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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ARTES FRANSOEL CAIADO DECARLI O TROMBONE BAIXO: UM ESTUDO SOBRE OS ASPECTOS HISTÓRICOS E INTERPRETATIVOS DO REPERTÓRIO SACRO E SINFÔNICO CAMPINAS-SP 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ARTES

FRANSOEL CAIADO DECARLI

O TROMBONE BAIXO: UM ESTUDO SOBRE OS

ASPECTOS HISTÓRICOS E INTERPRETATIVOS DO

REPERTÓRIO SACRO E SINFÔNICO

CAMPINAS-SP

2017

FRANSOEL CAIADO DECARLI

O TROMBONE BAIXO: UM ESTUDO SOBRE OS

ASPECTOS HISTÓRICOS E INTERPRETATIVOS DO

REPERTÓRIO SACRO E SINFÔNICO

ORIENTADOR: PROF. DR. PAULO ADRIANO RONQUI

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL

DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO

FRANSOEL CAIADO DECARLI, E ORIENTADO PELO

PROF. DR. PAULO ADRIANO RONQUI.

CAMPINAS-SP

2017

Dissertação apresentada ao Instituto de Artes da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em

Música, com área de concentração em Música: Teoria,

Criação e Prática.

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

FRANSOEL CAIADO DECARLI

ORIENTADOR – PROF. DR. PAULO ADRIANO RONQUI

MEMBROS:

1. PROF. DR. PAULO ADRIANO RONQUI

2. PROF. DR. LEANDRO BARSALINI

3. PROF. DR. ALEXANDRE MAGNO E SILVA FERREIRA

Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da Universidade

Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca

examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 21 de agosto de 2017.

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar saúde e sabedoria para realizar este trabalho.

A minha esposa Mônica, que além do apoio, me fez acreditar que seria possível alcançar esse

objetivo. Obrigado pela compreensão, paciência, carinho e por estar ao meu lado em todos os

momentos.

A todos os meus familiares, em especial a minha mãe Ana Maria e a minha irmã Monize, que

além de apoiarem, incentivarem e participarem desse trabalho, são responsáveis pelos valores

que carrego comigo. Meus sinceros agradecimentos.

Ao Prof. Dr. Paulo Adriano Ronqui, por confiar no desenvolvimento desse trabalho, por sua

disponibilidade, dedicação, orientação e ensinamentos. Suas contribuições foram de grande

importância para a realização dessa dissertação.

Ao meu grande amigo e professor de trombone Robson de Nadai, pelo estímulo, parceria,

companheirismo, apoio, conselhos profissionais e pessoais, além de compartilhar todo seu

conhecimento musical comigo durante esses anos.

Ao programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes da Unicamp.

Aos professores Carlos Fiorini, Eduardo Ostergren, Rodrigo dos Santos, Alexandre Magno e

Dennis Bubert por compartilharem informações e conhecimentos musicais comigo.

Aos amigos Jefferson Anastácio, Elivelton Leite, Héllio Couto, Felipe Coelho, Alberto Dias e

Wellington Ronqui, que participaram diretamente das gravações de áudios que estão anexadas

no trabalho.

Ao prof. Sérgio pelas aulas de inglês que me auxiliaram no decorrer do trabalho, e ao amigo

Samuel Brizola, que também me ajudou neste campo.

Aos trombonistas baixos Ricardo Santos, Ben van Dijk, James Markey, George Curran,

Douglas Yeo e Martin Schippers pelas entrevistas realizadas.

Aos amigos da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, Grupo Metallumfonia e Sexteto

Carlos Gomes pelo companheirismo por todos esses anos.

RESUMO

A presente dissertação fornece um relato histórico e apresenta elementos interpretativos do

trombone baixo no repertório sacro e sinfônico orquestral. Para isso, realizou-se uma revisão

histórica da literatura com foco nas primeiras aparições dos trombones graves ao longo do

século XVI, suas alterações estruturais no decorrer dos séculos seguintes, até culminar no

trombone baixo conhecido na atualidade. Além disso, desenvolveu-se um estudo com ênfase

em composições sacras e sinfônicas específicas de distintos períodos da história da música

ocidental que utilizaram o trombone baixo em suas instrumentações. Como resultado, foi

possível verificar e apresentar as características musicais atribuídas ao instrumento em certas

obras ao longo dos séculos. O trabalho de performance da dissertação baseou-se em uma

seleção de trechos orquestrais que apresentam tais peculiaridades, às quais foram propostas

sugestões de performance. Para justificar essas escolhas, realizou-se gravações desses excertos,

com o objetivo de criar uma referência auditiva.

Palavras-chave: Trombone Baixo; Naipe de Trombones; Obras Sacras e Sinfônicas; Sugestões

de Performance.

ABSTRACT

The present dissertation introduce a historical account and provides interpretative elements of

the bass trombone on the sacred and symphonic orchestral repertoire. To achieve this, an

historical literature review has been conducted focusing on the first appearances of the low

trombones during the 16th century, its structural alterations throughout the following centuries,

until reaching the bass trombone known nowadays. In addition to this, a study was carried out

focusing on specific sacred and symphonic compositions from distinct periods of the Western

music history that made use of the bass trombone in its instrumentations. As a result, it was

possible to verify and present the musical characteristics assigned to the instrument in certain

works over the centuries. The performance work of the dissertation was based on a selection of

orchestral excerpts that present such peculiarities, to which performing suggestions were

proposed. To justify these choices, a series of recording of these excerpts have been made, with

the objective of creating an auditory reference.

Keywords: Bass Trombone; Trombone Section; Sacred and Symphonic Works; Performing

Suggestions.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Instrumentos de sopros descritos por Michael Praetorius no tratado Syntagma

Musicum (1618). ....................................................................................................................... 26

Figura 2: Original Bass-Sackbut in Eb. Model Isaac Ehe, Nuremberg 1612. Este instrumento

encontra-se em exposição no Germanic National Museum em Nuremberg. ........................... 27

Figura 3: Braço extensor conectado a vara do instrumento que permite o alcance das últimas

posições. ................................................................................................................................... 27

Figura 4: Braço conectado ao tubo superior do instrumento que possibilita a alteração da

afinação em até um tom. ........................................................................................................... 28

Figura 5: Classical Bass-Sackbut in F. ..................................................................................... 28

Figura 6: Bass-Sackbut in Eb and D or in F. Model Ehe. ........................................................ 29

Figura 7: Renaissance Bass-Sackbut in F or Eb. Model Ehe. Este instrumento é uma reprodução

do Bass-Sackbut que se encontra em exposição no Germanic National Museum, apresentado na

Figura 2. .................................................................................................................................... 29

Figura 8: Quart-Posaune construído por Pierre Colbert em 1593. Atualmente o instrumento

encontra-se no Rijksmuseum em Amsterdam. .......................................................................... 30

Figura 9: Tessitura dos trombones baixos afinados em Fá, Mi bemol e Sol. ........................... 32

Figura 10: Octav-Posaune construído por Georg Nicolaus Oller em Estocolmo em 1639. .... 33

Figura 11: Nicholas Eastop (1961-), trombonista da The Chamber Orchestra of Europe

executando o octav-posaune construído por Oller. .................................................................. 34

Figura 12: Trombone contrabaixo de êmbolo duplo. ............................................................... 34

Figura 13: Detalhes do êmbolo duplo na parte final da vara do instrumento. .......................... 35

Figura 14: Detalhes do êmbolo duplo....................................................................................... 35

Figura 15: Trombone de válvulas construído por F. Besson (s/d) em Londres no ano de 1876.

Este instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.38

Figura 16: Trombone baixo de válvulas com afinação em Fá, construído por August Beyde (s/d)

em meados do século XIX. Este instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais

da Edinburgh University. .......................................................................................................... 38

Figura 17: Trombone baixo de válvulas com afinação em Sol, construído por Higham (s/d) em

1911. Este instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh

University. ................................................................................................................................ 39

Figura 18: Bass Cavalry Valve Trombone afinado em Si bemol e Fá, construído em 1919 por

Le Brun. Este instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh

University. ................................................................................................................................ 40

Figura 19: Bass-Armeeposaune. ............................................................................................... 41

Figura 20: Trombone baixo afinado em Sol construído por John Green (s/d) em 1835. Este

instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University. ....... 43

Figura 21: Trombone baixo em Sol com o braço extensor conectado à vara. Este instrumento

se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University. ........................... 44

Figura 22: Trombone baixo em Sol/Ré construído por Antoine Courtois (s/d) por volta de 1870.

Este instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.44

Figura 23: Godfrey Kneller (s/d) tocando o trombone baixo em Sol/Ré com Orquestra

Filarmônica de Londres em 1946. ............................................................................................ 45

Figura 24: Trombone baixo em Si bemol/Fá de calibre 0,555ʺ. Modelo The Imperial 4043

desenvolvido pela fabricante Boosey & Hawkes em meados de 1950. .................................... 46

Figura 25: Trombone contrabaixo da marca Antoine Courtois de vara dupla construído entre

1890 e 1899. O instrumento encontra-se na coleção de instrumentos musicais da Edinburg

University. ................................................................................................................................ 47

Figura 26: Trombone contrabaixo Miraphone de vara dupla e válvula em Fá. ....................... 47

Figura 27: Trombone contrabaixo construído por Ernst Dehmel por volta de 1924. Este

instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University. ....... 49

Figura 28: Trombone construído por Sattler em 1835. Este instrumento se encontra na coleção

da Universidade de Leipzig na Alemanha. ............................................................................... 50

Figura 29: Trombone baixo de uma válvula construído por Penzel (s/d) no século XIX. ....... 51

Figura 30: Válvula estática anexada pelo construtor Lefevre em Paris no início do século XX.

.................................................................................................................................................. 53

Figura 31: Trombone baixo Conn 70H. ................................................................................... 53

Figura 32: Trombone baixo Holton Symphony 6. .................................................................... 54

Figura 33: Trombone baixo Olds S-23 com duas válvulas dependentes (Si bemol/Fá/Mi). .... 55

Figura 34: Kauko Kahila com seu trombone baixo da marca Reynolds, modelo Contempora 78x

em 1960. ................................................................................................................................... 56

Figura 35: Erik van Lier com seu trombone baixo afinado em Si bemol/Fá/Ré/Si.................. 57

Figura 36: Trombone baixo Olds S-24G com duas válvulas independentes. ........................... 58

Figura 37: Em A observa-se a passagem do ar pelo trombone quando a válvula não está

acionada. Em B, a passagem do ar pelos tubos do trombone quando a válvula está acionada.59

Figura 38: Válvula rotativa. ...................................................................................................... 62

Figura 39: Válvula de pisto introduzida por Adolphe Sax. ...................................................... 63

Figura 40: Válvula Stellventil que o construtor alemão Kruspe anexou no trombone baixo. .. 63

Figura 41: Válvulas cônicas no sistema Axial Flow. ................................................................ 64

Figura 42: Válvulas Hagmann no sistema Free-Flow. ............................................................ 64

Figura 43: Varas fabricadas com distintos materiais. ............................................................... 65

Figura 44: Campana produzida pela Edwards Instruments. ..................................................... 66

Figura 45: Campanas de rosca (9ʺ, 9,5ʺ e 10,5ʺ) produzidas pela Thein Brass. ...................... 67

Figura 46: Leadpipes. ............................................................................................................... 67

Figura 47: Tuning slides. .......................................................................................................... 68

Figura 48: Partes de um bocal. ................................................................................................. 68

Figura 49: Bass Trombone Courtois, model AC550. ................................................................ 76

Figura 50: Bass trombone Edwards, model B454. ................................................................... 77

Figura 51: Bass trombone Shires. ............................................................................................ 78

Figura 52: Bass Trombone Thein, model Ben Van Dijk. ......................................................... 79

Figura 53: Bass Trombone Bach, model 50T3. ........................................................................ 80

Figura 54: Trombone Baixo Weril. .......................................................................................... 81

Figura 55: Bass Trombone Yamaha, model YBL-830. ............................................................. 82

Figura 56: Ilustração que apresenta as características e as imagens dos trombones graves

pesquisados. .............................................................................................................................. 83

Figura 57: Ilustração que apresenta as características e as imagens dos trombones graves

pesquisados. .............................................................................................................................. 84

Figura 58: Iconografia italiana do século XVI que representa um grupo instrumental da época.

.................................................................................................................................................. 86

Figura 59: Instrumentação da ópera L´Orfeo de Claudio Monteverdi. .................................... 91

LISTA DE EXEMPLOS

Exemplo 1: Trecho da parte do trombone contrabaixo na II Scene da ópera Das Rheingold de

Richard Wagner. Compassos 339 ao 448. ................................................................................ 48

Exemplo 2: Notas que o trombone baixo passou a executar com o auxílio da válvula em Fá,

com exceção da nota Si, que era necessário a abertura da tubagem acoplada à válvula. ......... 52

Exemplo 3: Notas musicais e suas respectivas posições na afinação fundamental (Si bemol).

.................................................................................................................................................. 60

Exemplo 4: Notas musicais com a válvula em Fá acionada. .................................................... 60

Exemplo 5: Notas musicais com a válvula em Sol bemol acionada. ....................................... 61

Exemplo 6: Notas musicais com as duas válvulas acionadas (Ré) ao mesmo tempo. ............. 61

Exemplo 7: Trecho da partitura de Motet Ingredere de Francesco Corteccia. Compassos 1 ao

11. ............................................................................................................................................. 87

Exemplo 8: Trecho da partitura de Intermedio V de Francesco Corteccia. Compassos 1 ao 8.

.................................................................................................................................................. 88

Exemplo 9: Trecho da partitura da Sonata pian e forte de Giovani Gabrielli. Compassos 65 ao

72. ............................................................................................................................................. 90

Exemplo 10: Trecho da partitura de L´Orfeo de Monteverdi. Compassos 23 ao 25 (Primo Atto).

.................................................................................................................................................. 92

Exemplo 11: Trecho de L´Orfeo para ser executado por cinco trombones. Compassos 141 ao

144 (Atto Terzo). ....................................................................................................................... 93

Exemplo 12: Trecho da partitura da Cantata O Jesu Christ meins Lebens Licht - BWV 118 de

Johann Sebastian Bach. Compassos 1 ao 12. ........................................................................... 96

Exemplo 13: Trecho da partitura da ópera Orfeo ed Euridice de Christoph Willibald Gluck que

demonstra o dobramento de vozes entre trombones e coro. Compassos 1 ao 7 (Chor). .......... 98

Exemplo 14: Trecho da partitura do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart que mostra

o dobramento de vozes entre trombones e coro. Compassos 44 ao 51. ................................... 99

Exemplo 15: Trecho do oratório The Creation de Haydn que evidencia a combinação do

trombone baixo, contra-fagote e contrabaixos. Compassos 76 ao 80. ................................... 100

Exemplo 16: Partitura da Symphony n° 5 de Beethoven que demonstra o naipe de trombones

em um tutti orquestral. Compassos 374 ao 380. ..................................................................... 104

Exemplo 17: Parte do trombone baixo do 2° movimento da Symphony n° 9 (1822/1824) de

Beethoven que demonstra uma pequena melodia executada por violas, violoncelos e o trombone

baixo. Compassos 473 ao 688. ............................................................................................... 105

Exemplo 18: Partitura da Symphony n° 8 de Schubert que mostra uma melodia entre trombones

e cordas graves. Compassos 176 ao 189................................................................................. 106

Exemplo 19: Partitura da Symphony n° 8 de Schubert que mostra o final da obra, na qual

clarinetes, fagotes e trombone baixo executam uma passagem solista em ppp. Compassos 280

ao 299 (2° movimento). .......................................................................................................... 107

Exemplo 20: Solo escrito para o naipe de trombones em Guillaume Tell Overture de Rossini.

Compassos 92 ao 140. ............................................................................................................ 108

Exemplo 21: Solo escrito para o trombone na obra La Gazza Ladra de Rossini. Compassos 113

ao 139. .................................................................................................................................... 109

Exemplo 22: Trecho da partitura do 3° trombone da obra La Damnation de Faust de Hector

Berlioz que demonstra notas do extremo grave do instrumento. Compassos 1 ao 128 (XVIII).

................................................................................................................................................ 111

Exemplo 23: Coro da Symphony n° 3 de Schumann. Compassos 1 ao 6 (4° movimento). .... 112

Exemplo 24: Partitura do solo escrito para o trombone baixo na Symphony n° 3 de Schumann.

Compassos 1 ao 22 (4° movimento). ...................................................................................... 113

Exemplo 25: Coro de trombones e fagotes da Symphony n° 1 de Brahms. Compassos 47 ao 51

(4° movimento). ...................................................................................................................... 113

Exemplo 26: Solo escrito para o naipe de trombones em Der Fliegende Hollander de Richard

Wagner. Compassos 234 ao 243............................................................................................. 114

Exemplo 27: Frase musical de Nutcracker que demonstra as combinações de trompetes e

trombones tenores, bem como a de trombone baixo, tuba e cordas graves. Compassos 42 ao 45

(Pas de Deux). ........................................................................................................................ 116

Exemplo 28: Combinação de um trecho cantabile com dinâmica ppp, articulação legato e

intervalos de oitavas justas entre trombone baixo e tuba escrito por Dvorák em Carnaval

Overture. Compassos 271 ao 298. .......................................................................................... 117

Exemplo 29: Trecho em tessitura aguda escrito para o trombone baixo na Symphony in D minor

de César Franck. Compassos 267 ao 278 (3° movimento). .................................................... 118

Exemplo 30: Trecho escrito para o trombone baixo na Symphony n° 5 de Mahler, que utiliza a

articulação stacatto na tessitura grave do instrumento. Compassos 250 ao 254 (1° movimento).

................................................................................................................................................ 118

Exemplo 31: Partitura do trombone baixo de Petrushka que mostra um trecho agudo com

surdina em uníssono com os outros trombones. Compassos 88 ao 111. ................................ 119

Exemplo 32: Glissando escrito para o trombone baixo no Concerto for Orchestra (1943) de

Béla Bartók. Compasso 90 (4° movimento). .......................................................................... 119

Exemplo 33: Frullatos escritos para o trombone baixo em Don Quixote (1897) de Richard

Strauss. Compassos 1 ao 35 (Variação II). ............................................................................. 120

Exemplo 34: Partitura do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart que demonstra o

dobramento de vozes entre os trombones e o coro. Compassos 44 ao 55. ............................. 123

Exemplo 35: Partitura dos trombones do Offertorim do Requiem in D minor com sugestões de

articulação. Compassos 44 ao 52. ........................................................................................... 125

Exemplo 36: Partitura do trombone baixo da cantata O Jesu Christ meins Lebens Licht - BWV

118 de Bach. Compassos 1 ao 108. ........................................................................................ 128

Exemplo 37: Frase em uníssono executada pelo trombone baixo e contrabaixos no Duett mit

Chor (n° 28) do oratório The Creation de Haydn. Compassos 290 ao 319. .......................... 130

Exemplo 38: Partitura do 4° movimento da Symphony n° 5 de Beethoven que mostra um tutti

orquestral. Compassos 1 ao 8 (4° movimento). ...................................................................... 132

Exemplo 39: Partitura do naipe de trombones na performance de um tutti orquestral escrito em

Petrushka de Igor Stravinsky. Compassos 41 ao 61. ............................................................. 133

Exemplo 40: Coro escrito para o naipe de trombones na Symphony n° 3 de Schumann.

Compassos 1 ao 6 (4° movimento). ........................................................................................ 135

Exemplo 41: O exemplo mostra a diferença entre o legato natural e o artificial. .................. 136

Exemplo 42: Parte do trombone baixo do coro da Symphony n° 3 de Schumann com marcações

de posições, utilização da válvula e da língua. Compassos 1 ao 6. ........................................ 137

Exemplo 43: Parte do naipe de trombone do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart.

Compassos 44 ao 51. .............................................................................................................. 139

Exemplo 44: Partitura dos trombones da introdução da obra Der Fliegende Hollander de

Richard Wagner. Compassos 9 ao 15. .................................................................................... 139

Exemplo 45: Trecho dos trombones nas Pas de Deux de The Nutcracker de Tchaikovsky

(1892). Compassos 46 ao 49. ................................................................................................. 140

Exemplo 46: Trecho da partitura do trombone baixo e da tuba de Pas de Deux da obra The

Nutcracker. Compassos 45 e 46. ............................................................................................ 143

Exemplo 47: Trecho da partitura do trombone baixo e da tuba da obra Carnival Overture de

Dvorák. Compassos 271 ao 298. ............................................................................................ 144

Exemplo 48: Trecho escrito no 3° movimento da Symphony in D minor de César Franck que

mostra um solo em tessitura aguda para o trombone baixo. Compasso 267 ao 278. ............. 146

Exemplo 49: Passagem musical em tessitura grave escrita para o trombone baixo na Symphony

n° 5 de Mahler. Compassos 250 ao 254. ................................................................................ 147

Exemplo 50: Efeito do glissando escrito no Concerto for Orchestra de Béla Bartók. Compasso

90. ........................................................................................................................................... 149

Exemplo 51: Trecho que o naipe de trombones utiliza as surdinas na obra Petrushka (1911) de

Igor Stravinsky. Compassos 39 ao 42. ................................................................................... 151

Exemplo 52: Solo escrito para o trombone baixo no 4° movimento da Symphony n° 3 de

Schumann. Compassos 12 ao 18. ........................................................................................... 153

Exemplo 53: Solo escrito para o trombone baixo em An American in Paris de Gershwin.

Compassos 390 ao 392. .......................................................................................................... 154

Exemplo 54: Solo escrito para o trombone baixo em Don Quixote de Richard Strauss.

Compassos 58 ao 60. .............................................................................................................. 155

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comparação entre um sacabuxa construído no século XVI com um trombone tenor

fabricado no século XXI. .......................................................................................................... 24

Tabela 2: Especificações de quart-posaune construídos nos séculos XVI e XVII. ................. 31

Tabela 3: Bocais com diâmetro de copo compreendidos entre 26,5 mm e 27,9 mm. .............. 70

Tabela 4: Bocais com diâmetro de copo compreendidos entre 28 mm e 29,5 mm. ................. 71

Tabela 5: Os variados formatos de copos dos bocais da atualidade. ........................................ 72

Tabela 6: Variados tipos de surdinas utilizadas pelo trombone baixo. .................................... 75

Tabela 7: Tabela que demonstra as afinações, dimensões de calibres, de campanas e quantidade

de válvulas dos trombones baixos utilizados na música sacra e sinfônica nos distintos séculos.

................................................................................................................................................ 120

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 20

CAPÍTULO 1: UM RELATO HISTÓRICO DO TROMBONE BAIXO ......................... 23

1.1 - Família dos trombones ............................................................................................... 25

1.1.1 - O Quart-Posaune - Trombone Baixo .................................................................... 27

1.1.2 - O Octav-Posaune - Trombone Contrabaixo .......................................................... 33

1.2 - Século XIX: período de transformações nos instrumentos de metal ..................... 36

1.2.1 - Trombone de válvulas ............................................................................................ 37

1.2.2 - Trombone baixo em Sol ......................................................................................... 42

1.2.3 - Reutilização do trombone contrabaixo na música sinfônica.................................. 47

1.2.4 - Trombone tenor/baixo ............................................................................................ 50

1.3 - Trombone baixo da atualidade .................................................................................. 52

1.4 - Partes estruturais do trombone baixo ...................................................................... 58

1.4.1 - Válvulas rotativas................................................................................................... 58

1.4.2 - Varas ...................................................................................................................... 65

1.4.3 - Campanas ............................................................................................................... 66

1.4.4 - Leadpipes e tuning slides ...................................................................................... 67

1.4.5 - Bocais ..................................................................................................................... 68

1.4.6 - Surdinas.................................................................................................................. 73

1.5 - Fabricantes da atualidade .......................................................................................... 76

CAPÍTULO 2: A UTILIZAÇÃO DO TROMBONE BAIXO NO REPERTÓRIO SACRO

E SINFÔNICO ........................................................................................................................ 85

2.1 - A atuação do trombone baixo no repertório sacro e sinfônico ............................... 85

2.2 - Caraterísticas no emprego do trombone baixo na atualidade: recomendações

interpretativas e instrumentais ........................................................................................ 121

2.2.1 - O naipe de trombones com a função de substituir e/ou dobrar as vozes do coro 121

2.2.2 - O baixo contínuo dobrado pelo trombone baixo.................................................. 126

2.2.3 - A combinação do trombone baixo com instrumentos de cordas e de madeiras

graves .............................................................................................................................. 129

2.2.4 - O naipe de trombones nos tuttis orquestrais ........................................................ 131

2.2.5 - Os coros do naipe de trombones nas obras sinfônicas ......................................... 134

2.2.6 - O naipe de trombones utilizado com potência sonora ......................................... 138

2.2.7 - O trombone baixo atuando em conjunto com a tuba ........................................... 141

2.2.8 - Ampliação da tessitura do trombone baixo .......................................................... 145

2.2.9 - Efeitos de glissando e surdina.............................................................................. 148

2.2.10 - Solos de trombone baixo nas obras orquestrais ................................................. 152

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 157

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 161

APÊNDICE 1 ........................................................................................................................ 168

APÊNDICE 2 ........................................................................................................................ 185

20

INTRODUÇÃO

É fato que a pesquisa acadêmica voltada para os instrumentos de metal cresceu nos

últimos anos no Brasil. Encontrar trabalhos e documentos que tratam especificamente sobre o

trombone baixo não é uma tarefa simples, pois ainda existe uma carência de publicações

nacionais sobre o instrumento. Dentre alguns trabalhos acadêmicos encontrados onde citam o

trombone baixo, nota-se serem apenas menções sobre o instrumento, visto que normalmente o

foco é o trombone de uma forma geral.

Com o intuito de preencher parte dessa lacuna, o propósito central do presente

trabalho foi realizar uma investigação sobre a história e a utilização do trombone baixo no

repertório sacro e sinfônico, uma vez que o emprego do instrumento possui um amplo campo

de atuação musical.

Este estudo teve o objetivo de demonstrar fatos históricos relacionados ao

instrumento, como: o surgimento, a construção, as diferenciadas válvulas e suas afinações, os

bocais, as surdinas e os principais fabricantes da atualidade. Também procurou-se demonstrar

a forma com que o trombone baixo foi empregado nas obras sacras e sinfônicas no decorrer dos

séculos. Para tanto, estudou-se trechos orquestrais de distintos compositores da história da

música que permitiram constatar funções e características musicais exercidas pelo instrumento

e por todo o naipe de trombones. Por meio dos elementos acima mencionados, foi possível

oferecer sugestões interpretativas na performance de alguns excertos orquestrais, e também,

recomendar dimensões de campanas do trombone baixo para a execução de tais trechos, os

quais foram gravados em arquivos de áudio a fim de proporcionar um referencial auditivo.

Justifica-se a realização deste trabalho por tratar-se de uma pesquisa de carácter

inédito, assim, oferecendo a comunidade uma publicação nacional que apresenta a história e a

utilização do trombone baixo em obras sacras e sinfônicas orquestrais. Desse modo, este

trabalho poderá ser utilizado como referencial teórico direcionado aos estudantes e professores

do trombone baixo, além de pesquisadores, regentes e arranjadores. Outro enfoque inédito

apresentado na presente pesquisa, relaciona-se às sugestões interpretativas e recomendações

instrumentais para a execução de trechos orquestrais, pois poderão servir como ferramentas de

auxílio à performance dos excertos selecionados e de outras composições que apresentam as

mesmas peculiaridades musicais.

Quanto à metodologia empregada para o desenvolvimento do trabalho, realizou-se

buscas em diversificadas referências bibliográficas nacionais e estrangeiras com o tema

21

relacionado à família dos trombones e à evolução dos instrumentos de metal de uma forma

geral. Essa investigação apoiou-se nas publicações de: SACHS (1940); KLEINHAMMER

(1963); CARSE (1964); BATE (1966); DEL MAR (1987); GUION (1988); BAINES (1993);

ORTOLAN (1998); HERBERT (2006); HIGH (2006); FONSECA (2008); KROSSCHELL

(2008); SANTOS (2009); WICK (2011); BURROWS (2013); YEO (2015), assim como nos

tratados de PRAETORIUS (1619), BERLIOZ (1858) e PISTON (1969). Além disso, os sites

dos principais fabricantes do instrumento na atualidade, bem como, o contato via e-mail com

alguns de seus representantes, tornaram-se fontes relevantes para a obtenção de informações.

Juntamente com a pesquisa bibliográfica, foram realizadas entrevistas via e-mail

com trombonistas baixos atuantes em orquestras de grande relevância no cenário nacional e

internacional da atualidade, como a Orquestra Sinfônica de Boston, Orquestra Filarmônica de

Rotterdam, Orquestra Filarmônica de Nova York, Orquestra Sinfônica Brasileira e a Royal

Concertgebouw Orchestra. O intuito dessas entrevistas foi investigar as particularidades na

performance de composições dos diferentes períodos, e saber se esses instrumentistas utilizam

mais de um trombone baixo na execução de obras orquestrais. As entrevistas encontram-se no

Apêndice 1 desta dissertação1.

Este trabalho foi elaborado do seguinte modo: no Capítulo 1 encontra-se o relato

histórico do trombone baixo, no qual abordou-se aspectos estruturais do instrumento. Esse

estudo partiu dos primeiros trombones graves encontrados no século XVI, passando pelas

transformações ocorridas devido aos avanços tecnológicos do século XIX, pelas novas

melhorias acontecidas no século XX, até chegar no instrumento fabricado atualmente. Também

optou-se por demonstrar as partes que compõe o instrumento em separado, a fim de especificar

a função de cada uma delas. O Capítulo 2 apresenta o emprego do trombone baixo no repertório

sacro e sinfônico, no qual procurou-se evidenciar através de trechos de obras orquestrais dos

diversos períodos da história, as funções e as caraterísticas musicais específicas que os

compositores atribuíram ao instrumento. Após evidenciar tais elementos nos excertos

orquestrais selecionados, decidiu-se oferecer sugestões interpretativas e recomendações sobre

as dimensões de campanas para performance de cada trecho selecionado. Para exemplificar de

maneira auditiva os conceitos técnicos e interpretativos oferecidos, tais excertos orquestrais

1 Relação dos trombonistas baixos entrevistados: Douglas Yeo (1955-) – Orquestra Sinfônica de Boston

(aposentado atualmente); Ben van Dijk (1955-) – Orquestra Filarmônica de Rotterdam; James Markey (1975-) –

Orquestra Sinfônica de Boston; George Curran (1976-) - Orquestra Filarmônica de Nova York; Ricardo Santos

(1980-) – Orquestra Sinfônica Brasileira e Martin Schippers (1982-) - Royal Concertgebouw Orchestra.

22

foram gravados2 e estão disponíveis nos links que se encontram no Apêndice 2, como também

no decorrer da dissertação.

Como produto, a presente dissertação de mestrado disponibiliza à comunidade um

trabalho de caráter inédito e original que oferece um relato histórico do trombone baixo em

língua portuguesa, além de um detalhado estudo sobre a utilização do instrumento na música

sacra e sinfônica orquestral ao longo dos séculos. Além disso, também são disponibilizadas

sugestões interpretativas e instrumentais relevantes para os trechos orquestrais selecionados.

2 As gravações dos trechos orquestrais que estão disponíveis nos links apresentados no subcapítulo 2.2 e no

Apêndice 2, foram gravados pelos músicos: Fransoel Caiado Decarli (1982-), Robson Alexandre de Nadai (1966

-), Elivelton Leite dos Santos (1993-), Felipe Coelho (1989-) e Alberto Tavares Dias (1982-). Vale ressaltar que

as gravações foram realizadas no mesmo local e com o mesmo tipo de captação sonora.

23

CAPÍTULO 1: UM RELATO HISTÓRICO DO TROMBONE BAIXO

Referências iconográficas apontam que o trombone surgiu no século XV em

decorrência do avanço do trompete de vara do período da renascença (FONSECA, 2008). A

palavra trombone, utilizada nos idiomas inglês, francês e italiano, derivou-se do termo tromba

(LUMPKIN, 1974). Nos países de língua alemã, a nomenclatura utilizada para esse instrumento

é posaune, oriunda de buisine (trompete reto e longo) e basuin (instrumento de metal)

(FONSECA, 2008). Além dessas terminologias, outra palavra usada para referir-se a esse

instrumento foi sacabuxa, que de acordo com GALPIN (1906), derivou-se do francês

saqueboute: união dos termos saquier (puxar) e bouter (empurrar). Entretanto, SANTOS (2009)

esclarece que esse termo apareceu primeiramente na Espanha no século XIV. A palavra

sacabuche, originada da expressão sacar del buche, é explicada pelo movimento de inspirar e

expirar com força realizado pelo instrumentista para tocar.

Com o intuito de obter um melhor entendimento sobre esses termos, realizou-se

uma busca por diferentes fontes bibliográficas que trataram sobre essas nomenclaturas. Nessa

pesquisa, notou-se que esse assunto possui uma certa complexidade, pois envolve distintos

países e idiomas. Sendo assim, esta dissertação optou por não problematizar essa questão,

porque o tema já foi amplamente discutido em trabalhos estrangeiros e nacionais e devido ao

fato de não ser o foco principal desse estudo.

Deste modo, recomenda-se a leitura das publicações nacionais de SANTOS (2009)

e FONSECA (2008) e dos trabalhos estrangeiros de HERBERT (2006), LUMPKIN (1974),

SACHS (1940), GALPIN (1906), que se aprofundaram no estudo sobre a origem das diferentes

terminologias utilizadas para referir-se ao trombone.

Outra questão observada em algumas bibliografias que abordam assuntos referentes

aos instrumentos de metal é quanto ao uso dessas nomenclaturas. No decorrer deste capítulo,

será possível observar que o trombone sofreu algumas alterações ao longo de sua história,

principalmente em suas dimensões de campana e calibre. Esse fato fez com que alguns autores

preferissem utilizar o termo sacabuxa ou sackbutt para referirem-se ao instrumento com

pequenas dimensões de calibre e campana. Já a palavra trombone é empregada ao instrumento

com maiores dimensões, ou seja, o sacabuxa é visto como o antecessor do trombone.

Em contrapartida, outras publicações apenas relatam a existência dessas distintas

nomenclaturas, assim, referem-se ao instrumento com o termo trombone desde seu surgimento,

demonstrando a ideia de que o instrumento apenas passou por algumas adequações estruturais

ao longo de sua história.

24

O fato é, por se tratar de um assunto complexo que novamente envolve diferentes

países e idiomas, além de visões diferenciadas entre as publicações existentes na atualidade,

pode-se dizer que são apenas distintas maneiras para referirem-se ao instrumento. Portanto, este

trabalho optou por apresentar a Tabela 1 com as principais diferenças entre um sacabuxa

construído no século XVI e um trombone tenor fabricado no século XXI.

Tabela 1: Comparação entre um sacabuxa construído no século XVI com um trombone tenor fabricado no

século XXI.

Sacabuxa Tenor Schnitzer

(1594)

Trombone Tenor Edwards

(2009)

Comprimento 108 cm 116 cm

Calibre 1,2 cm 1,4 cm

Diâmetro da campana 10 cm 22 cm

Sistema da afinação

nos tubos superiores Ausente Presente

Chave para retirar

saliva do instrumento Ausente Presente

Fonte: Os dados obtidos foram extraídos de SANTOS (2009, p.44) e FONSECA (2008, p.31).

Destaca-se que, mesmo com essas diferenças, o mecanismo da vara para a obtenção

das notas musicais se manteve por todos esses séculos. Ademais, o sacabuxa era fabricado

basicamente de latão, assim como os trombones são produzidos na atualidade, embora algumas

empresas também utilizem ligas de materiais mais nobres em cobre e em prata. O importante é

o leitor deste trabalho saber que o instrumento de metal cromático com o mecanismo da vara

surgido no século XV, é chamado de trombone, posaune ou sacabuxa.

