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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA PRISCILLA SOUZA NEVES INTERLIGAÇÃO DA GERAÇÃO EOLIELÉTRICA COM O SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA SALVADOR 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

PRISCILLA SOUZA NEVES

INTERLIGAÇÃO DA GERAÇÃO EOLIELÉTRICA COM O

SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM

ENGENHARIA ELÉTRICA

SALVADOR

2014

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PRISCILLA SOUZA NEVES

INTERLIGAÇÃO DA GERAÇÃO EOLIELÉTRICA COM O

SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

SALVADOR

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia

Elétrica, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como

requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.

Orientador: Profª. Drª. Cristina de Abreu Silveira

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N513 Neves, Priscilla Souza.

Interligação da geração eolielétrica com o sistema elétrico de potência/ Priscilla Souza Neves. – Salvador, 2014.

109f. : il. color.

Orientadora: Profª. Drª. Cristina de Abreu Silveira.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2014.

1. Energia eólica. 2. Sistemas de energia elétrica. 3. Impacto ambiental. 4. Interligação em rede. I. Silveira, Cristina de Abreu. II. Universidade Federal da Bahia. III. Título.

CDD: 621.312

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PRISCILLA SOUZA NEVES

INTERLIGAÇÃO DA GERAÇÃO EOLIELÉTRICA COM O

SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

Aprovado em: 13/03/2014

BANCA EXAMINADORA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Engenharia Elétrica, Escola Politécnica

da Universidade Federal da Bahia, como requisito para

obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar força e saúde para superar as dificuldades impostas nesta

vida.

Agradeço à minha família que sempre apoiou as decisões e escolhas feitas durante todo

este tempo dedicado aos estudos.

Agradeço a Profª. Drª. Cristina de Abreu Silveira pela colaboração e contribuição

durante o desenvolvimento desta dissertação de mestrado.

Agradeço a Janaina Almada, mestranda da Universidade Federal do Ceará, pela

colaboração e auxilio no decorrer das simulações computacionais.

Agradeço a Pedro Leoni, Engenheiro da Renova Energia, pelos esclarecimentos acerca

dos Parques Eólicos na Bahia.

Agradeço ao LABEFEA/UFBA pela disponibilidade de espaço e contribuição na

elaboração deste trabalho.

Finalmente, agradeço a todos os amigos, colegas e parceiros que direta ou indiretamente

contribuíram para a elaboração deste trabalho.

Muito Obrigada.

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“Viver e não ter a vergonha de ser feliz.

Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um

eterno aprendiz.”

Gonzaguinha

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RESUMO

Nas últimas décadas a energia eólica tem tido uma participação significativa na

matriz energética de vários países e com isso, a discussão acerca da influência que a

conexão de parques eólicos pode causar na rede, preservando a qualidade da energia e

estabilidade do sistema tornou-se tema da maior importância para o setor. Este trabalho

trata da interligação de parques eólicos ao sistema elétrico de potência (SEP) destacando os

impactos que essas novas instalações podem causar à operação do sistema elétrico. Dentro

desta proposta, é apresentado um panorama da energia eólica no mundo e sua evolução no

Brasil, a capacidade eólica instalada, as configurações, classificações e regulamentações da

integração dos sistemas eólicos à rede elétrica. Também são abordados os impactos da

interligação de parques eólicos ao sistema elétrico no âmbito da qualidade da energia

elétrica e dos afundamentos de tensão decorrentes de curtos-circuitos no sistema no ponto

comum de conexão com a rede, além dos impactos que as centrais eólicas podem provocar

ao meio ambiente. As análises realizadas neste estudo buscaram avaliar o comportamento

do parque eólico interligado ao SEP de acordo com os critérios estabelecidos pelo operador

do sistema elétrico (ONS) nas condições mais severas de operação, no que tange à sua

capacidade de suportabilidade às faltas na rede elétrica.

Palavra-chave: Interligação, energia eólica, impactos, qualidade da energia, afundamentos

de tensão.

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ABSTRACT

In recent decades wind energy has had a significant share in the energy matrix from

various countries and with that, the discussion about the influence that the connection of

wind farms can cause in the power grid, preserving power quality and system stability has

become the subject of most importance for the sector. This paper broaches the

interconnection of wind farms in power system highlighting the impacts that these new

installations may cause the operation of the electric system. Within this proposal, an

overview of wind energy in the world and its development in Brazil's installed wind

capacity, settings, classifications and regulations of the integration of wind farms to the

grid is displayed. Are also addressed the impact of the interconnection of wind power to

the electrical system within the power quality parks, to the variations of short - term effects

of short circuits in the system voltage, the temporal variability of these effects at the point

of connection to the network the Point of Common Connection (PCC), in addition to the

impact that the installation of wind power plants can cause the environment. The analyzes

performed in this study sought to evaluate the behavior of the wind farm connected to the

power system in accordance with criteria established by the operator of the electric system

(ONS) in the most severe operating conditions, in terms of its ability to withstand faults in

the power grid.

Keyword: Interconnection, wind power, impact, power quality, voltage sags.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1 ENERGIA EÓLICA NO BRASIL ..................................................................................... 3

1.2 MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ...................................................... 6

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................. 7

2. INTEGRAÇÃO DE PARQUES EOLIELÉTRICOS NO SISTEMA ELÉTRICO

DE POTÊNCIA ................................................................................................................... 9

2.1 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ............................................................................................... 11

3 SISTEMAS DE GERAÇÃO EÓLICA ......................................................................... 14

3.1 SISTEMAS ISOLADOS ........................................................................................................ 14

3.2 SISTEMAS HÍBRIDOS ......................................................................................................... 15

3.3 SISTEMAS INTERLIGADOS .............................................................................................. 16

3.4 CONFIGURAÇÕES DO AEROGERADOR ........................................................................ 19

4 CONSIDERAÇÕES PARA A CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS .................... 25

4.1 REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA ....................................................................................... 25

4.1.1 ANÁLISE DOS CÓDIGOS DE REDE .......................................................................... 30

4.2 REQUISITOS DE ACESSO À REDE ELÉTRICA NO BRASIL ........................................ 31

4.3 FORMAS DE ACESSO AO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO ................................... 33

5. IMPACTOS DA CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS NO SEP .......................... 36

5.1 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA ........................................................................... 36

5.1.1 IMPACTOS EM REGIME PERMANENTE .................................................................. 37

5.1.2 IMPACTOS EM REGIME DINÂMICO ........................................................................ 39

5.1.3 IMPACTOS EM REGIME TRANSITÓRIO .................................................................. 43

5.1.4 VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA ................................................................................... 47

5.1.5 EFEITO DA INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA (EMI) ................................. 48

5.2 IMPACTOS AMBIENTAIS .................................................................................................. 49

6. ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 51

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6.1 REPRESENTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS PARA ESTUDOS NO SEP ...................... 51

6.1.1 APRESENTAÇÃO DO PARQUE EÓLICO EM ESTUDO .......................................... 53

6.1.2 MODELAGEM ............................................................................................................... 54

6.2 IMPACTOS ELÉTRICOS ..................................................................................................... 59

6.2.1 AFUNDAMENTOS EQUILIBRADOS ......................................................................... 59

6.2.2 AFUNDAMENTOS DESEQUILIBRADOS .................................................................. 66

6.2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS .................................................................. 73

7. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 75

7.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 77

8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 78

APÊNDICE A .................................................................................................................... 84

APÊNDICE B ..................................................................................................................... 87

ANEXO A ........................................................................................................................... 90

ANEXO B ........................................................................................................................... 94

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LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEEólica Associação Brasileira de Energia Eólica

AMT Afundamento Momentâneo de Tensão

AVF-SCIG Aerogerador de Velocidade Fixa com Gerador de Indução de Rotor em

Gaiola

AVV-GIDA Aerogerador de Velocidade Variável com Gerador de Indução Duplamente

Alimentado

AVV-PMSG Aerogerador de Velocidade Variável com Gerador Síncrono de Imãs

Permanentes

AVV-WRSG Aerogerador de Velocidade Variável com Gerador Síncrono Alimentado

Eletricamente

CLM Conversor do Lado da Máquina

CLR Conversor do Lado da Rede

DFIG Doubly Fed Induction Generator

DTH Distorção de Tensão Harmônica

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EMI Eletromagnetic Interference

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FT Fator de Transferência

GIDA Gerador de Indução Duplamente Alimentado

GWEC Global Wind Energy Council

IEEE Institute of Eletrical and Eletronics Engineers

LFA Leilão de Fontes Alternativas

LRE Leilão de Reserva

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

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PCA Projeto de Controle Ambiental

PCC Ponto de Conexão Comum

PCH Pequena Central Hidrelétrica

PMSG Permanent Magnet Synchronous Generator

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PROREDE Procedimentos de Rede

QEE Qualidade da Energia Elétrica

RAS Relatório Ambiental Simplificado

SCIG Squirrel-Cage Induction Generator

SEP Sistema Elétrico de Potência

SIN Sistema Interligado Nacional

VTCD Variação de Tensão de Curta Duração

WRSG Wound Rotor Synchronous Generator

WWEA World Wind Energy Association

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Capacidade eólica instalada no período de 1997 a 2013...................................... 2

Figura 2 – Capacidade eólica instalada em diversos países. ................................................. 2

Figura 3 – Matriz de eletricidade brasileira. .......................................................................... 3

Figura 4 – Potência eólica instalada de 2005 até 2017. ......................................................... 4

Figura 5 – Configuração de um sistema eólico isolado. ...................................................... 15

Figura 6 – Configuração do sistema híbrido solar-eólico-diesel. ........................................ 15

Figura 7 – Conexão através de um transformador por aerogerador à rede elétrica. ............ 17

Figura 8 - Conexão através de um transformador por conjunto de aerogeradores à rede. .. 18

Figura 9 – Grupo eólico de velocidade fixa conectada diretamente à rede elétrica. ........... 20

Figura 10 – Grupo eólico conectado à rede através de soft starter. .................................... 21

Figura 11 – Grupo eólico conectado a rede através do conjunto retificador/inversor. ........ 22

Figura 12 – Grupo eólico com gerador de indução duplamente alimentado. ...................... 23

Figura 13 – Grupo eólico com gerador com rotor (a) bobinado; (b) ímãs permanentes. .... 24

Figura 14 – Curva de suportabilidade a faltas para rede de distribuição. ............................ 26

Figura 15 – Curva de suportabilidade à falta no nível de transmissão. ............................... 27

Figura 16 – Curva LVRT aos centros geradores de energia em Portugal. .......................... 27

Figura 17 - Suportabilidade a faltas no sistema de transmissão. ......................................... 28

Figura 18 – Curva de suportabilidade à falta aplicada no Canadá. ..................................... 29

Figura 19 – Curva de suportabilidade a faltas para parques eólicos conectados a rede ...... 29

Figura 20 – Curva de suportabilidade a falta na rede básica dos aerogeradores. ................ 44

Figura 21 – Aerogerador contendo circuito de proteção crowbar....................................... 45

Figura 22 – Tipos de circuito de proteção crowbar............................................................. 46

Figura 23 – Dispersão dos sinais eletromagnéticos pelas turbinas eólicas.......................... 48

Figura 24 – Exemplo de conexão de parque eólico com o SEP. ......................................... 52

Figura 25 – Esquema elétrico do parque eólico em estudo. ................................................ 53

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Figura 26 – Parque eólico no PSCAD. ................................................................................ 54

Figura 27 – Interação entre o modelo da turbina e gerador. ................................................ 55

Figura 28 – Máquina de indução no referencial dq síncrono. ............................................. 56

Figura 29 – Topologia do conversor do lado da máquina. .................................................. 58

Figura 30 – Topologia do conversor do lado da rede. ......................................................... 58

Figura 31 – Bloco correspondente à falta trifásica e controle do tempo da falta. ............... 59

Figura 32 – Circuito correspondente ao controle da intensidade da falta trifásica.............. 60

Figura 33 - Afundamento de tensão de 60% no PCC. ......................................................... 61

Figura 34 – Afundamento de tensão de 40% no PCC. ........................................................ 61

Figura 35 – Afundamento de tensão de média severidade. ................................................. 62

Figura 36 – Atuação da proteção crowbar no inicio do afundamento de tensão. ............... 63

Figura 37 – Atuação continua do crowbar após restauração do sistema. ............................ 63

Figura 38 – Atuação do sistema de proteção do parque eólico. .......................................... 64

Figura 39 – Afundamento de tensão de 80% dentro de 500 ms. ......................................... 65

Figura 40 – Atuação do disjuntor de proteção do parque eólico. ........................................ 65

Figura 41 - Corrente do rotor durante afundamento de tensão com uso do crowbar. ......... 66

Figura 42 – Bloco lógico para simulação de faltas assimétricas. ........................................ 67

Figura 43 – Falta monofásica aplicada no PCC. ................................................................. 68

Figura 44 – Afundamento de tensão oriundo de falta monofásico no PCC. ....................... 69

Figura 45 – Amortecimento da corrente no rotor durante o afundamento de tensão. ......... 69

Figura 46 – Correntes oriundas da falta bifásica do tipo Fase-Fase no PCC. ..................... 70

Figura 47 – Afundamento de tensão devido à falta bifásica no PCC. ................................. 70

Figura 48 – Afundamento de tensão devido à falta bifásica para terra. .............................. 71

Figura 49 – Tensão na fase não afetada pela falta bifásica. ................................................ 71

Figura 50 – Correntes do PCC oriunda da falta bifásica para terra. .................................... 72

Figura 51 – Ativação do crowbar durante o afundamento de tensão. ................................. 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Capacidade eólica instalada por estado no Brasil. ................................................ 5

Tabela 2 – Classificação das tensões no Brasil. .................................................................. 16

Tabela 3 - Condições de suportabilidade a faltas de parques eólicos na Dinamarca. ......... 26

Tabela 4 - Sumário da suportabilidade a faltas de parques eólicos para diferentes países.. 31

Tabela 5– Efeitos das turbinas eólicas no sistema elétrico. ................................................. 36

Tabela 6 – Faixa da tensão de leitura (TL) em relação à tensão contratada (TC). .............. 37

Tabela 7 – Limites globais de tensão expressos em (%) da tensão fundamental. ............... 39

Tabela 8 – Limites globais de flutuação de tensão. ............................................................. 42

Tabela 9 – Fatores de transferência (FT). ............................................................................ 42

Tabela 10 – Denominação das variações de tensão de curta duração. ................................ 43

Tabela 11 – Comparação dos impactos entre fontes de energia. ......................................... 50

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1. INTRODUÇÃO

A pressão ambiental a favor da redução do uso de fontes de energia poluentes, a

diminuição dos níveis de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas, a necessidade

de suprir a crescente demanda por energia elétrica, a escassez de petróleo associado à

volatilidade do preço do barril e a diversificação da matriz energética, são alguns dos

elementos que impulsionam o crescimento das fontes renováveis, e.g. eólica, solar,

biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).

Neste cenário, o Brasil também reconheceu a necessidade de ampliar e diversificar a

matriz energética nacional, através das fontes alternativas de energia que até então não

tinham sua utilização em larga escala devido ao custo pouco competitivo se comparado às

fontes tradicionais de energia elétrica, pois, apesar de possuir cerca de 70% da sua geração

de energia obtida a partir de usinas hidrelétricas, que são fontes de energia limpa, estas

possuem restrições por causar grandes impactos ambientais (WWF, 2012).

O aproveitamento da energia eólica vem se destacando como uma fonte promissora e

economicamente competitiva, pois, com o avanço tecnológico alcançado nos últimos anos,

o custo da geração eólica está se aproximando dos custos das fontes convencionais de

energia devido aos incentivos governamentais empregados e o aumento da escala de

produção neste setor. Os incentivos permitem que os sistemas de conversão eólica não só

tenham a tecnologia necessária para a geração de energia oriunda dos grandes parques

eólicos, como também permite a utilização na forma de geração distribuída, visando

flexibilizar o sistema elétrico com o consequente aumento na segurança operacional, na

redução de perdas de transmissão de energia e também, na diminuição dos grandes

impactos socioambientais inerentes a expansão energética.

O paradigma de produção e consumo de energia com economia, eficiência e

segurança e a integração das fontes renováveis com as fontes convencionais leva a um

novo modelo de sistema de geração de energia elétrica menos centralizada que o atual,

como por exemplo, as redes inteligentes que preveem o uso de sistemas de geração de

energia local em pequena escala (micro geração), preferencialmente renovável, e o

gerenciamento do consumo. Neste aspecto, a interligação de parques eólicos ao Sistema

Elétrico de Potência (SEP) oferece maior segurança no suprimento nos momentos em que

a produção por fontes tradicionais é menor (MME, 2010).

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O gráfico da Figura 1 mostra a evolução mundial da instalação de parques eólicos no

período de 1997 a 2013, na qual fica evidente a quantidade de potência eólica, 318 GW,

inserida no setor elétrico até 2013 (WWEA, 2014).

Figura 1 – Capacidade eólica instalada no período de 1997 a 2013. (WWEA, 2014) (Adaptada)

O gráfico da Figura 2 evidencia a baixa expressividade da geração eólica do Brasil

no cenário mundial, a despeito dos investimentos no setor, tendo atingido 2.788 MW

instalados (WWEA, 2013).

Figura 2 – Capacidade eólica instalada em diversos países. (WWEA, 2013) (Adaptada)

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O intenso incremento de capacidade nos últimos anos provocou a redução dos custos

da tecnologia eólica disponível no mercado, hoje associado aos incentivos governamentais

de cada país. Isso estimula o desenvolvimento de conhecimento e empregos e contribui

para a expansão da oferta energética e, o Brasil, apesar de possuir um potencial econômico

evidentemente menor quando comparado com os países líderes em instalação eolielétrica,

já possui experiência na execução de programas de incentivo a fontes limpas que visam à

ampliação da capacidade de geração de energia elétrica.

1.1 ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

Apesar da energia eólica ainda ser pouco representativa na matriz energética nacional

quando comparada com o aproveitamento do potencial das fontes hídricas e térmicas,

atualmente a capacidade eólica instalada no Brasil responde por aproximadamente 2% da

potência elétrica gerada, como apresentado no gráfico da Figura 3 (ABEEólica, 2013).

Figura 3 – Matriz de eletricidade brasileira. (ABEEólica, 2013)

A ampliação da capacidade de gerar energia elétrica a partir da fonte eólica no Brasil

foi iniciada em 2002, com a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de

Energia Elétrica (PROINFA), que estimulou o desenvolvimento de fontes alternativas de

energia destinadas a diversificar a matriz energética do país, sendo 3.300 MW de

capacidade distribuída entre as fontes contempladas, 1.423 MW foram de projetos de

geração eolielétrica. Registrou a existência de 51 parques eólicos totalizando 926 MW de

potência instalada correspondentes a 40 projetos deste programa até 2010 (Renergy, 2010).

