mesmo buscar o

desenvolvimento de habilidades e competências e de ser apresentado em um

conjunto de mídias convergentes, compatíveis com seu contexto e seu público. Faz

alusão ainda à necessidade de incluir um Guia Geral do Curso e destaca as suas

características como fonte de orientação e articulação entre todos os atores do

processo, sejam professores, tutores, estudantes.

No Modelo de Análise IMCC, acima, além da palavra-chave provocação, esta

postagem está classificada como um modo de conversão, chamado de

“Combinação” E E (conversão de conhecimento Explícito em Explícito) que é

descrito pelos autores Nonaka e Takeushi (2013, p. 65) como um “[...] processo de

sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento”.

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208

Esta classificação se aplica pelo fato de a autora da postagem no fórum

(UFRN) utilizar-se de um corpo de conhecimento explícito, um documento publicado

pelo Ministério da Educação para regulamentar e dar parâmetros às IES, na oferta

dos seus cursos a distância, para assegurar a sua qualidade. Neste modo de

conversão, os grupos trocam e combinam o conhecimento através de meios

diversificados, entre eles uma “[...] rede de comunicação computadorizada” (2013, p.

65).

A partir desta publicação provocativa, no mesmo dia a IES, IFRN, através da

sua representante, interagiu, ratificando a importância da mensagem e

considerando-a como ponto de partida para a melhoria e para a inovação na

produção de material didático no Sistema UAB. A palavra-chave que melhor

representa esta interação é “proposição”, visto que, além de ressaltar a importância

e ratificar a mensagem anterior, o IFRN propõe que sejam compartilhados “os

modelos de produção de materiais didáticos” das IES, seus projetos de

acessibilidade e as suas dificuldades, para permitir a busca conjunta de soluções.

Esta interação está classificada no Modelo IMCC como “Socialização”, modo

de conversão de conhecimento de tácito para tácito, símbolo T T (tácito para

tácito), quando o indivíduo adquire conhecimento diretamente como o outro. A

inserção do IFRN, sugerindo o compartilhamento de modelos de produção e, além

deles, os projetos de acessibilidade, denota um conhecimento prévio da existência

dos mesmos, afirma a existência de dificuldades, sugerindo a busca de soluções.

A terceira interação neste fórum está classificada também como

“Socialização”, modo de conversão de conhecimento de tácito para tácito, símbolo a

seguir T T (tácito para tácito), e a sua palavra-chave escolhida é

“assentimento”, na medida em que consiste de uma resposta direta da UFRN ao

IFRN, concordando com a sua proposição e afirmando que existe uma vasta

produção de guias de orientação para produção de material didático pelas IES do

sistema, incentivando o seu compartilhamento no ATUAB.

A interação registrada e seguida, a quarta, denota a disponibilização de uma

informação obtida em leituras da representante da UNIFEI, diretamente para a

UFRN, mas visível para todos integrantes do fórum, cuja palavra-chave que

representa seu conteúdo no Modelo de Análise IMCC é “compartilhamento”. A

UNIFEI recorre ao pensamento de autores (BEHAR et al., 2009), inclusive citando a

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209

fonte, para dar a sua contribuição para a discussão que está em curso,

caracterizando-se um modo de conversão de conhecimento explícito para explícito,

símbolo E E, classificado como “Combinação”, que, segundo Nonaka e Takeuchi

(2013), refere-se à sistematização de conceitos, devidamente codificados e

divulgados, neste caso em forma de livro.

Trata-se uma contribuição importante, cujo conteúdo destaca propriedades do

material didático, tais como reusabilidade, acessibilidade, interoperabilidade,

durabilidade e customização.

A interação que responde a esta anterior, portanto, a quinta, caracteriza-se

como uma confirmação da informação prestada pela UNIFEI e foi apresentada pela

UFRN. A palavra-chave selecionada para representá-la foi a “Ratificação”, pois e

seu conteúdo reforça a afirmativa anterior, sendo que a classificação no Modelo

IMCC é a “Socialização”, devido à sua característica (atributo) de interação entre

indivíduos, em forma de conversão de conhecimento tácito para tácito T T (tácito

para tácito), assim simbolizado.

A sexta interação, representada no Modelo IMCC pela palavra

“compartilhamento”, traz um modo de conversão importante, que é do conhecimento

tácito para o conhecimento explícito. Representado no Modelo IMCC pelo símbolo

T E (tácito para explícito), este modo é citado pelos autores Nonaka e Takeuchi

(2013, p. 62) como a “[...] quintessência do processo de criação do conhecimento,

no qual o conhecimento tácito torna-se explícito”, de indivíduo para o grupo. A

contribuição parte da UFES para a UFRN, mas destinada ao fórum e apresenta uma

experiência consolidada na produção de material didático do curso piloto da UAB, o

primeiro curso da Universidade Aberta do Brasil, acrescentando um artigo científico

sobre o tema, publicado em um congresso nacional de educação superior a

distância.

A resposta a esta interação parte da UFRN para a UFES e demonstra que

esta já sabia da informação prestada pela primeira, ao afirmar que foi uma

experiência de produção coletiva que trouxe muitos frutos. A palavra-chave que

representa o conteúdo desta interação é também “Ratificação”, e a mesma foi

classificada no Modelo IMCC como modo de “Socialização”, representando, a

exemplo da interação anterior, uma troca de conhecimentos entre indivíduos que

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210

caracteriza a conversão de conhecimento tácito para conhecimento tácito,

simbolizado por T T (tácito para tácito).

As interações oito e nove são oriundas da mesma IES, a UFSCAR, e dirigidas

a todo o grupo de coordenadores que participam do fórum. A palavra chave que as

representa é “Compartilhamento”, pois a UFSCAR disponibiliza para todos um

questionário de avaliação de materiais didáticos, como forma de contribuir para a

melhoria da qualidade dos mesmos em todas as IES. O modo de conversão do

conhecimento, neste caso, foi classificado como “Combinação”, simbolizado por

E E (explícito para explícito), que representa a conversão de conhecimento

explícito em explícito, caracterizado como um processo de sistematização de

conhecimento de grupo para grupo, na medida em que é um corpo de conhecimento

institucional da UFSCAR e está sendo compartilhado com todo o fórum.

A décima e última interação deste fórum foi representada no Modelo IMCC

pela palavra “Acolhimento” e foi uma resposta da UNIFEI à UFSCAR, agradecendo a

disponibilização do questionário de avaliação do material didático e afirmando que

será muito útil para a IES. A classificação selecionada no Modelo IMCC foi a

“Internalização”, que representa o modo de conversão de conhecimento explícito em

conhecimento tácito. Este modo é definido pelos autores Nonaka e Takeuchi como

um processo de incorporação de conhecimento e significa a incorporação de know-

how técnico pelos indivíduos de uma organização a partir de conhecimento explícito

sistematizado e compartilhado. A palavra-chave selecionada para o Modelo IMCC foi

“Acolhimento”, e o seu símbolo E T (explícito para tácito).

A aplicação deste modelo de análise através do Modelo Análise de Interações

e Modos de Conversão de Conhecimentos (IMCC), permitiu a visualização de

práticas colaborativas de gestão do conhecimento em rede no Sistema UAB,

proporcionando ainda uma análise fundamentada em um corpo teórico sobre a

gestão do conhecimento no ambiente organizacional, a partir de um modelo, criado

pelos autores Nonaka e Takeuschi (2013), que concebem o conhecimento como um

par dialético de tácito e explícito criados dinamicamente, aparentemente opostos,

mas interdependentes e complementares.

Além do primeiro atributo do Sistema UAB, qual seja a sua natureza

colaborativa, contida nos documentos que lhes servem de referência e diretrizes, tais

como o projeto de criação, a Lei 5800/2005, que o instituiu, e o Guia UAB, analisado

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211

através do quadro de referência para análise documental acima, seguida da análise

das interações no ATUAB através do Modelo de Análise IMCC, focalizando a gestão

do conhecimento de forma colaborativa e em rede, foi realizada uma análise da

atuação dos coordenadores UAB, representantes das IES que o integram,

considerando-se a sua atuação no processo de gestão do conhecimento e tomando-

se como referência o conceito de colaboração como uma competência-chave para o

desenvolvimento deste processo.

Para esta análise foi desenvolvida um terceiro modelo de análise (QUIVY;

CAMPENHOULDT, 2013), seguindo os mesmos aportes teóricos dos dois modelos

anteriores para a definição de estratégias analíticas (ROBERT YIN, 2010), que foram

implementadas para destacar uma terceira vertente de análise do processo de

gestão do conhecimento de forma colaborativa em rede no Sistema UAB, desta feita

tendo como foco a atuação do Coordenador UAB (representante das IES) no

exercício da sua competência para colaborar, verificando a sua atuação de forma

mais detalhada. Este modelo de análise foi aplicado e seus dados são apresentados

em seguida.

4.4 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DOS SUJEITOS (COORDENADORES UAB) NO EXERCÍCIO DA COLABORAÇÃO COMO COMPETÊNCIA PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO

Nesta etapa da análise dos dados da pesquisa, buscou-se identificar e

analisar as práticas de gestão colaborativa do conhecimento pelos sujeitos que

atuam, no Sistema UAB, visando à identificação e ao registro do exercício desta

competência, no desempenho das suas atividades como representantes das

Instituições de Ensino Superior, integrantes desta rede.

A exemplo das etapas anteriores foi aplicado um modelo de análise, adaptado

de outro trabalho realizado e publicado durante o estágio de doutorado sanduíche na

Open University, Reino Unido, no período de maio a dezembro de 2013.

O “Modelo de Análise C”, já apresentado de forma sucinta, no capítulo sobre o

método da pesquisa, também foi aplicado com base em definições constitutivas e

operacionais, sendo que seu foco foi o exercício da competência colaboração pelos

coordenadores UAB, no seu dia a dia, segundo a sua própria percepção.

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212

Na definição constitutiva, destaca-se o conceito de competência como um

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes adequadas a um contexto, e a

sua operacionalização se dará pela análise das informações, obtidas através de

questionários, entrevistas e interações no ATUAB, para permitir evidenciar o

exercício da competência colaboração pelos coordenadores UAB e coordenadores

de cursos da Uneb, na sua atuação no sistema, conforme descrito no capítulo sobre

o método da pesquisa.

As informações para aplicação do “Modelo de Análise C” foram obtidas

através da aplicação de questionários, da realização de entrevistas e da observação

das interações no ATUAB. Para o grupo de Coordenadores UAB, composto de

representantes das IES integrantes do Sistema UAB, foram enviados 191 (cento e

noventa e um) questionários online e obtidas 83 (oitenta e três) respostas,

representando um percentual de 43,45% (quarenta e três vírgula quarenta e cinco

por cento), quantidade considerada representativa e satisfatória para a realização

das análises.

4.4.1 Identificação dos sujeitos da Pesquisa

Observa-se, no gráfico abaixo, que os coordenadores UAB são profissionais

maduros, com uma incidência muito baixa de sujeitos com menos de 30 anos. Do

universo de sujeitos que responderam às questões, observou-se uma predominância

de pessoas na faixa etária de 35 a 45 anos (34,57%), seguida da faixa etária de 45

a 55 anos (33,33%). Observou-se ainda que, na faixa etária acima dos 55 anos, são

24,69%) e apenas 7,4% abaixo dos 30 anos.

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213

Gráfico 01 – Faixa etária dos coordenadores UAB

Fonte: elaboração própria.

Em números absolutos, dos 83 questionários recebidos, dentre os 191

enviados, dois sujeitos não responderam esta questão, sendo que 28 estão na faixa

etária dos 35 aos 45 anos, seguido pela faixa etária dos 46 aos 55 anos com 27

respondentes. Na faixa etária dos coordenadores com mais de 55 anos, foram 20

respostas. Estes números mostram que, somando-se estas quantidades de

coordenadores destas faixas etárias predominantes, 75 (setenta e cinco) dos 83

(oitenta e três) respondentes são maiores de 35 (trinta e cinco anos), somando-se

um percentual de 92,59% de coordenadores com este perfil, portanto, a maioria

absoluta.

Tabela 01 – Faixa etária dos Coordenadores UAB

Faixa etária Quantidade Percentual

Menos de 25 anos 1 1,2

25 a 30 anos 5 6,2

35 a 45 anos 28 34,6

46 a 55 anos 27 33,3

Mais de 55 anos 20 24,7

Fonte: elaboração própria.

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214

Esta distribuição etária que predomina nesta população, combinada com as

respostas sobre experiência profissional, foi suficiente para caracterizar o perfil do

grupo de coordenadores UAB, numa situação já esperada, por serem pessoas que

exercem funções de coordenação da educação a distância, necessariamente,

professores de universidades públicas, designados pelas suas IES para representá-

las junto ao Ministério da Educação e à CAPES.

No gráfico abaixo (gráfico 02), que apresenta dados relativos, referentes às

atividades profissionais dos coordenadores UAB, pode-se constatar que o maior

percentual de coordenadores 53,7% (cinquenta e três vírgula sete) são

pesquisadores, doutores e mestres, 45,1% (quarenta e cinco vírgula um) atuam

como professor ou tutor e 36,6 % (trinta e seis vírgula seis) são orientadores de

estudantes de pós-graduação. Pode-se observar ainda que os questionários foram

respondidos por Coordenadores UAB 48,8% (quarenta e oito vírgula oito) e

Coordenadores UAB Adjuntos 42,7% (quarenta e dois vírgula sete) que são os

substitutos imediatos dos primeiros em suas ausências e impedimentos.

Gráfico 02 – Atividades profissionais do Coordenador UAB

Fonte: elaboração própria.

Na tabela 02, abaixo, onde pode-se ver os números absolutos desta

distribuição de Coordenadores UAB e Adjuntos, de acordo com a sua atividades

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profissionais, observa-se que das 82 (oitenta e dois) respostas recebidas, 44

(quarenta e quatro) profissionais são pesquisadores, mestres e doutores, seguidos

de 37 (trinta e sete) que são professores ou tutores nas suas IES, sendo que 30

(trinta) são orientadores de pós-graduação.

Tabela 02 – Atividades profissionais do Coordenador UAB

Ocupação Quantidade Percentual

Estudante de graduação ou de pós-graduação 7 8,50

Educador (Professor ou tutor) 37 45,10

Coordenador UAB 40 48,80

Coordenador UAB Adjunto 35 42,70

Pesquisador Doutor ou Mestre 44 53,70

Orientador de pós graduação 30 36,60

Outros, especifique 13 16,04

Fonte: elaboração própria.

Combinados os dados de atuação profissional com os de faixa etária,

podemos deduzir que se trata de um grupo de profissionais experientes e de alto

nível de qualificação, sendo este um dado importante para balizar as análises do

conteúdo das suas respostas nesta pesquisa.

A questão de múltipla escolha sobre as atividades profissionais, cujos

resultados estão acima, foi acompanhada de uma questão aberta, opcional, para

complementar esta análise, ilustrando com alguns exemplos o nível de experiência e

de atuação profissional dos Coordenadores UAB e dos Coordenadores UAB

Adjuntos.

Das atividades declaradas, listamos as seguintes: Diretor de Educação a

Distância, Coordenadora Geral da EaD, Sanitarista, Diretora de Avaliação e

Acompanhamento Institucional, Docente, Pesquisador Institucional, Coordenador

Institucional de Educação a Distância, Avaliador Institucional e de cursos do Inep,

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Consultor de Agências de Fomento, Diretor Coordenador Pedagógico de Educação

a Distância, Coordenador de Pós-graduação,Coordenador de Tecnologia na

Educação, Gestão de Ensino na IES,Professora de cursos a distância e presencial,

Coordenador do Laboratório de Tecnologia Educacional e Coordenador do Núcleo

de Educação a Distância, Secretária de Educação a Distância da IES.

Para complementar a análise do perfil destes sujeitos, uma das questões

buscou verificar a participação dos Coordenadores UAB em comunidades na

Internet, uma vez que esta prática pode ser considerada essencial para o exercício

da colaboração em rede, bem como a sua posição geográfica de atuação, para

conhecimento da extensão desta rede pelo País.

Observa-se, no gráfico abaixo, que a participação no ATUAB é muito

representativa, chegando próxima aos cem por cento (96,3%), o que permite

deduzir que as análises a partir de interações observadas nesta comunidade virtual

são representativas.

Gráfico 03 – Comunidades web x Coordenador UAB

Fonte: elaboração própria.

Observa-se ainda que outras comunidades de interesse, tais como os

ambientes virtuais dos cursos das respectivas IES (76,85), onde atuam os

Coordenadores UAB, Os Fóruns de Área do Sistema UAB (61%) e as Comunidades

da área de estudos e/ou atuação profissional (68,3%), contam com participação

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efetiva dos coordenadores.

Na tabela 03, abaixo, que apresenta em números absolutos estes dados de

participação em ambientes web, observa-se que 79 (setenta e nove) dos 82 (oitenta

e dois) respondentes afirmam participar do ATUAB. Vê-se também que 63 (sessenta

e três) participam dos ambientes virtuais dos cursos de sua instituição de ensino, 50

(cinquenta) dos Fóruns de Área do Sistema UAB e 56 (cinquenta e seis) participam

de comunidades de sua área de estudos e/ou atuação profissional.

Tabela 03 – Coordenador UAB nas Comunidades web

Comunidade web Quantidade Percentual

Ambiente de Trabalho do Sistema Universidade

Aberta do Brasil – ATUAB

79 96,3

Ambientes Virtuais dos Cursos da sua instutuição 63 76,8

Fóruns de Área do Sistema UAB 50 61,0

Comunidades da sua área de estudos e/ou atuação

profissional

56 68,3

Outros, especifique 7 0,08

Fonte: elaboração própria.

A questão de múltipla escolha acima também foi acompanhada de uma

questão aberta, opcional, para complementar esta análise, ilustrando exemplos as

comunidades de sua área de estudos e/ou atuação profissional frequentadas pelos

Coordenadores UAB e dos Coordenadores UAB Adjuntos. Entre estas foram

citadas: “Comunidades virtuais de Cursos ofertados pela FIOCRUZ/Escola Nacional

de Saúde Pública; Comunidades de professores e grupo espiritualista no Facebook;

Redes Sociais; Facebook, Google+; Moodle do PPGECIM; Listas de discussão

eRede de EDH”. Observou-se que menos de 1% (0,08%) declarou participar de

outras comunidades web.

O gráfico (figura 38), abaixo, apresenta a distribuição geográfica da

população de Coordenadores UAB que respondeu ao questionário online. Observa-

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se que todas as regiões do Brasil estão representadas, sendo que a Região

Nordeste tem o maior percentual com 40,7% (quarenta vírgula sete por cento),

seguida da Região Sudeste com 28,4% (vinte oito vírgula quatro por cento). Em

terceiro lugar vem a Região Sul com 14,8 (quatorze vírgula oito por cento), em

seguida a Região Norte com 8,6% (oito vírgula seis por cento) e, por último, vem a

Região Centro-Oeste com 7,4% (sete vírgula quatro por cento).

Gráfico04 – Distribuição Geográfica Coordenadores UAB

Fonte: elaboração própria.

De modo complementar, pode-se ver na tabela 04, abaixo, os números

absolutos das respostas obtidas, que demonstram maior concentração de área de

atuação dos Coordenadores UAB na Região Nordeste com 33 (trinta e três)

respostas, seguida da Região Sudeste com 23 (vinte três), Sul 12 (doze), Norte 7

(sete) e Centro-Oeste 6 (seis).

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Tabela 4 – Distribuição Geográfica: onde vive e trabalha o Coordenador UAB

Regiões Quantidade Percentual

Região Norte 7 8,6

Região Nordeste 33 40,7

Região Sudeste 23 28,4

Região Centro-Oeste 6 7,4

Região Sul 12 14,8

Fonte: elaboração própria.

Na questão aberta, opcional, para a qual foram recebidas 8 (oito) respostas,

foram indicadas as cidades de Mossoró (RN), Florianópolis (SC), Recife (PE),

Salvador (BA), Catalão (GO), Vitória da Conquista (BA) e Londrina (PR).

Esta população, distribuída em várias regiões e localidades do Brasil,

mostra-se ativa na rede mundial de computadores e participa de comunidades

específicas de sua área de estudos e/ou atuação profissional.

Além deste questionário aplicado com os coordenadores UAB e Adjuntos,

outro semelhante foi aplicado com os Coordenadores de cursos da Uneb. Algumas

questões forma iguais, entretanto, outras foram diversificadas para atender ao

propósito de obter depoimentos sobre a ponta do processo de colaboração em rede.

Considerou-se, na elaboração do questionário, aplicado a esta população de

coordenadores de uma instituição específica, a Uneb, a necessidade de analisar

com maior profundidade as práticas de gestão colaborativa, como explicado na

descrição do método. Levou-se em conta, tanto na elaboração do questionário,

quanto no roteiro das entrevistas, a necessidade de compreender a efetiva

realização das ações colaborativas concebidas e desenvolvidas no âmbito deste

sistema, nas atividades práticas da universidade selecionada para ser o caso de

estudo.

Tal como no primeiro grupo, de Coordenadores UAB e Adjuntos, os

questionários online foram enviados por email, para o grupo de Coordenadores e

Vice-coordenadores de cursos da UNEB, composto de 19 (dezenove) sujeitos. Ao

longo do período em que ficou disponível para as respostas, foram obtidas 8 (oito),

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representando um percentual de 42,1% (quarenta e dois vírgula um por cento),

quantidade considerada representativa e satisfatória para a realização das análises.

Três questões foram voltadas para a caracterização dos sujeitos, sendo uma

relacionada à faixa etária, outra às atividades profissionais e a terceira à utilização

de internet e suas atividades.

Gráfico 05 – Faixa etária Coordenadores de Cursos UNEB

Fonte: elaboração própria.

O gráfico acima demonstra a predominância de indivíduos das faixas etárias

entre trinta e cinco a quarenta e cinco anos, bem como na faixa seguinte entre os

quarenta e seis e os cinquenta e cinco anos de idade.

Tabela 05 – Faixa etária Coordenadores de Cursos Uneb

Opções de respostas Quantidade Percentual

Menos de 25 anos 0 0,00

25 a 30 anos 0 0,00

35 a 45 anos 4 50,00

46 a 55 anos 3 37,5

Mais de 55 anos 1 12,5

Fonte: elaboração própria.

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221

Observando a tabela 05, que apresenta os dados absolutos desta mesma

questão, verifica-se que 7 (sete) dos oito sujeitos respondentes (85%), têm idade

entre os 35 (trinta e cinco) e os 55 (cinquenta e cinco) anos.

Quanto à experiência profissional, levantada através da questão sobre

atividades desenvolvidas pelos sujeitos, observa-se, no gráfico 06 abaixo, que a

maioria (75%) são pesquisadores doutores e mestres, 62,5% são professores e

50% orientam estudantes de pós-graduação.

Gráfico 06 – Atividades profissionais dos Coordenadores de Cursos UNEB

Fonte: elaboração própria.

Na tabela 06, abaixo, que mostra os dados absolutos das respostas a esta

questão, podemos observar que 6 (seis) dos 8 (oito) coordenadores que

responderam, são pesquisadores mestres e doutores, 5 (cinco) professores ou

tutores e 4 (quatro) orientam estudantes de pós-graduação.

