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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO: ENGENHARIA CIVIL ADRIANA SANTOS REIS ECONOMIA DE ÁGUA PELA UTILIZAÇÃO DE DESCARGAS DE DUPLO ACIONAMENTO: Estudo de viabilidade na UEFS Feira de Santana - BA 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

ADRIANA SANTOS REIS

ECONOMIA DE ÁGUA PELA UTILIZAÇÃO DE DESCARGAS DE DUPLO ACIONAMENTO: Estudo de viabilidade na UEFS

Feira de Santana - BA

2010

1

ADRIANA SANTOS REIS

ECONOMIA DE ÁGUA PELA UTILIZAÇÃO DE DESCARGAS DE DUPLO ACIONAMENTO: Estudo de viabilidade na UEFS

Monografia referente à Disciplina Projeto Final II, no curso de Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, solicitado pela professora Eufrozina de Azevedo Cerqueira.

Orientadora: Aurea Chateaubriand A. Campos

Feira de Santana - BA

2010

2

ADRIANA SANTOS REIS

ECONOMIA DE ÁGUA PELA UTILIZAÇÃO DE DESCARGAS DE DUPLO ACIONAMENTO: Estudo de viabilidade na UEFS

Monografia de Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Tecnologia, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) a ser apresentada para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana-Ba,

_______________________________________________________________

Orientador (a): Aurea Chateaubriand A. Campos

Universidade Estadual de Feira de Santana

_______________________________________________________________

Professor (a): Diógenes Oliveira Senna

Universidade Estadual de Feira de Santana

______________________________________________________________

Professor (a): Sandra Maria Furiam Dias

Universidade Estadual de Feira de Santana

3

RESUMO

O consumo de água nas bacias sanitárias representa uma parcela considerável da água consumida em uma edificação. Estudos apontam para um consumo na ordem de 18 a 24%. Este trabalho consistiu na verificação do consumo atual de água nas bacias sanitárias do sanitário feminino do Pavilhão de Aulas Teóricas (PAT) 3 da Universidade Estadual de Feira de Santana, bem como no estudo de viabilidade de instalação de bacias sanitárias economizadoras de água que possuem descarga de duplo acionamento. Este trabalho considera questões como a preferência do usuário na utilização de sanitários públicos, o consumo de água entre os diferentes modelos de descarga disponíveis no módulo estudado e a relação de consumo de água entre o consumo atual e o provável, na hipótese de substituição das mesmas. O estudo constatou uma possível redução do consumo de 62,5% de água potável, o que significa aproximadamente 14 m³ de água por mês. Bem como a redução do mesmo volume de esgoto a ser tratado e destinado.

Palavras–chave: água. redução. consumo. descarga. bacia sanitária.

4

ABSTRACT

The water consumption in the sanitary basins represents a considerable portion of the water consumed in a building. Studies point out a consumption rate between 18-24%. This paper consisted of the verification of the current water consumption in the sanitary basins of the female restrooms located in the Theoretical Class Building (PAT 3) of the State University of Feira de Santana. It is also intended to study the possibility to install sanitary basins which can reduce water consumption and those which can have double flushing system. This work considers questions such as the preference of the user when using public restrooms, the water consumption and the availability of different models of flushing systems in the studied building and the relation between water consumption and the current consumption and the probable one, under the hypothesis of substituting the two ones. The study has evidenced a possible reduction of the consumption of 62,5% of drinking waters, which means about 14 m ³ of water a month, as well as the reduction of the same volume of wastewater to be treated and destined.

.

Keywords: water. reduction. consumption. flushing. sanitary.

5

Aos meus filhos, Luna e Cesar Filho, para que

seus filhos encontrem um mundo bom pra se viver

e ao meu marido César, por acreditar que este

mundo é possível.

6

AGRADECIMENTOS

À professora Aurea pela luz da idéia. Por me mostrar que toda meta será alcançada

a seu tempo, conforme seu empenho e suas escolhas. Ela que foi minha escora,

não me deixando cair quando o chão era certo e meu tirante, me puxando pra cima

nos momentos de fraqueza e desespero.

Ao meu amigo Marcelão, que aceitou emprestar a referência que norteou meu

trabalho, principalmente porque o livro se despetalou após eu fotocopiá-lo. Meus

agradecimentos e minhas sinceras desculpas.

Às minhas amigas Palova, pelo incentivo; Nara, pela companhia e colaboração;

Thiara, pelo apoio técnico, alimentar e pela companhia; Jamile, pela companhia,

apoio móvel e alimentar. Sei que muitas vezes, vocês tiveram que quebrar barreiras

pessoais para me ajudar. Sou grata por isso;

Agradeço também a todas que tornaram os meus dias e noites de banheiro mais

curtas, me fazendo companhia nos intervalos entre uma aula e outra.

Ao pessoal da segurança e da limpeza dos sanitários cujo apoio foi fundamental

para o sucesso deste trabalho;

Às entrevistadas, que revelaram informações íntimas em prol de uma causa maior;

Aos meus filhos e esposo, por amargar pacientemente longos finais de semana

sem minha companhia, para que eu pudesse trabalhar nesta monografia.

E por fim, mas não menos importante, à Deus. Sem ele, não haveria se quer o que

ser preservado.

7

A água que lava os pés

É a mesma que alimenta a alma

E irriga os veios do corpo:

Do teu corpo, teu planeta, tua casa.

José Inácio Vieira de Melo

Projeto Vila D’água

8

RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição média de água na Terra ........................................................ 19

Figura 2 - Linha do tempo do desenvolvimento sustentável ..................................... 26

Figura 3 - Estimativa das populações residentes em Feira de Santana - BA, de 1992

a 2008 ...................................................................................................... 33

Figura 4 - Percentual de consumo diário de água de uma residência para diferentes

usos .......................................................................................................... 35

Figura 5 - Distribuição do consumo de água em residências na cidade de São Paulo

................................................................................................................. 36

Figura 6 – Banheiro público romano ......................................................................... 41

Figura 7 - Casa de Sim Jae-duck no Sul de Seul ...................................................... 42

Figura 8 - Museum Gladstone Pottery ....................................................................... 42

Figura 9 - Descarga Dual do tipo Caixa acoplada ..................................................... 44

Figura 10 - Descarga dual de parede ........................................................................ 44

Figura 11 – Função do usuário na UEFS: a) Quarta feira e b) Quinta feira .............. 50

Figura 12 – Utilização da bacia sanitária da UEFS (quarta feira) .............................. 51

Figura 13 - Necessidade de utilização da bacia sanitária da UEFS: a) Quarta feira e

b) Quinta feira ........................................................................................... 51

Figura 14 – Sexo dos alunos matriculados no Pat 3 da UEFS (quarta e quinta feira)

................................................................................................................. 52

9

RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela 1 - Principais processos poluidores de água ................................................. 23

Tabela 2 - O consumo doméstico de água no Brasil. ................................................ 36

Tabela 3 - Reduções de consumo de água previstas em projeto implantado na UFBA

– BA .......................................................................................................... 46

Tabela 4 - Levantamento qualitativo e quantitativo das bacias sanitárias ................. 48

Tabela 5 - Consumo de água das bacias sanitárias do sanitário feminino do PAT 3,

conforme número de acionamentos .................................................. 53

Tabela 6 - Alunos matriculados com aula no PAT 3 .................................................. 54

Tabela 7 – Comparativo entre o consumo de água das descargas atuais e as

descargas tipo Dual .................................................................................. 55

Tabela 8 – Cálculo de custo para a retirada de uma bacia sanitária atual em Reais

(R$) .......................................................................................................... 56

Tabela 9 - Cálculo de custo para a instalação de uma bacia sanitária Dual em Reais

(R$) .......................................................................................................... 57

Tabela 10 - Planilha de custos aproximados para a substituição das bacias sanitárias

do sanitário feminino do PAT 3 em Reais (R$)......................................... 57

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12

1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 13

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 14

1.2.2 Objetivo específico ......................................................................................... 14

1.3 METODOLOGIA ............................................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 18

2.1 O USO DA ÁGUA ........................................................................................... 18

2.2 ALTERAÇÕES NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA .......................................... 21

2.3 BREVE HISTÓRICO DO SANEAMENTO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA .. 23

2.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O GERENCIAMENTO DOS

RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................. 25

2.5 CONTEXTO LOCAL DO USO DA ÁGUA. ...................................................... 30

2.5.1 Características da região ................................................................................ 30

2.5.2 Políticas públicas ............................................................................................ 31

2.5.3 Evolução da população................................................................................... 32

2.5.4 Abastecimento e saneamento ........................................................................ 33

2.6 ALTERNATIVAS PARA O CONSUMO RACIONAL DE ÁGUA E GERAÇÃO

MINIMIZADA DE ESGOTO. ........................................................................... 35

2.6.1 O reuso da água ............................................................................................. 37

2.6.2 Fontes alternativas de água. ........................................................................... 38

2.6.3 Reciclagem: .................................................................................................... 38

2.6.4 Aparelhos sanitários economizadores ............................................................ 38

2.7 O SISTEMA BACIA SANITÁRIA. .................................................................... 40

2.8 A DESCARGA DUAL (DUPLO ACIONAMENTO). ......................................... 43

2.9 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS VOLTADAS PARA A REDUÇÃO DE CONSUMO

DE ÁGUA EM UNIVERSIDADES DO PAÍS. ................................................... 45

2.9.1 Programa de Conservação de Água da Unicamp (Pró-Água UNICAMP) ....... 45

11

2.9.2 Programa de Uso Racional de Água da Universidade Federal da Bahia

(ÁGUAPURA UFBA) ....................................................................................... 45

3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS - MÓDULO 3 ................................. 48

3.1 DO LEVANTAMENTO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DAS BACIAS

SANITÁRIAS .................................................................................................. 48

3.2 DO LEVANTAMENTO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DAS BACIAS

SANITÁRIAS .................................................................................................. 48

3.3 DA PREFERÊNCIA DO USUÁRIO ................................................................. 49

3.3.1 Da função do usuário na UEFS ...................................................................... 49

3.3.2 Da utilização da bacia sanitária da UEFS ....................................................... 50

3.3.3 Da necessidade de utilização da bacia sanitária ............................................ 51

3.4 DO NÚMERO DE USUÁRIOS ........................................................................ 51

3.5 DO ACIONAMENTO DAS DESCARGAS ....................................................... 52

4 ANALISANDO OS DADOS ............................................................................ 54

4.1 ANÁLISE DE DADOS DO CONSUMO ........................................................... 54

4.2 VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO ................................................................. 56

5 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 59

5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................... 59

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 60

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 62

APÊNDICES .............................................................................................................. 66

APÊNDICE A - Levantamento qualitativo e quantitativo das descargas ................... 67

APÊNDICE B – Croqui do sanitário feminino do pat 3 .............................................. 68

APÊNDICE C – Pesquisa de preferência de uso dos sanitários da uefs .................. 69

APÊNDICE D – Termo de consentimento livre e esclarecido ................................... 70

APÊNDICE E – Levantamento do número de acionamentos das descargas das

bacias sanitárias do sanitário feminino do pat 3 ............................................. 71

ANEXO ...................................................................................................................... 72

ANEXO A – Tipologia climática do estado da bahia .................................................. 73

12

1 INTRODUÇÃO

Durante muito tempo o homem acreditou que a água era um recurso inesgotável e

que poderia ser utilizada sem que fosse necessária preocupação com a destinação

final deste recurso.

O mundo está descobrindo, a duras penas, que o homem estava errado, que apesar

da quantidade de água disponível na terra ser a mesma, sua qualidade está se

sendo reduzida, na medida em que o tempo passa e o homem degrada seus

mananciais. Desta forma, a demanda de água vem aumentando motivada pelo

crescimento populacional, crescimento de perdas e pela industrialização. Já a oferta

vem reduzindo por alterações ambientais na bacia, mudanças climáticas globais e

pela demanda por outros usos.

