Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador,...

58

Transcript of Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador,...

Page 1: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 2: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

Revista

Universidade Estadual de Feira de Santana

J

v. 3 n. 5 julho/dezembro 2012

Graduando ENTRE O SER E O SABER

Revista Acadêmica da Graduação em Letras

Graduando Feira de Santana v. 3 n. 5 p. 1-56 jul./dez. 2012

ISSN 2236-3335

Page 3: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

R e i t o r

J o s é C a r l o s B a r r e t o d e S a n t a n a

V i c e - R e i t o r

G en i v a l C o r r ê a d e So u z a

P ró - R e i t o r d e G ra d u a ç ã o

R u b en s E d s o n A lv e s P e r e i r a

P r ó - R e i t o r a d e P e s q u i s a e P ó s -G ra d u a ç ã o

M a r l u c e M a r i a A ra ú j o A s s i s

P r ó - R e i t o r a d e E x t e n s ã o

M a r i a H e l e n a d a R o ch a B e s n o s i k

P r ó - R e i t o r d e A dm in i s t r a ç ã o e F i n a n ç a s

R o s s i n e C e rq u e i r a d a C ru z

D i r e t o r a d o D e p a r t am en t o d e L e t r a s e A r t e s

M á v i s D i l l K a i p p e r

V i c e -D i r e t o r a d o D ep a r t am e n t o d e L e t r a s e A r t e s

F l á v i a A n i n g e r d e B a r r o s R o ch a

C o o rd en a d o r a d o C o l e g i a d o d e L e t r a s e A r t e s

V a l é r i a M a r t a R i b e i r o S o a r e s

V i c e -C o o rd en a d o r a d o C o l e g i a d o d e L e t r a s e A r t e s

I r a n i l d e s A lm e i d a d e O l i v e i r a

U ND EC \CO DA E

C h e f e (U N D EC ) : O t t o V i n í c i u s A g ra F i g u e i r e d o

Coo r d . ( CO DA E ) : A d r i a n a I s i s C a r n e i r o T r a b u co

D i r e t ó r i o A ca d êm i c o d e L e t r a s e A r t e s J o s é J e rô n im o d e M o ra i s

G r a d u a n d o

Revista Acadêmica da Graduação em Letras

I n s t i t u c i o n a l

v..3 n..5 jul./dez. 2012

ENTRE O SER E O SABER

U E FS/ R ev i s t a G r a d u a n d o

A ven i d a T r a n s n o r d e s t i n a , S / N , B a i r r o No vo H o r i z o n t e . M ó d u l o 2 , M T 2 5 b .

C EP 44 0 3 6 - 9 0 0 – F e i r a d e S a n t a n a – B a h i a – B r a s i l . T e l . : 3 1 6 1 - 8 000

H om e : h t t p : / /www 2 . u e f s . b r / d l a / g r a d u a n d o E -m a i l : r e v i s t a g r a d u a n d o @gm a i l . c o m

F a c e b o o k : h t t p : / /www . f a c e b o o k . c om / r e v i s t a g r a d u a n d o B l o g : www . r e v i s t a g r a d u a n d o . b l o g s p o t . c om

Page 4: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

Exp ed i e n t e

Com issão Ed i to r i a l

E s p . D a i a n n a Q u e l l e d a S . S a n t o s d a S i l v a

D a n i l o Ce r q u e i r a A lme i d a

E s p . J o s en i l c e R o d r i g u e s d e O l i v e i r a B a r r e t o

We l l i n g t o n Gomes d e J e s u s

Conse lho Ed i to r i a l

Rev i são

Me . A d ev a l d o P e r e i r a A r a g ã o

M a . A n d r é i a C a r i c c h i o C a f é G a l l o

Me . A n t ô n i o Ga b r i e l E v a n g e l i s t a d e So u z a

D r a . C a r l a L u z i a C a r n e i r o B o r g e s

D r a . C e l i n a Má r c i a d e S o u z a A b b a d e

D r . C i d S e i x a s F r a g a F i l h o

D r . C l a u d i o C l e d s o n N o v a e s

M e . C l e d s o n J o s é P o n c e Mo r a i s

D r . E d s o n D i a s F e r r e i r a

M e . E d s o n O l i v e i r a d a S i l v a

E s p . E l i z a b e t e B a s t o s d a S i l v a

D r a . E l v y a Sh i r l e y R i b e i r o P e r e i r a

D r . F r a n c i s c o F e r r e i r a d e L i m a

D r . H u m b e r t o L u i z L i ma d e O l i v e i r a

D r a . J o l a n t a R e k a w e k

D r a . J o s a n e M o r e i r a d e O l i v e i r a

M e . J u r a c i D ó r e a F a l c ã o

M e . N i g e l A l a n H u n t e r

M a . N e l m i r a Mo r e i r a d a S i l v a

M e . M a r c e l o B r i t o d a S i l v a

D r a . Ma r i a d a Co n c e i ç ã o R e i s T e i x e i r a

D r a . N o r ma L ú c i a F e r n a n d e s d e A l m e i d a

D r a . P a l m i r a V i r g i n i a B a h i a H e i n e A l v a r e z

D r a . R i t a d e C á s s i a R i b e i r o d e Q u e i r o z

D r a . S u a n i d e A l m e i d a V a s c o n c e l o s

M a . V a l é r i a Ma r t a R i b e i r o So a r e s

M e . A d ev a l d o P e r e i r a A r a g ã o

A l i n e d a S i l v a S a n t o s

D a y a n e M o r e i r a L emo s

M a . E d n a R i b e i r o Ma r q u e s A mo r i m

E s p . É r i k a R a mo s d e L i ma A u r e l i a n o

E s p . J a n Ca r l o s D i a s d e S a n t a n a

D r a . Ma r i a n a F a g u n d es d e O l i v e i r a

M e . N i g e l A l a n H u n t e r

M a . N o r m a S o e l i R e i s M en e z es

E s p . S h i r l e y C r i s t i n a Gu e d es d o s Sa n t o s

M a . S i l v a n i a C á p u a C a r v a l h o

T á r c i a P r i s c i l a L i ma D ó r i a

E s p . V a l e r i a R i o s O l i v e i r a A l v e s

P ro je to Gr á f i co C o n s e l h o E d i t o r i a l

Ed i to r ação B e a t r i z L i m a d o Ca r m o

D a n i l o C e r q u e i r a A l m e i d a

R ev i são F i n a l C o n s e l h o E d i t o r i a l

I mp r essão I m p r en s a U n i v e r s i t á r i a — U E F S

Capa T h i a g o d e Ca r v a l h o Cu n h a

I magem d e Cap a D a n i e l a R o ch a d e F r a n ça

Web Des i gn D a n i l o C e r q u e i r a A l m e i d a

T i r ag em 3 0 0 ex emp l a r e s

© R ev i s t a G r a d u a n d o 2 0 1 3 — T o d o s o s d i r e i t o s r e s e r v a d o s

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

Page 5: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 6: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

Sumário

ED ITOR IAL C o n s e l h o E d i t o r i a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p á g i n a 7

L I N GU Í ST I CA O P ER ÍODO COMPOSTO NA GT : ANÁL I SE D E CR ITÉR IOS S INTÁT ICOS E S EMÂNT ICOS J e o v a n F a r i a s F o n s e c a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p á g i n a 1 1 L I T ERATURA LA I N FEL IC IDAD FEMEN INA EN BODAS D E SANGRE , D E F ED ER ICO GARC ÍA LORCA D a n i e l a R o c h a d e F r a n ç a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p á g i n a 2 9 AS IMAGEN S DO SENT IM ENTO AMOROSO NAS CANT IGAS D E AMOR TROVADOR ESCAS E NA MÚS ICA BR EGA J a c i e n e d e A n d r a d e S a n t o s , T a i n á M a t o s L i m a A l v e s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p á g i n a 4 1

NORMAS PARA ENVIO D E ART IGOS E R ESENHAS C o n s e l h o E d i t o r i a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p á g i n a 5 3

Page 7: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 8: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

G G

G G

G

G

G

E D I T OR I AL

F i na lmente chegamos à qu i n ta ed i ção da nossa Rev i st a Graduando ! A cada ed i ção conc l u í da renasce , em cada um de

nós , a chama da esperança , que renova os nossos i dea i s ,

nossos pensamentos e o nosso s i ncero dese jo de que tudo

cont i nuará dando mu i t o cer to !

A pa l av ra de ordem nes ta ed i ção é ESPERANÇA, a qua l é

def i n i da pe l o d i c i onár i o Houa iss ( 2009 , on l i ne ) como :

‚sent imento de quem vê como poss íve l a r ea l i zação daqu i l o

que dese ja [ . . . ] ‛ . Dessa forma , esperançosos é como nos sent i -

mos a cada ed i ção i n i c i ada e f i na l i zada , po i s enquanto houver

esperança em nossos corações e , consequentemente , em nos-

so t raba l ho, es ta rev is t a não ‚morrerá ‛ .

O senso comum pondera que a cor da esperança é ver-

de . Esse verde ta l vez se ja aque l e es tampado na bande i ra na-

c i ona l bras i l e i ra , que representa as nossas verdes ma tas v i -

vas , ou o verde que compõe a l ogomarca da Graduando , o

qua l rea f i rma a esperança de um curso cada vez ma i s l e i t o r ,

ma is pensador , ma i s escr i t o r e ma i s i ncent ivador do t raba l ho

d i scente dent ro e fora dos ‚muros da UEFS‛ .

Ass im como o conhec imento é o ‚pão‛ que a l imenta os

fam in tos do ‚saber ‛ , a esperança é o ba l uar te da Graduando .

Com e l a e por e l a é que cont i nuamos ‚ba tendo na mesma te-

c l a ‛ todas as ed i ções , po i s é prec i so i ns i s t i r , pers i s t i r e acred i -

t a r que o nosso curso cada vez ma is l e i a , pense e s i n t a as

necess i dades de uma educação me lhor .

A esperança nos move ro t i ne i ramente na busca de a l t er-

na t ivas que sanem as nossas d i f i cu l dades . D i f i cu l dades es tas

não apenas ao l ongo (ou em a l gumas ! ) das d i sc i p l i nas da gra-

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

Page 9: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

G

duação , mas também aque l as ex i s ten tes em nosso d i a a d i a :

em casa , na rua , no ôn i bus , no t raba l ho etc . Apesar de tan tos

obs tácu l os d i á r i os , es tamos aqu i comemorando e che i os de es-

peranças em re lação a es ta nova ed i ção da Graduando .

Es te número vem, ma i s uma vez , rea f i rmar a esperança

dos d i scentes , po i s ‚enquanto houver so l ‛ ( T i t ãs ) es ta remos

aqu i i ncent i vando a ‚ l e i t u ra do mundo antes mesmo da l e i t u ra

da pa l av ra ‛ (Pau l o F re i re ) . Dessa mane i ra , a Graduando ra t i f i ca

o seu comprom isso d i á r i o com a graduação em Let ras da

UEFS : fazer das l e t ras o i ns t rumento dos nossos t raba l hos .

Nes te exemp l a r você encont ra t raba l hos nas á reas de

L i t era tura e L i ngu í s t i ca . Acred i t amos que e l es i rão aux i l i á - l o na

prá t i ca docente e enquanto pesqu i sador , po i s a expos i ção des-

tes tex tos , nas versões impressa e d i g i t a l , é uma propos ta

pensada para o púb l i co d i scente da á rea de Let ras . Espera-

mos, s i nceramente , cont r i bu i r , ma i s uma vez , pa ra a sua for-

mação acadêm ica e docente , v i s to que no ‚mundo do saber ‛ é

que es tamos , e nes te é que devemos , a cada d i a , mergu l ha r ,

compreender , ques t i ona r e par t i l ha r .

Conse l ho Ed i t o r i a l

Page 10: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

LINGUÍSTICA

Page 11: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 12: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

O P E R Í O D O C O MP OST O N A GT : A NÁL I S E D E

C R I T É R I OS S I N T ÁT I COS E S E MÂ NT I C OS

Jeovan F a r i a s F on seca

L i c enc i a t u r a em Le t r as Ve r n ácu l as

j e o van . f a r i a s@ho tma i l . c om

P ro f a . Ma . Edn a R i b e i ro Ma rqu es Amo r im (O r i e n t ado ra/UEFS )

D ep a r t amen to d e L e t r as e Ar t e s (DLA )

eedmarqu es@gma i l . c om

Resumo : Es te t raba l ho pretende demonst ra r que o c r i t ér i o s i n-

t á t i co deve ser usado para assegura r o cará ter de coerênc i a

e de coesão de conce i t os importan tes (oração pr i nc i pa l , de-

pendente e i ndependente ) pa ra se compreender a es t ru tura e

o func i onamento dos per í odos compostos . Fo i se l ec i onado um

mater ia l , duas gramá t i cas t rad i c i ona i s e uma descr i t i va , em que

se veem abordagens es t r i t amente semânt i cas numa e es t r i t a-

mente s i n t á t i cas nout ras desses conce i t os . E como resu l t ado,

fo i v i s to que a aná l i se da gramá t i ca t rad ic i ona l de A lme ida

( 1 999 ) , que adota uma perspect i va semânt i ca de descr i ção des-

ses conce i t os , a expressão sent i do comp le to se faz presente

e é essenc i a l . Como conc l usão , dev ido à fa l t a de um mecan is-

mo ana l í t i co para a apreensão do sent i do comp le to de uma

oração e , a i nda , dev i do à fa l t a de uma def i n i ção c l a ra do que

essa expressão pode s i gn i f i ca r , l og i camente , pode ser v i s t a a

abordagem semânt i ca do per í odo compos to como i nef i caz .

