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UN PROGRAMA DE CURSO DE ESPE M ELABORAÇÃO DE PORTUGUÊ NIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES E PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA PECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TR MARIA ESTER CAMPOS MONTEIRO E VERBETES PARA UM GLOSSÁRIO S ÊS-FRANCÊS DE TERMOS FUTEBOLÍS FORTALEZA 2013 0 A APLICADA RADUTORES SEMIBILÍNGUE STICOS

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE PÓSCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TRADUTORES

MARIA ESTER CAMPOS MONTEIRO

ELABORAÇÃO DE VERBETES PARA

PORTUGUÊS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TRADUTORES

MARIA ESTER CAMPOS MONTEIRO

ELABORAÇÃO DE VERBETES PARA UM GLOSSÁRIO SEMIBILÍNGUE

PORTUGUÊS-FRANCÊS DE TERMOS FUTEBOLÍSTICOS

FORTALEZA 2013

0

GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TRADUTORES

UM GLOSSÁRIO SEMIBILÍNGUE

DE TERMOS FUTEBOLÍSTICOS

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MARIA ESTER CAMPOS MONTEIRO

ELABORAÇÃO DE VERBETES PARA UM GLOSSÁRIO SEMIBILÍNGUE

PORTUGUÊS-FRANCÊS DE TERMOS FUTEBOLÍSTICOS

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Tradução. Orientadora: Profa. Ms. Romi Gläser

FORTALEZA 2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário Responsável – Dóris Day Eliano França – CRB-3/726

M775e Monteiro, Maria Ester Campos

Elaboração de verbetes para um glossário semibilígue português-francês de termos futebolísticos. / Maria Ester Campos Monteiro. – 2013.

CD-ROM. 58 f. ; (algumas color.) : 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho

acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”.

Monografia (especialização) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Curso de Especialização em Formação de Tradutores do POSLA da Uece, Fortaleza, 2013.

Orientação: Profa. MS. Romi Gláser. 1. Futebol. 2. Terminologia. 3. Terminografia. 4. Linguística de

corpus. 5. Glossário. I. Título.

CDD: 418.02

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“O anjo de pernas tortas

A um passe de Didi, Garrincha avança Colado o couro aos pés, o olhar atento Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança Mais rápido que o próprio pensamento

Dribla mais um, mais dois; a bola trança Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita

Em ato de morte se levanta e grita Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: – Goooool!

É pura imagem: um G que chuta um o Dentro da meta, um 1. É pura dança!”

Vinícius de Moraes

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo proceder à elaboração de verbetes para um glossário semibilíngue português-francês sobre um léxico temático preliminar na área futebolística a partir de termos pesquisados em corpora jornalísticos escritos que tratam de comentários de partidas e transmissões sociais nessas duas línguas, cujos resultados visam subsidiar uma posterior proposta de preparação de um glossário português-inglês-espanhol-francês de futebol. Em sua fundamentação teórica, baseia-se em autores da Lexicografia, da Terminologia e da Terminografia como Krieger e Finatto (2004), Welker (2004), Pontes (2009), Benito (2008), além de Sardinha (2004) e Tagnin (2009), no que se refere à metodologia do trabalho. Mediante a exploração dos corpora coletados, foram preparadas listas de frequência e listas de palavras-chave pelo programa WordSmith Tools, que permitiram a seleção das palavras candidatas a termos com seus equivalentes, organizadas em seguida em fichas terminológicas, que propiciaram a elaboração dos dez verbetes iniciais da microestrutura para o glossário demonstrativo. Destina-se a estudantes e professores interessados em estudos de Terminologia, Terminografia, Linguística de Corpus e Tradução. Com a motivação do momento da Copa do Mundo de Futebol a ser disputada em 2014 no Brasil, inclusive em Fortaleza, o glossário resultante deste trabalho se destina principalmente aos usuários especialistas em futebol durante a Copa, ultrapassando os meios acadêmicos, tendo em vista a necessidade de competência na comunicação interlinguística que o evento exigirá. Palavras-chave: Futebol. Terminologia. Terminografia. Linguística de Corpus. Glossário.

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RÉSUMÉ

Ce travail a le but de procéder à l’élaboration des articles pour un glossaire semi-bilingue portugais-français à propos d’un lexique thématique préliminaire dans le domaine du football à partir des termes extraits des corpus journalistiques écrits qui traitent des commentaires sur des matches et des transmissions sociales dans ces deux langues, dont les résultats vont contribuer à une proposition postérieure de préparation d’un glossaire portugais-anglais-espagnol-français du football. Dans ses fondements théoriques, il se base sur des auteurs du domaine de la Lexicographie, de la Terminologie et de la Terminographie tels que Krieger et Finatto (2004), Welker (2004), Pontes (2009), Benito (2008), ainsi que Sardinha (2004) et Tagnin (2009), en ce qui concerne la méthodologie du travail. Face à l’exploitation des corpus collectés, des listes de fréquence et des listes de mots-clé ont été préparées par le logiciel WordSmith Tools et ont permis la sélection des mots candidats termes avec leurs équivalents. A la suite, l’organisation des fiches terminologiques correspondantes a permis l’élaboration des dix premiers articles de la microstructure du glossaire pilote. Il est destiné aux étudiants et aux professeurs intéressés aux études de Terminologie, de Terminographie, de Linguistique de Corpus et de Traduction. En outre, vu la motivation du moment de la Coupe du Monde de Football qui sera disputée en 2014 au Brésil, à Fortaleza y compris, le futur glossaire résultat de ce travail sera destiné surtout aux usagers spécialistes en football pendant la Coupe, dans une perspective qui dépasse les milieux académiques, face aux besoins de compétence dans la communication interlinguistique que cet événement exigera. Mots-clés : Football. Terminologie. Terminographie. Linguistique de Corpus. Glossaire.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Janela inicial com as três ferramentas do WordSmith Tools. .................... 28

Figura 2 - WordList nas opções Setting e Choose Texts. ......................................... 29

Figura 3 - A janela Choose Texts com os arquivos disponíveis armazenados e selecionados. ............................................................................................................ 29

Figura 4 - Tela Getting Started com a opção Make a wordlist now. .......................... 30

Figura 5 - Lista das 32 palavras mais frequentes em língua francesa do corpus de futebol gerada pela WordList. .................................................................................... 30

Figura 6 - Lista das 32 palavras mais frequentes no português do Brasil do corpus de futebol gerada pela WordList. .................................................................................. 321

Figura 7 - Keywords nas opções File e New. ............................................................ 32

Figura 8 - Keywords com a janela Getting started e a opção Make a keyword now. 32

Figura 9 - Primeiras palavras-chave (Keywords) em língua francesa do corpus de futebol. ...................................................................................................................... 33

Figura 10 - Primeiras palavras-chave (Keywords) no português do Brasil do corpus de futebol................................................................................................................... 33

Figura 11 - A janela File – Getting started da ferramenta Concord. .......................... 34

Figura 12 - Seleção de linhas de concordância (Concord) para o equivalente “but” da palavra candidata a termo “gol”. ................................................................................ 34

Figura 13 - Seleção de linhas de concordância (Concord) para a palavra candidata a termo “gol”. ................................................................................................................ 35

Figura 14 - Lista de clusters apresentando colocações com o equivalente “but” da palavra candidata a termo “gol”. ................................................................................ 35

Figura 15 - Lista de clusters apresentando colocações com a palavra candidata a termo “gol”. ................................................................................................................ 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Palavras candidatas a termos e seus equivalentes. ................................ 38

Tabela 2 - Termos e equivalentes dos dez verbetes demonstrativos. ....................... 39

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

1.1. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 10 1.2. QUESTÕES DE PESQUISA ................................................................................... 11 1.3. OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS .................................................................... 12

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ............................................................................... 13

2.1. DICIONÁRIOS E GLOSSÁRIOS .............................................................................. 13 2.1.1. Do princípio lexicográfico ao terminográfico ............................................. 13 2.1.2. Sobre a tradução ...................................................................................... 15

2.2. DICIONÁRIOS E GLOSSÁRIOS: TIPOLOGIA ............................................................. 16 2.2.1. Os monolíngues ........................................................................................ 16 2.2.2. Os bilíngues, os semibilíngues, os multilíngues e os semimultilíngues .... 16

2.3. DICIONÁRIOS E GLOSSÁRIOS: ESTRUTURAS INTERNAS .......................................... 19 2.3.1. A macroestrutura ...................................................................................... 19 2.3.2. A microestrutura e seus componentes ...................................................... 20

3. METODOLOGIA PARA A ELABORAÇÃO DO TRABALHO ............................... 25

3.1. LINGUÍSTICA DE CORPUS.................................................................................... 25 3.1.1. A representatividade e a constituição do corpus ...................................... 26 3.1.2. O programa WordSmith Tools .................................................................. 28

3.2. PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 28 3.2.1. O processo para a escolha dos termos .................................................... 29 3.2.2. A terminologia direcionada pelo corpus .................................................... 37 3.2.3. A lista de palavras candidatas a termos ................................................... 38

4. PROPOSTA DE PRODUÇÃO DA MICROESTRUTURA PARA O GLOSSÁRIO 40

4.1. O PERFIL DO USUÁRIO ........................................................................................ 41 4.2. AS FICHAS TERMINOLÓGICAS .............................................................................. 41 4.3. OS VERBETES DEMONSTRATIVOS PARA A MICROESTRUTURA ................................. 43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

APÊNDICE ................................................................................................................ 51

ANEXOS....................................................................................................................56

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil será o país-anfitrião da vigésima edição da Copa do Mundo da

Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), a ser disputada entre junho e

julho de 2014, em 12 cidades das cinco regiões do país, inclusive em nossa capital,

Fortaleza.

De forte impacto no desenvolvimento econômico, social, esportivo e político

do país, este evento esportivo será “ferramenta importante para promover uma

transformação social”, nas palavras do então presidente da Confederação Brasileira

de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira1.

O país receberá turistas, jornalistas e especialistas em futebol do mundo

inteiro, na expectativa de que, em um mês, 500.000 turistas acorram às cidades

onde acontecerão os jogos. É preciso então que se prepare não só o lado material –

estádios e obras de infraestrutura – mas também o lado imaterial da Copa,

orientando a população e capacitando as pessoas que nela trabalharão para atender

com eficiência a esse público.

Com a motivação do momento da Copa e a necessidade de competência na

comunicação interlinguística que dela decorrerá, surgiu a ideia de preparar o

presente trabalho que se constitui da elaboração de verbetes para um glossário

semibilíngue, tendo como língua de partida o português do Brasil, por ser a língua do

país-sede da Copa em 2014, e como língua de chegada o francês, sobre um léxico

preliminar na área futebolística a partir de termos pesquisados em corpora

jornalísticos escritos que tratam de comentários e resultados de partidas e de

transmissões sociais.

Observando colocação de Krieger e Finatto (2004, p.51), segundo a qual

glossário “costuma ser definido como repertório de unidades lexicais de uma

especialidade com suas respectivas definições ou outras especificações sobre seus

sentidos”, os resultados do presente estudo visam subsidiar a proposta de

elaboração de um glossário português-inglês-espanhol-francês de futebol, a ser

posteriormente realizado com duas colegas também concludentes do Curso de

Especialização em Formação de Tradutores, promovido pelo Programa de Pós-

Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O

glossário se destinará a usuários especialistas em futebol durante a Copa, 1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_do_Mundo_FIFA_de_2014. Acesso em: 31 de maio de 2012.

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contribuindo como elemento facilitador para o acesso e o intercâmbio de

informações técnicas interlinguísticas que, de outro modo, seriam muito mais

difíceis. Destinar-se-á também a estudantes e professores interessados em estudos

de Terminologia, Terminografia, Linguística de Corpus e Tradução.

Além da introdução, contendo a justificativa, as questões de pesquisa, e os

objetivos geral e específicos que nortearam seu planejamento; e das considerações

finais, onde se apresentam os resultados da pesquisa empreendida, o presente

trabalho se compõe das seguintes três partes: os fundamentos teóricos que

respaldaram os estudos léxico-terminológicos visando a elaboração do referido

glossário; a metodologia, onde, seguindo os princípios da Línguística de Corpus, se

apresentou o processo de coleta e tratamento dos dados realizado com o auxílio do

programa WordSmith Tools (WST); e a proposta de produção da microestrutura do

glossário pretendido, mediante a apresentação de dez verbetes demonstrativos.