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Tabela 06 – Atividades profissionais do Coordenadores de Cursos Uneb

Atividades profissionais Quantidade Percentual

Estudante de graduação ou de pós-graduação 1 12,5

Educador (Professor ou tutor) 5 62,5

Coordenador de Curso UAB 6 75,0

Vice-Coordenador de Curso UAB 0 0,0

Pesquisador Doutor ou Mestre 6 75,0

Orientador de pós graduação 4 50,0

Outro (especifique) 1 0,08

Fonte: elaboração própria.

A análise do perfil dos Coordenadores e Vice-coordenadores de cursos da

UNEB, buscou verificar também a sua participação em comunidades na Internet,

considerada essencial para o exercício da colaboração em rede.

Gráfico 07 – Comunidades web x Coordenador de cursos UNEB

Fonte: elaboração própria.

Observa-se, no gráfico acima, que a participação no ATUAB é muito

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223

representativa, chegando próxima aos noventa por cento (87,5%), e nos ambientes

virtuais dos cursos da instituição é de cem por cento. Além disso, participam dos

fóruns de área do conhecimento da UAB (75%) e de comunidades da sua área de

atuação (37%). A tabela 07, abaixo, complementa a ilustração destes dados,

apresentando-os junto aos dados absolutos.

Tabela 07 – Comunidade na Internet (web) que o Coordenador de Curso Uneb participa?

Opções de respostas Response

Percent

Response

Count

Sistema de Gestão da Universidade Aberta do Brasil -

SISUAB

7 87,5

Ambientes Virtuais dos Cursos da sua instutuição 8 100,0

Fóruns de Área do Sistema UAB no ATUAB 6 75,0

Comunidades da sua área de estudos e/ou atuação

profissional

3 37,5

Outros (especifique) 2 25

Fonte: elaboração própria.

Analisando-se estas respostas, verifica-se que, a exemplo dos

Coordenadores UAB e Adjuntos, os Coordenadores e Vice-coordenadores de

cursos da UNEB são profissionais experientes, com alto nível de formação

acadêmica, perfil de pesquisadores e professores com elevado índice de utilização

de ambientes virtuais na Internet em suas atividades profissionais. Isto que permite

deduzir, também, que as análises a partir de interações observadas nas

comunidades virtuais são representativas.

4.4.2 Detalhamento do Modelo de Análise C

Além das questões relacionadas ao seu perfil profissional e participação em

comunidades virtuais, outras questões, versando sobre a sua atuação no Sistema

UAB, com foco nas atividades de natureza colaborativa que desempenham na rede,

através do ATUAB e de outras formas de colaborar, nos Fóruns e Encontros,

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224

promovidos pela UAB, expressando a sua percepção sobre este processo, foram

incluídas, nos questionários para os dois públicos, tanto os Coordenadores UAB e

seus Adjuntos, quanto os Coordenadores de cursos da UNEB, questões específicas,

voltadas para a compreensão destes processos colaborativos.

Estas questões foram diretamente relacionadas com o exercício da

colaboração, como uma competência dos sujeitos, tendo em vista que o Sistema

UAB desenvolveu um processo de gestão inovador, que tem o objetivo de criar

competências coletivas, compartilhar melhores práticas, expor as dificuldades

encontradas nas diversas etapas do processo de gestão, para nortear as ações e

buscar soluções para problemas comuns, demandando esta atitude colaborativa do

Coordenador UAB, para que este processo de gestão se concretize.

A análise das respostas aos questionários, complementada pela análise das

entrevistas online, realizadas com os coordenadores, apresentadas em seguida,

permitiu a compreensão deste aspecto do Processo de Gestão Colaborativa em

Rede, juntando-se à análise documental e à análise das práticas de gestão do

conhecimento realizadas, este aspecto da atuação do coordenador UAB, com foco no

exercício da competência colaboração.

4.4.2.1 A origem do Modelo de Análise C

A Matriz Analítica C foi criada pelo grupo de pesquisa Colearn 21, da Open

University, Reino Unido, e registrada como um Recurso Educacional Aberto (REA),

sob licença “Creative CommonsCC BY SA”, foi elaborada com o propósito de

estabelecer categorias de análise que permitissem identificar, nas práticas interativas

entre os sujeitos que atuam em comunidades de prática (WENGER, 2008), o

exercício das competências-chave para sociedade e a educação do século XXI,

estudadas pelos pesquisadores, tomando como referência os documentos adotados

para nortear as discussões.

A constatação da existência de um grande número de competências,

habilidades e atitudes, listadas nos diversos documentos, definidas de diferentes

formas e muitas vezes classificadas em diferentes domínios do conhecimento, levou

o grupo a empreender um esforço de classificação destas competências, criando

uma nova taxionomia, que levou em consideração, entre outros aspectos, a elevada

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incidência de citação de determinadas competências nos diversos documentos e

textos acadêmicos, a proximidade da sua conceituação e a sua identificação com os

propósitos de pesquisa dos membros do grupo.

O processo de classificação foi desenvolvido pelos pesquisadores do Colearn

21, a partir de observações sistemáticas nos processos de interação entre

participantes de dois ambientes online, dos quais os membros do grupo de pesquisa

participaram ativamente, no período de realização desta atividade.

As observações tiveram início em abril de 2013, se estenderam até novembro

do mesmo ano e foram realizadas, inicialmente, no Portal da 7ª Conferência

Internacional de Educação – Educared, organizada pela Fundação Telefônica da

Espanha, classificado como um evento online, aberto e massivo (OKADA et al.,

2013). Esse evento de abrangência internacional teve duração de 18 (dezoito)

meses, envolvendo conferências online, encontros presenciais em várias partes do

mundo e mobilizando um público de 50.000 (cinquenta mil) pessoas, entre

professores, estudantes, famílias, coordenadores pedagógicos e outros profissionais

da área da educação, interessados nos nove temas propostos pela organização.

O debate sobre cada um destes temas foi desenvolvido através de uma série

de atividades síncronas e assíncronas, presenciais e online, todas elas antecedidas e

sucedidas de interações entre os diversos participantes, de acordo com os seus

interesses, num movimento de livre acesso e oportunidade de expressão de opiniões,

exposição de argumentos, apresentação de pesquisas e construção de sínteses,

mapas, gráficos, imagens e diversos outros recursos, que contribuiram para uma rica

produção de conhecimentos sobre os diversos temas.

Segundo Okada (2013, p.34),

A plataforma online escolhida para o portal Encuentro.Educared foi a

NING (2005), que permite aos participantes criarem suas redes

sociais com comunicação em vários idiomas. As interfaces

observadas no Encuentro.Educared foram: Alertas; Eventos; Fórum;

Fotos, Vídeo, Twitter, Integração com Twitter, Facebook e Youtube.

A figura 22 abaixo ilustra a interface de interações no portal citado, através do

qual os participantes atuaram, prestando as suas contribuições ao debate e tendo

acesso a todo o conteúdo desenvolvido ao longo deste processo.

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226

Figura 22 – Portal Encuentro.Educared

Fonte: Portal Encuentro Educared Telefônica Espanha.

Os dados das interações que propiciaram as análises e a categorização das

mesmas, de acordo com os princípios e critérios adotados pelo grupo de pesquisa

Colearn 21, foram coletados no período de sete meses, entre março e setembro de

2013, e incidiram sobre um dos nove temas da conferência, especificamente o tema

de número seis, “Como liderar el cambio en los centros educativos”, tendo-se

observado neste o fórum temático “Novas abordagens de avaliação na era da

coaprendizagem”.

Participaram deste fórum quarenta profissionais de áreas de interesse

distintas e de diversas universidades e países diferentes como: Brasil, Inglaterra,

Peru, Espanha, Equador, Argentina, Venezuela e Portugal.

No processo de análise das interações ocorridas neste fórum, para agrupá-las

em categorias, observou-se que os participantes compartilharam perguntas, fizeram

comentários, indicaram links com mídias, estabeleceram conexões com artigos e

vídeos, propuseram formas de organização das informações no fórum, elaboraram

listas de bibliografias, fizeram mapeamentos cognitivos e outras representações

gráficas da discussão.

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227

Chamou a atenção do grupo de analistas, pesquisadores do Colearn 21, o

processo de autogestão do grupo de participantes, que desempenharam vários

papéis por iniciativa própria e, através de um processo de categorização,

referenciado pelos estudos teóricos sobre as competências-chave para a sociedade e

para a educação do Século XXI, foi possível destacar três papeis mais importantes,

descritos abaixo.

Segundo Okada e outros (2013), foram identificados os papéis de

“coaprendizes técnicos” – que ofereceram apoio sobre o uso das tecnologias e do

ambiente virtual, tanto no aspecto operacional quanto no conceitual, ajudando ainda

com o compartilhamento de recursos, como softwares e orientações sobre suas

formas de uso; “coaprendizes proativos” – que contribuíram frequentemente com

conteúdos em vários formatos relacionados com o tema da discussão; e

“coaprendizes interativos“ – mais colaborativos e que compartilharam conteúdos de

interesse pessoal e coletivo, registraram feedback com comentários, novas questões

relacionadas com as contribuições os demais participantes, enriquecendo a mediação

das discussões e integrando estas contribuições.

Para ampliar o debate sobre as competências e aprofundar as análises, o

grupo de pesquisadores do Colearn 21 adotou, como plataforma de trabalho, um

ambiente de investigação colaborativo, desenvolvido na Open University, em parceria

com pesquisadores de outras universidades do Reino Unido e financiado pela

Comissão Europeia, através do qual foi feita a integração dos referenciais teóricos

abordados no Fórum do Encuentro.Educared, permitindo a sistematização dos dados

coletados.

O ambiente WeSpot (figura 23) abaixo, é definido como um “ambiente de

trabalho com tecnologias sociais, personalizadas e abertas”. Através dele, nesta

atividade, participaram 25 pesquisadores, oriundos de instituições de países como

Portugal, Espanha, Reino Unido e Brasil, todos registrados e participantes,

concomitantemente, do Portal Encuentro.Educared, que no período de maio a

outubro de 2013, aprofundaram estudos e promoveram discussões e reflexões sobre

os temas debatidos e sobre os dados recolhidos naquele fórum.

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228

Figura 23 – Ambiente WeSpot

Fonte: WeSpot http://wespot-project.eu.

De acordo com Okada e outros (2013, p. 17),

O ambiente weSPOT permite a cada usuário personalizar o conteúdo

de navegação no idioma desejado, (incluindo os idiomas Inglês,

Português e Espanhol). Trata-se de uma plataforma de redes sociais

personalizada, que permite a criação de blogs comunitários,

repositório de arquivos, e-portfólio, tecnologia RSS, atividades,

marcadores, páginas, grupos, membros, notificação e anotação. Além

dessas interfaces, permite a inclusão de plugins tais como: usuários,

rede de amigos, atividades de usuários, investigações no ambiente,

sites, investigações de cada usuário, coletor de dados do ambiente e

de cada investigação, hipótese, notas, conclusões, arquivos, páginas,

questões, respostas e mapeamentos.

Os pesquisadores integrantes desta atividade no WeSPOT, compartilharam

seus projetos e objetivos individuais e coletivos, incluindo seus projetos de pesquisa,

referências bibliográficas, achados e conclusões, em torno dos temas comuns,

discutindo e compartilhando suas metodologias, desenvolvendo e utilizando

instrumentos de coleta e processos de análises de dados, obtidos nos estudos

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teóricos dos textos de referência e nos debates travados nos fóruns do

Encuentro.Educared.

Destes debates foram selecionadas quatro competências, consideradas mais

importantes pelo grupo, de acordo com critérios de classificação que levaram em

conta, a interface comum dos interesses de estudos dos participantes das discussões

no WeSPOT, a maior incidência de discussões e aportes teóricos sobre as mesmas,

nos textos lidos pelo grupo, para efeito de consolidação do seu aporte teórico e a

convergência dos conceitos atribuídos pelos diversos documentos, estudados sobre

o tema.

Uma das competências selecionadas foi a “literacia digital”, que

[...] envolve construções de significados, vivências individuais e coletivas, formas de uso e de apropriação das TIC, implicadas em práticas sociais contextualizadas, que possibilitam o desenvolvimento de competências nos domínios cognitivos, instrumentais e interpessoais: empreendedor, inovador, técnico, proativo interativo, reflexivo e ético-científico (OKADA et al., 2013, p. 10).

Esta competência, também denominada letramento ou alfabetização digital,

indica a capacidade do sujeito em lidar com as tecnologias no seu dia a dia, de forma

contextualizada, e está articulada com as demais competências, sendo por isso

considerada pelo grupo como uma competência estruturante.

Considerada também importante, a Colaboração-Comunicação é definida

como uma competência:

Destacada como a capacidade de um indivíduo ou grupo gerenciar interações e co-construções com os outros, oferecendo apoio, formando redes pessoais e sociais, atuando com interesse e organização, fazendo revisão para a melhoria, dando feedback e mediando as relações, em busca de consenso. Isso possibilita desenvolver vários papéis, tais como: ser interativo e proativo, com compartilhamento de perguntas, links, ideias, comentários, anotações e conteúdos abertos(OKADA et al., 2013, p. 23).

O pensamento crítico-criativo também foi destacado como uma competência

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importante pelo grupo e conceituado como a capacidade de criar, discutir, avaliar,

aprimorar e inovar novas representações.

A outra competência identificada como central para os estudos do grupo foi a

“literacia científica”,

[...] associada com a capacidade de acessar, compreender, avaliar e usufruir os avanços científicos, incluindo também, compreensão de como cientistas produzem esses avanços. Refere-se também a capacidade de usar conhecimento científico, com ética, para estabelecer questões, escolher procedimentos, elaborar a pesquisa e produzir conclusões com base em evidências (OKADA et al., 2013, p. 23).

Definidas estas quatro competências, assumidas pelo grupo de pesquisadores

como competências centrais para a condução dos estudos a partir das mesmas,

definiu-se pela criação de uma Matriz Analítica (QUIVY; CAMPENHOUDT, 2013),

agrupando-se um conjunto de domínios constitutivos (interpessoais, cognitivos e

instrumentais), originando-se assim a denominada “Matriz de Análise C” (figura 24)

abaixo, concebida para agrupar em categorias e relacionar com as bases conceituais,

as atividades desenvolvidas pelos participantes dos dois ambientes analisados

(Portal Encuentro.Educared e WeSPOT).

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231

Figura 24 – Matriz de Análise C

Fonte: Okada e outros (2013).

Esta Matriz de Análise C foi aplicada para a análises dos dados obtidos, com a

observação das interações dos participantes dos Fóruns analisados no Portal

Encuentro.Educared, bem como das interações entre os participantes do ambiente

WeSPOT, permitindo a identificação, através das formas de participação de cada

sujeito, do exercício de cada competência, sob análise, criando assim uma

taxionomia que permitiu a sua adaptação para esta pesquisa, cujo detalhamento é

apresentado abaixo.

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232

O Modelo de Análise C abaixo (figura 25) foi adaptado a partir do original, mas

voltado para uma competência específica, neste caso a colaboração, que é o foco

desta pesquisa, e mantendo os mesmos princípios e processo classificatórios, para

nortear as análises das interações entre os sujeitos, gestores do Sistema UAB,

visando à identificação de interações colaborativas, que possam ratificar o verdadeiro

exercício de práticas colaborativas, de modo a evidenciar a ocorrência da gestão

colaborativa do conhecimento em rede no âmbito do Sistema UAB.

Figura 25 – Modelo de Análise C

Fonte: elaboração própria.

O Modelo de Análise C foi elaborado com o fim específico de analisar o

exercício da competência colaboração, seguindo os mesmos referenciais teóricos e

metodológicos, que deram origem à Matriz Analítica C, original, tendo sido, portanto,

construídas as suas definições constitutiva e operacional, que nortearam a sua

aplicação, no processo de análise dos dados desta pesquisa.

Definição constitutiva (DC): competência é uma combinação de

conhecimentos, habilidades e atitudes apresentadas por um indivíduo e adequadas a

um contexto social.

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233

O exercício da competência colaboração está associado à capacidade de

trabalhar em grupo, respeitando o outro, compartilhando conhecimentos, soluções e

inovações.

Definição Operacional (DO): a operacionalização desta categoria se dá por

meio da observação indireta (questionários e entrevistas) com os sujeitos e também

mediante a observação direta no ambiente virtual de trabalho do Sistema UAB

(ATUAB). Visa a descrever as interações entre os mesmos, com o objetivo de

compartilhar ideias e recursos desenvolvidos em suas instituições, tendo em vista a

resolução de problemas comuns.

Além das definições constitutiva e operacional, estas específicas para a

competência colaboração foram adaptados para o Modelo de Análise C, os conceitos

dos domínios interpessoal, cognitivo e instrumental. O conceito de competência

manteve-se com a compreensão de que as competências decorrem da articulação

entre conhecimentos, habilidades e atitudes imprescindíveis à consecução de fins

específicos (Comissão Europeia, 2007) e as categorias de análise para identificação

destas competências, neste caso, nos processos de interação entre os

Coordenadores da UAB, sujeitos desta pesquisa, seguem os mesmos parâmetros da

matriz original, como definido abaixo.

No domínio interpessoal está o conjunto de atitudes manifestadas pelos

sujeitos nas suas interações e foram relacionadas neste Modelo de Análise C, com a

competência colaboração, os domínios “Proativo” e “Interativo”, cujas definições

operacionais se encontram no quadro 16, abaixo:

Quadro 16 – Definição operacional dos domínios interpessoais

Domínios de Competências

Interpessoais Definição Operacional

Proativos

São indivíduos ou grupos que têm iniciativa e atitude participativa diante dos

temas ou atividade proposta. Compartilham frequentemente conteúdos no

ambiente virtual

Interativos

São indivíduos ou grupos que exercem mutualidade no ambiente virtual, e tem

a capacidade de gerenciar as interações de modo colaborativo com vistas à

coconstrução de algo significativo de interesse individual ou coletivo.

Fonte: elaboração própria.

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234

Os domínios cognitivos, criados com base na descrição operacional desses

domínios interpessoais, emergiram nas análises dos ambientes, que serviram de

base para a construção da Matriz C, original. Os domínios cognitivos, destacados e

adaptados para esse modelo, são o “saber gerenciar” e o “saber compartilhar”,

ambos relacionados, respectivamente, aos domínios interpessoais, “Interativo” e

“Proativo”.

Estes dois domínios, ao serem identificados nas ações dos sujeitos nos fóruns

analisados, foram relacionados com os conceitos presentes nos textos e documentos

estudados pelo grupo Colearn 21, especialmente no relatório European e-

competence framework (2010), que lista as competências planejar, construir,

implementar, possibilitar e gerenciar. Além deste, o relatório Digital Competences,

organizado pela Comissão Europeia (2012), cujos termos emergentes são:

conscientizar de objetivos, valores e regras; usar tecnologias; compartilhar/comunicar

via tecnologias; interagir construtivamente gerenciando redes, gerenciar informação;

resolver problemas, integrar re-elaborar e criar conhecimentos.

O “saber gerenciar” foi definido como um domínio cognitivo que está presente

no sujeito, que foca-se em colaborar, retribuir, apoiar, interagir de forma construtiva,

organizar redes e moderar. Por sua vez, o “saber compartilhar” refere-se ao sujeito

que relaciona-se e que comunica, decide, dissemina, distribui e envia (upload).

No domínio operacional, diretamente relacionado com a competência

colaboração, emergiram as habilidades relacionadas ao sujeitos “Proativo” para:

Quadro 17 – Descrição das habilidades associadas às imagens: Modelo de Análise C

Compartilhar perguntas

ação de registrar questões visando provocar maior reflexão conforme o tópico relacionado. Inclusive também registrar problemas enfrentados no ambiente

Compartilhar links

ação de compartilhar links de forma apropriada – vídeo,

imagem, mapas e textos relacionados com o tema ou assunto

discutido;

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235

Compartilhar Ideias

ação de compartilhar ideias em formatos variados tais como

imagem, mapas, textos e vídeo, relacionados com o tema ou

assunto discutido;

Compartilhar comentários

ação de incluir opiniões e sugestões sobre o tema ou assunto

discutido em fóruns, página wiki ou blog;

Compartilhar anotações

ação de incluir anotações associadas a uma palavra, sentença,

texto ou outras mídias e se necessário com aplicativos de

anotação;

Compartilhar Conteúdo aberto

ação de produzir ou acessar conteúdos com licença aberta e

respeitar copyrights e código de ética, incluindo autorização

dos sujeitos participantes da pesquisa.

Fonte: elaboração própria.

Quanto ao sujeito Interativo, as habilidades que emergiram das interações

observadas nos ambientes foram voltadas para:

Quadro 18 – Descrição das habilidades associadas às imagens: Modelo de Análise C

Gerenciar redes

ação de ampliar a rede de contatos do grupo

Gerenciar apoio

ação de interagir com comentários positivos,

orientação e informação para fortalecer elos no grupo

Gerenciar organização

ação de organizar os conteúdos do ambiente virtual

conforme categorias apropriadas de modo individual

ou colaborativo

Gerenciar feedback

ação de fazer sugestões crítica-construtivas visando

atingir os objetivos propostos

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236

Gerenciar interesses

ação de compartilhar informações do interesse

particular dos participantes e geral do grupo

Gerenciar consenso

ação de incentivar o consenso do grupo para facilitar

decisões

Gerenciar revisão

ação de aprimoramento das ideias dos outros. Isso

inclui também contribuir com a avaliação em parceria

para que outros aprimorem suas ideias

Gerenciar melhoria

ação de aproveitar as críticas-construtivas que recebeu

para aprimorar seus conhecimentos

Fonte: elaboração própria.

Estas descrições associadas a cada uma das habilidades foram identificadas

através de imagens com pequenos ícones que foram utilizados para demarcar no

Modelos de Análise C a ocorrência do exercício da competência colaboração,

identificada nas interações entre os sujeitos (Coordenadores UAB e Coordenadores

de cursos da Uneb), seja através de suas respostas aos questionários online, das

declarações nas entrevistas ou nas observações no ATUAB.

4.4.3 Análise das respostas dos Coordenadores UAB e Coordenadores de Cursos da Uneb

De acordo com os parâmetros do Modelo de Análise C, visando a sua

aplicação no estudo das interações entre os sujeitos desta pesquisa, com o objetivo

de caracterizar o exercício da colaboração nos ambientes de trabalho da

Universidade Aberta do Brasil, especialmente nos fóruns do ATUAB e nos fóruns de

Área do Conhecimento, criados para dar suporte às atividades colaborativas dos

coordenadores da UAB e dos Coordenadores de Cursos da Uneb, responderam a um

questionário online, semelhante, com uma diferenciação de alguns temas mais

pertinentes a cada grupo.

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237

O grupo de Coordenadores UAB atua no âmbito da sua instituição,

representando-a perante o Sistema UAB e a CAPES; o outro, Coordenadores de

Cursos da Uneb, se relaciona com as outras instituições que mantêm cursos iguais

àqueles que coordena. As constatações também foram associadas às observações

realizadas nos ambientes virtuais, nos quais eles interagem, neste caso, além do

ATUAB, os Fóruns de Áreas de Conhecimentos que agregam os Coordenadores de

Cursos de todas as instituições integrantes do sistema.

Do total de questões, algumas destinadas à caracterização dos sujeitos, já

analisadas acima, outras foram especificamente voltadas para a busca de evidências

dos processos colaboração, nas interações destes sujeitos entre si, no exercício das

suas funções, no âmbito do Sistema UAB. Como dito acima, estas questões foram

dirigidas aos dois grupos que compuseram as unidades de análise, compostas pelo

conjunto de Coordenadores UAB, com 191 sujeitos e 83 (43,45%) respostas obtidas,

além de Coordenadores de Cursos da Uneb com 19 sujeitos e 8 (42,1%) respostas.