Problemas climáticos como a escassez de chuvas e a poluição de cursos d’água

tem afetado o abastecimento de água em grandes cidades.

O homem, ao longo do tempo, vem alterando o ciclo hidrológico da água, gerando

variação na qualidade e quantidade de água disponível no planeta. Estas alterações

se dão na forma de produção de gases do “efeito estufa”, impermeabilização de

áreas de infiltração, assoreamento de rios, erosões, lançamento de esgoto sem

tratamento em rios, mares e lagos, entre outros.

O mundo tem se mobilizado no intuito de combater o desperdício de água e usá-la

racionalmente sob diversas formas. Neste sentido, o conceito de desenvolvimento

sustentável vem sendo aprimorado para que o homem venha a utilizar os recursos

naturais de forma a não alterar as atuais condições de equilíbrio do planeta, o qual

depende fundamentalmente do equilíbrio climático atual e da biodiversidade

existente.

Considerando a localização geográfica propícia à escassez de água da cidade de

Feira de Santana e a demanda hídrica da Universidade Estadual desta cidade, é

necessário que se faça uso racional da água e combate ao seu desperdício neste

ambiente. Uma alternativa estudada por diversas universidades no país é a

utilização de aparelhos sanitários economizadores.

A bacia sanitária de duplo acionamento é um aparelho sanitário economizador que,

em ambientes públicos, tem apresentado significativa redução no consumo de água

13

e na geração de esgotos. Este fato é motivação para que sua utilização seja

estudada e até mesmo implantada nesta universidade, visando à utilização racional

de um recurso cada vez mais escasso e, consequentemente, a redução na geração

de esgoto.

1.1 JUSTIFICATIVA

Conforme a Agenda 21 (CNDU, 1992), governos e instituições de pesquisa

responsáveis pela formulação de políticas, bem como organizações regionais devem

fazer “esforço conjunto” para expandir ou promover bancos de dados sobre

produção e consumo e avaliar as conexões entre as diversas variáveis que afetam

esta relação. Ainda, apresentar alternativas para o crescimento e prosperidade,

reduzindo o uso de energia e matéria-prima e a produção de materiais nocivos.

A Universidade Estadual de Feira de Santana, em seu Seminário “A Questão

Ambiental da UEFS”, realizado em 2007, acreditando no desafio de pensar e agir na

perspectiva de uma sociedade planetária sustentável, apresentou Diretrizes a serem

desenvolvidas pela universidade (CAVALCANTE e RIBEIRO, 2008). Entre as

diretrizes apresentadas, a redução do consumo de água através da substituição das

descargas atuais por descargas mais econômicas, foi uma das idéias citadas, bem

como campanhas educativas contra o desperdício de água, necessárias para a

implantação e manutenção de uma universidade sustentável.

Segundo Cohin (2009), em estudo realizado na cidade de Salvador – BA (“Programa

nacional de combate ao desperdício de água - pncda: o que é isso?”), entre

profissionais que trabalham com projetos e instalações hidráulicas, 84% destes

desconhecem documentos técnicos para a conservação da água. Esse fato denota

a grande necessidade de democratização da informação. Um dos papéis a serem

desenvolvidos pelas universidades.

Assim denota-se a importância de as universidades desenvolverem trabalhos e

pesquisas focando o uso racional da água e, principalmente de divulgar os produtos

ou técnicas que utilizam racionalmente a água e mitigam a geração de esgotos.

A água utilizada nas bacias sanitárias da UEFS, como na maioria das instituições

baianas de ensino, é potável, ou seja, recebeu algum tipo de tratamento para torná-

14

la própria para o consumo humano. Partindo do pressuposto de que a reutilização

de água ainda não é prática enraizada no país, deparamos com a necessidade de

que seja reduzido este consumo a fim de tornar esta universidade sustentável,

exemplo a ser apresentado para Feira de Santana e região.

Silva (2008) afirma que a eficiência hídrica dos produtos é o primeiro passo visando

o uso sustentável da água. Produtos que utilizam a menor quantidade de água, para

realizar um determinado trabalho, serão considerados mais eficientes, configurando

uma excelente alternativa para o uso sustentável da água.

Esta afirmação é reforçada por Gonçalves (2009), que apresenta o emprego de

aparelhos sanitários economizadores em edificações a serem construídas, ou a

substituição dessas peças em edifícios existentes como formas eficientes de

redução do consumo.

A escassez de água, a má gestão dos recursos hídricos e a degradação de

mananciais constituem problemas que exigem atitudes severas em relação ao uso

da água. É necessário que sejam apresentadas alternativas que visem à redução do

consumo de água e o uso eficiente deste recurso com o objetivo de reduzir a

geração de esgotos e, consequentemente, a degradação ambiental. Deve-se criar e

manter alternativas para o desenvolvimento sustentável do homem na Terra.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Estudar as condições do consumo de água das bacias sanitárias do

banheiro feminino do Pavilhão de Aulas Teóricas 3 (PAT 3) da UEFS.

1.2.2 Objetivo específico

Caracterizar e quantificar as usuárias dos sanitários do PAT 3 da UEFS;

Estimar o consumo mensal de água nas bacias sanitárias do banheiro

feminino do PAT 3 da UEFS;

15

Propor alternativa técnica e econômica para a redução deste consumo.

Identificar pontos de desperdício e vazamentos de água nas instalações

estudadas.

1.3 METODOLOGIA

Realizar levantamento bibliográfico em arquivos disponíveis da Biblioteca Central

Julieta Carteado, seminários e na internet, através de dissertações de mestrado,

teses de doutorado, bem como artigos sobre o tema.

Num primeiro momento, toda a metodologia descrita a seguir foi aplicada em um

módulo alternativo (no caso o módulo 5), sob as mesmas condições aplicáveis ao

Módulo 3. Foi chamado de pré teste e aplicado com o intuito de testar a

metodologia, identificando e focando os eventuais problemas. A fim de evitar que os

mesmos problemas ocorressem na fase de pesquisa aplicada no Módulo 3, onde

puderam ser feitas modificações na metodologia proposta inicialmente.

Obter junto à Divisão de Assuntos Acadêmicos (DAA) o planejamento semanal de

ocupação do PAT 3. Para isso, foi enviada correspondência solicitando a relação

dos alunos matriculados que têm aula no PAT 3. Esta relação deu possibilidade de

separar os alunos por sexo e realizar o levantamento da quantidade de alunos e

alunas em cada sala de aula do PAT 3 pelo intervalo de uma semana.

De posse da população de usuários, foram realizadas entrevistas e observação de

campo entre uma parcela da população do PAT 3, verificando a incidência de uso

das bacias sanitárias da universidade. Durante a pesquisa foi verificada a

procedência do usuário, ou seja, se é funcionário, estudante ou pessoal de fora da

universidade.

Foi preciso saber se o usuário utiliza a bacia sanitária da UEFS. Em seguida,

verificado, entre os que utilizam, se o usuário utiliza a bacia sanitária da

universidade somente para dejetos líquidos (urina) ou para sólidos e líquidos (fezes

e urina). Por se tratar de assunto de fôro íntimo, este questionário foi elaborado com

o auxílio de um psicólogo desta instituição a fim de evitar constrangimentos aos

sujeitos. O psicólogo sugeriu também que, durante esta pesquisa, fosse

16

disponibilizado aos entrevistados um termo de consentimento livre e esclarecido. E

assim o fizemos. Uma cópia deste termo se encontra no Apêndice D.

Para caracterizar o usuário dos sanitários da universidade, foram entrevistadas 104

pessoas do sexo feminino que passaram pelo PAT 3 nos dias 12 e 13 de Maio de

2010 e 16 e 17 de Junho do mesmo ano, seguindo o formulário específico (Apêndice

C)

A quantidade de vezes em que cada descarga é acionada foi levantada através de

observação direta, ou seja, foram reservados dois dias típicos durante os quais, três

períodos de aula destes dias serão observados. Cada acionamento da descarga

observado deverá ser computado de forma que, ao final de cada dia se tenha a

quantidade de vezes em que cada descarga foi acionada. Este levantamento foi

realizado no sanitário feminino do PAT 3 seguindo o Apêndice E.

Para o estudo do consumo de água nas bacias sanitárias existentes no PAT 3, foi

realizado o levantamento quantitativo e qualitativo das bacias sanitárias e

respectivas descargas (APÊNDICE A), observando a quantidade de descargas, o

tipo de cada uma delas (parede ou caixa acoplada) e identificando-as

adequadamente com um auxílio de um croqui (APÊNDICE B). Nesta fase, foram

observados pontos de vazamentos e/ou desperdícios de água que serão registrados

e comunicados ao órgão responsável pela manutenção do campus por meio de

comunicação efetuada com o auxílio da professora orientadora, Aurea Chateaubriant

A. Campos.

De posse da quantidade e tipo do conjunto bacia-descarga, foi necessário saber o

consumo de água de cada bacia. Quando não havia a identificação do consumo na

própria bacia, buscamos junto aos respectivos fabricantes, o consumo médio de

água por acionamento de cada descarga em meio de catálogos de fabricante, sites,

etc.

Com base no consumo de água de cada conjunto bacia-descarga e da quantidade

de acionamentos das descargas, foi possível calcular o consumo diário atual de

água das bacias sanitárias do banheiro feminino do PAT 3. Este dado de consumo

pode ser extrapolado para todo o âmbito da universidade, como estimativa atual de

consumo de água das bacias sanitárias.

17

Após a realização das etapas anteriores, foram conhecidas a população, a

quantidade de acionamento de descargas, o percentual de usuário da bacia sanitária

para dejetos sólidos e/ou dejetos líquidos, bem como consumo de água da bacia

sanitária com descarga de duplo acionamento. Com base nestes dados, foram

realizados os cálculos de estimativa de consumo de água, considerando a hipótese,

razão deste trabalho (uso de descargas de duplo acionamento no PAT 3 da UEFS).

Estes dados foram utilizados para confrontar com o consumo atual levantado neste

trabalho e ser avaliada a viabilidade econômica e ambiental desta adequação.

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O USO DA ÁGUA

A Terra é o único planeta conhecido que possui a água em seus 3 estados físicos

fundamentais: líquido, sólido e gasoso. Segundo ele, e é consenso universal, água é

um recurso de fundamental importância para nosso planeta. Graças a ela, se deu a

evolução dos seres vivos cuja sobrevivência só foi possível a partir do momento em

que conseguiram reter água do meio ambiente para disponibilizá-la ao organismo.

A água é, segundo Pereira (2000), essencial à vida, biologicamente falando. No

entanto, talvez a ausência dela tenha sido imprescindível ao desenvolvimento da

vida inteligente uma vez que, as primeiras obras hidráulicas, provavelmente foram

executadas antes que o “homem fosse homem”. E após isso, o homem desenvolveu

e aprimorou técnicas de captação e adução de água de forma a modificar o

ambiente. Foi possível então a criação de pontes, barragens, máquinas, motores,

navios.

Santos (2006) diz que o homem, durante muito tempo acreditou erroneamente que a

água era um recurso inesgotável. A verdade é que o volume total dos recursos

hídricos na Terra é relativamente constante ao longo dos tempos (HELLER, 2006).

No entanto, conforme Heller (2006), a distribuição da água em suas diversas formas

de apresentação é irregular e sofre com os impactos ocasionados por alterações no

meio.

Fato é que a água, tão necessária à nossa existência e cuja denominação muda

para recurso hídrico, a partir do momento que é considerada como um bem

econômico, segundo Rebouças (2006), não é inesgotável. Em várias partes do

planeta a água doce está escassa ou imprópria para o consumo humano. Santos

(2006), afirma que não faltam exemplos de escassez de água, observada pelo

abaixamento do nível dos lençóis freáticos, o encolhimento dos lagos, a secagem

dos pântanos.

