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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS MESTRADO AVALIAÇÃO DO INFILTRADO MACROFÁGICO NOS CARCINOMAS MAMÁRIOS DE CADELAS E SUA CORRELAÇÃO COM A TAXA DE SOBREVIDA. CARLOS HUMBERTO DA COSTA VIEIRA FILHO SALVADOR BAHIA MARÇO/2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS

MESTRADO

AVALIAÇÃO DO INFILTRADO MACROFÁGICO NOS

CARCINOMAS MAMÁRIOS DE CADELAS E SUA CORRELAÇÃO

COM A TAXA DE SOBREVIDA.

CARLOS HUMBERTO DA COSTA VIEIRA FILHO

SALVADOR – BAHIA MARÇO/2015

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II

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS

AVALIAÇÃO DO INFILTRADO MACROFÁGICO NOS CARCINOMAS

MAMÁRIOS DE CADELAS E SUA CORRELAÇÃO COM A TAXA DE

SOBREVIDA.

CARLOS HUMBERTO DA COSTA VIEIRA FILHO Medicina Veterinária

SALVADOR – BAHIA MARÇO – 2015

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III

CARLOS HUMBERTO DA COSTA VIEIRA FILHO

AVALIAÇÃO DO INFILTRADO MACROFÁGICO NOS

CARCINOMAS MAMÁRIOS DE CADELAS E SUA CORRELAÇÃO

COM A TAXA DE SOBREVIDA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal nos Trópicos, da

Universidade Federal da Bahia, como requisito

para a obtenção do título de Mestre em Ciência

Animal nos Trópicos.

Orientador: Profa. Dra. Alessandra Estrela Lima

Co-orientadora: Prof. Dra. Stella Maria Barrouin Melo

SALVADOR-BA

MARÇO/2015

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IV

“Nossas dúvidas são traidoras

e nos fazem perder o que, com

freqüência, poderíamos

ganhar, por simples medo de

arriscar.”

Willian Shaekspeare

“Vim, vi e venci”.

Júlio César

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V

Agradeço a minha querida família, minha mãe e

meu pai, por me permitirem buscar meus sonhos

e alcançar meus objetivos, e por me oferecerem

apoio sempre.

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VI

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proteger e me guiar durante todos esses anos.

A minha mãe, ao meu pai, minha irmã e familiares por tudo, carinho, apoio e dedicação.

Ao meu avô Argone (in memorian), que sei estar feliz por esta minha realização e me

guiando da melhor forma possível.

Aos meus orientadores, pais e amigos de estágio, iniciação científica, monografia,

residência e mestrado durante esses 08 anos de Patologia Prof. Eduardo Luiz Trindade

Moreira e Profa. Alessandra Estrela Lima, que acreditaram em meu potencial e me

proporcionaram a oportunidade de expandir meus conhecimentos e concluir mais esta

etapa na minha vida.

A Suélen, pelo carinho e compreensão nesses anos em que estamos juntos. Te amo!

A Karine e Lorena, eternas irmãs patológicas, pelo apoio e auxílio no desenvolvimento

deste trabalho mesmo distantes.

Ao Prof. Tiago Peixoto, que apesar de pouco tempo em contato como residente me

passou muito conhecimento e sempre está a disposição para discussão de casos

interessantes.

A todos os companheiros de pós-graduação (Mario Jorge, Keidy, Michelle, Dani,

Muller, Aline e Ariane) que me ajudaram no desenvolvimento deste projeto, em

especial a Marília por todo apoio e companheirismo durante essa jornada.

As residentes Nara, Soraya (Soy), Adriana, Viviane e Virginia pela disposição e ajuda

para a conclusão desse trabalho.

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VII

As bolsistas PIBIC – Sheila e Ludmilla que ajudaram no desenvolvimento do projeto.

Aos técnicos do LPV – Eva, Altemar, Williane, Zacarias e Washington pela

disponibilidade para ajudar sempre que necessário nas atividades do laboratório.

Aos estagiários do LPV – Ludmilla, Sheila, Thanielle, Jamile, Ane, Gilmar, Estela,

Viviane, Virginia, Marcela. Gilmar e Simone pela disposição sempre que necessitei de

ajuda.

Aos Setores de Cirurgia e Clínica de Pequenos Animais do HOSPMEV/UFBA pelo

apoio e disponibilização da sua estrutura para a realização do projeto.

Aos meus amigos do bairro (Ednei, Edcarlos, Alexandre “Sapuia”, Alisson e Silvano)

pelas horas de descontração para descansar a “cabeça” e voltar aos estudos, entendendo

também meus momentos de ausência.

A Profa. Stella Maria Barrouin pela co-orientação e apoio no desenvolvimento deste

trabalho.

A Emanoel (Guga) pela paciência, disponibilidade e grande ajuda na realização das

análises estatísticas.

As Instituições e Laboratórios parceiros no desenvolvimento do Projeto de neoplasias

mamárias em cadelas – Centro de Pesquisa Reneé Rachou, LIVE-HOSPMEV/UFBA e

LPC-UFMG.

Aos professores e funcionários do Setor de Anatomia Veterinária da EMEVZ/UFBA

por entenderem a minha necessidade de realizar o mestrado.

A Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia que

me deu condições para realização desse trabalho.

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VIII

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 Modelo da função das células na resposta imune inata e

adquirida associadas ao câncer.

23

Figura 2 Migração de monócitos circulantes para o microambiente

tumoral.

25

Figura 3 Papel protetor do receptor de progesterona na mama ao inibir

a ativação do NF-κB.

30

Figura 4 Animais divididos em grupos a partir da presença ou

ausência de metástase e em subgrupos pela utilização ou não

de tratamento quimioterápico com a Carboplatina.

35

Figura 5 Clínica, cirurgia e tratamento quimioterápico. 37

Figura 6 Metástases de CaTMB observadas durante exame

necroscópico.

37

Figura 7 Avaliação macroscópica da cadeia mamária. 41

Figura 8 Critérios utilizados na graduação de tumores mamários de

cadelas conforme o grau de malignidade.

42

Figura 9 Análise quantitativa do infiltrado inflamatório associado ao

tumor.

44

Figura 10 Análise da imunomarcação com as proteínas SOCS1 e

SOCS3 no infiltrado inflamatório macrofágico associado ao

tumor.

46

Figura 11 Carcinoma em Tumor Misto Benigno (CaTMB) com

metástase para linfonodo e análise morfológica e quantitaiva

do infiltrado inflamatório associado a neoplasia.

51

Figura 12 Composição do infiltrado inflamatório associado ao CaTMB. 54

Figura 13 Caracterização da expressão das proteínas SOCS1 e SOCS3

no infiltrado macrofágico associado ao CaTMB em cadelas.

55

Figura 14 Expressão das moléculas MHCI e MHCII nos monócitos e

densidade de macrófagos intratumorais no carcinoma em

tumor misto.

59

Figura 15 Taxas de sobrevida dos animais com CaTMB. 60

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IX

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 Intervalo de intensidade dos tipos celulares nos carcinomas

mamários (ESTRELA-LIMA, 2011).

44

Tabela 2 Dados referentes aos anticorpos utilizados. 45

Tabela 3 Análise morfológica e quantitativa do infiltrado inflamatório

macrofágico peri e intratumoral, associado com a presença ou

ausência de metástase e tratamento.

50

Tabela 4 Associação entre parâmetros clinico- patológicos com intervalos

distintos de macrófagos <400 ou ≥400.

53

Tabela 5 Análises univariada e multivariada dos parâmetros clínico-

patológicos associados com o maior intervalo macrofágico (≥400).

61

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X

LISTA DE ANEXOS

Página

Anexo 1 Certificado de aprovação na CEUA (EMEVZ/UFBA) 72

Anexo 2 Ficha oncológica específica. 73

Anexo 3 Termo de doação para realização da necropsia. 75

Anexo 4 Tabela com os resultados da análise hematológica. 76

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XI

LISTA DE ABREVIATURAS

BSA

CaTMB

cm

CD

CEUA

Albumina bovina sérica

Carcinoma em Tumor Misto Benigno

Centímetro

Cluster de diferenciação

Comitê de Ética e Experimentação Animal

CD4

COX-2

EDTA

Marcador de superfície celular da subpopulação de linfócitos T auxiliares

Ciclo-oxigenase 2

Ácido Etileno Diamino Tetracético

EMEVZ Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia

FACS

FITC

FL1

FL2

FL3

FSC

G

Fluorecence Acitivated Cell Sorter

Isotiocianato de fluoresceína

Fluorescência tipo 1

Fluorescência tipo 2

Fluorescência tipo 3

Forward scatter (Tamanho celular)

Grama

HE

HER-2

HOSPMEV

Hematoxilina-Eosina

Receptor de Fator de Crescimento Epidérmico 2

Hospital de Medicina Veterinária

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XII

ICB

IMF

LIVE

LLD

LLE

MHCI

MHCII

Mg

Instituto de Ciências Biológicas

Intensidade média de fluorescência

Laboratório de Infectologia Veterinária

Látero-lateral direita

Látero-lateral esquerda

Complexo Maior de Histocompatibilidade classe I

Complexo Maior de Histocompatibilidade classe II

Miligramas

mL Mililitro

mm

m2

OMS

OSH

PBS

PE-Cy-5

pg

R-PE

rpm

SOCS

SSC

TMB

Milímetro

Metro quadrado

Organização Mundial de Saúde

Ovariossalpingohisterectomia

Salina tamponada com fosfato

Ficoeritrina conjugada com cianina

Picograma

Ficoeritrina

Rotações por minuto

Supressor de sinalização de citocinas

Side Angle Light Scatter (Granulosidade celular)

Tetrametilbenzidina

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XIII

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFMG

VD

μg

μL

μm

Universidade Federal de Minas Gerais

Ventro-dorsal

Micrograma

Microlitro

Micrômetro

n =

Número de casos

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XIV

SUMÁRIO

Página

Resumo

Abstract

1. Introdução ................................................................................................... 17

2. Revisão de literatura .................................................................................. 19

2.1 Neoplasias mamárias em cadelas............................................................. 19

2.2 Inflamação e o câncer......................................... ..................................... 22

2.3 Macrófagos e neoplasias mamárias................... ...................................... 28

3. Hipóteses....................................................................................................... 32

4. Objetivos ...................................................................................................... 32

4.1 Objetivo geral .......................................................................................... 32

4.2 Objetivos específicos ............................................................................... 32

5. Materiais e Métodos ..................................................................................... 34

5.1 Seleção de animais e grupos experimentais............................................. 34

5.2 Avaliação clínica e mastectomia ............................................................. 35

5.3 Acompanhamento e sobrevida................................................................. 36

5.4 Imunofenotipagem do sangue periférico no contexto ex vivo................. 38

5.5 Biópsia excisional e histopatológico....................... ................................ 40

5.6 Caracterização da neoplasia............................ ........................................ 40

5.6.1 Classificação histopatológica................................. ................................. 40

5.6.2 Graduação histopatológica................................................................ 42

5.6.3 Análise morfológica e quantitativa do infiltrado inflamatório

tumoral........................................... ..................................................................

43

5.7 Avaliação Imunoistoquímica......... ...................................................... 45

5.8 Tratamento quimioterápico ..................................................................... 47

5.9 Análise estatística..................... .............................................................. 48

6. Resultados e Discussão ................................................................................ 49

7. Conclusões ................................................................................................... 62

8. Referências ....................... ........................................................................... 63

9. Anexos ........................................................................................................ 72

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XV

Avaliação do infiltrado macrofágico nos carcinomas mamários de cadelas e sua

correlação com a taxa de sobrevida.