Este grupo de questões analisadas com o Modelo de Análise C consiste de

questões comuns aos dois grupos de sujeitos, salientando-se que outras questões

específicas, relacionadas ao contexto de trabalho dos integrantes de cada grupo,

foram dirigidas aos mesmos e analisadas separadamente, observando-se ainda que

elas tiveram características e objetivos diferenciados, e foram de caráter mais

opinativo, sem necessariamente pretender revelar atitudes, habilidades ou

conhecimentos (competências), mas pontos de vista e posições adotadas no seu

contexto de atuação.

As respostas às questões comuns foram agrupadas em categorias,

observando-se a sua relação com os parâmetros definidos na Modelo de Análise C,

através da qual foram identificadas as ocorrências de interações, relacionados ao

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes destes sujeitos, de acordo com os

domínios interpessoal (atitude), cognitivo (conhecimento) e operacional (habilidade).

4.4.3.1 Estimulando a Colaboração

A primeira destas questões foi caracterizada pela sua maior abrangência, uma

vez que inquiriu aos participantes quanto às suas ações para estimular a colaboração

nos ambientes Web que participam, especialmente, no Sistema UAB.

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238

Tabela 08 – Ações para estimular a colaboração Coordenadores Uneb

Ações realizadas Quantidade Percentual

Procuro ampliar as redes de contatos do Grupo 5 62,5

Tento aproximar participantes com interesses comuns 3 37,5

Interajo com comentários positivos para fortalecer os elos

do grupo

7 87,5

Faço sugestões e críticas construtivas visando atingir os

objetivos propostos

7 87,5

Compartilho informações do interesse particular dos

participantes e geral do grupo

6 75,0

Incentivo o consenso do grupo para facilitar decisões 3 37,5

Contribuo para a avaliação geral do grupo sempre que

necessário

5 62,5

Contribuo com a avaliação em parceria para que outros

aprimorem suas ideias também

5 62,5

Aproveito as críticas-construtivas que recebi para

aprimorar meus conhecimentos

7 87,5

Fonte: elaboração própria.

Aplicada ao grupo de Coordenadores de cursos da Uneb, a questão sobre as

ações adotadas para estimular a colaboração, como apresentado na tabela 08 acima,

que existe uma grande predominância de ações que se referem às sugestões e

críticas (apoio), bem como aos comentários positivos (comentários), visando a atingir

os objetivos propostos, ambos com 87,5%, tanto quanto a ação de aproveitamento de

críticas construtivas (feedback) que têm o mesmo percentual de respostas.

A quarta ação de maior incidência neste grupo é o compartilhamento de

informações (conteúdos), que tem uma frequência de 75%, seguida de perto pela

procura por ampliação da rede de contatos (redes), pela contribuição com a avaliação

em parceria (revisão) para aprimoramento de ideias (ideias) e pela contribuição com

a avaliação geral do grupo (revisão), todas com 62% de frequência de respostas,

entre os Coordenadores de Curso da Uneb. Neste grupo, apenas duas questões

apresentaram frequência inferior a 50%, que foram a tentativa de aproximar

participantes com interesse comum (interesses) e o incentivo ao consenso do grupo

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239

para facilitar decisões (consenso), ambas com 37% da frequência de respostas.

A mesma questão respondida pelos Coordenadores UAB, apresentada na

tabela 09 abaixo, revela como estes agem de forma diferente, em relação à mesma

prática, de estímulo à colaboração nos ambientes Web, especialmente os ambientes

da UAB, revelando índices bem inferiores àqueles apresentados pelos sujeitos do

primeiro grupo.

Tabela 09 – Ações para estimular a colaboração - Coordenadores UAB

Ações realizadas Pencentual Quantidade

Procuro ampliar as redes de contatos do Grupo 18 24,7%

Tento aproximar participantes com interesses comuns 24 32,9%

Interajo com comentários positivos para fortalecer os elos

do grupo 27 37,0%

Faço sugestões e críticas construtivas visando atingir os

objetivos propostos 38 52,1%

Compartilho informações do interesse particular dos

participantes e geral do grupo 39 53,4%

Incentivo o consenso do grupo para facilitar decisões 16 21,9%

Contribuo para a avaliação geral do grupo sempre que

necessário 28 38,4%

Contribuo com a avaliação em parceria para que outros

aprimorem suas ideias também 9 12,3%

Aproveito as críticas-construtivas que recebi para

aprimorar meus conhecimentos 37 50,7%

Outro (especifique) 7 0,09

Fonte: elaboração própria.

Três ações que visam a estimular a colaboração em ambientes Web se

destacaram entre os Coordenadores UAB. Compartilhar informações (conteúdos)

com 53,4%, fazer sugestões e críticas construtivas para atingir os objetivos propostos

(apoio) com 52,1%, e aproveitar críticas construtivas (feedback) com 50,7%, foram as

ações de maior incidência neste grupo. Em seguida, contribuir com a avaliação geral

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240

do grupo (revisão) com 38,4%, interagir com comentários positivos (comentários)

com 37,0% e tentar aproximar participantes com interesses comuns (interesses) com

32,9%, são as ações que compõem o segundo bloco de destaques. Ampliar as redes

de contatos (redes) com 24,7% e incentivar o consenso para facilitar decisões

(consenso), com 21,9%, se apresentam com índice inferiores 30%, portanto, com

menor frequência do que todos as ações dos Coordenadores de Cursos da Uneb,

cujos menores índices foram de 37,5%. Com o percentual bem inferior, observa-se a

ação de contribuir com avaliações em parceria (revisão) para que os outros

aprimorem suas ideias (ideias) com apenas 12,3%.

Neste grupo de Coordenadores UAB, ocorreram sete respostas abertas na

opção “outros – especifique”, cujo grupo da Uneb não apresentou nenhuma resposta.

Nestas, apareceram ações que foram agrupadas em dois blocos para análise e

reflexão. No primeiro bloco, as três respostas podem ser consideradas como ações

para estimular a colaboração em ambientes Web e até serem classificadas entre

àquelas previstas no modelo de análise C, tais como: "respondo a perguntas

específicas quando solicitada ou provocada por interesse em colaborar por já ter tido

experiência" (comentários), "faço download de documentos e posto documentos"

(conteúdos), "divulgo experiências vivenciadas na minha instituição de interesse

comum" (ideias).

Quanto às outras quatro, uma resposta foi dada apenas com um ponto de

interrogação, revelando que o respondente pode não ter entendido ou concordado

com a pergunta. Outra revela uma atitude que não é favorável à colaboração, pois o

coordenador teme participar do processo: "não me sinto livre para interagir, pois

sendo um ambiente regulado ou vigiado, não há motivação para interações". Além

disso, outras duas revelam uma atitude reservada, dos respondentes, "reflito sobre o

que li", "acompanho mais do que interajo". Estas podem ser consideradas também

inadequadas para o exercício da competência colaboração.

Constata-se que o percentual destas respostas contrárias é baixo, apenas

3,6% do total, mas elas revelam atitudes e posicionamentos de gestores do Sistema

UAB que poderão ser melhor investigados, caso o índice de participação dos

Coordenadores venha apresentar uma diminuição no futuro.

Além de responder questões, os sujeitos de ambos os grupos foram

entrevistados com o objetivo de obtenção de dados mais livres e oriundos da sua

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241

percepção, sem o direcionamento relacionado às sugestões de itens de respostas do

questionário. Sobre esta competência colaboração no sentido mais amplo, a pergunta

apresentada aos respondentes visou a compreender a sua percepção do processo

de gestão colaborativa na sua prática diária.

Um dos coordenadores UAB entrevistados respondeu:

Acho que [a colaboração] de fato acontece. O ATUAB com os seus fóruns tem uma grande importância dentro do sistema, porque sempre que surge uma dificuldade ou pergunta, logo alguém que tem conhecimento apresenta uma sugestão, uma ideia (ideia). A prática colaborativa online de fato acontece e contribui muito com o sistema. A gente não vê nenhum tipo de discriminação, nem de ressalva ou resistência em colaborar ente si. Nas postagens, observo que as pessoas estão sempre contribuindo, principalmente nos fóruns gerais. Nos fóruns de áreas a participação é menor, mas ajuda de fato muita gente. (COORDENADOR UNEB A)

O depoimento deste Coordenador UAB (A) retrata de forma mais ampla o que

acontece no seu dia a dia. Percebe-se nele uma confiança no funcionamento do

processo de colaboração online. Ele demonstra que haverá sempre uma forma de

resolver os problemas que surgem na sua área de atuação, recorrendo ao saber

coletivo.

Existem, no entanto, posições que diferem desta apresentada pelo

coordenador UAB A, acima citado. Uma coordenadora de curso da Uneb (G), apesar

de afirmar que sempre busca soluções para as suas dúvidas e problemas no ATUAB,

afirma que acredita muito mais nos encontros presenciais e diz que as interações

online têm diminuído na sua experiência. Em um trecho da sua entrevista abaixo, ela

afirma que

O ATUAB, depois da primeira reunião presencial de área, houve uma tentativa de comunicação entre os coordenadores mas não teve continuidade. Nunca participei de discussões maiores no ATUAB. Acho que a integração se dá muito mais nos encontros presenciais. Encontro lá informações gerais mais do que específicas do meu curso. Sempre procurei resolver problemas através dos ATUAB e qualquer dúvida em relação ao curso buscava no ATUAB as respostas. Ultimamente as interações estão bem menos frequentes, acho que precisa ter maior comunicação para que os coordenadores não fiquem trabalhando individualmente ou isoladamente. (COORDENADORA UNEB G).

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242

Este depoimento acima demonstra percepções e atitudes que se contradizem,

mas retratam uma realidade digna de cuidado. A entrevistada diz que acredita muito

mais nas interações presenciais, que ocorrem nos encontros e reuniões da UAB,

além afirmar que nunca participou "discussões maiores no ATUAB". No mesmo

sentido, a pessoa entrevistada diz ainda que "as interações estão bem menos

frequentes"; no entanto, também nos informa que "sempre procurei resolver

problemas através dos ATUAB e qualquer dúvida em relação ao curso buscava no

ATUAB as respostas".

Observa-se que, a exemplo da resposta do entrevistado anterior (A),

Coordenador UAB, esta Coordenadora de Curso da Uneb (G) demonstra ter

confiança no processo de colaboração proporcionado pelas interações online, mesmo

constatando que estas interações estão em queda na sua frequência. Ela ainda

finaliza dizendo que "precisa ter maior comunicação para que os coordenadores não

fiquem trabalhando individualmente ou isoladamente".

Seguindo nesta análise das interações online, outra pessoa entrevistada,

Coordenadora UAB (B), faz afirmativas que ratificam esta percepção da confiança e

do bom funcionamento da colaboração no âmbito do Sistema UAB. Ela disse que

O ATUAB era morto, usado apenas para receber editais e documentos. Depois do fórum estamos conseguindo muito mais interações do que antes da sua criação. O número de Coordenadores UAB que participam do ATUAB aumentou muito com a indução feita pelo fórum, a criação de espaços específicos das comissões para debaterem temas. Os fóruns de área têm funcionado melhor, e o ambiente dos coordenadores de polos segue a mesma tendência. (COORDENADORA UNEB B)

Pode-se observar também neste depoimento que há uma percepção de que

as interações foram intensificadas devido a uma ação de indução dos gestores

(identificada por ela como "fórum") e à criação de "espaços específicos das

Comissões para debaterem temas". Esta afirmação está ilustrada na imagem (figura

26) abaixo, que mostra os espaços de debate de temas específicos no ATUAB.

Figura 26 – Fóruns temáticos do ATUAB

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243

Fonte: imagem do ATUAB.

Em outra entrevista, uma Coordenadora de curso da Uneb (M), também

acredita nos bons resultados da colaboração online, apesar de fazer observações

que apontam também para um baixo nível de participação dos coordenadores de

cursos da sua área. Ela faz restrições e analisa a forma como estas colaborações

ocorrem, afirmando que

No ATUAB a comunicação é mais formal. Entro muito e fico curiosa porque são pessoas que atuam com EaD e não usam muito o virtual. Tentaram até usar o email para resolver isso e por algum tempo foi melhor. Mas não concordo, pois, se tem o ATAUB, deveriam se comunicar por lá. São 21 cursos de matemática, e a CAPES tem feito um esforço para incentivar a comunicação. A interação, apesar de ser baixa e ser feita sempre pelas mesmas pessoas, funciona.

Em entrevista, uma coordenadora de curso da Uneb também ressaltou a

colaboração entre as IES como um ponto fundamental para a gestão do Sistema.

Perguntada sobre as contribuições obtidas nos dois encontros de coordenadores que

participou, envolvendo representantes de outras instituições na sua área de atuação

respondeu que

No primeiro encontro debateu-se problemas com o material didático

devidos à falta de pessoal para elaborar. Foram disponibilizados

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materiais de outras IES e houve a troca de contatos (rede) para

compartilhamento. No segundo encontro foram importantes as trocas

de experiências sobre aulas de campo e como resolver as questões

práticas em pólos que não têm laboratórios. Foi dada a ideia de

construção de mini laboratórios para estudos de rocha e aulas de

geologia. Em relação ao estágio também foram colhidas informações

importantes para serem aplicadas aqui no curso.

A análise destas informações, obtidas através das respostas aos questionários

e às entrevistas, deixam claras as ocorrências de interações que ratificam o exercício

da competência colaboração entre os Coordenadores do Sistema UAB, seja entre os

representantes institucionais que compõem o Fórum Nacional de Coordenadores

UAB, seja entre os Coordenadores de Cursos da UNEB, entre si ou entre os seus

pares, coordenadores de cursos da mesma área em outras instituições, que fazem

parte do Sistema UAB. Contudo, visando a ilustrar estas interações e apresentando o

seu conteúdo para corroborar estes dados indiretos, buscou-se uma análise dos

fóruns virtuais que ocorrem no Ambiente de Trabalho da UAB (ATUAB).

Ilustrado abaixo, o ATUAB é uma comunidade virtual construída sobre a

plataforma Moodle, coordenado pela CAPES, que funciona como um meio formal de

comunicação entre as diversas instituições de ensino superior que integram o

Sistema UAB, entre si e com a própria CAPES.

No ATUAB, como pode ser visto na figura 27, abaixo, existem seis ambientes

virtuais de suporte às interações online, entre os integrantes do Sistema UAB. Os

Fóruns são: 1) Ambiente de Trabalho da Conferência WEB (233 participantes);

Ambiente de Trabalho dos Coordenadores UAB (251 participantes); 3) Ambiente de

Trabalho dos Fóruns de Área do Sistema UAB (956 participantes); 4) Ambiente de

Trabalho dos Orientadores Acadêmicos no Sistema UAB (96 participantes); 5)

Ambiente de Trabalho da SECAD (134 participantes); e 6) Ambiente de Trabalho

Mídias na Educação (255 participantes). No total somam-se 1925 participantes; no

entanto, muitos destes estão duplicados, pois os técnicos da CAPES em sua maioria

participam de todos os fóruns, e os coordenadores UAB participam de todos exceto o

SECAD, tendo em vista que são poucas instituições que integram este programa.

Figura 27 –Ambiente de Trabalho da UAB - ATUAB

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245

Fonte: Portal CAPES.

Dos seis ambientes citados, dois interessam diretamente a esta pesquisa, pois

nestes ocorrem as interações entre os Coordenadores UAB e os Coordenadores de

Cursos da UNEB, com os seus pares nas demais instituições que integram o

Sistema, sujeitos que compõem as unidades de análise desta pesquisa,

respectivamente, o Ambiente de Trabalho dos Coordenadores UAB e o Ambiente de

Trabalho dos Fóruns de Área do Sistema UAB.

O conjunto de interações utilizado para análise nesta etapa foi retirado de um

fórum de discussões no ATUAB, ocorrido no Ambiente de Trabalho dos

Coordenadores UAB, no período de março a agosto de 2014, destinado às

discussões sobre o tema Material Didático e mediado por duas Coordenadoras UAB,

representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da

Universidade de Brasília (UnB).

Denominado "Questões Gerais", esse fórum acima registra quinze interações,

com a participação direta de seis Coordenadores UAB, além das duas citadas (UFRN

e UnB), participaram os representantes da Universidade Federal do Rio Grande do

Sul (UFRGS), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

(Unilab), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE).

A questão geral inicial foi escrita pela representante da UFRN, uma das

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mediadoras desta discussão em março de 2014, indicando os objetivos do fórum,

conforme transcrito abaixo:

Esse fórum tem como objetivo discutir e sistematizar algumas discussões sobre os materiais didáticos no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, como também disponibilizar materiais e orientações, quando possível. A professora Nara Pimentel e eu estamos à disposição para trocarmos ideias e buscarmos soluções e alternativas viáveis para as questões relacionadas a essa temática.

Segundo o modelo de análise, esta interação representa um estímulo à

colaboração que, como pode ser visto nas respostas ao questionário, representa 37%

das ações desenvolvidas pelos participantes da comunidade de coordenadores UAB

e revela um aspecto importante do exercício desta competência que é a organização

ao sugerir a sistematização das contribuições no ATUAB.

Nas interações que se seguem a esta, inicialmente a representante da UESPI

informa que elaborou uma "pequena cartilha contendo um roteiro de como elaborar

um bom material didático para EaD (anotações)" e pergunta se algum colega tem

sugestão e material para disponibilizar sobre este tema.

Segundo o modelo de análise, esta ação também representa o exercício da

competência colaboração, especialmente no que se refere ao estímulo à participação,

revelada nas respostas ao questionário com 53,4%, ou seja, 39 dos 81 respondentes,

no item "compartilho informações do interesse particular dos participantes e geral do

grupo".

Em complemento, ela afirma ainda que "Aqui na UFRN temos uma gráfica

universitária que dispõe de um conselho editorial, mas estamos querendo criar um

selo específico para os materiais didáticos (melhoria)".

Dando prosseguimento às interações neste fórum, a representante da UFRN,

que iniciou as discussões, responde:

Um dos desafios dos conselheiros do tema material didático é tentar mapear os diferentes materiais produzidos pelas instituições para orientação na produção de material didático. Para isso estamos sistematizando um trabalho com as coordenações de áreas que

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deverão se reunir no segundo semestre de 2014.

Aqui na UFRN temos uma gráfica universitária que dispõe de um conselho editorial, mas estamos querendo criar um selo específico para materiais didáticos.

Nesta interação se destacam ações que foram retratadas nas respostas ao

questionário. Com 21% de frequência, observa-se a ação de "incentivo o consenso

do grupo para facilitar decisões". Além disso, revela-se outra ação que apresentou

32,9% das respostas deste item do questionário, "Tento aproximar participantes com

interesses comuns", e uma terceira que representou 52,1%, "Faço sugestões e

críticas construtivas (feedback) visando atingir os objetivos propostos".

Ainda neste fórum, o representante da UFPE sugere a criação de um banco

de dados para concentrar as informações (ideias), sendo respondida esta provocação

pela representante da UFRGS, que envia um link de um repositório da sua

universidade para ser compartilhado por todos.

Uma amostra do que está sendo produzido na UFRGS (ainda não conseguimos reunir tudo em um único repositório!) pode ser visualizada em http://www.ufrgs.br/napead/repositorio. Comentários e sugestões são muito bem vindos

Aqui observamos mais uma vez uma ação que foi revelada nas respostas ao

questionário e já vista acima, que é destacada no item "compartilho informações do

interesse particular dos participantes e geral do grupo (conteúdos) ", que teve 53,4 %

do percentual de respostas.

Outra ação efetiva de estimulo à colaboração que está registrada neste fórum

de questões gerais, foi dada pela representante da UnB, ao postar:

Na realidade, o que se verifica é que cada IES ao longo das ofertas de cursos foi "criando" seu próprio processo de produção de materiais didáticos incluindo aí os impressos, as videoaulas, web conferências, teleconferências, recursos para o moodle. Essa produção, tem nos imposto infraestrutura física e humana que nem sempre temos na Universidade e a disposição da UAB. Muitas vezes existem estes núcleos mas, estão a serviço dos projetos e seus pesquisadores.

Aqui na UnB, temos atuado no sentido de institucionalizar a EaD e, para tanto, fortalecer as unidades acadêmicas subsidiando-as para o

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desenvolvimento de competências na questão da produção dos materiais didáticos respeitando o projeto pedagógico dos cursos, tanto para as disciplinas presenciais como para a distância. Diante das nossas condições atuais elaboramos algumas diretrizes que têm por objetivo nortear a produção. Posto aqui para conhecimento... Mas, eu e Célia temos plena convicção da importância do tema e esperamos que nos auxiliem na discussão que no nosso entendimento deve envolver os Fóruns de área também! O que acham [pergunta]?

Junto a este texto acima, a representante da UnB anexou um "Guia de

Recomendações para a Produção de materiais Didáticos", disponibilizando esta

informação e este produto para todas as instituições integrantes do Sistema.

Seguiu-se a esta ação da UnB um comentário do representante da UFPE que

ratifica estas análises: "Muito bom o material. É esse espírito de trabalho em rede que

acho fundamental na UAB. Trabalho cooperado e compartilhado é uma solução

possível e que cria sinergia". Esta ação representa o estímulo à colaboração e

aparece no questionário com 37,0% da frequência de respostas: “Interajo com

comentários positivos para fortalecer os elos do grupo (feedback)".

O conceito de colaboração apresentado na seção teórica remete ao latim

collaborare que significa trabalhar juntos ou, na sua definição nos dicionários da

língua portuguesa, trabalhar em comum com outrem na mesma obra.

Como discutido anteriormente, isto não significa apenas trabalhar lado a lado,

com proximidade física ou geográfica, pois os recursos das tecnologias de

informação e comunicação viabilizam o suporte para as redes de colaboração, como

constatamos nesta análise das interações entre os coordenadores UAB. Aqui vem a

ideia do trabalhar juntos em separado, cada um na sua instituição, despendendo

esforços para a construção de uma solução conjunta para um problema que é

coletivo, trocando ideias, estimulando a participação do outro, compartilhando suas

soluções e recursos.

Figura 28 – Aplicação do Modelo de Análise

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249

Fonte: elaboração própria.

A imagem acima (figura 28) representa o resultado da aplicação do Modelo de

Análise C, a esta questão, retratando o texto acima, que descreve o processo de

análise, visando à compreensão do exercício da competência colaboração pelos

sujeitos que participaram da pesquisa. Pode-se observar o encadeamento do

conjunto de atributos que compõem uma competência, incluindo, de acordo com o

conceito adotado neste trabalho, a presença da atitude, do conhecimento e das

diversas habilidades que permitem constatar o seu exercício e caracterizá-la em cada

interação no ATUAB, nas entrevistas realizadas e nas respostas aos questionários

aplicados.

Através desta imagem, observa-se a ocorrência de algumas habilidades,

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retratadas nas ações constatadas no ATUAB, no conteúdo das entrevistas e nas

respostas aos questionários. Vê-se que, pela disposição dos ícones associados a

cada habilidade disposta em torno da imagem que o exercício da competência

colaboração, constituída pela atitude de ser proativo e pelo conhecimento do

compartilhar, foi identificada nas habilidades de compartilhar ideias (5), e compartilhar

conteúdos (4) com um número maior de ocorrências, e que o compartilhar

comentários vem em seguida com três ocorrências. As demais ações, que

representam habilidades, também ocorrem pelo menos uma vez, tais como

compartilhar links, compartilhar perguntas e anotações.

