Universidade Estadual -...

98

Transcript of Universidade Estadual -...

Page 1: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 2: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 3: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Universidade Estadualde Santa Cruz

ReitorProf. Antonio Joaquim da Silva Bastos

Vice-reitoraProfª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro

Pró-reitora de GraduaçãoProfª. Flávia Azevedo de Mattos Moura Costa

Diretora do Departamento de Ciências da EducaçãoProfª. Maria Olívia Lisboa

Ministério daEducação

Page 4: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ficha Catalográfica

H673 História da Educação : Pedagogia EAD/UESC / Ela- boração de conteúdo Eronilda Maria Góis de Car- valho, Rachel de Oliveira, Raimunda Alves Moreira de Assis. – [Ilhéus, BA] : UESC, [2009]. 86 p. : il. ISBN: 978-85-7455-180-7 Módulo I, vol. 3 - EAD de Pedagogia. Inclui bibliografias. 1. Educação – História. 2. Educação na Antiguida- de. I. Carvalho, Eronilda Maria Góis de. II. Oliveira, Raquel de. III. Assis, Raimunda Alves Moreira de.

CDD 370.901

Page 5: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Coordenação UAB – UESCProfª. Ds. Maridalva de Souza Penteado

Coordenação Adjunta UAB – UESCProfª. Ms. Flaviana dos Santos Silva

Coordenação do Curso de Licenciatura em Pedagogia (EAD)Profª. Ds. Maria Elizabete Souza Couto

Elaboração de ConteúdoProfª. Ds. Eronilda Maria Góis de CarvalhoProfª. Ds. Rachel de OliveiraProfª. Ds. Raimunda Alves Moreira de Assis

Instrucional DesignProfª. Ms. Marileide dos Santos de OliveraProfª. Ds. Gessilene Silveira Kanthack

RevisãoProfª. Ms. Aline de Santos Brito Nascimento

Coordenação de DesignProfª. Ms. Julianna Nascimento Torezani

DiagramaçãoJamile A. de Mattos Chagouri OckéJoão Luiz Cardeal Craveiro

Ilustração e CapaSheylla Tomás Silva PE

DA

GO

GIA

EAD

- U

ESC

Page 6: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 7: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

UNIDADE I

Educação na Antiguidade Clássica ..........................................................................11

INTRODUÇÃO1. ..................................................................................................... 13

DIFERENTES COMPREENSÕES SOBRE CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE2. ............................... 14

GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE3. ................................................. 15

OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS4. ........................................................................ 19

4.1 Sócrates ................................................................................................... 19

4.2 Platão ...................................................................................................... 20

4.3 Aristóteles .............................................................................................. 20

A EDUCAÇÃO EM ROMA: A INFLUÊNCIA DA GRÉCIA 5. ................................................ 21

5.1 A educação romana: da imitação à criação das escolas .................................... 22

5.2 Os principais educadores de Roma ................................................................ 23

RESUMINDO ............................................................................................................ 24

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 25

Sumário

UNIDADE II

Educação Medieval e Moderna ............................................................................... 27

INTRODUÇÃO1. ..................................................................................................... 29

QUEM ERAM OS POVOS EUROPEUS DA IDADE MÉDIA? 2. ............................................ 30

A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA3. ............................................................................. 30

3.1 A importância dos Mosteiros para o desenvolvimento do campo

educacional ...................................................................................................31

3.2 A educação no Renascimento ....................................................................... 34

3.3 A Educação no Iluminismo ...........................................................................36

3.4 Precursores do Iluminismo e sua influência na educação ................................. 37

3.5 Filósofos Iluministas e suas contribuições para a educação ............................... 38

A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA (SÉCULO XX): PRINCIPAIS MOVIMENTOS4. .............. 40

4.1 Contribuições de outros pensadores .............................................................. 42

RESUMINDO ............................................................................................................44

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................45

Page 8: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

UNIDADE III

História da Educação no Brasil ............................................................................... 47

INTRODUÇÃO1. ..................................................................................................... 49

A PRIMEIRA FASE EDUCACIONAL NO BRASIL-COLONIA 2. ............................................ 50

A FASE POMBALINA3. ............................................................................................. 51

A EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO4. .................................................................................. 52

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA5. ......................................... 54

RESUMINDO ............................................................................................................ 57

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 58

UNIDADE V

A Produção Historiográfica da Educação na Região Cacaueira ................................83

INTRODUÇÃO1. ...................................................................................................... 85

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA REGIÃO CACAUEIRA: ALGUNS ASPECTOS2. ................... 86

A EDUCAÇÃO EM ILHÉUS3. ...................................................................................... 87

A EDUCAÇÃO EM ITABUNA4. .................................................................................... 90

O ENSINO SUPERIOR5. ........................................................................................... 93

RESUMINDO ............................................................................................................ 95

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 96

UNIDADE IV

As Utopias Clássicas .............................................................................................. 61

INTRODUÇÃO1. ..................................................................................................... 63

A EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 1930 E A REPÚBLICA NOVA2. ......................................... 64

PRIMEIRAS REFORMAS DE ENSINO DA REPÚBLICA NOVA3. ......................................... 65

3.1 O manifesto dos pioneiros da Educação Nova .................................................. 66

O ESTADO NOVO E A EDUCAÇÃO4. ........................................................................... 67

4.1 “Leis” Orgânicas do Ensino ...........................................................................68

A QUARTA REPÚBLICA E A LEI 4.024/61 5. ................................................................ 69

A EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL6. ........................................................................ 71

A DITADURA MILITAR E NOVA REPÚBLICA: CONTRIBUIÇÕES PARA7.

A EDUCAÇÃO .....................................................................................................73

A EDUCAÇÃO E A REPÚBLICA NOVA 8. ...................................................................... 76

RESUMINDO ............................................................................................................79

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................79

Ementa

Tendências e práticas educacionais nas sociedades antigas, medievais, modernas e contemporâneas nos aspectos: políticos, sociais, econômicos e tecnológicos. A origem das Universidades e o desenvolvimento do saber. Os diferentes períodos da história da educação brasileira e regional.

Carga Horária: 60 horas-aula

DISCIPLINA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

UNIDADE I: EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

UNIDADE II: EDUCAÇÃO MEDIEVAL E MODERNA

UNIDADE III: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

UNIDADE IV: A EDUCAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA SEGUNDA REPÚBLICA

UNIDADE V: A PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA DA EDUCAÇÃO NA REGIÃO CACAUEIRA

Page 9: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ementa

Tendências e práticas educacionais nas sociedades antigas, medievais, modernas e contemporâneas nos aspectos: políticos, sociais, econômicos e tecnológicos. A origem das Universidades e o desenvolvimento do saber. Os diferentes períodos da história da educação brasileira e regional.

Carga Horária: 60 horas-aula

DISCIPLINA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

UNIDADE I: EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

UNIDADE II: EDUCAÇÃO MEDIEVAL E MODERNA

UNIDADE III: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

UNIDADE IV: A EDUCAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA SEGUNDA REPÚBLICA

UNIDADE V: A PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA DA EDUCAÇÃO NA REGIÃO CACAUEIRA

Page 10: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 11: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ao final desta unidade, você deverá:

compreender o complexo de relações existentes • entre a educação brasileira e os conhecimentos produzidos na antiguidade clássica.

Apresentar fatos sociopolíticos, econômicos e outros que favoreceram o desenvolvimento da educação na antiguidade clássica. M

eta

Objetivo

1 unid

ade

EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICAProfª. Drª. Rachel de Oliveira

Page 12: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 13: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

13PedagogiaUESC

Uni

dade

1

UNIDADE I

INTRODUÇÃO1

Caro(a) aluno(a), agora, tomaremos um barco de volta

à antiga Grécia. Você deve estar se perguntando por quê?

Como de volta? Mas você perceberá o quanto esta viagem é

extremamente necessária para todos os pedagogos brasileiros,

que carregam, conscientemente ou não, um grande volume de

bagagem cultural construída pelos gregos, embora muito de

nós jamais tivéssemos conversado com algum ou passeado por

lá.

Nesta viagem simbólica, dialogaremos sobre três pontos

considerados básicos para o entendimento desta cultura,

que se tornou sinônimo de civilização e se espraiou para

todos os continentes. São eles: a) Diferentes compreensões

sobre civilização e barbárie; b) Grécia - berço civilizatório da

humanidade; e c) Os grandes filósofos gregos.

Page 14: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

14 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação na Antiguidade Clássica

DIFERENTES COMPREENSÕES SOBRE CIVILIZAÇÃO E 2 BARBÁRIE

A Grécia é considerada o celeiro do pensamento pedagógico

ocidental. Lá surgiu, conforme diferentes historiadores, as

primeiras concepções e os primeiros debates sobre cidadania,

liberdade e democracia, como também floresceu o culto à

arte e à literatura. Facilitada pela posição geograficamente

estratégica, a Grécia disseminou sua cultura servindo de berço

civilizatório para toda a Europa e para os países conquistados

pelos europeus. Portanto, para se entender a história da

educação brasileira e interpretar as bases de nosso currículo

escolar, cujos princípios são basicamente eurocêntricos, é

fundamental estudar a história da civilização Grega.

Mas, apesar de ter se tornado referência “consagrada”, não

foi a Grécia que exclusivamente contribuiu para a consolidação

da chamada civilização moderna. E por quê? Então vamos tentar

compreender melhor o significado da palavra civilização e porque

ela representa o oposto da barbárie. A palavra civilização deriva

do latim civita, que designava cidade, e civile, o habitante

da cidade, que se diferenciava significativamente daqueles

que moravam no campo, supostamente os não civilizados,

por desconhecerem os códigos sociais dos supostamente

civilizados.

A expressão civilização originalmente se contrapõe e é

antônimo de barbárie. Civilização pode ser entendida como

a aprovação a um conjunto de crenças que inclui um modo

específico de produzir conhecimentos, de se relacionar com

a natureza, com as divindades e outros valores e costumes,

considerados corretos e modernos pelo grupo dominante.

Bárbaras seriam as pessoas que ignoram tais códigos por

desconhecimento, por resistência ou por ter construído outra

forma de ver o mundo.

Costumeiramente achamos altamente civilizados os

países que detêm poder sobre a tecnologia e as outras fontes de

conhecimento. Entretanto, mesmo estando no mais alto estágio

civilizatório, alguns grupos podem se comportar como bárbaros,

por exemplo, quando matam pessoas e destroem a natureza

para adquirir bens e se manter no poder. O que acontece,

atualmente, com alguns países considerados desenvolvidos, e

Page 15: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

15PedagogiaUESC

Uni

dade

1o que ocorreu no período das grandes navegações, quando os

invasores consideravam bárbaros os povos que divergiam de

suas crenças e costumes, a exemplo de Portugal e da própria

Grécia, que invadiu muitos territórios para submetê-los ao seu

modo de ser, agindo de forma bárbara, destruindo pessoas e

expropriando suas culturas.

A partir destas singelas definições, podemos concluir que

a ideia de civilização pode abarcar muitos conflitos, notadamente

quando se analisa o patrimônio histórico dos mais diferentes

povos sem respeitar seus valores culturais. Para finalizar este

início de conversa, vamos acrescentar mais uma expressão

que está intimamente ligada ao fenômeno da barbárie e da

civilização: a colonização. Entendemos, assim, que dificilmente

alguém abandona seus valores de modo espontâneo, pois

uma cultura sempre se impõe a outra colonização por meio de

processos violentos de colonização de mentes e costumes.

Foi o advento do colonialismo que colocou a civilização

greco-romana ocidental como referencial universal de cultura.

Conforme Nascimento (2008, p. 63),

[...] de acordo com essa noção, a civilização ocidental representaria o estágio mais avançado do desenvolvimento humano, o único em que o progresso conduz a uma qualidade cada vez melhor. As culturas dos povos não-europeus são consideradas arcaicas, primitivas, estáticas de pouca contribuição para progresso humano.

Com este posicionamento, não deixamos de reconhecer

o valor dos conhecimentos produzidos pelo ocidente,

notadamente os produzidos pela Grécia, mas colocamos em

xeque sua exclusividade e autenticidade. Nascimento (2008)

ainda afirma que vários filósofos e teólogos gregos estudaram

com mestres africanos, a exemplo de Sócrates, Platão, Tales

de Mileto, Anaxágoras e Aristóteles. Muitos conhecimentos

considerados de origem greco-romana foram expropriados de

outros povos.

GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE3

O diálogo realizado no tópico anterior nos ajudará a

Page 16: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

16 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação na Antiguidade Clássica

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKO período Homérico foi decisivo para a sedimentação da cultura grega na Europa e em muitas outras partes do mundo. Para Homero, a educação tinha um caráter eminentemente prático e, por esta razão, todos os gregos, obviamente os livres, deveriam atingir a sabedoria e o poder de ação. Os poemas de Homero fizeram a síntese entre educação e cultura, articulando os conhecimentos entre a geografia, a história, a literatura e outros saberes. As suas obras davam também extremo valor à força e à bravura. Desta síntese, nasceu uma educação voltada para o culto ao corpo e o amor à arte.

entender melhor a posição da Grécia no mundo antigo e por

que a educação brasileira ainda herdou suas influências.

A Grécia passou por diferentes

períodos de evolução. Invadiu territórios

e também foi invadida pelos povos dórios,

mergulhando num período obscuro, antes dos

Tempos Homéricos. Conforme Aranha (2007)

e outros estudiosos, a história da Grécia

Antiga registra a seguinte periodização: 1)

Civilização Micênica: séculos XX a XII a.C.;

2)Tempos Homéricos: séculos XII a VII a.C.;

3)Período Arcaico: séculos VIII a VI a.C.; 4)

Período Clássico: séculos V e IV a.C.; e 5)

Período Helenístico: séculos III e II a.C.

A Grécia inaugurou um novo conceito de educação, a

chamada educação liberal, resultado de um longo processo

de evolução histórica, fundamentada na liberdade individual,

dirigida ao homem livre. Contudo, a Grécia contava apenas

com 10% de sua população livre. E ser livre significava não

ter preocupação com os bens materiais ou com o comércio e a

guerra – atividades reservadas às classes inferiores. Entretanto,

para manter esse exército de escravos, foi necessário manter

outro exército de pessoas bem treinadas para manter a ordem

estabelecida pelo grupo minoritário. Por esta razão, a educação

foi quase que exclusivamente voltada para formar guerreiros

com estimulo à competição e o culto ao corpo.

Conforme Piletti (1987), a Grécia cultivou, entre outros,

os seguintes conceitos e ideias: de liberdade política no Estado

e através dele; do amor ao saber pelo saber, isto é, a filosofia;

do homem como sendo, primariamente, um ser racional; de

liberdade e responsabilidade moral; a formulada por Sócrates

de que o homem deve conhecer-se a si próprio; e a de que a

educação é a preparação para a cidadania.

Entretanto, os ideais gregos não se restringiam ao culto à

beleza e à filosofia; o dinheiro e o lucro fácil também permeavam

as relações, incentivando os conflitos entre os nobres e os

plebeus. Além do aperfeiçoamento dos aparelhos de navegação

e a cunhagem de moedas que servia para garantir o sucesso

dos nobres, no comércio externo, eles ainda exploravam os

escravos ao extremo.

Page 17: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

17PedagogiaUESC

Uni

dade

1 Emprestando dinheiro sob hipoteca, o nobre – que já era dono de muitas terras – ia-se assenhoreando das terras alheias [...]. O cidadão pobre que perdera as suas terras poderia considerar-se feliz se lhe permitissem continuar cultivando essas mesmas terras, na qualidade de colono, com a condição de entregar ao novo proprietário cinco sextos do seu trabalho (PONCE, 1992, p. 30).

Em razão desses conflitos e por serem os escravos muito

numerosos, como já citamos, a classe dominante transformou

a organização social num acampamento militar. Aos sete anos,

o Estado se apoderava dos espartanos, que eram liberados

somente aos 60. Poucos entre os nobres sabiam ler. Entre eles,

havia desprezo pelo conhecimento que não fosse estritamente

ligado às armas e à força física.

A civilização grega também foi marcada pela busca do

ideal do que é ser “homem”, ou seja, a compreensão do que é ser

pessoa, ou a finalidade do ser humano. Duas cidades, Esparta

e Atenas, tornaram-se rivais ao responder tal questão.

Para Esparta, os homens deveriam ser desenvolvidos em

todos os sentidos e ser fisicamente fortes. Para os espartanos, o

culto ao corpo se tornou fundamental e predominou a ginástica.

Enquanto os atenienses defendiam, como virtude principal, o

exercício da liberdade, ou seja, que, para além da beleza física,

as pessoas precisavam ser racionais, falar bem, defender seus

direitos e saber argumentar, os espartanos defendiam a força

física e a oratória.

Conforme muitos historiadores e filósofos, já na

antiguidade, os gregos atingiram o ideal mais avançado de

educação. Esta é a visão, por exemplo, de Gadotti (2005), que

afirma:

Assim, a Grécia atingiu o ideal mais avançado da educação na Antiguidade: a Paideia, uma educação integral, que consistia na integração entre a cultura da sociedade e a criação individual de uma outra cultura numa influência recíproca. Os gregos criaram uma pedagogia da eficiência individual e, concomitantemente, da liberdade e da convivência social e política (p. 30).

O ideal de Homero, “Ser melhor e superior aos outros”,

VO

SABI

A?

Utilizamos aspas na palavra “homem” para preservar a linha do pensamento da época, porém com o sentido de divergência da regra de que as palavras masculinas incluem todos os seres humanos, homens mulheres e crianças.

Page 18: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

18 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação na Antiguidade Clássica

influenciou tanto os espartanos como os atenienses na busca

da perfeição. A educação totalitária de Esparta exigia o extremo

sacrifício de todos em função do Estado. Após os sete anos, as

crianças recebiam do Estado uma educação pública e obrigatória

e viviam em grupo de acordo com a faixa etária. Os jovens

aprendiam a suportar o desconforto, a fome e a viver de forma

despojada. A educação valorizava a obediência e o respeito aos

mais velhos.

Já os atenienses buscavam privilegiar o belo, a verdade

e a perfeição, embora também buscassem o exercício do poder.

Atenas foi a escola de toda a Grécia. Ao lado do cuidado com

o físico, destacou-se a formação intelectual e política para que

melhor pudessem participar do destino da cidade. Os meninos

eram orientados à pratica de exercícios físicos, que vinham

acompanhados pela orientação moral e estética.

Praticavam a dança, como expressão corporal abrangente,

e frequentavam o ensino elementar, pouco valorizado na época.

