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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE BIOLOGIA EVELINE SOARES MENEZES BUSCA POR ALVO MOLECULAR ASSOCIADO AO PROCESSO DE BIOGÊNESE MITOCONDRIAL EM CÉLULAS PANCREÁTICAS SECRETORAS DE INSULINA CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE BIOLOGIA

EVELINE SOARES MENEZES

BUSCA POR ALVO MOLECULAR ASSOCIADO AO PROCESSO DE BIOGÊNESE

MITOCONDRIAL EM CÉLULAS PANCREÁTICAS SECRETORAS DE INSULINA

CAMPINAS

2018

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EVELINE SOARES MENEZES

BUSCA POR ALVO MOLECULAR ASSOCIADO AO PROCESSO DE BIOGÊNESE

MITOCONDRIAL EM CÉLULAS PANCREÁTICAS SECRETORAS DE INSULINA

Dissertação apresentada ao Instituto de

Biologia da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos

exigidos para obtenção do título de

Mestra em Biologia Funcional e

Molecular, na Área de Fisiologia.

Orientador: LEONARDO REIS SILVEIRA

CAMPINAS

2018

ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

PELA ALUNA EVELINE SOARES MENEZES

E ORIENTADA PELO PROF.DR. LEONARDO DOS

REIS SILVEIRA

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Biologia

Mara Janaina de Oliveira - CRB 8/6972

Menezes, Eveline Soares, 1992-

M524b Busca por alvo molecular associado ao processo de biogênese

mitocondrial em células pancreáticas secretoras de insulina / Eveline

Soares Menezes. – Campinas, SP : [s.n.], 2018.

Orientador: Leonardo dos Reis Silveira.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas,

Instituto de Biologia.

1. Piruvato carboxilase. 2. Células secretoras de insulina. 3.

Mitocôndria - Fisiologia. 4. Insulina - Secreção. I. Silveira, Leonardo dos

Reis, 1970-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de

Biologia. III. Título. Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Molecular target search associated to the process of

mitochondrial biogenesis in insulin secreting pancreatic cells Palavras-chave em inglês: Pyruvate carboxylase Insulin-secreting cells Mitochondria - Physiology Insulin - Secretion Área de concentração: Fisiologia Titulação: Mestra em Biologia Funcional e Molecular Banca examinadora: Leonardo dos Reis Silveira [Orientador] Helena Cristina de Lima Barbosa Sampaio Gabriela Felix Persinoti Data de defesa: 26-03-2018 Programa de Pós-Graduação: Biologia Funcional e Molecular

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Campinas, 26 de março de 2018.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Leonardo dos Reis Silveira (Instituto de Biologia, UNICAMP)

Prof. Dra. Helena Cristina de Lima Barbosa Sampaio (Instituto de Biologia,

UNICAMP)

Dra. Gabriela Felix Persinoti (CNPEM - CTBE Laboratório Nacional de Ciência e

Tecnologia do Bioetanol)

Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se

encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

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A minha tia avó, Maria Virgulino (in memorian),

Por ter dedicado toda a sua vida à

família, por ter acreditado em mim e por

ter me ensinado a nunca perder a fé.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi desenvolvido com o apoio financeiro da CNPQ – Conselho

Nacional de apoio Científico e Tecnológico.

O meu mais genuíno agradecimento aos meus pais que me apoiaram em todas as

decisões que tomei ao longo da minha vida acadêmica. Obrigada pelo amor, pelo carinho,

por todos os sacrifícios e por todos os puxões de orelha nos últimos dois anos. Graças a

vocês sempre tive força pra continuar lutando em busca da realização dos meus sonhos.

Sem o suporte de vocês eu não teria chegado tão longe. Obrigada!

A Mainha, por ser um exemplo de caráter, determinação e integridade! Obrigada

por sempre ter acreditado no meu potencial e pela confiança depositada. Obrigada pelas

palavras de incentivo, pela positividade e pela fé que sempre me ensinou a ter. Obrigada

por ser nosso porto seguro, por ser uma verdadeira guerreira, por sempre se manter

presente mesmo a quilômetros de distância e por esse amor incondicional que você nunca

deixou de transmitir.

A Painho, pela paciência e por ser um verdadeiro paizão! Não poderia pedir por

um pai mais sensacional do que esse, que sempre participou efetivamente de todos os

momentos da minha vida e nunca mediu esforços para me proporcionar o melhor. Sem

suas habilidades e agilidade pra resolver todos os contratempos que eu trago, nada disso

seria possível! Eu já teria perdido no mínimo uns 3 voos, já teria sido barrada sem carteira

de identidade e, provavelmente teria perdido alguns prazos de matrículas.

A Éverton, meu querido irmão favorito, companheiro de aventuras, de viagens e

de aperreios! Obrigada por ter cuidado de mim todos esses anos que estive no “ninho”,

por ter me ensinado a sempre mirar alto nos meus sonhos e por sempre ter acreditado que

eu conseguiria ter sucesso.

O meu muito obrigada para minha cunhada Bruna, que foi uma irmã pra mim e

sempre me apoiou nessa jornada. E claro, obrigada ao nosso pinguinho de gente Marina,

minha primeira sobrinha, que com tão pouco tempo de vida já transborda amor e carinho,

deixando qualquer preocupação parecer mais leve com essa alegria contagiante!

Aos meus tios e primos, por todo o carinho e todo o suporte que vocês me deram

sempre que precisei! Obrigada pelos momentos de alegria e pelo amor que demonstram

por essa sobrinha – prima nômade. Obrigada por sempre torcerem por mim; mesmo longe,

sinto-me muito amada e acolhida por vocês!

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Aos meus avós (in memorian): Edite, João Enoque, Maria da Luz e João Antônio,

por terem me proporcionado uma infância incrível, por terem sido exemplos de respeito

e humildade, pelo amor que tinham pelos filhos e netos, pela união e por toda força que

tiveram até os últimos momentos de vida. Sem seus ensinamentos, essa conquista não

seria possível!

As minhas queridas amigas de Petrolina: Bruna, Milla, Luana, Denise, Gisienne,

que mesmo de longe conseguem me apoiar, me alegrar e me mostrar que toda trajetória

pode ser mais leve e mais fácil quando temos pessoas iluminadas na vida. Eu sei que

nunca paro em lugar nenhum, e vivo morrendo de saudades, mas sou muito grata por tê-

las em minha vida.

A Família Arizona, por todo apoio, carinho e zueiras. Com vocês na torcida sinto

que posso sempre ir mais longe! Gui e Isa, muito obrigada, migos! Todos os “relaxa você

consegue”, “não desiste, miga”, “parabéns”, “falta pouco”, “vai dá tudo certo”, foram

fundamentais nessa jornada!

A minha Lilly Pad, por ter sido uma amiga leal, positiva e nunca ter perdido o

contato mesmo depois do intercâmbio. Por se fazer presente nos momentos que mais

precisei e por ter sido uma verdadeira irmã de coração desde quando nos conhecemos.

Obrigada por ter me animado quando achei que não tinha mais motivação, por me mostrar

o potencial que tenho e por sempre me fazer acreditar que nada é impossível!

As minhas pretas Cau, Berty, Aninha, Lari e Bela, por se manterem na minha vida

desde sempre e por sonharem junto comigo. Vocês participaram de perto e de longe de

cada conquista e cada realização dessa minha trajetória. Obrigada pela positividade, por

me salvarem de qualquer perrengue, pelos conselhos, pelas resenhas e por sempre estarem

dispostas à estender uma mão ou duas quando preciso!

As meninas do pensionato, foram 2 anos maravilhosos convivendo com vocês!

Cada dia aprendendo um pouquinho de suas respectivas culturas, ou compartilhando um

pouco da minha, fez com o tempo passasse mais rápido e mais leve! Um dia era ouvindo

forró do Ceará com Rayanne, no outro tomando chimarrão argentino enquanto me

consultava com nossa médica Cynthia, e de vez em quando ainda me danava a querer

falar em Espanhol com Jéssica, que já deixou minha hospedagem garantida na Bolívia.

A Lu, Alice, Jú e Conrado, não tenho palavras para agradecer o quanto me senti

acolhida por essa família linda na minha trajetória aqui em Campinas. Fui bem tratada

desde o primeiro dia que pisei os pés no pensionato, e daí pra frente o carinho por vocês

só aumentou. Obrigada por terem me deixado à vontade, por serem sempre prestativos e

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pelo carinho! No final do dia, o cansaço, as frustações e a saudade, ficavam menores só

em conversar com vocês!

A minha querida amiga Edna, pelo companheirismo. Foi ótimo conviver com

você, roommate! Obrigada pelas suas palavras, atitudes e lealdade. Seu apoio foi muito

importante nesse capítulo da minha vida. E saiba que essa amizade vai durar por muitos

anos! Vem Mochilão 2018!!!

Aos amores que o esporte me deu de presente, Majú, Marlon, Mandy e Nalau, por

todas histórias, alegrias, conquistas e lágrimas. Cada momento que disfrutamos juntos foi

especial. Sou muito grata por tê-los em minha vida! Cada palavra, cada abraço e cada

“você consegue Eve” fez com eu desse sempre o melhor de mim e não desistisse na

primeira queda. Esse cuidado, carinho e respeito que demonstram por mim significa

muito! Vou colocar cada um num potinho e levar comigo pra onde eu for viu? E quero

ver todo mundo me visitando no Nordeste!