Se for analisado somente o termo água, é possível afirmar que há muita água na

Terra. Conforme Rebouças (2006), a Terra possui uma quantidade total de 1.386

milhões de km³ de água. No entanto, desta totalidade, segundo Heller (2006),

19

93,94% é formada por água dos oceanos, 4,39% formado por água subterrânea e

1,65% vem das geleiras e calotas polares, conforme Figura 1:

Figura 1 - Distribuição média de água na Terra

Fonte: Heller (2006)

Von Sperling (2005), afirma ainda que boa parte da água doce disponível no planeta

não é de fácil acesso, ressaltando a grande importância de se preservarem estes

recursos hídricos. Além disso, a água ainda está disposta em forma de vapor

atmosférico, biomassa ou estar em pântanos, o que reduz ainda mais a quantidade

de água disponível e utilizável (REBOUÇAS, 2006). No entanto, a água subterrânea

pode atender a demandas de forma integral, complementar ou estratégica como

alternativa segura e mais barata, intera Rebouças (2006).

E, independente da explicação de setores técnicos de que a escassez de água se

deve às condições meteorológicas, segundo Santos (2006), o desequilíbrio do

balanço oferta X demanda dos recursos hídricos se dá não somente em regiões

áridas e semi-áridas, como também em regiões onde há abundância de água.

Heller (2006, p43) complementa ainda a afirmação de Santos (2006) dizendo:

“As vazões mínimas dos mananciais de superfície são muito vulneráveis ao uso e

ocupação territorial nas bacias hidrográficas. Com a crise ambiental, em que uma

de suas expressões é a remoção da cobertura vegetal, o solo das bacias

contribuintes aos mananciais vai tendo sua capacidade de retenção de água

diminuída, resultando em menores vazões em épocas de estiagem. Como se

93,94%

4,39%1,65%

Oceanos Água Subterrânea Geleiras e Calotas polares

20

sabe, essa modificação ambiental também provoca efeitos nocivos nas épocas

das chuvas, como o aumento das vazões de cheia – e todas as suas

consequencias -, da erosão do solo e do assoreamento dos cursos d’água”

(HELLER 2006, p43).

Aliado a todas estas consequências, segundo Santos (2006), podemos citar a

deterioração dos mananciais causada pela fragilidade de implantação de políticas de

proteção de mananciais, pela não observação de boas práticas agropecuárias e pelo

baixo nível de cobertura dos serviços de tratamento de águas residuárias.

Além disso, a demanda por água vem aumentando, provocando escassez de

disponibilidade e conflitos complexos em muitas regiões. Segundo Heller (2006), a

demanda de água aumenta sempre que há crescimento populacional, crescimento

das perdas e industrialização. Já a oferta diminui por alterações ambientais na bacia,

mudanças climáticas globais e demanda por outros usos.

Batalha (1993), afirma que, ao longo dos anos o homem vem substituindo

progressivamente as necessidades naturais pelas artificiais e que elementos antes

considerados naturais, como a água de rios e lagos, pelo fato de estarem sendo

submetidos a tratamentos artificiais (cloração, por exemplo), têm sido classificados

como artificiais.

Segundo Heller (2006), as necessidades de uso da água foram se tornando

crescentemente mais diversificadas e exigentes em quantidade e qualidade. Inclui-

se a exigência por maior qualidade no abastecimento de água e para isso, novas

tecnologias para o tratamento desta água que, por sua vez, demandam uma maior

quantidade de água. Modernamente, a sociedade de consumo e as “indústrias” de

turismo e lazer, vêm apresentando novas demandas.

Ainda segundo Heller (2006), estas ocorrências geram conflitos de interesses que

deverão ser gerenciados por um Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos. Garantindo, em caso de escassez o uso prioritário para o consumo

humano.

O consumo de água humano é considerado por Heller (2006) como “consultivo” e se

caracteriza pela existência de uma diferença entre o volume captado e o volume que

retorna ao curso d’água, ou seja, a quantidade de água que é captada pelo homem,

não retorna completamente aos cursos d’água.

21

Heller (2006, p40) trata o abastecimento de água utilizando o conceito de

essencialidade que se refere

“a quantidade mínima de água e as condições mínimas para seu fornecimento,

para atender às necessidades básicas para a vida humana, sobretudo visando

proteger sua saúde, a função mais nobre a ser cumprida pelo abastecimento”.

(HELLER 2006, p43).

Os usos essenciais são aqueles, sem os quais a saúde humana estaria em risco,

como a ingestão, a higiene, inclusive a descarga dos vasos sanitários, objeto deste

trabalho (HELLER, 2006).

Batalha (1993) trata a água como necessidade material natural indispensável à

satisfação das necessidades do homem. Uma vez satisfeitas estas e outras

necessidades, ele encontra a condição especial de vida que é a felicidade, seu

anseio maior em qualquer tempo, conscientemente ou não.

2.2 ALTERAÇÕES NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA

Um grande problema em relação ao uso da água é que, nesta busca pela felicidade

o homem, muitas vezes, não percebe o mal que está fazendo à natureza e promove

a variação da qualidade e da quantidade dos recursos hídricos.

Estas variações poderão se dar com origem em causas naturais ou antrópicas. Entre

as causas naturais, podemos citar a variação da quantidade e distribuição das

chuvas, a quantidade de água “perdida” pela evaporação, a cobertura vegetal

disponível, a inclinação das bacias e a capacidade de armazenamento da água na

bacia (REBOUÇAS, 2006).

As causas antrópicas que geram variação na quantidade e qualidade da água são

ocasionadas pelas modificações que o homem provoca no meio ambiente. Algumas

destas variações são descritas a seguir.

No momento que é retirada a camada vegetal e não é executado o devido controle

de erosão, haverá escoamento superficial e assoreamento de rios cujas

conseqüências já foram citadas anteriormente. Altera-se assim o escoamento

22

superficial da água aumentando sua velocidade de deslocamento (BARROS,

1995).

Segundo Cavalcante (2008), a não penetração da água no solo, ocasionada pelo

seu escoamento superficial, não permite a infiltração e o armazenamento da água

no lençol freático, reduzindo-se assim, o abastecimento e continuidade das

nascentes, córregos, rios e riachos.

Outro exemplo de interferência antrópica apresentado por Barros (1995), é a

produção dos gases do “efeito estufa” que provocam alterações climáticas com

danos ao ambiente que variam conforme a região do planeta. Esta produção

influencia na precipitação e evapotranspiração da água.

Não poderá deixar de ser citado os mais de 94% de esgoto domestico mundial que

são lançados em rios, lagos e mares sem o devido tratamento. Além dos pesticidas,

metais pesados e nutrientes em excesso lançados nestas áreas (REBOUÇAS,

2006). Segundo Heller (2006), o mais importante impacto ambiental causado pelo

abastecimento de água é o lançamento de esgoto onde cerca de 56% da água

consumida retorna ao meio ambiente em forma de esgoto sanitário e industrial.

A Qualidade da água poderá ainda, ser comprometida pela impermeabilização de

áreas de infiltração, provocando enchentes e carreamento de materiais poluentes

para rios e lagos (TUCCI, 2006). Esta é mais uma variação provocada pelo homem

que altera o ciclo hidrológico.

Segundo Barros (1995), a poluição é tudo que ocorre com um meio e que altera

prejudicialmente suas características originais e que afeta a saúde, segurança e

bem-estar da população, cria condições adversas às atividades sociais e

econômicas ou que ocasiona danos relevantes à flora, fauna, qualquer recurso

natural, acervo histórico, cultural e paisagístico. Ele apresenta, conforme Tabela 1,

os principais processos poluidores da água provocados pelo homem e de maior

interesse para o controle da poluição.

23

Tabela 1 - Principais processos poluidores de água

Processos Definição

Contaminação Introdução, na água, de substâncias nocivas à saúde e a espécies

da vida aquática (ex.: patogênicos e metais pesados).

Assoreamento

Acúmulo de substâncias minerais (areia, argila) ou orgânicas (lodo)

em um corpo d'água, o que provoca a redução de sua profundidade

e de seu volume útil.

Eutrofização

Fertilização excessiva da água por recebimento de nutrientes

(nitrogênio, fósforo), causando o crescimento descontrolado

(excessivo) de algas e plantas aquáticas.

Acidificação

Abaixamento do pH, como decorrência da chuva ácida (chuva com

elevada concentração de íons H+, pela presença de substâncias

químicas como dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, amônia e

dióxido de carbono), que contribui para a degradação da vegetação

e da vida aquática.

Fonte: Barros, 1995.

Como se vê, a qualidade da água está diretamente relacionada com a forma com

que o homem usa e ocupa o solo (Von Sperling, 2005).

2.3 BREVE HISTÓRICO DO SANEAMENTO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Para impedir o contato da população com dejetos que contém microorganismos

nocivos à saúde e que, em sua maioria, são responsáveis pela transmissão de

diversas doenças, foi desenvolvido o sistema de esgotamento sanitário (CONASS,

2007).

Os primeiros sistemas de esgotamento foram executados pelo homem com a função

de protegê-lo das vazões de águas pluviais. Neste período, não haviam peças

sanitárias com descargas hídricas, nem distribuição de água potável. Não havia o

esgoto doméstico, propriamente dito (FERNANDES, 1997)

24

Com a evolução do conhecimento científico, a utilização de peças sanitárias com

fecho hídrico, o aparecimento da água encanada para uso doméstico, surgiu a

necessidade de canalizar as vazões de esgoto de origem doméstica que eram

conduzidos para galerias de águas pluviais. Surgindo, por volta do século XVIII, o

Sistema Unitário de Esgotos (FERNANDES, 1997).

A adoção deste sistema tornou-se inviável para regiões tropicais onde há grande

volume de chuvas em relação às regiões onde o clima é temperado. Além disso, a

evolução tecnológica de algumas nações e a necessidade de intercâmbio comercial,

“forçavam a instalação de medidas sanitárias eficientes”, como afirma Fernandes

(1997), a fim de evitar a contaminação dos visitantes que vinham em navios

comerciais. Sob pena de não pararem no porto em questão, caso doenças como a

peste e doenças contagiosas não fossem controladas. Fato que iria comprometer as

relações comerciais do Brasil, na época.

Os portos de Santos e do Rio de Janeiro também sofriam com esta situação. A

solução foi, segundo Fernandes (1997), criar um Sistema Separador Parcial, onde

somente seriam conduzidas às galerias as vazões pluviais proveniente dos lotes das

residências e as águas residuárias doméstica. Enquanto que as águas pluviais das

ruas, por exemplo, seriam conduzidas em canalizações separadas. O Brasil foi,

então, o primeiro país do mundo a possuir uma rede coletora de esgoto do tipo

Separador Parcial, criado em 1857.

Finalmente, em 1879, o engenheiro George Waring projetou o primeiro Sistema

Separador Absoluto, rapidamente divulgado e adotado no mundo (FERNANDES,

1997).

A história do abastecimento de água se deu de forma quase paralela à do sistema

de esgotamento sanitário. Sendo, muitas vezes responsável pela necessidade de

desenvolvimento dos sistemas coletores de esgoto. A partir do momento em que o

homem deixou a vida nômade, passou a se preocupar com a demanda de água. A

primeira preocupação do homem em relação à utilização da água, como indica

Heller (2006), era para suprir a necessidade de consumo humano, da agricultura e

da pecuária.

As preocupações em relação ao abastecimento de água foram segundo Heller

(2006), se dando de forma seqüencial e cronológica. Onde, inicialmente, havia a

preocupação com o abastecimento, com a adução, a captação de águas

25

subterrâneas, armazenamento, tratamento, acumulação em represas, elevação de

água, compreensão hidráulica e finalmente, após todas estas preocupações, ainda

era preciso organizar os serviços de abastecimento.

