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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Manoela Santa Rosa Araujo
IMPACTOS AMBIENTAIS NO DISTRITO DE MARIA QUITÉRIA (LOCALIDADE
DE MANGUEIRA) CAUSADOS PELA EXTRAÇÃO DE AREIA UTILIZADA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA- BA
Feira de Santana
2008
Manoela Santa Rosa Araujo
IMPACTOS AMBIENTAIS NO DISTRITO DE MARIA QUITÉRIA (LOCALIDADE
DE MANGUEIRA) CAUSADOS PELA EXTRAÇÃO DE AREIA UTILIZADA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA- BA
Trabalho de Conclusão de
Curso da Universidade
Estadual de Feira de
Santana, apresentado à
disciplina Projeto Final II
como requisito parcial à
obtenção de título de
Bacharel em Engenharia
Civil.
Orientador: Prof. Carlos César Uchôa de Lima
Feira de Santana
2008
I
Manoela Santa Rosa Araujo
IMPACTOS AMBIENTAIS NO DISTRITO DE MARIA QUITÉRIA (LOCALIDADE DE
MANGUEIRA) CAUSADOS PELA EXTRAÇÃO DE AREIA UTILIZADA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA- BA
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de Título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Feria de Santana, 26 de março de 2008
Banca Examinadora:
Carlos César Uchôa de Lima___________________________________
Universidade Estadual de Feira de Santana
Liana Maria Barbosa ________________________________________
Universidade Estadual de Feira de Santana
Gracinete Bastos____________________________________________
Universidade Estadual de Feira de Santana
II
DEDICATÓRIA
Ao meu Deus soberano, a Ele dou toda gloria e louvor.
A minha mãe que é indispensável em minha vida e presente em todos os momentos
me dando força e apoio.
A minha família e amigos pelo incentivo e confiança.
III
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ser o Senhor da minha vida, por me iluminar durante
todo esse percurso dando-me força, coragem e mostrando-me sempre o melhor
caminho a seguir.
A minha mãe, minha grande amiga, por confiar e sempre acreditar no
melhor de Deus para mim.
Ao meu professor e amigo, Carlos César Uchoa, pela disponibilidade,
paciência e tempo empregado na orientação e a coordenadora Eufrosina
Cerqueira, professora da disciplina projeto final II, pelos incentivos ao longo do
curso.
Aos meus amigos que são verdadeiros presentes de Deus para minha vida.
A todos que, direta ou indiretamente contribuíram para o
desenvolvimento desta monografia.
IV
“Sei que Deus está comigo
Eu não temerei o que pode me fazer o mal
Nele está firmada a minha fé e o meu louvor
Eu sei quem Ele é
Sou vitoriosa
Mais que vencedora
Eu acredito em Sua palavra
Ele é fiel,
Ele não mudou e nem mudará,
Posso confiar”.
Rose Nascimento
V
Resumo
A extração irregular de areia, para a construção civil, se tornou, nos últimos anos, uma
das principais causas de degradação ambiental em diversas regiões do Brasil. O presente
trabalho tem por objetivo identificar e analisar os impactos ambientais causados por pequenos
e grandes empresas, na extração de areia no distrito de Maria Quitéria, Município de Feira de
Santana, Bahia. A pesquisa se desenvolveu a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre o
tema, juntamente com visitas à comunidade, descrevendo, fotografando e entrevistando os
moradores para que um diagnóstico pudesse ser realizado. Foram identificados impactos
decorrentes de areais clandestinos, tanto no meio físico, quanto no biótico, tais como, erosão,
perda da vegetação desequilibrando o ecossistema da região. Espera-se que a partir da
pesquisa desenvolvida, os responsáveis pela extração, possam despertar para os impactos
ambientais e, a partir de então, procurar seguir as Leis Ambientais vigentes no município já
mencionado, procurando seguir medidas necessárias para a proteção ambiental.
Palavras Chaves: Impactos Ambientais, Areais Clandestinos, Leis Ambientais, Proteção
Ambiental.
VI
Abstract
The irregular extraction of sand, for the building, has become, in the last years, one of
the main causes of environmental degradation in several areas of Brazil. The objective of this
work is to identify and to analyze the environmental impacts caused by small and big
companies, in the extraction of sand in the district of Maria Quitéria, situated in the city of
Feira de Santana, state of Bahia. The research was developed from bibliographical research on
the theme, associated to visits to the community, describing, photographing and interviewing
the residents so that a diagnosis could be accomplished. It was identified current impacts from
extraction areas related to physical and biological aspects, such as, erosion, loss of the
vegetation, contributing to accelerate the degradation of the studied area. It is expected that
the developed research, could improve the responsibility of the local people in relation to
environmental impacts forcing them, to follow the effective Environmental Laws in the
municipal district and then follow necessary measures for the environmental protection.
Keywords: environmental protection, environmental impacts, environmental laws.
VII
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
1 – INTRODUÇÃO 10
1.1 – JUSTIFICATIVA 12
1.2 – OBJETIVOS 13
1.2.1 – Geral 13
1.2.2 – Específico 13
1.3 – ESTRATÉGIA METODOLÓGICA 14
1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO 16
CAPÍTULO 2
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
2.1 – IMPACTO AMBIENTAL 17
2.2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 18
2.3 – SUSTENTABILIDADE 19
2.3.1 – Construção Civil Sustentável 20
2.4 – AGENDA 21 20
2.5 – ENGENHARIA AMBIENTAL 21
2.6 – CONSTUÇÃO CIVIL GERADORA DE IMPACTOS 22
2.7 – CONSTRUÇÃO CIVIL E LEIS AMBIENTAIS EM FEIRA DE 25
SANTANA
2.8 – AREIA 26
CAPÍTULO 3
3 – RESULTADOS 28
CAPÍTULO 4
4 – DISCUSSÃO 33
MEDIDAS MITIGADORAS 34
IX
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 Mapa de localização da área estudada 15
FIGURA 02 Visão da área de extração de areia na chácara nº 01 28
FIGURA 03 Colonização da planta arbustiva Acácia Jerema (Planta Nativa), em área
abandonada pela extração. 29
FIGURA 04 Colonização por gramíneas e outras espécies de vegetação rasteira 30
FIGURA 05 Visão da terceira chácara. Observe a formação de uma poça e do acúmulo de
umidade, favorecendo o desenvolvimento de plantas forrageiras 30
FIGURA 06 Chácara 01, em área não atingida pela extração de areia 31
FIGURA 07 Chácara 01, depois da extração de areia 31
10
CAPÍTULO 1
1. Introdução
A interferência antrópica no ambiente tem provocado uma série de modificações
ambientais, que têm sido denominadas genericamente de impacto ambiental. Várias são as
definições encontradas para esse termo. A Resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) nº 001/86 define o impacto ambiental como toda alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam a
saúde, o bem estar da população e a qualidade do meio ambiente.