Aos meus mozões Rafa, Jú e Léozinho, por tudo. Sem vocês o lab não seria o

mesmo! Eu não ouviria: “Miga, trouxe chocolate pra melhorar seu dia”; “Troca meio pra

mim por favor?”; “Eve, me ajuda!”; “Você vai conseguir, xuxu!”; “Vai dá tudo certo,

mozão”; “Te espero pra bandejar!”; “Seu PCR vai terminar tarde? Relaxa, te faço

companhia!” Obrigada por me animarem quando tudo parecia não ter mais solução, pelas

palavras de conforto, pelos mimos diários, pelo carinho, pela cumplicidade, pela

confiança, pela parceria, pela honestidade, pelos conselhos, pelas lágrimas, pelas

gargalhadas, e por deixarem nossa amizade cada dia mais forte! Vou sentir muitas

saudades, mas vou levar vocês no coração! E aguardo vocês na Bahia, hein?!

A Martita. Suas palavras e sabedoria sempre conseguiram me iluminar nos

momentos mais difíceis. Serei eternamente grata por tudo que você fez por mim; seja uma

carona ou um conselho que me faz pensar com calma antes de tomar qualquer decisão.

Obrigada por ser autêntica, direta e leal! Obrigada por me fazer querer lutar pelo certo e

pelos meus direitos e, obrigada também por me repreender quando estou errada!

Ao time Leoninos (ex e atuais): Hygor, Tanes, Lucas, Michel, Luciana, Rafael,

André, Bianca, Cidnei, Marie, Rafaela e Dimitrius. Vocês são a equipe mais unida e

divertida que eu já tive o prazer de trabalhar! Seja na bancada, nas quadras de tênis ou

nos churrascos, é sempre uma alegria estar com vocês. Muito obrigada por me salvarem

dos apuros na bancada, por sempre estarem dispostos a ajudar, por sempre conseguirem

esclarecer minhas dúvidas experimentais e da vida também! Aprendi muito com cada um

de vocês e tenho muito orgulho de ter feito parte dessa equipe!

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Aos meus “padrinhos acadêmicos” Carlos e Amanda Sponton, muito obrigada!

Vocês são os melhores conselheiros e motivadores que toda marinheira de primeira

viagem gostaria de ter! Carlão, obrigada pela paciência, pelos ensinamentos, por me

acudir nos perrengues de bancada, e por me mostrar que o caminho da ética é sempre o

caminho ideal à se seguir! Amandxinha, obrigada por ser esse amor de pessoa comigo,

por sempre transbordar energia positiva, pelo carinho e prestatividade!

A toda equipe do OCRC, professores, alunos e funcionários. Sem a colaboração

de vocês eu não teria chegado tão longe! Meu mais sincero agradecimento ao Cláudio, a

Leli, a Mônica, e a Tati, que são verdadeiros “super-heróis” no lab e realizam missões

quase que impossíveis diariamente para garantir que tudo funcione bem!

Ao professor Leonardo, por ter aceitado me guiar nesses dois anos e ter me

ensinado não só sobre mitocôndria, mas por ter me dado conselhos que vou levar pra vida

toda!

Ao professor Paulo Schwingel, por ter me aconselhado, por ter me guiado no final

da minha graduação ter me indicado o programa de pós do IB – Unicamp.

Ao professor Henrique pela colaboração, e em especial ao Caique Malospítiro,

que me ensinou grande parte do que eu sei sobre clonagem.

Ao professor Murilo Viera, por ter colaborado no projeto num momento que eu

achava que não tinha mais saída. Suas considerações e ajuda foram essenciais para a

evolução do projeto.

Ao professor Gonçalo e Nicholas Vinícius pela colaboração com as análises de

bioinformática realizadas no LGE!

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RESUMO

O desenvolvimento do Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) ocorre devido à disfunção das

células β pancreáticas e presença da resistência periférica à ação da insulina. No músculo

esquelético, a resistência à insulina, defeito incial do DM2, se caracteriza por uma

atividade anaplerótica mitocondrial reduzida e consequentemente, baixos níveis de

expressão da PC. A literatura mostra um consenso de que nos estágios iniciais desta

doença há um ganho no conteúdo em massa de células β pancreáticas, seguido pelo

aumento da produção e secreção de insulina. Enquanto no estágio crônico, há uma

redução da atividade mitocondrial, diminuição da massa celular e comprometimento na

produção de insulina, sugerindo uma estreita associação entre o conteúdo de massa

celular, secreção de insulina e a capacidade mitocondrial. Durante o DM2, ocorre ainda

falha na adaptação metabólica das células β pancreáticas. A enzima piruvato carboxilase

(PC) desempenha papel essencial na secreção de insulina, contribuindo para o aumento

do processo de anaplerose no ciclo de Krebs ao utilizar o piruvato como principal

substrato. No entanto, durante o DM2, a expressão dessa enzima é fortemente atenuada.

Esse fenômeno tem sido pouco explorado em células β pancreáticas com relação ao

controle molecular do processo de biogênese mitocondrial. Embora a literatura demonstre

aumento dos níveis de PC durante a secreção de insulina e, consequentemente, maior

atividade mitocondrial, pouco se sabe sobre a regulação do processo de biogênese

mitocondrial dessas células. A pesquisa em evidência demonstra que proteínas as quais

interagem com o promotor distal da PC podem ser possíveis alvos relacionados ao

controle da função e biogênese mitocondrial e, portanto, da secreção de insulina em

células pancreáticas MIN6. Neste contexto, o estudo em questão poderá trazer novos

insights sobre os mecanismos moleculares envolvidos com o processo de biogênese

mitocondrial e consequentemente proteção das células β contra a falha da função

mitocondrial/secreção de insulina, bem como abrir perspectivas para a busca de novas

moléculas com potencial terapêutico, capazes de melhorar a função e sobrevivência de

células produtoras de insulina.

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ABSTRACT

Type 2 Diabetes (T2D) occurs due to the pancreatic β cells dysfunction. There is

agreement that in the early stage of T2D the pancreatic β cell mass grows up fast, followed

by increased production and secretion of insulin. In contrast, under chronic stage of T2D,

pancreatic β cells mass is impaired followed by lower insulin production, suggesting a

close association between cell mass content and mitochondrial oxidative capacity. T2D

is also expected to impair metabolic β cells adaptation. Under physiological conditions,

pyruvate carboxylase (PC) exert a central role over insulin secretion process as indicated

by elevated concentration of Krebs Cycle Intermediates and increased insulin secretion.

However, the mechanism behind mitochondrial biogenesis process is still unknown. Here

we are demonstrating that the distal PCX promoter, which is responsible for anaplerosis

process, might be an interesting bait to identify different targets related to the control of

the mitochondrial biogenesis in MIN6 pancreatic cells. This study, therefore, brings a

new insight to identify new molecular players associated with the mechanism of

mitochondrial biogenesis and consequently protection of β cells against mitochondrial

function/insulin secretion failure.

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Lista de Abreviações

ASCL2 – do inglês, achaete-scute family bHLH transcription factor 2

EGR1 – do inglês, early growth response 1

ESRR – receptor relacionado ao receptor de estrogênio

G6F – glicose-6-fosfatase

GLUT2 – transportador de glicose tipo 2

GPD1 – glicerol-3-fosfato desidrogenase 1

HNF4G – do inglês, hepatocyte nuclear factor 4, gamma

MAFG – do inglês, v-maf musculoaponeurotic fibrosarcoma oncogene family, protein G

(avian)

MYOD1 – do inglês, myogenic differentiation 1

MYOG – do inglês, myogenin

NKX2 – do inglês, 3 - NK2 homeobox 3

NKX2-9 – do inglês, NK2 homeobox 9

NR2C2 – do inglês, nuclear receptor subfamily 2, group C, member 2

NR2F6 – do inglês, nuclear receptor subfamily 2, group F, member 6

PC – enzima piruvato carboxilase

PCX – gene da proteína piruvato carboxilase

PCX1 – região promotora proximal do gene da proteína piruvato carboxilase

PCX2 – região promotora distal do gene da proteína piruvato carboxilase

PDX1 – do inglês, pancreatic and duodenal homeobox 1

PGC-1α – co-ativador 1 alfa do receptor ativado por proliferadores de peroxissoma

PPAR – receptor gama ativado por proliferadores de peroxissoma

SP1 – do inglês, trans-acting transcription factor 1

SP2 – do inglês, Sp2 transcription factor

TCF12 – do inglês, transcription factor 12

TFAM – fator de transcrição mitocondrial

THAP1 – do inglês, THAP domain containing, apoptosis associated protein

UCP2 – proteína desacopladora 2

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 16

1.2. OBJETIVO ..................................................................................................................... 21

1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 21

2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 22

2.1. Cultivo de células ............................................................................................................ 22

2.1.1 Cultivo de células INS-1E ......................................................................................... 22

2.1.2 Cultivo de células MIN6 ............................................................................................ 22

2.2. Grupos experimentais ...................................................................................................... 22

2.2.1 Células INS-1E .......................................................................................................... 22

2.2.2 Células MIN6 ............................................................................................................ 22

2.3. Secreção de insulina estimulada por glicose ................................................................... 23

2.4. Transfecção gênica .......................................................................................................... 23

2.5. Determinação da concentração de proteínas totais .......................................................... 24

2.6. Western Blotting ............................................................................................................. 24

2.7. Expressão gênica (mRNA) e transcrição reversa (RT) .................................................... 25

2.8. Reação de PCR em tempo real (RT-PCR) ....................................................................... 26

2.9. Consumo de oxigênio ...................................................................................................... 27

2.11. Análise de bioinformática ............................................................................................. 27

2.12. Análise estatística .......................................................................................................... 28

3. RESULTADOS ....................................................................................................................... 30

3.1. Transfecção de Pdx1 em células beta INS-1E ................................................................. 30

3.2. Regiões promotoras da PC .............................................................................................. 32

