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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA SINÉSIO MATEUS DA SILVA FILHO INTEGRAIS DUPLAS E APLICAÇÕES JUSSARA-GO 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

SINÉSIO MATEUS DA SILVA FILHO

INTEGRAIS DUPLAS E APLICAÇÕES

JUSSARA-GO

2009

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Sinésio Mateus Da Silva Filho

INTEGRAIS DUPLAS E APLICAÇÕES

Trabalho apresentado como requisito para obtenção do

título de licenciado no curso de Licenciatura em

Matemática, na Universidade Estadual de Goiás,

Unidade Universitária de Jussara, sob orientação do

Professor José Eder Salvador De Vasconcelos.

JUSSARA-GO

2009

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, pois Ele é o Criador de tudo e este

trabalho não se realizaria sem a sua permissão, me dando paz e sabedoria para superar os

momentos de dificuldade.

Aos meus professores que muito me ensinaram ao longo da minha vida acadêmica, em

especial ao Ms. Márcio Lemes De Sousa e ao Ms. Elber Magalhães Torres, que contribuíram

exponencialmente na minha graduação.

Agradeço à direção e aos colegas do Colégio Estadual Alfredo Nasser, de Britânia-

GO, por terem compreendido minhas ausências, e pelo apoio incondicional na realização

deste trabalho.

Ao professor José Eder Salvador De Vasconcelos por ter aceito o desafio de me

orientar ao longo deste trabalho, me acolhendo carinhosamente e me incentivando na sua

realização.

Agradeço a minha namorada por ter me ajudado a superar essa fase tão difícil da

minha vida, me dando motivação e carinho para seguir em frente. Nunca se esqueça meu

amor que eu te amo muito e que parte desta obra prima é sua, pois sem você eu não teria chão

para realizá-la.

Como não poderia deixar de ser, agradeço aos meus pais por terem acreditado e

investido em mim, pela compreensão e carinho incondicionais, fatores fundamentais para que

este trabalho fosse concluído. A todos que contribuíram direto ou indiretamente para a

conclusão desta pesquisa o meu muito obrigado.

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RESUMO

Há muito tempo os matemáticos buscam ferramentas para resolver problemas do nosso dia-a-

dia, entre essas podemos destacar a Integral Dupla. Por meio dela é possível resolver diversos

problemas como cálculo de áreas, volumes, massa, centro de massa, momento de inércia e

outros. Sendo assim torna-se indispensável para nós matemáticos a compreensão dessa

ferramenta e da sua aplicabilidade na Matemática, na Física, na Engenharia e em outras

ciências. Tem-se então por objetivos resgatar, desenvolver, e mostrar alguns conceitos

fundamentais de Integrais Duplas em funções de duas variáveis reais, por meio de

interpretações geométricas, algébricas e possíveis situações cotidianas de modo prático. Para

alcançá-los serão realizadas pesquisas bibliográficas e gráficas utilizando a ajuda de softwares

matemáticos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 6

CAPÍTULO 1 UM POUCO DE HISTÓRIA.................................................................... 7

1.1 A Origem do Cálculo...................................................................................................... 7

1.2 Newton e Leibniz um duelo de titãs................................................................................ 7

1.3 O cálculo integral........................................................................................................... 9

1.4 O cálculo Diferencial..................................................................................................... 10

CAPÍTULO 2 INTEGRAL DUPLA DA TEORIA À PRÁTICA.................................. 12

2.1 A Integral Dupla............................................................................................................. 12

2.2 Integrais Sucessivas........................................................................................................ 16

2.3 Mudança de variáveis nas integrais duplas................................................................... 24

2.4 Coordenadas Polares..................................................................................................... 27

CAPÍTULO 3 APLICAÇÕES DE INTEGRAIS DUPLAS............................................ 31

3.1 Cálculo de volume.......................................................................................................... 31

3.2 Cálculo de área............................................................................................................... 34

3.3 Massa.............................................................................................................................. 36

3.4 Carga.............................................................................................................................. 38

3.5 Centro de massa............................................................................................................. 39

3.6 Momento de inércia........................................................................................................ 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 46

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INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos os seres humanos buscam meios para promover o seu

desenvolvimento científico, uma das maiores descobertas foi a do cálculo diferencial e

integral criado por Newton e Leibniz. Através desta descoberta surgiram várias ferramentas

que contribuíram e muito para solucionar problemas do nosso dia-a-dia que até então não

possuíam respostas.

Entre essas ferramentas podemos destacar a integral dupla que surge a partir da

extensão dos conceitos e propriedades de integral simples. No entanto, para muitos

matemáticos essa ferramenta apresenta um alto grau de complexidade e acaba sendo rotulada

como inútil.

Através da integral dupla vários problemas geométricos foram solucionados, entre eles

podemos citar com ênfase problemas de áreas e volumes. Outra grande contribuição da

integral dupla foi dada a Física, possibilitando a solução de problemas de massa, centro de

massa, momento de inércia, entre outros.

Esta pesquisa tem por objetivo geral desmistificar as dificuldades sobre conceitos

fundamentais de integrais duplas, avaliando de modo geral qual o melhor meio para fazer

interpretações geométricas e algébricas, mostrando situações cotidianas em que as integrais

duplas podem ser utilizadas de modo prático e funcional.

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CAPÍTULO 1 UM POUCO DE HISTÓRIA

Neste primeiro capítulo daremos ênfase à parte histórica, mostrando o

desenvolvimento do cálculo integral e diferencial ao longo da história, com o objetivo de

motivação para um estudo mais aprofundado de Integrais Duplas que é o foco da nossa

pesquisa. A história do cálculo faz-se muito importante para facilitar a compreensão dessa

área do conhecimento e através dela poderemos entender melhor o conceito de integral.

1.1 A Origem do Cálculo

De acordo com Howard Eves o século XVII foi muito produtivo para a matemática,

pois neste século surgiram novas áreas de pesquisas que abriram as portas para grandes

descobertas. Entre as descobertas realizadas neste período, destaca-se na opinião de muitos

como a mais notável, a invenção do cálculo, por Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz.

Esta descoberta elevou a matemática a um plano superior e possibilitou a solução de

diversos problemas que ainda persistiam sem respostas. Em princípio o cálculo era ramificado

em duas áreas distintas, o cálculo integral e o cálculo diferencial, ambos um independente do

outro. Para Howard Eves o desenvolvimento do cálculo ao longo da história contraria a ordem

dos cursos básicos, onde estudamos primeiro o cálculo diferencial e depois o cálculo integral.

O surgimento histórico do cálculo aconteceu justamente ao contrário, pois primeiro

surgiu o cálculo integral que teve origem através de somatórios ligados ao cálculo de áreas,

volumes e comprimentos. E por conseguinte o cálculo diferencial que foi criado mais tarde e

resultou de problemas sobre tangentes e questões de máximos e mínimos. Anos mais tarde

verificou-se que o cálculo diferencial e o cálculo integral estão diretamente relacionados entre

si, pois se concluiu que a integração e a diferenciação são operações inversas uma da outra.

1.2 Newton e Leibniz: um duelo de titãs

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Segundo Carl B. Boyer, Isaac Newton nasceu prematuramente e passou por várias

dificuldades familiares. Ele foi educado pela sua avó até seu tio perceber no sobrinho um

talento matemático incomum e convencer a sua mãe a matriculá-lo em Cambridge.

Em princípio, Isaac Newton não demonstrava interesse em se tornar um matemático,

pois desejava seguir seus estudos na área de química. Contudo, em 1661 ele ingressou no

Trinity College (instituição universitária) e logo no primeiro ano comprou e estudou as

principais obras matemáticas da época.

Três anos mais tarde Newton já havia adquirido muito conhecimento e estava pronto

para fazer a suas próprias contribuições a matemática. Em 1665 ele começou os seus estudos

sobre séries infinitas e taxa de variação, pouco tempo depois ele começou a ligar esses dois

problemas em busca de uma solução.

Durante boa parte de 1665-1666, o Trinity College foi fechado e Newton foi para casa,

onde se ocupou simplesmente em viver e pensar. Neste período ele realizou quatro das

maiores descobertas da sua vida: o teorema binomial, o cálculo, a lei da gravitação, a natureza

das cores.

O teorema binomial e o seu estudo de séries infinitas foram ferramentas

imprescindíveis para que Isaac Newton desenvolvesse o cálculo. Contudo ele se tornou

efetivo inventor do cálculo quando foi capaz de explorar a relação inversa entre inclinação e a

área através de sua nova análise infinita. Para ele o cálculo e a análise infinita estavam

inteiramente ligados e a sua separação não era vista com bons olhos.

Porém o cálculo de Newton apresentava-se muito complexo, pois poucos matemáticos

da época dominaram a nova análise nos termos de linguagem e notação criada por ele. Sabe-

se também que ele não foi o primeiro matemático a diferenciar ou integrar e nem a ver a

relação entre essas operações no teorema fundamental do cálculo, mas ele foi o primeiro a

constituir uma aplicação desses elementos num algoritmo geral aplicável a todas as funções.

Newton em uma das suas publicações reconheceu que Leibniz estava de posse de um

método semelhante ao que tinha criado. Porém em 1726 em uma nova publicação, após uma

grande disputa entre ele e Leibniz pela a autoria do cálculo, ele omite a referência ao cálculo

de Leibniz. Atualmente está bastante claro que ambas as descobertas foram independentes e

que a de Leibniz aconteceu dez anos após a descoberta de Newton. Contudo, Leibniz tem

prioridade de publicação, pois imprimiu uma exposição do seu cálculo em 1684.

O barão Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, na Alemanha em 1º de julho

de 1646. Assim como Isaac Newton, Leibniz não começou seus estudos pela matemática, ele

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preferiu estudar direito na Universidade de Leipzig no período de 1661 a 1666. Nesta fase

adquiriu muito conhecimento estudando as obras de diversos filósofos.