Resumo

O infiltrado inflamatório no microambiente tumoral, em especial nos tumores

mamários, tem despertado grande interesse na oncologia, por desempenhar diferentes

funções na progressão ou regressão tumoral a depender dos tipos e subtipos celulares

envolvidos. O presente estudo objetivou avaliar (1) a presença e intensidade de

infiltrado macrofágico no microambiente tumoral; (2) a expressão das proteínas SOCS1

e SOCS3 nos macrófagos; e (3) a possível relação destes parâmetros com a evolução

tumoral e a sobrevida, como um possível fator prognóstico em cadelas portadoras de

carcinomas mamários. Foram estudadas 22 cadelas com diagnóstico histopatológico de

carcinoma em tumor misto benigno de mama (CaTMB), divididas em dois grupos,

sendo G1 constituído por cadelas sem metástase (11) e G2 com metástase (11); em G1 e

G2 os animais foram subclassificados de acordo com a utilização ou não do tratamento

quimioterápico. As cadelas foram submetidas a análise clínico-patológica (tamanho do

tumor; presença de metástase em linfonodo; estadiamento clínico; graduação

histológica; distribuição e intensidade do infiltrado inflamatório; quantificação e

verificação do estado de ativação de macrófagos no infiltrado por análise

imunoistoquímica da expressão de SOCS1 e SOCS3), imunofenotipagem de leucócitos

do sangue periférico por citometria de fluxo com marcadores celulares CD14, MHCI e

MHCII, e avaliação da taxa de sobrevida. A morfometria do infiltrado inflamatório

associado ao tumor revelou, em todos os grupos, predominância da distribuição

multifocal e intensidade moderada. A maior proporção de macrófagos no infiltrado

inflamatório (≥400) foi associada a uma maior taxa de sobrevida. A imunomarcação

revelou maiores proporções de macrófagos SOCS3 positivos nas cadelas que não

apresentavam metástases para linfonodo, enquanto que os macrófagos SOCS1 positivos

predominaram nas cadelas com metástase (p<0,05). Adicionalmente, a análise

multivariada revelou associações entre estadiamento clínico, graduação histológica,

sobrevida, tratamento quimioterápico e expressão de moléculas MHCI em monócitos

circulantes. Os resultados das análises quantitativa e qualitativa dos macrófagos no

infiltrado inflamatório indicam que o estado de ativação, sugerido pela maior expressão

das proteínas SOCS3 e 1, define a relação do infiltrado macrofágico com a resposta

imune antitumoral ou com a progressão tumoral associada ao desenvolvimento de

metástases, respectivamente.

Palavra-chave: Tumor de mama, cadela, sistema imune, monócitos.

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Macrophage infiltration evaluation in mammary carcinomas in female dogs and their

correlation with survival rate.

Abstract

The inflammatory infiltrate in the tumor microenvironment, particularly in breast

tumors, has aroused great interest in oncology due to their different roles in tumor

progression or regression depending on the types and cell subsets involved. The

objective of this study was to evaluate the presence and intensity of macrophage

infiltrate in the tumor microenvironment; the expression of SOCS1 and SOCS3 proteins

in these macrophages; and the relation of the former parameters to tumor development

and survival, as possible prognostic factors of breast carcinomas evolution in female

dogs. Were studied 22 female dogs with histopathological diagnosis of carcinoma in

benign mixed tumor (CaTMB), divided into two groups consisting of animals without

metastasis (G1=11) and animals with metastasis (G2=11); in G1 and G2, the dogs were

graded according with the use or not of chemotherapy. All animals underwent

clinicopathological analysis (tumor size, lymph node metastasis, clinical stage,

histological grade, distribution and intensity of the inflammatory infiltrate, especially

macrophages, as well as their possible activation state by immunohistochemical analysis

anti-SOCS1 and anti-SOCS3) immunophenotyping by flow cytometry of PBMC for cell

markers CD14, MHCI and MHCII, and assessment of survival rate. The morphology of

the inflammatory infiltrate associated with tumor showed, in all groups, prevalence of

multifocal distribution and moderate intensity. The higher intensity of the macrophage

infiltrate (≥400) was associated with a higher survival rate. The immunostaining

revealed a higher proportion of positive macrophages for SOCS3 in dogs who had no

metastasis to lymph node, while the positive SOCS1 macrophages predominated in

animals with metastases (p <0.05). In addition, the multivariate analysis revealed

associations between clinical staging, graduation, survival, chemotherapy and

expression of MHCI molecules in circulating monocytes. The results obtained in the

present study indicated that the activation state, suggested by expression of SOCS3 and

1 proteins, defines the relationship of the macrophage infiltration with antitumor or

immune response to tumor progression associated with the development of metastasis,

respectively.

Keyword: tumor mammary gland, female dog, immune system, monocytes.

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1. INTRODUÇÃO

A avaliação do infiltrado inflamatório presente no microambiente tumoral, em

especial nos tumores mamários, tem despertado grande interesse na oncologia humana e

atualmente também na veterinária. Acredita-se que a depender dos tipos e subtipos

celulares envolvidos e da intensidade da inflamação, observam-se diferentes funções na

progressão ou regressão tumoral, na resposta ao tratamento, bem como, nas taxas de

sobrevida (ESTRELA-LIMA et al., 2010; HEYS et al., 2012; KIM et al., 2012; SAEKI

et al., 2012).

Dentre as células inflamatórias, os macrófagos são as primeiras células a

responder ao estímulo neoplásico e representa o segundo tipo celular mais frequente

nos infiltrados inflamatórios associados aos carcinomas mamários em cadelas,

superados apenas pelos linfócitos (ESTRELA-LIMA et al., 2010). Alguns estudos

prévios, realizados in vivo e in vitro, vêm demonstrando haver diferenças na resposta

frente ao tumor a depender do estado de ativação dos macrófagos, determinados pelos

produtos (citocinas e quimiocinas) liberados no microambiente tumoral. Estes estudos

ainda sugerem que as células do sistema fagocítico mononuclear, em especial os

macrófagos na sua forma de ativação M1, possam ser importantes na imunidade anti-

tumoral por estarem relacionados com um melhor prognóstico, Enquanto, os

macrófagos M2 estariam correlacionados a presença de tumores de pior prognóstico,

progressão tumoral e ao desenvolvimento de metástases (MANTOVANI et al., 2002;

ONO, 2008; HEYS et al., 2012; SHAN DENG et al., 2012; JOSHI et al., 2014).

Nos carcinomas mamários das mulheres o infiltrado inflamatório relacionado a

uma melhor resposta a quimioterapia apresentava infiltrado macrofágico do tipo pró-

inflamatório. Enquanto que, a pior sobrevida esteve relacionada ao infiltrado de

macrófagos anti-inflamatórios (MANTOVANI et al., 2002;HEYS et al., 2012; SHAN

DENG et al., 2012). Tendo em vista, que a cadela é considerada modelo de estudos para

carcinogênese mamária (QUEIROGA et al., 2011), torna-se imprescindível a

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determinação do estado de ativação macrofágica nos carcinomas mamários desta

espécie.

Neste contexto, tendo em vista a necessidade de entendimento da dinâmica

interação entre a inflamação e o desenvolvimento tumoral, com a realização deste

trabalho objetivou-se avaliar o infiltrado macrofágico no microambiente tumoral, sua

intensidade e possível estado de ativação, bem como verificar se existe correlação entre

os resultados obtidos e a progressão tumoral, resposta ao tratamento e sobrevida,

atuando como um possível fator prognóstico e preditivo em cadelas portadoras de

carcinomas mamários.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Neoplasias mamárias em cadelas

As neoplasias mamárias são os tumores mais frequentes em cadelas

(PELETEIRO, 1994; CASSALI, 2000; DOBSON et al., 2002; MISDORP, 2002;

ESTRELA-LIMA, 2011) e mulheres (HENDERSON; FEIGELSON, 2000). A etiologia

dos tumores mamários é considerada multifatorial, com participação de fatores

ambientais, genéticos, nutricionais e especialmente hormonais (ALENZA et al., 2000;

HENDERSON; FEIGELSON, 2000; SILVA et al., 2004; CLEARY et al., 2010;

QUEIROGA et al., 2011; MISRA et al., 2012). Os principais hormônios que estimulam

a proliferação celular, promovendo as alterações genéticas que darão origem à célula

neoplásica mamária em cães e humanos são o estrógeno, a prolactina, progesterona, os

andrógenos, o hormônio do crescimento e os hormônios tireoidianos (NOGUEIRA;

BRENTANI, 1996; ALENZA et al., 2000; SILVA et al. 2004; QUEIROGA et al.,

2011).

Aparentemente não existe predisposição racial para o acometimento por tumores

mamários na espécie canina (CAVALCANTI; CASSALI, 2006; EZERSKYTE et al.,

2011). Entretanto, estudos realizados no Brasil revelam maior frequência em cães sem

raça definida e mestiços de poodle (LAVALLE et al, 2009; RIBEIRO, 2012). A

frequência do tumor de mama em cadelas aumenta significativamente com a idade,

tendo uma maior susceptibilidade animais na faixa etária entre cinco e doze anos de

idade, com rara ocorrência em animais jovens (MOULTON, 1990; MISDORP, 2002).

O uso de progestágenos para o controle do estro, a pseudociese, a obesidade e dietas

ricas em gorduras, bem como, a avaliação de biomarcadores de estresse oxidativo e

inflamação tem sido citados como fatores de risco associados ao câncer de mama

(PELETEIRO, 1994; ALENZA et al., 2000; ZUCCARI et al., 2008; CLEARY et al.,

2010; YEON et al., 2011).

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A incidência das neoplasias mamárias na cadela aumenta com a maior

expectativa de vida e com o uso de progestágenos para o controle do cio, sendo menor

quando as cadelas são ovariectomizados ainda jovens (SCHNEIDER et al., 1969;

LANA et al., 2007). Contudo, para Sorenmo et al. (2000) maior taxa de sobrevida esta

relacionada à castração quando realizada até 24 meses antes da exérese do nódulo

primário ou quando associada a mastectomia.

A avaliação clínica do paciente é importante para determinar o tempo de

evolução da neoplasia, fornecendo melhor entendimento sobre o seu comportamento

biológico e informações para determinação do diagnóstico, prognóstico e tratamento

(De NARDI et al., 2008; LAVALLE et al., 2009). Essa avaliação faz parte da

construção do diagnóstico, que tem início com a anamnese geral e específica do sistema

reprodutivo do animal, realização de exame físico detalhado, exames complementares e

de imagem, além da verificação de sinais clínicos que indiquem possível envolvimento

metastático (LAVALLE et al., 2009; ALEXANDER et al., 2012; PEÑA et al., 2012).

O tratamento de eleição para a neoplasia mamária na cadela é a mastectomia,

que quando realizada na fase inicial da doença possibilita a cura, excetuando-se os casos

de carcinoma inflamatório, tumor extremamente agressivo, em que o procedimento

cirúrgico é contra indicado devido à liberação de fatores que afetam a hemostasia,

resultando em choque hipovolêmico. (De NARDI et al., 2008; PAOLONI; KHANNA,

2008; LAVALLE et al., 2009; RIBEIRO et al., 2015). Nos casos de estadiamento

clínico avançado o tratamento adjuvante com o uso de quimioterápicos anti-neoplásicos,

em especial a carboplatina, e o uso de anti-inflamatórios não esteroidais COX-2

seletivos, juntamente com a mastectomia tem trazido benefícios para as pacientes

(LAVALLE et al., 2012).

