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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DENISE RIBEIRO STORT BUENO FATORES ASSOCIADOS AO DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS NÃO DEMENCIADOS FACTORS ASSOCIATED WITH COGNITIVE PERFORMANCE ELDERLY NON-DEMENTED CAMPINAS 2016

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         UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

DENISE RIBEIRO STORT BUENO

FATORES ASSOCIADOS AO DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS

NÃO DEMENCIADOS

FACTORS ASSOCIATED WITH COGNITIVE PERFORMANCE ELDERLY NON-DEMENTED

CAMPINAS

2016

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DENISE RIBEIRO STORT BUENO

FATORES ASSOCIADOS AO DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS

NÃO DEMENCIADOS

FACTORS ASSOCIATED WITH COGNITIVE PERFORMANCE ELDERLY NON-DEMENTED

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Gerontologia.

Thesis presented to the Faculty of Medical Sciences, from the State University of Campinas as part of the requirements for obtaining the degree of Doctor of Gerontology.

ORIENTADORA: PROFESSORA DOUTORA MARIA ELENA GUARIENTO COORIENTADORA: PROFESSORA DOUTORA FLAVIA SILVA ARBEX

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DE DOUTORADO DEFENDIDA PELA ALUNA DENISE RIBEIRO STORT BUENO, E ORIENTADA PELA PROF. DRA. MARIA ELENA GUARIENTO

CAMPINAS

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Agradecimentos

À minha família, pelo amor diário, compreensão, suporte e apoio

incondicional.

À professora doutora Maria Elena Guariento, minha gratidão, respeito e

admiração pela orientação comprometida e serena, ensinamentos e

direcionamentos.

À professora doutora Anita Neri, sempre pronta a ajudar e compartilhar seu

conhecimento e sabedoria.

À minha coorientadora e grande amiga Flavia Arbex Borim, esse trabalho não

teria sido concluído sem a sua ajuda e participação, sou incapaz de

expressar minha gratidão e admiração por você.

À aluna Daniele Clini Belintani, a união dos nossos trabalhos, deu e dará

muitos frutos.

Aos amigos e colegas da Gerontologia, conviver com vocês, trocar

experiências e partilhar projetos, é o mais valioso deste processo.

Aos membros da banca de defesa: professores doutores Florindo Stella,

José Eduardo Martinelli, Paulo Dalgalarrondo e Samila Satler Batistoni; pela

consideração, interesse, disponibilidade e a certeza de valiosas

contribuições. Muito obrigada!

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Resumo

Objetivo: Descrever e relacionar o desempenho cognitivo de idosos não

demenciados com variáveis sociodemográficas, clínicas e biológicas.

Metodologia: Foram estudados 71 sujeitos com 60 anos e mais sem

hipótese diagnóstica ou diagnóstico confirmado de síndrome demencial. Para

coleta de dados, utilizou-se um inventário contendo informações referentes

aos dados sociodemográficos, os dados clínicos (doenças clinicamente

diagnosticadas) e o resultado dos exames laboratoriais (dosagem dos níveis

séricos de hormônio tireoestimulante - TSH, vitamina B12 e proteína C-

reativa) foram pesquisados no prontuário médico de cada paciente; para

avaliar a cognição foram utilizados o Mini Exame do Estado Mental (MEEM),

as figuras para nomeação e memorização da Bateria Breve de Rastreio

Cognitivo do Nitrini (BBRC) e o Teste Fluência Verbal (FV) - categoria

semântica. Resultados: A maior parte dos sujeitos era mulheres, com mais

de 80 anos e escolaridade entre 1 e 4 anos. A maioria não tinha diagnóstico

de diabete melito, dislipidemia, disfunção tireoidiana, osteoporose e estavam

com seus níveis séricos dentro da normalidade; hipertensão arterial esteve

presente em 81% dos pacientes. A média do MEEM mostrou relação

significativa com gênero e escolaridade; o desempenho dos sujeitos nas

evocações da BBRC foi significativamente maior entre as mulheres, o teste

FV foi influenciado apenas pela escolaridade. A média do MEEM foi

significativamente maior entre os pacientes com diagnóstico clínico de

dislipidemia. Conclusão: Este estudo sugere que idosos acompanhados em

serviço de saúde especializado podem receber tratamento e assim monitorar

os sintomas das morbidades e comorbidades, controlando, entre outros, os

fatores de risco cardiovascular, protegendo-os assim de sofrerem perda

cognitiva.

Palavras chave: Idosos, cognição, variáveis sociodemográficas, clínicas e

biológicas.

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Abstract

Objective: Describe and correlate the cognitive performance of elderly non-

demented, attended the Geriatrics Clinic of the Hospital of Unicamp, with

sociodemographic, clinical and biological variables. Methods: We studied 71

subjects aged 60 and over without diagnosis or confirmed diagnosis of

dementia. For data collection, was used an inventory containing information

concerning sociodemographic data, clinical data (clinically diagnosed

diseases) and the results of laboratory tests (measurement of serum thyroid-

stimulating hormone - TSH, vitamin B12, C-reactive protein) were surveyed in

the medical record of each patient; to assess cognition was used the Mini

Mental State Examination (MMSE), the figures for the appointment and recall

of Cognitive Screening Quick Battery Nitrini (CSB) and the Verbal Fluency

Test (VF) - semantic category. Results: Most of the subjects were women,

with more than 80 years and schooling between 1 and 4 years. Most had no

diagnosis of diabetes mellitus, dyslipidemia, thyroid dysfunction, osteoporosis

and had their serum levels within normal limits; hypertension was present in

81% of patients. The average MMSE showed significant relationship with

gender and education; the performance of the subjects in the evocations of

BBRC was significantly higher among women, the VF test was influenced only

by education. The average MMSE was significantly higher among patients

with a clinical diagnosis of dyslipidemia. Conclusion: This study suggests that

elderly monitored by specialized health service can receive treatment for managing

symptoms of morbidity and comorbidities, controlling, among others, cardiovascular

risk factors, thus protecting them from suffering cognitive loss.

Keywords: Elderly, cognition, socio-demographic, clinical and biological

variables

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Sumário

INTRODUÇÃO................................................................................................. 9

JUSTIFICATIVA............................................................................................. 17

OBJETIVOS................................................................................................... 19

METODOLOGIA.............................................................................................20

RESULTADOS

Artigo 1-............................................................................................... 26

Artigo 2-............................................................................................... 40

DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES....................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 66

Anexo 1-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.................................77

Anexo 2-Parecer do Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da

Unicamp..........................................................................................................78

Anexo 3- Comprovante de submissão do artigo 1 na Revista Brasileira de

Geriatria e Gerontologia..................................................................................81

Anexo 4- artigo 2 traduzido para a língua inglesa....................................... 82

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Introdução

Envelhecimento Cognitivo

O envelhecimento cognitivo é um fenômeno complexo, que comporta

grande variabilidade intra e interindividual. A literatura aponta que neste

processo é possível observar mudanças no desempenho de algumas

habilidades cognitivas1,2. Essas mudanças podem apresentar-se desde os

anos da meia idade, sendo mais comum após os 70 anos. Conforme os

dados obtidos no “Seattle Longitudinal Study”3, não existem padrões

uniformes nessas mudanças. Embora todas as capacidades básicas mostrem

um padrão de crescimento, culminância e contração, os domínios da

cognição que apresentam declínio, o ritmo desse declínio e o produto do

processo do declínio podem apresentar-se de maneira bastante heterogênea

entre os idosos4.

Embora seja consensual a existência de declínio cognitivo relacionado

à idade, estudos nacionais e internacionais demonstram que a maioria dos

idosos envelhece sem declínio significativo ou presença de quadros

demenciais5,6.

No Brasil, um estudo relatou que 30% de indivíduos com 65 anos e

mais tinham algum grau de incapacidade cognitiva, mas sem diagnóstico de

demência7. Xavier8 observou através de um estudo realizado com a

população maior de 80 anos de idade da cidade de Veranópolis, no Rio

Grande do Sul, que cerca de 80% dessa população não tinha demência ou

declínio cognitivo. Em um estudo longitudinal, Cullum et al.2 descreveu as

mudanças em diferentes domínios cognitivos em uma amostra populacional

de idosos não demenciados. Houve declínio em todos os domínios estudados

no período de um ano, mas sem conversão para quadros demenciais.

É consenso também entre os pesquisadores, que o envelhecimento

cognitivo normal é influenciado por processos de natureza genético-biológica

e de natureza sociocultural4.

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Do ponto de vista histórico, Hebb9,10 diferenciou dois tipos de

inteligência, A e B, e estabeleceu que a A, assentada em bases fisiológicas,

alcança o apogeu no início da vida adulta e declina com o avanço da idade;

enquanto a do tipo B, de base educacional e experimental, permanece

preservada a maior parte da vida adulta.

Posteriormente, Horn e Cattell11 propuseram um modelo de

inteligência que fundamenta o raciocínio da maioria das pesquisas sobre o

desenvolvimento intelectual ao longo de toda a vida e da velhice; este modelo

é composto por dois fatores de segunda ordem, os quais receberam o nome

de capacidades fluidas e cristalizadas, as primeiras identificadas com a

noção de natural, e as segundas, com a de experiência.

Em seguida, pesquisadores surgiram com outras metáforas baseadas

no modelo acima de processamento de informação. Baltes12 usou as

metáforas mecânica e pragmática para fazer referência aos mesmos fatores.

Para o autor, a mecânica cognitiva está ligada a condições biológicas; as

capacidades que dependem diretamente dela, tais como raciocínio, memória,

orientação espacial e velocidade perceptual, tendem a declinar lentamente

na idade adulta e mais rapidamente na velhice.

A pragmática cognitiva revela a grande influência da cultura na

cognição. Seu desenvolvimento é presidido pelos processos de socialização,

e é exemplificada pelas habilidades de leitura e escrita, pelas qualificações

educacionais e profissionais, pela capacidade de resolver problemas na vida

cotidiana, pelo conhecimento do self, pelo planejamento e pelo conhecimento

sobre questões existenciais. Esta tende a permanecer estável até 60 ou 70

anos, e seu declínio pode ser mínimo depois disso.

Devido à grande variabilidade no envelhecimento cognitivo, a análise

dos fatores que podem influenciar a cognição tem sido foco de muitos

pesquisadores. A idade cronológica não explica de modo satisfatório este

processo, que está fortemente relacionado a condições intelectuais e de

fatores como saúde física e emocional, nível de escolaridade, atividades

exercidas, estimulação cognitiva anterior e atual, meio social e expectativas

sobre a velhice5.

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Fatores associados ao desempenho cognitivo

O desempenho cognitivo na velhice é um processo multideterminado e

multicausal, entre as diversas variáveis que podem afetar esse desempenho,

destaca-se as sociodemográficas, as associadas ao estilo de vida e

condições de saúde dessa população4. Dentre os fatores mencionados, a

escolaridade impacta de maneira significativa a maioria das tarefas

cognitivas. As experiências intelectuais vividas ao longo do desenvolvimento

e a escolaridade é uma questão crucial no estudo do envelhecimento

cognitivo13.

Os efeitos da alfabetização e da educação formal são observados com

frequência no desempenho em testes neuropsicológicos. Os baixos escores

nos testes de indivíduos analfabetos têm sido reportados por um número

considerável de pesquisas14, 15.

As diferenças no desempenho cognitivo entre os indivíduos

analfabetos e alfabetizados têm sido atribuídas a vários fatores; a aquisição

de habilidades de leitura e escrita pode gerar mudança na organização

cerebral e na atividade cognitiva no geral, influenciando não apenas as

habilidades linguísticas, mas também a capacidade para processar

informações, o pensamento abstrato e aquisição de estratégias para

resolução de problemas. Além disso, as diferenças nas habilidades cognitivas

entre analfabetos e alfabetizados podem também relacionar-se com variáveis

como pobreza e baixo status sócio econômico associado a menor

estimulação cognitiva e ambiental16, 17, 18. Em estudo realizado por Reed et

al.19, a variável escolaridade se mostrou mais significativa que a idade no

desempenho em testes neuropsicológicos.

Estudos que avaliaram áreas da cognição e os testes que sofrem mais

influência da escolaridade, observaram que o seu efeito está presente em

muitos deles, baixa escolaridade está associada a pior performance em

fluência verbal fonética, cálculo, abstração verbal e memória de trabalho; os

testes de memória que envolvem desenhos simples não sofreram influência

desta variável13, 14, 15, 20.

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A educação formal limitada e o analfabetismo representam importante

fator de risco para declínio cognitivo na velhice e um desafio para o

diagnóstico precoce desta condição21.

Fatores como idade e sexo, explicariam parcela da variabilidade do

envelhecimento cognitivo por reunirem diversas condições socioculturais e

biológicas que podem influenciar o estado de saúde e estilo de vida de idosos

que compartilham espaços geopolíticos e culturais22.

Embora a idade cronológica, quando usada como variável

independente, pareça não explicar de modo satisfatório as alterações

cognitivas na velhice23, não se pode negar que o envelhecimento cerebral

pode vir acompanhado por mudanças neurofisiológicas e estruturais que

causam diminuição da massa cerebral branca e cinzenta, alterações nos

neurotransmissores e na fisiologia das conexões sinápticas influenciando o

desempenho cognitivo dos idosos24.