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Com o PROINFA, a geração eólica continua recebendo incentivos através de

mecanismos de contratação regulada habilitados pelo MME, para a contratação de energia

elétrica através de leilões (LER-2009, LFA-2010, LER-2010, LER 2011 e LFA 2012), que

permitirá aumentar até 5.300 MW de potência eólico instalado para o horizonte de 2013 e

8.802,1 MW até 2017. O gráfico da Figura 4 apresenta a potência eólica instalada no Brasil

de 2005 com previsão de ampliação da capacidade eólica até 2017 (ABEEólica, 2013).

Figura 4 – Potência eólica instalada de 2005 até 2017. (ABEEólica, 2013)

Nestas circunstâncias, a implantação de usinas eolielétricas1 continua sendo uma

alternativa para o setor elétrico, pois boa parte deste crescimento é devido ao compromisso

os países assinantes do protocolo de Kyoto em cumprir seus acordos de redução das

emissões de gases de efeito estufa (Procobre, 2010). Investimentos na ampliação da

capacidade de geração de energia elétrica a partir da exploração das fontes eólica,

biomassa, solar e PCHs, trazem benefícios com relação aos custos de produção de energia,

diminuem a emissão de gases do efeito estufa e aumentam a oferta energética. Bem como,

1 Eolielétrica – Expressão adotada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) para designar Usinas

Eólicas ou Parques Eólicos.

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a utilização e tecnologias limpas também contribui para elevar o país a uma posição de

destaque na economia de baixo carbono2.

Além disso, o aproveitamento da energia dos ventos nesta região apresenta um

aspecto estratégico e favorável para a geração de energia elétrica nacional (MME, 2010).

Como por exemplo, a complementaridade sazonal da gestão hídrica e eólica potencializa

uma maior estabilidade na oferta de energia, já que em períodos de estiagem, quando as

barragens estão em seu nível mais baixo, coincidem com o período de maior incidência e

intensidade de ventos. Com isso, há um equilíbrio quase perfeito entre a geração das usinas

eolielétrica e hidrelétrica para garantir o suprimento de energia contínuo e confiável ao

longo do ano, o que diminui os riscos de “apagões” energéticos, além de preservar as

bacias hidrográficas fechando ou minimizando o uso das hidrelétricas. O melhor exemplo

desta sazonalidade está na região do Rio São Francisco.

Esta complementaridade justifica os investimentos do setor elétrico que contemplam

principalmente a geração eólica, em face da baixa pluviosidade e a distribuição geográfica

dos recursos hídricos existentes no país. Segundo a ABEEólica, atualmente a região

Nordeste possui 81 dos 111 parques eólicos em funcionamento no Brasil, dos quais 25

estão no estado do Rio Grande do Norte (capacidade total de 727,2 MW), como mostrado

na Tabela 1 (ABEEólica, 2013).

Tabela 1– Capacidade eólica instalada por estado no Brasil. (ABEEólica, 2013)

Estado Número de Parques Potência Instalada (MW)

Pernambuco 5 24,8

Rio de janeiro 1 28,1

Sergipe 1 34,5

Paraíba 13 69,0

Santa Catarina 13 236,4

Bahia 18 414,5

Rio Grande do Sul 14 440,0

Ceará 19 588,8

Rio Grande do Norte 25 727,2

Total 111 2563,25

2 Economia de Baixo Carbono – Processos produtivos e soluções tecnológicas que resultam em menor

impacto sobre o clima do planeta, com destaque para a busca de eficiência e alternativas energéticas,

redução de emissões e gestão em sustentabilidade.

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Considerando o perfil do sistema elétrico brasileiro com geração hidroelétrica de

grande porte, distantes dos centros de consumo, e a necessidade de ampliar e flexibilizar

esse sistema através da diversificação da matriz energética, de modo a atender a demanda

crescente e a evitar o colapso energético, é interesse do Setor avaliar as possibilidades de

integração de geração eólica ao sistema elétrico existente, em todas as configurações

possíveis:

Como sistema isolado, em locais que ainda não são atendidos pela rede elétrica

existente;

Como grandes centros geradores de energia, que são usinas eólicas de grande

porte;

Como geração distribuída, em utilização direta pelos consumidores.

Estudos vêm sendo feitos com relação aos problemas inerentes à integração dos

sistemas eolielétricos e o SEP convencional, quanto às variações de potência devido às

oscilações da velocidade do vento, a possibilidade de conexão de aerogeradores em locais

remotos com pontos de acesso com baixa potência de curto-circuito, a variabilidade da

tecnologia empregada na conversão eolielétrica que têm sido as principais questões

consideradas quanto à inserção segura desta fonte.

Desta forma, a fim de estender as análises e considerando aspectos transitórios do

sistema elétrico, os objetivos desta dissertação são apresentados no item seguinte.

1.2 MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

Devido ao crescimento exponencial do número de usinas pelo mundo e no Brasil,

como já mencionado anteriormente, a participação da energia eólica na rede elétrica tem

aumentado bastante e, por conseguinte, os aerogeradores começam a interagir com cargas e

outros componentes do sistema elétrico, influenciando o comportamento sistêmico como

um todo (Mendes et al., 2008). Sendo assim, esforços têm se desenvolvido para o estudo

da integração de aerogeradores com a rede elétrica.

Em vários países, os operadores do sistema elétrico têm desenvolvido critérios para a

integração de usinas eólicas a rede elétrica. Estes critérios agregam, entre outros requisitos,

a suportabilidade de usinas frente à faltas (“ride-through fault capability“ ou RTF) (Erlich

and Bachmann, 2005), isto é, a capacidade de manter-se conectadas à rede durante

afundamentos momentâneos de tensão (AMTs) no ponto comum de conexão (PCC). No

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Brasil, como em várias nações, um requisito de suportabilidade frente à AMTs foi proposto

pelo ONS buscando garantias para a manutenção da qualidade da energia e da estabilidade

do sistema elétrico. Os requisitos presentes nos códigos de rede mais modernos, no que se

refere aos aerogeradores, são abrangentes e podem tratar os parques eolielétricos cada vez

mais como uma usina convencional no SEP.

Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é apresentar os aspectos da

interligação de sistemas eolielétricos ao sistema elétrico mostrando as principais

configurações e requisitos técnicos relacionados à conexão, destacando os impactos da

operação destes sistemas no ponto de conexão comum (PCC).

O objetivo específico é analisar o comportamento de um parque eólico conectado à

rede de transmissão frente aos afundamentos de tensão no ponto comum de conexão (PCC)

diante de curtos-circuitos no sistema elétrico de acordo com os requisitos de

suportabilidade dos aerogeradores a sobtensões – low voltage ride-through - (LVRT),

definidos nos Procedimentos de Rede do Sistema Elétrico Brasileiro.

Devido ao fato do afundamento de tensão ser um dos principais responsáveis pela

queda na qualidade de energia do sistema, o estudo do mesmo será de grande relevância

para o presente trabalho, pois o comprometimento da qualidade da energia pode ocasionar

prejuízos financeiros, parando processos fabris, apesar de existirem dispositivos

eletrônicos que possibilita uma rápida compensação de afundamentos.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação encontra-se dividida em oito capítulos. Este capítulo – Introdução -

traz uma breve introdução sobre a energia eólica mostrando as perspectivas da energia

eólica mundial e no Brasil destacando os países que utilizam a geração eólica a fim de

diversificar a matriz energética nacional e apresenta a proposta desta dissertação.

O capítulo dois – Integração de Parques Eolielétricos no Sistema Elétrico de

Potência – apresenta uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de contextualizar o tema

e servir de referencial para as conclusões obtidas nas simulações realizadas no presente

trabalho. Na sequência, o capítulo três – Sistemas Eólicos - apresenta os tipos de sistemas

eólicos e suas topologias. O capítulo quatro - Considerações para a Conexão de Parques

Eólicos – apresenta as principais regulamentações e requisitos técnicos para a conexão de

parques eólicos à rede elétrica. O capítulo cinco - Impactos da Interligação de Parques

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8

Eólicos ao SEP - aborda os impactos da interligação de parques eólicos no sistema elétrico

no âmbito da qualidade de energia elétrica, com foco nas variações de tensão de curta

duração decorrentes de curtos-circuitos ocorridos no ponto de interligação dos sistemas.

O capítulo seis - Estudo de Caso- apresenta uma simulação de um caso exemplo de

interligação de um parque eólico à rede elétrica diante de afundamentos de tensão no ponto

de conexão comum (PCC). O capítulo sete – Conclusões e Recomendações - aponta as

conclusões resultantes deste trabalho e indica propostas de continuidade e aprofundamento

do tema pesquisado e áreas afins.

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2. INTEGRAÇÃO DE PARQUES EOLIELÉTRICOS NO SISTEMA

ELÉTRICO DE POTÊNCIA

Inicialmente, unidades eólicas eram utilizadas de forma isolada, fornecendo baixa

potência para pequenos consumidores em formas híbridas de geração, tais como sistemas

compostos por unidades eólicas e baterias ou unidades eólicas e geradores a diesel, o que

caracterizou os primeiros sistemas eólicos a conectarem-se no sistema elétrico de alguns

países. Com o desenvolvimento de tais sistemas de conversão de energia, os aerogeradores

adquiriram potências elevadas e a conexão destes ao sistema elétrico passou a ser realizada

em maior escala, primeiramente em sistemas de distribuição de energia elétrica conectadas

diretamente à rede elétrica, de forma unitária ou em conjunto, formando os parques

eólicos. Com a evolução tecnológica experimentada no setor eólico ao longo dos anos, os

parques eólicos passaram a gerar uma quantidade elevada de potência a ser inserida no

sistema elétrico e o grupo de aerogeradores é então conectado ao sistema de transmissão de

energia elétrica.

O comportamento do SEP é ditado pelas características do sistema de geração e por

determinados tipos de cargas. Um sistema elétrico constituído por sistemas de conversão

de energia eólica apresenta um comportamento diferente dos sistemas elétricos

convencionais, estes compostos por geradores síncronos, a exemplo das hidrelétricas.

Dentre as tecnologias utilizadas na conversão eolielétrica destacam-se aerogeradores de

velocidade fixa com geradores de indução de rotor em gaiola (AVF-SCIG)3, aerogeradores

de velocidade variável com geradores de indução com dupla alimentação (AVV-GIDA),

aerogeradores de velocidade variável com geradores síncronos com conversor instalado no

estator, sendo o rotor alimentado eletricamente (AVV-WRSG) ou por ímãs permanentes

(AVV-PMSG). Até pouco tempo atrás, AVF-SCIG eram bastante empregados por se

tratarem de máquinas robustas, porém, a tecnologia AVV-GIDA é uma das com maior

penetração no mercado eólico devido às vantagens econômicas e operacionais, como a de

utilizar conversores dimensionados para apenas uma parcela da potência nominal da

máquina, geralmente 30% (Hansen et al., 2007). Apesar destas vantagens, a tecnologia

GIDA é alvo de estudo em muitos trabalhos em decorrência da sua rápida expansão e

também por este sistema ser suscetível a distúrbios provenientes da rede elétrica. Os 3 SCIG, WRSG e PWSG são siglas em inglês para Squirrel-Cage Induction Generator, Wound Rotor

Synchronous Generator e Permanent Magnet Synchronous Generator, respectivamente.

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detalhes sobre essa tecnologia de geração é largamente difundido na literatura, o que faz

com que muitos estudos tratem desde a modelagem do sistema até o desenvolvimento de

complexas estratégias de controle. Uma contribuição fundamental nesta área, e uma das

primeiras, é a de (Akhmatov, 2003) que trata da modelagem de aerogeradores de indução.

Outro trabalho relevante é o de (Kayikci et al., 2008) onde foram analisadas as

simplificações dos modelos e parâmetros do GIDA.

O progresso da tecnologia eólica experimentado nos últimos anos superou as

expectativas, levando à redução de custos para níveis comparáveis, em muitos casos, com

os dos métodos convencionais de geração de energia elétrica. Este desenvolvimento suscita

uma série de desafios em matéria de operação estável da rede, qualidade de energia e de

comportamento do sistema diante de distúrbios no sistema. Em geral, os grandes parques

eólicos encontram-se em locais afastados e de difícil acesso onde as redes de conexão

possuem impedâncias elevadas, entretanto, os problemas inerentes a esse tipo de geração,

como variação da potência ativa e tensão no ponto comum de conexão (PCC) decorrentes

da variação da velocidade do vento, podem tomar proporções maiores (Suvire et al., 2008).

Pois, em projetos envolvendo fontes renováveis como a eólica, o reforço no sistema de

transmissão pode inviabilizar o empreendimento já que o custo de capacidade de geração

em termos de kW instalado é relativamente alto e os projetos envolvendo tais fontes são

em geral de pequeno porte (baixa e média potência) (O’Gorman et al., 2003).

A incorporação da energia eólica, de forma significativa, no SEP pode afetar a

operação do sistema. No passado, os requisitos para turbinas eólicas estavam focados

principalmente na proteção do equipamento, de forma que, em caso de falha na rede, não

era considerado o impacto que os aerogeradores poderiam ter sobre a rede elétrica,

existindo regras para a desconexão. No entanto, com o aumento do nível de injeção de

energia eólica, a perda de uma parte considerável de MW dos geradores eólicos em caso de

falha na rede tornou-se inaceitável, já que a estabilidade do sistema de potência pode ser

afetada negativamente. Para garantir a estabilidade do sistema elétrico, os operadores de

sistemas elétricos em vários países definiram requisitos mínimos de conexão à rede para

geradores eólicos, também conhecidos como grid code (ou procedimentos de rede, como

denominado no Brasil) (Valentini, et al., 2008).

Os requisitos de suportabilidade a afundamentos de tensão dos aerogeradores no

PCC decorrentes de faltas na rede elétrica – low ride-through – são os motivos de análise

deste trabalho. Nos Procedimentos de Rede, estabelecidos pela Aneel, o Submódulo 3.6 –

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Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de transmissão, revisão 1.1 -

esta capacidade é especificada por um perfil de tensão que os parques eólicos devem

suportar e permanecerem conectadas à rede, mesmo que as quedas de tensão atinjam

valores muito baixos.

2.1 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Com o potencial de energia eólica, com significativa predominância na Região do

Nordeste brasileiro, estudos vêm sendo feitos a fim de verificar os impactos da geração

eólica no sistema. E a escolha adequada da tecnologia a ser adotada para os parques eólicos

pode minimizar os impactos na qualidade de energia, estabilidade de tensão e estabilidade

transitória, pois é um fator importante para o correto dimensionamento do sistema, como

tratado no artigo da referência (Perrota et al., 2013).

Com o crescente número de parques eólicos interligados ao SEP, as concessionárias

que administram o sistema de transmissão vêm exigindo uma participação mais efetiva

desse tipo de geração a fim de garantir que indicadores de qualidade de tensão e

confiabilidade sejam preservados (Pires et al., 2008; Schulz, 2009; Yong et al., 2010).

Como exemplo disso, tem-se o critério de suportabilidade a afundamentos momentâneos

de tensão (AMTs). Até pouco tempo atrás, as centrais eólicas eram desconectadas do

sistema caso a tensão em seus terminais caíssem abaixo de 0,8 pu. Atualmente, alguns

códigos de rede estabelecem que na presença de um AMT nos terminais da central eólica, a

mesma deve permanecer conectada durante um tempo. Na Alemanha, por exemplo, mesmo

com a tensão no PCC chegando a zero, a central eólica deve permanecer conectada

(Ferreira et al., 2008). Em alguns países europeus, onde os requisitos técnicos à conexão de

centrais eólicas no SEP são mais severos, exige-se que as mesmas participem do controle

primário de frequência com 3-5% da capacidade de potência fornecida.

Dependendo da tecnologia utilizada na conversão eolielétrica, diversas questões

junto aos operadores e proprietários de redes elétricas acessadas têm sido alvo de estudos

em muitos trabalhos. Uma delas tem sido a influência da operação, em larga escala, de

centrais eólicas sobre a estabilidade do sistema elétrico, a fim de evitar desvios na

qualidade da energia decorrentes da conexão destas usinas. Os autores da referência

(Santos et al., 2011) avaliaram os critérios atuais utilizados, e quando necessário, identifica

novos critérios, relacionados com a instalação, tecnologia do aerogerador e características

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da rede elétrica acessada, baseando-se em simulações de redes elétricas contempladas com

usinas eólicas, com o objetivo de confirmar a possibilidade de atendimento aos requisitos

impostos pelos códigos de rede. Autores (Abbey et al., 2005) sugerem que, com o aumento

do consumo de energia em todo o mundo, a geração eólica, em especial, será

inevitavelmente obrigada a aderir às mesmas normas que o sistema de geração de energia

convencional.

De acordo com a referência (Lima, 2009), os códigos para a conexão de parques

eólicos à rede elétrica podem ser resumidos nos seguintes requisitos:

(i) capacidade de resistir a quedas severas de tensões ou low voltage ride

through;

(ii) capacidade de controle de potência reativa capacitiva, e, num grau menor;

(iii) capacidade de controlar a potência ativa de saída da fazenda eólica, como

especificada pelos códigos alemão, britânico e irlandês (E.ON-DE, 2006;

NGET-UK,2008;ESB-IE,2007).

De acordo com a referência (Firmino et al., 2013), os PCC apresentam baixo nível de

curto-circuito e diante disso, analisaram o comportamento do conjunto vento-turbina em

estudos de impactos da conexão dos parques eólicos à rede elétrica, destacando os efeitos

relacionados com as oscilações de potências, correntes e tensões e suas interações com os

indicadores de flutuação de tensão, harmônicos e variações de tensão junto ao PCC através

de modelagem matemática e modelos de máquinas elétricas.

Modelagens matemáticas para simulação dinâmica de geradores eólicos de indução

do tipo gaiola e de dupla alimentação ligados à rede de transmissão de energia elétrica são

temas de vários artigos como (Ye et al., 2008; LI et al., 2009). Muitos trabalhos tratam da

modelagem matemática do GIDA, projeto das suas malhas de controle e estudos de

estabilidade, como Oliveira (2009), Mohamed et al. (2004), dentre muitos outros. Porém,

um grande inconveniente para os aerogeradores de velocidade variável, especialmente os

equipados com GIDA, é o seu funcionamento durante faltas na rede. Um curto-circuito na

rede elétrica, mesmo longe do local do aerogerador, pode causar uma importante queda na

tensão do PCC. Recentemente muitos artigos têm surgido tratando especificamente da

questão da influência dos afundamentos de tensão no GIDA. Em Erlich et al. 2007 mostra

resultados de simulação do comportamento da tecnologia GIDA durante afundamentos de

tensão equilibrados, enquanto em Seman et al. 2006 as simulações mostram resultados para

afundamentos desequilibrados. López et al. 2008 apresentam o comportamento do

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aerogerador GIDA frente a afundamentos equilibrados e desequilibrados, respectivamente,

do ponto de vista matemático.

Tendo em vista a exigência dos códigos de rede em manter os parques eolielétricos

conectadas à rede durante os afundamentos, grande parte dos trabalhos que abordam o

comportamento do GIDA durante os AMT‘s, descrevem também formas de melhorar o

“ride-through fault capability“ ou RTF dessa tecnologia. Uma forma de melhorar a

suportabilidade e proteger o GIDA tratada na literatura é o uso do dispositivo “crowbar“.