Macroscopicamente as neoplasias mamárias na cadela apresentam-se, na maioria

das vezes, como nódulos circunscritos detectáveis clinicamente à inspeção e/ou

palpação, com dimensões, consistência e mobilidade à pele e musculatura variáveis,

podendo estar associados à ulceração cutânea com contaminação bacteriana secundária

e reações inflamatórias locais. Frequentemente observam-se múltiplos tumores em uma

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mesma mama ou envolvendo simultaneamente várias mamas (tumores multicêntricos),

os quais podem apresentar diferentes tipos histológicos, no qual o tumor de pior

prognóstico determinará a evolução clínica do paciente (MISDORP, 2002; SORENMO

et al., 2011; CASSALI et al., 2014). As glândulas inguinais e abdominais caudais são os

sítios mais frequentes de desenvolvimento tumoral, possivelmente por apresentarem

uma maior quantidade de parênquima mamário e maior resposta proliferativa à ação de

hormônios (MISDORP, 2002; SANTOS et al., 2010; EZERSKYTE et al., 2011;

SORENMO et al., 2011).

Na rotina dos laboratórios de patologia veterinária, a frequência de tumores

mamários de caráter benigno e maligno pode variar bastante devido à existência de

diferentes métodos de classificação histopatológica e ausência de critérios homogêneos

na diferenciação dos tipos tumorais (GOLDSCHMIDT et al., 2011; CASSALI et al.,

2014). A classificação histopatológica e a graduação dos tumores mamários são de

suma importância por predizerem o comportamento biológico da neoplasia

(BOSTOCK, 1986; GOLDSCHMIDT et al., 2011; PEÑA et al., 2012; CASSALI et al.,

2014). Dentre os tumores malignos mais frequentes, observam-se os carcinomas, e

dentre estes, o Carcinoma em Tumor Misto Benigno (CaTMB) é o subtipo mais

comumente observado (CASSALI, 2000; MARTINS et al., 2002; RIBEIRO et al.,

2009; ESTRELA-LIMA et al., 2010; DAMASCENO, 2012).

A exemplo da graduação e da classificação histopatológicas, o estadiamento

clínico e a análise imunoistoquímica das neoplasias mamárias, vêm sendo utilizados

como importantes fatores prognósticos e preditivos e para definição do padrão

imunofenotipico das neoplasias, respectivamente (MULAS et al., 2005; ZUCCARI et

al., 2008; HORTA et al., 2012; TANAKA et al., 2013). Os fatores prognósticos são

aqueles que preveem o risco de morte e/ou recidiva devido ao carcinoma mamário,

independente da utilização de tratamento. Enquanto que, os fatores preditivos são

aqueles que diferenciam os pacientes entre os que responderão a um tipo de tratamento

específico (CAVALCANTI; CASSALI, 2006).

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2.2 Inflamação e o câncer

O sistema imune é formado por diferentes tipos celulares e uma complexa rede

de sinais químicos capazes de responder a alterações na homeostase do organismo

(ONO, 2008). Uma das suas funções primordiais é reconhecer e combater clones de

células com alterações no DNA antes que formações neoplásicas se iniciem. Porém,

tem-se demonstrado que essa efetividade antitumoral do sistema imune varia de acordo

com tipo tumoral envolvido e a capacidade da neoplasia em superar os mecanismos de

defesa do organismo (COUSSENS; WERB, 2002).

Parte da resposta imune inata antitumoral se dá a partir da ação das células

natural killers (células NK). Enquanto que na resposta imune adquirida os linfócitos T,

em especial os T CD8⁺, são os principais mediadores da resposta adquirida (Figura 1).

Porém, existem poucas evidências na efetividade contra o desenvolvimento neoplásico

(VISSER et al., 2006).

Em 1863, Virchow criou a hipótese que o processo neoplásico se iniciava em

locais acometidos por um processo inflamatório crônico usando como base o

conhecimento que alguns irritantes levam a lesão tecidual e posterior inflamação, com a

liberação de fatores de crescimento e quimiocinas que estimulam a proliferação celular

(BALKWILL; MANTOVANI, 2001). Atualmente, crescentes evidências associam a

progressão tumoral com processos inflamatórios e a atividade desregulada das diversas

células do sistema imune, estimulados pela liberação, a partir das células neoplásicas e

inflamatórias, de mediadores cruciais para o desenvolvimento tumoral (UENO et al.,

2000; CHOW et al., 2014).

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Figura 1. Modelo da função das células na resposta imune inata e adquirida associadas ao

câncer. Os antígenos neoplásicos primeiros são transportados para os órgãos

linfoides pelas células dendríticas (CD) que ativam a resposta imune adaptativa,

resultando em promotores tumorais e anti-tumorais. A ativação dos linfócitos B e da

resposta imune humoral resulta na ativação crônica das células imunes inatas nos

tecidos neoplásicos. Estas células ativadas, como mastócitos, granulócitos e

macrófagos, promovem o desenvolvimento tumoral pela liberação de moléculas

solúveis que modulam a expressão genética em células neoplásicas iniciadas,

resultando na alteração da progressão do ciclo celular e aumento da sobrevida. As

células inflamatórias promovem a remodelação do estroma e a angiogênese pela

produção de mediadores pró-angiogênicos e proteases extracelulares. Em contraste, a

ativação da resposta imune adaptativa provoca respostas anti-tumorais mediadas pela

citotoxicidade das células T (por indução de FAS, perforina e/ou vias de citocinas),

pela citotoxicidade celular mediada por anticorpo e lise mediada pelo complemento

induzida por anticorpo (modificado de VISSER et al., 2006).

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O processo inflamatório tem sido incriminado como um componente crítico no

microambiente tumoral, podendo retardar ou contribuir para a proliferação,

sobrevivência e disseminação das células neoplásicas. Estimulando a invasão, a

migração e o desenvolvimento de metástases devido à produção de citocinas,

quimiocinas e fatores angiogênicos (EIRÓ; VIZOSO, 2012; HEYS et al., 2012). A

influência das células inflamatórias no desenvolvimento neoplásico, em especial os

macrófagos, vem sendo relatada em estudos com neoplasias mamárias, tumores sólidos

de pulmão em ratos, melanoma e mesotelioma em humanos (COUSSENS; WERB,

2002; MURAMATSU et al., 2010; HEYS et al., 2012).

Fortes associações têm sido encontradas entre a inflamação crônica, constituída

principalmente por linfócitos e macrófagos, e o desenvolvimento de câncer em

humanos, a exemplo da relação entre as neoplasias malignas do cólon e a colite

ulcerativa crônica; paratuberculose e a esquistossomose; o carcinoma hepato-celular e a

infecção pelo vírus da hepatite C, e os carcinomas gástricos com o Helicobacter pylori.

No entanto, o recrutamento destas células inflamatórias também podem representar uma

resposta por parte do hospedeiro contra a neoplasia (COUSSENS; WERB, 2002; EIRÓ;

VIZOSO, 2012).

O microambiente tumoral mamário é infiltrado por uma população heterogênea

de células inflamatórias, composta por linfócitos, macrófagos e polimorfonucleares, em

especial os neutrófilos quando o tumor apresenta área de ulceração e necrose. Estudos

realizados em cadelas e mulheres revelam ser os linfócitos o tipo celular predominante

nos infiltrados inflamatórios dos carcinomas mamários, com células T CD4+

(T

auxiliares) correlacionadas ao desenvolvimento de metástases e pior sobrevida

(ESTRELA-LIMA et al., 2010; TAN et al., 2011; RUFFELL et al., 2012).

Os macrófagos são células do sistema fagocitário mononuclear, originadas na

medula óssea, onde recebem o nome de monócitos, maturadas e ativadas por estímulos

externos nos diferentes tecidos e órgãos, cuja função primordial é a fagocitose e

apresentação de antígenos para os linfócitos T CD4⁺ durante a resposta imunológica

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celular. Desta forma, são importantes células efetoras nas respostas imunes natural e

adquirida (CORTEZ-RETAMOZO et al., 2012).

Os monócitos circulantes são recrutados para o sítio tumoral pela proteína

quimioatraente de monócitos (MCP-1) e o fator de crescimento de colônias-1 (CSF-1)

produzidos pelas células tumorais e liberadas no microambiente neoplásico. Ocorre a

diferenciação em macrófagos e expressão do fator de crescimento de endotélio vascular

(VEGF), uma citocina quimioatraente para macrófagos, aumentando, desta forma, o

aporte deste tipo celular para o tumor (LEEK et al., 1996; ZHANG et al., 1997; QIAN

et al., 2009) (Figura 2).

Figura 2. Migração de monócitos circulantes para o microambiente tumoral. Os monócitos

circulantes são recrutados para o sítio tumoral pela MCP-1 e o CSF-1, ambos

produzidos pelas células tumorais e liberadas no microambiente neoplásico, onde se

diferenciam em macrófagos que expressam o VEGF, citocina quimioatraente para

macrófagos. Aumentando, desta forma, o aporte deste tipo celular para o

microambiente tumoral.

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Klimp et al., (2002) sugere que a função dos macrófagos na destruição ou na

progressão das células tumorais vai depender do seu estado de ativação, da sua

concentração no ambiente tumoral, bem como, no grau de desenvolvimento da

neoplasia. Segundo Normann (1985) a densidade populacional dos macrófagos no

microambiente tumoral é caracterizada em quatro fases, nas quais se destacam a fase

inicial e final. Na fase inicial os macrófagos estão em número elevado e distribuídos de

forma homogênea por toda massa neoplásica, duas fases intermediárias onde a

população permanece constante, e a fase final, quando ocorre a depleção do seu

contingente apesar do contínuo crescimento da neoplasia.

A ativação dos macrófagos é regulada por diversos fatores no microambiente

tumoral, fazendo com que estes sofram polarização. Os macrófagos classicamente

ativados denominados M1 ou pró-inflamatórios, são potentes células efetores no

combate a patógenos e aos tumores, ao contrário os macrófagos ativados

alternativamente (M2 ou anti-inflamatórios) promovem a cicatrização, o reparo e a

progressão tumoral a partir da produção de fatores de crescimento, produção de

citocinas de caráter anti-inflamatório e imunomoduladores sobre células Treg

(MANTOVANI, 2007; QIAN; POLLARD, 2010; OHARA et al., 2013; MARTINEZ;

GORDON, 2014).

Os principais estímulos para a ativação dos macrófagos na sua forma clássica

são o IFN-γ produzido principalmente pelos linfócitos Th1, componentes e produtos de

microrganismos (lipopolissacarídeos-LPS e peptideoglicanos), TNF-α, IL-6 e o fator

estimulante de colônias granulócitos-macrófagos (GM-CSF) (ADAMS; HAMILTON,

1992; YAGISAWA et al., 1999; KLIMP et al., 2002; JOHNSTON; O´SHEA, 2003;

MARTINEZ; GORDON, 2014). Enquanto que, para a ativação alternativa os fatores

envolvidos são a IL-4 produzida pelas células Th2, eosinófilos, basófilos e pelos

próprios macrófagos, a IL-13, a IL-10, glicocorticoides, complexos antígeno-anticorpo e

o fator estimulante de colônias de macrófagos (M-CSF) (ADAMS; HAMILTON, 1992;

LEVANO et al., 2011; MARTINEZ; GORDON, 2014).

