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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR BRUNO MARTINELLI RELAÇÃO DA ECOLOGIA DA PAISAGEM COM A BIODIVERSIDADE MACROBENTÔNICA DOS COSTÕES ROCHOSOS DO PROMONTÓRIO DE CABEÇUDAS ITAJAÍ, SC Itajaí 2012

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR

BRUNO MARTINELLI

RELAÇÃO DA ECOLOGIA DA PAISAGEM COM A BIODIVERSIDADE

MACROBENTÔNICA DOS COSTÕES ROCHOSOS DO PROMONTÓRIO DE

CABEÇUDAS – ITAJAÍ, SC

Itajaí

2012

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BRUNO MARTINELLI

RELAÇÃO DA ECOLOGIA DA PAISAGEM COM A BIODIVERSIDADE

MACROBENTÔNICA DOS COSTÕES ROCHOSOS DO PROMONTÓRIO DE

CABEÇUDAS – ITAJAÍ, SC

Monografia apresentada à banca

examinadora do Trabalho de Conclusão de

Curso de Oceanografia como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do

grau de Oceanógrafo.

Orientadora: Drª. Rosemeri Carvalho Marenzi

Itajaí

2012

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais,

pelo incentivo durante estes anos todos

e por sempre acreditarem em mim.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu pai, através do qual pude conhecer o

curso de Oceanografia e que por consequência provocou ótimas transformações na minha

vida. Agradeço muito também a minha mãe, que sempre ficava de coração partido a cada vez

que eu voltava para Santa Catarina, mas nem assim, deixou de me apoiar nesta etapa que foi

tão importante para mim. Aos meus irmãos que sempre me proporcionaram tantas alegrias e

diversões nas minhas visitas à São Paulo, juntamente com meus eternos amigos do Villas, os

quais também me dou ao luxo de chamar de irmãos.

Se eu fosse agradecer corretamente à minha orientadora Rosemeri, não sobrariam mais

páginas para as outras pessoas. Meri, não há palavras para descrever o quanto você me ajudou

na construção deste trabalho. Sempre muito atenciosa e paciente, principalmente com meus

momentos de total falta de organização e frequentemente uma luz em momentos de total

estagnação. Mais do que orientadora, acabou se tornando uma amiga. Muitíssimo obrigado

por tudo Meri, nada disso seria possível sem você.

Não poderia deixar de ressaltar a enorme ajuda que recebi do Professor Adriano, a

quem depois desse longo ano de convivência, me sinto a vontade para chamar de amigo.

Muito obrigado pela ajuda nas coletas e mais ainda, pela companhia durante as saídas de

campo.

Outra pessoa que também fez parte deste trabalho foi a Hélia, sem a qual,

provavelmente os dados referentes ao SIG não existiriam e sempre deixando suas tarefas de

lado para me auxiliar a qualquer momento que fosse necessário. Não poderia me esquecer de

agradecer o Prof. Leo Lynce pela extrema boa vontade em me auxiliar com a análise

estatística dos dados. A Prof. Débora, meu agradecimento pela ajuda na identificação as

macroalgas e ao professor Joaquim pelas contribuições e por algumas conversas que tivemos.

Não poderia faltar meu enorme agradecimento à família que formei aqui em Itajaí,

nunca fazendo com que eu me sentisse solitário, mesmo longe de casa. Muito obrigado BZ,

Carioca, Rafão, Emo, Mano Jão, Gordo, Tainha, Guto, Jesus, Cueca, Zé da feira e Brasa. Não

há palavras para descrever o quanto eu me divirto com esse bando de louco a qualquer hora

do dia ou da noite, em qualquer lugar, sob qualquer circunstância e espero que tudo continue

assim. Claro que eu não vou esquecer da minha “bagulhada” favorita, Claudi, Isa e Leka

praticamente minhas irmãs. Principalmente você né Claudi que anda me aturando muito nos

últimos tempos. Mas pra falar a verdade, acho que ter de te aturar é pior ainda. Agradeço

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também ao pessoal do laboratório, principalmente por alguns momentos de distração quando a

mente já estava saturada com o TCC.

Um agradecimento especial para a Kátia e ao Torres, pela amizade que construímos

durante este período acadêmico.

Por fim, mas não menos importante meu agradecimento a você Carol, por tudo que

você representou e representa pra mim. Logo no primeiro período, se mostrando uma grande

amiga, sempre me ajudando principalmente com os assuntos da faculdade, sem você, pode ter

certeza que a minha graduação duraria muito mais tempo. Depois se mostrou mais do que

amiga e foi com você que partilhei uma das experiências mais incríveis da minha vida, por

tudo o que você é, foi e sempre será na minha vida, muito obrigado. Te amo.

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EPÍGRAFE

“Olho por olho, e o mundo acabará cego.”

Mahatma Gandhi

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RESUMO

A zona costeira é um local de convergência entre fatores ambientais terrestres, marinhos, e

atmosféricos. A partir da necessidade de se estudar, compreender e planejar ações envolvendo

a paisagem e seus componentes, surge a ciência chamada Ecologia da Paisagem que trata do

estudo das inter-relações entre os diversos fatores que contribuem para a formação da

paisagem. Os costões rochosos caracterizam-se como um dos ecossistemas mais afetados

pelas ações antrópicas, podendo sofrer com a exploração de espécies economicamente

interessantes, especulação imobiliária ou poluição, além de ser pouco estudado. O presente

trabalho tem por objetivo analisar a relação entre a biodiversidade e a ecologia da paisagem

nos costões do promontório de Cabeçudas em Itajaí - SC a partir de dados de levantamento da

diversidade destes ambientes. O promontório foi dividido em quatro unidades amostrais,

Farol, Solidão Norte, Solidão Sul e Morcego. O levantamento se deu por meio de

amostradores (20 x 20 cm), onde os organismos que proporcionaram dificuldade no

reconhecimento foram colocados em sacos plásticos e etiquetados para posterior identificação

em laboratório na UNIVALI. A composição da biota foi determinada pelo percentual de

recobrimento das espécies identificadas a fim de proporcionar análise de dados ecológicos

como: Freqüência, Porcentagem de ocorrência, Abundância, Índice de Equitabilidade e

Diversidade. Para determinar se houve diferença significativa entre os índices de diversidade

e equitabilidade, realizou-se uma ANOVA. A análise da estrutura espacial da paisagem de

cada costão foi realizada através: Do cálculo do índice de forma, da área, do distanciamento,

da inclinação, do grau de exposição às ondas e da rugosidade. A unidade amostral Solidão Sul

se mostrou com maiores índices de diversidade e equitabilidade, porém, o Morcego foi quem

apresentou maiores valores para a conservação. Este trabalho pretende contribuir com a

ecologia e conservação dos costões presentes no promontório de Cabeçudas em Itajaí – SC

Palavras-chave: Ecologia da Paisagem, Promontórios, Costões rochosos, Biodiversidade.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplificação da Equitabilidade e Dominância de amostras .............................................. 16

Figura 2: Localização das unidades amostrais no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................. 19

Figura 3: Representação sobre a inclinação do costão e relação com a maré. ...................................... 20

Figura 4: Representação sobre a determinação da inclinação de um costão rochoso ........................... 21

Figura 5: “Cruz” utilizada para marcação das estações nas unidades amostrais no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC. ......................................................................................................................... 22

Figura 6: Representação da demarcação das estações em cada unidade amostral no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC. ......................................................................................................................... 23

Figura 7: Determinação do valor da “Superfície” para uso no cálculo de inclinação no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC (ver Figura 4) ................................................................................................... 24

Figura 8: Determinação do valor da Rugosidade no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ............. 25

Figura 9: Representação das amostragens nas estações em cada unidade amostral no promontório

de Cabeçudas, Itajaí – SC ....................................................................................................................... 28

Figura 10: Amostragem usando quadrat com grid e pontos de interseções demarcados no promontório

de Cabeçudas, Itajaí – SC. ..................................................................................................................... 29

Figura 11: Fluxograma do tratamento de dados utilizado nas amostras para análise estatística. .......... 30

Figura 12: Mapa com polígonos criados para cada costão do promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. 35

Figura 13: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada espécie para o costão do farol no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 38

Figura 14: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada estação amostral no costão do

farol no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. .................................................................................. 39

Figura 15: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada espécie para o costão da SN no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 40

Figura 16: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada estação amostral no costão SN no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 40

Figura 17: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada espécie para o costão da SS no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 42

Figura 18: Percentual de cobertura de cada estação amostral no costão SS no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC. ......................................................................................................................... 42

Figura 19: Percentual de cobertura de cada espécie para o costão do Morcego no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC. ......................................................................................................................... 44

Figura 20: Percentual de cobertura de cada estação amostral no costão do Morcego no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC. ......................................................................................................................... 45

Figura 21: Porcentagem de cobertura total das unidades amostrais no promontório de Cabeçudas, Itajaí

– SC. ...................................................................................................................................................... 47

Figura 22: Resultados da ANOVA para o índice de diversidade de Shannon nos quatro costões do

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 48

Figura 23: Resultados da ANOVA para o índice de equitabilidade de Pielou nos quatro costões do

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Equivalência entre as espécies usadas como indicadores de exposição por Ballantine (1961)

e as espécies encontradas neste estudo. ................................................................................................. 26

Tabela 2: Valores dos parâmetros obtidos para unidade amostral do promontório de Cabeçudas, Itajaí

– SC. ...................................................................................................................................................... 36

Tabela 3: Riqueza de espécies em cada unidade amostral do promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. 45

Tabela 4: Espécies que ocorreram em todas as unidades amostrais do promontório de Cabeçudas, Itajaí

– SC. ...................................................................................................................................................... 46

Tabela 5: Posterior de Tukey realizada para ANOVA de Shannon. ..................................................... 49

Tabela 6: Posterior de Tukey realizada para ANOVA de Pielou. ......................................................... 50

Tabela 7: Valores para conservação dos os atributos selecionados. ..................................................... 50

Tabela 8: Somatório dos valores de conservação atribuídos a cada unidade amostral do promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC. ......................................................................................................................... 51

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1

2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 4

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................... 5

3.1. Costões rochosos .................................................................................................................... 5

3.1.1. Distribuição geográfica na costa brasileira...................................................................... 5

3.1.2. Características e Adaptações Bióticas ............................................................................. 6

3.1.3. Zonação e distribuição da biota ....................................................................................... 7

3.1.4. Conhecimento, ameaças e conservação ........................................................................... 9

3.2. Ecologia da paisagem .......................................................................................................... 10

3.2.1. Estrutura espacial da paisagem...................................................................................... 12

3.2.2. Grau de Exposição às Ondas ......................................................................................... 13

3.3. Índices de Diversidade ........................................................................................................ 16

4. METODOLOGIA ....................................................................................................................... 18

4.1. Área de estudo ..................................................................................................................... 18

4.2. Unidades Amostrais ............................................................................................................ 18

4.3. Adaptação dos Parâmetros de Valores para Conservação .............................................. 19

4.3.1. Estimativa da Inclinação do Costão .............................................................................. 20

4.3.2. Cálculo do Índice de Rugosidade .................................................................................. 24

4.3.3. Determinação do Grau de exposição às ondas .............................................................. 25

4.3.4. Tamanho, Índice de Forma e Distanciamento ............................................................... 26

4.4. Levantamento da Diversidade ............................................................................................ 27

4.5. Processamento dos Dados ................................................................................................... 30

4.6. Cálculo dos Índices de diversidade .................................................................................... 30

4.7. Análise Estatística ............................................................................................................... 32

4.8. Relação entre biodiversidade do costão e a ecologia da paisagem .................................. 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 34

5.1. Variáveis da Estrutura Espacial da Paisagem .................................................................. 34

5.2. Composição e Cobertura da Biota ..................................................................................... 37

5.2.1. Farol .............................................................................................................................. 37

5.2.2. Solidão Norte................................................................................................................. 39

5.2.3. Solidão Sul .................................................................................................................... 41

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5.2.4. Canto do Morcego ......................................................................................................... 43

5.2.5. Comparação entre os Costões........................................................................................ 45

5.3. Variáveis Ecológicas dos Costões ....................................................................................... 48

5.3.1. Diversidade de Shannon-Wiener ................................................................................... 48

5.3.2. Equitabilidade de Pielou ................................................................................................ 49

5.4. Relação da Ecologia da Paisagem com a Biodiversidade ................................................. 50

Utilizando os valores encontrados para cada parâmetro, construiu-se a tabela 7, a partir da qual

foram atribuídos os valores para conservação. .................................................................................. 50

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 54

7. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 56

8. APÊNDICES ................................................................................................................................ 59

Apêndice 1: Histograma contendo testes de normalidade dos dados de Shannon obtidos para o

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 59

Apêndice 2: Tabela contendo testes de homogeneidade entre as variâncias dos dados de Shannon

obtidos para o promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ........................................................................ 59

Apêndice 3: Histograma contendo testes de normalidade dos dados de Pielou obtidos para o

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ................................................................................................ 60

Apêndice 4: Tabela contendo testes de homogeneidade entre as variâncias dos dados de Pielou obtidos

para o promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC. ..................................................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

A zona costeira é uma região de convergência entre fatores ambientais terrestres,

marinhos, e atmosféricos (BRASIL, 1988). Para Marenzi (2004), beleza cênica, variedade de

ecossistemas e riqueza de recursos naturais são os principais fatores que incentivam a

ocupação e a utilização da zona costeira brasileira. Isto provoca uma grande especulação

imobiliária, resultando numa transição da paisagem natural para a urbana, tendendo a uma

arquitetura verticalizada semelhante aos grandes centros urbanos, além de um aumento da

exploração dos recursos naturais e da degradação dos ecossistemas.

Na região centro-norte de Santa Catarina a limitação das áreas adjacentes aos

promontórios pela ocupação urbana é decorrente do potencial paisagístico dos costões

rochosos, morros vegetados e principalmente complexos praiais, induzindo as comunidades

de organismos que vivem nesse ecossistema a adaptarem-se às pressões antrópicas, além de

restringir os locais de colonização destes indivíduos.

Um promontório pode ser definido como uma porção elevada da costa formada por rochas

que chegam até o mar (CERCHIARI, 1999). Estes ambientes são extremamente dinâmicos e

sofrem frequente influência das marés e das ondas. De acordo com Ziembowicz (2012), os

promontórios fazem parte de um complexo maior chamado maciços costeiros, representados

por áreas montanhosas relativamente extensas e originadas de massas magmáticas plutônicas

ou metamórficas. No caso, o maciço costeiro de Cabeçudas em Itajaí, é composto

predominantemente por rochas metamórficas do complexo Brusque, o qual, constituído por

promontórios, mantém em suas bordas os costões rochosos.

Segundo Sauer-Machado (2006), os costões rochosos caracterizam-se como um dos

ecossistemas mais afetados pelas ações antrópicas, podendo sofrer com a exploração de

espécies economicamente interessantes, especulação imobiliária ou poluição, sendo que

Ziembowicz (2012) afirma existir quatro pontos de efluentes domésticos na praia de

Cabeçudas. Na opinião de Coutinho (2002) dentre as ameaças que os costões e seus

organismos estão submetidos, destaca-se o desmatamento das encostas para a construção de

condomínios, fato que tem aumentado significativamente nos estados de Santa Catarina, São

Paulo e Rio de Janeiro.

Santa Catarina possui 138 unidades de conservação, dentre as quais, 30 referentes à zona

costeira e marinha. Destas, apenas quatro oferecem proteção a costões (Reserva Biológica da

Praia do Rosa, Parque Estadual do Tabuleiro, Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Área

de Proteção Ambiental do Anhatomirim) (SAUER-MACHADO, 2006).

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De acordo com Marenzi (2009), o litoral de Santa Catarina é uma das áreas consideradas

como de extrema importância biológica dentro das prioridades definidas no Levantamento da

Biodiversidade Brasileira. Especificamente, alguns promontórios costeiros catarinenses são

considerados como áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição de

benefícios da Biodiversidade, dentre os quais, o Promontório de Cabeçudas em Itajaí (MMA,

2007). Além disso, a Lei nº 5.793/1980, que dispõe sobre Proteção e Melhoria da Qualidade

Ambiental em Santa Catarina estabelece a necessidade de criar áreas de proteção especial e

zonas de reserva ambiental, visando preservá-las, em promontórios e ilhas fluviais, costeiras e

oceânicas (SANTA CATARINA, 1980).

Um dos grandes objetivos da ecologia é identificar padrões e entender os processos

biológicos envolvidos nas interações entre as espécies, bem como entre estas e seu ambiente

físico, não se fixando apenas à descrição dos padrões espaciais ou à distribuição geográfica

das espécies (Paine, 1986 apud Sauer-Machado, 2006).

Segundo Marenzi (2004) a paisagem é fruto das interações entre: Clima, Componentes

geológicos, fatores geomorfológicos, componentes bióticos e ações antrópicas ao longo do

tempo. A partir da necessidade de se estudar, compreender e planejar ações envolvendo a

paisagem e seus componentes, surge a ciência chamada Ecologia da Paisagem, que segundo

Rocha (1995) trata do estudo das inter-relações entre os diversos fatores que contribuem para

a formação da paisagem. A ecologia da paisagem ainda pode ser entendida como uma ciência

que trata das interações entre o homem e o meio ambiente, além de ser baseada nas relações

entre os componentes bióticos e abióticos.

Considerando que a ecologia da paisagem estuda a combinação, a estrutura, a função e as

alterações de diferentes ambientes (FORMAN & GODRON, 1986), ela pode contribuir para

entender a biodiversidade existente nos diferentes fragmentos de habitat da zona costeira,

como são os promontórios (MARENZI, 2009) e, consequentemente, os costões rochosos.

Segundo Little & Kitching (1996) ecossistemas marinhos como um todo são mais ricos

em táxons se comparados com ambientes terrestres, porém, dentro dos oceanos há grandes

diferenças na diversidade de espécies entre habitats. Para o autor, ambientes pelágicos, por

exemplo, apresentam uma diversidade muito menor quando comparados aos ambientes

bentônicos.

Embora a biodiversidade seja um tema importante tratando-se de ecossistemas terrestres,

para Little & Kitching (1996) tem havido pouca discussão sobre sua importância no mar, com

as questões que ocorrem focadas sempre nas regiões pelágicas. O Decreto nº 2519, resultado

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da Convenção sobre Diversidade Biótica (CDB) define a biodiversidade marinha como “a

variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens e os complexos ecológicos dos

quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de

ecossistemas”. Como interpretar isso para costões rochosos, ou ainda, como mensurar é outra

questão. Muitos autores têm utilizado o número de espécies presentes como principal

característica, mas a diversidade de habitat também é um fator importante (LITTLE &

KITCHING, 1996).

Segundo Hostim-Silva et al (2006), ambientes de substratos consolidados, como é o caso

dos costões rochosos, tendem a apresentar uma elevada diversidade e riqueza de espécies,

quando comparados a locais de substrato inconsolidado. Os costões rochosos caracterizam-se

como ambientes complexos estruturalmente, fator este que proporciona uma grande variedade

de nichos, servindo de habitat para diversos tipos de organismos e fazendo com que os

mesmos acabem por se estabelecer em locais onde faça prevalecer sua vantagem competitiva.

Os costões rochosos estão entre os habitats mais importantes da zona costeira, uma vez

que contêm alta riqueza de espécies importantes ecologicamente e economicamente tais como

moluscos (bivalves e gastrópodes), equinodermos, peixes, esponjas, cnidários, algas e

crustáceos.

Por receberem grandes quantidades de nutrientes provenientes dos sistemas terrestres, os

costões rochosos apresentam uma grande biomassa e uma elevada produção primária de

microfitobentos e macroalgas, sendo assim, estes ecossistemas acabam por se tornar locais de

alimentação, crescimento e reprodução de um grande número de espécies, consequentemente,

caracterizam-se como ambientes onde ocorrem fortes interações biológicas, decorrentes

principalmente da limitação por espaço (COUTINHO, 2002). Ziembowicz (2012) afirma que

os costões rochosos são responsáveis por 3,66% da área total do promontório de Cabeçudas,

ocupando 4,44ha.

Com base no exposto, o presente trabalho teve por objetivo analisar a relação entre a

biodiversidade e a ecologia da paisagem nos costões do promontório de Cabeçudas em Itajaí,

a partir de dados de levantamento da fauna e flora macrobentônica destes ambientes, bem

como de parâmetros que influenciam na estrutura espacial da paisagem local.

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2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar a relação da biodiversidade macrobentônica dos costões do promontório de

Cabeçudas com a ecologia da paisagem local.

Objetivos Específicos

Levantar a composição de espécies macrobentônicas dos costões rochosos.

Calcular índices de diversidades para os costões rochosos do promontório de

Cabeçudas

Adaptar o modelo de valores de conservação da estrutura espacial da paisagem

voltado para os costões rochosos.

Verificar a estrutura espacial da paisagem nos costões do promontório de Cabeçudas.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Costões rochosos

3.1.1. Distribuição geográfica na costa brasileira.

De acordo com Coutinho (2002) a distribuição de organismos bentônicos em costões

rochosos, ao longo da costa brasileira, resulta de uma interação complexa entre fatores

históricos e biogeográficos, além das características de massas d’água das correntes do Brasil

e das Malvinas, das ressurgências localizadas da Água Central do Atlântico Sul (ACAS), da

disponibilidade de substrato consolidado, da presença de cursos d’água de maior vazão e de

interações bióticas.

O autor divide a zona costeira brasileira em 3 principais áreas, com base na presença de

costões rochosos e seus respectivos organismos bentônicos:

1. A primeira é uma zona que vai do Amapá ao norte da Bahia, caracterizada por

sedimentos não consolidados ou, quando consolidados, formados predominantemente por

recifes de arenito incrustados por corais e algas calcárias, exceto por uma pequena formação

rochosa existente próxima ao Cabo de Santo Agostinho, no litoral pernambucano.

2. Em seguida ocorre uma zona que se inicia ao norte da Bahia e se estende até o sul da

Ilha de Santa Catarina, onde são comuns afloramentos do escudo cristalino formando costões

rochosos, caracterizados por grande disponibilidade de substrato rochoso, seja na borda

continental recortada por inúmeras baías e enseadas, com pequenas praias separadas por

esporões rochosos, ou mesmo nas numerosas ilhas/ilhotas que existem na região. Ainda nesta

zona, existe a ressurgência de águas profundas oriundas da ACAS, com seu ponto mais

importante localizado na região de Cabo Frio (RJ).

3. Por último, uma zona que vai desde o sul de Santa Catarina até a região de Torres, no

Rio Grande do Sul, caracterizada por extensas praias arenosas e raros afloramentos do escudo

cristalino, tanto no continente como nas ilhas.

É necessário ressaltar que nessa divisão, não estão presentes ilhas oceânicas como, por

exemplo, Fernando de Noronha e Trindade, que possuem extensos costões rochosos.

Para Coutinho (2002), os costões rochosos verdadeiros concentram-se nas regiões Sudeste

e Sul da costa brasileira. No caso da região sudeste, a principal característica é a proximidade

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da Serra do Mar que, em muitos pontos, chega diretamente ao mar. Na altura de Cabo Frio, a

brusca inflexão para oeste da orientação do litoral e das isobatimétricas, consequente da zona

de fratura do Rio de Janeiro, fez com que os alinhamentos estruturais do embasamento

cristalino fossem truncados, passando de uma orientação nordeste-sudeste para

aproximadamente leste-oeste do litoral. Deste modo, o trecho da costa brasileira onde os

costões rochosos constituem os ecossistemas mais importantes, estende-se do Cabo Frio (RJ)

até o Cabo de Santa Marta (SC).

3.1.2. Características e Adaptações Bióticas

Apesar de serem marinhos, os organismos que vivem em costões rochosos tem que lidar

constantemente com a exposição ao ar. De acordo com Little & Kitching (1996) durante este

período crítico, a maioria das algas cessa sua atividade fotossintética enquanto que os animais

param de se alimentar. Além disso, os organismos apresentam grande dificuldade para

respirar quando estão fora d’água. A temperatura também aumenta nesse período de

exposição causando problemas de dissecação. Portanto, a subida e descida do nível de maré é

o fator físico mais relevante para os organismos que habitam costões rochosos.

Desta forma, um estresse constante que atinge os organismos dos costões é a variação da

maré. Segundo Coutinho (2002), resultante desse processo, surgem adaptações para enfrentar

a perda de água por dessecação, como o fechamento das valvas em moluscos bivalves,

produção de concha sem poros e mais claras para refletir calor, migração vertical e refúgio em

fendas (no caso de espécies vágeis), além da própria fisiologia de algumas algas que toleram

níveis altíssimos de desidratação e anêmonas que produzem muco.

De acordo com Coutinho (2002) outro estresse frequente para os organismos residentes

em costões é a ação das ondas, que para Little & Kitching (1996) exerce um efeito mecânico

destrutivo sobre os mesmos, muitas vezes com contribuição de areia e cascalho (abrasão),

mas, promove circulação da água, deposição de sedimentos, renovação de O2 e reduz a

concentração de CO2. Ainda, segundo este autor, as ondas também afetam a movimentação

dos animais limitando sua alimentação, por outro lado, contribuem com respingos d’água em

áreas que não são cobertas pelas marés.

O grau de ação das ondas varia muito de um costão para outro, refletindo no

desenvolvimento de mecanismos para a fixação no substrato. Estas adaptações são

extremamente diversificadas e variam de acordo com o tipo de comportamento do indivíduo.

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Os organismos sésseis apresentam estruturas específicas de fixação, como os cimentos nas

cracas, os bissos dos mexilhões ou os apressórios das macroalgas. Por outro lado, espécies

vágeis possuem adaptações morfológicas, como conchas mais achatadas e pés mais largos

com grande força de adesão, que é o caso dos gastrópodes. Ainda existem adaptações como as

de ouriços-do-mar, crustáceos e algumas espécies de peixes que se refugiam em fendas nas

rochas (COUTINHO, 2002).

Coutinho (op cit) afirma ainda, que os organismos bentônicos sésseis estão sob influência

da força de arrasto da onda e desta forma, os indivíduos tendem a se orientar em função da

corrente até que seja atingida uma direção de equilíbrio. Em ocasiões de forte fluxo torna-se

difícil manter uma posição ereta e, nestes casos, as macroalgas que possuem corpos flexíveis,

acabam por sofrer minimamente com a ação do arrasto das ondas.

Para Little & Kitching (1996), costões mais expostos à ação das ondas possuem menor

diversidade de espécies, mas, abrigam espécies que são restritas às áreas expostas.

3.1.3. Zonação e distribuição da biota

Ao observar um costão rochoso, nota-se um padrão comum em todo o mundo, com os

organismos distribuindo-se em faixas ou zonas horizontais, onde cada espécie é mais

abundante nos locais em que são favorecidas pelas condições ambientais. A ocorrência das

espécies em cada zona pode variar em função de diferenças na latitude, níveis de maré,

exposição ao ar, entre outros. Para viver em cada uma das zonas do costão, as espécies

apresentarão diferentes adaptações (COUTINHO, 2002).

Coutinho (1995, 2002) mostra que existem vários esquemas para expressar a zonação dos

organismos em costões, mas estes não são baseados somente no nível de variação das marés e

sim na distribuição de indivíduos, uma vez que o padrão de distribuição vertical dos

organismos não varia somente em função da influência da maré, mas também em função da

inclinação do costão, do sombreamento e do grau de exposição às ondas.

O sistema de zonação adotado neste trabalho é descrito a seguir e baseia-se em Coutinho

(1995, 2002), que adotou a terminologia de Lewis (1964) e, com o intuito de simplificação,

utilizou a tradução para o português como sendo: Supralitoral, Mediolitoral e Infralitoral.

No limite superior do Supralitoral não há presença de respingos de água salgada. A

região imediatamente acima do supralitoral é caracterizada por coloração escura devido a

presença de liquens. Nesta zona, é comum a presença de algas anuais (que ocorrem numa

única estação do ano) como Bangia, Porphyra, Hinksia e Enteromorpha, entre outras. Na parte

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inferior do supralitoral, destacam-se os gastrópodes do gênero Littorina como os mais

abundantes, juntamente com crustáceos isopoda do gênero Lygia.

No Mediolitoral, os organismos estão sujeitos a períodos de total imersão/emersão. O

limite inferior desta zona estende-se até um pouco acima da baixa-mar da maré de sizígia. No

entanto, o aumento da ação das ondas pode ampliar os limites tanto desta zona como do

supralitoral, promovendo um acréscimo na biodiversidade. Dentre as macroalgas encontradas

na parte superior do mediolitoral destacam-se Litothamium, Centroceras, Enteromorpha,

Gelidiella, Ulva, Cladophora e Hildenbrandia. Nas partes média e inferior, é comum a

presença de uma flora mais rica composta de Chaetomorpha, Gigartina, Corallina, Laurencia,

Polysiphonia, Acanthophora, Dictyota, Gracilaria, Hypnea e Jania. O mediolitoral também é

rico em invertebrados suspensívoros, como é o caso dos crustáceos cerripédes e dos moluscos

bivalves. O cerripedia do gênero Chthamalus é mais abundantes na zona superior do

mediolitoral enquanto que o gênero Tetraclita é mais comum na zona intermediária. Os

mexilhões, quando presentes, tendem a ocupar a parte inferior do mediolitoral. Em locais

expostos o mexilhão Perna perna é dominante nesta zona enquanto que nos locais abrigados

ela é ocupada principalmente por Brachidontes. Além de Littorina que pode migrar do

supralitoral para o mediolitoral, nesta zona destacam-se outros gastrópodes herbívoros como

Collisella, Acmaea e Fissurella. Dependendo do grau de exposição às ondas e da

disponibilidade de alimentos, os gastrópodes predadores podem se distribuir desde o

mediolitoral até o infralitoral, com destaque para Stramonita, Pisania, Morula e Leucozonia.

O Infralitoral estende-se desde o limite inferior do mediolitoral até o desaparecimento de

macroalgas. Macroalgas coralináceas incrustantes são abundantes nesta zona, especialmente

quando a herbivoria é intensa. Ocorrem também algas dos gêneros Jania, Ceramium,

Polysiphonia, Centroceras, Hypnea, Laurencia, Padina e Galaxaura. Mas o gênero mais

comum na costa brasileira é Sargassum. A vegetação presente no infralitoral é consumida por

uma variedade de grupos taxonômicos, tais como Moluscos, Echinodermatas e peixes. Esta

zona também é ocupada por hidrozoários e antozoários.

Por muito tempo acreditou-se que a zonação era basicamente controlada pela ação das

marés. Contudo, o fato de a zonação também ocorrer em costões sem influência das marés,

indica que outros fatores físicos também contribuem para o esquema de zonação como é o

caso da ação das ondas e das tempestades (COUTINHO 1995, 2002).

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De acordo com Little & Kitching (1996), em locais abrigados as rochas estão quase

inteiramente tomadas por macroalgas, enquanto que em costões mais expostos a cobertura de

macroalgas é menor, dando lugar a moluscos e cracas.

Uma alga típica de um costão bastante abrigado não consegue sobreviver as constantes

pancadas exercidas pela ação das ondas num local exposto, sendo que, a maioria dos

gastrópodes não consegue se aderir ao substrato nestas áreas turbulentas. Além disso, as

características da água em pontos mais resguardados são muito diferentes das encontradas em

locais abertos. Costões abrigados tendem a apresentar águas mais quentes, com menor

salinidade e oxigênio, além de lidar com a cobertura das rochas por sedimentos, fazendo com

que o habitat disponível para colonização dos propágulos seja bem distinto de acordo com o

grau de exposição às ondas (LITTLE & KITCHING, op cit).

Coutinho (1995, 2002) destaca o trabalho de Connell (1961) por demonstrar que as

interações bióticas, como a competição, a herbivoria e a predação, também são responsáveis

pela zonação em certas áreas do costão. Segundo Coutinho (1995) a inibição do recrutamento

também pode ser um fator importante, por exemplo, em zonas com elevado número de

organismos suspensívoros haverá um consumo de larvas e propágulos na coluna d’água,

reduzindo o recrutamento no local. Desta maneira, fica evidente que a zonação dos costões

rochosos é fruto da interação de vários fatores físicos e biológicos.

3.1.4. Conhecimento, ameaças e conservação

Com poucas exceções, os organismos bentônicos que habitam os costões rochosos da

costa brasileira não foram detalhadamente estudados. O que existe muitas vezes é apenas um

levantamento das espécies, normalmente não atualizado, o que não é suficiente perante as

pressões antrópicas que estes ecossistemas vêm sofrendo nos últimos anos. Ainda assim, o

grupo das macroalgas é quem possui suas espécies melhor identificadas a nível taxonômico.

Além disso, principalmente nos estados de Santa Catarina, Espírito Santo e Bahia se faz

necessário um levantamento adequado das espécies de invertebrados dos costões rochosos

(COUTINHO, 2002).

Quando comparados com outras áreas da zona costeira, os promontórios ainda mantêm

certa naturalidade paisagística. Segundo Marenzi (2004), isso ocorre por conta da sua

geomorfologia complexa que inviabiliza atividades agro-pastorais e dificulta o acesso,

permitindo apenas a abertura de estradas com o intuito de incentivar o turismo. No entanto,

essa mesma situação que mantêm as características naturais dos promontórios, contribui para

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sua fragmentação natural, promovendo condições ambientais semelhantes às encontradas em

ilhas, pois acabam por ser aprisionados pelo oceano e pelas planícies costeiras no entorno,

planícies estas frequentemente ocupadas pela paisagem urbana.

Dentre as ameaças que os costões rochosos e seus organismos estão submetidos, Coutinho

(2002) destaca o desmatamento das encostas dos costões para a construção de condomínios,

fato que tem aumentado nos estados de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.

Ziembowicz (2012) corrobora, complementando a especulação imobiliária para grandes

empreendimentos como resorts.

Uma alternativa para a manutenção da biodiversidade é a conservação. Na opinião de

Little & Kitching (1996) a conservação de ambientes marinhos é mínima se comparada aos

programas desenvolvidos em terra, como resultado temos a alteração desses ambientes,

destacando a colheita de sementes que provocam extinção de populações e até mesmo de

algumas espécies de invertebrados bentônicos.

Dentre os organismos extraídos dos costões, destacam-se os mexilhões por serem bastante

utilizados como fonte de alimento e apresentarem um grande potencial indicador e reparador

de ambientes poluídos (MARENZI 2002). De acordo com Marenzi (op cit) o conceito de

semente é definido como o individuo juvenil de mexilhão com cerca de 3 cm de

comprimento. A produção de mariscos do estado de Santa Catarina utiliza-se da extração de

sementes dos estoques naturais (costões) através de raspagens ou retiradas. A coleta de

sementes dos costões, quando retiradas sem controle, resulta em sérios danos na estrutura

ecológica do ambiente.

3.2. Ecologia da paisagem

Para Rocha (1995) e Burel & Baudry (2002) o conceito de ecologia da paisagem foi

introduzido no final da década de 1930, pelo biogeógrafo alemão Carl Troll, formulado a

partir do uso de fotografias aéreas, que permitia a observação de paisagens a partir de

abordagens ecossistêmicas, como síntese entre a ecologia e a geografia.

Segundo Marenzi (2004) esta é uma ciência que considera a paisagem de maneira

holística, na dimensão ecológica, considerando seus aspectos culturais, sociais, políticos e

ambientais, sendo que os enfoques vão depender do detalhamento que se necessita ou do

caráter do estudo a ser realizado, assim como da escala de trabalho.

De acordo com Forman & Godron (1986), a ecologia da paisagem considera a estrutura, a

função e a alteração do ecossistema. A estrutura se refere às relações espaciais entre

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ecossistemas distintos, como a distribuição de energia, materiais e espécies em relação ao

tamanho, forma, quantidade, tipos e configuração dos componentes. A função, esta

relacionada com a interação entre os elementos espaciais, isto é, o fluxo de energia, materiais

e espécies entre os componentes ecossistêmicos. A alteração seria a mudança na estrutura e na

função do modelo ecológico no espaço e no tempo, considerando que a dinâmica paisagística

depende das relações entre as sociedades e seu ambiente. Para Burel & Baudry (2002) é essa

heterogeneidade que controla os movimentos e fluxos de organismos, matéria e energia.

Mazzer (1997), afirma que existem dois tipos de mudanças capazes de ocorrer com a

paisagem, as naturais e as antrópicas. As perturbações naturais associam-se ao

desenvolvimento normal da paisagem e são causadas por fenômenos incontroláveis como

tempestades, raios, abalos sísmicos, mudanças climáticas, etc. As mudanças antrópicas são

decorrentes de forças socioeconômicas e, portanto, derivadas das ações humanas.

A principal alteração antrópica está relacionada ao uso do solo, através da agricultura,

atividades extrativistas (minerais/madeira), instalação de indústrias e, no litoral catarinense,

principalmente o turismo, que sem planejamento ocasiona a exploração imobiliária

desenfreada e ocupação irregular da zona costeira. Diante destas atividades, as paisagens

naturais costeiras acabam por sofrer impactos, como o desmatamento, queimadas e aterros

(MAZZER, op cit).

Esta ocupação da zona costeira promove uma perda da naturalidade paisagística e

fragmentação do habitat, resultando em possíveis extinções de componentes bióticos

(MARENZI, 2004), sendo que para Fernandez (2004) entender as consequências da

fragmentação florestal, hoje, é uma das maiores prioridades da biologia da conservação.

Quando se considera a fragmentação de habitat, se relaciona a Teoria de Biogeografia de

Ilhas (TBI). Sabe-se que as ilhas apresentam uma diversidade de espécies muito menor que os

continentes, independente do grupo de animal ou espécie em questão (FERNANDEZ, op cit).

No caso das ilhas, a proximidade do continente e o seu tamanho são diretamente

proporcionais à diversidade local. De acordo com este autor, a desenfreada expansão

populacional humana provocou a fragmentação de grandes áreas florestais formando manchas

remanescentes cercadas por plantações, pastagens, rodovias ou assentamentos urbanos,

transformando-as em pequenas “ilhas” florestais.

Também é possível relacionar os costões como porções de fragmentos de habitat e,

portanto, como ilhas, já que em suas margens se encontram o oceano e na porção terrestre um

ambiente alterado pela ação humana.

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3.2.1. Estrutura espacial da paisagem

Os elementos componentes da estrutura da paisagem foram distinguidos como: matrix,

corredors e patches (FORMAN & GODRON, 1986). De acordo com Marenzi (2004), a

tradução mais coerente para tais termos seria Matriz, corredores e manchas, respectivamente.

A paisagem é constituída de um mosaico composto por manchas e de uma rede formada

de corredores e é nas bordas (limites) destes elementos que ocorre a interação com a matriz

(BUREL & BAUDRY, 2002).

A matriz é o elemento principal de uma paisagem e geralmente possui composição

homogênea (BUREL & BAUDRY, 2002). É o elemento mais extenso e controlador de todo o

funcionamento e dinâmica da paisagem, sendo que as manchas caracterizam-se como a

reunião de espécies em um local predominado por uma matriz com uma distinta composição

de comunidade, podendo manter conectividade através de corredores (FORMAN &

GODRON, 1986). Os limites da mancha são distinguidos por descontinuidades ambientais

relevantes para um organismo ou determinado processo ecológico.

Burel & Baudry (2002) caracterizam os corredores como elementos de ligação entre as

manchas, sendo que para Forman & Godron (1986) podem ser de três tipos: Linhas (estrada,

trilha, cercas); Faixas, mais largas e normalmente com presença de vegetação (autoestradas,

torres de energia); Cursos d’água.

Segundo Burel & Baudry (2002) em manchas de igual superfície, aquela com maior

perímetro e forma menos compacta terá a proporção mais elevada de indivíduos capazes de

chegar à borda, sendo mais susceptíveis a deixar o fragmento e, portanto, sofrendo mais com

o efeito de borda. Sendo o círculo a forma geométrica que apresenta o menor perímetro, e

consequentemente o menor efeito de borda, torna-se mais interessante para a conservação da

biodiversidade.

Para Moreira (2007) os movimentos entre as manchas são essenciais na ecologia de

paisagem e podem ser tanto entre manchas de tipos diferentes como iguais. Sendo assim,

Burel & Baudry (2002) afirmam que existe a conectividade espacial, que se está relacionada

ao modo como as manchas de mesmo tipo são adjacentes e estão unidas e a conectividade

funcional, relativa a como um indivíduo, propágulo ou semente de uma espécie pode passar

de uma mancha a outra, mesmo estando afastadas.

O efeito de borda é definido por Moreira (2007) como a diferença na composição e

abundância de espécies presentes entre os elementos da estrutura da paisagem. Diferentes

intensidades de luz, vento, temperatura e umidade em que são expostas, causam o efeito de

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borda. Nas bordas, é onde ocorrem maiores perturbações e estas vão diminuindo conforme se

avança para o interior das manchas (FORMAN & GODRON, 1986). Muitos autores afirmam

que estas mudanças existentes na borda poderão eliminar espécies exigentes a certos tipos de

condições ecológicas (MOREIRA, 2007).

3.2.2. Grau de Exposição às Ondas

A fim de se obter uma classificação para costões rochosos sob diferentes graus de

exposição às ondas, Ballantine (1961) desenvolveu uma escala, ficando conhecida como

Escala de Ballantine. Ao invés de classificar a exposição em função das características das

ondas, o autor baseou-se na biodiversidade presente no costão. A ideia parte do princípio

básico que algumas espécies são exclusivas de regiões mais expostas e outras de regiões mais

abrigadas.

Para isso, Ballantine (1961) selecionou um grupo de organismos para serem usados como

indicadores, é o caso das algas do gênero Lamnaria e Alaria e da ordem Fucales, além de

algumas algas calcáreas. Também considera a presença de Liquens, Cracas, Lapas e

gastrópodes do gênero Littorina e Nucella. Os mexilhões são representados pelo gênero

Mytilus.

Para descrever a abundância, Ballantine (1961) criou uma notação que varia de ausente

(N) até abundante (A), passando por raro (R), ocasional (O), frequente (F) e comum (C). O

problema é que o valor destas classes de frequência é específico para cada um dos grupos

descritos acima, o que dificulta uma associação precisa para empregar o uso da escala em

outros costões.

A escala de Ballantine possui 8 diferentes classificações referentes à exposição às ondas,

que são descritas a seguir:

1. Extremamente exposto

Aqui, a zona de surf ocorre mais ou menos continuamente. Abundâncias podem ser

reservadas já que o isolamento dos locais reduz a colonização. No entanto, este tipo de costão

é raro, frequentemente inacessível e extremamente distinto. Alaria é abundante e dominante

no infralitoral e Laminaria são raras ou ausentes. O único representante dos fucales presente é

Fucus vesiculosus que é frequente. Formas calcárias e coralinas de algas são abundantes.

Porphyra existe densamente acima da linha das cracas (durante o verão). Chthamalus é

abundante e dominante ao longo de toda zona de cracas (mediolitoral). Patella aspera é

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abundante, já Patella vulgata é abundante somente próximo à linha de cracas. Littorina

neritoides e L. saxatilis são comuns ou abundantes. “Top-shells” (Gastrópodes com concha

cônica) estão ausentes. Mytilus são comuns no baixo mediolitoral e os Liquens são

abundantes.

2. Muito exposto

Este tipo de costão é acessível somente em dias calmos. Laminaria digitata é abundante e

sempre dominante. Alaria pode ser frequente ou comum. Fucus vesiculosus é ocasional.

Lichina pygmea é comum no topo do mediolitoral. No supralitoral, liquens são abundantes.

Chthamalus é abundante e dominante depois da metade superior do mediolitoral. Patella

aspera é abundante e dominante no infralitoral enquanto que Patella vulgata é mais

abundante no mediolitoral. Littorina neritoides e L. saxatilis são comuns no supralitoral.

“Top-shells” permanecem ausentes. Nucella é comum, geralmente em fendas e Mytilus

aparece recobrindo grande parte do baixo mediolitoral.

3. Exposto

Laminaria digitata é comum ou abundante. Alaria é rara ou ausente. Algas fucoides são

raras. Algas calcáreas e coralinas são comuns. Lichina pygmea é comum ou abundante e

liquens são comuns no supralitoral. Chthamalus é abundante e dominante na zona superior do

mediolitoral. Patella aspera é comum na parte superior do infralitoral, por outro lado Patella

vulgata é abundante ao longo de todo mediolitoral. Littorina neritoides e L. saxatilis podem

ser comuns ou abundantes. “Top-shells” ainda ausentes. Nucella é comum em fendas e

Mytilus ocorre confinado em fissuras, podendo haver alguns “amontoados” isolados.

4. Semi-exposto

É um tipo de costão rochoso bastante comum. Laminaria digitata pode ser comum ou

abundante, enquanto Alaria é ausente. Algas fucoides são raras. Cracas e Lapas são

dominantes. Algas calcáreas e coralinas podem ser comuns em piscinas. Liquens são comuns

no supralitoral. Chthamalus pode ser comum ou abundante no topo do mediolitoral. Patella

aspera varia de ocasional à comum, sempre confinada em piscinas. Patella vulgata é

abundante em todo mediolitoral. Littorina neritoides e L. saxatilis geralmente são comuns. L.

littorea é ausente, assim como L. obtusata. “Top-shells” são raros. Nucella varia entre comum

e abundante e Mytilus é raro ou ausente.

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5. Razoavelmente abrigado

Também é um tipo de costão muito comum. Laminaria digitata é abundante. L.

saccharina é rara ou ausente e Alaria ausente. Fucoides são frequentes e algas calcáreas e

coralinas podem ser encontradas somente em piscinas. Chthamalus varia entre frequente e

comum, ocupando um estreita faixa na linha de cracas. Patella vulgata é abundante em quase

todo mediolitoral. Littorina neritoides pode ser ocasional ou comum no supralitoral. L.

saxatilis é comum e L. littorea ocasional em piscinas. Nucella normalmente é comum e

Mytilus raro ou ausente.

6. Abrigado

Neste caso, o costão é Abrigado o suficiente para acolher uma fauna abaixo das rochas.

Laminaria digitata e L. saccharina podem ser comuns. Fucoides são frequentes ou comuns.

Liquens já não são tão frequentes no supralitoral. Chthamalus ocorre somente acima da linha

de cracas. Patella vulgata é abundante em todo o mediolitoral, exceto em manchas densas de

fucoides. Littorina neritoides é rara ou ocasional L. saxatilis é comum enquanto L. littorea

varia de ocasional a frequente. “Top-shells” são mais comuns. Nucella pode ser ocasional ou

comum e Mytilus permanece raro ou ausente.

7. Muito abrigado

Aqui, a ação da onda é tão reduzida que proporciona a deposição de areia e lama sobre as

rochas. Laminaria. Saccharina ocorre apenas em algumas rochas. Todas as fucoides são

comuns ou abundantes. Algas coralinas estão presentes abaixo das fucoides. Os Liquens são

muito raros. Chthamalus é rara ou ausente. Patella vulgata concentra-se em pequenas áreas.

Littorina neritoides está ausente. L. saxatilis e L. littorea são comuns entre as fucoides. “Top-

shells” são comuns ou abundantes enquanto Nucella é ocasional.

8. Extremamente abrigado

Nestes costões, não existe ação de ondas ou de marés. São locais raros. Quando há infralitora,

este é dominado por Laminaria saccharina. Todos os fucoides estão presentes. O supralitoral

mal existe e as plantas terrestres são bem próximas. Cracas são raras ou ausentes, assim como

Lapas. Littorina neritoides e L. littorea estão ausentes e L. saxatilis é comum entre as

fucoides. “Top-shells” são raros e Nucella é rara ou ausente.

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3.3. Índices de Diversidade

De acordo com Soares-Gomes & Ferreira (2004), todo e qualquer estudo da ecologia de

populações e comunidades começa com um descritor analítico, que é oriundo de observações

no campo e que não passou por nenhuma análise ou processamento anterior. Os exemplos

mais comuns são: Número de indivíduos, biomassa e Percentual de cobertura (recobrimento).

O nº de indivíduos é largamente utilizado, mas de acordo com Soares-Gomes & Ferreira

(2004) tem se mostrado ineficiente para trabalhos com macrobentos, uma vez que a maioria

destes organismos apresenta-se na forma de colônias ou em densos agrupamentos.

Soares-Gomes & Ferreira (2004) ainda afirmam que além do número de indivíduos, a

abundância de uma espécie pode ser quantificada através da Frequência e do Recobrimento,

ambos relacionados com a ocupação do espaço. A frequência caracteriza-se como o nº de

amostras em que uma determinada espécie se faz presente e o recobrimento é a área

percentual do substrato ocupada por uma dada espécie.

Segundo Ricklefs (2009), a diversidade é considerada uma indicação do bem-estar do

ecossistema. Ela aponta diretamente a necessidade de proteção de determinado local, ou seja,

quanto maior o valor de biodiversidade, maior o valor do ecossistema em questão.

A diversidade aumenta com o tamanho da área e tende a ser reduzida em comunidades

estressadas e com altos níveis de competição (RICKLEFS, 2009; ODUM & BARRETT,

2007; SOARES-GOMES & FERREIRA, 2004), características extremamente comuns nos

costões rochosos.

A diversidade é função de dois componentes: Riqueza e Equitabilidade. A riqueza é o

nº total de espécies e a equitabilidade expressa a maneira pela qual o nº de indivíduos está

distribuído entre as diferentes espécies, isto é, se as espécies possuem abundâncias

semelhantes ou divergentes (KANIESKI, 2010).

Soares-Gomes & Ferreira (2004) exemplificam a equitabilidade da seguinte maneira

(Figura 1):

Fonte: Soares-Gomes & Ferreira (2004)

25 25

25 25

96 1

1 2

A B

Figura 1: Exemplificação da Equitabilidade e Dominância de amostras

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Ambas as amostras possuem a mesma riqueza (S=4), no entanto, a equitabilidade da

amostra A é alta e a dominância é baixa. A amostra B, por sua vez, apresenta baixa

equitabilidade e alta dominância. Deste modo, conclui-se que a equitabilidade é o inverso da

dominância.

A equitabilidade normalmente é expressa através do Índice de Pielou (J) (RICKLEFS,

2009; ODUM & BARRETT, 2007; SOARES-GOMES & FERREIRA, 2004). De acordo com

Kanieski (2010) o Índice de Pielou indica a uniformidade da comunidade, ou seja, de que

maneira a abundância está distribuída entre as espécies da comunidade.

O índice de Shannon-Wiener (H) é o mais utilizado para medir a diversidade, pois leva

em consideração tanto a riqueza como a equitabilidade (SOARES-GOMES & FERREIRA,

2004). Além disso, o índice de Shannon é independente do nº de amostras e possui

distribuição normal (contanto que os valores de N sejam inteiros) (ODUM & BARRETT,

2007).

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4. METODOLOGIA

4.1. Área de estudo

A área de estudo do presente trabalho situa-se na zona costeira catarinense, Litoral

Centro-Norte (SANTA CATARINA, 1988). De acordo com a classificação de Guadagnin &

Laidner (1999), o local de estudo denomina-se Promontório de Cabeçudas, localizado ao sul

do rio Itajaí-Açú e ao norte da Praia Brava, no município de Itajaí.

Segundo Beduschi (2009), este é o setor costeiro com os maiores índices de densidade

populacional por consequência da atividade industrial, dos grandes atrativos turísticos e da

presença dos portos de Itajaí e Navegantes.

Tendo como base a distribuição geográfica dos costões na costa brasileira proposta por

Coutinho (2002), o promontório em estudo encontra-se na segunda zona, caracterizada por

uma grande disponibilidade de substrato rochoso.

Os cenários mais comuns de ondas na área de estudo são provenientes de Leste (90°) e de

Sudeste (125°). A deriva litorânea na região se dá no sentido Sul-Norte e os ventos são de

nordeste na maior parte do tempo, com mudança no inverno para o quadrante Sul. A maré

astronômica no local possui um padrão semidiurno (MAFRA JUNIOR & CUNHA, 2001).

4.2. Unidades Amostrais

O promontório de Cabeçudas foi dividido em quatro unidades amostrais, estando todas

localizadas na parte sul do mesmo por conta do difícil acesso ao lado norte, em função da

densa vegetação. Além disso, os pontos situam-se a uma distância considerável uns dos outros

e todos foram escolhidos de modo que apresentassem diferentes graus de exposição às ondas.

As unidades foram denominadas: Farol, Solidão Norte (SN), Solidão Sul (SS) e Canto do

Morcego (mencionado apenas como Morego), conforme mostra a Figura 2.

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Figura 2: Localização das unidades amostrais no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Fonte: Google Earth

Todas as amostragens foram realizadas baseadas nas previsões de marés feitas pela

Marinha do Brasil para o porto de Itajaí (DHN, 2012). As saídas de campo sempre ocorreram

em períodos de lua cheia ou nova quando a variação da maré é mais acentuada e sempre nos

horários mais baixos estabelecidos pelas previsões, quando a área de costão rochoso fora

d’água é a máxima possível.

Todas as coletas foram realizadas em Março de 2012, a fim de proporcionar as condições

climáticas/ambientais mais semelhantes possíveis em todas as amostragens. É importante

ressaltar que cada costão foi amostrado uma única vez e não foram realizadas amostragens no

infralitoral.

4.3. Adaptação dos Parâmetros de Valores para Conservação

A fim de se atribuir valores de conservação aos costões rochosos, foi necessário adaptar a

metodologia usada por Carmo (2000) inserindo novos parâmetros que fossem condizentes

com a realidade do costão, ou seja, aqueles responsáveis pelas feições da paisagem e que

interferem na composição biológica do ambiente. Para tal, foram realizadas diversas saídas de

campo objetivando um conhecimento mais detalhado da área de estudo, além de pesquisa na

literatura relacionada à biologia e ecologia dos costões rochosos. Coutinho (1995, 2002) diz

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que o padrão de distribuição dos organismos no costão pode variar em função da inclinação,

do sombreamento (que está ligado à rugosidade) e da exposição às ondas. Em consequência,

os atributos selecionados para compor os valores de conservação foram:

a) Inclinação

b) Índice de rugosidade

c) Grau de exposição às ondas

d) Tamanho

e) Índice de forma

f) Distanciamento

4.3.1. Estimativa da Inclinação do Costão

Estimou-se a inclinação de cada um dos costões amostrados. A finalidade de se obter este

parâmetro deve-se ao fato de que quanto maior for o ângulo de inclinação do costão menor

será a superfície rochosa recoberta pela ação das marés como evidencia a Figura 3.

Figura 3: Representação sobre a inclinação do costão e relação com a maré.

A variação de maré (h) é igual em ambos os costões da Figura 4. Porém, percebe-se que a

área recoberta pela ação da maré no costão mais plano (a) é maior que no costão mais

inclinado (b).

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Para que a metodologia de determinação da inclinação pudesse ser empregada, foi preciso

entender o costão da maneira descrita na Figura 4. Desta forma, foi possível aplicar as

relações trigonométricas de um triângulo retângulo, mais precisamente do seno de um ângulo,

sendo:

Neste caso, o cateto oposto se refere a “altura vertical”, enquanto que a “superfície

rochosa” funciona como a hipotenusa. Sendo assim, a inclinação (em graus) do costão foi

igual ao ângulo θ.

Figura 4: Representação sobre a determinação da inclinação de um costão rochoso

Para obtenção da altura vertical do costão, utilizou-se a metodologia descrita por Little &

Kitching (1996), que consiste numa “cruz” de madeira portando algum petrecho que funcione

como um marcador de nível. Para este estudo fez-se uso de uma “cruz” com 50 cm de altura

(Figura 5) e iniciou-se a marcação a partir do ponto onde se encontrava a linha d’água,

denominado estação 1. A partir dali, o local assinalado pelo “braço da cruz” indicava 50 cm

de altura e consequentemente onde seria a estação 2.

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Figura 5: “Cruz” utilizada para marcação das estações nas unidades amostrais no promontório de Cabeçudas,

Itajaí – SC.

A partir da primeira estação, seguiu-se sempre em linha reta, até a última estação,

demarcada pela ausência de organismos ou pelo “fim” do costão conforme, a Figura 6.

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Figura 6: Representação da demarcação das estações em cada unidade amostral no promontório de Cabeçudas,

Itajaí – SC.

Desta forma, foi possível calcular a altura vertical do costão (em metros) através da

seguinte fórmula:

Onde:

h = Altura vertical

Ne = Nº de estações

C = Altura da “cruz”

A medida da “superfície” ou comprimento da superfície rochosa foi realizada com auxílio

de uma fita métrica comum, sendo que como o objetivo era apenas a medição da superfície

rochosa, as imperfeições do terreno não foram levadas em consideração, de forma que ao se

deparar com uma parte acidentada, passava-se direto com a fita como se o substrato fosse liso.

Sempre foi considerada a estação 1 como ponto inicial e a última estação como ponto final

para medição deste comprimento. (Figura 7).

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Figura 7: Determinação do valor da “Superfície” para uso no cálculo de inclinação no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC (ver Figura 4)

4.3.2. Cálculo do Índice de Rugosidade

Para estimar a rugosidade, também foi utilizada a fita métrica. A medição deste parâmetro

foi realizada da mesma forma que a medida da “superfície”, com a diferença de que desta vez,

as reentranças e imperfeições do terreno foram levadas em consideração. (Figura 8).

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Figura 8: Determinação do valor da Rugosidade no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

O objetivo de se inserir a rugosidade como parâmetro para este estudo deveu-se aos

possíveis microambientes criados pelas imperfeições do substrato, que podem favorecer a

presença de determinados organismos no local através do sombreamento e/ou formação de

“piscinas”, o que pode influenciar a biodiversidade. Conforme Little & Kitching (1996), além

do nº de espécies presentes num local, a diversidade de habitats também deve ser utilizada

para mensurar a diversidade. Para que pudessem ser comparados os dados de uma unidade a

outra, criou-se um índice de rugosidade (R):

De tal modo que R pode variar de 0 a 1, sendo que quanto menor o índice de rugosidade,

maior a irregularidade do substrato e, consequentemente, maior a quantidade de micro-

habitats, o que pode, resultar numa maior biodiversidade.

4.3.3. Determinação do Grau de exposição às ondas

A fim de se classificar os costões deste estudo utilizando a escala de Ballantine (1961),

realizou-se uma equivalência das espécies usadas como indicadores pelo autor com as

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encontradas no presente estudo (Tabela 1). Além disso, como não foram realizadas

amostragens no infralitoral, espécies típicas desta zona não foram levadas em consideração

durante a equivalência, nem no processo de classificação dos costões estudados. É importante

ressaltar que o conceito de abundância usado por Ballantine (1961) não é exatamente o

mesmo empregado na equivalência das espécies, pois, o autor criou valores específicos para

cada grupo de organismos. A comparação quanto à localização da espécie no costão foi

realizada com mais precisão, uma vez que a amostragem foi realizada em extratos do costão.

Sendo assim, realizou-se uma análise subjetiva sobre os dados coletados para aplicar a escala

de Ballantine.

Tabela 1: Equivalência entre as espécies usadas como indicadores de exposição por Ballantine (1961) e as

espécies encontradas neste estudo.

Espécies usadas por Ballantine (1961) Equivalências para este trabalho

Patella sp. Collisella sp.

Littorina Neritoides Littorina ziczac

L. saxatilis Littorina alba

L. littorea Littorina alba

Mytilus sp. Perna perna

Nucella Stramonita haemastoma

4.3.4. Tamanho, Índice de Forma e Distanciamento

Para obtenção do índice de forma, foi necessário conhecer a área total (tamanho) e o

perímetro dos costões. Estes parâmetros foram calculados utilizando as ferramentas de

geoprocessamento do software ArcGIS, que possibilitou contornar os costões criando

polígonos sobre os quais foram extraídos os dados. A imagem trabalhada no ArcGIS foi

resultado de um mosaico de várias imagens de fragmentos do promontório de Cabeçudas,

obtidas através do Google Earth Pro à uma altura de 120m do solo. O mosaico foi realizado

utilizando o programa Regeemy.

O índice de forma foi medido pela equação apresentada na metodologia utilizada por

Carmo (2000):

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Onde:

F = Índice de Forma.

P = Perímetro do costão.

A = Área do costão.

De acordo com Marenzi (2004) quanto mais próximo de 1 (um) o resultado da equação,

melhor será o índice de forma para a conservação e segundo Moreira (2007), este parâmetro

aumenta conforme aumenta a complexidade espacial do local. No entanto, de acordo com

Shafer (1997) apud Marenzi (2004), a forma irregular da mancha proporciona uma maior

heterogeneidade de habitats oferecendo uma melhor situação para a conservação.

Já o distanciamento foi determinado a partir da distância mínima entre dois costões que se

origina do ponto central de um ao ponto central do outro mais próximo. Considerou-se esta

distância entre os dois pontos fixos como o distanciamento e esta, também foi obtida com

auxílio do software ArcGIS.

Apesar de terem sido considerados quatro pontos distintos para este estudo, os costões

rochosos estão presentes ao longo de todo o promontório. Desta forma, no momento do

contorno dos costões acabaríamos por construir apenas dois polígonos, o primeiro com a

fusão dos costões do Farol e da SN e o segundo com a união dos costões do Morcego e da SS.

A fim de solucionar este problema, resolveu-se contornar apenas a região do costão onde

foram feitas as amostragens. Para que fosse padronizada uma área de contorno para todas as

unidades amostrais, utilizou-se uma elipse de tamanho padrão para todos os costões. A elipse

foi colocada ao redor do local amostrado e toda área rochosa que se encontrava inserida na

mesma foi contornada para a criação do polígono.

4.4. Levantamento da Diversidade

A partir do esquema de zonação dos costões que foi descrito por Coutinho (1995, 2002) e

Little & Kitching (1996), decidiu-se amostrar os costões de forma sistemática, lançando um

quadrat em cada uma das estações, ou seja, uma amostragem a cada 50 cm de altura vertical a

fim de amostrar adequadamente todos os estratos biológicos do costão (Figura 9). O número

de estações não foi o mesmo em todas as unidades amostrais, variando de 6 a 8, e em cada

estação, realizaram-se três réplicas em locais diferentes, totalizando um número de

amostragens entre 18 e 24 por meio do quadrat.

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Figura 9: Representação das amostragens nas estações em cada unidade amostral no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC

Baseando-se em Salomão & Coutinho (2007) e Sauer-Machado (2006) utilizou-se como

amostrador da biodiversidade um quadrat (20 x 20 cm) com grid apresentando 100 pontos de

intersecção. Dentre estes, foram escolhidos aleatoriamente 30 pontos e pintados com cor

vermelha. Ao colocar o quadrat sobre o terreno, foram contados quantos organismos de cada

espécie encontravam-se sob os pontos vermelhos, conforme (Figura 10).

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Figura 10: Amostragem usando quadrat com grid e pontos de interseções demarcados no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC.

Os organismos foram identificados no próprio local e aqueles que proporcionaram alguma

dificuldade no reconhecimento foram coletados em sacos plásticos para posterior análise no

Laboratório de Ecologia da Vegetação Costeira da UNIVALI. É importante ressaltar que

como não foi realizada raspagem dos costões, organismos muito pequenos podem não ter sido

considerados, assim como aqueles que vivem escondidos sob as algas e entre as conchas de

mexilhões.

Posteriormente, os dados foram organizados em planilhas do Excel a fim de facilitar sua

manipulação e posteriores análises estatísticas. Desta forma, foi possível calcular um

percentual de cobertura para cada espécie, além da frequência de ocorrência das mesmas.

A frequência de ocorrência foi calculada em função do nº de quadrats em que a espécie

esteve presente. Soares-Gomes & Ferreira (2004) expressam a frequência da seguinte forma:

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Onde:

Fa = Frequência da espécie A

Pa = Nº amostras nas quais a espécie A está presente

P = Nº total de amostras

A frequência por amostra revela a maneira que se dá a distribuição da espécie no costão

como um todo.

4.5. Processamento dos Dados

Os dados coletados foram processados e organizados para posterior análise estatística,

conforme exposto no fluxograma da Figura 11.

Figura 11: Fluxograma do tratamento de dados utilizado nas amostras para análise estatística.

4.6. Cálculo dos Índices de diversidade

O cálculo dos índices se deu em função da abundância relativa. Ricklefs (2009) define a

abundância relativa ou índice de dominância como a proporção do nº total de indivíduos de

uma comunidade que pertence a uma mesma espécie. Conforme Soares-Gomes & Ferreira

Média das tréplicas

Cálculo do % cobertura de cada espécie em cada

estação

Organização em tabela única para

cada ponto

Cálculo do % cobertura de cada

estação

Cálculo do % cobertura total de cada espécie em

cada ponto

Cálculo do % cobertura total da unidade amostral

Cálculo dos índices de Shannon,

Simpson e Pielou Análise estatística

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(2004), o nº de indivíduos tem se mostrado ineficiente para trabalhos com macrobentos,

consequentemente, utilizou-se o recobrimento para quantificar a abundância de uma espécie.

A fim de realizar análise estatística sobre os índices obtidos, com o intuito de afirmar se

houve diferença significativa entre os mesmos, foi necessário calcular um índice para cada

estação amostral e consequentemente uma abundância relativa para cada espécie em cada

estação.

Baseando-se em Ricklefs (2009) e Kanieski (2010) pode-se expressar a abundância

relativa da seguinte maneira:

Onde:

pi = abundância relativa

ni = % de cobertura da espécie i

n = % de cobertura total

Segundo Ricklefs (2009), valores mais altos do Índice de Shannon representam maior

diversidade. Este índice foi calculado através da seguinte fórmula:

Onde:

H = Índice de Shannon

pi = Abundância relativa

De acordo com Kanieski (2010) o Índice de Pielou varia de 0 a 1, sendo o valor 1,

indicativo de que todas as espécies estão representadas pelo mesmo número de exemplares.

Este índice foi calculado através da seguinte fórmula:

Onde:

J = Índice de Pielou

H = Índice de Shannon

S = Riqueza

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4.7. Análise Estatística

Para determinar se houve diferença significativa entre os índices de diversidade, decidiu-

se realizar um teste estatístico. Utilizando a porcentagem de cobertura total de cada espécie

para cada unidade amostral, foi possível obter um valor de cada índice para cada costão. Mas

tratando os dados desta maneira, houve apenas um valor de cada índice para cada ponto,

impossibilitando a realização do teste de significância com um “N” amostral igual a 1 (um).

Havia a possibilidade de se realizar um teste T, mas segundo Triola (2008), o problema deste

método é que seria necessário testar a igualdade entre os índices dois de cada vez e à medida

que aumenta o número de testes individuais, aumenta-se o risco de encontrar diferenças por

puro acaso.

Sendo assim, optou-se por calcular os índices de diversidade para cada estação de cada

uma das unidades amostrais, a partir do percentual de cobertura de cada espécie para cada

estação. Desta forma, utilizando o programa Statistica, foi possível realizar uma análise de

variância (ANOVA) que de acordo com Triola (2008) consiste em testar a igualdade de três

ou mais médias populacionais através da análise das variâncias amostrais. Portanto, a partir

das médias das tréplicas dos quadrats, as estações foram tomadas como sendo réplicas do

costão, fato que somente foi possível, pois, considerou-se que a diferença entre as unidades

amostrais é muito maior que a diferença entre as estações dentro de cada unidade.

Para aplicação da ANOVA, foi necessário determinar se houve normalidade e

homogeneidade entre as variâncias. Os apêndices 1 e 3 mostram que os dados são normais (p

≥ 0,05) para Shannon e Pielou respectivamente, enquanto os anexos 2 e 4 demonstram que há

homogeneidade entre as variâncias (p ≥ 0,05).

Sendo assim, aplicou-se uma ANOVA one-way para determinar diferenças significativas

entre os índices de diversidade de cada ponto. Para os casos que apontaram diferença

significativa foi aplicado o teste de comparação múltipla, a posterior de Tukey. Para todos os

testes o nível de significância adotado foi de 5%.

4.8. Relação entre biodiversidade do costão e a ecologia da paisagem

Com a obtenção de todos os parâmetros, foram atribuídos valores de conservação para as

variáveis que se referem à estrutura espacial da paisagem, tendo como base Marenzi (2004) e

Carmo (2000), para as variáveis Forma e Distanciamento. É imprescindível ressaltar que os

valores das classes de conservação para Área tiveram de ser adequados à realidade do costão

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rochoso, enquanto que os valores de Inclinação, Índice de Rugosidade e Grau de exposição

foram desenvolvidos para este estudo.

Assim, foram comparados os valores de conservação adquiridos através da análise

estrutural da paisagem com o levantamento da biodiversidade e seus respectivos índices,

buscando correlacionar os dados obtidos, esperando que valores mais altos de conservação

resultem em maior diversidade, sempre analisando as variáveis que interferiram mais nos

resultados.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Variáveis da Estrutura Espacial da Paisagem

A Figura 12 mostra os quatro polígonos criados para representar as unidades amostrais e

foi através deles que os parâmetros Tamanho, Índice de forma e Distanciamento puderam ser

obtidos. O “ponto” sobre o polígono representa o centro de cada costão.

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Figura 12: Mapa com polígonos criados para cada costão do promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

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Os valores das variáveis que foram definidas para fazer parte da estrutura espacial da

paisagem são apresentados para cada ponto, conforme a Tabela 2. Além de compor os valores

para conservação, tais dados foram utilizados na análise da relação da ecologia da paisagem

com a biodiversidade.

Tabela 2: Valores dos parâmetros obtidos para unidade amostral do promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Unidade

amostral

Inclinação

(º)

Índice de

Rugosidade

Exposição

(Ballantine, 1961)

Área

(m²) Forma

Distanciamento

(m)

Farol 31,9 0,91 Muito exposto 1073 2,72 363

Solidão Norte 37,2 0,69 Muito exposto 1046 1,79 161

Solidão Sul 42,7 0,62 Exposto 666 2,09 123

Morcego 17,2 0,57 Abrigado 801 1,95 123

Utilizando as medições da “Superfície” e da Altura vertical, calcularam-se os valores de

inclinação dos quatro costões estudados, lembrando que quanto menor a inclinação do costão,

maior será a área rochosa recoberta pela ação das marés. O costão do morcego apresentou

uma inclinação muito baixa quando comparada com os outros pontos, enquanto que o costão

na SS mostrou-se o mais inclinado.

O Farol mostrou-se com o terreno menos irregular, com um R muito próximo à superfície

lisa. O morcego foi o ponto com maiores irregularidades no substrato, possivelmente lhe

rendendo um maior número de micro-habitats, fato que é condizente com as observações em

campo que revelaram a presença de algumas “poças” de marés nesta unidade amostral.

Analisando o levantamento da biodiversidade e realizando a equivalência entre as espécies

a partir da Tabela 1, utilizou-se a escala de Ballantine para classificar os costões quanto ao seu

grau de exposição às ondas. Como era esperado, após algumas observações em campo, o farol

e a SN apresentaram-se como os mais expostos e o morcego como o mais abrigado.

De acordo com o conceito da Teoria de Biogeografia de Ilhas, a área é diretamente

relacionada à riqueza de espécies do local (FERNANDEZ, 2004). De fato, Farol, SN e SS

responderam a essa premissa, com áreas de 1073, 1046 e 666 m², respectivamente, e

concomitantes a riqueza, 19, 18 e 17 espécies. O costão do morcego fugiu a este padrão,

apresentando riqueza de 22 espécies, fato provavelmente relacionado às outras variáveis

ecológicas, como a baixa inclinação, menor exposição às ondas e o alto índice de rugosidade,

que permitiram compensar pela estrutura física e heterogeneidade de ambiente.

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Com relação ao índice de forma, quanto maior o valor de F mais elevada a complexidade

espacial do terreno, diminuindo o valor para conservação. Observou-se o maior valor de

Forma para o Farol e o menor para a SN. Valores mais baixos deste parâmetro sugerem um

perímetro menor, indicando uma maior semelhança da forma desse fragmento ao circulo e,

consequentemente, diminuindo o efeito de borda (MARENZI 2004). No entanto, de acordo

com Shafer (1997) apud Marenzi (2004), a forma irregular da mancha proporciona uma maior

heterogeneidade de habitats, podendo oferecer uma melhor situação para a conservação,

quando o efeito de borda não é prejudicial a diversidade, ou o entorno não é ameaçador

quanto às atividades humanas. Portanto, podendo também explicar a riqueza de espécies no

Farol maior que SN e SS, que apresentaram índices de Forma menores, pois as espécies do

costão são adaptadas ao efeito de borda, cuja irregularidade do fragmento resultando em

maior perímetro e, consequentemente, nichos potenciais, possibilitou a riqueza de espécies.

O menor distanciamento entre os fragmentos (unidade amostral) contribui para a

mobilidade de espécies e fluxo gênico, conforme Ziembowicz (2011), sendo que maior a

possibilidade de haver colonização e manutenção da diversidade. No caso de organismos de

costões rochosos, o transporte das larvas será feito pela água, sofrendo grande influência das

ações de ventos, ondas, marés e da direção das correntes. A predominância das direções e

intensidades destes parâmetros no local em questão pode ser crucial para a disponibilização

ou não de larvas para colonizar o costão. A menor distância referente ao farol foi para SN, que

apresentou maior proximidade com a SS, que por sua vez mostrou-se mais perto do morcego

e vice-versa.

5.2. Composição e Cobertura da Biota

Neste tópico são apresentadas as espécies que ocorreram em cada costão, bem como suas

respectivas percentagens de cobertura, além da frequência de ocorrência das mesmas. Para o

promontório como um todo, foram encontradas. Vale ressaltar que foi realizada uma única

amostragem em cada unidade amostral, no mês de Março. Esta composição provavelmente se

altera ao longo do ano.

5.2.1. Farol

A Figura 13 mostra o percentual de cobertura de cada uma das espécies encontradas neste

ponto, juntamente com suas respectivas frequências de ocorrência.

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No costão do farol foram contabilizadas 19 espécies. O mexilhão Perna perna foi a

espécie que apresentou maior recobrimento do substrato, com 20,83%, seguido pelo cirripedia

Chthamalus bisinatus e pela alga coralína Jania sp., com 7,64% e 7,22%, respectivamente. O

isopoda Lygia sp. e o cirripedia Tetraclita stalactifera, ambos com 0,14% foram os menos

representados. Notou-se ainda a ocorrência de desova do gastrópode Stramonita haemastoma,

contribuindo com 0,28% de cobertura do costão.

Perna perna foi a espécie mais comum ocorrendo em 62,50% das amostras e conforme

Coutinho (2002) a abundância desta espécie indica um local de elevada exposição às ondas.

Nota-se de modo geral, que as frequências tendem a decair a medida que diminui a

percentagem de cobertura, no entanto, a Chlorophyta Ulva sp., apesar de baixo grau de

recobrimento, mostrou-se habitual ao longo do costão, com frequência de 45,83%. Verifica-se

também que algumas espécies características do mediolitoral superior e do supralitoral como,

Collisella sp. e Littorina ziczac, indicadas por Coutinho (2002), apesar de pouco abundantes,

mostram-se frequentes, provavelmente pela grande influência das ondas, que segundo o autor,

pode ampliar os limites destas zonas.

Figura 13: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada espécie para o costão do farol no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Fre

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a (%

)

% C

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Farol

% Cobertura Freq./amostra

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39

O costão do farol teve ao todo 8 estações amostrais. Com relação ao percentual de

cobertura de cada estação, verificou-se que a estação nº 3 apresentou maior recobrimento com

80%. Como esperado, a estação mais distante da linha d’água (nº 8) mostrou-se com maior

percentual de espaços vazios, com 22,22% de cobertura por organismos (Figura 14).

Figura 14: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada estação amostral no costão do farol no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

5.2.2. Solidão Norte

Os valores de recobrimento e frequência encontrados para este costão são exibidos na

Figura 15.

Nesta unidade foram encontradas 18 espécies. O costão da SN também se mostrou mais

recoberto pelo mexilhão Perna perna, com 16,81%, seguido pela alga verde Ulva sp., com

10,42% de cobertura. Lygia sp. foi a espécie menos encontrada, recobrindo apenas 0,14% do

substrato, juntamente com o gastrópode Fissurella sp. Também se verificou a presença de

desova de Stramonita haemastoma. O que ficou mais evidente nesta unidade foi que a

diferença entre as duas espécies mais abundantes não foi tão discrepante como no farol.

Além de mais abundante, Perna perna também foi a espécie mais frequente, ocorrendo

em 62,50% das amostras. Neste costão também se observou um padrão de diminuição da

frequência juntamente com os níveis de cobertura, porém, Chlorophyta Chaetomorpha sp.

mostrou-se frequente em 58,33% dos quadrats.

67,78 58,89

80,00 76,67 61,11

51,11 43,33

22,22

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

1 2 3 4 5 6 7 8

% C

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Estações

Farol

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40

Figura 15: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada espécie para o costão da SN no promontório

de Cabeçudas, Itajaí – SC.

A SN também conteve 8 estações amostrais. Da mesma forma que o farol, a estação nº 3

foi a mais recoberta por organismos, com 84,44%, e novamente a estação nº 8 revelou-se

menos recoberta, apenas com 14,44% (Figura 16).

Figura 16: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada estação amostral no costão SN no

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

Fre

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ên

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de

oco

rrê

nci

a (%

)

% C

ob

ert

ura

Solidão Norte

% Cobertura Frequência / amostra

66,67

44,44

84,44 73,33

64,44 56,67

47,78

14,44

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

1 2 3 4 5 6 7 8

% C

ob

ert

ura

Estações

Solidão Norte

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41

É interessante observar que a variação na porcentagem de cobertura ao longo das estações

foi exatamente igual para o Farol e a SN. É possível que isso esteja ligado ao fato de ambas as

unidades apresentarem semelhantes níveis de exposição às ondas.

5.2.3. Solidão Sul

No costão da SS encontrou-se 17 espécies. O mexilhão Brachidontes darwinianus foi a

espécie com maior percentual de cobertura, com 7,41%, mas não chegou a ser dominante,

uma vez que várias outras espécies apresentaram recobrimento semelhante, como é o caso do

cirripedia Chthamalus (5,74%), do mexilhão Perna perna (5,19%), do gastrópode Littorina

ziczac (5,00%), entre outros. Littorina Alba e Lygia sp. foram as menos abundantes, com

0,19% de cobertura cada (Figura 17).

Nota-se que as espécies mais características do alto mediolitoral e do supralitoral foram as

mais abundantes. Tal fato possivelmente é consequência da inclinação deste costão,

resultando numa menor faixa de mediolitoral (ver Figura 4), além da baixa altura vertical que

proporciona um alcance de todas as estações pela influência da onda. A falta de dominância

de uma espécie provocou semelhança entre as frequências de ocorrência, com destaque para o

gastrópode raspador Collisella sp., aparecendo em 55,56% das amostras.

Uma evidencia da influência da inclinação sobre a biodiversidade é o fato de a espécie

Chthamalus bisinatus, característica do alto mediolitoral segundo Coutinho (2002), ter

surgido logo na terceira estação deste ponto, fato que não ocorreu em nenhum outro costão.

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42

Figura 17: Representação gráfica do percentual de cobertura de cada espécie para o costão da SS no promontório

de Cabeçudas, Itajaí – SC.

A SS, ao contrário das duas unidades amostrais, possuiu apenas 6 estações amostrais

(Figura 18), sendo este o único costão que a última estação não foi demarcada pela ausência

de organismos. Após a estação 6, o costão torna-se literalmente uma parede (90° de

inclinação), impossibilitando novas amostragens e até mesmo a presença de organismos.

Figura 18: Percentual de cobertura de cada estação amostral no costão SS no promontório de Cabeçudas, Itajaí –

SC.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

Fre

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oco

rrê

nci

a (%

)

% C

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Solidão Sul

% Cobertura Frequência / amostra

43,33 43,33 48,89 46,67

62,22

41,11

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

1 2 3 4 5 6

% C

ob

ert

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Estações

Solidão Sul

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43

A estação que se mostrou mais recoberta pelos organismos, neste caso, foi a nº 5 com

62,22% o que é condizente com o padrão de abundância dos organismos, a maioria

pertencente ao alto mediolitoral e ao supralitoral. Mas, curiosamente, todas as outras estações

apresentaram % de cobertura muito semelhante. Talvez, a resposta para este comportamento

seja decorrente da baixa altura vertical associada a um considerável nível de exposição às

ondas, possibilitando uma alta influência da água em todo o substrato rochoso.

5.2.4. Canto do Morcego

No Morcego foram identificadas 22 espécies. O poliqueta Phragmatopoma sp. recobriu

19,68% do substrato rochoso, sendo o mais abundante. Os caranguejos Pachygrapsus

transversus e Pachygrapsus sp., a alga verde Chaetomorpha sp. e a anêmona Bunodosoma sp.

foram os mais raros, todos com 0,16% de cobertura (Figura 19). Apesar de ter sido mais

abundante, Phragmatopoma sp. ficou longe de ser mais frequente, sendo Brachidontes

darwinianus e Collisella sp. as espécies mais comuns, com 42,86% e 38,10%,

respectivamente.

Nesta unidade não houve ocorrência do mexilhão Perna perna, indicando um local mais

abrigado. Além disso, a espécie Chaetomorpha sp., que de acordo com Coutinho (2002) é

característica de costões expostos, ocorreu com frequência em todos os pontos, exceto no

Morcego. Entretanto, apesar deste costão possuir um grau de exposição menor que os demais

pontos, seu nível de resguardo não é tão elevado, uma vez que ainda existe a presença do

Supralitoral, confirmado pela presença dos gastrópodes do gênero Littorina e do isopoda

Lygia sp. (BALLANTINE, 1961; COUTINHO, 2002). Aliás, registrou-se a ocorrência de

várias espécies de cracas no morcego, sendo que segundo Little & Kitching (1996), locais

muito abrigados apresentam as rochas quase que inteiramente recobertas por macroalgas.

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44

Figura 19: Percentual de cobertura de cada espécie para o costão do Morcego no promontório de Cabeçudas,

Itajaí – SC.

O Morcego obteve 7 estações amostrais. Neste ponto, a estação nº 2 apresentou incríveis

100% de cobertura muito em função do poliqueta Phragmatopoma sp. enquanto a estação nº 7

se mostrou com maior quantidade de espaços vazios, apenas com 11,11% de recobrimento

(Figura 20). Esta foi a única unidade amostral em que não ocorreu a presença do Perna perna

em função da baixa exposição as ondas, fato que também corroborou para a presença das

espécies de caranguejo do gênero Pachygrapsus. Fato relevante neste costão foi o aumento do

percentual de cobertura na estação 5. Isso pode estar ocorrendo por conta da baixa exposição

às ondas neste costão que diminiu a extensão do supralitoral, fazendo com que os organismos

característicos desta zona acabem se aglomerando próximos à faixa do alto mediolitoral.

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

0,00

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10,00

15,00

20,00

25,00

Ph

ragm

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Ch

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Fre

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)

% C

ob

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Morcego

% Cobertura Frequência / amostra

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45

Figura 20: Percentual de cobertura de cada estação amostral no costão do Morcego no promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC.

5.2.5. Comparação entre os Costões

Não foi por acaso que o Farol e a SN apresentaram maior número de estações. Com

exceção da SS, como já foi dito, as estações foram demarcadas até o término da ocorrência

dos organismos. Um número maior de estações indica que a presença da biota se estende mais

para cima do costão. Estes pontos são muito expostos à ação das ondas e segundo Coutinho

(2002), promove uma maior área para colonização pelos organismos.

De um modo geral, a composição de espécies foi semelhante em todos os costões

amostrados (Tabela 3), o que variou foi o grau de recobrimento exercido por cada uma delas.

Determinados exemplares ocorreram nas quatro unidades amostrais, mas também houve

algumas espécies que foram exclusivas de um único costão (Tabela 4).

Tabela 3: Riqueza de espécies em cada unidade amostral do promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Costão Riqueza Fauna Flora

Farol 19 14 5

Solidão Norte 18 14 4

Solidão Sul 17 12 5

Morcego 22 14 8

67,78

100,00

71,11 53,33

82,22

47,78

11,11

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

1 2 3 4 5 6 7

% C

ob

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ura

Estações

Morcego

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46

Tabela 4: Espécies que ocorreram em todas as unidades amostrais do promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Espécies Unidade

amostral Espécies

Unidade

amostral

Chthamalus bisinatus Todas Megabalanus coccopoma Farol

Ulva sp. Todas Acmaeidae SN

Brachidontes darwinianus Todas Centroceras clavulatum SS

Chaetomorpha sp. Todas Pterocladia sp. SS

Littorina ziczac Todas Pachygrapsus transversus Morcego

Collisela sp. Todas Pachygrapsus sp. Morcego

Phragmatopoma sp. Todas Codium taylorii Morcego

Fissurella sp. Todas Bunodosoma sp. Morcego

Lygia sp. Todas Caulerpa sp. Morcego

Tetraclita stalactifera Todas Gracilaria sp. Morcego

É provável que a maior riqueza encontrada no Morcego seja decorrente do seu maior nível

de resguardo frente à ação das ondas, o que proporciona a ocorrência de mais espécies de

algas e de organismos que vivem entre as rochas, como os caranguejos (BALLANTINE

1961). Associado a isso, temos um maior índice de rugosidade, que proporciona maior

número de micro-habitats, como as “poças” de marés.

De acordo com Coutinho (2002), Megabalanus coccopoma e Sargassum sp. são

características do infralitoral, entretanto, ocorreram nas amostragens no Farol. Tal fato pode

ser explicado pela forte ação das ondas que amplia os limites de colonização dos costões.

Echinometra lucunter também é uma espécie característica do infralitoral, segundo Sauer-

Machado (2006), e esta ocorreu tanto no Farol como na SN.

O padrão de organismos encontrados nas diferentes zonas dos costões rochosos deste

estudo foi semelhante ao proposto por Coutinho (2002) para a costa brasileira. Conforme o

autor, visualizou-se que no costão mais abrigado (Morcego) o bivalve Brachidontes

darwinianus se fez presente em estações mais próximas à linha d’água, ao contrário dos

outros pontos (mais expostos) em que esta espécie começou a ocorrer somente na faixa

superior do mediolitoral devido à presença de Perna perna na parte inferior desta mesma

zona.

Somando-se o percentual de cobertura de cada espécie foi possível obter um recobrimento

total de cada costão, conforme a Figura 21. É possível observar que o Morcego apresentou o

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maior percentual de cobertura, com 61,90%, enquanto que Solidão Sul mostrou-se com o

menor recobrimento, 47,59%.

O Morcego apresentou maiores valores de recobrimento, provavelmente pelo seu grau de

exposição ser menor que nos demais pontos, permitindo a ocorrência de um número maior de

espécies. Entretanto, os valores elevados para o Farol e a SN pode ser devido ao seu alto grau

de exposição às ondas, que permitiu aos organismos colonizar em maiores alturas verticais do

costão. É provável que a porcentagem de cobertura na SS seja mais baixa pela maior

inclinação do costão, que reduz a extensão do mediolitoral.

Figura 21: Porcentagem de cobertura total das unidades amostrais no promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Com base nos resultados obtidos talvez seja possível estabelecer um padrão para a

distribuição dos organismos em diferentes situações de estrutura espacial dos costões

rochosos.

Observou-se que todos os costões apresentam um comportamento de aumento do

recobrimento até certa estação, a partir de onde começa a diminuir. Em costões expostos, o

recobrimento por organismos tende a aumentar até próximo ao final do mediolitoral e depois

começa a decair, provavelmente pelo fato básico que é a diminuição da influência da água.

Num costão mais abrigado o padrão de aumento, seguido de diminuição do recobrimento,

se mantém, mas ocorre um novo pico seguido de outra diminuição. É provável que isso

aconteça por conta da diminuição da extensão do supralitoral, fazendo com que os organismos

característicos desta zona acabem se aglomerando próximos à faixa do alto mediolitoral.

Quando o costão apresenta menores alturas verticais, o percentual de cobertura tende a se

estender quase que constante até o supralitoral, decorrente possivelmente, da influência das

57,64 56,53 47,59

61,90

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

Farol Solidão Norte Solidão Sul Morcego

% C

ob

ert

ura

Unidades amostrais

% Cobertura Total de cada Costão

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ondas (spray) até a última estação amostrada. Quando há elevada inclinação, o pico de

organismos se dá numa estação mais afastada, talvez consequente da diminuição da zona do

mediolitoral, favorecendo um pico de organismos do alto médio e do supralitoral.

5.3. Variáveis Ecológicas dos Costões

5.3.1. Diversidade de Shannon-Wiener

O índice de diversidade utilizado foi de Shannon-Wiener, sendo os dados para cada

unidade amostral demonstrados na Figura 22.

A SS apresentou o maior índice, igual a 1,54 e o Morcego, o menor, igual a 0,99. No caso

da SS, a pequena altura vertical associada a um certo grau de exposição às ondas foi o que

provavelmente resultou numa maior diversidade, tanto que este foi o costão que se mostrou

com percentagem de cobertura mais homogênea entre as estações amostradas.