Contém ainda a bibliografia com as referências citadas; apêndice, com as fichas

bibliográficas, e anexo, com dados dos jornais eletrônicos brasileiros e franceses

consultados.

Estão apresentadas a seguir a justificativa, as questões de pesquisa e os

objetivos geral e específicos constitutivos do projeto de pesquisa, para os quais o

desenvolvimento do presente trabalho buscou trazer confirmação e respostas.

1.1. Justificativa

Muitos dos glossários existentes não se referem a termos usados no meio

futebolístico ou oferecem equivalentes que podem não ser os mais adequados ou

não oferecem equivalentes tradutórios de uma língua para outra. Seemann

(2008, p.3) dá um exemplo de limitação ao buscar em espanhol um equivalente para

“gol contra”, o gol marcado por um jogador contra seu próprio time: dicionários

bilíngue, monolíngue e bilíngue on-line, por tratarem, sobremodo, dos termos gerais

falados em uma língua, nada mencionaram a respeito. De forma similar, dicionários

bilíngues e semibilíngues consultados nada informaram sobre o equivalente em

francês: but contre, encontrado apenas em dicionário monolíngue e bilíngue on-line.

Além disso, como assinala Seemann (2008, p.4), há as diferenças entre o francês

falado na França, alvo no presente trabalho, e o francês dos demais países

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francófonos, a exemplo de autogoal usado na Bélgica e na Suíça para expressar

“gol contra”. Tais especificidades podem gerar dificuldades para a comunicação

entre usuários especialistas em futebol ou para o trabalho de tradutores.

Baseado em corpora jornalísticos escritos que tratam de comentários e

resultados de partidas e de transmissões sociais, produzidos em linguagem natural e

constituindo textos autênticos coletados em situações de uso, o presente trabalho

pode propiciar, conforme afirma Seemann (2008, p.5), “uma identificação mais

adequada de termos cotidianos do futebol não contemplados pelos dicionários ou

contemplados de forma limitada”.

Dentro desse propósito, o futuro glossário semimultilíngue, produto da

elaboração de uma microestrutura em português–francês, aqui apresentada de

forma demonstrativa, em português-inglês e em português-espanhol apresentadas

nas monografias das duas colegas também concludentes do citado Curso de

Especialização em Formação de Tradutores, devido à sua potencial aplicabilidade,

poderá contribuir, além dos limites acadêmicos, para a competência da comunicação

técnica interlinguística, por ocasião da Copa do Mundo de 2014.

1.2. Questões de Pesquisa

Preparar os referidos verbetes semibilíngues em português do Brasil -

francês sobre um léxico preliminar na área futebolística a partir de termos

pesquisados em corpora jornalísticos escritos, visando subsidiar a citada proposta

de glossário do futebol para a Copa do Mundo de 2014, gerou os seguintes

questionamentos:

• Como organizar sistematicamente a terminologia do futebol numa

perspectiva semibilíngue e posteriormente semimultilíngue?

• Como analisar cientificamente os dados coletados em jornais e revistas

especializados em futebol tendo em vista a elaboração de um glossário

semimultilíngue?

• Por que conhecimentos terminográficos e terminológicos são

imprescindíveis para a elaboração do citado glossário?

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• Qual o dimensionamento para a constituição do corpus necessário à

composição do glossário pretendido?

• Como os corpora podem ajudar o tradutor na busca por equivalentes

tradutórios de um glossário?

1.3. Objetivos: Geral e Específicos

O presente trabalho tem por objetivo geral proceder à elaboração de uma

microestrutura semibilíngue, tendo como língua de partida o português do Brasil e

como língua de chegada o francês, sobre um léxico preliminar na área futebolística

direcionado por corpora jornalísticos escritos, cujos resultados visam subsidiar

proposta de preparação de um glossário português-inglês-espanhol-francês de

futebol.

Para tanto os seguintes objetivos específicos propiciaram o cumprimento do

objetivo geral:

• Consolidar conhecimentos com base nos pressupostos teóricos e

práticos da Lexicografia, Terminografia, Terminologia e Linguística

de Corpus para a preparação da microestrutura semibilíngue

pretendida;

• Compilar corpora linguísticos escritos do português do Brasil e do

francês como forma de assegurar a autenticidade dos textos na

coleta de dados e o consequente real levantamento dos candidatos

a termos que podem ser considerados chave;

• Realizar uma análise linguística direcionada pelo corpus para

seleção e escolha dos termos-entrada dos verbetes semibilíngues

português-francês demonstrativos;

• Elaborar os referidos verbetes visando à preparação da

microestrutura de um glossário semimultilíngue futebolístico.

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2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A fundamentação teórica para o estudo do tema proposto se respalda nos

fundamentos básicos da Terminologia, da Lexicografia, da Terminografia e da

Tradução, visando à elaboração de dicionários e glossários, com destaque para sua

tipologia e estruturas internas.

2.1. Dicionários e glossários

2.1.1. Do princípio lexicográfico ao terminográfico

O léxico de uma língua se classifica em dois tipos: o geral, que “integra as

palavras que podem ser utilizadas em qualquer contexto discursivo”, e o de

especialidade, que “encontra adequação no âmbito da comunicação

socioprofissional e no contexto técnico-científico” (PONTES, 2009, p.18).

Por se ocuparem com os problemas teóricos e práticos de elaboração de

dicionários e por estudarem o uso de termos em áreas técnico-científicas, os

fundamentos da Lexicografia e da Terminologia foram indispensáveis à elaboração

deste trabalho. Segundo Welker (2004, p.11) a Lexicografia tem esse caráter prático,

quando se refere à arte ou ciência de elaborar dicionários, e esse caráter teórico,

quando se refere à crítica, ao estudo dos problemas, à pesquisa de uso, à tipologia

de dicionários, quando é chamada de Metalexicografia.

Na afirmação de Lepre (2007, p.29), embora sejam áreas correlatas, a

Lexicografia se ocupa da criação dos dicionários, e a Terminologia se ocupa da

descrição dos termos técnicos que serão inseridos nos dicionários terminológicos

ou nos glossários. Ao se voltar para a produção de tais obras, a Terminologia

também apresenta uma face aplicada e passa a ser chamada, desde os anos 70, de

Terminografia, denominação que reflete a tentativa de estabelecer um paralelo entre

Lexicografia e Terminografia. A respeito, Krieger e Finatto (2004, p.50) esclarecem

que, embora se aproximem em seus propósitos gerais, as duas áreas não se

superpõem, pois possuem objetos e metodologias que lhes são específicos.

As autoras salientam que, além da “visão pragmática de produção de

instrumentos de referência especializada”, do “fazer aplicado” (2004, p.50), a

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Terminografia é também um estudo sobre termos e desenvolve os fundamentos

teóricos necessários à identificação das terminologias.

Salientam ainda que é característica própria da Terminografia oferecer ao

usuário o conhecimento especializado pertinente sobre uma informação específica,

o que a afasta da Lexicografia, mais abrangente ao buscar “cobrir todas as

realizações linguísticas e semânticas de uma palavra” (KRIEGER; FINATTO, 2004,

p.52). Assim, em razão da polissemia gerada, os dicionários gerais de língua

apresentam redes de acepções, o que não ocorre nas obras terminográficas que são

em geral monossêmicas e tratam dessas distinções, quando ocorrem, sob a forma

de homonímia, ou seja, sem que haja nenhum sema em comum entre os diferentes

significados de um mesmo lexema, como em copa1 – campeonato em que se

disputa uma taça; copa2 – parte superior da árvore constituída pelos ramos; copa3 –

dependência de uma habitação contígua à cozinha.

Seguindo, então, um princípio lexicográfico, de caráter semasiológico, o

dicionário é guiado sob a perspectiva geral da língua, com unidades léxicas

chamadas palavras, destinado a um usuário difuso e é uma obra mais complexa que

um glossário, o qual, seguindo um princípio terminográfico, de caráter

onomasiológico, se circunscreve em um universo lexical menor, sem pretensão de

exaustividade, tendo o termo como unidade-padrão de um domínio especializado do

saber e se destinando, por conseguinte, a um usuário específico. Assim, por

repertoriar “as unidades lexicais de uma especialidade com suas respectivas

definições ou outras especificações sobre seus sentidos” (KRIEGER; FINATTO,

2004, p.51), o glossário é o instrumento terminográfico indicado para o

desenvolvimento deste trabalho.

Sob um enfoque histórico, a Terminologia foi sistematizada como disciplina

pelo engenheiro austríaco Eugen Wüster (1898-1977) que lançou nos anos 1930 os

fundamentos desse novo campo de investigações da Linguística contemporânea,

tratado como especialidade nos domínios da Lexicologia e da Lexicografia. Wüster

buscou “desenvolver um modelo para o uso dos termos técnico-científicos com a

inteção de chegar a uma univocidade no plano da comunicação internacional”

(MEDEIROS, 2012, p.34).

Wüster criou a Teoria Geral da Terminologia (TGT) que tenta superar as

dificuldades na comunicação profissional devidas à imprecisão, diversificação e

polissemia próprias do léxico geral. Ao postular que o conceito do termo prevalece

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sobre o linguístico, a TGT anula a ideia de variação linguística e afirma a

univocidade dos termos, o que gerou críticas e o surgimento, ao longo do tempo, de

novos estudos terminológicos, como a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT),

que vem abrindo desde a década de 1990 novos caminhos para o fazer

terminográfico, quando foi proposta pela linguista espanhola Maria Teresa Cabré.

Para a TCT, a terminologia deve ser estudada “dentro do contexto

comunicacional em que ocorre” e o texto deve ser “reconhecido na sua

potencialidade de significação como um todo” (MEDEIROS, 2012, p.37). É

necessariamente dinâmica e plurativa, tanto do ponto de vista da forma, como do

conteúdo, pois a comunicação especializada não é única, mas variada. Dessa

forma, os termos não são fixos e o seu significado pode variar nos domínios de

especialidade em função do uso em determinado contexto e situação, contribuindo

para que a comunicação entre usuários e especialistas seja mais eficiente.

Resumindo os principais pontos da TCT, merece destaque a aceitação do

caráter poliédrico das unidades terminológicas, bem como da variedade do texto

para o tratamento dos termos no interior da comunicação especializada e da

sinonímia como fundamento real (MEDEIROS, 2012, p.39/40). Merece igualmente

salientar que a TCT contribuiu como suporte teórico para a elaboração do presente

trabalho.

2.1.2. Sobre a Tradução

Assim como a Terminologia, a Lexicografia e a Linguística de Corpus, a

Tradução também é determinante para a elaboração de glossários, sobretudo no

presente trabalho, que trata da microestrutura de um glossário semibilíngue na área

do futebol.

Corroborando afirmações de Lepre (2007, p.31) o fato de boa parte dos

termos técnico-científicos serem cognatos, no presente caso, de termos da língua

francesa, não é suficiente para se afirmar que traduzi-los é uma tarefa fácil.

Entretanto, embora a fluência nos dois idiomas, um sólido conhecimento da cultura e

da área especializada traduzidas sejam necessários, no que se refere aos textos

técnicos tais questões se simplificam, pois se trata em geral de termos e expressões

pertencentes a um universo temático delimitado.

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Vale levar em consideração a advertência de Lepre (2007, p.32) sobre a

qualidade discutível de traduções realizadas por tradutores automáticos on-line de

sites bilíngues, pois, a despeito de seus atributos, elas merecem cuidado e não

substituem o conhecimento, a sensatez e a criatividade do ser humano.

Daí serem de grande utilidade para a referida prática tradutória o acesso a

obras especializadas em mais de um idioma que garantam um manejo

terminográfico competente pela adequada seleção “dos termos equivalentes àqueles

utilizados pelos especialistas na língua original” (KRIEGER; FINATTO, 2004, p.67), o

que vem corroborar o interesse de preparar o citado glossário semimultilíngue

futebolístico pretendido.

2.2. Dicionários e glossários: tipologia

Os dicionários e glossários podem ser em sua tipologia: monolíngues,

bilíngues, semibilíngues, multilíngues e semimultilíngues.