Após concluir o curso de direito Leibniz se candidatou ao doutorado na Universidade

de Leipzig, mas devido a sua pouca idade ele não foi aceito e decidiu abandonar a cidade de

Leipzig para sempre. Deu então início aos seus estudos matemáticos em Jena e saiu em

viagem pela Alemanha buscando conhecimentos e soluções para questões políticas, religiosas

e matemáticas, recebendo o título de doutor na cidade Nurnberg com a tese sobre “ Casos

Intrigantes”. A partir de 1672, Leibniz se vê em grandes dificuldades, pois os seus maiores

protetores vieram a falecer neste período. Buscando meios para se manter, Leibniz constrói

uma máquina de calcular, um aperfeiçoamento na máquina criada por Blaise Pascal,

matemático e cientista francês, e indo a Inglaterra, apresentou sua máquina de calcular a

Royal Society em 1673.

Em 1676, Leibniz já havia começado a desenvolver o seu cálculo e tinha descoberto o

teorema fundamental do cálculo, que só foi publicado em 11 de julho de 1677,

aproximadamente dez anos depois da descoberta não publicada por Newton. Entre 1677 a

1704, o cálculo leibniziano foi desenvolvido como uma real força e de grande aplicabilidade,

enquanto o cálculo de Newton continuava uma curiosidade não procurada pelos matemáticos

da época.

1.3 O cálculo integral

De acordo com Howard Eves os primeiros problemas que apareceram sobre integral

ao longo da história foram os de quadraturas. Um dos problemas mais antigo que o ser

humano enfrentou foi o de calcular a área de superfícies de figuras planas. A princípio os

geômetras usavam associar a área do quadrado para calcular a área de figuras planas mais

complexas, afim de encontrar um quadrado que tivesse a mesma área da figura em questão.

No entanto os geômetras da época encontravam muita dificuldade para encontrar a

área de figuras curvilíneas. Vários matemáticos se lançaram a este desafio através das

quadraturas. O geômetra que mais contribuiu para o cálculo integral foi Arquimedes com o

seu teorema da quadratura da parábola. Através deste teorema Arquimedes descobriu que a

área da região limitada por uma parábola cortada por qualquer corda, é igual a 4/3 da área do

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triângulo que tem a mesma altura e a corda como base. Através das quadraturas do círculo,

Arquimedes encontrou a primeira aproximação para o número “pi”.

Outros matemáticos também contribuíram para o desenvolvimento do cálculo integral,

entre eles podemos destacar Fermat e Joham Bernoulli. Fermat desenvolveu a aritmética do

infinito, uma técnica que lhe permitia achar as áreas de cada uma das parábolas maiores.

O cálculo integral era visto separadamente por Newton e Leibniz. Para Newton o

cálculo era mais geométrico, já para Leibniz o cálculo era mais analítico. O nome de cálculo

integral foi criado por Joham Bernoulli e publicado pela primeira vez por seu irmão Jacques

Bernoulli. Após esta publicação Leonard Euller resumiu as ideias dos Bernoulli em uma nova

obra sobre integrais, dando continuidade no estudo das funções, ainda prematuro na época.

Hoje em dia o cálculo integral é utilizado em larga escala pelo ser humano em diversas

áreas do conhecimento e é aplicado para a solução de problemas não só de Matemática, mas

Física, Astronomia, Economia, Engenharia, Medicina e Química.

1.4 O cálculo diferencial

Segundo Carl B. Boyer o cálculo diferencial surgiu a partir do problema da tangente,

um dos primeiros matemáticos a desvendar este problema foi Fermat que através dos estudos

de funções se deu conta das limitações do conceito clássico de reta tangente. Sendo assim,

passou a buscar uma reformulação para tal conceito e procurou encontrar um processo para

traçar uma reta tangente a um gráfico num ponto dado.

Para resolver este problema Fermat usou um método muito simples, primeiramente

traçou uma reta PQ secante ao gráfico de uma curva nos pontos P e Q, em seguida fez o ponto

Q deslizar ao longo da curva até o ponto P, obtendo assim retas PQ que se aproximavam de

uma reta T. Essa reta T foi chamada por Fermat de reta tangente à curva no ponto P.

Através desta ideia Fermat tentou traçar a reta tangente em várias funções e notou que

nos pontos onde a curva assumia valores extremos, a tangente ao gráfico deveria ser uma reta

horizontal. Assim Fermat começou a criar uma relação entre o problema de determinar

extremos e de determinar tangentes.

As ideias mostradas por Fermat ajudaram a construir o conceito de derivada e levou

alguns matemáticos a considerá-lo o verdadeiro inventor do cálculo diferencial. Porém Fermat

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não dispunha de notação apropriada e o conceito de limite ainda não estava claramente

definido.

Anos mais tarde Newton e Leibniz algebrizam o cálculo diferencial, introduzindo

vários conceitos e notações, o que possibilitou a sua utilização em diversas áreas do

conhecimento trazendo um grande desenvolvimento e soluções para problemas que até então

não possuíam respostas.

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CAPÍTULO 2 INTEGRAL DUPLA DA TEORIA À PRÁTICA

Neste capítulo abordaremos as definições e propriedades da integral dupla, para isso,

assumiremos alguns pressupostos, entre eles podemos destacar a definição de função,

primitiva, integral de Riemann, continuidade, limite e o teorema fundamental do cálculo. A

partir desses pressupostos poderemos finalmente definir a integral dupla, que é o nosso

principal foco de pesquisa.

2.1 A Integral Dupla

De acordo com Flemming e Gonçalves a integral dupla é uma extensão natural do

conceito de integral definida para funções de duas variáveis reais. Essa extensão é obtida

através da expansão da soma Riemann de uma variável real, para duas variáveis reais.

Note que quando realizamos esta expansão, estamos mudando o conjunto de

integração. Quando integramos uma função de uma variável real, através do cálculo de uma

integral simples, exigimos que a função seja definida em um intervalo fechado no conjunto R

dos números reais. Já quando integramos uma integral dupla exigimos que ela seja definida

numa região fechada do R².

2.1.1 Definição

Seja f uma função definida numa região retangular fechada D. O número L será o

limite das somas da forma 𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖𝑛

𝑖=1)𝛥𝑖𝐴 se L satisfazer a propriedade de que para todo 𝜖

> 0 existe δ > 0, tal que para toda partição 𝛥, para qual 𝛥 < δ e para todas as possíveis

seleções do ponto (𝜉i,𝛾i) no i-ésimo retângulo i = 1, 2, ... , n,

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𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 − 𝐿 < 𝜖

Se tal número L existir, escrevemos

lim 𝛥 →0

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝐿

Através desta definição podemos verificar que realmente o conceito de integral dupla

parte de uma expansão do conceito de integral simples. No conceito de integral simples temos

que a integral é o limite da soma de Riemann, onde somamos as áreas dos retângulos no

conjunto fechado R. Já no conceito de integral dupla temos que a integral também é o limite

da soma de Riemann, mas, no entanto, estamos trabalhando agora com duas variáveis reais,

logo a integral dupla é a soma dos volumes dos paralelepípedos numa região fechada do R².

Observe a figura 1:

“É fácil compreender, então, que a soma de Riemann é a soma dos volumes dos

paralelepípedos cujas bases são os sub-retângulos e cujas alturas correspondentes são os

valores de 𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖).”( ÁVILA, 1995, p.137)

2.1.2 Definição

x

DD

y

z

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖)

(𝜉𝑖, 𝛾𝑖).

Paralelepípedo

Figura 1

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Uma função f de duas variáveis será dita integrável numa região retangular fechada D

se f estiver definida em D e se o número L da Definição 1 existir. Esse número L será

chamado de Integral Dupla de f em D, e escrevemos

lim 𝛥 →0

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

A integral dupla também pode ser representada usando outros símbolos, logo a

integral dupla de f em D pode ser escrita como:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

e 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥

𝐷

Ainda é muito cedo para realizarmos o cálculo de uma integral dupla, pois este

depende da função f e da região D em que se pretende calcular a integral. Sendo assim esta

tarefa pode se tornar muito complexa, logo se faz necessário um estudo minucioso de algumas

ferramentas e da própria integral dupla.

Como a definição de integral dupla é uma extensão da definição de integral simples,

podemos verificar também que todas as propriedades aplicadas às integrais simples também

poderão ser aplicadas aqui em integrais duplas. Logo sejam f (x,y) e g (x,y) duas funções

contínuas e integráveis sobre a região D do R² e k uma constante, valem as seguintes

propriedades:

I. 𝑘 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = 𝑘𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

II. [𝑓 𝑥, 𝑦 ± 𝑔 𝑥, 𝑦 ]𝑑𝐴 =𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

± 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

III. Se 𝑓 𝑥, 𝑦 ≥ 𝑔 𝑥, 𝑦 , para todo 𝑥, 𝑦 ∈ 𝐷, então 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴.𝐷

2.1.1 Demonstração

I. Fazendo h(x,y) = k f(x,y) e usando a definição 2.1.2, segue que:

𝑘 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = 𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = lim 𝛥 →0

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴

𝐷𝐷

como 𝑕 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 = 𝑘𝑓 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 , logo:

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lim 𝛥 →0

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = lim 𝛥 →0

𝑘𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝑘 lim 𝛥 →0

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴

𝑘 lim 𝛥 →0

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝑘 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

Portanto temos que pra qualquer f(x,y) integrável e k constante numa região D do R²,

segue que :

𝑘 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = 𝑘 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷𝐷

II. Fazendo h(x,y) = f(x,y) ± g(x,y) e usando a definição 2.1.2, segue que:

[𝑓 𝑥, 𝑦 ± 𝑔 𝑥, 𝑦 ]𝑑𝐴 =

𝐷

𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

= lim 𝛥 →0

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴

Como 𝑕 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 = 𝑓 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 ± 𝑔 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 , logo:

lim 𝛥 →0

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = lim 𝛥 →0

𝑓 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 ± 𝑔 𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

𝛥𝑖𝐴

lim 𝛥 →0

𝑓 𝜉𝑖, 𝛾𝑖 ± 𝑔 𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

𝛥𝑖𝐴 = lim 𝛥 →0

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 ± lim 𝛥 →0

𝑔(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴

lim 𝛥 →0

𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 ± lim 𝛥 →0

𝑔(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 ± 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷𝐷

Portanto temos que pra qualquer f(x,y) e g(x,y) integrável numa região D do R², segue

que :

[𝑓 𝑥, 𝑦 ± 𝑔 𝑥, 𝑦 ]𝑑𝐴 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

± 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

III. Como f e g são integráveis na região D, 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

e 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

existem.