Após apresentar questões referentes às distintas nomenclaturas e às divergências

existentes em suas utilizações, este trabalho, que tem como foco principal o trombone baixo,

apresentará um relato histórico sobre o instrumento. Neste capítulo serão demonstrados fatos

sobre seu surgimento, como: os primeiros documentos que comprovam sua aparição, as

características e adaptações estruturais ocorridas ao longo dos séculos, os diferentes tipos, as

distintas válvulas, varas e outras partes que compõe o instrumento, os variados bocais e

surdinas, além das principais fábricas da atualidade.

25

1.1 - Família dos trombones

As primeiras evidências que comprovam a aparição de trombones de diferentes

tamanhos e afinações, caracterizando a formação de sua própria família, datam do século XVI

e XVII (HIGH, 2006). Segundo BAINES (1993), as designações para a família dos trombones

alto, tenor e baixo, foram raramente utilizadas antes do final do século XVI.

Um fato que auxiliou o surgimento dos trombones graves na segunda metade do

século XVI foi a transição da música do período do renascimento para o barroco, pois atentava-

se pela necessidade de empregar instrumentos com maiores tessituras. Nesse período, o cravo,

o órgão e o alaúde estenderam sua tessitura para uma região mais grave. Na mesma linha

surgiram instrumentos de sopro como o quart-posaune e o octav-posaune (HIGH, 2006).

Um dos primeiros documentos que retratam a existência da família dos trombones

é o segundo volume do tratado intitulado Syntagma Musicum (1618) de Michael Praetorius

(1571-1621). Nesse tratado, o autor descreve os distintos tipos de trombones, além de oferecer

uma representação visual de vários instrumentos de sopro (Figura 1). Dos instrumentos

descritos por Praetorius, dois são de grande importância para a história do trombone baixo: o

quart-posaune e o octav-posaune (KROSSCHELL, 2008). Segundo Praetorius, a família dos

trombones poderia ser dividida da seguinte maneira:

Alt-posaune: extensão entre o Si 1 e o Ré 3 ou Mi 3;

Ordinary-posaune: extensão entre o Mi 1 e o Sol 3 ou Lá 3;

Quart-posaune: uma oitava abaixo do alt-posaune, embora também feito em

uma afinação mais grave;

Octav-posaune: uma oitava abaixo do ordinary-posaune.

26

Figura 1: Instrumentos de sopros descritos por Michael Praetorius no tratado Syntagma Musicum (1618).

Fonte: PRAETORIUS (1618).

Nas próximas páginas serão apresentados os aspectos históricos e estruturais do

quart-posaune e do octav-posaune, instrumentos que auxiliaram no processo de

desenvolvimento do trombone baixo atual.

27

1.1.1 - O Quart-Posaune - Trombone Baixo

Assim como o ordinary-posaune (trombone tenor) o quart-posaune (Figura 2)

possui um mecanismo conhecido como telescópico (vara) para a obtenção das notas. Esse

sistema possibilita a execução das distintas séries harmônicas com muita eficiência, deixando

o instrumento capaz de realizar a escala cromática (HERBERT, 2006).

Figura 2: Original Bass-Sackbut in Eb. Model Isaac Ehe, Nuremberg 1612. Este instrumento encontra-se em

exposição no Germanic National Museum em Nuremberg.

Fonte: www.baroquetrumpet.com. Acesso em 23 de setembro de 2015.

O quart-posaune foi construído baseado no ordinary-posaune, porém, com seus

tubos em um comprimento maior. Esse procedimento foi necessário para que houvesse a

mudança na afinação do instrumento, capacitando-o a executar notas mais graves. Por ser

construído com uma tubagem de maior comprimento, o quart-posaune possui um braço

extensor conectado a vara (Figura 3) para auxiliar no alcance das notas que ficam nas últimas

posições do instrumento (FONSECA, 2008).

Figura 3: Braço extensor conectado a vara do instrumento que permite o alcance das últimas posições.

Fonte: www.ewaldmeinl.de. Acesso em 23 de setembro de 2015.

28

Alguns modelos de quart-posaune foram construídos com um braço extensor

conectado também aos tubos de sua parte superior (Figura 4). A função desse braço é alterar a

afinação do instrumento em até um tom (BAINES, 1993).

Figura 4: Braço conectado ao tubo superior do instrumento que possibilita a alteração da afinação em até um tom.

Fonte: www.ewaldmeinl.de. Acesso em 23 de setembro de 2015.

Atualmente, há construtores que fabricam réplicas desses instrumentos para o

trabalho de grupos de música antiga. A construção é realizada por meio da colaboração de

músicos que utilizam esses trombones, bem como, pela análise dos instrumentos originais que

se encontram nos museus ou em coleções particulares. As Figuras 5, 6 e 7, demonstram alguns

modelos de quart-posaune construídos no século XX.

Figura 5: Classical Bass-Sackbut in F.

Fonte: www.ewaldmeinl.de. Acesso em 23 de setembro de 2015.

29

Figura 6: Bass-Sackbut in Eb and D or in F. Model Ehe.

Fonte: www.ewaldmeinl.de. Acesso em 23 de setembro de 2015.

Figura 7: Renaissance Bass-Sackbut in F or Eb. Model Ehe. Este instrumento é uma reprodução do Bass-Sackbut

que se encontra em exposição no Germanic National Museum, apresentado na Figura 2.

Fonte: www.eggerinstruments.ch. Acesso em 23 de setembro de 2015.

O documento mais antigo encontrado que cita a existência do quart-posaune vem

da cidade de Kassel na Alemanha. Um inventário datado de 1573 relata alguns trombones,

dentre eles um quart-posaune com suas curvas e bocais (BAINES, 1951). Além desse

documento, outra evidência do século XVI é um quart-posaune que sobreviveu até os dias

atuais, construído por Pierre Colbert (s/d), datado de 1593 (Figura 8). De acordo com

HERBERT (2006), o instrumento encontra-se no Gemeentemuseum em Haia, nos Países

Baixos, porém, em pesquisa mais atualizada pelo autor do presente trabalho, verificou-se que

esse instrumento encontra-se no Rijksmuseum em Amsterdam desde 20103.

3 HERBERT (2006) afirma que o quart-posaune construído por Pierre Colbert encontra-se no Gemeentemuseum

em Haia, porém, em contato via e-mail com o museu para obter imagens do instrumento, o autor deste trabalho

recebeu a informação de que o quart-posaune encontra-se atualmente no Rijksmuseum em Amsterdam. De fato,

essa informação foi confirmada pelo autor na visita ao museu em viagem para Amsterdam em outubro de 2016.

30

Figura 8: Quart-Posaune construído por Pierre Colbert em 1593. Atualmente o instrumento encontra-se no

Rijksmuseum em Amsterdam.

Fonte:www.rijksmuseum.nl/en/explore-the-collection/works-of-art/musical-instruments/objects#/BK-AM-61,5.

Acesso em 26 de setembro de 2015.

O principal centro de construção do quart-posaune era a cidade de Nuremberg, na

Alemanha. Nessa cidade, houve uma centralização entre duas famílias de fabricantes: as

famílias Neuschel e Schnitzer (SANTOS, 2009). Com o passar do tempo outros construtores se

destacaram, surgindo uma variedade de quart-posaune com dimensões variadas de campanas,

calibres, acabamentos e afinações.

Para demonstrar as diferenças citadas, a Tabela 2 foi elaborada com informações

específicas de alguns quart-posaune da época. Nesta tabela, observa-se as diferentes medidas

de campanas e calibres, o ano de construção, o fabricante dos instrumentos, além das distintas

afinações.

31

Tabela 2: Especificações de quart-posaune construídos nos séculos XVI e XVII.

CONSTRUTOR AFINAÇÃO ANO CALIBRE CAMPANA

Pierre Colbert Sol 1593 13 mm

0,511ʺ

125 mm

4,92ʺ

Simon Reichard Entre Fá e Mi 1607 12 mm

0,472ʺ

139 mm

5,47ʺ

Isaac Ehe Mi bemol 1612 11.8 mm/12.2 mm

0,464ʺ/0,480ʺ

124 mm

4,88ʺ

Sebastian

Hainlein n.d. 1627

13.5 mm/14.1 mm

0,531ʺ/0,555ʺ

116 mm

4,56ʺ

Petrus Goltbeck Fá 1635 11.62 mm

0,457ʺ

122 mm

4,80ʺ

Wolf Birckholz Sol 1650 11.26 mm

0,443ʺ

129,5 mm

5,09ʺ

Hanns Hainlein Mi bemol 1631 11.3 mm

0,444ʺ

122 mm

4,80ʺ

Hanns Hainlein Fá 1668 9.3 mm/10.9 mm

0,366ʺ/0,429ʺ

129 mm

5,07ʺ

Fonte: Tabela adaptada de FISCHER (1984, p.45). Nota: n.d: informação não disponível.

Como pode ser observado, apesar dos trombones baixos dessa época serem

construídos em Mi bemol, Fá e Sol, o mais comum era encontrar esse instrumento afinado em

Fá, pois foi utilizado em grande parte da Europa, principalmente na Europa Central e nas bandas

alemãs até o final do século XIX (PISTON, 1969).

Segundo GREGORY (1973), o instrumento em Fá era conhecido como quart-

posaune, pois possuía sua afinação fundamental uma quarta justa abaixo do trombone tenor. Já

o instrumento em Mi bemol era chamado de quint-posaune, pois era afinado uma quinta justa

abaixo do trombone tenor. A Figura 9 demonstra as tessituras correspondentes a cada afinação.

32

Figura 9: Tessitura dos trombones baixos afinados em Fá, Mi bemol e Sol.

Fonte: GREGORY (1973, p. 84).

Além da afinação, nota-se na Tabela 2 que os trombones baixos apresentavam

medidas distintas de calibres e de campanas, o que demonstra a não existência de uma

padronização nas dimensões estruturais desses instrumentos. Essas campanas eram fabricadas

em torno de 127 mm4 (5ʺ)5 de diâmetro. Sobre o calibre, observa-se que alguns trombones

baixos tinham uma única dimensão, enquanto outros apresentavam duas medidas. Isso significa

que eram produzidos de duas maneiras distintas: single bore e dual bore (FISCHER, 1984).

Essas particularidades serão melhor explicadas no tópico específico sobre as varas.

O quart-posaune foi utilizado até meados do século XIX, embora em algumas

regiões europeias foi empregado até o final desse século. Esse instrumento foi substituído por

um trombone afinado em Si bemol/Fá de grandes dimensões de calibre e de campana que surgiu

em meados do século XIX e ficou conhecido como trombone tenor/baixo. Essa substituição

ocorreu gradativamente pela Europa durante o século XIX, pois em decorrência dos avanços

tecnológicos que possibilitaram o surgimento das válvulas, em conjunto com a necessidade das

orquestras por instrumentos de maior potência sonora, o trombone tenor/baixo passou a ser o

novo responsável pelas linhas graves do naipe de trombones, tornando-se o quart-posaune

restrito às bandas alemãs até cair praticamente em desuso total. Esse novo instrumento será

detalhado no subcapítulo 1.2.5 dessa dissertação.

4 mm: sigla utilizada para milímetros. 5 ʺ: símbolo utilizado para polegadas.

33

1.1.2 - O Octav-Posaune - Trombone Contrabaixo

Michael Praetorius menciona em seu

tratado dois tipos distintos de octav-posaune. O

primeiro foi construído com os tubos mais largos e

com uma tubagem adicional acoplada em sua

campana. Esse instrumento também possuía um

braço extensor conectado à vara, pois era

necessário para auxiliar o alcance das últimas

posições do instrumento. A intenção foi fabricá-lo

com maior calibre, desta forma, não seria preciso

construir o instrumento com o comprimento muito

longo (FONSECA, 2008).

O outro tipo de octav-posaune foi

produzido como um trombone tenor, porém com

maior comprimento para atingir a afinação

desejada (Figura 10). Para obter a afinação de uma

oitava abaixo do ordinary-posaune, o

comprimento dos tubos utilizados para a

construção do instrumento foi duplicado de

tamanho. Isso levou a um aumento proporcional da

campana, da vara e da tubulação superior (HIGH,

2006). Assim como no quart-posaune, esse

instrumento também possuía um braço extensor

conectado à vara para auxiliar a execução das notas

das últimas posições do instrumento. Um exemplo

desse octav-posaune foi construído por Georg

Nicolaus Oller (s/d) em Estocolmo no ano de 1639

e está exposto no Musikmuseet em Estocolmo

(Figuras 10 e 11).

Fonte: www.dannychesnut.com.

Acesso em 26 de setembro de 2015.

Figura 10: Octav-Posaune construído por

Georg Nicolaus Oller em Estocolmo em 1639.

Fonte: www.dannychesnut.com.

Acesso em 26 de setembro de 2015.

34

Figura 11: Nicholas Eastop (1961-), trombonista da The Chamber Orchestra of Europe executando o octav-

posaune construído por Oller.

Fonte: www.dannychesnut.com. Acesso em 26 de setembro de 2015.

Além dos trombones contrabaixos mencionados por Praetorius, um terceiro modelo

foi construído por Jorg Neuschel (s/d) em 1542. Esse instrumento ficou conhecido por possuir

uma vara dupla, pois a intenção foi de reduzir seu comprimento. Para isso o tubo que compõe

a vara foi dobrado, gerando assim o êmbolo duplo (Figuras 12, 13 e 14).

Figura 12: Trombone contrabaixo de êmbolo duplo.

Fonte: www.yeodoug.com. Acesso em 26 de setembro de 2015.

35

Figura 13: Detalhes do êmbolo duplo na parte final da vara do instrumento.

Fonte: www.yeodoug.com. Acesso em 26 de setembro de 2015.

Figura 14: Detalhes do êmbolo duplo.

Fonte: www.yeodoug.com. Acesso em 26 de setembro de 2015.

Uma das primeiras evidências constatadas sobre a existência do octav-posaune foi

uma carta que o duque Albrecht da Prússia (1490-1568) encaminhou para Jorg Neuschel em

1540/42. O Duque fez uma encomenda de alguns instrumentos, incluindo um trombone em

prata com êmbolo duplo. Não está claro se o instrumento é realmente um trombone

contrabaixo, porém, o fato de mencionar a vara dupla implica em um instrumento de maior

porte, além de que, em um trombone menor esse mecanismo não seria necessário (HIGH, 2006).

Outro documento que menciona o octav-posaune é um inventário datado no ano de

1613 da cidade Kassel. Esse documento relata a existência de um “grande posaune” em Mi.

Partindo da informação que esse mesmo inventário já tinha mencionado o trombone alto, o

tenor e o baixo, é muito provável que este “grande posaune” era um trombone contrabaixo

(BAINES, 1951).

Encontrar obras dos séculos XVI e XVII escritas para o trombone contrabaixo é

muito difícil, uma vez que os compositores não especificavam exatamente a instrumentação

desejada até o fim do século XVI (BAINES, 1993). Outro fator é que o instrumento possuía

grandes dimensões e peso elevado, sendo necessário força e equilíbrio para executá-lo.

36

Ademais, era usado somente quando havia necessidade em linhas graves mais lentas, pois

exigiam pouco movimento da vara (HIGH, 2006).

Uma das primeiras evidências que registra o uso de um trombone contrabaixo vem

da celebração do casamento do Duque Wilhelm da Bavária (1548-1626) com a princesa Rene-

e de Lorraine (1544-1602) em 1568. Durante a festa de casamento, uma composição de

Alessandro Striggio (1536/37-1592) foi executada por seis trombones, sendo que a parte mais

grave soava uma oitava abaixo dos outros instrumentos (HIGH, 2006).

Não existem referências que comprovam até quando o trombone contrabaixo

sobreviveu, porém, o instrumento teve o mesmo desuso que todo o naipe de trombones no final

do século XVII e começo do século XVIII. Ao contrário dos trombones alto, tenor e baixo que

ainda sobreviveram em alguns lugares da Europa, o contrabaixo desapareceu completamente

nesse período devido à soma de alguns fatores. Como já relatado, o instrumento era grande e

pesado, tornando-se de difícil execução. Ademais, era pouco utilizado, pois além de ser um

trombone de alto custo, grande parte das composições escritas nessa época poderiam ser tocadas

com o quart-posaune atuando na voz mais grave (HIGH, 2006).

É improvável que apenas um dos fatores acima tenha causado o desaparecimento

do trombone contrabaixo no século XVIII, sendo o mais provável a combinação dos elementos

citados. O fato é que o instrumento deixou de ser utilizado durante aproximadamente cento e

cinquenta anos, sendo reintroduzido na música sinfônica por Richard Wagner (1813-1883) no

século XIX na ópera Der Ring des Nibelungen (1848-1874).

As próximas páginas deste capítulo darão ênfase às transformações ocorridas com

os instrumentos de metais no século XIX. Serão relatadas algumas informações sobre os

instrumentos que de alguma forma auxiliaram no processo de estruturação do trombone baixo

da atualidade.

1.2 - Século XIX: período de transformações nos instrumentos de metal

Avanços tecnológicos ocorridos no início do século XIX possibilitaram

transformações significativas em alguns instrumentos da família dos metais. Segundo RONQUI

(2010), Heinrich Stozel (1780-1844) e Friedrich Bluhmel (s/d) foram os primeiros inventores

do sistema de válvulas no ano de 1814 e esse mecanismo foi introduzido primeiramente nos

trompetes e nas trompas com a finalidade de torná-los cromáticos (HERBERT, 2006).

As válvulas proporcionaram também o surgimento de novos instrumentos. Segundo

CARSE (1964), alguns compositores do século XIX sentiram a necessidade da existência de

37

um instrumento grave com maior poder sonoro que o fagote e mais flexível que o trombone

baixo. Desse modo, surgiram o oficleide, o cimbasso, o bombardão e a tuba. O serpentão,

instrumento já existente, também recebeu o mecanismo das válvulas nesse período.

Vale destacar que o cimbasso ou trombone contrabasso verdi, é um instrumento

comumente executado por tubistas, pois possuem calibres e bocais similares. Desse modo,

optou-se por não investigar sobre o cimbasso, pois a publicação nacional de KHATTAR (2014),

que pesquisou sobre a história da tuba, apresentou detalhes sobre o instrumento. Neste trabalho,

o autor também demonstrou aspectos históricos do oficleide, do serpentão, do bombardão e da

tuba. Portanto, para uma melhor compreensão desses instrumentos graves, recomenda-se a

leitura de KHATTAR (2014).

Dentre os trombones responsáveis por atuar nas vozes mais graves que passaram

por transformações em decorrência do surgimento das válvulas, pode-se mencionar: o trombone

baixo de válvulas ou trombone baixo de pistões; o trombone baixo com afinação em Sol; o

trombone contrabaixo; o trombone tenor/baixo e o trombone baixo utilizado na atualidade.

Além das válvulas, observa-se nessa época que alguns construtores começaram a

fabricar trombones com maiores dimensões. Essas alterações foram realizadas principalmente

nas campanas e nos calibres dos instrumentos, proporcionando um aumento de volume e de

projeção sonora. Esses trombones foram produzidos principalmente na Alemanha e, com o

decorrer do século, passaram a ser construídos em diversos países europeus.

Tanto o surgimento das válvulas quanto o aumento das dimensões estruturais dos

trombones foram acontecimentos importantes que ocorreram nesse período, portanto, merecem

ser melhor explorados. Assim, optou-se por apresentar em subcapítulos específicos os

trombones graves que adquiriram as válvulas, bem como um item (1.4) para demonstrar seu

funcionamento e os tipos diferenciados existentes.

1.2.1 - Trombone de válvulas

O trombone de válvulas é um instrumento originado na primeira metade do século

XIX. A data exata de seu surgimento é imprecisa, porém, uma das primeiras publicações que

comprovam a existência do instrumento foi realizada na segunda edição de Neueste Posaun-

Schule de Andreas Nemetz (1799-1846). Nessa publicação, datada de 1830, o autor relata a

construção de um trombone de válvulas em Viena pelo construtor Josef Riedl (s/d) (HERBERT,

2006).

O trombone de válvulas foi construído basicamente no mesmo formato do trombone

de vara, contudo, ao invés do sistema telescópico (vara) o instrumento possui válvulas, que

38

quando acionadas permitem a alteração da série harmônica do instrumento, oferecendo a

possibilidade de executar uma variedade de notas musicais, consequentemente, a escala

cromática (Figura 15).

Figura 15: Trombone de válvulas construído por F. Besson (s/d) em Londres no ano de 1876. Este instrumento

se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 22 de novembro de 2015.

Assim como o trombone de vara, o trombone de válvulas também possui sua família

de instrumentos. Embora o mais comum seja o trombone tenor, foram desenvolvidos também

o trombone alto, o baixo e o contrabaixo, sendo raramente utilizados na atualidade (Figura 16).

As afinações mais comuns encontradas são em Si bemol e Fá, embora existam trombones de

válvulas em outras afinações, como em Sol e Dó (Figura 17).

Figura 16: Trombone baixo de válvulas com afinação em Fá, construído por August Beyde (s/d) em meados do

século XIX. Este instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 22 de novembro de 2015.

39

Figura 17: Trombone baixo de válvulas com afinação em Sol, construído por Higham (s/d) em 1911. Este

instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 23 de novembro de 2015.

Além das distintas afinações, outras diferenças constatadas na segunda metade do

século XIX foram as quantidades de válvulas e os diferentes tipos. O comum era construir o

trombone tenor com três válvulas e o trombone baixo com três ou quatro válvulas. Entretanto,

em 1852, Adolphe Sax (1814-1894) patenteou um trombone tenor que possuíam seis válvulas

e em um formato diferenciado, que ficou conhecido pelo nome de trombone à six pistons

indepéndants ou cavalry valve trombone (HERBERT, 2006). Posteriormente, esse instrumento

foi projetado para tornar-se um trombone baixo de válvulas, recebendo o nome de bass cavalry

valve trombone. Um modelo desse instrumento foi construído em Bruxelas por Le Brun (s/d)

em 1919 (Figura 18). A diferença do trombone tenor para o trombone baixo estava na

quantidade de válvulas, visto que, enquanto o tenor foi construído com seis, o baixo foi

produzido com sete. Isso foi necessário para que o trombone baixo executasse as notas mais

graves.

40

Figura 18: Bass Cavalry Valve Trombone afinado em Si bemol e Fá, construído em 1919 por Le Brun. Este

instrumento se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 23 de novembro de 2015.

Outro trombone produzido em um formato diferenciado foi projetado pela fábrica

V. F. Cervený em 1867. Esse instrumento foi desenvolvido em uma forma circular e utilizado

especialmente por bandas militares e bandas de cavalarias, pois essa construção auxiliava na

execução quando os músicos estavam montados a cavalo (HERBERT, 2006). O instrumento

recebeu o nome de Armeeposaune (Figura 19). Em 1868, a fábrica desenvolveu toda sua família

de instrumentos com o armeeposaune alto afinado em Fá até o contrabaixo em Si bemol.

41

Figura 19: Bass-Armeeposaune.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk/mimed/record/18446?highlight=*. Acesso em 05 de outubro de 2015.

Além dos três tipos de trombones baixos de válvulas apresentados, há a

possibilidade da existência de trombones baixos construídos em outros formatos, já que os

avanços tecnológicos ocorridos nesse período proporcionaram diversas ideias aos construtores.

Isso pode ser observado pela variedade de trombones tenores de válvulas, entretanto, como o

foco desta dissertação é o trombone baixo, optou-se por apresentar apenas os trombones baixos

encontrados, ou seja, o trombone baixo de válvulas padrão (Figuras 16 e 17), o bass cavalry

valve trombone (Figura 18) e o bass armeeposaune (Figura 19).

A partir de 1835 alguns países europeus começaram a utilizar os trombones de

válvulas em bandas amadoras, bandas militares e em algumas orquestras de ópera, pois o

instrumento parecia possuir vantagens em relação ao trombone de vara. As válvulas

proporcionaram grande eficiência em passagens musicais rápidas e essa característica fez com

que o instrumento fosse utilizado em países como Áustria, Inglaterra, França, Alemanha, em

alguns países latino-americanos e principalmente na Itália (HERBERT, 2006).

Na Áustria, os trombones de válvulas foram utilizados na orquestra de ópera de

Viena de 1862 até 1883. Na Alemanha, na Inglaterra e na França os trombones de válvulas

foram classificados como instrumentos de bandas militares e amadoras, contudo, algumas

42

orquestras sinfônicas utilizaram o instrumento para executar a parte do trombone baixo

(HERBERT, 2006).

Acredita-se que o país com maior aceitação ao instrumento de válvulas foi a Itália.

A tecnologia da válvula foi adotada com entusiasmo pelo construtor italiano Pelitti (s/d), pois

o fabricante enxergou a popularidade que as bandas amadoras estavam atingindo e observou

que o país seria um bom mercado de venda de instrumentos de metal. O crescimento da

popularidade das bandas amadoras foi um dos fatores que auxiliaram na massiva utilização do

trombone de válvulas em praticamente todas as regiões da Itália (HERBERT, 2006).

Além das bandas amadoras que surgiam em várias cidades da Itália, as orquestras

de óperas italianas também usaram o instrumento. As óperas Otello (1887) e Falstaff (1893) de

Giuseppe Verdi (1813-1901) e La Boheme (1896) e Tosca (1900) de Giacomo Puccini (1858-

1924) são exemplos de obras que fizeram o uso do trombone de válvulas.

O surgimento das válvulas, o entusiasmo de alguns construtores em fabricar esse

instrumento e o interesse de alguns compositores em utilizá-los em suas obras foram os

principais fatores que proporcionaram a perduração do trombone de válvulas por praticamente

meio século na Itália (HERBERT, 2006).

Devido à forte influência exercida pelos países europeus durante o século XIX, o

trombone de válvulas também foi observado em alguns países latino-americanos, como é o caso

do Brasil. A utilização do instrumento ocorreu principalmente nas bandas das cidades

brasileiras estendendo-se até os dias atuais. Essa temática envolve um assunto amplo que

abrange diversas localidades do país, necessitando de uma pesquisa mais aprofundada, ou seja,

apresenta-se como um interessante tema para novos trabalhos.

Na segunda metade do século XIX eram produzidos mais trombones de válvulas do

que trombones de vara na Europa, todavia, as particularidades e a sonoridade característica do

trombone de vara fizeram com que o instrumento não fosse substituído na maioria dos países

europeus. Alguns trombonistas voltaram a utilizá-lo por vontade própria, porém em algumas

orquestras, como a orquestra de ópera de Viena, os trombonistas foram obrigados a retornarem

ao instrumento com o mecanismo da vara (HERBERT, 2006).

1.2.2 - Trombone baixo em Sol

Como o quart-posaune e o quint-posaune que surgiram no século XVI, trombones

baixos com afinação em Sol foram produzidos naquela época, e consequentemente, caíram em

desuso no final do século XVII, retornando posteriormente com dimensões de calibres e

43

campanas maiores. Esse instrumento tornou-se o trombone baixo utilizado na Inglaterra durante

os séculos XIX e XX (PISTON, 1969).

Um dos primeiros trabalhos que relatam o retorno do trombone baixo em Sol é a

publicação Neueste Posaun-Schule de Andreas Nemetz. Esse trabalho foi publicado em Viena

por volta de 1830 e destaca a existência de um trombone baixo afinado em Sol na Inglaterra

(DIXON, s/d).

Além do trabalho de Nemetz, outro fato que comprova o retorno desse instrumento

na primeira metade do século XIX é a coleção da Edinburgh University. Essa coleção possui

um trombone baixo em Sol que foi construído por John Green (s/d) (Figura 20) em Londres por

volta de 1835 (DIXON, s/d).

Figura 20: Trombone baixo afinado em Sol construído por John Green (s/d) em 1835. Este instrumento se

encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 22 de novembro de 2015.

Apesar desse instrumento ser produzido com o calibre maior que o utilizado no

período do renascimento, o trombone baixo em Sol possuía sua tubagem com dimensões

menores que o trombone tenor/baixo (subcapítulo 1.2.5) produzido na Alemanha na mesma

época. O instrumento em sol foi fabricado com um braço extensor conectado a sua vara, da

mesma maneira que eram produzidos os quart-posaune (Figura 21).

44

Figura 21: Trombone baixo em Sol com o braço extensor conectado à vara. Este instrumento se encontra na

coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 22 de novembro de 2015.

A utilização desse instrumento foi restrita à Inglaterra e aos locais colonizados por

ingleses, sendo empregado principalmente nas bandas britânicas e, posteriormente, incorporado

nas orquestras sinfônicas (DIXON, s/d).

Por volta 1870, uma válvula rotativa foi anexada ao trombone baixo em Sol. Essa

válvula poderia ser operada pelo polegar esquerdo do instrumentista e quando acionada, a

afinação do instrumento era convertida para Ré (Figura 22).

Figura 22: Trombone baixo em Sol/Ré construído por Antoine Courtois (s/d) por volta de 1870. Este instrumento

se encontra na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk. Acesso em 22 de novembro de 2015.

No século XX, o trombone baixo afinado em Sol/Ré passou a ser o instrumento

responsável pela voz mais grave do naipe de trombones nas orquestras sinfônicas inglesas

(Figura 23). Já o trombone baixo em Sol sem válvula continuou a ser utilizado nas bandas de

música (DIXON, s/d).

45

Figura 23: Godfrey Kneller (s/d) tocando o trombone baixo em Sol/Ré com Orquestra Filarmônica de Londres

em 1946.

Fonte: DIXON (s/d, p. 77).

Em 1932, a fábrica de instrumentos Boosey & Hawkes alterou o calibre do trombone

baixo em Sol/Ré, criando um novo modelo que ficou conhecido como Betty-bore. Esse

instrumento foi construído com o calibre medindo 13,38 mm (0,527ʺ), enquanto o calibre antigo

era de 12,29 mm (0,484ʺ). Assim como a tubagem, houve um aumento proporcional em sua

campana. O nome Betty-bore foi uma homenagem ao trombonista baixo William Betty (s/d)

(YEO, 2015).

Até meados do século XX, o trombone baixo Sol/Ré foi o instrumento utilizado

para executar a voz mais grave do naipe de trombones das orquestras britânicas. Contudo, em

1951, a Orquestra Filarmônica de Nova York apresentou-se no festival de Edinburgh, na

Escócia, com o naipe formado por Gordon Pulis (s/d), Lewis Van Haney (s/d), e Allen

Ostrander (1909-1994), que utilizavam trombones em Si bemol de grandes calibres da

fabricante americana Conn. A variedade de dinâmicas e a qualidade sonora executada pelo

naipe despertou interesse de alguns trombonistas do Reino Unido (DIXON, s/d). Nesse mesmo

ano, a Orquestra Nacional da Escócia incorporou em sua formação o trombone baixo em Si

bemol e, em alguns anos, outras orquestras britânicas, como por exemplo, a Orquestra Sinfônica

de Londres, também já empregavam o trombone baixo em Si bemol em sua formação.

Em meados da década de 1950, os trombones baixos construídos em fábricas

americanas foram os mais procurados pelos ingleses, tornando-se o trombone baixo em Si

46

bemol o instrumento padrão para a voz mais grave do naipe no Reino Unido (DIXON, s/d). As

marcas mais procuradas eram os trombones das fábricas King, Conn e Reynolds, com seus

respectivos modelos King 5B, Conn 70H e Reynolds Contempora.

Na mesma época, a fábrica de instrumentos Boosey & Hawkes começou a

desenvolver sua própria linha de trombone baixo em Si bemol. Observando a tendência dos

instrumentos americanos de grandes calibres, a fábrica inglesa produziu um trombone baixo

com calibre medindo 14,09 mm (0,555ʺ) e com campana igual ao modelo King 5B (Figura 24).

Figura 24: Trombone baixo em Si bemol/Fá de calibre 0,555ʺ. Modelo The Imperial 4043 desenvolvido pela

fabricante Boosey & Hawkes em meados de 1950.

Fonte: DIXON (s/d, p. 83).

O trombone baixo em Si bemol tornou-se também o instrumento preferido pelos

trombonistas baixos ingleses naquele período. Um fato que comprova essa afirmação é que, no

ano de 1963, apenas a BBC Symphony Orchestra, a BBC Northern, a BBC Welsh e a Sadler´s

Wells Orchestra utilizavam o trombone baixo em Sol em seus naipes, enquanto a maioria das

orquestras inglesas já usavam o trombone baixo em Si bemol (DIXON, s/d).

Assim como as orquestras sinfônicas, as bandas de metais também optaram pelo

trombone baixo em Si bemol. Dessa forma, as décadas de 1970 e 1980 é caracterizada como o

período em que a utilização do trombone baixo em Sol chegou ao fim, pois nessa época, os

poucos músicos que ainda usavam o instrumento se aposentaram ou faleceram. No entanto, vale

ressaltar que o trombone baixo em Sol foi um instrumento que perdurou por mais de um século

nas bandas e orquestras britânicas. Seu declínio foi um processo lento, pois alguns

instrumentistas não aceitavam a mudança pelo trombone baixo em Si bemol. Atualmente,

alguns trombonistas, como Edward Solomon (s/d), procuram resgatar a memória do trombone

baixo em Sol, utilizando-o quando o repertório orquestral necessita de uma sonoridade mais

suave (DIXON, s/d).

47

1.2.3 - Reutilização do trombone contrabaixo na música sinfônica

O trombone contrabaixo caiu em desuso no final do século XVII e começo do

século XVIII, permanecendo nessa situação por mais de um século. Um relevante passo para a

reutilização do instrumento aconteceu em 1817, quando Gottfried Weber´s (1779-1839)

publicou a Description and scale of the double trombone (1817). Nesse trabalho, o autor sugere

a construção de um trombone contrabaixo mais leve contendo quatro tubos na seção da vara ao

invés de dois. Em outras palavras, o autor aconselhava a construção do êmbolo duplo (HIGH,

2006). A Figura 25 ilustra um trombone contrabaixo com êmbolo duplo construído por Antoine

Courtois.

Figura 25: Trombone contrabaixo da marca Antoine Courtois de vara dupla construído entre 1890 e 1899. O

instrumento encontra-se na coleção de instrumentos musicais da Edinburg University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk/mimed/record/17959?highlight=contrabass+trombone. Acesso em 22 de

novembro de 2015.

Além da vara dupla, houve também a introdução de uma válvula no trombone

contrabaixo, tornando-o um instrumento com afinação em Si bemol/Fá (Figura 26).

Figura 26: Trombone contrabaixo Miraphone de vara dupla e válvula em Fá.

Fonte: www.amazon.com. Acesso em 21 de novembro de 2015.

48

O responsável pela reintrodução do trombone contrabaixo na música sinfônica do

século XIX foi o compositor Richard Wagner, pois demonstrava descontentamento com o

timbre dos metais graves (HIGH, 2006). Para o compositor, o timbre do bombardão não

combinava com a sonoridade dos trombones, pois faltava um instrumento que proporcionasse

a ligação entre eles. Desta forma, reintroduziu o trombone contrabaixo no naipe de trombones

com a intenção de melhorar essas diferenças de sonoridade. O instrumento utilizado por Wagner

foi construído por C. A. Moritz, de Berlim, com a afinação em Si bemol uma oitava abaixo do

trombone tenor e com a tubagem da vara dupla, do mesmo modo que Weber´s tinha proposto

em seu trabalho. Sua construção foi basicamente uma versão do trombone contrabaixo

construído por Halary (s/d), em Paris, no ano de 1830, porém com calibre maior (YEO, 2015).

A obra que marcou a reutilização do trombone contrabaixo na música sinfônica foi

a ópera Das Rheingold (1854). Essa obra faz parte do ciclo intitulado Der Ring des Nibelungen,

que contém quatro óperas criadas pelo compositor (PISTON, 1969). Um trecho da ópera Das

Rheingold pode ser observado no Exemplo 1.