2.2.1. Os monolíngues

São aqueles escritos em uma única língua, materna ou estrangeira, também

chamados gerais quando apresentam a totalidade dos lexemas de uma língua

(MEDEIROS, 2012, p.42), no caso de dicionários, ou registram os termos

específicos de uma ciência, técnica ou arte, no caso dos glossários.

Pontes (2009, p.35) ressalta que, além dos monolíngues para nativos, há os

monolíngues para estrangeiros com excelentes definições e exemplos que

esclarecem o sentido da palavra. Acrescenta ainda que a tendência atual é

incorporar a esse tipo de obra um vocabulário controlado, a partir dos critérios da

frequência de uso e da utilidade lexicográfica.

2.2.2. Os bilíngues, os semibilíngues, os multilíngues e os semimultilíngues

Pode-se afirmar que os bilíngues são consultados por usuários principiantes

mais para a compreensão do que para a produção em línguas estrangeiras, pois,

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fornecendo sobretudo sinônimos na outra língua, não chegam a subsidiar o usuário

no exercício de produção, ou seja, na criação de enunciados escritos ou orais na

língua estrangeira visando a comunicação linguística.

Welker (2004, p.200) assinala que os bilíngues podem conter as duas

direções, por exemplo, português-francês e francês português ou apenas uma delas.

Apresenta descrição sucinta da terminologia de vários autores para referir-se a esse

fato: bi-escopal, quando tem por escopo ou propósito as duas direções; bilemático,

quando os lemas2 são das duas línguas; bidirecional, quando se dirige aos falantes

de ambos os idiomas; mono-escopal, quando o escopo contém apenas uma direção;

monolemático, quando os lemas são de uma única língua; e monodirecional, quando

se dirige aos falantes de apenas uma das duas línguas.

Todavia, os dicionários ou glossários bilíngues ainda são problemáticos, na

medida em que se restringem, como ressalta Medeiros (2012, p.45) à apresentação

de equivalentes, sem fornecer definições para as entradas nem especificar os usos

da língua. Mesmo assim são os mais buscados pelos usuários com competência

linguística ainda incipiente para compreender definições nas obras monolíngues do

idioma estudado.

Para ajudar esse usuário ainda pouco competente na língua estrangeira,

Welker (2004, p.202) destaca a ferramenta lexicográfica mais recente chamada

semibilíngue ou híbrida, pois a meio-caminho entre os bilíngues e os monolíngues:

antes de fornecer a tradução pelo equivalente, como nos bilíngues, dá a definição da

entrada, como nos monolíngues, a exemplo da versão portuguesa de um dicionário

de língua inglesa que dá uma definição da entrada em inglês, acompanhada de uma

tradução para o português. Em 2011, resultado das iniciativas do Ano da França no

Brasil, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores da França, foi publicada a

obra Palavra-Chave: Dicionário semibilíngue para brasileiros (francês-português),

com a definição da entrada ou das entradas em francês e os respectivos

equivalentes em português, a qual foi de grande auxílio na elaboração do presente

trabalho.

Conforme destaca Benito (2008, p.417), o modelo geral do semibilíngue se

compõe, em sua estrutura prototípica, de uma definição na língua estrangeira e um

equivalente na língua materna, como nos monolíngues, a partir do qual variações

2 Welker (2004, p.33) explica essa palavra como sinônimo de entrada de verbete, palavra-entrada ou simplesmente entrada no verbete de um dicionário ou glossário.

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são possíveis, como a entrada e a definição na língua materna e o equivalente e os

exemplos na língua estrangeira. O autor salienta (2008, p.419) que o semibilíngue é

codificador, ao aportar informações na língua estrangeira e poder dar suporte à

produção textual, e também decodificador, ao propiciar uma rápida compreensão

com as informações na língua materna.

Benito (2008, p.425) destaca que os objetivos dessas obras lexicográficas

dependem do nível de conhecimento da língua estrangeira que os usuários detêm e

das informações que desejam incorporar: quanto mais informações na língua

estrangeira, mais o semibilíngue se aproxima do monolíngue e do nível mais

avançado de conhecimento nessa língua estrangeira; quanto mais informações na

língua materna mais se dirige a um público com nível básico de conhecimento.

Também chamado bilingualizado, para Welker (2008, p.358) nenhum desses

termos satisfaz: híbrido, que significa misto, é muito vago; semibilíngue se confunde

com bilíngue; e bilingualizado não é usado em português, além de não deixar claro

que se trata de um dicionário monolíngue acrescido de equivalentes. O autor prefere

o termo dicionário monolíngue com traduções (DMTs), por ser mais preciso e

esclarecer que nesses dicionários podem ser traduzidos equivalentes e exemplos.

Esse tipo de dicionário ou glossário vem sendo bastante aceito pelos

usuários e, conforme pesquisas relatadas por Welker (2008, p.361) , sua utilização

apresenta resultados favoráveis, que corroboram afirmações aqui apresentadas, tais

como a constatação de que tal tipo de dicionário ou glossário pode ser útil,

especialmente em atividades de compreensão; o fato de que os usuários apreciaram

a justaposição de definições em língua estrangeira e de equivalentes na língua

materna; e o fato de que para os usuários com pouca e média habilidade de

consulta, a compreensão das palavras se afigura melhor com os DMTs.

Importante ressaltar que a hibridização dos dicionários (BENITO, 2008,

p.426) e por extensão dos glossários, mostra que a distinção entre monolíngues e

bilíngues está deixando de se sustentar. Ademais, o fato de o movimento

comunicativo ter atribuído maior relevância ao papel do vocabulário e da língua

materna para a aquisição de línguas estrangeiras (WELKER, 2008, p.361), valoriza,

por extensão, tais produtos.

Os multilíngues apresentam três ou mais línguas e devem mostrar de

forma simples a relação entre elas. Carvalho (2001 apud MEDEIROS, 2012, p.43)

destaca que tais obras não são de fácil elaboração, pois se a equivalência plena

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bilíngue é rara, entre três ou quatro línguas se torna ainda mais remota, razão pela

qual nem sempre os tradutores contam com boas obras multilíngues. Ressalta

também que um bom dicionário multilíngue precisa conter diferenças semânticas e

estruturas sintagmáticas para cada equivalência.

Benito (2008, p.424) comenta a existência de produtos lexicográficos que

combinam material em duas línguas estrangeiras e na língua materna denominados

dicionários híbridos trilingualizados, cujo modelo de estrutura se compõe de entrada

e definição na língua A, um equivalente na língua B e outro equivalente na língua C.

O que vem corroborar a constatação de que existe toda uma gama de possibilidades

tipológicas para a elaboração de obras lexicográficas.

É válido ressaltar que, diante da diversidade de terminologia existente, foi o

termo semibilíngue que, por ser o mais consagrado no Brasil e por manter a mesma

estrutura dos demais termos que compõem a tipologia dos dicionários ou glossários

em português, direcionou a escolha do termo semimultilíngue para a proposta de

glossário pretendida.

Estendendo, por conseguinte, o termo da tipologia semibilíngue para

semimultilíngue, a proposta de glossário em vista funcionará igualmente como obra

alternativa, com modelo de estrutura composto de entrada, definição, exemplo de

uso e colocações na língua materna, o português do Brasil, e equivalente,

colocações e exemplo de uso na língua estrangeira, o francês.

2.3. Dicionários e glossários: estruturas internas

Todo dicionário ou glossário precisa definir, em sua estrutura geral, o

conjunto de verbetes verticalmente organizados ou macroestrutura, e a estruturação

horizontalmente organizada de cada verbete ou microestrutura.

2.3.1. A macroestrutura

Macroestrutura é a forma como o corpo do dicionário ou glossário é

organizado: com o conjunto de entradas verticalmente apresentado, em geral, em

ordem alfabética, como forma de facilitar a busca e leitura pelo usuário (PONTES,

2009, p.73). É a base do texto lexicográfico e forma o dicionário ou glossário

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propriamente dito, compreendendo introdução, nomenclatura, entradas ou lemas,

apêndices, anexos e tabelas.

É, no presente trabalho, constituída de um léxico selecionado a partir de um

corpus futebolístico previamente estabelecido, com finalidade descritiva a partir de

verbetes compostos por uma entrada monossêmica ou polissêmica.

2.3.2. A microestrutura e seus componentes

Para Pontes (2009, p.95) a microestrutura “consiste em um conjunto de

paradigmas (ou informações) ordenados e estruturados, dispostos

horizontalmente,[...] após a entrada, dentro de cada verbete”. Padronizada em uma

estrutura constante, suas informações se aplicam a qualquer entrada (BARBOSA,

1996 apud WELKER, 2004, p.107) formando a chamada microestrutura básica.

Nasce abstrata, como programa padronizado de informações, para ser preenchida

com os devidos dados e se tornar concreta, como nos verbetes de dicionários ou

glossários. Medeiros (2012, p.52) cita que a microestrutura concreta é a realização

da microestrutura abstrata.

Para a elaboração do verbete na microestrutura abstrata, Pontes (2009,

p.96) destaca os três seguintes macroparadigmas propostos por Barbosa (1990):

paradigma informacional (PI), composto pela categoria gramatical, gênero, número,

pronúncia, conjugação, homônimos, abreviações e outros; paradigma definicional

(PD), composto pelos semas; e paradigma pragmático (PP), composto por classes

contextuais como os exemplos. Medeiros (2012, p.53) cita ainda o paradigma de

formas equivalentes (PFE), próprio de dicionários ou glossários bilíngues ou

multilíngues, que fornece a tradução do verbete.

O verbete é definido, em sua estrutura hierárquica básica, como um

conjunto de entrada, ou parte enunciativa, e enunciado lexicográfico, ou parte

informativa. É também apresentado como composto de comentário de forma, sobre

o lado significante da entrada (grafia, separação silábica, pronúncia, classe

gramatical, flexão de gênero e número), e de comentário semântico, sobre a entrada

como significado (definição, exemplos, sinônimos e antônimos, equivalentes). Muitos

verbetes são compostos por mais de uma acepção, que vêm numeradas e são

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autônomas. É enfim um enunciado formado por uma entrada, como ponto de

partida, seguido de uma microestrutura (PONTES, 2009, p.100/101).

Sua classificação é determinada (PONTES, 2009, p.101/103) pelo número

de acepções, podendo ser simples ou monossêmico, com uma única definição, e

complexo ou polissêmico, com várias definições; pelo tipo de unidade léxica,

podendo ser léxico, ao definir uma palavra léxica (substantivos, verbos, adjetivos,

alguns advérbios) e gramatical, ao explicar uma palavra gramatical (artigo, pronome,

conjunção, outros advérbios); e pelo tipo de informação, que pode ser explícita,

constituída pelo conjunto de enunciados do verbete, e implícita, relacionada ao

conteúdo gramatical, sintático e semântico que apresentam a definição, os exemplos

e demais itens do verbete.

No caso do verbete polissêmico, a ordem das acepções na parte definitória

pode ser histórica, quando parte da acepção mais próxima à origem do vocábulo

para a atual e mais corrente; lógica, quando se definem inicialmente os significados

básicos; empírica, quando parte das acepções correntes; e de frequência, quando

as acepções são apresentadas da mais para a menos usada, conforme critérios

estatísticos resultantes de estudos baseados em corpora.

A entrada ou lema é definida por Pontes (2009, p.112) como a “unidade

léxica de qualquer extensão que, na composição do verbete lexicográfico, é objeto

de definição ou explicação e, eventualmente, de tratamento enciclopédico”. Até o

surgimento dos dicionários ou glossários eletrônicos, constituía a única via de

acesso à informação neles contida.

Em geral, apresenta-se em forma canônica ou lematizada, ou seja, se

substantivo ou adjetivo, no masculino ou feminino singular, se verbo, no infinitivo. A

classe gramatical e a flexão de gênero e número, indicadas por marcas abreviadas,

constam na entrada de praticamente todos os dicionários e se tornam

indispensáveis nas obras bilíngues, multilíngues, semibilíngues e semimultilíngues

que envolvam o português do Brasil e o francês pelo fato de nem sempre o gênero

ser o mesmo nessas duas línguas.