Com relação à construção civil, os impactos gerados são os mais diversos. A
ineficiência da fiscalização para impor uma política ambiental, assim como a não
conscientização por parte da sociedade, ao longo dos anos, tem trazido prejuízos imensuráveis
para o meio ambiente, tornando-o cada vez mais degradado.
A construção civil contribui significativamente para a degradação ambiental, como por
exemplo, o acúmulo de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) próximo a encostas e
margens de rios, córregos e até mesmo na malha urbana. A parcela de contribuição para o
desgaste e poluição ambiental causados pelo setor da construção civil é ainda muito grande e
cada vez mais crescente no Brasil e no mundo.
As edificações que vencem o seu tempo de vida útil sempre necessitarão de reformas
e/ou demolições. Um grande percentual de materiais enviados para aterros sanitários leva ao
esgotamento dos mesmos e, além disso, a necessidade da utilização de agregados naturais
vem se tornando bastante difícil e com maior custo econômico. Esses últimos se constituem
em importante item no ambiente físico em que está inserida a sociedade.
A demanda da sociedade tem provocado uma redução dos recursos naturais e, devido a
isso, tem sido cada vez mais freqüente a preocupação com a organização de programas que
planejem um crescimento econômico equilibrado com a conservação e manejo sustentável do
meio ambiente.
A extração de jazidas de areia também é uma das grandes preocupações, não
exclusivamente dos ambientalistas, mas também do setor da construção civil que já vem
sentindo efeitos negativos devido a falta de controle e de técnicas mais elaboradas,
negligenciando, desta forma, as regras que deveriam ser cobradas pela fiscalização.
O esgotamento de jazidas próximas dos grandes centros urbanos, como São Paulo, por
11
exemplo, tem levado muitas construtoras a buscarem insumos em outros locais com distâncias
de até 100Km (JOHN, 2001), o que resultam em um aumento de custo para a construção.
Na região do Nordeste do país, a extração irregular de areia mineral também não é
diferente das demais regiões. Em Feira de Santana, na Bahia, a extração de areia é realizada
de forma indiscriminada. Além disso, poucos locais são licenciados ambientalmente para
explorar as jazidas que restam. A conseqüência disso leva a existência de áreas clandestinas
esgotadas onde fenômenos naturais como erosão, voçorocamento, desmatamentos, dentre
outros, evidenciam os prejuízos naturais causados ao meio ambiente (JOHN, 2001).
A partir desse contexto, os impactos ambientais, causados pela extração inadequada de
areia no Distrito de Maria Quitéria e utilizada como matéria-prima na construção civil,
principalmente em Feira de Santana, Bahia, serão estudados com a finalidade de descrever os
fatores causadores de degradação, assim como as conseqüências ocasionadas pelos mesmos.
12
1.1 Justificativa
Em território brasileiro, várias são as áreas de extração de areia e outros agregados
naturais, que estão ou estiveram em atividade durante muito tempo, e que têm provocado uma
degradação ambiental significativa.
Um bom exemplo é a extração da areia de dunas do Nordeste brasileiro que, mesmo
sendo inadequada para a construção civil, é utilizada para estes fins, ocasionando um grave
problema ambiental (DIAS, 2003).
Em Feira de Santana, a extração de areia para a construção civil, vem sendo realizada
de forma desordenada, provocando desmatamento e formando as áreas suscetíveis a erosão.
Através da pesquisa bibliográfica, das observações de campo e dos fatos relatados por
pessoas (cerca de 15 pessoas) que moram nas vizinhanças de antigas extrações, observa-se a
importância de elaborar um estudo diagnóstico, para que medidas mitigadoras possam ser
implementadas. A não realização desses estudos pode ocasionar danos irreversíveis ao meio
ambiente.
13
1.2 Objetivos
- Geral
Identificar os impactos ambientais causados pela extração de areia na região de Feira de
Santana, no distrito de Maria Quitéria na localidade de Mangueira.
- Específicos
Identificar os tipos de impactos físicos e bióticos
Identificar o uso e destino do material extraído
Apontar algumas medidas mitigadoras.
14
1.3 Estratégia Metodológica
1.3.1 Pesquisa Bibliográfica
Foram levantados livros, artigos e trabalhos apresentados em congressos que abordem
temas relacionados à utilização e/ou extração de areia para uso na construção civil.
Esses trabalhos servirão para subsidiar o embasamento teórico acerca de temática da
presente pesquisa.
1.3.2 Estudo de campo:
Esse estudo serviu para a observação das áreas impactadas, do processo de extração e
para entrevistar os moradores da região. Com os dados levantados, foi realizado um
diagnóstico do ambiente e sua relação com a extração ilegal de areia no Distrito de
Maria Quitéria. Adicionalmente, foi feita uma documentação fotográfica para registrar
o estado atual da área degradada.
1.3.3 Tratamento dos dados:
A partir dos dados levantados em campo e do referencial teórico, foi feita uma análise,
no sentido de gerar informações que contribuam para a discussão e conclusões dos
problemas observados.
1.3.4 Redação da Monografia
1.3.5 Área estudada
O Distrito de Maria Quitéria possui 19.889 habitantes, de acordo com o censo (2000) e
tem sua sede distante aproximadamente 11 km do centro urbano da cidade de Feira de
Santana. O local estudado fica a 5 quilômetros da sede do distrito de Maria Quitéria e
próximo a Lagoa Grande de São José. A vegetação esparsa, clima quente e úmido
(Prefeitura de Feira de Santana, 2008).