Exemplo 1: Trecho da parte do trombone contrabaixo na II Scene da ópera Das Rheingold de Richard Wagner.

Compassos 339 ao 448.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 16 de março de 2016.

No século XX, outros compositores também escreveram partes específicas para o

trombone contrabaixo, dentre eles destacam-se: Richard Strauss (1864-1949), que compôs a

ópera Elektra (1908) e o poema sinfônico Eine Alpensinfonie (1915); Arnold Schoenberg

49

(1874-1951) que empregou o instrumento em Gurre-Lieder (1911); Vincent D'Indy (1851-

1931) em sua Sinfonia nº 2 (1902/1903), Jour d 'ete a la Montagne (1905) e Souvenirs (1906);

Karol Szymanowski (1882-1937) que utilizou o instrumento em sua Sinfonia n° 3 (1914/1916);

Edgard Varèse (1883-1965) que escreveu para o trombone contrabaixo em Ameriques (1921),

Arcana (1925/1927) e Intègrales (1925); Pierre Boulez (1925-2016) que utilizou-o em Pli Selon

Pli (1957/62); Luciano Berio (1925-2003) em Epiphanie (1959/1961); Gyorgy Ligeti (1923-

2006) em seu Requiem (1963/1965) e Igor Stravinsky, (1882-1971) em Cantium Sacrum (1955)

(HIGH, 2006).

Mesmo com as melhorias realizadas no instrumento no século XIX e início do

século XX, o trombone contrabaixo ainda continuava muito pesado, tornando-se de difícil

execução. Felizmente, alguns construtores trabalharam novamente para minimizar esses

problemas. Uma nova ideia foi colocada em prática em 1921 quando Ernst Dehmel (s/d), de

Berlim, começou a construir um trombone contrabaixo com afinação em Fá. Esse instrumento

possui as características de um trombone baixo em Fá com duas válvulas rotativas que,

combinadas, geraram as afinações Mi bemol, Si bemol e Lá bemol (Figura 27). O projeto de

Dehmel foi inovador, uma vez que cada válvula possui sua tubagem particular, assim,

desempenhando de forma independente cada gatilho (YEO, 2015).

Em 1959, o Dr. Kunitz´s (s/d) utilizou a inovação proposta por Dehmel sobre cada

gatilho atuar de forma independente e projetou um novo trombone contrabaixo. Esse novo

instrumento tornou-se o trombone contrabaixo padrão, sendo construído com afinação em Fá e

duas válvulas rotativas que combinadas geraram as afinações Ré, Dó e Si bemol (HIGH, 2006).

Figura 27: Trombone contrabaixo construído por Ernst Dehmel por volta de 1924. Este instrumento se encontra

na coleção de instrumentos musicais da Edinburgh University.

Fonte: http://collections.ed.ac.uk/mimed/record/18554?highlight=contrabass+trombone. Acesso em 22 de

novembro de 2015.

50

Na segunda metade do século XX, as fábricas Thein Brass e Miraphone

destacaram-se pela qualidade que construíram seus trombones contrabaixos. Atualmente, são

fabricados em diferentes afinações, com vara simples ou dupla, além de possuir uma ou duas

válvulas rotativas.

1.2.4 - Trombone tenor/baixo

Em 1835, o construtor alemão Christian Friedrich Sattler (s/d) construiu um

trombone afinado em Si bemol medindo 14 mm/14,4 mm (0,551 ̋/0,567ʺ) de calibre e 232 mm

(9,13ʺ) de campana (Figura 28). Nesse mesmo período, o construtor alemão Johann Adam

Heckel (1812-1877) alterou o calibre de seus trombones baixos para 13,46 mm (0,530ʺ), assim

como Kruspe (s/d), outro construtor que produziu seu instrumento com o calibre medindo 13,4

mm/13,9 mm (0,528 ̋/0,547ʺ) ou com 13,9 mm/14,4 mm (0,547 ̋/0,567ʺ), além de uma campana

com dimensão de 250 mm (9,84ʺ). Esses dados provam que houve um aumento de dimensões

nos trombones baixos construídos na Alemanha no século XIX. Vale ressaltar que algumas

publicações afirmam que as alterações nas dimensões estruturais do instrumento começaram

logo no início do século XIX.

Figura 28: Trombone construído por Sattler em 1835. Este instrumento se encontra na coleção da Universidade

de Leipzig na Alemanha.

Fonte: http://tromboneforum.org. Acesso em 09 de dezembro de 2015.

Outra inovação ocorrida nesse período aconteceu em 1839 na cidade de Leipzig na

Alemanha. Sattler introduziu uma válvula em um trombone afinado em Si bemol que possuía

grandes dimensões de calibre e campana. Essa válvula foi chamada de quartventil ou F-

attachment (YEO, 2015). Esse fato proporcionou alterar a afinação do instrumento para Fá

51

quando a válvula era acionada (Figura 29). Esse instrumento ficou conhecido como o novo

trombone baixo ou trombone tenor/baixo (PISTON, 1969).

Figura 29: Trombone baixo de uma válvula construído por Penzel (s/d) no século XIX.

Fonte: http://tromboneforum.org/index.php?action=printpage;topic=61123.0. Acesso em 23 de outubro de 2015.

Ao invés do instrumento com calibre estreito, campana pequena e afinação em Fá

ou Mi bemol que perdurou por alguns séculos, essa nova configuração de trombone baixo

possui a afinação em Si bemol, uma válvula que o transformava em Fá, além de calibre e

campana com grandes dimensões (BAINES, 1993).

O novo instrumento rapidamente ganhou popularidade na Alemanha, sendo

utilizado principalmente nas orquestras e posteriormente se espalhando por praticamente toda

Europa e EUA (HERBERT, 2006). Mesmo perdendo espaço para esse trombone, o quart-

posaune continuou a ser produzido na Alemanha no século XIX, mas, sua utilização tornou-se

restrita às bandas alemãs (BAINES, 1993).

O trombone tenor/baixo não foi criado com a intenção de substituir o quart-

posaune. A ideia foi construir um trombone que permitisse aos músicos tocarem de uma forma

mais eficaz em todo o registro do instrumento (HERBERT, 2006). Partindo para uma simples

análise do trombone tenor/baixo, pode-se concluir que o instrumento possui uma extensão

equivalente à tessitura do ordinary-posaune e à do quart-posaune em um único instrumento.

Essa pode ser uma das justificativas para que o trombone baixo de uma válvula do século XIX

seja conhecido também pelo nome de trombone tenor/baixo.

Na prática, a introdução da válvula em Fá gerou novas características ao trombone

tenor/baixo: o instrumento obteve posições alternativas que facilitaram a execução de

52

determinados trechos musicais, adquiriu novos aspectos técnicos de execução para frases em

legato e a tessitura se expandiu em sua região grave.

As próximas páginas desse capítulo darão ênfase ao trombone baixo utilizado na

atualidade. Foram investigadas questões relacionadas aos aspectos históricos, como: o

surgimento da segunda válvula, as especificações estruturais do instrumento, os principais

fabricantes da atualidade e os diferentes tipos de bocais e de surdinas utilizados.

1.3 - Trombone baixo da atualidade

Como já explicado, no ano de 1839, o construtor alemão Sattler introduziu uma

válvula em um trombone em Si bemol. Esse feito capacitou o instrumento a executar as notas

Mi bemol 1, Ré 1, Ré bemol 1 e Dó 1, porém a nota Si 1 (Exemplo 2) poderia ser tocada somente

se o músico abrisse o tubo conectado à válvula até o fim, pois era necessária uma tubagem

maior para atingir essa nota. Assim era possível executar a nota Si 1, entretanto somente em

frases musicais em que o instrumentista tivesse um tempo hábil para fazer essa mudança (YEO,

2015).

Exemplo 2: Notas que o trombone baixo passou a executar com o auxílio da válvula em Fá, com exceção da nota

Si, que era necessário a abertura da tubagem acoplada à válvula.

Fonte: Autor.

Esse era um problema que deveria ser resolvido, uma vez que a nota Si 1 era

encontrada com frequência nas composições daquele período e, devido a isso, o início do século

XX foi o período que alguns construtores começaram a apresentar ideias para resolver essa

limitação.

A primeira ideia que surgiu foi conectar uma segunda válvula ao rotor em Fá. Essa

ligação foi realizada através de tubos extras acoplados à tubagem desse mesmo rotor. Tal

válvula ficou conhecida como “válvula estática” ou Stellventil e foi empregada pelo construtor

Lefevre (s/d) em Paris no ano de 1910. Posteriormente, a construtora alemã Kruspe começou a

53

anexar esse mecanismo em seu instrumento (YEO, 2015). Alguns detalhes como,

funcionamento e características dessa válvula, estarão disponíveis no subcapítulo específico

sobre válvulas.

Figura 30: Válvula estática anexada pelo construtor Lefevre em Paris no início do século XX.

Fonte: www.yeodoug.com. Acesso em 14 de janeiro de 2016.

A primeira fábrica americana a desenvolver um trombone baixo com a válvula

estática foi a empresa Conn no ano de 1926. O trombone baixo foi construído com o calibre

medindo 13,9 mm/14,27 mm (0,547ʺ/0,562ʺ) e campana de 241 mm (9,5ʺ). Esse instrumento

ficou conhecido como o trombone baixo Conn modelo 70H (Figura 31) (YEO, 2015).

Figura 31: Trombone baixo Conn 70H.

Fonte: http://cderksen.home.xs4all.nl/Conn70H1930image.html Acesso em 14 de janeiro de 2016.

Em 1927, a fabricante americana Holton também lançou um trombone baixo com

a válvula estática (Figura 32). O instrumento foi construído com o calibre medindo 13,46 mm

(0,530ʺ). Diferentemente da Conn, a Holton produziu seu instrumento com o calibre menor,

54

pois manteve o padrão de produção que utilizava por alguns anos. Esse instrumento ficou

conhecido como o modelo Symphony 6 (YEO, 2015).

Figura 32: Trombone baixo Holton Symphony 6.

Fonte: http://tromboneforum.org/index.php?topic=78188.0. Acesso em 16 de janeiro de 2016.

O trombone baixo Symphony 6 foi construído com a possibilidade de alterar a

afinação da válvula somente para Mi, entretanto, no ano de 1932, a Holton produziu um

trombone baixo com a válvula estática capaz de alterar a afinação também para Mi bemol. Esse

instrumento ficou conhecido como Holton modelo 69 e fez parte do catálogo da empresa até

1938 (YEO, 2015).

A ideia da válvula estática ou Stellventil era inovadora, mas ainda precisava ser

repensada para fornecer maior praticidade ao instrumentista, pois era necessário que o músico

parasse de tocar para girar a nova válvula acoplada ao rotor principal, o que tornava a execução

deficitária.

Em 1938 surgiu outra ideia para resolver o problema da nota Si 1 com a produção

de um novo trombone baixo pela fábrica Olds. A empresa construiu um instrumento que possuía

duas válvulas dependentes, ou seja, proporcionou três afinações distintas ao trombone baixo.

Esse instrumento foi produzido com o calibre de 13,46 mm/13,97 mm (0,530ʺ/0,550ʺ) e ficou

conhecido como o trombone baixo Si bemol/Fá/Mi, sendo que, anos depois foi chamado por

Olds modelo S-23, mantendo-se no catálogo da fábrica até 1970 (Figura 33) (YEO, 2015). As

características do sistema de válvulas dependentes estão no próximo subcapítulo.

55

Figura 33: Trombone baixo Olds S-23 com duas válvulas dependentes (Si bemol/Fá/Mi).

Fonte: YEO (2015, p. 34).

Em 1950, o trombonista baixo da Orquestra Sinfônica de Chicago, Edward

Kleinhammer (1919-s/d), encontrou-se com o fabricante Vincent Bach (1890-1976) para

desenvolver o mecanismo das duas válvulas em seu trombone, entretanto, o instrumentista não

obteve sucesso em sua empreitada. Foi então que, em 1952, Kleinhammer procurou o reparador

de instrumentos Koeder (s/d), na cidade de Naperville, estado de Illinois, para desenvolverem

a segunda válvula em seu trombone. Nessa mesma época, o trombonista baixo da orquestra

sinfônica de Minneapolis, Gene Isaeff (s/d), também buscou os serviços de Koeder (YEO,

2015). Esses dois fatos demonstram que em meados do século XX haviam trombonistas baixos

que procuravam alternativas para solucionar com praticidade o problema da nota Si 1 em seus

instrumentos.

Em 1956, o trombonista baixo Lawrence Weinman (s/d), assumiu a cadeira de

Isaeff na Orquestra Sinfônica de Minneapolis. Nessa época, apenas Klenhammer e Isaeff

possuíam trombones baixos com duas válvulas em orquestras americanas, pois o trombone

baixo Olds modelo S-23 (Figura 33) não agradou por possuir um calibre menor em relação aos

instrumentos que as fábricas Conn e Bach produziam. Novamente, Weinman procurou Vincent

Bach para anexar a segunda válvula e dessa vez teve sucesso. O Instrumento utilizado por

Weinman era o Bach 50B e, em 1961, a fabricante Bach colocou em seu catálogo de vendas o

trombone baixo de duas válvulas dependentes (Si bemol/Fá/Mi). Esse modelo passou a ser o

Bach 50B2 (YEO, 2015).

Em 1957/58, a fábrica Reynolds começou a trabalhar com os trombonistas baixos

Kauko Kahila (1920-2013), Allen Ostrander e Louis Counihan (s/d) que, respectivamente,

atuavam na Orquestra Sinfônica de Boston, Orquestra Filarmônica de Nova York e Orquestra

de Ópera Metropolitan. Essa parceria foi realizada para desenvolver o trombone baixo de duas

válvulas da marca Reynolds. O instrumento produzido ficou conhecido como modelo

56

Contempora 78X, com o calibre medindo 13,89 mm/14,27 mm (0,547ʺ/0,562ʺ), campana de

241 mm (9,5ʺ) e com afinação em Si bemol e duas válvulas dependentes em Fá e Mi (Figura

34).

Figura 34: Kauko Kahila com seu trombone baixo da marca Reynolds, modelo Contempora 78x em 1960.

Fonte: YEO (2015, p. 39).

Nesse mesmo período, a fabricante Holton desenvolveu dois trombones baixos

(modelos 32 e 169). O modelo 32 é um trombone baixo com duas válvulas dependentes e o

modelo 169 tem a opção de ter um ou dois rotores. Como grande parte do repertório orquestral

poderia ser executado com o instrumento contendo apenas uma válvula rotativa, a Holton criou

um trombone com a possibilidade de possuir uma válvula e, quando necessário, era possível

adicionar a segunda válvula e sua tubulação, assim evitaria de segurar um peso extra sem

necessidade.

Enquanto fabricantes americanos do século XX construíam trombones baixos com

duas válvulas dependentes, alguns reparadores de instrumentos estavam desenvolvendo as

válvulas independentes, assim como Dehmel colocou no trombone contrabaixo em 1921 na

Alemanha. Segundo YEO (2015), George Strusel (s/d), de Los Angeles, provavelmente foi um

dos primeiros reparadores americanos a converter um trombone baixo com válvulas

dependentes em independentes. Em 1967, Strusel converteu um Conn 70H, deixando o

instrumento em Si bemol/Fá/Sol/Mi bemol (YEO, 2015).

57

Ainda nesse período, o trombonista baixo holandês Erik van Lier (1945-),

atualmente professor de trombone baixo no departamento de jazz do conservatório de

Amsterdam, apresentou outras ideias para a combinação das válvulas. Lier possuía um

instrumento com a segunda válvula afinada em Ré, entretanto, quando essa válvula era

acionada, ocorria uma alteração na sonoridade do instrumento, tornando-se o som um pouco

abafado. Segundo Lier, isso acontecia porque havia uma curva acentuada em um dos tubos que

conectam à válvula. Então, o instrumentista procurou o reparador Ruud Pfeiffer (s/d) para

construir a tubulação da válvula com poucas curvas, proporcionando melhorias no som da

válvula em Ré e, consequentemente, uma boa sonoridade na nota Si 16.

O instrumento de Lier possuía a afinação em Si bemol/Fá/Ré/Si, uma novidade para

o sistema de válvulas do trombone baixo. Uma prova disso foi quando Edward Kleinhammer

viu esse instrumento, e dessa forma, pediu permissão ao músico para copiar o novo sistema,

pois essa configuração permitia a aquisição da nota Si 1 na primeira posição com as duas

válvulas acionadas simultaneamente, além de obter uma boa sonoridade causada pela angulação

dos tubos conectados às válvulas.

Figura 35: Erik van Lier com seu trombone baixo afinado em Si bemol/Fá/Ré/Si.

Fonte: http://www.trombone-usa.com/vanlier_erik.htm. Acesso em 11 de abril de 2017.

Observando que alguns reparadores de instrumentos estavam alterando o sistema

de válvulas de dependente para independente, em 1973, a fabricante Olds lançou

comercialmente o primeiro trombone baixo americano de duas válvulas independentes (Figura

6 Essas informações foram extraídas do site (http://www.trombone-usa.com/vanlier_erik.htm). Acesso em 11 de

abril de 2017.

58

36). O modelo S-24G foi afinado em Si bemol/Fá/Sol/Mi bemol. Um ano depois, a Holton

produziu o modelo TR-181 em Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré (YEO, 2015).

Figura 36: Trombone baixo Olds S-24G com duas válvulas independentes.

Fonte: http://tromboneforum.org/index.php/topic,55525.msg815651.html. Acesso em 19 de janeiro de 2016.

Assim como a Holton e a Olds, outras fábricas começaram a desenvolver o

trombone baixo com válvulas independentes na década de 1970. Vale esclarecer que a busca

por um sistema ideal de válvulas perdurou por várias décadas, uma vez que não era somente

pela necessidade de se obter a nota Si 1, mas também por conseguir atingir uma sonoridade

agradável quando as válvulas estivessem em uso.

Atualmente, o trombone baixo mantém a concepção estrutural que os construtores

e fabricantes das décadas de 1960 e 1970 estabeleceram. O instrumento é produzido com suas

duas válvulas atuando de formas independentes, embora algumas fábricas ainda produzam

modelos com válvulas dependentes.

1.4 - Partes estruturais do trombone baixo

Este subcapítulo tem como objetivo demonstrar as diferentes partes de um

trombone baixo. Optou-se por criá-lo, considerando que na atualidade existe uma variedade de

tipos de instrumentos, materiais, dimensões, funções, ou seja, diferentes características que

afetam diretamente na performance musical.

1.4.1 - Válvulas rotativas

O princípio do sistema de válvulas funciona da seguinte forma: quando a válvula é

acionada, o ar que percorre o instrumento é deslocado para uma tubulação anexada ao seu tubo

principal, fazendo com que o ar transite também nessa tubulação anexa. Dessa maneira, o ar

59

realiza um percurso maior, o que altera a afinação fundamental do instrumento, possibilitando

assim, a obtenção de outras séries harmônicas (Figura 37).

Figura 37: Em A observa-se a passagem do ar pelo trombone quando a válvula não está acionada. Em B, a

passagem do ar pelos tubos do trombone quando a válvula está acionada.

Fonte: Autor.

Todavia, para utilizar corretamente as válvulas é necessário que o trombonista

realize alguns ajustes. Tanto o trombone baixo quanto o trombone tenor utilizado na atualidade

possuem as afinações fundamentais em Si bemol. Ambos os instrumentos têm sete posições,

sendo que: na primeira posição é possível executar as notas da série harmônica de Si bemol; na

segunda posição, o instrumentista é capaz de tocar as notas da série harmônica de Lá, ou seja,

meio tom abaixo da primeira posição; na terceira posição, é possível executar a série harmônica

de Lá bemol, isto é, meio tom abaixo da segunda posição e assim por diante. Esse mecanismo

proporciona a execução de diversas notas musicais que, quando combinadas, geram o

cromatismo no instrumento. O Exemplo 3 demonstra as notas musicais obtidas no trombone

com afinação em Si bemol.

60

Exemplo 3: Notas musicais e suas respectivas posições na afinação fundamental (Si bemol).

Fonte: Autor.

Quando a válvula em Fá é acionada, o ar descola-se para uma tubulação anexada

ao instrumento, isto é, realiza um percurso maior que altera a afinação do trombone baixo de Si

bemol para Fá. Além disso, a distância entre as posições da vara aumenta devido à necessidade

de alongar o tubo por onde o ar percorrerá para atingir a afinação correta da nota musical. Logo,

o trombone passa a possuir seis posições (Exemplo 4) ao invés de sete.

Exemplo 4: Notas musicais com a válvula em Fá acionada.

Fonte: Autor.

O mesmo acontece com o uso da segunda válvula (Sol bemol), ilustrada no

Exemplo 5.

61

Exemplo 5: Notas musicais com a válvula em Sol bemol acionada.

Fonte: Autor.

Com as duas válvulas acionadas ao mesmo tempo, o instrumento passa para a

afinação em Ré. Nesse caso, as distâncias entre as posições aumentam um pouco mais, deixando

o instrumento com apenas cinco posições (Exemplo 6).

Exemplo 6: Notas musicais com as duas válvulas acionadas (Ré) ao mesmo tempo.

Fonte: Autor.

Destaca-se que houve a preferência por explicar sobre o trombone baixo com

afinação em Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré, porque é o instrumento mais utilizado na atualidade,

embora alguns construtores também fabriquem trombones baixos com válvulas em outras

afinações, como por exemplo, em Si bemol/Fá/Sol/Mi e Si bemol/Fá/Ré.

Como foi relatado, a parceria de construtores com alguns trombonistas baixos que

ocorre desde o século XX, permitiu o aparecimento de novas ideias para solucionar o problema

da nota Si 1. Assim, surgiu o trombone baixo com válvulas dependentes e, alguns anos depois,

o instrumento com válvulas independentes.

62

O sistema dependente funciona da seguinte maneira: quando a primeira válvula é

acionada o instrumento fica com a afinação em Fá, porém, quando se aciona o segundo rotor,

o primeiro acompanha o segundo, pois uma válvula depende da outra para atuar, transformando

o instrumento para a afinação em Mi ou em Ré. Contudo, esse instrumento que já possui a

afinação fundamental em Si bemol, torna-se afinado em Fá com a primeira válvula acionada.

Em contrapartida, quando se aciona a segunda válvula, a afinação se dá em Mi ou em Ré.

Já o sistema independente, como o próprio nome sugere, as válvulas funcionam de

forma que uma não dependa da outra. Esse sistema proporcionou quatro distintas afinações em

um único trombone baixo (Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré ou Si bemol/Fá/Sol/Mi).

Diferentes tipos de válvulas foram criadas no século XIX, porém, a mais comum

foi a válvula rotativa conhecida como thumb valves. Essa válvula funciona do seguinte modo:

quando o gatilho é acionado pelo polegar esquerdo do instrumentista, a peça interna da válvula

gira, alterando o percurso do ar (Figura 38).

Figura 38: Válvula rotativa.

Fonte: www.getzen.com. Acesso em 25 de outubro de 2015.

Outro modelo de válvula utilizada no século XIX foi a válvula de pisto introduzida

em 1850 por Adolphe Sax (Figura 39).

63

Figura 39: Válvula de pisto introduzida por Adolphe Sax.

Fonte: www.yeodoug.com. Acesso em 25 de outubro de 2015.

Conforme mencionado, no século XX surgiu a válvula estática (Stellventil), uma

das primeiras soluções encontradas nesse período para resolver o problema da nota Si 1. Essa

válvula funcionava de forma simples: bastava o instrumentista girá-la com a mão e a afinação

do rotor em Fá se transformaria em Mi ou Mi bemol (Figura 40).

Figura 40: Válvula Stellventil que o construtor alemão Kruspe anexou no trombone baixo.

Fonte: YEO (2015, p. 35).

Com o decorrer do século XX, outros tipos de válvulas apareceram com a intenção

de obter um melhor funcionamento. O ideal é que as válvulas tenham agilidade tanto no

acionamento como em seu retorno à posição fundamental e estejam bem reguladas para não

haver diferença de sonoridade quando estiverem em uso.

Dessa forma, surgiu a válvula em formato cônico produzida por Orla Ed Thayer

(s/d). Segundo CLOVIS II (2010), Fred Bradley (s/d), professor de Thayer, acreditava que as

64

válvulas rotativas deveriam possuir suas tubagens com o mínimo de curvas e dobras possíveis

para não haver diferença na sonoridade. A solução encontrada por Thayer foi construir o design

chamado atualmente de Axial Flow (Figura 41), referindo-se a passagem do ar por dois tubos

paralelos.

Figura 41: Válvulas cônicas no sistema Axial Flow.

Fonte: http://www.edwards-instruments.com. Acesso em 15 de março de 2017.

Outro tipo de válvula utilizada na atualidade, foi produzida por Rene Hagmann

(s/d). Para CLOVIS II (2010), Hagmann atentou-se em desenvolver um sistema que propiciasse

um livre fluxo de ar por todos os tubos do instrumento, com o intuito de atingir um equilíbrio

sonoro em todos os registros. Esse design é conhecido como Free-Flow (Figura 42).

Figura 42: Válvulas Hagmann no sistema Free-Flow.

Fonte: http://thein-blechblasinstrumente.de. Acesso em 15 de março de 2017.

65

1.4.2 - Varas

A produção das notas musicais é realizada de acordo com a combinação de alguns

fatores, como: a emissão de ar, a vibração labial no bocal e o manejo da vara. Com a somatória

desses elementos ocorre a produção sonora e, consequentemente, a execução das frases

musicais. A vara (slide) é uma das peças do instrumento responsável pela mudança dessas notas,

pois em seu manejo o instrumentista aumenta e diminui o tamanho do tubo, proporcionando a

execução das diferentes séries harmônicas.

As varas podem ser produzidas de duas formas: apenas um calibre (single bore) ou

dois calibres (dual bore). A vara single bore possui o mesmo diâmetro em toda sua tubagem.

Já a dual bore tem a maior parte com apenas uma medida, porém, o tubo se alarga próximo à

sua parte final, que fica no encaixe entre a vara e a campana. Atualmente, a maioria das

fabricantes oferece as dimensões de single bore em torno de 14,27 mm (0,562ʺ) e dual bore em

14,27 mm/14,68 mm (0,562ʺ/0,578ʺ).

Outras especificidades encontradas no mercado são os materiais usados em sua

construção. Diversos fabricantes produzem a parte externa da vara em níquel, latão amarelo ou

latão dourado. Além disso, é possível adicionar a curva final em níquel ou em uma mistura de

níquel com prata (Figura 43). Segundo as fábricas Edwards Instruments e a S.E. Shires C.O., o

emprego desses materiais permite diferenças na sonoridade do instrumento, como um som

aberto, brilhante, escuro, articulado, redondo, dentre outras características sonoras7.

Figura 43: Varas fabricadas com distintos materiais.

Fonte: http://www.edwards-instruments.com. Acesso em 16 de março de 2017.

7 As características sonoras foram extraídas dos sites das fabricantes Edwards Instruments (http://www.edwards-

instruments.com) e S.E. Shires C.O. (http://www.seshires.com). Acesso em 17 de março de 2017.

66

1.4.3 - Campanas

A campana também é uma das peças responsáveis pelas características sonoras do

instrumento. As fábricas produzem campanas com distintas dimensões, espessuras variadas,

diferentes porcentagens de cobre e zinco para formar o latão, com ou sem tratamento térmico,

entre outras características.

Atualmente, as dimensões comumente produzidas são de 241 mm (9,5ʺ), 254 mm

(10ʺ) e 266 mm (10,5ʺ). As espessuras variam de acordo com cada fabricante, o que possibilita

a produção de campanas mais pesadas ou mais leves. As porcentagens de cobre e zinco

determinam o tipo de latão. Segundo a Edwards Instruments e a S.E. Shires C.O, duas fábricas

de grande relevância nesse mercado, o metal amarelo (yellow brass) é composto por 70% de

cobre e 30% de zinco (Figura 44). Já o metal rose (rose brass) é formado por 85% de cobre e

15% de zinco e o metal vermelho (red brass) possui 90% de cobre e 10% de zinco. Todas essas

características afetam diretamente na sonoridade do instrumento, propiciando um som com as

notas mais centradas, de maior ou menor amplitude, com as articulações suaves ou duras,

colorido sonoro brilhante ou escuro, dentre outras características8.

Figura 44: Campana produzida pela Edwards Instruments.

Fonte: http://www.edwards-instruments.com. Acesso em 17 de março de 2017.

Também são produzidas campanas com ou sem rosca, o que permite ao músico

substituir apenas a parte final da peça (Figura 45).

8 A composição dos elementos químicos para a produção do latão e as características sonoras foram extraídas dos

sites das fabricantes Edwards Instruments (http://www.edwards-instruments.com) e S.E. Shires C.O.

(http://www.seshires.com). Acesso em 17 de março de 2017.

67

Figura 45: Campanas de rosca (9ʺ, 9,5ʺ e 10,5ʺ) produzidas pela Thein Brass.

Fonte: Arquivo pessoal.

1.4.4 - Leadpipes e tuning slides

Os leadpipes são tubos que são encaixados dentro da tubagem da vara e são

produzidos em latão ou em prata com diferentes comprimentos (Figura 46). Essa peça também

interfere na sonoridade do instrumento, pois, segundo a Edwards Instruments, os leadpipes

auxiliam os músicos na amplitude, precisão e foco sonoro9.

Figura 46: Leadpipes.

Fonte: http://www.edwards-instruments.co.uk. Acesso em 17 de março de 2017.

9 As características sonoras foram extraídas do site da fabricante Edwards Instruments (http://www.edwards-

instruments.com). Acesso em 17 de março de 2017.

68

Os tuning slides ou bombas de afinação também são construídos em latão (yellow

brass, rose brass, red brass e gold brass), entretanto, diferem-se por seu tamanho, angulação e

afinação (Figura 47). Atualmente, existem os tuning slides com afinação em Fá para a válvula

principal. Já para o segundo rotor, o mercado disponibiliza as bombas de afinação em Ré, Mi

bemol, Sol bemol e em Sol. O uso das distintas afinações é uma opção particular de cada

instrumentista, contudo, os tuning slides mais comumente utilizados para a segunda válvula são

afinados em Sol Bemol e Sol.

Figura 47: Tuning slides.

Fonte: http://www.edwards-instruments.co.uk. Acesso em 17 de março de 2017.

1.4.5 - Bocais

O mercado mundial possui uma grande quantidade de bocais, com diversas marcas

e modelos que se diferenciam em alguns aspectos: tipo de borda (rim); tamanho, profundidade

e formato do copo (cup); diâmetro interno (backbore); garganta (throat) e haste (shank) (Figura

48).

Figura 48: Partes de um bocal.

Fonte: http://www.instrumentalsavings.com. Acesso em 21 de fevereiro de 2016.

69

Segundo Fonseca (2008), o bocal tem um papel fundamental na produção sonora

do instrumento e ao escolhê-lo deve-se levar em consideração algumas características físicas,

como a arcada dentária e a espessura dos lábios do instrumentista. O bocal escolhido de forma

incorreta pode proporcionar problemas no desempenho musical, como dificuldade na execução

de frases em staccato ou legato, falta de resistência, dificuldade em produzir notas agudas ou

graves, além de outros problemas que influenciarão na interpretação musical.

Fonseca (2008) ainda pontua que uma borda (rim) achatada proporciona melhor

apoio aos lábios, porém, a arredondada permite maior flexibilidade. A borda mais larga oferece

maior resistência e conforto, porém, haverá menor flexibilidade. O tamanho e o formato do

copo (cup) influenciam diretamente no volume, assim como sua profundidade controla o brilho

sonoro. A garganta (throat) é outra parte que também é responsável pelo volume sonoro. O

diâmetro interno (backbore) auxilia no timbre e na resistência e a haste (shank) controla a

profundidade no qual o bocal se encaixa no tubo no instrumento.

As diferenças mais evidentes entre os fabricantes são os tamanhos e os formatos de

copos. As Tabelas 3, 4 e 5 demonstram um comparativo das principais marcas de bocais e seus

respectivos modelos. Para ilustrar de uma maneira mais clara, optou-se por montar a Tabela 3

com os bocais que medem entre 26,5 mm e 27,9 mm, a Tabela 4 com bocais que possuem

medidas entre 28 mm e 29,5 mm e a Tabela 5 ilustrando os diferentes tipos de copos existentes

na atualidade.

70

Tabela 3: Bocais com diâmetro de copo compreendidos entre 26,5 mm e 27,9 mm.

Diâmetro do copo (mm)

Marcas 26,5 26,52 26,75 26,8 27,0 27,1 27,25 27,3 27,4 27,5 27,7 27,8 27,9

Griego 2

Greg

Black 2G 1.1/2G 1.3/8G

Schilke 57 58

Bach 2G 1.1/2G

1.1/2GM 1.1/4GM

Denis

Wick

2NAL

2AL 1AL 0AL

JK P3 1.1/2G P2

Thein BB B

Fontes: http://www.griegomouthpieces.com; https://www.gregblackmouthpieces.com;

http://www.schilkemusic.com/products; http://www.bachbrass.com; http://www.deniswick.com; http://josefklier.de

e http://thein-blechblasinstrumente.de. Acesso em 24 de fevereiro de 2016.

71

Tabela 4: Bocais com diâmetro de copo compreendidos entre 28 mm e 29,5 mm.

Diâmetro do copo (mm)

Marcas 28,0 28,3 28,4 28,5 28,52 28,57 28,65 28,75 28,91 29,0 29,02 29,03 29,4 29,5

Griego 1.5 1.25 1 GP .75 .5 GP6 .25

Greg

Black

1.1/4G 1.1/8G 1G 0G

Schilke 59

M 6.0

60

D 6.0

Bach 1G

Denis

Wick

00AL

JK P1

PSC

P01 P02 P03

Thein JE

Fontes: http://www.griegomouthpieces.com; https://www.gregblackmouthpieces.com;

http://www.schilkemusic.com/products; http://www.bachbrass.com; http://www.deniswick.com; http://josefklier.de

e http://thein-blechblasinstrumente.de. Acesso em 24 de fevereiro de 2016.

72

Tabela 5: Os variados formatos de copos dos bocais da atualidade.

Fabricantes Modelos

Griego

Deco New York Nouveau GP

Greg Black

Standart

Schilke

Standart Symphony M 6.0 e D 6.0

Bach

Standart Megatone

Denis Wick

Classic Heavy Top Heritage

Josef Klier

Exclusive USA-Line

Thein

Standart

Fontes: http://www.griegomouthpieces.com; https://www.gregblackmouthpieces.com;

http://www.schilkemusic.com/products; http://www.bachbrass.com; http://www.deniswick.com;

http://josefklier.de e http://thein-blechblasinstrumente.de. Acesso em 24 de fevereiro de 2016.

73

A maioria das fábricas produzem seus bocais em liga metálica10 com o revestimento

de um metal mais nobre como a prata ou ouro. Alguns fabricantes produzem também com um

revestimento de titânio ou aço inoxidável. Atualmente, é comum encontrar também os bocais

confeccionados de material plástico, conhecidos como os bocais de polímero11.

Outro serviço disponibilizado por alguns fabricantes são os bocais de rosca. A

Greg Black e a Josef Klier produzem também a borda e o copo separados. Esses são conectados

um ao outro por uma rosca, possibilitando ao instrumentista utilizar diferentes tipos de bordas

no mesmo copo e vice-versa. Portanto, é possível encontrar copo de prata com borda de ouro,

copo de ouro com borda de prata, além de bordas de polímero e acrílico que a fabricante Josef

Klier disponibiliza para a venda. Outra particularidade dessas duas empresas é a customização

de bocais. Ambas oferecem o serviço de produzir um bocal de acordo com as necessidades do

instrumentista.