No campo inferior do Modelo de Análise C, onde estão a atitude de ser

interativo e conhecimento do gerenciar, se destacam as habilidades gerenciar

feedback, com maior frequência (4), seguida das habilidades de gerenciar redes,

gerenciar consenso e gerenciar interesses, cada uma com três ocorrências,

constatando-se ainda duas habilidades que apresentaram duas ocorrências,

gerenciar apoio e gerenciar revisão, além de gerenciar melhoria, que apresentou uma

ocorrência no conteúdo das análises.

Dando continuidade a esse procedimento metodológico, outras questões,

respondidas pelos Coordenadores UAB e Coordenadores de cursos da Uneb, através

do questionário online, foram analisadas com o uso de tabelas que se apresentam

abaixo, os dados das respostas obtidas agrupados em categorias, buscando-se

evidências do processo de gestão colaborativa nas interações destes sujeitos entre

si, no exercício das suas funções no âmbito do Sistema UAB. Outros dados sobre

estas interações no ATUAB e nos Fóruns de Áreas, além dos encontros presenciais,

foram obtidos através de entrevistas gravadas e observações nos Ambientes Virtuais,

e serão analisadas em conjunto no final da análise dos questionários.

Estas questões, diferentes da primeira analisada acima, tratando da

competência de forma mais abrangente, foram mais pontuais e fizeram menção a

aspectos mais específicos contidos no domínio operacional das habilidades, que

juntamente com os domínios interpessoal (atitude) e cognitivo (conhecimento)

compõem a colaboração, competência sob análise, por este motivo a aplicação do

Modelo de Análise C, será realizada no final das análises, visando a agrupar um

maior número de dados para facilitar a sua visualização em conjunto.

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4.4.3.2 Buscando colaboração

À pergunta "quando tem dúvidas sobre procedimentos, normas e informações

diversas sobre o Sistema UAB como procede?", foram dadas seis possibilidades de

respostas fechadas, as quais buscavam retratar as ações tomadas pelos coordenadores

UAB no momento em que enfrentavam dificuldades para solucionar seus problemas do dia

a dia.

A esta pergunta foram obtidas 83 respostas do grupo de Coordenadores UAB,

sendo que apenas 7 (sete) respondentes não marcaram suas opções. Nota-se na tabela

10, abaixo, uma grande incidência de buscas de informações pelos coordenadores UAB

entre os seus pares, identificado no modelo de análise C, na categoria colaboração-

proativo-compartilhar-conteúdos, uma vez que um número significativo deles revelou

"sempre" buscar no ATUAB soluções encontradas por outras instituições do sistema,

perfazendo em números absolutos 31 (trinta e um) dos 76 (setenta e seis) respondentes,

que assinalaram esta opção, ou seja, 40% do total. Além disso, 37 (trinta e sete)

respondentes, representando 48,68%, afirmam buscar este tipo de ajuda "algumas vezes".

Apenas 02 respondentes disseram que "nunca" buscam este tipo de ajuda e 6 (seis) que

raramente a procuram.

Tabela 10 – Busca de colaboração entre os pares na UAB

Atividades realizadas Nunca Raramente Algumas

Vezes

Sempre Total

1. Pesquisa Soluções encontradas por outras

instituições no ATUAB ou nos Fóruns de Áreas

2 6 37 31 76

conteúdos

2. Leva suas questões e dúvidas para os

encontros de Coordenadores UAB,

Coordenadores de Áreas e Encontros

Regionais

0 7 31 36 74

interesses

3. Pede ajuda e esclarecimentos a colegas

mais experientes do Sistema UAB por e-mail

ou telefone

2 7 37 27 73

feedback

4. Posta sua dúvida no ATUAB e espera as

contribuições de todos com ideias e sugestões

7 20 32 13 72

Perguntas

5. Resolve suas dúvidas direto com a CAPES

através dos seus contatos naquela

0 6 40 28 74

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Coordenação perguntas

6. Cria soluções internas na Universidade 5 11 37 16 69

ideias

Fonte: elaboração própria.

Para a opção de levar as questões que têm dúvidas para os encontros

presenciais do sistema, categoria no Modelo de Análise C: colaboração-interativo-

gerenciar-interesses, foram obtidas 74 (setenta e quatro) respostas, e os resultados

foram bem semelhantes à primeira opção. Destes, 36 respondentes afirmam levar

"sempre" suas dúvidas para os encontros presenciais, o que representa 48,64% do

total e 31 ou 41,89% afirmam levar "algumas vezes". A exemplo da outra questão,

apenas sete coordenadores afirmaram fazer isso "raramente", e nenhum deles

respondeu "nunca".

À opção de resposta sobre os pedidos de ajuda para o esclarecimento de

dúvidas via email ou telefone para os colegas mais experientes, categoria

colaboração-interativo-gerenciar-feedback, foram obtidas 73 respostas, sendo que 27

coordenadores UAB afirmaram que "sempre" seguem este procedimento,

representando 36,98%, e 37 deles, ou seja, 50,68% responderam que "algumas

vezes pede ajuda por estes canais”. Para esta opção apenas 2 (dois) coordenadores

afirmaram que nunca usaram este meio para pedir ajuda e esclarecimentos sobre

suas dúvidas, e 7 (sete) disseram "raramente" fazerem isso.

Pode ser visto na tabela 10 acima, também, que a opção de resposta que está

registrada na quarta linha, sobre a postagem das dúvidas no ATUAB pelo

coordenador UAB que buscava sanar dificuldades, categoria colaboração-proativo-

compartilhar-perguntas, obteve 72 respostas, e destas apenas 13 (treze), ou seja,

18,05% afirmaram usar "sempre" esta alternativa. Para a mesma opção de resposta,

32 coordenadores UAB, representando 44,44%, afirmaram fazer isso "algumas

vezes" e 20 (vinte) ou seja 27,77% afirmaram fazer este procedimento "raramente".

Deste grupo de respostas, 7 (sete) coordenadores afirmaram que "nunca" postam

suas dúvidas no ATUAB.

À opção que foi dada sobre a solução de suas dúvidas diretamente com a

CAPES, sem recorrer ao grupo no ATUAB ou através de outros meios como

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encontros presenciais, email e telefone, categoria colaboração-proativo-compartilhar-

perguntas, 74 (setenta e quatro) respostas foram dadas, e destas 28 (vinte e oito)

coordenadores UAB, portanto, 37,83% afirmaram adotar "sempre" este procedimento.

Outros 40 respondentes, representando 54,05%, afirmaram fazer isso "algumas

vezes", 6 (seis) raramente, e nenhum "nunca".

Estas opções de respostas tiveram o objetivo de revelar a força do ATUAB,

dos encontros presenciais e dos outros meios de interação como o telefone, o email e

os encontros presenciais como instrumentos de capazes de viabilizar a colaboração

entre os coordenadores UAB, e as respostas obtidas de certa forma relativizam esta

força de rede entre eles, na medida em que apenas 18,05% afirmaram usar "sempre"

o ATUAB para tirar suas dúvidas, 27,77% por cento fazem isso raramente e 37,83%

buscarem a CAPES diretamente para saná-las.

Corroborando estes dados, a última opção de resposta a esta pergunta

procurou saber se os coordenadores UAB também buscavam soluções internas na

sua instituição ou seja, sem recorrer à rede, categoria colaboração-proativo-

compartilhar-ideias. Das 69 (sessenta e nove) resposta obtidas, 16 (dezesseis) ou

23,18% disseram que fazem isso "sempre" e 37 (trinta e sete) 53,72% o fazem

algumas vezes. Neste grupo apenas 11 coordenadores 15,94% "raramente" buscam

soluções na própria instituição, e 5 ou 0,7% seguem este procedimento.

Os Coordenadores de Cursos da UNEB, como pode ser visto na tabela 11

abaixo, também responderam a mesma questão. Dos 19 (dezenove) questionários

enviados, 8 (oito) foram respondidos, totalizando 42,1 % deste universo. Nota-se um

equilíbrio entre o número de Coordenadores de cursos da UNEB na busca de

informações entre os seus pares da UAB categoria colaboração-proativo-

compartilhar-conteúdos, uma vez que apenas um 12,5% "sempre" busca, assim

como somente um coordenador 12,5% "nunca" busca informações no ATUAB. O

mesmo equilíbrio vale para o número de respondentes que buscam soluções

"algumas vezes" e aqueles que o fazem "raramente", ambos os casos com 3

respostas.

Para a opção de levar as questões de que têm dúvidas para os encontros

presenciais do sistema colaboração-interativo-gerenciar-interesses, foram obtidas 8

(oito) respostas, e os resultados foram bem semelhantes à primeira opção. Destes, 2

respondentes afirmam levar "sempre" suas dúvidas para os encontros presenciais, o

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que representa 25% do total, e 3 ou 37,5% afirmam levar "algumas vezes". 2 (dois)

coordenadores, 25%, afirmaram fazer isso "raramente", e um deles, 12,5%,

respondeu que "nunca" leva suas questões para os encontros presenciais do Sistema

UAB. Observa-se que a soma do percentual de coordenadores de cursos da UNEB

que "sempre" e "algumas vezes" adotam este procedimento, representa 62,5% do

total, prevalecendo sobre os 37,5% que "nunca" ou "raramente" adotam.

Tabela 11 – Busca de colaboração entre os pares na Uneb

Atividades realizadas Nunca Raramente Algumas

Vezes

Sempre Total

1. Pesquisa Soluções encontradas por outras

instituições no ATUAB ou nos Fóruns de Áreas

1 3 3 1 8

conteúdos

2. Leva suas questões e dúvidas para os

encontros de Coordenadores UAB,

Coordenadores de Áreas e Encontros

Regionais

1 2 3 2 8

interesses

3. Pede ajuda e esclarecimentos a colegas

mais experientes do Sistema UAB por e-mail

ou telefone

0 0 2 6 8

feedback

4. Posta sua dúvida no ATUAB e espera as

contribuições de todos com ideias e sugestões

4 2 1 1 8

Perguntas

5. Resolve suas dúvidas direto com a CAPES

através dos seus contatos naquela

Coordenação

1 0 3 4 8

perguntas

6. Cria soluções internas na Universidade 2 1 2 3 69

ideias

Fonte: elaboração própria.

Esta predominância da busca pela colaboração entre os pares se confirma

ainda mais ao analisarmos a terceira opção do quadro que se refere às repostas

sobre as busca de soluções para as suas dúvidas através de telefone ou email,

categoria colaboração-proativo-compartilhar-perguntas. Neste item 6 (seis)

coordenadores de cursos, 75% do total, afirmam "sempre" buscarem esta ajuda, e 2

(dois), 25%, o fazem "algumas vezes". A soma destes percentuais mostra que cem

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255

por cento dos coordenadores que responderam ao questionário adotam este

procedimento.

Dando continuidade às análises das respostas apresentadas na tabela 11

acima, observa-se que a resposta que está registrada na quarta linha, sobre a

postagem das dúvidas no ATUAB pelo coordenador de curso da Uneb que buscava

sanar dificuldades, categoria colaboração-proativo-compartilhar-perguntas, obteve 8

respostas, e destas apenas 1 (um), ou seja, 12,5%, afirmou usar "sempre" esta

alternativa. Para a mesma opção de resposta, também afirmou fazer isso "algumas

vezes" 1 (um) coordenador de curso, o mesmo percentual de 12,5%, enquanto2

(dois), ou seja, 25% afirmaram fazer este procedimento "raramente". Deste grupo de

respostas, 4 (quatro) coordenadores de cursos, 50%, afirmaram que "nunca" postam

suas dúvidas no ATUAB.

À opção que foi dada sobre a solução de suas dúvidas diretamente com a

CAPES categoria colaboração-proativo-compartilhar-perguntas, sem recorrer ao

grupo no ATUAB ou através de outros meios como encontros presenciais, email e

telefone, 8 (oito) respostas foram dadas, e destas, 4 (quatro) coordenadores de

cursos da UNEB, portanto, 50%, afirmaram adotar "sempre" este procedimento.

Outros 3 (três) respondentes, representando 37,5%, afirmaram fazer isso "algumas

vezes", nenhum (zero) o faz raramente, e 1 (um) "nunca" adota este procedimento.

Estas opções de respostas tiveram o objetivo de revelar a força do ATUAB e,

no caso dos Coordenadores de cursos, dos Fóruns de Áreas, dos encontros

presenciais e dos outros meios de interação como o telefone e o email, como

instrumentos capazes de viabilizar a colaboração entre os coordenadores de cursos,

e as respostas obtidas de certa forma relativizam esta força de rede entre eles, na

medida em que apenas 12,5% afirmaram usar "sempre" o ATUAB para tirar suas

dúvidas, nenhum faz isso raramente e 37% "algumas vezes" buscarem a CAPES

diretamente para saná-las, além do 50% que fazem isto "sempre".

Corroborando estes dados, a última opção de resposta a esta pergunta

procurou saber se os coordenadores de cursos da UNEB também buscavam

soluções internas na sua instituição, ou seja, sem recorrer à rede categoria

colaboração-proativo-compartilhar-ideias. Das 8 (oito) respostas obtidas, 3 (três) ou

37,5% disseram que fazem isso "sempre", e 2 (dois), 25%, o fazem "algumas vezes".

Neste grupo apenas 1 (um) coordenador 12,5% "raramente" busca soluções na

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256

própria instituição, e 2 (dois) ou 25% seguem este procedimento.

Comparando-se as análises das respostas dos dois grupos, observa-se que

os coordenadores UAB apresentam um maior conjunto de práticas colaborativas em

suas interações tanto no ATUAB, usando emails, telefones quanto nos encontros

presenciais, com percentuais de respostas que demonstram maior incidência destas

práticas colaborativas; entretanto, os coordenadores de curso da Uneb também

apresentam um percentual elevado destas práticas.

Observa-se ainda que existe uma forte tendência à busca de soluções

internas nas instituições, portanto fora da rede, bem como da busca de soluções

diretamente com a CAPES que apresentam nos dois grupos percentuais

significativos. Somando-se os 28 coordenadores UAB (37,83%) aos 40 (54,05%)

dos respondentes que afirmaram "sempre" ou "algumas vezes", respectivamente,

recorrer diretamente à CAPES para buscar soluções para as suas dúvidas,

representa que 91,88% dos coordenadores UAB adotam este procedimento. Os

Coordenadores de cursos da Uneb afirmaram em suas respostas que 4 (quatro) ou

50% dos (oito) respondentes "sempre" recorrem direto à CAPES, e 3 (três) ou 37,5%

o fazem "algumas vezes", perfazendo um total de 87,5% respostas em favor deste

procedimento de busca de soluções fora da rede, com uma pequena diferença de

apenas 4,38% entre os dois grupos.

Para o caso de buscas de soluções internas nas instituições, 16 (dezesseis)

ou 23,18% dos coordenadores UAB afirmaram que "sempre" adotam este

procedimento, enquanto (trinta e sete) ou 53,72% o fazem "algumas vezes". No total,

76,9% buscam estas soluções internas no grupo de coordenadores UAB.

Neste item, 3 (três) coordenadores de cursos da Uneb, 37,5% do total de 8

(oito) respondentes, "sempre" buscam soluções internas para as suas dúvidas, e 2

(dois) ou 25% fazem isso "algumas vezes". No total, 62,5% deste grupo de

coordenadores vão em busca de soluções internas para os seus problemas sem

recorrer à rede. A diferença entre os dois grupos neste caso é de 14,4%, mas se

observa que este procedimento tem forte predominância.

4.4.3.3 Prestando colaboração

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257

Avançando nesta análise das questões mais pontuais que fizeram menção a

aspectos específicos contidos no domínio operacional das habilidades, que

juntamente com os domínios interpessoal (atitude) e cognitivo (conhecimento)

compõem a colaboração, competência sob análise, e focalizando a pergunta

"Quando você encontra uma questão feita por outro colega no ATUAB ou no Fórum

de Área, buscando resolver problemas que você já experimentou na sua instituição,

como procede?", cujas respostas estão retratadas nas tabelas 11, para os

coordenadores de cursos da Uneb e 12, para os Coordenadores UAB, buscou-se

retratar o lado oposto da ação colaborativa, em relação àquele analisado na questão

anterior, ou seja, o que fazem os coordenadores de ambos os grupos, quando se

deparam, no ATUAB, com os pedidos de colaboração dos seus pares, nos momentos

em que enfrentam dificuldades para solucionar seus problemas do dia a dia.

Esta pergunta, com quatro opções de respostas fechadas, sendo permitida a

escolha de uma ou mais opções, quando feita ao grupo de coordenadores UAB,

recebeu respostas de 83 (oitenta e três) sujeitos. Notou-se uma grande incidência de

prestação de informações pelos Coordenadores UAB, uma vez que um numero

significativo deles 28 (vinte e oito) revelou, como pode ser visto na opção 1 da tabela

12 abaixo, "sempre" responder no ATUAB às perguntas feitas pelos seus pares em

busca de soluções para os seus problemas. Isso representa 40,58% do total de

respostas assinaladas. Além disso, 24 (vinte e quatro) respondentes, representando

34,78%, afirmaram responder, prestando essa colaboração "algumas vezes".

Assinalaram que o fazem "raramente" 16 respondentes, ou seja, 23,19%, e que

"nunca" responde no ATUAB a estas questões, apenas um sujeito.

A habilidade que se destaca nesta resposta, assinalada no Modelo de Análise

C, Tabela 12, abaixo, está no domínio operacional do Feedback e envolve a atitude

de ser interativo, domínio interpessoal que, junto com o conhecimento de gerenciar,

domínio cognitivo, caracterizam o exercício da competência colaboração nesta ação

analisada.

A opção 2 de reposta a esta pergunta, também retratada na tabela 12 abaixo,

revela uma ação que representa a falta da prestação de colaboração ao oferecer a

alternativa, "Não se manifesta porque muita gente já o fez ou fará"; no entanto,

observou-se nas respostas que apenas 5 (cinco) coordenadores, 8,62% do total de

69 (sessenta e nove) que assinalaram esta opção, "sempre" deixaram de responder

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258

por acharem que outros responderiam.

No entanto, para esta mesma opção de resposta, um número significativo de

coordenadores 31 (trinta e um), ou seja 51,72 % dos que assinalaram, afirmaram que

"às vezes" deixam de responder por este motivo. Este dado pode ser visto,

inicialmente, como negativo para a caracterização do exercício da competência

colaboração nesta ação; no entanto, pode ser interpretado de outra maneira, na

medida em que o coordenador afirma que outros já responderam ou responderão à

dúvida do colega. No Modelo de Análise C, figura 28, isto foi caracterizado como uma

habilidade de atuar em rede, na medida em que demonstra confiança no

funcionamento das trocas de informações entre os pares, certamente, por verificar

que existe um bom nível de interações no ambiente.

Outros 13 (treze) respondentes, (22,41%), assinalaram que "raramente" fazem

isso, e 10 (dez) ou 17% responderam que "nunca" fazem, o que significa que estes

23 sujeitos, somando os dois últimos grupos de respostas (nunca e raramente),

prestam a colaboração aos seus pares que procuram no ATUAB com elevada

frequência, na medida em que não deixam de responder por suporem que outros o

farão.

Na opção 3 (três) da tabela 12 abaixo, estão identificadas as respostas que

são dadas às dúvidas dos coordenadores, postadas no ATUAB ou enviadas por email

Feedback, representando situações em que os coordenadores não utilizaram este

ambiente para postar as suas contribuições. A desvantagem, nestes casos, é que as

respostas, e eventualmente as dúvidas, não ficam disponíveis para todos os

coordenadores, uma vez que foram enviadas por um meio particular (email) para o

seu requerente.

Observou-se, neste caso também, uma baixa incidência de assinalações na

opção "sempre" com 7 respostas ou 12,07%, das 58 (cinquenta e oito) obtidas,

significando que esta opção não é muito utilizada. Observou-se nesta mesma opção

que 19 (dezenove) Coordenadores UAB, (32,76%), afirmaram que fazem isso

"Algumas Vezes", o mesmo número 19 (dezenove), ou seja, 32,76% o fazem

"Raramente" e 13 (treze), representando 17,24%, afirmaram "Nunca" procederem

desta forma.

A quarta e última opção de resposta a esta pergunta sob análise, busca avaliar

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259

a predisposição para colaborar com os colegas, na medida em que pergunta se o

Coordenador UAB "Apresenta sua opinião mesmo que não tenha conseguido

resolver o problema na sua universidade". Entendemos que enviar suas sugestões

para sanar as dúvidas dos colegas mesmo sem ter vivido a experiência de resolver o

problema em discussão na sua universidade, revela uma atitude de participação

efetiva na construção das soluções buscadas para os problemas do dia a dia no

sistema UAB. No Modelo de análise C (figura 10), esta maneira de exercitar a

competência colaboração foi retratada como proativo (atitude), compartilhar

(conhecimento) e dar ideias (habilidade).

Como pode ser visto na tabela 12 abaixo, apenas 6 (seis) Coordenadores

UAB (10%) do total de 60 respostas assinaladas nesta opção afirmaram fazer isto

"Sempre", e 22 (vinte dois) fizeram algumas vezes, representando 36,67 % do total.

Vistos em conjunto (somados) 28 (vinte e oito) coordenadores (46,67%) dos

respondentes, se dispuseram a emitir sua opinião, tendo em vista ajudar seus

colegas a solucionarem suas dúvidas, mesmo sem ter resolvido o mesmo problema,

ou semelhante, na sua instituição. As opções "Raramente" com 17 (dezessete)

respostas assinaladas, (28,33%) e nunca com 15 (quinze), ou seja, 25%,

demonstram que um grupo maior de coordenadores, 32 (trinta e dois) ou 53,33%

raramente ou nunca se manifestam, se ainda não têm experiência com a questão em

discussão.

Tabela 12 – Prestar colaboração aos pares – Coordenadores UAB.

Opções de

respostas

Nunca % Raramente % Algumas

Vezes

% Sempre % Quanti-

dade

1. Responde no

ATUAB

esclarecendo as

dúvidas do colega

1 1,45 16 23,19 24 34,78 28 40,58 69

Feedback

2. Não se

manifesta porque

muita gente já o

fez ou fará

10 17,24 13 22,41 30 51,72 5 8,62 58

rede

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260

3. Envia as suas

orientações

diretamente ao

colega por email

13 22,41 19 32,76 19 32,76 7 12,07 58

Feedback

4. Apresenta sua

opinião mesmo

que não tenha

conseguido

resolver o

problema na sua

universidade

15 25,00 17 28,33 22 36,67 6 10,00 60

Ideias

Fonte: elaboração própria.

As respostas à mesma pergunta pelos Coordenadores de cursos da Uneb,

como podem ser vistas na tabela 13 abaixo, revelam que apenas 1 (um) ou seja

12,5% dos 8 (oito) Coordenadores de cursos, prestou informações "Sempre",

respondendo no ATUAB às perguntas feitas pelos seus pares em busca de soluções

para os seus problemas, sem terem vivido situações semelhantes antes (ideias).

Além disso, 3 (três) respondentes, representando 37,50%, afirmaram responder,

prestando essa colaboração "algumas vezes". Assinalaram que o fazem "raramente"

2 (dois) respondentes, ou seja, 25%, e que "nunca" respondem no ATUAB a estas

questões 2 (dois) sujeitos, também representando 25% do total.