Em relação à influência do gênero na cognição, estudos comparativos

documentam que homens tendem a apresentar melhor desempenho em

tarefas visuoespaciais e as mulheres em provas de memória episódica e

velocidade de processamento25, 26, porém esta associação é controversa, em

parte pelo fato dos achados serem explicados pelas diferenças sócio culturais

e de estilo de vida entre homens e mulheres ao longo da vida 27.

Pesquisas têm apontado que variáveis de saúde física também podem

explicar a variabilidade no envelhecimento cognitivo 28. O aumento do

envelhecimento populacional traz consigo maior prevalência e incidência de

doenças crônicas que estão relacionadas a declínio cognitivo e

desenvolvimento de quadros demenciais.

A presença de comorbidade seria mais frequentemente observada

entre as pessoas com pior desempenho cognitivo, destacando hipertensão

arterial sistêmica, diabete, acidente vascular encefálico e dislipidemia; devido

a possibilidade de ocorrência de danos cerebrovasculares e consequente

influência no funcionamento cognitivo na vida adulta e na velhice 29, 30, 31.

Porém, outros estudos não confirmam essas associações27, 32, 33.

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Outras condições de saúde merecem atenção quando se busca

entender os fatores associados ao desempenho cognitivo dos idosos;

alterações de níveis séricos como o hormônio tireoestimulante (TSH),

vitamina B12 e proteína C-reativa (PCR), que mede processo inflamatório,

podem interferir no desempenho cognitivo dos idosos e apresentar-se como

fator de risco para o desenvolvimento de quadros demenciais34, 35. Fato que

fez a Associação Americana de Neurologia recomendar a dosagem de níveis

de vitamina B12 e TSH, entre outros, no processo diagnóstico de quadros de

Comprometimento Cognitivo Leve.

Forti e colaboradores 36 acompanharam a evolução cognitiva de uma

coorte de idosos e observaram que os sujeitos com alterações no

funcionamento da tireoide tiveram um risco 60% maior de desenvolvimento

de demência vascular. A deficiência de vitamina B12 ocorre com frequência

entre os idosos e esta também pode causar déficit cognitivo 37, 38, 39. Sweat et

al. 40, identificaram uma associação positiva entre níveis elevados de PCR e

pior desempenho cognitivo entre mulheres obesas, particularmente em

tarefas relacionadas ao funcionamento do lobo frontal.

Porém a relação entre performance cognitiva e variáveis bioquímicas,

continua controversa é confirmada em alguns estudos41, 42, 43.

A literatura evidencia a influência de variáveis de saúde, clínicas e

bioquímicas, sobre o envelhecimento cognitivo; porém faltam estudos sobre a

relação temporal entre causa e efeito dessas relações, além de uma melhor

compreensão de como outras variáveis, como por exemplo, tempo e formas

de intervenções para tratamento e controle de doenças e comorbidades,

poderiam interferir no desfecho44.

Avaliação cognitiva do idoso

A avaliação cognitiva no idoso visa, basicamente, diferenciar o

envelhecimento cognitivo normal do patológico; entre os principais objetivos

deste tipo de avaliação estão: estabelecer a presença ou não de disfunção

cognitiva, estabelecer o perfil e a magnitude do declínio em cada função,

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auxiliar no diagnóstico diferencial, contribuir para o planejamento do

tratamento e acompanhar a evolução do quadro45, 46.

É importante considerar que a avaliação cognitiva pode apresentar

limitações, uma das mais impactantes é a ausência de estudos e dados

normativos para a população brasileira em muitos dos testes utilizados. Para

minimizar essas limitações, devem-se seguir alguns princípios na escolha

dos instrumentos, aplicação e na interpretação dos resultados; que devem

considerar a idade, escolaridade, gênero, presença de disfunção sensorial,

contexto sócio cultural do paciente, história de vida e condições de saúde,

possibilitando assim um resultado mais fidedigno, confiável e objetivo47.

Faz-se necessária a diferenciação de três termos relacionados e

bastante utilizados na literatura: avaliação neuropsicológica, avaliação

cognitiva e rastreio cognitivo. A primeira é mais abrangente e inclui, além da

avaliação cognitiva, avaliação da funcionalidade e das alterações de

personalidade, psicológicas, comportamentais e sociais; a segunda se ocupa,

especificamente, de avaliar as funções cognitivas e se diferencia de um

rastreio por ser mais ampla e aprofundada, além de requerer mais tempo e

uma indicação clínica que a justifique45.

Atualmente, existem várias versões disponíveis de instrumentos de

avaliação e rastreio cognitivo que se mostram adequados para uso no Brasil,

embora ainda faltem notas de corte e valores de acurácia bem

estabelecidos48.

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM), elaborado por Folstein et

al.49, é um instrumento de rastreio cognitivo amplamente utilizado. No Brasil,

muitos estudos avaliam sua pontuação, sendo propostas adaptações para a

nota de corte segundo diferentes escolaridades 50. Na prática clínica, o ponto

de corte 23/24 é o mais comumente empregado, apresentando alta

sensibilidade e especificidade para a detecção de comprometimento cognitivo

e demência. Dados apresentados no estudo de51 sugerem as seguintes notas

de corte: 17 para sujeitos analfabetos, 22 para sujeitos com escolaridade

entre 1 e 4 anos, 24 para sujeitos com escolaridade entre 5 e 8 anos e 26

para sujeitos com mais de 9 anos de escolaridade.

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Além do uso do MEEM na prática clínica, este instrumento tem sido

empregado em muitas pesquisas populacionais. A grande maioria dos

estudos que utilizam este instrumento aponta para uma relação entre

desempenho cognitivo e idade, gênero, escolaridade, condições de saúde e

estilo de vida26, 52, 53.

Além do MEEM, outras avaliações bastante utilizadas no Brasil são o

teste do Desenho do Relógio, o teste Fluência Verbal (FV) - categoria

semântica, a lista de palavras do Consortium to Establish a Registry for

Alzheimer’s Disease (CERAD) e as figuras para memorização da Bateria do

Nitrini, sendo que a maioria sofre efeito da escolaridade45, 48, 49.

O teste Fluência Verbal (FV) está constantemente inserido em baterias

neuropsicológicas, mas também tem sido utilizado isoladamente para avaliar

atenção, memória semântica, funções executivas e linguagem48.

Um estudo brasileiro realizado por Brucki et al. 54 buscou avaliar o

desempenho do FV em uma amostra brasileira e verificar a influência da

idade e escolaridade. Os resultados demonstraram que este teste também

sofre influência dessas variáveis, logo se devem utilizar níveis diferenciados

de corte; os dados deste estudo sugerem os seguintes: 9 para indivíduos

com até 8 anos de escolaridade e 13 para indivíduos com mais de 8 anos de

escolaridade. Desde então, muitos estudos brasileiros utilizam o teste FV

seguindo essas notas de corte55, 56.

A Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC) é um instrumento

desenvolvido no Brasil 57, foi projetada para a avaliação de indivíduos com

baixa escolaridade; como também tem acurácia alta no diagnóstico de

demência de Alzheimer em indivíduos com escolaridade alta, é um

instrumento útil para avaliar populações com escolaridade heterogênea,

como ocorre em muitos países em desenvolvimento. Este instrumento tem

sido usado para identificar alterações cognitivas principalmente as

relacionadas com memória 58.

Pereira et al. 56 realizaram um estudo longitudinal para avaliar a

evolução cognitiva de idosos da comunidade sem demência e utilizaram o

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MEEM e a BBRC, esses instrumentos mostraram-se eficazes e sensíveis

como medida cognitiva.

Embora estudos estejam sendo feito por vários grupos de pesquisa no

Brasil em relação aos padrões de normalidade e notas de corte dos

instrumentos que avaliam cognição, essa questão ainda se coloca como uma

das principais limitações neste tipo de avaliação, assim a escolha dos

instrumentos utilizados deve-se sempre levar em consideração as

características da população estudada, principalmente seu nível de

escolaridade.

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Justificativa

O conhecimento sobre o envelhecimento cognitivo é de grande

importância, visto que a manutenção da cognição é um determinante da

qualidade de vida na velhice e que o declínio cognitivo é associado a

desconforto, incapacidade, perda de autonomia e aumento dos custos sociais 59, 60.

O melhor entendimento sobre o impacto das variáveis que estão

associados ao desempenho cognitivo dos idosos, principalmente nos países

em desenvolvimento, e os esforços de diagnóstico e detecção precoce nos

produtos do declínio normal e patológico desta população representam uma

importante questão de saúde pública. O estudo das características do

envelhecimento cognitivo patológico tem fornecido informações relevantes

que auxiliam o processo diagnóstico, porém ainda são escassos estudos que

buscam compreender a variabilidade do desempenho cognitivo entre idosos

que não apresentam neuropatologias 61.

É bem documentada na literatura a relação entre variáveis

sociodemográficas, clínicas e de saúde e o desempenho cognitivo dos

idosos, e o fato destas estarem relacionadas com quadros de

Comprometimento Cognitivo Leve e diagnóstico de demência62. Porém não

se encontram muitos estudos que analisam e comparam o impacto de cada

variável sobre o desempenho cognitivo de idosos em diferentes testes

utilizados para avaliar cognição em populações com características

específicas.

Incluir a observação da relação entre variáveis bioquímicas

(produzidas através de resultados de exames laboratoriais) e

envelhecimento cognitivo, também não é comum nos estudos nacionais, pois

análises de sangue exigem ambiente, procedimentos e profissionais

especializados, deixando uma lacuna no entendimento desta relação.

A área de investigação que busca entender a associação entre

desempenho cognitivo, medidos por instrumentos adaptados para a

população brasileira, e condições de saúde clínica e biológica ainda estão

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aquém do esperado e necessitam de complementação para gerar novos

conhecimentos e abrir espaço para discussão e planejamento de serviços

que busquem descrever e promover os tipos de cuidados que as pessoas

devem receber para usufruírem de um envelhecimento cognitivo saudável,

além de poder gerar informações significativas para diagnósticos

neuropsiquiátricos complexos ou diferenciais, determinando sinais precoces

de comprometimento e sua intensidade. Um melhor entendimento dessas

questões e da variabilidade do desempenho cognitivo de idosos saudáveis do

ponto de vista cognitivo, pode contribuir ainda para sistematizar a abordagem

do envelhecimento cognitivo na prática clínica de profissionais que não

exclusivos da área da neuropsicologia, envolvidos no atendimento e cuidado

aos idosos28, 63.

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Objetivos

Geral

Avaliar o desempenho cognitivo de idosos sem evidência clínica de

demência, atendidos no Ambulatório de Geriatria do Hospital das Clínicas da

Unicamp, e a relação deste parâmetro com variáveis sociodemográficas,

clínicas e bioquímicas.

Específicos

• Descrever o perfil cognitivo de idosos ambulatoriais não demenciados

e sua associação com gênero, idade e escolaridade.

• Avaliar o desempenho cognitivo de idosos não demenciados e sua

relação com variáveis sociodemográficas (gênero, idade e

escolaridade), clínicas (diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica,

diabete melito, dislipidemia e osteoporose) e bioquímicas (níveis de

vitamina B12, TSH e PCR).

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Metodologia

Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, descritivo e

correlacional.

Local da pesquisa e característica do serviço

A pesquisa foi realizada no Hospital das Clínicas da Unicamp no

Ambulatório de Geriatria. Este serviço atende em média 10 idosos por

semana (≥ 60 anos), com cerca de 250 casos estimados ao ano. Os

pacientes são referenciados de serviços de saúde da Região Metropolitana

de Campinas e de outros ambulatórios do HC-Unicamp.

A maioria dos pacientes atendidos possuem diagnóstico das principais

síndromes geriátricas e/ou mais de 80 anos; aproximadamente 30%

apresentam prejuízos cognitivos de média a elevada gravidade, decorrentes

de quadros de demência e Comprometimento Cognitivo Leve - CCL.

Sujeitos

Foram estudados 71 idosos, com idade maior ou igual a 60 anos, que

fazem acompanhamento no Ambulatório de Geriatria do Hospital das Clínicas

da Unicamp. Abaixo estão descritos os critérios de inclusão e exclusão

considerados neste estudo:

• Critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 60 anos; não

apresentar hipótese diagnóstica ou diagnóstico de Comprometimento

Cognitivo Leve, síndrome demencial, limitações físicas, sensoriais e

mentais que poderiam interferir no desempenho dos sujeitos nos

testes aplicados e ter pontuação abaixo da nota de corte na escala

Pfeffer de funcionalidade.

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• Critérios de exclusão: idosos que não tenham capacidade ou

disponibilidade para se submeterem à aplicação de testes

neuropsicológicos e posterior coleta de sangue.

O número de sujeitos foi definido considerando o número de variáveis

estudadas e o total dos pacientes não demenciados atendidos no

Ambulatório de Geriatria. As variáveis bioquímicas foram definidas

considerando a possibilidade de serem dosadas sem jejum prévio.

Instrumentos

Para coleta de dados utilizou-se um inventário contendo informações

referentes aos dados sociodemográficos, a pesquisa dos dados clínicos

(número e tipo de doenças diagnosticadas segundo Classificação

Internacional de Doenças – 10) foi realizada no prontuário médico de cada

paciente; para avaliar cognição foram utilizados o MEEM (Mini Exame do

Estado Mental), as figuras da Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC) do

Nitrini e o Teste Fluência Verbal (FV) - categoria semântica.