Um acessório que faz parte do cotidiano dos músicos de instrumentos de metal são

as surdinas. Com a busca por diferentes timbres e efeitos sonoros pelos compositores,

atualmente existem diversos tipos desse acessório. O próximo subitem apresenta as principais

surdinas utilizadas pelo trombone baixo.

1.4.6 - Surdinas

A surdina é um acessório que permite alterar a sonoridade ou o timbre do

instrumento, possibilitando a produção de um efeito sonoro característico (PISTON, 1969).

Esse dispositivo é encaixado na campana e permanece anexado por cortiças que vedam a

passagem do ar ou por garras presas à própria campana.

Atualmente, existem alguns tipos de surdinas:

Surdina straight: produzida mais comumente em fibra ou alumínio, pode ser

encontrada também em materiais como plástico, madeira, latão e cobre (FONSECA, 2008). Sua

sonoridade pode variar de acordo com o material que foi utilizado para construí-la, sendo a mais

comum a surdina de alumínio, que proporciona um timbre brilhante e metálico.

10 Em consulta ao químico Eduardo Sanchez Fazzari (1981-), a liga metálica é obtida a partir da mistura de

materiais que contém dois ou mais elementos químicos, sendo que pelo menos um deles é metal. Exemplo de

algumas ligas metálicas do cotidiano: aço (ferro/carbono), aço inoxidável (ferro/carbono/cromo/níquel), bronze

(cobre/estanho) e latão (cobre/zinco). 11 Polímeros são macromoléculas formadas a partir de estruturas menores (monômeros). Muitos deles são

compostos orgânicos que são baseados em carbono, hidrogênio e outros elementos não metálicos. Incluem os

conhecidos materiais plásticos e de borracha. Os polímeros mais comuns são os polietilenos, o nylon, o

policarbonato e a borracha de silicone (CALLISTER e RETHWISCH, 2010, p. 37).

74

Surdina cup: similar a straight, possui uma peça em formato de concha para

produzir um timbre suave. Essa surdina pode ser construída também em fibra ou em alumínio.

Surdina harmon e wah-wah: construída em fibra ou alumínio, esse acessório

produz uma sonoridade metálica. Com a possibilidade de colocar um cilindro ajustável em seu

interior, que permite a obtenção de diferenciados timbres e efeitos, recebe a denominação de

“wah-wah”.

Surdina velvet: confeccionada em fibra, possui três garras que se fixam à

campana para conectar-se ao instrumento. Essa surdina possui um timbre muito suave,

resultando em uma sonoridade “aveludada” e de baixa intensidade sonora.

Surdina plunger: produz um efeito próximo à surdina wah-wah. Pode ser

construída com fibra, alumínio ou borracha. Também são encontrados modelos que

esteticamente lembram um desentupidor de pia.

Surdina de estudo: fabricada em fibra ou metal, gera a sonoridade mais suave

de todas, pois serve para a prática do instrumento quando não se pode atingir elevados níveis

de volume sonoro.

A Tabela 6 demonstra imagens dos modelos de surdinas utilizados pelo trombone

baixo no cotidiano musical.

75

Tabela 6: Variados tipos de surdinas utilizadas pelo trombone baixo.

Modelos Surdinas

Straight

Cup

Harmon -

Wah-Wah

Velvet

Plunger

Estudo

Fontes: www.mbcases.com.br; www.thomann.de/pt; www.deniswick.com; www.sinfomusicata.pt;

www.sinfomusicata.pt; www.palaciodatuba.com; www.p10music.com.br;www.teclacenter.com.br;

www.spmusical.com.br; www.thomann.de/pt. Acesso em 25 de fevereiro de 2016.

Após demonstrar as partes estruturais de um trombone baixo, os bocais e as

surdinas, o subcapítulo a seguir apresenta as principais fabricantes do instrumento na

atualidade.

76

1.5 - Fabricantes da atualidade

Existem diversas fábricas que produzem a família dos trombones. A maioria delas

concentram-se nos Estados Unidos e na Europa, embora também existam fábricas japonesas,

chinesas, além de uma brasileira. A seguir, serão apresentadas algumas fabricantes da

atualidade.

Antoine Courtois

Criada no ano de 1789, em Paris, a fábrica mais antiga que perdura até os dias atuais

é a Antoine Courtois. Atualmente, a empresa produz três modelos de trombones baixos:

AC502B, AC550 (Figura 49) e AC551. Esses modelos se diferem por seus tipos de válvulas

(rotores tradicionais ou válvulas hagmann), pelo calibre single bore com dimensão de 14,28

mm (0,562ʺ) ou dual bore de 14,27 mm/14,68 mm (0,562ʺ/0,578ʺ) e pelas dimensões de

campanas de 242 mm (9,53ʺ) ou 267 mm (10,51ʺ)12.

Tim Ornato (s/d-), representante da área de instrumentos de metal da fábrica

Courtois, esclarece em contato via e-mail com o autor desta dissertação, que a Courtois foi a

primeira fábrica a constituir uma parceria com Rene Hagmann (s/d), o criador da válvula

hagmann.

Figura 49: Bass Trombone Courtois, model AC550.

Fonte: http://www.lemca.com. Acesso em 17 de março de 2016.

12 Os dados obtidos sobre o fabricante foram retirados em entrevista via e-mail com Tim Ornato, representante dos

instrumentos de metal da empresa.

77

A empresa Courtois é representada por alguns músicos da atualidade, dentre eles,

destacam-se Stefan Schulz (1971-) (Berlin Philharmonic Orchestra) e Vincent Debès (s/d-)

(Orchestre National de I´ Opéra de Lyon).

Edwards Instrument Company

A companhia Edwards surgiu em 1989 nos Estados Unidos da América. O primeiro

trombone baixo foi construído com as válvulas independentes (Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré) no

ano de 1990. Atualmente, a companhia produz entre cem e duzentos trombones baixos

anualmente, que são divididos entre seis modelos: B454-E; B454-DE; B454-V; B454-CR-E;

B502-I e B502-D (Figura 50). Esses modelos se diferem por suas válvulas (válvulas cônicas ou

rotax), pelos sistemas dependente e independente, por seu calibre single bore com dimensão de

14,27 mm (0,562ʺ) ou dual bore com 14,27 mm/14,68 mm (0,562ʺ/0,578ʺ), além dos variados

tipos (yellow brass, rose brass e red brass), espessuras e tamanhos de campanas que medem

241 mm (9,5ʺ), 254 mm (10ʺ) e 266 mm (10,5ʺ)13.

Além dos modelos padronizados, a companhia oferece um serviço de

customização que parte do princípio de montar o instrumento em função da necessidade do

instrumentista.

Figura 50: Bass trombone Edwards, model B454.

Fonte: http://www.edwards-instruments.nl. Acesso em 17 de março de 2016.

13 Os dados obtidos foram retirados em entrevista via e-mail com Christian Griego (s/d), fabricante dos trombones

Edwards, além de pesquisa realizada no site da fábrica (http://www.edwards-instruments.com).

78

Atualmente, a Edwards Instruments Company é representada por alguns músicos,

dentre eles: Darrin Coleman Milling (1968-) (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e

James Markey (Boston Symphony Orchestra).

S.E. Shires Co.

A companhia Shires surgiu nos Estados Unidos da América no ano de 1995.

Fundada por Steve Shires (1959-), no primeiro ano produziu apenas três instrumentos. Em

1997, foram construídos os dois primeiros trombones baixos, sendo que um possuía apenas uma

válvula tradicional e o outro já com as duas válvulas cônicas no sistema independente.

Atualmente, a fábrica disponibiliza para a venda três modelos de trombones baixos: TBBO;

TBGC e TBBSCA (Figura 51). Todos os modelos possuem duas válvulas cônicas (axial flow),

sistema independente, com o calibre single bore de dimensão de 14,27 mm (0,562ʺ) ou dual

bore com 14,27 mm/14,68 mm (0,562ʺ/0,578ʺ), além da campana com a medida de 241 mm

(9,5ʺ)14.

Além dos modelos apresentados, a companhia também produz o instrumento de

acordo com as necessidades do cliente, pois fabrica uma variedade de campanas que se diferem

pela espessura, pela liga metálica, e pelo tamanho, que podem variar entre 241 mm (9,5ʺ), 254

mm (10ʺ) e 266 mm (10,5ʺ). Outra característica da empresa é a utilização de diferentes tipos

de válvulas. Além das válvulas cônicas, são disponibilizados os rotores tradicionais e a válvula

Tru-bore, criada pela própria companhia.

Figura 51: Bass trombone Shires.

Fonte: http://www.thomann.de. Acesso em 17 de março de 2016.

14 Os dados obtidos foram retirados em entrevista via e-mail com a própria fabricante, além de pesquisa realizada

no site da fábrica (http://seshires.com/trombones).

79

Os músicos que representam e difundem a empresa na atualidade são: Blair

Bollinger (Philadelphia Orchestra); Justin Clark (1981-) (Berne Symphony Orchestra) e

George Curran (New York Philharmonic Orchestra).

Thein Brass

A Companhia Thein Brass iniciou sua história em 1973, na Alemanha. O primeiro

instrumento construído pela fabricante foi um trombone baixo com válvulas dependentes (Fá e

Mi bemol). Posteriormente, o construtor Heinrich Thein (s/d-) desenvolveu o trombone alto, o

tenor e o contrabaixo. Em 1976, foram construídos os primeiros trombones baixos com válvulas

independentes. Atualmente, são produzidos em torno de quarenta trombones baixos por ano,

divididos em cinco modelos: Ben Van Dijk (Figura 52); Universal Zack Bond; Classic; Star

Valves e Universal Abhangige Ventile. Esses modelos se diferem pela dimensão de suas

campanas variando entre 240 mm (9,44ʺ), 245 mm (9,64ʺ) e 250 mm (9,84ʺ), pelo calibre single

bore de 14,4 mm (0,566ʺ) ou dual bore de 13,9 mm/14,4 mm (0,547ʺ/0,566ʺ) e pelo tipo de

válvulas (rotores tradicionais, hagmann e star valves)15.

Além dos modelos padrões que a empresa produz, a Thein Brass proporciona ao

trombonista baixo um serviço de customização de instrumentos.

Figura 52: Bass Trombone Thein, model Ben Van Dijk.

Fonte: http://thein-blechblasinstrumente.de. Acesso em 17 de março de 2016.

Atualmente, a fábrica Thein é representada e difundida por alguns trombonistas,

dentre os quais destacam-se: Ben Van Dijk (Rotterdam Philharmonic Orchestra); Brandt

15 Os dados obtidos foram retirados em entrevista via e-mail com a própria fabricante, além de pesquisa realizada

no site da fábrica (http://thein-blechblasinstrumente.de).

80

Attema (1978-) (Netherlands Radio Philharmonic Orchestra); Zachary Bond (1980-)

(Malaysia Philharmonic Orchestra) e Ricardo Santos (Orquestra Sinfônica Brasileira).

Vincent Bach

A empresa americana Vincent Bach surgiu no ano de 1918, em Nova York. Em seu

início, a produção ficou restrita somente a fabricação de bocais. Em 1928, a fábrica começou a

produzir os primeiros trombones baixos. Em 1961, Vincent Bach decidiu vender sua fábrica

para a companhia Selmer convencido de que a produção de um instrumental de alta qualidade

continuaria. Atualmente, existem dezenove tipos distintos de trombones baixos, dentre eles:

50A; 50A3; 50A3L; 50AF3; 50AF3G; 50AF3L; 50B; 50BO; 50B2; 50B2O; 50B2L; 50B2LO;

50B3; 50B3O; 50B3L; 50B3LO; 50T; 50T3 (Figura 53) e 50T3L. Todos os modelos da

empresa são construídos com o calibre single bore na dimensão de 14,27 mm (0,562ʺ), com

campanas que medem 241 mm (9,5ʺ) ou 266 mm (10,5ʺ) e com válvulas cônicas, hagmann e

rotores tradicionais. Vale salientar que a fabricante é uma das poucas do mercado que produz o

trombone baixo de uma válvula16.

Figura 53: Bass Trombone Bach, model 50T3.

Fonte: http://www.bachbrass.com. Acesso em 17 de março de 2016.

Como representantes da marca Bach, pode-se citar os trombonistas Charles Vernon

(1948-) (Chicago Symphony Orchestra), Martin Schippers (Royal Concertgebouw Orchestra)

e Tomer Maschkowski (1982-) (Deutsche Symphonie Orchestra).

16 Os dados obtidos foram retirados do site da própria fabricante (http://www.bachbrass.com).

81

Weril

A Weril é uma empresa com origens austríacas e foi fundada em 1909 na cidade de

São Paulo. Pedro Weingrill (s/d) migrou para o Brasil no final do século XIX e no início do

século XX deu início a produção de instrumentos de metal. Os primeiros trombones baixos

foram fabricados no início da década de 1990 com válvulas rotativas tradicionais de fabricação

alemã. Desde o início, o sistema de válvulas utilizado foi o independente, proporcionando ao

instrumento a afinação de Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré (Figura 54). Atualmente, a Weril produz

apenas o trombone baixo modelo Weingrill&Nirschl com duas válvulas tradicionais, calibre de

14,3 mm (0,563ʺ) e campana de 241 mm (9,5ʺ)17.

Figura 54: Trombone Baixo Weril.

Fonte: http://www.instrumentalsavings.com. Acesso em 17 de março de 2016.

Yamaha

Diferentemente das fábricas citadas anteriormente, as quais são vinculadas com a

construção exclusiva de instrumentos musicais, a empresa japonesa Yamaha, trabalha com

diversos tipos de produtos, entre eles: instrumentos musicais, aparelhos eletrônicos,

motocicletas e equipamentos de esportes. A companhia surgiu em 1887 quando Torakusu

Yamaha (1851-1916) construiu seu primeiro órgão e, em 1965, iniciou a produção de

instrumentos de sopro. Atualmente, existem quatro modelos de trombone baixo: YBL-421G;

YBL-620G; YBL-822G (Xeno) e YBL-830 (Xeno) (Figura 55). Todos os modelos da fábrica

são construídos com calibre single bore na medida de 14,30 mm (0,563ʺ), campana com

dimensão de 241 mm (9,5ʺ) e rotores tradicionais com sistemas dependente e independente18.

17 Os dados obtidos foram retirados em entrevista via e-mail com a própria fabricante, além de pesquisa realizada

no site da fábrica (http://www.weril.com.br). 18 Os dados obtidos foram retirados do site da própria fabricante (http://usa.yamaha.com).

82

Figura 55: Bass Trombone Yamaha, model YBL-830.

Fonte: http://usa.yamaha.com. Acesso em 17 de março de 2016.

O principal representante dos trombones baixos Yamaha na atualidade é o

instrumentista Douglas Yeo (Ex-Boston Symphony Orchestra e Boston Pops Orchestra).

O mercado mundial é disputado também por outras marcas de trombones baixos,

como as americanas Blessing, Getzen e Conn, a inglesa Michael Rath, as alemãs Kuhnl & Hoyer

e Latzsch Custon Brass, a chinesa Jupiter, entre outras.

Vale ressaltar que nesse subcapítulo apresentou-se as principais especificidades de

cada empresa, embora haja outras diferenças entre elas, como a espessura da campana, o tipo

de latão utilizado, os tuning slides, os leadpipes, entre outras.

Como relatado até o momento, há diversas empresas que fabricam o trombone

baixo. Com o intuito de produzir um instrumento de qualidade, alguns trombonistas baixos são

convidados a filiarem-se a esses fabricantes, tendo como função, experimentar e sugerir

possíveis adequações aos produtos por elas produzidos.

Por haver grande quantidade de informações sobre os diferentes trombones baixos

que existiram, o presente trabalho optou por encerrar esse capítulo com ilustrações que

demonstram esses instrumentos e suas principais características (Figuras 56 e 57).

83

Figura 56: Ilustração que apresenta as características e as imagens dos trombones graves pesquisados.

Fonte: Autor.

84

Figura 57: Ilustração que apresenta as características e as imagens dos trombones graves pesquisados.

Fonte: Autor.

85

CAPÍTULO 2: A UTILIZAÇÃO DO TROMBONE BAIXO NO REPERTÓRIO SACRO

E SINFÔNICO

Este capítulo apresenta um estudo sobre a utilização do trombone baixo no

repertório sacro e sinfônico. Para isso, fez-se necessário uma investigação a respeito do

emprego dos trombones desde os primeiros consorts19 instrumentais do século XVI (Figura 58),

passando por distintas formações orquestrais existentes nos séculos subsequentes, até chegar a

orquestra sinfônica atual. No decorrer da pesquisa, observou-se que o instrumento foi

empregado com distintas características musicais ao longo dos séculos, as quais poderão ser

observadas em trechos orquestrais selecionados20 para esta dissertação.

Vale lembrar que o foco da pesquisa é o trombone baixo, um instrumento que faz

parte do naipe de trombones. Deste modo, é comum observar no decorrer do trabalho que serão

realizadas alusões ao naipe de trombones de uma forma geral.

2.1 - A atuação do trombone baixo no repertório sacro e sinfônico

Encontrar obras escritas especificamente para o trombone baixo no século XVI não

é uma tarefa simples, pois é justamente no final desse século que a música escrita se consolidava

por toda a Europa. Entretanto, a bibliografia existente expõe que nesse período os trombones

estavam diretamente relacionados a três tipos de trabalhos: eventos que ocorriam nas cortes;

festividades para autoridades civis e grupos musicais que atuavam em igrejas (HERBERT,

2006).

19 Consorts eram pequenos grupos de instrumentos mesclados. A formação do consort de sopros incluía o hautbois

(ancestral do oboé), corneto e o sacabuxa (trombone). No século XVII, consorts de sopros eram apreciados ao ar

livre, em reuniões de pessoas ilustres, com os consorts de cordas, mais suaves, sendo reservados para os interiores

(BURROWS, 2013, p.27). 20 Os trechos de obras sacras e sinfônicas que serão exibidos no decorrer do trabalho foram selecionados por

apresentarem as principais características e funções musicais que o trombone baixo e todo o naipe de trombones

exerceram ao longo dos séculos.

86

Figura 58: Iconografia italiana do século XVI que representa um grupo instrumental da época.

Fonte: www.kimballtrombone.com. Acesso em 02/12/2016.

Uma das obras mais antigas que possivelmente houve a utilização de um trombone

baixo, pois a tessitura exigia um trombone mais grave que o trombone tenor, foi a obra Motet

Ingredere (1539) do compositor Francesco Corteccia (1502-1571). Esse trabalho foi escrito

para o casamento do Duque de Florença no ano de 1539, tendo sido executado por vinte e quatro

cantores, quatro cornetos e quatro trombones (HERBERT, 2006). Um trecho da obra é

apresentado no Exemplo 7.

87

Exemplo 7: Trecho da partitura de Motet Ingredere de Francesco Corteccia. Compassos 1 ao 11.

Fonte: HIGH (2006, p. 18).

Outra obra de Francesco Corteccia que utilizou o naipe de trombones foi Intermedio

V (1539). Nessa composição, seria praticamente impossível o uso do trombone tenor na voz

mais grave, já que atinge notas como o Mi bemol 1. Portanto, supõe-se que também foi usado

um trombone baixo em sua execução (HIGH, 2006). Um trecho da obra pode ser observado no

Exemplo 8.

88

Exemplo 8: Trecho da partitura de Intermedio V de Francesco Corteccia. Compassos 1 ao 8.

Fonte: HIGH (2006, p. 19).

Outro registro que possivelmente teve o emprego do instrumento foi na coroação

da Rainha Elizabeth (1559) da Inglaterra. Essa celebração recorreu ao uso de vários

instrumentos, dentre eles, seis trombones. Provavelmente, o trombone baixo foi utilizado para

executar as partes graves da composição (HIGH, 2006).

Durante o século XVII, nota-se uma atividade mais intensa dos trombones tanto na

música sacra quanto na música secular. Um dos principais centros musicais que empregou os

trombones nas obras musicais nesse período foi a cidade italiana de Veneza. A Basílica de San

Marco, localizada em Veneza, destacou-se por sua produção musical com um estilo inovador,

sendo liderada por Andrea Gabrielli (1510-1586) e, posteriormente, por Giovanni Gabrielli

(1557-1612) (SANTOS, 2009).

As obras de Giovanni Gabrielli eram normalmente escritas para coros que poderiam

ser constituídos de três maneiras distintas: vocal, instrumental ou pela combinação de vozes e

89

instrumentos. Nas obras em que as vozes e os instrumentos atuavam no mesmo coro, as partes

eram dobradas, ou seja, os trombones foram frequentemente utilizados para dobrar as vozes do

coro. No entanto, nesse período os compositores ainda não tinham a prática de especificar o

instrumental que atuariam em suas composições. Outra característica empregada por Gabrielli

foi a disposição espacial que esses coros eram alocados na basílica, uma vez que o compositor

utilizava a arquitetura de San Marco para colocá-los em diferentes lugares, gerando um efeito

sonoro singular para o período.

Para exemplificar a utilização dos trombones nos trabalhos de Gabrielli, optou-se

por apresentar a Sonata pian e forte (1597). Essa é uma obra com formação inteiramente

instrumental e foi um dos poucos trabalhos que apresentaram designações específicas para os

trombones, pois segundo a instrumentação indicada, Gabrielli solicitou um coro formado por

um corneto e três trombones e outro coro constituído por um violino e também três trombones

(KROSSCHELL, 2008).

Na partitura da obra é possível observar os quatro instrumentos que compõem cada

coro atuando sempre em conjunto e explorando as diferenças de dinâmicas escritas pelo

compositor, uma novidade para a época. Em relação à parte designada ao trombone 6, nota-se

a atuação do instrumento em uma tessitura grave, diferentemente das outras vozes dos

trombones que trabalham no registro médio e agudo. Isto permite inferir que esta parte é tocada

por um instrumento que execute confortavelmente notas graves, ou seja, por um trombone

baixo, já que a escrita musical favorece o seu uso, como pode ser observado no Exemplo 9.

90

Exemplo 9: Trecho da partitura da Sonata pian e forte de Giovani Gabrielli. Compassos 65 ao 72.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 17 de março de 2017.

91

Ao mesmo tempo que Veneza se destacava por sua produção musical, um novo

gênero intitulado Intermedi21 surgiu em Florença. Segundo BURROWS (2013), esse novo

modelo musical tinha o intuito de recriar o estilo cantado das tragédias gregas antigas e era

caracterizado por ser interpretado entre os atos de peças teatrais. Esse estilo musical pode ser

considerado como o precursor das óperas (ORTOLAN, 1998).

A primeira ópera que ganhou notoriedade foi L´Orfeo (1607), de Claudio

Monteverdi (1567-1643), na qual necessita de diversos instrumentos, dentre eles, quatro

trombones (Figura 59).

Figura 59: Instrumentação da ópera L´Orfeo de Claudio Monteverdi.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

No entanto, como já relatado, nesse período ainda não existia a prática comum de

nomear o instrumento para executar uma voz específica, como pode ser observado na própria

partitura de L´Orfeo (Exemplo 10).

21 Intermedio é uma forma de espetáculo dramático executado entre os atos de peças teatrais no Renascimento.

Inseriam-se intermedi com ação cênica nas comédias clássicas em Ferrara, no final do século XV, com uma

moresca (dança em mímica), entremeada com canções ou trechos declamados explicando a ação. Em Florença,

apresentavam-se intermedi espetaculares, em ocasiões de gala. O L´Orfeo, de Monteverdi, e outras das primeiras

óperas, devem muito à tradição do intermedio (SADIE, 1994 - p.459).

92

Exemplo 10: Trecho da partitura de L´Orfeo de Monteverdi. Compassos 23 ao 25 (Primo Atto).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

Ao longo de toda a ópera, nota-se que os trombones foram requeridos apenas em

três momentos por Monteverdi, sendo dois trechos que o compositor designa um tutti stromenti

e outro solicitando por cinco trombones, e não apenas quatro, como aparece na instrumentação

inicial (Exemplo 11).

93

Exemplo 11: Trecho de L´Orfeo para ser executado por cinco trombones. Compassos 141 ao 144 (Atto Terzo).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

Das três intervenções musicais que os trombones foram empregados, observa-se

que em duas estão dobrando as vozes do coro e na outra executam, juntamente com os

trompetes, uma fanfarra para sinalizar o início da ópera. Nesses trechos, nota-se que a voz mais

grave dos trombones, provavelmente executada por um quart-posaune, atua em uma tessitura

confortável para o instrumento, pois explora notas do registro médio/grave.

94

Mesmo com a indicação de quatro trombones no início da partitura e cinco

trombones no Atto Terzo, é comum as formações orquestrais atuais utilizarem ou não o naipe

na realização da ópera, pois, como relatado, Monteverdi escreveu a maior parte da obra para

cinco vozes, na qual os instrumentos atuam dobrando uns aos outros. Desse modo, fica a critério

do maestro a inclusão ou não do naipe de trombones. Contudo, quando usados, normalmente

são empregados os trombones alto, tenor e baixo.

Assim como Gabrielli e Monteverdi, outros compositores escreveram para os

trombones durante o século XVII, dentre eles: Tiburtio Massaino (1550-1608) com sua

Canzona (1608) para oito trombones; Giovanni Martino Cesare (1590-1667) com La Bavara

(1621) para quatro trombones; Samuel Scheidt (1587-1664) com dezesseis peças incompletas

para quatro trombones (1622/1627); Biagio Marini (1594-1663) que compôs uma Canzon

(1626) para quatro trombones; Johann Hentzschel (s/d) com a Canzon (1649) para oito

trombones e Johann Georg Braun (1656-1687) com seu Canzonato (s/d) também para quatro

trombones (HERBERT, 2006).

Durante esse período, as formações orquestrais eram normalmente constituídas por

cordas, cravo, oboé, fagote e trompa, acrescentando outros instrumentos quando necessário

(ORTOLAN, 1998). Não existia uma formação orquestral padrão, pois conforme as

composições necessitassem de mais músicos, eram solicitados às bandas militares e à igreja.

No final do século XVII, houve um certo declínio no uso do naipe de trombones

em diversas regiões da Europa. Na Inglaterra os trombones não foram mais utilizados em peças

executadas nas catedrais, na corte e na banda real inglesa (HERBERT, 2006). Na Escócia e na

França, as instituições que utilizavam os trombones seguiram a mesma tendência da Inglaterra

(KROSSCHELL, 2008).

Existiram alguns países que apresentaram um desuso parcial do naipe de

trombones. Na Itália, o naipe continuou sendo usado em algumas regiões, como Nápoles e

Roma. Em Veneza, especificamente na Basílica de San Marco, foram substituídos por

instrumentos de cordas (HERBERT, 2006). Na Alemanha, os trombones sobreviveram em

algumas cidades graças a uma profissão regularizada e com salário fixo, denominada

Stadtpfeifer22. Dentre as obrigações dessa profissão estavam apresentações oficiais, festivais,

casamentos e eventos da igreja (GUION, 1988).

22 Stadtpfeifer é um músico profissional empregado pelas autoridades municipais. O termo é usado nos países de

língua alemã desde o final do século XIV, quando se aplicava a menestréis empregados para uma ocasião

específica ou pagos por evento. Os contratos escritos começaram no século XV junto com salários mais regulares.

Entre os deveres incluíam-se os de tocar em comemorações oficiais, paradas festivas, visitas reais, bodas e

batismos da cidade e outras ocasiões eclesiásticas (SADIE, 1994 - p.897).

95

O declínio na utilização dos trombones nesse período pode ser atribuído a alguns

fatores, dentre os quais destaca-se a ascensão da música secular. O uso do naipe de trombones

possuía uma ligação forte com a música sacra, fato que colaborou para os compositores

escreverem menos para o instrumento na música secular no final do século XVII e parte do

século XVIII (HIGH, 2006). Outro fator é um relato que pode ser encontrado no manuscrito

criado por James Talbot (s/d) no final do século XVII. Nesse documento, Talbot descreveu que

os trombones foram trocados pelo French Basson, visto que o timbre desse instrumento

utilizado em conjunto com instrumentos de cordas atingia um equilíbrio sonoro mais

homogêneo (HERBERT, 2006).

Mesmo passando por um período de pouca utilização durante a primeira metade do

século XVIII, Johann Sebastian Bach (1685-1750) empregou os trombones em variadas obras

nesta época. Segundo BRAATZ (2010), o compositor escreveu diversas cantatas23 que

utilizaram um trombone alto, um tenor e um baixo para constituir o naipe. Normalmente, o

naipe era empregado com a função de dobrar as vozes do coro, entretanto, na cantata O Jesu

Christ meins Lebens Licht - BWV 118 (s/d) (Exemplo 12) o compositor utilizou o trombone

baixo dobrando a parte do baixo contínuo, o corneto com o violino 1, o trombone alto com o

violino 2 e o trombone tenor com as violas.

23 Cantata é o gênero mais importante de música de câmara vocal do período barroco; o principal elemento musical

do serviço luterano. Desde o final do século XVIII, o termo foi aplicado a uma ampla variedade de obras sacras e

seculares, na maioria para coro e orquestra, desde as cantatas de Beethoven por ocasião da morte e sucessão de

imperadores até as cantatas soviéticas patrióticas de Shostakovich. Algumas cantatas de Bach são retrospectivas

em sua utilização de um texto coral uniforme, mas a maioria mostra efeitos das reformas de Neumeister em c.1700,

com recitativo e ária da capo como elementos dominantes (SADIE, 1994 - p.164).

96

Exemplo 12: Trecho da partitura da Cantata O Jesu Christ meins Lebens Licht - BWV 118 de Johann Sebastian

Bach. Compassos 1 ao 12.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

Na segunda metade do século XVIII teve início uma nova fase para a formação

orquestral. Obras dos compositores Joseph Haydn (1732-1809) e Wolfgang Amadeus Mozart

(1756-1791) ganharam popularidade por toda a Europa e, como consequência, passaram a ser

executadas em diversas regiões (ORTOLAN, 1998). Esse fato demonstrou a necessidade de

uma organização do corpo orquestral e, como resultado, a orquestra do período clássico

padronizou-se com uma seção de cordas formada por violinos, violas, violoncelos e

contrabaixos, além de serem acrescidos pares de oboés, flautas, fagotes, trompas, trompetes e

tímpanos. O clarinete foi empregado somente no final desse século (BURROWS, 2013).

97

Mesmo com essa organização orquestral, os trombones ainda não faziam parte da orquestra

padrão daquele período, porém, os compositores Christoph Willibald Gluck (1714-1787),

Wolfgang Amadeus Mozart e Joseph Haydn empregaram o naipe de trombones em algumas

obras, dentre elas as óperas Orfeo ed Euridice (1762), Alceste (1767), Don Giovanni (1787) e

Die Zauberflote (1791), além dos trabalhos sacros Mass in C minor (1783), Requiem in D minor

(1791) e The Creation (1797).

Nesse período, o naipe de trombones foi formado por um trombone alto, um tenor

e um baixo que atuavam respectivamente na primeira, na segunda e na terceira voz, tornando-

se a formação padrão durante todo período clássico e parte do período romântico (SANTOS,

2009). Na verdade, observa-se que desde o século XVI o naipe foi constituído dessa maneira,

embora existissem outras formações, as quais podem ser notadas em obras de Gabrielli e

Monteverdi. O fato é que, a partir do período clássico, o naipe de trombones padronizou-se

dessa forma, diferentemente dos séculos anteriores, onde utilizavam essa e outras constituições

diferenciadas.

Uma das obras que marcou a utilização do naipe de trombones no período clássico

é a ópera Orfeo ed Euridice. Nessa obra, percebe-se que o compositor empregou os trombones

em apenas dois momentos e com a função de substituir e dobrar as vozes do coro. O Exemplo

13 ilustra o dobramento entre os trombones e as vozes utilizado por Gluck.

98

Exemplo 13: Trecho da partitura da ópera Orfeo ed Euridice de Christoph Willibald Gluck que demonstra o

dobramento de vozes entre trombones e coro. Compassos 1 ao 7 (Chor).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

Assim como em Orfeo ed Euridice, os trombones também foram empregados nas

óperas Don Giovanni e Die Zauberflote de Mozart. Segundo CARSE (1964), o uso do naipe

nas óperas desse período era normalmente atribuído aos momentos solenes ou às cenas trágicas.

Já nos trabalhos sacros dessa época, nota-se que o naipe de trombones esteve

diretamente ligado com a função de dobrar as vozes do coro, como pode ser visto na Mass in C

minor e no Requiem in D minor de Mozart, e no oratório The Creation de Haydn. Essas

composições apresentam elementos musicais sofisticados, que demandam leveza e agilidade na

execução, portanto, exigem técnica instrumental apurada por parte dos trombonistas. Para

CARSE (1964), essas obras representaram um alto nível de orquestração e a ampla combinação

99

de orquestra e vozes do período clássico. O Exemplo 14 demonstra o dobramento de vozes

entre trombones e coro escrito no Offertorium da obra Requiem in D minor.

Exemplo 14: Trecho da partitura do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart que mostra o dobramento de

vozes entre trombones e coro. Compassos 44 ao 51.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

Além de atuar no dobramento de vozes com o coro, o trombone baixo também age

em conjunto com outros instrumentos graves da orquestra. Utilizando o oratório The Creation

de Haydn como exemplo, observa-se fraseados melódicos entre o trombone baixo, os fagotes,

os violoncelos e os contrabaixos. Vale considerar que esses instrumentos não atuam em todos

os momentos em conjunto. Há trechos que aparecem somente o trombone baixo, os violoncelos

100

e os contrabaixos, outros apenas os fagotes e o trombone baixo, enfim, combinações

instrumentais que geram um maior volume sonoro no registro grave orquestral (Exemplo 15).

Exemplo 15: Trecho do oratório The Creation de Haydn que evidencia a combinação do trombone baixo, contra-

fagote e contrabaixos. Compassos 76 ao 80.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 05 de maio de 2017.

Como foi dito, tanto nos trabalhos sacros como nas óperas escritas até o final do

século XVIII, a função musical que predominou para o naipe de trombones foi o dobramento

101

com as vozes do coro, isto é, na maior parte das obras os trombones funcionavam como um

suporte para auxiliar a sonoridade e a afinação dos cantores. Além disso, constatou-se que na

escrita operística desse período o naipe de trombones foi empregado também para musicar

trechos solenes e cenas trágicas.

Especificamente em relação ao trombone baixo, além do apoio oferecido para as

vozes dos baixos e atuação como baixo contínuo, observa-se sua utilização em frases melódicas

em conjunto com fagotes, violoncelos e contrabaixos. Tal característica tornou-se frequente ao

longo do século XIX, sendo usada em diversas obras que poderão ser observadas no decorrer

da presente dissertação.

Nos trabalhos de Monteverdi, Bach, Gluck, Mozart e Haydn o trombone baixo foi

empregado em uma tessitura relativamente confortável, visto que esses compositores raramente

exploraram os registros graves e agudos do instrumento, embora na Mass in C minor e na ópera

Don Giovanni de Mozart apareçam as notas graves Dó 1 e Ré 1.

É importante salientar que as composições escritas até o final do período clássico

foram executadas por trombones de pequenas dimensões de campana e calibre, isto é, o

trombone baixo utilizado até esse período foi o quart-posaune ou o quint-posaune, já que,

segundo as bibliografias existentes, foi no século XIX que os construtores começaram a

aumentar as medidas de seus trombones.

No século XIX foram observadas algumas novidades relacionadas a orquestra

sinfônica, consequentemente, inovações em relação ao naipe de trombones. Nessa época, a

ocorrência de alguns avanços tecnológicos proporcionou melhorias em diversos instrumentos

e, como resultado, algumas adequações à formação orquestral foram realizadas.