Logo,

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

− 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

= [𝑓 𝑥, 𝑦 − 𝑔 𝑥, 𝑦 ]𝑑𝐴

𝐷

Seja h a função definida por

𝑕 𝑥, 𝑦 = 𝑓 𝑥, 𝑦 − 𝑔 𝑥, 𝑦

Então 𝑕 𝑥, 𝑦 ≥ 0 para todo (𝑥, 𝑦) em D, pois 𝑓 𝑥, 𝑦 ≥ 𝑔 𝑥, 𝑦 para todo (𝑥, 𝑦) em

D.

Queremos provar que 𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 ≥ 0𝐷

. Como

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𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = lim 𝛥 →0

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴

𝐷

Vamos supor que

𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = lim 𝛥 →0

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = L ≤ 0

𝐷

Então temos que com 𝜖 = −𝐿, existe um𝛿 ≥ 0, tal que se 𝛥 < 𝛿, então

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 < −𝐿

Mas como

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 − 𝐿 ≤ 𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 − 𝐿

Logo das duas expressões acima temos que se 𝛥 < 𝛿, então

𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 − 𝐿 < −𝐿 → 𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 < 0

Mas essa afirmativa é impossível, pois 𝑕(𝜉𝑖, 𝛾𝑖) é sempre não negativo e 𝛥𝑖𝐴 > 0;

assim temos uma contradição à nossa hipótese. Assim sendo, segue que

𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 ≥ 0

𝐷

como 𝑕 𝑥, 𝑦 = 𝑓 𝑥, 𝑦 − 𝑔 𝑥, 𝑦 , temos que

𝑕 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = 𝑓 𝑥, 𝑦 − 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

− 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

≥ 0

𝐷

Logo temos

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

≥ 0 + 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

Portanto temos que pra qualquer f(x,y) e g(x,y) integrável numa região D do R²,onde

𝑓 𝑥, 𝑦 ≥ 𝑔 𝑥, 𝑦 , segue que:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

≥ 𝑔 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴

𝐷

2.2 Integrais Sucessivas

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Agora que já definimos a integral dupla, enfrentaremos outro grande problema que é o

de solucioná-las. A maioria dos estudantes de integrais duplas enfrenta dificuldade nessa

tarefa. Segundo Louis Leithold podemos calcular a integral simples através do limite da soma

de Riemann, mas este processo é muito cansativo e trabalhoso, o que levou os matemáticos a

buscarem outro método de solução, que foi encontrado através do uso do teorema

fundamental do cálculo, possibilitando solucionar integral simples usando apenas de sua

primitiva.

“Já observamos que a definição de integral como limite de somas de Riemann não é

um meio prático para o cálculo efetivo de integrais. A mesma observação é valida aqui, em se

tratando de integrais duplas." ( ÁVILA, 1995, p.138)

A partir desse resultado os matemáticos trabalharam na solução prática também para

integrais duplas e chegaram à seguinte conclusão: as integrais duplas podem ser analisadas

como duas integrais simples, logo a solução de uma integral dupla pode ser encontrada

através da solução de duas integrais simples sucessivas.

2.2.1 Teorema (de Fubini)

Seja f(x,y) integrável no retângulo 𝐷 = 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅²| 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏 𝑒 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑 .

Suponhamos que 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑏

𝑎 exista, para todo y ∈ [c,d], que 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦

𝑑

𝑐 exista, para todo

x ∈ [a,b]. Então

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑏

𝑎

𝑑𝑦 =𝑑

𝑐𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑

𝑐

𝑑𝑥𝑏

𝑎

A demonstração deste teorema é muito rigorosa e requer ferramentas que não estão ao

nosso alcance, para maiores detalhes o leitor deve consultar um bom livro de Análise. Este

teorema nos diz que se f (x,y) é integrável em uma região D do R² que possui os limites de

integração constantes, a ordem de integração pode ser alterada.

Já estamos acostumados a calcular a integral simples de uma variável real, f(x),

invertendo o processo de derivação, ou seja, através de sua primitiva e do teorema

fundamental do cálculo. Agora vamos trabalhar com duas variáveis reais, podemos usar um

método semelhante, integramos f(x,y) mantendo uma das variáveis fixas e integrando a outra,

ou seja, quando integramos f(x,y) em relação a variável x, consideramos a variável y constante

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18

e depois integramos f(x,y) em relação a variável y, e consideramos a variável x constante. Veja

este processo no exemplo abaixo:

2.2.1 Exemplo

Calcule a integral dupla da função f(x,y) = x² + y² sobre o conjunto D, onde D é o

quadrado 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 0 ≤ 𝑦 ≤ 1.

2.2.1 Solução

Veja que estamos calculando a integral dupla de f ao longo da região D que é um

quadrado, entre todas as regiões de integração esta é considerada uma das mais simples, pois

possui os limites de integração constantes, assim segue que:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑦1

0

𝑑𝑥

1

0

Note que a solução para esta integral dupla recai sobre a solução de duas integrais

simples sucessivas que podem ser resolvidas através de uma primitiva e do teorema

fundamental do cálculo, sendo assim integraremos para a variável y, com x constante e em

seguida integraremos a variável x, com y constante. Assim segue que:

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑦1

0

𝑑𝑥 = 𝑥²𝑑𝑦 + 𝑦²𝑑𝑦1

0

1

0

𝑑𝑥

1

0

1

0

= 𝑥2𝑦 +𝑦³

3

1

0𝑑𝑥

1

0

𝑥2 +1³

3 – 𝑥2. 0 +

3 𝑑𝑥 =

1

0

𝑥2 +1

3 − 0 𝑑𝑥

1

0

= 𝑥2 +1

3 𝑑𝑥

1

0

𝑥2 +1

3 𝑑𝑥

1

0

= 𝑥²𝑑𝑥 + 1

3𝑑𝑥 =

1

0

1

0

𝑥²𝑑𝑥 +1

3 𝑑𝑥 =

1

0

1

0

𝑥³

3

1

0+

1

3 𝑥

1

0

𝑥³

3

1

0+

1

3 𝑥

1

0=

13

3−

03

3 +

1

3 1 − 0 =

1

3+

1

3=

2

3

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19

Logo o resultado da integral dupla da função f(x,y) = x² + y² sobre o conjunto D, onde

D é o quadrado 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 0 ≤ 𝑦 ≤ 1, é:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑦1

0

𝑑𝑥

1

0

=2

3

Observe que o que acabamos de resolver no exemplo acima é uma integral dupla de

duas variáveis reais, para isto, bastou resolver as duas integrais sucessivas e usar os conceitos

de integral simples. Este resultado é de grande importância, pois a partir dele poderemos

construir algumas ferramentas para a solução de integrais duplas de maior complexidade.

Note também que poderíamos ter resolvido esta integral invertendo a ordem de

integração e encontraríamos o mesmo resultado, pois o teorema de Fubini nos garante que:

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑦1

0

𝑑𝑥

1

0

= 𝑥² + 𝑦² 𝑑𝑥1

0

𝑑𝑦

1

0

=2

3

A ordem de integração é muito importante, pois através de uma boa escolha podemos

facilitar, em muito, os cálculos para encontrar a solução de uma integral dupla, dependendo da

escolha feita, pode haver casos de não encontrarmos uma solução.

“Em alguns casos, uma boa escolha da ordem de integração pode simplificar bastante

o trabalho. Em outros, pode não ser possível calcular a integral dupla para uma escolha e ser

possível para a outra.” (GONÇALVES; FLEMMING, 2007, p. 237)

O exemplo a seguir ilustra a observação acima.

2.2.2 Exemplo

Calcule a integral dupla da função 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑒𝑥2sobre o conjunto D, onde D é dado

por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2: 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 0 ≤ 𝑦 ≤ 𝑥}.

2.2.2 Solução

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20

Integrando primeiro a variável x e depois a variável y, temos a seguinte ordem de

integração

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑏

𝑎

𝑑𝑦 =𝑑

𝑐

𝑒𝑥2𝑑𝑥

1

0

𝑑𝑦𝑥

0

Observe que a integral 𝑒𝑥2𝑑𝑥

1

0 não possui solução, logo se torna impossível resolver

esta integral dupla por esta ordem de integração, cabe então invertermos a ordem de

integração e verificar se a integral pode ser solucionada. Logo integrando primeiro a variável

y e depois a variável x segue que

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑

𝑐

𝑑𝑥𝑏

𝑎

= 𝑒𝑥2𝑑𝑦

𝑥

0

𝑑𝑥1

0

Note que a integral 𝑒𝑥2𝑑𝑦

𝑥

0, pode ser solucionada pois 𝑒𝑥2

é constante em relação a

variável y, assim segue que:

𝑒𝑥2𝑑𝑦

𝑥

0

𝑑𝑥1

0

= 𝑒𝑥2 𝑑𝑦

𝑥

0

𝑑𝑥1

0

= 𝑒𝑥2 𝑦

10 𝑑𝑥

1

0

𝑒𝑥2 𝑦

10 𝑑𝑥

1

0

= 𝑒𝑥2 𝑥 − 0 𝑑𝑥

1

0

= 𝑒𝑥2𝑥𝑑𝑥

1

0

Fazendo 𝑢 = 𝑥² → 𝑑𝑢 = 2𝑥𝑑𝑥, com 0 ≤ 𝑢 ≤ 1, segue que

𝑒𝑥2𝑥𝑑𝑥

1

0

= 𝑒𝑢

2

1

0

𝑑𝑢 =1

2 𝑒𝑢𝑑𝑢

1

0

=1

2 𝑒𝑢 1

0=

1

2(𝑒1 − 𝑒0) =

𝑒 − 1

2

Logo o resultado da integral dupla da função 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑒𝑥2sobre o conjunto D, onde

D é dado por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2: 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 0 ≤ 𝑦 ≤ 𝑥}, é:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =𝑒 − 1

2𝐷

No exemplo acima vimos como se faz importante a ordem de integração de uma

integral dupla, para nos auxiliar nesta escolha temos os seguintes corolários.