A população vive basicamente da agricultura e da pecuária de caprinos e ovinos para
subsistência.
16
1.4 Estrutura do Trabalho
Cinco capítulos organizam este trabalho de Conclusão de Curso.
O primeiro capítulo é composto por introdução, objetivos, área de estudo, justificativa
e estratégia metodológica.
No segundo capítulo, será feita uma revisão bibliográfica com o objetivo de mostrar o
estado da arte acerca de temas relacionados aos impactos ambientais provocados pela
construção civil.
No terceiro capítulo serão apresentados os resultados do trabalho desenvolvido.
O quarto capítulo compreende a discussão.
O quinto capítulo é dedicado à conclusão do trabalho.
17
CAPÍTULO 2
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Impacto Ambiental
O impacto ambiental pode ser definido como a alteração no ambiente ou, em algum de
seus componentes, por determinada ação ou atividade humana. Essas alterações precisam ser
quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas,
pequenas ou grandes (JOHN, 2001).
De acordo com a resolução do Conselho Nacional do Maio Ambiente (CONAMA) nº.
001/86, art. 1º, o termo “impacto ambiental” é definido da seguinte maneira: “Para efeito
desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem: a saúde, a segurança e
o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais”.
Estudar os impactos ambientais é avaliar as conseqüências de algumas ações para que
possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução
de certos projetos e ações. Nas palavras de Romeiro (2001)
O monitoramento e a avaliação de impactos ambientais, bem como sua contabilização
econômica, são hoje uma exigência da sociedade para todos os setores de atividade
econômica e em todos os níveis de escala espacial. Existe a preocupação crescente em
saber até que ponto tais impactos comprometem a preservação de equilíbrios
socioambientais fundamentais, preocupação que se traduz na necessidade de
elaboração de indicadores de sustentabilidade (ROMEIRO, op. cit.).
Devido ao rápido desenvolvimento econômico, tem-se observado a necessidade de
explorar cada vez mais os recursos naturais, sem se preocupar com o controle e manutenção
dos mesmos. Por isso, têm sido encontradas grandes áreas impactadas ou até mesmo grandes
porções de estados ou países extremamente impactados pela exploração desses recursos. A
conseqüência pode ser poluição, uso incontrolado de recursos como água, material mineral
para a construção civil, energia, entre outros.
Segundo Medeiros (1995), a avaliação de impactos ambientais deve ser entendida,
18
antes de tudo, como instrumento preventivo de política pública. Este instrumento se torna
eficiente, quando pode se constituir num elemento de auxílio à decisão, uma ferramenta de
planejamento e concepção de projetos. Isso visa efetivar um desenvolvimento sustentável
como forma de se sobrepor ao viés economicista do processo de desenvolvimento que,
aparecendo como sinônimo de crescimento econômico ignora os aspectos ambientais,
culturais, políticos e sociais.
A construção civil com atividades de extração de matérias primas, construção e
demolição, geram impactos ambientais como: ruído, poeira, poluentes industriais, entulhos,
entre outros. Além de ser o maior responsável pelo consumo de agregados.
2.2 Desenvolvimento Sustentável
A visão linear do modelo de desenvolvimento atual tem como premissas: um
suprimento inesgotável de energia, matéria e, uma capacidade infinita do ambiente em
reciclar matéria e absorver resíduos (BRAGA et al 2006). Se entendermos que a Terra é um
planeta fechado, onde há troca de energia com o espaço, mas não havendo troca de matéria,
percebemos que,
pelo fato da quantidade de matéria em um sistema fechado ser fixo e finito,
os recursos minerais neste planeta são tudo o que nós temos e, para um futuro
não muito próximo, tudo o que teremos. Isso implica que, encontrar maneiras
de reciclar material em grande escala e, de um modo que não agrida o meio
ambiente e, seja economicamente viável, serão absolutamente necessários
(Lima 2001, p. 3).
Diante desse comportamento, o atual modelo de crescimento econômico tem gerado
enormes desequilíbrios por conta do consumo excessivo dos recursos naturais que, de forma
direta, atua degradando o sistema ambiental. Se por um lado, nunca houve tanta riqueza e
fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam
dia a dia. Diante disso, surge a idéia do desenvolvimento sustentável, buscando conciliar o
desenvolvimento econômico com a sustentabilidade do meio ambiente e ainda, com fim da
pobreza no mundo.
Os cuidados com o meio ambiente têm que ser entendidos como parte integrante do
processo de desenvolvimento, e não pode ser considerado isoladamente, visto que todo
sistema produtivo depende, direta ou indiretamente, dos recursos naturais. “Nenhuma
sociedade pode atingir o desenvolvimento sustentável sem que a construção civil, que lhe dá
19
suporte, passe por profundas transformações” (JOHN, 2001, pág. 29).
A construção civil é responsável por grandes suportes causados ao meio ambiente, não
só pela extração de matéria prima como também pela produção de materiais, construção e
demolição.
“Os elementos chave do desenvolvimento sustentável relacionam-se diretamente às
necessidades humanas e à limitada capacidade ambiental de satisfazer essas necessidades,
tanto no presente quanto no futuro” (ROMEIRO, 2001, pág. 183).
Por sua vez, a construção civil tem se preocupado em melhorar a qualidade de vida,
levando em consideração a proteção ao meio ambiente, através de políticas como reciclagem
de resíduos gerados por ela, e sustentabilidade dos recursos naturais, tais como, água e
materiais rochosos.
2.3 Sustentabilidade
A sustentabilidade, como capacidade de sustento, começou a ser discutida a partir do
início do século XX, embora o aprofundamento do conceito fortaleceu-se a partir da década
de 1960, quando surgiu o conceito de sociedades sustentáveis, mais adequado que
“desenvolvimento sustentável que tende a biologizar a desigualdade social” (Alier, 1998 p.
95). A partir da criação do Clube de Roma em 1968, estabeleceram-se discussões sobre a
degradação do ambiente que, culminaram com a publicação do relatório Os Limites do
Crescimento em 1972 na Conferência de Estocolmo. Esta conferência recomendou a
realização de discussões intergovernamentais sobre educação ambiental como processo
decisivo na busca por uma reorientação dos padrões de produção e consumo (Dias 2003).