A definição é o conjunto de informações que descreve, determina e

distingue dados sobre uma unidade lexical em posição de entrada de um verbete

(MEDEIROS, 2012, p. 54). Segundo Krieger e Finatto (2004, p.93), deve conter na

formulação de seu enunciado o gênero próximo, que expressa a classe geral ou

hiperonímica a que pertence a entrada, e a diferença específica, que indica a(s)

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particularidade(s) distintiva(s) dessa entrada em relação às demais da mesma classe

e, eventualmente outros semas.

Krieger e Finatto (2004, p.92) destacam que, em sua tipologia, a definição

pode ser terminológica, que mais se ocupa de termos técnico-científicos;

lexicográfica, que mais se ocupa de palavras; lógica, que estabelece um valor

proposicional de verdade; e enciclopédica, com informações descritivas e

explicativas de um objeto da realidade. Esclarecem que uma classificação por tipo

definitório contém características predominantes de uma determinada formulação,

podendo haver sobreposição entre um tipo e outro, de tal forma que uma definição

terminológica pode ter características de uma definição enciclopédica.

É fato que “elaborar uma boa definição é extremamente difícil” (WELKER,

2004, p.122), porque requer bastante conhecimento teórico-metodológico,

objetividade, concisão, clareza e naturalidade. Ademais, alguns princípios devem ser

observados: em geral constituída de uma frase, uma perífrase ou uma enumeração,

a definição, sempre construída na forma afirmativa, deve evitar informações

ambíguas, supérfluas e tautológicas, ou seja, sem menção ao termo a ser definido

em seu enunciado.

Os exemplos de uso são enunciados que se acrescentam à definição “para

comprovar, ilustrar ou abordar uma palavra-entrada” (PONTES, 2009, p.214). São

fundamentais para contextualizá-la, de tal forma que, hoje, um dicionário sem

exemplos de uso passa a ter qualidade discutível.

Quanto à função, classificam-se em exemplos para a compreensão, com o

propósito maior de dar conta do sentido que a palavra assume, explicando-a ou

aclarando-a; e exemplos para a produção textual, que veiculam informações

sintático-semânticas e pragmáticas a respeito da entrada, mostrando-a no contexto

(PONTES, 2009, p.216/217) e orientando o usuário para a codificação.

Quanto à seleção do material, podem ser classificados como autênticos ou

abonados, quando selecionados a partir de corpora escritos ou orais informais,

literários ou jornalísticos; fabricados, inventados ou construídos, quando a obra gera

seu próprio corpus de exemplos, oriundos da competência lexical de quem a

elabora; e adaptados, quando extraídos de corpora, mas adaptados pelo lexicógrafo,

pois nem sempre, mesmo numa grande base de dados, se encontram exemplos

para os usos da palavra-entrada com as concisões e restrições necessárias

(PONTES, 2009, p.217/220).

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Em torno da polêmica sobre se os exemplos devem ser autênticos ou

fabricados, o mais importante é que eles sejam representativos, naturais e levem os

usuários a compreender e utilizar as novas palavras consultadas.

Os equivalentes são os termos sinônimos da entrada, mas na língua

estrangeira, característicos das obras bilíngues e multilíngues. Sinônimos também

podem ser encontrados em obras monolíngues. Welker (2004, p.198) lembra que

para cada acepção deve haver um equivalente geral, que pode ser empregado no

maior número possível de contextos, seguido de exemplo abonado, recomendação

que foi observada na elaboração dos verbetes demonstrativos do presente trabalho.

O autor destaca também (2004, p.195) que, em geral, os lexemas que

designam objetos muito específicos ou termos técnicos apresentam um grau de

equivalência total entre o termo da língua de partida e o termo da língua de chegada,

a exemplo dos termos futebolísticos copa, vitória, estádio, atacante, árbitro, de alta

frequência de emprego, traduzidos em francês por coupe, victoire, stade,

attaquant(e),arbitre.

Dentre os diversos tipos de equivalência relacionados por Scholze-

Stubenrecht (1995 apud WELKER, 2004, p.196), vale ressaltar que, para a área do

futebol, a mais importante é a semântica, além da estilística, de um mesmo registro;

da pragmática, em que o equivalente deve ser usado nas mesmas situações de

comunicação; da terminológica, em que um termo técnico deve ser traduzido por um

termo técnico na língua de chegada; da contextual, em que o equivalente deve ser

usado nos mesmos co(n)textos; e da de frequência, em que os equivalentes devem

ter o mesmo nível de frequência de uso.

Interessante registrar que termos da área de futebol, tanto do português do

Brasil, como futebol, gol, árbitro, pênalti, quanto do francês, como football, match,

supporter, penalty, foram adotados na primeira língua por meio de empréstimo, visto

que esses termos, oriundos do inglês e do francês, sofreram processo de integração

ortográfica e morfológica, deixando de ser notados como vocábulos importados; e

por estrangeirismo, na segunda língua, uma vez que os citados termos, oriundos do

inglês, conservaram sua grafia original ao se incorporarem à língua francesa.

Sobre esse registro, Queiroz (2006, p.3) esclarece que a presença marcante

de estrangeirismos e empréstimos de origem inglesa como termos futebolísticos se

justifica pelo fato de ter sido na Inglaterra que se regulamentou e se desenvolveu o

futebol como é hoje conhecido.

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Conforme reflexão de vários autores sintetizada por Welker (2004, p.140),

colocação pode ser entendida como a co-ocorrência regular de itens lexicais

constituída pelo termo “nódulo, a palavra que está sendo estudada, e o termo

colocado, qualquer palavra que ocorra na vizinhança especificada pelo nódulo”.

Pode se compor de verbo e substantivo; substantivo e adjetivo; verbo e advérbio;

adjetivo e advérbio; substantivo e substantivo (WELKER, 2004, p.143).

Segundo Hausmann (1984 apud WELKER, 2004, p.141) essa combinação

limitada de palavras revela-se um produto semi-cristalizado “que o falante não monta

de forma criativa, mas encontra na sua memória como um todo e que o ouvinte

percebe como algo conhecido”. Welker sugere que as colocações poderiam figurar

nos verbetes do termo nódulo e do termo colocado como forma de facilitar sua

busca nos dicionários e glossários (2004, p.142).

Por sua vez, Tagnin assinala que o usuário precisa saber como uma palavra

se associa a outra, formando na linguagem especializada não só termos

monolexicais mas também expressões multipalavras que podem inclusive passar a

constituir entradas autônomas em obras de referência (2009, p.1079).

Em corpora eletrônicos, ferramentas de programas concordanciadores,

como o Concord do WST, apresentado no item 3.1.2 deste trabalho, mostram quais

palavras ocorrem frequentemente juntas e podem constituir colocações relevantes

para o lexicógrafo e para o usuário.

Esses fundamentos teóricos embasaram o desenvolvimento da parte prática

do presente trabalho, em cuja metodologia, a seguir relatada, estão apresentados o

contexto e os procedimentos utilizados que efetivaram a prática científica aqui

pretendida.

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3. METODOLOGIA PARA A ELABORAÇÃO DO TRABALHO

De acordo com as orientações de Costa e Costa (2001, p.63), o presente

trabalho foi realizado com base em pesquisa descritiva exploratória, por buscar

descrever as características de um determinado fato linguístico, a partir de

abordagem bibliográfica quantitativa, de forma dedutiva, por seus dados terem sido

coletados, seguindo os princípios da Linguística de Corpus, em um número

determinado de jornais e outros textos eletrônicos tratados pelo programa

computacional WST; com foco limitado de investigação e sem manipulação

experimental.

Assim, constam da apresentação desta metodologia a utilização da

Linguística de Corpus, com foco na representatividade e constituição do corpus do

trabalho; do WordSmith Tools para o processo de coleta dos dados, que gerou, com

base no procedimento da terminologia direcionada pelos corpus, a lista das palavras

candidatas a termos do glossário pretendido.

3.1. Linguística de Corpus

A Linguística de Corpus ocupa-se da coleta e da exploração de corpora,

“conjunto de dados linguísticos textuais coletados criteriosamente, com o propóstio

de servirem para a pesquisa de uma língua ou variedade linguística” (BERBER

SARDINHA, 2004, p.3), ou seja, explora um conjunto de documentos linguísticos

“dispostos de tal modo que possam ser processados por computador, com a

finalidade de propiciar resultados vários e úteis para a descrição e análise”

(BERBER SARIDNHA, 2004, p.18). Conforme ressalta Pontes (2009, p.19), desses

corpora emergem sentidos, aspectos gramaticais e textuais nunca antes discutidos.

Baseada na observação empírica de um corpus representativo de uma

língua, a Linguística de Corpus é uma metodologia que vem sendo cada vez mais

explorada no meio acadêmico, com forte influência na pesquisa linguística moderna,

especialmente a lexicográfica, embora ainda sejam recentes os resultados desses

estudos baseados em corpus com o apoio de softwares.

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3.1.1. A representatividade e a constituição do corpus

Sem perder de vista o posicionamento de Berber Sardinha (2004, p.23)

segundo o qual para ser representativo da linguagem o corpus deve ser o maior

possível, pois quanto maior for a quantidade de palavras, maior a probabilidade de

se ter palavras de baixa frequência, o presente trabalho considerou sobretudo o

ponto de vista de Bowker e Pearson (2002, p.45) para quem o maior nem sempre é

o melhor, pois podem-se obter mais informações úteis de um corpus pequeno e bem

planejado do que de um corpus maior que não atende às necessidades do projeto, à

disponibilidade de dados e de tempo. Assim, além de representativo, o corpus deve

ser adequado, ter foco e responder aos interesses da pesquisa.

Por outro lado, Berber Sardinha salienta a importância de, em sua formação,

os corpora eletrônicos respeitarem critérios como a autenticidade dos textos,

produzidos em linguagem natural por falantes nativos (2004, p.19), e oferecerem

uma constatação empírica dos dados analisados, estabelecidos conforme as regras

de cada caso de estudo.

Quanto aos tipos possíveis, o corpus pode ser compilado para o estudo a

que se propõe segundo os seguintes critérios de Berber Sardinha (2004, p.20):

modo - falado ou escrito;

tempo - sincrônico, diacrônico, contemporâneo ou histórico;

seleção - de amostragem, se planejado para ser uma amostra finita da

linguagem; monitor, se constantemente atualizado a fim de representar a evolução

da língua; dinâmico, se permitir o acréscimo de material novo; estático, por

caracterizar o corpus de amostragem; equilibrado, se os componentes estão

distribuídos em quantidades semelhantes;

conteúdo - especializado, regional ou multilíngue;

finalidade - de treinamento, para o desenvolvimento de aplicações e

ferramentas; de estudo, se constituir o corpus da pesquisa a ser desenvolvida; de

referência, para servir de comparação para o corpus de estudo, em geral três a

cinco vezes maior do que o corpus de estudo; paralelo, se constituído de textos

originais e suas respectivas traduções; comparável monolíngue, se composto de

textos originais e traduções numa mesma língua, objetivando comparar a linguagem

produzida por falantes nativos e por tradutores; e comparável bi ou multilíngue, se

composto por dois ou mais subcorpora com textos originais nas respectivas línguas.

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Como o presente trabalho se propõe preparar verbetes demonstrativos de

um glossário semibilíngue que tem a língua portuguesa como foco principal e a

língua francesa como língua para equivalência e exemplo de uso dos termos-

entrada na área de futebol, o corpus apresenta a seguinte constituição:

a) um corpus de estudo comparável bilíngue composto de:

a.1) um subcorpus constituído em torno de 80.000 palavras de 146 textos

escritos extraídos da versão eletrônica de cadernos esportivos dos jornais Le

Monde, Le Figaro, Humanité, La Depêche du Midi, La Voix du Nord, La Tribune,

France Football, Sport 24, École de Foot e Sofoot, datados de julho, setembro e

dezembro de 2010, setembro de 2011 e de abril a agosto de 2012, e pesquisados

entre 17 e 30 de agosto de 2012, para a coleta dos termos futebolísticos em língua

francesa;

a.2) um subcorpus constituído em torno de 80.000 palavras de 177 textos

escritos extraídos da versão eletrônica de cadernos esportivos dos jornais Folha de

São Paulo, Gazeta Esportiva e Globo Esporte, pesquisados entre julho e agosto de

2012, para a coleta dos termos futebolísticos em língua portuguesa do Brasil;

b) um corpus de referência constituído em torno de 250.000 palavras

extraídas do Lácio-Ref, um dos seis corpora do já consagrado Projeto Lácio-Web

(CR-LW), datado de janeiro de 2002, com mais de cinco milhões de palavras do

português do Brasil escrito, elaborado por pesquisadores do Núcleo Interinstitucional

de Linguística Computacional-NILC da USP, para servir de comparação para o

corpus de estudo em língua portuguesa do Brasil; e

c) um corpus de referência constituído igualmente em torno de 250.000

palavras de 61 textos escritos extraídos da versão eletrônica dos jornais Le Monde,

Le Monde Diplomatique, Le Figaro, e de trechos e textos integrais de obras literárias,

pesquisados em agosto e setembro de 2012, para servir de comparação para o

corpus de estudo em língua francesa.