Pa l av ras-chave : GT . Abordagens semânt icas e s i n t á t i cas .

Per í odo compos to. Sent i do comp le to .

1 I N T RO D U Ç Ã O

A gramát i ca t rad i c i ona l apresenta ho je , quando me lhor r e-

v i sada , uma sér i e de prob l emas resu l t an tes da fa l t a de coerên-

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

Page 13: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

12

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

c i a i n terna ent re suas teor i as cons t i t u i ntes . A pr imaz i a dada

ora à s i n t axe , ora à semânt i ca , de forma i r ref l e t i da , às vezes,

provoca i ncons i s tênc ias conce i t ua i s que , quando d i zem respe i -

to a conce i t os ax i a i s , comprometem toda a gramá t i ca , uma vez

que , por ser f ormada por teor i as , cons t i tu i - se em pr i nc í p i os

rac i ona is , e , ass im , adqu i re o cará ter de s i s tema . Como s i s te-

ma , e l a é formada por conce i t os , un i dades que , por necess i da-

de de i n teração l óg i ca , devem se comun ica r coerentemente .

Contudo, o que se vê são i ncoerênc i as . Es te a r t i go , por tan to ,

pretende encont ra r as fa l has nas descr i ções de t i pos de ora-

ções r e l evantes para o a tend imento de per í odo compos to,

quando descr i t as sob aspecto proem inentemente semânt i co;

i den t i f i ca r a i n teração l óg i ca observada nas re l ações dos con-

ce i t os quando descr i t os sob uma abordagem es t r i t amente s i n-

tá t i ca ; e mos t ra r como conven i en te a r e l ação de comp lementa-

ção ent re os cr i t ér i os s i n tá t i cos e semânt i cos na def i n i ção de

oração pr i nc i pa l , dependente e i ndependente . Es te t raba l ho se

jus t i f i ca por se entender que os prob l emas apresentados na

gramá t i ca t rad i c i ona l , mu i t as vezes , resu l t am de uma má abor-

dagem descr i t i va . Por i sso , pretende -se demons t ra r que o cr i -

t ér i o s i n t á t i co func i ona como abordagem descr i t i va propr i amen-

te necessár ia pa ra assegura r o cará ter de coerênc i a e de co-

esão , essenc i a l a um s i s tema para sua e fe t i vação l óg i ca , de

conce i t os impor tan tes para se compreender a es t ru tura e o

func i onamento dos per í odos compos tos .

2 METODOLOGIA

Es te t raba l ho apresenta -se como f ru to de um l evanta-

mento b i b l i ográ f i co , quando , c l a ramente , se l ec i ona um mater i a l ,

duas gramá t i cas t rad i c i ona i s e uma descr i t iva , pa ra rev i são do

conce i t o de per í odo compos to ne l e presente , t endo a b i b l i ogra-

f i a usada aqu i abordagens opos tas , v i s tas ent re as gramá t i cas

de A lme ida ( 1 999 ) e Bechara ( 1 96 1 ) : um adota o ponto de v i s t a

semânt i co e o out ro o s i n t á t i co , respect i vamente . Já a pesqu i -

Page 14: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

13

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

sa presente é de cará ter exp l ora tór i o , uma vez que exp l ora ,

se l ec i ona e apresenta conce i t os da GT (gramá t i ca t rad i c i ona l ) —

oração pr i nc i pa l , dependente e i ndependente — , cont ras tando-

os ent re s i e , pa ra f i ns de conc l usão , com o ponto de v i s t a de

Per i n i ( 2000 ) . Usou-se de comparações es tabe l ec i das ent re es-

ses conce i t os para conf i rmar se es tão em re l ações l óg i cas , o

que assegura o cará ter l óg i co que o s i s tema da gramá t i ca se

propõe a ser por ex i gênc ia rac i ona l de descr i ção conce i t ua l .

3 O S E N T I D O C O M PL E T O : U M A D E F I N I Ç Ã O S E M Â N T I C A

[ . . . ] é “ i l ó g i c o ” co nce i t u a r com um c r i t é r i o e c l a ss i f i c a r e an a l i s a r com ou t ro s . É b om l emb r a r aq u i q u e ‚ o i l ó -g i c o ‛ é o q u e n ão en t en demos , aqu i l o cu j a r e l aç ão com o r e s to p a r ece impo ss í v e l . ( HAUY , 1 987 , p . 2 2 ) .

Na presente aná l i se do per í odo compos to , ver -se-á um

prob l ema que d i z respe i t o à semânt i ca , ou me lhor , às bar re i ras que se nos impõem, na med ida em que nosso conhec imento de semânt i ca , a té o presente momento , não nos perm i t e reso lvê -l os . T raba l hos como o de Hauy ( 1 987 ) e Per i n i ( 1 999 ) ev i denc i am que o prob l ema é ant i go . O ponto cent ra l da prob l emát i ca que nes ta obra será abordado , o ‚sent i do comp le to‛ , j á há mu i t o nos fo i apresentado quando , por exemp lo , Hauy ( 1 987 ) , pa r t i ndo de aná l i ses de def i n i ções de oração presente em a l gumas gra-má t i cas t rad i c i ona i s , reconhece , depo i s de a l gumas pondera-ções , haver um ponto de conta to ent re e l as :

[ . . . ] send o a f r ase o en un c i ado d e sen t i do comp l e t o , e , d e f i n i d a a o r ação como f r ase , se j a com es t r u t u r a s i n -t á t i c a S – P , se j a sem e l a , q u e r em t o r no d e um ve r -b o , q ue r d es t i t u í d a d e ve rbo , con c l u i r - se- á q u e q u a l -q ue r qu e se j a a e s t r u tu r a o r ac i on a l , d ever á t e r sen t i -d o comp l e t o . ( HAUY , 1 98 7 , p . 1 9 , g r i f o n o sso ) .

Af i rma Hauy ( 1 987 , p . 1 9 ) que as ‚ [ . . . ] i n t erpretações não

só antagôn i cas , mas também cont rad i t ór i as do ‘ sent i do

comp le to ’ , t o rnam a i nda ma is enganosas [ . . . ] ‛ as def i n i ções de

Page 15: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

14

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

oração . A l ém d i sso , há a l guns es tud i osos da teor i a s i n t á t i ca

que entendem ex i s t i r dependênc i a ent re o ‚sent i do comp le to‛

das orações com a s i t uação (amb ien te f í s i co e soc i a l onde se

fa l a ) e contex to (amb ien te l i ngu í s t i co onde se acha a oração ) , e

out ros a f i rmam que não . Per i n i ( 1 999 ) t ambém fa l a sobre a i n-

f l uênc i a da ‚s i t uação‛ para o entend imento do sent i do de uma

oração , mos t rando , com i sso , a re l ação que pode haver ent re

semânt i ca e pragmát i ca , o que mos t ra o cará ter comp lexo que

pode ter a semânt i ca . Quando Hauy ( 1 987 ) most ra i sso, l ança

l uz sobre a l go que ma i s t a rde Per i n i ( 1 999 , p . 42 -43 ) t eor i za r i a :

‚ [ . . . ] a descr i ção semânt i ca é impor tan te e a l t amente i n teres-

sante , mas apresenta uma sér i e de d i f i cu l dades , or i undas em

ú l t ima aná l i se da i gnorânc i a re l a t i va em que nos encont ramos

dos fenômenos semânt i cos em gera l [ . . . ] ‛ .

A respe i t o das def i n i ções de oração r e l ac i onadas pe l o

ponto de conta to ‚sent i do comp le to‛ , Hauy ( 1 987 , p . 22 ) conc l u i :

‚ [ . . . ] essa comprovada d ivers i dade de ‘ op i n i ões ’ sobre um fa to

s i n tá t i co cu ja descr i ção , por cons t i t u i r um conce i t o bás i co em

s i n taxe , dever i a ser pautada na ob je t i v i dade e c l a reza , de f i ne -

se como enganosa , tan to pe la forma como pe l o conteúdo [ . . . ] ‛ .

4 O P E R Í O D O C O M PO S T O C O M O P RO B L E M A

Como s i s tema l óg i co a que a gramá t i ca s e pretende

cons t i t u i r , seus conce i t os es tão , por ex i gênc i a de ta l cond i ção ,

re l ac i onados . Quando se pretende ana l i sa r um prob l ema que a

gramá t i ca t rad i c i ona l apresenta , no caso , o do per í odo compos-

to , faz-se necessár i a a rev i são de out ros conce i t os presentes

ne l a (a saber , os conce i t os de f rase , oração e , por consegu in-

te , su je i t o e pred i cado ) , que t ravam re l ação d i re ta com o pro-

b l ema abordado . Ass im , embora mu i t os conce i t os devam ser

t raz i dos à l uz para me lhor esc l a rec imento , como , sobretudo , o

de ‚oração‛ , es te , en t re out ros , não será aqu i abordado por se

cons t i t u i r um tóp i co comp lexo.

Segundo Bechara ( 1 96 1 , p . 199 ) : ‚Chama -se per í odo o con-

Page 16: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

15

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

j un to orac i ona l cu ja enunc i ação term ina por s i l ênc i o ou pausa

ma is aprec i áve l , i nd i cada norma lmente na escr i t a por ponto. ‛

Por sua vez , A lme ida ( 1999 , p . 522 ) d i z que ‚ [ . . . ] per í odo é uma

ou ma is orações que formam sent i do comple to . ‛ Nesse caso,

vê-se o predom ín i o de a rgumentos semânt icos , uma vez que

se va l e do sent i do que as orações jun tas formam para f i ns de

descr i ção .

Percebe-se uma concordânc i a ent re a def i n i ção de Be-

chara ( 196 1 , p . 199 ) , que a f i rma que o per í odo ‚compos to é

aque l e que encer ra ma i s de uma oração‛ , com a def i n i ção pre-

sente em A lme ida ( 1999 ) . Es te descreve duas c l ass i f i cações de

per í odos compos tos , mos t rando que o que marca um per í odo

como compos to é a presença de ma i s de uma oração num pe-

r í odo , sobretudo com re l ação semânt i ca ent re orações . A pr i -

me i ra c l ass i f i cação d i z respe i t o à re l ação de orações por coor-

denação: A lme ida ( 1 999 , p. 346 ) d i z que o per í odo é ‚ [ . . . ] forma-

do por duas orações de sent i do comp le to , as qua i s se chamam

independentes . O per í odo compos to por coordenação pode

cons t i t u i r -se de ma i s de duas orações i ndependentes . ‛ Acres-

centa , a i nda , A lme ida ( 1 999 , p . 523 ) , ‚Oração coordenada é a

que vem l i gada a out ra de i gua l função , ou se ja , as coordena-

das ent re s i podem es ta r quer i ndependentes , quer subord i na-

das , quer pr i nc i pa is . ‛ A segunda c l ass i f i cação é a re l ação por

subord i nação: conce i t ua A lme ida ( 1 999 , p . 347 ) que o ‚ [ . . . ] per í -

odo que se cons t i tu i de uma oração pr i nc ipa l e de uma ou

ma is subord i nadas [ . . . ] ‛ , ha j a v i s ta que a oração subord i nada ,

de acordo com A lme ida ( 1999 , p . 524 ) , ‚ [ . . . ] é a que comp le ta o

sent i do de out ra de que depende , chamada pr i nc i pa l , à qua l se

prende por con junções subord i na t ivas ou pe l as formas nom i -

na i s do verbo [ . . . ] ‛ .

Na oração Quando a chuva passar , eu vo l t a re i , en tender

a oração Quando a chuva passar como subord i nada é entendê

- l a , conforme A lme ida ( 1999 ) most ra na def i n i ção de oração su-

bord i nada , como dependente semant i camente da oração eu

Page 17: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

16

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

vo l t e i . A ques tão é : como reconhecer a oração subord i nada

como dependente semant i camente da pr i nc i pa l ?

Rec i t ando-a separadamente para ‚sent i r ‛ se fa l t a a l go?

I sso pode , em a l guns exemp los , a té func i onar , quando se d i z

Quando a chuva passar , percebe -se que fa l t a a l go para com-

p l e tá - l a , semant i camente , o sent i do ; a té mesmo quando ret i rada

a con junção , A chuva passar , a ausênc i a t an to da con junção

como da oração pr i nc i pa l são perceb i das . Ass im , pode -se

entender oração subord i nada como um t i po de oração i so lada ,

i s to é , sua depreensão não depende da r e l ação que mantém

no per í odo com out ra (s ) ; como dependente mesmo i so l ada-

mente (sem con junção e sem a oração pr i nc i pa l ) . Porém, em

out ros exemp los , como Quando eu ref i z o pro je to , ma i s er ros apareceram , cons i derando somente a oração subord i nada

Quando eu ref i z o pro je to , vê-se que e l a é dependente

semant i camente quando ex i ge um comp lemento para i n te i ra r

seu sent i do . Ret i rando a con junção, depara -se com a oração

Eu ref i z o pro je to , que nesse caso passa a possu i r sent i do

comp le to , sendo , por tan to , agora , coordenada , e não ma is

subord i nada .

Desse modo, en tende-se que , na aná l i se da t i po l og i a das

orações , a c l ass i f i cação só é fe i t a com base na re l ação ent re

orações que compõem o per í odo compos to . Ass im , o cará ter

de coordenação e o de subord i nação podem ser entend i dos

como sendo c l ass i f i ca tór i os tan to de oração como de per í odo ,

desde que se ja cons i derada a re l ação ent re as orações , e não

i so l adamente . Como consequênc ia , a abordagem semânt i ca de

def i n i ção de conce i t os mos t ra -se defe i t uosa . Isso será aborda-

do ma i s deta l hadamente ad i an te .