Apesar disso, o posicionamento político de alguns governantes, têm impedido um avanço
maior das novas idéias, como foi demonstrado na Rio+10 realizada na África do Sul, onde a
maior economia do planeta, os estados Unidos da América, não assinou o Tratado de Kyoto.
De acordo (BRASIL, 2007), a sustentabilidade tem suas raízes fincadas na ecologia e
está associada à capacidade de recomposição e regeneração dos ecossistemas. Esta visa
promover o melhor para a sociedade e para o ambiente tanto agora como para o futuro. Além
disso, são consideradas as seguintes dimensões de sustentabilidade: sustentabilidade
ecológica, ambiental, social, política e econômica. Essas dimensões atuam no sentido de
reconhecer os recursos existentes e as inter-relações com as respectivas cadeias produtivas e
as pressões antrópicas em que as mesmas estão sujeitas (BRASIL, 2007).
20
2.3.1 Construção Civil sustentável
A construção civil no que se refere à busca da sua sustentabilidade e a mudança de
práticas e métodos ultrapassados, tem se fortalecido no cenário global.
Com uma nova tendência a construção civil que, em anos passados não se considerava
causadora de grandes impactos ambientais, hoje com uma nova tendência, faz uso de
materiais ecologicamente corretos e eficientes, além de soluções tecnológicas inteligentes
para promover o bom uso e a economia de recursos como água e energia elétrica.
Uma das maiores iniciativas brasileira foi a criação do Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCS), com o objetivo de integrar boas práticas de sustentabilidade
e promover o desenvolvimento sustentável.
2.4 Agenda 21
A Agenda 21 é um programa de ação criado, durante a Rio 92, para promover um
macro padrão de desenvolvimento, unindo métodos de proteção ambiental, justiça social e
eficiência econômica. É um plano para ser adotado global, nacional e localmente, em todas as
áreas em que o meio ambiente é impactado pelas ações do homem. O programa recebeu
contribuições de governo e instituições da sociedade civil de 179 países, tendo a função de
servir como base para que cada um desses países elabore e implemente sua própria Agenda 21
nacional (RITZ, 2007).
A Agenda 21 traduz, em proposta concreta, a idéia segundo a qual, desenvolvimento e
meio ambiente constituem um conjunto de partes interligadas que não se separam e, como tal,
deve ser incorporado às políticas e às práticas sociais de todos os países (BRASIL, 2007).
O processo de planejamento da Agenda 21 se dá através da análise da situação atual de
um estado, país, município de forma que se tenha um futuro baseado na sustentabilidade.
No Brasil, a Agenda 21 determina estratégias e linhas de ação cooperadas ou
partilhadas entre a sociedade civil e o setor público com o objetivo de avaliar os fatores e as
potencialidades para instituir um modelo de desenvolvimento sustentável no país (BRASIL,
2007).
Segundo Marina Silva (2007, site do ministério do meio ambiente), Ministra do Meio
Ambiente, a Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomendações sobre
21
como as nações devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos
sustentáveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade.
2.5 Engenharia Ambiental
Dentre as diversas áreas do conhecimento que tem relação com as questões ambientais
destaca-se a Engenharia, pela sua capacidade de diagnosticar, equacionar e resolver
problemas. No conceito mais amplo, a Engenharia Ambiental é “um ramo da engenharia que
estuda os problemas ambientais de forma integrada nas suas dimensões ecológicas, social,
econômica, tecnológica, com vista a promover um desenvolvimento sustentável” (wikipédia,
a enciclopédia livre).
No Brasil, a Engenharia Ambiental obedece aos conceitos adotados nos demais países
do mundo e uma de suas principais atribuições é o levantamento e a redução dos danos
ocasionados pelo ser humano. Tais danos culminaram na chamada “crise ambiental”, que
segundo pesquisadores da área foi provocada por três fatores diretamente relacionados: o
aumento populacional, o aumento da demanda de recursos naturais e o aumento da poluição
ambiental (JOHN, 2001).
O surgimento de graves problemas ambientais, refletindo sobre o próprio homem, fez
com que este procurasse compreender melhor os fenômenos naturais e entender que deve agir
como parte integrante do sistema natural. Infelizmente, a população não foi ainda,
suficientemente trabalhada, no que diz respeito à conscientização e continua provocando
mudanças drásticas nos ecossistemas.
A natureza tem grande capacidade de recuperação e seus recursos proporcionam ao
homem uma qualidade de vida satisfatória. Mas, essa capacidade é limitada e por isso muitas
vezes, um recurso natural degradado não tem condições de voltar as suas características
originais, causando além da destruição dos seus componentes, sérios danos à vida, e
conseqüentemente, ao ser humano.
O homem faz uso dos recursos naturais para atender suas necessidades biológicas e
desenvolver suas atividades retirando deles a água, alimentos, matéria prima para execução de
seus móveis, abrigo, utensílios e outros. Nesse mesmo meio de onde ele retira os bens para
sobrevivência, ele lança resíduos decorrentes do seu organismo ou resultantes de suas
atividades, na formas sólidas, gasosas, líquida ou de energia (MOTTA, 1995).
Essas atividades do homem provocam alterações nos meios físico, biológico e
22
antrópico. Diante disso, a Engenharia Ambiental tem o objetivo de estudar os problemas
ambientais adotando o conceito de sustentabilidade para propor soluções. De acordo com esse
conceito a utilização dos recursos naturais deve ser feito de forma eficiente, atendendo as
necessidades atuais, e preservando-os para as futuras gerações.
2.6 Construção Civil geradora de Impactos
A questão ambiental é de grande importância, profundidade e alcance social, não
perpassa apenas pela satisfação dos usuários diante de um produto específico, mas o futuro da
humanidade a longo prazo, e a qualidade de vida a curto e médio prazo. Portanto deve-se ter
um olhar mais voltado às conseqüências causadas pelas transformações no ambiente natural.
As atividades de engenharia, talvez mais do que outras, estão bastante
relacionadas com o meio ambiente. Nas suas diversas especialidades os
engenheiros são responsáveis por alterações no ambiente natural, podendo
causar, se não houver um adequado controle, inúmeros problemas (MOTA,
1997 p. 272,).