Vale lembrar que o corpus em português é o corpus orientador deste

trabalho, uma vez que constitui o ponto de partida para a seleção dos termos e seus

equivalentes em francês, os quais compuseram os dez verbetes demonstrativos

elaborados. Vale lembrar também que, no presente estudo, foi observada a

recomendação para o corpus de referência ser três a cinco vezes maior que o

corpus de estudo.

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3.1.2. O programa WordSmith Tools

Para a coleta de dados necessários ao desenvolvimento deste trabalho foi

utilizado o WST, como dito anteriormente, versão 5.0, programa de análise

linguística desenvolvido por Mike Scott, da Universidade de Liverpool, Inglaterra.

Assim como outros programas de computador para análise linguística, o WST segue

os princípios abstratos básicos de ocorrência, pois os itens devem ser observáveis e

estar presentes no corpus; de recorrência, pois tais itens devem estar presentes pelo

menos duas vezes no corpus; e de coocorrência, na medida em que são

interpretados com parte de um conjunto formado por outros itens (BERBER

SARDINHA, 2004, p.90). Pioneiro no uso dos recursos do ambiente Windows para

análise de corpus, o WST se compõe das seguintes ferramentas:

.WordList, que propicia a criação de duas listas de palavras e multipalavras

dos textos que compõem o corpus, uma ordenada alfabeticamente e a outra por

ordem de frequência das palavras (2004, p.91), ponto de partida do presente

trabalho;

.Keywords, que compara as listas de palavras geradas dos textos

futebolísticos selecionados com as de um corpus de referência, por meio de suas

frequências, o que permite destacar do corpus de análise uma lista de palavras-

chave nas duas línguas em foco. Essas palavras são indicadas pela ordem de

chavicidade (Keyness), ou seja, conforme a medida do quão “chave” são tais

palavras (GONÇALVES, 2006, p.7); e

.Concord, que produz concordâncias ou listagens das ocorrências de um

item específico em um corpus, chamado termo de busca ou nódulo, acompanhado

do texto ao seu redor, o cotexto (BERBER SARDINHA, 2004, p.105). Além de

mostrar as possíveis colocações e fraseologias, é muito útil para construir definições,

dar exemplos e confirmar equivalentes para os dicionários e glossários.

3.2. Procedimentos

Conforme mencionado, para extrair os termos futebolísticos com eficiência e

rapidez, a operacionalização da descrição linguística do corpus foi realizada pelo

WST. Os arquivos eletrônicos foram preparados em formato de arquivo digital para

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textos com extensão “txt”, exigido para a citada operacionalização, cujos resultados

propiciaram a escolha dos dez termos futebolísticos iniciais deste trabalho

terminográfico, tendo como foco principal o português do Brasil, e o francês, como

língua para a equivalência, os exemplos de uso e as colocações com os termos-

entrada.

3.2.1. O processo para a escolha dos termos

Seguindo as orientações de Berber Sardinha (2004) e de Medeiros (2012),

foi inicialmente aberta a janela principal apresentando as três ferramentas do

WordSmith Tools (Figura 1) e em seguida foram carregados os textos por meio dos

comandos Setting e Choose texts da ferramenta WordList (Figura 2) que

selecionaram (Files selected) e armazenaram na memória os arquivos disponíveis

(Files available), conforme visualizado na Figura 3.

Figura 1 - Janela inicial com as três ferramentas do WordSmith Tools.

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30

Figura 2 - WordList nas opções Setting e Choose Texts.

Figura 3 - A janela Choose Texts com os arquivos disponíveis armazenados e selecionados.

Na tela Getting Started, a opção Make a word list now (Figura 4) foi clicada

para gerar e fazer aparecer a lista de palavras mais frequentes na área de futebol

extraídas, no presente caso, do corpus comparável em francês e em português do

Brasil (Figuras 5 e 6).

O mesmo procedimento foi utilizado para gerar a lista de palavras extraídas

do corpus de referência Lácio-Web e do corpus geral em francês.

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Figura 4 - Tela Getting Started com a opção Make a wordlist now.

Figura 5 - Lista das 32 palavras mais frequentes em língua francesa do corpus de futebol gerada pela WordList.

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32

Figura 6 - Lista das 32 palavras mais frequentes no português do Brasil do corpus de futebol gerada pela WordList.

Terminada a criação da lista de palavras, resultante da primeira análise do

corpus, foram dados os comandos para a ferramenta Keywords.

É importante lembrar que a lista de palavras do corpus de referência valeu

como comparação para a Keywords formular uma análise contrastiva e sinalizou os

termos mais frequentes encontrados no corpus de especialidade das duas línguas.

Seguindo os passos de Medeiros (2012, p.77/78) para obter a lista de

palavras-chave, após abrir a Keywords, foram selecionadas as opções File e New

(Figura 7) que abrem a janela Getting started (Figura 8) onde foram selecionadas a

lista de palavras do corpus especializado em francês e a do corpus de referência em

francês, clicando-se em seguida em Make a keywords now (Figura 8) para que a

lista de palavras-chave em francês fosse gerada (Figura 9).

O mesmo procedimento foi adotado para gerar a lista de palavras-chave em

português do Brasil (Figura 10).

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Figura 7 - Keywords nas opções File e New.

Figura 8 - Keywords com a janela Getting started e a opção Make a keyword now.

A primeira coluna das Figuras 9 e 10 contém as palavras-chave mais

frequentes em francês e em português, respectivamente. A segunda e a terceira

coluna mostram a frequência e a porcentagem das palavras nos dois corpora

especializados. A quarta e a quinta mostram a frequência e a porcentagem das

palavras-chave em relação ao corpus de referência. A sexta coluna indica a

chavicidade (Keyness) das palavras, das quais as mais frequentes serão os

prováveis “candidatos a termos”.

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34

Figura 9 - Primeiras palavras-chave (Keywords) em língua francesa do corpus de futebol.

Figura 10 - Primeiras palavras-chave (Keywords) no português do Brasil do corpus de futebol.

Cada ocorrência extraída da lista de palavras-chave foi analisada em relação

ao seu co(n)texto, a fim de identificar possíveis colocações nas duas línguas e

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35

atestar a validade dos equivalentes, utilizando a Concord para gerar as linhas de

concordância.

Após abrir a ferramenta, foram carregados os textos do corpus comparável,

conforme os comandos File – New – Getting started – Choose texts now (Figura

11). Na opção Search word foi digitada a palavra de busca, no caso, os termos “but”

em francês (Figura 12) e “gol” em português do Brasil (Figura 13) e em seguida dado

ok, após o que apareceram todas as concordâncias com as citadas palavras.

Figura 11 - A janela File – Getting started da ferramenta Concord.

Figura 12 - Seleção de linhas de concordância (Concord) para o equivalente “but” da palavra candidata a termo “gol”.

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Figura 13 - Seleção de linhas de concordância (Concord) para a palavra candidata a termo “gol”.

Em seguida clicou-se na janela clusters, ou seja, na lista de agrupamentos

lexicais ou multipalavras extraídas da concordância que incluem a palavra de busca

(BERBER SARDINHA, 2004, p.111), no caso, “but” (Figura 14) e “gol” (Figura 15).

Figura 14 - Lista de clusters apresentando agrupamentos com o equivalente “but” da palavra candidata a termo “gol”.

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Figura 15 - Lista de clusters apresentando agrupamentos com a palavra candidata a termo “gol”.

Extraídos os termos e indicadas as concordâncias e os clusters,

a etapa seguinte constou do recurso à terminologia direcionada pelo corpus para

subsidiar a definição das palavras candidatas a termos dos verbetes.

3.2.2. A terminologia direcionada pelo corpus

Com a investigação de textos especializados por meio do WST, a

Linguística de Corpus dá importante contribuição para coletar itens lexicais

candidatos a termos técnicos destinados à elaboração de glossários, tendo por base

uma terminologia direcionada pelo corpus, adotada por Tagnin (2009, p.1084) e

oriunda de uma abordagem criada em 1986, pelo pesquisador inglês Tim Johns

(1936-2009), para o ensino de línguas e para a tradução, denominada a data driven

learning que culminou com o corpus-driven study (TAGNIN, 2010, p.7).

A terminologia direcionada pelo corpus se desenvolve com base nos

dados apresentados pelo corpus, no presente caso, especializado de futebol: partiu-

se então dos resultados que o próprio corpus ofereceu, explorado pelas ferramentas

do WST, para extrair palavras-chave (Keyword) e linhas de concordância (Concord),

sem pressuposições teóricas. Diferentemente de uma terminologia baseada em

corpus (TAGNIN, 2009, p.1084) que parte de um levantamento inicial feito com

auxílio de uma árvore de domínio, ou seja, de uma lista de palavras derivadas de um

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mapa conceitual da área em estudo, o qual apresenta a estruturação dessa área,

identificando suas várias subáreas e preparando um recorte para o glossário a ser

compilado.

Vale retomar a sequência de procedimentos, indicada por Tagnin (2009,

p.1088), que permitiram a elaboração da lista de palavras candidatas a termos do

futuro glossário semimultilíngue, a partir de uma terminologia direcionada pelo

corpus (2009, p.1088):

a. Busca e limpeza para obtenção dos dados estritamente linguísticos e

gravação dos textos eletrônicos em formato texto (.txt).

b. Utilização do WordSmith Tools para extrair do corpus:

b.1. uma listagem total das palavras e suas respectivas frequências de

uso (WordList);

b.2. uma lista de palavras-chave, com uma frequência significativamente

maior no corpus especializado do que no corpus de referência

(KeyWords) que constituem as “candidatas a termos”; e

b.3. concordâncias para atestar a validade das “candidatas a termos”,

bem como colocações existentes.

c. Identificação dos possíveis equivalentes dos termos já estabelecidos por

meio da comparação das listas de palavras-chave em francês e em

português do Brasil. A partir dessa comparação, foram observadas

concordâncias para os termos com a tradução literal, os quais foram

considerados equivalentes, vez que o corpus atestou serem empregados

em contextos similares.

Conforme recomenda Tagnin (2009, p.1087), todas as colocações e

fraseologias devem constar, em uma obra terminológica direcionada pelo corpus, e

devem estar acompanhadas dos respectivos exemplos de uso extraídos das linhas

de concordância, recomendação que, pela exiguidade do tempo, foi observada

parcialmente na preparação das fichas terminológicas, mas não consta da

preparação dos dez verbetes demonstrativos.

3.2.3. A lista de palavras candidatas a termos

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Tabela 1 - Palavras candidatas a termos e seus equivalentes.