Coleta de dados sociodemográficos e clínicos

• Questionário sociodemográfico: realizado a partir da elaboração de

uma entrevista estruturada contendo perguntas referentes aos dados

pessoais, cidade onde mora, co-habitação, sexo, idade, naturalidade,

estado civil, anos de escolaridade, atividade profissional e renda

familiar.

• Pesquisa no prontuário médico do paciente para obter os diagnósticos

clínicos confirmados.

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22    

 

Instrumentos para avaliação cognitiva

1) Mini Exame do Estado Mental (MEEM): o MEEM49 é o teste de rastreio

cognitivo mais utilizado mundialmente. O exame consiste num

questionário de vinte itens que avalia funções como orientação

temporo-espacial, memória, atenção, cálculo, linguagem, praxia e

execução visuoconstrucional, com pontuação máxima de 30 pontos. A

aplicação dura, em média, 10 minutos. No Brasil, o MEEM foi

amplamente avaliado acerca de sua pontuação, sendo propostas

adaptações para nota de corte segundo diferentes níveis de

escolaridade50, 51.

2) Teste de memória da Bateria Breve de Rastreio Cognitivo do Nitrini

(BBRC): este teste contém 10 figuras; pede-se ao paciente para

nomear e memorizar as mesmas. Avalia nomeação, memória

incidental, imediata, de aprendizagem, de evocação e

reconhecimento64.

3) Teste Fluência Verbal (FV)- categoria semântica: é um instrumento

simples, que consiste na nomeação do maior número possível de

animais durante um minuto. Este teste avalia atenção, memória

semântica, funções executivas e linguagem. Estudos brasileiros

estipularam nota de corte segundo padrões de escolaridade e etário65.

Instrumento para avaliar sintomas depressivos � Escala de Depressão Geriátrica – forma reduzida (GDS): esta escala

foi desenvolvida especificamente para a população idosa, consiste em

15 perguntas que indicam a presença ou ausência de sintomas

referentes a mudanças no humor e a sentimentos específicos como

desamparo, inutilidade, desinteresse e infelicidade; não inclui sintomas

somáticos. Estudos realizados utilizando a versnao brasileira da GDS,

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evidenciam que esta oferece medidas válidas para o diagnóstico de

episódio de depressão maior66.

Análises laboratoriais

As dosagens de Vitamina B12, TSH e Proteína-C reativa foram

quantificadas em soro sanguíneo e analisadas no Laboratório de Análises

Clínicas do Hospital das Clínicas da Unicamp.

Procedimentos

Os dados foram coletados pela pesquisadora responsável durante as

atividades do ambulatório de Geriatria que acontecem às quintas feiras das

14h00 às 17h00. Os idosos que compareceram para a consulta e cumpriram

os critérios de inclusão foram convidados a participarem da pesquisa.

A coleta de dados através dos instrumentos propostos foi realizada em

um único encontro, antes ou depois da consulta médica, com duração de,

aproximadamente, 40 minutos. A mesma aconteceu após a apresentação

dos objetivos e procedimentos da pesquisa e o preenchimento do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Ao final deste procedimento, os sujeitos receberam uma requisição de

exame de sangue (para análise dos níveis de vitamina B12, PCR e TSH),

preenchida e assinada pela médica responsável do serviço. Os mesmos

foram encaminhados para o Laboratório de Análises Clínicas do Hospital das

Clínicas da Unicamp onde foi realizada a coleta de sangue e análise do

material. Os resultados dos exames foram acessados através do prontuário

médico e do sistema digital do Hospital por uma aluna de graduação do curso

de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, a qual

colaborou com a coleta de dados.

A coleta dos dados foi realizada durante o ano de 2014.

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Histórico do projeto

Foi realizado um estudo piloto, onde aplicou-se o teste do desenho do

relógio (TDR), porém devido à baixa escolaridade da população estuda, uma

grande parcela apresentou dificuldade ou se recusou a realizar a tarefa. Esse

fato, somado ao tempo limitado para aplicação dos instrumentos propostos,

fez com que a pesquisadora excluísse a aplicação do TDR.

Devido à dinâmica de atendimentos do ambulatório de Geriatria onde

esta pesquisa foi realizada, foi possível pesquisar em média dois idosos por

semana.

Análise dos dados

Os dados foram analisados por professores da Pós Graduação em

Gerontologia e pela equipe de estatística da Faculdade de Ciências Médicas

da Unicamp.

Produziu-se estimativas de prevalências e respectivos intervalos de

confiança de 95%. Para a análise das variáveis numéricas foram realizados

os testes paramétricos e não-paramétricos, T-Student e Mann-Whitney, para

a comparação entre dois grupos ou ANOVA e Kruskal-Wallis, para a

comparação entre três ou mais grupos. Utilizou-se as análises de regressão

univariada e multivariada para estimar as variáveis que apresentaram

associação mais significativa com melhor desempenho cognitivo. O nível de

significância adotado em todos os testes estatísticos foi de 5% (p < 0,05).

Aspectos Éticos

O Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da

Unicamp aprovou sem restrições o Protocolo (Resolução 466/2012 CNS/MS)

desta pesquisa, bem como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A

coleta de dados seguiu os padrões deste Comitê.

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Resultados

Foram elaborados dois artigos com os dados originados desta

pesquisa. O artigo 1, intitulado “Relações entre desempenho cognitivo e

variáveis sociodemográficas”, teve como objetivo descrever o desempenho

cognitivo de idosos ambulatoriais, sem evidência clínica de demência, e sua

associação com gênero, idade e escolaridade, o mesmo foi submetido na

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (Anexo 3).

O segundo artigo, intitulado “Fatores associados ao desempenho

cognitivo de idosos ambulatoriais não demenciados”, teve como objetivo

avaliar o desempenho cognitivo de idosos sem evidência clínica de

demência, e a relação deste parâmetro com variáveis sociodemográficas

(idade, gênero e nível de escolaridade), clínicas (diagnóstico de hipertensão

arterial sistêmica, diabete melito, dislipidemia e osteoporose) e bioquímicas

(níveis de vitamina B12, TSH e PCR), o mesmo foi submetido no Pan-

American Journal of Aging Research-PAJAR, traduzido para o inglês (Anexo

4).

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Artigo 1-Relação entre desempenho cognitivo e variáveis sociodemográficas

em idosos ambulatoriais

Relationship between cognitive performance and sociodemographic variables

in elderly outpatients

Denise Ribeiro Stort Bueno, Daniele Clini Belintani, Flavia Silva Arbex Borim

e Maria Elena Guariento

Resumo

Objetivo:O objetivo deste estudo foi descrever o desempenho cognitivo de

idosos ambulatoriais, sem diagnóstico de demência, e sua associação com

gênero, idade e escolaridade. Metodologia: Foram estudados 71 sujeitos (≥

60 anos). Dados sociodemográficos foram coletados através de entrevista;

para avaliar cognição utilizou-se o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), o

desempenho em memória foi avaliado pela memorização de 10 figuras da

Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC), funções executivas e linguagem

foram avaliadas através do teste Fluência Verbal (FV) - categoria animais.

Resultados: A maior parte dos sujeitos era mulheres, com mais de 80 anos e

escolaridade entre 1 e 4 anos. A média do MEEM mostrou relação

significativa com gênero (p<0,003) e escolaridade (p<0,001); o desempenho

dos sujeitos nas evocações da BBRC foi significativamente maior entre as

mulheres, o teste FV foi influenciado apenas pela escolaridade (p<0,01).

Conclusão: O presente estudo mostrou associação do desempenho

cognitivo com escolaridade e gênero. Entretanto, evidenciou que a depender

do instrumento utilizado para avaliar cognição, pode-se obter resultados

diferenciados quanto a esse tipo de associação, o que implica buscar fazer

uma seleção desses instrumentos, que possibilite informações para

diagnósticos neuropsiquiátricos precoces. Palavras-chave: idosos,

cognição, variáveis sociodemográficas

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Abstract

Objective: The objective of this study was to describe the cognitive

performance of elderly outpatients without diagnosis of dementia , and its

association with gender , age and education. Methods: 71 subjects were

studied (≥ 60 years). Sociodemographic data were collected through

interviews; to assess cognition used the Mini Mental State Examination

(MMSE), the performance on memory was assessed by the memorization of

10 figures of Brief Cognitive Screening Battery (BCSB) , executive functions

and language were evaluated through the Verbal Fluency Animal Category

(VF). Results: Most of the subjects were women, with more than 80 years

and schooling between 1 and 4 years. The average MMSE showed significant

relationship with gender (p<0,003) and education (p<0,001); the performance

of the subjects in BCSB was significantly higher among women, the VF test

was influenced only by education (p<0,01). Conclusion: This study showed

an association of cognitive performance with education and gender. However,

it was shown that depending on the instrument used to assess cognition, can

be obtained different results as to this type of association which implies

seeking to make a selection of these instruments, which enables information

to early neuropsychiatric diagnoses.

Keywords: elderly, cognition, socio-demographic variables

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Introdução

A velhice é usualmente marcada por mudanças no desempenho

cognitivo, sendo que os domínios da cognição que apresentam declínio, o

ritmo e o produto deste processo, podem apresentar-se de maneira bastante

heterogênea entre os idosos. A literatura aponta que a manifestação das

alterações cognitivas é influenciada por processos de natureza genético-

biológica, sociocultural, estilo de vida e fatores emocionais 1.

Entre as variáveis que podem afetar a cognição dos idosos e aumentar

o risco do desenvolvimento de quadros demenciais destacam-se a idade e a

escolaridade. Idosos mais velhos e com menor escolaridade tendem a ter

pior desempenho cognitivo 2. Estudos apontam que após os 70 anos é mais

comum observar alterações 3. As diferenças relacionadas à escolaridade e os

baixos escores nos testes de indivíduos analfabetos ou com poucos anos de

escolaridade têm sido reportadas por um número considerável de pesquisas 4,5. Já em relação ao gênero, os dados apontados na literatura são

conflitantes, ou seja, alguns estudos sugerem desempenho cognitivo superior

entre as mulheres, enquanto outros entre os homens, ou não encontram

diferença significativa entre os gêneros 4,6.

O desempenho cognitivo dos idosos pode ser medido através de

diferentes instrumentos, utilizados tanto em pesquisas quanto na prática

clínica. O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) 7, é um dos instrumentos de

rastreio cognitivo mais utilizado no Brasil e no mundo, verifica-se que a maioria

dos estudos aponta uma relação entre a pontuação deste teste e variáveis

sociodemográficas 6.

Outros testes são utilizados para ampliar e aprofundar a avaliação de

funções cognitivas específicas, tais como o teste Fluência Verbal (FV), que

está constantemente inserido em baterias neuropsicológicas, mas também

tem sido utilizado isoladamente para avaliar atenção, memória semântica,

funções executivas e linguagem. Na literatura já se evidenciou forte influência

da escolaridade, gênero e idade nos escores do FV 8.

A Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC) 9 é um instrumento

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desenvolvido no Brasil. Ele inclui a avalição mais detalhada da memória, e foi

projetado para indivíduos com baixa escolaridade; porém em alguns estudos

realizados com idosos saudáveis, o desempenho dos mesmos nessa bateria

sofreu influência da idade e escolaridade 10.

Identificar as prevalências e os efeitos de variáveis como gênero,

escolaridade e idade sobre a cognição tem sido um tema de intensa

investigação científica, destaca-se a importância desse tipo de prática

quando se considera a sobreposição de variáveis antecedentes com a

grande heterogeneidade nas condições de saúde, funcionais e sociais,

principalmente entre idosos ambulatoriais que apresentam perfil de saúde,

muitas vezes, diferenciado em relação aos idosos da comunidade, com

manifestação de um maior número de doenças e condições crônicas 11. O

objetivo deste estudo foi descrever o desempenho cognitivo de idosos

ambulatoriais, sem diagnóstico de demência, e sua associação com gênero,

idade e escolaridade.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo transversal. A amostra constituiu-se de 71

sujeitos com idade maior ou igual a 60 anos, acompanhados no Ambulatório

de Geriatria de um Hospital Público Terciário. Para este estudo, os critérios

de inclusão adotados foram ter idade igual ou superior a 60 anos; não

apresentar suspeita clínica ou diagnóstico de síndrome demencial, nem

limitações físicas, sensoriais e mentais para realizar avaliação cognitiva. Os

critérios de exclusão foram idosos com hipótese ou diagnóstico confirmado

de síndrome demencial; não ter capacidade ou disponibilidade para se

submeter à aplicação de teste cognitivo e coleta de sangue.

Os dados foram coletados pelas pesquisadoras durante as atividades

do Ambulatório de Geriatria do serviço de um hospital público terciário. Os

idosos que compareceram para a consulta e cumpriram os critérios

estabelecidos foram convidados a participar da pesquisa que aconteceu em

um único encontro, antes ou depois da consulta médica.

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Para obtenção dos dados sociodemográficos, realizou-se uma

entrevista semiestruturada com os sujeitos. Desempenho cognitivo foi

avaliado através do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) 7, do teste de

memória da Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC) 9 e Fluência Verbal

categoria animais (FV) 12. O MEEM é composto por sete categorias que

avaliam funções cognitivas específicas como orientação, memória imediata e

de aprendizagem, atenção, cálculo, linguagem e capacidade

visuoconstrutiva. Os pontos deste instrumento foram trabalhados como

variável contínua em uma escala de 0 a 30. O teste de memória da BBRC

exige a nomeação e memorização de 10 figuras, avalia nomeação, memória

incidental, imediata, de aprendizagem, evocação e reconhecimento, a

pontuação deste teste vai de 0 a 10 na nomeação e em cada memorização.

FV é um instrumento simples, consiste na nomeação do maior número

possível de animais durante um minuto, propõe-se a avaliar atenção,

memória semântica, funções executivas e linguagem.

Os resultados foram apresentados na forma de média (± desvio

padrão), mediana e respectivos valores mínimo e máximo. Foi utilizado o

teste U de Mann Whitney (para a comparação entre dois grupos) e Kruskal

Wallis (para a comparação entre três ou mais grupos) para variáveis

discretas com distribuição não normal. As variáveis contínuas ou discretas

com distribuição normal foram avaliadas pelo teste t de Student (para a

comparação entre dois grupos) e ANOVA (para a comparação entre três ou

mais grupos). Nos casos de diferenças na comparação entre três grupos

foram feitos ajustes, a partir do teste de Bonferroni. O nível de significância

adotado em todos os testes estatísticos foi de 5% (p < 0,05).

O Comitê de Ética em Pesquisa local aprovou sem restrições o

Protocolo desta pesquisa (Resolução 466/2012 CNS/MS), bem como o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os procedimentos

seguiram os padrões deste Comitê. Os sujeitos receberam as informações

detalhadas sobre os procedimentos da pesquisa e esta teve início depois que

os mesmos assinaram o TCLE.

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Resultados

Por meio de análise descritiva, verificou-se que a maior parte dos

sujeitos era mulheres (70,4%), com 80 anos e mais (47,9%) e entre 1 e 4

anos de escolaridade (50,7%).

Na tabela 1 encontra-se a descrição do desempenho cognitivo dos

idosos, considerando cada teste aplicado.

O desempenho dos sujeitos no MEEM mostrou-se significativamente

diferente considerando gênero (p<0,003) e escolaridade (p<0,001). Os

homens obtiveram média maior; quando divididos em faixas de escolaridade,

os idosos analfabetos tiveram pior desempenho em relação ao grupo com

mais de cinco anos de escolaridade. A nomeação de figuras e a

memorização, avaliada através da BBRC, não sofreram influência da idade e

escolaridade, porém as mulheres tiveram média significativamente mais altas

que as dos homens nos testes de memorização. No teste FV, os sujeitos com

mais de cinco anos de escolaridade obtiveram média significativamente maior

quando comparados aos outros dois grupos (p≤0,01); não foram encontradas

diferenças significativas em relação ao gênero e idade. Os resultados dessas

análises estão detalhados nas tabelas 2 e 3.

Discussão

Os resultados deste estudo reafirmam a influência da escolaridade na

média do MEEM e no teste FV. Idosos com maior escolaridade apresentaram

melhor desempenho nesses instrumentos, dados semelhantes aos

encontrados em pesquisas que observam essa relação 8,13. As médias de

nomeação e memorização da BBRC não apresentaram diferenças

significativas, considerando os diferentes níveis de escolaridade. Efeitos da

alfabetização e da educação formal são observados com frequência no

envelhecimento cognitivo e no desempenho em testes neuropsicológicos14.

Levando em conta o impacto dessa variável e o grande número de idosos

com baixa escolaridade no Brasil, um grupo de pesquisadores brasileiros

desenvolveu a BBRC para avaliar a cognição de indivíduos de baixa

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escolaridade, sendo que esse instrumento tem se mostrado sensível para

auxiliar no diagnóstico de quadros demenciais em idosos com maior

escolaridade, o que o torna uma importante ferramenta para populações com

diferentes níveis educacionais 15; por isso é esperado que este possa não

sofrer influência da escolaridade.

Nesta pesquisa, os homens tiveram média significativamente maior no

MEEM, enquanto as mulheres tiveram melhor desempenho nas evocações

da BBRC; porém, não foi observada diferença significativa entre os gêneros e

o valor médio no teste FV. Proust-Lima et al.,16 através de um estudo

populacional, demonstraram que o desempenho de mulheres idosas é

melhor em tarefas verbais, enquanto os homens tem melhor desempenho

nos testes que envolvem tarefas visuoespacias; o estudo sugere, ainda, ao

observar o desempenho cognitivo global entre os idosos mais velhos, que as

mulheres tendem a ter um declínio mais acentuado. Esses achados podem

explicar os resultados desta pesquisa considerando que a maioria dos

sujeitos tem mais de 80 anos, e que o MEEM é um teste que avalia a

cognição global e envolve tarefa visuoespacial e a BBRC envolve tarefa

verbal.

A literatura indica dados conflitantes sobre a influência do gênero no

envelhecimento cognitivo 6,13. A maioria dos estudos que observam essa

questão utilizam instrumentos que avaliam poucos domínios cognitivos,

deixando uma lacuna na compreensão do impacto do envelhecimento no

cérebro de homens e mulheres16. É importante ressaltar e considerar que a

diferença na cognição entre os gêneros pode ser modulada por fatores

ligados à maior vulnerabilidade social às quais as mulheres estão expostas

ao longo do curso de vida 4.

Ao contrário dos resultados encontrados em outras pesquisas 13,17, a

idade não impactou de maneira significativa o valor médio dos instrumentos

utilizados para avaliar cognição. Esse fato pode ser explicado pelos critérios

relacionados à inclusão dos pacientes no serviço de saúde e o perfil da

população estudada. O ambulatório de geriatria onde esta pesquisa foi

realizada prioriza o atendimento de idosos com mais de 80 anos, ou quando

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presente as principais síndromes geriátricas; são idosos mais velhos ou com

um número de comorbidades e limitações que podem interferir no

funcionamento cognitivo 18,19, convergindo com as discussões de que a idade

cronológica, isoladamente, não explica de modo satisfatório o

envelhecimento cognitivo20.

Em síntese, os resultados reportados neste trabalho sugerem impacto

significativo das variáveis sociodemográficas sobre o envelhecimento

cognitivo, além de replicar relações bem estabelecidas na literatura

gerontológica nacional e internacional; porém a associação desses fatores

pode apresentar-se de maneira diferenciada, a depender das características

da população idosa e dos instrumentos utilizados. Portanto, compreender

profundamente essas relações orienta na construção e seleção de

instrumentos para avaliar cognição e na interpretação dos seus resultados,

gerando informações importantes para diagnósticos neuropsiquiátricos

precoces.

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Tabelas

Tabela 1- Média e desvio padrão do MEEM, do teste de memória da BBRC e do FV

Média (DP) Mínimo Mediana Máximo

MEEM 22,88 (3,56) 12 23 30

BBRC

Nomeação* 9,74 (0,62) 7 10 10

Incidental 5,15 (1,07) 3 5 7

Imediata 6,80 (1,54) 3 7 9

Aprendizagem* 7,64 (1,57) 3 8 10

Evocação* 6,57 (1,77) 1 7 10

Fluência Verbal 13,67 (4,54) 5 13 26

* Não apresentaram distribuição normal

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Tabela 2- Média e desvio padrão dos testes cognitivos em relação à sexo e idade

Sexo Idade

Fem.

Média (dp)

Masc.

Média (dp)

p-valor

60-69

Média (dp)

70-79

Média(dp)

80 +

Média (dp)

p-valor

MEEM 22,12 (3,46) 24,80 (3,12) 0,003 21,86 (4,35) 23,09 (3,16) 23,21 (3,44) 0,400

BBRC

Nomeação 9,84 (0,37) 9,52 (0,98) 0,320 9,8 (0,41) 9,90 (0,29) 9,61 (0,81) 0,351

Incidental 5,44 (1,05) 4,47 (0,81) <0,001 5,06 (1,03) 5,00 (1,06) 5,29 (1,11) 0,577

Imediata 7,06 (1,55) 6,19 (1,36) 0,029 7,53 (1,50) 6,54 (1,40) 6,64 (1,59) 0,115

Aprendizagem 7,98 (1,43) 6,85 (1,65) 0,004 8,20 (1,78) 7,72 (1,16) 7,35 (1,68) 0,147

Evocação 6,80 (1,66) 6,04 (1,93) 0,059 7,07 (1,57) 6,68 (1,67) 6,29 (1,89) 0,427

Fluência Verbal

13,74 (3,71)

13,52 (6,11)

0,856

12,00 (4,19)

15,13 (4,10)

13,47 (4,78)

0,110

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Tabela 3 - Média e desvio padrão dos testes cognitivos em relação à escolaridade

Nunca Estudou

1 a 4 anos

+ de 5 anos

Média (dp) Média (dp) Média (dp) p-valor

MEEM 20,75(2,84) 22,77(3,66) 24,89(2,86) <0,001

BBRC

Nomeação 9,37 (1,02) 9,86 (0,42) 9,84 (0,37) 0,061

Incidental 4,75 (1,00) 5,44 (0,99) 4,94 (1,17) 0,059

Imediata 6,50 (1,63) 6,91 (1,66) 6,84 (1,25) 0,669

Aprendizagem 7,37 (1,58) 7,66 (1,69) 7,84 (1,38) 0,685

Evocação 6,31 (1,85) 6,63 (1,83) 6,68 (1,63) 0,632

Fluência Verbal 12,62 (5,00) 12,75 (4,02) 16,31 (4,23) 0,01

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Referências

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Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM (Eds). Tratado de Geriatria e

Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 1461-76.

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40    

 

Artigo 2- Fatores associados ao desempenho cognitivo de idosos

ambulatoriais não demenciados

Factors associated with cognitive performance of non-demented elderly

outpatients

Denise Ribeiro Stort Bueno, Daniele Clini Belintani, Flavia Silva Arbex Borim

e Maria Elena Guariento

Resumo

Objetivo: avaliar o desempenho cognitivo de idosos ambulatoriais, não

demenciados, e a relação deste com variáveis sociodemográficas, clínicas e

bioquímicas. Metodologia: Foram estudados 71 sujeitos (≥ 60 anos). Dados

sociodemográficos foram coletados através de entrevista; para avaliar

cognição utilizou-se o MEEM, as variáveis clínicas foram observadas no

prontuário médico do paciente e as medidas bioquímicas através de exame

de sangue que dosou níveis séricos de vitamina B12, TSH e PCR.

Resultados: A maior parte dos sujeitos era mulheres, com mais de 80 anos e

escolaridade entre 1 e 4 anos. A maioria não tinha diagnóstico de diabete

melito, dislipidemia, disfunção tireoidiana, osteoporose e estavam com seus

níveis séricos dentro da normalidade; hipertensão arterial esteve presente em

81% dos pacientes. A média do MEEM mostrou relação significativa com

gênero, escolaridade e dislipidemia, a presença deste diagnóstico foi

relacionada com melhor desempenho cognitivo. Conclusão: Este estudo

sugere que idosos acompanhados em serviço de saúde especializado podem

receber tratamento e assim monitorar os sintomas das morbidades e

comorbidades, controlando, entre outros, os fatores de risco cardiovascular,

protegendo-os assim de sofrerem perda cognitiva.

Palavras-chave: idosos, serviço de geriatria, cognição, variáveis clínicas e

biológicas

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Abstract

Objective: To evaluate the cognitive performance of non-demented elderly

outpatients and its relation with sociodemographic, clinical and biochemical

variables. Methods: 71 subjects (≥ 60 years) were studied.

Sociodemographic data were collected in interviews; to assess cognition

MMSE was used, the clinical variables were taken from the patient's medical

record and biochemical measures were taken by examination of blood which

dosed serum levels of vitamin B12, TSH and CRP. Results: Most of the

subjects were women, older than 80 years and education between 1 and 4

years. Most of them had no diagnosis of diabetes mellitus, dyslipidemia,

thyroid dysfunction, osteoporosis and had their blood levels within the normal

range; hypertension was present in 81% of patients. The average MMSE

showed significant relation with gender, education and dyslipidemia; the

presence of this diagnosis was related to better cognitive performance.

Conclusion: This study suggests that elderly monitored by specialized health

service can receive treatment for managing symptoms of morbidity and

comorbidities, controlling, among others, cardiovascular risk factors, thus

protecting them from suffering cognitive loss.

Keywords: elderly, geriatrics service, cognition, clinical and biological

variables

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Introdução

O envelhecimento cognitivo é um fenômeno complexo que comporta

grande variabilidade intra e interindividual. O conhecimento deste processo é

de grande importância, visto que a manutenção da cognição é um

determinante da qualidade de vida na velhice e que o declínio cognitivo é

associado a desconforto, incapacidade, perda de autonomia e aumento dos

custos sociais1.

A avaliação cognitiva é parte importante na atenção ao idoso. O Mini

Exame do Estado Mental (MEEM), elaborado por Folstein et al.2,é um dos

instrumentos de rastreio mais utilizado em todo o mundo. No Brasil, tem sido

amplamente avaliado quanto aos valores de pontuação, sendo propostas

adaptações das notas de cortes de acordo com o grau de escolaridade dos

indivíduos3. Além do seu uso na prática clínica, tem sido utilizado em

pesquisas com diferentes metodologias, sendo que a maioria dos estudos

que utilizam este instrumento mostra uma relação entre desempenho

cognitivo e idade, gênero, escolaridade, condições de saúde e estilo de vida4.

O aumento do envelhecimento populacional acarreta maior prevalência

de condições crônicas que estão relacionadas ao declínio cognitivo e

desenvolvimento de quadros demenciais5. Doenças cardiovasculares,

endócrino-metabólicas e musculoesqueléticas podem estar relacionadas com

pior desempenho cognitivo6,7,8,9, embora encontre na literatura dados que

contradizem essa afirmação5,10. Níveis séricos de vitamina B12, hormônio

tireoestimulante (TSH) e proteína C-reativa (PCR) também podem estar

associados com alteração do funcionamento cognitivo no

envelhecimento11,12,13,14.

Destaca-se que o melhor entendimento sobre o impacto das variáveis

que estão relacionadas ao desempenho cognitivo dos idosos, principalmente

nos países em desenvolvimento, e os esforços de diagnóstico e detecção

precoce nos produtos do declínio normal e patológico desta população

representam uma importante questão de saúde pública15.

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43    

 

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o

desempenho cognitivo de idosos sem evidência clínica de demência,

atendidos no Ambulatório de Geriatria do Hospital de Clínicas da Unicamp, e

a relação deste parâmetro com variáveis sociodemográficas (idade, gênero e

nível de escolaridade), clínicas (diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica,

diabete melito, dislipidemia e osteoporose) e bioquímicas (níveis de vitamina

B12, TSH e PCR).

Material e Métodos

Amostra

Trata-se de um estudo transversal. A amostra constituiu-se de 71

sujeitos com idade maior ou igual a 60 anos, acompanhados no Ambulatório

de Geriatria de um Hospital Público Terciário. Para este estudo, os critérios

de inclusão adotados foram ter idade igual ou superior a 60 anos; não

apresentar suspeita clínica ou diagnóstico de síndrome demencial, nem

limitações físicas, sensoriais e mentais para realizar avaliação cognitiva. Os

critérios de exclusão foram idosos com hipótese ou diagnóstico confirmado

de síndrome demencial; não ter capacidade ou disponibilidade para se

submeter à aplicação de teste cognitivo e coleta de sangue.

Procedimentos

O Comitê de Ética em Pesquisa local aprovou sem restrições o

Protocolo desta pesquisa (Resolução 466/2012 CNS/MS), bem como o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os procedimentos

seguiram os padrões deste Comitê. Os sujeitos receberam as informações

detalhadas sobre os procedimentos da pesquisa e esta teve início depois que

os mesmos assinaram o TCLE.

A avaliação cognitiva foi realizada através do Mini Exame do Estado

Mental (Folstein et al., 1975), composto por sete categorias que avaliam

funções cognitivas específicas como orientação, memória imediata e de

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44    

 

aprendizagem, atenção, cálculo, linguagem e capacidade visuoconstrutiva.

Os pontos deste instrumento foram trabalhados como variável contínua em

uma escala de 0 a 30.

Para obtenção dos dados sociodemográficos, realizou-se uma

entrevista semi-estruturada. Foi feita pesquisa no prontuário médico para os

dados clínicos e diagnósticos considerados nesta pesquisa (segundo

Classificação Internacional de Doenças- 10). Essas variáveis foram

trabalhadas categoricamente (presença ou ausência de diagnóstico e exame

de sangue alterado ou normal, respectivamente).

Os dados foram coletados pela pesquisadora durante as atividades

ambulatoriais. Os idosos que compareceram para a consulta e cumpriram os

critérios estabelecidos foram convidados a participar da pesquisa que

aconteceu em um único encontro, antes ou depois da consulta médica. Após

a aplicação dos instrumentos propostos, os sujeitos receberam uma

requisição de exame de sangue para análise dos níveis de vitamina B12, TSH

e PCR, e foram encaminhados ao Laboratório de Patologia Clínica do

Hospital onde realizaram a coleta. As análises foram feitas pelo laboratório e

os resultados anexados ao prontuário e verificados pelas pesquisadoras

responsáveis.

A escolha das variáveis clínicas consideradas nesta pesquisa baseou-

se na observação das quatro doenças mais frequentes no serviço

(hipertensão arterial sistêmica, disfunção tireoidiana, osteoporose e diabetes

mellitus respectivamente). Foram considerados como variáveis bioquímicas

os níveis de TSH, vitamina B12 e PCR que podem estar associados a

comprometimento da função cognitiva. Além disso, a mensuração desses

parâmetros não requer jejum prévio, o que facilitava a logística da coleta de

sangue para esse fim e a fidedignidade da associação dos resultados com

performance cognitiva dos sujeitos.

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Análise dos dados

Para as análises desta pesquisa foram produzidas estimativas de

prevalências e respectivos intervalos de confiança de 95%. Após a realização

do teste de Shapiro-Wilk, foi encontrada distribuição normal nos escores do

MEEM. Portanto para as análises das variáveis numéricas foram realizados

os testes paramétricos T-Student (para a comparação entre dois grupos) e

ANOVA (para a comparação entre três ou mais grupos). Também foram

usadas as análises de regressão univariada e multivariada para estimar as

variáveis que apresentaram associação mais significativa com pior

desempenho cognitivo. O nível de significância adotado em todos os testes

estatísticos foi de 5% (p < 0,05).

Resultados

Por meio de análise descritiva, verificou-se que a maior parte dos

sujeitos era mulheres (70,4%), com 80 anos e mais (47,9%) e escolaridade

entre 1 a 4 anos (50,7%). Em relação às variáveis clínicas, observou-se

predomínio de indivíduos que não apresentavam diabetes melitus (81,7%),

disfunção tireoidiana (67,6%), dislipidemia (56,3%) e osteoporose (67,6%);

hipertensão arterial sistêmica foi o diagnóstico presente na grande maioria

dos indivíduos avaliados (81,7%). Os resultados dos exames de sangue

evidenciaram níveis normais de TSH, vitamina B12 e PCR na maioria dos

sujeitos (76,0%, 85,3% e 66,1% respectivamente).

Observou-se média de 22,9 pontos (±3,5 dp) no MEEM. Como indica a

tabela 1, o desempenho cognitivo dos sujeitos neste teste mostrou diferença

significativa por gênero (p<0,003) e escolaridade (p<0,001). Os homens

obtiveram média maior, e quando divididos em faixas de escolaridade, os

idosos analfabetos tiveram pior desempenho, porém a significância apareceu

apenas entre o grupo com mais de 5 anos de escolaridade em relação aos

que nunca tinham estudado. Diferentes faixas etárias não apresentaram

diferenças na média do MEEM (p>0,460).

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Na tabela 2, observa-se que a relação entre o desempenho cognitivo e

os diagnósticos de diabete melito, hipertensão arterial sistêmica, disfunção

tireoidiana e osteoporose não foi estatisticamente significativa. Apenas a

presença de dislipidemia influenciou positivamente o desempenho dos

sujeitos no MEEM. Embora sem significância, houve uma tendência de

melhor desempenho cognitivo entre os idosos que possuíam os diagnóstico

acima. Níveis de TSH, vitamina B12 e PCR também não apresentaram

relação estatisticamente significativa com a pontuação média no MEEM.

Foram acrescentadas no modelo de regressão múltipla as variáveis

com p<0,10. As mesmas foram introduzidas uma a uma seguindo do menor

para o maior valor de p, gerando 3 modelos. O desempenho dos sujeitos no

MEEM foi explicado 30% pela presença das diferenças de gênero,

escolaridade e diagnóstico de dislipidemia (Tabela 3).

Discussão

No presente estudo foi observado que a maioria dos investigados era

mulheres, o que pode ser atribuído a fatores como maior prevalência de

idosas entre os que envelhecem, por procurarem com maior frequência

assistência médica comparado aos homens, por terem maior sobrevida e

mais doenças, caracterizando o fenômeno feminização da velhice. Em

relação à idade, verificou-se uma proporção expressiva de idosos com 80

anos ou mais; tal achado pode-se associar a um viés de encaminhamento em

um serviço de referência além de estar de acordo com outros estudos que

investigaram a população atendida em ambulatórios geriátricos; e que se

deve também ao crescente aumento desta faixa etária na população17.

O serviço onde esta pesquisa foi realizada prioriza o atendimento de

idosos com mais de 80 anos, ou ainda a presença das principais síndromes

geriátricas, fato que contribui para este perfil etário. A baixa escolaridade é

característica que já foi registrada em usuários de outros ambulatórios de

geriatria18; dados do IBGE19 demonstram que entre a população com 60 anos

e mais, a média de escolaridade era de 3,8 anos, características que

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condizem com a amostra estudada. A baixa escolaridade afeta tanto os

idosos considerados mais robustos, quanto os que são atendidos em

ambulatórios de especialidades médicas18.

As alterações próprias do envelhecimento tornam o indivíduo mais

propenso ao desenvolvimento de doenças crônicas. Essas doenças são

definidas como condições que acompanham o indivíduo por um longo

período de tempo. No Brasil, 75% os idosos relataram ter pelo menos uma

dessas condições20. Pesquisas apontam alta prevalência de HAS a partir dos

60 anos; já se registrou cifras de até 65% de hipertensos entre os idosos,

sendo que entre as mulheres com mais de 75 anos essa prevalência pode

chegar a 80%21. Esses dados estão em consonância com os achados desta

pesquisa, onde 81,7% dos sujeitos apresentavam esta enfermidade crônica.

A ocorrência dos diagnósticos de diabete melito e dislipidemia são

semelhantes ao que se verifica na literatura. Quanto aos diagnósticos de

disfunção tireoidiana e osteoporose, verificam-se resultados variáveis nas

pesquisas, sendo que, na presente amostra, estas encontravam-se acima

das cifras registradas na literatura, provavelmente por se tratarem de idosos

ambulatoriais e que recebem esses diagnósticos que não raro são

negligenciados 22,23,24,25.

A grande maioria dos idosos participantes deste estudo apresentava

níveis normais de TSH, vitamina B12 e PCR, o que possivelmente se associa

ao acompanhamento ambulatorial, onde o perfil bioquímico é frequentemente

triado e as alterações são controladas.

É consenso na literatura gerontológica o impacto das variáveis

sóciodemográficas sobre o envelhecimento cognitivo. Pior desempenho no

MEEM entre idosos com baixa escolaridade é observado em estudos com

diferentes amostragens26,27. Os resultados desta pesquisa estão de acordo

com a literatura, encontra-se bem estabelecido que o analfabetismo e a

educação formal limitada representam risco e podem levar ao declínio

cognitivo na velhice 28.

Os dados sobre as relações entre gênero e desempenho cognitivo

apontados na literatura são conflitantes; neste estudo pertencer ao gênero

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masculino influenciou positivamente o desempenho cognitivo dos sujeitos,

fato observado também por Fei et al.29. A diferença entre gênero e cognição

pode ser, entre outros fatores, modulada por escolaridade, além de estímulos

e oportunidades vivenciados de maneira diferente ao longo da vida por

mulheres e homens idosos.

Ao contrário dos resultados encontrados em outras pesquisas4, não foi

observada a influência da variável idade sobre o desempenho cognitivo dos

sujeitos desta amostra. O fato da média do MEEM não ser significativamente

mais baixa entre os mais velhos, pode ser explicado pelos critérios

mencionados acima relacionados à inclusão dos idosos no serviço

ambulatorial, onde esta pesquisa foi realizada.

Tem sido demonstrado que fatores de risco e doenças

cardiovasculares podem influenciar na incidência de declínio cognitivo na

velhice e no desenvolvimento de quadros demenciais30. Porém o papel da

HA, DM e dislipidemia na determinação de perda na função cognitiva em

idosos não é consensual. Alguns estudos encontraram associação entre

essas variáveis e a piora da função cognitiva; outras investigações

encontraram o inverso ou não comprovaram essa relação 31,32,33,34.

Os resultados desta pesquisa demonstraram associação significativa

entre presença de dislipidemia e melhor desempenho cognitivo. Esses

achados podem ser explicado considerando três diretrizes: a primeira está

relacionada ao tratamento não-medicamentoso para esta condição, que se

refere à prescrição de atividade física, dieta de baixa gordura e combater o

tabagismo, fatores considerados protetores de declínio cognitivo no

envelhecimento. A segunda um estaria relacionada ao facto do diagnóstico

da dislipidemia levar a um tratamento e controlo dos níveis de lipoproteínas

de alta densidade (HDL) e lipoproteínas de baixa densidade (LDL); há

evidências de que a diminuição do colesterol total, em especial baixos níveis

de LDL e o aumento do HDL, reduz a incidência de ataques cardíacos e

outras doenças cardiovasculares que são consideradas fatores de risco para

declínio cognitivo e desenvolvimento de quadros demenciais. A última, ainda

controversa e sem claras evidências, estaria relacionada com o efeito

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protetor das estatinas (drogas mais comumente usado para tratar a

dislipidemia); de acordo com alguns estudos, este fármaco tem efeitos que

provocam uma melhor irrigação sanguínea dos tecidos, com o aumento da

síntese de óxido nítrico, uma substância que causa uma dilatação das

artérias e age como uma droga potencialmente protetora da declínio cognitivo 35,36.

Não houve relação entre HAS e DM com cognição, porém observou-se

uma tendência de melhor desempenho no MEEM entre os sujeitos que

tinham esses dois diagnósticos. Esses achados podem ser decorrentes, do

melhor controle e tratamento dessas morbidades e de orientações de

profissionais de saúde que levam os sujeitos à adoção de hábitos de vida

mais saudáveis, o que possivelmente melhoraria e protegeria os idosos do

declínio cognitivo37. Fatos que também podem explicar a ausência de relação

entre desempenho cognitivo e presença dos outros diagnósticos

considerados (disfunção tireoidiana e osteoporose).

Neste estudo, não foram observadas associações entre alterações dos

níveis séricos de TSH, vitamina B12 e PCR com desempenho cognitivo. Em

relação aos níveis de TSH, um estudo prospectivo de coorte evidenciou que

baixos níveis deste hormônio podem predizer um risco futuro de declínio

cognitivo em idosos. O mesmo estudo demonstrou a associação entre níveis

baixos de TSH e o risco de CCL, bem como de demência13. Entretanto, outro

estudo, não encontrou associação significativa entre a função tiroidiana

(medida pelos níveis de THS e T4) e os principais domínios da habilidade

cognitiva, o que se assemelha aos resultados observados nesta pesquisa.

Bégin et al.38 concluíram, após extensa revisão, que há pouco ou nenhum

consenso na literatura sobre como a função tireoidiana está associada ao

desempenho cognitivo dos idosos.

Com o objetivo de identificar e buscar reverter déficits cognitivos e

funcionais em indivíduos idosos também é comum fazer uso da dosagem de

vitamina B12. A deficiência desta vitamina pode estar associada a uma atrofia

progressiva do cérebro e consequente declínio cognitivo11. Outro estudo

mostrou que, em pacientes com Comprometimento Cognitivo Leve, baixos

níveis dessa vitamina não estiveram associados a déficit cognitivo, entretanto

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a sua deficiência podia precipitar o aparecimento dos sintomas39. Moore et

al.40 concluíram, após revisão de 43 estudos sobre o tema, que déficit de

vitamina B12 pode preceder declínio cognitivo, porém há evidências

insuficientes para determinar se esta condição é causadora de declínio

cognitivo ou de doenças neurodegenerativas. Nesta amostra, a observação

longitudinal dessas variáveis explicaria melhor essa relação. Além do olhar

transversal como limitador desta análise, o número de idosos que

apresentam alteração nos níveis de B12 é muito pequeno, podendo interferir

nos resultados dessa associação.

A elevação dos níveis séricos da PCR, que é um marcador inflamatório

não específico, tem sido associada com prejuízo cognitivo12. Há, ainda,

evidência de que o aumento sérico dos níveis de PCR pode ser um marcador

bioquímico que possibilite identificar indivíduos com risco aumentado de um

déficit cognitivo41. Um estudo em pacientes coronarianos mostrou que os

níveis de PCR estavam inversamente associados com o desempenho

cognitivo, independentemente da idade, sexo e escolaridade, sendo que os

que apresentavam níveis de PCR ≥ 5 mg/L tinham 2,9 vezes mais chance de

apresentar déficit cognitivo em relação aos controles42. No presente estudo

não se considerou o nível de PCR como variável numérica, o que pode ter

influenciado na não existência de associação com pior desempenho

cognitivo.

Limitações importantes deste estudo merecem consideração; o

tamanho da amostra é pequeno, o que pode se associar aos resultados sem

significância. Foram avaliados somente idosos sem diagnóstico de quadros

demenciais, tratando de uma população com características peculiares. Por

se tratarem de idosos acompanhados em ambulatório, a grande maioria dos

sujeitos tinha os parâmetros bioquímicos dentro da normalidade, o que pode

ter influenciado na relação destes com o desempenho no MEEM. Além disso,

não foi aferido, no momento da testagem cognitiva, a pressão arterial

sistêmica, pois o objetivo do estudo era trabalhar com diagnóstico clínico.

Também não se consideraram o tempo e o tratamento de cada doença,

condições que podem contribuir para a variabilidade do desempenho

cognitivo dos idosos. Os níveis de colesterol e frações, bem como a glicemia,

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também não puderam ser medidos, pois os pacientes necessitariam estar em

jejum, condição que não foi possível pela hora em que a coleta foi realizada.

Este estudo sugere a importância de se diagnosticar as doenças que

afetam comumente os idosos e a partir do diagnóstico, tratar, orientar e

acompanhar para que, dessa maneira, eles estejam mais protegidos de

declínio cognitivo. Os resultados desta pesquisa apontam para a

necessidade de investigação continua, considerando-se o envelhecimento

cognitivo normal e patológico e suas relações com variáveis de saúde e os

tipos diferenciados de intervenções para o tratamento dessas.

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Tabelas

Tabela 1- Média e desvio padrão do MEEM em relação às variáveis

sóciodemográficas

MEEM

Média (DP)

p-valor

Gênero (%)

Masculino (29,6%)

Feminino (70,4%)

24,80 (3,12)

22,12 (3,46)

0,003

Idade (%)

60 – 69 (21,1%)

70 – 79 (30,0%)

80 anos ou mais (47,9%)

21,86 (4,35)

23,09 (3,16)

23,21 (3,44)

0,460

Escolaridade (%)

Nunca estudou (22,6%)

1 – 4 anos (50,7%)

5 anos ou mais (26,7%)

20,75 (2,84)

22,77 (3,66)

24,89 (2,86)

0,001

MEEM: Mini Exame do Estado Mental; DP: desvio-padrão

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Tabela 2- Média e desvio padrão do MEEM em relação às variáveis clínicas e

biológicas

MEEM

Média (DP)

p-valor

Diabetes melito (%)

Não (81,7%)

Sim (18,3%)

22,82 (3,59)

23,15 (3,53)

0,776

Hipertensão arterial (%)

Não (18,3%)

Sim (81,7%)

22,23 (4,06)

23,05 (3,45)

0,466

Disfunção tireoidiana (%)

Não (67,6%)

Sim (32,4%)

22,64 (3,91)

23,40 (2,64)

0,409

Dislipidemia (%)

Não (56,3%)

Sim (43,7%)

22,10 (3,62)

23,93 (3,24)

0,032

Osteoporose (%)

Não (47%)

Sim (23%)

22,72 (3,83)

23,21 (2,96)

0,589

TSH (%)

Sem alteração (76,0%)

Níveis diminuídos (2,80%)

Níveis aumentados (21,20%)

23,00 (3,51)

24,50 (0,70)

22,26 (3,95)

0,638

Vitamina B12 (%)

Sem alteração (85,30%)

Níveis diminuídos (7,35%)

Níveis aumentados (7,35%)

24,43 (10,56)

23,00 (4,06)

20,40 (3,91)

0,669

PCR (%)

Sem alteração (66,10%)

Alterado (33,9%)

23,0 (3,12)

22,5 (4,43)

0,617

TSH: hormônio tireoestimulante; PCR: proteína C reativa

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Tabela 3- Modelo de regressão linear múltipla (stepwise forward) do escore global

do MEEM como variável dependente, considerando gênero, escolaridade e

diagnóstico de dislipidemia como variáveis independentes.

R2 Β IC 95% p-valor

Modelo 1

Escolaridade

0,17

2,07

0,97 – 3,17

0,0000

Modelo 2

Escolaridade

Gênero

0,23

1,77

- 2,04

0,67 _ 2,87

-3,75 – - 0,32

0,002

0,020

Modelo 3

Escolaridade

Gênero

Dislipidemia

0,30

1,59

-2,30

1,79

0,52 – 2,66

-3,97 – -0,63

0,29 – 3,28

0,004

0,008

0,019

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60    

 

Discussão Geral e Conclusão

O objetivo deste estudo foi compreender o impacto de diferentes

grupos de variáveis, abordadas na prática clínica gerontológica, no

desempenho cognitivo de idosos sem diagnósticos de Comprometimento

Cognitivo Leve e quadros demenciais. Os resultados evidenciaram que

variáveis sociodemográficas foram as que mais influenciaram o desempenho

cognitivo dos sujeitos estudados, comparando com as variáveis clínicas e

bioquímicas.

O MEEM foi o instrumento que sofreu influência do maior número de

variáveis (escolaridade, gênero e dislipidemia),confirmando as críticas de

alguns autores de que este sofre influência de variáveis sociodemográficas e

de saúde, além de ter pouca sensibilidade para reconhecer déficits

intermediário de linguagem e relacionados as funções cognitivas frontais e

subcorticais, porém continua sendo um instrumento capaz de trazer

informações com o objetivo de triar o perfil cognitivo dos idosos27, 67.

Nesta pesquisa, idade não influenciou o resultado dos testes

selecionados para avaliar cognição. Embora esta variável apareça

impactando o envelhecimento cognitivo em outros estudos 68, 69, quando se

sobrepõe a condições de saúde (características da amostra estudada) pode

não explicar de modo satisfatório esse processo23. Escolaridade influenciou o

desempenho dos idosos no MEEM e no teste FV; reafirmando que este fator

antecedente é um dos mais consistentes associados ao desempenho e

alterações cognitivas entre os idosos, por relacionar-se a estrutura cerebral e

desenvolvimento neuronal diferenciado entre alfabetizados e não

alfabetizados, além de influenciar diretamente outros fatores facilitadores

para promoção de um estilo de vida cognitivamente ativo, melhores

condições de saúde e oportunidades sociais acumuladas ao longo do tempo,

que protegem o desenvolvimento de Comprometimento Cognitivo Leve e

quadros demenciais70.

A memorização da BBRC não foi influenciada por anos de

escolaridade, a criação deste instrumento e os resultados que se observam,

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evidenciam a necessidade de continuar buscando padrões de referência para

os testes utilizados para avaliar cognição e a produção de outros,

considerando a baixa escolaridade dos idosos brasileiros, que tenham boa

sensibilidade para documentar déficits das funções cognitivas

especificamente, sem que ocorram resultados falsos positivos, controlando,

na medida do possível, o impacto desta variável no desempenho dos idosos

nos testes utilizados, o que não significa desconsiderar a sua importância

quando se pensa no envelhecimento cognitivo.

Em relação aos resultados encontrados ao observar a associação

entre o desempenho dos idosos no MEEM e as variáveis clínicas, o fato da

presença do diagnóstico de dislipidemia ter influenciado positivamente esse

desempenho, pode ser explicado considerando três possibilidades; a primeira

relaciona-se ao efeito do tratamento indicado para essa condição, que deve

ser iniciado com adoção de medidas compatíveis com hábitos de vida mais

saudáveis, como alimentação pobre em gorduras, emagrecimento, prática de

atividade física e combate ao hábito de fumar, assim, pacientes com

diagnóstico de dislipidemia tendem a receber educação para saúde de forma

sistemática, com orientações e informações que facilitam a adoção dessas

atividades, as quais muitos estudos apontam como sendo protetoras de

declínio cognitivo no envelhecimento67, 71, 72.

A segunda, relaciona-se aos efeitos que os níveis das lipoproteínas de

alta densidade (HDL) e das lipoproteínas de baixa densidade (LDL)

exerceriam sobre a saúde cardiovascular, do cérebro e a cognição. A

hipercolesterolemia, mais especificamente os níveis elevados de LDL,

contribuem para o aparecimento de doenças cardiovasculares, como o infarto

do miocárdio e os derrames cerebrais. O colesterol é um dos componentes

principais das placas de aterosclerose que recobrem as artérias provocando

obstrução das mesmas, culminando nas doenças acima citadas. Existem

evidências de que a diminuição do colesterol total, principalmente sua fração

LDL,e o aumento do HDL, reduzem a incidência de infarto e outras doenças

cardiovasculares que podem causar declínio cognitivo e quadros

demenciais73. Pacientes acompanhados em serviços de saúde, ao constatar-

se hipercolesterolemia, recebem com maior frequência orientações e

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intervenções contínuas, medicamentosas e não medicamentosas,

considerando riscos e benefícios, para tratamento e controle dessa condição,

fato que os ajudam a manterem controlados os níveis de LDL, aumentados

os de HDL e assim estarem mais protegidos das consequências das doenças

cerebrovasculares, como possível declínio cognitivo74.

A terceira possibilidade, essa ainda muito controversa e sem claras

evidências, estaria relacionada ao possível efeito protetor de alguns agentes

farmacológicos no cérebro. Um estudo longitudinal realizado por um grupo de

pesquisadores 75, analisou o efeito potencial das estatinas, tipo de droga

mais utilizado e considerado o mais promissor no tratamento da dislipidemia,

e de outras drogas que controlam o colesterol, nos casos de demência. Os

autores acompanharam 3 grupos, o primeiro (grupo I) incluía pacientes entre

50 e 89 anos que faziam uso de estatinas ou outras drogas

hipocolesterolemiantes, o grupo II era composto por pacientes com

hipercolesterolemia, mas que não usavam drogas para o controle dos níveis

de colesterol e o terceiro (grupo III) era formado por pessoas sem sinais de

hipercolesterolemia e que nunca fizeram uso de drogas para o controle do

colesterol. Eles observaram que o risco de desenvolvimento de demência

entre os pacientes que fizeram uso de estatinas foi cerca de 70% menor do

que os pacientes que pertenciam ao grupo II e III, bem como aqueles que

pertenciam ao grupo I, mas que usaram outros hipocolesterolemiantes.

Segundo os autores, as estatinas têm outros efeitos que provocariam uma

melhor irrigação sanguínea dos tecidos, como o aumento da síntese de oxido

nítrico, uma substância que provocaria uma dilatação das artérias e assim

agiria como uma droga potencialmente protetora de deterioração cognitiva.

Outro estudo também associou o uso das estatinas como fator protetor para

o desenvolvimento de quadros demenciais76, porém ambos consideram a

necessidade de pesquisas com metodologias adequadas para entender

melhor essa relação.

Importante ressaltar, que nesta pesquisa, não foram observados a

relação dos níveis de colesterol, HDL e LDL (por razões expostas

anteriormente) e o tipo de medicação em uso, apenas observou-se a

associação do diagnóstico de dislipidemia com o desempenho cognitivo dos

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63    

 

sujeitos. O fato de existir diferentes possibilidades que poderiam explicar,

isoladamente ou em conjunto, a associação encontrada, faz necessário o

desenvolvimento de estudos conclusivos, que esclareçam a influência delas

na relação entre diagnóstico de dislipidemia e envelhecimento cognitivo.

Não foram encontradas associações entre os outros diagnósticos

considerados (hipertensão arterial sistêmica, diabete melito e osteoporose),

as variáveis biológicas (níveis de vitamina B12, TSH e PCR) e o desempenho

cognitivo dos idosos atendidos no ambulatório de geriatria. Uma razão para

esses achados, pode estar relacionada as características da amostra

estudada, ou seja, idosos que são acompanhados em um serviço de saúde,

tem suas comorbidades tratadas e controladas, realizam exames de sangue

com frequência, o que possibilita triar e controlar possíveis alterações, além

de questões metodológicas. Essa ausência de relação é encontrada em

outros estudos, evidenciando que ainda não está claro o papel das doenças

no envelhecimento cognitivo, além do viés que os tratamentos e controle das

mesmas podem causar nos resultados das pesquisas33, 41, 42, 43, 77, 78, 79.

Este estudo apresenta importantes limitações que merecem

consideração, o tamanho da amostra é pequeno, o que pode associar-se aos

resultados sem significância. Por se tratarem de idosos acompanhados em

ambulatório, a grande maioria dos sujeitos tinha os parâmetros bioquímicos

dentro da normalidade. Além disso, não foi aferido, no momento da testagem

cognitiva, a pressão arterial sistêmica, pois o objetivo do estudo era trabalhar

com diagnóstico clínico. Também não se consideraram o tempo e o

tratamento de cada doença, condições que podem contribuir para a

variabilidade do desempenho cognitivo dos idosos. Os níveis de colesterol e

frações, bem como a glicemia, também não puderam ser medidos, pois os

pacientes necessitariam estar em jejum, condição que não foi possível pela

hora em que a coleta foi realizada.

Realizou-se análises estatísticas para observar a associação dos

testes FV, memorização da BBRC e GDS, além do MEEM, com os

diagnósticos clínicos e exames laboratoriais considerados, porém não

encontrou-se resultados significativos, por isso não estiveram descritos nos

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64    

 

artigos produzidos. A escolha da escrita da tese ter sido no formato opcional

(resultados descritos através dos artigos produzidos) limitou a apresentação

de alguns resultados encontrados (mesmo sem significância), como os

relacionados à Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e a sua relação com

as variáveis estudadas.

Os dados do presente estudo evidenciaram que os fatores associados

ao desempenho cognitivo de uma amostra de idosos ambulatoriais foram

gênero, escolaridade e ter diagnóstico de dislipidemia; melhor desempenho

relacionou-se com escolaridade mais alta e a presença do diagnóstico

acima. Esses resultados apoiam e confirmam a necessidade de investir em

políticas que priorizam acesso a educação de qualidade e contínua para

todas as faixas etárias. A compreensão de como as variáveis

sociodemográficas podem impactar a cognição em populações com

características distintas, faz-se necessário para auxiliar e orientar os

diagnósticos neuropsiquiátricos precoces. A discussão deste trabalho não

sugere que a doença dislipidemia esteja relacionada com melhor

performance cognitiva, e sim a presença do diagnóstico, fato que permite

tratar, acompanhar e controlar as suas manifestações, orientando e

favorecendo hábitos saudáveis e assim contribuir para a manutenção das

habilidades cognitivas.

A maneira como se lida com as morbidades e comorbidades, parece

ter maior influência sobre o curso do envelhecimento cognitivo do que a

simples presença ou ausência das mesmas, porém são necessários estudos

com metodologias adequadas, incluindo delineamentos longitudinais, para

compreender e estabelecer relações de causa e efeito de variáveis sobre o

envelhecimento cognitivo.

Outra importante contribuição deste trabalho, considerando que esta é

uma amostra selecionada e com características próprias por serem idosos

acompanhados em um serviço de saúde altamente especializado; foi o fato

de se observar que a maioria dos sujeitos pertence ao grupo com mais de 80

anos de idade, e que esses idosos encontram-se livres de quadros

demenciais e sintomas depressivos significativos, evidenciando o que a

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65    

 

literatura gerontológica tem discutido nos últimos anos, ou seja, a

possibilidade dos muito idosos envelhecerem com autonomia, independência

e poderem usufruírem de uma vida com qualidade mesmo nas idades mais

avançadas80,81.

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77    

 

ANEXO 1-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Eu,.................................................................................................., declaro estar informado

e ciente da minha participação na pesquisa “Fatores associados ao desempenho cognitivo de idosos não demenciados", que tem como objetivo descrever o correlacionar o desempenho cognitivo de idosos não demenciados e variáveis sociodemográficas, clínicas, biológicas e de funcionalidade atendidos no Ambulatório de Geriatria do Hospital das Clínicas da Unicamp.A coleta de dados está prevista para durar aproximadamente 40 minutos, e que: • Responderei  perguntas  referentes  à  minha  condição  sóciodemográfica  e  clínica.  • Serei  submetido  à  aplicação  de  testes  padronizados  para  a  população  brasileira  que  avaliam  

funcionalidade,  aspectos  emocionais  e  da  cognição  como  memória,  linguagem,  funções  visuo  espaciais    sem  que  isso  acarrete  qualquer  prejuízo  ou  penalização  à  minha  pessoa.  

• Realizarei  coleta  de  sangue  no  laboratório  de  análises  clínicas  do  Hospital  das  Clínicas  da  Unicamp  para  anáise  dos  níveis  de  vitamina  B12,  TSH  (tireóide)  e  proteína  C-­‐reativa  para  avaliar  processo  inflamatório  que  podem  influenciar  no  meu  desempenho  cognitivo.  

• Fui  informado  de  que  os  dados  coletados  serão  mantidos  em  sigilo.  • O  termo  de  consentimento  consta  de  duas  vias,  sendo  que  uma  ficará  comigo,  e  a  outra  com  a  

pesquisadora.  • Fui  informado  que  esta  pesquisa  não  oferecerá  risco  à  minha  saúde  física  e  mental,  e  que  

tenho  o  direito  de  esclarecer  quaisquer  dúvidas  referentes  a  ela  e  de  desistir  de  participar  da  mesma  a  qualquer  momento.  

Dados da Pesquisa:

Título: “Fatores associados ao desempenho cognitivo de idosos não demenciados",

Pesquisadoras responsáveis: Denise Ribeiro Stort Bueno. Cargo/Função: psicóloga, mestra e

doutoranda em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Daniele Belintani.

Cargo/Função: estudante do curso de graduação em medicina da Unicamp

Telefone para contato: 3521 7878

Telefone do Comitê de Ética em Pesquisa: (19) 3521-8936.

Orientadora: Professora Dra. Maria Elena Guariento

Data:

________________________________ ______________________________

Pesquisadora Pesquisado

_______________________________

Orientadora

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ANEXO 2- Parecer do Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP

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ANEXO 3 –Comprovante de submissão do artigo 1 na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia

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Anexo 4- Artigo 2 traduzido para a língua inglesa

"Factors associated with cognitive performance of non-demented elderly outpatients"

“Fatores associados ao desempenho cognitive de idosos não demenciados”

Denise Ribeiro Stort Bueno, Daniele Clini Belintani, Flavia Silva Arbex Borim,

Maria Elena Guariento

Abstract

Objective: Evaluate the cognitive performance of non-demented elderly and

its relation with sociodemographic, clinical and biochemical variables.

Methods: 71 subjects (≥ 60 years) were studied. Sociodemographic data

were collected in interviews; to assess cognition MMSE was used, the clinical

variables were taken from the patient's medical record and biochemical

measures were taken by examination of blood which dosed serum levels of

vitamin B12, TSH and CRP. Results: Most of the subjects were women, older

than 80 years and education between 1 and 4 years. Most of them had no

diagnosis of diabetes mellitus, dyslipidemia, thyroid dysfunction, osteoporosis

and had their blood levels within the normal range; hypertension was present

in 81% of patients. The average MMSE showed significant relation with

gender, education and dyslipidemia; the presence of this diagnosis was

related to better cognitive performance. Conclusion: Important diagnostic

diseases among the elderly.

Keywords: elderly, geriatrics service, cognition, clinical and biological

variables

 

 

 

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Resumo  

Objetivo: avaliar o desempenho cognitivo de idosos ambulatoriais, não

demenciados e a relação deste com variáveis sociodemográficas, clínicas e

bioquímicas. Metodologia: Foram estudados 71 sujeitos (≥ 60 anos). Dados

sociodemográficos foram coletados através de entrevista; para avaliar

cognição utilizou-se o MEEM, as variáveis clínicas foram retiradas do

prontuário médico do paciente e as medidas bioquímicas através de exame

de sangue que dosou níveis séricos de vitamina B12, TSH e PCR.

Resultados: A maior parte dos sujeitos eram mulheres, com mais de 80 anos

e escolaridade entre 1 e 4 anos. A maioria não tinha diagnóstico de diabete

melito, dislipidemia, disfunção tireoidiana, osteoporose e estavam com seus

níveis séricos dentro da normalidade; hipertensão arterial esteve presente em

81% dos pacientes. A média do MEEM mostrou relação significativa com

gênero, escolaridade e dislipidemia, a presença deste diagnóstico foi

relacionada com melhor desempenho cognitivo. Conclusão: Importante

diagnosticar doenças entre os idosos.

Palavras-chave: idosos, serviço de geriatria, cognição, variáveis clínicas e

biológicas

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Introduction

Cognitiveagingis a complex phenomenonthat holdsgreat intraandinter-

individual variability. Knowing thisprocess isof great importance, since the

maintenanceof cognitionis adeterminant of the qualityof life in old

ageandcognitive declineisassociated withdiscomfort, disability,loss of

independenceand increasedsocial costs1.

Cognitiveassessment is an important part ofcare for the elderly.

TheMiniMental State Examination(MMSE), developed byFolsteinetal.2, is one

of themost widely usedscreeninginstrumentsworldwide. In Brazil, it has been

widely evaluated forthescorevalues, andadjustments to thecut-off

pointsaccording to thelevel of educationof individuals were proposed3. In

addition to itsuse in clinical practice, it has been used in studies withdifferent

methodologies, and the majorityof the studies usingthis instrumentshows a

relationship betweencognitive performanceand age, gender, education, health

andlifestyle4.

The increase in the aging population results in higher prevalence of

chronic conditions related to cognitive decline and the development of

dementia5. Cardiovascular, endocrine-metabolic and musculoskeletal

diseases may be related to worse cognitive performance6,7,8, although there

are literature data contradicting this statement9. Serum levels of vitamin B12,

thyroid-stimulating hormone (TSH) and C-reactive protein (CRP) may also be

associated with change in cognitive functioning in aging10,11,12,13.

It is important to note thatthe bestunderstanding ofthe impactof the

variablesrelated tocognitive performanceof elderly,particularly in

developingcountries, and efforts for diagnosisand early detectionon

productsofnormal and pathologicaldecline in thispopulationrepresentan

important public health issue14.

Thus,this studyaimed to evaluatethe cognitive performance ofelderly

with noclinical evidenceof dementiatreated at theGeriatricOutpatient Service

of Unicamp Clinical Hospital, andthe relationshipof this parameterwith

sociodemographic variables (age, gender and education level), clinical

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variables (diagnosisof hypertension, diabetes mellitus, dyslipidemiaand

osteoporosis) and biochemical variables (levels of vitaminB12,TSHand CRP).

Material and Methods

Sample

It is a cross-sectional study. The sample consisted of 71 subjects aged

greater than or equal to 60 years, monitored in the Geriatric Outpatient

Service of a tertiary public hospital. For this study, the inclusion criteria

adopted were people aged 60 years; no clinical suspicion or diagnosis of

dementia or physical, sensory and mental limitations to perform cognitive

assessment. Exclusion criteria were elderly with hypothetical or confirmed

diagnosis of dementia; elderly unable or unavailable to be submitted to

cognitive test and blood collection.

Procedures

Thelocal ResearchEthics Committee

approvedwithoutrestrictionstheProtocolof this

research(Resolution466/2012CNS/MS) and theFree and Clarified Consent

Term. The proceduresfollowedthe standards of thisCommittee.The subjects

receiveddetailed information aboutthe research proceduresandthe

researchbeganaftertheysigned theFree and Clarified Consent Term.

Thecognitive assessmentwas performed using theMiniMental State

Examination(Folstein etal., 1975), consisting of seven categoriesthat

assessspecificcognitive functions, such asorientation,immediate memoryand

learning memory, attention, calculation, language andvisual-

constructionalability. Thepointsof this instrumentwere treatedas a continuous

variablein a rangefrom 0 to 30.

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In order to obtain thesociodemographic data, a semi-

structuredinterview withsubjectscontaininginformationsociodemographic. A

research inmedical records was conducted for obtainingclinical anddiagnosis

data consideredin this study(according toInternational Classification

ofDiseases -10). These variableswere categoricallytreated(presenceor

absence ofdiagnosis andalteredor normal blood test,respectively).