Qualquer área inserida, ou não, no mercado necessita de um ambiente que seja
construído de forma adequada para aplicação de suas atividades, e os produtos da construção
civil são sempre de grandes dimensões, apresentando importantes impactos ambientais em
todas as fases de seu processo. Logo, “qualquer sociedade preocupada seriamente com essa
questão deve colocar o aperfeiçoamento da construção civil como prioridade” (JOHN, 2001).
O ambiente natural começa a ser modificado com a implantação de obras civis
transformando-o em edificações, ruas, estradas, aeroportos, áreas irrigadas, reservatórios de
água, e tantos outros ambientes artificiais. Em conseqüência dessas modificações algumas
atividades como desmatamento, impermeabilizações do solo, movimento de terra, alterações
no armazenamento e escoamento das águas, podem ocasionar sérios impactos ambientais.
“Todas as atividades dos diversos ramos da engenharia são feitas, obviamente, visando
à melhoria das condições de vida da população. Para isso, tem sido desenvolvido todo o
esforço do homem, objetivando aperfeiçoar métodos e técnicas” (MOTA, 1997 p. 273).
Nas próximas décadas os investimentos estarão voltados para a questão ambiental, já
que na anterior tais investimentos foram direcionados à qualidade, ficando conhecida como
“década da qualidade”. Nota-se que em conseqüência dessa nova ordem de valorização
ambiental, os países desenvolvidos e os em desenvolvimento já começaram a sentir os efeitos
das agendas nacionais de desenvolvimento sustentável (JOHN, 2001).
23
O impacto ambiental da atividade direta da construção civil, no Brasil, começa a ser
considerado, tornando de suma importância a evidência dos efeitos da agenda ambiental nesta
área.
As práticas relacionadas à prevenção são vistas como as mais eficazes, com a
finalidade de tornar o ambiente mais adequado à sobrevivência humana. Dentro do contexto
de desenvolvimento sustentável, a sustentabilidade do ambiente não implica apenas em
proteção aos ecossistemas naturais e, a preservação de ecossistemas, não mais se opõe
frontalmente à noção de desenvolvimento.
Atualmente estamos vivendo um desenvolvimento longe de ser sustentável, pois se
verifica o grande descaso com o ambiente. Diante dessa situação é indispensável que o
engenheiro esteja consciente da importância de proteger o ambiente, na realização de suas
atividades.
É claro que, em todas as suas ações, haverá sempre necessidade de alterar o
ambiente natural. No entanto, isso pode ser feito de forma ordenada, adotando-se
cuidados, de modo a minimizar os impactos ambientais negativos (MOTA, pág.
273, 1997).
Hoje, um fator significativo na área da construção civil é o consumo de matérias
primas não renováveis, que crescem, na mesma proporção do crescimento da economia e da
população. A síntese dessa grande quantidade de materiais exige a extração gradativa de
matérias primas naturais, dadas as perdas e resíduos do processo. “Estima-se que a construção
civil utiliza algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade”
(SJOSTROM, 1992).
Verifica-se que as grandes reservas potenciais desses materiais têm entrado em
escassez, especialmente aqueles que se encontram juntos dos grandes centros. Dessa forma
corre-se um risco de esgotar as reservas de recursos naturais, visto que a ação extrativa destrói
e gera sérios danos na fauna e na flora.
Em face a tantos problemas perceptíveis ao meio ambiente, conceitos como
“desmaterialização” da produção, ou seja, diminuição do consumo de materiais e matérias
primas naturais para a produção de um mesmo bem, tem sido propostos.
A construção civil tem sua atuação em todas as regiões do planeta, estando presente
em todas as áreas ocupadas pelo homem, quer seja no campo ou na cidade e até mesmo entre
os povos das florestas. “De maneira geral o impacto da construção civil é proporcional a sua
tarefa social” (JOHN, 2002).
O maior desafio da construção civil é atuar na melhoria e na ampliação do ambiente
24
construído com o emprego de um volume proporcionalmente inferior de recursos naturais Isso
se torna um desafio mais relevante para os países desenvolvidos, onde se constrói uma maior
quantidade de bens.
Na atividade de canteiro da construção civil é gerado, durante a manutenção e a
demolição, resíduos na produção de materiais. Estes representam uma significativa parte do
lixo produzido nas grandes cidades.
A deposição irregular dos resíduos da construção e demolição (RDC) gera efeitos na
qualidade ambiental, pois os mesmos podem conter resíduos perigosos como óleos, adesivos,
sulfatos provenientes da dissolução do gesso, biocidas incorporados em madeiras tratadas,
além de muitas vezes atingirem o lençol freático poluindo a água, tornando-a tóxica. Isso
acarreta grandes parcelas de custo para os municípios.
Diante disso é necessária uma reorganização em nível de projetos para que haja um
planejamento mais adequado, evitando desperdício, uso de tecnologia inadequada e super-
dimensionamento da construção, minimizando as perdas e necessidade de trabalho.
As estimativas da participação da construção civil no consumo global de recursos
naturais, no Brasil, são escassas, considerando que aqui é produzida uma quantidade
significativa de cimento Portland por ano. Esse material se constitui em outra importante
fonte de poluição.
A fabricação do cimento Portland e cal implicam na calcinação do calcário, liberando
grandes quantidades de gás carbônico (JOHN, 2002), que é o principal gás responsável pelo
efeito estufa.
O buraco na camada de ozônio aumenta a taxa de radiação ultravioleta no terreno,
tendo efeito na velocidade de degradação dos plásticos. Outro fato que causa a degradação
dos materiais de construção, metálicos e não metálicos, é provocado pela concentração de
SO2, NO3 e O3 na atmosfera.
Analisando de forma geral, a noção de desenvolvimento sustentável vai afetar
significativamente o conceito de engenharia. Tradicionalmente, a engenharia desenvolve
soluções de desempenho técnico adequado, dentro de prazos razoáveis e ao menor custo. A
incorporação do paradigma de desenvolvimento sustentável vai exigir que as soluções de
engenharia também demonstrem um impacto ambiental aceitável.
O projeto de uma obra vai exigir a avaliação dos múltiplos aspectos ambientais
envolvidos, durante todo o ciclo de vida. Seleção de materiais de acordo com a agenda
ambiental local, economia de energia, uso racional da água, reciclagem de resíduos,
tratamento de dejetos, preservação da paisagem e outros aspectos, serão incorporados na fase
25
de projeto.