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Os macrófagos M1 são capazes de reconhecer, ligar-se e subsequentemente

destruir as células tumorais de forma específica a partir de diferenças na composição da

membrana celular, como alterações na quantidade de fosfatidilserina, carboidratos

estruturais e expressão de antígenos tumorais (UTSUGI et al., 1991; KLIMP et al.,

2002). Entretanto, os tumores podem evadir as respostas imunes a partir da menor

expressão de moléculas do MHC II inibindo a resposta as células T efetoras, diminuição

ou ausência da expressão de antígenos tumorais e a produção de substâncias

imunossupressoras, como o TGF-β, que inibe a função de células efetoras

(RODRIGUEZ-LECOMPTE et al., 2004).

A tentativa de determinação do estado de ativação dos macrófagos vem sendo

realizada a partir da expressão de diversas proteínas (ITALIANI; BORASCHI, 2014),

dentre elas as proteínas SOCS (supressoras da sinalização de citocinas), essas são

reguladoras do feed back negativo na sinalização das citocinas pela via JAK-STAT. Em

mamíferos a família SOCS é constituisa por 08 membros (CIS e SOCS1-7), todos

compostos estruturalmente por um domínio SH2 central, uma região variável na

extremidade N-terminal e outra região com 40 aminoácidos homóloga a C-terminal,

denominada de SOCS box. As proteínas SOCS 1 e 3 são as mais estudadas pelo seu

elevado potencial de ação e função na inflamação e no desenvolvimento neoplásico

(STARR; HILTON, 1998).

As proteínas SOCS tem se demonstrado como reguladores na polarização dos

macrófagos, sendo SOCS3 necessária para a sua ativação na forma clássica e SOCS1

para a ativação alternativa (JOHNSTON; O´SHEA, 2003; BAETZ et al., 2004;

OHARA et al., 2013), a partir da regulação da sensibilidade dos macrófagos a IL-6 e ao

IFN-γ, respectivamente (QIN et al., 2012). As proteínas da família SOCS também são

expressas pelas células neoplásicas, bloqueando assim, o estímulo à proliferação celular

por fatores produzidos pelas células inflamatórias e estromais, e liberados no

microambiente tumoral (ROTTAPEL et al., 2002; SASI et al., 2010).

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2.3 Macrófagos e neoplasias mamárias

Need e colaboradores (2014) demonstraram que a população de macrófagos na

glândula mamária de ratas varia ao longo do ciclo estral, atingindo seu pico nas fases de

metaestro e diestro, quando a concentração de progesterona é mais alta, e menores

números no proestro e estro quando esta concentração diminui. Estas células participam

da regressão da glândula mamária, a partir da fagocitose das células epiteliais em

apoptose. Assim, condições anti-inflamatórias em resposta à diminuição da

progesterona e aumento do estrógeno pode criar um ambiente favorável para a iniciação

tumoral devido à diminuição da resposta imune celular mediada pelos macrófagos.

A sinalização química de curto alcance realizada pelos macrófagos está

relacionada ao desenvolvimento de metástases, devido à liberação do fator de

crescimento epidérmico (EGF) e resposta ao fator de crescimento de colônias-1 (CSF-

1). Além do contato direto entre macrófagos, células endoteliais e tumorais

(KNÚTSDÓTTIR et al., 2014; ROHAN et al., 2014).

Estudos in vitro utilizando culturas de células de carcinoma mamário e

macrófagos vêm demonstrando que esses últimos se infiltram no tumor usando as

células mesenquimais e a sua capacidade de migração ameboide, aumentando também a

migração e a invasão das células tumorais (GUIET et al., 2011). Esse aumento potencial

da malignidade se dá a partir da remodelação do estroma (GUIET et al., 2011), após

liberação de metaloproteinases, colagenases, elastases e lipases (MANTOVANI, 2007)

e produção de citocinas e quimiocinas (CCL2, CCL3, VEGF) que induzem a aquisição

do fenótipo macrofágico pelas células tumorais, como antígenos específicos (CSF-1R)

(KROL et al., 2012).

Ueno e colaboradores (2000) investigaram a expressão local de citocinas,

quimiocinas e fatores angiogênicos (IL-1/-4/-6/-8/-10/-12, TNF-α, IFN-γ, MCP-1 e

VEFG) no câncer de mama de mulheres em associação com a avaliação do infiltrado

macrofágico intratumoral. Os resultados demonstraram que as concentrações da

proteína quimioatrante de monócitos-1 (MCP-1) e de fatores de crescimento endotelial

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(VEGF) estavam associados a maior densidade de macrófagos no microambiente

tumoral, representando um significativo indicador de recidiva precoce, sendo um

possível fator prognóstico.

Estudo realizado com ratos obesos portadores de carcinoma mamário e

alimentados com uma dieta rica em gordura demonstrou concentrações elevados da

MCP- 1 no sangue, em conjunto com um significativo infiltrado macrofágico e aumento

na formação de microvasos no estroma tumoral, sugerindo desta forma que a dieta rica

em lipídeos promova no microambiente uma resposta inflamatória favorável a

progressão da neoplasia mamária (NGAN et al., 2013).

Foi demonstrado que as células neoplásicas de carcinomas mamários secretam

microvesículas, chamadas de exossomos, que são internalizadas pelos macrófagos,

estimulando-os a secretar citocinas (TNF-α), se diferenciar em M1 e exercer sua função

pró-inflamatória durante a progressão tumoral (CHOW et al., 2014), utilizando

mecanismos como a liberação de enzimas lisossomais, intermediários reativos do

oxigênio, óxido nítrico, TNF-α ou a fagocitose para a destruição das células tumorais

(DAEMEN et al., 1989; KLIMP et al., 2002). Os exosomos liberados a partir das

células neoplásicas e de células da medula óssea também vêm sendo incriminados no

estimulo a progressão tumoral e desenvolvimento de metástases (PEINADO et al.,

2011; NIKITINA et al., 2013).

O estudo realizado com ratos portadores de câncer de mama e deficientes do

receptor de quimiocina CXCR3, demonstrou um aumento na produção da IL-4 e

polarização de macrófagos M2 no microambiente tumoral, contribuindo para promoção

do crescimento tumoral (OGHUMU et al., 2014). Em contrapartida outro estudo,

também realizado em ratos portadores de neoplasia mamária, foi observado à redução

nas metástases pulmonares e de macrófagos M2 intra-tumorais nos animais que tiveram

a inibição da ciclo-oxigenase-2 (COX-2) com o etodolac (bloqueador da COX2),

sugerindo que o bloqueio da COX-2 pode auxiliar no controle da progressão dos

tumores mamários, suprimindo a diferenciação dos macrófagos na sua forma M2 e

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consequentemente a liberação de fatores de crescimento endotelial e metaloproteinases,

além de, estimular a resposta imune anti-tumoral (NA et al., 2013).

O infiltrado inflamatório rico em macrófagos no câncer de mama humano está

associado a uma elevada produção de citocinas, a ativação do NF-κB e aumento da

expressão de COX-2. O aumento dos níveis de prostaglandinas dentro do estroma

tumoral regula positivamente a expressão dos genes que codificam aromatase e HER-

2/neu (receptor do fator de crescimento epidermal humano). As concentrações elevadas

de estrógeno produzido no interior da neoplasia e pelas células estromais, age

juntamente com o aumento das prostaglandinas e do HER-2/neu para aumentar ainda

mais a resposta inflamatória macrofágica e a proliferação das células tumorais, o que

leva à progressão do tumor. A presença de receptores de progesterona nas células

tumorais inibe a ativação do fator de transcrição nuclear NF-κB interrompendo o ciclo e

inibindo a progressão tumoral (MENDELSON; HARDY, 2006) (Figura3).

Figura 3. Papel protetor do receptor de progesterona na mama ao inibir a ativação do NF-

κB. O câncer de mama humano negativo para receptor de progesterona está

associado a uma resposta inflamatória, com o aumento de macrófagos, aumento da

produção de citocinas, NF-κB e aumento da expressão de COX-2. O aumento da

produção de prostaglandinas regula a expressão dos genes que codificam a

aromatase e HER-2/neu. A elevada concentração de estrógeno formado no tumor e

nas células estromais, age em conjunto com o aumento das prostaglandinas e HER-

2/neu aumentando ainda mais a resposta inflamatória e a proliferação neoplásica. A

presença do receptor de progesterona inibe a ativação do NF-κB interrompendo o

ciclo (modificado de MENDELSON; HARDY, 2006).

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Nos carcinomas mamários das mulheres os infiltrados inflamatórios

relacionados a uma melhor resposta a quimioterapia e pior sobrevida apresentavam

infiltrados macrofágicos pró-inflamatórios (SOCS3 – M1) e anti-inflamatórios (SOCS1

– M2), respectivamente (HEYS et al., 2012). Os tratamentos quimioterápicos a

radioterápicos possuem influência na polarização da resposta macrofágica, podendo

estimular a quimio-resistência ou a destruição do tumor (MANTOVANI e

ALLAVENA, 2015). Tendo em vista, que a cadela é considerada modelo de estudos

para carcinogênese mamária (QUEIROGA et al., 2011), torna-se imprescindível a

determinação do estado de ativação macrofágico nos carcinomas mamários desta

espécie para um melhor entendimento das relações no microambiente tumoral.

Neste contexto, o estudo da intensidade e dos tipos celulares envolvidos na

resposta inflamatória tumoral, é importante para determinação de biomarcadores

prognósticos e preditivos, podendo ser utilizado para o desenvolvimento de novas

terapêuticas imunológicas, a partir da manipulação dos macrófagos e do seu estado de

ativação (SOLINAS et al., 2009; ESTRELA-LIMA et al 2010; HEYS et al., 2012; KIM

et al., 2012; KAZI et al., 2014; KEKLIKOGLOU; De PALMA, 2014).

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3. HIPÓTESES

O infiltrado inflamatório macrofágico intratumoral (TAM) associado aos

carcinomas mamários em cadelas promove o desenvolvimento ou retardo tumoral a

depender da distribuição, intensidade e o predomínio da expressão das proteínas SOCS1

e SOCS3;

Diferenças na intensidade do TAM e a expressão das proteínas SOCS

(pró e anti-inflamatório) contribuem para o aumento nas taxas de sobrevida e na

resposta ao tratamento quimioterápico.

4. OBJETIVO

4.1 Objetivo Geral

Caracterizar o infiltrado macrofágico associado ao Carcinoma em Tumor Misto

Benigno da Mama de cadela (CaTMB) correlacionando os resultados com fatores

prognósticos, a resposta à quimioterapia e com a taxa de sobrevida.

4.2 Objetivos específicos

Caracterizar os tipos celulares, a intensidade, a distribuição e localização

predominantemente (peri e intratumoral) dos focos inflamatórios associados aos

carcinomas mamários de cadelas;

Identificar por imunomarcação os macrófagos na massa tumoral

identificando a expressão das proteínas SOCS1 e SOCS3;

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Associar os dados encontrados com os fatores sabidamente prognósticos

(estadiamento, graduação, tamanho) no câncer de mama da cadela, visando analisar

possíveis fatores determinantes da resposta imune no desenvolvimento neoplásico e

tratamento quimioterápico, particularmente os associados às condições de

susceptibilidade;

Identificar a partir da imunofenotipagem do sangue periférico a

expressão de moléculas MHCI e MHCII nos monócitos circulantes, comparando com a

densidade do TAM;

Identificar a sobrevida das cadelas a partir de acompanhamentos

trimestrais no mínimo até 12 meses após o procedimento cirúrgico.