Per í odo compos to nada ma i s é do que um con jun to de

orações que mantêm re l ações ent re s i ; essas re l ações , bases

para c l ass i f i cação dos per í odos compos tos , se dão em função

dos t i pos de oração envo lv i dos , que serão abordados no tóp i -

co segu i n te . A ques tão , agora , g i ra em torno da na tureza des-

sa re l ação : e l a é s i n tá t i ca ou semânt i ca?

Page 18: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

17

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

5 R E L A Ç Ã O D E D E P E N D Ê N C I A E D E I N D E P E N D Ê N C I A D A S O RA Ç Õ E S

Para entender me lhor o que vem a ser per í odo compos to ,

é necessár i o a ter -se aos conce i t os de oração pr i nc i pa l , i nde-

pendente e dependente , os qua i s são re l evantes para se en-

tender as re l ações de subord i nação e de coordenação das

orações que compõem um per í odo . Esses conce i t os são mar-

cadamente descr i t os sob a rgumentação semânt i ca em A lme ida

( 1 999 ) e s i n tá t i cas em Bechara ( 1961 ) .

Segundo A lme ida ( 1 999 , p . 522 ) , ‚Oração i ndependente é a

que , de sent i do comp le to , vem acompanhando out ra , que pode-

rá ter t ambém sent i do comp le to ou não . ‛ De acordo com o que

se compreendeu pág i nas a t rás , re i t erando o que A lme ida ( 1 999 )

d i z , duas orações de sent i do comp le to formam um per í odo

compos to por coordenação ; e uma i ndependente , de sent i do

comp le to , ma i s uma de sent i do i ncomp le to formam um per í odo

compos to por subord i nação . Nessa conce i t uação de oração

i ndependente e na def i n i ção por A lme ida ( 1 999 , p . 346 ) de per í -

odo composto por coordenação como ‚ [ . . . ] fo rmado por duas

orações de sent i do comp le to , as qua i s se chamam independen-

tes " , percebe-se o uso do termo i ndependente como cor re l a to

da expressão sent i do comp le to . Essa expressão , es t r i t amente

semânt i ca , pode t razer a l guns prob l emas , quando não expos to

cor retamente seu s i gn i f i cado e não exp l i c i t ado um mecan i smo

c l a ro de depreensão do sent i do comp le to ou i ncomp le to das

orações . O que v i r i a a ser sent i do comp le to? Bechara ( 1 96 1 , p .

2 16 ) , va l endo-se de a rgumentos s i n t á t i cos , me lhor de f i ne o ra-

ção i ndependente e l ança , com i sso , l uz sobre o que se pode

entender por sent i do comp le to : “ [ . . . ] o ração i ndependente é

aque l a que não exerce função s i n t át i ca de out ra a que se

l i ga ‛ , ou a i nda , t a i s ‚ [ . . . ] o rações se d i zem i ndependentes por-

que uma não exerce função s i n tá t i ca de out ra ; ambas reúnem

em s i todas as funções de que necess i tam para se cons t i t u í -

rem por s i sós un i dades do d i scurso . ‛ Ass im , uma oração

Page 19: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

18

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

i ndependente é aque l a que não possu i seus t ermos s i n tá t i cos

sob a fo rma de oração , sendo , ass im , i ndependente de out ra ;

e l a por s i só possu i sent i do comp le to quando , soz i nha , cons t i -

t u i - se com todos os termos s i n tá t i cos necessár i os à i n te i reza

do sent i do , ve i cu l ado a t ravés da es t ru tura que passa a car re-

gar para es te f im : cons t i t u i r -se como sent i do comp le to ; nout ras

pa l av ras , não depende de out ra para comp le ta r sua es t ru tura

s i n t á t i ca e cons t ru i r -se como un i dade do d i scurso [ 1 ] , en tend i da

como d i spos ta como oração , em t ermos es t ru tura i s , s i n tá t i cos ,

e semânt i cos , l i gados à expressão do pensamento ou , ma i s

uma vez , ao sent i do comp le to de um enunc iado . Ass im , o en-

tend imento i n tu i t i vo de sent i do comp le to, noção semânt i ca , se

faz quando , necessar iamente , se recor re , em para l e l o , a um

aspecto s i n t á t i co da noção/formação de oração e seus ter-

mos. Da í , t ambém, possa -se entender a jus t i f i cação da comp le-

mentação ent re cr i t ér i os semânt i cos e s i nt á t icos .

Dessa forma , dev ido à imprec i são de s i gn i f i cado da ex-pressão sent i do comp le to na def i n i ção de oração i ndependente quando usada sem apo io de cr i t ér i o s i n t á t i co , en tende -se como ma is coerente o uso do cr i t ér i o s i n t á t i co para me lhor se de f i n i r oração i ndependente . Pa ra me lhor esc l a recer i sso , mos t rando que o aspecto semânt i co apresentado na expressão sent i do comp le to gera prob l emas , recor re -se , novamente , a Bechara ( 1 96 1 , p . 2 18 ) : “ [ . . . ] são coordenadas as orações i ndependentes que formam uma sequênc i a , re l ac i onadas pe l o sent i do . ‛ A í , per-cebe-se pe l a expressão re l ac i onadas pe l o sent i do que há uma re l ação de dependênc i a de sent i do ent re orações i ndependen-tes , coordenadas , descr i t as semant i camente como orações de sent i do comp le to, o que é , s emant i camente , um paradoxo. Nes-se caso, a fa l t a de f i xação dos contornos semânt i cos da ex-pressão sent i do comp le to d i f i cu l t a o entend imento de out ros conce i t os quando re l ac i onados a expressões cor respondentes , i nd i cando , como no exemp lo ac ima , d i screpânc i as .

Essa re l ação de sent i do , na formação de per í odo com-

pos to , torna-se c l a ra quando se entende que no per í odo com-

pos to , t an to por coordenação (en t re orações de mesma fun-

Page 20: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

19

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

ção : i ndependentes , pr i nc i pa i s ou dependentes ) como por su-

bord i nação (en t re orações pr i nc i pa i s e orações dependentes ) ,

ex i s te re l ação de dependênc i a de sent i do . Já se sabe que a

re l ação de dependênc i a ex i s te no per í odo compos to por subor-

d i nação, mos t rado tan to por A lme ida ( 1 999 ) quanto por Bechara

( 1 96 1 ) , embora descr i t a sob pe rspect ivas d i f eren tes . En tão , res-

t a apenas conf i rmar a re l ação de dependênc i a de sent i do no

per í odo compos to por coordenação para mos t ra r a imprec i são

encer rada na expressão sent i do comp le to ca racter i zadora de

oração i ndependente , descr i t a semant i camente por A lme ida

( 1 990 ) . No per í odo coordenado Correu , mas não chegou a tem-po , re t i rado de Bechara ( 1 96 1 , p . 2 18 ) , embora se entenda ora-

ções i ndependentes como por tadoras de sent i do comp le to ,

quando r et i rada a con junção adversa t iva ‚mas‛ ( ‚Cor reu . ‛ , ‚Não

chegou a tempo . ‛ ) , as orações agora se mos t ram sem nenhu-

ma l i gação . A re l ação de sent i do adversa t iva desaparece . Nes-

se sent i do , en tende-se que a oração só se chama Oração Co-ordenada S i ndét i ca Adversa t i va por apresenta r a r e l ação ent re

duas orações i ndependentes s i n ta t i camente ; apresenta r um co-

nect i vo (no caso , a con junção ‚mas‛ ) ; e apresenta r como ne-

cessár ia uma re l ação de dependênc i a de sent i do que se des-

creve como advers i dade , opos i ção , en t re as o rações envo lv i -

das na formação desse per í odo . Ass im , pa ra a compos i ção do

sent i do g l oba l do per í odo , há de se reconhecer a r e l ação de

dependênc i a ent re as orações envo lv i das no per í odo composto

por coordenação .

A l ém d i sso , pode-se reconhecer a impor tânci a do conec-

t i vo usado para un i r as orações , na formação do sent i do com-p l e to , perceb i da numa nota , a segunda , em A lme ida ( 1 999 , p .

529 ) : “ [ . . . ] a subord i nada adverb i a l é a i nda convers íve l , às ve-

zes , em uma coordenada com a pr i nc i pa l : E l e chegou quando

eu ent re i = E l e chegou e eu ent re i . ‛ Ora , i sso quer d i zer que ,

nesse processo , a oração i ndependente perdeu seu cará ter e

passou a possu i r ou t ro , o de dependente . Isso mos t ra , ma i s

uma vez , que a def i n i ção de oração i ndependente como uma

Page 21: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

20

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

oração de sent i do comp le to não procede : no per í odo subord i -

nado (E l e chegou quando eu ent re i ) , a re t i rada da pa l av ra co-

nect i va , a con junção, imposs i b i l i t a o reconhec imento da oração

subord i nada como dependente (na acepção semânt i ca de sent i -

do i ncomp le to ) , por passar a cor r esponder à i ndependente (de

sent i do comp le to ) do per í odo coordenado (E le chegou e eu en-

t re i ) . Em out ras pa l av ras , t an to a oração subord i nada

( dependente ) como a oração coordenada ( i ndependente ) passa

a ser eu ent re i , pa radoxa lmente . No entan to, pode -se i ndagar :

se são orações un i das por d i fe ren tes conect i vos , não ser i a de

espera r que fossem c l ass i f i cadas de forma d i fer en te? Não ! A l -

me ida ( 1 999 ) , a i nda , nessas notas apresentadas , d i z que não se

deve confund i r oração com con junção , i s to é , não é o t i po de

con junção que def i n i rá o t i po de per í odo , mas s im , as orações.

Desse modo , A lme ida ( 1 999 ) a f i rma que não há confusão ent re

oração coordenada exp l i ca t iva e oração subord i nada causa l

porque , embora os conect i vos se jam i gua i s , a r e l ação ent re as

orações que compõem cada per í odo em questão é d i feren te .

Ass im , na busca pe l o entend imento da expressão sent i do comp le to , faz-se necessár i o um mecan i smo de aná l i se que se

most re e f i c i en te no reconhec imento do sent i do comp le to das

orações . Como se vê , um per í odo compos to por subord i nação

se conver te em um por coordenação pe l a s imp l es subs t i t u i ção

de uma con junção , o que ra t i f i ca a impor tânc i a da con junção e

most ra a imprec i são do conce i t o de oração i ndependente como

oração de sent i do comp le to . Isso ev i denc i a que o cará ter de

dependente ou i ndependente de uma oração depende das re l a -

ções s i n t á t i cas , e não de sent i do , most rando re i t eradamente o

prob l ema gerado pe l a abordagem semânt i ca , en t re as orações

desenvo lv i das (as que não se encont ram i n t roduz i das por ver-

bos nas formas nom ina i s ) com o uso de conect i vos . Desse

modo , o método de aná l i se i nd iv i dua l ( excetuando tan to a con-

junção como separando as orações ) das orações para se ver i -

f i ca r se e l as possuem ou não sent i do comp le to não se mos t ra

Page 22: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

21

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

coerente . Por tan to , a descr i ção sent i do comp le to não se faz

c l a ra para a tender ao conce i t o de oração independente .

Já def i n i da a oração i ndependente , pa r te -se para a de f i -

n i ção de oração dependente . Segundo Bechara ( 1 96 1 , p . 2 16 ) ,

‚ [ . . . ] o ração dependente é aque l a que exerce função s i n t á t i ca

de out ra e va l e por um subs tan t ivo , ad je t ivo ou advérb i o . A

dependente é um termo s i n tá t i co que tem a forma de oração . ‛

Por tan to , a noção de dependênc i a é i nversa à de i ndependên-

c i a , obv i amente .

Sobre es te aspecto , v i s to na noção de oração dependen-

te como oração que func i ona como t ermo s i n tá t i co de out ra ,

Per i n i ( 2000 , p . 1 24 ) me lhor o descreve como sendo uma ‚ [ . . . ]

propr i edade , comum a todas as l í nguas , de co l ocar es t ru turas

dent ro de out ras es t ru turas da mesma c l asse , ‛ chamada re-

curs iv i dade . At ravés desse conce i t o , o de r ecurs iv i dade , pode -

se de f i n i r , segundo Per i n i ( 2000 , p . 1 24 ) , per í odo composto por

subord i nação como ‚ [ . . . ] o ração comp lexa , def i n i da como uma

oração que contém dent ro de seus l im i t es pe l o menos uma ou-

t ra oração. ‛ Per i n i ( 2000 ) entende o per í odo compos to como

sendo também uma oração s imp l esmente : um per í odo compos to

é fo rmado por uma oração que , na verdade , depende s i n t a t i ca-

mente também de sua dependente , oração sob a forma de ter-

mo , pa ra compor i n tegra lmente sua es t ru tura s i n t át i ca , que

num todo se mos t ra como apenas uma oração .

Ass im , vê-se que Pe r i n i ( 2000 ) usa como conven i en te o

cr i t ér i o s i n t á t i co para descrever per í odo compos to , adotando

uma term ino l og ia d iversa da t rad i c i ona l aqu i abordada . Em s í n-

tese , a gramá t i ca descr i t i va de Per i n i ( 2000 ) se mos t ra cond i -

zente com a gramá t i ca de Bechara ( 1 96 1 ) , no que d i z respe i t o à

descr i ção de per í odo compos to , quando os do i s gramá t i cos

adotam o cr i t ér i o s i n t á t i co , baseando suas descr i ções na re l a -

ção das es t ru turas que compõem o per í odo . Nesse sent i do ,

por s e ver uma re l ação de concordânc ia ent re uma gramá t i ca

descr i t i va , que sempre se propõe a c r i t i ca r a GT , e out ra t ra-

Page 23: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

22

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

d i c i ona l , un ivocamente se r econhece que , no ponto em que se

coadunam, a gramá t i ca t rad i c i ona l de Bechara ( 1 96 1 ) fo i e f i caz ,

no caso em ques tão ; ef i caz em def i n i r s i n t a t i camente per í odo

compos to .