2.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O GERENCIAMENTO DOS

RECURSOS HÍDRICOS

Segundo Rebouças (2006),

“a espécie humana deve utilizar os recursos naturais de forma a não alterar as

atuais condições de equilíbrio do planeta, o qual depende fundamentalmente do

equilíbrio climático atual e da biodiversidade existente”.

É o chamado Desenvolvimento sustentável. Mas este conceito vem sendo

construído ao longo do tempo. A Conferência de Meio Ambiente de Stockhom em

1972 é considerada por Louette (2007), como um marco inicial do desenvolvimento

deste conceito, conforme Figura 2.

Inicialmente, como afirma Chacon (2007), no conceito de desenvolvimento

sustentável a dimensão da proteção ambiental foi destacada. Por algum tempo, foi

dada ênfase ao meio ambiente, em detrimento até do próprio homem. Contudo, na

Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, a partir da aprovação da Agenda 21, este

conceito tomou grande impulso.

A Agenda 21 é um documento apresentado na ECO-92 (CNUMAD) que, segundo

Pereira (2000 p. 155), tem a função de:

Expor situação atual da humanidade;

Convida a todos para o desenvolvimento sustentável;

Adverte sobre as responsabilidades governamentais;

Salienta a importância de estratégias, políticas, planos e processos

nacionais para a sua concretização;

Informa a importância da cooperação internacional;

26

Valoriza a participação de ONGs e da comunidade.

Além de reforçar a idéia de que cada país, cada lugar, cada situação é um

caso específico.

1970 1980 1990 2000

1972 1987 1992 1997 2002 2005

Co

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os

Stop do crescimento e proteção ambiental Desenvolvimento sustentável

Ecodesenvolvimento Responsabilidade social das empresas

Performance econômica,

social e ambiental

Evo

luçã

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os

ato

res

Cientistas e ONG's

Governos, Nações

Empresas

Consumidores

Figura 2 - Linha do tempo do desenvolvimento sustentável

Fonte: Adaptado de Louette, 2007

27

Segundo Chacon (2007 p.125), a Agenda 21 foi o marco para a implementação de

novas práticas e do surgimento de grupos comprometidos com o desenvolvimento

sustentável. Além disso, adotar o conceito de desenvolvimento sustentável foi

benéfico, pois criou visibilidade dos problemas que assolavam o planeta.

Em relação aos recursos hídricos, a Agenda 21 reserva o Capítulo 18 para a

“Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de

critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos”. O

objetivo dos trabalhos indicados neste capítulo é

“assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade para

toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preservem as funções

hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades

humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de

moléstias relacionadas com a água” (Agenda 21, capítulo 18, 1992).

Para que se cumpra este objetivo, Chacon (2007) propõe a criação de áreas de

Programas para a água doce, indicados abaixo:

Desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos;

Avaliação dos recursos hídricos;

Proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas

aquáticos;

Abastecimento de água potável e saneamento;

Água e desenvolvimento urbano sustentável;

Água para produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural

sustentável;

Impactos da mudança do clima sobre os recursos hídricos.

Segundo Tucci (2006), grande parte dos problemas citados neste estudo em relação

aos recursos hídricos é gerada por fatores como a falta de conhecimento da

população e dos profissionais que não possuem informações adequadas, a

concepção inadequada dos profissionais de engenharia sobre planejamento e

controle dos sistemas, a visão setorizada do planejamento urbano e a falta de

capacidade gerencial, sejam de forma isolada ou associada

28

Pereira (2000) afirma que o surgimento de obras de múltiplo propósito como pontes,

barragens, navios, é conseqüência da interação de uma série de fatores de natureza

política, social e econômica e não somente tecnológica. Este contexto envolve

aspectos naturais, geobiológicos, sociais, econômicos e políticos e necessitam ser

gerenciados na tentativa de alcance do sucesso.

Sobre gerenciamento dos recursos hídricos, a Agenda 21 em seu capítulo 18, item

18.56 ressalta:

“Uma melhor gestão dos recursos hídricos urbanos, incluindo a eliminação de

padrões de consumo insustentáveis, pode dar uma contribuição substancial à

mitigação da pobreza e à melhora da saúde e da qualidade de vida dos pobres

das zonas urbanas e rurais. Uma alta proporção de grandes aglomerações

urbanas está localizada em torno de estuários e em zonas costeiras. Essa

situação leva à poluição pela descarga de resíduos municipais e industriais,

combinada com a exploração excessiva dos recursos hídricos disponíveis, e

ameaça o meio ambiente marinho e o abastecimento de água doce”. (Agenda 21,

Capítulo 18, 1992).

Como já foi dito, a água, como recurso hídrico é um bem econômico cujo papel é de

extrema importância no processo de desenvolvimento econômico. Podendo, por

vezes, gerar conflitos entre seus usuários em potencial (REBOUÇAS, 2006 p.645).

Deste modo, na tentativa de gerenciar os eventuais conflitos que possam existir em

relação à correta utilização dos recursos hídricos, fez-se necessária a criação de um

Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos para garantir, em caso de

escassez, que o uso de água para o consumo humano seja prioritário (Heller, 2006).

As decisões sobre o aproveitamento racional da água possibilitado pela gestão de

recursos hídricos devem ser tratadas de forma descentralizada para contemplar

todas as partes envolvidas no processo como as diversidades físicas, sociais,

econômicas, culturais e políticas. Sempre com a participação decisória de

comunidades envolvidas de forma a garantir, por exemplo, a continuidade das ações

(REBOUÇAS, 2006 p.645).

Para a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, foi criada em 1997 a Lei

das Águas (lei nº 9433/97). Esta lei apresentou instrumentos de gestão cuja

aplicabilidade tornou-se complexa gerando a necessidade de criação de uma

instituição que pudesse agir nacionalmente, a ANA – Agencia Nacional de Águas.

29

Esta agência é reguladora do uso dos recursos hídricos em rios de domínio da união

e coordenadora da implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos

recursos hídricos em todo o território nacional (REBOUÇAS, 2006 p.651).

Para Rebouças (2006), fazem parte do sistema de gerenciamento dos recursos

hídricos, juntamente com a ANA:

Conselho nacional de recursos Hídricos (CNRH) – Órgão máximo do

sistema. Atua em conflitos como última instância e subsidia a formulação

da Política Nacional de Recursos hídricos.

Secretaria de Recursos Hídricos – Secretaria executiva do CNRH.

Formula a Política Nacional de Recursos hídricos e subsidia formulação de

orçamentos.

Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) – Atua como o CNRH,

porém no âmbito estadual.

Gestor Estadual de recursos Hídricos – Função similar à ANA, contudo,

atuando em nível estadual. O gestor baiano é o Instituto de gestão das

águas e clima (INGA)

Comitê de Bacia hidrográfica (CBH) – Comissão constituída pelo poder

público, usuários e sociedade civil. Possui competência para aprovar o

plano de bacia, acompanhar, a execução, estabelecer mecanismos de

cobrança sugerindo, inclusive, os valores a serem cobrados.

A Constituição Federal (BRASIL, 1998), em seu artigo 30, atribui aos municípios a

competência de organizar e disponibilizar os serviços públicos de interesse local.

Estes serviços poderão ser efetuados diretamente pelo município ou sob regime de

concessão ou permissão.

Segundo Barros (1995), a gestão dos serviços de saneamento é responsabilidade

do município. No entanto, não se exclui a contribuição do estado e do país, seja no

campo de estabelecimento de diretrizes, seja no da legislação ou da assistência

técnica. Incluindo o Sistema Único de Saúde participando da formulação de políticas

públicas e de execução de saneamento e a União, instituindo diretrizes para o setor.

No estado da Bahia, foi promulgada a Lei Estadual 11.612 de 08 de outubro de 2009

que instaura a nova Política Estadual de Recursos Hídricos. Ela confere um caráter

30

socioambiental à gestão das águas no Estado e possibilita avanços nas políticas

públicas pelas águas (INGÁ, 2009).

2.5 CONTEXTO LOCAL DO USO DA ÁGUA.

A cidade de Feira de Santana inicia sua história na construção de uma capela em

homenagem à Nossa Senhora de Sant’anna, na fazenda Sant’anna dos Olhos

D’água. A partir daí, este local passou a ser ponto de parada para os tropeiros que

vinham do alto sertão baiano e de outros estados, a caminho do porto de Cachoeira.

Teve seu município instalado em 18 de setembro de 1933. Foi o 31º município do

Brasil, de acordo com o site oficial da prefeitura da cidade.

Atualmente a cidade exerce a mesma função do início de sua existência. Um

importante entroncamento entre BR do Brasil se dá nesta cidade. Este fato atrai a

atenção de comerciantes e compradores, imprimindo à cidade uma população

flutuante considerável em relação a outras cidades da região.

Feira de Santana tem clima subúmido a seco (SEI, 1998), conforme Anexo A e está

localizada numa zona de planície entre o Recôncavo e os tabuleiros semi-áridos do

nordeste baiano possuindo características tanto do Semiárido quanto da Zona da

Mata baiana.

Para entender a relação da cidade de Feira de Santana com a escassez de recursos

hídricos, é necessário mostrar algumas características da região onde ela se

encontra, bem como as políticas públicas relacionadas com o abastecimento e

saneamento, a evolução da população e a disponibilidade de recursos hídricos e os

sistemas de abastecimento de água e coleta de esgoto.

2.5.1 Características da região

A região semi-árida é caracterizada como área de baixas precipitações anuais

(800mm), cobertura vegetal rasteira, embasamento cristalino predominante, solos

agrícolas geralmente rasos, evapotranspiração acima de 2000mm e rios

intermitentes (REBOUÇAS, 2006).

31

Estas características definem a “(in)disponibilidade de água” na região. A exemplo

disso podemos citar o embasamento cristalino que tem potencial hidrogeológico

reduzido e a precipitação elevada (1.730 bilhões de m³ por ano) (REBOUÇAS, 2006

p.488).

A Bahia possui 69% de seu território localizado em região semi-árida. Cerca de 3,7

milhões de pessoas vivem nestas áreas chamadas de Áreas Sujeitas a

Desertificação (ASD). Entre os estados nordestinos, a BAHIA é o que possui maior

ASD (INGÁ, 2009).

Conforme dados do IBGE (2002), dos 750 distritos que fazem racionamento de água

na Bahia, 113 deles racionam água por problemas de seca/estiagem. Este número

corresponde a cerca de 15% dos distritos baianos

2.5.2 Políticas públicas

Apesar do clima da região propiciar a escassez relativa de água, ao longo dos anos,

as principais políticas públicas relativas à seca buscaram distorcer intencionalmente

os problemas com fins políticos, não resolvendo efetivamente o problema (apesar de

contribuir com algumas melhorias) (Chacon, 2007).

Rebouças (2006 p.500) aponta que os objetivos gerais de uma política de água

poderão ser:

Alcançar e manter padrões desejáveis de sustentabilidade mantendo um

balanço favorável de oferta e demanda em quantidade e qualidade.

Estabelecer mecanismos de convivência com a vulnerabilidade regional

estabelecendo mecanismos de defesa e comportamento mediante

situações de seca/escassez.

Para o gerenciamento dos recursos hídricos em regiões como o semi-árido, é

necessário adotar estratégias que sejam “tecnicamente eficientes e politicamente

eficazes” (REBOUÇAS, 2006 p.500) como a preservação hidroambiental e

conservação da água, o controle e uso otimizado das disponibilidades, ampliação

racional de ofertas, captação de recursos humanos, desenvolvimento tecnológico e

institucionalização de sistema regional de gestão.