“O mestre de letras era geralmente uma pessoa humilde, mal

paga e não tinha o prestígio do instrutor físico. Com o tempo,

à medida que aumentou a exigência de melhor formação

intelectual, delinearam-se três níveis de educação: elementar,

secundária e superior” (ARANHA, 2006, p. 65).

A educação elementar completava-se aos 13 anos,

ocasião em que as crianças mais pobres saíam para buscar um

ofício, enquanto as ricas eram encaminhadas para o ginásio.

O ginásio originalmente também era um local da prática da

educação física, mas que, aos poucos, foi se transformando

em espaço de discussão literária, oportunizando a inclusão

de temas gerais, como Geometria, Astronomia, Matemática e

outros conhecimentos, com criação de bibliotecas e salas de

estudo.

A educação superior foi iniciada pelos sofistas, filósofos

que se dedicaram à formação dos mestres e à didática. Sócrates,

Platão e Aristóteles ministraram educação no nível superior,

exercendo maior influência sobre a educação dentro e fora da

Europa. No próximo tópico, você conhecerá um pouco da vida

desses principais filósofos.

Mas queremos finalizar chamando a atenção para as

estratégias da Grécia para se manter no poder. Para produzir

riquezas e conhecimento, a Grécia manteve um alto número

Page 19: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

19PedagogiaUESC

Uni

dade

1de escravos, incentivou guerras, manteve o exército sempre

reforçado e tanto expropriou a cultura de outros povos, como

também impôs a sua, por meio da colonização, em diferentes

épocas. Como resultado, os filósofos gregos da antiguidade

continuam a fazer parte do currículo das escolas brasileiras,

sendo reverenciados como grandes mestres.

OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS4

4.1 Sócrates

Sócrates (469-399

a.C.), uma das figuras mais

emblemáticas de seu tempo,

atendia seus discípulos em

praça pública e discordava dos

sofistas, que cobravam altas

taxas para ensinar a arte de

falar bem, sem se importar com

o desenvolvimento interior dos

alunos. Sua preocupação era

a busca pessoal e a verdade,

o pensamento próprio e a

busca da voz interior. Sócrates

foi perseguido e condenado à

morte, porque queria buscar

outros caminhos para definir o

que é conhecimento. Para ele, não bastava ser corajoso, era

necessário entender o que é coragem e entender a essência

das coisas.

Sócrates combatia a arte da persuasão do palavrório vazio

em função do aprofundamento do saber. O filósofo afirmava que

a sabedoria começa pelo reconhecimento da ignorância, porque

a verdadeira tarefa da filosofia começa quando o indivíduo

supera o enganoso saber baseado em ideias pré-concebidas.

“Só sei que nada sei” e “Conheça-te a ti mesmo” foram as

frases mais célebres de Sócrates.

Para Sócrates, o fim da educação era o autoconhecimento,

pois o verdadeiro saber vem do interior. Aranha (2006) afirma

FIGURA 1 - Sócrates (por Draco).Fonte: http://lh3.ggpht.com/_q79D0zFvxc0/SKN_KbnSjnI/AAAAAAAAB00/7hFd6kIrU6U/

IMG_0734.JPG

Page 20: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

20 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação na Antiguidade Clássica

que derivam do pensamento socrático algumas ideias que até

hoje influenciam a educação, tais como: “o conhecimento tem

por fim tornar possível a vida moral; o processo para adquirir

o saber é o diálogo; nenhum conhecimento pode ser dado

dogmaticamente, mas como condição para desenvolver a

capacidade de pensar” (p. 70).

Acusado de corromper a juventude, como você viu,

foi condenado à morte. Nada deixou escrito, sua história foi

contada pelos seus discípulos.

4.2 Platão

Nascido em Atenas, Platão (427 -347 a.C.)

foi o principal discípulo de Sócrates. Descendente

de uma família nobre, esteve em contato com as

pessoas mais influentes de sua época. Suas obras

incentivavam a contemplação pura da realidade

que, para ele, era “desvelar o olho do espírito”,

fazendo-o voltar sempre para a luz. Esta seria a

principal tarefa da educação. Entre as várias obras,

destacam-se: República, Alegoria da Caverna,

Banquete, Sofistas.

4.3 Aristóteles

Nascido na Macedônia, Aristóteles (384-322

a.C.) é considerado o maior sistematizador de toda

a antiguidade. Foi discípulo de Platão e ingressou

na academia aos 17 anos. Ao contrário do idealismo

de seu mestre, não acreditava que nascemos

determinados, mas que, durante a vida, temos a

oportunidade para aprender e nos tornar criaturas

nobres ou não.

Segundo Gadotti (2005, p. 38), Aristóteles

defende

[...] três fatores principais que determinam o desenvolvimento espiritual do homem: ´disposição

FIGURA 3 - Aristóteles (por Beachcomber). Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/

File:Aristoteles.png

FIGURA 2 - Platão (por Ricardo André Frantz).Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Herma_of_Plato_-_0049MC.jpg

Page 21: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

21PedagogiaUESC

Uni

dade

1inata, hábito e ensino`. Com isto mostra-se favorável às medidas educacionais ‘condicionantes’ e acredita que o homem pode tornar-se a criatura mais nobre, como pode tornar-se a pior de todas, que aprendemos fazendo, que nos tornamos justos agindo justamente.

A fim de sistematizar um pouco do que viu nesse início

de unidade, você deverá resolver as questões abaixo.

ATIVIDADES

1) Como podemos definir e estabelecer relações entre as expressões: civilização, barbárie e colonização?

2) Por que a Grécia não pode ser exclusivamente considerada o berço da civilização?

3) Você acha que os ideais da cultura grega ainda são presentes na nossa civilização? Comente.

4) O que Sócrates combatia e por que foi condenado à morte?

A EDUCAÇÃO EM ROMA: A INFLUÊNCIA DA 5 GRÉCIA

A cultura romana foi formada com a contribuição e

saberes de diversos povos, principalmente os gregos. Quando

Roma invadiu a Grécia, assimilou seus costumes, língua e

religião, transformando a sua civilização em Greco-Romana.

Mas, ao contrário dos gregos, que, além do culto ao

corpo, se dedicavam à filosofia buscando a finalidade do ser,

os romanos se preocupavam com os altos valores militares e a

utilidade mais imediata das coisas, ou seja, não tinham interesses

por temas altamente filosóficos. Por esta razão, os gregos os

consideravam incapazes de apreciar os aspectos superiores

da vida. Os romanos se defendiam, acusando os gregos de

visionários. Essas duas civilizações também escolheram

caminhos diferentes em relação ao desenvolvimento de temas

sociais. Enquanto a Grécia liderou os debates sobre cidadania,

liberdade e democracia, Roma se destacou pela elaboração de

conceitos sobre direitos e deveres.

Page 22: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

22 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação na Antiguidade Clássica

5.1 A educação romana: da imitação à criação das escolas

A imitação foi o primeiro método de educação romana,

tendo a família como principal núcleo. O pai tinha um papel

fundamental, introduzindo os filhos nas diferentes atividades

(agrícola, militar, econômica, civil etc.). Mas a figura da mãe

também foi bastante valorizada. Diferentemente do que

acontecia no restante dos antigos impérios, a situação da

mulher em Roma era elevada e, apesar de participar da vida

pública, possuía respeitável autoridade dentro da família, sendo

venerada como mãe. Neste modelo educacional, os jovens

imitavam não somente seus pais, mas também os soldados, os

militares, outras pessoas que se destacavam na comunidade, e

tinham também a liberdade de imitar os deuses.

Para concretizar o desejo de universalizar sua cultura,

Roma, como você já viu, integrou os povos conquistados a seu

modo de ser, através da educação. Em cada lugar conquistado,

Roma abria uma escola e concedia aos escravos o status de

cidadão através do pagamento dos impostos. Dentro dessa

perspectiva, Roma incorporou o modelo educacional, de sua

província, a antiga Grécia, e igualmente desvalorizou o trabalho

manual, destinando-os aos escravos, e reservou à elite a

formação intelectual.

A concepção originária da educação romana foi

a humanitas, que, no seu sentido literal, se refere à

humanidade e à cultura do espírito. Trata-se “de uma cultura

predominantemente humanística e sobretudo cosmopolita e

universal, buscando aquilo que caracteriza o ser humano, em

todos os tempos e lugares” (ARANHA, 2006, p. 89).

A humanitas serviu como base do sonho romano para se

tornar um grande império; por esta razão, esse tipo de educação

não estava somente ao alcance dos sábios, mas se estendia à

formação de todos os indivíduos considerados virtuosos, como

ser moral, político e literário. Com o tempo, essa concepção

foi se restringindo aos estudos das letras, separando-se das

ciências.

Page 23: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

23PedagogiaUESC

Uni

dade

1 5.2 Os principais educadores de Roma

Roma teve vários teóricos da educação. Entre os que

defendiam a formação de grandes oradores, destacou-se Marco

Túlio Cícero (106 – 43 a.C.), proclamado como pai da pátria,

também considerado idealizador do Direito.

Marco Fábio Quintiliano defendia que o peso principal da

educação deve ser dado ao conteúdo do discurso, e a escola

deveria ser um espaço de alegria. O ensino da escrita e leitura

era oferecido pelo ludi magister (mestre de brinquedo).

Sêneca, que viveu por volta de 4 a.C. - 65 d. C., insistia

que a escola deveria ser voltada para a vida.

Plutarco defendia a ideia de que a educação devia mostrar

a biografia de grandes homens para servirem como exemplos

aos jovens.

Mas quando Roma precisou abrir escolas para a formação

de pequenos comerciantes e artesãos que passaram a ocupar

os cargos administrativos, fez por meio do Estado. Foi então

que, pela primeira vez na história, o poder público assumiu

a educação, porém utilizando uma metodologia rígida muito

semelhante à militar, calcada nos direitos e deveres.

Conforme Gadotti (2005), foi treinado um grande grupo

de professores e diretores para vigiarem as escolas, e “todas as

cidades e regiões conquistadas eram submetidas aos mesmos

hábitos e costumes, à mesma administração, apesar de serem

consideradas aliadas de Roma” (p. 44). Como você já deve

ter percebido, foi essa estratégia de educação e cultura que

garantiu a Roma tornar-se um Império. Em todas as cidades,

foram construídas, lado a lado, uma igreja e uma escola.

ATIVIDADES

1) Faça um breve comentário sobre o método da educação por imitação.2) Qual foi a estratégia que Roma utilizou para consolidar sua cultura ao chegar em

terras invadidas?3) Que diferenças marcam o pensamento dos educadores romanos?

Page 24: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

24 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação na Antiguidade Clássica

Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer as

diferenças e as relações entre as expressões barbárie, civilização

e colonização. Também viu que, apesar de a Grécia ser vista

como berço da civilização, seu conhecimento é resultado de

um conjunto de conhecimentos oriundos de diferentes povos.

Viu que foi na Grécia que surgiram os primeiros conceitos de

educação liberal, como também os primeiros debates sobre

cidadania, liberdade e democracia.

Em relação à educação, a antiga Grécia foi considerada a

instância mais avançada por ter construído a Paideia, as bases

da denominada Educação Integral, que une a educação do corpo

ao intelecto, ao espiritual, como também a formação para a

cidadania. Você viu que a educação da Grécia era voltada para o

belo, exaltando o aprimoramento do corpo físico, mas também

das artes. Contudo, os gregos jamais desprezaram a arte da

guerra. Conheceu um pouquinho da memória dos três grandes

filósofos da época – Sócrates, Platão e Aristóteles.

Sobre a cultura romana, viu que ela é resultada do

conhecimento também de diferentes povos. Roma incorporou

principalmente as bases da cultura grega, transformando a sua

própria cultura em Greco-Romana. Roma alimentou o firme

desejo de universalizar sua cultura e, para isto, em cada lugar

conquistado, criava uma igreja e uma escola. Assim, conseguiu

espalhar sua religião e seu modo de pensar pelo mundo. Foi lá

que, pela primeira vez, o Estado assumiu a escola como uma

instância do poder público.

RESUMINDO

Page 25: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

25PedagogiaUESC

Uni

dade

1

RE

fE

NC

IAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da

Pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. revisão e ampliação. São

Paulo: Moderna, 2006.

GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed.

São Paulo: Ática, 2005.

NASCIMENTO, Elisa Larkin (Org.). A Matriz Africana no

Mundo. Matrizes africanas da cultura brasileira. v. I. São

Paulo: Selo Negro Edições, 2008. Coleção Sankofa.

PILLETI, Claudino; PILLETI, Nelson. História da Educação.

São Paulo: Ática, 1991.

PONCE, Anibal. Educação e Luta de Classes. 12 ed.

Tradução de José Severo de Camargo Pereira. 12. ed. São

Paulo: Cortez; Autores Associados, 1992.

Page 26: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Suas anotações

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 27: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ao final desta unidade, você deverá:

identificar os principais aspectos e contribuições da • educação medieval e moderna, que deram as bases para a constituição dos atuais sistemas de ensino.

Apresentar informações básicas e necessárias acerca do processo de desenvolvimento histórico da educação medieval e moderna.

Meta

Objetivo

2 unid

ade

EDUCAÇÃO MEDIEVAL E MODERNAProfª. Drª. Raimunda Alves Moreira de Assis

Profª. Drª. Eronilda Maria Carvalho Góis

Page 28: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 29: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

29PedagogiaUESC

Uni

dade

2

UNIDADE II

INTRODUÇÃO1

Caro aluno, nesta unidade, vamos analisar, juntos,

aspectos relevantes da educação da Idade Média e Moderna. Na

primeira parte, as informações dizem respeito a uma concepção

educacional baseada no aspecto moral, cujo ponto de partida é

a ideia da fé cristã da doutrina da Igreja Católica. Em seguida,

discutiremos sobre o Movimento Renascentista e Iluminista,

destacando os aspectos que visavam a formação do homem

burguês da Idade Moderna.

Page 30: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

30 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKOs povos bárbaros eram povos de origem marcadamente germâni-ca, que viviam nas regiões Norte e Nordeste da Europa e Noroeste da Ásia. Eram considerados “bárbaros”, pelos romanos, porque não falavam a língua oficial destes, o latim, e tinham cultura e religião diferentes.

LEITURA RECOMENDADA

Se você quiser aprofundar essa questão, sugerimos que leia o livro “Pequena História da Educação Brasileira” de Jair Fonzar (1989), e assista ao filme “O nome da rosa”, baseado no romance de de Humberto Eco, dirigido por Jean-Jacques Arnnaud.

QUEM ERAM OS POVOS EUROPEUS DA IDADE 2 MÉDIA?

Vamos iniciar essa conversa sobre a Idade Média

destacando a derrocada do Império Romano, que é o início

desse período, esclarecendo que esta mudança não ocorreu de

“um dia para o outro”. Foi um processo lento, que teve início

com a migração de vários povos pagãos - “os bárbaros” -

para os domínios romanos, a partir do século III. Os principais

povos invasores foram: os francos, burgúndios, alanos, godos,

vândalos, visigotos, ostrogotos, hunos, alamanos, suevos,

dentre outros.

Esses povos, ao longo do tempo, passaram a

participar do Império Romano, integrando-se às várias

estruturas da administração, como, por exemplo, formação

de exércitos, produção agrícola, atividades comerciais etc.

Com isso, houve trocas econômicas e culturais entre os

romanos e “bárbaros” durante vários séculos, resultando

em uma “fusão cultural”. Por consequência, a partir

de certo período, romanos e bárbaros não eram mais

estrangeiros, porque haviam fundido as duas culturas em

uma nova, a da Idade Média Ocidental.

Com a destituição do último imperador romano,

Rômulo Augusto, em 476, os povos bárbaros tornaram-se os

novos senhores, formando a base de uma nova sociedade e

implantando vários reinados: os dos Francos, Burgúndios e

Visigotos. Contudo, os novos senhores não tinham experiência

administrativa e política e precisaram assimilar parte das

estruturas político-administrativas do antigo regime romano.

Acresce que o grande elo entre as culturas foi a língua (o latim)

e a religião (o cristianismo). No dizer de Fonzar (1989), houve

uma “simbiose cultural, que através da religião consegue educar

os novos povos” (p. 6).

A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA3

No campo educacional, a característica marcante da

educação dos povos europeus da Idade Média foi o poder

da doutrina da Igreja Católica sobre a disseminação do

Page 31: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

31PedagogiaUESC

Uni

dade

2

FIGURA 1 - Mosteiro de San Xoán de Caaveiro (Foto:José Antonio Gil Martínez)

Fonte: http://flickr.com/photos/17364971@N00/186537918

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKOs Mosteiros eram grandes centros de sabedoria onde habitavam os monges. A forma de vida destes era chamada de “monasticismo”, em que existia abdicação do mundo, para se ter total dedicação a Deus. Os monges também cuidavam dos doentes e dos pobres, além de dedicar-se à oração pelas almas dos mortos. Os Mosteiros serviam também como abrigo para os viajantes, sendo as primeiras “casas de hóspedes modernas”.

Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/

vidamosteiro.htm

conhecimento e o papel da ciência

nesse mundo, cujos pressupostos eram

alicerçados nos ditames do aspecto

moral e na fé cristã.

A condução do processo

educacional mediado pelos padres

pressionava e defendia a necessidade

de banir a filosofia pagã e buscar o

saber da alma. Com esta postura,

,questionavam perante a sociedade:

quem deverá vencer? A ciência ou a

alma?

Como decorrência dessas pressões, as escolas primitivas

cristãs avançaram a sua ação, buscando a preparação moral

dos seus membros e dos jovens recém-convertidos.

Os bispos encarregavam-se de organizar os novos

espaços de ensino, localizados agora nas catedrais,

transformados em escolas. Esses espaços foram

denominados Mosteiros.

Como você pode perceber, os ideais educacionais

dessa época eram limitativos se comparados aos

princípios da Cultura Clássica. Cabe perguntar: não

seria contraditório abandonar um conhecimento

voltado para os saberes filosóficos e das ciências,

que historicamente vinham sendo acumulados, para

direcionar a educação a aspectos puramente morais,

messiânicos e teológicos?

3.1 A importância dos Mosteiros para o desenvolvimento do campo educacional

Você deve estar questionando: qual seria a principal

função dos Mosteiros? Podemos afirmar que era oferecer

conhecimentos voltados para a vida religiosa dos seus

membros, desenvolvendo estudos teológicos, através de um

método disciplinar rígido, com práticas de estudos, meditação

e trabalhos braçais, que duravam de 6 a 8 anos, prepapando-os

para se tornarem aptos e responsáveis pela proteção espiritual

da sociedade (PONCE, 1963; MANACORDA, 2006).