2.2.1 Corolário

Seja f uma função definida e contínua no conjunto fechado D, onde 𝐷 = 𝑥, 𝑦 ∈

𝑅²| 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏 𝑒 𝑦1 𝑥 ≤ 𝑦 ≤ 𝑦2(𝑥) , segue que:

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21

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑦2(𝑥)

𝑦1(𝑥)

𝑑𝑥

𝑏

𝑎

2.2.2 Corolário

Seja f(x,y) uma função definida e contínua no conjunto fechado D, onde 𝐷 =

𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅²| 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑 𝑒 𝑥1 𝑦 ≤ 𝑥 ≤ 𝑥2(𝑦) , segue que:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑥2(𝑦)

𝑥1(𝑦)

𝑑𝑦

𝑑

𝑐

Os corolários acima mostram como deve ser escolhida a ordem de integração de uma

integral dupla, note que essa escolha se faz muito importante e pode facilitar e muito o nosso

trabalho na solução de integrais duplas. Veja abaixo exemplos de aplicação dos corolários

acima.

2.2.3 Exemplo

Calcule a integral dupla da função f(x,y) = 𝑥 𝑦 sobre o conjunto D, onde D é dado por

𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2: 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 𝑥2 ≤ 𝑦 ≤ 𝑥}.

2.2.3 Solução

Note que a variável y está dependendo da variável x, logo podemos aplicar o corolário

2.2.1, veja:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑦2(𝑥)

𝑦1(𝑥)

𝑑𝑥

𝑏

𝑎

= 𝑥 𝑦𝑑𝑦𝑥

𝑥2

𝑑𝑥

1

0

Observe que podemos aplicar o teorema fundamental do cálculo e usar as propriedades

de integral para resolver a integral dupla acima, logo temos:

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22

𝑥 𝑦𝑑𝑦𝑥

𝑥2

𝑑𝑥

1

0

= 𝑥 𝑦𝑑𝑦𝑥

𝑥2

𝑑𝑥

1

0

= 𝑥 𝑦12𝑑𝑦

𝑥

𝑥2

𝑑𝑥

1

0

𝑥 𝑦12𝑑𝑦

𝑥

𝑥2

𝑑𝑥

1

0

= 𝑥 𝑦

32

32

𝑥

𝑥2 𝑑𝑥

1

0

= 𝑥 𝑥

32

32

−(𝑥2)

32

32

𝑑𝑥

1

0

𝑥 𝑥

32

32

−(𝑥2)

32

32

𝑑𝑥

1

0

= 2

3𝑥(𝑥

32 − 𝑥3)𝑑𝑥

1

0

=2

3 (𝑥

52 − 𝑥4)𝑑𝑥

1

0

2

3 (𝑥

52 − 𝑥4)𝑑𝑥

1

0

=2

3 𝑥

52

1

0

𝑑𝑥 − 𝑥4𝑑𝑥1

0

=2

3

𝑥72

72

1

0−

𝑥5

5

1

0

2

3

𝑥72

72

1

0−

𝑥5

5

1

0 =

2

3

172

72

−0

72

72

− 15

5−

05

5 =

2

3

2

7−

1

5

2

3

2

7−

1

5 =

2

3

10 − 7

35 =

2

3

3

35 =

2

35

Logo o resultado da integral dupla da função f(x,y) = 𝑥 𝑦 sobre o conjunto D, onde D

é dado por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2: 0 ≤ 𝑥 ≤ 1, 𝑥2 ≤ 𝑦 ≤ 𝑥}, é:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴 = 𝑥 𝑦𝑑𝑦𝑥²

𝑥

𝑑𝑥

1

0

=2

35𝐷

2.2.4 Exemplo

Calcule a integral dupla da função f(x,y) = sin𝑥

𝑦 sobre o conjunto D, onde D é dado

por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2: 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝑦2,𝜋

2≤ 𝑦 ≤ 𝜋}.

2.2.4 Solução

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23

Observe que através do conjunto D, temos que a variável x está dependendo da

variável y, logo podemos aplicar o corolário 2.2.2, veja:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑥2(𝑦)

𝑥1(𝑦)

𝑑𝑦

𝑑

𝑐

= sin 𝑥

𝑦 𝑑𝑥

𝑦2

0

𝑑𝑦

𝜋

𝜋2

A integral dupla acima pode ser solucionada através dos conceitos de integral e do

método de mudança de variável, basta fazer 𝑢 =𝑥

𝑦 → 𝑑𝑥 = 𝑦𝑑𝑢 , onde 0 ≤ 𝑢 ≤ 𝑦.

sin 𝑥

𝑦 𝑑𝑥

𝑦2

0

𝑑𝑦 = sin(𝑢) 𝑦𝑑𝑢𝑦

0

𝑑𝑦 =

𝜋

𝜋2

𝜋

𝜋2

𝑦 sin(𝑢) 𝑑𝑢𝑦

0

𝑑𝑦

𝜋

𝜋2

𝑦 sin(𝑢) 𝑑𝑢𝑦

0

𝑑𝑦 =

𝜋

𝜋2

𝑦 − cos(𝑢)𝑦𝑜 𝑑𝑦 = 𝑦 − cos 𝑦 + cos 0 𝑑𝑦

𝜋

𝜋2

𝜋

𝜋2

𝑦 − cos 𝑦 + cos 0 𝑑𝑦𝜋

𝜋2

= − 𝑦 cos 𝑦 𝑑𝑦 𝜋

𝜋2

+ 𝑑𝑦𝜋

𝜋2

Podemos verificar que as duas integrais que encontramos acima podem ser resolvidas

com a ferramenta certa. Na primeira integral podemos aplicar o método de integral por partes

𝑢𝑑𝑣 = 𝑢𝑣 − 𝑣𝑑𝑢, para encontrar a sua primitiva e a segunda integral podemos integrar

normalmente, sendo assim segue que:

Fazendo 𝑢 = 𝑦 → 𝑑𝑢 = 𝑑𝑦 e 𝑑𝑣 = cos(𝑦) → 𝑣 = sin(𝑦), logo nossa integral fica da

seguinte forma:

𝑢𝑑𝑣 = 𝑢𝑣 − 𝑣𝑑𝑢 → 𝑦 cos 𝑦 = 𝑦 sin(𝑦) − sin(𝑦) 𝑑𝑦

𝑦 cos 𝑦 = 𝑦 sin(𝑦) − sin(𝑦) 𝑑𝑦 = 𝑦 sin(𝑦) + cos(𝑦)

Logo temos que a primitiva da primeira integral é 𝑦 sin(𝑦) + cos(𝑦), substituindo este

resultado nas integrais acima segue que:

sin 𝑥

𝑦 𝑑𝑥

𝑦2

0

𝑑𝑦 =

𝜋

𝜋2

− 𝑦 cos 𝑦 𝑑𝑦 𝜋

𝜋2

+ 𝑑𝑦𝜋

𝜋2

= − 𝑦 sin 𝑦 + cos 𝑦

𝜋

𝜋

2

+ 𝑦

𝜋

𝜋

2

− 𝑦 sin 𝑦 + cos 𝑦

𝜋

𝜋

2

+ 𝑦

𝜋

𝜋

2

= − 𝜋 sin 𝜋 + cos 𝜋 −𝜋

2sin

𝜋

2 − cos

𝜋

2 + 𝜋 −

𝜋

2

− 𝜋 sin 𝜋 + cos 𝜋 −𝜋

2sin

𝜋

2 − cos

𝜋

2 + 𝜋 −

𝜋

2= − −1 −

𝜋

2 + 𝜋 −

𝜋

2

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24

Y V

y v x = x(u,v)

y = y(u,v)

x X u U

Figura 2

− −1 −𝜋

2 + 𝜋 −

𝜋

2= 1 +

𝜋

2+ 𝜋 −

𝜋

2= 𝜋 + 1

Portanto o resultado da integral dupla da função f(x,y) = sin𝑥

𝑦 sobre o conjunto D,

onde D é dado por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2: 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝑦2,𝜋

2≤ 𝑦 ≤ 𝜋} , é:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

sin 𝑥

𝑦 𝑑𝑥

𝑦2

0

𝑑𝑦

𝜋

𝜋2

= 𝜋 + 1

2.3 Mudança de variáveis nas integrais duplas

Na integração de funções de uma variável real, usamos a mudança de variável para

transformar uma integral dada em outra mais simples acompanhada por uma correspondente

mudança nos limites de integração. Podemos utilizar essa mesma idéia em integrais duplas

através de um procedimento análogo. Logo por meio de uma mudança de variáveis

𝑥 = 𝑥 𝑢, 𝑣 𝑒 𝑦 = 𝑦(𝑢, 𝑣)

uma integral dupla sobre uma região D do plano 𝑥𝑦 pode ser transformada em uma integral

dupla sobre uma região D’ sobre o plano 𝑢𝑣.

Geometricamente podemos dizer que as equações 𝑥 = 𝑥 𝑢, 𝑣 𝑒 𝑦 = 𝑦(𝑢, 𝑣) definem

uma aplicação que faz os pontos (𝑢, 𝑣) do plano 𝑢𝑣 corresponder a pontos (𝑥, 𝑦) do plano 𝑥𝑦.

Por meio desta aplicação, a região D’ do plano 𝑢𝑣 é aplicada sobre a região D do plano 𝑥𝑦

como mostra a figura 2.

D’ D

Observe que a aplicação leva pontos distintos do conjunto D’ a pontos distintos do

conjunto D, podemos notar também que esta aplicação é um por um, logo a aplicação é

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25

bijetora e admite inversa, ou seja podemos encontrar uma nova aplicação que leva elementos

do conjunto D a elementos do conjunto D’. Assim a correspondência entre as regiões D e D’ é

dada pela transformação

𝑢 = 𝑥, 𝑦 𝑒 𝑣 = 𝑣 𝑥, 𝑦 .