Quando A lme ida ( 1 999 , p . 523 ) a f i rma que ‚ [ . . . ] o ração

pr i nc i pa l é a que tem o sent i do pr i nc i pa l no per í odo , e que ,

embora não dependa de out ra oração, t em seu sent i do i n te i ra-

do por out ra ou out ras a e l a subord i nadas ‛ , a pr imaz i a dada à

semânt i ca f i ca pa ten te nesse excer to . O que se observa a í é

um conf l i t o de noções : se a oração pr i nc i pa l não depende de

out ra , t er seu sent i do comp le tado por out ras não se perm i t e

pensar em dependênc i a? O que ser i a exa tamente sent i do i n te i -

rado por out ra? Ma i s uma vez , Bechara ( 1 96 1 , p . 2 16 ) , do ponto

de v i s t a s i n t á t i co , me lhor def i ne : ‚Chama -se oração pr i nc i pa l

aque l a que pede uma dependente . ‛ De acordo com o s i s tema

de conce i t os de Bechara ( 1 96 1 ) , uma oração dependente é uma

oração que , es tando em forma de uma função s i n t á t i ca , com-

p l e ta a es t ru tura da oração pr i nc i pa l ; sa t i s fazendo a ex i gênc i a

de um enunc i ado , cu jo sent i do comp le to que i ra a l cançar , por

uma es t ru tura s i n t á t i ca formada pe l a presença dos termos s i n-

tá t i cos necessár i os para ta l .

6 R E S U L T A D O S

A aná l ise das duas gramá t i cas t rad i c i ona i s , a de A lme ida

( 1 999 ) e a de Bechara ( 196 1 ) , perm i t e entender que , por um l a-

do , pe l a perspect i va semânt i ca , adotada por A lme ida ( 1 999 ) , na

descr i ção dos conce i t os necessár i os ao entend imento de per í -

odo compos to (oração pr i nc i pa l , dependente e i ndependente ) , a

expressão sent i do comp le to se faz presente e essenc i a l . Em

função da fa l t a de um mecan ismo ana l í t i co de depreensão do

sent i do comp le to de uma oração e , a té mesmo , em função da

fa l t a de c l a ra def i n i ção do que venha a s i gn i f i ca r essa expres-

são , l og i camente , vê-se como i nef i caz a abordagem semânt i ca

de per í odo composto . Por out ro l ado, a perspect i va s i n tá t i ca

Page 24: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

23

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

adotada por Bechara ( 196 1 ) mos t ra que há re l ação de depen-

dênc i a semânt i ca ent re as orações que compõem o per í odo

compos to por coordenação e , também, por subord i nação : o

que cont ra r i a a def i n i ção semânt i ca de oração i ndependente

( de sent i do comp le to ) e pr i nc i pa l (de sent i do pr i nc i pa l e que

não ‚depende‛ de out ras ) . Isso favorece o entend imento de

que o cr i t ér i o def i n i dor de per í odo deva ser o s i n tá t i co , embo-

ra possa se entender como opor tuna a comp lementação ent re

os cr i t ér i os semânt i cos e s i n tá t i cos . A comparação ent re as

def i n i ções de per í odo compos to que aqu i se mos t ra ent re Pe-

r i n i ( 2000 ) e Bechara ( 1 96 1 ) dá -se de forma harmôn i ca , aque l e

aborda a noção de recurs iv i dade , descrevendo -a como propr i -

edade da l í ngua que perm i t e que uma es t ru tura se ja enca i xada

dent ro de out ra est ru tura , que é cor re l a t a da def i n i ção de o-

ração dependente , uma oração quando sob a forma de um

termo s i n tá t i co se jun ta a out ra es t ru tura para compor um pe-

r í odo . Embora se possa entender como conven i en te uma re l a-

ção de comp lementação ent re os cr i t ér i os semânt i cos e s i nt á-

t i cos , en tende-se obv i amente que esses conce i t os são descr i -

ções de e l ementos re l ac i onados e cons t i t u t ivos da es t ru tura

de uma oração ; por tan to , de fa tos s in t á t i cos . Por isso , há de

se conv i r que para a descr i ção desses conce i t os , somente a

a rgumentação ou cr i t ér i o s i n tá t i co , coerentemente , mos t ra su-

premac ia . Em se t ra tando de per í odo composto , uma a f i rmação

que me lhor exemp l i f i ca i sso é a de Bechara ( 1 96 1 , p . 2 16 ) : ‚ [ . . . ]

quanto às suas re l ações s i n t á t i cas dent ro do per í odo compos-

t o , as orações podem ser i ndependentes e dependentes . ‛ A í ,

percebe-se que as re l ações s i n tá t i cas es tão em re l evo por

conven i ênc i a e coerênc ia descr i t iva .

7 C O N C L U S Ã O

O campo semânt i co é , sem dúv ida , um t er reno de d i f í c i l

es tudo e aguarda es tud i osos persp i cazes e i ns t rumenta l i za-

dos , com formação apropr i ada e uso de métodos de base te-

Page 25: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

24

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

ór i ca cons is ten te . Espera -se que , sob a ace i t ação dos que se

ded i cam a pesqu i sa c i en t í f i ca , cr i em verdade i ras def i n i ções e

não meramente ‚op i n i ões ‛ (dec l a rações fe i t as por um gramá t i -

co e não por out ro , ca racter i zando uma a f i rmação par t i cu l a r )

acerca dos fa tos s i n t á t i cos , sobretudo . A sa í da do prob l ema

aqu i apresentado é rea t iva r o cará ter de s i s tema da gramá t i -

ca , i s to é , promover a i n teração l óg i ca ent re seus conce i t os ,

a t ravés de um s i s tema de conce i t uação e f i c i en te , com v i st as

à harmon ia do s i s tema gramat i ca l .

Abs t ract : Th i s paper a ims to demons t ra te tha t the syntact i c

cr i t er i on shou l d be used to ensure the coherence and cohe-

s i on f ea ture of impor tan t concepts (ma i n c l ause , dependent

and i ndependent ) to comprehend the s t ructure and funct i on i ng

of comp lex c l auses . To ana l yze , i t was se l ected a ma ter i a l

composed by two t rad i t i ona l grammars and one descr i p t ive

grammar . In one , i t was found s t r i c t l y semant i c approaches

and i n o thers , s t r i c t l y syntact i c approaches . As a resu l t , i t

was seen tha t the express i on comp le te sense i s essent ia l i n

the t rad i t i ona l grammar of A lme ida ( 1 999 ) , wh i ch adopts a se-

mant i c perspect i ve to descr i be th i s concepts . As a conc l us i on ,

ow ing to absence of an ana l y t i ca l mechan i sm to apprehend

the fu l l sense o f a c l ause and for absence o f a cons i s ten t

def i n i t i on of th i s express i on , the semant i c approach of the

comp lex c l ause was seen as inef fect i ve .

Keywords : Trad i t i ona l grammar. Semant i c and syntact i c ap-

proaches . Comp lex c l ause . Fu l l sense .

R E F E R Ê N C I A S

ALMEIDA, Napo l eão Mendes de . Gramát i ca metód i ca da l í ngua por tuguesa . 43 . ed . São Pau l o : Sa ra i va , 1999 .

BECHARA, Evan i l do . Moderna gramá t i ca por tuguesa . R i o de

Jane i ro : C i a Ed i t o ra Nac i ona l , 1 96 1 .

Page 26: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

25

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 1 1 - 2 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

HAUY, Amin i Boa i na in . Da necess i dade de uma gramá t i ca da l í ngua por tuguesa . 3 . ed . São Pau l o : Át i ca , 1987 .

PER IN I , Már i o A . Gramá t i ca descr i t i va do por tuguês . 4 . ed. São

Pau lo : Át i ca , 2000 .

_ _ _ __ _ . Para uma nova gramá t i ca do por tuguês . 9 . ed . São

Pau lo : Át i ca , 1999 .

NOTAS

[ 1 ] Essa expressão possu i t ambém re l ação com a expressão

sent i do comp le to e carece de es tudo deta lhado para me lhor

esc l a rec imento da poss i b i l i dade de sua def i n i ção .

Env iado em: 1 1 /09/20 12 .

Aprovado em: 20/07/20 13 .

Page 27: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 28: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

LITERATURA

Page 29: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 30: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

L A I N F E L I C I DA D F EME N I NA E N B ODA S D E SA N GR E ,

D E F E D E R I CO G ARC Í A L OR CA

Dan i e l a R och a de F r an ça

L i c enc i a t u r a em Le t r as com Esp anho l / UEFS

d an i _ r f 0 1 @ho tma i l . c om

Resumen : La t raged i a Bodas de Sangre ( 1 933? ) , de Feder i co

Garc í a Lorca , se mues t ra como un t ex to que i nsp i ra ref l ex i ones

re l evantes sobre l a soc i edad españo l a de l os años t r e i n t a de l

s i g l o pasado . Es te a r t í cu l o propone una d i scus i ón sobre l a i n-

fe l i c i dad femen ina en l a t raged ia de Lorca l l evando en cons i de-

rac i ón e l contex to soc i a l y l os pape l es soc i a l es que adoptan

l os persona jes femen inos conf i gurados por e l escr i t o r .

Pa l abras-c l ave : In fe l i c i dad femen ina . Bodas de Sangre . Trans-

gres i ón .

1 I N T RO D U C C I Ó N

La Madre , l a Nov i a , l a Mu jer de Leonardo , l a Suegra y l a

Cr i ada son a l gunos de l os persona jes femen inos conf i gurados

por Lorca en su t raged ia Bodas de Sangre ( 1 933 ) . La cor re l a-

c i ón ent re todas e l l as se funda en l a i n fe l i c i dad . Mu jeres que

v iven en un t i empo en que l as paredes l es echan fuego enc i -

ma . Mu jeres cuya func i ón es serv i r , que son procreadoras y

responsab l es por e l honor y l a educac i ón de l a fam i l i a . Es en

es te contex to que Lorca escr i be Bodas de Sangre , des tacán-

dose como e l au tor de una t raged i a con e l ementos c l ás i cos y

tamb ién como l a voz que p l an tea una denunc i a soc i a l .

La soc i edad que d i bu j a Lorca es una soc i edad pa t r i a rca l

donde l a mu jer es tá subord i nada a l va rón en t odos l os ámb i t os

de l a v i da , sea económ ico , soc i a l o l abora l . Es ta mu jer de l os

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

Page 31: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

30

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

años t re i n t a no ten í a au tonom ía persona l y su v i da es taba re-

l egada a l ma t r imon io , a l a p rocreac i ón y a l cu i dado de l hogar .

Además ten í a una gran responsab i l i dad en l a educac i ón de l os

h i j os , y s i no se sa l i e ra b i en , recaer í a sobre e l l a una gran pre-

s i ón soc i a l por no haber cump l i do su pape l soc i a l . Mar ía Euge-

n i a Fernández F ra i l e ( 2008 , p . 1 2 ) seña l a , en su a r t í cu l o sobre

l a h i s tor i a de l as mu jeres en España , l o que suced í a con e l l as

has ta e l ú l t imo terc i o de l s i g l o XX.

La mu j e r , ad emás d e se r e xc l u i d a d e cu a l qu i e r f o ro

p úb l i c o , ap a r t ad a d e l o s ámb i t o s d e d ec i s i ó n po l í t i c a ,

d e l a adm i n i s t r ac i ón d e b i e n es , d e l o s f o ro s d o nd e s e

c r e a y r e c i b e cu l t u r a , e s t amb i é n d esp o se íd a d e l d e -

r echo a l u so d e l a r az ón , mo t o r d e l a mode r n idad .

Como con t r ap a r t i d a , se conv i e r te en e l e j e v e r t e b r a -

d o r d e n ú c l e o f am i l i a r , t r asm i so r a d e v a l o r e s mo r a l e s ,

adm in i s t r ad o r a d e l a e conom í a f am i l i a r , máx imo expo-

n en t e en l a p r odu cc i ón d e se r v i c i o s y en meno r med i -

d a en l a p r od ucc i ón d e b i e nes , ed u cado r a d e l o s

h i j o s , p e r o s i emp re b a j o l a t u t e l a d e l e sp o so o d e l

v a r ón de l a c asa a l c u a l d ebe en t r eg a r se y apo y a r .

La l eg i s l ac i ón d i scr im i na tor i a de aque l l a época hac í a que

l a au tor i dad de l va rón fuese más a l l á de asuntos económ icos ,

l a mu jer deber í a r eper ta l o y someterse a l mar i do. Y aque l l as

que ten í an una conducta t ransgresora es taban su je tas a seve-

ras penas.

2 L A C A R A C T E R I Z A C I Ó N D E L PA P E L S O C I A L D E L A M U J E R D E N T RO D E L A O B RA D E L O R C A

Lorca conf i gura sus persona jes de acuerdo con l os pa-

pe l es soc i a l es y l os nombra de l a m i sma manera . E l hecho de

que Lorca no dé una i dent i dad persona l a sus persona jes s i g-

n i f i ca un efecto muy i n teresante en l a obra , pues no estamos

hab l ando de una persona en concreto , s i no de grupos de per-

sonas . No se t ra ta pues de una Madre , s i no de l as madres , no

Page 32: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

31

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

es l a Nov ia o l a Suegra s i no todas las nov i as y l as suegras de

l os años t re i n t a . ¿Entonces cómo exp l i ca r l as act i t udes de

t ransgres i ón por par te de l os persona jes como l a Nov ia?