Page 32: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

32 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

A retórica era parte de uma das “três artes liberais” ou triviutrivium en-sinadas nas facul-dades da Idade Média (as outras duas corresponde-riam à dialética e gramática).

fonte: http://pt.wikipedia.org/viki Acesso: 28 set. 2009).

Para Ponce (1963), desse regime severo de estudos e

disciplina, sob a orientação dos monges, surgiram benefícios

importantes para a educação. Podemos citar o aparecimento de

novas escolas religiosas; a conservação e cópia das produções

literárias; o estudo de obras clássicas; a definição de horários

diários para o estudo da literatura; a criação de um ambiente

de reflexão e de pesquisa.

Há registro, ainda, de que foi por meio do desenvolvimento

dessas atividades que obras importantes do passado chegaram

a outras gerações e que ainda hoje continuam presentes entre

nós, como, por exemplo, a Bíblia Sagrada.

Atribuiu-se, ainda, aos monges a responsabilidade da

transmissão e compilação dos saberes da época nas “Sete

Artes Liberais”, denominadas Trivium, as artes preparatórias

da gramática, retórica e lógica; e de Quadrivium: aritmética,

geometria, música e astronomia.

As escolas monásticas eram divididas em externas (para

leigos) e internas (para o clero). O que menos importava nessas

escolas era a instrução científica. O centro das preocupações

era, sem dúvida, a teologia, cujo lema era: “Amar e venerar a

Deus” (PONCE, 1963, p. 94).

Essa cultura medieval/cristã teve muitos seguidores,

desde sua formação no século IX até a decadência no final

do século XII. Podemos citar alguns de seus formuladores:

Santo Anselmo (1033 – 1109); Santo Alberto Magno (1200-

1280); Tomás de Aquino (1225-1274) e outros. Salientamos,

porém, que este modelo escolástico de educar os jovens não

era consensual entre os mestres e estudantes.

Todavia, cabe reconhecer que foi desse regime rigoroso

de estudo nos Mosteiros que nasceram as Universidades, no

final daquele período, e o seu desenvolvimento foi favorecido

por circunstâncias de diferentes naturezas. Podemos citar

algumas: as transformações econômicas que abalaram as

bases do feudalismo; a revitalização dos centros urbanos com

o desenvolvimento do comércio; a criação de oficinas dos

artesãos; os ateliês e corporações de ofícios e as progressivas

modificações científicas e tecnológicas.

Todas essas mudanças contribuíram para o

desenvolvimento dos centros urbanos, atraindo populações

de diferentes localidades, onde eram realizadas as múltiplas

Page 33: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

33PedagogiaUESC

Uni

dade

2

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKMovimentos comunais são movimentos de independência e emancipação de algumas cidades com importância econômica através da aliança entre reis e burgueses em detrimento do poder aristocrático e clerical. Tiveram como consequência a libertação das cidades da autoridade dos senhores feudais e a estruturação do modo de produção capitalista, no período da Baixa Idade Média (séc. XI – XV).

trocas (materiais, afetivas, intelectuais etc.). Essa

dinâmica favorecia o aumento crescente da presença

de professores e estudantes nas cidades.

Um outro fato de destaque, naquele período,

foi a ocorrência dos chamados movimentos comunais,

empreendidos pelos burgueses contra as autoridades

locais dos senhores feudais e do clero, constituindo-

se o início da separação de poderes entre a Igreja e

o Estado. Diante da urbanização das cidades e das

primeiras iniciativas de constituição de um governo laico

(não pertencente ao clero) nas municipalidades, houve

um crescimento das corporações de ofício denominadas

universitates.

Essas corporações levaram

à formação de um outro tipo de

associação bastante singular, por

volta do século XII, a Universitas

Studii. Nas palavras de Veiga

(2007), a Universitas Studii

era “uma associação de alunos

e mestres para transmissão e

aprendizagem de conhecimentos

‘desinteressados’, ou seja, sem

aplicabilidade imediata” (VEIGA,

2007, p. 17).

Essas associações, que

representavam interesses de novos grupos sociais,

reagiram às rígidas normas impostas pelos eclesiásticos

para a criação de novas escolas, e invocaram a proteção do

Papa, que acolheu o pleito. Isso fez com que a Universitas

Studii se propagasse por toda a Europa, saindo da “tutela”

da Igreja.

Tempo depois, as novas instituições de ensino

foram denominadas Studium generale. Significava um

instituto geral que definiria conhecimentos destinados

aos homens livres, as chamadas “Artes Liberais”.

No final do século XIV, o nome Studium generale

foi substituído pelo de Universitas, assumindo um novo

significado, o de investigar. Os jovens que desejavam

estudar Artes Liberais deveriam seguir determinados

FIGURA 2 - José Manuel Breval (23-03-2009).

Fonte: http://historiageneral.com/2009/03/23/los-fenicios-portadores-de-la-civilizacion/

VO

SABI

A?

Corporações de ofício eram associações juridicamente reconhecidas por todos (universi), formadas por pessoas de mesmo ofício (artesãos, ateliês, agricultores, comerciantes etc.), que tinham um estatuto regimental, o qual regulava as relações (direitos e deveres) dos mestres e aprendizes e, também, mediava as relações externas com o poder municipal e com o mercado, ou seja, compra e venda de produtos (VEIGA, 2007, p. 17).

Page 34: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

34 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKDentro da definição contemporânea, as primeiras universidades surgiram na Europa medieval, durante o renascimento do Século XII. As primeiras universidades da Europa foram fundadas na Itália e na França para o estudo de direito, medicina e teologia. Antes disso, instituições semelhantes existiam no mundo islâmico, sendo a mais famosa a do Cairo. Na Ásia, a instituição de ensino superior mais importante era a de Nalanda, em Bihar, Índia, onde viveu, no século II, o filósofo budista Nagarjuna. Na Europa destacamos: a Oxford (1214), na Inglaterra; a de Paris (1250), na França; a de Bolonha (1230), e a de Nápolis (1224), na Itália; a de Salamanca (1218) e a de Valladolid (1250), na Espanha; e a de Lisboa (1290), em Portugal (MANACORDA, 2002).

passos em que discentes e mestres

se dedicassem com liberdade a

todos os ramos do saber (universitas

litterarum).

A Universidade de Nápoles,

fundada em 1824, é vista como a

primeira que organizou, por seções,

as quatro grandes divisões do

conhecimento daquela época: Teologia,

Direito, Medicina e Filosofia.

3.2 A educação no Renascimento

A palavra Renascimento significa, etimologicamente, a

ação de renascer. O período do Renascimento foi considerado

uma fase de transição, que incide entre a decadência do Mundo

Medieval, em meados do século XIV, até os primeiros contornos do

Mundo Moderno (XVII), período em que a autoridade

Real e da Igreja são questionados a partir de ideias

e fatos: O Renascimento/Humanismo/Iluminismo; as

grandes navegações; novas descobertas e invenções

científico-tecnológicas; a Contra-Reforma; e outros

movimentos. Esses desencadearam as primeiras

revoluções científicas, originando o pensamento da

modernidade, cujo berço foi a Itália, que se propunha

a inovar as diferentes formas de conhecimento.

Reis Filho (2002) amplia a discussão

afirmando que concomitantemente estava ocorrendo

o nascimento do modo de produção capitalista

(mercado e acumulação). Declara, ainda, que “as

transformações da infraestrutura técnico-econômica

permitiram à Europa uma imensa mudança em suas

instituições, valores e ideais” (p. 117). Conclui-se

que o ser humano passou a ser o centro e o sentido

do Universo.

Como você deve estar percebendo, este movimento

ganhou força e os intelectuais humanistas buscaram o retorno

ao estudo dos clássicos latinos e gregos na sua forma original.

Eles defendiam os direitos do homem como ser de razão contra

as exigências do ensino dogmático. Também se posicionavam

VO

SABI

A?

O Renascimento é a manifestação primeira da ordem burguesa em evolução para a conquista do poder político. Porém, os primeiros clarões manifestaram-se nos domínios da cultura. Uma série de “ilustrados” surge, principalmente, nas cidades do Norte da Itália. Destacamos: Petrarca (1304-1374) e Boccaccio (1313-1375), nas letras; da Vinci (1452-1519), nas artes; Maquiavel, na política, exigindo completa destruição do sistema feudal, ao proclamar que os dirigentes políticos não tinham que dar contas ao poder espiritual, nem admitir um “catolicismo supranacional”, atitude que o identifica como o primeiro teórico do nacionalismo (SUCUPIRA FILHO, 1984).

Page 35: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

35PedagogiaUESC

Uni

dade

2

Figura 3 - Novelas pedagógicas: Gargântua e Pantagruel, de François Rabelais.

Fonte: http://www.expasy.ch/spotlight/back_issues/066/

favoráveis a uma vida mais laicizada, ou seja, com interesses

voltados para vida terrena, para os negócios, pela investigação

e pela razão humana. Uma outra característica deste momento

Renascentista foi a subjetivação das emoções, isto é, o interesse

pela vida real do homem, vivendo as reações humanas: do

prazer, da satisfação, da alegria, do belo, da vida.

Esses ideais são consolidados nos meados do século XV,

ganhando impulso após a impressão dos livros; a ampliação do

número de escolas; o novo ideal de homem; a criação de uma

nova cultura com base experimental e crítica, presente nos

conhecimentos da Geografia, da Meteorologia, da Medicina, da

Literatura e das Artes Plásticas.

Os representantes de maior destaque no campo

educacional foram Victorino da Feltre, na Itália, criador da escola

Casa Giocosa, que defendia um ensino gradual e ministrado de

acordo com o desenvolvimento psíquico do aluno, desenvolvido

em um ambiente de satisfação; François Rabelais, na França,

que era contra a educação tradicional, e ironizava as práticas

educativas por meio das novelas pedagógicas Gargântua e

Pantagruel; e Michel de Montaigne, na França, que criticava a

educação livresca. Enfim, o ideal educativo defendido era o de

preparar homem para o mundo.

Alguns autores destacam que houve uma

grande contribuição do mundo medieval para com

a educação moderna. No plano conceitual, eles

apontam como legado um referencial teórico, que,

ainda hoje, enquadra a educação atual (o conceito de

educação com uma proposta curricular – Trivium e

Quadrivium); e, no plano metodológico, enfatizam a

questão do método, ou seja, como essa aprendizagem

deve ocorrer.

Após este percurso, você deverá responder as

questões a seguir, como forma de fixação de alguns

conhecimentos que você vem adquirindo durante o

estudo.

O ideal de homem que a sociedade passou a exigir foi de um outro tipo, era o gentleman, que seria a fusão dos traços do cavaleiro cortesão medieval com os dotes artísticos e humanistas das cidades comerciais.

Page 36: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

36 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

ATIVIDADES

3.3 A Educação no Iluminismo

O embrião da modernidade caracterizou-se como uma época

histórica que se opunha à visão naturalista do curso do mundo,

marcada pela autonomização do pensamento, o predomínio da

ciência e da técnica. Foi um projeto ambicioso e revolucionário

que coincidiu com a emergência do Capitalismo como modo de

produção dominante nos países da Europa.

A partir do século XVIII, também chamado de século das

luzes, surgiu uma corrente de pensadores decidida a abolir os

mistérios e os milagres que ainda restavam

na Idade Média. A origem desse movimento

intelectual, de nome Iluminismo, começou

na França e espalhou-se pela Inglaterra,

ampliando-se por outros países da Europa.

Podemos afirmar que o Iluminismo

se constituiu em um movimento político-

cultural que expressou as necessidades e

os anseios da sociedade burguesa do século

XVIII, o “século das luzes”. Este Movimento

denunciava erros e vícios do Antigo Regime,

abrindo caminho para diversos movimentos

sociais.

Como você deve lembrar, no Antigo Regime, a educação

estava sob o controle da Igreja Católica. Isto não era bem visto

pelos novos pensadores, ou seja, os iluministas, pois, para eles,

a Igreja ensinava uma filosofia arcaica, tornando a sociedade

ignorante, fanática e submissa. Por isso, a educação precisava

ser mudada, a razão, ou melhor, a capacidade de pensar por

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKO termo iluminismo relaciona-se com o vocábulo esclarecimento, porque, para os iluministas, os homens da sociedade do Antigo Regime (Idade Média) viviam nas “trevas da ignorância”. Para eles (os iluministas), o homem é produto do meio em que vive, da sociedade e da educação (SAVIANI; LOMBARDI; SANFELICE, 2007). Os iluministas, genericamente chamados de filósofos, admitiam que os seres humanos estariam em condições de tornar este mundo melhor, mediante a introspecção, do livre exercício das capacidades humanas e do engajamento político-social. Combatendo a tirania dos governantes absolutos, os iluministas tinham em comum a defesa da pessoa humana e dos direitos básicos à vida, à liberdade e à justiça.

1) Descreva as principais características da educação na Idade

Média;

2) Produza um pequeno texto identificando as principais contribuições

téoricas e práticas surgidas na Idade Média para a educação,

apontando as suas principais influências na educação brasileira

ainda hoje.

Page 37: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

37PedagogiaUESC

Uni

dade

2

si próprio, deveria ficar à frente

na educação.

O século XVIII mostrou

uma nova maneira de pensar

e os filósofos desse período

tinham como objetivo a busca da

felicidade. Eles eram contrários à

injustiça, à intolerância religiosa

e à concentração de privilégios

nas mãos de poucos (ricos e

poderosos). Para os iluministas,

a razão era importante para os

estudos dos fenômenos naturais

e sociais. De certa forma,

eles eram deístas, ou seja,

acreditavam em Deus, e que

este Deus agiria indiretamente

nos homens, através dos

fenômenos naturais e sociais.

A principal característica

desse movimento foi, sem

dúvida, a valorização da ciência e

da racionalidade como forma de

eliminar a ignorância dos seres

humanos acerca da natureza e

da vida em sociedade. O iluminismo teve destaque nos campos

filosófico, político, econômico, das artes e da literatura.

Que tal conhecer alguns pensadores desse momento da

História?

3.4 Precursores do Iluminismo e sua influência na educação

Conforme já assinalamos, o Iluminismo foi um movimento

político-cultural que expressou as necessidades e os anseios da

sociedade burguesa do século XVIII, o “século das luzes”. Trata-

se, portanto, de um conjunto de ideias frontalmente opostas ao

absolutismo dos reis e ao misticismo religioso.

São chamados de precursores do Iluminismo os

VO

SABI

A?

O Iluminismo foi um movimento intelectual surgido na •segunda metade do século XVIII (o chamado “século das luzes”), que enfatizava a razão e a ciência como formas de explicar o universo. Foi um dos movimentos impulsionadores do •capitalismo e da sociedade moderna. Desenvolveu-se na Alemanha, França e Reino Unido. •Tinha uma grande influência na Áustria, Itália, Polônia, Países Baixos, Rússia, nos países da Escandinávia e na América. O nome se explica porque os filósofos da época •acreditavam estar iluminando as mentes das pessoas. É, de certo modo, um pensamento herdeiro da tradição do Renascimento e do Humanismo por defender a valorização do Homem e da Razão. Os iluministas acreditavam que a Razão seria a •explicação para todas as coisas no universo e se contrapunham às ideias em que predominava a fé.As novidades trazidas pelo movimento iluminista •influenciaram alguns monarcas da época que, incorporando certas ideias, procuraram desenvolver uma forma mais democrática de governo. Esses monarcas foram chamados de “déspotas esclarecidos” promovendo inúmeras reformas sociais, estimulando a educação com a abertura de inúmeros estabelecimentos de ensino.O Iluminismo• exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte dos países ocidentais. A época do Iluminismo foi marcada por transformações • políticas, tais como a criação e consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis, e a redução da influência de instituições hierárquicas como a nobreza e a Igreja Católica.

(Fonte: Cad. Cedes. Campinas, v. 25, n. 66, p. 165-184, maio/ago., 2005. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br).

Page 38: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

38 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

renomados pensadores que divulgavam algumas ideias, tais

como:

ênfase na valorização da ciência e da racionalidade como •

forma de eliminar a ignorância;

entendimento de que os governos deveriam existir para •

o bem da sociedade com a função de garantir a liberdade

econômica e individual e da igualdade de todos perante

a lei; e de, quando o Estado não cumpre suas funções, a

população tem o direito de se rebelar contra ele.

Dentre os precursores, destacam-se: Francis Bacon,

René Descartes e Isaac Newton.

Francis Bacon: filósofo inglês que desenvolveu o método expe-rimental, no qual enfatizava a importância da observação e da experimentação para o de-senvolvimento do conhecimento. Seus estudos se aplicavam em ciências naturais.

René Descartes: dedicou-se ao estudo da física, matemática e da filosofia. Procurou desenvolver um método que produzisse verdades absolutas. Escreveu: Regras para a direção do espírito; Discurso do método e Meditações.

Isaac Newton: matemático, astrônomo, físico e filósofo, contribuiu para a formulação da lei da gravitação universal. Principal obra: Os princípios matemáticos da filosofia da natureza, que reúne as bases da mecânica clássica. Para ele, as ideias tinham origem nos sentidos humanos, contrario à teoria do direito divino dos reis, afirmava que os governos eram criações humanas. Formulou a teoria do Estado liberal e da propriedade privada.

FIGURAS 3-5- Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/Main_PageINFORMAÇÕES - Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/renascimento/index.php

Acesso em 20 abr. 2009.

3.5 Filósofos Iluministas e suas contribuições para a educação

Dentre os principais pensadores iluministas, destacam-

se: Voltaire, John Locke, Montesquieu, Rousseau, Denis Diderot

e Johann Pestalozzi:

Page 39: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

39PedagogiaUESC

Uni

dade

2

Montesquieu: um dos mais brilhantes filósofos franceses do século XVIII, que se notabilizou pela sua teoria da separação dos poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), a qual exerceu impor-tante influência sobre diversos textos constitucionais modernos e contemporâneos.

Voltaire: tornou-se um dos grandes pensadores do movimento iluminista, sobressaindo pelas suas críticas à Igreja Católica, que, segundo ele, mantinha uma rigorosa aliança com o estado absolutista. Defendeu os direitos individuais da pessoa humana, entre os quais o direito à liberdade de pensamento.

John Locke: considerado o “pai do Iluminismo”, representa o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. Para Locke, o homem, ao nascer, não possui qualquer ideia e sua mente é como uma tábula rasa. O conhecimento, em decorrência, é adquirido por meio dos sentidos, base do empirismo e processado pela razão.