Comparados os dois grupos em relação a esta resposta, retratada na opção 1

nos dois quadros, observou-se que o percentual de Coordenadores UAB que

"Sempre" e "Algumas vezes" responde questões dos seus colegas no ATUAB

(Feedback), somados, é de 75,36%, mais de dois terços do total de 69 respondentes,

enquanto os Coordenadores de cursos da Uneb, somando as mesmas categorias,

são 4 (quatro) que representa 50% do total de 8 (oito) que assinalaram estas duas

opções. Consequentemente, os outros 50% dos Coordenadores de Cursos da Uneb

que assinalaram que "Nunca", 2 (dois), ou seja, 25% e "Raramente" 2 (dois), também

25% do total, respondem as dúvidas dos colegas no ATUAB, enquanto 17 integrantes

do outro grupo (24,65%), apenas um terço, procedem desta forma.

A opção 2 de resposta à mesma questão, aplicada aos Coordenadores de

curso da Uneb, e retratada na tabela 13 abaixo, "Não se manifesta porque muita

gente já o fez ou fará" Rede, observou-se nas respostas que nenhum (zero)

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261

coordenador, do total de 8 (oito) que assinalaram a opção, "sempre" deixando de

responder aos colegas por acharem que outros responderiam.

Para esta mesma opção de resposta, apenas 1 (um) destes oito

coordenadores, ou seja, 12,5%, assinalou que "às vezes" deixa de responder por

este motivo. Mais uma vez nenhum dos 8 (oito) assinalou que "raramente" fazem

isso, e 7 (sete) ou 87,5% responderam que "nunca" fazem.

A análise desta opção 2, se somada à baixa incidência de respostas na opção

1, que representam a colaboração direta no ATUAB, pode ser interpretada como uma

ausência de colaboração efetiva dos Coordenadores de Cursos da Uneb neste

ambiente.

Observando-se as respostas à opção 3 (três) da mesma pergunta, verificou-se

que se refere às respostas enviadas aos colegas diretamente por email, portanto, fora

do (feedback) ATUAB, pode-se ver que nenhuma assinalação ocorreu na opção

"Sempre" e que 4 (quatro) Coordenadores UAB, (50%), afirmaram que fazem isso

"Algumas Vezes". Apenas 1 (um), 12,5%, assinalou que "Raramente" o fez, e 3 (três),

ou seja, 37,5%, "Nunca" procederam desta forma.

A quarta opção de resposta a esta pergunta, como pode ser visto na tabela 13

abaixo, 2 (dois) Coordenadores de Cursos da Uneb (25%) do total de 8 respostas

assinaladas, afirmaram fazer isto "Sempre" e 3 (três) o fizeram "Algumas vezes",

representando 37,5 % do total. As opções "Raramente" com 1 (um) resposta

assinalada, (12,5%) e "Nunca" com 2 (duas), ou seja, 25%, se somadas, indicam que

37,5% dos Coordenadores de Cursos que assinalaram estas opções só se dispõem a

emitir suas opiniões e responder questionamentos quando já acumulam experiência

sobre o tema ou situação-problema demandados pelos seus colegas. Por outro lado,

5 (cinco) destes sujeitos, 62,5%, informaram que apresentam sua opinião quando

encontram no ATUAB questionamentos de colegas, mesmo que não tenham

solucionado problemas semelhante na sua instituição (ideias).

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262

Tabela 13 – Prestar colaboração aos pares

Atividade

realizada

Nunca % Raramente % Algumas

Vezes

% Sempre % Quanti-

dade

Responde no

ATUAB

esclarecendo as

dúvidas do

colega

2 25,00 2 25,00 3 37,50 1 12,50 8

Não se

manifesta

porque muita

gente já o fez

ou fará

7 87,50 0 0,00 1 12,50 0 0,00 8

Envia as suas

orientações

diretamente ao

colega por

email

3 37,50 1 12,50 4 50,00 0 0,00 8

Apresenta sua

opinião mesmo

que não tenha

conseguido

resolver o

problema na

sua

universidade

2 25,00 1 12,50 3 37,50 2 25,00 8

Fonte: elaboração própria.

4.4.3.4 Aproveitando recursos compartilhados

Ainda nas questões mais pontuais que se referem às ações colaborativas no

âmbito do sistema, foi incluída uma pergunta sobre o compartilhamento de recursos

entre as instituições, focalizando-se neste caso o que fazem os representantes

institucionais quando se trata de compartilhar os materiais didáticos produzidos em

cada disciplina.

À pergunta feita "Quando precisa elaborar material didático em qualquer mídia

o que você faz?" foram obtidas as respostas apresentadas abaixo na tabela 14.

Observa-se que no grupo de Coordenadores UAB, a incidência da ação colaborativa

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263

retratada no item 1 (um) "pesquisa no SISUAB se estes materiais já existem"

(Revisão), mostra que 25 (vinte cinco) sujeitos, portanto 39,06%, entre os 64

(sessenta e quatro) respondentes, afirmam que "Sempre" fazem isso.

O significado desta ação para as práticas colaborativas é muito representativo,

na medida em que a busca por materiais didáticos elaborados pelas outras

instituições que fazem parte do Sistema UAB, antes de elaborá-los, significa uma

grande disposição para a colaboração e o compartilhamento.

Além da economia de recursos financeiros, humanos e materiais decorrentes

desta ação colaborativa, destaca-se ainda a difusão do conhecimento produzido, a

integração entre as instituições e a abertura de uma possibilidade maior de trocas

futuras, uma vez que, em contrapartida, a instituição beneficiária certamente estará

mais aberta a ceder os seus próprios materiais fortalecendo o ciclo colaborativo.

Este dado do item 1 (um) analisado acima fica ainda mais fortalecido ao se

observar a resposta ao item (2) "algumas vezes" que foi assinalado também por 25

(vinte cinco) dos sessenta e quatro respondentes, os mesmos 39,06%,

coincidentemente. Os itens "raramente" com 9 (nove) assinalações (14,06%) e

"nunca" com 5 (cinco) ou seja, 7,81%, complementam o indicativo de uma forte

disposição para colaboração mútua na elaboração do material didático do Sistema

UAB. Somados os itens 1 e 2, observa-se que 78,12% dos sujeitos "sempre" ou

"algumas vezes" pesquisam materiais já existentes em outras instituições quando

precisam elaborá-los 22,41% "raramente" ou "nunca" o fazem.

Tabela 14 – Aproveitamento de materiais produzidos

Atividade realizada Nunca % Raramente % Algumas

Vezes

% Sempre % Quanti-

dade

1. Pesquisa no

SISUAB se estes

materiais já

existentes

5 7,81 9 14,06 25 39,06 25 39,06 64

2. Adota os

materiais sem

alterações

adaptando-os.

9 14,75 19 31,15 25 40,98 8 13,11 61

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264

3. Solicita

autorização para

uso

9 14,29 9 14,29 11 17,46 34 53,97 63

4. Elabora novos

materiais

5 7,81 10 15,63 38 59,38 11 17,19 64

Fonte: elaboração própria.

Em outro item relacionado à mesma questão, buscou-se saber como estes

materiais didáticos disponíveis no SISUAB são adotados pelas instituições que os

procuram. Na descrição "adota os materiais sem alterações, adaptando-os"

(Melhoria) 8 (oito) coordenadores (13,11%) afirmaram "sempre" fazer isso, enquanto

25 (vinte e cinco) o fazem "algumas vezes", ou seja 40,98% do total de 61

respondentes. Somados os dois dados, observou-se que 54,09% dos Coordenadores

UAB, adotaram, pelo menos algumas vezes, os materiais didáticos disponíveis no

SISUAB, elaborados pelas outras instituições, sem alterá-los.

Por outro lado, observa-se ainda no quadro acima que 19 (dezenove)

sujeitos, ou seja 31,15%, assinalaram que "raramente" adotam os materiais didáticos

sem alterações, e 5 (cinco) afirmaram que "nunca" o fazem, ou seja, 7,81%. A soma

dos dois grupos de respostas demonstra que 38,96% dos coordenadores UAB

raramente ou nunca adotaram materiais sem alterações nos seus cursos.

Comparadas as duas situações, considerando-se que são opostas, observa-se

que o percentual de aproveitamento destes materiais (54,09%) é muito significativo e

representa uma economia de esforços e de recursos, além de tempo, uma vez que a

elaboração destes materiais, por experiência própria, costuma durar oito a doze

meses, até que fiquem em condições de serem entregues aos estudantes nos Polos

de Apoio Presencial do Sistema UAB.

O terceiro item relacionado a esta mesma questão da elaboração de materiais

didáticos, referiu-se à questão do direito autoral ao questionar aos Coordenadores

UAB, se antes de utilizá-los, "solicita autorização" (consenso) à instituição que os

disponibilizou. Neste item, 34 (trinta e quatro) coordenadores, 53,97% dos 63

(sessenta e três) respondentes, afirmaram que "sempre" agem desta forma, e mais

11 (onze), ou seja, 17,46% o fazem "algumas vezes". Somados os grupos, observou-

se que 71,43% dos Coordenadores solicitam autorização às instituições produtoras,

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265

antes de utilizar os materiais didáticos.

Ainda neste item, observou-se que 9 (nove) respondentes (14,29%)

"raramente" solicitam esta autorização, e o mesmo número 9 (nove) "nunca" o fazem.

Somados, são 28,58% dos coordenadores UAB que utilizam os materiais didáticos

sem solicitar autorização aos seus autores.

Este item sobre a autorização de uso de materiais didáticos merece uma

reflexão especial sobre um tema apresentado nesta tese, na seção 2 (2.9): a

construção colaborativa e os recursos educacionais abertos. Este tema foi explorado

ao longo desta pesquisa, resultando na publicação de um capítulo em um livro "Open

Educational Resourses – OER”, editado em parceria entre a Open University – Reino

Unido e a Universidade do Estado do Maranhão – Brasil, por ocasião do estágio de

doutorado sanduíche realizado na Inglaterra, de maio a dezembro de 2013.

O conceito de Recurso Educacional Aberto, segundo autores como Okada

(2013), Rossini e Gonzales (2012), Santos (2012), Pretto (2012) e Santana (2012),

são materiais cujo desenvolvimento, uso, publicação e reutilização completos ou em

partes, módulos, livros didáticos, artigos, vídeos, softwares, textos, imagens,

ferramentas, materiais ou técnicas contribuem para o acesso e a produção do

conhecimento e que estejam disponíveis numa licença flexível ou em domínio público

para que outras pessoas possam fazer uso ou modificações sem problema com

direitos autorais.

A pesquisa realizada entre os Coordenadores UAB em setembro de 2013 para

avaliar a sua disposição em adotar licenças abertas para os materiais produzidos

pelo sistema resultou em uma resposta positiva, indicando que 100%, todos os

Coordenadores UAB, que responderam ao questionário enviado, concordam com a

adoção de licenças abertas, ao afirmarem que os 23% que já utilizam pretendem

continuar e os 70% que não utilizam estas licenças em seus materiais, pretendem

adotá-las (OKADA, 2013, p. 351).

No quarto item desta pergunta, cujas respostas estão sintetizadas na tabela 14

acima, inquiridos sobre o que fazem quando precisam elaborar materiais didáticos,

dos 64 (sessenta e quatro) Coordenadores UAB que assinalaram este item, 11 (onze)

afirmaram que "sempre" elaboram novos materiais (Melhoria), representando

17,19%, enquanto 38 (trinta e oito) o fazem "algumas vezes" (59,38%). Apenas 10

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266

(dez) afirmaram que "raramente" fazem isso, e 5 (cinco) responderam que "nunca"

elaboram novos, certamente, aproveitando os materiais já elaborados e disponíveis

no ATUAB. Estas respostas estão coerentes com as anteriores e ratificam a

disposição para a colaboração entre os Coordenadores UAB e, consequentemente,

as suas instituições para praticarem essas trocas de materiais produzidos entre si.

No grupo de Coordenadores UAB, ainda sobre esta questão acima, ocorreram

9 (nove) repostas abertas, correspondentes ao item 5 (cinco) "outros, especifique".

Nestas respostas, observaram-se algumas justificativas, tais como "a instituição ainda

não iniciou as ofertas de cursos"; "nossa IES só tem ofertado cursos com materiais

previamente elaborados"; e "algumas vezes elaboramos materiais novos como forma

de estimular a participação de mais atores no Sistema UAB e como forma de trazer a

expertise para a universidade".

Ao responder a mesma questão, o grupo de Coordenadores de Cursos da

Uneb, cujas respostas estão retratadas na tabela 15, abaixo, assinalaram uma

frequência ainda mais representativa da sua disposição em colaborar, quando

responderam o item 1 (um) que se referiu à "pesquisa no SISUAB se estes materiais

já existem". Observa-se que dos 7 (sete) sujeitos respondentes, 4 (quatro), ou seja,

57,14% afirmam que "sempre","pesquisa no SISUAB se estes materiais já existem"

quando precisam elaborá-los.

Além destes 4 (quatro) que sempre tomam a iniciativa de buscar materiais já

elaborados por outras instituições, outros 2 (dois) responderam que "algumas vezes"

o fazem, ou seja, 28,57% do total. Somados estes dois grupos de respostas,

encontramos um percentual de 85,71% de coordenadores costumam consultar o

acervo de materiais didáticos do sistema UAB, disponível no SISUAB, antes de

tomarem a decisão de elaborar os seus próprios materiais.

Tabela 15 – Aproveitamento de materiais produzidos

Opções de

respostas

Nunca % Raramente % Algumas

Vezes

% Sempre % Quanti-

dade

Pesquisa no

SISUAB se

estes

materiais já

1 14,29 0 0,00 2 28,57 4 57,14 7

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267

existentes

Adota os

materiais sem

alterações

adaptando-

os.

0 0,00 1 14,29 5 71,43 1 14,29 7

Solicita

autorização

para uso

2 28,57 1 14,29 2 28,57 2 28,57 7

Elabora

novos

materiais

0 0,00 0 0,00 5 71,43 2 28,57 7

Fonte: elaboração própria.

Na mesma tabela 15 acima, observa-se que 4 (quatro) Coordenadores de

Curso da UNEB, responderam que "sempre" pesquisam materiais didáticos já

existentes quando precisa elaborá-los, e que 5 (cinco) responderam que "algumas

vezes" o fazem. Apenas 1 (um) pesquisado afirmou que "nunca" pesquisa materiais

já existentes, e nenhum respondeu "raramente". Estas respostas dos representantes

da Uneb corroboram os resultados dos Coordenadores UAB e ratificam a disposição

para a colaboração, já analisada acima, na medida em que o percentual de

Coordenadores que "sempre" e "algumas vezes" adotam os materiais (85,71%)

supera o percentual de coordenadores UAB (78,12%) que adotam o mesmo

procedimento.

No item 2 (dois), "adota os materiais sem alterações adaptando-os", verificou-

se situação semelhante, na medida em que 1 (um) Coordenador de curso da Uneb

(14,29%) respondeu que "sempre" adota e 5 (cinco), ou seja 71,43%, que "algumas

vezes" o fazem. Apenas 1 (um) "raramente" segue este procedimento, e nenhum

afirmou que "nunca" adotou materiais sem alterações.

As repostas ao item 3 "solicita autorização para o uso" revelou uma situação

divergente ao serem comparadas aos Coordenadores UAB, na medida em que

apenas dois Coordenadores de Cursos da Uneb (28,57%), responderam que

"sempre" solicitam autorização, nas respostas da UAB foram 53,97%, sendo que 2

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(dois) também afirmaram que o fazem "algumas vezes" (28,57%), 1 (um) afirmou que

raramente solicita autorização (14,29%) e 2 (dois) responderam que "nunca"

solicitam.

Observou-se, neste item que se refere aos direitos autorais, o percentual de

coordenadores de cursos da Uneb que utiliza materiais elaborados por outras

instituições e que "raramente" ou "nunca" solicitam autorização às mesmas, somados

é de 42,86% o que reforça a necessidade da discussão sobre as licenças abertas, já

apresentada acima.

As respostas ao item 4 (quatro) da mesma questão revelou que 2 (dois)

coordenadores de curso da Uneb (28,57%), assinalaram que "sempre" elaboram

materiais novos e 5 (cinco) "algumas vezes" o fazem, ou seja 71,43%. Neste item

nenhum coordenador de curso da Uneb assinalou as opções "nunca" e "raramente".

Estas respostas ratificam a disposição para a colaboração e o compartilhamento de

materiais entre estes sujeitos, representes da Uneb, corroborando os resultados

apresentados pelos Coordenadores UAB e o artigo citado acima, sobre disposição de

todos em adotar as licenças livres.

4.4.3.5 Compartilhando recursos produzidos

A última questão deste conjunto de temas específicos, também referente à

produção de material didático e ao seu compartilhamento, analisou uma situação

inversa à questão anterior, ao questionar os Coordenadores UAB e os

Coordenadores de cursos da Uneb, quanto à sua posição ao produzir estes

materiais, tendo em vista a disponibilização dos mesmos para utilização pelas demais

instituições, através do SISUAB. Como pode ser visto na tabela 16, abaixo, foram

apresentadas 5 (cinco) opções de respostas a serem assinaladas livremente,

permitindo-se assinalar tantas quantas eles desejassem, tendo a última opção um

formato aberto para que os respondentes pudessem declarar qualquer posição

diferentes das alternativas dadas.

Ao item 1 "disponibiliza, o material didático (conteúdos) no SISUAB com

licença copyright", foram assinaladas 54 (cinquenta e quatro) respostas. Destas, 23

(vinte três) ou 42,59% afirmando que "sempre", e 16 (dezesseis), ou seja, 29,63%,

assinalando "algumas vezes". São, portanto, 72,22% os casos de coordenadores

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269

UAB que disponibilizam seus materiais com licença proprietária. Nos itens

"raramente" com 4 (quatro) respostas (7,41%) e "nunca" com 11 (onze) respostas ou

somados, 20,37%, observou-se menor incidência de assinalações, predominando

amplamente a opção anterior.

Uma opção oposta, do ponto de vista do direito autoral, foi dada no item 2

(dois) "disponibiliza na SISUAB com licença aberta" (conteúdos), tendo sido

observado que 11 (onze) coordenadores assinalaram "sempre", 22,45%, e 12 (doze)

assinalaram "algumas vezes", 24,49%. Por outro lado, 7 (sete) afirmaram que

"raramente" disponibilizam os materiais com licença aberta, ou seja 7,41%, e 19

(dezenove), que representa 38,78% do total, afirmaram que "nunca" disponibilizam

seus materiais com licença aberta.

No capítulo do livro sobre recursos educacionais abertos (REA), coordenado

por Okada (2013), a pesquisa realizada entre os coordenadores UAB revelou que

23% deles já utilizavam REA em sua universidade e este dado, de 22,45% de

respostas em que eles afirmaram que "sempre" disponibilizam materiais com esta

característica, corrobora a informação anterior.

Tabela 16 – Compartilhamento de materiais produzidos

Opções de respostas Nunca % Raramente % Algumas

Vezes

% Sempre % Quanti-

dade

1. Disponibiliza no

SISUAB com

licença copyright

11 20,37 4 7,41 16 29,63 23 42,59 54

2. Disponibiliza no

SISUAB com

licença aberta

19 38,78 7 14,29 12 24,49 11 22,45 49

3. Autores não

permitem

disponibilizar

30 66,67 11 24,44 3 6,67 1 2,22 45

4. Apenas envia

para quem

solicita

29 61,70 4 8,51 8 17,02 6 12,77 47

5.Outros,

especifique.

19

Fonte: elaboração própria.

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270

Dois outros itens nesta mesma questão buscaram detalhar mais os motivos

desta baixa utilização de licenças abertas. No item 3 (três), a opção por não

disponibilizar os materiais porque os seus autores não permitem, teve respostas que

indicam baixa incidência desta atitude (Consenso). Apenas 1 (um) coordenador

(2,22%) afirmou que "sempre" acontece isso, e 3 (três), que representou 6,67% do

total responderam que "algumas vezes" isto acontece. No entanto, 30 (trinta)

Coordenadores UAB, 66,67% informaram que "nunca" enfrentam este problema, e 11

(onze), ou seja, 24,44% "raramente" o enfrentam.

A mesma questão, ao ser respondida pelos Coordenadores de Cursos da

Uneb, revela posições distintas, como pode ser visto na tabela 17, abaixo. Observou-

se que o item 1 (um), cuja opção é disponibilizada no SISUAB com licença copyright",

ao contrário dos Coordenadores UAB que responderam fazer isso "sempre" e

"algumas vezes" num percentual de 72,22%, os Coordenadores de cursos da Uneb,

cujo total de respostas para este item foi de 6 (seis), apenas 2 (dois), ou seja, 33,33%

assinalaram "sempre", e 1 (um) assinalou "algumas vezes", 16,67%. Somados, estes

percentuais representam 50% do total, sendo que os outros 50% assinalaram 1 (um)

afirmando que "raramente" disponibilizam os materiais com licença copyright

(16,67%) e 2 (dois) assinalaram a opção "nunca", significando que estes materiais

produzidos pela Uneb não são disponibilizados no SISUAB com licença proprietária

(copyright) para serem buscados pelas demais instituições quando precisarem dos

mesmos.

As respostas dadas pelos Coordenadores de Cursos da Uneb ao item dois da

mesma questão, reforça ainda mais esta posição. Neste item a opção "disponibiliza

no SISUAB com licença aberta" obteve 3 (três) assinalações para "nunca" (50%) e 1

(uma) assinalação para "raramente" (16,67%). Somados, os dois itens revelaram que

67,67% destes Coordenadores declararam que a sua universidade não disponibiliza

seus materiais, também com licença aberta. Apenas dois coordenadores assinalaram

a opção "sempre", representando 33,33% do total.

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271

Tabela 17 – Compartilhamento de materiais produzidos

Opções de

respostas

Nunca % Raramente % Algumas

Vezes

% Sempre % Quanti-

dade

Disponibiliza

no SISUAB

com licença

copyright

2 33,33 1 16,67 1 16,67 2 33,33 6

Disponibiliza

no SISUAB

com licença

aberta

3 50,00 1 16,67 0 0,00 2 33,33 6

Autores não

permitem

disponibilizar

5 83,33 1 16,67 0 0,00 0 0,00 6

Apenas

envia para

quem

solicita

4 66,67 1 16,67 1 16,67 0 0,00 6

Outros,

especifique.

2

Fonte: elaboração própria.

Nos dois itens que buscaram detalhar mais os motivos desta baixa utilização

de licenças abertas na Uneb com a opção por não disponibilizar os materiais porque

os seus autores não permitem, a exemplo dos coordenadores UAB, as respostas

indicaram baixa incidência desta atitude. Observa-se na tabela 17, acima, que 5

(cinco) coordenadores de cursos da Uneb (83,33%) assinalaram que "nunca"

acontece isso, e 1 (um), que "raramente" acontece, 16,67% do total. Nenhum deles

respondeu que "algumas vezes" ou "sempre" deixam de disponibilizar os materiais

por discordância dos seus autores.

Quanto ao item 4, "apenas envia os materiais para quem solicita" (apoio)

foram assinaladas 4 (quatro) respostas para "nunca" (66,67%) e 1 (uma) para

"raramente" (16,67%). Estes dados podem denotar que não se faz necessário enviar

os materiais produzidos, na medida em que os mesmos já estariam disponíveis no

SISUAB, considerando-se que 50% dos Coordenadores da Uneb afirmaram que já os

disponibilizam diretamente para que as outras instituições tenham acesso.