Además de poner en escena l os pape l es soc i a l es , nos

parece que Lorca tamb ién l ogró poner en escena l os deseos y

ganas más repr im i dos de l as que es taban ob l i gadas a asum i r

su ro l femen ino en aque l l a época . Y es tos deseos y ganas se

ref l e j an jus tamente en l as t ransgres i ones . Hay en e l t rascur r i r

de l a acc i ón un emba te ent re es tos deseos y l a conducta

‚d i gna ‛ , esperada de l pape l soc i a l que asume e l persona je .

La Nov ia es la pro tagon is ta de l a h is tor i a y se mues t ra

como una mu jer va l i en te a l t ransgred i r l a conducta soc ia l y

asum i r púb l i camente sus razones y deseos a pesar de l as

acusac i ones y sanc i ones que suf re . Veamos en es te pr imero

momento como l a Nov ia asume su pape l soc i a l , e l de buena

muchacha que acepta , obedece y sobre todo no cues t i ona na-

da .

Madr e : Acé r ca t e . ¿ Es t á s con t en t a?

Nov i a : S í , seño r a .

P ad re : N o d eb es es t a r se r i a . A l f i n y a l c abo e l l a v a a

se r t u mad r e .

N ov i a : Es t oy con t en t a . Cu ando h e d ad o e l s i e s p o r -

q ue qu i e r o d a r l o .

Madr e : N a t u r a lmen t e . ( L e co ge l a b a rb i l l a . ) M í r ame .

P ad re : Se p a r ece en t od o a m i mu j e r .

Madr e : ¿ S í ? ¡Qu é h e rmoso m i r a r ! ¿ Tú sab es l o q u e e s

casa r se , c r i a t u r a?

Nov i a : ( Se r i a ) L o sé .

Madr e : Un h ombr e , u n o s h i j o s y u n a p a r ed d e d o s

v a r as d e an cho p a r a t od o l o d emás . (GARC IA LORCA ,

200 1 , p . 1 1 2 ) .

En es ta escena , t enemos e l pr imer encuent ro ent re l a

Madre y l a Nov i a dónde e l l a es cues t i onada sobre sus expec-

ta t i vas en re l ac i ón a l a boda . La Nov i a en esta escena aparece

como una muchacha b i en educada, obed i en te , que hab l a poco

Page 33: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

32

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

y no cues t i ona u op i na , o sea tenemos un persona je de l a No-

v i a que cor r esponde a l per f i l esperado . Además , en es ta m i s-

ma escena, e l drama turgo mues t ra una buena p i s t a sobre

cómo era e l ma t r imon io en aque l l a época . La madre ma l i c i osa

pregunta a l a Nov i a s i e l l a rea lmente sabe l o que es casarse,

como s i l a Nov i a no sup i era o no es tuv i era preparada . Y antes

que obtenga una respues ta , e l l a m i sma contes ta como una

mu jer exper imentada que ya hab í a v iv i do esta rea l i dad y d i ce :

Madr e : Un homb re , u n o s h i j o s y u n a p a r ed d e d o s

v a r as d e an cho p a r a t od o l o d emás . (GARCIA LORCA ,

200 1 , p . 1 1 2 ) .

Su prop ia respues ta nos da una mues t ra de cómo v iv í an

l as mu jeres , conformadas con su cond i c i ón e i n fe l i ces . S i n de-

recho de op i na r , con su crea t i v i dad mut i l ada , i nmersas en un

mo lde soc i a l que l as sofocaba .

En e l s i gu i en te f ragmento , la Madre cump l i endo su pape l

en buscar i n formac ión sobre l a Nov ia : su fama , s i es de ver-

dad una muchacha honrada y s i merece ser esposa de su

h i j o .

Madr e : ¿ Tú cono ces a l a nov i a d e m i h i j o ?

Vec i n a : ¡ B u en a much ach a !

Madr e : S í , p e ro . . .

Vec i n a : P e r o qu i e n l a con oz ca a f on do n o h ay n ad i e .

V i v e so l a co n su p ad r e a l l í , t an l e j o s , a d i e z l e g uas

d e l a c asa m ás ce r c a . P e r o es b u en a . Aco s tumbr ad a

a l a so l e d ad . (GARC IA LORCA , 2 00 1 , p . 98 ) .

Ot ro f ragmento tamb ién que apunta e l per f i l deseado para

l a mu jer de aque l l a época y es cuando e l Padre de l a Nov ia

presenta l os dotes de su h i j a a su fu tura suegra . Veamos :

P ad re : Qu é t e d i g o d e l a m í a . H ace l a s m i g as a l a s

t r e s , c u an do e l l u ce ro . No h ab l a

n un ca ; su ave como l a l an a , b o r d a t o d a c l a se d e b o r -

Page 34: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

33

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

d ado s y p uede co r t a r u n a ma r oma

con l o s d i e n t e s .

Madr e : D i o s b en d i g a su casa .

P ad re : Qu e D i o s l a b end i g a . (GARC IA LORCA , 2 00 1 , p .

1 1 1 ) .

Ante l o expues to se puede cons ta ta r que Lorca d i seña

en Bodas de sangre l a conducta esperada por l a mu jer según

l os padrones y preceptos de l a época .

3 L A T R A N S G R E S I Ó N E N B O D A S D E S A N G R E

Además de t razar l os per f i l es soc i a l es con los rasgos de

l a soc i edad de l a época , Lorca tamb ién propone una m i rada

sobre l a t ransgres i ón en la obra . Transgred i r puede ser def i n i -

do como l a v i o l ac i ón de un precepto , una l ey o una norma y

jus tamente es l o que hace l a Nov ia cuando huye con Leonar-

do . E l l a representa l a t ransgres i ón de l pape l soc i a l de l a mu jer

y cam ina hac i a e l ex t remo de l o que ser í a cons i derado una

conducta adecuada . La Nov i a def i ende e l cam ino de l a au to-

nom ía , de l a l i berac i ón de l a cá rce l soc ia l que supone un casa-

m ien to s i n amor . Además de asum i r l o que h i zo y asum i r l as

consecuenc i as , e l l a de ja c l a ro en su defensa que l o que h i zo ,

no fue un er ror o un de l i t o .

Nov i a : ¡ P o rq ue y o me fu i c o n e l o t r o , me f u i ! (C on an -g u s t i a ) T ú t amb i é n t e h u b i e r as i d o . Yo e r a u n a mu j e r

q uemad a , l l e n a d e l l a g as p o r d en t r o y p o r f u e r a , y t u

h i j o e r a u n p oqu i t o d e ag u a d e l a q u e y o esp er ab a

h i j o s , t i e r r a , sa l ud ; p e r o e l o t r o e r a u n r í o o scu ro , l l e -

n o d e r amas , q u e ace r c ab a a m í e l r umo r d e su s j un -

co s y su can t a r en t re d i e n t e s . Y y o co r r í a co n t u h i j o q ue e r a como u n n i ñ i t o d e ag u a , f r í o , y e l o t r o me

mand ab a c i e n to s d e p á j a r o s qu e me imp ed í an e l an d a r

y q u e d e j ab an esca r ch a so br e m i s h e r i d as d e p ob r e

mu j e r ma r ch i t a , d e much ach a aca r i c i ad a p o r e l f u eg o .

Yo n o qu e r í a , ¡ ó y e l o b i e n ! ; y o n o q u er í a , ¡ ó y e l o b i en ! .

Yo n o q u e r í a . ¡ T u h i j o e r a m i f i n y y o n o l o h e eng a-

Page 35: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

34

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

ñ ado , p e r o e l b r az o d e l o t r o me a r r as t r ó como u n

g o lp e d e ma r , c omo l a c ab ez ad a d e u n mu l o , y me h ub i e r a a r r as t r ado s i emp r e , s i emp r e , s i emp re , s i em-

p r e , aun qu e hu b i e r a s i do v i e j a y t o do s l o s h i j o s d e t u

h i j o me hu b i e sen ag a r r ad o d e l o s c ab e l l o s ! (GARCIA

LORCA , 2 00 1 , p . 1 6 2 ) .

La mu jer que es tá conf i gurada en e l persona je de l a No-

v i a , def i ende e l derecho de e l ecc i ón , propone l a v i o l ac i ón de l a

norma , que la l l eva rá a concret i za r sus deseos más repr im i -

dos .

Leon a rdo :

¿A l a f u e rz a? ¿Qu i é n b a jó p r ime ro l a s e sca l e r as?

Nov i a :

Yo l a s b a j é . L eo n a rdo :

¿Qu i é n l e p u so a l c ab a l l o b r i d as nu evas?

Nov i a :

Yo m i sma . Ve r d ad .

L eo n a rdo :

¿Y qu é mano s me ca l z a r on l a s e spu e l as? Nov i a :

Es t as mano s q ue so n t u y as , p e r o q u e a l v e r t e q u i s i e -

r an

q uebr a r l a s r amas azu l e s y e l mu rmu l l o d e t u s ven as .

¡ T e qu i e r o ! ¡ T e qu i e r o ! ¡ Ap a r t a ! Qu e s i ma t a r t e pu d i e ra ,

t e p o nd r í a u n a mo r t a j a co n l o s f i l o s d e v i o l e t as . ¡ Ay , q ué l amen to , q u é f u ego me sub e p o r l a c ab ez a !

(GARC IA LORCA , 2 00 1 , p . 1 50 - 1 5 1 ) .

4 L A I N F E L I C I D A D D E L A S M U J E R E S E N B O D A S D E S A N G R E

En d iversos f ragmentos de l a obra , es pos ib l e v i sua l i za r

cómo Lorca ref l e j a e l sent im i en to de i n fe l i c i dad en l os perso-

na jes femen inos . Cada mu jer de l a obra de Lorca emana una

h i s tor i a de i n fe l i c i dad e i nsa t is facc i ón con su cond i c i ón . E l

desamor de l mar i do , e l deseo de casarse , l a desgrac i a que

Page 36: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

35

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

supone e l hecho de es ta r es ta r casada con un hombre a

qu i én no se ama y la so l edad y e l rencor de l a v i uda que ha

perd i do a su mar i do , son a l gunas de es tas h is tor i as .

En e l pr imer acto de l a obra Lorca apor ta l a pr imera mues t ra de l a v i da i n fe l i z que l l eva l a Madre por haber perd i do a su mar i do y a su h i j o .

Madr e : C i e n añ o s q u e y o v i v i e r a n o h ab l a r í a d e o t r a co sa . P r ime ro , t u p ad re , q u e me o l í a a c l av e l y l o d is -f r u t é t r e s año s escaso s . L u ego , t u h e rmano . ¿Y es j u s t o y p u ed e se r q u e u n a co sa p equ eñ a como u n a p i s t o l a o u n a n ava j a pu ed a acab a r con un hombr e , q ue e s u n t o r o? No ca l l a r í a n u nca . P asan l o s meses y l a d esesp e r ac i ó n me p i c a en l o s o j o s y h as t a en l a s p un t as d e l p e lo . N ov i o : ( F u e r t e ) ¿Vamos a acab a r ? Madr e : N o . N o v amos a acab a r . ¿Me p u ed e a l g u ie n t r ae r a t u p ad r e y a t u h e rmano? Y l u eg o , e l p r e s i d i o . ¿Qué es e l p r e s i d i o? ¡A l l í c omen , a l l í f uman , a l l í t o can l o s i n s t r umen t o s ! M i s muer t o s l l e n o s d e h i e rb a , s i n h ab l a r , h echo s p o l vo ; d o s homb res q ue e r an d o s ge -r an i o s . . . L o s ma t ado r es , e n p r e s i d i o , f r e sco s , v i e nd o l o s mon t e s . . . (GARC IA LORCA , 2 00 1 , p . 94 - 95 ) .

Por o t ro l ado , se observa que es tas mu jeres no es tán

sa t is fechas con su v i da o con su cond i c i ón . No obs tan te , son mu jeres , en su mayor í a , conformadas con "su s i no " . Aceptan su cond i c i ón de manera pac í f i ca y natura l y l l egan hasta a de-most ra r e l rechazo por aque l l as que t ransgreden o buscan ot ros cam inos . La madre de l a Nov ia fue una mu jer que , como d i j o uno de l os persona jes , no quer í a a su mar i do, y por eso no l l evaba buena fama s i endo que su honra fue pues ta en du-da .

Madr e : ¿Y su mad r e? Vec i n a : A su mad r e l a con oc í . H e rmosa . L e r e l u c í a l a c a r a como u n san to ; p e r o a m í n o me g u s tó nu nca . N o q ue r í a a su ma r i do . Madr e : ( F u e r t e ) P e r o ¡ c u án t as co sas sab é i s l a s g en -t e s !

Page 37: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

36

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

Vec i n a : P e rd on a . N o q u i s i e r a o f end e r ; p e r o es ve r dad . Aho r a , s i f u e d ecen t e o n o , n ad i e l o d i j o . D e e s t o n o se h a h ab l ado . E l l a e r a o rg u l l o sa . Madr e : ¡ S i empr e i g u a l ! (GARC IA LORCA , 2 00 1 , p . 99 ) .

En e l pr imer acto aparece tamb ién o t ro persona je femen i-

no : l a Mu jer de Leonardo . Demuest ra ser una mu jer ma l amada

que teme perder a su mar i do pues s i en te que é l no l a qu i ere

más . En es te f ragmento , además de tener la ev i denc ia de que

l a re l ac i ón ent re ambos es prob l emát i ca , vemos cómo l a Sue-

gra reprocha a su h i j a por cues t i onar demas i ado a su mar i do ,

pues e l l a sabe que ésaá no es l a conducta que debe tener

una esposa .