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Hospital de Medicina Veterinária Professor

Renato Medeiros Neto (HOSPMEV/UFBA), na cidade de Salvador, Bahia e envolveu

os seguintes setores: Laboratório de Patologia Veterinária, Clínica e Cirurgia de

Pequenos Animais, Diagnóstico por Imagem, Laboratório de Análises Clínicas,

Laboratório de Infectologia Veterinária (LIVE) e Laboratório de Diagnóstico das

Parasitoses dos Animais. Como instituições parceiras, participaram da pesquisa o

Centro de Pesquisas René Rachou - Fundação Oswaldo Cruz (Belo Horizonte, Minas

Gerais) e o Laboratório de Patologia Comparada do Departamento de Patologia Geral

(ICB - UFMG).

5.1 Seleção de animais e Grupos experimentais

Foram estudadas 22 cadelas com diagnóstico histopatológico de Carcinoma em

Tumor Misto Benigno de mama (CaTMB), atendidas no Hospital Veterinário da UFBA

(Bahia-Brasil) no período de março de 2013 a fevereiro de 2015.

Todos os proprietários foram previamente informados sobre a realização do

projeto de pesquisa que possui aprovação da Comissão de Ética e no Uso de Animais

(CEUA – nº 011/13) (Anexo 1). Nenhum dos animais fez uso prévio (mínimo de trinta

dias) de fármacos antineoplásicos ou antiinflamatórios, sendo esse aspecto um critério

definitivo para a inclusão dos animais na pesquisa.

Os animais selecionados foram divididos em dois grupos, o primeiro constituído

por animais sem metástase (11) e o segundo composto de animais com metástase (11),

diagnosticada a partir da realização de exames de imagem e histopatológico. Dentro de

cada grupo os animais foram subclassificados de acordo com a utilização ou não do

tratamento quimioterápico (Figura 4).

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Figura 4. Animais divididos em grupos a partir da presença ou ausência de

metástase e em subgrupos pela utilização ou não de tratamento

quimioterápico com a Carboplatina. Legenda: CaTMB = Carcinoma em

Tumor Misto Benigno; S/metástase = Animais sem metástase regional;

C/metástase = Animais com metástase regional ;S/ quimioterapia = Animais

não submetidos ao tratamento quimioterápico; C/ quimioterapia = Animais

submetidos ao tratamento quimioterápico.

5.2 Avaliação Clínica e Mastectomia

Inicialmente, todos os animais com lesão mamária foram submetidos ao exame

clínico completo (anamnese geral e específica do sistema reprodutivo, aferição de

parâmetros fisiológicos – temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória,

tempo de perfusão capilar, auscultação cardiorrespiratória), sendo os dados transcritos

em uma ficha oncológica específica (Anexo 2). O estadiamento clínico foi realizado

com base no tamanho do tumor (T), envolvimento neoplásico de linfonodos regionais

(N) e presença de metástases à distância (M), de acordo com o sistema TNM

(modificado de OWEN, 1980) (Figura 5A). Foram avaliados tumores de tamanho igual

ou superior a 3,0 cm. A avaliação macroscópica dos linfonodos inguinais e axilares foi

realizada pela palpação dos mesmos e a presença ou não de envolvimento neoplásico

determinado pela a análise macroscópica e o exame histopatológico após a exérese

cirúrgica da mama envolvida. Ao final do exame ambulatorial, foi realizada a colheita

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de sangue periférico para hemograma e bioquímica sérica (ureia, creatinina, FA e ALT)

para a avaliação do estado geral da paciente e como exames pré-cirúrgicos, além disso,

os animais foram encaminhados para realização de radiografia simples de tórax em três

incidências: látero-lateral direita (LLD), látero-lateral esquerda (LLE) e ventro-dorsal

(VD) para pesquisa de metástase pulmonar e ultrassonografia de abdômen total.

A abordagem cirúrgica foi determinada pelo tamanho do tumor, sua localização

e drenagem linfática, considerando-se também margens de segurança (Figura 5B). As

cadelas foram monitoradas durante o período pós-cirúrgico com utilização de bandagem

compressiva por 48 horas.

5.3 Acompanhamento e Sobrevida

Os exames radiológicos foram realizados trimestralmente, os exames

laboratoriais (hemograma e bioquímico – ureia, creatinina, ALT e FA) e clínicos

mensalmente no mínimo até nove meses após a cirurgia, período de acompanhamento,

no qual foram coletados dados sobre a sobrevida livre da doença e a sobrevida global.

O tempo de sobrevida global foi definida (em dias) como sendo o período entre

a exérese cirúrgica do tumor primário e a data de óbito pela doença. Os animais que

vieram a óbito foram necropsiados no Setor de Patologia Veterinária/HOSPMEV-

UFBA para determinação da causa mortis e detecção de possíveis metástases. Este

procedimento foi realizado após autorização dos proprietários por escrito em formulário

específico (Anexo 3) (Figura 6).

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Figura 5. Clínica, cirurgia e tratamento quimioterápico. A) Anamnese- transcrição dos

dados em ficha oncológica específica. B) Realização da mastectomia determinada

pelo tamanho do tumor, sua localização e drenagem linfática. C) Cadela portadora

de CaTMB com metástase submetida ao tratamento anti-neoplásico com a

Carboplatina.

Figura 6. Metástases de CaTMB observadas durante exame necroscópico. A) Pulmão com

nódulos metastáticos distribuídos multifocalmente em todos os lobos pulmonares. B)

Nódulo metastático único na superfície renal.

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5.4 Imunofenotipagem de sangue periférico no contexto ex vivo

Para avaliação da resposta imune celular, foram colhidos 4 mL de sangue de

todos os animais, imediatamente antes do procedimento cirúrgico (30 minutos antes da

mastectomia). O sangue foi colhido em seringas descartáveis estéreis de 5 mL, através

de venopunção da jugular, e em seguida transferido para tubos estéreis contendo

EDTA, que foram mantidos a temperatura ambiente. Os parâmetros hematológicos e

imunofenotípicos foram avaliados por um analisador automático de células do sangue

(ADVIA ® 60, Bayer HealthCare, Tarrytown, NY, EUA) e um citômetro de fluxo

(FACScalibur, Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA), respectivamente.

Os anticorpos monoclonais utilizados (anti-CD14 Cy-5, anti-MHCI FITC e

anti-MHCII R-PE, todos Serotec LTD – Oxford, England) foram diluídos em PBS-W

[solução salina tamponada com fosfato-PBS = 0,15M, 8g/l de NaCl, 2g/l de KCl, 2g/l

de KH2PO4 e 1,15g/l de Na2HPO4, pH 7,2 com 0,5% de albumina bovina sérica

(BSA) e 0,1% de azida sódica] na diluição previamente estabelecida (ESTRELA-

LIMA et al., 2012).

Em um tubo cônico de poliestireno medindo 12x75 milímetros (FALCON® –

BECTON DICKINSON) contendo 40μL de sangue total contendo EDTA e 1μL de

anti-MHCI (FITC) + 2μL anti-MHCII (R-PE) + 1μL anti-CD14 (Cy-5). A amostra de

sangue periférico foi homogeneizada cuidadosamente e incubada em temperatura

ambiente, durante 30 minutos, ao abrigo da luz. Em seguida, as hemácias foram lisadas

adicionando-se 3mL de solução de lise (FACS LISYNG SOLUTION – BECTON

DICKINSON), sob agitação no vórtex. A suspensão celular permaneceu em repouso

por 10 minutos a temperatura ambiente, ao abrigo da luz; após esse período a mesma

foi centrifugada a 400 x g por sete minutos, a temperatura ambiente. Após a

centrifugação, o sobrenadante foi desprezado vertendo-se o tubo e as células foram

então, homogeneizadas no vórtex a baixa velocidade. Foram adicionados 3mL de PBS-

W e a suspensão celular foi submetida novamente a centrifugação a 400 x g, por sete

minutos a temperatura ambiente, sendo novamente desprezado o sobrenadante e, o

sedimento ressuspenso e homogeneizado cuidadosamente; essa última lavagem foi

repetida mais uma vez. As células foram fixadas com 100μL de solução fixadora para

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citometria – MaxFacsFix (MFF) (10,0g/l de paraformaldeído, 10,2g/l de cacodilato de

sódio e 6,65g/l de cloreto de sódio, pH 7,2) e submetidas à leitura no citômetro de

fluxo onde foram avaliados 10 mil eventos. Os controles negativos foram anticorpos

obtidos da empresa correspondente apresentando mesmo isotipo e produzidos na

mesma espécie.

Após todo o procedimento de marcação da fenotipagem, a amostra foi enviada

ao Centro de Pesquisas René Rachou - Fundação Oswaldo Cruz (Belo Horizonte,

Minas Gerais), local onde foi analisada no citômetro FACScalibur (BECTON

DICKINSON, San Jose, CA, EUA), acoplado a um sistema de computador com

programa específico (CELL QUEST®). A caracterização fenotípica, por citometria de

fluxo, inclui a análise básica de três parâmetros celulares: tamanho (determinado pela

difração frontal do raio laser – “Forward scatter” - FSC), granulosidade ou

complexidade interna (determinada pela refração e reflexão lateral do raio laser –

“Side Scatter” - SSC), e intensidade relativa de cada fluorescência.

A obtenção dos dados por citometria teve início com a identificação da

população celular de interesse (R1), após ajustes de ganho de tamanho (FSC) e

granulosidade (SSC) e/ou fluorescências (FL1, FL2 e FL3). Com a seleção da região

de interesse (R1), foi feita a análise dos aspectos fenotípicos considerando duas

abordagens distintas: a primeira, a partir do percentual de células positivas expressas

em gráficos de dispersão pontual de fluorescência, equivalente à população positiva

para o marcador avaliado; e a segunda, avaliando a intensidade média de fluorescência

(IMF) equivalente à densidade de expressão de um determinado marcador fenotípico,

em gráficos do tipo histograma em escala logarítmica.

A primeira abordagem foi empregada para quantificar fenótipos celulares que

apresentam distribuição bimodal, ou seja, caracterizadas por apresentarem populações

positivas e negativas para o referido marcador fenotípico. Na segunda abordagem foi

utilizada uma análise semi-quantitativa da expressão do marcador fenotípico que

possui distribuição unimodal, ou seja, toda a população celular de interesse expressa

constitutivamente o referido marcador fenotípico. Nessas situações, alterações na

densidade de expressão podem ocorrer, o que irá promover o deslocamento da

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população celular ao longo do eixo da intensidade de fluorescência. Em todo o

experimento foi analisado para cada amostra os controles das reações, que são

importantes para avaliação da qualidade do perfil celular e detecções de eventual

ocorrência de fluorescências inespecíficas.

5.5 Biópsia Excisional e Histopatológico

Imediatamente após a cirurgia, as cadeias mamárias foram analisadas

macroscopicamente e colhidos fragmentos da(s) mama(s) afetada(s), incluindo pele e

tecido subcutâneo além dos linfonodos regionais (Figura 7) para realização do exame

histopatológico tendo por objetivo determinar o diagnóstico histopatológico da

neoplasia mamária. Na presença de tumores múltiplos em uma mesma cadeia, no

momento da exérese cirúrgica, a colheita dos fragmentos foi realizada separadamente e

os frascos identificados com a glândula afetada e fixados em formol neutro e tamponado

com fosfato a 10% e processados pela técnica rotineira de inclusão em parafina. As

secções histológicas de 4µm foram coradas por Hematoxilina-Eosina (LUNA, 1968;

ESTRELA-LIMA et al., 2010).