Johann Heinrich Pestalozzi: edu-cador suíço, concebeu um plano de ensino cuidadosamente graduado, que dava margem à manifestação das diferenças individuais. Ele partiu do método indutivo, isto é, de experiências concretas, para estimular a observação e o raciocínio. Dizia que as atividades dos alunos deviam iniciar-se com o conhecimento dos objetos simples, até chegar aos mais complexos, partindo do conhecido para o desconhecido, do concreto para o abstrato, do particular para o geral.Pestalozzi elaborou sua proposta pedagógica retomando de Rousseau, a concepção da educação como processo que deve seguir a natureza e os princípios como da liberdade, da bondade inata do ser e da personalidade individual de cada criança.

Denis Diderot: foi o responsável pela organização da grande Enciclopédia, obra em 35 volumes, publicada entre 1751 e 1752, que continha as novas ideias proclamadas pelos iluministas. O governo condenou a obra, proibindo sua divulgação em duas oportunidades. Diderot foi auxiliado por um matemático, chamado d’Alembert, tendo como colaboradores vários pensadores e escritores desse novo momento.

Jean-Jacques Rousseau: demo-crata convicto, desenvolveu a sua teoria educacional, partindo do princípio de que o homem é bom no seu estado natural e que o papel do educador seria afastar a criança dos vícios da sociedade, permitindo-lhe desabrochar, espon-taneamente, suas potencialidades inatas. Combateu a severidade dos professores da época que reagiam ao erro do aluno, como quem condena uma situação criminosa.

FIGURAS 6-11 - Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page

INFORMAÇÕES - http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/renascimento/index.phpAcesso em 20 abr. 2009.

Fonte: Cad. Cedes. Campinas, v. 25, n. 66, p. 165-184, maio/ago, 2005. Disponível em:<http://www.cedes.unicamp.br>

Page 40: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

40 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

Outros filósofos também deixaram diversas contribuições

para a educação, como, por exemplo, Basedow, que afirmava

que o ideal na educação das crianças seria a construção de

um currículo que fosse satisfatório para o seu desenvolvimento

integral, ou seja, um currículo que estivesse perfeitamente de

acordo com os anseios infantis, que se voltasse para o interesse

das crianças e não para a vontade dos adultos.

Os filósofos do Iluminismo buscaram enxergar, de maneira

racional, as sociedades, destacando os problemas das nações

imersas no Antigo Regime. Dentre os aspectos interpretados,

destacam-se a crítica à sociedade estamental de privilégios de

nascimento e a autocracia monárquica exercida sob o pretexto

da intervenção divina.

A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA (SÉCULO XX): 4

PRINCIPAIS MOVIMENTOS

Para você entender as realizações educacionais desse

período, convém lembrar que os pedagogos anteriores à época

moderna aceitavam como verdade incontestável a doutrina,

segundo a qual o centro do processo educacional era a

transmissão de conhecimentos emanada do professor para o

aluno. Ou seja, a educação centralizava-se, unicamente, no ato

de ensinar.

Os educadores do século XX, reunidos em torno de

uma nova corrente do pensamento, chamada de Pedagogia da

Atividade, trouxeram revolucionárias contribuições, como, por

exemplo, de que o centro da educação não deveria ser o ato de

ensinar, mas o ato de aprender, transformando o educando na

pessoa mais importante da educação. Formulou-se o princípio

de que a aprendizagem precisa partir de dentro para fora, tendo

como elemento básico o fator motivação.

A atividade escolar começou a ser encarada de forma

mais ampla, incluindo não apenas a cultura livresca, mas os

trabalhos manuais, a expressão artística, os jogos recreativos

e as excursões de pesquisa e de vivência (RIBEIRO, 2005).

Que tal conhecermos um pouco mais sobre as contribuições

de alguns teóricos da educação? Vejamos, então:

VO

SABI

A?

Você sabia que a Independência dos EUA, a Inconfidência Mineira e a Revolução Francesa foram influenciadas pelas ideias iluministas?

Page 41: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

41PedagogiaUESC

Uni

dade

2

Ovídio Decroly: criou um método globalizante para ser realizado pela criança em três estágios: a observação, que visa pôr a criança em contato os objetos, fenômenos, seres e acontecimentos; a associação, que visa relacionar, entre si e fatos próximos e longínquos, presentes e passados, o homem e o seu meio; e a expressão, que visa manifestar o pensamento de modo acessível aos demais, por meio da palavra, da escrita, do desenho, do trabalho manual etc. Decroly propôs que o ensino se desenvolva por CENTROS DE INTERESSE. Os conhecimentos não se apresentaram classificados por disciplinas, em quadros lógicos formais, que carecem de maior significação para o aluno. Propôs criar um laço entre as disciplinas, para fazê-las convergir ou divergir de um mesmo centro, tendo-se sempre em conta o INTERESSE da criança, que, segundo ele, é a alavanca de tudo.

Maria Montessori: educadora e médica italiana, criou o Método Montessori, que permite que a criança escolha a atividade que corresponder às suas necessidades do momento e se desloque em um espaço concebido por ela. Assim, essa criança se organiza com a ajuda do material didático por ela construído, tendo em vista a educação sensória, que facilita a adaptação ao meio e o controle de seus erros.

John Dewey: filósofo, nasceu e desenvolveu sua obra nos EUA, durante a última metade do século XIX e primeira do século XX. Ele enfatizava que a educação é uma permanente organização ou reconstrução da experiência, que, sendo um processo ativo, será sempre completado pelos períodos subsequentes. A expressão “escola-ativa” reflete, em síntese, essa concepção e contrapõe-se aos estudos puramente intelectuais. Tornou-se um dos maiores pedagogos americanos, contribuindo intensamente para a divulgação dos princípios do que se chamou de Escola Nova.

William Kilpatrick: criou uma pedagogia que chamou de Métodos de Projetos, cuja finalidade era globalizar o ensino, mediante atividades manuais. Este método visou, sobretudo, dirigir a atividade mental do aluno para um propósito objetivo, muito utilizado atualmente.

Jean Piaget: a partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de muitas outras crianças, concluiu que, em muitas questões cruciais, as crianças não pensam como os adultos. Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de pensar é diferente, não somente em grau, como em classe. Ele criou a teoria do desenvolvimento cognitivo, que é uma teoria de etapas e que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.

Édouard Claparede: desenvolveu uma pedagogia baseada nas necessidades e interesses da criança, chamando-a de “educação funcional”, isto é, a escola deve inspirar-se numa concepção funcional da educação e do ensino. Tal concepção consiste em tomar a criança o centro dos programas e dos métodos escolares. A escola deve ser ativa, um laboratório e não um auditório, e deve evitar que o trabalho escolar seja detestado. A escola já se constitui em um meio social, válido por si mesmo e preparatório para as realidades da vida adulta. Nela, o pedagogo é, antes de tudo, um “estimulador de interesses”.

FIGURAS 12-17Fonte: http://commons.

wikimedia.org/wiki/Main_Page

INFORMAÇÕEShttp://www. klickeducacao.com

Acesso em 20 abr. 2009.

Page 42: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

42 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

4.1 Contribuições de outros pensadores

Ainda no início do século XX, surgiu outra corrente

psicológica, liderada por Broadus, Watson e Thorndike, disposta

a explicar, cientificamente, a conduta humana. Essa corrente

ficou conhecida, em termos gerais, como behaviorismo.

Os primeiros behavioristas eram

inspirados pela Física. E, assim, como esta

ciência explicava os fenômenos naturais pelo

mecanismo das causas e efeitos, os behavioristas

procuravam estabelecer, para os fenômenos

da conduta, um princípio geral que também os

explicasse. Para o behaviorista, o processo de

aprendizagem se resume no problema de criar

condicionamentos entre estímulo e resposta,

entendendo-se por condicionamento a relação

estabelecida entre estímulo e resposta capaz

de produzir modificação no comportamento.

A principal escola rival dos behavioristas, no terreno da

aprendizagem, é a Psicologia de Campo-Gestalt. Esta escola

originou-se na Alemanha, na primeira metade do século XX,

e teve como fundadores os psicólogos Max Wertheimer e Kurt

Koffka.

Para os psicólogos da teoria gestalt, a aprendizagem

ATIVIDADES

1) Procure conhecer as teorias de ensino de Piaget e descubra os seus pressupostos básicos.

2) Destaque as principais implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem. Na internet, visite o site do Centro de Referência Educacional.

3) Piaget afirma que “o principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram”. Emita a sua opinião.

ATE

ÃO

Piaget não propõe um método de ensino, mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resul-tados são utilizados por psicólogos e pedagogos. Desse modo, suas pes-quisas recebem diversas interpretações que se concretizam em propostas didáticas também diver-sas. Sobre o assunto, ver KAMII, Constance. A criança e o número: implicação educacionalista da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas, São Paulo: Papirus, 1991.

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKA pedagogia de Jerome Bruner valoriza a figura do professor dentro da sala de aula, ressaltando que, apesar dos múltiplos recursos didáticos, o professor é o elemento principal do processo do ensino. Um aspecto relevante de sua teoria é que o aprendizado é um processo ativo, no qual aprendizes constroem novas ideias, ou conceitos, baseados em seus conhecimentos passados e atuais. O aprendiz seleciona e transforma a informação, constrói hipóteses e toma decisões, contando, para isto, com uma estrutura cognitiva (esquemas, modelos mentais).

Fonte: http://www.klickeducacao.com

Page 43: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

43PedagogiaUESC

Uni

dade

2

ocorre mediante a percepção, pelo indivíduo, de um todo global

e consiste no desenvolvimento de insights. O ambiente não se

apresenta com estímulos únicos, individualizados. O que existe,

na verdade, são blocos de estímulos que configuram uma

situação geral. Estes blocos de estímulos formam, então, um

campo que age sobre a percepção (GHIRALDELLI JR., 2003).

Os insights diferem da aprendizagem mecânica, baseada

em uma série de tentativas de ensaio e erro, ou descobertas

por acaso. O insight é o momento em que se dá a iluminação

do problema.

Burrhus Frederic Skinner ficou conhecido no

mundo inteiro como uma das principais figuras da

Psicologia do século XX. As experiências efetuadas

por Skinner, com animais inferiores, tais como

ratos e pombos, levaram-no a concluir que as leis

da aprendizagem podem ser aplicadas, em termos

gerais, a todos os organismos, inclusive os seres

humanos. Segundo Skinner, a função do professor

dentro da sala de aula é elaborar um adequado

programa de estudos, de maneira que todas as

respostas desejadas da parte do aluno sejam

convenientemente reforçadas.

Mas, para que isso aconteça, o professor

deverá organizar o seu sistema de ensino dentro

do processo da instrução programada, cujos

princípios básicos são: apresentação do conteúdo

em pequenas doses; exigência de resposta-ativa;

avaliação imediata das respostas fornecidas; e

verificação da aprendizagem.

Em oposição ao movimento behaviorista,

no Século XX, surgem alguns pensadores,

representados por Carl Rogers.

Ele foi um dos mais destacados psicólogos do

século XX e líder da corrente psicológica conhecida

como “a terceira força”, que se caracterizou pela

oposição ao movimento behaviorista. Para Rogers,

a educação poderia ser o grande instrumento de um

novo mundo, mas, para isso, seria necessária uma

ampla revolução de base no sistema educacional

vigente, o qual deveria remover o medo pela aventura

FIGURA 3 - Burrhus Frederic Skinner Fonte: http://commons.activemath.org/ActiveMath2/

content/piaget/pics/burrhus_frederic_skinner.jpg

FIGURA 4 - Carl RogersFonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:8.

Carl_Rogers.jpg

Page 44: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

44 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I Educação medieval e moderna

criativa, repelir as posições rígidas, fechadas e conservadoras

e deveria ser centrada nos alunos que deverão ser estimulados

para que desenvolvam as suas próprias potencialidades, num

clima de liberdade, autorealização e consciência social (ARANHA,

2006).

Vamos concluir esta unidade destacando as influências e

principais contribuições que a Idade Média e Moderna deixaram

para a educação. Podemos afirmar que os movimentos intelectuais

e fatos que se desenvolveram nos séculos XVI e XVII foram

mudando o contorno da realidade social e deixaram contribuições

importantes para os diferentes campos do conhecimento.

A velha concepção de educação, voltada para moral e fé

cristã, é substituída pelo ideal de um novo homem, valorizando a

razão, o conhecimento. Há a separação entre o estado e a igreja;

o desenvolvimento do capitalismo, que favorece o surgimento

das sociedades modernas; o desenvolvimento da democracia e as

reformas sociais, que asseguram a expansão os direitos civis.

Houve ainda, a ampliação do acesso à educação. E, por fim,

podemos destacar as contribuições para os planos teórico e prático.

No plano teórico, a definição do conceito de educação, desenvolvendo

o seu sentido de formação integral da pessoa humana; no plano

prático, houve o aprendizado de práticas metodológicas, com a

organização dos saberes (currículo); novos métodos de ensino;

novas teorias de aprendizagens; e modificações nos conteúdos da

educação.

RESUMINDO

Page 45: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

45PedagogiaUESC

Uni

dade

2

RE

fE

NC

IAS

FONZAR, Jair. Pequena história da educação brasileira: tradicionalismo e modernismo: duas tendências que marcam a filosofia pedagógica brasileira. Curitiba: Scientia et Labor; Editora da UFPR, 1989.

GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2005.

GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.

GHIRALDELLI JR., Paulo. Filosofia e História da Educação Brasileira. Barueri, São Paulo: Manole, 2003.

KAMII, Constance. A criança e o número: implicação educacionalista da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas: Papirus, 1991.

MANACORDA, Amario Alghieri. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 2002.

PILETTI, Cláudio; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. 9. ed. São Paulo: Ática, 1991.

PILLETI, Claudino; PILLETI, Nelson. História da Educação. São Paulo: Ática, 1991.

PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. Tradução de José Severo de Camargo Pereira. 12. ed. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1992 (Coleção Educação Contemporânea)

REIS FILHO, Casemiro dos. Transplante da Educação Européia no Brasil. Revista Brasileira de História da Educação. n. 3. jan./jun.2002.

Page 46: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Suas anotações

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 47: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ao final desta unidade, você deverá:

apontar os aspectos gerais do percurso histórico • da educação brasileira;identificar as múltiplas relações que se • estabelecem entre a sociedade e a educação no seu processo de desenvolvimento em diferentes momentos.

Apresentar principais os fatos sociopolíticos, econômicos e outros que sustentaram a educação brasileira nas fases do Brasil-Colonia, Império e Primeira República.M

eta

Objetivos

3 unid

ade

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASILProfª. Drª. Rachel de Oliveira

Page 48: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 49: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

49PedagogiaUESC

Uni

dade

3

UNIDADE III

INTRODUÇÃO1

Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer

os primeiros fatos históricos da educação brasileira, a partir

dos registros oficiais, considerando que as pesquisas sobre

a cultura indígena são ainda muito escassas, notadamente

no período anterior às grandes navegações, que resultou

na invasão do Brasil. Mas é preciso compreender que a

nossa história não começa com a intervenção européia. Os

portugueses aqui encontraram mais de 200 nações indígenas

que tinham um modo específico de construir seu conhecimento

e de se educar. Conhecerá também as influências e mudanças

que ocorreram no campo da educação no período do Império e

Primeira República, ressaltando o processo de exclusão social

que sempre caracterizou a formação da população brasileira

em relação à educação. Ao mesmo tempo, verá a introdução

de teorias pedagógicas que começaram a quebrar o ritual da

escola tradicional, principalmente a partir da década de 1920.

Page 50: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

50 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I História da Educação no Brasil

A PRIMEIRA FASE EDUCACIONAL NO BRASIL-2 COLONIA

A chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 foi

resultado da disputa entre os países europeus para conquistar

novas terras. Até 1822 Portugal conservou nosso território em

seu poder, escravizando inicialmente índios e, depois, os negros

que foram “libertos” em 1888.

A escravidão foi um fenômeno social de longa duração

utilizado desde a antiguidade por diferentes povos, com o

objetivo expandir seus domínios territorial e econômico, como

ocorreu entre os gregos e os romanos. Até o final do século

XIX, os Estados Unidos da América e diversos países da Europa

utilizaram o mesmo recurso para aumentar suas riquezas.

Mas a escravidão jamais se sustentaria sem o auxílio

de duas poderosas instituições que contribuíram de maneira

decisiva para que o governo de Portugal implantasse à força

sua cultura: a igreja e a escola

Neste período de 1500 a 1822, data da independência do

Brasil, a educação passou por três fases: a do predomínio dos

jesuítas; a da reforma realizada por marquês de Pombal, que

expulsou os jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e a das

reformas promovidas por D. João VI, rei de Portugal, quando

trouxe a corte para o Brasil em 1808.

Na primeira fase do Brasil colônia a educação esteve

nas mãos dos jesuítas que pretendiam por meio da catequese

transformar os indígenas em trabalhadores dóceis que

aceitassem passivamente a cultura europeia em detrimento de

sua própria cultura; esta foi a missão que a coroa portuguesa

confiou à igreja.

O padre Manoel da Nóbrega teve a missão de iniciar a

catequese dos indígenas e formar outros padres. Foi então

que desenvolveu escolas de ordenação, levou a instrução aos

filhos dos colonos brancos que não tinham outra opção escolar

e organizou o primeiro Plano de Ensino. Na primeira etapa o

plano previa o ensino de português, a doutrina cristã a leitura

e escrita, e na segunda, a música instrumental e o canto

orfeônico. Quem quisesse cursar o nível superior deveria

seguir para a Europa ou então se tornar um profissional ligado

à agricultura.

PARA

REF

LETI

R

A libertação dos es-cravos por meio da Lei Áurea assinada pela princesa Isabel continua a ser ques-tionada, tendo em vista que esta medida não proporcionou con-dições para que os negros pudessem ser inseridos dignamente na sociedade.

Page 51: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

51PedagogiaUESC

Uni

dade

3

Os Jesuítas exerceram forte influência na formação da

elite brasileira. Ribeiro (2005) afirma que

(...) a importância social destes religiosos chegou a tal ponto, que se transformaram na única força capaz de influir no domínio do senhor do engenho. Isto foi conseguido não só através dos colégios, como do confessionário, do teatro e, particularmente, pelo terceiro filho, que deveria seguir a vida religiosa (o primeiro seria o herdeiro, o segundo o filho letrado) (p.28).