PALAVRAS CANDIDATAS A TERMOS E SEUS EQUIVALENTES PORTUGUÊS FREQ. FRANCÊS FREQ. EQUIVALÊNCIA 1. Time 2. Gol 3. Jogo 4. Atacante 5. Técnico 6. Partida 7. Bola 8. Rodada 9. Futebol 10. Jogador 11. Ataque 12. Vitória 13. Treinador 14. Goleiro 15. Lateral 16. Copa 17. Estádio 18. Atleta 19. Torcida 20. Volante 21. Jogar 22. CBF 23. Zagueiro 24. Campo 25. Camisa 26. Equipe 27. Empate 28. Diretoria 29. Seleção 30. Marcar 31. Título 32. Treino 33. Campeão 34. Torneio 35. Placar 36. Final 37. Lesão 38. Derrota 39. Árbitro 40. Estreia 41. Temporada 42. Titular 43. Vencer 44. Torcedor 45. Competição 46. Adversário 47. Zaga 48. Chutar 49. Gramado 50. Arbitragem 51. Taça 52. Defesa 53. Amistoso 54. Jogada 55. Perder 56. Pênalti

270 188 218 138 160 149 114 110 128 112 95 99 83 79 72 75 74 62 58 54 64 52 51 108 61 186 45 49 77 50 64 42 37 36 35 96 34 74 37 31 31 41 34 33 44 30 24 23 23 21 21 45 20 20 32 19

1. Ligue 2. Match 3. Football 4. Saison 5. Joueur 6. Champion 7. Coupe 8. Stade 9. Championnat 10. Équipe 11. But 12. Victoire 13. Ballon 14. Score 15. Défenseur 16. Attaquant 17. Terrain 18. Rencontre 19. Bleus 20. Sport 21. Contrat 22. FIFA 23. Entraîneur 24. Nul 25. Défense 26. Gardien 27. Latéral 28. Supporters 29. Penalty 30. Corner 31. Capitaine 32. Jouer 33. Pelouse 34. Coach 35. Poteau 36. Titre 37. Buteur 38. Tournoi 39. Coéquipiers 40. Tir 41. Adversaire 42. Marqué 43. Disputé 44. Dribble 45. Préparation 46. Arbitre 47. Trophée 48. Vestiaire 49. Sélection 50. Offensif 51. Battu 52. Division 53. Carton 54. Finaliste 55. Suspension 56. Vainqueur

281 272 207 205 147 122 123 118 90 110 138 95 67 64 48 48 82 68 48 62 48 37 36 52 56 38 28 29 26 24 26 56 26 21 17 48 16 16 15 15 20 30 14 14 28 13 13 13 15 17 15 12 13

1. 1 = 10 2. 2 = 11 3. 3 = 2 4. 4 = 16 5. 5 = 23 6. 6 = 2 7. 7 = 13 8. 9 = 3 9. 10 = 5 10. 12 = 12 11. 13 = 23 12. 14 = 26 13. 15 = 27 14. 16 = 7 15. 17 = 8 16. 21 = 32 17. 24 = 17 18. 26 = 10 19. 29 = 49 20. 31 = 37 21. 32 = 58 22. 33 = 6 23. 34 = 39 24. 39 = 46 25. 41 = 4 26. 44 = 28 27. 46 = 41 28. 47 = 25 29. 49 = 33 30. 51 = 7 31. 52 = 25 32. 56 = 29 33. 57 = 2 34. 58 = 37

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PALAVRAS CANDIDATAS A TERMOS E SEUS EQUIVALENTES 57. Confronto 58. Artilheiro

29 17

57. Recruter 58. Entraînement

9 11

A tabela 1 acima mostra a lista das 58 palavras candidatas a termos, todas

com frequência acima de cinco, sendo 34 com seus equivalentes em francês de

onde foram escolhidos os termos-entrada, conforme a lista apresentada na tabela 2

a seguir, para a preparação dos dez citados verbetes demonstrativos.

Tabela 2 - Termos e equivalentes dos dez verbetes demonstrativos.

Nº TERMO EQUIVALENTE

01.

02.

03.

04.

05.

06.

07.

08.

09.

10.

Time

Gol

Jogo

Atacante

Futebol

Bola

Jogador

Vitória

Lateral

Copa

Équipe

But

Match

Attaquant

Football

Ballon

Joueur

Victoire

Latéral

Coupe

Diante do exposto, é interessante destacar que as 80.000 palavras do

corpus comparável em francês e as 80.000 palavras do corpus comparável em

português do Brasil permitiram indicar 406 palavras-chave em francês e 500

palavras-chave em português do Brasil, extraídas pela ferramenta Keywords, de

onde foram escolhidas as 58 palavras candidatas a termos das duas línguas,

apresentadas na tabela 1 acima, que propiciaram a escolha dos dez termos para

entrada dos verbetes demonstrativos (tabela 2). Tal informação remete à

complexidade do volume e da extensão que o redimensionamento desses corpora

necessita para torná-los representativos e propiciar a pesquisa e escolha das

palavras candidatas a termos do glossário semimultilíngue pretendido.

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4. PROPOSTA DE PRODUÇÃO DA MICROESTRUTURA PARA O GLOSSÁRIO

Com base nos pressupostos teóricos da Terminologia e da Terminografia,

segue apresentada a elaboração final dos dez verbetes demonstrativos, cada um

composto de um enunciado formado por uma entrada e uma microestrutura

(PONTES, 2009, p.101), previamente preparada em fichas terminológicas como

forma de controlar os dados desses verbetes, sem descuidar de informações sobre

o usuário a quem se destina o futuro glossário.

4.1. O perfil do usuário

Conforme Pontes (2009, p.30), a produção de dicionários e glossários deve

partir das necessidades do usuário, ou seja, o perfil do usuário define se a obra

lexicográfica se destina ao público em geral, em aprendizagem da língua materna ou

estrangeira, ou especializado com repertório terminológico de uma ciência, de uma

arte ou de uma técnica.

Deve observar características do usuário como motivação e utilidade para

consulta, idade, nível de competência na língua materna e em língua estrangeira,

que precisam estar indicadas em suas páginas iniciais (PONTES, 2009, p.59).

O futuro glossário aqui pretendido se destina a usuários especialistas em

futebol em atividade durante a Copa de 2014 no Brasil, especialmente em Fortaleza,

contribuindo como elemento facilitador para o acesso e o intercâmbio de

informações técnicas interlinguísticas em português, inglês, francês e espanhol.

4.2. As fichas terminológicas

A ficha terminológica é definida por Krieger e Finatto (2004, p.136) “como um

registro completo e organizado de informações referentes a um dado termo”, onde

constam informações indispensáveis para a composição de um verbete

lexicográfico, razão pela qual deve constituir o mais completo registro de trabalho

possível.

Tendo em vista as especificidades de cada trabalho, não há um modelo

único de ficha terminológica para atender a todas essas diferenças. O que importa

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sobretudo é o registro bem planejado de todas as informações coletadas, facilmente

recuperáveis de modo informatizado ou não.

Para organizar os dez termos do presente trabalho, selecionados pelo WST,

em torno dos quais se formam os verbetes demonstrativos da microestrutura

pretendida, foram preparadas as respectivas fichas terminológicas informatizadas

(no Microsoft Office Word 2010), conforme o modelo a seguir:

FICHA TERMINOLÓGICA

Nº DA FICHA ENTRADA CLASSE GRAMATICAL DEFINIÇÃO FONTE EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

FONTE EQUIVALENTE CLASSE GRAMATICAL EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

FONTE COLOCAÇÃO NA LF COLOCAÇÃO NA LA AUTOR DA FICHA

Cada ficha numerada foi preenchida com elementos fornecidos pelo corpus

e contém os campos de informação, já descritos em detalhe no item 2.3.2 deste

trabalho: entrada, termo em torno do qual se organiza o verbete, em forma

lematizada, ficando o nome, conforme a classe gramatical, no masculino ou feminino

singular e o verbo no infinitivo, sempre em negrito; definição, cuja elaboração, de

suma importância, deve seguir os princípios já relatados que lhe imprimem

sistematicidade; equivalente, em língua francesa, retirado do corpus compilado

sobre futebol; exemplos na duas línguas, fundamentais para contextualizar a

entrada; e informações operacionais como a fonte da definição e dos exemplos,

além do nome do autor da ficha.

Vale destacar a necessidade de constar a classe gramatical do equivalente,

uma vez que o gênero nas duas línguas nem sempre é o mesmo, a exemplo de bola

(s.f.) e ballon (s.m.). No que se refere às colocações, extraídas do mesmo corpus

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comparável, elas não constituem tradução uma da outra e foram apenas

apresentadas, sem definição.

Segue, como exemplo, uma das dez fichas terminológicas com os campos

de informação devidamente preenchidos. Trata-se da ficha número 5 (cinco), que

apresenta o termo-entrada “Futebol”, razão de ser deste trabalho. Dela foram

extraídas as informações que constituíram o respectivo verbete.

FICHA Nº 5 ENTRADA Futebol CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Jogo de bola com os pés, com duração de 90 minutos,

disputado por duas equipes de onze jogadores cada uma, que têm o objetivo de defender o seu próprio gol e de fazer a bola entrar no gol adversário, defendido por um atleta, chamado goleiro, o único que pode jogar com as mãos.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa 2009, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa 2010, Langue Française Le Petit Robert 2011

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

As duas equipes disputaram sete partidas no maior evento do futebol mundial com cinco vitórias brasileiras e dois empates. Fonte: Gazeta Esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/selecao-brasileira/historia-mostra-freguesia-sueca-diante-da-selecao-brasileira.html

EQUIVALENTE Football CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Il est intelligent, a du caractère et connaît le football. Fonte : Le Monde sport

FONTE http://www.lemonde.fr/sport/article/2011/09/13/ligue-2-marco-simone-et-jean-petit-nommes-coentraineurs-de-monaco_1571384_3242.html

COLOCAÇÃO NA LF Futebol de areia, futebol brasileiro COLOCAÇÃO NA LA -o- AUTOR DA FICHA Maria Ester

4.3. Os verbetes demonstrativos para a microestrutura

Ao dispor a organização dos verbetes e de todas as informações que os

compõem, a microestrutura deve manter uma rigorosa padronização dentro de cada

categoria gramatical ao longo da totalidade da obra, sob o risco de empobrecer e

tornar sua qualidade pouco confiável.

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Com base nos fundamentos teóricos apresentados, é o seguinte o modelo

de microestrutura abstrata adotado para os verbetes demonstrativos com

equivalência:

Estrutura do verbete português-francês

[entrada + enunciado terminográfico (paradigma informacional - classe gramatical) + paradigma definicional – definição 1, definição 2) + paradigma pragmático - exemplo em português e fonte + paradigma de forma equivalente - equivalente e classe gramatical + paradigma pragmático - exemplo do equivalente em francês e fonte)]

Lembrando que os dez verbetes apresentam a direção português com

equivalente em francês e se apresentam em ordem alfabética, segue a descrição

das particularidades tipográficas e das abreviaturas e sinais gráficos utilizados em

sua constituição.

a. Particularidades tipográficas:

a.1. o termo-entrada se apresenta em negrito com a primeira letra

maiúscula seguido da forma abreviada de sua classe gramatical em itálico, a

exemplo de s.m. para substantivo masculino;

a.2. os exemplos de uso em português do Brasil e em francês

apresentam-se em itálico e estão seguidos das respectivas fontes;

a.3. o termo-equivalente também se apresenta em negrito com a primeira

letra maiúscula seguido da forma abreviada de sua classe gramatical em itálico.

b. Abreviaturas e sinais gráficos utilizados:

b.1. em informações gramaticais como s.m. para substantivo masculino,

s.f. para substantivo feminino, s.c.d. para substantivo comum dos dois gêneros;

b.2. em exemplos de uso como [...] ou ... para indicar interrupção do texto.

Diante de todo o exposto, são os seguintes os dez verbetes demonstrativos

da microestrutura do glossário semibilíngue português-francês de futebol:

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Atacante s.m. Jogador da linha de frente de um time esportivo que tem por obrigação investir contra a linha de defesa adversária, com o propósito de marcar gols. Na reta final da Libertadores, o atacante fez o gol da vitória sobre o Santos... Sportv. Attaquant s.m. L'ancien attaquant international italien Marco Simone et l'ex-milieu international français Jean Petit ont été nommés lundi co-entraîneurs de l'AS Monaco... Le Monde sport.

Bola s.f. Artefato de borracha, madeira, plástico, couro, feltro, etc, de forma geralmente esférica cheia de ar, com que se jogam competições esportivas, dentre elas o futebol. No chute, a bola ainda acertou a trave antes de entrar no gol. Gazeta Esportiva. Ballon s.m. Gignac élimine le gardien adverse sur le côté droit et pousse le ballon au fond des filets...Maxifoot.

Copa s.f. Torneio esportivo em que se disputa e se premia o vencedor com uma taça importante, como a Jules Rimet, na Copa do Mundo de Futebol, realizada de quatro em quatro anos e disputada por times selecionados em países escolhidos pela FIFA. Recomeçamos neste jogo contra a Suécia a preparação para a Copa do Mundo de 2014... Gazeta Esportiva. Coupe s.f. La désignation de la Russie et du Qatar [...] pour organiser les éditions 2018 et 2022 de la Coupe du monde de football a provoqué une perplexité mondiale... Le Monde.