32

O Governo do Estado da Bahia, através do Instituto de Gestão das Águas e Clima –

INGÁ, em seu boletim informativo de janeiro a outubro 2009, apresenta diversas

iniciativas com o intuito de reduzir os danos causados pela escassez de água. Uma

é o Plano Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca

onde o governo do estado, realizou parceria com a Universidade Estadual de Feira

de Santana – UEFS cujo objetivo é traçar um diagnóstico socioambiental e territorial

do problema no estado, para subsidiar as políticas públicas. Outra iniciativa foi criar

o Programa de Restauração e Conservação das Matas Ciliares e Nascentes. O

objetivo deste projeto é recuperar cerca de 1 milhão de hectares de vegetação às

margens de rios baianos.

Outro exemplo de medida para o uso racional da água no estado é a

obrigatoriedade, por parte de indústria e irrigadores, do uso de medidores de vazão,

garantindo um controle da quantidade de água retirada dos mananciais e

assegurando que esta quantidade esteja de acordo com os limites estabelecidos

pelo Estado para cada região. Esta atitude segue uma tendência nacional de uso

racional das águas e, no mundo, esta iniciativa já se encontra há muito tempo,

implantada. (TRILHA DAS ÁGUAS, 2009)

2.5.3 Evolução da população

A partir do momento em que estas políticas públicas não são efetivadas com

sucesso, os movimentos migratórios em direção às zonas urbanas se intensificam.

Com isso, as cidades “incham”, aumentando a marginalização e a exclusão

(CHACON, 2007).

Aumentando a marginalização e a exclusão, há um movimento inverso, onde as

famílias, com objetivo de fugir da violência e em busca de uma melhor qualidade de

vida se dirigem a cidades de médio porte, como Feira de Santana, por exemplo,

aumentando sua população.

Este aumento da população nas áreas urbanas, principalmente em regiões

metropolitanas e cidades de médio porte tem ocasionado o aumento da demanda de

água (Heller, 2006 p.43). A Figura 3 abaixo indica a expectativa de crescimento da

cidade de Feira de Santana para o período de 1992 a 2008.

33

Figura 3 - Estimativa das populações residentes em Feira de Santana - BA, de 1992 a 2008

Fonte: Adaptado deIBGE,1980-2010.

Verifica-se que em 16 anos a cidade passou a possuir mais 171.082 habitantes. Um

crescimento de 41,38%.

2.5.4 Abastecimento e saneamento

Com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, Realizada pelo IBGE

(2002), entre o período de 1989 a 2000, verificou-se o crescimento do volume de

água distribuída diariamente no nordeste que passou de 0,12 para 0,17 m³ per

capta, ou seja, acréscimo de 41,7%. Apesar deste consumo ainda está abaixo da

média nacional de 0,36 m³ per capta/dia os dados nos mostram que o consumo de

água tem aumentado ao longo dos anos, bem como a população de cidades de

médio porte a exemplo de Feira de Santana.

Paralelamente a isso, o volume diário de esgoto tratado Levantado na mesma

pesquisa, em cidades com até 20.000 habitantes, analisado no mesmo período,

também passou de 10,4 para 17,8 m³/dia. Representando um acréscimo de 71,2%.

Convém salientar que o serviço de saneamento nestas cidades cresceu apenas 10%

no mesmo período. Evidenciando ainda mais o aumento na geração de esgotos.

413415 425974434845 443497 461468

470726 479992489291

490307496625 503900

519173 527625 535820571997 584497

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350000

400000

450000

500000

550000

600000

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19

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19

94

19

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19

97

19

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19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

População

34

Segundo o IBGE (2002), apenas 18% dos distritos baianos possuem tratamento de

esgoto sanitário. Isso significa que 82% de todo o esgoto gerado no estado da Bahia

é lançado no meio ambiente sem o devido tratamento, degradando as regiões de

disposição destes resíduos.

Em relação ao abastecimento de água, ainda segundo o IBGE (2002) , 92% dos

distritos possuem abastecimento de água. Destes, 71% recebem algum tipo de

tratamento seja convencional, não convencional ou simples desinfecção (cloração).

Segundo Heller (2006), quando o abastecimento de água é implantado, elevando a

disponibilidade, provoca um aumento na geração de esgoto implicando em possíveis

problemas ambientais e para a saúde pública.

No caso específico da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a água

utilizada no campus é de origem subterrânea. No entanto, a lagoa da Pindoba,

localizada nas proximidades da universidade, é a receptora do esgoto gerado. Estes

dejetos são tratados apenas parcialmente, intensificando ainda mais a necessidade

de serem tomadas medidas que reduzam o consumo de água e a geração de esgoto

no local (CAVALCANTE E RIBEIRO, 2008).

Esta realidade remete a um ciclo vicioso onde se consome mais água, gera-se mais

esgoto que, se não for corretamente tratado, poderá retornar ao abastecimento

apresentando toxinas e organismos patogênicos que agravam a saúde humana.

Serão necessários então, mais investimentos na área de saneamento e saúde.

Estes investimentos retornarão ao consumidor na forma de tarifas mais caras pelo

abastecimento de água e pela coleta e tratamento de esgoto. Além disso, haverá

mais tarifas e impostos cobrados que serão utilizados para cobrir despesas com o

tratamento de doenças provocadas por problemas na distribuição de água e coleta

de esgoto. Este é o padrão insustentável de consumo. Enquanto este ciclo girar, a

natureza terá seus recursos explorados e degradados.

Para quebrar o ciclo da insustentabilidade ambiental. o homem precisa pensar e

agir de forma imediata. É necessário que ele perceba a esgotabilidade dos recursos

ambientais, em especial dos recursos hídricos para que comece a atuar em prol de

uma convivência equilibrada social, econômica, política e ambientalmente.

35

2.6 ALTERNATIVAS PARA O CONSUMO RACIONAL DE ÁGUA E GERAÇÃO

MINIMIZADA DE ESGOTO.

Segundo Barreto (2009), a forma como se utiliza a água, é que comanda a demanda

de água. Daí a importância de entender a dinâmica da água numa escala local. É

preciso responder a questões como: Quanto se gasta? Com o que se gasta? Quais

os usos e aplicações desta água? Qual o destino final desta água?

Conhecer o perfil de consumo e usos finais da água se torna uma informação

primordial para implantar ações de controle de demanda e também de

racionalização do uso da água (BARRETO, 2009).

Em um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia – UFBA entitulado

“CONSUMO DE ÁGUA EM RESIDÊNCIAS DE BAIXA RENDA – ESTUDO DE

CASO” é apresentado o consumo de água para diferentes usos, considerando o

consumo interno de água. Neste estudo em questão, a torneira da cozinha

apresentou o maior consumo, 29% do uso, seguido pelo vaso sanitário com 23 %

(COHIN, 2009). O resultado do estudo é apresentado na Figura 4.

Figura 4 - Percentual de consumo diário de água de uma residência para diferentes usos

Fonte: Cohin, 2009

Netto (1998) apresenta que o consumo doméstico de água no Brasil, varia conforme

o nível econômico da população, Em cidades de maiores recursos, os hábitos da

17%

29%

10%

23%

21%

Lavanderia Cozinha Lavatório

Vaso Chuveiro

36

população e o padrão das instalações sanitárias remetem a consumos mais

elevados. Para estes casos, são admitidos para efeito de projeto, os valores de 300

a 400 l/hab.dia. Enquanto que em zonas de maior densidade demográfica, o

consumo se dá em torno de 135 l/hab.dia.

Gonçalves (2006) apresentou resultados de pesquisas da USP, realizadas no ano

de 1995. O estudo focou a distribuição de consumo de água em residências de São

Paulo e constatou que o maior consumo de água se deu na bacia sanitária,

conforme a Figura 5.

Figura 5 - Distribuição do consumo de água em residências na cidade de São Paulo

Fonte: Adaptado de Gonçalves (2006) apud Uso racional da água - USP, 1995.

Segundo Netto (1998) o consumo médio de água no Brasil é dado pela Tabela 2.

Tabela 2 - O consumo doméstico de água no Brasil.

29%

28%

17%

9%

6%6% 5%

Bacia sanitária Chuveiro Pia de cozinha

Máquina de lavar roupa Lavatório Tanque

Máquina de lavar louça

37

Por Banho/por habitante 39 a 50 litros

Pia do banheiro 6 litros por minuto

Outras torneiras 12 a 15 litros por minuto

Descarga 8 a 12 litros por uso

Maquina de lavar roupas 50 litros por uso

Fonte: Netto, 1998 apud (folha de São Paulo, Abril/1996)

Segundo Coelho (1983), o consumo diário de água para efeito de dimensionamento

em universidades é de 100l/estudante.

Considerando que a UEFS possui, no semestre em estudo, 7.482 estudantes

matriculados, é possível chegar a uma estimativa aproximada de consumo de água

de 748.200 litros/dia usando a instrução de Coelho (1983), ou seja, 748m³ por dia.

Sem contar com os visitantes, funcionários e professores que circulam diariamente

na universidade.

As soluções apresentadas por Santos (2006) para a atuação do homem na

perspectiva do uso racional da água é o reuso, a utilização de fontes alternativas,

a reciclagem e a utilização de aparelhos sanitários economizadores de água.

Outro recurso de grande importância é a sensibilização da sociedade, por meio da

Educação Ambiental, de sua responsabilidade e necessidade de mudança de atitude

em relação ao desperdício, considerando as diversas utilizações da água.

Segundo Rebouças (2006 p.291), apud Conselho Econômico e Social das Nações

Unidas, 1985, “a não ser que exista grande disponibilidade, nenhuma água de boa

qualidade deve ser utilizada para usos que toleram águas de qualidade inferior”.

2.6.1 O reuso da água

A Agenda 21 no capítulo 21 - Gestão ambientalmente adequada de resíduos

líquidos e sólidos, estabelece como objetivos básicos “vitalizar e implantar sistemas

nacionais de reuso e reciclagem de resíduos” e disponibilizar tecnologias,

informação e gestão apropriadas para encorajar e tornar operacional, sistema de

reciclagem e uso de águas residuárias.

38

Rebouças, (2006 p.291) mostra algumas destinações finais para as águas

reutilizadas, a saber:

Potáveis (não recomendado pelo alto risco e custo de operação);

Não potáveis urbanos (irrigação de parques e jardins, reserva de proteção

contra incêndio, sistemas decorativos como fontes, lavagem de veículos

públicos e descarga sanitária em banheiros);

Não potável industrial (caldeiras, construção civil, irrigação e processos

industriais);

Não potável agrícola (irrigação).

2.6.2 Fontes alternativas de água.

A água da chuva é normalmente indicada para consumo direto em usos não

potáveis. A rigor, uso potável refere-se exclusivamente à água de bebida. Entretanto

a indicação para os usos de água de chuva têm se limitado a água de serviço e

descarga de vasos sanitários.

Águas subterrâneas também são consideradas como fonte alternativa de água, uma

vez que, muitas áreas urbanas se localizam sobre aquíferos adequados ao

consumo. Todavia, A qualidade da água subterrânea varia de um lugar para outro

podendo, eventualmente, ser inadequada ao consumo doméstico (GONÇALVES,

2009)

2.6.3 Reciclagem:

Santos (2006) define reciclagem como a utilização de esgoto com o objetivo de

reciclar os nutrientes nele contidos, proporcionando economia significativa de

insumos como fertilizantes e ração animal.

2.6.4 Aparelhos sanitários economizadores

A partir dos anos 90, os programas de conservação da água passaram a valorizar

menos as soluções que dependiam da colaboração contínua dos consumidores e

39

enfatizaram mais a adoção de equipamentos economizadores. A adoção desta

medida garantia uma redução automática do consumo de água (VIMIEIRO, 2005).