As escolas jesuíticas eram permeadas pela rigidez do

catolicismo ora vigente. O número de escolas construídas pelos

religiosos era bastante significativo, por volta de 100 instituições,

somando escolas de ler e escrever, seminários, missões,

colégios e residências, embora não haja consenso quantitativo

entre os estudiosos. Mas, na primeira fase do período colonial,

coube praticamente às famílias o ensino das primeiras letras, o

Estado não se responsabilizou pela organização das escolas.

Podemos afirmar que a função da educação na primeira

fase do período colonial era a conversão de almas ao catolicismo,

ao mesmo tempo em que se operavam mudanças culturais

drásticas e mantinha a mão de obra escrava produzindo

riquezas. Estas ações foram lideradas pelos jesuítas.

A FASE POMBALINA3

Como você viu anteriormente, os jesuítas dominaram

a educação, construíram muitas instituições e influenciaram

fortemente pensamento e ações dos senhores do engenho. Os

jesuítas foram também acusados de beneficiarem apenas a

ordem religiosa e impedir o progresso científico. Estas questões

muito desagradaram o governo português que estava arruinado

economicamente e precisava se modernizar para continuar

atuando no mercado europeu. Conforme Ghiraldelli Jr (2003),

(...) a companhia de Jesus foi expulsa de Portugal e do Brasil, quando o marquês de Pombal, então ministro do Estado em Portugal, empreendeu uma série de reformas no sentido de adaptar aquele país e suas colônias ao mundo moderno, tanto do ponto de vista econômico

Page 52: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

52 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I História da Educação no Brasil

quanto político e cultural. Neste último campo, tratava-se da implementação de idéias mais próximas ao iluminismo. Em ambos os países ainda que a mão de obra para o ensino continuasse a ser aquela formada pelos jesuítas, nasceu o que, de certo modo, podemos chamar de ensino público, ou seja, um ensino mantido pelo Estado e voltado para a cidadania enquanto noção que se articularia com o Estado, e não mais um ensino atrelado a uma ordem religiosa que, de fato – como denunciou Pombal -, estava sendo preponderância sobre o Estado (p.8).

No plano do ensino superior as mudanças implantadas

por Pombal foi muito incipiente, os intelectuais continuaram

a terminar os estudos na Europa, mas agora em cursos mais

modernos organizados por partidários do Iluminismo.

Pombal criou o cargo de diretor geral dos estudos

e proibiu o ensino público e particular sem licença deste.

Determinou a prestação de exames para todos os professores

e designou comissários para o levantamento do estado das

escolas. Transformou o currículo do ensino secundário em aulas

avulsas, desarticulando o antigo modelo que tinha como base

a Humanidades. Criou escolas para os nobres e para as classes

pobres com a intenção de modernizar a sociedade brasileira e

fortalecer a metrópole. Ribeiro (2005) destaca que,

(...) do ponto de vista educacional, a orientação adotada foi de formar o perfeito nobre, agora negociante, simplificar e abreviar os estudos fazendo com que um maior número se interessasse pelos cursos superiores; propiciar o aprimoramento da língua portuguesa; diversificar o conteúdo, incluindo o de natureza científica; torná-los os mais práticos possíveis (p.33).

Mas ainda estas mudanças foram insuficientes para de

fato quebrar o elitismo educacional e melhorar as condições

culturais do Brasil, o que começou ocorrer numa nova fase,

com a vinda da família real.

A EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO4

Protegida pela Inglaterra, em 1807, a família real fugiu

de Napoleão, o imperador da França, e veio para o Brasil

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKA principal caracterís-tica do Iluminismo foi a ênfase na razão associado à crença no desenvolvimento humano por meio da educação, da ética, do progresso científico, completamente des-vinculada da religião.

Page 53: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

53PedagogiaUESC

Uni

dade

3

com 15.000 pessoas a

bordo. Este fato mudou

significativamente o

cenário político e cultural

da colônia, provocando

o desenvolvimento da

vida urbana em Vila

Rica, Salvador, Recife,

mas principalmente no

Rio de Janeiro, que se

tornou sede do governo

português. A organização

desta nova sede exigiu a

criação de ministérios e

de vários outros órgãos

da administração pública. Merecem destaque, entre outras, as

instituições descritas abaixo:

a fundação do primeiro Banco do Brasil, em 1808; •

a criação da Imprensa Régia e a autorização para o •

funcionamento de tipografias e a publicação de jornais

também em 1808;

a abertura de algumas escolas, entre as quais duas de •

Medicina – uma na Bahia e outra no Rio de Janeiro;

a instalação de uma fábrica de pólvora e de indústrias de •

ferro em Minas Gerais e em São Paulo;

a vinda da Missão Artística Francesa em 1816, e a •

fundação da Academia de Belas-Artes;

a mudança de denominação das unidades territoriais, •

que deixaram de se chamar “capitanias” e passaram a

denominar-se de “províncias” (1821);

a criação da Biblioteca Real (1810), do Jardim Botânico •

(1811) e do Museu Real (1818), mais tarde Museu

Nacional.

Foram férteis as mudanças no campo da educação, com a

criação de diferentes cursos para atender as novas demandas.

Por exemplo, em razão da necessidade de defesa militar, foi

criado em 1808 a Academia Real da Marinha, no mesmo ano o

Curso de Cirurgia na Bahia, que se instalou no Hospital Militar, e

FIGURA 1 - Chegada da Família Real, Óleo sobre tela (de Geoffrey Hunt), 609 x 914 milímetros - Coleção particular.

Fonte: http://www.arqnet.pt/portal/imagemsemanal/novembro0203.html

Page 54: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

54 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I História da Educação no Brasil

em 1810, a Academia Real Militar. Estas ações e outras similares

representam a inauguração do ensino superior no Brasil.

É a partir da época do Império que o ensino brasileiro se

estrutura em três níveis: primário, secundário e superior. Afirma

a historiadora Ribeiro (2005) que o primário permaneceu um

nível de instrumentação técnica (escola de ler e escrever) e o

secundário continuou com as aulas régias, apesar de serem

criadas, em algumas províncias, as cadeiras de gramática

latina, desenho e filosofia.

Um destaque importante foi a criação do colégio D. Pedro

II no Rio de Janeiro. Inaugurado em 1838, sua função era ser

modelo de ensino secundário, mas, ao longo do império, sofreu

várias modificações e acabou funcionando como uma escola

preparatória para o ensino superior.

Leôncio de Carvalho, ministro do Império e professor

da Faculdade de Direito de São Paulo, mudou o panorama

educacional, em 1879, ao promulgar o Decreto nº 7.247

que instituiu a liberdade do ensino primário e secundário no

município da Corte e a liberdade do Ensino Superior em todo o

país. Conforme Ghiraldelli Jr (2003),

(...) por ‘liberdade de ensino’ a nova lei entendia que todos que achassem, por julgamento próprio, capacitados a ensinar, poderiam expor suas idéias e adotar os métodos que lhes conviessem. [...] Por fim sob a mesma rubrica, a lei entendia que a freqüência aos cursos secundários e superiores era livre, que os alunos poderiam aprender com quem lhes conviesse e, ao final, deveriam se submeter a exames de seus estabelecimentos (p. 13).

Esse autor ainda afirma que, com tal procedimento,

transformou o ensino brasileiro em um ritual de exames,

característica que permaneceu também na Primeira República

e, até hoje, sentimos seus resquícios.

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA 5 REPÚBLICA

Apesar de ter sido resultado do movimento dos militares

e das classes economicamente favorecidas, a proclamação da

República e a consequente queda da monarquia representou

Page 55: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

55PedagogiaUESC

Uni

dade

3

um grande avanço para instalação do processo democrático no

Brasil.

O anseio por mudanças e os conflitos políticos permearam

todo o período de 1889 a 1930, correspondente à fase da Primeira

República, que inicialmente assegurou a descentralização do

poder, o desaparecimento dos títulos de nobreza e o fim do

voto censitário.

A educação passou por algumas mudanças influenciadas

diretamente por dois movimentos denominados “entusiasmo

pela educação” e “otimismo pedagógico”. O primeiro, cujo

foco era a quantidade das instituições educacionais, solicitava

veementemente a abertura de escolas, e o segundo se

preocupava com os métodos e conteúdos do ensino. A força

destes dois movimentos se alternou durante a Primeira e a

Segunda República.

Com o final da Primeira Guerra Mundial e a emergência

dos Estados Unidos da América, o Brasil rapidamente se

tornou credor, dependente cultural e partidário das referências

educacionais norte-americanas. Ghiraldelli Jr (2003) afirma

que,

(...) nesse contexto, absorvemos ou começamos a absorver de modo mais intenso, a literatura pedagógica norte-americana. Esta literatura foi em parte, o conteúdo do movimento do ´otimismo pedagógico`. Não era apenas a abertura de escola que queríamos, mas, como diziam os livros que nos chegavam, era preciso também alterar nossa pedagogia, nossa arquitetura escolar, nossa relação aprendizagem, nossa forma de administrar as escolas e a educação em geral, nossas formas de avaliação, nossa psicopedagogia (p.17).

John Dewey, filósofo norte-americano, tornou-se um

educador de alta referência para os estudiosos brasileiros.

Seus estudos denominados “Pedagogia da Escola Nova” ou

Escolanovismo influenciaram o ciclo de reformas estaduais

da educação que ocorreram na década de 1920. Os maiores

protagonistas desta teoria foram Anísio Teixeira, grande

educador baiano, e Lourenço Filho, que escreveu a obra

Introdução ao estudo da Escola Nova, publicada em 1929.

A Pedagogia da Escola Nova contestava a educação

tradicional, a prática da memorização, do castigo, do conteúdo

RepúblicaPalavra de origem romana res- pública (coisa pública).

Page 56: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

56 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I História da Educação no Brasil

pelo conteúdo, do professor como autoridade máxima. Para a

Escola Nova, educação é sinônimo de vida e o aluno, o centro

da aprendizagem. Conforme Aranha (2006),

(...) ao lado da atenção especial na formação do cidadão em uma sociedade democrática e plural – que estimulava o processo de socialização da criança -, havia o empenho em desenvolver a individualidade, a autonomia, o que só seria possível em uma escola não autoritária que permitisse ao educando aprender por si mesmo, e aprender fazendo (p.263).

Este período foi coroado de reformas, fruto das muitas

discordâncias políticas. Por exemplo, em 1911, Rivadávia

Correia criou uma Lei que desoficializava o ensino, tornava

a presença dos alunos facultativa. Em contraposição, Carlos

Maximiniano, em 1915, reoficializou o ensino e regulamentou o

acesso às escolas superiores, como também reformou o colégio

D. Pedro II.

Em termos de legislações mais duradouras, tiveram

destaque as reformas propostas por Benjamim Constant (1892)

e Rocha Vaz (1925). Benjamin Constant criou o Ministério

de Instrução, Correios e Telégrafos e declarou que o ensino

deveria ser “livre, leigo e gratuito”, passando a exigir o diploma

da escola normal para o exercício do magistério. Rocha

Vaz tentou articular uma direção única entre as propostas

elaboradas pela União e pelos estados, sobre a eliminação dos

exames preparatórios e parcelados e ainda sobre a promoção

da educação primária.

A Primeira República terminou com um quadro educacional

ainda muito tímido. Por exemplo, em 1920, São Paulo, o estado

mais rico da nação não conseguia abrigar mais que 28% da

população em idade escolar; para cada 04 crianças em idade

escolar, uma era analfabeta. Situação que ficou inalterada até

1940, conforme argumenta Ghiraldelli, Jr (2003).

O descontentamento com a Primeira República

desencadeou a revolução de 1930, dando início ao Governo de

Getúlio Vargas, que apesar de conturbado, criou leis e decretos

na área da educação, trabalhista e outras, que até o momento

estão em vigor.

Page 57: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

57PedagogiaUESC

Uni

dade

3

ATIVIDADES

1) Comente sobre as características da educação brasileira no primeiro período da colonização.

2) Porque os jesuítas foram expulsos? 3) Quais foram as mudanças educacionais que caracterizaram o período pombalino?4) Pesquise a situação de instituições brasileiras que permanecem funcionando desde

a época do Império. Cite pelo menos duas.5) Quais os movimentos pedagógicos que influenciaram o debate educacional na

Primeira República? Comente. 6) A primeira República correspondeu os anseios educacionais da população?

Comente.

São de ordem econômica as razões da chegada dos portugueses

ao Brasil. Você viu que a conquista de terras e a colonização

caminharam juntas. E para consolidar este fenômeno os jesuítas

utilizaram a religião, como um modo de educar para a aceitação de

outra cultura.

A principal missão dos jesuítas era a catequização dos índios,

mas não só, naquele período toda a educação brasileira era de base

religiosa, portanto os filhos dos colonos brancos recebiam as mesmas

orientações educacionais, que só mudou com a expulsão dos jesuítas,

por ordem de Marquez de Pombal que criou um novo sistema de

educação considerado laico e com um currículo de bases científicas.

O período do Império trouxe muitas vantagens para a

construção da estrutura cultural do Brasil, incluindo as mudanças

no campo econômico e no educacional. A reforma promovida por

Leôncio de Carvalho, ministro do Império à época, impulsionou a

criação de Escolas de nível Superior em todo o país. Em relação ao

ensino secundário, a novidade foi a criação do Colégio D. Pedro II,

idealizado para ser modelo. Você viu que a Primeira

República foi um período marcado por muitos descontentamentos,

mudanças constantes, mas também avanços na legislação e nos

fundamento pedagógicos da educação brasileira. As ideias de John

Dewey, defendidas por Anísio Teixeira, tornaram-se ponto principal

dos debates realizados na época. Não houve avanço em termos de

acesso da população à escola. O quadro político da Primeira República

desencadeou a Revolução de 1930.

RESUMINDO

Page 58: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

58 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I História da Educação no Brasil

RE

fE

NC

IAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e

da Pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna,

2006.

GIRALDELLI JR, Paulo. Filosofia e História da Educação

Brasileira. São Paulo: Manole, 2003.

RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação

Brasileira. Campinas: Autores Associados, 2003.

Page 59: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Suas anotações

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 60: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 61: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ao final desta unidade, você deverá:

analisar, de forma crítica, as distintas fases da • História da Educação Brasileira;identificar os diferentes aspectos que • caracterizaram o ensino e os movimentos desenvolvidos para a organização, implantação e o desenvolvimento das reformas educacionais nos diferentes períodos históricos.

Fornecer informações que sirvam para alicerçar o processo de construção do conhecimento do aluno sobre a História da Educação para que ele seja capaz de compreender as múltiplas relações que se processaram na constituição da História da Educação Brasileira.M

eta

Objetivos

4 unid

ade

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA SEGUNDA REPÚBLICA

Profª Dra. Eronilda Maria Góis de Carvalho Profª Dra. Raimunda Alves Moreira de Assis

Page 62: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 63: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

63PedagogiaUESC

4

UNIDADE IV

INTRODUÇÃO1

Nesta unidade, inicialmente, você conhecerá as mudanças que

ocorreram na estrutura de poder do país após a Revolução de 1930,

bem como os principais movimentos encetados pela sociedade civil e

pelo estado para o desenvolvimento da educação, considerada como

“salvadora da pátria”. Também verá as contribuições do Manifesto dos

Pioneiros de 1932 para a implantação das reformas do ensino que se

sucederam, além da identificação de alguns aspectos do ensino público

marcado pelo golpe militar de 1964, que buscou restringir a liberdade

política do povo e limitar a autonomia dos educadores e educandos,

além da condução do sistema educacional brasileiro para um modelo de

ensino tecnicista e excludente.

Page 64: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

64 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

A EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 1930 E A 2 REPÚBLICA NOVA

Por que o Brasil mudou radicalmente a sua estrutura

de poder no período pós 30, capitaneado pelo movimento

tenentista? Esse movimento foi uma consequência direta da crise

econômica do setor agroexportador do café, agravada com

a quebra da bolsa de Nova York, de 1929, e o alinhamento

do Brasil a uma nova ordem econômica que se instalava.

Para Ianni (1984), foi a Revolução de 1930 que

alterou as funções e a própria estrutura do Estado Brasileiro,

como consequência da derrota, ainda que parcial, das

oligarquias dominantes até então. As transformações que

se acumularam operaram em favor do surgimento de uma

nova ordem econômica e social, a partir da emergência

de novos grupos e classes sociais urbanas, provocando a

passagem do Estado Oligárquico para um Estado Burguês-

Capitalista, o que tornou possível a reorganização das

relações entre Estado e Sociedade a partir desses novos

parâmetros (FAUSTO, 1985; SODRÉ, 1978; IANNI, 1984).

Saiba, ainda, que essa época ficou conhecida como a “Era

Vargas”, período constituído de três momentos distintos:

o primeiro momento, denominado Governo Provisório, pós-

outubro de 1930; o segundo, após a promulgação da Constituição

de 1934 (governo constitucional); e o terceiro, depois do golpe

de 1937, governo ditatorial, conhecido como “Estado Novo” e

que Vargas comandou até 1945.

Esse período é denominado República Nova, época

em que o Brasil intensificou sua industrialização e, com isso,

a urbanização crescia cada vez mais, principalmente em

cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Essa nova realidade

social exigia mais escolas e mão de obra especializada.

Vargas insistiu num plano de “reconstituição nacional” com

19 pontos. O item sobre a educação dizia da necessidade de

propagar o ensino público, principalmente o ensino técnico-

profissional. Para tanto, estabeleceu um sistema de estímulo e

colaboração direta com os estados. E para colocar em prática a

política formulada, foi criado o Ministério da Instrução e Saúde

Pública em 1930 (GHIRALDELLI JR., 2003, p. 28).

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKO tenentismo foi um movimento político-militar composto principalmente de militares de média e baixa patente do Exército Brasileiro, formado durante os últimos anos da República Velha. O grupo propunha reformas na política e estrutura de poder do país. As principais ações que marcaram o chamado movimento tenentista foram Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, a Revolta Paulista, a Comuna de Manaus, de 1924 e a Coluna Prestes (FAUSTO, 1985).

VO

SABI

A?

No dia 10 de novembro de 1937, o presidente Getúlio Vargas anunciava o Estado Novo, em cadeia de rádio. Iniciava-se um período de ditadura na História do Brasil, que durou até 1945.