Este ciclo fechado vai implicar necessariamente maior volume de reciclagem na
construção civil, especialmente de seus próprios resíduos. Atualmente, a cadeia produtiva da
construção civil já é a principal recicladora da economia, especialmente em razão da
reciclagem realizada pela indústria do cimento e pela indústria siderúrgica.
Adicionalmente, será necessária a redução da intensidade de uso de matérias-primas
na construção (JOHN, 2001).
2.7 Construção Civil e Leis Ambientais em Feira de Santana
O código do meio ambiente, Lei Complementar 1612/92 Art. 2º, a Política do meio
ambiente do município de Feira de Santana objetiva manter o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, visando assegurar a qualidade ambiental propícia à vida, atendida as
peculiaridades locais e em harmonia com o desenvolvimento social e econômico através da
preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente.
Deve-se explorar e utilizar racionalmente os recursos naturais de modo a não
comprometer o equilíbrio ecológico.
A atividade de extração mineral, caracterizada, como utilizadora de recursos naturais e
considerada efetiva ou potencialmente poluidora e capaz de causar degradação ambiental,
depende de licenciamento ambiental, qualquer que seja o regime de aproveitamento do bem
mineral, devendo ser procedido, do projeto de recuperação a área a ser degradada que será
examinado, pela Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente para obter
aprovação (Art. 131, Lei Complementar nº1612/92, Código do Meio Ambiente).
Atualmente em Feira de Santana, poucas empresas da Construção Civil têm
licenciamento ambiental para exploração dos recursos minerais. Com isso, existem grandes
ocorrências de áreas exploradas ilegalmente e ambiente totalmente degradado, já que muitas,
mesmo sem autorização, se sentem no direito de utilizar esses bens. Estes que não cumprem a
lei estão sujeitos a penalidades.
Segundo o Código do Meio Ambiente Lei complementar 1612/92 em seu Art.146,
constitui infração, para os efeitos desta Lei Complementar, qualquer ação ou omissão que
caracterize na inobservância de seus preceitos, bem como das normas regulamentares e
medidas diretivas dela decorrentes. Responderá pela infração quem a cometer, incentivar a
sua prática ou dela se beneficiar.
26
2.8 Areia
A utilização dos agregados naturais se faz presente desde a civilização dos antigos
Incas na construção de estradas, e hoje tem sido aplicados em diversas obras de engenharia:
fundações, edificações, pavimentações, pontes, monumentos, entre outras (BOBROWSKY,
1989, apud Silva et al 2005).
Os agregados estão divididos em dois grupos, agregados miúdos e agregados graúdos.
A NBR 7211/83 específica de agregados para concreto, define agregado miúdo como uma
areia de origem natural ou resultante do britamento de rochas estáveis ou mistura de ambas,
cujos grãos passam pela peneira ABNT 4.08mm e ficam retidos na peneira da ABNT
0.075mm. Já os agregados graúdos ela define como sendo pedregulhoso ou a brita
proveniente de rochas estáveis ou mistura de ambos, cujos grãos passam pela peneira de
malha graduada com abertura nominal de 152mm e ficam retidos na peneira ABNT 4.8mm.
Atualmente, utilizam-se os agregados como materiais de construção que contribuem
para a produção de um concreto mais econômico, observando vantagens técnicas
consideráveis, que passa a ter maior estabilidade dimensional e melhor durabilidade do que a
pasta de cimento pura (NEVILLE, 1997).
Pode ser observado, na sociedade atual, que a areia é essencial para grandes
construções. Mas são grandes os impactos causados pela extração desse material.
Independente da tecnologia utilizada, a extração de areia é sempre uma atividade danosa ao
meio ambiente. Os principais danos são: retirada da cobertura vegetal, erosão, assoreamento,
alteração da paisagem, presença de covas abandonadas pela extração, poluição visual e sonora
e diminuição da pressão sobre os lençóis de águas subterrâneas. Sabe-se que a camada de
areia funciona como filtro físico e biológico para as águas subterrâneas e que, por isso, sua
retirada representa a diminuição destas importantes funções no ecossistema local.
“É necessário tratar o solo como algo que possui vida e saber que sua „morte‟ ou
degradação significará baixa produtividade agrícola, surgimento de parasitas, secas, fome,
miséria e decadência de um povo” (CAMPOS, 1994).
A exploração dos recursos naturais de forma empresarial é cada vez mais intensa, afim
de atender as necessidades de matéria prima, principalmente o da construção civil.
A construção de edificações, a execução da pavimentação, resulta na transformação de
um solo que antes era permeável numa superfície impermeabilizada, causando grandes
implicações no escoamento das águas.
Nas condições naturais de um terreno a menor quantidade de água precipitada escoa
27
sobre a superfície e a maior parte infiltra-se. Com o desmatamento e o aumento da superfície
construída ou pavimentada, essa situação se inverte, havendo o aumento do volume de água
escoada.
Nas grandes cidades, observa-se que precipitações pluviais, mesmo de portes
pequenos ou médios, provocam problemas de enchente em muitos trechos, ocasionando danos
materiais e sociais. Mesmo desenvolvendo sistema de drenagem para determinadas
contribuições de água, os mesmos são ultrapassados devido à impermeabilização gradual do
solo.
28
CAPÍTULO 3
3. Resultados
Através da aplicação das técnicas de observação e questionário (em anexo) na
comunidade de Mangueira, no Distrito de Maria Quitéria, em Feira de Santana, foi possível
elaborar algumas medidas mitigadoras para combater a excessiva extração de areia, nesta
região.
Percebeu-se que a extração foi feita de forma irregular e desordenada, não atendendo a
Lei Complementar nº1612/92 Art. 131, que diz: “... deve-se explorar e utilizar racionalmente
os recursos naturais de modo a não comprometer o equilíbrio ecológico”.
Na chácara 01, foi tentada a recuperação do campo utilizando capim brachiaria para
recompor o pasto, mas segundo o próprio morador e como pode ser visto na Figura 02, não
foi obtido êxito.