Lohde et al. (2007), Morren and de Haan (2005), Ling et al. (2009), Anaya-Lara et al.

(2008), dentre outros artigos, mostram resultados do uso desse dispositivo, o qual também

será utilizado e discutido no presente trabalho. Outros trabalhos (Hu et al., 2011) propõem

estratégias de controle para a melhoraria o desempenho dos sistemas equipados com a

tecnologia GIDA durante os afundamentos. A exemplo da referência (Mendes et al., 2012),

que a implementação de estratégias de controle é proposta para reduzir as componentes

natural e de sequência negativa das correntes do rotor através do uso de controladores

ressonantes para modificar o comportamento do GIDA durante afundamento. Outro artigo

(Cota et al., 2012) propõe controlar a resistência externa do aerogerador através do Método

de Newton-Raphson, no qual os resultados mostraram que é possível diminuir a aceleração

do gerador durante a falta e consequentemente retornar as condições anteriores ao

afundamento em um menor intervalo de tempo.

Para a elaboração da dissertação foi realizada a pesquisa bibliográfica com o objetivo

de aprofundar e amadurecer o tema escolhido, observando-se os estudos já realizados em

diversos países e as respostas encontradas em relação ao tema. Artigos foram citados sobre

a interligação de parques eólicos equipados com aerogeradores GIDA diante de

afundamentos de tensão no PCC, apresentando suas ideias principais e as pesquisas

realizadas, com a finalidade de contextualizar o tema e servir de referencial para as

conclusões obtidas nas simulações realizadas no presente trabalho.

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3 SISTEMAS DE GERAÇÃO EÓLICA

Os aerogeradores são equipamentos que realizam conversão de energia cinética

contida nos ventos em energia elétrica. Esses podem apresentar diversos tipos e

configurações devido à variedade de modificações que podem ser feitas na sua construção

e instalação (Ackermann, 2005).

Os sistemas eólicos podem ser classificados quanto a sua aplicação em:

Sistemas isolados;

Sistemas híbridos;

Sistemas interligados à rede elétrica.

A seguir serão apresentadas as principais características de cada aplicação do sistema

eólico.

3.1 SISTEMAS ISOLADOS

Os sistemas eólicos isolados destinam-se à alimentação de cargas sem conexão com

a rede elétrica. Para garantir a continuidade do suprimento de energia, adota-se uma

unidade de armazenamento de energia de forma que, na ausência de vento, a continuidade

do fornecimento de energia seja garantida. Um exemplo de sistema de armazenamento

utilizado é o banco de baterias que necessita de um dispositivo de controle para monitorar

o nível de carga e descarga das baterias, além de proteger contra sobrecarga ou descarga

profunda, a fim de evitar danos no sistema isolado.

Para alimentação de equipamentos que operam com corrente alternada (CA) é

necessário à utilização de uma unidade inversora que transforma a energia armazenada em

corrente contínua (CC) nas baterias em CA. A Figura 5 apresenta o esquema de um sistema

eólico isolado, onde a energia dos ventos captada pelo aerogerador de pequeno porte (≤ 10

kW) é convertida em energia elétrica e armazenada no banco de baterias (Dutra, 2009).

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Figura 5 – Configuração de um sistema eólico isolado. (Dutra, 2009)

3.2 SISTEMAS HÍBRIDOS

Os sistemas eólicos híbridos são aqueles que operam conjuntamente com outras

fontes de energia como geração a diesel, módulos fotovoltaicos, PCHs, dentre outras. São

aplicados em sistemas de pequeno a grande porte (10 a 250 kW) destinados a atender um

grande número de usuários e/ou equipamentos (Dutra, 2009) e podem operar conectados

ou isolados da rede elétrica. Quando conectados à rede principal através de um único PCC,

constituem um subsistema, que dependendo da potência do conjunto gerador pode ser

classificado em microrrede ou minirede (Panelist, 2001).

A utilização de várias formas de geração aumenta a complexidade deste sistema e

exige a otimização do uso de cada uma das fontes. Nestes casos, é necessário realizar um

controle de todas as fontes para que haja um máximo aproveitamento da energia a ser

consumida. A Figura 6 apresenta um sistema híbrido que, por alimentar diversas cargas em

CA, também necessita de uma unidade inversora e um banco de baterias.

Figura 6 – Configuração do sistema híbrido solar-eólico-diesel. (Dutra, 2009)

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3.3 SISTEMAS INTERLIGADOS

Os sistemas eólicos interligados à rede elétrica utilizam um grande número de

aerogeradores, que compõem os parques eólicos ou usinas eolielétricas e não necessitam

de sistemas de armazenamento, uma vez que toda geração é entregue diretamente à rede de

distribuição ou à rede básica do sistema elétrico.

O ponto de conexão dos parques eólicos com o sistema elétrico é o elemento

principal da interligação e este é definido como ponto de conexão comum (PCC). No PCC

também é o ponto onde estão instalados os instrumentos de medição da energia gerada,

bem como, onde são realizadas as análises dos impactos que a inserção de potência elétrica

gerada pela usina eolielétrica pode afetar na operação do sistema elétrico.

Há vários tipos de conexões, e a escolha certa depende das características do PCC,

ou seja, da potência a ser instalada na rede e o nível de tensão envolvido. No Brasil,

classifica-se o nível de tensão na rede elétrica de acordo com a Tabela 2 (Pinto, 2013).

Tabela 2 – Classificação das tensões no Brasil. (Custódio, 2007)

Classificação da Tensão Tensão (kV)

BT – Baixa Tensão Menor que 1.

MT – Média Tensão Entre 1 e 34,5.

AT – Alta Tensão Entre 34,5 e 230.

EAT – Extra Alta Tensão Entre 230 e 750.

UAT – Ultra Alta Tensão Maior que 750.

Grandes parques eólicos, com mais do que 10 a 15 MW, normalmente são

conectados a uma rede de alta tensão, já para pequenos parques eólicos são conectados a

redes de Média Tensão (MT), geralmente entre 15 kV e 30 kV (Pinto, 2013). Em redes de

distribuição de energia, tanto em MT quanto em baixa tensão (BT), os sistemas eólicos se

configuram como sistemas de Geração Distribuída (GD). Nesses casos, eventos dinâmicos,

como por exemplo, os AMTs, costumam ser monitorados pelos sistemas supervisórios das

concessionárias de energia e não são considerados críticos quando comparados àqueles

ocorridos em tensões acima de 69 kV, típicos dos sistemas de subtransmissão - transmissão

e principalmente quando esses parques eólicos estão interligados à rede básica em 230 kV.

No Apêndice A são apresentados aspectos relevantes com relação à GD interligada ao

sistema elétrico.

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Além do PCC, a topologia da conexão entre os aerogeradores no parque eólico é

considerada na interligação dos sistemas, uma vez que dependendo dos custos envolvidos

podem-se estabelecer duas formas fundamentais de conexão:

Conexão usando um transformador por aerogerador;

Conexão usando um transformador para cada grupo de aerogeradores.

a) Conexão usando um transformador por aerogerador

A conexão usando um transformador por aerogerador é a mais utilizada em parques

eólicos de média tensão (> 10 kV). Em geral, este tipo de conexão é aplicada em

aerogeradores de potência nominal superior a 600 kW. Esta particularidade que cada

aerogerador possui o próprio transformador é uma das principais vantagens desta conexão,

pois caso um transformador falhe, somente um aerogerador estará fora de operação. Neste

caso, o transformador fica localizado próximo da torre ou é parte integrante da nacele4.

A Figura 7 apresenta o esquema de conexão de aerogeradores, em que cada

aerogerador contem um transformador individual, estes são ligados ao transformador

elevador (subestação coletora) que faz a interligação por uma rede coletora a subestação

SEE da rede elétrica através do PCC (Rosas, 2006).

Figura 7 – Conexão através de um transformador por aerogerador à rede elétrica. (Rosas, 2006)

4 Nacele ou Casa de Máquinas ou gôndola tem a função de proteger todos componentes internos do

aerogerador.

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b) Conexão usando um transformador para cada grupo de aerogeradores

A conexão usando um transformador para cada conjunto de aerogeradores é utilizada

em parques eólicos de médio porte com potência nominal entre 100 kW e 300 kW. Esta

característica de que cada conjunto de aerogeradores possui um único transformador é uma

desvantagem neste tipo de conexão, uma vez que se o transformador estiver em

manutenção, um conjunto de aerogeradores estará fora de operação, deixando de fornecer

potência para a rede. Outra característica desse arranjo está na diminuição da potência do

transformador, pois quando funcionando em conjunto, os aerogeradores apresentam um

fenômeno de cancelamento estatístico de picos de potência. A potência do transformador,

para este caso, não será exclusivamente a potência de cada aerogerador somada, mas será o

valor da potência de cada aerogerador multiplicado pelo fator de cancelamento ( cancf),

definido abaixo (Rosas, 2006):

rAerogerado

rAerogeradocancN

Nf1

(3.1)

Sendo rAerogeradoN , o número de aerogeradores agrupadas.

A Figura 8 apresenta o esquema de conexão de um transformador elevador por

conjunto de aerogeradores que faz a interligação do parque eólico com a subestação da

rede elétrica no PCC.

Figura 8 - Conexão através de um transformador por conjunto de aerogeradores à rede elétrica.

(Rosas, 2006)

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Após a classificação dos sistemas eólicos, a determinação do tipo de aerogerador

depende fundamentalmente das características dos seus componentes, especialmente com

respeito à tecnologia empregada no gerador utilizado na conversão eolielétrica. A seguir

serão apresentadas as principais configurações do gerador eólico.

3.4 CONFIGURAÇÕES DO AEROGERADOR

A conversão da energia eólica em energia elétrica é feita com o uso de geradores

elétricos de dois tipos:

Gerador de velocidade fixa;

Gerador de velocidade variável.

Os geradores de velocidade fixa utilizam geradores assíncronos (de indução)

enquanto os de velocidade variável utilizam geradores síncronos e assíncronos.

3.4.1 GERADOR DE VELOCIDADE FIXA

Parques eólicos constituídos por geradores a velocidade fixa apresentam vantagens

em relação a outras tecnologias, tais como:

Tecnologia simples e robusta;

Ausência de conversores eletrônicos;

Menor custo inicial;

Regulação de velocidade do rotor simples.

O aerogerador de velocidade fixa é constituído de turbina eólica, multiplicador de

velocidade (caixa de engrenagem), gerador assíncrono (gaiola de esquilo) e um banco de

capacitores para excitação básica da máquina, e para a correção do fator de potência

devido ao consumo de reativo. A Figura 9 apresenta um esquema da aplicação da turbina

eólica com gerador de velocidade fixa interligado à rede elétrica através do equipamento

soft-starter, que tem a função de promover uma partida suave do gerador (Carvalho, 2006).

A tecnologia empregada nesta configuração caracteriza-se por uma conexão direta

com a rede elétrica, pois, variações na velocidade do vento causa variação na potência

gerada que é diretamente transmitida à rede elétrica causando variação no torque e estresse

mecânico no eixo de transmissão e caixa de velocidade (caixa de engrenagens). Os

aerogeradores de velocidade fixa são aplicados para potências de até 1MW em regiões

onde a velocidade dos ventos é aproximadamente constante (Rüncos et al., 2005).

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Figura 9 – Grupo eólico de velocidade fixa conectada diretamente à rede elétrica. (Carvalho, 2006)

Uma desvantagem desta configuração é a necessidade da caixa de engrenagens

(multiplicador de velocidade), uma vez que este equipamento quando falha, o tempo médio

para reparo é longo, deixando o aerogerador indisponível. Consequentemente, esta falha

mecânica no sistema de conversão eólica eleva o custo operacional da configuração devido

às intervenções de manutenção corretivas e preventivas submetidas ao aerogerador

(Carvalho, 2006).

3.4.2 AEROGERADOR DE VELOCIDADE VARIÁVEL

Parques eólicos de velocidade variável têm se destacado principalmente nas

aplicações envolvendo altas potências, uma vez que o uso desta tecnologia possui a

vantagem de otimizar a energia capturada pelo aerogerador ajustando a velocidade de

rotação da mesma de acordo com a velocidade do vento. Dentre as vantagens no emprego

desta tecnologia estão (Carvalho, 2006):

Máxima extração da potência do vento: o rendimento máximo aerodinâmico do

aerogerador depende da velocidade do vento e da velocidade da ponta da pá. Com a

possibilidade de variação da velocidade do vento torna-se factível levar o funcionamento

do aerogerador ao rendimento máximo através da variação da velocidade de rotação do

rotor do gerador;

Controle das potências ativas e reativas na rede elétrica: com o uso de

conversores de frequência, tanto a potência ativa quanto a reativa injetadas na rede são

controláveis. O aumento da participação de grupos eolielétrico na matriz energética torna

esta característica imprescindível, pois permite grandes melhorias no âmbito da qualidade

de energia e dinâmica do sistema;

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Possibilidade da ausência da caixa multiplicadora de velocidade: alguns tipos

de geradores eólicos operam sem a caixa de velocidade, que é um dos equipamentos

causador de falhas e indisponibilidade nos sistemas eólicos;

Emissão de ruídos reduzidos em velocidades baixas de operação.

O grupo eólico de velocidade variável pode ser constituído de um gerador síncrono

ou assíncrono, cujas principais configurações são:

a) Gerador assíncrono com resistência rotórica

Esta topologia utiliza um gerador de indução com rotor bobinado, onde os terminais

do rotor são conectados a uma resistência através de chaves eletrônicas, como ilustrado no

esquema da Figura 10.

Nesta topologia, a mudança da resistência rotórica possibilita a variação da

velocidade do gerador por meio da variação do escorregamento, podendo alcançar

variações da ordem de 10% acima da velocidade síncrona do campo girante do gerador.

Figura 10 – Grupo eólico conectado à rede através de soft starter. (Carvalho, 2006)

b) Gerador assíncrono conectado à rede através de um conversor eletrônico

Esta configuração possui um gerador de indução (gaiola de esquilo ou rotor

bobinado) conectado à rede elétrica através de conversores de frequência, formado por um

conjunto retificador/inversor. A tensão produzida pelo gerador de indução é retificada e a

resultante é invertida, com o controle de saída sendo realizado eletronicamente pelos

conversores. Por meio do conversor de frequência, a energia elétrica gerada será constante

e sincronizada com a rede elétrica.

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22

O gerador desta topologia necessita de excitação reativa que pode ser feita pelo

conversor de frequência. A Figura 11 apresenta um esquema da conexão do grupo eólico

com o sistema elétrico (Carvalho, 2006; Custódio, 2009).

Figura 11 – Grupo eólico conectado a rede através do conjunto retificador/inversor. (Carvalho, 2006)

c) Gerador de indução duplamente alimentado

Esta configuração utiliza um gerador de indução com rotor bobinado duplamente

alimentado através de escovas e é mais conhecido como GIDA – Gerador de Indução de

Dupla Alimentação. A Figura 12 apresenta o esquema do GIDA conectado diretamente à

rede elétrica através do estator e o rotor interligado via um conversor de potência back-to-

back. Este conversor deve ser bidirecional, ou seja, operar enviando o fluxo de potência do

rotor para rede e da rede para o rotor, dependendo da velocidade do rotor em relação à

velocidade síncrona do campo do estator (se sub-síncrono, o rotor absorve potência útil; se

super-síncrono, o rotor entrega potência útil).

Este tipo de gerador apresenta uma grande eficiência na transformação

eletromecânica da energia dos ventos devido a sua característica de ampla regulação da

velocidade (da ordem de +/- 30%) em torno da rotação síncrona, o que permite o

aproveitamento energético em uma ampla faixa de velocidade do vento.

Essa topologia é largamente utilizada pela maioria dos fabricantes de aerogeradores

com potências até 5MW por apresentar um custo inicial baixo, robustez e grande eficiência

na conversão da energia dos ventos, ainda que apresente alguns pontos fracos, como o uso

de caixa multiplicadora de velocidade e escovas, que elevam o custo de manutenções

realizadas no grupo eólico com GIDA (Carvalho, 2006; Rüncos et al., 2005).

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23

Figura 12 – Grupo eólico com gerador de indução duplamente alimentado. (Carvalho, 2006)

d) Gerador síncrono

Esta configuração é constituída por um gerador síncrono conectado à rede elétrica

através de um conversor de frequência. O rotor pode ser bobinado ou de ímãs permanentes.

Esse gerador oferece a oportunidade de ser construído com muitos polos

(multipolos), girando em baixas velocidades, compatíveis com o aerogerador, dispensando

um multiplicador de velocidade. Uma alternativa para aplicação offshore é reduzir o

número de polos e incluir uma menor caixa de engrenagens, em caso de gerador com ímãs

permanente. O modelo sem caixa de engrenagens permite a conexão da turbina

diretamente ao gerador, sendo esta característica um fator que se constitui numa crescente

tendência para construção dos arranjos de aerogeradores de grande potência (até 5MW).

Para o gerador síncrono de rotor bobinado com excitação independente, a regulação

da tensão gerada é feita através da excitação independente, enquanto que o gerador de ímãs

permanentes não permite a regulação devido ao tipo do rotor. Apesar disso, a solução com

ímãs permanentes no rotor apresenta um rendimento maior (não há perdas nos

enrolamentos do rotor). A Figura 13 apresenta os esquemas de grupos eólicos com

geradores síncronos com rotor bobinado (a) e rotor de imãs permanentes (b). (Carvalho,

2006; Ramos, 2009).

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Figura 13 – Grupo eólico com gerador com: (a) rotor bobinado; (b) rotor de ímãs permanentes.

(Carvalho, 2006)

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4 CONSIDERAÇÕES PARA A CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS

Um dos desafios da interligação de parques eólicos no SEP está relacionado à

conexão elétrica. Com a crescente penetração da geração eólica nos últimos anos, os

códigos de rede vêm exigindo efetivamente o controle dos indicadores da qualidade de

tensão e confiabilidade do sistema, como a participação no restabelecimento da tensão em

condições de distúrbios na rede definido pelo requisito de sustentação durante faltas por

parte dos parques eólicos.

A fim de preservar a segurança operacional do sistema elétrico, as concessionárias de

energia definem critérios que regulamentam a conexão das centrais eólicas no SEP. Esta

regulamentação varia de país para país e depende da robustez do sistema e do nível de

penetração eólica (Pires et al.; 2008). Dado o pioneirismo dos países europeus em geração

eólica, algumas normas definem padrões de qualidade de energia que são exigidos na

interligação de novas geradoras à rede através da regulamentação de acesso, a fim de

elevar a qualidade de energia.

4.1 REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA

A regulamentação técnica para conexão de plantas eólicas deve assegurar que os

aerogeradores tenham o controle e as propriedades necessárias para a operação do sistema

de potência com relação à segurança do suprimento e a qualidade da tensão.