Page 65: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

65PedagogiaUESC

4

PRIMEIRAS REFORMAS DE ENSINO DA REPÚBLICA 3 NOVA

Diante desta nova realidade sociocultural

do País, o governo procurou organizar o

ensino. O novo Ministério, sob o comando

do Ministro Sr. Francisco Campos, criado

com poderes amplos e controle sobre o setor

educacional, logo que surge, executa como

uma das primeiras realizações a reforma

conhecida como Reforma Francisco Campos,

que se tornou efetiva através de uma série de

decretos. Conforme Saviani (2004, p. 32), são

eles:

● Decreto n° 19.850 – 11 de abril de

1931: cria o Conselho Nacional de Educação;

● Decreto n° 19.851 – 11 de abril

de 1931: dispõe sobre a organização do

Ensino Superior no Brasil e adota o Regime

Universitário;

● Decreto n° 19.852 – 11 de abril de 1931: dispõe sobre

a organização da Universidade do Rio de Janeiro;

●Decreto n° 19.890 – 18 de abril de 1931: dispõe sobre

a organização do Ensino Secundário;

●Decreto n° 20.158 – 30 de junho de 1931: organiza o

Ensino Comercial, regulamenta a profissão de Contador e dá

outras providências;

●Decreto n° 21.241 – 14 de abril de 1932: consolida

as disposições sobre a organização do Ensino

Secundário.

Mas os educadores brasileiros não

concordavam com estas reformas pontuais,

sobretudo, porque deixavam de lado o

Ensino Primário. Era consenso, entre eles,

a necessidade de uma política nacional de

educação. A Associação Brasileira de Educação

(ABE) realizava congressos anuais e, nesses

eventos, as disputas de propostas eram

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKFrancisco Luís da Silva Campos: formado em Direito, Deputado Estadual e Federal por Minas Gerais. Defendia posições antiliberais, participando das articulações que levaram ao movimento armado de outubro daquele ano, que pôs fim à República Velha, colocando Getúlio Vargas na presidência da República. Assumiu a direção do recém-criado Ministério da Educação e Saúde, em 1930, encarregando-se fazer a reforma do ensino do país. Promoveu, então, a reforma do ensino secundário e universitário no país. Era um conservador, sendo um dos mais importantes ideólogos da direita no Brasil. Foi o responsável pela elaboração da nova Constituição Federal, após o golpe de estado de 1937. Você saberá mais visitanto a página:

http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/

biografias/ev_bio_franciscocampos.htm

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKOs educadores católicos defendiam a educação subordinada aos princípios da doutrina religiosa (católica) além de educação diferenciada para o sexo masculino e feminino e a responsabilidade de educar pertencia à família. Os educadores liberais, defensores dos ideais da “escola nova”, defendiam a laicidade, a coeducação, a gratuidade e o dever do estado em fornecer educação para todos indistintamente de classe. Para maiores detalhes, ler Alencar Francisco et al.: História da Sociedade Brasileira. Cap. “O povo nas ruas”, 1980.

Page 66: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

66 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

acirradas, principalmente entre os católicos e liberais. Em um

dos congressos, o Presidente Vargas e o Ministro Francisco

Campos estiveram presentes e solicitaram aos educadores para

definirem o “sentido pedagógico da revolução”. Um ano depois,

na V Conferência Nacional de Educação de 1932, foi lançado à

Nação o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.

3.1 O manifesto dos pioneiros da Educação

Nova

É um documento conhecido como o “Manifesto de 1932”,

inspirado nas ideias da Escola Nova, cujas bases se aproximam

de diversas tendências de pensamentos, a exemplo do filósofo

John Dewey e do sociólogo francês Émile Durkheim. Segundo

Ghiraldelli Jr., o Manifesto, redigido pelo educador Fernando de

Azevedo, “compunha uma autêntica e sistematizada concepção

pedagógica, indo da filosofia da educação a formulações

pedagógico-didáticas, passando pela política educacional”

(2003, p. 32).

O Manifesto consolidava

a visão de um segmento da

elite intelectual que, embora

com posições ideológicas

diferenciadas, vislumbrava

a possibilidade de interferir

na organização da sociedade

brasileira, do ponto de vista da

educação. Uma das propostas

apresentadas era que o Estado

organizasse um plano geral de

educação e que a escola fosse

única, pública, laica, obrigatória

e gratuita. Isto quer dizer que o

Estado deveria se responsabilizar

pelo dever de educar o povo, sem

distinção de classe social. Dentre

os 26 intelectuais, signatários

do documento, destacamos a

participação efetiva do baiano

LEITURA RECOMENDADA

Para saber mais sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, consultar Otaíza Romanelli (1989), Paulo Ghiraldelli (1990), bem como o site http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm.

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKAnísio Spínola Teixeira: baiano, formou-se em Direito no ano de 1922, sendo logo em seguida convidado a ocupar o cargo Inspetor Geral de Ensino da Bahia, iniciando, assim, a sua carreira de pedagogo e administrador público. Em 1931, tornou-se Secretário da Educação do Rio de Janeiro, realizando uma ampla reforma na rede de ensino, integrando o ensino da escola primária à universidade; ocupou o cargo de conselheiro geral da UNESCO em 1946. No ano seguinte, foi convidado novamente a assumir o cargo de Secretário da Educação da Bahia, período em que criou a Escola Parque, em Salvador, primeiro centro de educação integral do país. Em 1951, assumiu a função de Secretário Geral da CAPES (Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Superior), tornando-se, no ano seguinte, diretor do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos). Em fins dos anos 1950, participou dos debates para a implantação da Lei Nacional de Diretrizes e Bases, sempre como árduo defensor da educação pública. Ao lado de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira foi um dos fundadores da Universidade de Brasília, da qual se tornou reitor em 1963. Após o golpe militar de 1964, foi para os Estados Unidos, lecionando nas Universidades de Colúmbia e da Califórnia. Retornando ao Brasil em 1966, tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas. Morreu em 1971, em circunstâncias consideradas obscuras. Seu corpo foi achado num elevador na Avenida Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Apesar do laudo de morte acidental, há suspeitas de que tenha sido vítima das forças de repressão do governo do General Emílio Garrastazu Médici (FAVERO, M. L. A.; BRITTO, J. M. (Org.) Dicionário de educadores no Brasil: da colônia aos dias atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ; Brasília: MEC/INEP, 1999).

Page 67: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

67PedagogiaUESC

4

Figura 1 - Anísio Teixeira - Imagem da Divisão de Cultura do

Município - Prefeitura de Caetité - Bahia

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:An%C3%ADsioTeixeira.jpg

Anísio Teixeira, além de outras personagens

da intelectualidade brasileira, como:

Fernando de Azevedo, Afrânio Peixoto,

Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de

Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles.

Em 1934, a nova Constituição do

Brasil (a segunda da República) absorveu

pontos importantes sugeridos pelo

Manifesto dos Pioneiros, dispondo, pela

primeira vez, que a educação é direito

de todos, devendo ser ministrada pela

família e pelos Poderes Públicos, princípio

anteriormente atribuído à família. Além do

que o capítulo II da Constituição Federal

fora dedicado inteiramente à educação,

que procurava contemplar os interesses dos

educadores católicos e liberais. Contudo,

esta Constituição teve vida curta, abolida

com o golpe do Estado Novo em 1937.

O ESTADO NOVO E A EDUCAÇÃO4

Getúlio Vargas, alegando a existência de um

suposto plano comunista (Plano Cohen) e aproveitando

o momento de instabilidade política pelo qual passava

o país, aplicou um golpe de Estado, que contou com o

apoio de grande parte da população (principalmente da

classe média com medo do comunismo) e dos militares.

Este período ficou marcado, no campo político, por um

governo ditatorial.

Logo em seguida, o presidente restringiu a

liberdade política e impôs ao País outra Constituição

de tendência fascista, escrita pelo ministro Francisco

Campos e que ficou conhecida como “Polaca”, outorgada

em 10 de novembro de 1937. A orientação político-

educacional que ficou explícita no seu texto indicava,

praticamente, a desobrigação do dever do Estado para com a

educação pública. Por outro lado, orientava a preparação de

um ensino pré-vocacional e profissional. A intenção era manter

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKPlano Cohen - foi um documento escrito pelo capitão integralista Olímpio Mourão Filho - na época membro do Serviço Secreto - a pedido de Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira, de ideologia nacionalista, com a intenção de simular, supostamente para efeitos de estudo, uma revolução comunista no Brasil. O plano foi utilizado pelo governo federal com o objetivo de aterrorizar a população e justificar um golpe de Estado que permitiria a Getúlio Vargas perpetuar-se na Presidência do país.

Page 68: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

68 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

explícito o dualismo educacional. Ou seja, os ricos seguiriam

as escolas propedêuticas e os pobres as escolas profissionais

(GHIRALDELLI JR., 2003, p. 83-84).

A nova Constituição de 1937 restringiu direitos sociais

anteriormente adquiridos, desobrigando o Estado do dever de

ofertar educação para todos indistintamente. O artigo 125 dizia

que a educação integral da prole é o primeiro dever e o direito

natural dos pais. O Estado não seria estranho a esse dever,

colaborando, de maneira principal ou subsidiária, para facilitar

a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da educação

particular (grifo nosso). As reformas educacionais desse período

foram implantadas através das Leis orgânicas do Ensino.

4.1 “Leis” Orgânicas do Ensino

As chamadas “Leis” Orgânicas do Ensino se constituem,

na verdade, num conjunto de

Decretos-Lei elaborados por

uma comissão de “notáveis”,

presidida por Gustavo Capanema

e outorgados pelo presidente

Getúlio Vargas. O objetivo dessas

leis era reformar e padronizar

todo o sistema nacional de

educação, com vistas a adequá-

lo à nova ordem econômica e

social que se configurava no

Brasil naquela época (expansão

do setor terciário urbano,

constituição de uma classe

média, do proletariado e da

burguesia industrial, resultante da intensificação do capitalismo

no país).

Os decretos, desse conjunto conhecido como Reforma

Capanema, são:

● Decreto-lei nº 4.048, de 22/01/1942 – cria o SENAI (Ser-

viço Nacional de Aprendizagem Industrial);

● Decreto-lei nº 4.073, de 30/01/1942 – “Lei” Orgânica do

Escolas Propedêuticas

desenvolviam estudos

nas áreas humana e

científica que precedem,

como fase preparatória e

indispensável, os cursos

superiores de espe-

cialização profissional ou

intelectual.

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKGustavo Capanema Filho: mineiro, formou-se bacharel em Direito em 1924. Em 1934, foi nomeado por Getúlio Vargas para a pasta da Educação e Saúde Pública. Sua gestão caracterizou-se principalmente pela retomada das campanhas sanitárias, promulgação da Lei Orgânica do Ensino Secundário, instituindo um primeiro ciclo de quatro anos de duração, denominado ginasial, e um segundo ciclo de três anos, que podia ser o curso clássico ou o científico, visando à criação da Universidade do Brasil. Contudo, opôs-se à criação da Universidade do Distrito Federal (UDF), concebida por Anísio Teixeira durante a gestão de Pedro Ernesto na prefeitura da capital da República. Em 4 de abril de 1939, inaugurou a Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, que viria a ter profunda influência no ensino médio e superior. Ainda em 1939, foram fundadas a Faculdade Nacional de Arquitetura e a Faculdade de Ciências Econômicas. Também fundou o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), nomeando para sua direção o professor Lourenço Filho, em 30 de julho de 1938. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de março de 1985 (ROMANELLI, 1989; GHIRALDELLI, 1990).

Page 69: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

69PedagogiaUESC

4

Ensino Industrial;

●Decreto-lei nº 4.244, de 09/04/1942 – “Lei” Orgânica do

Ensino Secundário;

●Decreto-lei nº 6.141, de 28/12/1943 – “Lei” Orgânica do

Ensino Comercial;

●Decreto-lei nº 8.529, de 02/01/1946 – “Lei” Orgânica do

Ensino Primário;

●Decreto-lei nº 8.530, de 02/01/1946 – “Lei” Orgânica do

Ensino Normal;

● Decretos-lei nº 8.621 e 8.622, de 10/01/1946 – criam o

SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial);

● Decreto-lei nº 9.613, de 20/08/1946 – “Lei” Orgânica do

Ensino Agrícola.

Como você viu, o governo do Estado Novo, através

dos decretos-leis, organizou o ensino secundário de forma

marcadamente profissionalizante. Este tipo de educação era

destinado para os filhos dos trabalhadores, enquanto que,

para os jovens das classes privilegiadas, criava-se um ensino

propedêutico. Isto porque esta classe iria certamente se

constituir na “elite condutora” do país.

A QUARTA REPÚBLICA E A LEI 4.024/61 5

O Estado Novo findou com a deposição de Getúlio Vargas

em 29 de outubro de 1945. Esse ato foi consubstanciado com a

elaboração de uma nova Constituição (1946), com características

de cunho liberal e democrático, e elegeu-se para presidente da

República, pelo voto direto, o General Eurico Gaspar Dutra.

Na área da Educação, a Constituição determinava

a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dava

competência à União para legislar sobre Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. Além disso, a nova Carta Magna do País fez

voltar o preceito de que a educação é direito de todos, inspirada

nos princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos

Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de

30.

O ambiente político da época estava marcado pelo

populismo que há algum tempo já predominava na cena política

Page 70: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

70 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

do país, principalmente através dos partidos: PSD, PTB e UDN.

Nesse quadro, tramitava no Congresso Nacional a formulação

da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN).

O Ministro da Educação Clemente Mariani (UDN) criou

uma comissão com o objetivo de elaborar um anteprojeto de

reforma geral da educação nacional, presidida pelo educador

Lourenço Filho e, entre seus membros, encontravam-se grandes

representantes do debate educacional da década de

1920 e 1930, tais como: Fernando de Azevedo, Padre

Leonel Franca e Alceu de Amoroso Lima. O anteprojeto

foi elaborado e encaminhado à Câmara Federal, contudo

foi arquivado em 1948 por questões ideológicas em

torno das propostas.

As discussões foram marcadas por lutas ideo-

lógicas, relacionadas com a questão da responsabilidade

do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores

da velha geração de 30, conforme já citamos no

parágrafo acima. Por um lado, tinham-se os defensores

da escola pública gratuita e, por outro lado, os católicos

defensores das instituições privadas de ensino.

O debate sobre a educação ultrapassou o espaço

do Congresso e do poder Executivo e se estendeu por toda a

sociedade. Muitos órgãos assumiram posições diferenciadas,

como a igreja católica, os órgãos de imprensa, associações,

profissionais liberais, surgindo um movimento de Defesa da

Escola Pública, iniciado

em 1959, pelo jornal

“O Estado de S.

Paulo”.

Depois de 13

anos de acirradas

discussões na Câmara

dos Deputados

e no Senado, foi

promulgada a Lei

4.024, em 20 de

dezembro de 1961,

pelo Presidente da

República, João

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKNum primeiro momento, as discussões estavam voltadas às interpretações contraditórias das propostas constitucionais, quando, nesse ínterim (06 anos), o projeto foi extraviado. A discussão recomeça em 1957, após a elaboração de um novo projeto. Mas o processo foi atropelado, em 1958, pelo substitutivo do Deputado Carlos Lacerda (UDN), que alterava substancialmente a proposta original, defendendo o interesse dos donos das escolas privadas.

SAIB

A M

AIS

Figura 2 - Florestan Fernandes.

Fonte: http://cienciassociaispucrs.blogspot.com/

2009_09_01_archive.html

Dentre as variadas ações, podemos destacar o trabalho realizado pelo professor Florestan Fernandes, que iniciou uma jornada de discussões pelo interior do país através de palestras, seminários, encontros etc. Para maiores informações sobre a contribuição deste grande intelectual, visitar página: http://b r. g e o c i t i e s . c o m /dce_ielusc/biografia_florestan.htm

RAAC

a FU V

MK

Page 71: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

71PedagogiaUESC

4

Goulart, prevalecendo as reivindicações da Igreja Católica e dos

donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto

com os que defendiam a escola pública e laica.

Por fim, podemos afirmar que a primeira Lei de Diretrizes

e Bases para a Educação Nacional foi um fato marcante na

História da Educação Brasileira, porque ela conseguiu organizar

o Sistema Nacional de Ensino, pelo menos no seu aspecto

formal, em todos os níveis. Contudo, é bom que fique claro que

a legislação educacional herdada do Estado Novo vigorou até

1961, quando foi aprovada a nova LDB.

A EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL6

O período de 1946 a 1964 foi uma fase especialmente

rica no que diz respeito à atuação de diversos movimentos de

educação popular, e, talvez, o mais fértil quando se trata de

ações no campo da História da Educação. Podemos destacar

alguns fatos marcantes, de modo particular, os destinados

a combater o analfabetismo. Em 1947, foi patrocinada pelo

Ministério da Educação uma campanha de educação de adultos

coordenada pelo Professor Lourenço Filho, até 1950.

Muitos Estados e Municípios desenvolveram ações nesta

direção. Vamos destacar algumas das principais iniciativas.

Em 1950, em Salvador/Bahia, Anísio Teixeira inaugurou

o Centro Popular de Educação e desenvolveu ações de combate

ao analfabetismo; em 1952, em Fortaleza/Ceará, o pedagogo

brasileiro Lauro de Oliveira Lima iniciou uma didática baseada

nas teorias científicas de Jean Piaget, que criou o método

psicogenético, enfatizando o trabalho por equipes em sala de

aula, a partir de situações-problema, que se complexificam

conforme o nível mental da criança, como forma de auxiliar

a aprendizagem. Em 1961, a Prefeitura Municipal de Natal,

no Rio Grande do Norte, também iniciou uma campanha de

alfabetização (De Pé no Chão Também se Aprende a Ler).

A técnica didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire,

propunha-se a alfabetizar adultos analfabetos em 40 horas.

A sociedade civil organizada, também, participou dessa

campanha para desanalfabetizar o País. Tivemos o Movimento

de Educação de Base (MEB), organizado pela Conferência

LEITURA RECOMENDADA

Para obtenção de maiores informações sobre A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4.024/61, você poderá ler Romanelli, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. Vozes, 1989; ou navegar na Internet, digitando palavras básicas sobre o tema em questão.

Page 72: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

72 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a

partir de duas experiências de “educação

radiofônica” realizadas no Nordeste pelas

dioceses de Natal e Aracaju, planejado

para cinco anos, com início em 1961.

Ainda em 1962, foram criados o

Plano Nacional de Educação e o Programa

Nacional de Alfabetização, pelo Ministério

da Educação e Cultura, inspirado no

Método Paulo Freire. Mas todo este

processo de organização popular e de

combate ao analfabetismo teve fim com

o golpe militar de 1964, que abortou

todas as iniciativas de se revolucionar a

educação brasileira, sob o pretexto de

que as propostas eram comunizantes e

subversivas.