Segundo o mesmo autor, os aparelhos sanitários economizadores são

equipamentos utilizadores de água, cujo consumo é reduzido em relação a

equipamentos de mesma função disponível no mercado.

São exemplos de equipamentos economizadores, apresentados por Gonçalves

(2006):

Torneiras de pressão;

Torneiras com direcionador de jato;

Torneiras com arejadores;

Torneiras com pulverizador;

Aparelhos de fechamento automático em geral (válvula de mictório,

registro de chuveiro e torneira de lavatório);

Torneiras de funcionamento sob comando (Acionamento fotoelétrico);

Aparelho de acionamento pela presença (descargas que são acionadas

automaticamente após a saída do usuário);

Aparelhos de acionamento no pé;

Mictório cuja limpeza não é feita com água;

Vaso sanitário segregador de urina

Bacia sanitária dotada de sistema a vácuo;

Bacia VDR (volume de descarga reduzido);

Caixa de descarga de volume fixo

Caixa de descarga Dual (duplo acionamento).

Segundo Silva (2008), a eficiência hídrica dos produtos é o primeiro passo visando o

uso sustentável da água. Gonçalves (2009) completa afirmando que o emprego de

aparelhos sanitários economizadores em edificações a serem construídas, ou a

substituição dessas peças em edifícios existentes constitui forma eficiente de

redução do consumo.

40

Gonçalves (2009) defende que outras medidas poderão ser adotadas no sentido de

reduzir o consumo de água como a adaptação de arejadores na extremidade de

torneiras, inserção de válvulas redutoras de pressão em tubulações, entre outras.

Gonçalves, (2006) considera que o consumo de água deve abordar dois aspectos:

Tecnologia do aparelho: Refere-se às características de construção e

funcionamento do aparelho para que ele atinja o objetivo de “economizar”;

Comportamento do usuário: Tem relação com hábitos pessoais do

indivíduo no consumo de água. Varia conforme o meio cultural e o grau de

consciência sobre o valor da água.

Para que a redução do consumo de água seja efetiva, é necessário que haja

interação entre usuário e aparelho de forma a obter o mínimo consumo, com a

máxima eficiência (GONÇALVES, 2006). Desta forma, é necessário que, além da

instalação de aparelhos sanitários economizadores, sejam realizados treinamentos

entre os usuários. Campanhas educacionais também são um instrumento

necessários e de bons resultados. Caso contrário, poderá haver o resultado inverso

ao esperado onde, além de não economizar, o usuário poderá gastar mais água.

O presente trabalho está voltado para o estudo de aparelhos sanitários

economizadores. Especificamente, das bacias sanitárias com descarga dual. Elas

possuem reduzido consumo de água e serão detalhadas oportunamente. Antes é

interessante conhecer um pouco da história das bacias sanitárias que utilizamos.

2.7 O SISTEMA BACIA SANITÁRIA.

Segundo Medeiros Filho (2009), a bacia sanitária moderna tem sua história iniciada

no século XVI. Ela foi criada pelo poeta inglês Jonh Harrington (1561–1612) para

presentear, a então rainha, Elizabeth I, conhecida como Isabel I (1533 – 1602).

Somente em 1778, o engenheiro e mecânico inglês Joseph Bramah, criou a

descarga moderna com fecho hídrico que tinha seu uso restrito a hospitais e

residências nobres.

Surgiu a necessidade de criação de um sistema de disposição de água automático,

no entanto, não foram encontrados registros da criação da descarga sanitária.

41

Ainda segundo Medeiros Filho (2009), a história do vaso sanitário é mais antiga. Em

residências escavadas na civilização de Harappa (3000 a.C.), no Punjab, constatou-

se a existência de latrinas com água corrente e ligadas a canais construídos com

tijolos, integrando um sistema sanitário que incluía câmaras e bueiros. As

necessidades deste povo ainda eram executadas de cócoras.

O surgimento das primeiras latrinas para serem usadas sentadas ocorreu por volta

de 2100 a.C., no Egito.

Conforme Dannemann (2008), os romanos utilizavam uma estrutura de banheiro

público coletivo para promover debates, banquetes e encontros cívicos. Estes

banheiros eram atendidos por canais de água corrente que carreavam os dejetos até

rios distantes. Ver Figura 6.

Figura 6 – Banheiro público romano

Fonte: Dannemann, 2008

O fato é que a bacia sanitária se tornou equipamento indispensável da vida moderna

no que diz respeito à proteção da saúde humana. Mas o culto a esta peça sanitária

não está ligado somente à proteção da saúde. Prova disso, de acordo com o Jornal

Tribuna Da Bahia (18/01/2010), foi construída em Suweon, sul de Seul a casa do

Parlamentar coreano e Presidente da World Toilet Association, Sim Jae-duck, em

forma de bacia sanitária, conforme Figura 7.

42

Figura 7 - Casa de Sim Jae-duck no Sul de Seul

Fonte: Costa, 2009

Há ainda um museu para celebrar a história do vaso sanitário. Trata-se do Museu

Gladstone Pottery, na cidade britânica de Stoke-and-trent. Segundo site oficial da

cidade (STOK, 2007), a proposta do museu é mostrar ao visitante como era a vida

no banheiro dos nossos antepassados que viveram antes da invenção da privada

com sistema de descarga recriando-se, inclusive, o autêntico fedor vitoriano a partir

de aromatização química. A Figura 8, a seguir, mostra o museu instalado numa

antiga fábrica de cerâmicas.

Figura 8 - Museum Gladstone Pottery

Fonte: Stok, 2007

43

2.8 A DESCARGA DUAL (DUPLO ACIONAMENTO).

Estima-se segundo Gonçalves (2006), que o consumo de água por bacias sanitárias

se dá entre 18% e 24% do consumo mensal de uma residência. Ele alerta que o

conhecimento do consumo real de água, segundo sua utilização, depende de

trabalhos de pesquisa e variam em cada caso.

Gonçalves (2006) mostra que há cerca de 20 anos os fabricantes de bacias

sanitárias não se importavam com o volume de água necessário para limpar a bacia.

A grande preocupação era com o design.

O resultado é a disponibilidade no mercado de bacias cujas caixas de descarga

possuem capacidade de 15 ou 5 litros. Estes volumes, por sua vez, eram

incompatíveis com a bacia que se produzia no mercado na época pois o volume das

bacias eram de 12 litros. Deste modo, ou a caixa de descarga possuía um volume

exagerado ou um volume tão aquém que era necessário o acionamento duplo da

descarga (GONÇALVES, 2006).

Entretanto, a partir de 31/12/2007, foi recomendado pela norma NBR 15491 de

julho/2007 – Caixa de descarga para limpeza de Bacias de Louças Sanitária –

Requisitos e Métodos, que todas as bacias sanitárias comercializadas no país

atendessem ao volume reduzido de 6,8 litros.

No entanto, a partir do momento em que é possível obter uma redução ainda maior

da utilização de água neste equipamento, esta solução deverá ser levada em

consideração. O fato de 92% de a população baiana dispor de água tratada e da

alternativa de reúso de águas ainda não ser uma prática frequente entre a

população, remete à situação de que a água disponibilizada para a bacia sanitária é

tratada, portanto potável, devendo ter seu consumo reduzido, de modo a utilizá-la da

forma mais racional possível.

Com vistas ao atendimento desta normatização, o mercado brasileiro já dispõe de

bacias sanitárias com descarga de consumo ainda menor. Trata-se da bacia

sanitária com descarga dual (duplo acionamento), ou seja, existem 2 possibilidades

de consumo de água: uma tem o volume reduzido, conforme norma, para a retirada

de resíduos sólidos e consome 6,8 litros de água. Quando a descarga for

necessária apenas para dejetos líquidos, a bacia sanitária com descarga dual

44

apresenta uma possibilidade ainda mais reduzida, utilizando apenas metade do

volume da água utilizado para uma descarga normal, ou seja, 3 litros.

Este tipo de descarga está disponível em duas versões: “caixa acoplada” (Figura 9)

ou descarga de parede (Figura 10). Ambas são dotadas de botoeira bi-partida e

estão disponíveis no mercado brasileiro em casas especializadas.

Figura 9 - Descarga Dual do tipo Caixa acoplada

Fonte: Celite, 2010

Figura 10 - Descarga dual de parede

Fonte: a) Deca, 2010 e b) Docol, 2010

(a) (b)

45

2.9 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS VOLTADAS PARA A REDUÇÃO DE CONSUMO

DE ÁGUA EM UNIVERSIDADES DO PAÍS.

2.9.1 Programa de Conservação de Água da Unicamp (Pró-Água UNICAMP)

Gonçalves (2006) apresenta um programa criado com o objetivo de aumentar a

eficiência no uso das águas no campus da universidade que foi dividido em 2

etapas:

Levantamento cadastral, Detecção e Conserto de Vazamentos,

Implantação de telemedição, Instalação de componentes economizadores

e avaliação do desempenho pelos usuários.

Análise de tecnologias economizadoras para usos específicos e

implantação de sistema de gestão dos sistemas prediais no campus.

Etapa 1: Análise de tecnologias economizadoras para usos. Etapa 2:

Implantação de sistema de gestão dos sistemas prediais.

Como resultado do conjunto dos trabalhos visando à redução do consumo de água,

segundo Gonçalves (2006), a universidade teve redução do consumo mensal na

ordem de 20% com o Programa.

Okamura (2006), visando à redução do consumo de água pelas bacias sanitárias do

campus (em sua maioria descargas de parede, cujo consumo chega a 30 l por

acionamento) publicou estudo de avaliação de consumo realizado na Unicamp

propondo a substituição de bacias sanitárias com descargas de parede por

descargas dual (duplo acionamento) no campus da universidade. Este foi apenas

um dos trabalhos desta universidade, no intuito de aumentar a eficiência no uso das

águas.

2.9.2 Programa de Uso Racional de Água da Universidade Federal da Bahia

(ÁGUAPURA UFBA)

Em face de uma despesa com água na ordem de R$ 3.526.153,00 em 1998

(GONÇALVES, 2006), a Universidade Federal da Bahia, verificou a necessidade

imediata de redução do consumo através do uso racional da água. Para isso, criou o

46

Programa ÁGUAPURA em parceria com Governo do Estado da Bahia e Empresa

Baiana de Saneamento - Embasa. Os principais objetivos do programa foram:

Reduzir o consumo de água na UFBA através da minimização das perdas

e desperdícios;

Difundir em toda a comunidade UFBA conceitos do uso racional da água;

Implantação de Tecnologias Limpas.

Como parte deste programa, a UFBA desenvolveu uma pesquisa com a finalidade

de:

Investigar o impacto da melhoria no design de instalações sanitárias e

mictórios dos banheiros masculinos da UFBA;

Obter informações sobre os hábitos em relação ao uso da água

Propor alternativas para a racionalização do uso da água em sanitários

masculinos de prédios públicos

Neste trabalho, foi avaliada a redução do consumo de água em 4 situações:

1. Estímulo ao uso do mictório;

2. Instalação de bacias sanitárias com descarga dual

3. Instalação de bacias sanitárias a vácuo

4. Combinação de estímulo ao uso do mictório mais Instalação de bacias

sanitárias com descarga dual

A Tabela 3 nos mostra os resultados obtidos pelo trabalho realizado na UFBA.

Tabela 3 - Reduções de consumo de água previstas em projeto implantado na UFBA – BA

Situações estudadas Redução do consumo

Cenário 1 – Estímulo ao uso dos mictórios 38%

Cenário 2 – Instalação de bacias sanitárias de duplo acionamento 34%

Cenário 3 – Cenário 1 + Cenário 2 51%

Cenário 4 – Bacias sanitárias com descarga a vácuo 54%

Fonte: Kiperstok, (2009).