Parâmetros definidos em regulamentação de acesso aos sistemas de potência (grid

code) variam de país para país, pois as diferenças dependem do nível de penetração de

parques eolielétricos e da robustez da rede elétrica. O resumo sobre os requisitos de

interligação de parques eólicos à rede de distribuição/transmissão, considerando o critério

de suportabilidade à falta, de países como EUA, Canadá, Dinamarca, Portugal e Brasil são

mostrados abaixo.

a) Dinamarca

Para os parques eólicos dinamarqueses existem diferenças operacionais quanto a

suportabilidade a faltas na rede elétrica que vária para cada nível de tensão de conexão. No

gráfico da Figura 14 são apresentadas as condições de operação no sistema elétrico frente a

curtos-circuitos na rede para parques eólicos conectados em tensões abaixo de 100kV.

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Nas tensões abaixo de 0,9 pu e acima de 0,2 pu, o parque deve se manter conectado

ao PCC num período mínimo de 0,1 segundos, seguindo uma curva onde abaixo desta o

parque pode ser desconectado e, obrigatoriamente para tensões abaixo de 0,9 pu por um

período acima de 20 segundos a planta eólica deve ser desconectada (EnergiNet, 2004).

Figura 14 – Curva de suportabilidade a faltas para rede de distribuição. (EnergiNet, 2004)

A Tabela 3 mostra os requisitos de operação com tensões acima de 100 kV dos

parques eólicos, no qual prevê que os aerogeradores devem permanecer conectadas ao

PCC nas condições de falta.

Tabela 3 - Condições de suportabilidade a faltas de parques eólicos na Dinamarca. (EnergiNet, 2004)

Casos em que aerogeradores não devem desconectar

Curto - circuito trifásico Curto durante 100 ms

Curto bifásico com ou

sem contato com a terra.

Curto durante 100 ms seguido por um novo curto

de 300 a 500 ms depois, também com duração de

100 ms.

Curto fase – terra. Curto fase – terra de 300 a 500 ms depois, também

com duração de 100 ms.

O gráfico da Figura 15 mostra à capacidade de suportabilidade a faltas para parques

eólicos conectados no nível de transmissão. Os aerogeradores devem permanecer

conectados quando a tensão no PCC está abaixo de 1 pu durante 100 ms. Após este período

a tensão cresce linearmente até 0,75 pu em menos de 1 segundo, permanecendo até 10

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segundos, onde a tensão estabiliza-se em 1 pu e o parque eólico permanecer conectado e

injetando potência na rede (Elkraft, 2004).

Figura 15 – Curva de suportabilidade à falta no nível de transmissão. (Elkraft, 2004) (Adaptado)

b) Portugal

Na ocorrência de curto-circuito, os parques eólicos devem permanecer conectados a

rede sempre que a tensão do secundário do transformador da subestação geradora estiver

acima da curva de LVRT (Low Voltage Ride Through) apresentada no gráfico da Figura 16

(Directiva, 2009).

Figura 16 – Curva LVRT aos centros geradores de energia em Portugal. (Directiva, 2009)

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Os centros geradores em Portugal devem suportar um afundamento de até 80%

durante 0,5 segundo, 20% após 0,8 segundo e 10% após 10 segundos, sem consumir

potência ativa e reativa durante a falha e na fase de recuperação da tensão.

c) Estados Unidos

A regulamentação para potências acima de 20 MW prevê que parques eólicos

permaneçam conectados à rede de transmissão para condições de falta. O gráfico da Figura

17 apresenta a curva de suportabilidade à faltas no sistema de transmissão.

Figura 17 - Suportabilidade a faltas no sistema de transmissão. (SCE, 2004) (Adaptado)

Para um período de 625 milissegundos, um afundamento de tensão de 15% da tensão

nominal, a usina eólica deve permanecer conectada à rede. Após este período, o parque

eólico deve ser capaz de operar continuamente em 90% da tensão nominal (Iov et al.,

2007; FERC, 2005).

d) Canadá

Regulamentações para suportabilidade à falta são aplicadas para todas as instalações

de geração eólica que agregam potencias acima de 5 MW na rede de transmissão. Os

parques eólicos devem ser capazes de continuar operando entre 90% e 110% da tensão

nominal e conectados ao PCC. Atingindo 15% de queda de tensão, o parque eolielétrico

deve permanecer conectado por 0,625 segundos. O gráfico da Figura 18 apresenta a curva

de suportabilidade à falta e é baseada no nível de tensão no PCC (AESO, 2004).

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Figura 18 – Curva de suportabilidade à falta aplicada no Canadá. (AESO, 2004)

e) Brasil

Com o afundamento de tensão de uma ou mais fases no PCC, o parque eólico deve

continuar operando se a tensão nos terminais permanecerem acima da curva indicada no

gráfico da Figura 19, conforme estabelecido no Submódulo 3.6 – Requisitos técnicos

mínimos para a conexão às instalações de transmissão (ONS, 2010).

Figura 19 – Curva de suportabilidade a faltas para parques eólicos conectados a rede elétrica. (Pinto,

2013)

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Desta forma, a área escura indica a região em que o parque eólico deve permanecer

em operação e a área clara indica a região em que o parque eólico pode ou não permanecer

conectado ao sistema elétrico. Dividindo-se a curva em quatro regiões para uma melhor

análise (Pinto, 2013):

A – região mais crítica, pois o parque eólico deve permanecer conectado

mesmo com uma queda de tensão de 80%, cuja duração da falta é de 500 ms;

B – região que indica a restauração do sistema, cuja queda de tensão varia de

80% para 15% em 500 ms, de forma linear;

C – região que indica a restauração do sistema, cuja queda de tensão é de

15% até o instante de 5 s;

D – região que indica a normalização do sistema, cuja queda de tensão é de

10% a partir do instante de 5 s.

4.1.1 ANÁLISE DOS CÓDIGOS DE REDE

As especificações dos requisitos de cada código variam com o nível de tensão do

sistema de transmissão e da potência instalada do parque eólico considerado. Um parque

eólico ligado a uma rede com nível de tensão abaixo dos 100 kV deve suportar

afundamentos de tensão menos críticos do que aqueles conectados a tensões mais elevadas

(Pinto, 2013). A Tabela 4 mostra um sumário da suportabilidade à falta dos cinco países

citados nessa seção. Os perfis de tensão são dados especificando a profundidade do

afundamento de tensão, assim como o tempo de restauração do sistema.

Percebe-se que existe um espaço de tempo significativo nas exigências do “fault ride

through” – FRT entre os países citados. Por exemplo, a duração da falta varia de 100 ms

(na Dinamarca) a 625 ms (nos Estados Unidos e Canadá), enquanto o nível de queda de

tensão pode variar entre 25% e 0% do valor nominal. Há códigos que exige que os

aerogeradores injetem correntes reativas na rede durante a ocorrência da falta na rede, este

procedimento tem o objetivo de manter um determinado nível de tensão no PCC. Para

maiores detalhes sobre exigências técnicas de outros países referentes à operação dos

parques eólicos durante faltas pode ser encontrada na referência Pinto (2013).

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Tabela 4 - Sumário da suportabilidade a faltas de parques eólicos para diferentes países. (Pinto, 2013)

(Adaptado)

País Nível de

tensão

Duração da

falta (ms)

Nível de queda de

tensão (%Vr)

Tempo de

restabelecimento (s)

Injeção de

corrente reativa

Dinamarca

ST 100 25 1 Não

SD 100 25 1 Não

Portugal SD/ST 500 20 1,5 Não

EUA ST 625 15 n/d Não

Canadá ST 625 15 3 Não

Brasil SD/ST 500 20 5 Não

ST – sistema de transmissão, SD – sistema de distribuição e Vr – tensão de referência.

A recuperação da tensão após uma falta da rede é especialmente no caso de

aerogeradores constituídos por geradores de indução (gaiola de esquilo), que, ao se manter

conectado durante a falta, pode exigir altas correntes para energizar seus geradores durante

o retorno da tensão, podendo desse modo levar a uma violação dos códigos de rede e dos

padrões de segurança.

A suportabilidade a afundamentos de tensão se tornou uma exigência básica em

vários países. Planos para uma normatização dos requisitos técnicos e códigos de rede

encontram fortes dificuldades, já que cada país possui características próprias em sua

infraestrutura do sistema elétrico, o que torna questionável se uma eventual harmonização

seria viável. Isso significa que os fabricantes de aerogeradores devem garantir que seus

equipamentos sejam capazes de suportar todos os estresses elétricos causados pela

ocorrência de distúrbios na rede, de modo que as configurações das máquinas cumpram

com os regulamentos técnicos.

4.2 REQUISITOS DE ACESSO À REDE ELÉTRICA NO BRASIL

No Brasil, os procedimentos para avaliação de novas unidades geradoras, estão em

desenvolvimento, porém ainda não contemplam aspectos específicos da interligação da

geração eolielétrica. Isso não significa que a norma brasileira não possua indicadores de

qualidade de energia para avaliar e viabilizar a interligação de novas geradoras com a rede

básica.

Toda a legislação de acesso ao sistema de transmissão está definida nos

Procedimentos de Rede, que são normas e requisitos técnicos mínimos aplicáveis às novas

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geradoras, em particular às centrais eólicas, estabelecido pelo ONS e homologado pela

ANEEL. Para os acessos diretamente ao sistema de distribuição, a legislação é definida

pelo PRODIST – conjunto de normas que disciplinam a forma, condições,

responsabilidades, penalidades, e planejamento entre as distribuidoras de energia elétrica,

consumidores e centrais geradoras conectadas ao sistema de distribuição (ONS, 2012;

Anee, 2012).

A requisição de ligação de novas geradoras à rede brasileira está definida em dois

processos distintos:

Consulta de acesso;

Solicitação de acesso.

a) Consulta de Acesso

A consulta de acesso caracteriza-se pelo momento em que o acessante procura

definir de forma abrangente os dados do sistema ao qual pretende instalar sua unidade

geradora. Nesta etapa, o acessante informa à concessionária dados preliminares sobre a

instalação. Alguns dados a serem fornecidos pelo ONS ao acessante são:

Características elétricas das redes;

Potência de curto-circuito mínima e máxima nos barramentos das subestações;

Características e parâmetros da regulação de tensão nas subestações;

Potências ativas e reativas, máximas e mínimas, consumidas em cada subestação

da rede de interesse.

b) Solicitação de Acesso

A solicitação de acesso configura-se a etapa em que o acessante apresenta

propriamente a concessionária o requerimento de acesso à rede básica. Nesta etapa, o

acessante deve apresentar ao acessado dados completos, obras de ligação e dados

complementares que possibilitem ao acessado avaliar os impactos sobre a rede receptora.

Assim, um conjunto de análises fundamentadas nos indicadores de qualidade da

energia deve ser realizado, sempre que ocorrerem solicitações de acesso de consumidores

livres, agentes de geração, agentes de distribuição, agentes de importação e exportação, ou

ainda as integrações de novas geradoras, cujas instalações possam interferir no

desempenho da rede básica. De acordo com o submódulo 2.8 do procedimento de rede, os

estudos de maior interesse são:

Variação dos perfis de tensão;

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Curto-circuito e suportabilidade do acessante;

Variação dos níveis de flicker e distorção harmônica;

Avaliação do comportamento dinâmico do sistema frente às perturbações: retirada

súbita da unidade produtora, variações relevantes de nível de produção, curto-circuito em

nós importantes da rede, possibilitando avaliar o impacto da saída da unidade geradora em

virtude da atuação de sua proteção;

Avaliação dos sistemas frente a riscos de afundamento de tensão, uma vez que se

tem a presença de geradores assíncronos conectados à rede.

Os estudos definidos na etapa de solicitação devem apresentar resultados em acordo

com os limites estabelecidos pelo acessado, no que os mesmos julgam ser seguros para

garantir a integridade da rede e a continuidade do fornecimento de energia para os

consumidores.

4.3 FORMAS DE ACESSO AO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

O acesso de parques eólicos ao sistema elétrico brasileiro pode ser feita de três

formas (EPE, 2012):

Rede Básica;

Rede Básica por meio de ICG (Instalação de Centrais de Geração);

Rede de Distribuição.

1) Rede Básica

Os novos acessos à Rede Básica existente podem ser por meio de instalações de

conexão de propriedade de central de geração, de propriedade de centrais de geração em

caráter compartilhado ou de propriedade de concessionária de transmissão. O acesso à

Rede Básica pode ser feito através do seccionamento de uma linha de transmissão ou da

conexão a uma subestação existente, quer seja em caráter exclusivo ou compartilhado.

Os agentes deverão assinar Contrato de Uso do Sistema de Transmissão – CUST

com o ONS e Contrato de Conexão às Instalações de Transmissão – CCT com a

concessionária proprietária da instalação na qual o acesso se dá. O CUST contém o

encargo de uso do sistema de transmissão, definido com base na Tarifa de Uso do Sistema

de Transmissão – TUSTRB. Os custos referentes à conexão são de responsabilidade do

acessante. No caso de acesso em caráter compartilhado, quando são utilizadas as

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instalações de propriedade do acessante, a divisão dos custos deve ser acordada entre as

partes.

2) Rede Básica por meio de ICG

As incertezas que antecederam as análises da conexão de usinas a biomassa no

estado do Mato Grosso do Sul fizeram com que o MME e a ANEEL procedessem ao

aprimoramento da regulamentação do setor elétrico com o Decreto nº 6.460/2008, que

instituiu a Instalação de Transmissão de Interesse Exclusivo de Centrais de Geração para

Conexão Compartilhada – ICG.

As ICGs são instalações de conexão para acesso de centrais de geração de

propriedade da concessionária de transmissão. A ANEEL publicou a Resolução Normativa

nº 320/2008, que estabeleceu os critérios para classificação das ICG, e regulamentou a

realização de Chamada Pública, com vistas a subsidiar o planejamento setorial, ao apurar

compromissos firmes dos empreendedores de geração interessados em participar de uma

ICG, caracterizados por intermédio do aporte de garantias financeiras.

A modalidade de ICG é uma importante alternativa de acesso ao sistema elétrico

quando se verifica cumulativamente a demanda por conexão de um número expressivo de

geradores em regiões geográficas atendidas por malhas de transmissão com baixa

capilaridade e/ou por sistemas de distribuição sem capacidade para incorporar volumes

significativos de potência e energia.

3) Rede de Distribuição

Os novos acessos ao Sistema de Distribuição podem ser por meio de instalações de

conexão de propriedade da(s) central(is) de geração. Nesse caso, as centrais de geração

deverão assinar Contrato de Uso do Sistema de Distribuição – CUSD com a concessionária

de distribuição da região e o Contrato de Conexão com a concessionária proprietária da

instalação na qual ocorre o acesso à rede, que pode ser:

Contrato de Conexão às Instalações de Distribuição - CCD, para instalações de

propriedade de concessionária de distribuição;

Contrato de Conexão às Instalações de Transmissão - CCT, para instalações de

propriedade de transmissão - DIT.

É importante ressaltar que os custos referentes à conexão são de responsabilidade do

acessante. No caso de acesso em caráter compartilhado, a divisão dos custos deve ser

acordada entre as partes.

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O acesso de usinas ao sistema elétrico é um direito assegurado a qualquer agente de

geração, tendo como premissas o tratamento não discriminatório aos usuários, o

ressarcimento do custo de transporte envolvido, o estímulo a novos investimentos na

expansão energética e a modicidade tarifária na utilização racional e nos custos de

ampliação e reforços dos sistemas elétricos (EPE, 2012).

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5. IMPACTOS DA CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS NO SEP

A interligação de parques eólicos à rede elétrica pode causar problemas de qualidade

da energia, em função da variabilidade temporal da potência ativa produzida (e da reativa

consumida) que origina flutuações de tensão nos barramentos próximos ao aerogerador e

interferem diretamente nos padrões de energia fornecida ao consumidor.

A Tabela 5 resume algumas relações de causa-efeito entre a operação de turbinas

eólicas e a rede elétrica (Moura, 2005).

Tabela 5– Efeitos das turbinas eólicas no sistema elétrico. (Moura, 2005)

Causa: Turbinas Eólicas Efeito: Ocorrência na rede elétrica

Aerogeradores equipados com:

Sistema de retificação/inversão;

Soft-starter.

Geração de harmônicos

Flicker

Variação temporal da velocidade do vento Flutuação dinâmica de tensão

Flutuação de potência ativa gerada e reativa consumida

Flutuação da potência produzida com origem:

Efeito de sombra da torre

Desregulação do ângulo das pás

Flutuações dinâmicas de tensão

Flicker

Nos itens a seguir são apresentadas as principais características das perturbações que

podem comprometer a interligação de parques eólicos ao SEP.

5.1 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

Os indicadores da qualidade da energia elétrica do SEP que possuem conexão de

parques eólicos também devem ser mantidos dentro de limites técnicos estabelecidos pela

Aneel através dos Procedimentos de Rede (ONS, 2010) e do Prodist – Procedimento de

Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (Aneel, 2012).

As características da geração eólica impactam diretamente no planejamento e na

operação do sistema elétrico de potência em relação a aspectos como:

O carregamento de linhas de transmissão/distribuição;

O controle dos níveis de tensão;

As perdas elétricas.

Como a energia produzida é função da velocidade do vento, as questões com relação

à estabilidade do sistema elétrico também são consideradas relevantes.

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Estes fenômenos expressos em termos de características físicas e propriedades

elétricas, usualmente descritas em termos de tensão, frequência e interrupções serão

apresentados em função do regime de operação do sistema nos próximos itens.

5.1.1 IMPACTOS EM REGIME PERMANENTE

No SEP os fenômenos com tempo de duração acima de 10 minutos são classificados

como eventos em regime permanente. As variações na velocidade do vento, desde escalas

de tempo sazonais até horárias, e suas consequentes variações na geração eólica são os

principais fatores refletidos pelas centrais eólicas no sistema elétrico. Os principais grupos

relacionados aos impactos da geração eólica em regime permanente são:

a) Variações lentas de tensão:

As variações do vento em escalas de tempo (horárias, diárias ou semanais) provocam

variações lentas da potência elétrica produzida pelo aerogerador e estas variações na

potência, dependendo das características da rede elétrica e do tipo de turbina eólica,

acarretam em variações de tensão indesejáveis no ponto de conexão. Estas variações de

tensão são definidas como mudanças no valor eficaz da tensão que ocorrem num

determinado período do tempo e indicam perdas elétricas no sistema caracterizado por uma

quantidade de energia dissipada nos condutores das linhas de transmissão e nos

equipamentos (e.g. transformadores).

No caso de manobra parcial ou total, tempestiva ou não, do parque gerador, as

centrais de geração eólica não devem produzir variação de tensão superior a 5% no PCC.

De acordo com o padrão de desempenho da rede básica, o parque deve atender os

requisitos de conformidade dos níveis de tensão no PCC, definidos na Tabela 6 (ONS,

2011).

Tabela 6 – Faixa da tensão de leitura (TL) em relação à tensão contratada (TC). (ONS, 2011)

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38

b) Distorções Harmônicas:

A presença de correntes e tensões harmônicas no sistema de potência é danosa e

provoca uma série de efeitos indesejáveis tais como: sobreaquecimento, falhas nas

operações em equipamentos de proteção e interferência em circuitos de comunicação,

como por exemplo, os sistemas de proteção telecomandados em subestações.