Considerando essas aplicações contínuas, com derivadas parciais continuas nos

conjuntos D e D’, respectivamente temos

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑥 𝑢, 𝑣 , 𝑦 𝑢, 𝑣

𝐷′

𝜕(𝑥, 𝑦)

𝜕(𝑢, 𝑢) 𝑑𝑢𝑑𝑣 (1)

onde 𝜕(𝑥 ,𝑦)

𝜕(𝑢 ,𝑢) é o determinante jacobiano de x e y em relação a u e v, dado por

𝜕(𝑥, 𝑦)

𝜕(𝑢, 𝑢)=

𝜕𝑥

𝜕𝑢

𝜕𝑥

𝜕𝑣𝜕𝑦

𝜕𝑢

𝜕𝑦

𝜕𝑣

Note que o jacobiano pode ser interpretado como uma medida de quanto a

transformação modifica a área de uma região e que a mudança de variável mostrada acima só

pode ser aplicada se valem as seguintes condições:

f é contínua;

as regiões D e D’ são formadas por um número finito de sub-regiões;

o jacobiano 𝜕(𝑥 ,𝑦)

𝜕(𝑢 ,𝑢)≠ 0 em D’;

2.3.5 Exemplo

Calcule a integral dupla da função f(x,y) = cos (𝑥−𝑦)

sin (𝑥+𝑦 ) sobre o conjunto D, onde D é o

trapézio 1 ≤ 𝑥 + 𝑦 ≤ 2, 𝑥 ≥ 0 𝑒 𝑦 ≥ 0.

2.3.5 Solução

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26

Y V

X U

v = 2

v = 1

v = u v = -u

v = 2

x+y =2

x+y =1

1

1

2

2

u = x - y

v = x+y

aplicação

Figura 3

Note que esta integral dupla se apresenta muito complexa, logo vamos tentar uma

mudança de variável, com o objetivo de torná-la uma integral dupla mais simples através da

expressão (1).

Façamos então, a seguinte mudança de variável 𝑢 = 𝑥 − 𝑦, 𝑣 = 𝑥 + 𝑦 . Assim temos

𝑢 = 𝑥 − 𝑦

𝑣 = 𝑥 + 𝑦 ↔

𝑥 = 𝑢2

+ 𝑣2

𝑦 = 𝑣2

− 𝑢2

Calculando agora o jacobiano

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑢, 𝑢 =

𝜕𝑥

𝜕𝑢

𝜕𝑥

𝜕𝑣𝜕𝑦

𝜕𝑢

𝜕𝑦

𝜕𝑣

=

1

2

1

2

−1

2

1

2

=1

4+

1

4=

1

2

logo temos,

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑢, 𝑢 =

1

2→ 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑢, 𝑢 𝑑𝑢𝑑𝑣 =

1

2𝑑𝑢𝑑𝑣

Observe que a nossa aplicação é dada por

𝑢 = 𝑥 − 𝑦

𝑣 = 𝑥 + 𝑦

e que a inversa desta aplicação é dada por

𝑥 =

𝑢2 +

𝑣2

𝑦 = 𝑣2 −

𝑢2

e que ambas aplicações são continuas e possuem derivadas parciais contínuas.

Agora vamos determinar o conjuntos D’, através das aplicações acima, observe que D’

é a imagem do conjunto D através da aplicação

D’

D

Observe que a aplicação transforma as retas x + y = 1, x + y = 2, y = 0 e x = 0,

respectivamente, nas retas v = 1, v = 2, v = u e v = -u. Observe, ainda, que os conjuntos D’ e

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D são iguais através da aplicação acima. Logo o conjunto D’ é dado por 𝐷′ = { 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑅2 ∶

−𝑣 ≤ 𝑢 ≤ 𝑣 𝑒 1 ≤ 𝑣 ≤ 2}.

Note que todas as condições necessárias para efetuar a mudança de variável na integral

dupla foram atendidas, ou seja, f(x,y) é continua, D e D’ são regiões formadas por um número

finito de sub-regiões e que o jacobiano 𝜕(𝑥 ,𝑦)

𝜕(𝑢 ,𝑢)≠ 0. Assim segue que:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑥 𝑢, 𝑣 , 𝑦 𝑢, 𝑣

𝐷′

𝜕(𝑥, 𝑦)

𝜕(𝑢, 𝑢) 𝑑𝑢𝑑𝑣 =

cos(𝑢)

sin(𝑣)

1

2𝑑𝑢𝑑𝑣

𝐷′

cos(𝑢)

sin(𝑣) 1

2𝑑𝑢𝑑𝑣

𝐷′

=1

2

cos(𝑢)

sin(𝑣)𝑑𝑢

𝑣

−𝑣

𝑑𝑣2

1

=1

2

1

sin(𝑣) cos(𝑢) 𝑑𝑢

𝑣

−𝑣

𝑑𝑣2

1

1

2

1

sin(𝑣) cos(𝑢) 𝑑𝑢

𝑣

−𝑣

𝑑𝑣2

1

=1

2

1

sin 𝑣 sin 𝑢

𝑣−𝑣

𝑑𝑣2

1

1

2

1

sin 𝑣 sin 𝑢

𝑣−𝑣

𝑑𝑣2

1

=1

2

1

sin 𝑣 [sin(𝑣) − sin(−𝑣)] 𝑑𝑣

2

1

1

2

1

sin 𝑣 [sin(𝑣) − sin(−𝑣)] 𝑑𝑣

2

1

=1

2 2

sin(𝑣)

sin 𝑣 𝑑𝑣

2

1

=2

2 𝑑𝑣

2

1

2

2 𝑑𝑣

2

1

= 𝑣 21

= 2 − 1 = 1

Assim temos que a solução da integral dupla da função f(x,y) = cos (𝑥−𝑦)

sin (𝑥+𝑦) sobre o

conjunto D, onde D é o trapézio 1 ≤ 𝑥 + 𝑦 ≤ 2, 𝑥 ≥ 0 𝑒 𝑦 ≥ 0, é:

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑥 𝑢, 𝑣 , 𝑦 𝑢, 𝑣

𝐷′

𝜕(𝑥, 𝑦)

𝜕(𝑢, 𝑢) 𝑑𝑢𝑑𝑣 = 1

2.4 Coordenadas Polares

Chamamos de coordenadas polares um caso especial de mudança de variável nas

integrais duplas, que pode ser obtido através da parametrização da circunferência. Para

realizar essa mudança de variável usamos as seguintes equações

𝑥 = 𝑟 cos 𝜃 𝑒 𝑦 = 𝑟 sin 𝜃

que nos dão as coordenadas cartesianas de um dado ponto em termos de suas coordenadas

polares, as equações acima podem ser vistas como uma aplicação que leva pontos (𝑟, 𝜃) do

plano 𝑟𝜃 a pontos (𝑥, 𝑦) do plano 𝑥𝑦.

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Observe que todas as propriedades de mudança de variável que vimos até aqui,

continuam valendo, pois na verdade, o que temos agora é um caso particular do que foi

estudado, sendo assim podemos calcular o jacobiano. Veja:

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑟, 𝜃 =

𝜕𝑥

𝜕𝑟

𝜕𝑥

𝜕𝜃𝜕𝑦

𝜕𝑟

𝜕𝑦

𝜕𝜃

= cos 𝜃 −𝑟 sin 𝜃sin 𝜃 𝑟 cos 𝜗

= 𝑟 cos ²𝜃 + 𝑟 sin ²𝜃 = 𝑟(cos ²𝜃 + sin ²𝜃)

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑟, 𝜃 = 𝑟 →

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑟, 𝜃 = 𝑟, com 𝑟 ≥ 0, Logo 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃

A partir do jacobiano e das equações 𝑥 = 𝑟 cos 𝜃 𝑒 𝑦 = 𝑟 sin 𝜃, temos o que

chamamos de coordenadas polares

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝜕(𝑥, 𝑦)

𝜕(𝑟, 𝜃) 𝑑𝑟𝑑𝜃 = 𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃

logo segue que

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃

É com freqüência mais conveniente descrever as fronteiras de uma região

utilizando as coordenadas polares 𝑟, 𝜃 em vez das coordenadas cartesianas

𝑥, 𝑦. Nessas circunstâncias podemos usualmente economizar trabalho

expressando uma integral dupla 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝐴𝐷

em termos de coordenadas

polares. ( SIMMONS, 1988, p.479 )

As coordenadas polares é uma ferramenta muito forte na resolução de integrais duplas,

geralmente elas são utilizadas para realizar uma mudança no integrando e no conjunto de

integração, com o objetivo de transformar uma integral dupla complexa em uma integral

dupla mais simples.

2.4.1 Exemplo

Calcule a integral dupla da função 𝑓 𝑥, 𝑦 = 2𝑥 + 𝑦 sobre o conjunto D, onde D é

dado 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶ −3 ≤ 𝑥 ≤ 3 𝑒 0 ≤ 𝑦 ≤ 9 − 𝑥²}.

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29

-3 3 x

y

r

𝜃

3 0

𝜋 D’

Figura 4

Figura 5

2.4.1 Solução

Note que a integral dupla possui um conjunto de integração muito complexo e que

desenhando este conjunto temos que ele é um semicírculo. Veja:

Sendo assim, podemos simplificar nosso trabalho através de uma mudança de variável,

como o nosso conjunto D é um semicírculo, podemos mudá-lo para coordenadas polares.