Mu j e r : ( A L eon a rd o )¿ Qué t e p as a? ¿Qué i d e a t e b u l l e p o r d en t r o d e cab ez a? No me d e j e s as í , s i n s ab er n a-

d a . . . L eo n a rdo : Qu i t a . Mu j e r : No . Qu i e r o qu e me m i r e s y me l o d ig as .

L eo n a rdo : D é j ame . ( Se l e v an t a . ) Mu j e r : ¿Adónde v as , h i j o ? L eon a rdo : (Ag r i o ) ¿ Te pu ed es ca l l a r ?

Sueg r a : ( En é rg i c a , a su h i j a ) ¡ C á l l a t e ! ( S a l e L eon a rd o ) ¡ E l n i ño ! ( En t r a y vu e l ve a sa l i r c o n é l e n b r azo s . ) ( L a mu j e r h a p e rmanec i do d e p i e , i nmóv i l ) (GARC IA LOR -

CA , 2 00 1 , p . 1 0 6 ) .

Y más ade l an te l a Mu jer de Leonardo se da cuenta de

que no t i ene más su mar i do . Que l o perd i ó y que es to es su

s i no . Y seña la además que su madre tuvo e l m i smo des t i no .

Mu j e r : Y y o no so y mu j e r p a r a i r s i n su ma r i do a u n casam i en to . ¡ Qu e no pu edo más ! L eo n a rdo : ¡ N i y o t ampoco !

Mu j e r : ¿ Po r q u é me m i r a s as í ? T i e n es u n a esp i n a en cad a o j o . L eo n a rdo : ¡ Vamos !

Mu j e r : N o sé l o q u e p asa . P e r o p i e n so y n o q u i e r o p en sa r . Un a co sa sé . Yo y a es t o y d esp ach ad a . P e r o t e ng o un h i j o . Y o t r o qu e v i e n e . Vamos an d ando . E l

Page 38: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

37

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

m i smo s i no t u vo m i mad r e . P e ro d e aq u í no me mue-

vo . (GARCIA LORCA , 2 00 1 , p . 1 2 8 - 12 9 ) .

Más ade l an te podemos conocer , en t re te j i da en l a t rama ,

l a h i s tor i a de l a madre de l a Nov i a que fue una mu jer i n fe l i z ,

que se consum ió en su casam ien to. E es te f ragmento Lorca

refuerza l a i dea de que casarse nos es a l go f e l i z s i no que es

una desd i cha para l as mu jeres .

Nov i a : M i mad r e e r a d e u n s i t i o d ond e h ab í a mucho s

á r b o l e s . D e t i e r r a r i c a .

C r i ad a : ¡ As í e r a e l l a d e a l e g r e !

N ov i a : P e ro se con sum ió aq u í .

C r i ad a : E l s i n o .

N ov i a : Como n o s con sum imo s t o d as . Ech an f u ego l a s

p a r ed es . ¡ Ay ! , n o t i r e s d emas i ad o . (GARC IA LORCA ,

200 1 , p . 1 1 5 ) .

Por o t ro lado , e l persona je de l a Cr i ada tamb ién se pre-

senta como una mu jer i n fe l i z , por no tener perspect i va de ca-

sarse por ser una cr i ada . Y es ta def i ende una v i s i ón d i s t i n t a

de l ma t r imon io , es dec i r como s i fuera un paso bueno y que

merec i ese l a pena .

C r i ad a : ( P e i n án do l a ) ¡ D i c ho sa t ú q u e v as a ab r az a r a

u n h omb r e , q ue l o v as a b esa r , q u e v as a sen t i r su

p eso !

N ov i a : C a l l a .

C r i ad a : Y l o me j o r e s cu ando t e d esp i e r t e s y l o s i e n -

t as a l l a d o y qu e é l t e r oz a l o s hombr o s co n su

a l i e n t o , c omo con un a p l um i l l a d e r u i señ o r .

N ov i a : ( Fu e r t e . ) ¿T e qu i e r e s ca l l a r ?

C r i ad a : ¡ P e r o , n i ñ a ! Un a b o d a , ¿ q ué es? Una b o d a e s

es t o y n ad a más . ¿ Son l o s d u l c e s? ¿ Son l o s r amos d e

f l o r e s? No . Es u n a cama r e l umb r an te y u n h omb re y

u n a mu j e r . (GARC IA LORCA , 2 00 1 , p . 1 1 6 ) .

En ot ro f ragmento , la Nov i a demues t ra su rea l sent im i en to

por e l Nov io , pero aún as í es tá determ inada en su dec i s i ón de

Page 39: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

38

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

casarse con su nov io a qu i en no qu i ere pues as í podrá ev i t a r

caer en l os brazos de Leonardo y defender su honra . La No-

v i a pues es una mu jer i n fe l i z porque ama un hombre y va a

casarse con ot ro .

Nov i a : Un h omb r e con su cab a l l o sab e mucho y p ued e mucho p a r a p od e r e s t r u j a r a u n a much ach a me t i d a en u n d es i e r to . P e r o y o t e ng o o rgu l l o . P o r e so me caso . Y me en ce r r a ré co n m i ma r i d o , a q u i e n t e n go q ue q ue r e r p o r enc ima d e t odo . [ . . . ] Nov i a : Y sé q u e es t oy l o c a y sé q u e t e ngo e l p echo p od r i do d e agu an t a r , y aq u í e s t o y qu i e t a p o r o í r l o , p o r v e r l o menea r l o s b r az o s . (GARC IA LORCA , 2 00 1 , p . 1 2 0 ) .

A pesar de haber t ransgred i do , segu i do su sent im i en to ,

l uchado para a l canzar l a fe l i c i dad , la desd i cha pudo más con la Nov i a , que no l ogra concret i za r sus deseos que tan to ha repr i -m ido y term ina so l i t a r ia , vac ía e i n fe l i z por haber perd i do a l hombre que amaba . Va has ta l a casa de la Madre exp l i ca rse y ped i r que la cas t i gue , pero en e l f i n p i de so lamente que l e de je l amenta r j un to la t raged i a de la muer te de l os dos r iva l es .

Nov i a : Dé jame l l o ra r cont i go . (GARCIA LORCA, 200 1 , p . 1 63 ) .

5 C O N C L U S I Ó N

Los persona jes femen inos de Bodas de Sangre t i enen en común e l hecho de es ta r i n fe l i ces por su cond i c i ón o por l as pérd i das que han su f r i do . Lorca en su p i eza cons t ruye e l pa-pe l soc i a l de l a mu jer según l os preceptos de l a época . No obs tan te , e l drama turgo nos sens i b i l i za a l m i smo t i empo r esa l -t ando e l hecho de que es tas mu jeres que v iv í an encarce l adas por l a norma , t amb ién tuv i eran l a ten tes en s í m i smas e l sueño y sus deseos . Y eso Lorca l o demuest ra a t ravés de l a t rans-gres i ón . Todas l as mu jeres , que aparecen en Bodas de sangre ,

Page 40: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

39

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 2 9 - 3 9 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

son presentadas como v í c t imas de una m isma desd i cha : ser mu jer en un t i empo donde su v i da se res t r i ng í a a procrear , cu i da r de l hogar y m i ra r una pared que l e echa fuego . La i ns-t i t uc i ón de l ma t r imon io es só l o un e l emento que cont r i buye a l a i n fe l i c i dad de l as mu jeres que t i enen que conformarse con l a pérd i da , l a impos i b i l i dad de a l za r sus deseos y e l s i no de ser rechazadas. Resumo : A t ragéd ia Bodas de Sangue , de F reder i co Garc í a Lor-ca , apresenta -se como um tex to i nesgotáve l de ref l exões e a r i queza des ta obra também es tá desenhada por Lorca , na p i n-tura da soc i edade espanho l a de 1930 . Es te a r t i go propõe uma d i scussão sobre a i n fe l i c i dade f em in i na na refer i da obra , l evan-do em cons i deração o contex to soc i a l e os papé i s soc i a i s que ocupam os personagens fem in i nos no tex to de Lorca . Pa l av ras-chave : In fe l i c i dade fem in i na . Bodas de Sangue . Trans-gressão .

R E F E R E N C I A S

FERNÁNDEZ FRAILE , Mar ía Eugen ia . H is tor i a de l as mu jeres en España : h i s tor ia de una conqu i s ta . A l j aba . Buenos A i res , vo l . 1 2 , p . 1 1 - 20 , segunda época , 2008 . D ispon i b l e en : <h t tp : //www.sc i e l o . o rg . a r/pdf/a l jaba/v 12/v 12a0 1 . pdf > . Acceso en : 5 ago . 20 13 . LORCA, Feder i co Grac í a . Bodas de sangre . [S . l . : s . n . ] , [ 1933? ] . D i spon i b l e en : <h t tp : //www.v i cente l l op . com/TEXTOS/ lorca/bodasdesangre . pdf > . Acceso en: 5 ago . 20 13 . REKAWEK , Jo l an ta . Bodas de sangre de Feder i co Garc í a Lorca f ren te a l a rquet i po de l a mu jer españo l a de l a época . Ensa i os e C i ênc i a , Campo Grande , v . 1 , p . 1 1 - 1 9 , 2004 .

Env iado em 26/09/2012 .

Aprovado em 04/05/20 13 .

Page 41: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 42: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

A S I M AGE NS DO S E N T I ME NT O A MO RO SO

N AS C AN T I GAS D E A MOR T R O VA DOR E S CAS E N A MÚS I C A B R EG A

Jac i e ne d e Andr ade San t o s

L i c enc i a t u r a em Le t r as Ve r n ácu l as

an d r ad e . j a c i e n e@ho tma i l . com

T a i n á Ma t o s L ima A l v es

L i c enc i a t u r a em Le t r as com L í ngu a Esp anho l a

t a i a l v e s _08@ho tma i l . c om

Mar i a d as G r aças Me i r e l l e s (O r i e n t ado r a/UEFS )

D ep a r t amen to d e L e t r as e Ar t e s (DLA )

g a lme i r e l l e sc@y ahoo . com .b r

Resumo : Nes te a rt i go , pretendemos es tabe l ecer uma compara-

ção ent re as cant i gas de amor da época med i eva l , per tencen-

tes ao gênero l í r i co , e a mús i ca contemporânea de Pab l o , can-

tor ba i ano , cons i derado brega . Em ambas as obras , percebe-

mos que , apesar da d i ferença tempora l , e l as se aprox imam por

t raços comuns e apresentam temas recor ren tes : o sof r imento ,

a pa i xão , a dor de um amor não cor respond ido , a t r i s t eza , a

saudade e o dese jo . Não nos i n teressa , nes te momento , d iscu-

t i r a verac i dade ou não de ta i s sent imentos , mas s im, ana l i sa r

as seme lhanças encont radas nos textos suprac i t ados que nos

l evam a cons i dera r a grande i n f l uênc i a que exerce o es t i l o t ro-

vadoresco a i nda nos d i as atua is .

Pa l av ras-chave : Amor . Trovador ismo . L í r i co . Mús ica . B rega .

1 I N T RO D U Ç Ã O

Em 1 189 , a Cant i ga da R i be i r i nha — Cant i ga de Garva i a ,

a t r i bu í da a Pa i o Soares de Tave i rós — , marca o i n í c i o do Tro-

vador i smo por tuguês (SARAIVA, 1 996 . p . 45 ) . Esse per í odo l i t e-

rá r i o se caracter i za pe l a presença das cant i gas , que const i t u-

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

Page 43: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

42

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

em grande par te da l i t era tura român i ca med ieva l . ‚Os ma is an-

t i gos tex tos l i t erá r i os em l í ngua portuguesa são compos i ções

em verso co l i g i das em canc i one i ros de f i ns do sécu l o XI I I e do

sécu l o XIV que reúnem tex tos desde f i ns do sécu l o XI-

I . ‛ (SARAIVA, 1 996 . p . 45 ) .

As cant i gas produz idas na época foram comp i l adas em

espéc i es de anto l og i as que ho je conhecemos pe l o nome de

‚canc i one i ros ‛ . Atua lmente , conhecem -se apenas t rês canc i o-

ne i ros , crono l og i camente sucess ivos : o Canc i one i ro da A juda

(ma i s an t i go ) , o Canc i one i ro da B i b l i o t eca Nac i ona l e por f im o

Canc ione i ro da Va t i cana . Sa ra i va ( 1996 ) nos exp l i ca :

Conhecem-se t r ê s can c i on e i r o s o u co l e c t ân eas , a l i á s ,

e s t r e i t amen te ap a r en t ad as en t r e s i , d e can t i g as d e

au t o re s d i v e r so s em l í ng u a g a l e g a o u p o r tug uesa . O

ma i s an t i go , o Can c i on e i r o d a A j ud a , f o i p r ov ave lmen -

t e comp i l a d o o u co p i ado em f i n s do sécu l o X I I I . Os

o u t ro s , o Can c i on e i ro d a B i b l i o t e c a N ac i o n a l ( an t i g o

Co lo cc i - B r ancu t t i ) e o Can c i on e i ro d a Va t i c an a ( com

uma va r i an t e r e cen temen te d escobe r t a ) , são cóp i as ,

r e a l i z ad as em I t á l i a n o sécu l o XV I , a p a r t i r d e uma

comp i l a ç ão qu e d a t a p r ovave lmen t e do sécu l o X IV .

( SARA IVA , 1 996 . p . 4 6 ) .