Data werecollected by the

researcherduringambulatoryactivities.Seniors whoattendedthe consultation

andmet thecriteria wereinvited toparticipate in the surveywhich took place ina

single meeting,before or aftermedical consultation.After applying theproposed

instruments, the subjects received ablood test request foranalysis of levels of

vitaminB12,TSHandCRP, andwere referred to theHospitalClinical Pathology

Laboratorywhere theyhad thecollection. Analyses were performedby the

laboratoryand the results were attached tomedical recordsand verifiedby the

responsibleresearchers.

The choiceof the clinical variablesconsidered in this studywas based

onobservationof the fourmost common diseasesin the service(systemic

arterial hypertension, thyroid dysfunction, osteoporosis

anddiabetesmellitus,respectively).Biochemical variablesas levels of TSH,

vitamin B12 and CRP that may be associated withimpairedcognitive function

wereconsidered. In addition, themeasurement of theseparametersdoes not

require previous fasting, which facilitated the logistics ofblood collection forthis

purpose.

Data analysis

For the analysis of this research, prevalence estimates and 95%

confidence intervals were produced. After performing the Shapiro-Wilk test, a

normal distribution in MMSE scores was found. Therefore, for analysis of

numerical variables T-Student parametric tests (for comparison between two

groups) and ANOVA tests (for comparison among three or more groups) were

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performed. The analyses of univariate and multivariate regression to estimate

the variables that presented more significantly association with worse

cognitive performance were also used. The significance level adopted for all

statistical tests was 5% (p <0.05).

Results

By means ofdescriptive analysis, it was verified that the majorityof

subjectswere female(70.4%), aged 80 yearsandolder (47.9%) and education

between 1 and4 years (50.7%). Inrelation to clinicalvariables, there was a

predominance ofindividuals whodid not havediabetesmellitus(81.7%), thyroid

dysfunction(67.6%), dyslipidemia(56.3%)and osteoporosis(67.6%); systemic

arterial hypertension was the diagnosispresent in mostof the individuals

assessed (81.7%). The results of theblood testsshowednormal levels ofTSH,

vitaminB12andCRPin mostsubjects (76.0%, 85.3% and66.1%, respectively).

Average22.9± 3.5pointson the MMSE was observed. As shown inTable

1, the cognitive performanceof the subjectsin this testshowed a significant

differenceby gender (p<0.003) andeducation (p<0.001). Menhad

higheraverage,and whendivided intoeducationalranges, the

illiterateelderlyperformed worse, but the significanceappearedonly in the

groupwith over 5years of educationcompared to those whohadnever studied.

Differentage groupsshowed nodifferences in MMSE average (p>0.460).

Table2 showsthat therelationship between cognitiveperformance

anddiagnosticsof diabetesmellitus, systemic arterial hypertension, thyroid

dysfunctionand osteoporosiswas not statistically significant. Only the

presenceof dyslipidemiapositively influencedthe subjects' performanceon the

MMSE. Although it is not significant, there was a trendofbetter cognitive

performanceamong elderlywho haddiagnosesabove. Levels of

TSH,vitaminB12andCRPalsoshowed no statisticallysignificant relationwiththe

average scoreon the MMSE.

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Variables withp <0.10 were added in the multiple regressionmodel.

Theywere introducedone by onefrom the smallest tothe largest value ofp,

generating 3 models. The performanceof the subjectson the

MMSEwas30%explainedby the presenceof gender differences, education and

diagnosis of dyslipidemia(Table 3).

Discussion

In the present studyit was observed thatthe majorityof the

investigatedwere women, which can be attributedto factors such as a higher

prevalenceof elderlyamongthe ones who grow older, longer life, with survival

andhigher rates ofchronic diseases, as well as a greater demand formedical

carecomparedto men15. Regarding age, there was asignificant proportion

ofelderlyaged 80 andover; this findingmaybe associated witha referralbiasin a

referenceservice, and also complieswith otherstudies that investigatedthe

population treated atgeriatric outpatient services,and thatis also due

toincreasing of this age groupin the population16.

The servicewherethis research was conductedprioritizesthe care

ofelderly people over80 years, or the presenceof the maingeriatric syndromes,

a fact that contributes to thisage profile. Loweducationis a characteristicthat

has beenregisteredinusers of othergeriatric outpatient services17; IBGE18 data

show that among the populationaged 60and over,the average

educationwas3.8 years, and these characteristicsmatchthesample.Thelow

educationaffects boththe elderlyconsidered morerobust, asthosetreated

inoutpatientmedical specialties17.

The aging changes make the individual more prone to developing

chronic diseases. In Brazil, 75% of seniors reported to have at least one of

these conditions9. Research shows high prevalence of systemic arterial

hypertension from 60 years; it was already registered figures of up to 65% of

hypertensive individuals among the elderly, and among women over 75 years

this prevalence can reach 80%20. These data are consistent with the findings

of this survey, where 81.7% of subjects had this chronic illness. The

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occurrence of diabetes mellitus and dyslipidemia diagnoses are similar to

what is found in literature. Regarding the diagnoses of thyroid dysfunction and

osteoporosis there are variable results in the research, and, in this sample,

these results were above the figures recorded in the literature, probably

because they are elderly outpatients who receive these diagnoses that are

often neglected21,22,23,24.

The vast majority ofelderly participantsof this studyhad normallevels

ofTSH, vitaminB12andCRP, which possiblyassociates with theoutpatient

follow-up, where thebiochemical profileis oftenscreenedandchanges are

tracked.

The impact ofsociodemographicvariableson cognitiveaging is a

consensus in thegerontological literature.Lower MMSE scoresamong elderly

people withlow educationis observed instudies with differentsamples25,26. The

results of thisresearch are consistentwith the literature, and it iswell

establishedthatilliteracyandlimitedformaleducationrepresent risksand can

leadto cognitive declinein old age27.

Data onthe correlation between genderandcognitive

performancereported in the literatureare conflicting; in this study,belonging

tomale gender positivelyinfluenced thecognitive performanceof the subjects, a

fact confirmed byFeietal.28. The differencebetween gender andcognition,

among other factors, may be modulated byeducation, and also by incentives

andopportunitiesexperiencedin different manners throughout lifeforolder

women and men.

Unlike theresultsfound in other studies4, the influenceof the variableage

on thecognitive performanceof the subjectswas not observed in this

sample.The fact that theaverageMMSE is not significantly loweramong older

peoplecan be explainedby the criteriarelatedto the inclusionof the elderly

inoutpatientservices mentioned above, wherethis research was conducted.

It has been demonstratedthat risk factors

forcardiovasculardiseasesmay influence theincidence ofcognitive declinein old

ageandin the development ofdementia29. Butthe role ofhypertension, diabetes

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mellitusand dyslipidemiain determininglossin cognitive functionin the elderly

isnotconsensual.Some studies havefound an associationbetween these

variablesandthe worsening ofcognitive function; other investigationshave

foundthe contraryorhave not proventhis relationship30,31,32 .

Results of this researchshowed a significantassociation between the

presenceof dyslipidemia andbetter cognitive performance. There was no

relationshipbetweensystemic arterial hypertension anddiabetes

mellitusoncognition, but there was abetterperformance trendon the

MMSEamong subjectswho hadthesetwo diagnoses. Thesefindings may be

duethebetter controland treatment of thesemorbiditiesandhealthprofessional

guidelinesthat induce thesubjectto adopt healthierlifestyles, which might

improveandprotectthe elderlycognitive decline33. These facts may alsoexplain

the lack ofrelationship betweencognitive performanceandthe presence

ofotherdiagnosesconsidered(thyroid dysfunction and osteoporosis).

No associations were observed between changes in serum levels of

TSH, vitamin B12 and CRP with cognitive performance in this study.

Regarding TSH levels, a prospective cohort study showed that low levels of

this hormone can predict a future risk of cognitive decline in the elderly. The

same study demonstrated an association between low levels of TSH and the

risk of MCI and dementia12. However, another study found no significant

association between thyroid function (measured by levels of THS and T4) and

the main areas of cognitive ability, which is similar to the results observed in

this research. Bégin et al.34 concluded, after extensive review, that there is

little or no consensus in the literature about how thyroid function is associated

with cognitive performance of older people.

Aiming to identify and seek to reverse cognitive and functional deficits in

elderly individuals, vitamin B12 can also be used. It is known that deficiency of

this vitamin can be associated with a progressive atrophy of the brain and

consequent cognitive decline10. Another study showed that in patients with

mild cognitive impairment, low levels of this vitamin have not been associated

with cognitive deficits, but its deficiency could precipitate the onset of

symptoms35. Moore et al.36 concluded, after review of 43 studies on the

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subject, that vitamin B12 deficiency may precede cognitive decline, but there is

insufficient evidence to determine if this condition causes cognitive decline

and neurodegenerative diseases. In this sample, the longitudinal observation

of these variables would better explain this relationship. Besides the

transversal bias limiting this analysis, the number of elderly who presented

alterations in B12 levels is very small and can interfere with the results of this

association.

The serum levels of CRP, which is a non-specific inflammatory marker,

has been associated with cognitive impairment11. There is also evidence that

increasing the serum levels of CRP can be a biochemical marker that makes

it possible to identify individuals with an increased risk of cognitive deficit37. A

study in coronary patients showed that CRP levels were inversely associated

with cognitive performance, regardless of age, gender and education, and

those with CRP levels ≥ 5 mg/L were 2.9 times more likely to have cognitive

deficits compared to controls38. In the present study the level of CRP was not

considered as a numeric variable, which may have influenced the absence of

association with worse cognitive performance.

Important limitationsof this studydeserve consideration; the sample

sizeis small, which can be associatedto the resultswith nosignificance.

Because these areelderlyoutpatients, most of the subjectshadbiochemical

parameterswithin the normal range, which can be related withthe performance

in theMMSE. Moreover, the systemic blood pressure wasnotmeasuredat the

time ofcognitivetestingbecause theaim of the studywas to work withclinical

diagnosis.Time andtreatment ofeach disease were also not considered,

conditions that cancontribute tothe variability of thecognitive performance of

the elderly.Cholesterol levelsand fractionsandblood sugarcould also not be

measuredbecause patientswould need to fast, a condition which

wasnotpossible by thetime thecollection were taken.

This study suggeststhe importanceof diagnosingthe diseases

thatcommonly affectthe elderly, andfrom diagnosis, to treat, guide and monitor

them so thatthey aremoreprotected fromcognitive decline.The results of this

research point to theneed for continuedresearch, considering thenormal and

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pathologicalcognitive agingand its relationships withhealthvariables and

thedifferenttypes of interventionsfor the treatmentof these variables.

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Tables

Table 1- Average and standard deviation of the MMSE compared to sociodemographic

variables

MMSE

Average (SD)

p-value

Gender (%)

Male (29.6%)

Female (70.4%)

24.80 (3.12)

22.12 (3.46)

0.003

Age (%)

60 – 69 (21.1%)

70 – 79 (30.0%)

80 y.o. or older (47.9%)

21.86 (4.35)

23.09 (3.16)

23.21 (3.44)

0.460

Education (%)

Never studied (22.6%)

1 – 4 years (50.7%)

5 years or more (26.7%)

20.75 (2.84)

22.77 (3.66)

24.89 (2.86)

0.001

MMSE: Mini Mental State Examination; SD: Standard deviation

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Table 2- Average and standard deviation of the MMSE compared to clinical and

biological variables

MMSE

Average (SD)

p-value

Diabetes mellitus (%)

No (81.7%)

Yes (18.3%)

22.82 (3.59)

23.15 (3.53)

0.776

Arterial hypertension (%)

No (18.3%)

Yes (81.7%)

22.23 (4.06)

23.05 (3.45)

0.466

Thyroid disorder (%)

No (67.6%)

Yes (32.4%)

22.64 (3.91)

23.40 (2.64)

0.409

Dyslipidemia (%)

No (56.3%)

Yes (43.7%)

22.10 (3.62)

23.93 (3.24)

0.032

Osteoporosis (%)

No (47%)

Yes (23%)

22.72 (3.83)

23.21 (2.96)

0.589

TSH (%)

No change (76.0%)

Decreased levels (2.80%)

Increased levels (21.20%)

23.00 (3.51)

24.50 (0.70)

22.26 (3.95)

0.638

Vitamin B12 (%)

No change (85.30%)

Decreased levels (7.35%)

Increased levels (7.35%)

24.43 (10.56)

23.00 (4.06)

20.40 (3.91)

0.669

CRP (%)

No change (66.10%)

Changed (33.9%)

23.0 (3.12)

22.5 (4.43)

0.617

TSH: Thyroid stimulating hormone; CRP: C-reactive protein

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Table 3- Multiple linear regression model (stepwiseforward) of the global MMSE

score as a dependent variable, considering gender, education and diagnosis of

dyslipidemia as independent variables.

R2 Β IC 95% p-value

Model 1

Education

0.17

2.07

0.97 – 3.17

0.0000

Model 2

Education

Gender

0.23

1.77

- 2.04

0.67 _ 2.87

-3.75 – - 0.32

0.002

0.020

Model 3

Education

Gender

Dyslipidemia

0.30

1.59

-2.30

1.79

0.52 – 2.66

-3.97 – -0.63

0.29 – 3.28

0.004

0.008

0.019

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