5.6 Caracterização da Neoplasia

5.6.1 Classificação Histológica

Todos os exames histopatológicos foram realizados no Laboratório de Patologia

Veterinária HOSPMEV/UFBA e para todos os casos foram confeccionadas duplicatas

das lâminas, visando à análise por dois patologistas veterinários (LPV/UFBA e

LPC/UFMG). A identificação do tipo histológico seguiu a classificação da Organização

Mundial de Saúde (OMS) (MISDORP et al., 1999) e padronização do Consensus for the

Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine Mammary Tumors (CASSALI et al.,

2014).

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Figura 7. Avaliação macroscópica da cadeia mamária. A) Mensuração de toda a cadeia

mamária, localização e caracterização dos nódulos. B) Secção evidenciando a

superfície de corte da neoplasia mamária com aspecto multilobular. C) Dissecação

da gordura inguinal para localização do linfonodo regional (em destaque).

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5.6.2 Graduação Histológica

Foi utilizado o grau histológico de Nottingham que inclui: percentual de

diferenciação tubular; avaliação do pleomorfismo nuclear e índice mitótico (ELSTON;

ELLIS, 1993; CASSALI et al., 2014) (Figura 8).

Características Pontuação

Formação tubular

75% do tumor

10 a 75% do tumor

< 10% do tumor

1

2

3

Pleomorfismo nuclear

Tamanho nuclear semelhante á célula normal

Moderado aumento e variabilidade

Grande variação

1

2

3

Índice mitótico

0 a 8 mitoses

9 a 16 mitoses

17 ou mais mitoses

1

2

3

Alocação do grau tumoral

Total de escore

Grau de malignidade

3 – 5

6 – 7

8 – 9

I

II

III

Figura 8. Critérios utilizados na graduação de tumores mamários de cadela conforme o

grau de malignidade. (FONTE: CAVALVANTI, 2006, modificado de ELSTON;

ELLIS, 1993; CASSALI et al., 2014)

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5.6.3 Análise Morfológica e Quantitativa do Infiltrado inflamatório Tumoral

A análise morfológica da reação inflamatória associada ao tumor, quanto a sua

distribuição e intensidade, foi realizada nos oito campos mais representativos

(“hotspots”), com auxilio de um microscópio Olympus BX-41 (ocular 10Χ e objetiva de

40Χ), nas secções histológicas de 4μm coradas pelo HE, segundo protocolo

estabelecido por Estrela-Lima et al. (2010). A distribuição do infiltrado inflamatório foi

classificada nas áreas periféricas e intra-tumorais em: i) focal: presença de 1-3 focos

inflamatórios; ii) multifocal: presença de mais de três focos inflamatórios e iii) difusa:

presença de células inflamatórias uniformemente distribuídas na secção de tumor. A

intensidade da reação inflamatória foi categorizada em três subgrupos (discreta,

moderada ou intensa) com base na análise morfométrica do infiltrado inflamatório total.

Para a análise quantitativa após a identificação e marcação dos oito campos, foi

realizada a captura de imagens em câmera digital Zeiss Axiocam/cc5 adaptada a um

Microscópio Carl Zeiss Scope.A1, utilizando-se o software de captura Versão Zen 2012

(Blue Edition – Service Pack 1)®

e o software Corel DRAW®

versão X7 para análise

das imagens. Linfócitos, macrófagos, plasmócitos, neutrófilos e eosinófilos foram

identificados com base nas suas características morfológicas e quantificados nas

imagens capturadas de secções coradas pela HE. O número total de células foi obtido

pela soma dos oito campos analisados, sendo a média utilizada para determinar os

intervalos de intensidade. O infiltrado inflamatório foi classificado em: i) discreto; ii)

moderado: e iii) intenso (Figura9/Tabela 1).

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Figura 9. Análise quantitativa do infiltrado inflamatório associado ao tumor. A) Células

inflamatórias mistas peritumorais. HE. 200X. B) Infiltrado inflamatório misto

intratumoral. HE. 400X. Linfócitos-vermelhos, macrófagos-amarelos, plasmócitos-

verdes. C) Infiltrado inflamatório predominantemente macrofágico. Imunomarcação

citoplasmática. CD68. 400X. D) Infiltrado inflamatório misto peritumoral.

Cromotrope 2R. 400X.

Tabela 1. Intervalo de intensidade dos tipos celulares nos carcinomas mamários (ESTRELA-

LIMA, 2011).

Tipo celular Intensidade

Discreta Moderada Intensa

Linfócito X<300 300≤ X <600 x ≥600

Macrófago X<200 200≤ X <400 x ≥400

Plasmócito X<200 200≤ X <400 x ≥400

Neutrófilo X<200 200≤ X <400 x ≥400

Eosinófilo X<50 50≤ X <100 x≥100

Total X<500 500≤ X <1000 x ≥1000

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5.7 Avaliação Imunoistoquímica

Esta técnica foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada do

Departamento de Patologia Geral (ICB - UFMG), sendo utilizadas secções de 4µm

obtidas de cada caso e coletadas sobre lâminas gelatinizadas. As lâminas foram

desparafinizadas, reidratadas em uma série de álcoois progressivamente diluídos, e

submetidas à recuperação antigênica em calor-úmido (banho-maria a 95° por 20

minutos) tampão citrato (Target Retrieval Solution) (SOCS 1 e SOCS 3), pH 6.0, exceto

as lâminas destinadas a marcação de CD68. Nestas foi realizado tratamento enzimático

por meio de proteinase K e incubadas em câmara úmida durante 5 minutos a

temperatura ambiente. Posteriormente todas as lâminas foram incubadas em peróxido de

hidrogênio 3% em metanol para o bloqueio da atividade da peroxidase endógena por 15

minutos. Após o resfriamento, as lâminas foram cobertas com soro bloqueio (Lab

Vision™ Ultra V Block - Thermo Scientific) por 15 minutos. Os dados dos anticorpos

utilizados estão descritos na tabela 2.

As secções histológicas foram incubadas com o anticorpo primário por 1 hora

a 25°C e na sequência aplicado o método de revelação polimérica (ADVANCE HRP–

ready to use–DakoCytomation). Por último, as secções foram expostas ao cromógeno

3,3 – diaminobenzidina e contra-coradas com hematoxilina de Mayer’s. Controles

negativos foram obtidos pela substituição do anticorpo primário por PBS

(DAMASCENO et al., 2014).

Tabela 2. Dados referentes aos anticorpos utilizados.

Anticorpo Origem Clone Diluição Localização

CD68 ABD Serotec MCA5709 1:60 Citoplasmática

SOCS1 Santa Cruz SC-9021 1:60 Citoplasmática

SOCS3 Santa Cruz SC-9023 1:80 Citoplasmática

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Para a análise da imunomarcação dos anticorpos CD68, SOCS1 e SOCS3

(macrófagos e a expressão das proteínas SOCS, sugerindo o seus subtipos de ativação,

respectivamente) após a identificação e marcação dos oito campos mais representativos

da resposta inflamatória (“hotspots”) em cada caso, foi realizada a captura de imagens

em câmera digital Zeiss Axiocam/cc5 adaptada a um Microscópio Carl Zeiss Scope.A1,

utilizando-se o software de captura Versão Zen 2012 (Blue Edition – Service Pack 1)®

e o software Corel DRAW®

versão X7 para análise das imagens. Somente a marcação

presente no citoplasma foi considerada, independente da intensidade da mesma (Figura

10).

Figura 10. Análise da imunomarcação com as proteínas SOCS1 e SOCS3 no infiltrado

inflamatório macrofágico associado ao tumor. A/B) Anticorpo anti-SOCS1 –

infiltrado inflamatório macrofágico discreto associado ao processo neoplásico em

animais portadores de metástase. 200X/400X. C/D) Expressão da proteína SOCS3 no

denso infiltrado macrofágico sem metástase para linfonodo. 200X/400X.

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5.8 Tratamento Quimioterápico

As cadelas foram submetidas primeiramente à mastectomia e após a recuperação

cirúrgica, com completa cicatrização por primeira intenção e retirada dos pontos, em

média 10 dias após a exérese da cadeia mamária, foi iniciado o tratamento

quimioterápico em 05 animais de cada grupo (Figura 5C).

Foram realizadas o mínimo de uma sessão e o máximo de seis sessões com

intervalos de 21 dias, utilizando a carboplatina, endovenosa, na dosagem de 300mg/m2,

com tempo de infusão de 5 minutos. Os animais foram mantidos em fluidoterapia com

solução fisiológica quatro horas antes e quatro horas após a administração do

quimioterápico, sendo aplicado ainda, por via subcutânea, metoclopramida (0,5 mg/kg),

ranitidina (1mg/kg), prometazina (0,1 mg/kg) e citrato de Maropitant - Cerenia®

(1ml/10kg). Os mesmos medicamentos, com exceção do Cerenia®

, cuja via exclusiva de

administração é subcutânea, ainda foram prescritos, via oral, por três dias consecutivos.

Foram realizados ainda hemograma e bioquímica sérica (uréia, creatinica, FA e ALT)

um dia antes da aplicação do medicamento, 48 horas, sete e 11 dias após a

administração, durante todos os ciclos para avaliação do estado geral do paciente

durante o período do nadir da droga.

A quimioterapia foi realizada em uma sala exclusiva, sendo o fármaco

previamente manipulado em uma capela de exaustão para a individualização da dose

por paciente e administrado por um Médico Veterinário devidamente paramentado

(máscara, luva, gorro e avental descartável). Os resíduos foram devidamente

identificados e descartados separadamente, de acordo com o padrão preconizado para

produtos contaminados com agente anti-neoplásicos.

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5.9 Análise Estatística

Inicialmente, para avaliação da normalidade da distribuição, os dados foram

submetidos a teste de Kolmogorov-Smirnov. Para os dados paramétricos e não

paramétricos foram utilizados o teste t de Student /Mann-Whitney U (comparação de

dois grupos), ou ANOVA / Teste de Kruskal-Wallis (mais de dois grupos),

respectivamente. Da mesma forma possiveis correlações foram investigadas pelos testes

de Pearson ou Spearman (SAMPAIO, 2002). As curvas de sobrevida foram estimadas

pelo metódo de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste de Log-rank (Mantel-Cox) ou

Cox na análise univariada ou multivariada, respectivamente, correlacionando a

intensidade do infiltrado macrofágico com as respostas clínico-patológicas.

Os dados foram agrupados da seguinte forma: diagnóstico histológico (CaTMB);

metástase para linfonodos (sim ou não); estadiamento clínico (II, III, IV ou V);

graduação histológica (I, II ou III); distribuição inflamatória (focal, multifocal ou

difusa), utilização da quimioterapia com carboplatina (sim ou não) intensidade

inflamatória (discreta,moderada ou intensa), intensidade do infiltrado macrofágico

(<400 ou ≥ 400), percentual de macrófagos ativados (anti-inflamatórios SOCS1 – M2

≥ 50% e pró-inflamatórios SOCS3 – M1≥ 50%) e a taxa de sobrevida (baixa- menor

ou igual a 6 meses; e alta - maior que 6 meses). Em todos os casos, o valor de p <0,05

foi considerado estatisticamente significativo. As análises foram realizadas utilizando o

softwares Prism 5.0 (GraphPad, San Diego, CA, EUA) e SPSS 17 (SPSS Inc., Chicago,

IL, EUA).

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6. Resultados e Discussão

A função dos macrófagos infiltrantes nos carcinomas mamários caninos ainda

não está totalmente estabelecida. Portanto, a existência de relação entre características

imunofenotípicas predominantes do infiltrado macrofágico e fatores prognósticos

clássicos pode indicar uma importante associação entre a resposta imune do hospedeiro

e a evolução da doença.