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272

A figura 29 abaixo, representa a aplicação do Modelo de Análise C, através da

qual são ilustradas as descrições do exercício da competência colaboração pelos

coordenadores UAB e pelos Coordenadores de cursos da Uneb no seu dia a dia, de

acordo com a sua percepção, registrada através das respostas que deram ao

questionário online, apresentadas e analisadas acima.

Figura 29 – Modelo de Análise C: análises do exercício de competências

Fonte: elaboração própria.

Pode-se observar nesta imagem da figura 29, acima, através da disposição

dos ícones selecionados para representar cada uma das habilidades (domínio

operacional) que, associadas à atitude domínio interpessoal) e ao conhecimento

(domínio cognitivo) a ela correspondente, de acordo com as definições operacionais

elaboradas para dar parâmetros para esta análise, indicam a ocorrência do exercício

da competência colaboração pelos Coordenadores UAB e pelos Coordenadores de

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273

cursos da Uneb, nas suas interações com os seus pares.

A imagem do Modelo de Análise C, figura 29 acima, como pode ser vista,

apresenta os ícones que representam a identificação de cada ocorrência do exercício

da colaboração pelos sujeitos, posicionados em torno da letra C e próximos à palavra

que representa as habilidades descritas no quadro de definições das mesmas,

quadros 16 e 17, acima.

O posicionamento destes ícones foi distribuído de forma simétrica, em

camadas imaginárias, correspondendo à primeira camada, onde eles estão próximos

às palavras, e ao conjunto de habilidades que foram identificadas nas respostas às

questões, assim distribuídas: perguntas (duas vezes), ideias, conteúdos, feedback e

interesse. Na segunda camada, um pouco mais afastada das palavras do que as

primeiras, que também corresponde às respostas à pergunta, foram identificadas as

habilidades feedback (duas vezes), rede e ideias (duas vezes).

Dando continuidade, podemos observar também que existe uma terceira

camada de ícone alinhado na mesma direção circularmente, na qual estão

representadas, através dos seus símbolos correspondentes às habilidades de

revisão, melhoria (duas vezes) e consenso. A quarta e última, cujos ícones se

encontram na linha imaginária mais afastada dentre todas, observam-se os símbolos

que representam as habilidades conteúdos (duas vezes), consenso e apoio.

A leitura completa do que simboliza o Modelo de Análise C, é feita recorrendo-

se aos parâmetros de análise, construídos na sua concepção, quais sejam a

definição constitutiva, segundo a qual uma competência é a combinação de

conhecimentos, habilidades e atitudes apresentadas por um indivíduo e adequadas a

um contexto social, bem como à definição operacional que conceitua os domínios a

serem considerados na análise em interpessoal (atitude), cognitivo (conhecimento) e

operacional (habilidade).

Desta forma, cada habilidade identificada no exercício das ações

colaborativas pelos sujeitos, está classificada nestes domínios, permitindo a sua

leitura como exercício de uma competência, representada na imagem pelos ícones

que simbolizam cada uma delas.

Em síntese, o que mostra a imagem representada pela figura 29, Modelo de

Análise C, é uma distribuição de várias ações realizadas pelos Coordenadores UAB e

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274

pelos Coordenadores de cursos da Uneb, que indicam nas suas interações, nos

diversos fóruns virtuais (ATUAB e de Áreas do conhecimento), o exercício da

competência colaboração, caracterizado pelos domínios interpessoal, cognitivo e

operacional. Cada habilidade representada por um dos ícones, está associada a um

conhecimento e a uma atitude, completando o ciclo que compõe a habilidade em

estudo, a colaboração.

Concluído este processo de análise dos dados da pesquisa, segue a seção

das considerações finais, com a discussão destes resultados e as conclusões.

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275

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do desenvolvimento deste estudo, a busca pela resposta à

questão principal, que se constitui como o problema de pesquisa, utilizado como

elemento norteador, com vistas ao atingimento dos objetivos propostos, contribuiu

com a escolha dos elementos teóricos que deram sustentação aos argumentos e

parâmetros para as análises, ajudou na definição da metodologia e na escolha dos

instrumentos para a coleta dos dados, além permitir a ampliação da proposta inicial

ao comportar a inclusão de temas que foram encontrados no decorrer do processo,

os quais foram alinhados ao escopo do projeto original.

À questão "quais são, e como se caracterizam, os processos de gestão

colaborativa do conhecimento em rede, na área da educação a distância na Uneb,

considerando a sua inserção no Sistema Universidade Aberta do Brasil, incluindo

suas diretrizes formais, os processos colaborativos de gestão do conhecimento

instituídos, a efetividade das práticas colaborativas, seus limites e perspectivas (?),

foram elencadas algumas respostas iniciais, na medida em que a identificação

destes processos, a sua descrição, foi realizada à luz dos pressupostos teóricos,

guiados pelos modelos de análise, criados para dar concretude e clareza aos

procedimentos metodológicos.

Destes princípios teóricos aludidos, destacam-se as reflexões sobre a

sociedade atual, contexto em que o advento das novas tecnologias da informação e

da comunicação (TIC) propicia mudanças importantes no cotidiano das pessoas e

das instituições sociais, permitindo a identificação, por alguns autores, da existência

de uma revolução tecnológica em curso na sociedade atual, denominada sociedade

da informação, ou sociedade em rede, caracterizada pela velocidade com que se

criam e veiculam novos conhecimentos, surgem dispositivos tecnológicos cada vez

mais avançados e cidadãos cada vez mais preparados para enfrentar estes desafios

e propor novos, além de criar inovações.

Constata-se e destaca-se, nestas reflexões empreendidas, a horizontalidade

deste fenômeno, na medida em que os usuários das inovações tecnológicas

assumem um papel protagonista ao se tornarem produtores. Neste contexto social

contemporâneo, em vez de mero consumidor de informações, o cidadão comum

passa a dispor das ferramentas e dos meios para criar e difundir o conhecimento.

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Falamos, então, de uma organização social em redes, na qual estão

contextualizados o tema gestão da educação a distância (EaD), o campo de estudos

a Universidade do Estado da Bahia, enquanto unidade do Sistema Universidade

Aberta do Brasil e o fenômeno estudado, a colaboração interorganizacional,

representada pelas interações entre pares, que caracterizam o processo de gestão

identificado e analisado nesta pesquisa.

A concepção de rede é aqui assumida como uma articulação de unidades

conectadas entre si através de certas trocas que fortalecem o conjunto, fortalecendo

ainda todas as unidades componentes. Neste conceito, as redes apresentam

propriedades que lhe são peculiares, tais como a capacidade de se produzirem e

regularem, a capacidade de se ampliarem em número de pontos e em extensão

geográfica, a sua diversificação fecunda e criativa fundada na colaboração, sua

visão integral em que as unidades são autênticas e solidárias e, finalmente, na sua

capacidade de autoalimentar-se; e foram estes os princípios tomados como

referência para a caracterização das propriedades do Sistema UAB, enquanto uma

rede interorganizacional.

5.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Sobre o tema gestão da Educação a Distância (EaD) cabem dois destaques.

Primeiro a caracterização da EaD que se defende e acredita nesta pesquisa.

Evidentemente, este posicionamento não se refere à crença num modelo ideal, mas

à visão crítica do real estudado.

Observou-se, nos argumentos dos autores tomados como referência, a

constatação de uma evolução dos modelos de educação a distância discutidos, indo

desde um modelo industrial, num paradigma da produção em massa e do tratamento

padronizado dos processos e dos sujeitos, até um modelo desejado, influenciado

pelas possibilidades abertas na esteira da evolução tecnológica, na qual os sujeitos

deixam o papel passivo e enveredam por uma atuação autoral, protagonista, tendo

nas instituições educativas um ambiente acolhedor e estimulante destas novas

práticas.

Neste contexto, a tecnologia deixa de ser a panaceia e passa a ser vista como

meio através do qual os sujeitos, sejam educadores ou educandos, se utilizam das

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277

suas potencialidades para tirar deles o melhor proveito.

Os processos pedagógicos que experimentam estas transformações estão

atrelados aos seus processos de gestão, cujos conceitos também passam por uma

incontestável evolução, valendo-se deste ambiente tecnológico.

Gestão em educação é também gestão do conhecimento, e este foi o sentido

dado neste estudo, de acordo com os fundamentos encontrados para esta temática.

Neste sentido, as bases conceituais adotadas atribuem ao processo de gestão uma

estratégia de conversão, identificando o conhecimento como um atributo do sujeito a

ser construído no processo de interação social e compartilhado por todos num

movimento espiral e contínuo que transforma conhecimento tácito (pessoal) em

conhecimento explícito (público/coletivo) para assegurar a continuidade da sua

construção e a perenidade da sua difusão.

Essa gestão do conhecimento com abordagem sistêmica se vale de

componentes físicos concretos, interligados, conectados e inerentes aos sujeitos

sempre vistos como seu ponto de partida; portanto, cabe-lhe o conceito atribuído

neste estudo: gestão colaborativa do conhecimento em rede.

Estão implícitos a esta concepção dois conceitos-chave que a viabilizam: a

inovação e a colaboração. Inovação não vista pela sua concepção tradicional de

invenção, mas como processo de criação inerente ao sujeito, com graus distintos e

processos gerenciais que a estimulem. Colaboração vista como uma competência

dos sujeitos humanos, ligada ao seu significado de trabalhar em comum na mesma

atividade.

Compreende-se competência, de acordo com as diversas visões debatidas

neste estudo, como uma combinação de atributos dos sujeitos humanos, definidos

como conhecimentos, habilidades e atitudes que juntos constituem esses atributos.

A colaboração, competência-chave estudada, basilar para a compreensão do

fenômeno analisado nesta tese, apresenta-se como uma característica dos sujeitos

que é fundamental para esta sociedade, marcada pela emergência das novas

tecnologias da informação e da comunicação e tendo as redes como suporte para

atuação humana em seus diversos setores, desde o lazer, a educação, o trabalho

até o convívio social.

Classificada como uma competência interpessoal, a colaboração envolve a

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capacidade de se comunicar, de conviver com pessoas de diferentes origens e em

contextos diversos, participando de atividades coletivas, buscando o bem comum,

sendo sensível às pessoas em sua volta.

A colaboração também se destaca de acordo com os contextos e situação em

que ocorre, sendo vista desde os processos formais de colaboração no âmbito

organizacional, aquela revista nos fluxos de processos desenhados para a

realização de tarefas que são atribuídas a grupos de pessoas, assim como, em

outros contextos, a chamada colaboração social, contingente, que ocorre por

atitudes de solidariedade, quando os indivíduos se juntam para socorrer alguém em

apuros.

Uma das características que se destacou certamente a mais importante delas,

foi a colaboração pessoal e informal, que se constitui na verdadeira e mais forte

forma de colaborar, muitas vezes invisível, pois ocorre nas relações informais entre

os sujeitos que colaboram entre si e na sua rede de relações.

Aqui a ideia ou a cultura de redes assume um papel decisivo. Na sociedade

atual, o trabalhar juntos não se refere especificamente a uma proximidade física ou

um estar lado a lado, mas a um conjunto que envolve a disposição para colaborar, a

criatividade para inovar e a estrutura das redes para viabilizar.

Sobre o campo desta pesquisa, vimos a rede de universidades, ou melhor, de

instituições de ensino superior que compõem o Sistema UAB. Um setor da educação

que teve no País uma história entrecortada por variáveis políticas que dificultaram o

seu surgimento e a sua consolidação, vez que a universidade no Brasil teve a sua

criação represada pelas ordens da coroa portuguesa, nascendo tardiamente no

século XX. Situação semelhante, guardadas as proporções, se deu com a criação da

educação superior a distância no País, projeto que aguardou mais de trinta anos

desde a sua primeira proposição em 1972, para se tornar realidade apenas em

2005.

Uma vez regulamentada em 1996, a educação a distância em todos os níveis

de ensino constituídos no Brasil através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) – Lei 9394/1996, só nove anos depois, em 2005, teve início a

história do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), cujas composição e

características revelam um sistema, que conta com mais de cem instituições de

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ensino superior públicas, de norte a sul e de leste a oeste do País, com mais de

duzentos e cinquenta mil estudantes e mais de quatrocentos cursos, marcado por

uma história recente com menos de dez anos de existência, mas com características

peculiares e inovadoras, tal como o fenômeno da gestão colaborativa em rede.

Neste ponto, para discutir o fenômeno estudado, recorre-se aos objetivos da

pesquisa, declarados no início desta tese: identificar, mapear e analisar o processo

de gestão colaborativa do conhecimento entre as diversas instituições universitárias

que compõem o Sistema Universidade Aberta do Brasil, visando a compreender este

processo de Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede (GCCR) na Educação

a Distância, para contribuir com o seu aperfeiçoamento e para difundir suas

características principais, bem como seus limites e perspectivas.

A identificação do processo, realizada através da técnica de mapeamento

cognitivo, revelou suas etapas de acordo com a ótica dos representantes

institucionais. Os mapas cognitivos que revelaram a configuração do processo de

gestão do conhecimento do sistema UAB foram construídos e reconstruídos com a

participação de representantes dos quatro segmentos de instituições que compõem

o sistema, quais sejam, a CAPES, as universidades federais, os institutos federais

de educação tecnológica e as universidades estaduais.

A técnica de representação por mapas se vale dos princípios das Ciências

Cognitivas, que postula a validade de níveis de representações mentais, através de

roteiros, símbolos, imagens e modelos mentais etc., buscando retratar a visão do

sistema a partir das contribuições dos sujeitos que o vivem e constroem, neste caso

os seus gestores, Coordenados UAB e Coordenadores de cursos de uma das

instituições que integram o sistema.

A cartografia cognitiva contribuiu como técnica e recurso utilizados na

construção destas representações, e, através dos mapas construídos, revelaram-se

as redes, aqui definidas como um conjunto de pontos interligados por linhas de

conexão que representam uma relação entre os mesmos.

A construção coletiva dos mapas revelou um sistema articulado em torno de

quatro fases principais, cada uma delas interligadas entre si como uma rede

(macroprocesso) e envolvidas em redes menores, também articuladas em torno das

suas ligações e conexões relacionais (microprocesso).

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280

Visto como uma rede de redes e analisado em suas peculiaridades, o sistema

UAB pode ser estudado em mais três aspectos principais, para além da sua

caracterização em forma de mapeamento, que estavam relacionados a outros

objetivos específicos estabelecidos no plano da pesquisa para ajudarem a responder

à questão principal e contribuírem, também, para atingir o objetivo geral proposto.

Os objetivos de identificar e analisar as diretrizes formais do sistema UAB

para buscar nelas o reconhecimento dos princípios da gestão colaborativa do

conhecimento em rede, identificar e analisar os processos de gestão colaborativa no

âmbito deste sistema, e identificar e analisar as práticas de gestão colaborativa do

conhecimento nas interações entre os sujeitos que integram a gestão do mesmo

foram os norteadores desta parte da pesquisa.

Quanto aos aspectos documentais, observou-se desde a dimensão

conceitual, registrada no projeto que deu origem ao sistema UAB, concebido como

um consórcio público que envolveria as três instâncias de governo, federal, estadual

e municipal, em torno das instituições de ensino para desenvolver uma ação

educacional única, já idealizada como um processo compartilhado, baseado nas

trocas de experiências entre estes segmentos envolvidos, no compartilhamento de

instalações tecnológicas, na elaboração conjunta de meios de comunicação e de

materiais didáticos.

Já neste momento da sua concepção, consta do projeto a intenção de se

construir um modelo de gestão inovador, disposto a compartilhar missões, objetivos,

recursos, inclusive os humanos, experiências e instalações para fortalecer o projeto

e potencializar as suas ações.

A outra dimensão observada neste esforço de identificar as raízes do

processo de gestão colaborativa na criação da UAB foi a dimensão legal através da

qual se identifica a materialização em forma de lei das ideias contidas no projeto de

criação do sistema Universidade Aberta do Brasil, confirmando a tendência

observada na dimensão conceitual.

Na terceira dimensão de análise das diretrizes formais, foram observados os

aspectos operacionais pelos quais se verificou que as diretrizes e mecanismos

criados para balizar o funcionamento do sistema mantêm-se coerentes com as

ideias que lhe deram origem, bem como com os dispositivos legais que o criaram e

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regulamentam.

A análise dos processos de gestão do conhecimento no sistema UAB, ligada

a outro objetivo específico, demonstrou, à luz da concepção do conhecimento em

tácito e explícito, tipos distintos, mas interdependentes, dinâmicos e em permanente

processo de conversão entre si, que a atuação dos Coordenadores (gestores) da

UAB pode ser classificada em algum ponto de uma espiral do conhecimento.

Esta atuação, caracterizada pelas interações nos ambientes virtuais, podem

ser classificadas de acordo com as conversões previstas no modelo de análise

criado, na medida em que conhecimentos explícitos ou formais, publicados em

forma textos, normas, documentos etc., puderam ser aproveitados por sujeitos que

declararam tê-los aprendido e aplicado, caracterizando uma conversão de

conhecimento explícito em conhecimento tácito, ou seja, uma internalização, assim

como se constatou nas interações registradas no ambiente virtual de trabalho da

UAB.

Pode-se observar também que, conhecimentos individuais, tais como saberes

pessoais construídos, foram compartilhados entres estes sujeitos, caracterizando-se

como um modo de conversão de conhecimentos tácitos em tácitos, processos

denominado socialização, quando os indivíduos trocam conhecimentos entre si.

Estes processos de conversão de conhecimentos nas interações entre os

sujeitos no exercício das suas atividades evidenciaram as ações colaborativas que

caracterizam a eficácia da gestão colaborativa do conhecimento em rede, permitindo

a visualização das práticas colaborativas no âmbito do sistema.

Acrescentaram-se as estas análises iniciais que focalizaram os aspectos

formais e processuais, uma análise das práticas dos sujeitos (Coordenadores UAB e

Coordenadores de cursos da Uneb), visando a detalhar melhor as atividades

colaborativas no processo de gestão do sistema.

Nestes grupos, predominam profissionais com idade superior aos 35 anos,

pós-graduados, identificados com as tecnologias de informação e comunicação,

professores universitários e gestores da educação a distância nas suas instituições

de ensino.

Ao serem observados, indiretamente, através das respostas aos questionários

online aplicados, no exercício da competência básica para a gestão colaborativa do

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conhecimento em rede, os coordenadores apresentaram percentuais elevados de

ações favoráveis a este modelo em desenvolvimento. A colaboração entre os

indivíduos destes grupos é estimulada por seus integrantes, através da ampliação

dos seus contatos, da aproximação de participantes com interesses comuns, de

sugestões e críticas construtivas, do compartilhamento de informações, da busca

pelo aprimoramento e da avaliação das ações do grupo.

Estes sujeitos também buscam ajudas quando necessitam, utilizando os

mecanismos disponíveis no sistema, sejam virtuais ou presenciais (tais como o

ATUAB, ambiente online e os encontros presenciais de Coordenadores), além dos

individuais ou coletivos (tais como as comunicações diretas via email e telefone ou

os fóruns de discussões nos ambientes virtuais), disponibilizam suas produções,

soluções para problemas do dia a dia, materiais e recursos, aproveitam os recursos

e soluções compartilhados pelos seus pares e compartilham os seus próprios.

A interpretação deste conjunto de dados de fontes distintas, documentos,

interações nos ambientes virtuais e respostas a questionários online, permitiu, na

análise, a triangulação, não aquela triangulação de métodos ou abordagens de

pesquisas qualitativos e quantitativos que visa a conferir resultados obtidos com os

diferentes métodos, mas uma triangulação na coleta de dados, na medida em que,

na análise destas fontes diversificadas, foi possível distinguir evidências claras do

objeto estudado, qual seja a gestão do conhecimento, colaborativa em rede, no

âmbito do sistema UAB, abrangendo a "[...] amplitude na descrição, explicação e

compreensão do foco em estudo" (TRIVINOS, 2013, p. 138)

As análises feitas com a aplicação dos modelos de análises criados para este

fim, dispostas no capítulo anterior, permitem caracterizar o sistema UAB como uma

organização que nasceu sob um conjunto de diretrizes favoráveis ao

compartilhamento e à colaboração, desde o seu projeto de criação, foi

regulamentado por lei com este formato e apresenta um documento básico

norteador, denominado Guia do Sistema UAB que retrata este modelo.

Além destes elementos constituintes, a análise das interações entre os seus

Coordenadores, com foco nos processos de gestão, apontou características de

gestão do conhecimento que são favoráveis às trocas colaborativas, com um

evidente processo de trocas individuais e coletivas de informações, que se dão

através de mecanismos formais e estruturas criadas para este fim, tais como o

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Fórum de Coordenadores UAB, os Fóruns de Área do Conhecimento (presenciais) e

os ambientes de trabalho, tais como o ATUAB com os seus diversos fóruns virtuais,

permitindo a classificação destas trocas de acordo com um modelo de análise

inspirado em modos de conversão do conhecimento.

O terceiro elemento de análise, focalizado nas práticas colaborativas entre os

Coordenadores, possibilitou o fechamento deste ciclo, revelando nas práticas diárias

entre os pares, gestores do sistema, com uma forte evidência do exercício da

colaboração em suas atividades.

A análise das respostas dos sujeitos, tanto dos Coordenadores UAB, quanto

dos Coordenadores de Cursos da Uneb, revelou índices elevados e interações

colaborativas, nas mais diversas áreas, devido à efetividade dos meios de

colaboração instituídos pelo Sistema UAB, tais como os ambientes virtuais de

trabalho (ATUAB) e os encontros presenciais, conhecidos também como Fóruns de

Coordenadores UAB e Fóruns de Coordenadores de Área.

No exercício das suas atividades diárias, estes sujeitos buscam respostas

para as suas dúvidas, respondem as perguntas dos seus pares, pesquisam soluções

já implementadas em outras instituições para resolver seus problemas diários,

postam relatos das soluções que desenvolvem nas suas instituições com o intuito de

socializá-las e permitir que outros as implementem também.

Além disso, pode-se observar que, entre os sujeitos que integram este grupo

de representantes institucionais e que atuam no âmbito do Sistema UAB, há uma

grande disponibilidade para o compartilhamento dos recursos produzidos nas suas

instituições de ensino. Além de ideias, são compartilhados materiais didáticos

impressos e em outras mídias, projetos de laboratórios, listas de livros, projetos

pedagógicos dos cursos, portarias e resoluções das instituições que possam servir

de modelos, organogramas, entre outros materiais que, certamente, contribuem em

muito com a organização geral do Sistema e com a racionalização dos recursos

empregados.

Esses dados, em seu conjunto, reforçados por três modelos de análise e

consultas a diferentes fontes, se mostraram suficientes para o entendimento de um

processo de gestão, o que denominamos, a título de proposição desta tese, como

"Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede".

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5.2 CONCLUSÕES, LIMITES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Vistas estas considerações acima, concluímos pela compreensão de que à

questão principal desta pesquisa, a qual versa sobre a caracterização de um

processo de gestão colaborativa do conhecimento em rede, obteve-se uma resposta

provisória, entretanto, suficiente para constatar a sua existência, características e

modo de funcionamento.