Observe que o raio do nosso semicírculo está entre 0 ≤ 𝑟 ≤ 3 e que tomando a origem como

eixo de rotação temos que o nosso ângulo de rotação está entre 0 ≤ 𝜃 ≤ 𝜋. Logo em

coordenadas polares temos um novo conjunto D’, onde D’ é dado por 𝐷′ = { 𝑟, 𝜃 ∈ 𝑅2 ∶

0 ≤ 𝑟 ≤ 3 𝑒 0 ≤ 𝜃 ≤ 𝜋}. Veja:

Aplicando então, coordenadas polares segue que

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 = 2𝑥 + 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷𝐷

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃

como

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃 = 2𝑟 cos 𝜃 + 𝑟 sin 𝜃

Temos que:

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = 2𝑟 cos 𝜃 + 𝑟 sin 𝜃 𝑟𝑑𝑟3

0

𝑑𝜃𝜋

0

y = 9 − 𝑥²

D

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30

2𝑟 cos 𝜃 + 𝑟 sin 𝜃 𝑟𝑑𝑟3

0

𝑑𝜃 = 𝑟² 2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑑𝑟3

0

𝑑𝜃𝜋

0

𝜋

0

𝑟² 2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑑𝑟3

0

𝑑𝜃𝜋

0

= 2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑟²𝑑𝑟3

0

𝑑𝜃𝜋

0

2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑟²𝑑𝑟3

0

𝑑𝜃 =𝜋

0

2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑟3

3

30𝑑𝜃

𝜋

0

2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑟3

3

30𝑑𝜃

𝜋

0

=33

3 2 cos 𝜃 + sin 𝜃 𝑑𝜃

𝜋

0

= 9 2 sin 𝜃 − cos 𝜃 𝜋0

9 2 sin 𝜃 − cos 𝜃 𝜋0

= 9(2 sin 𝜋 − 2 sin 0 − cos 𝜋 + cos 0)

9 1 + 1 = 18

Portanto o resultado da integral dupla da função 𝑓 𝑥, 𝑦 = 2𝑥 + 𝑦 sobre o conjunto

D, onde D é dado 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶ −3 ≤ 𝑥 ≤ 3 𝑒 0 ≤ 𝑦 ≤ 9 − 𝑥²}.

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = 18

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31

CAPÍTULO 3 APLICAÇÕES DE INTEGRAIS DUPLAS

Neste capítulo trataremos das aplicações das integrais duplas em diversas áreas do

conhecimento. As integrais duplas são uma forte ferramenta matemática que possibilitou a

solução de problemas que até então não possuíam respostas, gerando um grande avanço e

contribuição para várias ciências que careciam de uma ferramenta para o seu

desenvolvimento.

3.1 Cálculo de volume

“Se aproximarmos um sólido por colunas retangulares e aumentarmos o número de

colunas, o limite da soma dos volumes das colunas será o volume do sólido” (STEWART,

2007, p. 978,2007)

Como vimos anteriormente a soma de Riemann nas integrais duplas é a soma dos

volumes dos paralelepípedos cujas bases são os sub-retângulos e cujas alturas

correspondentes são os valores de 𝑓(𝜉𝑖, 𝛾𝑖), considerando f(x,y) maior ou igual a zero numa

região D do R², temos que 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥𝐷

é uma aproximação do volume da porção de

espaço compreendido entre f(x,y) e a região D do plano xy.

“Quando ∆𝑥 → 0 e ∆𝑦 → 0, essa soma vai se aproximando mais e mais do que

podemos chamar o volume do sólido delimitado pelo domínio D, pelo gráfico f e pelas retas

que passam pela fronteira de D e são paralelas ao eixo Oz.”( ÁVILA, 1995, p.136)

Sendo assim podemos expressar o volume V de uma função f(x,y) não-negativa,

contínua e integrável sobre uma região D, como

𝑉 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥

𝐷

Através desta aplicação podemos calcular o volume de vários sólidos geométricos que

até então representavam um grande problema para a geometria comum. Ela nos permite

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32

𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²

𝑓 𝑥, 𝑦 = − 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²

calcular o volume de qualquer espaço compreendido entre f(x,y) e o plano xy. Veja no

exemplo a seguir:

3.1.1 Exemplo

Calcule o volume do sólido dado por 𝑧² + 𝑦² + 𝑥² ≤ 𝑅², onde R é uma constante.

3.1.1 Solução

Desenhando o sólido procurado, temos que estamos trabalhando com uma esfera com

centro na origem, logo temos duas funções que são 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑟² − 𝑦² − 𝑥² e 𝑓 𝑥, 𝑦 =

− 𝑟² − 𝑦² − 𝑥². Veja a figura abaixo:

Observe que temos duas funções geradas por 𝑧² + 𝑦² + 𝑥² ≤ 𝑅², uma acima e a outra

abaixo do plano xy. Temos que a projeção no plano xy é a de um círculo de raio R, como

mostra a figura abaixo:

x

y

z

Figura 6

R

raio

V1

V2

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33

𝑦 = 𝑟² − 𝑥²

𝑦 = − 𝑟² − 𝑥²

Sendo assim temos que o conjunto de integração é D, dado por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶

−𝑅 ≤ 𝑥 ≤ 𝑅 𝑒 − 𝑅² − 𝑥² ≤ 𝑦 ≤ 𝑅² − 𝑥²}, logo o volume do sólido é dado por:

𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2

Calculando 𝑉1, que é volume do sólido acima do plano xy, temos:

𝑉1 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 = 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦𝑑𝑥 = 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦 𝑟²−𝑥²

− 𝑟²−𝑥²

𝑅

−𝑅𝐷𝐷

𝑑𝑥

Note que encontramos uma integral dupla muito complexa, fazendo então, a mudança

para coordenadas polares temos um novo conjunto D’, dado por 𝐷′ = { 𝑟, 𝜃 ∈ 𝑅2 ∶ 0 ≤ 𝑟 ≤

𝑅 𝑒 0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋}, assim segue que

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃

Como 𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃 = 𝑅² − 𝑟 sin 𝜃 2 − (𝑟 cos 𝜃)² = 𝑅² − 𝑟², logo temos

𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 =

𝐷

𝑓 𝑟 cos 𝜃 , 𝑟 sin 𝜃

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = 𝑅² − 𝑟²

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃

𝑅² − 𝑟²

𝐷′

𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = 𝑅² − 𝑟² 𝑟𝑑𝑟𝑅

0

2𝜋

0

𝑑𝜃

Fazendo 𝑢 = 𝑅² − 𝑟² → 𝑑𝑢 = −2𝑟𝑑𝑟, onde 𝑅² ≤ 𝑢 ≤ 0, temos então

𝑅² − 𝑟² 𝑟𝑑𝑟𝑅

0

2𝜋

0

𝑑𝜃 = −1

2 𝑢 𝑑𝑢

0

𝑅²

2𝜋

0

𝑑𝜃 = −1

2

𝑢32

32

2𝜋

0

0

𝑅²𝑑𝜃

x

y

Figura 7

R

raio

-R

R

-R

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34

−1

2

𝑢32

32

2𝜋

0

0

𝑅²𝑑𝜃 = −

1

2

032

32

−(𝑅²)

32

32

2𝜋

0

𝑑𝜃 = −1

2 0 −

2𝑅3

3

2𝜋

0

𝑑𝜃

−1

2 0 −

2𝑅3

3

2𝜋

0

𝑑𝜃 = −1

2 −

2𝑅3

3 𝑑𝜃

2𝜋

0

=𝑅3

3 2𝜋 − 0 =

2𝜋𝑅3

3

Logo temos que o volume 𝑉1 é dado por

𝑉1 = 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦𝑑𝑥 = 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦 𝑟²−𝑥²

− 𝑟²−𝑥²

=𝑅

−𝑅𝐷

2𝜋𝑅3

3

Calculando agora 𝑉2, que é o volume do sólido abaixo do plano xy, temos

𝑉2 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 = − 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦𝑑𝑥 = − 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦 𝑟²−𝑥²

− 𝑟²−𝑥²

𝑅

−𝑅𝐷𝐷

𝑑𝑥

Observe que 𝑉2 = −𝑉1, logo temos que

𝑉2 = − 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦𝑑𝑥 = − 𝑅² − 𝑦² − 𝑥²𝑑𝑦 𝑟²−𝑥²

− 𝑟²−𝑥²

=𝑅

−𝑅𝐷

−2𝜋𝑅3

3

Verificamos aqui que o volume do sólido abaixo do plano xy, resultou em um

resultado negativo, o que é um absurdo, pois só existe volume positivo.

Quando f for positiva em alguns pontos e negativa em outros, a integral

consistirá em duas partes: uma parcela positiva, igual ao volume do sólido

correspondente ao subconjunto D onde f é positiva; e uma parcela negativa, igual, em valor absoluto, ao volume do sólido correspondente ao

subconjunto de D onde f é negativa. ( ÁVILA, 1995, p.138)

Logo devemos considerar o seu volume em valor absoluto, sendo assim temos que o

volume procurado é

𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2 =2𝜋𝑅3

3+ −

2𝜋𝑅3

3 =

2𝜋𝑅3

3+

2𝜋𝑅3

3=

4𝜋𝑅3

3

Portanto o volume do sólido dado por 𝑧² + 𝑦² + 𝑥² ≤ 𝑅², onde R é uma constante é

dado por

𝑉 =4𝜋𝑅3

3

3.2 Cálculo de área

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35

Y Y

X X

a < b a > b

𝑦 = 𝑏² −𝑏²𝑥²

𝑎²

𝑦 = − 𝑏² −𝑏²𝑥²

𝑎²

𝑦 = 𝑏² −𝑏²𝑥²

𝑎²

A área de uma figura plana D, com fronteira regular, é definida como sendo a integral

da função f(x,y) = 1 em D,isto é,

𝐴 = 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

É fácil perceber que quando fazemos f(x,y) = 1, a soma de Riemann somará somente a

área dos polígonos que vão se aproximando gradativamente da área da região D do plano xy, à

medida que ∆𝑥 e ∆𝑦 tendem a zero.

Através desta aplicação podemos calcular a área de várias figuras planas, desde as

mais simples até as mais complexas que as vezes se tornam um grande desafio para a

geometria comum. Veja :

3.2.1 Exemplo

Calcule a área do conjunto D, onde D é o conjunto dado por 𝑥²

𝑎²+

𝑦²

𝑏²≤ 1.