Características clínicas e patológicas

Dentre os animais estudados (22), os cães da raça Poodle (10/45,45%) foram os

mais acometidos seguida dos sem raça definida (7/31,80%) com a idade média de 12

anos (faixa etária de 08 - 15 anos). As mamas inguinais (8/18,20%), independente da

lateralidade, foram as mais acometidas por tumores, em sua maioria, maiores que 5 cm

(17/77,27%) assim como descrito na literatura por MISDORP, 2002; EZERSKYTE et

al., 2011; SORENMO et al., 2011. O estadiamento clínico III foi predominante

(14/63,6%), bem como, o grau histopatológico II (21/95,46%). Nenhum dos animais

avaliados apresentava metástase a distância, contudo, 11 animais (50%) apresentaram

metástase para linfonodo regional.

Como em outros estudos realizados anteriormente em Salvador e em outras

unidades da federação, os resultados do presente estudo não demonstraram uma

predisposição racial, mas sim uma maior freqüência em animais da raça Poodle e sem

raça definida (LAVALLE et al, 2009; ESTRELA-LIMA, 2010; RIBEIRO, 2012;

TORÍBIO et al., 2012). Porém, essa maior frequência provavelmente é um viés

resultante da moda de se criar cães dessas raças no início dos anos 2000. Quando se

tratou da idade, as cadelas acometidas se apresentavam dentro da faixa etária citada na

literatura, em que as cadelas mais acometidas apresentam idade avançada (MOULTON,

1990; PELETEIRO, 1994; De NARDI et al., 2008; EZERSKYTE et al., 2011).

Na maioria dos animais foram observados tumores multicêntricos, cerca de

72,72% (16/22), com diferentes tipos histológicos. Nestes casos segundo CASSALI et

al., 2014 o tumor de pior prognóstico determinará a evolução clínica do paciente.

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A avaliação dos parâmetros hematológicos antes do procedimento cirúrgico não

apresentaram diferenças nos animais estudados, independente da presença ou ausência

de metástases. O que os tornavam aptos ao procedimento cirúrgico (Anexo 4).

Análise quantitativa, da distribuição e imunomarcação do infiltrado

macrofágico

A avaliação morfológica do infiltrado inflamatório, independente dos grupos,

revelou predominância da distribuição multifocal e intensidade moderada (Tabela 3

/Figura 11). A análise morfológica e morfométrica comparativa entre o infiltrado

inflamatório macrofágico peri (áreas circunvizinhas a neoplasia) e intratumoral (estroma

tumoral) não demonstrou diferença significativa (Tabela 3).

Tabela 3. Análise morfológica e quantitativa do infiltrado inflamatório macrofágico peri e

intratumoral, associado com a presença ou ausência de metástase e tratamento.

CaTMB (-) Trat (-) CaTMB (-) Trat(+) CaTMB (+) Trat(-) CaTMB (+) Trat(+)

PERI INTRA PERI INTRA PERI INTRA PERI INTRA

Distribuição

Focal 0%(0/5) 0%(0/5) 20%(1/5) 20%(1/5) 16,66%(1/6) 0%(0/6) 16,66%(1/6) 0%(0/6)

Multifocal 100%(5/5) 60%(3/5) 80%(4/5) 80%(4/5) 83,33%(5/6) 66,66%(4/6) 83,33%(5/6) 100%(6/6)

Difuso 0%(0/5) 40%(2/5) 0%(0/5) 0%(0/5) 0%(0/6) 33,33%(2/5) 0%(0/6) 0%(0/6)

CaTMB (-) Trat (-) CaTMB (-) Trat(+) CaTMB (+) Trat(-) CaTMB (+) Trat(+)

PERI INTRA PERI INTRA PERI INTRA PERI INTRA

Intensidade

Discreto 20%(1/5) 40%(2/5) 60%(3/5) 0%(0/5) 33,33%(2/6) 33,33%(2/6) 50%(3/6) 0%(0/6)

Moderado 80%(4/5) 60%(3/5) 40%(2/5) 100%(5/5) 66,66%(4/6) 50%(3/6) 16,66%(1/6) 83,33%(5/6)

Intenso 0%(0/5) 0%(0/5) 0%(0/5) 0%(0/5) 0%(0/6) 16,66%(1/6) 33,33%(2/6) 16,66%(1/6)

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Figura 11.Carcinoma em Tumor Misto Benigno (CaTMB) com metástase para linfonodo e

análise morfológica e quantitativa do infiltrado inflamatório associado a

neoplasia. A) CaTMB – proliferação epitelial com crescimento infiltrativo associada

a reatividade de células mioepiteliais produtoras de matriz mixoide. HE – 200X. B)

Metástase para linfonodo com células neoplásicas no seio subcapsular (cabeça de

seta) e vaso linfático (seta). HE – 100X. C) CaTMB – Intenso infiltrado inflamatório

macrofágico peritumoral (seta) e discreto infiltrado inflamatório mononuclear

intratumoral (cabeça de seta). HE – 100X. D) Detalhe do infiltrado macrofágico

peritumoral observado na figura D. HE – 400X.

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A morfometria do infiltrado inflamatório associado ao tumor revelou ser os

linfócitos a população celular predominante, seguido dos macrófagos (confirmação

realizada pela análise quantitativa em lâminas coradas em HE pela sua morfologia e

imunomarcação com anticorpo CD68), exceto no grupo dos animais sem metástase e que

receberam o tratamento quimioterápico (CaTMB (-) Trat(+)), em que a densidade dos macrófagos

foi significativamente maior (Figura 12). Confirmando os resultados observados na

literatura humana e veterinária, em que dentre as células do sistema imune, o linfócito é o

tipo mais observado seguido dos macrófagos nos carcinomas mamários (DAMASCENO,

2009; ESTRELA-LIMA et al., 2010; HEYS et al., 2012).

O infiltrado macrofágico com intervalo ≥ 400 teve associação significativa com o

alto grau histológico e tratamento quimioterápico (tabela 4). Semelhante ao descrito por

Heys e colaboradores (2012) que observaram, em um estudo realizado com mulheres

portadoras de carcinomas mamários, uma maior densidade do infiltrado macrofágico

naqueles tumores com grau histológico avançado e resposta a quimioterapia. O que pode

ser explicado, mais uma vez pelo estado de ativação dos macrófagos, em se tratando da

graduação, pela predominância do infiltrado macrofágico na sua forma anti-inflamatória e

na resposta a quimioterapia pela predominância do infiltrado macrofágico na sua forma

pró-inflamatória.

A avaliação das secções histológicas imunomarcadas com os anticorpos anti-

SOCS1 e anti-SOCS3 para caracterização do infiltrado macrofágico associado ao

carcinoma em tumor misto de cadelas, neste estudo, revelou que a maior expressão das

proteínas SOCS predominante nos macrófagos associados a neoplasias com metástase para

linfonodo era do tipo SOCS1 positivo. Enquanto que os tumores sem desenvolvimento de

metástase local apresentava como população predominante, os macrófagos SOCS3

positivos (Figura 13).

O estudo realizado por Estrela-Lima e colaboradores (2010), além de definir o

linfócito como principal tipo celular, seguido dos macrófagos, também revelou ser os

linfócitos T CD4⁺ predominantes nos carcinomas e carcinoma em tumor misto com

metástase, e as células T CD8⁺ relacionadas aos carcinomas em tumores mistos sem

metástases, ou seja T CD4⁺ relacionado a evolução neoplásica enquanto T CD8⁺ ao

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combate tumoral. Os resultados obtidos nesse estudo demonstram que assim como os

subtipos de linfócitos o estado de ativação dos macrófagos, aparentemente definirá seu

papel como um potente efetor contra o câncer ou estimulador do desenvolvimento tumoral.

Tabela 4. Associação entre parâmetros clinico - patológicos com intervalos distintos de

macrófagos <400 ou ≥400.

Intervalo de macrófagos

Parâmetros <400 ≥400

p-valor

Condição Vivo 5 (22 73%) 6 (27,27%) 0, 65

Morto 5 (22,73%) 6 (27,27%)

Sobrevida <180 dias 1 (4,55%) 4(18,18%) 0 097

>180 dias 9 (40,91%) 8(36,36%)

Metástase Não 5 (22,73%) 5 (22,73%) 0,696

Sim 5 (22,73%) 7 (31, 1%)

Graduação 1 4 (18,18%) 0 (0,00%) 0,029*

2 6 (27,27%) 12 (54,55%)*

Tamanho 3-5cm 4 (18,18%) 1 (4,55%) 0,105

>5cm 6 (27,27%) 11 (50,00%)

Quimioterapia Não 9 (40,91%) 2 (9,10%)* 0,001*

Sim 1 (4,55%) 10 (45,45%)

Distribuição Peri 4 (18,18%) 1 (4,55%) 0,105

Intra 6 (27,27%) 11 (55,00%)

Intervalo Total Discreto 1 (4,55%) 0 (0,00%) 0,467

Moderado 4 (18,18%) 4 (18,18%)

Intenso 5 (22,73%) 8 (36,36%)

Diferença significativa p<0.05.

Existe uma complexa interação entre linfócitos, em especial os linfócitos T CD4⁺

e macrófagos no microambiente tumoral. Durante o seu processo de ativação os

linfócitos T CD4⁺ se diferenciam nas formas Th1 e Th2, responsáveis pela ativação dos

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macrófagos na sua forma clássica e alternativa respectivamente (MARTINEZ;

GORDON, 2014). A diferenciação dos linfócitos no fenótipo Th1 é induzida

principalmente pela IL-12 e o IFN-γ, este último secretado pelas células NK no combate

as células neoplásica, age sobre macrófagos e células dendríticas resultando na maior

produção da IL-12. O fenótipo Th2 ocorre devido à exposição gradual dos linfócitos

CD4⁺ a IL-4 produzida pelos mastócitos e por elas mesmas em pequenas quantidades

quando estimuladas por antígenos (ROMAGNANI, 1997; ROMAGNANI et al., 1998).

Figura 12. Composição do infiltrado inflamatório associado ao CaTMB. População dos

leucócitos infiltrados no CaTMB, subcategorizados de acordo com a ausência (-) ou

presença (+) de metástase em linfonodo e a realização do tratamento quimioterápico.

As células inflamatórias foram caracterizadas por análise de imagens, tal como

descrito em Materiais e Métodos. L=linfócitos; M=macrófagos; P=plasmócitos;

N=neutrófilos; E=eosinófilos.

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A polarização dos macrófagos para a sua forma de ativação alternativa (M2) tem

sido relacionada a linhagens de células de tumor de mama com aumento na produção da

IL-4 por parte das células Th2, granulócitos e pelos próprios macrófagos (OGHUMU et

al., 2014). Enquanto que, a ativação clássica dos macrófagos na imunidade antitumoral

acontece principalmente a partir da liberação do IFN-γ por parte dos linfócitos Th1

(MARTINEZ; GORDON, 2014).

Os resultados aqui observados corroboram os resultados da literatura que

relatam o infiltrado macrofágico na sua forma M2 (se utilizarmos como base a

expressão da proteína SOCS1 para diferenciação do tipo macrofágico, como utilizado

por Heys et al., 2012), associado a neoplasias de pior prognóstico, por promover o seu

crescimento, progressão e desenvolvimento de metástases através da produção e

liberação de fatores de crescimento (NF-κB), citocinas imunomoduladoras (IL-10, TGF-

β), estimular a angiogênese, a remodelação do estroma tumoral (metaloproteinases) e

inibição da resposta imune anti-tumoral (MANTOVANI et al., 2002; MANTOVANI,

2007; SHAN DENG et al., 2012).