3.3. Análise in silico utilizando o programa AliBaba2.1 ....................................................... 33

3.4. Análise in silico utilizando a base de dados EPD ............................................................ 34

3.5. Cruzamento das análises realizadas no EPD e AliBaba2.1 .............................................. 35

3.6. Rede de interações dos alvos encontrados na PCX2 ........................................................ 36

3.7. Interações entre os alvos encontrados na PCX2 ............................................................... 39

3.8. Análise do enriquecimento de promotores de genes associados ao processo de biogênese

mitocondrial ........................................................................................................................... 40

3.9. Secreção de insulina em linhagem de células MIN6 ........................................................ 42

3.10. Expressão de mRNAs dos respectivos alvos encontrados no EPD em linhagem de

células MIN6 ........................................................................................................................... 43

3.11. Amplificação dos promotores da PC fusionados à biotina ............................................. 45

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4. DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 46

5. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 51

ANEXO I. Comitê de Ética ....................................................................................................... 55

ANEXO II. Declaração................................................................................................................56

ANEXO III. Rede de interações dos alvos – imagens do GeneMania.........................................57

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1. INTRODUÇÃO

As Ilhotas de Langerhans do pâncreas endócrino são responsáveis pela regulação

dos níveis de glicose sanguínea (Kahn et al., 2006), sendo compostas por cinco tipos celulares

que produzem e secretam hormônios fundamentais para o funcionamento desse órgão: células

α, que secretam glucagon; células β, que secretam insulina; células γ/PP, que secretam

polipeptídeo pancreático; células δ, que secretam somatostatina; e células ε, que secretam

grelina. Dentre esses componentes, a célula β se destaca por ser o tipo celular mais abundante

do pâncreas endócrino, tanto em roedores quanto em humanos, compreendendo cerca de 60-

70% e 50-70% das ilhotas de cada espécie, respectivamente (Cabrera et al., 2006).

Além de compreender a maior parte do pâncreas, a célula β é o único tipo de célula

mamífera, dentre os outros cinco tipos celulares do pâncreas endócrino, que possui a capacidade

de produzir insulina, hormônio responsável pelo controle da captação de glicose sanguínea nos

tecidos periféricos (Gao et al., 2014; Hunter and Stein, 2017). Essa função primária ocorre em

resposta à nutrientes, hormônios e estímulos nervosos, favorecendo a manutenção da glicemia

numa faixa estreita de variação fisiológica (Kulkarni, 2004). Durante a secreção de insulina

estimulada por glicose, a glicose entra na célula β através dos transportadores de glicose

(GLUT-2), onde é convertida em glicose-6-fosfato na reação de glicoquinase, e em seguida é

convertida em piruvato em uma sequência de reações anaeróbias. O piruvato entra nas

mitocôndrias, sendo oxidado pelo Ciclo do Ácido Tricarboxílico (TCA). Como resultado, há

aumento na produção de coenzimas reduzidas, NADH e FADH2, seguido do aumento na

produção de ATP mitocondrial. Com os níveis de ATP aumentados, ocorre fechamento dos

canais de K+ ATP-dependente e despolarização da célula β pancreática, resultando na abertura

dos canais Ca2+ voltagem-dependente e ativando o mecanismo de mobilização dos grânulos de

insulina, e consequentemente, levando a liberação dos mesmos. (Newgard, 2002) (Figura 1).

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Figura 1. Eventos bioquímicos na secreção de insulina estimulada por glicose (figura adaptada

de Newgard, 2001).

Padrões alterados de comportamento alimentar tais como: consumo excessivo de

energia e/ou desnutrição precoce favorecem o desenvolvimento de diversos quadros

patológicos como resistência à insulina, obesidade e diabetes (Seidell, 2000; DeFronzo and

Ferrannini, 1991). Neste contexto, a disfunção de células β pancreáticas é um componente

importante no desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Atualmente, existe um

consenso de que no estágio inicial dessa doença há ganho no conteúdo de massa de células β

pancreáticas seguido do aumento na produção e secreção de insulina. Ao contrário, no estágio

crônico, há uma redução da massa, seguido de diminuição da produção de insulina, sugerindo

uma íntima associação entre o conteúdo de massa celular/produção de insulina e a capacidade

oxidativa mitocondrial. Portanto, evidências apontam a dependência de uma função

mitocondrial elevada para manutenção da secreção de insulina das células β (Silva et al., 2000).

Gauthier et al. (2009), mostraram em camundongos que mutações no gene do fator

transcricional de diferenciação celular PDX1 resultaram em redução do fator de transcrição

mitocondrial (TFAM), um efeito que foi refletido no aumento da glicemia basal desses animais.

O Pdx1 é primeiro fator de transcrição produzido no desenvolvimento do pâncreas,

portanto, humanos ou camundongos que não possuem esse fator apresentam agenesia

pancreática, devido à incapacidade de produzir ducto e células exócrinas ou endócrinas. Esse

fator de transcrição atua como regulador do desenvolvimento e do destino da célula beta,

ativando simultaneamente genes essenciais para sua identidade e inibindo aqueles ligados à

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identidade das células α pancreática (Gao et al., 2013). Sendo assim, a expressão de Pdx1 se

torna indispensável em células β durante seu desenvolvimento. A remoção de Pdx1 de células

β, em fase de formação, causa hiperglicemia, comprometendo as células insulínicas e ocorrendo

um aumento nas células α. No entanto, ainda não está claro na literatura quais as vias de

sinalização são ativadas pelo Pdx1. Além disso, estudos anteriores comprovam que a deleção

de Pdx1 resulta no desaparecimento de identidade da célula β, dessa forma, contribuindo para

a patogênese do DM2 (Gao et al. 2014; Gao et al. 2013).

Constatou-se que a superexpressão de TFAM em ilhotas isoladas de animais com

deleção de PDX1 aumentou o número de cópias de DNA mitocondrial (mtDNA), o consumo

de oxigênio, a síntese de ATP e, consequentemente, a secreção de insulina induzida por glicose,

destacando a importância da mitocôndria na função da célula β. Em camundongos mutantes

(Pdx1+/-), foi observada reduzida secreção de insulina e aumento de apoptose (Silva et al.,

2000). Ambos efeitos foram atenuados no uso de ilhotas isoladas expressando o dominante

negativo do Pdx1 (DN79PDX1). Nessas condições, os níveis transcricionais de TFAM foram

substancialmente reduzidos, sugerindo que o Pdx1 pode ser um regulador importante do TFAM

(Gauthier et al., 2009). Em adição, a redução da função mitocondrial de células β de animais

obesos/diabéticos tem sido associada a um aumento na expressão da proteína UCP2, indicando

que o desacoplamento da fosforilação oxidativa é um importante componente do mecanismo

de redução da secreção de insulina nessas células (Zhang et al., 2001).

Esses achados sugerem fortemente que o controle molecular da biogênese

mitocondrial pode ser um importante mecanismo na manutenção da função mitocondrial e da

secreção de insulina em células β. O processo de biogênese mitocondrial, caracterizado pela

importação e formação dos complexos da cadeia respiratória e replicação do mtDNA e pela

síntese de novas mitocôndrias, pode sofrer uma regulação transcricional (Dominy and

Puigserver, 2013). Os receptores nucleares desempenham um papel fundamental, atuando como

mediadores desse processo, onde há um equilíbrio entre sua ativação e repressão. Assim, o

controle de processo pode ser realizado através da ação coordenada de correguladores que

possuem característica repressora e/ou ativadora (Feige; Auwerx, 2007; Kelly; Scarpulla, 2004;

Li et al., 2011; Yu et al., 2005).

Embora, no tecido muscular esteja bem estabelecido o papel do cofator de

transcrição mitocondrial PGC1α, nesse controle aumentando a função mitocondrial do músculo

esquelético, em células β, surpreendentemente, esse cofator foi claramente associado com

redução da função mitocondrial indicando que esse controle ainda é desconhecido nesse tecido.

De fato, a infecção de células β de animais diabéticos com adenovirus contendo PGC1α resultou

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em prejuízo da secreção de insulina estimulada por glicose, um efeito consistente com redução

da expressão dos genes da glicose-6-fosfatase, do GLUT2, da glicokinase e da glicerol-3-

fosfato desidrogenase, sugerindo fortemente que o PGC1α exerce importante efeito na

patogênese do DM2 (Yoon et al., 2003).

Piruvato Carboxilase e Célula β

Além dos co-ativadores de receptores nucleares, existem enzimas que também são

essenciais no balanço energético da secreção de insulina em células β. É o caso da enzima

piruvato carboxilase (PC), que possui uma capacidade anaplerótica de extrema importância,

pois catalisa a carboxilação com ATP de piruvato em oxaloaceato (Jitrapakdee et al., 1998). A

PC está expressa em altos níveis na maior parte das células beta (Menefee and Zeczycki, 2014)

e afeta diretamente a secreção de insulina estimulada por glicose (Xu et al., 2008). A partir do

piruvato e do bicarbonato a enzima piruvato carboxilase é capaz de gerar oxaloacetato

(Jitrapakdee et al., 2008). Após a conversão do piruvato em oxaloacetato catalizado pela PC,

ocorre a anaplerose mitocondrial, favorecendo o aumento na produção do NADH e do processo

de fosforilação oxidativa (Jensen et al., 2008).

É interessante observar que a inibição da expressão de PC em células beta inibe a

secreção de insulina estimulada por glicose. Em contrapartida, quando a PC é superexpressa

em células β, ocorre aumento da secreção de insulina estimulada por glicose (Xu et al., 2008).