Na visão deste autor, o processo citado se instituiu e vem se consolidando no

âmbito do Sistema UAB, sendo sua principal característica a efetiva realização em

rede, marcada pelas práticas de colaboração entre as organizações, através dos

sujeitos que a representam.

Além desta constatação, de ordem conceitual, valem destacar os achados

desta pesquisa, decorrentes da busca intensa por atingir os objetivos propostos e

responder à questão principal, buscando através do necessário rigor acadêmico

fundamentar cada ideia, cada busca.

Pode-se observar na identificação deste processo de gestão do

conhecimento, mapeando-o em forma de uma rede, os princípios que a

caracterizam, tais como: autopoiese, intensividade, extensividade, diversidade,

integralidade e realimentação.

Aprendemos que a autopoiese é um princípio que indica que as redes se

assemelham aos sistemas vivos, abertos, capazes de produzirem continuamente a

si próprios, revelando uma capacidade de autorreprodução e de autorregulação. O

Sistema UAB, tendo sido iniciado por sete universidades, que conceberam o Projeto

Piloto, cuja execução já foi realizada por vinte cinco universidades entre 2006 e

2010, tem se expandido e reproduzido o modelo de gestão do Piloto para o seu

modelo atual.

A UAB, segundo o histórico que consta do seu portal na Internet

<www.uab.capes.gov.br>, já contava, em 2010, com 88 Instituições de Ensino

Superior e mais de 127 mil estudantes matriculados, e 557 Polos de Apoio

Presencial, chegando hoje, em 2015 a 102 instituições de ensino, mais de

quatrocentos cursos e mais e 250 mil estudantes, ratifica a sua natureza

autopeietica, ampliando-se, reproduzindo-se e fortalecendo-se ao longo do tempo.

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Além desta propriedade, autopoiética, as redes se caracterizam ainda pela

sua intensividade, característica que se refere à sua capacidade de envolver um

número maior de pessoas no local onde atua e pela extensividade que diz respeito à

sua expansão para outros territórios. Na rede formada pelo conjunto de instituições

que compõem o Sistema UAB, pode-se constatar a presença destas propriedades

desde a sua origem, vez que esta rede cresceu, aumentando o numero de pessoas

envolvidas e expandindo a sua abrangência territorial desde a sua origem com o

projeto piloto, que saltou de sete para vinte cinco instituições antes mesmo de iniciar

o curso, e que continuou crescendo ao longo da sua existência, durante o período

estudado.

A diversidade é outra propriedade das redes que foi amplamente ratificada no

decorrer desta pesquisa, vez que a análise dos dados demonstra a capacidade de

reproduzir no sistema as ações realizadas pelas suas unidades, constatada nas

declarações dos representantes institucionais quanto à adoção de ideias e

experiências de outros que foram publicadas nos encontros presenciais e no

ambiente virtual utilizado para interagir com os seus pares.

O Sistema UAB também demonstra a integralidade das suas ações,

propriedade revelada ao ficar evidenciada a adoção da colaboração entre os

diversos nódulos ou pontos da sua rede para fortalecer o conjunto, assim como a

realimentação, propriedade caracterizada pelo surgimento de novas ações que

possibilitam a transformação, tanto de unidades quanto do conjunto da rede.

Outra constatação desta pesquisa, obtida ao descrever o processo e

identificar as suas características, nuances, regularidades, possibilidades de

reprodução em situações diversas, foi compreendê-lo como sistema de gestão

inovador, que pode contribuir para que as universidades e institutos que o integram,

reconheçam-no como um modelo a ser seguido e pode ainda ser sistematizado e

ampliado para outros setores.

Esse reconhecimento poderá levar à formalização deste processo

colaborativo, permitindo que outras organizações possam valer-se dele para

situações em que a gestão permita o uso em condições semelhantes.

O processo de gestão colaborativa do conhecimento em rede no Sistema

Universidade Aberta do Brasil, identificado em seus aspectos gerais e fundamentais,

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apresentando suas características e representado graficamente, através do

mapeamento cognitivo, pode tornar-se mais evidente para os atores que o

construíram, representantes das Universidades e Institutos, que fazem parte do

Sistema UAB e também os representantes da CAPES, responsáveis pela sua

Coordenação.

Nesse sentido, considera-se que um processo inovador de gestão surgiu e

vem sendo desenvolvido no âmbito do Sistema UAB, desde a sua fundação,

observando-se que este processo, ainda embrionário, poderá dar origem um modelo

de gestão apropriado para sistemas semelhantes, como uma proposta a ser

desenvolvida no futuro, denominada Gestão Colaborativa do Conhecimento em

Rede – GCCR.

Nesta pesquisa, demonstrou-se a gênese deste modelo, suas características,

limites e perspectivas, buscando dar-lhe visibilidade e contribuir para a reunião de

esforços, no sentido que seja reconhecido como modelo inovador de gestão do

conhecimento, a ser desenvolvido pelos que possam se interessar e aplicado com a

intencionalidade de consolidação de um processo singular, eficaz, colaborativo e

inovador no contexto organizacional.

Também pelo que vimos em nossas reflexões teóricas sobre a origem de todo

o conhecimento humano no indivíduo e sobre as suas características como um

atributo pessoal do sujeito, entendemos que o processo de gestão do conhecimento,

sistematizado, estruturado em forma de rede e fundado na colaboração interpessoal

e interorganizacional, pode se tornar um diferencial para organizações que decidam

criar e alimentar mecanismos de conversão do conhecimento como estratégia

gerencial, criando o ambiente favorável a tornar tanto mais explícitos quanto

possíveis os conhecimentos táticos dos diversos atores que a compõem.

Salientamos que este estudo inicial pode ser ampliado e suas conclusões

ratificadas com a continuidade do mapeamento cognitivo dos diversos processos de

gestão do conhecimento no âmbito do Sistema UAB, revisando o macroprocesso,

tendo em vista que ele é dinâmico e está constantemente sofrendo alterações que

criam novos fluxos de conhecimento, bem como o mapeamento de cada um dos

microprocessos que são segmentos do macro.

Esta ampliação, uma vez realizada de forma participativa, envolvendo as

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diversas universidades e institutos que compõem o Sistema UAB, permitiria o seu

aperfeiçoamento e, certamente, revelaria outros aspectos que não ficaram evidentes

nesta pesquisa, tendo em vista os recortes que foram feitos para viabilizá-la no

espaço de tempo empregado, e com os recursos disponíveis, dada a grandiosidade

do Sistema UAB, com as suas mais de cem instituições de ensino superior, mais de

duzentos e cinquenta mil estudantes, presença em quase todos os estados da

federação e número de cursos que ultrapassa os quatrocentos desde a sua

fundação até os dias atuais.

Um passo importante para a consolidação desta capacidade e interesse em

trabalhar colaborativamente na gestão do conhecimento que circula no Sistema

UAB, evidenciada nesta pesquisa, seria a construção de um software específico

para dar suporte às interações colaborativas.

A criação de um sistema informatizado que fosse capaz de integrar estas

informações que estão dispersas no ATUAB no formato de fóruns em uma base de

dados e disponibilizá-las para todos os atores das instituições que integram a

Universidade Aberta do Brasil, poderia potencializar os seus resultados e torna-los

mais estruturado e acessível. Além disso, esse sistema poderia ter um software de

mapeamento cognitivo integrado, de fácil manuseio, que viabilizasse a construção

de mapas destes processos (tanto o macro como os micro processos), deixando-os

editáveis para que todos pudessem colaborar na sua construção e disponíveis para

que todos pudessem se beneficiar.

Neste processo de permanente construção de conhecimento em rede sobre o

Sistema UAB, duas forças potenciais seriam canalizadas para o aperfeiçoamento da

gestão do conhecimento. A primeira seria a criação das condições para a conversão

dos conhecimentos tácitos, de cada ator do processo, em conhecimento explícito,

formal e público, e a segunda seria a concretização da ideia da pirâmide (iceberg) da

colaboração, na medida em que as condições para fazer emergirem as colaborações

informais, vistas no corpo teórico desta pesquisa como o maior e mais forte tipo de

colaboração, seriam criadas e consolidadas, permitindo um melhor aproveitamento

formal das trocas de conhecimento e ajudas mútuas que ocorrem de forma paralela

aos processos formais de colaboração, como foi evidenciado também nas análises

aqui realizadas.

Estas novas ideias sobre a colaboração, acima citadas, constituem mais um

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dos achados da pesquisa, acrescido aos estudos no período do estágio sanduiche

na Open University, quando tive contato com os estudos sobre as competências

chave para a sociedade do século XXI, dentre as quais a colaboração surge como

uma competência em destaque, citada e debatida em todos os textos e documentos

utilizados para o aprofundamento dos estudos.

Outro ponto a destacar e apontar como um tema inovador, passível de

estudos futuros e aprofundamento para contribuir com a educação, a sociedade e o

processo de gestão colaborativo em rede é o conceito de Recursos Educacionais

Abertos (REA) devido a sua importância na ampliação do acesso ao conhecimento

por toda a sociedade. Ficou evidente a necessidade de adoção destes princípios da

licença livre para dinamizar o compartilhamento de conhecimentos e de recursos no

Âmbito do Sistema UAB, sendo que a mesma ideia pode ser de ampliada para a

educação como um todo no Brasil, marcado por uma politica de distribuição de

conteúdos fechada e monopolizada pelas editoras.

Por fim a identificação, o reconhecimento e formalização deste processo de

Gestão Colaborativa do Conhecimento em Rede (GCCR), percebido por este

pesquisador na sua vivência desde a criação do Sistema UAB e caracterizado nesta

tese como um processo de gestão do conhecimento singular, nascido e

desenvolvido no seu interior, e que vem se consolidando ao longo da sua existência,

poderia aperfeiçoá-lo, tornando-se uma ferramenta de gestão do conhecimento que

poderia ser utilizada de forma mais eficaz na Universidade do Estado da Bahia, na

Universidade Aberta da Brasil, nas instituições de ensino superior que a integram.

Melhor estruturado, este processo de gestão poderia ainda migrar para outros

setores da sociedade, incentivando e permitindo o melhor aproveitamento de duas

qualidades humanas essenciais, a solidariedade, através da colaboração e o

conhecimento, através da sua conversão em conhecimento aberto e do seu

compartilhamento generoso para a sociedade.

Outro aspecto a ser destacado é o potencial deste processo de gestão

colaborativa do conhecimento em rede para permitir uma visão crítica do Sistema

UAB de modo a possibilitar-lhe maior abertura e flexibilidade, vez que, como dito por

alguns sujeitos entrevistados, observados em suas interações nos ambientes ou em

respostas aos questionários aplicados, muitas vezes as suas regras impõem limites

estreitos de atuação das instituições integrantes, na medida em que emanam

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normas rígidas e uniformes a serem seguidas por todas, sem levar em conta as suas

peculiaridades.

Neste caso a sistematização do conhecimento em plataformas de gestão,

poderia, na visão deste pesquisador, abrir espaços de liberdade de ação institucional

para além da imposição de modelos, tendo em vista o manancial de possibilidades

que ficariam disponíveis e integralizadas ao sistema, dando visibilidade aos

procedimentos e à diversidade de modelos adotados pelas instituições, para que

seus gestores pudessem ter maior clareza nas discussões de parâmetros de

financiamento, de definições de papéis e de normas a serem observados lado a lado

pelas parcerias estabelecidas no âmbito do sistema.

Este aspecto caracteriza-se como o maior desafio a ser enfrentado num

processo de gestão em rede, pois uma vez conhecido, sistematizado, aperfeiçoado

e tornado eficaz, resta o propósito de torná-lo flexível e adaptável às realidades de

cada um dos seus integrantes, vez que, a padronização inicial, que pode ter sido

necessária para a implantação do processo, não deve se tornar uma camisa de força

e impedir a sua consolidação de forma plural, diversa, identificada com a realidade

local e a identidade institucional.

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APÊNDICE 1 – RELATÓRIO PDSE

Relatório Final - Estágio de Doutorado Sanduiche no Exterior através do PDSE

CAPES.

Bolsista: Silvar Ferreira Ribeiro

Processo: BEX 3517/13-6

Instituição: Open University – Knowledge Media Institut – KMi

Orientadora Estrangeira: Alexandra Lilavati Pereira Okada

Orientador Brasileiro: José Cláudio Rocha

Programa de Pós-Graduação no Brasil: Doutorado Multiinsitutcional e Multidisciplinar

em Difusão do Conhecimento – UFBa (sede).

1. Avaliação Geral (Conceito e Comentários)

Adaptação à cultura e ambiente de trabalho (Bom)

A adaptação ao ambiente de trabalho foi excelente. A Open University oferece

uma boa Infra-estrutura no laboratório em que fiz meu estágio de doutorado

sanduiche, denominado Knowledge Media Institut (KMi). O acesso às instalações

pode ser diário, nos horários comerciais e full time, (à noite, sábados, domingos e

feriados), mediante utilização de senha de acesso e comunicação à segurança. Isso

permitiu uma grande flexibilidade, pois normalmente me dirigia à universidade

nestes períodos para adiantar meus estudos. Quanto à adaptação à cultura foi um

pouco mais difícil, principalmente no campo da alimentação. Por ser vegetariano tive

grandes dificuldades com o tipo de alimento inglês, muito rico em batata do reino,

pimentas, condimentos fortes, frituras, enlatados, industrializados e pratos prontos

vendidos nos supermercados. A solução foi adquirir os ingredientes e preparar em

casa as refeições. Ainda no quesito cultura, enfrentei uma grande dificuldade para

alugar a casa que residi nestes seis meses, devido a exigências de documentos,

salientando que os meus documentos de emprego e renda no Brasil não foram

aceitos pela imobiliária, inclusive os fornecidos pela CAPES como comprovação de

recebimento de bolsas de estudos. A única solução foi a Open University emitir um

documentos atestando a minha renda em papel timbrado da universidade com

assinatura do orientador.

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Aluguei uma casa próxima à Universidade, distância a pé de dez minutos e utilizei

muito a bicicleta como meio de transporte.

A diferença de moeda também foi um item a ser destacado, vez que no

período do estágio houve uma grande desvalorização do real em relação à libra e

isso causou prejuízo. Ao sair do Brasil a Libra valia R$3,07 e até o retorno já estava

cotada em R$4,11 reais. Existe uma grande dificuldade em transferir dinheiro do

Brasil para o exterior e lá uma dificuldade também em abrir conta bancária. Se a

capes pudesse mediar essa operação seria muito importante, inclusive priorizando o

depósito das bolsas e ajuda de custo em moeda do país de destino ou viabilizando

trocas de moedas no câmbio oficial. Estas trocas, atualmente, só são viáveis vias

corretoras de câmbio e bancos, que por sua vez colocam suas carteiras de câmbio

para realizar as operações sempre com taxas de IOF e valores de mercado,

causando perdas do valor destinado à manutenção do bolsista.

Infra-estrutura básica - espaço de estudo, acesso a computador e rede, etc. –

(excelente)

A Open University disponibiliza um desck (estação de trabalho) no laboratório

com dois armários laterais, 4 gavetas, cadeira de escritório ergonômica e regulável,

linha de telefone na mesa com ramais internos e linha externa, computador desktop,

acesso à Internet com boa largura de banda, email institucional, serviços de

correios, impressoras colorida e preto e branco, ploter e material para confecção de

pôsteres, salas de reunião, auditórios, restaurantes, cozinhas no laboratório com

geladeira, micro-ondas e todos os utensílios, tais como pratos, talheres etc., e ainda

disponibiliza cha e leite para consumo diário. Vale ressaltar que todos estes itens

são assegurados pela taxa de bancada no valor de 4.000,00 (quatro mil) libras GBP

para cada seis meses de estágio/curso.

Adequação da bolsa ao custo de vida (Regular)

O custo de vida na Inglaterra é alto, principalmente os valores de aluguéis de

imóveis, transportes e alimentação. O valor de GBP 1300,00 é viável para

manutenção do bolsista mediante muita economia e restrição de qualidade de vida.

Além destes itens de natureza básica, faz-se necessário ainda a aquisição de roupas

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para enfrentar o frio, sapatos apropriados e gastos com energia para o aquecimento

da residência que também são altos. A viabilidade da sustentação econômica só se

concretiza com soluções do tipo dividir a casa com outras pessoas para reduzir

estes gastos ou residir em alojamentos, alugar quartos em casas compartilhas com a

própria família residente ou outros bolsistas.

Adequação do auxílio ao seguro-saúde (Excelente)

O valor destinado ao seguro de saúde foi suficiente para contratar o serviço

sem acrescentar recursos próprios.

Qualidade de vida do bolsista (Bom)

Salvo as dificuldades apresentadas nos itens acima, relacionadas ao valor da

bolsa baixo em relação ao custo de vida, obrigando a reduzir gastos com moradia e

alimentação, a qualidade de vida em geral pode ser considerada boa, tendo em vista

que a cidade onde fica a Open University (MIlton Keynes - UK) é uma cidade

planejada com trânsito livre de engarrafamentos, muitas ciclovias e muito verde. Não

apresenta índices altos de poluição, possui um bom sistema de transporte públicos e

um comercio muito forte. A assistência médica publica funciona e está disponível

para atender estrangeiros em situação regular de visto. O índice de violência é baixo

e os serviços públicos (coleta de lixo, fornecimento de água, energia eletrica e gás)

têm boa qualidade.

2. Avaliação do programa/depto./IES (em relação ao programa de origem no

Brasil) Atividade de pesquisa do orientador/ colaborador e seu grupo:

(excelente)

Ingressamos no Colearn - grupo de pesquisa do Knowledge Media Institut -

KMi - Open University, liderado pela minha Co-orientadora Alexandra Lilavati Pereira

Okada e composto por pesquisadores de vários países como a própria Inglaterra,

Espanha, Portugal e Brasil. Trata-se um grupo muito ativo e produtivo composto por

pesquisadores experientes que nos proporcionou uma grande abertura para

incrementar a produção acadêmica. O grupo atua em temas contemporâneos tais

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como a coaprendizagem e a coinvestigação, recursos educacionais abertos e

compet6encias chave para a era digital, sendo a orientadora muito ativa e focada em

produzir e disseminar conhecimentos através do grupo pelos diversos meios

disponíveis e através de congressos internacionais que discutem os temas.

Atividade de pesquisa do PPG (excelente)

Foram muitas as atividades desenvolvidas para incrementar as pesquisas dos

grupo e consequentemente a minha pesquisa de tese, tais como a participação em

reuniões regulares presenciais e via web conferência, palestras, congressos,

reuniões de orientação, escrita de papers, estudos sobre metodologia da pesquisa,

utilização do acervo da biblioteca da Universidade, utilização de programas

desenvolvidos na Open University e reuniões com o orientador no Brasil via web

conferência.

Infra-estrutura específica - instrumentos e insumos laboratoriais, etc.

(excelente)

O laboratório KMi (Knowledge Media Institut) da Open University disponibiliza

uma excelente infra-estrutura e serviços para viabilizar as atividades de pesquisa,

tais como desck (estação de trabalho) cadeira de escritório ergonômica e regulável,

linha de telefone na mesa com ramais internos e linha externa, computador desktop,

help desck, acesso à Internet com boa largura de banda, email institucional, serviços

de correios, impressos colorida e preto e branco, ploter e material para confecção de

posteres, salas de reunião, auditórios, restaurantes, cozinhas no laboratório com

geladeira, micro-ondas e todos os utensílios, tais como pratos, talheres etc., e ainda

disponibiliza cha e leite para consumo diário.

Oportunidade de trabalho no campus (monitor ou assistente de pesquisa) Não

se Aplica

Apoio para viagem a congressos (bom)

A Open Univsersity disponibiliza serviços de reserva de taxi e de passagens

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aéreas, impressão de posteres e textos, correios para envio e recebimentos de

encomendas, materiais de escritório, checkin e outras facilidades para apoiar a

participação e/ou a promoção de eventos (palestras, reuniões presencias e virtuais).

O custeio de passagens e hospedagem fica por conta dos bolsistas e dos serviços já

está incluido na taxa de bancada paga pelo bolsista também.

Biblioteca – (excelente)

A Open Univsersity possui uma excelente biblioteca com um grande acervo

disponível para utilização no próprio ambiente de estudos ou para empréstimo. O

empréstimo é muito fácil de ser feito, sendo possivel reservar pelo site da biblioteca

e pegar os livros direto na prateleira utilizando o código de barras do crachá de

identificação do bolsista. O prazo de devolução é extenso (dois meses) e a

renovação é permitida. A devolução dos livros também é facilitada pela ulização do

código de barras da ficha catalogáfica da obra e é feita diretamente pelo usuário

num box dentro da biblioteca onde se passa o livro pelo leitor e deposita-se na urna

de devolução.

3. Produção intelectual (liste somente as derivadas da presente atividade no

exterior):

3.1. Artigos em periódicos:

Estrangeiros (1 Journal)

1) Okada, A.; Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, A. Key skills for co-learning and co-inquiry

in two open platforms: a massive portal (EDUCARED) and a personal environment

(weSPOT). Open Praxis, vol. 7 issue 1, January.March 2015, pp. 00.00 (ISSN 2304-

070X). Acceptance date: 13 January 2015. DOI:

http://dx.doi.org/10.5944/openpraxis.7.1.174

Nacionais (01)

RIBEIRO, Silvar F.; PINTO, Sônia M.C. A Universidade Aberta do Brasil - UAB e o

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Projeto Piloto Curso de Bacharelado em Administração na modalidade a distância na

Bahia. Revista Itinerários - Edição Especial "Cenário da UAB na Bahia". UNESP.

Janeiro 2014.

3.2 Trabalhos aceitos ou apresentados em congressos:

(Estrangeiros) – (7)

1) OKADA, A. L. P. ; RIBEIRO, Silvar F. ; PINTO, S. M. C. . Scientific Literacy through

co-inquiry for non-formal and informal learning. 13th International Public

Communication of Science and Technology. Salvador-Ba – 2014.

2) Okada, A.; Ribeiro, S.; Rocha J.C. GESTÃO COLABORATIVA EM REDE:

MAPEAMENTO DAS PRÁTICAS INOVADORAS NO PROCESSO DE

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA UNIVERSIDADE DO

ESTADO DA BAHIA. Challenges 2013: Aprender a qualquer hora e em qualquer

lugar, learning anytime anywhere. Julho 2013 - ISBN 978-989-97374-2-6.

3) Melaré, D.; Okada, A.; Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, R. Competências-Chave para

coaprender e coinvestigar na era digital. Encuentro Internacional de Educación -

2012-2013. Fundação Telefônica. Madrid-Es.

4) Okada, A.; Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, A. Competências-chave na era digital para

coaprendizagem e coinvestigação. III Colóquio Luso Brasileiro de Educação a

Distância e Elearning - 6 e 7 de dezembro de 2013 – Lisboa-Portugal.

5) Okada, A.; Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, A. A utilização de REA na Universidade

Aberta do Brasil. III Colóquio Luso Brasileiro de Educação a Distância e Elearning - 6

e 7 de dezembro de 2013 – Lisboa-Portugal.

6) Pinto, S.; Ribeiro. Formação em rede para inclusão digital de educadores de

telecentro. A utilização de REA na Universidade Aberta do Brasil. III Colóquio Luso

Brasileiro de Educação a Distância e Elearning 6 e 7 de dezembro de 2013 – Lisboa-

Portugal.