Vamos realizar uma pequena pausa

para refletirmos sobre algumas questões

pontuadas até aqui?

ATIVIDADES

Com o Movimento Revolucionário de 1930, o Brasil mudou radicalmente 1.

a sua estrutura político-social, buscando desenvolver novas bases

econômicas, iniciando a industrialização e centralizando o poder

político. Nesse sentido, a educação passou a ser mola propulsora de

desenvolvimento. Comente sobre as principais alterações que ocorreram

no campo educacional.

O Manifesto dos Pioneiros, de 1932, é um programa que foi sugerido 2.

para a educação brasileira. Procure saber se ele ainda é uma proposta

que está em curso ou se os elementos apontados já foram concluídos.

Apresente uma pequena síntese, destacando a importância da 3.

implantação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(Lei n. 4.024/61) para a educação no País.

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKPaulo Reglus Neves Freire - educador brasileiro, nasceu em Recife, em 19 de setembro de 1921, e faleceu em São Paulo, em 2 de maio de 1997. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-

BR&q=PAULO+fREIRE&meta=&aq=f&oq=

Figura 3 - Paulo Freire na biblioteca do Intituto Paulo FreireCreative Commons by-nc-nd 2.5

http://www.paulofreire.org/Crpf/CrpfAcervo000039

Page 73: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

73PedagogiaUESC

4

A D7 ITADURA MILITAR E NOVA REPÚBLICA: CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

Que tal um pouco mais de História e da nossa História?

Para começar essa conversa, o que você conhece da história

da Ditadura Militar e o processo educativo desse período?

Recordemos, então, alguns fatos:

O período entre 1964 a 1985 foi, sem dúvida, um dos

mais significativos e transformadores da história educacional

do Brasil. Uma época marcada pela intervenção militar, pela

burocratização do ensino público, por teorias e métodos

pedagógicos que buscavam restringir a autonomia dos educadores

e educandos, reprimindo à força qualquer movimento que se

caracterizasse como barreira para o pleno desenvolvimento

dos ideais do regime político vigente, conduzindo o sistema de

instrução brasileiro a uma submissão até o momento inigualável

(MANACORDA, 2002).

Instalados no poder e tendo se apropriado de toda a

máquina pública de forma autoritária, os militares, juntamente

com a elite conservadora, esforçaram-se no objetivo de

suplantar qualquer manifestação cultural que pusesse em risco

a sua estrutura ideológica.

Procurou-se evidenciar que a política do governo militar

empenhou-se na destruição cultural das forças que poderiam

resistir à barbárie. Ao se impor pela força, adotando um

modelo consequente e coerente com a Doutrina de Segurança

Nacional, a ditadura mostrou a sua verdadeira natureza em

termos culturais. “Se essa história de cultura vai nos atrapalhar

a endireitar o Brasil, vamos acabar com a cultura durante trinta

anos” (CHIAVENATO, 2004, p. 149).

Os militares incitaram o sentimento de descontentamento

e insegurança da nação, estimulando uma série de expressões

públicas contrárias ao governo Jango e, por consequência,

atingiram o seu principal objetivo: controlar plenamente o

Brasil. Também contaram, num primeiro instante, com o apoio

de vários segmentos civis, inclusive de empresas privadas e

da Igreja Católica. Conscientes das suas metas, utilizaram-se

de um contexto, de um povo, cuja fragilidade era detectada

facilmente em vários setores da sociedade.

A partir de 1968, a ditadura militar, gradativamente,

Page 74: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

74 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

começava a se desprender das forças sociais em que as apoiou,

intensificando suas ações cada vez mais repressoras. Assim,

esta forma adotada pelo regime militar gerou contradições

entre os interesses dos setores sociais e dos militares, que

passaram a cassar os direitos políticos, perseguir e punir quem

se constituísse obstáculo para o sistema.

Nesse sentido, Ghiraldelli (2003) questiona: dentro

de uma perspectiva social, como esse modelo, baseado na

repressão, permeou a mentalidade nacional em meio século

XX? Quais as suas promessas e influências diretas ou indiretas

nos dias atuais? Por que tais acontecimentos se processaram

desta forma?

Com a sede de desenvolvimento econômico, o desejo pelo

poder e como forma de enquadrar a maior parte da sociedade

num sistema político autoritário, os militares desenvolveram

um método de ensino centrado em formar pessoas, não para

a vida social, mas para o mercado de trabalho. Tentaram

adequar o sistema educacional brasileiro aos seus interesses

políticos, firmando diversos convênios, entre eles, o acordo

entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States Agency

of Internatinonal Development (USAID). Conforme Chiavenato

(2004),

[...] o modelo proposto pelo USAID se beneficiou de uma

situação concreta: a ascensão das multinacionais criou

os seus próprios ‘intelectuais orgânicos’, que amoldam

ou cooptam as elites culturais, e estas, por serem ou

sentirem-se ‘elites’, chamam a si a responsabilidade (e

o poder) de ditar as regras da cultura (p. 46).

A parceria MEC-USAID

intencionava, para o País,

uma instrução/educação nos

moldes da educação norte

americana. Pregava-se um

sistema educacional tecnicista,

excludente e sem nenhuma

atenção à educação básica

pública.

SAIB

A M

AIS

RAAC

a FU V

MKA Pedagogia liberal tecnicista aparece nos Estados Unidos, na segunda metade do século XX, e é introduzida no Brasil entre 1960 e 1970. Nessa concepção, o homem é considerado um produto do meio. É uma consequência das forças existentes em seu ambiente. A consciência do homem é formada nas relações acidentais que ele estabelece com o meio ou controlada cientificamente através da educação. “Na tendência liberal tecnicista a educação escolar organiza o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos especificos” (LUCKESI, 1994, p. 60-61). É matéria de ensino apenas o que é redutivel ao conhecimentos que pode ser observado e os conhecimentos decorrem da ciência objetiva. Procure conhecer mais sobre as tendências pedagógicas no Brasil lendo ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo Moderna, 2006.

Page 75: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

75PedagogiaUESC

4

Em suma, não visava desenvolver o senso crítico dos

educandos, nem um entendimento real do seu quadro social

(que são metas básicas da LDB/96), ao contrário, fazia brotar

em cada educando o sentimento involuntário de individualismo,

manifestado através da competitividade gerada pelo sistema,

uma vez que as teorias reprodutivistas propagavam a ideia de

uma “escola reflexo”, fruto da sociedade capitalista.

O Governo Militar, juntamente com outras parcerias,

objetivando pôr em prática os seus planejamentos econômicos

e políticos, reprimiu professores e burocratizou a educação,

incluindo-a numa “linha hierárquica” dentro de um sistema

militar, concorrendo para a constante perda da autonomia

docente.

Com essa política repressora e burocrata, os militares

conduziram o sistema de ensino brasileiro às modificações

em sua estrutura interna e externa, principalmente com a

criação das leis 5.540/68 e 5.692/71, que enfatizam a reforma

universitária e a reforma do ensino do 2º grau, respectivamente

(MANACORDA, 2002).

Paradoxalmente, neste período, deu-se a grande

expansão das universidades no Brasil. E, para acabar

com os “excedentes” (aqueles que tiravam notas

suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam

vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório.

Naquele momento, foi criado o Movimento Brasileiro

de Alfabetização - MOBRAL, para erradicar o analfabetismo

no Brasil, mas esse programa fracassou. E, entre denúncias

de corrupção, foi extinto. É no período mais cruel da ditadura

militar, em que qualquer expressão popular contrária aos

interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência

física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante

desta lei era tentar dar um cunho profissionalizante à formação

educacional.

Dentro do espírito dos slogans propostos pelo governo

militar, como “Brasil grande”, “ame-o ou deixe-o”, “milagre

econômico” etc., planejava-se fazer com que a educação

contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da produção

brasileira. A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a

pressão popular, de vários setores da sociedade, que o processo

Page 76: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

76 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

de abertura política tornou-se inevitável. Mesmo assim, os

militares deixaram o governo através de uma eleição indireta,

mesmo que concorressem somente dois civis (Paulo Maluf e

Tancredo Neves).

ATIVIDADE

1. O objetivo principal da educação não deve ser a transmissão autoritária

de conhecimentos dogmatizados a serem absorvidos passivamente, mas a

preparação de cada ser humano para o diálogo fraterno na construção da

verdade, do bem e da justiça. Você concorda com essa afirmação? Emita a

sua opinião sobre o assunto.

A EDUCAÇÃO E A REPÚBLICA NOVA 8

Você já ouviu falar no período da República Nova? Que tal

aprendermos um pouco mais? Veja então alguns acontecimentos

educacionais desse período.

O Brasil ingressou em um processo de redemocratização,

a partir das eleições ocorridas em 1985, quando o poder militar

se extinguiu. Após 15 de novembro de 1985, foi finalizado o

ciclo da Ditadura Militar no Brasil, ocasião em que o Colégio

Eleitoral em Brasília declarou eleito, para o cargo de Presidente

da República, o candidato Tancredo Neves.

Um dia antes da posse, no dia 13 de março, Tancredo se

encontrava com a saúde bastante debilitada e faleceu no dia

21 de abril, sem ter tomado posse. Naquele momento, o Vice-

Presidente José Sarney tomou posse e deu-se início à chamada

Nova República.

Com o fim do Regime Militar, pensou-se que seria possível

discutir, novamente, as questões sobre educação, de uma

forma democrática e aberta, uma vez que, naquele momento,

a discussão sobre as questões educacionais já havia perdido

o seu sentido pedagógico e assumido somente um caráter

político.

Para que essa abertura acontecesse, de fato, houve

a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do

Page 77: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

77PedagogiaUESC

4

conhecimento, que passaram a falar de educação num sentido

mais amplo do que as questões pertinentes a escola, a sala de

aula, a didática e a dinâmica escolar em si mesma.

Portanto, muitos profissionais da área de Sociologia,

Filosofia, Antropologia, História, entre outras - impedidos

de atuarem em suas funções, por questões políticas durante

o Regime Militar -, passaram a assumir postos na área da

educação.

Em 1985, no Governo Sarney, foi lançada a proposta da

“educação para todos” e de combate à pobreza, chamada “tudo

pelo social”. Logo depois, aconteceu o desenvolvimento da

política educacional com tendência à educação assistencialista

e compensatória – perspectiva “redistributivista” e

“participacionista” - destinada a socorrer e não a resolver os

problemas educacionais existentes (VEIGA, 2007).

O governo Collor caracterizou-se pela inexistência de um

programa de governo para a educação, havendo tão somente a

multiplicação de planos e programas, sem qualquer articulação.

Em 1990, esse governo lançou o projeto de construção de

Centros Integrados de Apoio à Criança (CIACs), inspirados no

modelo dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs),

existentes desde 1982, no Rio de Janeiro. Entretanto, os CIACs,

organizados naquele momento, quase não saíram do papel.

No governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC),

houve um destaque para a criação dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs 1998) e a multiplicação de programas de apoio

à escola e às famílias.

Mesmo com todos os ranços, não se pode esquecer que

a educação brasileira apresentou avanços expressivos nas

últimas décadas do século XX, tais como:

promulgação da Constituição de 1988;•

criação do Estatuto da Criança e do Adolescente •

(ECA/1990);

criação e promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases •

da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96);

reorganização e redefinição das competências do Conselho •

Nacional de Educação (CNE/99);

implantação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento •

do Ensino Fundamental (FUNDEF);

Page 78: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

78 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

elaboração do Referencial Curricular Nacional Para a •

Educação Infantil (RCNEI, 1998);

elaboração e divulgação das Diretrizes Curriculares •

Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI/1999).

Entretanto, muitas dessas conquistas só se efetuaram

no plano legal, deixando uma lacuna e uma enorme frustração

no plano das suas realizações reais.

Para encerrar esta seção, que tal resumirmos esse

momento da História do Brasil e seus reflexos na educação?

A política educacional assume a tendência tecnicista, •

partindo do pressuposto da neutralidade científica,

inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e

produtividade;

a preocupação da escola com a eficácia e a eficiência •

do ensino transforma os conteúdos em técnicas de

planejamento, ensino, materiais instrucionais etc.;

houve uma dicotomia entre teoria e prática;•

houve reformas no ensino de 1º e 2º graus (objetivos, •

estrutura e conteúdos); no ensino superior: Criação da

Lei 5.540/68, que versava sobre o acesso à universidade;

a desmobilização da organização estudantil; os acordos

MEC-USAID;

a partir da metade dos anos 70, houve a abertura •

gradual do processo democrático; contestação do

caráter tecnicista da educação; desvelamento de que

toda prática pedagógica é social e política;

no início dos anos 80 até 85, aconteceram alguns fatos: •

luta pela instalação de uma Nova República; luta dos

educadores pela recuperação da escola pública; luta por

mais verbas para a educação; discussão e disseminação

da concepção crítica de educação, chamada de Pedagogia

Crítica;

nos anos 90, houve uma aceleração do processo de •

globalização do conhecimento e da tecnologia, pondo em

xeque a figura do professor, os cursos de formação e sua

contribuição nesse processo (PILETTI; PILETTI, 1991).

LEITURA RECOMENDADAPara maiores Informações, procure ler: MANACORDA, Mário Alighieri. História da Educação: da antigüidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 2002; e AZEVEDO, Janete M. L. de. A educação como política pública. Campinas: Autores Associados, 2002.

Page 79: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

79PedagogiaUESC

4

Você estudou que o processo de evolução do sistema

educacional tem implicações diretas com os mais variados aspectos

da sociedade brasileira e que os seus sistemas de ensino se

organizam condicionados por um determinado tempo histórico, ou

seja, uma realidade social concreta, sendo o Estado o responsável

pela definição de suas diretrizes e metas que devem estar de acordo

com os interesses em cada momento histórico. Nesse sentido, você

viu que a evolução do processo histórico da educação brasileira

apresentou as virtudes, carências e malefícios no seu processo de

desenvolvimento.

RESUMINDO

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.

AZEVEDO, Janete Lins de. Educação Como Política Publica. Campinas: Autores Associados, 2002.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1989.

CHIAVENATO, Júlio José. O golpe de 64 e a ditadura militar. São Paulo: Moderna, 2004.

FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930: historiografia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1985.

GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2005.

GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.

GHIRALDELLI JR., Paulo. Filosofia e História da Educação Brasileira. Barueri: Manole, 2003.

RE

fE

NC

IAS

Page 80: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

80 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A educação brasileira a partir da segunda república

IANNI, Otávio. Estado e planejamento econômico no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1984.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994

MANACORDA, Amario Alghieri. História da Educação: da

antigüidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 2002.

PILETTI, Cláudio; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da

Educação. 9. ed. São Paulo: Ática, 1991.

RIBEIRO, Maria Luiza Santos. História da Educação

Brasileira: a organização escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez,

1991.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. A História da Educação no

Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1989.

SAVIANI, LOMBARDI; SANFELICE (Orgs.). Liberalismo

e educação em debate. Campinas: Autores Associados,

2007.

SAVIANI, Dermeval et al. O legado educacional do século

XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2004.

SODRÉ, N. W. Formação Histórica do Brasil. 3. ed. São

Paulo: Brasiliense, 1978.

VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo:

Ática, 2007, 328p.

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/renascimento/index.php.

Acesso em 20 abr. 2009.

Page 81: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Suas anotações

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 82: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 83: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Ao final desta unidade, você deverá:

ter uma visão geral do percurso histórico da • educação na Região cacaueira;identificar as principais características que • marcaram o desenvolvimento da Educação na Região.

Apresentar informações básicas a respeito da história da educação regional e desenvolver análises e interpretações sobre a necessidade e importância de se preservar e escrever a memória histórica.M

eta

Objetivos

5 unid

ade

A PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA DA EDUCAÇÃO NA REGIÃO CACAUEIRA

Profª. Drª. Raimunda Alves Moreira de Assis

Page 84: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico
Page 85: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

85PedagogiaUESC

5

UNIDADE V

INTRODUÇÃO1

Nesta unidade, você estudará alguns aspectos históricos

que caracterizam o desenvolvimento da educação na Região

Cacaueira, bem como fatos importantes que se estabeleceram

para constituir as formas de organização e desenvolvimento do

ensino. Também conhecerá alguns movimentos sociais em defesa

da educação, em que a sociedade reivindicava escolas para educar

os seus filhos, material didático, além da expansão e ampliação

do nível de escolarização da população.

Page 86: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

86 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A produção historiográfica da educação na região cacaueira

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA REGIÃO 2 CACAUEIRA: ALGUNS ASPECTOS

O estudo no campo da História da Educação na Região

ainda é muito recente, apresentando muitos percalços a

enfrentar. As limitações são de diferentes ordens. No campo

teórico-metodológico, as poucas produções existentes pecam

pela falta de uma análise contextualizada do quadro educacional.

Também existe carência de um grupo de pesquisadores que

alimentem o interesse individual e coletivo por esta linha

de pesquisa, promovendo debates que ampliem o interesse

de pesquisadores e estudantes no campo historiográfico

educacional.

Mesmo diante dessas carências, já começam a surgir

alguns ensaios de produção científica, nesta linha de pesquisa,

resultantes de trabalhos monográficos e outras formas de

produção, realizados por alunos dos Cursos de Licenciatura em

História e Pedagogia e do curso de pós-graduação lato-sensu

em História Regional, ofertados pela Universidade Estadual de

Santa Cruz (UESC).

Observamos, contudo, que ainda não se privilegia o eixo

da História da Educação, existindo poucas questões estudadas

neste campo do conhecimento. Constatamos que, até o ano de

2000, as informações existentes a esse respeito consistiam de

pequenas notas de autores, informando número de escolas ou

registro de matrícula.

Os primeiros estudos com características acadêmicas são

as pesquisas da professora Raimunda Assis (2000), com a obra

intitulada A Educação em Itabuna: um estudo de organização

escolar: 1906-1930, a do Prof. Arléo Barbosa (2001) sobre a

Evolução da rede pública de Ensino Médio de Ilhéus de 1940 a

1980; e o livro de Maria Luiza Heine sobre o Instituto Municipal

de Ensino Eusínio Lavigne. Estas pesquisas são resultados de

monografias e dissertação de mestrado em educação.

Não temos, até o momento, conhecimento na literatura

regional de publicações sobre a História da Educação na Região

Cacaueira. Nesse sentido, tomamos como referência, para

identificar as principais características que marcaram a história

educacional da Região, os dois maiores municípios: Ilhéus e

Itabuna.