Franssonn et al. (2006), observaram o papel da piruvato carboxilase na anaplerose para a

secreção de insulina em ilhotas de ratos utilizando ácido fenilacético para inibir a expressão

dessa enzima. Através dos efeitos analisados no metabolismo dessas ilhotas, foi constatado que

a enzima piruvato carboxilase e, consequentemente, a anaplerose, é fundamental para o

aumento adequado da fração ATP:ADP frente ao metabolismo do combustível; esse aumento

estimula e mantém a secreção de insulina. Quando submetida à condições de baixa glicose, a

PC é relativamente inativa, devido aos baixos níveis de ATP da matriz mitocondrial e à uma

oferta limitada tanto de piruvato, quanto do seu ativador alostérico, o acetil CoA (Klingenberg

and Rottenberg, 1977). A PC e as vias de anaplerose são importantes na secreção aumentada

de insulina e crescimento de células β, que são características da adaptação da célula β à

resistência à insulina (Liu et al.,2002). Em adição, a baixa expressão da PC em ilhotas parece

estar diretamente associada à obesidade e ao DM2. De fato, os níveis de PC se encontram

reduzidos nas ilhotas de humanos e roedores diabéticos quando comparados com grupos

controles não-diabéticos (MacDonald et al., 2009). Recentemente, mostramos ainda que o

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aumento na expressão de PC em células musculares foi capaz de aumentar a função

mitocondrial e a resposta a insulina, um efeito diretamente associado ao aumento na expressão

de PGC1α e da transativação do elemento responsivo de PPAR (manuscrito submetido ao BBA,

2018).

O gene da PC é composto por duas regiões promotoras: região proximal e região

distal (Figura 2); sendo a região proximal responsável pelo papel de produzir mRNA de PC nos

tecidos gluconeogênicos (fígado e rim) e nos tecidos lipogênicos (tecido hepático e adiposo), e

a região distal diretamente associada ao controle do processo de anaplerose em modelos de

ilhotas pancreáticas de murinos e humanos (Jitrapakdee et al., 1998; (Thonpho et al., 2013).

Diante desse cenário complexo de interações de genes associados as vias de biogênese

mitocondrial, o presente estudo visa à busca de genes alvos que participam da regulação dessas

vias. O conhecimento do mecanismo pelo qual esses alvos regulam a função mitocondrial

certamente poderá abrir novas perspectivas terapêuticas no controle da disfunção mitocondrial

em células β e o consequente desenvolvimento do DM2. Dessa forma, estamos propondo

utilizar o promotor do gene da PC como “isca” na busca de alvos responsáveis pelo processo

de biogênese mitocondrial em células secretoras de insulina MIN6. Para isso, realizamos

análises de bioinformática utilizando o promotor da PC para identificar os alvos moleculares

supostamente associados ao processo de controle da função/biogênese mitocondrial e,

consequentemente da secreção de insulina em células beta da linhagem MIN6. Em caso de

sucesso na busca de alvos, tentaremos confirmar esses achados em camundongos controles e

resistentes a insulina após infecção adenoviral, contendo a sequência dos genes selecionados

neste estudo. Portanto, vale ressaltar que o estudo dos mecanismos moleculares envolvidos na

proteção das células β contra a falha da função mitocondrial/secreção de insulina trará

informações importantes na busca de novas moléculas com potencial terapêutico, capazes de

melhorar a função e sobrevivência das células produtoras de insulina.

Figura 2. Representação esquemática da estrutura física do gene que codifica para a proteína

piruvato carboxilase (PC).

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1.2 OBJETIVO

Identificar possíveis alvos moleculares supostamente associados ao processo de

controle da função/biogênese mitocondrial e, consequentemente, da secreção de insulina em

células β pancreáticas, por meio de análises de bioinformática e experimentos funcionais,

utilizando o promotor do gene (PCX), uma enzima chave no processo de secreção de insulina,

como “isca”.

1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a transcrição dos genes PDX1, PGC1α, TFAM, Glicose-6-fosfatase, GLUT2 e

Glicerol-3-fosfato desidrogenase em células INS-1E;

Realizar a superexpressão da proteína PDX1 em linhagem de células INS-1E e avaliar

a transcrição dos genes PGC1α, TFAM, Glicose-6-fosfatase, GLUT2, e Glicerol-3-

fosfato desidrogenase;

Analisar a região promotora da PC e identificar os alvos que possuem sítios de ligação

nesse promotor, por meio de softwares de bioinformática;

Identificar a rede de interações dos alvos encontrados no promotor da PCX;

Avaliar o enriquecimento de promotores de genes associados ao processo de biogênese

mitocondrial em busca dos alvos encontrados nas análises de bioinformática;

Avaliar a transcrição dos genes previamente selecionados pela análise de bioinformática

em ensaios de secreção de insulina estimulada com glicose (genes Thap1, Nr2f6, Tcf12,

Nr2c2, Sp2, Mafg, Nkx2-9, Sp1, Hnf4g, Nkx2-3, Myod1, Myog, Ascl2) em células

MIN6;

Escolher o alvo e realizar a superexpressão e/ou silenciamento em células MIN6 para

posterior análise da expressão gênica de alvos associados à secreção de insulina, o

consumo de oxigênio e secreção de insulina induzida por glicose e demais análises

fenotípicas;

Realizar transfecção da região promotora da PCX em células MIN6 para posterior

ensaio de imunoprecipitação de cromatina (ChiP) com o propósito de busca e/ou

validação de alvos.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Cultivo de células

2.1. 1 Cultivo de células INS-1E

As células foram mantidas em placas de cultura estéril (Falcon), contendo meio

RPMI 1640 (Vitrocell Embriolife), acrescido de 11 mM de glicose, 5% de soro fetal bovino

(FBS), 10 mM de Hepes, 1 mM de piruvato de sódio, 50 µM de β-Mercaptoetanol, 100 U/mL

de Penicilina (Sigma, St Louis, USA) e 100 μg/mL de estreptomicina (Sigma, St. Louis, USA),

em atmosfera umedecida, contendo 5 % CO2, à temperatura constante de 37 ºC. As células, na

densidade de 500.000, foram cultivadas em placas de 6 wells e mantidas nesse meio em

atmosfera umedecida e, ao atingir 90% de confluência, foram transfectadas com o plasmídeo

(MR227421) da Origene (Figura 3), contendo o gene de expressão do fator de transcrição Pdx1

ou com um vetor vazio (PCMV_GFP).

2.1.2 Cultivo de células MIN6

As células da linhagem MIN6 foram mantidas em placas de cultura estéril (Nest),

contendo meio Dulbecco Mem Alta Glicose (Vitrocell Embriolife), composto de: bicarbonato

de sódio, glutamina, antibiótico, antimicótico e, acrescido de soro fetal bovino (10%) e β-

Mercaptoetanol (285 µM), em atmosfera umedecida, contendo 5% CO2, à temperatura

constante de 37ºC. As células, na densidade de 500.000, foram cultivadas em placas de 6 wells

e mantidas nesse meio em atmosfera umedecida e, ao atingir 90% de confluência, foram

submetidas ao ensaio de secreção de insulina estimulada por glicose para posterior coleta de

RNA.

2.2. Grupos experimentais

2.2.1. Células INS-1E

a) Controle (GFP)

b) Transfectada com Pdx1

2.2.2. Células MIN6

a) Controle (2.8mM de glicose)

b) Tratada (25 mM de glicose)

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2.3 Secreção de insulina estimulada por glicose

Células MIN6, passagem 34 e 48, foram submetidas a um starvation por 60min,

mantidas em meio Krebs contendo 0,3% de albumina bovina (m/v), em ambiente controlado

(37°C, umidificado e gaseificado com carbogênio). Em seguida, a solução foi removida e

substituída por nova solução de incubação, contendo Krebs 2,8 mM ou 25 mM de glicose. Essas

células foram mantidas por mais 60min em ambiente controlado (37°C, umidificado e

gaseificado) e posteriormente submetidas ao protocolo de extração de RNA. Os sobrenadantes

foram coletados e armazenados a uma temperatura de -20 °C para posterior dosagem de

insulina. A concentração de insulina nos diferentes experimentos foi determinada por

radioimunoensaio.

2.4. Transfecção gênica

O plasmídeo MR227421 – Origene USA (Figura 3), contendo o gene de

expressão do fator de transcrição Pdx1, foi amplificado em bactérias (DH59 E.Coli). As células

INS-1E, confluência de 80%, foram lavadas com PBS e o meio de cultura substituído por

OPTIMEM (meio com soro reduzido). O plasmídeo, contendo DNA do Pdx1 (2 µg/mL), foi

adicionado ao meio OPTIMEM juntamente com o reagente p3000 (2 µL/µg de DNA). Em

seguida, foi acrescentado lipofectamina (5 µL/well), e esse mix mantido por 15 min em

temperatura ambiente. Após a associação entre o DNA e os lipossomos, as células foram

transfectadas por um período de 4 h. Posteriormente, esse meio foi substituído por meio de

cultura (descrito em 2.1.1), e mantido em atmosfera umedecida, contendo 5% CO2, à

temperatura constante de 37ºC. Após período de 48 h, as células foram coletadas.

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Figura 3. Mapa do plasmídeo contendo o trecho do gene que expressa o Pdx1 (esquema do

vetor de Pdx1 baseado no site da OriGene, USA).

2.5. Determinação da concentração de proteínas totais

A concentração de proteínas das amostras foi determinada através de absorbância

595 nm, na qual foi feita uma curva padrão em concentrações crescentes de proteína (albumina)

e as amostras foram diluídas 20 vezes para a determinação da concentração (Bradford, 1976).

2.6. Western Blotting

Inicialmente, as células foram homogeneizadas em tampão contendo Tris (50 mM

pH 7,4) NaCl (150 mM), EDTA (1 mM), Triton X-100 (1%), deoxicolato de sódio (1 %) e

solução de dodecil sulfato de sódio (SDS 1%), acrescido de inibidores de proteases (aprotinina,

5 μg/mL, leupeptina 1 mg/mL, fluoreto de fenilmetilsufonil PMSF a 2 mM) e inibidores de

fosfatase (ortovanadato de sódio a 100 mM; pirofosfato de sódio a 100 mM, fluoreto de sódio

a 10 mM). As amostras foram sonicadas por 30 s, vortexadas e incubadas no gelo por 30 min.