47

Como pode ser observado, para o cenário 1 houve uma redução de consumo de

água de percentual de 38%. Para o cenário 2, este percentual de redução atingiu a

ordem de 34%. No cenário 3, a redução do consumo mensal de água potável no

consumo dos sanitários foi de 51%. Enquanto que o cenário 4 apresentou uma

redução de 54%.

48

3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS - MÓDULO 3

3.1 DO LEVANTAMENTO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DAS BACIAS

SANITÁRIAS

Para efeito de preenchimento da Tabela 4 a seguir, foram considerados os seguintes

parâmetros: a numeração de cada descarga se deu da esquerda para a direita,

conforme ilustrado no Apêndice A; o tipo de descarga é definido como descarga

acoplada ou descarga de parede; a marca anotada é a indicada na bacia. O modelo

foi registrado conforme a adequação à norma NBR 15.491 (07/2007) de consumo de

6 lpf (litros por função), indicada na bacia junto à marca do produto; a numeração é a

que está em baixo relevo na parte interna da caixa de descarga acoplada.

Tabela 4 - Levantamento qualitativo e quantitativo das bacias sanitárias

Descarga Tipo

Local da

botoeiraMarca Modelo/consumo Numeração

1 Acoplada Superior Celite 6 lpf / 6 ,8 litros 799 10 05 x05

2 Acoplada Superior Logaza 6 lpf / 6 ,8 litros850 19 09 08 5

(0720)

3 Acoplada Lateral Celite 12 litros 173 06 11 97

4 Acoplada Lateral Celite 12 litros 194 08 11 97

5 Acoplada Superior Logaza 6 lpf / 6 ,8 litros678 17 09 08 4

(0720)

3.2 DO LEVANTAMENTO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DAS BACIAS

SANITÁRIAS

Durante o levantamento qualitativo e quantitativo das bacias sanitárias, houve o

cuidado de se observar se haviam pontos de desperdícios e/ou vazamentos e não

49

foi encontrado nenhum problema. No entanto, foi possível observar danos em

algumas peças sanitárias, como a cuba 02, a descarga 03, o dispenser para

sabonete líquido e o porta papel higiênico quebrados.

Observou-se que, no momento em que alguns usuários percebiam que estava

sendo feito um levantamento deste tipo, aproveitavam para reclamar destas peças

quebradas e até mesmo da ausência de papel higiênico.

3.3 DA PREFERÊNCIA DO USUÁRIO

. Os resultados encontrados são apresentados a seguir:

3.3.1 Da função do usuário na UEFS

Foi perguntado ao usuário qual sua função na universidade. Entre os usuários da

quarta feira, 51 pessoas responderam ser estudantes e 7 responderam ser

funcionárias e 2 alegaram ser visitantes. Estes dados correspondem a 85%, 11,7% e

3,3% da amostra pesquisada, respectivamente. Já entre os usuários da quinta feira,

38 são estudantes, 4 são funcionários e 2 visitante. Percentualmente, temos para a

quinta feira, 86,4% de estudantes, 9,1% de funcionários e 4,5% de visitantes. Os

dados encontram-se na Figura 11.

50

Figura 11 – Função do usuário na UEFS: a) Quarta feira e b) Quinta feira

3.3.2 Da utilização da bacia sanitária da UEFS

Quando perguntados se eles usam as bacias sanitárias da UEFS, 96,7% dos

usuários de quarta feira disseram que sim e 3,3% disseram que não. Entre os

usuários da quinta feira, 100% disseram sim, que utilizavam a bacia sanitária da

UEFS. Segue a Figura 12 com os dados da quarta feira. Os dados da quinta feira,

não serão mostrados graficamente, uma vez que, a totalidade dos usuários teve a

mesma resposta.

85,0%

11,7%

3,3%

(a)

Estudante Funcionário Visitante

86,4%

9,1%4,5%

(b)

Estudante Funcionário Visitante

96,7%

3,3%

Sim Não

51

Figura 12 – Utilização da bacia sanitária da UEFS (quarta feira)

3.3.3 Da necessidade de utilização da bacia sanitária

Entre os que afirmaram utilizar a bacia sanitária da UEFS, na quarta feira, 86,2%

afirmou usar a bacia somente para urina e 13,8% a utiliza para fezes e urina. Já na

quinta feira, 79,5 % afirmou só utilizá-la para despejo de urina e 20,5 % declarou

usar a bacia tanto para fezes quanto para urina. Ver Figura 13.

Figura 13 - Necessidade de utilização da bacia sanitária da UEFS: a) Quarta feira e b) Quinta feira

3.4 DO NÚMERO DE USUÁRIOS

O número de alunos matriculados que assistem aula no PAT 3 durante as quartas e

quintas feiras é de 2.103 alunos, sendo 1.122 mulheres e 981 homens. Estes dados

representam, em termos percentuais que 53,4% dos estudantes matriculados para

ter aula no Pat 3 são Mulheres e 46,6% são homens, como ilustrado na Figura 14.

86,2%

13,8%

(a)

Somente Urina Fezes e urina

79,5%

20,5%

(b)

Somente Urina Fezes e urina

52

Figura 14 – Sexo dos alunos matriculados no Pat 3 da UEFS (quarta e quinta feira)

Separadamente, a quarta feira apresenta 560 e a quinta 562 alunas matriculadas

contadas uma única vez.

3.5 DO ACIONAMENTO DAS DESCARGAS

Na quinta feira, 06 de maio de 2010, no período de 7:30 a 21:30h, e na quarta feira,

02 de junho do mesmo ano e pelo mesmo período, foram observadas quantas vezes

as descargas do sanitário feminino do PAT 3 eram acionadas. O acionamento de

cada descarga era registrado individualmente, em formulário específico (APÊNDICE

E), devido à natureza diferente dos conjuntos bacia-descarga.

Verificou-se neste levantamento que nos dois dias de estudo o sanitário número 1

não era utilizado com a mesma freqüência dos outros. Trata-se do sanitário especial,

que não possui lixeira e é também onde o depósito para material de limpeza. Uma

vez que, é lá que o pessoal da limpeza guarda papéis sabonete e desinfetantes.

Possivelmente, estas são as razões pela qual não se utiliza tanto estas bacias. Os

resultados podem ser visualizados na Tabela 5, a seguir:

46,6%

53,4%

Masculino Feminino

53

Tabela 5 - Consumo de água das bacias sanitárias do sanitário feminino do PAT 3, conforme número de acionamentos

Nº DA

DESCARGA

Quantidade de

acionamentos

(quarta)

Quantidade de

acionamentos

(quinta)

Litros por

acionamento

consumo

diário (ℓ)

quarta

Consumo

diário (ℓ)

quinta

1 1 2 6,80 6,8 13,6

2 32 26 6,80 217,6 176,8

3 37 27 12,00 444 324

4 25 21 12,00 300 252

5 24 10 6,80 163,2 68

Subtotal 119 86 8,88 1131,6 834,4

TOTAL DO CONSUMO (ℓ) 1966

54

4 ANALISANDO OS DADOS

4.1 ANÁLISE DE DADOS DO CONSUMO

Inicialmente, será apresentado na Tabela 6 o resumo dos dados da população de

alunos matriculados que têm aula no PAT 3 nas quartas e quintas feiras, segundo o

sexo masculino ou feminino, inclusive o percentual de estudantes do sexo feminino

em relação ao total de estudantes, sem considerar repetições. Na coluna “Total”, são

considerados o somatório dos 2 dias, e seu respectivo percentual.

Tabela 6 - Alunos matriculados com aula no PAT 3

unidade Quarta Quinta Total

1 Total de Estudantes matriculados alunos 1150,0 953,0 2103,0

2 Estudantes do sexo masculino alunos 590,0 391,0 981,0

3 Estudantes do sexo feminino alunos 560,0 562,0 1122,0

4Percentual de estudantes do sexo

feminino% 48,70 58,97 53,35

A Tabela 7 apresenta dados relativos ao consumo estimado de água das bacias

sanitárias atuais obtidos na Tabela 5 (indicado na linha1), o número de

acionamentos levantados na pesquisa de campo (indicado na linha 2) que é

multiplicado pelo percentual de usuários que afirmaram utilizar a bacia sanitária

somente para urina (representado na linha 3). Desta forma, temos o número de

acionamentos estimados somente para urina (linha 4). Este dado é multiplicado pelo

consumo unitário de água por descarga dual necessário no despejo de urina

(apresentado na linha 5), gerando uma estimativa de consumo de água pela

descarga dual considerando seu acionamento somente para urina (consta na linha

6).

55

Tabela 7 – Comparativo entre o consumo de água das descargas atuais e as descargas tipo

Dual

Linha Informação unidade Quarta Quinta Total

1Consumo de água pelas descargas

atuais (fezes + urina)l 1131,6 834,4 1966,0

2 Total de acionamentos un 117,0 86,0 203,0

3Percentual de acionamentos somente

para urina% 86,2 79,5 82,9

4Nº estimado de acionamentos

somente para urina [(2)*(3)]un 100,9 68,4 168,2

5Consumo unitário de água da

descarga dual (urina)l/acionamento 3,0 3,0 3,0

6

Estimativa de consumo de água

diário com descarga dual (urina)

[(4)*(5)]

l 302,6 205,1 507,7

7

Estimativa de consumo de água

diário com descarga dual (fezes +

urina) {[(2)-(4)]*[(6)*6,8]}

l 412,4 325,0 737,4

8 62,5%Percentual de redução do consumo para o Sanit. Feminino PAT 3:

Deve-se levar em consideração um percentual da população que utiliza a bacia

sanitária para fezes e urina. Desta forma, soma-se ao consumo da descarga dual

utilizado para urina (linha 6) o consumo do percentual de usuários que declararam

utilizar o vaso sanitário para fezes e urina obtido nas entrevistas, multiplicado pelo

consumo de água da descarga dual para esta situação (6,8 litros). Temos assim, na

linha 7, estimativa de consumo de água total diário resultante, para a hipótese de

implantação das descargas de duplo acionamento.

O percentual de redução do consumo de água para o sanitário feminino do PAT 3

(8) é dado por meio de relação entre a água consumida atualmente (1) e o consumo

provável com a utilização da descarga de duplo acionamento (7).

56

Para obtenção da estimativa de consumo mensal, multiplicamos o valor

correspondente ao consumo de água durante dois dias por 11 (quantidade de blocos

de 2 dias que são úteis em 1 mês) e encontramos o consumo mensal, teríamos um

consumo total aproximado de 21.626 litros de água somente para o sanitário

feminino do PAT 3.

Considerando os resultados obtidos, este consumo reduzir-se-ia em 62,5%, o que

significa que o consumo mensal que hoje é de 21.626 litros, passaria a ser de

8.111,4 litros. O que representa uma redução mensal de aproximadamente 14 m³

tanto de água potável, quanto de esgoto a ser parcialmente tratado e posteriormente

lançado na lagoa da Pindoba, somente para o sanitário feminino do PAT 3.

4.2 VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO

Por acreditar que somente encontrar os problemas e apontar as possíveis soluções

não é suficiente para que medidas sejam adotadas, serão apresentados, a seguir, os

prováveis custos estimados para a substituição das bacias sanitárias e respectivas

descargas.

O processo de substituição das bacias leva em consideração a viabilidade

econômica e a técnica.

O processo de substituição das bacias é simples, o que pode ser feito até mesmo

pela equipe de manutenção desta universidade. E, por assim considerar, serão

apresentados a seguir, as Tabelas 8 e 9 contendo as etapas de execução dos

serviços, suas respectivas composições e custos.