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306

7) Calonego, R.; Correa, A.; Okada, A.; Pinto, Rabello, C.; S.; Ribeiro, S.; Serra,

R.Desarrollo de competencias esenciales en la Cibercultura con co-aprendizaje

basado en co-investigación. Sexto Congreso Internacional de Aprendizaje y

Cibersociedad. 14–15 NOVEMBER 2013 | UNIVERSIDAD NACIONAL DE

EDUCACIÓN A DISTANCIA (UNED) - MADRID, SPAIN.

8) Okada, A.; Pinto, S.; Ribeiro, S. SCIENTIFIC LITERACY THROUGH CO-INQUIRY

BASED ON NON-FORMAL AND INFORMAL LEARNING. 13th International Public

Communication of Science and Technology Conference. Salvador-Brazil -5 a 08 may

2014.

3.3 Livro(s) e capítulo(s) de livro:

Publicados (3)

Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, A. Recursos Educacionais Abertos na Universidade

Aberta do Brasil: limites e perspectivas. In Recursos Educacionais Abertos e Redes

Sociais - Primeira Edição. Okada, Alexandra (Org.). São Luis-Ma, EdUema, 2013.

ISBN 978-85-8227-022-6.

Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, A. Recursos Educacionais Abertos na Universidade

Aberta do Brasil: limites e perspectivas. In Recursos Educacionais Abertos e Redes

Sociais - Segunda Edição. Okada, Alexandra (Org.). São Luis-Ma, EdUema, 2013.

Melaré, D.; Okada, A.; Pinto, S.; Ribeiro, S.; Serra, R. Competências Clave para

coaprender y coinvestigar en la era digital em entornos abiertos y massivos. In

Recursos Educacionais Abertos e Redes Sociais - Segunda Edição. Okada,

Alexandra (Org.). São Luis-Ma, EdUema, 2013.

No prelo (01)

Ribeiro, Silvar. A Educação a Distância e o Futuro da Universidade em Rede: A

gestão do conhecimento no Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Editora da

Universidade Federal de São João Del Rey (No prelo).

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307

4. Avaliação final

4.1 Acadêmica

Recomenda seu orientador/colaborador a outros bolsistas? SIM, fortemente.

Alexandra Lilavati Pereira Okada é uma pesquisadora renomada que atua a

dez anos na Open University e tem uma rede internacional de relacionamentos

acadêmicos muito forte e ampla. Pesquisar com ela me fez aprender as técnicas

eficazes de produção científica e me aumentou exponencialmente a rede de

contatos. Além disso, é uma pessoa simples, acessível, humana e muito, muito

trabalhadora. Quando necessário nos recebeu até em sua casa, além das

orientações na universidade, para nos ajudar na execução das atividades.

Recomenda o departamento a outros bolsistas? (SIM)

O Knowledge Media Institut (KMi) é um laboratório de ponta, conhecido e

respeitado no mundo acadêmico e tem uma produtividade elevada. Qualquer

pesquisador que tiver a oportunidade de atuar naquele laboratório, certamente, terá

muito a aprender e poderá elevar a qualidade da sua atuação profissional.

Seu treinamento aumentou a inserção ou qualidade do trabalho de seu

departamento/grupo no Brasil? (SIM)

Acredito que aumentou sim. a minha ida para este estágio permitiu o aumento

da minha produção acadêmica e isso contribui significativamente para a melhoria da

qualidade de todo o grupo de pesquisa, além de pontuar para o programa de

doutorado da qual faço parte. Em acréscimo, os outros membros do grupo passaram

a se interessar pelos estágios sanduiches e já tenho compartilhado com muitos

deles os caminhos que percorri para obter esta oportunidade. Acredito que outros

participantes do meu programa de pós-graduação e do meu grupo de pesquisa

procurarão trilhar os mesmos caminhos.

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308

4.2 Desempenho da Capes

Processo de seleção e candidatura (Excelente)

Simples, Objetivo e rápido.

Contato (a partir do exterior) - Excelente

O contato através do portal utilizando a senha e o numero do processo é

muito eficaz. Além disso, as pessoas que ficaram responsáveis, especialmente o

Joel Sousa e a Iris Costa.

Eficiência no pagamento das bolsas (Bom)

As bolsas foram pagas de acordo com o cronograma estabelecido e

depositadas diretamente na conta corrente sem nenhuma dificuldade para o seu

recebimento. Só não avalio como excelente, porque o depósito em reais na conta no

Brasil revela ineficiência e causa perdas significativas para o bolsista. Depois de ter

o dinheiro em reais depositado na conta, somos obrigados a cair nas mãos das

casas de câmbio que sempre t6em seus lucros com as transações de remessa de

recursos para o exterior. A melhor opção, em minha opinião é pagar as passagens e

a ajuda de instalação no Brasil e TODAS as bolsas no exterior Já na moeda local

para evitar este problema. Faz-se necessário também ajudar o bolsista na abertura

de conta no exterior para evitar as burocracias locais. Uma sugestão seria utilizar o

próprio Banco do Brasil com regras especiais para só bolsistas, porque nas

condições normais caímos também na carteira de câmbio do próprio banco com as

mesmas regras de mercado. Onde não tiver agência do BB, poderia ser feita uma

parceria com o banco oficial local para abertura destas contas.

Eficiência no pagamento de taxas (péssimo)

O fato da CAPES não pagar esssa taxas para estágios de doutorado

sanduiche praticamente inviabiliza para a maioria das pessoas. No meu caso paguei

uma taxa de 4000 libras GPB que representou em reais mais de 13.000,00 e sem

recursos destinados a essa despesa tive que economizar muito na bolsa e

acrescentar dinheiro do meu salário de professor. Isso refletiu muito na qualidade de

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309

vida, pois tive que alugar uma casa dividida, morar perto da universidade para não

ter despesas de transporte, consequentemente afastado do centro e da mioria dos

serviços da cidade, economizar na alimentação e na aquisição de bibliografias.

Como participei de muitos eventos internacionais, fora da Inglaterra, ainda tive que

economizar para pagar passagens aéreas, hospedagem, alimentação e inscrições

nestes eventos.

Interface digital da Capes para o bolsista (excelente)

Reafirmo comentário acima. Excelente!

4.3 Outros comentários

O estágio de doutorado sanduiche é uma experiência marcante e contribui

significativamente para melhoria da qualidade da pesquisa. O afastamento da

ambiente natural de trabalho e de vida do pesquisador possibilita uma imersão maior

na pesquisa, incrementado o tempo de dedicação aos estudos e o contato com

pesquisadores de outros países e autores até então desconhecidos alarga a base

teórica dos estudos, além de permitir acréscimos de importantes contribuições ao

trabalho acadêmico.

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310

APÊNDICE 2 - QUESTIONÁRIO COORDENADORES UAB

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Este breve questionário visa obter informações sobre as formas de utilização dos ambientescolaborativos nos Sistema UAB, considerando as possibilidades de interação e de desenvolvimentode competências e habilidades que podem contribuir de forma significativa para o processo decolaboração instituido. Procure responder de forma sincera e completa, pois pretendemoscompartilhar a análise com você e seus colegas, visando ajudar a todos a refletir sobre este tema esobre a sua importância na Comunidade de Coordenadores UAB e de Cursos, bem como, para oconjunto das insituitções que integram o sistema. A base de dados desta pesquisa é anônima eaberta. As perguntas se referem às suas interações no âmbito do Sistema Universidade Aberta doBrasil, para analisarmos a efetiva ocorrência da gestão colaborativa em rede e conhecermos suascaracterísticas. Agradecemos sua participação. Silvar Ferreira Ribeiro.

Colaboração no Sistema UAB

Saudações

1. Seu nome ou apelido (opcional caso não queira ser identificado)

2. Quais as comunidade na Internet (web( que você participa?

Outro (especifique)

Ambiente de Trabalho do Sistema Universidade Aberta do Brasil - ATUAB

Ambientes Virutais dos Cursos da sua instutuição

Fóruns de Área do Sistema UAB

Comunidades da sua área de estudos e/ou atuação profissional

3. Qual a sua faixa etária?

Menos de 25 anos

25 a 30 anos

35 a 45 anos

46 a 55 anos

Mais de 55 anos

1

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4. Quais as suas atividades profissionais

Outro (especifique)

Estudante de graduação ou de pós-graduação

Educador (Professor ou tutor)

Coordenador UAB

Coordenador UAB Adjunto

Pesquisador Doutor ou Mestre

Orientador de pós graduação

5. Qual a região do Brasil onde voce vive e trabalha

Outro (especifique a cidade onde trabalha)

Região Norte

Região Nordeste

Região Sudeste

Região Centro-Oeste

Região Sul

2

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Colaboração no Sistema UAB

6. O que você faz para colaborar nos ambientes WEB que participa?

Outro (especifique)

Incluo perguntas quando tenho dúvidas

Incluo questões para provocar maior reflexão

Faço comentários nos espaços de interação

Compartilho links (url de imagens, sites, videos) de interesse

Compartilho arquivos (ex.: pdf, mp3, jpg) de interesse

Registro novas ideias e sugestões

Organizo as contribuições dos outros no ambiente

Ajudo a todos que necessitam indepedente de proximidade e posição hierárquica no ambiente

Contribuo para que os objetivos coletivos sejam atingidos

Não participo de discussões no Ambiente, apenas leio as postagens dos outros para me manter informado.

7. O que você faz para conseguir maior interação e estimular a colaboração nos ambientes web queparticipa, principalmente, no Sistema UAB

Outro (especifique)

Procuro ampliar as redes de contatos do Grupo

Tento aproximar participantes com interesses comuns

Interajo com comentários positivos para fortalecer os elos do grupo

Faço sugestões e críticas construtivas visando atingir os objetivos propostos

Compartilho informações do interesse particular dos participantes e geral do grupo

Incentivo o consenso do grupo para facilitar decisões

Contribuo para a avaliação geral do grupo sempre que necessário

Contribuo com a avaliação em parceria para que outros aprimorem suas ideias também

Aproveito as críticas-construtivas que recebi para aprimorar meus conhecimentos

3

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8. O que você faz para sistematizar conhecimentos compartilhados visando ampliar a visão global eindividual?

Outro (especifique)

Faço conexões entre as ideias individuais e coletivas

Contribuo com esquemas/mapas para representar conhecimentos

Visualizo e comento representações gráficas para maior reflexão compartilhada

Compartilho reflexões para mostrar o que penso

Compartilho interpretações para construir significados com outros

Sintetizo contribuições individuais e coletivas para compreender melhor com outros

Faço auto-avaliação para aprimoramento pessoal

Planejo minhas ações para aprimorar minha aprendizagem

Compartilho as minhas produções finalizadas com licença livre

4

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9. Quando tem dúvidas sobre procedimentos, normas e informações diversas sobre o Sistema UAB comovocê procede?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Pesquisa Soluçõesencontradas por outrasinstituições no ATUABou nos Fóruns de Áreas

Leva suas questões edúvidas para osencontros deCoordenadores UAB,Coordenadores deÁreas e EncontrosRegionais

Pede ajuda eesclarecimentos acolegas maisexperientes do SistemaUAB por e-mail outelefone

Posta sua dúvida noATUAB e espera ascontribuições de todoscom ideias e sugestões

Resolve suas dúvidasdireto com a CAPESatravés dos seuscontatos naquelaCoordenação

Cria soluções internasna Universidade

Outro (especifique)

5

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Colaboração no Sistema UAB

10. Quando você encontra uma questão feita por outro colega no ATUAB ou no Fórum de Área, buscandoresolver problemas que você já experimentou na sua instituição, como procede?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Responde no ATUABesclarecendo as dúvidasdo colega

Não se manifestaporque muita gente já ofez ou fará

Envia as suasorientações diretamenteao colega por email

Apresenta sua opiniãomesmo que não tenhacoseguido resolver oproblema na suauniversidade

Outro (especifique)

6

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11. Quando precisa elaborar material didático em qualquer mídia o que você faz?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Pesquisa no SISUAB seestes materiais jáexistem, elaborados poroutras universidades, eestão disponiveis

Adota os materiais jáexistentes semalterações adaptando-osàs necessidades dosseus alunos

Solicita autorização dauniversidade e dosautores sempre queutiliza materiaisdisponiveis no SISUAB

Elabora materias novospois sempre são maisadequados aos seusestudantes;

Outro (especifique)

7

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12. Quado sua instituição produz materiais didáticos em qualquer mídia na âmbito do Sistema UAB comoprocede?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Disponibiliza no ATUABcom licença copyrightpara serem utilizadospelas outrasUniversidedes, medianteautorização prévia

Disponibiliza no ATUABcom licença aberta (ex:creative commons) paraserem utiilizados e/oumodificados pelasoutras Universidades

Nunca disponibiliza noSISUAB porque osautores não permitem

Não disponibiliza noSISUAB, mas enviapara as universidadesquem solicita, mediantetermo de compromissosem ônus;

Outro (especifique)

8

Page 324: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

Colaboração no Sistema UAB

13. Na sua opinião, os mecanismos de colaboração, online e presenciais (ATUAB, SISUAB, Fóruns eEncontros), do Sistema UAB, lhe ajudam efetivamente na gestão do conhecimento sobre o Sistema e suaparticularidades?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

ATUAB

FORUM DECOORDEDORES UAB

FÓRUNS DE ÁREASDO CONHECIMENTO

ENCONTROSNACIONAIS DECOORDENADORESUAB

ENCONTROS DEREGIONAIS DECOORDENADORES DEPOLOS, IES EMANTENEDORES

Outro (especifique)

9

Page 325: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

14. Voce identifica, no sistema UAB, o que é mais decisivo para que a colaboração entre pessoas einstituições ocorra?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Atitude pessoal altruista

Prevalecimento dasnormas do Sistema

Combinação dasatitudes com asobrigações normativas

Outro (especifique)

15. Você atualiza os dados da sua instituição e/ou do seu curso no SISUAB e sempre que precisa deinformações sobre o Sistema UAB recorre a esse ambiente? Justifique a sua resposta.

Justifique sua resposta

Não atualizo os dados

Sim, mantenho sempre atualizados

Procuro informações no SISUAB e sempre as encontro

Nunca procuro informações no SISUAB

10

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16. Você participa ativamente do ATUAB, discutindo os tema propostos e sempre que precisa deinformações sobre o Sistema UAB procura neste ambiente?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Participo e dou asminhas contibuiçõespara a resolução deproblemas comuns dasuniversidades

Encontro no ATUAB asinformações que precisono meu dia a dia

Recorro ao ATUABsempre que não tenhocerteza de algumprocedimento doSistema UAB

Utilizo o ATUAB receberas informações earquivos enviados pelaDED CAPES

Utilizo o ATUAB paraparticipar daschamadas/editaisdivulgados atravésdesse ambientes

Outro (especifique)

11

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311

APÊNDICE 3 - QUESTIONÁRIO COORDENADORES UNEB

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Este breve questionário visa obter informações sobre os processos de gestão colaborativa noSistema UAB, considerando as possibilidades de interação e de desenvolvimento de competências ehabilidades que podem contribuir de forma significativa para a qualidade das suas ações. Procureresponder de forma sincera e completa para termos uma visão consistente destes processos. As análises serão compartilhadas com a Comunidade de Coordenadores UAB e de Cursos, bemcomo, para o conjunto das insituitções que integram o sistema. As perguntas se referem às suasinterações no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil e na UNEB, para analisarmos aefetiva ocorrência da gestão colaborativa em rede e conhecermos suas características. Agradecemos sua participação. Silvar Ferreira Ribeiro.

Colaboração na UNEB (Sistema UAB)

Saudações

1. Quais as comunidade na Internet (web) que você participa?

Outro (especifique)

Sistema de Gestão da Universidade Aberta do Brasil - SISUAB

Ambientes Virtuais dos Cursos da sua instutuição

Fóruns de Área do Sistema UAB no ATUAB

Comunidades da sua área de estudos e/ou atuação profissional

2. Qual a sua faixa etária?

Menos de 25 anos

25 a 30 anos

35 a 45 anos

46 a 55 anos

Mais de 55 anos

1

Page 329: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

3. Quais as suas atividades profissionais

Outro (especifique)

Estudante de graduação ou de pós-graduação

Educador (Professor ou tutor)

Coordenador de Curso UAB

Vice-Coordenador de Curso UAB

Pesquisador Doutor ou Mestre

Orientador de pós graduação

2

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Colaboração na UNEB (Sistema UAB)

4. O que você faz para colaborar nos ambientes WEB que participa?

Outro (especifique)

Incluo perguntas quando tenho dúvidas

Incluo questões para provocar maior reflexão

Faço comentários nos espaços de interação

Compartilho links (url de imagens, sites, videos) de interesse

Compartilho arquivos (ex.: pdf, mp3, jpg) de interesse

Registro novas ideias e sugestões

Organizo as contribuições dos outros no ambiente

Ajudo a todos que necessitam indepedente de proximidade e posição hierárquica no ambiente

Contribuo para que os objetivos coletivos sejam atingidos

Não participo de discussões no Ambiente, apenas leio as postagens dos outros para me manter informado.

5. O que você faz para conseguir maior interação e estimular a colaboração nos ambientes web queparticipa, principalmente, no Sistema UAB

Outro (especifique)

Procuro ampliar as redes de contatos do Grupo

Tento aproximar participantes com interesses comuns

Interajo com comentários positivos para fortalecer os elos do grupo

Faço sugestões e críticas construtivas visando atingir os objetivos propostos

Compartilho informações do interesse particular dos participantes e geral do grupo

Incentivo o consenso do grupo para facilitar decisões

Contribuo para a avaliação geral do grupo sempre que necessário

Contribuo com a avaliação em parceria para que outros aprimorem suas ideias também

Aproveito as críticas-construtivas que recebi para aprimorar meus conhecimentos

3

Page 331: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

6. O que você faz para sistematizar conhecimentos compartilhados visando ampliar a visão global eindividual?

Outro (especifique)

Faço conexões entre as ideias individuais e coletivas

Contribuo com esquemas/mapas para representar conhecimentos

Visualizo e comento representações gráficas para maior reflexão compartilhada

Compartilho reflexões para mostrar o que penso

Compartilho interpretações para construir significados com outros

Sintetizo contribuições individuais e coletivas para compreender melhor com outros

Faço auto-avaliação para aprimoramento pessoal

Planejo minhas ações para aprimorar minha aprendizagem

Compartilho as minhas produções finalizadas com licença livre

4

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7. Quando tem dúvidas sobre procedimentos, normas e informações diversas sobre o Sistema UAB comovocê procede?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Pesquisa Soluçõesencontradas por outrasinstituições no ATUABou nos Fóruns de Áreas

Leva suas questões edúvidas para osencontros deCoordenadores deÁreas e EncontrosRegionais

Pede ajuda eesclarecimentos acolegas maisexperientes do SistemaUAB por e-mail outelefone

Posta sua dúvida noFórum da Área e esperaas contribuições detodos com ideias esugestões

Resolve suas dúvidasdireto com a suaCoordenação ou comCAPES através dosseus contatos naquelaCoordenação

Cria soluções internasna Universidade

Outro (especifique)

5

Page 333: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

Colaboração na UNEB (Sistema UAB)

8. Quando você encontra uma questão feita por outro colega no ATUAB ou no Fórum de Área, buscandoresolver problemas que você já experimentou na sua instituição, como procede?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Responde no ATUAB ouno Fórum de Áreaesclarecendo as dúvidasdo colega

Não se manifestaporque muita gente já ofez ou fará

Envia as suasorientações diretamenteao colega por email

Apresenta sua opiniãomesmo que não tenhacoseguido resolver oproblema na suauniversidade

Outro (especifique)

6

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9. Quando precisa elaborar material didático em qualquer mídia o que você faz?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Pesquisa no SISUAB seestes materiais jáexistem, elaborados poroutras universidades, eestão disponiveis

Adota os materiais jáexistentes semalterações adaptando-osàs necessidades dosseus alunos

Solicita autorização dauniversidade e dosautores sempre queutiliza materiaisdisponiveis no SISUAB

Elabora materias novospois sempre são maisadequados aos seusestudantes;

Outro (especifique)

7

Page 335: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

10. Quado sua instituição produz materiais didáticos em qualquer mídia na âmbito do Sistema UAB comoprocede?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Disponibiliza no SISUABcom licença copyrightpara serem utilizadospelas outrasUniversidedes, medianteautorização prévia

Disponibiliza no SISUABcom licença aberta (ex:creative commons) paraserem utiilizados e/oumodificados pelasoutras Universidades

Nunca disponibiliza noSISUAB porque osautores não permitem

Não disponibiliza noSISUAB, mas enviapara as universidadesquem solicita, mediantetermo de compromissosem ônus;

Outro (especifique)

8

Page 336: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

Colaboração na UNEB (Sistema UAB)

11. Na sua opinião, os mecanismos de colaboração, online e presenciais (ATUAB, SISUAB, Fóruns eEncontros), do Sistema UAB, lhe ajudam efetivamente na gestão do Curso que você Coordena (atua)?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

ATUAB

FORUM DECOORDEDORES UAB

FÓRUNS DE ÁREASDO CONHECIMENTO

ENCONTROSNACIONAIS DECOORDENADORESUAB

ENCONTROS DEREGIONAIS DECOORDENADORES DEPOLOS, IES EMANTENEDORES

Outro (especifique)

9

Page 337: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

12. Voce identifica, no sistema UAB, o que é mais decisivo para que a colaboração entre pessoas einstituições ocorra?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Atitude pessoal altruista

Prevalecimento dasnormas do Sistema

Combinação dasatitudes com asobrigações normativas

Outro (especifique)

13. Você atualiza os dados da sua instituição e/ou do seu curso no SISUAB e sempre que precisa deinformações sobre o Sistema UAB recorre a esse ambiente? Justifique a sua resposta.

Justifique sua resposta

Não atualizo os dados

Sim, mantenho sempre atualizados

Procuro informações no SISUAB e sempre as encontro

Nunca procuro informações no SISUAB

10

Page 338: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

14. Você participa ativamente dos Fóruns de Área, discutindo os temas propostos e sempre que precisa deinformações sobre o Sistema UAB procura neste ambiente?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Participo e dou asminhas contibuiçõespara a resolução deproblemas comuns dasuniversidades

Encontro nos Fóruns deÁrea as informações quepreciso no meu dia a dia

Recorro aos Fóruns deÁrea sempre que nãotenho certeza de algumprocedimento doSistema UAB

Utilizo os Fóruns deÁrea receber asinformações e arquivosenviados pela DEDCAPES

Utilizo os Fóruns deÁrea para participar daschamadas/editaisdivulgados atravésdesse ambientes

Outro (especifique)

11

Page 339: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) UNIVERSIDASDE …£o_Final.pdf(REA) e o aprofundamento das técnicas da cartografia cognitiva, amplamente empregada. ... discussions on Open Educational

15. Quais as atividades colaborativas (inclusive ideias) do Sistema UAB que já beneficiaram diretamente oCurso que voce Coordena (ou atua)?

Nunca Raramente Algumas Vezes Sempre

Compartilhamento dematerial didático(impresso, video eoutras midias)

Capacitação de pessoaldocente (professores,autores, tutores) outécnico

Modelo de projetospedagógicos do curso

Especificação delaboratórios

Listas de acervobibliográfico

Aquisição de livros paraas bibliotecas dos polos

Trocas de ideias sobrepráticas pedagógicas ousoluções técnicas quederam certo em outrasinstituições

Modelos pedagógicos,inclusive de avaliaçãode aprendizagem

Formas de realização deAtividades CurricularesComplementares,Estágios e TCCs

Outro (especifique)

12