3.2.1 Solução

Através do conjunto dado temos que estamos trabalhando com uma elipse, logo temos

duas possibilidades para o conjunto D, como mostra as figuras abaixo. Veja:

D D

Figura 8

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36

Para ambos os casos temos que a área do conjunto de D é a mesma, logo temos que o

conjunto D, é dado por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶ −𝑏 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏 𝑒 − 𝑏² −𝑏²𝑥²

𝑎² ≤ 𝑦 ≤ 𝑏² −

𝑏²𝑥²

𝑎² } e

podemos calculá-la através da definição de integral dupla, ou seja

𝐴 = 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

Logo segue que

𝐴 = 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

= 𝑑𝑥𝑏

−𝑏

𝑑𝑦 𝑏²−

𝑏²𝑥²𝑎²

− 𝑏²−𝑏²𝑥²𝑎²

Observe que a integral acima se apresenta muito complexa, portanto vamos tentar uma

mudança de variável fazendo 𝑥 = 𝑎 𝑟𝑐𝑜𝑠 𝜃 e 𝑦 = 𝑏𝑟 𝑠𝑖𝑛 𝜃, temos

𝑥²

𝑎²+

𝑦²

𝑏²≤ 1 →

(𝑎 𝑟𝑐𝑜𝑠 𝜃)²

𝑎²+

(𝑏𝑟 𝑠𝑖𝑛 𝜃)²

𝑏²≤ 1 → 𝑟² 𝑐𝑜𝑠 ²𝜃 + 𝑟²𝑠𝑖𝑛 ²𝜃 ≤ 1

Assim temos que

𝑟² 𝑐𝑜𝑠 ²𝜃 + 𝑟²𝑠𝑖𝑛 ²𝜃 ≤ 1 → 𝑟 ≤ 1

Logo temos um novo conjunto D’, dado por 𝐷′ = { 𝑟, 𝜃 ∈ 𝑅2 ∶ 0 ≤ 𝑟 ≤ 1 𝑒 0 ≤ 𝜃 ≤

2𝜋}. Calculando agora o jacobiano temos

𝜕 𝑥, 𝑦

𝜕 𝑟, 𝜃 =

𝜕𝑥

𝜕𝑟

𝜕𝑥

𝜕𝜃𝜕𝑦

𝜕𝑟

𝜕𝑦

𝜕𝜃

= acos 𝜃 −𝑎𝑟 sin 𝜃bsin 𝜃 𝑏𝑟 cos 𝜗

= 𝑎𝑏𝑟 cos ²𝜃 + 𝑎𝑏𝑟 sin ²𝜃 = 𝑎𝑏𝑟

Sendo assim temos

𝐴 = 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

= 𝜕(𝑥, 𝑦)

𝜕(𝑢, 𝑢) 𝑑𝑟𝑑𝜃 = 𝑎𝑏𝑟 𝑑𝑟

1

0

𝑑𝜃2𝜋

0𝐷′

= 𝑎𝑏 𝑟 𝑑𝑟1

0

𝑑𝜃2𝜋

0

𝑎𝑏 𝑟 𝑑𝑟1

0

𝑑𝜃2𝜋

0

= 𝑎𝑏 𝑟2

2

10𝑑𝜃 =

2𝜋

0

𝑎𝑏 12

2−

02

2 𝑑𝜃 =

𝑎𝑏

2

2𝜋

0

𝑑𝜃2𝜋

0

𝑎𝑏

2 𝑑𝜃 =

𝑎𝑏

2 𝜃 2𝜋

0=

𝑎𝑏

2 2𝜋 − 0 =

2𝜋𝑎𝑏

2

2𝜋

0

= 𝜋𝑎𝑏

𝐴 = 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝜋𝑎𝑏

𝐷

Portanto a área do conjunto D, é dada por 𝐴 = 𝜋𝑎𝑏

3.3 Massa

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37

Seja uma lâmina colocada numa região D do plano xy e cuja densidade (em unidades

de massa por área) no ponto (x,y) em D é dada por 𝛿(𝑥, 𝑦), onde 𝛿 é uma função contínua e

integrável sobre a região D, então 𝛿(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 é a massa do elemento de área 𝑑𝑥𝑑𝑦, e a

massa total da lâmina é

𝑚 = 𝛿(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

Através desta aplicação podemos calcular a massa de qualquer lâmina numa região D

do plano xy, basta termos a função densidade para obter a massa total de uma lâmina

qualquer.

3.3.1 Exemplo

Uma lâmina tem a forma de um retângulo cujos vértices são (0,0), (4,0), (0,2) e (4,2).

Determine a massa da lâmina, medida em gramas, sabendo que a densidade de massa por

área num ponto P é 𝛿 𝑥, 𝑦 = 3𝑥𝑦.

3.3.1 Solução

Para calcular a massa dessa lâmina usaremos de integrais duplas, observe que a lâmina

é na forma de um retângulo, logo podemos desenhar o conjunto de integração D. Veja:

x

Figura 9

y

(4,0)

(0,2)

(0,0)

D (4,2)

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38

Sendo assim temos que o conjunto D, é dado por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶ 0 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑒 0 ≤

𝑦 ≤ 2}, e a massa total é

𝑚 = 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 3𝑥𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

3𝑥𝑦4

0

𝑑𝑥 𝑑𝑦 =2

0

3 𝑦 𝑥4

0

𝑑𝑥 𝑑𝑦2

0𝐷

3 𝑦 𝑥4

0

𝑑𝑥 𝑑𝑦2

0

= 3 𝑦 𝑥2

2

40

𝑑𝑦 =2

0

3 𝑦 16

2− 0 𝑑𝑦 = 3 8𝑦 𝑑𝑦

2

0

2

0

3 8𝑦 𝑑𝑦2

0

= 24 𝑦 𝑑𝑦2

0

= 24 𝑦2

2

20

= 24 4

2−

0

2 = 48

𝑚 = 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 48

𝐷

Logo a massa total da lâmina é de 48 gramas.

3.4 Carga

Se uma carga elétrica está distribuída sobre uma região D e a densidade de carga (em

unidades de carga por unidade de área) é dada por 𝛿 𝑥, 𝑦 num ponto 𝑥, 𝑦 em D, então a

carga total q é

𝑞 = 𝛿(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

3.4.1 Exemplo

A carga é distribuída sobre uma região D delimitada pelo retângulo de vértices (3,2),

(0,2), (3,0) e (0,0) de modo que a densidade de carga num ponto (x,y) seja 𝛿 𝑥, 𝑦 = 𝑥²𝑦,

medida em coulomb por metro quadrado (C/m2). Determine sua carga total.

3.4.1 Solução

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39

Para calcular a carga total, primeiramente temos que desenhar a região D, sabemos

que ela é delimitada por um retângulo, veja:

Sendo assim temos que a região D, é dada por 𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶ 0 ≤ 𝑥 ≤ 3 𝑒 0 ≤

𝑦 ≤ 2}, e a carga total é:

𝑞 = 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥2𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑥2𝑦 𝑑𝑥3

0

2

0𝐷

𝑑𝑦 = 𝑦 𝑥2𝑑𝑥3

0

2

0

𝑑𝑦

𝑦 𝑥² 𝑑𝑥3

0

2

0

𝑑𝑦 = 𝑦 𝑥

3

3

30

2

0

𝑑𝑦 = 𝑦 27

3−

0

3

2

0

𝑑𝑦 = 9 𝑦2

0

𝑑𝑦

9 𝑦2

0

𝑑𝑦 = 9 𝑦2

2

20

= 9 4

2−

0

2 = 18

𝑞 = 18

Portanto a carga total distribuída ao longo da região D é de 18 coulombs.

3.5 Centro de massa

É o ponto (𝑥, 𝑦 ) cujas coordenadas são definidas por

𝑥 =𝑀𝑦

𝑚=

𝑥𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦𝐷

𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦𝐷

e 𝑦 =𝑀𝑥

𝑚=

𝑦𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦𝐷

𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦𝐷

onde 𝑚 é a massa, 𝑀𝑥 e 𝑀𝑦 são os momentos da lâmina em torno do eixo, ou seja, o produto

de sua massa pela distância (na perpendicular) ao eixo. “ O momento total de toda a massa da

x (3,0)

(0,2)

(0,0)

D

y

(3,2)

Figura 10

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40

lâmina é obtido pela soma: isto é, pela integração de todos os momentos

“infinitesimais”.”(NUNEM; FOULIS, 1982, p.958)

Nesse ponto temos o chamado ponto de equilíbrio da lâmina que é chamado de centro

de massa. O significado físico disso é que a lâmina se comporta como se toda sua massa

estivesse concentrada no ponto (𝑥, 𝑦 ). Quando a distribuição da massa é uniforme, temos que

a densidade 𝛿 é constante, neste caso o centro de massa é o centro geométrico da região, por

essa razão, é usualmente chamado de centróide. “O centróide de uma região planar é uma

noção puramente geométrica e é independente da concepção física de massa” (NUNEM;

FOULIS, 1982, p.958)

3.5.1 Exemplo

Determine a massa e o centro de massa de uma lâmina triangular com vértices (0,0),

(1,0) e (0,2), sabendo que a função densidade é 𝛿 𝑥, 𝑦 = 1 + 3𝑥 + 𝑦.