Tabela 8 – Cálculo de custo para a retirada de uma bacia sanitária atual em Reais (R$)

Componentes Unid. consumo custo unitário Custo Total ¹

Encanador h 1,5 4,22 7,93

Ajudante de Encanador h 1,5 2,32 4,36

12,29Custo por retirada de bacia sanitária ¹ Inclusive encargos sociais de 125,29% (TCPO, 2003)

57

Tabela 9 - Cálculo de custo para a instalação de uma bacia sanitária Dual em Reais (R$)

Componentes Unid. consumo custo unitário Custo Total ¹

Encanador h 1,50 4,22 7,93

Ajudante de Encanador h 1,50 2,32 4,36

Bucha plástica DN 8,0mm un 2,00 0,10 0,20

Parafuso cromado para

bacia (2.1/2" X 1/4")un 2,00 6,00 12,00

Fita de vedação para

tubos e conexõesm 0,56 0,17 0,10

Joelho 90° - 100mm un 1,00 13,06 13,06

Bacia de Louça, com

caixa acoplada e

Descarga Dual

un 1,00 285,00 285,00

Engate flexivel (30mm X

1")un 1,00 6,95 6,95

Assento plástico para

baciaun 1,00 38,70 38,70

368,30Custo por instalação de bacia sanitária¹ Inclusive encargos sociais de 125,29% (TCPO, 2003)

As composições apresentadas estão baseadas nas Tabelas de Composições de

Preços para Orçamentos – TCPO (2003), os preços foram obtidos no comércio da

região de Feira de Santana e Santo Antônio de Jesus, na Bahia e levam em

consideração a retirada ou instalação por aparelho sanitário.

A seguir, a Tabela 10 apresenta uma planilha que resume os custos com a

substituição das bacias no PAT 3, considerando somente o sanitário feminino.

Tabela 10 - Planilha de custos aproximados para a substituição das bacias sanitárias do sanitário feminino do PAT 3 em Reais (R$)

Ítem Descrição dos serviços unidadequantidade por

PATCusto unitário Custo Total

1Retirada de bacias

sanitáriasun 5,00 12,29 61,45

2

Instalação de bacia

sanitária com caixa

acoplada e descarga dual

un 5,00 368,30 1.841,50

Custo total por PAT 1.902,95

Levando em consideração o custo do m³ de água na faixa de consumo de uma

instituição pública (R$ 10,37/m³), 80% sobre este valor para o tratamento de esgoto

58

(R$ 8,30), segundo dados do site da Empresa Baiana de Saneamento, o custo

estimado para a substituição de cada bacia (R$ 390,59) e a redução do consumo

mensal estimado verificado neste trabalho (14 m³ em 5 bacias), temos uma

economia hipotética de R$ 261,38 nas 5 bacias. O que significa que em menos de 1

ano (7 meses), a universidade teria retorno do seu investimento, caso fosse atendida

pela EMBASA.

59

5 CONSIDERAÇÕES

5.1 CONCLUSÕES

A demanda atual de água da sociedade moderna vem crescendo ao longo dos anos,

consequentemente, a produção de esgotos. Este crescimento do consumo de água

e produção de esgotos, associados ao baixo crescimento dos sistemas de

tratamento, solicita que sejam apresentadas a esta sociedade alternativas de

redução deste consumo não só em escala doméstica quanto em todos os

segmentos consumidores.

Verificou-se que no PAT 3, desta universidade, estão matriculadas 1122 alunas

frequentadoras em 2 dias da semana, perfazendo 53,4% do total de alunos que tem

aula no mesmo período. Foi estimado um consumo de 1966 litros de água pelas

bacias sanitárias, que representa o consumo atual estimado de água deste PAT,

tanto para dejetos sólidos quanto para líquidos.

Levando em consideração a hipótese do uso de bacias sanitárias com descarga dual

para o mesmo período, a mesma quantidade de alunos e a preferência de 82,9%

dos usuários entrevistados em utilizar os sanitários da universidade somente para

urina, o consumo de água pelas bacias sanitárias dual seria de aproximadamente

737,4 litros. Este dado representa uma economia de 1.228,6 litros, ou seja, 62,5%.

Deste modo, mensalmente, deixariam de ser gastos aproximadamente 14 m³ de

água potável neste Pavilhão de Aulas Teóricas, além da redução de 14 m³ de

esgotos que são tratados parcialmente por esta universidade e dispostos em lagoa

da região.

Convém salientar que esta estimativa considera somente os dados levantados no

sanitário feminino do pavilhão de aulas teóricas do Módulo 3. A realidade das

instalações sanitárias existentes na UEFS e a diversidade de usuários as utilizam

diariamente podem conduzir a valores significativos. Apenas para ilustração, temos

os sanitários masculinos dos PAT’s, os sanitários dos Módulos práticos e teóricos,

dos laboratórios, dos módulos administrativos, da biblioteca, do restaurante, do

centro de processamento de dados entre outros que também contribuem com o

consumo de água da universidade.

60

Ao levantar o custo de implantação deste novo sistema, chega-se ao valor de R$

380,59 por bacia sanitária, incluindo custos com a retirada das bacias atuais e

instalação das novas bacias. Este custo está considerando que a própria equipe de

manutenção da Universidade poderá executar este serviço por ser simples e de

rotina, já que a mesma equipe, quando á necessidade, substitui aparelhos sanitários

quebrados ou em mal funcionamento.

Este investimento, caso fosse utilizada água da EMBASA, retornaria ao erário

público em cerca de 8 meses.

Percebe-se que a apresentação de novas tecnologias reduz substancialmente o

consumo teórico de água. No entanto, para que a redução prática seja realmente

eficiente, na hipótese de substituição do aparelho, é de fundamental importância a

veiculação permanente de treinamentos e campanhas de conscientização a fim de

integrar o usuário com o aparelho economizador. Esta integração promove uma

melhor eficiência no sistema.

Contudo, por melhor que sejam os benefícios ao meio ambiente que esta

substituição possa acarretar, é preciso considerar o fato que o número de bacias

substituídas irá gerar a mesma quantidade de bacias a serem adequadamente

descartadas.

As bacias deverão ser dispostas em local ao abrigo de chuva, enquanto não se

define sua destinação, para evitar que haja o acúmulo de água, o que configura

ambiente propício à proliferação de insetos.

As bacias em adequação à norma NBR 15491, poderiam ser doadas a comunidades

carentes, enquanto as que estivessem fora do padrão, ou seja, consumindo mais de

6,8 litros por acionamento, seriam disponibilizadas para as equipes de pesquisa que

estivessem interessadas em encontrar utilização para este material. Outra alternativa

é entrar em contato com o fabricante, e verificar seu interesse neste material.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Esta metodologia pode ser utilizada de diversas formas, a saber:

Ampliação do estudo para o sanitário masculino;

61

aumento do período de observação para que sejam incorporados mais

dias;

utilização de hidrômetros para aferição mais precisa do consumo;

Verificação do retorno do investimento para o caso de consumo de água

fora dos serviços da EMBASA

Poderá ser feita a substituição das bacias sanitárias dos banheiros

masculino e feminino de um PAT, para acompanhamento e estudo piloto.

Como pôde ser visto, existem formas viáveis de tornar mais sustentável não só o

ambiente universitário quanto residências, comércio, indústria, etc. A informação não

deve ser omitida, guardada. Ela precisa ser divulgada, ampliada. E é papel desta

universidade, como instituição pública de ensino e, principalmente, extensão, criar,

desenvolver, sugerir e divulgar alternativas de uso racional da água, promovendo a

idéia da sustentabilidade para todos os cidadãos.

62

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Engenharia Sanitária e Ambiental; UFMG; 2005.

66

APÊNDICES

67

APÊNDICE A - Levantamento qualitativo e quantitativo das descargas

Local de realização da pesquisa:

Data:

Professor Orientador: Aurea Chateaubriand

Pesquisador:

Sanitários do PAT

Feminino

Descarga número:

Modelo

Válvula

Acoplada

Marca:

Modelo/numeração:

Consumo (l):

Descarga número:

Modelo

Válvula

Acoplada

Marca:

Modelo/numeração:

Consumo (l):

Descarga número:

Modelo

Válvula

Acoplada

Marca:

Modelo/numeração:

Consumo (l):

Descarga número:

Modelo

Válvula

Acoplada

Marca:

Modelo/numeração:

Consumo (l):

Descarga número:

Modelo

Válvula

Acoplada

Marca:

Modelo/numeração:

Consumo (l):

68

APÊNDICE B – Croqui do sanitário feminino do PAT 3

69

APÊNDICE C – Pesquisa de preferência de uso dos sanitários da UEFS

Local de realização da pesquisa:

Data:

Professor Orientador: Aurea Chateaubriand

Pesquisador: Adriana Reis

Turno da pesquisa:

Matutino

Vespertino

Noturno

Quantidades de pessoas entrevistadas:

Característica do usuário

Feminino

Estudante Funcionário Visitante

Você utiliza as bacias sanitárias da UEFS?

SIM NÃO

Como você utiliza?

Só para dejetos líquidos (URINA) Para sólidos e Líquidos (FEZES E URINA)

Observar comentários.

70

APÊNDICE D – Termo de consentimento livre e esclarecido

Via do Entrevistado

Eu, _______________________________________________aceito participar da pesquisa “ECONOMIA DE ÁGUA PELA UTILIZAÇÃO DE DESCARGAS DE DUPLO ACIONAMENTO: Estudo de viabilidade na UEFS” da pesquisadora e graduanda desta universidade, Adriana Santos Reis, orientada pela professora Aurea Chateaubriand Andrade Campos. Fui informado que a pesquisa pretende levantar o consumo de água das bacias sanitárias da UEFS e sugerir novos modelos de bacias para promover a economia de água. Para participar da pesquisa, fui esclarecido que minha função será responder a 3 perguntas. Tenho a liberdade de não responder a qualquer das perguntas e meu nome não será divulgado nos resultados da pesquisa. Assim, minhas informações confidênciais serão mantidas em sigilo e todas as informações que eu darei serão utilizadas somente para os propósitos da pesquisa.

Data: ____/_____/_____ ____________________________________ Assinatura do pesquisador Pesquisadora: Adriana Reis End.: Rua C, nº 07-A Cidade Nova Telefone: (75) 8804-3021

Corte aqui

Via do Entrevistador

Eu, _______________________________________________aceito participar da pesquisa “ECONOMIA DE ÁGUA PELA UTILIZAÇÃO DE DESCARGAS DE DUPLO ACIONAMENTO: Estudo de viabilidade na UEFS” da pesquisadora e graduanda desta universidade, Adriana Santos Reis, orientada pela professora Aurea Chateaubriand Andrade Campos. Fui informado que a pesquisa pretende levantar o consumo de água das bacias sanitárias da UEFS e sugerir novos modelos de bacias para promover a economia de água. Para participar da pesquisa, fui esclarecido que minha função será responder a 3 perguntas. Tenho a liberdade de não responder a qualquer das perguntas e meu nome não será divulgado nos resultados da pesquisa. Assim, minhas informações confidênciais serão mantidas em sigilo e todas as informações que eu darei serão utilizadas somente para os propósitos da pesquisa.

Data: ____/_____/_____ ________________________________________ Assinatura do pesquisador

71

APÊNDICE E – Levantamento do número de acionamentos das descargas das

bacias sanitárias do sanitário feminino do PAT 3

Local de realização da pesquisa

PAT

Sanitário Feminino

Data: Turno: Mat Vesp Not

Professor Orientador: Aurea Chateaubriand

Pesquisador:

Número de acionamentos: Descarga 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

1 2 3 4 5 6

Número de acionamentos: Descarga 2

1 2 3 4 5 6

Número de acionamentos: Descarga 3 1 2 3 4 5 6

Número de acionamentos: Descarga 4 1 2 3 4 5 6

Número de acionamentos: Descarga 5 1 2 3 4 5 6

72

ANEXO

73

ANEXO A – Tipologia climática do Estado da Bahia

Fonte: Sei, 1998.