Foi possível notar progressos no sistema de chaves dos instrumentos que compõem

a família das madeiras, o aumento nas dimensões estruturais dos trombones e o surgimento das

válvulas, que foram empregadas nos instrumentos de metal. Esses avanços propiciaram melhor

sonoridade, maior facilidade de execução, aumento de tessitura, melhor afinação, capacidade

do cromatismo nas trompas e nos trompetes, fornecendo assim, novos adjetivos a essas famílias

(CARSE, 1964).

Tais avanços possibilitaram também maior independência musical dessas famílias

na orquestra do século XIX, permitindo aos compositores, novos meios de explorar esses

instrumentos em um contexto orquestral sinfônico, gerando maior prestígio dessas famílias, já

que se tornaram capazes de desenvolver novas habilidades técnicas.

Novos instrumentos passaram a ser incorporados com regularidade na formação

orquestral. Isso trouxe uma expansão no tamanho do grupo, ocasionando um aumento de

102

volume sonoro em conjunto com uma variedade de novos timbres musicais. Dentre os

instrumentos incluídos, destacam-se o flautim, o corne-inglês, a requinta, o clarone, o contra-

fagote, o trombone, o bombardão, o oficleide e alguns instrumentos de percussão (CARSE,

1964). Para que não houvesse um desequilíbrio sonoro com a introdução desses instrumentos,

foi necessário aumentar a quantidade de músicos da família das cordas. É importante destacar

que essa expansão ocorreu de maneira gradativa ao longo do século XIX.

Nessa época, foi possível observar que os trombones passaram a ser usados com

maior frequência na orquestra sinfônica. Além de oratórios, missas e óperas, nas quais o naipe

de trombones já era empregado, as sinfonias e os concertos tornaram-se obras que passaram a

utilizar o naipe constantemente, proporcionando assim, uma posição estável aos trombones na

orquestra (DEL MAR, 1987).

A primeira referência encontrada sobre o uso dos trombones em uma sinfonia foi

ainda no século XVIII, com a Symphony in Eb (1760) do compositor Franz Beck (1734-1809).

Já no século XIX, os trombones apareceram na Symphony n° 3 (1807) do compositor Joachim

Nikolas Eggert (1779-1813) e no ano seguinte na Symphony n° 5 (1808) de Ludwig van

Beethoven (1770-1827) (JIMENEZ, 2011).

Com o surgimento de novos trombones (subcapítulo 1.2), os avanços tecnológicos

e a inserção do naipe nas sinfonias e concertos, o século XIX destacou-se pela massiva

utilização do naipe de trombones. Como consequência, diferentes compositores de variados

países europeus passaram a compor o naipe com uma maior liberdade, propiciando uma difusão

do instrumento de forma mais intensa do que havia sido vista nos séculos anteriores.

Na Áustria e na Alemanha, o naipe de trombones passou a ser frequentemente

formado por três trombones afinados em Si bemol que se diferenciavam por dimensões de

calibre, campana e bocal. O primeiro trombonista usava um instrumento sem válvulas, o

segundo um trombone com válvula em Fá de dimensões de tamanho médio e o terceiro utilizava

um trombone baixo de grandes medidas que os construtores alemães Sattler, Kruspe, Heckel

fabricavam na época. Ressalta-se que esses instrumentos possuíam maiores dimensões que os

instrumentos produzidos até o início do século XIX (BAINES, 1993).

Na França, o trombone baixo foi raramente visto nessa época e o trombone alto

utilizado por pouco tempo, portanto, o naipe que se tornou padrão das orquestras francesas era

formado por três trombones tenores afinados em Si bemol (BERLIOZ, 1858). Esses

instrumentos eram produzidos no país e possuíam calibres e campanas com pequenas e médias

dimensões quando comparados com os instrumentos alemães produzidos na mesma época

(BAINES, 1993).

103

Na Itália, assim como na França, o naipe era comumente formado por três

trombones tenores em Si bemol de dimensões pequenas e médias (HERBERT, 2006). Além

dos trombones tenores, observou-se também o uso do trombone de válvulas e do cimbasso, o

qual tornou-se o novo representante da voz mais grave dos sopros. Esse instrumento foi

empregado em obras de Giuseppe Verdi, Antônio Carlos Gomes (1836-1896), Giacomo

Puccini, entre outros compositores operísticos do século XIX (KERR, 2016).

Na Inglaterra, o naipe de trombones optou por utilizar trombones de pequenas

dimensões de calibre e campana, tendo como trombone baixo o instrumento afinado em Sol,

que posteriormente adquiriu uma válvula em Ré. Esse naipe perdurou até meados do século XX

quando foram substituídos por instrumentos americanos de grandes dimensões (DIXON, s/d).

Com essas alterações, percebe-se que os compositores passaram a explorar os

trombones de diversas formas no contexto orquestral. Segundo CARSE (1964), na primeira

metade do século XIX, os compositores franceses e italianos normalmente utilizaram o naipe

para preenchimento harmônico da família dos metais, além de empregá-los em tuttis orquestrais

com grande potência sonora. Já os alemães, empregaram o naipe em tuttis orquestrais e também

em coros24 com leves dinâmicas que exploravam nuances do instrumento. Na segunda metade

do século XIX, os compositores russos demonstraram a potência sonora do naipe de trombones,

assim como pode ser visto também em diversas obras operísticas de Richard Wagner.

Enfim, a música sinfônica do século XIX se espalhou por vários países europeus,

com diversos compositores que empregaram os trombones em seus trabalhos, aliado ao

surgimento de novos instrumentos que foram incorporados gradativamente na orquestra

sinfônica. Dessa forma, é difícil estabelecer um padrão para a formação do naipe de trombones

do século XIX. No entanto, as páginas a seguir apresentam as características que o naipe de

trombones, com foco no trombone baixo, foi empregado por compositores do século XIX.

No início do século XIX, os compositores alemães frequentemente utilizavam o

naipe de trombones como preenchimento harmônico e em tuttis orquestrais. Nesses trechos, é

comum observar o trombone baixo com as notas da fundamental dos acordes, fortalecendo a

base harmônica da obra. Essas peculiaridades podem ser notadas na Symphony n° 5 de

Beethoven, uma das primeiras obras em que os trombones atuam em um contexto orquestral

sinfônico, pois não trabalham com funções de dobramento ou reforço para as vozes de um coral.

Nessa obra, o naipe toca somente no 4° movimento e age preenchendo a harmonia da

composição, além de ser utilizado nos tuttis com ampla sonoridade. O Exemplo 16 apresenta o

24 Coros são grupos de cantores que se apresentam juntos, na distribuição de vozes tradicional. O termo designa,

ainda, vários tipos de instrumentos (SADIE, 1994 - p. 227).

104

início do 4° movimento, evidenciando o naipe de trombones na execução de um tutti orquestral

com a função de compor a harmonia da obra.

Exemplo 16: Partitura da Symphony n° 5 de Beethoven que demonstra o naipe de trombones em um tutti

orquestral. Compassos 374 ao 380.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 10 de maio de 2017.

Observa-se na Symphony n° 9 de Beethoven outra particularidade. Embora no 4°

movimento o naipe de trombones seja usado para dobrar as vozes do coro, no 2° movimento é

possível notar a combinação do trombone baixo com violas e violoncelos em uma melodia entre

os compassos 492 e 502. Vale destacar que esse tipo de fusão instrumental já tinha aparecido

nos trabalhos sacros Mass in C minor de Mozart e The Creation de Haydn. O Exemplo 17

refere-se à melodia citada.

105

Exemplo 17: Parte do trombone baixo do 2° movimento da Symphony n° 9 (1822/1824) de Beethoven que

demonstra uma pequena melodia executada por violas, violoncelos e o trombone baixo. Compassos 473 ao 688.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 10 de maio de 2017.

Da mesma maneira que os compositores do período clássico, Beethoven manteve o

naipe de trombones constituído por um trombone alto, um tenor e um baixo na maior parte de

suas obras. Entretanto, na ópera Fidelio (1804/1805) e na Symphony n° 6 (1808), o compositor

optou por utilizar apenas dois trombones.

A atuação do naipe de trombones em tuttis orquestrais, a função de preenchimento

harmônico e a combinação do trombone baixo com outros instrumentos graves podem ser

também observadas em trabalhos do compositor austríaco Franz Schubert (1797-1828).

Utilizando a Symphony n° 8 – Unfinished (1822) como exemplo, os trombones são usados no

primeiro movimento basicamente com funções de preenchimento harmônico com efeitos de

sforzando ou forte-piano acompanhados de crescendo ou decrescendo. Nota-se também o

emprego do naipe com as cordas graves em uma longa melodia em intervalos de oitavas justas,

o que proporciona uma ampla sonoridade no registro grave orquestral (Exemplo 18).

106

Exemplo 18: Partitura da Symphony n° 8 de Schubert que mostra uma melodia entre trombones e cordas graves.

Compassos 176 ao 189.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 10 de maio de 2017.

Outra intervenção constatada é no final da obra, na qual os fagotes, os clarinetes e

o trombone baixo executam em conjunto um solo legato em dinâmica ppp, o que exige um

eficiente controle técnico de execução por parte do trombonista baixo (Exemplo 19).

107

Exemplo 19: Partitura da Symphony n° 8 de Schubert que mostra o final da obra, na qual clarinetes, fagotes e

trombone baixo executam uma passagem solista em ppp. Compassos 280 ao 299 (2° movimento).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 10 de maio de 2017.

Como já relatado, no século XIX, o trombone baixo e toda sua família começaram

a ser construídos com dimensões maiores, todavia, não é possível afirmar que esses

instrumentos foram utilizados nas obras de Beethoven e Schubert, visto que a primeira metade

desse século foi um momento de transição entre esses instrumentos. Existe a possibilidade de

algumas regiões europeias terem usado trombones com grandes dimensões, em contrapartida,

outros países ainda utilizavam os instrumentos com pequenas dimensões. De fato, as

publicações de HERBERT (2006) e CARSE (1964) relatam que o quart-posaune foi trocado

pelo trombone tenor/baixo no decorrer do século XIX.

Assim como nos trabalhos sinfônicos do início do século XIX, o naipe de

trombones foi frequentemente empregado com as mesmas funções musicais nas orquestras de

óperas desse período. Essas características podem ser notadas em diversas óperas do compositor

108

Gioachino Rossini (1792-1868), que frequentemente escreveu para o naipe em uníssonos ou

em oitavas justas, proporcionando um maior volume sonoro orquestral.

Da mesma forma que Schubert, que empregou o naipe de trombones em longas

melodias, favorecendo um momento de protagonismo para o naipe, o compositor Rossini

também usou os trombones da mesma maneira. Contudo, Rossini usou elementos musicais que

requerem uma técnica mais apurada do instrumentista, pois exigem agilidade e precisão na

execução. Essa característica pode ser observada nas óperas La Gazza Ladra (1817) e

Guillaume Tell (1824/1829) (Exemplo 20).

Exemplo 20: Solo escrito para o naipe de trombones em Guillaume Tell Overture de Rossini.

Compassos 92 ao 140.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 10 de maio de 2017.

Há uma questão sobre o uso dos trombones na ópera La Gazza Ladra (Exemplo

21). Segundo YEO (s/d), ex-trombonista baixo da Boston Symphony Orchestra, Rossini

escreveu a obra para uma orquestra pequena com apenas um trombone, e não especificou se era

109

para um trombone tenor ou para um trombone baixo25. Assim, a obra normalmente é executada

por um trombonista baixo, pois não explora as regiões extremo agudas do instrumento. Por

outro lado, Ebenezer Prout apud HERBERT (2006), pontua que nesse período os compositores

italianos utilizavam somente trombones tenores em suas instrumentações. O fato é, que

atualmente essa obra é normalmente executada por um trombonista baixo, embora algumas

edições tenham aumentado o tamanho da orquestra, indicando três trombones para interpretar

essa composição.

Exemplo 21: Solo escrito para o trombone na obra La Gazza Ladra de Rossini. Compassos 113 ao 139.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 10 de maio de 2017.

Assim como nas óperas italianas, que exploravam um maior volume sonoro do

naipe de trombones, Hector Berlioz (1803-1869) foi outro compositor que aplicou esse recurso

na escrita para o naipe. Para CARSE (1964), Berlioz foi um dos mais originais orquestradores

desse período e um dos responsáveis pela ampliação da orquestra sinfônica, já que a maior parte

de suas composições contava com muitos instrumentos de cordas, três flautas, flautins, oboés,

corne-inglês, clarinetes, clarone, três ou quatro fagotes, trompas, três ou quatro trompetes,

cornetes, três trombones, oficleide, tuba, harpas e diversos instrumentos de percussão.

Do mesmo modo como ocorreu com a orquestra sinfônica, Berlioz também fez

alterações no naipe de trombones. A tradição clássica de formar o naipe por um trombone alto,

um tenor e um baixo não era mais um padrão na Europa. Desse modo, a maioria das orquestras

25 Essas informações foram extraídas do site do trombonista baixo Douglas Yeo (http://www.yeodoug.com).

Acesso em 11/01/2017.

110

francesas optou por empregar três trombones tenores em Si bemol que se distinguiam por suas

dimensões de calibre e campana.

Em seu tratado, A Treatise upon Modern Instrumentation and Orchestration

(1858), Berlioz demonstra o apreço que possuía pelo naipe de trombones. Isso pode ser

observado na seguinte citação, pois para o compositor:

O trombone é, em minha opinião, o verdadeiro chefe dos instrumentos de sopros que

eu tenho nomeado como instrumentos épicos. Ele possui um grau eminente, tanto em

nobreza como em grandeza; tem todos os tons profundos e poderosos da alta poesia

musical, do tom religioso, calmo e imponente, para o clamor selvagem da orgia26

(BERLIOZ, 1858 - p.156).

Além de sua admiração pelo naipe, Berlioz deixa claro sua preferência pelo

trombone tenor, como consta na seguinte citação, que diz:

Este é, sem dúvida, o melhor de todos. Ele tem uma sonoridade cheia e poderosa; pode

executar passagens cuja rapidez as torna impraticáveis no trombone baixo; e a

qualidade de som é boa ao longo de toda a extensão de sua escala27 (BERLIOZ, 1858

- p.152).

Berlioz expõe que o trombone baixo afinado em Fá ou em Mi bemol era

praticamente desconhecido na França, bem como o trombone alto, que foi utilizado por pouco

tempo nas orquestras francesas. Portanto, é possível inferir que após o Classicismo, o

compositor foi um dos pioneiros na especificação de obras sinfônicas para primeiro, segundo e

terceiro trombone (BERLIOZ, 1858).

Nesse período, era comum composições de outros países serem executadas na

França e vice-versa, com isso, existiam trabalhos que necessitavam da execução de um

trombone baixo, pois o trombone tenor não era capacitado para executar algumas notas graves.

Berlioz simplesmente optava por transportar essas notas em uma oitava justa acima, assim,

mantinha o naipe formado somente por trombones tenores em Si bemol (HERBERT, 2006).

É possível notar na escrita de Berlioz para o naipe de trombones algumas

influências das orquestras de óperas, das bandas amadoras e militares europeias, pois

exploravam os extremos de dinâmica característico dessas formações musicais, apresentavam

26 The trombone is, in my opinion, the true chief of that race of wind instruments which I have designated as epic

instruments. Its possesses, in na eminet degree, both nobleness and grandeur; It has all the deep and powerful

accents of high musical poetry, from the religious accents, calm and imposing, to the wild clamours of the orgy.

(BERLIOZ, 1858 - p.156). 27 This is, without doubt, the best of them all. It has a full and powerful sonorousness; it can execute passages

whose rapidity renders them impracticable on the bass trombone; and its quality of tonei s good throughout the

whole extent of its scale (BERLIOZ, 1858 - p.152).

111

semelhanças em aspectos técnicos de articulações e fraseados, além de utilizarem frases em

uníssonos que possibilitavam grande volume sonoro (HERBERT, 2006).

Em relação à voz mais grave do naipe de trombones, observa-se que o compositor

explorou toda a tessitura do instrumento. Embora apareçam algumas notas no registro agudo, é

comum notar o uso de notas na região pedal, como pode ser visto nas obras Symphonie

Fantastique (1830), Te Deum (1848/1849), La Damnation de Faust (1845/1846) (Exemplo 22)

e Grande Messe des Morts (1837).

Exemplo 22: Trecho da partitura do 3° trombone da obra La Damnation de Faust de Hector Berlioz que

demonstra notas do extremo grave do instrumento. Compassos 1 ao 128 (XVIII).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 12 de maio de 2017.

Outra peculiaridade encontrada no emprego dos trombones no decorrer do século

XIX são os coros escritos para o naipe. Os compositores Robert Schumann (1810-1856) e

Johannes Brahms (1833-1897) exploraram com frequência essa característica. A maior parte de

seus trabalhos apresentam estruturas harmônicas com leves dinâmicas que possibilitam

momentos de protagonismo ao naipe e demonstram a capacidade dos trombones atuarem não

apenas com poderosa sonoridade, mas também com sutileza e menor volume. Segundo

BERLIOZ (1858), a sonoridade produzida pelos trombones alto, tenor e baixo são semelhantes

ao som das vozes humanas e esse tipo de escrita pode comprovar essa similaridade, sendo

112

facilmente encontrada nas sinfonias desses compositores. Esse pode ser um dos motivos que

Schumann e Brahms frequentemente escreveram para o naipe formado por um trombone alto,

um tenor e um baixo.

Um exemplo da escrita para coro de trombones pode ser visto no quarto movimento

da Symphony n° 3 (1850) de Schumann (Exemplo 23). Esse movimento inicia-se com um coro

em cantabile com dinâmica pp para trombones, trompas e fagotes e, requer por parte do

primeiro trombonista uma boa técnica de execução, uma vez que explora notas muito agudas,

como o Mi bemol 4. Na sequência, Schumann coloca novamente os trombones como solista,

escrevendo um solo lento e cantabile realizado primeiramente pelo trombone baixo (Exemplo

24) e posteriormente pelo primeiro trombone.

Exemplo 23: Coro da Symphony n° 3 de Schumann. Compassos 1 ao 6 (4° movimento).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 12 de maio de 2017.

113

Exemplo 24: Partitura do solo escrito para o trombone baixo na Symphony n° 3 de Schumann.

Compassos 1 ao 22 (4° movimento).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 12 de maio de 2017.

Outro exemplo de coro escrito para o naipe de trombones pode ser visto na

Symphony n° 1 (1862/1876) de Brahms. Nessa obra, os trombones e os fagotes executam um

pequeno coro em dinâmica p e essa combinação musical produz uma sonoridade semelhante a

um órgão de tubos, gerando um efeito singular para 4° movimento da obra do compositor

(Exemplo 25).

Exemplo 25: Coro de trombones e fagotes da Symphony n° 1 de Brahms. Compassos 47 ao 51 (4° movimento).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 12 de maio de 2017.

114

Tal como Berlioz, os trabalhos de Richard Wagner também tiveram importância

para a ampliação numérica da orquestra sinfônica. O compositor escreveu para grandes

instrumentações, como pode ser observado obras com oito trompas, quatro trompetes, um

trompete baixo, o trombone contrabaixo, a tuba, diversos instrumentos de percussão, duas

harpas, enfim, um aumento considerável de músicos e, consequentemente, uma ampliação no

volume sonoro orquestral (CARSE, 1964).

No emprego dos trombones, nota-se que Wagner utilizou com frequência uma

maior conexão entre os instrumentos da família dos metais, que passaram a atuar de forma mais

integrada, diferentemente das décadas anteriores, na qual as trompas associavam-se às

madeiras, os trompetes com os tímpanos e os trombones com as cordas graves. Além disso,

observa-se o uso da ampla sonoridade em uníssonos e em intervalos de oitavas justas nos

trombones, como pode ser visto nos solos escritos para o naipe nas obras Der Fliegende

Hollander (1840/1841) (Exemplo 26), Tannhauser (1845/1860) e Lohengrin (1846/1848), onde

demonstram que o compositor apreciava o peso e o poder sonoro do naipe de trombones.

Exemplo 26: Solo escrito para o naipe de trombones em Der Fliegende Hollander de Richard Wagner.

Compassos 234 ao 243.

Fonte: Arquivo pessoal.

115

Uma prática comum entre alguns compositores alemães dessa época, foi escrever

suas obras para o naipe formado por um trombone alto, um tenor e um baixo, como pode ser

notado em composições de Beethoven, Schumann e Brahms, os quais ainda seguiam alguns

padrões do período clássico. Contudo, Wagner fugiu dessa tradição e especificou a formação

instrumental do naipe de duas maneiras: trombone I; trombone II e trombone III, assim como

Berlioz estava procedendo na França, ou para três trombones tenores/baixos. Essa especificação

pode ser vista em Der Ring des Nibelungen, na qual Wagner empregou quatro trombones,

evidenciando em sua partitura a utilização específica de três trombones tenores/baixos e um

trombone contrabaixo.

Assim como Berlioz e Wagner, compositores como Piotr Ilich Tchaikovsky (1840-

1893), Alexander Borodin (1833-1887), Modest Mussorgsky (1839-1881) e Nikolai Rimsky

Korsakov (1844-1908), também empregaram o naipe de trombones com grande potência sonora

na música sinfônica do século XIX.

Utilizando Tchaikovsky como exemplo, CARSE (1964) afirma que uma das

principais características do compositor é a forma com que as vozes eram distribuídas em suas

obras, pois nota-se o comum emprego de duas partes melódicas, uma harmônica e uma linha

de instrumentos graves atuando simultaneamente. Esses aspectos foram normalmente

combinados com grandes intensidades sonoras e podem ser visualizados em suas últimas três

sinfonias.

Tchaikovsky soube explorar a poderosa sonoridade do naipe de trombones, onde

frequentemente atuava em conjunto com a tuba, formando um quarteto de metais graves que

proporcionou grande potência sonora ao corpo orquestral. Algumas vezes atuando em separado,

tendo os trombones tenores com os outros metais e o trombone baixo e a tuba em conjunto com

os contrabaixos, os violoncelos e os fagotes, o compositor criava uma linha melódica de

instrumentos graves que, por sua potência sonora, normalmente era liderado pelo trombone

baixo. Isso pode ser observado em 1812 Overture (1880), Symphony n° 4 (1877/1878),

Symphony n° 5 (1888), Symphony n° 6 (1893), The Nutcracker (1892) (Exemplo 27), The

Tempest (1873), entre outras obras do compositor.

116

Exemplo 27: Frase musical de Nutcracker que demonstra as combinações de trompetes e trombones tenores,

bem como a de trombone baixo, tuba e cordas graves. Compassos 42 ao 45 (Pas de Deux).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 14 de maio de 2017.

Sobre a constituição do naipe, Tchaikovsky utilizou as especificações trombone

tenor I, trombone tenor II e trombone baixo, embora, algumas vezes optou por usar as

nomenclaturas de trombone I, II e III. Vale lembrar que nessa época o naipe de trombones já

era frequentemente formado por dois trombones tenores e um trombone tenor/baixo (DEL

MAR, 1987). Para que não haja nenhuma dúvida, o trombone tenor possuía dimensões

medianas e era afinado em Si bemol com a possibilidade de ter ou não a válvula em Fá. Por

outro lado, o trombone tenor/baixo tinha dimensões maiores e também era afinado em Si

Bemol, porém, obrigatoriamente com a válvula em Fá.

Comumente empregado com maior amplitude sonora, ou seja, em dinâmicas f e ff

e com frases em marcatto ou stacatto, a combinação do trombone baixo com a tuba apareceu

também de outras formas, como em frases leves e cantabiles. Tal característica pode ser

117

observada na obra Carnival Overture (1891) (Exemplo 28) do compositor Antonín Dvorák

(1841-1904).

Exemplo 28: Combinação de um trecho cantabile com dinâmica ppp, articulação legato e intervalos de oitavas

justas entre trombone baixo e tuba escrito por Dvorák em Carnaval Overture. Compassos 271 ao 298.

Fonte: Arquivo pessoal.

Assim como nas obras de Berlioz, composições do final do século XIX e XX também

apresentaram uma expansão na tessitura da terceira voz do naipe de trombones. Um dos fatores

que auxiliou esse processo foi a troca do quart-posaune em Fá pelo trombone tenor/baixo em

Si bemol/Fá ocorrida durante o século XIX.

Dentre algumas obras onde a tessitura aguda do trombone baixo foi explorada,

destacam-se: a Symphony in D minor (1888) (Exemplo 29) de César Auguste Franck (1822-

1890); a Symphony n° 1 (1884/1888) e a Symphony n° 2 (1888/1894) de Gustav Mahler (1860-

1911); Also sprach Zarathustra (1896) e Till Eulenspiegels lustige Streiche (1894/1895) de

Richard Strauss; Petrushka (1911) de Igor Stravinsky; Háry János (1926) de Zoltán Kodály

(1882-1967), entre outras.

118

Exemplo 29: Trecho em tessitura aguda escrito para o trombone baixo na Symphony in D minor de César Franck.

Compassos 267 ao 278 (3° movimento).

Fonte: Arquivo pessoal.

No século XX, os compositores também empregaram elementos musicais que

exigiam uma técnica de execução mais apurada, pois, além de notas longas, observou-se o

emprego de frases melódicas que exploraram o registro grave do instrumento. Essa

característica pode ser vista nas Symphony n° 5 (Exemplo 30) e Symphony n° 6 (1903) de

Mahler, em Also sprach Zarathustra e Till Eulenspiegels lustige Streiche de Strauss, The

Miraculous Mandarin (1918/1824) de Béla Bartók (1881-1945), Fontane di Roma (1916) de

Ottorino Respighi (1879-1936), Gurre-Lieder de Arnold Schoenberg, entre outras obras.

Exemplo 30: Trecho escrito para o trombone baixo na Symphony n° 5 de Mahler, que utiliza a articulação

stacatto na tessitura grave do instrumento. Compassos 250 ao 254 (1° movimento).

Fonte: Arquivo pessoal.

Vale salientar que os compositores desse período normalmente especificavam o

naipe em trombones I, II, III e, quando necessário, trombone IV. No entanto, quando a partitura

119

da quarta voz do naipe apresentava notas do extremo grave do instrumento, isto é, a região das

notas pedais, a obra era frequentemente executada por um trombone contrabaixo.

Também no século XX, nota-se o emprego do trombone baixo e de todo naipe em

alguns efeitos sonoros, como uso de surdinas (Exemplo 31), glissandos (Exemplo 32), frullatos

(Exemplo 33), enfim, particularidades utilizadas em diversas ocasiões pelos compositores desse

período. Esses elementos produzem distintos efeitos sonoros, podendo ser visualizados em

obras de Igor Stravinsky, Richard Strauss, Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Béla Bartók, entre

outros.

Exemplo 31: Partitura do trombone baixo de Petrushka que mostra um trecho agudo com surdina em uníssono

com os outros trombones. Compassos 88 ao 111.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 17 de maio de 2017.

Exemplo 32: Glissando escrito para o trombone baixo no Concerto for Orchestra (1943) de Béla Bartók.

Compasso 90 (4° movimento).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 15 de maio de 2017.

120

Exemplo 33: Frullatos escritos para o trombone baixo em Don Quixote (1897) de Richard Strauss.

Compassos 1 ao 35 (Variação II).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 15 de maio de 2017.

Após apresentar aspectos específicos do trombone baixo no repertório sacro e

sinfônico orquestral, a Tabela 7 demonstra as afinações, a quantidades de válvulas e as

dimensões de calibres e de campanas dos trombones baixos pesquisados, os quais foram

utilizados no decorrer da história da música.

Tabela 7: Tabela que demonstra as afinações, dimensões de calibres, de campanas e quantidade de válvulas dos

trombones baixos utilizados na música sacra e sinfônica nos distintos séculos.

Séculos Trombone baixo utilizado

XVI

XVII

XVIII

quart-posaune (Fá) ou quint-posaune (Mi bemol) de pequenas dimensões

- Calibre: entre 9,3 mm (0,366ʺ) e 13,5 mm (0,531ʺ)

- Campana: entre 116 mm (4,56ʺ) e 129,5 mm (5,09ʺ)

XIX

França: trombones em Si bemol de pequenas/médias dimensões

Itália: trombones em Si bemol de pequenas/médias dimensões e

trombones de válvulas

Inglaterra: trombone baixo em Sol/Ré de médias dimensões -

calibre:12,29 mm (0,484ʺ)

Alemanha e outros países: trombone tenor/baixo em Si bemol/Fá de

grandes dimensões - calibre aproximado de 14 mm (0,551ʺ) e campana

entre 232 mm (9,13ʺ) e 250 mm (9,84ʺ)

XX

XXI

Trombone baixo de grandes dimensões com uma ou duas válvulas

- Afinações: Si bemol/Fá, Si bemol/Fá/Mi, Si bemol/Fá/Ré, Si

bemol/Fá/Sol/Mi bemol, Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré, Si bemol/Fá/Ré/Si

- Calibre: entre 13,46 mm (0,530ʺ) e 14,27 mm (0,562ʺ) ou 14,27

mm/14,68 mm (0,562ʺ/0,578ʺ)

- Campana: entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ)

Fonte: Autor.

121

Como constatado até o presente momento da dissertação, as particularidades

apresentadas no emprego do trombone baixo podem ser classificadas do seguinte modo: a

substituição e o dobramento das vozes do coro; a execução da voz do baixo contínuo; a

combinação com instrumentos graves da família das cordas e das madeiras; o emprego nos

tuttis orquestrais; a sonoridade leve nos coros de Schumann e Brahms; a potência sonora em

conjunto com o naipe; a fusão musical com a tuba; a ampliação da tessitura; os efeitos de

glissando e surdinas, além de alguns solos. Dessa forma, no próximo subcapítulo, tais aspectos

serão apresentados e relacionados com questões e sugestões de performance musical.

2.2 - Caraterísticas no emprego do trombone baixo na atualidade: recomendações

interpretativas e instrumentais

Após demonstrar as funções e as características musicais designadas ao trombone

baixo no decorrer dos séculos, este subcapítulo apresenta aspectos relacionados à performance

de trechos orquestrais selecionados contendo as peculiaridades exibidas no subitem 2.1. As

sugestões e as recomendações oferecidas foram embasadas nas publicações de WICK (2011) e

KLEINHAMMER (1963), nas entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em

orquestras sinfônicas28 de extrema relevância na atualidade, assim como na experiência do

próprio autor como trombonista baixo atuante em orquestra sinfônica profissional desde 2005.

Além desses, os ensaios realizados para as gravações dos arquivos de áudios dos excertos

orquestrais selecionados, que servirão como referencial auditivo dos elementos musicais

empregados, foram de grande valia, pois propiciaram reflexões relevantes acerca de aspectos

performáticos que serão apresentados a seguir.

Como relatado no decorrer do trabalho, o trombone baixo compõe o naipe de

trombones, desse modo, nota-se que em diversas obras orquestrais o instrumento apresenta as

mesmas características musicais que todo o naipe. Sendo assim, em quatro dos dez subcapítulos

a seguir discorreu-se sobre o naipe de trombones. Entretanto, vale ressaltar que o foco deste

trabalho é o trombone baixo, portanto, as sugestões interpretativas e de dimensões de campanas

têm o enfoque estritamente relacionado a esse instrumento.

2.2.1 - O naipe de trombones com a função de substituir e/ou dobrar as vozes do coro

Como já relatado no subcapítulo 2.1, até o final do século XVIII o naipe de

trombones foi frequentemente empregado com o papel de substituir e/ou dobrar as vozes do

28 A relação e o conteúdo das entrevistas encontram-se no decorrer do texto e no Apêndice 1 desta dissertação.

122

coro. Tal função musical pode ser observada nas óperas L´Orfeo de Claudio Monteverdi, Orfeo

ed Euridice de Christoph Willibald Gluck, Die Zauberflote (1791) de Mozart, além de aparecer

também em trabalhos sacros, como na Mass in C minor (1727) e em algumas cantatas de Bach,

Mass in C Minor e Requiem in D minor de Mozart e The Creation de Haydn.

Essa característica foi normalmente designada para o naipe formado por um

trombone alto, um tenor e um baixo, que dobravam ou substituíam respectivamente as vozes

dos contraltos, dos tenores e dos baixos, com o objetivo de oferecer um reforço para sonoridade

e para a afinação dos cantores.

A eficiência em poder atuar com diferentes níveis de dinâmicas, o cromatismo,

visto que nesse período era o único instrumento da família dos metais com essa capacidade, o

timbre semelhante à voz humana, como afirma BERLIOZ (1858) em seu tratado, são alguns

dos fatores que favoreceram para que os compositores empregassem o naipe dessa forma.

Para exemplificar a combinação entre trombones e vozes, selecionou-se um trecho

do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart (Exemplo 34).

123

Exemplo 34: Partitura do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart que demonstra o dobramento de vozes

entre os trombones e o coro. Compassos 44 ao 55.

Fonte: http://imslp.org. Acesso em 21 de maio de 2017.

124

Nessa passagem é possível destacar alguns aspectos relevantes para uma execução

musical satisfatória. Primeiramente, percebe-se que o compositor não escreveu sinais de

articulação, portanto, cabe aos trombonistas entenderem as articulações realizadas pelas vozes

do coro para reproduzi-las no instrumento, já que executam a mesma frase que os cantores.

Outro detalhe observado é em relação à dinâmica f especificada pelo compositor. No período

clássico, as orquestras eram menores, os trombones possuíam pequenas dimensões de calibres

e campanas e atuavam apenas para reforçar as vozes. Assim, sugere-se que os trombonistas

procedam com uma dinâmica f relativa ao contexto orquestral inserido, pois devem lembrar que

atuam apenas como um suporte para o protagonismo dos cantores (o subcapítulo 2.2.6 apresenta

elementos que proporcionam um melhor entendimento sobre questões relacionadas à

dinâmica).

Outro fator de relevância é o direcionamento ou a condução do fraseado musical

que possibilita uma sensação de movimento na frase, gerando assim, uma pulsação uniforme.

Nesse trecho, os trombones tocam com vozes independentes, mas com a mesma figura rítmica

em lugares diferenciados, portanto, se o instrumentista reproduzir distintos crescendos e

decrescendos na frase, esse efeito poderá causar uma sensação de direcionamento fraseológico,

a qual proporciona maior movimento do trecho. É oportuno destacar que esses efeitos devem

ser executados de maneira suave, pois o objetivo é apenas uma condução melódica. O Exemplo

35 demonstra alguns crescendos e decrescendos, além de apresentar sinais de articulações que

correspondem às vozes do coro.

125

Exemplo 35: Partitura dos trombones do Offertorim do Requiem in D minor com sugestões de articulação.

Compassos 44 ao 52.

Fonte: Arquivo pessoal.

Para exemplificar de maneira auditiva um trecho do Offertorium, o link 129 fornece

um arquivo de áudio que contém a execução dessa passagem musical.

Considerando alguns aspectos, tais como: a função de proporcionar um suporte para

as vozes dos baixos do coro; as pequenas dimensões dos trombones baixos usados no período

em que a obra foi composta; o tamanho da orquestra e a intensidade sonora orquestral que não

atingiam amplos volumes, recomenda-se utilizar para a performance musical do Requiem in D

minor de Mozart um trombone baixo com uma campana de 228 mm (9ʺ).

Com as entrevistas realizadas foi possível constatar que para a execução de obras

do compositor Mozart, o trombonista baixo Martin Schippers, integrante da Royal

29 Link 1: áudio de um trecho do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart, na qual o naipe de trombones

atua dobrando as vozes do coro. Para essa obra, utilizou-se um trombone baixo com campana de 228 mm (9ʺ).

https://www.dropbox.com/s/7yfpgujzytcenxs/Offertorium%20%20Requiem%20de%20Mozart.wav?dl=0

126

Concertgebouw Orchestra, utiliza um trombone tenor. Ben van Dijk, trombonista baixo da

Orquestra Filarmônica de Rotterdam, relata que para executar o Requiem in D minor de Mozart,

opta por alterar apenas a campana de seu instrumento, empregando uma de menor dimensão30.