3.5.1 Solução

Desenhando a lâmina temos o seguinte conjunto D. Veja:

Logo o conjunto D é formado pelas retas x = 0, y = 0 e y = 2 -2x. Podemos expressar

D por:

x

Figura 11

1

2

0

D

y

y = 2 -2x

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41

𝐷 = { 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑅2 ∶ 0 ≤ 𝑥 ≤ 1 𝑒 0 ≤ 𝑦 ≤ 2 − 2𝑥}

Assim a massa da lâmina é:

𝑚 = 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑦2−2𝑥

0

1

0

𝑑𝑥

1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑦2−2𝑥

0

1

0

𝑑𝑥 = 𝑦 + 3𝑥𝑦 +𝑦2

2

2 − 2𝑥0

1

0

𝑑𝑥

𝑦 + 3𝑥𝑦 +𝑦2

2

2 − 2𝑥0

1

0

𝑑𝑥 = 2 − 2𝑥 + 6𝑥 − 6𝑥2 + 2 − 2𝑥 2

2

1

0

𝑑𝑥

2 − 2𝑥 + 6𝑥 − 6𝑥2 + 2 − 2𝑥 2

2

1

0

𝑑𝑥 = 4 − 4𝑥² 1

0

𝑑𝑥 = 4𝑥 −4𝑥3

3

10

4𝑥 −4𝑥3

3

10

= 4 −4

3=

8

3

Logo a massa da lâmina é de

𝑚 =8

3

Os momentos são:

𝑀𝑥 = 𝑦𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

= 𝑦 1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑦 + 3𝑥𝑦 + 𝑦2 𝑑𝑦2−2𝑥

0

1

0

𝑑𝑥

𝑦 + 3𝑥𝑦 + 𝑦2 𝑑𝑦2−2𝑥

0

1

0

𝑑𝑥 = 𝑦2

2+

3𝑥𝑦2

2+

𝑦3

3

2 − 2𝑥0

1

0

𝑑𝑥

𝑦2

2+

3𝑥𝑦2

2+

𝑦3

3

2 − 2𝑥0

1

0

𝑑𝑥 = 2 − 2𝑥 2

2+

3𝑥 2 − 2𝑥 2

2+

2 − 2𝑥 3

3

1

0

𝑑𝑥

2 − 2𝑥 2

2+

3𝑥 2 − 2𝑥 2

2+

2 − 2𝑥 3

3

1

0

𝑑𝑥 = 14

3− 6𝑥 − 2𝑥² +

10𝑥3

3

1

0

𝑑𝑥

14

3− 6𝑥 − 2𝑥² +

10𝑥3

3

1

0

𝑑𝑥 = 14𝑥

3− 3𝑥² −

2𝑥3

3+

5𝑥4

6

10

=14

3− 3 −

2

3+

5

6

14

3− 3 −

2

3+

5

6=

14 − 9 − 2

3+

5

6= 1 +

5

6=

11

6

𝑀𝑦 = 𝑥𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

= 𝑥 1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 =

𝐷

𝑥 1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑦2−2𝑥

0

1

0

𝑑𝑥

𝑥 1 + 3𝑥 + 𝑦 𝑑𝑦2−2𝑥

0

1

0

𝑑𝑥 = 𝑥 𝑦 + 3𝑥𝑦 +𝑦2

2

2 − 2𝑥0

1

0

𝑑𝑥

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𝑥 𝑦 + 3𝑥𝑦 +𝑦2

2

2 − 2𝑥0

1

0

𝑑𝑥 = 𝑥 2 − 2𝑥 + 6𝑥 − 6𝑥2 + 2 − 2𝑥 2

2

1

0

𝑑𝑥

𝑥 2 − 2𝑥 + 6𝑥 − 6𝑥2 + 2 − 2𝑥 2

2

1

0

𝑑𝑥 = 𝑥 4 − 4𝑥² 1

0

𝑑𝑥 = (4𝑥 − 4𝑥3)1

0

𝑑𝑥

(4𝑥 − 4𝑥3)1

0

𝑑𝑥 = 4𝑥2

2−

4𝑥4

4

10

=4

2−

4

4= 2 − 1 = 1

Assim segue que:

𝑀𝑥 =11

6 e 𝑀𝑦 = 1

Agora podemos finalmente calcular o centro de massa da nossa lâmina, observe que

𝑥 =𝑀𝑦

𝑚=

1

83

=3

8 e 𝑦 =

𝑀𝑥

𝑚=

11683

=11

16

Logo o centro de massa da nossa lâmina é o ponto 𝑥, 𝑦 = 3

8,

11

16 , indicado na figura

abaixo:

3.6 Momento de inércia

O momento de inércia de uma partícula cuja a massa é 𝑚 em torno de um eixo é

definido como 𝑚𝑟², onde 𝑟 é a distância da partícula ao eixo. Estendendo este conceito para

uma lâmina com função densidade 𝛿 𝑥, 𝑦 contínua numa região D do plano 𝑥𝑦 e aplicando o

x

Figura 12

1

2

0

D

y

y = 2 -2x

3

8,11

16

Centro de massa

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conceito de integral dupla, temos então, o que chamamos de momento de inércia de uma

distribuição contínua de massa.

Logo temos que o momento de inércia em torno do eixo 𝑥 será determinado por

𝐼𝑥 = lim 𝛥 →0

𝛾𝑖² 𝛿(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝑦² 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦.

𝐷

Da mesma forma o momento de inércia em torno do eixo 𝑦 é dado por

𝐼𝑦 = lim 𝛥 →0

𝜉𝑖² 𝛿(𝜉𝑖, 𝛾𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝛥𝑖𝐴 = 𝑥² 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦.

𝐷

Podemos também determinar o momento de inércia em torno da origem, também

chamado de momento polar de inércia ou momento de inércia em torno do eixo 𝑧:

𝐼0 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 = 𝑦² 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦 + 𝑥² 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷𝐷

= (𝑥2 + 𝑦²) 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

𝐼0 = (𝑥2 + 𝑦²) 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

3.6.1 Exemplo

Determine os momentos de inércia 𝐼𝑥 , 𝐼𝑦 e 𝐼0 do disco homogêneo D com densidade

𝛿 𝑥, 𝑦 = 𝑘, centro na origem e raio 𝑎.

3.6.1 Solução

A fronteira do conjunto D é o círculo 𝑥² + 𝑦² = 𝑎² que em coordenadas polares D é

descrito por 𝐷′ = { 𝑟, 𝜃 ∈ 𝑅2 ∶ 0 ≤ 𝑟 ≤ 𝑎 𝑒 0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋}.

Calculando 𝐼𝑥 , temos:

𝐼𝑥 = 𝑦² 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

= 𝑘 (𝑟 sin 𝜃) ² 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = 𝑘

𝐷′

sin ²𝜃 𝑟3𝑎

0

𝑑𝑟 2𝜋

0

𝑑𝜃

𝑘 sin ²𝜃 𝑟3𝑎

0

𝑑𝑟 2𝜋

0

𝑑𝜃 = 𝑘 sin ²𝜃 𝑟4

4 𝑎0

2𝜋

0

𝑑𝜃 = 𝑘𝑎4

4 sin ²𝜃

2𝜋

0

𝑑𝜃

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𝑘𝑎4

4 sin ²𝜃

2𝜋

0

𝑑𝜃 =𝑘𝑎4

4

1 − cos 2𝜃

2

2𝜋

0

𝑑𝜃 =𝑘𝑎4

8 𝑑𝜃

2𝜋

0

− cos 2𝜃2𝜋

0

𝑑𝜃

𝑘𝑎4

8 𝑑𝜃

2𝜋

0

− cos 2𝜃2𝜋

0

𝑑𝜃 =𝑘𝑎4

8 𝜃 2𝜋

0−

sin 2𝜃

2

2𝜋0

=𝑘𝑎4

8 2𝜋 − 0

𝑘𝑎4

8 2𝜋 − 0 =

2𝑘𝜋𝑎4

8=

𝑘𝜋𝑎4

4

Logo temos que o momento de inércia em torno do eixo 𝑥 é 𝐼𝑥 =𝑘𝜋𝑎 4

4.

Calculando agora 𝐼𝑦 , temos:

𝐼𝑦 = 𝑥² 𝛿 𝑥, 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦

𝐷

= 𝑘 (𝑟 cos 𝜃) ² 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = 𝑘

𝐷′

cos ²𝜃 𝑟3𝑎

0

𝑑𝑟 2𝜋

0

𝑑𝜃

𝑘 cos ²𝜃 𝑟3𝑎

0

𝑑𝑟 2𝜋

0

𝑑𝜃 = 𝑘 cos ²𝜃 𝑟4

4 𝑎0

2𝜋

0

𝑑𝜃 = 𝑘𝑎4

4 cos ²𝜃

2𝜋

0

𝑑𝜃

𝑘𝑎4

4 cos ²𝜃

2𝜋

0

𝑑𝜃 =𝑘𝑎4

4

1 + cos 2𝜃

2

2𝜋

0

𝑑𝜃 =𝑘𝑎4

8 𝑑𝜃

2𝜋

0

+ cos 2𝜃2𝜋

0

𝑑𝜃

𝑘𝑎4

8 𝑑𝜃

2𝜋

0

+ cos 2𝜃2𝜋

0

𝑑𝜃 =𝑘𝑎4

8 𝜃 2𝜋

0+

sin 2𝜃

2

2𝜋0

=𝑘𝑎4

8 2𝜋 + 0

𝑘𝑎4

8 2𝜋 + 0 =

2𝑘𝜋𝑎4

8=

𝑘𝜋𝑎4

4

Assim temos que o momento de inércia em torno do eixo 𝑦 também é 𝐼𝑦 =𝑘𝜋𝑎 4

4.

Podemos observar que 𝐼𝑥 = 𝐼𝑦 , isso ocorre devido a simetria por estarmos trabalhando com

uma distribuição de massa uniforme.

Como já calculamos 𝐼𝑥 e 𝐼𝑦 , podemos finalmente calcular 𝐼0, observe que:

𝐼0 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 =𝑘𝜋𝑎4

4+

𝑘𝜋𝑎4

4=

2𝑘𝜋𝑎4

4=

𝑘𝜋𝑎4

2

Portanto o momento de inércia em torno da origem é 𝐼0 =𝑘𝜋𝑎 4

2.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, com a realização desta pesquisa,conseguimos desmistificar a integral dupla

que para muitos apresenta um grande grau de dificuldade e verificar o quanto ela é uma

ferramenta importante para diversas áreas do conhecimento, esta possibilitou o avanço e o

desenvolvimento de várias ciências que careciam de uma ferramenta poderosa para encontrar

soluções para problemas que até então persistiam sem respostas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Janeiro: LTC, 1995.

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FLEMMING, Diva Marilia; GONÇALVES, Marília Buss, Cálculo B: Funções de várias

variáveis, integrais duplas e triplas. 2ª ed. São Paulo-SP: Pearson prentice Hall, 2007.

FOULIS, David J.; NUNEM, Mustafa A. Cálculo volume 2. Rio de Janeiro: LTC, 1982.

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