Em seguida, foram centrifugadas a 15000 xg, 4 °C por 20 min. Uma alíquota do sobrenadante

contendo o lisado de células foi utilizada para determinação da concentração de proteínas totais

pelo método de Bradford (1976). Para a determinação de proteínas, estas foram fracionadas por

SDS-PAGE por eletroforese em gel SDS-PAGE. As amostras foram aquecidas a 97 °C por 3

min e 40 µg de proteína foi aplicada em um sistema mini-gel vertical, (modelo Protean III Cell

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Biorad®) de acrilamida: bisacrilamida com 1,5 mm de espessura e gel de separação de 10 %

ou 8 %, de acordo com a proteína analisada. Foi utilizado marcador de peso molecular (Biorad®

All Blue e Dual Color) contendo proteínas conhecidas de 10 a 250 kDa. As corridas de

eletroforese foram realizadas em cubas de acrílico utilizando tampão de corrida (Tris-HCl 25

mM, glicina 115 mM, SDS 0,1%, mantido a 4 °C) sob potencial de 100 volts, durante 120min.

Após corrida eletroforética, as proteínas presentes no gel de poliacrilamida foram transferidas

para membrana de nitrocelulose (Biorad®), de acordo com o método descrito por Towbin et al.

(1979), utilizando tampão de transferência (Tris-HCl 24,8 mM, glicina 192 mM), potencial de

110 V e corrente de 400 mA em equipamento Biorad® Trans-Blot SD Cell, EUA. A membrana

foi bloqueada em temperatura ambiente por 60min em tampão TBS-T (Tris-HCl 0,02 M, NaCl

0,16 M e Tween-20 0,1%, pH 7,4) contendo leite desnatado em pó (10%) ou BSA (5%) e

incubada overnight (4°C), com diluições recomendadas de anticorpos primários, Pdx1 (Santa

Cruz 390792) e β-actina (Santa Cruz 81178). Em seguida, a membrana foi lavada duas vezes

por 5 min com TBST e incubada com anticorpo secundário, conjugado com peroxidase em

solução TBST contendo leite (2%) por 60min. Posteriormente, foram realizadas três lavagens

de 10 min com TBST. Por último, a membrana foi incubada por 1min com reagente de detecção:

Western Blotting Amersham ECL (GE Healthcare).

2.7. Expressão gênica (mRNA) e transcrição reversa (RT)

As células INS-1E e MIN6 (3x105 células) foram lisadas em Trizol (800 μL),

acrescidas de clorofórmio (160 μL) e centrifugadas (12.000 xg). A fase aquosa foi transferida e

em seguida foi adicionado isopropanol (400 μL). O RNA formado foi lavado com etanol (75%)

e centrifugado a 7.500 xg por 5 min. O sedimento de RNA foi seco à temperatura ambiente,

resuspendido em água livre de RNAse e armazenado a -80°C. A quantificação do RNA foi

realizada por espectrofotometria (260/280 nm). A síntese do DNA complementar (cDNA) foi

realizada a partir do RNA total (2 µg) com a seguinte mistura de reagentes: 146 ng de random

primers e 200 U da enzima transcriptase reversa, tampão da enzima (Tris-HCl a 50 mM (pH 8),

KCl a 75 mM, MgCl2 a 3 mM), DTT (5 mM), dNTP (500 µM) no volume final de reação de 20

µL. Esta mistura foi incubada por 10 min (25°C), permitindo a hibridização dos

oligonucleotídios ao RNA. Na sequência, a amostra foi aquecida a 37ºC por 120 min e 85ºC

por 5 min.

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2.8. PCR em tempo real (RT-PCR)

A expressão dos genes foi quantificada por PCR em tempo real. As reações foram

realizadas em mistura (12 µL), contendo cDNA da amostra (2 µL), sequência de primers (0,5

µL), água free RNAse(10,5 µL) e mix SYBR Green PCR Master (12,5 µL); (dNTP, tampão de

reação, Taq DNA polimerase e SYBER Green I) (Invitrogen). As as sequências de primers

foram descritas na tabela 1.

Para o PCR dos promotores do gene da PC, sintetizamos as sequências das duas

regiões promotoras da PCX fusionadas ou não à biotina (lista de primers na tabela 2) e

utilizamos o protocolo da enzima Platinum Taq DNA Polymerase High Fidelity (ThermoFisher,

Pub. no. MAN0000948 Rev. A.0), onde determinamos os seguintes parâmetros: para uma

reação de 25 µL, utilizamos 10X PCR Buffer (2,5 µL), 10 mM dNTP mix (0,5 µL), 10 µM

forward primer (5 µL), 10 µM reverse primer (5 µL), Template DNA (1,75 µL), Platinum Taq

DNA Polymerase (0,1 µL), 50 mM MgCl2 (0,75 µL) e água free RNAse (13,9 µL).

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PRIMER ESPÉCIE EMPRESA SEQUÊNCIA

Piruvato Carboxilase Camundongo/Rato EXTEND Foward ATCCTCCTCGGCCCCTGTTG

Reverse TCGGAGCAGGACACAGGGCA

PGC1α Camundongo/Rato IDT Forward CAAGCCAAACCAACAACTTTATCTCT

Reverse CACACTTAAGGTTCGCTCAAAAGT

Pdx1 Rato IDT Forward CCTTTCCCGAATGGAACCGA

Reverse TTTTCCACGCGTGAGCTTTG

Ucp2 Rato

IDT

Forward AGCAGTTCTACACCAAGGGC

Reverse TGGAAGCGGACCTTTACCAC

Glut2 Rato IDT Forward TTCAGCAACTGGGTCTGCAA

Reverse AAGAACACGTAAGGCCCGAG

Gpd1 Rato IDT Forward GATAGACGAGGGCCCCAATG

Reverse AGCCAATGGTCGTCTCACAG

Tfam Rato EXTEND Forward CCAAAAAGACCTCGGTCAGC

Reverse GTGACTCATCCTTAGCCCCC

Ascl2 Camundongo EXTEND Forward AGCACACCTTGACTGGTACG

Reverse AGTGGACGTTTGCACCTTCA

Myod1 Camundongo EXTEND Forward CATAGACTTGACAGGCCCCG

Reverse TCTGGTGAGTCGAAACACGG

Myog Camundongo EXTEND Forward GTGCCCAGTGAATGCAACTC

Reverse GCTGTCCACGATGGACGTAA

Mafg Camundongo EXTEND Forward CGAGAGTTGAACCAGCACCT

Reverse GCTCCTCCTTCTGTGTCACC

Nkx2-9 Camundongo EXTEND Forward CCAGACCTTGGAGTTGGAGC

Reverse ACCAGATCTTGACCTGCGTG

Nkx2-3 Camundongo EXTEND Forward AGAGGAGGTTGTGAGCGAAC

Reverse TGAGCTTGCGAGAAGAGCAC

Nr2c2 Camundongo EXTEND

Forward TGGAGCACATCTGGAAGCTG

Reverse GCTTGTGCCTGTCAAACCTG

Nr2f6 Camundongo EXTEND

Forward CTCTTCACGCCTGATGCCT

Reverse GTACTGGGCACGCACATACT

Thap1 Camundongo

EXTEND Forward CTACGACAAGGACAAGCCCG

Reverse TGCCTCCCACTGCTTACAAA

Tcf12 Camundongo

EXTEND Forward CTTCACTCCCTGCAGTCTCG

Reverse TGGCTAGTAGGCAGACTGGT

Sp1 Camundongo

EXTEND Forward CGCACAACTTTCACAGGGTG

Reverse GAGACTGTGCGGTTCTTGGA

Sp2 Camundongo

EXTEND Forward AGGGAGCCGATCAAATGCAA

Reverse CACCTGGATGGTCTGGGAAC

Hnf4g Camundongo

EXTEND Forward CAGGAAAGCACTATGGGGCA

Reverse CAACAACACACTGCCGACTG

Tabela 1. Lista de primers utilizados.

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Primer Empresa Sequência

PCX1 IDT Forward 5’ TCT TGG CCT GAT CAA TGA TG 3’

Reverse 5’ TTG CAC CAG GAA GAG TAA GG-3’

PCX2 IDT Forward 5’ TGC TCT GCT TCT CTC TCA CCT-3’

Reverse 5’ CTG CAC ACA GAG GAC GTG AT-3’

PCX1 biotina IDT Forward 5’-/5Biosg/TCT TGG CCT GAT CAA TGA TG-3’

Reverse 5’-/5Biosg/TTG CAC CAG GAA GAG TAA GG-3’

PCX2 biotina IDT Forward 5’-/5Biosg/TGC TCT GCT TCT CTC TCA CCT -3’

Reverse 5’-/5Biosg/CTG CAC ACA GAG GAC GTG AT -3’

Tabela 2. Lista de primers utilizados para amplificação dos promotores do gene da PCX.

2.9. Consumo de oxigênio

As células foram mantidas em placas de 6 wells e, após a transfecção, foram

tripsinizadas e centrifugadas a 1000 xg, 25ºC por 5 min. Em seguida, as células foram

ressuspensas em meio Krebs (500 μL) sem albumina e contendo glicose (5,6 mM) em pH 7,3.

O consumo de oxigênio das células foi monitorado em respirômetro (Oroboros Oxygraph-2K).

As células (2x106) foram contadas em câmara de Neubauer e incubadas em câmara fechada

contendo 1,5 mL do meio Krebs. Após estabelecimento da linha de base, glicose (22,2 mM) foi

adicionada para realização dos experimentos.