Figura 02: Visão da área de extração de areia na chácara nº 01
A região estudada apresenta declividade relativamente elevada e, a retirada das
espécies de pequeno e médio porte da parte superior do terreno, para a extração da areias
expôs o terreno ao impacto direto das águas pluviais, além de aumentar o fluxo de superfície,
29
durante as chuvas.
Isso ocasionou a remobilização de sedimentos acelerando os processos erosivos e de
compactação do solo. Devido a isso, não foi possível o sucesso da tentativa de minimizar os
impactos causados para aquela área, pois desta, foram suprimidos componentes essenciais
para manutenção de suas funções ecológicas.
Os trabalhos de campo revelam uma disparidade muito grande entre as áreas
desmatadas e as que possuem vegetação natural.
Nas partes mais baixas do terreno onde se acumulam as águas da chuva e alguns
materiais orgânicos, percebe-se o nascimento de algumas espécies, principalmente a chamada
Acácia jerema, uma planta nativa (Figura 03).
Figura 03: Colonização da planta arbustiva Acácia Jerema (Planta Nativa), em área
abandonada pela extração.
Apesar da revegetação, aparentemente natural, de algumas áreas, a maior parte do
terreno explorado permanece sem vegetação, ou com a colonização por gramíneas e arbustos
esparsos.
Na segunda chácara visitada, segundo os moradores, nenhuma tentativa de
recomposição vegetal e manejo do solo foram feitos. Esta chácara está também localizada em
uma área de declive acentuado, onde a água da chuva promove o transporte de sedimentos
acumulando-os nas partes baixas do terreno, proporcionando assim o crescimento de algumas
30
espécies de plantas forrageiras (Figura 4).
Figura 04 – Colonização por gramíneas e outras espécies de vegetação rasteira.
Na terceira chácara visitada, a situação é similar, as tentativas de recuperação da área
não foram feitas. Porém o fato de ter sido extraído a areia em grande escala, além da
construção de uma barragem de terra, proporcionou a formação no local, um reservatório que
possibilita o acúmulo de água durante o período chuvoso. No entanto, a disponibilidade de
forragem não é suficiente para a quantidade de animais presentes no local, tal como mostra a
Figura 05.
Figura 05: Visão da terceira chácara. Observe a formação de uma poça e do acúmulo de
umidade, favorecendo o desenvolvimento de plantas forrageiras.
31
É notório o contraste das áreas onde existe a paisagem original (Figura 06), em relação
àquelas onde houve a extração de matéria mineral para a construção civil (Figura 07). Nas
áreas onde ocorreu extração é a vegetação que se estabelece não reflete a vegetação original
em sua totalidade, já que algumas espécies conseguem se desenvolver mais prontamente do
que outras.
Figura 06: Chácara 01, em área não atingida pela extração de areia.
Figura 07: Chácara 01, depois da extração de areia.
32
Vale lembrar que o último período que se têm registros de extrações nos locais citados
foi a cerca de seis anos atrás e que a quantidade de areia removida, por chácara, foi de
aproximadamente 12000 m³, utilizada na construção civil. Contudo, até a data dos registros
fotográficos, fevereiro de 2008, nenhum dos fiscais da secretaria de desenvolvimento urbano
e meio ambiente se apresentou ao local.
Portanto, é perceptível o quanto tem crescido os areais clandestinos e a negligência da
fiscalização em não manter o controle dos mesmos, além da ausência do governo municipal.
33
CAPÍTULO 4
4. Discussão
A mineração é, sem dúvida, uma atividade indispensável à sobrevivência do homem
moderno, pois a sua importância se abrange por praticamente todas as atividades humanas;
das mais básicas como, habitação, construção, saneamento, transporte, agricultura às mais
sofisticadas como tecnologia de ponta nas áreas de comunicação e medicina (DIAS, 2003).
Apesar disso, a falta de critério para a exploração, bem como, a não observância das leis que
dispõem a respeito dessa temática, têm provocado impactos ambientais significativos.
Na localidade de Mangabeira, distrito de Maria Quitéria, no município de Feira de
Santana, a exploração de areias ocasionou modificação da paisagem, desequilibrando as
interações ecológicas daquele lugar. As observações de campo revelaram um baixo poder de
recuperação, apesar de algumas tentativas da comunidade local em plantar gramíneas na
chácara 01.
Na chácara 02 nenhuma tentativa foi feita. Apesar disso, uma mudança na declividade
do terreno, ocasionou, nas partes mais baixas, a ocupação de uma pequena cobertura de
gramíneas e a formação de uma poça que se acumula água em período chuvoso. A retenção da
umidade acaba por facilitar o desenvolvimento de uma vegetação, que pode não ter a
diversidade da vegetação que ocupava a área, antes da exploração das areias.
Já na chácara 03, houve a tentativa de construção de barragens de terra para acumular
as águas pluviais. Inicialmente, a barragem foi construída com o intuito de acumular água
para uso da população. Hoje, essa barragem é utilizada para uso dos animais.
Adicionalmente, a extração dos sedimentos para a construção civil, implica na retirada
e, conseqüentemente desorganização dos horizontes do solo, da região, desfazendo o trabalho
que os processos de formação do solo (pedogênese), levam muito tempo para desenvolver.
A exploração de areias para a construção civil apresenta-se como um desafio para o
conceito de desenvolvimento sustentável, uma vez que é retirado da natureza, recursos
naturais que não se renovam. Devido a isso, a atividade mineral é também um desafio para os
organismos ambientais, pois se caracteriza como o setor que mais demanda pedidos de
licenciamento ambiental na maioria dos Estados Brasileiros (DIAS, 2003).
Em Feira de Santana, esse licenciamento, atualmente, é cedido a um pequeno grupo de
empresas. Diante disso, a população faz a retirada desse material sem nenhuma autorização
dos órgãos que legislam e executam as leis. Em contra partida, a fiscalização negligencia o
34
seu papel de aplicar as leis, multar e auxiliar em uma recomposição vegetal.
Segundo Morais (2000), antes de se decidir qual ação deve ser tomada para se
restaurar um ambiente degradado é necessário entender, antes de tudo, o que causou sua
degradação e por que essa área não se regenera naturalmente. “A degradação é caracterizada
pela diminuição da resiliência e a perda da estabilidade do ecossistema, ou seja, pela
eliminação ou diminuição dos meios de propagação (inexistência de sementes, por exemplo)
no local” (MORAIS, op. cit).