2.2.2 - O baixo contínuo dobrado pelo trombone baixo

A primeira referência ao termo baixo contínuo foi encontrada na publicação Cento

Concerti Ecclesiastici (1602) de Ludovico da Viadana (1560-1627), na qual foi relatada que tal

expressão perdurou por mais de duzentos anos na Europa (STEIN, 2014). A palavra contínuo

descreve algo que segue do começo ao fim, portanto, a expressão baixo contínuo é definida

como a linha mais grave da música executada de maneira ininterrupta (ROSA, 2008). Esse

termo é aplicado a uma forma particular de performance musical, todavia, também pode referir-

se ao instrumento capacitado para executar a linha contínua escrita (STEIN, 2014).

AGAZZARI (1607) apud ROSA (2008), expõe algumas questões sobre a

performance da parte do baixo contínuo, como a utilização dos ornamentos, a leitura através de

partituras ou tablaturas que permitem ou não maior liberdade de execução por parte do

instrumentista, bem como as particularidades na execução de cadências, o volume de som e a

textura do acompanhamento. Porém, tais informações relacionam-se diretamente ao órgão,

instrumento frequentemente designado para tocar essa parte. No entanto, outros instrumentos

também executaram voz do baixo contínuo, como é o caso do trombone baixo na cantata O

Jesu Christ meins Lebens Licht - BWV 118 de Bach.

A parte do baixo contínuo dessa obra apresenta uma escrita relativamente simples,

pois é uma composição em um andamento lento e não se utiliza de ornamentos nem de

cadências. Essa parte foi construída por uma linha melódica em tessitura médio/grave formada

basicamente por semínimas que exploram frases em legato por praticamente toda a obra.

Mesmo com uma escrita simples, o trombonista baixo deve estar atento a alguns

fatores para executar corretamente a obra, dentre eles, destacam-se: o andamento, a qualidade

do som, o volume sonoro, a resistência do instrumentista e articulação legato. O fraseado

atribuído ao baixo contínuo proporciona o movimento para a obra, portanto, é necessária uma

uniformidade na pulsação para que a composição mantenha um andamento regular. Uma

sonoridade rica em harmônicos também é essencial, já que o trombone baixo é responsável pela

base fundamental que auxilia na afinação para a formação orquestral. Isso pode ser obtido

30 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

127

através da combinação de uma maior abertura labial em conjunto com a emissão de um fluxo

de ar quente31 e contínuo no instrumento.

Sobre o volume sonoro, AGAZZARI (1998) apud ROSA (2008), afirma que deve

ser definido de acordo com a quantidade de vozes que compõe o coro. Todavia, como essa e a

maioria dos trabalhos do período barroco foram escritos para pequenos grupos, não produziam

altos níveis de dinâmicas. A execução das frases em legato deve ser precisa, pois segundo

WICK (2011), o fundamento básico para tocar um correto legato no trombone necessita de um

fluxo de ar contínuo aliado à agilidade, suavidade e precisão no movimento da vara. Por fim, é

possível observar na partitura da obra (Exemplo 36), que o trombonista baixo não tira o

instrumento da boca em nenhum momento, ou seja, necessita de uma boa resistência muscular

para obter uma satisfatória performance.

31 Segundo RONQUI (2010), o conceito de uma respiração adequada para tocar um instrumento de sopro é manter

os músculos do abdômen e os ombros relaxados no momento da inspiração, inalando a maior quantidade de ar

possível. Na expiração, o fluxo de ar introduzido no instrumento deve ser quente e ter uma velocidade controlada

(RONQUI, 2010 - pg. 108).

128

Exemplo 36: Partitura do trombone baixo da cantata O Jesu Christ meins Lebens Licht - BWV 118 de Bach.

Compassos 1 ao 108.

Fonte: Arquivo pessoal.

129

O link 232 oferece um arquivo de áudio para evidenciar a execução de um pequeno

trecho da obra de Bach.

Para a performance de composições do período barroco, sugere-se utilizar um

trombone baixo com pequenas dimensões, com medidas próximas ao trombone tenor usado na

atualidade, pois são obras escritas para pequenas orquestras em que o naipe normalmente atua

dobrando as vozes do coro. No entanto, como mencionado, na cantata O Jesu Christ meins

Lebens Licht - BWV 118 de Bach, na qual o trombone baixo executa a voz do baixo contínuo,

uma linha melódica que gera a base fundamental para a formação orquestral, recomenda-se um

instrumento com medida de 228 mm (9ʺ) de campana.

É possível notar nas entrevistas realizadas, que os trombonistas baixos Ben van Dijk

e Martin Schippers utilizam trombones de pequenas dimensões de campana para o repertório

clássico. Como não houve menção desses músicos às obras do período barroco, acredita-se que

também usam pequenas campanas para as composições dessa época, já que esses trabalhos

apresentam menores instrumentações e, consequentemente, menor volume sonoro que os

trabalhos de Mozart e Haydn33.

2.2.3 - A combinação do trombone baixo com instrumentos de cordas e de madeiras graves

Empregada para gerar maior volume sonoro nas partes graves da formação

orquestral, a combinação musical entre o trombone baixo e outros instrumentos graves pode ser

observada em obras sacras, concertos, sinfonias, óperas e ballets. Essa peculiaridade foi

frequentemente empregada por vários compositores no decorrer dos séculos.

Dentre os instrumentos da família das cordas e das madeiras que constituíram essa

fusão, destacam-se os contrabaixos, os violoncelos, as violas, os fagotes, o contra-fagote e o

clarone. Destaca-se que a atuação conjunta do trombone baixo, contrabaixos, violoncelos e

segundo fagote é a mais comum de ser observada.

As obras Mass in C minor e Requiem em D minor de Mozart, The Creation de

Haydn, La Gazza Ladra de Rossini, Symphony n° 9 de Beethoven, Symphony n° 8 de Schubert,

Symphony n° 5 (1830) de Mendelssohn (1809-1847), Symphony n° 3 de Schumann, Die

Meistersinger von Nurnberg (1862/1867) de Wagner, Symphony n° 1 de Brahms, 1812

32Link 2: áudio de um trecho da obra O Jesu Christ meins Lebens Licht - BWV 118 de Bach que mostra o trombone

baixo dobrando a voz do baixo contínuo. Para esse trecho, utilizou um trombone baixo com 228 mm (9ʺ).

https://www.dropbox.com/s/fs3u9z4h7i5gerr/Jesu%20Christ%20meins%20Lebens%20Licht%2C%20BWV%20

118%20-%20Bach.wav?dl=0 33 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

130

Overture e Symphony n° 5 de Tchaikovsky, Polovtsian Dances (1869/1887) de Alexander

Borodin, Russian Easter Festival (1888) de Korsakov, Petrushka de Stravinsky, Piano

Concerto in F (1925) de Gershwin (1898-1937) e Festive Overture (1947) de Shostakovich

(1906-1975), são algumas composições que utilizaram a união desses instrumentos graves.

Para evidenciar um trecho orquestral que demonstra essa combinação, selecionou-

se a passagem Duett mit Chor (n° 28), do oratório The Creation de Haydn (Exemplo 37), na

qual o trombone baixo e os contrabaixos executam uma longa frase em uníssono.

Exemplo 37: Frase em uníssono executada pelo trombone baixo e contrabaixos no Duett mit Chor (n° 28) do

oratório The Creation de Haydn. Compassos 290 ao 319.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 21 de maio de 2017.

Esse excerto apresenta um considerável nível de dificuldade em sua execução, pois

o compositor explorou agilidade no manejo da vara, grandes saltos intervalares, além de não

haver locais indicados para a respiração do instrumentista. Para uma melhor compreensão dessa

passagem musical, aconselha-se aos trombonistas baixos estudarem o trecho lentamente para

assimilar a afinação correta dos intervalos escritos na partitura. Aliado a isso, exercícios

técnicos que exploram relações intervalares de oitavas justas podem auxiliar na performance

desse excerto. Em relação à articulação, observa-se que o compositor utiliza no primeiro

compasso o staccato, o que dá a entender que toda a passagem deve ser executada com notas

curtas. Segundo SADIE (1994), uma nota com a articulação staccato necessita ser separada de

suas vizinhas por um perceptível silêncio, recebendo uma certa ênfase. Além de agilidade e

precisão, o instrumentista deve exercitar uma rápida e eficiente respiração, visto ser um trecho

de aproximadamente quarenta compassos, onde não há nenhuma pausa.

131

Independente da articulação e da dinâmica escrita, o principal aspecto para uma

execução satisfatória da combinação entre os instrumentos graves é existir uma uniformidade

sonora. Mesmo que a produção do som seja realizada de maneiras diferentes, como é o caso

dos arcos nos instrumentos de cordas, as palhetas nas madeiras e os bocais na família dos

metais, a atuação conjunta necessita de uma similaridade sonora entre os instrumentos.

Para a performance da obra The Creation de Haydn, recomenda-se um trombone

baixo com 228 mm (9ʺ) de campana, pois na maior parte da composição o instrumento age com

a função de reforçar as vozes do coro, visto que, o protagonismo está na parte dos cantores. Da

mesma forma que no Requiem in D minor de Mozart, o trombonista baixo Ben van Dijk

recomenda utilizar uma campana pequena para a The Creation de Haydn.

2.2.4 - O naipe de trombones nos tuttis orquestrais

A palavra italiana tutti refere-se a uma passagem musical executada por toda a

orquestra simultaneamente. SADIE (1994), define que o termo é utilizado para indicar um

trecho para a orquestra inteira, ou até mesmo, o som da orquestra plena.

Como relatado por CARSE (1964) no subcapítulo 2.1, compositores franceses,

italianos e alemães utilizaram frequentemente o naipe de trombones em tuttis orquestrais no

início do século XIX. O emprego dessa característica pode também ser observada ao longo de

todo o século XIX e XX, tanto por compositores dessas, como de outras nacionalidades. Tal

particularidade produz uma ampla sonoridade da formação orquestral, uma vez que diversos

instrumentos atuam ao mesmo momento.

Para demonstrar o naipe de trombones nos tuttis orquestrais, selecionou-se o início

do 4° movimento da Symphony n° 5 de Beethoven (Exemplo 38) e um trecho da obra Petrushka

de Igor Stravinsky (Exemplo 39), já que ambas as passagens apresentam um amplo volume

sonoro. No entanto, a dinâmica escrita na Symphony n° 5 é ff, enquanto em Petrushka é fff.

Além disso, vale lembrar que a obra de Beethoven foi escrita no início do século XIX, isto é,

as orquestras sinfônicas ainda não atingiam o volume sonoro encontrado nas composições do

século XX, como é o caso do trabalho de Stravinsky (detalhes sobre o amplo volume sonoro

estão no subcapítulo 2.2.6).

132

Exemplo 38: Partitura do 4° movimento da Symphony n° 5 de Beethoven que mostra um tutti orquestral.

Compassos 1 ao 8 (4° movimento).

Fonte: Arquivo pessoal.

133

Exemplo 39: Partitura do naipe de trombones na performance de um tutti orquestral escrito em Petrushka de Igor

Stravinsky. Compassos 41 ao 61.

Fonte: Arquivo pessoal.

Na performance desses exemplos, o trombonista baixo e todo o naipe devem

executar a dinâmica marcada na partitura. No entanto, é necessário observar o tamanho da

formação orquestral e o período em que a composição foi realizada, pois sua função é apenas

proporcionar uma ampliação sonora ao trecho musical, e não sobressair ao volume da orquestra.

Sugere-se que a sonoridade seja produzida com a emissão de ar quente no instrumento, obtendo-

se, desse modo, um som repleto de harmônicos, resultando em uma boa qualidade sonora. Em

relação as articulações musicais, ambas as obras não apresentam sinais de articulação

especificados pelos compositores, assim, as notas devem ser executadas sem acentuação. Além

disso, observar e reproduzir a articulação executada por toda a orquestra é a maneira correta de

proceder nesses casos.

134

Para exemplificar as considerações relatadas de ambos os trechos, os links 334

(Symphony n° 5 de Beethoven) e 435 (Petrushka) apresentam os áudios gravados.

Por se tratar de uma obra do início do século XIX, na qual os trombones ainda não

possuíam grandes dimensões e, consequentemente, não atuavam com amplo volume sonoro,

sugere-se um trombone baixo com campana de 228 mm (9ʺ) para executar a Symphony n° 5 de

Beethoven. James Markey, trombonista baixo da Orquestra Sinfônica de Boston, afirma em sua

entrevista que, para as obras de Beethoven o naipe costuma utilizar instrumentos produzidos na

Alemanha, pois segundo o músico, são trombones que permitem tocar de uma forma mais

suave. Essa é uma característica que perdura por algumas décadas na Orquestra Sinfônica de

Boston, pois na entrevista respondida por Douglas Yeo, trombonista baixo que atuou por vinte

e sete anos nessa orquestra, era comum o naipe de trombones usar instrumentos alemães da

fabricante Kruspe em obras de Mozart, Beethoven, Schubert e Schumann36.

Para a obra Petrushka, recomenda-se um instrumento de medidas maiores, uma vez

que Stravinsky a escreveu para um conjunto sinfônico com grande instrumentação e explorou

amplas dinâmicas em diversos trechos da composição. Portanto, a sugestão é utilizar um

trombone baixo com campana entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ). É relevante salientar que

quase todos os entrevistados utilizam a campana de 241 mm (9,5ʺ) para um repertório com

ampla instrumentação, como é o caso de Petrushka37.

2.2.5 - Os coros do naipe de trombones nas obras sinfônicas

Os coros escritos para trombones são caracterizados pela execução simultânea das

três vozes, na qual produz um efeito harmônico singular. É uma escrita que proporciona um

protagonismo ao naipe, frequentemente utilizado em dinâmicas pp e p, demonstrando a

capacidade dos trombonistas atuarem com os menores níveis de dinâmicas. Observada em

diversos trabalhos sinfônicos de Robert Schumann e Johannes Brahms, essa característica foi

atribuída em alguns momentos somente para o naipe de trombones, no entanto, nota-se também

que foram empregados em conjunto com os fagotes e as trompas.

34 Link 3: áudio de um trecho do 4° movimento da Symphony n° 5 de Beethoven que evidencia um tutti orquestral.

Para essa passagem musical, utilizou um trombone baixo com 228 mm (9ʺ).

https://www.dropbox.com/s/hv3ya2zas9io7uv/Symphony%20n%C2%B0%205%2C%20Mov.%204%C2%B0%

20-%20Beethoven.wav?dl=0 35 Link 4: áudio que demonstra um tutti orquestral escrito na obra Petrushka de Stravinsky. Nesse trecho, foi

utilizado um trombone baixo com dimensões de 266 mm (10,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/samh26uso64mas0/Petrushka%20-%20Stravinsky.wav?dl=0 36Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas. 37 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

135

Com o intuito de exemplificar um coro escrito para o naipe de trombones,

selecionou-se o início do 4° movimento da Symphony n° 3 de Schumann (Exemplo 40).

Exemplo 40: Coro escrito para o naipe de trombones na Symphony n° 3 de Schumann.

Compassos 1 ao 6 (4° movimento).

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 21 de maio de 2017.

Uma das dificuldades na performance desse trecho é o tempo de espera, uma vez

que Schumann não empregou o naipe de trombones nos três primeiros movimentos da obra, ou

seja, os músicos ficam aproximadamente trinta minutos sem tocar, com isso, o instrumento

esfria, os lábios desaquecem e a ansiedade aumenta, exigindo maior concentração e técnica

instrumental para executar essa passagem musical. O tempo de espera também pode

proporcionar variações na afinação, contudo, fechar um pouco a bomba de afinação ou apenas

emitir ar quente dentro do trombone no decorrer dos três movimentos para que ele não esfrie,

pode auxiliar a manter uma boa afinação na execução desse trecho.

Segundo KLEINHAMMER (1963), manter os lábios relaxados, com uma pequena

abertura da embocadura e um fluxo de ar lento e delicado permitem uma execução satisfatória

de frases p e pp. Vale ressaltar que a produção das notas musicais com a emissão de ar quente

no instrumento possibilita uma boa qualidade sonora.

Além dos aspectos já mencionados, é relevante ter um bom entendimento de como

proceder com a articulação do legato. O fluxo de ar contínuo, a precisão no manejo da vara, o

uso correto das válvulas e ter o conhecimento sobre o momento de utilizar ou não a língua,

propiciam uma satisfatória execução dessa articulação, consequentemente, do trecho escrito por

Schumann.

136

No trombone existem dois tipos de legato: o natural e o artificial. O legato natural

ocorre na execução de duas ou mais notas distintas que possuem harmônicos diferentes, desse

modo, não há a necessidade de utilizar a língua. Já o legato artificial acontece entre duas ou

mais notas iguais ou diferentes que possuem o mesmo harmônico, assim, deve-se empregar a

língua com a pronúncia TA-RA para evitar o efeito do glissando (GAGLIARDI, s/d). O

Exemplo 41 ilustra essa distinção.

Exemplo 41: O exemplo mostra a diferença entre o legato natural e o artificial.

Fonte: Autor.

Ao observar o exemplo anterior, percebe-se que no compasso 1, a nota Sol 2 é o 4°

harmônico da série harmônica de Sol e a nota Si bemol 2, tocada na 1° posição, é o 4° harmônico

da série de Si bemol, isto é, possuem os mesmos harmônicos, portanto, é necessário articular

com a língua para evitar o efeito do glissando. No compasso 2, a nota Sol 2 continua sendo o

4° harmônico da série de Sol, no entanto, o Si bemol 2, tocado na 5° posição da vara, passa a

ser o 5° harmônico da série de Sol bemol, ou seja, em harmônicos diferentes não há necessidade

de utilizar a língua.

Esse fato ocorre também na região grave do instrumento, pois o terceiro compasso

apresenta a nota Sol 1 como o 2° harmônico da série de Sol, e o Si bemol 1 executado na 1°

posição, como o 2° harmônico da série de Si bemol. Portanto, nesse caso, os harmônicos são

iguais, tornando-se necessário a utilização da língua. Já no último compasso, a nota Sol 1

continua sendo o 2° harmônico da série de Sol, entretanto, a nota Si bemol 1, tocada na 3°

posição com o acionamento da válvula em Fá, passa a ser o 3° harmônico da série de Mi bemol,

ou seja, não há a necessidade de empregar a língua.

Para um melhor entendimento de como proceder com o legato no coro de

Schumann, elaborou-se o Exemplo 42 com especificações do legato natural com e sem o uso

137

da válvula, o legato artificial, além das respectivas posições. Aliado a esse exemplo, o link 538

disponibiliza o áudio do trecho gravado pelas três vozes dos trombones como referencial

auditivo.

Exemplo 42: Parte do trombone baixo do coro da Symphony n° 3 de Schumann com marcações de posições,

utilização da válvula e da língua. Compassos 1 ao 6.

Fonte: Autor.

Além das considerações apresentadas, salienta-se que a rítmica escrita para o

trombone baixo é responsável por conduzir a pulsação da passagem musical, isto é, manter um

correto andamento direcionando a frase até o seu ápice, que se encontra no terceiro tempo do

sexto compasso. Essa ação proporcionará uma base de ritmo, afinação e intensidade sonora para

os outros dois trombones do naipe.

Para a Symphony n° 3 de Schumann, recomenda-se um trombone baixo com 241

mm (9,5ʺ) de campana, pois esse tamanho possibilita uma boa ressonância para o coro escrito

pelo compositor. Segundo George Curran, trombonista baixo da Orquestra Filarmônica de

Nova York, quando o primeiro trombonista do naipe utiliza o trombone alto, como na Symphony

n° 3 de Schumann, o instrumentista altera apenas a seção de válvulas de seu instrumento,

passando a atuar com um trombone baixo de uma válvula rotativa com campana de 241 mm

(9,5ʺ)39.

38 Link 5: Este link disponibiliza o coro escrito para o naipe de trombones no início do 4° movimento da Symphony

n° 3 de Schumann. Neste excerto, utilizou-se um trombone baixo com 241 mm (9,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/ml0ijgd51ucn7c0/Symphony%20n%C2%B0%203%2C%20Mov.%204%20-

%20Schumann%2C%20R..wav?dl=0 39 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

138

2.2.6 - O naipe de trombones utilizado com potência sonora

Quando se observa o volume sonoro produzido pelo naipe de trombones na

performance de obras dos diferentes séculos, nota-se que as dinâmicas pp, p e mp não tiveram

grandes variações na interpretação musical, no entanto, as dinâmicas f e ff apresentaram

diferenças significativas de execução. Isso pode ser constatado no decorrer do século XIX,

período no qual os trombones passaram a atuar com maior potência sonora que nos séculos

anteriores.

Alguns fatores auxiliaram os trombones a atuarem com maior volume sonoro,

dentre eles: o aumento em suas dimensões de calibres e campanas; a ampliação da formação

orquestral; a construção de maiores salas de concertos; as novas funções musicais atribuídas ao

naipe, além das bandas e das orquestras de óperas, cuja a potência sonora, influenciou no

desempenho dos metais com maior volume.

Saber em qual período da história da música a composição foi escrita é a primeira

etapa para que os trombonistas compreendam a maneira de proceder com trechos musicais que

exigem amplo volume. Com essa informação é possível identificar o tamanho da formação

orquestral utilizada, consequentemente, preparar-se para uma performance com maior ou

menor volume sonoro. Além disso, ter esse conhecimento também possibilita correlacionar a

época em que foi composta a obra com o período em que ocorreram as alterações estruturais

nos trombones, capacitando o instrumentista a escolher um trombone com pequenas, médias ou

grandes medidas de campanas, visto ser uma peça estrutural relacionada diretamente ao volume

e projeção sonora.

Outro fator relevante é a contextualização sobre os gêneros musicais, as origens e

as influências dos compositores. Como apresentado no subcapitulo 2.1, o século XIX mostrou

uma diversidade de elementos que afetaram diretamente na execução musical do naipe de

trombones. Por exemplo, é possível observar uma ampla sonoridade do naipe nas óperas de

Rossini e Verdi, assim como nos trabalhos de Berlioz, que eram influenciados pela potência

sonora das bandas militares. Na mesma linha, porém com trombones de maiores dimensões de

campanas e calibres, nota-se o amplo volume dos trombones em obras de compositores russos,

como Tchaikovsky e Korsakov, assim como nas óperas de Wagner. Por outro lado, também se

destacam compositores com influências do período clássico, ou seja, apesar de utilizarem as

dinâmicas f e ff, exploravam uma sonoridade condizente com uma instrumentação orquestral

menor, como é o caso de Meldelssohn, Schumann e Brahms.

Além das questões citadas, aconselha-se aos trombonistas a observação do contexto

musical que o naipe está inserido, isto é, compreender as peculiaridades atribuídas ao

139

instrumento nas distintas obras. Para melhor exemplificar essa questão, optou-se por apresentar

três passagens musicais que utilizam a dinâmica f, a fim de demonstrar as diferenças na

execução de trechos que exigem elevado volume sonoro. Os trechos selecionados foram o

Offertorium do Requiem in D minor de Mozart (Exemplo 43), a obra Der Fliegende Hollander

de Richard Wagner (Exemplo 44) e a Pas de Deux de The Nutcracker de Tchaikovsky

(Exemplo 45).

Exemplo 43: Parte do naipe de trombone do Offertorium do Requiem in D minor de Mozart.

Compassos 44 ao 51.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 22 de maio de 2017.

Exemplo 44: Partitura dos trombones da introdução da obra Der Fliegende Hollander de Richard Wagner.

Compassos 9 ao 15.

Fonte: Arquivo pessoal.

140

Exemplo 45: Trecho dos trombones nas Pas de Deux de The Nutcracker de Tchaikovsky (1892).

Compassos 46 ao 49.

Fonte: Arquivo pessoal.

No trecho do Offertorium do Requiem in D minor, o naipe tem a função de

acompanhar as vozes do coro. Em Der Fliegende Hollander, a passagem musical selecionada

proporciona um momento solista para o naipe de trombones e na Pas de Deux de The

Nutcracker, o naipe produz uma harmonia em notas longas para o solo dos violinos. Como

mencionado, as três passagens musicais estão escritas com a dinâmica f, entretanto, devem ser

executadas de forma adequada, pois cabe ao músico entender a função que está desempenhando

no momento.

Para evidenciar a ampla sonoridade do naipe de trombones, disponibiliza-se os links

640 e 741 com duas passagens musicais de Der Fliegende Hollander, onde mostram uma

combinação de uníssonos e intervalos de oitavas justas em dinâmica f executados

simultaneamente pelos três trombones (Exemplos 26 e 44).

Para as obras Der Fliegende Hollander e Pas de Deux de The Nutcracker,

recomenda-se o uso de trombones com grandes dimensões, pois ambas as composições foram

escritas para amplas formações orquestrais que exploraram altos níveis de dinâmica. Portanto,

sugere-se utilizar um trombone baixo com medida de campana entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm

(10,5ʺ). Ressalta-se que praticamente todos os entrevistados utilizam a campana de 241 mm

40 Link 6: áudio do Exemplo 26 que demonstra o naipe de trombones atuando com grande sonoridade. Para este

trecho, empregou-se um trombone baixo com 241 mm (9,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/yv4hjoego1mgrjr/Der%20Fliegende%20Hollander%20-

%20Wagner%2C%20R.%20%28Trecho%202%29.wav?dl=0 41 Link 7: áudio do Exemplo 44 que mostra o naipe de trombones com ampla potência sonora. Nesta passagem,

utilizou um trombone baixo com 241 mm (9,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/1cyb4scya25g7zn/Der%20Fliegende%20Hollander%20-

%20Wagner%2C%20R.%20%28Trecho%201%29.wav?dl=0

141

(9,5ʺ) para um repertório com ampla instrumentação, como é o caso das composições Der

Fliegende Hollander e Pas de Deux de The Nutcracker. Apenas Ben van Dijk usa uma campana

maior, com a medida de 250 mm (9,84ʺ)42.

Em relação ao Offertorium do Requiem in D minor de Mozart, como pode ser

observado, a obra foi utilizada para evidenciar também o dobramento de vozes entre trombones

e coro, logo, sugere-se um trombone baixo com medidas de 228 mm (9ʺ) de campana para sua

performance, conforme especificado no subcapítulo 2.2.1.

2.2.7 - O trombone baixo atuando em conjunto com a tuba

Como relatado no subcapítulo 2.1, a combinação musical entre o naipe de

trombones e a tuba foi frequentemente utilizada por compositores no decorrer dos séculos XIX

e XX. Segundo PISTON (1969), esse quarteto de metais graves foi empregado de duas

maneiras: à quatro vozes, com a tuba executando a linha do baixo, como em Nabucco Overture

(1841) de Giuseppe Verdi e a três vozes, com a tuba dobrando a parte do trombone baixo em

uníssono ou em intervalos de oitavas justas, como pode ser visto em diversos trechos da

Symphony n° 8 (1889) de Antonín Dvorák.

Além da fusão do naipe de trombones com a tuba, é comum observar passagens

musicais em que compositores exploraram a combinação somente entre o trombone baixo e a

tuba, como em: Symphony in D minor de César Franck; Symphony n° 5, 1812 Overture e em

The Nutcracker de Tchaikovsky; Promenade de Pictures at na Exhibition (1874) de Modest

Mussorgsky; Russian Easter Overture de Korsakov; Jupiter de The Planets (1914/1916) de

Gustav Holst (1874-1934); Petrushka de Stravinsky; Carnival Overture de Dvorák, entre outras

composições.

Nesses trabalhos sinfônicos a combinação entre os dois instrumentos apareceu de

diversas maneiras, como em trechos cantabiles em uníssono, solos articulados em intervalos de

oitavas justas, intervenções de notas curtas em sforzando, frases que exploram ampla potência

sonora, como também trechos em leves dinâmicas.

Para evidenciar essa combinação, selecionou-se um trecho de The Nutcracker e

outro de Carnival Overture, visto apresentar caraterísticas diferentes em sua escrita,

consequentemente, maneiras distintas de execução.

42 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

142

No trecho selecionado de The Nutcracker (Exemplo 46), o trombone baixo e a tuba

executam uma escala cromática com intervalos de oitava justa, na qual utiliza-se da articulação

marcato em dinâmica ff. É um trecho de ampla sonoridade de toda a orquestra, finalizado pela

frase executada por cordas graves, trombone baixo e tuba, proporcionando o início de um novo

tema musical.

Para a execução desse trecho, o trombonista baixo deve estar atento principalmente

a três fatores: qualidade sonora, articulação e pulsação. É relevante ter uma boa sonoridade em

todos os níveis de dinâmica, pois é comum o instrumentista se preocupar em obter a dinâmica

descrita na partitura e não dar devida atenção à qualidade sonora. Isso ocorre principalmente

em frases que especificam amplos volumes, como é o caso da passagem musical escrita por

Tchaikovsky. Desse modo, o músico deve ter a consciência de que o trombone baixo é um

instrumento de grande projeção sonora, que tocar demasiadamente forte poderá comprometer a

qualidade do som.

Em relação à articulação marcato, GREEN (1990) apud BELTRAMI (2008) afirma

que essa acentuação consiste em um ataque mais forte seguido imediatamente de uma

diminuição da sonoridade. Esse tipo de intepretação pode ser utilizado no trecho selecionado.

Sobre a pulsação, embora não esteja especificado na partitura da obra, é comum os maestros

produzirem um rallentanto nesse trecho, pois trata-se do desfecho de um tema. Assim, sugere-

se ao trombonista decorar a frase e manter a visão no regente para que siga o andamento

estabelecido por ele.

Os links 843 e 944 oferecem gravações de áudio desse trecho musical, os quais foram

gravados com dimensões distintas de campanas45.

43 O Link 8 disponibiliza o áudio da passagem de The Nutcracker, na qual evidencia a combinação entre trombone

baixo e tuba. Para esse trecho utilizou a campana de 241 mm (9,5ʺ) de diâmetro.

https://www.dropbox.com/s/p406o71sud28s31/Pas%20de%20Deux%20de%20The%20Nutcracker%20%E2%80

%93%20Tchaikovsky%2C%20%28campana%209%2C5%29.wav?dl=0 44O Link 9 também oferece o áudio do trecho de The Nutcracker, no entanto, com o trombone baixo utilizando a

campana com dimensões de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/tix4enu0cffk7kw/Pas%20de%20Deux%20de%20The%20Nutcracker%20%E2%80

%93%20Tchaikovsky%2C%20%28campana%2010%2C5%29.wav?dl=0 45 Optou-se por gravar a passagem de The Nutcracker com as campanas de 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ), pois

é uma composição escrita no final do século XIX que explora ampla sonoridade orquestral. Vale destacar que isso

ocorreu também para os áudios das obras Carnaval Overture de Dvorák, Concerto for Orchestra de Bartók, An

American in Paris de Gershwin, Symphony n° 5 de Mahler e Don Quixote de Strauss, já que são obras escritas no

final do século XIX e XX que também apresentam grandes níveis de dinâmicas.

143

Exemplo 46: Trecho da partitura do trombone baixo e da tuba de Pas de Deux da obra The Nutcracker.

Compassos 45 e 46.

Fonte: Arquivo pessoal.

Em Carnival Overture (Exemplo 47), Dvorák explora frases cantabiles em

intervalos de oitavas justas entre os dois instrumentos, com a dinâmica ppp e articulação legato.

Esse trecho exige controle técnico na execução de leves dinâmicas (informações sobre a

performance de passagens musicais com menor volume sonoro foram apresentadas no

subcapítulo 2.2.5) e na articulação legato, pois pode facilmente ocorrer um glissando se não

houver a combinação correta de manejo de vara com o uso da língua, já que as quatro frases

apresentam relações intervalares que são tocadas da 4° para a 1° posição, ou seja, uma distância

razoável (dados sobre a articulação legato estão nos subcapítulos 2.2.2 e 2.2.5).

Os links 1046 e 1147 disponibilizam os áudios da passagem musical da obra de

Dvorák.

46 O Link 10 disponibiliza o trecho de Carnaval Overture, que demonstra a combinação entre trombone baixo e

tuba. Neste link, encontra-se o áudio com o trombone baixo utilizando a campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/2pw2cxzzrn05wrb/Carnival%20Overture%20%E2%80%93%20Dvor%C3%A1k%2

C%20A.%20%28campana%209%2C5%29.wav?dl=0 47 Link 11: Passagem musical de Carnaval Overture, na qual o trombone baixo utiliza a campana de 266 mm

(10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/vpq0hbtf7igkcu7/Carnival%20Overture%20%E2%80%93%20Dvor%C3%A1k%2C

%20A.%20%28campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

144

Exemplo 47: Trecho da partitura do trombone baixo e da tuba da obra Carnival Overture de Dvorák.

Compassos 271 ao 298.

Fonte: Arquivo pessoal.

Embora sejam trechos que exploram os extremos de dinâmica, sugere-se um

trombone baixo com campana entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ) para ambos os trechos,

pois são obras do século XIX escritas para grandes formações orquestrais, e mesmo que a

passagem musical de Carnival Overture apresente a dinâmica ppp, na maior parte da

composição o trombone baixo atua com amplo volume sonoro. Como relatado em tópicos

anteriores, quase todos os entrevistados utilizam a campana de 241 mm (9,5ʺ) para um

repertório com ampla instrumentação, como nas composições The Nutcracker e Carnival

Overture48.

48 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

145

2.2.8 - Ampliação da tessitura49 do trombone baixo

Até o final do período clássico, compositores empregaram o trombone baixo em

uma tessitura relativamente mediana, visto que na maior parte do repertório atuavam entre as

notas Fá 1 e Ré 3, no entanto, a nota Sol 3, escrita no oratório The Creation de Haydn e as notas

Ré 1, utilizado em Don Giovanni e Dó 1, na Mass in C minor de Mozart, também apareceram,

mas com pouca frequência e sendo empregadas como notas de passagens e notas longas.

No século XIX, houve uma ampliação na tessitura do trombone baixo tanto para a

região grave como para a aguda, como pode ser observado a utilização da nota Sol 0 na Grande

Messe des Morts e no Te Deum de Berlioz, a nota Lá 3 que aparece em Die Meistersinger von

Nurnberg de Richard Wagner, Symphony in D minor de César Franck e também na Grande

Messe des Morts de Berlioz, a nota Si bemol 3 escrita na Symphony n° 2 de Gustav Mahler,

além da nota Si 3 utilizada por Zoltán Kodály na ópera Háry János.

Vale destacar que nessa época o trombone baixo continuou atuando na maior parte

das obras no registro médio/grave (Fá 1 - Ré 3), contudo, tornou-se frequente o emprego do

instrumento em frases melódicas que exploram as notas graves Si bemol 0, Dó 1, Ré bemol 1,

Ré 1, Mi bemol 1 e Mi 1, bem como as notas agudas Mi bemol 3, Mi 3, Fá 3, Fá sustenido 3,

Sol 3, diferentemente dos trabalhos escritos até o fim do período clássico.

Para evidenciar os contrastes de tessitura, selecionou-se um trecho do 3°

movimento da Symphony in D minor de César Franck, no qual o primeiro trompete, o trombone

baixo e a tuba executam uma melodia no registro agudo. Além dessa passagem, para demonstrar

a tessitura grave do instrumento optou-se por uma frase do 1° movimento da Symphony n° 5 de

Mahler.

O trecho da Symphony in D minor de César Franck (Exemplo 48) apresenta aspectos

musicais de relevância, pois é uma frase formada por doze compassos que em sua maior parte

o trombonista baixo atua no registro agudo, isto é, exige boa técnica nessa tessitura. Segundo

KLEINHAMMER (1963), as notas agudas necessitam que a musculatura da embocadura esteja

mais firme e a abertura labial seja menor, se comparada com o formato da boca para produzir

as notas médias e graves. Aliado a embocadura, é necessário utilizar um fluxo de ar contínuo e

veloz para tocar esse trecho, uma vez que explora uma tessitura relativamente aguda para o

instrumento.