Futebol s.m. Jogo de bola com os pés, com duração de 90 minutos, disputado por duas equipes de onze jogadores cada uma, que têm o objetivo de defender o seu próprio gol e de fazer a bola entrar no gol adversário, defendido por um atleta, chamado goleiro, o único que pode jogar com as mãos. As duas equipes disputaram sete partidas no maior evento do futebol mundial com cinco vitórias brasileiras e dois empates. Gazeta Esportiva. Football s.m. Il est intelligent, a du caractère et connaît le football. Le Monde sport.

Gol s.m. Tento ou ponto marcado por entrada da bola na rede adversária, sem que o goleiro consiga impedir, no futebol e em outros esportes. O único gol da partida foi marcado por Leandro Carvalho, aos 15 minutos da etapa inicial. Gazeta Esportiva. But. s.m. Un but synonyme de victoire pour son équipe qui redresse la tête une semaine après sa défaite cruelle sur la pelouse de Nancy. Sport 24.

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Jogador s.m. Pessoa que pratica um jogo, um esporte, como amador ou profissionalmente, em carreira de curta duração. O técnico, porém, não garantiu a permanência do jogador no time titular no próximo jogo. Folha de SP. Joueur s.m. Bakar [...] a eu l’insigne honneur d’être le premier joueur à marquer dans le nouveau stade... Le Monde. Jogo s.m. Competição esportiva entre equipes, dentre elas o futebol, submetida a regras que estabelecem quem vence e quem perde, tendo por finalidade o entretenimento. O jogo marcou a estreia de Rogério na meta do São Paulo em 2012. folha uol Match s.m. Il a systématiquement marqué un but à chaque match.lavoixdunord.

Lateral s.m Jogador do sistema de defesa que atua do lado direito ou do lado esquerdo do campo, mais na defesa que no ataque, com a função de apoiar as jogadas de ataque. ...o técnico palmeirense Luiz Felipe Scolari ficou sem Cicinho de última hora. O lateral foi negociado com o Sevilla e não atuará mais pelo clube. folha.uol Latéral s.m. Le latéral [...] a fait preuve d’une belle habileté technique et d’une impressionnante vitesse balle au pied pour mettre en difficulté ses adversaires. Sport24

Time s.m. Grupo de atletas praticando um mesmo esporte coletivo, dentre eles o futebol, selecionado em número determinado para disputar competições, jogos e campeonatos. A troca de passes do time quase culminou em um gol aos 39 minutos... Gazeta Esportiva. Équipe s.f. C'est une équipe disciplinée, athlétique, et tactiquement rigoureuse. Sport 24.

Vitória s.f. Vantagem obtida sobre o adversário e consagrada pelo ato de vencer numa disputa esportiva, dentre elas o futebol. Os dois times decidiram, inclusive, a Copa do Mundo de 1958 com vitória brasileira por 5 a 2. Gazeta Esportiva. Victoire s.f. Sur l’ensemble du match, c’est une victoire qui est méritée. Le Figaro.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho pretendeu apresentar, com base nos atuais fundamentos

teóricos da Lexicografia, da Terminologia, da Terminografia e da Línguística de

Corpus, os procedimentos metodológicos que nortearam um estudo semibilíngue

português-francês para preparação de dez verbetes demonstrativos e definiram o

modelo com vistas à preparação da microestrutura de um glossário futebolístico

semimultilíngue destinado a pesquisadores e profissionais das citadas áreas, mas

sobretudo aos usuários e especialistas em futebol por ocasião da Copa do Mundo

de Futebol em 2014.

Dentro dessa perspectiva, o modelo preparado para as fichas

terminológicas e para os subsequentes verbetes demonstrativos permitiu responder

satisfatoriamente às questões propostas, bem como cumprir os objetivos elencados

na introdução do trabalho: com base nos citados fundamentos teóricos e na análise

dos corpora especializados sobre futebol, formulada pelas ferramentas do programa

WordSmith Tools, pôde-se assegurar a autenticidade dos textos na coleta de dados

e o consequente real levantamento dos candidatos a termos e chegar, de forma

demonstrativa, à organização sistemática da terminologia futebolística numa

perspectiva semibilíngue tendo em vista a elaboração de um glossário

semimultilíngue.

Diante da constatação da falta de glossários na área futebolística que

tenham o português do Brasil como língua de partida e da preparação mais prática e

tempestiva, uma vez que a Copa do Mundo se realiza em 2014, com um exíguo

espaço de tempo para sua elaboração, é o glossário semimultilíngue que se

confirma como o mais apropriado no propósito de contribuir para facilitar o acesso e

o intercâmbio de informações técnicas futebolísticas nesse evento mundial que

demanda o melhor entendimento possível em sua comunicação interlinguística.

Vale lembrar que a proposta de composição dessa obra demanda a mais

tempestiva extensão e redimensionamento do corpus especializado para assegurar

sua representatividade e permitir que seja amplamente estendido o número de

verbetes necessários à elaboração de sua nomenclatura, fato que demanda a

indispensável contribuição de especialistas da área enfocada, não buscada nessa

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fase preliminar da pesquisa, bem como um grande volume de nova e prévia

pesquisa textual, a fim de que os termos de maior especificidade e de menor

frequência, a exemplo de escanteio, bandeirinha, chuteira, goleada e tantos outros,

possam ser contemplados.

Vale igualmente ressaltar que as colocações, teoricamente apresentadas,

mas não exploradas no âmbito desse trabalho, são fundamentais para a preparação

do futuro glossário, pois, se ignoradas, restarão os termos e respectivos

equivalentes monolexicais, que não têm como responder às necessidades do

interessado ao se deparar com expressões como “tempo regulamentar, tiro de meta,

gol de bicicleta, chute a gol, marcar o gol” que precisa conhecer e expressar, no

caso, em língua francesa.

A despeito de suas limitações, espera-se que o presente trabalho possa

servir de incentivo à elaboração de um maior número de estudos preparatórios para

glossários especializados, na tipologia que se fizer necessária, com base nos

princípios aqui apresentados, contribuindo de forma autêntica, natural e segura para

a produção de conhecimento.

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REFERÊNCIAS ANJOS, Eliane Dantas dos. Glossário terminológico ilustrado de movimentos e golpes da capoeira: um estudo término-linguístico. 2003. 223p. Dissertação (Mestrado em Filosofia e Língua Portuguesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

BENITO, Jaime Climent de. Los diccionarios semibilingües: principios y clasificación desde um punto de vista didactico. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2008. Disponível em: http://www.cervantes virtual.com. Acesso em: 16 jan. 2013.

BOWKER, L;PEARSON, J. Working with specialized language: a practical guide to using corpora. London: Routledge, 2002, p.45.

BURTIN-VINHOLES, S. Dicionário de Francês: francês-português, português-francês, 38ª.ed. São Paulo: Globo, 1999.

CABRÉ, Maria Teresa. La Terminología: representación y comunicación: elementos para uma teoria de base comunicativa y otros artículos. Barcelona: IULA. 1997. Disponível em: http://www.terminometro.info/ancien/b33/pt/cabrept.htm Acesso em: 16 jan. 2013.

COSTA, Marco Antonio F. da; COSTA, Maria de Fátima Barrozo da. Metodologia da Pesquisa: conceitos essenciais. Rio de Janeiro: Interciência, 2001, p. 45-75.

GONÇALVES, Lourdes Bernardes. A compilação de um corpus de referência literário. XI Simpósio Nacional de Letras e Linguística. Uberlândia, 2006. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/dlm/comet/artigos/Lourdes_SILEL2006.pdf Acesso em: 10 jan. 2013.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

KRIEGER, Maria da Graça; FINATTO, Maria José Bocorny. Introdução à terminologia: teoria & prática. São Paulo: Contexto, 2004.

LEPRE, Larissa. A elaboração de glossários bilíngues para a interpretação de textos em inglês com base em um corpus paralelo. 2007, 80p. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

MEDEIROS, Francisca Rafaela Bezerra de. Elementos para a microestrutura de um glossário semitrilíngue dos termos da audiodescrição. 2012, 137p.

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Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, 2012.

PONTES, Antônio Luciano. Dicionário para uso escolar: o que é e como se lê. Fortaleza: Eduece, 2009, 261p.

QUEIROZ, João Machado de. Empréstimos linguísticos no vocabulário do futebol. Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos/vocabulario-futebol/vocabulario-futebol.shtml. Acesso em: 1 jan. 2013.

ROBERT, Paul. Le Petit Robert 2011: dictionnaire alphabétique et analogique de la langue française. Paris: Le Robert, 2011.

SACCONI, Luiz Antonio. Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa. 1ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SARDINHA, Tony Berber. Lingüística de Corpus. São Paulo: Manole, 2004, 410p.

SEEMANN, Paulo Augusto Almeida. Gol contra! Mas...contra quem? A Linguística de Corpus e os equivalentes de tradução. Revista Domínios da Linguagem. v.2, n.2, p. 2008. ISSN 1980-5799.

SILVA, Andrea Stahel M. de. Palavra-chave: dicionário semibilíngue para brasileiros. 1ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. ISBN: 978-85-7827-354-5

TAGNIN, Stella Esther O. A produção de glossários direcionados pelo corpus e orientados ao tradutor como metodologia de formação de tradutores. In: ENCONTRO NACIONAL DE TRADUTORES & IV ENCONTRO INTERNACIONAL DE TRADUTORES, 2009, Ouro Preto. Anais... Ouro Preto: ABRAPT/UFOP, 2009, p.1079-1093.

TAGNIN, Stella Esther O. Aprendizagem direcionada: uma homenagem a Tim Johns. In: VIANA, V.; TAGNIN, S. E. O. (orgs.). Corpora no ensino de línguas estrangeiras. São Paulo: Hub Editorial, p. 7-11, 2010. ISBN: 978-85-63623-66-9.

TAGNIN, Stella Esther O. Glossário de Linguística de Corpus. In: VIANA, V.; TAGNIN, S. E. O. (orgs.). Corpora no ensino de línguas estrangeiras. 1 ed. São Paulo: Hub Editorial, 2010, p. 357-361.

WELKER, Herbert Andreas. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília: Thesaurus, 2004, 287p.

WELKER, Herbert Andreas. Dicionários pedagógicos especiais. In: Panorama geral da lexicografia pedagógica. Brasília: Thesaurus, 2008, p. 358-374.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Ficha terminológica 1

FICHA Nº 1 ENTRADA Time CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Grupo de atletas praticando um mesmo esporte coletivo,

selecionado em número determinado para disputar competições, jogos e campeonatos.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

A troca de passes do time quase culminou em um gol aos 39 minutos... Fonte: Gazeta Esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/campeonato-brasileiro-serie-a-2012/na-arena-barueri-palmeiras-e-flamengo-tentam-engatar-arrancadas.html

EQUIVALENTE Équipe CLASSE GRAMATICAL s.f. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

C'est une équipe disciplinée, athlétique, et tactiquement rigoureuse. Fonte : Sport 24

FONTE http://www.sport24.com/football/ligue-des-champions/actualites/faites-sauter-le-barrage-!-579461

COLOCAÇÃO NA LF Time titular, time da casa COLOCAÇÃO NA LA -o- AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE B – Ficha terminológica 2

FICHA Nº2 ENTRADA Gol CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Tento ou ponto marcado por entrada da bola na rede

adversária, sem que o goleiro consiga impedir, no futebol, polo, rúgbi e em outros esportes.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011, Aurélio eletrônico

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

O único gol da partida foi marcado por Leandro Carvalho, aos 15 minutos da etapa inicial. Fonte: Gazeta Esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/joinville/joinville-segue-com-boa-campanha-e-vence-bragantino-por-1-a-0.htm

EQUIVALENTE But CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Un but synonyme de victoire pour son équipe qui redresse la tête une semaine après sa défaite cruelle sur la pelouse de Nancy. Fonte : Sport 24

FONTE http://www.sport24.com/football/ligue-1/Homes-Clubs/brest/actualites/brest-la-joue-comme-nancy-578967

COLOCAÇÃO NA LF Cara do gol, chances de gol

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COLOCAÇÃO NA LA Tir au but, but de la victoire AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE C – Ficha terminológica 3