Figura 13. Caracterização da expressão das proteínas SOCS1 e SOCS3 no infiltrado

macrofágico associado ao CaTMB em cadelas. A) Grupo de animais sem

metástase apresentando maior número de TAM SOCS3 positivos – p-valor 0,014

(SOCS1 - 128±103,5 / SOCS3 - 343±124,75). B) Grupo de animais com metástase

apresentando maior número de TAM SOCS1 positivos – p valor 0,0097 (SOCS1 -

161±33,1 / SOCS3 - 124±25).

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Na e colaboradores (2013) relataram em um estudo realizado com ratos

portadores de neoplasia mamária, que os animais submetidos ao bloqueio da COX-2

apresentavam uma redução do número de casos metástases associado ao aumento do

TNF-α, que sabidamente é um dos principais estímulos para a ativação dos macrófagos

na sua forma clássica (MARTINEZ; GORDON, 2014). Os infiltrados macrofágicos

tumorais com predomínio do tipo M1 são relacionados ao combate as células tumorais

por sua ação citotóxica direta ou sensibilização de linfócitos T CD8⁺ (MANTOVANI,

2007).

Imunofenotipagem no sangue periférico no contexto ex vivo – IMF CD14+

MHCI e MHCII

A imunofenotipagem do sangue periférico, por citometria de fluxo, não

demonstrou diferenças significativas na expressão das moléculas MHCI e MHC II em

monócitos CD14+

nos diferentes grupos (Figura 14). Contudo, de forma interessante,

observa-se a mesma distribuição na concentração nos grupos, quando comparamos a

expressão do MHC II em monócitos CD14+ e a densidade de macrófagos infiltrados no

tumor (Figura 14).

Na resposta imune as moléculas do MHC são necessárias para apresentar os

antígenos aos linfócitos T. As moléculas da classe II são, em geral, encontradas somente

nas células dendríticas, nos linfócitos B e nos macrófagos. A sua expressão é regulada

por várias citocinas, em especial o IFN-γ que é o principal estimulador da expressão das

moléculas da classe II nos macrófagos, principalmente em resposta a estímulos

inflamatórios e imunológicos. No presente estudo a expressão das moléculas MHCII

nos monócitos circulantes acompanhou o padrão de distribuição da densidade do

infiltrado macrófagico tumoral nos diferentes grupos. Este achado pode resultar da

liberação da proteína quimioatraente de monócitos-1 no microambiente tumoral pelas

células neoplásicas atraindo os monócitos do sangue periférico das cadelas portadoras

de carcinoma em tumor misto para o sítio tumoral. Contudo, a sua complexa interação

com as outras células inflamatórias no microambiente, em especial os linfócitos T

CD4⁺, irá determinar o seu estado de ativação, o que aparentemente definirá seu papel

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como um potente efetor contra o câncer ou estimulador do desenvolvimento tumoral

(ZHANG et al., 1997; QIAN et al., 2009).

Comparação das curvas de sobrevida

Para avaliação da curva de sobrevida, inicialmente foi realizada a estratificação

com base nos grupos experimentais, presença ou ausência de metástase, realização do

tratamento quimioterápico com a Carboplatina e a densidade do infiltrado inflamatório.

Dos 22 animais 15 vieram a óbito durante o período de acompanhamento, sendo

que destes, 12 foram necropsiados e identificadas metástases à distância em pele (3/12),

fígado (3/12), rins (2/12) e pulmão (9/12)). Também foi identificada síndrome

paraneoplásica e choque hipovolêmico como a causa mortis mais frequente,

principalmente nos grupos dos animais tratados. Em estudo realizado com ratos por

Siddik e colaboradores (1987) para avaliar a toxicidade de carboplatina, foi observado

que na dose máxima recomendada (5 mL/Kg - IV), os animais apresentaram

principalmente durante o nadir da droga (9-14 dias), emagrecimento, anemia grave

(devido aumento da fragilidade osmótica e secundária a trombocitopenia), leucopenia e

trombocitopenia.

Os resultados demonstraram haver diferença significativa apenas quando

avaliamos os grupos de animais com metástase submetidos ou não ao tratamento

quimioterápico. A sobrevida mínima após a cirurgia foi de 60 dias e o maior período,

dentro do intervalo de estudo, foi 695 dias, esses permanecendo ainda vivos e em

acompanhamento (Figura 15).

Na comparação das curvas de sobrevida, quando estratificada baseada no

intervalo do infiltrado de macrófagos (<400 ou ≥400), os animais com infiltrado

macrofágico tumoral ≥ 400 (Média = 364 dias) apresentam visualmente uma taxa de

sobrevida maior, contudo, sem diferença estatística significativa (Figura 15). Esta

tendência de maior sobrevida dos animais com maior densidade de macrófagos

associados ao tumor corrobora com os resultados de Damasceno, 2009, mas contrasta

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com os resultados apresentados por Heys e colaboradores (2012) que correlacionaram

uma maior sobrevida com a menor densidade do infiltrado macrofágico.

Alguns resultados avaliados separadamente, podem ser considerados bastante

controversos, a exemplo, da tendência a uma maior sobrevida em pacientes com maior

densidade de infiltrado macrofágico associado ao tumor e da constatação da maior

densidade de macrófagos no grupo com metástase (CaTMB+ (Q)), sabidamente de pior

prognóstico. Entretanto, deve-se atentar para a predominância neste mesmo grupo da

maior expressão da proteína SOCS1. Desta forma, nota-se que além da densidade, a

expressão das proteínas SOCS e o possível estado de ativação dos macrófagos é

determinante para sua função no microambiente tumoral.

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Figura 14. Expressão das moléculas MHCI e MHCII nos monócitos circulantes e

densidade de macrófagos intratumorais no carcinoma em tumor misto. Topo do

quadro) Expressão de MHCI e MHCII em monócitos CD14+

nos diferentes grupos

experimentais, segregados pela presença ou ausência de metástase para linfonodo,

seguido da subcategorização baseada na realização ou não do tratamento

quimioterápico com Carboplatina. As populações dos monócitos foram identificadas

por citometria de fluxo como descrito em Materiais e Métodos. Os dados foram

expressos como percentagem de células positivas dentro dos monócitos capturados.

Quadro inferior) Densidade do infiltrado macrofágico nos diferentes grupos

experimentais. Diferenças significativas para p<0.05 foi destacado por asterisco.

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Figura 15. Taxas de sobrevida dos animais com CaTMB. Curvas de sobrevida Kaplan-Meier

dos animais com base no intervalos de macrófagos <400 (MAC<400) ou ≥400

(MAC≥400) (topo do quadro) e dos grupos experimentais subcatergorizados de

acordo com a ausência (-) ou presença (+) de metástase em linfonodo e a realização

(T) ou não do tratamento quimioterápico (parte inferior do quadro). Os animais

foram submetidos a acompanhamento trimestral após a cirurgia e as taxas de

sobrevida (%) expressas em dias, tal como descrito em Materiais e Métodos. As

curvas de sobrevida foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier, seguido pelo

teste de Log-rank. Diferenças significativas para p<0.05 foi destacado por asterisco.

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Análise univariada e multivariada

A análise univariada correlacionando os parâmetros clinico-patológicos relacionados à

maior densidade do infiltrado macrofágico (≥400) foram o estadiamento clínico, a graduação

histopatológica, o tamanho da neoplasia, o tratamento quimioterápico e a expressão de

moléculas MHCI em monócitos circulantes. Resultado semelhante foi observado na análise

multivariada, em que apresentaram diferença significativa em relação ao estadiamento clínico,

graduação, sobrevida, tratamento quimioterápico e a expressão de moléculas MHCI em

monócitos circulantes (Tabela 5).

Estes resultados indicam que maiores infiltrados macrofágicos tenha como

predominante a expressão da proteína SOCS1 estimulando desta forma o crescimento e

a progressão tumoral.

Tabela 5. Análises univariada e multivariada dos parâmetros clínico-patológicos

associados com o maior intervalo macrofágico (≥400).

Parâmetros Análises (pvalor)

Univariada Multivariada

Estadio Clinico 0,006* 0,025*

Graduação 0,015* 0,007*

Tamanho 0,011* 0,078

Metastase 0,696 0,572

Sobrevida 0,084 0,045*

Quimioterapia 0,001* 0,001*

Ativação 0,696 0,721

IMF CD14+MHC II

+ 0,335 0,944

IMF CD14+MHC I

+ 0,001* 0,018*

Peri.0/Intra.1 0,072 0,078

Infiltrado Total 0,303 0,140

*Selecionado pelas análises uni e multivariada. Para a análise univariada foi utilizada a

Correlação de Sperman para verificação entre variáveis. Análise multivariada – regressão

logística. Diferenças significativas para p<0.05 foi destacado por asterisco.

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7. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos nesse estudo, nas condições metodológicas empregadas,

permitiram concluir:

A partir da análise morfométrica das respostas inflamatórias associada aos

carcinomas em tumores mistos de cadelas foi observado que o macrófago é o

segundo tipo celular predominante, em um infiltrado inflamatório

predominantemente moderado e com distribuição multifocal;

A imunomarcação dos macrófagos infiltrantes revelou maior porcentagem de

macrófagos SOCS3 positivos no grupo de animais sem metástase, sugerindo o

efeito antitumoral destas células, enquanto que os macrófagos SOCS1 positivos

foram predominantes nos animais portadores de metástase, contribuindo desta

forma para a progressão tumoral e o desenvolvimento de metástases;

As maiores taxas de sobrevida estiveram relacionadas à maior densidade do

infiltrado macrofágico com predomínio da expressão da proteína SOCS3.

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9. ANEXOS

Anexo 1: Certificado de aprovação na CEUA (EMEVZ/UFBA).

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Anexo 2: Ficha oncológica específica.

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Anexo 3: Termo de doação para realização da necropsia.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

HOSPITAL DE MEDICINA VETERINÁRIA

TERMO DE DOAÇÃO

Pelo presente termo, eu ___________________________________________________,

RG ______________________________, CPF________________________________,

endereço ______________________________________________________________

______________________________________________________________________, faço a

doação do corpo a este Hospital Veterinário do animal da espécie ___________________, raça

________________________, sexo __________, pelagem _________________, nome

_______________, idade __________, para que esta instituição utilize-o para realização da

necropsia em aulas práticas ou projetos de pesquisa.

Salvador, ____ de ______________ de ______

____________________________________________________

Assinatura do doador

Obs: Anexar a Ficha Histórico/Laudo Técnico emitida pelo Médico Veterinário

______________________________________________________________________ Av. Adhemar de Barros, 500 – Ondina

Tel: (71) 3283-6738

Email: [email protected]

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Anexo 4: Tabela com os resultados da análise hematológica.

Parâmetros hematológicos em cadelas com CaTMB segregadas quanto a presença ou ausência

de metástase.

Parâmetros

hematológicos

CaTMB (-) CaTMB (+)

Hemácias 6,55 ±0,99 6,35 ±0,85

Plaquetas 408000 ±132125 420000 ±101750

Leu

cóci

tos

Total 12,600 ±6050 13950 ±3538

Neutrófilos 7097 ±721 11029 ±178,2

Eosinófilos 405,5 ±721 577,5 ±178,15

Monócitos 373,5 ±721 507 ±178,15

Linfócitos 1337 ±721 1482 ±178,5

Basófilo 0 0

a Hemácias são expressadas como número x 106/mm

3 de sangue.

b Plaquetas são expressadas como número x 103/mm

3 de sangue.

c Subpopulações de células sanguíneas brancas são expressadas como número x 103/mm

3 de

sangue.