As distorções harmônicas estão relacionadas com a tecnologia empregada nos

sistemas elétricos, e no caso das turbinas eólicas, é causada pelo emprego dos inversores

eletrônicos. As turbinas que funcionam a velocidade variável equipadas com inversores,

tem especificações próprias que regulam a emissão de harmônicas de corrente para

frequências até 50 vezes a frequência da rede. O limite de corrente pressupõe que a tensão

no PCC será mantida dentro dos valores normalizados desde que as correntes harmônicas

injetadas sejam limitadas de acordo com as normas (ONS, 2010).

Pelo Procedimento de Rede do ONS, submódulo 2.8, o indicador para avaliar o

desempenho global quanto a harmônicos corresponde ao DTHT – Distorção de Tensão

Harmônica Total que corresponde à raiz quadrada do somatório quadrático das tensões

harmônicas de ordens 2 a 50 (ONS, 2011).

2

hVDTHT (em %) (5.1)

Em que:

1

100v

vV h

h Tensão harmônica de ordem h em percentual da tensão à frequência

fundamental obtida durante a medição;

hv = Tensão harmônica de ordem h em volts;

1v = Tensão à frequência fundamental obtida durante a medição em volts.

Os valores dos indicadores – tanto o indicador Distorção de Tensão Harmônica Total

(DTHTS95%) quanto os indicadores por harmônicos – a serem comparados com os

valores limites são obtidos a partir da determinação do valor que foi superado em apenas

5% dos registros obtidos:

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · 5.1.1 IMPACTOS EM REGIME PERMANENTE ... RAS Relatório Ambiental Simplificado ... Figura 4 – Potência eólica instalada

39

Determina-se o valor que foi superado em apenas 5% dos registros obtidos no

período de um dia (24 horas), considerando os valores dos indicadores

integralizados em intervalos de dez minutos, ao longo de sete dias consecutivos; e

O valor que corresponde ao maior entre os sete valores obtidos, anteriormente, em

base diária.

Os limites individuais de tensões harmônicas de ordens 2 a 50, bem como o limite

para a DTHTS95%, são definidos de acordo com a Tabela 7.

Tabela 7 – Limites globais de tensão expressos em porcentagem da tensão fundamental.

No caso em que determinadas ordens de tensão harmônica e/ou a distorção

harmônica total variem de forma intermitente e repetitiva, os limites especificados podem

ser ultrapassados em até o dobro, desde que a duração cumulativa dos limites contínuos

estabelecidos não ultrapasse 5% do período de monitoração. O parque eólico deve

assegurar que a sua operação não cause distorções harmônicas no ponto de conexão à rede

básica em níveis superiores aos limites individuais estabelecidos para os indicadores de

distorção de tensão harmônica individual e total (ONS, 2011).

5.1.2 IMPACTOS EM REGIME DINÂMICO

Os fenômenos que ocorrem em milissegundos até 10 minutos são classificados como

eventos em regime dinâmico. Os impactos das centrais eólicas sobre o sistema elétrico,

neste horizonte de tempo, estão relacionados com as variações dinâmicas da potência

gerada pela central eólica que está ligada tanto às variações rápidas do vento (turbulência)

como à dinâmica estrutural das turbinas eólicas e às características de controle da geração.

Os principais fenômenos relacionados ao regime dinâmico são (Rosas, 2003).

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40

a) Flutuação de tensão:

As variações da velocidade do vento, juntamente com as características dinâmicas e

estruturais das turbinas eólicas podem levar a ocorrência de cintilação (flicker) que é um

fenômeno definido pela variação na intensidade luminosa de lâmpadas incandescentes em

frequências perceptíveis, em torno de 10 Hz, pelo olho humano. No sistema elétrico, a

severidade da cintilação é adotada como representativa da flutuação da tensão num dado

barramento da rede elétrica.

Centrais eólicas conectadas à rede elétrica podem provocar a ocorrência de flicker

devido a diversos fatores inerentes ao processo de geração em operação contínua, causadas

pelos efeitos dinâmicos e estruturais das turbinas eólicas decorrentes do:

Efeito de sombreamento das pás pela torre,

Gradiente de vento,

Controle de direção do rotor (“yaw control”),

Controle de passo (pitch control) ou

Turbulências naturais do vento incidente na turbina eólica (Pinheiro, 2005).

O sombreamento das pás provoca perdas de fluxo de vento quando da passagem da

pá da turbina frente à torre de sustentação e infere uma perda de fluxo de vento +/- 1 m/s, o

que equivale a uma perda de potência de aproximadamente 20% da potência nominal.

Ocorrências de flicker também estão associadas a ações de controle impostas à

turbina, como, por exemplo, a ação de controle de direção que visa direcionar a turbina

para alinhar o eixo de rotação com a direção instantânea do vento. Durante o período de

reorientação, as pás ficam submetidas a ventos diferentes, provocando uma oscilação do

conjugado produzido pela ação da variação da direção do vento, da inércia das gôndolas

(naceles) e da resistência do ar.

A ação do controle de passo produz atuações mecânicas sobre as pás de turbinas que

tem por objetivo promover uma regulação da potência gerada para valores de vento acima

do nominal. Tais ações, devido à constante de tempo de atuação e à variação do vento em

torno da velocidade nominal, provocam oscilação no conjugado, ocasionando flicker, ou

seja, turbinas com controle pitch apresentam maior severidade no fenômeno do que

turbinas com controle stall. A conexão e desconexão das unidades geradoras ou grupos

destas, da rede elétrica, ou mesmo, nas usinas de operação a velocidade constante e a

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conexão e desconexão dos bancos de capacitores, também contribuem para a ocorrência de

flicker.

A norma IEC 61400-21 define um roteiro de ensaios e metodologia de análise dos

resultados para certificação da qualidade de energia proveniente de turbinas eólicas,

apresenta uma avaliação do nível de cintilação emitida por uma central eólica que consiste

na análise do desempenho do sistema elétrico em operação continua e, em operação de

chaveamento de unidades geradoras ou banco de capacitores (IEC, 2010). Para calcular a

cintilação causada por uma turbina eólica ligada à rede, é necessário calcular o coeficiente

de cintilação, que deve ser especificado para quatro diferentes distribuições de velocidade

do vento médio à altura da torre de 6 sm , 7.5 sm , 8.5 sm e 10 sm (IEEE, 1995). O

coeficiente de cintilação ( )( Kc ) pode ser obtido usando a equação:

ref

ficK

ficstKS

SPc

,

, (5.2)

Em que:

refS é o valor de referência da potência da turbina;

ficKS , é a potência aparente de curto-circuito de uma rede fictícia;

ficstP , é o nível de emissão de tremulação calculado à potência de curto-circuito de

uma rede fictícia com ângulo de rede K , dado por:

K

KK

R

Xarctan (5.3)

sendo KX e KR a reatância e resistência da rede, respectivamente.

A cintilação originária de várias turbinas eólicas ligadas ao mesmo ponto será obtida

pelo somatório das emissões de cintilação luminosa de cada turbina. Os valores dos limites

globais inferiores e superiores que são considerados pela ONS quantificam e estabelece

padrões para controlar a flutuação de acordo com a Tabela 8, os quais são expressos para

tensão secundária de 220 V. Considera-se a atenuação esperada quando a flutuação de

tensão se propaga dos barramentos da rede básica para o da rede secundária de distribuição

(ONS, 2011).

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Tabela 8 – Limites globais de flutuação de tensão. (ONS, 2011)

Limite %95DPst %95SPlt

Limite global inferior FT

pu1

FTpu8,0

Limite global superior FT

pu2

FTpu6,1

Sendo FT o Fator de Transferência dado pela relação entre o valor de %95SPlt do

barramento de rede básica sob avaliação e o valor de %95SPst do barramento de rede de

distribuição. Caso os FT não tenham sidos medidos, os valores típicos indicados na Tabela

9 podem ser aplicados na avaliação da flutuação de tensão.

Tabela 9 – Fatores de transferência (FT). (ONS, 2011)

Barramento de tensão nominal ≥230 kV FT = 0,65

69 kV ≤ Barramento de tensão nominal < 230 kV FT = 0,8

Barramento de tensão nominal < 69 kV FT = 1,0

Os parques eólicos devem adotar as medidas necessárias para que a flutuação de

tensão decorrente da operação de seus equipamentos, não ultrapasse os limites individuais

para os indicadores de severidade de cintilação %95DPst - Indicador de Severidade de

Cintilação de Curta Duração Diário e %95SPlt - Indicador de Severidade de Cintilação de

Longa Duração Semanal, definidos pelo ONS no submódulo 2.8 no ponto de conexão à

rede básica.

b) Afundamento e elevação momentânea de tensão e operações de partida:

Segundo os Procedimentos de Rede, submódulo 2.8 (ONS, 2011), o afundamento de

tensão é uma variação de tensão de curta duração (VTCD) definida como um evento em

que o valor eficaz da tensão atinge a faixa entre 0,1 e 0,9 pu da tensão nominal e cuja

duração é maior ou igual a um ciclo (16,67 ms) e menor ou igual a 3 segundos. A partir da

duração e amplitude, as variações de tensão de curta duração são classificadas como

mostrado na Tabela 10.

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Tabela 10 – Denominação das variações de tensão de curta duração. (ONS, 2011)

Classificação Denominação Duração Amplitude da tensão eficaz

em relação a nominal

Variação

Momentânea de

Tensão

Interrupção Momentânea

de Tensão t ≤ 3s V < 0,1pu

Afundamento Momentâneo

de Tensão 1 ciclo (c) ≤ t ≤ 3s 0,1pu ≤ V < 0,9pu

Elevação Momentânea de

Tensão 1c ≤ t ≤ 3s V > 1,1pu

Variação Temporária

de Tensão

Interrupção Temporária de

Tensão 3s < t ≤ 1 min V < 0,1pu

Afundamento Temporário

de Tensão 3s < t ≤ 1 min 0,1pu ≤ V < 0,9pu

Elevação Temporária de

Tensão 3s < t ≤ 1 min V > 1,1pu

As principais causas da ocorrência deste fenômeno no sistema elétrico são apontadas

como sendo resultados de curtos-circuitos e sobrecargas, partidas de grandes motores

elétricos (Bollen, 2000). Em operações de partida de geradores ou em caso de mudanças

automáticas de enrolamentos de geradores, as centrais eólicas podem causar distúrbios no

sistema elétrico, principalmente quando os aerogeradores são compostos por geradores de

indução diretamente ligados à rede, onde a corrente de partida pode alcançar até 8 vezes a

corrente nominal em geradores desprovidos de mecanismos limitadores da corrente. As

centrais eólicas corretamente equipadas com dispositivos que limitam a corrente de partida,

(e.g. soft-starter), não causam afundamento de tensão. O AMT é um fenômeno que

frequentemente atinge os parques eólicos, pois podem também ser causados por faltas que

ocorrem em pontos nas barras de transmissão a centenas de quilômetros do PCC com a

rede elétrica. Dependendo da sua origem o perfil do AMT pode ser diferente,

caracterizando-se por uma queda inicial brusca e uma recuperação mais suave mais

também pode ocorrer saltos de fase, isto é, mudanças no ângulo de fase da tensão, durante

o afundamento.

5.1.3 IMPACTOS EM REGIME TRANSITÓRIO

A estabilidade do sistema elétrico pode ser comprometida por eventos transitórios,

que ocorrem em frações de segundos (da ordem de µs a ms). Os principais efeitos

decorrentes da operação de centrais eólicas conectadas no sistema elétrico estão

relacionados à retirada de uma linha de transmissão, às faltas na linha de

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transmissão/distribuição ou até à conexão súbita de uma grande carga. Os principais

fenômenos relacionados ao regime transitório são:

a) Efeitos devido a curtos-circuitos

A inserção em larga escala da geração eólica no SEP deve contribuir efetivamente

para o restabelecimento da estabilidade pós-falta; ou seja, os aerogeradores devem se

manter conectados ao sistema quando da ocorrência de um curto-circuito neste.

Atualmente os códigos de operação dos sistemas de transmissão/distribuição exigem

que a conexão de geradores eólicos atendam os seguintes requisitos (Lima, 2009):

(i) Suportabilidade a quedas severas de tensões ou (LVRT - low voltage ride

through);

(ii) Capacidade de controle de potência reativa capacitiva, e, num menor grau;

(iii) Capacidade de controlar a potência ativa de saída da fazenda eólica.

A ocorrência de um curto-circuito no SEP, mesmo distante do aerogerador, pode

causar queda na tensão no ponto de acoplamento comum e, esse afundamento, por sua vez,

pode resultar em um aumento da corrente nos enrolamentos do estator do gerador que

fluirá tanto no circuito do rotor, quanto no conversor de potência, que poderá ser

danificado. Com isso, a turbina eólica estará incapacitada de transmitir a potência

mecânica convertida em elétrica ao sistema e a velocidade de rotação irá aumentar.

Para manter a estabilidade do sistema elétrico nestas condições, as centrais eólicas

devem garantir seu funcionamento diante de afundamentos de tensão severos, evitando o

acionamento dos dispositivos de proteção para subtensão (ONS, 2010).

O gráfico da Figura 20 mostra a curva de suportabilidade à falta (LVRT – Low

Voltage Ride-Through).

Figura 20 – Curva de suportabilidade a falta na rede básica dos aerogeradores. (ONS, 2010)

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O aerogerador deve permanecer conectado à rede na área sombreada e operando

acima dos valores de afundamentos de tensão ocasionados no sistema pela ocorrência do

curto-circuito.

Uma solução possível e bastante utilizada nos aerogeradores atuais quando tensões e

correntes elevadas são detectadas, é o fechamento de um curto nos enrolamentos do rotor

da máquina através do circuito de proteção denominado crowbar, como mostrado na

Figura 21(Liserre, 2010).

Figura 21 – Aerogerador contendo circuito de proteção crowbar. (Liserre, 2010) (Adaptado)

O crowbar consiste, basicamente, num conjunto de resistências externas de alta

densidade de dissipação de energia conectadas aos enrolamentos do rotor por contatores ou

conversor estático (crowbar ativo) durante a falta. O objetivo fundamental de operação

dessa proteção é, durante os instantes iniciais do afundamento de tensão, aumentar a

resistência dos enrolamentos do rotor, a fim de proporcionar amortecimento no fluxo

magnético e, com isso, conter picos de correntes nos enrolamentos do rotor e estator,

protegendo, principalmente, o conversor do lado da máquina (CLM), evitando que os

interruptores eletrônicos sejam avariados devido aos efeitos negativos das sobrecorrentes,

bem como tensões elevadas no elo CC dos conversores.

A Figura 22 (a) mostra um exemplo de circuito de proteção crowbar ativo. Quando

um afundamento é detectado, a chave C (geralmente um semicondutor) desconecta o CLM

e o interruptor sw inicia a comutação. Desta forma a resistência R estará conectada no lado

CC do retificador, aumentando a resistência rotórica, tendo como efeito a redução das

correntes induzidas. Quando a corrente de falta é reduzida a valores aceitáveis o crowbar

by-pass o resistor e reconecta o CLM para restabelecer controle sobre o gerador (Lima,

2009).

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Em alguns casos, é utilizado o amortecimento do fluxo estatórico, cuja operação é

semelhante ao descrito no parágrafo anterior, ou seja, o ponto central dos enrolamentos do

estator deixará de existir e estará conectado a uma ponte trifásica de diodos, como

mostrado na Figura 22 (b). Em condições normais de operação, o interruptor sw estará

ligado e no momento da percepção do afundamento de tensão, o mesmo é desligado,

fazendo com que o resistor R fique em série com as fases do estator que estiverem

conduzindo corrente. Desta forma, a resistência estatórica pode ser aumentada,

proporcionando maior amortecimento nas correntes transitórias (Lima, 2009).

Figura 22 – Tipos de circuito de proteção crowbar. (Lima, 2009)

Outra forma da geração eolielétrica resistir a quedas severas de tensão e manter-se

conectada à rede elétrica é utilizando uma estratégia de controle apropriada para garantir o

controle do aerogerador, o GIDA, durante o afundamento de tensão no PCC sem a

necessidade de utilizar circuitos crowbar.

O GIDA citado na referência Lima, 2009, por exemplo, estabelece uma estratégia

baseada na realimentação das correntes do estator, sintetizando correntes do rotor capazes

de provocar no estator correntes em oposição de fase às geradas durante o afundamento.

Como resultado deste controle, as correntes estatóricas e rotóricas diminuem durante o

curto-circuito. Dependendo do nível de energia que flui para o elo CC, utiliza-se, em

conjunto com o crowbar, um conversor CC-CC (chopper) capaz de garantir o controle da

tensão do capacitor que após alguns milissegundos do início da falta o CLM volta a

funcionar e controlar o GIDA, mesmo que a tensão de alimentação da rede esteja baixa.

Todas estas soluções implicam na inserção de dispositivos ativos/passivos de

potência no sistema, acarretando incremento no custo final da instalação e o aumento nos

componentes do sistema, o que pode diminuir a confiabilidade do conjunto.

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b) Desligamento em altas velocidades de vento:

A saída de operação de um parque eólico, pela ocorrência de ventos fortes, é uma

condição bastante crítica, pois significa uma variação muito grande da potência gerada.

Neste momento, a central eólica pode variar da condição de potência nominal para zero e,

repentinamente, ocasionar a inversão do fluxo de potência nas subestações da

concessionária.

Dependendo da carga local e das características da rede elétrica, essa condição pode

representar um sério problema de estabilidade para o sistema elétrico e pode causar avarias

em todos os sistemas eletromecânicos e estruturais da turbina eólica por força do estresse

mecânico a que esta estaria sujeita durante a operação com ventos turbulentos.

Como a operação das turbinas eólicas sob turbulência - ventos fortes - influencia

diretamente os parâmetros de desempenho do sistema, é recomendável considerar esta

condição crítica de operação em simulações que avaliam o comportamento dinâmico

destes sistemas interligados.

5.1.4 VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA

O desequilíbrio entre demanda e suprimento de energia provoca variações na

frequência da rede, pois está relacionada com o equilíbrio das potências ativa gerada e

consumida (incluindo as perdas nas redes). Não existindo possibilidade de armazenar a

energia elétrica, este equilíbrio tem de ser mantido continuamente à custa da geração, visto

não ser possível controlar a energia consumida.

Monitorar a frequência do sistema é fundamental para determinar a qualidade da

operação da rede básica, avaliar as condições de estabilidade do sistema e prevenir abertura

das interligações entre subsistemas e parques eólicos, com a formação de ilhas elétricas

(ONS, 2011). Os desvios na frequência não devem ultrapassar uma margem pré-definida,

permitindo a operação fluente dos processos industriais e outras cargas que dependem da

frequência para um bom funcionamento. Logo, deve-se buscar uma maior eficiência da

geração eólica, de modo a assegurar que sua operação não cause maiores impactos no

sistema elétrico.

Com isso, os requisitos técnicos mínimos para que as centrais eolielétrica operem em

regime de frequência não nominal são (ONS, 2010):

i. Operar entre 56,5 e 63 Hz sem atuação dos relés de subfrequência e

sobrefrequência instantâneos;

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ii. Operar abaixo de 58,5 Hz por até 10 segundos;

iii. Operar entre 58,5 e 61,5 Hz sem atuação dos relés de subfrequência e

sobrefrequência temporizados;

iv. Operar acima de 61,5 Hz por até 10 segundos.

O maior benefício dos requisitos acima é evitar o desligamento dos geradores quando

há déficit de geração antes que o esquema de alívio de carga atue completamente ou em

condições de sobrefrequência controláveis, como definido no Procedimento de Rede

submódulo 3.6 – Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de

transmissão.

5.1.5 EFEITO DA INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA (EMI)

Turbinas eólicas podem constituir um obstáculo para ondas eletromagnéticas

incidentes, refletidas, dispersas ou difratadas. Como ilustrado na Figura 23, quando uma

turbina eólica é colocada entre sinais de rádio, televisão, transmissor de micro-ondas e um

receptor, por vezes pode refletir parte da radiação eletromagnética de tal forma que a onda

refletida interfere com o sinal original que chega ao receptor.

A interferência ocorre devido ao atraso do sinal refletido pelo movimento das pás e

também pode ser influenciada por alguns parâmetros das turbinas eólicas, que são:

Tipo de turbinas eólicas, se é de eixo horizontal ou de eixo vertical;

Dimensões das turbinas eólicas;

Velocidade de rotação das pás;

Material de construção das lâminas (ou pás);

Ângulo de corte e geometria da torre.

Figura 23 – Dispersão dos sinais eletromagnéticos pelas turbinas eólicas. (Manwell, 2002)

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Na prática, a velocidade de rotação das pás da turbina eólica é a principal causadora

das dispersões dos sinais eletromagnéticos. Elas podem espalhar um sinal diretamente

quando estão girando e também espalhar sinais refletidos a partir da torre. O grau de EMI

causado por aerogeradores é influenciado por inúmeros fatores, incluindo:

Ampla faixa de frequência de sinais de rádio;

Variedades de esquemas de modulação;

Variação nos parâmetros das turbinas eólicas.

A EMI afeta principalmente sistemas comunicação em VHF e UHF, navegação de

aeronaves e sistemas de pouso, bem como transmissores de microondas. A interferência

ocorre porque o sinal refletido é atrasado devido à diferença do comprimento das ondas

alterado por causa do movimento das pás. Ela é a maior em materiais metálicos, que são

refletores e mínimos para pás de madeira, que absorvem. A fibra de vidro reforçada com

epoxi, que é utilizada na maioria das pás modernas, é parcialmente transparente às ondas

eletromagnéticas e, portanto diminui o efeito da interferência.

Os sinais de comunicação civis e militares podem ser afetados por EMI, incluindo

transmissões de TV e rádio, comunicações de rádio, microondas e celular, comunicação

naval e sistemas de controle de tráfego aéreo. Por conta disso, os projetistas de turbinas

eólicas consultam as autoridades civis e militares para determinar as interferências e

problemas que afetem as microondas e sistemas de comunicação aérea, que devem ser

evitados. A interferência em um pequeno número de receptores de televisão é um problema

comum que normalmente é sanado com uma gama de medidas de baixo custo, como a

utilização de uma série de retransmissores e/ou receptores (Manwell, 2002).

5.2 IMPACTOS AMBIENTAIS

Embora a energia eólica seja considerada como uma tecnologia limpa, não polua o ar

e nem consuma combustível, não utilize água como elemento motriz, nem como fluido

refrigerante e não produza resíduo radioativo ou gasoso, não está livre dos impactos sobre

o meio ambiente. A geração de energia elétrica a partir da energia dos ventos tem, como

toda tecnologia energética, algumas características desfavoráveis ao meio ambiente, porém

algumas destas podem ser significativamente minimizadas e até eliminadas com

planejamento e inovações tecnológicas adequadas.

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50

Analisando os aspectos ambientais associados à implantação de centrais eólicas, as

mesmas apresentam impactos positivos e negativos quando comparados com outras fontes

de energia, como mostrado na Tabela 11 (Saindur et al., 2011).

Estudos técnicos preliminares como, por exemplo, o Estudo de Impacto Ambiental

(EIA), tem o objetivo de avaliar e determinar os potenciais impactos ambientais

decorrentes da implantação de parques eólicos, onde apresentam um nível de detalhamento

que varia em função das características físicas do empreendimento, dimensões, dentre

outros fatores. Um exemplo de EIA é apresentado no Anexo A desta dissertação.

Tabela 11 – Comparação dos impactos entre fontes de energia. (Saindur et al., 2011) (Adaptada)

Impactos habituais Carvão Gás Natural Petróleo Nuclear Hidroelétrica Eólica

Poluição da água e ar X X X

Aquecimento global X X X

Poluição de água X

Inundação de terras X

Despejo de resíduos X X

Mineração e perfuração X X X X

Construção de usinas X X X X X X

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6. ESTUDO DE CASO

Esse capítulo apresenta um estudo de caso no qual são avaliados os impactos que a

interligação de um parque eólico provoca no sistema elétrico, considerando o Ponto de

Conexão Comum (PCC) na rede elétrica, sob o efeito de afundamentos momentâneos de

tensão (AMTs) provocados por curtos-circuitos. Serão considerados o curto-circuito

trifásico equilibrado, que possibilita o dimensionamento dos equipamentos de proteção e

sua capacidade nominal simétrica de interrupção e os curtos-circuitos assimétricos,

considerados mais críticos para a operação do sistema.

6.1 REPRESENTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS PARA ESTUDOS

NO SEP

Um parque eólico é formado por um conjunto de aerogeradores conectados em

paralelo, distribuídos ao longo de uma área e destinados à produção de energia elétrica.

Normalmente geram eletricidade entre 380 V e 690 V, que é elevada através de um

transformador e entregue à subestação do parque, onde uma segunda elevação é feita, com

um ou mais transformadores, até o valor de transmissão, sendo finalmente recolhida em

um ponto comum de conexão (PCC), que pode ser uma barra de uma subestação de

interligação e injetada no SEP através de uma linha de transmissão (Pinto, 2013).

A forma mais usual para realizar a conexão entre um aerogerador e o PCC é utilizar

um transformador de potência e um ramal interno de interligação para cada aerogerador,

embora também possa ser utilizado um transformador para um dado grupo de

aerogeradores com apenas um ramal interno de interligação (Rosas, 2006). A Figura 24

mostra uma conexão típica de um parque eólico com o sistema elétrico, na qual os

aerogeradores são conectados a uma rede interna com tensão na faixa de 4 – 34,5 kV

através de um transformador elevador e depois conectados ao sistema de transmissão.

Para fins de simulação da interligação de um parque eólico ao SEP, o parque eólico

pode ser representado por um modelo agregado ou por um aerogerador equivalente,

dependendo da análise a ser realizada (Akhmatov, 2003). No modelo simplificado, em que

o parque eólico é representado por um único aerogerador equivalente com a mesma

potência instalada do parque, o estudo considera a conexão da central eólica no sistema de

potência e analisa a resposta coletiva dos aerogeradores (Ackermann, 2005).

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Figura 24 – Exemplo de conexão de parque eólico com o SEP.

Para estudos no sistema de transmissão de energia, não é preciso representar todos os

geradores de um parque eólico individualmente, e sim, representar todo o parque através

de um gerador equivalente, com uma potência nominal igual à soma de todos os geradores

que o compõe, em série com uma reatância no qual representa a impedância equivalente de

cada gerador com seu respectivo transformador, cabos coletores, além do(s) transformador

(es) de potência da subestação (Muljadi, 2011).

A interligação entre o SEP e o PCC pode ser através de uma ou mais linhas de

transmissão e suas impedâncias estão relacionadas com a potência de curto-circuito do

ponto comum de conexão, Scc. O gerador equivalente, conectado a barra de referência,

possui a capacidade e inércia das usinas convencionais do sistema.

No caso em que a potência instalada do parque eólico é muito maior que a potência

instalada no SEP, a topologia utilizada para representar o sistema pode ser máquina barra-

infinita. Isso significa que a frequência e a tensão do SEP são constantes, independente da

potência gerada ou absorvida ou das perturbações aplicadas. Nessa topologia, adotada

neste trabalho para caracterizar a inserção de geração eólica, a impedância da linha de

transmissão e da subestação de interligação são representadas pela impedância equivalente

de Thèvinin vista do ponto comum de conexão. Para caracterizar o PCC, o mesmo é

parametrizado a partir dos dados da potência de curto-circuito, Scc, e da relação entre a

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reatância e a resistência da impedância equivalente, X/R. Dessa forma, a impedância

equivalente de Thèvenin do sistema é dada por:

RXS

VZ 1

2

tan

(6.1)

Sendo V a tensão na barra infinita.

6.1.1 APRESENTAÇÃO DO PARQUE EÓLICO EM ESTUDO

O sistema simulado está localizado numa região de alto potencial eólico comprovado

na Bahia e é composto de 20 aerogeradores com geradores elétricos tipo GIDA, sendo cada

um com 2 MW de potência instalada. Os aerogeradores são conectados a um barramento

coletor através de um transformador estrela/delta de 34,5/69 kV, com 30° de defasagem, e

a partir deste são conectados ao PCC em 69 kV. A linha de transmissão entre o PCC e a

rede elétrica possui 107 km. A Figura 25 mostra o diagrama equivalente do sistema eólico

simulado.

Figura 25 – Esquema elétrico do parque eólico em estudo.

O parque eólico e a linha de transmissão modelados no PSCAD (Power System

Computer Aided Design) é mostrado na Figura 26. Está representado o aerogerador

equivalente, as linhas de transmissão (Rede/PCC e PCC/Parque Eólico), a subestação

elevadora que conecta todo o sistema simulado ao SEP.

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Figura 26 – Parque eólico no PSCAD.

Segundo Ackermann (2005), programas como o PSCAD que simulam transientes

eletromagnéticos necessitam de grande nível de detalhes dos componentes elétricos, como

gerador, conversores e compensadores. O detalhamento da parte construtiva e dos

controles secundários pode ser desprezado ou considerado constante. Portanto, neste

trabalho os componentes do parque eólico foram modelados de forma simplificada

utilizando os modelos de máquinas rotativas, turbina e conversores disponíveis na vasta

biblioteca do PSCAD/EMTDC.

6.1.2 MODELAGEM

Atualmente existem vários softwares de simulação disponíveis no mercado com

aplicações distintas. Porém, o software PSCAD, que é um programa muito utilizado em

estudos elétricos de equipamentos e em projetos eólicos em diversas universidades,

mostrou-se o mais adequado ao estudo de caso apresentado neste trabalho.

A seguir serão apresentados os modelos simplificados dos principais componentes do

parque eólico utilizados para simular a interligação desse sistema com a rede elétrica.

a) Turbina Eólica

A turbina eólica desempenha o papel essencial nos sistemas eólicos, pois tem o

objetivo de extrair a potência do vento e transmiti-la ao eixo do gerador elétrico. A

primeira equação utilizada na modelagem da turbina é apresentada em:

2

32

vp

mec

vCRP

(6.2)

Em que:

mecP é a parcela da potência mecânica captada pela turbina;

é a densidade do ar no local de instalação da turbina (kg/m³);

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55

R é o raio da pá da turbina (m);

Cp é o coeficiente de eficiência da turbina ou coeficiente de potência;

vv é a velocidade do vento (m/s).

A interação entre o modelo da turbina e do gerador é apresentado no diagrama de

bloco da Figura 27. A influência entre os modelos ocorre através da velocidade angular da

máquina ( mW ) e o torque mecânico ( mecT ).

Figura 27 – Interação entre o modelo da turbina e gerador.

Torque mecânico é obtido a partir da razão entre a potência mecânica ( mP ) pela

velocidade angular ( mW ), como expresso pela equação abaixo:

m

m

W

PT (6.3)

Os parâmetros do modelo da turbina utilizados são apresentados no Apêndice B.

b) Gerador de Indução Duplamente Alimentado

O modelo da máquina de indução de rotor bobinado utilizado neste trabalho é de 5ª

ordem, disponível na biblioteca do PSCAD/EMTDC. A modelagem de máquinas CA é

simplificada através da aplicação da transformada de Park (ou transformação dq0), que

modela um sistema trifásico a partir de dois enrolamentos defasados entre si de 90°. A

Figura 28 mostra o sistema de referência síncrono para o qual a máquina será descrita.

A aplicação da Transformada de Park elimina a dependência dos parâmetros do

modelo de coordenadas com o ângulo de posição do rotor, obtendo então, a máquina com

parâmetros constantes, descrita no referencial de eixos ortogonais genéricos (d,q), girantes

com uma dada velocidade S , como apresentados a seguir (Silva, 2006):

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Figura 28 – Máquina de indução no referencial dq síncrono. (Lima, 2009)

Fluxos magnéticos:

Estator:

Rotor:

(6.4)

Tensões terminais:

Estator: Rotor:

(6.5)

Torque eletromagnético:

(6.6)

Equação mecânica:

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(6.7)

Potência ativa e reativa no estator:

(6.8)

Potência ativa e reativa no rotor:

(6.9)

Em que:

eT é o torque eletromagnético (Nm);

LT é o torque da carga no eixo da máquina (Nm);

J é o momento de inércia equivalente das partes girantes, referido ao eixo da máquina

(máquina, carga e acoplamento) (kgm²);

m é a velocidade angular mecânica do rotor (rad.mec./s);

é a velocidade angular elétrica do eixo do rotor (p. m ) (rad.el./s);

p é o número de pares de polos da máquina;

d é a velocidade angular elétrica dos eixos ortogonais d, q genéricos (rad.el./s);

ml , Sl , rl são as indutâncias mútua e próprias do estator e do rotor (H)

respectivamente.

O sistema supracitado é amplamente utilizado em trabalhos de modelagem de

aerogeradores tipo GIDA e a partir deste, é possível encontrar equações capazes de

representar a máquina de indução no referencial (d,q). A descrição completa da

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Transformada de Park utilizada pode ser visualizada no ANEXO B desta dissertação. Os

parâmetros do modelo do gerador GIDA estão expostos no Apêndice B.

c) Conversores

Este componente representa o conjunto conversor conectado à rede, elo CC e

conversor conectado no rotor do gerador. O conversor do lado da rede (CLR) controla a

tensão do barramento CC e pode controlar a potência reativa injetada na rede (apenas 30%

da potência nominal do sistema) e o conversor do lado da máquina (CLM) controla a maior

parcela de potência reativa do gerador. As referências tomadas como base para

desenvolver os conversores são (Lima, 2009) e (Liu, 2011).

A topologia do CLM é apresentada na Figura 29. O controle desse conversor é

realizado através das correntes do rotor para controlar as potências no estator da máquina.

Figura 29 – Topologia do conversor do lado da máquina. (Almada, 2013) (Adaptado)

A topologia do conversor conectado entre a rede elétrica e o elo CC, o CLR, do

sistema baseado em GIDA é mostrado na Figura 30. Assim como na configuração do CLM

anterior, o sentido adotado para as correntes, mostrado na figura, é importante para o

desenvolvimento do controle. Os parâmetros dos modelos utilizados estão expostos no

Apêndice B.

Figura 30 – Topologia do conversor do lado da rede. (Almada, 2013) (Adaptado)

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59

6.2 IMPACTOS ELÉTRICOS

Para a análise de um sistema eolielétrico conectado a rede elétrica foi utilizado o

software PSCAD/EMTDC, aplicado a um modelo de 5º ordem de um aerogerador GIDA

operando inicialmente em regime permanente e submetido a afundamentos de tensão. Esta

simulação buscou avaliar o comportamento do parque eólico diante de AMTs decorrentes

de curtos-circuitos no barramento de interligação com o sistema elétrico. Essa análise não

foi considerado outros eventos dinâmicos tais como as elevações de tensão, flutuação de

tensão e os harmônicos.

6.2.1 AFUNDAMENTOS EQUILIBRADOS

Um afundamento trifásico equilibrado pode ser monitorado de várias maneiras, tais

como através da magnitude do afundamento usando o valor rms, a componente

fundamental ou o valor de pico da tensão. Neste trabalho, o valor rms da tensão da rede é

utilizado para a detecção do afundamento, considerando que não há outras componentes de

frequência na tensão em estudo. Sendo assim, os resultados da simulação são comparados

verificando o atendimento aos requisitos do Procedimento de Rede de acordo com a região

dentro da qual o parque eólico não pode ser desconectado da rede pelas suas proteções

perante variações de tensão foi explicitado na seção 5.1.3 no gráfico da Figura 20.

Para a simulação da falta trifásica foi utilizado um bloco “Faults” da biblioteca do

PSCAD/EMTDC, como mostrado na Figura 31. Os ajustes de duração da falta são

definidos pelo bloco “time fault logic”, onde é ajustado o tempo do começo e duração da

falta.

Figura 31 – Bloco correspondente à falta trifásica e controle do tempo de duração da falta.

A falta trifásica é controlada através de suas impedâncias internas que variam os

níveis de intensidade do curto-circuito através de um circuito composto por cinco

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disjuntores trifásicos conectados em paralelo a quatro impedâncias, como mostrado na

Figura 32. Esta configuração pode ser encontrada no site oficial do software PSCAD.

Figura 32 – Circuito correspondente ao controle da intensidade da falta trifásica.

Para a variação da intensidade da falta trifásica do circuito mostrado acima, os

disjuntores encontram-se abertos inicialmente a fim de estabelecer um caminho de alta

impedância impedindo que a corrente desvie através do circuito. Através do bloco Timed

Breaker Logic de cada disjuntor foi programado o tempo que cada disjuntor deve fechar e

criar um caminho de baixa impedância para a passagem da corrente, ocasionando o curto-

circuito. Consequentemente, a intensidade da falta varia com o número de disjuntores

programados para abrir ou fechar na ocorrência da falta.

a) Caso 1 – Afundamento de tensão de baixa severidade:

Nesta simulação, aplicou-se um curto trifásico no PCC de baixa severidade através

da variação de impedâncias distintas, ou seja, ativando o disjuntor H mostrado na Figura

32, esse é programado para abrir ou fechar em um determinado tempo, criando um

caminho de baixa impedância ou impedância zero para a corrente provocando o curto-

circuito.

Na ocorrência de um afundamento de tensão de cerca de 60%, considerada de baixa

severidade (ou seja, magnitude do afundamento medido pela tensão residual), durante 500

ms no PCC, o parque eólico deverá permanecer conectado à rede de acordo com o critério

de suportabilidade a faltas do Procedimento de Rede, como mostrado no gráfico da Figura

33.

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61

Figura 33 - Afundamento de tensão de 60% no PCC.

Nota-se que a tensão eficaz gerada no parque eólico, Vrms_pu, representada pela cor

laranja, não ultrapassou a curva LVRT (Low Voltage Ride Through), sinalizada na cor

verde. Isto significa que, em nenhum momento, o sistema de proteção do parque eólico

(ajustado para atuar cerca de 600 ms) não precisou ser acionados em decorrência da falta

trifásica no PCC, ou seja, a tensão manteve-se dentro dos limites estabelecidos pelo ONS

de acordo com o gráfico da Figura 20, obedecendo o tempo máximo de eliminação da falta

pela proteção da unidade geradora (ONS, 2010; Pinto, 2013).