49 Durante a pesquisa, observou-se através da análise de diversas partituras que a tessitura do trombone baixo está

compreendida entre as notas Mi 0 e Ré 4. Segundo o trombonista baixo Ben van Dijk, em contato via e-mail,

atualmente é possível encontrar obras que exploram uma tessitura compreendida entre as notas Dó 0 e Fá 4.

146

Um bom entendimento sobre o legato também se faz necessário, já que o trecho

apresenta essa articulação do começo ao fim (detalhes sobre o legato no subcapítulo 2.2.5). Em

relação à dinâmica, Franck escreveu a frase em ff, entretanto, a função do trombone baixo nesse

trecho é proporcionar um apoio para os trompetes, pois é o instrumento que lidera musicalmente

a passagem musical. Desse modo, executar a frase em f é suficiente para amparar o som do

trompetista, pois atuar nos extremos agudos com muito volume pode facilmente prejudicar a

qualidade sonora e a afinação. O link 1250 disponibiliza o áudio da passagem musical da obra

de César Franck.

Exemplo 48: Trecho escrito no 3° movimento da Symphony in D minor de César Franck que mostra um solo em

tessitura aguda para o trombone baixo. Compasso 267 ao 278.

Fonte: Arquivo pessoal.

50 O Link 12 apresenta o trecho do 3° movimento da obra Symphony in D minor de César Franck, que explora a

tessitura aguda do trombone baixo. Para esse áudio, optou-se por gravar com a campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/adjdd8jfdkmvvco/Symphony%20in%20D%20minor%20%E2%80%93%20Franck

%2C%20C..wav?dl=0

147

O trecho selecionado da Symphony n° 5 de Mahler (Exemplo 49) explora um

fraseado melódico com notas graves que exige boa sonoridade, precisão na articulação e amplo

volume sonoro. Nesse registro, o trombonista baixo deve atentar-se em manter uma maior

abertura da embocadura e um fluxo de ar quente e uniforme, pois dessa maneira essas notas

graves podem ser produzidas com boa qualidade sonora.

Segundo KLEINHAMMER (1963), em uma frase que apresenta staccatos em

sequência, como a passagem da Symphony n° 5 de Mahler, o trombonista baixo precisa estar

atento em manter uma uniformidade em volume sonoro, ritmo, ataque e duração das notas.

Aliado a isso, a emissão do ar no interior do instrumento deve ser contínua, sendo a língua a

responsável por produzir a articulação. Outro fator relevante é a dinâmica f empregada pelo

compositor, pois para executar trechos que exploram os registros graves com amplo volume

sonoro é necessária uma boa utilização do sistema respiratório. O instrumentista precisa emitir

grande quantidade de ar em uma rápida velocidade, além de ter uma maior abertura da

embocadura, ou seja, o ar acaba rapidamente, desse modo, necessitando de uma inspiração

ampla e ligeira para continuar o fraseado.

Os links 1351 e 1452 oferecem os áudios do trecho escrito por Mahler, os quais foram

gravados com diferenciadas campanas.

Exemplo 49: Passagem musical em tessitura grave escrita para o trombone baixo na Symphony n° 5 de Mahler.

Compassos 250 ao 254.

Fonte: Arquivo pessoal.

Ambas as obras foram compostas para uma orquestra com grande instrumentação

e exploram um amplo volume sonoro dos instrumentos, principalmente da família dos metais,

51 Link 13: áudio do trecho (Exemplo 49) do 1° movimento da Symphony n° 5 de Mahler, no qual explora a tessitura

grave do trombone baixo. Esse áudio foi gravado com um trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/96gjs0t4qyunsg1/Symphony%20n%C2%B0%205%2C%20mov.%201%20%E2%8

0%93%20Mahler%2C%20G.%20%28campana%209%2C5%29.wav?dl=0 52 Link 14: Exemplo 49 gravado com o trombone baixo utilizando a campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/ovdlgpdhmf6cfmn/Symphony%20n%C2%B0%205%2C%20mov.%201%20%E2%

80%93%20Mahler%2C%20G.%20%28campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

148

portanto, recomenda-se utilizar um trombone baixo com campana entre 241 mm (9,5ʺ) e 266

mm (10,5ʺ). É relevante destacar que para esses repertórios, os músicos Douglas Yeo, James

Markey, Martin Schippers, George Curran e Ricardo Santos usam campanas de 241 mm

(9,5ʺ)53.

2.2.9 - Efeitos de glissando e surdina

Efeitos sonoros foram empregados com frequência nas obras sinfônicas dos séculos

XX e XXI, pois a opção em explorar diferentes sonoridades, a influência do jazz e de outros

elementos musicais provenientes da música popular, motivaram compositores a empregar

acessórios e artifícios técnicos que geraram características sonoras diferenciadas (DEL MAR,

1987). Dentre alguns efeitos atribuídos ao trombone baixo na música sinfônica desse período,

destacam-se o glissando e a utilização de surdinas.

O trombone é o único instrumento da família dos metais capacitado para executar

o glissando de forma natural. Isso só é possível por causa do mecanismo da vara

KLEINHAMMER (1963). No entanto, essa peculiaridade necessita ser melhor compreendida

pelos compositores, visto que, em algumas vezes aparece de forma errônea. Segundo WICK

(2011), um glissando é realizado por um simples movimento da vara sem utilizar qualquer tipo

de articulação e com a continuidade do som entre as notas. Em outras palavras, o efeito é

produzido pelo movimento de puxar ou deslizar a vara do instrumento sem a interrupção do ar

e dentro da mesma série harmônica.

Normalmente, um glissando está compreendido no máximo entre um intervalo de

quarta aumentada, entretanto, existem exceções como no Concerto for Orchestra de Béla

Bartók, que utiliza um glissando entre as notas Si 0 e Fá 1 (Exemplo 50) para o trombone baixo.

Esse intervalo, se fosse escrito uma oitava acima, poderia ser executado normalmente, porém,

nesse registro do instrumento, o glissando perfeito está compreendido entre as notas Dó 1 e Fá

1, já que com uma válvula acionada o trombone baixo passa a possuir apenas seis posições.

53 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

149

Exemplo 50: Efeito do glissando escrito no Concerto for Orchestra de Béla Bartók. Compasso 90.

Fonte: http://imslp.org/. Acesso em 23 de maio de 2017.

Desse modo, sugere-se duas opções para o trombonista baixo executar essa

passagem musical. A primeira é estender todo o comprimento da vara e tentar produzir a nota

Si 0 como uma nota falsa, ou seja, tocar a nota Dó 1 baixando a afinação na boca e trazer a vara

até a 1° posição para obter a nota Fá 1. Entretanto, com esse procedimento é comum perder a

qualidade sonora, porém, é dessa forma que se realiza o verdadeiro glissando como está escrito

na partitura de Bartók. A segunda opção é tocar esse trecho com dois glissandos consecutivos,

atingindo a nota Si 0 na 4° posição do instrumento com as duas válvulas acionadas e movendo

a vara até a 1° posição, na qual obtém-se a nota Ré 1. Sem interromper o fluxo de ar, voltar a

vara novamente para a 4° posição apenas com a válvula em Fá acionada, onde a nota Ré 1

também é obtida, e dessa forma, mover a vara até a 1° posição, gerando a nota Fá 1. Contudo,

nesse caso o glissando não é perfeito, já que o desacionamento da segunda válvula corta o fluxo

contínuo do ar. Vale ressaltar que a sugestão apresentada é referente ao trombone baixo Si

bemol/Fá/Sol bemol/Ré, pois é a afinação mais utilizada pelos trombonistas baixos da

atualidade.

Para evidenciar essas sugestões de execução, optou-se por gravar a passagem da

obra de Bartók em ambas as formas e com distintas campanas, com o objetivo de mostrar as

diferenças entre as duas maneiras de execução. Os links 1554, 1655, 1756 e 1857 oferecem esses

áudios.

54 Link 15: glissando perfeito com um trombone baixo de campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/am40nuvjdrtqd4f/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%93%20Bart%C3%

B3k%2C%20B.%20%28glissando%20perfeito%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0 55 Link 16: glissando perfeito com um trombone baixo de campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/4sy9b2clo20n4qp/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%93%20Bart%C3%

B3k%2C%20B.%20%28glissando%20perfeito%2C%20campana%2010%2C5%29.wav?dl=0 56 Link 17: glissando imperfeito com um trombone baixo de campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/t0c3qh2n91rabvj/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%93%20Bart%C3%

B3k%2C%20B.%20%28glissando%20imperfeito%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0 57 Link 18: glissando imperfeito com um trombone baixo de campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/2u6d7wt4wmhfc9i/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%93%20Bart%C3

%B3k%2C%20B.%20%28glissando%20imperfeito%2C%20campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

150

WICK (2011) esclarece que esse trecho pode ser executado perfeitamente pelo

trombone baixo em Fá (quart-posaune), visto ser possível produzir a nota Si 0 na última posição

do instrumento e mover a vara até a 1° posição, na qual obtém-se a nota Fá 1. Outra alternativa

oferecida pelo mesmo autor é utilizar um trombone baixo afinado em Si bemol/Fá/Mi (válvulas

dependentes), pois ao acionar as duas válvulas com a tubagem da vara totalmente estendida é

possível executar a nota Si 0 e com o movimento do tubo até a 1° posição obtém-se a nota Mi

1. Ao chegar nessa nota, aconselha-se soltar a segunda válvula para que o instrumento passe a

ser afinado em Fá, assim obtém-se a nota Fá 1. Destaca-se que as opções oferecidas por WICK

(2011) são válidas, no entanto, o quart-posaune é raramente utilizado na atualidade e o

trombone baixo de válvulas dependentes, mesmo que ainda seja utilizado, perdeu espaço para

o instrumento com válvulas independentes.

Além dos efeitos de glissando, as surdinas são constantemente utilizadas. Como

relatado no Capítulo 1, esses acessórios tem a função de alterar a sonoridade do instrumento,

produzindo um som brilhante, abafado, aveludado, entre outros adjetivos sonoros. Dentre as

especificações utilizadas por compositores para o uso das surdinas, destacam-se os termos mute,

con sordino, mit dampfer, avec sourdine, surdina, entre outras nomenclaturas (DEL MAR,

1987).

Segundo WICK (2011), as surdinas do tipo straight construídas de metal

(sonoridade clara e brilhante) e fibra (produz efeitos mais discretos que as de metal) são as mais

utilizadas pelo trombone baixo e por todo naipe de trombones em uma orquestra sinfônica,

embora também existam outros tipos de surdinas, como pode ser observado no subcapítulo

1.4.6.

KLEINHAMMER (1963) relata que as surdinas podem alterar a afinação do

instrumento quando estão em uso, portanto, sugere testá-las antes da performance, assim é

possível abrir ou fechar a bomba de afinação para regular a afinação geral do instrumento.

Ademais, recomenda-se observar o estado de conservação e o tamanho das cortiças que

prendem o acessório na campana do trombone baixo, pois elas podem proporcionar sonoridades

indesejadas, possivelmente abafada devido à pressão exercida no instrumento.

Para demonstrar o uso da surdina selecionou-se por gravar uma passagem musical

da obra Petrushka (1911) de Igor Stravinsky (Exemplo 51) cujo o naipe de trombones executa

uma frase em uníssono que explora o registro agudo do instrumento com a utilização do

acessório.

151

O link 1958 oferece o arquivo de áudio.

Exemplo 51: Trecho que o naipe de trombones utiliza as surdinas na obra Petrushka (1911) de Igor Stravinsky.

Compassos 39 ao 42.

Fonte: Arquivo pessoal.

No preparo para a gravação foi possível comprovar a afirmação de

KLEINHAMMER (1963), pois a surdina proporcionou uma afinação relativamente baixa,

sendo ajustada ao fechar a bomba de afinação. Além disso, esse trecho apresenta uma tessitura

extremamente aguda para o trombone baixo e requer técnica específica para ser executado, pois

exige precisão, ampla extensão no registro agudo e apurada percepção auditiva, já que as

relações intervalares não são uniformes. Outro fator relevante é, quando acoplado o acessório,

o trombone baixo torna-se ainda mais pesado, logo, uma postura correta auxilia na execução de

frases que usam surdinas, porque é comum o trombonista baixo alterar a postura por causa do

excesso de peso, assim, comprometendo sua respiração e, consequentemente a execução. Vale

destacar que mesmo sem a surdina, o trombone baixo é um instrumento pesado, ou seja, a

postura pode interferir na qualidade de qualquer performance musical.

As obras de Stravinsky e de Bartók foram escritas no século XX, portanto, para um

instrumental de grandes dimensões. Desse modo, sugere-se utilizar um trombone baixo com

campana entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ), pois campanas nessas medidas produzem

ampla sonoridade, cabendo ao instrumentista optar por qual mais lhe agrada.

58 Link 19 com o trecho escrito por Stravinsky em Petrushka (Exemplo 51) que evidencia a utilização da surdina.

Para esta passagem, empregou-se um trombone baixo com 266 mm (10,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/z4d2i1q19h6ykw5/Petrushka%20%E2%80%93%20Stravinsky%2C%20I.%20%28e

feito%20de%20surdina%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0

152

2.2.10 - Solos de trombone baixo nas obras orquestrais

Observa-se que o trombone baixo também foi empregado em frases melódicas que

lhe proporcionaram momentos de destaque como solista. Todavia, são trechos que normalmente

estão dobrando as vozes em uníssono ou em oitavas justas com outros instrumentos, como é o

caso do Chor und Terzett (n° 26) de The Creation de Haydn (trombone baixo, fagotes,

contrabaixo e violoncelos), 2° movimento da Symphony n° 9 de Beethoven (trombone baixo,

violas e violoncelos), Die Meistersinger von Nurnberg de Richard Wagner (trombone baixo e

primeiro trombone), 3° movimento da Symphony in D minor de César Franck (trombone baixo,

primeiro trompete e tuba), Promenade de Pictures at na Exhibition de Modest Mussorgsky,

Jupiter de The Planets de Gustav Holst (1874-1934) (trombone baixo e tuba), além de outras

composições.

Apesar de serem trechos que proporcionam evidência ao trombone baixo, segundo

SADIE (1994), a palavra solo é definida como uma passagem musical que deve ser executada

por um só intérprete. Assim, esse subcapítulo selecionou três passagens musicais do repertório

orquestral onde o instrumento atua de forma solista, como no 4° movimento da Symphony n° 3

de Schumann (Exemplo 52), na obra An American in Paris (1928) de Gershwin (Exemplo 53)

e em Don Quixote (1897) de Richard Strauss (Exemplo 54).

Na Symphony n° 3, nota-se que Schumann explorou um trecho cantabile com a

articulação do legato, no qual escreve um crescendo gradual por toda a frase. É um trecho que

exige do trombonista baixo um conhecimento sobre o momento adequado de utilizar ou não a

língua e o recurso das válvulas na mudança das notas (detalhes sobre a execução de frases em

legato encontram-se no subcapítulo 2.2.5). Por ser uma passagem cantabile com um crescendo

gradativo até o final da frase, sugere-se que o instrumentista imagine como um cantor executaria

esse trecho. Para isso, o músico deve estar relaxado, sem tensão corporal, com um bom controle

do sistema respiratório, lembrando que o fluxo de ar deve ser quente e contínuo e, com o

desenvolvimento da frase, a velocidade de emissão do ar aumente gradualmente para realizar o

crescendo escrito pelo compositor.

153

Exemplo 52: Solo escrito para o trombone baixo no 4° movimento da Symphony n° 3 de Schumann.

Compassos 12 ao 18.

Fonte: Arquivo pessoal.

Para a execução da Symphony n° 3 de Schumann, recomenda-se utilizar um

trombone baixo com de 241 mm (9,5ʺ) de campana, pois apesar da obra não exigir um amplo

volume, é uma campana que gera boa ressonância para reproduzir a escrita que o compositor

empregou em sua obra. Vale ressaltar que os entrevistados James Markey, George Curran e

Ricardo Santos também utilizam uma campana com essa medida para a obra de Schumann.

Para exemplificar auditivamente, o link 2059 oferece um arquivo de áudio do solo

escrito por Schumann.

Na execução do trecho de An American in Paris de Gershwin, o trombonista baixo

deve atentar-se especialmente para a articulação, a dinâmica e o andamento. A articulação

empregada pelo compositor é o staccato e o marcato, ou seja, é relevante mostrar a diferença

entre essas articulações (informações sobre como proceder com a execução do marcato estão

no subcapítulo 2.2.7 e sobre o staccato encontram-se no 2.2.8). Em relação à dinâmica, percebe-

se que Gershwin escreveu o trecho em p, no entanto, considerando o tamanho das grandes salas

de concerto da atualidade e a ampla instrumentação da obra, é possível executar a frase com

mais volume, como em mp, já que se trata de um trecho solo. Sobre o andamento, por ser o

desfecho de um dos temas da composição, no qual o compositor escreveu um rubato, a sugestão

é realizar a frase com um pequeno rallentando.

59 Link 20: Solo do 4° movimento da Symphony n° 3 de Schumann executado por um trombone baixo com medida

de 241 mm (9,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/q708p15btzolx1r/Symphony%20n%C2%B0%203%20%E2%80%93%20Schumann

%20%28solo%20tb%29.wav?dl=0

154

A seguir está disponível a partitura do trecho, bem como os links 2160 e 2261 com o

áudio do trecho escrito por Gershwin, no qual foram executados com distintas dimensões de

campanas.

Exemplo 53: Solo escrito para o trombone baixo em An American in Paris de Gershwin. Compassos 390 ao 392.

Fonte: Arquivo pessoal.

Em Don Quixote, Richard Strauss escreveu um solo para o trombone baixo no início

da obra, no qual optou pela dinâmica mf com a utilização da surdina, que por sua característica,

abafa e proporciona um diferente timbre ao instrumento. Executar essa passagem em mf com

surdina irá produzir uma dinâmica mp, sendo suficiente para o trecho, já que poucos

instrumentos estão tocando no mesmo momento. Vale ressaltar ser relevante testar a surdina

antes da performance para observar se houve alterações na afinação do instrumento. Também

deve-se ter maior atenção à articulação escrita na parte, pois pelas especificações do

compositor, a correta execução seria com três notas curtas (staccato), seguida de uma longa

(tenuto) e novamente o mesmo procedimento. Os links 2362 e 2463 disponibilizam o áudio do

solo de Don Quixote (1897).

60 Link 21: áudio do solo escrito em An American in Paris, sendo executado por um trombone baixo com 241 mm

(9,5ʺ) de campana.

https://www.dropbox.com/s/ik50b0a2nvo2g6x/An%20American%20in%20Paris%20%E2%80%93%20Gershwi

n%2C%20G.%20%28solo%20tb%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0 61 Link 22: solo escrito em An American in Paris, sendo executado por um trombone baixo com 266 mm (10,5ʺ)

de campana. https://www.dropbox.com/s/xzr1ci2pwf4hl5p/An%20American%20in%20Paris%20-

%20Gershwin%2C%20G.%20%28solo%20tb%2C%20campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

62 Link 23: áudio do solo escrito em Don Quixote, sendo executado por um trombone baixo com 241 mm (9,5ʺ)

de campana.

https://www.dropbox.com/s/cbcs69fwi38rwrc/Don%20Quixote%20%E2%80%93%20Strauss%2C%20R.%20%

28solo%20tb%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0 63 Link 24: áudio do solo escrito em Don Quixote, sendo executado por um trombone baixo com 266 mm (10,5ʺ)

de campana.

https://www.dropbox.com/s/yyyujoguevwhttw/Don%20Quixote%20%E2%80%93%20Strauss%2C%20R.%20%

28solo%20tb%2C%20campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

155

Exemplo 54: Solo escrito para o trombone baixo em Don Quixote de Richard Strauss. Compassos 58 ao 60.

Fonte: Arquivo pessoal.

Don Quixote e An American in Paris foram composições realizadas para grandes

instrumentações orquestrais, que exigem em alguns momentos um amplo volume sonoro da

família dos metais. Dessa forma, sugere-se para a execução dessas obras usar um trombone

baixo com campana entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ).

Nas entrevistas foi possível constatar que para obras desse período, os trombonistas

baixos Douglas Yeo, George Curran, James Markey, Martin Schippers e Ricardo Santos

utilizam a campana com 241 mm (9,5ʺ) de diâmetro64.

Embora sejam sugeridas diferenciadas medidas de instrumento, vale salientar que

não há a necessidade de o instrumentista possuir três instrumentos para a execução do repertório

orquestral, pois como apresentado no Capítulo 1, é possível remover somente a campana e

manter as válvulas e a vara. Além disso, alguns fabricantes produzem a campana de rosca que

permite trocar apenas a parte final da peça. Porém, isso só é possível para as dimensões entre

241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ), pois tem o mesmo encaixe, já para a campana de 228 mm

(9ʺ) no instrumento da marca Thein, o encaixe é diferente, sendo necessário a mudança de toda

a peça.

A alteração entre as campanas que medem 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ) é

rapidamente adaptável, pois trocar somente a parte final da peça não muda o diâmetro interno

do tubo, mas mesmo assim, proporciona diferença na ressonância do instrumento. Para a

campana de 228 mm (9ʺ), a mudança é mais acentuada, uma vez que necessita trocar toda a

peça. Com isso, o diâmetro interno do tubo é menor e demanda uma menor emissão de volume

de ar.

64 Essas informações foram retiradas das entrevistas realizadas com os trombonistas baixos atuantes em orquestras

sinfônicas.

156

Assim, para que o instrumentista realize uma boa execução musical com distintas

campanas, são necessários estudos técnicos e melódicos que possam preparar o trombonista

baixo para essas mudanças, pois no preparo para as gravações foi possível constatar que a troca

exige um tempo de adaptação que influi diretamente na qualidade sonora. Portanto, ao ter

conhecimento do repertório orquestral que será executado, recomenda-se ao trombonista baixo

escolher a dimensão de campana e iniciar estudos preparativos para essa performance com

tempo suficiente de antecedência dos primeiros ensaios com o grupo.

Dentre alguns estudos técnicos que podem auxiliar o trombonista baixo na mudança

instrumental, destacam-se estudos de escalas, flexibilidade, relações intervalares, distintas

articulações, enfim, elementos que devem ser estudados em diferentes andamentos, pois

atingem propósitos diferenciados. Por exemplo, em um estudo de escalas lentas, o

instrumentista trabalha a sonoridade, o controle no fluxo do ar, a conexão entre as notas, a

afinação e a resistência muscular. Já em exercícios de escalas rápidas, o trombonista lida com

a agilidade, coordenação entre a língua, o manejo da vara e o uso das válvulas, com o fluxo do

ar e com as distintas articulações. Desse modo, a alteração instrumental exige variados tipos de

estudos técnicos.

157

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concretizar a presente pesquisa, inicialmente, observou-se que as referências

bibliográficas apontaram que o trombone baixo surgiu no século XVI, pois o documento mais

antigo encontrado cita o instrumento em um inventário alemão datado de 1573. Outro fato que

comprova a existência de um trombone baixo nesse século é um instrumento construído por

Pierre Colbert em 1593, que se encontra em exposição no Rijksmuseum em Amsterdam.

Em relação à parte estrutural, notou-se que o instrumento passou por alterações ao

longo dos séculos, dentre elas, distintas afinações, a incorporação das válvulas, além de um

aumento em suas dimensões de calibre e de campana, o que proporcionou uma ampliação de

volume e projeção sonora.

Nos séculos XVI e XVII, o trombone baixo ou quart-posaune, como era conhecido,

possuía sua afinação fundamental em Fá ou Mi bemol, embora também foram encontrados

alguns instrumentos em Mi e em Sol. Suas dimensões aproximadas eram entre 9,3 mm (0,366ʺ)

e 13,5 mm (0,531ʺ) de calibre e entre 116 mm (4,56ʺ) e 129,5 mm (5,09ʺ) de campana.

No século XIX, surgiram o trombone tenor/baixo em Si bemol com uma válvula

em Fá, com um calibre aproximado de 14 mm (0,551ʺ) e campana entre 232 mm (9,13ʺ) e 250

mm (9,84ʺ), o trombone baixo em Sol com válvula em Ré, com o calibre de 12,29 mm (0,484ʺ),

além do trombone baixo de válvulas.

No século XX, o trombone baixo em Si bemol adquiriu uma segunda válvula,

tornando-se um instrumento com duas válvulas dependentes que produziram as afinações Si

bemol/Fá/Mi. Ainda nesse século, surgiu o trombone baixo em Si bemol com duas válvulas

independentes, isto é, um instrumento com quatro afinações distintas (Si bemol/Fá/Sol/Mi

bemol; Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré; Si bemol/Fá/Ré/Si). Esse instrumento foi fabricado com

medidas de calibre entre 13,46 mm (0,530ʺ) e 14,27 mm (0,562ʺ) e campanas entre 241 mm

(9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ).

Atualmente, o trombone baixo em Si bemol é produzido com uma válvula (Si

bemol/Fá), com duas válvulas dependentes (Si bemol/Fá/Mi ou Si bemol/Fá/Ré) ou com duas

válvulas independentes (Si bemol/Fá/Sol bemol/Ré ou Si bemol/Fá/Sol/Mi bemol). Suas

medidas de calibre são em torno de 14,27 mm (0,562ʺ) e 14,27 mm/14,68 mm (0,562ʺ/0,578ʺ),

além de campanas que variam entre 241 mm (9,5ʺ) e 266 mm (10,5ʺ).

Sobre a utilização do trombone baixo no naipe de trombones, constatou-se que até

o início do século XIX, o naipe foi frequentemente formado por um trombone alto, um tenor e

um baixo de pequenas dimensões que atuavam basicamente em trabalhos sacros e óperas. Até

158

esse período, é possível afirmar que a terceira voz do naipe de trombones foi executada por um

quart-posaune ou quint-posaune. Portanto, em obras de Monteverdi, Bach, Gluck, Haydn,

Mozart e Beethoven utilizou-se um trombone baixo com pequenas medidas de calibre e de

campana em suas performances.

No século XIX, os compositores passaram a empregar o naipe de trombones

também em sinfonias e em concertos, além de óperas e obras sacras. No entanto, com o

surgimento de novos instrumentos nesse período, como o trombone em Si bemol/Fá de grandes

medidas, o trombone baixo em Sol/Ré de dimensões medianas, o trombone de válvulas e a

reutilização do trombone contrabaixo, houve uma alteração na constituição do naipe que

perdurava por alguns séculos, pois como observado, os países europeus passaram a formar o

naipe com certas diferenciações. Na Alemanha e na Áustria, foram adotados trombones de

amplas dimensões, com o trombone tenor/baixo em Si bemol/Fá tornando-se o novo

responsável por executar a terceira voz do naipe. Na França, o naipe foi formado por três

trombones em Si bemol de dimensões médias. Na Itália, a opção foi utilizar trombones de

válvulas e trombones tenores em Si bemol. Na Inglaterra, a escolha foi pelo trombone baixo em

Sol/Ré para a terceira voz do naipe. Vale ressaltar que algumas regiões europeias utilizaram o

quart-posaune até o final do século XIX.

Além da diferença no uso do instrumento nesses países, notou-se também que

compositores desse período passaram a compor obras para variadas formações do naipe.

Schumann e Brahms escreveram praticamente todas as suas sinfonias para um naipe constituído

por um trombone alto, um tenor e um baixo. Berlioz e Rossini optaram por empregar em suas

obras três trombones em Si bemol. Verdi incluiu os trombones de válvulas e o cimbasso em

suas composições. Wagner formou um naipe com trombones em Si bemol/Fá de amplas

dimensões, além de utilizar o trombone contrabaixo para executar a quarta voz em algumas de

suas composições.

Enfim, são variados os tipos de trombone baixo utilizados para executar a voz mais

grave do naipe de trombones nesse período, pois como relatado, as regiões europeias e os

compositores possuíam predileções distintas. No entanto, com o decorrer do século XIX, os

trombones em Si bemol/Fá de grandes medidas ganharam um maior espaço. Na segunda metade

do século XIX, o naipe de trombones era frequentemente formado por dois trombones tenores

e um trombone baixo em Si bemol/Fá de grandes dimensões de calibre e de campana.

Atualmente, o naipe de trombones segue a constituição configurada na segunda

metade do século XIX, formado por dois trombones tenores em Si bemol/Fá na execução da

159

primeira e segunda voz e um trombone baixo com duas válvulas na terceira voz, embora seja

comum a utilização de instrumentos específicos para diferenciados repertórios orquestrais.

Para compreender as características e as funções musicais específicas designadas

ao trombone baixo, foi necessário um estudo aprofundado em diversas obras orquestrais de

distintos compositores da história da música ocidental. Tais peculiaridades foram apresentadas

por estarem presentes em várias composições. No entanto, esse trabalho atentou-se em

demonstrar com alguns exemplos de trechos orquestrais para que a dissertação não adquirisse

um amplo volume.

Como constatado, as principais características designadas ao trombone baixo

podem ser classificadas como: a atuação como baixo contínuo; a combinação com outros

instrumentos graves da família das cordas e das madeiras; a fusão musical com a tuba, a

ampliação em sua tessitura, além do emprego em alguns trechos solistas. Já em relação a todo

o naipe de trombones, constatou-se: a substituição e dobramento das vozes do coro; o emprego

em tuttis orquestrais; a leve sonoridade nos coros de Schumann e Brahms; a potência sonora e

os efeitos de glissando e surdina.

As recomendações interpretativas e instrumentais servem de ferramentas para

serem utilizadas por trombonistas baixos atuantes em grupos sinfônicos na execução de

variados repertórios orquestrais. Essas sugestões servem como recursos escritos e auditivos,

pois mostram caminhos para se obter uma satisfatória performance musical.

Como resultado, essa pesquisa oferece um relato sobre a história do trombone

baixo, apresenta um estudo sobre a utilização do instrumento e de todo o naipe de trombones

nas obras sacras e sinfônicas de distintos períodos, exibe as principais características e funções

musicais designadas ao trombone baixo e a seu naipe através de trechos orquestrais, oferece

sugestões interpretativas para a execução de obras sacras e sinfônicas, recomenda dimensões

de campanas para a performance das composições selecionadas, além de disponibilizar links

com arquivos de áudios dos excertos orquestrais selecionados que servirão como exemplo

auditivo.

A realização dessa dissertação também tem como propósito preencher parte da

lacuna existente na pesquisa acadêmica voltada para o trombone baixo, já que apresenta um

conteúdo inédito em língua portuguesa sobre o instrumento. O intuito foi compartilhar

informações que possam proporcionar aos estudantes, instrumentistas e professores do

trombone baixo, um conhecimento sobre a história do instrumento, bem como, auxiliar na

performance de distintas obras sacras e sinfônicas. Desse modo, o presente trabalho também

pretende contribuir para futuras pesquisas relacionadas aos instrumentos de metal, podendo ser

160

usado como uma referência para novos estudos que envolvam o naipe de trombones, o

trombone baixo, os compositores e as obras que utilizaram o instrumento.

161

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Beethoven, L. V. Symphony n° 5. Disponível em

http://imslp.org/wiki/Symphony_No.5%2C_Op.67_(Beethoven%2C_Ludwig_van). Acesso em 10 de maio

de 2017.

Beethoven, L. V. Symphony n° 9. Disponível em

http://imslp.org/wiki/Symphony_No.9%2C_Op.125_(Beethoven%2C_Ludwig_van). Acesso em 10 de maio

de 2017.

Berlioz, H. La damnation de Faust. Disponível em

http://imslp.org/wiki/La_damnation_de_Faust%2C_H_111_(Berlioz%2C_Hector). Acesso em 12 de maio

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Corteccia, F. Intermedio V. In HIGH, E. D. The Contrabass trombone: A Brief history and

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Corteccia, F. Motet Ingredere. In HIGH, E. D. The Contrabass trombone: A Brief history and

Survey Regarding its Use Today. 2006. p.18. Tese de Doutorado. Arizona State University,

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Dvorák, A. Carnival Overture. Disponível em

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Rossini, G. La Gazza Ladra. Disponível em

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Stravinsky, I. Petrushka. Disponível em http://imslp.org/wiki/Petrushka_(Stravinsky%2C_Igor).

Acesso em 17 de maio de 2017.

Tchaikovsky, P. The Nutcracker. Disponível em

http://imslp.org/wiki/The_Nutcracker_(ballet)%2C_Op.71_(Tchaikovsky%2C_Pyotr). Acesso em 14 de

maio de 2017.

Wagner, R. Das Rheingold. Disponível em

http://imslp.org/wiki/Das_Rheingold%2C_WWV_86A_(Wagner%2C_Richard). Acesso em 16 de março

de 2016.

Wagner, R. Der Fliegende Hollander. Disponível em

http://imslp.org/wiki/Der_fliegende_Holl%C3%A4nder%2C_WWV_63_(Wagner%2C_Richard). Acesso em

12 maio de 2017.

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2014. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=pFbTZ9T7ogc. Acesso em 05 de maio de

2017.

Bartók, B. Concerto for Orchestra. Rotterdam Philharmonic, Maestro Michel Plasson.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=VqjLZPJ4gKQ. Acesso em 15 de maio de 2017.

167

Beethoven, L. V. Symphony n° 5. Wiener Phillarmoniker, Maestro Leonard Lerstein.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=kHYBoG7hiZk. Acesso em 10 de maio de 2017.

Gabrielli, G. Sonata pian e forte. Festival des Cathedrales in Picardie, Maestro Bernard Fabre-

Garrus. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Jx2xgbBkjbg. Acesso em 17 de março de

2017.

Gabrielli, G. Sonata pian e forte. The Brass Section of the Bayerische Staatsoper, Maestro Zubin

Metha. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rQeikHMQGOM. Acesso em 17 de março

de 2017.

Gershwin, G. An American in Paris. Los Angeles Philharmonic, Maestro Gustavo Dudamel.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=EGt000iascg. Acesso em 24 de maio de 2017.

Gluck, C. W. Orfeo ed Euridice. Orquestra Filarmônica de Londres no Glyndebourne Festival

de Ópera, Maestro Raymond Leppard. Disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=EENw_ptgGcg. Acesso em 05 de maio de 2017.

Haydn, J. The Creation. Bavarian Radio Chorus and Symphony Orchestra, Maestro Leonard

Lerstein. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=32Xq7Tcj428. Acesso em 05 de maio de

2017.

Monteverdi, C. L´Orfeo. Le Concert des Nations, Maestro Jordi Savall. Disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=dBsXbn0clbU&t=68s. Acesso em 05 de maio de 2017.

Monteverdi, C. L´Orfeo. Orchestra del Teatro alla Scala, Maestro Alessandrini. Disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=JnYaVGI3mA4. Acesso em 05 de maio de 2017.

Mozart, W. A. Requiem in D Minor. Wiener Phillarmoniker, Maestro Herbert von Karajan.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=aHCuGgt1D-k. Acesso em 05 de maio de 2017.

Schumann, R. Symphony n° 3. New York Philharmonic, Maestro Kurt Masur. Disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=YpwSIi6E0VA. Acesso em 12 de maio de 2017.

Stravinsky, I. Petroushka. Concertgebouw Orchestra, Maestro Andris Nelsons. Disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=esD90diWZds. Acesso em 22 de maio de 2017.

Entrevistas

Curran, G. Entrevista concedida via e-mail em 18 de novembro de 2016.

Dijk, B. V. Entrevista concedida via e-mail em 1 de março de 2017.

Markey, J. Entrevista concedida via e-mail em 10 de novembro de 2016.

Santos, R. F. Entrevista concedida via e-mail em 18 de novembro de 2016.