2.10. Análise de bioinformática

Para encontrar as sequências dos promotores do gene da proteína piruvato

carboxilase e para descobrir as possíveis proteínas que interagem com a seqüência escolhida,

utilizamos o banco de dados de Promotores Eucarióticos (EPD) (Périer et al., 2000). Para essa

análise, o nível de significância considerado foi de p= 0,00001. Esta ferramenta nos permitiu

acessar um conjunto de promotores eucarióticos validados que foram determinados

experimentalmente. Posteriormente, à fim de descobrir a rede de interações e prever funções

dos alvos encontrados no banco de dados EPD, submetemos cada um dos alvos no programa

GeneMANIA (Warde-Farley et al., 2010), e escolhemos Mus Musculus como espécie de

interesse. Os dados gerados por esse programa são baseados em associação funcional,

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facilitando a busca de novos membros de uma via ou complexo. Além disso, submetemos as

sequências dos promotores PCX1 e PCX2 no programa AliBaba2.1 (Grabe, 2002) para prever

sítios de ligação de possíveis alvos nessas sequências de DNA e comparar se eram semelhantes

aos alvos encontrados no EPD.

2.11. Análise estatística

Os dados estão apresentados como média ± erro padrão da média (EPM) e foram

analisados pelo teste one-way/two-way ANOVA. O teste t de student foi utilizado para

comparação de duas médias, usando o programa Prisma 6.0. O valor p<0,0001 e de p<0,05 foi

adotado para considerar médias estatisticamente diferentes.

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3. RESULTADOS

3.1. Transfecção de Pdx1 em células beta INS-1E

O co-ativador 1 alfa do receptor ativado por proliferadores de peroxissoma (PGC-1α)

têm sido descrito como um dos mais importantes reguladores do metabolismo oxidativo e do

processo de biogênese mitocondrial em diferentes tecidos, incluindo o músculo esquelético, o tecido

hepático e adiposo ((Dominy and Puigserver, 2013). Através da sua interação com receptores

nucleares, incluindo receptor gama ativado por proliferadores de peroxissoma (PPAR), receptor

relacionado ao receptor de estrogênio (ESRR) e proteínas modificadoras de cromatina como as

histonas acetilases (HAT), o PGC-1α controla o processo de biogênese mitocondrial através da

transcrição de grupos seletos de genes (Sacarpulla, 2008). Porém, não foram identificados estudos

que evidenciem o controle molecular do processo de biogênese mitocondrial em células β

pancreáticas. Nesse sentido, decidimos investigar a expressão do PGC-1α em células com elevada

expressão do fator de trancrição homeobox duodenal e pancreático 1 (PDX1), um conhecido indutor

do processo de diferenciação celular e consequentemente da secreção de insulina. Com este

propósito, células INS-1E foram transfectadas, utilizando-se do plasmídeo que contém o gene do

PDX1, ou plasmídeo vazio como experimento controle (PCMV_GFP). Foram realizadas as análises

da intensidade de fluorescência do GFP e do conteúdo de mRNA do PDX1. Na imagem de

fluorescência, observamos uma boa eficiência de transfecção quando comparamos a imagem das

células transfectadas com vetor vazio (controle) à imagem da célula transfectada com o plasmídeo

PDX1 (painel A, figura 1). Além disso, o conteúdo de tanscrito do PDX1 comprovou essa eficiência,

onde houve um aumento acentuado no conteúdo e na transcrição do PDX1, como indicado nos

paineis B e C, respectivamente. Surpreendentemente, a superexpressão do Pdx1 em células INS-1E,

não induziu aumento na expressão do PGC1α, sugerindo que outros mecanismos possam controlar

molecularmente o processo de biogênese mitocondrial em resposta ao aumento da demanda

energética em células INS-1E. Similarmente, a superexpressão do Pdx1 não induziu o aumento na

expressão dos genes: fator de transcrição mitocondrial A (TFAM) e proteína desacopladora 2

(UCP2). Porém, dois genes que estão associados ao transporte e metabolismo da glicose foram

aumentados nesse modelo: o glicerol-3-fosfato desidrogenase 1 (GPD1) e o transportador de glicose

tipo 2 (GLUT2). Apesar do PGC-1α ser um importante regulador do processo molecular de

biogênese mitocondrial, em células INS-1E ele parece não desempenhar essa função. Dessa forma,

destaca-se a importância de descobrir um alvo novo responsável por esse papel em células beta INS-

1E.

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Figura 4 – A. Eficiência de transfecção em células INS-1E. Imagem de células controles

transfectadas com vetor vazio e de fluorescência de células transfectadas com o plasmídeo da

Pdx1; B. Conteúdo da proteína Pdx1 dos grupos controle e transfectado com o vetor do PDX1 em

células beta INS-1E; C. Conteúdo de mRNA da PDX1 em células do grupo controle e em células

superexpressando a PDX1. ***p<0,0001 comparado ao grupo controle, n=4; D. Expressão dos

genes: glicerol-3-fosfato desidrogenase 1 (GPD1); fator de transcrição mitocondrial A (TFAM);

proteína desacopladora 2 (UCP2); transportador de glicose tipo 2 (GLUT2); glicose-6-fosfatase

(G6F); co-ativador 1 alfa do receptor ativado por proliferadores de peroxissoma (PGC-1α).

*p<0,05 comparado com o grupo controle, n=4; E. Respiração celular em baixa glicose, alta

glicose, oligomicina e estado desacoplado CCCP.

bactina

Controle Pdx1

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3.2. Regiões promotoras da PC

Utilizamos o promotor do gene Piruvato Carboxilase (PCX) como “isca”, por ser

um gene muito bem expresso em células β pancreáticas com elevada função secretora de

insulina. Através do banco de dados de alta precisão EPD - Eukaryotic Promoter Database

(Périer et al., 2000), realizamos a busca dos promotores da PCX, selecionando apenas o

organismo Mus Musculus. Os resultados mostraram 2 sequências curtas equivalentes à região -

499 a +100 do promotor 1 e 2 da PCX, respectivamente.

PCX1

Figura 5 – Segmento de sequência curta correspondente à região -499 a +100 do promotor 1

(primário, com maior uso) da piruvato carboxilase (PCX1).

PCX2

Figura 6 – Segmento de sequência curta correspondente à região -499 a +100 do promotor 2

da piruvato carboxilase (PCX2).

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3.3. Análise in silico utilizando o programa AliBaba2.1

Para prever os sítios de ligação putativos de fatores de transcrição na sequência de

DNA da PCX1 (-499 a +100) e da PCX2 (-499 a +100), também utilizamos o programa

AliBaba2.1. Na sequência da PCX1 e da PCX2, 73 e 55 segmentos foram identificados como

potenciais locais de ligação, respectivamente. As figuras 7A e 7B mostram os alvos que

possuíam pelo menos 2 sítios putativos de ligação nas duas sequências dos promotores da PC.

Figura 7 – Lista dos fatores de transcrição que estão ancorando no DNA da região promotora

1 da PC (PCX1) (painel A) e da região promotora 2 da PC (PCX2) (painel B), respectivamente.

Neurofibromin 1 (NF-1); transcription factor Sp1 (SP1); upstream stimulatory factor (USF);

transcription factor AP-2, alph (AP-2alph); (CP1); cyclic AMP-responsive element-binding

protein 1 (CRE-BP1); CCAAT box-binding transcription factor (CTF); glucocorticoid receptor

(GR); octamer binding transcription factor Oct-1 (Oct-1); CCAAT/enhancer binding protein

(C/EBP), alpha (C/EBPalpha); poly(rC) binding protein 1 (alpha-CP1); nuclear receptor

subfamily 2, group F, member 2 (ARP-1); chorion transcription factor Cf2 type 3(CF2-III);

odd-skipped related transcription factor (Odd); YY1 transcription factor (YY1).

Sp1NF-1

USF

AP-2

alph

CP1

CRE-B

P1CTF

GR

oct-1

0

10

20

30

40

me

ro d

e s

ítio

s p

uta

tivo

s

PCX1

A.

C/E

BPal

p

alpha-

CP1

ARP-1

CF2-

III

NF-1

Odd

YY1Sp1

Oct

-1

0

5

10

15

me

ro d

e s

ítio

s p

uta

tiv

os

PCX2

B.

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3.4. Análise in silico utilizando a base de dados EPD

Ainda utilizando o banco de dados EPD, acessamos a sequência do promotor 2 do

PCX. Esse promotor foi escolhido por ser importante no processo de anaplerose em células β

pancreáticas (Jitrapakdee et al., 1998). Nessa análise, foi possível encontrar os sítios de ligação

putativos de vários fatores de transcrição dos quais foram selecionados os mais significativos

(p=0,00001) e que possuíam mais posições em entradas de sequência de nucleotídeos. A tabela

1, mostra a lista de genes selecionados através deste processo.

SIGLA

NOME

Ascl2 achaete-scute family bHLH transcription

factor 2

Myod1 myogenic differentiation 1

Myog myogenin

Mafg v-maf musculoaponeurotic fibrosarcoma

oncogene factor, protein G

Nkx2-9 NK2 homeobox 9

Nkx2-3 NK2 homeobox 3

Nr2c2 nuclear receptor subfamily 2, group C,

member 2

Nr2f6 nuclear receptor subfamily 2, group F,

member 6

Thap1 THAP domain containing, apoptosis

associated protein 1

Tcf12 transcription factor 12

Sp1 transcription factor Sp1

Sp2 transcription factor Sp2

Hnf4g hepatocyte nuclear factor 4, gamma

Tabela 3 – Siglas e nomes dos alvos que possivelmente estão interagindo com a região

promotora PCX2, nível de significância de p=0,00001.

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3.5. Cruzamento das análises realizadas no EPD e AliBaba2.1

Comparamos os resultados encontrados tanto no EPD quanto no AliBaba2.1 para

confirmar os possíveis alvos ligantes nos promoters PCX1 e PCX2. Os alvos EGR1, Myod e

Sp1 apareceram nas análises da PCX1 nos dois programas. No entanto, na análise do promotor

PCX2, apenas o alvo SP1 apareceu em comum entre os dois programas utilizados. Esse

resultado sugere fortemente que o alvo SP1 pode estar se ligando na região promotora da PCX2

e pode ser um forte candidato associado ao processo de biogênese mitocondrial em células β

pancreáticas.

Figura 8 – Diagrama de Venn mostrando os genes em comum entre o programa AliBaba2.1 e

a base de dados EPD das sequências promotoras PCX1 e PCX2, respectivamente. Early Growth

Response 1 (EGR1); Myogenic Differentiation 1 (MyoD); transcription factor 1 (SP1).

PCX1 PCX2

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3.6. Redes de interações dos alvos encontrados na PCX2

Para acessar a rede de interações preditas de cada alvo encontrado no EPD,

realizamos uma análise in silico, através da plataforma Gene Mania. Os resultados dos alvos

mostraram informações, como: expressão gênica; interação proteína-proteína; interação

genética; domínio de proteína; e vias. Além disso, os dados também revelaram proteínas

encontradas no mesmo local, genes expressos no mesmo tecido, e relações funcionais previstas

entre genes. Dentre essas redes, podemos destacar algumas interações interessante dos alvos

encontrados no EPD, como: interação do alvo SP1 com Hdac1 e com Rxrα (figura 9.1 A);

interação do alvo Nr2c2 com Rxrβ e com Foxo1 (figura 9.1 B); e interação do alvo Hnf4g com

Esrrg (figura 9.1 C).

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Figura 9 – Rede de interações preditas dos alvos encontrados no EPD no organismo Mus

Musculus, retirado do servidor Gene Mania, mostrando a rede de interações físicas e genéticas,

co-expressão, vias, relações funcionais preditas entre genes, co-localização e similaridade de

domínios proteicos. A) achaete-scute family bHLH transcription factor 2 (ASCL2); B)

hepatocyte nuclear factor 4, gamma (HNF4G); C) Sp2 transcription factor (SP2); D)

transcription factor 12 (TCF12); E) nuclear receptor subfamily 2, group F, member 6 (NR2F6);

F) nuclear receptor subfamily 2, group C, member 2 (NR2C2); G) NK2 homeobox 3 (NKX2-

3); H) myogenin (MYOG); I) myogenic differentiation 1 (MYOD1); J) THAP domain

containing, apoptosis associated protein 1 (THAP1); K) v-maf musculoaponeurotic

fibrosarcoma oncogene family, protein G (MAFG); L) transcription factor 1 (SP1). Obs.: Figura

mais legível no Anexo III.

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Figura 9.1 – Rede de interações preditas dos alvos Sp1, Nr2c2 e Hnf4g encontrados no EPD

no organismo Mus Musculus, retirado do servidor Gene Mania, mostrando a rede de interações

físicas e genéticas, co-expressão, vias, relações funcionais preditas entre genes, co-localização

e similaridade de domínios proteicos. A) histone deacetylase 1 (HDAC1), retinoid x receptor

alpha (RXRα); B) retinoid x receptor beta (RXRβ), forkhead box protein o1 (FOXO1); C)

estrogen related receptor gamma (ESRRG).

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3.7. Interações entre os alvos encontrados na PCX2

A plataforma GeneMania também foi utilizada para confirmar as interações

existentes entre o grupo de genes encontrados, como demonstra a figura abaixo. Observamos

que o percentual mais elevado de interações foi o de similaridade de domínios proteicos,

mostrando que dois produtos de genes estão vinculados por possuírem o mesmo domínio

protéico.

A.

B.

0 10 20 30 40

Shared protein domains

Co-expression

Predicted

Co-localization

Other

Networks (%)

Figura 10 – A. Rede de interações preditas entre os alvos encontrados no EPD no organismo

Mus Musculus, retirado do servidor Gene Mania, mostrando a rede de interações físicas e

genéticas, co-expressão, relações funcionais preditas entre genes, co-localização e similaridade

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de domínios proteicos; B. Gráfico comprovando o percentual da rede de interações entre os

alvos.

3.8. Análise do enriquecimento de promotores de genes associados ao processo de biogênese

mitocondrial

Através do servidor UCSC Genome Browser, acessamos o genoma humano (Human

GRCh19) e realizamos a análise de genes relacionados ao controle e função mitocondrial,

verificando sua possível ocupação com os nossos alvos de interesse. Os seguintes genes

mitocondriais foram selecionados para essa análise: NRF1, PPARGC1A, TFAM, ESSRA e

NCOR1. De acordo com os dados do projeto ENCODE, observamos que os alvos TCF12, THAP1,

SP1, HNF4g, NR2C2 se ligam nas regiões promotoras dos genes mitocondriais, confirmando a

hipótese de que nossos alvos podem estar associados com o processo de controle e função

mitocondrial. Destacamos, ainda, a similaridade de sequência nos sítios de ligação das espécies

Mus musculus, Rattus norvegicus e Homo sapiens, indicando que estes mesmos alvos podem atuar

nas outras duas espécies.

A.

B.

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C.

D.

E.

Figura 11. Ocupação das regiões promotoras dos genes mitocondriais Nuclear respiratory

factor 1 (NRF1), PPARG coactivator 1 alpha (PPARGC1A), Mitochondrial Transcription

factor A (TFAM), Estrogen-related receptor alpha (ESSRA) e Nuclear receptor corepressor 1

(NCOR1) pelos alvos TCF12, THAP1, SP1, HNF4g, NR2C2. A primeira linha indica o gene

observado em azul; a segunda linha Layered H3K27Ac: nível de acetilação da lisina 27 da

histona H3 em diferentes tipos celulares; terceira linha: locais de interação dos alvos;

alinhamento entre as sequências de humano e murinos.

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3.9. Secreção de insulina em linhagem de células MIN6

Para confirmar se linhagem de células utilizadas estavam funcionais, analisamos a

secreção de insulina estimulada por glicose de células MIN6 na passagem 48 através de

radioimunoensaio. Podemos observar que, de fato, quando estimuladas com alta concentração

de glicose (16.6 mM) essas células secretam mais insulina, comparando com o grupo que foi

submetido à baixa concentração de glicose (2.8 mM).

2.

8mM

16.6

mM

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

***

Secre

cao

de In

su

lin

a (

ng

/mL

)

Figura 12 – Secreção estática de insulina de células MIN6 na passagem 48, estimuladas por 1h

com 2,8mM e 16,6 de glicose. As barras representam a média ± SD ***p<0,05 comparado com

o grupo controle (2,8mM); n=8.

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3.10. Expressão de mRNAs dos respectivos alvos encontrados no EPD em linhagem de

células MIN6

Avaliamos a transcrição dos alvos encontrados (banco de dados EPD) durante

ensaio de secreção de insulina sob condições de baixa e elevada oferta de glicose em células da

linhagem MIN6. As alterações na expressão destes genes sugerem papeis importantes destes

alvos durante o processo de secreção de insulina, indicando que o aumento significativo na

expressão dos genes Thap1, Nr2f6, Tcf12, Nr2c2, Mafg bem como a redução dos genes Sp2,

Mafg, Nkx2-3, possam estar diretamente associados ao processo de controle molecular da

função mitocondrial e consequentemente de secreção de insulina em células MIN6.

Figura 13 – Expressão de mRNAs dos alvos encontrados no software EPD. O ensaio foi

realizado em meio DMEN contendo baixa (5.6mM) e elevada (25mM) oferta de glicose em

linhagem de células MIN6. Genes: achaete-scute family bHLH transcription factor 2 (ASCL2);

myogenic differentiation 1 (MYOD1); myogenin (MYOG); v-maf musculoaponeurotic

fibrosarcoma oncogene family, protein G (MAFG); NK2 homeobox 9 (NKX2-9); NK2

homeobox 3 (NKX2-3); nuclear receptor subfamily 2, group C, member 2 (NR2C2); nuclear

receptor subfamily 2, group F, member 6 (NR2F6); THAP domain containing, apoptosis

associated protein 1 (THAP1); transcription factor 12 (TCF12); transcription factor 1 (SP1);

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Sp2 transcription factor (SP2); hepatocyte nuclear factor 4, gamma (HNF4G). *p<0,05

comparado com o grupo controle, n=3.

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3.11. Amplificação dos promotores da PC fusionados à biotina

Paralelo às análises de bioinformática e funcionais, sintetizamos os promotores do

gene da PCX sem biotina e fusionados à biotina. Em seguida, amplificamos esses

oligonucleotídeos para posteriormente transfectar esses promotores em células de linhagem

MIN6 e realizar um ensaio de imunoprecipitação (ChiP) a fim de descobrir se as proteínas

encontradas nesse ensaio foram as mesmas descobertas nas análises de bioinformática. A

amplificação dos oligos sem biotina foi satisfatória, como demonstrada na figura 14 – A. No

entanto, ainda precisamos realizar mais testes em busca das condições ideais de amplificação

dos oligos contendo biotina, pois em nossas tentativas não observamos o resultado esperado

(figura 14 – B).

Figura 14 – A) Comprovação do PCR mostrando a amplificação dos promotores PCX1 e PCX2

sem biotina. B) Testes de PCR de amplificação dos oligos contendo biotina.

Ladder

Primers com biotina

- - F - - R F R

2kbp

1kbp

A.

B.

2kbp

1kbp

PCX1 PCX2

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4. DISCUSSÃO

O principal achado deste estudo foi a identificação de possíveis alvos com potencial

para regular o processo de biogênese mitocondrial em células β pancreáticas. Embora, nos

tecidos periféricos esteja bem estabelecido o papel do co-ativador de PPAR (PGC1α) nesse

controle aumentando a função mitocondrial, em células β, surpreendentemente, esse co-

ativador foi claramente associado com redução da função mitocondrial, indicando que esse

controle ainda é desconhecido nesse tecido. Como evidenciado anteriormente, a infecção de

células β com adenovirus contendo o gene de expressão do PGC1α, resultou em prejuízo da

secreção de insulina estimulada por glicose, um efeito consistente com redução da expressão

dos genes da glicose-6-fosfatase, do GLUT2, da glicokinase e da glicerol-3-fosfato

desidrogenase, importantes para a secreção de insulina. É importante observamos ainda que, a

superexpressão do fator de transcrição PDX1, reduziu a expressão gênica do PGC1α em células

INS-1E. Desse modo o Pdx1 parece ser um importante regulador do TFAM. Os achados

indicam que o silenciamento do Pdx1 resultou na diminuição de TFAM em células β

pancreáticas de camundongos transfectados com TFAM. Portanto, sugerem que o PGC1α, pelo

menos em células β pancreáticas, parece não exercer controle sobre o processo de biogênese

mitocondrial. Apesar do seu papel bem estabelecido no desenvolvimento da célula β, não

encontramos nenhuma diferença significativa no consumo de oxigênio das células transfectadas

com Pdx1, comparadas com o grupo controle.

Como principal estratégia neste estudo, utilizamos a região promotora do gene que

expressa a proteína piruvato carboxilase (PCX) como “isca”, na busca por alvos moleculares

que possam regular o processo de biogênese/função mitocondrial e, consequentemente, a

secreção de insulina em células β pancreáticas. Vale ressaltar que a PC induz anaplerose com

extrema eficiência metabólica, pois sua expressão é muito alta em células betas saudáveis,

catalisando a carboxilação do piruvato em oxaloaceato e favorecendo a secreção de insulina

estimulada por glicose (Jitrapakdee et al., 1998; Xu et al., 2008).

Além disso, a PC também tem uma participação importante nos eventos de

progressão do DM2, doença caracterizada pelos elevados níveis de glicose e ácidos graxos

livres que resultam na perda de célula β (Poitout and Robertson, 2008). Quando essa célula é

submetida à condições de hiperglicemia e hiperlipidemia ocorre uma redução de várias enzimas

respiratórias mitocondriais, como por exemplo, a piruvato carboxilase (Lu et al., 2010). O

fornecimento insuficiente de combustível para o ciclo de TCA mitocondrial através do

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tratamento de células beta com ácido fenilacético/ etomoxir é capaz de induzir principalmente

morte apoptótica, e a toxicidade gerada nesse tratamento é similar à glicolipotoxicidade

induzida por um tratamento com alta glicose/ palmitato. Com o combustível e metabolismo de

oxidação nas mitocôndrias comprometidos, pode ocorrer sinais de morte tanto pela ativação do

estresse oxidadtivo, quanto do estresse do retículo endoplasmático (Lee et al., 2014), que está

associado à lipotoxicidade induzida por palmitato ou à glicolipotoxicidade induzida por alta

glicose/palmitato (Cunha et al., 2008).

O gene da PC possui uma região promotora proximal e uma região promotora

distal. Enquanto a proximal é ativa em tecidos gliconeogênicos e no adipócito, a região distal

está diretamente associada ao controle do processo de anaplerose. Baseados nesse princípio,

utilizamos a base de dados de Promotores Eucarióticos (EPD) (Périer et al.,2000) e foi possível

identificar sítios putativos para ligação de fatores de transcrição na sequência PCX1 (-499 a

+100) e PCX2 (-499 a +100) na região promotora. As análises revelaram grande quantidade de

sítios putativos para ligação das proteínas Arnt, hif1a; Arnt; E2f6; Egr1; Ehf; Elf3; Elk4; Etv6;

Glis1; Gabpa; Hes5; Hes7; Hey2; Hes2; Insm1; Mzf1; Mlxip; Myod1; Myog; Nfya; Nfyb;

Nhlh1; Npas2; Runx2; Runx3; Sp1; Sp2; Tcf21; Znf354c; Zfx na sequência PCX1 e ligação

das proteínas Thap1; Nr2f6; Tcf12; Nr2c2; Sp2; Mafg; Nkx2-9; Sp1; Hnf4g; Nkx2-3; Myod1;

Myog; Ascl2 na sequência PCX2. Similarmente, utilizamos o software AliBaba2.1 e foi

possível identificar sítios putativos de ligação das proteínas Sp1; Nf-1; Usf; Gr; Oct-1; Cre-

bp1; Cp1; Ctf; Ap-2alph na sequência PCX1 e ligação das proteínas Sp1; Nf-1; C/ebpalp;

alpha-CP1; Arp-1; Odd; Cf2-III; Oct-1; Yy1 na sequência PCX2. Um fato interessante, foi a

detecção do fator de transcrição Sp1 em ambos softwares no promotor PCX2. Esse resultado

indica fortemente que o alvo SP1 realmente se liga na região promotora da PCX2 e pode ser

um forte candidato associado ao processo de biogênese mitocondrial em células β pancreáticas.

Como revisado por (Samson and Wong, 2002), o Sp1 possui atividade modificada pelo seu

estado de fosforilação em resposta à uma série de sinais, portanto, esse fator de transcrição

desempenha papel fundamental mediando cross-talk entre as vias de sinalização e transcrição

gênica. Apesar de ser responsável por esse papel, o Sp1 possui efeitos positivos ou negativos,

dependendo da região do promotor em que se liga. Um fato interessante constatado foi a

detecção deste alvo tanto na região promotora proximal (CCAAT/-65/-61) quanto na região

promotora distal (CCAAT/-95/-91) do gene PCX, indicando um amplo e complexo papel desse

fator de transcrição no controle da expressão do gene PCX.

É importante observarmos ainda, pelas análises de interactoma, que nas interações

existentes entre o grupo de genes alvos encontrados na região promotora PCX2, houve

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percentual mais elevado de similaridade de domínios proteicos, mostrando que dois produtos

de genes estão vinculados por possuírem o mesmo domínio protéico. Esse achado sugere que

os domínios dessas proteíans possuem estruturas parecidas ou são oriundos de genes homólogos

e, dessas forma, podem estar envolvidos em processos similares, ou ainda desempenhar funções

semelhantes. No estudo em questão, acreditamos que esses alvos podem participar do controle

do processo de biogênese mitocondrial.

Nessa investigação, o embasamento da hipótese reside em algumas interações

físicas de alvos que participam de vias relevantes, a exemplo do Nr2c2, que possui interação

com Rxrb (Retinoid X Receptor Beta) e Foxo1, gene que desempenha um papel importante no

crescimento e diferenciação miogênica. O Sp1 possui interação predita com Rxrα (Retinoid X

Receptor Alpha), que está associado ao controle da transcrição de genes da fosforilação

oxidativa (OXPHOS); além disso, a superexpressão de Rxrα pode atenuar a resistência à

insulina (Lee et al., 2015). Outra interação relevante foi a de Hnf4g com Esrrg (Estrogen

Related Receptor Gamma), um gene que já foi reportado na literatura como responsável pela

modulação da produção celular e sinalização de estrogênio no câncer de mama (Ijichi et al.,

2011).

Como validação do papel do Sp1 regulando a expressão do gene PCX, realizamos

ainda as análises de Chip-Seq (servidor UCSC Genome Browser) de genes já estabelecidos e

diretamente associados ao processo de biogênese de mitocôndrias, incluindo o NRF1,

PPARGC1A, TFAM, ESSRA e NCOR1. O Sp1, notavelmente, foi identificado nos promotores

de NRF1, PPARGC1A, TFAM, ESSRA e NCOR1, com indícios significativos de que este

enriquecimento do Sp1 nesses promotores pode constituir-se de um importante regulador do

processo de biogênese mitocondrial em células β pancreáticas. Apesar das análises de

bioinformática apontarem para a indicação do Sp1, as análises de expressão gênica em células

MIN6, estimuladas com glicose 5.6 e 25 mM, revelaram um aumento significativo na expressão

dos genes Thap1, Nr2f6, Tcf12, Nr2c2 e redução na expressão do Sp1, Hnf4g e Nkx2-3. No

entanto, nenhuma análise proteica dos níveis de expressão do Sp1 foi até o presente momento

realizada.

Para validação destes experimentos, amplificamos o promotor PCX2 sem biotina e

nosso próximo passo será amplificar esse promotor ligado à biotina para transfectá-lo nas

células MIN6 e, coletar o extrato nuclear das células transfectadas para posterior análise de

imunoprecipitação, a fim de encontrar os alvos detectados na bioinformática e nos

experimentos funciona

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5. CONCLUSÕES

Mostramos que proteínas que interagem com o promotor distal da PC podem ser

possíveis alvos relacionados ao controle da função e biogênese mitocondrial e, portanto, da

secreção de insulina em células pancreáticas MIN6. Em especial, nossos achados são bastante

significativos por indicarem o Sp1 como um importante fator de transcrição com potencial para

regular o processo de biogênese mitocondrial em células β-pancreática. O estudo dos

mecanismos moleculares envolvidos na proteção das células β contra a falha da função

mitocondrial/secreção de insulina, certamente, trará informações importantes na busca de novas

moléculas com potencial terapêutico, capazes de melhorar a função e sobrevivência das células

produtoras de insulina. O conhecimento do mecanismo pelo qual esses alvos regulam a função

mitocondrial certamente poderá abrir novas perspectivas terapêuticas no controle da disfunção

mitocondrial em células β e o consequente desenvolvimento DM2.

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ANEXO I

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ANEXO II

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ANEXO III

Rede de interações dos alvos – imagens do GeneMania

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