Além disso, na ocorrência de um afundamento de tensão de 40% no PCC durante

200 ms, como mostrado no gráfico da Figura 34, de maior severidade em magnitude e de

menor duração em relação ao caso anterior, o parque eólico continua conectado à rede

elétrica.

Figura 34 – Afundamento de tensão de 40% no PCC.

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O sistema de proteção das turbinas eólicas não foi ativado, pois a tensão Vrms_pu não

ultrapassou os limites da curva LVRT. Isto demonstra que parques eólicos interligados à

rede devem permanecer conectados nas circunstâncias descritas com a finalidade de

contribuir efetivamente no restabelecimento da estabilidade pós-falta.

b) Caso 2 – Afundamento de tensão de média severidade

Neste caso foi aplicado um curto-circuito com duração de 1,5 segundos no PCC. Para

esta falta foram ativados os disjuntores H, H1 e H2 a fim de desviar o percurso da corrente

para as últimas impedâncias do circuito da Figura 32. Assim, a magnitude da falta aumenta

provocando um afundamento de tensão mais severo do que o caso 1.

O gráfico da Figura 35 mostra um afundamento de tensão de 60% no PCC durante

500 ms. Observa-se que a tensão, Vrms_pu, mantem-se acima da curva LVRT nos primeiros

instantes do afundamento de tensão, porém a tensão do estator do aerogerador diminui

bruscamente, resultando numa variação no fluxo magnético estatórico, causando uma

elevação brusca da corrente nos enrolamentos do estator e do rotor para compensar o

efeito. Esta elevação nas correntes pode comprometer os semicondutores do conversor do

lado da máquina (CLM), uma vez que a corrente pode ultrapassar seus limites nominais.

Sendo assim, a proteção crowbar é ajustada para operar em 70 ms, amortecendo os picos

de corrente no enrolamentos do rotor, como mostrado no gráfico da Figura 36.

Figura 35 – Afundamento de tensão de média severidade.

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63

Figura 36 – Atuação da proteção crowbar no inicio do afundamento de tensão.

Devido à longa duração da falta, o afundamento ultrapassou os limites da curva

LVRT, neste instante, ocorre uma restauração do sistema de 60% para aproximadamente

20% da tensão no PCC na tentativa do parque eólico continuar operando dentro da região

da curva de suportabilidade a faltas (Figura 20). O gráfico da Figura 37 mostra a

continuação do amortecimento da corrente no enrolamento do rotor, apesar do pico de

corrente ocorrido no momento da restauração do sistema.

Figura 37 – Atuação continua do crowbar após restauração do sistema.

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Porém, apesar da restauração, o afundamento permanece fora dos limites da curva

LVRT; consequentemente, a proteção do parque eólico é ativada (mudança de nível lógico

de zero para 1) em 365 ms, desconectando-o da rede até que a falta tenha sido extinta,

como mostrado no gráfico da Figura 38. Após a extinção da falta no PCC, a tensão

nominal do parque eólico recupera-se, permitindo que os disjuntores de proteção

restabelecesse a interligação com a rede elétrica.

Figura 38 – Atuação do sistema de proteção do parque eólico.

c) Caso 3 – Afundamento de tensão de alta severidade

Para este caso foi aplicado a falta (impedância de curto tendendo à zero) no PCC

com duração de 500 ms. Para esta falta foram ativados os disjuntores H, H1, H2 e H3 a fim

de desviar o percurso da corrente para um caminho de baixa impedância, esta de menor

valor quando comparado aos casos anteriores. O gráfico da Figura 39 mostra a queda de

tensão de 80% no PCC comparada com a curva LVRT no momento da falta, nos instantes

entre 3 e 3,6 segundos.

Observa-se que o nível de tensão ficou abaixo dos 0,2 pu por alguns instantes, ainda

que tenham ocorrido variações de tensão acima e abaixo do limite de 80% da queda de

tensão estabelecidos na curva LVRT. No instante em que a variação de tensão está abaixo

do limite da curva LVRT, os disjuntores de proteção abrem seus contatos, saindo do nível

lógico zero para 1, desconectando a central eólica da rede elétrica até que a falta seja

extinta.

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65

Figura 39 – Afundamento de tensão de 80% dentro de 500 ms.

O gráfico da Figura 40 mostra o acionamento da proteção do parque eólico,

caracterizando a desconexão do parque eólico do barramento de interligação com a rede

elétrica.

A atuação do sistema de proteção durou de 3,1 a 3,6 segundos até que a falta fosse

extinta e os contatos dos disjuntores retornassem para a posição fechado. Durante o

afundamento, ocorre uma elevação da corrente do estator e do rotor que podem

comprometer o funcionamento dos semicondutores do conversor do lado da máquina

(CLM), uma vez que essa corrente pode ultrapassar seus limites nominais. Para diminuir o

efeito danoso da sobrecorrente a proteção crowbar é ativada.

Figura 40 – Atuação do disjuntor de proteção do parque eólico.

Com a atuação da proteção crowbar ajustada para operar em 50 ms após o início do

curto-circuito, é possível observar a elevação da corrente rotórica no início do

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afundamento de tensão (cerca de três vezes maior do que em operação normal), bem como

o comportamento amortecido das correntes por conta da ativação da proteção, como

mostrado no gráfico da Figura 41.

Figura 41 - Corrente do rotor durante afundamento de tensão com uso do crowbar.

No curto-circuito, a corrente do rotor aumenta bruscamente, mas o circuito de

proteção crowbar detecta a sobrecorrente nos enrolamentos e desconecta o conversor do

lado da máquina (CLM) da turbina eólica. No momento em que a corrente de falta é

reduzida a valores aceitáveis, o crowbar reconecta o CLM para restabelecer o controle

sobre o gerador eólico.

O crowbar proporciona um amortecimento no fluxo magnético e, com isso, limita os

picos de correntes nos enrolamentos do rotor e estator, protegendo o (CLM) evitando que

os interruptores eletrônicos sejam avariados devido aos efeitos negativos das

sobrecorrentes, bem como tensões elevadas no elo CC dos conversores.

6.2.2 AFUNDAMENTOS DESEQUILIBRADOS

A natureza dos desequilíbrios de tensão produz respostas diferentes nas fases do

estator dos aerogeradores de um parque eólico. Nota-se que a operação de aerogeradores

sob afundamentos de tensão assimétricos podem criar pulsação de torque decorrente de

faltas desequilibradas. Se esta condição persiste durante um longo período de tempo, pode

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67

excitar outras partes da turbina eólica e, consequentemente as correntes desequilibradas

criarão aquecimento anormal nos enrolamentos trifásicos, reduzindo a vida útil do

isolamento dos enrolamentos.

Diferente de uma falta trifásica simétrica, a fonte de sequência positiva continua a

conduzir a corrente de falta monofásica até que sejam removidas do circuito. As condições

iniciais das correntes de falta são diferentes para cada fase, e para analisar o

comportamento de afundamentos de tensão assimétricos apresentados nesta seção foram

utilizados blocos lógicos que simulam faltas assimétricas aplicadas no PCC do sistema

eolielétrico, no qual se ajusta o tempo de começo e duração das faltas.

Para a simulação das faltas fase-fase-terra, fase-fase e fase-terra foi utilizado um

bloco “Faults” conectado ao bloco lógico “Timed Fault Logic” da biblioteca do

PSCAD/EMTDC, como mostrado na Figura 42.

Figura 42 – Bloco lógico para simulação de faltas assimétricas.

a) Caso 1 - Falta Monofásica (Fase-Terra)

No modelo equivalente do parque eólico simulado no PSCAD foi ativado um bloco

de falta trifásica no qual é configurado o tipo de curto circuito que será aplicado no PCC e

este representará um curto monofásico (fase-terra). Os dispositivos de proteção por fase

também são ajustados para abrir ou fechar num determinado tempo, a fim de extinguir a

falta a terra caso o afundamento de tensão ultrapasse os limites da curva LVRT.

O gráfico da Figura 43 apresenta a corrente de curto-circuito para a fase sob a falta

monofásica representada na cor azul. No parque eólico, o fluxo magnético no entreferro,

embora menor do que o normal e desequilibrado, é mantido pelas fases não defeituosas dos

geradores.

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Figura 43 – Falta monofásica aplicada no PCC.

Assim, o curto-circuito monofásico continuará a fluir até que o disjuntor remova a

falha do circuito, diferentemente do curto-circuito trifásico em que a corrente de falta decai

rapidamente devido ao colapso do campo magnético.

O gráfico da Figura 44 (a) mostra o afundamento de tensão causado pela falta

monofásica. A tensão cai para 70% do valor nominal, com duração de 0,2 segundos. Após

este tempo, a tensão é restabelecida para o valor de pré-falta.

Apesar da magnitude e da duração serem as principais características do

afundamento, elas não o caracterizam totalmente. Pode ser observado que após a extinção

da falta a tensão experimenta um pequeno sobrepasso e ondulações até a estabilização da

tensão eficaz. No gráfico da Figura 44 (b) é possível observar que a tensão rms

imediatamente após a falta é cerca de 90% da tensão de pré-falta. Como existem grandes

motores de indução presentes no parque eólico, uma queda na tensão provoca retardo e

causa aumento adicional na corrente de carga.

A ativação da proteção crowbar no princípio do afundamento de tensão aumenta a

resistência nos enrolamentos do rotor, amortecendo o fluxo magnético protegendo,

principalmente, o CLM, bem como os efeitos da corrente de falta no parque eólico. Os

gráficos da Figura 45 mostram o comportamento da corrente do rotor e a chave S que

desconecta o CLM onde pode-se observar a queda de tensão no momento da falta, bem

como o comportamento amortecido da corrente do rotor por conta da ativação da proteção

durante o afundamento de tensão até que o mesmo seja cessado.

Apesar da diminuição dos efeitos das correntes de curto-circuito, o crowbar possui

uma desvantagem de que, durante o tempo em que a proteção está ativa, o conversor do

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lado do rotor fica impossibilitado de realizar o controle das potências ativa e reativa do

estator, estando o aerogerador incapaz de obedecer a imposições requeridas pelos códigos

de rede em vigor.

Figura 44 – Afundamento de tensão oriundo de falta monofásico no PCC.

Figura 45 – Amortecimento da corrente no rotor durante o afundamento de tensão.

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b) Caso 2 - Falta Bifásica (Fase-Fase)

O curto-circuito bifásico (Fase-Fase e Fase-Fase-Terra) também mantém o fluxo do

entreferro dos aerogeradores durante a falta, consequentemente a corrente de falta

continuará a fluir até que o disjuntor remova a falha do circuito. A potência de saída do

gerador será limitada e pulsante devido a uma condição desequilibrada.

O gráfico da Figura 46 mostra as correntes desequilibradas devido à falta bifásica no

PCC.

Figura 46 – Correntes oriundas da falta bifásica do tipo Fase-Fase no PCC.

O gráfico da Figura 47 apresenta o afundamento de tensão de aproximadamente 60%

durante 0,15 segundos.

Figura 47 – Afundamento de tensão devido à falta bifásica no PCC.

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Nota-se no gráfico acima que o parque eólico se mantém conectado à rede de

transmissão, pois o afundamento de tensão não ultrapassou os limites de tensão do gráfico

da Figura 20.

c) Caso 3 - Falta Bifásica (Fase-Fase-Terra)

O gráfico da Figura 48 apresenta o afundamento de tensão de 80%, correspondendo a

0,73 pu, durante um curto-circuito bifásico do tipo Fase-Fase-Terra de 200 ms.

Figura 48 – Afundamento de tensão devido à falta bifásica para terra.

Percebe-se no gráfico acima que a tensão rmsV no PCC manteve-se dentro dos limites

da curva LVRT estabelecido pelo ONS. Como consequência do curto-circuito bifásico, a

tensão na fase não afetada pela falta sofre uma pequena queda na sua amplitude. O gráfico

da Figura 49 apresenta o comportamento da tensão não afetada.

Figura 49 – Tensão na fase não afetada pela falta bifásica.

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Observa-se que no período no qual está ocorrendo o afundamento de tensão, entre

3,0 e 3,2 segundos, as fases atingidas pelo curto bifásico sofrem uma queda de tensão,

próxima a zero volt, e a fase A, que não foi afetada diretamente pela falta, é capaz de

manter o fluxo magnético no entreferro dos aerogeradores do parque eólico.

O comportamento das correntes no barramento de conexão é desequilibrado afetando

a integridade dos enrolamentos e excitando outras partes das turbinas eólicas durante a

permanência da falta. O gráfico da Figura 50 mostra o desequilíbrio das correntes na

ocorrência de um curto-circuito bifásico do tipo Fase-Fase-Terra.

Figura 50 – Correntes do PCC oriunda da falta bifásica para terra.

A fim de minimizar os efeitos das correntes desbalanceadas, a proteção crowbar é

ativada pela chave “s” durante os instantes iniciais do afundamento de tensão, como

mostrado no gráfico da Figura 51. O crowbar aumenta a resistência dos enrolamentos do

rotor, amortecendo o fluxo magnético e, com isso, minimizando os danos da falta bifásica

para terra.

Figura 51 – Ativação do crowbar durante o afundamento de tensão.

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6.2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

A simulação dos afundamentos de tensão balanceado e desbalanceado mostrou que

as turbinas eólicas com geradores de indução de dupla alimentação são capazes de

contribuir significativamente no desempenho operacional do parque eólico conectado à

rede, pois durante o ciclo inicial da falha (corrente assimétrica) pode ser elevada, superior a

6 vezes o valor da corrente nominal da máquina.

Esta análise contemplou cenários de afundamentos severos de tensão de até 80%,

ocorridos no PCC a fim de identificar o comportamento das máquinas e o uso dos circuitos

de proteção. Os resultados gráficos obtidos na simulação mostraram que as oscilações que

ocorrem nas correntes do estator e do rotor são reduzidos quando é ativada a proteção

crowbar. Porém, essa proteção apresenta uma desvantagem de que durante o tempo em

que está ativa, o conversor do lado do rotor fica impossibilitado de realizar o controle das

potências ativa e reativa do estator, estando o aerogerador incapaz de obedecer a

imposições requeridas pelos códigos de rede em vigor; ou seja, o conjunto de

aerogeradores que compõem um parque não contribuirão efetivamente com o

restabelecimento do sistema, pois o crowbar desconecta o CLM durante a falta.

Além disso, durante os afundamentos de tensão para diferentes tipos de faltas

aplicadas no PCC, a tensão no terminal de conexão e as correntes são sustentadas, mas

porque as tensões de linha, com exceção da fase atingida pelo curto-circuito, são capazes

de sustentar o fluxo magnético. Portanto, a natureza dos curtos-circuitos que geraram os

afundamentos de tensão não só é afetada pelo tipo de aerogerador, mas também pela

natureza das falhas, das conexões do enrolamento do gerador e dos transformadores entre a

falha e o gerador.

Elevadas correntes de curto-circuito, sobretensões e subtensões durante e após a falta

podem danificar as partes internas das turbinas eólicas e de outros equipamentos

associados a elas. Portanto, o sistema de proteção do parque eólico deve ser projetado para

suportar os distúrbios transitórios da rede elétrica na qual está interligada, bem como deve

auxiliar no restabelecimento dos requisitos operacionais normais da rede. Como regra, não

é necessário desconectar os parques eólicos desde que certos limites de tensão não sejam

excedidos.

Do ponto de vista da suportabilidade dos sistemas no PCC, pode-se afirmar que os

AMTs do tipo:

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Simétricos de aproximadamente 60% e 40% da tensão (pu) no PCC, a priori, não

comprometem a estabilidade do sistema, ou requerem o desligamento do parque eólico,

pois contribuem efetivamente no restabelecimento pós falta dos sistemas sem a perda de

potência.

Assimétricos de aproximadamente 70%, 40% e 25%, não é possível afirmar, que

nas circunstâncias analisadas os distúrbios não afetaram a conexão dos sistemas no PCC,

apesar dos AMTs desequilibrados terem se situado dentro dos limites da curva LVRT.

Para queda de tensão (pu) acima de 80% da curva LVRT, o parque eólico era

desconectado até que o defeito fosse extinto. Nestes casos, a proteção crowbar era ativada

para contenção de sobrecorrentes no gerador e no conversor do lado do rotor a fim de

evitar avarias nos seus componentes.

Sob alguns afundamentos de tensão, os resultados obtidos não asseguram a

integração dos sistemas, podendo ou não haver a desconexão do parque eólico, que não é o

desejável, uma vez que a desconexão do parque eólico pode causar uma instabilidade no

sistema, além da perda de potência e o risco de propagação de falta no SEP,

comprometendo seriamente a continuidade do serviço e a QEE.

Tomando como referência dessa análise que, sob nenhuma condição de falta no PCC

o sistema eolielétrico deve ser desconectado do SEP, análises complementares deveriam

ser feitas para que os resultados fossem melhorados, como, por exemplo, através da

modelagem dos dispositivos de proteção complementares ao sistema crowbar ou

estratégias de controle que forçam a queda das correntes estatóricas e, consequentemente

das correntes rotóricas, de maneira que não seja necessária a utilização do crowbar,

assegurando a permanência da interligação entre os sistemas tanto para afundamentos

balanceados quanto desbalanceados. Estudos realizados em (Lima, 2009), sugerem que o

uso de estratégias de controle para melhorar a suportabilidade do sistema durante AMTs

podem melhorar a estabilidade no PCC.

Observe-se que o modelo em questão considerou apenas característica das faltas

ocorridas no PCC sem levar em conta os dispositivos de conversão AC-DC-AC, que

podem ter seu desempenho afetado por essas faltas, até porque nessa simulação o gerador

utilizado GIDA foi o do bloco existente no PSCAD.

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75

7. CONCLUSÕES

A interligação de parques eólicos no SEP tem crescido ao longo dos anos e a

preocupação com a inserção dessa fonte na rede tem levado operadores de rede e

concessionárias de energia a aumentar as exigências imposta à conexão a fim de assegurar

indicadores da qualidade da energia elétrica e confiabilidade do sistema.

Visando contribuir com as avaliações quanto à qualidade da energia gerada, este

trabalho foi realizado com o objetivo de simular o comportamento de um parque eólico

interligado a rede elétrica quando submetido a perturbações elétricas no ponto de conexão

e, a partir deste, identificar se a conexão do sistema eólico está em conformidade com o

Procedimento de Rede. Assim, o escopo adotado abrange uma modelagem computacional

no PSCAD de um parque eólico para estudos de afundamentos de tensão oriundos de

curtos-circuitos aplicados no ponto de conexão comum (PCC).

No capítulo 1, foi apresentada uma introdução ao assunto, através de uma breve

análise quanto à inserção da geração eólica na matriz elétrica, bem como a evolução da sua

instalação no Sistema Elétrico de Potência.

No capítulo 2, foram apresentados vários trabalhos, com grande divulgação nos

meios científicos, relacionados ao tema desta dissertação nos quais é possível verificar que

a interligação da geração eólica ao sistema elétrico de potência sucinta precauções quanto à

conexão e estabilidade operacional entre os sistemas.

No capítulo 3, foram mostradas configurações de interligação do sistema eólico com

a rede elétrica. Apresentaram-se ainda as principais tecnologias existentes e formas de

conexão dos parques eólicos destacando as vantagens e desvantagens destas topologias.

No capítulo 4, foram apresentados os critérios técnicos que as normas exigem na

interligação de parques eólicos à rede elétrica. Um resumo da regulamentação técnica de

vários países, bem como um sumário comparativo do critério de suportabilidade a faltas

(fault-ride through – FRT) de quatro países, incluindo o Brasil. Percebeu-se que existe

espaço de tempo significativo nas exigências do FRT entre os países, devido às

características próprias existentes nas infraestruturas dos sistemas elétricos de cada país.

Quanto aos códigos de rede, a capacidade dos aerogeradores de sem manterem

conectados durante os afundamentos de tensão, é uma exigência de todos os códigos, no

entanto, não há uma convergência por parte dos operadores dos sistemas elétricos, sobre a

ótica das curvas de suportabilidade a subtensão. Porém, existe uma premissa na qual todos

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os códigos concordam: por ocasião da ocorrência de uma falta, antes de qualquer medida

de apoio à tensão no PCC, é preciso que as correntes do parque eólico sejam controladas.

No capítulo 5, foram mostrados os impactos que a conexão eólica pode causar no

Sistema Elétrico de Potência no contexto da qualidade da energia elétrica. Foram

apresentados os principais impactos em função do regime operacional do sistema com

relação às características inerentes a geração eólica.

No capítulo 6 foi apresentado o modelo empregado em estudos de interligação de

parques eólicos no sistema de potência. Para o estudo referente à interligação do parque

eólico à rede elétrica, esse pôde ser representado por um equivalente reduzido no qual é

possível quando os aerogeradores são similares. Em seguida, foram realizadas simulações

de diferentes tipos de faltas aplicadas no ponto de conexão do parque com a rede elétrica a

fim de analisar o comportamento do parque eólico perante o critério de FRT normatizado

pelo ONS. Os resultados da inserção eólica na rede descritos no estudo de caso mostrou a

capacidade do parque manter-se conectado no que se refere à suportabilidade a subtensões

ou Low Voltage Ride-Through (LVRT), bem como a atuação das proteções do parque

eólico, de acordo com os limites estabelecidos pelo Procedimento de Rede do ONS.

Foi verificado que as correntes do estator e rotor são reduzidos aproximadamente

pela metade, quando utilizado o circuito crowbar, enquanto dispositivo de proteção

durante afundamentos severos de tensão, no qual mostrou-se ser eficaz, acelerando o

decaimento das correntes e consequentemente protegendo o conversor das sobrecorrentes.

Na ocorrência de afundamentos que ultrapassaram os limites da curva LVRT houve a

atuação da proteção do parque eólico, desconectando-o da rede, dentro do tempo máximo

de eliminação da falta (150 ms) aplicada a unidade geradora estudada.

É importante observar, entretanto, que a mera inserção de usinas eolielétricas de

grande porte no SEP atende ao requisito de diversificação da matriz energética, mas

mantém o modelo de geração centralizada com produção de potência distantes dos centros

de consumo. Esse problema agrava-se pela questão ambiental que envolve a construção de

linhas de transmissão e subestações de interligação, de alto custo, a exemplo do que ocorre

atualmente na Bahia, onde duas usinas eólicas de grande porte estão prontas, mas sem

possibilidade de interligação ao SEP pela inexistência dessas linhas.

Conclui-se, ao final deste trabalho, que a analise do comportamento do parque eólico

frente a afundamentos de tensão no PCC, é importante para uma correta avaliação dos

problemas técnicos, como a qualidade da energia, envolvidos na interligação de parques

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eólicos às redes elétricas. Justifica-se isto pelo fato das centrais eólicas possuírem

características distintas das fontes convencionais existentes no sistema, bem como

influenciarem na estabilidade operacional do sistema elétrico. Esta avaliação da

interligação à rede deve ser feita na fase dos estudos preliminares, que precedem a

instalação da usina eólica em um determinado sítio e a sua interligação ao sistema elétrico

de potência.

Portanto, esta dissertação propicia a compreensão das características operativas do

parque eólico para as configurações citadas e contribui com informações no contexto da

estabilidade do sistema elétrico na presença do parque eólico.

7.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com o objetivo de contribuir para futuros trabalhos ligados aos temas abordados

nesta dissertação, sugere-se:

i. Implementação de um aerogerador experimental equipado com gerador GIDA montado

em laboratório com o objetivo de comparar e analisar o comportamento do sistema eólico

simulado no PSCAD.

ii. Realizar análise complementar sobre estratégias de controle que garantam a

suportabilidade à falta de parques eólicos considerando outras ferramentas computacionais

como o ANAFAS e o Power World.

iii. Realização de estudos sobre outros distúrbios da QEE, ocorrendo isoladamente ou

cumulativamente com os afundamentos de tensão.

iv. Ampliar as considerações dessa pesquisa a outras configurações de aerogeradores ou em

sistemas com nível de tensão abaixo de 230kV ou na rede de distribuição.

v. Ampliar os estudos com relação à inserção das micro e minieólicas conectadas

diretamente no sistema de distribuição.

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APÊNDICE A

SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUIDA

Apesar das minicentrais eólicas não terem sido o objeto de pesquisa desse trabalho,

elas não podem ser ignoradas quando o tema em analise é a interligação de geradores

eólicos aos sistemas elétricos, uma vez que estas usinas também serão interligadas ao SEP,

ainda que em tensões de distribuição.

Nesse caso, os requisitos de interligação ao sistema elétrico são definidos pelo

PRODIST e incluem desde parques eólicos integrados à rede de distribuição da

concessionária de energia, a exemplo da Prainha, no Ceará, ou ainda, ligada em instalações

de consumidores finais. Esses aerogeradores são chamados de microaerogeradores, e

também podem ser utilizados nas instalações de consumidores residenciais.

A Figura A. 1 mostra um caso exemplo de microaerogerador de 12 V – 600 W

instalado numa edificação residencial e interligado ao sistema de distribuição da

Alemanha.

Figura A. 1 - Turbina eólica (12 V, 600 W) interligada ao sistema de distribuição na Alemanha.

A utilização de sistemas eólicos e/ou fotovoltaicos por consumidores residenciais

contribui para o sistema elétrico, independentemente da existência de uma rede inteligente,

uma vez que a energia produzida por essas fontes permitirá a redução da energia comprada

da concessionária, liberando assim essa parcela de potência para outros consumidores.

Quando a geração eolielétrica excede a demanda do consumidor, esse excedente de energia

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pode ser exportável para a concessionária, que deve estar apta a recebe-lá e, nesse caso, se

faz necessário dispor de um sistema inteligente, pelo menos um sistema Smart-Metering.

A Geração Distribuída (GD), a cada dia, se consolida como uma forte tendência,

principalmente, quando relacionado à diversidade de modelos de aerogeradores de

pequeno porte dentre elas: de eixo horizontal com duas, três ou multipás e, de eixo vertical

do tipo Darrieus e Savonius, que podem ser instalados nas edificações dos consumidores.

A Figura A. 2 mostra exemplos de aerogeradores de pequeno porte que podem ser

utilizados por consumidores para a autoprodução de energia elétrica. (Fadigas, 2013)

Figura A. 2 – Exemplo de aerogeradores empregados na geração distribuída. (Fadigas, 2013)

Outros fatores que fazem da Geração Distribuída uma alternativa atraente à expansão

do parque gerador do país, principalmente quando relacionado à geração eólica são:

Atendimento mais rápido ao crescimento da demanda energética;

Aumento da confiabilidade do suprimento aos consumidores;

Redução de perdas na transmissão de energia e seus respectivos custos;

Adiamento do investimento para reforçar o sistema de transmissão;

Redução dos investimentos;

Redução dos grandes impactos ambientais causados pelas linhas de transmissão e

áreas de reservatórios da geração centralizada;

Redução dos riscos de planejamento do sistema elétrico;

Aumento da estabilidade do sistema elétrico;

Baixo custo de investimento para construção de unidades de geração;

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Curto espaço de tempo para instalação e facilidade de alocação;

Baixo custo de operação e manutenção das unidades de geração;

A utilização da GD pode postergar ou até evitar o investimento na expansão de

subestações e/ou ramais de distribuição, pois não necessita de área extra e infraestrutura

adicional para fazer parte do SEP.

As vantagens supracitadas, mais o rápido desenvolvimento de certas tecnologias,

como a de geradores eólicos, veem tornando a GD uma opção técnica viável em virtude da

possibilidade de utilizar fontes que ocasione menores impactos ambientais e

socioeconômicos, além de garantir maior confiabilidade e segurança no abastecimento de

energia.

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87

APÊNDICE B

DADOS DO GERADOR DE INDUÇÃO DUPLAMENTE ALIMENTADO

As simulações realizadas neste trabalho com o GIDA utilizaram o modelo de 5a

ordem, que se encontra na biblioteca principal da ferramenta PSCAD, apresentado na

Figura B. 1. Este bloco possui os parâmetros de entrada derivados da turbina eólica que

são: a velocidade de entrada (W ), a chave para acionar o modo de controle por velocidade

ou por torque (S), torque de entrada (TL ) e dos conversores eletrônicos de potência CA-

CC-CA conectados à rede (CLR) e no rotor (CLM).

Figura B. 1 – Bloco do aerogerador com gerador tipo GIDA.

Os dados de entrada do modelo foram retirados de informações fornecidas por

fabricantes de geradores, listados na Tabela B. 1.

Tabela B. 1 – Dados do GIDA.

Dados da máquina Valores Dados da máquina Valores

Potência nominal 40 MW Resistência do estator 0,062 Ω

Tensão nominal do estator 690 V Resistência do rotor 0,052 Ω

Tensão nominal do rotor 750 V Indutância de magnetização 46,4 mH

Frequência nominal 60 Hz Indutância de dispersão do

estator

2,62 mH

Momento de inércia (J = 2H) 0,85 s Número de polos 4

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DADOS DOS CONVERSORES

Os conversores, tanto do lado da máquina quanto do lado da rede, foram construídos

a partir dos modelos de semicondutores presentes no PSCAD. A Figura B. 2 apresenta o

bloco conversor CA-CC-CA onde as saídas GABC e SABC correspondem,

respectivamente, ao controle para o conversor do lado do gerador e ao controle do

conversor lado da rede. O capacitor utilizado no elo CC foi de 680 µF e sua tensão de

referência foi de 990 V e os controladores foram ajustados através da própria simulação. O

esquema elétrico dos conversores CLM e CLR é mostrado na Figura B. 3.

Figura B. 2 - Bloco conversor CA-CC-CA

Figura B. 3 – Circuito interno dos conversores do lado da máquina e lado da rede.

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DADOS DA TURBINA EÓLICA

O bloco do PSCAD que simula uma turbina eólica é apresentado na Figura B. 4.

Seus dados de entrada são o coeficiente de potência (Cp), a velocidade do vento (Vw) e o

sinal de velocidade angular (Wm) e, o sinal de saída corresponde ao torque mecânico (Tm).

Figura B. 4 – Bloco correspondente à turbina eólica.

Os parâmetros de entrada definidos para este modelo estão listados na Tabela B 2.

Tabela B. 2 – Dados da turbina eólica.

Dados da turbina Valores

Potência nominal 40 MW

Raio do rotor 40 m

Densidade do ar (ρ) 1,225 kg/m3

Coeficiente de potência (Cp) 0,4

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ANEXO A

IMPACTOS AMBIENTAIS DA ENERGIA EÓLICA

Partindo do EIA elaborado para a implantação de um Parque Eólico localizado no

interior do Estado da Bahia, formado por usinas eólicas com potências de 30 MW, ocupará

uma área de 5870 hectares, sendo cerca de 120 hectares ocupados pelas bases dos

aerogeradores, canteiros de obras, estradas de acesso, linhas elétricas e subestação

elevadora, onde se avalia as consequências ambientais relacionadas à localização,

instalação, construção, operação, ampliação, interrupção ou encerramento do

empreendimento.

Foram adotados métodos e técnicas que permitiram a integração do conhecimento e

percepção de diferentes especialistas, componentes da equipe técnica, de modo a obter os

fatores ambientais susceptíveis de serem afetados pelas ações decorrentes das atividades a

serem desenvolvidas. Considerando os resultados da análise detalhada da área de

influência do empreendimento, uma listagem dos possíveis impactos ambientais

relacionados às atividades diretas e indiretas proveniente da instalação da central eólica

concentrou-se nas fases de implantação e operação. (Desenvix, 2008)

A Tabela A - 1 apresenta os impactos detectados sobre o meio biótico nas fases de

implantação e operação do parque eólico, destacando os efeitos, a natureza, a extensão e

duração dos mesmos sobre o ambiente estudado.

Tabela A - 1 - Avaliação dos impactos ambientais sobre o meio biótico. (Desenvix, 2008) (Adaptado)

Fase Impactos sobre o meio biótico Efeito Natureza Extensão Duração

Implantação

Perda da área vegetada e da

biodiversidade associada

Negativo Direta Local

Permanente Fragmentação e perda de habitat.

Diminuição da fauna silvestre por

atropelamento

Operação

Alteração da fauna e flora

Temporária

Perda das comunidades vegetais

Acidente com espécies de morcego

Permanente Acidentes com espécies de aves

migratórias

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Além dos impactos citados, identificaram-se também os impactos sobre o meio

socioeconômico decorrente das atividades ligadas à instalação do parque eólico. Para a

população situada no entorno da área de influência direta, os impactos mais significativos

gerados pela execução das obras de construção da usina eólica se relacionam com as

interferências locais e as expectativas geradas em razão da efetivação do empreendimento.

A implantação causa alguns desconfortos temporários à população residente próxima

as obras, bem como pode interferir no cotidiano da comunidade local: aumento de fluxo de

veículos, poluição sonora, insegurança no trânsito, aumento temporário da densidade

demográfica local, geração de emprego, dinamização das atividades econômicas e aumento

da especulação imobiliária. O aumento do fluxo de veículos, principalmente de veículo

pesado, pode gerar uma insegurança aos motoristas por eventuais desvios e interrupções do

tráfego. A Tabela A - 2 mostram os principais impactos socioeconômicos relacionados aos

seus potenciais efeitos, natureza, extensão e duração nas fases de instalação da usina

eólica.

Tabela A - 2 - Avaliação dos impactos ambientais sobre o meio socioeconômico. (Desenvix, 2008)

(Adaptado)

Fase Impactos Efeito Natureza Extensão Duração

Projeto

Valorização de imóveis do entorno do

empreendimento. Positivo

Direta

Local

Temporária

Interferência no cotidiano da população

local. Negativo

Implantação

Geração de empregos diretos e indiretos. Positivo Regional

Imigração em busca de emprego.

Negativo

Local

Aumento de risco de acidentes.

Proliferação de vetores transmissores de

doenças.

Desproporcionalidades na razão homem

versus mulher, da população local.

Aumento da demanda por infraestrutura

urbana e serviços. Indireto Regional

Poluição sonora

Direto

Local Permanente

Poluição atmosférica Temporária

Operação

Geração de empregos diretos e indiretos. Positivo

Permanente

Incremento no tráfego na área. Negativo

Aumento de arrecadação de impostos. Positivo Regional

Aumento de risco de acidentes de

trânsito. Negativo Local

Poluição sonora.

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A Tabela A - 3 trazem as medidas mitigadoras e compensatórias do PCA que são

aplicadas quanto ao fator ambiental a que se destina.

Tabela A - 3 - Medidas mitigadoras e compensatórias para os impactos ambientais. (Desenvix, 2008)

(Adaptado)

Impactos Ambientais Medidas mitigadoras e compensatórias

Valorização de imóveis. Conscientização da comunidade local quanto aos preços a serem

aplicados

Interferência no cotidiano da

população local

Desenvolvimento de programas de educação ambiental e social.

Geração de empregos diretos e

indiretos

Priorizar a contratação de mão de obra residente local e estimular a

atuação de pequenos fornecedores

Aumento de risco de acidentes de

trânsito

Sinalização de trânsito e sistemas de alertas ao longo das vias de

acesso utilizando redutores de velocidade.

Proliferação de vetores transmissores

de doenças

Implantação de programas de saúde e segurança das populações da

área de influência direta da obra.

Poluição sonora Adoção de segurança e saúde do trabalho na fase de implantação e

operação e a promoção de monitoramento dos níveis de ruídos locais

Poluição atmosférica

Observação da legislação aplicável quanto a segurança e saúde do

trabalho além de utilizar aspersão de água nas vias em construção para

minimizar a emissão de poeira e particulados

Aumento da demanda por

infraestrutura urbana e serviços

Realização de parcerias entre empreendedor e as instâncias

governamentais para suprir tais demandas nas áreas adjacentes ao

empreendimento

Perda de habitat, da área vegetada e

da biodiversidade associada.

Implantação de projetos de paisagismo contemplando

preferencialmente espécies nativas

Fauna silvestre

Coibir ações predatórias na área proposta para o empreendimento e

investir em equipamentos modernos para reduzir a incidência de

impactos de morcegos com a estrutura. Além da instalação do

empreendimento fora da rota de migração das aves.

Poluição do solo e recursos hídricos Implantação de fossas sépticas de acordo com a NBR 7.229/93

Efeito sobre o paisagismo Promover a manutenção de um canal de comunicação social e

educação ambiental, fornecendo esclarecimento sobre a usina eólica.

Os resultados obtidos nas Tabelas A - 1 e A – 3 justificam a adoção de medidas

mitigadoras durante todo o processo de implantação e operação do parque. Desta forma,

principalmente na fase de obras (implantação), os programas ambientais dos diversos

meios (físicos, bióticos e socioeconômicos) a serem implantados deverão estar no PCA –

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Projeto de Controle Ambiental que define propostas para evitar ou minimizar os impactos

negativos identificados.

A avaliação do grau de alteração produzida no meio ambiente decorrente da

implantação do parque eólico, bem como a eficiência das medidas mitigadoras e

compensatórias propostas, será possível através de programas de acompanhamento e

monitoração que contemplem a totalidade do meio ambiente afetado. Como por exemplo,

programas destinados à comunicação entre comunidade e empreendimento, educação

ambiental, capacitação e treinamento dos trabalhadores quanto à preservação do meio

ambiente, bem como programas de saúde e segurança no trabalho.

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ANEXO B

TRANSFORMADA DE PARK

Equações de transformação de um vetor de grandezas tensão, corrente, ou fluxo

magnético, de estator ou rotor, representadas por X, entre o referencial trifásico (1,2,3) e o

referencial bifásico genérico (0,d,q):

Transformação direta de trifásico (1,2,3) para bifásico (0,d,q) - Grandeza de

estator:

Transformação direta de bifásico (0,d,q) para trifásico (1,2,3) – Grandeza de

estator:

Transformação direta de trifásico (1,2,3) para bifásico (0,d,q) - Grandeza de rotor:

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Transformação direta de bifásico (0,d,q) para trifásico (1,2,3) – Grandeza de rotor: