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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA EXTRAÇÃO ELETROQUÍMICA DE CLORETOS E DA REALCALINIZAÇÃO EM CONCRETOS CARBONATADOS Marianna Luna Sousa Rivetti. Salvador 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA EXTRAÇÃO ELETROQUÍMICA DE CLORETOS E DA REALCALINIZAÇÃO EM CONCRETOS CARBONATADOS

Marianna Luna Sousa Rivetti.

Salvador

2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA EXTRAÇÃO ELETROQUÍMICA DE CLORETOS E DA REALCALINIZAÇÃO EM CONCRETOS CARBONATADOS

Marianna Luna Sousa Rivetti.

Projeto de Pesquisa apresentado ao PROGRAMA

DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

como requisito parcial à obtenção do título de

DOUTORA EM ENGENHARIA CIVIL.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Veras Ribeiro.

Agência Financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES).

Salvador

2017

RESUMO

O concreto armado é possivelmente o material mais utilizado no mundo,

devido à combinação satisfatória entre as propriedades do aço e do concreto. O

concreto fornece uma barreira física que protege a armadura dos agentes

agressores, além de propiciar, através da sua alcalinidade, a formação de uma

película passivadora em torno do aço que o protege do processo corrosivo.

Entretanto, o concreto é um material poroso e apresenta fissuras, o que possibilita a

entrada de agentes agressores, como o gás carbônico e os íons cloro, que destroem

a camada passivadora, deixando a armadura suscetível à corrosão. A corrosão é

uma das principais causas de deterioração das estruturas de concreto armado e

vem gerando custos adicionais com manutenção e reparo. Diante disso, vários

estudos vêm sendo desenvolvidos com o intuito de diagnosticar e remediar os

problemas ocasionados pela corrosão. Entre as alternativas disponíveis para reparo

de estruturas carbonatadas ou submetidas ao ataque por cloretos, a realcalinização

química e eletroquímica, no caso do concreto carbonatado, e a dessalinização, no

ataque por cloretos, são técnicas promissoras. A realcalinização é capaz de

restabelecer a alcalinidade do concreto, possibilitando a reconstituição da camada

passivadora. Já a extração eletroquímica é capaz de remover os cloretos presentes

no concreto, fornecendo condições para que a película passivadora seja

restabelecida. Entretanto, não há um consenso na literatura quanto à repassivação

das armaduras e aos efeitos secundários causados no concreto submetidos a estes

métodos de recuperação. Desta forma, o presente estudo visa verificar, por meio de

medidas eletroquímicas (potencial de corrosão e espectroscopia de impedância

eletroquímica), a eficiência dos métodos, para vários níveis de corrosão e tipos de

cimento, verificando as condições nas quais o processo de realcalinização e

dessalinização são mais eficientes. Deste modo, o estudo contribuirá para que as

técnicas sejam utilizadas de forma apropriada para que ocorra a efetiva restauração

das estruturas de concreto, prolongando, assim, sua vida útil.

Palavras-chave: concreto armado; carbonatação; cloretos; corrosão;

realcalinização; extração eletroquímica.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 3

3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7

3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 7

3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 7

4 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 8

4.1 Concreto ......................................................................................................... 8

4.1.1 Microestrutura do Concreto ..................................................................................... 8

4.1.2 Mecanismos de Transporte ..................................................................................... 9

4.2 Mecanismos de Corrosão no Concreto Armado .......................................... 10

4.2.1 Carbonatação ............................................................................................................13

4.2.2 Ataque por Cloretos .................................................................................................15

4.3 Técnicas de Reabilitação do Concreto Armado ........................................... 17

4.3.1 Realcalinização .........................................................................................................17

4.3.2 Extração Eletroquímica de Cloretos ...................................................................22

4.4 Avaliação da Eficiência das Técnicas de Reabilitação do Concreto Armado ... ..................................................................................................................... 25

4.4.1 Potencial de Corrosão .............................................................................................26

4.4.2 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE) .....................................27

5 METODOLOGIA ................................................................................................. 30

5.1 Materiais ....................................................................................................... 31

5.1.1 Cimento Portland ......................................................................................................31

5.1.2 Agregado miúdo ........................................................................................................31

5.1.3 Agregado graúdo ......................................................................................................31

5.1.4 Armadura de aço ......................................................................................................31

5.1.5 Água..............................................................................................................................31

5.1.6 Ânodo ...........................................................................................................................31

5.1.7 Solução Alcalina ........................................................................................................32

5.2 Métodos ....................................................................................................... 32

5.2.1 Caracterização dos materiais ...............................................................................32

5.2.2 Dosagem do concreto e moldagem dos corpos de prova ...........................35

5.2.3 Caracterização do concreto...................................................................................36

5.2.4 Técnicas Eletroquímicas para a Avaliação do Estado de Corrosão das Armaduras ...................................................................................................................................37

5.2.5 Ensaios de Carbonatação e Realcalinização ..................................................39

5.2.6 Ataque por Cloretos e Extração Eletroquímica ...............................................42

5.2.7 Ensaios Complementares ......................................................................................45

5.2.8 Avaliação da Eficiência dos Métodos de Recuperação ................................50

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 51

7 RESULTADOS ESPERADOS ............................................................................ 60

8 IMPACTOS ......................................................................................................... 61

8.1 Acadêmico ................................................................................................... 61

8.2 Científico ...................................................................................................... 61

8.3 Tecnológico .................................................................................................. 61

8.4 Ambiental ..................................................................................................... 61

8.5 Social ........................................................................................................... 62

9 CRONOGRAMA ................................................................................................. 63

1

1 INTRODUÇÃO

Na construção civil, o concreto armado ou protendido é possivelmente o

compósito mais utilizado no mundo, mas, diversos fatores podem levar à sua

deterioração ao longo dos anos, devido a vários motivos. Dentre esses, a corrosão

das armaduras é um problema comum que costuma afetar as estruturas de concreto

armado, sendo causada principalmente pela ação de cloretos ou pela carbonatação.

Segundo Ribeiro et al. (2010a), nos ambientes urbanos e sem elevada concentração

de cloretos, a carbonatação é, geralmente, o principal fenômeno responsável por

desencadear a corrosão. Por outro lado, Wang e Ueda (2009) afirmam que a

corrosão induzida por cloretos é a principal causadora da degradação das estruturas

de concreto armado expostas a ambientes marinhos ou a sais de degelo.

A corrosão das armaduras costuma se caracterizar por um processo lento e

que pode ocasionar acidentes ou até o colapso de estruturas, acarretando acidentes

fatais e gerando prejuízos, o que pode ser evitado ou mitigado com a realização de

manutenções periódicas. Segundo Grochoski e Helene (2008), a parcela dos gastos

com reparos e manutenção, em relação ao total gasto pela indústria da construção

civil, é, em muitos países, superior a 15%, podendo chegar a superar o montante

gasto com novas construções, como ocorre na Itália, em a parcela dos gastos com

manutenção e reparo chega a 57% dos investimentos totais (UEDA; TAKEWAKA,

2007).

O mercado mundial de reparo e proteção de estruturas de concreto armado

vem crescendo nos últimos anos, o que demonstra de forma indireta que os custos

econômicos e sociais da corrosão das armaduras nas estruturas de concreto

armado e protendido estão cada vez mais presentes nas economias dos países

tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento (GROCHOSKI; HELENE, 2008).

Este crescimento se dá pelo fato de as estruturas de concreto armado estarem se

deteriorando precocemente, com intervenções corretivas ocorrendo antes do

previsto, devido à corrosão das armaduras, e resultando, consequentemente, em

perdas para a sociedade.

Do ponto de vista técnico, vários estudos têm sido desenvolvidos para

explicar, diagnosticar e remediar os problemas ocasionados pela corrosão das

armaduras que, dentre as manifestações patológicas do concreto armado no mundo,

apresenta-se com uma elevada incidência, variando de 14% a 58% (NINCE;

2

CLlMACO, 1996; RINCÓN et aI.,1998). Atualmente, seus mecanismos e causas

foram compreendidos e várias soluções já estão disponíveis, mas, a cada dia, novos

produtos surgem no mercado e outros tantos estão em estudo, seja para a

prevenção ou para o tratamento da corrosão (GROCHOSKI; HELENE, 2008),

buscando aumentar a vida útil das estruturas de concreto armado.

Entre as técnicas disponíveis para prevenir a ocorrência de corrosão estão o

uso de inibidores de corrosão e a proteção catódica e, afim de reabilitar as

estruturas de concreto que sofreram corrosão de suas armaduras, estão o reparo

localizado e generalizado (mais comuns), a extração eletroquímica de cloretos,

também conhecida como dessalinização, e a realcalinização do concreto

carbonatado (PAZINI et al.,1998; LOURENÇO, 2014). As técnicas de reparo estão

bem consolidadas no meio técnico, mas, envolvem a remoção do concreto

carbonatado ou contaminado por cloretos, sendo técnicas destrutivas (ARAÚJO,

2009). Além disso, para que a reparação convencional tenha uma longa durabilidade

é necessário remover todo o concreto contaminado, de modo a se evitar a formação

de novos ânodos, e substituir por concretos ou argamassas de qualidade adequada

ao tipo de reparação e ao ambiente da estrutura (LOURENÇO, 2014).

Portanto, a aplicação de métodos eletroquímicos na reabilitação das

estruturas de concreto armado resulta, em geral, em soluções mais eficazes e

econômicas no controle da corrosão (LOURENÇO, 2014; SHAN et al., 2016). A

realcalinização e a dessalinização estão entre as poucas técnicas que possibilitam a

reabilitação das estruturas de concreto armado atacadas pela corrosão de forma não

destrutiva (ARAÚJO, 2009), sendo uma alternativa viável na recuperação dessas

estruturas.

Assim, a presente pesquisa... COMPLETAR

3

2 JUSTIFICATIVA

Mietz (1998) afirma que a realcalinização é o método mais efetivo para

prevenir e interromper a corrosão ocasionada pelo processo de carbonatação,

evitando o alto custo de reparos tradicionais, podendo ser química (RAQ) ou

eletroquímica (RAE), possibilitando restabelecer a alcalinidade do concreto e criando

condições para que ocorra a repassivação das armaduras, aumentando, assim, a

durabilidade das estruturas.

Já Medeiros Júnior et al. (2015) e Romano et al. (2013) afirmam que o ataque

por cloretos é umas das principais causas de degradação das estruturas de concreto

armado, causando corrosão das armaduras. Então, caso a estrutura esteja

contaminada por cloretos é necessário repará-la para evitar custos adicionais no

futuro (SOUZA et al., 2017). A extração eletroquímica de cloretos ou dessalinização

é uma alternativa aos métodos de reparo tradicionais, e consiste em remover os

cloretos presentes no concreto.

Segundo Zou et al. (2017) e Castellote et al. (2006a) os estudos

desenvolvidos na realcalinização se concentraram em entender as características

dos fenômenos envolvidos no método, tais como os mecanismos de transporte

(VELIVASAKIS et al., 1998; MIETZ, 1995; ANDRADE et al., 1999; CASTELLOTE et

al., 2006b; JAŚNIOK; ZYBURA, 2009), a repassivação das armaduras (YEIH;

CHANG, 2005; ARAÚJO, 2009; ZHANG et al., 2013; MIRANDA et al., 2006;

GONZALEZ et al., 2000), a eficiência de diferentes eletrólitos no realcalinização

(MATSUMOTO et al., 2003; GONZÁLEZ et al., 2011; RIBEIRO et al., 2013;

BASTIDAS et al., 2013; ARAÚJO, 2004), os efeitos colaterais sobre as propriedades

do concreto (GLASS; BUENFELD, 2000), e os efeitos sobre propriedades de

concreto (BANFILL, 1997; GLASS; BUENFELD, 2000; YEIH; CHANG, 2005;

FRANZONI et al., 2014). No entanto, existem poucos estudos que avaliem a

influência das características dos materiais na eficiência do método (RIBEIRO et al.,

2013), inclusive com relação à repassivação das armaduras.

Alguns estudos indicam uma tendência de repassivação, no entanto, outros

afirmam que o método de realcalinização não é eficiente, apesar de os resultados

não serem conclusivos (YEIH; CHANG, 2005, REDAELLI, 2011), necessitando de

mais análises. Miranda et al. (2006), González et al. (2011) e Zhang et al. (2013)

afirmam que a realcalinização eletroquímica pode ser aplicada como técnica

4

preventiva em concreto parcialmente carbonatado, confirmando que a

realcalinização é eficiente em atrasar o início da corrosão se usado

preventivamente. No entanto, se aplicados tardiamente, eles não asseguram a

repassivação da armadura para níveis de corrosão avançados. Já Araújo et al.

(2017) afirmam que realcalinização química utilizando solução de hidróxido de

potássio é eficaz na repassivação, entretanto, o método de aplicação utilizado foi a

imersão, sendo esse inviável na prática para estruturas reais.

Trabalhos como os de Gonzalez et al. (2000), Araújo (2009), González et al.

(2011) e Miranda et al. (2006) questionam os resultados do tratamento em relação à

repassivação da armadura e sugerem que a eficiência da realcalinização depende

do nível de corrosão atingido pela armadura durante o seu período de atividade

eletroquímica. Segundo Araújo (2009), nem sempre a técnica de realcalinização é

eficiente na repassivação das armaduras, pois, nos casos em que a carbonatação já

atingiu a armadura e a mesma se encontra em alto grau de corrosão, o tratamento

pode não ter a eficácia desejada ou esperada. Diante do exposto, percebe-se que

ainda existem questões que são motivo de controvérsia, como pode ser visto na

Tabela 1, que mostra, de forma resumida, que não existe um consenso quanto à

reconstituição da camada passivadora das armaduras.

Tabela 1 - Considerações feitas por diferentes autores a respeito do restabelecimento da

camada passivadora no aço, após a realcalinização.

Indicam tendência de repassivação Questionam se ocorre repassivação

Yeih; Chang (2005) Gonzalez et al. (2000)

Redaelli (2011) Miranda et al. (2006)

Ribeiro et al. (2013) González et al.(2011)

FONTE: O autor.

Segundo Ribeiro et al. (2010b), devido às peculiaridades e incertezas das

técnicas eletroquímicas, se faz necessária a obtenção de uma série de valores

indicativos de passivação para concluir a respeito da efetiva repassivação das

armaduras. Embora o estudo desenvolvido por Ribeiro et al. (2013) tenha concluído,

por meio da avaliação do potencial de corrosão, que houve a repassivação das

armaduras, os autores ressaltam que esta técnica, por si só, não é suficiente para

afirmar com precisão se houve a repassivação.

5

A eficiência do tratamento de realcalinização depende do restabelecimento da

alcalinidade do concreto e da reconstituição da camada passivadora ao redor da

armadura, sendo de suma importância a obtenção de resultados conclusivos a esse

respeito. Além dos aspectos mencionados, os efeitos secundários relacionados aos

métodos, como a alteração das características microestruturais do concreto, bem

como o comportamento do método em função de características do material, como o

tipo de cimento, também necessitam de mais estudos (YEIH; CHANG, 2005;

BERTOLINI et al., 1996). Existe ainda o risco de haver manifestações de reação

álcalis-agregado (RAA) nos concretos realcalinizados, o que varia de acordo com o

tipo de cimento, dependendo dos materiais empregados.

A técnica de extração eletroquímica pode alterar a porosidade do concreto,

além de potencializar as reações álcalis-agregado, afetando, também, a aderência

entre o concreto e o aço e ocasionando a fragilização do aço (SOUZA et al., 2017).

Huang et al. (2014) ressaltam a importância de estudar as consequências da

dessalinização no concreto devido às possíveis alterações na microestrutura e

desempenho do material. Siegwart et al. (2003) afirmam que a extração de cloretos

altera o tamanho e a quantidade de poros no concreto, influenciando na sua

resistência e permeabilidade. Souza et al. (2017) e Siegwart et al., (2003) confirmam

que a extração eletroquímica de cloretos altera o tamanho e a distribuição dos

poros, aumentando à absorção de água (SOUZA et al., 2017). Existem, também,

pesquisas que indicam que o método pode propiciar a ocorrência de reação álcalis-

agregado (RAA), mesmo em concretos com agregados silicosos nominalmente

inertes (ORELLAN et al., 2004).

Monteiro (2002) avaliou a eficiência da dessalinização na remoção de cloretos

e restabelecimento da camada passivadora, verificando a influência da relação

água/cimento e cobrimento no método. Monteiro (2002) afirma que há a

reconstituição da camada passivadora verificada por meio do potencial de corrosão,

porém, como citado anteriormente, esta técnica não é suficiente para afirmar com

exatidão se ocorreu a repassivação. Já Kim et al. (2016) analisam a influência do

cimento na remoção do cloretos, no entanto, seus estudos indicam que o tratamento

eletroquímico não conseguiu repassivar as armaduras do concreto contaminado por

cloretos. De acordo com Miranda et al. (2007), a extração eletroquímica, se aplicada

preventivamente, é um procedimento eficiente para atrasar o início do processo

corrosivo, entretanto, se aplicado em um estado avançado de corrosão, não

6

assegura a repassivação. Assim, observa-se que existem muitas lacunas no

entendimento dos efeitos colaterais ocasionados pelo método e da eficiência do

mesmo na repassivação das armaduras, com poucos estudos que avaliem a

influência das características dos materiais na eficiência do método.

Pretende-se, assim, preencher algumas lacunas existentes relacionadas à

verificação da eficiência dos tratamentos, bem como verificar a sua durabilidade e

seus efeitos no concreto, possibilitando o emprego destas técnicas de reparo de

uma forma mais eficaz e, assim, aumentar a vida útil das estruturas de concreto

armado.

7

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

O objetivo do trabalho proposto é a verificação da eficiência das técnicas e

materiais utilizados na realcalinização e extração eletroquímica de cloretos,

verificando quais as características do concreto são mais favoráveis para o sucesso

das técnicas, bem como qual estágio de propagação da corrosão da armadura é

limítrofe para a aplicação de cada uma delas.

3.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo geral deverão ser alcançados os seguintes objetivos

específicos:

- Verificar a eficiência da realcalinização e extração eletroquímica de cloretos

em função do grau de corrosão das armaduras;

- Avaliar o processo de realcalinização e extração eletroquímica de cloretos

quanto à capacidade de restabelecer a camada passivadora das armaduras;

- Analisar a eficácia dos métodos propostos em função das características do

material, verificando as possíveis alterações nas propriedades físicas e químicas dos

concretos;

- Averiguar a durabilidade da realcalinização quando o concreto é submetido

a um novo ciclo de carbonatação.

8

4 REVISÃO DE LITERATURA

Visando a verificação da eficiência da realcalinização e extração

eletroquímica de cloretos é necessário que se compreendam os conceitos

relacionados à tecnologia do concreto, aos mecanismos de corrosão, às técnicas

para reabilitação de estruturas e aos métodos de análise do processo corrosivo.

Esses aspectos serão abordados nos itens a seguir.

4.1 Concreto

O concreto é formado por uma estrutura bastante complexa e heterogênea,

embora seja conhecido como um elemento de alta compacidade e solidez. De

acordo com Mehta e Monteiro (2014), a estrutura do concreto pode ser dividida, em

função de sua escala, em macroestrutura e microestrutura. A sua macroestrutura é

composta por dois constituintes principais, visíveis a olho nu: a pasta de cimento

hidratada e os agregados, sendo o concreto considerado, assim, em nível

macroscópico, um material bifásico. Já a microestrutura do concreto, identificada

com o auxílio de um microscópio, possibilita identificar diversas fases presentes no

concreto: pasta de cimento hidratada, agregados e zona de transição, além de todas

as fases presentes na pasta de cimento (portlandita, C-S-H, etringita, etc.), a

depender do aumento utilizado.

Atualmente, o desenvolvimento do concreto está intimamente ligado ao

estudo de sua microestrutura, permitindo uma melhor caracterização de cada

constituinte e de sua interação com os demais. Desta forma, identificam-se

mecanismos responsáveis pela resistência, estabilidade dimensional e durabilidade

das misturas, permitindo que se atue de maneira a melhorar as características dos

concretos (MEHTA; MONTEIRO, 2014).

4.1.1 Microestrutura do Concreto

A microestrutura do concreto é heterogênea, existindo algumas regiões

densas e outras altamente porosas (MEHTA; MONTEIRO, 2014). Na interface entre

o agregado e a pasta de cimento hidratado (zona de transição), devido ao fenômeno

de exsudação, a relação água/cimento é maior que o restante da pasta de cimento,

o que ocasiona a formação de uma região mais porosa. Essa região é, portanto,

9

menos resistente tanto aos esforços mecânicos quanto à entrada de agentes

agressivos.

A quantidade e a distribuição dos tamanhos dos poros possuem relação direta

com o desempenho do concreto, principalmente quanto à durabilidade e resistência

à penetração de agentes deletérios (CASCUDO, 1997), pois, a durabilidade do

concreto pode ser atribuída à dificuldade de penetração dos agentes agressivos em

sua rede de poros (OLLIVER; TORRENTI, 2014).

Olliver e Torrenti (2014) afirmam que a estrutura porosa do concreto está

relacionada com o desempenho do mesmo frente aos agentes agressivos, podendo

ser formada por vazios abertos interconectados, vazios abertos não interconectados

e vazios fechados, sendo a durabilidade associada à porosidade aberta

interconectada, pois, essa permite a penetração dos agentes agressivos externos

para o interior do concreto (OLLIVER; TORRENTI; 2014). Os poros podem ser

classificados de acordo com o tamanho em: macroporos (poros de ar aprisionado e

poros de ar incorporado), poros capilares e microporos (poros de gel), sendo os

macroporos e poros capilares, devido as suas dimensões, os que possuem maior

influência na durabilidade do concreto (RIBEIRO, 2014). Isso ocorre, pois, os poros

com dimensões maiores que 0,1 micrometros (10-7 m) colaboram para que ocorra o

transporte de massa por difusão, migração iônica, capilaridade e permeabilidade,

enquanto que os poros menores atuam apenas no processo de difusão gasosa e de

difusão e migração iônica.

4.1.2 Mecanismos de Transporte

Os mecanismos de transportes mais influentes no processo de corrosão são:

a permeabilidade, a absorção capilar, a difusão e a migração iônica (RIBEIRO,

2014).

A permeabilidade é uma propriedade macroscópica de materiais porosos que

contêm poros interconectados, sendo definida como a capacidade de passagem de

um fluído devido a um gradiente de pressão (OLLIVER, TORRENTI; 2014), ou seja,

é caracterizada pela facilidade em que um fluido atravessa um sólido poroso devido

a uma diferença de pressão (RIBEIRO, 2014). Segundo Ribeiro (2014) a

permeabilidade do cobrimento do concreto para misturas preparadas com

agregados densos (salvo se houver fissuras) é principalmente determinada pela

10

permeabilidade da pasta de cimento, que depende da relação água/cimento e do

grau de hidratação do mesmo.

A absorção capilar é o fluxo de um fluido devido a um gradiente de umidade,

podendo ser definida, também, como o transporte de líquidos devido à tensão

superficial atuante nos poros capilares do concreto (RIBEIRO, 2014). Ribeiro (2014)

e Olliver e Torrenti (2014) afirmam que a absorção de água no concreto é muito

difícil de ser controlada, pois, quanto menor o diâmetro dos poros capilares, maior a

pressão e, consequentemente, mais rápida é a absorção.

A difusão é o transporte de substâncias de um meio para outro devido a uma

diferença de concentração (RIBEIRO, 2014). Se há diferença de concentração entre

dois meios em contato íntimo, ocorre, por meio da difusão, um transporte do

constituinte da zona mais concentrada para a zona menos concentrada até que

ocorra o equilíbrio das concentrações.

A migração iônica é um mecanismo de transporte que ocorre devido à

existência de um potencial elétrico que possibilita o deslocamento dos íons para

neutralizar o efeito da diferença de potencial (RIBEIRO, 2014).

4.2 Mecanismos de Corrosão no Concreto Armado

A corrosão pode ser definida como um processo de deterioração do material

devido à ação química ou eletroquímica do meio ambiente, resultando em perda de

massa (HELENE, 2014). A corrosão da armadura de aço de uma estrutura de

concreto armado é um processo eletroquímico e ocorre quando há diferença na

concentração de íons dissolvidos no interior do concreto, criando células de

potenciais eletroquímicos, ou células de corrosão, sendo caracterizado por um fluxo

de elétrons e íons entre a região catódica e anódica (SOUSA, 2014). O cátodo e o

ânodo são regiões diferentes da mesma armadura, sendo a região com perda de

seção, a região anódica, onde ocorre efetivamente a corrosão do aço, com o ferro

sendo transformado em íons ferrosos e elétrons, que migram do ânodo para o

cátodo. As áreas da armadura que têm um potencial eletroquímico mais positivo

atuam como cátodos, reduzindo oxigênio e consumindo os elétrons provenientes

das áreas anódicas, em presença de água, para formar íons hidroxilas. Na célula

eletroquímica formada, as barras de aço atuam como condutores elétricos e o

líquido intersticial do concreto é o meio eletrolítico, no qual os íons se movimentam

11

(BAROGHEL-BOUNY et al., 2014). A representação esquemática do processo de

corrosão eletroquímica está exposta na Figura 1.

Figura 1 – Representação do processo de corrosão.

FONTE: modificado de Sousa (2014).

Segundo Sousa (2014), a presença de diferentes potenciais eletroquímicos

que formam as células de corrosão é consequência de heterogeneidades físicas

e/ou químicas na superfície do metal. Nas armaduras de aço, estas

heterogeneidades são causadas, principalmente, por diferenças na concentração de

íons na vizinhança do aço, tais como álcalis, cloretos e oxigênio (SOUSA, 2014).

Podem ser causas de diferenças de potencial entre os pontos da barra: a diferença

de umidade, aeração, tensão no concreto e no aço. Como resultado, na presença do

eletrólito, parte do metal torna-se anódico e outra parte, catódico, formando, assim,

uma pilha eletroquímica.

No ânodo e no cátodo ocorrem as reações representadas pelas equações 1,

2 e 3.

Reação anódica: �� → ���� + 2�� (���çã �� ����çã ) (1)

Reação catódica: �� + 2��� + 4�� → 4��� (���çã �� ����çã ) (2)

2 �� + �� + 2��� + 4�� → 2��(��)� (3)

12

De acordo com Baroghel-Bouny et al. (2014) e Sousa (2014), o hidróxido

ferroso [2Fe(OH)2] pode sofrer novas reações de oxidação, formando diversos

hidróxidos e óxidos, a depender do pH, da temperatura, da quantidade de oxigênio e

de água disponível. Sousa (2014) afirma que, geralmente, o Fe(OH)2 é oxidado para

hidróxido férrico insolúvel [2Fe(OH)3], também representado por Fe2O3.H2O,

denominado popularmente como ferrugem. Esses óxidos e hidróxidos formados

possuem volumes superiores ao do aço, como exposto na Figura 2, que apresenta o

volume dos produtos de corrosão em comparação com o volume inicial de ferro (Fe).

Figura 2 – Volume relativo dos produtos de corrosão.

FONTE: Baroghel-Bouny et al. (2014).

A formação de produtos de corrosão que apresentam volume muito superior

ao ferro metálico (Fe) causa pressões, gerando fissuras e diminuindo, assim, a

aderência entre a barra de aço e o concreto, podendo, também, ocorrer lascamento

e destacamento do concreto (BAROGHEL-BOUNY et al., 2014). A formação destes

produtos expansivos causa a deterioração de estruturas de concreto e, por

conseguinte, diminui sua vida útil.

Contundo, nem todos os produtos de corrosão são prejudiciais às estruturas

de concreto. A formação de Fe3O4, um dos produtos da corrosão da armadura, gera

um filme passivo (película passivadora) compacto e aderente em torno da armadura,

sendo uma barreira física entre o meio corrosivo e a superfície do aço, protegendo-a

13

do processo de corrosão na ausência dos íons cloro (SOUSA, 2014). A formação

deste composto acontece apenas para elevados valores de pH, ou seja, quando o

concreto é alcalino, sendo este estado passivo estável enquanto o concreto

apresentar alcalinidade elevada e estiver isento de íons agressivos como os

cloretos. Contudo, o filme passivo protetor pode ser destruído, em um fenômeno

chamado despassivação, por meio da diminuição do pH do concreto para valores

entre 8 e 9 (carbonatação) e/ou pela existência de cloretos dissolvidos na solução

dos poros (MYRDAL, 2010). Após a despassivação da armadura, esta ficará

suscetível ao processo de corrosão.

As principais causas da corrosão em estruturas de concreto armado são a

penetração de cloretos, em regiões marinhas, e o processo de carbonatação, nos

meios urbanos. Desta forma, para melhor compreensão dos mecanismos da

corrosão, devem-se entender estes dois processos.

4.2.1 Carbonatação

Na ausência de cloretos, a película passivadora do aço é considerada estável

desde que o pH da solução contida nos poros do concreto seja superior a 11,5.

Como o cimento Portland possui elevados teores de álcalis na solução, além de

hidróxido de cálcio sólido (cerca de 20%), o pH do meio, em condições normais, é

superior a 12 (MEHTA; MONTEIRO, 2014). Contudo, as estruturas de concreto

armado, com o passar dos anos, podem sofrer uma redução de pH devido a um

processo conhecido como carbonatação, que desestabiliza a camada passivadora e,

por conseguinte, propicia o início do processo de corrosão. A carbonatação ocorre,

principalmente, em áreas urbanas, que usualmente possuem grande quantidade de

gás carbônico (CO2) emitidos por veículos e parques industriais (GONZÁLEZ et al.,

2011).

A carbonatação é o processo físico-químico de reação entre o gás carbônico

presente na atmosfera e os compostos da pasta de cimento hidratada, saturada

principalmente de hidróxido de cálcio e outros compostos alcalinos, como, o

hidróxido de sódio (NaOH) e o hidróxido de potássio (KOH). Neste processo, o

dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera penetra no interior do concreto por

difusão, reagindo com a água presente nos poros e formando o ácido carbônico. O

14

ácido carbônico reage com a portlandita [Ca(OH)2] formada na hidratação do

cimento, resultando na formação de carbonato de cálcio (CaCO3) (equação 4).

Ca(OH)2 + CO2 + H2O → CaCO3 + 2H2O (4)

O carbonato de cálcio, produto final da carbonatação, tem solubilidade muito

baixa e, consequentemente, precipita dentro dos poros, reduzindo a porosidade do

concreto e dificultando, assim, o progresso da frente de carbonatação.

O carbonato de cálcio provoca uma redução no pH do meio, para valores

próximos a 8, já que o produto formado (CaCO3) é menos alcalino do que a

portlandita (RIBEIRO; CUNHA, 2014a). Observando o diagrama de Pourbaix (Figura

3), que apresenta as regiões de imunidade, passivação e corrosão em um sistema

ferro-água a 25°C, percebe-se que a redução do pH do meio para valores próximos

a 8, para um mesmo potencial de corrosão, leva o sistema da região de passivação

para a região de corrosão. Esta redução do pH é responsável pela desestabilização

da película passivadora, dando início, então, ao processo corrosivo.

Figura 3 - Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água, sem cloretos, a 25°C.

FONTE: Ribeiro e Cunha (2014a).

Segundo Helene (1993) as três regiões do Diagrama de Pourbaix (Figura 3),

podem ser assim descritas, resumidamente:

15

- Imunidade: região onde o potencial do eletrodo é menor que -0,6 V em

relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. Nestas condições em hipótese nenhuma a

armadura reagirá com o meio;

- Passivação: região de formação das películas passivadoras;

- Corrosão: representa as situações onde pode ocorrer a corrosão do aço.

Para a prevenção e tratamento da corrosão ocasionada pela carbonatação,

é necessário entender os mecanismos envolvidos neste processo.

4.2.2 Ataque por Cloretos

A presença de cloretos no concreto, advindos da água do mar, da atmosfera

marinha, de aditivos aceleradores de pega que contenham CaCl2, da água ou

agregados contaminados ou de poluentes industriais, é uma das principais causas

de corrosão das armaduras de concreto armado (ALMEIDA; SALES, 2014). Isso

ocorre, pois os íons cloro agem tanto na fase de iniciação do processo de corrosão,

rompendo a película passivadora, como também na aceleração da propagação da

corrosão (ALMEIDA; SALES, 2014).

Na presença de cloretos, o filme passivador pode ser destruído mesmo para

valores de pH elevados, sendo necessárias pequenas quantidade de cloretos para

despassivar a armadura, pois, o processo está relacionado com a quantidade de

hidróxidos disponíveis nas soluções presentes nos poros do concreto. A

manutenção do filme passivador depende do equilíbrio entre a alcalinidade

(verificada pela quantidade de íons OH-) e a acidez (verificada pela quantidade de

íons Cl-). Desta forma, a relação entre íons cloro e íons hidroxila controla a taxa de

corrosão (MEHTA, MONTEIRO, 2014; RIBEIRO, CUNHA, 2014a; ALMEIDA,

SALES, 2014). Segundo Mehta e Monteiro (2014), para relações molares Cl-/OH-

superiores a 0,6, o filme passivador se torna permeável ou instável, deixando a

armadura desprotegida e suscetível à corrosão.

O processo de corrosão devido à ação dos cloretos é diferente do processo

de corrosão ocasionado pela carbonatação, visto que a corrosão não acontece de

maneira generalizada, mas sim, por pites. Na corrosão por pites os cloretos agem de

forma localizada, rompendo pontualmente a camada passivadora (ALMEIDA;

SALES, 2014). Neste caso, têm-se a formação de micropilhas, em que os pites

16

constituem as zonas anódicas, e o filme passivador a superfície catódica

(BAROGHEL-BOUNY et al., 2014).

Os íons cloro ocasionam uma desestabilização da camada passivadora, ao

reagir com o ferro e formar o hidróxido de ferro (equações 5 e 6). Neste processo, os

cloretos não são consumidos, ficando disponíveis, portanto, para continuar a reagir,

atuando como catalizadores da corrosão (ALMEIDA; SALES, 2014).

Fe + 3Cl- → FeCl3- + 2e- (5)

FeCl3- + 2 OH-1 → Fe(OH)2 + 3Cl- (6)

A influência dos cloretos na despassivação da armadura do concreto armado

pode ser observada pela alteração no diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-

água com presença de cloretos (Figura 4). Neste diagrama, observa-se uma

diminuição na região de passividade em relação ao diagrama de Pourbaix sem a

presença de cloretos (Figura 3). Esta redução se deve à presença das regiões de

corrosão por pites e de passividade imperfeita que ocorrem devido à presença

desses íons. A partir deste diagrama, observa-se, também, que a corrosão pode

ocorrer para todos os valores de pH, inclusive entre 8,5 e 14, faixa de passividade

ou imunidade para o sistema ferro-água sem cloretos.

Figura 4 – Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água, com cloretos, a 25°C.

FONTE: Ribeiro e Cunha (2014a).

17

Nos concretos que não apresentam fissuras, a penetração de cloretos ocorre

principalmente por absorção capilar e difusão (GJORV, 2015). Além disso, diversos

aspectos influenciam a probabilidade de ocorrência de corrosão devido aos íons

cloro, dentre eles, a diminuição na relação água/cimento do concreto, o aumento da

resistividade, o aumento na espessura de cobrimento, a diminuição na umidade

relativa do concreto e o uso de adições minerais tendem a dificultar a ocorrência de

corrosão devido à ação dos cloretos.

4.3 Técnicas de Reabilitação do Concreto Armado

Entre as diversas técnicas disponíveis para reabilitação de estruturas, serão

abordadas neste trabalho a realcalinização e a extração eletroquímica de cloretos,

apresentadas nos itens a seguir.

4.3.1 Realcalinização

A estrutura de concreto armado que sofreu carbonatação, despassivando a

armadura, está suscetível ao processo de corrosão e um dos métodos para reabilitar

essas estruturas é a realcalinização. A realcalinização é um método utilizado para

restabelecer a alcalinidade dos concretos, podendo ser empregado como um

tratamento preventivo ou como corretivo (MIETZ, 1998; MATTILA; PENTTI, 1996).

Essa técnica permite que o concreto carbonatado readquira uma condição

suficientemente alcalina, elevando o pH para níveis em que é possível o

restabelecimento da película passivadora da armadura, sendo um processo não

destrutivo, pois, não é necessária a remoção do concreto.

Segundo Araújo (2004), existem três processos principais envolvidos na

aplicação da técnica de realcalinização. O primeiro é baseado na absorção e difusão

de solução alcalina para o interior do concreto, por ação capilar e de forças

hidráulicas atuantes nos poros do concreto, sendo independente de campo elétrico e

de fluxo de corrente aplicada, ao contrário do segundo, que se baseia na reação

catódica na superfície das armaduras, utilizando um campo elétrico formado por

corrente elétrica induzida. O terceiro processo é caracterizado pelo transporte de

solução alcalina para o interior dos poros capilares do concreto através do fluxo

18

eletro-osmótico, ou seja, sob a aplicação de um campo elétrico (MOREIRA, 2006). A

realcalinização pode ser realizada por técnicas eletroquímicas ou químicas.

4.3.1.1 Realcalinização Química

A realcalinização química ocorre através da absorção e difusão de soluções

alcalinas para o interior do concreto carbonatado através da ação capilar e de forças

hidráulicas, não necessitando de campo elétrico e de fluxo de corrente (ARAÚJO,

2009). Segundo Araújo (2009), a realcalinização química ocorre nos capilares dos

poros do concreto, onde, por meio de forças hidráulicas, a solução alcalina é

absorvida para o seu interior. Desta forma, os íons alcalinos contidos na solução

reagem com os produtos contidos na água dos poros, formando novos produtos e

propiciando a elevação do pH do concreto, assim como a fixação de álcalis no

interior do mesmo até atingir a armadura, possibilitando sua repassivação. A

realcalinização química ocorre da superfície externa para a parte interna do

concreto, como ilustra a Figura 5.

Figura 5 – Evolução ao longo do tempo na realcalinização química.

FONTE: Reus (2017).

A realcalinização passiva é um tipo de realcalinização química (REUS, 2017),

que consiste na aplicação de um material, rico em álcalis, sobre a superfície do

concreto armado a ser realcalinizado (ANDRADE et al., 1997). Segundo Andrade et

al. (1997), a superfície do concreto deve ser mantida úmida para garantir a

mobilidade dos íons alcalinos, sendo que a diferença de concentração destes íons

19

na superfície e no interior do concreto, faz com que estes migrem, por difusão, para

o interior do concreto. Entretanto, o processo é lento, levando semanas, meses ou

até anos para realcalinizar pequenas espessuras de concreto carbonatado (REUS,

2017).

Segundo Reus (2017), as soluções alcalinas mais empregadas nos estudos

de realcalinização química contêm NaOH, KOH, Ca(OH)2, Na2CO3 ou solução tripla,

contendo NaOH, KOH e Na2CO3. Atualmente, no Brasil, já existe uma solução

comercial disponível para realcalinização química, porém, sua composição química

não é conhecida. Já González et al. (2011) afirmam que para realcalinização, em

geral, são utilizadas as soluções eletrolíticas formadas por carbonato de sódio

(Na2CO3) e carbonato de potássio (K2CO3), mas também são usadas as soluções de

KOH e NaOH. Nas estruturas que apresentam elevado risco de reação álcalis-

agregado (RAA), tem sido proposto o uso de uma solução de hidróxido de lítio

(LiOH) (RIBEIRO, 2009).

De acordo com González et al. (2011), a solução de carbonato de sódio foi o

preferido nos testes de campo e laboratoriais, uma vez que era capaz de manter o

pH elevado. A reação entre essa solução e o gás carbônico é descrita pela equação

(7).

������ + ��� + ��� ↔ 2������ (7)

Recentemente, segundo González et al. (2011), o K2CO3 começou a ser o

eletrólito mais utilizado.

Existem diversos métodos de aplicação das soluções, podendo ser por

imersão, aplicação em manta, spray e trincha. Reus (2017) analisou a eficiência da

realcalinização química de acordo com os tipos de solução e os métodos de

aplicação e concluiu que as soluções de KOH, comercial, tripla e de NaOH são

eficazes para restabelecer a alcalinidade dos concretos carbonatados tratados por

meio de imersão e do método da manta e que a solução alcalina com maior

velocidade de realcalinização dentre as estudadas é a solução de KOH. Concluiu,

também, que as soluções de Ca(OH)2 e cal não são capazes de realcalinizar

amostras carbonatadas e que os métodos de spray e trincha foram ineficientes na

realcalinização de concretos carbonatados, independentemente da solução alcalina

utilizada.

20

4.3.1.2 Realcalinização Eletroquímica

A realcalinização eletroquímica é um sistema anódico temporário, onde é

instaurado um campo elétrico para a indução do transporte de íons através da

migração (BERTOLINI; CARSANA; REDAELLI, 2008). Essa técnica consiste na

aplicação de um campo elétrico entre a armadura da estrutura e um ânodo externo,

na presença de uma solução alcalina (BANFILL, 1994; ODDEN, 1994).

Para uma melhor compreensão da realcalinização eletroquímica é necessário

esclarecer o mecanismo eletro-osmótico que acontece no interior dos poros do

concreto. Nos poros capilares existe uma dupla camada de água aderida às

paredes, sendo a camada interna fortemente aderida e a camada mais externa não

tão aderida. Quando se aplica o campo elétrico, a água da camada menos aderida

move-se para o polo, extraindo, desta forma, a água livre dos poros. Como a

concentração iônica da água contida nos capilares é baixa e o coeficiente eletro-

osmótico é inversamente proporcional à concentração iônica, o transporte eletro-

osmótico tende a elevar a alcalinidade do concreto carbonatado (GONÇALVES;

ANDRADE; CASTELLOTE, 2003), pois, os íons alcalinos são transportados para o

interior do concreto por meio do fluxo eletroquímico osmótico, elevando o pH do

concreto. A corrente é suspensa quando se atinge a profundidade de realcalinização

desejada, geralmente uma semana após iniciado o tratamento e com verificação da

alcalinidade através de indicadores químicos (MOREIRA, 2006), como a

fenolftaleína ou timolftaleína.

No processo de realcalinização eletroquímica utiliza-se malha de aço carbono

ou titânio, como ânodo, sendo esse imerso em eletrólito, que pode pode ser

constituído por fibras de celulose ou mantas de feltro saturada de solução alcalina

em contato com a superfície do concreto. Aplica-se um campo elétrico entre a

cátodo (armadura) e o ânodo, proporcionando a realcalinização do concreto

carbonatado através da eletrólise da água, eletromigração, eletro-osmose e, de

forma menos significativa, por absorção-capilar e difusão . Esse processo é ilustrado

na Figura 6.

O titânio, por ser um metal nobre, é o material mais utilizado como ânodo,

pois, o seu consumo ocorre lentamente, resultando em um produto de corrosão

pouco expansivo (ARAÚJO, 2009). Dentre os eletrólitos mais usados na

realcalinização eletroquímica estão o carbonato de sódio (Na2CO3) e o carbonato de

21

potássio (K2CO3) (BERTOLINI; CARSANA; REDAELLI, 2008), sendo usualmente

empregadas fibras de celulose na aplicação (RIBEIRO, 2009).

Figura 6 - Representação da realcalinização eletroquímica.

FONTE: Reus (2017).

Outro ponto importante na realcalinização eletroquímica diz respeito às

reações catódicas (GROCHOSKI; HELENE, 2008), expostas nas equações 8 e 9,

nas quais ocorre a formação de íons hidroxila junto ao cátodo (armadura), auxiliando

no restabelecimento das condições de passivação das armaduras.

�� �� + ��� + 2�� = 2��� (8)

2��� + 2�� = �� + 2��� (9)

No processo de realcalinização eletroquímica o pH é elevado primeiramente

ao redor das armaduras e na superfície do concreto. Ao longo do tratamento, as

regiões realcalinizadas vão aumentando ao ponto em que se encontram no final do

tratamento. Este processo é apresentado na Figura 7.

Figura 7 – Evolução ao longo do tempo na realcalinização eletroquímica.

22

FONTE: Reus (2017).

De acordo com Moreira (2006), antes de iniciar o processo realcalinização

eletroquímica é necessário remover toda a pintura ou revestimento existente, bem

como reparar o concreto danificado, fissurado ou com ninhos de concretagem, para

que a passagem de fluxo de corrente seja uniforme e não comprometa o tratamento.

O comportamento da realcalinização depende do tipo de cimento utilizado, da

relação água/cimento, do cobrimento do concreto, da densidade da carga passante

e do tempo de tratamento. Além disso, a realcalinização pode provocar alguns

efeitos colaterais nas estruturas de concreto armado, como potencializar as reações

álcalis-agregado na presença de agregados reativos, além de poder ocasionar perda

de aderência entre a armadura e o concreto, alterações das propriedades físicas e

químicas do concreto, entre outros.

4.3.2 Extração Eletroquímica de Cloretos

As estruturas de concreto armado contaminadas com cloretos estão

suscetíveis ao processo de corrosão. A reabilitação dessas estruturas pode ser feita

através de reparo tradicional ou extração eletroquímica de cloretos. O reparo

tradicional consiste em remover determinada área de concreto e substituí-lo por

outro, enquanto que a extração eletroquímica é uma técnica não destrutiva.

A extração eletroquímica de cloretos ou dessalinização consiste em remover

grande parte dos íons cloro presentes no concreto por meio da aplicação de uma

corrente elétrica contínua entre a armadura (cátodo) e um ânodo fixado

externamente no concreto (LOURENÇO, 2014; SOUZA et al., 2017). Por não

23

necessitar remover o concreto, essa é uma técnica atrativa principalmente em

elementos estruturais, como vigas e pilares muito contaminados, nos quais o

comportamento monolítico é essencial e a remoção de áreas contaminadas poderia

comprometer a segurança da edificação (MONTEIRO, 2002).

No processo de extração eletroquímica de cloretos, assim como na

realcalinização, utiliza-se malha de aço-carbono ou titânio, como ânodo, que é

imerso em um eletrólito. No intuito de garantir a solução eletrolítica em toda

extensão do concreto, utiliza-se um suporte, que pode ser constituído de fibras de

celulose ou mantas de feltro (LOURENÇO, 2014). Segundo Lourenço (2014),

durante o tratamento, os ânodos de titânio não são consumidos e não originam

resíduos associados ao seu consumo, ao contrário da malha de aço que produz

produtos ferrosos, podendo, inclusive, afetar o acabamento final do concreto após o

tratamento. Apesar de os ânodos de aço serem relativamente mais baratos que os

ânodos de titânio, as malha de titânio são as mais utilizadas, de acordo com

Monteiro (2002).

Com relação à solução eletrolítica, Monteiro (2002) e Souza et al. (2017)

afirmam que as soluções mais utilizadas como eletrólito são a água tratada, o

hidróxido de cálcio saturado e o hidróxido de sódio. Segundo Souza et al. (2017),

entre esses, a água é o eletrólito mais utilizado, devido ao fácil acesso e baixo custo

(LOURENÇO, 2014), entretanto, pode acidificar, provocando a liberação de cloro

gasoso nos ânodos. Assim, quando o pH decresce para valores inferiores a 6 (seis)

é recomendado utilizar soluções aquosas de hidróxido de cálcio ou de borato de lítio

ao invés da água (LOURENÇO, 2014). O borato de lítio tem sido empregado com

sucesso em estruturas que, submetidas a extração eletroquímica, correm risco de

RAA, pois, o produto que se forma da reação do silicato que contém lítio não possui

a capacidade de expansão na presença de íons alcalinos como sódio e potássio

(NACE, 2001).

No tratamento aplica-se um campo elétrico entre o cátodo (armadura) e o

ânodo, com a aplicação da corrente, os íons de carga negativa, como os cloretos,

são atraídos para o ânodo externo colocado na face externa do concreto

(MONTEIRO, 2002), podendo ser removidos do concreto. Ao mesmo tempo, ocorre

a migração de íons sódio (Na+), potássio (K+) e cálcio (Ca2+) que, por ser carregados

positivamente, são atraídos para o cátodo (armadura), carregado negativamente

24

(LOURENÇO, 2014). Na Figura 8 está representado o princípio da extração

eletroquímica de cloretos.

Figura 8 – Representação da extração eletroquímica de cloretos.

FONTE: Monteiro (2002).

Como observado na Figura 8, ocorre a formação de íons hidroxila em torno da

armadura devido a eletrólise, consequência das reações catódicas (equação 8 e 9).

De acordo com Lourenço (2014), os íons alcalinos possuem a capacidade de formar

compostos com os íons hidroxilas, aumentando a alcalinidade na interface

aço/concreto durante o tratamento, o que favorece a reconstituição da camada

passivadora juntamente com a redução dos íons cloro no concreto (MONTEIRO,

2002). Os cloretos ainda podem estar presentes na maior parte do concreto,

entretanto, esses íons são geralmente escassos na superfície do aço (NACE, 2001).

As reações resultantes da extração eletroquímica de cloretos e da diferença

de potencial elétrico entre o ânodo e o cátodo estão expostas nas equações 10 a 12.

Observa-se que as reações eletroquímicas que normalmente ocorrem no ânodo

incluem a oxidação de água e dos cloretos, de acordo com as equações 11 e 12

(NACE, 2001).

2��� = �� �� + ��� + 2�� (10)

2��� = �� + 4�� + 4�� (11)

2��� = ��� + 2�� (12)

25

De acordo com a NACE (2001), se o eletrólito se tornar muito ácido (pH

inferior a 4), pode ser gerada uma quantidade significativa de gás cloro, ocasionando

preocupações com a segurança e o meio ambiente. Por isso, o eletrólito é

normalmente mantido básico (pH superior a 7), e a evolução do oxigênio torna a

reação anódica predominante (NACE, 2001). A pequena quantidade de cloro que

pode ser evoluída sob esta condição é rapidamente hidrolisada para ácido

hipocloroso e íon de hipoclorito conforme as equações 13 e 14.

��� + ��� → ���� + ��� + �� (13)

���� → ���� + �� (14)

Os processos envolvidos na técnica de extração eletroquímica de cloretos são

a eletrólise, a eletromigração iônica e a eletro-osmose (LOURENÇO, 2014).

Lourenço (2014) afirma que a eletrólise e a eletromigração são os processos mais

relevantes no tratamento. Conforme estudos de Monteiro (2002), o movimento dos

íons cloro ocorre principalmente por migração, e o transporte causado por difusão é

tão baixo que pode ser desconsiderado.

A aplicação da técnica de extração eletroquímica de cloretos pode ocasionar

efeitos secundários no concreto e Huang et al. (2014) destacam a importância de

estudar as consequências da dessalinização do concreto e o possível impacto na

microestrutura e no desempenho do material, uma vez que esta pode ter

consequências sobre a porosidade do concreto, potencializar as reações álcalis-

agregado, reduzir a aderência entre o aço e o concreto e ocasionar a evolução do

hidrogênio e fragilização do aço (MONTEIRO, 2002; SOUZA et al., 2017).

4.4 Avaliação da Eficiência das Técnicas de Reabilitação do Concreto Armado

A eficiência da realcalinização e da extração eletroquímica de cloretos pode

ser avaliada em função do grau de corrosão das armaduras, a partir das técnicas de

medidas eletroquímicas que são utilizadas para o monitoramento do processo

corrosivo, após o tratamento, tais como o potencial de corrosão e a espectroscopia

de impedância eletroquímica (EIE). Segundo Ribeiro e Cunha (2014b), o potencial

de corrosão é uma técnica de fácil medida em laboratório, sendo bastante utilizada

em pesquisas que avaliam o processo corrosivo em concreto armado. No entanto,

26

não é possível avaliar a evolução do processo corrosivo ou mesmo a velocidade de

corrosão das armaduras, sendo uma técnica que indica apenas as probabilidades de

ocorrência da corrosão. A EIE parte do pressuposto que um determinado circuito

elétrico mais ou menos elaborado pode representar o comportamento do aço dentro

do concreto. Esse método permite caracterizar o estado da armadura e a morfologia

da corrosão, assim como o acompanhamento da evolução do estado passivo ou

ativo ao longo de tempo (RIBEIRO; ABRANTES, 2016), sendo uma técnica

promissora para avaliar o processo corrosivo e a reconstituição da camada

passivadora.

4.4.1 Potencial de Corrosão

O potencial de corrosão é uma técnica que consiste em determinar a

diferença de potencial (voltagem) entre a armadura e um eletrodo de referência

(ARAÚJO, 2009; RIBEIRO, 2009), indicando, assim, a probabilidade de ocorrência

da corrosão (RIBEIRO; CUNHA, 2014b). O monitoramento do potencial de corrosão

permite verificar mudanças no processo eletroquímico de corrosão, o que é

interessante para o monitoramento do aço nas estruturas de concreto armado

(RIBEIRO, 2010).

A técnica consiste em conectar entre a armadura e um eletrodo de referência

um voltímetro de alta impedância, na qual o resultado obtido é o potencial de

corrosão da armadura do concreto (RIBEIRO, 2009). A Figura 9 ilustra como a

medida de potencial de corrosão é realizada.

Figura 9 – Esquema do método de potencial de corrosão.

FONTE: Araújo (2009).

27

Os eletrodos de referência mais utilizados, segundo Araújo (2009), são os de

calomelano saturado (ECS) e os de cobre/sulfato de cobre (ESC). Para realizar a

leitura da diferença de potencial é necessário que o eletrodo de referência fique em

contato com a superfície do concreto através de uma esponja úmida, de alta

condutividade (ARAÚJO, 2009), como mostrado na Figura 9.

A norma americana ASTM C 876-91 correlaciona valores limites de potencial

eletroquímico com o processo corrosivo para diversos tipos de eletrodo (Tabela 2).

Desta forma, é possível avaliar a corrosão em termos de probabilidade de corrosão

(RIBEIRO, 2009).

Tabela 2 - Critério de avaliação da corrosão, de acordo com a ASTM C 876-91.

Tipo de Eletrodo Probabilidade de ocorrer corrosão

< 10% 10% - 90% > 90% Eletrodo Normal de Hidrogênio, padrão > 0,118 V 0,118 V a -0,032 V < -0,032 V

Cu/CuSO4, Cu2+ > -0,200 V -0,200 V a -0,350 V < -0,350 V

Eletrodo de Calomelano Saturado > -0,124 V -0,124 V a -0,274 V < -0,274 V

Ag, AgCl/KCl (1M) > -0,104 V -0,104 V a -0,254 V < -0,254 V

FONTE: Ribeiro e Cunha (2014b).

Os valores obtidos indicam o balanço entre as reações anódica e catódicas,

não possibilitando determinar à velocidade de corrosão da armadura (taxa de

corrosão) (RIBEIRO, 2010). De acordo com Helene (1993) e Andrade (1992), as

medidas de potencial de corrosão são qualitativas e devem ser usadas em conjunto

com outras medidas, nunca de forma isolada ou absoluta, mas como um

complemento de outras técnicas, a fim de garantir a confiabilidade dos resultados

obtidos.

4.4.2 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE)

A espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE), ou método de

impedância alternada, é uma técnica que vem sendo cada vez mais empregada nos

estudos de materiais (ARAÚJO, 2009). Esta técnica é poderosa para caracterizar

uma grande variedade de sistemas eletroquímicos e para a determinação da

contribuição de processos individuais do eletrodo ou eletrólito nestes sistemas

(RIBEIRO; ABRANTES, 2016). A técnica parte do pressuposto que o

28

comportamento do aço dentro do concreto pode ser reperesentado por um circuito

elétrico mais ou menos elaborado (RIBEIRO; CUNHA, 2014b; RIBEIRO;

ABRANTES, 2016).

A EIE consite em aplicar uma corrente alternada, de pequena amplitude, a um

eletrodo (armadura) inserido num eletrólito (concreto) (RIBEIRO; CUNHA, 2014b;

RIBEIRO, 2010). Após a aplicação da corrente, é comparada a perturbação inicial

com a resposta obtida pelo eletrodo, através da medida da mudança de fase (�) dos

componentes de corrente e voltagem, e pela medida de suas amplitudes (ARAÚJO,

2009; RIBEIRO; CUNHA, 2014b; RIBEIRO, 2010). Essa análise pode ser feita nos

domínios de tempo ou nos domínios de frequência, utilizando-se um analisador de

espectro ou um analisador de resposta de frequência, respectivamente (RIBEIRO;

CUNHA, 2014b; RIBEIRO, 2010). Segundo Ribeiro e Cunha (2014b), no caso da

EIE, a técnica trabalha no domínio de frequência. A perturbação inicial é uma

perturbação de potencial (ΔE) e a resposta do eletrodo é uma corrente (ΔI), ambas

são do tipo senoidal, porém, com uma diferença de fase Φ em relação ao sinal

aplicado. Assim, a impedância, representada por Z, mede a relação entre o potencial

alternando enviado para célula ΔE e a ΔI recebida (ARAÚJO, 2009; RIBEIRO;

CUNHA, 2014b; RIBEIRO, 2010).

O conceito principal da técnica de EIE é que a interface pode ser vista como

uma combinação de elementos de circuito elétricos passivos, isto é, resistência,

capacitância e indutância (RIBEIRO, CUNHA, 2014b). Desta forma, segundo Ribeiro

e Cunha (2014b) e Ribeiro (2010), quando uma corrente alternada é aplicada a

estes elementos, a corrente resultante é obtida utilizando a Lei de Ohm.

A técnica possibilita identificar diferentes fenômenos que ocorrem no sistema

aço/concreto (ARAÚJO, 2009) e, segundo Ribeiro e Cunha (2014b), fornece

diversas informações como: a cinética do processo de corrosão (taxa de corrosão); o

estado da armadura e a morfologia da corrosão; e a evolução do estado passivo ou

ativo. Além de ser uma técnica precisa, apropriada para ambientes de alta

resistividade como o concreto, fornecendo dados a respeito do mecanismo de

controle eletroquímico, indicando se o processo corrosivo se dá por ativação,

concentração ou difusão (RIBEIRO; CUNHA, 2014b; RIBEIRO, 2010). Sendo assim,

a EIE para o sistema aço/concreto pode fornecer informação sobre a presença de

filmes de superfície, características do concreto, corrosão interfacial e fenômenos de

transferência de massa (RIBEIRO; CUNHA, 2014b; RIBEIRO, 2010). Entretanto, a

29

interpretação dos resultados pode ser uma tarefa difícil e a necessidade de um

circuito equivalente, que pode mudar conforme as condições do aço, o torna a

técnica mais satisfatória para estudos em laboratório (RIBEIRO, 2010).

As medidas são geralmente interpretadas através de uma correlação entre os

dados de impedância e um circuito equivalente que representa os processos físicos

que ocorrem no sistema analisado ou ainda através de representações gráficas

(RIBEIRO; ABRANTES, 2016). Dentre as representações gráficas, são utilizados o

diagrama de Nyquist e o diagrama de Bode. O diagrama de Nyquist, diagrama de

impedância ou espectro de impedância, é um gráfico de Z = Z ' + j Z "(onde Z ' e j Z"

são a parte real e parte imaginária) medido em diferentes frequências. O diagrama

Bode mostra o logaritmo do módulo de impedância (log | Z |) e o deslocamento de

fase em função do logaritmo de frequência (RIBEIRO; ABRANTES, 2016).

Segundo Ribeiro e Abrantes, o grande problema na utilização de circuitos

equivalentes é a dificuldade em decidir dentre as diversas possibilidades qual

circuito equivalente específico deve ser usado. O processo de corrosão é composto

por vários processos físicos simultâneos, desta forma, o circuito equivalente é

constituído por vários elementos do circuito (RIBEIRO; ABRANTES, 2016).

A análise dos resultados é complexa, devido à sobreposição de fenômenos e

ao ruído na medição resultante da heterogeneidade das amostras de concreto.

Diante disso, Ribeiro e Abrantes (2016) propõem um método para interpretação dos

resultados na qual afirmam que os processos têm uma frequência característica de

relaxamento angular (w), que também pode ser lido graficamente na parte superior

do arco do espectro de impedância. Assim, os arcos são associados a seus

respectivos fenômenos característicos a partir das medidas de capacitâncias e

frequências típicas.

Você não amostra NENHUM diagrama? Bode, Nyquist... Circuitos

equivalentes mais usuais... Está bem limitado....

30

5 METODOLOGIA

A metodologia que será empregada neste trabalho tem a finalidade de

atender aos objetivos propostos na pesquisa através de um programa experimental

que incluirá a realização de uma sequência de etapas.

Inicialmente será realizada a caracterização dos materiais, elaboração do

traço do concreto e sua caracterização no estado fresco, com posterior preparação

dos corpos de prova que serão caracterizados fisicamente e mecanicamente.

Parte dos corpos de prova serão carbonatados de forma acelerada e, após

devidamente carbonatados, serão submetidos aos processos de realcalinização

química e eletroquímica, seguidos de um novo ciclo de carbonatação, quando será

verificada a eficiência do método.

Outra parte dos corpos de prova sofrerá o ataque acelerado de solução

contendo cloretos, até que a concentração no interior atinja níveis pré-estabelecidos,

quando serão submetidos ao método de extração eletroquímica de cloretos, com

posterior monitoramento e avaliação da eficiência.

Um resumo do Procedimento experimental proposto é apresentado na Figura

10.

Figura 10 - Esquema do programa experimental.

FONTE: O autor.

31

5.1 Materiais

Os materiais que serão utilizados são cimento Portland (CP III, CP IV, CP V-

ARI e CP V ARI-RS), agregado miúdo (areia quartzosa natural), agregado graúdo

(brita), armadura de aço, água potável, ânodo e solução alcalina.

5.1.1 Cimento Portland

Os cimentos que serão utilizados serão o CPIII, CP IV, CPV- ARI e CPV-RS,

com intuito de verificar o comportamento dos tratamentos para diferentes tipos de

cimento. Estes foram escolhidos por possuir escória (CP III) ou pozolana (CP IV) e o

cimento CP V-ARI foi escolhido por não possuir adições, além do cimento CP V-ARI

RS, que será utilizado na análise da extração eletroquímica por conter menor

quantidade de aluminados.

5.1.2 Agregado miúdo

A areia que será utilizada é natural, proveniente de jazida localizada no

município de Camaçari/BA, comercializada na região metropolitana de Salvador.

5.1.3 Agregado graúdo

O agregado graúdo que será utilizado é a brita de origem basáltica, sendo

esse amplamente disponível na cidade de Salvador.

5.1.4 Armadura de aço

As armaduras de aço que serão utilizadas são do tipo CA-50, nervuradas,

com 6,3 mm de diâmetro, sendo estas comercialmente disponíveis na cidade de

Salvador.

5.1.5 Água

A água será proveniente da rede pública de abastecimento da cidade de

Salvador, fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA).

5.1.6 Ânodo

Nos procedimentos de realcalinização eletroquímica e dessalinização será

utilizada a malha de titânio como ânodo, pois este material não gera produto de

32

corrosão. De acordo com NACE SP0107 (2017), a malha adequada deverá ter de

3,0 a 4,0 mm de diâmetro, com dimensões iguais a 50x50 mm2 ou 100x100 mm2.

5.1.7 Solução Alcalina

A solução alcalina a ser utilizada no processo de realcalinização será a MC-

ReALC, comercializada pela empresa MC-Bauchemie no Brasil, sem composição

conhecida até o momento, além de soluções de carbonato de sódio, carbonato de

potássio, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio e hidróxido de lítio, produzidas

em laboratório, a partir de reagentes de alta pureza (P.A.).

5.2 Métodos

5.2.1 Caracterização dos materiais

As características dos materiais podem influenciar nos resultados obtidos,

devendo os mesmos serem submetidos à caracterização física, química e

mineralógica.

5.2.1.1 Caracterização Física

a) Área Superficial Específica

A área superficial específica está relacionada com a finura e reatividade do

material, sendo determinada através da relação entre a área superficial e a massa.

Quanto mais reativo o material, maior a área superficial específica e menor o

tamanho médio do grão, ou seja, mais fino é o material.

O cimento Portland terá sua área superficial analisada utilizando o Método de

Blaine, de acordo com que é estabelecido pela norma NBR 16372:2015 (Cimento

Portland e outros materiais em pó - Determinação da finura pelo método de

permeabilidade ao ar (método de Blaine)), utilizando o porosimetro Blaine

automático, do fabricante Acmel Labo, modelo BSA1, disponível no LEDMa/UFBA.

33

b) Distribuição do tamanho das partículas

As partículas de cimento terão sua granulometria determinadas utilizando a

sedigrafia à laser, técnica que se baseia na sedimentação de partículas numa

determinada suspensão, associadas à absorção de luz. O princípio de

funcionamento é baseado na captação da fração de luz que atravessa a amostra em

suspensão e, desta forma, é registrada a porcentagem de massa acumulada em

função do diâmetro equivalente das partículas (RIBEIRO apud MOTA, 2016).

Os agregados terão suas distribuições granulométricas determinadas por

peneiramento, utilizando-se os procedimentos previstos na NBR NM 248:2003

(Agregados - Determinação da composição granulométrica), sendo, então,

classificados de acordo com a NBR 7211:2009 (Agregados para concretos -

Especificação).

A distribuição granulométrica é a proporção relativa das massas dos

diferentes tamanhos dos grãos que constituem o material. A partir da determinação

da distribuição do tamanho de partículas, também serão determinados o módulo de

finura e a dimensão máxima característica dos agregados. O módulo de finura é

determinado através da soma das porcentagens retidas acumuladas em massa, nas

peneiras da série normal, dividida por 100. A dimensão máxima característica

corresponde à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série

normal ou intermediária, que retém uma proporção igual ou imediatamente inferior a

5% da massa da amostra (SILVA, 2017).

c) Massa específica e absorção de água

A massa específica é a relação entre a massa do agregado seco e o volume

dos mesmos, incluindo os poros impermeáveis. A massa específica do cimento será

determinada por meio de picnometria a gás hélio, utilizando o picnômetro AccuPyc

1330 V2.01, da Micrometrics, disponível no LEDMa/UFBA.

Nos agregados miúdos a massa específica e a absorção serão determinadas

de acordo com as normas NBR NM 52:2009 (Agregado miúdo – Determinação da

massa específica e massa específica aparente) e NBR NM 30:2001 (Agregado

miúdo – Determinação da absorção de água), respectivamente. Os agregados

graúdos terão estas propriedades determinadas conforme a NBR NM 53:2009

34

(Agregado graúdo – Determinação de massa específica, massa específica aparente

e absorção de água).

d) Massa unitária e índice de vazios

A massa unitária é a relação entre a massa do material e o seu volume,

incluindo os poros permeáveis e vazios entre os grãos, sendo fundamental para o

cálculo do consumo de materiais. A massa unitária dos agregados será determinada

conforme os procedimentos previstos na NBR NM 45:2006 (Agregados –

Determinação da massa unitária e do volume de vazios).

O índice de vazios dos agregados é determinado a partir dos valores de

massa específica e massa unitária, na qual também será obtido de acordo com a

NBR NM 45:2006.

5.2.1.2 Caracterização Química (FRX)

A composição química do cimento será determinada por meio da técnica de

espectroscopia por fluorescência de raio X (FRX). De acordo com essa técnica,

quando um feixe de raios X emitidos contra uma amostra tem energia

suficientemente alta, cria vacâncias nas camadas eletrônicas dos seus átomos

constituintes, gerando a emissão de outra radiação, que é característica para cada

elemento presente. O princípio desta técnica é isolar e medir o comprimento de onda

dos fótons de raios X característicos (fluorescência) emitidos pela amostra, o que

permite a identificação dos elementos que compõem o material, bem como suas

massas ou concentrações (MOTA, 2016).

5.2.1.3 Caracterização Mineralógica (DRX)

A composição mineralógica do cimento será determinada por meio da técnica

de espectrometria por difração de raios X (DRX), que permite identificar as principais

fases presentes cristalinas dos materiais.

A técnica identifica as fases cristalinas através da incidência de um feixe

monocromático de raios X de comprimento de onda λ, a um ângulo θ, chamado de

ângulo de Bragg. O feixe é difratado por planos de alta concentração atômica da

amostra, periodicamente distribuídos, ocorrendo interferências destrutivas ou

35

construtivas entre as ondas difratadas. As interferências que são construtivas

produzem reflexões em certas direções de acordo com a lei de Bragg (Equação 15)

(GOBBO, 2003; RIBEIRO, 2010).

! = 2 � "� � (15)

Onde n é a ordem de difração, λ é o comprimento de onda característico do

feixe, d é a distância entre os planos de átomos e Ѳ é o ângulo de incidência do

feixe. Desta forma, obtêm-se informações relativas às distâncias interplanares dos

planos cristalográficos e a intensidade da reflexão, possibilitando assim a

identificação das estruturas cristalinas (RIBEIRO, 2010).

Será utilizado um difratômetro D2 Phaser Bruker, disponível no

LEDMa/UFBA, com tubo de alvo de cobre de 30 kV e 10 mA, com comprimento de

onda (λ) igual a 0,15406 nm, sem sistema de filtragem com monocromador

secundário. Os espectros de difração terão varredura na faixa de 2θ de 5° a 80°,

modo contínuo a 0,004°/s. As fases cristalinas presentes nas amostras serão

identificadas com auxílio do programa computacional DIFFRAC plus-EVA, com base

de dados no sistema ICSD (O que significa ICSD?) e quantificadas com auxílio do

software TOPAS, que se baseia no método de Rietveld e sistema CIF

(Crystallography Information File).

5.2.2 Dosagem do concreto e moldagem dos corpos de prova

O traço adotado será determinado através do método de dosagem baseado

no método da ACI – American Concrete Institute. A relação água/cimento máxima

adotada para confecção dos corpos de prova será de 0,6, este valor é baseada no

limite exigido pela NBR 6118:2014 (Projeto de estruturas de concreto-

procedimento), na qual corresponde à classe de agressividade II (ambiente urbano).

A moldagem dos corpos de prova será efetuada de acordo com a NBR

5738:2015 (Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova),

para a realização dos ensaios físico-mecânicos e dimensões específicas para os

ensaios de durabilidade., conforme Tabela 3.

Tabela 3. – Inserir Tabela com dimensões e quantidades dos corpos de prova.

36

Os corpos de prova a serem utilizados nos ensaios de durabilidade e

recuperação terão adição armadura de aço convencional. Estas armaduras serão

submetidas a um processo de limpeza antes da moldagem para retirada de qualquer

oxidação prévia existentes na superfície do metal, conforme estabelece a norma

ASTM G-1/03 (Preparing, Cleaning, and Evaluating Corrosion Test Specimens).

Após a limpeza das barras de aço, essas serão pesadas e deverão ter suas

extremidades revestidas com fita isolante para delimitar as áreas que serão

expostas ao ataque dos agentes agressores no interior do concreto (MOTA, 2016;

ARAÚJO, 2009; RIBEIRO, 2009).

5.2.3 Caracterização do concreto

5.2.3.1 Caracterização no estado fresco

A trabalhabilidade do concreto será avaliada com base na NBR 8953:2011

(Concretos para fins estruturais - Classificação pela massa específica, por grupos de

resistência e consistência), na qual será definido o abatimento do tronco de cone

(“slump test”), conforme estabelece a NBR NM 67: 1998 (Concreto - Determinação

da consistência pelo abatimento do cone de tronco).

5.2.3.2 Caracterização no estado endurecido

a) Resistência mecânica

Os ensaios de resistência à compressão axial serão realizados de acordo

com a NBR 5739:2007 (Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-prova

cilíndricos). O limite de resistência à compressão é determinado através da relação

entre a carga máxima suportada pelo corpo de prova e a área da seção transversal.

Os ensaios para verificação da resistência mecânica serão realizados para os

concretos de referência, carbonatados, realcalinizados, recarbonatados e, também,

para os concretos após ataque por cloretos e dessanilização. Os ensaios serão

realizados na prensa servo controlada Contenco, modelo HD-120T, capacidade de

120 tf e com taxa de incremento de tensão de 0,45 MPa por segundo.

37

b) Densidade e porosidade aparentes

A determinação da densidade e da porosidade aparentes baseia-se no

princípio de Arquimedes. Inicialmente será obtida a massa seca (ms) dos corpos de

prova, que serão posteriormente imersos em água por um período de 24 horas para

que ocorra a saturação. Decorrido este período serão, então, determinados os

valores da massa imersa (mi) e massa úmida (mu). Assim, serão calculados os

valores da densidade aparente (DA) e porosidade aparente (PA), conforme as

equações 16 e 17, respectivamente. Sendo ρL a densidade do líquido utilizado no

ensaio (no caso, a água, ρágua = 1,0 g/cm3).

%& = '( ) *+(*,�*-). (16)

/& = 100 )(*,�*+)(*,�*-). (%) (17)

c) Absorção de água por capilaridade

A absorção de água por ascensão capilar será obtida conforme as

prescrições da NBR 9779:2012 (Argamassa e concreto endurecidos – Determinação

da absorção de água por capilaridade).

Após a cura, os corpos de prova serão secos em estufa, onde se obterá a

massa seca (34) e com o valor da massa saturada (3456) obtida após a realização

do ensaio, determina-se a absorção de água por capilaridade (C), em g/cm², dada

pela Equação 18. Onde S representa a área da seção transversal do corpo de prova

em cm². Adicionalmente será determinada a altura de ascensão capilar, conforme a

mesma normatização.

� = *+78�*+9 (18)

5.2.4 Técnicas Eletroquímicas para a Avaliação do Estado de Corrosão das

Armaduras

A evolução do processo de corrosão das armaduras bem como do

restabelecimento da camada passivadora será monitorada por meio das técnicas

38

eletroquímicas de potencial de corrosão (Ecorr) e espectroscopia de impedância

eletroquímica (EIE).

5.2.4.1 Potencial de Corrosão

A avaliação do potencial de corrosão das armaduras será utilizada para

monitoramento do processo corrosivo (ataque por cloretos e carboatação) e para

verificação do reestabelecimento da camada passivadora, após recuperação. Serão

conectados fios flexíveis às pontas expostas das barras de aço e essas conexões

serão, então, envolvidas com fita isolante e posteriormente serão revestidas com

resina epóxi para proteger do processo corrosivo (RIBEIRO, 2010; MOTA, 2016).

Na presente pesquisa será utilizado como eletrodo de referência, o eletrodo

de calomelano saturado (ECS) conectado a um multímetro. Como critério de

avaliação, considerar-se-á os valores Ecorr menos eletronegativas que -124mV

(ECS), que indicam estado de passivação das armaduras. Este monitoramento

também será realizado após o tratamento, sendo feitas até o final do período de

despolarização das armaduras. A despolarização é completa quando os valores de

Ecorr estabilizam-se (RIBEIRO, 2009).

5.2.4.2 Espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE)

A EIE será utilizada para monitorar o estado da armadura, verificando a

evolução do estado passivo ou ativo. Para tanto será aplicada, por meio de um

potenciostato, uma corrente alternada, com determinada frequência, no eletrodo

(armadura) (ARAÚJO, 2017). A resposta do eletrodo vai para o detector de

respostas de frequência, que encaminha os dados para o computador para

processamento (ARAÚJO, 2009).

Devido à complexidade dos resultados, gerando arcos sobrepostos de

fenômenos simultâneos e ruídos associados à heterogeneidade das amostras, será

utilizado um novo método para monitorar o processo de corrosão, proposto por

Ribeiro e Abrantes (2016), na qual a análise é baseado na freqüência angular de

relaxamento característico de cada fenômeno e a associação de capacitâncias e

freqüências típicas.

Após o término dos ensaios de potencial de corrosão e EIE, as armaduras

serão extraídas dos corpos de prova e passarão novamente por um processo de

39

limpeza, conforme estabelece a ASTM G-1/03. Posteriormente as mesmas serão

pesadas, obtendo, assim, a perda de massa ocasionada pelo processo corrosivo.

Com este valor da perda de massa (W), em grama, é possível calcular a taxa de

corrosão (TC), conforme equação 19:

:� = ;.=&.>.? (19)

Sendo: K=constante (para TC em μm/ano, K = 8,76 x 107 ou para TC em g/m².ano,

K = 8,76 x 107.D); A = área de exposição (cm2); T = tempo de exposição (h) e; D =

densidade (aço CA-50, D = 7,85 g/cm3).

5.2.5 Ensaios de Carbonatação e Realcalinização

5.2.5.1 Carbonatação

A carbonatação dos corpos de prova será realizada de forma acelerada em

uma câmara de carbonatação QUIMIS, disponível no LEDMa/UFBA, com controle da

temperatura e do teor de dióxido de carbono.

Os corpos de prova serão monitorados por meio de técnicas eletroquímicas

(potencial de corrosão e espectroscopia de impedância eletroquímica) até que a

camada carbonatada atinja a armadura, despassivando-a. O ensaio de

carbonatação seguirá os procedimentos previstos pela ISO 1920-12:2015 (Testing of

concrete – Part 12: Determination of the carbonation resistance of concrete –

Accelerated carbonation method), com ciclos xxxx, concentração de CO2 igual a

YY% e temperatura de ZZºC.

A determinação da espessura carbonatada será feita através da inspeção

visual, utilizando solução aquo-alcóolica contendo indicador químico de pH

(fenolftaleína). Para tanto, os corpos de prova de concreto serão rompidos por

compressão diametral, conforme a NBR 7222:2011 (Concreto e argamassa -

Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova

cilíndricos), com posterior aspersão da solução, quando será observada a mudança

de cor e a alteração ou não do pH do concreto (MOREIRA, 2006).

O indicador fenolftaleína possui ponto de viragem do pH em torno de 9, o que

possibilita identificar visualmente a região carbonatada, de pH inferior a 9,0 (incolor),

e a não carbonatada, com pH superior a 9,0 (coloração rósea-avermelhada). Essa

40

metodologia é estabelecida pelo procedimento RILEM CPC-18, visto que esse é o

processo mais simples e de menor custo para determinação da profundidade de

carbonatação (ARAÚJO, 2017). A profundidade carbonatada será determinada

através da análise de imagens e com o auxílio do software AUTOCAD.

5.2.5.2 Realcalinização Química e Eletroquímica

A realcalinização dos corpos de prova carbonatados será feita pelos métodos

químico e eletroquímico, após a confirmação da despassivação das armaduras por

meio de técnicas eletroquímicas (potencial de corrosão e EIE).

A realcalinização química será realizada por absorção e difusão das soluções

alcalinas nas superfícies dos corpos de prova carbonatados, sendo utilizadas

diferentes soluções.

Reus (2017) testou vários métodos para a aplicação das soluções alcalinas

no concreto e verificou que o uso da manta impregnada pela solução e a imersão

das amostras nas soluções apresentavam bons resultados, mostrando que os

métodos de aplicação em spray ou trincha não são muito efetivos para

realcalinização.

Apesar de os resultados obtidos em amostras imersas em solução alcalina

terem apresentado resultados satisfatórios em estudos recentes (REUS, 2017), no

presente trabalho será realizada a aplicação de mantas contendo a solução, por ser

uma técnica aplicável tanto em laboratório quanto em estruturas em campo, o que

não ocorre na imersão.

O método da manta impregnada, segundo Reus (2017), consiste em aplicar

sobre a superfície do concreto uma manta de polietileno tereftalato (PET),

comumente utilizada em sistemas de drenagem, saturada de solução alcalina. As

amostras serão envoltas com a manta e plástico filme (REUS, 2017).

A realcalinização eletroquímica se baseará em estudos recentes (FONTES) e

nas recomendações da NACE SP0107 (2017). As armaduras serão conectadas ao

polo negativo e a malha de titânio ao polo positivo da fonte, estando todo o sistema

imerso no eletrólito (RIBEIRO, 2009), sendo, então, aplicado um campo elétrico

entre a armadura (cátodo) e a malha de titânio (ânodo). De acordo com Lourenço

(2014) a densidade de corrente utilizada deve variar entre 0,5 a 2 A/m2 de superfície

do concreto.

41

Apesar dos valores sugeridos na literatura, a escolha da densidade de

corrente e do tempo de polarização ainda é difícil, pois, as propriedades do concreto

afetam a carga total (YEIH; CHANG, 2005). A carga total requerida é geralmente de

40 a 200 Ah/m2 (LOURENÇO, 2014), sendo determinada multiplicando-se a

densidade e o tempo de corrente (RIBEIRO et al., 2013). Esses valores são apenas

indicações aproximadas, pois, a corrente aplicada, a densidade e o período de

tratamento, na realidade, dependem das características do material, bem como de

fatores geométricos (BERTOLINI; CARSANA; REDAELLI, 2008). Lourenço (2014)

afirma que a duração do tratamento varia de alguns dias a semanas, pois depende

da profundidade de carbonatação, espessura do cobrimento, qualidade do concreto,

geometria das armaduras e dos valores operacionais utilizados no tratamento, como

a densidade de corrente. Em todos os casos, a densidade de corrente não deverá

exceder a 4 A/m2 da área de superfície do aço, e a voltagem deverá ficar entre 30 e

50 V (NACE SP0107, 2017).

De acordo com a recomendação NACE SP0107 (2017), ocorre um tratamento

mínimo da realcalinização utilizando uma densidade de carga por unidade de área

do aço de 200 Ah/m2. A realcalinização é verificada por meio de indicadores de pH,

e a NACE SP0107 (2017) sugere o uso fenolftaleína, entretanto, Ribeiro et al. (2013)

utilizam a timolftaleína, pelo fato deste apresentar ponto de viragem superior ao da

fenolftaleína e, por isso, será utilizado nesta pesquisa.

A NACE SP0107 (2017) sugere que a coloração ao redor da armadura, que

indica pH elevado, esteja a uma distância de, no mínimo, 10 mm ou o equivalente ao

diâmetro da barra. O tratamento será constantemente monitorado e será

considerado completo quando a região realcalinizada atingir toda a espessura do

cobrimento e um raio mínimo de 10mm no entorno da região exposta da barra.

Durante o tratamento, haverá o monitoramento de corrente, da tensão e da

carga total, de forma a estimar o tempo de tratamento e eficiência da realcalinização

eletroquímica. Como a eficiência da realcalinização está relacionada à densidade de

carga passante, tem-se aplicado empiricamente valores entre 200 a 450 A.h/m², que

correponde a uma densidade de corrente de 1 A/m² em relação à superfície do aço,

por um período de uma a três semanas (BERTOLINI et al., 2008). Estes valores

servirão de base para determinar quando a aplicação do tratamento será finalizada,

seguindo recomendações de RIBEIRO et al. (2010a).

42

O monitoramento da frente de realcalinização será realizado por meio da

aplicação de solução de timolftaleína, cujo ponto de viragem situa-se entre 9,3 e

10,5 e, quando o pH está acima desse ponto de viragem, a solução muda de incolor

para azul. A escolha dessa solução em substituição à de fenolftaleína se deu em

função do seu ponto de viragem indicar maior alcalinidade, mostrando-se mais

apropriada para verificação da eficiência do tratamento, já que a alta alcalinidade é

uma condição necessária para repassivação das armaduras (RIBEIRO, 2009).

Após finalizar o tratamento, o sistema será desmontando e removido da

estrutura realcalinizada e será verificada a eficiência da realcalinização, quanto à

repassivação das armaduras, com o uso de técnicas eletroquímicas (potencial de

corrosão e EIE).

5.2.6 Ataque por Cloretos e Extração Eletroquímica

5.2.6.1 Ataques por Cloretos

O ataque por cloretos das amostras armadas de concreto será feito a partir de

ciclos de imersão e secagem, que segundo estudos de RIBEIRO (2010), se mostrou

mais eficiente que a exposição em névoa salina (salt spray). Os corpos-de-prova

passarão por ciclos sucessivos até que os cloretos atinjam a armadura e seja

confirmada a sua despassivação, o que ocorrerá por meio de medidas

eletroquímicas (potencial de corrosão e EIE).

A avaliação da frente de cloretos será realizada utilizando o indicador à base

de nitrato de prata. O nitrato de prata de prata reage com os cloretos formando um

composto esbranquiçado/prateado decorrente da precipitação do cloreto de prata.

Os corpos de prova que sofreram ataque por cloretos serão rompidos por

compressão diametral, conforme a NBR 7222:2011 (Concreto e argamassa -

Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova

cilíndricos) e nestas faces fraturadas será feita aspersão de solução de nitrato de

prata, como ilustrado na Figura 11.

A área na qual não há a presença de cloretos adquire uma coloração escura,

amarronzada. Desta forma é possível identificar, a partir do contraste de cores, a

profundidade alcançada pelos cloretos no concreto (FIGUEIREDO et al. 2014;

43

FRANÇA, 2011). Essa técnica consiste em um método qualitativo para identificar a

presença e o avanço da frente de cloretos livres na matriz cimentícia.

Figura 11. Procedimento de aspersão de nitrato de prata.

FONTE: XXXXX Mota (2011).

A avaliação da profundidade dos cloretos será realizada com o auxílio do

software AUTOCAD 2014 e, através da relação entre uma imagem digital e o corpo

de prova serão tomadas sete medidas de cada lado das laterais dos corpos de

prova, afastadas 4 cm do topo e da base, em metodologia adotada por Mota (2016)

e Silva (2017).

5.2.6.2 Extração Eletroquímica de Cloretos

A técnica será aplicada em corpos de prova de concreto armado submetidos

ao ataque por cloretos após comprovada a despassivação da armadura através de

técnicas eletroquímicas. A remoção eletroquímica de cloretos é um tratamento

temporário, sendo executado por um tempo limitado (normalmente de quatro a oito

semanas), e, após finalizado, o sistema é desmontado e removido da estrutura

(NACE, 2001).

A carga total utilizada e, consequentemente, a duração do processo,

dependem da quantidade e distribuição de cloretos presentes no concreto, assim

como a densidade de corrente utilizada depende da resistividade do concreto e do

cobrimento sobre as armaduras (NACE, 2001).

Seguindo as recomendações da NACE (2001), durante o tratamento haverá o

monitoramento de corrente, da tensão e carga total, de forma a estimar o tempo de

44

tratamento e eficiência da dessalinização. Todas as conexões serão seladas para

evitar a corrosão, as zonas de leitura serão marcadas e acessíveis para permitir a

medição durante tratamento.

Será instalado um sistema de ânodos temporários sobre a superfície do

concreto e todas as conexões elétricas serão feitas, o retificador será ligado e a

densidade de corrente será definida de acordo com a área de superfície de concreto

de 1 A/m2. Se for utilizada uma unidade regulada por tensão, a tensão será ajustada

até a densidade de corrente de 1 A/m2 ser atingida. A tensão máxima do sistema

deverá ser mantida abaixo de 50 volts por razões de segurança. O nível de corrente

inicial (1 A/m2) deverá ser mantido por um período de quatro semanas antes da

tensão do sistema atingir o máximo predefinido.

À medida que o teor de cloretos diminuir, a resistividade elétrica do concreto

aumentará. Como a fonte de alimentação procura manter uma corrente constante, a

tensão do sistema será aumentada ao longo do tempo até a tensão máxima

predefinida ser alcançada. Atingido a tensão máxima, essa deverá ser mantida

constante e a corrente diminuirá à medida que a extração de cloretos ocorra e a

resistividade elétrica do concreto continuará a aumentar. A densidade de corrente

geralmente deverá ser mantida abaixo de 2 A/m2 da área de superfície do concreto

para evitar danos ao concreto, ficando na faixa de 0,5 a 1 A/m2. Em todos os casos,

a densidade de corrente não deverá exceder a 4 A/m2 da área de superfície do aço,

e a voltagem deverá ficar entre 30 a 50 V (NACE SP0107, 2017).

Durante os dois primeiros dias de tratamento, a tensão e a corrente deverão

ser medidas uma ou duas vezes por dia. Quando a tensão e a corrente se

estabilizarem, as medidas poderão ser reduzidas para uma vez por dia ou uma vez a

cada dois dias (NACE, 2001).

Uma carga de 150 a 400 Ah/m2 representa aproximadamente 25% da carga

total utilizada para completar o tratamento na maioria dos casos (NACE, 2001). A

NACE (2001) estabelece critérios para a determinação do fim do tratamento e

critérios de aceitação do tratamento, de acordo com a quantidade de cloretos dentro

do concreto, a carga total (Ah/m2), a relação cloreto/hidroxila e o monitoramento do

potencial de corrosão e da taxa de corrosão, sendo que, na maioria das situações, o

tratamento é concluído quando um dos critérios é alcançado apesar de que, em

muitos casos, todos esses critérios são alcançados quase que simultaneamente

45

(NACE, 2001). No presente estudo serão considerados os critérios de aceitação

estabelecidos pela NACE (2001).

O tratamento deverá continuar até que o teor de cloretos dentro do concreto

na proximidade do aço diminua até um nível pré-determinado. Os valores utilizados

para essas medições de teor de cloretos em água deverão ser menores que 0,2 a

0,4% em peso de cimento, em uma profundidade de cloretos igual a 2,5 cm, ou o

equivalente a um diâmetro da armadura de aço (NACE, 2001).

Para a quantificação do teor de cloretos, serão coletas amostras de concreto

em pó, em diversas profundidades de concreto até a profundidade do aço

(cobrimento). As amostras são coletadas cuidadosamente para evitar a

contaminação e, devido à natureza não homogênea do concreto, serão feitas

diversas amostragens, permitindo uma análise estatística mais criteriosa. O

tratamento será interrompido quando o teor de cloretos atingir os limites

estabelecidos pela NACE (2001), isto é, uma razão cloreto/hidroxila nas

proximidades do aço, inferior a 0,6%.

O critério mais comum para garantir o tratamento é utilizar o mínimo de 600 a

1.500 Ah/m2 (NACE, 2001).

Após o tratamento, serão utilizadas técnicas eletroquímicas (EIE e potencial

de corrosão), sendo determinada a taxa de corrosão, apesar da técnica de

determinação do potencial de corrosão possuir limitações devido à polarização da

armadura e o tempo necessário para a despolarização. A NACE (2001) sugere que

as medidas de potencial de corrosão sejam efetuadas aproximadamente seis meses

após o tratamento para permitir a despolarização.

Os corpos de prova submetidos à técnica de dessalinização também serão

rompidos por compressão diametral, conforme a NBR 7222:2011 e nestas faces

fraturadas será feita aspersão de solução de nitrato de prata, como ilustrado na

Figura 11.

5.2.7 Ensaios Complementares

Alguns ensaios complementares serão realizados com o intuito de

compreender os efeitos colaterais ocasionados pelas técnicas, entre eles a RAA e a

perda de aderência aço-concreto. Dentre as técnicas de avaliação da qualidade do

concreto como uma barreira física à ocorrência de corrosão serão realizadas a

46

resistividade elétrica do concreto e o ultrassom, para verificar as consequências dos

tratamentos no concreto. No intuito de completar as análises também será verificada

a morfologia dos concretos, por meio de microscopia eletrônica de varredura (MEV),

antes e após os tratamentos.

5.2.7.1 Reação álcalis-agregado (RAA)

A avaliação da reação álcalis-agregado (RAA) será realizada através da

avaliação da expansão em barras de argamassa, conforme estabelece a NBR

15577:2008 (Agregados – Reatividade álcali-agregado). O método consiste em

determinar a variação do comprimento de barras de argamassa ao longo do tempo

quando submersas em solução alcalina de hidróxido de sódio (NaOH). A expansão

de cada barra de argamassa é expressa pela diferença entre seu comprimento na

idade considerada e seu comprimento inicial, divididos pelo comprimento efetivo da

barra, gerando um resultado expresso em porcentagem. No estudo, serão

confeccionados corpos de prova de concreto, confirmando a presença de agregados

reativos de acordo com o que estabelece a norma e, posteriormente, os corpos de

prova submetidos aos tratamentos de realcalinização e dessalinização serão

analisados visualmente para verificar se houve o desenvolvimento de RAA após os

tratamentos.

5.2.7.2 Avaliação da aderência aço-concreto (ensaio de arrancamento)

O ensaio de arrancamento direto ou pull-out test será realizado para verificar

a aderência entre a armadura e o concreto após os tratamentos de realcalinização e

dessalinização. O teste consiste no arrancamento direto da armadura do concreto no

estado endurecido, obtendo-se, assim, a força de aderência e o deslocamento das

barras de aço.

O ensaio será realizado através de um protótipo desenvolvido no

LEDMa/UFBA (Figura 12), composto por dois apoios comuns com duas hastes de

metal rosqueadas, uma chapa de suporte fixa e outra móvel, um cilindro hidráulico

vazado, uma célula de carga, um conjunto de roscas e um extensômetro. O

mecanismo de funcionamento consiste em colocar o corpo de prova entre os

suportes, sendo o suporte móvel regulado de modo que fique perfeitamente alinhado

ao concreto, sendo fixado com as roscas. Um cilindro vazado contendo a célula de

47

carga e confinado pela chapa de metal é acoplado a este sistema, e fixado ao corpo

de prova. Na execução do ensaio, o cilindro hidráulico exerce uma força vertical para

cima, o que força o concreto contra a chapa que está presa e na medida que o curso

do cilindro sobe, a força é determinada pela célula de carga e o deslocamento é

medido pelo extensômetro.

Figura 12. COLOCAR FOTO DO APARATO

O conjunto hidráulico que faz parte do sistema é constituído por uma bomba

manual, com capacidade de óleo de 596cm³ e pressão de trabalho de 700 Bar, e por

um cilindro hidráulico de haste vazada com capacidade de até 30 toneladas e curso

hidráulico de 64 mm.

A célula de carga é um sensor de saída analógica usado para determinar a

força durante o processo de arrancamento, sendo fabricada em aço carbono, e com

capacidade de 30 toneladas. O LVDT (“Linear Variable Differential Transformer”)

utilizado para medir os deslocamentos relativos entre a barra de aço e o concreto,

possui 10 mm de curso. Nas coletas de dados é utilizado um hardware e software, o

Arduíno, modelo UNO, com um leitor de célula de carga (módulo HX711) capaz de

aumentar a sensibilidade da leitura da célula de carga.

5.2.7.3 Análise Microestrutural (MEV

A técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) será utilizada para

analisar a microestrutura do concreto após as técnicas de realcalinização e extração

eletroquímica serem realizadas.

O MEV é uma técnica que utiliza feixes de elétrons, que varrem a superfície

da amostra, ocasionando a emissão de elétrons secundários que formam a imagem

48

a ser analisada (RIBEIRO, 2010). As amostras que não são condutoras, como no

caso do concreto, devem ser revestidas com uma camada condutora de ouro ou

carbono.

Adicionalmente, serão feitas análises químicas pontuais, utilizando os

detectores de sinais EDS (Energy Dispersive X-ray Detector, EDX ou EDS) que

permitirá uma melhor identificação das fases observadas nas micrografias (LUIZ et

al., 2015). Esse procedimento será feito antes e após a aplicação das técnicas

realcalinização e extração eletroquímica.

5.2.7.4 Resistividade Elétrica

A resistividade elétrica do concreto será avaliada em corpos de prova

cilíndricos (10 cm x 20 cm), em condição saturada. O equipamento utilizado será o

Resipod, do fabricante Proceq, disponível no LEDMa. Este equipamento opera com

uma corrente alternada máxima de 200 μA, 40 Hz a 38 V máximos, sendo capaz de

medir amplitudes de resistividade entre 1 KΩ.cm até, aproximadamente, 1000

KΩ.cm. A técnica de medição utilizada se baseia no princípio de Wenner de quatro

pontos, na qual o espaçamento entre as sondas é de 50 mm.

Para a realização do ensaio é necessário que a superfície do concreto esteja

limpa, sem a presença de óleos e que as pontas das sondas estejam molhadas para

garantir o contato elétrico entre o equipamento e o concreto (MOTA, 2016). Segundo

procedimento baseado na AASHTO TP 95-14 serão realizadas marcações no topo

dos corpos de prova, nas posições 0°, 90°, 180° e 270° e também na altura média,

para que os eletrodos possam ser alinhados (SILVA, 2017).

Os corpos de prova serão submetidos ao envelhecimento por ciclos, através

de semiciclos de imersão e secagem. A solução utilizadas nos semiciclos de imersão

apresentam concentração de cloreto de sódio igual a 3%, com duração de 2 dias e

os semiciclos de secagem ocorrerão em estufa ventilada a 50ºC, durante 5 dias

(SILVA, 2017). As medições de resistividade elétrica serão realizadas após os

semiciclos úmidos, num total de sete ciclos de molhagem e secagem, conforme

trabalho desenvolvido por Mota (2016).

49

5.2.7.5 Velocidade de Propagação do Pulso Ultrassônico

O ultrassom é uma técnica que se baseia na medição da velocidade com que

uma onda sonora, com frequências entre 20 e 300 KHz, se propaga através do

concreto (RIBEIRO et al. 2014) e possibilita analisar a qualidade do concreto quanto

à densidade, porosidade e deformabilidade, através da velocidade do pulso

ultrassônico (V) dado pela equação 20, sendo L o comprimento do corpo de prova e

t o tempo decorrido entre a emissão e a recepção do pulso ultrassônico.

@ = (6 (20)

A velocidade de propagação das ondas ultrassônicas depende das

características do concreto, possibilitando avaliar a qualidade do concreto. A norma

inglesa BS EN 12504-4/2000 (Testing concrete - Determination of ultrasonic pulse

velocity) possibilita relacionar a qualidade do concreto com o valor do pulso

ultrassônico de acordo com a Tabela 4.

Tabela 4 - Relação entre o pulso ultrassônico e a qualidade do concreto.

Velocidade longitudinal da onda (Km/s)

Qualidade do concreto

v < 2 Muito ruim

2 < v < 3 Ruim

3 < v < 3,5 Média

3,5 < v < 4 Boa

4 < v < 4,5 Muito Boa

v > 4,5 Excelente

FONTE: Mota (2016).

Será utilizado o aparelho de emissão de ondas ultassônicas Pundit Lab, do

fabricante Proceq, disponível no LEDMa, com banda entre 20 e 500 KHz. Este é

constituído por uma unidade central, que possui um gerador de impulsos elétricos,

um amplificador e um dispositivo eletrônico para medição do tempo até que a

amplitude máxima do pulso ultrassônico atravesse o corpo de prova, do transdutor

emissor até o receptor. O ensaio será realizado de acordo a norma NBR 8802:2013

(Concreto endurecido - Determinação da velocidade de propagação de onda

ultrassônica).

50

5.2.8 Avaliação da Eficiência dos Métodos de Recuperação

A avaliação da durabilidade da realcalinização será realizada por meio da

comparação entre a velocidade de carbonatação do concreto inicialmente moldado

(corpos de prova de referência) e do concreto realcalinizado após este ser

submetido a um novo ciclo de carbonatação.

Com relação à extração de cloretos, quando as estruturas tratadas não estão

suficientemente protegidas e ocorre novamente a contaminação com cloretos, a

corrosão é reiniciada. Segundo a NACE (2001), embora não haja registro de

nenhuma estrutura de campo que foi tratada mais de uma vez, não há nenhum

motivo para o que o tratamento não seja aplicado outras vezes. Porém, do ponto de

vista econômico, é muito mais rentável proteger a estrutura tratada do que aplicar a

técnica de dessalinização novamente (NACE, 2001). Na dessalinização, não será

realizada a comparação da estrutura de concreto sem ataque por cloretos com a que

sofreu dessalinização, visto que mesmo após o tratamento ainda existe a presença

de cloretos em baixas concentrações.

51

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60

7 RESULTADOS ESPERADOS

A pesquisa fornecerá, como resultados, a avaliação da eficiência dos

tratamentos de realcalinização química, eletroquímica e dessalinização para

diferentes materiais empregados, além da verificação do nível de corrosão na qual

os efeitos deste tratamento são positivos, afim de reparar a estruturas de concreto

sujeitas à carbonatação e ao ataque por cloretos.

Para tal, será avaliado o comportamento dos métodos em função das

características dos materiais empregados (tipos de cimento e soluções), os efeitos

causados na microestrutura do concreto e a durabilidade do processo de

realcalinização quando a estrutura é submetida a outro ciclo de carbonatação.

Desta forma, este estudo contribuirá para que a realcalinização química,

eletroquímica e dessalinização possam ser utilizadas de forma adequada, nas

condições apropriadas para que as estruturas de concreto venham a ser

efetivamente restauradas, aumentando, assim, a vida útil das mesmas.

61

8 IMPACTOS

Os impactos causados com o desenvolvimento deste projeto estão listados a

seguir.

8.1 Acadêmico

A pesquisa desenvolvida terá como consequência direta ao menos duas

publicações em periódicos indexados (QUALIS superior a B2), bem como a

participação em eventos científicos nacionais e internacionais para a difusão do

trabalho desenvolvido, afim de consolidar o Programa de Pós Graduação em

Engenharia Civil (PPEC) e o Laboratório de Ensaios em Durabilidade dos Materiais

(LEDMa/UFBA) como referência na produção científica sobre o tema, no país.

8.2 Científico

O trabalho apresentará um elevado aprofundamento científico, possibilitando

um maior entendimento sobre os efeitos da realcalinização e dessalinização no

concreto e sua eficiência de acordo com o nível de corrosão das armaduras, bem

como dos materiais empregados, além de analisar a durabilidade da realcalinização

nas estruturas de concreto carbonatadas.

8.3 Tecnológico

O desenvolvimento deste estudo contribuirá para uma maior difusão da

realcalinização e da dessalinização no meio técnico e na aplicação destas técnicas

de uma forma mais eficaz, contribuindo para uma maior durabilidade das estruturas

de concreto, consolidando, assim, as condições (nível de corrosão, tipo de cimento)

na qual as tecnologias são adequadas.

8.4 Ambiental

O estudo contribuirá para que as estruturas de concreto carbonatadas e

submetidas a ataque por cloretos sejam restauradas efetivamente, prolongando a

vida útil destas, postergando a geração de resíduos de demolição e a

desmobilização de material para novas construções, além da redução da poluição

62

visual proveniente da presença de estruturas degradadas no meio urbano. Além

disso, a realcalinização e dessalinização são técnicas de reabilitação não-

destrutivas, não gerando resíduos como nos métodos de reparo tradicionais.

8.5 Social

A pesquisa desenvolvida possibilitará a divulgação das técnicas de

realcalinização e dessalinização, bem como as condições na qual essas técnicas

são eficazes (nível de corrosão, tipo de cimento), para a sociedade. Desta forma,

contribuirá para um aumento da vida útil das estruturas, melhorando a qualidade de

vida de seus usuários.

Além disso, por ser uma técnica não-destrutiva, diminui a geração de

resíduos, contribuindo para que a sociedade tenha um ambiente menos poluído.

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9 CRONOGRAMA

Início: 21/11/2016

Previsão de Término: 20/11/2020

Atividades Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4

1-3 4-6 7-9 10-12 1-3 4-6 7-9 10-12 1-3 4-6 7-9 10-12 1-3 4-6 7-9 10-12

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Atividade realizada

Atividade a ser realizada

LEGENDA: