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Universidade Estadual de Londrina GUILHERME BRACARENSE FILGUEIRAS DISTINÇÃO DOS PAPÉIS EXERCIDOS PELA VISÃO E PELO TATO NA AVERSÃO AOS BRAÇOS ABERTOS DO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO LONDRINA 2011

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Universidade Estadual de Londrina

GUILHERME BRACARENSE FILGUEIRAS

DISTINÇÃO DOS PAPÉIS EXERCIDOS PELA VISÃO E PELO TATO NA AVERSÃO AOS BRAÇOS ABERTOS

DO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO

LONDRINA

2011

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GUILHERME BRACARENSE FILGUEIRAS

DISTINÇÃO DOS PAPÉIS EXERCIDOS PELA VISÃO E PELO TATO NA AVERSÃO AOS BRAÇOS ABERTOS DO

LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO

LONDRINA 2011

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Análise do Comportamento.

Orientador: Prof. Dr. Célio Estanislau

Pesquisa financiada pelo CNPq

Processo nº 400735/2009-1

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GUILHERME BRACARENSE FILGUEIRAS

AS DISTINÇÕES DOS PAPÉIS EXERCIDOS PELA VISÃO E PELO TATO NA AVERSÃO AOS BRAÇOS ABERTOS DO LABIRINTO

EM CRUZ ELEVADO Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Análise do Comportamento.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Dr. Célio Estanislau Universidade Estadual de Londrina Departamento de Psicologia Geral e

Análise do Comportamento

_____________________________________

Prof. Dr. Silvio Morato de Carvalho Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Ribeirão Preto - USP Departamento de Psicologia

_____________________________________

Profa. Dra. Verônica Bender Haydu Universidade Estadual de Londrina Departamento de Psicologia Geral e

Análise do Comportamento

Londrina, 19 de agosto de 2011.

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Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

F481d Filgueiras, Guilherme Bracarense.

Distinção dos papéis exercidos pela visão e pelo tato na aversão aos braços abertos do labirinto em cruz elevado / Guilherme Bracarense Filgueiras. – Londrina, 2011. 62 f. : il.

Orientador: Célio Roberto Estanislau.

Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento) − Universidade

Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-

Graduação em Análise do Comportamento, 2011.

Inclui bibliografia.

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Filgueiras, G.B. (2011). Distinção dos papéis exercidos pela visão e pelo tato na aversão aos braços abertos do labirinto em cruz elevado. Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina - Londrina-PR.

RESUMO

O Labirinto em Cruz Elevado (LCE) é um modelo animal extensamente utilizado para se investigar as bases biológicas da ansiedade. O LCE consiste em um aparato com 4 corredores em forma de “+”, os quais 2 são cercados por paredes (fechados) e dois não (abertos). Durante uma sessão de 5 minutos pode-se observar a preferência dos animais de permanecerem nos braços fechados, o que é atribuído a uma aversão aos braços abertos. O envolvimento de duas modalidades sensoriais — visão e/ou tato através das vibrissas mistaciais — tem sido estudado, mas não há consenso sobre a participação de cada uma na aversão aos espaços abertos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi investigar separadamente a participação dessas modalidades sensoriais na aversão aos braços abertos. Para isso, foram utilizados 71 ratos Wistar albinos distribuídos em dois grupos: vibrissas cortadas (n = 35) e vibrissas intactas (n = 36). Esses grupos foram redistribuídos em três subgrupos (n = 11-12), sendo que cada um foi testado em uma de três diferentes configurações de LCE: labirinto convencional (LC), labirinto com braços “abertos” cercados com paredes transparentes (PT) e labirinto com braços “abertos” cercados com paredes opacas (PO). Foram avaliadas medidas espaço-temporais (frequência de entradas e tempo de permanência no centro e em cada braço do labirinto) além dos comportamentos de levantar-se, exploração hesitante, aproximação rasteira, mergulho de cabeça e limpar-se. Com relação às medidas espaço-temporais, foi observado que os ratos testados no PT e no PO, independente do tamanho das vibrissas, entraram mais frequentemente e permaneceram mais tempo nos braços “abertos” que os ratos testados no LC. A impossibilidade de coletar informações táteis parece ser mais importante para a aversão que a visualização de espaços abertos, dado que a transparência das paredes permitia a passagem de luz da região externa do PT, mas não preveniu a exploração dos braços. Os resultados obtidos na avaliação de outros comportamentos — como da exploração hesitante e do levantar-se — corroboram com os dados obtidos através das medidas espaço-temporais. Dessa forma, os resultados indicam que, na exploração, os ratos parecem basear-se mais nas pistas táteis que naquelas fornecidas pela visão.

Palavras-chave: Labirinto em cruz elevado; tigmotaxia; ansiedade; visão; vibrissas mistaciais.

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Filgueiras, G.B. (2010). Distinction of the role exerted by visual and tactile cues in the open arm avoidance in the elevated plus-maze. Master dissertation presented to the Master program of Behavior Analysis of the Universidade Estadual de Londrina –Londrina-PR.

ABSTRACT

The elevated plus-maze is an animal model widely used for studying the biological basis of anxiety. It consists of a plus shaped apparatus provided with two enclosed (surrounded by walls) and two open arms. When tested in the apparatus rats usually avoid the open arms. However, it is not precisely determined which is the sense involved in this avoidance. The objective of the present study was to investigate the role exerted by visual and tactile cues in the aversion to the open arms. This was achieved by manipulating the length of mystacial vibrissae, the presence of vertical surfaces in the “open” arms and their transparency. Rats were allocated to a group which had their mystacial vibrissae cut (n = 35) or to a sham cut vibrissae group (n = 36). Each group was split into three subgroups (n = 11-12) tested in one of three types of plus-maze: a conventional maze (CM), one with the “open” arms surrounded by transparent walls (TW) and one with them surrounded by opaque walls (OW). Frequency and time spent in the following behavioral categories displayed in each kind of arm were recorded: arm entry, stretched attend posture, flat back approach, rearing, grooming and head dipping. The results showed that rats tested in the CM, irrespective of the vibrissal length, explored more the closed arm than those tested in the TW and OW. Accordingly, stretched attend postures were almost exclusively seen in the CM, again irrespective of vibrissal length. Since “open” arms of the TW were not avoided, visual cues for arm openness seemed to be unimportant in triggering anxiety. In general, the results suggest that rats rely more on tactile cues than on vision in exploring an elevated plus-maze.

Keywords: Elevated plus-maze; Thigmotaxis; anxiety; aversion; vision; mystacial vibrissae.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 .......................................................................................................................... 22 Figura 2 .......................................................................................................................... 27 Figura 3 .......................................................................................................................... 28 Figura 4 .......................................................................................................................... 30 Figura 5 .......................................................................................................................... 31 Figura 6 .......................................................................................................................... 32 Figura 7 .......................................................................................................................... 33 Figura 8 .......................................................................................................................... 34 Figura 9 .......................................................................................................................... 38 Figura 10 ......................................................................................................................... 39 Figura 11 ......................................................................................................................... 40 Figura 12 ......................................................................................................................... 41 Figura 13 ......................................................................................................................... 42 Figura 14 ......................................................................................................................... 43 Figura 15 ......................................................................................................................... 45 Figura 16 ......................................................................................................................... 46 Figura 17 ......................................................................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ......................................................................................................................... 20 Tabela 2 ......................................................................................................................... 35 Tabela 3 ......................................................................................................................... 50

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................9

1.1 Labirinto em Cruz Elevado ..........................................................................................11

2 OBJETIVOS..................................................................................................................18

3 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... ...19

3.1 Sujeitos .................................................................................................................... ......19

3.2 Equipamentos..............................................................................................................19

3.3 Local ..............................................................................................................................21

3.4 Instrumentos................................................................................................ ..................21

3.5 Procedimentos ................................................................................................................22

3.6 Análise de dados..............................................................................................................23

4 RESULTADOS.. ............................................................................................................................26

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................................51

6 REFERÊNCIAS.............................................................................................................................58

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INTRODUÇÃO

Entendida no vernáculo popular como um sentimento desagradável de apreensão

(Castillo, Recondo, Asbahr & Manfro, 2000), a ansiedade se refere a uma das possíveis

manifestações do organismo frente a situações potencialmente ameaçadoras (Brandão,

2008). Por esse motivo, ao se analisar as reações da ansiedade, pode-se entendê-las

como adaptativas, visto que, sob um prisma evolutivo (filogenia), podem ter sido

selecionadas por terem preparado o organismo para fuga ou luta (Ekman, 1999). A

“ansiedade” pode ser entendida, por meio de uma descrição comportamental, por

manifestações fisiológicas controladas por estímulos pré-aversivos (Catania, 1999). Em

outras palavras, a ansiedade se caracteriza por reações fisiológicas que são eliciadas em

situações que podem ter sido aversivas no passado da espécie ou do indivíduo (devido a

uma história de condicionamento especifica e, portanto, ontogenéticas).

A comunidade verbal é responsável pelo ensino da utilização da palavra

“ansiedade” para os eventos privados, quando esses são acompanhados por eventos

ambientais (públicos) característicos por eliciar ansiedade — eventos ansiogênicos

(Skinner, 1989). Por exemplo, é comum que os mais velhos de uma determinada

comunidade digam que uma criança está “ansiosa” em véspera de uma avaliação da

escola. Nessas aplicações do cotidiano aprende-se a discriminar os eventos privados e a

denominá-los de acordo com o vernáculo (Skinner, 1989). Essas manifestações, por a

maioria ser de respondentes condicionados, muitas vezes são controladas por

contingências as quais o organismo não se dá conta. Isso é, pode ocorrer de uma pessoa

se sentir ansiosa e não saber descrever quais são as variáveis ambientais que estão

eliciando aquelas manifestações fisiológicas. Isso se deve à multiplicidade de estímulos

ambientais que fizeram parte da história de condicionamento do comportamento ansioso

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daquele indivíduo. O organismo tem a ansiedade sob controle de sinais ambientais que

muitas vezes não são identificados (Ekman, 1999).

No caso dos transtornos de ansiedade, há generalizações quanto aos estímulos

eliciadores daquelas reações. Nesses casos, o ambiente exerce um efeito amplificado no

organismo (Margis et al., 2003). De acordo com as classificações do Manual de

Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais IV (DSM-IV, 1994), pode-se

encontrar 10 tipos de transtornos de ansiedade. Dentre esses, Margis et al. (2003)

destacam aqueles com maior prevalência na população geral, que são: (1) transtorno de

ansiedade generalizada; (2) transtorno de pânico; (3) transtorno de ansiedade social; e

(4) transtorno obsessivo-compulsivo. Os autores salientam que conhecer cada um desses

“subtipos” pode auxiliar na escolha de fármacos que tragam resultados mais eficazes no

tratamento desses transtornos de ansiedade. Além de ser essencial essa identificação,

por as drogas usadas nos tratamentos terem muitos efeitos adversos, é essencial que os

pesquisadores continuem investindo no desenvolvimento de novas classes desses

agentes farmacológicos (Buller & Legrand, 2001).

O desenvolvimento de novas drogas para o tratamento da ansiedade em humanos

muitas vezes passa por testes com animais. De acordo com Brandão (2005), o estudo do

comportamento de outros animais possibilita compreender as bases biológicas das

manifestações emocionais em humanos. A utilização de animais no estudo do

comportamento se dá, em grande parte, com a utilização dos chamados paradigmas de

aprendizagem animal seminatural (Pinel, 2005). De acordo com Pinel (2005, p. 152) “o

desenvolvimento desses paradigmas nasceu, em parte, do pressuposto de que algumas

formas de aprendizagem tendem a beneficiar a sobrevivência do animal no meio

selvagem”. Dessa forma, esses paradigmas buscam imitar situações dos ambientes

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naturais e dependem basicamente de respostas que foram selecionadas ao longo do

processo evolutivo das espécies, relacionadas de forma “mais direta com mecanismos

neurais inatos” (Pinel, 2005, p.152). O uso de modelo animais, por ocorrer em

laboratório, permite que se elucide com maior controle a natureza multifatorial dos

transtornos (Andreatini, 2002). Por esse motivo, esses modelos animais precisam ser

extensamente estudados, visto que conhecer o modelo é essencial para compreender as

reações dos animais quando expostos a eles. Dentro dessa perspectiva se insere este

trabalho.

1.1 Labirinto em Cruz Elevado

O Labirinto em Cruz Elevado (LCE) é um dos modelos mais utilizados para o

estudo da ansiedade. Os conceitos nos quais o modelo se embasa começaram a ser

desenvolvidos a partir da década de 50, quando Montgomery (1955) procurou investigar

o conflito entre os impulsos de medo e exploração de roedores frente a estímulos novos

(um ambiente novo). De acordo com o autor, algumas evidências mostravam que os

impulsos exploratórios levavam os roedores a se aproximarem do novo ambiente, e os

impulsos de medo, por outro lado, levavam aos comportamentos de evitar esse novo

ambiente. Assim, Montgomery (1955) desenvolveu um aparato com três corredores, em

forma de Y, e pôde observar que, quando os roedores tinham a possibilidade de escolher

entre os corredores abertos ou fechados (sem ou com paredes), escolhiam na maioria

das vezes os fechados1. Baseados nos estudos de Montgomery sobre o conflito entre

aproximar e esquivar, Handley e Mithani (1984) investigaram o efeito de drogas

ansiolíticas e ansiogênicas na exploração dos braços (corredores) abertos de um

labirinto em forma de X (que era provido de 2 braços abertos e 2 fechados). Eles

1 Neste experimento foram utilizadas quatro configurações de labirinto em Y: (1) 3 braços fechados; (2) 2 braços fechados e 1 aberto; (3) 1 braço fechado e 2 abertos; (4) 3 braços abertos.

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observaram que a administração de ansiolíticos (como o diazepam) em ratos resultava

em um aumento significante na exploração dos braços abertos. Por outro lado, a

administração de ansiogênicos (como a picrotoxina) resultava em diminuição da

exploração desses braços.

Um ano depois, já denominado Labirinto em Cruz elevado, o aparato foi

validado comportamental, fisiológica e farmacologicamente por Pellow, Chopin, File e

Briley (1985) para estudos com ratos. O LCE consiste em uma superfície horizontal

com quatro braços de iguais dimensões, que se cruzam ao centro, como uma cruz. Dois

braços são abertos e dois são fechados. Tipicamente, ratos tendem a preferir os braços

fechados aos abertos. Essa preferência é entendida como uma medida confiante de

ansiedade, visto que pode ser alterada com a administração de fármacos ansiolíticos ou

ansiogênicos. O modelo, além de ter sensibilidade bidirecional (mostrar efeitos

ansiolíticos e ansiogênicos), apresenta as vantagens de ser simples, rápido, de baixo

custo, não requer treino, e não envolve privação de água/alimento ou apresentação de

choques elétricos. Essas vantagens tornam o modelo um dos mais utilizados para o

estudo das bases biológicas da ansiedade (Carobrez & Bertoglio, 2005).

Apesar de a utilização do labirinto parecer ser simples em seus aspectos práticos,

deve-se atentar para as diversas variáveis que estão envolvidas na alteração do

comportamento dos roedores quando testados nesse modelo. Carobrez e Bertoglio

(2005) distinguiram essas variáveis em duas categorias: do organismo e de

procedimento. Dentre as variáveis do organismo, os autores destacam as influências

exercidas pela espécie dos animais, linhagem, gênero, ciclo estral e idade. Já as

variáveis de procedimentos podem ser exemplificadas pelas condições de alojamento,

manuseio prévio dos animais, exposição à estressores antes do teste, construção do

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labirinto, experiência prévia ao labirinto e definição das medidas comportamentais

adotadas.

A avaliação comportamental no labirinto se dá principalmente por meio de

medidas espaço-temporais de deslocamento (i.e. entradas e tempo gasto em cada braço e

no centro). No entanto, existem muitos outros estudos mostrando a importância de se

estudar os comportamentos “naturais” dos animais (naturalistic behaviors). São

comportamentos, em sua maioria, exploratórios. Pode-se incluir nessa categoria o

comportamento de levantar-se (Rearing), além dos chamados “comportamentos de

avaliação de risco” (risk assessment behaviors) nos quais incluem-se o mergulho de

cabeça (Head Dipping), a exploração hesitante (Stretched attend posture - SAP) e a

aproximação rasteira (Flat back approach). O comportamento de limpar-se (Grooming),

também tem sido avaliado em sua relação com a ansiedade, e em sua correlação

negativa com outros comportamentos (Rodgers & Johnson, 1995).

O Comportamento de levantar-se refere-se à elevação do corpo sobre as patas

traseiras. Esse comportamento, apesar de não mostrar alteração em sua frequência e

tempo quando há a administração de ansiolíticos e ansiogênicos (Weiss, Wadsworth,

Fletcher & Dourish, 1998; Holmes & Rodgers, 1999), é utilizado para a avaliação da

atividade vertical e está relacionado ao aumento da atividade locomotora dos animais

(Cruz, Frei, & Graeff, 1994). Pode-se verificar também um aumento de sua frequência

nos braços do LCE cercados por paredes (Martinez et al., 2002).

Sobre o mergulho de cabeça, é um comportamento de avaliação de risco no qual

o animal investiga — principalmente nos braços abertos — a região fora do labirinto,

inclinando a cabeça abaixo do nível do piso do aparato. Esse comportamento também

pode ocorrer caso o animal estique o corpo a partir do quadrante central — e menos

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frequentemente a partir dos braços fechados. Muitos estudos têm utilizado a distinção

do labirinto entre “áreas protegidas” (braços fechados e centro) e “áreas desprotegidas”

(braços abertos), baseando-se na frequência de aparição desses comportamentos no LCE

(Holmes & Rodgers, 1999; Rodgers & Johnson, 1995). Em estudos de análises fatoriais,

o mergulho de cabeça nas áreas protegidas está relacionado ao fator ansiedade (Rodgers

& Johnson, 1995), além de ser utilizado como uma medida de comportamento

exploratório e ter a sua porcentagem — em relação à sua frequência total no LCE —

diminuída na administração de ansiolíticos (Holmes & Rodgers, 1999).

Outro comportamento de avaliação de risco é o SAP, em que o animal mantém

as patas traseiras imóveis enquanto estica o seu corpo utilizando as patas dianteiras, e

em seguida retorna à posição inicial. Esse comportamento pode ser visto como um

índice confiável de ansiedade visto que é descrito em sua função de avaliação de risco

predatório (Blanchard & Blanchard, 1989), em sua sensibilidade seletiva aos

tratamentos com ansiolíticos (Rodgers, Cao, Dalvi & Holmes, 1997), e em sua

correlação positiva com os níveis de corticoesterona como resultado à exposição ao

LCE (Rodgers et al, 1999). Sobre a aproximação rasteira, na qual o rato caminha

esticando o corpo rente ao chão, é outro comportamento de avaliação de risco. Observa-

se correlação com o fator ansiedade (Cruz, Frei & Graeff, 1994) e com a atividade

locomotora (Rodgers & Johnson, 1995).

Sobre o comportamento de limpar-se — considerado quando o animal fricciona

qualquer região de seu corpo utilizando as patas ou a boca — verifica-se uma correlação

negativa com os fatores de deslocamento e atividade vertical (Rodgers & Johnson,

1995). Com a administração de fármacos ansiolíticos não se observa alteração

significativa na duração do limpar-se durante a primeira sessão, porém, quando há a

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administração dessas drogas em roedores que já haviam sido expostos ao labirinto

percebe-se um aumento na duração total desse comportamento na segunda exposição

(Holmes & Rodgers, 1999). Em labirintos com bordas de 5 cm nos braços abertos pode-

se observar uma diminuição do tempo total do limpar-se na sessão em contraponto com

um aumento da atividade locomotora — avaliada pela distância percorrida (Martinez et

al., 2002).

Como já mencionado anteriormente, o teste no LCE consiste na tendência dos

ratos de evitar os espaços abertos, porém os fatores envolvidos nessa evitação não são

muito bem elucidados. Inicialmente foi pensado que os ratos apresentam um medo

natural de novidade (Montgomery, 1955). Visto que todo o aparato era novo para o rato

e ainda assim observava-se uma preferência pelos braços fechados, pensou-se em outros

fatores que estivessem associados a essa aversão. Foi sugerido também, por exemplo,

que o fenômeno ocorria devido a um medo de altura (Pellow, 1986), porém estudos

posteriores apresentaram evidências que enfraqueceram essa hipótese. Treit, Menard e

Royan (1993) realizaram experimentos com diferentes elevações do labirinto (6, 25 e

50cm de altura) e não obtiveram diferenças significantes nas entradas e tempo gasto nos

braços abertos. Em estudos recentes, a impossibilidade de tigmotaxia — a tendência de

se manter próximo a superfícies verticais — tem sido apontada como o aspecto crucial

para a evitação dos braços abertos, mais do que a altura ou novidade (Treit et al., 1993).

Sob uma perspectiva evolutiva, entende-se que permanecer próximo às superfícies

verticais tenha diminuído a probabilidade de serem predados por animais aéreos

(Grossen & Kelley, 1972).

Existem outros fatores que influenciam o comportamento de ratos no labirinto.

Carobrez e Bertoglio (2005) apontam para a influência da construção do labirinto sobre

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o comportamento dos roedores. São conhecidos estudos que demonstram alterações no

comportamento dos animais ao se modificar, por exemplo, o piso do aparato (Morato &

Castrechini, 1989) e as bordas dos braços abertos do LCE (Fernandes & File, 1996). No

entanto, nos exemplos supracitados a manipulação das variáveis ocorre sem se

modificar a diferença fundamental na qual o LCE se embasa: espaços abertos X espaços

fechados. Ao se observar a preferência dos roedores pelos espaços fechados, as razões

pelas quais ocorre essa preferência ainda não são muito bem elucidadas. Um ponto de

partida para essa elucidação pode ser entender como a percepção dessas diferentes

características dos labirintos ocorre. Nesse sentido, alguns estudos têm buscado

investigar as principais modalidades envolvidas na percepção dos diferentes espaços do

labirinto em cruz elevado.

Algumas evidências têm sugerido que a visão é a principal modalidade sensorial

envolvida nessa aversão aos braços abertos. Em um estudo utilizando LCE provido de

paredes transparentes nos braços abertos, observou-se uma exploração similar do rato

quando comparada com a exploração em um LCE convencional (Martinez et al., 2002).

Em outro estudo, Garcia et al. (2005) compararam a exploração dos braços abertos de

ratos testados sob escuridão total e penumbra (01 lux) e notaram que os ratos exploram

mais esses braços que em situações com maior luminosidade. Pereira et al. (2005)

verificaram que, ao contrário da alta ou baixa luminosidade, o que pode interferir no

comportamento de esquiva de ratos é o gradiente de luminosidade entre os braços

abertos e fechados.

Porém, o rato por ser um animal notívago, pode ser que utilize

predominantemente outras modalidades sensoriais, que não a visão, para a navegação

espacial. Nesse sentido, existem estudos que sugerem que o tato, por meio de

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informações geradas pelas vibrissas, exerce uma função mais importante para a

tigmotaxia. Na avaliação de profundidade, por exemplo, os ratos parecem confiar mais

nas informações geradas pelas vibrissas que pela visão (Schiffman et al., 1970). Em

outro estudo, Cardenas et al. (2001) cortaram as vibrissas de ratos em diferentes

tamanhos (somente as pontas cortadas, cortadas pela metade, e completamente cortadas)

para observar o efeito no LCE quando comparados com animais com as vibrissas

intactas. Quando os ratos foram testados em um LCE no escuro, aqueles que tiveram a

vibrissa completamente removida tenderam a passar uma maior quantidade de tempo

nos braços abertos (Cardenas, Lamprea, & Morato, 2001). Os autores interpretaram esse

fenômeno como sendo resultado do prejuízo em coletar informações do ambiente

gerado pelo corte das vibrissas. Além disso, ao navegar em ambientes aquáticos ou

terrestres, pode-se obter como efeito de hemivibrissotomia, uma tigmotaxia assimétrica

para o lado intacto (Milani, Steiner, & Huston, 1989; Meyer & Meyer, 1992).

Em se tratando de LCE, a ausência de tigmotaxia parece ser uma característica

importante para a aversão aos braços abertos. No entanto, a tendência de evitar esses

braços pode ser derivada tanto de pistas geradas pela visão quanto pelas geradas pelas

vibrissas (ou como combinação de ambas). Tendo em vista as evidências apresentadas

por estudos sobre a importância dessas duas modalidades sensoriais, deve-se comparar,

simultaneamente, a função exercida tanto pela visão quanto pelo tato no comportamento

de roedores no LCE. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo a investigação

das funções das vibrissas mistaciais e da visão no comportamento exploratório no LCE.

Essa investigação foi feita manipulando o comprimento da vibrissa (intacta ou cortada),

a presença de superfícies verticais nos braços abertos (presente ou não) e a sua

transparência (opaco ou transparente).

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2 OBJETIVOS

2.1 Gerais

Investigar quais são as modalidades sensoriais envolvidas na aversão de ratos aos

braços abertos do Labirinto em Cruz Elevado (LCE).

2.2 Específicos

- Avaliar o papel das vibrissas comparando-se ratos com vibrissas intactas e cortadas e

avaliar o papel da visão testando-os em labirintos em cruz com diferenças quanto à

presença de paredes e às suas transparências nos braços "abertos".

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Sujeitos

Foram utilizados 71 ratos machos Wistar, pesando aproximadamente 300g,

oriundos do Biotério Central da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os animais

foram alojados em 6 por gaiola (40cm X 34cm X 17cm), com água e ração ad libitum.

O biotério, durante todo o experimento, teve a temperatura controlada (25±1°C) e o

ciclo claro-escuro mantido em 12:12 horas (luzes acesas às 7:00). Todas as sessões

experimentais ocorreram entre as 13 e 16 horas. Nenhum procedimento experimental

ocorreu antes de pelo menos três dias de habituação dos animais ao biotério. Todo o

procedimento experimental foi conduzido de acordo com as recomendações da

Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, por sua vez, baseadas nas

recomendações do US National Institutes of Health Guide for Care and Use of

Laboratory Animals e com a aprovação do Comitê de Ética de Experimentação Animal

da UEL (CEEA/UEL 11/09).

3.2 Equipamentos

Labirinto em Cruz Elevado (LCE)

Foram utilizados três tipos de LCE descritos a seguir. (1) Labirinto

Convencional (LC): consistiu-se de um labirinto semelhante ao usado em muitas das

pesquisas em que o LCE é utilizado para se estudar a ansiedade em ratos (ver Pellow et

al., 1985). O LC utilizado apresenta piso de madeira, dois braços abertos (50cmX12cm)

cercados por uma borda de acrílico de 1cm de altura e dois braços (50cm X 12cm)

fechados com paredes de acrílico de 40cm de altura, forradas com papel pardo opaco

em sua superfície externa. Um quadrante central (12cm X 12cm) liga os quatro braços

em ângulos retos. Todo o aparato é elevado 50 cm do piso da sala. Os outros dois

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labirintos se diferiam do LC apenas com relação à construção dos braços abertos. É

importante ressaltar que, neles, o termo “aberto” não se refere à presença ou não de

paredes, mas sim à posição dos braços na sala (e em referência aos braços fechados). (2)

Labirinto com Paredes Transparentes (PT): os braços “abertos” eram cercados por

paredes de acrílico transparente de 40 cm de altura. (3) Labirinto com Paredes Opacas

(PO): similar ao PT, no entanto, as paredes dos braços “abertos” eram forradas com

papel pardo opaco em sua superfície externa. Todas as sessões experimentais foram

realizadas na mesma sala, que era iluminada por uma lâmpada incandescente de 60 W

disposta 2,4 m acima do quadrante central do LCE. A luminosidade das diferentes

partes dos três tipos de labirinto é apresentada na Tabela 1. Nos intervalos entre as

sessões, o aparato era limpo com solução de etanol 5% e seco com toalhas de papel. As

sessões experimentais foram gravadas em vídeo por uma câmera filmadora digital

colocada 2,4 m acima do aparato. Ao final de cada dia de experimentos, os arquivos

gerados na filmadora foram transferidos para o disco rígido de um computador. Todas

as observações foram feitas a partir do monitor (17 pol) do computador. O software X-

Plo-Rat (obtido no sítio de internet: http://scotty.ffclrp.usp.br) foi utilizado para o

registro comportamental (descrito na sessão Instrumentos).

Tabela 1. Quantidade de luz (lux) medida nas extremidades dos três tipos de labirinto.

Tipo de labirinto Local de medida

Extremidades dos abertos Extremidades dos fechados Centro

LC 6,2 6,2 4,1 4,1 5,4

PT 6,6 6,8 4,0 4,0 5,4

PO 3,9 3,9 3,9 4,1 4,2

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Filmadora

Para o registro das sessões de labirinto foi utilizada uma filmadora digital da

marca Sony, modelo DCR-SR85 60 GB. Os dados foram armazenados inicialmente na

memória interna do equipamento e em seguida transferidos para um computador e

gravados em DVD’s.

3.3 Local

As sessões no LCE ocorreram na sala número 256 do Departamento de

Psicologia Geral e Análise do Comportamento (PGAC), situado no Centro de Ciências

Biológicas da Universidade Estadual de Londrina.

3.4 Instrumentos

Software X-Plo-Rat 2005 1.1.0

Para o registro dos dados do LCE foi utilizado o programa X-Plo-Rat versão

1.1.0 (Chaim & Morato, 2005). O programa permite simular, durante a reprodução do

vídeo da sessão experimental, o percurso realizado pelo rato no labirinto. Para tanto, são

utilizadas as setas do teclado do computador. A fim de se registrar o deslocamento do

animal entre e dentro dos braços do labirinto, foi colocada uma transparência à frente do

monitor, a qual permitia dividir cada braço do labirinto em cinco retângulos de 12 x10

cm (ver Figura 1).

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23

Figura 1. Representação do programa X-Plo-Rat 1.1.0, que foi utilizado para coleta dos dados

do LCE.

3.5 Procedimentos

Antes dos testes, cada um dos três grupos correspondentes a cada tipo de

labirinto (LC, n = 23; PT, n = 24; PO, n = 24) foi subdividido em dois grupos diferentes

com relação à remoção das vibrissas. (1) Grupos com vibrissas cortadas: as vibrissas

mistaciais foram cortadas próximo ao nível do folículo com auxílio de uma tesoura (LC,

n = 11; PT, n = 12; PO, n = 12). (2) Grupos com vibrissas intactas: havia a simulação

do corte, porém as vibrissas não foram retiradas (LC, n = 12; PT, n = 12; PO, n = 12). O

corte das vibrissas (ou a simulação) era feita sempre 5 minutos antes do teste no LCE.

Durante o experimento, cada rato foi cuidadosamente colocado no centro do

labirinto com a face virada para um dos braços fechados. Depois de 300 s de livre

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exploração, o animal era retirado do LCE e colocado em uma gaiola-viveiro separada.

As seguintes medidas comportamentais foram registradas em frequência e tempo por

um observador treinado:

(1) Deslocamento espacial

1.1 Entrada nos braços - quando o rato colocou as 4 patas em um braço (a

entrada foi considerada terminada quando o rato pôs as 4 patas de volta no

quadrante central). As entradas foram registradas se ocorriam nos braços abertos

ou fechados;

1.2 - Entrada nas extremidades dos braços - quando o rato colocou as 4 patas

nos 20 cm finais de cada braço

(2) Exploração hesitante (Stretched attend posture; SAP) - quando o animal esticou o

corpo à frente e retornou à posição original sem retirar as patas traseiras do lugar;

(3) Levantar (Rearing) - quando o animal levantava as patas dianteiras e permaneciam

somente sobre as traseiras;

(4) Aproximação rasteira (Flat Back Approach) - quando o animal se esticou e foi

adiante com o corpo rente ao chão;

(5) Mergulho de cabeça (Head Dipping) - quando o animal investigou a região externa

do labirinto inclinando a cabeça abaixo do nível do piso do aparato. Obviamente, esse

comportamento só era possível no LC;

(6) Limpar-se (Grooming) - quando o animal friccionou qualquer região de seu corpo

utilizando as patas ou a boca.

3.6 Análise de dados

Os grupos foram comparados quanto às medidas espaço-temporais e quanto aos

comportamentos de limpar-se, de exploração hesitante, de levantar-se, de mergulhar a

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cabeça (somente no LC) e de aproximação rasteira. Todas essas medidas foram

comparadas entre os ratos com vibrissas cortadas e intactas, testados nos três tipos de

labirinto. Dessa forma, utilizaram-se análises de variância (ANOVA) de duas vias com

os fatores “Labirinto” (LC X PT X PO), “Vibrissas” (Cortadas X Intactas). A fim de se

identificar alterações ao longo da sessão, a mesma foi dividida em duas metades.

Portanto, foram realizadas também análises de variância (ANOVA) de três vias para

medidas repetidas com os fatores “Labirinto” (LC X PT X PO), “Vibrissas” (Cortadas

X Intactas) e o fator de medidas repetidas “Metade” da sessão (primeira X segunda).

Quando necessário o teste Newman-Keuls foi usado. Em todos os casos o nível de

significância considerado foi de p ≤ 0,05.

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4 RESULTADOS

A Figura 2 apresenta o tempo gasto nos braços “abertos”. Para a sessão

completa, a ANOVA mostrou efeito significante do fator Labirinto (F [2,65] = 14,490, p <

0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante. As

análises post hoc mostraram que os ratos com vibrissas intactas ou cortadas testados no

PT e no PO permaneceram mais tempo nos braços “abertos” (vibrissas intactas: p < 0,01

e p < 0,05, respectivamente; vibrissas cortadas: p < 0,01 para ambos) que os seus

respectivos grupos testados no LC.

A Figura 2 ainda mostra a análise feita de acordo com o tempo gasto nos braços

“abertos” em cada metade da sessão. A ANOVA mostrou efeito significante do fator

Labirinto (F [2,65] = 14,491, p < 0,001) e do fator Metade (F [1,65] = 10,529, p < 0,01).

Nem o fator Vibrissa ou qualquer interação entre fatores se mostrou significante. As

comparações post hoc mostraram que dentre os ratos com vibrissas intactas, os testados

no PT e no PO permaneceram mais tempo nos braços “abertos” (p = 0,01, para ambos)

durante a segunda metade da sessão que os testados no LC. Quando uma comparação

equivalente foi feita entre os animais sem vibrissas, os testados no PT e no PO

permaneceram mais tempo nos braços “abertos” nas duas partes da sessão (PT: p <

0,001, na primeira metade e p < 0,05 na segunda metade; PO: p < 0,05 para a primeira e

segunda metade). Ainda observou-se, nos ratos com vibrissas testados no LC, redução

no tempo nos “abertos” quando a segunda metade da sessão foi comparada com a

primeira (p < 0,05).

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LC PT PO

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Com vibrissaSem vibrissas

Figura 2. Tempo (s) gasto nos braços “abertos” considerando a sessão inteira (gráfico à direita) ou com a mesma dividida em duas partes (gráfico à esquerda). Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes). °, p ≤ 0.05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Figura 3 apresenta a porcentagem de entradas nos braços “abertos”.

Considerando a sessão completa, a ANOVA mostrou efeito significante para o fator

Labirinto (F [2,65] = 6,947, p < 0,01). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores

se mostrou significante. As comparações post hoc mostraram que, dentre os ratos com

vibrissas cortadas, aqueles testados no PT e PO frequentaram em maior proporção os

braços abertos que os animais testados no LC (p < 0,05 para ambas as diferenças). Com

o acréscimo do fator Metade, a ANOVA mostrou um efeito significante do fator

Labirinto (F [2,65] = 7,982, p < 0,001) e Metade (F [1,65] = 4,087, p < 0,05) . Observou-se

ainda uma interação entre os três fatores (Labirinto X Vibrissa X Metade) (F [2,65] =

4,092, p < 0,05). As análises post hoc mostraram que, em comparação aos testados no

LC, os ratos com vibrissas intactas testados nos labirintos PT e PO frequentaram

proporcionalmente mais os braços “abertos” (p < 0,05 e p < 0,01, respectivamente) na

segunda metade da sessão. Quando os ratos com vibrissas cortadas foram comparados,

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os testados no PT frequentaram em maior proporção os braços “abertos” na segunda

metade da sessão que os testados no LC (p < 0,05). Numa comparação equivalente entre

os ratos sem vibrissas testados no LC e os testados no PO, observou-se um aumento

próximo de significante da proporção de entradas nos abertos na segunda metade da

sessão (p = 0,06). Diferença próxima de significante também foi encontrada na queda da

proporção de entradas nos abertos, da primeira para a segunda metade da sessão dos

ratos com vibrissas testados no LC (p = 0,06).

** *

0

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LC PT PO

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Com vibrissa

Sem vibrissas

Figura 3. Os gráficos mostram a porcentagem de entrada nos braços “abertos”. Foram testados os ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).

A Figura 4 apresenta a frequência de entradas nas extremidades dos braços

“abertos”. Considerando a sessão completa, a ANOVA mostrou efeito significante para

o fator Labirinto (F [2,65] = 21,946, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre

os fatores se mostrou significante. As análises post hoc mostraram que os ratos com

vibrissas intactas ou cortadas testados no PT ou no PO visitaram mais frequentemente

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as extremidades dos “abertos” que os seus respectivos grupos testados no LC (vibrissas

intactas: p < 0,001 e p < 0,01, respectivamente; vibrissas cortadas: p < 0,001 para

ambos). Considerando o fator Metade, a ANOVA mostrou efeito significante para os

fatores Labirinto (F [2,65] = 21,946, p < 0,001) e Metade (F [1,65] = 19,458, p < 0,001).

Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante. As análises

post hoc mostraram que, em comparação aos ratos com vibrissas intactas testados no

LC, os testados no PT visitaram mais frequentemente as extremidades dos “abertos” (p

< 0,01) durante a primeira metade da sessão. Ainda nesta parte da sessão, dentre os

ratos com vibrissas cortadas, em comparação com os testados no LC, os testados no PT

ou no PO visitaram as extremidades dos “abertos” com maior frequência (p < 0,001

para ambos). Considerando a segunda metade da sessão, dentre os ratos com vibrissas

intactas, foi observado que os testados no PT e PO visitaram com maior frequência as

extremidades dos “abertos” (p < 0,05 para ambos) quando comparados com os testados

no LC. Numa comparação equivalente dentre os ratos sem vibrissas, somente os escores

obtidos pelos testados no PT (p < 0,01) foram maiores em relação aos testados no LC.