Schippers, M. Entrevista concedida via e-mail em 20 de março de 2017.

Yeo, D. Entrevista concedida via e-mail em 1 de março de 2017.

168

APÊNDICE 1

Entrevistas

Caro professor Ben van Dijk.

Este questionário tem o intuito de obter informações sobre a utilização do trombone

baixo nas obras sacras e sinfônicas do repertório orquestral. Sua contribuição será importante

para o desenvolvimento da minha pesquisa, pois desta maneira, poderei coletar dados

relacionados ao instrumento. Desde já, agradeço a sua atenção e colaboração.

Dear professor Ben van Dijk.

This questionnaire aims to obtain information about the use of the bass trombone in the

sacred and symphonic works of the orchestral repertoire. Your contribution will be important

for the development of my research, because I will be able to collect data related to the

instrument. I would like to thank you for your attention and collaboration.

1) Descreva brevemente suas atividades profissionais: Onde você trabalha? Qual é o seu

cargo? (Briefly, describe your professional activities: Where do you work? What is your

position?)

Eu sou o trombonista baixo da Orquestra Filarmônica de Rotterdam e sou professor do

Conservatório de Amsterdam. Além dessas atividades, eu tenho ministrado aulas e

recitais ao redor do mundo e tenho cinco CDs solo gravados. O sexto está a caminho.

(“I am the bass trombonist of the Rotterdam Philharmonic Orchestra and I am professor

at the Conservatory of Amsterdam. Besides these activities I have been giving

masterclasses and recitals all over the world and have made 5 solo cd’s, no:6 is on it’s

way!”)

2) Você usa o mesmo trombone baixo para todo o repertório sinfônico? Por quê? Quais

são as especificações de calibre, campana e válvulas do instrumento que você usa em

seu trabalho? (Do you use the same bass trombone for all symphonic repertoire? Why?

What are the specifications of bore, bell and valves of the instrument that you use in

your job?)

Geralmente eu utilizo o mesmo instrumento para o meu trabalho orquestral. Algumas

vezes eu troco para uma campana menor para certos repertórios, como Requiem –

169

Mozart ou The Creation – Haydn. Especificações: diâmetro da campana: 250 mm;

material: tipo THEIN Kruspe; calibre: 13,9 mm – 14,4 mm; campana: 0,40 mm;

finalização: laqueado. (“In principal I use the same instrument for my orchestral job. I

sometimes change to a smaller bell for certain repertoire like Mozart – Requiem or

Haydn – Creation. Specifications: bell diameter: 250 mm; Material: THEIN Kruspe-

style; Bore: 13,9 mm - 14,4 mm; Bell: 0,40 mm; Finish: Lacquer”).

3) Se você usa instrumentos diferentes ou apenas muda uma parte específica dele para

determinado repertório orquestral, como é feita essa mudança? Todo o naipe de

trombones também alteram seus instrumentos? (If you use different instruments or just

change a specific part of the instrument for determined orchestral repertoire, how is it

done this change? The whole section of trombones also changes their instruments?)

A menor campana e talvez, um diferente leadpipe podem me ajudar a tornar o meu som

mais próximo ao estilo da música que eu toco e ao tamanho da orquestra que eu terei

que tocar. Eu não troco o bocal. Meus colegas nunca trocam, a não ser utilizando um

trombone alto quando a parte pede isso. (“The smaller bell and perhaps a different lead-

pipe might help me to make my sound more in style of the music I play and the size of

the orchestra I have to play in. I do not change mouthpiece. My colleagues never change

unless using an alto trombone when the part says so”.)

4) Se você usa o mesmo trombone baixo para todo repertório sinfônico, você altera a

maneira de executar os trabalhos dos diferentes períodos? Como é realizada essa

mudança? (If you use the same bass trombone for the whole symphonic repertoire, do

you change the way to play the works of different periods? How is this change made?)

Sim, eu mudo a maneira de tocar. Para repertórios como Mozart e Haydn eu tenho que

pensar pequeno de muitas maneiras. Dinâmica, som, mas também articulação, podem

ser diferentes, mas isso é, claro, também o caso quando eu toco diferentes repertórios

do mesmo período. Se eu penso no repertório russo e o comparo com o repertório francês

do mesmo período, eu também vou tocá-los de formas diferentes. (“Yes, I change the

way I play. For the Mozart – Haydn type of repertoire I have to think smaller in many

ways. Dynamics, sound but also articulation might be different but this is of course also

the case when I play different repertoire from the same period. If I think of Russian

170

repertoire and I compare this with French repertoire from the same period I will play

that also differently”.)

5) Você gostaria de adicionar alguma informação ou consideração nesta pesquisa? (Would

you like to add some information or consideration in this research?)

Pode ser interessante comparar as diferentes maneiras de tocar o trombone baixo (som,

articulação, dinâmica, comprimento de notas, etc) entre os trombonistas baixos dos

diferentes países, ou como a forma de tocar o trombone baixo tem se modificado durante

os anos. Talvez por meio da comparação de diferentes gravações da mesma peça! Esta

pode ser uma boa fonte de pesquisa: http://www.tromboneexcerpts.org. (“It might be

interesting to compare the different way of playing bass trombone (sound, articulation,

dynamic, length of notes etc) between bass trombonists from different countries or how

the way of playing bass trombone has changes in the years. Perhaps by comparing

different recordings of the same piece! This might be a nice resource:

http://www.tromboneexcerpts.org”.)

6) Você autoriza o uso dessas informações em minha dissertação? (Do you authorize the

use of this information in my dissertation?)

Você está completamente livre para usar minhas palavras. (“You are completely free to

use my words”.)

171

Caro professor Douglas Yeo

Este questionário tem o intuito de obter informações sobre a utilização do trombone

baixo nas obras sacras e sinfônicas do repertório orquestral. Sua contribuição será importante

para o desenvolvimento da minha pesquisa, pois desta maneira, poderei coletar dados

relacionados ao instrumento. Desde já, agradeço a sua atenção e colaboração.

Dear professor Douglas Yeo

This questionnaire aims to obtain information about the use of the bass trombone in the

sacred and symphonic works of the orchestral repertoire. Your contribution will be important

for the development of my research, because I will be able to collect data related to the

instrument. I would like to thank you for your attention and collaboration.

1) Descreva brevemente suas atividades profissionais: Onde você trabalha? Qual é o seu

cargo? (Briefly, describe your professional activities: Where do you work? What is your

position?)

Eu sou trombonista baixo aposentado da Orquestra Sinfônica de Boston, uma posição

que ocupei de 1985-2012. De 2012-2016 eu fui professor de trombone da Universidade

do Estado do Arizona. Atualmente eu trabalho escrevendo vários livros sobre o

trombone para várias editoras, incluindo a Editora da Universidade de Oxford e a

Editora da Universidade de Illinois. Eu continuo realizando performance e ensino ao

redor do mundo, fazendo recitais, como solista com orquestras, e ministrando aulas e

residências. (“I am the retired bass trombonist of the Boston Symphony Orchestra, a

position I held from 1985-2012. From 2012-2016 I was Professor of Trombone at

Arizona State University. Currently I am at work writing several books about the

trombone for various publishers including Oxford University Press and University of

Illinois Press. I continue to perform and teach around the world, giving recitals, as

solist with orchestras, and giving masterclasses and residencies.”)

2) Você usa o mesmo trombone baixo para todo o repertório sinfônico? Por quê? Quais são

as especificações de calibre, campana e válvulas do instrumento que você usa em seu

trabalho? (Do you use the same bass trombone for all symphonic repertoire? Why? What

are the specifications of bore, bell and valves of the instrument that you use in your job?)

172

Sim, eu uso o trombone baixo Yamaha YBL-822G para a maioria das coisas que faço.

Quando eu estava na Sinfônica de Boston, nós usávamos trombones Kruspe para

repertórios alemãs do século 18th e 19th (Mozart, Beethoven, Schumann, Schubert)

quando a seção de trompetes utilizava trompetes de rotores. (“Yes, I use the Yamaha YBL-

822G bass trombone for most things that I do. When I was in the Boston Symphony, we

used Kruspe trombones for 18th and 19th century German repertoire (Mozart, Beethoven,

Schumann, Schubert) when the trumpet section used rotary trumpets”.)

3) Se você usa instrumentos diferentes ou apenas muda uma parte específica dele para

determinado repertório orquestral, como é feita essa mudança? Todo o naipe de

trombones também alteram seus instrumentos? (If you use different instruments or just

change a specific part of the instrument for determined orchestral repertoire, how is it

done this change? The whole section of trombones also changes their instruments?)

Eu mudaria o instrumento inteiro. Eu não tenho nenhum instrumento com partes

destacáveis. (“I would change the entire instrument. I do not have any instruments with

detachable parts”).

4) Se você usa o mesmo trombone baixo para todo repertório sinfônico, você altera a

maneira de executar os trabalhos dos diferentes períodos? Como é realizada essa

mudança? (If you use the same bass trombone for the whole symphonic repertoire, do

you change the way to play the works of different periods? How is this change made?)

Não houve resposta.

5) Você gostaria de adicionar alguma informação ou consideração nesta pesquisa? (Would

you like to add some information or consideration in this research?)

Houveram vezes que eu usei o trombone baixo em Sol (Elgar) e o trombone baixo em

Fá (Bartok). (“There have been times when I used a G bass trombone (in Elgar) and

an F bass trombone (Bartok)”).

6) Você autoriza o uso dessas informações em minha dissertação? (Do you authorize the

use of this information in my dissertation?)

Sim. Douglas Yeo. (“Yes. Douglas Yeo”.)

173

Caro professor George Curran.

Este questionário tem o intuito de obter informações sobre a utilização do trombone

baixo nas obras sacras e sinfônicas do repertório orquestral. Sua contribuição será importante

para o desenvolvimento da minha pesquisa, pois desta maneira, poderei coletar dados

relacionados ao instrumento. Desde já, agradeço a sua atenção e colaboração.

Dear professor George Curran.

This questionnaire aims to obtain information about the use of the bass trombone in the

sacred and symphonic works of the orchestral repertoire. Your contribution will be important

for the development of my research, because I will be able to collect data related to the

instrument. I would like to thank you for your attention and collaboration.

1) Descreva brevemente suas atividades profissionais: Onde você trabalha? Qual é o seu

cargo? (Briefly, describe your professional activities: Where do you work? What is your

position?)

Eu tenho sido o trombonista baixo da Filarmônica de Nova York desde 2012. Eu

comecei a lecionar na Universidade de Rutgers em 2014. (“I have been the bass

trombonist of the New York Philharmonic since 2012. I started teaching at Rutgers

University in 2014”).

2) Você usa o mesmo trombone baixo para todo o repertório sinfônico? Por quê? Quais

são as especificações de calibre, campana e válvulas do instrumento que você usa em

seu trabalho? (Do you use the same bass trombone for all symphonic repertoire? Why?

What are the specifications of bore, bell and valves of the instrument that you use in

your job?)

Eu toco em um trombone baixo Shires calibre largo (.562). É o meu modelo pessoal,

campana de metal amarelo 9.5", válvulas light weight axial flow, vara dual bore,

leadpipe B3. Eu sempre uso um bocal Greg Black 1 GL. (“I play a large bore (.562)

Shires bass trombone. It is my own personal model. 9.5" yellow brass bell, light weight

axial flow valves, dual bore slide, B3 lead pipe. I always use a Greg Black 1GL

mouthpiece”).

174

3) Se você usa instrumentos diferentes ou apenas muda uma parte específica dele para

determinado repertório orquestral, como é feita essa mudança? Todo o naipe de

trombones também alteram seus instrumentos? (If you use different instruments or just

change a specific part of the instrument for determined orchestral repertoire, how is it

done this change? The whole section of trombones also changes their instruments?)

No repertório que utiliza trombone alto, eu troco minha seção de válvulas por uma única

válvula TruBore. O peso mais leve da única válvula me permite um som brilhante para

combinar com os outros trombones. Quando o principal utiliza o trombone alto, o

segundo utiliza um trombone sem válvulas com amplo calibre, também para aproximar

ao menor som do trombone alto. (“On repertoire using an alto trombone, I switch my

valve section to a single valve TruBore section. The lighter weight of the single valve

allows me to lighten my sound to match the other trombones. When the principal is using

an alto, the second uses a large bore straight horn, also to match closer to the smaller

alto trombone sound”).

4) Se você usa o mesmo trombone baixo para todo repertório sinfônico, você altera a

maneira de executar os trabalhos dos diferentes períodos? Como é realizada essa

mudança? (If you use the same bass trombone for the whole symphonic repertoire, do

you change the way to play the works of different periods? How is this change made?)

Mesmo quando eu não troco instrumentos, como por exemplo na Quarta Sinfonia de

Brahms's, deixo o som mais brilhante através da minha forma de tocar. Eu uso uma

corrente de ar mais compacta e não uso certos tons e cores ásperas e fortes. (“Even when

I don't change instruments, such as on Brahms's Fourth Symphony, I lighten up the

sound through my playing approach. I use a more compact airstream and don't use

certain harsher or louder tone colors”).

5) Você gostaria de adicionar alguma informação ou consideração nesta pesquisa? (Would

you like to add some information or consideration in this research?)

A seção deve estar em acordo com os principais quando são trocados os instrumentos.

Se o diretor musical pede por isso, nós iremos sempre fazer da forma que ele pede.

Alguns músicos não terão fundos para usar múltiplos instrumentos, e eles devem fazer

o melhor que eles podem. O tamanho e a ressonância da sala são também outros fatores.

175

Eu uso um trombone contrabaixo quando é pedido. (“The section should come to an

agreement on principals of when to switch instruments. If the music director asks for it,

we will always do as he asks. Certain players won't have the finances to use multiple

instruments, and they must do the best that they can. The size and resonance of the hall

is a factor as well. I use a contrabass trombone when asked for”).

6) Você autoriza o uso dessas informações em minha dissertação? (Do you authorize the

use of this information in my dissertation?)

Sim. George. (“Yes. George”).

176

Caro professor James Markey.

Este questionário tem o intuito de obter informações sobre a utilização do trombone

baixo nas obras sacras e sinfônicas do repertório orquestral. Sua contribuição será importante

para o desenvolvimento da minha pesquisa, pois desta maneira, poderei coletar dados

relacionados ao instrumento. Desde já, agradeço a sua atenção e colaboração.

Dear professor James Markey.

This questionnaire aims to obtain information about the use of the bass trombone in the

sacred and symphonic works of the orchestral repertoire. Your contribution will be important

for the development of my research, because I will be able to collect data related to the

instrument. I would like to thank you for your attention and collaboration.

1) Descreva brevemente suas atividades profissionais: Onde você trabalha? Qual é o seu

cargo? (Briefly, describe your professional activities: Where do you work? What is your

position?)

Meu nome é James Markey. Eu trabalho na Orquestra Sinfônica de Boston, e estou no

corpo docente da New England Conservatory of Music. Anteriormente eu era o

trombonista baixo da Filarmônica de Nova York e estava no corpo docente da Julliard

School; e antes destes eu era o trombonista principal associado a Filarmônica de Nova

York. (“My name is James Markey. I work in the Boston Symphony Orchestra, and am

on faculty at the New England Conservatory of Music. I am formerly the Bass

Trombonist of the New York Philharmonic and faculty of the Juilliard School; and prior

to these I was Associate Principal Trombone of the New York Philharmonic”).

2) Você usa o mesmo trombone baixo para todo o repertório sinfônico? Por quê? Quais

são as especificações de calibre, campana e válvulas do instrumento que você usa em

seu trabalho? (Do you use the same bass trombone for all symphonic repertoire? Why?

What are the specifications of bore, bell and valves of the instrument that you use in

your job?)

Eu normalmente uso o mesmo trombone para a maior parte do repertório sinfônico, com

uma importante nota. Para a maior parte dos trabalhos do período romântico tardio ou

anterior -- Brahms, Beethoven, Schubert, Schumann, e alguns outros – minha seção na

177

Sinfônica de Boston muda para trombones fabricados na Alemanha. Embora esses

trombones soam similares com o típico trombone “alemão” (o qual tende a ser uma

construção bem diferente dos trombones americanos), o design é “americanizado”, para

possibilitar tocar o instrumento com menos alteração nas características do sopro. Meu

trombone baixo Americano é o Edwards B-502i. Ele possui dual bore de .562/.578",

dois rotores Royal independentes, e campana de metal amarelo, embora, grande parte

da tubulação do resto do instrumento seja em metal rosado. (“I typically use the same

trombone for most symphonic repertoire, with one important note. For most works of

the late Romantic period or earlier -- Brahms, Beethoven, Schubert, Schumann, and

some others -- my section in the Boston Symphony switches to trombones manufactured

in Germany. Although these trombones sound similar to a typical "German" trombone

(which tends to be very different in construction from American trombones), the design

is somewhat Americanized, so as to be able to play the instrument with less change in

blowing characteristics. My American bass trombone is an Edwards B-502i. It has a

dual bore of .562/.578", two independent Royal rotors, and a yellow brass bell, although

much of the tubing on the rest of the instrument is rose brass”).

3) Se você usa instrumentos diferentes ou apenas muda uma parte específica dele para

determinado repertório orquestral, como é feita essa mudança? Todo o naipe de

trombones também alteram seus instrumentos? (If you use different instruments or just

change a specific part of the instrument for determined orchestral repertoire, how is it

done this change? The whole section of trombones also changes their instruments?)

Sim, como mencionado antes, a nossa seção inteira de trombones troca os instrumentos

para os trombones estilo Alemão. Os instrumentos que nós tocamos com esse propósito

são fabricados pela Thein, e incluem o trombone alto, o trombone tenor e o trombone

baixo. Os diferentes instrumentos oferecem uma qualidade diferente de som, permitindo

um tipo diferente de som – um pouco mais claro e mais compacto – para tocar de forma

mais suave, e uma ampla gama de cores. Adicionalmente, a série harmônica desse

instrumento alinha bem com os trompetes de rotores que a nossa seção de trompetes

utiliza. (“Yes, as mentioned before, our whole trombone section switches instruments to

a German style trombone. The instruments we currently play for these purposes are

manufactured by Thein, and include an alto trombone, a tenor trombone and a bass

trombone. The different instruments provide a different sound quality, allowing for a

178

different kind of sound -- a bit clearer and more compact -- for soft playing, and a broad

range of color. Additionally, the overtone series on this instruments lines up well with

the rotary trumpets our trumpet section uses”).

4) Se você usa o mesmo trombone baixo para todo repertório sinfônico, você altera a

maneira de executar os trabalhos dos diferentes períodos? Como é realizada essa

mudança? (If you use the same bass trombone for the whole symphonic repertoire, do

you change the way to play the works of different periods? How is this change made?)

Eu estou sempre ciente das diferenças na abordagem de diferentes tipos de repertórios,

independentemente do instrumento que eu estou tocando. É importante entender que a

forma de abordar Bruckner é muito diferente da forma que será abordado Strauss. É

aprendido primeiramente ouvindo outras performances dessas partes, mas também

entendendo a partitura, e como a parte do trombone se ajusta nas orquestrações

específicas. (“I am always aware of differences in approach of different kinds of

repertoire regardless which instrument I am playing on. It is important to understand

how one approaches Bruckner is very different from how one would approach

Strauss. It is primarily learned by listening to other performances of these pieces, but

also understanding the score, and how the trombone part fits into the specific

orchestrations”).

5) Você gostaria de adicionar alguma informação ou consideração nesta pesquisa? (Would

you like to add some information or consideration in this research?)

Nada em particular. (“Not in particular”).

6) Você autoriza o uso dessas informações em minha dissertação? (Do you authorize the

use of this information in my dissertation?)

Sim, eu autorizo. (“Yes, I do”).

179

Caro professor Martin Schippers.

Este questionário tem o intuito de obter informações sobre a utilização do trombone

baixo nas obras sacras e sinfônicas do repertório orquestral. Sua contribuição será importante

para o desenvolvimento da minha pesquisa, pois desta maneira, poderei coletar dados

relacionados ao instrumento. Desde já, agradeço a sua atenção e colaboração.

Dear professor Martin Schippers.

This questionnaire aims to obtain information about the use of the bass trombone in the

sacred and symphonic works of the orchestral repertoire. Your contribution will be important

for the development of my research, because I will be able to collect data related to the

instrument. I would like to thank you for your attention and collaboration.

1) Descreva brevemente suas atividades profissionais: Onde você trabalha? Qual é o seu

cargo? (Briefly, describe your professional activities: Where do you work? What is your

position?)

Eu sou atualmente o trombonista tenor/baixo da Royal Concertgebouw Orchestra em

Amsterdam, na Holanda. Anteriormente, durante quatro anos eu fui o principal

trombonista da Netherlands Radio Chamber Philharmonic e por três anos o segundo

trombonista da Netherlands Radio Philharmonic Orchestra. (“I am currently tenor-

/bass trombonist at the Royal Concertgebouw Orchestra in Amsterdam, the

Netherlands. Before I was for 4 years principal trombonist at the Netherlands Radio

Chamber Philharmonic and for 3 years second trombonist at the Netherlands Radio

Philharmonic Orchestra”).

2) Você usa o mesmo trombone baixo para todo o repertório sinfônico? Por quê? Quais

são as especificações de calibre, campana e válvulas do instrumento que você usa em

seu trabalho? (Do you use the same bass trombone for all symphonic repertoire? Why?

What are the specifications of bore, bell and valves of the instrument that you use in

your job?)

Eu uso o Bach 50 (campana 9,5, padrão) com duas válvulas Thayer para o repertório

principal. Para o repertório alemão, especialmente em Bruckner eu uso o trombone

baixo Throja, que é um trombone feito em estilo alemão. No repertório como Mozart,

180

Schubert and Schumann eu prefiro usar um tenor na terceira voz. Frequentemente, eu

uso meu Bach 42, mas também gosto de usar a campana de prata para ter um som com

um pouco mais de brilho, para tocar de forma presente, sem cobrir muito a orquestra.

(“I use a Bach 50 (standard 9,5 inch bell) with two Thayer valves for the main

repertoire. For German repertoire, especially in Bruckner I use a Throja bass

trombone, this is a German style made trombone. In repertoire like Mozart, Schubert

and Schumann I prefer to use a tenor on the 3rd trombone part. Usually I use my Bach

42 but also like to use a sterling silver bell to have a bit a brighter sound to be able to

play present without covering too much the orchestra”).

3) Se você usa instrumentos diferentes ou apenas muda uma parte específica dele para

determinado repertório orquestral, como é feita essa mudança? Todo o naipe de

trombones também alteram seus instrumentos? (If you use different instruments or just

change a specific part of the instrument for determined orchestral repertoire, how is it

done this change? The whole section of trombones also changes their instruments?)

Sim nós frequentemente mudamos a seção inteira, assim, nós tocamos com o mesmo

tipo de material. Isso beneficia a mistura do som da seção. (“Yes we usually do the

change with the whole section so we play on the same kind of material. This benefits the

blending of the sound of the section”).

4) Se você usa o mesmo trombone baixo para todo repertório sinfônico, você altera a

maneira de executar os trabalhos dos diferentes períodos? Como é realizada essa

mudança? (If you use the same bass trombone for the whole symphonic repertoire, do

you change the way to play the works of different periods? How is this change made?)

É claro que cada peça, cada compositor e cada período necessitam uma diferente

abordagem. No final é o objetivo de um músico, uma orquestra e um maestro voltarem

para a mente do compositor e descobrir qual o som que ele tinha em mente. Portanto,

um f ou ff em Bruckner soam totalmente diferentes em Mahler ou em Mozart. Também

fraseados, articulação e equilíbrio mudam todo o tempo. No final, trata-se de ser um

músico inteligente, com os ouvidos abertos para ouvir ao seu redor e reagir aos outros

músicos. Ouça músicas de diferentes períodos e compare as diferentes interpretações,

de especialistas e de não-especialistas. (“Of course every piece, every composer and

181

every period needs a different approach. In the end it is the goal for a musician,

orchestra an conductor to go back into the mind of the composer and find out what

sound he had in mind. Therefore a F or FF in Bruckner sounds totally different then in

Mahler or in Mozart. Also phrasing, articulation and balance changes everytime. In the

end it is about being a smart musician with open ears to listen around you and react on

the other musicians. Listen music from different periods and compare different

interpretations, from specialists and from non-specialists”).

5) Você gostaria de adicionar alguma informação ou consideração nesta pesquisa? (Would

you like to add some information or consideration in this research?)

Na minha opinião, a parte do terceiro trombone deveria ser também abordada como um

terceiro trombone e não como uma parte separada de trombone baixo. É muito

importante ser o fundo para os outros dois (tenor) trombones da seção. A tuba deve

novamente ser uma extensão disso. Eu não gosto do trombone baixo ser considerado

uma voz separada da seção dos trombones. Para o som da seção, é importante sempre

manter a audição ao seu redor e misturar com os seus colegas. Se uma seção de

violoncelo ou seção de clarinetes tocam a melodia em ff ou p, juntamente com os

trombones ou com um trombone sozinho com a mesma dinâmica é, na minha opinião,

necessário ajustar a dinâmica para a seção de violoncelos ou clarinetes, uma vez que

eles estão tocando na mesma dinâmica e têm a mesma importância na música, desde

que eles toquem a mesma melodia. Novamente, é tudo sobre equilíbrio, conhecer o seu

papel e ajustar, ouvindo os outros músicos ao seu redor. (“In my opinion the 3rd

trombone part should be also approached as a 3rd trombone and not as a separate bass

trombone part. It is very important to be the bottom of the other two (tenor) trombones

in the section. The tuba should again be an extension of this. I don’t like the bass

trombone to be considered a separate voice in the trombone section. For the sound of

the section it is important to always keep listening around you and blend with your

colleagues. If a cello section or clarinet section play a melody in FF or P together with

the trombones or a trombone alone with the same dynamic it is in my view necessary to

adjust the dynamics to the cello or clarinet section since they are playing the same

dynamic and have the same importance in the music since they play the same melody.

Again, it is all about balance, knowing your role and adjusting by listening to the other

musicians around you”).

182

6) Você autoriza o uso dessas informações em minha dissertação? (Do you authorize the

use of this information in my dissertation?)

Sim. (“Yes”).

183

Caro professor Ricardo Santos

Este questionário tem o intuito de obter informações sobre a utilização do trombone

baixo nas obras sacras e sinfônicas do repertório orquestral. Sua contribuição será importante

para o desenvolvimento da minha pesquisa, pois desta maneira, poderei coletar dados

relacionados ao instrumento. Desde já, agradeço a sua atenção e colaboração.

1) Descreva brevemente suas atividades profissionais: Onde você trabalha? Qual é o seu

cargo?

“Trombonista Baixo da Orquestra Sinfônica Brasileira, além de desenvolver atividades

como professor, ministrar masterclasses e recitais”.

2) Você usa o mesmo trombone baixo para todo o repertório sinfônico? Por quê? Quais

são as especificações de calibre, campana e válvulas do instrumento que você usa em

seu trabalho?

“Utilizo o mesmo instrumento para todo repertorio sinfônico pois encontrei um

instrumento que me dê versatilidade para desempenhar as funções que me são propostas

tanto na orquestra como fora. Uso atualmente um trombone Thein, com campana Kruspe

metal, vara standard e válvulas hagman”.

3) Se você usa instrumentos diferentes ou apenas muda uma parte específica dele para

determinado repertório orquestral, como é feita essa mudança? Todo o naipe de

trombones também altera seus instrumentos?

“Não altero instrumento”.

4) Se você usa o mesmo trombone baixo para todo repertório sinfônico, você altera a

maneira de executar os trabalhos dos diferentes períodos? Como é realizada essa

mudança?

“Na minha concepção, é mais importante mudar a maneira de execução dependendo do

repertorio do que apenas fazer a troca de instrumento. Essa mudança só pode ser feita

após pesquisa e conhecimento do repertorio a ser tocado”.

184

5) Você gostaria de adicionar alguma informação ou consideração nesta pesquisa?

“Acredito ser bastante pertinente a pesquisa elaborada levando em consideração que o

instrumento usado como pesquisa, tem poucos materiais sobre o assunto”.

6) Você autoriza o uso dessas informações em minha dissertação?

“Está autorizado a utilização de minhas informações".

185

APÊNDICE 2

Links para acessar os arquivos de áudios com os trechos orquestrais selecionados.

Mozart, W. A., Requiem, Offertorium. Compassos 44 ao 52 (Exemplo 34).

Dobramento de vozes - trombone baixo com campana de 228 mm (9ʺ).

https://www.dropbox.com/s/7yfpgujzytcenxs/Offertorium%20%20Requiem%20de%20Mozar

t.wav?dl=0

Bach, J. S., Jesu Christ meins Lebens Licht, BWV 118. Compassos 1 ao 19 (Exemplo

36).

Baixo contínuo - trombone baixo com campana de 228 mm (9ʺ).

https://www.dropbox.com/s/fs3u9z4h7i5gerr/Jesu%20Christ%20meins%20Lebens%20Licht

%2C%20BWV%20118%20-%20Bach.wav?dl=0

Beethoven, L.V., Symphony n° 5, mov. 4. Compassos 1 ao 12 (Exemplo 38).

Tutti orquestral - trombone baixo com campana de 228 mm (9ʺ).

https://www.dropbox.com/s/hv3ya2zas9io7uv/Symphony%20n%C2%B0%205%2C%20Mov.

%204%C2%B0%20-%20Beethoven.wav?dl=0

Stravinsky, I., Petrushka. Compassos 41 ao 61 (Exemplo 39).

Tutti orquestral - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/samh26uso64mas0/Petrushka%20-%20Stravinsky.wav?dl=0

Schumann, R., Symphony n° 3, mov. 4. Compassos 1 ao 8 (Exemplo 40).

Coro de trombones - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/ml0ijgd51ucn7c0/Symphony%20n%C2%B0%203%2C%20Mov.

%204%20-%20Schumann%2C%20R..wav?dl=0

Wagner, R., Der Fliegende Hollander. Compassos 9 ao 15 (Exemplo 44).

Potência sonora - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/1cyb4scya25g7zn/Der%20Fliegende%20Hollander%20-

%20Wagner%2C%20R.%20%28Trecho%201%29.wav?dl=0

Wagner, R. Der Fliegende Hollander. Compassos 234 ao 243 (Exemplo 26).

186

Potência sonora - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/yv4hjoego1mgrjr/Der%20Fliegende%20Hollander%20-

%20Wagner%2C%20R.%20%28Trecho%202%29.wav?dl=0

Tchaikovsky, P. I., Pas de Deux de The Nutcracker. Compassos 45 e 46 (Exemplo

46).

Trombone baixo e tuba - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/p406o71sud28s31/Pas%20de%20Deux%20de%20The%20Nutcr

acker%20%E2%80%93%20Tchaikovsky%2C%20%28campana%209%2C5%29.wav?dl=0

Tchaikovsky, P. I., Pas de Deux de The Nutcracker. Compassos 45 e 46 (Exemplo

46),

Trombone baixo e tuba - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/tix4enu0cffk7kw/Pas%20de%20Deux%20de%20The%20Nutcra

cker%20%E2%80%93%20Tchaikovsky%2C%20%28campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

Dvorák, A., Carnival Overture. Compassos 271 ao 298 (Exemplo 47).

Trombone baixo e tuba - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/2pw2cxzzrn05wrb/Carnival%20Overture%20%E2%80%93%20

Dvor%C3%A1k%2C%20A.%20%28campana%209%2C5%29.wav?dl=0

Dvorák, A., Carnival Overture. Compassos 271 ao 298 (Exemplo 47).

Trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/vpq0hbtf7igkcu7/Carnival%20Overture%20%E2%80%93%20D

vor%C3%A1k%2C%20A.%20%28campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

Franck, C., Symphony in D minor. Compassos 267 ao 278 (Exemplo 48).

Tessitura aguda - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/adjdd8jfdkmvvco/Symphony%20in%20D%20minor%20%E2%8

0%93%20Franck%2C%20C..wav?dl=0

Mahler, G., Symphony n° 5, mov. 1. Compassos 250 ao 254 (Exemplo 49).

Tessitura grave - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

187

https://www.dropbox.com/s/96gjs0t4qyunsg1/Symphony%20n%C2%B0%205%2C%20mov.

%201%20%E2%80%93%20Mahler%2C%20G.%20%28campana%209%2C5%29.wav?dl=0

Mahler, G., Symphony n° 5, mov. 1. Compassos 250 ao 254 (Exemplo 49).

Tessitura grave - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/ovdlgpdhmf6cfmn/Symphony%20n%C2%B0%205%2C%20mov

.%201%20%E2%80%93%20Mahler%2C%20G.%20%28campana%2010%2C5%29.wav?dl=

0

Bartók, B., Concerto for Orchestra. Compasso 90 (Exemplo 50).

Glissando perfeito - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/am40nuvjdrtqd4f/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%

93%20Bart%C3%B3k%2C%20B.%20%28glissando%20perfeito%2C%20campana%209%2

C5%29.wav?dl=0

Bartók, B., Concerto for Orchestra. Compasso 90 (Exemplo 50).

Glissando perfeito - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/4sy9b2clo20n4qp/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%

93%20Bart%C3%B3k%2C%20B.%20%28glissando%20perfeito%2C%20campana%2010%2

C5%29.wav?dl=0

Bartók, B., Concerto for Orchestra. Compasso 90 (Exemplo 50).

Glissando imperfeito - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/t0c3qh2n91rabvj/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80%

93%20Bart%C3%B3k%2C%20B.%20%28glissando%20imperfeito%2C%20campana%209

%2C5%29.wav?dl=0

Bartók, B., Concerto for Orchestra. Compasso 90 (Exemplo 50).

Glissando imperfeito - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/2u6d7wt4wmhfc9i/Concerto%20for%20Orchestra%20%E2%80

%93%20Bart%C3%B3k%2C%20B.%20%28glissando%20imperfeito%2C%20campana%20

10%2C5%29.wav?dl=0

Stravinsky, I., Petrushka. Compassos 39 ao 42 (Exemplo 51).

188

Efeito de surdina - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/z4d2i1q19h6ykw5/Petrushka%20%E2%80%93%20Stravinsky%

2C%20I.%20%28efeito%20de%20surdina%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0

Schumann, R., Symphony n° 3. Compassos 12 ao 18 (Exemplo 52).

Solo - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/q708p15btzolx1r/Symphony%20n%C2%B0%203%20%E2%80

%93%20Schumann%20%28solo%20tb%29.wav?dl=0

Gershwin, G., An American in Paris. Compassos 390 ao 392 (Exemplo 53).

Solo - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/ik50b0a2nvo2g6x/An%20American%20in%20Paris%20%E2%8

0%93%20Gershwin%2C%20G.%20%28solo%20tb%2C%20campana%209%2C5%29.wav?d

l=0

Gershwin, G., An American in Paris. Compassos 390 ao 392 (Exemplo 53).

Solo - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/xzr1ci2pwf4hl5p/An%20American%20in%20Paris%20-

%20Gershwin%2C%20G.%20%28solo%20tb%2C%20campana%2010%2C5%29.wav?dl=0

Strauss, R., Don Quixote. Compassos 58 ao 60 (Exemplo 54).

Solo - trombone baixo com campana de 241 mm (9,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/cbcs69fwi38rwrc/Don%20Quixote%20%E2%80%93%20Strauss

%2C%20R.%20%28solo%20tb%2C%20campana%209%2C5%29.wav?dl=0

Strauss, R., Don Quixote. Compassos 58 ao 60 (Exemplo 54).

Solo - trombone baixo com campana de 266 mm (10,5ʺ).

https://www.dropbox.com/s/yyyujoguevwhttw/Don%20Quixote%20%E2%80%93%20Straus

s%2C%20R.%20%28solo%20tb%2C%20campana%2010%2C5%29.wav?dl=0