FICHA Nº3 ENTRADA Jogo CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Competição esportiva entre equipes, submetida a regras que

estabelecem quem vence e quem perde, tendo por finalidade o entretenimento.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

O jogo marcou a estreia de Rogério na meta do São Paulo em 2012. folha uol

FONTE http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1128100-com-2-de-luis-fabiano-sao-paulo-vence-fla-na-volta-de-rogerio.shtml

EQUIVALENTE Match CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Il a systématiquement marqué un but à chaque match. Lavoixdunord

FONTE http://www.lavoixdunord.fr/sports/ariel-jacobs-malgre-le-match-aller-on-doit-faire-ia182b204n654052

COLOCAÇÃO NA LF -o- COLOCAÇÃO NA LA Match amical, match retour, match nul AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE D – Ficha terminológica 4

FICHA Nº 4 ENTRADA Atacante CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Jogador(a) da linha de ataque de um time esportivo que tem

por obrigação investir contra a linha de defesa adversária, com o propósito de marcar gols.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011, Aurélio eletrônico

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

Na reta final da Libertadores, o atacante fez o gol da vitória sobre o Santos, na Vila Belmiro, na primeira partida da semifinal. Fonte: Sportv

FONTE http://sportv.globo.com/site/programas/redacao-sportv/noticia/2012/07/redacao-am-sheik-das-americas-faz-narrador-provocar-o-boca-ouca.html#jogo-corinthians-2-x-0-boca-juniors

EQUIVALENTE Attaquant(e) CLASSE GRAMATICAL s. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

L’ancien attaquant international italien Marco Simone et l’ex-milieu international français Jean Petit ont été nommés lundi co-entraîneurs de l’AS Monaco... Fonte : Le Monde sport

FONTE http://www.lemonde.fr/sport/article/2011/09/13/ligue-2-marco-

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simone-et-jean-petit-nommes-coentraineurs-de-monaco_1571384_3242.html

COLOCAÇÃO NA LF Meia atacante COLOCAÇÃO NA LA -o- AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE E – Ficha terminológica 5

FICHA Nº 5 ENTRADA Futebol CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL

s.m.

DEFINIÇÃO Esporte em que se joga a bola com os pés durante 90 minutos, disputado por duas equipes de onze jogadores cada, que têm o objetivo de defender o seu próprio gol e de fazer a bola entrar no gol adversário, defendido pelo goleiro, o único atleta que pode jogar com as mãos.

FONTE Diconário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

As duas equipes disputaram sete partidas no maior evento do futebol mundial com cinco vitórias brasileiras e dois empates. Fonte: Gazeta Esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/selecao-brasileira/historia-mostra-freguesia-sueca-diante-da-selecao-brasileira.html

EQUIVALENTE Football CLASSE GRAMTICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Il est intelligent, a du caractère et connaît le football. Fonte : Le Monde sport

FONTE http://www.lemonde.fr/sport/article/2011/09/13/ligue-2-marco-simone-et-jean-petit-nommes-coentraineurs-de-monaco_1571384_3242.html

COLOCAÇÃO NA LF Futebol de areia, futebol brasileiro COLOCAÇÃO NA LA -o- AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE F – Ficha terminológica 6

FICHA Nº 6 ENTRADA Bola CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL

s.f.

DEFINIÇÃO Artefato de borracha, plástico, couro, feltro ou outros materiais, de forma geralmente esférica, maciça ou cheia de ar comprimido, com que se jogam competições esportivas, dentre elas o futebol.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011, Dicionário online de português

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

No chute, a bola ainda acertou a trave antes de entrar no gol. Fonte: Gazeta Esportiva

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FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/goias/goias-cai-para-lanterna-gremiosp-e-deixa-g4-depois-de-duas-rodadas.html

EQUIVALENTE Ballon CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Gignac élimine le gardien adverse sur le côté droit et pousse le ballon au fond des filets malgré le retour d’un défenseur. Fonte : maxifoot

FONTE http://www.maxifoot.fr/football/article-16287.htm COLOCAÇÃO NA LF Posse de bola, saída de bola COLOCAÇÃO NA LA Ballon d’or AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE G – Ficha terminológica 7

FICHA Nº 7 ENTRADA Jogador CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Pessoa que pratica um jogo, um esporte, como amador ou

profissionalmente, em carreira de curta duração. FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário

Sacconi da língua portuguesa, Wikipédia EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

O técnico, porém, não garantiu a permanência do jogador no time titular no próximo jogo. Fonte: Folha

FONTE http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1132332-willian-jose-diz-são-estar-nem-ai-para-a-torcida-do-são-paulo.shtml

EQUIVALENTE Joueur CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Bakar [...] a eu l’insigne d’honneur d’être le premier joueur à marquer dans le nouveau stade... Fonte : Le Monde

FONTE http://www.lemonde.fr/sport/article/2012/08/18/ligue-1-lyon-veut-confirmer-le-psg-doit-se-racheter_1747498_3242.html

COLOCAÇÃO NA LF -o- COLOCAÇÃO NA LA Ancien joueur AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE H – Ficha terminológica 8

FICHA Nº 8 ENTRADA Vitória CLASSE GRAMATICAL s.f. DEFINIÇÃO Vantagem obtida sobre o adversário e consagrada pelo ato ou

efeito de vencer numa disputa esportiva. FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário

Sacconi da língua portuguesa, Dicionário online de português EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

Os dois times decidiram, inclusive, a Copa do Mundo de 1958 com vitória brasileira por 5 a 2. Fonte: Gazeta Esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/selecao-brasileira/historia-mostra-freguesia-sueca-diante-da-selecao-brasileira.html

EQUIVALENTE Victoire CLASSE GRAMATICAL s.f.

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EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Sur l’ensemble du match, c’est une victoire qui est méritée. Fonte : Le Figaro

FONTE http://www.lefigaro.fr/football-ligue-1-et-2/2012/08/19/02013-20120819ARTSPO00006-chauvin-une-juste-recompense.php

COLOCAÇÃO NA LF Gol da vitória COLOCAÇÃO NA LA -o- AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE I – Ficha terminológica 9

FICHA Nº 9 ENTRADA Lateral CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Jogador de defesa que atua do lado direito ou do lado

esquerdo do campo, mais na defesa que no ataque, com a função de apoiar as jogadas de ataque.

FONTE Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Wikipédia

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

...o técnico palmeirense Luiz Felipe Scolari ficou sem Cicinho de última hora. O lateral foi negociado com o Sevilla e não atuará mais pelo clube. Fonte: folha.uol

FONTE http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1128139-em-jogo-polemico-palmeiras-cai-ante-o-cruzeiro-e-entra-na-zona.shtml

EQUIVALENTE Latéral CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Le latéral [...] a fait preuve d’une belle habileté technique et d’une impressionnante vitesse balle au pied pour mettre en difficulté ses adversaires. Fonte : Sport24

FONTE http ://www.sport24.com/football/ligue-1/Homes-Clubs/evian-tg/actualite/lyon-s-en-contente-580302

COLOCAÇÃO NA LF Lateral-direito, lateral-esquerdo COLOCAÇÃO NA LA Latéral-droit AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE J – Ficha terminológica 10

FICHA

Nº 10

ENTRADA Copa CLASSE GRAMATICAL s.f. DEFINIÇÃO Campeonato esportivo em que se premia o vencedor com uma

taça, como a Jules Rimet, na Copa do Mundo de Futebol, realizada de quatro em quatro anos e disputada por times selecionados em países escolhidos pela FIFA.

FONTE Dicionário Hoauiss de língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

Recomeçamos neste jogo contra a Suécia a preparação para a Copa do Mundo de 2014, que ficou um pouco de lado por causa dos Jogos Olímpicos. Fonte: Gazeta esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/selecao-

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brasileira/sob-pressao-brasil-encara-suecia-em-despedida-de-palco-historico.html

EQUIVALENTE Coupe CLASSE GRAMATICAL s.f. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

La désignation de la Russie et du Qatar [...] pour organiser les éditions 2018 et 2022 de la Coupe du monde de football a provoqué une perplexité mondiale... Fonte : Le Monde

FONTE http://latta.blog.lemonde.fr/2010/12/08/la-coupe-du-monde-au-plus-offrant

COLOCAÇÃO NA LF Copa do mundo , título da Copa, Copa do Brasil COLOCAÇÃO NA LA Coupe du monde, Coupe de France AUTOR DA FICHA Maria Ester

APÊNDICE K – Ficha terminológica 11

FICHA Nº 11 ENTRADA Estádio CLASSE GRAMATICAL s.m. DEFINIÇÃO Campo de competições esportivas, circundado por

arquibancadas e cadeiras para os espectadores, cabinas de rádio e televisão para transmissão da competição, e outras instalações de suporte para os times e os espectadores.

FONTE Dicionário Houaiss de língua portuguesa, Grande dicionário Sacconi da língua portuguesa, Langue Française Le Petit Robert 2011, Aurélio eletrônico

EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA FONTE (LF)

A volta para o segundo tempo renovou o fôlego dos torcedores que compareceram ao estádio e mostrou que as duas equipes tinham potencial para chegar ao ataque. Fonte: Gazeta esportiva

FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/america-mg/americamg-aproveita-expulsao-no-1-tempo-e-se-reabilita-ante-o-abc.html

EQUIVALENTE Stade CLASSE GRAMATICAL s.m. EXEMPLO DE USO NA LÍNGUA ALVO (LA)

Les deux équipes se retrouveront la semaine prochaine pour un match retour décisif au stade Chaban-Delmas. Fonte : Le Monde

FONTE http://www.lemonde.fr/sport/article/2012/08/23/ligue-europa-marseille-gagne-em-moldavie-et-prend-une-serieuse-option_1750847_3242.html

COLOCAÇÃO NA LF -o- COLOCAÇÃO NA LA Stade de France AUTOR DA FICHA Maria Ester

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ANEXOS

Anexo A - Jornais brasileiros eletrônicos

Folha de São Paulo (São Paulo) – http://www.folha.uol.com.br – 01.08.2012,

02.08.2012, 03.08.2012, 04.08.2012, 05.08.2012, 06.08.2012, 07.08.2012,

08.08.2012, 09.08.2012, 10.08.2012, 11.08.2012.

Globo Esporte (Rio de Janeiro) – http://globoesporte.globo.com –

01.07.2012, 03.07.2012, 05.07.2012, 06.07.2012, 07.07.2012, 11.07.2012,

12.07.2012, 13.07.2012, 14.07.2012, 15.07.2012, 16.07.2012, 17.07.2012,

18.07.2012, 20.07.2012, 28.07.2012, 30.07.2012, 31.07.2012.

Gazeta Esportiva (São Paulo) – http://www.gazetaesportiva.net –

05.07.2012, 10.07.2012, 11.07.2012, 13.07.2012, 18.07.2012, 26.07.2012,

31.07.2012, 14.08.2012, 15.08.2012.

Anexo B – Jornais franceses eletrônicos

Le Monde – http://lemonde.fr/sport - 21.07.2010, 09.09.2010, 03.12.2010,

08.12.2010, 14.12.2010, 13.04.2011, 13.09.2011, 18.04.2012, 19.04.2012,

24.04.2012, 11.05.2012, 15.05.2012, 17.05.2012, 20.05.2012, 05.07.2012,

26.07.2012, 28.07.2012, 10.08.2012, 14.08.2012, 15.08.2012, 16.08.2012,

17.08.2012, 18.08.2012, 21.08.2012, 22.08.2012, 23.08.2012, 24.08.2012,

25.08.2012, 26.08.2012, 31.08.2012.

La depêche du midi – http://www.ladepeche.fr – 20.08.2012, 22.08.2012,

28.08.2012.

Le Figaro – http://www.lefigaro.fr/football - 27.04.2012, 28.04.2012,

29.04.2012, 18.06.2012, 01.07.2012, 11.07.2012, 07.08.2012, 08.08.2012,

09.08.2012, 12.08.2012, 14.08.2012, 16.08.2012, 18.08.2012, 19.08.2012,

20.08.2012, 21.08.2012, 28.08.2012.

Sport 24 – http://www.sport24.com/football - 19.05.2012, 20.05.2012,

20.08.2012, 22.08.2012, 23.08.2012, 24.08.2012.

Sofoot – http://www.sofoot.com – 22.06.2012, 25.06.2012, 04.07.2012,

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