Os ratos sem vibrissas testados no PO também obtiveram escores maiores, porém

somente próximos de significantes (p = 0,06). As análises post hoc ainda mostraram

redução significante na frequência de visitas às extremidades dos “abertos” na

comparação entre a primeira e segunda metade da sessão nos ratos com vibrissas

testados no PT (p < 0,05) e nos ratos sem vibrissas testados no PO (p < 0,05).

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Sem vibrissas

Figura 4. O gráfico à esquerda mostra a frequência de entradas nas extremidades dos “abertos” quando a sessão é analisada em metades e o gráfico à direita quando toda a sessão é considerada. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). *, p ≤ 0,05, quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes). °, p ≤ 0.05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Figura 5 apresenta o tempo gasto nas extremidades dos “abertos”. Na sessão

completa a ANOVA mostrou efeito significante para o fator Labirinto (F [2,65] = 14,692,

p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante.

Análises post hoc mostraram aumento significante no tempo de permanência nas

extremidades dos “abertos” quando os ratos testados no PT e PO, independente do

tamanho de vibrissas, são comparados com os ratos testados no LC (PT, p < 0,05, para

os ratos com e sem vibrissas; PO, p < 0,01, para os ratos com e sem vibrissas).

Considerando o fator Metade, a ANOVA mostrou diferença significante para o fator

Labirinto (F [2,65] = 14,692, p < 0,001) e para o fator Metade (F [1,65] = 9,852, p < 0,01).

Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante. As análises

post hoc mostraram que, quando comparados com os ratos sem vibrissas testados no

LC, os respectivos grupos testados no PT e PO passaram mais tempo nas extremidades

dos “abertos” (p < 0,001 em ambos os casos) durante a primeira metade da sessão.

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s) Com vibrissaSem vibrissas

Figura 5. Os gráficos mostram o tempo gasto nas extremidades dos braços “abertos”. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).

A Figura 6 apresenta o tempo gasto (s) nos braços fechados. Para a sessão

completa, a ANOVA mostrou efeito significante do fator Labirinto (F [2,65] = 7,766, p <

0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante.

Comparações post hoc mostraram que os ratos com vibrissas cortadas testados no LC

permaneceram mais tempo nos braços fechados na segunda metade da sessão que seus

respectivos grupos testados no PT e no PO (Vibrissas intactas: p < 0,01 e p < 0,05,

respectivamente; Vibrissas cortadas, p < 0,01, para ambas as diferenças ). Considerando

o fator Metade, a ANOVA mostrou efeito para o fator Labirinto (F [2,65] = 7,766, p <

0,01). A ANOVA ainda mostrou interação entre os fatores Labirinto e Metade (F [2,65] =

4,928, p = 0,01). Não foram encontrados efeitos significantes dos fatores Vibrissa e

Metade, ou outras interações. As análises post hoc mostraram que na segunda metade da

sessão os ratos com e os sem vibrissas testados no PT e no PO passaram menos tempo

nos braços fechados desses labirintos (p < 0,05 para todas as diferenças) que seus

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respectivos grupos testados no LC. A análise post hoc ainda mostrou aumento

significante do tempo de permanência nos fechados durante a segunda metade da sessão

pelos ratos com vibrissas testados no LC (p < 0,05).

º

* * * *

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Com vibrissaSem vibrissas

Figura 6. Os gráficos mostram o tempo gasto nos braços fechados. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes). °, p ≤ 0.05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Figura 7 apresenta o tempo gasto no centro. Na análise da sessão completa, a

ANOVA não mostrou efeitos significantes de qualquer fator, e nem interação entre eles.

Em uma análise considerando as duas metades da sessão, a ANOVA não mostrou efeito

de qualquer fator isolado, porém mostrou haver interação entre os fatores Labirinto e

Metade (F [2,65] = 7,817, p < 0,001). No entanto, as comparações post hoc não

mostraram haver diferença significante entre os grupos.

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LC PT PO

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Com vibrissaSem vibrissas

Figura 7. O gráfico apresenta o tempo gasto(s) no centro durante a sessão inteira (direita) e durante cada metade da sessão (esquerda). Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO).

A Figura 8 apresenta a distância percorrida (m) nos braços “abertos”. Em uma

análise da sessão completa a ANOVA mostrou efeito do fator Labirinto (F [2,65] =

15,331, p < 0,001). Nem os fatores Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostraram

significantes. Análises post hoc mostraram que os animais, com e sem vibrissas,

percorreram distância maior nos abertos no PT e PO que os animais testados no LC (p <

0,01 para todas as diferenças). Considerando o fator Metade, a ANOVA mostrou efeito

para os fatores Labirinto (F [2,65] = 15,331, p < 0,001) e Metade (F [1,65] = 27,038, p <

0,001). Nem o fator Vibrissa ou alguma interação entre os fatores se mostrou

significante. As comparações post hoc mostraram que os ratos com vibrissas intactas,

durante a primeira metade da sessão, percorreram maior distância nos braços “abertos”

do PT que seu respectivo grupo no LC (p < 0,01). Durante a segunda metade da sessão,

os testados no PT e no PO percorreram maior distância nos “abertos” que os testados no

LC (p < 0,001 para ambos). Com relação à distância percorrida pelos animais sem

vibrissas, observou-se que os testados no PT e no PO tiveram escores maiores na

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primeira metade que os animais testados no LC (p < 0,001 para ambos), o que se repetiu

na segunda metade (p < 0,001 e p < 0,05 respectivamente). Análises post hoc também

identificaram uma queda na distância percorrida nos “abertos” da primeira para a

segunda metade da sessão nos ratos com vibrissas testados no LC e PT, e nos ratos sem

vibrissas testados no PO (p < 0,01, p < 0,05 e p < 0,05 respectivamente).

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)

Com vibrissaSem vibrissas

Figura 8. Os gráficos mostram a distância percorrida (m) nos braços “abertos”. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes). °, p ≤ 0.05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

Outros resultados — entradas nos “abertos”, entradas nos fechados, entrada nas

extremidades dos fechados, tempo nas extremidades dos fechados, distância percorrida

nos fechados — de medidas espaço-temporais são apresentados na Tabela 2. Sobre a

frequência de entradas nos braços “abertos” durante toda a sessão, a ANOVA indicou

efeito do fator Labirinto (F [2,65] = 8,452, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação

entre os fatores se mostrou significante. As comparações post hoc mostraram que os

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35

ratos testados no PT entraram mais frequentemente nos “abertos” que os testados no

LC, independente do tamanho de vibrissas (p < 0,05 para ambos). Em uma análise da

frequência de entradas nos “abertos” considerando o fator Metade, a ANOVA mostrou

efeito para os fatores Labirinto (F [2,65] = 8,452, p < 0,001) e Metade (F [1,65] = 30,208, p

< 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante.

As análises post hoc mostraram que, durante as duas metades da sessão, os ratos com

vibrissas intactas testados no PT entraram mais freqüentemente nos braços “abertos”

que os ratos testados no LC (p < 0,05 para ambas as metades). Durante a segunda

metade da sessão foi observado que os ratos com vibrissas intactas testados no PO

também entraram mais frequentemente nesses braços que os testados no LC (p < 0,05).

Ainda sobre as entradas nos “abertos”, dentre os ratos sem vibrissas, foi observado na

segunda metade da sessão que os animais testados no PT tiveram escores maiores que

os testados no LC (p = 0,01). Observou-se também uma queda nas entradas nos

“abertos” quando as duas metades da sessão são comparadas em ratos com vibrissas

testados no LC ou no PT (p < 0,05 e p = 0,01, respectivamente).

Sobre as entradas nos fechados durante a sessão inteira, a ANOVA não mostrou

efeitos significantes de nenhum fator, e nem da interação entre eles. Já na análise

considerando o fator Metade, a ANOVA mostrou efeito desse fator Metade (F [1,65] =

33,131, p < 0,001). Nem os fatores Labirinto e Vibrissa, ou qualquer interação entre

fatores se mostrou significante. As comparações post hoc mostraram que os ratos com

vibrissas intactas testados no PO tiveram uma queda na frequência de visitas aos braços

fechados durante a segunda metade da sessão (p < 0,01).

Sobre a frequência de entrada nas extremidades dos fechados, não foi observada

nenhuma diferença significante nessa categoria comportamental ao se considerar a

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36

sessão total. Em uma análise levando em consideração cada metade da sessão, a

ANOVA mostrou efeito significante para o fator Metade (F [1,65] = 32,050, p < 0,001).

Nem os fatores Labirinto ou Vibrissa, ou qualquer interação entre fatores se mostrou

significante. Comparando a segunda com a primeira metade da sessão, as análises post

hoc mostraram uma queda na frequência de visitas às extremidades dos fechados no PO

pelos ratos com vibrissas (p < 0,05). Com relação ao tempo gasto na extremidade dos

fechados, a ANOVA não mostrou efeito significante de nenhum fator, nem na sessão

completa, e nem na comparação entre as metades da sessão. Sobre a distância percorrida

nos fechados, na sessão inteira a ANOVA não mostrou efeitos significantes. Na análise

de cada metade da sessão, a ANOVA mostrou efeito para o fator Metade (F [1,65] =

29,715, p < 0,001). Nem os fatores Labirinto ou Vibrissa ou qualquer interação entre

fatores se mostrou significante. As análises post hoc mostraram que os ratos com

vibrissas testados no PO tiveram uma queda na locomoção quando a primeira metade da

sessão é comparada com a segunda metade (p < 0,05).

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37

Tabela 2. Medidas espaço-temporais de ratos com ou sem vibrissas (C/ vib e S/ vib) testados nos três tipos de labirinto (LC, PT e PO). Os dados são expostos de acordo com o observado em cada metade da sessão (150s + 150s) e durante a sessão inteira (300s). *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes). °, p ≤ 0,05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Figura 9 apresenta frequência do comportamento de levantar nos braços

abertos. Para a sessão completa, a ANOVA mostrou efeito significante do fator

Labirinto (F [2,65] = 60,469, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os

fatores se mostrou significante. As comparações post hoc mostraram que os ratos

testados no PT ou no PO levantaram mais frequentemente nos braços abertos que os

testados no LC (p < 0,001 para todas as diferenças significantes). Considerando o fator

Metade para a análise da frequência do comportamento de levantar nos abertos, a

ANOVA mostrou efeito para o fator Labirinto (F [2,65] = 60,469, p < 0,001). Nem os

fatores Labirinto e Vibrissa ou a interação entre fatores se mostrou significante. As

comparações post hoc mostraram que os animais levantaram com muito mais frequência

nos braços abertos quando foram testados no PT ou no PO, independente da metade da

sessão e do comprimento das vibrissas (p < 0,001 para todas as diferenças

significantes).

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* * * **

*

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0

1

2

3

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5

6

7

8

C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib

LC PT PO

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1ª metade 2ª metade

***

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10

12

14

16

LC PT PO

Leva

ntar

nos

abe

rtos

Com vibrissaSem vibrissas

Figura 9. Os gráficos mostram a frequência do comportamento de levantar nos braços “abertos”. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).

O gráfico à direita da Figura 10 apresenta o tempo que os animais permaceram

levantados nos braços “abertos” durante a sessão completa. A ANOVA encontrou efeito

significante para o fator Labirinto (F [2,65] = 46,382, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou

a interação entre os fatores se mostrou significante. As comparações post hoc

mostraram que os animais permaneceram mais tempo levantados nos braços “abertos”

dos labirintos com paredes (PT e PO), independente do comprimento das vibrissas e da

metade da sessão (p < 0,001 para todas as diferenças significantes). Acrescentando o

fator Metade (Figura 10 à esquerda), a ANOVA mostrou efeito significante para o fator

Labirinto (F [2,65] = 46,382, p < 0,001). Não foram encontradas diferenças significantes

dos fatores Vibrissa e Metade, ou de interações entre os fatores. As análises post hoc

mostraram que os ratos testados no PT ou no PO permaneceram mais tempo levantados

nos “abertos” que os testados no LC, independente do tamanho das vibrissas e da

metade da sessão (p < 0,001, para todas as diferenças significantes).

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*

****

***

0,0

2,0

4,0

6,0

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12,0

14,0

C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib

LC PT PO

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1ª metade 2ª metade

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po le

vant

ados

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(s) Com vibrissa

Sem vibrissas

Figura 10. Os gráficos mostram o tempo (s) que os ratos permaneceram levantados nos “abertos”. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).

A Figura 11 apresenta a frequência do comportamento de levantar nos braços

fechados. Na sessão completa a ANOVA não encontrou diferenças significantes.

Considerando as duas partes da sessão, a ANOVA mostrou efeito para o fator Metade

(F [1,65] = 10,967, p < 0,01). Não foram encontradas diferenças significantes dos fatores

Vibrissa e Metade, ou de interações entre os fatores. As comparações post hoc também

não mostraram diferenças significantes.

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0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib

LC PT PO

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s1ª metade 2ª metade

02468

1012141618

LC PT PO

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ados

Com vibrissaSem vibrissas

Figura 11. Frequência do comportamento de levantar nos braços fechados. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada.

A Figura 12 apresenta o tempo que os animais permaceram levantados nos

braços fechados. Considerando a sessão completa, a ANOVA encontrou efeito

significante do fator Labirinto (F [2,65] = 4,312, p < 0,05). Nem o fator Vibrissa ou a

interação entre os fatores se mostrou significante. As comparações post hoc não

mostraram efeitos significantes. Ao acrescentar o fator Metade a ANOVA indicou efeito

significante do fator Labirinto (F [2,65] = 4,312, p < 0,05). Não foi encontrada diferença

significante para os fatores Vibrissa e Metade, e nem foram encontradas interações

significantes. As análises post hoc também não indicaram quaisquer diferenças

significantes entre os grupos.

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0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib

LC PT PO

Tem

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)1ª metade 2ª metade

0

5

10

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20

25

30

35

LC PT POTem

po le

vant

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nos

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ados

(s) Com vibrissa

Sem vibrissas

Figura 12. Tempo do comportamento de levantar-se nos braços fechados. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada.

A Figura 13 apresenta a frequência do comportamento de levantar no quadrante

central. Considerando a sessão completa, a ANOVA mostrou efeito significante do fator

Labirinto (F [2,65] = 12,751, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os

fatores se mostrou significante. As análises post hoc mostraram que, dentre os animais

com vibrissas intactas, aqueles testados no PT e PO levantaram com mais frequência

que aqueles testados no LC (p < 0,001 e 0,05, respectivamente). Com a adição do fator

Metade na análise, a ANOVA mostrou efeito significante dos fatores Labirinto (F [2,65] =

12,751, p < 0,001) e Metade (F [1,65] = 12,928, p < 0,001) além da interação entre esses

fatores (F [2,65] = 6,692, p < 0,01). Não foi encontrado efeito significante do fator

vibrissa, e nem para as demais interações. Nas comparações post hoc foi observado que,

dentre os ratos com vibrissas, os testados no PT e PO levantaram mais vezes que

aqueles testados no LC durante a segunda metade da sessão (p < 0,001 para ambos). Foi

observado também que nos ratos com vibrissas testados no PT e PO, da primeira para a

segunda metade da sessão houve um aumento na frequência do comportamento de

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42

levantar no centro (p < 0,001 e p < 0,01, respectivamente). As análises post hoc ainda

mostraram que dentre os ratos testados no PT, os com vibrissas intactas tiveram escores

maiores que os animais com vibrissas cortadas durante a segunda metade da sessão (p <

0,05).

ª*

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

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LC PT PO

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1ª metade 2ª metade

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1

2

3

4

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LC PT PO

Leva

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as n

o ce

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Com vibrissaSem vibrissas

Figura 13. Frequência do comportamento de levantar no centro. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).°, p ≤ 0,05 quando comparado com a primeira metade da sessão. ª, p ≤ 0,05 quando comparados com os ratos com vibrissas testados no mesmo tipo de labirinto (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).

Na Figura 14 é apresentado o tempo do comportamento de levantar no quadrante

central. Na sessão completa, a ANOVA mostrou efeito significante do fator Labirinto (F

[2,65] = 12,300, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se

mostrou significante. As análises post hoc mostraram que, dentre os ratos com vibrissas,

aqueles testados no PT e PO permaneceram mais tempo levantados que aqueles testados

no LC (p < 0,001 e p < 0,01, respectivamente). Ao acrescentar o fator Metade às

análises, a ANOVA mostrou efeito significante do fator Labirinto (F [2,65] = 12,300, p <

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43

0,001) e do fator Metade (F [1,65] = 15,943, p < 0,001), além da interação entre esses

fatores (F [2,65] = 4,718, p < 0,05). Não foi encontrado efeito significante do fator

vibrissa, e nem para as demais interações. As análises post hoc mostraram que, durante

a segunda metade da sessão, os ratos com vibrissas testados no PT e PO permaneceram

mais tempo levantados no centro que os testados no LC (p < 0,001 para ambos). Os

mesmos ratos também ficaram mais tempo levantados durante a segunda metade da

sessão no PT e PO que durante a primeira metade (p < 0,001 e p < 0,05

respectivamente). Ainda foi possível observar que os ratos sem vibrissas, quando

testados no PT, permaneceram menos tempo levantados durante a segunda metade da

sessão que os ratos com vibrissas (p < 0,05).

ª

*°*°

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

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C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib C/ vib S/ vib

LC PT PO

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1ª metade 2ª metade

**

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6789

10

LC PT PO

Tem

po la

vant

ados

no

cent

ro (

s)

Com vibrissaSem vibrissas

Figura 14. Tempo do comportamento de levantar-se no centro. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).°, p ≤ 0,05 quando comparado com a primeira metade da sessão. ª, p ≤ 0,05 quando comparados com os ratos com vibrissas testados no mesmo tipo de labirinto (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).

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44

A Figura 15 apresenta a frequência e tempo do comportamento de mergulhar a

cabeça nos braços “abertos” do LC. Analisando a sessão completa a ANOVA não

mostrou qualquer efeito significante nem para a frequência e nem para o tempo.

Acrescentando o fator Metade na análise, tanto para a frequência quanto para o tempo

do mergulho de cabeça nos “abertos”, a ANOVA indicou efeito significante do fator

Metade e da interação entre os fatores Metade e Vibrissa (Frequência: F [1,21] = 17,155,

p < 0,001 e F [1,21] = 6,091, p < 0,05; Tempo: F [1,21] = 10,500, p < 0,01 e F [1,21] = 4,410,

p < 0,05). As análises post hoc mostraram que, nos ratos com vibrissas intactas, tanto a

frequência quanto o tempo dos mergulhos de cabeça tiveram um decréscimo na segunda

metade da sessão em relação à primeira metade (Frequência: p < 0,001; Tempo: p <

0,01).

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º

0,0

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1ª metade 2ª metade

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C/ vib S/ vib

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aber

tos

(s)

Figura 15. Frequência (gráficos superiores) e Tempo (gráficos inferiores) do comportamento de mergulhar a cabeça nos braços “abertos”. No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais quando a sessão inteira é analisada. °, p ≤ 0,05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Figura 16 apresenta a frequência e tempo do comportamento de mergulhar a

cabeça a partir do quadrante central do LC. Na sessão completa a ANOVA não

encontrou efeito do fator Vibrissa. Considerando as duas partes da sessão a ANOVA

mostrou efeito significante do fator Metade, tanto para a frequência quanto para o tempo

(F [1,21] = 8,763, p < 0,01 e F [1,21] = 4,595, p < 0,05, respectivamente). Nem o fator

Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou significante para essas categorias

comportamentais. As análises post hoc mostraram que da primeira para a segunda

metade da sessão, os ratos com vibrissas cortadas tiveram uma diminuição na

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

LC

Tem

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os m

ergu

lhos

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cabe

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aber

tos

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0

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2

3

4

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6

7

8

9

Mer

gulh

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nos

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s

Com vibrissaSem vibrissas

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frequência do mergulho de cabeça no centro (p < 0,05). Essa diminuição não foi

observada quando o tempo desse comportamento é avaliado.

°

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Mer

gulh

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1ª metade 2ª metade

0,0

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2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

C/ vib S/ vib

LC

Tem

po d

os m

ergu

lhos

de

cabe

ça n

o ce

ntro

(s)

Figura 16. Frequência (gráficos superiores) e Tempo (gráficos inferiores) do comportamento de mergulhar a cabeça no quadrante central. No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais quando a sessão inteira é analisada. °, p ≤ 0,05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Figura 17 apresenta a frequência do comportamento de exploração hesitante

(SAP) nos fechados. Na sessão completa a ANOVA encontrou efeito para o fator

Labirinto (F [2,65] = 25,279, p < 0,001). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os

fatores se mostrou significante. As análises post hoc mostraram que os animais testados

no PT ou no PO, independente do tamanho das vibrissas, emitiram mais SAP que

aqueles testados no LC (Com vibrissas no PT e PO: p < 0,001 para ambas as diferenças;

0

1

2

3

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5

Mer

gulh

os d

e ca

beça

no

cent

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Com vibrissaSem vibrissas

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ntro

(s)

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Sem vibrissas no PT e PO: p = 0,001 e p < 0,001, respectivamente). Com a adição do

fator Metade, pôde-se observar efeito dos fatores Labirinto (F [2,65] = 25,279, p < 0,001)

e Metade (F [2,65] = 4,844, p < 0,05). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores

se mostrou significante. As análises post hoc mostraram que, durante a primeira metade

da sessão, os ratos testados no PT e PO, independente do tamanho das vibrissas,

emitiram SAP mais frequentemente que os animais testados no LC (p < 0,001 para

todas as diferenças significantes). Durante a segunda metade da sessão foi observado

que os grupos com vibrissas intactas e cortadas testados no LC emitiram o SAP com

maior frequência que os testados no PO (p < 0,05 para ambas as diferenças). Numa

comparação equivalente entre os animais testados no LC e PT, foi observado que a

menor frequência de SAP dos ratos testados no PT foi próxima de significante,

independente do tamanho das vibrissas (p = 0,06 para ambos os grupos). As análises

post hoc ainda mostraram redução na frequência de SAP dos ratos com vibrissas,

quando a segunda metade da sessão é comparada com a primeira (p < 0,05).

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* *

°

* * * *0

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os 1ª metade 2ª metade

* ** *0

1

2

3

4

LC PT POExp

lora

ção

hesi

tant

e no

s fe

chad

os

Com vibrissaSem vibrissas

Figura 17. Frequência do comportamento de exploração hesitante (SAP) nos braços fechados. Foram testados ratos com vibrissas intactas (“C/ vib”) e outros com vibrissas cortadas (“S/ vib”) em três tipos de labirinto (LC, PT e PO). No gráfico à esquerda os dados são apresentados levando em consideração os valores obtidos em cada metade da sessão. No gráfico à direita é mostrado o desempenho dos animais nos três tipos de labirinto quando a sessão inteira é analisada. *, p ≤ 0,05 quando comparado com ratos de mesmo tamanho de vibrissas testados no LC (e na mesma metade da sessão, onde a sessão é dividida em duas partes).°, p ≤ 0,05 quando comparado com a primeira metade da sessão.

A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos quando os comportamentos de

limpar-se (frequência e tempo totais), exploração hesitante nos abertos, aproximação

rasteira nos abertos e fechados e mergulho de cabeça nos fechados são avaliados. Na

análise do comportamento de limpar-se durante os 300 segundos da sessão, a ANOVA

não indicou efeito significante para os fatores Labirinto e Vibrissa, e nem para interação

entre eles. Considerando o fator Metade nessa categoria comportamental, a ANOVA

encontrou efeito na interação entre os fatores Labirinto e Metade (F [2,65] = 6,083 p <

0,01). Análises post hoc não mostraram efeitos significantes. Na análise do tempo de

limpar-se durante a sessão completa, a ANOVA não encontrou efeito de nenhum fator.

Quando a sessão foi analisada em duas partes, a ANOVA encontrou efeito para o fator

Metade (F [1,65] = 7,283, p < 0,01). As análises post hoc não indicaram diferenças

significantes. Sobre a exploração hesitante (SAP) nos abertos a ANOVA encontrou

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efeito significante do fator Labirinto, tanto na sessão completa (F [2,65] = 7,164, p < 0,01)

quanto na sessão analisada em duas metades (F [2,65] = 7,164, p < 0,01). Nenhum outro

fator, ou interação entre eles se mostraram significantes. Nas análises post hoc não

foram encontradas diferenças significantes.

Sobre o comportamento de aproximação rasteira nos braços abertos e fechados,

quando considerada a sessão completa, a ANOVA encontrou efeito significante do fator

Labirinto para ambos os casos (F [2,65] = 4,422, p < 0,05, nos abertos; F [1,65] = 3,971, p <

0,05, nos fechados). Nem o fator Vibrissa ou a interação entre os fatores se mostrou

significante. As análises post hoc também não mostraram diferenças significantes.

Considerando o fator Metade, a ANOVA indicou efeito desse fator, tanto em sua

ocorrência nos abertos quanto nos fechados (F [1,65] = 4,539, p < 0,05; F [1,65] = 5,448, p

< 0,05, respectivamente). Nem os fatores Labirinto ou Vibrissa, ou a interação entre

fatores se mostrou significante. As análises post hoc também não mostraram diferenças

significantes. A Tabela 3 também mostra a frequência e tempo de mergulho de cabeça

nos fechados. A ANOVA não encontrou efeito de nenhum fator na avaliação dessas

duas categorias comportamentais.

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Tabela 3. Apresentação complementar da frequência e tempo de comportamentos (Limpar-se, mergulho de cabeça, Exploração hesitante e Aproximação rasteira) de ratos com e sem vibrissas (C/ vib e S/ vib) observados nos três tipos de labirinto (LC, PT e PO). Os dados são expostos de acordo com o observado em cada metade da sessão (150s + 150s) e durante a sessão inteira (300s).

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5 DISCUSSÃO

O presente trabalho foi realizado com a finalidade de investigar quais as

modalidades sensoriais envolvidas na aversão aos braços abertos do labirinto em cruz

elevado. As medidas espaço-temporais obtidas neste estudo mostraram que os ratos,

independentemente de serem testados com vibrissas intactas ou cortadas, tendem a

explorar mais braços com paredes, sejam opacas ou transparentes. Essa tendência é

claramente observada quando analisada a sessão completa e, de forma geral, se

confirma quando o comportamento ao longo da sessão é examinado dividindo-se a

mesma em duas metades. Os ratos com vibrissas intactas testados no labirinto

convencional apresentam uma queda na exploração dos braços abertos. Essa queda ao

longo da sessão é semelhante ao descrito em outros trabalhos (Rodgers, 1996; Holmes

& Rodgers, 1997; para uma descrição detalhada das alterações comportamentais ao

longo da sessão ver Carobrez & Bertoglio, 2005) e não é observada nos animais

testados nos outros tipos de labirinto (i.e., PT e PO). Já nos ratos com vibrissas cortadas,

observou-se que aqueles testados no PT e no PO permaneceram por mais tempo nos

abertos que os testados no LC, independente da metade da sessão. Esses resultados

sugerem uma redução de ansiedade nos ratos testados em labirintos providos de paredes

nos braços “abertos”, independentemente de as mesmas serem opacas ou transparentes.

Da mesma forma, pode-se avaliar a ansiedade por meio da frequência e do tempo nas

extremidades dos braços abertos, assim como pela porcentagem de entradas nos abertos

em relação ao total de entradas (Cruz, Frei, & Graeff, 1994; Rodgers & Johnson, 1995).

A distância percorrida nos abertos tende a concordar com o tempo nesses braços,

sugerindo a possibilidade de ser útil também na avaliação da ansiedade (Estanislau et

al., 2011). Em todas essas medidas foi observado, de modo geral, um aumento nos

escores dos ratos testados no PT e no PO em comparação aos testados no LC. Esses

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resultados podem ser sumarizados como redução de sinais de ansiedade em ratos

testados em labirinto com paredes transparentes nos braços “abertos”, aproximando-se

do observado nos testados em labirinto com os quatro braços opacos (ou seja, fechados).

Da mesma forma pode-se observar que os animais tendem a aumentar o tempo de

permanência nos braços fechados ao longo da sessão somente quando testados no

labirinto convencional. Ao se analisar a sessão completa, foi observado que os ratos

com vibrissas cortadas testados no PT e no PO permaneceram menos tempo nos braços

fechados que os testados no LC. Porém, ao se considerar as metades da sessão, percebe-

se que os ratos testados nos labirintos providos de paredes nos braços “abertos”,

independente do tamanho das vibrissas, ficaram menos tempo nos braços fechados

durante a segunda metade da sessão, que seus respectivos grupos testados no LC. De

acordo com Cruz, Frei e Graeff (1994), o tempo de permanência nos fechados está

positivamente relacionado aos níveis de ansiedade, ou seja, quanto maior o tempo gasto

nos fechados, maior a ansiedade dos animais. É importante ressaltar que o aumento do

tempo gasto nos fechados ao longo da sessão não apareceu quando os ratos foram

testados em labirintos que eram providos de paredes transparentes nos braços “abertos”,

mesmo que esses permitissem a passagem e aumento da intensidade de luz nesses

braços. Esses resultados fortalecem a interpretação de que, mais do que as pistas

geradas pelo sentido da visão, as pistas táteis disponíveis nos braços “abertos” com

paredes podem ser responsáveis por diminuir o nível de ansiedade nos animais.

Essas medidas espaço-temporais como indicativas de ansiedade são complementadas

quando outras categorias comportamentais são analisadas. A frequência do

comportamento de exploração hesitante (SAP) exibida pelos ratos a partir dos braços

fechados no PT e no PO foi muito menor que a dos ratos testados no LC. A SAP tem

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sido descrita em sua função de avaliação de risco predatório (Blanchard & Blanchard,

1989), correlacionando-se positivamente com outras medidas de ansiedade (Cruz, Frei

& Graeff, 1994; Rodgers & Johnson, 1995), além de ser muito sensível a drogas

ansiolíticas e ansiogênicas (Rodgers et al., 1999). Os resultados obtidos no presente

experimento mostram que os animais testados em labirintos com paredes nos braços

“abertos” exibiram menos ansiedade que aqueles testados no labirinto convencional.

Assim como outras medidas de ansiedade (e.g. entradas nos abertos), a frequência de

SAP é maior no início da sessão (Holmes & Rodgers, 1999). Foi observado que os

animais emitiram mais esse comportamento na primeira metade que na segunda metade

da sessão, quando testados no LC. Entende-se que, por a SAP ser um comportamento de

avaliação de risco (i.e., um comportamento útil para coleta de informações do

ambiente), ela demonstra com clareza a ambivalência aproximação-esquiva (Rodgers et

al., 1999). Por esse motivo é esperado que os animais quando colocados em um

ambiente novo exibam com maior frequência esses comportamentos no início da sessão

(Rodgers et al., 1996).

Em outro estudo dedicado a avaliar qual aspecto do LCE é importante para a aversão

aos braços abertos (Martinez et al., 2002), grupos de ratos com as vibrissas intactas

foram testados em labirintos com braços “abertos” cercados por diferentes tamanhos de

paredes de acrílico transparente. Os grupos testados em labirintos com paredes de 5, 10

e 20 cm nos “abertos” mostraram maior exploração nesses braços que o grupo controle

testado em um labirinto convencional. O grupo testado em um labirinto com paredes

transparentes de 40 cm, no entanto, apresentou resultados similares ao grupo controle

(maior evitação dos braços “abertos”). A diferença entre o resultado de medidas espaço-

temporais observado neste estudo e no estudo de Martinez et al. (2002) é difícil de ser

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interpretada. Pode-se atribuir essa diferença no resultado aos procedimentos

metodológicos adotados nos estudos. Neste estudo, mesmo os ratos que fizeram parte

do grupo controle (ratos com vibrissas intactas testados no labirinto convencional)

passaram por situações que podem ser consideradas estressoras. Vale lembrar que esses

ratos tiveram uma simulação do corte de vibrissas. Apesar dessa diferença na

exploração dos braços abertos, é importante notar que nos dois estudos, ao se observar o

comportamento dos ratos com vibrissas intactas testados em labirintos com paredes

transparentes de 40 cm nos braços “abertos”, os animais praticamente não tiveram

SAP’s. Vale ressaltar que no estudo de Martinez et al (2002), a SAP foi incluída em

uma categoria mais ampla (Stretching, descrito como o “alongamento do corpo”), que

incluía, além da SAP, também o comportamento de aproximação rasteira (flat back

approach). Mesmo assim, pode-se observar baixos escores desses comportamentos em

labirintos com paredes transparentes nos braços “abertos”. Essa última similaridade

sugere baixos níveis de ansiedade nos animais utilizados em ambos os estudos.

Outro comportamento relacionado à avaliação de risco é o mergulho de cabeça. Nesse

comportamento, o animal investiga (principalmente a partir dos braços abertos) a região

externa ao labirinto inclinando a cabeça abaixo do nível do piso do aparato. Por esse

motivo esse comportamento só foi avaliado no labirinto convencional. Na comparação

entre ratos com vibrissas intactas e cortadas, não foi observada nenhuma diferença entre

os grupos. Analisando a sessão completa, a frequência e tempo do mergulho de cabeça

foi semelhante entre os grupos tanto na comparação da exibição desses comportamentos

a partir dos braços abertos quanto na exibição a partir do centro. Pode-se notar, levando

em consideração as duas metades da sessão, que a frequência do mergulho de cabeça

nos braços abertos exibida pelos ratos com vibrissas intactas diminui ao longo da

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sessão. Essa redução também é notada quando esse comportamento é avaliado no centro

pelos ratos com vibrissas cortadas. Esse decréscimo na frequência está de acordo com o

descrito na literatura (Rodgers et al., 1996; Holmes & Rodgers, 1997). A interpretação é

que, após estabelecida a preferência pelos braços fechados, a distribuição espaço-

temporal de outros comportamentos também se altera. A frequência e tempo de

comportamentos exploratórios comumente exibidos nos abertos (e.g. mergulho de

cabeça) diminuem enquanto outros comportamentos comumente exibidos nos fechados

passam a ter a sua frequência e tempo aumentada (e.g., levantar-se, limpar-se) (Holmes

& Rodgers, 1997). Em estudos de análise fatorial, o mergulho de cabeça a partir de

áreas protegidas (centro e braços fechados) está correlacionada positivamente ao fator

ansiedade, enquanto que a sua frequência total está associada à atividade exploratória

(Rodgers & Johnson, 1995).

Considerando o comportamento de levantar-se nos braços “abertos”, foi observado que

durante toda a sessão, a frequência e o tempo desse comportamento foi maior nos ratos

testados no PT e no PO, quando comparados com os testados no LC. Os resultados

obtidos neste estudo são semelhantes aos obtidos por Martinez et al. (2002). Eles

observaram que os ratos levantam mais nos “abertos” quando esses são providos de

paredes transparentes ou paredes forradas com um papel preto opaco em comparação

aos ratos testados em um labirinto convencional. O levantar está relacionado à atividade

locomotora (Cruz, Frei & Graeff, 1994) assim como a atividades verticais (Rodgers &

Johnson, 1995). Dessa forma, entende-se que o aumento de deslocamento nos braços

“abertos” quando são providos de paredes (Figura 8) possibilita aos animais uma maior

exploração vertical nessas regiões. Quanto à frequência do levantar nos fechados, a

análise de variância apontou efeito para o fator Metade, o que pode se referir a

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tendência de diminuição de frequência ao longo da sessão. Quanto ao tempo do

levantar-se nos fechados, a ANOVA apontou efeito para o fator Labirinto, visto que os

animais tenderam a permanecer mais tempo levantados nos braços fechados quando

testados no LC. A possibilidade de se levantar em outras regiões (“abertos” do PT e do

PO) pode ser um fator que influenciou para esse efeito do fator Labirinto. Quanto à

exibição do levantar-se no centro, pode-se observar uma tendência ao aumento da

frequência e do tempo nos ratos testados no PT e no PO. Esse aumento também pode

estar relacionado ao aumento da atividade locomotora exibida nesses tipos de labirinto.

Ao se analisar as duas metades da sessão observa-se que, no centro dos labirintos com

paredes, os animais levantam mais vezes e permanecem mais tempo levantados durante

a segunda metade da sessão. Comparáveis aumentos (em todas as regiões do labirinto)

do levantar ao longo da sessão são relatados em outros estudos (Rodgers et al., 1996;

Holmes & Rodgers, 1997).

Com relação ao fator vibrissas (cortadas X intactas), esse não exerceu efeito

significante em nenhuma medida espaço-temporal. Isso pode indicar que a remoção das

vibrissas não alterou a tigmotaxia. No entanto, os animais do grupo das vibrissas

cortadas eram frequentemente observados (muito mais do que o grupo das vibrissas

intactas) tocando as paredes dos labirintos com a lateral do corpo.

Visto que os ratos testados no PT não mostraram preferência pelos braços

fechados, o presente estudo não suporta a noção que a percepção de espaços abertos

pela visão seja um gatilho importante para a ansiedade. Ao invés disso, os ratos só

evitaram um braço quando esse não era cercado por paredes (i.e. ausência de superfícies

verticais). Além disso, os ratos emitiram muito mais SAP no labirinto convencional.

Esses resultados indicam que a ansiedade é disparada principalmente quando não há a

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possibilidade de contato com superfícies verticais. Em concordância com esses

resultados, em um experimento realizado para investigar se a ansiedade é derivada pela

ausência de superfícies verticais nos braços abertos, Treit et al. (1993) verificaram que

os ratos exploraram mais os braços “abertos” quando esses possuíam uma parede

transparente em um de deus lados. Outros estudos mostram que a tigmotaxia (i.e.

permanecer menos de 2cm próximo às superfícies verticais) pode ser suprimida por

drogas ansiolíticas (Treit & Fundytus, 1989). Esses dois últimos estudos sugerem que as

pistas fornecidas pelo tato podem ser importantes para eliciar ansiedade de ratos quando

expostos a ambientes abertos. Outro dado que corrobora essa interpretação é aquele

fornecido pelas medidas de intensidade de luz nas extremidades das diferentes

configurações de labirintos (Tabela 1). Pode-se notar que há um pequeno aumento no

gradiente de luminosidade nas extremidades dos “abertos” do PT quando comparam-se

essas medidas com aquelas obtidas na mesma região do LC. A partir dos estudos de

Pereira et al. (2005), era de se esperar que esse aumento do gradiente de luminosidade

fosse levar ao aumento da aversão aos braços “abertos” do PT. Porém esse fator não

demonstrou ser capaz de produzir tal efeito.

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