A recuperação de áreas degradadas é o resultado da aplicação de técnicas de manejo
visando tornar uma área degradada apta para um novo uso produtivo.
A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a
uma forma de utilização, de acordo com um plano pré-estabelecido
para o uso do solo, visando a obtenção de uma estabilidade do meio
ambiente.
Dec. Federal 97.632/89 (Art. 3o).
Diante da realidade encontrada nas áreas visitadas, se faz necessário que algumas
medidas possam ser tomadas para minimizar e ou recuperar as áreas exploradas, com o intuito
de homogeneizar os impactos visuais e permitir que a flora original possa ser, de alguma
forma, restabelecida.
MEDIDAS MITIGADORAS
O texto que se segue foi baseado em MACEDO (1993) e CASTRO (2001).
Normalmente a vegetação existente no inicio da mineração é eliminada no começo das
atividades. Retira-se qualquer material com valor comercial, como a madeira, para depois
remover completamente a cobertura vegetal. Depois disso, remove-se todo material orgânico
para depois ser retirado a areia para uso na construção civil.
Esse material orgânico é armazenado e misturado com a vegetação do mesmo local,
convertida mecanicamente em cobertura morta. O solo pode ser amontoado em camadas de
terra de até 1,5 metros de altura e de 3 a 4 metros de largura, com qualquer comprimento. Este
solo armazenado deve ser protegido dos raios solares com cobertura de palha.
Antes da reposição do solo orgânico que tinha sido armazenado, a superfície do
depósito a ser recuperado deverá ser escarificada em curvas de nível a uma profundidade de
pelo menos 1 metro para atenuar a compactação. Depois da aplicação do solo orgânico, a
escavação deverá ser repetida. Para o cultivo de gramíneas, recomenda-se que esses solos
sejam espalhados numa capa de 5 a 8 centímetros. Já para o plantio de árvores ou arbustos, a
profundidade deve ser superior a 30 centímetros.
35
As seguintes medidas devem ser implantadas para assegurar a sobrevivência e o
crescimento da vegetação e melhorar a estética do local recuperado:
Plantar para enriquecer a diversidade de espécies
Controlar a invasão de ervas
Controlar a erosão
Repelir roedores ou outros consumidores de sementes e plantas na fase de
implantação das áreas de recuperação.
Irrigar o local quando necessário
Corrigir a acidez do local e suplementar suas necessidades com fertilizantes
Inspecionar as plantações para evitar o ataque de pragas e tomar as medidas
necessárias a cada caso
Proteger a área contra fogo descontrolado
Após a revegetação com gramíneas e/ou árvores, um segundo plantio é planejado,
em que a mistura e a diversidade de espécies deverão ser aumentadas, criando-se uma
comunidade vegetativa mais permanente. Em áreas recentes de recuperação deve se evitar o
pastoreio, até que a vegetação possa tolerar tal uso.
A erosão pode ser controlada fazendo-se uma escavação manual para restabelecer
drenagem adequada, seguida pelo enchimento do sulco da erosão e seu plantio. As formigas
cortadeiras são controladas com veneno. O controle de ervas daninhas deve ser feito enquanto
as mudas das árvores são muito pequenas, não necessitando mais fazê-lo após o crescimento.
O método de reflorestamento adotado para recomposição de uma área é determinado
a partir da avaliação do grau de perturbação ou de degradação dessa área, levando-se em
conta a tipologia e fisionomia da vegetação remanescente (FADIGAS,2004).
Uma vez que o solo é o suporte dos ecossistemas e das atividades humanas sobre a
terra, seu estudo é imprescindível para o planejamento de um meio ambiente próspero.
Quando se analisa o solo, pode-se deduzir sua, potencialidade e fragilidade como elemento
natural, como recurso produtivo, como substrato de atividades construtivas ou como
concentrador de impactos (SANTOS, 2004).
36
CAPÍTULO 5
5. Conclusão
A atividade de exploração de areia é tida como uma das mais impactantes ao meio
ambiente, haja vista os diversos impactos que geram: degradação visual da paisagem, do solo,
do relevo entre outros (DIAS, 2003).
Diante dos impactos ambientais observados no Distrito de Maria Quitéria, percebe-se
a importância de se preservar o meio ambiente, já que este não é, como pressupõe a visão
linear do modelo de desenvolvimento atual, uma fonte inesgotável.
Os trabalhos de campo revelaram uma exploração feita de forma irregular e
desordenada, o que acarretou modificações significativas na paisagem, como retirada da
vegetação e do solo e, localmente, modificação na topografia do terreno.
Diante desse quadro, é preciso que a Secretaria do Meio Ambiente utilize de
ferramentas como diálogos e trabalhos de educação ambiental, visando despertar a
conscientização da população. É necessário também que as Leis Ambientais de Feira de
Santana sejam apresentadas e que uma fiscalização possa ser efetiva, para que a população se
convença a não praticar violações ao meio em que vive, já que, tais violações retornam para a
própria sociedade.
A construção civil certamente estará inserida numa política mais ampla de
desenvolvimento sustentável. Construir significa modificar o ambiente natural. Restam aos
engenheiros serem bons administradores para que não causem tantos danos ao meio e, com
isso, alcance o maior grau de equilíbrio entre a construção civil e a sustentabilidade do
ambiente.
37
Referências Bibliográficas
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FURB. Santa Catarina, 1998.
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26 SJOSTROM, C. Durability and sustainable use of building materials. In:
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28 www.feiradesantana.ba.gov.br/asp_gerais.htm - Acessado em 21 de março de 2008.
39
Anexo
Questionário aplicado aos moradores da área de extração.
Questionário para monografia – População Maria Quitéria
Nome do morador: _________________________________________
1) Início da exploração
2) Término da exploração
3) Tipo de coleta (extração)
- mecanizada
-manual
4) Destino do material
5) Utilização do material (construção civil, aterro...?).
6) Houve algum período em que a retirada do material foi proibida (embargada)?
7) Havia alguma preocupação com a recomposição da paisagem?