As cant i gas do Trovador ismo ga l ego -por tuguês recebem

esse nome porque , sendo compos i ções em versos , eram

t ransm i t i das ora lmente , cantadas ao som de i ns t rumentos mu-

s i ca i s . A pa l av ra t rovador vem do ant i go verbo t robar , que ,

por sua vez , der i va do provença l e s i gn i f i ca ‚achar , encon-

t ra r ‛ (SANT’ANNA, 20 12 ) . O t rovador era aque l e que

‘ encont rava ’ as pa lav ras cer tas , r imando para compor a r t is t i -

camente sua canção .

Pa ra efe i t o de aná l i se , as cant i gas são d iv id i das em gê-

neros , a saber : sa t í r i cas – cant i gas de ma ld i zer e de escárn io

– , e l í r i cas – cant i gas de amor e de am igo . As cant i gas sa t í r i -

cas representam o gênero da cr í t i ca , da zombar ia e da r i d i cu-

l a r i zação de pessoas h i s tor i camente contex tua l i zadas . Nas

Page 44: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

43

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

cant i gas de escárn i o , a cr í t i ca é fe i t a de forma i nd i re ta ; nas de

ma ld i zer , en t re tan to, a cr í t i ca é dura e exp l í c i t a .

No campo da l í r i ca , as cant i gas de am igo eram, em l i nhas

gera i s , rea l i zações poét i cas de um eu l í r i co fem in i no d i r i g i das a

seu namorado . Já nas cant i gas de amor , sobre as qua is nos

deteremos nes ta abordagem, o eu l í r i co é mascu l i no e sof re as

consequênc i as do amor que sente por uma mu lher a quem se

acha subm isso , chamando -a de ‚Senhor ‛ . A mu lher , f i gura

amada , é i dea l i zada e d i s tan te . A voz poét i ca assume a pos i-

ção de f i e l vassa l o , a serv i ço de sua senhora , dama da cor te ,

t rans formada então em um ob je to de sonho , como a l go i naces-

s íve l e i n tang íve l . É o amor conf i gurado imposs íve l .

Tomando por ob je to de aná l i se a es t ru tura temát i ca de

ta i s cant i gas de amor , conf ronta remos as man i fes tações do

l i r i smo t rovadoresco com os sent imentos amorosos presentes

nas l e t ras do contemporâneo cantor ba iano Pab l o , popu l a r por

ter d i fund i do um dos ma is recentes mov imentos mus i ca i s do

Bras i l , o Arrocha .

2 P R I M E I R O S A R R A N J O S

Conhecemos por ‚mús i ca brega ‛ as canções que t ra tam

do tema amoroso com for te ape l o sent imenta l , gera lmente com

l e t ras e a r ran jos s imp l es . O Arrocha , gênero mus i ca l d i fund i do

pe l o cantor Pab l o , segue essa ver ten te . Porém, o t ra tamento

que é dado ao sent imento amoroso não é necessar iamente no-

vo , j á que sua base temá t i ca também es teve presente na l í r i ca

t rovadoresca .

Atua l i zando as imagens de amor t rovadorescas , as l e t ras

mus i ca i s do cantor Pab l o reve l am s im i l a r i dades de t ra tamento

temá t i co com o per í odo med i eva l , ao tempo em que t razem no-

vas concepções de amor , adequadas ao contex to soc i ocu l t u ra l

da contemporane i dade . As canções de Pab l o t ra tam de um

amor rea l , poss íve l , do amor -pa i xão . Esse , denom inado de Eros

pe l os gregos (COMTE-SPONVILLE , 1998 ) , propõe uma re l ação

Page 45: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

44

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

de presença e fa l t a da amada . É o amor que sobrev ive da fa l-

t a , que é sempre carente de uma poss íve l comp le tude . Nas

cant i gas de amor t rovadorescas , podemos observar a presen-

ça do amor-am igo , denom inado amor Ph i l i a na cu l t u ra grega

(COMTE-SPONVILLE , 1 998 ) . Um amor def i n i do pe l os gregos co-

mo i dea l i zador .

Nes te t i po de cant i ga , o eu l í r i co assume o pape l de vas-

sa l o perante a sua amada , t rans fer i ndo para a re l ação amoro-

sa a h i era rqu ia soc ia l da época . A voz mascu l i na demons t ra

seu sof r imento d i ante de um amor imposs íve l por conta da

mu lher d i s tan te , i dea l i zada . Por i sso , em seu l amento i n i n ter-

rupto , e l e vê na mor te a so l ução . Podemos perceber t a l sent i -

mento num t recho da cant i ga de Berna l de Bonava l ( 12 - - ) :

A don a qu e eu am ’e t e nh o p o r Senho r

amos t r ad e -m i - a , D eu s , se vo s em p r az e r f o r ,

seno n d ade -me a mo r t e .

A que t enh ’ e u po r l ume d es t e s o l ho s meu s

e p o r qu e ch o r am sempr ’ , amos t r ade -m i - a D eu s ,

seno n d ade -m i a mo r t e .

O ob je to do amor é i nsubs t i t u íve l e const i t u i o ún i co mo-

t i vo que prende o amante à v i da , que mantém a l uz em seus

o l hos . Por i sso , a imposs i b i l i dade de tê - l o para s i cr i a um canto

de l amentação , de sof r imento e de súp l i ca pe l a mor te . É impor-

tan te l embra rmos que é jus tamente a imposs i b i l i dade de ser

consumado que robus tece e a l imenta o amor , j á que ‚ [ . . . ] t udo

que se opõe ao amor o garante e o consagra em seus cora-

ções . ‛ (ROUGEMONT, 1998 . p . 35 ) .

Em g r am co i t a , senho r ,

Que pe i o r qu e mo r t ’ é ,

v i v o , p e r b õ a f é ,

e p o l o vo ss ’ amo r

e s t a co i t a so f r ’ e u

p o r vó s , senho r , qu e eu

V i po l o meu g r am ma l ,

Page 46: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

45

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

E me l h o r m i se r á

d e mo i r e r p o r vó s j á ;

e , po i s me Deu s nom va l ,

es t a co i t a so f r ’ e u

p o r vó s , senho r , qu e eu [ . . . ] . ( D IN I Z , [ 1 3 - - ? ] ) .

O tormento pe l o amor não cor respond ido , representado

no poema ac ima pe l o vocábu lo ‚co i t a ‛ , aparece na ma ior ia das cant i gas , ass im como a re lação ent re o amor e o ma l . Ao ex-pressar seu grande sent imento amoroso , o t rovador demons-t ra f requentemente uma necess i dade de sof rer , j á que a sua senhora l he é i nacess íve l . A mor te é um e l emento bas tan te recor ren te , v is t a como so l ução para um amor que não pode ser concret i zado. Sobre isso , aponta Lazáro ( 1 996 ) :

É o p róp r i o su j e i t o q ue se p en sa , a ameaça con s t an t e d a mo r t e e do ab an dono , a p o ss i b i l i d ad e d e rompe r , p o r um momen t o qu e se j a , a b a r r e i r a i n v i s í v e l qu e o sep a r a do ou t r o e d as f o r ç as es t r anh amen t e s im i l a r e s q ue p a r ecem a t u a r n a ap a r en t e deso rd em do u n i ve r -so . ( LÁZARO , 1 996 . p . 1 1 ) .

Em seu l i v ro O amor e o Oc idente , Rougemont ( 1 998 . p .

42 ) def i ne o esp í r i t o e a h is tór i a do homem oc i denta l ao c i t ar Hege l : ‚ [ . . . ] Def i n i re i de bom grado o românt ico oc i denta l como um homem para quem a dor , espec ia lmente a dor amorosa , é um me io pr iv i l eg i ado de conhec imento . ‛ E exp l i ca : ‚Por que prefer imos a nar ra t iva de um amor imposs íve l à out ra qua l-quer? É que amamos a a rdênc i a e a consc iênc i a do que a rde em nós. L i gação profunda do sof r imento e do saber . Cump l i c i -dade da consc i ênc ia e da mor te ! ‛ (ROUGEMONT, 1998. p . 42 ) .

Por conta da perpetuação desse sent imento de sa t is fa-ção perante a dor amorosa , que es tá presente na t rad i ção oc i denta l , encont ramos t raços de ta i s imagens amorosas em canções contemporâneas bem receb i das popu l a rmente . Essas imagens adqu i r i r am novos tons e roupagens, mas não de i xam de remeter ao sent imento que conduz i a os pr ime i ros t rovado-res .

Page 47: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

46

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

3 O N O V O A R R A N J O D A T RO V A

E l aborando comparações , percebemos que nas cant i gas

de amor do Trovador i smo , o sof r imento amoroso se dá por

que o eu l í r i co sente-se i n fer i o r perante uma mu lher i dea l i zada

e d i s tan te , enquanto que nas canções cantadas por Pab l o des-

tacamos o fa to de que a mu lher j á fo i ou é acess íve l ao ho-

mem:

[ . . . ] Qu ando t e t o co , a r r ep i o

Te ve j o do rm i ndo , p a r ece qu e vou f l u t u a r

Qu ando seu s b r aço s me ape r t am

Su a voz me despe r t a p r a eu t e amar [ . . . ] . [ 1 ]

O cenár i o em que se desenvo lve a canção l embra um

amb ien te de i nt im i dade ent re os amantes , numa profusão de

sensações v i sua i s , aud i t ivas , gus tat i vas , e , em grande quant i -

dade , tá te i s , i nd i cando a i n tens i dade do envolv imento f í s i co que

t i veram. Porém, essa estab i l i dade não se mantém, j á que o eu

l í r i co sof re ao perceber que a sua amada es tá mudando de

compor tamento ou ao descobr i r que se enganou e que aque l e

amor i dea l es tá se f ragmentando :

A gen te j á n ão sa i p e l o s mo t é i s à n o i t e p r a f az e r

amor ,

Já n ão du rmo ag a r r ado ao t eu co r po , j á n ão s i n t o te u

ca l o r .

A i nd a t omo o mesmo v i nho , só qu e ag or a so z i nho

acompanh ado pe l a d o r .

Me pe rg un to se o d es t i no f o i j u s t o com i go e po r q ue

n o s sep a ro u . . .

F u i c ond en ado sem d i r e i t o a d e f e sa sou r éu , acompa-

n h ado p e l a do r .

P en a máx ima f o i d ad a ao meu co r ação . Mago ado eu

es t o u . . . [ 2 ]

Page 48: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

47

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

D i feren temente da mu lher i dea l i zada pe l os t rovadores , as

qua i s t i nham os nomes om i t i dos por serem, gera lmente , mu lhe-

res casadas , conf i gurando ass im um empec i lho para a rea l i za-

ção do amor , a mu lher representada nas canções de Pab l o é

l i v re e i ndependente , u t i l i zando sua l i berdade para fazer o eu

l í r i co sof rer . E la é cons i derada a cu l pada por seu sof r imento ,

por ser vo l úve l e f r i a , como f i ca c l a ro no t recho a segu i r :

Amada m i nh a , vo cê t ão f r i a

E eu t e q ue r en do

Amada m i nh a , enqu an to eu b r i go

Va i me esq uecendo

Você sa i d e casa e n ão vê

Que eu es t ou p ed i ndo a vo cê

P r a me t i r a r do d eser t o [ . . . ] . [ 3 ]

Rougemont , a inda em seu l iv ro O Amor e o Oc idente

( 1 998 . p . 17 ) , nos fa l a da comb inação per fe i t a ent re amor e mor te e o quanto essa comb inação nos agrada . E l e a f i rma que ‚o amor fe l i z não tem h i s tór ia ‛ e que ‚o amor mor ta l é tudo que há de un iversa lmente emot ivo‛ . O autor comprova a sua t ese ao exp l i c i t a r que é a i nda mu i t o grande o sucesso do Ro-mance nos d ias a tua i s . Em suas pa l av ras : ‚ [ . . . ] O que o l i r i smo oc identa l exa l ta não é o prazer dos sent i dos nem a paz fe-cunda do par amoroso . É menos o amor rea l i zado que a pa i -xão de amor . E pa i xão s i gn i f i ca sof r imento . E i s o fato funda-menta l . ‛ (ROUGEMONT, 1998. p . 17 , gr i fo do autor ) . Esse sof r i -mento f i ca v i s íve l nos segu i n tes t rechos da mús i ca de Pab l o , quando o eu l í r i co se dá conta de que sua amada o abando-nou :

[ . . . ] Vo cê f o i embor a Levou m in h a p az A t é q u ando vo cê v a i me f az e r so f r e r Va i me f az e r cho r a r [ . . . ] [ . . . ] E cho r a , e cho r a de sau d ad e De von t ad e eu g r i t o t e ped in do p r a f i c a r

Page 49: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

48

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

Que bob agem p en se um pou co Você sabe qu e se f o r me d e i xa l ou co [ . . . ] . . [ 4 ]

À seme lhança da l í r i ca t rovadoresca , o eu l í r i co que se

expressa nas mús i cas de Pab l o se submete à dependênc i a de

sua amada , e conf i rma sua des i l usão amorosa :

Que ro en t end er po r qu e r az ão t udo acabou ,

T od a no ssa h i s t ó r i a , t r an s fo rmad a em do r

E com um vaz i o a i n s i s t i r d en t r o d e m im

Tudo é t ão e r r ad o eu s i n t o , n ão p o sso ace i t a r o f im

[ . . . ]

[ . . . ] Seu s o l ho s e seu so r r i so , e r a meu p a r a í so

A l uz do so l n o amanhece r

Ago r a ass im d i s t an t e , n ão sou ma i s como an t e s ,

n em t enho f o r ç as p r a v iv e r [ . . . ] . [ 5 ]

A mu lher , agora pos ta sob novo foco , pa r t i c i pa do d i s-

curso de forma a t iva , t em voz , ação e vontade própr i as , não

f i ca apenas nos bas t i dores . De modo seme lhante ao amor t ro-

vadoresco , o amor é i dea l i zado , porém a concret i zação impos-

s íve l j á não faz par te to ta lmente da canção . O amor é suger i do

sempre como a l go que consegu iu se concret i za r , no entan to ,

nunca é duradouro .