Estatisticamente, houve diferença significativa entre SS e Morcego. No entanto, a

ANOVA não mostrou diferença entre os pontos Farol, SN e SS (Tabela 5).

Figura 22: Resultados da ANOVA para o índice de diversidade de Shannon nos quatro costões do promontório

de Cabeçudas, Itajaí – SC.

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49

Tabela 5: Posterior de Tukey realizada para ANOVA de Shannon.

Ponto {1} {2} {3} {4}

farol

0,936815 0,471310 0,293961

SN 0,936815

0,789644 0,109715

SS 0,471310 0,789644

0,022788

Morcego 0,293961 0,109715 0,022788

5.3.2. Equitabilidade de Pielou

Quanto mais próximo de 1, maior a equitabilidade da amostra e, consequentemente,

menor a dominância de uma ou algumas espécies. Os resultados deste índice de Pielou estão

apresentados na Figura 23.

O Morcego apresentou a menor equitabilidade, igual a 0,32 seguido pelo Farol, igual a,

0,44 esse muito provável pela abundância do poliqueta Phragmatopoma sp. e do mexilhão

Perna perna, respectivamente. Estatisticamente, não houve diferença significativa entre estas

duas unidades (Tabela 6).

Figura 23: Resultados da ANOVA para o índice de equitabilidade de Pielou nos quatro costões do promontório

de Cabeçudas, Itajaí – SC.

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50

Tabela 6: Posterior de Tukey realizada para ANOVA de Pielou.

Ponto {1} {2} {3} {4}

farol

0,877002 0,284874 0,180392

SN 0,877002

0,671938 0,042820

SS 0,284874 0,671938

0,005240

Morcego 0,180392 0,042820 0,005240

A equitabilidade da SS foi maior que da SN, mas não houve diferença significativa entre

ambas. No entanto, houve diferença significativa entre a SN e o Morcego para este índice.

Apesar da ANOVA não mostrar significância entre o Farol e o Morcego, nota-se uma certa

diferença entre os resultados dos mesmos. Todos esses fatos corroboram para uma

equitabilidade mais baixa para o Morcego em relação aos demais pontos.

5.4. Relação da Ecologia da Paisagem com a Biodiversidade

Utilizando os valores encontrados para cada parâmetro, construiu-se a tabela 7, a partir da

qual foram atribuídos os valores para conservação.

Tabela 7: Valores para conservação dos os atributos selecionados.

Valores para conservação

Atributos Muito alto Alto Médio Baixo Muito baixo

5 4 3 2 1

Área (m²) > 1000 1000 - 835 834 - 668 667 - 500 < 500

Índice de forma < 2,00 2,00 - 2,33 2,34 - 2,67 2,68 - 3,00 > 3,00

Distanciamento

(m) < 100 100 - 166 167 - 233 234 - 300 > 300

Inclinação (°) < 20,0 20 - 28,3 28,4 - 36,6 36,7 - 45,0 > 45,0

índice de

rugosidade < 0,20 0,20 - 0,40 0,41 - 0,60 0,61 - 0,80 > 0,80

Grau de exposição

Razoavelmente

abrigado /

Semi-exposto

Abrigado Exposto

Muito

abrigado /

Muito

exposto

Extremamente

abrigado /

Extremamente

exposto

Devido aos fatos expostos no item 4.3.4, o índice de forma ideal para conservação

proposto pela literatura não tem valor igual a 1,0 (um) e sim < 2,0.

Com relação à inclinação, adotou-se 45° como valor 1 para conservação baseando-se na

Lei 4.771/1965 que classifica encostas de morro com declividade superior a 45° como áreas

de preservação permanente (APP) (Brasil, 1965).

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51

No caso do índice de rugosidade, como seu valor variou entre 0 e 1 e existem 5 classes

para o intervalo de conservação, considerou-se um intervalo de 0,2 entre cada classe, levando

em consideração que quanto menor o valor deste índice, maior a quantidade de micro-habitats

no local e consequentemente maior valor para conservação.

Para conferir valores de conservação referentes ao grau de exposição considerou-se que,

como diz Ballantine (1961), em locais com elevado grau de resguardo frente à ação das ondas

o supralitoral praticamente não existe, resultando numa menor biodiversidade. Em

compensação, Little & Kitching (1996) asseguram que em costões onde a ação das ondas é

muito acentuada, ocorre menor diversidade de espécies, mas também afirmam que as ondas

contribuem com respingos d’água em áreas que não são recobertas pelas marés. Além disso,

de acordo com Coutinho (2002), o aumento da ação de ondas pode ampliar os limites tanto do

médio como do supralitoral, promovendo acréscimo na biodiversidade. Contudo, Ballantine

(1961) diz que locais abrigados proporcionam a ocorrência de mais espécies de algas e de

organismos que vivem entre as rochas. Sendo assim, para atribuir valores de conservação a

esta variável considerou-se que exposições intermediárias geram maior biodiversidade, mas

optando por um nível mais abrigado quando necessário.

A aplicação dos parâmetros de valores para a conservação foi realizada para as quatro

unidades amostrais estudadas, demonstrada na Tabela 8. Realizou-se a soma dos parâmetros

para determinar os costões com maior valor para a conservação da biodiversidade, conforme

indica Carmo (2000), com adaptação de novos parâmetros, sendo o valor máximo ideal de 30

para o modelo adotado.

Tabela 8: Somatório dos valores de conservação atribuídos a cada unidade amostral do promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC.

Ponto Área Forma Distanciamento Inclinação Rugosidade Exposição Total

Farol 5 2 1 3 1 2 14

SN 5 5 4 2 2 2 20

SS 2 4 4 2 2 3 17

Morcego 3 5 4 5 3 4 24

De forma geral, houve heterogeneidade entre os parâmetros dos valores de conservação. O

maior valor obtido foi para a unidade Morcego. Tal resultado deve-se muito à inclinação, que

lhe rendeu nível 5, bem como o índice de forma. A proximidade deste ponto à SS, associada

ao grau de exposição mais intermediário (tendendo ao abrigado), também contribuiu para o

valor para a conservação que esse costão proporciona. O menor valor para conservação ficou

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por conta do Farol, devido ao distanciamento em relação aos outros costões e do baixo índice

de rugosidade, que lhe atribuíram valores mínimos. No caso do primeiro parâmetro, indicando

que a menor heterogeneidade proveniente da rugosidade resulta em menor potencial de

diversidade biótica. Já, o segundo parâmetro está associado ao menor fluxo gênico e

colonização para distâncias maiores, conforme se refere Ziembowicz (2012).

Para o parâmetro Área, o Farol e a SN se mostraram com valores máximos, contribuindo

para o potencial de valor para conservação neste quesito, relação número de espécies e área,

indicado na TBI (FERNANDEZ, 2004), enquanto a SS apresentou o menor. Apesar da menor

área, a SS exibiu alto valor de conservação referente ao índice de forma, no entanto, o

Morcego e a SN se mostraram com valores máximos para este atributo.

As unidades amostrais, em sua maioria, não apresentaram valores de conservação

elevados referentes à inclinação, com exceção do Morcego, que exibiu valor máximo. Da

mesma forma, ocorreu um padrão para o índice de rugosidade, mas neste caso o que se obteve

foi um valor mínimo de conservação para o Farol.

Em suma, a metodologia da ecologia da paisagem, por meio da estrutura espacial, indicou

o Morcego como sendo o melhor local para conservação da biodiversidade, enquanto que o

índice se Shannon mostrou a SS como o local com maior diversidade e maior equitabilidade.

Um dos fatores que pode ter contribuído para estas divergências é o fato da amostragem no

Morcego ter sido dificultada pela estrutura do costão, que não constitui um paredão

característico de costões rochosos, como as demais unidades amostrais, apresentando grandes

depressões entre as rochas, provocando problemas para medição de superfície.

O fato das amostragens terem sido realizadas juntamente com a medida das estações

também pode ter prejudicado o levantamento de organismos neste local, uma vez que a biota

encontrada nas “poças” acabou por não ter sido bem contabilizada. Outra característica

diferenciada no Morcego é a presença de um local mais abrigado ainda em relação ao restante

desse costão, quase que formando uma gruta, proporcionando características ainda mais

distintas das outras unidades amostrais.

Nota-se que uma análise sem a inclusão do Morcego resultaria em uma relação mais direta

entre ecologia da paisagem e diversidade, envolvendo as duas metodologias. Entretanto,

observando a Figura 2, percebe-se que o Farol, a SN e a SS parecem estar mais interligados,

uma vez que se encontram numa mesma enseada, enquanto que o Morcego permanece mais

“isolado”. Sendo assim, talvez o valor de conservação aplicado para o quesito distanciamento

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não seja realmente adequado à realidade deste costão, o que diminuiria sua importância para

conservação.

É possível considerar que talvez os parâmetros escolhidos para compor a estrutura

espacial da paisagem não influenciem os costões com mesmo grau de importância. Como

visto por Coutinho (1995, 2002), Little & Kitching (1996) e Ballantine (1961) o nível de

exposição às ondas é provavelmente o fator que provoca maiores diferenças na composição da

biota em costões rochosos. Portanto, poderiam receber um peso maior quanto ao valor.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O promontório de Cabeçudas em Itajaí – SC apresenta áreas de costões rochosos

diversificadas em termos de estrutura espacial da paisagem, sendo que as variáveis

selecionadas para compor essa análise se mostraram adequadas. Entretanto, o atributo Grau de

Exposição provavelmente é o que exerce maior influencia sobre a biodiversidade.

Quanto à diversidade, visualizou-se certa semelhança entre as unidades amostrais, com

exceção do Morcego, que apresentou um número maior de espécies exclusivas, fato

provavelmente ligado ao seu menor grau de exposição às ondas.

O levantamento da composição de espécies, de um modo geral, foi realizado com sucesso.

Porém, o acréscimo de amostragens dentro das unidades proporcionaria uma ideia mais clara

da real composição e distribuição da biota, visto que há casos, onde dentro do próprio costão

existem locais distintos. Da mesma forma, deve-se inserir mais unidades amostrais em cada

promontório, como, por exemplo, Solidão Centro. Deve-se considerar que a realização de

uma única amostragem demonstra a composição e estrutura da paisagem para aquele

determinado momento. Amostragens periódicas (mensais) seriam interessantes para

proporcionar valores diferenciados quanto à diversidade.

Os dados de levantamento da diversidade não foram condizentes com os resultados dos

valores para conservação. O Morcego apresentou menores índices de diversidade e

equitabilidade, contudo, maior valor para conservação. A fim de se obter resultados mais

positivos com a relação, deveria ser introduzido um novo promontório para realizar uma

comparação entre os mesmos. Ao trabalhar com mais de um promontório, a área torna-se

mais representativa e o cálculo do índice de forma fica mais “real”, uma vez que pode-se

contornar todos os costões num polígono único. Além disso, estaria sendo levada em

consideração uma diversidade maior para comparação juntamente com variedades dos

parâmetros da estrutura espacial da paisagem.

Talvez, seja interessante inserir um novo parâmetro na estrutura espacial da paisagem que

levem em consideração outros fatores físicos como predominância de ventos, ondas e

correntes (medidos numa escala temporal), uma vez que são eles que irão disponibilizar larvas

para colonização dos costões do promontório. Conhecendo o padrão temporal da

hidrodinâmica local, pode-se determinar a dispersão das larvas nas diferentes estações do ano,

além do grau de exposição às ondas (que varia ao longo do ano).

Por fim, é preciso considerar que a localização dos costões possa influenciar na

composição de espécies. O costão do Farol é o que apresenta maiores dificuldades de acesso.

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SN e SS são um pouco mais acessíveis, mas é necessário atravessar uma trilha bastante

íngreme, o que impede uma acessibilidade frequente. O Morcego, por sua vez, encontra-se

muito próximo à Praia Brava, com maior acessibilidade. Assim, frequentemente verifica-se a

presença de banhistas neste costão, e por ser mais resguardado, permite que a caminhada

sobre as rochas seja relativamente tranquila, causando impactos diretos sobre a biota deste

costão.

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8. APÊNDICES

Apêndice 1: Histograma contendo testes de normalidade dos dados de Shannon obtidos para o promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC.

Apêndice 2: Tabela contendo testes de homogeneidade entre as variâncias dos dados de Shannon obtidos para o

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Hartley Cochran Bartlett df p

Shannon 2,847147 0,358898 2,468800 3 0,480956

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Apêndice 3: Histograma contendo testes de normalidade dos dados de Pielou obtidos para o promontório de

Cabeçudas, Itajaí – SC.

Apêndice 4: Tabela contendo testes de homogeneidade entre as variâncias dos dados de Pielou obtidos para o

promontório de Cabeçudas, Itajaí – SC.

Hartley Cochran Bartlett df p

Pielou 2,963184 0,387326 2,335118 3 0,505827