Page 87: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

87PedagogiaUESC

5

Essa foi a estratégia que recorremos para levantar

as principais características que marcaram a história da

educação regional. Isso, certamente, não nos permite fazer

maiores generalizações, porque não se deve perder de vista

as singularidades, o particular de cada localidade. Contudo,

ponderamos que este caminho poderá nos ajudar a identificar

os pontos existentes em comum que unem a educação na

região.

A EDUCAÇÃO EM ILHÉUS3

Os primeiros educadores da Capitania de Ilhéus foram

os jesuítas, que vieram para o Brasil através da Companhia

de Jesus. Eles se instalaram, inicialmente, nas localidades das

sesmarias de Rio de Engenho e Camamu. Segundo Barbosa

(1994),

[...] pode-se afirmar que o primeiro professor de Ilhéus foi o padre Diogo Jácome que, em 1549, veio acompanhado do Pe. Leonardo Nunes e ensinou as

FIGURA 1 - Mapa da cidade de Ilhéus - BA. Fonte: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl

Page 88: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

88 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A produção historiográfica da educação na região cacaueira

primeiras letras e religião. Nesta época, em carta dirigida ao provincial informa Nóbrega: Diogo Jácome que fez muito fruto em ensinar aos moços e escravos (p. 83).

O autor aponta que havia um interesse da população

em alfabetizar os seus filhos e iniciá-los nas “práticas dos bons

costumes”. A primeira escola na região que se tem notícia

surgiu no século XVIII. O ensino ministrado preocupava-se com

a escrita, leitura, gramática latina e religião.

Um fato interessante destacado pelo autor em seu livro

Notícia Histórica de Ilhéus é “que em cada três europeus um

falava Tupy”. Apesar de os Jesuítas terem escrito gramáticas

para facilitar a comunicação entre os colonizados e indígenas,

não introduziram a língua Tupy no processo educacional,

provavelmente ajudando a destruir a característica bilíngue da

população naquela época.

A partir do Decreto de expulsão dos Jesuítas, de 03

de setembro de 1759, houve um agravamento no processo

educacional na Capitania de Ilhéus por muitos séculos, o que

causou descontentamento na população, pois os Jesuítas

cultivaram muito afeto e devoção.

Em 1805, o povo já reclamava ao Príncipe Regente,

D. João, que solucionasse o problema educacional da Vila,

enviando professor para lecionar, “uma vez que a situação da

educação foi agravada em razão da expulsão dos jesuítas do

Brasil, [...] graças as intrigas da Corte de D. José I e do seu

ministro déspota esclarecido Marquês de Pombal” (BARBOSA,

1994, p.84). Este fato teve repercussão internacional, tendo

o pensador Francês Voltaire se manifestado sobre a expulsão,

dizendo ser “um excesso ridículo e absurdo junto ao excesso

de horror”.

Mais de um século depois (1904) é que foi iniciado o ensino

público em Ilhéus. Foi nomeado professor Camuto Trindade

Rosa, assumindo a cadeira de ensino, para os alunos do sexo

masculino, e a professora Isabel Josepha do Nascimento, para

o sexo feminino.

Diante do descaso das autoridades com o quadro

educacional do município, a população e os jornais de oposição

da época começaram a criticar os governantes pela falta

de políticas públicas para a educação. Diziam: ”os chefes

Page 89: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

89PedagogiaUESC

5

políticos nomeados escorados

nas baionetas da política, sem

prestígio e ignorantes, têm

razão de abominar a instrução

que os pode comprometer, e é

por isso que o Sr. Adami difunde

o ensino por meio de alfaiates”

(BARBOSA, 1994, p.84).

O ensino em níveis mais

elevados ao primário foi criado

em 1905. A escola complementar

começou a funcionar sob a

regência do engenheiro Ervídio

Velho, num prédio situado à rua direita do comércio.

Barbosa (1994) ressalta que, na década de 1920,

existia, no município de Ilhéus, cerca de 30 escolas primárias

mantidas pelo município e a rede estadual possuía cinco

escolas elementares e uma

complementar. Como se vê, um

quadro ainda bastante precário

para uma cidade que progredia

a olhos vistos. O autor ainda

afirma que a população

estudantil se ampliava a cada

ano e foi somente a partir

da década de 1960 que os

grupos escolares estaduais e

municipais começaram a surgir

nos bairros e nos distritos de Ilhéus.

O autor pontua que o ensino secundário em Ilhéus

iniciou com o curso normal, no atual Instituto Nossa Senhora

da Piedade, dirigido pelas religiosas ursulinas que chegaram em

1915. Em março de 1920, já iniciavam o curso normal voltado

para jovens da região cujas famílias tinham um alto poder

aquisitivo. A primeira turma de normalista da região diplomou-

se em 1923, num total de seis professorandas.

As classes populares só vieram a ter acesso ao curso

ginasial público em 1939, com a construção do Ginásio Municipal

de Ilhéus, implantado no governo do Dr. Mário Pessoa. Para a

realização da sua construção, foi assegurado o recolhimento de

Figura 2 - Instituto Nossa Senhora da PiedadeFonte: Jamile Ocké

FIGURA 3 - Instituto Municipal de Educação de Ilhéus Eusínio Lavigne

Fonte: http://catucadas.blogspot.com/2009/03/sete-decadas-do-ime.htm

Page 90: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

90 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A produção historiográfica da educação na região cacaueira

uma taxa de 10% de todos os impostos municipais. Em 15 de

março de 1939, foi inaugurado oficialmente o ginásio municipal

com ato solene. Nas palavras de Barbosa (1994), foi “uma

iniciativa de inestimável valor educacional. Foi o 1º Ginásio do

Sul do Estado, daí o grande número de estudantes que nele

ingressaram. O IME honra o ensino do Estado da Bahia” (p.

86).

Na sequência, foram fundados vários outros ginásios:

Centro Educacional Álvaro Melo Vieira (1939), Instituto de

Educação D. Eduardo (1968), Ginásio Afonso de Carvalho

(1969), Centro Integrado de Educação Rômulo Galvão (1964).

Hoje, o quadro educacional do município apresenta novas

características, é ofertada a escolarização às diferentes camadas

da população, tanto da cidade como do campo, interiorizando a

sua ação nos diferentes níveis e modalidades de ensino.

A EDUCAÇÃO EM ITABUNA4

O ensino de Itabuna, na sua primeira fase (1906 a 1930),

é caracterizado pela organização e evolução do seu sistema de

ensino primário, demarcado pela necessidade de as famílias

FIGURA 4 - Mapa da cidade de Itabna - BA. Fonte: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl

Page 91: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

91PedagogiaUESC

5

dos coronéis e dos grandes comerciantes exportadores de

cacau terem escolas para os seus filhos. Este segmento social

patrocinou o surgimento das primeiras escolas no município,

contratando professores e cedendo espaços (privados) para

instalação de escolas, a fim de que os seus filhos pudessem

estudar sem precisar sair para outros centros urbanos mais

desenvolvidos. Outras instituições estabeleciam convênios,

sendo parte das despesas subsidiadas pelo município (ASSIS,

2000).

Nesse sentido, esses segmentos responsabilizavam-se

em suprir o dever constitucional do Estado de fornecer educação

para todas as crianças em idade escolar. As fontes apontaram

que esta não era uma particularidade somente do Município

de Itabuna. Foi uma característica que também marcou o

desenvolvimento do ensino nos demais municípios da região.

Outra característica da rede de ensino era a falta de

vagas para demanda potencial. Na década de 1920, a demanda

efetiva de crianças de 07 a 14 anos nas escolas era de 4.893 e o

número de vagas ofertadas, no município, era somente de 2.250

vagas, ficando um número expresso de crianças sem estudar e,

certamente, eram as crianças das classes populares.

Acrescente-se, também, ao quadro geral do ensino, a

precariedade das instalações físicas e mobiliárias das escolas,

de tipos: isoladas e reunidas, funcionando em casas ou salas

improvisadas (galpões, barcaças, vagões da estrada de ferro

etc.). O ensino era ministrado por professores leigos, em salas

mistas e multisseriadas, com uma programação para atender

alunos da 1ª a 4ª séries. Acrescente-se a estas precariedades as

dificuldades para assegurar a educação do campo decorrentes

da falta de transportes, moradia, distância das fazendas,

forma de locomoção e os baixos salários que os professores

recebiam.

O primeiro grupo escolar primário público de Itabuna foi

a Escola Lucia Oliveira, inaugurada no ano de 1935, com um

atraso histórico de quase 40 anos em relação ao primeiro grupo

escolar do Brasil e de 20 anos em relação a Ilhéus, município

vizinho.

No segundo período, entre 1930 a 1945, as mudanças

foram pontuais e singelas. A prioridade estabelecida para

educação de Itabuna passou a ser a ampliação do nível da

Page 92: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

92 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A produção historiográfica da educação na região cacaueira

escolarização dos alunos. Em

outras palavras, o foco das

políticas públicas voltava-se

para a implantação de cursos

mais elevados. Certamente

essa política visava atender os

interesses de uma determina

classe social, cujos filhos já

haviam ultrapassado a primeira

etapa do ensino elementar

(primário) e precisavam

ingressar no ginásio. Isso

aprofundava o nível de exclusão

social.

É oportuno lembrar o

silêncio e a falta de informações existentes sobre as questões

da educação na região e, de modo especial, em Itabuna, como

já apontamos inicialmente. Os únicos dados que conseguimos

garimpar foram por meio da Profa. Maria Palma Andrade, no

seu livro Itabuna: estudo monográfico, onde apresenta alguns

dados a partir do ano de 1960. Fica, portanto, um grande vazio

de informações e que, certamente, precisa ser preenchido.

A autora informa que foi nesse período que o Município

de Itabuna ampliou a sua rede de escolas em nível primário

e médio, sendo construídos alguns novos grupos escolares

pelo Estado; outras escolas foram agrupadas em espaços mais

adequados, além de assinaturas de convênios com Instituições

da sociedade civil organizada para ampliar o número de escolas.

Ainda aponta que, no ano de 1972, o município tinha um total

de 19.204 alunos cursando o ensino primário e, no nível do

ensino ginasial e médio (nos diferentes cursos), existia um

contingente de 7.663 alunos.

Ressalta, contudo, que o crescimento da população era

cada vez maior, havendo a necessidade de serem criados mais

estabelecimentos de ensino em diferentes níveis, para que

toda a população em idade escolar pudesse frequentar escolas

(ANDRADE, 1972, p. 63-64).

As fontes apontaram que esse desejo pelo aumento do

nível de escolarização não era uma ação isolada do Município

de Itabuna. Esse movimento era um anseio da Região e

FIGURA 5 - Inauguração do Grupo Escolar Lucia OliveiraFonte: Acervo da Fundação Henrique Alves de Itabuna - Ba - 2000

LEITURA RECOMENDADA

Para uma análise mais detalhada do estudo, você pode consultar diretamente. ASSIS, Raimunda Alves Moreira de. A Educação em Itabuna: um estudo da organização escolar: (1906/1930). Ilhéus, BA: Editus, 2006, tese de Doutorado em Edu-cação realizada na Universidade Federal Fluminense (UFF), con-cluída em 2008.

Page 93: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

93PedagogiaUESC

5

envolvia pessoas das cidades circunvizinhas e de diferentes

organizações sociais. Destacamos algumas personalidades,

consideradas da “elite intelectual” da época dos dois municípios

de maior prestígio econômico na região, em Ilhéus, Dr. Álvaro

Melo Vieira, Dr. Mário Pessoa e o Dr. Eusínio Lavigne, e, em

Itabuna, Aziz Maron, Dr. Gileno Amado, D. Amélia Amado, Dr.

Claudionor Alpoim, entre outros (ASSIS, 2000).

O ENSINO SUPERIOR5

Após vários anos de reivindicação das comunidades da

região cacaueira para instalação de faculdades de nível superior,

instalou-se no município de Ilhéus, na década de 60, a primeira

instituição de nível superior na região, a Faculdade de Direito

de Ilhéus, posteriormente a Faculdade de Filosofia de Itabuna

e Faculdade de Ciências Econômicas de Itabuna, com decreto

para funcionamento nos anos 1968 e 1970, respectivamente.

Posteriormente estas instituições congregaram-se

formando a Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e

Itabuna – FESPI, através de uma fundação de natureza privada.

Em 06 de dezembro de 1991, foi incorporada ao quadro das

escolas públicas de 3º grau da Bahia, transformando-se em

Universidade Pública, denominada Universidade Estadual de

Santa Cruz – UESC. Desde então, vem ampliando os serviços

prestados, oferecendo diversos cursos, com atividades no

campo do ensino, pesquisa e extensão.

Atualmente já são oferecidos 29 cursos de graduação e

de pós-graduação, Lato Sensu (21) e Stricto Sensu, sendo 11

cursos de mestrado e um de Doutorado. Muitos destes cursos

vêm sendo referência em nível estadual e nacional, atendendo

um número crescente de estudantes da região cacaueira

e de outros estados. A UESC já graduou, no seu período de

funcionamento mais de 15.550 estudantes. (Fonte: Jornal da

Universidade Estadual de Santa Cruz Ano XI – No. 108/2009).

Até a década de 1990, além da UESC, existia a Faculdade

de Educação Montenegro, reconhecida pelo MEC, através

do Decreto nº. 97.787. É uma instituição de direito privado,

situada no município de Ibicaraí. Atualmente vem oferecendo os

cursos de Educação Física; Pedagogia; Turismo; e Secretariado

Page 94: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

94 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A produção historiográfica da educação na região cacaueira

ATIVIDADE

Executivo; além de diversos cursos de pós-graduação em

convênio com outras Instituições.

Recentemente as instituições de nível superior privadas

vêm se multiplicando na região, como consequência de uma

política pública implantada em todo o País. E, pelo que podemos

observar, este mercado cresceu de forma abusiva, tornando-se

um bom negócio empresarial, resultado da política neoliberal

implantada no país, principalmente a partir do governo de

Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).

Portanto, cabe à sociedade avaliar esta nova fase da

educação: se é algo para democratizar ou se para mercantilizar

o ensino na lógica do lucro, o que deixa a educação à mercê

das incertezas do mercado. Cabe também a você, estudante,

refletir sobre essa situação, pois as consequências vão definir,

em muito, o seu futuro profissional.

1. Apresente, em linhas gerais, a evolução do sistema público de ensino de seu Município, destacando:

o contexto histórico da época;a) o número de habitantes, por faixa etária, de pessoas analfabetas, o número b) de ações educativas do Município, conselhos existentes etc.;a organização do Sistema de Ensino, número de alunos no meio rural e c) urbano, escolas, espaço físico das escolas, professores;desempenho escolar, número de alunos matriculados, aprovados, reprovados, d) distorção série/idade etc.

Page 95: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Uni

dade

95PedagogiaUESC

5

Você viu, nesta unidade, as principais características históricas

que marcaram o início da implantação do processo educacional

na região cacaueira. Ele foi marcado por um processo precoce

de implantação do ensino, que teve início a partir da chegada da

Companhia de Jesus à Capitania Hereditária de São Jorge dos Ilhéus

em 1549. Viu que as primeiras escolas implantadas foram instituições

religiosas, o que, de certa forma, retardou o desenvolvimento

educacional na região por muitos séculos.

No decorrer da implantação do processo educacional, o projeto

que se desenhou para desenvolver o ensino foi de caráter privatista,

voltado para atender os interesses das famílias que tinham um alto

poder aquisitivo. No bojo desse projeto, algumas Instituições da

sociedade civil, sem fins lucrativos, como Rotary Clube, Sociedade

São Vicente de Paula, Maçonaria Itabunense incubiram-se de construir

algumas escolas, permitindo, assim, que as classes populares

passassem a ter acesso ao ensino primário.

O desejo da população pelo aumento do número de vagas e

ampliação dos níveis de escolaridade na região era uma realidade

presente nos diferentes documentos pesquisados. Isso começa a

acelerar somente na década de 1970, quando são instalados muitos

grupos escolares em várias cidades da região.

Como parte desse projeto de expansão do ensino na região,

surgiram as primeiras instituições de ensino superior (particulares)

nas cidades de Ilhéus e Itabuna, transformadas, em 1991, em

Universidade pública - a Universidade Estadual de Santa Cruz.

Atualmente a educação na região encontra-se em franco

processo de expansão nos seus diferentes níveis de ensino. Contudo,

não podemos afirmar que todas as pessoas têm possibilidades de

ter acesso a eles. Por outro lado, ainda é possível identificar que o

seu processo de ampliação é marcado por carências de diferentes

naturezas: infra estrutura escolar; permanência dos alunos nas

escolas; qualidade do ensino; e formação de professores.

Por fim, acrescentamos que o estudo sobre a História Regional

ainda é muito lacunoso. Por conseguinte, temos o desafio de motivar

os pesquisadores, professores e estudantes a se debruçarem

sobre as fontes primárias e secundárias, ou mesmo fontes orais

(praticamente as únicas existentes nos municípios), com a finalidade

de criar grupos de pesquisas para produzirem novos conhecimentos

no campo da História da Educação Regional para que venhamos a

suprir este quadro de carência hoje existente.

RESUMINDO

Page 96: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

96 Módulo 1 I Volume 3 EAD

História da Educação I A produção historiográfica da educação na região cacaueira

RE

fE

NC

IAS

ALVES, Gilberto Luiz. Nacional e Regional na História Educacional Brasileira: uma análise sob a ótica dos Estados mato-grossenses. In: Educação no Brasil: história e historiografia/Sociedade Brasileira de História da Educação (Org.). Campinas: Autores Associados, SBHE, 2001.

ASSIS, Raimunda Alves Moreira de. A Educação em Itabuna: um estudo de organização escolar, 1906-1930. Ilhéus - BA: Editus, 2006.

AZEVEDO, Janete Lins de. Educação Como Política Pública. Campinas: Autores Associados, 2002.

BARBOSA, Carlos Roberto Arléo. Notícia histórica de Ilhéus. 3. ed. Itabuna: Colorgraf, 1994.

HEINE, Maria Luíza. IME: o sonho de Euzínio Lavigne 1939 – 1999: 60 anos de História. Ilhéus, BA: Editus, 2000.

REIS FILHO, Casemiro dos. Transplante da Educação Européia no Brasil. Revista Brasileira de História da Educação, n. 3. jan./jun. 2002.

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/renascimento/index.php.Acesso em 20 abr. 2009.

Page 97: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico

Suas anotações

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 98: Universidade Estadual - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/pedagogia/reoferta/historia-educacao.pdf · 3 GRÉCIA - BERÇO CIVILIZATÓRIO DA HUMANIDADE O diálogo realizado no tópico