A re l ação amorosa super f i c i a l provoca desespero na voz

mascu l i na . A fa l ta de garant i as o faz se sent i r magoado , des-

prezado , i n fer i o r e i ncomp le to , a ponto de dec l a ra r a imposs i b i -

l i dade de v iver , se não for ao l ado da mu lher amada , confun-

d i ndo-se então na mesma v i a que os ant i gos t rovadores toma-

ram: a mor te .

4 Ú L T I M A S N O T A S — C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S

Mu i t as cor re l ações podem ser fe i t as ent re as cant igas de

amor do Trovador i smo português e as mús i cas cantadas por

Pab l o na contemporane i dade . As representações amorosas l i -

gadas ao sof r imento , à me l anco l i a , à dor e à mor te são t raços

Page 50: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

49

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

comuns a ambas . Essas seme lhanças decorrem da forma co-

mo o oc i dente cr i ou e aba l i zou a i de ia de amor , desde nossa

formação greco- la t i na , entendendo o fenômeno amoroso como

carênc i a e e l egendo a dor de amar como forma de conhecer a

amp l i t ude do própr i o sent imento .

A expressão amorosa t rovadoresca se conf i gura como

aná l ise da exacerbação do própr i o sent imento e essa noção

encont ra -se presente na mús i ca do cantor ba i ano Pab l o , repa-

g i nada segundo as novas cond i ções soc i a is da contempora-

ne i dade . Ass im, emba l ado por novos r i tmos , o sent imento da

t rova med i eva l permanece tendo a l cance na contemporane i da-

de , a t ravés de imagens amorosas conso l i dadas em nosso ima-

g i ná r i o .

Resumen : En este a r t í cu l o , pretendemos es tab l ecer una com-

parac i ón ent re l as cant i gas de amor de l a época med i eva l ,

per tenec i en tes a l género l í r i co , y la mús i ca contemporánea de

Pab l o , cantan te bah i ano , cons i derado hor tera . En ambas l as

obras , perc i b imos que , m ismo con l as d i ferenc i as tempora l es ,

e l l as se aprox iman por rasgos comunes y presentan temas

recur ren tes : e l suf r im i en to , l a pas i ón , e l do l o r de un amor no

cor respond ido , l a t r is t eza , l a nos ta l g i a y e l deseo . No nos i n-

teresa , en es te momento , d iscu t i r l a verac i dad o no de es tos

sent im i en tos , pero s í , ana l i za r l as semejanzas encont radas en

l os tex tos supra c i tados que nos l l evan a cons i dera r l a gran

i n f l uenc i a que e jerce e l es t i l o t rovadoresco aún en l os d í as

actua l es .

Pa l abras c l ave : Amor. Es t i l o Trovadoresco. L í r i co . Mús i ca . Hor-

t era .

NOTAS [ 1 ] “ P r a d esb o t a r a sau d ad e ” , c ompos i ç ão d e Zez é D i C amarg o e Lu c i a -no g r av ad a po r P ab l o & G ru po Ar ro ch a .

Page 51: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

50

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

[ 2 ] “ P en a d e mo r t e ” , P ab l o & G ru po Ar ro ch a . [ 3 ] “ Ju ro qu e n ão vou ma i s ch o r a r ” , c ompos i ç ão d e Jo sé Augu s to g r a -vad a po r P ab l o & G rup o Ar ro ch a . [ 4 ] “ T i nh a q ue se r ag o r a ” , c ompos i ç ão d e T ay ron e C i g ano g r av ad a p o r P ab l o & G rup o Ar ro ch a . [ 5 ] “ F r i o d a so l i d ão ” , c ompos i ç ão d e Ro up a Nova g r av ad a p o r P ab l o &

Gru po Ar ro ch a .

R E F E R Ê N C I A S

BERNAL de Bonava l . In : CANTIGAS med i eva is ga l ego -

por tuguesas . L i sboa : Un ivers i dade Nova de L isboa . Facu l dade

de C i ênc i as Soc i a is e Humanas . D i spon íve l em: <h t tp : //

cant i gas . fcsh .un l . p t/autor .asp?cdaut =22&pv=s im> . Acesso em:

set . 20 10 .

BONAVAL , Berna l de . A dona que eu am 'e tenho por senhor . . .

In : CANTIGAS med i eva is ga l ego -portuguesas . L i sboa :

Un ivers i dade Nova de L i sboa . Facu l dade de C i ênc i as Soc i a i s e

Humanas . D i spon íve l em: <ht tp : //cant i gas . fcsh. un l . p t/autor .asp?

cdaut =22&pv=s im> . Acesso em: set . 20 10 .

D . D IN IS . In : CANTIGAS med i eva i s ga l ego -por tuguesas . L isboa :

Un ivers i dade Nova de L i sboa . Facu l dade de C i ênc i as Soc i a i s e

Humanas . D i spon íve l em: <ht tp : //cant i gas . fcsh. un l . p t/autor .asp?

cdaut =25&pv=s im> . Acesso em: set . 20 12 .

_ _ _ __ _ . Em gram co i t a , senhor . . . In : CANTIGAS med i eva i s

ga l ego-por tuguesas . L i sboa : Un ivers i dade Nova de L i sboa .

Facu ldade de C i ênc ias Soc i a is e Humanas. D ispon íve l em:

<h t tp : //cant i gas . fcsh . un l . p t/cant i ga .asp?

cdcant =510&t r=4&pv=s im> . Acesso em: set . 2012 .

LÁZARO, André . Amor : do m i to ao mercado . Pet rópo l i s : Vozes ,

1 996 .

Page 52: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

51

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 4 1 - 5 1 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

MOISÉS , Massaud. A l i t era tura por tuguesa a t ravés dos tex tos .

26 . ed . São Pau lo : Cu l t r i x , 1 998 .

ROUGEMONT, Den i s de . O amor e o oc i dente . Tradução Pau l o

Brand i e E the l B rand i Cachapuz . R i o de Jane i ro : Guanabara ,

1 988 .

COMTE-SPONVILLE, André . Pequeno t ra tado das grandes

v i r t udes . Tradução Eduardo Brandão. São Pau l o : Mar t i ns Fontes ,

1 998.

SARAIVA, Antón i o José ; LOPES , Óscar . H i s tór i a da l i t eratura

por tuguesa . 17 . ed. cor r i g i da e actua l i zada . Por to : Por to Ed i t o ra ,

1 996 .

SANT’ANNA, C l ér i o José Borges de . Trovador ismo . D ispon íve l

em: <h t tp : //www.c l er i oborges . com.br/ t rovador i smo .h tm l > .

Acesso em: set . 20 12 .

Env iado em: 30/09/20 12 .

Aprovado em: 15/0 1/20 13 .

Page 53: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 54: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 5 3 - 5 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

N O RM A S PA RA E N V I O D E A R T I GO S E R E S E N HA S Resenhas e a r t i gos e l aborados por graduando (a ) ( s ) em Let ras da UEFS deverão ser encam inhados ao conse l ho ed i t o r i a l v ia e-ma i l , en t re XX/X/20 14 e XX/XX/20 14 , pa ra o endereço rev i s-tagraduando@gma i l . com. Somente serão ace i t os t raba l hos nas á reas de L i ngu í s t i ca , L i t era tura , Ar tes e Educação , em forma to e l e t rôn i co e i néd i t os , ou se ja , não pub l i cados no forma to so l i c i -t ado em qua i squer out ros per i ód i cos . As l í nguas nas qua i s e l es poderão ser escr i t os serão as referentes aos 4 cursos de graduação em Let ras da UEFS (Por tuguês , Ing l ês , F rancês e Espanho l ) . O R I E N T A Ç Õ E S G E RA I S Os t raba l hos env i ados à Rev i st a Graduando , d i g i t ados em for-ma to . doc , deverão devem conter a segu i n te forma tação: 1 Fonte T imes New Roman ; 2 Tamanho 12 ( t í t u l o , subt í tu l o (se houver ) , tóp i co e corpo do t ex to ) ; Pa lav ras es t range i ras e t í t u l os de obras devem ser es-cr i t os em i tá l i co ; 3 Espaçamento ent re l i nhas de 1 , 5 ; margens esquerda e supe-r i o r de 3 cm, d i re i ta e i n fer i o r de 2 cm; 4 C i t ações com a té 3 l i nhas devem aparecer referenc i adas no corpo do tex to e conter aspas ; 5 C i t ações com ma is de 3 l i nhas deverão ser escr i t as sem as-pas e ter recuo de 4 cm da margem esquerda , a l ém de não apresenta r recuo na margem d i re i ta e ter espaçamento s imp l es em re l ação ao corpo do texto ; 5 . 1 O tamanho da fonte da c i t ação deve ser menor que o cor-po do tex to ( tamanho 10 ) e o espaçamento ent re as l i nhas de-ve ser s imp l es ; 6 O número de pág i nas com anexos não deve passar de 2 ( do i s ) .

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

Page 55: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

J

54

G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 5 3 - 5 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

O R I E N T A Ç Õ E S E S P E C Í F I C A S R E S E N H A C R Í T I C A

Serão ace i t as resenhas cr í t i cas com m ín imo de 4 e no máx imo

7 pág i nas , i nc l u i ndo referênc i as . A es t ru tura deve conter :

1 T í t u l o e/ou subt í t u l o ;

2 Nome do (s ) autor (es ) e breve cur r í cu l o ;

3 Apresentação e ava l i ação in i c i a l do ob je to da resenha ;

4 Descr i ção e ava l i ação de par tes do ob je to da resenha ;

5 Recomendação/cons i deração f i na l sobre o ob je to da rese-

nha ;

6 Referênc i as .

Nome comp le to do autor na forma d i re ta , an teced i do pe l a pa la-

v ra "Por " e acompanhado , no parágra fo segui n te , de um breve

cur r í cu l o , sendo: curso , i ns t i t u i ção e e -ma i l . Os dados autora i s

são obr i ga tór i os para , no máx imo , 1 (um) au tor . In formações

ad i c i ona is devem ser escr i t as em nota de rodapé .

A RT I G O

Serão ace i t os a r t i gos com m ín imo de 7 e no máx imo 10 pág i -

nas , i nc l u i ndo referênc i as . A es t ru tura deve conter , obr i ga tor i -

amente :

1 T í t u l o e/ou subt í t u l o ;

2 Nome do (s ) autor (es ) e breve cur r í cu l o ;

3 Resumo na l í ngua tex to ;

4 Pa l av ras-chave na l í ngua do tex to ;

5 In t rodução ;

6 Corpo do a r t i go ;

7 Conc lusão/ cons i derações f i na is ;

8 Resumo em l í ngua es t range i ra ;

Page 56: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta

55

J G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 3 , n . 5 , p . 5 3 - 5 5 , j u l . / d e z . 2 0 1 2

9 Pa lav ras -chave em l í ngua est range i ra ;

1 0 Referênc i as .

Nome do (s ) autor (es ) na forma comp le ta , acompanhado (s ) , no

parágra fo segu i nte , de um breve cur r í cu l o , sendo : nome da

i ns t i t u i ção , curso (ou depar tamento , no caso do or i en tador ) e e

-ma i l . Os dados autora is são obr i ga tór i os para , no máx imo , 2

( do i s ) autor (es ) , 1 (um) coautor e 1 (um) or i en tador . In forma-

ções ad i c i ona i s devem ser escr i t as em nota de rodapé .

Resumo na l í ngua do tex to deve apresenta r , de forma conc i sa ,

os ob je t ivos , a metodo l og i a e os resu l tados a l cançados , não

devendo u l t rapassar 150 pa l av ras nem conter c i t ações . A l ém

d i sso , deverá apresenta r o resumo pr i nc i pa l , escr i t o na l í ngua

do a r t i go , e o resumo secundár i o em um i d i oma da própr i a es-

co l ha (Por tuguês , Espanho l , F rancês e i ng l ês ) . Em caso de o

a r t i go ser escr i t o em l í ngua est range i ra , f i ca o a r t i cu l i s t a obr i -

gado a escrever o resumo secundár i o em L íngua Por tuguesa .

Pa l av ras-chave como e l emento obr i ga tór i o , f i gurando l ogo a-

ba i xo de cada resumo (na l í ngua do a r t i go e es t range i ra ) , cu jo

número de pa l av ras não deve exceder a 5 e não ser i n fer i o r a

3 .

O R I E N T A Ç Õ E S F I N A I S

1 Os parecer i s tas e rev i sores poderão fazer a l t erações nos

t raba l hos , no sent i do de me lhora r sua tex tua l i dade , sem a l t era-

ção de sent i do e autor i a , aprox imando -os das caracter í s t i cas

tex tua i s referentes a uma pub l i cação acadêm ica .

2 É vetado o env io de t raba l hos cu jos autores e/ou coautores

se jam membros do conse l ho ed i t o r ia l ( an ter i ormente denom ina-

do com issão ed i t o r i a l ) des te per i ód i co ;

3 O env io do t raba lho imp l i ca a ace i tação de todas as normas

descr i t as neste documento e a concessão dos d i re i t os sobre

o tex to à Rev is t a Graduando ;

4 Os casos om issos serão reso lv i dos pe l o conse l ho ed i t o r ia l .

Page 57: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta
Page 58: Universidade Estadual de Feira de Santana - uefs.br · prática docente e enquanto pesquisador, pois a exposição des-tes textos, nas versões impressa e digital, é uma proposta